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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE PATURua Francisco Dutra de Almeida, nº 137, Centro, Patu/RN, tel.:(84)3361-2299
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE- EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR
Referência: Autos n° 0000576-91.2011..8.20.0125
Agravante: Ministério Público Estadual
Agravado: Estado do Rio Grande do Norte
Origem:Vara Única da Comarca de Patu
O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte, por sua
Promotora de Justiça signatária, no exercício de suas atribuições legais, com
supedâneo nos arts. 522 e seguintes do Código de Processo Civil bem como nas
razões recursais em anexo, vem perante V. Exaª., tempestivamente, interpor
AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS
DA PRETENSÃO RECURSAL contra a decisão interlocutória proferida nos autos
de nº n° 0000576-91.2011..8.20.0125, fl. 188, referente à Ação Civil Pública com
Antecipação Parcial e Liminar dos Efeitos da Tutela , ajuizada por este órgão
ministerial em face do Estado do Rio Grande do Norte representado pela
Procuradoria Geral do Estado, na pessoa do Senhor Procurador Geral do
Estado( com sede na Avenida Afonso Pena, nº 1155, Tirol
Para instruir o presente recurso, em observância ao que dispõe o art.
525, I e II do Código de Processo Civil, seguem anexas as seguintes peças: 1)
cópia da decisão recorrida; 2) certidão da intimação do agravante sobre o inteiro
teor da decisão recorrida; 3) cópia da petição inicial da ação; 4) cópia do Relatório
da VI URSAP-Pau dos Ferros/RN( SUVISA) de 09/12/2010; 05) cópia do ofício nº
46/2010-CDP; 06) cópia do Formulário de Inspeção do Centro de Detenção
Provisória de Patu oriundo do Mutirão Carcerário do Conselho Nacional de Justiça;
07) cópia do Relatório da VI URSAP-Pau dos Ferros/RN( SUVISA) de 02/08/2011;
08) cópia do ofício nº 474/2010-PJP; 09) cópia do ofício nº 069/2011-PJP, 10) cópia
da ata de visita ao Centro de Detenção Provisória de Patu do dia 28/06/2011; 11)
cópia da ata de visita ao Centro de Detenção Provisória de Patu do dia de
28/07/2011; 12) cópia do Formulário de Avaliação mensal de Estabelecimento
Penal; 13) cópia da decisão interlocutória que inicialmente apreciou o pedido
liminar; 14) cópia do requerimento ministerial que restou indeferido pela decisão
recorrida; 15) cópia do AR relativo ao ofício nº 69/2011-PJP; 16) cópia da certidão
da secretaria ministerial quanto à ausência de resposta ao ofício nº 69/2011-PJP.
Finalmente, requer este órgão ministerial que, após reconhecida a
admissibilidade do presente recurso e concedida a tutela antecipada da pretensão
recursal, nos moldes previstos no art. 527, inciso III do CPC, seja intimado o
agravado para, querendo, oferecer contrarrazões, no prazo legal.
Patu/RN, 29 de abril de 2012.
Micaele Fortes Caddah
Promotora de Justiça
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE PATU
Rua Francisco Dutra de Almeida, nº 137, Centro, Patu/RN, tel.:(84)3361-2299
Referência: Autos n° 0000576-91.2011..8.20.0125
Agravante: Ministério Público Estadual
Agravado: Estado do Rio Grande do Norte
Origem:Vara Única da Comarca de Patu
RAZÕES RECURSAIS
I – Histórico dos Fatos
Conforme cópia da petição inicial anexa, foi instaurado, no âmbito da
Promotoria de Justiça de Patu, em 22 de novembro de 2010, o Inquérito Civil nº
53/2010, através da Portaria nº 57/2010, com o objetivo de investigar a ausência
de atendimento à saúde; de regularidade do direito de visita e banho do sol bem
como falta estrutura e higiene das celas em que estão os presos do Centro de
Detenção Provisória de Patu
A SUVISA realizou inspeção requisitada pelo Ministério Público( cópia
anexa) através da qual foi constatado o seguinte: 1) a inexistência de local
apropriado para a realização do banho de sol; 2) vaso sanitário quebrado em uma
das celas; 3) ausência de fornecimento produtos de limpeza; os quais são trazidos
ocasionalmente pelos familiares dos presos; 4) falta de abastecimento de água.
A Vigilância Sanitária sugeriu, por fim, que os vasos sanitários fossem
substituídos pela bacia turca.
O então Diretor do Centro de Detenção Provisória de Patu noticiou
que havia dificuldade em realizar banho de sol nesse estabelecimento prisional
devido à ausência de agentes penitenciários suficientes e armamento( cópia do
ofício nº 46/2010-CDP em anexo)
Requisitou-se ao Secretário de Defesa Social informação sobre: 1 )
como tem sido feito o fornecimento do material de limpeza ao Centro em questão;
2) a possibilidade de serem lotados mais agentes penitenciários no
estabelecimento a fim de viabilizar o banho de sol; 3 ) a possibilidade de
destinação de um veículo automotor para aquele Centro para transporte dos
presos tanto para as audiências como para tratamentos de saúde, dentre outras
diligências necessárias ao bom funcionamento desse estabelecimento prisional,
( cópia do ofício nº 474/2010-PJP)
Reiterou-se o teor de tal expediente ao Secretário de Justiça e
Cidadania do Estado( cópia anexa),
Consoante certidão de cópia anexa, não houve resposta ao
expediente citado, indicando inércia do Estado.
Realizaram-se mais duas visitas ao Centro de Detenção Provisória
consoante atas de cópias anexas, onde se constatou a permanência das
irregularidades.
O Conselho Nacional de Justiça constatou, em inspeção realizada
no dia 08 de dezembro de 2010, dentre outros pontos, o seguinte: 1) ausência de
área destinada à visita familiar; 2) ausência de banho de sol; 3) ausência de livro
de registro; 4) ausência de local para visita íntima; 5) ausência de separação dos
presos definitivos e provisórios; 6) ausência de fornecimento de vestuário e
produtos de limpeza; 7) ausência de prestação de assistência jurídica, à educação
e à saúde no local; 8) insalubridade do ambiente em decorrência do precário
sistema de arejamento e do calor excessivo( documento anexo).
Segundo o CNJ, seriam necessárias as seguintes providências para
regularização do funcionamento do estabelecimento: 1 ) reforma no prédio e
adequação da capacidade de absorção para o triplo da atual; 2) criação de espaço
próprio para banho de sol, atividade laborativa, recolhimento de idosos, atividades
educacionais, assistência jurídica, social.
A SUVISA realizou inspeção novamente requisitada pelo Ministério
Público( cópia anexa) através de cujo relatório anexo noticiou: 1) ausência de
condições adequadas de higiene; 2 ) instalações elétricas impróprias 3) ausência
de vaso sanitário em uma das celas; 4) ausência de chuveiro; 5) necessidade de
melhoria nas aberturas de ventilação e claridade.
Em decorrência de visita do Ministério Público, foi expedido o
Formulário de Avaliação Anual de Estabelecimento Penal, referente ao ano de
2010, anexo, através do qual as irregularidades anteriormente mencionadas são
reportadas ao Conselho Superior do Ministério Público por meio da Corregedoria
Geral do Ministério Público nos moldes da Resolução nº 56/2010-CNMP.
Diante desses fatos, o Ministério Público pediu, dentre outros
requerimentos: 1) a antecipação parcial dos efeitos da tutela, em sede liminar,
inaudita altera pars no sentido de determinar sob pena de multa diária e pessoal
do Secretário de Justiça e Cidadania ( SEJUC) do Estado no valor sugerido de
R$5.0000,00( cinco mil reais): 1.a) a imediata remoção dos presos condenados e
provisórios para estabelecimento prisional adequado e previsto em lei, acionando-
se a Secretaria de Justiça e Cidadania para o cumprimento da determinação, até a
reforma do Centro de Detenção Provisória de Patu/RN com a maior brevidade
possível, conforme prazo razoável determinado judicialmente; 1. b) a interdição do
Centro de Detenção Provisória de Patu com a conseguinte proibição de ingresso
de novos presos até a regularização do estabelecimento e sempre por ordem
judicial e não ex oficio pelo Delegado Regional de Polícia; 1.c) a expedição de
ofício ao Secretário de Justiça e Cidadania a fim de que providencie
imediatamente: I) alimentação, colchão, produtos de higiene pessoal para os
presos; II ) a lotação de um auxiliar de serviços gerais para o Centro de Detenção
Provisória de Patu em prazo razoável determinado judicialmente; III)
disponibilização de um veículo exclusivo para atendimento das necessidades do
Centro; 2) a produção de todas as provas necessárias à demonstração do alegado, especialmente inspeção judicial e perícia do Corpo de Bombeiros a fim de serem observadas as condições em que vivem os presos na área da carceragem do Centro de Detenção Provisória de Patu; 3) a requisição ao Corpo de Bombeiros de vistoria no Centro de Detenção Provisória de Patu com remessa do relatório correlato em prazo razoável a ser fixado por este juízo, considerando a possibilidade de serem corroboradas e/ou complementadas as informações prestadas pela SUVISA.
Ao receber a inicial, o douto julgador indeferiu o pedido de antecipação
dos efeitos da tutela sob o argumento de que o Estado teria cumprido sua
obrigação ao construir o Centro de Detenção Provisória de Patu e que o uso
indiscriminado pelos presos gerou “algumas situações, apontadas pelo Ministério
Público como precárias”; bem como que “ da visita in loco por mim realizada, não
constatei que as situações ensejadoras de reparos justificassem a remoção dos
presos e/ou interdição temporária do mencionado estabelecimento”(cópia anexa).
Seguiu o MM. Juiz afirmando que alguns problemas, como a
substituição dos vasos sanitários, poderiam ser imediatamente
solucionados(anexo).
O Ministério Público requereu que fossem apreciados os pedidos
atinentes à produção probatória, incluindo a requisição de perícia do Corpo de
Bombeiros bem como reiterou o pedido de tutela antecipada com esteio na
documentação acostada nas fls. 57/83 e 86/91, todos anexos.
O eminente julgador indeferiu o pleito sob o argumento de que: 1) a
documentação fora objeto de apreciação; 2) seria desnecessária a vistoria do
Corpo de Bombeiros.
É o relato
II – Do Cabimento do Agravo por Instrumento
Atualmente, a regra é a interposição do Agravo de forma retida nos
autos, conforme preceitua o art. 522 do Código de Processo Civil1.
Ressalvou-se, contudo, a possibilidade de sua interposição através de
instrumento, diretamente no órgão ad quem, sempre que “se tratar de decisão
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação”.
É o que ocorre no caso vertente conforme será pormenorizadamente
esclarecido nas razões para reforma da decisão. Desde logo, contudo, este órgão
ministerial esclarece que a não apreciação imediata do recurso pelo Tribunal ad
quem pode ensejar danos de difícil reparação à sociedade; à administração do
sistema prisional e ao Estado Democrático de Direito na medida em que
frontalmente infringidos preceitos constitucionais e a Lei de Execução Penal.
A finalidade da antecipação da tutela pleiteada inicialmente e
liminarmente era fazer cessar imediatamente a atividade danosa, nociva, e exigir o
cumprimento da norma jurídica.
A continuidade da violação gera a ineficácia ou desprestígio do
provimento final, mormente se considerar que, não há juiz titular na Vara Única de
Patu e o douto magistrado em exercício, por mais eficiente que seja, não tem o
condão de suprir tal ausência.
Mais. A demora da decisão de mérito significa vantagem para quem está cometendo a ilegalidade na posição de total omissão conforme demonstra a documentação acostada, eis que nenhuma providência foi
1 “Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.”
tomada pela SEJUC.Ademais, o indeferimento de uma prova pericial (inspeção do
Corpo de Bombeiros, não substituída pela vistoria in loco seja do CNJ, do Ministério Público ou do Juízo a quo Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte2) retarda, como de fato está retardando, o julgamento do mérito.
Ad argumentandum tantum, se indeferiu o pedido liminarmente; com a contestação da parte demandada, o douto juízo a quo poderia ter reapreciado a questão, inclusive porque pretendida a improcedência do pleito, o Estado deixa claro seu intento de permanecer inerte inclusive quanto aos problemas que, segundo a autoridade judiciária, “podem ser imediatamente sanados( tais como a troca de vasos sanitários)”.
Ora, se podem ser imediatamente sanados, por que assim não foi determinado?
Aliás, o douto juízo a quo, em seu decisum, afirmou que os outros
problemas( que não poderiam ser imediatamente sanados) deveriam ser objeto de
estudo mais abrangente, porém não observou que o Estado não pretende tomar qualquer providência para modificar a estrutura do Centro de Detenção Provisória de Patu.
Caracterizada a urgência para interposição do agravo de instrumento,
inexiste interesse na interposição do recurso sob a forma retida, o que
representaria mero acesso formal à Justiça, porém, materialmente, sua negação.
Nesse sentido, FREDIE DIDIER JR.:
“(...) havendo urgência, caberá agravo de instrumento,
pouco importa o momento em que a decisão foi tomada.
Não há interesse recursal na interposição de agravo retido em situações de urgência. O critério não é
cronológico, é circunstancial: está relacionado com a
aptidão da decisão interlocutória para gerar danos3.”
2 In http://www.cbm.rn.gov.br/downloadsserten.asp3 In Curso de Direito Processual Civil; Vol. 03; Salvador (BA); Editora Jus Podium, 2006, p. 106.
III – Do Pedido Inicial de Antecipação Parcial do Efeitos da Tutela e da Decisão Agravada
Em sede de antecipação parcial dos efeitos da tutela, o Ministério
Público requereu : 1) a antecipação parcial dos efeitos da tutela, em sede liminar,
inaudita altera pars no sentido de determinar sob pena de multa diária e pessoal
do Secretário de Justiça e Cidadania ( SEJUC) do Estado no valor sugerido de
R$5.0000,00( cinco mil reais): 1.a) a imediata remoção dos presos condenados e
provisórios para estabelecimento prisional adequado e previsto em lei, acionando-
se a Secretaria de Justiça e Cidadania para o cumprimento da determinação, até a
reforma do Centro de Detenção Provisória de Patu/RN com a maior brevidade
possível, conforme prazo razoável determinado judicialmente; 1. b) a interdição do
Centro de Detenção Provisória de Patu com a conseguinte proibição de ingresso
de novos presos até a regularização do estabelecimento e sempre por ordem
judicial e não ex oficio pelo Delegado Regional de Polícia; 1.c) a expedição de
ofício ao Secretário de Justiça e Cidadania a fim de que providencie
imediatamente: I) alimentação, colchão, produtos de higiene pessoal para os
presos; II ) a lotação de um auxiliar de serviços gerais para o Centro de Detenção
Provisória de Patu em prazo razoável determinado judicialmente; III)
disponibilização de um veículo exclusivo para atendimento das necessidades do
Centro.
Ao receber a inicial, o juízo aduziu que:
“O Centro de Detenção Provisório(sic) desta cidade,
contudo, é um dos que apresentam as melhores
condições quando comparado a outros desta e de outras
regiões do Estado. Afirmo-o não para desfazer-me das
pretensões ministeriais, mas porque constatei,
pessoalmente, com realização de visita in loco, que o Centro mantém estrutura que garante o mínimo constitucional.O que se conhece é que o Estado quando cumpriu sua
obrigação e edificou o Centro de Detenção Provisório (sic) de Patu, que se destinaria à detenção de pessoas acusadas de crimes, o fez de acordo com as normais legais e que o uso indiscriminado pelos presos gerou algumas situações, apontadas pelo Ministério Público como precárias.Ocorre que, da visita in loco por mim realizada, não
constatei que as situações ensejadoras de reparos
justificassem a remoção dos presos e /ou a interdição
imediata do mencionado estabelecimento. Problemas há que podem ser imediatamente sanados (tais como a troca de vasos sanitários), outros, que necessário se
faria, antes de se determinar aos administrador público
que venha a tomar esta ou aquela medida se proceda a
estudo mais abrangente. Em outras palavras, considero
ausentes os requisitos tradicionais da medida liminar,
quais sejam o periculum in mora e do fumus boni iuris, que
justificariam o seu deferimento”. Grifos para destaque
IV – Das Razões Para Reforma
A afronta à Constituição da República Federativa do Brasil, que
enumera o princípio da dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos
para concretização do Estado Democrático de Direito, é clara conforme
documentação acostada.
Diferentemente do alegado pelo juízo a quo, o Centro de Detenção
Provisória não respeito os preceitos constitucionais nem a lei; precisa ser
reformado e adequado à custódia de pessoas, titulares de direitos, ainda que
limitados em decorrência da prática suposta de crimes.
A teoria do mínimo existencial, fundamentada nos princípios
constitucionais explícitos e implícitos, impõem a garantia de direitos fundamentais
à sobrevivência do ser humano. Nessa trilha, ao preso, como pessoa humana, é
assegurado à integridade física e moral, não podendo a sanção ter o caráter cruel
como forma de pena. Dessa forma, ao preso seja provisório ou definitivo são
garantidos direitos, dentre eles o atendimento ambulatorial e hospitalar; a celas
separadas para presos provisórios e condenados, os quais não são respeitados no
Centro de Detenção Provisória de Patu.
Ainda no âmbito da Constituição Federal, pode-se arguir que o
tratamento desumano dispensado aos presos do Centro de Detenção Provisória de
Patu, aos quais não são garantidos direitos mínimos como o direito à saúde, ao
ambiente sadio, à integridade física e moral, a celas adequadas à legislação
federal, constitui afronta ao princípio da igualdade estatuído no art. 5º caput, como
se a condição de preso, ainda que não condenado, tivesse o condão de restringir
as garantias constitucionais e autorizar a distinção.
Ademais, em hierarquia inferior, a Lei Federal n° 7.210/84, que regula
a execução penal, tem por objetivo, nos termos do art. 1°, justamente efetivar as
disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado e do internado. Aludido diploma legal,
ao dispor sobre os estabelecimentos penais impõe os objetivos e condições para o
respectivo funcionamento.
Segundo o art. 102 da referida lei: “A Cadeia Pública destina-se ao
recolhimento de presos provisórios”. Os arts. 103 e 104, por sua vez preveem, in
verbis:
“Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos, uma Cadeia Pública a
fim de resguardar o interesse da administração da justiça criminal
e a permanência do preso em local próximo ao seu meio social e
familiar”.
“Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será
instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção
as exigências mínimas referidas no art. 88 e seu parágrafo único
desta Lei.”
Nesta linha de raciocínio, devem ser mencionadas as disposições
relativas ao art. 88 do diploma suso, que determina as condições e requisitos
básicos para alocação dos presos condenados e provisórios:
“Art. 88. O condenado será alojado em cela especial que conterá
dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
Parágrafo único: São requisitos básicos da unidade celular:
a)salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana;b)área mínima de 6m2 (seis metros quadrados) – grifos para
destaque
Dispõem ainda os arts. 40 e 41 da Lei nº 7.210/84:
“Art. 40. Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.”
“Art. 41. Constituem direitos do preso:
I – alimentação suficiente e vestuário;
II – atribuição de trabalho e remuneração ;
(...)
VII – assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
(...)
Da interpretação sistêmica dos dispositivos citados, depreende-se da
documentação anexa, que o Centro de Detenção Provisória de Patu não preenche
as condições mínimas para permanência dos detentos, pois não pode ser considerada cadeia pública nem penitenciária como estabelece a Lei de Execução Penal citada.
Em primeiro lugar, consoante documentação acostada, a atual
estrutura das instalações elétricas e o ambiente insalubre das celas do CDP-Patu
representam um risco para os presos e para todos que ali trabalham.De acordo com a documentação acostada, os presos não tem direito a
ambiente salubre, pois nas celas não existe vaso sanitário e chuveiro; nem limpeza
por parte do governo estadual; aliás os presos não dispõem sequer de
cama/colchão!
Os presos provisórios também não são separados dos condenados;
ou seja, a ofensa à legislação citada é clara e prescinde de outras provas, tanto
que já constatada pelo Conselho Nacional de Justiça, conforme relatado linhas
atrás.
Nesse sentido, dispõe a Lei nº 7.210/84:
“Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por
sentença transitada em julgado”.
“Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento
coletivo, observados os requisitos da letra a, do parágrafo único,
do artigo 88, desta Lei.
Parágrafo único. São também requisitos básicos das
dependências coletivas:
a) a seleção adequada dos presos;”
In casu, no Centro de Detenção Provisória de Patu, antes carceragem
da Delegacia de Polícia local, há anos que se misturam presos provisórios e
definitivos, sem qualquer preocupação com os primeiros e seu contato com o
mundo dos declarados culpados; e sem qualquer preocupação de individualização
da pena dos segundos, que não são atendidos de acordo com as particularidades
de sua personalidade e do crime cometido, circunstância que mais uma vez
contraria a Constituição Federal (art. 5º, XLVI4) e a Lei de Execução Penal (arts. 5º5
e 8º6).
4 “a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes”.5“os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal”.
6 “o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame
Ou seja, a seleção a que se refere a LEP tampouco existe, pois os
presos condenados e provisórios não são separados pela natureza do crime,
regime de cumprimento de pena ou outros requisitos objetivos, mas sim pela
compatibilidade entre os mesmos consoante se verifica pelas atas das visitas
realizadas pelo Ministério Público e Formulário de Avaliação Anual de
Estabelecimento Penal anexos
Quanto à separação dos presos provisórios dos condenados em
definitivo, segue o magistério de Guilherme de Souza Nucci (Código de Processo
Penal Comentado. 8ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2008. p. 594.):
"Trata-se de uma obrigação do Estado, evitando-se a
promiscuidade nefasta dos presídios e amenizando-se o trauma
daquele que, não sendo ainda considerado culpado, merece ser
afastado dos presos já sentenciados com trânsito em julgado. A
lei 7.210/89 (Lei de Execução Penal), sensível a esse drama, em
vez de facultar, determina que o preso provisório fique separado
do condenado definitivamente (art. 84, caput). E vai além, com
razão: determina que o condenado primário deve ficar em sessão
distinta, no presídio, do condenado reincidente (art. 84, § 1º)".
O desprezo às normas legais que disciplinam o tratamento dos presos
provisórios e condenadas motiva a superlotação das cadeias públicas, neste caso
o Centro de Detenção Provisória de Patu, onde condenados definitivamente que
aguardam benefícios legais como progressão de regime, livramento condicional ou
o cumprimento integral da pena, convivem com presos provisórios que sequer
sabem se serão ou não condenados.
Nos termos do art. 42 da LEP7, os direitos constantes no art. 41 do
mesmo diploma legal também devem ser respeitados em se tratando de preso
provisório ou do submetido à medida de segurança, porém, como já foi
criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução”.7 “aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção”.
exaustivamente relatado, o Centro de Detenção Provisória de Patu não oferece as
mínimas condições de higiene, salubridade, educação, lazer, atendimento de
saúde e psicológico, além da ausência de banho de sol e condições impróprias
para a realização da visita íntima, que ocorre dentro das próprias celas, cuidando
cada preso de proteger sua privacidade da visibilidade dos outros que aguardam
no corredor.
Aliás, como o Centro de Detenção Provisória também acaba por
acolher condenados, deve-se registrar que a execução penal, no Estado
Democrático e de Direito, deve observar estritamente os limites da lei e do
necessário ao cumprimento da pena.
Tudo o que excede aos limites contraria direitos e deve ser corrigido
pelo Poder Judiciário, sob pena de se ferir o princípio da legalidade da execução
penal enquanto emanação do princípio da legalidade administrativa do artigo 37,
caput, da Constituição Federal.
Também em tema de direitos do preso, a interpretação que se deve
buscar é a mais ampla no sentido de que tudo aquilo que não constitui restrição
legal decorrente da particular condição do sentenciado, permanece como direito
seu.
Neste ponto, é mister que se ressalte o disposto no art. 3º da LEP, o
qual assegura ao condenado todos os direitos não atingidos pela sentença . Mesmo
privado de sua liberdade, assegura-se ao preso determinadas prerrogativas
dispostas, inclusive, em cláusulas pétreas da Constituição Federal (art. 5º, incisos
XLVIII e XLIX), que garantem o respeito à integridade física e moral do preso e
assegura a ele o mínimo de existência digna, de respeito à personalidade, de
liberdade, de intimidade e de honra, imprescindíveis ao bom resultado do processo
de reintegração.
“Art. 3º (da Lei de Execução Penal). Ao condenado e ao internado
serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença
ou pela lei”.
É bem verdade que o cenário encontrado no Brasil é bastante
diferente do fim almejado com os direitos garantidos pelo art. 41 da LEP acima
transcrito. O que tem ocorrido na prática é a constante violação dos direitos e a
total inobservância das garantias legais previstas na execução das penas
privativas de liberdade.
A partir do momento em que o preso passa à tutela do Estado, ele não
perde apenas o seu direito de liberdade, mas também, na prática, todos os outros
direitos fundamentais que não foram atingidos pela sentença, passando a ter um
tratamento execrável e a sofrer os mais variados tipos de castigos que acarretam a
degradação de sua personalidade e a perda de sua dignidade, num processo que
não oferece quaisquer condições de preparar o seu retorno útil à sociedade.
Essa realidade é facilmente verificada no Centro de Detenção
Provisória de Patu/RN, através dos relatórios de inspeção da Vigilância Sanitária
Estadual; das atas das visitas realizadas pelo Ministério Público e do relatório do
mutirão carcerário procedido pelo Conselho Nacional de Justiça.
Mais. Conforme ata das vistas realizadas e relatórios da SUVISA em
anexo, está sendo descumprido o disposto no art. 88 acima transcrito, eis que o tamanho das celas ( 2,90m x 2,90m; e 2,90m x 8,90m) é incompatível com a quantidade de presos.
Aliás, conforme relatado, as celas do Centro de Detenção provisória
não apresentam as características exigidas pelo art. 88 da LEP, eis que
destituídas dos requisitos mínimos para alojamento dos presos, pois, como
mencionado, não há camas, vaso sanitário e chuveiro.
A superlotação das celas, sua precariedade e sua insalubridade
tornam a prisão um ambiente propício à proliferação de epidemias e ao contágio
de doenças. Todos esses fatores estruturais aliados ainda à má alimentação dos
presos, seu sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene e toda a lugubridade
da prisão, fazem com que um preso que adentrou lá numa condição sadia, de lá
não saia sem ser acometido de uma doença ou com sua resistência física e saúde
fragilizadas.
Que fique claro que o CDP não conta sequer com um auxiliar de serviços gerais para realização da limpeza diária do estabelecimento!
Destarte, o Centro de Detenção Provisório de Patu/RN não está
cumprindo com a sua finalidade, que é custodiar apenas presos provisórios, não
observando, também, o disposto no art. 85 da LEP:
“Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível
com a sua estrutura e finalidade”.
É fato público e notório o desrespeito aos direitos do preso que, em
razão da sua conduta ilícita, deve sofrer a sanção imposta pelo Estado, porém de
forma proporcional e razoável, não tornando a pena um castigo ou vingança
estatal como forma de retribuição ao crime, pois uma vez que seus direitos não
estejam sendo resguardados, a recuperação e reeducação restam
impossibilitadas, haja vista ser durante o período de aprisionamento que se
oferece ao detento a oportunidade de realizar mudanças comportamentais, a fim
de adaptar-se à sociedade no momento da reintegração.
Não se cumpre, pois, a finalidade do Centro de Detenção Provisória,
porque nele não se encontram apenas presos não condenados; tampouco da
pena, eis que ausentes as funções desta diante do descumprimento da Lei de
Execução Penal, não permitindo a reintegração social do preso, sua recuperação.
A prisão, do ponto de vista sociológico, é um reflexo do poder
soberano do Estado, constituindo-se num instrumento de controle social. Acerca
da sua existência como manifestação do poder, Michel Foucault (apud
RODRIGUES, Edmar Edson Mendes. A salvaguarda dos presos provisórios.
Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14249#_ftnref3>.
Acesso em 14 set. 2010) afirma que:
"Prender alguém, mantê−lo na prisão, privá−lo de alimentação, de
aquecimento, impedi−lo de sair, de fazer amor, etc., é a
manifestação de poder mais delirante que se possa imaginar. (...)
A prisão é o único lugar onde o poder pode se manifestar em
estado puro em suas dimensões mais excessivas e se justificar
como poder moral".
Assim, inobstante seu caráter retributivo, a pena também tem caráter
ressocializador. O termo ressocializar denota tornar o ser humano que praticou
algum crime novamente capaz de viver pacificamente no meio social, de forma que
seu comportamento seja harmonioso com a conduta aceita socialmente. Assim,
deve-se tentar reverter os valores nocivos à sociedade que existem na
personalidade do preso, com a finalidade de torná-los benéficos e adequados à
coexistência pacífica e plural.
Desta feita, é preciso que o Estado resguarde um mínimo de liberdade
e personalidade do condenado para que este possua condição de assimilar o
processo de ressocialização, e não se brutalize cada vez mais, como um animal,
vivendo em espaço impróprio como o é o Centro de Detenção Provisória de Patu.
Ainda neste sentido, prescreve a LEP, arts. 10 e 11:
"A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno a convivência
social."
“A assistência será material, à saúde, jurídica, educacional, social
e religiosa”.
A ausência dessas assistências denuncia claramente que, devido a
não observância das normas de proteção ao detento, restam prejudicadas as
operações de recuperação. Sabe-se que atualmente uma ínfima parte deles
retorna para sociedade recuperada. A grande maioria regressa ao cárcere em
curto lapso de tempo, geralmente reincidentes e mais perigosos.
A finalidade de reintegrar somente será alcançada quando for
propiciado à instituição prisional qualidades ideais e satisfatórias ao trabalho de
regeneração e sobrevivência do preso. Para que isto ocorra, é necessário que o
Estado utilize verbas para reforma do estabelecimento prisional e sua estruturação
técnica, a fim de propiciar um ambiente saudável que possibilite a recuperação e
reeducação do detento, que apesar de ter cometido crime também possui direitos
inalienáveis, insuprimíveis e inegociáveis.
O Centro de Detenção Provisória de Patu não oferece quaisquer
possibilidades de apoio ao detento para sua ressocialização, pois, durante o
período de detenção, os esforços para manter a dignidade dos encarcerados são
praticamente nulos. Não são oferecidos auxílio físico ou psicológico, educação,
condições de saúde e higiene apropriadas, lazer, banho de sol, tudo garantido por
lei e imprescindível ao preso no momento de sua reintegração.
Por outro lado, os fatos aqui narrados não afrontam unicamente
direitos a garantias dos presos, mas também da comunidade como um todo,
principalmente dos mais próximos ao estabelecimento prisional, sendo-lhes
negados os sagrados direitos à tranquilidade e segurança.
Ora, a segurança é um direito de todos e um dever do Estado nos
termos da Constituição Federal em seus artigos 6º e 144, in verbis:
Art. 6º da CF:
“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição”.
[...]
Art. 144 da CF:
“A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos”.
A segurança pública é uma das questões que mais preocupam a
sociedade brasileira. Além das óbvias razões de ordem econômico-sociais, há que
se creditar à ineficiência do Estado parte significativa da responsabilidade sobre o
problema. É que ao dever estatal de prestar segurança pública corresponde a
necessidade de instituir mecanismos e instalações adequadas à relevância desse
munus atribuído pela Constituição Federal aos entes estatais.
A falta de estrutura do CDP não impede que os presos continuem
delinquindo, uma vez que já foram apreendidos celulares e drogas( v. Formulário
Anual de Avaliação de Estabelecimento Penal), fatos que ocorrem em decorrência
do sistema de segurança ineficiente que não atende sequer à Portaria nº
072/2011/GS-SEJUC.
Aliás, como dito, o CDP-Patu se localiza numa extensão da Delegacia
Regional de Polícia Civil desta Comarca, que não possui segurança externa e
permite acesso fácil ao terreno e contato de terceiros com os presos pelas janelas.
A existência de apenas dois agentes penitenciários por dia; na
verdade um, porque o segundo se trata do Diretor do Centro de Detenção
Provisória, contribui para o problema.
Tampouco dispõe o estabelecimento prisional de viatura, ocorrendo
de, às vezes, ser emprestada, quando necessário, a única da 7ª Delegacia
Regional de Polícia Civil.
O Centro de Detenção Provisória de Patu/RN não oferece garantia no
sentido de evitar que os ali detidos ganhem imerecida liberdade e isso é, sem
dúvida, fato atentatório à segurança pública. Quanto pior as condições a que estão
submetidos os detidos, maiores são os riscos de ocorrerem fugas, aumentando
assim não só a impunidade, como também o sentimento de insegurança que já
atormenta a população da comarca de Patu.
Assim, verifica-se que os fatos trazidos à tona infringem direitos e
garantais constitucionais e legais não só dos presos, como também da
coletividade.
Junte-se ao exposto a ausência de formalização do referido Centro de Detenção Provisória no próprio Sistema Estadual Penitenciário. Na verdade, o que se vê é que a Delegacia de Polícia de Patu, somente recebeu essa denominação – Centro de Detenção Provisória, sem que de fato a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania regularizasse tal situação, até mesmo do ponto de vista formal.
Além da inadequação, do ponto de vista prático, essa transformação
das delegacias em “centros de detenção provisória” improvisados viola o
ordenamento jurídico. Com efeito, a Lei Federal nº 7.210/1984 – Lei de Execução
Penal – determina, em seu art. 102 c/c o art. 82 que o recolhimento de presos
provisórios deve ser feito em cadeia pública, e que os definitivos sejam mantidos
em presídios, colônias penais ou casas de albergado, ou seja, em estabelecimento
penal, o que, obviamente, não se confunde com delegacia de polícia.
A própria legislação estadual há mais de 8 (oito) anos já transferiu a
Administração do Sistema Penitenciário à Secretaria de Justiça e Cidadania, por
meio da Lei Complementar n.º 256, de 13/11/2003.
Do mesmo modo, a Lei Estadual nº 7.131, de 13 de janeiro de 1998,
que dispõe sobre o Estatuto Penitenciário do Estado, enumera os tipos de
estabelecimentos penais componentes do Sistema Penitenciário Estadual:
“Art. 1.º O Sistema Penitenciário do Estado do Rio Grande do
Norte, sob a supervisão da Coordenadoria de Justiça da
Secretaria de Interior, Justiça e Cidadania, é constituído dos
seguintes órgãos:
I - Estabelecimentos Prisionais e de Segregação Provisória;
II - Estabelecimentos Penitenciários;
III - Estabelecimentos Penitenciários Agrícolas, Industriais ou
Mistos;
IV - Estabelecimentos Médico-Penais;
V - Centro Especializado de Observação e Triagem;
VI - Casa de Albergado;
VII - Patronato;
VIII - Escola Penitenciária.
“Art. 3.º Os Estabelecimentos Prisionais e de Segregação
Provisória destinam-se aos presos provisórios e àqueles sujeitos
a prisão simples e a prisão especial.
§1.º Nas Comarcas em que não houver Estabelecimentos
Prisionais e de Segregação Provisória, atenderão suas
finalidades as cadeias públicas, observadas as disposições
previstas nesta Lei e na Lei de Execução Penal.
§ 2.º Nas prisões de natureza civil e administrativa, o preso
permanecerá em dependências isoladas dos demais,
observando- se, no que couber, as normas pertinentes aos
presos provisórios”.
“Art. 4.º Os Estabelecimentos Penitenciários destinam-se aos
condenados a cumprimento de pena em regime fechado”.
“Art. 5.º Os Estabelecimentos Penitenciários Agrícolas, Industriais
ou Mistos destinam-se a cumprimento de pena em regime semi-
aberto.
Art. 6.º São Estabelecimentos Médico-Penais:
I - Hospital Penitenciário;
II - Sanatório Judiciário;
III - Hospital de Custódia”.
Por outro lado, o Decreto nº 20.382, de 12 de março de 2008, que
dispõe sobre a classificação e disponibilidade de vagas nos estabelecimentos
penais integrantes do Sistema Penitenciário do Estado, não contempla o Centro de
Detenção Provisória de Patu como integrante do mesmo. Assim, sequer se sabe a
capacidade máxima das carceragens do referido CDP em que pese as
informações constante no Formulário de Avaliação Anual de Estabelecimento
Penal, prestadas pelo então diretor conforme ali consignado e o teor da Portaria nº
072/2011-/GS-SEJUC.
Desse modo, vê-se claramente que o Estado do Rio Grande do Norte há anos se omite em seu dever de regularizar a situação dos presos provisórios e definitivos da comarca de Patu, na medida em que improvisou uma “solução”, com a criação emergencial, sem qualquer previsão normativa e sem qualquer condição física e de pessoal de funcionamento, do chamado Centro de Detenção Provisória, que na verdade nada mais é do que a velha carceragem da Delegacia de Polícia, distinguindo-se dela tão somente pela designação de alguns agentes penitenciários para o local.
Nada resta, pois, senão impedir o funcionamento de tal nefasta
estrutura, da forma como se apresenta há anos.
O Estado não pode se escusar do cumprimento das obrigações impostas pela Constituição da República e pelas leis infraconstitucionais no que tange principalmente aos direitos mínimos dos presos, dos sexos
masculino e feminino; e menores infratores.Nesse diapasão, a conduta omissiva do Estado, na prática da
ilegalidade, conduz à correção pelo Poder Judiciário, sem prejuízo das responsabilidades cabíveis às autoridades e servidores públicos, em caso de comprovado dano a outrem.
Se há o descumprimento da lei no município de Patu/RN, cabe
intervenção do Judiciário nas políticas públicas sem a pecha de malferir o princípio
da Separação dos Poderes, reconhecendo, no caso sub examine, a obrigação do
Estado de assegurar os direitos dos presos e da própria sociedade conforme
rezam os arts. 1º, inciso III; 3º, inciso I; 5º, caput, e 144 da Carta Magna8.
Sobre o tema, a jurisprudência:
“50012840 JCF.5 JCF.5..XLIX – RECURSO DE APELAÇÃO CÍVIL
– PRESO ASSASSINADO POR OUTRO DETENTO NO
INTERIOR DA CELA – RESPONSABILIDADE DO ESTADO –
VERBA DEVIDA – APENAS COM RELAÇÃO AO DANO MORAL
– PENSÃO MENSAL EXCLUÍDA – RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO – Cumpre ao Estado tomar as medidas necessárias para assegurar a integridade física de seus custodiados. Direito assegurado pela Constituição Federal em seu artigo 5º, XLIX. A morte de um detento no interior do presídio gera no
poder público o dever de indenizar terceiros, em face da
responsabilidade objetiva prevista no artigo 37, § 6º, da Carta
Política, mormente quando não tomou as medidas necessárias
para evitar a fabricação de armas pelos detentos que contribuiu
para ocorrência do fato danoso” (TJMT – AC 22.652 – Classe II –
20 – Capital – 1ª C.Cív. - Rel. Des. Jurandir Florêncio de Castilho
– J. 13.03.2000).
“39006134 JCF.5.XLIX JCF.5 – INDENIZAÇÃO – MORTE DE
8 O art.. 1º, inciso III se refere à dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado que se pretende Democrático e de Direito; o art. 3º, inciso I, por sua vez elenca com objetivo desse Estado uma sociedade justa fraterna e solidária.. O último dispositivo constitucional citado dispõe que “ A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas, do patrimônio(...)”
RÉU PRESO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO –
INDENIZAÇÃO DEVIDA – De acordo com art. 5º, XLIX da CF, o estado é responsável pela integridade física e moral do preso. Assim, ocorrendo sua morte, responde o estado pelo evento danoso, independentemente da prova de culpa do agente público, devendo pensionar a quem a vítima devia alimentos” (TJMG – AC 149.701/5 – 5ª C. Cív. - Rel. Des.
Campos Oliveira – J. 12.08.1999).
“13014614 – INDENIZAÇÃO – Danos morais – Detento morte em
disputa de presos – Admissibilidade – Falta de condições dos
funcionários do estabelecimento penal para debelar o motim –
Superlotação do presídio permitida pelo governo – Negligência
das autoridades estatais a gerar falha do serviço – Dever de zelar pela incolumidade dos encarcerados – Infringência ao
artigo 5º, XLIX da Constituição da República e Lei nº 7.210/84 –
Verba devida – Recurso não provido” (TJSP – AC 222.105-1 –
São Paulo – CCIVF 5 – Rel. Des. Marcus Andrade – J.
04.05.1995 – v.u.)
“16071421 JCF.5 JCF.5.XLIX – RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO – MORTE DE DETENTO – O ordenamento constitucional vigente assegura ao preso a integridade física (CF art. 5º xlix) sendo dever do Estado garantir a vida de seus detentos, mantendo, para isso, vigilância constante e eficiente. Assassinado o preso por colega de cela quando
cumpria pena por homicídio qualificado responde o estado
civilmente pelo evento danoso, independentemente da culpa do
agente público. Recurso improvido”. (STJ – RESP 5711 – RJ – 1ª
T. - Rel. Min. Garcia Vieira – DJU 22.04.1991 – p. 04771).
Ademais, não há fixação de prazo na Lei de Execuções para
adequação das cadeias públicas, implicando assim disposições de cumprimento
imediato por parte do Estado, ao contrário do que se possa querer inferir. E por
uma simples razão: os atos e políticas públicas da administração é que devem se
amoldar à Constituição e não o inverso. Ora, a Constituição e a lei já determinaram
há bastante tempo o que se pretende através da presente ação.
Repita-se, não se quer infringir o princípio da Separação dos Poderes,
in casu, dos Poderes Judiciário e Executivo, eis que, como é comezinho em direito,
pressupõe-se a regulação por um sistema de freios e contra-presos, nesta
hipótese equilibrado, haja vista que a demanda não repercute na
discricionariedade administrativa, pois envolve direitos fundamentais.
Por certo, que as políticas públicas garantistas ainda se regem pelo
princípio da reserva do possível9, diante da capacidade orçamentária do Estado.
Contudo é neste ponto que a intervenção(tutela) judicial deve ser efetiva como
preconiza a CF/88, pois em um Estado que possui 69( sessenta e nove) comarcas,
existem apenas três Cadeias Públicas10, a interdição, ainda que provisória, do Centro de Detenção Provisória de Patu e sua conseguinte reforma para suprir a falta de estabelecimento daquela natureza, mostra-se imperiosa; de outro modo, os direitos individuais dos presos, a dignidade dos mesmos, estaria lançada a toda sorte sob o argumento, por vezes genérico, da reserva do possível.
Nesse sentido, o Tribunal de Justiça de São Paulo em recente decisão
assim se manifestou:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERDIÇÃO DE CADEIA PÚBLICA.
PROVA CONCLUDENTE NO SENTIDO DE QUE O PRÉDIO
NÃO REÚNE CONDIÇÕES ESTRUTURAIS PARA
FUNCIONAMENTO COMO CADEIA PÚBLICA. INEXISTÊNCIA
DE INGERÊNCIA INDEVIDA DE UM PODER EM OUTRO NO
DECRETO DE PROCEDÊNCIA. JÁ SE PACIFICOU, TANTO NA
JURISPRUDÊNCIA COMO NA DOUTRINA, A POSSIBILIDADE
DE EXAME DA LEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO PELO
9 “A expressão reserva do possível foi cunhada pelo Tribunal Constitucional Alemão... Ali se sustentou que os direitos sociais estavam submetidos à reserva do possível, ‘no sentido daquilo que o indivíduo de maneira razoável pode pretender da sociedade’”( CARLOS BERNAL PULIDO, El principio da proporcionalidad y los derechos fundamentales, cit., p.394, nota 300; apud MAÇAL JUSTEN FILHO, Curso de Direito Administrativo, 4ª Edição, p. 95.)
10 Repita-se aqui a dicção do art. 103 da LEP.
PODER JUDICIÁRIO. O QUE NÃO SE PODE É APRECIAR O
MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO. A manutenção do prédio de
que se cuida implica em flagrante violação de dispositivos da
Constituição Federal (art. 5º, incisos III, XLIV e XLVII) E da Lei de
Execuções Penais (art. 104). Plenamente configurada a
ilegalidade da manutenção em funcionamento do prédio como
cadeia pública. Possibilidade de imposição de multa diária pelo
descumprimento da ordem judicial ao Poder Público. Ação
procedente em parte. Recursos improvidos. (TJ-SP; APL-Rev
561.982.5/0; Ac. 2651548; José Bonifácio; Primeira Câmara de
Direito Público; Rel. Des. Franklin Nogueira; Julg. 10/06/2008;
DJESP 11/07/2008)
Importante lembrar que o próprio Conselho Nacional de Justiça, atento
para a questão penitenciária, editou, já no final do ano de 2007, a Resolução nº 47,
que “Dispõe sobre a inspeção nos estabelecimentos penais pelos juízes de
execução criminal”. A eminente Min. Ellen Gracie, à época Presidenta do
Conselho, lembrava que “os estabelecimentos penais devem proporcionar segurança e dispor de condições adequadas de funcionamento”e que “o art. 5°, XLIX da Constituição Federal assegura aos presos o respeito à integridade física e moral”. (grifos para destaque).
Segundo o art. 1º da Resolução acima referida, os juízes da execução
criminal deverão “realizar pessoalmente inspeção mensal nos estabelecimentos
penais sob sua responsabilidade e tomar providências para seu adequado
funcionamento, promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade”.
Mais que isso, como bem lembrado pelo eminente doutor Renato
Vasconcelos Magalhães, Juiz de Direito deste estado “O juiz da execução penal
deve zelar pelo fiel cumprimento dos preceitos esculpidos tanto na LEP quanto na
Constituição Federal, principalmente quando as suas infringências afetam o status
dignitatis do preso, seja provisório ou definitivo”11.
Cabe, portanto, ao juiz da execução, constada qualquer irregularidade
11 Decisão interlocutória nos autos nº 106.09.001161-3 da 1ª Vara criminal de Mossoró/RN..
ou afronta à lei, tomar as providencias necessárias para o seu saneamento, sem
prejuízo da apuração das responsabilidades. Nesse sentido a lição de Guilherme
de Souza Nucci:
“É o magistrado um fiscal da execução da pena e defensor da lei
e dos condenados, pouco interessando a eventual conveniência
do Poder Público em manter em funcionamento um local
totalmente inapropriado para os fins a que se destina”12. Grifo no
original
Vê-se, pois, que as áreas das carceragens do Centro de Detenção
Provisória de Patu vêm sendo modelo de violação dos direitos humanos, a impor a
interposição do presente recurso, cujo objetivo é corrigir as deficiências apontadas
nos relatórios inclusos, decorrentes de vistorias realizadas por órgãos
competentes( Ministério Público, Conselho Nacional de Justiça e SUVISA), ainda
que parcialmente.
Por certo, que o Centro de Detenção Provisória não é estabelecimento adequado para recolhimento de presos definitivos. Contudo, dentro da realidade em que se vive, já se adianta que a utilização desse estabelecimento para tal fim deve respeitar as condições mínimas de segurança e os direitos dos detentos a fim de evitar a possibilidade real de revolta; doenças; fugas dentre outros riscos para os presos e população.
Registre-se outrossim que a falta de segurança do estabelecimento
pode dificultar o prosseguimento da instrução criminal das ações ajuizadas e
comprometer a ordem pública, pois a sociedade local passaria a desacreditar na
tutela jurisdicional do Estado, haja vista a falta de efetividade refletida na ausência
de aplicação das sanções estabelecidas por lei para as condutas dos criminosos,
se foragidos.
Ressalte-se também que os detentos, nas ocasiões em que ocorrem
fugas, colocam sempre em risco a integridade física dos policiais e agentes
12 Leis penais e processuais penais comentadas .2ª edição, p. 469.
penitenciários, famílias residentes nas adjacências do Centro e a população em
geral.
Ad argumentandum tantum, é público e notório que o ambiente
carcerário do Centro de Detenção Provisória de Patu é insalubre, o que foi
confirmado pelo Relatório da SUVISA e do CNJ.
Ademais, a inadequação da estrutura do CDP também deveria ser
objeto de análise pelo Corpo de Bombeiros, tal como intentado, desde o
ajuizamento da ação pelo Ministério Público.
Sobre esse tema, importa registrar que o Corpo de Bombeiros deve
realizar nos termos da Lei Complementar Estadual nº 230/2002(art. 2º) e Código
de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do
Norte13 , vistorias nas edificações de todo o Estado do Rio Grande do Norte.
Dito isto, a lei obriga a realização da vistoria, requerida pelo Ministério
Público, injusta e ilegalmente indeferida pelo juízo a quo, o que fundamenta, mais
ainda, o recurso ora interposto.
IV.1- Das Razões para a Antecipação dos Efeitos da Pretensão Recursal
Dispõe o artigo 527, inciso III, do Código Processo Civil, com a
redação que lhe foi conferida pela Lei nº 10.352, de 26-12-2001:
“Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e
distribuído incontienti, o relator:
(...)
III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558),
ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz
sua decisão.”
Versa o dispositivo legal transcrito sobre a possibilidade conferida ao
13 In http://www.cbm.rn.gov.br/downloadsserten.asp
douto Desembargador Relator do agravo de lhe conceder efeito ativo, ao
vislumbrar a configuração dos requisitos do fumus boni juris e do periculum in
mora, consoante estatui o art. 558, também do CPC, no exercício do poder
cautelar geral inerente aos órgãos jurisdicionais.
Observa-se, no caso em exame, a tranquila probabilidade de êxito da
pretensão recursal ora esposada, tanto pela robustez da prova documental como
pelos argumentos jurídicos anteriormente expendidos no bojo do presente agravo
e na vestibular cuja cópia segue.
Significa, pois, que a fumaça do bom direito é nítida, especialmente
porque cumpre à Administração Pública se pautar nos preceitos estatuídos na
Carta Magna e Lei de Execução Penal, o que, no caso posto em juízo, não
ocorreu.
Denota-se, por outro lado, que a persistência da situação omissiva
combatida na ação civil pública certamente acarretará danos de difícil reparação à sociedade, ao Sistema Penitenciário Estadual e à população carcerária do
Centro de Detenção Provisória de Patu
É preciso dar um basta à tamanha afronta à Carta Magna e à Lei a fim
que a população saiba o que é o correto fazer bem como para que a Exma. Sra.
Governadora do Estado do Rio Grande do Norte não permaneça malferindo regras
básicas a serem cumpridas por qualquer gestor público.
Afeiçoa-se por demais cabível e pertinente, desse modo, a concessão
da medida antecipatória em sede recursal para o fim de serem tomadas medidas
iniciais que permitam a adaptação do Centro de Detenção Provisória de Patu.
V – Do Pedido
Por todo o exposto, requer o Ministério Público que o presente recurso
seja conhecido e antecipados os efeitos da pretensão recursal, com esteio no art.
527, III do Código de Processo Civil, para o fim, sob pena de multa diária e pessoal do Secretário de Justiça e Cidadania (SEJUC) do Estado no valor sugerido de R$5.0000,00( cinco mil reais): V.a) da imediata remoção dos presos
condenados e provisórios para estabelecimento prisional adequado e previsto em
lei, acionando-se a Secretaria de Justiça e Cidadania para o cumprimento da
determinação, até a reforma do Centro de Detenção Provisória de Patu/RN com a
maior brevidade possível, conforme prazo razoável determinado judicialmente; V. b) da interdição do Centro de Detenção Provisória de Patu com a conseguinte
proibição de ingresso de novos presos até a regularização do estabelecimento e
sempre por ordem judicial e não ex oficio pelo Delegado Regional de Polícia;
V.c)de o Secretário de Justiça e Cidadania providenciar imediatamente : I)
alimentação, colchão, produtos de higiene pessoal para os presos; II ) a lotação de um auxiliar de serviços gerais para o Centro de Detenção Provisória de Patu; III) um veículo exclusivo para atendimento das necessidades do Centro; V.d) de ser realizada, através de requisição desta Egrégia Corte, inspeção do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Norte no Centro de Detenção Provisória de Patu, nos termos da Lei Complementar nº 230/2002 c/c Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte,
Ao final, deferida, em sede de tutela antecipada, a pretensão recursal,
e processado o recurso, requer este órgão ministerial, seu provimento,
confirmando-se aquela.
P. Deferimento.
Patu/RN, 29 de abril de 2012.
-
Micaele Fortes Caddah
Promotora de Justiça