efeitos dos estilos de ensino comando e descoberta guiada...

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Educação Física FERNANDA BUONOME EL KHOURI Efeitos dos estilos de ensino comando e descoberta guiada no processo ensino-aprendizagem do apoio invertido em escolares do 3º ano do ensino fundamental SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Educação Física

FERNANDA BUONOME EL KHOURI

Efeitos dos estilos de ensino comando e descoberta guiada

no processo ensino-aprendizagem do apoio invertido em escolares

do 3º ano do ensino fundamental

SÃO PAULO

2014

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FERNANDA BUONOME EL KHOURI

Efeitos dos estilos de ensino comando e descoberta guiada

no processo ensino-aprendizagem do apoio invertido em escolares

do 3º ano do ensino fundamental

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Universidade São Judas

Tadeu, como exigência parcial para

obtenção do título de Mestre em Educação

Física, linha de pesquisa: Educação Física,

Escola e Sociedade, sob orientação do

Prof. Dr. Cassio de Miranda Meira Junior.

SÃO PAULO

2014

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El Khouri, Fernanda Buonome E37e Efeitos dos estilos de ensino comando e descoberta

guiada no processo ensino-aprendizagem do apoio invertido em escolares do 3º ano do ensino fundamental / Fernanda Buonome El Khouri. - São Paulo, 2014.

69 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Cassio de Miranda Meira Junior. Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas

Tadeu, São Paulo, 2014.

1. Educação física – Estudo e ensino. 2. Educação

Física Escolar. I. Meira Junior, Cassio de Miranda. II.

Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 796.07

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas

Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer ao Prof. Dr. Cassio de M. Meira Jr. por me orientar e me

transmitir muito conhecimento nesses dois anos de muito trabalho e dedicação ao

nosso projeto.

Aos meus familiares mãe Jonia, pai Sami e irmão Fabio por todo apoio e

paciência que tiveram comigo durante esses dois anos de jornada, os quais muitas

vezes ficaram fora das reuniões familiares para me dedicar aos estudos.

Aos meus amigos Pollyane, Wagner, Daniel e Leandro, que me apoiaram,

ajudaram com contribuições acadêmicas o que favoreceram para o meu crescimento

profissional.

As professoras Elisabete Freire e Graciele Rodrigues pelas colaborações e

orientações na construção do projeto, como também a Prof.Coordenadora Miranda

pelo incentivo e apoio no decorrer do curso, me ajudando a superar os obstáculos

presentes durante o percurso.

As colegas acadêmicas Katia e Beatriz que com muita sabedoria realizaram

as análises dos padrões de movimento o qual contribuíram imensamente para os

resultados do projeto.

Quero muito agradecer, a direção da EE Hermano Ribeiro da Silva por me

conceder a realizar o projeto na unidade escolar e principalmente aos meus alunos

da escola, os quais participaram do projeto com muita dedicação, carinho e sucesso.

Quero também agradecer a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo

por me conceder a bolsa Mestrado para a realização desse projeto.

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RESUMO

O objetivo do estudo foi investigar os efeitos de dois estilos de ensino -

comando versus descoberta guiada - do Espectro do Mosston de estilos de ensino

na aquisição de habilidades e retenção do apoio invertido. Os participantes foram 45

alunos do terceiro ano de uma escola estadual da cidade de São Paulo, Brasil, que

foram divididos em dois grupos: de comando (n = 22) e descoberta guiada (n = 23).

O apoio invertido foi praticado durante seis sessões de aquisição, realizadas entre

um pré-teste e pós-teste/ retenção. O desempenho motor foi avaliado por um teste

qualitativo (fases de desenvolvimento) e quantitativo (pontuação). A motivação

intrínseca foi avaliada ao fim da experiência pela IMIp (Inventário de Motivação

Intrínseca). O teste do qui-quadrado revelou que o número de crianças que migram

para estágios avançados de retenção foi maior no grupo de descoberta guiada. A

MANOVA não mostrou diferenças entre os grupos em relação a motivação

intrínseca; Os meninos mostraram níveis mais elevados na subescala de pressão e

tensão, quando comparados com as meninas.

Palavras-chave: estilos de ensino; apoio invertido; educação física escolar; aprendizagem motora; motivação; ginástica.

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ABSTRACT

The aim of the study was to investigate the effects of two teaching styles -

command versus guided discovery - from Mosston's Spectrum of Teaching Styles in

the skill acquisition and retention of the handstand in scholars. Participants were 45

third graders from a suburban school in Brazil who were assigned to two groups:

command (n=22) and guided discovery (n=23). The handstand was practiced during

six acquisition sessions, carried out between a pretest and a posttest/retention. Motor

performance was assessed by a qualitative (development stages) and a quantitative

(scores) test. Intrinsic motivation was assessed at the end of the experiment by the

IMIp. Chi-Square test revealed that the number of children who migrate to advanced

stages on retention was higher in the guided discovery group. The MANOVA showed

no group differences regarding intrinsic motivation; Boys showed higher levels in the

subscale of pressure and tension when compared to girls.

Keywords: teaching style, handstand, physical education school, motor learning,

motivation, gymnastics.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Os onze estilos de ensino de Muska Mosston -------------------------------- 16

FIGURA 2 - Sequência de ações do apoio invertido em três apoios -------------------- 22

FIGURA 3 - Sequência de ações do apoio invertido do nível de dificuldade “D” ----- 23

FIGURA 4 - Sequência de ações do apoio invertido do nível de dificuldade “D1” --- 24

FIGURA 5 - Questionário de motivação intrínseca ------------------------------------------- 32

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Sequência do desenvolvimento do apoio invertido ------------------------- 30

QUADRO 2 – Delineamento experimental ------------------------------------------------------ 35

QUADRO 3 - Descrição básica das aulas sob o estilo de ensino “Comando” -------- 37

QUADRO 4 - Descrição básica das aulas sob o Estilo de ensino “Descoberta

Guiada” --------------------------------------------------------------------------------------------------- 38

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Índices de correlação intraclasse (alfa de Cronbach) das avaliadoras na

análise dos movimentos------------------------------------------------------------------------------ 39

TABELA 2 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pré-

teste do estilo de ensino comando ---------------------------------------------------------------- 41

TABELA 3 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pós-

teste do estilo de ensino comando ---------------------------------------------------------------- 41

TABELA 4 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento na

retenção do estilo de ensino comando ----------------------------------------------------------- 41

TABELA 5 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pré-

teste do estilo de ensino descoberta guiada ---------------------------------------------------- 42

TABELA 6 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pós-

teste do estilo de ensino descoberta guiada ---------------------------------------------------- 43

TABELA 7 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento na

retenção do estilo de ensino descoberta guiada ---------------------------------------------- 43

TABELA 8 - Valores do teste de aderência qui-quadrado do grupo comando -------- 44

TABELA 9 - Valores do teste de aderência qui-quadrado do grupo descoberta guiada

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 44

TABELA 10 - Médias e desvios-padrão das notas dos grupos de estilo de ensino

comando e descoberta guiada --------------------------------------------------------------------- 45

TABELA 11 – Médias e desvios-padrão de motivação dos grupos nas subescalas e

valor total ------------------------------------------------------------------------------------------------- 46

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TABELA 12 – Médias e desvios-padrão de motivação (subescalas e valor total) dos

grupos de estilos de ensino comando e descoberta guiada-------------------------------- 47

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 10

2. QUADRO TEÓRICO ------------------------------------------------------------------------------- 15

2.1. Estilos de ensino -------------------------------------------------------------------------- 15

2.1.1. O estilo de ensino comando --------------------------------------------------------- 17

2.1.2. O estilo de ensino descoberta guiada -------------------------------------------- 18

2.2. Motivação ----------------------------------------------------------------------------------- 19

2.3. Apoio Invertido ----------------------------------------------------------------------------- 21

3. OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------------------ 26

4. MÉTODO --------------------------------------------------------------------------------------------- 27

4.1. População e amostra -------------------------------------------------------------------- 27

4.2. Variáveis dependentes e instrumentos --------------------------------------------- 29

4.2.1. Avaliações Motoras ------------------------------------------------------------- 29

4.2.1.1. Estágios de desenvolvimento do apoio invertido ------------- 29

4.2.1.2. Notas do padrão de movimento do apoio invertido----------- 31

4.2.2. Avaliação da Motivação Intrínseca ----------------------------------------- 31

4.3. Delineamento e procedimentos ------------------------------------------------------- 34

4.4. Instalação e Materiais-------------------------------------------------------------------- 38

4.5. Análises dos dados ----------------------------------------------------------------------- 39

5. RESULTADOS -------------------------------------------------------------------------------------- 40

5.1. Estágios de desenvolvimento ---------------------------------------------------------- 40

5.2. Notas ----------------------------------------------------------------------------------------- 44

5.3. Motivação ----------------------------------------------------------------------------------- 45

6. DISCUSSÃO ----------------------------------------------------------------------------------------- 47

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------- 53

8. REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------- 54

9. APÊNDICES ----------------------------------------------------------------------------------------- 60

10. ANEXOS -------------------------------------------------------------------------------------------- 62

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1. INTRODUÇÃO

O método é um modo de conduzir a aprendizagem por meio de uma

organização de condutas e comportamentos a fim de atingir os objetivos buscando o

desenvolvimento integral do aluno (Sant’anna & Menegolla, 2013). Os métodos de

ensino utilizados durante as aulas de Educação Física Escolar relacionam-se com o

processo ensino-aprendizagem, durante o qual o professor organiza conteúdos de

ensino e objetivos a serem atingidos e planeja comportamentos próprios e dos

alunos. Uma boa escolha de métodos de ensino é importante, pois, segundo Rangel

(2005), eles são os caminhos que o professor escolhe para organizar os conteúdos

e suas atividades de forma significativa para o aprendizado dos alunos.

Mosston (1966) propôs a teoria de espectro de estilos de ensino que se

refere ao comportamento do professor e do aluno de Educação Física,

especialmente sobre a relação desses comportamentos através de uma sequência

de tomada de decisões tanto para o ensino como para a aprendizagem. A teoria tem

sido utilizada na área de Educação Física como fonte de auxílio a professores, que

podem optar pelos mais adequados estilos para o ensino dos conteúdos de modo a

atender as necessidades e interesses dos alunos.

A teoria de espectro de estilos de ensino, atualizada por Mosston e

Ashworth (2008), serve como um guia para a escolha de um modelo de estilo

apropriado para atingir os objetivos. O espectro é formado por 11 estilos de ensino

com características e objetivos diferentes em relação ao comportamento de ensino e

aprendizagem, e afeta o desenvolvimento do aluno nos aspectos físico, cognitivo,

social, emocional e ético. Dentro da estrutura do espectro são refletidas duas

capacidades humanas, a de reprodução e a de produção do conhecimento.

Os estilos de ensino relacionados com as capacidades de reprodução,

isto é, tomadas de decisões centradas no professor, são representados pelo

conjunto de estilos de ensino de A até E e são: Comando (A), Tarefa (B), Recíproco

(C), Auto-avaliação (D), Inclusivo (E). Os estilos de ensino relacionados com as

capacidades de produção, isto é, maior tomada de decisão durante as tarefas é feita

pelo aluno, representados pelas letras de F até K e são: Descoberta Guiada (F),

Descoberta Convergente (G), Descoberta Divergente (H), Individual (I), Iniciado pelo

aluno (J), Autoensino (K).

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Nota-se que, com a passagem de um estilo para o outro dentro da

estrutura do espectro, a complexidade de tomadas de decisões vai ficando cada vez

mais para o aluno, levando a um nível de independência durante o seu processo de

aprendizagem.

Os estilos de ensino de Mosston podem auxiliar o professor durante o

processo ensino-aprendizagem, pois ele poderá optar por um estilo de ensino o qual

se identifica mais conforme suas experiências e variedades de objetivos de

comportamentos propostos em aulas, como também levar em consideração as

diferenças individuais dos alunos, pois aprendem de maneiras diferentes e têm

necessidades diferentes. E mais, o espectro não faz oposição entre os estilos, isto é,

nenhum estilo é melhor que o outro, o que se busca é um estilo de ensino

apropriado para atingir os objetivos (Mosston & Ashworth, 1994, 2008).

Para os pesquisadores da área pedagógica é de grande interesse realizar

estudos com os estilos de ensino de Mosston, principalmente para verificar os

efeitos dos estilos de ensino sobre a aquisição de uma tarefa motora em um

determinado ambiente de aprendizagem. Segundo Beckett (1990), os resultados irão

fornecer informações aos professores na consideração dos estilos de ensino, sendo

esses apropriados ou não diante de turmas de alunos e também de diferentes

tarefas. Ademais, em relação ao método de ensino, quanto mais apropriado for e

quanto mais corresponder aos interesses e necessidades dos alunos, mais eficaz

será o processo ensino-aprendizagem.

Os estudos sobre os estilos de ensino foram realizados com diversas

tarefas motoras e participantes com características distintas.

No que concerne às tarefas motoras, o que se pode afirmar sobre o tema

é que estudos recentes vêm analisando os efeitos dos estilos de ensino sobre a

aquisição de habilidades motoras como o estudo de Derri e Pachta (2007) que

investigou os estilos de ensino Comando (A) e Descoberta Guiada (F) na aquisição

das habilidades motoras manipulativas como o apanhar, chutar, arremessar e

driblar, igualmente ao estudo de Arjunan e Jayachandran (2012), que investigou os

mesmos efeitos dos estilos com a habilidade driblar. Há também estudos como o de

Beckett (1990), que investigou os estilos de ensino Tarefa (B) e Inclusão (E) com a

habilidade a embaixadinha do futebol, e o de Boyce (1992) com a comparação entre

os estilos Comando (A), Tarefa (B) e Recíproco (C) na tarefa de tiro esportivo, o de

Salter e Graham (1985) que examinaram os efeitos dos estilos Comando (A) e

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Descoberta Guiada (F) na habilidade da tacada do golfe e o de Goldberger e Gerney

(1990) cujo objetivo foi investigar o estilo de ensino Tarefa (B) no chute do futebol

americano.

Quanto a características dos participantes, foram realizados alguns

estudos dos efeitos dos estilos de ensino com estudantes universitários (Beckett,

1990; Boyce, 1992) e crianças em fase escolar (Arjunan & Jayachandran, 2012;

Derri & Pachta, 2007; Goldberger & Gerney,1990; Salter & Graham,1985).

Em relação a diferentes contextos, os estudos realizaram os

procedimentos em ambientes específicos para a prática da tarefa motora como, por

exemplo, o estudo de Beckett (1990) que realizou a tarefa da embaixadinha no

ginásio da universidade e o estudo de Boyce (1992) conduzido para proporcionar a

aprendizagem do tiro esportivo no stand de tiro da universidade que os sujeitos

estudavam. Por outro lado, outros estudos (Derri & Pachta, 2007; Arjunan &

Jayachandran, 2012; Salter & Graham, 1985; Goldberger & Gerney,1990) realizaram

os procedimentos nos ambientes frequentados pelos alunos, o pátio ou a quadra da

escola sendo os estudos realizados durante as aulas de educação física. Nesses

estudos, observa-se que os participantes são crianças em idade escolar e que

tiveram como proposta de tarefa motora a aquisição de habilidades motoras básicas

que atendem as necessidades de aprendizagem nos anos iniciais do ensino

fundamental, isto é, tarefas motoras relacionadas com os conteúdos da Educação

Física direcionados a esse ciclo escolar.

Pesquisas sobre quais estilos de ensino os professores utilizaram em

ambientes escolares e não escolares no aprendizado de diferentes habilidades

motoras indicaram maior incidência e eficácia dos estilos de ensino Comando,

Tarefa, Recíproca e Descoberta Guiada (Gozzi & Ruy, 2008; Gozzi & Ruete, 2006;

Teotonio, 2013). Assim, para o presente trabalho foram escolhidos dois estilos de

ensino, um de reprodução ou direto (comando - A) e outro de produção ou indireto

(Descoberta Guiada - F). Esses dois estilos, por apresentarem características e

objetivos de comportamento opostos, podem proporcionar efeitos distintos no

processo de ensino-aprendizagem de conteúdos clássicos da Educação Física

escolar.

A importância de pesquisar os efeitos desses dois estilos de ensino em

uma tarefa motora tem relações com as operações cognitivas que cada um deles

enseja. Entre os estilos de ensino de reprodução e os estilos de produção, encontra-

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se uma “linha invisível”, chamada de limiar da descoberta. Essa linha representa o

caminho das mudanças de comportamentos do professor e aluno durante o

processo ensino-aprendizagem, pois os estilos de ensino de reprodução do

conhecimento ativa as operações cognitivas dos alunos em se tratando de memória

das tarefas. Contudo ao se transpor para os estilos de ensino de produção ocorre a

mudança de comportamento, em que as operações cognitivas de descoberta são

mais requisitadas (Mosston & Ashworth, 2008).

No contexto escolar, os estilos de ensino e os conteúdos aplicados nas

aulas de Educação Física são importantes para uma aprendizagem de qualidade

para os alunos, porém outro fator importante para essa qualidade é a motivação do

aluno durante o processo. Segundo Nóvoa (2009), diante das aulas de Educação

Física no ambiente escolar, a motivação pode contribuir para comportamentos

positivos dos alunos durante as tarefas, como o interesse e o esforço na realização

das tarefas. Então, o professor deve levar em consideração nos estilos de ensino

escolhidos, a motivação dos alunos na participação em aula, pois, segundo

Guimarães e Boruchovitch (2004), um estudante motivado envolve-se nas atividades

propostas em aula, buscando estratégias para alcançar o desempenho nas tarefas

com sucesso.

Diversos autores interessados nos estudos da motivação relacionada com

processo ensino-aprendizagem no contexto escolar (Ferreira, 2013; Folle & Teixeira,

2012; Lourenço & De Paiva, 2010; Rocha, 2009) apresentam argumentos retratando

que o aluno intrinsecamente motivado procura novos conhecimentos e

oportunidades, apresentando um envolvimento com entusiasmo nas tarefas,

tornando o seu aprendizado mais significativo. E cabe também ao professor

apresentar aspectos importantes para o aprendizado, despertando a motivação

intrínseca nos alunos (Campos, 1993).

Motivação intrínseca está relacionada aos comportamentos realizados por

si próprios, em que o prazer ou esforço advém da própria realização da atividade

(Barrera, 2010), bem como na resolução de um desafio e superação de limitações,

significando uma recompensa (Tresca & De Rose Jr., 2000).

Os conteúdos trabalhados na Educação Física escolar nas séries iniciais

do ensino fundamental, segundo Brasil (1997), são: esportes, jogos, lutas,

ginásticas, atividades rítmicas e expressivas. Conforme Bezerra et al. (2006), no

ensino fundamental trabalha-se o desenvolvimento motor do aluno através da sua

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vivência corporal com várias experiências de movimento e a ginástica artística é um

conteúdo que proporciona essa vivência, levando a um aprimoramento das

capacidades motoras como a resistência muscular localizada e geral, a flexibilidade,

a coordenação e o equilíbrio bem como das habilidades motoras como girar, saltar,

passar pelo apoio invertido entre outros.

A capacidade de equilíbrio, segundo Grespan (2002), faz parte de uma

proposta de aula para os anos iniciais do ensino fundamental, relacionada ao eixo

de ensino do apoio invertido nos primeiros anos escolares, compostas por alunos

com idades entre 6 e 10 anos. Alunos do terceiro ano do ensino fundamental, com

idades entre 8 e 10 anos, apresentam rápido progresso na aprendizagem em

habilidades motoras, aprendem a guiar seus impulsos de movimento, adaptam-se às

exigências em aula e se concentram numa determinada atividade (Meinel, 1984).

Nessa fase, as crianças possuem domínio psicomotor global que favorece a prática

de atividades complexas, como por exemplo, habilidades motoras de estabilização

que exijam capacidade de equilíbrio. Uma dessas habilidades é o apoio invertido,

indicado a partir dos sete anos de idade. Essa habilidade básica envolve posturas

em que o corpo assume a posição de cabeça para baixo, estabilização do centro de

gravidade e manutenção da linha da gravidade da base de apoio, características

similares à postura ereta em pé (Gallahue & Ozmun, 2005).

Apesar do ensino da ginástica artística, principalmente a habilidade do

apoio invertido, no ambiente escolar ser importante para o desenvolvimento motor

do aluno, diversos estudos (Schiavon & Nista-Piccolo, 2011; Ayoub, 2003; Nista-

Piccolo, 1988; Schiavon, 2003; Bezerra et al., 2006) têm mostrado que a ginástica

artística e suas habilidades encontram-se ausentes na prática escolar. E mais, ao

tratar de um processo de ensino-aprendizagem relacionado ao aprendizado do apoio

invertido, mostra-se importante a escolha de estratégias adequadas para conferir

mais significado e eficácia das atividades planejadas.

Nas principais bases de dados científicas em que estudos da área de

Educação Física são indexados (PubMed, Medline, SportDiscus, Embase, Scielo e

Psycho) não foram encontrados estudos com a preocupação de investigar efeitos

motores e de motivação intrínseca de estilos de ensino de Muska Mosston. Portanto,

o intuito do presente trabalho é estudar os estilos de ensino na aprendizagem de

uma habilidade clássica do contexto escolar (o apoio invertido).

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2. QUADRO TEÓRICO

2.1. Estilos de ensino

Muska Mosston (1966) introduziu a teoria dos estilos de ensino no campo

da Educação Física a fim de melhorar a metodologia de ensino-aprendizagem na

área, propondo uma estrutura unificada com alternativas de estilos de ensino. A

teoria é estruturada ao longo de um espectro, formado por onze estilos de ensino,

cada qual possuindo características e objetivos próprios em relação a

comportamentos de ensino e de aprendizagem. De 1966 até hoje, vários detalhes

foram incorporados de modo que a teoria alcançou um grau de maturidade alto,

refletido em textos mais recentes como, por exemplo, Mosston (1992) e Mostton e

Ashworth (1994, 2008). O referencial teórico que se segue foi redigido com base

nesses textos mais recentes.

No espectro dos estilos de ensino (Figura 1), o grupo de estilos de ensino

de A a E são caracterizados pela capacidade de reprodução de conhecimento, isto

é, o maior grau de decisão é estabelecido pelo professor. Já os estilos de F a K são

caracterizados pela capacidade de produção do conhecimento em que o maior grau

de decisão é estabelecido pelo aluno (Mosston & Ashworth, 2008).

O espectro apresenta fases de decisões que são chamadas de fase de

pré-impacto, fase de impacto e fase de pós-impacto e que estão presentes em todos

os estilos de ensino. A fase de pré-impacto inclui as decisões que serão tomadas

antes do processo ensino-aprendizagem referentes ao planejamento da aula. A fase

de impacto nada mais é do que o momento procedimental da aula, isto é, da

aplicação prática dos conteúdos. Por fim, a fase de pós-impacto trata da avaliação

da aula (Mostton & Ashworth, 2008).

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Figura 1 – Os onze estilos de ensino de Muska Mosston.

Os estilos de ensino relacionados com as capacidades de reprodução,

isto é, tomadas de decisões centradas no professor, são representados pelo

conjunto de estilos de ensino de A até E e são: Comando (A) – sua característica é o

estimulo-resposta, o qual o professor determina o conteúdo, o local e ordem das

tarefas e o aluno segue as ordens do professor. Tarefa (B) – o professor toma as

decisões sobre o conteúdo, e durante a execução da tarefa o aluno começa a tomar

algumas decisões. Recíproco (C) – estilo de ensino que proporciona um trabalho em

grupo, com maior socialização entre os alunos. Auto-avaliação (D) – o aluno ao

desempenhar a tarefa, toma algumas decisões para em seguida poder verificar seu

próprio desempenho. Inclusivo (E) – O aluno aprende a escolher o nível de

execução da tarefa que ele consegue executar e em seguida faz uma auto-

avaliação.

Os estilos de ensino relacionados com as capacidades de produção, isto

é, maior tomada de decisão durante as tarefas é feita pelo aluno, representados

pelas letras de F até K e são: Descoberta Guiada (F) – Levar o aluno a descobrir a

resposta de uma sequência de questões dada pelo professor. Descoberta

Convergente (G) – descobrir a solução para um problema reportando a área

cognitiva para chegar a uma conclusão. Descoberta Divergente (H) – levar o aluno a

descobrir e produzir respostas criando várias soluções para o problema. Individual (I)

– levar o aluno a desenvolver e criar ideias sobre o conteúdo. Iniciado pelo aluno (J)

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– o aluno experimenta e descobre soluções orientando sua aprendizagem. E por fim

o estilo de ensino Autoensino (K) – o aluno é seu próprio tutor o qual tomará todas

as decisões.

O espectro de estilos de ensino fornece uma relação entre os estilos de

ensino e os canais de desenvolvimento. Os canais de desenvolvimento presentes

são cognitivo, social, emocional, físico e ético. Esses canais são mais ou menos

estimulados conforme o estilo de ensino escolhido e os objetivos estabelecidos no

processo-ensino aprendizagem. Conforme Mosston e Ashworth (2008), em todos os

estilos de ensino o canal de emocional é muito estimulado, por outro lado, os canais

cognitivo e físico passam a ser mais requisitados a partir dos estilos de produção do

conhecimento. O canal moral somente no estilo de ensino de comando e tarefa que

é pouco estimulado. E o canal social varia entre os estilos de ensino. Esses canais

podem ser estimulados em qualquer estilo de ensino dependendo de como o

professor direciona os objetivos e tarefas das aulas.

No presente estudo serão enfatizados dois estilos de ensino com

características diferentes, um direto, com ênfase na reprodução do conhecimento

(estilo de ensino “comando”) e outro indireto, com ênfase na produção do

conhecimento (estilo de ensino “descoberta guiada”). Ao tratar das características e

objetivos do estilo de ensino comando (A), Mosston e Ashworth (2008) conceituam-

no como um estilo em que o papel do professor é tomar todas as decisões durante a

fase de impacto e o papel do aluno é seguir essas decisões. Logo, os autores

relacionam esse estilo com o estímulo dado pelo professor e a resposta do aluno.

2.1.1. O estilo de ensino comando

O estilo de ensino comando tem como propósito a reprodução de um

modelo, execução e precisão nas tarefas e resultados imediatos. Quanto aos

comportamentos apresentados pelo professor e aluno nesse estilo de ensino,

implicam-se nas decisões do professor sobre os conteúdos que serão ensinados

fazendo as devidas intervenções na fase de impacto, tendo em vista por parte do

aluno, seguir as instruções como descritas pelo professor.

Nesse estilo, a fase pré-impacto aborda a organização e objetivos do

professor referente à aula, o qual os alunos passam a conhecer as expectativas de

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aprendizagem associadas á reprodução e desempenho nas tarefas; logo, durante a

fase de impacto o professor demonstra as tarefas e suas partes, estabelecendo um

modelo, através de explicação e demonstração (gestos, imagens, fotos, vídeos). Na

fase pós-impacto, o professor fornece o feedback para o aluno sobre o desempenho

nas tarefas.

Os canais de desenvolvimento físico, social, emocional, ético, cognitivo e

moral, no ensino de comando, são pouco desenvolvidos, pois não proporcionam aos

alunos independência nas decisões sobre o desenvolvimento físico/motor devido à

reprodução do movimento direcionado pelo professor e, além disso, encontra-se

pouca interação entre os participantes nas tarefas, possibilitando baixo

desenvolvimento no canal social, em contra partida, o canal de desenvolvimento

emocional é estimulado devido a dependência do aluno em relação as instruções do

professor. Por exemplo, o professor propôs como objetivo a vivência de ações

motoras para o aprendizado do rolamento para frente (cambalhota), o professor

conduzirá os alunos no posicionamento do corpo sobre o colchonete, a ordem das

partes do corpo em contato com o solo, o posicionamento na cabeça para evitar

torções no pescoço. Diante de todos esses procedimentos o aluno passa apenas a

se relacionar com o professor e não com os colegas, e passará a ter uma

dependência na execução da tarefa o qual os comandos do professor atribuiriam

mais segurança e confiança.

2.1.2. O estilo de ensino descoberta guiada

O Estilo de ensino descoberta guiada é descrito por Mosston e Ashworth

(2008) como uma sequência de questionamentos lançada pelo professor sobre uma

determinada tarefa com intenção de levar o aluno a descobrir os caminhos para

chegar às respostas, isto é, nesse estilo de ensino as tomadas de decisões durante

o processo ensino-aprendizagem partem mais dos alunos.

Mosston e Ashwort (2008) ao tratar das características e objetivos do

estilo de ensino descoberta guiada (F) esses o conceituam como um estilo que tem

como propósito envolver o aluno na descoberta de conceitos e princípios de uma

determinada tarefa dada pelo professor a fim de descobrir a resposta.

A fase de pré-impacto aborda a organização e objetivos da aula, idem ao

estilo de ensino comando. Na fase de impacto o professor provoca um

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comportamento no aluno, o que leva estimular seu aspecto cognitivo e o guia

através das perguntas levando-o a descobrir novas ideias, isto é, ocorrerá uma

interação nas dimensões cognitivas e emocionais entre professor e aluno. Na fase

pós-impacto o professor verifica a respostas do aluno e fornece um feedback a fim

de darem continuidade nas tarefas até atingirem os objetivos.

Os canais de desenvolvimento também presentes nesse estilo de ensino

apresentam-se de forma bem diferente do estilo de ensino comando. Os canais de

desenvolvimento físico e social são menos desenvolvidos, porém os canais cognitivo

e moral são elevados, tendo ainda a predominância na dimensão emocional. Por

exemplo, o professor conduzirá os alunos através de algumas “pistas” à

necessidade de uma variedade de passes no basquete para diversas situações do

jogo o qual o aluno terá de pensar em uma ação que possa beneficiá-lo naquele

momento e conseguir realizar o passe favorável a sua equipe. Esse ato de “pensar”

leva à estimulação do canal cognitivo do aluno.

2.2. Motivação

A motivação é definida por Hunter (1976, apud Shigunov e Neto 2014),

“como um estado de necessidade ou desejo que leva a pessoa a fazer algo que

satisfaça esse desejo ou necessidade”. Segundo Lourenço (2012), “a motivação

está relacionada com estado interno resultante de uma necessidade que ativa um

comportamento dirigido ao cumprimento dessa necessidade”.

A motivação ligada à aprendizagem no ambiente escolar mostra-se

essencial no processo ensino-aprendizagem, pois segundo Ferreira (2013) um aluno

motivado se envolve mais com as atividades propostas em aula, investindo em

estratégias que permitem atingir os objetivos com sucesso. A motivação é o

reconhecimento que o aluno demostrará diante de uma atividade que satisfará suas

necessidades e, no contexto escolar, esse reconhecimento é importante para que

tenha um aprendizado eficiente referente ao conteúdo ensinado nas disciplinas

(Davis & Oliveira, 1993).

Segundo Pintrich e Schunk (1996, apud Ferreira 2013, p. 62), “a

motivação é fundamental no processo ensino-aprendizagem, pois os alunos

motivados tendem a mostrarem-se mais interessados nas atividades, são

persistentes e esforçam-se para obterem sucesso”.

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Conforme Lima (2010), a motivação é um dos fatores que mais podem

influenciar o sucesso do ensino, o que leva o professor a se preocupar com o nível

de motivação que os alunos poderão apresentar durante as práticas de atividades

físicas.

De acordo com Shigunov e Neto (2014), o processo de aprendizagem

pode ser melhorado a partir de vários fatores motivacionais, dentre eles, o professor

utilizar de diferentes métodos e materiais didáticos, isto é, a escolha de métodos que

estimulem a vontade e o prazer de aprender do aluno.

A motivação intrínseca, segundo Campos (1993), está ligada ao objeto

das atividades a ser realizada, isto é, o professor apresentará aspectos importantes

do conteúdo que possam despertar motivação no aluno para a sua execução em

aula. Conforme Lima (2010), a motivação intrínseca é determinada pelo interesse do

aluno na tarefa.

Segundo Guimarães (2003), a motivação intrínseca, no contexto escolar,

é um indicador que facilita a aprendizagem e o desempenho do aluno na realização

de uma tarefa, pois o aluno procura apresentar um maior envolvimento na tarefa,

como focalizar com atenção as instruções dadas pelo professor e assimilar novos

conhecimentos com os conhecimentos prévios. Além disso, o aluno se sente

confiante e satisfeito na realização da tarefa, e essa sensação representa para ele

um senso de eficácia.

Para Nóvoa (2009) e Lourenço (2012), a motivação vem sendo um fator

importante no contexto escolar, ao tratar do processo ensino aprendizado de

atividades físicas, pois conforme o comportamento de ensino do professor pode

desencadear um nível mais elevado ou mais baixo de motivação intrínseca nos

alunos diante da realização de uma tarefa motora.

Segundo Shigunov e Neto (2014), durante o processo ensino

aprendizagem, é importante que o professor de educação física adapte meios para

que a motivação dos alunos esteja sempre presente na realização das tarefas,

tornando a aula mais dinâmica e favorecendo uma aprendizagem eficiente.

Um dos questionários mais utilizados para avaliar a motivação intrínseca

de alunos praticantes de atividades físicas é o Intrinsic Motivation Inventory (IMI).

Esse instrumento foi desenvolvido por Ryan (1982) e posteriormente aperfeiçoado

por McAuley, Duncan e Tammen (1989) e foi traduzido e adaptado para o português

por Fonseca (1995), recebendo o nome de Inventário de Motivação Intrínseca (IMIp)

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(Fonseca & Brito, 2001). O IMIp é um instrumento em formato de questionário que

permite avaliar a intensidade da motivação intrínseca do indivíduo referente a

qualquer atividade física por meio de 18 questões cujas respostas são informadas

ao longo de uma escala Likert de 1 a 5. As questões são distribuídas em quatro

subescalas, quais sejam Prazer/Interesse, Competência, Esforço/Importância e

Pressão/Tensão; as três primeiras subescalas referem-se a aspectos positivos e a

última subescala refere-se a um aspecto negativo.

A subescala Prazer/Interesse aborda uma sensação agradável, satisfação

do aluno na realização da tarefa. A subescala Competência está relacionada com os

conhecimentos e conjunto de habilidades que o aluno tem quando está praticando a

tarefa. A subescala Esforço/Importância exprime a necessidade de superação e

empenho empregado pelo aluno durante a realização da tarefa. A subescala

Pressão/Tensão está associada ao receio ou medo que o aluno apresenta durante a

execução da tarefa.

2.3. Apoio invertido

A Ginástica Olímpica citada nos PCN’s da Educação Física atualmente é

denominada de Ginástica Artística, pois, segundo Nunomura e Nista-Piccolo (2004,

p.70), “ao propor o acompanhamento da tendência mundial, o Professor Fernando

Brochado, na época, presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, em 1985,

decidiu pela mudança de GO para GA”.

A ginástica artística possui a característica de desenvolvimento de

habilidades motoras que empregam força, dinamismo e precisão. Ela também é

caracterizada como uma modalidade de acrobacias, que estão relacionadas a

inversões corporais, exigindo coragem e controle do executante (Toledo, 2004).

Durante o ensino da Ginástica Artística, segundo Schiavon e Nista-

Piccolo (2011), os professores devem reconhecer as oportunidades e o

aprimoramento motor que a ginástica proporciona aos alunos que a praticam, além

de oferecer atividades adequadas para que haja uma melhor participação de todos.

Segundo Leguet (1987), uma das ações motoras mais ensinadas nas

aulas de Educação Física nas escolas é a ação do passar pelo apoio invertido. Essa

ação é conhecida pelas crianças por diversos nomes como “plantar bananeira” e

“parada de mão”.

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Rodrigues et al. (2012), ao nomearem o apoio invertido como parada de

mão descrevem-no como uma habilidade complexa que envolve equilíbrio, controle

e alinhamento de punhos, cotovelos, quadril, joelhos e tornozelos.

No processo ensino-aprendizagem do apoio invertido, o professor

conforme a escolha do estilo de ensino deverá, na fase de pré-impacto organizar os

espaços e materiais para as aulas como também apresentar os objetivos e as

atividades que serão realizadas na fase de impacto. Na fase de impacto do estilo de

ensino comando, o professor utiliza uma sequência de ações para o aprendizado do

apoio invertido, o qual os alunos terão que executar conforme as instruções,

mantendo a reprodução e precisão dos movimentos. Por outro lado, na fase de

impacto do estilo de ensino descoberta guiada, o professor utiliza a sequência de

ações para formular as questões que serão apresentadas aos alunos a fim de que

os mesmos encontrem caminhos para chegar às respostas.

A seguir nas Figuras 2, 3 e 4 serão apresentadas ilustrações da

sequência de ações para o aprendizado do apoio invertido, sugerida por Leguet

(1987) com modelos humanos reais concebidos por Khouri & Meira Junior. O autor

primeiramente divide as ações em níveis de dificuldade, classificando-as em três

apoios, D e D1 (2 apoios). O nível dos três apoios passa em apoio invertido com a

parada de cabeça e as duas mãos. O nível de dificuldade “D” representa o pré-

requisito, uma familiarização à habilidade. O nível de dificuldade “D1” representa as

ações da habilidade e suas variações iniciando com ações simples em direção aos

complexos. Conforme o autor, esse segundo nível é direcionado dentro do ambiente

escolar, para alunos do ensino fundamental.

Figura 2: Sequência de ações do apoio invertido em três apoios

Movimento inicial da

cambalhota, com apoio da

cabeça no solo e o movimento do

carrinho de mão em dupla.

Figuras A e B

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Apoio da cabeça no solo

e os pés apoiados na parede.

Figura C

Realizar os três apoios com as pernas apoiadas no aparelho plinto.

Figura D

Realização de 3 apoios na parede, com alinhamento do tronco, quadril, joelhos e tornozelo.

Figura E

(Figuras adaptadas de Leguet ,1987 com modelos humanos reais concebidos por Khouri & Meira Junior).

As ações do nível de dificuldade “D” (Figura 3) são realizadas em

quadrupedia e tripedia em diversas situações. Os objetivos propostos são que no

ambiente ginástico o aluno tenha a descoberta da vertical invertida através da

sustentação do peso do corpo sobre os braços (LEGUET, 1987).

Figura 3: Sequência de ações do apoio invertido do nível de dificuldade “D”

Transpor o aparelho com braços na linha abaixo dos pés.

Figuras F

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Deslocamento para frente e para

trás com os pés no nível elevado. Figura G

Movimento do carinho de mão em dupla.

Figura H

Com as mãos apoiadas no solo, realizar um impulso e colocar os pés em nível superior na parede.

Figura I

(Figuras adaptadas de Leguet, 1987 com modelos humanos reais concebidos por Khouri & Meira Junior).

No nível de dificuldade “D1” (Figura 4), conforme as ações, o aluno se

aproximará da posição invertida em situações variadas com o objetivo de chegar ao

alinhamento entre braço-tronco-pernas (LEGUET, 1987).

Figura 4: Sequência de ações do apoio invertido do nível de dificuldade “D1”

Deslocamento no apoio invertido sob o aparelho plinto, com braços-tronco alinhados.

Figura J

Deslocamento lateral, com os pés apoiados na parede com o alinhamento braços-tronco.

Figura K

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Realizar o apoio sobre o aparelho

plinto, alinhamento das pernas com o tronco e alternando-as.

Figura L

Elevar o quadril, a fim de manter o alinhamento braço e tronco.

Figura M

Elevar quadril, alinhar braço-tronco com o apoio dos pés na parede.

Figura N

Alinhar braço-tronco e pernas, apoiando os pés na parede, com ajuda e sozinho.

Figura O

Alinhamento braço-tronco e pernas na parede, com troca das pernas de apoio.

Figura P

Movimento de afundo, manter o

alinhamento braços-tronco-pernas, com ajuda, na parede.

Figura Q

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Movimento de Afundo, manter o

alinhamento braços-tronco-pernas.

Figuras R e S

Apoio invertido

Figura T

(Figuras adaptadas de Leguet, 1987 com modelos humanos reais concebidos por Khouri & Meira Junior).

3. OBJETIVOS

O objetivo geral do presente trabalho é investigar os efeitos de diferentes

estilos de ensino no desempenho motor e psicológico em escolares no processo

ensino-aprendizagem do apoio invertido. Especificamente, pretende-se:

Investigar os efeitos de aquisição e retenção dos estilos de ensino comando e

descoberta guiada em escolares do terceiro ano do ensino fundamental

presentes nos estágios de desenvolvimento motor do padrão fundamental “apoio

invertido”.

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Investigar os efeitos dos estilos de ensino comando e descoberta guiada nos

níveis motivacionais intrínsecos em escolares do terceiro ano do ensino

fundamental ao final do processo de aprendizagem do apoio invertido.

Espera-se que tanto o estilo de ensino comando quanto o estilo de ensino

descoberta guiada proporcionarão melhora de desempenho de aquisição e retenção

nas variáveis de interesse.

4. MÉTODO

A pesquisa caracterizou-se como quantitativa com o emprego do método

de procedimento experimental, tendo como objetivo analisar as variáveis

relacionadas com o objeto de estudo, apontando a sua relação de causa e efeito

(Mattos et al., 2008). Segundo Thomas, Nelson e Silverman (2012), a pesquisa é do

tipo quase experimental, uma vez que investiga a relação entre variáveis

independentes (causa) e dependentes (efeito) com algum controle do contexto

experimental e designação intencional da amostra.

As variáveis independentes do presente trabalho foram os estilos de

ensino (comando versus descoberta guiada - de acordo com o modelo de Muska

Mosston). As variáveis dependentes motoras foram os estágios de desenvolvimento

do apoio invertido e as notas do padrão de movimento do apoio invertido e a variável

dependente motivacional foi o escore do Inventário de Motivação Intrínseca (IMIp).

4.1. População e amostra

A população foi composta pelos alunos da escola estadual Hermano

Ribeiro da Silva, com aproximadamente 630 alunos, apenas do ensino fundamental

dos anos iniciais, localizada na zona sul do município de São Paulo e pertencente à

Diretoria Regional de Ensino Sul 1. A amostra foi não probabilística intencional,

inicialmente composta por aproximadamente 60 alunos, de ambos os sexos,

matriculados no 3º ano do ensino fundamental da escola estadual, com idades

estimadas entre 8 e 10 anos.

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A escola estadual Hermano Ribeiro da Silva foi escolhida para a

realização do estudo, porque a pesquisadora leciona nessa unidade escolar,

havendo também a autorização do Dirigente da Diretoria Regional Sul 1 para a

realização do estudo nessa escola e a autorização antecipada dos pais e dos alunos

que participaram do estudo por meio dos Termos de Consentimento Livres e

Esclarecidos (TCLE’s) dos pais e dos alunos.

Durante o processo de autorização dos responsáveis por meio dos TCLEs

alguns não permitiriam a participação dos alunos por motivos de medo, apesar de

ter havido uma reunião para explanar todos os procedimentos das aulas. Diante

disso, houve uma perda de oito alunos do grupo comando totalizando um número de

22 participantes e no grupo descoberta guiada houve perda de sete alunos com total

de 23 participantes.

Diante disso, iniciou os procedimentos do estudo com um total de 45

alunos participantes. O grupo comando foi formado por 22 alunos e o grupo

descoberta guiada foi formado por 23 alunos.

No grupo comando o número de meninos e meninas, presente no estudo

foi de 10 meninos e 12 meninas. No grupo descoberta guiada o número foi de oito

meninos e 15 meninas. Conforme os números apresentados totalizou-se o número

de 18 meninos e 27 meninas no estudo.

Em relação as idades, obteve-se valores de 8,71 a média e 0,47 de

desvio padrão, da idade total dos participantes da amostra (n = 45).

Antes de iniciar o estudo na escola, o mesmo foi aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu com o número de protocolo de

488.628.

No critério de inclusão houve a participação dos alunos do 3º ano do

ensino fundamental da EE Hermano Ribeiro da Silva, do ano letivo de 2014, com

idades entre 8 e 10 anos como também a aceitação da participação do aluno na

pesquisa, através de seus próprios consentimentos como também dos pais e/ou

responsáveis.

No critério de exclusão, os alunos que apresentassem algum fator

impeditivo para realizar a tarefa, isto é, a presença de laudo médico impedindo a

participação do aluno em atividades físicas. Nesse item houve a presença apenas

de uma participante, pois a mesma apresentou um laudo médico com presença de

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múltiplas deficiências impossibilitando sua participação no estudo. E, alunos que

estiverem praticando a Ginástica Artística em programa extracurricular.

Quanto aos benefícios à participação do projeto, o mesmo permitiu aos

alunos a vivência de exercícios que poderiam proporcionar o aprendizado da

habilidade motora do apoio invertido. E mais, os alunos irão receber dos resultados

sobre seus desempenhos após o término do estudo.

Referente aos riscos à participação do projeto, durante a realização da

tarefa poderá causar alguns desconfortos, tais como fadiga muscular (sobretudo nos

membros superiores) como também riscos de quedas.

4.2. Variáveis dependentes e instrumentos

4.2.1. Avaliações Motoras

4.2.1.1. Estágios de desenvolvimento do apoio invertido

Na área de desenvolvimento motor, estudos relacionados com a

aquisição de habilidades motoras e análises dos padrões de movimentos (Silveira et

al., 2013; Ferraz & Flores, 2004; Paim, 2003; Maforte et al., 2007; Marques &

Catenassi, 2005) utilizaram como instrumento de análise das habilidades motoras o

modelo de sequência de desenvolvimento de Gallahue e Ozmun (2005),

classificando seus participantes entre os estágios de desenvolvimento inicial,

elementar e maduro.

A qualidade de execução do padrão de movimento do apoio invertido foi

avaliada por meio dos estágios de desenvolvimento específicos propostos por

Gallahue e Ozmun (2005). Esse modelo avaliativo é composto por três estágios que

estão apresentadas no quadro 1.

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Quadro 1: Sequência do desenvolvimento do apoio invertido

Estágio Inicial

Capaz de manter, em nível básico, posições de equilíbrio em três apoios;

Capaz de assumir posturas de três apoios invertidas por até três segundos;

Sensação sinestésica insuficiente para partes do corpo não vista;

Controle de movimentos minimamente coordenados.

Estágio Elementar

Pode manter equilíbrio controlado em três apoios inferiores de contato com a

superfície;

Capaz de manter equilíbrio por três segundos ou mais, com frequente e breve

adição de outro ponto de equilíbrio;

Gradual melhora na monitoração de partes do corpo não vista.

Estágio Maduro

Boa posição de contato com a superfície;

Bom controle de cabeça e do pescoço;

Boa sensação sinestésica de localização de partes do corpo;

Parece estar com bom controle do corpo;

Mantém equilíbrio em posições de dois e três apoios em nível baixo e

elevado por três segundos ou mais;

Sai da postura estática sob controle.

Gallahue e Ozmun (2005)

A execução do apoio invertido foi realizada em três tentativas para cada

teste (pré-teste, pós-teste e retenção).

A análise e classificação nos estágios de desenvolvimento do apoio

invertido foram executadas por duas pesquisadoras experientes na área, mediante o

coeficiente alfa de Cronbach.

O coeficiente alfa de Cronbach é uma técnica usada para estimar a

fidedignidade de testes padronizados (Thomas, Nelson & Silverman, 2012).

A avaliação dos três estágios de desenvolvimento ocorreu através da

análise das imagens registradas durante os três testes (pré-teste, pós-teste e

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retenção). Na avaliação o participante foi classificado entre os estágios conforme a

sua maior relação com os itens listados.

4.2.1.2. Notas do padrão de movimento do apoio invertido

A variável nota foi uma medida complementar de padrão de movimento

com o intuito de obter valores quantitativos de desempenho do apoio invertido.

As atribuições das notas realizadas pelas duas avaliadoras ocorreram por

meio das mesmas imagens usadas para a avaliação dos estágios de

desenvolvimento, registradas durante os três testes (pré-teste, pós-teste e retenção).

As notas foram representadas por valores numéricos contínuos de 0 a 10

pontos. O estágio inicial possibilitou margem de pontuação entre 0 e 3,3 pontos. O

estágio elementar teve pontuação entre 3,4 a 6,7, ao passo que estágio maduro

apresentou amplitude de 6,8 a 10 pontos. O coeficiente alfa de Cronbach também foi

utilizado nessa análise. Essas três faixas proporcionais de pontuação foram

estabelecidas arbitrariamente pela autora do projeto com o objetivo de facilitar a

avaliação motora.

4.2.2. Avaliação da Motivação Intrínseca

O instrumento para avaliação da motivação do aluno durante o processo

ensino-aprendizagem do apoio invertido foi o Inventário de Motivação Intrínseca

(IMIp), tradução e adaptação de Fonseca (1995) do Intrinsic Motivation Inventory

(IMI), desenvolvido por Ryan (1982) e posteriormente aperfeiçoado por McCAULEY

& DUNCAN & TAMMEN, 1989.

As questões foram reformuladas e adaptadas de acordo com o contexto e

a tarefa motora planejada. Diante disso, realizou-se uma modificação no

questionário, a fim de torna-lo mais apropriado para o entendimento do aluno, isto é,

nomenclaturas já conhecidas por eles, como por exemplo, o apoio invertido foi

substituído pela parada de mão.

As modificações no questionário foram feitas das seguintes formas:

inicialmente foi incluído o nome da atividade física nas 18 questões do questionário

de Fonseca e Brito (2001), (Anexo 3, p.66). As questões ao serem classificadas,

fazem parte das quatro subescalas prazer/interesse, competência,

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esforço/importância e pressão/tensão, como por exemplo as questões 1, 5, 9, 13 e

14 são questões ligadas a subescala prazer/interesse; as questões 3, 7, 11, 15 e 18

estão relacionadas com a subescala competência; as questões 2, 6, 10 e 17 estão

ligadas a escalada esforço/importância; as questões 4, 8, 12 e 16 estão relacionadas

a pressão/tensão (fator negativo).

Conforme as questões direcionadas às quatro subescalas, elaboraram-se

duas questões para cada uma delas (Anexo 4, p.67). Outra adaptação importante no

questionário de Fonseca e Brito (2001) foi referente à descrição da escala de Likert

(1 a 5) com o acréscimo de “figuras expressivas”. Essas adaptações foram

realizadas com o intuito de facilitar o entendimento dos alunos no momento de

responder o questionário, tornando o instrumento mais preciso ao avaliar a

motivação intrínseca do aluno como também manter o direcionamento nas quatro

subescalas.

Figura 5 – Questionário de motivação intrínseca

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(Adaptação do IMIp de Fonseca e Brito, 2001)

4.3. Delineamento e procedimentos

A coleta de dados ocorreu no início do ano letivo de 2014, com a

realização de dez aulas (Quadro 2). Na aula 1, foi aplicado o pré-teste da variável

motora. Entre as aulas 2 e 7, que representam a fase de aquisição, realizou-se as

intervenções de ensino-aprendizagem do apoio invertido. Na aula 8 foi aplicado o

pós-teste motor, procedimento que foi repetido após uma semana sem prática da

tarefa na retenção (aula 9). A retenção é importante para avaliar o grau de

permanência do nível de desempenho atingido durante a prática (Godinho et al.,

2000; Magill, 2000). Na aula 10 foi aplicado o questionário de motivação intrínseca

com os alunos de ambos os grupos. O questionário foi aplicado com a

pesquisadora/professora fazendo as perguntas e os alunos individualmente

responderam observando as “figuras expressivas” das respectivas questões. Esse

questionário foi apenas aplicado na retenção, isto é, após a fase de aquisição da

habilidade motora, pois as questões se direcionavam apenas à motivação do aluno

após as aulas de aprendizagem.

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Os testes motores foram administrados com três tentativas do apoio

invertido.

Quadro 2 – Delineamento experimental

Aula 1 Aulas 2 e 3 Aulas 4, 5,

6 e 7 Aula 8

Aula 9

Aula 10

Pré-Teste 1ª parte 2ª parte

Pós-Teste

1 Semana sem

prática da tarefa Retenção

Questionário Motivação

Fase de Aquisição

Entre as aulas 2 e 7, a sequência de ações motoras foi dividida em duas

partes. As aulas 2 e 3 enfatizaram as ações de apoio invertido realizadas com o

auxílio da cabeça (3 apoios). As aulas 4, 5, 6 e 7 enfatizaram as ações de apoio

invertido realizadas sem o auxílio da cabeça (2 apoios). As seis aulas da fase de

aquisição tiveram a organização da fase de pré-impacto/aquecimento (10 min.), fase

de impacto/parte principal (30 min.) e fase pós-impacto/volta à calma (10 min.). Os

procedimentos da pesquisa foram implementados na parte principal da aula. Em

todas as aulas, houve explicações prévias dos objetivos, bem como a exposição dos

espaços e materiais que foram utilizados. Para ambos os grupos, as aulas

direcionadas ao projeto, foram realizadas duas vezes por semana, com intervalo

entre elas de 1 e 4 dias, como por exemplo, quartas-feiras e sextas-feiras. Em cada

parte principal de aula foi respeitada uma margem de número de tentativas das

ações do apoio invertido: entre 20 e 30 execuções das ações completas. O grupo 1

foi conduzido por meio do estilo de ensino comando, com as ações pré-

estabelecidos pela pesquisadora/professora.

O grupo 2 praticou as ações ao longo do estilo de ensino descoberta

guiada, com dicas e questionamentos aos alunos e direcionamento aos objetivos de

aprendizagem.

A organização das aulas do estilo de ensino comando constou de três

fases. Na fase de pré-impacto, a pesquisadora explicou os objetivos traçados para a

aula, com dois tipos de demonstração, uma através da figura/imagem das ações que

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foram realizadas na aula e a outra através da execução das ações realizadas por um

aluno da turma com auxílio da pesquisadora. Além disso, foram indicados os

materiais que foram utilizados para a execução das ações. A demonstração foi

realizada por um aluno do grupo, pois segundo Magill (2000) o modelo iniciante é

eficiente diante daqueles que o observam, porque leva a um desencorajamento a

imitar a um modelo padrão, estimulando o observador em busca da solução do

problema, isto é, em como executar a atividade. As figuras/imagens das ações

propostas que foram realizadas ficaram em exposição durante toda a aula para os

alunos. Durante a fase de impacto, foi oferecido a cada aluno feedback aumentado

verbal e imediato, porém nem sempre frequente, pois os alunos estiveram

executando a habilidade simultaneamente. Na fase de pós-impacto, ocorreu a volta

à calma em conjunto com informações gerais de feedback sobre o desempenho na

aula recém-realizada.

Nas aulas do estilo de ensino descoberta guiada, a fase de pré-impacto

envolveu explicações da pesquisadora acerca dos objetivos - a execução da

habilidade do apoio invertido - utilizando a demonstração da figura/imagem do apoio

invertido no estágio maduro com uma instrução verbal inicial para melhor

entendimento do aluno. Na fase de impacto, isto é, a parte principal a pesquisadora

envolveu os alunos nas descobertas de respostas, através de questões que eram

passadas durante toda prática, tendo como base a sequência das ações sugeridas

por Leguet, estimulando o canal de desenvolvimento cognitivo do aluno, com intuito

de fazer uma ligação entre as etapas da tarefa com a utilização dos materiais que

estiveram disponíveis durante as aulas. Diante da característica desse estilo de

ensino, segundo Gozzi e Ruete (2006), o aspecto cognitivo é muito mais estimulado,

o qual leva o feedback intrínseco a ser mais requisitado, tornando a frequência do

feedback aumentado menor – por isso, o feedback foi fornecido de modo

autocontrolado, ou seja, quando solicitado pelo aluno. Na fase de pós-impacto

ocorreu o momento de volta calma e também foram dadas informações do

desempenho geral do aluno na aula.

As ações motoras do apoio invertido e suas descrições estão localizadas

nas Figuras 2, 3 e 4 - páginas 22 a 26.

A sequência das ações motoras do apoio invertido que foram aplicadas

na fase de impacto do estilo de ensino comando é apresentada no quadro 3.

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Quadro 3 – Descrição básica das aulas sob o estilo de ensino “Comando”

AULAS FASE DE IMPACTO NÚMERO DE EXECUÇÕES

Aula 1

Pré-teste

(Avaliação motora)

50 min. da aula

Aula 2

Fase de aquisição

(1ª parte)

3 ações de familiarização do apoio invertido com 3

apoios

Figuras A, B e C

7 – 10 execuções cada ação

Aula 3

2 ações

Figuras D e E

10 – 15 execuções cada ação

Aula 4

Fase de aquisição (2ª parte)

4 ações de familiarização

com 2 apoios (nível D)

Figuras F, G, H e I

5 – 8 execuções cada ação

Aula 5

4 ações (nível D1)

Figuras J, K, L e M

5 – 8 execuções cada ação

Aula 6

3 ações

Figuras n, O e P

7 – 10 execuções cada ação

Aula 7

3 ações

Figuras Q, R e S, T

7 – 10 execuções cada ação

Aula 8

Pós-teste

(Avaliação motora)

50 min. da aula

Aula 9

(Após 1 semana)

Retenção

(Avaliação motora)

50 min. da aula

Aula 10

Questionário de Motivação

50 min. da aula

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No quadro 4, é apresentada a organização das aulas do estilo de ensino

descoberta guiada, no qual a pesquisadora/professora utilizou a mesma sequência

das ações motoras do apoio invertido do estilo de ensino comando para as

orientações da fase de impacto.

Quadro 4 – Descrição básica das aulas sob o estilo de ensino “Descoberta Guiada”

AULAS FASE DE IMPACTO NÚMERO DE EXECUÇÕES

Aula 1

Pré-teste

(Avaliação motora)

50 min. de aula

Aulas 2 e 3

Fase de aquisição

(1ª parte)

Organização do espaço da prática com os materiais bancos, plinto e colchonetes.

Aulas 4, 5, 6 e 7

Fase de aquisição (2ª parte)

Organização do espaço da prática com os materiais plinto e colchonetes.

20 – 30 execuções para cada aula

Aula 8

Pós-teste

(Avaliação motora)

50 min. de aula

Aula 9

(Após 1 semana)

Retenção

(Avaliação motora)

50 min. de aula

Aula 10

Questionário de Motivação

50 min. de aula

4.4. Instalação e Materiais

As três fases das aulas foram realizadas no pátio da escola, com a

organização do espaço com os devidos materiais para a prática, que foram

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aproximadamente 60 colchonetes, um aparelho auxiliador para exercícios

educativos chamado de plinto e dois bancos suecos.

4.5. Análises dos dados

Os movimentos foram primeiramente registrados por meio de filmagem e

posteriormente organizados em planilhas eletrônicas. Duas avaliadoras realizaram a

avaliação dos 381 movimentos sob designação aleatória dos vídeos de modo que

não sabiam de qual grupo era o aluno e de qual teste estava sendo executado.

Antes dessa análise principal, ocorreu o processo de determinação da fidedignidade

de avaliação dos padrões de movimentos do apoio invertido. A primeira fase

envolveu a análise observacional de vídeo, em dois momentos distintos, com

intervalo de 10 dias entre os momentos, sendo para cada avaliadora 12 movimentos

escolhidos aleatoriamente (quatro de cada teste); para cada movimento, os alunos

foram classificados conforme os três estágios de desenvolvimento motor, bem como

receberam uma nota de 0 a 10. Em seguida realizou-se o cálculo de concordância

intra-avaliadora e entre avaliadoras (Tabela 1) com base no alfa de Cronbach, uma

medida de correlação intraclasse (Thomas, Nelson & Silverman, 2012). Nota-se que

os valores calculados apresentaram magnitudes satisfatórias (acima de 0,70) de

modo que é possível considerar que as avaliações foram confiáveis.

Tabela 1 - Índices de correlação intraclasse (alfa de Cronbach) das avaliadoras na

análise dos movimentos.

Avaliadoras Estágios de desenvolvimento

Notas

A1 /A2 0,82 0,93

B1 / B2 0,79 0,91

A1 / B1 0,79 0,81

A2 / B2 0,70 0,79

A = primeira avaliadora B = segunda avaliadora 1 = Momento 1 2 = Momento 2

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Os dados qualitativos referentes aos estágios de desenvolvimento no

apoio invertido foram organizados descritivamente em tabelas de distribuição de

frequência para subsequente análise inferencial por meio de testes de aderência do

qui-quadrado (Pestana & Gageiro, 2005).

Os dados quantitativos de nota foram submetidos à exploração para

identificar valores discrepantes (outliers extremos) e normalidade de distribuição;

nenhum problema foi detectado em relação a esses pressupostos. A seguir, foram

submetidos à análise descritiva baseada em valores de tendência central (média e

desvio-padrão) e, depois de verificada a existência de homogeneidade de

variâncias, realizou-se uma análise de variância (ANOVA) de duas vias (grupo x

teste) com medidas repetidas no fator teste para verificar a existência de diferenças

entre médias.

Os valores de motivação foram relativos a quatro subescalas e à

totalização delas. A exploração dos dados indicou ausência de valores

discrepantes e normalidade de distribuição. Os dados foram então submetidos à

análise descritiva baseada em valores de tendência central. Como o pressuposto

de homogeneidade de variâncias não foi violado realizou-se uma análise de

variância multivariada (MANOVA) de uma via com o intuito de verificar diferenças

entre médias. A análise foi estratificada por grupos e por sexo.

A análise de dados foi realizada por meio de planilhas eletrônicas

(Windows Excel) e do programa estatístico SPSS for Windows 13.0.

5. RESULTADOS

5.1. Estágios de desenvolvimento

Dos três movimentos de cada teste, a medida estatística de tendência

central moda (categoria mais frequente) foi utilizada para a análise. Quando a

mesma avaliadora apresentou três valores diferentes, foram considerados para

determinação da moda os acréscimos dos três valores da outra avaliadora.

Nas tabelas abaixo (2 a 7) são apresentados os resultados das

distribuições de frequência dos grupos nos estágios de desenvolvimento em cada

teste (pré-teste, pós-teste e retenção).

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Tabela 2 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pré-teste do

estilo de ensino comando.

Estágios de

desenvolvimento

Frequência Frequência

Relativa

(%)

Percentual

Válido

Frequência

Acumulada

(%)

Inicial 16 72,73 94,12 94,12

Elementar 0 0,00 0,00

Maduro 1 4,55 5,88

Total 17 77,27

Dados faltosos 5* 22,73

Total 22 100 100 100

*alunos que faltaram no dia de aplicação do teste

Tabela 3 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pós-teste do

estilo de ensino comando.

Estágios de

desenvolvimento

Frequência Frequência

Relativa

(%)

Percentual

Válido

Frequência

Acumulada

(%)

Inicial 12 54,55 54,55 54,55

Elementar 5 22,73 22,73 77,27

Maduro 5 22,73 22,73

Total 22 100 100 100

Tabela 4 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento na retenção do

estilo de ensino comando.

Estágios de

desenvolvimento

Frequência Frequência

Relativa

(%)

Percentual

Válido

Frequência

Acumulada

(%)

Inicial 14 63,64 63,64 63,64

Elementar 5 22,73 22,73 86,36

Maduro 3 13,64 13,64

Total 22 100 100 100

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No que tange aos participantes do grupo de estilo de ensino comando,

diante dos dados apresentados (Tabelas 2, 3 e 4), observa-se que nos três testes a

maioria dos participantes se encontra no estágio inicial em comparação com os

estágios elementar e maduro. Vale destacar que houve leve migração de

participantes do estágio inicial para os outros dois estágios no pós-teste e na

retenção.

Já em relação aos participantes do grupo de estilo de ensino

descoberta guiada, conforme as tabelas 5, 6 e 7, observa-se que nos três testes a

incidência de participantes no estágio inicial foi maior. Entretanto, houve migração

acentuada de participantes do estágio inicial para os outros dois estágios no pós-

teste e na retenção.

Nota-se também nas tabelas 2 e 5 (pré-teste) que houve perda de cinco

participantes do grupo de estilo de ensino comando e de dois participantes do grupo

de estilo de ensino descoberta guiada. O motivo dessa falta de dados foi a ausência

da criança no dia de aplicação do teste.

Tabela 5 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pré-teste do

estilo de ensino descoberta guiada.

Estágios de

desenvolvimento

Frequência Frequência

Relativa

(%)

Percentual

Válido

Frequência

Acumulada

(%)

Inicial 18 78,26 85,71 85,71

Elementar 1 4,35 4,76 90,48

Maduro 2 8,70 9,52

Total 21 91,30

Dados faltosos 2* 8,70

Total 23 100 100 100

*crianças que faltaram no dia de aplicação do teste

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Tabela 6 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento no pós-teste do

estilo de ensino descoberta guiada.

Estágios de

desenvolvimento

Frequência Frequência

Relativa

(%)

Percentual

Válido

Frequência

Acumulada

(%)

Inicial 10 43,48 43,48 43,48

Elementar 7 30,43 30,43 73,91

Maduro 6 26,09 26,09

Total 23 100 100 100

Tabela 7 - Distribuição de frequências nos estágios de desenvolvimento na retenção do

estilo de ensino descoberta guiada.

Estágios de

desenvolvimento

Frequência Frequência

Relativa (%)

Percentual

Válido

Frequência

Acumulada

(%)

Inicial 12 52,17 52,17 52,17

Elementar 3 13,04 13,04 65,22

Maduro 8 34,78 34,78

Total 23 100 100 100

Nas tabelas 8 e 9 constam análises inferenciais não paramétricas (teste

de aderência qui-quadrado) que atestam a existência de diferenças significativas no

pré-teste e na retenção, em ambos os grupos, na quantidade de participantes

classificados nos estágios de desenvolvimento. No pré-teste, para ambos os grupos,

houve maior incidência de alunos no estágio inicial em comparação com os estágios

elementar e maduro. Na retenção do grupo comando, houve maior incidência de

crianças no estágio inicial em comparação com os estágios elementar e maduro. Na

retenção do grupo descoberta guiada, embora com valor de prova (p) marginalmente

significativo, a quantidade de alunos nos estágios inicial e maduro foi maior que a

quantidade de alunos no estágio elementar.

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Tabela 8 - Valores do teste de aderência qui-quadrado (X²) do grupo comando

Grupo Comando X² graus de liberdade P

Pré-Teste 13,24 1 0,0003 *

Pós-Teste 4,45 2 0,11

Retenção 9,36 2 0,0009 *

*Diferença significativa **Diferença marginalmente significativa

Tabela 9 - Valores do teste de aderência qui-quadrado (X²) do grupo descoberta guiada

Grupo Descoberta Guiada X²

graus de liberdade p

Pré-Teste 26 2 0,0003 *

Pós-Teste 1,13 2 0,57

Retenção 5,30 2 0,07 **

*Diferença significativa **Diferença marginalmente significativa

Embora não seja possível, do ponto de vista inferencial, detectar

diferenças intergrupos acerca das quantidades de crianças em cada estágio de

desenvolvimento, a similaridade dos valores dos grupos observada nas tabelas de

frequência sugere ausência de diferenças significativas no pós-teste e na retenção.

Os únicos valores mais discrepantes que não podem ser ignorados são os

referentes ao estágio maduro na retenção: o grupo comando apresentou três

crianças nesse estágio, enquanto o grupo descoberta guiada, oito crianças. Essa

diferença parece ser um indicativo de que o estilo de ensino descoberta guiada

possa ter causado maior migração de crianças de um estágio inicial para um estágio

avançado na execução do apoio invertido.

5.2. Notas

As notas foram representadas por valores numéricos contínuos de 0 a 10

pontos. Para facilitar a atribuição por parte das avaliadoras, as notas foram

agrupadas em três faixas de amplitude equivalentes (cada uma com 33,33% do

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valor máximo 10) com limites inferior e superior conforme os estágios de

desenvolvimento do apoio invertido. A faixa 1 representou o estágio inicial e

possibilitou margem de pontuação entre 0 e 3,3 pontos; a faixa 2 (estágio elementar)

teve pontuação entre 3,4 a 6,7, ao passo que a faixa 3 (estágio maduro) apresentou

amplitude de 6,8 a 10 pontos.

Na tabela 10, pode-se observar as médias, desvios-padrão e intervalos de

confiança a 95% das pontuações das notas em cada um dos grupos. O valor

considerado para análise foi a média das duas notas atribuídas pelas avaliadoras.

Tabela 10 - Médias e desvios-padrão das notas dos grupos de estilo de ensino

comando e descoberta guiada.

Grupo Testes Média Desvio-

Padrão Intervalo de confiança a

95%

Limite Inferior

Limite Superior

Pré-teste 3,67 1,58 2,88 4,46

Comando Pós-teste 4,10 1,30 3,32 4,88

Retenção 3,85 1,52 2,94 4,76

Descoberta Pré-teste 3,85 1,73 3,08 4,63

Guiada Pós-teste 4,59 1,89 3,83 5,35

Retenção 4,84 2,20 3,96 5,73

A análise inferencial paramétrica de análise de variância de duas vias

(grupo x teste) não indicou diferenças significativas nos fatores “grupo” e na

interação “grupo x teste”. No entanto, houve diferença significativa, embora marginal,

para o fator teste [F(2,70)=2,95; p=0,059; η2=0,08]. O teste de Bonferroni indicou

que os valores do pré-teste foram inferiores aos valores do pós-teste e da retenção.

5.3. Motivação

Os valores que representam o autorrelato de motivação dos grupos

encontram-se na Tabela 11. Em ambos os grupos, percebe-se que as subescalas

Prazer/Interesse e Esforço/Importância são as que apresentaram médias mais altas

em relação às subescalas Competência e Pressão/Tensão. Todavia, a análise de

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variância multivariada de uma via não indicou diferenças significativas entre as

médias em quaisquer variáveis (quatro subescalas e total).

Tabela 11 – Médias e desvios-padrão de motivação dos grupos nas subescalas e no valor total.

Grupos Subescalas Média DP

Prazer/Interesse 9,34 0,66

Competência 8,28 0,77

Comando Esforço/Importância 9,13 1,13

Pressão/Tensão 6,53 2,06

Total 33,28 4,62

Prazer/Interesse 9,42 0,51

Competência 8,34 1,28

Descoberta Guiada Esforço/Importância 9,23 0,80

Pressão/Tensão 7,68 1,88

Total 34,67 4,47

Quando a amostra é estratificada por sexo (Tabela 12), os meninos e as

meninas apresentam valores similares em todas as variáveis, exceto na subescala

Pressão/Tensão, em que os meninos pontuam mais alto que as meninas. A análise

de variância multivariada corrobora essa afirmação indicando diferença significativa

entre as médias dos meninos em comparação com a média das meninas nessa

subescala [F(4,38)=3,47; p=0,017; η2=0,27]. A mesma análise não apontou

diferenças de médias nas outras subescalas ou no valor total.

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Tabela 12 – Médias e desvios-padrão de motivação (subescalas e valor total) dos grupos de estilos de ensino comando e descoberta guiada.

Grupos Subescalas Sexo Média Desvio-padrão

Prazer/ Masc. 9,10 0,74

Interesse Fem. 9,58 0,51

Masc. 8,40 0,52

Comando Competência

Fem. 8,17 0,94

Esforço/ Masc. 9,10 1,29

Importância Fem. 9,17 1,03

Pressão/ Masc. 6,90 1,73

Tensão Fem. 6,17 2,33

Total Masc. 33,50 2,80

Fem. 33,08 3,26

Prazer/ Masc. 9,38 0,52

Interesse Fem. 9,47 0,52

Masc. 8,75 1,28 Descoberta

Guiada Competência

Fem. 7,93 1,22

Esforço/ Masc. 9,25 0,71

Importância Fem. 9,20 0,86

Pressão/ Masc. 8,50 1,93

Tensão Fem. 6,87 1,64

Total Masc. 35,88 3,68

Fem. 33,47 2,92

6. DISCUSSÃO

Este estudo investigou os efeitos motores e psicológicos de dois estilos

de ensino de Mosston na aquisição da habilidade motora “apoio invertido”. Optou-se

pelos estilos de ensino direto do tipo “Comando” e indireto do tipo “Descoberta

Guiada”. Essa escolha justifica-se pela diferença marcante entre os dois estilos de

ensino. O estilo de ensino direto de comando representa um estilo de reprodução de

conhecimento, ao passo que o estilo de ensino indireto de descoberta guiada

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representa um estilo de produção de conhecimento. Ambos os estilos possuem

características e objetivos diferentes durante o processo ensino-aprendizagem, e

diante disso, a importância de verificar se os estilos seriam os mais adequados, para

a aquisição e retenção da habilidade motora apoio invertido.

O estilo de ensino adotado durante o processo ensino-aprendizagem

pode favorecer o professor alcançar os objetivos de ensino com mais facilidade e

para o aluno atender suas necessidades e interesses na aprendizagem tornando-a

mais significativa.

Conforme literatura consultada, a hipótese do presente estudo previa que

ambos os estilos de ensino comando e descoberta guiada pudessem proporcionar

aprendizagem da tarefa motora tanto na fase de aquisição como na retenção.

Embora as notas de ambos os grupos tenham aumentado do início para o fim da

aquisição (do pré-teste para o pós-teste), os resultados referentes ao número de

crianças nos estágios de desenvolvimento do apoio invertido apresentaram padrões

importantes. No seio de cada grupo, houve diferenças significativas no pré-teste e

na retenção. No pré-teste, como esperado, a maciça maioria de crianças

apresentou-se no estágio inicial em relação aos outros dois estágios mais

avançados. Esse achado era previsto, pois as crianças eram inexperientes na tarefa.

Metodologicamente esse padrão é importante porque evidencia homogeneidade de

desempenho inicial, isto é, ambos os grupos iniciaram o processo com níveis iguais

de experiência, qual seja, quase nenhum.

Por outro lado, os achados da retenção indicam algo mais significativo

com relação à vantagem de um grupo sobre outro. Apesar do número de crianças

que se mantiveram no estágio inicial tenha sido alto e similar em ambos os grupos,

um número significativo de crianças migrou do estágio inicial para o estágio maduro

no grupo de estilo de ensino descoberta guiada. Esses resultados mostram-se

importantes do ponto de vista da aprendizagem motora, pois segundo Magill (2000),

o teste de retenção significa que depois de um tempo sem prática – quando os

efeitos temporários são dissipados – o comportamento apresentado reflete o que

persistiu da fase de prática. Esse efeito permanente de aprendizagem ocorreu em

uma maior quantidade de alunos no grupo de estilo de ensino descoberta guiada e

uma menor quantidade no grupo de estilo de ensino comando.

Diferenças entre os estilos de ensino comando e descoberta guiada

também foram encontradas no estudo de Derri e Pachta (2007) na aprendizagem de

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habilidades motoras manipulativas. Nesse estudo ambos os estilos apresentaram

melhoria no desempenho, porém o estilo de ensino descoberta guiada mostrou

melhor desempenho de retenção. Outro estudo de Arjunan e Jayachandran (2012),

que examinou os efeitos dos mesmos estilos nas habilidades de driblar, também

apresentou essa mesma diferença em favor da descoberta guiada no teste de

retenção.

Alguns estudos apresentaram resultados na direção oposta. Salter e

Graham (1985) mostraram que ambos os estilos de ensino tiveram o mesmo efeito

na aquisição da tacada do golfe, ou seja, ambos os grupos melhoraram do pré para

o pós-teste, mas não houve diferenças significativas entre os grupos no pós-teste. O

mesmo padrão de resultados ocorreu no estudo de Sunay et al. (2004) na

aprendizagem de habilidades básicas do voleibol. Pode-se dizer que esses estudos

carecem de relevância porque falharam em não introduzir testes de retenção ou

transferência. Isso não aconteceu no estudo de estudo de Boyce (1992) com a

habilidade motora de tiro esportivo, o qual apresentou resultados significativamente

superiores na retenção para o estilo de ensino comando em relação a outros estilos

de ensino diretos (tarefa e recíproco). A falha desse estudo foi que esse mesmo

grupo já apresentou resultados superiores no pré-teste em relação aos outros dois

grupos. Isso coloca os achados em xeque, pois no início do experimento o grupo

comando já saiu em vantagem, apresentando um sério problema metodológico de

aprendizagem motora.

Outros estudos foram realizados a fim de analisar os estilos de ensino de

Mosston, com diferentes variáveis, como é o caso do estudo de Beckett (1990) que

verificou os efeitos dos estilos de ensino Tarefa (B) e Inclusão (E) na habilidade da

embaixadinha do futebol com a participação de 120 estudantes universitários; os

resultados mostraram uma melhoria na aprendizagem da habilidade motora durante

a fase de aquisição, porém não houve diferença na comparação entre os estilos.

Outros estudos analisaram as preferências de alunos e professores quantos aos

estilos de ensino no ensino de conteúdos, como é o caso do estudo de Cai (1997),

que verificou através de um questionário qual dos estilos de ensino, comando (A),

inclusão (E) e recíproco (C), foi o mais escolhido por alunos universitários nas aulas

de karatê e squash, e o estilo mais votado pelos alunos foi o estilo de comando (A).

E nos estudos de Gozzi e Ruy (2008), Teotonio et al. (2013) são apresentados os

estilos de ensino mais escolhidos pelos professores e ambos os estudos revelam

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que os estilos de comando (A), tarefa (B) e descoberta guiada (F) são os mais

escolhidos para as aulas de Educação Física.

A utilização do estilo de ensino descoberta guiada implica em diversos

fatores, segundo Mosston e Ashworth (2008), como é o caso de levar o professor a

cruzar o limiar da descoberta, ao professor estimular a capacidade cognitiva do

aluno para descobrir os aspectos relevantes do assunto e o professor fazer as

mudanças necessárias, além de um bom planejamento relacionado ao desempenho

do aluno.

O estudo de Derri e Pachta (2007) apresentou resultados similares ao do

presente estudo. O estudo teve como objetivo investigar o efeito dos estilos de

ensino comando (A) e descoberta guiada (F) na aprendizagem de habilidades

manipulativas com crianças de 6 e 7 anos de idade e obteve como resultados que

ambos os estilos tiveram melhoras no desempenho, porém o estilo de descoberta

guiada foi superior na retenção. Os autores retratam esses resultados descrevendo

que o estilo de descoberta guiada se mostrou mais eficaz porque as características

que o estilo apresenta de ser um estilo de produção do conhecimento ajudou os

alunos a compreenderem melhor a interligação das partes das habilidades e a

alcançar as metas de aprendizagem. Isso corresponde às palavras de Mosston e

Ashworth (2008) quando descrevem o estilo descoberta guiada como uma forte

relação com os canais de desenvolvimento cognitivo que são a todo o momento

requisitados durante o processo de ensino e aprendizagem, encorajando os alunos a

fazer a assimilação e a integração dos novos conhecimentos com os conhecimentos

prévios para atingir a meta.

Quanto à variável motivação, na prática de atividades físicas, diversos

estudos (Ferreira, 2013; Shigunov & Neto, 2014; Guimarães & Boruchovitch 2004 e

Hunter, 2014) tratam da importância da motivação dos alunos como um fator para o

sucesso nas aulas de Educação Física, isto é, constataram que o aluno motivado

apresenta-se mais envolvido no processo ensino-aprendizado, o que facilita o

alcance dos objetivos de aprendizado.

Fonseca e Brito (2001) elaboraram o IMIp, por meio de tradução e

adaptações ao Inventário de Motivação Intrinseca (IMI) inicialmente elaborado por

Ryan (1982) permitindo assim a aplicação de questões referentes à motivação

intrínseca (geral e subescalas de prazer/interesse, competência, esforço/importância

e pressão/tensão) dos participantes de atividades físicas.

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Um estudo com estilos de ensino que utilizou o IMIp foi o de Ferreira

(2013), que teve como objetivo identificar os níveis motivacionais de 212 alunas,

com idades entre 14 e 21 anos, praticantes de atividades físicas somente na escola

versus praticantes de atividade física na escola e também em atividades físicas

extracurriculares. Os resultados mostraram que as subescalas de prazer/interesse,

competência e esforço/importância indicaram valores superiores aos da subescala

pressão/tensão, padrão similar ao do presente estudo. Contudo, ao analisar os

resultados do estudo de Ferreira (2013) em se tratando verificar as subescalas na

comparação entre os grupos, verificou-se diferenças significativas, indicando nível

maior de motivação entre as praticantes de atividades físicas na escola mais as

atividades extracurriculares, pois, segundo o autor, as praticantes apresentavam

maior interesse, eram mais competentes, esforçavam-se mais e se sentiam mais

pressionadas na realização da tarefa. Contudo, apesar da diferença de idades e das

práticas de atividades físicas em relação ao trabalho de Ferreira (2013) no presente

estudo, não foram detectadas diferenças significativas em quaisquer subescalas ou

no valor total de motivação, isto é, o interesse dos alunos, a sensação de

competência, os esforços atribuídos na tarefa e a sensação de pressão durante a

prática da tarefa não apresentou relação com os estilos de ensino.

Entretanto, a análise da variável motivação em se tratando de

comparação entre os sexos masculino e feminino, apresentou diferença significativa

na subescala pressão/tensão: os meninos apresentaram valores maiores,

demonstrando que ficaram mais pressionados e tensos durante as atividades

práticas. O resultado foi parecido com o estudo de Fonseca e Brito (2001), o qual

teve como objetivo investigar a motivação intrínseca para a prática de educação

física de 232 alunos do 3º ciclo dos sexos masculino e feminino: na comparação

entre ambos os sexos constatou-se que os meninos obtiveram níveis mais elevados

nas subescalas em comparação com as meninas, porém valores não significativos,

contudo nas subescalas de Competência e Pressão/Tensão os meninos

apresentaram valores significativamente maiores em comparação com as meninas,

levando os autores a concluírem que os meninos se sentiram mais competentes e

ao mesmo tempo mais pressionados que as meninas.

É necessário citar as limitações do presente estudo, às quais devem ser

consideradas na generalização dos achados. O cronograma das aulas sofreu

alterações em razão dos feriados, levando a um espaçamento maior entre as aulas.

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A ausência de alguns alunos durante as aulas também atrapalhou, provocando certa

descontinuidade das ações planejadas, uma vez que a sequência envolvia aumento

de complexidade nas ações motoras de aula a aula. Além disso, a amostra poderia

ter sido maior não fosse a recusa de alguns responsáveis em assinar o termo de

consentimento livre e esclarecido (redução de 60 alunos planejados para 45 alunos

que efetivamente participaram). Outro fator limitante importante que foi notado pela

pesquisadora/professora durante a fase de aquisição foi um desconforto provocado

pelo receio dos alunos em executar o apoio invertido, especialmente nas duas

primeiras aulas. Essa limitação teria como uma possível justificativa a própria

característica do apoio invertido, uma habilidade complexa, que envolve o equilíbrio,

o controle e alinhamento de punhos, cotovelos, quadril, joelhos e tornozelos

(Rodrigues et al., 2012). Ainda, alguns alunos relataram sobre a dificuldade de

realizar o apoio invertido por causa do sobrepeso. Uma perda considerada foi a de

cinco participantes do grupo comando e dois participantes do grupo descoberta

guiada, as quais se deveram a ausências das crianças no pré-teste e pós-teste

(como também durante algumas aulas), o que impossibilitou a inclusão dos dados

nas análises estatísticas. Nas aulas de aquisição do apoio invertido, foi estipulada

uma margem referente à quantidade de repetições que os participantes teriam de

executar para cada atividade realizada (Quadro 5). Contudo, notou-se que durante

as vivências das aulas e das atividades, a maioria dos alunos realizou os

movimentos próximos à margem mínima, e a justificativa para isso foi que as

crianças sentiram fadiga nos membros superiores. Apesar de todos esses fatores

limitantes estarem presentes neste estudo, houve cuidados para reduzir tais

situações que não viessem a colocar em risco a validade do estudo.

Durante as aulas de aquisição da habilidade motora, a

pesquisadora/professora notou um melhor envolvimento dos alunos do grupo

descoberta guiada em se tratando do empenho em encontrar respostas para os

questionamentos feitos nas tarefas. O grupo comando, a partir da 3ª aula, segundo a

pesquisadora/professora apresentou atitudes de desejarem ter uma participação

mais ativa nas escolhas das atividades e dos movimentos. Os resultados deste

estudo mostraram a complexidade das aulas de Educação Física no contexto

escolar, vivenciado por professores e alunos, isto é, desde o planejamento, a

metodologia utilizada até os resultados do ensino, apresentando relações dos estilos

de ensino, conteúdo da educação física e a motivação dos alunos durante o

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processo de aprendizagem. Conforme os itens do planejamento referente à

metodologia de ensino, os estilos de ensino de Mosston e Ashworth (2008) são

ferramentas imprescindíveis para os professores durante o processo ensino-

aprendizagem, indicando um repertório de comportamentos tanto do professor como

do aluno. Se escolhidos e utilizados de forma apropriada, os estilos de ensino

criarão experiências desafiadoras tornando a aprendizagem do aluno mais

interessante. Para a aprendizagem do apoio invertido, o presente estudo mostrou

evidências de que o estilo de ensino descoberta guiada parece ser mais adequado,

pois de acordo com os resultados, os alunos do grupo descoberta guiada

apresentaram um melhor aprendizado da habilidade motora em se tratando dos

padrões de movimentos e das notas adquiridas.

Poucos estudos foram encontrados para comparar com os resultados do

presente estudo, principalmente em se tratando da habilidade motora do apoio

invertido e estudos que fizessem uma relação dos estilos de ensino e motivação

intrínseca. Diante disso, recomenda-se que mais pesquisas sejam conduzidas para

disponibilizar mais resultados que sirvam de base para os professores de Educação

Física, estudos que poderão se favorecer ainda mais nas escolhas de seus métodos

de ensino para criar um ambiente favorável ao ensino.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A investigação sobre os efeitos dos estilos de ensino comando e

descoberta guiada na aquisição e retenção da habilidade apoio invertido mostrou

que:

1. O estilo de ensino descoberta guiada proporcionou maior número de alunos no

estágio de desenvolvimento maduro na retenção em comparação com o estilo

de ensino comando.

2. Ambos os estilos de ensino apresentaram melhoria de desempenho de nota

do padrão de movimento do pré-teste para o pós-teste e retenção.

3. Ambos os estilos de ensino proporcionaram resultados similares de motivação

intrínseca, bem como nas subescalas de prazer/interesse, competência,

esforço/importância e pressão/tensão; na subescala de pressão/tensão os

meninos apresentaram valores superiores aos das meninas.

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9. APÊNDICES

Apêndice 1 - Termo de consentimento livre e esclarecido – pais/responsáveis

A criança ______________________________________________________________________ está sendo convidado/a a participar, como voluntário/a, da pesquisa EFEITOS DOS ESTILOS DE ENSINO DIRETO E INDIRETO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DO APOIO INVERTIDO EM ESCOLARES DO 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, sob responsabilidade da PROFA. DRA. GRACIELE MASSOLI RODRIGUES e participação da PROFA. FERNANDA BUONOME EL KHOURI E PROF. DR. CASSIO M. MEIRA JR.

Caso concorde com a participação, devo assinar esse documento. A participação não é obrigatória, e a qualquer momento a criança pode desistir de participar, retirando o consentimento. A recusa não trará nenhum prejuízo na relação com os pesquisadores, professores ou instituição. Eu receberei uma cópia deste termo no qual constam o telefone e endereço da pesquisadora principal, para que possa esclarecer eventuais dúvidas sobre o projeto e sobre sua participação. O objetivo do trabalho é analisar o aprendizado do apoio invertido, mais conhecido como “parada de mão” ou “plantar bananeira”, através de duas formas de ensinar. O estudo acontecerá em 9 aulas de Educação Física no começo do ano de 2014. A pesquisa será realizada com duas turmas de 3º anos, e com dois tipos de ensino. Na aula 1 e na aula 8 o aluno, através de testes, mostrará como ele faz a parada de mão e também responderá um questionário sobre a tarefa. Da aula 2 até a aula 7 ocorrerão as aulas práticas da parada de mão, e depois de uma semana da aula 8, o aluno fará o teste novamente, na aula 9. Uma turma de alunos irá participar do estilo de ensino de Comando, e a outra turma do estilo de ensino Descoberta Guiada. Para a proteção dos alunos durante as aulas práticas, serão utilizados materiais como colchonetes, bancos e plinto.

A pesquisa será realizada nas aulas de Educação Física, que serão filmadas e as imagens usadas apenas para a pesquisa e sem a identificação dos alunos durante a filmagem. Os riscos que os alunos poderão ter durante a pesquisa são cansaços nos braços e quedas. A participação do aluno nessa pesquisa permitirá a aprendizagem da parada de mão, conteúdo da ginástica artística, modalidade olímpica. A participação será voluntária. Em caso de lesão ou emergência causada durante as aulas, o aluno será levado ao médico, sob responsabilidade dos pesquisadores. As informações e os dados obtidos serão utilizados exclusivamente para a pesquisa. Alunos e pais/responsáveis terão a devolutiva individual sobre os dados, bem como os resultados finais da pesquisa. Eu,______________________________________________________________________________

RG_________________________, declaro que li as informações contidas nesse documento, fui devidamente informado/a pelos pesquisadores sobre os procedimentos que serão utilizados, os riscos e desconfortos, benefícios, custo de participação e reembolso de despesas bem como sobre a confidencialidade da pesquisa. Declaro que concordo pela participação por livre decisão minha. Foi-me garantido que a criança pode retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer prejuízo para ela. Declaro ainda que recebi uma cópia deste Termo. Qualquer dúvida, poderei entrar em contato no telefone 55498045/98339-4607 (Profa. Fernanda), 27991909 ramal 1639 (Profa. Graciele e Prof. Cassio) ou com o Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu pelo telefone 2799-1944.

LOCAL E DATA: São Paulo, ___ de____________ de 2014. NOME E ASSINATURA DO/A PAI/MÃE/RESPONSÁVEL:

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS PELA PESQUISA

Profa. Dra. Graciele Massoli Rodrigues Profa. Fernanda Buonome El Khouri Prof. Dr. Cassio M. Meira Jr.

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Apêndice 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido – alunos

Eu estou sendo convidado/a a participar, como voluntário/a, da pesquisa EFEITOS DOS ESTILOS DE ENSINO DIRETO E INDIRETO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DO APOIO INVERTIDO EM ESCOLARES DO 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, sob responsabilidade da PROFA. DRA. GRACIELE MASSOLI

RODRIGUES e participação da PROFA. FERNANDA BUONOME EL KHOURI E PROF. DR. CASSIO M. MEIRA JR.. Caso eu concorde em participar, devo assinar esse documento. Minha participação não é obrigatória, e a

qualquer momento eu poderei desistir de participar. Caso eu não queira participar da pesquisa, isso não trará nenhum prejuízo em minha relação com a Escola e com os professores.

O objetivo do trabalho é analisar o aprendizado do apoio invertido, mais conhecido como “parada de mão” ou “plantar bananeira”, através de duas formas de ensinar. O estudo acontecerá em 9 aulas de Educação Física no começo do ano de 2014. A pesquisa será realizada com duas turmas de 3º anos, e com dois tipos de ensino. Na aula 1 e na aula 8 o aluno, através de testes, mostrará como ele faz a parada de mão e também responderá um questionário sobre a tarefa. Da aula 2 até a aula 7 ocorrerão as aulas práticas da parada de mão, e depois de uma semana da aula 8, o aluno fará o teste novamente, na aula 9. Uma turma de alunos irá participar do estilo de ensino de Comando, e a outra turma do estilo de ensino Descoberta Guiada. Para a proteção dos alunos durante as aulas práticas, serão utilizados materiais como colchonetes, bancos e plinto. A pesquisa será realizada nas aulas de Educação Física, que serão filmadas e as imagens usadas apenas para a pesquisa e sem a identificação dos alunos durante a filmagem.

Os riscos que os alunos poderão ter durante a pesquisa são cansaços nos braços e quedas. Minha participação nessa pesquisa permitirá a aprendizagem da parada de mão, conteúdo da ginástica artística, modalidade olímpica. A participação será voluntária e em caso de lesão ou emergência causada durante as aulas, serei prontamente atendido(a), sob responsabilidade dos pesquisadores. As informações e os dados obtidos serão utilizados exclusivamente para a pesquisa. Alunos e pais terão a devolutiva individual sobre os dados, bem como os resultados finais da pesquisa.

Eu,______________________________________________________________________________RG_________________________, declaro que li esse documento e fui informado/a pelos pesquisadores sobre o passo-a-passo do estudo, os riscos, os benefícios da participação, custo de participação e segredo da pesquisa. Declaro que aceito em participar da pesquisa. Sei que posso desistir de participar a qualquer momento, sem trazer prejuízo para mim. Declaro ainda que recebi uma cópia deste Termo.

LOCAL E DATA: São Paulo, ___ de____________ de 2014.

NOME E ASSINATURA DO(A) ALUNO(A):

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS PELA PESQUISA

Profa. Dra. Graciele Massoli Rodrigues Profa. Fernanda Buonome El Khouri Prof. Dr. Cassio M. Meira Jr.

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10. ANEXOS

Anexo 1 – Parecer do CEP

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Anexo 2 – Carta de autorização do Dirigente da Diretoria de Ensino Sul 1

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Anexo 3 – Modelo do Inventário de Motivação Intrínseca (IMIp) – Fonseca e Brito (2001)

Eu e o apoio invertido

Escreva na frente de cada item o número de acordo com a seguinte escala:

Discordo Totalmente Concordo Totalmente

1 2 3 4 5

1) Gosto bastante do meu apoio invertido:

2) Despendo muito esforço na prática do meu apoio invertido:

3) Penso que sou bastante bom/boa no meu apoio invertido:

4) Sinto-me tenso/a enquanto pratico o meu apoio invertido:

5) O meu apoio invertido é divertido:

6) É importante para mim fazer bem as coisas no meu apoio invertido:

7) Estou satisfeito/a com o meu rendimento no meu apoio invertido:

8) Sinto-me nervoso/a enquanto pratico o meu apoio invertido:

9) Descreveria o meu apoio invertido como muito interessante:

10) Empenho-me bastante no meu apoio invertido:

11) Sou bastante bom/boa no meu apoio invertido:

12) Sinto-me descontraído/a enquanto pratico o meu apoio invertido:

13) Enquanto pratico o meu apoio invertido, penso em como gosto de o fazer:

14) O meu apoio invertido não me desperta a atenção:

15) Não consigo praticar o meu apoio invertido muito bem:

16) Sinto-me pressionado/a enquanto pratico o meu apoio invertido:

17) Não me esforço muito no meu apoio invertido:

18) Após praticar um bocado o meu apoio invertido sinto-me bastante competente:

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Anexo 4 – Classificação das questões nas quatro subescalas

Prazer/Interesse

Esforço/Importância

1) Gosto bastante do meu apoio invertido:

5) O meu apoio invertido é divertido:

9) Descreveria o meu apoio invertido como

muito interessante:

13) Enquanto pratico o meu apoio invertido,

penso em como gosto de o fazer:

14) O meu apoio invertido não me desperta

a atenção:

2) Despendo muito esforço na prática do

meu apoio invertido:

6) É importante para eu fazer bem as coisas

no meu apoio invertido:

10) Empenho-me bastante no meu apoio

invertido:

17) Não me esforço muito no meu apoio

invertido:

Competência

Pressão/Tensão

3) Penso que sou bastante bom/boa no meu

apoio invertido:

7) Estou satisfeito/a com o meu rendimento

no meu apoio invertido:

11) Sou bastante bom/boa no meu apoio

invertido:

15) Não consigo praticar o meu apoio

invertido muito bem:

18) Após praticar um bocado o meu apoio

invertido sinto-me bastante competente:

4) Sinto-me tenso/a enquanto pratico o meu

apoio invertido:

8) Sinto-me nervoso/a enquanto pratico o

meu apoio invertido:

12) Sinto-me descontraído/a enquanto

pratico o meu apoio invertido:

16) Sinto-me pressionado/a enquanto

pratico o meu apoio invertido: