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EIA da Abertura da Barra de Saquarema Página 9 1. INTRODUÇÃO Os Ecossistemas lagunares presentes ao longo da costa do Estado do Rio de Janeiro apresentam uma riqueza biológica incomparável, inserida em uma paisagem de beleza sem igual. São sistemas de interface que por um lado servem de filtro à dispersão oceânica dos materiais de orígem continental e por outro lado fornecem nutrientes para a manutenção de cadeias tróficas que abrangem toda a margem continental. É largamente propalada a noção de que o equilíbrio ecológico das lagoas costeiras afeta diretamente atividades pesqueiras ao longo de toda a costa. Além de fornecer alimento para as cadeias tróficas costeiras, as lagoas também servem de criadouro natural para muitas espécies de interesse econômico como crustáceos e peixes de diversos níveis das cadeias tróficas. Em razão de sua beleza e riqueza, as lagoas do Estado do Rio de Janeiro constituem sistemas sujeitos à ocupação turística descontrolada. Principalmente após a construção da Ponte Costa e Silva, que abriu acesso fácil e rápido à região dos lagos para a população da megalópole do Rio de Janeiro, observou-se um ritmo de desenvolvimento ímpar. A ocupação humana através da instalação de loteamentos imensos, e de atividades comerciais e turísticas suscetíveis de degradar o ambiente não foi acompanhada de um plano de infra-estrutura capaz de reduzir os efeitos desta degradação. Hoje, quase 30 anos após o início deste processo, observamos lagoas eutroficadas, assoreadas, com a qualidade da água muito baixa, a diversidade biológica reduzida e sujeitas a mortandades de peixes. No caso da Lagoa de Saquarema (Figura 1.1), embora a urbanização tenha sido menos rápida que em Piratininga ou em Cabo Frio, atualmente a ocupação desordenada começa a atingir limites intoleráveis. É possível, por exemplo, que a construção de casas na praia de Itaúna, destruindo a vegetação de restinga seja responsável pelo fechamento definitivo do canal da Lagoa de Saquarema. Assim, urgem contra-medidas para interromper a taxa de degradação ambiental na região. Entre estas medidas foi proposta pela Fundação SERLA, em trabalho de Rossmann (1996) a construção de um guia correntes junto à pedra da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, do lado de Itaúna. Este guia correntes (cujo projeto é descrito mais adiante) perenizará a comunicação entre a Lagoa de Saquarema e o mar. O projeto passou a ser conhecido pela população como Barra Franca de Saquarema Neste trabalho, o projeto da Barra Franca da Lagoa de Saquarema foi avaliado quanto a seus possíveis impactos ambientais segundo a instrução técnica n° 1003/00 da FEEMA relativa ao processo de licenciamento E-07/200011/00. Esta instrução técnica atende ao que determina a resolução CONAMA n° 001/86, a lei 1356/88 e a DZ-041 – Diretriz para implementação de estudo de impacto ambiental (EIA e seu respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA), aprovada pela deliberação do CECA n° 3586/96.

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1. INTRODUÇÃO

Os Ecossistemas lagunares presentes ao longo da costa do Estado do Rio deJaneiro apresentam uma riqueza biológica incomparável, inserida em uma paisagem debeleza sem igual. São sistemas de interface que por um lado servem de filtro à dispersãooceânica dos materiais de orígem continental e por outro lado fornecem nutrientes paraa manutenção de cadeias tróficas que abrangem toda a margem continental. Élargamente propalada a noção de que o equilíbrio ecológico das lagoas costeiras afetadiretamente atividades pesqueiras ao longo de toda a costa. Além de fornecer alimentopara as cadeias tróficas costeiras, as lagoas também servem de criadouro natural paramuitas espécies de interesse econômico como crustáceos e peixes de diversos níveis dascadeias tróficas.

Em razão de sua beleza e riqueza, as lagoas do Estado do Rio de Janeiroconstituem sistemas sujeitos à ocupação turística descontrolada. Principalmente após aconstrução da Ponte Costa e Silva, que abriu acesso fácil e rápido à região dos lagospara a população da megalópole do Rio de Janeiro, observou-se um ritmo dedesenvolvimento ímpar. A ocupação humana através da instalação de loteamentosimensos, e de atividades comerciais e turísticas suscetíveis de degradar o ambiente nãofoi acompanhada de um plano de infra-estrutura capaz de reduzir os efeitos destadegradação. Hoje, quase 30 anos após o início deste processo, observamos lagoaseutroficadas, assoreadas, com a qualidade da água muito baixa, a diversidade biológicareduzida e sujeitas a mortandades de peixes.

No caso da Lagoa de Saquarema (Figura 1.1), embora a urbanização tenha sidomenos rápida que em Piratininga ou em Cabo Frio, atualmente a ocupação desordenadacomeça a atingir limites intoleráveis. É possível, por exemplo, que a construção de casasna praia de Itaúna, destruindo a vegetação de restinga seja responsável pelo fechamentodefinitivo do canal da Lagoa de Saquarema. Assim, urgem contra-medidas parainterromper a taxa de degradação ambiental na região. Entre estas medidas foi propostapela Fundação SERLA, em trabalho de Rossmann (1996) a construção de um guiacorrentes junto à pedra da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, do lado de Itaúna. Esteguia correntes (cujo projeto é descrito mais adiante) perenizará a comunicação entre aLagoa de Saquarema e o mar. O projeto passou a ser conhecido pela população comoBarra Franca de Saquarema

Neste trabalho, o projeto da Barra Franca da Lagoa de Saquarema foi avaliadoquanto a seus possíveis impactos ambientais segundo a instrução técnica n° 1003/00 daFEEMA relativa ao processo de licenciamento E-07/200011/00. Esta instrução técnicaatende ao que determina a resolução CONAMA n° 001/86, a lei 1356/88 e a DZ-041 –Diretriz para implementação de estudo de impacto ambiental (EIA e seu respectivorelatório de impacto ambiental (RIMA), aprovada pela deliberação do CECA n°3586/96.

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Oceano Atlântico

Saco de

UrussangaSaco

deFora

Saco Jardim

Lagoa deJaconé

Boqueirão

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Rio

0 30km

Rio de Janeiro Niterói

Estado do Rio de Janeiro

43° 42°

23°

22°30 ’

42°30 ’

Oceano Atlântico

Figura 1.1: Localização do sistema lagunar de Saquarema

Embora a obra para realização de um guia correntes seja uma tentativa derecuperar a qualidade da água da lagoa, perenizando a ligação entre esta e o mar, arealização de EIA se justifica pois deve-se avaliar de maneira científica e precisa osefeitos positivos e os negativos. Qualquer intervenção antropogênica no ambiente, pormelhor que sejam as intenções tem aspectos negativos e positivos. O caso do sistemalagunar Piratininga/Itaipú é típico, onde ainda nos anos 40 foi construido um canalartificial (Canal de Camboatá) ligando as duas lagoas (Oliveira, 1959). A intenção naépoca era fazer com que a lagoa de Itaipú tivesse suas águas renovadas durante oseventos de abertura do canal do Tibau (de ligação entre Piratininga e o mar). Contudoexistia um desnível entre as duas lagoas e a Lagoa de Piratininga passou a demorar cadavez mais para Ter sua barra aberta. No final dos anos 70, mais uma intervenção dohomem perenizou uma abertura entre a Lagoa de Itaipú e o mar. Nenhum estudocientífico do impacto desta abertura sobre a adjacente lagoa de Piratininga foi feito naépoca e o tempo mostrou que esta abertura sentenciou esta última lagoa à lenta mortepelo assoreamento (Wasserman, 1999).

Atualmente os moradores de Piratininga tentam por todos os meios fazer com queas autoridades apliquem recursos na recuperação do sistema, mas as medidas têm semostrado ineficazes pois por um lado os recursos escassos resultam em medidasmeramente paleativas e por outro lado as ações de maior vulto esbarram na ausência deestudos mais detalhados, EIA/RIMAs como o que ora apresentamos. A última tentativade salvar a Lagoa de Piratininga ocorreu em 1992 quando uma comporta foi construídano canal do Tibau. Esta comporta tinha por objetivo aumentar a coluna d’água na lagoa.Resultou apenas no aumento do nível, sem nenhuma melhoria da qualidade da água(Cunha, 1996).

O caso de Piratininga é complexo pois é um sistema que sofre com excessivaeutroficação cultural há pelo menos 30 anos e neste período vem sofrendo

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consideravelmente com o assoreamento. Segundo dados de (Wasserman et al., 1998) aLagoa de Piratininga recebeu uma camada de sedimentos de mais de 50 cm desde seufechamento definitivo. Pode-se dizer que a Lagoa de Saquarema, segue um percursosemelhante ao de Piratininga, contudo vivemos o início de sua degradação. Até háalguns anos, a Lagoa de Saquarema tinha uma ligação que se não era perene, era muitoconstante com o mar. Atualmente observamos que a lagoa praticamente não se abremais para o mar (Figura 1.2) e a sedimentação mais fina já começa a ocupar as regiõesmais remotas do sistema (como veremos ao longo deste trabalho).

Figura 1.2: Imagem da barra da Lagoa de Saquarema fechada (praia de Itaúna).

Não obstante, ainda é possível salvar Saquarema. Esta lagoa não sofreu tanto coma eutroficação cultural e embora parte da estrutura ecológica tenha mudado,principalmente no tocante à fauna piscícola, acredita-se que esta estrutura ainda érecuperável e a construção da Barra Franca é a solução para levar a vida de volta aSaquarema. Contudo há pressa ! Não se pode deixar a lagoa atingir níveis demodificação ecológica e fisiográfica como em Piratininga pois neste caso este sistemaserá irrecuperável.

Neste trabalho, serão relatados os estudos que foram feitos na Lagoa deSaquarema por uma equipe multidisciplinar qualificada, abordando os aspectos físicos,químicos, biológicos e sociológicos. A partir destes estudos foi possível estabelecer umdiagnóstico ambiental da lagoa e estimar os impactos positivos e negativos da aberturadefinitiva da barra. Afim de se estabelecer o grau dos impactos com a maior precisão,foram utilizados ainda sistemas de modelagem matemática capazes de prever estesimpactos semi-quantitativamente, e em alguns casos quantitativamente.

Como em todo modelo previsional, existe neste trabalho uma margem de erro quevariará em função da qualidade das informações que serviram de base para odiagnóstico. Assim, o acompanhamento da evolução física, química e biológica dosistema após a construção da barra se faz necessário. Na conclusão do traballho serásugerida a realização de um programa de monitoramento da lagoa com acomplementação e calibração da modelagem.

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2. EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA

A equipe multisciplinar foi montada com profissionais abrangendo as áreas demaior interesse do projeto. Em sua maioria doutores, apresentam larga experiência naárea das ciências ambientais. Os Resumos dos Profissionais responsáveis pelo projeto éapresentado no ANEXO 1.Responsáveis

• Julio Cesar de Faria Alvim Wasserman, Oceanógrafo, Pós-doutorado emOceanografia (França), Doutorado em Oceanografia pela Université deBordeaux I (França). Professor Adjunto IV do Programa de Pós-Graduação emGeoquímica – UFF e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental -UFF; Outeiro de São João Batista, s/n°, Centro, Niterói, 24020-007, RJ.Fone/fax: 717-4189; cel: 9605-7248; e-mail: [email protected] [email protected]. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos deDefesa Ambiental n° 02022.003688/00-11

• Albano Ribeiro Alves, Oceanógrafo, Professor da Diretoria de Hidrografia eNavegação (Marinha do Brasil); Ponta da Armação, Niteró, 24.000-000, RJ.Fone/fax: 613-8510 ou 717-0267; e-mail: [email protected]. CadastroTécnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental n°02022.003648/00-05

• Dieter Muehe, Geógrafo, Doutor, Professor Adjunto da UFRJ; Fone/fax: 714-2447; cel: 9684-3043; e-mail: [email protected]. Cadastro Técnico Federal deAtividades e Instrumentos de Defesa Ambiental n°

Colaboradores- Ictiologia/fauna e flora

• Turíbio Tinoco da Silva, Biólogo, Mestrado em Geoquímica (UFF), Professordas Faculdades Integradas Maria Thereza; fone/fax: 609-9146 ou 620-0660; cel:9626-9350. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de DefesaAmbiental n°

- Sistema de Informações geográficas• Christóvam Barcellos, Geógrafo, Doutorado em Geoquímica (UFF), Pesquisador

DIS/FIOCRUZ; Rua Leopoldo Bulhões, 1480, Manguinhos, Rio de Janeiro,21.041-210, RJ. Fone/fax: 290-1696; e-mail: [email protected]. Cadastro TécnicoFederal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental n°

• Renato Gomes Sobral Barcellos, geógrafo, pesquisador UFF; fone/fax: 717-4189; res.: 710-2311; bip: 460-3030, cód. 823134; e-mail: [email protected] [email protected]. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentosde Defesa Ambiental n°

- Modelagem• Albano Ribeiro Alves, Oceanógrafo, Professor da Diretoria de Hidrografia e

Navegação (Marinha do Brasil); Ponta da Armação, Niteró, 24.000-000, RJ.Fone/fax: 613-8510 ou 717-0267; e-mail: [email protected]. CadastroTécnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental n°02022.003648/00-05

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- Dinâmica sedimentar de praia• Dieter Muehe, Geógrafo, Doutor, Professor Adjunto da UFRJ; Fone/fax: 714-

2447; cel: 9684-3043; e-mail: [email protected]. Cadastro Técnico Federal deAtividades e Instrumentos de Defesa Ambiental n°

- Físico-química das águas• Bastiaan Knoppers, Biólogo, Doutorado em Oceanografia (Alemanha), Professor

Adjunto da Pós-Graduação em Geoquímica – UFF; Outeiro de São João Batista,s/n°, Centro, Niterói, 24020-007, RJ. Fone/fax: 717-4189; e-mail:[email protected]. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos deDefesa Ambiental n°

• Elisamara, oceanógrafa, mestranda UFF, Outeiro de São João Batista, s/n°,Centro, Niterói, 24020-007, RJ. Fone/fax: 717-4189; e-mail:[email protected]. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentosde Defesa Ambiental n°

- Fitoplancton• Cristina Bassani, Bióloga, Doutorado em Biologia Marinha (UFRJ), Professora

do Curso de Pós-Graduação em Biologia Marinha (UFF); Outeiro de São JoãoBatista, s/n°, Centro, Niterói, 24020-007, RJ. Fone/fax: 717-2041. CadastroTécnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental n°

- Zooplancton• Wanda Maria Monteiro Ribas, Bióloga, Mestrado em Zoologia (UFRJ).

Pesquisadora do Instituto de Estudos Almirante Paulo Moreira (Arraial doCabo). Travessa Monte Castelo, 170, Canhã, Arraial do Cabo, RJ. Fone/FAX(024) 622-2178. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos deDefesa Ambiental n°

- Bentos• Abílio Soares Gomes, Biólogo, doutorado em Oceanografia Biológica (USP),

Professor da Pós-Graduação em Biologia Marinha – UFF; Outeiro de São JoãoBatista, s/n°, Centro, Niterói, 24020-007, RJ. Fone/fax: 717-2041; e-mail:[email protected]. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos deDefesa Ambiental n°.

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3. VOCABULÁRIO TÉCNICO

O vocabulário técnico utilizado neste texto está relacionado em dicionárioorganizado por Iara Verocai (Vocabulário Básico de Meio Ambiente) editado pelaSecretaria de Estado de Meio Ambiente em 1997. O trabalho completo está disponívelno site da FEEMA (www.feema.rj.gov.br). Neste estudo é apresentado um extrato ondeforam selecionados os termos mais utilizados no texto (ANEXO II). Este documentoestá em consonância com a diretriz para implementação de Estudo de ImpactoAmbiental e seu respectivo RIMA, DZ – 041 R. 13.

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4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

É apresentada a seguir de maneira suscinta a Legislação que rege o licenciamentode atividades potencialmente impactantes ao meio ambiente. A legislação maisrelacionada ao problema da Barra Franca é apresentada em negrito e o texto integral éapresentado no ANEXO III.

Embora o Código de Águas de 1934 já fosse um esforço no sentido de disciplinaro uso de recursos naturais e favorecer a preservação ambiental, o Brasil deste períodoprimava pelo desrespeito ao meio ambiente e notadamente tratando-o de recursorenovável sujeito a qualquer tipo de depredação. Dean (1996) descreve a ausência deações governamentais decisivas no sentido de preservar o meio ambiente até meadosdos anos 80, quando por pressão popular e de organismos internacionais, foram criadosmecanismos de proteção ambiental. A criação do CONAMA (em 1981; Lei Federaln°6938) se enquadra em uma melhor definição de uma política nacional de meioambiente, visando o estabelecimento de normas rígidas de exploração dos recursosnaturais.

Embora vários autores indiquem que pressões externas foram essenciais para ocrescimento da conscientização ambiental, é evidente que a urbanização e a consequentequeda na qualidade de vida, assim como a queda na produtividade da terra, resultante doexploração exagerada constituiram forçantes desta conscientização. Os própriosproprietários de terra observaram que pouco a pouco a queda na produção do café, porexemplo era resultado de maus hábitos de plantio. Na verdade o café é uma planta desombra e para seu cultivo não é necessário (nem produtivo) a derrubada da mata, quefaz diminuir a qualidade do produto. Assim as autoridades se viram pressionadas aestabelecer leis de contrôle da exploração dos recursos naturais e principalmente aplicá-las.

Nos anos 80 surge a idéia dos estudos de impacto ambiental para a instalação dasatividades poluidoras, que é estabelecida em resolução do CONAMA 1986. Ainda em1986 o CONAMA estabelece a classificação das águas, segundo os usospreponderantes, determinando os limites máximos permissíveis de poluentes. Várias leissubsequentes estabelecem penalidades muitas vezes severas para os infratores. Maisrecentemente o CONAMA revisou os procedimentos e critérios utilizados nolicenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de licenciamentocomo instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do MeioAmbiente, adaptando-os aos avanços recentes no conhecimento do meio ambiente.

Embora as legislações e política de meio ambiente tenham sido estabelecidas aonível federal, sua aplicação e implantação somente seria possível através da criação deórgãos de gestão e fiscalização a nível estadual. Assim foram criadas a SuperitendênciaEstadual de Rios e Lagoas (atualmente Fundação SERLA), a Fundação Estadual deEngenharia e Meio Ambiente (FEEMA) e o Instituto Estadual de Florestas, todosligados à Secretaria Estadual de MeioAmbiente e Desenvolvimento Sustentado(SEMADS) que vêm aplicando a legislação ambiental no estado do Rio de Janeiro.

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4.1. Legislação Federal

Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934: Código de Águas

Decreto-Lei nº 3.438, de 17 de julho de 1941: Esclarece e amplia o Decreto-Lei nº2.490, de 16 de agosto de 1940

Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934

Decreto Legislativo nº 3, de 13 de fevereiro de 1948: Aprova a Convenção para aproteção da flora e da fauna e das belezas cênicas naturais dos países da América

Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961: Dispõe sobre os monumentos arqueológicos epré-históricos

Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965: Código Florestal

Decreto Legislativo nº 54, de 24 de junho de 1975: Aprova o texto da Convenção sobreo comércio internacional das espécies da flora e da fauna selvagens em perigo deextinção, firmada em Washington, a 3 de março de 1973

Decreto nº 76.367, de 9 de março de 1977: Dispõe sobre normas e o padrão depotabilidade de água e dá outras providencias

Portaria nº 56/Bsb, de 14 de março de 1977 - Ministério da Saúde: Aprova as Normas eo Padrão de Potabilidade de Água

Lei nº 6.513 ,de 20 de dezembro de 1977: Dispõe sobre a criação de Áreas Especiais ede Locais de Interesse Turístico; sobre o inventário com finalidades turísticas dos bensde valor cultural e natural; acrescenta inciso ao artigo 2º da Lei nº 4.132 de 10 desetembro de 1962; altera a redação e acrescenta dispositivo à Lei nº 4.717, de 29 dejunho de 1965; e dá outras providências

Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979: Dispõe sobre o parcelamento do solo urbanoe dá outras providencias

Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980: Dispõe sobre as diretrizes básicas para ozoneamento industrial nas áreas críticas de poluição e dá outras providências

PORTOMARINST nº 318.001, de 20 de outubro de 1980 (Capitania dos Portos):Estabelece procedimentos para uso e ocupação de terrenos de marinha, seus acrescidose terrenos marginais e da outras providências

Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981: Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas,Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981: Dispõe sobre a Política Nacional do MeioAmbiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outrasprovidências

Decreto nº 86.176, de 6 de julho de 1981: Regulamenta a Lei nº 6.513, de 20 dedeembro de 1977, que dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais deInteresse Turístico e dá outras providências

Decreto nº 88.351, de 1 de junho de 1983: Regulamenta a Lei nº 6.938, de 31 de agostode 1981, e a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõem, respectivamente, sobre aPolítica Nacional do Meio Ambiente e a criação de Estações Ecológicas e Áreas deProteção Ambiental e dá outras providências

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Decreto nº 89.336, de 31 de janeiro de 1984: Dispõe sobre as Reservas Ecológicas eÁreas de Relevante Interesse Ecológico e dá outras providências

Decreto nº 91.305, de 3 de junho de 1985: Altera dispositivo do Regulamento doConselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985: Disciplina a ação civil pública de responsabilidadepor danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valorartístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (vetado) e dá outras providências

Resolução nº 004, de 18 de setembro de 1985 do CONAMA: Considera ReservasEcológicas as formações florísticas e as áreas de floresta de preservação permanente

Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986 do CONAMA: Estabelece as diretrizesgerais para a implementação da avaliação de impacto ambiental, no país; alteradapela Resolução nº 011, de 18.03.86

Resolução nº 20, de 18 de junho de 1986 do CONAMA: Estabelece a classificaçãodas águas, segundo os usos preponderantes

Resolução nº 05, de 6 de agosto de 1987 do CONAMA: Aprova o Programa Nacionalde Proteção ao Patrimônio Espeleológico e faz recomendações

Resolução nº 09, de 13 de dezembro de 1985 do CONAMA: Dispõe sobre audiênciapública nos projetos submetidos a avaliação de impacto ambiental

Resolução nº 011, de 3 de dezembro de 1987 do CONAMA: Declara como Unidades deConservação as categorias de setores Ecológicos de Relevância Cultural que cita

Resolução nº 001, de 16 de março de 1988: Estabelece critérios e procedimentos básicospara a implementação do Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos deDefesa do Meio Ambiente

Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988: Institui o Plano Nacional de GerenciamentoCosteiro, como parte integrante da Política Nacional do Meio Ambiente e da PolíticaNacional para os Recursos do Mar

Constituição da República Federativa do Brasil, 1988

Resolução nº 05, de 15 de junho de 1989, do CONAMA: Cria o Programa Nacional daQualidade do Ar - PRONAR

Lei nº 7.797, de 10 de junho de 1988: Institui o Fundo Nacional do Meio Ambiente

Decreto nº 98.161, de 21 de setembro de 1989: Regulamenta a Lei nº 7.797, de 10 dejunho de 1988

Decreto nº 98.816, de 11 de janeiro de 1990: Regulamenta a lei de produção ecomercialização de agrotóxicos

Decreto nº 98.914, de 31 de janeiro de 1990: Dispõe sobre a instituição, no territórionacional, de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, por destinação do proprietário

Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990: Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 deabril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem,respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de ProteçãoAmbiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências

Resolução nº 03, de 28 de junho de 1990: Institui o Programa Nacional de Controle daQualidade do Ar - PRONAR

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Portaria Normativa nº 54, de 23 de agosto de 1991, do Presidente do IBAMA: Proíbe aexploração de floresta primária da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro

Resolução nº 5, de 5 de julho de 1993: Define procedimentos mínimos para ogerenciamento de resíduos sólidos

Resolução nº 5, de 4 de maio de 1994, do CONAMA: Define tipos de vegetação daMata Atlântica

Resolução nº 12, de 4 de maio de 1994, do CONAMA: Aprova o glossário de termostécnicos elaborado pela Câmara Técnica Temporária para assuntos de Mata Atlântica

Resolução n° 237, de 16 de dezembro de 1997, do CONAMA. Revisa osprocedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma aefetivar a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestãoambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente

4.2. Legislação Estadual (Rio de Janeiro)

Decreto "N" nº 779, de 30 de janeiro de 1967: Aprova o Regulamento do Controle daPoluição Atmosférica no Estado da Guanabara

Decreto-E nº 2.721, de 4 de março de 1969: Aprova o Regulamento do DespejoIndustrial no Estado da Guanabara e dá outras providências

Decreto-Lei nº 134, de 16 de junho de 1975: Dispõe sobre a prevenção e o controleda poluição do Meio Ambiente no Estado do Rio de Janeiro e dá outrasprovidências

Decreto-Lei nº 239, de 21 de julho de 1975: Dispõe sobre a organização daAdministração Estadual e dá outras providências

Decreto nº 553, de 16 de janeiro de 1976: Aprova o regulamento dos serviços públicosde abastecimento de água e esgotamento sanitário do Estado do Rio de Janeiro

Portaria SERLA nº 6l, de 26 de julho de 1977: Complementa a Portaria SERLA nº15/16 e estabelece o "Roteiro sumário para fiscalização de rios e lagoas do domínioestadual"

Decreto nº 1.633, de 21 de dezembro de 1977: Regulamenta em parte o Decreto-Leinº 134 de 16.06.75 e institui o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras

Deliberação CECA, nº 03 de 28 de dezembro de 1977: Baixa a Norma AdministrativaNA-001 que dispõe sobre o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras

Deliberação CECA nº 017, de 16 de fevereiro de 1978: Aprova as DZs 1101, 1103,1104 e as NTs 1105, 1106, 1107 e 1109 sobre definições e requisitos para áreasprotegidas.

Decreto n° 2330, de 08 de janeiro de 1979, institui o Sistema de Proteção dos Lagose Cursos d'Água do Estado do Rio de Janeiro, regula a aplicação de multas, e dáoutras providencias.

Deliberação CECA nº 063, de 28 de fevereiro de 1980: Aprova a Norma Técnica NT1124 - Critérios para a preservação de manguezais.

Lei n° 650 de 11 de janeiro de 1983, dispõe sobre a Política Estadual de defesa eproteção das bacias fluviais e lacustres do Rio de Janeiro.

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Decreto n°9529-A, de 15 de dezembro de 1986. Cria a reserva Estadual Ecológica deJacarepiá , dentro da áre de preservação ambiental da Massambaba

Decreto n° 9529-C, de 15 de dezembro de 1986. Cria a APA de Massambaba, visandodisciplinar o uso do solo na região de forma a respeitar os remanescentes deecossistemas muito frágeis tais como brejos, lagunas, restingas e manguezais. Possui53,6 km2

Decreto nº 9.991, de 5 de junho de 1987: Cria o Conselho Estadual de Meio Ambiente

Lei nº 1.204, de 7 de outubro de 1987: Institui o Comitê de Defesa do Litoral - CODEL

Decreto nº 11.376, de 2 de junho de 1988: Institui o Comitê de Defesa do Litoral doEstado do Rio de Janeiro - CODEL

Deliberação CECA nº 1.344, de 22 de agosto de 1988: Regulamenta a realização deAudiências Públicas como parte do processo de licenciamento de atividades poluidorassujeitas a apresentação de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de ImpactoAmbiental (RIMA)

Lei nº 1.356, de 3 de outubro de 1988: Dispõe sobre os procedimentos vinculados àelaboração, análise e aprovação dos estudos de impacto ambiental

Constituição do Estado do Rio de Janeiro, 1989. Capítulo VIII, do meio ambiente

Lei nº 1.898, de 26 de novembro de 1991: Dispõe sobre a realização de auditoriasambientais

Lei n° 2535, de 08 de abril de 1996, Acrescenta dispositivos à Lei n.º 1.356, de03/10/88, que dispõe sobre os procedimento vinculados à elaboração, análise eaprovação dos Estudos de Impacto Ambiental

4.3. Documentos da comissão permanente de normalização técnica(PRONOL/FEEMA)

Diretriz DZ 104: Metodologia de codificação de bacias hidrográficas

Diretriz DZ 302: Usos benéficos de água - definições e conceitos gerais

Diretriz DZ 205: Diretriz de controle de carga orgânica em efluentes líquidos de origemindustrial

Diretriz DZ-041.R-13 – diretriz para realização de estudo de impacto ambiental –eia e do respectivo relatório de imapcto ambiental – rima

Diretriz DZ-215.R-01 - diretriz de controle de carga orgânica biodegradável emefluentes líquidos de origem não industrial

Diretriz DZ 559: Diretriz para controle da poluição do ar para operações de jateamentode areia em cabine

Diretriz DZ 602: Padrões de qualidade do ar ambiente - definições e critérios

Diretriz DZ 1311: Destinação de resíduos industriais

Diretriz DZ 1839: Diretriz para o licenciamento de estruturas de apoio a embarcaçõesde pequeno e médio portes

Diretriz Geral DG 1017: Resolução Normativa nº 02 de 6 de dezembro de 1978-

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Ministério da Saúde - Norma para inseticidas e raticidas domissaneantes

Instrução Técnica IT 1009: Instrução para inspeção e combate a roedores urbanos.

Instrução Técnica IT 1038: Padronização dos relatórios mensais da avaliação eacompanhamento de programas de controle de roedores

Instrução Técnica IT 1039: Padronização dos relatórios mensais de avaliação eacompanhamento de programas de controle de mosquitos

Instrução Técnica IT 1817: Instrução Técnica para apresentação de projetos de marinas

Instrução Técnica IT 1835: Instrução Técnica para apresentação de projetos de sistemasde tratamento de esgotos sanitários

Norma administrativa NA-043.R-5 Participação e acompanhamento dacomunidade no processo de avaliação de impacto ambiental (AIA)

Norma Administrativa NA 935: Documentos do SLAP de fiscalização e paralisação

Norma Técnica NT 1106: Reserva Biológica Estadual - requisitos.

Norma Técnica NT 1109: Floresta Estadual - requisitos

Relatório Técnico RT 940: Enquadramento de atividades poluidoras segundo o nível depotencial poluidor

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5. POLÍTICAS E PROJETOS PARA A REGIÃO

5.1. No Plano Federal

O sistema lagunar de Saquarema faz parte dos Ecossistemas das áreas Costeiras eda Região da Floresta Atlântica e está incluído em corredor de indução da açãoantrópica sobre os ecossistemas [MMA - Ministério do Meio Ambiente, 1996 #896].Embora o governo federal reconheça a importância deste tipo de ambiente enquantoecossistema meritório de ações de preservação, nenhum projeto concreto existe. Asáreas de manguezais são protegidas por legislação específica, contudo as dimensões dasflorestas presentes na margem da lagoa são muito pequenas e não suscitam nenhum tipode ação. Embora a região de Saquarema constitua área importante do ponto de vistaarqueológico, no plano Federal não existe nenhum programa que vise a preservação dossítios.

No tocante à pesca, a região marítima ao largo da região do Lagos é reconhecidapela pesca da Sardinha Verdadeira, uma espécie de grande importância econômica.Apesar deste importante recurso, a comunidade de Saquarema não recebe nenhumbenefício desta atividade que é exercida por grandes embarcações vindas de grandescentros como Niterói. Segundo relatos de pescadores de Saquarema, grandesembarcações de bandeira estrangeira (muitas vezes japonesa) vêm depredando osrecursos pesqueiros brasileiros sem maiores dificuldades (veja maiores detalhes na parterelativa à fauna piscícola da região).

Quanto ao ambiente costeiro, o Governo Federal vem promovendo o ProgramaNacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), que é parte integrante da PolíticaNacional do Meio Ambiente e da Política Nacional para os Recursos do Mar. Esteprograma foi concebido para minimizar a progressiva deterioração do meio ambiente aolongo do litoral brasileiro. O PNGC foi instituído em 1988 e tem como propósitoestabelecer parâmetros técnicos e instrumentos que orientem o uso e a ocupação daZona Costeira, de modo a Harmonizar os interesses e mediar os conflitos existentes,promovendo um desenvolvimento em bases seguras, socialmente justo, econômica eecologicamente viável.

5.2. No Plano Estadual

Na costa do estado, o PNGC está sendo desenvolvido através do Projeto deGerenciamento Costeiro de Estado do Rio de Janeiro que é financiado pelo BancoMundial.

Conforme definido pelo PNGC, a zona costeira corresponde à soma dos territóriosdos municípios litorâneos e adjacentes, acrescida de uma faixa marinha de 12 milhasnáuticas (mar territorial).

A metodologia que vem sendo adotada para o gerenciamento da zona costeira noEstado do Rio de Janeiro prevê o desenvolvimento dos seguintes instrumentos básicosde gestão:

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1 Macrozoneamento da Zona Costeira - a ser realizado mediante o levantamento dosníveis de ocupação do solo e identificação de potencialidades e vulnerabilidades,com vistas a proposição de um modelo de usos e ocupações em moldessustentáveis;

2 Montagem do Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro – SIGERCO -contendo informações obtidas nos processos de zoneamento, monitoramento egestão da zona costeira;

3 Sistema de Monitoramento - que permitirá uma atualização permanente domacrozoneamento, assim como o acompanhamento dos processos de ocupação dacosta e de utilização sustentável dos seus recursos naturais;

4 Planos de Gestão – a serem elaborados em estreita articulação entre os governosfederal, estadual, municipais e segmentos organizados da sociedade civil, definindoações de gerenciamento da costa, aplicação de normas e critérios ambientais eimplantação de projetos setoriais integrados;

5 Aprimoramento da Base Legal e Institucional - necessária à gestão dos processosambientais que ocorrem nesta região.

Os resultados esperados deste projeto podem ser definidos nos itens a seguir:1 Implantação de um plano de gestão para a faixa costeira do litoral do Estado do Rio

de Janeiro;2 Fortalecimento do sistema de controle e fiscalização do ambiente costeiro, pela

cooperação e parceria com os municípios e com os demais órgãos atuantes na faixacosteira (Plano Integrado de Gestão Costeira);

3 Fortalecimento dos mecanismos de cooperação técnica e assessoramento aosmunicípios litorâneos para a incorporação das diretrizes do macrozoneamentocosteiro nos seus respectivos Planos Diretores;

4 Implantação de processo de acompanhamento sistemático (monitoramento) dasações antrópicas sobre o meio ambiente com a incorporação da tecnologia desensoriamento remoto;

5 Implantação de novas Unidades de Conservação da Natureza, compreendendo osparques, as reservas biológicas, as estações ecológicas, áreas de proteção ambiental,áreas de relevante interesse ecológico e consolidação das unidades já existentes;

6 Maior atuação do Estado no fomento à projetos específicos de recuperaçãoambiental e de desenvolvimento sustentado, a serem implantados por iniciativa dasorganizações não-governamentais e setor privado;

7 Sistematização de uma base de informações técnico-científica sobre a faixacosteira, como apoio a administração pública federal, estadual e municipal;

8 Aprimoramento da legislação aplicável a faixa costeira do estado e edição de umaLei de Defesa do Litoral;

9 Criação de mecanismos de participação popular no planejamento e controle do usodo espaço costeiro.

Entre os resultados já obtidos deste projeto, alguns são de interesse para a regiãode Saquarema

1 Elaboração do Macrozoneamento da Região dos Lagos

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2 Elaboração de Planos Diretores de Unidades de Conservação em áreas costeiras,com destaque para as Áreas de Proteção Ambiental de Maricá (município deMaricá) e de Massambaba (municípios de Araruama e Saquarema)

3 Elaboração de Perfis Ambientais, como apoio à gestão ambiental local, para 9municípios da faixa costeira: Cabo Frio, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia,Araruama, Saquarema, Casimiro de Abreu, Macaé, Quiçamã e Campos dosGoytacazes (o de Saquarema data de 1988)

4 Estudos biológicos das áreas de restinga

Ainda no plano estadual o acompanhamento das condições de balneabilidade daspraias e da lagoa ainda é muito precário. A FEEMA tem feito medidas esporádicas (nãoexiste nenhum progrma de monitoramento para a região) que dão conta d a qualidade daágua das praias para o verão. Estas medidas têm de fato pouca significação na medidaque estabelecem apenas um quadro momentâneo da qualidade da água e não deveriamservir de base para a qualidade da água em um longo período. Para o turismo os mausresultados apresentados no início da estação são um presságio de baixa frequência,mesmo sendo a balneabilidade excelente o resto do verão.

A Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (atualmente Fundação SERLA)também desenvolve estudos significativos na região. Em 1979 foi feito um grandeprojeto para definição da orla e da faixa de proteção (ECP, 1979) onde foram levantadosdiversos parâmetros ambientais. Embora trate-se de documento antigo, apresentainformações que infelizmente ainda não puderam ser atualizadas.

No município de Saquarema o governo estadual implantou duas áreas protegidaspor legislação específica. A área de proteção ambiental de Massambaba (APA) foicriada para disciplinar o uso do solo em uma região onde remanescentes deecossistemas frágeis tais como brejos interdunares, lagoas, restingas e manguezais seencontram relativamente preservados. Dentro de Saquarema a APA de Massambabapossui 53,6 km quadrados preservados. Dentro dela está a reserva de jacarepiá, aindaem bom estado de conservação.

5.3. No Plano Municipal

Recentemente a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentado (SEMADS) vem dando apoio a algumas iniciativas dos municípios daregião. O grupo do G-15, municípios que margeam a baía de Guanabara foi o primeiro aser criado com o intuito de aumentar a eficiência de manejo do recurso natural. Em abrilde 2000, foi criado um consórcio de municípios da região dos Lagos onde a participaçãode Universidades (UFRJ, UFF entre outras) e instituições de pesquisa credenciam aregião ao desenvolvimento de um programa de manejo ambiental mais racional e capazde gerar recursos através do turismo.

O Município tem participado da recuperação e preservação ambiental aoparticipar ativamente dos programas ambientais desenvolvido pela SEMADS. Além desua participação no Consórcio de Municípios citado acima, a prefeitura tambem temparticipado no programa de Hortos e Viveiros do Instituto Estadual de Florestas (IEF).Neste programa foi implantado o Viveiro Estadual de Sampaio Correia, condiçãoessencial à recuperação da floresta primária na região.

A Prefeitura de Saquarema tem ainda alguns projetos em andamento:1 Urbanização da Lagoa de Saquarema: Visa o incremento da atividade econômica,

principalmente o turismo, através do embelezamento do complexo viário e doequipamento urbano do município. Encontra-se em fase de execução e está emperfeita consonância com o projeto da Barra Franca.

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2 Iluminação Pública: Visa aumentar o conforto e segurança da população através dainstalação e manutenção de iluminação elétrica no complexo viário do município.Não existe risco de a lagoa (em condições extremas de maré) vir a submergir ospostes de iluminação que se encontram em cota relativamente elevada. Quanto àfiação, embora não tenha sido avaliada neste projeto a possibilidade de inundaçãodas canalizações, este tipo de obra exige uma impermeabilidade elevada.

3 Outras obras que vêm sendo realizadas pela prefeitura como reforma de praças,asfaltamento de ruas, etc. não afetadas pela abertura do canal, visto a cotarelativamente elevada destas obras.

Além destes projetos, a Prefeitura de Saquarema tem desenvolvido campanhaseducacionais junto à população local, e junto aos turistas e veranistas com o objetivo deconscientisá-los relativamente à preservação do meio ambiente. Contudo muito deve serfeito neste sentido. A destruição dos Sambaquis, patrimônio arqueológico da região éum exemplo de quão incipiente ainda é esta conscientização. Recentemente Vieira et al.(1999) realizaram com o apoio da Prefeitura um Plano Municipal de Saquarema comenfoque na atividade turística (Figura 5.1). Neste documento constam os principaisatrativos turísticos da região e são feitas propostas para um melhor aproveitamento destaatividade.

Figura 5.1: Mapa turístico da região de Saquarema. Desenvolvido artisticamente emcima de uma foto satélite (obtido no site da prefeitura de Saquarema – Guia 4 Rodas).

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6. A BARRA FRANCA

A lagoa de Saquarema vem sofrendo com o processo de eutrofição cultural,fenômeno que é consideravelmente agravado pela tendência natural de fechamento dabarra. Este processo é muito comum e vem sendo observado e estudado na maioria daslagunas da chamada Região dos Lagos (leste fluminense). No sistema lagunar dePiratininga/Itaipú por exemplo (Wasserman, 1999) revisaram os estudos realizados nalaguna nos últimos 10 anos e observaram que as intervenções não prescedidas porestudos intensivos causaram impactos negativos no desenvolvimento do sistema,principalmente na lagoa de Piratininga. Entre estas intervenções podemos citar aabertura do canal de Camboatá (anos 1946 pelo DNOCS), que diminuiu a periodicidadedas aberturas da barra do Tibau e em seguida a abertura da barra de Itaipú (em 1979pela Veplan Residência) que impediu definitivamente a abertura de Piratininga. Maisrecentemente, algumas ações como a instalação de uma comporta no canal de Camboatá(em 1992) se mostraram ineficazes em melhorar a qualidade da água (Cunha, 1996).

O sistema lagunar de Maricá/Guarapina, embora esteja mais preservado, tambémsofre com a eutroficação cultural (Knoppers et al. 1991). Vários trabalhos indicam anecessida de maior aeração nesta lagoa que também está sujeita a eventos periódicos demortandade de peixes (Kjerfve et al., 1990; Machado e Knoppers, 1988; Machado,1989). A abertura do canal de Guarapina (Ponta Negra) aparentemente melhorou aqualidade da água nesta laguna, ou pelo menos modificou o padrão de sedimentaçãoorgânica na lagoa (Knoppers et al., 1999). Contudo a comunicação com a laguna deMaricá, através do canal de ligação e de um complexo de lagoas intermediárias é muitorestrita e não tem permitido uma boa renovação das águas desta última laguna (Kjerfveet al., 1990). O resultado deste processo é a ocorrência de mortandades de peixe muitofrequentes por ausência de oxigênio (Machado et al., 1988; Machado, 1989) ou por umamoléstia desconhecida que causa infecção generalizada nos peixes (Carmouze et al.,1994).

Araruama é um sistema lagunar completamente diferente dos outros em razão doclima presente na região (muito mais seco) que gera salinidades de até 60 (Kjerfve etal., 1996). Em estudo sobre o metabolismo da lagoa de Araruama [Landim de Souza,1993; Landim de Souza et al., 1995) observaram que embora a carga de nutrientes possaem algumas épocas ser bastante elevada, a produção fitoplanctônica é sempre baixa oque é causado pelo excesso de salinidade. Em relatório à empresa Andrade Gutierrezsobre a laguna de Araruama, Wasserman et al (1996) mostrou que no período do verão,quando a população de Cabo Frio pode aumentar até 5 vezes, a parte laguna logoadjacente à cidade de Cabo Frio pode sofrer um processo de eutroficação acelerado erepentino com desenvolvimento da alga Ulva lactuta. Esta floração algal é devida aofato de no verão, além do aporte massivo de nutrientes, existe um aporte considerável deágua doce que faz baixar a salinidade para 35 (próxima à da água do mar) e permiteentão o desenvolvimento algal. Após o verão, estas algas morrem e causam danosconsideráveis à qualidade ambiental.

A lagoa de Saquarema é a laguna que apresenta estado de degradação menosavançado em relação às outras da Região dos Lagos (Carmouze, 1989; Carmouze,1992). Os vários trabalhos que alí foram realizados indicam que a abertura periódica dalaguna ainda era capaz de manter um bom nível de renovação das águas da laguna.(Costa-Moreira, 1989) demonstrou que além da importante renovação das águas da

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laguna durante os períodos de abertura do canal, a Lagoa de Saquarema tinha,principalmente em seu saco mais interior (Mombaça) um aporte de água doceimportante. Algumas medidas deste autor mostraram salinidades próximas de zero nofundo deste saco. A observação dos valores de pluviosidade de (Costa-Moreira, 1989)indicam que este autor trabalhou em um ano excepcionalmente chuvoso, o que nãoocorreu no período amostrado para o presente trabalho, onde as salinidades no fundo dalagoa não foram inferiores a 15.

A maior parte dos trabalhos realizados anteriormente foram feitos em uma Lagoade Saquarema que se abria periodicamente, permitindo a entrada de espécies piscícolasnobres, e tornando a lagoa muito piscosa durante quase todo o ano. A abertura da lagunaera um processo natural quer ocorria nos períodos de fortes chuvas, quando o aumentoda altura da água fazia aumetar a pressão sobre a barra que acabava cedendo. Com aabertura, as correntes de maré mantinham o sistema aberto por um períodorelativamente prolongado. O funcionamento da abertura da barra que é explicado porSERLA (1996 ; veja maiores detalhes na parte de dinâmica sedimentar da praia deItaúna) teve seu equilíbrio rompido e atualmente apenas o emprego de máquinas deterraplanagem tem permitido esta abertura. A abertura com máquinas é rapidamenteassoreada e a laguna se fecha novamente.

A obra da Barra Franca é composta da construção de guia correntes na praia deItaúna (Figura 6.1) e da dragagem do canal que se formará entre o guia correntes e aPedra da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré. A obra visa a perenização da cominiçãoentre a laguna e o mar, permitindo inclusive a entrada na lagoa de pequenasembarcações de pesca e lazer.

A construção do guia correntes é essencial para duas funções: 1) assegurar aestabilidade hidráulico-sedimentológica do canal da barra e 2) funcionar como molhe deproteção, garantindo que durante as ressacas não haverá propagação de ondas de grandeenergia para o recinto interno, evitando danos à cidade de Saquarema. Está prevista aconstrução de um piso de 3 metros de largura no topo do guia correntes que servirácomo local para passeios e pescaria. A linha central do guia correntes (Figura 6.1)representa o piso e é indicativo da porção da estrutura de enrocamento que fica fora daágua. Nesta mesma figura, a linha externa representa aproximadamente o limite dotalude de enrocamento no fundo.

O Guia correntes segue o contorno do costão rochoso existente, de maneira que ocanal formado tem uma largura d de 80 m. Esta conformação objetiva modificar omenos possível a forma da costa. Após (ou durante) a obra de construção do guiacorrentes, está prevista a realização de dragagem no novo canal de maneira que esteatinja a área hidráulica mínima de 160 m2. Nesta dragagem será utilizada uma dragaflutuante e o material dragado será obrigatoriamente devolvido à praia de Itaúna (vejaparte da sedimentologia da praia de Itaúna para maiores detalhes.

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80 m

80 m

80 m

–5 m

–5 m

–10 m

–10 m

Canal dragado, garantindo notrecho área hidráulica mínima

de 160 m² em relação aoNMM.

Canal dragado, garantindo notrecho, área hidráulica mínima

de 160 m² em relação aoNMM.

Guia-correntes (quebramar), com pisode 3,0 m de largura no topo. Linhagrossa indica topo que fica fora daágua, linha externa indica limite dotalude do enrocamento embaixo

d’água.

Ponte velha a serremovida ou ampliada,

garantindo áreahidráulica mínima de

160 m², em relação aoNMM.

6.1: Planta baixa do Guia Correntes instalado na praia de Itaúna às margens do costãorochoso onde está a igreja de Nossa Senhora de Nazaré

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7. PROJETO CIVIL

Este descritivo do projeto da Barra Franca é baseado no projeto preliminarda obra civil de autoria do Prof. Paulo Cesar C. Rosman (com aguns capítulos daEngenheira Química Maria Cloris Hollanda Araújoe do Geólogo FranciscoDancinger) feito para a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas. Para maioresdetalhes sobre o projeto queira consultar o projeto definitivo.

7.1. Obras necessárias para estabilização da barra do Sistema Lagunar deSaquarema

Lista-se a seguir as obras necessárias, com respectivos custos estimados, paraestabilização da barra do Sistema Lagunar de Saquarema. O custo total das obrasé de ~R$ 3.000.000,00.

1. Ampliação da seção de passagem de água sob a ponte antiga de Saquarema, paragarantir uma área hidráulica mínima de 160 m² em relação ao nível médio do mar[NMM]. Para atingir tal objetivo será necessário demolir a ponte antiga e removerparte considerável dos aterros que hoje servem como encontros da ponte. Se forconveniente manter uma ponte em tal local, pode-se então ampliar a ponte antiga,transformando parte do que hoje é aterro em ponte, ou construir uma nova ponte. Aponte hoje tem uma largura de aproximadamente 45 m, e no caso de amplia-la serianecessário que tivesse 90 m. [Custo estimado, envolvendo remoção de terra,demolição da ponte e remoção dos escombros ~ R$ 200.000,00, custos adicionais de~ R$300.000, serão necessários no caso de construção de nova ponte em substituiçãoà velha, ou de ampliação da velha].

2. Ampliação da seção de passagem de água sob a ponte entre as chamadas Lagoade Fora e lagoa Boqueirão, para garantir uma seção hidráulica mínima de 160 m².A ponte hoje tem uma largura sobre a água de aproximadamente 45 m, e é necessárioamplia-la para 90 m, removendo parte dos aterros de cada lado que hoje funcionamcom encontros da ponte. A ampliação pode seguir os mesmos blocos premoldadosque formam a ponte existente. [Custo estimado, incluindo ampliação da ponte ~ R$300.000,00].

3. Construção de um guia-correntes ou quebra-mar1, conforme indicado na Figura6.1. Tal guia-correntes é essencial para duas funções: primeiro assegurar aestabilidade hidráulico-sedimentológica do canal da barra, e segundo, funcionarcomo molhe de proteção, garantindo que durante ressacas não haja propagação deondas com grande energia para o recinto interno. A curvatura do guia-correntesseguindo paralela ao costão rochoso até o ponto indicado na Figura 6.1, éindispensável para impedir a propagação direta de ondas para o recinto interno,evitando sérios danos à cidade de Saquarema, se tal ocorresse.

Volume de pedra estimado ~35.000 m³ , considerando que não há pedra emSaquarema, o custo estimado sobe em função do transporte, chegando a ~R$1.800.000,00.

O guia-correntes terá no topo um piso com pelo menos 3,0 m de largura, quefuncionará como local para passeios e pescarias. Tal piso pode ser em asfalto, pedraarrumada, ou mesmo um deck de madeira como o existente na barra do canal da 1 Popularmente chama-se de quebramar a qualquer obra de enrocamento na costa, mas não é correto. Nocaso a obra de enrocamento proposta é um guia-correntes, embora tenha também funções de um molhe deproteção.

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Joatinga, no sistema lagunar da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O detalhamento do pisoé assunto para planejamento arquitetônico futuro. Na Figura 6.1, a linha central doguia-correntes representa o piso e é indicativo da porção da estrutura de enrocamentoque fica fora d’água. A linha externa indicada na figura representa aproximadamente olimite do talude de enrocamento no fundo.

O guia-correntes segue o contorno do costão rochoso existente, mantendo umafastamento de 80 m entre o pé do talude interno e o pé do costão. Muitoprovavelmente, o novo alinhamento de praia que se formará no lado externo do guia-correntes será paralelo ao atual, apenas deslocado cerca de 80 m para Leste. A áreahidráulica em relação ao nível médio do mar [NMM], no canal entre o guia-correntes eo costão será de no mínimo 160 m².4. Dragagem do canal da barra, no recinto interior entre a ponte velha e a

embocadura, e entre a ponte velha e o início da Lagoa de Fora, garantindo uma áreahidráulica em relação ao nível médio do mar [NMM], de no mínimo 160 m², comosugerido na Figura 6.1.

Volume estimado ~150.000 m³, custo estimado R$ 600.000,00, supondo que 90%seja areia que será lançada na praia.

7.2. Atividades impactantes durante a obra civil

Inicialmente será necessário o recolhimento da areia residual que assoreia parte docanal extravasor existente, de forma a torná-lo sem impedimentos para a obra, assimcomo para o tráfego de veículos e pessoas. A areia a ser retirada será despejada na praiade Itaúna, para evitar qualquer desequilíbrio na dinâmica sedimentar (ver capítulo sobredinâmica sedimentar na praia de Itaúna).

7.2.1. Movimento de caminhões

A operação do posicionamento do material será realizada nessa fase e demandaráo tráfego de caminhões com capacidade entre 12 e 17 toneladas. Este tráfego será deintensidade média e grande, tratando-se de transporte dos blocos de granito destinadosao molhe e o remanejamento da areia. Para a primeira fase foi calculado um número de8 caminhões basculantes, operando com 8 viagens por dia, num período de 10 meses.

7.2.2. Movimento de máquinas

Na área do empreendimento haverá movimentação de máquinas, caminhões delimpeza e retirada de material a ser remanejado. Esta movimentação determina asoperações de manutenção das máquinas e a emissão de poeira. A manutenção dasmáquinas não será realizada dentro da área do empreendimento.

7.2.3. Descarte de lixo

O funcionamento do canteiro de obras determina a produção de resíduos sólidosorgânicos e inorgânicos, provenientes da presença humana, como papel, vidro e restosorgânicos, resíduos provenientes da própria obra e de sua limpeza.

7.2.4. Emissão de poeira

A emissão de poeira é resultante da movimentação de maquinas e caminhões naárea da construção do molhe de granito, uma vez que nem todas as ruas sãopavimentadas.

7.2.5. Contratação de mão-de-obra

Para execução do empreendimento será necessária a contratação de mão-de-obra

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Com numero não inferior a trinta (30) operários.

7.2.6. Operação de canteiro de obras

Nesta fase, o canteiro de obras servirá para abrigar os empregados permanentes,administração da obra, almoxarifado e cozinha. O canteiro de obra a ser utilizado seráem residência próxima ao local, composta de um pavimento, cozinha, dormitórios ebanheiros. Os impactos referentes ao canteiro de obras estão relacionados a emissão deáguas servidas e lixo antrópico.