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    Revista Brasileira de Medicina do EsportePrint versionISSN 1517-8692

    Rev Bras Med Esporte vol.16 no.2 Niteri Mar./Apr. 2010

    http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922010000200011

    ARTIGOS ORIGINAISCINCIAS DO EXERCCIO E DO ESPORTE

    Efeitos do desempenho aerbio na mxima faseestvel de lactato sanguneo determinada emprotocolo intermitente na natao

    Effect of aerobic performance level on the maximallactate steady state determined during intermittentprotocol in swimming

    Camila Coelho Greco Mariana Fernandes Mendes de Oliveira FabrizioCaputo Jailton Gregrio Pelarigo Benedito Srgio Denadai

    Laboratrio de Avaliao da Performance Humana, Unesp - Rio Claro, SP

    Endereo para correspondncia

    RESUMO

    Atletas de endurancefrequentemente realizam exerccios intermitentes, com o objetivo de aumentar aintensidade do treinamento. Um ndice bastante importante na avaliao desses atletas a mxima fase estvelde lactato sanguneo (MLSS), que em geral determinada com um protocolo contnuo. No entanto, as pausasexistentes durante o exerccio intermitente podem modificar as condies metablicas dele. O objetivo desteestudo foi comparar a intensidade de nado correspondente MLSS determinada de forma contnua (MLSSc) eintermitente (MLSSi) em atletas com diferentes nveis de rendimento aerbio. Doze nadadores (22 8 anos69,9 7,63kg e 1,76 0,07m) e oito triatletas do gnero masculino (22 9 anos 69,5 10,4kg e 1,76 0,13m), realizaram os seguintes testes em diferentes dias em uma piscina de 25 m: 1) teste mximo nadistncia de 400m (v400) 2) duas a quatro repeties com durao de 30 min em diferentes intensidades, paraa determinao da MLSSc, e 4) duas a quatro tentativas de 12 x 150s com intervalo de 30s (5:1) em diferentesintensidades, para a determinao da MLSSi. Os nadadores apresentaram maiores valores em relao aostriatletas da v400 (1,38 0,05 e 1,26 0,06m.s-1, respectivamente), MLSSc (1,23 0,05 e 1,08 0,04m.s-1,respectivamente) e MLSSi (1,26 0,05 e 1,11 0,05m.s-1, respectivamente). No entanto, a diferena

    percentual entre a MLSSc e a MLSSi foi estatisticamente similar entre os grupos (3%). No houve diferenasignificante entre a concentrao de lactato na MLSSc e na MLSSi nos dois grupos. Com base nesses resultados,pode-se concluir que o exerccio intervalado utilizado permite um aumento na intensidade do exercciocorrespondente a MLSS, sem modificao na concentrao de lactato, independente do nvel de desempenhoaerbio.

    http://www.scielo.br/scieloOrg/php/articleXML.php?pid=S1517-86922010000200011&lang=enhttp://www.scielo.br/readcube/epdf.php?doi=10.1590/S1517-86922010000200011&pid=S1517-86922010000200011&pdf_path=rbme/v16n2/11.pdf&lang=pthttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1517-8692&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_alphabetic&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1517-8692&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrbme&format=iso.pft&lang=i&limit=1517-8692http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrbme&index=KW&format=iso.pft&lang=i&limit=1517-8692http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrbme&index=AU&format=iso.pft&lang=i&limit=1517-8692http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922010000200012&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922010000200010&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1517-869220100002&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?lng=enhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1517-8692&lng=en&nrm=isohttp://www.mendeley.com/import/?url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext%26pid=S1517-86922010000200011%26lng=en%26nrm=iso%26tlng=pthttps://www.altmetric.com/details.php?domain=www.scielo.br&doi=10.1590%2Fs1517-86922010000200011http://analytics.scielo.org/w/accesses?document=S1517-86922010000200011&collection=sclhttp://www.scielo.br/scieloOrg/php/articleXML.php?pid=S1517-86922010000200011&lang=enhttp://www.scielo.br/readcube/epdf.php?doi=10.1590/S1517-86922010000200011&pid=S1517-86922010000200011&pdf_path=rbme/v16n2/11.pdf&lang=pthttp://www.scielo.br/pdf/rbme/v16n2/11.pdfhttp://www.addthis.com/bookmark.php?v=250&username=xa-4c347ee4422c56dfhttp://www.addthis.com/bookmark.php?v=250&username=xa-4c347ee4422c56df
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    Palavras-chave:capacidade aerbia, respostas metablicas,performance.

    ABSTRACT

    Endurance athletes frequently perform intermittent exercises with the aim to increase training intensity. A veryimportant index in the evaluation of these athletes is the maximal lactate steady state (MLSS), which is usuallydetermined by a continuous protocol. However, the interruptions during intermittent exercise may alter themetabolic conditions of the exercise. The objective of this study was to compare the intensity at MLSSdetermined by continuous (MLSSc) and intermittent protocols (MLSSi) in athletes with different aerobicperformance levels. Twelve male swimmers (22 8 years, 69.9 7.6 kg and 1.76 0.07 m) and eight maletriathletes (22 9 years, 69.5 10.4 kg and 1.76 0.13 m) performed the following tests on different days ina 25 m swimming pool: 1) 400 m performance test (v400) 2) 2 to 4 repetitions with 30 min duration at differentintensities to determine MLSSc, and 4) 2-4 repetitions of 12 x 150 s with an interval of 30 s (5:1) at differentintensities to determine MLSSi. The swimmers showed v400 (1.38 0.05 and 1.26 0.06 ms -1, respectively),MLSSc (1.23 0.05 and 1.08 0.04 ms-1, respectively) and MLSSi (1.26 0.05 and 1.11 0.05 ms-1,respectively) values higher than triathletes. However, the percentage difference between MLSSc and MLSSi wasstatistically similar between groups (3%). There was no difference between blood lactate concentration atMLSSc and MLSSi in either group. Based on these results, it can be concluded that the intermittent exercise usedenables increase in the exercise intensity at MLSS, without change in lactate concentration regardless of theaerobic performance level.

    Keywords:aerobic capacity, metabolic responses, performance.

    INTRODUO

    A resposta do lactato sanguneo ao exerccio pode ser identificada por diferentes protocolos e critrios,determinado a existncia de diferentes terminologias e intensidades de exerccio associados a esse ndice(1).Dentre os diversos protocolos e critrios, a mxima fase estvel de lactato sanguneo (MLSS) tem sidoconsiderada como o padro-ouro para a avaliao aerbia(1-3). A MLSS pode ser definida com a maiorintensidade de exerccio de carga constante onde ainda pode ser observada estabilidade na concentraosangunea de lactato. Em funo disso, muitos autores tm proposto a sua utilizao para a prescrio do

    treinamento da capacidade aerbia(4-7). Ressalta-se ainda que, em funo das dificuldades tcnicas dadeterminao do consumo mximo de oxignio (VO2max) durante a natao, a resposta do lactato sanguneo aoexerccio o ndice que pode apresentar a maior especificidade na seleo da intensidade de treinamentoaerbio nessa modalidade.

    Entretanto, a quase totalidade dos protocolos de treinamento na natao, mesmo quando se prescrevem osestmulos para a melhora da capacidade aerbia, realizada de forma intermitente(4,8,9). Uma das grandesvantagens desse tipo de treinamento a possibilidade de se realizar a mesma durao de exerccio, porm comintensidade maior do que a na qual o indivduo conseguiria realizar de forma contnua. Isso se d em funo dasmudanas metablicas que ocorrem durante o perodo de recuperao (ressntese de creatina fosfato e/ouremoo do lactato)(10,11), permitindo que condies metablicas similares sejam alcanadas em intensidadesabsolutas diferentes(5,12). Assim, a utilizao de intensidades correspondentes MLSS determinada de formacontnua (MLSSc) pode no ser adequada para a prescrio do treino da capacidade aerbia realizado de modo

    intermitente na natao. Confirmando essa possibilidade, Beneke et al.(4) verificaram no ciclismo que asintensidades correspondentes MLSS determinadas durante o exerccio intervalado (MLSSi) de recuperaopassiva (intervalos de 30s ou 90s a cada cinco minutos de exerccio) foram significantemente maiores (300W,79% Pmax e 310W, 81% Pmax, respectivamente) do que a determinada de modo contnuo (277W, 73% Pmax).A concentrao de lactato na MLSS no foi diferente entre o exerccio contnuo e o intermitente. Portanto, ao serealizar o exerccio de forma intermitente na mesma carga absoluta correspondente MLSSc, a respostametablica tende a ser menor, o que subestima o nvel de esforo realizado pelo atleta (4).

    Entretanto, esses dados obtidos por Beneke et al.(4)no podem ser diretamente aplicados ao treinamento denatao, onde o gasto energtico e a eficincia propulsiva se relacionam de modo no linear com o aumento daintensidade de exerccio. Outro aspecto importante a ser considerado na anlise do exerccio intervalado apossvel interao entre o perodo de recuperao e o nvel de aptido aerbia dos atletas. Diversos estudos

    tm verificado uma relao positiva entre as taxas de ressntese de creatina fosfato

    (13)

    e de remoo do lactatosanguneo(14,15)com a aptido aerbia (VO2max e resposta de lactato ao exerccio). Com isso, para o mesmoperodo de recuperao, indivduos com maior aptido aerbia poderiam restaurar mais creatina fosfato eremover mais lactato, determinando menores acmulos desse metablito e maior aumento na MLSSi. Assim,baseado nos dados citados anteriormente, pode-se hipotetizar que a intensidade de nado correspondente aMLSSi maior do que a MLSSc. Alm disso, essa diferena pode depender do nvel de rendimento aerbio dos

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    atletas.

    Desse modo, o objetivo deste estudo foi comparar a intensidade de nado correspondente MLSSc e MLSSi ematletas com diferentes nveis de rendimento aerbio.

    MTODOS

    Sujeitos

    Participaram deste estudo 12 nadadores meio-fundistas e fundistas (22 8 anos 69,9 7,63kg e 1,76 0,07m) e oito triatletas do gnero masculino (22 9 anos 69,5 10,4kg e 1,76 0,13m). Os atletas possuampelo menos trs anos de experincia na modalidade e competiam regularmente em provas de nvel regional eestadual. Os nadadores e os triatletas nadavam um volume mdio semanal de 50km e 12km em umafrequncia de seis e trs vezes por semana, respectivamente. Todos foram informados sobre os procedimentosdo experimento e suas implicaes, tendo assinado um termo de consentimento livre e esclarecido paraparticipar deste estudo. O protocolo foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da instituio onde oexperimento foi realizado (Processo CEP 097/2007).

    Delineamento experimental

    Inicialmente, foram obtidas as medidas antropomtricas massa corporal e estatura. A seguir, foram realizadosem diferentes dias os seguintes testes: um teste mximo na distncia de 400m duas a quatro repeties comdurao de 30 minutos em diferentes intensidades, para a determinao da MLSSc e duas a quatro repetiesde 12 x 150 segundos em diferentes intensidades para a determinao da MLSSi. Todos os testes foramrealizados em uma piscina de 25m. Os indivduos compareceram ao local do teste, com um intervalo de um atrs dias haviam sido instrudos a no treinar exaustivamente no dia anterior ao da avaliao e a compareceralimentados e hidratados no dia do teste. Para cada atleta os testes foram executados no mesmo horrio dodia.

    Determinao da performanceaerbia

    Para a determinao do rendimento aerbio foi realizado um tiro mximo na distncia de 400m (v400) comsada de dentro da piscina. Anterior ao teste foi realizado um aquecimento de 10 minutos, com exerccios emintensidade moderada. O tempo foi registrado por meio de um cronmetro manual. A v400 tem sido utilizadapara estimar a velocidade correspondente ao VO2max

    (16).

    Determinao da mxima fase estvel de lactato sanguneo contnua

    Para a determinao da MLSSc foram realizadas de duas a quatro tentativas com durao de 30 minutos, emvelocidade constante, com a primeira tentativa sendo mantida a 88% v400(17). Nas prximas tentativas foramutilizados aumentos ou redues de 2,5% na velocidade entre cada teste, at que um aumento menor ou igual a1mM de lactato entre o 10 e 30 minuto fosse observado como critrio para determinao da MLSSc (18). No10 minuto e ao final do teste, 25l de sangue arterializado foram coletados do lbulo da orelha por meio de umcapilar heparinizado e imediatamente transferidos para microtbulos de polietileno com tampa tipo Eppendorffde 1,5ml contendo 50l de NaF (1%) para a mensurao da [La] ( YSL 2300 STAT, Yellow Springs, OH, EUA.). Afrequncia cardaca (FC) foi monitorada durante todo o teste (Polar S810i, Kempele, Finlndia). Para expressara concentrao de lactato correspondente a essa velocidade, foi feita a mdia dos valores obtidos no 10 minutoe ao final do teste. Para o controle da velocidade, foram colocadas marcaes no fundo da piscina a cada 5m. Oritmo foi determinado por meio de bipes gravados em um aparelho MP3 (Acqua Player, Mormaii, Garopaba,

    Brasil), que tocaram em intervalos constantes, na velocidade determinada. Assim, o nadador deveria passar emcima de uma das marcas ou realizar a virada ao ouvir o sinal sonoro.

    Determinao da mxima fase estvel de lactato sanguneo intermitente

    Para a determinao da MLSSi foram realizadas duas a quatro tentativas com durao de 30 min (sem inclusodas pausas), em velocidade constante, com a primeira tentativa mantida 5% acima da velocidade encontradana MLSSc. No entanto, foram utilizadas 12 repeties de 150 segundos com intervalo de 30 segundos, nas quaiso nadador parava em qualquer local da piscina para o descanso. A relao esforo:pausa utilizada foi de 5:1, ouseja, para cada cinco segundos de nado, um segundo de recuperao. Essa relao foi escolhida por serprxima da utilizada nas sesses de treinamento de capacidade aerbia e por proporcionar uma individualizaopelaperformancedos nadadores. Nas prximas tentativas foram utilizados aumentos ou redues de 2,5%entre cada teste at que um aumento menor ou igual a 1mM na [La] entre o 10 e 30 minuto (sem inclusodas pausas) fosse observado como critrio para determinao da MLSSi. No 10 min e ao final do teste, 25l desangue arterializado foram coletados para a anlise da [La]. A FC foi monitorada durante todo o teste. Paraexpressar a [La] correspondente a essa velocidade, foi feita a mdia dos valores obtidos no 10 min e ao finaldo teste. O controle da velocidade foi similar ao utilizado no teste para determinar a MLSSc.

    Anlise estatstica

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    Os valores esto expressos como mdia desvio-padro (DP). A existncia da normalidade dos dados foiverificada atravs do teste de Shapiro-Wilk. A comparao das variveis correspondentes MLSSc e MLSSi foirealizada atravs da ANOVA para dois caminhos (grupo x protocolo), complementada pelo teste de Scheff. Oteste de Mann-Whitney foi utilizado para comparar a diferena percentual da MLSSc e MLSSi entre os grupos.Em todos os testes foi adotado um nvel de significncia de p < 0,05.

    RESULTADOS

    Os valores mdios DP da v400 e das velocidades correspondentes MLSSc e MLSSi expressas em valoresabsolutos e relativos (%v400) esto descritos na tabela 1. Os nadadores apresentaram todas as velocidadessignificantemente maiores do que os triatletas (p < 0,05). Nos dois grupos a MLSSc foi significantemente menordo que a MLSSi (p < 0,05). A diferena percentual entre as duas velocidades foi estatisticamente similar (p >0,05) entre os grupos (Figura 1).

    A tabela 2apresenta os valores mdios DP da concentrao de lactato e FC correspondentes MLSSc eMLSSi. Existiu diferena estatisticamente significante apenas na concentrao de lactato da MLSSc dosnadadores em relao aos triatletas (p < 0,05).

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    DISCUSSO

    Para o nosso conhecimento, este o primeiro estudo que comparou a velocidade e a concentrao de lactatosanguneo correspondentes MLSS obtida de forma contnua e intermitente na natao. Nosso principal achadofoi que o modelo de exerccio intervalado utilizado neste estudo permite um aumento de aproximadamente 3%na intensidade do exerccio correspondente MLSSi, sem a correspondente modificao da concentrao delactato. Alm disso, o nvel de desempenho aerbio (v400 e MLSSc) parece no influenciar nessecomportamento.

    Os valores de v400 foram significantemente maiores nos nadadores do que nos triatletas. Essa intensidade temsido tradicionalmente utilizada para estimar a velocidade aerbia mxima na natao, ou seja, a intensidadeonde o VO2max atingido durante o exerccio incremental

    (16). Confirmando indiretamente essa possibilidade,verificamos recentemente em nosso laboratrio que a v400 no foi diferente da velocidade final de um testeincremental realizado em um grupo de nadadores com diferentes nveis de performance(19). Do mesmo modo,a MLSSc foi maior nos nadadores, mostrando que a capacidade aerbia tambm foi diferente entre os grupos.Assim, as diferenas na potncia (v400) e a capacidade aerbia (MLSSc) entre os grupos indicam que o objetivode analisar atletas com diferentes nveis de desempenho aerbio foi alcanado.

    Poucos estudos tm analisado o efeito da interrupo do exerccio na MLSS. Beneke et al.(4) verificaram que asMLSSi determinadas com pausa passiva de 30s (300W) ou 90s (310W) foram 8% e 11% acima da MLSSc,respectivamente. Em nosso estudo, os indivduos atingiram a MLSSi em uma intensidade aproximadamente 3%maior do que a MLSSc. A comparao entre esses estudos no pode ser feita diretamente, pois a relao

    esforo-pausa (10:1 e 3,3:1) e o tipo de exerccio (ciclismo) foram diferentes do presente estudo (2:1 enatao, respectivamente). De qualquer modo, levando-se em considerao que na natao a potncia exercidapelo nadador para vencer a resistncia imposta pela gua est relacionada com o cubo da velocidade, pode-severificar que o aumento da intensidade observado em nosso estudo similar ao obtido por Beneke et al.(4).

    Em nosso estudo, apesar de a durao da pausa ter sido proporcionalmente curta (30s) em relao duraodo estmulo (2,5 min.), provavelmente houve restaurao parcial das reservas de creatina fosfato(20) eremoo parcial do lactato, que podem ter contribudo para que o atleta conseguisse atingir uma intensidademaior, porm, com a mesma resposta metablica. Durante cada intervalo de descanso, a taxa glicoltica reduzida enquanto o consumo de oxignio total do organismo continua elevado. Em condies de saturao desubstrato, situao bastante comum na intensidade estudada, a taxa de remoo do lactato diretamenterelacionada com o consumo de oxignio(21). Alm disso, Beneke(2) demonstrou que um perodo de cincominutos de esforo insuficiente para o lactato sanguneo poder atingir estabilidade. Portanto, assumindo que

    na intensidade de MLSS a taxa da gliclise seria relativamente constante, repetidos intervalos de descansopreveniram que a [La] atingisse um estado estvel em um maior valor, podendo explicar a semelhana nasconcentraes de lactato entre a MLSSc e MLSSi.

    A nossa hiptese de que o nvel de rendimento aerbio pudesse interferir na intensidade correspondente MLSSi no foi confirmada, j que os aumentos percentuais foram similares entre os grupos (Figura 1). Aprimeira possibilidade para explicar esse comportamento o fato de que as diferenas percentuais entre osgrupos nos ndices analisados (v400 = 8% MLSSc = 12%) possam ser insuficientes para modificar as respostasmetablicas durante o exerccio intermitente. Sem excluir essa hiptese, deve-se considerar tambm que av400 e mesmo a MLSSc no so determinadas apenas por diferenas nas capacidades metablicas dos gruposanalisados. Na natao, a habilidade tcnica tambm contribui de modo importante no gasto energtico e,consequentemente, no desempenho. Assim, importante lembrar que uma parte das diferenas entre os gruposna v400 e MLSSc pode ter sido determinada pelo aspecto tcnico, o qual no modificaria as respostas

    metablicas durante a recuperao. Essas consideraes apontam para pelo menos duas importantesimplicaes. A primeira que os dados aqui obtidos no deveriam ser diretamente aplicados no ciclismo ecorrida, onde a influncia da tcnica no desempenho e nos ndices fisiolgicos proporcionalmente menor. Poroutro lado, nossos dados permitem afirmar que o nvel de desempenho aerbio no parecer ser importante noajuste da prescrio do treinamento intervalado em relao intensidade obtida em protocolos de exercciocontnuo na natao.

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    Em nadadores de endurancee triatletas, parte importante do treinamento realizada em intensidades prximas MLSS. Assim, com base em nossos resultados, a realizao de sesses de treinamento para a melhora dacapacidade aerbia desses atletas de forma intermitente pode ter importantes vantagens. A primeira apossibilidade de realizar maior intensidade com condio metablica similar, o que pode resultar em maiorcarga de treinamento(9)e menor risco de supertreinamento(4). Esse aspecto deve ser levado em consideraopor tcnicos e atletas, j que, particularmente em indivduos treinados, a intensidade um dos principaisaspectos que determinam a melhora da capacidade e daperformance aerbia(9). Entretanto, sugere-se que oprotocolo de determinao da MLSS observe as caractersticas do treino intervalado (durao do estmulo e dapausa), para que este se aproxime ainda mais das condies reais de treinamento. A MLSSi determinadasnessas condies parece ser vlida para o controle dos efeitos do treinamento, pois o aumento da mesma em

    relao a MLSSc foi similar entre os dois grupos.

    CONCLUSO

    Com base nos resultados deste estudo, pode-se concluir que o modelo de exerccio intervalado utilizado permiteum aumento de aproximadamente 3% na intensidade do exerccio correspondente MLSS, sem acorrespondente modificao da concentrao de lactato nessa intensidade, independente do nvel dedesempenho aerbio (v400 e MLSSc). importante que essas diferenas sejam consideradas ao se realizar aprescrio do treinamento intervalado a partir do protocolo contnuo de determinao da MLSS.

    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem o apoio financeiro da Fapesp e do CNPq.

    Todos os autores declararam no haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo.

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