d. constitucional - cassio juvenal

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86 DIREITO CONSTITUCIONAL Cássio Juvenal Faria Direito Constitucional Prof. Cássio Juvenal Faria INTRODUÇÃO O regime autoritário militar relegou a Constituição a um plano secundário. Era anti-semantica, não normativa, longe da plenitude. A partir de 1988, este cenário mudou. As normas constitucionais atuais possuem força máxima. Ao contrário de outrora, hoje eleva-se as normas da Constituição ao nível máximo. Chama-se isto de neoconstitucionalismo. O STF passa a ter, nos dias de hoje, espaço na cena política, em contraponto à omissão do Congresso Nacional – este que deveria ser palco das grandes discussões nacionais. Exemplo reside na questão das células tronco, dos fetos anencefálicos, das cotas étnico-raciais, etc. Este é o ativismo judicial. Ainda, há o fenômeno da judicialização dos fenômenos comuns. O STF intervém e judicializa as grandes questões. Não importa que as normas constitucionais sejam programáticas. É necessário extrair resultados práticos. O STF faz com que o D. Constitucional se irradie sobre todas as normas infraconstitucionais. Vide a técnica da interpretação uniforme: “esta lei vale se for assim interpretada, em conformidade com a CF”. Consagra-se, assim, o neoconstitucionalismo. TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO A Constituição é a organização jurídica fundamental do Estado. Será, assim, um conjunto de regras jurídicas, diferenciando-se do Código Penal, por exemplo, pelas suas características próprias. Neste sentido, temos a i) supralegalidade, onde as normas inferiores guardam uma relação de compatibilidade com as superiores, vistos na linha vertical:

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Aulas do professor Cássio Juvenal, dadas no Damásio em 2013

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Direito Constitucional86

Cssio Juvenal FariaDireito ConstitucionalProf. Cssio Juvenal FariaIntroduoO regime autoritrio militar relegou a Constituio a um plano secundrio. Era anti-semantica, no normativa, longe da plenitude. A partir de 1988, este cenrio mudou.As normas constitucionais atuais possuem fora mxima. Ao contrrio de outrora, hoje eleva-se as normas da Constituio ao nvel mximo. Chama-se isto de neoconstitucionalismo. O STF passa a ter, nos dias de hoje, espao na cena poltica, em contraponto omisso do Congresso Nacional este que deveria ser palco das grandes discusses nacionais. Exemplo reside na questo das clulas tronco, dos fetos anenceflicos, das cotas tnico-raciais, etc. Este o ativismo judicial.Ainda, h o fenmeno da judicializao dos fenmenos comuns. O STF intervm e judicializa as grandes questes. No importa que as normas constitucionais sejam programticas. necessrio extrair resultados prticos. O STF faz com que o D. Constitucional se irradie sobre todas as normas infraconstitucionais. Vide a tcnica da interpretao uniforme: esta lei vale se for assim interpretada, em conformidade com a CF. Consagra-se, assim, o neoconstitucionalismo.Teoria Geral da ConstituioA Constituio a organizao jurdica fundamental do Estado. Ser, assim, um conjunto de regras jurdicas, diferenciando-se do Cdigo Penal, por exemplo, pelas suas caractersticas prprias.Neste sentido, temos a i) supralegalidade, onde as normas inferiores guardam uma relao de compatibilidade com as superiores, vistos na linha vertical:

Atente-se que os tratados sobre direitos humanos, anteriores emenda constitucional, so caracterizadas de supralegais tambm apesar de no terem sido votadas na forma da emenda e, portanto, no equiparadas s normas constitucionais.A supralegalidade, enfim, mantem-se no quesito de eficcia. As demais normas infraconstitucionais devem se alinhar s da Constituio, sob pena de ineficcia.ii) As normas constitucionais so providas de rigidez. Temos o procedimento formal e solene de aprovao de emendas constitucionais (3/5 dos votos dos membros de cada casa, em dois turnos) que, se vistos face as aprovaes das leis, so muito mais difceis de mutao. Configura-se, assim, maior estabilidade s normas constitucionais.Atente-se existncia de matria constitucional tal como matria penal, matria civil, etc. voltada ao poder. A opo poltica dever ser materializada em regra jurdica que ir Constituio. Na CF brasileira, a opo poltica foi pelo presidencialismo, o Estado como sendo federal, a existncia entre os trs poderes com atribuies e rgos separados. Ainda, so regras de matria constitucional aquelas que preveem o modo com que as pessoas possam chegar ou impedir o acesso ao poder - tambm devero ser previstas na CF (modo de aquisio e exerccio do poder). Todos estes exemplos so os chamados elementos orgnicos ou organizacionais de uma Constituio.Tambm so prprias de uma CF as regras que fazem a enunciao dos Direitos Fundamentais das pessoas (ex. liberdade de expresso do pensamento).J os elementos limitativos impem restries ao exerccio abusivo do poder ante os Direitos Fundamentais previstos na CF. Quando se anunciam os direitos, estabelecem-se limites ao exerccio abusivo do poder.Os princpios da ordem econmica e da ordem social so matrias constitucionais. A doutrina chama de elementos scio ideolgicos de uma Constituio. a principiologia da ordem econmica e social. O conjunto destes elementos (orgnico, limitativo e scio ideolgico) so todos de matria constitucional.Todas as regras, por mais afastadas destes elementos (ex. artigo que previa a regulao do Colgio Don Pedro), desde que pertencentes Constituio, so revestidas pela rigidez caractersticas das normas constitucionais.O que confere a norma jurdica o grau mximo de eficcia no a matria de que trata, mas a forma de que se reveste porque se tiver a forma de norma constitucional, no importa a matria que trata, significa dizer que ela encontra-se no pice da pirmide.Logo, todas as regras que esto na Constituio tem a forma de norma constitucional. Assim, reveste-se de mxima eficcia caracterstica de normas constitucionais. A crtica reside na ausncia de materialidade constitucional de algumas regras. Porm, pelo fato de serem formalmente constitucionais, so revestidas de todas as prerrogativas que as normas constitucionais (materiais ou no) detm.Veja um exemplo de uma norma apenas formalmente constitucional:A regra do Colgio Dom Pedro II, pelo fato de ser matria formalmente constitucional, dever situar-se no grau mximo de eficcia, ou seja, no topo da pirmide. A alterao ou retirada desta regra dever obedecer o formalismo e rigor da emenda constitucional. Logo, as regras que esto na Constituio so formalmente constitucionais, apesar de que algumas no so materialmente constitucionais.- Constituio Formal: o texto promulgado pela Assembleia Constituinte. - Constituio Material: o conjunto de regras jurdicas que tratam de normas organizacionais.Embora um texto que trata de matria constitucional no esteja dentro da Constituio, este texto poder ser constitucional. O conceito de Constituio Material transcende os limites da Constituio formal. Material mais abrangente do que a formal. Est correto colocar todas as regras da Constituio Formal no pice da pirmide. Porm, nem toda a Constituio Material estar no pice da pirmide. Por exemplo: a Lei da Ficha Limpa, que trata de matria constitucional sobre a ilegibilidade de pessoas, no encontra-se no topo da pirmide, apesar de ser mais material do que o artigo do Colgio Dom Pedro II.A E.C. 45, de 2004, acrescentou o par. 3 do art. 5. Versa sobre regra tratados e convenes internacionais de Direitos Humanos que forem aprovados na forma de E.C. Diz que, se aprovadas nesta sistemtica, sero equivalentes s regras constitucionais. Em 2009, foi aprovada a Conveno Sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia nestes requisitos. Este tratado, com base na redao do par. 3 do art. 5, so verdadeiras normas constitucionais, residindo no grau mximo de eficcia. A questo reside nos demais tratados aprovados antes da E.C. de 2004. Estes tratados tinham sido aprovados pelo procedimento das deliberaes ordinrias (vez que no existia a esquematizao atual). A maioria do STF entendeu que estes tratados pretritos, apesar de no serem formalmente constitucionais, residiro num degrau acima das leis (supralegalidade), mas no na forma constitucional. As normas do CPC e CPP que vo de encontro aos preceitos do Pacto de San Jos, por exemplo, no so vlidas (vez que o Pacto de Sano Jos, apesar de no ser formalmente constitucional, supralegal). Porm, nada impede que o Congresso aprecie novamente o texto do Pacto de San Jos e ratifique nos moldes do par. 3 do art. 5, a fim de que se torne formalmente constitucional.Classificaes das ConstituiesQuanto Forma de que se RevestemOu uma Constituio ser escrita ou costumeira (no escrita). A escrita obedece dois modelos: ou ser escrita analtica ou escrita sinttica.A Constituio costumeira (do Reino Unido, por exemplo) composta de textos esparsos que so aprovados pelo Parlamento. No correto levar ao p-da-letra o termo no escrito. A diferena que so esparsos, porm so fontes escritas. L no h supremacia da Constituio, e sim supremacia do Parlamento. O exemplo a mudana de regra de sucesso da coroa inglesa pelo Parlamento, atravs de um ato escrito. Esta uma fonte deste tipo de Constituio.A segunda fonte da Constituio costumeira sero as decises judiciais. Os Tribunais, ou consolidam os costumes (common law) ou interpretam e aplicam a lei (case law). Ainda, as prticas administrativas do governo tambm so outra fonte de Constituio costumeira. Ex.: o chefe do Parlamento ocupar a cadeira de Primeiro ministro, apesar de no estar escrito esta determinao em nenhum lugar.Este tipo de Constituio est em desuso atualmente.No que se refere a Constituio escrita, ser um texto nico, sistematizado e fruto de um momento reflexivo da poca. A Constituio dos EUA sinttica (em contraposio a analtica) s se preocupa com o que deveria se preocupar, ao contrrio da CF brasileira, que expansiva preocupou-se em questes que no so materialmente constitucionais.A Constituio dos EUA tem apenas 27 emendas, pois a sua aprovao extremamente formal e rigorosa. A ltima emenda (27) que foi proposta no final do sculo 18, foi ratificada em 1992.Quanto ao Modo de ElaboraoUma Constituio pode ser um sistema fruto de um lento processo de formao histrica. J a Constituio dogmtica fruto da reunio de dogmas (elementos essenciais de um sistema, de um instituto) em vigncia no momento da sua elaborao. Quando uma Constituio adota regimes de governo (federalismo, por exemplo), aceita-se os dogmas destes modelos. Representa a aceitao de pontos centrais de determinados modelos, denominados dogmas.Quanto a EstabilidadeH a Constituio rgida e a flexvel. H, ainda, a Constituio semirrgida. A Constituio escrita , essencialmente, rgida, pois o procedimento para alterao das prprias regras da Constituio muito mais formal, solene, que as outras deliberaes legislativas. A oposio a este modelo ser a Constituio flexvel, sendo a Constituio costumeira - o sistema constitucional ingls prevalece a soberania do Parlamento neste caso, no exigido um procedimento mais solene, formal. Faz-se a alterao pelo mesmo procedimento que demais deliberaes legislativas.A primeira noo de rigidez e flexibilidade traz a ideia de que mais difcil a alterao das Constituies Rgidas. Porm, esta premissa errnea, no momento em que vemos o nmero de emendas nossa Constituio (77 vezes). J na Constituio flexvel inglesa, muitas regras no mudaram em sculos. Este o paradigma destes modelos.A Constituio do Imprio, de 1824, seria em parte rgida e em parte flexvel. Dizia que as regras que esto nesta Constituio e que so materialmente constitucionais (formao do Estado e manuteno de poderes) somente sero alterveis por um procedimento solene e formal. J as regras que esto na Constituio e que no fazem meno quelas regras so alterveis por procedimento mais simples. Esta distino levou a doutrina a classificar a Constituio de 1824 de semirrgida. Quanto a Funo DesempenhadaPara que serve um Estado, uma Constituio? Para que serve a sua funo?As classificaes, quanto a funo, no so excludentes (ao contrrio das demais classificaes).As Constituies Garantia tem como funo a limitao do poder do Estado, garantindo os direitos das pessoas. conhecida como Constituio Quadro, pois elenca os quadros e direitos das pessoas, ou ainda Constituio Negativas, pois limita a atuao do Estado em face dos direitos das pessoas. A Constituio desempenha esta funo de garantia. Temos como caracterstica da CF de 1988 ser ela uma Constituio Dirigente. Isto no exclui a funo de garantia dela. Mas ela, acima de tudo, vai alm. Organiza o poder, enuncia os direitos e (vai alm) estabelece programas de governo que devem ser desenvolvidos por qualquer partido que esteja no governo (ex.: art. 7 da CF, que diz ser direito do trabalhador participar dos lucros da empresa). As diretrizes polticas permanentes se impem sobre as diretrizes polticas contingentes (aquelas que surgem com exclusividade dos partidos polticos apenas). Ainda, h a criao de dois mecanismos na CF: previso de um d. constitucional que possui como escopo fazer valer um direito que esteja previsto numa norma programtica na CF, mas que no possui aplicao por falta de atuao do legislativo Mandado de Injuno e ADPF (?).Quanto ao Processo de PositivaoTrata-se da maneira com que as normas constitucionais se tornaram direito positivo. Ou a Constituio ser outorgada, ou ser votada num processo de conveno neste ltimo encontram-se as Constituies promulgadas, populares e democrticas (ateno para a ilegitimidade se aplicada estas ltimas denominaes, entenderemos por excluso que a outorgada ser imposta, impopular e antidemocrtica, ou seja, ilegtima) (ainda, mesmo que uma C. seja outorgada, ela poder ser promulgada, o que leva a incoerncia do termo promulgada).Temos como exemplo de Constituio outorgada a de 1937, feita por Getlio Vargas e que inaugurou o Estado Novo. a imposio pela vontade de algum de uma nova ordem constitucional. J a Constituio de 1934 foi elaborada atravs de uma obra de uma Assembleia Constituinte, sendo, portanto, votada.A expresso Carta sinnimo de Constituio. No haver erro no seu emprego. A ressalva fica pela tendncia da doutrina usa-la em sentido estrito, preservando a sua utilizao s Constituies positivadas por outorga. A Carta de 1937 ab-rogou a Constituio de 1934.Por fim, uma Constituio Cesarista ser uma C. imposta, tecnicamente outorgada. Porm, cria-se um processo para dar uma aparente legitimidade (ex. artigo que diz ser possvel um plebiscito para referendar a C. o que nunca aconteceu Carta de 1937).Quanto a Positividade das NormasSer visto quanto a efetiva produo de efeitos no mundo jurdico. Isto devido, pois algumas CF so puramente retricas, semnticas (ex.: CF de 1967, que poderia ser relegada por qualquer disposio emanada de Atos Institucionais como de fato foi, no caso do AI5).J na Constituio Nominalista ainda paira a dvida quanto a aplicao das suas normas. No que se refere a Constituio Normativa, extrai-se os efeitos mximos no mundo jurdico, sendo as normas supremas num sistema constitucional.A Constituio normativa real e efetiva, aquela em que os destinatrios e detentores do poder efetivamente usam e obedecem corretamente. Para que isso ocorra, preciso mais do que a validade jurdica. A Constituio deve ser integrada na comunidade e vice-versa. Para essa ser implantada, o meio social e poltico deve ser favorvel, ou seja, a sociedade j deve ser educada e desenvolvida nesses sentidos para que a Constituio seja vivida, obedecida tanto pela populao quanto pelo governo. Em um Estado no democrtico, o costume autocrtico dever se tornar suficientemente impopular entre os dominados e os dominantes para que o Estado constitucional tenha uma chance justa para ser implantado. O carter normativo costuma ser encontrado em pases ocidentais, com alta homogeneidade social econmica e tradio de governo constitucional, como na Gr Bretanha, EUA, Frana, Itlia e Alemanha. Por sua vez, a Constituio nominal juridicamente vlida, porm no real e efetiva. No s as emendas, mas tambm o meio social e poltico mudam as normas da Constituio quando chegam prtica. Neste caso, o ambiente social e econmico (baixa educao, inexistncia de uma classe mdia) no favorvel concordncia entre as normas e a realidade do processo do poder, ou seja, prematuro para uma Constituio normativa. O carter nominal costuma ser encontrado em Estados com uma ordem social colonial ou agrrio-feudal onde o constitucionalismo democrtico ocidental se implantou (Estados asiticos, africanos e latino-americanos). No se pode esquecer, porm, que muitos desses pases latino-americanos se encontram numa transio entre o processo nominal e o normativo, como o caso do Brasil, Chile, Colmbia, Uruguai, Mxico e Costa Rica. J a Constituio semntica vlida juridicamente e bem aplicada, porm apenas a formalizao da existente situao do poder poltico, favorecendo os dominadores, que usam a coero como instrumento. Apesar do objetivo original da Constituio ser limitar a concentrao do poder, a Constituio semntica usada para consolidar e perpetuar a interveno dos detentores do poder. Esta apenas um disfarce, pois poderia ser dispensada. O carter semntico pode surgir em qualquer lugar. Alguns exemplos desse tipo de Constituio so as constituies Napolenicas, as constituies da maioria dos Estados islmicos, neopresidencialistas, a Constituio de Cuba, entre outras. A distino entre essas categorias pode ser difcil j que as constituies guardam silncio sobre alguns aspectos e as nominais e semnticas presumem sempre serem normativas. Entretanto, as semnticas so mais distinguveis ao observarmos poder temporal ilimitado, plebiscitos manipulados e unipartidarismo. As instituies polticas e o mtodo de domnio so aparentemente semelhantes e as constituies nominais e normativas so comumente confundidas. Dessa forma, preciso analisar a realidade do processo do poder para classificar uma Constituio. (http://academico.direito-rio.fgv.br/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_normativa,_nominal_e_sem%C3%A2ntica)Histria das Constituies BrasileirasPrimeiramente, temos a celeuma entre a Constituio de 1967 e as Emendas Constitucionais que, de fato, eram a CF da poca. Para que no haja dvidas quanto a real Constituio da poca, temos que verificar a Constituio de 1988 e ver como ela trata o perodo anterior. Neste sentido, verifica-se que, de maneira oficial, a CF de 1988 trata como Constituio apenas o texto de 1967, sem abordar as Emendas Constitucionais. Assim, resolve-se a questo.Constituio do Imprio de 1824Em 7 de setembro de 1822 foi proclamada a Independncia do Brasil (gesto de D. Pedro s margens do Ipiranga). Porm, algumas condutas anteriores do prprio Imperador apontavam no sentido da independncia. Uma delas foi a instaurao de Assembleia Constituinte e a eleio de Deputados em cidades na provncia de So Paulo. D. Pedro I, descontente aos rumos da Assembleia, dissolve-a em 1823 e convoca um Conselho a fim de redigir a Constituio no seu gosto. Assim, foi outorgada em 25 de maro de 1824 a Constituio do Brasil.Processo de Positivao: outorgada por D. Pedro I. Foi a de maior longevidade do Brasil e apenas emendada uma nica vez (estvel).Caractersticas Principais da Estrutura: Monrquica (Imprio do Brasil, apesar de monrquico, era constitucionalizado). A sucesso se dava pela ordem de primogenitura, com preferncia pelo filho mais velho do sexo masculino.Forma de Estado: Durante todo o Imprio, foi um Estado unitrio. Ao contrrio do federalismo (autonomia das provncias, inexistente poca), todo o poder estava centralizado nas mos do Imperador.Organizao dos Poderes: Ao invs de existirem trs poderes (ideia clssica de Montesquieu), havia um quarto poder denominado Poder Moderador, exercido cumulativamente pelo Imperador acumulava o cargo de chefe do Executivo e do Moderador. Tinha a funo de zelar pela harmonia dos trs poderes. Neste caso, Imperador governava e imperava concentrao muito grande de poder nas suas mos.O Brasil era um Estado confessional (sua contraposio Estado laico). Havia uma religio oficial, exclusiva, ligada ao poder. Dom Pedro I jura em nome da Santssima Trindade (Igreja Catlica Apostlica Romana). Manter a integridade do Imprio e a manuteno da Igreja catlica estavam intrinsicamente ligados. No havia a possibilidade de culto de outras religies (somente permitidas em culto domsticos ou sem forma exterior de templo). Direitos Fundamentais: Consagra elementos limitativos, baseado na Revoluo Francesa. Porm, em que pese estes direitos garantidos, a Constituio mantem a escravido. Ainda, o direito de sufrgio no era universal (era, portanto restrito, na modalidade censitrio: pessoas do sexo masculino que mostrassem num censo preencherem a condio econmica de renda anual superior a 100 mil ris) no cabia s mulheres, aos pobres e aos escravos. Caracterstica nica: Era considerada semirrgida. Havia um procedimento formal e solene e um mais brando, conforme a natureza da regra (se materialmente ou formalmente constitucional).Constituio de 1891Em 15 de novembro de 1889 surge um momento de inspirao positivista militar. Nesta data proclamada a Repblica abandona o monarquismo. Neste cenrio, institudo um Presidente militar Deodoro da Fonseca e depois Floriano Peixoto. Como um dos primeiros atos deste governo militar provisrio (janeiro de 1890), ocorre o fenmeno da laicizao do Estado brasileiro. Isto , a separao de Igreja e Estado, sendo que o Brasil passa a manter neutralidade em matria confessional assegura-se ampla liberdade de crena, inclusive o atesmo.At ento, os padres eram como se fossem funcionrios pblicos, ou seja, pagos pelo Imprio. Cemitrios eram administrados pela Igreja. Aps janeiro de 1890, estas situaes cessam. Ser reunida a Assembleia Nacional Constituinte em So Paulo, presidida por Prudente de Morais (primeiro civil eleito Presidente da Repblica posteriormente), sendo que em 1891 a Constituio da Repblica promulgada.Ser a Constituio da Primeira Repblica, ou Repblica Velha.Processo de Positivao: Processo de conveno (votada por um rgo colegiado).Fontes de Inspirao: Filosfica todas as pessoas que lideraram o governo republicado eram adeptas do positivismo (linha do francs Augusto Comte), refletindo na separao entre Estado e Igreja. At hoje constata-se esta influncia positivista atravs da bandeira nacional O amor por princpio, a ordem por base e o progresso por fim, resumida na bandeira atravs de Ordem e progresso; Poltica republicano, presidencialista e federal, surgidos nos Estados Unidos (reflexo at no nome do Brasil: Estados Unidos do Brasil).Forma de Estado: no ser mais Imprio, mas sim Federal. Hoje esta forma clausula ptrea, representando a autonomia das entidades federativas. Republicano, sendo que o regime de governo era Presidencialista.O Federalismo norte-americano tpico, resultante de um processo de agregao daquilo que antes era separado. Num determinado momento, as colnias proclamaram as suas independncias da Gr-Bretanha. Para ganharem fora, reuniram-se na Conveno de Philadelphia e aps mantiveram a sua unio por uma fora centrpeta, resultando nos EUA. No Brasil, houve uma desagregao foi um federalismo atpico. No havia nenhuma razo de ser do nosso Estado ser chamado Estados Unidos do Brasil. Este nome muda em 1967.A economia brasileira essencialmente agrria, baseada na monocultura (caf). Os Governadores, neste cenrio de descentralizao, ganham um poder muito grande. A fim de manter suas foras polticas, concebiam ttulos aos agrrios (coronis).Constituio de 1934Em 1929, ocorre em Nova Iorque o crash da bolsa. Neste momento, acabam-se os compradores de caf, resultando no esfacelamento da economia brasileira.Neste ponto, haviam dois Estados com grande fora poltica: So Paulo e Minas Gerais. Havia um acordo tcito de alternncia no poder entre estes Estados, chamado de poltica do caf com leite. Washington Lus, paulista, lana outro paulista chamado Jlio Prestes. Isto quebra o acordo com Minas Gerais que, atravs do seu candidato Antonio Carlos, se aproxima ao Rio Grande do Sul. So Paulo busca apoio de Pernambuco, que responde atravs do seu Governador Joo Pessoa atravs do telegrama nico Nego, de negao. Joo Pessoa lana candidatura a vice e assassinado. Nestas eleies, ganha o candidato do Rio Grande do Sul, Getlio Vargas. Ele prometia a constitucionalizao do pas, que vem a no ocorrer, resultando na Revoluo Constitucionalista de 1932. Apesar da perda, os paulistas conseguiram como resultado a Assembleia Constituinte de 1933-1934[footnoteRef:1]. Em 1934, aps deliberao livre e soberana, promulgada uma nova Constituio, a Constituio de 1934 que ab-roga a Constituio de 1891. [1: Alegando a necessidade de purificar a vida poltica brasileira dos vcios da Repblica Velha, o governo provisrio de Getlio Vargas decretou, em 11 de novembro de 1930, o fechamento do Congresso Nacional, das assemblias estaduais e das Cmaras municipais. Pressionado, de um lado, pelos defensores de um governo autoritrio e, de outro, pelos que queriam a reconstitucionalizao, Vargas deu sinais de que aceitava o retorno do pas normalidade democrtica ao marcar a data de 3 de maio de 1933 para a eleio de uma Assemblia Nacional Constituinte. Ainda assim, em julho de 1932 eclodiu em So Paulo um movimento armado de oposio ao governo provisrio e favorvel pronta reconstitucionalizao do regime. Aps a pacificao da rebelio pelas foras legalistas, Vargas honrou o compromisso, e as eleies obedeceram ao calendrio estabelecido (http://www.alerj.rj.gov.br/memoria/exposicao/roteiro/7.html).]

Traos caractersticos: mantida a Repblica, por um regime presidencialista. Institui-se um chamado Constitucionalismo Social, consagrando os direitos de segunda gerao. So ligados aos direitos do Trabalho, Educao e Cultura. Pela primeira vez na histria do constitucionalismo, ascendem categoria de Direitos Constitucionais ganham a caractersticas de normas supremas.A importncia desta fase foi a constitucionalizao dos Direitos Trabalhistas, com o Estado passando a ser intervencionista nos aspectos econmicos e sociais (inspirado na Constituio Alem de 1919 e na Constituio Mexicana de 1917).Repartio de competncias, com o modelo intervencionista, decorre do modelo de X. Altera-se o modelo de federalismo neste sentido. O direito de voto das mulheres consagrado em norma constitucional. H ainda a institucionalizao da Justia Eleitoral, independente e especializada, sendo a garantia das instituies democrticas. Ainda, a CF cria a Justia do Trabalho, segundo um modelo corporativo, de inspirao fascista. Chamava-se de Junta de Conciliao e Julgamento, com um juiz togado e um julgador por parte dos trabalhadores e um dos empregadores. H, ainda, a obrigatoriedade da educao pblica. Inauguram-se dois mecanismos de ativao da jurisdio constitucional: Mandado de Segurana (criado por meio da doutrina brasileira do Habeas Corpus[footnoteRef:2]) e Ao Popular (destinado a defesa da moralidade administrativa por meio de populares). Para ocupar o espao da violao de direitos lquidos e certos (antes regidos pelo Habeas Corpus), inaugura-se o Mandado de Segurana. [2: Doutrina brasileira do Habeas Corpus passa a utiliza-lo no s defesa da liberdade de locomoo, mas sim proteo de outros direitos incontestveis (sob o ponto de vista ftico).]

O texto da CF de 1934 apresentava uma linguagem extremamente culta, denominando-se como cultismo (A CF garante ao trabalhador o repouso hebdomadrio, ou tambm chamado repouso semanal, de sete dias).Getlio Vargas passa a ser o legitimo Presidente da Repblica (em que pese o seu golpe). A partir de 1935, ascende na Europa os regimes totalitrios na Alemanha, Hitler; na Itlia, Mussolini, etc. No Brasil, temos uma ao integralista brasileira surgida por aqueles que tinham um pensamento totalitarista (representado por Plinio Salgado) e outra corrente liderada por Lus Carlos Prestes. Em 1935, no Brasil, houve a Intentona Comunista (abafada pelo governo), que levou Getlio Vargas, em 1937, a outorgar a Carta de 1937.Constituio de 1937Com a sua outorga, decreta-se o regime de exceo, com o fechamento do Congresso Nacional e das Cmaras Estaduais e Municipais. Esta situao perdura at 1945. At este ano, no haver a funo legislativa no Brasil.Getlio Vargas era o Executivo e o Legislativo. Ele legislava por meio de Decretos-lei (resultando o Cdigo Penal e a CLT, por exemplo).Era para ser uma Constituio cesarista (pretendia-se uma encenao a fim de dar-se uma aparncia de legitimidade), pois previa um plebiscito popular (hoje referendo, pois sua implementao foi posterior a vontade do povo).A partir de 1943, com a alterao do rumo da 2 GM, houve o ingresso brasileiro ao lado dos aliados (em que pese a filosofia totalitria de Getlio Vargas), decorrente do bombardeio de navios brasileiros por submarinos alemes.O apelido da Carta de 1937 Carta Polaca, pois o modelo de inspirao da carta de 1937 era o resultado da Constituio da Polnia. H a explicao popular que decorre do sentido pejorativo, pois polaca era como as prostitutas eram conhecidas o povo mostrava assim o seu desprezo pela Constituio. Existiu um perodo de transio, com a eleio de uma Assembleia Nacional Constituinte e a determinao de uma eleio direta presidncia. Neste sentido, eleito Eurico Gaspar Dutra.Assim, promulgada a Constituio de 1946.Constituio de 1946Foi positivada por um processo de conveno, promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte. Restabelece-se a democracia e o Poder Legislativo, passando o Brasil a desfrutar de um perodo de normalidade constitucional.O mandato de Dutra vai at 1950, com uma sucesso presidencial constitucional.O povo brasileiro escolhe Getlio Vargas como Presidente. Sua investidura completamente legtima, advinda do povo. Vargas no estava acostumado a ser contrariado (vide sua governana ditatorial). O partido contrrio a GV era conhecido como UDN, encabeada por Carlos Lacerda. Acontece um atentado a Carlos Lacerda, tendo como agentes os guardas pessoais de GV. Com base nas acusaes, GV suicida-se, abrindo espao para novas eleies. Neste cenrio, eleito Juscelino Kubitschek. Tem como maior marco a inaugurao de Braslia, com a transferncia da capital da repblica para o planalto central do Brasil (em respeito a uma estipulao da Constituio de 1891).Aps o trmino de seu mandato, elege-se a presidncia Jnio da Silva Quadros.Meses depois da sua eleio, Jnio Quadros renncia. Com a leitura da sua carta pelo Presidente do Congresso Nacional, o Vice-Presidente Joo Goulart deveria tomar posse. Porm, os militares no concordam com esta posio. A fim de dirimir este impasse, propem-se a criao do parlamentarismo esvazia-se o poder do Presidente da Repblica. convocado um plebiscito, questionando a populao acerca do parlamentarismo ou presidencialismo. Escolhe-se o retorno do presidencialismo. Joo Goulart passa a tomar certas medidas que desagradam setores conservadores da sociedade. Em 31 de maro de 1964 ocorre o golpe militar, derrubando o governo institucional.No dia 09 de abril de 1964, os militares impem o Ato Institucional (depois conhecido como AI 1), inaugurando o regime de exceo. Houve a manuteno da Constituio de 1946, com as alteraes advindas do Ato Institucional[footnoteRef:3]. Levou-se suspenso de direitos polticos, a suspenso de garantias constitucionais (vitaliciedade dos juzes), princpio do acesso amplo ao judicirio estava restrito (no poderia ser contEstado judicialmente), etc. [3: Ficaram suspensos por dez anos os direitos polticos de todos os cidados vistos como opositores ao regime, dentre eles congressistas, militares e Governadores. Surgia a a ameaa de cassaes, priso, enquadramento como subversivos e eventual expulso do pas;A Lei de Segurana Nacional que seria publicada no futuro, em 3 de Maro de 1967, teve seu embrio no AI-1;A eleio indireta do Presidente da Repblica foi institucionalizada. Desta forma apenas o colgio eleitoral composto pelos congressistas, que supostamente representavam os anseios e desejos da populao, poderia eleger o Presidente da Repblica;A Constituio da Repblica foi suspensa por seis meses e com ela, todas as garantias constitucionais.]

Elege-se o General Castello Branco como primeiro Presidente militar.Novos mecanismos de controle surgiram com o AI 2 (suspenso dos partidos polticos)[footnoteRef:4], o AI 3 (eleio indireta para Governador)[footnoteRef:5], o AI 4 (que convoca o Congresso Nacional que encontrava-se em recesso forado -, dando um prazo para aprovao de nova Constituio j previamente elaborada). [4: Emendou vrios dispositivos da Constituio de 1946 e tornou indireta a eleio do Presidente da Repblica.] [5: O AI-3 determinava que a eleio de Governadores e vice Governadores seria indireta, executada por colgio eleitoral estadual, os Prefeitos das capitais e das cidades de segurana nacional no seriam mais eleitos e sim indicados por nomeao pelos Governadores.]

No dia 24 de janeiro de 1967, promulgada da Constituio de 1967.Constituio de 1967A Constituio instrumentaliza juridicamente o governo de exceo. Entrar em vigor justamente momento em que toma posse o segundo Presidente do golpe, Costa e Silva. Processo de positivao: objetivamente considerada, a Constituio foi objeto de votao de um rgo, sendo, portanto, promulgada pelo Congresso Nacional. Porm, o processo no foi legitimo no passou de uma encenao, a fim de dar respaldo de legitimidade (Congresso estava numa posio de submisso). Logo, sob o ponto de vista da legitimidade, esta foi uma Constituio cesarista, ou seja, outorgara na forma de promulgao.Concentrou poderes, atravs de uma norma expressa que exclui o acesso ao Poder Judicirio no se poderia contestar qualquer ato arbitrrio como cassao, suspenso dos direitos polticos, etc. Havia uma contestao no meio estudantil e intelectual muito forte neste sentido, se colocando contra este poder. Face a estas rebelies, Em dezembro de 1968 foi instaurado o Ato Institucional 5.O AI 5 suspende a garantia do Habeas Corpus, suspende o Congresso Nacional, estabelece o confisco de bens sem possibilidade de defesa, etc.O sistema constitucional vigente era a de 1967, mas com efetiva atuao do AI 5.Em agosto de 1969, Costa e Silva adoece, ficando incapacitado para continuar o seu governo. De acordo com a Constituio, o seu sucessor Vice-Presidente, deveria assumir. No caso, seria um civil, chamado Pedro Aleixo. Com base neste cenrio, os militares do um novo golpe, atravs dos trs ministros de Estado (Exrcito, Marinha e Aeronutica - triunvirato), assumindo-os o governo por meio do AI 12. Movimentos estudantis e campestres se rebelam. No Rio de Janeiro, ocorre um movimento (liderado por Frankin Martins) que acaba por sequestrar o embaixador dos Estados Unidos. Exige-se como condio de resgate do embaixador a libertao de 15 presos polticos. A fim de expulsar estas pessoas conforme os manifestantes queriam, instituiu-se o AI 13 (que traz o banimento) e o AI 14 (que traz a pena de morte).Em outubro de 1969, os Ministros promulgam uma Emenda Constitucional 1/69 (chamada assim eufemisticamente), incorporando dispositivos do Ato Institucional n 5 Constituio. Produziram na CF de 1967 profundas mudanas, que levaram a sua total descaracterizao. Alguns historiadores consideram como uma nova Constituio outorgada. Diz que o sistema constitucional mximo encontra-se nos Atos Institucionais.Elege-se o Presidente Mdici, inaugurando os anos de chumbo no incio de 1970. sucedido por Ernesto Geisel, governando de 1974 a 1979 que inicia um processo lento e gradual de redemocratizao do Brasil. promulgada a EC 11, de outubro de 1978, que revoga expressamente os Atos Institucionais, atravs da sua supresso na Constituio. Eleva-se, assim, a Constituio a norma suprema. Ocorre a volta de grandes lderes neste perodo. Sucedeu Geisel o General Joo Figueiredo (a contragosto). Na sua sucesso, surge um civil (por eleio indireta), Tancredo Neves e Jos Sarney (vice-Presidente). Estes civis ganham a eleio no Congresso Nacional (eleies indiretas). Tancredo Neves adoece e Jos Sarney democratiza o Brasil. Inicia-se atravs de uma Assembleia Nacional Constituinte (Congresso Constituinte, formado pelos Congressistas recm eleitos), que resulta na Constituio de 1988, surgida atravs de uma promulgao.Constituio de 1988Elementos da ConstituioOrgnicosEstabelecem a estrutura de poder de uma Constituio, que se concentram, predominantemente, nos Ttulos II (Da organizao do Estado), IV (Da organizao dos Poderes e Sistemas de Governo), Captulos II e III, do Ttulo V (Das Foras Armadas e da Segurana Pblica) e VI (Da Tributao e do Oramento);LimitativosSo regras de natureza constitucional aquelas que versam sobre direitos fundamentais das pessoas, chamadas de elementos limitativos de uma Constituio (do Ttulo II da Constituio - Dos Direitos e Garantias Fundamentais), excetuando-se os Direitos Sociais, que entram na categoria seguinte; quando se anunciam direitos (especialmente fundamentais), estabelecem limitem pratica abusiva do poder pelos agentes do poder;Scio-ideolgicosAqueles que indicam a principiologia da ordem econmica e social presentes na Constituio. So consubstanciados nas normas que revelam o carter de compromisso das Constituies modernas entre o Estado individualista e o Estado Social, intervencionista, como as do Captulo II do Ttulo II (Direitos Sociais) e as dos Ttulos VII (Da Ordem Econmica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social);Estabilizao ConstitucionalA prpria CF deve prever a existncia de mecanismos destinados a assegurar a supremacia da Constituio. Possuem diversas ordens, mas tem o mesmo fim. (i) Temos como exemplo o art. 102 da CF, que, por meio da sua alnea a, traz a Ao Direta de Inconstitucionalidade, que possui como fim expurgar do mundo jurdico uma lei que no se compatibilize com a Constituio. Assegura-se, assim, a supremacia da Constituio num conflito entre Lei e CF, a CF prevalecer. Esta Ao Direta de Inconstitucionalidade um dos instrumentos de estabilizao constitucional. (ii) H, ainda, o artigo 1 da CF, que traz a unio indissolvel entre Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios no h a possibilidade de haver cesso. O mecanismo de manuteno da integridade do territrio nacional est previsto no art. 34 utilizao de todos os mecanismos pela Unio Federal. Estes mecanismos so um dos elementos de estabilizao constitucional. (iii) Ainda, se houver grande conturbao em um Estado do Brasil, as intervenes da Unio se chamam Estado de stio e Estado de defesa, que visam manter a estabilizao da Constituio e da ordem.Formais de AplicabilidadeExistem, na CF, regras que no teriam contedo jurdico prprio, mas que se destinam a estabelecer como as outras regas constitucionais devem ser aplicadas, dando subsdios neste sentido. Temos como exemplo a regra do art. 5, 1: 1 - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.Ser uma proposta to apenas doutrinria.Estrutura da ConstituioA CF dividida por algumas reparties, denominadas ttulos. So nove ttulos, ao todo. Primeiramente, temos que a parte articulada da CF precedida de uma parte introdutria (chamado prembulo constitucional), votado pela Assembleia Constituinte logo, se foi votado, faz parte da CF tambm.J na parte articulada, encontramos o Ttulo I, possuidor de quatro artigos, e que traz os direitos fundamentais.J o Ttulo II encampar as garantias dos princpios fundamentais. Se dividiro em captulos (cinco), projetados nas liberdades clssicas (expresso do pensamento, inviolabilidade do domiclio, etc.), previsto no captulo I. J no captulo II esto previstos os direitos sociais. No captulo IV esto previstos os direitos polticos, e so precedidas pelas regras do direito de nacionalidade do capitulo III (somente exercer direitos polticos quem preencher a nacionalidade prevista). Por fim, temos o captulo V que trata dos partidos polticos (meios de acesso aos direitos polticos) - elementos limitativos.No Ttulo III, temos as regras atinentes a organizao do Estado elementos organizacionais.O Ttulo IV prev a repartio dos poderes, com cada captulo prevendo regras para cada um dos poderes elementos organizacionais.O Ttulo V prev instrumentos de defesa do Estado e das instituies democrticas traz as regras do Estado de Defesa e Estado de Stio;O Ttulo VI traz as regras de tributao e oramento. Versa sobre o Sistema Tributrio Nacional e sobre os Oramentos Pblicos;O Ttulo VII prev os Princpios da Ordem Econmica e Financeira;O Ttulo VIII positiva a Principiologia da Ordem Social;O Ttulo IX versa sobre as Disposies Gerais, que no possuem uma coerncia lgica fala-se sobre os mais diversos assuntos;Por fim, temos o Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, integrando a Constituio Federal e sendo importante para uma regulao de transio constitucional. Por consequncia lgica, as demais estipulaes da Constituio so Disposies Permanentes (art. 1 ao 250). Estes atos (ADCT) possuem numerao prpria. Assim, a rigor, temos dois artigos 4 na CF, diferenciando-se entre disposies permanentes e disposies transitrias.Os artigos constitucionais no so permanentes, podendo o Congresso reformar a CF (com exceo as clusulas ptreas), como o fez j 71 vezes. Ainda, temos as seis emendas do processo anmalo de reviso constitucional (chamada Emenda Constitucional de Reviso 01 a 06).Ainda, por fora do 3 do art. 5 da CF, os tratados sobre direitos humanos que viessem a ser provados pelo Congresso Nacional pelo mesmo procedimento formal das Emendas Constitucionais teriam status das normas constitucionais. Os tratados sobre direitos humanos que no foram aprovados nesta forma possuem status de leis supralegais.As EC podem possuir disposies prprias, que acrescentam regras (e no apenas modificam alguma disposio constitucional). foroso dizer que o advento de uma nova CF produz um fenmeno da ab-rogao da Constituio anterior, ou seja, da revogao integral da Constituio anterior. Substituir-se-, assim, na totalidade a Constituio anterior. Por conta disso, possvel que a novel Constituio, atravs de uma disposio expressa, ressalve alguma disposio da Constituio anterior.Como exemplo, veja o art. 34 da ADCT:Art. 34. O sistema tributrio nacional entrar em vigor a partir do primeiro dia do quinto ms seguinte ao da promulgao da Constituio, mantido, at ento, o da Constituio de 1967, com a redao dada pela Emenda n 1, de 1969, e pelas posteriores.Essa situao, por obvio, j no perdura mais.Veja que o art. diz que a CF foi promulgada. Quem promulga, autentica, chancela o ato olha para trs e verifica que o ato foi regularmente elaborado estando apto para a produo dos efeitos jurdicos.A promulgao se sucede a indispensvel publicao do ato populao precisa ter conhecimento, mesmo que ficto, da existncia da norma. Esta premissa tambm acompanha as leis (o vacatio comear a correr a partir da sua publicao).Pela redao de vrios artigos, era imperativo que a sua publicao fosse dada no mesmo no mesmo dia da promulgao (neste dia, houve o Dirio Oficial no DF letra A, ou seja, uma edio especial).A regra bsica de vacatio legis de 45 dias, se a lei no prever de maneira diversa (atravs de uma clausula inserida no meio de seus artigos).A Constituio de 1969 foi promulgada (apesar de no votada) em 17.10.1969. Foi publicada apenas em 20.10.1969 e entrou em vigor no dia 30.10.1969 (na exata data da posse de Mdici). Isso chamado de vacatio constitutionis.Normalmente, as Constituies possuem dispositivos expressos que determinam o momento em que iniciaro a vigorar. Na omisso de disposio expressa, entende-se que a vigncia das novas normas constitucionais imediata, ou seja, a partir da promulgao da nova Constituio.Na hiptese da Constituio possuir clusula expressa que diferencie a entrada em vigor de todo o seu texto, surge a denominada vacatio constitutionis (vacncia da Constituio), que corresponde ao interregno entre a publicao do ato de sua promulgao e a data estabelecida para a entrada em vigor de seus dispositivos.Nesse perodo, embora j promulgada, a nova Constituio no tem vigncia e a ordem jurdica continua a ser regida pela Constituio existente anteriormente (http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/80796/que-se-entende-por-vacatio-constitutionis-ariane-fucci-wady).Se uma CF no tiver uma disposio expressa, ir entrar em vigor na data da sua publicao. A vatatio de 45 dias no aplicada na Constituio. A CF de 1988 diz que ela entraria em vigor no dia da sua promulgao, o que, por coincidncia (e para no haver problemas com algumas disposies do seu corpo normativo), ocorreu no mesmo dia da sua publicao.Nossa CF tratou dos direitos fundamentais antes do ordenamento do Estado em si. Em 1969, os direitos fundamentais estavam em apenas trs artigos, pospostos s regras de organizao do Estado primeiro constitua-se o Estado, para depois assegurar os direitos fundamentais. Na CF/88, estes direitos esto antepostos s prprias regras organizacionais do Estado.Por conta dessa estipulao, devemos ver primeiro o Elemento Limitativo, antes do Elemento Organizacional traz uma mensagem do constituinte jus naturalista, que diz que os direitos da pessoa so mais importantes que as regras do Estado, pois no o indivduo que depende do Estado, mas sim o Estado que depende do indivduo.Com relao aos direitos fundamentais, a pessoa titulariza certos direitos fundamentais que correspondem a trs dimenses: a pessoa humana, a pessoa social e a pessoa poltica.Somente pelo fato de ser humano, o homem titulariza direitos inerentes sua condio humana, chamados direitos humanos sero as liberdades clssicas (liberdade do pensamento, etc.). Pela nossa Constituio, pertencem categoria lgica dos direitos individuais e coletivos conhecido como o rol do art. 5.Entende-se, ainda, que o homem um ser social e, por este fato, exerce alguma atividade laborativa ou econmica (relaes de trabalho, basicamente), de tal forma que esta categoria corresponder aos direitos sociais.Dentro de um Estado democrtico de direito, o homem um ser poltico, pois exerce direitos polticos (escolhe governantes, votando e sendo votado, etc.) que corresponder a categoria dos direitos polticos.Estas facetas so previstas desde a Constituio de 1934 que constitucionalizou os direitos sociais, passando a integrar as trs categorias. As liberdades clssicas ou direitos individuais (pertencentes ao art. 5, logo no incio da CF) estavam (e sempre foi assim nas constituies precedentes) elencadas em artigos de trs dgitos, no final daquelas Constituies (de 1969, especialmente). J os artigos referentes aos direitos sociais, em vez que pertencerem aos direitos fundamentais, encontravam-se na ordem econmica (pertenciam ao sistema econmico), isolados das outras duas perspectivas.J na Constituio de 1988, o ttulo que trata dos direitos fundamentais ser o Ttulo II, estando subdivido em captulos. Projetam as liberdades clssicas (expresso do pensamento, inviolabilidade do domiclio, etc.), previsto no captulo I. J no captulo II esto previstos os direitos sociais. No captulo IV esto previstos os direitos polticos, e so precedidas pelas regras do direito de nacionalidade do captulo III (somente exercer direitos polticos quem preencher a nacionalidade prevista). Por fim, temos o captulo V que trata dos partidos polticos (meios de acesso aos direitos polticos).A expresso genrica que abrange as trs espcies (direitos individuais, direitos sociais e direitos polticos) ser Direitos e Garantias Fundamentais. Identificar um gnero abrangente de trs espcies (categorias lgicas que guardam correspondncia com as dimenses propostas pela doutrina). Sero feitas, portanto, de uma maneira lgica.Elogia-se o fato de que, nesta Constituio, ao contrrio da suas precedentes (que organizavam o Estado elementos organizacionais, e, apenas posteriormente, organizavam os elementos limitativos), trata primeiramente os direitos fundamentais para, somente depois, trazer regras organizacionais do Estado e dos Poderes.Os Elementos Organizacionais esto no Ttulo III (organizao do Estado Federal) e Ttulo IV (organizao dos Poderes). Os elementos Limitativos estaro no Ttulo II. Os elementos Scioideolgios esto nos Ttulos VII e Ttulo VIII. J os Elementos de Estabilizao Constitucional esto esparsos no texto. Por fim, os Elementos Formais de Aplicabilidade encontram-se, tambm, espalhados pelo texto. Ttulo I - Princpios Fundamentais. Art. 1 - Repblica (forma de governo) Federativa (forma da unidade) do Brasil (nome do nossos pas, tecnicamente) o nome oficial do nosso Estado at 1967, era Estados Unidos do Brasil e, em 1967, apenas Brasil. O vnculo Federativo ser indissolvel tanto assim que qualquer tentativa de secesso passvel de gravssima sano poltica (interveno da Unio). A Federao ser protegida por uma srie de mecanismos coercitivos e punitivos. Soberania (inc. I) o exerccio da cidadania (inc. II); A dignidade da pessoa humana (inc. III);Valores sociais do trabalho e livre iniciativa (inc. IV) outros artigos durante a CF fazem meno a este princpio;Pluralismo poltico (inc. V) no poder haver um partido nico.O povo exerce a soberania: i) por meio de representantes eleitos, sistema chamado Democracia Representativa; ii) por prticas de democracia direta, ou seja, haver certas situaes que titulares de direitos polticos sero chamados a opinar diretamente sobre um assunto plebiscito, referendo ou iniciativa popular.Art. 2 - Clusula ptrea, que no poder ser modificada, abrange o pacto federativo, a indissolubilidade do vnculo e a separao dos Poderes. Art. 3 - Prev os objetivos do Estado, mesmo que em carter retrico.Art. 4 - A Constituio estabelece alguns princpios que iro reger a diplomacia, ou seja, aspectos internacionais. Constituio Dirigente ir alm, preordenando aspectos governamentais (diretrizes polticas permanentes). As diretrizes polticas permanentes no que se refere a aspectos internacionais estaro previstas na Constituio Federal. Logo, ser um claro exemplo de dirigismo (se sobrepem s diretrizes contingentes).Seu pargrafo nico traduz-se no Mercosul, que encontra-se em conformidade com a Constituio (integridade da comunidade latino-americana).Professor recomenda uma leitura atenta deste Ttulo I. Ttulo IX Disposies Constitucionais GeraisA estrutura das normas devero aproximar-se do objeto tratado. Este ttulo, porm, no traz uma ligao lgica entre os dispositivos. comumente chamada de vala residual, no se apropriando da melhor tcnica na sua organizao.Este ttulo ser, portanto, de disposies generalizadas que tratam dos mais diversos assuntos que, por opo do constituinte, foram ali enquadrados em razo da falta de encaixe em outros ttulos.Ato das Disposies Constitucionais TransitriasA finalidade bsica ser regular a transio de uma CF para outra. Sero sempre indispensveis.So disposies de direito intertemporal, que se destinam a solucionar as questes decorrentes da CF antiga, mas que se prolongam ao longo do tempo e recebem da nova CF tratamento diferente. Ou seja, os ADCT contm disposies de direito intertemporal, com a finalidade precpua de regular a transio entre a CF antiga e a nova.Estes atos foram objeto de votao na Assembleia Constituinte, tornando-se parte integrante da Constituio.As disposies que esto na ADCT podem ser reformadas por disposies trazidas pelas emendas constitucionais incidncia do poder de reforma. O poder de reforma da CF se estende s transitrias ser feita pelas mesmas Emendas Constitucionais, realizadas da mesma forma que aquelas destinadas s demais normas da CF.Ainda, todas as normas constitucionais se encontram no mesmo nvel de eficcia jurdica - mesmo aquelas que encontram-se na ADCT. Logo, as permanentes e transitrias possuem o mesmo nvel de eficcia.Uma norma transitria no se sobrepem a uma permanente, e vice-versa. Aparente conflito entre as normas transitrias e permanentes se resolve atravs da viso especial da norma transitria. Entre conflitos entre norma geral e especial, prevalecer a especial. No que as normas tenham grau de eficcia diferente, mas sim que, em casos de conflito, teremos que aplicar este conceito.Uma norma, se for originria da prpria Constituio, nunca poder ser inconstitucional. Porm, se uma norma for fruto de emenda constitucional (reforma), poder haver a sua inconstitucionalidade.As normas transitrias tem uma caracterstica que as distinguem daquelas que so permanentes. A eficcia das normas transitrias seriam exaurveis (utiliza-se esgotada comumente). Todos os efeitos que delas poderiam ser extrados, j o foram (ex.: norma que versava sobre a transio do mandato dos Presidentes pr e ps Constituio de 1988). por esta razo que as normas da ADCT encontram-se separadas aquelas ditas permanentes, que iro vigorar at a data da sua alterao. Esta a razo para que se adote uma numerao prpria, inclusive.O art. 4 da CF, hoje, um bagao de cana que passou pelo moedor, extraindo-se todo o sumo jurdico que poderia ser extrado.Art. 4. O mandato do atual Presidente da Repblica terminar em 15 de maro de 1990.Este carter exaurvel ocorrer ou em face do advento de uma data certa ou de um fato certo, sendo o modelo clssico das normas transitrias.Contudo, o constituinte tambm utilizou as normas transitrias para outro fim: algumas normas transitrias foram utilizadas pelo constituinte para regular transitoriamente matria que seria de lei infraconstitucional at que se sobrevenha esta lei.Art. 10. At que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7, I, da Constituio:I - fica limitada a proteo nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem prevista no art. 6, "caput" e 1, da Lei n 5.107, de 13 de setembro de 1966;II - fica vedada a dispensa arbitrria ou sem justa causa:(...)Pelas duas primeiras palavras que denota-se o contedo transitrio destas normas.Ainda, h outra caracterstica das normas transitrias da CF/88. O constituinte props diversos dispositivos que nada tem de transitoriedade, com latente erro tcnico. O constituinte desvirtuou a finalidade das transitrias, criando normas programticas (que poderiam claramente estar no Ttulo IX, como normas definitivas). Veja o art. 15 da ADCT:Art. 15. Fica extinto o Territrio Federal de Fernando de Noronha, sendo sua rea reincorporada ao Estado de Pernambuco.Por fim, o STF diz que no caber ADI contra ADCT, visto que trata-se de norma do poder constituinte originrio. Logo, no encontra-se subordinada s demais normas da CF, motivo pelo qual no haver hierarquia entre elas.Prembulo ConstitucionalNs, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assemblia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a soluo pacfica das controvrsias, promulgamos, sob a proteo de Deus, a seguinte CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

O prembulo no articulado atravs de artigos e incisos. Ele foi objeto de votao, refletindo o pensamento ideolgico majoritrio dos constituintes da poca. Trata-se da parte introdutria da Constituio, que contm a enunciao de certos princpios, revelando assim o pensamento (ideologia) predominante na Assembleia Nacional Constituinte. Em que pese ser o frontispcio da CF, ser parte da mesma, integrando formalmente a Constituio.Em suma: o prembulo ser a sntese da ideologia, dos valores da Constituio.O prembulo pode ser um elemento de interpretao aplicao das outras normas constitucionais?Sim. A interpretao de uma norma constitucional dever atingir o conceito residido no prembulo (dever nortear todas as interpretaes da Constituio).Esta a razo pela qual o professor Jos Afonso da Silva coloca o prembulo como Elemento Formal de Aplicabilidade.Ainda, valer como norma jurdica, com contedo e possuidor de regras jurdicas?No h uma posio pacfica da doutrina neste sentido.Temos, primeiramente, a existncia da palavra de Deus, que traz uma certa oficialidade a entidade religiosa. Assim, surge um problema: como concatenar esta passagem com o Estado leigo brasileiro (surgido na Constituio de 1891)?Art. 19. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencion-los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaes de dependncia ou aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de interesse pblico;Este problema no comum da CF de 1988. Fora a Constituio de 1891 e a Carta de 1937[footnoteRef:6], todas as demais CF citaram Deus em algum momento. [6: A Constituio de 1891 era de inspirao positivista e a Carta de 1937 era a Constituio ditatorial de GV razo pela qual no havia a presena do nome de Deus em ambos os ordenamentos.]

Soluciona-se a questo da caracterizao do Estado atravs dos seguintes pontos: Neutralidade Estado leigo aquele que mantem neutralidade em matria confessional (no toma partido nem dessa, nem daquela religio ou seita); Ausncia de proselitismo[footnoteRef:7] Estado no toma posio religiosa (ao contrrio das pessoas); [7: O proselitismo (do latim eclesistico proslytus, que por sua vez provm do grego ) o intento, zelo, diligncia, empenho ativista de converter uma ou vrias pessoas, ou determinados grupos, a uma determinada causa, ideia ou religio (neste ltimo caso, proselitismo religioso, que a tentativa de convencer algum a se converter s suas ideias ou crena) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Proselitismo).]

Assegura a plenitude da liberdade de crena as pessoas tem a convico religiosa que bem entenderem, sem a interferncia do Estado.A liberdade de crena no Brasil to ampla que chega-se ao ponto de assegurar que a pessoa no tenha crena nenhuma, sem que disso decorra qualquer tipo de punio.Em suma: o Estado brasileiro mantem-se em situao completamente neutra, razo pela qual ser considerado leigo.Em que pese estas consideraes, o Estado brasileiro adota o tesmo, ou seja, o Estado admite a existncia de um Deus, no necessariamente da religio A ou B (no sectria[footnoteRef:8]), mas sim de todos os seres humanos de forma geral. [8: O termo sectarismo (usado geralmente com conotao negativa e pejorativa) vem do latim sectariu, que em sentido estrito se aplica ao seguidor de uma seita, mas pode tambm denotar zelo ou apego exagerado a um ponto de vista; viso estreita, intolerante ou intransigente. Muitas seitas, religies e grupos ideolgicos so obstinados e inflexveis na defesa de suas doutrinas. O termo vale tambm para o indivduo fechado ao dilogo (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sectarismo).]

Art. 210. Sero fixados contedos mnimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formao bsica comum e respeito aos valores culturais e artsticos, nacionais e regionais. 1 - O ensino religioso, de matrcula facultativa, constituir disciplina dos horrios normais das escolas pblicas de ensino fundamental.Note: a presena da disciplina ensino religioso constituir disciplina nos horrios normais de ensino fundamental. Os pais podero se opor a esta disciplina, se forem ateus, sem maiores prejuzos. A questo no est pacificada: a procuradoria est requerendo, no STF, a presena de conceitos ticos religiosos, presentes em todas as religies, nesta disciplina.Ainda, como prova deste tesmo, temos a presena do casamento com efeitos civis; a imunidade tributria em igrejas e templos religiosos; a remessa de recursos pblicos a escolas pblicas e confessionais; etc.No h contradio entre o Estado leigo e o tesmo: a nunciao do prembulo no-sectria, ou seja, no toma partido de religio A ou B, mas posiciona-se no sentido da existncia de um Deus. Ainda, o argumento de preconceito contra religies politestas no se supera, pois (i) no so maioria no ocidente; (ii) a origem dos vrios deuses sempre ser de um Deus maior.Questo importante reside na frase presente nas cdulas de real (Deus seja louvado). Seria a sano presidencial, que autorizou a circulao desta frase, constitucional? Sim, plenamente constitucional. Seria inconstitucional se a proclamao nas cdulas fosse algo prximo de Nossa Senhora a padroeira do Brasil neste caso, estamos diante de uma manifestao sectria, o que no permitido num Estado leigo.Concluindo: a manifestao do Presidente do Brasil constitucional em decorrncia do tesmo desenvolvido no prembulo da Constituio razo pela qual produz efeitos no mundo jurdico.Contudo, cuidado: para provas de mltipla escolha, devemos afirmar que o prembulo no tem valor normativo posio adotada pelo STF. Com efeito, o Supremo Tribunal Federal disse expressamente que o prembulo no possui valor normativo, como se os constituintes tivessem se desvestidos da sua caracterstica de constituintes quando da sua elaborao.Poder ConstituinteA Constituio Federal fruto de um poder maior do que os poderes que ela mesmo constitu (Executivo, Legislativo e Judicirio) se so poderes constitudos, porque foram resultado de um poder constituidor.O poder que d formao jurdica ao Estado ter, obviamente, um titular (no confundir com exercente). O poder constituinte aquele capaz de dar formao ao Estado. O seu titular ser, portanto, o povo. a expresso suprema da vontade poltica do povo organizado social e juridicamente.Poder Constituinte OriginrioO poder constituinte ser identificado tambm por poder constituinte originrio (genuno ou de primeiro grau): Ser o poder capaz de estabelecer a primeira Constituio de um Estado que se torna independente para o Brasil, a Carta de 1824 foi constituda por um poder constituinte histrico[footnoteRef:9]; [9: aquele capaz de editar a primeira Constituio do Estado, isto , de estruturar pela primeira vez o Estado.]

Quando, em um Estado, sobrevm nova Constituio ocorreu em 1988 no Brasil.Para parte da doutrina, somente haveria tecnicamente exerccio de poder constituinte originrio quando houvesse uma ruptura traumtica do sistema constitucional anterior (no como ocorreu em 1988, mas sim quando ocorreu em 1891 queda da monarquia, por exemplo). Vale dizer que o STF no d respaldo a este entendimento.O poder constituinte que foi vestido no Congresso Nacional em 1988 era originrio, de acordo com o STF afastando a discusso doutrinria acima exposta.Logo, no existe inconstitucionalidade intrnseca no texto originrio da Constituio (e sim somente nas suas emendas).O titular ser o povo e ter uma caracterstica difusa. Porm, o exercente deste poder no ser o povo, mas sim algum que o far em seu nome. Temos como exercente um rgo colegiado (1988), como uma Assembleia Constituinte, por exemplo; ou um uma pessoa ou um grupo de pessoas que, em seu nome, impem uma Constituio (ex.: 1824, 1937 e 1969).Quando uma Assembleia o constituinte, o processo de positivao ser feito atravs de uma promulgao. J quando uma pessoa ou um grupo de pessoas positiva a Constituio, ser concludo atravs da outorga.Poder Constituinte DerivadoO constituinte de 1988 sabia que no havia elaborado uma obra destinada perpetuidade. Necessitaria, portanto, de alteraes pontuais. Assim, o constituinte originrio fez algumas opes no sentido de que, havendo necessidade e convenincia, poder ser suscitado o poder de reforma da Constituio (poder emanado do prprio constituinte, diga-se). O exercente deste poder ser o Congresso Nacional, utilizando-se como veculo a Emenda Constitucional, cujo procedimento formal e solene foi pr-estabelecido pelo constituinte originrio.Haver certas matrias que sero imunes ao poder de reforma constitucional, formando o ncleo intangvel e imutvel da Constituio sero os quatro artigos iniciais da CF.Logo, o constituinte originrio deriva parte do seu poder para o Congresso Nacional, passando a denominar-se, portanto, poder derivado (institudo ou de segundo grau).O exerccio de poder de reforma, se eventualmente for feito de maneira irregular, poder gerar uma Emenda Constitucional inconstitucional (ocorrida, por exemplo, com a EC 62, acerca dos precatrios).Poder haver norma constitucional inconstitucional?Pelo STF, depende. Se a norma constitucional for da redao original da CF, fruto do poder constituinte originrio, nunca existir inconstitucionalidade poder, por exemplo, prever o princpio da isonomia e prever excees ao mesmo princpio. Todavia, se a norma constitucional advier do exerccio irregular do poder de reforma, ir gerar uma norma constitucional inconstitucional. Isto porque no se observou o procedimento (inconstitucionalidade formal), ou porque o contedo viola as limitaes da clusulas ptreas (inconstitucionalidade material).O poder de reviso anmala ocorreu em 1993 e 1994, conforme prvia determinao da Constituio, elaborada em 1988. Esta reviso produziu seis Emendas Constitucionais, alm daquelas ordinrias (hoje temos 71 ordinrias e seis advindas da reviso anmala).Os Estados brasileiros regem-se pelas suas prprias Constituies, sempre vistos os princpios da Constituio Federal. o maior indcio da autonomia dos Estados (capacidade de autodeterminao). Est prevista no art. 25 da CF:Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituies e leis que adotarem, observados os princpios desta Constituio.Quem elaborou a Constituio de So Paulo, por exemplo?Veja o art. 11 das ADCT:Art. 11. Cada Assemblia Legislativa, com poderes constituintes, elaborar a Constituio do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgao da Constituio Federal, obedecidos os princpios desta.Veja que as Assembleias Legislativas foram investidas de um poder que deriva do poder originrio. Este poder que deriva chamado de poder constituinte decorrente. Significar o poder constituinte de que foram investidas as Assembleias Legislativas pelo poder constituinte originrio.Na estrutura do Estado Federal Brasileiro, como so regidos os Municpios?Antes de 1988, havia em So Paulo uma lei estadual chamada Lei Orgnica dos Municpios. Veja que a competncia para redigir a Lei Orgnica dos Municpios era do Estado. Esta mesma lei continha regras que disciplinavam questes de So Paulo e de guas de Lindia da mesma forma.Aps a CF de 1988, a regra tornou-se diversa. Veja o art. 29 da CF:Art. 29. O Municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...)Ainda neste sentido, veja o p. nico do art. 11 da ADCT:Pargrafo nico. Promulgada a Constituio do Estado, caber Cmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgnica respectiva, em dois turnos de discusso e votao, respeitado o disposto na Constituio Federal e na Constituio Estadual.Se criarmos uma pirmide municipal, teremos a Lei Orgnica em patamar superior s Leis Ordinrias do municpio. Contudo, se a lei ordinria contrariar a lei orgnica, no haver controle abstrato da sua aparente inconstitucionalidade[footnoteRef:10]. [10: Haver, sim, controle de legalidade, que seria dirimido no Tribunal de Justia do Estado e, caso houvesse recurso, o processo seria remetido ao STJ para julgamento do recurso. Cabe ressaltar que correto dizer em controle de constitucionalidade de lei ordinria distrital em face de lei orgnica do DF (http://www.forumconcurseiros.com/forum/showthread.php?t=265892).]

Muitos autores ainda afirmam que h uma nova modalidade de poder constituinte, com base na premissa de que as Leis Orgnicas so verdadeiras constituies municipais. O professor rechaa esta conceituao por no haver controle de constitucionalidade abstrato desta lei orgnica, em que pese situar-se em posio de superioridade s leis ordinrias do municpio.O Distrito Federal uma unidade federativa?Sim, pois o Distrito Federal possui toda a sua estrutura estadual, conforme disposies da prpria Constituio. Veja o art. 32 da CF:Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua diviso em Municpios, reger- se- por lei orgnica, votada em dois turnos com interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros da Cmara Legislativa, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio. 1 - Ao Distrito Federal so atribudas as competncias legislativas reservadas aos Estados e Municpios. 2 - A eleio do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidir com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual durao. 3 - Aos Deputados Distritais e Cmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27. 4 - Lei federal dispor sobre a utilizao, pelo Governo do Distrito Federal, das polcias civil e militar e do corpo de bombeiros militar.Os Estados so regidos por Constituies, os Municpios so regidos pela Lei Orgnica dos Municpios e o DF regido pela Lei Orgnica do Distrito Federal. Esta Lei Orgnica ter status de Constituio Estadual, pois admite controle abstrato em face dela mesma se uma lei ordinria do DF contradizer a Lei Orgnica do DF, caber Ao Direta de Inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justia do Distrito Federal (o que no autorizado nas Leis Orgnicas dos Municpios).Poder Constituinte OriginrioPoder Derivado

InicialidadeDerivado

AutnomoSubordinado

IncondicionadoCondicionado

O Poder Constituinte Originrio tem como caracterstica a inicialidade, ou seja, tem o fundamento em si prprio. Ele que d fundamento a si, ou seja, um poder de fato, inicial. Ser diferentemente do Poder Reformador, que ser derivado ou institudo. Ainda, o Poder Reformador ser subordinado, ou seja, submisso a limitaes de ordem material. Existem certas matrias que no podem ser alteradas, por expressa disposio do legislador constitucional.O constituinte originrio estabeleceu qual seria o procedimento a ser adotado na aprovao de uma Emenda Constitucional. Por isso que se fala que o Poder Reformador condicionado, ou seja, submisso a ordem procedimental.O Poder Constituinte Originrio incondicionado, ou seja, ele delibera como ir ocorrer o procedimento ele estabelece a regra que ele ir se submeter. Ainda, diz que o Poder Originrio autnomo, no significando que este poder seja ilimitado. H limites transcendentes do Poder Originrio. Neste sentido, a Assembleia Constituinte no poder transgredir certos direitos correlatos a natureza humana e aos direitos naturais.Para a corrente positivista, no h nenhuma regra de direito positivo anterior que poderia condicionar o exerccio do Poder Originrio. Porm, mesmo nesta perspectiva, no poderamos admitir o poder ilimitado do PCO de alguma ordem haver limitao a este exerccio.Haver certos direitos fundamentais que so inseridos ao Poder Originrio. Deve-se, porm, analisar cada caso em especial.Limites do Poder de Reforma art. 60 CFProcedimentalHaver limitaes de reforma de ordem Formal ou Procedimental, ligado ao carter condicionado do poder reformador. condio de validade da prpria Emenda Constitucional.O sistema legislativo brasileiro bicameral, formado pelo Senado Federal e pela Cmara dos Deputados. Esto previstos no art. 44 da CF:Art. 44. O Poder Legislativo exercido pelo Congresso Nacional, que se compe da Cmara dos Deputados e do Senado Federal.Pargrafo nico. Cada legislatura ter a durao de quatro anos.O nmero de Deputados Federais no encontra-se previsto na CF delegado lei infraconstitucional.Art. 45. A Cmara dos Deputados compe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Territrio e no Distrito Federal. 1 - O nmero total de Deputados, bem como a representao por Estado e pelo Distrito Federal, ser estabelecido por lei complementar, proporcionalmente populao, procedendo-se aos ajustes necessrios, no ano anterior s eleies, para que nenhuma daquelas unidades da Federao tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.Est previsto na Lei Complementar 78/93, que totalizam 513 Deputados. Sero distribudos proporcionalmente entre os Estados conforme a sua carga populacional. Ter um limite de Deputados (70 no mximo e 8 no mnimo).Com base nesta regra de limitao, temos que, na Cmara, os Estados menos populosos esto super-representados e os Estados mais populosos esto sub-representados. Houve uma tentativa de inconstitucionalidade desta desproporo, que foi rechaada pelo STF ao argumento de que no h inconstitucionalidade de uma regra constitucional originria.A aparente desproporo resolvida pelo sistema de freios e contrapesos somente passando pelo Senado, que tem pesos iguais entre os Estados, que uma proposta ir prosperar. Neste sentido, faz-se necessrio dizer que haver 81 Senadores que compem o conjunto do Senado Federal (trs por Estados + DF).[footnoteRef:11] [11: Devemos ver o conceito de legislatura. Veja o art. 44, p. nico:Pargrafo nico. Cada legislatura ter a durao de quatro anos.Cada sesso legislativa corresponder a um ano corrente. Ou seja, cada legislatura conter quatro sesses legislativas. Por conta disso, o mandato do Senador ser de duas legislaturas, ou oito sesses legislativas.Temos tambm o perodo legislativo, que corresponde ao lapso temporal antes e depois do tempo de frias.]

Os projetos de lei ordinria esto sujeitos s regras gerais de votao, que dizem ser necessria a maioria simples dos presentes (que devero ser a maioria absoluta dos membros da casa[footnoteRef:12]) instaura-se a sesso de votao com a maioria absoluta (qurum), mas aprova-se a lei com a maioria mnima dos presentes. [12: Teoria Geral das Maiorias: ou a maioria ser simples, ou ser qualificada, esta dividindo-se na absoluta e na de trs quintos. A maioria simples significa mais votos a favor do que contra. A maioria absoluta ser a unidade imediatamente superior a metade (e no metade mais um, porque excluiramos a possibilidade da totalidade mpar).]

Art. 47. Salvo disposio constitucional em contrrio, as deliberaes de cada Casa e de suas Comisses sero tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.Neste caso, na Cmara dos Deputados, o qurum ser de 257 Deputados e no Senado Federal ser de 41 Senadores.Contudo, devemos nos atentar ao art. 69 da CF:Art. 69. As leis complementares sero aprovadas por maioria absoluta.No caso, se presentes 300 Deputados, teremos qurum. 250 aprovam a Lei Complementar e 50 rejeitam a proposta. Neste caso, a Lei Complementar foi rejeitada! Somente seria aprovado se obtivesse maioria absoluta de votos enquanto a maioria simples calculada no nmero circunstancial de presentes (desde que haja qurum), a maioria qualificada (absoluta e de 3/5) calculada sob o nmero total de Deputados existentes.Portanto, podemos concluir que a maioria absoluta um nmero fixo, conhecido de antemo ao incio da sesso, no importando o nmero de presentes (desde que haja qurum, obviamente).Por fim, temos a PEC (Proposta de Emenda Constitucional), que ser aprovada por trs quintos dos membros da Cmara dos Deputados e trs quintos do Senado Federal, em dois turnos de votao. 2 - A proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros.QurumAprovao

Lei OrdinriaMaioria absolutaMaioria simples

Lei ComplementarMaioria absolutaMaioria absoluta

Emenda Constitucional-Trs quintos

Para que a CF seja alterada, necessrio a apresentao de uma PEC. A sua iniciativa (de proposta) dever ser coletiva e no individual, caracterstica das Leis Ordinrias e Leis Complementares. Veja o art. 60 da CF:Art. 60. A Constituio poder ser emendada mediante proposta:I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal;II - do Presidente da Repblica;III - de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 1 - A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de Estado de defesa ou de Estado de stio. 2 - A proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. 3 - A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem. 4 - No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir:I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, universal e peridico;III - a separao dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais. 5 - A matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa.Veja que o Presidente da Repblica, sozinho, poder propor uma PEC ter poder de iniciativa neste caso, ao contrrio do Senado Federal ou da Cmara dos Deputados, que devero atuar mediante a aprovao de um tero dos Senadores ou um tero dos Deputados.Formal Subjetiva (de Iniciativa)A iniciativa parlamentar da PEC , necessariamente, coletiva (inciso I). Um tero dos parlamentares (27 Senadores ou 171 Deputados) devero subscrever o pedido.Muitas vezes um Deputado tem ideia de uma PEC. Neste caso, o Deputado dever movimentar-se nos bastidores para que a proposta ganhe novas assinaturas de outros Deputados. Note que os demais Deputados no confirmaram a sua aprovao quanto PEC, mas sim to apenas fizeram nmero para que a PEC possa ser analisada pelos seus demais pares. Ainda, o Presidente da Repblica poder propor uma PEC (inciso II).Por fim, as Assembleias Legislativas dos Estados podem apresentar uma PEC para o Congresso Nacional (inciso III). Isto ocorrer se mais da metade delas subscreverem a proposta (14 Assembleias, no mnimo).Em dezembro de 2012, os Presidentes das Assembleias se reuniram e chegaram a um consenso acerca da necessidade de mudana de diversas regras de reparties de competncia legislativa[footnoteRef:13] da Constituio. [13: Critica-se a atual disposio da CF no sentido de que Deputados Estaduais no tem quase competncia nenhuma. H somente algumas matrias de procedimento em que podem sofrer interferncia das Assembleias.]

Os Presidentes levaram a proposta para que as suas Assembleias pudessem deliberar acerca da adeso. Aps a tramitao interna e da assinatura do Presidente da 15 Assembleia, o pedido foi levado ao Congresso Nacional, surgindo a PEC 47/2012.

Um Deputado e um Senador, isoladamente, podem apresentar projeto de Lei Ordinria ou Lei Complementar (um cidado sozinho, contudo, no poder faz-lo). Porm, se os cidados se reunirem, coletivamente, chegando ao nmero de 1% do eleitorado nacional, em cinco Estados, com trs dcimos de assinaturas de eleitores de cada Estado, podero apresentar uma proposta de Lei Ordinria ou Lei Complementar Iniciativa Popular. Esta regra est no art. 61, 2 da CF. 2 - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentao Cmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mnimo, um por cento do eleitorado nacional, distribudo pelo menos por cinco Estados, com no menos de trs dcimos por cento dos eleitores de cada um deles.Temos como exemplo a Lei da Exigncia da Ficha Limpa: proposta apresentada pelo cidado.Porm, somente poder haver esta iniciativa para a criao de Leis Ordinrias e Leis Complementares. Poderia haver PEC de iniciativa popular?O art. 60 no prev a possibilidade. Fosse inteno do constituinte, bastaria ter colocado um inciso IV[footnoteRef:14] no artigo em tela. [14: Inciso I, parlamentares; inciso II, Presidente; inciso III, Assembleias Legislativas.]

A doutrina, contudo, se mostra divergente: H uma forte corrente que sustenta a impossibilidade desta PEC, baseada na ausncia de previso na CF: i) se fosse a inteno do constituinte, ele expressamente o teria feito; ii) A regra na qual esto estabelecidos os requisitos para a iniciativa popular a regra do 2 do art. 61 h um princpio geral de intepretao das normas que diz o alcance jurdico de uma regra de pargrafo no pode transcender a regra do artigo. Como o artigo somente diz respeito s Leis Ordinrias e Complementares, no seria possvel a iniciativa popular de PEC (a gaveta no pode ser maior que o armrio); Outra corrente, em doutrina, majoritria (Afonso da Silva): parte da ideia inicial da soberania popular. Todo o poder emana do povo: se o povo tem o poder maior - de estabelecer mandatrio para estabelecer uma nova CF - tem o poder menor, de reformar a prpria CF (quem pode mais, pode menos). Assim, por analogia, preenchendo os requisitos do art. 61, 2, poderia ser apresentada uma PEC.Se fossem os Deputados que se regimentassem e obtivessem as assinaturas, a tramitao comear na Cmara dos Deputados; se fossem os Senadores que tivessem este impulso, comear a tramitao no Senado Federal.E o Presidente da Repblica? Para quem dever encaminhar a PEC?O art. 64 traz um princpio geral: a discusso e votao das propostas (iniciativa extraparlamentar) que no sejam da Cmara ou do Senado (oriundas do Presidente da Repblica, do STF e dos Tribunais Superiores) devero ocorrer, primeiramente, na Cmara dos Deputados.E a PEC de iniciativa das Assembleias Legislativas? A apresentao dever ocorrer Cmara ou ao Senado?O Regimento interno do Senado Federal estabelece que tero incio no Senado as PECs de iniciativa dos Senadores e, tambm, das Assembleias Legislativas. Fundamenta o Senado neste sentido: o Senado, tecnicamente, a casa da federao (se na Cmara esto os representantes do povo, no Senado esto os representantes das unidades federativas). Assim, conclui-se logicamente que as Assembleias devero encaminhar a proposta ao Senado.Ainda, no se aplica PEC um princpio prprio dos procedimentos ordinrios, qual seja o Princpio da Primazia da Deliberao Principal (diz o princpio que, se houver divergncia, prevalecer a vontade de quem fez a deliberao principal).Se tratarmos de um projeto de Lei Ordinria de iniciativa da Cmara, se aprovado, ser encaminhado o projeto ao Senado. No Senado (deliberao revisional), se houver alterao de trs ou quatro artigos, o projeto voltar Cmara que analisar to somente estes artigos. Se a Cmara rejeita as alteraes do Senado, prevalece o interesse da Cmara, pelo fato dela ter feito a primeira deliberao (deliberao principal), aplicando-se o princpio da primazia da deliberao principal.Este procedimento acima citado no se aplica PEC. Somente existe emenda se houver acordo entre as duas casas. Se houver desacordo parcial, o ponto em desacordo no entrar em vigor.Formal ObjetivaTemos 513 Deputados federais e 81 Senadores.Imagine uma PEC advinda da Presidncia da Repblica. Como se dar a discusso e votao desta matria?Veja o 2 do art. 60: 2 - A proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros.Trata-se de uma forma qualificada: o referencial no com base nos presentes, mas sim no nmero fixo de parlamentares.O primeiro passo o encaminhamento da PEC Comisso de Constituio e Justia, a fim de que possa ser examinada a compatibilidade da proposta quanto s limitaes materiais (clusulas ptreas). Imagine que haja parecer favorvel. A matria encaminhada para votao em plenrio: ser discutida e votada. O conjunto formado por discusso e votao , tecnicamente, chamado de turno. Encerrada a discusso, os Deputados devem se dirigir aos seus assentos para que possam votar sim ou no.De antemo, sabe-se o nmero de votos que necessrio para que aprove-se uma PEC: trs quintos de 513 correspondem a trezentos e oito votos (308) de Deputados a favor[footnoteRef:15]. Se no for obtido este nmero, a matria ser rejeitada. [15: Corriqueiramente, o nmero de segurana de Deputados Federais gira em torno de 480 parlamentares.]

Se aprovada, a matria agendada para nova discusso e votao (outro turno), antes de ser remetido para o Senado Federal.Sendo aprovada, o Senado passar a discutir e votar, por outras duas vezes. Necessrio haver quarenta e nove votos (49) de Senadores para a sua aprovao.Se no alcanados o nmero de votos, em qualquer dos quatro turnos, a PEC estar perdida.Se forem obtidos os dois turnos da Cmara e os dois turnos do Senado, chegaremos ao ltimo passo: a promulgao da PEC.Por ocasio da primeira reforma previdenciria, havia um interesse manifesto do governo na provao da PEC. Na Cmara, havia um consenso entre os lderes acerca da aprovao. Porm, havia divergncia sobre um artigo especfico. Assim, decidiu-se retirar o artigo (ocorreu o destaque para votao em separado), a fim de que a PEC fosse votada em um momento, e o artigo em outro. Em dado momento, o artigo obteve 307 votos sim o artigo foi rejeitado, pois no conseguiu 308 votos. A curiosidade foi que um Deputado votou de forma errada se tivesse acertado, haveria a aprovao da PEC na Cmara.Se aprovado o projeto pelas duas casas, estar pronto para a aprovao (sano) presidencial?No existe sano ou veto do Presidente em Emenda Constitucional. Toda a tramitao, at o seu fim, matria de competncia do legislativo. Em relao s leis, o Presidente tem o poder de sano ou veto, o que no ocorre na Emenda Constitucional.Encerrada a aprovao no Congresso Nacional, segue-se promulgao (condio sine qua non) das Mesas do Senado e da Cmara: 3 - A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem.Curiosidade: no final de cada Emenda, h duas colunas com sete assinaturas de cada casa. So os chamados promulgantes pessoas que reconhecem a existncia, validade e potencialidade de efeitos da EC. Autorizam, assim, a publicao da EC, para que sobrevenha efeitos no mundo.Veja o art. 5, 3 da CF: 3 Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais. (Includo pela Emenda Constitucional n 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste pargrafo)Ser o mesmo procedimento adotado aprovao das Emendas. Aconteceu uma nica vez na Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia que encontra-se, por conta desta aprovao, no pice da pirmide de leis.Com efeito, se o Congresso ratificar o Pacto de San Jos da Costa Rica, com os trmites descritos no 3, poder ser considerado equivalente s Emendas Constitucionais, passando a situar-se no topo da pirmide.No que se refere s Emendas Constitucionais, podero ser objeto de Ao Direta de Inconstitucionalidade, pois (i) poder haver inconstitucionalidade formal, sem a observncia das regras de aprovao impostas pela prpria CF; (ii) o contedo da matria violar clusula ptrea, haver inconstitucionalidade material.A EC 62 (do pagamento dos precatrios) foi objeto de ADI: o STF afastou a sua inconstitucionalidade formal, mas acatou a inconstitucionalidade material. No caso da EC 62, havia o interesse pelos Governos Estaduais e Federal de que ela fosse votada (quando ainda era PEC) rapidamente. Por conta disso, o Senado aprovou a EC, em dois turnos, no mesmo dia, no espao de uma hora (sem que tenha havido um razovel interstcio entre as votaes), razo pela qual foi suscitada a inconstitucionalidade formal. O STF, porm, no entendeu desta forma especula-se que os ministros j haviam se acertado quanto a inconstitucionalidade material, razo pela qual afastaram a formal. Porm, formou-se a jurisprudncia neste sentido.Neste ponto, qual a razo de ser da norma (modo teleolgico de interpretao) quando diz serem necessrios dois turnos de votao? Com efeito, conclui-se que este interstcio necessrio a fim de que as ideias se amaduream entre uma votao e outra. O STF, porm, por maioria de votos, adotou o mtodo de interpretao lgico-sistemtico, que diz ser necessrio interpretar em razo de todos os demais outros artigos. Neste sentido, veja o art. 29 e 32 da CF:Art. 29. O Municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os seguintes preceitos:Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua diviso em Municpios, reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos com interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros da Cmara Legislativa, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio.Aos defensores da interpretao lgico-sistemtica, o constituinte, quando desejou dar ao interstcio um tempo certo, assim expressamente fez nas suas normas fato este que no ocorreu quanto ao tempo entre as duas votaes de aprovao das EC.O procedimento de aprovao de uma PEC se encerra no Congresso Nacional no h interferncia do Executivo neste sentido (haver apenas atravs do seu poder de iniciativa). Embora no se sujeite a sano ou veto, a Emenda Constitucional dever ser promulgada, ou seja, a manifestao de que o procedimento foi feito de forma correta e se reveste de indcios de aplicabilidade.Veja o art. 60, 3: 3 - A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem.Mesas sero os rgos diretivos, eleitos pelos prprios polticos, com sete Deputados na Cmara e sete Senadores, em mandato de dois anos. Veja: nas PECs sempre haver a manifestao de regular elaborao, fato este que autentica-se pelas Mesas, atestando que a EC estar apta irradiao dos seus efeitos.Circunstancial H condies Circunstanciais, ou seja, h certas circunstncias que no permitem a alterao da CF. Veja o 1 do art. 60: 1 - A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de Estado de defesa ou de Estado de stio.Se foi declarado alguns destes Estados, porque h um motivo excepcional, fora da normalidade. Neste ponto, decretada a interveno, o poder de reforma do Congresso ficar temporariamente inibido no poder votar (e no meramente promulgar) uma reforma.To logo cesse a causa, o poder de reforma constitucional automaticamente ser reestabelecido.Veja: a previso de limitao circunstancial existe pois no conveniente que o poder de reforma seja aplicado nestes momentos excepcionais (representados pelo Estado de stio e Estado de defesa) a fim de proteger a Constituio de modificaes motivadas por interesses momentneos e nem sempre legtimos.TemporalTambm temos a limitao de aspecto Temporal. O Congresso, neste caso, no poderia realizar a alterao da Constituio em determinado espao de tempo.Com efeito, a CF de 1988 no previu limitao temporal propriamente dita (somente temporal material). Ou seja, se o Congresso desejasse alterar a CF em 1988, poderia faz-lo.A ttulo de comparao, temos a Constituio do Imprio de 1824: somente poderia ser alterada quatro anos aps a sua outorga, ou seja, apenas em 1828 por expressa manifestao do constituinte originrio neste sentido.Contudo, h uma regra que a CF trabalha com uma hiptese de limitao temporal em determinada matria (temporal material). Veja o art. 60, 5: 5 - A matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa.Note: se uma PEC for rejeitada num ano, no poder ser reapreciada novamente no mesmo ano. Porm, se a PEC for rejeitada em outubro, poder ser reapreciada em janeiro.Ainda, a declarao de prejudicialidade (ou havida por prejudicada) afetar uma PEC que tenha o mesmo contedo material de uma outra PEC recentemente rejeitada as PECs podem tratar da mesma matria, mas nunca da mesma extenso (pois, se no, seriam iguais!).Temos como exemplo uma PEC que trata da reduo de imputabilidade penal de 16 para 15 anos e outra PEC da reduo de 16 para 14 anos. Se reprovada a primeira, a segunda ser havida por prejudicada ser alcanada pela inconstitucionalidade da primeira.Se no fosse assim, estaria contornado o impedimento de reapreciao da mesma PEC numa mesma sesso legislativa.Esta a nica possibilidade de restrio temporal, que no ser propriamente dita.MaterialPor fim, temos a limitao de ordem Material, expressa no art. 60, 4 da CF, sendo conhecido por dar a imutabilidade a certos artigos da Constituio (clusulas ptreas): 4 - No ser objeto de deliberao a propo