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EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ALIMENTAR PARA A PRODUÇÃO DE BEZERROS POR VACAS NELORE E MESTIÇAS VITOR CORRÊA DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ OUTUBRO - 2006

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EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ALIMENTAR PARA A PRODUÇÃO DE BEZERROS POR VACAS NELORE E MESTIÇAS

VITOR CORRÊA DE OLIVEIRA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

DARCY RIBEIRO – UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ OUTUBRO - 2006

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EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ALIMENTAR PARA A PRODUÇÃO DE BEZERROS POR VACAS NELORE E MESTIÇAS

VITOR CORRÊA DE OLIVEIRA

“Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal”.

Orientador: Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

OUTUBRO – 2006

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EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DA ENERGIA ALIMENTAR PARA A PRODUÇÃO DE BEZERROS POR VACAS NELORE E MESTIÇAS

VITOR CORRÊA DE OLIVEIRA

“Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal”.

Aprovada em 16 de outubro de 2006 Comissão Examinadora:

_______________________________________________________________ Prof. Ricardo Augusto Mendonça Vieira (D. Sc., Zootecnia) – UENF

_______________________________________________________________ Prof. Alberto Magno Fernandes (D. Sc., Zootecnia) – UENF

_______________________________________________________________ Prof. José Carlos Pereira (D.Sc.,Zootecnia ) – UFV

_______________________________________________________________ Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes (Ph.D., Zootecnia) – UENF

Orientador

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“Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles

é o Reino do Céus.”

Jesus Cristo (Mateus, V:3)

“Ao dizer que os reino do céus é para simples, Jesus

ensina que ninguém será nele admitido sem a

simplicidade de coração e a humildade de espírito.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo VII:2

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A Deus, Fonte de Luz e inspiração

Aos meus pais Elio e Roracy, pelo amor, intensa dedicação, incondicional

apoio em minhas decisões e exemplo de vida que são.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), ao Centro de Ciências

e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) e ao Laboratório de Zootecnia e Nutrição

Animal (LZNA), pelo oferecimento deste curso.

À FAPERJ/UENF, pela concessão de bolsa de estudo.

Ao orientador e amigo Prof. Dr. CARLOS AUGUSTO DE ALENCAR FONTES,

pela confiança e pelos conhecimentos compartilhados durante o Mestrado.

Aos professores RICARDO VIEIRA e ALBERTO FERNANDES, pelas

sugestões de grande valia.

Ao amigo JOÃO GOMES SIQUEIRA, pela intensa colaboração durante toda a

pesquisa, a qual não seria possível sem tal.

Aos produtores THIAGO (Sr. Thiaguinho) e NELSON LAMEGO, pelo

empréstimo dos animais para a pesquisa.

Ao Senhor DEJAIR ROSA (Charanga), pela incondicional colaboração.

Aos tecnicos SERGIO PERALVA, DETONI E TIAGO ARAUJO, pela seriedade

empreada durante a pesquisa.

Ao meu querido irmão BRUNO, pelos ensinamentos deixados.

Ao meu irmão caçula EVANDRO (Nem), pela convivência.

À minha namorada e companheira MARIANA, pelo amor e pelos conselhos.

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Aos amigos da República do Momento: Thiago Vasconcelos (Tigrão), Saulo

Araújo (Teco), Alberto Chambela (Beto Chambela), Leonardo Dobbss (melhor que

nós temos), Bruno Deminicis (Motoca), Fábio Pádua (Forró), Maurício Favoreto

(Cabelinho), Érico Lima (Urso), pela amizade, paciência, convivência e colaboração

na fase experimental.

Aos amigos Felipe (Timótio) e Adolpho Antoniol, pelo apoio no início da

caminhada.

Aos amigos de Laboratório: Cláudio Lombardi, Pedro, Fabio Nunes, Nivaldo,

Patrícia e Renata, pela harmoniosa convivência no trabalho.

Aos estagiários: Fernanda Lins, Graciane e Paulinho, pela colaboração na

pesquisa.

Aos Funcionários do Núcleo experimental de Zootecnia, pelo trabalho na fase

de campo.

Àqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

trabalho.

OBRIGADO

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BIOGRAFIA

VITOR CORRÊA DE OLIVEIRA, filho de Elio Caldas de Oliveira e Roracy

Corrêa Caldas de Oliveira, nasceu em 07 de agosto de 1981, na cidade de Três

Rios, Estado do Rio de Janeiro.

Concluiu o 2o grau no “APOGEU Grupo de Ensino”, Cabo Frio - RJ, em

dezembro de 1998.

Ingressou em setembro de 1999 no curso de graduação em Zootecnia da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em Seropédica-RJ, graduando-se em

novembro de 2004. Durante o curso foi estagiário em vários setores da Fazenda do

Instituto de Zootecnia, destacando-se na área de Forragicultura e Pastagens, onde

foi monitor e publicou alguns trabalhos, pelo Departamento de Produção Animal e

pelo Departamento de Nutrição Animal e Pastagens, respectivamente.

Em agosto de 2004, iniciou o curso de Pós-Graduação stricto sensu em Produção

Animal – Nutrição e Produção Animal, Mestrado, na UNIVERSIDADE ESTADUAL

DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO, em Campos dos Goytacazes-RJ,

submetendo-se à defesa de tese em outubro de 2006.

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CONTEÚDO

Páginas

RESUMO........................................................................................................... ix

ABSTRACT....................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 4

2.1. Digestibilidade da matéria seca e energia bruta em animais de

diferentes grupos genéticos..............................................................................

4

2.2. Utilização de vacas mestiças no rebanho de corte.................................... 5

2.3. Exigência energética dos animais.............................................................. 6

2.4. Eficiência de utilização da energia de vacas de corte............................... 9

3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 14

3.1. Instalações e animais experimentais......................................................... 14

3.2. Período experimental, rações e arraçoamento.......................................... 15

3.3. Manejo dos animais, coleta de dados e amostras..................................... 18

3.4. Preparo das amostras e procedimentos laboratoriais................................ 20

3.5. Inseminação artificial com tempo fixo (IATF)............................................. 21

3.6. Análises estatísticas................................................................................... 22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 24

4.1. Digestibilidade das rações contendo silagem de milho e silagem de

sorgo para as vacas dos três grupos genéticos...............................................

24

4.2. Consumo alimentar..................................................................................... 25

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4.2.1. Níveis de consumo de energia em relação as exigências das vacas

dos três grupos genéticos...................................................................................

28

4.3. Desempenho das vacas............................................................................. 29

4.3.1. Mudanças no peso corporal das vacas durante o período de

amamentação.....................................................................................................

29

4.3.2. Produção de leite...................................................................................... 32

4.4. Desempenho dos bezerros.......................................................................... 36

4.5. Relações de eficiência................................................................................. 39

4.5.1. Eficiência alimentar................................................................................... 39

4.5.2. Conversão leite/bezerro e relação peso do bezerro/peso da vaca à

desmama............................................................................................................

46

5. CONCLUSÕES............................................................................................... 49

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………….. 50

viii

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RESUMO OLIVEIRA, Vitor Corrêa, M. Sc., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro; outubro de 2006; Eficiência da Utilização de Energia Alimentar para a

Produção de Bezerros por Vacas Nelore e Mestiças; Professor Orientador: Prof.

Carlos Augusto de Alencar Fontes. Professores Conselheiros: Prof. Alberto Magno

Fernandes e Prof. Ricardo Augusto Mendonça Vieira.

Realisou-se este trabalho na Universidade Estadual do Norte Fluminense

Sarcy Ribeiro – UENF. Objetivou-se avaliar a eficiência de conversão da matéria

seca (MS) e energia metabolizável (EM) alimentares em ganho de peso e em peso

de bezerro desmamado de vacas Nelore e mestiças F1 Simental-Nelore (SN) e F1

Limousin-Nelore (LN). Para tanto, utilizou-se treze vacas de cada grupo, com idade

entre cinco e nove anos, e as respectivas crias. Durante o período de gestação as

vacas permaneceram em regime de pasto. Cerca de 15 dias após o parto foram

alocadas aleatoriamente em baias individuais, juntamente com as crias, onde

permaneceram até à desmama dos bezerros aos 210 dias de idade. Os bezerros, a

partir dos dois meses de idade, permaneceram contidos por cabrestos, que impediu

o acesso ao alimento das mães, mas lhes possibilitou mamar livremente e lhes deu

acesso exclusivo a comedouros individuais a eles destinados. O experimento

compreendeu dois sub-períodos. No primeiro, utilizou-se ração contendo 30% de

concentrado e 70% de silagem de milho, na MS. No segundo, utilizou-se o mesmo

concentrado em mistura com silagem de sorgo, nas mesmas proporções. Os

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consumos individuais diários de alimento das vacas e bezerros, reduzidas as sobras,

foram registrados e as vacas e bezerros foram pesados mensalmente, até a

desmama. Dois ensaios de digestibilidade foram conduzidos, um em cada sub-

período experimental. O conteúdo de EM da dieta foi determinado, utilizando-se o

fator 0,82 na conversão da energia digestível em EM. Cada vaca recebeu,

diariamente, níveis de EM e proteína metabolizável necessários para atender às

exigências de mantença e lactação, de acordo com as recomendações do NRC

(2000). Mensalmente, a partir dos 30 dias pós-parto, a produção de leite das vacas

foi determinada, utilizando-se o método da diferença de peso dos bezerros. Modelo

não linear foi ajustado aos dados de produção de leite, possibilitando estimar o

tempo de atingimento do pico de lactação, a produção no pico de lactação, a

persistência de produção de leite e as produções total e média diária. A eficiência

das vacas de cada grupo foi avaliada em função das relações: kg de bezerro

desmamado e kg de ganho de peso de bezerro por kg de MS ou por Mcal de EM

ingerido pela vaca, ou pelo par vaca/bezerro, durante o período de lactação ou

durante todo o ano, e em função das relações: consumo de MS (kg) ou de EM

(Mcal) por kg de bezerro desmamado ou por kg de ganho do bezerro. Foi ainda

utilizada relação peso do bezerro/peso da vaca (PB/PV) à desmama. Não houve

diferença entre grupos genéticos quanto à digestibilidade do alimento. A ração

contendo silagem de milho teve maior digestibilidade que aquela contendo silagem

de sorgo. As vacas Nelore tiveram pesos mais baixos ao parto e à desmama e

menores produções de leite no pico de lactação, total e média diária que as

mestiças, mas tiveram maior persistência de lactação que as mesmas. As vacas SN

tiveram maiores produções no pico de lactação, total e média diária que as LN, mas

não diferiram das mesmas quanto à persistência de lactação. Os bezerros das vacas

Nelore pesaram menos ao nascer e à desmama e ganharam menos peso no

período de aleitamento que aqueles dos dois grupos de vacas mestiças que não

diferiram entre si. Vacas mestiças converteram com maior eficiência a MS e energia

alimentares em peso de bezerro desmamado e em ganho de peso de bezerro que

as Nelore, verificando-se ainda para as mesmas mais elevadas relações PB/PV, à

desmama. Entretanto, os bezerros das vacas Nelore ganharam mais peso por kg de

leite ingerido que aqueles das vacas mestiças. Não houve diferença quanto à

eficiência entre os dois grupos de mestiças. Toda via, os bezerros das vacas LN

ganharam mais peso por kg de leite ingerido. Conclui-se que a utilização de

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matrizes, produtos do cruzamento entre bovinos de raça européia e Nelore,

possibilitou elevar a eficiência do sistema, na fase de cria.

Palavras-chave: curva de lactação, conversão da energia, limousin, simental.

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ABSTRACT OLIVEIRA, Vitor Corrêa; M. Sc., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro; October 2006; Efficiency of Utilization of Food Energy in Calf Production for

Nellore and Crossbred Cows; Adviser: Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes.

Committee members: Prof. Alberto Magno Fernandes e Prof. Ricardo Augusto

Mendonça Vieira.

The research was carried out at the Universidade Estadual do Norte Fluminense,

state of Rio de Janeiro, aiming to evaluate the efficiency of feed dry matter (DM) and

feed metabolizable energy (ME) convertion in weigh gain or calf weaning weight by

Nellore and Crossbred F1 Simental-Nellore (SN) and F1 Limousin-Nellore (LN) cows.

Thirteen pluriparous cows, from each breed group, with age ranging from five to nine

years, and the respective calves, were used. During pregnancy period, the cows

remained under grazing. About 15 days after calving, the cows were randomly

allocated to individual pens, where they remained throughout the trial together with

the respective calves until weaning, at 210 days of age. From about 60 days of age

to weaning, the calves were restrained by halters, which prevented them to eat dam’s

food, but permitted ad libitum suckling and free access to creep-feeding. The

experimental period comprised two sub-periods. In the first one the animals were fed

a ration containing 30% of concentrate and 70% of corn silage, dry matter basis. In

the second, the same concentrate was mixed to sorghum silage at the same

proportions. Individual daily feed intakes of cows and calves were recoded and the

cows and calves were weighted monthly until weaning. Two digestibility trials were

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performed; one in each experimental sub-period. The ME content of the diets was

determined utilizing the 0.82 factor to convert digestible energy in ME. Each cow

received daily levels of ME and metabolizable protein to meet their requirements for

maintenance and lactation, according to NRC (2000). Monthly, from 30 days after

parturition, the milk production of the cows was estimated, utilizing de weigh-suckle-

weigh method. Parameters characterizing lactation curves were estimated by

nonlinear regression, and derived estimates for time of peak lactation, yield at time of

peak lactation, for a 210-day lactation period and for average daily milk yield were

evaluated. The efficiency of cows from each breed group was evaluated as a function

of weight of calf weaned or weight gain of calf per kg of food DM or per Mcal of ME

consumed by the cow or by the cow/calf pair, during de suckling period or during the

whole year. Efficiency was also expressed as kg of food DM or Mcal of ME per kg of

calf weaned or per kg of calf weight gain. The ratio calf weight/cow weight at waning

was also considered. There was no difference among breed groups with respect to

feed digestibility. The corn silage containing ration had higher digestibility than that

containing sorghum silage. Crossbred cows were heavier than the Nellore ones at

calving and at weaning, but the two crossbred groups did not differ from each other.

Nellore cows showed lower milk yield at time of peak lactation, lower 210-day milk

yield and lower daily milk yield, but, higher persistency of production than the

crossbred ones. SN cows showed higher 210-day milk yield, higher average daily

milk yield and higher milk yield at time of peak lactation than LN cows, but the two

groups did not differ with respect to persistency. Progeny of Nellore cows had lower

birth weight, weaning weight and weight gain during suckling period than those from

crossbred cow. There was no difference between calves from the two crossbred

groups. Crossbred cows converted more efficiently food DM and ME in calf weaning

weight and calf weight gain than Nellore cows, but there was no difference between

the two crossbred groups. The ratio calf weight/cow weight, at weaning, was lower

for Nellore cows than for the two crossbred groups, which did not differ from each

other. Nellore calves gained more weight per kg of milk consumed than those from

crossbred cows, and calves from LN cows gained more weight per kg of milk than

calves from SN cows. As a conclusion, crossbred cows, obtained by mating

European breed sires to Nellore cows, may improve the efficiency of the cow-calf

operation, as compared to straightbred Nellore cows.

Key words: energy convertion, lactation curves, limousin, simental

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1. INTRODUÇÃO

O rebanho bovino brasileiro é constituído por cerca de 204,512 milhões de

cabeças (IBGE, 2006) e a pecuária bovina de corte brasileira vem crescendo, se

modernizando e expandindo mercados em um ritmo bastante acelerado. Em 2005, o

Brasil chegou a exportar aproximadamente 2,35 milhões de toneladas de carne, o

que gerou o valor recorde da ordem de US$ 3,1 bilhões (RankBrasil, 2006).

Nos últimos anos, pressões impostas pela abertura de mercados, além da

competição exercida por outros tipos de carnes e da concorrência por área pelas

atividades agrícolas têm exigido maior eficiência do setor produtivo de carne bovina

do Brasil. A competitividade tornou-se elemento fundamental no setor pecuário de

corte e, com ela, a necessidade de se disponibilizar para o mercado consumidor

produtos de boa qualidade com preços acessíveis. Produzir de forma eficiente e

eficaz tornou-se sinônimo de sobrevivência ou permanência no negócio (Alencar,

2004).

No Brasil, até o início da década de 80, os programas de seleção

priorizavam características morfológicas das raças zebuínas e de seus mestiços, em

detrimento dos aspectos funcionais, o que resultou em um atraso no aprimoramento

dos animais para produção de carne.

A utilização de animais adaptados ao meio é pré-requisito para a

manutenção de sistemas de produção estáveis e eficientes. Sendo assim, inúmeras

discussões têm abordado métodos de melhoramento, levando em consideração o

ambiente e o sistema de produção. Entretanto, há ainda escassez quase total de

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informações referentes à eficiência energética de diferentes genótipos para

produção de bezerros em ambientes nutricionais favoráveis ou restritos.

Os programas de cruzamento, envolvendo raças européias e zebuínas

possibilitam a obtenção, em curto prazo, de animais com bom potencial produtivo,

capazes de produzir carcaças de alta qualidade, bem aceitas no mercado

internacional. Permitem, ao mesmo tempo, a obtenção de animais adaptados a cada

ambiente, a partir da escolha criteriosa das raças cruzantes.

A importância da fase de cria na eficiência de produção de bovinos de corte

não pode ser subestimada, considerando-se que as exigências de mantença da

vaca representam cerca de 70% da energia total gasta pela matriz durante o ano

(Ferrel e Jenkins, 1982; Solis et al., 1988) e que, aproximadamente, 50% da energia

necessária para a produção de um novilho no ponto de abate são representados

pelas exigências de mantença da mãe (Ferrell & Jenkins, 1982).

As exigências nutricionais vêm sendo objeto de um número crescente de

trabalhos no país, direcionados basicamente a animais em fase de

crescimento/terminação. No entanto, o Brasil não possui ainda normas nacionais de

exigências nutricionais de bovinos de corte e há carência quase absoluta de estudos

voltados ao estabelecimento das exigências nutricionais de vacas zebuínas ou

mestiças. São também incipientes os estudos enfocando a eficiência de conversão

da energia alimentar de vacas zebuínas e mestiças em peso de bezerro

desmamado.

Há controvérsia quanto à existência de diferença na habilidade de utilização

de rações ricas em fibra entre animais zebuínos e animais de raças européias e

seus mestiços. Os resultados disponíveis não permitem ainda definição clara sobre

o tema.

De forma geral, vacas com maior potencial leiteiro (raça leiteira ou de dupla

aptidão) têm maior exigência energética de mantença por unidade de tamanho

metabólico que vacas de raças de corte especializadas (NRC, 1996), e, embora

tendam a desmamar bezerros mais pesados, podem não ser vantajosas em

ambientes nutricionalmente limitados, quando comparadas as eficiências

energéticas da produção de bezerros desmamados.

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São objetivos do presente estudo:

• Comparar os coeficientes de digestibilidade de rações contendo

silagem de milho ou silagem de sorgo em vacas Nelore e mestiças europeu-

zebu.

• Determinar o consumo alimentar e a eficiência de conversão da MS e

da energia alimentar em peso de bezerro desmamado de vacas Nelore e

mestiças.

• Avaliar as mudanças de peso corporal no período de lactação de vacas

Nelore e mestiças recebendo níveis equivalentes de energia.

• Determinar o peso ao nascimento e à desmama, o ganho de peso e o

consumo de leite e de alimento sólido das progênies de vacas Nelore e

mestiças europeu-Nelore no período de aleitamento.

• Avaliar as curvas de lactação de vacas Nelore e mestiças.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. DIGESTIBILIDADE DA MATÉRIA SECA E ENERGIA BRUTA EM ANIMAIS DE

DIFERENTES GRUPOS GENÉTICOS

Há divergência entre pesquisadores quanto à existência de diferença entre

grupos genéticos ou raças quanto à capacidade de digerirem dietas de diferentes

naturezas, especialmente no que se refere ao seu conteúdo de parede celular.

Algumas pesquisas revelaram maior digestibilidade de rações mais fibrosas

em animais zebuínos. Dentre estes, Duckworth (1946), citado por Oliveira et al.

(1991), estudou a influência da fibra bruta na digestibilidade de forragens por Bos

indicus e Bos taurus e verificou que a cada aumento de 1% no teor de fibra da

ração, acima de 38%, havia queda de 0,5 e 0,9% na digestibilidade para os dois

grupos, respectivamente. Da mesma forma, Moore et al. (1975) observaram maiores

coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS) para zebuínos em relação aos

taurinos, ao utilizarem rações com alta proporção de volumosos. De modo

semelhante, Valadares Filho et al. (1985) verificaram maior digestibilidade da MS em

zebuínos, em comparação a novilhos holandeses e mestiços Holandês-zebu para

ração com baixa proporção de concentrado.

Resultados divergentes foram observados por Ledger et al. (1970), que

concluíram que taurinos alimentados à vontade com rações ricas em concentrados

eram mais eficientes que os zebuínos. Posteriormente, Rodríguez et al. (1997)

concluíram que bovinos Holandeses digeriram com maior eficiência a energia bruta

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(EB), MS e matéria orgânica (MO) que Zebuínos. Verificaram, ainda, que os

coeficientes de digestibilidade elevavam-se linearmente com o teor de concentrado

da ração.

Oliveira et al. (1991) não observaram diferença entre grupos genéticos

quanto à digestibilidade aparente da MS, MO e fibra em detergente neutro (FDN),

contrariando os trabalhos acima. Nessa pesquisa, foram utilizados animais F1

Nelore-Marchigiana, F1 Nelore-Limousin e Nelore, recebendo dois níveis de

concentrado (30 e 50% na MS).

Vários trabalhos na literatura mostram que o aumento no consumo alimentar

resulta em redução no coeficiente de digestibilidade. Este efeito parece mais

evidente quando se trabalha com rações ricas em concentrados do que naquelas

ricas em volumosos (Coelho da Silva e Leão, 1979).

2.2. UTILIZAÇÃO DE VACAS MESTIÇAS NO REBANHO DE CORTE

Os animais zebuínos, principalmente da raça Nelore, que são extremamente

adaptados às condições tropicais, são os animais predominantes do rebanho bovino

brasileiro. Entretanto, de forma semelhante ao que ocorreu em outros países, há

uma tendência crescente no Brasil de introdução de reprodutores de raças de corte

européias melhoradas, em programas de cruzamento, face aos bons resultados que

estes podem proporcionar, quando bem orientados.

Como definição, o cruzamento consiste no acasalamento de indivíduos

oriundos de linhagens, raças ou espécies diferentes (Euclides Filho et al., 1995). O

objetivo básico dos sistemas de cruzamentos em gado de corte é obter animais que

se beneficiem, simultaneamente, dos efeitos não aditivos (heterose) e aditivos dos

genes, através da escolha de raças que se completam (Gregory e Cundiff, 1980).

Nesses programas, a maior parte dos benefícios obtidos vem do melhor

desempenho das vacas mestiças em relação às puras (Koger, 1973), proporcionado

pela melhoria em várias características maternas. Dentre estas, as maiores taxas de

natalidade e de sobrevivência dos bezerros observadas em vacas mestiças resultam

em aumento da proporção de bezerros desmamados (Nelson et al., 1982).

Outro fator que pode afetar a economicidade e a adaptabilidade ao meio de

diferentes mestiços é o potencial de produção de leite exibido pela vaca. A

obtenção de vacas que apresentem produção de leite satisfatória é um dos objetivos

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importantes nos programas de cruzamento, dada à alta correlação observada entre

produção de leite e peso do bezerro à desmama (Wintrand e Riggs, 1966 e Robison

et al., 1978).

A heterose verificada para produção de leite (Notter et al., 1978) possibilita

maior peso à desmama às progênies de vacas F1, em relação aos bezerros F1

filhos de vacas puras (Peakcock et al., 1977). Além disso, vacas mestiças oferecem

ao feto ambiente uterino que favorece maior desenvolvimento, o que resulta em

crias maiores que das vacas Bos indicus (Jenkins et al., 1991). Koger (1973) relatou

que, apesar da heterose resultar em aumento do peso do bezerro ao nascer, a

incidência de partos distócicos não aumentou. Muniz e Queiroz (1998) compararam

animais Nelore puros e mestiços, dentre esses F1 Simental-Nelore, e concluíram

que os bezerros cruzados foram mais pesados à desmama que os puros, o que

evidencia o benefício do cruzamento no desempenho da cria até a desmama.

Barcellos e Lobato (1992), em um ensaio conduzido com animais Hereford e

mestiços Hereford-Nelore, verificaram nos mestiços maior ganho médio diário até a

desmama, reflexo da heterose individual exibida pelos bezerros ½ Hereford-Nelore e

da heterose individual e materna nos ¾ Hereford-Nelore, conforme relataram. Os

mestiços foram ainda superiores quanto aos pesos à desmama, a um ano e a um

ano e meio de idade. Esta superioridade foi determinado pelo grau de sangue e

decresce nos indivíduos que possuiam mais de 50% de sangue Nelore.

2.3. EXIGÊNCIA ENERGÉTICA DOS ANIMAIS

Geralmente, a energia alimentar é expressa em caloria ou joule. Uma caloria

é a energia capaz de elevar a temperatura de um litro de água de 16,5 para 17,5º C,

a uma pressão de uma atmosfera e corresponde a 4,184 joules (NRC, 2000).

Nos primeiros estudos de avaliação energética dos alimentos, utilizava-se a

energia bruta (EB), que corresponde à quantidade de energia química presente em

um alimento. Na sua medição, a mesma é convertida em energia calorífica,

determinando-se o calor produzido (Coelho da Silva e Leão, 1979). Entretanto, ela

não informa o quanto da energia alimentar pode ser utilizado pelo animal para suprir

suas exigências.

A partir da necessidade de se conhecer de forma mais precisa a utilização

da energia pelos animais e com o surgimento de novas técnicas experimentais,

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7

foram descritas as perdas de energia, chegando-se ao fluxograma de partição da

energia ilustrado na Figura 1.

Para que se possa estimar a ingestão de energia alimentar necessária para

o nível desejado de produção animal (crescimento, engorda, lactação, etc.), é

necessário que se conheça também a exigência de energia para mantença.

A exigência de energia de mantença tem sido definida como a quantidade de

energia alimentar ingerida que não resulta em acréscimo ou perda de energia nos

tecidos corporais do animal (Lofgreen e Garrett, 1968).

A exigência de energia para as funções de mantença representa,

aproximadamente, 70% do total anual de EM consumida por vacas de corte adultas

em produção e mais de 90% da energia total exigida por touros adultos (Ferrell e

Jenkins, 1985). A fração da EM consumida utilizada para mantença das vacas do

rebanho, raramente é menor que 40% do total de energia gasto na produção de

bovinos para o abate (NRC, 1996). Segundo Taylor e Young (1968), diferenças

genéticas entre animais podem ocasionar variação de 20 a 30% na exigência de

energia para mantença, cuja a herdabilidade seria moderada a alta.

Diferentes organizações científicas foram criadas no mundo com objetivo

básico de estabelecer normas e critérios para o cálculo das exigências energéticas

dos animais.

O INRA (1988) fixou as exigências de mantença de vacas de corte e leiteiras

em 84 kcal/kg PV0,75 de energia líquida para vacas em lactação (ELl), acrescidos de

10% para vacas totalmente confinadas e 20% quando em pastagens.

Segundo a CSIRO (1980), os requisitos de energia líquida para mantença

fixou-se em 0,28MJ/kg0,75, com multiplicadores de 1,4 para Bos taurus e 1,2 para

Bos indicus.

De acordo com o NRC (2000), os gastos energéticos com a mantença

variam com o peso corporal, raça ou genótipo, sexo, idade, estação do ano,

temperatura, estado fisiológico e nutrição prévia. Maiores exigências teriam animais

Bos taurus de raças de leite ou de duplo propósito (Ayrshire, Pardo Suíço,

Braunvieh, Friesian e Simental), requerendo 20% mais energia que animais das

raças de corte, enquanto animais zebuínos teriam exigência 10% menor que os

europeus de corte. Por sua vez, os mestiços teriam exigências intermediárias.

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Energia bruta do alimento (EB)

Energia digestível (ED)

Energia metabolizável (EM)

Energia líquida (EL)

EL mantença (ELm) EL produção (ELp)

Energia Fecal1-origem alimentar2-origem metabólica

Produtos gasosos da digestão1-origem alimentar2-origem endógena

Incremento calórico1-calor de fermentação2-calor de metabolismo

1-Metabolismo Basal2-Atividades voluntárias3-Termorregulação

1-crescimento2-engorda3-lactação4-lã5-trabalho6-reprodução

Energia bruta do alimento (EB)

Energia digestível (ED)

Energia metabolizável (EM)

Energia líquida (EL)

EL mantença (ELm) EL produção (ELp)

Energia Fecal1-origem alimentar2-origem metabólica

Produtos gasosos da digestão1-origem alimentar2-origem endógena

Incremento calórico1-calor de fermentação2-calor de metabolismo

1-Metabolismo Basal2-Atividades voluntárias3-Termorregulação

1-crescimento2-engorda3-lactação4-lã5-trabalho6-reprodução

Figura 1: Esquema de utilização da energia alimentar

(Church, 1975)

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No cálculo das exigências totais de energia líquida para mantença (ELm), o

AFRC (1993) leva em consideração a exigência do metabolismo de jejum (M) e das

atividades físicas (A), admitindo que o metabolismo de jejum varia de acordo com o

sexo do animal. A exigência líquida de energia para lactação corresponde à

quantidade de energia que é convertida em leite, diariamente, em função da

produção de leite diária de sua composição (gordura, proteína bruta e lactose).

2.4. EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DA ENERGIA POR VACAS DE CORTE

Há evidências de que possam existir diferenças quanto à eficiência de

utilização de nutrientes entre grupos genéticos, influenciadas pelo nível nutricional,

conforme demonstrado por Horn (1967).

O fato amplamente reconhecido de que a velocidade de ganho de peso e do

peso vivo do animal influenciam as exigências de mantença (Cartwright, 1973; NRC,

1984) tem gerado a crença de que vacas de menor porte podem apresentar maior

eficiência energética e que a redução da exigência de mantença das vacas poderia

resultar em melhoria considerável na eficiência do sistema produtivo. Nessa ótica,

Euclides Filho (2001), partindo da premissa que existe correlação positiva entre

tamanho adulto e consumo de alimento, afirmou que, quanto maior for a vaca, maior

será a necessidade de oferta de alimento. Ressaltou, ainda, que o fato de as

maiores fêmeas produzirem bezerros de maior tamanho e, especialmente, de que

elas ao serem descartadas originarem maior receita não implica, necessariamente,

em melhor eficiência do sistema de produção. De acordo com Dickerson (1978),

entretanto, o tamanho corporal em si tem pequena influência sobre a eficiência

alimentar, quando esta é analisada em termos de produção por unidade de peso

corporal.

Abordando a influência do peso corporal sobre a eficiência de vacas de

corte, Jenkins e Ferrell (1983) concluíram que o aumento do peso de bezerro

produzido por animal em um sistema composto por vacas de grande porte, implica

maior exigência de mantença e resulta, ao final, em diferenças de eficiência. Por sua

vez, ao avaliar diversos grupos genéticos, Bowden (1980) não observou diferenças

entre grupos quanto ao consumo de energia digestível por quilograma de bezerro

desmamado.

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É fato reconhecido que a aptidão do animal para produção de leite exerce

influência sobre a sua exigência de energia de mantença. Nesse sentido, Ferrell e

Jenkins (1985) comparam raças em condições nutricionais adequadas e verificaram

correlações positivas entre a exigência de energia líquida de mantença (ELm) e o

potencial genético para produção de leite e a taxa de crescimento do animal.

A influência do potencial de produção de leite sobre a exigência de

mantença está associada a diferentes fatores. O fator mais fortemente relacionado

à maior exigência de energia de mantença dos animais com maior aptidão leiteira é

sua maior massa de órgãos metabolicamente ativos, em relação aos animais

tipicamente de corte. Esses órgãos possuem alta atividade metabólica e a

reciclagem da proteína e o transporte de íons através das membranas celulares

representam mais de 50% das exigências de mantença (Baldwin et al., 1980). Além

disso, vacas com maior potencial de produção de leite têm maiores gastos

energéticos relacionados à termorregulação influenciados por esta produção

(Montaño-Bermudez et al., 1990). Também, conforme salientado por Thompson et

al. (1983), nas raças de aptidão leiteira ocorre maior deposição de gordura nos

depósitos vicerais, metabolicamente mais ativos que os depósitos periféricos, e que

eleva a exigência.

Segundo Rutledge et al. (1971), aproximadamente 60% da variação no peso

do bezerro aos 205 dias de idade pode ser atribuída ao nível de produção de leite

materno. Os valores de correlação entre a produção de leite da vaca e o ganho de

peso do bezerro são mais altos quando estes não recebem suplemento alimentar

durante o período de aleitamento e, especialmente, quando ocorre limitação

qualitativa ou de disponibilidade de forragem.

Avaliando os efeitos da produção de leite sobre o desenvolvimento de

bezerros Canchim, Alencar (1987) verificou que a produção de leite da vaca foi

responsável por uma porção significativa (P< 0,01) da variação nos pesos e ganhos

totais de peso, sendo positivamente relacionada com os mesmo. Todavia, constatou

que os bezerros que consumiam mais leite eram menos eficientes na sua utilização.

Ferrell e Jenkins (1982), avaliando mestiços de diferentes portes e

produções de leite, relataram, que em alguns casos, vacas de maior porte, em

relação às de menor porte, desmamaram bezerros mais leves, pois, possuíam

menor potencial leiteiro. Entretanto, concluíram que as vacas de alto potencial

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leiteiro possuíam maior exigência de mantença por unidade de tamanho metabólico

(kg0,75) em relação às de menor potencial leiteiro.

Ao se utilizar animais com maior potencial genético para produção de leite,

deve-se levar em consideração as condições nutricionais locais, de forma a não

prejudicar características relacionadas à eficiência reprodutiva, tais como o intervalo

de partos, o retorno ao cio, etc. Para uma dada disponibilidade de energia, a

produção de leite das vacas não pode exceder o limite a partir do qual passe a haver

restrição no suprimento dos nutrientes necessários à manutenção de índices ideais

de reprodução (Willham, 1972).

Morris et al. (1993) avaliaram a produtividade e o desempenho materno de

vacas pertencentes a onze raças, diferindo quanto ao potencial genético de

produção, em três diferentes localizações geográficas. Dois dos locais eram

semelhantes quanto ao meio ambiente e o terceiro oferecia condições nutricionais

deficientes. Verificou-se efeito significativo de interação entre a raça da vaca e o

local, para várias características de produção, dentre as quais, taxa de prenhez,

peso do bezerro desmamado, taxa de desmama e peso de bezerro desmamado por

vaca exposta. A ordem de classificação das raças para essas características variou

entre locais. No ambiente mais restrito, as raças com menor potencial genético para

crescimento ou produção de leite ocuparam posição mais elevada que nas duas

outras localidades. As características para as quais se verificou mudança na

classificação eram aquelas associadas à eficiência reprodutiva (componente

materno).

Euclides Filho et al. (1995) avaliaram a eficiência de vacas com diferentes

potenciais para produção de leite, utilizando 246 animais, progênies de vacas F1

Fleckvieh-Nelore, F1 Chianina-Nelore e Nelore. A eficiência de produção foi

expressa pela relação kg de bezerro desmamado/kg de peso de vaca à desmama.

Concluiu-se que houve diferenças entre grupos genéticos quanto ao peso ao

nascimento e à desmama e quanto à eficiência à desmama. A maior eficiência foi

atribuída às vacas F1 Fleckvich-Nelore, de maior potencial leiteiro, não havendo

diferença entre as F1 Chianina-Nelore e Charolês-Nelore. Entretanto, o critério

utilizado pelos autores acima citados não expressa necessariamente a eficiência

energética dos diferentes grupos genéticos, além de não levar em consideração a

taxa reprodutiva.

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Avaliando o efeito de níveis crescentes de ingestão de MS sobre a

conversão da MS ingerida pela vaca em peso de bezerro desmamado, Jenkins e

Ferrell (1994) relataram que vacas pertencentes a raças de menor porte e produção

de leite tiveram melhor conversão da MS em peso de bezerro, quando o nível de

consumo, foi baixo. Entretanto, aquelas de maior potencial para crescimento e

produção de leite foram mais eficientes em níveis de consumo alimentar mais

elevados. Os autores concluíram que raças ou mestiços com maiores exigências

nutricionais, em condições alimentares deficientes, podem ter pior desempenho, por

apresentarem baixo desempenho reprodutivo.

Jenkins et al. (2000) estudaram a influência do nível de ingestão de energia

metabolizável sobre o peso dos bezerros e a produção de leite de vacas F1 obtidas

por cruzamento de touros das raças: Shorthorn, Galloway, Longhorn, Nelore e

Salers, com vacas Angus e Hereford. Oito vacas de cada grupo de raça paterna

receberam um dos três níveis de energia alimentar: 132 ou 189 kcal de EM/ kg0,75 ou

alimento ad libitum. As raças paternas diferiram quanto ao nível de produção de

leite no pico de produção, ao ganho diário de peso do bezerro no período de

aleitamento e ao peso à desmama. Com o aumento do consumo alimentar, houve

aumento linear das produções de leite no pico e total. As progênies de vacas filhas

de touros Nelore ganharam mais peso na pré-desmama que as demais, enquanto as

progênies das filhas de touros Galloway tiveram os menores ganhos. Verificou-se

efeito quadrático do nível de ingestão de EM para todas as características

estudadas, com exceção de peso ao nascer. O consumo de energia estimado

correspondente ao peso máximo de bezerro desmamado foi de 29 Mcal/dia. Neste

nível de consumo, foram observadas produção de 28; 27; 30 ;25; 28; 32 e 30g de

bezerro por Mcal de energia ingerida para as raças paternas Angus/Hereford,

Shorthorn, Galloway, Longhorn, Nelore e Salers, respectivamente.

Calegare (2004), em pesquisa conduzida no Brasil, utilizou vacas lactantes,

não gestantes, dos grupos genéticos: Nelore (NE), com bezerros de touros Nelore, e

F1 Canchim-Nelore (CN), F1 Angus-Nelore (AN) e F1 Simental-Nelore (SN), com

bezerros filhos de touros Canchim. As vacas NE consumiram menos energia

metabolizável (19,7 Mcal/dia) que as vacas CN (20,6 Mcal/dia), AN (23,1 Mcal/dia) e

SN (23,7 Mcal/dia), valores estes positivamente correlacionados com a produção de

leite. Os bezerros Nelore ingeriram menos energia metabolizável (leite + ração),

apresentando menores ganho de peso durante o aleitamento e peso à desmama

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que os bezerros mestiços. A eficiência energética expressa em kcal de bezerro

desmamado por Mcal de EM ingerida pela vaca e bezerro foi maior para as vacas

AN que para as Nelore. As vacas Canchim e Simental foram intermediárias.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. INSTALAÇÕES E ANIMAIS EXPERIMENTAIS

A pesquisa foi realizada em dependência do Laboratório de Zootecnia e

Nutrição Animal (LZNA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro – UENF, anexa ao Colégio Agrícola Antônio Sarlo, em Campos dos

Goytacazes – RJ.

Foram utilizadas 39 vacas adultas recém paridas, com idade entre 5 e 9

anos, sendo 13 de cada um dos grupos genéticos: Nelore (N), F1 Simental-Nelore

(SN) e F1 Limousin-Nelore (LN) e seus bezerros, filhos de touros Nelore, Simental e

Brahmam, respectivamente, escolhidas ao acaso dentre as vacas gestantes de

rebanhos comerciais. Procurou-se obter equilíbrio quanto à idade, tempo de

gestação, porte e escore de condição corporal, nos três grupos genéticos. Durante o

período experimental, as vacas permaneceram confinadas, juntamente com as crias,

em baias individuais, com área de 12m2, metade coberta com telhas de amianto,

providas de cochos e bebedouros individuais. Na extremidade de cada baia, oposta

ao cocho de alimentação da vaca, instalou-se um “creep”, com área de 1,8m2,

contendo comedouro, com acesso apenas do bezerro.

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3.2. PERÍODO EXPERIMENTAL, RAÇÕES E ARRAÇOAMENTO

As vacas foram transportadas para as dependências da UENF cerca de um

mês antes do parto previsto, permanecendo em piquetes de capim elefante

(Peninsetum purpureum CV. Napier) em pastejo rotativo, onde ocorreram os partos.

Antes do início do experimento, as vacas e bezerros foram identificados com

brincos numerados e as vacas receberam vermífugo e 2.000.000 de UI de vitamina

A injetável.

Cerca de quinze dias após a data individual do parto, cada vaca e a

respectiva cria foram transferidas para as baias individuais, onde permaneceram até

o bezerro atingir 205 dias de idade. No sentido de facilitar a adaptação das vacas, a

ração experimental foi introduzida paulatinamente, fornecendo-se durante a primeira

semana capim elefante sem picar, em quantidades decrescentes.

A partir do momento em que foi observado consumo de ração pelos

bezerros, os mesmos foram contidos por cabrestos, de forma a não alcançar o

cocho da vaca, sem restringir-lhes, entretanto, o acesso ao “creep” e possibilitando-

lhes amamentação voluntária.

O arraçoamento das vacas foi conduzido de forma a atender às exigências

individuais para mantença e produção de leite. Inicialmente, as exigências líquidas

de mantença (ELm) foram calculadas segundo o NRC (2000), considerando-se a

exigência de 77 kcal de ELm por unidade de tamanho metabólico (UTM). A seguir, o

valor obtido foi acrescido de 20% por se tratar de vacas em lactação (NRC, 2000).

As exigências líquidas de energia para lactação (ELl) foram obtidas considerando-se

o nível de produção de leite de cada vaca e o equivalente calórico do leite de 0,72

Mcal/kg. No cálculo das exigências de energia metabolizável, admitiu-se que vacas

de corte utilizam a EM para lactação com a mesma eficiência com que é utilizada

para mantença (NRC, 2000).

As exigências das vacas foram também calculadas de acordo com o AFRC

(1993), com o objetivo de verificar o ajuste das citadas normas às condições locais.

Seguindo estas normas as exigências líquidas de mantença equivalem a:

ELm = C1{0,53(W/1,08)0,67}, em que:

C1 = correção para categoria animal (vaca = 1);

W = peso vivo.

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Os valores obtidos foram acrescidos das exigências de energia para

atividades físicas, obtidas pela fórmula:

EAF(kJ/dia) = 7,08W, em que:

EAF = Energia para atividade física.

Além disso, foi feita correção para nível de consumo de alimento acima da

mantença de acordo com o AFRC (1993), admitindo-se para as vacas o consumo

correspondente a 1,5 vezes a mantença (L=1,5).

As exigências individuais de energia para lactação (ELl) foram calculadas

segundo AFRC (1993), com base na produção de leite de cada vaca e do conteúdo

energético do leite utilizando-se a fórmula:

ELl (MJ/dia) = PL x EVl, em que:

PL (kg/dia) = Produção de Leite;

EVl = Valor calórico do leite.

O valor calórico do leite foi estimado em 3,2 MJ/kg, admitindo-se que o leite

das vacas Nelore e mestiças contém 3,2% de proteína, 4,2% de gordura e 5,0% de

lactose, utilizando-se a fórmula abaixo:

EVl = 0,0223x[proteína](g/kg) +0,0384 x [gordura](g/kg)+0,0199 x[lactose](g/kg)–1,08

O arraçoamento foi feito de forma a atender a 100% das exigências

individuais das vacas, de acordo com as normas do NRC (2000), as quais

corresponderam, aproximadamente, 110% das exigências obtidas segundo as

normas do AFRC (1993).

Foram utilizadas sequencialmente, durante a primeira e segunda metade do

período experimental, duas rações, ambas contendo 70% de volumoso e 30% de

concentrado na MS. Na primeira, incluiu-se a silagem de milho como volumoso e, na

segunda, a silagem de sorgo. O mesmo concentrado foi utilizado nos dois períodos,

em mistura com as silagens, sendo constituído de farelo de soja (10,0%), milho

moído (66,5%), uréia (3,5%) e farelo de trigo (20,0%). Nas Tabelas 1 e 2 encontram-

se as composições das duas rações completas utilizadas.

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Tabela 1: Proporções de silagem de milho e concentrado na ração completa utilizada na primeira fase do período experimental e conteúdos de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), cálcio (Ca), fósfofo (P), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM)

Composição na MS

% Mcal/kg

Ingredientes Proporção

% na MS

Teor1

de MS PB1 FDN1 Ca2 PP

2 ED1 EM1

Silagem milho 70 30,9 6,9 61,4 0,31 0,27 - -

Concentrado 30 79,2 23,9 16,8 0,08 0,53 - -

Ração Completa 100 45,4 12,0 48,0 0,24 0,30 2,77 2,27 1Valores determinados experimentalmente 2Valores obtidos em tabela (NRC, 1996)

Tabela 2: Proporções de silagem de sorgo e concentrado na ração completa utilizada na segunda fase do período experimental e conteúdos de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), cálcio (Ca), fósforo (P), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM)

Composição na MS

% Mcal/kg

Ingredientes Proporção

% na MS

Teor1

de MS PB1 FDN1 Ca2 PP

2 ED1 EM1

Silagem milho 70 26,2 6,5 53,9 0,40 0,20 - -

Concentrado 30 79,2 23,9 16,8 0,08 0,53 - - Ração Completa 100 42,1 11,7 42,8 0,30 0,30 2,70 2,21 1Valores determinados experimentalmente 2Valores obtidos em tabela (NRC, 1996)

Para se determinar as quantidades de ração a serem oferecidas a cada vaca

foram calculados os teores de energia metabolizável das rações, com base em

dados tabelados (NRC, 1996). A seguir, utilizando-se as equações de Garrett,

apresentadas pelo NRC (2000), foram calculados os conteúdos de energia líquida

para mantença de ganho das duas rações.

Posteriormente, foram determinadas as quantidades de ração necessárias

para atender 100% das exigências individuais de energia metabolizável (para

mantença e ganho), de acordo com o NRC (2000). As quantidades encontradas

atenderam, ao mesmo tempo, às exigências de nitrogênio dos microrganismos

ruminais e às exigências de proteína metabolizável (PM) das vacas.

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Foram calculados também os conteúdos de Elm e ELl das rações segundo o

AFRC (1993), com base nos valores da eficiência de utilização da energia para

mantença (km) e para a produção de leite (kl), obtidos a partir do conteúdo de

energia metabolizável das rações.

As quantidades de ração oferecidas a cada vaca durante o período

experimental foram ajustadas a cada 30 dias, com base no seu peso corporal e na

produção de leite.

Além disso, ajustes necessários foram feitos de acordo com variações no

teor de MS da silagem, buscando-se manter constantes as proporções de

concentrado:volumoso.

A partir do quarto mês de idade, os bezerros receberam a mesma ração

oferecida às mães, limitando-se o consumo ao máximo de 1kg de MS/dia, de forma

a não ultrapassar 30% de suas exigências nutricionais e permitir verificar a

influência do nível de produção de leite das vacas sobre o desenvolvimento das

crias e sobre a eficiência energética de produção dos bezerros. A ração dos

bezerros foi oferecida em cochos protegidos fora do alcance da vaca (“creep

feeding”).

3.3. MANEJO DOS ANIMAIS, COLETA DE DADOS E AMOSTRAS

As vacas e bezerros receberam ração uma vez ao dia, às 9:00 horas. As

quantidades individuais de alimento oferecidas foram registradas diariamente, assim

como as sobras, que foram removidas e pesadas pela manhã, antes do trato,

possibilitando determinar o consumo alimentar individual das vacas e dos bezerros.

Diariamente, foi coletada uma amostra representativa da silagem fornecida

e amostras individuais das sobras, correspondentes a 10% do total. Foram

constituídas amostras compostas de silagem a cada semana e, a cada 28 dias,

amostras proporcionais das sobras individuais. Foram coletadas amostras

representativas da ração concentrada a cada mistura de ingredientes.

Durante o período experimental, foram conduzidos dois ensaios de

digestibilidade, na primeira e segunda metades do experimento, respectivamente,

determinando-se as digestibilidades da MS e da energia, possibilitando conhecer os

consumos individuais de energia digestível das vacas e bezerros. O primeiro ensaio

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ocorreu no período em que os animais estavam ingerindo a ração contendo silagem

de milho e o segundo a ração contendo silagem de sorgo.

Cada ensaio teve duração de seis dias, iniciando-se após completar

adaptação dos animais à ração específica. Amostras fecais foram coletadas no reto

ou diretamente no piso, quando ocorreu defecação no momento da amostragem,

duas vezes ao dia, entre 7 e 9 horas e entre 16 e 18 horas, constituindo-se amostras

compostas individuais.

Na determinação dos coeficientes de digestibilidade foram utilizadas as

informações individuais referentes ao consumo e a excreção fecal de MS e energia

bruta (EB). A excreção fecal foi estimada utilizando-se como indicador interno a fibra

em detergente neutro indigerível (FDNI). Os conteúdos do indicador foram obtidos

determinado-se os teores de fibra em detergente neutro (FDN) do material residual

após incubação in vitro do alimento, sobras e fezes, por período de incubação de

144 horas.

Durante os ensaios, foram coletadas amostras de ração, durante seis dias, a

partir do dia anterior à primeira coleta de fezes. As sobras, quando existentes, foram

também amostradas durante seis dias, coincidindo com os dias de coleta de

amostras fecais.

Os conteúdos de energia bruta do alimento, das sobras e fezes individuais

foram determinados em bomba calorimétrica (calorímetro adiabático Parr). As

quantidades ingeridas de EB e MS foram obtidas reduzindo-se as sobras das

quantidades oferecidas. Os coeficientes de digestibilidade (CD) foram determinados

utilizando-se a fórmula:

CD = quantidade ingerida – quantidade excretada nas fezes x 100 Ingerido

O conteúdo de energia metabolizável (EM) da ração foi estimado utilizando-

se o fator 0,82 na conversão de ED em EM (NRC, 1996).

Mensalmente, foi estimada a produção de leite de cada vaca utilizando-se o

método de diferença entre os pesos dos bezerros tomados antes e após a

amamentação (Cundiff et al., 1974). No dia anterior às avaliações, os bezerros

foram separados das vacas às 13:00 horas, e às 19:00 horas foram reunidos com as

mães durante 20 minutos para mamarem (esgotar o leite das vacas). Em seguida,

os bezerros foram separados das vacas e mantidos afastados até às 7 horas do dia

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20

seguinte, quando foi estimada a produção de leite correspondente ao período de 12

horas. Para tal, os bezerros foram pesados e, em seguida, colocados para mamar

durante 20 minutos e novamente pesados. As pesagens dos bezerros foram feitas

no menor tempo possível, procurando-se minimizar erros devido à excreção de

fezes e de urina entre as pesagens. A hora exata de separação dos bezerros e

vacas, no dia anterior, e a hora da mamada, no dia de avaliação da produção de

leite, foram rigorosamente registradas, de forma a se determinar com exatidão o

tempo permitido de secreção de leite antes de cada avaliação, programado para 12

horas. A produção obtida foi ajustada para o período de secreção de 24 horas.

As curvas de lactação das vacas dos três grupos genéticos foram estudadas

utilizando-se o procedimento descrito por Jenkins e Ferrell (1982).

Para se registrar a mudança de peso dos animais, os bezerros e vacas

foram pesados no início e no fim do experimento e a cada mês, por ocasião da

determinação da produção de leite. As vacas foram submetidas a um período de

jejum de 16 horas antes das pesagens.

A eficiência produtiva das vacas foi expressa em termos de ganho de peso

do bezerro durante o período de aleitamento e peso de bezerro desmamado (kg) por

Mcal de EM e por kg de MS ingeridos pela vaca no período de lactação. Calculou-se

também a eficiência durante o aleitamento, adicionando-se ao consumo de EM da

vaca, o consumo de EM do bezerro, na forma de alimento sólido. Calculou-se, ainda,

a eficiência, considerando-se o consumo estimado de EM da vaca durante o ano

todo. Neste caso, além do consumo de EM verificado durante o período de

aleitamento, foi acrescentado o consumo de EM estimado para fazer face à

exigência de EM de mantença da vaca durante o período pós-desmama, em função

do seu peso vivo, e à exigência de EM adicional correspondente ao terço final de

gestação, segundo o NRC (2000). Esta eficiência foi estimada considerando-se taxa

de desmame de 100% (cada vaca desmamando um bezerro).

3.4. PREPARO DAS AMOSTRAS E PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS

As amostras obtidas foram armazenadas em congelador a –15ºC. Antes do

processamento para análise, as amostras individuais referentes a cada período de

28 dias foram misturadas de forma proporcional, obtendo-se amostras compostas,

por animal. Amostras compostas das silagens, concentrado e das rações completas

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foram igualmente constituídas. As amostras compostas foram acondicionadas em

sacos de papel e submetidos à pré-secagem em estufa de ventilação forçada, à

temperatura de 55ºC, durante 72 horas, resultando na amostra seca ao ar (ASA).

Em seguida, foram moídas em moinho tipo “Willey” com peneira de 30 “mesh”, para

posterior análise.

Após o processo acima, as amostras foram submetidas a secagem definitiva

em estufa a 105º por 16 horas, obtendo-se a amostra seca em estufa (ASE). O

conteúdo de MS foi obtido pelo produto da ASA pela ASE.

Os teores de FDN foram determinados utilizando-se o método proposto por

Van Soest, conforme descrição de Silva e Queiroz (2004), e os teores de nitrogênio

(PB) foram obtidos pelo método Kjeldahl.

3.5. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL COM TEMPO FIXO (IATF)

Devido às limitações impostas pelo manejo experimental, não foi possível a

detecção sistemática dos cios e adoção de uma estação de monta durante o período

experimental, de forma a se levar em consideração diferenças potenciais entre

grupos genéticos quanto à fertilidade nos cálculos da eficiência de conversão da

energia alimentar em peso/ganho de peso de bezerro.

Como alternativa, optou-se por submeter as vacas dos três grupos a um

protocolo de sincronização/indução de cios e inseminação artificial com tempo fixo

(IATF), decorridos períodos semelhantes pós-parto (145,3 ± 11,6, 148,8 ± 20,7 e

147,0 ± 9,8 dias para vacas as Nelore, SN e LN, respectivamente), de forma a se

avaliar a capacidade de resposta das vacas dos três grupos ao tratamento hormonal

e a taxa de concepção, após uma única IATF.

Foi utilizado o protocolo PEPE recomendado por Barros & Ereno (2004), que

consistiu na administração de 2,0 mg de benzoato de estradiol (BE), via

intramuscular, no momento da inserção do dispositivo intravaginal (Dia 0), aplicação

de Prostaglandina F2α (PGF2α), no momento de remoção do dispositivo intravaginal

(Dia 8) e 1,0 mg de BE (via intramuscular) 24 horas mais tarde. A IATF foi realizada

30-36 horas após a última administração de BE. Portanto, foram utilizados no

protocolo os hormônios: progesterona-estrógeno-prostalandina-estrógeno.

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3.6. ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Nas análises referentes à produção de leite, inicialmente, foram ajustadas

curvas individuais de lactação para as vacas dos três grupos genéticos, utilizando-se

o modelo abaixo proposto por Jenkins e Ferrell (1984):

Y(n) = n x (aekn)-1 , em que:

Y(n) = Produção de 24 h durante a enésima semana pós-parto;

a = parâmetro de escala da curva;

k = parâmetro da forma da curva, que indica persistência de lactação;

n = tempo de lactação em semanas.

As estimativas dos parâmetros a e k foram utilizadas, conforme Jenkins e

Ferrell (1984), para calcular três valores descritivos característicos da curva de

lactação:

S = (1/k);

P = (1/ake);

T210 = -7 x (a x k)-1 x (30 x e-30k) + (k-1 x e-30k) – k-1, em que:

S = tempo de pico de lactação;

P = produção no momento do pico de lactação;

T210 = produção total em 210 dias de lactação (correspondente à integral da função

Y(n)).

A persistência de lactação (L) foi definida como o decréscimo linear na

produção de leite ocorrido entre as épocas do pico de lactação (P) e da desmama

(Jenkins et al., 2000), conforme mostrado:

L = (P – produção no dia da desmama) / nº de dias entre o pico e o final da lactação

Os parâmetros da curva de lactação a e k e as variáveis derivadas dos

mesmos estimados para cada vaca foram considerados variáveis dependentes e

submetidos à análise de variância, utilizando-se modelo que incluem os efeitos de

grupo genético, sexo do bezerro, da covariável idade da vaca e do erro aleatório,

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empregando-se a metodologia de mínimos quadrados do procedimento do GLM do

SAS.

As análises estatísticas referentes ao peso das vacas ao parto, à desmama

e à perda de peso das vacas durante o aleitamento foram feitas de acordo com o

modelo estatístico incluindo os efeitos do grupo genético, da idade da vaca e do erro

aleatório. Foi feita análise de regressão para o peso vaca em função do dia de

lactação (efeito linear e quadrático).

As comparações entre os três grupos genéticos foram feitas por meio de

contrastes ortogonais entre as vacas Nelore e as mestiças, em conjunto, e entre os

dois grupos mestiços.

Nas análises dos dados referentes aos pesos dos bezerros ao nascer, à

desmama e ao ganho de peso dos bezerros, utilizou-se modelo incluindo os efeitos

de grupo genético, sexo do bezerro e da covariável idade da vaca e do erro

aleatório.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. DIGESTIBILIDADE DAS RAÇÕES CONTENDO SILAGEM DE MILHO E SILAGEM DE SORGO PARA AS VACAS DOS TRÊS CRUPOS GENÉTICOS

Não se verificou efeito de interação (P>0,05) entre tipo de volumoso incluído

na ração (silagem de milho ou silagem de sorgo) e grupo genético sobre os

coeficientes de digestibilidade das dietas. Desta forma, os dois fatores foram

discutidos independentemente.

Os grupos genéticos não diferiram (P>0,05) quanto à habilidade para digerir

MS e energia (Tabela 3). Entretanto, verificou-se digestibilidade média mais elevada

(P<0,05) da MS e energia na ração contendo silagem de milho que naquela

contendo silagem de sorgo.

A existência de diferença entre grupos genéticos quanto à habilidade de

digerir os alimentos tem sido motivo de controvérsia entre autores. Alguns autores

têm relatado maior digestibilidade da MS de dietas com teores elevados de fibra em

zebuínos que em bovinos de raças européias e/ou mestiços europeu-zebu, (Asthon,

1962; Moore et al., 1975; Valadares Filho et al., 1995). Atribui-se com freqüência aos

zebuínos maior capacidade de reciclagem do nitrogênio não protéico, com reflexo

positivo sobre a digestibilidade da fibra, o que, entretanto, carece de comprovação.

Por outro lado, autores como Ledger et al. (1970) e Rodriguez et al. (1997)

verificaram maior digestibilidade de rações em taurinos que em zebuínos.

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Coincidindo com os resultados do presente trabalho, Oliveira et al. (1991)

não constataram diferenças entre zebuínos e mestiços europeu-zebu quanto à

digestibilidade da MS de dietas contendo níveis crescentes de concentrado. Uma

das rações continha 30% de concentrado, de forma semelhante à presente

pesquisa. Também Gomes (1982) não verificou diferença entre zebuínos e taurinos,

quanto à habilidade de digerir o alimento.

As maiores digestibilidades da MS e da energia da ração contendo silagem

de milho em relação àquela contendo a silagem de sorgo, podem ser atribuídas às

diferenças de digestibilidade entre as duas silagens, uma vez que se utilizou

concentrado com a mesma composição, no nível de 30%, nas rações completas

contendo 70% de cada silagem. As digestibilidades mais elevadas da MS e energia

para a silagem de milho estão de acordo com as informações contidas nas tabelas

do NRC (1996), que mostram teores mais elevados em nutrientes digestíveis totais e

conteúdo em ED na silagem de milho que na de sorgo.

Tabela 3. Coeficientes de digestibilidade médios da matéria seca (MS) e energia, de rações contendo silagem de milho(Milho) e silagem de sorgo (Sorgo), em vacas Nelores (N), ½ Simental-Nelore (SN) e ½ Limousin-Nelore (LN), erros padrões e coeficientes de variação (CV)

Grupo Dig. MS, % (CV=7,36) Dig. Energia, % (CV=5,64)

Genético Milho Sorgo Média Milho Sorgo Média

N 58,87 ± 1,49 55,50 ± 1,49 57,19 A ± 1,05 61,62 ± 1,23 61,12 ± 1,23 61,37 A ± 0,87

SN 58,25 ± 1,49 55,50 ± 1,49 56,87 A ± 1,05 62,50 ± 1,23 60,87 ± 1,23 61,69 A ± 0,87

LN 60,12 ± 1,49 55,25 ± 1,49 57,69 A ± 1,05 64,37 ± 1,23 59,37 ± 1,23 61,87 A ± 0,87

Média 59,08a ± 0,86 55,41b ± 0,86 57,25 62,83a ± 0,71 60,46b ± 0,71 61,66

*letras minúsculas (maiúsculas) distintas, na mesma linha (coluna), representam diferenças estatísticas entre as médias ao nível de 5% de probabilidade.

4.2. CONSUMO ALIMENTAR

Os níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I, associados aos

contrastes entre grupos genéticos, e as médias de quadrados mínimos relativos ao

consumos de MS e EM das vacas dos três grupos genéticos, durante o período de

lactação e anuais, foram apresentados na Tabela 4.

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Tabela 4. Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I, associados aos contrates ortogonais entre animais Nelore e mestiços (N x M) e entre mestiços F1 Simental-Nelore e F1 Limousin-Nelore (SN x LN), para variáveis ligadas ao consumo de matéria seca (MS) e energia metabolizável (EM), valores médios de consumo no período de lactação e anual, para as diferentes grupos genéticos, e coeficientes de variação (CV)

Níveis de probabilidade para os contrastes

Médias de quadrados mínimos, erros padrões e coeficientes de variação

Variáveis N x M SN x LN N SN LN CV (%)

Consumo da vaca no período de Lactação

MS, kg/dia 0,0001 0,0970 7,36 ± 0,24 8,96 ± 0,26 8,36 ± 0,24 10,53

EM, Mcal/dia 0,0001 0,0970 16,52 ± 0,54 20,10 ± 0,58 18,75 ± 0,54 10,53

g MS/UTM/dia 0,2979 0,1021 88,95 ± 1,97 94,18 ± 2,14 89,3 ± 1,97 7,82

Kcal EM/UTM/dia 0,2979 0,1021 199,54 ± 4,41 211,26 ± 4,79 200,31 ± 4,41 7,82

Consumo do par vaca e bezerro no período de lactação

MS, kg/dia 0,0003 0,1084 7,76 ± 0,24 9,31 ± 0,26 8,72 ± 0,24 10,23

EM, Mcal/dia 0,0003 0,1084 17,40 ± 0,54 20,88 ± 0,59 19,56 ± 0,54 10,23

Consumo anual da vaca

MS, kg/dia < 0,0001 0,0508 6,85 ± 0,15 8,08 ± 0,16 7,64 ± 0,15 7,01

EM, Mcal/dia < 0,0001 0,0508 15,36 ± 0,33 18,13 ± 0,36 17,15 ± 0,33 7,01

* em que: MS: matéria seca; EM: energia metabolizável; UTM: unidade de tamanho metabólico (kg0,75).

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Os níveis médios de consumo de MS e EM das vacas dos três grupos

genéticos, durante o período de amamentação, refletiram as exigências nutricionais

dos animais de cada grupo, uma vez que a quantidade de ração completa ofertada

às vacas foi calculada de forma a atender às exigências individuais de EM e proteína

metabolizável para mantença e produção, em função do peso corporal e da

produção de leite. Desta forma, as vacas Nelore consumiram menos (P<0,01) MS e

EM que as mestiças, devido aos seus menores pesos corporais e produções de

leite. Os mesmos resultados foram observados quando se considerou o consumo do

par vaca/bezerro.

Com relação ao consumo anual de EM das vacas dos três grupos genéticos,

estimado somando-se o consumo observado de energia no período de aleitamento

com as exigências energéticas individuais de EM de mantença no período pós-

desmama subseqüente, acrescidas das exigências referentes ao terço final de

gestação (NRC, 2000), verificou-se menor consumo para as vacas Nelore que para

as mestiças (P<0,05). Dentre as últimas, observou-se maior consumo (P<0,058)

para vacas SN que para as LN. As diferenças entre estes grupos estão também

ligados, basicamente, às diferenças de porte e produção de leite das vacas.

Não houve diferença entre os três grupos genéticos (P>0,05) quanto ao

consumo de MS e EM por unidade de tamanho metabólico (UTM). Ao se expressar

o consumo em UTM, removeu-se a influência das diferenças de massa corporal

entre as vacas dos três grupos genéticos sobre as exigências nutricionais. A massa

corporal do animal determina, em grande parte, suas exigências de mantença, que

correspondem, no caso de vacas de corte, a aproximadamente 70% das exigências

energéticas anuais (Ferrell e Jenkins, 1982; Solis et al., 1988). No presente trabalho,

ao se eliminar a influência do porte da vaca, deixaram de existir diferenças entre

grupos quanto ao consumo de EM e MS, o que evidencia a influência das exigências

de mantença sobre o consumo alimentar.

O consumo de MS, em todas as situações analisadas, teve comportamento

semelhante ao consumo de EM, para todos os grupos genéticos, o que se justifica

pelo fato de que a quantidade de MS alimentar oferecida às vacas foi aquela

necessária para atender às exigências nutricionais.

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4.2.1. NÍVEIS DE CONSUMO DE ENERGIA EM RELAÇÃO AS EXIGÊNCIAS DAS VACAS DOS TRÊS GRUPOS GENÉTICOS

Não se verificaram diferenças (P>0,05) entre os grupos genéticos quanto ao

nível de consumo de energia em relação às exigências calculadas, de acordo com

as normas do AFRC (1993) e NRC (2000) (Tabela 5).

As quantidades de ração oferecidas foram determinadas de forma a suprir

100% das exigências de energia metabolizável, de acordo com as recomendações

do NRC (2000), e atender às exigências de proteína metabolizável dos animais. As

exigências calculadas segundo normas do NRC (2000) corresponderam a,

aproximadamente, 110% das exigências totais, para atender à mantença e produção

de leite, de acordo com as normas do AFRC (1993).

Tabela 5. Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos contrates ortogonais entre vacas Nelore e mestiças (N x M) e entre mestiças F1 Simental-Nelore e F1 Limousin-Nelore (SN x LN), referentes ao nível de atendimento das exigências de energia, níveis médios de atendimento das exigências de energia, para os diferentes grupos genéticos, segundo o AFRC e NRC, e coeficientes de variação (CV)

Níveis de probabilidade para

os contrastes

Níveis médios de atendimento das exigências de energia e respectivos erros padrões e coeficientes de variação

Variáveis N x M SN x LN N SN LN CV (%)

AFRC 0,9470 0,2792 1,07 ± 0,03 1,04 ± 0,03 1,09 ± 0,03 10,20

NRC 0,3792 0,4726 0,95± 0,03 0,96 ± 0,03 0,99 ± 0,03 10,15

*em que: AFRC: consumo de energia das vacas em relação às exigências energéticas para mantença e produção de leite segundo o AFRC (1993); NRC consumo de energia das vacas em relação às exigências energéticas para mantença e produção de leite segundo o NRC (2000).

Embora se buscasse atender a 100% das exigências de EM das vacas

(NRC, 2000), o consumo de EM observado situou-se abaixo da meta em função de

variações na produção de leite dos animais e no conteúdo de MS das silagens

durante o período experimental. A inexistência de diferenças quanto ao nível de

atendimento das exigências de EM entre grupos genéticos justifica-se uma vez que

a ração foi ofertada de forma atender a 100% das exigências dos três grupos (NRC,

2000).

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4.3. DESEMPENHO DAS VACAS

4.3.1. MUDANÇAS NO PESO CORPORAL DAS VACAS DURANTE O PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO

As vacas dos três grupos genéticos apresentaram menores pesos (P<0,05)

à desmama que ao parto, observando-se menor diferença entre os dois pesos

(P<0,05) nas vacas Nelore que nas mestiças e, dentre estas, menor nas vacas SN

que nas LN. Observou-se, entretanto, que a perda de peso dos animais dos três

grupos ocorreu no período inicial de lactação, passando os animais, posteriormente,

a ganhar peso, sem contudo recuperar o peso inicial.

As vacas Nelore tiveram menor peso vivo que as mestiças ao parto e, por

ocasião da desmama, entretanto, perderam menos peso que as mesmas durante o

período de lactação (Tabela 6). Entre os grupos de vacas mestiças não houve

diferença significativa quanto ao peso ao parto e á desmama, embora as vacas SN

apresentassem maior perda de peso (P<0,05) durante a lactação que as LN.

Tabela 6. Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos contrates ortogonais entre vacas Nelore e mestiças (N x M) e entre mestiças F1 Simental-Nelore e F1 Limousin-Nelore (SN x LN), para variáveis ligadas a variação de peso das vacas, valores médios para os diferentes grupos genéticos e coeficientes de variação (CV)

Níveis de probabilidade para os contrastes

Médias de quadrados mínimos, erros padrões e coeficientes de variação

Variáveis N x M SN x LN N SN LN CV (%)

PP, kg < 0,0001 0,4221 377,92 ± 12,38 465,09 ± 13,46 450,23 ± 12,38 10,40

PD, kg < 0,0001 0,5486 346,19 ± 10,38 400,09a ± 11,29 409,38a ± 10,38 9,74

PeP, kg 0,0387 0,0268 32,99 ± 7,46 66,74 ± 8,11 41,22 ± 7,46 58,60

* em que: PP: peso da vaca ao parto; PD: peso da vaca no desmame do bezerro; PeP: perda de peso da vaca no período de lactação (205 dias).

O maior peso corporal médio constatado nas vacas mestiças (80kg a mais

que a média das Nelore) está relacionado às influências conjuntas da heterose e do

efeito aditivo de genes, característicos de animais mestiços (Koger, 1973; Barbosa,

1990), sobre o seu desempenho.

Há carência de trabalhos comparativos sobre o peso de vacas zebuínas e

mestiças de corte em condições brasileiras. Entretanto, Calegare (2004) verificou

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que vacas F1Angus-Nelore e F1 Simental-Nelore apresentaram peso corporal médio

ao parto, 71kg maior que as nelores. Da mesma forma, Rosado (1991) constatou

maior peso corporal em vacas mestiças que em vacas Nelore, durante a estação de

monta. Nesse último trabalho, foram utilizadas vacas F1Limousin-Nelore e F1

Flackvieh-Nelore, que pesaram, em média, 75kg a mais que as Nelore.

Cartwright (1973) estimou que a heterose para peso adulto de vacas F1

Brahman-Hereford situa-se entre 10 a 15%. De modo semelhante, Barbosa (1990),

em condições brasileiras, sugere que vacas F1 Zebu-Europeu possam apresentar

peso vivo dez unidades percentuais maior que as fêmeas zebuínas

correspondentes. Neste caso, para vacas zebuínas com PV de 450 kg, as mestiças

pesariam cerca de 495 kg. As observações dos autores acima citados, referentes

aos pesos de vacas zebuínas e mestiças europeu-zebu, dão suporte aos resultados

obtidos no presente trabalho.

A análise de regressão dos pesos das vacas dos três grupos genéticos,

tomados a intervalos de 30 dias, revelou efeito quadrático de dia de lactação sobre o

peso corporal (Figura 2). As vacas Nelore atingiram o ponto de mínimo de 330kg aos

114 dias de lactação, diferindo das vacas mestiças (P<0,05) quanto à curva ao

modelo de regressão, conforme indicado pelo teste de identidade de modelos

(Graybill, 1976). Não houve, entretanto, diferença entre os modelos de regressão

referentes aos grupos mestiços (P<0,05). Desta forma, as mudanças de peso

corporal dos dois grupos foram representadas por uma curva comum (Figura 2). As

vacas mestiças atingiram o peso mínimo de 396kg aos 141 dias de lactação. Em

termos percentuais, as perdas de peso, do parto à desmama, das vacas dos três

grupos foram 8,72, 14,30 e 9,16%, para vacas Nelore, SN e LN, respectivamente.

Por apresentarem menor potencial para produção de leite, provavelmente as

vacas Nelore tenham sofrido menor desgaste no período crítico, em torno do pico de

lactação, que as mestiças, o que se refletiu em menor perda de peso.

De forma semelhante ao presente trabalho, Calegare (2004) verificou que o

peso corporal das vacas Nelore foi cerca de 75kg menor que a média dos pesos das

vacas F1 Angus-Nelore e F1 Simental-Nelore e observou menor peso das vacas dos

três grupos, aos 180 dias de lactação que no início da lactação. Entretanto, os pesos

observados pelo autor acima citado para as vacas Nelore e F1 Simental-Nelore

foram cerca de 50kg mais elevados que aqueles das vacas dos grupos genéticos

correspondentes no presente trabalho.

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31

300

320

340

360

380

400

420

440

460

480

0 30 60 90 120 150 180

dias

kg

dias

Peso

, kg

y = 459,02 – 0,8914632x + 0,0031533x2

y = 369,80 – 0,6912494x + 0,0030061x2

300

320

340

360

380

400

420

440

460

480

0 30 60 90 120 150 180

dias

kg

dias

Peso

, kg

y = 459,02 – 0,8914632x + 0,0031533x2

y = 369,80 – 0,6912494x + 0,0030061x2

Figura 2. Variação do peso em jejum (kg) ao longo da lactação de

vacas Nelores (N) e Mestiças (M)

No presente trabalho, as vacas dos três grupos genéticos perderam peso,

embora recebessem níveis de energia próximos às exigências teóricas conjuntas

para mantença e produção de leite. Possivelmente, parte da perda de peso

verificada tenha sido motivada pela rápida mudança de dieta de pasto para a ração

experimental, ocorrida na primeira semana de confinamento. Essa mudança

alimentar, juntamente com a mudança de ambiente, concorreram para um

decréscimo inicial no consumo de alimento, com reflexo no peso vivo.

Parte da redução de peso dos animais pode também não estar ligada à

perda de tecidos corporais. Possivelmente, a mudança da dieta de pasto para a

ração experimental, contendo 30% de concentrado, em confinamento, tenha trazido

redução do conteúdo de digesta do trato gastrintestinal (TGI) com redução do peso

vivo. Deve-se ainda acrescentar que a pesagem pós-parto (primeira pesagem) foi

feita sem jejum prévio, enquanto as demais foram feitas após jejum de 16 horas, o

que aumenta a possibilidade de ter ocorrido interferência do conteúdo de digesta do

TGI nas mudanças de peso vivo.

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32

Amaral (2001) verificou em vacas Nelore, mantidas em regime exclusivo de

pasto, perda de peso de 8,4kg do parto à desmama, valor mais baixo que os 32,99

kg observados na presente pesquisa.

4.3.2. PRODUÇÃO DE LEITE

Na Tabela 7 encontram-se os valores observados para os parâmetros “a” e

“k” das curvas de lactação, bem como para variáveis derivadas dos mesmos (tempo

de pico de lactação, produção no pico, persistência, produção total e produção

média diária de leite) para as vacas dos três grupos genéticos. Não houve efeito da

idade da vaca e do sexo do bezerro sobre nenhuma das variáveis consideradas.

Vários autores têm observado efeito de idade da vaca sobre a produção de

leite de gado de corte (Dawson et al., 1960; Melton et al., 1967; Jeffery et al., 1971;

Rutledge et al., 1971; Neville et al., 1974; Notter et al., 1978). Os resultados destes

autores mostram que a produção de leite aumenta com a idade, tendendo a

estabilizar-se entre 5 a 10 anos de idade.

A ausência, verificada no presente trabalho, de influência da idade da vaca

sobre todos os parâmetros e variáveis estudados, ligados à produção de leite, está

em consonância com a literatura, uma vez que foram utilizadas vacas adultas, com

idades entre 5 a 9 anos. Resultado semelhante ao presente foi relatado por Jenkins

& Ferrel (1992), que durante quatro anos avaliaram 431 lactações de 179 vacas de

nove raças diferentes (incluindo Limousin e Simental), com idades entre 4 e 8 anos.

Os citados autores não verificaram a influência da idade da vaca sobre os

parâmetros da curva de lactação e as produções de leite total e média diária.

Neste sentido, NRC (2000) admite, com base nos resultados de diversos

autores, que as produções de leite de vacas de corte de 2 e de 3 anos, são,

respectivamente, 26 e 12% mais baixas que aquelas de vacas de 4 anos de idade

ou mais velhas, inexistindo diferenças entre idades superiores a 4 anos. No Brasil,

Rosado (1991) mediu a produção de leite de vacas Nelore, F1 Fleckvieh-Nelore e F1

Chianina-Nelore por dois anos consecutivos e verificou maior produção de leite em

vacas primíparas que em vacas com duas ou mais crias; não se observou,

entretanto, diferenças entre vacas de duas ou mais crias. Por outro lado, Alencar et

al. (1985) relatou não haver influência da ordem de parição (1 a 5) sobre a produção

de leite de vacas Canchim.

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33

Tabela 7. Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I, associados aos contrates ortogonais entre vacas Nelore e mestiças (N x M) e entre mestiças F1 Simental-Nelore e F1 Limousin-Nelore (SN x LN), referentes aos parâmetros (a e k) e variáveis deles derivadas, ligados à curva de lactação e respectivas médias para os diferentes grupos genéticos e coeficientes de variação (CV)

Níveis de probabilidade para os contrastes

Médias de quadrados mínimos, erros padrões e coeficientes de variação

Variáveis N x M SN x LN N SN LN CV (%)

a 0,0109 0,7852 1,023 ± 0,111 0,680 ± 0,124 0,626 ± 0,118 50,97

k 0,8664 0,0369 0,087 ± 0,006 0,074 ± 0,007 0,096 ± 0,007 26,20

S, semana 0,8140 0,0469 12,76 ± 1,07 14,37 ± 1,20 10,81 ± 1,33 30,44

P, kg/d < 0,0001 0,0038 5,00 ± 0,40 8,70 ± 0,45 6,68 ± 0,42 21,42

L, g/d 0,0182 0,9657 -17,75 ± 2,69 -25,98 ± 3,01 -26,17 ± 2,85 21,79

T210, kg < 0,0001 0,0006 776,57 ± 68,58 1422,52 ± 72,14 1030,83 ± 68,36 41,78

PL, kg/d < 0,0001 0,0006 3,70 ± 0,33 6,77 ± 0,34 4,91 ± 0,32 41,78

*em que: a: parâmetro de escala da curva; k: parâmetro de forma da curva; S: pico de lactação; P: produção de leite diária no pico de lactação; T210: produção de leite total em 210 dias; PL: produção de leite diária; L: queda diária na produção de leite estimada do dia do pico de lactação à desmama(210d).

A influência do sexo do bezerro sobre a produção de leite de vacas de corte

tem sido enfocada em várias pesquisas, havendo controvérsia nos resultados. Maior

produção de leite de vacas amamentando bezerros machos foi verificada por

Alencar et al. (1988) e Rosado (1991). Ausência de influência do sexo do bezerro foi

relatada por Reynolds et al. (1978) e Alencar et al. (1985). Por outro lado, Robison et

al. (1978) observaram maior produção de vacas amamentando fêmeas.

As vacas Nelore tiveram maior valor (P<0,05) para o parâmetro “a” (de

escala), mas não diferiram das mestiças (P>0,05) quanto ao parâmetro “k” (de

forma) da curva de lactação e quanto à época de ocorrência do pico de lactação. Em

relação às mestiças, as Nelore tiveram ainda maior persistência de lactação (menor

queda da produção), mas menores produções de leite no pico de lactação, total e

média diária (P<0,05).

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As vacas SN, em relação às LN, não diferiram (P>0,05) quanto ao parâmetro

“a“ da curva e quanto à persistência de lactação (L), mas apresentaram menor valor

(P<0,05) do parâmetro “k” e maiores (P<0,05) tempo para atingir o pico de lactação

e produções de leite no pico, total e média diária.

A raça Nelore tem sido considerada de baixa aptidão leiteira. Têm sido

observado em vacas Nelore produções de leite mais baixas que em animais de

raças compostas ou animais mestiços europeu-zebu, embora seja pequeno o

número de trabalhos nacionais em que se determinou a produção de leite durante

todo o período de aleitamento. Assim, Alencar et al. (1988), com base em medições

feitas aos 30 e 120 dias de lactação, estimaram para vacas primíparas Nelore e

Canchim, mantidas em pastagem de capim-colonião, produções de 655 e 972 kg,

respectivamente, em 210 dias de lactação.

De forma semelhante à presente pesquisa, Calegare (2004) observou maior

produção de leite em vacas F1 Simental-Nelore em comparação com vacas Nelore e

vacas F1 obtidas por cruzamento entre animais de raças de corte com nelores. O

citado autor estimou as produções de leite, em 180 dias de lactação, a partir de

avaliações feitas aos 52, 66, 94, 122 e 178 dias pós-parto e encontrou produções de

641,5; 829,1; 969,9 e 1151,7 kg para vacas Nelore, F1 Canchim-Nelore, F1 Angus-

Nelore e F1 Simental-Nelore, respectivamente.

A maior produção de leite das vacas mestiças europeu-zebu em relação as

Nelore está relacionada, basicamente, a dois fatores: efeito aditivo de genes,

proporcionado por raças cruzantes com maior aptidão leiteira, e efeito de heterose

exibido pelas mestiças. A maior aptidão leiteira da raça Simental, em relação à

Limousin, foi demonstrada por Jenkins e Ferrell (1992), que verificaram produções

no pico de lactação de 10,9 e 9,5 kg/dia para as duas raças, respectivamente.

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Efeito positivo da heterose sobre a produção de leite foi verificado por

Reynolds et al. (1967), Cundiff et al. (1974) e Notter et al. (1978). No Brasil, a

importância da heterose foi registrada por Restle et al. (2005) que, ao medir as

produções de leite de vacas Nelore, Charolês e F1 das duas raças, relataram

valores de heterose de 31,7 e 65,0% para produções de leite aos 14 e 70 dias de

lactação, respectivamente.

No presente trabalho, as curvas de lactação obtidas para os três grupos

genéticos (Figura 3) mostram que a produção mais elevada correspondeu às vacas

SN, as mais baixas as Nelore e as produções intermediárias às vacas LN, as quais

tiveram ainda menor persistência de lactação.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 5 10 15 20 25 30

SN

LNN

SEMANAS

kg/d

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 5 10 15 20 25 30

SN

LNN

SEMANAS

kg/d

Figura 3. Curvas de lactação das vacas Nelore (N), ½

Simental-Nelore (SN) e ½ Limousin-Nelore (LN),

ajustadas conforme modelo proposto por Jenkins e

Ferrel (1984)

Ao avaliarem as curvas de lactação de vacas Nelore, Rosado (1991) e

Alencar et al. (1988) observaram queda linear da produção de leite em função do

período de lactação, não constatando a existência de pico de lactação. Fontes

(1985) observou em vacas de corte, obtidas por cruzamento de touros Brahman e

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Romana Red com vacas Angus e F1 Angus-Brown Swiss, a ocorrência de pico de

produção próximo a 10ª semana de lactação.

O NRC (2000), com base na revisão de trabalhos dirigidos ao estudo da

produção de leite de vacas de corte de diferentes grupos genéticos, estabelece que

o pico de produção ocorre com 8,5 semanas de lactação. No presente trabalho, o

pico de produção foi atingido mais tarde, entre 10,8 (vacas LN) e 14,3 semanas

(vacas SN). Resultados mais próximos aos observados no presente trabalho foram

verificados por Jenkins & Ferrel (1992), que adotaram o mesmo modelo não-linear

para descrever a curva de lactação e constataram a ocorrência de pico de lactação

entre 8,8 e 11,1 semanas pós-parto em vacas de corte pertencentes a nove

diferentes raças, incluindo a Limousin e a Simental. A maior parte da literatura

consultada indica, portanto, que as vacas de corte, de forma semelhante às raças

leiteiras, apresentam durante a lactação um pico de produção, sendo este,

aparentemente, de ocorrência mais tardia que o observado nas raças leiteiras.

4.4. DESEMPENHO DOS BEZERROS

A análise de variância revelou não haver efeito (P>0,05) da idade da vaca

sobre o peso dos bezerros ao nascer, peso à desmama e ganho de peso no período

de aleitamento. A ausência de influência da idade da vaca sobre os pesos e ganhos

de peso dos bezerros do nascimento à desmama pode ser atribuído ao fato de que

todas as vacas apresentavam, no início do experimento, idades entre 5 e 9 anos;

pois, neste intervalo, a idade da vaca não influencia a produção de leite e o peso ao

nascer dos bezerros.

O sexo do bezerro também não influenciou (P>0,05) o peso ao nascer, o peso

à desmama e o ganho de peso durante a fase de aleitamento. Não foi observado

(P>0,05) efeito de interação de grupo genético e sexo do bezerro. Os bezerros

machos pesaram, em média, 36,0 ± 1,9 kg ao nascer, 168,5 ± 6,1 kg, à desmama,

ganhando 0,65 ± 0,03 kg por dia; para as fêmeas os valores observados foram de

33,7 ± 1,5 kg, 165,7 ± 4,8 kg e 0,66 ± 0,02, respectivamente.

Alencar (1989) não observou efeito do sexo do bezerro sobre os ganhos de

peso de bezerros Canchim em períodos sucessivos de 30 dias, do nascimento à

desmama; entretanto, verificou maior ganho de machos Nelore, em relação as

fêmeas da mesma raça, em três dos sete períodos avaliados. Também Jenkins &

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Ferrell (2004), trabalhando com vacas mestiças obtidas por cruzamento de matrizes

Angus e Hereford com touros das raças Angus, Hereford, Brahman, Boran e Tuli,

não verificaram efeito do sexo do bezerro sobre o ganho de peso durante o

aleitamento. Entretanto, os bezerros machos nasceram mais pesados que as

fêmeas (42,6 vs. 40,0 kg) e, por isso, apresentaram maior peso à desmama.

Por outro lado, freqüentemente, os pesquisadores tem verificado em bezerros

machos maior peso ao nascer, peso à desmama e ganho de peso na fase de

aleitamento (Rosado, 1991; Euclides Filho et al., 1995; Cubas et al., 2001). Durante

a fase de aleitamento, é ainda pequena a influência dos hormônios sexuais sobre o

desenvolvimento dos bezerros, que se acentua a partir da fase pré-puberal, ocasião

em que os bezerros machos passam a exibir ganhos de peso nitidamente superior

ao das fêmeas.

No presente trabalho, os bezerros receberam, além do leite materno, apenas

quantidades limitadas de alimento sólido. Provavelmente, o nível de energia ingerido

não possibilitou aos machos manifestarem o possível maior potencial para ganho de

peso durante a fase de aleitamento.

Os bezerros filhos das vacas mestiças F1 europeu-zebu tiveram maior (P<0,05)

peso ao nascer, ganho de peso no período de aleitamento e peso à desmama,

ajustado para 210 dias, que os bezerros das vacas Nelore (Tabela 8).

Tabela 8. Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I, associados aos contrates ortogonais entre bezerros Nelore e mestiços (N x M) e entre mestiços ¾ Simental ¼ Nelore e ½ Brahma ¼ Limousin ¼ Nelore (SNS x BLN), para variáveis ligadas ao peso vivo, valores médios para os diferentes grupos genéticos e coeficiente de variação (CV)

Níveis de probabilidade para os contrastes

Médias de quadrados mínimos, erros padrões e coeficientes de variação

Variáveis N x M SN x LN N SN LN CV (%)

PN, kg 0,0474 0,2003 31,31 ± 2,00 38,52 ± 2,26 34,66 ± 1,90 19,22

GPD, g < 0,0001 0,4241 524,2 ± 31,6 724,7 ± 35,6 687,0 ± 30,0 16,43

PD205, kg < 0,0001 0,2379 138,8 ± 6,5 187,1 ± 7,4 175,5 ± 6,2 13,11

*em que: PN: peso ao nascer; GPD: ganho de peso diário; PD205: peso à desmama corrigido para 205 dias.

O melhor desempenho dos bezerros de vacas mestiças deve-se em grande

parte ao efeito da heterose. As progênies de vacas F1 europeu-zebu capitalizam

100% de heterose materna, que se traduz em maior peso ao nascer, maior produção

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de leite das mães e maior taxa de sobrevivência (Koger, 1973; Barbosa, 1990). No

presente trabalho, são ainda beneficiadas pelo efeito aditivo dos genes das raças

paternas das mães, que confere aos bezerros os potenciais para ganho de peso

mais elevados, característica das raças Limousin e Simental, e confere às mães

(vacas F1) o maior potencial de produção de leite, especialmente no caso das vacas

F1 Simental-Nelore. Os bezerros filhos das vacas Nelore, por outro lado, não

apresentam heterose individual e não se beneficiam da heterose materna que,

segundo Koger (1973), responde pela maior parte do aumento do peso de bezerros

desmamados, quando se utilizam os cruzamentos.

Além dos benefícios da heterose materna e do efeito aditivo de genes,

proporcionados pelas mães mestiças, os bezerros filhos das vacas F1 possuem

heterose individual, que atinge a 100%, no caso dos bezerros “tricross”, filhos das

vacas LN (1/2 Brahman ¼ Limousin ¼ Nelore), e 50% no caso dos bezerros

retrocruzados, filhos das vacas SN (3/4 Simental ¼ Nelore), que lhes confere maior

potencial para ganho de peso, conforme salientado por Barbosa (1990). O conjunto

de todos os fatores genéticos favoráveis explica o melhor desempenho dos bezerros

filhos das vacas mestiças, em relação aos bezerros Nelore.

Entre as progênies das vacas LN e SN não houve diferença (P>0,05) quanto

aos pesos ao nascer e à desmama e ao ganho de peso durante a fase de

aleitamento. O comportamento semelhante das progênies das vacas dos dois

grupos sugere que a maior heterose individual dos filhos das vacas LN (100%), em

relação aos bezerros das vacas SN (50%), foi contrabalançada pela maior produção

de leite das vacas SN e possivelmente pelo maior potencial de ganho de peso (efeito

aditivo) da raça Simental em relação a Brahman, raças paternas dos bezerros.

Nas condições do presente trabalho, pressupõe-se que o nível de produção de

leite da vaca assuma papel relevante, uma vez que se procurou limitar a ingestão

diária de alimento sólido pelos bezerros ao mínimo necessário para o adequado

desenvolvimento ruminal.

Resultados mostrando a estreita relação entre o nível de produção de leite da

vaca e o desenvolvimento do bezerro foram relatados por Silva & Pereira (1986), em

uma avaliação de fêmeas com diferentes graus de sangue Chianina-Nelore (1/2, 1/4

e 5/8) os quais evidenciaram que os bezerros filhos das vacas de maior produção de

leite tiveram melhor desempenho.

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A superioridade dos mestiços, observada no presente trabalho, foi também

verificada por Barcellos & Lobato (1992), em um ensaio conduzido com animais

Hereford e mestiços F1 Hereford-Nelore e ¾ Hereford-Nelore. Os bezerros ¾

Hereford apresentaram ganho de peso até a desmama 21,6% maior que os

Hereford, enquanto os F1 ganharam 16,0% mais peso que os puros. Esses

resultados reafirmam ainda, a importância preponderante da heterose materna no

desempenho da progênie, na fase de aleitamento. Bezerros ¾ têm 100% de

heterose materna e 50% de heterose individual, enquanto os F1 possuem 100% de

heterose individual, mas não se beneficiam da heterose materna.

Avaliando animais mestiços Limousin-Nelore e Charolês-Nelore, Alencar et al.

(1994) não observaram diferenças quanto aos pesos ao nascimento e à desmama

entre os dois grupos. Por outro lado, Souza et al. (1994), avaliando os pesos à

desmama de produtos de vacas Nelore com touros Nelore, Brangus, Simental,

Canchim, Gelbvieh, Angus, Brangus Vermelho e Gir, verificaram diferenças entre

vários grupos genéticos, destacando-se os filhos de touros Gelbvieh, Angus e

Simental. Estas três raças paternas distanciam-se mais geneticamente, que as

demais da raça Nelore, o que eleva a heterose potencial da progênie, justificando os

resultados.

4.5. RELAÇÕES DE EFICIÊNCIA

4.5.1. EFICIÊNCIA ALIMENTAR

Na Tabela 9 são apresentados os resultados referentes às eficiências de utilização

do alimento pelas vacas dos três grupos genéticos. Foram utilizadas, na avaliação

das eficiências, relações entre os consumos de MS e EM da vaca e do par

vaca/bezerro durante o período de aleitamento ou entre o consumo anual MS e EM

da vaca com o ganho de peso do bezerro, no período de aleitamento, e com o peso

dos bezerros à desmama.

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Tabela 9. Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I, associados aos contrates ortogonais entre animais Nelore e mestiços (N x M) e entre mestiços F1 Simental-Nelore e F1 Limousin-Nelore (SN x LN), para variáveis ligadas à eficiência alimentar das vacas, médias ligadas ao consumo de alimento no período de lactação e ao consumo anual, para os diferentes grupos genéticos, e coeficientes de variação (CV)

Níveis de probabilidade para os contrastes

Médias de quadrados mínimos, erros padrões e coeficientes de variação

Variáveis N x M SN x LN N SN LN CV (%)

Consumo da vaca no período de lactação

MS/GPB, kg/kg 0,0036 0,8555 14,74 ± 0,62 12,43 ± 0,67 12,26 ± 0,62 16,96

GPB/MS, g/kg 0,0066 0,8072 70,61 ± 3,19 81,45 ± 3,47 82,61 ± 3,19 14,76

EM/GPB, Mcal/kg 0,0182 0,6844 32,97 ± 1,40 29,11 ± 1,53 28,26 ± 1,40 16,79

GPB/EM, g/Mcal 0,0389 0,6524 31,69 ± 1,40 34,91 ± 1,52 35,85 ± 1,40 14,76

Consumo do par vaca e bezerro no período de lactação

MS/GPB, kg/kg 0,0023 0,8989 15,54 ± 0,66 12,91 ± 0,72 12,79 ± 0,66 17,23

GPB/MS, g/kg 0,0038 0,9204 67,00 ± 3,05 78,54 ± 3,32 79,00 ± 3,05 14,75

EM/GPB, Mcal/kg 0,0113 0,7319 34,73 ± 1,49 30,18 ± 1,62 29,43 ± 1,49 17,04

GPB/EM, g/Mcal 0,0210 0,6835 30,00 ± 1,36 33,64 ± 1,48 34,46 ± 1,36 15,00

Consumo anual da vaca

MS/PD205, kg/kg 0,0011 0,9703 18,47 ± 0,57 15,91 ± ,062 15,94 ± 0,57 12,27

PD205/MS, g/kg 0,0018 0,8657 55,24 ± 1,92 63,60 ± 2,09 63,11 ± 1,92 11,45

EM/PD205, Mcal/kg 0,0010 0,9624 40,59 ± 1,26 34,92 ± 1,37 35,01 ± 1,26 12,27

PD205/EM, Mcal/kg 0,0017 0,8679 25,14 ± 0,88 28,96 ± 0,95 25,75 ± 0,89 11,50

*em que: MS: matéria seca consumida pela vaca ou vaca+bezerro no período de lactação; GPB: ganho de peso do bezerro até a desmama; EM: energia metabolizável consumida pela vaca ou vaca+bezerro no período de lactação; PD205: peso do bezerro à desmama aos 205 dias.

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Conforme salientado por Klosterman et al. (1968), em um rebanho de cria, a

quantidade de energia ingerida que retorna como produto no bezerro é

extremamente pequena quando comparada às exigências energéticas para

mantença da vaca durante 12 meses e para mantença do bezerro.

Tem-se procurado aumentar a produtividade do rebanho de cria elevando-se

a produção de leite da vaca e mantendo níveis elevados de heterose no rebanho,

por meio de programas de cruzamento planejados. Os resultados obtidos com as

citadas medidas têm, entretanto, variado em função das condições de meio a que os

animais são submetidos.

No presente trabalho, as vacas mestiças foram mais eficientes (P<0,05) que

as Nelore com relação a todos os critérios de avaliação considerados, apresentando

melhores relações entre os consumos de MS e EM e o ganho de peso ou peso de

bezerro desmamado. Não foram verificadas diferenças (P>0,05) entre os dois

grupos de mestiças para nenhuma das variáveis consideradas, embora verificada

diferença quanto à aptidão para produção de leite entre eles.

Durante o período de aleitamento, para ganho de 1kg de peso corporal de

bezerro, as vacas N, SN e LN consumiram, em média, 32,97, 29,11 e 28,26 Mcal de

EM, respectivamente. Expressando-se de outra forma, cada Mcal de EM consumida

pela vaca, possibilitou os ganhos de peso corporais de bezerro de 31,69, 34,91 e

35,85 g, para vacas N, SN e LN, respectivamente.

Resultados semelhantes aos observados no presente trabalho foram

relatados por Jenkins et al. (1991), referentes a sete diferentes grupos F1, obtidos

por cruzamento entre raças européias (britânicas e continentais), de diferentes

potencias leiteiros e portes. Nesse trabalho, a eficiência foi expressa em gramas de

bezerro desmamado ou em grama de peso ganho por Mcal de EM ingerida pela

vaca ou pelo par vaca/bezerro. As progênies de vacas pertencentes a grupos

genéticos com maior aptidão leiteira e/ou porte tiveram os maiores ganhos de peso.

Entretanto, as exigências de energia para manutenção de peso constante foram

maiores para vacas de maior porte e com maior potencial leiteiro. O aumento do

peso do bezerro à desmama, de modo geral, não compensou o maior nível de

ingestão de energia das vacas com maiores exigências. Vacas de potencial

moderado tenderam a ser mais eficientes. A eficiência energética, em gramas de

bezerro por Mcal de EM variou de 33,1g/Mcal para vacas filhas de touros Chianina a

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35,8g/Mcal para as filhas de touros Hereford e Angus. As vacas filhas de touro

Brown Swiss foram intermediárias.

No presente trabalho, considerando-se o consumo do par vaca/bezerro no

período de lactação, as diferenças (P<0,05) entre os grupos genéticos se

mantiveram, não variando em relação a eficiência dos três grupos quando se

considerou o consumo apenas da vaca. Este resultado pode ter sido influenciado

pelo fato de os bezerros dos três grupos terem tido o consumo de alimento limitado,

em níveis semelhantes. Na relação ganho de peso do bezerro até à desmama, em

função da energia metabolizável consumida pelo par vaca/bezerro no período de

lactação, as vacas mestiças foram 13,7% mais eficientes que as Nelore.

No único trabalho encontrado na literatura consultada e conduzido no Brasil,

em que se estudou a conversão da energia alimentar do par vaca/bezerro em peso

de bezerro, durante o período de aleitamento, Calegare (2004), verificou ganhos de

peso dos bezerros de 40,7; 45,9; 48,5 e 45,2g por Mcal de EM consumida, para

progênies de vacas Nelore, F1 Canchin-Nelore, F1 Angus-Nelore e F1 Simental-

Nelore, respectivamente. Os valores obtidos pelo autor acima citado são mais

elevados que os encontrados no presente trabalho. São também mais elevados que

os valores verificados no exterior por Jenkins et al. (1991), que expressaram

igualmente a eficiência de vacas de diferentes grupos genéticos durante o período

de aleitamento em gramas de ganho de peso de bezerro por Mcal de EM ingerido

pelo par vaca/bezerro.

Ao se avaliar no presente trabalho a eficiência das vacas dos diferentes

grupos em termos de consumo Mcal de EM pela vaca, durante o período de

aleitamento, para produção de 1kg de bezerro, observou-se pior eficiência para as

vacas Nelore (P<0,01), que consumiram 32,97 Mcal de EM/kg de bezerro, em

relação às mestiças SN (29,11 Mcal/kg) e LN (28,26 Mcal/kg). Deve-se ressaltar que

os citados valores referem-se à situação ótima, em que todas as vacas

desmamaram um bezerro, o que normalmente não ocorre na prática.

Quanto à eficiência, no presente trabalho, foi expressa em gramas de

bezerro desmamado por kg de MS alimentar consumida pela vaca durante a fase de

aleitamento, os valores obtidos variaram de 67g/kg MS para vacas Nelore a 79 g/kg

MS, para vacas LN, tendo as vacas Nelore sido menos eficientes (P<0,05) que as

mestiças. Esses valores são muito próximos àqueles encontrados por Jenkins e

Ferrell (2004) para vacas F1 resultantes do cruzamento recíproco entre touros e

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vacas das raças Angus e Hereford (AH) e para vacas F1 obtidas pelo cruzamento de

touros das raças Brahman, Tuli (Bos taurus adaptado aos trópicos) e Boran (Bos

indicus adaptado aos trópicos) com vacas Angus e Hereford, respectivamente, 72,6;

88,6; 85,0 e 74,2 g/kg de MS. Os autores concluíram que as vacas F1 Bos indicus -

Bos taurus foram mais eficientes que as Bos taurus – Bos taurus. Este resultado

pode ser atribuído ao maior nível de heterose que ocorre nos cruzamentos entre

animais geneticamente distantes (Koger, 1973; Gregory e Cundify, 1999).

Uma forma de expressão da eficiência que permite melhor avaliação global

da conversão da energia consumida pela vaca, durante todo o ano, para mantença,

lactação e gestação, em peso de bezerro desmamado é apresentada na Tabela 10

como PD205/EM, que representa o peso de bezerro desmamado por Mcal de EM

consumida pela vaca para as citadas funções. A EM total consumida pela vaca,

durante o ano, foi estimada somando-se ao consumo de EM verificado no período

de aleitamento (para mantença e lactação) às exigências estimadas para mantença

pós desmama, no resto do ano, e às exigências referentes ao terço final de gestação

segundo o NRC (2000). De forma semelhante, estimou-se a relação PD205/MS

(Tabela 9), entre o peso do bezerro à desmama, aos 205 dias de idade, e o

consumo total de MS incluindo o consumo no período pós desmama e o acréscimo

devido à gestação, estimados com base nas exigências de EM de cada animal e no

conteúdo de EM por kg de ração. Admitiu-se no cálculo, que a mesma ração

utilizada no período de aleitamento seria consumida pelo animal durante todo o ano.

Foram também calculadas (tabela 9) as quantidades totais de MS para produção de

1kg de bezerro (MS/PD205, kg/kg) e de EM para produção de 1kg de bezerro

(EM/PS205, Mcal/kg).

Os valores estimados para EM/PD205 para vacas Nelore (40,54 Mcal de

EM/kg de bezerro) foram maiores (P<0,01) que para as mestiças SN (34,92) e LN

(35,01 Mcal de EM/kg), que não diferiram (P>0,05) entre si. Numa avaliação

semelhante, Davis et al. (1994) estimaram o consumo anual de EM de vacas

Hereford, F1 Hereford-Angus, F1 Simental-Hereford, ¾ Hereford-Simental e ¾

Simental-Hereford em condições de exploração comercial, durante dez anos. A taxa

de desmama média para os cincos grupos foi de 68,2%, no período. A eficiência

média estimada das vacas dos cinco grupos, expressa em Mcal de energia

consumida pela vaca por kg de bezerro desmamado, foi de 51,8 Mcal/kg, para a

taxa de desmama citada acima. Ajustando-se os valores obtidos no presente

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trabalho, referentes à taxa de desmama de 100%, para uma taxa de desmama de

68,2%, chega-se a valores de eficiência que variam de 59,5 Mcal/kg de bezerro para

vacas Nelore a 51,3 Mcal/kg para vacas LN, valores estes muito próximos aos

encontrados por Davis et al. (1994).

Alguns autores, avaliando animais pertencentes a diferentes grupos

genéticos, não encontraram diferenças entre grupos quanto à conversão de energia

consumida pela vaca em peso de bezerro à desmama (Holloway et al., 1975;

Bowden, 1980). Estes resultados contrastam com os obtidos no presente trabalho e

com aqueles de Jenkins et al. (1991) e Green et al. (1991), que mostraram

diferenças significativas na conversão de MS alimentar pela vaca em peso de

bezerro desmamado ou ganho de peso de bezerro.

No presente trabalho, as vacas Nelore mostraram menor eficiência (P<0,05)

de conversão da MS alimentar em ganho de peso ou peso de bezerro desmamado

que os grupos mestiços, os quais não diferiram entre si (P>0,05).

Os resultados referentes ao peso de bezerro desmamado por kg de MS

ingerida pela vaca durante o ano (PD205/MS, g/kg), respectivamente, 55,24; 63,60 e

63,11 para vacas Nelore, SN e LN, estão próximos do intervalo de valores

encontrados por Jenkins e Ferrell (1994) para vacas mestiças F1 Bos taurus-Bos

taurus de nove grupos genéticos, com diferentes portes e/ou potencial leiteiro. Os

citados autores ao fornecerem às vacas dos nove grupos, durante quatro anos,

quatro níveis de alimentação (58, 76, 93 ou 111g de MS/PV0,75), verificaram

interações de nível nutricional com potencial leiteiro e com o peso da vaca à

maturidade. Em condições de baixa ingestão de alimento os grupos com maior

potencial leiteiro ou peso corporal foram menos eficientes. À medida que o nível

alimentar se elevou, houve mudanças de ordem entre grupos genéticos quanto à

eficiência. O nível de ingestão de MS que correspondeu à eficiência máxima para os

diferentes grupos genéticos variou entre 35,1 e 47,1g de bezerro desmamado por kg

de MS, ingerido. Estes valores equivaleram a 25 a 32 gramas de bezerro

desmamado por Mcal de EM ingerido pela vaca, muitos próximos aos valores

encontrados no presente trabalho, que foram, respectivamente, 25,14; 28,96 e 25,75

g/Mcal para vacas Nelore, SN e LN. Os valores mais elevados, encontrados no

presente trabalho, para eficiência expressa em grama de bezerro produzido por kg

de MS ingerida devem-se ao maior conteúdo de EM da ração utilizada.

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No presente trabalho, ao se avaliar as exigências energéticas das vacas dos

três grupos genéticos em função do peso vivo médio (exigência de mantença) e da

produção média de leite (exigência de lactação), verificou-se que o nível de energia

suprido correspondeu a cerca de 100% das exigências, tomando-se como base a

média das exigências calculadas de acordo com as normas do AFRC (1993) e NRC

(2000) (Tabela 5). Considerando-se que as vacas SN tinham maiores porte e

potencial para produção de leite, é provável que, se lhes fosse fornecido nível mais

liberal de energia, estas vacas aumentassem a eficiência energética, em relação às

demais.

Conforme ressaltado por Jenkins e Ferrell (1994), as raças bovinas

respondem de forma diferente, quanto à conversão do alimento em peso de bezerro

à desmama. O consumo alimentar da vaca é o principal fator a afetar a eficiência

biológica de produção, até a desmama, tendo influência sobre a reprodução e

produtividade dos diferentes genótipos. As raças diferem quanto aos níveis ótimos

de consumo alimentar para atingirem a eficiência máxima de produção. O uso ce

vacas com alto potencial genético para produção, em ambientes nutricionalmente

limitantes, teria efeito negativo sobre a eficiência produtiva, primariamente por seu

efeito restritivo sobre a reprodução. Raças ou mestiços com elevado potencial para

crescimento ou produção de leite seriam mais eficientes quando os recursos

alimentares não são limitantes.

No presente trabalho, não foi possível medir a taxa de concepção das vacas,

durante uma estação de monta regular, de forma a se avaliar a influência de

possíveis diferenças na fertilidade, entre grupos, sobre a eficiência energética de

produção de bezerros. Entretanto, as vacas dos três grupos foram submetidas a um

único tratamento hormonal para sincronização/indução de cios e uma única

inseminação artificial com tempo fixo, segundo o protocolo PEPE, recomendado por

Barros e Ereno (2004), após decorridos períodos semelhante pós parto (145,3,

148,8 e 147,0 dias, para vacas Nelore, SN e LN, respectivamente). Foram

observadas as taxas de concepção de 54,5, 58,3 e 61,5% para os três grupos,

respectivamente, as quais não diferiram entre si pelo teste de Qui-quadrado.

Estas taxas de concepção observadas estão dentro do intervalo esperado de

50 a 65% de concepção, verificadas quando vacas em cio são submetidas a uma

única inseminação, de acordo com trabalhos apresentados por Barros e Ereno

(2004).

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4.5.2. CONVERSÃO LEITE/BEZERRO E RELAÇÃO PESO DO BEZERRO/PESO DA VACA À DESMAMA

Em relação ao ganho de peso de bezerro por kg de leite produzido, não foi

verificado diferença (P>0,05) entre os bezerros Nelore (progênie de vaca Nelore) e

mestiços (progênie de vacas LN e SN) (Tabela 10). Todavia, os bezerros filhos das

vacas LN (½ Brahman ¼ Limusin ¼ Nelore) apresentaram melhor (P<0,05)

conversão que os bezerros filhos das vacas SN (¾ Simental ¼ Nelore).

O Nível de produção de leite da vaca está intimamente relacionado com o

ganho de peso do bezerro no período de aleitamento e com o seu peso à desmama,

conforme mostram os resultados do presente trabalho (Tabelas 7 e 8). Neste

sentido, Neville Jr. (1962) e Rutledge et al. (1971) concluíram, respectivamente, que,

aproximadamente, 66% e 60% da variância do peso do bezerro à desmama, aos

205 dias, pode ser atribuída ao efeito direto da produção de leite da vaca. Por sua

vez, Russel et al. (1979) verificaram que a produção de leite contribuiu com 50,2% e

51,6% de variância no ganho de peso do bezerro na sexta e décima segunda

semanas de idade, respectivamente.

Alencar (1987) verificou relação linear positiva entre a produção de leite da

vaca e o peso à desmama do bezerro. Trabalhos têm demonstrado, entretanto, que

o aumento do ganho de peso do bezerro, com aumentos sucessivos da produção de

leite, ocorre de forma decrescente (rendimentos decrescentes). Assim, Alencar

(1989) verificou em vacas Canchim e Nelore, divididas em lotes de animais com

baixa, média e alta produção, que os bezerros amamentados pelas melhores

produtoras de leite apresentaram menor ganho de peso para um dado volume de

leite. Nesse trabalho, os bezerros Nelore foram mais eficientes que os Canchim,

verificando-se as conversões de 185 e 133g de ganho por kg de leite,

respectivamente.

Melton et al. (1967), considerando todo o período de aleitamento,

observaram valores de 5,7; 5,2 e 4,7 kg de leite, respectivamente, por quilograma de

ganho de peso do bezerro para animais Angus, Charolês e Hereford, sendo as

vacas Hereford aquelas de mais baixo potencial leiteiro. Drewry et al. (1959), por sua

vez, concluíram serem requeridos 12,5; 10,8 e 6,3 kg de leite para ganho de 1kg de

peso do bezerro no primeiro, terceiro e sexto mês de vida, respectivamente. Esses

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resultados mostram que, quanto maior é a participação do leite na dieta do bezerro,

mais quilogramas de leite são necessários por kg de ganho.

Quando se expressou a relação entre produção de leite e ganho de peso de

bezerro em kg de leite por kg de ganho de peso, foram obtidos os valores de 7,08,

8,91 e 7,35 kg de leite por kg de ganho de bezerro para vacas Nelore, SN e LN,

respectivamente. Os resultados do presente trabalho, de forma coerente com os

resultados da literatura consultada, mostraram que os pesos à desmama e os

ganhos de peso dos bezerros, na fase de aleitamento, foram diretamente

influenciados pelo nível de produção de leite das vacas verificando-se maiores

valores nas progênies das vacas SN, intermediários para vacas LN e menores para

vacas Nelore. Entretanto, o ganho diário de peso dos bezerros e o peso de bezerro

desmamado, por unidade de leite produzido, foram maiores para vacas Nelore,

intermediárias para vacas LN e menores para vacas SN, mostrando que o aumento

da produção de leite da vaca trouxe aumento decrescente no peso à desmama e no

ganho de peso dos bezerros.

A relação entre peso do bezerro/peso da vaca à desmama (PB/PV) tem sido

utilizada como forma de se expressar a eficiência da vaca, ao se compararem

diferentes grupos genéticos. Neste tipo de avaliação, pressupõe-se que o consumo

alimentar da vaca, em função de suas exigências nutricionais, estaria diretamente

correlacionado com o seu peso corporal. Entretanto, as exigências de mantença e o

consumo alimentar de animais de diferentes portes não se relacionam diretamente

com seu peso corporal (elevado à potencia 1,0). O NRC adota o expoente 0,75, ou

seja, (Peso Vivo)0,75, nos citados cálculos. Acrescente-se ainda, que no caso de

vacas em amamentação, as exigências de nutrientes para lactação e, portanto, o

aumento do consumo alimentar em função da lactação, relacionam-se com o nível

de produção de leite e não com o peso vivo dos animais. Desta forma, o quociente

PB/PV pode não refletir com fidelidade a eficiência de produção da vaca, por manter

como condição implícita que animais de mesmo peso terão sempre mesmas

exigências e mesmo consumo alimentar.

A inexatidão da relação PB/PV, como medida de eficiência da vaca fica claro

nos resultados de Euclides Filho et al. (1983). Ao compararem as eficiências de

vacas Bown Swiss, F1Brown Swiss-Angus e Angus, os citados autores verificaram

as relações PB/PV de 0,50, 0,49 e 0,45 para os três grupos, respectivamente,

concluindo que as vacas Brown Swiss e as F1Brown Swiss-Angus superaram as

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Angus quanto à característica. Todavia, ao determinarem o consumo de NDT para

produção de 1kg de bezerro desmamado, os resultados se inverteram, observando-

se os valores de 8,91, 8,28 e 7,35 kg de NDT/kg de bezerro, para os três grupos de

vacas, respectivamente, que mostraram serem as vaca Angus mais eficientes.

Tabela 10. Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos

contrates ortogonais entre animais Nelore e mestiços (N x M) e entre

mestiços F1 Simental-Nelore e F1 Limousin-Nelore (SN x LN), para as

variáveis conversão de leite em peso de bezerro e relação entre o peso

do bezerro e da vaca à desmama, os valores médios para diferentes

grupos genéticos e coeficientes de variação (CV)

Níveis de probabilidade para os contrastes

Médias de quadrados mínimos, erros padrões e coeficientes de variação

Variáveis N x M SN x LN N SN LN CV (%)

GPB/Leite, g/kg 0,0654 0,0247 141,30 ± 6,86 112,18 ± 7,46 136,00 ± 6,86 18,91

PD205/PVD, kg/kg 0,0134 0,1012 0,40 ± 0,016 0,47 ± 0,017 0,43 ± 0,016 13,13

*em que: GPB: ganho de peso do bezerro até a desmama; Leite: Produção de leite; PD205: peso do bezerro à desmama com 205 dias; PVD: peso da vaca à desmama do bezerro.

Usando a relação PB/PV para avaliar a eficiência de vacas das raças

Shorthorn e Angus e das F1 obtidas por cruzamento recíproco entre ambas,

Spelbrink et al.(1977) observaram os valores 0,51 para vacas mestiças e 0,43 para

as vacas puras e concluíram que as F1 foram mais eficientes. No Brasil, Euclides

Filho et al. (1995) usaram a relação PB/PV para avaliar vacas F1 Fleckvieh-Nelore,

F1 Charolês e F1 Chianina-Nelore e concluíram, com base apenas nesta relação,

que as vacas F1 Fleckvieh-Nelore foram mais eficientes (PB/PV = 0,41) que as

vacas dos dois outros grupos, que apresentaram PB/PV = 0,38.

No presente trabalho, os dois grupos de vacas mestiças superaram as

Nelore quanto à relação PB/PV, não diferindo entre si. A ordenação dos grupos,

quanto à eficiência, obtida utilizando-se o índice PB/PV coincidiu com aquela obtida

ao se avaliar a eficiência em função da conversão da MS ou EM alimentar em peso

de bezerro (Tabela 10).

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5. CONCLUSÕES Não houve evidência de existir diferença entre vacas Nelore e F1 europeu-

Nelore quanto à habilidade de digerir o alimento.

As vacas F1 europeu-nelore, embora terem peso corporal semelhante as

Nelore, desmamam bezerros mais pesados, o que resulta em relação mais elevada

entre peso do bezerro e peso da vaca, à desmama, nas mestiças.

As vacas dos três grupos genéticos perderam peso no início da lactação,

recuperando, parcialmente, o peso perdido, por ocasião da desmama. Entretanto, as

vacas Nelore tiveram menor percentual de perda de peso até a desmama que as

mestiças e passaram a recuperar o peso perdido pós-parto mais cedo que as

mesmas.

As vacas mestiças apresentam maior habilidade materna que as Nelore,

expressa em maior produção de leite e maior peso da progênie ao nascer, que se

traduz em maior peso à desmama dos bezerros.

Não há diferenças entre as vacas de corte Nelore e mestiças europeu-zebu

quanto à forma da curva de lactação, mas os dois grupos diferem quanto à

persistência da lactação. As vacas mestiças converteram com maior eficiência a matéria seca e a

energia metabolizável alimentar em ganho de peso de bezerro e peso de bezerro

desmamado que as Nelore. A utilização mais ampla de vacas mestiças europeu-

Nelore poderá concorrer para elevar a eficiência de produção de bezerros de corte

no Brasil.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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