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Efeitos na aptidão física e cognição de um programa de dança para a terceira idade Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do grau de Mestre em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do Decreto-Lei nº74/2006 de 24 de Março. Orientação: Professora Doutora Maria de Lurdes Tristão Ávila Carvalho Professora Doutora Maria Joana Mesquita Cruz Barbosa de Carvalho Mestranda: Mariana Freitas da Silva Porto, 2019

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Efeitos na aptidão física e cognição de um

programa de dança para a terceira idade

Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto,

com vista à obtenção do grau de Mestre em Atividade Física para a Terceira

Idade, ao abrigo do Decreto-Lei nº74/2006 de 24 de Março.

Orientação: Professora Doutora Maria de Lurdes Tristão Ávila Carvalho

Professora Doutora Maria Joana Mesquita Cruz Barbosa de Carvalho

Mestranda: Mariana Freitas da Silva

Porto, 2019

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Silva, M. (2019). Efeitos na aptidão física e cognição de um programa de dança

para a terceira idade. Porto: M. Silva. Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: DANÇA, ENVELHECIMENTO, ATIVIDADE FÍSICA,

APTIDÃO FÍSICA, COGNIÇÃO

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Dedicatória

Aos meus pais, Sônia Terezinha e Severino,

que tornaram mais esta meta possível.

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V

Agradecimentos

À Professora Doutora Lurdes Ávila, por todo o apoio, compreensão,

ensinamentos e disponibilidade para orientar e me ajudar na elaboração deste

trabalho.

À Professora Doutora Joana Carvalho, por toda contribuição, ajuda e por

possibilitar a mediação do meu encontro com os alunos da RUTIS Porto.

A todos os participantes do estudo, alunos queridos da turma de Dança da

Universidade Sénior RUTIS Porto, por toda a presença, dedicação,

disponibilidade, colaboração, e por tudo o que compartilharam comigo durante o

processo.

Aos meus pais e à minha família, pelo imenso apoio nesta caminhada e por

tornarem possível a realização e concretização dos meus estudos.

Aos meus colegas e amigos, por todo o apoio e escuta neste processo. Em

especial, a Victor, que sempre me apoiou, me encorajou e cuja ajuda foi

indispensável para a realização deste trabalho.

Aos meus professores de dança, que me ensinaram esta arte tão importante,

para que hoje eu pudesse repassá-la para outras pessoas e dar continuidade

aos ensinamentos que tive.

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VII

Índice Geral

Dedicatória ........................................................................................................ III

Agradecimentos ................................................................................................. V

Índice Geral ...................................................................................................... VII

Índice de Tabelas .............................................................................................. XI

Índice de Anexos ............................................................................................. XIII

Resumo ............................................................................................................ XV

Abstract .......................................................................................................... XVII

Lista de abreviaturas ....................................................................................... XIX

1. Introdução ...................................................................................................... 1

Capítulo I ............................................................................................................ 5

2. Revisão da Literatura ..................................................................................... 7

2.1 Envelhecimento Populacional .............................................................. 7

2.2 Envelhecimento Biológico .................................................................... 9

2.3 Envelhecimento Ativo ........................................................................ 12

2.4 Atividade Física e Terceira Idade ....................................................... 14

2.5 Dança e Terceira Idade...................................................................... 14

2.5.1 Breve História da Dança ......................................................... 15

2.5.2 Elementos da Dança .............................................................. 20

2.5.2.1 Movimento .................................................................. 21

2.5.2.2 Espaço ........................................................................ 21

2.5.2.3 Som, Ritmo e Tempo .................................................. 22

2.5.2.4 Corpo .......................................................................... 23

2.5.2.5 Coreografia ................................................................. 23

2.6 Benefícios da Dança para a Terceira Idade ....................................... 25

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VIII

2.6.1 Dança e Aptidão Física .......................................................... 26

2.6.1.1 Equilíbrio ..................................................................... 26

2.6.1.2 Flexibilidade ................................................................ 28

2.6.1.3 Força muscular ........................................................... 30

2.6.1.4 Resistência Aeróbia .................................................... 31

2.6.2 Dança e cognição ................................................................... 31

Capítulo II ......................................................................................................... 35

3. Objetivos e Hipóteses .................................................................................. 37

3.1 Objetivo Geral .................................................................................... 37

3.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 37

3.3 Hipóteses ........................................................................................... 37

Capítulo III ........................................................................................................ 39

4. Materiais e Métodos ..................................................................................... 41

4.1 Caracterização da Amostra ................................................................ 41

4.2 Procedimentos ................................................................................... 41

4.3 Descrição Metodológica ..................................................................... 42

4.4 Instrumentos ...................................................................................... 46

4.4.1 Questionário Sociodemográfico/Estado de Saúde ................. 47

4.4.2 Avaliação Antropométrica ....................................................... 47

4.4.3 Senior Fitness Test ................................................................. 47

4.4.4 Escala de Equilíbrio Tinetti ..................................................... 48

4.4.5 Montreal Cognitive Assessment (MoCA) ................................ 49

4.5 Procedimentos estatísticos ................................................................ 50

Capítulo IV........................................................................................................ 51

5. Resultados ................................................................................................... 53

5.1 Características antropométricas ........................................................ 53

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IX

5.2 Avaliação dos objetivos propostos ..................................................... 53

Capítulo V......................................................................................................... 55

6. Discussão ..................................................................................................... 57

7. Conclusão .................................................................................................... 59

8. Bibliografia .................................................................................................... 61

9. Anexos ...................................................................................................... XXIII

9.1 Anexo 1 – Termo de autorização .................................................... XXV

9.2 Anexo 2 – Questionário Sociodemográfico .................................... XXVI

9.3 Anexo 3- Questionário de Estado de Saúde (SF-36V2) ................ XXIX

9.4 Anexo 4 – Senior Fitness Test ..................................................... XXXIII

9.5 Anexo 5 – Avaliação do Equilíbrio Tinetti ..................................... XXXIX

9.6 Anexo 6 – Montreal Cognitive Assessment (MoCA) ......................... XLI

9.7 Anexo 7 – Planos de aula ................................................................ XLII

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XI

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Resumo dos temas e conteúdos da dança. ................................... 24

Tabela 2 – Características antropométricas dos participantes antes e após a

intervenção. ...................................................................................................... 48

Tabela 3 - Comparação dos resultados do Senior Fitness Test, do Equilíbrio

Tinetti e da escala MoCA antes e após a intervenção. .................................... 49

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Índice de Anexos

9.1 Anexo 1 – Termo de autorização ............................................................ XXV

9.2 Anexo 2 – Questionário Sociodemográfico ............................................ XXVI

9.3 Anexo 3- Questionário de Estado de Saúde (SF-36V2) ......................... XXIX

9.4 Anexo 4 – Senior Fitness Test ............................................................. XXXIII

9.5 Anexo 5 – Avaliação do Equilíbrio Tinetti ............................................. XXXIX

9.6 Anexo 6 – Montreal Cognitive Assessment (MoCA) .................................. XLI

9.7 Anexo 7 – Planos de aula......................................................................... XLII

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Resumo

O envelhecimento populacional é um fenómeno que está a ocorrer de forma

progressiva em todo o mundo. As estimativas são de que até ao ano de 2050, a

população mundial acima dos 60 anos ultrapasse o dobro em relação à atual.

Neste mesmo panorama, o aumento da população idosa remete às

necessidades de uma maior participação destes grupos etários na sociedade, e

na prática de atividade física, na tentativa de se diminuir as limitações causadas

pela idade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto da prática regular da

dança na aptidão física e cognição num grupo heterogêneo de idosos. A amostra

foi constituída por 22 indivíduos, com idades entre 65 e 85 anos, frequentadores

da Universidade Sénior RUTIS Porto, da Associação Mutualista Montepio, no

Porto. Os idosos participantes da pesquisa foram submetidos a 90 minutos de

um programa de dança, uma vez por semana, durante um período de 6 meses.

No momento pré e pós intervenção, foram utilizados os seguintes testes: Senior

Fitness Test, Escala de equilíbrio Tinetti e Montreal Cognitive Assessment

(MoCA). Os resultados revelaram que a dança contribuiu para aumentar a

flexibilidade e força muscular de membros superiores e membros inferiores,

agilidade, resistência aeróbia, equilíbrio e cognição de indivíduos idosos, com

melhorias significativas em todos os aspetos avaliados após a intervenção. Estes

dados sugerem que um programa semanal de dança tem potencial para

melhorar a aptidão física e cognição em indivíduos em fase de envelhecimento.

PALAVRAS CHAVE: DANÇA, ATIVIDADE FÍSICA, ENVELHECIMENTO,

APTIDÃO FÍSICA, COGNIÇÃO

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Abstract

Population aging is a phenomenon that has been progressively occurring

worldwide. It is estimated that by the year 2050, the world's population over 60

will more than double its current size. With the increase of the elderly

population, there is also the need to promote a greater participation of these

groups in the active society and, for this purpose, the practice of physical

activity is essential in the attempt to reduce the limitations caused by age. The

aim of this work was to conduct a research study in order to access\evaluate

the impact of regular dance practice on the overall physical fitness and

cognition in a heterogeneous group of elderly individuals. The sample was

composed of 22 individuals, aged between 65 and 85 years old, attending the

RUTIS Porto. The participants of the research study underwent 90 minutes of a

dance program once a week for a period of 6 months. Before and after the

weekly intervention, the following evaluation tests were applied: Senior Fitness

Test, Tinetti Balance Scale and Montreal Cognitive Assessment (MoCA). The

results revealed that dance contributes to an overall increase in flexibility,

muscle strength of both upper and lower limbs, agility, aerobic endurance and

balance. Further to this, elderly subjects also showed an increase in cognitive

ability. In conclusion, the results indicate that a weekly dance program has the

potential to improve physical fitness along with the benefits of increased

cognitive health in elderly individuals.

KEY WORDS: DANCE, PHYSICAL ACTIVITY, AGING, PHYSICAL FITNESS, COGNITION

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Lista de Abreviaturas

ACSM – American College of Sports Medicine

cm – centímetros

IMC – Índice de Massa Corporal

INE – Instituto Nacional de Estatística

kg – quilogramas

m – metros

MoCA – Montreal Cognitive Assessment

OMS – Organização Mundial de Saúde

SFT – Senior Fitness Test

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aumento da

população idosa está a ocorrer em grandes proporções em todo o globo. As

estimativas são de que até o ano de 2050, a população com mais de 60 anos

seja de aproximadamente 22% da total (OMS, 2015).

O que ocorre em Portugal não é diferente do resto do mundo. A diminuição

nos índices de mortalidade e fecundidade de forma concomitante com o aumento

da expetativa média de vida, reflete-se no aumento da população idosa

portuguesa. As estimativas são de que o país, que já apresenta uma população

considerada envelhecida (Nunes, 2017), passará de 147 para 317 idosos para

cada 100 jovens até 2080 segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE,

2017).

Uma população mais idosa traz diversas repercussões para as

sociedades e seus governos (Bloom et al., 2011). Mudanças nas composições

familiares e de infraestrutura das cidades, sobrecargas nos sistemas de saúde e

previdenciário, além de uma menor produtividade econômica são esperados

(Lisenkova et al.,2013; Mahlberg, 2013).

No que se refere à biologia, o envelhecimento pode ser considerado um

conjunto que processos que ocorrem em níveis micro e macroscópicos e que

levam à perda ou diminuição de capacidades ou funcionalidades (Spirduso,

2005). As mudanças que ocorrem com a velhice trazem consigo o maior risco

no desenvolvimento de limitações e doenças (Harman, 2003)

A Organização Mundial de Saúde utiliza o termo “envelhecimento ativo”

para caracterizar a potencialização nas condições de saúde, participação e

segurança em busca da melhoria da qualidade de vida dos indivíduos ou grupos

que envelhecem. Através do envelhecimento ativo, é esperado o aumento na

expetativa de vida, associada a uma melhoria na qualidade com diminuição dos

efeitos causados pela velhice (OMS, 2002).

A promoção da saúde, que é um dos pilares do envelhecimento ativo,

através da atividade física regular, pode trazer grandes melhorias na qualidade

de vida durante o envelhecimento (OMS, 2002). Segundo o American College of

Sports Medicine (ACSM, 2011), o exercício físico regular previne o surgimento

de doenças e limitações causadas pelo sedentarismo e velhice, além de

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promover a saúde e bem-estar.

A dança, como forma de atividade física regular, pode abrandar vários dos

efeitos resultantes do envelhecimento (Checom & Gomes, 2015). A melhoria

pode ser percebida no bem-estar geral, cognição, atividade motora, equilíbrio,

entre outros (Checom & Gomes, 2015).

De acordo com Cruz-Ferreira et al. (2015), a dança tem potencial no que

se refere aos benefícios físicos, funcionais, sociais e neurocognitivos de

indivíduos em fase de envelhecimento, além de possibilitar o aumento da

qualidade de vida desta população.

Assim, considerando as repercussões observadas pelas mudanças e

perdas físicas e cognitivas de indivíduos em fase de envelhecimento, torna-se

pertinente estudar o potencial da dança, como atividade física regular, num

grupo de idosos da comunidade.

Desta forma, o presente estudo traz como principal objetivo averiguar

sobre os efeitos da dança na aptidão física e cognição em indivíduos idosos,

através de um programa de prática semanal de dança. Para isso recorremos a

um grupo heterogêneo de idosos participantes do espaço da Universidade

Sénior RUTIS Porto, da Associação Mutualista Montepio.

Face ao exposto, esta dissertação expõe inicialmente o envelhecimento a

partir de um contexto demográfico. São indicadas as principais causas para o

aumento da população idosa e as repercussões geradas por este crescimento,

que se torna mais expressivo com o tempo, não apenas em Portugal, mas

também a nível mundial. Em seguida, aponta-se o aspeto biológico do processo

de envelhecimento, ao descrever diferentes conceitos e evidenciar as limitações

que são observadas de forma diferente por cada indivíduo, assim como as

medidas propostas, através da atividade física, para diminuir e/ou prevenir estas

questões.

Expomos os conceitos da dança como atividade física e artística,

elucidando seu importante papel na história da humanidade e sua relação na

melhoria da aptidão física e cognitiva em pessoas idosas. Através da bibliografia,

pudemos constatar os seus benefícios, referentes à saúde física e cognitiva de

pessoas na terceira idade, ao relacionar diretamente a dança com a melhoria da

qualidade de vida dos grupos e indivíduos que a praticam de forma regular.

Em seguida, apresentamos a metodologia e sistemas adotados para a

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realização do estudo, que englobam e caracterizam a amostra e os métodos

utilizados para a sua avaliação. São posteriormente apresentados os resultados

obtidos através da análise estatística dos dados recolhidos nos momentos pré e

pós intervenção do grupo que fez parte da investigação que compôs este

trabalho acadêmico.

Através da comparação dos resultados obtidos neste estudo, com os

resultantes de trabalhos semelhantes, apresentamos a discussão dos resultados

obtidos e interpretados nesta investigação. Segue-se posteriormente a síntese

conclusiva, que transcreve os objetivos e hipóteses estabelecidas. Por último,

apresentamos as referências bibliográficas que foram utilizadas para a

construção deste trabalho acadêmico.

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Capítulo I

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

A população mundial, com o passar dos anos, tem passado por uma

transição contínua caracterizada por um aumento das taxas de natalidade e

diminuição da taxa de mortalidade. Com essa transição, há também o aumento

progressivo da proporção de pessoas idosas e da esperança de vida, além da

diminuição relativa do número de jovens (Kalache, 1987).

O envelhecimento populacional compreende a população total e

classifica-a como jovem ou envelhecida através do cálculo de proporção

realizado entre a quantidade de indivíduos jovens e idosos presentes (Almeida,

2012). Define-se uma população envelhecida demograficamente pelo aumento

da importância, em termos numéricos, de pessoas idosas no total populacional

(Carrilho & Gonçalves, 2004).

O aumento progressivo da proporção de pessoas idosas, é um fator que

se deve à melhoria visível das condições de vida e às consequências do

desenvolvimento mundial. Este fenómeno de inversão do perfil das pirâmides

etárias é mundial, apesar de ser maior e mais evidente em países desenvolvidos

(Farinatti, 2008).

O envelhecimento populacional é um fenómeno global que tem crescido

significativamente nas últimas décadas. Segundo a Organização Mundial de

Saúde (OMS), houve um aumento considerável no número de pessoas acima

de 60 anos de idade nos últimos anos e de acordo com as projeções, a tendência

é que esse número continue a aumentar futuramente devido à diminuição da

taxa de natalidade e ao aumento da expectativa de vida. (OMS, 2002)

Este aumento também pode ser relacionado a diversos fatores, como a

mudanças nos modelos sociais e culturais adotados, o aumento dos direitos e

da participação das mulheres no mercado de trabalho e maior difusão de

métodos contraceptivos (Dias & Rodrigues, 2012). A melhoria nas condições

sociais e políticas públicas voltadas para a qualidade de vida, saúde e, por

consequência, o acréscimo na expetativa de vida média das pessoas também

tem importante correlação no aumento da população idosa (Marques et al.,

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2016).

Estima-se que, em todo o mundo, o número de pessoas com 60 anos ou

mais é agora mais de 962 milhões, o que constitui 13% da população mundial.

A expectativa é que esse número possa dobrar até o ano de 2050 (OMS, 2002).

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE, 2017), Portugal

também está a seguir o mesmo caminho de acordo com os padrões europeus e

mundiais de envelhecimento. Com o levantamento feito no ano de 2017,

concluiu-se que a população residente em Portugal teve um crescimento

negativo de -0,18 %, quando comparado ao ano de 2016. Por outro lado, neste

mesmo período, ocorreu um aumento no número de idosos que residem em no

país, representando cerca de 21,5% da população total.

Uma população mais envelhecida traz grandes repercussões em uma

sociedade, principalmente em relação às questões sócio-econômicas. Este

fenómeno traz preocupações aos governos, principalmente nos países mais

desenvolvidos, onde o aumento da população idosa é mais expressivo (Bloom

et al., 2011).

Uma população mais velha significa também uma menor taxa de

natalidade (Carrilho & Gonçalves, 2004), e traz como consequência a mudança

das estruturas sociais e familiares. Uma sobrecarga dos sistemas de saúde

também é esperada, assim como uma menor produtividade laboral e econômica

(Lisenkova et al., 2013; Mahlberg, 2013).

Em Portugal, há uma sociedade considerada envelhecida e este

fenômeno concentra-se principalmente nas regiões do interior do país (Marques

et al., 2016; Nunes, 2017; Santana, 2000). Facto este correlacionado pela alta

procura da população mais produtiva por postos de emprego, nas cidades mais

urbanas e com maior concentração de capital, como por exemplo, Porto e Lisboa

(Dias & Rodrigues, 2012).

O crescimento negativo se dá diante de alguns fatores principais como o

aumento da taxa de migração, que fez o país reduzir boa parte da sua população

jovem, e também pelo baixo índice de natalidade. Portugal assim como Espanha,

Itália, Áustria e Grécia, tem seu número de nascimentos muito abaixo do

esperado para a reposição natural da sua população (Nagarajan, 2016).

Entre os anos de 1950 e 2011, apesar do crescimento geral da população

portuguesa, ocorreu um decréscimo entre as pessoas de 0 a 14 anos (-37%),

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assim como entre as de 15 a 24 anos (-27%). Em contramão, no grupo de

indivíduos com idade igual ou superior aos 65 anos ocorreu um aumento em

torno de 241% neste mesmo período (Bandeira et al., 2014).

Carrilho e Gonçalves (2004) também demonstram este aumento na

população portuguesa com idade igual ou superior aos 65 anos tendo mais que

dobrado entre os anos 1960 e 2001. O autor ainda afirma que a estimativa seja

de que até o ano de 2050, a população idosa de Portugal faça parte de

aproximadamente 32% do total de habitantes.

Para Marques et al. (2016), as mudanças demográficas ocorridas não

devem repercutir apenas como um problema. A partir do investimento para

adaptação das pessoas idosas a suas necessidades, de forma a garantir a sua

autonomia e qualidade de vida, é possível melhorar a economia a partir da

criação de novos postos de trabalho.

A partir da perspetiva de que o envelhecimento é uma fase a ser

aproveitada, e não um problema a ser solucionado, há a noção de que iniciativas

voltadas para o desenvolvimento do indivíduo, em todas as idades, devem ser

estimuladas. A melhoria da qualidade de vida do idoso, com atenção às suas

necessidades sociais e culturais, impactaria de forma benéfica para a sociedade

como um todo (Farinatti, 2008)

Dificuldades financeiras, problemas com pensões, reformas e no sistema

de saúde são barreiras a serem quebradas pelos governos de países com uma

população envelhecida (Lisenkova et al., 2013). Falhas em políticas públicas

gerais adotadas para os idosos são esperadas quando trata-se esse grupo etário

de forma uniforme e por não considerar a heterogeneidade desta parcela da

população (Dias & Rodrigues, 2012).

É importante que esse processo de envelhecimento das sociedades seja

acompanhado de intervenções que possam dar suporte e assegurar a integração

social e a qualidade de vida dos indivíduos idosos, para que estes possam dar

continuidade à sua contribuição na sociedade (Farinatti, 2008).

2.2. ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

O envelhecimento pode ser descrito como um processo ou um conjunto

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de processos, inerente a todos os seres vivos, em que ocorrem alterações físicas

e fisiológicas, perda da capacidade de adaptação e diminuição da funcionalidade

(Spirduso, 2005).

O envelhecimento é compreendido como um processo natural, e não

pode, por si só, ser considerado como uma doença (Callahan, 1998).

Em ordem cronológica, existem dois parâmetros mais utilizados para se

definir o envelhecimento em uma população. São eles, o tempo máximo de vida

e a expectativa média de vida dos indivíduos que compõem o grupo populacional

a ser estudado (Balcombe, 2001).

O processo de envelhecimento, de forma cronológica, é associado ao

processo em que cada ser vivo vivencia a partir do seu nascimento até o

momento da sua morte. É possível afirmar então que, nesse sentido, tempo e

cronologia estão diretamente associados e vistos como sinônimos (Spirduso,

2005).

De acordo com Ladislas (1995), o envelhecimento pode ser definido e

caracterizado pela incapacidade progressiva do organismo de adaptar-se às

condições variáveis do seu ambiente e têm mecanismos irreversíveis.

O declínio das capacidades faz com que o indivíduo idoso tenha propensão a

doenças cardiovasculares, doenças crónicas respiratórias, cancro, doenças

músculo-esqueléticas e desordens mentais ou neurológicas.

O envelhecimento, de acordo com a biologia, é comumente definido como

as diversas mudanças deletérias que ocorrem nas células e, consequentemente,

em tecidos e órgãos que são compostos por elas. Com o avançar da idade, as

consequências refletem uma maior fragilidade e o aumento do risco em

desenvolver doenças e morte. (Harman, 2003) O conceito biológico de

envelhecimento retrata de forma diferente o envelhecimento entre grupos etários

distintos. O processo que ocorre em crianças e adolescentes é visto como um

processo de desenvolvimento. Em contramão, quando analisado em adultos e

em idosos, o envelhecimento é associado a disfunções e diminuição das

capacidades gerais no organismo (Spirduso, 2005).

Para Paúl (2005), além do processo biológico envolvido, o que a autora

denomina de senescência, também existe o envelhecimento social, relativo ao

papel exercido em sua sociedade, e o envelhecimento psicológico. Este último

se reflete na tomada de decisões do próprio indivíduo, ao experimentar e

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vivenciar o seu próprio processo de senescência e envelhecimento.

O envelhecimento também pode ser classificado como primário ou

secundário. O primeiro reflete as transformações gerais que ocorrem por

consequência da idade, sem estar relacionadas com processos de doenças ou

fatores ambientais. O segundo seria um processo mais célere, resultante de

enfermidades e/ou fatores ambientais que o indivíduo ou grupo está sujeito

(Spirduso, 2005)

De acordo com Birren e Schroots (1996), o envelhecimento primário pode

ser compreendido como o conjunto de mudanças intrínsecas, progressivas,

irreversíveis e comuns a todos os seres vivos. O envelhecimento secundário

seriam as mudanças causadas por doenças que se apresentam no organismo

envelhecido por sua maior vulnerabilidade e pelo aumento da probabilidade de

exposição aos fatores de risco.

Para Spirduso (2005), embora as causas sejam diferentes, o

envelhecimento primário e o secundário possuem forte interação, uma vez que

as doenças e o stress ambiental podem acelerar os processos básicos do

envelhecimento.

O envelhecimento terciário refere-se ao período terminal, caracterizado

pelo aumento significativo das perdas funcionais, físicas e cognitivas, resultando

na ocorrência de morte (Birren & Schroots, 1996).

As teorias biológicas do envelhecimento examinam o processo

relacionado ao declínio e à degeneração das funções e estruturas das células e

dos sistemas orgânicos, e tendem a focalizar os problemas que podem afetar a

precisão do sistema, sejam de origem genética, metabólica, celular ou molecular

(Farinatti, 2008).

As teorias biológicas do envelhecimento podem ser divididas em genético-

desenvolvimentistas, em que o envelhecimento é compreendido como um

continuum controlado ou programado geneticamente, e teorias estocásticas, que

sustentam a hipótese de que o envelhecimento dependeria do acúmulo de

agressões ambientais que atingem um nível incompatível com a manutenção

das funções orgânicas e da vida (Farinatti, 2008).

O processo de envelhecimento é uma experiência única para cada

indivíduo. Os componentes genéticos, ambientais e socioeconômicos

envolvidos, fazem com que se torne diferente, mesmo em grupos populacionais

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parecidos e em pessoas de um mesmo grupo famíliar (Moraes & Souza, 2005).

Com o aumento da idade, surge também a maior possibilidade no

surgimento de limitações físicas e psicológicas, assim como o aparecimento de

doenças crónicas. Apesar dos avanços que ocorrem na área da medicina para

minimizar os efeitos do envelhecimento e para o tratamento dos enfermos, é

sabido que as mudanças nos hábitos de vida são necessárias na tentativa de

envelhecer com mais qualidade e saúde (Garcia et al., 2002).

Os dados epidemiológicos demonstram que, os indivíduos que adotam

uma vida mais ativa, com atividades físicas regulares, apresentam um

envelhecimento mais saudável. A mudança nos hábitos de vida leva à prevenção

e à diminuição dos efeitos degenerativos e de limitações resultantes da velhice

(Matsudo et al., 2001).

2.3. ENVELHECIMENTO ATIVO

A partir da perspetiva de envelhecimento saudável, criou-se o conceito de

envelhecimento ativo, que é o processo de otimização das oportunidades de

saúde, participação e segurança com o objetivo de melhorar a qualidade de vida

dos indivíduos mais velhos (OMS, 2002).

Para que haja um envelhecimento saudável, não basta pensar apenas na

assistência à saúde. As dificuldades que surgem com a idade não se limitam

apenas ao tratamento de doenças, mas também a atenção e segurança do idoso

dentro dos ambientes em que estão. Para isso, é imprescindível que outras

necessidades, como o bem-estar psicossocial, financeiro, familiar e em sua

comunidade, sejam devidamente assistidas e cumpridas (Kalache et al., 2002).

O envelhecimento ativo é uma forma de manter a autonomia e a

independência dos idosos e promove a saúde mental e a melhoria das condições

físicas dos mesmos (OMS, 2002).

O objetivo do envelhecimento ativo é o aumento e manutenção da saúde

física e mental, assim como a melhoria na qualidade e expectativa de vida dos

grupos populacionais e indivíduos que estão passando pelo processo de

envelhecimento. Para isso, são necessários esforços por parte de políticas

públicas nos pilares da saúde, participação social e segurança (OMS, 2002).

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Para Paúl (2005), o envelhecimento ativo é contemplado quando existe

autonomia, independência, qualidade de vida e expectativa de vida saudável.

Para o autor, os determinantes do envelhecimento ativo são as características

pessoais de cada indivíduo, suas variáveis comportamentais, económicas, do

meio físico e social, além da saúde e serviços sociais.

O envelhecimento ativo permite o entendimento das pessoas acerca da

importância da sua participação e do exercício dos seus direitos e deveres na

sociedade, de forma a aproveitar dos benefícios, que se refletem destes atos,

em seu bem-estar físico, social e mental no percurso da sua vida (OMS, 2002)

De acordo com Daniel et. al (2016), a perceção de envelhecimento ativo

individual tem grande diferença, no aspeto social, quando se compara homens

e mulheres. Entretanto, para ambos os grupos, algumas palavras chave como,

“família”, “passeio”, “convívio” e “saúde” foram mais relevantes para a qualidade

e satisfação com a vida, o que demonstra a importância das relações sociais

para estes indivíduos.

O envelhecimento ativo apresenta características objetivas e subjetivas

de diversas áreas. No entanto, quando relacionados a satisfação, questões

comportamentais, sociais e econômicas têm se demonstrado de grande

importância (Paúl, 2012).

Os critérios de políticas de intervenção que utilizam apenas a idade e a

segregação social repercutidas por ela são falhos. Para que possa existir o

sucesso das políticas públicas voltadas para o envelhecimento ativo, é

necessária a substituição dos critérios pré-estabelecidos de idade, para novos

conceitos voltados para a necessidade dos indivíduos e da população idosa

(Bárrios & Fernandes, 2014).

O envelhecimento ativo é uma forma de manter a autonomia e a

independência dos idosos e promove a saúde mental e a melhoria das condições

físicas dos mesmos. Dessa forma, é importante ressaltar a inclusão na rotina do

idoso a realização de atividade física regularmente para atenuar os danos físicos

(OMS, 2002).

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2.4. ATIVIDADE FÍSICA E TERCEIRA IDADE

Segundo a ACSM (2011), o exercício físico em idosos pode proporcionar

benefícios significativos ao diminuir os efeitos de uma vida sedentária e

aumentar a qualidade de vida. O exercício físico regular, não somente previne e

atenua a ocorrência de doenças frequentes em indivíduos idosos, como pode

melhorar a sua saúde psicológica e o bem-estar em geral.

De acordo com Caspersen et. al (1985), a atividade física é todo e

qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética voluntária

que resulta em gasto energético acima dos níveis de repouso. Exercício físico é

uma das formas de atividade física planejada, estruturada, sistemática, efetuada

com movimentos corporais repetitivos, com a finalidade de manter ou

desenvolver componentes da aptidão física, que seria o conjunto de

características possuídas ou adquiridas por um indivíduo, relacionadas com a

capacidade de realizar atividades físicas (Spirduso, 2005).

Os exercícios físicos auxiliam na diminuição da sintomatologia de

condições características da terceira idade. A melhoria das capacidades físicas

e mentais como força, equilíbrio, auto estima e disposição, são algumas das

vantagens trazidas após o início e rotina de exercícios moderados (OMS, 2015).

Para Okuma (1998), a atividade em grupo é a melhor opção de atividade

física na terceira idade, por facilitar a integração e fortalecimento de vínculos,

superação de limites físicos, além de reduzir angústias, medos e inseguranças.

A dança, por exemplo, é uma atividade praticada por pessoas de

diferentes faixas etárias, e geralmente é uma prática bem-aceita pelos idosos,

por favorecer as recordações pessoais, apresentar uma grande exploração de

gestos e contribuir para a expressividade e criatividade do indivíduo (Silva &

Mazo, 2007).

2.5. DANÇA E TERCEIRA IDADE

A dança é uma atividade que promove a comunicação e expressão do

ser, através do movimento. É uma atividade que contribui para o aprimoramento

das habilidades básicas e dos padrões fundamentais do movimento, facilita o

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desenvolvimento das potencialidades humanas, a expressão de sentimentos e

a socialização (Ossona, 1988).

Segundo Haas & Garcia (2003), a dança é uma das manifestações

artísticas e culturais mais antigas da história da humanidade, que possibilita a

expressão de sentimentos e emoções através da linguagem corporal.

A prática e a aprendizagem da dança possuem características a lúdicas e

criativas, fatores que possibilitam a valorização da dimensão educativa e artística

da atividade. A dança pode ser compreendida como arte por abranger conteúdos

específicos de expressão estética e por sua natureza conceitual criativa.

(Campeiz & Volp, 2004).

Nanni (1995) afirma que a prática regular da dança possibilita a aquisição de

habilidades corporais e auxilia na melhoria de aspetos sociais, físicos e

psíquicos.

2.5.1. BREVE HISTÓRIA DA DANÇA

A dança surgiu desde as primeiras manifestações místicas e ritualísticas

do homem e sua relação com a natureza. O homem primitivo recorria à dança

para manifestar as suas emoções e expressá-las exteriormente, assim como

para celebrar acontecimentos como a semeadura, a colheita, a caça,

nascimentos, mortes, guerras, cerimônias, estações do ano e outros aspetos de

comunhão com a natureza (Fahlbusch,1990).

As danças antigas auxiliaram o homem na sua busca pelo conhecimento

da natureza, da cultura e da relação com questões religiosas. O homem primitivo

dançava para expressar o que sentia em relação ao seu mundo, para festejar

acontecimentos individuais ou coletivos, para homenagear divindades, para

estabelecer a conexão com os fenómenos e elementos da Natureza (Rengel &

Langendonck, 2006).

Segundo Nanni (1995), os desenhos, gravuras ou pinturas rupestres

delinearam a intencionalidade das práticas corporais, gestos e movimentos, nos

diferentes ciclos da existência do homem. A dança teria sido, primordialmente,

uma forma do homem ter experiências de êxtase, comunhão e descarga

emocional e assim, o movimento permitiu-lhe a comunicação consigo, com a

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natureza e com entidades superiores.

Para esclarecer a trajetória da dança e seu papel no mundo, é importante

destacar a sua história em civilizações antigas como Egito, Índia, Grécia e Roma.

Segundo Fahlbusch (1990), a dança no Egito tinha um caráter ritualístico,

cerimonial ou sagrado. O autor refere ainda que os egípcios dançavam também

para representar os estudos desenvolvidos acerca da astronomia, os

movimentos celestes e a harmonia do universo como um todo.

As danças egípcias sagradas homenageavam, através do movimento,

deuses como o deus Àmon (deus do Sol), a deusa Íris (deusa da lua), deus Bés

(deus da fertilidade), entre outros. A dança que era apresentada em funerais

egípcíos traziam um outro significado: a crença de que os movimentos

interferiam e assegurariam a passagem do morto para uma nova vida (Rengel &

Langendonck, 2006).

A dança na cultura grega ocupava um papel importante e fazia parte dos

ritos religiosos, nas festas, na educação e na vida quotidiana do cidadão grego.

Os gregos acreditavam na força da dança mágica, ou seja, a dança que tinha a

capacidade de influenciar os fenómenos naturais e invocar as divindades gregas,

como por exemplo o deus Dionísio, considerado na cultura grega o deus da

fertilidade e do vinho (Rengel & Langendonck, 2006).

Em países como a Índia, a dança possuía uma forte conexão com as

manifestações sagradas e religiosas. As dançarinas consideradas sagradas

faziam parte de uma classe detentora de privilégios e dançavam em templos, em

cerimônias e festividades. A dança sagrada indiana é codificada, pois consiste

na execução e repetição de gestos, movimentos e ritmos registados em códigos

(Ossona,1988).

A dança indiana tem origem na invocação a Shiva, deus da Dança, e os

movimentos das danças tradicionais têm como característica a simetria e a

rigorosidade na semelhança da execução. Os gestos utilizados nas coreografias

são chamados de mudras e, segundo a tradição, são atribuídos a eles valores

espirituais e significados específicos (Rengel & Langendonck, 2006).

Em Roma, a trajetória da dança pode ser definida por três períodos

distintos: primeiramente, a dança representada por sacerdotes, com funções

religiosas; a dança social de divertimento e a serviço da arte dramática e a dança

artística independente, realizada por profissionais, com estilo pantomímico,

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representada em circos ou festas privadas das classes mais privilegiadas

(Ossona, 1988).

Segundo Fahlbusch (1990) é possível perceber que a dança na

Antiguidade tinha um papel similar em diferentes contextos: o papel de dança

ritual, dança sagrada e dança mística, de acordo com as manifestações da

natureza, atividades e ciclos da vida e da existência. Com o passar do tempo, a

dança saiu do lugar de manifestação emocional e religiosa e sofreu mudanças

de acordo com as instituições da existência social dos homens, transformando-

se numa ação estética de carácter artístico e de espetáculo.

Segundo Rengel & Langendonck (2006), um marco importante na história

da dança aconteceu a partir do século XV: o desenvolvimento do ballet. O ballet

europeu surgiu em Itália com a finalidade de divertir e entreter a corte e a

nobreza, mas foi em França que o ballet exerceu maior influência. Com o reinado

de Luís XIV (1638-1715), a arte do ballet foi oficialmente consagrada e houve

um movimento de profissionalização do ballet, que deixou de ser uma arte

exclusiva da corte. O rei Luís XIV fundou a Academia Real da Música e da

Dança, o que possibilitou a expansão da arte e do ballet europeu.

É importante citar nesse contexto a contribuição do francês Jean-Georges

Noverre (1727-1810), que foi o artista responsável pela criação dos espetáculos

de dança independente das festas da corte, que contribuiu diretamente para que

a dança fosse levada aos palcos dos teatros franceses. Noverre também

contribuiu para a construção de um novo formato de dança, com ideais que

buscavam levar a arte e a cultura para todos (Rengel & Langendonck, 2006).

Segundo Fallbusch (1990), o ballet teve influência dos movimentos

artísticos de cada época e, com o surgimento do Romantismo na Europa, surgiu

também o ballet romântico. As histórias românticas tinham como temática o amor

e os sonhos, e a bailarina romântica passou a ser uma figura idealizada e etérea,

o que resultou na utilização de vestimentas leves e a introdução das sapatilhas

de ponta na dança.

De acordo com Bourcier (1987), a Rússia também teve grande relevância

na história da dança, com a renovação do ballet clássico, primeiramente com a

criação da Companhia de Ballet Russo, dirigida por Sergei Diaghilev (1872-

1929). As obras dos ballets russos eram originais e incorporavam temas

folclóricos à técnica clássica. As coreografias traziam um novo estilo, e foram

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consideradas polêmicas e provocativas para a época. Diaghilev desempenhou

um papel fundamental na história da dança, o que resultou na produção de

grandes espetáculos e estabeleceu o reconhecimento de bailarinos e

coreógrafos russos como artistas de renome da Dança.

A partir das mudanças que aconteceram na produção e realização da

dança, surgiu a dança moderna, impulsionada por uma nova conceção de

movimentos do corpo e norteada por ideias e pensamentos diferentes das

técnicas e temáticas clássicas. A dança moderna permitiu aos bailarinos

dançarem com os pés descalços, utilizarem o corpo em contato direto com o

solo, movimentarem o tronco de forma flexível, entre outros aspetos (Rengel &

Langendonck, 2006).

Nesse contexto da dança, é importante referir artistas que contribuíram

para o desenvolvimento da dança moderna. François Delsarte, nascido em 1811,

foi considerado um precursor dos princípios fundamentais da dança moderna e

estabeleceu uma precisa linguagem corporal, baseada na expressividade dos

bailarinos e no gesto como manifestação de emoções e sentimentos (Fallbusch,

1990).

Isadora Duncan (1878-1927) também contribuiu para o início da dança

moderna, nos Estados Unidos. A bailarina acreditava que a dança seria o

resultado de um movimento interno, cujos princípios essenciais seriam a

expressão das suas próprias emoções, a contemplação da natureza e a

libertação da mulher. Duncan rejeitava o artificialismo do ballet e as sapatilhas

de ponta, dançava de pés descalços e utilizava túnicas soltas, ao estilo dos

antigos gregos (Bourcier, 1987).

Ruth St. Denis (1878 – 1968) foi uma bailarina que, por influência das

ideias de Duncan, considerou a dança como forma de expressão artística e

utilizava temáticas místicas e religiosas. Criou, juntamente com Ted Shawn

(1891 – 1972), a escola de dança Denishawn, voltada para o ensino geral da

dança, espaço que fez emergir outros bailarinos-coreográfos que,

posteriormente, vieram a ser considerados representantes da geração histórica

da dança moderna, como Martha Graham (1894 – 1991) e Doris Humphrey

(1895 – 1958) (Fahlbusch, 1990).

Rudolf von Laban (1879 – 1958), por sua vez, contribuiu com os seus

estudos do movimento para a teorização e organização estrutural da dança.

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Laban acreditava que, assim como a música, a dança poderia ser escrita, e a

partir desse pensamento, publicou uma sistematização e anotação de

movimentos, chamada de labanotation (Laban, 1978). O método Laban é

caracterizado pela sua precisão em conservar a coreografia no seu estado

original. O seu método tem princípios simples e claros, como a divisão do espaço

em três níveis (vertical, horizontal e axial), as direções e intensidade dos

movimentos, a qualidade do movimento e as ações (Bourcier, 1987).

Nesse contexto, é importante citar também o desenvolvimento do Jazz

Dance, que surgiu nos Estados Unidos da América do Norte, em meados do

século XVIII, a partir de uma fusão de relações entre danças de origens

africanas, danças europeias e norte-americanas.

A dança jazz passou por diversas adaptações e transformações, adquiriu

aspetos tecnicistas e passou a caracterizar-se pela utilização de elementos

específicos como por exemplo a utilização da polirritmia, movimentos rítmicos

sincopados e movimentos a partir do isolamento de partes específicas do corpo

(Benvegnu, 2011).

Benvegnu (2011) afirma que a dança Jazz começou a ter espaço nos

palcos americanos consolidando-se como forma de expressão e manifestação

cultural norte-americana, ganhando assim uma maior repercussão no cenário

artístico mundial.

A partir da década de 1960, o estadunidense Merce Cunningham

apresentou um novo caminho para a dança, que já não pertencia à dança

moderna. Por esse motivo, Cunningham foi considerado o precursor da dança

contemporânea e criou uma linguagem coreográfica inovadora, introduziu o

método do acaso, que consistia em criar sequências de dança e sorteá-las para

utilizar na criação coreográfica (Rengel & Langendonck, 2006).

A partir deste período, novas possibilidades de se fazer e compreender a

dança foram abertas, o que posteriormente pôde ser compreendido como o início

e a expansão da dança e da arte contemporânea.

É nesse contexto que surge também a dança-teatro contemporânea, que

tem Pina Bausch como expoente, coreógrafa alemã que buscou a intensificação

da expressividade e dialogou com o movimento, música e palavra nas suas

composições cênicas (Rengel & Langendonck, 2006).

O movimento contemporâneo da dança trouxe um novo olhar, em que a

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narrativa dava lugar à estrutura fragmentada, com o abandono do palco

convencional para utilizar outras opções cênicas, o processo de criação criado a

partir da experimentação e com o surgimento da independência entre música,

figurino, cenário e iluminação (Silva, 2005).

Esta forma de organização do corpo, do pensamento na dança e da

construção coreográfica, pode surgir da necessidade de revelar e refletir o

estado do mundo e da arte atual e retratar o período no qual esta foi criada

(Fahlbusch, 1990).

2.5.2. ELEMENTOS DA DANÇA

A dança é uma atividade corporal que possui características e

especificidades próprias, um conjunto de elementos que, em combinação,

tornam possível a identificação como tal.

De acordo com Laban (1978), o homem pode modificar a sua conduta de

esforço e refinar os seus movimentos habituais até torná-los expressivos,

transformando-se em atividades rítmicas orientadas, o que denomina a dança.

Rudolf Laban codificou quatro fatores do movimento e as suas respetivas

possibilidades qualitativas:

• Fluência - livre ou controlada: é o controle ou expansão do

movimento ou das partes do corpo em relação à reação de

estímulos internos e externos;

• Espaço - focado ou multifocado: é o lugar que o corpo ocupa e

executa formas e movimentos;

• Peso - leve ou firme: a energia e força muscular utilizadas na

resistência do peso do corpo em relação à lei da gravidade;

• Tempo - rápido ou lento: é o elemento necessário à observação

das ações corporais que se processam durante um período e

podem ser medidas através da velocidade, ritmo, pausa, acento ou

unidade

É importante ressaltar que estes fatores do movimento podem

caracterizar diversos instrumentos utilizados na aprendizagem ou construção da

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dança. Fluência pode abranger continuidade ou pausa. Espaço pode abranger

linhas, formas, retas, curvas, sinuosidades. Peso pode abranger força, energia,

intensidade. Tempo pode abranger duração, métrica, ritmo, pulsação. (Laban,

1978)

Para uma maior explanação sobre os elementos da dança, vê-se

necessária a abordagem mais específica dos seguintes fatores:

2.5.2.1. MOVIMENTO

Segundo Nanni (1995), desde o nascimento o homem utiliza o movimento

como uma linguagem para comunicar as suas necessidades, sentimentos e

emoções, o que possibilita a interação deste com o meio em que vive e com os

outros. Segundo o autor o movimento pode ser compreendido como uma ação

motora, resultante da integração de processos físicos, cognitivos, afetivos,

sociais e ambientais.

O movimento pode ser compreendido como uma força resultante de uma

reação psíquica ou emocional que atua sobre o corpo e determina variações de

tensão muscular e gasto de energia (Fahlbusch, 1990).

2.5.2.2. ESPAÇO

O conceito de espaço no contexto da dança pode ser descrito como o

lugar que o corpo ocupa em determinados limites e tem como referenciais os

planos, sentidos, direções, deslocamentos e trajetórias (Nanni, 1995).

De acordo com Fahlbusch (1990), o espaço na dança significa um

potencial de dimensão e de posição para o dançarino. A posição determina o

plano do dançarino em relação à superfície do solo e à direção em que ele se

movimenta. A dimensão refere-se à amplitude do movimento do dançarino.

Segundo Rengel (2003), a “cinesfera” é o espaço pessoal de cada um,

delimitado pelo alcance dos membros e outras partes do corpo a partir de um

determinado ponto fixo referencial. A “cinesfera” coexiste com o ambiente, com

o espaço e mantém-se em constante relação com o corpo.

Ossona (1988) refere que na dança ou coreografia, há a utilização da

formação espacial, que se pode estabelecer de formas diferentes: círculos,

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linhas paralelas, filas, diagonais, divisão em diferentes grupos. Para a autora,

cada formação espacial pode conter características expressivas, objetivos

específicos ou funções decorativas.

Monteiro (2007), afirma que, na dança, é possível realizar a exploração

de uma multiplicidade de elementos a nível de espaço pessoal e geral, como as

trajetórias, padrões de deslocamento, progressões espaciais, direções e níveis,

exploração de eixos e planos, a delineação de focos ou pontos focais e o design

corporal no espaço.

2.5.2.3. SOM, RITMO E TEMPO

O ritmo é a estrutura do desenho do movimento num tempo específico e,

no contexto da dança, requer um padrão estruturado de movimentos. O ritmo

pode ser compreendido também como fenómeno grupal, que na dança significa

a sincronia de movimentos na execução coletiva (Fahlbusch, 1990).

Segundo Nanni (1995), a música pode ser considerada um fator de

estimulação e de excitação de todo sistema motor. A música pode favorecer a

execução do movimento ao estabelecer o seu ritmo, que é a disposição

harmónica entre o movimento potencial e o movimento libertado em diferentes

intensidades e vibrações.

De acordo com Fux (1983), o movimento em junção com o estímulo

musical permite a total compreensão da musicalidade, ou seja, a compreensão

e a apreciação musical são ampliadas a partir da mobilização corporal. A autora

defende que é indispensável o estudo do movimento através da expressão

musical para que haja a integração e vinculação entre música e dança.

Para Monteiro (2007), o tempo, em termos de dança, pode ser trabalhado

com incidência na velocidade e na duração, no fraseamento, na métrica e

compasso e nos padrões rítmicos.

O ritmo pode ser considerado o elemento propulsor dos jogos

coreográficos, que se estruturam como um todo harmónico com a música, o

tempo e os movimentos do corpo (Nanni, 1995).

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2.5.2.4. CORPO

Nanni (1995) considera que o corpo pode ser compreendido em duas

dimensões: o corpo individual, que consiste no corpo pelo qual o ser se expressa

e toma consciência do mundo de forma geral, e o corpo relacional, que possibilita

o diálogo e a troca com o ambiente e com o outro, através das relações e

interações.

De acordo com Greiner & Katz (2001) o corpo resulta de negociações

contínuas com o ambiente e transporta essa forma de existir para outras

instâncias de funcionamento. As autoras afirmam que o processo de troca de

informação entre o corpo e o ambiente resulta no estabelecimento de redes de

conexão, já que cada tipo de aprendizagem traz ao corpo uma rede conectiva

particular. Meio e corpo ajustam-se permanentemente num fluxo de

transformações e mudanças.

Segundo Fux (1983), a expressão e a criação no nível do corpo são

próprias do ser humano, independentemente de seu estágio cultural ou de suas

condições físicas.

Monteiro (2007), afirma que na perspetiva da dança, o corpo pode ser

compreendido como um instrumento, um veículo, no sentido de ser um

transmissor de mensagens e emoções, e uma matéria, por ser uma realidade

física.

2.5.2.5. COREOGRAFIA

Para Moura (2007), na coreografia tradicional o processo de criação deve

ser pensado e desenvolvido em função dos objetivos do professor ou coreógrafo,

dos participantes e do contexto em que se aplica. A autora afirma que a

coreografia é um espaço de composição coreográfica desenvolvida sobre

materiais da cultura tradicional, com o objetivo de obter um produto performativo

capaz de ser apreciado enquanto elemento de espetáculo.

No processo de composição coreográfica, há elementos estruturantes,

como: função, que seria o motivo ou objetivo da dança; materiais, que incluem

os materiais físicos, ou materiais móveis, a audiência, que diz respeito ao público

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que visualiza ou aprecia a obra (Moura, 2007).

Em seguida, um quadro com maior abrangência dos fatores de movimento

e elementos da dança em geral:

Tabela 1 - Resumo dos temas e conteúdos da Dança (Carvalho & Lebre, 2011)

Temas e conteúdos - Dança

Temas Conteúdos Exemplos/explicação:

No

ção

Co

rpo

ral

Ações Deslocar/locomoção, elevar/salto, virar/volta, gesto/isolamento, pausa, queda/desequilíbrio, torcer, fletir/contração, expandir/alongamento, transferir peso….

Partes Cabeça, braços…

Formas Dobradas, alongadas…

No

ção

de

tem

po

Ritmo/cadência Repetição dos fenómenos em intervalos regulares - (sons, musicas)

Ritmo/estrutura Modificações periódicas qualitativas (intensidade – forte/fraco), ou quantitativas (duração – longo/curto) - (sons, musicas)

No

ção

de

Esp

aço

Níveis Alto, médio e baixo

Amplitude Abertura, fecho

Direções Cima, frente, trás …

Percursos Retilíneos, curvos, irregulares…

Rela

ção

R. com o corpo Tocar, puxar…

R. com o/os colega/s Empurrar, aproximar…

R. com objetos Afastar, envolver…

R. com o meio Interpretar, sentir, reagir …

En

erg

ia

Tempo Rápido, descontraído …

espaço Amplo, contido …

peso leve, em esforço …

Fluência Livre, continua, aos solavancos…

Cri

ati

vid

ad

e

Improvisação Com diferentes estímulos (temas, vídeos, palavras) sem a preocupação de reprodução

Composição De movimentos Membros Superiores, de sons, de passos. Com a preocupação de reprodução/repetição

Co

reo

gra

fia Relação

musica/movimento Estreita afinidade e intencionalidade entre o movimento e a música/som

Trabalho de dinâmica coreográfica (grupo)

Execução dos mesmos movimentos de forma sincronizada, em rápida sucessão, em “canon”, em “ contraste “…

Execução de movimentos diferentes em Execução em “coral”, em colaboração…

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2.6. BENEFÍCIOS DA DANÇA PARA A TERCEIRA IDADE

Sabe-se que o processo de envelhecimento pode ser associado à perda

progressiva da aptidão física, o que pode aumentar o risco da ocorrência de

quedas e lesões. Sabe-se que, nas mulheres, a diminuição da aptidão física

ocorre mais cedo que nos homens e sabe-se que existem perdas em parâmetros

físicos como força, flexibilidade, agilidade, equilíbrio e resistência aeróbia (Cruz-

Ferreira et al., 2015).

A Organização Mundial de Saúde define atividade física como qualquer

movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requeiram

gastos energéticos e acrescenta ainda que a prática de atividades físicas

moderadas ou intensas traz benefícios para a saúde (OMS, 2014).

A dança pode ser compreendida como uma atividade física que

proporciona o desenvolvimento da criatividade e da expressão artística e

corporal, sem exigir habilidades motoras previamente especializadas dos

praticantes, fator que favorece a adesão e a participação integrativa de pessoas

de diferentes faixas etárias e contextos sociais (Campeiz & Volp, 2004).

Segundo Garcia et al. (2009), a dança pode ser considerada uma

atividade saudável que possibilita a melhoria de domínios cognitivos, sociais,

afetivos e psicomotores da população idosa, e pode ainda ser uma ferramenta

importante para a melhoria da qualidade de vida do idoso e da população em

geral.

A dança pode atenuar os efeitos do envelhecimento, possibilitar o

aumento das capacidades motoras e funcionais, auxiliar a melhoria das

condições articulares, musculares e respiratórias de indivíduos idosos. Ao

promover o bem-estar físico e psicológico na velhice, a dança pode ser

considerada uma atividade física eficaz e positiva para a manutenção da

autonomia e redução de riscos de doenças crónicas em geral (Checom &

Gomes, 2015).

A dança contribui para a melhoria da capacidade física dos idosos,

promove o bem-estar dessa população, previne a ocorrência de quedas ao

melhorar o equilíbrio dos praticantes, aumenta a qualidade de vida e promove a

melhoria de aspetos cognitivos. (Varregoso et al., 2016)

Segundo Souza & Metzner (2013), a dança, enquanto atividade

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sistematizada e regular para a terceira idade, pode proporcionar a melhoria da

condição física, o aumento das capacidades para realização das atividades

diárias e os aspetos psicológicos do indivíduo, com o potencial de promover ao

idoso autonomia e autoconfiança.

Segundo Cassiano et al. (2009) a dança é um recurso terapêutico na

terceira idade. De acordo com os autores, a dança sénior, através da ludicidade

e interação grupal, proporcionou aos idosos o desenvolvimento da coordenação

motora, facilitou o sentimento de pertença a um grupo, propiciou autonomia e

estimulou a melhoria das funções físicas e cognitivas.

Segundo um estudo de natureza qualitativa, realizado com 13 pessoas do

sexo feminino, com idades superiores a 65 anos, concluiu-se que a prática da

dança proporciona prazer, felicidade, satisfação pessoal e possibilita o bem-

estar físico, social e psicológico de mulheres idosas (Leal & Haas, 2006).

Segundo Garcia et al. (2017), a dança possibilita a vida saudável de

indivíduos idosos, contribui para a perda ou manutenção do peso estável,

estimula a mobilidade articular e reduz o risco de quedas. O mesmo estudo

concluiu ainda que a dança de salão pode promover a melhoria do bem-estar,

do convívio social e do humor dos praticantes idosos, o que se reflete na

melhoria da qualidade de vida em geral desta população.

2.6.1. DANÇA E APTIDÃO FÍSICA

2.6.1.1. EQUILÍBRIO

O equilíbrio é a capacidade de manter a posição do corpo sobre sua base

de apoio, estática ou móvel. Pode ser classificado como equilíbrio estático ou

equilíbrio dinâmico. O equilíbrio estático é considerado como o controle da

mudança postural na posição imóvel e o equilíbrio dinâmico sofre perturbações

de estabilidade, externas e internas, para fazer com que o corpo reaja e ative os

músculos necessários para prevenir as mudanças no equilíbrio (Spirduso, 2005).

Segundo Spirduso (2005), os principais sistemas sensoriais que mantêm

o equilíbrio são: o sistema visual, o sistema vestibular (ouvido interno) e o

somatossensorial.

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O processo de envelhecimento ocasiona a redução da massa muscular,

da força muscular e da qualidade na função contrátil e, para essa redução, dá-

se o nome de sarcopenia (Taylor & Johnson, 2008). A força dos membros

inferiores é importante para manter o equilíbrio dinâmico, caminhar e prevenir

quedas (Morey et al., 1989).

A diminuição do equilíbrio aumenta o risco de quedas e promove a perda

da autonomia para a realização das atividades de vida diária (Guralnik et al.,

1995; Tinetti, 2003). Como consequência, há um aumento na ocorrência de

fraturas e este fator pode também representar cerca de 70% das mortes por

acidentes em pessoas com mais de 75 anos (Ruwer et al., 2005). Estas perdas

podem ser atenuadas com a prática de exercício físico (Spirduso, 2005), e para

isto, é necessário um programa de exercícios que desenvolva o equilíbrio,

coordenação, marcha e agilidade para população idosa, com a finalidade de

reduzir o risco de quedas (ACSM, 2001).

Estudos sugerem que a prática da dança pode melhorar

significativamente o equilíbrio em praticantes idosos (Federici et al., 2005;

Monteiro et al. 2017).

Segundo Filar-Mierzwa et al. (2017), a prática de dançaterapia traz

melhorias ao equilíbrio para mulheres com mais de 60 anos, ao aumentar os

limites de estabilidade das praticantes.

Alpert et al. (2009) também analisou os efeitos da dança em mulheres

adultas mais velhas, ao utilizar um programa de exercícios com aulas de jazz

dance. Concluiu-se que a prática de dança pode melhorar o equilíbrio em

mulheres em fase de envelhecimento, o que pode ser significativo para a

prevenção de quedas desta população.

Em outro estudo que relaciona equilíbrio estático, jazz dance e mulheres

acima de 50 anos os resultados foram similares, ao concluir que um programa

de jazz dance contribuiu para o aumento do equilíbrio estático das participantes

(Wallmann et al., 2009).

Tolocka et al. (2011) verificaram a influência de um programa de dança

no padrão de marcha e equilíbrio de idosos. Este estudo de caso avaliou seis

indivíduos com a média de idade de 82 anos, residentes num lar para idosos. O

programa de dança foi ministrado duas vezes por semana, durante dois meses,

num total de 24 sessões. No final do programa, os autores constataram que tanto

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o equilíbrio quanto a marcha foram mantidos e afirmam a possibilidade de que

um programa de dança para idosos com patologias pode auxiliar na manutenção

da marcha e do equilíbrio.

Silva & Berbel (2015), realizaram um estudo com 19 idosos entre 60 e 85

anos, numa intervenção através da dança sénior que aconteceu duas vezes por

semana, durante três meses. Os autores concluíram que a prática de dança

sénior trouxe melhorias no equilíbrio e na realização das atividades da vida diária

dos indivíduos praticantes.

Um estudo com 40 mulheres idosas saudáveis, acima de 65 anos,

concluiu que a prática de dança folclórica turca melhorou o desempenho físico,

o equilíbrio e a qualidade de vida de mulheres idosas, o que reforça os

programas de dança como ferramenta útil para a manutenção da saúde na

terceira idade (Eyigor et al., 2009).

Shigematsu et al. (2002) afirmam que um programa de exercícios de

dança aeróbica pode atenuar o risco de quedas em mulheres mais velhas, por

constatar a melhoria de componentes de equilíbrio, locomoção e agilidade das

praticantes.

2.6.1.2. FLEXIBILIDADE

A flexibilidade é um aspeto físico responsável pela execução voluntária

de um movimento de amplitude angular máxima por uma articulação ou um

conjunto de articulações, sem risco de provocar lesões (Llano et. al, 2003).

O processo de envelhecimento induz a perda da amplitude de movimento

corporal, ou seja, a perda da flexibilidade. Essa redução pode proporcionar a

deterioração dos tendões, ligamentos e músculos (Misner, 1992).

A flexibilidade pode variar de acordo com os indivíduos e diminui com a

chegada da idade, o que torna essencial a realização de alongamentos de forma

regular de modo a manter ou reduzir as perdas acentuadas desta capacidade

física (ACSM, 2011).

Segundo Shephard (1998), durante a vida ativa os adultos podem perder

cerca de 8 a 10 centímetros de flexibilidade na região do quadril e região lombar

e os fatores que podem contribuir para esta perda são a maior rigidez de

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tendões, ligamentos e cápsulas articulares. O autor afirma que a restrição na

amplitude do movimento das grandes articulações acentua-se com o processo

de envelhecimento e, consequentemente, a independência funcional pode ser

reduzida.

De acordo com Mendonça (2005), a flexibilidade tem o papel de melhorar

a elasticidade muscular e aumentar a mobilidade articular, o que aumenta

também a amplitude dos movimentos.

Cruz- Ferreira et al (2015), realizaram um estudo que avaliou os efeitos

da dança criativa na aptidão física e satisfação com a vida em mulheres mais

velhas. Neste estudo, um total de 67 mulheres, de 65 a 85 anos, foram

escolhidas de forma aleatória para um grupo experimental e um grupo controle.

O grupo experimental participou num programa supervisionado de dança criativa

por 24 semanas e, em ambos os grupos, foram avaliados aspetos como aptidão

física e níveis de satisfação com a vida das participantes, antes e depois do

programa. No presente estudo, foi possível concluir que a flexibilidade aumentou

após o programa de intervenção com dança criativa.

Zhang et al. (2008) analisaram a dança social e sua associação à

estabilidade postural e à performance física de indivíduos idosos. Nesse estudo,

os resultados relacionados à capacidade física flexibilidade demonstraram que

a diferença entre o grupo controle e o grupo experimental com faixa etária maior

que 60 anos não foi significativa, porém o grupo com idade entre 50 e 59 anos

do grupo experimental apresentou melhor desempenho na flexibilidade que o

grupo controle.

Hopkins et al., (1990) analisaram os efeitos da dança aeróbica de baixo

impacto na aptidão funcional de mulheres idosas. Nesse estudo, os autores

concluíram que a flexibilidade do grupo experimental aumentou

significativamente após a prática de dança aeróbica, o que reforça positivamente

a hipótese de que um programa bem estruturado e regular de dança pode

melhorar a flexibilidade dos participantes.

Segundo Delabary et al. (2016), a prática regular de aulas de samba

promoveu o aumento da flexibilidade de indivíduos entre 40 e 65 anos. O estudo

analisou os efeitos da prática após uma intervenção de 30 sessões de dança,

cada uma com duração de uma hora e com a frequência de duas vezes por

semana. Os resultados demonstraram ganhos significativos de flexibilidade, o

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que sugere que um programa regular de dança pode ajudar a aumentar esta

capacidade física.

2.6.1.3. FORÇA MUSCULAR

A força muscular pode definir-se como a capacidade de um grupo

muscular para exercer força máxima em um único esforço voluntário (Knapik,

1989)

As faculdades necessárias para a realização de atividades quotidianas

como o exercício profissional, tarefas da rotina diária e mesmo para o

entretenimento, dependem do bom desempenho da força muscular (Brill et al.,

2000; Hughes et al., 2001). Com o envelhecimento, a capacidade de execução

destas práticas podem apresentar-se mais limitadas pela diminuição de diversas

capacidades corporais incluindo a redução da força muscular (Maciel, 2010)

A perda de força em idosos pode ser associada diretamente à dificuldade

de mobilidade e limitação do desempenho físico, o que também pode causar a

incidência de acidentes, por conta da fraqueza muscular e da diminuição do

equilíbrio (Okuma, 1998). É importante que o idoso pratique um programa de

reforço muscular, pois a perda da força muscular está associada fortemente com

as quedas, instabilidade e incapacidade funcional generalizada (Spirduso,

2005).

Mckinley et al. (2008) realizaram um estudo com idosos entre 62 a 91

anos, com um programa bissemanal de tango por 10 semanas, 2 horas por

sessão e compararam os efeitos da atividade em relação à realização de

caminhadas. Conclui-se que ambas as atividades podem melhorar

significativamente a força e a velocidade em indivíduos idosos.

Hopkins et al. (1990) analisaram no seu estudo a componente força,

através do teste Sentar e Levantar (Sit-and-Stand Test) e verificaram que o

programa de dança aeróbica de baixo impacto aumenta a força de membros

inferiores de mulheres idosas praticantes de dança aeróbica.

A dança criativa também demonstrou ser uma ferramenta que melhorou

a força muscular de membros superiores e inferiores de mulheres idosas

praticantes (Cruz-Ferreira et al., 2015).

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2.6.1.4. RESISTÊNCIA AERÓBIA

A resistência aeróbia é a capacidade do sistema cardiopulmonar em levar

nutrientes e oxigênio, através do sangue, para os músculos em atividade durante

o período específico de esforço máximo (Lobo, 2010).

De acordo com a ACSM (2014), a aptidão aeróbia relaciona-se com a

capacidade de realização de exercícios dinâmicos de intensidade moderada a

alta, com envolvimento de grandes grupos musculares e por períodos longos de

duração.

Com o envelhecimento, há o declínio desta capacidade, uma vez que

ocorre a diminuição do consumo máximo de oxigénio, diminuição da eficiência

pulmonar, perda da massa muscular e da sua capacidade oxidativa (Cotton,

1998).

A diminuição da resistência aeróbia está ligada, entre outros fatores, ao

sedentarismo (Lobo, 2010) e ao envelhecimento. A redução aeróbia associada

à velhice tem correlação com a diminuição da capacidade cardíaca e redução

da massa muscular (Fleg & Lakatta, 1988).

Hui et al. (2009) demonstrou a eficácia de um programa de dança na

melhoria da resistência aeróbia dos participantes idosos, numa intervenção de

12 semanas, com um total de 23 sessões de prática da dança.

Cruz-Ferreira et al. (2015), no seu estudo, também obtiveram resultados

que demonstraram a melhoria da resistência aeróbia em mulheres idosas

praticantes de dança criativa.

2.6.2. DANÇA E COGNIÇÃO

O processo cognitivo é mais eficiente em indivíduos fisicamente ativos em

razão da melhora na circulação cerebral, alteração na síntese e degradação de

neurotransmissores (Spirduso, 2005).

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A dança é uma atividade motora complexa que demanda habilidades

visuais, espaciais, cinestésicas, auditivas, dentre outras (Ribeiro & Teixeira,

2009). Brown e Parsons (2008) descrevem a dança como uma combinação de

movimentos e ritmos que exige um tipo de coordenação interpessoal no espaço

e no tempo praticamente inexistente em outros contextos.

No contexto da dança, a cognição pode ser compreendida como um

conjunto de funções que englobam, entre outras, a perceção, a emoção, a

simbolização, a resolução de problemas, a comunicação e a expressão de

informações (Fonseca, 2007).

A dança consiste na combinação entre elementos complexos como a

sincronização dos movimentos com a música, memorização de sequências de

passos e interação social, o que pode ter efeitos benéficos na cognição.

(Fratiglioni et. al, 2004)

Segundo Guimarães (2003), atenção, memória, raciocínio e

imaginação são funções mentais desenvolvidas durante a prática da dança e são

habilidades vantajosas no quotidiano das pessoas.

A aprendizagem da dança coreografada envolve uma série de requisitos

neurobiológicos que podem ser observados através de processos de

observação, simulação, imitação e repetição. A ação motora na dança resulta da

integração de estímulos sensoriais e motores de forma proposicional e dotada

de intencionalidade. No primeiro estágio de aprendizagem motora na dança, são

recrutadas especialmente algumas funções executivas como a atenção seletiva,

solução de problemas, memória operacional, tomada de decisões, planejamento

e a motivação. (Ribeiro & Teixeira, 2009)

Kosmat e Vranic (2017) realizaram um estudo que investigou os efeitos

de uma intervenção com dança em aspetos cognitivos de idosos. A atividade foi

caracterizada por ser de intensidade moderada, num período de 10 semanas,

com a duração de 45 minutos por aula. Os resultados sugeriram que a prática

de dança pode ser uma abordagem promissora para os idosos que vivem em

ambientes de cuidados residenciais para a melhoria do funcionamento cognitivo,

como memória de curto prazo e aspetos do funcionamento executivo.

Satoh et al. (2014) realizaram um estudo com mulheres idosas, em que

foram averiguados os efeitos de um programa de exercícios físicos com a

utilização de música nos aspetos cognitivos das participantes. Concluiu-se que,

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o treino de exercícios com a presença de música pode aumentar

significativamente a performance cognitiva das praticantes.

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Capítulo II

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3. OBJETIVOS E HIPÓTESES

3.1. OBJETIVO GERAL

Investigar os efeitos de um programa regular de dança em indivíduos

idosos.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Averiguar os efeitos de um programa de dança na aptidão física,

nomeadamente da força muscular, flexibilidade de membros superiores e

inferiores, resistência aeróbia e agilidade de indivíduos idosos;

• Averiguar os efeitos de um programa de dança no desempenho do

equilíbrio de indivíduos idosos;

• Averiguar os efeitos de um programa de dança no desempenho de

funções cognitivas: memória, atenção, orientação, concentração e função

executiva de indivíduos idosos.

3.3. HIPÓTESES

• H1: Um programa de dança direcionado a indivíduos idosos promove a

melhoria da aptidão física dos participantes nomeadamente na

flexibilidade, força muscular, resistência aeróbia e agilidade corporal;

• H2: Um programa de dança direcionado a indivíduos idosos melhora o

desempenho do equilíbrio dos participantes;

• H3: Um programa de dança direcionado a indivíduos idosos melhora os

componentes cognitivos dos participantes.

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Capítulo III

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra é composta por 22 indivíduos, 21 indivíduos do sexo feminino

e 1 indivíduo do sexo masculino, com idades compreendidas entre 65 e 85 anos.

As aulas de dança fazem parte de um programa de aulas regulares da

Universidade Sénior RUTIS Porto, Associação Rede de Universidades da

Terceira Idade, uma instituição particular de solidariedade social e de utilidade

pública de apoio à comunidade sénior. A RUTIS Porto surgiu em parceria entre

a RUTIS e a Associação Mutualista Montepio e as suas atividades funcionam no

espaço Atmosfera M, localizado no Porto, Portugal.

A turma é composta por indivíduos que mantém um estilo de vida ativo,

praticam atividade física e têm autonomia para a realização das atividades da

vida diária. Os critérios de inclusão na nossa amostra foram serem indivíduos

com idade acima de 60 anos e participantes do grupo da comunidade da RUTIS

Porto.

O único critério de exclusão foi a incapacidade física por limitações ou

lesões que não permitam a realização de atividade física suave ou moderada.

O programa de dança foi ministrado uma vez por semana, com a duração

de 90 minutos por aula, por um período de 6 meses.

4.2. PROCEDIMENTOS

Este estudo decorreu de outubro de 2018 a abril de 2019, nas instalações

do espaço Atmosfera M, na Universidade Sénior RUTIS Porto, localizada no

Porto, Portugal. A RUTIS Porto é o Pólo da RUTIS (Associação Rede

Universidades da Terceira Idade) no Porto e é uma parceira da Associação

Mutualista Montepio.

Para a realização das aulas práticas, utilizou-se uma sala ampla, arejada,

propícia para atividades corporais e uma coluna de som apropriada.

Realizou-se dois momentos de avaliação do grupo para este estudo:

avaliação inicial e avaliação final. As avaliações das componentes da aptidão

física, equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico e estado cognitivo ocorreram

durante o mês de outubro, e foram repetidas no final do mês de abril.

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4.3. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA

O programa de dança foi realizado uma vez por semana, às terças-feiras,

no horário das 10 às 11:30 horas (duração de 90 minutos), com o objetivo de

desenvolver as capacidades da aptidão física dos indivíduos presentes no

estudo e melhorar o desempenho cognitivo dos mesmos, como concentração,

memória e atenção.

Ao longo dos seis meses de intervenção, utilizou-se como estratégia

metodológica e didática também três períodos diferentes, cada um com um foco

de trabalho mais específico:

1º período (outubro/novembro/dezembro): Reconhecimento da turma e

avaliação inicial– período de realização de questionários de anamnese e

avaliações iniciais, realização de dinâmicas de interação e atividades lúdicas

para permitir a integração entre os alunos, a socialização e a criação de vínculos.

2º período (janeiro/fevereiro): Criação de repertório de movimento e

criatividade – realização de sequências diferentes para a familiarização dos

alunos em relação aos movimentos propostos, exercícios de coordenação

motora, noções de lateralidade, noções de espaço e de ritmo, entre outros

aspetos. Neste período, os alunos já estavam confortáveis para a

experimentação através da improvisação, o que facilita o desenvolvimento de

atividades criativas e de expressividade (individuais, em duplas ou grupos).

3º período (março/abril): Composição coreográfica e avaliação final –

realização de uma única coreografia, aprendida através da repetição, o que

trabalha a memorização e concentração por parte dos alunos. Coreografia esta

que utiliza movimentos já aprendidos nas etapas anteriores, mudanças espaciais

e ritmo, de acordo com a música escolhida para a atividade. Período de

avaliações finais.

O programa de dança, em relação à estrutura e planeamento de aulas, foi

realizado em cinco etapas diferentes:

1ª etapa: Aquecimento - Com características aeróbicas, esse momento

prepara o corpo para os posteriores estímulos da aula de dança. Primeiramente,

é realizada uma caminhada interativa, em que os alunos caminham pela sala em

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diferentes ritmos e com diferentes ações durante o exercício, como por exemplo

interação com o outro, movimentações improvisadas, movimentos a partir de

partes específicas do corpo, entre outras dinâmicas de interação.

Para o aquecimento, são utilizadas as orientações da ACSM (2001), que

descreve que esta parte prática deve ter a duração de 5 a 10 minutos de

atividade leve a moderada, com exercícios dinâmicos e de resistência

cardiorrespiratória.

Após a caminhada, os exercícios são desenvolvidos em círculo, momento

em que são realizados movimentos guiados de mobilidade articular, para facilitar

o aquecimento geral das articulações.

2ª etapa: Equilíbrio e alongamento - O segundo momento traz o foco para

o equilíbrio corporal e alongamento suave dos membros superiores e inferiores.

Geralmente, os exercícios de equilíbrio são realizados com auxílio da parede, o

que traz segurança e eficácia para a execução dos exercícios propostos.

3ª etapa: Deslocamentos – O terceiro momento é a realização de duas

ou três sequências diferentes realizadas em deslocamento pela sala, o que

trabalha: noções espaciais, noções de lateralidade, memorização, ritmo e

coordenação motora.

Para a realização dos deslocamentos, a turma é dividida em grupos, para

que todos possam ser vistos e corrigidos com atenção e para que todos tenham

espaço suficiente para a execução dos movimentos da sequência.

4ª etapa: Coreografia – O quarto momento é a realização da coreografia,

em que são utilizados movimentos já trabalhados nos deslocamentos, mas a

diferença é que, nessa parte, é utilizada uma sequência coreográfica que é

trabalhada com repetição, e os passos são acrescentados gradualmente a cada

aula. A coreografia é realizada sempre com um espaço já pré-determinado

(frente pré-estabelecida como referencial espacial), com utilização de contagem

para auxiliar a aprendizagem do ritmo.

Para a realização da coreografia é importante escolher uma formação

espacial em que todos consigam visualizar as movimentações de forma

adequada. As sequências coreográficas são previamente estruturadas, para

serem realizadas durante a aula com repetições, o que favorece a capacidade

de memorização dos passos ensinados.

5ª etapa: Relaxamento – A parte final da aula pode ser compreendida

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como um momento de retorno à calma, pode ser realizada em círculo, em pé ou

em cadeiras, com alongamentos suaves e práticas respiratórias. Neste

momento, é importante utilizar músicas calmas ou pode-se também trabalhar em

silêncio.

Para a realização da maior parte dos alongamentos, opta-se pela posição

sentada, o que torna a execução do exercício mais segura para a população

idosa. Também são utilizadas técnicas respiratórias que promovem o

relaxamento, como respirações lentas e profundas, com expirações

prolongadas, o que proporciona um momento do retorno à calma para a

finalização da prática.

Depois desse momento, havia um espaço para discussão e sugestões

dos alunos, caso queiram expor como se sentem após ou durante a prática,

sugerir mudanças ou fatores a serem acrescentados. É o espaço também para

partilha e interação.

Na ausência de materiais que descrevam detalhadamente os procedimentos

metodológicos de aulas de dança para a terceira idade, compreendemos a

necessidade de expor algumas considerações sobre a prática de dança para

idosos:

• As coreografias geralmente são realizadas na posição em pé, por se

tratarem de idosos fisicamente ativos, mas a dança em cadeiras também

pode ser utilizada como estratégia coreográfica. Para a dança sentada

em cadeiras, é importante ressaltar movimentos de braços, tronco e

cabeça;

• O formato de círculo facilita a visão dos praticantes, tanto para que os

alunos possam conseguir visualizar melhor os movimentos, quanto para

o professor ser capaz de aplicar as correções necessárias;

• As sequências dos deslocamentos são sequências curtas e são

realizadas repetidamente, a começar pelo lado direito e posteriormente,

lado esquerdo. A mesma sequência é realizada para a direita e para

esquerda;

• A divisão da turma em diferentes grupos facilita a utilização do espaço da

sala, favorece o dinamismo da prática e possibilita que os alunos tenham

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um pequeno descanso enquanto esperam os outros grupos realizarem as

sequências. É importante que os alunos, ao aguardarem a sua vez de

dançar, observem os colegas que estão a realizar a sequência, o que

favorece a união do grupo e a memorização dos passos;

• Os movimentos escolhidos para a prática devem ser adaptados de acordo

com as necessidades ou limitações individuais;

• Dinâmicas de grupos, duplas ou trios são bem aceites e tornam a aula

diversificada e divertida;

• O professor pode dançar a coreografia com os alunos primeiramente,

para que todos possam observar e compreender o ritmo, a transição dos

movimentos e a execução dos passos. Posteriormente, os alunos podem

ser incentivados a dançarem sem a presença do professor, o que traz

segurança e autonomia aos mesmos;

• O diálogo entre professor – aluno deverá ser claro e preciso, para que

haja uma boa comunicação e relação entre as partes;

• Todos os passos e sequências são demonstrados primeiro pelo professor,

para que os alunos possam compreender melhor a execução e

reproduzirem da melhor forma;

• A improvisação pode ser utilizada como estratégia de estímulo criativo e

exercícios de criação coreográfica são utilizados para ampliar o

desenvolvimento dos alunos em termos de socialização, interação,

criatividade e expressividade;

• Com a utilização de espelho em sala de aula, o professor pode executar

as sequências e observar os alunos através do espelho. Caso não haja

espelho na sala, é importante que o professor se posicione de frente para

os alunos e execute a coreografia para o lado contrário destes, ou seja, o

professor faz o papel de espelhar toda a coreografia, o que contribui para

o melhor entendimento e reprodução dos movimentos por parte dos

alunos;

• A escolha da música pode ser feita de acordo com o ritmo,

preferencialmente músicas com o ritmo bem marcado. Podem ser

utilizadas músicas instrumentais com ritmo forte e repetitivo, músicas com

letras que os alunos conheçam, músicas animadas, entre outras;

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• O professor deve estimular os alunos, ressaltar as qualidades individuais,

reforçar os elogios e incentivá-los a realizar a prática com energia e vigor.

O professor deve conduzir a prática de forma enérgica e estimulante;

• O planeamento prévio da aula faz-se necessário para o bom

desenvolvimento da prática, porém é importante que o professor se

mantenha aberto e flexível para possíveis mudanças durante a aula, que

poderão acontecer a depender do estado da turma no dia, do ritmo das

dinâmicas e da disposição dos alunos. É necessário ter sensibilidade e

atenção para que a aula possa fluir da melhor forma para todos (exemplos

dos cinco primeiros planos de aula podem ser conferidos no Anexo 7);

• A montagem coreográfica pode ser realizada com a exploração de

movimentos com todo o corpo, mudanças de formações espaciais

(círculo, filas, fileiras), utilização de ritmos diferentes (lento, médio ou

rápido), pequenos saltos, giros e deslocamentos;

• A contagem dos passos é importante para auxiliar na memorização e para

que haja sincronia do grupo na execução da coreografia. Em dança

geralmente utiliza-se a contagem de 1 a 8, de acordo com o ritmo da

música utilizada;

• Eventualmente, pode-se incentivar os alunos a participarem de uma

apresentação coreográfica pública, com figurino, música, tema e, se

necessário, elementos cênicos. A participação em apresentações

públicas estimula o interesse dos alunos, reforça o senso de

responsabilidade e de formação de grupo; favorece a autoestima dos

alunos, que sentem-se capazes.

4.4. INSTRUMENTOS

Para a realização do presente estudo, utilizou-se a aplicação dos

seguintes instrumentos de avaliação – validados para a população idosa, sendo

que todas as avaliações foram realizadas pelo mesmo investigador.

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4.4.1. QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO/ ESTADO DE SAÚDE

Com o objetivo de caracterizar e reconhecer a população deste estudo,

realizou-se um questionário de identificação sociodemográfica aos indivíduos

participantes. O questionário (Anexo 2) foi respondido individualmente e incluía

os seguintes aspetos: idade, naturalidade, residência, níveis de escolaridade,

situação profissional, estado civil.

Também com o intuito de caracterizar e conhecer os participantes do

estudo, realizou-se o questionário de estado de saúde (SF-36V2), que identifica

questões relacionadas à saúde, desempenho relativo à realização de

actividades, presença ou ausência de dores ou limitações em geral. O

questionário pode ser conferido no Anexo 3.

4.4.2. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Para medir a estatura dos indivíduos utilizou-se um estadiómetro e pediu-

se aos participantes para permanecerem em pé, com braços estendidos ao

longo do corpo, mantendo-se em posição ereta. O IMC foi calculado através da

fórmula standard [peso (kg) dividido pela altura2 (m)], e por isso expresso em

kg/m2, valores obtidos também com o intuito de caracterização e

reconhecimento da população-alvo.

Para a avaliação do perímetro da cintura e tórax, utilizou-se

uma fita métrica, unidade de medida em centímetros (cm).

Para avaliar o peso dos participantes, unidade de medida em quilogramas

(kg), utilizou-se uma balança de bioimpedância digital portátil, colocada em uma

superfície firme e plana, e após introdução da idade e altura, os participantes,

descalços, subiam na balança e permaneciam imóveis durante alguns segundos.

4.4.3. SENIOR FITNESS TEST

Para avaliar os parâmetros de aptidão física do estudo, foi utilizado o

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Senior Fitness Test (Rikli & Jones, 1999). O Senior Fitness Test (SFT) foi

desenvolvido e validado por Rikli & Jones (1999) e consiste em uma bateria de

testes de aptidão funcional, elaborada para o Ruby Gerontology Center, na

California State University, definidos como testes que avaliam a capacidade

fisiológica para desempenhar atividades da vida diária de forma segura e

independente (Nunes & Santos, 2009).

A bateria de testes tem um protocolo que inclui: avaliação de força de

membros inferiores (30s chair stand); avaliação de força de membros superiores;

avaliação de flexibilidade de membros inferiores (Chair Sit-and-Reach);

avaliação de flexibilidade de membros superiores (Back Scratch); avaliação da

agilidade motora e equilíbrio dinâmico (8-Foot Up-and-Go); avaliação da

resistência aeróbia (6-Minute Walk). A descrição detalhada dos testes da bateria

SFT pode ser conferida no Anexo 4.

O Senior Fitness Test é uma ferramenta de avaliação que tem como

vantagens o facto de ser acessível, de fácil aplicação e baixo custo, e abrange

diversos aspetos físicos, por ser uma avaliação multicomponente. A bateria de

testes é amplamente utilizada em estudos que relacionam idosos e aptidão

física, por ser considerada segura e recomendada para a população idosa.

4.4.4. ESCALA DE EQUILÍBRIO TINETTI

Avaliou-se a predisposição para as quedas através do protocolo do Teste

de Tinetti, um conjunto de tarefas relacionadas à mobilidade, marcha e equilíbrio,

efetuadas pelo sujeito de acordo com o pedido do investigador, com explicação

prévia. A avaliação de equilíbrio Tinetti pode ser conferida no Anexo 5.

Para avaliar o equilíbrio estático, utilizou-se uma cadeira e solicitou-se ao

idoso ações como sentar e levantar da cadeira, entre outras indicações e

observações respetivas ao teste.

Para avaliar o equilíbrio dinâmico, marcou-se previamente um percurso

de 3 metros e solicitou-se ao idoso que percorresse o trajeto, para observação e

pontuação da marcha.

Esta escala foi desenvolvida por Tinetti, Williams e Mayewski (1986) e

avalia aspetos da marcha como distância do passo, velocidade, simetria e

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equilíbrio em pé, giros e mudanças com olhos abertos ou fechados.

A escala Tinetti é um teste simples e fácil de administrar, seguro para

avaliar idosos e confiável para detetar mudanças significativas durante a marcha.

É um instrumento importante de avaliação da qualidade de vida de idosos, por

possibilitar ações preventivas e assistenciais para esta população e também já

é um teste validado para a população portuguesa.

A contagem da pontuação para cada ação do teste varia de 0 a 1 ou de 0

a 2; a pontuação máxima é de 12 pontos para a marcha ou equilíbrio dinâmico e

16 pontos para o equilíbrio estático; total de 28 pontos. Quanto mais elevado o

valor, melhor o equilíbrio. Se a contagem total do teste for menor que 19 pontos,

isso indica uma habilidade física menor e uma maior propensão a quedas

(Tinetti, 1986).

4.4.5. MONTREAL COGNITIVE ASSESSMENT (MoCA)

O Montreal Cognitive Assessment (MoCA) constitui um instrumento breve

de rastreio cognitivo, que avalia os seguintes domínios cognitivos: atenção e

concentração, função executiva, memória, linguagem, capacidade visuo-

construtiva, raciocínio abstrato, cálculo e orientação. A versão final deste

instrumento representa um método prático e eficaz na distinção entre

desempenhos de adultos com envelhecimento cognitivo normal e adultos com

défice cognitivo (Nasreddine et al., 2005).

O MoCA (Anexo 6) é constituído por um protocolo de uma página, cujo

tempo de aplicação é de aproximadamente 10 minutos, e consiste em uma

avaliação em que são explicitadas as instruções para a administração das

provas e é definido, de modo objetivo, o sistema de cotação do desempenho nos

itens. Com uma pontuação máxima de 30 (pontos), o MoCA avalia os domínios

cognitivos contemplando diversas tarefas em cada domínio. No conjunto de itens

que constituem este instrumento estão incluídas 5 das 6 tarefas mais

frequentemente usadas no rastreio da demência. Uma pontuação igual ou

superior a 26 é considerada normal (Shulman et al., 2006).

O teste MoCA pode também fornecer uma estimativa quantitativa da

capacidade cognitiva, e não apenas qualitativa (para identificar um desempenho

normal ou a presença de défice cognitivo), o que amplia a sua utilidade para

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monitorizar as alterações das capacidades cognitivas associadas à evolução de

possíveis patologias ou resultantes de estratégias de intervenção (Koski, Xie &

Finch, 2009).

4.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

Para a análise estatística dos resultados obtidos recorreu-se ao programa

informático Statistical Package for Social Sciences – versão 25.0 para o software

Windows.

Na execução dos testes estatísticos foi considerado um intervalo de

confiança de 95%, com um nível de significância <0.05, para todas as variáveis.

A distribuição das variáveis foi avaliada e, de acordo com o teste de

Kolmogorov-Smirnov, foram consideradas distribuições normais as da altura,

peso, IMC, circunferência da cintura e do tórax, os itens do Senior Fitness Test

alcançar as costas, flexão de antebraços, levantar e sentar e ir e vir de 2,44m, a

escala de equilíbrio Tinetti e a avaliação cognitiva MoCA. As medidas descritivas

apresentadas consistem na média e desvio padrão (DP) para as variáveis com

distribuição normal e mediana e intervalo inter-quartil (IIQ) para as restantes. O

Student t-test e o Wilcoxon signed rank test, ambos para amostras

emparelhadas, foram os testes estatísticos utilizados para a comparação do pré

e pós intervenção relativamente às variáveis com e sem distribuição normal,

respetivamente.

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Capítulo IV

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5. RESULTADOS

5.1. CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS

Os participantes do presente estudo incluíram 21 mulheres (95,5%) e 1 homem

(4,5%), entre os 65 e os 85 anos [mediana da idade 69,5 anos (IIQ 5,0)]. As

características antropométricas destes participantes, antes e depois da

intervenção, estão descritas na tabela 2. O peso dos participantes diminuiu em

média de 59,8 kg (DP 6,4) para 59,6 kg (DP 6,2), o IMC de 24,2 kg/m2 (DP 2,4)

para 24,1 kg/m2 (DP 2,4), a circunferência da cintura de 84,4 cm (DP 7,9) para

84,0 cm (DP 7,9) e a circunferência do tórax de 82,5 cm (6,8) para 82,2 cm (DP

6,7). Todas estas diferenças foram estatisticamente significativas.

Tabela 2 - Características antropométricas dos participantes antes e

após a intervenção.

Pré-

intervenção

Pós-

intervenção p

Indicadores

antropométricos, média (DP)

Altura (m) 1,58 (0,06) n.a. n.a.

Peso (kg) 59,8 (6,4) 59,6 (6,2) 0,020a

IMC (kg/m2) 24,2 (2,4) 24,1 (2,4) 0,024a

Circunferência da cintura (cm) 84,4 (7,9) 84,0 (7,9) 0,001a

Circunferência do tórax (cm) 82,5 (6,8) 82,2 (6,7) 0,002a

Abreviaturas: desvio padrão, DP; Índice de Massa Corporal,

IMC; não aplicável, n.a.

aStudent t-test para amostras emparelhadas

5.2. AVALIAÇÃO DOS OBJETIVOS PROPOSTOS

Na tabela 3, apresentam-se os resultados do Senior Fitness Test, do

Equilíbrio Tinetti e da escala MoCA antes e depois da intervenção. Todos os

itens do Senior Fitness Test melhoraram significativamente após a intervenção,

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nomeadamente, alcançar as costas [de -4,95 cm (DP 8,37) para -2,36 cm (DP

7,64) no lado direito e de -9,77 cm (DP 9,92) para -7,18 cm (DP 9,48) no lado

esquerdo], sentar e alcançar [de 0,00 cm (IIQ 6,00) para 3,00 cm (IIQ 5,00) no

lado direito e de 0,00 cm (IIQ 11,00) para 1,00 cm (IIQ 7,00) no lado esquerdo],

flexão de antebraços [de 18,41 repetições (DP 3,55) para 22,00 repetições (DP

4,74)], levantar e sentar [de 18,50 repetições (DP 5,21) para 21,00 repetições

(DP 4,90)], ir e vir 2,44 m [de 5,13 segundos (DP 0,54) para 4,70 segundos (DP

0,58)] e marcha de 6 min [de 528 m (IIQ 99) para 567 metros (IIQ 98)]. A mediana

do teste de equilíbrio Tinetti aumentou de 25,0 (IIQ 3,0) para 26,0 (IIQ 2,0). A

média da escala MoCA aumentou de 23,95 (DP 1,70) para 25,45 (DP 1,5).

Tabela 3 - Comparação dos resultados do Senior Fitness Test, do Equilíbrio Tinetti e da escala

MoCA antes e após a intervenção.

Pré-

intervenção

Pós-

intervenção p

Senior Fitness Test

Alcançar as costas - lado direito (cm), média (DP) -4,95 (8,37) -2,36 (7,64) <0,001a

Alcançar as costas - lado esquerdo (cm), média (DP) -9,77 (9,92) -7,18 (9,48) <0,001a

Sentar e alcançar - lado direito (cm), mediana (IIQ) 0,00 (6,00) 3,00 (5,00) <0,001b

Sentar e alcançar - lado esquerdo (cm), mediana (IIQ) 0,00 (11,00) 1,00 (7,00) <0,001b

Flexão de antebraços - lado direito (nº de repetições),

média (DP) 18,41 (3,55) 22,00 (4,74) <0,001a

Levantar e sentar (nº de repetições), média (DP) 18,50 (5,21) 21,00 (4,90) <0,001a

Ir e vir 2,44m (segundos), média (DP) 5,13 (0,54) 4,70 (0,58) <0,001a

Marcha de 6 min (m), mediana (IIQ) 528 (99) 567 (98) <0,001b

Equilíbrio Tinetti, mediana (IIQ) 25,0 (3,0) 26,0 (2,0) 0,002b

MoCA, média (DP) 23,95 (1,70) 25,45 (1,50) <0,001a

Abreviaturas: desvio padrão, DP; intervalo inter-quartil, IIQ.

aStudent t-test para amostras emparelhadas

bWilcoxon signed rank test para amostras emparelhadas

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Capítulo V

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6. DISCUSSÃO

O presente estudo propôs-se a averiguar os efeitos físicos percebidos, em

um grupo de idosos, através de um programa semanal de dança com duração

de 6 meses. A análise foi realizada no que se refere às mudanças na aptidão

física, equilíbrio e cognição.

Os resultados referidos apontam para que a intervenção feita neste grupo

através da dança, foi suficiente para elevar significativamente todos os valores

analisados no estudo. Todos os objetivos e hipóteses propostas para este

trabalho foram atingidos e verificados.

A dança é uma atividade lúdica que pode ser considerada intrinsecamente

motivante, tem potencial para retardar a senilidade e promover a qualidade de

vida em indivíduos em fase de envelhecimento, sendo uma atividade moderada

de baixo impacto e curta duração (Fortes, 2008). A dança também pode reativar

a memória e melhorar a concentração motora de pessoas idosas e também

possibilita a integração social destes indivíduos (Oliveira et al., 2009).

Através de uma análise qualitativa, Leal & Haas (2006) descreve que a

dança tem grande importância no bem-estar físico social e psicológico dos

idosos, de forma a ser fundamental para a saúde geral. As autoras ainda

classificam a dança como uma das atividades mais procuradas pelo idoso e com

mais aceitação, o que revela seu importante papel nesta fase da vida.

Pudemos durante a nossa intervenção constatar esta grande afinidade do

público idoso pela prática da dança devido à sua grande procura. Apesar do

espaço utilizado para o desenvolvimento deste trabalho oferecer diferentes

modalidades de aula, o curso de dança foi o que apresentou o maior número de

idosos inscritos e com frequência assídua. Podemos afirmar que, como atividade

física, a dança tem um excelente potencial motivador para o combate ao

sedentarismo por parte da população idosa.

A mesma perceção foi verificada por Garcia et al. (2009) que, no seu

trabalho, afirma o potencial motivacional da dança para a população idosa, como

estratégia de saída do isolamento motivado pela aposentadoria. Segundo o

autor, a dança como atividade física, contribui para a melhoria do estado geral

do indivíduo, para uma maior independência social, autoestima e prevenção de

doenças.

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É possível afirmar que a dança proporciona um conjunto de exercícios

completos, por requerer a utilização de diferentes grupos musculares de

membros superiores e inferiores e também por trabalhar o aspeto social e de

interação de grupos.

Hwang & Braun (2015), através de um estudo de metanálise, relatam a

importância da dança para a população adulta e idosa. Segundo os autores,

após a realização da sua investigação, pôde-se perceber que, independente do

estilo praticado, a dança é responsável pela melhora significativa do bem-estar

físico das pessoas. As conclusões obtidas pelos autores são de que a dança

pode promover uma melhora significativamente relevante nos valores de força,

resistência muscular, equilíbrio, flexibilidade e em outros aspectos da aptidão

funcional.

Varregoso et al. (2016) também concluíram que as aulas de dança

contribuíram positivamente para a manutenção da aptidão física e para a

melhoria de aspetos relacionados à qualidade de vida de idosos praticantes.

Resultados semelhantes puderam ser constatados a partir da realização

do nosso trabalho. Através da prática semanal de dança por um período de 6

meses, observamos o aumento dos valores de todos os dados recolhidos, no

que se refere à força, flexibilidade, agilidade, resistência, equilíbrio e cognição,

quando comparamos os valores analisados antes e após a nossa intervenção

no grupo do estudo.

Com os resultados obtidos a partir deste trabalho, em associação aos

relatos encontrados na bibliografia consultada, podemos afirmar que a dança,

adotada como exercício físico regular, é eficaz na manutenção da saúde física e

cognitiva do idoso. Ela atua de forma a promover uma melhoria considerável da

força, equilíbrio, flexibilidade, agilidade, velocidade, resistência e em funções

cognitivas, além de ser importante para uma maior socialização e entretenimento

na terceira idade.

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59

7. CONCLUSÃO

Sabe-se que o conceito de envelhecimento ativo vai além do

entendimento de aderir à prática de atividade física na velhice, e estende-se para

um conceito mais amplo, que abrange bem-estar, vida e participação social,

entre outros aspetos. Neste contexto, é importante compreender a importância

e o papel da atividade física na vida do idoso. Os benefícios trazidos através da

prática não são apenas físicos, mas também refletem-se na vida social e afetiva

da população idosa.

Com a finalidade de intervir diretamente nas consequências ocasionadas

pelo envelhecimento, pretendeu-se com este estudo testar a hipótese de que um

programa regular estruturado de dança poderá resultar positivamente em

aspetos físicos e cognitivos de indivíduos idosos.

Em análise ao cumprimento dos objetivos do estudo, pode- se concluir que

os idosos praticaram 90 minutos de um programa de dança, uma vez por

semana, durante um período de 6 meses, obtiveram benefícios a níveis de força

muscular dos membros superiores e membros inferiores, flexibilidade dos

membros superiores e inferiores, da sua agilidade e sua capacidade aeróbia.

Foi possível concluir que o programa de dança também influenciou

positivamente no equilíbrio dos participantes e aumentou significativamente as

funções cognitivas dos mesmos, especialmente em fatores como memória e

concentração.

É importante ressaltar também o caráter motivador e socializador da

dança, fatores importantes para a adesão de indivíduos idosos nesta atividade

física. A dança também pode atuar como ferramenta para ajudar a estabelecer

vínculos afetivos, desenvolver a capacidade criativa dos praticantes e a

expressividade dos mesmos.

Para uma perspetiva futura, este tipo de intervenção poderá ocorrer em

um programa bissemanal, o que reforçaria a fundamentação de que um

programa de dança pode influenciar a melhoria das capacidades físicas, do

equilíbrio e do declínio cognitivo de indivíduos idosos, uma vez que a maior

regularidade e frequência da prática pode contribuir ainda mais na vida de

indivíduos em fase de envelhecimento.

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60

Sabe-se que as quedas de idosos são causas recorrentes de lesões,

mortes, hospitalização, incapacidade a longo prazo, perda da independência e

má qualidade de vida, por isso a relevância de estudos como este, que sugerem

a importância de promover a dança enquanto instrumento com potencial para

melhorar a aptidão física dos idosos e, consequentemente, prevenir a ocorrência

de quedas.

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61

8. BIBLIOGRAFIA

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9. ANEXOS

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9.1. ANEXO 1 - TERMO DE AUTORIZAÇÃO

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DO USO DE IMAGENS E DEPOIMENTOS

Eu,____________________________________________________________,

AUTORIZO, através do presente termo, os responsáveis do programa de Dança na

Universidade Sénior RUTIS Porto a realizar fotografias e vídeos que se entendam

como necessárias para divulgação ao público em geral, reuniões científicas e para uso

interno da FADEUP.

Garante-se a ocultação de outros dados de identificação da pessoa e, se

expressamente indicado, não será exibida a sua face.

É igualmente garantido que a presente autorização pode ser retirada a todo o

momento, sem que isso cause qualquer prejuízo.

Porto, ______________ de _________________________ de __________.

Assinatura do Participante

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9.2. ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS Nome:_______________________________________________________________________

_______________________________________________________

Contactos: ____________________________________________________________

Contactos de emergência: _________________________________________________

Morada: _______________________________________________________________

______________________________________________________________________

Desde de que ano esta no programa: _________________________________________

A1. Data de Nascimento: __/__/___ A2. Sexo Masculino Feminino

A3. Naturalidade (Concelho):________ Residência (concelho):________

A4. Estado Civil

Solteiro/a Casado/a Viúvo/a Separado/divorciado União de facto

A5. Nível de escolaridade

Nunca frequentou a escola Não completou o ensino primário

Ensino primário Ensino preparatório Ensino Secundário

Ensino profissional Ensino universitário

A6. Situação profissional:

Desempregado Reformado Empregado Qual foi a principal profissão que

teve?:__________________________________________________________________

B. Caracterização sócio/económica do idosos

B1. Com quem vive atualmente?

Vive só Irmãos Cônjuge Sobrinhos/parentes próximos Filhos

Vizinhos/amigos Genros/ Noras Netos Outros:___________________________

B2. Refira os seus familiares mais diretos (preencher apenas 1):

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Filhos (nº): ____ Netos (nº):___ Sobrinhos (nº):____ Outros :_____________

B3. No caso de precisar de algum tipo de ajuda, a quem recorre? __________

B4. Os rendimentos que são suficientes para as suas necessidades?

Sim, paga as contas e ainda sobra Sim, apenas para os gastos essenciais Não chega para os

gastos essenciais

B5. Mensalmente recebe entre:

0 – 300 € 300- 557 € 557- 800€ 800 – 1000€ +1000€ Não Responde

D. AUTO-AVALIAÇÃO DE SAÚDE

D1. Em geral, considera que a sua saúde é:

Muito Boa Boa Aceitável Fraca Muito Fraca

D2. Fuma ou já fumou? Sim Não Se sim, quantos anos: ___

D3. Convive com pessoas fumadoras no trabalho, lazer ou na residência?

Sim Não

D4. Consome bebidas alcoólicas?

Sim Não Se sim, quantos copos por dia: _________________________

D5. Polifarmácia: Quantos medicamentos diferentes está a tomar neste momento? ____ Toma

algum suplemento: Sim Não Quais? _______________________________

E. Quedas: Teve alguma queda nos últimos 6 meses? Sim Não

Tem medo de cair? Sim Não

Se Sim, deixou de fazer alguma das suas atividades habituais por causa desse medo?

Sim Não

F. Patologias

Musculo-esqueléticas:

Osteoporose Artrose Artrite reumatóide Hérnias Dores Lombares

Cardiovasculares:

Enfarte do Miocárdio Insuficiência Cardíaca Doença Arterial Periférica Doença

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XXVIII

Vascular Hipertenção

Outras:

Diabetes Demência Cancro Doenças respiratórias Asma

Quando foi a ultima visita ao medico?

Já fez alguma cirurgia? Sim Não Quais? ___________________________________

Estratificação de Risco

ACSM 2015

1-Atualmente, você faz exercício físico regularmente?

Sim Não

2-Você tem alguma doença cardíaca, renal e metabólica ou alguns sintomas?

Sim Não

3- Você tem algum sintoma das doenças me doença cardíaca, renal ou metabólica?

Observações:__________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_________________________________________________________

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XXIX

9.3. ANEXO 3 - QUESTIONÁRIO DE ESTADO DE SAÚDE (SF-36V2)

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XXX

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XXXI

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XXXII

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XXXIII

9.4. ANEXO 4 - BATERIA DE TESTES SENIOR FITNESS TEST

1. Levantar e sentar na cadeira

Objetivo: Avaliar a força e resistência dos membros inferiores (número de execuções

em 30 segundos, sem a utilização dos membros superiores).

Instrumentos: Cronómetro, cadeira com encosto e sem braços, com altura de assento

de aproximadamente 43 cm. Por questões de segurança, a cadeira deve estar

encostada contra uma parede de modo a evitar que esta se mova durante a execução

do teste.

Procedimento: O teste inicia-se com o participante sentado no meio da cadeira, com

as costas direitas e os pés afastados à largura dos ombros e totalmente apoiados no

solo. Um dos pés deve estar ligeiramente avançado em relação ao outro para ajudar a

manter o equilíbrio. Os membros superiores estão cruzados ao nível dos pulsos e contra

o peito. Ao sinal de “partida”, o participante eleva-se até à extensão máxima (posição

vertical) e regressa à posição inicial de sentado. O participante é encorajado a completar

o máximo de repetições num intervalo de tempo de 30 segundos. Após uma

demonstração realizada pelo avaliador, o participante testa a execução correta e, de

imediato, segue-se4 a aplicação do teste.

Pontuação: A pontuação é obtida pelo número total de execuções corretas num

intervalo de 30 segundos. Se o participante estiver no meio da elevação no final dos 30

segundos, deve-se contar esta como uma execução.

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XXXIV

2. Flexão de antebraço

Objetivo: Avaliar a força e resistência do membro superior (número de

execuções em 30 segundos).

Instrumentos: Cronómetro, cadeira com encosto e sem braços e

halteres de mão (2,27 kg para mulheres e 3,36 kg para homens).

Procedimento: O participante está sentado numa cadeira, com as

costas direitas, com os pés totalmente assentes no solo e com o tronco

totalmente encostado. O haltere está seguro na mão dominante. O teste

inicia com o antebraço em posição inferior, ao lado da cadeira,

perpendicular ao solo. Ao sinal de ”partida”, o participante deve pronar

gradualmente a palma da mão para cima, enquanto faz a flexão do

antebraço no sentido completo do movimento; depois regressa à

posição inicial de extensão do antebraço. O avaliador pode colocar os

seus dedos no bicípite do executante, de modo a estabilizar a parte

superior do braço e assegurar que seja realizada uma flexão completa.

É importante que a parte superior do braço permaneça estática durante

o teste. Após demonstração por parte do avaliador deverão ser

realizadas, uma ou duas tentativas pelo participante para confirmar uma

realização correta, seguindo-se a execução do teste durante 30

segundos

Pontuação: A pontuação é obtida pelo número total de flexões corretas

realizadas num intervalo de 30 segundos. Se no final dos 30 segundos

o antebraço estiver em meia-flexão, deve contabilizar-se como flexão

total.

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XXXV

3. Sentar e alcançar

Objetivo: Avaliar a flexibilidade dos membros inferiores (distância atingida na direção

dos dedos dos pés).

Instrumentos: Cadeira com encosto (aproximadamente 43 cm de altura até ao assento)

e uma régua de 50 cm. Por questões de segurança, a cadeira deve estar encostada

contra uma parede para evitar que se mova durante a execução do teste. O participante

deve sentar-se na extremidade da cadeira.

Procedimento: Começando numa posição sentado, o participante avança o seu corpo

para a frente, até se encontrar sentado na extremidade do assento da cadeira. A dobra

entre o topo da perna e as nádegas deve estar ao nível da extremidade do assento.

Com uma perna fletida e o pé totalmente assente no solo, a outra perna (a perna de

preferência) é estendida na direção da coxa, com o calcanhar no chão e o pé fletido

(aproximadamente 90º). O participante deve ser encorajado a expirar à medida que flete

para a frente evitando movimentos bruscos, rápidos e fortes, nunca atingindo o limite da

dor. Com a perna estendida, o participante flete lentamente para a frente até à

articulação do coxofemoral (a coluna deve manter-se o mais direita possível, com a

cabeça no prolongamento da coluna, portanto não fletida), deslizando as mãos (uma

sobre a outra, com as pontas dos dedos sobrepostas) ao longo da perna estendida,

tentando tocar os dedos dos pés pelo menos 2 segundos. Se o joelho da perna

estendida começar a fletir, solicitar ao participante que se sente lentamente até que o

joelho fique na posição estendida antes de iniciar a medição. Apos uma demonstração

pelo avaliador, o participante é questionado sobre a sua perna de preferência. O

participante deve ensaiar duas vezes, seguindo-se a aplicação do teste.

Pontuação: Usando uma régua de 50 cm, o avaliado regista a distância (cm) até aos

dedos dos pés (resultado negativo) ou a distância (cm) que consegue alcançar para

além dos dedos dos pés (resultado positivo).

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XXXVI

4. Up and go test

Objetivo: Avaliar a mobilidade física – velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico

Instrumentos: Cronómetro, fita métrica, cone e cadeira com encosta e sem braços a

aproximadamente 43 cm de altura. A cadeira deve estar posicionada contra a parede

de forma a garantir uma posição estática durante o teste. A cadeira deve também estar

numa zona desobstruída, em frente a um cone à distância de 2,44 m (medição desde a

ponta da cadeira até à parte anterior do marcador).

Procedimento: O teste é iniciado com o participante sentado na cadeira com os braços

cruzados no peito e os pés totalmente assentes no solo. Ao sinal de “partida”, o

participante eleva-se da cadeira, caminha o mais rápido possível à volta do cone e

regressa à cadeira. O participante deve ser informado que se trata de um teste “por

tempo”, sendo o objetivo caminhar o mais depressa possível (sem correr) à volta do

cone e regressar à cadeira. O avaliador deve iniciar o tempo no cronómetro ao sinal de

“partida” quer a pessoa tenha ou não iniciado movimento e pará-lo no momento exato

em que a pessoa se senta. Após demonstração, o participante deve experimentar uma

vez, realizando duas vezes o exercício. Deve chamar-se a atenção do participante de

que o tempo é contabilizado até este estar completamente sentado na cadeira.

Pontuação: O resultado corresponde ao tempo decorrido entre o sinal de “partida” até

ao momento em que o participante está sentado na cadeira. Registam-se os dois valores

até ao 0,01’. O melhor resultado é utilizado para medir o desempenho.

5. Alcançar atrás das costas

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XXXVII

Objetivo: Avaliar a flexibilidade dos membros superiores (distância que as mãos podem

atingir atrás das costas).

Instrumentos: Régua de 50 cm.

Procedimento: Na posição de pé, o participante coloca a mão dominante por cima do

mesmo e alcança o mais baixo possível em direção ao meio das costas, a palma da

mão para baixo e os dedos estendidos (o cotovelo apontado para cima). A mão do outro

braço é colocada por baixo e atrás, com a palma virada para cima, tentando alcançar o

mais longe possível numa tentativa de tocar (ou sobrepor) os dedos médios de ambas

as mãos. Após demonstração por parte do avaliador, o participante é questionado sobre

a sua mão de preferência. Sem mover as mãos do participante, o avaliador ajuda a

orientar os dedos médios de ambas as mãos na direção um do outro. O participante

experimenta duas vezes, seguindo-se de duas tentativas do teste.

Pontuação: A distância de sobreposição, ou a distância entre os dedos médios é a

medida ao cm mais próximo. Os resultados negativos (-) representam a distância mais

curta entre os dedos médios. Os resultados positivos (+) representam a medida da

sobreposição dos dedos médios.

6. Andar 6 minutos

Objetivo: Avaliar a resistência aeróbia percorrendo a maior distância em 6 minutos.

Instrumentos: Cronómetro, fita métrica e cones.

Montagem: O teste envolve a medição da distância máxima que pode ser caminhada

durante 6 minutos ao longo do percurso de 50 m, sendo marcados segmentos de 10 m.

os participantes caminham continuamente em redor do percurso marcado, durante um

período de 6 minutos, tentando percorrer a máxima distância possível.

Procedimento: Para facilitar o processo de contagem de voltas ao percurso, cada

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XXXVIII

participante recebe um elástico na partida sempre que uma volta é terminada. Ao sinal

de “partida”, os participantes são instruídos para caminhar o mais rapidamente possível

(sem correrem) na distância marcada à volta dos cones. Se necessário, os participantes

podem parar e descansar, sentando-se e retomando o percurso.

Pontuação: O resultado representa o número total de metros caminhados durante os 6

minutos.

7. 2 minutos de step

Objetivo: Avaliar a resistência aeróbia (teste alternativo ao de andar 6 minutos).

Instrumentos: Cronómetro, fita métrica ou pedaço de corda com 75 cm e marcador.

Procedimento: Ao sinal de “partida”, o participante inicia uma marcha estacionária, na

cadência mais rápida possível. Ambos os joelhos devem tocar na fita elástica e o

avaliador pode fazer correções nesse sentido. Quando o avaliando não conseguir elevar

os joelhos na altura correta, poderá diminuir a cadência ou descansando ou retomando

à marcha, as vezes que necessitar, dentro dos 2 minutos (embora o ideal seja não o

fazer).

Pontuação: A pontuação é calculada a partir do total de steps realizados em 2 minutos.

O número de duplas passadas, isto é, se o primeiro joelho tocar a fita for o esquerdo,

conta-se o número de vezes que o joelho direito atingir a fita, ou vice-versa. Apenas

steps completos deverão ser contados, isto é, cada vez que o joelho atinge a atura

mínima.

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XXXIX

9.5. ANEXO 5 - AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO TINETTI

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XL

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XLI

9.6. ANEXO 6 - MONTREAL COGNITIVE ASSESSMENT (MOCA)

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XLII

9.7. ANEXO 7 - PLANOS DE AULA

PLANO DE AULA 01

Tema: Interação e integração

Objetivos:

Geral: Promover a integração e reconhecimento do grupo

Específicos:

• Estimular o convívio entre os alunos;

• Experimentar movimentações livres e estruturadas

Conteúdos:

• Dinâmica de interação

• Improvisação individual a partir de estímulos musicais

• Coreografia e memorização

Processos Metodológicos:

1. Em um círculo, inicia-se uma dinâmica de interação: alunos dizem o nome e

associam um movimento (livre e individual) ao seu nome. Todos repetem o nome e o

movimento de cada pessoa, juntos. Exercício de memória e de integração.

2. Aquecimento: caminhada pela sala com indicações: tempo rápido ou lento,

pausas com movimentos parados; interações em duplas.

3. Exercício de equilíbrio em dupla: um auxilia o outro como ponto de apoio, caso

necessário. Equilíbrio com um pé ao chão e outro fora do chão, alterna-se pé direito e

pé esquerdo.

4. Exercício de deslocamento em grupos: sequências pequenas e simples, com

noções de lateralidade (direita/esquerda), ritmo e coordenação motora.

5. Coreografia: momento de aprendizagem da coreografia, passos em sequência

com utilização da música. Repetição da coreografia. Divisão em dois grupos: enquanto

um grupo dança, o outro observa.

6. Relaxamento e alongamento: utiliza-se uma cadeira para realizar o

alongamento final com exercícios suaves de respiração.

7. Círculo para conversar sobre a prática do dia, momento para sugestões ou

considerações em geral.

Critérios de Avaliação: Participação, envolvimento e desenvolvimento dos alunos ao

longo dos processos da aula.

Recursos: Sala apropriada para dança, aparelho de som, cadeiras

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XLIII

PLANO DE AULA 02

Tema: Investigação de movimentos

Objetivos:

Geral: Desenvolver a capacidade criativa através da improvisação

Específicos:

• Experimentar e improvisar através de estímulos musicais;

• Estimular a criatividade e a expressividade

Conteúdos:

• Improvisação individual, em duplas e em grupos a partir da musicalidade

• Ritmo – rápido, lento, muito rápido, muito lento

Processos Metodológicos:

1. Caminhada pela sala, atividade de improvisação a partir de sugestões: partes do

corpo (cabeça, tronco, braços, mãos, pernas, pés)

2. Aquecimento das articulações: em formato de círculo, em pé, dança

improvisada com movimentos específicos de braços, ancas, pescoço.

3. Exercício de equilíbrio: com o apoio da parede, alterna-se equilíbrio em uma só

base de perna, depois retira-se a mão da parede e permanece. Alterna lado direito e

lado esquerdo. Caminhada na ponta dos pés.

4. Deslocamentos: sequência de passos coreografados em deslocamento de um

local da sala até outro, turma dividida em grupos

5. Divisão da turma em grupos: elaboração de sequências coreográficas a partir

de movimentos que foram realizados nas improvisações iniciais

6. Aprendizagem das sequências elaboradas; todos aprendem as sequências,

que ao fim da aula, torna-se uma única coreografia.

7. Repetição da coreografia e experimentação desta com música.

Critérios de Avaliação: Participação, envolvimento e desenvolvimento dos alunos ao

longo dos exercícios propostos na aula. Capacidade de comprometimento e entrega

às proposições.

Recursos: Sala apropriada para dança, aparelho de som

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XLIV

PLANO DE AULA 03

Tema: Elementos da dança

Objetivos:

Geral: Investigar os elementos gerais da dança

Específicos:

• Experimentar movimentos corporais a partir de noções de ritmo

• Explorar diferentes trajetórias e estruturas espacias

Conteúdos:

• Noções de ritmo – lento, rápido, pausa

• Noções de lateralidade

• Níveis: alto, médio e baixo

• Deslocamentos com diferentes trajetórias

• Coreografia com mudanças de espaço

Processos Metodológicos:

1. Aquecimento: Caminhar pela sala; improvisar com a música, experimentar

diferentes níveis para realizar movimentos: nível baixo, nível médio e nível alto.

2. Alongamento e exercício de equilíbrio: utilizar a parede como ponto de apoio,

testar diferentes formas de equilibrar-se com um ponto de apoio (perna direita e

depois perna esquerda).

3. Deslocamentos: realizar sequências coreografadas enquanto se desloca pela

sala; experimentar diferentes trajetórias (diagonais, linha reta, círculos ou trajeto livre).

4. Coreografia: experimentar realizar a coreografia com noções de ritmo e

pausas. Repetição e memorização da coreografia.

5. Realização da coreografia em um espaço diferente daquele realizado

previamente (exemplo: mudar a frente, trocar o lado)

6. Relaxamento e alongamento: círculo em pé para realização de exercícios

respiratórios e alongamentos.

Critérios de Avaliação: Participação, envolvimento e desenvolvimento dos alunos ao

longo dos processos da aula. Capacidade de comprometimento e entrega às

proposições.

Recursos: Sala apropriada para dança, aparelho de som

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XLV

PLANO DE AULA 04

Tema: Memorização e coordenação motora

Objetivos:

Geral: Desenvolver a memorização e a coordenação motora

Específicos:

• Experimentar movimentações a partir de improvisações

• Memorizar sequência coreográfica através da repetição

Conteúdos:

• Ações de movimento: saltar, pular, correr, andar, agachar, pausar.

• Improvisação individual

• Expressividade

Procedimentos Metodológicos:

1. Aquecimento de articulações: movimentar partes do corpo (ombros, punhos,

tornozelos, pescoço, ancas, tronco)

2. Exercício de equilíbrio com apoio da cadeira: em pé, utiliza-se o apoio de uma

mão na cadeira para testar equilíbrio de diferentes formas

3. Improvisação individual livre, a partir do estímulo musical

4. Deslocamentos: repetição da mesma sequência de deslocamento utilizada na

aula anterior.

5. Coreografia: repetição da mesma sequência coreográfica da aula anterior, com

acréscimo de novos passos. Memorização dos novos passos.

6. Divisão em grupos para realização da coreografia. Um grupo executa a

coreografia, os outros grupos observam e memorizam.

7. Relaxamento e alongamento: utilizar o tapete para realizar o alongamento em

posição deitada: alongamento suave de pernas e braços, relaxamento, deitados de

olhos fechados com a utilização de música calma instrumental.

8. Escrita da coreografia: em um papel, escreve-se toda a sequência coreográfica

realizada em sala de aula, como estratégia para memorizar e treinar fora da sala de

aula

Critérios de Avaliação: Participação, envolvimento e desenvolvimento dos alunos ao

longo dos exercícios propostos em sala de aula. Capacidade de comprometimento e

entrega às proposições.

Recursos: Sala apropriada para dança, aparelho de som, tapetes para atividade

física, papel e caneta

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XLVI

PLANO DE AULA 05

Tema: Dança e interação com o outro

Objetivos:

Geral: Desenvolver a interação entre os alunos

Específicos:

• Experimentar improvisações em duplas e grupos

• Criar sequências coreográficas a partir da improvisação

Conteúdos:

• Improvisações em duplas

• Composição coreográfica

• Estudo coreográfico

Procedimentos Metodológicos:

1. Aquecimento de articulações: caminhar pela sala enquanto realiza movimentos

a partir de sugestões/indicações: partes do corpo, tempo lento ou rápido, pausa,

interações com o outro.

2. Exercício de equilíbrio com apoio de uma dupla: experimentações de diferentes

formas de se equilibrar

3. Improvisação em duplas (dinâmica do espelho): duplas experimentam

movimentações livres, uma pessoa de frente para a outra, uma faz os movimentos, a

outra copia os movimentos, como se estivesse à frente de um espelho.

4. Deslocamentos: duplas criam uma sequência a partir da experimentação da

dinâmica do espelho e deslocam-se pela sala enquanto a realizam

5. Coreografia: repetição da mesma sequência coreográfica da aula anterior, com

acréscimo de novos passos. A turma divide-se em grupos para estudar a coreografia

juntos. Posterior repetição da coreografia.

6. Relaxamento e alongamento: utilizar cadeira para realização de alongamento

das pernas, tronco e braços. Exercícios respiratórios para relaxamento final.

7. Círculo para partilhas sobre a prática do dia: sensações, sugestões e

colaborações.

Critérios de Avaliação: Participação, envolvimento e desenvolvimento dos alunos ao

longo da prática. Capacidade de comprometimento e entrega às proposições.

Recursos: Sala apropriada para dança, aparelho de som, cadeiras