efeitos do status tireoidiano na...

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Instituto de Veterinária - UFRRJ Seropédica – Rio de Janeiro Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro BR 465, km 7, CEP 23890-970 – Seropédica – RJ 28 de novembro a 02 de dezembro de 2011 II Semana Acadêmica da Pós-Graduação Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária P P G M V Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária

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Instituto de Veterinária - UFRRJ

Seropédica – Rio de Janeiro

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

BR 465, km 7, CEP 23890-970 – Seropédica – RJ

28 de novembro a 02 de dezembro de 2011

II

Semana Acadêmica da

Pós-Graduação

Mostra de Trabalhos

da Medicina Veterinária

PPGMV

Programa de Pós-Graduação em

Medicina Veterinária

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

II Semana Acadêmica da Pós-graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ

Anais da II Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária

A Semana Acadêmica de Pós Graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ (SAMVet) é uma iniciativa de discentes, docentes e da coordenação do curso, cujo objetivo é dar transparência às realizações de alunos e professores no âmbito da pesquisa. Em 2011 as atividades ficaram centradas na pesquisa discente através da realização da II Mostra de Trabalhos Científicos da Medicina Veterinária e atingimos os objetivos de divulgar os trabalhos de pesquisa; intensificar a aproximação entre alunos e professores vinculados pela pesquisa; possibilitar e estimular o diálogo entre alunos e pesquisadores favorecendo a troca de experiências. Os trabalhos a seguir serão apresentados por ordem de inscrição em forma de resumo expandido contendo os resultados de pesquisas desenvolvidas por alunos de pós-graduação e graduação de Medicina Veterinária da UFRRJ e de outras instituições de ensino superior.

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SUMÁRIO

Efeitos do status tireoidiano na cardiomiopatia dilatada em ratos Natalia Soares Carvalho de Souza; Güínever Eustáquio do Império; Cristiano Chaves Pessoa Veiga e Emerson Lopes Olivares

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Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de compostos flavonóides isolados do extrato metanólico da Cleome spinosajacq (st.hil.) (Mussambê) Raquel Teixeira Ferreira; Paloma Helena Sanches da Silva; Maria Aparecida Medeiros Maciel; Rosélia Sousa Leal e Frederico Argollo Vanderlinde

11

Perda de comportamento estereotipado durante o pós soltura: aves (família Psittacidae) Diogo Joffily; Vinicius Modesto de Oliveira e Rosana Colatino Soares Reis

14

Florais de Bach em animais silvestres Isabella Manes; Thuany Limia; João Telhado e Rita Campbell Machado Botteon

16

Teores de iodo em rações secas e úmidas para gatos adultos comercializadas no Rio de Janeiro, Brasil Priscila Cardim de Oliveira; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon, Flávio Lopes da Silva e Cristiano Chaves Pessoa da Veiga

18

Ações do projeto controle de animais errantes do grupo PET medicina veterinária durante o ano de 2011 Juliana Velloso Pinto; Joffily, Diogo; Luzilene Maria Souza; Myla Cristina Bastos Barcellos; Sheyla Moreira Gonçalvez e Luciano da Silva Alonso

20

Avaliação ultrassonográfica da tireóide de gatos alimentados com ração comercial com excesso de iodo Suzana Vieira Limeira; Cristiano Chaves Pessoa da Veiga; Priscila Cardim de Oliveira; Gilberto de Araújo Costa; Paulo de Tarso Botteon e Rita de Cássia Campbell Machado Botteon

22

Diagnostico diferencial de epistaxis em um caso de TVT nasal: relato de caso Carlos Henrique Machado; Camila Flavia Magalhães Botelho; Gilberto Garcia Botelho; Cristiane Divan Baldani; Cristiane Magalhães Botelho

24

Diagnostico citológico de plasmocitoma em cão–relato de caso Cristiane Magalhães Botelho; Camila Flavia Magalhães Botelho; Carlos Henrique Machado; Gilberto Garcia Botelho e Cristiane Divan Baldani

26

Alternativa metodológica à determinação da fibrinogenemia Carlos Henrique Machado; Jenevaldo Barbosa; Gilberto Garcia Botelho; Camila Flavia Magalhães Botelho e Cristiane Divan Baldani

28

Níveis séricos de cálcio, fósforo e magnésio em bovinos Cristiane Magalhães Botelho; Camila Flavia Magalhães Botelho e Gilberto Garcia Botelho

30

Criptococose intestinal em cão sem doença de base Daniel Paiva Barros de Abreu; Camila Flavia Magalhães Botelho; Francisco de Assis Baroni; Cristiano Veiga e Simone Rimulo Moraes

32

Esporotricose ocular felina: relato de dois casos Eriane de Lima Caminotto; Patrícia de Pinho e Souza Souza; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon e João Telhado Pereira

34

Distúrbios proliferativos em gatos domésticos infectados pelo vírus da leucemia felina Monique Taveira Medeiros; Raquel da Silva Procópio e Nadia Rossi de Almeida

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Perfil Bioquímico e capacidade antioxidante em cavalos de polo suplementados com selênio e vitamina E Waldsylvio da Silva Vieira; Isabella Manes; Isabela Syllus Campos; Cristiane Divan Baldani e Paulo de Tarso Landgraf Botteon

38

Estudo retrospectivo dos exames radiográfico da região torácica no hospital veterinário de pequenos animais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Elis Carvalho de Oliveira; Denise do Vale Soares; André Luiz Blaschikoff da Silva; Márcia Souza Menezes; Suzana Limeira Vieira e Luciana Vasconcelos Amado

40

Efeitos da lactulose sobre os níveis séricos de uréia e creatinina em cães com Insuficiência Renal Juliana de Abreu Pereira; Janne Paula Neres de Barros; Patrícia de Oliveira; Milena Braghetto de Almeida e Rita de Cássia Campbell Machado Botteon

43

Produção de material didático virtual para apoio ao ensino de anatomia animal André Luiz Blaschikoff da Silva, Juliana Velloso Pinto, Emanuel Mendes Badaró, Paulo Roberto Bernardes Lopes e Luciano da Silva Alonso

45

Achados ultrassonográficos no diagnóstico de efusão pleural em pequenos animais: Relato de caso Denise do Vale Soares; Márcia Souza Menezes; Elis Carvalho Oliveira; André Luiz Blaschikoff da Silva e Luciana Vasconcelos Amado

47

Ações de educação sanitária em áreas de risco social na baixada fluminense: experiências de estudantes de medicina veterinária da UFRRJ nos municípios de Seropédica e Paracambi (RJ) Gabriela de Carvalho Cid; Nathalia der Souza Machado; André Luiz Blaschikoff da Silva e Luciano da Silva Alonso

50

Mastite bovina por Arcanobacterium pyogenes: estudo de seis casos Diego Medeiros Lima; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon; Ângela de Oliveira; Ingrid Estevam Pereira e Lucas Santiago Gomes Brasileiro

52

Cisto Dentígero Em Equino – Relato De Caso Bruno Gonçalves Souza; Paula Carvalho Machado Araujo; Gabriela Ferreira Oliveira; Cristiano Chaves Pessoa Veiga; Gilberto Araújo Costa; Érica Cristina Rocha Roier e Gilberto Santos Seppa

54

Carcinoma mamário em égua – relato de caso Paula de Carvalho Machado Araujo; Bruno Gonçalves Souza; Thiago Souza Costa; Tiago Cunha Peixoto; Gabriela Ferreira Oliveira; Bruno Ferreira Spíndola e Gilberto Santos Seppa

57

Avaliação Ultrassonográfica Ocular em Cães Camila Henrique Oliveira Souza; João Telhado Pereira; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon e Cristiano Chaves Pessoa Veiga

59

Síndrome de hiperflexão carpal do cão – relato de três casos Maria Clara Martins Valladares; Lumara Raeli Ligeiro; Ananda Senhoretto do Nascimento e Ricardo Siqueira da Silva

61

Osteodistrofia fibrosa em equino – Relato de caso Bruno Gonçalves Souza; Paula de Carvalho Machado Araujo; Arthur da Costa Azevedo; Bruno de Toledo Gomes; Isabella Docek Faria; Júlia de Almeida Correa Souza; Márcio Felipe Távora Amaral e Gilberto dos Santos Seppa

63

Impacto do exercício de baixa intensidade sobre a cinética enzimática na primeira semana de treinamento de potros Puro-Sangue Inglês de corrida Erica Bertha Führich Raupp Bezerra de Mello; Gabriela Ferreira Oliveira; Bruno Ferreira Spíndola; Tanja Maria Hess e Paulo de Tarso Landgraf Botteon

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Avaliação das características reprodutivas de vacas Sindi (Bostaurus indicus) tratadas com dois protocolos de sincronização da ovulação Ana Paula Toledo Barbosa da Silva; Raquel Rodrigues Costa Mello e Marco Roberto Bourg de Mello

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Isolamento de espécies de Rhodotorula spp produtoras de protease e fosfolipase a partir de agulhas utilizadas na rotina clínica veterinária Daniel Paiva Barros de Abreu; Mário Tatsuo Makita; Yuri Duarte Porto e Francisco de Assis Baroni

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Potencial de virulência “in vitro” de amostras de Cryptococcus magnus isolados de Mangifera indica Yuri Duarte Porto; Mário Tatsuo Makita; Daniel Paiva Barros de Abreu; Sergio Gaspar de Campos e Francisco de Assis Baroni

71

Avaliação da produção de protease e fosfolipase de Cryptococcus humicolus isolados de diferentes espécies arbóreas Mário Tatsuo Makita; Daniel Paiva Barros de Abreu; Yuri Duarte Porto; Sergio Gaspar de Campos e Francisco de Assis Baroni

73

Avaliação e seleção de fungos com potencial entomopatogênico para o escorpião amarelo - Tityusserrulatus Lutz & Mello, 1922 (Scorpiones, Buthidae) Mário Tatsuo Makita; Daniel Paiva Barros de Abreu; Yuri Duarte Porto; Sergio Gaspar de Campos e Francisco de Assis Baroni

75

Utilização de pomada a base de Calendula officinallis e associações na cicatrização da ferida de castração em caprinos Emanuel Mendes Badaró, Erica Bertha Führich Raupp Bezerra de Mello; Sérgio Fernandes Ferreira; Carlos Elysio Moreira Fonseca e Maria Ignez Carvalho Ferreira Carvalho

77

Cooperativas agropecuárias na região do Médio Paraíba, Rio de Janeiro: pesquisa aplicada e função social - relato de caso Estelle Barreto de Amorim; Ana Paula Lopes Marques; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon e Paulo de Tarso Landgraf Botteon

79

Teores elevados de ferro em solos e pastagens na região do Médio Paraíba, RJ, Brasil e manifestações de deficiência de cobre Estelle Barreto de Amorim; Ana Paula Lopes Marques; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon e Paulo de Tarso Landgraf Botteon

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Anemia em cães sob diferentes condições de manejo nutricional e sanitário Marcelo Soares Antunes; Anselmo Silva Ramos; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon; Elaine Liporage de Oliveira; Carlos Henrique Machado e Gilberto Garcia Botelho

83

Índices ecocardiográficos em cães sadios e com doença periodontal Anselmo Silva Ramos; Cristiano Chaves Pessoa da Veiga; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon e Marcelo Soares Antunes

86

Abordagem multidisciplinar do diagnóstico por imagem em paciente com efusão pericárdica: relato de caso Márcia Souza Menezes; Denise do Vale Soares; André Luiz Blaschikoff da Silva; Elis Carvalho de Oliveira e Luciana Vasconcelos Amado

89

Intoxicação experimental por Metternichia princeps (solanaceae) em coelhos experimental Naiara B. Maran; Aline D. Gomes; Saulo A. Caldas; Juliana S. Prado; Carlos Hubinger Tokarnia e Marilene de Farias Brito

91

Atividade antiviral de flavonóides contra o vírus da cinomose canina in vitro Otávio Valério de Carvalho; Clarisse Vieira Botelho; Caroline Gracielle Torres Ferreira; Paulo Oldemar Scherer e Abelardo Silva Júnior

93

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Registro de predação de Leptodactylus marmoratus (Anura: Leptodactylidae) por Rhinellaornata (Anura: Bufonidae) em uma área de Floresta Atlântica, Sudeste do Brasil Daiane Ouvernay; Ivaí Gomes de Lima Cesar de Albuquerque e Cesar Carriço

95

Relato de 3 casos de esporotricose em cães Patrícia de Pinho e Souza Souza; Renata Novais Carvalho; Eriane de Lima Caminotto e João Telhado Pereira

97

Equivalência do teste de cristalização da lágrima em cães com o padrão proposto pela medicina humana Eriane de Lima Caminotto; Patrícia de Pinho e Souza Souza e João Telhado Pereira

99

Níveis de cálcio e fósforo em solos, forragens e soro sanguíneo de bovinos da região do Médio Paraíba, RJ Ana Paula Lopes Marques; Estelle Barreto de Amorim; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon e Paulo de Tarso Landgraf Botteon

101

Deficiências minerais associadas ao inadequado fornecimento de misturas minerais na região do Médio Paraíba, RJ, Brasil Ana Paula Lopes Marques; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon; Estelle Barreto de Amorim; Paulo de Tarso Landgraf Botteon e Janne Paula Neres de Barros

104

Abscessos cutâneos múltiplos no pós-operatório de cães com Ehrlichiose: relato de dois casos Juliana de Abreu Pereira; Patrícia de Oliveira; Milena Braghetto de Almeida; Flávia Rosental de Oliveira e Rita de Cássia Campbell Machado Botteon

107

Babesiose e erliquiose em cães de áreas rurais e urbanas do município de Seropédica, Rio de Janeiro Juliana Macedo Raimundo; Andresa Guimarães; Joice Aparecida Rezende Vilela; Huarrisson Azevedo Santos; Marcus Sandes Pires; Carlos Luiz Massard e Cristiane Divan Baldani

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Leishmaniose visceral em cão domiciliado na cidade de Barra Mansa, Rio de Janeiro Andresa Guimarães; Fernanda G. Oliveira; Juliana Macedo Raimundo; Carlos Henrique Machado, Marilene de Farias Brito e Cristiane Divan Baldani

112

Abordagem diagnóstica diferencial envolvendo um caso de esporotricose Andresa Guimarães; Carlos Roberto Mendes Kling; Carlos Henrique Machado; Juliana Macedo Raimundo; Daniel Paiva Barros de Abreu e Cristiane Divan Baldani

114

Eficiência do tratamento contra mastite clínica comparada à suscetibilidade in vitro a antibióticos Diego Medeiros Lima; Janne Paula Neres de Barros; Rita de Cássia Campbell Machado Botteon e Ângela de Oliveira

116

Frequência e fatores de risco da obesidade em uma população urbana de gatos saudáveis Renée Cristine Carvalho Barbosa; Camila Flávia Magalhães Botelho; Raquel Sampaio Alves e Heloísa Justen Moreira de Souza

118

Relato de caso: queimadura térmica grave em cão (Canis familiaris) Carla Caroline Franzini de Souza; Maria Daniela Dantas Coutinho; Adriano Sodré Magalhães Novaes; Siria da Fonseca Jorge e Fernando Elisio Amaral Torres

120

Penectomia e uretrostomia escrotal na excisão de neoplasia prepucial com ampla margem de segurança em cão: relato de caso Carla Caroline Franzini de Souza; Priscilla Barbos Andery; Ana Paula dos Reis Moura; Marlon Vinicius Cabral Ramalho e Diego Gonzalez Vivas

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Lipoma perivulvar em cadela (Canis familiaris) com grandes dimensões – importância do exame clínico e diagnóstico histopatológico Priscilla Barbosa Andery; Adriano Sodré Magalhães Novaes; Fernando Elíseo Amaral Torres; Siria da Fonseca Jorge e Rosana Pinheiro Botelho

124

Utilização do pericárdio caprino na correção de falha abdominal experimental em ratos Marta Fernanda Albuquerque Silva; Michel Alves Silva; Marcio de Castro Menezes; Carla Caroline Franzini Souza e Síria da Fonseca Jorge

126

Relato de caso: persistência de dentes decíduos em cão Marta Fernanda Albuquerque Silva; Fernanda Maria Lopes; Paloma Helena Sanches Silva; Siria da Fonseca Jorge e Samira Lessa Abdalla

128

Luxação patelar lateral unilateral grau III em um gato – relato de caso Diego Gonzalez Vivas; Priscilla Barbosa Andery; Alessandra Santos Feijó da Silva Souza; Rosana Pinheiro Botelho e Marta Fernanda Albuquerque Silva

130

Ruptura de Ligamento Cruzado Cranial em um gato (Feliscatus) - relato de caso Diego Gonzalez Vivas; Alessandra Santos Feijó da Silva Souza; Paloma Helena Sanches Silva; Marlon Vinicius Cabral Ramalhoe Marta Fernanda Albuquerque Silva

132

Prevalência de babesiose em equinos atendidos na Policlínica Veterinária da Universidade Estácio de Sá, campus Vargem Pequena – Rio de Janeiro Bruno Ferreira Spíndola; Ulisses Jorge Pereira Stelmann; Simone Bizerra Calado; Paulo de Tarso Landgraf Botteon e Luciana Guerim

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Erliquiose Monocitica Equina na Micorrregião de Itaguaí, RJ Erica Cristina Rocha Roier; Huarrisson Azevedo Santos; Marcus Sandes Pires; Cristiane Divan Baldani e Carlos Luiz Massard

136

Monitoramento Inteligente da Dengue (MI-dengue®) na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Érica Heleno Electo; Lidiane Cristina Rocha Nogueira; Cláudia Bezerra da Silva e Argemiro Sanavria

139

Avaliação larvária através do Monitoramento Inteligente da Dengue (MI-dengue) na Universidade Federal Rural do RJ Érica Heleno Electo; Lidiane Cristina Rocha Nogueira; Cláudia Bezerra da Silva e Argemiro Sanavria

141

Linfossarcoma canino – relato de caso Paula Suzana Elisa Maciel Poll; Elise Miyuki Yamasaki; Ana Paula Lopes Marques e Marilene de Farias Brito Queiroz

143

Tratamento intramamário de vacas na interrupção da lactação e resíduos de antimicrobianos no leite no pós parto Paula Suzana Elisa Maciel Poll; Renata Lanna dos Santos; Ângela Oliveira;Indrid Estevam Pereira; Luana Vilela e Rita de Cássia Campbell Machado Botteon

145

Cirurgia “a campo” para reparo de fístula ruminal iatrogênica em vaca com oito meses de gestação - relato de caso Phillipe Bauer de Araújo Dória; Ana Paula Lopes Marques; Paula Elisa Suzana Maciel Poll e Renata Lanna dos Santos

148

O uso da Atividade Assistida por Animais na melhora da qualidade de vida em idosos institucionalizados do “Lar Augusto Silva” em Lavras, MG Luciana Santos de Assis; Camila Franco de Carvalho e Sérgio Alves Bambirra

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Percentual de gordura corporal em potros Puro-Sangue Inglês durante fase inicial de treinamento Erica Bertha Führich Raupp Bezerra de Mello; Cristiano Chaves Pessoa Veiga; Tanja Maria Hess e Paulo de Tarso Landgraf Botteon

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Saúde oral de primatas Cebus apella (Linnaeus, 1758) no centro de triagem de animais silvestres-IBAMA no estado do Rio de Janeiro Rita de Cassia Silva COSTA; Rita de Cássia Campbell MachadoBotteon; Daniel Medeiros Neves; Maria Clara Valladares e Paulo Oldemar Scherer

155

Intoxicação por flunixina meglumina em equino: relato de caso Diogo Cruz Camarinha; Juliana Macedo Raimundo; Andresa Guimarães; Vinicius Antunes; Serafim Costa Mello e Paulo de Tarso Landgraf Botteon

158

Comércio de peixe fresco em estabelecimentos varejistas no município de Niterói: aspectos higiênico-sanitários Nathalia de Souza Machado; Gabriela de Carvalho Cid; Guilherme Henrique Jacintho e Valéria Moura de Oliveira

160

Avaliação do desenvolvimento de ovos de Trichuris vulpis em diferentes temperaturas Andrea Franco Saavedra; Karina Godet Figueiredo; Vivian Suane de Freitas Vieira e Maria de Lurdes Azevedo Rodrigues

162

Criação da liga de animais silvestres – lias e atividades desenvolvidas em seu primeiro semestre Ivaí Gomes de Lima Cesar de Albuquerque; Mário Tatsuo Makita e Luciano da Silva Alonso

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Sensibilidade in vitro de agentes ambientais isolados do leite de conjunto em unidades de produção de leite C no sul do Estado do Rio de Janeiro BARROS Janne Paula Neres de; Luana Vilela LOPES; Renata Lanna dos SANTOS; PEREIRA, Ingrig Estevam; Oliveira, Ângela e Rita de Cassia Campbell Machado BOTTEON

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Osteopatia metafisária de colo femoral em um felino – relato de caso Priscilla Barbosa Andery; Diego Gonzalez Vivas; Carla Caroline Franzini Souza; Ana Paula dos Reis Moura e Rosana Pinheiro Botelho

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EFEITOS DO STATUS TIREOIDIANO NA CARDIOMIOPATIA DILATADA EM RATOS

1SOUZA, Natalia Soares Carvalho;

2IMPÉRIO, Güínever Eustáquio;

3VEIGA, Cristiano Chaves

Pessoa; 4OLIVARES, Emerson Lopes

1. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq/UFRRJ, Discente do Curso de Medicina Veterinária; 2. Aluna de Mestrado do IBCCF-UFRJ; 3. Técnico Administrativo da UFRRJ; 4. Professor de Farmacologia do Instituto de

Biologia da UFRRJ.

Palavras-chave: Insuficiência cardíaca,doxorrubicina, triiodotironina

Introdução

O hormônio tireoidiano (HT), triiodotironina (T3), regula genes cardíacos envolvidos na contratilidade miocárdica e, em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), baixos níveis séricos de T3 e/ou altos níveis séricos de T3 reverso são comumente associados a um curso clínico desfavorável. Considerando que o infarto do miocárdio ou a sobrecarga crônica hemodinâmica no coração, leva ao remodelamento cardíaco, que progride para IC, é razoável admitir que o HT seja uma boa alternativa para o tratamento de doenças cardíacas. Entretanto, recentemente foi descrito no modelo de camundongos com cardiomiopatia dilatada hereditária, hipertireoidismo cardíaco, induzido espontaneamente pela regulação positiva da desiodade tipo 2 local, e IC. Curiosamente, nesse estudo, a utilização de uma droga anti-tireoidiana propiciou efeitos cardiovasculares benéficos (WANG et al. 2010). Portanto, o real efeito do hormônio tireoidiano na IC permanece elusivo. Em nosso estudo, testamos se alterações na concentração sérica dos hormônios tireoidianos poderiam afetar o remodelamento e função cardíaca, na cardiomiopatia dilatada induzida pela doxorrubicina em ratos.

Materiais e Métodos

Ratos Wistar (200-300g) foram tratados com doxorrubicina (Adriblastina, Pfizer

®

1mg/Kg/dia, i.p., DOXO, n=21) ou veículo (CONTROLE, n=12) por 10 dias consecutivos (HAYWARD et al., 2007). O remodelamento e a função cardíaca foram avaliados através da ecocardiografia (ECO) antes da primeira injeção e após a última. A coleta de sangue foi realizada nos mesmos dias que a ECO e, os níveis séricos de T4 e T3 determinados por Quimioluminescência. Em seguida, um subgrupo de cada, foi induzido ao hipotireoidismo (pelo metimazol, MMZ, 0,03% na água de beber, DOXO.Hipo, n=14 e CONTROLE.Hipo, n=6), ou continuaram

eutireóideos (DOXO.EUT, n=14 e CONTROLE.EUT, n=6), por 28 dias e, ao final, foi realizado ECO e coleta de sangue.

Resultados e Discussão

A ECO realizada no grupo DOXO demonstrou redução na fração de encurtamento do ventrículo esquerdo (FEVE%, ~20%) e aumento no diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (DDFVE, ~18%) e na relação átrio esquerdo/aorta (AE/Ao, ~45%), comparado a antes do tratamento e ao CONTROLE (P < 0,01), sugerindo disfunção sistólica, dilatação da câmara e insuficiência cardíaca congestiva, respectivamente. Esses dados sugerem que o modelo de dilatação cardíaca induzida pela DOXO foi bem sucedido. O grupo DOXO+MMZ apresentou redução adicional na espessura relativa da parede posterior em relação ao DOXO+H2O (figura 1), sugerindo maior dilatação em resposta a administração da droga anti-tireoidiana.

Figura 1. Avaliação Ecocardiográfica, após

tratamento com Metimazol ou água. Espessura relativa

da parede posterior (ERPP) - *P<0,05 vs. Controle+H2O,

#P<0,05 vs. DOXO+H2O, **P<0,001 vs. Controle+MMZ

Curiosamente, a despeito da dilatação mais pronunciada, o grupo DOXO+MMZ teve a função sistólica completamente normalizada - similar àquela apresentada pelo CONTROLE+H2O e, portanto significativamente maior do que aquela apresentada pelo grupo DOXO+H2O (figura 2).

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Figura 2. Avaliação Ecocardiográfica, após o

tratamento com Metimazol e água. Fração de

encurtamento do ventrículo esquerdo (FEVE) - *P<0,05

vs. Controle+H2O, **P<0,001 vs. Controle+H2O,

#P<0,001 vs. Controle+MMZ.

Os níveis séricos de T4 e T3 não variaram após o tratamento com doxorrubicina comparados aos controles. No entanto, como esperado, após o tratamento com MMZ, o grupo DOXO+MMZ demonstrou níveis séricos de T4 diminuídos em relação ao DOXO+H2O. Paradoxalmente, os níveis de T3 do grupo DOXO+MMZ apresentaram aumento em relação à DOXO+H2O (figura 3).

Figura 3. Níveis séricos dos hormônios tireoidianos,

determinados por Quimioluminescência. A) T4 sérico -

*P<0,05 vs. Controle+MMZ, #P<0,05 vs. DOXO+H2O,

**P<0,001 vs. Controle+H2O; B) T3 sérico - *P<0,05 vs.

Controle+H2O, #P<0,05 vs. Controle+MMZ.

Conclusão

Nossos dados sugerem que, diferente do modelo de infarto do miocárdio em ratos (OLIVARES et al., 2007), o modelo de cardiomiopatia dilatada induzida pela doxorrubicina em ratos não apresente indução espontânea ao hipotireoidismo, pelo menos no protocolo experimental utilizado neste estudo. Curiosamente, quando os ratos tratados com doxorrubicina foram submetidos ao tratamento com a droga anti-titreoidiana, eles apresentaram baixos níveis de T4 e altos níveis de T3, associados a normalização da função sistólica avaliada através da ecocardiografia. A dilatação das câmaras não foi afetada pelo tratamento com a droga anti-tireoidiana nesses animais. Estudos futuros serão imperativos para explicar a curiosa melhora (normalização) da função sistólica, a despeito da persistência da dilatação das câmaras, nos animais com cardiopatia dilatada tradados com a droga anti-tireoidiana (metimazol).

Referências Bibliográficas

HAYWARD R, HYDOCK DS. Doxorubicin cardiotoxicity in the rat: an in vivo characterization. J Am Assoc Lab Anim Sci. Jul;46(4):20-32, 2007.

OLIVARES EL, COSTA-E-SOUSA RH, WERNECK-DE-CASTRO JP, PINHO-RIBEIRO V, SILVA MG, RIBEIRO KC, MATTOS EC, GOLDENBERG RC, CAMPOS DE CARVALHO AC, MASUDA MO. Cellular cardiomyoplasty in large myocardial infarction: Can the beneficial effect be enhanced by ACE-inhibitor therapy? Eur J Heart Fail.: 9(6-7):558-67, 2007.

WANG YY, MARIMOTO S, DU CK, LU QW, TSUMITSUMI T, IDE T, MIWA Y, TAKAHASHI-UANAGA F, SASAGURI T. Up-regulation of type 2 iodothyronine deiodinase in dilated cardiomyopathy. Cardiovascular Research Sep 1; 87 (4): 636-46, 2010.

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EFEITO ANTINOCICEPTIVO E ANTI-INFLAMATÓRIO DE COMPOSTOS FLAVONÓIDES ISOLADOS DO EXTRATO METANÓLICO DA

CLEOME SPINOSA JACQ (ST. HIL.) (MUSSAMBÊ)

1FERREIRA, Raquel Teixeira;

2SILVA, Paloma Helena Sanches;

3MACIEL, Maria Aparecida

Medeiros; 4LEAL, Rosélia Sousa;

5VANDERLINDE, Frederico Argollo

1 Mestranda do Curso de Pós Graduação em Medicina Veterinária (UFRuralRJ) - CAPES/REUNI;

2 Bolsista de

Iniciação Científica (UFRuralRJ) - CNPQ; 3 Professora Visitante do Departamento de Química (UFRN);

4 Doutora

pela UFRN; 5

Professor Associado do Departamento de Ciências Fisiológicas (UFRuralRJ)

Palavras-chave: Cleome spinosa, dor, inflamação, flavonóides, mussambê

INTRODUÇÃO

A Cleome spinosa (Brassicaceae), conhecida como mussambê, tem o chá de suas raízes utilizado no combate de processos inflamatórios, tosse, asma ou bronquite, e o sumo das folhas em otites e feridas. Estudos fitoquímicos permitiram isolar substâncias como os flavonóides, agente com alto potencial biológico. Avaliou-se, portanto, o potencial antinociceptivo e anti-inflamatório dos flavonóides F10-16 e F11-13 isolados do extrato metanólico da C. spinosa (EMCS) e mecanismos de ação envolvidos.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados camundongos (Mus musculus), Swiss, 25-35g, fornecidos pelo biotério do DCFis da UFRRJ. Nos ensaios in e ex vivo, as doses utilizadas dos flavonóides foram sempre de 2mg/kg (p.o.), bem como do controle positivo dexametasona. Os controles indometacina e morfina obedeceram a dose de 10mg/kg; p.o. Esta metodologia foi submetida e aprovada pela Comissão de Ética na Pesquisa, sob o protocolo nº3404/2011 da UFRRJ. Teste da formalina: grupos de 10 animais foram pré-tratados com o veículo, com o F10-16, F11-13 ou com os controles positivos indometacina ou morfina. Após uma hora, foi injetado pela via intraplantar (i.pl.) 20μL de solução de formalina a 3,0% no membro posterior direito, e avaliado o tempo de reatividade dos animais em duas fases: neurogênica (0-5 minutos) e inflamatória (15-30 minutos) (HUNSKAAR e HOLE, 1987). Teste da pleurisia: grupos de 10 animais foram pré-tratados com o veículo, F10-16, F11-13 ou com dexametasona. Após uma hora, foi induzida pleurisia através da injeção intra-torácica (i.t.) de 100μL de carragenina 1%. Após 4 horas, os animais foram eutanasiados para coleta do lavado pleural em PBS heparinizado e contagem de leucócitos em câmara de Newbauer (COSTA et al., 2006).

Teste do edema de pata: grupos de 8 animais foram pré-tratados com o veículo, com o F10-16, F11-13 ou com a indometacina. Após uma hora, foi feito injeção intraplantar de 50 μL de carragenina 1% na pata posterior direita. A formação do edema foi avaliada pela diferença de volume (Δ) das patas direita e esquerda nos intervalos de tempo de 1, 2, 3 e 4 horas, através do pletismômetro. Dosagem ex vivo de TNF-α: utilizando-se uma alíquota do lavado pleural (20μL) de grupos tratados com os flavonóides, e um kit de imunoensaio enzimático, mensurou-se a concentração de TNF-α na amostra através do método de ELISA. Avaliação in vitro da atividade enzimática de COX-1 e COX-2: utilizando-se um kit de imunoensaio enzimático e o método de ELISA, foi verificado o efeito dos flavonóides F10-16 e F11-

13 (ambos nas doses de 200; 100; 50; 25; 12,5 e 6,75 μg/mL) sobre a atividade das cicloxigenases 1 e 2. Ensaio enzimático da fosfolipase A2: tendo como fonte de PLA2 a peçonha de Crotalus durissus collilineatus, e como fonte de fosfolipídios uma placa de agarose (0,6%), foram medidos os halos (mm

2) produzidos pela

atividade da enzima sobre os fosfolipídios, frente à utilização dos flavonóides (HABERMANN e HARDT, 1972).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

0

60

120

180

240

300 Veículo 10mL/kg

F10-16 2 mg/kg

F11-13 2mg/kg

Indometacina 10mg/kg

Morfina 10mg/kg (s.c.)*****

***

p.o.

**

Tem

po

de r

eativ

idad

e

(seg

un

do

s)

51,4%38,7% 43,4%

99,7%

Figura 1. Tempo de reatividade (segundos) dos animais na 2ª Fase do teste da formalina. As colunas e barras verticais representam as médias ± o erro padrão em grupos de 10 animais. **p<0,01 e ***p<0,001

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0

1

2

3

4

5Veículo 10mL/kg

F10-16 2mg/kg

F11-13 2mg/kg

Dexametasona 2mg/kg

p.o.

*** ***

***

de leu

cit

os x

10

6/m

L

42,7% 39,0%

60,8%

Figura 2. Avaliação da migração leucocitária através da contagem total de leucócitos no teste da pleurisia induzida por carragenina. As colunas e barras verticais representam as médias ± o erro padrão em grupos de 10 animais. ***p<0,001

1 2 3 4

0

50

100

150

200Veículo

F10-16 2 mg/kg

F11-13 2mg/kg

Indometacina 10mg/kg

horas

p.o.

V

olu

me (

L)

Figura 3. Avaliação temporal da formação do edema no teste do edema de pata induzido por carragenina. Os símbolos e as barras verticais representam as médias ± o erro padrão em grupos experimentais de 8 animais. Houve diferença significativa em todos os grupos nas 4 horas de avaliação.

Visto que os flavonóides possuem atividade analgésica com participação de mecanismos anti-inflamatórios, procedeu-se a investigação dos mecanismos de ação envolvidos com estas atividades.

0.0

0.1

0.2

0.3 Veículo 10mL/kg

F10-16 2mg/kg

F11-13 2mg/kg* **

p.o.

Co

ncen

tra

çã

o T

NF

-

(pg/m

L)

8,5%11,5%

Figura 4. Concentração da citocina fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) no lavado pleural do grupo de animais pré-tratados com os flavonóides F10-16 e F11-13 (2mg/kg). As colunas e barras verticais representam as médias ± o erro padrão em grupos de 8 animais. *p<0,05 e **p<0,01

1.0 1.5 2.0 2.5

0

20

40

60

80

COX-1

COX-252%

28,4%

16,5%9%7%

74,6%71,5%

44,9%

1,6%

Log concentração (g/mL)

% d

e in

ibiç

ão

Figura 5. Percentuais de inibição da atividade das enzimas COX 1 e 2, de maneira dose dependente, pelo flavonóide F10-16 nas concentrações de 12,5; 25; 50; 100 e 200µg/mL.

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5

0

20

40

60

COX-1

COX-2

52,8%

40,8%

31,7%26,5%

45,8%

32,9%

20,3%15,9%

12,6%

Log concentração (g/mL)

% d

e in

ibiç

ão

Figura 6. Percentuais de inibição da atividade das enzimas COX 1 e 2, de maneira dose dependente, pelo flavonóide F11-13 nas concentrações de 12,5; 25; 50; 100 e 200µg/mL.

Bra

nco0,

03 0,1

0,3 1

125

250

500

1000

0

100

200

300

400

***

***

*** *** ***

**

F10-16 (mg/mL) Quercetina (g/mL)

Áre

a d

o h

alo

(m

m2)

16,7%

76,3%

Figura 7. Inibição da atividade da enzima PLA2, de maneira dose dependente, pelo flavonóide F10-16 nas concentrações de 0,1; 0,3 e 1mg/mL através do método da hidrólise de fosfolipídio em placas de agarose. *p<0,05 e ***p<0,001

Bra

nco

0,12

50,

25 0,5 1

125

250

500

1000

0

30

60

90

120

150

***

*** ******

***

F11-13 (mg/mL) Quercetina (g/mL)

Áre

a d

o h

alo

(m

m2)

34,6%

76,5%

Figura 8. Inibição da atividade da enzima PLA2, de maneira dose dependente, pelo flavonóide F11-13 nas concentrações de 0,5 e 1,0mg/mL.

CONCLUSÕES

Estes resultados indicam que a antinocicepção do EMCS envolve mecanismos anti-inflamatórios, através da inibição de enzimas responsáveis pela síntese de mediadores pró-inflamatórios e com a participação dos compostos flavonóides nesta efetividade. Além disto, a preferência do F11-13 em inibir a COX-1, e do F10-16 em inibir seletivamente a COX-2, demonstra a especificidade de ação destes compostos, explicando algumas das indicações populares da Cleome spinosa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HUNSKAAR S; HOLE K. The formalin test in mice: dissociation between inflammatory and non-inflammatory pain. Pain. v. 30, p. 103-114. 1987. HABERMANN E; HARDT KL. A sensitive and specific plate test for the quantitation of phospholipases. Analytical Biochemistry. v. 50, n. 1, p. 163-173. 1972. COSTA R. et al. Effect of novel selective non-peptide kinin B(1) receptor antagonists on mouse pleurisy induced by carrageenan. Peptides. v. 27, p. 2967-2975. 2006.

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PERDA DE COMPORTAMENTO ESTEREOTIPADO DURANTE O PÓS SOLTURA: AVES (FAMÍLIA PSITTACIDAE)

1JOFFILY, Diogo;

1OLIVEIRA, Vinicius Modesto;

1REIS, Rosana Colatino Soares

1Graduando em Medicina Veterinária; membro do Grupo PET Medicina Veterinária da UFRRJ

2Médico Veterinário Chefe do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Estado do Rio de Janeiro

3Professor Adjunto III – Departamento de Produção Animal. Instituto de Zootecnia /UFRRJ

Palavras chaves: Aratinga leucophthalma, soltura branda, suporte alimentar

INTRODUÇÃO

Os novos desafios impostos pelo século XXI incluem a definição e aplicação de estratégias conservacionistas, em caráter de urgência, de modo a conservar a biodiversidade, diminuindo os danos causados às espécies em decorrência das atividades humanas em áreas críticas (MURPHY,1997).

Em contraste, psitacídeos são mantidos em cativeiro por vários motivos, como a obtenção de aves de companhia por exemplo. Estes motivos fomentam o mercado ilegal de animais silvestres, responsáveis pela predação de ninhos (WRIGHT et al., 2001), o que se constitui numa das principais ameaças de extinção, juntamente com a perda de habitat.

A manutenção de psitacídeos seja para fins de exposição, coleção ou mesmo como aves de companhia, implica no controle do estado sanitário e do bem - estar do animal dentro de parâmetros adequados para a espécie (RUPLEY, 1999). Sendo que animais capturados e mantidos em cativeiro, poderão apresentar sintomas de estresse.

A resposta ao estresse envolve a ativação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal, estimulando o tecido adreno-cortical a sintetizar e secretar glicocorticóides em maior quantidade (GOYMANN et al., 2002).

A manutenção de aves em cativeiro pode causar alterações de gravidade na saúde ou comportamentais nos animais, como por exemplo, estereotipias, que seriam padrões de comportamentos repetitivos e invariáveis, sem função óbvia, como perda de penas na região do peito por arrancamento (MANSON, 1991; BAUCK, 1997).

Sendo assim, a justificativa para o presente trabalho é baseada na necessidade de um maior conhecimento sobre anomalias de comportamento, bem como a associação de estereotipias ao cativeiro. Contudo, o trabalho busca responder a seguinte pergunta: uma anomalia comportamental poderá ser perdida durante o período pós soltura?

Tendo em vista a importância do comportamento animal como indicador de

estresse associado ao cativeiro, o presente trabalho tem como objetivos principais:

- Identificar uma anomalia comportamental em indivíduos cativos, pré selecionados para soltura.

- Observar durante o pós soltura, se o comportamento pré determinado permanece.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado primeiramente no Centro de Triagem de Animais Silvestres do Estado do Rio de Janeiro (CETAS-RJ), onde as aves permaneceram alojadas anteriormente a soltura. Foi analisado um grupo de 25 aves da espécie Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776), anilhadas e alojadas em viveiro coletivo. As aves foram observadas por um período de três meses sendo os comportamentos registrados através de câmera filmadora.

A segunda parte do trabalho foi realizada na Área de Soltura Fazenda São Benedito em Rio Claro – RJ, onde as aves permaneceram no viveiro de soltura branda, construído no interior da mata, por três dias e posteriormente foram soltas, pelo método de soltura branda (“soft release”) (NICHOLS et al., 2010). As aves foram observadas pelo período de um mês, com auxílio de binóculos e filmadora.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as 25 aves, as marcadas com as anilhas 010 e 012 mostraram um comportamento diferente das demais. Esse comportamento foi descrito como o ato de abaixar no poleiro e abrir um pouco as asas e mantê-las tremendo por um período curto, sendo este processo realizado repetidamente. Este comportamento foi observado após um mês de observações e se manteve durante os dois meses anteriores a soltura.

Sabe-se que o cativeiro impõe aos animais selvagens condições muito diferentes daquelas encontradas em seus ambientes naturais. E que comportamentos incomuns a espécie, tais como agressividade excessiva, estereotipias ou inatividade, são considerados resultados de cativeiros inadequados (CARLSTEAD, 1996).

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Durante os três dias em que as aves permaneceram no viveiro de soltura branda, anteriormente a abertura do mesmo, não foi observado o comportamento anteriormente descrito.

Durante todo o período de monitoramento pós soltura, as duas aves (anilhas 010 e 012) não apresentaram o comportamento.

Segundo a Associação Bichos da Mata (2006), as aves não apresentaram comportamento como fator impeditivo de reabilitação. Nota-se que em quase 90% dos casos, a perda de anomalias comportamentais é acelerada pela simples inserção das aves no plantel, junto com indivíduos da mesma espécie.

As aves foram identificadas por manchas características e a anilhada com anilha 010 pôde ser observada durante os 28 dias, pois permaneceu durante este período utilizando os suportes alimentares.

CONCLUSÃO

A mudança para um ambiente natural e a volta a vida livre, foram suficientes para eliminar a anomalia comportamental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BICHOS DA MATA. Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata Itanhaém – SP. Relatório de atividades das áreas de soltura e monitoramento de Animais Silvestres. 2006.

BAUCK, L. Avian Dermatology. In: Avian Medicine and Surgery. Philadelphia: .B.Saunders Company, 1997.548 – 562.

CARLSTEAD, K. Effects of captivity on the behavior of wild mammals. In: KLEIMAN, D.G; ALLEN, M. E; THOMPSON, K.V; LUMPKIN, S. editors. Wild mammals in captivity. Chicago, IL: University of Chicago Press; p 317–333. 1996.

GOYMANN, W., MÖSTLE.; GWINNER, E. Corticosterone Metabolites can be Measured Noninvasively in Excreta of European Stonechats (Saxicola torquata rubicola). The Auk. v.119, n. 4, p. 1167 – 1173, 2002.

MANSON, G. J. Estereotypies: a critical review. Animal Behavior, v.41, n.6, p.1015-1037. 1991.

MURPHY, D. D. Desafios à diversidade biológica em áreas urbanas. In: Biodiversidade.Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, p. 89 – 97. 1997.

NICHOLS, R. K.; STEINER, J.; WOOLAVER, L. G. et al. Conservation initiatives for an endangeredmigratory passerine: field propagation and release. Fauna & Flora International, Oryx, 44(2), 171–177. 2010.

RUPLEY, A. E. Manual de clínica aviária. São Paulo: Editora Roca, 1999.

WRIGHT, T. F.; TOFT, C. A.; ENKERLIN-

HOEFLICH, E.; GONZALEZ ELIZONDO, J.; ALBORNOZ, M.; RODRIGUES-FERRARO, A.; ROJAS-SUAREZ, F.; .SANZ, V.; TRUJILLO, A.; BEISSINGER, S.; BEROVIDES, V.; GÁLVEZ, X. A.; BRICE, A. T.; JOYNER, K.; EBERHARD, J.; MARTUSCELLI, P.; GILARDI, J.; KOENING, S. E.; STOLESON, S.; MEYERS, M.; RENTON, K.; RODRIGUEZ, A. A.; SOSA-ASANZA, A.; VILELLA, F. J., WILEY, J. W. Nest Poaching in Neotropical Parrots. Conservation Biology. v.15, n.3, p.710-720, 2001.

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FLORAIS DE BACH EM ANIMAIS SILVESTRES ¹MANES, Isabella; ²LIMIA, Thuany; ³PEREIRA, João Telhado;

3 BOTTEON, Rita de Cássia Campbell

Machado

1 Mestranda do curso de pós- graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ, Bolsista REUNI; 2 Discente de Medicina Veterinária – UFRRJ; 3 Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ

Palavras chave: aves, estresse, florais

Introdução

As essências florais de Bach fazem parte do sistema terapêutico desenvolvido pelo Dr. Edward Bach, no início do século XX, cujo objetivo é restabelecer o equilíbrio nos distúrbios físicos e emocionais divididos originalmente em: depressão, medo, falta de interesse pelo presente, solidão, preocupação excessiva pelo bem estar dos demais, hipersensibilidade e incerteza (SCHEFFER, 1995). O estresse é difícil de ser evitado, pois está ligado ao próprio aprisionamento do animal, o que implica um ambiente bastante inadequado e diferente do natural. Não se sabe ao certo o que o estresse provoca no organismo da ave, mas acredita-se (em comparação com outras espécies) que além de aumentar níveis sanguíneos de alguns hormônios (corticóides), pode provocar alterações na pressão arterial e cardiopatias e dependendo do nível, o estresse pode levar à morte súbita GRAHAM e VLAMIS (1999)

Logo existe uma necessidade de desenvolver terapias eficazes no campo da psicologia/comportamento de animais silvestres, área onde o uso de medicamentos alopáticos, que tem predominado na clínica comportamental de animais de estimação, é na maioria das vezes inviável, seja pelo alto custo, pelos efeitos colaterais ou mesmo pela dificuldade para se administrar o medicamento (muitas vezes prescrito para uma população heterogênea e em condição de estresse).

Material e Métodos

O estudo foi conduzido com aves

silvestres oriundas da apreensão pelo IBAMA, encaminhadas e mentida sob tutela no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) / IBAMA em Seropédica. As soluções estoque de florais (SEF) e as soluções estoque do branco (SEB) foram manipuladas na Farmácia Escola do Instituto Hahnemanniano do Brasil (RJ), cuja farmacêutica foi responsável pelo código alfa numérico sob o qual as soluções foram mantidas desconhecidas para os pesquisadores no início do experimento.

- Viveiro A3 – álcool 30% diluído na proporção de 10 gotas para cada litro de água do bebedouro e deixadas ad libitum

- Viveiro A4 – Rescue em base alcoólica 30% diluído na proporção de 10 gotas para cada litro de água do bebedouro e deixadas ad libitum

Durante e após o tratamento, eram registradas as eventuais alterações de comportamento através de filmagem e fotografias. Durante a pulverização um membro da equipe registrava o comportamento dos animais em relação ao estresse e reação de fuga. A mortalidade (nº de mortos/nº total de animais por viveiro) era registrada diariamente.

Resultados e Discussão

Nos dois viveiros houve óbitos, porém

a distribuição foi diferente. No viveiro A3 os óbitos ocorreram de forma mais homogênea, ao longo de todas as semanas de avaliação. No viveiro A4 não foram registrados óbitos durante quatro semanas.

Em alguns abrigos coletivos o uso de florais para o tratamento de alterações comportamentais é crescente. Segundo PINTO (2008), o uso do floral, além de eficaz, tem ação em aproximadamente três dias. Nos viveiros 3 e 4 o período de tratamento foi maior (90 dias), o que possibilitou uma comparação melhor da mortalidade entre os animais submetidos ao tratamento com Rescue no viveiro 4 em comparação ao viveiro 3 em foi aplicada a solução alcoólica.

Neste estudo a hipótese de que a mortalidade dos animais tratados com florais é diferente (menor) que a freqüência de mortes em animais não tratados foi corroborada pela diferença significativa ao teste do qui-quadrado entre animais tratados com florais e dos grupos controle.

Conclusão

O tratamento com os florais diminuiu o

número de óbitos em pássaros cativos quando comparado com placebo.

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Referências Bibliográficas

GRAHAN, H.; VLAMIS, G. Remédios Florais de Bach para animais. São Paulo, Editora Pensamento, 1999. PINTO, J. Florais para Cães Tratando o Comportamento Animal com os Florais de Bach. São Paulo, Butterfly Editora LTDA, 2008. SCHEFFER, M. A terapia original com essências florais de Bach para auto-ajuda. 1ed, São Paulo, Pensamento, 1995. 200p.

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TEORES DE IODO EM RAÇÕES SECAS E ÚMIDAS PARA GATOS ADULTOS COMERCIALIZADAS NO RIO DE JANEIRO, BRASIL

1OLIVEIRA,

Priscila Cardim de;

2BOTTEON, Rita de Cássia Campbell Machado;

3SILVA, Flávio Lopes

da, 4VEIGA, Cristiano Chaves Pessoa

Mestranda do PPGMV, UFRRJ, [email protected];

2 Departamento de Medicina e Cirurgia

Veterinária, IV, UFRRJ, [email protected]; Mestrando FMVZ – Unesp, [email protected]

4 Médico Veterinário Autônomo, [email protected]

Palavras-chave: Iodo, ração, alimentação, nutrição, gatos

INTRODUÇÃO O excesso de iodo, bem como sua

deficiência, pode levar a disfunção da glândula tireóde. O iodo além de ser um elemento essencial na composição dos hormônios da tireóide (HT), também influencia diversos aspectos da função e crescimento da tireóide por mecanismo auto-regulatório (WOLFF e CHAIKOFF, 1948; WOLF et al., 1949). O iodo presente em alimentos comerciais para gatos varia amplamente e os maiores teores e variações ocorrem nos alimentos enlatados (MUMMA et al., 1986; MARTIN et al., 2000). Alimentos contendo altas concentrações de iodo foram sugeridos como potenciais indutores de hipertireoidismo em gatos (SCARLETT et al., 1988; SCARLETT, 1994; TARTTELIN e FORD, 1994; KASS et al., 1999; EDINBORO et al., 2004; WAKELING et al., 2009; EDINBORO et al., 2010). No Brasil a Instrução Normativa Nº 09/2003 (BRASIL, 2003), revogada e atualizada pela Instrução Normativa Nº 30/2009 (BRASIL, 2009) fixa e identifica as características mínimas de qualidade a que devem obedecer os alimentos destinados a cães e gatos. Em relação aos minerais a legislação estabelece apenas os limites máximos e mínimos de cálcio e fósforo, não sendo estabelecidos limites para o iodo apesar de sua relevância na saúde humana e animal, no que se refere a deficiência e excessos. Pelo pressuposto de que as dietas comerciais para gatos contêm quantidades de iodo além das necessidades mínimas da espécie, e inexistência de levantamentos no Brasil, objetivou-se avaliar os teores de iodo em dietas comerciais secas e úmidas para gatos adultos comercializadas no Rio de Janeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostras das principais marcas de rações

para gatos adultos (16 secas e 13 úmidas), comercializadas no Rio de Janeiro foram encaminhadas em embalagens tipo zip lock® (secas) e nas próprias latas (úmidas) ao Centro de Qualidade Analítica (CQA) em Campinas,

São Paulo (credenciado pelo MAPA, ANVISA e INMETRO) e analisadas quanto aos teores de iodo (mg/kg/MS) de acordo com a AOAC (Official Methods of AOAC International, 18th edition, Official Method 920.202). A estimativa do consumo de iodo foi calculada com base nas recomendações de consumo por peso vivo conforme constante no rótulo dos produtos e recomendações do NRC (2006) em relação ao teor de iodo analisado nas rações. Para cálculo da ingestão foram considerados os nutrientes informados nos rótulos (BRASIL, 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os teores de iodo em amostras de rações

secas (Tabela 01) variaram entre 2,7 e 3,4 mg/kg/MS (média 2,95) e nas rações úmidas de 2,9 a 4,0 mg/kg/MS (média de 3,4). As variações não foram tão amplas quanto as identificadas por MUMMA et al. (1986), JOHNSON et al. (1992), MARTIN et al. (2000) e RANZ (2003). Também os níveis entre rações secas e úmidas não foram tão discrepantes como evidenciado em outros países. Oito (27,6%) rações especificavam na embalagem o nível de garantia (máximo) de iodo, sendo uma seca (2,0 mg/kg) e sete úmidas (0,04mg/kg). Todas não conformes visto que os valores obtidos foram superiores aos declarados. Os dados são relevantes visto que há mais de duas décadas o excesso alimentar de iodo vem sendo sugerido como a causa da progressão do hipertireoidismo em gatos (MUMMA et al., 1986; SCARLETT, 1988; SCARLETT, 1994; TARTTELIN e FORD, 1994; KASS et al, 1999; MARTIN et al, 2000; MOONEY, 2002; EDINBORO et al., 2004, 2010). No Brasil não foi identificado nenhum artigo relatando a concentração de iodo em rações para gatos. Contudo DONATTI (2010) ao analisar os teores de iodo em 56 amostras de rações secas para cães evidenciou que 45,95% das amostras continham teores abaixo de 1/3 dos recomendados pelo NRC (2006) para cães. EDINBORO et al. (2010) em análise retrospectiva dos teores de iodo em alimentos comerciais para gatos destacaram uma ampla

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variação e a não conformidade com os requerimentos sugeridos em diferentes momentos. WEDEKIND et al. (2010) sugeriram uma exigência de iodo para gatos adultos em torno de 460 µg/kg/MS (0,46 mg/kg/MS), sendo este valor acima do sugerido pela AAFCO (2008) e menor que a exigência estabelecida pelo NRC (2006). Teores acima de 6,9 mg/kg resultaram em redução dos valores séricos de T4 total e T3 total, sugerindo efeito inibitório da atividade da tireóide mediante consumo prolongado. Considerando que exigências de iodo para gatos adultos são atualmente definidas em 87,5 µg/dia (250 kcal de uma dieta contendo 350 μg/1000 kcal ou 1,4 µg/4000 kcal), as médias entre rações secas (2,93 mg/I/kg/MS) e úmidas (3,4 mg/I/kg/MS) foram superiores as estimativas para gatos adultos e superiores aos requerimentos mínimos estabelecidos para outras espécies (NRC, 2006). Embora maiores que a exigência estimada por WEDEKIND et al. (2010) (0,46 mg/I/kg/MS), os valores obtidos foram menores que os teores em que houve tendência na redução dos valores de TT4 e TT3 sugestivo de efeitos adversos (6,9 e 8,8 mg I/kg/MS). As rações secas e úmidas apresentaram teores de iodo superiores aos sugeridos pelo NRC (2006), AAFCO (2008) e WEDEKIND et al. (2010). Em relação ao consumo sugerido pelos fabricantes (150g/dia para rações secas e 350g/dia para rações úmidas), e consumo estimado em 250 kcal/dia a ingestão presumida foi discordante e mais alta considerando o consumo sugerido nos rótulos.

CONCLUSÕES

As rações comerciais secas e úmidas para

gatos adultos comercializadas no Rio de Janeiro contêm quantidades de iodo acima dos requisitos estabelecidos atualmente para espécie. Gatos alimentados com dietas úmidas consomem proporcionalmente mais iodo que gatos alimentados com dietas secas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AAFCO, 2008. Association of American Feed

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AÇÕES DO PROJETO CONTROLE DE ANIMAIS ERRANTES DO GRUPO PET MEDICINA VETERINÁRIA DURANTE O ANO DE 2011

1PINTO, Juliana Velloso;

1JOFFILY, Diogo;

1SOUZA, Luzilene Maria;

1BARCELLOS, Myla Cristina

Bastos; 1GONÇALVEZ, Sheyla Moreira;

2ALONSO, Luciano da Silva

1Graduando em Medicina Veterinária; membro do Grupo PET Medicina Veterinária da UFRRJ;

2Tutor do Grupo

PET Medicina Veterinária UFRRJ

Palavras chaves: Endoparasita, vacina, adoção, guarda responsável

INTRODUÇÂO

Animais errantes são um problema de saúde pública para a maioria das cidades do mundo. Estima-se que só nos Estados Unidos, sejam mortos até 9,1 milhões de cães e 9,5 milhões de gatos por ano (SOARES e SILVA, 1998), o que gera um gasto elevado para os cofres públicos, destinados a captura, guarda e sacrifício. Essa medida não resolve a situação dos animais errantes e cria um ciclo de mortes contínuas. O sacrifício animal, além de caminhar contra o avanço de uma mentalidade humanitária relacionada as questões animais não se mostra eficaz para o controle populacional de animais errantes.

Com a domesticação de lobos selvagens, e a posterior criação das diversas raças domésticas, não só de cães, mas também de gatos e outras espécies, o homem criou uma relação de dependência desses animais. Com isso, estes não possuem uma natureza silvestre e por isso não podem viver soltos na natureza. Cabe, no entanto, a nós mesmos o cuidado desses animais e um controle eficiente e humanitário de suas populações.

A ocorrência de animais errantes no Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) vem ganhando atenção especial de grupos de pessoas ligadas a instituição, que tem como principal preocupação a quantidade de animais espalhados pelo Campus e os problemas que estes podem trazer para a população que utiliza o local. No entanto, ainda hoje este tema não possui uma abrangência geral e está limitado a um pequeno grupo de pessoas.

No campus da UFRRJ podemos encontrar, com frequência, uma grande quantidade de animais errantes. Além da transmissão de doenças (zoonoses) aos frequentadores do campus, esses animais também podem estar envolvidos em casos de ataque a pessoas e em acidentes de trânsito. Pelo Campus da UFRRJ estar as margens da Rodovia BR 465, (antiga Rio-São Paulo), é frequente a ocorrência de acidentes nesta Rodovia, envolvendo animais errantes. Em

2008, a Polícia Rodoviária Federal registrou 241 acidentes com atropelamento de animais nas estradas federais do Rio, o que corresponde a cerca de 2% de todos os 13.437 acidentes no Estado (AMORA, 2009). A presença desses animais no campus afeta direta e indiretamente a vida da maioria das pessoas que por lá circulam. A busca por alternativas que levem a diminuição da população de animais errantes deve partir de ações conjuntas entre os frequentadores do campus, independente da classe ou da hierarquia.

Os objetivos deste trabalho são: divulgar as ações do projeto controle de animais errantes durante o ano de 2011; apresentar os primeiros resultados; e alertar sobre a importância de se tratar de forma correta a questão dos animais errantes.

MATERIAL E MÉTODOS

Em Julho de 2011 foi feito um trabalho de análise de fezes de cães errantes encontrados frequentemente nos arredores do Restaurante Universitário e dos alojamentos estudantis. Foram realizadas três coletas nos dias 11, 20 e 24 de julho de 2011. As amostras foram coletadas no momento da eliminação, colocadas em saco plástico e armazenadas em isopor com gelo até a chegada ao Laboratório de Parasitologia da UFRRJ, onde eram armazenadas em geladeira. As análises foram realizadas no dia seguinte a cada coleta, ou seja, 12, 21 e 25 de julho de 2011. No total foram coletadas onze amostras, sendo três no primeiro dia, cinco no segundo e três no terceiro dia. Os animais que tinham as fezes coletadas foram identificados por fotografia e resenha. Cada amostra foi analisada utilizando-se quatro técnicas diferentes, sendo elas: Willis-Mollay, Hoffman, Berman e MacMaster.

Em agosto, o Controle de Animais Errantes do Grupo PET Medicina Veterinária da UFRRJ apoiou e deu suporte à campanha de vacinação. Esta foi idealizada pelo S. O. S. Animal e realizada na UFRRJ. A campanha envolveu a aplicação da vacina antirrábica para cães de residência no campus com e sem

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acesso livre a rua e a vacina dos animais errantes vistos constantemente no campus.

Em outubro, dentro da Semana Nacional de Ciências e Tecnologia o Grupo Pet Medicina Veterinária organizou e colocou em prática a primeira feira de adoção de animais errantes, com apoio do Grupo S. O. S. Animal e do Departamento de Parasitologia da UFRRJ, associado a divulgação do conceito de guarda responsável.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das onze amostras analisadas, sete se mostraram positivas para Ancylostoma spp e quatro positivas para Dipylidium caninum, o mesmo foi descrito por Blazius et al, (2005), em trabalho realizado na Cidade de Itapema, Santa Catarina, onde encontrou alta prevalência de Ancylostoma spp e menor prevalência de Dipylidium caninum, para esta localidade. Araújo et al. (1999) relatam um risco potencial da transmissão de Larva Migras Cutânea pela ocorrência de ovos de Ancylostoma spp em praças públicas de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Labruna et al. (2006), analisando a prevalência de endoparasitas em cães de área urbana em Rondônia, relatam a maior prevalência de ovos de Ancylostoma spp e relata ainda que mesmo com as diferenças metodológicas entre os inquéritos parasitológicos realizados no Brasil, Ancylostoma foi sempre o gênero de helminto mais freqüentemente relatado em cães. Estes mesmos autores avaliam o risco zoonótico de Dipylidium caninum, que podem provocar infecção intestinal no homem.

Durante a campanha foi observado um grande contraste entre interesses. Parte dos proprietários se mostraram cientes da importância de manter a saúde dos animais. Entretanto, a outra parte demonstrou um completo descaso com seus animais, visto que sabiam ter a campanha dentro da universidade e mesmo assim não levaram seus cães e gatos para serem vacinados gratuitamente. Schneider et al., (1996), relatam que a raiva é um problema de saúde pública desde tempos imemoriáveis, e que ainda hoje, mesmo após a descoberta da vacina contra a raiva, a mais de um século, vários países da América Latina ainda não conseguiram controlar o ciclo da raiva urbana, no qual o cão é o principal transmissor. O Grupo Pet Med. Vet. UFRRJ aplicou um questionário onde se observou que algumas pessoas ainda são contrárias a castração, mesmo que não objetivem a reprodução do animal.

A feira de adoção de animais realizou quatorze adoções entre cães e gatos, todos, animais previamente abandonados no campus.

Antes de serem expostos para adoção, os animais passaram por controle de endo e ectoparasitas e foram banhados. O Município de São Paulo, nos mostra a importância que deveria ser dada a questão da guarda responsável em uma grande cidade, com a Lei Municipal Nº 13.131, 18 de maio de 2001. Em seu Artigo 17º relata a responsabilidade dos proprietários a manutenção de cães e gatos em condições adequadas de alojamento, alimentação, saúde, higiene e bem-estar, bem como a destinação adequada dos dejetos.

CONCLUSÃO

Concluímos que existe contaminação por Ancylostoma spp e Dipylidium caninum, nas proximidades do restaurante universitário, salas de estudo e alojamentos da UFRRJ com potencial risco zoonótico. Que existe a necessidade de um maior debate quanto a importância da castração para a diminuição da população de animais errantes bem como uma melhor divulgação do conceito de guarda responsável e dos direitos dos animais e deveres dos proprietários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORA, D. Perigo sobre quatro patas nas estradas. Com o frio, aumenta o número de animais que invadem as pistas. O Globo, p.10. Rio de Janeiro. 13 de junho, 2009.

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BLAZIUS, R. D., et al. Ocorrência de protozoários e helmintos em amostras de fezes de cães errantes da Cidade de Itapema, Santa Catarina. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38(1):73-74, jan-fev, 2005.

LABRUNA, M. B., et al. Prevalência de endoparasitas em cães da área urbana do município de Monte Negro, Rondônia. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.73, n.2, p.183-193, abr./jun., 2006.

LEI MUNICIPAL Nº 13.131. Lei da posse responsável de animais. Maio. 2001.

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SOARES, J. A. G. e SILVA, P. A. R. Castração precoce em cães e gatos. Rev. Clínica Veterinária. N° 13. p. 34-40. 1998.

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AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA TIREÓIDE DE GATOS ALIMENTADOS COM RAÇÃO COMERCIAL COM EXCESSO DE IODO

1LIMEIRA, Suzana Vieira;

2VEIGA, Cristiano Chaves Pessoa da;

3OLIVEIRA, Priscila Cardim de;

4COSTA, Gilberto de Araújo;

5BOTTEON, Paulo de Tarso Landgraf;

5BOTTEON, Rita de Cássia

Campbel Machado

1 Médica veterinário Residente Hospital veterinário da UFRuralRJ; 2 Médico veterinário professor de Diagnóstico por Imagem do CESVA; 3 Mestranda do PPGMV/UFRuralRJ; 5 Departamento de Medicina e Cirurgia

Veterinária, IV/UFRuralRJ; [email protected]

Palavras-chave: gatos, tireóide, ultrassonografia

INTRODUÇÃO

O iodo é um elemento essencial para produção dos hormônios tireoidianos. A tireóide é a maior glândula endócrina, sua função principal é a produção destes hormônios. O exame ultrassonográfico da tiróide é útil por ser pouco invasivo e de baixo custo. Nos gatos adultos, as tireóides têm 2,0 cm de comprimento e 0,2 a 0,3cm de largura, é definida como uma estrutura de contornos definidos, homogênea e de ecogenicidade inferior à da adventícia que a circunda e superior à musculatura cervical. Sugere-se que a deficiência ou o excesso de iodo desenvolva disfunção tireoidiana, em especial hipertireoidismo. O objetivo do presente estudo foi o de avaliar através da ultrassonografia a tireóide de gatos alimentados com ração comercial com excesso de iodo.

MATERIAL E MÉTODOS

Neste estudo avaliou-se 20 gatos adultos,

machos e fêmeas, SRD, clinicamente saudáveis e alimentados por dois anos com a mesma ração seca contendo 2,8 mg (I/kg/MS). Para realização da ultrassonografia foram anestesiados com Cloridrato de Midazolam (0,2 a 0,5 mg/kg) e Ketamina (5 mg/kg). Os animais foram submetidos à tricotomia da região avaliada. Foram realizados planos de varredura longitudinais, entre a traquéia e a artéria carótida até a identificação do lobo da tireóide, rotacionou-se o transdutor em 90º para realização de planos de varredura transversais. Foram obtidas imagens para aquisição de dados referentes aos contornos, dimensões (comprimento, altura, largura e volume), ecotextura e ecogenicidade dos lobos. Para definir a ecogenicidade, fez-se a comparação com as estruturas colaterais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto ao comprimento, nove gatos

apresentaram valores mensurados abaixo da

média para os lobos esquerdos (1,55 cm) e direitos (1,51 cm), sendo 1,11 cm e 1,09 cm os menores valores, para os lobos direitos e esquerdos, respectivamente. Nenhum animal apresentou comprimento maior que 2,0 cm e todos apresentaram a largura maior ou igual a 0,2 cm, portanto acima do normal. A altura variou na glândula esquerda entre 0,15 e 0,30 cm e na direita entre 0,12 e 0,37 cm, com médias de 0,23 cm. O volume médio foi realizado de acordo com a fórmula (CxAxLx π/6) utilizada para volume de formas elípticas, o resultado foi 0,143 cm3 sendo maior no lobo esquerdo (0,075 cm3), comparativamente ao direito (0,068 cm3). Não foram evidenciadas lesões, císticas ou sólidas, ou calcificações. Foram evidenciadas alterações da ecogenicidade nos lobos de oito animais (35%) e três animais com lobos de contornos irregulares.

CONCLUSÕES

Considerando as alterações

ultrassonográficas há evidências de atrofia que pode estar relacionada ao alto teor de iodo na dieta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE EPISTAXIS EM UM CASO DE TVT NASAL RELATO DE CASO

1MACHADO, Carlos Henrique;

2BOTELHO, Camila Flavia Magalhães;;

4BOTELHO, Gilberto Garcia;

5BALDANI, Cristiane Divan;

5BOTELHO, Cristiane Magalhães.

1Professor Adjunto de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ;

2Discente de Med. Veterinária da UFRRJ;

3MVD,

MSc, PhD, LD, Professor Titular de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ; 4Professora Adjunta de Patologia

Clínica do DMCV/IV/UFRR; 5

Médica Veterinária Autônoma;

Palavras chave: Rinorragia, canino, neoplasia, Tumor Venéreo Transmissível.

Introdução

A epistaxis é uma síndrome relativamente

comum em cães, geralmente associada a sangramento por fragilidade capilar devido à trombocitopenia e muito correlacionada a ocorrência de hemoparasitose por Ehrlichia sp (NAKAGHI et al., 2008). A trombocitopenia é o distúrbio da hemostasia mais frequente em Medicina Veterinária, ocorrendo por distúrbios na produção, distribuição ou destruição de plaquetas (SCHALM’S, 2010).

Animais trombocitopênicos têm tendência a sangramentos mucocutâneos, que ocasionam pequenas hemorragias puntiformes em todos os tecidos corporais denominadas petéquias, e ainda podem apresentar púrpura, equimoses e hematomas (FENNER, 2000).

Na avaliação laboratorial é essencial a realização do hemograma completo a fim de estabelecer se a trombocitopenia é um achado isolado ou se está associada com outras citopenias.

Descreve-se um caso de um cão apresentando epistaxis, no qual a citologia nasal foi conclusiva na elucidação da origem do processo, um Tumor Venéreo Transmissível (TVT) Ectópico Nasal. Com isto, objetivou-se destacar a importância da realização de exames laboratoriais básicos e com indicações específicas, mesmo diante de achados clínicos muitas vezes característicos ou sugestivos de certas enfermidades ou síndromes comumente encontradas na rotina clínica do Médico Veterinária.

Materiais e métodos

Foi atendido em uma Clínica Veterinária

particular em Volta Redonda-RJ, um canino, sem raça definida, macho, inteiro, pelagem areia, 5 anos de idade com histórico de ter sido recolhido da rua e apresentar sangramento nasal periódico há cerca de 2 semanas. Ao exame clínico, não se observou nenhuma alteração digna de nota, seguindo-se

a coleta de sangue total edetado (por venopunção da veia cefálica com sistema vacuteiner) para avaliação hematológica, além da realização, de diversos esfregaços de por rolamento de Swab oriundos de citologia nasal a fim de se tentar esclarecer a possível causa de tal manifestação clínica. O material obtido apresentava-se extremamente hemorrágico e os esfregaços foram fixados e devidamente corados por corante hematológico rápido (InstantProof).

Resultados e Discussão

Os exames hematológicos resultaram em

discreta anemia microcítica hipocrômica, trombocitose e hipoproteinemia, além de pesquisa de hematozoários negativa, o que afastou a possibilidade de sangramento por fragilidade capilar devido a trombocitopenia causada por Ehrlichia sp. Os restantes dos achados apresentavam-se condizentes com os descritos por SCHALM’S (2010), para casos de hemorragia crônica.

A microscopia dos esfregaços citológicos revelou celularidade elevada formada por células redondas linfocitóides sem a presença de corpúsculos linfoglandulares que caracterizariam o tecido linfóide, mas com a presença típica de vacúolos citoplasmáticos associados a citoplasma basofílico abundante, elevada relação núcleo-citoplasma, nucléolos evidentes, anisonucleólise e cromatina frouxa, além de algumas figuras mitóticas e de contaminação sanguínea.

Desta forma, em virtude do aspecto linfocitóide, vacúolos citoplasmáticos e o aparente grau elevado de sinais de malignidade citológica, concluiu-se tratar de um Tumor Venéreo Transmissível devido aos aspectos citológicos (RASKIN, 2003), e classificado como ectópico quanto a localização. O animal foi tratado com sucesso através de protocolo quimioterápico com o

fármaco Vincristina (MATOS, 2010).

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Conclusões

Pode-se então concluir que a epixtasis tem várias causas, que não somente a trombocitopenia que é extremamente correlacionada pelo clínico com causa parasitária (Hematozoários), percebendo-se a necessidade de exames clínicos e laboratoriais mais detalhados, que possibilitem um diagnóstico correto da doença e tratamento eficaz. Para tanto, tem-se que considerar alguns fatores indicados pelo paciente, tais como duração da tendência hemorrágica, freqüência dos episódios e localização da hemorragia, medicamentos utilizados, histórico do animal e familiar etc. O exame cuidadoso do paciente e a presença dos sintomas junto à avaliação laboratorial são essenciais para elucidar a causa da ocorrência deste distúrbio hemorrágico.

Referências Bibliográficas

DALECK CR, NARDI AB, RODASKI S

Oncologia em Cães e Gatos, São Paulo Roca, 2008, 612p.

FENNER WR, Quick Reference to Veterinary Medicine. Copyrigth 2000,731p.

MATOS VL Tumor Venéreo Transmissível em Cães. TCC de Curso de Especialização Latu sensu em Clínica médica e Cirúrgica em Pequenos Animais. Instituto Quallitas. São Paulo: Campinas, 2010.

NAKAGHI ACH, MACHADO RZ, COSTA MT, ANDRE MR, BALDANI CD. Canine ehrlichiosis: clinical, hematological, serological and molecular aspects. Ciência Rural v. 38, n. 3, p. 766-770, 2008.

RASKIN RE, MEYER DJ Atlas de Citologia de Cães e Gatos.1º ed. São Paulo: Roca, 2003, 354 p.

REBAR, AH, MACWILLIAMS OS, FELDMAN, BF, METZGER FL, POLLOCK RVH, ROCHE J Guia de hematologia para cães e gatos. 1 ed., São Paulo: Roca, p. 133-156, 2003.

S C H A L M ’ S VETERINARY HEMATOLOGY, 6º ed. Blackwell Publishing Ltd, 2010,1232p.

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DIAGNOSTICO CITOLÓGICO DE PLASMOCITOMA EM CÃO - RELATO DE

CASO

1BOTELHO, Cristiane Magalhães;

2BOTELHO, Camila Flavia Magalhães;

3MACHADO, Carlos

Henrique; 4BOTELHO, Gilberto Garcia;

5BALDANI, Cristiane Divan

1Médica Veterinária Autônoma;

2Discente de Med. Veterinária da UFRRJ;

3Professor Adjunto de Patologia Clínica

do DMCV/IV/UFRRJ; 4MVD, MSc, PhD, LD, Professor Titular de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ;

5Professora Adjunta de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ.

Palavras chave: Tumor de células plasmáticas extramedular, plasmócitos, citologia, canino.

Introdução

Plasmocitomas se enquadram em distúrbios linfoproliferativos, sendo tumores de células plasmáticas, originários de tecidos moles na ausência de doença medular primária. É uma neoplasia hematológica linfoproliferativa, na qual ocorre a formação de clone de células, com produção aumentada de Imunoglobulina (Ig) (LUCKE, 1987). Podem ser classificados como extramedulares (PEM) ou intramedulares. Os primeiros, os quais são ósseos, cutâneos ou não cutâneos, podem ainda ser Solitários (PMS) ou Múltiplos (PMM), ambos podendo ter origem primária ou secundária. Já os intramedulares ou mieloma múltiplo (MM) podem ser primários ou uma evolução do PMS (MEIS et al 1987). Equivalem a cerca de 2,4% de todos os tumores caninos e mais frequentemente ocorrem em sítios cutâneos (86% dos casos) seguido por mucosas labiais e cavidade oral (9%), cólon e reto (8%). Cerca de 22-28% dos plasmocitomas extramedulares em cães estão localizados na boca (lábios, língua e/ou gengiva), porém há citações referentes à extremidade distal de membros, tronco ou orelhas. A idade média de cães afetados é de 9–10 anos (cães idosos) e predisposições raciais incluem American e English Cocker Spaniel, West Highland White Terrier e Pastor Alemão (VAIL, 2001). Os plasmocitomas cutâneos podem ocorrer na pele primariamente, sem comprometimento da medula óssea (plasmocitoma cutâneo primário), ou, mais frequentemente, como resultado da disseminação do mieloma múltiplo ou da leucemia de células plasmáticas (plasmocitoma cutâneo secundário). As manifestações clínicas também dependem da localização anatômica dos tumores, de modo que as formas cutâneas geralmente manifestam-se como um nódulo solitário (eritêmato-violáceo), de consistência firme ou friável, alopécico, com bordos elevados, liso, e de 1 a 10 cm de diâmetro, podendo estar ou não ulcerado. É importante mencionar que quando se localizam nos lábios, são

tipicamente pequenos (VAIL, 2001). Os sinais clínicos de doença estão, geralmente, ausentes, podendo haver sangramento oral e dificuldade em se alimentar como queixas principais no PEM oral. No PEM gastrointestinal há sinais inespecíficos, já o PEM cólon-retal geralmente resulta em tenesmo, prolapso retal, sangramento e hematoquesia. Dor e claudicação, além de sinais neurológicos podem ser observados em cães com plasmocitomas solitários ósseos (PSO), afetando o esqueleto axial ou apendicular, podendo haver dificuldade em deambular, hipoestesia de posteriores e até mesmo retenção urinária e/ou fecal. Quanto ao diagnóstico, a aspiração com agulha fina (PAAF) ou biópsia é necessária para confirmar o diagnóstico de PSO ou PEM. Citologicamente, os plasmocitomas são geralmente caracterizados por uma população monomórfica de células plasmáticas com ocasional ocorrência de células bi e multinucleadas. Células plasmáticas blásticas polimórficas estão associadas a um comportamento mais agressivo do tumor, como descrito RASKIN e MEYER, 2003. Um completo estadiamento deve ser realizado antes de iniciar a terapia, com finalidade de excluir envolvimento sistêmico, o qual se presente, pode alterar o tratamento recomendado e o prognóstico. As modalidades de diagnóstico podem incluir: eletroforese de proteínas séricas, radiografias ósseas, aspiração medular, e citologia (particularmente para PSO e PEM gastrointestinal devido ao seu alto grau de potencial metastático). Vale mencionar que o diagnóstico diferencial deve ser feito com neoplasias linfóides. Plasmocitomas extramedulares cutâneos e orais são geralmente associados com baixa taxa metastática, e, portanto são curáveis simplesmente pela remoção cirurgica (WRIGHT et al 2008). Entretanto sabe-se que neoplasias malignas em animais jovens apresentam-se geralmente mais agressivas que em adultos. O objetivo do presente trabalho foi descrever um diagnostico citológico de plasmocitoma extramedular

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cutâneo no qual o prognostico agravou-se com a evolução do processo.

Materiais e Métodos

Em uma Clínica Veterinária Particular, localizada no município de Resende-RJ, foi atendido um cão da raça Cocker Spaniel, macho, inteiro, pelagem de cor preta, 2 anos de idade, cuja proprietária relatou a presença de um nódulo no lábio esquerdo. Foi realizado exame clinico do animal, em que os seguintes parâmetros foram aferidos: funções vitais, avaliação de linfonodos, inspeção de mucosas e estado geral. Procedeu-se então à punção com agulha fina possibilitando, em seguida, a execução de 3 esfregaços citológicos pela técnica do squash, os quais foram encaminhados para procedimentos de fixação, coloração e análise. Uma amostra de sangue total edetado (através de venopunção da veia cefálica) foi coletada e destinada a exames Hematológicos (hemograma completo) e de Bioquímica sérica (perfis bioquímicos renal e hepático) para avaliação laboratorial.

Resultados e Discussão

O animal apresentou excelente estado

geral, sem alterações dignas de nota em relação as freqüências e auscultas cardíaca e respiratória, coloração de mucosas e temperatura corporal, porém destacava-se um processo proliferativo na junção mucocutânea da comissura labial esquerda, com apresentação nodular, medindo cerca de 1-2 cm de diâmetro, de aspecto liso, coloração vermelha única, circunscrito e aparentemente sem adesão a planos profundos. Tanto o Hemograma quanto a Bioquímica hepática e renal demonstraram resultados dentro dos intervalos de referência para a espécie, segundo Schalm (2010). Todos os esfregaços citológicos demonstraram elevada celularidade tecidual apresentada por células redondas com características de plasmócitos e com diversos critérios de malignidade: cromatina frouxa, elevada relação núcleo citoplasma, nucléolos evidentes e múltiplos com anisonucleolose, amoldamento nuclear, mitoses atípicas, assim viabilizando o diagnostico de plasmocitoma extramedular . O paciente foi, então, submetido à um protocolo quimioterapico envolvendo corticoide, doxorubicim e ciclofosfamida durante 3 meses, porém além de apresentar resposta insignificante, reapareceu com linfoadenomegalia correspondente ao antímero de ocorrência do tumor, sendo realizada nova abordagem citológica, do

linfonodo envolvido, resultando em ausência do tecido linfoide típico por substituição pelas células neoplásicas do plasmocitoma descrito no diagnóstico, caracterizando assim a metástase nodal, paralelamente com o declínio do estado geral do paciente, ao que atribuiu-se mais a efeitos colaterais dos fármacos citostáticos utilizados no tratamento instituído do que do próprio tumor, uma vez que inicialmente apresentava com estado constitucional bom.O animal foi submetido a eutanasia após solicitação da proprietária, devido a restrições financeiras para continuidade do tratamento.

Conclusões

Conclui-se, então, que o diagnóstico através da Citologia foi suficiente para caracterização do processo e também da metástase nodal circunvizinha.

Os plasmocitomas extramedulares costumam resultar em bom prognóstico, mas no caso sugerido pela presença marcante de inúmeros critérios de malignidade o comportamento deste foi mais agressivo, além da associação da ocorrência em um animal jovem.

Referências Bibliográficas

CANGUL IT, WUNEN M, VAN GARDEREN E Pathological Aspects of Canine Cutaneous and Mucocutaneous Plasmacytomas. J Vet Med A, v.49, p.307- 312. 2002.

LUCKE VM. Primary cutaneous plasmacytomas in the dog and cat. J Small Anim Pract, v.28, p. 49- 55. 1987.

MEIS JM, BUTLER JJ, OSBORNE BM, et al. Solitary plasmacytomas of bone and extramedullar plasmacytomas. Cancer, v.59, p. 1475-1485. 1987.

RASKIN RE, MEYER DJ Atlas de Citologia de Cães e Gatos.1º ed. São Paulo: Roca, 2003. 354p.

VAIL, DM. Plasma Cell Neoplasms. In WITROW et al. Small Animal Clinical Oncology. 3º ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2001. Cap.28, p. 626-638.

WRIGHT ZM , ROGERS KS , MANSELL J . Survival data for canine oral extramedullary plasmacytomas: a retrospective analysis (1996 – 2006) . J Am Anim Hosp Assoc, v.44, p.75-81. 2008.

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ALTERNATIVA METODOLÓGICA À DETERMINAÇÃO DA FIBRINOGENEMIA

1MACHADO, Carlos Henrique;

2BARBOSA, Jenevaldo;

3BOTELHO, Gilberto Garcia,

4Camila Flavia

Magalhães 5BALDANI, Cristiane Divan

1

Professor Adjunto de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ; 2 Médico Veterinário Autônomo;

3MVD, MSc, PhD,

LD, Professor Titular de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ. 4Discente de Med. Veterinária da UFRRJ

5Professora Adjunta de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ.

Palavras chave: Fibrinogênio, refratometria, bovino

Introdução

É indiscutível a importância da

determinação do fibrinogênio no apoio ao diagnóstico clínico. Herbívoros em particular, apresentam resposta inflamatória basicamente protéica e pobre em células, tornando a fibrinogenemia um marcador inflamatório mais sensível do que as alterações do leucograma (SCHALM’S, 2010). Como marcador inflamatório (definindo assim, se uma manifestação é ou não relacionada a infecções) sua determinação é fácil, economicamente viável e rapidamente obtida por método físico refratométrico, comumente denominado como método de Kaneko & Smith (Schalm et al., 1975). Assim, atendendo às questões de praticidade e necessidade de complementaridade de informações ao leucograma dos herbívoros. No entanto, este método apresenta limitações técnicas eventuais de sua determinação, tais como volume para leitura em aparelho (refratômetro), limitado pelo uso de tubos capilares (de microhematócrito), além do tempo requerido e eventualmente perdido, por leituras questionáveis.

Segundo Jain (1993), a fibrinogenemia normal de bovinos apresenta concentrações entre 450 e 750 mg/dL (ou 0,45 a 0,75 g/dL), e segundo Kaneko et al.(2008), ruminantes têm uma maior capacidade hepática para produzir fibrinogênio em resposta a diferentes estímulos do que outros animais e, portanto, a elevação da concentração deste é um indicador mais sensível de processo inflamatório do que as alterações verificadas no leucograma. Objetivou-se no presente trabalho, avaliar a eficiência e a praticidade de uma modificação no protocolo de determinação refratométrica da fibrinogenemia.

Material e Métodos

Neste estudo foi utilizada uma população

de 410 animais, dos quais foram selecionadas 158 vacas mestiças (girolanda), mantidas em sistema de pastejo rotativo de Brachiaria decumbens e Panicum maximum. As análises

laboratoriais foram realizadas no Laboratório de Doenças Parasitárias (Projeto Sanidade Animal / EMBRAPA / UFRRJ). Foram colhidas amostras de sangue da jugular em tubos com EDTA a 11% e em tubos sem anticoagulante, das quais se separou plasma e soro, respectivamente, para análise da fibrinogenemia, que foi determinada seguindo a técnica clássica calórica de Kaneko & Smith, descrita em Schalm et al.(1975), ou pela diferença das concentrações de proteínas totais, de plasma e de soro (de amostras paralelas do mesmo animal), por refratometria.

Resultados e Discussão

Calcularam-se as médias de L 1 (PPT =

7,86), L 2 (PPT após aquecimento = 7,27), L 3 (L 1 – L 2 = 0,59), L 4 (soro = 7,29) e L 5 (L 1 – L 4 = 0,57). Após determinação e análise das médias dos números correspondentes a L 1 até L 5, observou-se nível (0,59 g/dL ou 0,57 g/dL)) compatível com aqueles (0,45 g/dL a 0,75 g/dL) indicados por Jain (1993) utilizando mesma metodologia. Ainda, verificou-se, comparando-se o resultado (0,59 g/dL) observado com uso da técnica clássica (Kaneko & Smith) com aquele da metodologia proposta neste trabalho (0,57 g/dL), que praticamente não há diferença.

O principio da modificação da técnica clássica de determinação da fibrinogenemia se baseia no fato que a diferença refratométrica entre plasma e soro é basicamente o fibrinogênio consumido no processo de formação de fibrina durante a formação do coágulo. Dentre as vantagens que se pode enumerar na modificação da técnica, destaca-se a não utilização de tubos capilares, praticidade e rapidez na determinação da fibrinogenemia. Além disso, há facilidade de prover, em animais de produção, volumes suficientes de amostras plasmática e sérica. Não se pode dispensar a técnica original, pois em espécies como animais selvagens ou aves a pequena quantidade de sangue amostrada poder limitar a determinação da fibrinogenemia pela técnica modificada. É preciso também considerar que tanto o sangue total para obtenção do plasma e o sangue sem

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anticoagulante para obtenção do soro não podem apresentar hemólise, para que esta não interfira na refratometria. A modificação da técnica de Kaneko & Smith é muitas vezes circunstancialmente favorecida, pois geralmente além do sangue total edetado para hemograma, amostras séricas para provas bioquímicas e/ou de imunodiagnóstico também são enviadas ao laboratório. Além disso, a obtenção de sangue total e soro é relativamente fácil em herbívoros domésticos. Não obstante, mesmo com a simplicidade deste método físico de determinação, percebe-se o gasto de tempo e o risco de biossegurança e erros técnicos com o uso de tubos capilares.

Conclusão

A metodologia alternativa à técnica de

Kaneko & Smith para determinação da fibrinognemia em bovinos, proposta por este trabalho, não interfere no resultado final, significando que a mesma é viável, segura e reprodutível.

Referências Bibliográficas

JAIN NC. Essentials of Veterinary

Hematology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1993.

KANEKO JJ, HARVEY JW, BRUSS ML Clinical Biochemistry of Domestic Animals. 6

th

ed. New York: Academic Press, 2008. SCHALM O W, JAIN NC, CARROL EJ

Veterinary Hematology. 3rd

ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1975.

SCHALM’ S VETERINARY HEMATOLOGY, 6º ed. Blackwell Publishing Ltd, 2010,1232p.

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NÍVEIS SÉRICOS DE CÁLCIO, FÓSFORO E MAGNÉSIO EM BOVINOS

1BOTELHO, Camila Flávia Magalhães;

2BOTELHO, Cristiane Magalhães;

3BOTELHO, Gilberto Garcia

1Discente de Med. Veterinária da UFRRJ;

2Médica Veterinária Autônoma;

3MVD, MSc, PhD, LD, Professor Titular

de Patologia Clínica do DMCV/IV/UFRRJ.

Palavras chave: Balanço mineral, gado de leite.

Introdução

Segundo Horst (1986), quase todo o cálcio (Ca) sérico encontra-se no plasma e eritrócitos, estando no plasma na forma não difusível, ligado a proteína, e noutra forma difusível, nesta existindo em duas frações: complexado principalmente com citrato e fosfato, ou como Ca ionizado fisiologicamente ativo.

O fósforo (Pi) está presente no sangue sob a forma de ester, no interior dos eritrócitos, ou como fosfolípides e fosfato inorgânico no plasma, e para determinação de seus níveis no soro, usualmente determina-se a fração inorgânica (COLES, 1984).

O magnésio (Mg) é encontrado em todos os tecidos, onde 75 % localiza-se no esqueleto, estando disponível para mobilização e transferência para outros tecidos do organismo, caso a ração alimentar não forneça o mineral em quantidades adequadas. O Mg é excretado através do trato intestinal, rins e, durante a lactação, quando se perde uma quantidade considerável pelo leite (LARVOR e LABOT, 1978).

O fosfato é um componente vital nos processos metabólicos intracelulares, sendo transportado por todas as membranas celulares. A regulação da excreção renal de fosfato é essencial para manutenção adequada dos níveis plasmáticos deste íon, sendo a excreção renal controlada pelos níveis de PTH (MALNIC e MARCONDES, 1986).

Conforme referenciado por Kaneko et al.(2008), Ca e Mg são elementos de grande importância na composição do leite; sua avaliação em bovinos, em conjunto com outros parâmetros tais como os teores de fosfato inorgânico e de creatinina, através da análise do sangue, pode ser utilizada como indicador de indivíduos saudáveis para produção de leite de boa qualidade.

Este trabalho teve como objetivo principal, contribuir ao estabelecimento de referenciais para a região em que foi realizado e, indiretamente, ao estudo do equilíbrio metabólico-mineral, em bovinos leiteiros fêmeas, em diferentes faixas etárias, criados nos Municípios de Seropédica e Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, através da

determinação das concentrações séricas dos analitos Ca, PI e Mg.

Materiais e Métodos

Foram utilizados 60 bovinos mestiços fêmeas, clinicamente hígidos, de fazendas produtoras de leite nos Municípios de Seropédica e Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, com idades variando entre um e oito anos, em fase de lactação ou secas. Os animais foram separados em três grupos: A (20 animais com idades entre um e quatro anos, fora da fase de lactação ou secas); B (20 animais com idades entre quatro e oito anos, em fase de lactação); C (20 animais com idades entre quatro e oito anos, fora da fase de lactação). Todos os bovinos foram mantidos sob regime de criação semi-extensiva, com água ad libitum, sal mineral no cocho e suplementação alimentar com ração comercial (composição conhecida).

De cada animal foi obtida u’a amostra de sangue (via punção da jugular) sem utilização de anticoagulante e com uso de agulhas descartáveis. As amostras de soro sanguíneo foram separadas (após completa coagulação) através de centrifugação, acondicionadas em frascos Eppendorf e, após, identificadas e mantidas sob congelamento em freezer a uma temperatura de -20

oC, para

posterior determinação das concentrações de Ca, PI e Mg.

Determinação de Ca e Mg – Pelas características de sensibilidade, especificidade e velocidade analítica, a espectrofotometria de absorção atômica é a técnica mais utilizada para determinação destes elementos, e foram feitas de acordo com os apontamentos de Cantle (1982). As análises foram feitas em espectrofotômetro de absorção atômica modelo CGAA7000, CG Analítica. As leituras, feitas por aspiração contínua, foram obtidas através do modo de leitura contínua, com tempo de integração de 1 seg. As condições utilizadas para determinação dos elementos encontram-se na tabela 1.

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Tabela 1: Parâmetros operacionais para determinação de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) séricos por espectrofotometria de absorção atômica.

Elemento Linha

analítica(nm)

Fenda (nm)

Corrente (mA)

Taxa de aspiração

Chama

Ca 422,7 0,5 5 6,0 Ar-

acetileno

Mg 282,6 1,0 5 6,0 Ar-

acetileno

Os resultados foram multiplicados pelo

fator de diluição de 40 vezes, de forma a reportar os valores em ug/mL nas amostras originais, os quais foram transformados em mg/dL para efeito de comparação com dados da literatura. A adição de La às amostras objetivou a eliminação de interferência química (formação de compostos refratários), conforme Sprague (1963), Christian (1970) e Cantle (1982), fato que é comum acontecer em determinações de Ca e Mg em fluido biológicos.

Determinação do Fosfato Inorgânico – Utilizou-se o método colorimétrico do Azul de Molibdênio, conforme Christian (1994).

Determinou-se ainda concentração de Creatinina sérica dos animais, com reagente de Loyd, como avaliação de função renal, conforme descrito por Kaneko et al.(2008).

Foram determinadas as médias e os desvios padrões.

Resultados e Discussão

Cálcio - Nas amostras do soro sanguíneo dos animais dos três grupos (A, B e C), dos dois Municípios (Seropédica e Itaguaí), observaram-se teores de Ca (médias: 8,72 a 9,60 mg/dL e desvios padrões de 0,68 a 1,71), semelhantes aos referenciados por Huerpe (1968), que foram de 8,0 a 12,0 mg/dL, ou àqueles citados por Kaneko et al.(2008), que foram 11,08 +/- 0,67 mg/dL, utilizando mesma metodologia.

Magnésio – Considerando-se todos os animais dos três grupos e dos dois Municípios, observaram-se concentrações médias de Mg entre 2,72 e 3,02 mg/dL e desvios padrões de 0,39 a 0,90, bem próximos àqueles referenciados por Kaneko et al.(2008), também utilizando mesma metodologia.

Fosfato Inorgânico – As concentrações séricas de Pi observadas na literatura (COLES, 1984) variam na faixa de 5,0 a 9,0 mg/dL, ou de 5,6 a 6,5 mg/dL segundo Kaneko et al.(2008). As concentrações do elemento (Pi), observadas no presente trabalho, situaram-se entre 4,0 e 5,5 mg/dL para médias e 0,8 a 1,5 para

desvios padrões. Observa-se que os valores são semelhantes aos da literatura citada, particularmente àqueles de Kaneko et al.(2008), que se utilizaram de mesma metodologia.

Creatinina – Em relação a esta substância nitrogenada não protéica, o presente trabalho observou, considerando os animais dos Três grupos e dos dois Municípios, teores médios de 1,4 a 2,2 mg/dL, com desvios padrões de 0,2 a 0,6, muito semelhantes aos relatados por Kaneko et al.(2008), não sendo citadas, pelos referidos autores, as características dos animais.

Conclusão

Pode-se concluir, pela metodologia

utilizada e pelos resultados obtidos, que os teores de Ca (9,27 +/- 0,95 mg/dL), de Mg (2,88 +/- 0,49 mg/dL), de Pi (4,46 +/- 1,44 mg/dL) e de Cr (1,98 +/- 0,33 mg/dL) podem ser considerados referenciais, significando ainda, que os animais estavam em equilíbrio metabólico-mineral e com função renal adequada.

Referências Bibliográficas

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CRIPTOCOCOSE INTESTINAL EM CÃO SEM DOENÇA DE BASE

1ABREU, Daniel Paiva Barros;

2BOTELHO, Camila Flavia Magalhães;

3BARONI, Francisco Assis;

4VEIGA, Cristiano;

5MORAES, Simone Rimulo.

1Discente de Med. Veterinária da UFRRJ,

2Discente de Med. Veterinária da UFRRJ,

3MSc, PhD, Professor de

Micologia do DMIV/IV/UFRRJ,4Méd.Veterinário CRMV RJ 6679,

5Méd.Veterinária CRMV RJ 6385.

Palavras chave: Cryptococcus, cão, intestino

Introdução

A Criptococose é uma micose de caráter sistêmico que pode afetar uma grande variedade de animais domésticos e silvestres, e com grande relevância na Medicina Humana.Tem como principais agentes as leveduras encapsuladas Cryptococcus neoformans e C. gattii, amplamente distribuídas no ambiente, podendo estar relacionadas a diversas espécies arbóreas, mas principalmente ao acúmulo de excretas de aves, sobretudo pombos (Columba livia).

O objetivo do presente trabalho é relatar a ocorrência de Criptococose acometendo o Intestino Delgado de um cão da raça Bulldog sem doença de base.

Materiais e métodos

Foi encaminhado à Clínica Veterinária particular em Volta Redonda – RJ, um canino da raça Bulldog Inglês, fêmea, pelagem branca e marrom, 1 ano e 6 meses de idade, com histórico de diarréia alternada com fezes normais e emagrecimento progressivo há aproximadamente 25 dias. O proprietário encaminhou ao Veterinário após observar piora e presença de sangue nas fezes (melena).

Ao exame clínico, o animal apresentava temperatura normal, mucosas normocoradas, sem sinais de desidratação e dor abdominal ou qualquer outra alteração relevante. Procedeu-se então à coleta de sangue (através de venopunção da veia cefálica, por sistema vacuteiner) para posterior realização de exame hematológico. Constatou-se discreta Leucocitose, Eosinofilia, Neutrofilia com Discreto Desvio Regenerativo à Esquerda (DNNE), Linfocitopenia e Monocitose. Não foi possível a coleta de fezes para exame Coproparasitológico.

Suspeitando de Giardíase, o Médico Veterinário responsável prescreveu antibioticoterapia comMetronidazol associado à Sulfametoxazol + Trimetoprima. Após 4 dias, o paciente não apresentou nenhuma resposta ao protocolo instituído, com o estado sendo

agravado por vômitos, anorexia, perda de peso e prostração. Recomendou-se a realização de avaliação Ultrassonográfica, contatando-se a presença de uma grande massa na região topográfica referente ao Intestino Delgado, apresentando contornos irregulares e parênquima heterogêneo, comprometendo o interior das alças, com conseqüente estreitamento do lúmen, associado à ausência de movimentos peristálticos, caracterizando um quadro de obstrução intestinal, sugerindo-se a formação de uma massa neoplásica.

Optou-se pela intervenção cirúrgica, através de Laparotomia exploratória e exames Hematológicos e Bioquímicos pré-operatórios solicitados apresentaram como resultadoa presença de Anemia Normocítica Normocrômica, Leucocitose, Neutrofilia com DNNEe Monocitose, além de valores de Transaminases Hepáticas (AST e ALT) acima dos valores normais de referência para a espécie.

Durante ato cirúrgico,se constatou a presença de aderências em quase todo o Intestino Delgado, formando duas massas de diâmetros distintos contidas em alças intestinais severamente espessadas, unidas por formações de aspecto granulomatoso. As massas foram retiradas e a Enterectomia parcial realizada, porém, a Enteroanastomose não foi executada, devido ao comprometimento de segmentos do Intestino Grosso (Ceco e Cólon Ascendente), o que também seria incompatível com a vida do animal.Ciente das observações e intervenções realizadas, o proprietário optou pela Eutanásia ainda durante o procedimento cirúrgico, objetivando evitar o sofrimento pós-operatório.

Uma amostra tecidual das massas foi encaminhada ao Laboratório de Análises Clínicas da Clínica Veterinária em questão, onde foi processada citopatologicamente seguida da realização de diversos esfregaços, posteriormente fixados e corados utilizando corantes hematológicos (kit Instant Proof). A microscopia evidenciou inúmeras formas leveduriformes circulares, envoltas por um halo claro bem definido compatíveis com a morfologia de Cryptococcus spp. De posse

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deste resultado, realizou-se a semeadura imediata em meio Ágar Sabouraud sem Ciclohexamida. Para tanto, um raspado da massa intestinal foi semeado em Placas de Petri contendo o meio previamente mencionado e incubadas em estufa a30°C por 5 dias.

Resultados e Discussão

Após o período de incubação

supracitado, obteve-se colônias de característica mucóide. A partir destas, foram feitas avaliações micromorfológicas, bioquímicas e fisiológicas, confirmando o envolvimento de Cryptococcus neoformans no quadro apresentado.

Existem poucos relatos a cerca do envolvimento desta levedura com alterações gastrointestinais. As infecções por C. neoformans são, sobretudo, oportunistas, ocorrendo em indivíduos que apresentem algum comprometimento imunológico. No presente caso, o hospedeiro não apresentava doença de base ou qualquer outro fator predisponente em seu histórico, concordante com relatos prévios de indivíduos imunocompetentes acometidos por esta levedura.

Um estudo antecedente demonstrou a prevalência de DNA fúngico no intestino delgado de cães saudáveis e cães com enteropatias crônicas, identificando entre eles, a presença de algumas espécies do gênero Cryptococcus. Este achado indica que fungos deste e outros gêneros podem fazer parte da microbiota aderida à mucosa, entretanto, estas observações não podem determinar de forma conclusiva o papel destes na patogênese de doenças gastrointestinais.

Acredita-se que o trato gastrointestinal foi a porta de entrada da infecção relatada, porém, não foram realizados exames mais apurados, o que impossibilitou excluí-lo como possível foco primário da infecção.

Conclusões

A estreita relação entre C. neoformans

e excretas de pombos, já observada em estudos prévios, demonstra que estas aves funcionam como reservatório para o agente, o que aumenta sua relevância para a saúde humana e animal. No presente caso, o proprietário relatou durante Anamnese que animal tinha livre acesso a ambientes coabitados por aves desta espécie, fato condizente a infecção.

Ressalta-se também, que os cães apresentados na literatura acometidos por este

tipo de infecção são jovens, estando entre 1 ano e 2 meses e 3 anos, assim como o animal do presente relato (1 ano e 6 meses). Deve-se destacar a característica das lesões granulomatosas observadas neste e em relatos anteriores, facilmente confundidas com formações neoplásicas, não sendo possível a correta diferenciação durante a realização do Exame Clínico ou Ultrassonográfico. Desta forma, faz-se necessário uma análise mais apurada para se chegar ao diagnóstico diferencial e assim executar o correto tratamento.

Referências Bibliográficas

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ESPOROTRICOSE OCULAR FELINA: RELATO DE DOIS CASOS

1CAMINOTTO, Eriane de Lima; ²SOUZA, Patrícia de Pinho e Souza; ³BOTTEON, Rita de Cássia

Campbell Machado; ³PEREIRA, João Telhado

1Aluno de Mestrado em Medicina Veterinária da UFRRJ, Bolsista do Reuni;² Aluno de Mestrado em Medicina Veterinária da UFRRJ, bolsista da CAPES; ³Professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária,

Instituto de Veterinária da UFRRJ.

Palavras Chaves: Sporothrix schenckii, conjuntiva, córnea, felino.

INTRODUÇÃO

A esporotricose é uma infecção de caráter agudo ou crônico, causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii, geralmente localizada em tecidos cutânea e subcutânea, podendo ter comprometimento linfático adjacente, e em alguns casos, assumir uma forma disseminada (KWOW-CHUNG e BENETT, 1992).

A esporotricose felina apresenta um amplo espectro clínico, que varia de lesões cutâneas únicas ou múltiplas, até formas sistêmicas fatais. A disseminação secundária em que o pulmão, fígado, trato gastrintestinal, sistema nervoso central, olhos, baço, ossos, articulações, rins, testículos, mama e linfonodos podem ser acometidos é rara (CONTI-DIAS, 1989; KWON-CHUNG e BENNETT, 1992; SCHUBACH e SCHUBACH, 2000).

Considerando os poucos estudos que descrevam o acometimento oftálmico em felinos e por tratar-se de uma zoonose, neste artigo são relatados dois casos de lesão ocular por Sporothrix schenckii, sua apresentação clínica e evolução após instituição do tratamento.

RELATO DE CASOS

Dois casos de esporotricose ocular

felina foram diagnosticados pelo Setor de Oftalmologia do Hospital Veterinário de Pequenos Animais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Em ambos os casos os felinos eram machos, não castrados, sem raça definida, de vida livre e com dois e três anos de idade.

No exame clínico foram observadas no primeiro felino duas lesões ulceradas lateralmente aos olhos e no exame oftálmico de ambos os olhos constatou-se epífora, blefarospasmo, quemose, hiperemia conjuntival e peri-palpebral, presença de um tecido de granulação na córnea com neovascularização e edema corneal, no vítreo,

intensa celularidade e no nervo óptico, papiledema.

Já no segundo felino foram observados, somente no olho direito, os sinais de epífora, blefarospasmo, hiperemia conjuntival e quemose acentuada com aspecto granulomatoso e presença de folículos de coloração amarelada; porém sem alterações corneais ou intra-oculares

Em ambos os casos, o material coletado, por esfregaço e punção aspirativa por agulha fina respectivamente, foi depositado em superfície de lâminas para microscopia, coradas com Panótico Rápido e observadas ao microscópio óptico em objetiva de 100X.

No exame citológico, de ambos os casos foi possível identificar nos diferentes locais de coleta, a presença de inúmeras estruturas leveduriformes sugestivas de S. schenckii

O tratamento instituído para ambos os casos foi a manipulação de miconazol 1% pomada oftálmica utilizada a cada 06 horas e itraconazol 100 mg por via oral a cada 24 horas até dois meses depois do desaparecimento das lesões. No primeiro felino a lesão corneal desapareceu totalmente em 66 dias de tratamento e as lesões faciais em aproximadamente 50 dias. No segundo felino a quemose foi diminuindo gradativamente até o completo desaparecimento dos sinais de conjuntivite após 82 dias de tratamento.

DISCUSSÃO

Neste estudo foi evidenciado o papel dos felinos, principalmente machos não castrados e de livre, na epidemiologia da esporotricose (NUNES e ESCOSTEGUY, 2005). Destaca-se a relevância do gato como agente de contaminação humana pela superpopulação de fungos em suas lesões o que potencializa a capacidade infectante das mesmas.

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Esfregaços do exsudato de ambos os felinos corados com Panótico demonstram numerosas células leveduriformes o que condiz com o dimorfismo do S. schenckii que na natureza ou em cultura à 25º C, apresenta-se na forma micelial filamentosa, e em parasitismo ou cultura a 37º C, apresenta-se sob a forma de levedura (SCHUBACH e SCHUBACH, 2000; ACHA e SZYFRES, 2003; BRUM et. al., 2007).

Nos gatos, esta micose manifesta-se como lesões papulonodulares, comumente cutâneas ou linfocutâneas localizadas, nas regiões dorsais, cabeça e tronco. As extremidades podem, ou não, ser concomitantemente afetadas.(SCHUBACH e SCHUBACH, 2000).

Apesar de inúmeros relatos de esporotricose em felinos domésticos brasileiros (SCHUBACH e SCHUBACH, 2000; MEDLEAU e HNILICA, 2003; FERNANDES et. al., 2004; SCHUBACH, 2004; JESUS e MARQUES, 2006), não há registros de casos com acometimento ocular como neste estudo. Destaca-se que neste estudo a lesão era exclusivamente ocular segundo felino e periocular e ocular no primeiro felino.

CONCLUSÃO

Este estudo alerta para a ocorrência da esporotricose ocular em felinos e demonstra que os sinais clínicos oftálmicos são variados, podendo ser confundidos com outras enfermidades. Na maioria dos casos é possível diagnosticar a presença de leveduras de S. schenckii, através de exames simples como a citologia esfoliativa ou aspirativa, e estabelecer precocemente as medidas profiláticas e terapêuticas

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DISTÚRBIOS PROLIFERATIVOS EM GATOS DOMÉSTICOS INFECTADOS PELO VÍRUS DA LEUCEMIA FELINA

1MEDEIROS,

Monique Taveira;

1PROCÓPIO, Raquel da Silva;

2ALMEIDA, Nadia Rossi

1 Alunas de graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ; 2 Doutoranda do curso de pós-graduação em

Ciências Veterinárias da UFRRJ

Palavras chave: FeLV, linfoma, diagnóstico.

INTRODUÇÃO

A Leucemia Viral Felina representa uma das principais doenças infecciosas que acomete felinos domésticos. É transmitida por um gammaretrovirus conhecido como FeLV ( Vírus da Leucemia Felina), que causa diversos distúrbios degenerativos e/ou proliferativos (DUNHAM e GRAHAM, 2008). A maioria dos gatos infectados pelo FeLV apresentam a doença associada aos distúrbios degenerativos, como alterações hematológicas, que podem ser representadas pelas anemias e citopenias. Este tipo de distúrbio representa aproximadamente 77% dos casos (LEVY et al., 2009; WEISS et al., 2010). Em menor proporção ocorrem os distúrbios proliferativos, onde o linfoma é a neoplasia mais comumente associada aos gatos infectados, sendo classificados de acordo com sua localização em linfomas mediastínico, multicêntrico, alimentar e formas extranodais (GARBOR et al., 1998). A ocorrência do tipo de linfoma varia de acordo com a região geográfica, sendo o linfoma mediastínico o de maior ocorrência no Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Laboratório de Imunologia e Viroses (LIV) em conjunto com o Hospital Veterinário de Pequenos Animais (HVPA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em Seropédica/RJ, no período compreendido entre maio de 2007 à janeiro de 2010. Neste período, 23 gatos foram diagnosticados positivos para a Leucemia Viral Felina, dos quais 17 foram testados por Imunofluorescência indireta (IFI), 5 por ELISA e 1 por ambos os testes. Para o diagnóstico por IFI foram confeccionados esfregaços de sangue periférico através de punção de ponta de orelha, e a técnica foi feita utilizando-se o kit VRMD FeLV. Para o teste de ELISA foram utilizados soros coletados através de venopunção e armazenados em tubo de bioquímica sob refrigeração até o momento da realização do teste (Snap Combo FIV/FeLV – IDEXX). Para comprovação da presença de linfomas e leucemia relacionados à infecção pelo FeLV, foram feitas citologias por punção das massas

suspeitas de linfoma e/ou da efusão pleural e punção de medula óssea, respectivamente. Uma ficha de identificação foi elaborada para a coleta de dados referentes à idade do animal, sinais clínicos, localização do linfoma e exames complementares, tais como diagnóstico por imagem através de Raio-X e ultrassonografia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A relação dos gatos FeLV positivos de acordo com os tipos de linfomas desenvolvidos ou leucemia, idade, sinais clínicos e teste diagnóstico empregado foram especificados na tabela 1. Pelo motivo da falta da uniformidade de dados, os exames complementares não foram utilizados no estudo. Uma maior ocorrência de linfoma do tipo mediastínico foi observada (aproximadamente 48%) onde todos os gatos que apresentaram este tipo de linfoma possuíam idade inferior a 5 anos de idade. Este dado corrobora com dados da literatura, que relatam que linfomas mediastínicos acometem mais gatos jovens, com idade inferior à 5 anos (GARBOR et al., 1998, MOORE e OLGIVIE, 2001) .Estes gatos apresentaram, de um modo geral, sinais clínicos compatíveis com este tipo de linfoma, tais como anorexia, dispnéia e emagrecimento, evoluindo nos casos mais graves para angústia respiratória e cianose. Em segundo lugar, foi observada uma maior ocorrência de formas extranodais de linfomas (7/23), onde 4 gatos apresentaram a localização medular, 1 renal, 1 ocular e 1 nasal. De acordo com a literatura, as formas extranodais representam 10% dos tipos de linfomas, onde no presente estudo, estas formas representaram aproximadamente 40%. Não há indícios da idade do animal estar associada ao desenvolvimento das formas extranodais (LEVY et al., 2009). Um único gato, com 2 anos de idade, apresentou o linfoma alimentar (intestinal), concordando com dados da literatura que este tipo de linfoma é o mais raro em diversos países, como no Brasil. Linfomas alimentares são mais comuns em gatos idosos, com idade superior à 8 anos (LEVY et al, 2008), não concordando com a idade do animal do presente estudo. Já o linfoma multicêntrico foi observado em dois gatos, onde estes

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apresentaram sinais clínicos peculiares. Em relação ao desenvolvimento de leucemias, dois gatos foram diagnosticados através de citologia de aspirado de medula óssea, onde os sinais clínicos foram similares entre os dois animais infectados pelo FeLV. Esta leucemia viral acomete mais animais jovens, de acordo com dados já publicados anteriormente (LEVY et al, 2008). Distúrbios proliferativos representam aproximadamente 23% das doenças relacionadas ao FeLV, onde o linfoma é a

neoplasia mais frequentemente encontrada, acometendo cerca de 20% dos gatos infectados (DUNHAM e GRAHAM, 2008; WEISS et al., 2010). O desenvolvimento de neoplasias associadas ao FeLV vem sendo cada vez mais notificados no Brasil, em contraste com diversas regiões do mundo, como os Estados Unidos e diversos países da Europa (LEVY et al., 2010), onde esta ocorrência vem diminuindo com o passar dos anos.

Tabela 1: Gatos FeLV positivos de acordo com os tipos de linfomas e leucemia, idade, sinais clínicos e diagnóstico

Gato

Linfomas Idade Sinais clínicos Teste

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Mediastínico Medular Intestinal Mediastínico Mediastínico Medular Mediastínico Mediastínico Multicêntrico Mediastínico Mediastínico Ocular Nasal

Mediastínico Renal Mediastínico Medular Medular Multicêntrico Leucemia Leucemia Mediastínico Mediastínico

3,0 2,5 2,3 1,5 2,0 3,0 1,0 3,0 10,0 1,0 3,0 1,0 8,0 2,0 9,0 3,5 2,0 3,0 3,0 3,3 4,0 2,5 1,5

Anorexia, dispnéia, vômitos, emagrecimento Anorexia,emagrecimento,paresia de membros posteriores Hiporexia, emagrecimento Angústia respiratória, cianose Anorexia, dispnéia, prostração Anorexia, dispnéia, vômitos, febre Anorexia, angústia respiratória, prostração, cianose Anorexia, angústia respiratória, prostração, cianose Anorexia, diarréia, emagrecimento Anorexia, angústia respiratória, vômitos, emagrecimento Anorexia, desidratação Presença de neoplasia em olho esquerdo Hiporexia, dispnéia,mudança de comportamento Hiporexia, dispnéia,emagrecimento Dor, febre Hiporexia, dispnéia, emagrecimento Paresia dos membros posteriores Paresia dos membros posteriores, prostração Linfoadenopatia generalizada, febre, prostração Hiporexia, prostação, emagrecimento Anorexia, emagrecimento, desidratação, prostração Anorexia, dispnéia, prostração Anorexia, dispnéia

IFA IFA IFA IFA IFA IFA

IFA/ELISA IFA

ELISA IFA IFA

ELISA ELISA ELISA ELISA

IFA IFA IFA IFA IFA IFA IFA IFA

CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou que a ocorrência de gatos FeLV positivos que desenvolvem distúrbios proliferativos é relativamente elevada, e que há a necessidade da pesquisa do desenvolvimento destes distúrbios em gatos positivos,uma vez que os dados epidemiológicos e clínicos desta enfermidade estão restritos à região sudeste do Brasil.

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PERFIL BIOQUÍMICO E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE TOTAL EM CAVALOS DE SUPLEMENTADOS COM SELÊNIO E VITAMINA E

1VIEIRA, Waldsylvio da Silva;

2MANES, Isabella;

3CAMPOS, Isabela Syllus;

4BALDANI, Cristiane

Divan; 5BOTTEON,

Paulo de Tarso Landgraf

1 Mestre em Medicina Veterinária pelo PPGMV/UFRRJ, Ten. RECAN – Ex. Bra.

2 Mestranda em Medicina

Veterinária da UFRRJ; 3 Discente de Medicina Veterinária – UCB;

4 Departamento de Medicina e Cirurgia

Veterinária, IV, UFRRJ; 5

Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ. [email protected]

Palavras chave: cavalos, capacidade antioxidante, estresse oxidativo, vitamina E

Introdução Os cavalos apresentam grande

capacidade de transporte de oxigênio, no entanto, situações de esforço físico excessivo em atividades esportivas, levam à condições de estresse oxidativo com potencial para o desenvolvimento de lesões, que afetarão principalmente os músculos destes animais. Por definição, a situação de estresse oxidativo (EO) ocorre quando existe um desequilíbrio entre a ação dos agentes oxidantes e dos antioxidantes, a favor dos primeiros (FREI, 1999, GASTELL; ALEJO, 2000;, GUERRERO, et al., 2003, MOREL; BAROUKI, 1999;, PRYOR, 1986;, RÄISÄNEN et al., 1999, SHAN et al., 1989:, SIES, 1997; VOLLAARD et al., 2005).

Os organismos dispõem de sistemas enzimáticos específicos que oferecem a primeira linha de defesa frente à produção de ERO. Estas enzimas evitam o acúmulo de ânions superóxido e de peróxido de hidrogênio para que não haja produção do radical hidroxil, contra o qual não existe sistema enzimático de defesa (HARRIS, 1992). Dentre as enzimas responsáveis pela detoxicação das ERO salientam-se três: a Superóxido Dismutase (SOD), a Catalase (CAT) e a Glutationa Peroxidase (GPx) (SIES, 1997). Com o intuito de avaliar as alterações bioquímicas e oxidativas induzidas pelo exercício no plasma de cavalos atletas e o efeito da suplementação de selênio (Se) e vitamina E.

Material é Métodos

Utilizou-se 16 equinos foram divididos em dois grupos, sendo um suplementado por 20 dias com Se e vitamina E e o segundo grupo testemunha. Estes animais participaram de um jogo de polo reproduzindo as condições de competição.

Resultados e discussão

Não foram evidenciadas diferenças significativas entre os grupos, porém o grupo

tratado apresentou menor variação nos níveis séricos de creatinina após o jogo, a atividade sérica da enzima AST apresentou variação significativa nos animais do grupo controle e permaneceu estável para o grupo tratado, a enzima CK elevou-se em ambos os grupos, mas permaneceu elevada até 72 h no grupo controle. A maior variação de lactato plasmático foi observada no grupo controle diferindo do valor basal já após o primeiro tempo de jogo. A capacidade antioxidante total reduziu-se logo após o primeiro tempo de jogo, retornando aos valores basais após 24 horas. Não se observou diferença entre os grupos.

Conclusão

Concluímos que a suplementação com

Se e Vitamina E promoveu maior resistência ao dano muscular nos animais tratados, porém não alterou a capacidade antioxidante total do grupo tratado comparado ao grupo controle.

Referências Bibliográficas

FREI B. Molecular and biological mechanisms of antioxidant action. FASEB J. 13(9): p 963-964, 1999. GASTELL P, ALEJO J. Métodos para medir el daño oxidativo. Rev Cub Med Militar. 29(3):p 192-198, 2000. GUERRERO N, RUIZ M, BARBERENA E, DEHESA A, FAINSTEIN M . Daño al ADN y niveles de radicales librés en fibroblastos de ratones jóvenes y viejos. Rev Cub Investig Biomed. 22(2): p 109-116, 2003. HARRIS, E.D. Regulation of antioxidant enximes. FASEB Journal, v. 6 p. 2675-2683, 1992. MOREL Y, BAROUKI R. Repression of gene expression by oxidative stress. Biochem J. 342: 481-496, 1999.

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PRYOR W. Oxy-Radicals and Related Species: Their Formation, Lifetimes, and Reactions. Ann Rev Physiol. 48: 657-667, 1986. RÄISÄNEN S, LEHENKARI P, TASANEN M, RAHKILA P, HÄRKÖNEN P, VÄÄNÄNEN. Cronic anhydrase III protects cells from hydrogen peroxide-induced apoptosis. FASEB J. 13: 513-522, 1999. SHAN XQ, AW TY, JONES DP. Glutathione-dependent protection against oxidative injury. Pharmacol Ther. 47(1): 61-71.1989 SIES H. Physiological society symposium: impaired endothelial and smooth muscle cell function in oxidative stress. Oxidative stress: Oxidants and antioxidants. Exp Physiol. 82: 291-295. 1997 VOLLAARD N, SHEARMAN J, COOPER C. Exercise induced oxidative stress: myths, realities and physiological relevance. Sports Med. 35(12): 1045-1062, 2005.

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ESTUDO RETROSPECTIVO DOS EXAMES RADIOGRÁFICO DA REGIÃO TORÁCICA NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 1OLIVEIRA, Elis Carvalho;

1MENEZES,

Márcia Souza;

2SOARES, Denise do Vale;

3SILVA, André Luiz

Blaschikoff da; 4LIMEIRA, Suzana Vieira;

4AMADO, Luciana Vasconcelos

1Estagiária de Diagnóstico por Imagem da UFRRJ, Discente do Curso de Medicina Veterinária,

2Bolsista de

Monitoria UFRRJ, Discente do Curso de Medicina Veterinária; 3Bolsista do Grupo PET UFRRJ, Discente do

Curso de Medicina Veterinária; 4Bolsista do Programa de Residência Veterinária UFRRJ, Médica Veterinária

Colaboradora; 5Professora Substituta do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária no Instituto de

Veterinária, UFRRJ.

Palavras chave: Diagnóstico por imagem, cão, gato

Introdução

O exame radiográfico torácico é

importante para a avaliação e acompanhamento de possíveis afecções nessa região que podem afetar os animais de companhia (SOAVE et al., 2008). A crescente incorporação da tecnologia nos diversos segmentos da medicina, particularmente na radiologia, vem contribuindo para um diagnóstico cada vez mais precoce e acurado das diferentes patologias, trazendo imensuráveis benefícios aos pacientes (LUCCHESI et al., 1998). Com isso, os métodos de diagnóstico por imagem têm sido frequentes na rotina clínica veterinária e, nesse contexto, a radiologia fornece uma oportunidade de se examinar cavidades através de um exame acessível, de fácil execução e com grandes detalhes (BARROSO et al., 2005). A avaliação radiográfica é uma técnica não invasiva, indolor e que emite radiação ionizante, capaz de fornecer informações importantes a respeito da normalidade ou anormalidades principalmente quando se trata de partes duras (THRALL, 2010). Neste contexto, a radiologia de tórax permite avaliar com clareza alterações das partes ósseas, cardiovasculares, do parênquima pulmonar e do interstício. Porém, essa técnica assim como as outras técnicas de imagem, possui limitações tais como, posicionamento correto do animal no momento do exame, necessidade de dois posicionamentos perpendiculares entre si para se obter uma noção tridimensional, tamanho do filme em relação ao tamanho da área a ser examinada e a técnica radiográfica que pode causar erros de imagem como a sub-exposição e a super-exposição (THRALL, 2010). Além disso, como esse é um tipo de exame que emite radiação ionizante sendo então nocivo a saúde, é necessário que o Médico Veterinário e todas as pessoas envolvidas com essa área de diagnóstico por

imagem, utilizem aparatos de proteção tais como colete e luvas revestidos por chumbo e biombos para evitar alterações causadas pela interação com os raios-x com o organismo que poderiam causar danos a saúde (TAUHATA et al., 2003).A técnica escolhida para a realização da radiografia também é de suma importância para evitar os efeitos nocivos causados pela emissão de radiação e também para a qualidade da imagem radiográfica e, por isso, é muito importante a escolha correta do mA, KV e tempo de exposição lembrando que sempre deve ser o menos possível. Os objetivos do presente trabalho são, através de um estudo retrospectivo, realizar um estudo da frequência, idade, sexo e principais órgãos e áreas acometidas de cães e gatos que passaram por radiografia torácica e a contribuição desta técnica na rotina clínica de pequenos animais, obtidos por um levantamento de dados do setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Material e Métodos

Os dados utilizados para o presente estudo foram obtidos das fichas animais que realizaram radiografias torácicas no setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no período que compreende de Janeiro a Julho de 2011. Os dados avaliados são oriundos do total de 84 fichas de solicitação de exame radiográfico de tórax e, para esse trabalho, levou-se em consideração as fichas que estavam devidamente preenchidas com dados que informavam a espécie, idade, sexo e suspeita clínica não sendo inclusas fichas com dados da resenha incompletos e/ou sem laudo sendo consideradas, então, 41 fichas que atendem aos requisitos.

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Considerou-se a avaliação radiográfica de tórax de cães e gatos, de qualquer idade ou sexo, com ou sem raça definida. Para o exame radiográfico foi utilizado equipamento de raio-x da marca FNX, modelo 90- CTI.

Resultados e Discussão

Dos 41 animais que foram considerados no presente trabalho, 37 (90,24%) são caninos e 4 (9,76%) felinos. Na espécie canina, observou-se que 67,67% (25/37) eram fêmeas e 32,43% (12/37) machos. Na espécie felina as fêmeas corresponderam a 75% (3/4) e os machos a 25% (1/4). 36,58% dos animais (15/41), não tinham informações sobre a idade por serem animais adotados em fase adulta, dos animais com idade conhecida (26/41), houve uma predominância de animais adultos com 25% (20/41), com idade variando de 6-15 anos, como mostra o gráfico 1.

Os animais foram encaminhados com suspeita de doenças pulmonares em 65,85% (27/41) dos casos corroborando com (SOAVE et al., 2008) que em um estudo da importância do exame radiográfico torácico teve uma grande que em um estudo da importância do exame radiográfico torácico teve uma grande casuística de alterações a nível pulmonar como, por exemplo, abordagem de metástases pulmonares em cadelas com tumores de mama. Outras regiões também foram avaliadas: coração 19,51% (8/41), esôfago 2,34% (1/41), interstício 12,20% (5/4) sendo considerados pneumotórax, infiltrado intersticial e efusão pleural. Também foram solicitadas avaliações na região da traquéia a qual não estava alterada em nenhum dos animais avaliados. Neste contexto, 12/41 animais (29,27%) tiveram a suspeita clínica presente na ficha confirmada, 25/41 animais (60,97%) tiveram a suspeita clínica presente na ficha descartada e 4/41 animais (9,76%) tiveram sua avaliação direcionada para diagnóstico diferente da suspeita clínica tais como hemivértebra e fratura de costelas. Com isso, foi possível verificar através desse estudo a importância da avaliação radiográfica do tórax como auxílio ao clínico veterinário que faz a requisição desse tipo de exame, pois esse tipo de avaliação é capaz de confirmar ou descartar a suspeita clínica e até mesmo de direcionar a outro diagnóstico favorecendo, assim, a melhor conduta médica a ser considerada.

Conclusão

O exame radiográfico é uma

ferramenta de diagnóstico por imagem que está bem difundida na Medicina Veterinária e tem grande importância para avaliação torácica. Apesar das limitações da técnica, especialmente no que diz respeito a possíveis dificuldades tais como posicionamento do animal, escolha da técnica e tamanho do filme corretos, esse tipo de avaliação mostrou-se com boa sensibilidade para avaliações torácicas sendo, no presente estudo, as alterações do parênquima pulmonar as mais frequentes encontradas. Vale ressaltar que a radiografia é um exame complementar na conduta do clínico veterinário que deve ser sempre correlacionado com a suspeita clínica do paciente, com os exames laboratoriais e o exame físico.

Referências Bibliográficas

BARROSO, RMV, PAULA, TM, JUNIOR, RA. Radiologia torácica. Revista electrónica de Veterinaria, v.4, p. 1695-7504. 2005.

BERRY, CR, GRAHAM, JP, THRALL, DE. Paradigmas de Interpretação para o Tórax de Pequenos Animais. Diagnóstico de Radiologia Veterinária. v.5, p 462-485, 2010,.

LUCCHESI, FR; TAKETANI, G; JUNIOR, JE; CLÓVIS, S. O papel da radiologia na unidade de terapia intensiva. In: Simpósio de Medicina Intensiva II, 31, 1998, Ribeirão Preto. Anais Ribeirão Preto. p. 517-53, 1998..

SOAVE, T; SOUSA, D.P.; MORENO, K.; BELONI, S.N.E; GONZÁLES, J.R.M.; GROTTI, C.C.B.; REIS; A.C.F. A importância do exame radiográfico torácico na abordagem de animais portadores de neoplasias. Semina: Ciências Agrárias, v. 29, n. 2, p. 399-406. 2008.

TAUHATA, L.; SALATI, I.P.A.; PRIZIO, R.; PRIZIO, A.R. Radioproteção e Dosimetria:

0

2

4

6

8

10

0-5anos

6-10anos

11-15anos

16-20anos

5

10 10

1

Pac

ien

tes

Gráfico 1 - Distribuição da frequência das

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fundamentos. Instituto de radioproteção e Dosimetria. Comissão nacional de energia nuclear do Rio de Janeiro. v. 5ª edição. 2003.

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EFEITOS DA LACTULOSE SOBRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE URÉIA E CREATININA EM CÃES COM INSUFICIÊNCIA RENAL

1PEREIRA,

Juliana de Abreu;

1BARROS, Janne Paula Neres de;

2OLIVEIRA, Patrícia de;

2ALMEIDA,

Milena Braghetto de; 3BOTTEON,

Rita de Cássia Campbell Machado

1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) da UFRRJ,

e-mail: [email protected] ;2Discente de Graduação em Medicina Veterinária pela UFRRJ;

3Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ, e-mail: [email protected]

Palavras-chave: Pré-bióticos, insuficiência renal, nefropatia, cães, doença renal

INTRODUÇÃO Insuficiência Renal (IR) definida como a alteração da função dos rins na qual esses órgãos são incapazes de excretar as substâncias tóxicas do organismo de forma adequada pode ser aguda (IRA) ou crônica (IRC). A IRA pode ser definida como um declínio abrupto e sustentado na filtração túbulo-glomerular, por um período de horas ou dias resultando em diminuição da diurese (oligúria ou mais raramente, anúria) e retenção de uréia e creatinina no sangue (SMEAK, 2003). Em cães, a IRA acomete animais de diferentes idades e resulta mais comumente de necrose tubular aguda, ou seja, nefrose e, menos frequentemente de inflamação renal, ou seja, nefrite (FORRESTER, 2003). A IRC definida como uma falência renal que persiste por um período prolongado que pode ser de meses ou anos (SMEAK, 2003) é comum em caninos e felinos idosos. Letargia, depressão e alterações gastrointestinais, como vômito e diarréia, são as manifestações mais comuns e importantes da uremia. Anorexia e redução do peso são achados comuns e inespecíficos, que podem ser sinais precoces da uremia. O diagnóstico pode ser firmado pelo conjunto dos achados clínicos e, laboratoriais em exames de sangue (uréia, creatinina, bicarbonato, sódio, potássio, ácido úrico, cálcio e fósforo) e urina (sedimento urinário, sódio, creatinina, osmolaridade) (THADHANI et al., 1996). Como estratégia terapêutica, a utilização de diuréticos como manitol e furosemida, pode ser indicada para aumentar o volume urinário. O controle dos vômitos e o tratamento da hiperacidez gástrica devem ser constantes e podem ser realizados, respectivamente com inibidores da zona quimiorreceptora do gatilho, tais como a metoclorpramida, e antagonistas H2, como ranitidina e cimetidina. Recomenda-se que sejam tomadas precauções contra processos infecciosos

através do uso de antibioticoterapia, além da administração de relação calórico/protéica adequada, evitando-se restrições alimentares severas (DRUML e MITCH, 1999). A lactulose é um dissacarídeo utilizado em humanos para o tratamento da encefalopatia hepática (DE PRETER et. al., 2006). Este açúcar é assimilado por bactérias sacarolíticas do trato intestinal e estas diminuem por competição a população de bactérias produtoras de urease (AL SIBAE e MCGUIRE, 2009), o que reduz a absorção intestinal de amônia e consequentemente a produção de uréia pelo ciclo hepático. O presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos da utilização de lactulose como um adjuvante no tratamento de cães com Insuficiência Renal.

MATERIAL E MÉTODOS Em ensaio experimental foram utilizados 11 cães oriundos do Laboratório de Quimioterapia Experimental em Parasitologia Veterinária da UFRRJ, portadores de enfermidade crônica determinante de anemia normocítica normocrômica e trombocitopenia, sem alterações bioquímicas sugestivas de insuficiência renal ou hepática. Estes foram divididos em grupos, sendo o Grupo I (controle) constituído por cinco animais não tratados, e o Grupo II por seis animais tratados com lactulose na dose de 1 ml/ kg de peso, em intervalos aproximados de12 horas, por 30 dias. Coletas de sangue em frascos sem anticoagulante e urina por cateterização foram realizadas nos dias 0 e 30. Em ensaio clínico foram avaliados nove cães, de diferentes raças e idade superior a sete anos, sendo seis fêmeas e três machos, atendidos na rotina ambulatorial de uma clínica veterinária, com valores elevados de uréia e/ou creatinina e manifestações clínicas de nefropatia, que receberam o tratamento de suporte adequado à condição clínica no momento da consulta e tratamento

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com lactulose, por via oral, na dose de 1 ml/Kg, a cada 12 horas, durante 30 dias. Coletas de sangue em frascos sem anticoagulante foram realizadas nos dias zero (D0) e trinta (D30) de tratamento. Do sangue após coagulação, obtiveram-se amostras de soro, que foram utilizadas para mensuração das concentrações de uréia por método enzimático colorimétrico e creatinina através de método colorimétrico em espectrofotômetro semi-automático, utilizando-se kits comerciais, segundo especificação do fabricante.

RESULTADOS Os animais dos grupos controle (G1) e sem IR tratados com lactulose (G2) não apresentaram alterações significantes dos parâmetros avaliados após 30 dias de tratamento. Por outro lado, os animais do ensaio clínico, em média (Quadro 01) e individualmente apresentaram redução dos valores séricos de uréia e creatinina com significância estatística pelo Teste T com 95% de confiança. Quadro 01: Valores médios de uréia e creatinina no soro sanguíneo de cães sem sinais clínicos e alterações bioquímicas indicativas de insuficiência renal (IR), não tratados (G1) e tratados com lactulose (G2), e animais com sinais de IR e valores de uréia e creatinina elevados (G3).

Uréia Creatinina

G1 G2 G3 G1 G2 G3

D0 32,8 32,3 226,7 0,66 0,8 3,4

D30 34,8 32,8 77,4 0,72 0,7 1,6

DISCUSSÃO A lactulose como pré-biótico demonstrou capacidade de modulação do metabolismo de compostos nitrogenados a nível intestinal (DE PRETER et. al., 2006), fato este confirmado pelo seu uso para controle da produção de uréia e amônia em humanos com Insuficiência Hepática (RYCROFT, 2001). Os dados Os dados oriundos deste estudo demonstram o potencial de redução de valores séricos de compostos nitrogenados no sangue pelo pré-biótico testado em cães com IR, porém ainda é necessário um maior aporte de dados para conclusões mais consistentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AL SIBAE, M.R.; MCGUIRE, B.M. Current trends in the treatment of hepatic encephalopathy. Therapeutics and Clinical Risk Management, v.5, p.617-626, 2009. DE PRETER, V.; VANHOUTTE, T.; HUYS, G.; SWINGS, J.;RUTGEERTS, P.; VERBEKE, K. Effect of lactulose and Saccharomyces boulardii administration on the colonic urea-nitrogen metabolism and the bifidobacteria concentration in healthy human subjects. Alimentary Pharmacology & Therapeutics, v. 23, p. 963–974. 2006. DRUML, W.; MITCH, W.E. Nutritional management of acute renal failure. In: BRADY, H.R; WILCOX, C.S. (Ed.). Therapy in nephrology and hypertension. Philadelphia: W.B. Saunders; 1999. p.65. FORRESTER, S.D. Nefropatias e Ureteropatias. In BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunder Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2003. RYCROFT, C.E.; JONES, M.R.; GIBSON,

G.R.; A comparative in vitro evaluation of the

fermentation properties of prebiotic

oligosaccharides. Journal of Applied

Microbiology, v.91, p. 878–887, 2001.

SMEAK, D. Distúrbio do Sistema Urogenital. In. BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunder - Clinica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2003. cap.8, p. 1001-1008. THADHANI, R.; PASCUAL, M.; BONVENTRE, J.V. Acute renal failure. New England Journal Medicine, v.334, p.1448-1460, 1996.

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PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO VIRTUAL PARA APOIO AO ENSINO DE ANATOMIA ANIMAL

¹SILVA, André Luiz Blaschikoff da; ¹PINTO, Juliana Velloso; ¹BADARÓ, Emanuel Mendes; ²LOPES, Paulo Roberto Bernardes; ³ALONSO, Luciano da Silva

¹ Membro do Grupo PET. Graduando em Medicina Veterinária da UFRRJ.² Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor Associado do Departamento de Biologia Animal da UFRRJ.

³ Doutor em

Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor Adjunto do Departamento de Biologia Animal da UFRRJ.

Tutor do Grupo PET Medicina Veterinária UFRRJ - SESu/MEC.

Palavras chave: web 2.0, flickr, esplancnologia

Introdução

Na contemporaneidade, a crescente

evolução de tecnologias da informação e comunicação vem transformando a sociedade (FONSECA et al., 2009). Dentre elas, a criação da internet e posterior evolução da mesma com o meio da web 2.0, onde ocorre maior interação entre o usuário e o conteúdo virtual. Em especial, imagens fotográficas servem de maneira plausível no aprendizado, pois promovem maior eficácia na memorização em situações diversas, ganhando valor frente a conteúdo didático confeccionado exclusivamente na forma de texto. É um ditado anatômico de que a forma é a imagem plástica da função e no estudo da anatomia a imagem tem valor fundamental na compreensão das estruturas anatômicas.

A composição e o equilíbrio dos elementos numa imagem exercem um papel importante na criação de significados. Por isso os autores sugerem uma estrutura para a exploração dos visuais que considere os aspectos culturais e contextuais de uma imagem, além das características lingüísticas, que figurem como códigos cuja função é desempenhar uma determinada relação com o observador (O´TOOLE 1994), citado por Procópio (2009). Assim se obtém relação visual única, melhorada entre o observador, que nesse caso pode é representado pelo estudante, e o produto final, que é o material didático. Desta interação é possível melhor compreensão sobre diversos aspectos do aprendizado, a saber: raciocínio, capacidade de memorização, confiança, dentre outros que trazem confiabilidade nos momentos em que se torna necessário o uso desse conhecimento.

No preparo de um material didático com recursos primariamente visuais, como neste caso o uso de fotos de qualidade, obtidas a partir de peças anatômicas utilizadas em aulas práticas de anatomia animal, é fundamental que as posições das peças

anatômicas estejam próximas da realidade quanto à forma e posição em que as estruturas estão dispostas no organismo vivo. Claro que em determinadas estruturas isso não é possível, porém torna-se válido as diferentes fotos em ângulos variados para demonstrar aos estudantes, detalhes ricos e de importância para a compreensão.

Com a obtenção das fotos, é possível editar cada utilizando programas de edição conceituados para adicionar textos informativos, demonstrar detalhes específicos de determinadas espécies na imagem e salientar a importância de alguma parte da peça que importe do ponto de vista funcional. Com essa edição, o resultado visual é melhorado drasticamente com grande riqueza de detalhes informativos que possibilitam a fácil compreensão da importância de se frisar pontos específicos em uma imagem agregando valor educacional. Posteriormente objetiva-se adicionar as fotos editadas em um site de fotos com suporte para web 2.0 e posterior acréscimos de notas.

Material e Métodos

Com o objetivo de contribuir com a

oferta de material imagético de anatomia para os alunos matriculados na disciplina de Anatomia Animal II, ofertada ao curso de medicina veterinária da UFRRJ, idealizou-se o presente trabalho. Foram fotografadas, em máquina digital, peças anatômicas relacionadas ao estudo da esplancnologia de animais mamíferos domésticos, com ênfase nos sistemas digestório, respiratório e urogenital, obtendo-se aproximadamente 500 fotos para edição. As peças anatômicas estavam fixadas com formol à 10% e preparadas em cortes diversificados em relação às estruturas. De acordo com o sistema orgânico, as fotos foram separadas e todas foram redimensionadas e salvas em um mesmo formato (.jpeg) para que cada foto não ficasse com mais de 1 megabyte. Com todas

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padronizadas, o processo de edição visual foi iniciado acrescentando detalhes para identificação das peças com inserção de legendas segundo a Nomina Anatomica Veterinária (International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature, 2005), assim como a identificação do espécime do qual pertence a imagem.

Após a edição das fotos, estas foram adicionadas no site Flickr do Grupo Yahoo <http://www.flickr.com/photos/anato2petmvufrr/ > e acrescidas de notas explicativas em detalhes que exigiram comentários para maior compreensão. As notas explicativas foram feitas utilizando recursos adicionais do próprio Flickr, consistindo em mais uma possibilidade de edição para fotos previamente editadas em outros programas de edição de fotos, o que facilita a utilização desta ferramenta no preparo de material didático.

Resultados e Discussão

Com o resultado final da edição,

obteve-se um material encorpado em termos qualitativos e quantitativos, com apreciação considerável por parte do público alvo que obteve dessa forma um novo meio de estudo, melhorando de forma geral o aprendizado.

O número de acessos no site, registrado após dois semestres de utilização, foi: sistema digestório (450), sistema respiratório (264) e sistema urinário (169), sistema genital masculino (78), sistema genital feminino (23) e sistema nervoso (5).

É visível que os estudantes atuais estão inclinados ao estudo por meio do computador, com maior nível de atenção aos detalhes se comparado ao modo tradicional. O material é disponibilizado na rede ao longo de todo o semestre e a disciplina alvo, no primeiro semestre concluído com a utilização do site, teve reprovação em torno de 10% dos alunos matriculados, contra um índice de reprovação entre 20 e 25% historicamente observados na referida disciplina. Considerando que não houve alteração no conteúdo programático nem no formato das avaliações, assim como os professores foram os mesmos durante o período de comparação, pode-se inferir uma correlação positiva com os benefícios na apropriação de conteúdos de anatomia, por parte dos alunos usuários do material.

Conclusão

O material didático de anatomia

animal disponibilizado através da ferramenta Flickr através da internet pode ter beneficiado

os estudantes com melhoria no processo ensino aprendizagem.

Referências Bibliográficas

FONSECA, LMM; GOÉS, FSN; FERECINI, GM; LEITE, AM; MELO, DF; SCOCHI, CGSl. Inovação tecnológica no ensino da semiotécnica e semiologia em enfermagem neonatal: do desenvolvimento à utilização de um software educacional. Texto contexto - enferm. vol.18 n.3 Florianópolis July/Sept. 2009. International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature. NOMINA ANATOMICA VETERINARIA, 5 ed. 2005, Disponível em: http://www.wava-amav.org/nav_nev.htm Acesso em 22/08/2011. O’TOOLE, M. The language of displayed art. London: Leicester University Press, 1994.

PROCÓPIO, RB; SOUZA, PN. Os recursos visuais no ensino-aprendizagem de vocabulário em língua estrangeira. Acta Scientiarum. Language and Culture. Maringá, v. 31, n. 2, p. 139-146, 2009.

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ACHADOS ULTRASSONOGRÁFICOS NO DIAGNÓSTICO DE EFUSÃO PLEURAL EM PEQUENOS ANIMAIS: RELATO DE CASO.

1SOARES, Denise do Vale;

2MENEZES, Márcia Souza; OLIVEIRA,

2Elis Carvalho; SILVA,

3André

Luiz Blaschikoff da; 4AMADO, Luciana Vasconcelos

1Bolsista de Monitoria UFRRJ, Discente do Curso de Medicina Veterinária;

2Discente do Curso de Medicina

Veterinária, 3Bolsista do Grupo PET UFRRJ, Discente do Curso de Medicina Veterinária;

4Professora Substituta

do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária no Instituto de Veterinária, UFRRJ.

Palavras chave: Diagnóstico por imagem, ultrassonografia, cão

Introdução

Uma das anormalidades comuns da cavidade pleural no cão e gato compreende acúmulo de líquido também chamado de efusão pleural (NELSON e COUTO, 2006). A intolerância ao exercício nos animais acometidos por esse tipo de afecção é um sinal precoce, mas, com a cronicidade, é possível observar angústia respiratória evidente. Os achados clínicos normalmente encontrados são: aumento da freqüência respiratória, aumento do esforço inspiratório em relação ao expiratório, incremento dos movimentos abdominais e diminuição dos ruídos respiratórios à auscultação (NELSON e COUTO, 2006).

A presença de efusão pleural no cão e no gato costuma ser confirmada pelos achados na radiografia torácica ou na toracocentece (NELSON e COUTO, 2006). Entretanto, a avaliação ultrassonográfica tornou-se um recurso muito valioso nas alterações torácicas, em que densidades líquidas e sólidas se interpõem entre a parede torácica e o pulmão, tornando-se um meio excelente para transmissão de ondas sonoras, fazendo com que esse método fosse utilizado para o diagnóstico de efusão pleural (FERREIRA et al., 2005). Além disso, a ultrassonografia também é utilizada por ser de rápida realização, relativamente barata, não invasiva, não emite radiação ionizante e que irá permitir tanto a avaliação da morfologia dos órgãos presentes na cavidade torácica quanto servir de guia para a introdução da agulha no momento da toracocentese (SOUZA, 1999).

A avaliação ultrassonográfica deve ser realizada após tosquia apropriada da pelagem da região torácica, da aplicação de gel de contato acústico e poderão ser utilizadas as janelas acústicas intercostal, paraesternal, cardíaca, entrada torácica e subcostal (NYLAND et al., 2005). O animal poderá estar posicionado em decúbito lateral, esternal, dorsal ou em posicionamento quadrupedal ou sentado. Geralmente utiliza-se transdutores

lineares ou microconvexos de alta freqüência sendo os de 5MHz a 7,5MHz os de eleição (NYLAND et al., 2005). Uma efusão pleural aparecerá na ultrassonografia como uma coleção hipoecóica ou anecóica imediatamente acima do diafragma.

Como todo exame de diagnóstico por imagem, a ultrassonografia torácica apresenta vantagens e limitações. A principal vantagem é que a presença de líquido pleural na cavidade torácica facilita a avaliação ultrassonográfica dessa região, pois proporciona uma excelente janela acústica para a visualização da maioria das estruturas intratorácicas fato que não seria possível com o uso da radiografia torácica (NYLAND et al., 2005). Além disso, é eficiente na precisão do local da toracocentese, até mesmo nas pequenas coleções líquidas diminuindo, assim, a perfuração de órgão como os pulmões o que poderia causar problemas como o pneumotórax. Entretanto, a ultrassonografia é limitada por barreiras como os pulmões cheios de ar que poderiam formar artefatos denominado de reverberação que prejudicaria a precisão da avaliação, ossos do tórax que formam intensa sombra acústica na imagem ultrassonográfica e pneumotórax (NYLAND et al., 2005).

O objetivo do presente trabalho é relatar o uso do exame ultrassonográfico como auxílio no diagnóstico de efusão pleural utilizando avaliação realizada em um cão que apresentava desconforto respiratório.

Material e Métodos

É relatado o caso de um animal da espécie canina, fêmea, raça Cocker e 10 anos de idade, que havia passado por cirurgia de retirada da cadeia mamária total e bilateral há cerca de três meses. Nessa época foram realizados exames pré-operatórios e não foi detectado metástase. Após a cirurgia foi submetida à quimioterapia. Terminada a última sessão de quimioterapia, a cadela foi encaminhada para avaliação ultrassonográfica do abdome e radiográfica do tórax para

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pesquisa de metástase. O exame ultrassonográfico foi realizado primeiro e durante o procedimento a paciente apresentou importante desconforto respiratório, sem evoluir para cianose de mucosas. A avaliação foi realizada com uso de aparelho de ultrassonografia da modelo Logic P5 da GE usando transdutor linear com freqüência superior à 7,5 MHz.

Durante a avaliação da silhueta hepática, notou-se presença de líquido localizado atrás do diafragma, caracterizando efusão lateral bilateral como mostram as figuras 1 e 2. Não houveram imagens ultrassonográficas que caracterizassem a presença de efusão na cavidade abdominal, entretanto, pequenos nódulos foram encontrados no fígado podendo tratar-se de metástases ou de áreas de regeneração hepática.

Figura 1: Presença de região anecóica entre o parênquima pulmonar e o ângulo costo-frênico evidenciando efusão pleural.

Figura 2: Presença de grande região anecóica entre as costelas e o parênquima pulmonar evidenciando efusão pleural.

Resultados e Discussão

A efusão pleural foi reconhecida durante a avaliação através da formação de imagens anecóicas dentro do espaço pleural, entre a parede torácica ou diafragma e pulmão.

O exame ultrassonográfico da cavidade torácica nesse caso contribuiu para a caracterização desta enfermidade, de forma rápida e indolor. Entretanto, esse tipo de diagnóstico por imagem possuem limitações como os ossos do tórax, pulmões cheios de ar e pneumotórax que poderiam prejudicar a avaliação ultrassonográfica dessa região. Além disso, para a realização dessa avaliação, é importante a utilização de um aparelho de ultrassonografia de qualidade e a escolha correta do tipo e freqüência dos transdutores levando sempre em consideração o tamanho do paciente.

Conclusões

O presente trabalho permitiu ressaltar

a importância da avaliação ultrassonográfica para o diagnóstico de efusão pleural. Este é um método de diagnóstico por imagem que, apesar de suas limitações, é cada vez mais usado como ferramenta de auxílio para o clínico veterinário, contribuindo não somente para o diagnóstico como também auxiliando o procedimento de toracocentese durante o atendimento dos seus pacientes.

Vale ressaltar que o uso da ultrassonografia torácica para o diagnóstico de efusão pleural em pequenos animais é um método de diagnóstico complementar que deve ser sempre correlacionado com a clínica do paciente e com outros exames complementares como a radiografia torácica. Além disso, a ultrassonografia não permite distinguir o tipo de efusão que está ocorrendo sendo necessária, portanto, a toracocentese para fazer essa distinção.

Referências Bibliográficas

FERREIRA, AC; FILHO, FM; BRAGA, T; FANSTONE, DG; CHODRAUI, ICB; ONARI, N. Papel da Ultra-sonografia na avaliação da efusão pleural. Radiologia Brasileira. volume 39 (2). p. 145-150. 2006.

NELSON, RW; COUTO, CG. Manifestações Clínicas da Doença Mediastinal e da Cavidade Pleural (3ª edição). Fundamentos de Medicina Interna de

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Pequenos Animais: Rio de Janeiro, 2006. p. 305-309.

NELSON, RW; COUTO, CG. Testes Diagnósticos para a Cavidade Pleural e o Mediastino (3ª edição). Fundamentos de Medicina Interna de Pequenos Animais: Rio de Janeiro, 2006. p. 311-316.

NYLAND, TG; MATTON, JS. Tórax (2ª edição). Ultra-som Diagnóstico em Pequenos Animais: São Paulo, 2004. p. 337-364.

SOUZA, AS. Curso de Diagnóstico Por Imagem do Tórax. Capítulo II: Imaginologia da Pleura. Jornal de Pneumologia. volume 25 (2), p. 102-113. 1999.

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AÇÕES DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA EM ÁREAS DE RISCO SOCIAL NA BAIXADA FLUMINENSE: EXPERIÊNCIAS DE ESTUDANTES DE MEDICINA

VETERINÁRIA DA UFRRJ NOS MUNICÍPIOS DE SEROPÉDICA E PARACAMBI (RJ)

1CID, Gabriela de Carvalho;

1MACHADO, Nathalia de Souza;

1SILVA, André Luiz Blaschikoff

da; 2ALONSO, Luciano da Silva.

1

Membro do Grupo PET. Graduando em Medicina Veterinária da UFRRJ; 2

Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor Adjunto do Departamento de Biologia Animal da UFRRJ.

Tutor do

Grupo PET Medicina Veterinária UFRRJ - SESu/MEC.

Palavras-chave: sanidade animal, educação sanitária, PET.

Introdução

A educação sanitária é uma prática

educativa que visa induzir a população a adquirir hábitos que promovam a saúde em todos os sentidos, a partir de cuidados básicos com a saúde individual e do meio ambiente (SUBCOORDENADORIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE NATAL/RN, 2007). O médico veterinário no exercício de suas atribuições é responsável, dentre outras, pela prática clínica, assistência técnica e sanitária aos animais, planejamento e execução da defesa sanitária animal e prevenção, controle e erradicação de agravos à saúde animal e das zoonoses. Na saúde pública, atua na educação sanitária, principalmente, na higiene dos alimentos e no controle das zoonoses, mantendo a saúde da população animal e as condições ambientais, através da orientação da população humana, visando o bem estar físico e mental do homem. Tais ações são realizadas através da educação sanitária por intermédio de ações coletivas e educativas por meio de cursos, palestras, seminários, entre outros, a fim de educar e desenvolver uma consciência critica na população. Essa capacidade de “educar”, do Médico Veterinário, tem como base sua formação acadêmica sólida e humanista capaz de formar profissionais generalistas e críticos, sendo capazes de compreender as necessidades dos indivíduos e dos grupos sociais e os permite superar os desafios e dinamizar a construção do conhecimento e assim melhorar o diálogo entre as diferentes áreas do saber. Este estudo teve como intenção a análise de ações de extensão com caráter coletivo em escolas, praças e comunidades visando o conhecimento básico com ênfase na educação sanitária, promoção da saúde humana e animal em dois municípios da Baixada Fluminense: Seropédica e Paracambi.

Material e Métodos

O desenvolvimento das atividades

ocorreu através de visitas a duas comunidades, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia nos anos de 2009 e 2010, além de apresentações em duas praças públicas e a uma escola nos anos de 2009 e 2010. As atividades contaram com a colaboração do Grupo PET Medicina Veterinária e de discentes e docentes do curso que se prontificaram para a confecção de pôsteres e panfletos sobre temas variados, tais como: esquema de vacinações animais, saúde, doenças e zoonoses, cartilhas e panfletos abordando a posse responsável, os cuidados básicos com os animais e nutrição caseira animal. O material de divulgação foi distribuído em praças públicas do município de Seropédica (RJ) e na comunidade do Sabugo em Paracambi (RJ). A visita à comunidade do Sabugo, contou ainda, com atendimento ambulatorial de animais pelos petianos, sob a supervisão de um médico veterinário responsável, além da coleta de sangue de cães e equinos para análise de hematócrito e esfregaço sanguíneo in loco sob o acompanhamento dos proprietários e moradores. Através de uma apresentação teatral no CAIC, com alunos dos jardins 2 e 3, buscou-se passar o conhecimento sobre higiene, cuidados importantes com seus animais, incluindo formas adequadas de brincar com os animais, além da importância do acompanhamento Médico Veterinário para a realização de vacinações e vermifugações e a retirada das fezes dos animais pelo proprietário durante os passeios em locais públicos.

Resultados e Discussão

Os municípios, de Paracambi e

Seropédica (RJ), foram escolhidos em função

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de suas características de perfil semi-urbano e pelo baixo índice de desenvolvimento humano e social nas comunidades em que o trabalho foi realizado, permitindo à população o alcance de informações e esclarecimentos acerca de assuntos relacionados à saúde humana e animal. Além do mais possibilitou a integração de docentes e discentes do curso de Medicina Veterinária no desenvolvimento de atividades que colocam em prática tudo àquilo que é debatido em sala de aula e a convivência com a realidade da profissão.

Conclusão

Tais ações se tornam gratificantes e

estimulantes, pois ao final das mesmas perceber-se a conscientização e o reconhecimento do público alvo que busca a troca de informações e experiências passando a observar a Universidade como um local de apoio a seu aprendizado e conhecem a importância da atuação do Médico Veterinário na promoção da saúde animal e humana, contribuindo com a prevenção de doenças e acidentes com animais.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Decreto n 5.741, de 30 de

março de 2006. Regulamenta os artigos 27-A, 28-A e 29-A da Lei no 8.171, de 17 de janeiro de 1991, organiza o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5741.htm Acesso em 15/08/2011.

BRASIL. Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968. Dispõe sobre o exercício da profissão de médico-veterinário e cria Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5517.htm Acesso em 12/08/2011

SUBCOORDENADORIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE NATAL/RN. Guia para implantação da vigilância sanitária municipal: uma orientação aos gestores. 2007. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/institucional/snvs/descentralizacao/guia_implantacao_visa.pdf Acesso em 15/08/2011.

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MASTITE BOVINA POR Arcanobacterium pyogenes: ESTUDO DE SEIS CASOS

1LIMA, Diego Medeiros;

2BOTTEON, Rita de Cássia Campbell Machado;

3OLIVEIRA, Ângela de;

4PEREIRA, Ingrid Estevam;

5BRASILEIRO, Lucas Santiago Gomes.

1.Doutorando do PPGMV, IV, UFRRJ; 2.DMCV, I.V, UFRRJ; 3.DMIV, IV, UFRRJ; 4.Graduanda, Medicina

Veterinária, IV, UFRRJ. 5.Médico Veterinário Autônomo.

Palavras chaves: vaca, mastite, Arcanobacterium pyogenes

INTRODUÇÃO

Arcanobacterium pyogenes, classificado

anteriormente como Actinomyces pyogenes e Corynebacterium pyogenes, normalmente é uma bactéria comensal das mucosas (RAMOS et al., 1997) que pode estar envolvido em casos de pneumonia, endocardite e endometrite, entre outras doenças (RADOSTITS et al., 2007).

As infecções mamárias por A. pyogenes em vacas são caracterizadas por processos purulentos de difícil tratamento. A contaminação ocorre por objetos perfurocortantes, contaminação por moscas; utensílios de ordenha (COSTA et al., 2000) ou pelo hábito das novilhas de mamar entre si (DOMINGUES et al., 2008). A infecção mamária é frequente em locais com excesso de umidade, acúmulo de sujidades e matéria orgânica, particularmente no ambiente da pré e pós-ordenha (DOMINGUES et al., 2008), caracterizando o microrganismo como agente ambiental (RADOSTITS et al., 2007).

A mastite por A. pyogenes geralmente caracteriza-se por dor, edema, formação de nódulos e abscessos isolados ou múltiplos, e leite com aspecto denso, purulento e odor desagradável. Ocasionalmente são observados agalaxia e sinais sistêmicos, como febre, e anorexia (COSTA et al., 2000). Na ausência de tratamento adequado pode evoluir para a perda do quarto mamário afetado, septicemia e morte do animal (RADOSTITS et al., 2007).

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo investigou a ocorrência

de mastite clínica por A. pyogenes em uma propriedade leiteira no município de Quixeramobim, CE, no mês de junho de 2011, a qual apresentava histórico de ocorrência de mastite clínica, aliado a baixa eficiência do tratamento intramamário das vacas. O rebanho era constituído de 498 animais da raça Gir-Holando, sendo 250 vacas em lactação e produção diária de 4000 litros/dia. Os animais eram criados em sistema semi-intesivo com ordenha mecânica. As afecções ocorreram no início da estação seca com pouca precipitação pluviométrica e baixo acúmulo de barro nas imediações da sala de ordenha, condição incomum para esta infecção (RADOSTITS et al.,

2007) O diagnóstico de mastite clínica foi firmado nos animais que apresentaram leite com alterações ao teste da caneca telada, sinais de inflamação na glândula mamária e/ou sistêmicos (RADOSTITS et al., 2007). Dos quartos afetados foram coletadas amostras em frascos estéreis, mantidas congeladas por 72 horas e encaminhadas ao Laboratório de Bacteriologia do DMIV/IV/UFRRJ onde foram processadas.

As amostras foram semeadas em ágar sangue bovino desfibrinado (5%) e ágar MacConkey, incubadas em aerobiose, a 37°C e observadas durante 3 dias. A identificação foi feita com base nas características morfotintoriais e bioquímicas (KONEMAN et al., 2008, KRIEG e HOLT, 1984). O perfil de sensibilidade foi realizado pela técnica de difusão com discos (NMC, 2000), utilizando-se antimicrobianos disponíveis para terapia intramamária: cefalexina (30µg), cefoperazone (75µg), espiramicina (100µg), gentamicina (10µg) e neomicina (30µg).

Os animais foram tratados segundo a disponibilidade de medicamentos no comércio com aplicação intramamária de uma bisnaga a cada 24 horas por 3 dias consecutivos após esgotamento total do quarto afetado. Foram utilizados produtos comerciais compostos de: (A) Sulfato de Neomicina 2% e 76923 UI/ml de Adipato de Espiramicina e (B) sulfato de gentamicina 1,5%. Quatro dias após a última aplicação, os animais foram reavaliados pela caneca de fundo escuro. Os resultados foram comparados com os testes de sensibilidade realizados antes do início do tratamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao exame clínico não foram observados

sinais sistêmicos. Na inspeção percebeu-se edema, hipertermia e dor à palpação. O diagnóstico de mastite clínica foi firmado pela presença de grumos ou secreção purulenta, densa e fétida em 21 quartos mamários. Das 21 amostras submetidas ao cultivo seis (28,6%) apresentaram colônias diminutas, ß-hemolíticas, convexas e translúcidas no Ágar-sangue. No ágar MacConkey não houve crescimento. Foram observados bastonetes pleomórficos, Gram positivos, catalase negativos e Camp Test positivos frente ao Staphylococcus aureus e assim classificados como A. pyogenes, sendo

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um oriundo de caso agudo e cinco de casos crônicos com tratamentos intramamários anteriores com Cefoperazone sódico 2,5% e Sulfato de cefquinoma 8,89%.

O perfil de sensibilidade in vitro revelou resistência aos cinco antimicrobianos testados em metade das amostras. Nas outras três amostras não houve crescimento não sendo possível o resultado. Não houve melhora clínica em nenhum dos quartos tratados.

O A. pyogenes apresenta um arsenal de mecanismos de virulência, que contribuem para seu potencial patogênico e determinam uma resposta inflamatória intensa. No presente estudo, o agente foi isolado de 6 dentre 21 quartos mamários da mesma propriedade, representando 28,6% dos casos. Alguns autores afirmam que mastites por A. pyogenes raramente ocorrem em alta frequência. Wilson et al. (1997) descreveram A. pyogenes em 0,3% da casuística de mastite em vacas nos EUA. No Brasil, COSTA et al. (1998) indicaram a participação de A. pyogenes em 0,4% de 736 casos de mastite bovina. MOTTA et al. (2001) isolaram A. pyogenes em 17,1% dos clínicos e subclínicos, caracterizando a participação incomum do A. pyogenes sob a forma de surto.

Segundo RADOSTITS et al. (2007) e SANTOS e FONSECA (2007), A. pyogenes acomete principalmente novilhas, vacas no período seco e, menos frequentemente, vacas em lactação. Neste estudo os casos ocorreram exclusivamente em vacas em lactação.

O microorganismo revelou-se resistente a todos os antibióticos testados persistindo o quadro infeccioso após o tratamento. Essa baixa efetividade no tratamento foi relatada por COSTA et al. (2000) e SANTOS e FONSECA (2007). A refratariedade do A. pyogenes aos tratamentos pode ser creditada à estrutura do piogranuloma mamário, constituído por cápsula de tecido conjuntivo que reveste os abscessos, além do conteúdo denso que limita a ação de antimicrobianos em concentrações terapêuticas no interior do foco infeccioso (RIBEIRO, 2008), ou pela viabilidade intracelular do microrganismo (RADOSTITS et al., 2007). Diante da ineficácia do tratamento convencional, recomenda-se a secagem das fêmeas acometidas e a ablação química (com iodo 10%) dos quartos afetados ou mesmo o descarte dos animais (RIBEIRO, 2008).

CONCLUSÕES

Casos suspeitos de A. pyogenes devem

ser criteriosamente avaliados e tratados, sob risco da disseminação e desenvolvimento de resistência múltipla.

REFERÊNCIAS

COSTA, E.O. Importância da mastite na

produção leiteira do país. Revista de Educação Continuada-CRMV-SP, v. 1, n. 1, p 3-9, 1998.

COSTA, E.O.; RIBEIRO, A.R.; WATANABE, E.T. Infectious bovine mastitis caused by environmental organisms. J. Vet. Med., v.45, p.65-71, 1998.

COSTA, E.O.; RIBEIRO, A.R.; WATANABE, E.T. Mastite por Arcanobacterium pyogenes: surto em rebanho de gado de corte. Rev. Núcleo Apoio Pesq. Gland. Mamária Prod. Leiteira, v.1, p.08-12, 2000.

DOMINGUES, P.F.; FERREIRA, B.L.S.; GALDINO, M.C. Mastite em bezerra por Arcanobacterium pyogenes - Relato de caso. Rev. Vet. Zootec., v.15, p.257-262, 2008.

KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M.; Diagnóstico microbiológico. Guanabara Koogan, 6 ed., 1488p., 2008.

KRIEG, N.R.; HOLT, J.G. (Eds). Bergey’s manual of systematic bacteriology. London: Williams & Wilkins, 984p., 1984.

MOTTA, R.G.; RIBEIRO, M.G; PERROTTI, I.B.M; MOTTA, D.G; LUCAS, T.M.; Surto de mastite bovina causada por Arcanobacterium pyogenes. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte, v. 63, n. 3, June 2011.

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RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W. Veterinary medicine: A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. 2156p.

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SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 314p., 2007.

WILSON, D.J.; GONZALES, R.N.; DAS, H.H. Bovine mastitis pathogens in New York and Pensilvania: prevalence and effects on somatic cell count and milk production. J. Dairy Sci., v.80, p.2592-2597, 1997.

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CISTO DENTÍGERO EM EQUINO – RELATO DE CASO

1SOUZA, Bruno Gonçalves;

2ARAUJO, Paula Carvalho Machado;

3OLIVEIRA, Gabriela Ferreira;

4VEIGA, Cristiano Chaves Pessoa;

4COSTA

Gilberto Araújo;

5ROIER, Érica Cristina Rocha;

6SEPPA,

Gilberto Santos

1MV, Doutorando – UFF;

2MV, Residente R1 – UFRRJ;

3MV, Mestranda, PPGMV/UFRRJ;

4MV autônomo;

5DSc,

Professora Substituta, DMCV/UFRRJ; 6MV, HVGA/UFRRJ

Palavras-chave: cavalo, dente auricular, poliodontia heterotópica.

INTRODUÇÃO

Cisto dentígero é um tipo de Poliodontia heterotópica, uma afecção congênita pouco comum em eqüinos, tendo sido relatada em animais de todas as idades, porém mais freqüente em animais jovens de até três anos de idade. É conhecido também como cisto odontogênico, dente auricular, fístula auricular e, às vezes, equivocadamente como teratoma (Scott, R. et al. 1993). Ocorrem devido a um retardo no fechamento da primeira fenda branquial durante a embriogênese e possivelmente a migração e inclusão de tecido dentário ectópico na área (DeBowes & Gaughan, 1998).

Em sua maioria, os cistos dentígeros em eqüinos localizam-se na região temporal e manifestam-se clinicamente por um aumento de volume nesta região devido ao aparecimento de um cisto contendo uma ou mais estruturas dentárias, que acumula exsudato que é drenado por uma fístula próxima ao pavilhão auricular (Gardner, 1993). Possui como diagnóstico diferencial: presença de corpos estranhos, lesões abcedativas em geral e hematomas (Easley, et. al. 2010).

O diagnóstico se baseia nos achados clínicos e radiográficos, onde é possível perceber a presença de estruturas radiopacas, com características dentárias e intimamente ligadas ao osso temporal. As radiografias contribuem ainda para a localização correta e para uma melhor avaliação pré-operatória (Gibs,1999). O diagnóstico definitivo depende de avaliações histopatológicas das estruturas envolvidas (Easley, et al. 2010).

O tratamento indicado é a exérese cirúrgica intra-capsular, com o paciente sob anestesia geral, de todas as estruturas dentárias ectópicas (Verstreat, 1999). As principais complicações associadas à cirurgia incluem: traumatismos e concussões cranianas, hemorragias severas e danos ao meato auditivo (Hunt, 1991), além de paralisia do nervo facial (Duarte et al. 2008).

RELATO DE CASO

No dia 23 de junho de 2011, foi encaminhada ao Hospital Veterinário de Grandes Animais (HVGA) da UFRRJ uma potra, Pampa, de dois anos de idade, apresentando um aumento de volume na região temporal direita e uma fístula próxima ao pavilhão auricular direito drenando exsudato muco-purulento (Figura 1A). O animal foi diagnosticado como portador de um abcesso simples. Como tentativa de tratamento foi realizada drenagem e lavagem da lesão, além da administração de antibiótico e antiinflamatório não esteroidal sistêmicos. Após quinze dias de tratamento, houve recidiva da lesão e o animal foi encaminhado para o HVGA.

No HVGA foi realizado exame físico completo do animal não observando-se alterações nos parâmetros clínicos e fisiológicos, além da presença da fístula secretora localizada próxima ao pavilhão auricular e de uma estrutura cística com conteúdo flutuante, com volume aproximado de 100 cm3, aderida ao osso temporal direito do paciente, que parecia estar acometido por uma reação inflamatória proliferativa, pois podia-se perceber, à palpação, a presença de estruturas firmes, de consistência óssea, na base da lesão cística e firmemente aderida ao osso temporal. Como auxílio diagnóstico, foram solicitados: exame hematológico de rotina e exame radiográfico da região afetada do crânio.

O hemograma revelou apenas leucocitose moderada com desvio regenerativo, sem qualquer outra alteração tanto no leucograma quanto no eritrograma. Não foram observadas alterações nos valores enzimáticos do perfil bioquímico hepático e renal. A radiografia revelou a presença de estruturas radiopacas dentiformes intimamente ligadas ao osso temporal direito do paciente (Figura 1B), sugerindo tratar-se de poliodontia heterotópica/cisto dentígero.

Foi realizada inspeção minuciosa da cavidade oral do paciente, não evidenciando-se qualquer alteração com relação ao número e ao posicionamento dos dentes nas arcadas, nem tampouco doenças odontológicas graves.

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O paciente foi então encaminhado para cirurgia de exérese do provável cisto. O animal foi submetido à anestesia geral endovenosa (“triple drip”), sendo monitorado com relação à freqüência cardíaca e respiratória, pressão arterial invasiva, ECG, capinografia e oximetria, além da temperatura retal, utlizando-se monitor multi-parâmetros Digicare LifeWindow™ Lite LW8Vet.

Durante a cirurgia foi realizada incisão elíptica de pele e divulsão do tecido conjuntivo subcutâneo adjacente a cápsula de uma formação cística que media cerca de 7,0 x 3,0 x 3,0 cm e apresentava-se preenchida de exsudato purulento amarelado. Esta foi completamente isolada permanecendo presa apenas por uma junção óssea ao temporal (Figura 1C). Foi realizada separação dessa junção, utilizando-se martelo e formão ortopédicos. Após a retirada do cisto, percebeu-se a presença de estruturas dentárias molariformes aderidas ao osso temporal por tecido fibroso. Foram retiradas 12 estruturas esbranquiçadas, firmes, parte delas com canal central e sulcos longitudinais em sua superfície externa, macroscopicamente semelhantes a dentes, medindo entre 1,3 a 4,0 cm (Figura 2A). Após a lavagem da lesão, foi posicionado um dreno de penrose e realizada rafia em dois planos anatômicos, utilizando-se Vicryl® 0 e Nylon 0 respectivamente para o tecido conjuntivo subcutâneo e a pele. Todo material retirado foi enviado para exame histopatológico. O paciente se recuperou bem após a cirurgia não apresentando qualquer seqüela neuro-motora (Figura 2B).

No pós-operatório foi instituída terapêutica antimicrobiana com Penicilina (30.000 UI/Kg, IM, SID, 10 dias) e Gentamicina (6,6 mg/Kg, IV, SID, 7 dias), terapia analgésica e antiinflamatória com Tramadol (1 mg/Kg, IV, TID, 5 dias) e Fenilbutazona (4,4 mg/Kg, IV, SID, 5 dias). Profilaticamente foram utilizados vacina e soro antitetânico e Omeprazol (2 mg/Kg, VO, SID, 7 dias).

No manejo diário da ferida utilizou-se aplicação tópica de pomada antisséptica e cicatrizante e aplicação de curativo oclusivo até a completa cicatrização. O dreno foi retirado no terceiro dia após a cirurgia e sete dias depois os pontos de pele foram retirados e o animal havia se recuperado completamente.

O exame histopatológico revelou estrutura cística revestida por epitélio não queratinizado. Havia reação inflamatória na derme, predominantemente linfo-plasmocitária. As lâminas obtidas das estruturas semelhantes a dentes, após descalcificação em ácido nítrico, revelaram histologia compatível com tecido

dentário, tendo sido confirmada a suspeita de cisto dentígero neste paciente

CONCLUSÕES

No caso relatado o paciente equino apresentava afecção congênita diagnosticada como cisto dentígero.

É importante que os clínicos de eqüinos investiguem aprofundadamente lesões abcedativas que recidivem após o tratamento inicial de drenagem/lavagem e antibioticoterapia, inclusive utilizando exames complementares de diagnóstico sempre que possível e mantendo-se atentos aos aspectos epidemiológicos das afecções suspeitas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEBOWES, R. M.; GAUGHAN E. M. Congenital Dental Disease of Horses In: Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, vol.14, n.2, p. 273-289, August 1998

DUARTE, C. A.; MOREIRA, G. M.; FIALHO, S. S.; MORAES, P. C.; SANTOS, P. S. C. Paralisia Facial em Equino após Extração de Cisto Dentígero Bilateral: Relato de Caso, Veterinária e Zootecnia, vol.15, n.2, p. 246-250, 2008

EASLEY, J. T.; FRANKLIN R. P.; ADAMS A. Surgical excision of a dentigerous cyst containing two dental structures, Equine Veterinary Education, vol. 22, n.6, p. 275-278, 2010

GARDNER, D.G. Dentigerous Cysts in Animals, Oral Surgery, Oral Medicine and Oral Pathology, vol. 75, p. 348-352, 1993

GIBS, C. Dental Imaging. In: Equine Dentistry, Saunders: London, p. 139-169, 1999

HUNT, R. J.; DOUGLAS A.; ERIC MUELLER P. O. Intracranial Trauma Associated with extraction of a Temporal Ear Tooth, Cornell Veterinary, vol. 81, p. 103-108, 1991

SCOTT, R.; MCCLURE, J. S.; EARL L. M. Dentigerous Cyst in the Ventral Conchal Sinus of a Horse, Veterinary Radiology and Ultrasound, vol. 34, n.5, p. 334-335, 1993

VERSTREAT, F. J. M. Self-Assessment Color Review of Veterinary Dentistry, London: Manson Publishing, 200p. 1999

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CARCINOMA MAMÁRIO EM ÉGUA – RELATO DE CASO

1ARAUJO, Paula de Carvalho Machado;

2SOUZA, Bruno Gonçalves;

3COSTA, Thiago Souza

4PEIXOTO, Tiago Cunha;

5OLIVEIRA, Gabriela Ferreira;

5SPÍNDOLA, Bruno Ferreira;

6SEPPA,

Gilberto dos Santos

1.MV, Residente R1 – UFRRJ; 2.MV, Doutorando – UFF; 3.MV, Residente R2 – UFRRJ; 4.MV, Professor substituto, DESP – UFRRJ; 5.MV, Mestrando, PPGMV – UFRRJ; 6.MV, Doutorando - Fiocruz

Palavras chave: Tumor, Mastite, Neoplasia, Eqüino.

INTRODUÇÃO

Diferente do que acontece em cães (HEIDRICH e RENK, 1967) e gatos (HIRAYAMA et al., 2003), neoplasias mamárias são incomuns em herbívoros (PRENDERGAST et al., 1999; HIRAYAMA et al., 2003). Em um estudo realizado na França com 40.000 equinos, foram observados tumores de mama em apenas 0,11% dos animais sendo a maioria de carcinomas (PRENDERGAST et al., 1999). Em equinos, há raros relatos de neoplasias mamárias em animais com menos de 12 anos de idade (PRENDERGAST et al., 1999). Mastites crônicas e edema mamário perinatal são diagnósticos diferenciais para neoplasias nesta região (SEAHORN et al., 1992). Portanto, em casos em que não há resposta eficaz ao uso de antibióticos de largo espectro, antiinflamatórios e fluidoterapia, deve-se suspeitar de neoplasia ou hiperplasia da glândula mamária (PERKINS e THRELFALL, 2000). O diagnóstico diferencial pode ser feito com exame citológico, entretanto somente a histopatologia poderá fechar um diagnóstico (PRENDERGAST et al., 1999), tendo em vista que a punção de áreas com infecção secundária pode não detectar a presença de células tumorais (BRITO et al., 2008)

RELATO DE CASO

Uma égua, SRD, tordilha, com 7 anos de idade, não-prenhe, foi doada ao Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) no dia 01 de setembro de 2011 apresentando uma ulceração fistulosa de cerca de 7cm na regiao inguinal com presença de líquido serosanguinolento fétido, viscoso e com focos de miíase e necrose local. A glândula mamária direita, vulva e os músculos da região perineal possuíam consistência firme alem de edema e inflamação. O animal possuía grande dificuldade de locomoção, evitando apoiar o membro posterior direito no solo.

O animal já havia sido atendido anteriormente, mas não respondeu a

antibioticoterapia sistêmica (pentabiótico 6.000.000 UI).

Também apresentava massa rósea com aproximadamente 2 cm de diâmetro na terceira pálpebra direita.

Segundo o proprietário a égua apresentava uma ferida pequena há cerca de um ano, mas que há poucos meses começou a aumentar de tamanho.

Foi realizada citologia pelo setor de oncologia do HV-UFRRJ onde não foi constatado presença de células tumorais, verificando-se apenas células inflamatórias.

O animal foi eutanasiado no dia 09 do mesmo mês por apresentar caquexia, ambulação comprometida e dor que comprometia em muito seu bem estar.

À necropsia, foi constatado macroscopicamente uma massa esbranquiçada, firme, com pequenos focos amarelados medindo cerca de 0,2cm de diâmetro, envolvendo glândula e linfonodos mamários. Nos músculos regionais também foram encontrados massas com mesma aparência que variavam de 0,2 a 0,5cm.

O material foi recolhido e levado ao setor de histopatologia da UFRRJ. O laudo histopatológico revelou proliferação de células epiteliais atípicas, bastante pleomórficas, com núcleos arredondados a ovóides, levemente cromáticos,vesiculares, com nucléolos evidentes e volumoso citoplasma eosinofílico arranjadas sob a forma de ilhas ou trabéculas. Em algumas áreas havia formação de pérolas de queratina e ainda áreas de necrose, infiltração inflamatória ora supurativa, ora mononuclear e fibrose nas regiões da vulva, glândula mamária, linfonodos regionais e músculos esqueléticos. A massa apresentada na terceira pálpebra possuía as mesmas características histológicas descritas na área da lesão principal, revelando-se uma massa metastática

O diagnóstico para os achados microscópicos foi concluído como Carcinoma de Células Escamosas moderadamente diferenciado.

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CONCLUSÃO Este caso revela, portanto que animais com menos de 12 anos podem desenvolver carcinoma de células escamosas, apesar de raro. A citologia não deve ser usada como método diagnóstico, mas complementar. Clinicamente, a ineficácia da antibióticoterapia de largo espectro, associado à presença de outras massas com características neoplásicas evidentes, reforçam a hipótese de neoplasia mamária.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRITO, M.F, et al. Mammary adenocarcinoma in a mare. Ciência Rural, v.38, n.2, 2008. HEIDRICH, H.J.; RENK, W. Diseases of the mammary glands of domestic animals. Philadelphia & London: Saunders, 1967. p.306-315. HIRAYAMA K. et al. Invasive ductal carcinoma of the mammary gland in a mare. Veterinary Pathology, v.40, p.86-91, 2003. MISDORP, W. Tumors of the mammary gland. In: MEUTEN, D.J. Tumors in domestic animals. Iowa: Blackwell, 2002. p.575-606. PERKINS, N.; THRELFALL, W.R. Mastite. In: REED, S.M.; BAYLY, W.M. Medicina interna eqüina. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p.689-690. PRENDERGAST, M. et al. Mammary carcinoma in three mares. Veterinary Record, v.144, p.731-732, 1999. SEAHORN, T.L. et al. Mammary adenocarcinoma in four mares. Journal American Veterinary Medical Association, v.200, p.1675-1677, 1992.

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AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA OCULAR EM CÃES

1SOUZA, Camila Henrique Oliveira;

2PEREIRA, João Telhado;

3BOTTEON, Rita de Cássia Campbell

Machado; 4VEIGA, Cristiano Chaves Pessoa

1Pós-Graduanda Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas), UFFRJ; 2 Professor Adjunto do Departamento de Medicina e Cirurgia em Medicina Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ; 3 Professora Adjunta do Departamento de Medicina e Cirurgia em Medicina Veterinária, Instituto de

Veterinária, UFRRJ; 4Pós-Graduando Programa de Pós-Graduação em Medicina veterinária(Clínica e

Reprodução Animal), UFF.

Palavras-Chave: Ultrassonografia, olho, catarata, cão

Introdução Na medicina veterinária, a catarata se

destaca como uma das mais freqüentes afecções intra-oculares e importante causa de cegueira em cães. A opacidade focal ou difusa do cristalino ou de suas cápsulas anterior e posterior é a característica mais marcante dessa enfermidade. O único tratamento é cirúrgico, necessitando de uma adequada avaliação pré-cirúrgica do estado geral do animal e das estruturas oculares para confirmar a viabilidade desta cirurgia. Para avaliações das estruturas oculares os exames ultrassonográficos estão cada vez mais freqüentes principalmente quando os meios transparentes do olho se mostram opacos em determinados estágios da catarata. Ao mesmo tempo, este exame é importante por não ser um método invasivo sendo necessária apenas à administração de um colírio anestésico e tem como objetivo avaliar a natureza das patologias intra-oculares detectadas no exame ultrassonográfico em pacientes caninos com ou sem catarata.

Materiais e métodos

Foi feito um estudo retrospectivo de 196

ultrassonografias oculares de 98 pacientes, realizadas em serviço veterinário de diagnóstico por imagem do Setor de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da UFRRJ e em clínica particular no período de 2009 a 2011. Previamente, todos os animais foram submetidos a avaliações clínicas e laboratoriais (teste de Schimer, biomicroscopia com lâmpada de fenda, tonometria de aplanação, gonioscopia e prova da fluoresceína). Para a realização dos exames ultrassonográficos foram utilizados dois modelos de aparelho de ultra-sonografia o primeiro modelo é o Titan®, fabricado pela Sonosite e o outro o Madison®, fabricado pela Sonoace Pico; uma sonda transcorneana, com freqüência de 7 a 10 Hertz, gel para Ultrassom, Gel MRC® composto por Polímero

Carboxivinílico, Imidazolidil uréia, Metil parabeno, 2 amino, 2 metil, 1 propanol (AMP) e Água deionizada, produzido pela RMC, colírio Anestésico Anestalcon®, Solução Oftálmica Estéril, composto por Cloridrato de Proximetacaína 0,5%, produzido pela Alcon®

Resultados e Discussão

Foram examinados 98 cães, 51 eram fêmeas

e 47 machos, com idade média de 8 anos. A idade variou entre 1 e 15 anos, sendo que 13 tinham menos de 5 anos, 37 entre 6 e 10 e 12 acima de 10 anos. 28 eram adultos com idade desconhecida. Do total de cães avaliados onze (11,2%) não apresentaram qualquer alteração evidenciada ao exame ultrassonográfico, portanto normais em ambos os olhos, 81 (82,7%) foram diagnosticados com catarata e 16 (16,3%) com catarata e outra afecção associada ou concomitante como deslocamento de retina, hemorragia e/ou celularidade intravítrea e neoplasia intra-ocular. A catarata foi diagnosticada em ambos os olhos de 47 cães (47/81 – 58%) e unilateralmente em 18 animais, sendo 10 somente no olho esquerdo e oito somente no olho direito. Cães sem raça definida (SRD) e Poodles foram predominantes. A seguir, Coccker, Yorkshire, Schnauzer e Lhasa foram as raças mais freqüentemente examinadas e acometidas por catarata. Os dados estão, portanto de acordo com Gelatt (2003), que indica a catarata como uma das causas mais freqüentes da perda da visão em cães, afetando tanto cães mestiços como de raças puras. O maior número de cães da raça poodle neste estudo (47%) pode estar relacionado à predominância dessa raça. Em estudo recente Gellat & Mackay (2005), relataram uma taxa de incidência da catarata elevadas para estas raças sendo o Poodle Miniatura com 10,79%; Poodle Toy 10.21%; Cocker Spaniel Americano, 8.77%; Poodle, 7.00%; Schnauzer Miniatura, 4.98%; Lhasa Apso, 4.61%; Yorkshire Terrier 4.33%; já os cães sem raça definida apresentaram índice

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inferior a média com 1,61%. Neste estudo foram diagnosticadas patologias concomitantes a catarata em 16 animais totalizando 20% dos animais acometidos que apresentaram descolamento de retina (8/16), hemorragia ou processo inflamatório crônico no vítreo (3/16), neoplasia (2/16) e outras alterações oculares (3/16) que contra-indicam a cirurgia de catarata segundo Serra et al., (2005) e Freitas (2008). Um estudo ultrassonográfico com pacientes caninos foi realizado por Van Der Woerdt et al., (1993) que avaliaram retrospectivamente, 147 casos de cães portadores de catarata, degeneração vítrea e descolamento de retina foram evidenciados em 23% e 11% dos animais, respectivamente. Outro estudo ultrassonográfico, mais recente (Quinze, 2005), foi realizado em 95 olhos de 52 cães com catarata, no qual se observou descolamento vítreo posterior em 8,4%, descolamento de retina em 4,3% e processo inflamatório e/ou hemorrágico vítreo em 2,1% dos olhos.

Conclusão

O presente trabalho ressalta a importância

da ultrassonografia ocular como complemento do exame clínico realizado pelo médico veterinário, auxiliando este a utilizar o protocolo de tratamento específico para as diferentes patologias.

Referências Bibliográficas

FREITAS, A. C. Ultra-sonografia oftálmica

em cães (Canis familiaris) portadores de diabetes mellitus. Jornal Brasileiro de Ciência Animal, v. 1, n. 1, 2008. Dissertação de tese de mestrado - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 2008.

GELATT K. N., MACKAY E. O., Prevalence

of primary breed-related cataracts in the dog in North America, Veterinary Ophthalmology, v. 23, nº 2, p. 101-111, 2005.

GELATT, K. N. In:- Doenças e cirurgia da

lente do cão, Manual de oftalmologia veterinária. São Paulo: Manole, cap.10, p.229-252, 2003.

QUINZE, R.S. Avaliação ultra-sonográfica do

segmento posterior de olhos de cães diabéticos e não diabéticos portadores de catarata. 2005. 119 f. Tese (dissertação de mestrado em Cirurgia) apresentada á à Faculadade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo, 2005.

SERRA, E. G.; BRUNELLI, A. T. J. Avaliação

ultra-sonografica da lente no deslocamento da catarata: Nosso clínico. São Paulo: Troféu, a.8, n. 46, p. 6-14, 2005.

VAN DER WOERDT, A.; WILKIE, D. A.;

MYER, C. W. Ultrasonographic abnormalities in the eyes of dogs with cataracts: 147 cases (1986-1992). Journal of American Animal Hospital Association, v. 203, n. 6, p. 838-841, 1993.

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SÍNDROME DE HIPERFLEXÃO CARPAL DO CÃO – RELATO DE TRÊS CASOS

1VALLADARES, Maria Clara Martins;

1LIGEIRO, Lumara Raeli;

2NASCIMENTO, Ananda Senhoretto;

3SILVA, Ricardo Siqueira

1 Residente de Clínica Cirúrgica Veterinária do Hospital Veterinário de Pequenos Animais, UFRRJ; 2 Acadêmica do curso de medicina veterinária, UFRRJ; 3 Professor Titular do Departamento de Medicina e Cirurgia

Veterinária,IV, UFRRJ.

Palavras chave: doença musculotendinosa; músculo flexor ulnar do carpo; bandagem Robert Jones

Introdução

A síndrome de hiperflexão carpal do cão é uma doença musculotendinosa que afeta cães filhotes de raças médias, assim como raças grandes e gigantes de crescimento rápido (ÇETINKAYA et al., 2007). A idade de acometimento varia entre seis a 24 semanas (VAUGHAN, 1992; ÇETINKAYA et al., 2007; PETAZZONI e MORTELLARO, 2000; ALTUNATMAZ e OZSOY, 2006). Esta condição é causada pela contratura do músculo flexor ulnar do carpo (VAUGHAN, 1992; SCHRADER, 1995).

A variação da gravidade dos sinais clínicos determinou uma classificação: Grau I (deformidade leve): o cão apoia seu peso sobre a superfície lateropalmar dos dígitos, sem qualquer desvio em varo e/ou inclinação do carpo; Grau II (deformidade moderada): desvio em varo com ligeira flexão do carpo; Grau III (deformidade grave): evidente hiperflexão do carpo associado com diferentes graus de desvio em varo e de apoio do peso na superfície lateropalmar dos dígitos (PETAZZONI e MORTELLARO, 2002).

O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência de três casos em caninos com diferentes graus de deformidade flexural, que raramente é descrita na literatura. Além de demonstrar o uso da bandagem Robert Jones como tratamento adequado.

Material e Métodos

Três cães filhotes foram atendidos entre 2006 e 2011, no Hospital Veterinário de Pequenos Animais (HVPA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), com histórico de alteração da marcha e anormalidade nos membros torácicos. Caso 1 – macho, raça Rottweiler, com idade aproximada de oito semanas e não castrado. Observou-se discreta alteração no passo com evolução de uma semana (Figura 1). Caso 2 – macho, sem raça definida, doze semanas de idade e não castrado. Foi relatado discreta flexão carpal bilateral, mais acentuada em membro esquerdo, com evolução de duas semanas (Figura 2). Caso 3 – fêmea, sem

raça definida, recolhida da rua, com idade em torno de doze semanas e não castrada. Apresentava evidente hiperflexão carpal bilateral e acentuado grau de apoio do peso sobre a superfície lateropalmar dos dígitos, sem período de evolução definido (Figura 3). Durante a palpação foi possível verificar acentuada tensão no tendão flexor carpal, principalmente quando forçada a extensão do carpo.

Resultados e Discussão

O diagnóstico provisório é realizado

por meio do histórico relatado pelos proprietários, sinais clínicos, exame ortopédico e pode ser confirmado por meio de avaliação radiológica. À palpação do carpo, não são evidenciados crepitação ou dor quando da manipulação das articulações antebraquiocárpica, intercárpica e carpometarcápica.

A doença muitas vezes é autolimitante (READ, 1999), de curta duração e com prognóstico favorável (PETAZZONI e MORTELLARO, 2000). O tratamento pode consistir numa abordagem conservadora ou, nos casos mais graves e/ou refratários, em tratamento cirúrgico (VAUGHAN, 1992). Em casos refratários ao tratamento conservador, o uso de bandagem Robert Jones ou tala estendendo-se desde a porção média de úmero até articulação metacarpofalangeana, permite o apoio dos membros afetados (VAUGHAN, 1992; STANTON, 1998; ÇETINKAYA et al., 2007; PETAZZONI e MORTELLARO, 2000; ALTUNATMAZ e OZSOY, 2006).

Nos casos 1 e 2 pode-se observar uma melhora considerável do quadro após sete dias de uso da bandagem. No caso 3, foi observada leve hiperextensão bilateral dos carpos após dois dias, normalizando a postura após dez dias de tratamento (Figura 4).

Conclusão

Diante dos resultados obtidos, conclui-se que o uso de bandagem Robert Jones mostrou-se adequada ao tratamento da

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anormalidade em seus diferentes graus de apresentação clínica.

Figura 1: Deformidade flexural Grau I.

Figura 2: Deformidade flexural Grau II.

Figura 3: Deformidade Flexural Grau III.

Figura 4: Caso 3 - Postura normalizada após dez dias de uso da bandagem Robert Jones.

Referências Bibliográficas

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OSTEODISTROFIA FIBROSA EM EQUINO – RELATO DE CASO

1SOUZA, Bruno Gonçalves;

2ARAUJO, Paula de Carvalho Machado;

3AZEVEDO, Arthur da Costa;

3GOMES, Bruno de Toledo;

3FARIA, Isabella Docek;

3SOUZA, Júlia de Almeida Correa;

3AMARAL

Márcio Felipe Távora; 4SEPPA, Gilberto dos Santos

1 MV, Doutorando – UFF; 2 MV, Residente R1 – UFRRJ; 3 Graduando em Medicina Veterinária – UFRRJ;

4 MV, Dolutorando - Fiocruz

Palavras chave: deficiência de cálcio, excesso de fósforo

INTRODUÇÃO

A osteodistrofia fibrosa é uma

enfermidade popularmente conhecida como “cara inchada”, afeta, sobretudo os eqüídeos e é caracterizada por acentuada reabsorção óssea e proliferação de tecido conjuntivo fibroso substituindo o tecido ósseo. A condição resulta da ação contínua e excessiva do paratormônio sobre o osso. Os ossos tornam-se gradativamente mais flexíveis, ao ponto de ser possível cortá-los com uma faca. Em alguns casos há fraturas espontâneas e aumento de volume da face. A enfermidade é descrita nos eqüinos resultando no aumento da mandíbula, maxila e ossos frontais. (TOKARNIA et al. 2010.)

A etiologia baseia-se em causas nutricionais, o desequilíbrio de cálcio e fósforo nas dietas causam raquitismo em animais jovens, deficiência de níveis de cálcio plasmático, osteomalácia nos ruminantes adultos e osteodistrofia fibrosa nos eqüinos e suínos. (RADOSTITS et al. 2000.)

Os exames laboratoriais possuem pouco valor diagnóstico, podendo porém apresentar níveis de cálcio e fósforo séricos, fosfatase alcalina sérica e vitamina D alterados. A histopatologia óssea, além de exame radiográfico do esqueleto, são métodos mais confiáveis de diagnóstico. O exame radiográfico é indicado a partir de evidencias clinicas que o animal apresenta. (RADOSTITS et al. 2000.)

Os níveis de fosfatase alcalina poderão aumentar quando houver reabsorção óssea, mas não é um indicador seguro, essa elevação pode originar-se do tecido ósseo, mas também do intestino ou fígado, porem o tecido ósseo parece ser a principal fonte de atividade. (RADOSTITS et al. 2000.)

Inicialmente observa-se discreta claudicação durante marchas longas e forçadas. Em seguida evidencia-se progressiva dificuldade locomotora, pela maneira nitidamente presa ou arrastada pela qual se da a locomoção. Observa-se também o aumento bilateral dos ossos dos maxilares e das mandíbulas, podendo levar à quadros de

caquexia devido a dificuldade de apreensão e mastigação dos alimentos. Podem ocorrer ainda afrouxamento e queda dos dentes. A respiração torna-se mais difícil devido ao estreitamento das vias aéreas superiores. Pode haver fraturas de membros e inanição. (TOKARNIA et al. 2010.)

O aumento de volume da face uma vez estabelecido não pode ser reduzido pelo tratamento com reposição de cálcio, porém a recuperação clinica é marcante após a adequação da dieta. Este distúrbio resulta da alimentação com dietas contendo alto teor de fósforo, baixo teor de cálcio, ou ainda, altas concentrações de oxalatos, que impedem a absorção do cálcio, mesmo este estando em quantidades satisfatórias. Atualmente observa-se mais frequentemente a doença em cavalos mantidos em pastagens ricas em oxalatos, que interferem na absorção de cálcio no trato gastrintestinal. TOKARNIA et al. 2010.)

Os tratamentos dessa enfermidade incluem a administração oral de uma fonte adequada de cálcio, administração parenteral de vitamina D, além da correção e balanceamento da dieta. (RADOSTITS et al. 2000.)

RELATO DE CASO

No dia 20 de setembro de 2011, deu entrada no Hospital Veterinário de Grandes Animais (HVGA) da UFRRJ uma égua, mangalarga marchador, tordilha, 20 anos de idade, com histórico de prenhez confirmada de aproximadamente oito meses.

O proprietário queixou-se que o animal apresentava dificuldade ao tentar apreender e deglutir o alimento, além de dificuldade de se levantar. O mesmo relatou ainda que a dieta do animal era basicamente composta de concetrado, sendo 0,5kg fubá e 2,0kg farelo de trigo 3 vezes ao dia. O proprietário relatou também que durante o transporte rodoviário o animal sofreu uma queda.

Durante a realização do exame físico observou-se taquicardia (98bpm) e taquipnéia, bem como aumento de volume da face (figura

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Figura 1. Imagem demonstrando inchaço de face (cara inchada).

Figura 2. Radiografia da articulação metatarso falangeana evidenciando a sub luxação.

Figura 3. Corte transversal da face na altura dos molares, evidenciando o espessamento dos ossos da mandíbula e maxila com substituição do tecido ósseo por tecido frbroso

1) e hiperflexão e edema do boleto do membro posterior direito (MPD). Baseado na epidemiologia, na anamnese e nos achados clínicos, suspeitou-se de Osteodistrofia Fibrosa. Foram solicitados: exame radiográfico da região metatarso-falangeana do MPD (figura 2), hemograma e dosagens bioquímicas (Fosfatase Alcalina, cálcio e fósfora séricos). No exame radiográfico foi constatada: diminuição da radiodensidade óssea, sub luxação do articulação metatarso-falangeana e avulsão dos ligamentos sesamóides distais. Na tentativa de produzir efeito analgésico, foram administrados oito mililitros de fenilbutazona intravenoso.

Os exames hematológicos demonstraram hipercalcemia (15,2 mg/dl), hiperfosfatemia (6,49 mg/dl) e aumento significativo dos níveis séricos de fosfatase alcalina (386 u/l). No hemograma não foram evidenciadas alterações dignas de nota. Apesar dos exames hematológicos não terem sido conclusivos, foi possível fechar o diagnóstico baseado nos achados clínicos e radiográficos, tendo sido confirmada a suspeita de osteodistrofia fibrosa ou hiperparatireoidismo secundário nutricional. Diante da gravidade do quadro clinico, optou-se por realizar a eutanásia do animal.

Durante o exame necroscópico foram evidenciadas espessamento dos ossos da maxila e mandíbula, substituição de tecido ósseo por tecido fibroso (figura3), diminuição da resistência óssea sendo possível perfurá-los e cortá-los com extrema facilidade, e confirmou-se a sub luxação de ambas a articulações metatarso-falangeana.

CONCLUSÃO

No caso descrito foi possível concluir

que tratava-se de um quadro avançado de osteodistrofia fibrosa, provavelmente associado ao desequilíbrio crônico da relação cálcio:fósforo dietética. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS RADOSTITS, Otto M., Clínica Veterinária, Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Eqüinos. Guanabara koogan, 9 ed., p. 502-504, 2000. TOKARNIA, Carlos H., Deficiências Minerais em Animais de Produção. EDITORA HELIANTHUS, 1 ed., p. 57-58, 2010.

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IMPACTO DO EXERCÍCIO DE BAIXA INTENSIDADE SOBRE A CINÉTICA ENZIMÁTICA NA PRIMEIRA SEMANA DE TREINAMENTO DE POTROS PURO-

SANGUE INGLÊS DE CORRIDA

1BEZERRA DE MELLO, Erica Bertha Führich Raupp;

2OLIVEIRA, Gabriela Ferreira;

2SPÍNDOLA,

Bruno Ferreira; 3HESS, Tanja Maria,

4BOTTEON, Paulo de Tarso Landgraf

1Mestranda do PPGMV/UFRRJ, bolsista REUNI;

2Mestranda do PPGMV/UFRRJ, bolsista Capes;

3Equine

Sciences, Animal Sciences, Colorado State University; 4DMCV, Instituto de Veterinária, UFRRJ

Palavras-chave: creatinoquinase, lactatodesidrogenase, aspartatoaminotransferase, cavalo

Introdução

O treinamento em potros PSI de

corrida visa o ganho de vigor e agilidade e o aprendizado do animal na prática do turfe. Como resposta ao exercício, observamos aumento da função muscular e gasto energético, traduzidos por aumento da atividade sérica do conjunto de enzimas aspartatoaminotransferase (AST), lactatodesidrogenase (LDH) e creatinoquinase (CK) (CÂMARA E SILVA, DIAS e SOTO-BLANCO, 2007). A permeabilidade do sarcolema aumenta durante o exercício, e a CK e AST podem escoar para o plasma. O tempo para a elevação dessas enzimas no plasma, e o grau estão relacionados ao seu tamanho e localização intracelular (VALBERG,1996). Aumentos pequenos, mas significativos, da enzima CK podem ser observados 2 a 6 horas após o exercício em cavalos sadios. A AST não é músculo específico, sendo uma enzima ligada às mitocôndrias, e ocorre apenas um leve aumento após o exercício, em animais sadios. As concentrações de CK, AST e LDH séricas são os testes mais utilizados para avaliar e diagnosticar a miopatia por exercícios.

A determinação da CK, após o exercício, também pode ser utilizada na avaliação das condições de treinamento dos eqüinos, devido a aumento de permeabilidade vascular e/ou dano celular, e do lactato sanguíneo, marcador não enzimático de função muscular em alta demanda energética durante o exercício (GLADDEN, 2004).

A avalição de animais em início de treinamento é importante como ferramenta de monitoração da carga de trabalho e do planejamento para o treinamento subseqüente.

Material e Métodos

Foram realizadas coletas de sangue em 13 potros PSI com 18 meses de idade, em sua primeira semana de treinamento,

submetidos a 30 minutos de exercício montado em picadeiro ao trote (4m/s). Foram analisadas a concentração de lactato e cinética enzimática nos momentos: jejum (J: LDH, AST e CK), após o exercício (EX: LDH, AST e CK), trinta (m30’: LDH), sessenta minutos (m60’: LDH), quatro (m4: CK) e vinte horas (m20: AST) após o término do exercício. Os dados foram avaliados por ANOVA para dois fatores, não estruturada, atribuindo-se a distribuição de Fisher a 5%.

Resultados e Discussão

O protocolo de treinamento e iniciação é importante ao promover a adaptação muscular ao trabalho evitando injúrias a essa musculatura. O uso de diferentes cargas de trabalho gera bastante controvérsia no meio científico. A iniciação em carreira desportiva dos animais da raça Puro-Sangue Inglês se dá com os animais ainda em fase de crescimento, o que pode tornar propício o aparecimento de desordens músculo-esqueléticas. Há a tendência do treinamento destes animais ser progressivo, ou seja, a intensidade da carga do treino aumenta conforme o aumento da idade dos animais (COGGER et al, 2008).

Segundo Kaneko et al, 2008, os valores de referencia para as concentrações plasmáticas da enzima CK é de 2,4 a 23,4 UI/L, de LDH é 6,3 a 18,5 UI/L e AST é de 226-366 UI/L, para animais em repouso. O aumento significativo e manutenção de altos níveis circulantes das enzimas após o exercício pode ser um indicativo laboratorial de lesões musculares (HESS, 2000).

As médias e desvios-padrão das concentrações das enzimas estão expressas a seguir: CK apresentou valor basal de 323,3 ± 128,96 UI/L e atingiu o valor máximo às no momento 4h 690,2 ± 775,53 (valor P=0,2808). O valor basal de LDH 625,1 ± 195,33 UI/L; e valor máximo foi observado no momento 1h 763,6 ± 131,80 UI/L (valor P=0,0415). Os valores de AST variaram do valor basal 340,2 ± 78,05 UI/L e valor máximo logo após o

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exercício 351,3 ± 71,60 (valor P=0,0963). Observou-se diferenças estatísticas nas concentrações de LDH (P=0,0415). Estes resultados corroboram a avaliação clínica, uma vez que os animais não apresentaram sintomatologia clínica associada a desordens da musculatura esquelética durante o início do treinamento, sinais clínicos são observados com aumento de CK na ordem de 100 a 900 vezes os valores referenciais (aumento encontrado na ordem de 29 vezes no pico máximo da cinética enzimática) e de AST com um aumento de 5 a 100 vezes (aumento encontrado na ordem de 0,9 vezes no pico máximo de cinética enzimática) (HESS, 2000). A grande disperssão dos resultados evidenciado pelo valor elevado do desvio padrão de CK no momento 4 h pode ser justificado pelas diferenças entre os animais em início de treinamento, espera-se que com a evolução do treinamento estas diferenças diminuam.

A elevação na cinética enzimática de CK e LDH justifica-se pela cadeia do metabolismo energético utilizada pela função muscular, onde se observa em primeiro plano a desfosforilação da fosfocreatina pela enzima CK na fosforilação de adenosina-difosfato a adenosina-trifosafato, em segundo plano o metabolismo através da enzima LDH de L-lactato a piruvato para uso na cadeia respiratória e em terceiro plano a reação de transaminação de L-aspartato e alfacetoglutarato em oxalacetato e gutamato pela enzima AST (CÂMARA E SILVA, DIAS, SOTO-BLANCO, 2007).

Conclusões

A partir da análise dos resultados, pode-se concluir que o trabalho realizado não promoveu dano muscular durante a fase de iniciação ao exercício que pudesse elevar significativamente os níveis enzimáticos. Apesar da carga aplicada nesta fase do treinamento ser considerada baixa, houve impacto sobre o metabolismo energético de modo a poder classificar o treino como aeróbico.

Referências Bibliográficas

CÂMARA E SILVA, I. A.; DIAS, R.; SOTO-BLANCO, B. Determinação das atividades séricas de creatina quinase, lactato desidrogenase e aspartato aminotransferase em equinos de diferentes categorias de atividade. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.1, 250-252,

2007.

COGGER, N.; PERKINS, N.; HODGSON, D.R.; REID, S.W.; EVANS, D.L. Profiling training preparation in young Australian Thoroughbred racehorses Australian Veterinary Journal, v. 86, n. 11, 419-424,

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GLADDEN, L. B. Lactate metabolism: a new paradigm for de third millenium. Journal of Phisiology, v.558, n.1, 5-30, 2004.

HESS, T. M. Creatinofosfoquinase (CK) e Aspartatoaminotransferase (AST) de cavalos competindo provas de enduro. Arquivos da Faculdade de Veterinária UFRGS, v.28, n.1,

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KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. Appendix VIII: Blood analyte reference values in large animals In: Clinical Biochemistry of Domestic Animals, 6.ed. San. Diego:

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VALBERG, S.J. Muscular causes of exercise intolerance in horses. Veterinary Clinics of North América : Equine Practice, v.l2, n.3, p.495-515, 1996.

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AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DE VACAS SINDI (BOS TAURUS INDICUS) TRATADAS COM DOIS PROTOCOLOS DE SINCRONIZAÇÃO

DA OVULAÇÃO ¹SILVA, Ana Paula Toledo Barbosa da; ²MELLO, Raquel Rodrigues Costa; ³MELLO, Marco Roberto

Bourg de

1 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ; 2 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFRRJ; 3 Professor Adjunto do Departamento de Reprodução e Avaliação Animal

do Instituto de Zootecnia da UFRRJ

Palavras-chave: Crescimento Folicular, eCG, Zebuínos, Reprodução

Introdução

A raça zebuína Sindi, originária de uma região árida do Paquistão, apresenta excelente adaptabilidade às condições adversas de clima e manejo, principalmente alimentar, nas condições do semiárido nordestino, assim como nas condições da baixada e norte fluminense, e boa capacidade de produção de leite, tanto em quantidade como em qualidade (CARVALHO, 2009). Embora muitas pesquisas venham sendo desenvolvidas com animais desta raça, tais experimentos se concentram predominantemente em aspectos produtivos como, por exemplo, a qualidade da carcaça e da carne, a altura e o comprimento da garupa, o perímetro torácico, e a influência do meio ambiente sobre o tamanho corporal. Pesquisas envolvendo a área reprodutiva, especialmente referentes às biotécnicas da reprodução, como a sincronização da ovulação para a IATF, ainda são escassas na raça Sindi. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as características reprodutivas de vacas Sindi tratadas com dois protocolos de sincronização da ovulação para que se possa melhorar a eficiência destes protocolos e, consequentemente, contribuir para a difusão da genética destes animais e um aumento no desempenho reprodutivo no rebanho do Brasil.

Material e Métodos

Foram utilizadas 16 vacas da raça Sindi, com escore de condição corporal entre 3 e 4 (escala de 1 a 5), com idade variando entre 3 e 17 anos, divididas em dois protocolos de sincronização da ovulação. No protocolo I, os animais (n = 8) receberam no dia 0 um implante intravaginal de 1,9g de progestágeno e uma aplicação de 2mg de benzoato de estradiol. No dia 8 o implante foi removido, sendo aplicados 10mg de Dinoprost (PGF2α) e, no dia 9, aplicado 1mg de benzoato de estradiol, sendo realizada a IATF 36 horas depois. No protocolo II, os animais (n = 8) passaram pelo mesmo tratamento, sendo que

no dia 8 foram aplicadas 400UI de gonadotrofina coriônica eqüina (eCG). A partir do dia 0 todos os animais foram avaliados diariamente por via trans-retal com aparelho de ultrassom (CHISON D600 VET) equipado com um transdutor linear de 7,5MHz, com objetivo de monitorar a dinâmica folicular. Em cada avaliação diária, o maior folículo foi mensurado, sendo esta avaliação realizada até o momento da ovulação. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo o experimento realizado durante um ciclo estral. Foi utilizada a análise de variância (ANOVA) para avaliação dos resultados, sendo estes analisados pelo teste de Tukey, com nível de significância de 5%. As taxas de ovulação e prenhez foram determinadas pelo teste do X², a um nível de significância de 5%.

Resultados e Discussão

Os resultados estão apresentados na Tabela 1. Pela análise dos dados, observou-se que não houve diferença estatística (P>0,05) entre os grupos I e II no intervalo entre a retirada do implante de P4 e ovulação, no diâmetro do folículo dominante (FD) na retirada do implante de P4, no diâmetro máximo do FD, na taxa de crescimento do FD, e na taxa de ovulação. Com relação à taxa de prenhez, foi observada diferença estatística (P<0.05) entre os grupos I e II. BARUSELLI et al. (2004a), ao avaliarem novilhas Nelores tratadas e não tratadas com 400UI de eCG, não obtiveram diferença significativa no diâmetro máximo do FD e no intervalo entre a retirada do implante de P4 e a ovulação. SOUZA et al. (2009), ao avaliarem vacas holandesas de alta produção tratadas e não tratadas com 400UI de eCG, não obtiveram diferença significativa na taxa de ovulação. BARUSELLI et al. (2004b), ao avaliarem vacas Nelores em anestro e com diferentes escores de condição corporal tratadas e não tratadas com 400UI de eCG, obtiveram diferença significativa na taxa de prenhez, sendo maior no grupo tratado com

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eCG. Os dados encontrados no presente estudo corroboram os da literatura, sendo que o aumento verificado na taxa de prenhez pode ter ocorrido devido ao fato do eCG ter promovido um aumento nas concentrações plasmáticas de progesterona após a realização da IATF. No entanto, SALES et al. (2011) encontraram resultados diferentes do presente trabalho ao avaliarem vacas Nelores lactantes tratadas e não tratadas com 400UI

de eCG, observando diferença significativa na taxa de crescimento do FD, sendo que tal diferença poderia ser explicada pelo fato das vacas Nelores avaliadas por estes autores estarem em anestro, enquanto que todas as vacas da raça Sindi do presente estudo estavam ciclando normalmente no início da realização do experimento (presença de um corpo lúteo funcional).

Tabela 1. Parâmetros reprodutivos de vacas Sindi submetidas a dois protocolos de sincronização da ovulação.

Parâmetros Reprodutivos Grupo I Grupo II

Intervalo entre a retirada do implante de P4 e ovulação (horas) 74,0 ± 11,8 82,5 ± 4,2

Diâmetro FD na retirada de implante de P4 (mm) 7,5 ± 2,5 6,6 ± 1,5

Diâmetro máximo FD (mm) 10,47 ± 3,7 8,85 ± 1,2

Taxa de crescimento FD (mm/dia) 0,90 ± 0,7 0,83 ± 0,6

Taxa de ovulação (%) 75 (6/8) 100 (8/8)

Taxa de prenhez (%) 0 (0/8) 50 (4/8) P4: ProgesteronaFD: Folículo Dominante

Conclusão Nas condições de realização do presente trabalho, pode-se concluir que o uso do eCG em fêmeas bovinas da raça Sindi não foi efetivo em melhorar as características reprodutivas avaliadas, talvez pelo fato das vacas apresentarem bom escore de condição corporal durante a realização do experimento. No entanto foi verificada uma melhora na taxa de prenhez com uso dessa gonadotrofina, presumindo-se que o eCG poderia ser utilizado em protocolos de sincronização da ovulação para IATF nesta raça.

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SOUZA, A. H.; VIECHNIESKI, S.; LIMA, F. A.; SILVA, F. F.; ARAÚJO, R.; BÓ, G. A; WILTBANK, M. C.; BARUSELLI, P. S. Effects of equine chorionic gonadotropin and type of ovulatory stimulus in a timed-AI protocol n reproductive responses on dairy cows. Theriogenology, v. 72, p. 10-21, 2009.

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ISOLAMENTO DE ESPÉCIES DE Rhodotorula spp PRODUTORAS DE PROTEASE E FOSFOLIPASE A PARTIR DE AGULHAS UTILIZADAS NA ROTINA

CLÍNICA VETERINÁRIA

1ABREU, Daniel Paiva Barros de;

2MAKITA, Mário Tatsuo;

1PORTO, Yuri Duarte;

3BARONI, Francisco

de Assis

1. Monitor de Micologia Veterinária, Discente do Curso de Medicina Veterinária, UFRRJ; 2. Monitor de Microbiologia Geral, Discente do Curso de Medicina Veterinária, UFRRJ; 3. Professor Associado do Instituto de

Veterinária da UFRRJ.

Palavras-chave: Levedura, Identificação, Virulência, Fungemia

Introdução

Rhodotorula spp é um gênero de leveduras que apresenta várias espécies, amplamente distribuídas no ambiente (ALEKHOVA, 2005). Eram anteriormente consideradas não-patogênicas, mas nas duas últimas décadas, ganharam importância como agentes etiológicos oportunistas, particularmente em indivíduos imunossuprimidos (HAZEN, 1995). Em medicina humana, fungemia associada a catéteres, assim como endocardite, peritonite, meningite e endoftalmite estão entre as infecções mais comumente relatadas (SAMONIS, 2001). O emprego de um largo espectro de antibióticos e o aumento na população de indivíduos imunossuprimidos resulta em um aumento na taxa de infecções hospitalares por fungos (KONSHIAN et al., 1989; PAULA et al., 1999). Entre essas infecções, verifica-se significativo aumento na taxa de fungemia (BECK-SAGUÉ et al., 1993; NIITSU & UMEDA, 1996; RODRIGUEZ-TUDELA & CUENCA-ESTRELA, 1999). A observação destes dados e a conhecida distribuição ambiental desta levedura, incluindo ambientes hospitalares e a superfície da pele, levaram-nos a avaliar a possibilidade de infecções iatrogênicas na rotina clínica veterinária no momento da aplicação de medicamentos, coleta de sangue e obtenção de acessos venosos.

Material e Métodos

Foram obtidas amostras, a partir de coletas realizadas em clínicas veterinárias localizadas no município do Rio de Janeiro, de Seropédica e no Hospital Veterinário da UFRRJ. Imediatamente após a utilização por via endovenosa em cães, felinos e equinos, as agulhas, “scalps” e catéteres foram recolhidos assepticamente, sendo mantidos sob refrigeração em embalagens estéreis até o processamento. Utilizando cabine de segurança biológica, estes objetos foram assepticamente introduzidos em frascos de

Erlenmeyer contendo meio Sabouraud dextrose líquido, acrescido de cloranfenicol (200 mg/L), com incubação a 32°C. Das amostras que apresentavam crescimento, retirou-se uma alíquota que foi semeada em meio sólido, incubado à mesma temperatura, objetivando-se isolamento. Colônias isoladas foram avaliadas quanto a macroscopia e microscopia com o intuito de verificar a compatibilidade das células com leveduras, sendo mantidas em mesmo meio de cultura até a realização das demais provas de identificação. Colônias compatíveis com o gênero Rhodotorula foram submetidas a testes de auxanograma. Os testes foram realizados de acordo com o preconizado por KURTZMAN & FELL (1998) e complementarmente com o protocolo de identificação de leveduras utilizado pelo laboratório. Amostras com crescimento de fungos filamentosos não foram consideradas no presente trabalho. As amostras isoladas foram, também, inoculadas em meio para verificação da produção de fosfolipase e protease, enzimas relacionadas à virulência de microrganismos.

Resultados e Discussão De um total de 100 amostras processadas, foram isoladas 5% de colônias macromorfologicamente indicativas do gênero Rhodotorula, apresentando característica cremosa e coloração variando de laranja-açafrão ao rosa-salmão. Através de testes fisiológicos, três amostras foram identificadas como Rhodotorula mucilaginosa, uma Rhodotorula glutinis e uma Rhodotorula marina. Os isolamentos destas leveduras devem constituir motivo de preocupação na prática da clínica veterinária, uma vez que a sua presença na pele ou em agulhas, “scalps” ou catéteres pode significar a inoculação das mesmas através dos procedimentos clínicos realizados. Rhodotorula mucilaginosa já foi relatada como agente causador de meningite em humano com o vírus HIV (BARADKAR, 2008) e relacionada a quadro de fungemia

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após transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas (MORI, 2011). Em relatos anteriores também observou-se a ocorrência de meningite por Rhodotorula glutinis em paciente com vírus HIV (SHINDE, 2008) e sua relação com quadro de septicemia e meningoencefalite associado a lúpus eritematoso sistêmico (PAMIDIMUKKALA, 2007). TUON & COSTA (2008) observaram o envolvimento de R. mucilaginosa e R. glutinis em 74% e 7,7% dos casos clínicos por eles revisados na literatura, respectivamente. A verificação, nos testes realizados, de que alguns destes isolados são forte produtores de fosfolipase e protease ampliam a importância destes dados e demonstram o potencial patogênico das amostras por nós obtidas.

Conclusões

Verificamos, em acordo com a literatura, que leveduras do gênero Rhodotorula podem estar presentes em materiais utilizados na administração de medicamentos veterinários e/ou na pele de animais. Em adição, verificamos que estas leveduras podem ser fortes produtoras de fosfolipase e protease, confirmando sua capacidade patogênica para os animais submetidos a tratamento.

Referências Bibliográficas

ALEKHOVA T.A.; ALEKSANDROVA A.A.; NOVOZHILOVA T.I.; LYSAK L.V.; ZAGUSTINA N.A.; BEZBORODOV A.M. Monitoring of microbial degrades in manned space stations. Prikl. Biokhim. Mikrobiol. 41: 435-443, 2005. BARADKAR V.P.; KUMAR S.; Meningitis caused by Rhodotorula mucilaginosa in human immunodeficiency virus seropositive patient. Ann. Indian Acad. Neurol. 11(4): 245-247, 2008. BECK-SAGUÉ C.M.; JARVIS W.R.; The National Nosocomial Infections Surveillance System. Secular trends in the epidemiology of nosocomial fungal infections in the United States, 1980-1990. J. Infect. Dis. 167: 1247-1251, 1993. HAZEN K.C. New and emerging yeast pathogens. Clin. Microbiol. Rev. 8: 462-478, 1995. KOMSHIAN S.V.; UWAYDAH A.K.; SOBEL J.D.; CRANE L.R. Fungemia caused by Candida species and Torulopsis glabrata in the hospitalized patient: frequency, characteristics

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PAMIDIMUKKALA U.; CHALLA S.; LAKSHMI V.; TANDON A.; KULKARNI S.; RAJU S.Y. Sepsis and meningoencephalitis due to Rhodotorula glutinis in a patient with systemic lupus erythematosus, diagnosed at autopsy. Neurol. India. 55(3): 304-7, 2007. PAULA C.R.; MATSUMOTO F.E.; MELO T.A. Possible catheter-related infections in a Public Children’s Hospital of São Paulo, Brazil. In: ASM Conference on Candida e Candidiasis, Charleston, South Carolina, Abstract p.35, 1999. RODRIGUEZ-TUDELA J.L.; CUENCA-ESTRELA M. Fungemia by yeast: a multicenter study in Spain. Rev. Clin. Esp. 199: 356-361, 1999. SAMONIS G.; ANATOLIOTAKI M.; APOSTOLAKOU H.; MARAKI S.; MAVROUDIS D.; GEORGOULIAS V. Transient fungemia due to Rhodotorula rubra in a cancer patient: case report and review of the literature. Infection 29: 173-176, 2001. SHINDE R.S.; MANTUR B.G.; PATIL G.; PARANDE M.V.; PARANDE A. M. Meningitis due to Rhodotorula glutinis in an HIV infected patient. Indian J. Med. Microbiol. 26(4): 375-377, 2008. TUON F.F.; COSTA S.F. Rhodotorula infection. A systematic review of 128 cases from literature. Rev. Iberoam. Micol. 25(3): 135-140, 2008.

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POTENCIAL DE VIRULÊNCIA “IN VITRO” DE AMOSTRAS DE Cryptococcus magnus ISOLADOS DE Mangifera indica

1PORTO, Yuri Duarte;

2MAKITA, Mário Tatsuo;

1ABREU, Daniel Paiva Barros de;

3CAMPOS, Sergio

Gapar de; 3BARONI, Francisco de Assis

1. Monitor de Micologia Veterinária, Discente de Medicina Veterinária, UFRRJ; 2. Monitor de Microbiologia Geral,

Discente de Medicina Veterinária, UFRRJ; 3. Professor Associado do Instituto de Veterinária da UFRRJ.

Palavras-chave: Emergente, Isolamento, Casos Clínicos, Protease, Fosfolipase.

Introdução No gênero Cryptococcus destacam-se como principais, as espécies C. neoformans, acometendo os indivíduos imunossuprimidos e C. gattii, considerado de alta patogenicidade acometendo também aos imunocompetentes. As espécies C. magnus, C. laurentii, C. albidus ganharam notoriedade por terem sido isoladas de vários casos clínicos. A espécie C. magnus é referida como emergente por vários pesquisadores como POTH et al (2010) que relataram o primeiro caso de infecção por Cryptococcus magnus em gato submetido a amputação completa do membro esquerdo e por KHAN et al (2011) que relataram o isolamento de C. magnus das cavidades

nasais de pacientes pediátricos com leucemia. Casos clínicos também foram relatados por KWON-CHUNG et al (2011). Com relação ao ambiente, RANDHAWA & PALIWAL (1979) relataram o isolamento de C. magnus, além de outras espécies do gênero a partir do ar. Em trabalho prévio, PORTO et al (2010), isolaram C. magnus a partir de Mangifera indica. Considerando as diversas formas de como essa espécie pode ser isolada juntamente com sua importância, o presente trabalho objetivou avaliar in vitro o potencial de virulência da mesma a partir dos testes de protease e fosfolipase em amostras isoladas de M. indica.

Material e Métodos Para verificação da produção de fosfolipase e de protease as amostras isoladas de espécies arbóreas foram repicadas em ágar Sabouraud-dextrose 4% e incubadas a 32ºC por 48 horas para reativação das células. Após esse período, em duplicata, foram semeadas em ponto único central na superfície do meio ágar fosfolipase contidos em placas de Petri com incubação a 32°C por até 15 dias. Da mesma forma, procedeu-se para verificação de protease, utilizando-se meio contendo soroalbumina bovina (fração V-Sigma). Um controle positivo (Candida albicans 12 A - ICB USP) foi utilizado. Para confirmar a produção de fosfolipase, medimos o diâmetro da colônia

e o diâmetro do halo de precipitação de CaCl2 formado ao redor da colônia, efetuando-se a razão entre os dois valores, conhecida como Pz ((PRICE et al, 1982; VIDOTTO et al., 1996). Para verificarmos a produção de protease, medimos o diâmetro da colônia e o diâmetro do halo da zona de degradação proteica formada ao redor da colônia, efetuando-se igualmente a razão entre os dois valores (PRICE et al, 1982; VIDOTTO et al., 1996). Considerou-se, então a amostra como não produtora da enzima quando o valor de Pz era igual a 1, produtora se o Pz ≥ 0,64 e menor que 1 e forte produtora se menor que 0,64.

Resultados e Discussão

A maioria dos isolados revelou-se forte produtor de fosfolipase (Código 3, Tabela 1). Para protease, todos os isolados foram classificados como produtores (código 2, Tabela 1). Não podemos efetuar muitas comparações com relação a produção por isolados de outras origens, mas alguns pesquisadores, como PEDROSO (2008) detectaram estas enzimas em cepas de Cryptococcus não neoformans e não gattii.

BARONI et al (2006) e ABREU et al (2010) detectaram forte produção para ambas enzimas em cepa não ambiental, isolada de agulha utilizada em clínica veterinária. A produção de enzimas relacionadas à virulência de microrganismos implica em grande importância se considerarmos que cepas ambientais podem passar a ser cepas clínicas, o que implicaria na possibilidade de patogenicidade após a infecção. Neste caso,

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haveria degradação proteica e fosfolipídica. Por outro lado, espécies como C. magnus são consideradas emergentes, o que significa dizer que são, neste momento, mais isoladas dos casos clínicos que há alguns anos. Tal fato ocorre em função dos casos de imunodeficiência e, também acreditamos, devido a melhorias nos diagnósticos. Em ambas as situações, estamos diante de cepas com poder infectivo e patogênico. Os dados

dos trabalhos realizados podem revelar que quanto menos conhecida a espécie, principalmente quanto a isolamentos, menos se conhece suas particularidades. O conhecimento acerca da produção destas enzimas por parte de C. neoformans e C. gattii deve-se a serem mais isoladas e por isso, serem mais preocupantes e mais estudadas. Isso ofusca o conhecimentos acerca de C. magnus e outras espécies.

Conclusões

A técnica por nós empregada mostrou-se eficaz no isolamento da espécie C. magnus. Foi possível verificar que esta pode ser isolada da espécie arbórea M. indica e que as cascas desta podem conter este microrganismo fúngico. A técnica usada na detecção de protease e fosfolipase, objetos principais desta pesquisa, foram satisfatórias para a detecção

e estimativa do teor de produção. Os isolados de C. magnus mostraram-se produtores das duas enzimas. Os isolados que produziram fosfolipase foram classificados, a maioria, com o código “3”, relacionado a forte produção. Pode-se afirmar que M. indica alberga C. magnus com capacidade proteolítica e fosfolipásica.

Referências Bibliográficas

ABREU DPB, PORTO YD, MAKITA MT, BARONI FA. Cryptococcus albidus forte produtor de protease e de fosfolipase, isolado de agulha utilizada em clínica veterinária. Anais do VI Congresso Brasileiro de Micologia. Novembro-Dezembro de 2010.

BARONI F. A.; PAULA C.R.; SILVA E.G.; VIANI F.C.; RIVERA I.N.G; OLIVEIRA M. T. & GAMBALE W. Cryptococcus neoformans strains isolated from church towers in Rio de Janeiro City, RJ, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 2006, 48: 71-75.

KHAN Z, MOKADDAS E, AHMAD S, BURHAMAH MH. Isolation of Cryptococcus magnus and Cryptococcus chernovii from nasal cavities of pediatric patients with acute lymphoblastic leukemia. Med Mycol. 49(4):439-43. 2011.

KWON-CHUNG K.J.; BOEKHOUT T.; WICKES B.L.; FELL, J.W. Systematics of the genus Cryptococcus and its type species C. neoformans, p 3-15. In: Heitman J, Kozel TR, Kwon-Chung KJ, Perfect JR, Casadevall A. Cryptococcus from human pathogen to model yeast (eds). ASM Press, Washington. 2011.

PEDROSO, R.S.; FERREIRA, J.C.; CANDIDO, R.C. The isolation and charcterization of virulence factors of Cryptococcus spp. from saprophytic sources in the city of Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil. Microbiol Res. 164(2): 221-7. 2007.

PORTO YD, ABREU DPB, MAKITA MT. Isolamento de Cryptococcus magnus a partir de manga (Mangifera indica). Anais VI Congresso Brasileiro de Micologia. Brasília. Novembro-Dezembro. 2010.

POTH, T.; SEIBOLD, M.; WERCKENTHIN, C.; HERMANNS, W. First report of a Cryptococcus magnus infection in a cat. Medical Mycology, 48 (7), November: 1000-1004. 2010.

PRICE M.F.; WILKINSON I.D.; GENTRY L.O. Plate method for detection of phospholipase activity in Candida albicans. Sabouraudia. 1982, v.20, p.7-14.

VIDOTTO, V., SINICCO, A., Di FARIA, D., CARDAROPOLI, S., AOKI, S. ITO-KUWA, S. Phospholipase activity in Cryptococcus neoformans, Mycopathologia, 1996, 136:119-23.

Tabela 1 – Produção de protease e fosfolipase pelos isolados de espécies arbóreas

ISOLADO

ESPÉCIE IDENTIFICADA

PARTE VEGETAL

ESPÉCIE ARBÓREA

PZp

CÓD

PZf

CÓD

M 1 C. magnus CASCAS Mangifera indica 0,73 2 0,42 3

M 2 C. magnus CASCAS Mangifera indica 0,65 2 0,85 2

M 3 C. magnus CASCAS Mangifera indica 0,9 2 0,29 3

M 4 C. magnus CASCAS Mangifera indica 0,87 2 0,33 3

PZp = razão entre Diâmetro da côlonia/Diâmetro do halo da protease, PZf = razão entre Diâmetro da côlonia/Diâmetro do halo da fosfolipase, CÓD = código identificador para não produção, produção ou forte produção, respectivamente 1,2 e 3 (Segundo PRICE et al, 1982)

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AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PROTEASE E FOSFOLIPASE POR Cryptococcus humicolus ISOLADOS DE DIFERENTES ESPÉCIES ARBÓREAS 1MAKITA, Mário Tatsuo;

2ABREU, Daniel Paiva Barros de;

2PORTO, Yuri Duarte;

3CAMPOS, Sergio

Gaspar de; 3BARONI, Francisco de Assis.

1. Monitor de Microbiologia Geral, Discente de Medicina Veterinária – UFRRJ; 2. Monitor de Micologia Veterinária, Discente de Medicina Veterinária - UFRRJ; 3. Professor Associado do Instituto de Veterinária da

UFRRJ

Palavras-chave: Leveduras, Fatores de Virulência, Mangifera indica, Cassia fistula, Cassia grandis

Introdução

O gênero Cryptococcus spp, descoberto há 117 anos por Francesco Sanfelice, é um dos patógenos mais estudados. Apresenta cerca de 70 espécies (KURTZMAN et al, 2011), sendo a maioria de vida livre. Cryptococcus humicolus, segundo KWON-CHUNG et al (2011) é uma das leveduras emergentes. Juntamente com outras espécies como C. adeliensis, C. albidosimilis, C. curvatus, C. luteolus, C. macerans e C. uniguttulatus pode ser considerado não patogênico, mas com isolamento atribuído a colonização não invasiva ou extrema debilitação do hospedeiro. Casos clínicos promovidos por C. humicolus foram respectivamente relatados por SHINDE et al (2004) e BAKA et al (2007) em um menino de 7 anos e um paciente 39 anos, ambos HIV negativos, porém com um quadro de imunodeficiência. Um dos fatores responsáveis pela virulência de microrganismos é a produção de enzimas como as fosfolipases e proteases que degradam fosfolipídios e proteínas, facilitando a invasão tecidual (BARONI et al, 2006). A atividade proteolítica e fosfolipásica de C. humicolus é pouco conhecida, embora já tenha sido avaliada por alguns autores (ZACCHI et al, 2003; WADE et al, 2003). Considerando o pouco conhecimento do assunto e o fato de recentes isolamentos desta espécie de casos clínicos, no presente trabalho, buscamos avaliar a capacidade de produção destas enzimas por C. humicolus, por nós isolada de três espécies arbóreas.

Material e Métodos

As amostras foram isoladas a partir das espécies arbóreas Mangifera indica, Cassia grandis e Cassia fistula. Os isolados e um controle positivo (Candida albicans 12 A do ICB-USP) foram repicados em ágar Sabouraud-dextrose 4% e incubados a 32ºC por 48 horas para reativação das células. Após o período de incubação, cada amostra foi semeada em um ponto central na superfície do meio ágar fosfolipase (composto com gema

de ovo) e em meio para protease (composto por soroalbumina bovina), contidos em placas de Petri com incubação a 32°C por até 15 dias. Os testes foram realizados em duplicada. A produção de fosfolipase promove precipitação de CaCl2, enquanto a produção de protease é verificada pela presença de um halo de degradação proteica no entorno da colônia. Para confirmar a produção destas enzimas, medimos os diâmetros dos halos (DH) de precipitação ou de degradação proteica formados ao redor das colônias e o diâmetro das colônias (DC) respectivas (PRICE et al, 1982; VIDOTTO et al., 1996). A partir da razão entre DC e DH obtivemos o valor da atividade fosfolipásica ou proteolítica, denominada Pz, Interpretamos os resultados de Pz da seguinte forma: produção enzimática negativa quando Pz for igual a 1, positiva quando Pz ≥ 0,64 < 1 e fortemente positiva quando < 0,64 (PRICE et al, 1982).

Resultados e Discussão

Todas as cepas evidenciaram positividade para fosfolipase, sendo 80% (quatro das cinco amostras isoladas) classificadas como forte produtoras. Para o teste de produção de protease, uma única amostra revelou-se produtora (código 2) sendo as demais negativas para esta enzima. Como o número de isolamentos não é maior, é impossível concretizarmos conclusão acerca da capacidade ou não de produção destas enzimas pelas cepas ambientais de C. humicolus. É fato, no entanto, que a possibilidade de produção existe, pois foi evidenciada neste trabalho. Os resultados para ambas enzimas podem ser vistos na tabela 1. A falta de dados acerca de produção de fosfolipase e protease por cepas ambientais de C. humicolus reflete o pouco conhecimento sobre a espécie. É natural que conheça-se menos particularidades de espécies pouco estudadas ou de conhecimento menos difundido e que, ao contrário, conheça-se mais de espécies notadamente de importância clínica como a espécie C. neoformans. C. humicolus, no

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entanto, é uma espécie emergente e, o conhecimento de sua fisiologia, particularmente no que diz respeito a produção de fatores de virulência será importante para podermos empregar corretamente a terapêutica. No sentido prático, a produção de protease e de fosfolipase é um fator preocupante, pois estamos frente a um fungo de caráter oportunista e emergente. Embora saibamos que a patogenicidade de um microrganismo não se deve a um único fator de virulência, tal fato evidencia que espécies tradicionalmente consideradas menos patogênicas podem muitas vezes surpreender, não só por estes achados, mas por serem isoladas de casos clínicos. Trabalhos como os de BAKA et al (2007) e SHINDE et al (2004) reforçam o fato desta espécie ser ainda negligenciada, uma vez que acometem imunossuprimidos, e são espécies menos esperadas pelos profissionais envolvidos com o diagnóstico e a terapêutica.

Conclusões

O isolamento de C. humicolus a partir de Mangifera indica, Cassia grandis e Cassia fistula é possível de ser realizado, conforme verificamos em nossos procedimentos. Aparentemente não há relacão do isolamento da levedura com a parte vegetal, já que foi isolada tanto de galhos quanto de folhas. Verificamos, ainda, que as cepas obtidas eram produtoras ou fortes produtoras de fosfolipase, um importante fator de virulência como discutido anteriormente. Podemos afirmar também que as espécies arbóreas estudadas são capazes de armazenar leveduras produtoras de protease e fosfolipase. A partir do momento em que isolamos esses microrganismos dessas árvores tão comuns, percebemos que a chance de uma infecção oportunista por um desses agentes aumenta consideravelmente.

Referências Bibliográficas

BAKA S., ANTONOPOULOU S.,

SALOMIDOU P., MERETAKI S., APAROS G., DEMERIDOU S.,VELEGRAKI A.,KOUSKOUNI

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BARONI F. A.; PAULA C.R.; SILVA E.G.; VIANI F.C.; RIVERA I.N.G; OLIVEIRA M. T. & GAMBALE W. Cryptococcus neoformans strains isolated from church towers in Rio de Janeiro City, RJ, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 2006, 48: 71-75.

KURTZMAN P.C., FELL J.W., BOEKHOUT T. The yeasts, a taxonomic study. 5 ed. New York, Elsevier, 2011, 2080 p.

KWON-CHUNG K.J., BOEKHOUT T., WICKES B.L., FELL, J.W. Systematics of the genus Cryptococcus and its type species C. neoformans, p 3-15. In: Heitman J, Kozel TR, Kwon-Chung KJ, Perfect JR, Casadevall A. Cryptococcus from human pathogen to model yeast (eds). ASM Press, Washington. 2011.

PRICE M.F., WILKINSON I.D., GENTRY L.O. Plate method for detection of phospholipase activity in Candida albicans. Sabouraudia. 1982, v.20, p.7-14.

SHINDE S.M., VANARSE K.S., PANDIT A.N. Systemic Humicolus Cryptococcosis. Indian Pediatrics. 2004, 41:1161-1164.

VIDOTTO, V., SINICCO, A., Di FARIA, D., CARDAROPOLI, S., AOKI, S. ITO-KUWA, S. Phospholipase activity in Cryptococcus neoformans, Mycopathologia, 1996, 136:119-23

WADE W.W., VASDINNYEI R., DEAK T., BEUCHAT R. Proteolytic yeasts isolated from raw, ripe tomatoes and metabiotic association of Geotrichum with Salmonella. International Journal of Food Microbiology, 2003, 86(1-2):101-111.

ZACCHI Z., VAUGHAN-MARTINI L., ANGELINI P. Yeast distribution in a truffle-field ecosystem. Annals of Microbiology. 2003, 53(3):275-282.

Tabela 1 – Produção de protease e fosfolipase pelos isolados de espécies arbóreas

ISOLADO

ESPÉCIE IDENTIFICADA

PARTE VEGETAL

ESPÉCIE ARBÓREA

PZp

CÓD

PZf

CÓD

PD 01 C. humicolus GALHOS Mangifera indica 0,83 2 0,41 3

PD 8a C. humicolus GALHOS Mangifera indica 1 1 0,58 3

PD 25 C. humicolus FOLHAS Cassia grandis 1 1 0,40 3

PD 33 C. humicolus GALHOS Cassia fistula 1 1 0,78 2

PD 36 C. humicolus FOLHAS Cassia fistula 1 1 0,41 3

PZp = razão entre Diâmetro da côlonia/Diâmetro do halo da protease, PZf = razão entre Diâmetro da côlonia/Diâmetro do halo da fosfolipase, CÓD = código para não produção, produção ou forte produção, respectivamente 1,2 e 3 (Segundo PRICE et al, 1982)

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AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE FUNGOS COM POTENCIAL ENTOMOPATOGÊNICO PARA O ESCORPIÃO AMARELO - Tityus serrulatus

Lutz & Mello, 1922 (Scorpiones, Buthidae)

1MAKITA, Mário Tatsuo;

2ABREU, Daniel Paiva Barros de;

2PORTO, Yuri Duarte;

3CAMPOS, Sergio

Gaspar de; 3BARONI, Francisco de Assis

1. Monitor de Microbiologia Geral, Discente de Medicina Veterinária, UFRRJ; 2. Monitor de Micologia Veterinária,

Discente de Medicina Veterinária, UFRRJ; 3. Professor Associado do Instituto de Veterinária da UFRRJ.

Palavras-chave: Controle biológico, Micologia, Entomopatologia, Escorpionismo.

Introdução

Os escorpiões são os mais antigos aracnídeos, existindo fósseis de mais de 400 milhões de anos (CRUZ, 1994). A distribuição geográfica compreende todos os continentes, exceto a Antártida (SOLEGLAD e FET, 2003). Estima-se a existência de 1500 espécies no mundo, sendo 25 com poder letal, três delas ocorrendo no Brasil (CANDIDO, 1999). A espécie mais perigosa da América do Sul é o Tityus serrulatus (CUPO et al., 1994), endêmica do Brasil com distribuição na Bahia, ES, MG, RJ, SP, PR, DF e GO (FUNDACENTRO 2001, apud BORTOLUZZI et al., 2007). Segundo LOURENÇO e CUELLAR (1995) o T. serrulatus se reproduz por partenogênese, facilitando sua proliferação. Os acidentes podem ter alta gravidade, impossibilitando a vítima para o trabalho e, em muitos casos, ocasionando morte, mais comum quando as vítimas são crianças (HORTA et al., 2007). Em 2000 foram registrados 12.704 acidentes com escorpiões no Brasil e em 2010, foram registrados 50.126 casos (Fonte: Sinan/SVS/MS - atualizado em 01/04/2011). Esses números mostram um aumento de 4 vezes e a importância na saúde pública. Em áreas urbanas, o ambiente é favorecido pela escassez de predadores e pela ação antrópica, que, ao destruir o habitat natural, os obriga a ir para áreas urbanizadas. A partir de observações durante capturas de escorpiões realizadas pelo Programa de Vigilância e Controle de Carrapatos - Secretaria de Saúde da Prefeitura de Americana, S. P, da presença de fungos possivelmente inibidores de escorpiões em sítios de capturas, surge a iniciativa de serem realizados testes in vitro. No presente trabalho realizamos o isolamento e identificação de possíveis fungos entomopatogênicos, no intuito de usá-los como controle natural do T. serrulatus no meio urbano e rural.

Material e Métodos A coleta do material fúngico foi realizada pela equipe do PVCC no Cemitério da Saudade,

Americana – SP. As amostras foram obtidas por raspagem do material fúngico das paredes de sepulturas, totalizando 10 amostras. Semeados em meio de cultura Ágar Sabouraud dextrose (4%), após o crescimento de diversas colônias fúngicas, as placas com crescimento foram individualmente colocadas em caixas organizadoras (39x27x14cm) junto com 10 escorpiões, com exposição por 45 dias. Neste período, os escorpiões mortos eram recolhidos e, sob refrigeração enviados ao Laboratório de Leveduras Patogênicas e Ambientais – DMIV – IV – UFRRJ. Foram enviados também escorpiões não expostos aos fungos, utilizados como controles. Fungos isolados em Sabouraud também foram enviados para análise. Escorpiões passaram por degermação externa, através da passagem seriada em frascos contendo soluções antissépticas. Controle da degermação externa foi realizado mediante imersão de escorpiões em Sabouraud dextrose líquido (4%). Após degermação, com exceção dos filhotes, os escorpiões foram segmentados em tres partes (prossoma+mesossoma, metassoma, membros locomotores), sendo estes triturados para liberação do conteúdo interno, seguindo-se inoculação em meio Agar Sabouraud dextrose (4%). Os fungos isolados a partir dos escorpiões e as amostras fúngicas enviados pelo PVCC foram identificadas em nível de gênero, através da macromorfologia e micromorfologia verificada por microscopia óptica.

Resultados e Discussão

A partir das amostras oriundas de raspados e dos escorpiões mortos, foram observados o crescimento de diversas colônias fúngicas, cujas identificações podem ser verificadas na tabela 1, abaixo. Uma gama de gêneros fúngicos pôde ser isolada dos escorpiões e raspados, sendo provável, que grande parte pertença à microbiota natural destes animais. Fusarium spp foi isolado quase da totalidade das amostras, não sendo isolado no grupo

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controle e Scopulariopsis spp foi isolado em todas as amostras de filhotes. Penicillium spp estava presente em apenas uma amostra de filhotes e foi isolado no grupo controle. Podemos cogitar a possibilidade desses dois gêneros serem os responsáveis pelos óbitos dos animais, mas os gêneros Syncephalastrum spp, Mucor spp, Aspergillus spp e Cladosporium spp não estão descartados. Podemos especular uma possível diferença na imunidade nas diferentes faixas etárias, podendo tal fato ser relevante na susceptibilidade a diferentes patógenos. A ocorrência natural de Fusarium solani em Tityus stigmurus causando óbito aos animais infectados foi relatada levantando-se a possibilidade deste fungo ter papel na regulação de população de campo deste escorpião (SANTANA-NETO et al., 2010). Tal informação reforça a tese de que as cepas isoladas de Fusarium spp possam infectar e levar a óbito a espécie Tityus serrulatus.

Conclusões É possível isolar uma grande diversidade fúngica da região interna do Tityus serrulatus, ainda com poucos indícios de quais são pertencentes à microbiota natural. Os resultados permitem-nos concluir que Fusarium spp é o principal suspeito de ter alto potencial de patogenicidade para escorpiões adultos e o Scopulariopsis spp para filhotes. Houve a possibilidade de apontarmos possíveis gêneros com potencial entomopatológico, e realizarmos seleção das cepas para estudo dos mecanismos fisiopatológicos e de biocontrole.

Referências Bibliográficas BORTOLUZZI, L.R., QUEROL, M.V.M., QUEROL E., 2007 Notas sobre a ocorrência de Tityus serrulatus Lutz & Mello, 1922(Scorpiones, Buthidae) no oeste do Rio Grande do Sul, Brasil, Biota Neotropica, Vol.7 (number 3); p. 357-359.

CANDIDO, D. M. Escorpiões. In: Joly CA, Bicudo CEM (eds) Biodiversidade do Estado de São Paulo, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, São Paulo, 1999, p. 25-34. Disponível: http://www.biota.org.br/pdf/v5cap03.pdf (Ultimo acesso em 03/08/11). CUPO, P., JURCA, M., AZEVEDO-MARQUES, M.M., OLIVEIRA, J.S.M. & HERING, S.E. 1994. Severe scorpion envenomation In Brazil. Clinical, laboratory and anatomopathological aspects. Rev. Inst. Med. Trop. 36:67-76. CRUZ, E.F.S. 1994. Biologia dos Escorpiões. In: Barraviera, B. Venenos Animais - Uma Visão Integrada. Rio de Janeiro: Editora de Publicações Científicas Ltda. p. 135-150. HORTA, F.M.B., CALDEIRA, A.P., SOARES J.A. 2007. Escorpionismo em crianças e adolescentes: aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes hospitalizados. Rev Soc Bras Med Trop. 40 (3): 351-353. LOURENÇO, W. R. & CUELLAR, O. 1995. Scorpions, Scorpionism, Life History Strategies And Parthenogenesis. J. Venom. Anim. Toxins v. 1 n.2. Botucatu. SANTANA-NETO, PL., ALBUQUERQUE, CMR., SILVA, APP., SVEDESE, VM., LIMA, EALA. 2010. Natural occurrence of the Fusarium solani on Tityus stigmurus (Thorell, 1876) (Scorpiones: Buthidae). Braz. J. Biol., vol. 70, n. 1, p. 151-153 Sinan/SVS/MS, 2011, http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/ Acessado em: 25/07/2011 SOLEGLAD, M. E. & FET, V. 2003. High level systematics and phylogeny of the extant scorpions (Scorpiones: Orthosterni). Escorpius, 11:1-175.

Tabela 1 – Resultados dos isolamentos fúngicos obtidos de raspado e dos escorpiões

Local Gêneros isolados

Raspado do material fúngico Fusarium spp, Cladosporium spp, Acremonium spp e leveduras.

Grupo controle Penicilliium spp, Aspergillus fumigatus, Aspergillus spp, Absidia spp, leveduras e fungos da ordem Mucorales, não identificadas quanto ao gênero.

Prossoma + Mesossoma Cunninghamella spp, Fusarium spp, Mucor spp, Rhizopus spp, Aspergillus spp, Aspergillus fumigatus, Absidia spp, Penicillium spp, Neospora spp.

Metassoma Aspergillus fumigatus, Syncephalastrum spp, Penicillium spp, Cladosporium spp, Trichosporon spp, Fusarium spp, Mucor spp e leveduras.

Membros locomotores Cunninghamella spp, Scopulariopsis spp, Aspergillus spp, Mucor spp, Rhizopus spp, Fusarium spp, Trichosporon spp, Syncephalastrum spp, Penicillium spp e leveduras.

Filhotes Scopulariopsis spp e Penicillium spp.

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UTILIZAÇÃO DE POMADA A BASE DE Calendula officinallis E ASSOCIAÇÕES NA CICATRIZAÇÃO DA FERIDA DE CASTRAÇÃO EM CAPRINOS

1BADARÓ, Emanuel Mendes,

2BEZERRA DE MELLO, Erica Bertha Führich Raupp;

3FERREIRA,

Sérgio Fernandes; 4FONSECA,Carlos Elysio Moreira;

5CARVALHO, Maria Ignez Carvalho Ferreira

1Graduando de Medicina Veterinária, UFRRJ, bolsista PIBIC/CNPq,

2Mestranda do PPGMV/UFRRJ, bolsista

REUNI, 3 Doutorando do PPGCA/UFG;

4 Docente DPA/IZ/UFRRJ;

5 Médica Veterinária, MSc

Palavras-chave: fitoterapia, inflamação, febre, epitelização, Capra hircus

Introdução

O uso de plantas medicinais é uma opção ao uso de halopatia para uso em pequenas alterações do rebanho (LANS et al, 2007). Algumas plantas, tanto nativas quanto exóticas, são utilizadas para este fim. Dentre elas está a calêndula (Calendula officinalis), de origem europeia, usada no tratamento de feridas empregando-se na forma dinamizada ou na forma de tintura-mãe nas formulações de pomadas e cremes (CAMPOS et al, 2000; LANS et al, 2007).

Material e Métodos O presente estudo foi conduzido no

Setor de Caprinos e Ovinos da Fazenda do Instituto de Zootecnia (FAIZ) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Município de Seropédica (Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro). Foi mantido o manejo alimentar do criatório, onde os animais encontravam-se em sistema de confinamento, recebendo água ad libitum, capim elefante (Panicum sp.) duas vezes ao dia e ração comercial duas vezes ao dia.

Foram utilizados doze animais SRD (sem raça definida) alocados ao acaso em dois grupos homogêneos. Foi realizado exame clínico de todos os animais previamente ao procedimento de castração (dia 0), onde foi aferida a temperatura retal dos animais, utilizando-se de termômetro clínico. Um grupo foi submetido a tratamento da ferida cirúrgica com pomada à base de extrato de Calendula officinalis (1%) e associações em 100 g. de veículo q.s.p., e o outro grupo com pomada à base de óxido de zinco (20%), óleo de pinho (5%), caulim (32%) e xilol (6%) em 100 g. de veículo q.s.p. e spray à base de permetrina (0,28%) e DDVP (0,62%) em 500 ml de veículo propelente, até a cicatrização completa da ferida cirúrgica.

A temperatura foi aferida diariamente por via retal do dia da castração (dia 0) até o quinto dia após o procedimento (dia 5), utilizando termômetro de mercúrio. Após esse

período, houve o acompanhamento da ferida cirúrgica dos animais, com limpeza com água e sabão de coco e novo curativo aberto a cada três dias para observar a total cicatrização desta.

O experimento foi montado sob um delineamento inteiramente casualizado. O pacote estatístico usado foi o GraphPad Prism 4; sendo usado Teste t de Tukey para valores de temperatura retal dos animais sob efeito dos dois tratamentos com nível de significância de 5%.

Resultados e Discussão Devido a resposta inflamatória, pode

se instalar o processo de febre, que é a elevação da temperatura central do corpo por reajuste do termostato hipotalâmico (ROY, 2005). Durante a inflamação, há a produção e liberação de mediadores inflamatórios como a interleucina-1, um pirógeno endógeno (LORENZI, 1999).

A cicatrização engloba os processos de inflamação, quimiotaxia, proliferação celular, diferenciação e remodelação, que surge como resposta às lesões teciduais de qualquer espécie (GARROS et al, 2006). O estágio inflamatório dura do dia da injúria até o terceiro ou quinto dia quando ocorrem as respostas celulares e vasculares necessárias na eliminação de antígenos e debris teciduais, a fase de reparação inicia-se entre o terceiro e quinto dia, quando inicia a proliferação de fibroblastos, infiltração capilar que originará o tecido de granulação em feridas abertas, com posterior epitelização (DORNELES et al.,2003). A temperatura retal fisiológica de caprinos varia na faixa de 38,5 a 40,0ºC (SOUZA et al, 2008) sendo acima dessa faixa, considerado caso de febre ou hipertermia, depois de se avaliar o quadro.

Os resultados de temperatura retal nos cinco primeiros dias após o procedimento de castração são apresentados no gráfico1. Não houve diferença significativa entre as medições de temperatura retal do grupo controle e grupo alternativo (P = 0,56).

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Gráfico 1: Temperatura retal dos animais nos cinco dias após o processo de castração, a: tratamento alternativo com fitoterápico, c: tratamento halopático

Não houve diferença estatística entre

os tratamentos, apesar de observar que os animais tratados com pomada a base de calêndula obtiveram uma média de temperatura menor nos dias pós-castração.

Subjetivamente, observou-se que os animais tratados com a pomada a base de calêndula tiveram menor reação dolorosa ao toque e menor formação de edema do que os tratados com o tratamento convencional. Isso deve-se ao fato da calêndula conter vários componentes como triterpenóides e flavonóides glicosídicos que são os principais constituintes com efeito antiinflamatório e da presença do ácido palmítico e da capsaicina, com forte ação analgésica, que associados no extrato da planta vão conferir por sinergismo o efeito de inibição da dor tanto neurogênica quanto inflamatória (VOLPATO, 2000).

Conclusão

O número restrito de animais pode ter interferido na obtenção dos resultados estatísticos. Entretanto, o uso de pomada a base de calêndula e associações não interferiu significativamente de modo negativo na temperatura retal em animais submetidos ao processo de castração, podendo ser usado como alternativa quando disponível ao invés do uso do tratamento halopático.

Referências Bibliográficas BISWAS, K.; CHATTOPADHYAY, I.; BANERJEE, R. K.; BANDYOPADHYAY, U. Biological activities and medicinal properties of neem (Azadirachta indica) Current Science, v. 82, n. 11, 10, 2002 CAMPOS, M. C. P. S.; COELHO, M. C. O. C.; SILVA, L. B. G.; MONTEIRO, V. L. C.; LIMA, E. T.; ACETO, M. L. Tratamento de Feridas

Infectadas utilizando Calendula officinalis. Homeopatia Brasileira – Instituto Hahnemanniano do Brasil, v.6, nº1, p.22-28, 2000. DORNELES, D.; WOUK, A. F.; PONTAROLO, R.; OLIVEIRA, A. B. Efeito de Aloe vera Linné sobre a Cicatrização de Feridas de pele em Coelhos.Visão Acadêmica, v. 4, n. 1, p. 39 - 46, 2003 GARROS, I. C.; CAMPOS, A. C. L.; TÂMBARA, E. M.; TENÓRIO, S. B.; TORRES, J. M.; AGULHAM, M. A.; ARAÚJO, A. C. F.; SANTIS-ISOLAN, P. M. B.; OLIVEIRA, R. M.; ARRUDA, E. C. M. Extrato de Passiflora edulis na cicatrização de feridas cutâneas abertas em ratos: estudo morfológico e histológico. Acta Cirúrgica Brasileira v.21, 55, 2006 LANS, C.; TURNER, N.; KHAN, T.; BRAUER, G.; BOEPPLE, W. Ethnoveterinary medicines used for ruminants in British Columbia, Canada. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 2007 LORENZI, T. F. Fisiologia Hematológica: Leucócitos. In: Fisiologia. Rio de Janeiro, RJ: Editora Guanabara-Koogan S.A. p.125-150, 1999 ROY, M. F. Febre In: BROWN, C. M. & BERTONE, J. In: Consulta Veterinária em 5 Minutos: Espécie Eqüina. Barueri, SP: Editora Manole, p. 428-431, 2005. SOUZA, B. B.; SOUZA, E. D.; CEZAR, M. F.; SOUZA, W. H.; SANTOS, J. R. S.; BENICIO, T. M. A. Temperatura superficial e índice de tolerância ao calor de caprinos de diferentes grupos raciais no semi-árido nordestino. Ciência Agrotécnica, v.32, n.1, 275-280, 2008 VOLPATO, A. M. M. Calendula officinalis: constituintes químico, efeitos na hiperplasia benigna de próstata e antinocicepção. Dissertação (Mestrado em Química), Universidade Estadual de Santa Catarina, 2000.

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COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA, RIO DE JANEIRO: PESQUISA APLICADA E FUNÇÃO SOCIAL - RELATO DE CASO

1AMORIM, Estelle Barreto de;

2MARQUES, Ana Paula Lopes;

3BOTTEON, Rita de Cássia Campbell

Machado; 3BOTTEON, Paulo de Tarso Landgraf

1Graduanda do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ;

2 Doutoranda do PPGMV, UFRRJ, bolsista CAPES,

[email protected]; 3Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ

Palavras chaves: associações rurais, produtor rural, bovinos, produção.

Introdução

A organização comunitária é primordial para o desenvolvimento local e uma forma importante de transformação da sociedade (RENCH, 2000). A instituição cooperativa é uma forma de organização do trabalho, da produção, da comercialização, do crédito, do consumo e da prestação de serviços com base na livre adesão de pessoas que em cooperação solidária e conjunta, buscam melhores resultados para a atividade individual. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU, 2009) as Cooperativas promovem e apoiam o desenvolvimento empresarial, criando emprego produtivo, originando receitas e ajudando a reduzir a pobreza, ao mesmo tempo que reforçam a inclusão social, a proteção social e a estruturação da comunidade. Destaca-se segundo que a prioridade deve ser o investimento na educação, assistência técnica e desenvolvimento social dos associados. As cooperativas agropecuárias onde o cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário do empreendimento desempenham importante papel econômico principalmente pelo fato de representarem, em muitas regiões, uma das poucas possibilidades de agregação de valor à produção rural, bem como da inserção de pequenos e médios produtores no mercado. Na dimensão social a cooperativa atua através da inclusão social e disponibilização, ao cooperado, de novos conhecimentos, além de aproximá-lo de uma rede de contato com outros cooperados (SALANEK FILHO e SILVA, 2010). Embora os produtores rurais reconheçam que a ação individual é menos eficiente que a ação coletiva de caráter coordenado, as cooperativas enfrentam dificuldades para manter a unidade e nem sempre os benefícios são direcionados aos cooperados (ARBACHE et al., 2004). Este trabalho tem como finalidade relatar a atuação de Cooperativas Agropecuárias na percepção de produtores rurais do Médio Paraíba, RJ.

Relato de Caso

Para aquisição de dados, localização de propriedades e diagnóstico inicial das deficiências minerais que acometem bovinos no Médio Paraíba, RJ, solicitou-se o auxílio de Cooperativas Agropecuárias e Laticínios de recepção de leite. Inicialmente foi elaborado um questionário previamente testado, contendo dados relativos à manifestações sugestivas de deficiências minerais em bovinos, o qual foi distribuído aos produtores por Cooperativas e Laticínios com abrangência em doze municípios: Itatiaia, Resende, Barra Mansa, Volta Redonda, Porto Real, Quatis, Pinheiral, Valença, Rio das Flores, Piraí, Barra do Piraí e Rio Claro.

Para viabilizar o levantamento foi realizado por telefone um contato prévio com um representante das Cooperativas, os quais indicaram um membro da diretoria para contato. Um protocolo do estudo foi encaminhado, a autorização concedida e a relação nominal dos cooperados disponibilizada. Assim, procedeu-se ao encaminhamento dos questionários em envelopes nominais aos cooperados, os quais seriam encaminhados e recolhidos através do caminhão de coleta de leite. Seguindo instruções contidas nos questionários, a devolução foi voluntária, e a captação ficou a cargo das respectivas Cooperativas e Laticínios, tendo-se estabelecido o prazo de 60 dias para recolhimento dos mesmos. Após esse período os questionários foram recolhidos e posteriormente alguns proprietários foram abordados sobre o recebimento/devolução dos questionários.

De 960 questionários deixados nos estabelecimentos, 68 (7,1%) foram devolvidos no período estabelecido. Posteriormente fomos informados que os 50 questionários destinados aos fornecedores de uma Cooperativa em Resende não foram encaminhados. Como justificativa: “uma falha de comunicação com o motorista do caminhão” e “esquecemos de incluir no envelope de pagamento”. Ainda segundo informações, os questionários foram encaminhados após o período combinado, o que resultou na devolução fora do prazo.

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Em Barra Mansa que tinha na época o maior número de cooperados, 418 envelopes foram encaminhados, mas somente seis devolvidos. Em uma Cooperativa, um Laticínio e duas propriedades que recebem leite em Valença, foram distribuídos 160, 230, 30 e 10 questionários com devolução de 24, 16, 14 e 8 respectivamente.

Do ponto de vista operacional, alguns aspectos devem ser destacados. Como ponto favorável, o envolvimento de técnicos e médicos veterinários das Cooperativas garantiu a distribuição dos questionários e o acesso aos produtores em uma área que seria impossível de ser abrangida através de visitas individuais pelos membros da equipe. Por outro lado, as Cooperativas Agropecuárias, em sua maioria, atuaram como limitantes do processo.

Segundo informações obtidas com os poucos proprietários que efetivaram a devolução dos questionários nesses municípios, vizinhos haviam recebido os questionários, mas não confiaram na informação de que a pesquisa seria realizada por pesquisadores da Universidade Rural, sem ônus para os mesmos. Essa informação foi confirmada por dois produtores: “veio pela Cooperativa, mas achei melhor não perder tempo” e “não acreditei que era de graça, pensei que era mais uma forma de a Cooperativa tirar dinheiro da gente”.

Originalmente as Cooperativas deveriam servir para conseguir escoar, da melhor maneira possível, a produção agropecuária. Além da parte comercial, as Cooperativas também deveriam prestar serviços aos produtores. A maioria mantém uma equipe de técnicos, veterinários e agrônomos para dar suporte aos produtores, garantindo maiores e melhores produções, o que é de interesse comum. A Cooperativa deve funcionar como um lugar de referência, utilizado para contratação de mão de obra, fonte de informações e auxílio técnico (GUAZZI, 1999). O objetivo é a prestação de serviços a seus associados e não lucro como nas empresas de capital, e a gestão deve ser democrática (BIALOSKORSKI NETO, 2001). Neste estudo foi evidenciado que alguns produtores não participavam das tomadas de decisões, se sentiam em parte explorados, excluídos e não confiavam na Cooperativa.

No contexto ficou evidente que os pequenos produtores entendem as Cooperativas como uma entidade política, não vinculada aos interesses específicos dos cooperados.

O agronegócio na região foi caracterizado pela presença de uma enorme quantidade de associações com diferentes propósitos. Algumas características abordadas por JANK e GALAN (1999) foram evidenciadas: “falta de objetivos claros, conflito entre

propósitos e ações, luta pela manutenção de regalias, baixo nível de profissionalização do quadro técnico e a incapacidade de diálogo com os associados”.

PIACESKI e GNOATTO (2010) destacam que “Atualmente as cooperativas principalmente as de grande porte tem sistema de funcionamento semelhante ao de uma sociedade comercial, cuja gestão é centralizada em poucas pessoas (diretoria), não mais exercendo o princípio de gestão democrática, com uma visão de que a cooperativa deve ser grande, pouco importando se estão seguindo o princípio de servir aos associados”.

Conclusão

Pela ação de alguns cooperados

transpareceu a idéia de um setor mal articulado e mal representado que gera pouca confiança.

Referências

ARBACHE, A.P.; PERONI, N.D.; COSTA

P.U.N. A organização de pequenos produtores de leite do noroeste do Rio Grande do Sul. Palestra, EMATER -RS. 2004.

BIALOSKORSKI NETO, S. Agronegócio cooperativo. Gestão Agroindustrial. São Paulo: Editora Atlas, 2001; cap.12.

FRANCO, A. Porque precisamos de desenvolvimento local, integrado e sustentável. Revista Século XXI, n.3. 2000.

GUAZZI DM. Utilização do QFD como uma ferramenta de melhoria contínua do grau de satisfação de clientes internos. Uma aplicação em cooperativas agropecuárias. 1999. Tese (Engenharia de Produção). UFSC, Florianópolis.

JANK MS, GALAN VB. Competitividade do Sistema Agroindustrial do Leite. São Paulo: Desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz USP-PENSA, 1999.

ONU. Nações Unidas - Assembléia Geral. As cooperativas no desenvolvimento social. 2009. http://www.inscoop.pt/Inscoop/comunicacao/docs/As%20coops%20no%20desenvolvimento.pdf

PIACESKI, E.E.; GNOATTO, A.A. Cooperativismo: a busca de um modelo de gestão participativa. 2010. Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/12/10P468.pdf

RECH, D. Cooperativas: uma alternativa e organização popular. Rio de Janeiro: DPeA Editora, 2000. 190p.

SALANEK FILHO, P.; SILVA, C.L. A importância do cooperativismo agropecuário para o capital social local. 2010. Disponível em: http://www.fae.edu/publicacoes/seminario/20.pdf

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TEORES ELEVADOS DE FERRO EM SOLOS E PASTAGENS NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA, RJ, BRASIL E MANIFESTAÇÕES DE DEFICIÊNCIA DE

COBRE

1AMORIM, Estelle Barreto de;

2MARQUES, Ana Paula Lopes;

3BOTTEON, Rita de Cássia Campbell

Machado; 3BOTTEON, Paulo de Tarso Landgraf

1Graduanda do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ;

2 Doutoranda do PPGMV, UFRRJ, bolsista CAPES,

[email protected]; 3Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ

Palavras chaves: minerais, bovino, nutrição, manejo, doenças.

Introdução

O ferro é um elemento fundamental para

várias funções metabólicas da maioria dos seres vivos. Participa no transporte de oxigênio, na cadeia de transporte de elétrons, na síntese de DNA, além de fazer parte da estrutura molecular de diversas proteínas e enzimas (PONKA, 2000; CRICHTON et al., 2002).

O organismo animal contém cerca de 0,005 a 0,009% de ferro (Fe), sob a forma complexa, das quais, aproximadamente, 57 a 60% estão presentes na hemoglobina e 7,0% na mioglobina (ANDRIGUETTO et al., 2002). A concentração normal do ferro plasmático é de 100 a 300 mg/dL, e no leite de bovinos chega a 100 a 2400 mg/L (ROBINSON, 1990).

Nos solos tropicais, a disponibilidade de ferro nas forrageiras é suficiente e até alta para atender à demanda dos bovinos (MCDOWELL, 1999), de forma que a deficiência raramente ocorre no gado bovino, exceto em bezerros alimentados exclusivamente com leite, quando os animais apresentam alto grau de parasitismo ou hemorragia e na deficiência de cobre que limita sua absorção e aproveitamento (RADOSTITS et al., 2002).

Em publicação que contempla os resultados dos estudos sobre deficiências minerais em bovinos e ovinos nos últimos 25 anos (MORAES et al., 999) os valores de Fe obtidos em grande parte das amostras de todos os Estados foram elevados, sobretudo naquelas com baixos valores de cobre.

Este trabalho tem por objetivo informar sobre a ocorrência de níveis elevados de Fe e normais de cobre em solos e pastagens de sete propriedades na região do Médio Paraíba, propriedades na região do Médio Paraíba, sul do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Relato do Caso

O estudo foi conduzido em unidades de produção leiteira fornecedoras a três cooperativas e dois laticínios que realizavam a captação de leite na região do Médio Paraíba, RJ. Através de questionários contendo os

principais sinais indicativos de deficiências minerais em bovinos, encaminhados em envelopes nominais aos produtores de leite vinculados às cooperativas e laticínios participantes do estudo, obteve-se a informação da ocorrência provável da deficiências minerais em 58 propriedades, das quais foram visitadas 20 para avaliação in loco. Propriedades nas quais não foram evidenciados os sinais informados foram eliminadas. A seguir estabeleceu-se por sorteio, sete para coletas de solo, forragem e material biológico (sangue). Para esta finalidade foi fixado um calendário de visitas de forma a realizar as coletas no fim da estação chuvosa (março/abril de 2009) quando os animais são mais produtivos e suas exigências maiores (SUTTLE, 2010) e, no fim da estação seca (setembro/outubro de 2009).

As amostras de solo foram coletadas segundo proposto por ALMEIDA et al. (1988) e processadas segundo metodologia descrita pela EMBRAPA (1997). As forragens foram obtidas a partir do corte da parte aérea com tesoura de aço inoxidável, a uma altura equivalente a de pastejo, acondicionadas em sacos plásticos e processadas para determinação de macro e micronutrientes segundo TEDESCO et al. (1995). Amostras de sangue foram obtidas por punção venosa em frascos sem anticoagulante, centrifugadas para obtenção do soro e este analisado por espectofotometria de absorção de plasma quanto aos níveis de Fe e Cu. Os resultados submetidos à estatística descritiva, feitas as médias, desvios padrões e os valores foram comparados pelo teste T a 95% de confiança (p>0,05) entre as diferentes estações de coleta. Os resultados foram comparados aos valores de referência encontrados na literatura.

Nas propriedades avaliadas os sinais mais freqüentemente evidenciados in loco, em concordância com as manifestações informadas pelos produtores evidenciavam deficiências de cobre (Cu), cobalto (Co) e fósforo (P). Em 40% (8/20) das propriedades, o aspecto das pelagens foi classificado como regular e 10% (2/20) como ruim, 45% (9/20) das propriedades tinham bezerros com pêlos arrepiados e ásperos, 40% (8/20) com pêlos despigmentados, 10% (2/20)

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com despigmentação ao redor dos olhos e 5% (1/20) com pelagem muito ruim e áreas de alopecia. Vacas roendo osso e corda (4/20 - 20%), mancando (1/20 - 5%) e bezerros roendo madeira (1/20 - 5%) também foram observados, evidenciando as deficiências de P, Co ou Cu (TOKARNIA et al., 2010). Em aparente contradição com os sinais de deficiência de Cu observados nas propriedades deste estudo, níveis normais desse elemento foram encontrados nos solos e forragens da maioria das propriedades. Nos solos, os teores no final da estação chuvosa (3,03±1,72 mg/dm³) não diferiram (p=0,87) do final da estação seca (3,13±1,22 mg/dm³), sendo considerados valores entre 1,3 e 1,8 mg/dm³ adequados (RIBEIRO et al., 1999). Alguns pastos apresentaram nos solos, inclusive, valores considerados altos. O mesmo aconteceu com as forragens ao final das chuvas (11,9±12,92 ppm) sem diferença (p=0,24) para o final da estação seca (13,60±5,23 ppm) sendo o mínimo de 10 ppm (NRC, 2001) adequado para manutenção de rebanhos leiteiros. Os teores de ferro (Fe) nos solos (241,41±231,32 mg/dm³) e forragens (1,238,21±1.460,68 ppm) no final das chuvas não apresentaram diferença significativa para os solos (245,76±140,67 mg/dm³) e forragens (1,373,40±1.624,99 ppm) no final da estação seca. Os teores nos solos e forragens deveriam estar no máximo 45 mg/dm³ (RIBEIRO et al., 1999) e 14 ppm (NRC, 2001) respectivamente, e apresentaram variações de 14 a 16 vezes entre o menor e o maior teor deste elemento, estando excessivamente altos em ambas as estações.

Nas propriedades estudadas todos os animais apresentaram valores séricos de Cu abaixo dos limites fisiológicos de 0,6 a 1,5 ppm (GONZÁLEZ, 2000, MARQUES et al., 2003), estando a média dos rebanhos em 0,43 ppm, apesar dos valores normais nos solos e pastagens nas duas épocas de análise. Entre as vacas (0,43±0,12 ppm) e bezerros (0,46±0,24 ppm) não houve diferença significativa (p=0,28). No início da estação seca (0,42±0,14 ppm) as médias foram ligeiramente menores, mas sem diferença significativa (p=0,44) em relação ao início das chuvosas (0,45±0,17 ppm).

Altos teores de Fe nos solos e pastagens limitam a absorção do Cu (SUTTLE, 2010, TOKARNIA et al., 2010) resultando em deficiência condicionada do Cu.

Conclusão

Os elevados níveis de Fé nos solos e

pastagens avaliados estão provavelmente relacionados com as manifestações clínicas de

deficiência de Cu relatadas e evidenciadas nas propriedades em que se realizou este estudo.

Referências Bibliográficas ALMEIDA DL, SANTOS GA, DE POLLI H.

Manual de Adubação para o Estado do Rio de Janeiro. Seropédica: Ed. UFRRJ; 1988. 179p.

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CRICHTON RR, WILMET S, LEGSSYER R LEGSSYER R, WARD RJ. Molecular and cellular mechanisms of iron homeostasis and toxicity in mammalian cells. Journal of Inorganic Biochemistry, v.91, p.9-18, 2002.

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PONKA P. Iron Metabolism: Physilogy and Pathophysiology. The J Trace Elements in Experimental Medicine, v.13, p.73-83, 2000.

RADOSTITS OM, GAY CC, BLOOD, D.C.; HINCHCLIFF, K.W. Clínica veterinária. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.

RIBEIRO MR, JACOMINE PKT, LIMA J. Caracterização de solos de referência do Estado de Pernambuco. Recife, Universidade Federal de Pernambuco; 1999. 104p.

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ANEMIA EM CÃES SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE MANEJO NUTRICIONAL E SANITÁRIO

1ANTUNES, Marcelo Soares;

1RAMOS, Anselmo Silva;

2BOTTEON, Rita de Cássia Campbell Machado;

3OLIVEIRA, Elaine Liporage de; MACHADO, Carlos Henrique

2;

2BOTELHO, Gilberto Garcia

1. MSc. pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, UFRRJ; 2. Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, UFRRJ; 3. Mestranda em Ciências Veterinárias, UFRRJ,

Palavras chave: Anemia, Hemograma, Hematologia, Sangue

INTRODUÇÃO

Anemia é uma das entidades nosológicas

de descrição mais antiga e, provavelmente, uma das mais difundidas. Do ponto de vista clínico corresponde a uma síndrome de etiologia multi-fatorial caracterizada por níveis reduzidos de hemoglobina, baixa concentração de hemácias por unidade de sangue e/ou número de hemácias abaixo dos valores definidos como normais para indivíduos saudáveis da mesma espécie, raça, sexo, idade e condições similares (NELSON; COUTO, 2006). Anemia pode ser decorrente de fatores nutricionais, genéticos, imunológicos, perda de sangue, trauma físico e medicamentos (BATISTA-FILHO et al., 2008). É também freqüente em distúrbios gastrintestinais, neoplasias, doenças infecciosas e inflamatórias crônicas, insuficiência renal e hepatopatia crônica (CARVALHO et al., 2006). A avaliação diagnóstica inclui histórico, anamnese, exame físico detalhado, e exames laboratoriais (SPORRI; STUNZI, 1977).

O impacto da anemia sobre a saúde e produtividade é variável, e em medicina veterinária ainda pouco compreendido. Em cães diversas enfermidades que cursam com anemia, a exemplo de erliquiose, são exaustivamente estudadas. Contudo, não existem no Brasil estudos para estimar a incidência de anemia em diferentes espécies. Objetiva-se avaliar os índices de anemia em cães sob condições diversas de manejo nutricional e sanitário.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram avaliados 150 cães adultos,

machos e fêmeas, de portes médio e grande, sendo 105 sem raça definida (SRD), procedentes do atendimento em uma Clínica Veterinária em Queimados, RJ avaliados segundo a seqüência de atendimentos, independente da queixa clínica e sinais de enfermidades e 45 beagles não castrados, sem evidências de enfermidades, acautelados no Canil do LQEPV / UFRRJ, que não estavam em experimentação no momento.

Os beagles eram mantidos em canis coletivos, com acesso irrestrito à água e ração

(Classe Premium®

- DuBom Alimentos). Todos eram vacinados (Duramune® Max – 5CvK/4L e Rai-Vac® I, Fort Dodge) quando filhotes e revacinados anualmente. Estes animais sofriam freqüentes infestações por Ancylostoma sp, sendo vermifugados em intervalos de dois meses. Em intervalos variáveis eram submetidos a testes clínicos com drogas antiparasitárias.

Amostras de sangue foram obtidas por punção da veia braquiocefálica, em frascos com EDTA, encaminhadas para hemograma completo (SYSMEX – Modelo POCH – 100 IV Diff). Os parâmetros do hemograma foram comparados com valores de referência para a espécie.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios dos parâmetros hematológicos de 105 cães SRD e 45 Beagles (Tabela 1) demonstraram uma grande variação, sobretudo no eritrograma entre animais SRD e Beagles e entre machos e fêmeas.

Os cães SRD apresentaram os parâmetros hematológicos He, Hb, VG, plaquetas e CHCM mais elevados que os Beagles. Fêmeas SRD apresentaram os valores mais elevados, exceto CHCM, LG e plaquetometria. Entre os beagles os machos apresentaram o VG, Hb, hemácias e leucometria total mais elevados que as fêmeas. Entre esses, os índices hematimétricos VCM, CHCM e plaquetas foram mais elevados nas fêmeas.

Considerando que a diminuição dos parâmetros do eritrograma indica anemia (LATIMER; MEYER, 1992; COLES, 1993, KANEKO, 1997; ETTINGER, 1992) o número de animais anêmicos foi muito elevado, sobretudo entre os beagles onde somente dois (4,5%) apresentaram VG, He e Hb normais. Os mesmos parâmetros foram normais para a maioria (88/105 – 83,8%) dos cães SRD.

Os 43 beagles anêmicos (95,5%) apresentaram anemia do tipo normocítica normocrômica (ANN), que também foi observada em 70,5% (12/17) dos cães SRD com anemia. Anemia macrocítica hipocrômica e microcítica hipocrômica foram identificadas respectivamente, em um e cinco cães SRD.

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Embora sejam freqüentes os estudos do perfil hematológico em cães com doenças infecciosas, parasitárias e inflamatórias não foi possível obter dados referentes à ocorrência de anemia em cães assintomáticos. Para animais da mesma espécie o sexo, idade, gestação, lactação, nutrição e doenças intercorrentes podem ter influenciado os parâmetros hematológicos (KANEKO, 1997).

Na média a contagem de plaquetas dos Beagles machos ficou abaixo da normalidade para a espécie. Dos 45 beagles, 22 (48,9%) apresentaram trombocitopenia que foi observada em 20 cães com ANN, e dois não anêmicos.

Na leucometria global e específica não foram observadas diferenças marcantes. A média da população ficou dentro dos fisiológicos. Entre os beagles as alterações mais freqüentes além de ANN e trombocitopenia foram neutrofilia (48,9%), monocitose (37,2%) e linfopenia (25%).

Produção deficiente, destruição excessiva e perda sanguínea, são os mecanismos básicos responsáveis pela anemia (LORENZI, 2003).

Na prática clínica os achados laboratoriais de ANN e trombocitopenia remetem aos quadros de eriliquiose (ETTINGER; FELDMAN, 2004). A infecção por Ehrlichia canis pode perdurar por anos, caracterizando-se apenas por leves alterações hematológicas e ausência de sintomas evidentes. A fase crônica tem como principal característica a hipoplasia da medula óssea que resulta em anemia arregenerativa, monocitose, linfocitose e leucopenia (STILES, 2000). Em conjunto essas alterações não foram evidenciadas em nenhum beagle. Pode-se também sugerir a infecção por Anaplasma platys, o agente etiológico da trombocitopenia infecciosa cíclica ou erliquiose trombocítica que infecta plaquetas de cães e eventualmente leucócitos, de gravidade moderada, com poucos sinais evidentes (HARVEY, 1998).

O diagnóstico de E. canis pela demonstração de inclusões intracitoplasmáticas, a partir de esfregaço sangüíneo foi confirmado em um beagle com ANN e dois cães SRD com eritrograma e leucograma normais.

Em cães a PPT varia entre 5,5 e 8,0 g/dL (KANEKO, 1997). Os valores encontrados foram maiores que 8,0 na maioria dos animais (75%). Hiperproteinemia ocorre na fase inicial de processos inflamatórios ou infecciosos em decorrência de uma hiperglobulinemia (BUSH, 2004). Com histórico de infestações por carrapatos e ancilostomose seria esperado um número maior de animais com hipoproteinemia.

A contagem de reticulócitos foi menor que 2,5% (anemia arregenerativa) em 11 animais

(42,3%). ANN e insuficiente resposta medular podem ser decorrentes de doenças idiopáticas, hipoplasia ou aplasia medular causada por toxinas ou medicamentos (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Ocorre ainda como anemia leve ou moderada em pacientes com doenças infecciosas, inflamatórias ou neoplásicas e na insuficiência renal crônica (MORETTI, 2006).

CONCLUSÃO

A anemia tem ocorrência significativa em

cães, mesmo em animais assintomáticos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA-FILHO, M.; SOUZA, A.I.;

BRESANI, C.C. Anemia como problema de saúde pública: uma realidade atual. Ciência e Saúde Coletiva, v.13, n.6, p.1917-1922, 2008.

BUSH, B. M. Interpretação de Resultados Laboratoriais para Clínicos de Pequenos Animais. São Paulo. Roca, 2004, 376p.

CARVALHO, M.C.; BARACAT, E.C.E.; SGARBIERI, V.C. Anemia Ferropriva e Anemia de Doença Crônica: Distúrbios do Metabolismo de Ferro. Segurança Alimentar e Nutricional, v.13, n.2, p.54-63, 2006.

COLES, E.H. Patologia Clínica Veterinária. 4ª ed., Rio de Janeiro, Saunders, 1993. 516p.

ETTINGER, S.J. Tratado de medicina Interna Veterinária. 3. ed. São Paulo: Manole, 1992, p. 2616-2664.

ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. Doenças do Cão e do Gato. 5 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, p. 422-429.

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KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. 5. ed. San Diego: Academic Press, 1997, 932 p.

LATIMER, K.S.; MEYER. D.J. Os leucócitos na Saúde e na Moléstia. In: ETTINGER, S.J. Tratado de medicina Interna Veterinária. 3. ed. São Paulo: Manole, 1992, p. 2616-2664.

LORENZI, T.F. Manual de Hematologia. 3º ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003. 655p.

MORETTI, L.D.; SILVA, A.V.; RIBEIRO, M.G.; PAES, A.C.; LANGONI, H. Toxoplasma Gondii Genotyping in a Dog Co-infected With Distemper Vírus and Ehrlichiosis Rickettsia. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 48, n. 6, p. 359-363, 2006.

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NELSON, R. W.; COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p.467-488.

SPORRI, H.; STUNZI, H. Fisiopatologia Veterinária. Espanha: Acríbia, 1977. p. 25-31.

STILES, J. Canine rickettsial infections. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.30, n.5, p. 1135-1150, 2000.

Tabela 1: Média dos valores hematológicos de 105 cães sem raça definida (SRD) e 45 Beagles, segundo o sexo e valores de referência para a espécie

1.

PARÂMETROS SRD Beagles REFERÊNCIA

Machos Fêmeas Machos Fêmeas

Volume globular (%) 39,4a* 43,13b* 31,6c 30,91c 37 - 55 Hemácias (x 10

6 / µL) 6,2ª 6,7b 4,97c 4,76d 5,5 – 8,5

Hemoglobina (g/dL) 13,1ª 14,17b 10,30c 10,10c 12 – 18 VGM fL 63,52a 64,75a 63,67a 64,89ª 60-77 CHCM (%) 33,2ª 32,9a 32,48b 32,62b 31-36 Plaquetas (x 10

3/µL) 328ª 284b 178c 234d 200.000 - 500.000

Leucócitos (x102/µL) 14,2a* 13,46b* 13,90b 12,99b 6.000 – 17.000

Bastões (/ µL) 1,8ª 1,7a 5,2b 4,1b 0 – 300 Sgmentados (/µL) 52,2ª 54,5a 52,3a 56,9b 3000 – 11.500 Linfócitos (/µL) 28ª 24,5a 21,1b 22,2b 1.000 – 4.800 Monócitos (/µL) 9,6ª 9,4a 8,6ab 10,5ª 150 – 1.350 Eosinófilos (/µL) 8,9ª 9,3a 9,75a 5,8b 100 – 1250 Basófilos (/µL) 0,2ª 0,1a 0,3a 0,1a Raros

Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa a 99% de confiança pelo Test T. * Diferença significativa a 95% de confiança.

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ÍNDICES ECOCARDIOGRÁFICOS EM CÃES SADIOS E COM DOENÇA PERIODONTAL

1RAMOS, Anselmo Silva;

2VEIGA, Cristiano Chaves Pessoa da;

3BOTTEON, Rita de Cássia

Campbell Machado, 1ANTUNES, Marcelo Soares

1 MSc. pelo Programa de pós-graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ; 2 Médico Veterinário – HVPA da UFRRJ; 3 Departamento de Medicina Veterinária e Cirurgia, UFRRJ

Palavras-chave: cães, periodontite, endocardite, doença periodontal, ecocardiografia

INTRODUÇÃO

A doença periodontal (DP) é a afecção

oral mais comum na clínica de pequenos animais (GIOSO, 2007) apresentando em variados graus, uma prevalência de 80% a 85% nos pacientes caninos adultos (HARVEY, 2005; KYLLAR e WITTER, 2005). Propõe-se que na periodontite as bactérias orais e suas toxinas podem sair da bolsa periodontal e atingir órgãos distantes como fígado, coração e rins (BERRYHILL, 2007).

Endocardite é uma infecção das válvulas cardíacas ou da superfície endotelial do coração, mais freqüentemente causada por bactérias (95%), que ocorre quase sempre em pacientes com anormalidades anatômicas cardíacas (ROSE et al., 2002; MANO, 2009). Em cães a prevalência da endocardite é desconhecida, porém incomum (MUCHA, 2001; ÁVILA et al., 2008). O objetivo deste estudo foi avaliar os parâmetros da função cardíaca em cães em associação com a DP.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliados 12 poodles ou mestiços (SRD) atendidos em uma Clínica Veterinária e 12 beagles do canil do LQEPV da UFRRJ selecionados quanto a presença de DP (BEARD e BEARD, 1989): dentes e gengivas saudáveis (n=12); inflamação gengival grave, mobilidade e perda de fixação epitelial dos dentes (n=12).

A avaliação ultrassonográfica foi realizada em modo B e M utilizando as janelas acústicas paresternais esquerda e direita (aparelho Sonosite modelo Titan transdutor de banda larga C11, 4 a 7 MHz). As imagens foram arquivadas (Sitelink) e avaliadas através do Infanrview. Os animais foram posicionados em decúbito lateral direito por contenção manual. Uma espessa camada de gel acústico foi usada, não sendo necessária a tricotomia da região.

Foram obtidas as medidas: frequência cardíaca (FC - bpm); débito cardíaco (DC -L/min); fração de ejeção e de encurtamento (%); volume sistólico e diastólico final (mL); diâmetro da Aorta (cm), átrio esquerdo (cm); espessura da mitral (cm), ventrículo direito sistólico e

diastólico (cm); ventrículo esquerdo sistólico e diastólico (cm); septo inter ventricular sistólico e diastólico (cm); átrio direito (cm); espessura da tricúspide (cm). Como não há ainda, todos os parâmetros estabelecidos para peso e raça optou-se pela análise descritiva e Teste T (sadios e DP).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A FC foi maior nos animais sadios (132

bpm), porém todos no intervalo fisiológico (49 a 146 bpm) para cães durante a ecocardiografia (BONN, 2005) e abaixo do limite de 240 bpm durante esforço e excitação (ABBOTT, 2006).

Não foram evidenciadas lesões proliferativas vegetativas típicas de endocardite valvular (SISSON e THOMAS, 1984; MUCHA, 2001; CALVERT, 2006) que resultam em aumento da espessura e ecogencidade das valvas (BOON, 2005). Os parâmetros avaliados em animais sadios e com periodontite (DP) estão representados nas Tabelas 01 e 02.

O diâmetro do VE na diástole foi maior em animais com DP. O mesmo parâmetro na sístole foi menor (p≤0,01) nos animais com DP, ambos menores que os descritos por TILLEY e GOODWIN (2002). O DC foi menor e a relação AE/AO foi maior nesses mesmos animais.

A espessura da parede do VE na sístole e na diástole foi maior nos animais com DP (p≤0,01). A fração de encurtamento na sístole que reflete indiretamente a contractilidade miocárdica foi menor que o limite mínimo de 33% para a espécie (BONN, 2005) em um animal sem DP (21,6%). A diminuição da FEVE está relacionada à displasia da tricúspide e cardiomiopatia dilatada, (TILLEY e GOODWIN, 2002). Seu valor reflete a gravidade da doença (MANO, 2009).

Na média a fração de encurtamento do VE (FEVE) não diferiu entre animais com e sem DP. O tempo de ejeção do VE (TEVE) para animais sadios e com DP foi compatível com os valores obtidos para cães normais das raças Schnauzer e Boxer (SILVA et al., 2008). Um animal (o mesmo com a FEVE menor que 33%) apresentou o TEVE reduzido, indicando comprometimento da função cardíaca

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(CALVERT, 2006). Os volumes sistólico e diastólico final do VE foram mais elevados nos animais com DP com diferença significativa para o volume diastólico (p≤0,01). A espessura do septo interventricular (SIV) na sístole e diástole foi menor nos animais com DP. Para animais sadios e com DP os valores médios na sístole foram compatíveis e na diástole superiores aos relatados por TILLEY e GOODWIN (2002). Segundo esses autores a espessura do SIV na cardiomiopatia dilatada é diminuída na diástole.

A espessura da mitral não apresentou variação significativa entre animais sadios e com DP e foram compatíveis com os relatados por MUZZI et al. (2009), em animais com endocardiose (3,39 ± 0,71), uma enfermidade degenerativa que acomete sobretudo cães de pequeno porte entre 8 e 11 (CALVERT, 2006). destaca-se que neste estudo em nenhum dos grupos os animais tinham mais de oito anos.

O diâmetro da raiz da aorta (AO) varia segundo o peso. Neste estudo as mensurações (10,8 a 25,4mm) foram menores nos animais sadios. Dois animais apresentaram AO fora dos limites, sendo um diminuído e um aumentado, ambos com o diâmetro da mitral diminuído (TILLEY e GOODWIN, 2002). Os parâmetros relativos ao átrio e ventrículo direito (diâmetro e espessura) na sístole e na diástole não tiveram diferença significativa entre animais sadios e com DP. Os animais com DP apresentaram a dimensão interna do VD na diástole abaixo dos valores relatados por MUZZI et al. (2009) que não avaliaram o DVD na sístole nem a espessura da parede. Em animais saudáveis a dimensão interna do VE é de 3 a 4 vezes maior que a do VD (TILLEY e GOODWIN, 2002). Na sístole e na diástole essa dimensão foi maior que 4 vezes (4,9 e 4,6, respectivamente, com variação entre 1,6 e 12,4). A relação AE/AO foi maior que o limite normal na maioria dos animais com DP, sugerindo disfunção AE (BOON, 2005).

O diâmetro da tricúspide foi maior nos animais com DP (p≤0,01). Não foi possível obter valores de normalidade. No entanto esta válvula é raramente acometida por endocardite e doença degenerativa (NELSON e COUTO, 2006). O DC que está diminuído em pacientes com insuficiência valvular, cardiomiopatia dilatada e infarto do miocárdio (NELSON; COUTO, 2006) foi mais elevado em animais sadios (p≤0,01).

CONCLUSÕES

O DC menor em animais com DP em

associação com outros parâmetros da função ventricular concordam com evidências de que a DP crônica pode ocasionar perturbações sistêmicas incluindo danos cardiovasculares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TILLEY L.P.; GOODWIN J.K. 2002. Manual de Cardiologia para Cães e Gatos. Editora Roca,

3 ed. São Paulo, 490p.

Tabela 1: Valores médios dos parâmetros cardíacos mensurados através de ultrassonografia em animais sadios, com gengivite e periodontite. Grupo TEVE FEVE VSFVE VDFVE AEd SIVd SIVs AO AE/Ao Mitral

Periodontite 78,83 47,26 5,97 22,15 2,47 0,95 1,26 1,47 1,70 0,37

Sadio 72,40 41,52 11,72 42,03 2,85 0,79 1,13 1,89 1,51 0,33

Valor de p 0,310 0,370 0,029 0,0038 0,037 0,156 0,367 0,0002 0,353 0,666

TEVE – Tempo ou fração de ejeção do VE; FEVE - Fração de encurtamento do VE; VSFVE - Volume sistólico final do VE; VDFVE – Volume diastólico final do VE; AEd – Diâmetro do AE na diástole; SIVd – Espessura do septo interventricular na diástole; SIVs - Espessura do septo interventricular na sístole; AO – Diâmetro da raiz interna da artéria aorta; AE/AO – Relação Átrio Esquerdo e diâmetro da Aorta; Mitral – Espessura da válvula mitral.

Tabela 2: Valores médios dos parâmetros cardíacos mensurados através de ultrassonografia em animais sadios, com gengivite e periodontite.

Grupo VT AD DVDs DVDd EVDs EVDd DVEs DVEd EVEs EVEd

Periodontite 0,24 1,90 0,28 0,58 0,71 0,41 1,33 2,37 1,22 0.83 Sadio 0,22 2,39 0,69 0,88 0,74 0,44 1,88 3,22 1,23 0.79 Valor de p 0,796 0,002 0,0005 0,057 0,343 0,73 0,010 0,0007 0,073 0.003

VT – Diâmetro da válvula tricúspide; AD – Diâmetro do Átrio Esquerdo; DVDs – Diâmetro do ventrículo direito na sístole; DVDd – Diâmetro do ventrículo direito na diástole; EVDs - Espessura da parede do ventrículo direito na sístole; EVDd - Espessura da parede do ventrículo direito na diástole; DVEs – Diâmetro do ventrículo esquerdo na sístole; DVEd – Diâmetro do ventrículo esquerdo na diástole; EVEs - Espessura da parede do ventrículo esquerdo na sístole; EVEd - Espessura da parede do ventrículo esquerdo na diástole.

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ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR DO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM EM PACIENTE COM EFUSÃO PERICÁRDICA: RELATO DE CASO.

1 MENEZES, Márcia Souza;

2 SOARES, Denise do Vale;

3 SILVA, André Luiz Blaschikoff da;

4

OLIVEIRA, Elis Carvalho de; 5AMADO, Luciana Vasconcelos

1Discente do Curso de Medicina Veterinária;

2Bolsista de Monitoria UFRRJ, Discente do Curso de Medicina

Veterinária;3

Bolsista do Grupo PET Medicina Veterinária UFRRJ, Discente do Curso de Medicina Veterinária; 4Doscente do Curso de Medicina Veterinária;

Palavras-chave: ultrassonografia, radiografia, efusão pericárdica, efusão pleural, cão.

Introdução A angústia respiratória de qualquer origem representa uma verdadeira emergência que exige uma rápida identificação da causa e informações sobre o diagnóstico e o tratamento dos animais afetados. Radiografias torácicas são úteis para documentar a extensão da doença e tentar esclarecer sua etiologia (ROZANSKI & CHAN, 2005). As desordens pericárdicas mais comuns em pequenos animais estão associadas com acúmulo de fluídos no saco pericárdico caracterizando efusão pericárdica (HAGE et al, 2008; VENTURA et al, 2009). As efusões pericárdicas são em sua maioria de origem neoplásica ou pericardite inflamatória idiopática sendo que aquelas de natureza infecciosa são menos frequentes, assim como as de categorias de distúrbios de coagulação, corpos estranhos, traumáticas, tóxicas, congênitas, endócrinas ou falha cardíaca. O tamponamento cardíaco ocorre quando a pressão intrapericárdica excede a pressão cardíaca de preenchimento diastólico. A resultante redução no preenchimento cardíaco diminui o fluxo sangüíneo adiante levando à um débito cardíaco baixo que ativa mecanismos compensatórios levando ao acúmulo de fluídos. Sinais congestivos são tipicamente manifestados como falha cardíaca congestiva direita (HAGE et al, 2008). Outra anormalidade comum em cães que podem originar dispnéia compreende acúmulo de líquido na pleura, também chamado de efusão pleural (NELSON & COUTO,2001). O propósito desse relato é divulgar a avaliação ultrassonográfica como complementação diagnóstica das radiografias torácicas em medicina veterinária.

Material e Métodos Paciente canino, macho, 7 anos de idade, da raça Rottweiler, foi encaminhado ao CRVimagem

1, proveniente de uma clínica

veterinária particular para realização de

1 *CRVimagem – Centro de Referência Veterinária. Av.

Américas, 505, lj M – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro –

22631-000 – www.crvimagem.com.br

radiografia torácica devido ao quadro de dispnéia aguda apresentada pelo paciente, previamente diagnosticado com hemoparasitas e plaquetopenia associada. O exame radiográfico revelou um aumento de radiopacidade homogênea e difusa na cavidade torácica, perda da definição da interface da cúpula diafragmática com o pulmão, separação das margens craniais dos lobos pulmonares da parede torácica, ampliação do recesso lombo-diafragmático, arredondamento dos ângulos costo-frênicos e evidenciação das fissuras interlobares; concluindo-se o diagnóstico de efusão pleural (figura 1). Entretanto, não foi possível definir somente pela imagem radiográfica a presença de efusão pericárdica havendo, portanto, a necessidade de complementação diagnóstica com o exame ultrassonográfico, que revelou presença de líquido no espaço pleural e também no saco pericárdico (figura 2). Através do ultrassom foi possível diagnosticar o tamponamento cardíaco devido à dinâmica cardíaca alterada.

Figura 1 – Imagem radiográfica digital da cavidade torácica em decúbito lateral esquerdo evidenciando o aumento de radiopacidade difusa e homogênea do tórax.

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Resultados e Discussão Foi observada grande radiopacidade da cavidade torácica na imagem radiográfica, o que serviu de base para suspeita de efusão pericárdica, sugerindo haver mais coleção líquida que não somente a efusão pleural. Inicialmente, pensava-se que a ultrassonografia não pudesse ser utilizada na avaliação do tórax. Entretanto, estudos recentes mostram que a ultrassonografia tornou-se um recurso muito valioso na avaliação do tórax anormal, onde densidades líquidas e sólidas se interpõem entre a parede torácica e o pulmão, tornando-se um meio excelente para transmissão de ondas sonoras. Nos últimos anos, a ecocardiografia tornou-se o exame de primeira escolha no diagnóstico de efusão pericárdica. A ultrassonografia oferece mais informação do que radiografia, pois distingue a efusão pleural e da pericárdica, além de avaliar a dinâmica cardíaca do paciente. Ainda sim, a radiografia se faz importante, pois fornece informações panorâmicas capazes de informar a extensão da lesão. O colapso do átrio ou ventrículo direito indica elevação acentuada da pressão intra-pericárdica, representando um sinal ecocardiográfico de tamponamento, no caso relatado, foi observado colapso somente do átrio direito, o suficiente para diagnosticar o tamponamento cardíaco. Não foi encontrada alterações ultrassonográficas ou radiográficas que caracterizassem presença de neoplasia torácica, no entanto, a ausência de identificação de uma massa não permite descartar o diagnóstico de neoplasia. A drenagem das efusões pleural e pericárdica não foi autorizada pelo veterinário solicitante, mas caso fosse autorizado recomenda-se a utilização da ultrassonografia para guiar o procedimento, impedindo que o cateter toque no pericárdio ou perfure o miocárdio, evitando complicações como arritmias ou o óbito do paciente.

Conclusão Com este relato, mostramos a contribuição do método ultrassonográfico na complementação diagnóstica de um paciente com desconforto respiratório abrindo possibilidades para novas implementações diagnósticas como abordagem multidisciplinar na rotina clínico-veterinária contribuindo para a saúde e bem-estar do paciente bem como para o diagnóstico correto da lesão. Entre os mais diversos métodos de auxílio ao diagnóstico das doenças cardíacas, a ecocardiografia tem sido cada vez mais utilizada na medicina veterinária por ser um método dinâmico e não invasivo de avaliação do coração.

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Figura 2 – Imagem ultrassonográfica da cavidade torácica obtida com transdutor convexo de 5MHz mostrando a diferenciação da efusão pleural e pericárdica.

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INTOXICAÇÃO EXPERIMENTAL POR Metternichia princeps (Solanaceae) EM COELHOS

1MARAN, Naiara Barroso;

2GOMES, Aline Diefenbach,

2CALDAS, Saulo Andrade;

3PRADO, Juliana da Silva;

4TOKARNIA, Carlos Maria Antonio Hubinger;

5BRITO, Marilene de Farias

1. Mestre em Medicina Veterinária, IV, UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil. [email protected]; 2. Médico

Veterinário autônomo; 3. Mestranda em Ciências Veterinárias, PSA, UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil; 4. Pesquisador CNPq, DNAP/IZ, UFRRJ Seropédica, RJ, Brasil; 5. Professora de Anatomia Patológica, DESP/IV,

UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil. [email protected]

Palavras-chave: Planta tóxica, intoxicação experimental, patologia

INTRODUÇÃO

Recentemente, verificou-se a ocorrência de

doença renal em caprinos que haviam se alimentado de Metternichia princeps, uma Solanacea cujos nomes populares são “café do mato” e “trombeteira” (PRADO, 2011), que ocorre em região de mata atlântica, desde a Bahia até o Rio de Janeiro (LORENZI, 2002). Uma vez caracterizados os aspectos clínicos e anatomopatológicos da intoxicação nos animais de produção, deve-se determinar se algum animal de laboratório também é sensível à intoxicação pela planta suspeita, a fim de utilizá-lo como modelo para a continuação dos estudos sobre a toxidez (PEIXOTO et al, 1987). Neste contexto, para a maioria das plantas tóxicas, o coelho é a espécie animal de eleição. Este trabalho tem como objetivo determinar a sensibilidade do coelho a M. princeps, avaliar esta espécie como modelo experimental desta intoxicação e caracterizar o quadro clínico e anatomopatológico.

MATERIAL E MÉTODOS

(Protocolo da Comissão de Ética na Pesquisa

da UFRRJ no094/2011).A dessecação e trituração das folhas de M. princeps, coletadas no município de Itaguaí, RJ, a experimentação, as necropsias e os exames histopatológicos foram realizados no Setor de Anatomia Patológica do Projeto Sanidade Animal, Convênio Embrapa/UFRRJ, situado em Seropédica, RJ. Depois da administração da planta dessecada, por sonda intragástrica, ou ofertada fresca em comedouro, os coelhos permaneceram em observação contínua por até 48 horas. Procedeu-se a necropsia imediatamente após a morte dos animais. Fragmentos de diversos órgãos foram fixados em formol a 10%, tamponado com carbonato de cálcio, processados pelos métodos usuais, cortados em micrótomo a 5μ e corados em HE.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste estudo, as folhas de M. princeps dessecadas, administradas por via intragástrica através de sonda, causou a morte de 7 de 9 coelhos nas doses a partir de 0,125g/kg a 0,25g/kg. Os dois coelhos que adoeceram mas sobreviveram às doses de 0,0625 e de 0,125g/kg, e que receberam uma dose letal da planta dois meses mais tarde, morreram, o que indica que não houve desenvolvimento de tolerância à toxidez da planta. A planta dessecada administrada seis meses após a coleta, só causou a morte do coelho que recebeu a dose de 1,0g/kg, demonstrando que a planta armazenada perdeu em toxidez. Os brotos frescos causaram a morte de três dos seis coelhos, nas doses de 1,55g/kg a 3,0g/kg. As folhas frescas causaram a morte de um dos quatro coelhos, na dose de 2,0g/kg. As doses e o desfecho estão detalhados no Quadro 1. Nas administrações de folhas dessecadas, de folhas frescas maduras e de brotos, predominaram no quadro clinico-patológico, alterações cardíacas e hepáticas. Os coelhos tornaram-se apáticos, com mucosas pálidas a cianóticas e orelhas frias, até que subitamente se debatiam fortemente, pedalavam, vocalizavam, apresentavam acentuada dispneia e morriam em período de 5min a 3h:5min. À necropsia, o fígado apresentava-se muito pálido e com padrão lobular evidente; os demais órgãos encontravam-se congestos e a vascularização ingurgitada. A histopatologia revelou tumefação difusa do citoplasma dos hepatócitos com focos de necrose incipiente e severa congestão centrolobular; no coração havia pequenos grupos de fibras cardíacas com aumento de eosinofilia, picnose e vacuolização.

O coelho é sensível à intoxicação por Metternichia princeps com predomínio de alterações cardíacas e hepáticas. O quadro clínico foi uniforme em todos os animais que ingeriram folhas frescas e dessecadas. Segundo Tokarnia, Peixoto e Döbereiner (1988), os coelhos intoxicados por Thiloa glaucocarpa apresentaram principalmente abdômen

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volumoso e diarréia, sinais ausentes na intoxicação por M. princeps. As folhas dessecadas causaram a morte dos coelhos em doses menores que as frescas, possivelmente porque a planta dessecada foi administrada em forma de pó, em poucos minutos, e desta forma foi mais rapidamente absorvida do que a folha fresca, que era ingerida por até dois dias. A lesão hepática causada na intoxicação aguda por T. glaucocarpa e por M. princeps em coelhos é caracterizada por acentuada palidez à necropsia, diferente da observada no fígado de coelhos intoxicados pelas plantas que causam morte súbita, nos quais em geral se observa congestão. Nos rins, a única lesão causada por M. princeps em coelhos foi congestão, o que provavelmente está associado à alteração hemodinâmica aguda secundária à falha cardíaca. A vacuolização e a eosinofilia de pequenos grupos de miócitos, vistas em todos os coelhos também foi descrita em corações de ovinos normais, como artefatos causados pela contração da fibra no fixador (STIGGER et al., 2001), e como alteração precoce causada por isquemia (ROBINSON; MAXIE, 1993). As lesões histológicas mais relevantes tanto na intoxicação por M. princeps quanto por T. glaucocarpa em coelhos consistem em tumefação e vacuolização dos hepatócitos. Necrose das células epiteliais dos túbulos renais que ocorre na intoxicação por T. glaucocarpa não foi observada nos coelhos intoxicados por M. princeps. As alterações hepáticas e cardíacas sugerem que a morte dos animais esteja relacionada com falha cardíaca. Presume-se que o princípio tóxico possa acarretar insuficiência cardíaca aguda e choque cardiogênico, e que indiretamente as alterações hepáticas sejam decorrentes de lesão celular provocada por hipóxia.

CONCLUSÕES

O coelho é sensível à intoxicação por

Metternichia princeps com predomínio de alterações cardíacas e hepáticas, de evolução superaguda a aguda. A dose letal com a planta dessecada foi 0,125g/Kg e com a brotação fresca foi de 1,55g/Kg. As folhas dessecadas provavelmente aceleram a biodisponibilidade do princípio tóxico, o que possivelmente diminui a evolução da intoxicação em relação às folhas frescas não trituradas. É provável que o princípio tóxico de M. princeps não seja o mesmo, ou os coelhos reajam de maneira diferente dos caprinos.

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identificação e cultivo de plantas arbóreas

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ATIVIDADE ANTIVIRAL DE FLAVONÓIDES CONTRA O VÍRUS DA CINOMOSE CANINA IN VITRO

1 CARVALHO, Otávio Valério de;

2 BOTELHO, Clarisse Vieira;

3 FERREIRA, Caroline Gracielle Torres;

4 SCHERER, Paulo Oldemar;

5 SILVA JÚNIOR, Abelardo

1. Mestrando em Medicina Veterinária, bolsista CAPES, UFRRJ, Seropédica (RJ); 2. Graduanda em Medicina Veterinária, bolsista PIBEX, UFV, Viçosa (MG); 3. Mestranda em Medicina Veterinária, bolsista CNPq, UFV,

Viçosa (MG); 4. Professor de Anatomia Veterinária, Departamento de Biologia Animal, Instituto de Veterinária, UFRRJ, Seropédica (RJ); 5. Professor de Virologia Animal, Departamento de Veterinária, UFV, Viçosa (MG).

Palavras chave: antiviral, flavonóides, cinomose canina

INTRODUÇÃO

A cinomose canina é causada por um vírus RNA fita simples do gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae. A infecção pelo vírus da cinomose canina (“Canine Distemper Virus” – CDV) em cães pode resultar em sinais clínicos gastrointestinais e/ou respiratórios, frequentemente acompanhados de sintomatologia neurológica. A doença é caracterizada por altos índices de letalidade e não há terapia antiviral específica disponível (DAL POZZO et al., 2010). Pesquisas com vários metabólitos vegetais secundários, incluindo os flavonóides, taninos, saponinas e ácidos fenólicos, apresentaram resultados promissores para atividade antiviral (MULLER et al., 2007). Os flavonóides são fenólicos bioativos, fazem parte de uma das maiores classes de compostos vegetais e representam um grupo de considerável interesse científico e terapêutico (RAMOS, 2007). Devido ao grande impacto na população canina causado por esse vírus e à ausência de tratamento eficaz e seguro, o objetivo desse estudo foi investigar o potencial antiviral de alguns flavonóides contra o CDV in vitro.

MATERIAL E MÉTODOS

Células, vírus e flavonóides Neste estudo, utilizou-se células VERO mantidas em meio essencial mínimo (MEM) e suplementadas com 10% de soro fetal bovino (SFB), penicilina (1,6 mg/L) e estreptomicina (0,4 mg/L). Os ensaios in vitro foram realizados com isolado viral de CDV cepa Rockborn gentilmente cedido pelo Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal de Minas Gerais (MG) e titulados através do método de dose 50% infectiva em cultura de tecidos, como descrito por REED e MUENCH (1938). Os flavonóides (morina e rutina) (SIGMA-ALDRICH) avaliados nos testes antivirais foram diluídos em dimetilsulfóxido (DMSO) em uma

concentração de 10mg/mL e armazenados a 4°C. Análise de citotoxicidade A citotoxicidade dos compostos foi avaliada microscopicamente através de alterações na morfologia celular e confirmada e mensurda através do método colorimétrico baseado na redução do sal tetrazolium3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazolium brometo (MTT) (SIGMA-ALDRICH) por células viáveis, estabelecido por MOSMANN (1983). Este sal é um substrato amarelo que é clivado por células vivas formando o produto azul escuro formazana, requerendo membranas mitocondriais ativas. As densidades ópticas (DO) foram determinadas em espectofotômetro (Bio-Tek®, Elx800) a 550 nm. A porcentagem de células viáveis tratadas viáveis foi calculada em relação controle não tratado (% de células controle = DOteste / DOcontrole celular x 100). A concentração máxima não tóxica dos compostos foi determinada pela redução da densidade óptica em até 10%. Ensaio do Tempo de Adição das Drogas (Ensaio “Timing of Addition”- TofA) O TofA foi realizado para investigar a atividade antiviral e o mecanismo utilizado pelos compostos para inibir o ciclo replicativo do CDV, segundo método descrito por SERKEDJIEVA e IVANCHEVA (1999) com algumas modificações. Microplacas de 96 poços com monocamadas de células (1x10

5 células/poço) foram incubadas

com soluções de rutina (15 e 30µg/mL) e morina (30 e 80µg/mL) por 1h (-1h: pré-tratamento), lavadas 2 vezes com PBS e inoculadas com o CDV a 10-10

7 TCID50/mL. Outras microplacas

com monocamadas de células foram inoculadas com as suspensões virais e antes da incubação por 1h a 4°C, foram tratadas com os compostos para prevenir a internalização viral (0h: adsorção). Algumas microplacas inoculadas e não tratadas foram incubadas a 37°C com os compostos diluídos em MEM por 1h (1h: penetração). Duas horas após inoculação viral, outras microplacas com células infectadas foram tratadas com os compostos diluídos em MEM

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(2h: pós-infecção). A atividade antiviral em todas as fases foi avaliada através de redução do título viral após 72h em relação ao título viral controle, calculados pelo método de REED e MUENCH (1938).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As CMNTs determinadas foram as seguintes: 30μg/mL para rutina e 80μg/mL para morina. Nos ensaios de TofA, o DMSO não apresentou atividade antiviral para as concentrações testadas (0,2 e 0,6%) em nenhuma das fases da replicação viral, justiçando seu uso apenas como diluente (dados não mostrados). Morina e rutina apresentaram atividade antiviral nos ensaios de TofA.. O TofA Morina resultou em redução máxima de 90% do título viral para a concentração de 80μg/mL na fase de adsorção. O TofA Rutina resultou em redução máxima de 98% para a concentração de 30μg/mL na fase de adsorção. O teste realizado com morina resultou em redução significativa do título viral nas fases de adsorção e penetração, apresentando maior atividade antiviral para a maior concentração testada (Fig. 1). O teste realizado com rutina também apresentou atividade antiviral para as etapas de adsorção e penetração, no entanto, não houve diferença para as concentrações testadas (Fig. 2). Os resultados mostraram interferência dos flavonóides na ligação viral ao seu receptor celular e no processo de internalização nas células. A desestabilização das partículas virais partículas virais pelos compostos pode de certa forma se dar sobre os receptores virais, impedindo a ligação vírus-célula alvo. A ação antiviral reduziu o número de novas células infectadas, contendo, desse modo, a propagação viral e formação de progênie.

Fig. 1. Efeitos inibitórios da adição da morina em diferentes tempos do ciclo replicativo viral (Ensaio TofA).

Fig. 2. Efeitos inibitórios da adição da rutina em diferentes tempos do ciclo replicativo viral (Ensaio TofA).

CONCLUSÃO

Morina e rutina apresentaram eficácia como antivirais para o CDV nas fases de adsorção e penetração da replicação viral in vitro, com elevada redução do título. Os resultados são promissores e fornecem expectativas para formulação de fármacos antivirais para a cinomose canina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DAL POZZO, F.; GALLIGIONI, V.; VACCARI, F.; GALLINA, L.; BATTILANI, M.; SCAGLIARINI, A. Antiviral efficacy of EICAR against canine distemper virus (CDV) in vitro. Research in Veterinary Science, 2010; 88:339–344.

MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to proliferation and cytotoxicity assays. Journal of

Immunological Methods, 65:55-63, 1983. MULLER, V.; CHÁVEZ, J.H.; REGINATTO,

F.H.; ZUCOLOTTO, S.M.; NIERO, R.; NAVARRO, D.; YUNES, R.A.; SCHENKEL, E.P.; BARARDI, C.R.M.; ZANETTI, C.R.; SIMÕES, C.M.O. Evaluation of Antiviral Activity of South American Plant Extracts Against Herpes Simplex Virus Type 1 and Rabies Virus. Phytotherapy Research, p.970-974, 2007.

RAMOS, S. Effects of dietary flavonoids on apoptotic pathways related to cancer chemoprevention. Journal of Nutritional Biochemistry, 18:427-442, 2007.

REED, L.; MUENCH, H. A simple method of estimating fifty percent endpoints. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 18: 493-944, 1938.

SERKEDJIVA J.; IVANCHEVA S. Antiherpes virus activity of extracts from medicinal plant Geranium sanguineum L. Journal of Ethnopharmacology, ,64: 59-68, 1999.

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REGISTRO DE PREDAÇÃO DE Leptodactylus marmoratus (ANURA: LEPTODACTYLIDAE) POR Rhinella ornata (ANURA: BUFONIDAE) EM UMA ÁREA

DE FLORESTA ATLÂNTICA, SUDESTE DO BRASIL

1OUVERNAY, Daiane; ³ALBUQUERQUE, Ivaí Gomes de Lima Cesar de;¹

.2CARRIÇO,

Cesar

¹ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Departamento de Biologia Animal. BR 465, Km 47, CP 74524, CEP 23851-970, Seropédica, RJ, Brasil.

2 Departamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ,

Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, CEP 20940-040, Rio de Janeiro – RJ, Brazil 3Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Veterinária. BR 465, Km 47, CP 74524, CEP

23851-970, Seropédica, RJ, Brasil. Correspondencia autor E-mail: [email protected]

Palavras-chave: Leptodactylus marmoratus, Rhinella ornata, predação, dieta, Ilha de Itacuruçá

Introdução

Poucos estudos fornecem dados completes sobre os hábitos e dieta de anfíbios (Porter 1972). Estudos de dieta são importantes para determinar se o alimento é um fator limitante para a população e, como um fator limitante, este pode determinar a viabilidade da presa em uma área, o número de indivíduos presentes em uma população limitada e as extensões geográficas de uma espécie. Em estudos de estrutura de comunidade, informações sobre “quem come quem” podem revelar padrões de compartilhamento de recursos alimentares, determinando quais consumidores são competidores em potencial (Winemiller & Pianka 1990). Bufonidae é a família de sapos mais amplamente distribuída no mundo (Sabagh & Carvalho-e-Silva 2008). No Brasil, a família tem 66 espécies, 26 pertencendo ao gênero Rhinella. A

Rhinella ornata é uma espécie de anuro de porte médio com adultos entre 55 e 95 mm e sem dimorfismo sexual na coloração, apenas no tamanho, com fêmeas maiores que machos (Ribeiro et al. 2005). Muitas espécies de anfíbios podem se alimentar de uma variedade de tipos e tamanhos de presas, o qual é influenciada pelo tamanho de seu corpo (Vitt & Caldwell 2009).Porém, a dieta geralmente consiste de invertebrados sendo que anfíbios com maiores tamanhos de mandíbula e cabeça podem ingerir presas maiores, como vertebrados. Logo, podem se alimentar de outros anfíbios (Pough et al. 2001; Vitt & Caldwell 2009). Esse estudo registrou o encontro de um indivíduo de Leptodactylus

marmoratus (Steindachner, 1867) no conteúdo estomacal de Rhinella ornata.

Material e Métodos

Um macho de Rhinella ornata foi coletado em Julho de 2010 na praia Gamboa, na Ilha de Itacuruçá, Rio de Janeiro (-22°55’50.77”S/-43°54’10.38”W). A área tem grande influência antrópica, e a parte florestal se restringe a região mais alta da ilha. Após coleta, o espécime foi eutanasiado com álcool 20 G.L e fixado com formalina a 10%. O espécime foi depositado no Laboratório de Ecologia de Lagartos na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O estômago foi removido para análise do conteúdo estomacal. Além disso, foi realizada a mensuração do comprimento rostro-cloacal (CRC), largura e comprimento da cabeça (LC e CC respectivamente) com o auxílio de um paquímetro de digital Digimess® (0,01 mm). Os itens da dieta foram mensurados e o volume individual de cada uma das presas foi obtido pela fórmula de volume esferóide (Colli et al, 1992):

Volume= (π x comprimento xlargura2)/6

Resultados e Discussão

Apesar da presença do Leptodactilídeo, Leptodactylus marmoratus, foram encontrados no estômago do indivíduo duas ordens de inseto (Coleoptera e Hymenoptera) e um aracnídeo, indicando a diversidade alimentar disponível para a espécie no local. Os insetos e os aracnídeos encontravam-se em grande fragmentação, logo, a identificação foi feita apenas até o nível de ordem, o que não permite saber se as espécies consumidas estão

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relacionadas com a floresta ou com o ambiente antrópico. Contudo, L. marmoratus é uma espécie pequena, de habitat generalista e encontrada em florestas, geralmente no folhiço (Silva et al, 2008; Siqueira et al. 2009), usando esse ambiente como sítio de canto, onde constroem seus ninhos de espuma em lagoas temporárias (Haddad et al. 2008). O tamanho do predador pode determinar o tamanho de sua presa (Vitt & Caldwell 2009). As medidas morfométricas de Rhinella ornata coletada foram: CRC= 66.25 mm, LC= 19.55 mm and CC= 20.24. De acordo com Emmerson & Raffaelli (2004), não podemos considerar apenas o tamanho corporal do predador na relações tróficas. Para os autores, a biomassa da presa precisa ser considerada concomitantemente com o tamanho corporal do predador. Logo, quando consideramos o volume total da presa encontrada nesse indivíduo (V = 4167.49 mm 3) e o volume da presa L. marmoratus (V = 126.17 mm 3), este representa 3% do conteúdo estomacal total. Nota-se a capacidade para ingestão de presas maiores, incluindo outras espécies de anuros.

Foi observado que adultos de R. ornata podem ingerir presas maiores, incluindo invertebrados e vertebrados, podendo ser outros anuros. A predação de espécies de competidores em potencial pode ser uma boa estratégia no jogo de coexistência.

Agradecimentos

Esse trabalho foi financiado em parte pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Ao INEA e ao SISBIO: (Licenças 20895-1 e 20895-2).

Referências

COLLI, G.R., ARAUJO, A.F.B., SILVEIRA, R. & ROMA, F. Niche partitioning and morphology of two syntopic Tropidurus (Sauria: Tropiduridae) in Mato

Grosso, Brazil. J. Herpetol. 26(1):66-69, 1992.

EMMERSON, M.C. & RAFFAELLI, D. Predator-prey body size, interaction strength and the stability of a real food web. J. Anim. Ecol., 73: 399–409, 2004.

HADDAD, C. F. B., TOLEDO, L. F., PRADO, C. P. A.Anfíbios da Mata Atlântica. São Paulo: Editora Neotropica LTDA, 2009.

POUGH, F. H., ANDREWS, R. M., CRUMP, M. L., SAVITSKI, H. A. & WELLS, K. D. Herpetology. New Jersey: Prentice Hall, 2001

RIBEIRO, R. D. S., EGITO, G. T. B. T., & HADDAD, C. F. B. Chave de identificação: Anfíbios anuros da vertente de Jundiaí da Serra do Japi, Estado de São Paulo. Biota Neotrop.5(2): http://www.biotaneotropica.org.br/v5n2/pt/abstract?article+bn03005022005 ,2005 (Last Access 21/10/2011)

SABAGH, L. T.& CARVALHO-E-SILVA, A. M. P. T. Feeding overlap in two sympatric species of Rhinella (Anura: Bufonidae) of the Atlantic Rain Forest. Rev. Bras. Zool. 25(2): 247-253, 2008.

SIQUEIRA, C. C., VRCIBRADIC D., ALMEIDA-GOMES M., BORGES-JR., V. N. T., ALMEIDA-SANTOS, P., ALMEIDA-SANTOS, M.. ARIANI, C. V., GUEDES, D. M., GOYANNES-ARAÚJO, P., DORIGO, D. A., VAN SLUYS, M. & ROCHA, C. F. D. Density and richness of the leaf litter frogs of an Atlantic rainforest area in Serra dos Órgãos, Rio de Janeiro State, Brazil. Zoologia 26: 97–102, 2009.

SILVA, H. R., CARVALHO, A. L. G. & BITTENCOURT-SILVA, G. B. Frogs of Marambaia: a naturally isolated Restinga and Atlantic Forest remnant of southeastern Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01808042008 2008(Last Access 21/10/2011)

VITT, L. J. & CALDWELL, L. P. Herpetology: an introductory biology of amphibians and reptiles. 3rd ed. Amsterdam: Academic Press, 2009.

WINEMILLER, K. O & PIANKA, E.R. Organization in natural assemblages of desert lizards and tropical fishes. Ecol. Monogr. 60:27-55, 1990.

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RELATO DE TRÊS CASOS DE ESPOROTRICOSE EM CÃES

¹SOUZA, Patrícia de Pinho e Souza; ¹CARVALHO, Renata Novais; ²CAMINOTTO, Eriane de Lima; ³PEREIRA,

João Telhado

1Aluno de Mestrado em Medicina Veterinária da UFRRJ, Bolsista da Capes;² Aluno de Mestrado em Medicina Veterinária da UFRRJ, bolsista do Reuni; ³Professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária,

Instituto de Veterinária da UFRRJ

Palavras Chaves: Sporothrix schenckii, Cão, esporotricose

INTRODUÇÃO

Esporotricose é a infecção causada

pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii que é uma espécia saprófita. O organismo cresce melhor em solo úmido rico em vegetação em decomposição (SYKES et al., 2001). Esporotricose é uma doença rara em cães e geralmente é caracterizada por múltiplas lesões cutâneas na cabeça, orelhas, pescoço e tórax, embora lesões osteoarticulares e formas disseminadas também possam ocorrer (SYKES et al., 2001).

O diagnóstico definitivo da infecção é baseado em exames citológicosde exsudatos, exames histológicos de amostra de biópsia ou isolamento de S. schenckii pela cultura de fungos. (ROSSER e DUNSTAN, 2006). Tendo em vista o aumento do número de casos de esporotricose em cães, este trabalho tem como objetivo alertar o médico veterinário com relação aos aspectos clínicos, bem como sobre a importância do diagnóstico.

RELATO DE CASOS

Foram atendidos três cães com

esporotricose, na cidade do Rio de Janeiro, em diferentes bairros, em clínicas veterinárias particulares.

Dos três casos, dois eram machos (um poodle, 2 anos e o outro sem raça definida, 4 anos) e uma era fêmea (sem raça definida, 10 anos), todos animais inteiros, domiciliados, com histórico de ter contato com gatos de rua com lesões de pele.

Ao exame clínico dos dois machos, foram observadas lesões ulceradas em plano nasal, secreção sero-sanguinolenta, dificuldade respiratória despigmentação nasal e espirros recorrentes.

A fêmea apresentava granulomas, úlceras e fístulas com exsudato sero-sanguinolento por todo o corpo. Estava sendo tratada com diagnóstico clínico de doença auto-imune, por colega veterinário, com anti-inflamatório esteroidal (Meticorten®) na dosagem diária de 1mg/kg por 1 mês. Como o

médico veterinário não notou melhora clínica, optou por aumentar a dosagem para 2mg/kg diários que a paciente estava recebendo há 2 semanas. O proprietário, por ter notado a piora do caso, procurou o serviço especializado e, então, o diagnóstico foi concluído por exame citológico, devido ao aumento da quantidade de leveduras decorrentes do uso de um medicamento imunodepressor. Foi também realizada a cultura fúngica para confirmação e acompanhamento da infecção durante o tratamento.

Nota-se em todos os casos a importância do diagnóstico para a obtenção de um tratamento seguro e eficaz. O diagnóstico de esporotricose foi estabelecido pelo isolamento do fungo Sporothrix schenckii, por meio de cultura fúngica das amostras do exsudato dos animais, coletadas por swab estéril. Foi escolhido como tratamento base o itraconazol na dosagem de 10mg/kg. A terapia complementar foi instituída de acordo com o caso, com xampus de ação antisséptica ou queratolíticos quando necessários Até o presente momento nenhum dos animais teve alta médica e e não houve efeito colateral relatado.

DISCUSSÃO

Esta micose tem sido frequentemente descrita na espécie felina, a qual é importante fonte de transmissão para humanos e outros animais (SCHUBACH et al. 2004; NOBRE et al, 2001). Na espécie canina, esta doença era considerada rara, no entanto, alguns autores têm alertado quanto à ocorrência desta micose no Rio de Janeiro, com mais de 44 casos descritos entre 1998 e 2006 (SCHUBACH et al. 2006). A esporotricose canina ocorre principalmente nas formas cutânea fixa e linfocutânea com lesões localizadas no focinho e/ou membros (FARIAS et al, 1997). Os cães provavelmente não são diretamente envolvidos na transmissão de esporotricose devido à escassez viável de

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elementos fúngicos em suas lesões (SCHUBACH et al. 2006). Por este motivo, dificilmente, são encontradas estruturas fúngicas no exame citológico das lesões Assim, se fazem necessários exames de histopatologia e/ou cultura, como nos casos relatados acima.

As lesões de esporotricose muitas vezes são confundidas com neoplasia, leishmaniose, ou granuloma nos cães (SCOTT et al. 2001). Os exames de histopatologia, citológico e até a cultura podem ser um desafio por causa dos poucos elementos de S. schenckii encontrados cães infectados (MORIELLO, etal., 1987; SYKES et al., 2001; SCHUBACH et al. 2006).

CONCLUSÃO

Este estudo alerta para o aumento de

casos de esporotricose canina, no Brasil, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Tendo em vista que nos cães a quantidade de leveduras é pequena, torna-se necessário o histopatológico e/ou a cultura fúngica. Além disso, há muitas outras doenças mais comuns em cães com lesões muito semelhantes às de esporotricose.

REFERÊNCIAS

FARIAS M.R., COSTA P.R.S., FRANCO S.R.V.S. & FERREIRA H. Esporotricose canina e felina. Cães & Gatos. 66: 30-38, 1997. MORIELLO KA, FRANKS P, DELANY-LEWIS D, KIG R. Cutaneous-Lymphatic and nasal sporotrichosis in a dog. J Am Animal Hospital Assoc ; 24: 621–626, 1987. NOBRE M.O., CASTRO A.P., CAETANO D., SOUZA L.L., MEIRELES M.C.A. & FERREIRO L. Recurrence of sporotrichosis in cats with zoonotic involvement. Revista Iberoamericana de Micologia. 18: 137-140, 2001. ROSSER EJ , DUNSTA RW. Sporotrichosis. In: Green Ce, ed. Infectious Disease in Dog and Cat, Saunders Elsevier, St. Louis Missouri p. 608-612, 2006.

SCOTT DW, MILLER WM, GRIFFIN CE. Small Animal Dermatology, 6th edn. Philadelphia: W.B. Saunders, 2001 SYKES JE, TORRES SM, ARMSTRONG PJ, LINDEMAN CJ Itraconazole for treatment of sporotrichosis in a dog residing on a Christmas tree farm. JOURNAL OF THE AMERICAN

VETERINARY MEDICAL ASSOCIATION, v. 218, p 1440, 2001.

SCHUBACH TM, SCHUBACH A, OKAMOTO T, BARROS M, FIGUEIREDO FB., CUZZI T, FIALHO-MONTEIRO PC, PEREZ RS E WANKE B. Evaluation of an epidemic of sporotrichosis in cats: 347 cases (1998–2001). Journal of the American Veterinary Medical Association. 224: 1623-1629, 2004.

SCHUBACH T.M.P., SCHUBACH A., OKAMOTO T., BARROS M.B.L., FIGUEIREDO F.F., CUZZI-MAYA T., PEREIRA S.A., SANTOS I.B., PAES R.A., PAES-LEME L.R. & WANKE B.. Canine sporotrichosis in Rio de Janeiro, Brazil: clinical presentation, laboratory diagnosis and therapeutic response in 44 cases (1998-2003). Medical Micology. 44: 87-92, 2006.

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EQUIVALÊNCIA DO TESTE DE CRISTALIZAÇÃO DA LÁGRIMA EM CÃES COM O PADRÃO PROPOSTO PELA MEDICINA HUMANA

1CAMINOTTO, Eriane de Lima; ²SOUZA, Patrícia de Pinho e Souza; ³PEREIRA,

João Telhado

1Aluno de Mestrado em Medicina Veterinária da UFRRJ, Bolsista do Reuni;² Aluno de Mestrado em Medicina Veterinária da UFRRJ, bolsista da CAPES; ³Professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária,

Instituto de Veterinária da UFRRJ.

Palavras Chaves: cães, ceratoconjuntivite seca, cristalização, schirmer, lágrima

INTRODUÇÃO

Atualmente, o diagnóstico de

ceratoconjuntivite seca (CCS) na Medicina Veterinária (MV) é confirmado com base nos sinais clínicos típicos (secreção mucopurulenta, congestão episcleral, edema corneal, neovascularização e pigmentação corneal), e através da avaliação qualitativa e quantitativa da lágrima pelo teste de quebra do filme lacrimal (BUT) e Teste Lacrimal de Schirmer (TLS), respectivamente. No entanto, cães com distúrbios das glândulas tarsais e das células caliciformes conjuntivais podem apresentar sinais clínicos de CCS, mas mantêm as medidas do TLS geralmente dentro do padrão de normalidade (KOCH e SYKES, 2002; GELATT, 2003; SLATTER, 2005; COLITZ, 2008).

Em contrapartida, na Medicina Humana (MH) além desses testes, existe o Teste de Cristalização da Lágrima capaz de, em conjunto com os demais, diagnosticar os casos de CCS qualitativa mais precoce e facilmente do que com o BUT e antes de ocorrer diminuições nos valores do TLS.

O primeiro relato a respeito do estudo de cristais obtidos em amostras de lágrima humana foi publicado por médicos e cientistas franceses em 1791. O exame se baseia no princípio de que a lágrima, quando seca, apresenta cristalização de alguns de seus componentes, que assumem formatos variados, lembrando folhas de samambaia (TABARA e OKUMOTO, 1982; NORM, 1987; FELDBERG; ET.al., 2008)

Rolando classificou os achados em quatro grupos distintos, de acordo com a presença e exuberância destas folhas. O padrão I é aquele cuja cristalização da lágrima origina árvores de cristais multi-ramificados, sem espaços vazios entre as arborificações. No padrão II os ramos são mais curtos e as arborificações são menores, com mais espaços entre elas. No padrão III os espaços entre as arborificações são amplos e as ramificaçoes são raras e finalmente o padrão IV é caracterizado por grumos de cristais que

raramente formam pequenas arborificações (ROLANDO, 1984).

Posteriormente, ao estudar um grupo de pacientes com olho seco de várias etiologias, Rolando percebeu que os padrões encontrados eram diferentes daqueles obtidos nas lágrimas de indivíduos normais (ROLANDO; 1984).

Por esse motivo, em 2008, Feldberg e colaboradores compararam os padrões encontrados no teste de cristalização do filme lacrimal de pacientes portadores da síndrome de Sjögren com os de indivíduos não portadores de doenças da superfície ocular. Assim, estabeleceram um novo padrão de classificação para esse teste, em que os pertencentes aos padrões I e II são indivíduos normais e os III e IV são indivíduos doentes.

Considerando as limitações ao diagnóstico da CCS em MV, objetiva-se verificar a exeqüibilidade e equivalência do teste de cristalização da lágrima na espécie canina com o padrão já existente na MH, face a simplicidade, baixo custo e possibilidade, em MV, do diagnóstico mais preciso dos casos de CCS em que o TLS se encontra dentro da normalidade, mas a qualidade do filme lacrimal está ruim.

MATERIAL E MÉTODOS Foram empregados 55 cães da raça

Beagle, identificados por chips, do Laboratório de Quimioterapia Experimental em Parasitologia Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A seleção dos cães foi feita de forma aleatória, incluindo cães sem alterações oculares e cães com sinais clínicos de CCS de modo a comparar a cristalização da lágrima dos cães normais e doentes com o padrão proposto por esse teste na Medicina Humana.

Os testes foram realizados, sempre pela manhã, com os animais ambientalizados por 30 minutos numa sala fechada, com temperatura e umidade do ar controlados e registrados por aparelho termo-higrômetro. A temperatura máxima da sala variou entre 26,5

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e 27,1ºC, a mínima, entre 20,7 e 21,8ºC, e a umidade relativa do ar, entre 48 e 61%

Cada um dos 55 cães, numa ordem pré-determinada, passou por uma avaliação clínica na qual se avaliou a presença e sua respectiva intensidade (Ø, +, ++, +++) de secreção aquosa, secreção mucopurulenta, congestão episcleral, neovascularização, edema corneal e neovascularização. Em seguida, os animais foram avaliados por dois testes com um intervalo de 30 minutos entre eles, começando sempre pelo olho direito e seguindo esta mesma ordem: Teste Lacrimal de Schirmer e Teste de Cristalização do Filme Lacrimal. Nesta primeira fase os dados obtidos no exame clínico e os valores obtidos na leitura do TLS foram arquivados.

Em seguida, o Teste de Cristalização do Filme Lacrimal foi realizado através da coleta de uma gota da lágrima, contida no saco conjuntival de cada um dos olhos dos 55 cães, com o auxílio de um tubo capilar de vidro, e colocada numa lâmina de vidro, no centro de um círculo feito previamente com uma caneta azul.

A lágrima foi deixada secar por dez minutos antes de ser realizada a sua leitura. Todas as coletas de lágrima foram realizadas pelo mesmo examinador e a leitura das lâminas foi feita com auxílio de um microscópio de luz polarizada.

RESULTADOS

Conforme relatado nos trabalhos da

Medicina Humana, também foi possível realizar o Teste de Cristalização da Lágrima nos cães sem dificuldades e, observar na microscopia, a formação de cristais que se formam a partir de componentes da lágrima e que se estruturam em formatos variados, lembrando a forma de folhas samambaia.

Entretanto, a presença e a exuberância das ramificações em formato de folhas observadas nas cristalizações das lágrimas dos cães foram diferentes das classificadas pelo modelo proposto na MH. Nos caninos, não há cristalização correspondente ao padrão I, pois em todos os cães do estudo foram observados grandes espaços vazios entre as arborificações.

Contudo, ao tentarmos adequar as imagens obtidas nos demais padrões (II, III e IV), verificamos que existiam animais, sem sinais clínicos de CCS e com valores de TLS normais, com o padrão de cristalização da lágrima equivalente ao grupo correspondente ao de indivíduos doentes pela Medicina Humana.

CONCLUSÃO

Embora o Teste de Cristalização da Lágrima também seja exeqüível nos cães, sem ocorrências de acidentes relacionados à técnica de coleta da lágrima e com formação de cristais que lembram folhas de samambaia; este não pode utilizar o mesmo padrão de cristalização proposto pela Medicina Humana.

REFERÊNCIAS

COLITZ, C. M. H. Doenças do sistema lacrimal. In: BIRCHARD, S.J., SHERDING, R. G. Manual Saunders: clínica de pequenos animais. 3 ed. São Paulo: Roca, cap. 139, p. 1416-1421, 2008. FELDBERG, S.; CORDEIRO, H.; SATO, E.H.; FILHO, D.M.; NISHWAKI-DANTAS, M.C.; ENDO, R.M.; DANTAS, P.E.C. Reprodutibilidade na classificação do teste de cristalização do filme lacrimal em pacientes com síndrome de Sjogren. Arquivo Brasileiro de Oftalmologia, v. 71, p. 228-233, 2008. GELATT, K. N. Doenças e cirurgia dos sistemas lacrimal e nasolacrimal do cão. In:____. Manual de oftalmologia veterinária. São Paulo: Manole, cap. 4, p. 73-94, 2003. KOCH, S. A.; SYKES, J. Keratoconjuntivitis sicca. In: RIIS, R.C. Small animal ophthalmology secrets. Philadelphia: Hanley & Belfus, cap. 10, p. 57-60, 2002. NORN M. Ferning in conjunctival-cytologic preparations. crystallization in stained semiquantitative pipette samples of conjunctival fluid. Acta Ophthalmol (Copenh), 65(1):118-22, 1987. ROLANDO M. Tear mucus ferning test in normal and keratoconjuntivitis sicca eyes. Chibret Int J Ophthamol;2(4):32-41; 1984. SLATTER, D. Lacrimal System. Fundamentals of Ophthalmology Veterinary. 3rd. W.B. Saunders Company, cap. 10, p. 259-282, 2005. TABBARA KF, OKUMOTO M. Ocular ferning test. A qualitative test for muçus deficiency. Ophthalmology.;89(6):712-4, 1982.

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NÍVEIS DE CÁLCIO E FÓSFORO EM SOLOS, FORRAGENS E SORO SANGUÍNEO DE BOVINOS DA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA, RJ

1 MARQUES, Ana Paula Lopes;

2 AMORIM, Estelle Barreto de;

3 BOTTEON, Rita de Cássia Campbell

Machado; 3 BOTTEON, Paulo de Tarso Landgraf

1

Doutoranda do PPGMV, UFRRJ, bolsista CAPES, [email protected]; 2

Graduanda do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ;

3Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, UFRRJ.

Palavras chaves: minerais, bovino, nutrição, rebanho, doença

Introdução

A deficiência de cálcio (Ca) é rara e não

constitui problema nas regiões tropicais. Nestas condições a maioria das gramíneas contém concentrações de Ca superiores às de P; os solos deficientes em Ca são menos comuns que os deficientes em P; os níveis de Ca não diminuem no decorrer da maturação das plantas (TOKARNIA et al., 1998). No contexto geral, por mais pobres em Ca que sejam as pastagens, os bovinos sempre recebem quantidades suficientes para atender às suas necessidades.

A deficiência de fósforo (P) é um estado predominante em bovinos, principalmente em relação àqueles mantidos em regime de pastos em regiões subtropicais e tropicais (McDOWELL, 1999). No Brasil a deficiência de P é a mais ampla e de maior importância econômica em bovinos sob condições de pastagens (TOKARNIA et al., 2010).

Metodologia

O estudo foi conduzido em unidades de produção fornecedoras de leite a três cooperativas agropecuárias e dois laticínios na região do Médio Paraíba, RJ. Inicialmente foi elaborado um questionário contendo dados relativos à ocorrência de sinais e manifestações de deficiências minerais em bovinos que foram encaminhados em envelopes nominais aos produtores através das cooperativas e laticínios. Através dos questionários obteve-se a informação da ocorrência provável de deficiências minerais em 58 propriedades, das quais 20 foram visitadas para avaliação in loco. Propriedades em que não foram evidenciados os sinais informados foram eliminadas.

A seguir estabeleceu-se por sorteio, sete propriedades com manifestações marcantes de deficiências de minerais para avaliação da disponibilidade de nutrientes nos solos, pastagens e sangue dos animais. Para esta finalidade foi fixado um calendário de visitas de forma a realizar as coletas no fim da estação chuvosa (março/abril de 2009), quando os animais são mais produtivos e suas exigências maiores (McDOWELL, 1999) e, no fim da estação seca (setembro/outubro de 2009).

Amostras de solo foram coletadas como proposto por ALMEIDA et al. (1988) e processadas segundo metodologia da EMBRAPA (1997). As forragens foram obtidas a partir do corte da parte aérea com tesoura de aço inoxidável, a uma altura equivalente a de pastejo, acondicionadas em sacos plásticos e processadas para determinação dos teores de Ca e P (TEDESCO et al., 1995). Amostras de sangue obtidas em frascos sem anticoagulante, foram centrifugadas para obtenção do soro e analisadas por espectofotometria de absorção de plasma quanto aos níveis de Ca e P.

Dos resultados determinaram-se as médias, desvios padrões e os valores foram comparados aos descritos para bovinos adultos. Os valores em relação aos momentos de coleta foram analisados pelo teste T (p>0,05).

Resultados e Discussão

De 68 questionários devolvidos, 58

continham informações relativas a manifestações ou sinais sugestivos de deficiências minerais: perda de peso/animais muito magros (7,35%); articulações engrossadas (7,35%); animais que mancam ou ossos rangem (10,29%); roer e/ou mastigar osso (39,71%), madeira (27,94%), pedra (8,82%) e casca de árvores (8,82%). Também foram comuns os relatos de sinais inespecíficos como repetição ou ausência de cios (35,29%), perda de peso acentuada no pós-parto (17,65%) e retenção de placenta (22,06%). Essas manifestações, entre outras causas, sobretudo infecciosas, podem também estar relacionadas com a deficiência de P (TOKARNIA et al., 1970) ou desequilíbrios na relação Ca:P (RADOSTITIS et al., 2002).

Os valores de Ca (Quadro 1) nos solos se mantiveram medianos ou baixos em ambas as estações analisadas. Ainda que a deficiência de Ca seja descrita como não frequente ou improvável nas condições de pastagens brasileiras (SUTTLE, 2010, TOKARNIA et al, 2010) deve-se destacar que, no final da estação chuvosa, os níveis de Ca nos solos foram muito baixos. Em relação ao Ca presente nas forragens, os valores médios para o final da estação chuvosa foram mais altos evidenciando

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uma queda significativa deste elemento nas forragens em relação ao final da estação seca. O valor de Ca considerado ideal nas forragens, para rebanhos leiteiros, deveria estar acima de 5,7 mg/kg (NRC, 2001), mesmo com os valores mais elevados no decorrer da maturação das plantas, no final da estação chuvosa, as forragens não seriam capazes de suprir as necessidades dos rebanhos.

Quadro 1: Teores médios de Cálcio no solo e forragens em sete propriedades na região do Médio Paraíba, Rio de Janeiro - 2009.

Mar/abr Set/out p

Ca no solo (cmolc/dm³)

1,33±0,89 2,00±1,32 0,09

Ca na forragem (mg/kg)

4,45±1,01 3,73±0,52 0,04

Os valores séricos de Ca nas vacas (6,69±1,75 mg/dl) com média de 6,85mg/dl foram subnormais. Os bezerros apresentaram níveis mais elevados (7,44±3,06 mg/dl), e dentro da normalidade. Em relação à época do ano as médias foram maiores no início da estação chuvosa (6,92±1,45 mg/dl), sem diferença significativa (p=0,76) em relação ao início da seca (6,69±2,61 mg/dl), com níveis baixos nas duas épocas do ano. Os teores de P (Quadro 2) nos solos foram muito baixos no fim da estação chuvosa e melhoraram no fim da período seco.

Quadro 2: Teores médios de fósforo no solo e forragens em sete propriedades na região do Médio Paraíba, Rio de Janeiro - 2009.

mar/abr set/out p

P no solo (mg/dm³)

5,78±6,87 16,10±17,4

8 0,01

P na forragem (mg/kg)

1,72±0,68 2,23±0,81 0,07

Nas forragens não houve diferença significativa entre os momentos de coleta, com ambos os valores muito baixos e aquém da necessidade mínima (3,30 mg/kg) (NRC, 2001). Os níveis baixos nos solos reforçam a importância da deficiência de P (TOKARNIA et al, 2010) pela amplitude de sua distribuição e relevância econômica pelos altos custos para sua correção.

Em todos os rebanhos foram obtidos valores médios elevados de P no soro (12,01 mg/dl) que corresponde a hiperfosfatemia. Valores mais baixos foram registrados nas vacas (11,79±3,10 mg/dl) comparativamente aos bezerros (12,80±4,73). Na população estudada, 96,36% dos animais apresentaram valores séricos entre 9,46 e 18,74 mg/dl, sendo estes superiores aos

descritos como fisiológicos para a espécie (SUTTLE, 2010). Em relação aoperíodo não houve diferença significativa (p=0,40) entre o final da chuva (11,73±3,93 mg/dl) e da seca (12,30±3,04), discordando de outros estudos em que os níveis de P foram significativamente maiores na época das chuvas.

A ausência de deficiência de Ca justificada pelo alto teor de Ca na maioria das gramíneas, em todas as épocas do ano (SUTTLE, 2010), não foi confirmada nesse estudo. Diversos fatores podem afetar a disponibilidade de Ca para os animais e a deficiência desse elemento, embora improvável já foi relatada no Brasil (SOUSA et al., 1979).

A hiperfosfatemia nos rebanhos pode ser justificada pela suplementação com concentrados aos animais com aptidão leiteira. É importante considerar que a concentração P no sangue varia em proporção inversa com a concentração de Ca (COLES, 1968).

Conclusões

Na região do Médio Paraíba, os solos e

pastagens evidenciam uma carência de Ca e P enquanto que os rebanhos evidenciam apenas a carência de Ca e uma hiperfosfatemia que contraria a baixa disponibilidade de P nos solos e pastagens.

Referências

ALMEIDA DL, SANTOS GA, DE POLLI H. Manual de Adubação para o Estado do Rio de Janeiro. Série Ciências Agrárias 2. Seropédica: EDUR - UFRRJ, 1988. 179p.

COLES EH. Veterinary Clinical Pathology. 3. ed. W.B. Saunders Co. Philadelphia, 1968, 342p.

EMBRAPA. Métodos de análise de solo. 2 ed. Rio de Janeiro: Embrapa solos, 1997. 212 p.

McDOWELL LR. Minerais para ruminantes sob pastejo em regiões tropicais enfatizando o Brasil. 3 ed. Gainesville: University of Florida, 1999. 92 p.

NRC. National Research Council. Nutrient requirements of dairy cattle. 7 ed. Washington: National Academy of Sciences, 2001.

SOUSA JC, CONRAD JH, BLUE WG, MCDOWELL LR. Inter-relações entre minerais no solo, plantas forrageiras e tecido animal. 1. Cálcio e fósforo. Pesq. Agropec. Bras., n. 14, v. 4, pág. 387-395, 1979.

SUTTLE, N.F. Mineral nutrition of livestock. 4 ed. Oxfordshire: 2010. 600p

TEDESCO MJ, GIANELLO C, BISSANI CA, BOHNEN H, VOLKWEISS SJ. Análises de solo, plantas e outros materiais. Boletim técnico, n.5, 2 ed. Porto Alegre, RS:

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, 1995.

TOKARNIA CH, CANELLA CFC, GUIMARÃES JA, DÖBEREINER J, LANGENEGGER J. Deficiência de fósforo em bovinos no Piauí. Pesq. Vet. Bras., v.5, p.483-494, 1970.

TOKARNIA CH, PEIXOTO PV, BARBOSA JD, BRITO MF, DÖBEREINER J. Deficiências Minerais em Animais de Produção. 1 ed. Rio de Janeiro: Helianthus, 2010. 320 p.

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DEFICIÊNCIAS MINERAIS ASSOCIADAS AO INADEQUADO FORNECIMENTO DE MISTURAS MINERAIS NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA, RJ, BRASIL

1 MARQUES, Ana Paula Lopes;

2 BOTTEON, Rita de Cássia Campbell Machado;

3 AMORIM,

Estelle Barreto de; 2 BOTTEON, Paulo de Tarso Landgraf;

4 BARROS, Janne de Paula Neres de

1 Doutoranda do PPGMV, UFRRJ, bolsista CAPES, [email protected];

2 Departamento de Medicina e

Cirurgia Veterinária, UFRRJ 3 Graduanda do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ;

4 Mestranda do PPGMV,

UFRRJ.

Palavras chaves: minerais, bovinos, nutrição, manejo, doenças

Introdução

Os problemas relacionados à nutrição mineral

variam desde deficiências ou toxicidade aguda, com sinais clínicos marcantes e alterações metabólicas evidentes, até condições amenas e transitórias, difíceis de serem diagnosticadas (McDOWELL, 1999). No Estado Rio de janeiro, estudos conduzidos ao longo de vários anos apontam a deficiência de Cu como a mais comum, além de evidenciarem valores baixos de Co e Zn nas amostras analisadas (MORAES, 1998). Devido à falta de informações conclusivas a respeito das deficiências minerais que acometem bovinos na região do Médio Paraíba, Estado do Rio de Janeiro, investigou-se as prováveis deficiências minerais nos rebanhos associadas ao fornecimento de misturas minerais.

Material e Métodos

O estudo foi conduzido em unidades de

produção leiteira fornecedoras a três cooperativas e dois laticínios que realizavam a captação de leite na região do Médio Paraíba, RJ. Através de 960 questionários contendo os principais sinais indicativos de deficiências minerais em bovinos, encaminhados em envelopes nominais aos produtores de leite vinculados às cooperativas e laticínios participantes do estudo, obteve-se a informação da ocorrência provável da deficiências minerais em 58 propriedades, das quais 20 foram visitadas para avaliação in loco. Propriedades nas quais não foram evidenciados os sinais informados foram eliminadas.

Nas avaliações in loco foram coletadas informações sobre as características da suplementação mineral, o conhecimento dos produtores sobre sua importância no desempenho animal, avaliando-se a condição clínica dos animais e possíveis alterações relacionadas ou não a deficiências minerais.

Resultados e Discussão

Dentre as manifestações relatadas nos questionários destacam-se os sinais sugestivos de deficiência de fósforo, “papeira” em bezerros, sugerindo deficiência de iodo ou hipoproteinemia, cobalto, zinco, sódio e cobre, bem como sinais inespecíficos (abortos, retenção de placenta e crescimento retardado de bezerros).

Com relação às misturas minerais, seis proprietários (6/20 - 30%) informaram o fornecimento de misturas completas aos animais de seus rebanhos, sendo que quatro (66,7%) afirmaram suplementar durante todo o ano, porém em sua maioria apenas para as vacas em lactação. No entanto, o que se constatou foi que apenas o sal comum era fornecido aos animais durante todo o ano. Isso em todas as propriedades, discordando das informações obtidas através da entrevista. Esse fato sugeriu uma falta de conhecimento, pelos proprietários, do que seria uma mistura mineral ou, sabendo da importância e não querendo se contradizer, omitiram a verdade. A utilização de mistura mineral associada ao sal comum foi relatada em 12 de das 20 propriedades (60%), e em proporções que não correspondem ao recomendado pelo fornecedor. Em geral essa medida era utilizada para reduzir o custo da suplementação (PEIXOTO et al., 2005).

Embora em 70% das propriedades, os cochos avaliados estivessem localizados próximos às fontes de água, 90% eram descobertos e 60% não sombreados, facilitando as perdas pela umidade. Quando se avaliou a quantidade (número e/ou tamanho de cochos em relação ao rebanho) e altura (em relação às categorias animais) constatou-se que a suplementação, em relação a essas avaliações, também era efetuada de maneira inadequada, desconsiderando a categoria e as reais necessidades dos animais (VEIGA e LAU, 1998). Em 60% (12/20) das unidades de produção, a quantidade fornecida (gasto mensal) não correspondia ao gasto previsto em função do número de animais do rebanho e 55% das

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formulações não contemplavam as necessidades de todas as categorias.

Foram também encontrados cochos que não permitiam o acesso de todos os animais a suplementação mineral para ingestão à vontade. Cochos feitos em pneus e troncos de madeira, e proprietários que só forneciam a mistura mineral durante a ordenha foram outros problemas evidenciados (TOKARNIA et al., 1987; PEIXOTO et al., 2005). A quantidade de vezes por semana que os proprietários e/ou funcionários visitavam os cochos para abastecimento também foi questionada e, apenas oito (8/20 - 40%), informaram conferir os cochos diariamente fazendo as reposições necessárias, 50% (10/20) visitavam os cochos apenas uma vez na semana, quando em geral estavam vazios e dois (2/20) apenas ocasionalmente.

Dos entrevistados, cinco responderam que apesar do alto custo com a suplementação, nenhuma mistura mineral melhorava o desempenho dos rebanhos, visto que mudaram de mistura mineral diversas vezes e não evidenciaram melhora significativa em nenhum dos casos. Esse tipo de resposta é condizente com as observações feitas em relação ao fornecimento das misturas minerais. Mesmo quando a mistura mineral era adequada para o local, época do ano e categorias animais, as condições de fornecimento não eram ideais.

Quanto à importância do fornecimento de mistura mineral, na percepção dos produtores, um que só utilizava o sal comum, embora julgasse essencial, não manifestou interesse em fornecer outra mistura mineral. Dois reconheceram a importância da suplementação, mas a quantidade fornecida não era adequada e um informou ser essencial a suplementação, mas somente na época da seca. Todos responderam realçando o alto custo (TOKARNIA et al., 2010; MINERVINO et al., 2008).

Um dos proprietários informou que o solo e os pastos da propriedade eram bons não acreditando na importância de suplementar os animais de seu rebanho. Outro relatou a utilização de diversas misturas minerais em anos anteriores, mas não percebeu diferenças em relação ao fornecimento exclusivo de sal comum, que vinha sendo fornecido a todo o rebanho já há algum tempo, e inclusive na sua avaliação o gado melhorou. Essa informação é consistente visto a amplitude da deficiência de Na no Brasil e a possibilidade de que esta seja a única deficiência no rebanho em questão (TOKARNIA et al., 2010). Outros produtores (9/20 - 45%) foram positivos em relação à suplementação mineral, evidenciando melhorias na saúde, cios, ganho de peso, pelagem, produção de leite, diminuição da perda de peso após o parto e redução dos apetites depravados,

mas também ignoravam critérios básicos para o correto fornecimento das misturas minerais.

Vale destacar que seis proprietários utilizavam a mistura mineral indicada pela cooperativa, estabelecimento comercial onde compravam insumos, um conhecido ou vendedores ambulantes. Em duas foi registrado o fornecimento de apenas microelementos minerais, em formulação indicada pelo “melhor preço” em relação às demais. Em outra, com histórico de osteofagia o “sal mineral” disponibilizado aos animais durante todo o ano era um composto protéico, conhecido como sal proteínado ou mistura múltipla. Destaca-se que o sal proteínado, específico para uso na estação seca apresenta na sua composição o sal branco, para limitar o consumo o que está associado com baixo custo (MINERVINO et al., 2008). O uso é adequado em situações de pasto seco (teor de proteína bruta inferior a 6%), mas com boa disponibilidade de volumoso, o que não era possível nessas propriedades sem adequada suplementação no cocho.

Conclusões

Os sinais clínicos sugestivos de deficiências

minerais na região do Médio Paraíba ocorreram sob diversos graus. O manejo geral com ênfase para a nutrição, principalmente a suplementação mineral adequada, considerada a base para a produção mais rentável, é efetuado de maneira incorreta nas propriedades estudadas estando relacionada ao baixo desempenho da produção.

Referências

McDOWELL LR. Minerais para ruminantes

sob pastejo em regiões tropicais enfatizando o Brasil. 3 ed. Gainesville: University of Florida, 1999. 92 p.

MORAES SS. Avaliação das concentrações de zinco, manganês e ferro no fígado de bovinos e ovinos de várias regiões do Brasil. Pesq. Vet. Bras., v.18, n.3-4, 1998.

PEIXOTO PV, MALAFAIA P, BARBOSA JD, TOKARNIA CH. Princípios da suplementação mineral em ruminantes. Pesq. Vet. Bras., v.25, n.3, p.195-200, 2005.

MINERVINO AHH, CARDOSO EC, ORTOLANI EL. Características do sistema produtivo da pecuária no município de Santarém, Pará. Acta Amaz., v.38, n.1, p.11-16, 2008.

VEIGA JB, LAU HD. Manual sobre deficiência e suplementação mineral do gado bovino na Amazônia Oriental. Documentos, n. 113, EMBRAPA-CPATU, Belém-PA, 1998.

TOKARNIA CH, DÖBEREINER J, MORAES SS. Diagnóstico de deficiência mineral em

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bovinos em regime de campo. Pesq. Vet. Bras., v.7, n.4, p.7-9, 1987.

TOKARNIA CH, PEIXOTO PV, BARBOSA JD, BRITO MF, DÖBEREINER J. Deficiências Minerais em Animais de Produção. 1 ed. Rio de Janeiro: Helianthus, 2010. 320 p.

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ABSCESSOS CUTÂNEOS MÚLTIPLOS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CÃES COM EHRLICHIOSE: RELATO DE DOIS CASOS

1PEREIRA,

Juliana de Abreu;

2 OLIVEIRA, Patrícia de;

2 ALMEIDA, Milena Braghetto de;

3 OLIVEIRA,

Flávia Rosental de; 4 BOTTEON, Rita de Cássia Campbell Machado

1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) da UFRRJ, e-mail: [email protected] ;

2Discente de Graduação em Medicina Veterinária pela UFRRJ;

3Médica

Veterinária Autônoma; 4Docente do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, Instituto de Veterinária,

UFRRJ, e-mail: [email protected]

Palavras-chave: abscessos, Ehrlichia canis, cão, cirurgia

INTRODUÇÃO

A Ehrlichiose é uma enfermidade parasitária de sintomatologia complexa e variável que acomete cães de todas as raças e idades (BRITO et al., 2001). Após incubação de oito a 20 dias, a infecção por E. canis manifesta-se nas formas aguda, subclínica ou crônica (WOODY e HOSKINS, 1991). Os sinais clínicos na fase aguda incluem prostração, anorexia e febre. Após a fase aguda o animal pode curar-se, ou entrar na fase subclínica onde os sintomas não são evidentes, mas a trombocitopenia, a leucopenia e a anemia persistem em níveis variados (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Os sinais na fase crônica são discretos ou ausentes em alguns cães e graves em outros. Situações de estresse como doenças concomitantes, nutrição inadequada e gestação podem precipitar a doença clínica em animais subclínicos (BEAUFILS et al., 2002).

O diagnóstico na prática clínica é realizado pela demonstração microscópica de inclusões intracitoplasmáticas (mórulas), em células mononucleares. Apesar de conclusiva a observação de mórulas em esfregaços de sangue nem sempre é possível devido a baixa parasitemia cíclica (WOODY; HOSKINS, 1991). O presente trabalho tem por objetivo relatar dois casos onde a infecção subclínica por Ehrlichia canis esteve associada à presença de abscessos subcutâneos múltiplos.

RELATO DE CASOS

Cão, macho, SRD, 9 anos, 22 Kg Dia 1: Estado geral bom e parâmetros fisiológicos normais presença de massa sugerindo neoplasia na região perianal. Amostras de sangue foram encaminhadas para realização de hemograma completo, pesquisa de hematozoários em capa leucocitária e bioquímica sérica (ALT, FA, uréia e creatinina). As alterações evidenciadas foram: leucocitose com neutrofilia. Dia 5: Exérese da massa tumoral e reconstituição da região perianal. O protocolo de tratamento pós-cirúrgico incluiu a

aplicação de Penicilina G Procaína (200.000 UI) e Dihidroestreptomicina (0,25g), via subcutânea, a cada 24 horas, por 4 dias; e Cetoprofeno (0,05 mg), por via subcutânea, a cada 24 horas, por 3 dias. Dia 20: O animal retornou com histórico de anorexia. Estado geral regular, parâmetros fisiológicos normais e abscessos em diferentes áreas do corpo. Amostra de sangue encaminhada para hemograma e bioquímica, cujas alterações evidenciadas foram: leucocitose, neutrofilia, monocitose, eosinofilia, aumento dos níveis séricos das enzimas ALT e FA. Realizou-se a coleta de secreção purulenta de abscesso não-fistulado, cujo material foi enviado para isolamento, identificação e teste de sensibilidade. Foi substituído o antibiótico por Cefalotina (575 mg) por via endovenosa e fluidoterapia (500 ml de NaCl 0,9%, 2 ml de complexo B e 10 ml de glicose 25%). Dia 22: Avaliação ultrassonográfica da região abdominal revelou esplenomegalia discreta; hepatomegalia; perda da junção cortico-medular, contornos irregulares e aumento da ecogenicidade renal indicando nefropatia, vesícula urinária com paredes irregulares e espessadas, apresentando urólito de 3 mm, sendo a imagem sugestiva de cistite e urolitíase; nódulo hipoecóico de 7 mm no testículo esquerdo sugestivo de neoplasia; conteúdo líquido e gás no tecido subcutâneo da região inguinal esquerda; linfonodo inguinal ipsilateral aumentado e parênquima homogêneo. Além das medicações já realizadas diariamente, foi instituído tratamento com Metronidazol (400 mg), via endovenosa, e Flunexin Meglumine (1mg/Kg), cada 24 horas, por 3 dias. Do abscesso foi isolado Staphylococcus coagulase negativo (ECN) sensível a Cefalotina (já instituída). Dia 28: Condição geral melhor e normotermia. Hemograma revelou leucocitose, neutrofilia, monocitose, eosinopenia, trombocitopenia severa, monócitos ativados a macrófagos, macroplaquetas, mórulas de Ehrlichia spp em monócitos. Foi realizada prescrição de Doxiciclina (10 mg/Kg, a cada 24 horas, durante 30 dias), e Prednisona (0,5 mg/Kg), com esquema de regressão de dose. Dia 31: O animal já não apresentava mais

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secreções a serem drenadas dos abscessos. Dia 58: Remissão completa dos sinais clínicos e cicatrização dos abscessos subcutâneos. Cão, fêmea, mestiça de Pastor Alemão, 1 ano,

30 Kg Dia 1: Parâmetros fisiológicos normais. Drenagem de abscesso (480 ml de secreção sero-sanguinolenta) no hipocôndrio direito decorrente do envolvimento em uma briga há dois dias. Foram realizadas aplicações de Cetoprofeno (60 mg, via subcutânea) e Ácido Tranexâmico (600 mg, endovenoso). Dia 02: Hemograma, pesquisa de hematozoários indicou ausência de alterações hematológicas e de hematozoários. Utrassonografia abdominal revelou: Esplenomegalia severa, parênquima esplênico de ecotextura homogênea e arquitetura vascular preservada. Dia 05: Exérese de coágulos e debridamento de áreas de fibrose no hipocôndrio direito. Como pós-operatório foi prescrito antibiótico (Pentabiótico, via subcutânea, 4 dias) e antiinflamatório (cetoprofeno (30 mg, via oral, cada 24 horas, 3 dias). Dia 35: Histórico de apatia e anorexia. Estado geral ruim, hipertermia (41°C) e abscessos subcutâneos (secreção sanguinolenta e purulenta), na cernelha, dorso e hipocôndrio direito. Neste atendimento, foram realizadas aplicações analgésico e antitérmico (Dipirona, 750 mg) e antibiótico (1.200.000 UI) por via subcutânea. Dia 36: Hemograma e pesquisa de hematozoários com as seguintes alterações: anemia normocítica normocrômica (ANN) sem resposta medular, linfopenia, eosinopenia, trombocitopenia, presença de mórulas de Ehrlichia canis em monócitos. O tratamento instituído incluiu antibiótico (Doxiciclina, 200 mg, cada 24 horas, 30 dias) e Carbonato de Lítio (300 mg, cada 24 horas, 4 dias), além de drenagem dos abscessos e higiene com polivinilpirrolidona diluída em soro fisiológico. Dia 43: Novo hemograma evidenciou ANN sem resposta medular, leucocitose com desvio à esquerda leve, neutrofilia, monocitose, trombocitopenia, anisocitose e policromasia. Não foram evidenciados hematozoários em capa leucocitária. A partir deste resultado, foram adicionados ao tratamento o Metronidazol (500 mg, via endovenosa, cada 24 horas, 7 dias) e Flunixin Meglumine (30 mg, via endovenosa, cada 24 horas, 3 dias), mantendo-se o Carbonato de Lítio por mais 4 dias. Dia 50: Normalização dos parâmetros clínicos e hematológicos, além da cicatrização dos abscessos.

CONCLUSÃO

Procedimentos cirúrgicos tendem a ser potencialmente invasivos e promovem a degradação de grande quantidade de tecidos, resultando em um processo cicatricial lento e extenso. Desta forma, existe uma grande mobilização das vias metabólicas relacionadas à cicatrização, resultando em diminuição do aporte celular correlacionado ao processo imunológico. Em condições de estresse orgânico, sejam elas gestação, lactação, enfermidades concomitantes ou procedimentos cirúrgicos, a capacidade imunológica dos animais diminui e com isso aumenta a possibilidade de ocorrência clínica da ehrlichiose em suas diversas manifestações, podendo inclusive a erliquiose contribuir para o agravamento de doenças concomitantes, a exemplo dos abscessos aqui relatados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BABESIOSE E ERLIQUIOSE CANINA EM CÃES DE ÁREAS RURAIS E URBANAS DO MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA, RIO DE JANEIRO

1RAIMUNDO, Juliana Macedo;

2GUIMARÃES, Andresa;

3VILELA, Joice Aparecida Rezende; PIRES,

Marcus Sandes;4SANTOS, Huarrisson Azevedo;

4 MASSARD, Carlos Luiz;

4BALDANI,Cristiane Divan

1. Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ, discente do curso Medicina Veterinária, UFRRJ; 2. Bolsista de

Iniciação Científica PROIC, discente do curso Medicina Veterinária, UFRRJ; 3. Discente de pós-graduação do curso Ciências Veterinária, UFRRJ; 4. Professor adjunto do Instituto de Veterinária da UFRRJ.

Palavras-chave: Cães, hemoparasitoses, diagnóstico

Introdução

Erliquiose Monocítica Canina e babesiose canina são hemoparasitoses de distribuição cosmopolita, causadas pela riquétsia Ehrlichia canis e por protozoários do gênero Babesia, respectivamente. A transmissão ocorre com a participação do carrapato vetor Rhipicephalus sanguineus, ou por transfusão sanguínea. Os cães infectados podem apresentar quadros clínicos brandos a intensos, dependendo da fase da doença em que se encontram (COSTA JR et al., 2007) ou serem assintomáticos, podendo atuar como fonte de infecção para os carrapatos transmissores da doença (FURLANELLO et al., 2005). A erliquiose caracteriza-se clinicamente por anorexia, palidez de mucosas, hepatoesplenomegalia, febre, linfadenopatia, petéquias, epistaxes, e uveítes (NAKAGHI et al., 2008). E a babesiose por febre, anemia, letargia, apatia, esplenomegalia e icterícia. Rotineiramente o diagnóstico é baseado em exame físico, história clínica e visualização de formas evolutivas em esfregaços sanguíneos. No entanto, durante a fase crônica, devido à baixa parasitemia, resultados falso-negativos podem ocorrer. Assim, os testes de diagnóstico sorológico se tornaram uma alternativa viável devido à alta sensibilidade e especificidade. O diagnóstico pode ainda ser auxiliado por achados hematológicos, importante ferramenta e de baixo custo. O objetivo deste estudo foi avaliar as características clínico-hematológicas e epidemiológicas de cães naturalmente infectados por B. canis e E. canis em áreas rurais e urbanas de Seropédica, Rio de Janeiro.

Material e Métodos

Compôs o estudo 200 cães selecionados por conveniência, destes 100 eram provenientes de áreas rurais e 100 de áreas urbanas. As amostras sanguíneas foram obtidas por venopunção cefálica, acondicionadas em tubos com EDTA para análise hematológica e confecção de esfregaço sanguíneo para detecção direta de formas evolutivas dos parasitos por leitura de 20 campos na lâmina.

Tubos sem anticoagulante foram empregados para obtenção de soro e posterior realização das provas sorológicas. A detecção de anticorpos IgG anti-E. canis e anti-B. canis foram determinadas por ensaio imunoenzimático indireto (ELISA) segundo Machado et al. (1997) e Furuta et al. (2009), respectivamente. Os resultados clínico-hematológicos e sorológicos foram associados, através do teste Qui-quadrado (Χ

2) e teste Exato de Fisher, em nível

de 5% de significância, com variáveis epidemiológicas relacionadas ao gênero, idade, raça, presença de ectoparasitos, presença e histórico de carrapatos e contato com outros animais.

Resultados e Discussão

Níveis de anticorpos anti-B. canis e anti- E. canis de valor diagnóstico foram detectados em 13,5%(n=27) e 28%(n=56) das amostras, respectivamente, e co-infecção em 3%(n=6). A distribuição espacial de B. canis foi de 24%(n=24) para cães da área rural e 3%(n=3) cães de áreas urbanas de Seropédica, resultado similar ao estudo realizado por Costa Jr et al. (2007), no qual 28,7% dos cães de área rural eram soropositivos. Com relação à E. canis a distribuição foi de 21%(n=21) dos cães da área rural e 35%(n=35) da área urbana. Resultados semelhantes são reportados na literatura, onde E. canis é considerada enzoótica, acometendo de 20-30% dos cães atendidos em clínicas veterinárias de estados brasileiros (NAKAGHI et al., 2008). No presente estudo houve maior prevalência da doença em cães de área urbana, onde segundo Labruna & Pereira (2001) abundam populações do carrapato vetor. Através da pesquisa direta por análise de esfregaços sanguíneos, 7%(n=14) e 5,5%(n=11) das amostras foram positivas na visualização de merozoítas de B. canis no interior de eritrócitos e mórulas de E. canis, respectivamente, evidenciando a limitação da pesquisa direta dos parasitos devido à baixa parasitemia, assim como observado por Dell’Porto et al. (1993). Os fatores gênero e idade não demonstraram relação estatística (p>0,05) com a

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soropositividade dos animais para ambas as hemoparasitoses, entretanto, no parâmetro idade, houve aumento da frequência de cães soropositivos conforme o aumento da idade, assim como relatado por Azevedo et al. (2011). Justifica-se que animais mais velhos apresentam maior probabilidade de contato com o agente devido à maior exposição ao carrapato vetor. Observou-se maior prevalência em cães sem raça definida para B.canis, correspondente a 17,8%. Resultados semelhantes da não associação da babesiose com cães de raça são relatados por Costa Jr et al. (2009). Diferentemente, para E. canis não houve significância (p< 0,05). As variáveis presença de carrapato e contato com outras espécies de animais domésticos apresentaram correlação positiva com a frequência de anticorpos anti-B. canis, p<0,02 e p<0,003, respectivamente, assim como observado por Trapp et al. (2006). Não houve correlação estatística significativa (p>0,05) com histórico de carrapato e presença de ectoparasitos, entretanto, esta última variável demonstrou tendência com a soropositividade dos animais devido à presença de carrapatos no momento da coleta de sangue. Para erliquiose, no entanto, todos estes fatores não se demonstraram estatisticamente (p>0,05) relacionados à soropositividade. Em relação à soropositividade dos cães associada ao exame clínico em que foram avaliados o tempo de preenchimento capilar, turgor cutâneo, coloração de mucosas, histórico de hemorragia, frequência cardíaca e temperatura, apenas as variáveis temperatura e coloração de mucosas diferiram da normalidade para B. canis (p<0,03) e E. canis (p<0,007), respectivamente. Na análise dos parâmetros hematológicos o grupo de cães soropositivos para B. canis apresentaram anemia normocítica normocrômica, sendo esta comumente presente em infecções por Babesia sp (FURLANELLO et al., 2005) e geralmente relaciona-se à fase aguda da infecção. Já o grupo de animais soropositivos para E. canis não apresentou nenhuma alteração no eritrograma. Com relação ao leucograma não foram evidenciadas alterações relevantes entre os grupos de animais testados, seja para B. canis ou E. canis, estando todas as médias dentro dos valores de referência reportados reportado por para a espécie.

Conclusão

A ocorrência da erliquiose canina no município de Seropédica mostrou-se elevada, assim como da babesiose canina, entretanto, em menor grau. A conscientização dos proprietários de cães acerca da adoção de medidas de prevenção da doença faz-se necessária,

principalmente no tocante ao controle de carrapatos e a correção dos fatores associados à doença, bem como a realização de testes diagnósticos para a detecção de animais com infecção subclínica, com o objetivo de diminuir a prevalência da infecção.

Referências bibliográficas

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LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃO DOMICILIADO NA CIDADE DE BARRA MANSA, RIO DE JANEIRO

1GUIMARÃES, Andresa; ²OLIVEIRA

, Fernanda G; ³RAIMUNDO, Juliana Macedo;

4MACHADO, Carlos

Henrique; ⁵BRITO, Marilene de Farias, ⁶BALDANI, Cristiane Divan.

1Bolsista de Iniciação Científica PROIC/CNPq, ²Clínica Regno Animale, Volta Redonda, RJ;

3Bolsista de Iniciação

Científica FAPERJ; 4Professor Adjunto na Graduação em Medicina Veterinária, ⁵Depto Epidemiologia e Saúde

Pública, Setor de Anatomia Patológica; ⁶Professor Adjunto na Graduação e Pós-Graduação em Medicina

Veterinária.

Palavras chave: Leishmania (Leishmania) chagasi, cachorro, diagnóstico

Introdução

As leishmanioses são zoonoses que acometem o homem e outras espécies de mamíferos silvestres e domésticos, de forma crônica e com diversas manifestações clínicas. São causadas por protozoários do gênero Leishmania cuja transmissão ocorre através da picada de insetos vetores da subfamília Phlebotominae (MARZOCHI & MARZOCHI, 1994). A leishmaniose visceral é causada pelo protozoário Leishmania (Leishmania) chagasi. Muitas espécies de mamíferos, como cão, gato, canídeos silvestres, marsupiais e roedores são naturalmente infectadas por Leismania sp. Entretanto, em áreas endêmicas, os cães são de grande importância na manutenção do ciclo da doença, constituindo o principal elo na cadeia de transmissão da leishmaniose visceral, atuando como reservatório do agente etiológico (DANTAS-TORRES, 2006). Perda de peso diante de apetite normal a aumentado, poliúria, polidipisia, debilidade muscular, depressão, vômito, diarréia, tosse, apistaxe, espirro e melena são queixas mais comuns à apresentação. Esplenomegalia, linfadenopatia, doença cutânea, febre, renite, dermatite, sons pulmonares aumentados, icterícia, articulações aumentadas e dolorosas e uveíte são comumente identificados no exame físico. Aproximadamente 90% dos cães infectados apresentam lesões cutâneas caracterizadas por hiperceratose, descamação, espessamento, úlceras mucocutâneas e nódulos intradérmicos no focinho, no palvilhão auricular, nas orelhas e nos coxins. A leishmaniose visceral é caracteriza pela diversidade e complexidade das manifestações clínicas, mas tem uma característica histológica comum: o acúmulo inicial de células fagocíticas mononucleares nos tecidos invadidos, o que promove a hiperplasia das células do retículo endotelial (REC) dos órgãos envolvidos. À histopatologia, observa-se um processo inflamatório crônico, principalmente na pele da orelha de animais sintomáticos e oligossintomáticos, nos quais, na maioria das

vezes, observam-se também a presença do parasito. O processo inflamatório crônico é caracterizado por infiltrado inflamatório mononuclear, difuso nas camadas superficiais da derme e focal em torno dos vasos, folículos pilosos e glândulas submucosas. As estruturas parasitárias aparecem como formas amastigotas da Leishmania (XAVIER et al., 2006). Há comprometimento cutâneo, na forma de dermatite seca esfoliativa, alopecia, hiperqueratose e ulcerações. Há também anemia, linfadenomegalia generalizada, hepato e esplenomegalia (CIARAMELLA et al., 1997). O objetivo do presente estudo foi relatar a ocorrência de um caso de leishmaniose visceral canina na cidade de Barra Mansa, região sul do estado do Rio de Janeiro. Até o presente momento, os dados a respeito desta zoonose na região são escassos, não havendo informe da forma visceral na região.

Material e Métodos

Um canino, fêmea, raça Teckel pêlo curto, de aproximadamente 10 anos de idade, foi atendido em uma Clínica Veterinária particular, apresentando linfoadenomegalia unilateral do linfonodo mandibular. Punção aspirativa com agulha fina e esfregaço citológico foi realizado, o qual foi fixado e corado com corante hematológico rápido. Além da citologia, a reação de imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando antígeno de L. chagasi (cepa Jaboticabal) e conjugado IgG anti-cão na diluição 1:32 foi realizada fim de detectar anticorpos anti-Leishmania spp.. Após o sacrifício do animal, esfregaços citopatológicos foram realizados pela técnica de imprint, bem como raspado de medula óssea, fígado, baço, rim, linfonodos e conjuntiva ocular e palpebral. Durante a necropsia, fragmentos de todos os órgãos foram acondicionados em solução de formaldeído à 10% encaminhados para o setor de Histopatologia do Laboratório de Anatomia Patológica da UFRRJ.

Resultados e Discussão

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No esfregaço citológico observou-se inúmeras formas amastigotas intra e extracelulares, características de Leishmania spp.. Na RIFI o título de anticorpos foi de 1:320, similar ao descrito por Silva et al. (2005), onde animais doentes apresentavam título superior à 1:160. Em todas as amostras evidenciou-se a presença das formas amastigotas do protozoário, exceto nas amostras oculares. No momento da eutanásia, o animal apresentava alopecia dispersa, o que pode ser atribuída à ação direta do parasito sobre o folículo piloso (NEVES et al., 1995), além da linfadenomegalia e onicogrifose, o que pode ser justificado pelo estímulo da matriz ungueal pelo próprio parasita. Mas é provável que a apatia do animal doente, que resulta na diminuição dos movimentos, seja a principal responsável pelo não desgaste natural das unhas (NEVES et al., 1995), sinais estes característicos de animais com leishmaniose de acordo com Ministério da Saúde (2003). Constatou-se no laudo histopatológico infiltrado acentuado de macrófagos e plasmócitos, macrófagos com hemossiderina e outros com inúmeras formas amastigotas nos linfonodos mandibular, cervical superficial, mamário, poplíteo, axilar e mesentérico. Essas lesões são semelhantes às descritas por Xavier et al. (2006). Foram observadas formas amastigotas na medula óssea, fígado, baço, pulmões e bexiga. Na pele observou-se hiperqueratinização ortoqueratótica ou paraqueratótica acentuada. Além disso, infiltrado mononuclear moderado difuso na derme superficial e profunda, similar ao descrito por Machado et al. (2007). A presença de estruturas parasitárias observadas na histopatologia de biopsias, não tem relação com a intensidade do processo inflamatório, sendo frequentes casos de reações inflamatórias intensas sem presença de formas amastigotas e casos de animais assintomáticos, cujo fragmento de biópsia revela reação inflamatória discreta, mas são repletas de formas parasitárias (XAVIER et al., 2006). Assim, torna-se evidente, que uma grande variação das características histológicas de Leishmaniose Visceral Canina pode ocorrer (SANTOS-GOMES & FONSECA, 2008).

Conclusões

Os resultados do presente caso reforçam a necessidade de atenção a possibilidade da ocorrência de leishmaniose visceral na região sul fluminense e do potencial risco zoonótico alertando para a importância do monitoramento de vigilância sanitária com realização de inquéritos soro-epidemiológicos na região.

Referências Bibliográficas

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SANTOS-GOMES G, FONSECA IP. Leishmaniose canina. 1ª. ed.Lisboa Portugal: Chaves ferreira, 2008, 111pag.

SILVA AVM, PAULA AA, CABRERA MAA, CARREIRA JCA. Leishmaniasis in domestic dogs:epidemiological aspects, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.21, n.1, p.324-328, 2005.

XAVIER SC, ANDRADE HM, HADADE MONTE SJ, CHIARELLI IM, LIMA WG, MICHIALICK MS, TAFURI WL, TAFURI WL. Comparison of paraffin-embedded skin biopsies from different anatomical regions as sampling methods for detection of Leishmania infection in dogs using histological, immunohistochemical and PCR methods. BMC Vet. Res.v.2 n.17, 2006.

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ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DIFERENCIAL ENVOLVENDO UM CASO DE ESPOROTRICOSE

¹GUIMARÃES, Andresa; ²KLING, Carlos Roberto Mendes; ³MACHADO, Carlos Henrique;

⁴RAIMUNDO, Juliana Macedo; ⁵ABREU, Daniel Paiva Barros de; ⁶BALDANI, Cristiane Divan.

¹Bolsista de Iniciação Científica PROIC/CNPq, ²Médico Veterinário Autônomo, ³Professor Adjunto na Graduação

em Medicina Veterinária, ⁴Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ, ⁵Monitor de Micologia, DMIV, ⁶Professor

Adjunto na Graduação e Pós-Graduação em Medicina Veterinária.

Palavras chave: Sporothrix scheckii, neoplasia, felino

INTRODUÇÃO

A apresentação de lesões na forma de ferida exsudativa (úmida) persistente com refratariedade à antibioticoterapia em felinos sugere envolvimento fúngico, em especial, esporotricose. No entanto, a possibilidade de envolvimento neoplásico também deve ser considerada diante de tais lesões. A esporotricose é uma micose subcutânea causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii. Apresenta distribuição cosmopolita, segundo Schubach et. al. (2001) e apresenta-se na forma epidêmica no estado do Rio de Janeiro, com significativo potencial zoonótico (SCHUBACH et al., 2001). Essa doença pode se manifestar de três formas: cutânea, cutaneolinfática e disseminada, sendo a forma cutâneolinfática mais frequente, ocasionando feridas exudativas persistentes. Nos gatos, as lesões ocorrem mais comumente localizadas na parte distal dos membros, cabeça ou base da cauda (ROSSER, 1998). O quadro inicial pode apresentar-se como feridas devido a brigas, abscessos, lesões de celulite ou com tratos fistulosos que por não serem responsivas a antibioticoterapia, persistem. Essas podem evoluir para lesões ulceradas, crostosas e com exsudatos purulentos. Nos casos mais graves, pode ocorrer a disseminação do fungo (pulmões, fígado, trato gastrintestinal, sistema nervoso central, olhos, baço, ossos, articulações, rins, testículos, mama e linfonodos), levando à letargia, prostração, anorexia e hipertermia (ROSSER, 1998). A abordagem clínica inicial considera a associação das lesões sugestivas e sua localização, com o perfil epidemiológico supracitado, além do histórico medicamentoso arresponsivo. Uma vez estabelecida a suspeita clínica, é importante elaborar hipósteses de diagnóstico diferencial e empreender complementos diagnósticos, ou seja, o apoio clínico laboratorial com intuito de confirmar ou redirecionar as hipóteses elaboradas. Neste contexto, torna-se de fundamental importância considerar a semelhança e

comportamento das lesões exsudativas persistentes em felinos com carcinoma de células escamosas. O carcinoma de células escamosas, também conhecido como carcinoma epidermóide é uma neoplasia maligna originada a partir do queratinócito, uma célula presente no epitélio escamoso estratificado da pele. Este tipo de neoplasia caracteriza-se por crescimento lento e localmente invasivo e destrutivo, sendo comum em felinos (MORRIS e DOBSON, 2001). Muitos fatores já foram associados ao desenvolvimento dos carcinomas de células escamosas (CCEs), sendo um dos principais a exposição à radiação ultravioleta, geralmente envolvendo áreas despigmentadas. Os locais de maior incidência das lesões são o plano nasal, orelhas, pálpebras e lábios (NOLETO, 2009). Macroscopicamente, caracteriza-se por lesões proliferativas ou ulcerativas adotando forma de placa ulcerada ou de “couve-flor”, com formação de crostas subjacentes que podem sangrar com facilidade. Consequentemente, a manifestação citolítica com formação de ulceração pode facilmente confundir-se com a esporotricose, o que é reforçado pelo comportamento de ferida persistente e refratária à antibioticoterapia. Histologicamente pode-se observar cornificação do epitélio, células escamosas neoplásicas formando massas irregulares ou cordões alongados dispersos por toda a massa tumoral (MORRIS e DOBSON, 2001). A abordagem complementar de apoio para o diagnóstico envolve procedimento citológico, onde na microscopia de lesões causadas por Sporothrix schenckii observa-se inúmeras formas leveduriformes infectantes intra e extracelulares, especialmente em felídeos, ao contrário de espécies não felídeas (COWELL et al., 2008). Em contrapartida, nas feridas decorrentes de carcinoma de células escamosas, a citologia mostrará envolvimento celular neoplásico com características de malignidade e ausência de formas leveduriformes. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso atípico de esporotricose felina, no qual

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citologicamente os resultados sugestionavam para carcinoma

MATERIAL E MÉTODOS

Foi atendido numa Clínica Veterinária um gato SRD, com 5 anos de idade, domiciliado em Petrópolis, RJ, apresentando lesão difusa, ulcerada, crostosa e friável ao toque no focinho e crostosa na orelha. Na primeira consulta foi realizada Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) na lesão do focinho, sendo a citologia avaliada no Laboratório de Patologia Clínica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Na segunda consulta foi realizado um Swab da lesão de focinho, o qual foi encaminhado para o Laboratório de Micologia da UFRRJ para semeadura em Ágar Sabouraud com Ciclohexamida. Adicionalmente, foi efetuada uma biópsia da lesão auricular, que foi encaminhada para o setor de Histopatologia do Laboratório de Anatomia Patológica da UFRRJ.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Citologicamente, não foram encontradas formas leveduriformes típicas de Sporotrix spp., o que considerando-se o fato do paciente não ter recebido tratamento prévio, afastou inicialmente a possibilidade de esporotricose. Tal hipótese foi reforçada pela observação de células teciduais com características sugestivas de neoplasia epitelial (cromatina frouxa, nucléolos, citoplasma abundante e esfoliação em grupos), assim predispondo para o diagnóstico de CCE. Em contradição com a sugestão citológica de neoplasia, o resultado da cultura da amostra do Swab da região nasal resultou em isolamento e identificação do fungo S. schenckii. Da mesma forma, o exame histopatológico realizado com a biópsia de orelha demonstrou a presença de S. schenckii, confirmando o resultado microbiológico. Acredita-se que as alterações celulares evidenciadas na citologia sejam devido a reação inflamatória (displásica) tecidual, a qual pode ser facilmente confundida com alterações anaplásicas (COWELL et al., 2008). Os resultados do presente caso clínico demonstram claramente que podem ocorrer manifestações de esporotricose sem a recuperação citológica direta do agente, mesmo se tratando de felídeos e sem tratamento antifúngico prévio. Tais achados são contrários aos reportados por diversos autores, que demonstram a facilidade de recuperação de formas fúngicas em lesões cutâneas (FILGUEIRA, 2009; COLODEL et al., 2009). Assim, torna-se de fundamental importância a confirmação do diagnóstico por exames

microbiológico e/ou histopatológico, mesmo que hajam sugestões citológicas de neoplasia. Este caso, além do insucesso da recuperação do Sporothrix spp na citologia, havia o somatório das alterações celulares displásicas e o fato do paciente ter pelagem clara e áreas afetadas comuns ao acometimento do carcinoma.

CONCLUSÕES

Sempre complementar o exame clínico com exames laboratoriais e no caso de feridas exudativas persistentes, se a citologia não evidenciar formas de Sporothrix schenckii, independente das alterações celulares teciduais, encaminhar para o cultivo e/ou histopatologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLODEL MM, JARK PC, RAMOS CJR, MARTINS VMV, SCHNEIDER AF, PILATI C. Esporotricose cutânea felina no Estado de Santa Catarina: relato de casos. Veterinária em Foco v.7, n.1, jul./dez, 2009.

COWELL RL, TYLER RD, MEINKOTH JH, DENICOLA DB. Diagnostic Cytology and Hematology of the Dog and Cat, 3

RD Ed., St.

Louis, Mo: Mosby, 2008. FILGUEIRA K. Esporotricose na espécie

canina: relato de um caso na cidade de Mossoró-RN.Ciência Animal Brasileira, 10, jul. 2009. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/view/2131>. Acesso em: 23 Nov. 2011.

MORRIS J, DOBSON J. Small Animal Oncology, University of Cambridge Veterinary School - Blackwell Science, 2001, 315p.

NOLETO CS. Carcinoma de Células Escamosas de Origem Cutânea e de Plano Nasal em Pequenos Animais, Monografia (Pós-Graduação Lato sensu Especialista em Clínica Médica de Pequenos Animais)-Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Camilo Castelo Branco, Brasília, 53f, 2009.

ROSSER EJ, DUNSTAN RW. Sporotrichosis. Infectious diseases of the dog and cat. 2nd.edn. St Louis: Sauders Company, p.399-401, 1998.

SCHUBACH TMP, SCHUBACH A, REIS RS, MAYA TC, BLANCO TCM, MONTEIRO DF, BARROS MBL, BRUSTEIN R, OLIVEIRA RMZ, MONTEIRO PCF, WANKE B. Sporothrix schenckii isolated from domestic cats with and without sporotrichosis in Rio de Janeiro, Brazil. Mycopathologia v.153, p.83-86, 2001.

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EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO CONTRA MASTITE CLÍNICA COMPARADA À SUSCETIBILIDADE IN VITRO A ANTIBIÓTICOS

1LIMA, Diego Medeiros;

2BARROS, Janne Paula Neres de;

3BOTTEON, Rita de Cássia C. Machado;

4OLIVEIRA, Ângela de.

1. Doutorando do PPGMV, IV, UFRRJ; 2. Mestranda do PPGMV, IV, UFRRJ. 3.DMCV, I.V, UFRRJ; 4.DMIV, IV,

UFRRJ

Palavras chaves: vaca, mastite, antibioticoterapia, antibiograma

INTRODUÇÃO

As infecções da glândula mamária em vacas possuem etiologia complexa, causadas predominantemente por microrganismos de origem bacteriana (RIBEIRO, 2008). A mastite clínica apresenta-se por sinais evidentes no úbere, leite ou sistêmicos (FONSECA e SANTOS, 2000). A utilização de antimicrobianos é uma das medidas realizadas no controle das mastites e seus principais objetivos são: prevenção da mortalidade nos casos agudos, retorno à lactação normal, eliminação das fontes de infecção e prevenção de novas infecções durante o período seco (CULLOR, 1993), além de eliminar um elo importante da cadeia epidemiológica desta enfermidade quando o tratamento é adequado (LANGONI et al., 1999).

Verifica-se atualmente que apesar da disponibilidade de diversos antimicrobianos para tratamento da mastite, a resistência dos microrganismos a estes se acentuou pelo uso indiscriminado e inadequado (COSTA et al, 1996). O insucesso do tratamento também pode estar relacionado à capacidade de sobrevivência intracelular de algumas bactérias e também às alterações anatomopatológicas induzidas por certas infecções impedindo o acesso do medicamento ao foco infeccioso (BARRAGY, 1994). Mesmo com antibiogramas demonstrando in vitro que o agente é sensível à droga, essa sensibilidade varia de 30 a 75% no animal.

O objetivo deste trabalho foi comparar a eficiência do tratamento contra mastite clínica in vivo com a suscetibilidade in vitro aos antibióticos.

MATERIAL E MÉTODOS

De maio a junho de 2009, foram encaminhadas ao Laboratório de Bacteriologia do DMIV/UFRRJ, 26 amostras de leite de vacas com mastite clínica, provenientes de propriedades de Resende-RJ. O diagnóstico foi firmado nos animais que apresentaram alterações no leite, pelo teste da caneca telada, sinais de inflamação na glândula mamária e/ou sistêmicos (RADOSTITS et al., 2007).

Todas as amostras de leite foram semeadas em ágar sangue bovino desfibrinado (5%) e ágar MacConkey, incubadas em

aerobiose, a 37°C, com observação do desenvolvimento microbiano a cada 24horas, durante 3 dias. A identificação dos microorganismos foram feitas com base nas características morfotintoriais e bioquímicas (KONEMAN et al., 2008, KRIEG e HOLT, 1984). O perfil de sensibilidade microbiana dos microrganismos isolados foi realizado mediante a técnica de difusão com discos (NCCLS, 2000), utilizando-se antimicrobianos disponíveis comercialmente para a terapia intramamária: amoxicilina (10µg), bacitracina (10µg), cefoperazone (75µg), enrofloxacina (5µg), gentamicina (10µg), neomicina (30µg) e tetraciclina (30µg).

Os animais foram tratados aleatoriamente segundo a disponibilidade de medicamentos no comércio local e seguindo a recomendação de cada fabricante. Foram utilizados produtos comerciais compostos de: (A) 2,5% de cefoperazone sódico, (B) 2,5% de sulfato de gentamicina e (C) 2% de cloridrato de tetraciclina, 2,5% sulfato de neomicina e 2000UI/ml de bacitracina de zinco. Quatro dias após a última aplicação, os animais foram novamente avaliados pelo teste da caneca de fundo escuro e CMT (PHILPOT e NICKERSON, 1991). Os resultados obtidos nessa última avaliação foram comparados com os testes de sensibilidade no antibiograma realizados antes do início do tratamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 26 vacas tratadas, 24 (92,3%) se recuperaram (melhora clínica e redução do escore ao CMT) após o tratamento intramamário. Considerando a correlação entre a sensibilidade avaliada pelo antibiograma, o resultado do teste clínico foi favorável.

Não foi possível a realização do antibiograma em 5 (19,2%) das 26 amostras de leite, pois não houve crescimento e isolamento das colônias. A dificuldade de isolamento do agente etiológico da mastite é relatada em diferentes estudos (BARTELETT et al., 1992; OLDE REIKERINK et al., 2008). São diversas as causas apontadas, sendo reportado que o isolamento bacteriano pode não ser identificado

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em mais de 50% das amostras (MARKOVEC e RUEGG, 2002).

O perfil de sensibilidade microbiana das 21 amostras isoladas revelou alta eficiência in vitro aos antimicrobianos amplamente utilizados na rotina da terapia de mastite em vacas. Tal achado pode estar relacionado ao baixo uso de antibióticos nos casos de mastite clínica nesta propriedade, uma vez que o produtor não realizava testes diagnósticos para a identificação dos casos clínicos e subclínicos. Foi constatada também multirresistência em 3 amostras (14,3%) frente aos antimicrobianos utilizados, especialmente para gentamicina e associação tetraciclina, bacitracina e neomicina, fármacos amplamente utilizados nas terapias contra mastite clínica.

Do total de vacas tratadas, o antibiograma obteve 69,2% de acerto na indicação do antimastítico quando comparado ao resultado clínico após o tratamento. As duas vacas que não se recuperaram foram tratadas com gentamicina (B) e associação de tetraciclina, neomicina e bacitracina (C). No primeiro caso o antibiograma indicou que o agente etiológico (Staphylococcus sp.) era sensível ao princípio ativo utilizado no tratamento, já no segundo caso os agentes (associação Staphylococcus sp. com Streptococcus sp.) eram resistentes. Assim, o antibiograma não foi útil para orientação no tratamento da primeira amostra.

O diagnóstico bacteriológico é decisivo, porém caro e mais demorado, sendo pouco aplicável a rebanhos com grande número de animais. Várias simplificações vêm sendo estudadas, entretanto, visando eliminar estas dificuldades, como a utilização de meios de cultura especiais e a criação de esquemas de identificação presuntiva (FIGUEIREDO, 1995).

CONCLUSÕES

Apesar dos resultados negativos após cultivo microbiológico e teste de susceptibilidade in vitro, o conhecimento do perfil de sensibilidade dos agentes etiológicos da mastite em uma propriedade é útil na decisão do tratamento.

REFERÊNCIAS

BARRAGY, T.B. Bovine mastitis. In: Veterinary Drug therapy New York: Lea e Febiger, p.655-687, 1994.

BARTELETT, P.C.; MILLER, G.Y.; LANCE, S.E.; HEIDER, L.E. 1992. Clinical mastitis and intramammary infections on Ohio dairy farms. Prev. Vet. Med. v.12, p.59-71, 1992.

COSTA, E.O.; MANGERONA, A.M.; BENITS, N.R.; CIRILO, S.L.; GARINO JUNIOR, F.; RIBEIRO, A.R.; WATANABE, E. Avaliação de campo de quatro tratamentos intramamários de

mastite clínica bovina. A hora Veterinária, ano 16, n.93, p.19-21, 1996.

CULLOR, J. S. The control, treatment, and prevention of the various types of bovine mastitis. Vet. Med. Food Animal Pract. v.88, p. 571-579, 1993.

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FONSECA, L.F.L.; SANTOS, M.V. Qualidade do Leite e Controle de Mastite. São Paulo: Lemos Editorial, 175p, 2000.

KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M.; WINN Jr., W.C. Diagnóstico Microbiológico. 6.ed., Guanabara Koogan, 1488p., 2008.

KRIEG, N.R.; HOLT, J.G. (Eds). Bergey’s manual of systematic bacteriology. London: Williams & Wilkins, 984p., 1984.

LANGONI, H., DOMINGUES, P. F., SILVA, A V. Tratamento da mastite bovina com cefapiridina sódica em vacas em plena lactação. A hora Veterinária. Ano19, n.112, p.37-39- 1999.

MARKOVEC, J.A.; RUEGG, P.L.. Characteristics of milk samples submitted for culture in Wiscosin from 1994- 2000. International Journal of Dairy Science, Suplemento 1, v. 85, p.85, 2002.

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OLDE REIKERINK, R.G.; BARKEMA, H.; KELTON, D.; SCHOLL, D. Incidence rate of clinical mastitis on Canadian dairy farms. J. Dairy Sci. 91:1366-1377, 2008.

PHILPOT, W. N.; NICKERSON, S. C. Mastitis: Counter Attack. A strategy to combat mastitis. Illinois: Babson Brothers Co., 150p, 1991.

RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W. (Eds). Veterinary medicine: A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: W.B. Saunders, p.724-725, 2007.

RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed). Manual de terapêutica veterinária. 3ed. Roca: São Paulo, p.759-771, 2008.

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FREQUÊNCIA E FATORES DE RISCO DA OBESIDADE EM UMA POPULAÇÃO URBANA DE GATOS SAUDÁVEIS

1BARBOSA, Renée Cristine Carvalho;

2BOTELHO, Camila Flávia Magalhães;

3ALVES, Raquel

Sampaio; 4SOUZA, Heloísa Justen Moreira de.

1Discente de Med. Veterinária da UFRRJ, bolsista PIBIC-CNPq;

2 Discente de Med. Veterinária da UFRRJ,

bolsista PIBIC/CNPq; 3Mestre em Medicina Veterinária – Patologia e Ciências Clínicas;

4Professora Adjunta da

Disciplina de Patologia Clínica e Cirúrgica do DMCV/IV/UFRRJ.

Palavras chave: Gato; obesidade; doenças

Introdução

A obesidade tem sido definida como “uma condição de balanço positivo de energia e formação excessiva de tecido adiposo com efeitos adversos na morbidade e mortalidade”. Uma definição funcional de obesidade para animais domésticos foi sugerida como 15% ou mais acima do peso corporal ideal. Sobrepeso foi definido como menos de 15% acima do peso ideal (WOLFSHEIMER, 2004; COLLIARD et al., 2008). Este trabalho teve três objetivos principais: avaliar a frequência de sobrepeso em gatos saudáveis de uma população urbana do Rio de Janeiro; identificar os fatores de risco associados ao excesso de peso e obesidade dos gatos; e avaliar a percepção pelo proprietário da condição corporal de seu gato.

Materiais e Métodos

Os animais deste estudo são provenientes da rotina cirúrgica de uma clínica veterinária no Rio de Janeiro, especializada no atendimento de gatos. Os proprietários foram entrevistados por um Médico Veterinário e um questionário foi preenchido para cada gato, no período entre agosto e dezembro de 2010. O questionário foi testado e validado em um estudo preliminar (COLLIARD et al., 2008). Os dados fornecidos pelos proprietários dos animais incluíram idade, sexo, estado civil, local da moradia e tipo de residência, informações acerca da condição do gato, como a satisfação do proprietário com relação à aparência de seu gato, escolha da silhueta mais próxima à do seu animal de acordo com as opções mostradas, e hábitos alimentares. Os proprietários não foram informados do objetivo da pesquisa a fim de evitar influência em suas respostas. O Médico Veterinário avaliou o gato com relação ao seu Escore de Condição Corporal (ECC) – uma avaliação subjetiva da composição corporal – e ao Índice de Massa Corporal Felino (IMCF) – ferramenta de avaliação objetiva da obesidade, que pode ser estimado com base em duas mensurações do gato, a da circunferência torácica (CT) e a do índice do membro posterior

esquerdo (IMPE). Além disso, na ficha de cada animal foram anotadas informações sobre o estilo de vida do proprietário, e doenças encontradas no gato.

Figura 1 – Ilustração de gato, mostrando os pontos de mensuração da avaliação objetiva da obesidade. CT: Circunferência torácica. IMPE: Índice do membro posterior esquerdo.

Resultados e Discussão

O peso médio dos gatos foi de 4,8 kg ± 1,98, variando entre um mínimo de dois e um máximo de 12,1 kg. Dos gatos avaliados, a média do peso dos machos foi 5,35±1,97 Kg e das fêmeas foi de 4,32±1,82 Kg. A média do peso dos machos inteiros foi 3,84±1,28 Kg, a média dos machos castrados foi 5,73±1,95 Kg, a média das fêmeas inteiras foi 3,03±0,82 Kg, a média das fêmeas castradas foi 4,87±1,89 Kg. A escala de escore corporal variou entre 1 (caquético) e 5 (obeso). Apenas dois animais foram avaliados com escore 1 (1,88%). Com escore 2 (magro), foram observados nove gatos (8,49%). O escore 3, normal, teve 29,25% dos animais, ou seja, 31 gatos. Com escore 4 (acima do peso), foram encontrados 25 animais (23,59%). E com escore 5, tem-se a maioria, 39 animais, isto é, 36,79%. São considerados acima do peso os animais com Índice de Massa Corporal Felino (IMCF) maior que 30%, conforme equação apresentada anteriormente. Os animais avaliados com peso superior ao ideal totalizaram 47,17% (50 gatos). Os com IMCF entre 10 e 30% são os de peso ideal, totalizando 50,95% (54 animais). Com IMCF abaixo de 10%, apenas dois animais, representando 1,88% do total. Verificou-se, ainda, que, entre os animais de escore 5, 92,3% (36 de 39 gatos) tiveram

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IMCF calculado acima de 30%. Já entre os animais com escore corporal 4, 56% (14 animais de 25) estavam com IMCF acima de 30%, totalizando 50 animais com este valor de massa corporal, não tendo sido encontrados gatos com escore 1, 2 ou 3 nessa categoria. O IMCF mostrou-se um método mais preciso para a confirmação da obesidade e para conscientizar o proprietário acerca da condição de seu animal.

No que diz respeito aos proprietários, foram incluídos entrevistados um total de 50 indivíduos, sendo 41 (82%) do sexo feminino e 9 (18%) do sexo masculino. Avaliando seu tipo de moradia, observou-se que oito (16%) moram em casa; 40 (80%) em apartamento; e dois (4%) proprietários moram em sobrado. Não houve ocorrência de outro tipo de residência. No que diz respeito à satisfação quanto à aparência do gato, 97/106 (91,5%) gatos tiveram sua aparência apreciada por seus proprietários, contra 9/106 (8,5%) gatos com seus proprietários insatisfeitos com sua aparência. Dos animais cujos proprietários disseram estar satisfeitos com sua aparência, 45/97 (46,4%) estavam com peso corporal adequado e 52/97 (53,3%) estavam com o peso inadequado, apresentando sobrepeso ou obesidade. Já entre os gatos de proprietários insatisfeitos, notou-se que 4/9 (44,4%) estavam com peso adequado e 5/9 (55,6%) fora do peso ideal.

Em nossa amostra, os gatos obesos apresentaram maior incidência de Doenças bucais, Diabetes Mellitus, Gastropatias e Neoplasias que o resto da população. Gatos obesos têm um risco aumentado para a Doença do Trato Urinário Inferior (DTUIF), embora, em nosso estudo, a freqüência desta doença tenha sido maior em gatos não obesos. Doenças ligadas à Cavidade Oral mostraram-se as mais frequentes entre as afecções relacionadas à obesidade em gatos, diferente de outros autores que indicam que o Diabetes é a doença mais comum encontrada em felinos obesos.

Conclusões

Conclui-se que a freqüência de excesso de

peso na população de gatos da rotina cirúrgica foi de 60,4%, sendo 23,6% identificados com sobrepeso e 36,8% obeso através da avaliação do escore corporal. Além disso a obesidade foi evidenciada em metade desta população estudada pelo método do índice de massa corporal do felino (IMCF), e os fatores de risco para obesidade foram gatos de meia idade, castrados, especialmente machos, domiciliados e com acesso livre ao alimento. Vale ressaltar que a subestimação do escore por seus proprietários foi um fator predisponente para obesidade felina.

Figura 2 – Gráfico ilustrando as doenças encontradas em 106 gatos analisados quanto à obesidade, separadas em dois grupos: não obesos (grupo 1) e obesos (grupo 2), Rio de Janeiro, 2011.

Referências Bibliográficas COLLIARD. L; PARAGON, B.M.;

LEMUET,B.; BÉNET,J.J.; BLANCHARD,G. Prevalence and risk factors of obesity in an urban population of healthy cats. Journal of Feline Medicine & Surgery, v. 11, n.2, p. 1135-40, 2008.

LAFLAMME, D. Development and validation of a body condition score system for cats: a clinical tool. Feline Practice, v. 25, n. 5 and 6, p. 13-8, 1997.

LUND, E.M; ARMSTRONG, P.J.; KIRK, C.A.; KLAUSNER, J.S. Prevalence and risk factors for obesity in adult cats from private us veterinary practices. Journal of applied research in veterinary medicine, v. 3, n. 2, 2005.

SCARLETT, J.M.; DONOGHUE, S.; SAIDLA, J.; WILLS, J. Overweight cats: prevalence and risk factors. International journal of obesity and related metabolic disorders: Journal of the international association for the study of obesity, v. 18, n. 2, S 22-8, 1994.

0

5

10

15

me

ros

de

gat

os

Frequência de Doenças

Não obesos

Obesos

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RELATO DE CASO: QUEIMADURA TÉRMICA GRAVE EM CÃO (Canis familiaris)

1 SOUZA, Carla Caroline Franzini;

2COUTINHO, Maria Daniela Dantas;

1NOVAES, Adriano Sodré

Magalhães; 3 JORGE, Siria da Fonseca;

4TORRES, Fernando Elisio Amaral.

1 Acadêmico em Medicina Veterinária – UFRRJ; 2 Médica Veterinária Autônoma; 3 Prof. Substituta DMCV – UFRRJ; 4

Prof. Cirurgia Veterinária – UNESA.

Palavras chaves: colchão térmico; terapia intensiva; lesões extensas

Introdução

Queimadura é definida como uma

agressão à pele causada por calor excessivo ou produtos cáusticos. As mais comuns são resultados de exposição ao calor e a produtos químicos. Podem ser classificadas pelo mecanismo ou etiologia da lesão, profundidade e extensão da superfície corporal envolvida. Por mecanismo, são classificadas como térmicas, por radiação, elétricas ou químicas. A severidade delas pode ser determinada pela profundidade, tamanho, localização e a idade do paciente (DESANTI, 2005). O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de queimadura térmica ocorrido em uma clínica veterinária, durante o trans operatório em um animal que ainda encontra-se em tratamento até a presente data. O presente trabalho procura enfatizar a importância de um correto monitoramento dos animais internados, para evitar que ocorram acidentes de tal natureza.

Material e Métodos

Foi atendido em uma clínica veterinária

localizada na zona norte do Rio de janeiro, um animal da espécie Canis familiaris, SRD, fêmea, com nove anos de idade, não castrada e pesando 6,9kg, tendo como queixa principal sangramento vaginal, anorexia e apatia. Ao exame físico, o animal encontrava-se prostrado, com a região inguinal esquerda aumentada de volume, endurecida e com dor à palpação. Com base nos resultados dos exames laboratoriais e dos sinais clínicos, optou-se por uma laparotomia exploratória, devido a suspeita de piometra e hérnia inguinal. Ao término da intervenção cirúrgica foram observadas extensas lesões de pele em toda região dorsal, membros pélvicos, membros torácicos, cauda e região cervical do animal, evidenciando a queimadura térmica pelo uso de colchão térmico (Figura 1). O tratamento foi prolongado e incluiu terapia intensiva. Nos primeiros dias de tratamento, o animal manteve-se prostrado, com muita dor, mesmo com administração de cloridrato de tramadol e dipirona, e a pressão arterial mantida dentro dos parâmetros normais com dobutamina na dose de 5μg/kg. O animal foi sondado e encaminhado

para a UTI. Instituiu-se um protocolo analgésico, fluidoterápico e antibioticoterapia sistêmica (metronidazol e ceftriaxona). Foi realizada a tricotomia ao redor da lesão, e em seguida, as feridas foram lavadas com solução fisiológica, nas quais aplicou-se sulfadiazina de prata a 1%. Quando as crostas começaram a se soltar das bordas das feridas, foi efetuado o debridamento cirúrgico de forma gradual. Após o debridamento, aplicou-se digluconato de clorexidina sobre a ferida e foram colocadas bandagens não aderentes e semi-oclusivas que foram trocadas duas vezes ao dia. Foram feitos exames de sangue para avaliação do hemograma e bioquímica sérica, os quais foram repetidos com intervalos regulares a cada três dias. Além disso, uma transfusão sanguínea foi necessária e exames radiográficos de tórax nas posições látero-lateral e ventro dorsal foram realizados.

Resultados e Discussão

A queimadura foi classificada como de penetração parcial profunda ou de 2º grau tendo mais de 50% da superfície corporal queimada. Um fator importante foi a rapidez da instituição do protocolo visando promover analgesia, pois, segundo TELLO (2008) queimaduras são ferimentos muito dolorosos, e necessitam de rápido e eficiente suporte. Também foi instituído, rapidamente, um protocolo fluidoterápico, em concordância com DONOHUE (2007) e TELLO (2008) que relataram a importância da reposição de fluidos com rapidez, para evitar-se a desidratação e posteriormente a insuficiência renal aguda, complicação comum em pacientes queimados. A sulfadiazina de prata a 1% é o fármaco de eleição para queimaduras de penetração mais profunda ou de 2º grau (TELLO, 2008). De acordo com JOHNSTON (1996) a grande quantidade de tecido morto proporciona um excelente meio de cultura para o crescimento bacteriano, e a oclusão do suprimento sanguíneo local prejudica o fornecimento de mecanismos de defesa humoral e celular e de drogas antibacterianas sistêmicas na área queimada, limitando a efetividade da antibioticoterapia à sua aplicação tópica. Optou-se pelo o debridamento cirúrgico de forma gradual e não pela aposição das margens, pois, embora a cicatrização por

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segunda intenção demore muito mais, em lesões muito extensas como a do animal deste relato, seria impossível realizar o fechamento primário. Por isso, preferiu-se remover todo o tecido morto para evitar a sepse, e permitir a formação do tecido de granulação, responsável pelo processo de cicatrização. Após o debridamento, aplicou-se digluconato de clorexidina sobre a ferida e foram colocadas bandagens não aderentes e semi-oclusivas, que segundo HEDLUND (2002) são as mais utilizadas em medicina veterinária, pois, permitem que penetre o ar e escape o exsudato da superfície do ferimento. Nos exames radiográficos de tórax, evidenciou-se silhueta cardíaca prejudicada pela presença de efusão pleural, principalmente no hemitórax direito. Em dado momento do tratamento, fez-se necessário a transfusão de sangue, pois, o hematócrito ficou em 12%, e a hemoglobina estava em 4gm/dl. TELLO (2002) relatou que a transfusão deve ser realizada sempre que o hematócrito se mantiver abaixo de 20% ou se a hemoglobina ficar abaixo de 7gm/dl. A anemia normocítica normocrômica, pode ter ocorrido devido a vários fatores. Segundo POPE (1998), a necrose de coagulação causada pelo calor excessivo provoca destruição de eritrócitos e alterações morfológicas, levando a remoção precoce deles. O animal manteve-se prostrado no inicio do tratamento mesmo com analgésicos. Por recusar alimento fez-se necessário a alimentação parenteral, mas, mesmo assim, houve perda considerável de peso, um quilo. HEDLUND (2002) relatou que a hiperalimentação parenteral é indicada para animais com desnutrição protéico-calórica iminente e animais com queimaduras graves. Houve alterações significativas nas enzimas hepáticas, sugerindo lesão hepática, concordando com POPE (1998) o qual relatou que várias causas podem levar a insuficiência hepática em um paciente queimado, queda brusca do débito cardíaco, aumento da viscosidade sanguínea e vasoconstrição esplênica, medicamentos colestásicos, transfusão de sangue, agentes anestésicos e toxinas provenientes da queimadura. Após quase quatro eses de tratamento, os curativos continuam sendo feitos e as feridas estão cicatrizando por segunda intenção. O animal encontra-se em tratamento, até o presente momento (Figura 2).

Conclusão

Conclui-se que o tratamento de queimadura térmica extensa é possível, mesmo quando atinge mais de 50% da superfície corporal. É demorado e necessita de terapia intensiva. Atenção redobrada deve ser dada à utilização do colchão térmico em pacientes com afecções que provocam alterações hemodinâmicas.

Referências Bibliográficas

DESANTI, L. Pathophysiology and Current Management of Burn Injury. Skin Wound Care Journal, v.18, p.323-332, 2005. DONOHOE, C. Thermal Burns. Veterinary Teaching Hospital, p.66 – 68, 2007. HEDLUND, CH. 15, Cirurgia do Sistema Tegumentar. In: FOSSUM, W. T. et al. Cirurgia de Pequenos Animais, 1ª edição, Editora Roca, p.189 – 193, 2002. JOHNSTON, D. E. 36. Pele. In: BOJRAB, M. J. Técnicas Atuais em Cirurgia de Pequenos Animais, 3ª edição, Editora Rocca, Brasil, p.464 – 470, 1996. POPE, ER. 30, Queimaduras: Lesões Térmicas, Elétricas, Químicas e pelo Frio. In: SLATTER, Manual de Cirurgia de Pequenos Animais, 2ª edição, Editora Manole, São Paulo, p.437-455, 1998. TELLO, H. L. Medical Management of Burned Animals. The World Small Animal Congress,

2002. TELLO, H. L. Burns as a Veterinary

Emergency. The World Small Animal Congress, v.10, p.212 – 214,2008.

Figura 1: Vista dorso-

lateral de cão

acometido por

queimaduras

provocadas por

colchão térmico,

mostrando a pele com

necrose tecidual ao

longo do corpo.

Figura 2: No final do tratamento, as

lesões quase cicatrizadas.

Figura 2: Lesões

demonstradas na

Fig. 1 em fase final

de reparo.

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PENECTOMIA E URETROSTOMIA ESCROTAL NA EXCISÃO DE NEOPLASIA PREPUCIAL COM AMPLA MARGEM DE SEGURANÇA EM CÃO: RELATO DE CASO

1SOUZA, Carla Caroline Franzini;

1ANDERY, Priscilla Barbosa;

1MOURA, Ana Paula dos Reis;

1RAMALHO,

Marlon Vinicius Cabral; 2VIVAS, Diego Gonzalez

1. Graduando em Medicina Veterinária da UFRRJ. 2. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) da UFRRJ.

Palavras-Chave: Mastocitoma; Exérese Tumoral; Prepúcio.

INTRODUÇÃO

A excisão cirúrgica ampla é indicada para

todos os mastocitomas. Há relatos de que mastocitomas que se desenvolvem no prepúcio, além de algumas outras localizações, apresentam comportamento maligno, independentemente da classificação histológica, sendo mais aptos a apresentarem recidivas ou metástases em comparação com aqueles localizados em outras regiões (DALECK et al., 2009).

Em estudo retrospectivo com 49 cães portadores de mastocitoma, os autores observaram que apenas 16,33% (8 animais) sobreviveram por um período prolongado - maior que 746 após a consulta (FURLANI et al., 2008).

A cicatrização retardada, após a excisão de mastocitomas, é um achado comum que se atribui aos efeitos locais de enzimas proteolíticas e aminas vasoativas liberadas pelos mastócitos, sendo comum a ocorrência de deiscências de suturas (VAIL, 1996).

As intervenções cirúrgicas em tecido peniano e uretral são caracterizadas por relativa dificuldade de execução e complicações pós-operatórias relacionadas à hemorragia. Por isso, é freqüente evitar-se a realização destas técnicas, reservando-as para afecções como neoplasias ou traumas penianos e obstruções uretrais recorrentes. Este artigo tem como objetivo relatar a utilização de técnicas cirúrgicas agressivas no tratamento de mastocitoma prepucial em cão, com resultado favorável.

MATERIAL E MÉTODOS

Cão macho, sem raça definida, 11 anos de idade, porte médio, foi atendido no Hospital Veterinário tendo como principal queixa do proprietário um aumento de volume localizado no prepúcio, em região crânio-lateral esquerda. À palpação evidenciou-se uma massa de consistência macia, envolvendo pele e tecido celular subcutâneo, medindo aproximadamente 5 cm de diâmetro. Foi realizado exame de citologia, que apresentou resultado compatível com mastocitoma de grau I, com processo inflamatório agudo e crônico. Não foram observadas

alterações em linfonodos nem outras anormalidades ao exame clínico. A cirurgia foi indicada como tratamento primário. Devido à localização, dimensão da massa neoplásica e dificuldade de reconstrução da área a ser excisada, optou-se pela técnica de penectomia total com uretrostomia escrotal para obter-se ampla margem de segurança cirúrgica. Nos exames complementares pré-operatórios os parâmetros hematológicos e bioquímicos apresentavam-se na faixa de normalidade, exceto por linfopenia relativa e neutrofilia e monocitopenia relativas e absolutas. O protocolo anestésico consistiu de MPA com acepromazina e morfina, indução com midazolan e propofol e manutenção com isofluorano em circuito valvular semi-aberto. A tricotomia foi realizada em toda a região abdominal ventral e púbica, que foram preparadas assepticamente como de rotina. O animal foi posicionado em decúbito dorsal e, após colocação dos campos cirúrgicos, foi introduzida sonda uretral como guia para o procedimento de uretrostomia. O procedimento cirúrgico teve início pela ablação da bolsa escrotal e orquiectomia bilateral, expondo-se desta forma o corpo peniano. Após definida a região da uretrostomia, o restante da pele incisada foi suturada em padrão simples interrompido com fio poliamida 2-0. Rebatido o músculo retrator do pênis, a uretra foi incisada longitudinalmente e suturada à pele em sutura interrompida simples com fio polipropileno 3-0. Dando continuidade, iniciou-se o procedimento da penectomia com incisão elíptica estendendo-se da região escrotal até 4 cm cranial ao prepúcio. No lado esquerdo a incisão foi desviada mais lateralmente para obter-se margem cirúrgica na pele de aproximadamente 5 cm e uma porção de fascia ventral do músculo reto foi excisada para margem profunda. Os vasos prepuciais e ramos epigástricos superficiais caudais foram ligados e seccionados. Através de divulsão do tecido conjuntivo, pênis e prepúcio foram separados da parede corporal e rebatidos caudalmente; os vasos penianos dorsais foram identificados, ligados e transfixados na base do pênis, que foi incisado em cunha com posterior sutura da túnica albugínea. O tecido celular subcutâneo foi aproximado e a ampla incisão de pele suturada.

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A medicação pós-operatória consistiu de cefalexina, carprofeno e cloridrato de tramadol por via oral, além de curativo com aplicação de pomada à base de sulfanilamida. Foi recomendado o uso de colar protetor e restrição de movimentos; revisões foram realizadas em intervalos de 48 horas até a retirada dos pontos. A massa tumoral foi enviada para exame histopatológico que corroborou o resultado citológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período pos-cirúrgico foi observada hemorragia nos primeiros cinco dias após a operação, exigindo troca do curativo a cada doze horas, evento comum nas técnicas realizadas. Ocorreu ainda hematoma oito dias após a realização da cirurgia, que foi relacionado a um possível trauma (devido ao surgimento tardio) e retardou a retirada dos pontos, realizada após 20 dias. Apesar destas intercorrências, não caracterizou-se um retardo na cicatrização, o que poderia ser esperado devido à liberação de enzimas proteolíticas e aminas vasoativas pelos mastócitos do tumor (VAIL, 1996). O acompanhamento tardio evidenciou evolução favorável, com patência da estomia uretral e sobrevida do animal por 1030 dias, considerado como sendo um período prolongado (FURLANI et al, 2008). A necessidade de ampla margem cirúrgica é conhecida em relação aos mastocitomas (DALECK et al., 2009). No presente caso, o nódulo apresentava dimensão considerável e sua excisão implicaria em lesão prepucial, com pouca ou nenhuma chance de reconstrução, e conseqüente exposição peniana.

Apesar da neoplasia ser classificada clínica e histologicamente no primeiro nível de gravidade, o tipo tumoral e sua localização

1

exigiram intervenção radical para um mínimo de segurança no prognóstico. A escolha da técnica pode ser considerada bem sucedida, uma vez que conferiu longa sobrevida ao paciente (FURLANI et al., 2008).

CONCLUSÃO A despeito de possíveis dificuldades e complicações, a penectomia total e a uretrostomia escrotal devem ser consideradas como opção para o tratamento de neoplasias prepuciais malignas, por permitirem ampla margem de segurança e prognóstico mais favorável.

REFERÊNCIAS

DALECK CR, DE NARDI AB, RODASKI S. Oncologia em Cães e Gatos. São Paulo: Editora Roca; 2009. FURLANI JM, DALECK CR, VICENTI FAM, DE NARDI AB, PEREIRA TG, SANTANA AE et al. Mastocitoma Canino: Estudo Retrospectivo, Ciência Animal Brasileira v.9, n.1, p.242-50, 2008. VAIL DM. Mast Cell Tumors. In: WITHROW SJ, MacEWEN EG. Small Animal Clinical Oncology.2

nd ed. Philadelphia: W. B. Saunders;

1996. p.192-210.

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LIPOMA PERIVULVAR EM CADELA (CANIS FAMILIARIS) COM GRANDES DIMENSÕES – IMPORTÂNCIA DO EXAME CLÍNICO E DIAGNÓSTICO

HISTOPATOLÓGICO

1ANDERY, Priscilla Barbosa;

1NOVAES, Adriano Sodré Magalhães;

2TORRES, Fernando

Elíseo Amaral; 3JORGE, Siria da Fonseca;

4BOTELHO, Rosana Pinheiro

1. Acadêmico de Medicina Veterinária da UFRRJ, 2. Professor em Cirurgia Veterinária da UNESA; 3.Prof.

Substituta do DMCV/ UFRRJ; 4. Prof. Associado DMCV/UFRRJ.

Palavras- chaves: vulva, lipoma, histopatologia.

Introdução As neoplasias cutâneas são frequentes em cães domésticos na rotina médico veterinária; estas neoplasias podem ter origem a partir de células epiteliais, mesenquimais, redondas e melonocíticas. Os sinais clínicos variam de acordo com a extensão da lesão, comportamento biológico e o tipo tumoral (FINEMAN, 2004). O lipoma é o tumor benigno de origem mesenquimal mais comum em cães de raças grande e idosos; têm crescimento lento, são circunscritos, possuem mobilidade e causam mínima reação inflamatória, porém dependendo da região podem causar desconfortos com seu crescimento (FINEMAN, 2004; NORTH e BANKS, 2009). O lipoma não é invasivo nem agressivo e não produz metástase para tecidos e/ou órgãos distantes. Em um estudo científico observou-se que o lipoma apresentou 16 % dos tumores benignos cutâneos, e que houve maior ocorrência de tumores cutâneos em cães da raça Poodle, fêmeas, de 6 a 10 anos e neoplasias de origem mesenquimal (SILVEIRA et al, 2006). Na medicina veterinária, os tumores vaginais e vulvares são mais comuns em fêmeas não castradas e idosas; dentre os benignos destacam-se, leiomioma (mais comum) o lipoma, fibroma e o fibroleiomioma. Os sinais clínicos são disúria, estrangúria, hematúria, prolapso do tumor pela vulva, sangramento vulvar, ulcerações e tenesmo (NORTH e BANKS, 2009). O diagnóstico baseia-se pelo exame clínico associado com a citologia e histopatologia. O diagnóstico diferencial para os tumores vaginais são prolapso/hiperplasia vaginal e prolapso uterino (HEDLUND, 2005). Normalmente as cirurgias para retirada de lipoma são simples, e quando retiradas totalmente têm o prognóstico bom; quando localizados na vulva ou vagina torna-se complicada devido à vascularização da região (NORTH e BANKS, 2009), é indicada ainda a ovário-histerectomia do animal (HEDLUND, 2005).

O presente estudo tem como objetivo relatar o caso de um lipoma na região perivulvar de uma cadela com deslocamento vaginal esquerdo, com resolução cirúrgica tardia e período prolongado de incômodo do animal devido a problemas de diagnóstico.

Material e Métodos Foi atendida uma cadela da raça Poodle, castrada, de 12 anos, encaminhada de uma clínica particular com queixa principal de hérnia perineal.O proprietário informou que a massa veio crescendo de tamanho em período de dois anos e o animal não apresentava dificuldade em urinar. Ao exame clínico constatou-se massa localizada na região perineal média e ventral, que estendia-se até o chão com o animal em estação. A vulva não era observada em sua posição normal e pôde ser identificada na massa, desviada aproximadamente 5 cm da linha média. Buscando-se relacionar as observações com a indicação de encaminhamento, tentou-se a palpação de um anel herniário ou mesmo redução do volume, sem sucesso. Não havia sensibilidade dolorosa à palpação e o nódulo apresentava ainda uma ferida circular na sua porção mais ventral. Nenhuma outra alteração foi observada ao exame clínico. Diante da evolução do quadro, suspeitou-se de tumoração benigna e foi indicada a exérese da massa. Exames pré-operatórios de rotina foram solicitados e revelaram monocitose e hiperproteinemia e a radiografia evidenciou aumento ligeiro de silhueta cardíaca, compatível com a idade do animal. Foi realizada a sutura de bolsa de tabaco no ânus impedindo assim uma possível contaminação no transoperatório. A cadela foi sondada com sonda uretral n

o 8 servindo de

referência durante a cirurgia e evitando lesão da parede interna da vagina. Esta sonda foi fixada e mantida no pós-operatório por 5 dias. A cirurgia consistiu numa incisão circundando o tumor na região perivulvar tangenciando assim a vulva por não haver muito espaço

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para margem de segurança, não havendo dificuldade de retirar o nódulo. Foi realizada a sutura “walking suture” com fio de nylon 2-0 para aproximação das bordas e a pele foi suturada em padrão descontínuo em “X” utilizando nylon 2-0. Com esta sutura a vulva, então deslocada para a esquerda, foi colocada anatomicamente em sua posição, não sendo necessária assim nenhuma técnica reconstrutora mais complexa. Após a retirada do nódulo, efetuou-se a avaliação macroscópica, revelando as dimensões de 30 cm de comprimento com 21 cm de largura e 2,3Kg. Este foi então encaminhado para análise histopatológica.

Resultado e Discussão A retirada dos pontos realizou-se 14 dias após a cirurgia, quando observou-se cicatrização de pele, ausência de edema subcutâneo, e a cadela estava urinando sem dificuldades, ao contrário dos relatos North e Banks (2009); possuía complicação ao movimentar-se devido ao tamanho do tumor, tanto que este estava ulcerado devido ao atrito com o solo. Apesar do tamanho exagerado da massa tumoral apresentada neste caso, a realização do procedimento cirúrgico transcorreu sem maiores dificuldades ou complicações, o que é comum para este tipo de neoplasia (NORTH e BANKS, 2009). A evolução pós-operatória foi totalmente favorável, sem nenhum relato de intercorrência pelo proprietário, retirando-se os pontos em período satisfatório e não sendo observado nenhum ponto de inflamação ou deiscência (Figuras 1 e 2). O caso apresentado está condizente com os relatos de literatura quanto à raça (SILVEIRA et al., 2006) e faixa etária (SILVEIRA et al., 2006; NORTH E BANKS, 2009) do animal. Além disso, o crescimento lento relatado pelo proprietário (2 anos), sem outras alterações que não fossem o incômodo do animal pela presença da massa, indicam a benignidade da neoplasia e um forte direcionamento para a suspeita de lipoma (FINEMAN, 2004), que foi confirmada pela análise histopatológica. A despeito do extenso volume da tumoração e do deslocamento vulvar, a cadela não apresentava sinais clínicos comumente associados a neoplasias nestas localizações, como disúria, estangúria, tenesmo ou prolapso do tumor pela vulva (HEDLUND, 2005; SILVEIRA et al, 2006). Supõe-se que a ausência destes sinais, bem como a localização, possam ter conduzido previamente ao diagnóstico errôneo de hérnia

perineal, apesar de que outras características desta afecção, como presença do anel herniário, possibilidade de redução da massa ou complicações associadas ao estrangulamento do conteúdo também não estavam presentes. A suspeita de lipoma deve ser sempre considerada no caso de massas perivulvares, associando-se às características de neoplasia benigna. O retardo no tratamento cirúrgico de massas de grande volume causa incômodo prolongado aos pacientes e proprietários e a anamnese e exame clínico bem conduzidos, associados ao exame histopatológico, podem levar a resolução rápida e eficaz.

Conclusão

Concluiu-se que o diagnóstico adequado em fase inicial é importante para resolução precoce e diminuição dos incômodos ao paciente. A exérese cirúrgica de totalidade da massa tumoral, resultou em um prognóstico favorável.

Referências Bibliográficas

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NORTH, S.; BANKS, T. Tumours of skin and subcutaneous tissues. In:____. Introduction to Small Animal Oncology. 1 ed. London: Sauders Elsevier, p. 172-182, 2009

SILVEIRA, L. G. M.; CUNHA, F. M.; MARZANO, T. F. et al. Estudo crítico de neoplasias cutâneas em cães. Revista Inst. Ciência e Saúde, 24(3):196-73, 2006

HEDLUND, C. H. Cirurgia dos Sistemas Reprodutivo e Genital. In: FOSSUN, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo. Roca, p. 610-672, 2005.

Figura 1. Canino apresentando

massa tumoral na região vulvar

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UTILIZAÇÃO DO PERICÁRDIO CAPRINO NA CORREÇÃO DE FALHA ABDOMINAL EXPERIMENTAL EM RATOS

1SILVA, Marta Fernanda Albuquerque;

2SILVA, Michel Alves;

3MENEZES, Marcio de Castro;

4SOUZA, Carla Caroline Franzini;

5JORGE, Síria da Fonseca

1Prof. Associado DMCV – UFRRJ;

2Médico Veterinário – Biotério Central UFAL;

3Prof. Assistente –

UFPB; 4Acadêmico em Medicina Veterinária – UFRRJ; 5Profa. Substituta DMCV - UFRRJ

Palavras-chave: Cirurgia reconstrutiva, Biopróteses, Abdomen

INTRODUÇÃO As membranas biocompatíveis são de

grande utilidade no tratamento de enfermidades na Medicina Veterinária, e vêm sendo empregadas há mais de 5 décadas, funcionando como eficientes enxertos biológicos.

A importância das membranas biológicas está no grande auxílio que oferecem ao processo de cicatrização ou consolidação dos tecidos, principalmente nas situações de grande perda tecidual, somando-se ainda a facilidade em sua obtenção, baixo custo, preparo simples, facilidade na estocagem, pouca e/ou nenhuma reação tecidual.

As membranas biológicas orgânicas mais estudadas como implantes são a fáscia lata, pericárdio, centro frênico, dura-máter, peritônio e túnica albugínea. Em estudos realizados por Guimarães (2006), na avaliação das propriedades tensiométricas do centro tendíneo, peritônio e pericárdio bovinos conservados em glicerina e a fresco, o pericárdio conservado em glicerina se mostrou a membrana mais resistente aos estudos de tração.

A utilização de membranas no reparo da parede abdominal é indicada quando a tensão sobre a musculatura é muito grande, podendo acarretar na ruptura da linha de sutura, ou levar ao afastamento dos músculos abdominais com a consequente formação de uma hérnia incisional.

Ocorre com freqüência a aderência ao omento (SANTILLÁN–DOHERTY et al., 1995; QUITZAN et al., 2003; COSTA, 2009), que é desejável, segundo Amico (2005), pois a aderência dos implantes nas vísceras pode ser motivo de complicações futuras.

Há poucos relatos da utilização do pericárdio caprino como biomaterial em pesquisas, e, nas regiões em que ocorre a criação de caprinos para a produção de carne, é um material de fácil obtenção e de baixo custo, por ser desprezado durante o processo de abate.

Portanto objetivou-se neste trabalho avaliar a aplicabilidade do pericárdio de

caprinos preservado em glicerina a 98% na correção de defeitos abdominais em ratos.

MATERIAL E METODOS

Foram coletados pericárdios oriundos de caprinos e bovinos recém abatidos, separados por espécie, estocados e conservados em solução de glicerina a 98% por, no mínimo, 30 dias antes de sua utilização.

Foram selecionados 9 ratos Wistar, divididos em três grupos contendo 3 animais em cada grupo de acordo com a descrição abaixo:

GRUPO I: animais implantados com pericárdio bovino e caprino mantidos em glicerina 98% e abatidos aos 7 dias após a implantação;

GRUPO II: animais implantados com pericárdio bovino e caprino mantidos em glicerina 98% e abatidos 14 dias após a implantação;

GRUPO III: animais implantados com pericárdio bovino e caprino mantidos em glicerina 98% e abatidos aos 21 dias após a implantação.

Para a realização da cirurgia, os animais foram anestesiados (após jejum de 12h) com tiopental sódico na dose de 40mg.kg

-1, pela

via intraperitoneal. Nesses animais foram produzidos

defeitos cirúrgicos na parede abdominal, de um lado reparado com o pericárdio caprino (teste), e do outro com pericárdio bovino (controle positivo), além de uma incisão e rafia da parede (controle negativo).

Como previsto para os grupos I, II e III os animais sofreram abate através de deslocamento cervical no 7º, 14º e 21º dias após a implantação dos enxertos respectivamente. Foram realizadas avaliações macroscópicas, com retirada de toda a parede abdominal, e microscópica através de análise histopatológica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em todos os animais o tecido subcutâneo estava aderido à musculatura, mesmo sem a realização de sutura de aproximação para redução de espaço morto. Os animais que foram abatidos aos 7 dias demonstraram uma aderência mais firme que os demais grupos, fato este relacionado ainda a uma fase inflamatória inicial.

Em todos os casos o defeito muscular estava adequadamente preenchido pelo pericárdio, e não foram observadas reações de eliminação da membrana.

Na face peritoneal, encontrou-se aderências individuais nos locais onde o pericárdio estava implantado, constituídas do omento, fato esperado na utilização de biopróteses (SANTILLÁN–DOHERTY et al., 1995; QUITZAN et al., 2003; COSTA, 2009). Era nítida a neovascularização sobre as membranas. Segundo Amico (2005), a aderência com o omento é até desejada em situações que não há peritônio para o fechamento da cavidade, já que a prótese é colocada de forma livre na cavidade abdominal, e a aderência dos implantes nas vísceras é geralmente indesejável, por ser motivo de complicações futuras.

Não havia aderências difusas entre os implantes.

O grupo teste (membrana caprina) se comportou de maneira muito semelhante ao grupo controle positivo (membrana bovina) apresentando estrutura e biocompatibilidade semelhantes ao não exibir grande infiltrado inflamatório e boa coaptação na interface membrana/músculo. A diferença na espessura entre as duas espécies (o pericárdio bovino é aproximadamente 3 vezes mais espesso), sugere que o material de origem caprina possa ser utilizado em procedimentos cirúrgicos mais delicados ou em animais de menor porte, nos quais existe a indicação de uso do pericárdio bovino.

Na análise histopatológica, avaliou-se qualitativamente a interface membrana/parede muscular quanto à presença de células inflamatórias, neovascularização e absorção do implante. Não se observou sinais de rejeição para o pericárdio caprino e os resultados das análises qualitativas mostraram-se iguais para ambos os implantes.

CONCLUSÃO

O pericárdio caprino conservado em glicerina a 98% por um período mínimo de 30 dias pode ser utilizado no reparo de defeitos

abdominais, pois demonstrou ter as mesmas características que o pericárdio bovino no processo reparador da parede abdominal de ratos.

BIBLIOGRAFIA

AMICO EC. Correção de defeitos ventrais em ratos com próteses de polipropileno e politetrafluoroetileno expandido: análises histológica, biomecânica e da resposta aderencial. Tese (doutorado). Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005

COSTA CB. Anatomohistopatologia de implantes de pericárdio bovino conservados em diferentes concentrações de glutaraldeído em parede abdominal de camundongos. 87 p. 2009. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária, Patologia Animal) Instituto de Veterinária. Departamento de Clínica e Cirugia Veterinária. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.Seropédica-RJ.

GUIMARÃES GC. Propriedades morfológicas e tensiométricas comparadas de centro tendíneo, pericárdio e peritônio bovinos a fresco e conservados em glicerina. Tese ,Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2006

QUITZAN GQ, RAHAL SC, ROCHA NS, CROCCI AJ. Comparação entre o pericárdio bovino preservado em glicerina e malha de poliéster no reparo de falhas da parede abdominal em ratos. Acta Cirúrgica Brasileira [serial online]. 18(4), Julho-agosto, 2003. Disponível em URL: http://www.scielo.br/acb

SANTILLÁN-DOHERTY P, JASSO-VICTORIA R, SOTRES-VEJA A, OLMOS R, ARREOLA JL, GARCIA D, VANDA B, GAXIOLA M. Reparación de defectos de pared tóracoabdominal de perros con bioprótesis de pericardio bovino. Revista Investigacion Clinica, v.47, p.439-446, 1995.

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RELATO DE CASO: PERSISTÊNCIA DE DENTES DECÍDUOS EM CÃO

1SILVA, Marta Fernanda Albuquerque;

2LOPES, Fernanda Maria;

3SILVA, Paloma Helena

Sanches; 4JORGE, Siria da Fonseca;

2ABDALLA, Samira Lessa.

1.Prof. Associado DMCV/UFRRJ; 2.Doutoranda em Cirurgia Veterinária-USP; 3. Acadêmica do Curso de

Medicina Veterinária da UFRRJ; 4. Prof. Substituta do DMCV/ UFRRJ.

Palavras-chave: dentição primária, exodontia, maloclusão

Introdução A persistência de dentes decíduos corresponde à ausência de esfoliação da dentição primária, a qual é sucedida pela erupção dos dentes permanentes, que ocorre até os sete meses de idade em cães (GIOSO, 2007). Sua etiologia ainda não foi esclarecida, e alguns autores, como Emily e Penman (1994), acreditam que apresente caráter hereditário, acometendo especialmente cães de raças pequenas, como Yorkshire, Poodle miniatura, Pinscher, Maltês e Spitz Alemão. Já outros autores acreditam que a causa desta anomalia esteja relacionada à falta de dilaceração da membrana periodontal, responsável pela fixação do dente ao seu respectivo alvéolo; assim, não há rizólise do dente decíduo, e a erupção do dente permanente ocorre em outra região ao mesmo tempo (WHYTE et al., 1999). Os dentes caninos e incisivos são mais comumente retidos. Com relação aos caninos superiores, o dente decíduo encontra-se distal aos permanentes, enquanto os inferiores estão junto à face vestibular dos permanentes. Nestes casos, o dente permanente pode erupcionar medialmente, em posição anômala, causando lesões em palato duro. Costuma-se denominar este tipo de maloclusão como caninos de base estreita, classificado dentro da classe I de Angle (GIOSO, 2007). Além disso, dentes decíduos e permanentes não podem ocupar o mesmo alvéolo, logo, os dentes decíduos devem ser extraídos assim que a persistência for diagnosticada, isto é, em torno de sete meses de idade. Quanto antes for realizada a exodontia, menores as conseqüências decorrentes de maloclusão e agressão ao periodonto. Devido à proximidade entre os dentes permanente e decíduo, pode haver maior facilidade para o acúmulo de debris alimentares e biofilme bacteriano, levando à doença periodontal, que pode culminar em perda precoce de ambos os dentes (antes dos 3 a 4 anos) (HOBSON, 2005; GIOSO, 2007). A erupção dos dentes permanentes é variável, mas usualmente inicia-se pelos

dentes incisivos centrais entre três e quatro meses de idade. Os caninos permanentes aparecem entre quatro e seis meses. O processo de erupção é completado aos sete meses. Fatores que podem afetar o tempo de erupção dentária incluem saúde geral, estado nutricional, sexo e porte (HARVEY; EMILY, 1993). O objetivo deste trabalho é relatar a escolha do tratamento cirúrgico único para resolução de um caso de persistência de dentes decíduos em grande quantidade em cão, com apresentação tardia para o tratamento.

Material e Métodos

Foi atendido no Serviço de Odontologia do Hospital Veterinário Cães e Gatos 24 horas, um animal da espécie canina, fêmea, raça Yorkshire Terrier, com 1 ano de idade, pesando 2kg, apresentando quadro de disfagia e desconforto oral. Durante o exame físico foi diagnosticada persistência de 17 dentes decíduos e mal oclusão (Angle I- caracterizada por relação normal dos molares, mas com linha de oclusão incorreta por mal posicionamento dentário , rotações ou outras causas) caracterizada por deslocamento lingual dos caninos inferiores (base estreita). O tratamento cirúrgico foi indicado e foram realizados exames pré-operatórios cujos resultados encontravam-se dentro dos padrões de normalidade. Com o animal sob anestesia geral inalatória foi possível avaliação física minuciosa da cavidade oral, observando-se a presença de dentição mista (dentes decíduos e permanentes concomitantes na cavidade oral), e foram procedidas as extrações de todos os dentes decíduos.

Resultados e Discussão Após 10 dias do tratamento odontológico, o paciente foi levado ao hospital para acompanhamento, apresentando completa cicatrização gengival e diminuição significativa do processo inflamatório e, segundo a proprietária, o paciente estava alimentando-se melhor.

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A raça do animal apresentada está entre as citadas na literatura como de maior ocorrência (EMILY e PENMAN, 1994), o que também pode ser observado na rotina clínica, reiterando que, apesar de não haver comprovação por estudos genéticos, o caráter hereditário da afecção pode ser suspeitado. A retenção de caninos e incisivos é comum (GIOSO, 2007), o que foi observado no caso apresentado, além da persistência de pré-molares superiores e inferiores (Figuras 1 a 5). A retenção dos caninos inferiores decíduos geralmente está associada à presença dos caninos permanentes com base estreita (GIOSO, 2007), que também pode ser notado no paciente atendido no presente trabalho. Quanto mais precoce o diagnóstico da persistência dos caninos inferiores decíduos, da maloclusão dos caninos permanentes e a realização da exodontia dos decíduos, menores serão os danos causados nas estruturas adjacentes e maiores serão as possibilidades de reposicionamento dos caninos permanentes através de métodos ortodônticos interceptivos (HOBSON, 2005; GIOSO, 2007). No presente relato o paciente se encontrava com um ano de idade, dentro da faixa relatada pela literatura como sendo boa para o prognóstico, confirmando-se com a rápida recuperação do paciente.

Conclusão Conclui-se que a realização da exodontia de grande quantidade de dentes decíduos, em único procedimento cirúrgico, produz melhora significativa no quadro clínico do paciente desde o período pós-operatório imediato.

Referências Bibliográficas

EMILY, P., PENMAN, S. Small Animal Dentistry. 2.ed. Pergamon Press Ltd., 1994, p. 114-115.

GIOSO, M. A. Doença Periodontal. In: Odontologia Veterinária para o clínico de pequenos animais. Barueri, SP, Minha editora, 2007. p. 7-24.

HARVEY, C. E.; EMILY, P. P. Restorative dentistry. In: Small Animal Dentistry. St Louis: Mosby, 1993. p. 213-265.

WHYTE, A.; WHYTE, J.; SOPENA J.; LEUZA, A.; MAZO, R. Embriologia e Desenvolvimento Dental. Erupção. In: ROMÁN, F. S. Atlas de Odontologia de Pequenos Animais. 1.ed. Manole Ltda. 1999. Cap.3, p. 51-53

HOBSON, P. Extraction of retained primary canine teeth in the dog. Journal of Veterinary Dentistry. V.22, n.2, p. 132-137, 2005.

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LUXAÇÃO PATELAR LATERAL UNILATERAL GRAU III EM UM GATO –

RELATO DE CASO

1VIVAS, Diego Gonzalez;

2ANDERY, Priscilla Barbosa;

1SOUZA, Alessandra Santos Feijó da

Silva; 3BOTELHO, Rosana Pinheiro;

3SILVA, Marta Fernanda Albuquerque.

1.Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) da

UFRRJ, 2. Acadêmica de Medicina Veterinária da UFRRJ, 3. Profa. Associada do Departamento de

Medicina e Cirurgia Veterinária da UFRRJ.

Palavras-chaves: Felino, joelho, doença articular

Introdução

A luxação patelar trata-se de um deslocamento intermitente ou permanente da patela em relação ao sulco troclear, que é considerada rara em gatos. A luxação pode ser de origem congênita ou traumática, lateral ou medial e unilateral ou bilateral (VOSS, LANGLEY-HOBBS, MONTAVON, 2009). A displasia coxofemoral e a ruptura de ligamento cruzado também podem estar associadas a esta afecção.

A luxação patelar felina pode acometer qualquer raça. Entretanto foi observado, em um estudo realizado em 1999, uma maior predisposição das raças Abyssinian e DevonRex (VOSS, LANGLEY-HOBBS, MONTAVON, 2009). Também ocorre mais comumente em animais jovens, porém Loughlin et al. (2006) registraram que a idade média dos gatos com luxação patelar correspondia a 3,3 anos. A patela dos felinos é anatomicamente maior e o tendão patelar apresenta maior frouxidão quando comparados aos cães, com isso o deslocamento manual patelar ocorre mais facilmente. Mediante estas características, foi desenvolvido uma tabela para classificar o grau da luxação e das deformidades ósseas, tendo como base o sistema de Putman e Singleton, variando de I a IV (LOUGHLIN et al., 2006). A grande parte dos felinos manifestam luxação grau I e II, e de forma mais rara apresentam grau D.

Os sinais clínicos são marcha agachada, inatividade, relutância em saltar, claudicação e ambulação anormal, podendo variar de animal para animal e agravando-se com ganho de peso, podendo desenvolver ainda doença articular degenerativa. O tratamento conservador é utilizado em grau I, e consiste na administração de analgésicos, repouso e observação dos sintomas. Já o procedimento cirúrgico é recomendável em casos de luxações do tipo grau II ao IV em animais de qualquer idade, sendo mais aconselhável em

filhotes para um bom reparo prematuro, prevenindo assim uma possível contratura muscular, reduzindo forças anormais sobre a placa de crescimento, e subsequentes anormalidades ósseas (DENNY e BUTTERWORTH, 2000; MARIA et al., 2001). Esse tipo de tratamento tem como objetivo o posicionamento correto da patela no sulco troclear, para que dessa forma permaneça durante toda a amplitude de movimento. A seleção da técnica será de acordo com a habilidade e a preferência do cirurgião (ROUSH, 1993). As respectivas intervenções cirúrgicas consistem na reconstrução de tecidos moles como a superposição ou pregueamento de retináculo medial ou lateral, superposição ou pregueamento de fáscia lata, sutura anti-rotacional dos ligamentos patelar e tibial, desmotomia e a liberação do quadríceps. Podem também ser realizadas técnicas de reconstrução dos tecidos ósseos como a trocleoplastia, transposição de tuberosidade tibial, patelectomia e a osteotomia femoral (DENNY e BUTTERWORTH, 2000).

Na cirurgia de luxação patelar felina, preconiza-se a combinação da trocleoplastia, transposição de crista tibial e técnicas reconstrutivas de tecidos moles. A transposição de tuberosidade tibial é realizada utilizando-se um osteótomo, seccionando-a próximo ao ligamento patelar com a finalidade de fixá-la. Nesse caso, o joelho é hiperextendido e fixado fortemente por um ou dois fios de Kirschner de 1,0 mm sendo possível a associação de fios de cerclagem 0,6 ou 0,8 mm (VOSS, LANGLEY-HOBBS, MONTAVON, 2009).

Os animais devem permanecer em repouso no pós-operatório, sendo aconselhável a realização de bandagens compressivas por um período em torno de cinco a sete dias apenas para diminuição de edema pós-operatório (MARIA et al, 2001). Dentre as complicações pós-operatórias, são relatadas as recidivas, deiscência de sutura,

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desconforto periódico em virtude da colocação do implante na crista tibial, ocorrência de seroma, incapacidade de extensão do joelho e doença articular degenerativa. O prognóstico é definido de acordo com o grau da luxação, da condição da cartilagem e da idade do animal (ROUSH, 1993; MARIA et al., 2001).

O presente estudo tem como objetivo relatar um caso de luxação patelar unilateral lateral grau III em um felino de seis meses de idade, submetido à correção cirúrgica precoce.

Relato de Caso

Um felino pêlo curto brasileiro (PCB), fêmea, de seis meses de idade, foi atendido tendo como queixa principal a incapacidade de estender o membro pélvico direito. Ao exame físico, observou-se a impossibilidade de extensão do referido membro, associado à severa atrofia muscular. A patela encontrava-se luxada lateralmente, permanecendo assim, mesmo após tentativas de redução (Figura 1). Foram realizadas radiografias médio-lateral e antero-posterior (Figura 1).

Figura 1- A. Imagem radiográfica de membro pélvico direito de felino apresentando luxação patelar lateral. B. Imagem da articulação de joelho direito apresentando a patela luxada lateralmente.

Dois dias depois, o animal foi submetido à cirurgia para correção de luxação patelar lateral. As técnicas utilizadas foram a sulcoplastia troclear pela técnica de curetagem, liberação de quadríceps e rafia da cápsula articular e retináculo medial com fios de sutura mononylon 2-0 em pontos simples separados. Como tratamento pós-operatório foi prescrito amoxicilina com clavulanato de potássio (22mg.Kg

-1, PO, BID, 14 dias),

meloxican (0,1mg.Kg-1

, PO, SID, 5 dias) e cloridrato de tramadol (2,0 mg.Kg

-1, PO, TID,

7 dias). Foi realizada ainda bandagem Robert Jones por sete dias, e recomendou-se restrição de espaço.

Resultados e Discussão

A luxação de patela é rara em gatos, como descrito em literatura, sendo diagnosticada pelo exame físico e radiografia da articulação. A classificação da luxação segue as orientações descritas em literatura, caracterizando-a o presente caso como uma luxação patelar lateral unilateral grau III. Optou-se pela correção cirúrgica imediata, conforme recomendado por Denny e Butterworth (2000) e Maria et al., (2001), para evitar maiores danos ósseos e musculares e pela idade do animal. A primeira revisão clinica realizou-se sete dias após a cirurgia e ao exame clínico observou que a patela não luxava mais, porém o animal não apoiava o membro e apresentava ainda acentuada atrofia muscular. Na segunda revisão clínica, realizada 21 dias após a cirurgia, observou-se uma melhora considerável no apoio do membro e na contratura muscular.

Conclusão

Pode-se concluir que a rápida correção cirúrgica é adequada para correção da luxação patelar em felinos jovens, permitindo retorno rápido à função da articulação do joelho.

Referências Bibliográficas

DENNY HR, BUTTERWORTH SJ. Cirurgias Ortopédicas em cães e gatos. 4 ed. São Paulo. Ed. Roca, 486p, 2006.

VOSS K; LANGLEY-HOBBS SJ.; MONTAVON PM. Stifle joint. In:_____ Feline Orthopedic Sugery and Musculoskeletal Disease. London. Ed. Saunders Elsevier.. 475-490, 2009.

PIERMATTEI DL; FLO GL. Manual de Ortopedia e Tratamento de fraturas de Pequenos Animais. 3 ed. São Paulo. Ed. Manole., 694p, 1999.

ROUSH JK. Canine patelar luxation. Vet Cli of Nor Ame Small Ani Pract, v. 23, n. 4, p.855-868, 1993.

MARIA PP; FILHO JGP; ALMEIDA TL. Luxação medial de patela em cães- revisão. Rev Cli Vet, n. 34, p. 25-32, 2001.

LOUGHIN CA, KERWIN SC, HOSGOOD G, RINGWOOD PD, WILLIAMS J, STEFANACCI JD, MC CARTHY RJ. Clinical signs and results of treatment in cats with patellar luxation: 42 cases (1992-2002). J Am Vet Assoc. v. 228 n. 9 p. 1370-1375, 2006.

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RUPTURA DE LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL EM UM GATO (Felis catus) -

RELATO DE CASO

1VIVAS, Diego Gonzalez;

1SOUZA, Alessandra Santos Feijó da Silva;

2SILVA, Paloma Helena

Sanches; 2RAMALHO, Marlon Vinicius Cabral;

3SILVA, Marta Fernanda Albuquerque

1Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) da UFRRJ, 2 Graduando em Medicina Veterinária da UFRRJ.

3 Profa. Associada do Departamento de Medicina e Cirurgia

Veterinária da UFRRJ.

Palavras-chaves: Doença articular, joelho, felino.

Introdução

O ligamento cruzado cranial (LCCr) têm três funções biomecânicas que são de impedir a hiperextensão do joelho, impedir o movimento de gaveta cranial e impedir a rotação excessiva da tíbia em relação ao fêmur (DENNY e BUTTERWORTH, 2006). A ruptura deste ligamento é a causa mais comum de claudicação, além de ser a maior razão de afecção articular degenerativa do joelho (HARASEN, 2005), podendo ser de origem traumática ou decorrente de processos degenerativos articulares (JONHSON e HULSE, 2005).

A RLCCr é uma das afecções mais comuns nos cães porém rara em gatos. Em um estudo realizado por Harasen (2005), o autor relata a ocorrência deste agravo em 17 animais; estes apresentavam-se mais pesados do que a população geral dos gatos, correlacionando assim uma similaridade com a ruptura degenerativa do ligamento cruzado em cães de raças pequenas acima do peso. Os sinais clínicos são claudicação súbita, membro elevado com joelho levemente flexionado e o movimento cranial da tíbia em relação ao fêmur, detectado pelos testes de gaveta e de compressão tibial positivos (JONHSON e HULSE, 2005). Os sinais radiográficos são semelhantes aos observados no cão e podem incluir derrame articular, doença articular degenerativa, e deslocamento distal de um ou ambos os ossos sesamóides (HARASEN, 2005).

O tratamento conservador consiste na redução de peso, repouso e uso de antiinflamatório. Muitas técnicas cirúrgicas são descritas para a estabilização do joelho após a RLCCr, como por exemplo, técnicas intra ou extra-capsulares, e mais recentemente técnicas que alteram a geometria do joelho por meio de osteotomia tibiais como a TPLO (Tibial Plateau Leveling Osteotomy) e TTA (Tibial Tuberosity Advancement) (KIM et al., 2008). A técnica cirúrgica extracapsular mais comumente

empregada é a fabelo-tibial lateral, na qual aplica-se fio de sutura mononylon de grande calibre ou fio de poliéster trançado para promover-se estabilização da articulação. Alguns autores recomendam que a artrotomia da articulação deve ser realizada para a exploração de meniscos e do próprio ligamento (VASSEUR, 2003).

Este trabalho tem como objetivo relatar a ocorrência da RLCCr em um felino, tratado cirurgicamente pela técnica extracapsular de fixação fabelo-tibial.

Relato de Caso

Um gato macho, pelo curto brasileiro (PCB), de 6 anos e pesando 4 Kg, foi atendido com sinais clínicos de claudicação do membro posterior esquerdo sem sustentação de peso e com histórico de ter ido à rua. Ao exame clínico verificou-se a instabilidade articular do joelho compatível com RLCCr pelos exames de gaveta e compressão tibial positivos. O paciente então foi encaminhado para o setor de cirurgia para estabilização da articulação, no qual optou-se pela estabilização fabelo-tibial utilizando fio de poliéster trançado 2-0. Com o paciente anestesiado, foi realizada ampla tricotomia de membro pélvico esquerdo e a higienização com iodopovidona a 10% e álcool iodado.

Foi realizada uma incisão de pele parapatelar lateral no joelho afetado, onde observou-se fibrose intensa e edema na articulação (Figura 1). Esta incisão estendeu-se da porção distal do fêmur, até a crista tibial, para exposição da articulação do joelho. Em seguida, procedeu-se a estabilização fabelo-tibial com fio de poliéster trançado 2-0. Após a realização desta técnica, foi aplicada sutura no retináculo e posteriormente na pele no padrão descontínuo em forma de “X” (Figura 2). O tecido subcutâneo foi aproximado com fio de poliglactina 910 e a pele suturada com fio de nylon 2-0 no padrão descontínuo simples.

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Figura 1 - Foto da articulação do joelho esquerdo de um gato. Observar o edema e a ruptura do ligamento cruzado cranial (Fonte: arquivo pessoal)

Como protocolo pós-operatório foram prescritos: Amoxicilina (22mg.Kg

-1, PO, BID,

10dias), cetoprofeno (1mg.Kg-1

, PO, 3dias) e cloridrato de tramadol (2mg.Kg

-1, PO, 5dias).

Foi utilizada ainda a bandagem Robert Jones por 7 dias, e recomendou-se restrição de espaço.

Resultado e Discussão

Apesar da RLCCr ser rara em felinos e não constar da suspeita inicial, o paciente apresentava sinais clínicos compatíveis com este agravo, diagnosticado pelo exame físico nos testes de gaveta e compressão tibial, ressaltando assim a importância em se ter a ruptura do ligamento cruzado cranial como suspeita clínica em gatos com claudicação de membros pélvicos (JONHSON e HULSE, 2005, HARASEN, 2005). Optou-se pela realização da correção cirúrgica com o objetivo de tentar favorecer um retorno rápido da função do membro (VASSEUR, 2003). Devido ao peso do animal, optou-se pela estabilização extracapsular de fixação fabelo-tibial utilizando fio de poliéster trançado 2-0. O fio utilizado para esta fixação é indicado por alguns autores, por possuir certa maleabilidade e suportar força de tensão (VASSEUR, 2003). Na primeira revisão clínica cirúrgica, sete dias após a cirurgia, retirou-se a bandagem e os pontos de pele. Nesta revisão houve melhora clínica caracterizada pela claudicação com sustentação parcial de peso e pelos testes de compressão tibial e de gaveta negativos (Figura 2). Em uma nova avaliação clínica cirúrgica, quatro semanas após a realização do procedimento, os testes permaneciam negativos e o felino apresentava claudicação discreta quando corria e já sustentava o peso no membro operado em estação.

Figura 2 – A. Técnica fabelo-tibial para tratamento de RLCC em um felino. Observar o ponto simples sobre a crista tibial destacado em amarelo assim como o retináculo suturado. B. Revisão clínica sete dias após a cirurgia. (Fonte: Arquivo pessoal).

Conclusão

Conclui-se que a técnica extracapsular de fixação fabelo-tibial foi eficaz no tratamento de ruptura de ligamento cruzado cranial no caso descrito, e que esta afecção deve ser considerada em gatos quando os sinais clínicos forem compatíveis.

Referências Bibliográficas

DENNY HR, BUTTERWORTH SJ. Cirurgias Ortopédicas em cães e gatos. 4 ed. São Paulo. Ed. Roca, p 486, 2006

HARASEN GLG. Feline cranial cruciate rupture: 17 cases and review of the literature. Veterinary and Comparative Orthopedics and Traumatology.. v.18, p. 254-257, 2005

KIM SE, POZZI A, KOWALESKI MP, LEWIS DD. Tibial osteotomies for cranial cruciate ligament in dogs. Veterinary Surgery. Philadelphia, 2008, v. 37, n. 2, p. 111-125

JONHSON AL, HULSE DA. Tratamento da Doença Articular. In: FOSSUM TW. Cirurgia de Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo. Ed. Roca. 1390p, 2005,

VASSEUR PB. Stifle joint. In: SLATTER D. Textbook of small animal surgery. 3. ed. Philiadelphia: Saunders, v. 2, p. 2090-2133, 2003.

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PREVALÊNCIA DE BABESIOSE EM EQUINOS ATENDIDOS NA POLICLÍNICA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ, CAMPUS VARGEM

PEQUENA – RIO DE JANEIRO

1SPÍNDOLA, Bruno Ferreira;

2STELMANN,

Jorge Pereira;

3CALADO, Simone Bizerra

; 4BOTTEON,

Paulo de Tarso Landgraf; 5GUERIM, Luciana.

1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) bolsista

capes [email protected]; 2PPGCTIA/DPA - UFRRJ, SEROPÉDICA, RJ – e-mail:

[email protected]; 3 Médica Veterinária autônoma– e-mail: [email protected];

4DMCV,

Instituto de Veterinária, UFRRJ, [email protected] 5UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ, CAMPUS VARGEM

PEQUENA, RIO DE JANEIRO, RJ – e-mail: [email protected].

Palavras chaves: Babesiose,eqüídeos, prevalência.

INTRODUÇÃO

A babesiose equina é uma doença causada pelos protozoários Theileria equi e Babesia caballi (RONCATI et al., 2007, SOUZA et al., 2007), os quais são transmitidos por carrapatos dos gêneros Dermacentor, Rhipicephalos, Hyaloma e Boophilus microplus. Segundo THOMASSIAN (2005), A forma aguda da doença caracteriza-se pelo aparecimento de febre, em alguns casos de caráter intermitente, anemia, icterícia, hepato e esplenomegalia, além desses, podem estar presentes, na fase final da doença, bilirrubinúria e hemoglobinúria. No Brasil, em decorrência dos danos causados diretamente, como diminuição do desempenho e mortalidade, ou aos danos indiretos como as significativas perdas econômicas decorrentes do impedimento na comercialização, interna e externa, de equinos infectados, esta enfermidade é considerada uma das parasitoses mais importantes para esta espécie (CORRÊA et al. 2004). O trabalho teve como objetivo verificar a prevalência de babesiose nos equinos atendidos na Policlínica Veterinária da Universidade Estácio de Sá, Campus Vargem Pequena, no período de 2005 a 2008.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado a partir da

coleta de dados das fichas de análises clínicas, retiradas do arquivo do Laboratório de Patologia Clínica da Universidade Estácio de Sá, através do programa Microsoft Excel 2003. Foram avaliadas apenas as fichas com exames realizados no período de 19/02/2005 à 13/08/2008. Analisou-se um total de 158 fichas, sendo 13 referentes a animais (equinos) submetidos a exames parasitológicos padrões do laboratório de diagnóstico (11 utilizando sangue total e 2 com sangue periférico) e 145 fichas de animais

(144 equinos e 1 muar) submetidos a hemograma, sendo que em ambos os casos foi realizado a pesquisa de hemocitozoários. Foram considerados positivos os animais que apresentaram parasitos intra-eritrocitários (merozoítas de Theileria equi e/ou Babesia caballi) no esfregaço sangüíneo corado com Giemsa e avaliado em microscopia óptica em objetiva de imersão. Os dados foram tabulados e analisados por coeficiente de prevalência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente trabalho a prevalência foi

4,43% (7 animais positivos), sendo menor do que a encontrada por Botteon et al (2002), Botteon et al (2005), Escodro et al (2007) e Souza et al (2007) e maior do que a encontrada por Cunha et al (1996). O baixo percentual encontrado justifica-se, possivelmente, pela maioria dos equinos serem portadores crônicos ou não apresentarem sintomatologia clinica e, portanto, sem indicação para realização de exame parasitológico. Além disso, a técnica de diagnóstico empregada possui pouca sensibilidade na detecção desses parasitas durante períodos de baixa parasitemia Cunha et al (1998).

A prevalência encontrada neste trabalho foi parecida com a que Botteon et al (2002) encontrou nos animais confinados, podendo ser explicado pelo fato de que a maioria dos animais encaminhados a Policlínica-Escola da Universidade Estácio de Sá, são criados em sistema de confinamento.

CONCLUSÃO

A prevalência de Babesiose eqüina

para animais atendidos na Policlínica Veterinária da Universidade Estácio de Sá demonstrou ser baixa, nessecitando novos estudos epizootiológicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTTEON, P.T., MASSARD, C.L., BOTTEON, R.C.C.M. et al. Seroprevalencia de Babesia equi em três diferentes sistemas de crianza de eqüinos. Rio de Janeiro-Brasil. Parasitol. Latinoam, 57, p. 3-4, Jul., 2002. BOTTEON, P.T.L., BOTTEON, R.C.C.M., REIS, T.P. et al. Babesiose em cavalos atletas portadores. Ciência Rural, 35 (5), p.1136-1140, Set-Out., 2005. CORRÊA, R.R., RONCATI, N.V., BONAGURA, G. Estudo da eficácia terapêutica do Dipropionato de Imidocarb no tratamento da piroplasmose Eqüina. A Hora Veterinária, 144, p. 53-58, 2004. CUNHA, C.W., SILVA, S.S., PIMENTEL, C.A. et al. Avaliação da freqüência de eqüinos soropositivos a Babesia equi no Joquei Clube de Pelotas e em 2 haras da região sul do Rio

Grande do Sul, RS. Rev. Brás. Parasitol. Vet., 5 (2), p.119-122,1996. CUNHA, C.W., SILVA, S.S., OSÓRIO, B.L. et al. Alterações hematológicas em eqüinos experimentalmente infectados com Babesia equi. Ciência Rural, 28 (2), p. 283-286, 1998. ESCODRO, B.P. et al. Incidência de piroplasmose em eqüinos atletas. Revista Brasileira de Medicina Eqüina, ano 2, n. 14, novembro/dezembro, p.10-12, 2007. RONCATI, N.V. Babesiose eqüina: Aspectos gerais e terapêuticos. Revista Brasileira de Medicina Eqüina, ano 2, n. 10 março/abril, p.10-12, 2007. SOUZA, M.V.M., MOREIRA, M.A.B., CORRÊA, R.R. et al. Diagnóstico de babesiose eqüina por punção esplênica. Disponível www.abraveq.com.br/novo_2007/artigo_0009.html acessado em 28 de outubro de 2008.

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ERLIQUIOSE MONOCÍTICA EQUINA NA MICRORREGIÃO DE ITAGUAÍ, RJ

1 ROIER, Erica Cristina Rocha;

2 SANTOS, Huarrisson Azevedo;

3 PIRES, Marcus Sandes;

4BALDANI,

Cristiane Divan; 5 MASSARD, Carlos Luiz

1

DSc DMCV/UFRRJ; 2 DSc DESP/ UFRRJ; 3Doutorando do CPGCV, UFRRJ;

4Departamento de Medicina e

Cirurgia Veterinária; 5Departamento de Parasitologia Animal, UFRRJ.

Palavras chaves: Neorickettsia risticii, Erliquiose Monocítica Equina, Equinos, Epidemiologia

Introdução

Neorickettsia ristici é uma bactéria que possui afinidade por monócitos (RIKIHISA et al., 1985), e é o agente da Erliquiose Monocítica Equina (EME), também conhecida como “Febre do Cavalo do Potomac”. É uma doença infecciosa não contagiosa, que pode causar doença severa em equinos, sendo que os animais podem apresentar depressão, febre, anorexia, diarréia aquosa, cólica e laminite. Devido às taxas de morbidade e mortalidade significativas é considerada uma doença economicamente importante.

O modo de transmissão de N. risticii, seus vetores e sua manutenção na natureza ainda não estão completamente elucidados. Devido à semelhança genética com riquetsias de transmissão oral (Neorickettsia sennetsu e N. helminthoeca), foi sugerido que a N. risticii acompanha o padrão de transmissão oral, intermediado por trematódeos de ambiente aquático veiculados por caramujos de diferentes espécies (PUSTERLA et al., 2000).

Foi demonstrado que N. risticii presente em trematódeos provenientes de caramujos pode infectar camundongos por inoculação intraperitoneal (KANTER et al., 2000) e equinos por via subcutânea e por via oral (PUSTERLA et al., 2000).

O presente estudo teve por objetivos avaliar a prevalência de anticorpos IgG anti-N. risticii em equinos na microrregião de Itaguaí-RJ e demonstrar os possíveis fatores associados à positividade para N. risticii.

Metodologia

O estudo foi conduzido nos municípios de Seropédica, Itaguaí e Mangaratiba, no estado do Rio de Janeiro. Foram coletadas 350 amostras de sangue, obtidas por conveniência, das propriedades de criação de equinos pertencentes à região, sendo 116 do município de Itaguaí, 90 de Mangaratiba e 144 de Seropédica. O teste sorológico foi realizado através da Reação de Imunofluorescência

Indireta (RIFI) para N. risticii, empregando-se o kit comercial

1, seguindo as recomendações do

fabricante. Foram consideradas positivas as amostras com título ≥ 1:50.

Para avaliação dos fatores de risco associados à presença de anticorpos de N. risticii, aplicou-se um questionário epidemiológico com os proprietários e/ou responsáveis dos animais, destacando características da propriedade e manejo dos animais.

A prevalência de anticorpos anti-N. risticii nos animais avaliados nas diferentes categorias foi calculada e, possíveis diferenças foram avaliadas através do teste de Qui-

quadrado (2) em nível de 5% de significância

(AYRES et al., 2007). Resultados e Discussão A frequência de anticorpos IgG anti-N.

risticii em equinos na microrregião de Itaguaí foi de 26,3% (92/350), com títulos variando de 1:50 a 1:800. As prevalências obtidas na titulação de anticorpos foram: 13,7% (48/350) para os animais com título de 1:50, 3,4% (12/350) para equinos com título de 1:200, 7,4% (26/350) no título de 1:400 e 1,7% (6/350) em equinos com título de 1:800. Os resultados sorológicos observados no presente estudo indicam a possível circulação de N. risticii na microrregião de Itaguaí, uma vez que nos animais avaliados houve a presença de títulos elevados (1:400 e 1:800), o que reforça a possibilidade de N. risticii circular na população avaliada. Segundo Rikihisa et al. (1990) quanto maior for à titulação de anticorpos anti- N. risticii em equinos, mais confiável e específico é o diagnóstico sorológico.

Entre os municípios que compõe a microrregião de Itaguaí, não houve associação em relação à positividade para N. risticii. No município de Seropédica a prevalência obtida foi de 23,6%, em Itaguaí 27,6% e Mangaratiba

1 Smartvettm Neorickettsia risticii Equine IFA (VMRD®)

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28,9% (Tabela 1). Desta forma, as diferentes características geográficas e climáticas observadas entre esses municípios não promoveram associação entre o município e a soropositividade dos animais estudados.

Tabela 1: Frequência de anticorpos anti-Neorickettsia risticii em equinos através da técnica de Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) em função do município avaliado.

Município N Positivos

Seropédica 144 34ª (23,6%)

Itaguaí 116 32ª (27,6%)

Mangaratiba 90 26ª (28,9%)

Total 350 92 (26,3%) aValores nas colunas, seguidos de letras minúsculas

iguais, não diferem entre si pelo teste Qui-quadrado e/ou pelo teste Exato Fisher a 5% de significância (p>0,05).

As demais variáveis analisadas foram sexo, idade, raça, utilização dos animais, tipo de área da propriedade (alagada ou seca), presença de caramujos, frequência de acesso a pastagem (integral, parcial ou sem acesso) e utilização dos animais (trabalho, reprodução, esporte ou lazer).

Em relação ao sexo, a amostra avaliada foi composta por 43,4% (152/350) de fêmeas e 56,6% (198/350) de machos. Entre as fêmeas foi verificada uma frequência de anticorpos anti-N. risticii de 30,3% (46/152) e entre os machos de 23,2% (46/198), sem haver associação entre sexo e soropositividade (p>0,05).

Em relação à idade dos animais, no presente trabalho houve associação entre esta variável e soropositividade (p<0,05) para N. risticii. Além disso, observou-se que a frequência de anticorpos anti-N. risticii tende a aumentar nas faixas etárias superiores, em que os animais com idade superior a 10 anos apresentaram maior prevalência (33,7%, 33/98) em relação às demais faixas etárias, onde foram observadas prevalências de 26,7% (23/86) e de 26,9% (36/134) para animais ente 1 e 5 anos e entre 5 e 10 anos, respectivamente.

Estes resultado são compatíveis àqueles reportados por Madigan et al. (1989), num levantamento epidemiológico realizado na Califórnia, onde a maior prevalência de anticorpos foi verificada em animais mais velhos, e por Atwill et al. (1992) que verificaram maior soropositividade em animais com idade superior a 10 anos, sendo o pico de anticorpos aos 12 anos de idade. Em doenças transmitidas por vetores, essa tendência é facilmente explicada pelo aumento da

probabilidade do hospedeiro encontrar o vetor infectado pela N. risticii ao longo do tempo. É importante ressaltar que todos os animais com idade inferior a um ano apresentaram resultado negativo na sorologia para N. risticii, fato que pode ser atribuído ao fato destes animais passarem a maior parte do tempo até os seis meses de vida mamando e pouco pastarem ou até beberem água no pasto.

Em relação as demais variáveis analisadas (raça, utilização dos animais, tipo de área da propriedade, presença de caramujos, frequência de acesso a pastagem e utilização dos animais) não houve associação entre elas e a soropositividade para N. risticii.

Conclusão

A partir dos dados obtidos pode-se

concluir que a prevalência de 26,6% para anticorpos IgG anti-Neorickettsia risticii em equinos na microrregião de Itaguaí evidencia a circulação deste agente na região estudada, sendo a idade um fator associado com a soropositividade para N. risticii. Entretanto, essa soropositividade independe do sexo, da raça, da utilização dos animais, do tipo de área da propriedade, da presença de caramujos, da frequência de acesso a pastagem e utilização dos animais.

Referências

ATWILL, E.R.; MOHAMMED, H.O.; DUBOVI,

E.; LOPES, J. Retrospective evaluation of factors associated with the risk of seropositivity to Ehrlichia risticii in horses in New York state. Am J Vet Res, v.53, p. 1931-1934, 1992.

AYRES, M.; AYRES JR., M.; AYRES, D.; SANTOS, A.A.S. BioEstat 5.0 – Aplicações Estatísticas nas Áreas das Ciências Biológicas e Médicas. Sociedade Civil Mamirauá, Tefé, 2007. 380 p.

KANTER, M.; MOTT, J.; OHASHI, N.; FRIED, B.; REED, S.; LIN, Y.C.; RIKIHISA, Y. Analysis of 16S rRNA and 51-Kilodalton Antigen gene and Transmission in Mice of Ehrlichia risticii in Virgulate Trematodes from Elimia livescens snails in Ohio. J Clin Microbiol, v.38, p.3349-3358, 2000.

MADIGAN, J.E.; DEROCK, E.; LAVAN, R.P. Clinical significance of a recent serologic survey on the incidence of Potomac horse fever in California. In: PROCEEDINGS 34

th

ANNUAL CONFERENCE EQUINE PRACTITIONERS, 4-7 December 1988, San Diego, CA. Am Association of Equine Practitioners, p. 571-576, 1989.

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PUSTERLA, N.; MADIGAN, J.E.; CHAE, J.-S.; DEROCK, E.; JOHNSON, E.; PUSTERLA, J.B. Helminthic Transmission and Isolation of Ehrlichia risticii, the Causative Agent of Potomac Horse Fever, by Using Trematode Stages from Freshwater Stream Snails. J Clin Microbiol, v.38, p.1293-1297, 2000.

RIKIHISA, Y.; PERRY, B.D.; CORDES, D.O. Ultraestructural study of ehrlichial organism in the large colons of ponies infected with Potomac horse fever. Infection and Immunity, v.49, p. 505-515, 1985.

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MONITORAMENTO INTELIGENTE DA DENGUE (MI-DENGUE®) NA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

1ELECTO, Érica Heleno;

1NOGUEIRA,

Lidiane Cristina Rocha;

2SILVA, Cláudia Bezerra da;

3SANAVRIA,

Argemiro

1.

Discente do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ; 2.

Mestranda do curso de pós-graduação em Ciências Veterinárias, UFRRJ, Bolsista CNPq;

3. Professor Associado III, Departamento de Epidemiologia e Saúde

Pública, UFRRJ.

Palavras-chave: Aedes aegypti, captura, flutuação.

Introdução

A dengue é uma doença viral que representa um fator preocupante em saúde pública. Um arbovírus da família Flaviridae, utiliza o Aedes aegypti como vetor, onde sua transmissão é favorecida pelo ambiente propício a proliferação desta espécie. Inseto de preferências urbanas onde apresenta locais com água para realização de posturas e o sangue de pessoas como fonte alimentar de proteínas para geração de ovos (MENDONÇA et al., 2009). Segundo Donalísio & Glasser (2002), Ae. aegypti é bastante conhecido, no entanto, existe outra espécie de Aedes que muitos confundem pelas suas características parecidas. O Ae. albopictus conhecido como “tigre asiático” por possuir um papel vetorial importante na Ásia sendo encontrado mais em áreas rurais ou em locais que se aproximam a esse ambiente. O presente trabalho objetivou analisar a flutuação dos Ae. aegypti fêmeas adultas presentes no campus da UFRRJ através do Monitoramento Inteligente da Dengue (MI-dengue®).

Material e Métodos Desde dezembro de 2010 até agosto de 2011 estiveram instaladas armadilhas para captura do inseto em 19 pontos espalhados nos departamentos e institutos do campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), com o intuito de abranger a maior área onde há trânsito de pessoas, sendo que cada local recebeu seu número de identificação (ID). Estes foram demarcados com

auxílio de um GPS (sistema de posicionamento global, a fim de capturar coordenadas de localização) determinando sua latitude e longitude, dispostos em um mapa que está apresentado na Figura 1. A armadilha utilizada para captura conta de material de cor escura (MosquiTRAP®) composta por um recipiente contendo água; um cartão adesivo de forma cilíndrica onde o Aedes permanece fixado ao fazer postura; um atraente sintético de oviposição (AtrAedes®) e uma tampa apresentando no centro uma espécie de funil para evitar a fuga dos insetos. Cada vistoria consistiu em contabilizar os insetos fixados no cartão e diferenciá-los de acordo com a espécie e sexo. A inspeção foi realizada semanalmente por agentes que receberam capacitação para analisar os insetos no momento da vistoria, observando características marcantes do gênero Aedes: mosquito pequeno de corpo escuro, com machas brancas difusas podendo ser verificadas a olho nu. O Ae. aegypti possui na parte posterior do tórax um desenho em forma de lira de fácil visualização e o Ae. albopictus uma faixa branca longitudinal no mesmo local. A sexagem foi diferenciada pelas antenas plumosas nos machos e pilosas nas fêmeas. Os dados coletados semanalmente foram enviados em tempo real através de um celular a um site, e dispostos em gráficos e mapas para facilitar a análise. Foi calculado o Índice Médio de Fêmea de Aedes aegypti (IMFA), sendo a média simples entre o número de armadilha e o de insetos, determinando os níveis: satisfatório, moderado, alerta e critico de acordo com o número de indivíduos encontrados.

Resultados e Discussão

No período avaliado, as vistorias semanais foram realizadas em 100% das armadilhas. O envio de dados em tempo real mostra o que IMFA (Figura 2) em nenhuma semana ultrapassa os 0,26, demonstrando um risco satisfatório à moderado pela presença de fêmeas Ae. aegypti. A armadilha do Instituto de Veterinária (ID 1) apresentou um nível de infestação alta, elevando-se o risco na semana epidemiológica 15 (Figura 2), no entanto não houve reincidência deste fato. O número elevado de Ae. albopictus encontrados é explicado pelo seu habitat

prevalecer em áreas rurais, sendo o campus um ambiente favorável devido a vegetação abundante (DONALÍSIO & GLASSER, 2002).

Conclusão As análises dos dados obtidos demonstraram um grande número de insetos no campus, no entanto o vetor da Dengue se apresentou em número satisfatório não apresentando riscos. As localidades que apresentaram a espécie Ae. aegypti foram informadas a tomar as devidas medidas preventivas, a fim de reduzir o número destes vetores.

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Referências Bibliográficas

DONALÍSIO, M. R.; GLASSER, C. M.. Vigilância entomológica e controle de vetores do Dengue. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.5, n.3, 2002. MENDONÇA, F. A.; SOUZA, A. V.; DUTRA, D. A. Saúde pública, urbanização e dengue no Brasil. Sociedade & Natureza, v.21, n.3, p.257-269, 2009.

Figura 1. Mapa de localização das armadilhas. (Fonte: <http://www.midengue.com.br>)

Figura 2. Índice Médio de Fêmea de Aedes aegypti (IMFA), demonstrando os níveis de acordo com o número de indivíduos encontrados.

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AVALIAÇÃO LARVÁRIA ATRAVÉS DO MONITORAMENTO INTELIGENTE DA DENGUE (MI-DENGUE) NA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE

JANEIRO

1ELECTO, Érica Heleno;

1NOGUEIRA,

Lidiane Cristina Rocha;

2SILVA Cláudia Bezerra da;

3SANAVRIA

Argemiro

1.

Discente do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ; 2.

Mestranda do curso de pós-graduação em Ciências Veterinárias, UFRRJ, Bolsista CNPq;

3. Professor Associado III, Departamento de Epidemiologia e Saúde

Pública, UFRRJ.

Palavras-chave: Aedes aegypti, Aedes albopictus, fase imatura.

Introdução

A proliferação do inseto transmissor do vírus da Dengue, Aedes aegypti, é um fator preocupante no mundo atualmente, pois não se sabe ao certo o que faz ressurgir epidemias de dengue, mas um fator importante é que as cidades não possuem uma infra-estrutura básica adequada. As espécies do gênero Aedes realizam sua oviposição em paredes úmidas e não diretamente na água como outras espécies, o que dificulta ainda mais seu controle. Os ovos destes insetos sobrevivem por longos períodos secos, sem nenhum dano e quando em contato com água os ovos eclodem normalmente em larvas, se alimentando dos microrganismos e matéria orgânica presentes na água (Galli & Neto, 2008). O objetivo do presente estudo foi monitorar através de tecnologia inteligente (MI-dengue) a ocorrência de larvas do gênero Aedes no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Material e Métodos A armadilha (MosquiTRAP®) foi utilizada para o Monitoramento Inteligente da Dengue (MI-dengue)

que consiste em avaliar o número de insetos adultos presentes no campus da UFRRJ durante um ano. Embora a finalidade da armadilha seja a captura de indivíduos adultos de Aedes, foi observado um número significativo de larvas na área interna. As capturas foram contabilizadas de março à agosto de 2011, em acompanhamento mensal. Posteriormente, todas as larvas encontradas foram encaminhadas ao laboratório de Doenças Parasitárias da UFRRJ para serem identificadas. As larvas foram capturadas através da MosquiTRAP®, armadilha de cor escura contento água, um cartão adesivo cilíndrico para fixação de insetos adultos, um atraente sintético para oviposição (AtrAedes®) e uma tampa com um funil para evitar fuga dos insetos, ambiente adequado à oviposicão. A característica marcante das larvas de Aedes é o sifão respiratório enegrecido existente no final do abdômen, no entanto não é o suficiente para diferenciação entre as espécies. Posicionadas em uma lâmina e analisadas em um microscópio, foram visualizadas as diferenças larvais marcantes entre as espécies Ae. aegypti e Ae. albopictus como descrito na tabela 1.

Tabela 1. Diferenças morfológicas larvais entre duas espécies de Aedes.

Aedes aegypti Aedes albopictus

Cabeça Cerdas simples Cerdas bifurcadas Tórax

Espinhos grandes laterais bastante quitinizados no meso e metatórax

Espinhos curtos laterais hialinos no meso e metatórax

Abdômen

Pécten em formato de tridente, no 8º segmento.

Pécten com dentes longos em formato espinhoso e base serrilhada, no 8º segmento.

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Resultados e Discussão Durante o acompanhamento das armadilhas alocadas em diferentes pontos no campus da UFRRJ, foi observado um número de larvas razoável, mesmo não aparecendo em todas as semanas e armadilhas. Foram encontradas apenas 2 larvas de Ae. aegypti na mesma armadilha em uma única vistoria desde o inicio da avaliação, já a espécie Ae. albopictus apresentou 120 exemplares, aparecendo em todas armadilhas onde as larvas foram encontradas, o que pode ser explicado pelo grande número do inseto adulto desta espécie. Honório

& Ricardo Lourenço-de-Oliveira (2001) ao

realizarem pesquisa em bairro pouco urbanizado no município de Nova Iguaçu, RJ, avaliando a frequência de Aedes em pneus, constataram que Ae. albopictus foi a espécie predominante tanto na fase larvar quanto na de pupa. Seus resultados foram similares aos encontrados no presente trabalho, evidenciando que em áreas pouco urbanizadas ou caracteristicamente rurais, a espécie Ae. albopictus tem maior ocorrência frente Aa. aegypti. No entanto, mesmo que em baixas proporções, a existência de Aedes aegypti torna-se alarmante, visto ser este o principal agente envolvido na transmissão do vírus da dengue, promovendo sérios problemas na área de saúde pública. Soman & Reuben (1970), na Índia, verificaram que Ae. aegypti prefere desovar onde existam larvas da mesma espécie. Com efeito, provavelmente a presença de formas imaturas da mesma espécie num criadouro funciona como indicador de que há no local boa condição para o desenvolvimento da mesma. Tornando-se assim um meio que ofereceria competição entre larvas de espécies diferentes. A presença de larvas na MosquiTRAP® é acidental, já que a armadilha não foi projetada para captura de larvas e sim de insetos adultos pelo comportamento de fazer postura em paredes e não diretamente nas águas. No entanto, permitiu confirmar a baixa incidência de Ae. aegypti no campus.

Conclusão A ocorrência de larvas do gênero Aedes, foi observada ao longo dos meses avaliados. No entanto, a espécie Ae. albopictus foi preponderante à Ae. aegypti, demonstrando que mesmo em baixa densidade o transmissor do vírus da dengue torna-se presente no campus da UFRRJ, ainda que sua predileção seja por locais urbanizados.

Referências Bibliográficas BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Guia de

Orientação para Treinamento de Técnicos de Laboratório de Entomologia. Santa Catarina, p.22-36, 2008. GALLI, B.; NETO, F. C.. Modelo de risco tempo-espacial para identificação de áreas de risco para ocorrência de dengue. Revista Saúde Pública, v. 42, n.4, p.656-663, 2008. HONÓRIO,

N. A.; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R.

Freqüência de larvas e pupas de Aedes aegypti e Aedes albopictus em armadilhas, Brasil. Revista de Saúde Pública, v.35, n.4, 2001. SOMAN, R. S.; REUBEN, R. Studies on the preference shownby ovipositing females of Aedes aegypti for water containing immature stages of the same species. Journal of Medical Entomology, v.7, p. 485-489, 1970.

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LINFOSSARCOMA CANINO – RELATO DE CASO

1POLL, Paula Suzana Elisa Maciel;

2YAMASAKI, Elise Miyuki;

3MARQUES, Ana Paula Lopes;

4QUEIROZ, Marilene de Farias Brito

1Mestranda do PPGMV/UFRRJ, bolsista REUNI;

2Doutoranda do PPGCV/UFRRJ;

3Doutoranda do

PPGMV/UFRRJ;4

MVD, MSc, PhD, Professora Adjunta de Anatomia Patológica do DESP/IV/UFRRJ.

Palavras chave: linfoma, neoplasia, linfócitos, necrópsia.

Introdução

Os linfossarcomas são as neoplasias mais comuns em cães, podem acometer animais de produção, silvestres, domésticos e o homem (VILLALOBOS; KAPLAN, 2007). Em cães é mais comum nos animais entre 6 e 12 anos, de ambos os sexos, com maior incidência entre as raças German Shepherds, Golden Retrievers, Boxers, Old English Sheepdogs, Poodles, Bassets e São Bernardos (RUBBIN; FARBER,1990, CARLTON; MCGAVIN, 1998).

É uma doença multifatorial, espontânea, agressiva, progressiva e fatal dos cães, caracterizada por uma proliferação neoplásica maligna das células linfóides. Normalmente surge em órgãos linfóides sólidos ou na medula óssea, sendo, este último denominando leucemia linfocítica, de raro acometimento (ETTINGER, 1992, FIGHERA et al, 2002). Neoplasias do tecido linfóide podem consistir imunofenotipicamente tanto de linfócitos quanto de linfoblastos, porém estudos revelam que 70 a 80% dos linfomas caninos originam-se de células B, com uma pequena percentagem de envolvimento de linfócitos T (RUBBIN;FARBER,1990, CARLTON; MCGAVIN, 1998, WITHROW; VAIL, 2007).

A doença é histológica e imunologicamente heterogênea e os vários subtipos morfológicos, se comportam de forma variada. Dessa forma, pode surgir em qualquer órgão que contenha o tecido linfóide e a distribuição das lesões irá ditar a natureza dos sintomas e seu comportamento biológico (MOULTON, 1990)

Na necropsia, observa-se massas branco-amareladas de consistência macia, geralmente, vistas em vários órgãos. O exame histológico, revela um manto de pequenas células com citoplasma escasso e núcleos pleomórficos (FIGHERA; BARROS, 2004). As células neoplásicas apresentam características morfológicas diferentes relacionados com os estágios de ativação ou transformação que as células sofrem após exposição ao antígeno; podem ser observadas grandes linfócitos, figuras de mitose, com

núcleos duplos e nucléolos evidentes (RAPAPORT, 1990).

A hipercalcemia é uma das síndromes paraneoplásicas mais documentadas, sendo atribuída à liberação de fatores de reabsorção óssea, como o fator ativador de osteoclastos, por parte de linfócitos neoplásicos. Essas proteínas estimulam a reabsorção óssea e renal do cálcio, de efeito parecido ao paratormônio. Esses quadros de reabsorção óssea desencadeiam então a osteopenia e fragilizam as estruturas ósseas (ETTINGER, 1992, FIGHERA; BARROS, 2004). Esse aumento de cálcio no sangue leva ainda à hipercalciúria e consequente nefropatia hipercalcêmica, insuficiência renal irreversível e urolitíase. Este quadro culmina com elevados índices de uréia e creatinina sérica que, inclusive, pode ser decorrente da infiltração neoplásica renal, nefrose hipercalcêmica ou desidratação (RUBBIN; FARBER,1990).

Relato de Caso

Foi encaminhado ao Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (SAP/UFRRJ) para a necropsia um canino, fêmea, da raça Cocker Spaniel, pelagem branca e amarela e sem brilho, 10 anos, escore corporal ruim (1,5).

Na necropsia observaram-se áreas ulceradas na pele com até 3 cm de diâmetro. Os globos oculares apresentavam conjuntiva hiperêmica e pequena quantidade de secreção purulenta (ceratoconjuntivite moderada). O globo ocular esquerdo apresentava úlcera na córnea. Todos os linfonodos superficiais estavam aumentados de tamanho e os pré-escapulares abscedados. Encontrou-se ainda, acentuado edema que se estendia da região submandibular até a região abdominal ventral. O fígado estava aumentado de volume, com superfície capsular finamente irregular, com acentuado padrão lobular e friável ao corte. O saco pericárdico estava distendido por grande volume de líquido vermelho (350 mL), com grumos (coágulos de fibrina) marrons livres na cavidade e aderidos à serosa (hemopericárdio) (Fig.1). O coração apresentava áreas pálidas e

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Fig. 1: Acúmulo de fribrina de cor marrom dentro do saco pericárdio

evidenciando a sub luxação.

Fig. 2: Coração ao corte, revelando áreas pálidas no miocárdio.

evidenciando a sub luxação.

ao corte havia áreas multifocais brancacentas no miocárdio que se estendiam do átrio esquerdo aos ventrículos (Fig.2). Nos lobos pulmonares havia áreas de consolidação do parênquima (atelectasia) e raros nódulos visíveis ao corte. O baço apresentou um nódulo amarelado com 0,3 cm de diâmetro, também evidente na superfície. Nos rins havia finas estriações brancacentas ao longo da região cortico-medular.

Na histopatologia, o coração apresentava infiltração e proliferação de células arredondadas neoplásicas, com citoplasma escasso, fracamente basofílico, e núcleo hipercromático; em algumas áreas havia núcleos vesiculares e nucléolos evidentes, com poucas figuras de mitose. Nos linfonodos superficiais, havia acentuada invasão de células neoplásicas no parênquima, seios subcapsulares e vasos linfáticos. O fígado estava com congestão centrolobular, vacuolização e tumefação difusa de hepatócitos. O baço apresentou hiperplasia. Além disso, o rim estava levemente congesto com infiltrado inflamatório linfoplasmocitário periglomerular e o pulmão com áreas de atelectasia com espessamento do septo interalveolar.

Resultados e Discussão

Os sinais clínicos inespecíficos são características do linfossarcoma, associados com o acometimento de diversos órgãos; os sintomas mais freqüentes são perda de peso, apatia e hiporexia (CARDOSO et al., 2004).

Derrames cavitários, como ascite, efusão pleural, efusão pericárdica ou anasarca podem ser observados nesta doença, principalmente devido a compressão de grandes vasos, correlacionados diretamente com linfoadenoapatia interna, hepatomegalia e esplenomegalia (DOBSON; GORMAN, 1993).

A linfoadenopatia generalizada superficial ou profunda é constatada como a

manifestação clínica mais frequente em (Cardoso et al., (2004), ocorrendo em 87,03%.(DOBSON; GORMAN, 1993; WITHROW; VAIL, 2007), condizente com o que foi observado neste estudo.

Conclusão

As evidências observadas na necropsia, análise histológica dos tecidos afetados e confrontamento dos resultados com a literatura, permite concluir o diagnóstico de linfossarcoma canino.

Referências Bibliográficas

CARDOSO, M.J.L.; MACHADO, L.H.A.; MOUTINHO, F.Q.; et al, Sinais clínicos do linfoma canino, Archives of Veterinary Science v. 9, n. 2, p. 19-24, 2004

CARLTON,W.W; MCGAVIN, M.D. Patologia veterinária especial Thomson, 2°ed., Porto Alegre: Artmed, 1998, 672p.

DOBSON, J.M.; GORMAN, N.T. Canine multicentric lymphoma 1: clinico-pathological presentation of the diseases. Journal of Small Animal Practice, v.34, n.12, p.594-598, 1993.

ETTINGER, SJ, Tratado de medicina interna veterinária, São Paulo: Manole, 3 ed., 1992. 2557p.

FIGHERA, R.A.; BARROS,C.S.L., Linfossarcoma intracerebral em bovino, Santa Maria: Ciência rural, v.34, n.3, p.943-945, 2004

FIGHERA, R.A.; SOUZA, T.M.; BARROS,C.S.L., Linfossarcoma em cães , Santa Maria: Ciência rural,v. 32, n.5 p. 895-899, 2002

MOULTON, J.E. Tumors in domestic animals, 3ed. Califórnia: University of California, 1990 ,672 p.

RAPAPORT, S.I. Hematologia introdução, 2ed.,São Paulo: Roca, 1990, 450p.

RUBBIN E.; FARBER,J.L.Patologia. Philadelphia: Saunders, 1990, 1381p.

VILLALOBOS, A.; KAPLAN, L. Canine and Feline Geriatric Oncology: Honoring the Human-Animal Bond, USA: Blackwell, 2007, 381p.

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WITHROW, S.J., VAIL D.M. Withrow and MacEwen's Small Animal Clinical Oncology, 4ed., Missouri: Sauders, 2007, 846p.

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TRATAMENTO INTRAMAMÁRIO DE VACAS NA INTERRUPÇÃO DA LACTAÇÃO E RESÍDUOS DE ANTIMICROBIANOS NO LEITE NO PÓS PARTO

Paula Suzana Elisa Maciel Poll

1, Renata Lanna dos Santos

2, Ângela Oliveira

3, Indrid Estevam Pereira

4 Luana Vilela

5, Rita de Cássia Campbell Machado Botteon

6

1Mestranda do PPGMV/UFRRJ, bolsista REUNI;

2Mestranda do PPGMV/UFRRJ,

3 MVD, MSc, PhD, Professora

Adjunta de Bacteriologia do DMIV/IV/UFRRJ; 4

Graduanda do IV/UFRRJ, bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq;

5 Graduanda do IV/UFRRJ;

6 MVD, MSc, PhD, Professora Adjunta de Clínica do DMCV/IV/UFRRJ

Palavras chave: antibiótico, mastite, bactéria, pecuária leiteira, vaca seca

Introdução

A mastite, considerada uma das doenças de maior impacto econômico na pecuária leiteira, caracteriza-se por uma inflamação da glândula mamária, geralmente de caráter infeccioso, podendo ser clínica ou subclínica. No Brasil a mastite caracteriza-se pela alta incidência da forma subclínica, com índices entre 44,9% a 97% e perda na produção de 25,4% a 43% (BRANT; FIGUEIREDO, 1994).

Várias medidas são propostas para controlar a mastite e em conseqüência diminuir os impactos econômicos na atividade leiteira. Diagnóstico e tratamento precoce dos casos clínicos; tratamento de mastite subclínica na interrupção da lactação; descarte de casos crônicos e manejo e higiene de ordenha corretos são essenciais (MASSEI et al., 2008). No Brasil, o leite é o alimento mais avaliado quanto à contaminação por antibióticos. Esses resíduos interferem no processamento industrial, e representam riscos à saúde do consumidor entre outros, por reações alérgicas, freqüentemente associadas aos antibióticos beta lactâmicos. A presença de resíduos de antibióticos no leite resulta da aplicação de diferentes substâncias para a prevenção ou tratamento de doenças, com destaque para infecções da glândula mamária e do trato reprodutivo (SANTOS, 2003). Devido ao alto custo para realização de cultura, isolamento e identificação de agentes infecciosos e testes de sensibilidade in vitro, em muitas propriedades são utilizados antibióticos que não apresentam eficácia contra agentes de mastite, contribuindo para seleção de bactérias resistentes e presença de resíduos no leite (FREITAS et al., 2005).

Neste trabalho objetivou-se avaliar a presença de resíduo de antimicrobianos no leite de vacas recém paridas e a eficácia do tratamento da “vaca seca” no controle da mastite em uma propriedade no Município de

Rio Claro, região Sul Fluminense.

Metodologia

Na interrupção da lactação, durante a ordenha da manhã as vacas foram avaliadas quanto à ocorrência de mastite clínica através do exame físico da glândula mamária e teste da caneca telada e quanto à mastite subclínica pelo California Mastitis Test (CMT) imediatamente após a preparação higiênica do úbere e descarte dos primeiros jatos (PHILPOT; NICKERSON, 1991). Após avaliação, foram selecionadas 20 vacas com diferentes escores ao CMT, porém negativas para mastite clínica, as quais foram tratadas por via intramamária com quatro formulações específicas para o tratamento de vacas secas de uso comum na propriedade.

Após o parto, considerando a produção individual e as características do leite, as vacas foram reavaliadas entre 3 e 5 dias (excluído o período de colostro, considerando a alta CCS e as características próprias da secreção láctea nesse período). Neste momento foram coletadas, duas amostras de 40 ml do leite total de cada vaca imediatamente após preparação higiênica do úbere (PHILPOT; NICKERSON, 1991), acondicionadas em frascos estéreis com tampa de rosca, mantidas a 4°C durante o transporte. Após, foram encaminhadas, uma por sedex para a Clínica do Leite (ESALQ/USP – Piracicaba) para análise de resíduos de antimicrobianos (IN 51/2002), e outra ao Laboratório de Bacteriologia da UFRRJ para isolamento, identificação e testes de sensibilidade in vitro frente aos princípios ativos contidos nas formulações intramamárias usadas na interrupção da lactação.

No Laboratório as amostras foram incubadas a 37ºC por 12 horas para pré-enriquecimento e posteriormente semeadas em Ágar-sangue bovino 5%, seguidas de incubação à 37ºC e observação das culturas por 48 horas. Após incubação, se procedeu à

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avaliação das características morfológicas das colônias (KONEMAN et al., 2008). Os microrganismos isolados das colônias foram estudados morfologicamente pelo método de Gram (KRIEG; HOLT, 1984). Após isolamento e identificação, testes de sensibilidade in vitro (difusão em discos) foram efetuados segundo metodologia recomendada pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards (2000), utilizando-se discos referentes aos princípios ativos contidos nas formulações utilizadas na interrupção da lactação.

Resultados e Discussão

Das 20 vacas avaliadas quanto à

ocorrência de mastite após o parto duas apresentaram a forma clínica, sendo que a mastite nestas vacas ocorreu provavelmente no período seco ou imediatamente após o parto, visto que a doença foi identificada na primeira ordenha após o parto e nenhuma vaca com mastite clínica foi incluída no estudo. Esse fato é relevante visto que o tratamento da vaca na interrupção da lactação tem como finalidade o tratamento da forma subclínica e a prevenção da mastite clínica durante a lactação.

Estas vacas foram reavaliadas 30 dias após a parição e mantiveram a forma clínica da mastite, independente do tratamento instituído (Vet Mast AD e Knetomax), cujos princípios ativos eram respectivamente cefacetril sódico e enrofloxacina. Destaca-se que cefacetril e enrofloxacina são antibióticos de terceira geração, com alta atividade bactericida, atuando frente a uma ampla variedade de bactérias causadoras de mastites, sendo esperada uma boa atuação sobre os agentes.

Após os procedimentos para isolamento, identificação e testes de sensibilidade, foram obtidos os seguintes resultados com identificação presuntiva: Streptococcus spp. (5/20), Staphylococcus spp. (5/20), E. coli (1/20), Staphylococcus spp. + Streptococcus spp (3/20) e outras (9/20). Nenhuma amostra apresentou resistência aos princípios ativos contidos nos antimastíticos utilizados, cujas bases eram a cefalexina benzatina, sulfato de gentamicina, sulfato de enrofloxacina e sulfato de neomicina.

Das vacas com mastite clínica após o parto, tratadas com cefacetril e enrofloxacina não foram efetuados antibiogramas, visto que não se obteve crescimento, justificado pela inibição do crescimento em função do tratamento.

Das amostras encaminhadas para pesquisa de resíduos de antibióticos, nenhuma

apresentou resultado positivo. Destaca-se que as amostras foram coletadas após o período de colostro (3 a 5 dias), tempo suficiente para eliminação do antimicrobiano residual e momento em que o leite é destinado ao consumo humano. Assim, a não detecção de resíduos de antimicrobianos em amostras de leite de vacas paridas tratadas por via intramamária na interrupção da lactação foi um resultado favorável indicando a segurança da medida do ponto de vista da saúde pública.

Contudo a ocorrência de dois casos clínicos no pós parto indica eficiência parcial do tratamento da vaca seca como medida de controle e profilaxia da mastite. Como não houve resistência in vitro aos princípios ativos contidos nos produtos utilizados na interrupção da lactação a ineficácia do tratamento não pode ser atribuída, pelo menos teoricamente, ao desenvolvimento de resistência bacteriana.

Conclusões

Os dados confirmam parcialmente a

efetividade do tratamento da vaca seca no programa de controle de mastite nesta propriedade e a segurança, pelo menos parcial do ponto de vista de saúde pública.

Referências Bibliográficas

BRANT, M.C.; FIGUEIREDO, J.B. Prevalência da mastite subclínica e perdas de produção em vacas leiteiras. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.46, p.595-606, 1994.

BRASIL. Instrução Normativa nº 51 de 18 de setembro de 2002. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. DOU, 2002.

FREITAS, M.F.L.; PINHEIRO JUNIOR, J.W.; STAMFORD, T.L.M.; et al Perfil de sensibilidade antimicrobiana in vitro de Staphylococcus coagulase positivos isolados de leite de vacas com mastite no agreste do Estado de Pernambuco. Arquivos do Instituto Biológico, v.72, n.2, p.171-177, 2005.

KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M.; et al. Color atlas and textbook of diagnostic microbiology. 6º ed. Philadelphia: J.B. Lippincott, 2008. 1565p.

KRIEG, N.R.; HOLT, J.G. (Eds.) Bergey’s manual of systematic bacteriology. 9. ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1984. 1268p.

MASSEI, R. A.;SANTOS, W.R.M.; INFORZATO, G.R. et al, Mastite-Diagnóstico, tratamento e prevenção:Revisão de literatura, Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, a. 6, n.10, 2008.

NASCIMENTO, E. S.; DENOBILE, M.;

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ESTEBAN, C.; et al Resíduos de Antibióticos em alimentos no Brasil e potenciais riscos à saúde humana. ILSI Brasil Notícias. v.16, n.1, p.3-6, 2008.

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PHILPOT, W. N.; NICKERSON, S. C. Mastitis: Counter Attack. A strategy to combat mastitis. Illinois: Babson Co., 1991. 150p.

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CIRURGIA “A CAMPO” PARA REPARO DE FÍSTULA RUMINAL IATROGÊNICA EM VACA COM OITO MESES DE GESTAÇÃO - RELATO DE CASO

1 DÓRIA, Phillipe Bauer de Araújo;

2 MARQUES, Ana Paula Lopes;

3 POLL, Paula Elisa Suzana

Maciel; 3 SANTOS, Renata Lanna dos

1 MSc, Prof. Assistente, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF; 2 Doutoranda do PPGMV,

UFRRJ, bolsista CAPES, [email protected]; 3 Mestranda do PPGMV, UFRRJ

Palvras-chave: digestivo, rumenotomia, anestesia, cirurgia, bovinos.

Introdução

Corpos estranhos são comumente

encontrados como agentes causadores de diversos problemas digestivos em bovinos, principalmente naqueles animais alimentados com alimentos processados na propriedade ou e em menor proporção os que são criados em pastagens que apresentam materiais como pregos, sacos plásticos e objetos similares. A rumenotomia é indicada para remoção de corpos estranhos, principalmente os metálicos alojados no rúmen/retículo (LAZZERI, 1994; TURNER e McILWRAITH, 2002) evitando que os mesmos causem reticulite ou perfurem o retículo causando reticuloperitonite traumática ou complicações mais severas (BRAUN et al., 2003) que podem levar o animal ao óbito

(ROTH e KING, 1991). As complicações no pós-operatório da rumenotomia envolvem diminuição da motilidade rúmen/retículo, deiscências de sutura, hemorragias e morte por choque séptico ou endotóxico (TURNER e McILWRAITH, 2002). A fístula ruminal primariamente se caracteriza pela presença de um orifício no rúmen que se comunica ao meio externo pelo flanco esquerdo, extravasando conteúdo ruminal. A literatura descreve amplamente as fístulas ruminais como procedimentos realizados para coleta de material ruminal em pesquisas sobre fatores nutricionais e de digestibilidade, não sendo descritas como complicações de pós-operatório de rumenotomias. Uma fístula, segundo Junqueira e Carneiro (2008) é uma alteração decorrente de inflamação crônica que gera uma fibrose, podendo limitar, reduzir ou obliterar a função normal do tecido reparado.

O presente trabalho tem como objetivo relatar o sucesso obtido no reparo de uma fístula ruminal iatrogênica, como complicação de pós-operatório de uma rumenotomia, através de laparotomia pelo flanco, onde os procedimentos anestésico e cirúrgico não interferiram no período gestacional, nem na viabilidade fetal.

Relato do Caso

Um animal da espécie bovina, fêmea, mestiço, pesando em torno de 350Kg, gestante, foi encaminhado a Fazenda Escola da Universidade Federal Fluminense, em Cachoeiras de Macacu, RJ, com histórico de ter sido submetido a uma laparotomia pelo flanco esquerdo e rumenotomia há aproximadamente 15 dias para retirada de corpo estranho metálico. Foi observado na retirada dos pontos, um extravasamento de conteúdo ruminal pela ferida cirúrgica. Ao exame clínico, constatou-se uma fístula de tecido fibroso no flanco esquerdo que secretava conteúdo ruminal (Fig. 1) e nenhuma outra alteração evidente. Após as avaliações clínicas e ginecológicas constatou-se gestação de aproximadamente 8 meses e optou-se por reparo cirúrgico da fístula.

Preferiu-se não utilizar medicação pré-anestésica (MPA), pois o animal não estava em jejum alimentar, o período de gestação era avançado e tinha temperamento linfático. Os fármacos mais utilizados a campo como medicação pré-anestésica em bovinos são o cloridrato de acepromazina a 1% e cloridrato de xilazina a 2%. A acepromazina pode causar, dentre outros efeitos, bradicardia fetal por atravessar a barreira placentária. O cloridrato de xilazina além de diminuir a motilidade gastro-intestinal, tem ação semelhante a ocitocina provocando partos prematuros em bovinos (MASSONE, 2008), não devendo ser utilizada principalmente no terço final de gestação (LAZZERI, 1994; HODGSON et al., 2002).

Para reparo da fístula foi necessária a insensibilização do flanco esquerdo sendo utilizada uma associação da anestesia paravertebral lombar com bloqueio do nervo torácico lateral (GONÇALVES, 1977; SILVEIRA, 2002) para que se preservasse a linha de incisão, utilizando-se como anestésico cloridrato de lidocaína a 2%. A anestesia paravertebral lombar é uma anestesia regional que bloqueia os impulsos nervosos na emergência dos forames intervertebrais, insensibilizando a pele, os músculos do flanco

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e a região anterior da mama. O bloqueio perineural do nervo torácico lateral insensibiliza a pele da região torácica, a região abdominal ventral até o flanco e os músculos prepuciais craniais e caudais.

Utilizou-se contenção mecânica com cordas posicionando o animal em decúbito lateral direito dentro do curral de recepção, mesmo sabendo que o tipo de anestesia utilizada permitiria o procedimento cirúrgico com o animal em estação. Em seguida, o paciente foi submetido à tricotomia e anti-sepsia com solução a base de álcool iodado

na região do flanco esquerdo. O campo operatório foi isolado com panos de campo estéreis. Foi feita uma incisão em elipse ao redor da fístula evitando-se incisão em tecido fibrosado. A pele, tecido subcutâneo e musculatura foram incididos e divulsionados liberando as aderências, tentando-se ao máximo manter a integridade, normalidade anatômica e funcionalidade dos tecidos. Chegou-se ao rúmen que estava aderido ao peritônio e ao músculo transverso do abdômen (Fig. 2). Após divulsionar essas aderências, o rúmen foi ancorado com auxílio de pinças de allis (Fig. 3) para exérese do tecido fibrosado que formava a fístula (Fig. 4).

Fig 1: Flanco esquerdo

do bovino evidenciando uma fístula ruminal.

Fig. 2: Rúmen aderido a

peritônio e músculo transverso abdominal.

Fig. 3: Acoramento do

rúmen após divulsão de aderências.

Fig. 4: Tecido fibrosado

que formava a fístula.

A rafia do rúmen foi dificultosa devido a sua friabilidade, sendo feita então em dois planos com fio absorvível: no primeiro plano foi utilizado um padrão de sutura interrompida simples suturando-se as quatro camadas (mucosa, submucosa, muscular e serosa) e no segundo plano foi utilizado um padrão de sutura continua de Cushing (TURNER e McILWRAITH, 2002) suturando a camada seromuscular o que sepultou a sutura anterior.

Na aproximação da musculatura foi utilizado um padrão de sutura interrompida simples e o tecido subcutâneo foi aproximado em padrão de sutura contínua em figura de guarda grega ambos com fio absorvível A rafia da pele foi em padrão de sutura interrompida simples com fio inabsorvível do tipo Wolf. Foi realizada limpeza da região com compressas para retirada de coágulos. A contenção mecânica foi desfeita e o animal se posicionou-se imediatamente em estação. No pós-operatório imediato, primeiras 24 horas, como curativo, foi aplicado sobre a ferida cirúrgica pó larvicida

com unguento

cicatrizante e borrifou-se sulfadiazina de prata.

O animal foi medicado com cloridrato de oxitetraciclina

e flunixin meglumine nas

dosagens de 20 mg/Kg e 1,1 mg/kg, respectivamente, via intramuscular. No pós-operatório mediato foi feita mais duas aplicações de cloridrato de oxitetraciclina

com

intervalos de 72 horas e o flunixin meglumine foi mantido por mais quatro dias consecutivos totalizando-se 3 e 5 aplicações, respectivamente. O curativo foi feito diariamente até a retirada dos pontos. O animal foi mantido em piquete plano e os pontos foram retirados após 11 dias.

Discussão e Conclusão

A fístula ruminal pode ser uma das complicações de pós-operatório da rumenotomia. A não utilização de MPA associada a técnicas de contenção, anti-sepsia e cirúrgica adequadas podem ser realizadas de maneira satisfatória em animais no terço final de gestação, pois o animal entrou em trabalho de parto não apresentando complicações, 22 dias após a correção cirúrgica da fístula, parindo um bezerro viável.

Referências Bibliográficas BRAUN U; GANSOHR B; FLUCKIGER M.

Radiographic findings in 4 cows with traumatic reticuloperitonitis caused by a nonmagnetic copper wire. Schweiz Arch Tierheilkd. v.145, n.4, p.169-75. 2003.

GONÇALVES AP. Anestesia paravertebral lombar no cavalo (Equus caballus). In: Súmula das teses de mestrado sobre anestesia apresentadas à Faculdade de Veterinária da UFF, 1977–1986. Niterói: 1987. cap. 4.

HODGSON DS; DUNLOP CI; CHAPMAN PL; SMITH, JA. Cardiopulmonary effects of xylazine and acepromazine in pregnant cows in late gestation. Am. J. Vet. Res. v.63, n.12. p.1695-9. 2002.

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JUNQUEIRA LC; CARNEIRO J. Histologia Básica. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2008. cap 4.

LAZZERI L. Técnica operatória veterinária. Belo Horizonte, 1994. cap 23.

MASSONE F. Anestesiologia Veterinária: Farmacologia e Técnicas. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2008. 571p.

ROTH L; KING JM. J Traumatic reticulitis in cattle: a review of 60 fatal cases. Vet Diagn Invest. v. 3, n.1, p.:52-4. 1991.

SILVEIRA AK. R. Anestesias regionais. Bras. Ci. Vet. v.9, n.1, p.10-12. 2002.

TURNER AS; McILWRAITH C.W. Técnicas cirúrgicas em animais de grande porte. São Paulo: Editora Roca, 2002. cap. 13.

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O USO DA ATIVIDADE ASSISTIDA POR ANIMAIS NA MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS DO “LAR

AUGUSTO SILVA” EM LAVRAS, MG

1ASSIS, Luciana Santos de;

2CARVALHO; Camila Franco de;

3BAMBIRRA, Sérgio Alves

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ,

2 Médica Veterinária da UFES

– Campus Alegre, 3 Departamento de Medicina Veterinária da UFLA

Palavras chaves: cães, idosos institucionalizados, qualidade de vida, zooterapia

INTRODUÇÃO

A crença de que a interação homem-animal pode ser benéfica, principalmente os humanos, é antiga. Entretanto, somente a partir de 1962 iniciaram-se atividades documentadas nas quais são utilizados animais para promover melhora na qualidade de vida das pessoas (DOTTI, 2005). Em 1996 foram estabelecidos pela Delta Society, os conceitos de Terapia Assistida por Animais (TAA) e Atividade Assistida por Animais (AAA). Na TAA, o animal faz parte do tratamento e há metas específicas individuais, enquanto na AAA, os objetivos são a visitação, a recreação e a distração, incorporando-se novas atividades e experiências na rotina dos internos (Delta Society, 2011). Em hospitais, a Terapia e a Atividade Assistidas por animais trazem consigo um aspecto importante de humanização, descontraindo o clima tenso do ambiente hospitalar, melhorando as relações interpessoais e facilitando a comunicação entre pacientes e a equipe de saúde (KOBAYASHI et all, 2009).

Idosos que se encontram em instituições, geralmente apresentam sentimento de abandono (DOTTI, 2005), além de apresentarem alto grau de ansiedade, decorrente de dificuldades múltiplas e crescentes, que levam a mudanças indesejáveis dos hábitos de vida, como medo da dependência de outras pessoas ou não aceitação de uma condição limitadora (YAMASHIRO & RIBEIRO, 2005).

A utilização de cães como auxílio em procedimentos fisioterápicos em instituições favorece os resultados esperados, pois há a formação de um vínculo entre o animal e o idoso, estimulando-os a participar das sessões (YAMASHIRO & RIBEIRO, 2005).

O objetivo deste trabalho é descrever o projeto de Atividade Assistida por Animais realizado e seu efeitos na melhora da qualidade de vida de idosos institucionalizados no Lar Augusto Silva, localizado em Lavras, Minas Gerais.

RELATO DO CASO

Durante novembro de 2006 a

novembro de 2008, foram realizadas visitas semanais ao Lar Augusto Silva, instituição voltada ao cuidado de idosos e pacientes portadores de necessidades especiais, localizada na cidade de Lavras, Minas Gerais. Na instituição havia cerca de 90 idosos, com idade média de 60 anos e dois pacientes portadores de necessidades especiais, com idade média de 35 anos. O grupo visitado, com exceção de alguns senhores, e que demonstrava maior interesse era o feminino. A equipe executora era composta de quatro alunos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras, um professor orientador, também do mesmo curso e de duas terapeutas ocupacionais do Lar Augusto Silva. Para a realização da atividade, eram levados algumas espécies de animais, principalmente cães, gatos e coelhos, devidamente escolhidos quanto à saúde, comportamento e sociabilidade. Havia um revezamento dos animais, para que não fossem sobrecarregados. Cada idoso somente tinha contato com o animal caso ele permitisse. Todos os animais eram dos participantes da equipe, estavam saudáveis, eram banhados no dia da visita, estavam livres de lesões, doenças ou ectoparasitas, possuíam protocolo vacinal e desverminação atualizados e eram selecionados pela docilidade, obediência e comportamento amistoso com pessoas e em locais desconhecidos. As visitas eram realizadas em horário pré-determinado pela instituição, de maneira a não interferir na rotina diária de cuidados com os idosos e tinham duração de uma hora à uma hora e trinta minutos. Com a permissão do idoso, a atividade iniciava-se com a percepção das características visuais de cada espécie e indivíduo, pois os idosos possuíam suas preferências e familiaridade com os animais. A interação continuava com estímulos ao toque, à realização de movimentos suaves, e à

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escovação, com escovas próprias para cães e gatos; à percepção tátil dos diferentes tipos de pelagem de cada espécie animal; eram iniciadas conversas sobre animais, onde os idosos contavam as histórias de animais próprios ou de familiares, perguntavam sobre os cuidados que tínhamos com os mesmos e sobre características de cada um deles. A partir daí os assuntos tornavam-se variados, alguns perguntavam sobre a nossa vida, outros contavam histórias do seu passado e todos perguntavam se iríamos voltar mais vezes, porque estavam gostando da visita. A equipe mantinha reuniões com as terapeutas ocupacionais da instituição regularmente, nas quais eram discutidas formas de atuação e efeitos nos idosos.

DISCUSSÃO

Com a realização das visitas, foram observados resultados benéficos na qualidade de vida, no comportamento e na auto-estima dos idosos. Houve grande interesse em relação aos animais, muitos relembraram fatos da infância vivida em ambiente rural, onde criavam várias espécies de animais; perguntavam sobre cuidados com alimentação, banho, onde os animais permaneciam nos “outros dias”; iam à horta da instituição buscar folhas para os coelhos e alguns acompanhavam a equipe o tempo todo da visita. Alguns idosos guardavam biscoitos para oferecer à equipe e aos cães, permitiam que os animais ficassem em seu colo e ficavam tristes quando era chegada a hora de ir embora. Foi também possível observar que os idosos associavam os participantes aos animais, pois em algumas visitas à instituição, onde os mesmos não foram levados, a equipe não foi reconhecida. De acordo com Yamashiro e Ribeiro (2005), a atividade assistida por animais além de auxiliar na socialização dos idosos, estimula a parte cognitiva (ex. memória) e sensorial e ajuda a transformar sentimentos negativos em alegria, prazer e esperança de uma condição de vida melhor.

As terapeutas ocupacionais da instituição notaram mudança positiva no comportamento de uma paciente em especial, na qual a agressividade dirigida anteriormente aos enfermeiros e cuidadores foi substituída por palavras carinhosas e gestos amistosos, quando o animal encontrava-se ao seu lado. Outra grande mudança notada pelas terapeutas ocorreu em uma paciente que normalmente não saía do quarto e não participava dos cursos e eventos proporcionados pela entidade, e que, a partir

das visitas passou e se socializar, inclusive fazendo parte de um dos cursos. Esses dois casos corroboram a afirmação de Kobayashi e colaboradores (2009), que consideram que a utilização do estímulo sensorial do tato com a presença e a interação dos animais, pode recuperar a auto-estima e a sensibilidade, além da reintegração à sociedade por meio da melhora do contato social que o animal permite.

CONCLUSÃO

A Atividade Assistida por Animais é mais um recurso na melhora da qualidade de vida de idosos, de pacientes hospitalizados, de crianças em instituições e mesmo de pessoas que não apresentam problemas de saúde, pois a interação com os animais promovem melhora na comunicação, socialização, reduzem a pressão arterial, a frequência cardíaca e o estresse.

Devido à falta de conhecimento e de informações sobre o assunto, observa-se que poucas instituições utilizam a atividade como recurso terapêutico. Há, portanto, a necessidade de maior divulgação e pesquisas para que a T/AAA possam levar seus benefícios a uma quantidade maior de pessoas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DELTA SOCIETY, 2011. www.deltasociety.org. Acessado em 23 de novembro de 2011.

DOTTI, J. Terapias e Animais. São Paulo: PC Editorial, 2005. 294p.

KOBAYASHI, C.T. et al.. Desenvolvimento e implantação de Terapia Assistida por Animais em hospital universitário. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília 2009 jul-ago; 62(4): 632-6.

YAMASHIRO. C.G.; RIBEIRO,V.F. Fisioterapia assistida por cães em idosos institucionalizados. in DOTTI, J. Terapias e Animais. São Paulo: PC Editorial, 2005. 294p. Apêndice 1. p227 -234.

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PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL EM POTROS PURO-SANGUE INGLÊS DURANTE FASE INICIAL DE TREINAMENTO

1BEZERRA DE MELLO, Erica Bertha Führich Raupp; ¹SPINDOLLA, Bruno Ferreira; ¹ OLIVEIRA,

Gabriela Ferreira; 2VEIGA, Cristiano Chaves Pessoa;

3 HESS, Tanja Maria,

4BOTTEON, Paulo de

Tarso Landgraf

1Mestrando do PPGMV/UFRRJ, bolsista REUNI;

2Doutorando do PPGMV/UFF; 3

Equine Sciences, Animal Sciences, Colorado State University;

4DMCV, Instituto de Veterinária, UFRRJ

Palavras-chave: cavalo atleta, composição corporal, ultrassonografia, garupa

INTRODUÇÃO O acompanhamento ultrassonográfico da massa-livre de gordura em cavalos atletas pode ser usado como método de acompanhamento e avaliação para o sucesso do treinamento (ABREU et al., 2009).

A composição corporal é importante no desempenho de atletas humanos, mas uma lacuna de conhecimento persiste sobre a composição corporal e sua influência sobre o desempenho do cavalo atleta de diferentes atividades (LELEU e COTREL, 2006).

Diferenças morfológicas de ordem anatômica são observadas entre as espécies. Em cavalos a morfologia muscular predominante é a fusiforme, diferente do encontrado em seres humanos, onde o encontrado são músculos penados. Devido a esse fator anatômico, a massa gorda pode ter maior influência em cavalos do que em humanos (KEARNS et al, 2002).

O treinamento em potros Puro-Sangue Inglês (PSI) de corrida visa o ganho de vigor e agilidade e o aprendizado do animal na prática do turfe. Como resposta ao exercício, observamos aumento da função muscular e gasto energético. Na cadeia do metabolismo energético utilizada pela função muscular, se observa em primeiro plano a desfosforilação da fosfocreatina pela enzima creatinaquinase na fosforilação de adenosina-difosfato a adenosina-trifosafato. Em segundo plano o metabolismo através da enzima lactatodesidrogenase de L-lactato a piruvato para uso na cadeia respiratória e em terceiro plano a reação de transaminação de L-aspartato e alfacetoglutarato em oxalacetato e glutamato pela enzima aspartatoaminotransferase (CÂMARA e SILVA, DIAS e SOTO-BLANCO, 2007). Após a depleção de glicogênio muscular há uma alteração da cadeia metabólica em direção ao catabolismo lipídico (DAVIE et al, 1999) O acompanhamento ultrassonográfico do percentual de gordura em potros PSI desde o início de treinamento pode ser usado para

auxiliar na determinação do momento de estreia do animal na carreira desportiva.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas mensurações da camada de gordura da garupa, em centímetros, por meio de exame ultrassonográfico, em 12 potros Puro-Sangue Inglês de corrida com idade inicial de 18 meses, logo após o processo de doma, na semana de início de treinamento, ao final do mês de junho de 2011 (JUN). As mensurações foram repetidas no segundo mês após o início do treinamento (final de agosto de 2011 - AGO) e no início do quinto mês (início de novembro de 2011 - NOV). Na última mensuração, os animais estavam com 22 meses de idade. O protocolo de treinamento empregado foi, no primeiro mês, os animais eram submetidos ao trote (4m/s) em picadeiro de areia montados por jóqueis; no segundo mês, os animais foram submetidos ao processo de aquecimento em caminhador automático e em seguida, ao trote e cânter (6m/s) montado; a partir do terceiro mês, aquecimento em caminhador automático e trabalho em galope (10 m/s) montado; no final do quarto mês, aquecimento, trabalho a galope em raia de areia e sprint (12 m/s) de 600 metros.

Os dados de mensuração em centímetros (cm) foram convertidos a percentual de gordura utilizando-se da equação 8,64 + (4,70 x cm de espessura do tecido adiposo) descrita por Westervelt et al. (1976). Com os valores obtidos, foi empregada a ANOVA a 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O protocolo de treinamento e iniciação

é importante ao promover a adaptação muscular ao trabalho evitando injúrias a esta musculatura. A iniciação em carreira desportiva dos animais da raça PSI se dá com

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os cavalos ainda em fase de crescimento, o que pode tornar propício o surgimento de desordens músculo-esqueléticas. Há a tendência de o treinamento ser progressivo, ou seja, a intensidade da carga do treino aumentar conforme o aumento da idade dos animais (COGGER et al, 2008). Observou-se diferença estatística na camada de gordura durante o treinamento (P= 0,0153). Os resultados obtidos nos animais durante o treinamento foram em JUN de 11,22% ± 0,99, em AGO 11,68% ± 1,23 e em NOV 10,26% ± 1,22. O aumento do percentual de gordura observado em AGO pode ser devido ao manejo alimentar e confinamento dos animais (ABREU et al., 2009) e uso de exercício de carga leve durante o período de adaptação ao exercício, com o intuito de evitar injúrias músculo-esqueléticas por excesso de carga que o potro está predisposto. Após o aumento da carga de exercício adotada no protocolo de treinamento, observou-se um decréscimo do percentual de gordura com respectivo ganho de massa magra. Foi demonstrado que a massa gorda livre estava relacionada negativamente ao desempenho de cavalos PSI (KEARNS et al., 2002; LELEU e COTREL, 2006). Os resultados observados nos animais antes da estreia em vida desportiva e com idade variando de 18 a 22 meses de vida foram menores do que os observados por autores em animais já em plena carreira, com média de idade de 3.5 ± 0.6 anos para machos e de 3.1 ±

0.4 anos para fêmeas. A média de percentual de gordura em foi de 7.4 ± 0.9 em machos e de 9.9 ± 0.5 em fêmeas (KEARNS et al., 2002). O que pode se esperar é a queda gradativa do percentual de gordura nos animais no decorrer de sua vida desportiva.

CONCLUSÃO

Os resultados sugerem que o exercício inserido de forma gradual durante a iniciação de potros PSI de corrida, quando adotado com carga moderada, auxilia a diminuição do percentual de gordura corpórea dos animais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CÂMARA E SILVA, I. A.; DIAS, R.; SOTO-BLANCO, B. Determinação das atividades séricas de creatina quinase, lactato desidrogenase e aspartato aminotransferase em equinos de diferentes categorias de atividade. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.1, 250-252, 2007.

COGGER, N.; PERKINS, N.; HODGSON, D.R.; REID, S.W.; EVANS, D.L. Profiling training preparation in young Australian Thoroughbred racehorses. Australian Veterinary Journal, v. 86, n. 11, 419-424, 2008. LELEU, C.; COTREL, C. Body composition in young Standardbreds in training: relationships to body condition score, physiological and locomotor variables during exercise. Equine Veterinary Journal Supplement 36 98- 101, 2006 KEARNS, C. F.; MCKEEVER, K. H.; KUMAGAI, K.; ABE, T. Fat-free Mass is Related to One-Mile Race Performance in Elite Standardbred Horses. The Veterinary Journal v.163, p.260-266, 2002. ABREU, J. M. G.; FILHO, H. C. M.; MANSO, H. E. C. C. C. Composição corporal nos cavalos de trabalho. Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 4, p. 1122-1127, 2009 DAVIE, A. J.; EVANS, D. L.; HODGSON, D. R.; ROSE, R. J. Effects of Muscle Glycogen Depletion on Some Metabolic and Physiological Responses to Submaximal Treadmill Exercise Canadian Journal of Veterinary Research v. 63, p. 241-247, 1999 WESTERVELT, R. G.; STOUFFER, J. R.; HINTZ, H. F.; SCHRYVER, H. F. Estimating Fatness in Horses and Ponies Journal of Animal Sciences v. 43, p. 781-785, 1976.

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SAÚDE ORAL DE PRIMATAS Cebus apella (Linnaeus, 1758) NO CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES-IBAMA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1 COSTA, Rita de Cassia Silva,

2BOTTEON, Rita de Cássia Campbell Machado,

3NEVES,Daniel

Medeiros, 4VALLADARES, Maria Clara, e

5SCHERER, Paulo Oldemar

1. Programa de pós-graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ (Ciências Clínicas e Patologia Animal),

Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). BR -465 Km 7, Seropédica, 23890-000, RJ. E-mail: [email protected]; 2. Médica-veterinária, Dr.CsVs. Departamento de Medicina

e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ. BR 465 km 7, Seropédica, 23890-000, RJ. E-mail: [email protected]; 3. Médico-veterinário, Centro de Triagem de Animais Silvestres, IBAMA/Ministério do Meio Ambiente, Horto Florestal Mário Xavier, BR-465 Km 4, Seropédica, RJ; 4. Graduanda em Medicina Veterinária, Instituto de

Veterinária (IV), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). BR -465 Km 7, Seropédica, 23890-000, RJ; 5. Médico-veterinário, Dr.CsVs. Área de anatomia, Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia,

UFRRJ. BR 465 km 7, Seropédica, 23890-000, RJ. E-mail: [email protected]

Introdução

Tanto por semelhanças anatômicas e comportamentais, como por semelhanças bioquímicas com o ser humano, os primatas servem de sujeitos para estudos comparativos, particularmente pesquisas odontológicas (AMAND; TINKELMAN, 1985). Os procedimentos odontológicos em primatas não humanos apresentam uma série de agravantes, como a grande variação da morfofisiologia dental e oral e zoonoses associadas exigindo, portanto, apropriado conhecimento, treinamento, equipamento e precisão (WIGGS; HALL, 2003).

Reconhecida como especialidade privativa do Médico Veterinário (Resolução 625/95 do CFMV), a odontologia veterinária necessita de novas e alicerçadas informações que possibilitem identificar e compreender os mecanismos de ação das afecções orais e odontológicas em primatas não humanos de forma a evitar a perda precoce de elementos dentários e possíveis complicações sistêmicas e, dessa forma, contribuir para a manutenção do seu estado de saúde oral e sistêmica. Como ferramenta para melhores práticas de manejo clínico e cirúrgico odontológico de primatas não humanos em cativeiro neste estudo realizou-se o levantamento da saúde oral de macacos prego em cativeiro.

Materiais e Métodos

Este trabalho foi submetido à comissão

de ética da UFRRJ e todos os procedimentos contaram com a anuência e participação dos Analistas Ambientais do CETAS/IBAMA - RJ.

Foram avaliados 20 macacos prego (Cebus apella), onze machos e nove fêmeas entre jovens e adultos, oriundos de ações de repressão ao tráfico de animais silvestres e resgate de fauna por agentes de fiscalização do IBAMA, das Polícias Florestal, Civil e Militar

e entrega voluntária, mantidos sob a custódia do CETAS / IBAMA em Seropédica, RJ.

Para alimentação (frutas,verduras, coco verde, grãos e cerais integrais) eram utilizados comedouros em madeira. Bebedouros de cimento liso eram abastecidos com água potável através de tubos de PVC por acionamento manual.

Para avaliação da cavidade oral, após exame semiológico geral, os animais foram contidos inicialmente em seus respectivos recintos, por método mecânico através de apreensão com puçá, com cabo de madeira e rede de nylon grosso. A contenção química foi realizada, com Cloridrato de Cetamina (20mg/Kg por via intramuscular), após a pesagem individual. Na sala de avaliação odontológica foi administrado Sulfato de Atropina (0,02mg/Kg por via intramuscular) para evitar sialorréia.

No exame odontológico foram avaliadas as superfícies oclusal, interproximal, palatina, vestibular e lingual dos dentes da arcada superior e inferior, grau de sangramento à sondagem, retração gengival, mobilidade dentária, presença de biofilme (placa bacteriana), cálculo dentário e integridade dos tecidos moles de toda a cavidade oral. As mensurações foram realizadas por um único examinador utilizando-se espelho odontológico plano nº 5, sonda periodontal milimetrada e sonda Nabers.

Os dados de integridade dos elementos dentários, periodonto e tecidos moles da cavidade oral foram registrados em odontograma e periograma adaptados para primatas após documentação fotográfica dos animais e respectiva cavidade oral. Achados clínicos adicionais relevantes foram devidamente registrados.

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Resultados e Discussão

Uma fêmea adulta e um macho de dois anos (10%) com periodonto e elementos dentários sadios sem nenhuma perda dentária representaram o grupo de animais com todas as estruturas da cavidade oral saudáveis.

As alterações mais freqüentes foram a presença de cálculo dentário (14/20 - 70%); gengivite (8/20 - 40%) e periodontite (4/20 - 20%). Outras alterações observadas foram fraturas, exposição pulpar traumática, desgaste e ausência de elementos dentários. Fraturas coronárias ocorreram em oito animais (40%) (quatro machos e duas fêmeas) em dentes caninos (6/8 - 75%). Fraturas em dentes incisivos foram observadas em cinco dos oito animais com fratura dentária. Desgastes em dentes incisivos e caninos foram observados em sete animais (35%). Um macho e uma fêmea apresentaram exposição pulpar em decorrência de fratura coronária em dentes caninos. Um indivíduo do sexo masculino (aproximadamente 15 anos) apresentou exposição pulpar traumática do dente canino superior direito e fístula infra-orbitária associada à exposição pulpar e avulsão do dente canino superior esquerdo.

Os dados no que se refere às alterações encontradas são semelhantes aos resultados obtidos por FECHIO (2005) em um levantamento da prevalência de lesões orais em macacos prego em cativeiro no estado de São Paulo onde a doença periodontal (57%) e as fraturas (26%) foram às afecções mais prevalentes. Gengivite (57%), ausência dental (48%) e fraturas ocorreram em níveis ligeiramente superiores aos registrados neste estudo enquanto que a presença de cálculo foi muito superior. No presente estudo não foram observadas lesões compatíveis com osteodistrofia fibrosa, herpesvirose, hiperplasia gengival, bem como não foram identificados dentes supranumerários, giro-versão, maloclusão, apinhamento dental e cárie relatados por FECHIO (2005).

Os sinais comumente associados à doença periodontal como dificuldade em mastigar e triturar os alimentos e conseqüente anorexia, emagrecimento e alterações comportamentais relatados por GIOSO (2001) em cães e gatos não foram significativas. A doença periodontal relatada como um problema comum em primatas não humanos em cativeiro está relacionada a dietas inadequadas, ricas em carboidratos refinados e menos fibras naturais, assim como à forma e textura dos alimentos (HENNET; HARVEY, 1992). A origem dos animais deste justifica a presença de cálculo dentário em 14 animais

(70%), visto que dietas inadequadas quanto à sua composição, forma e textura são uma constante no dia-a-dia de animais mantidos ilegalmente em cativeiro.

Fraturas coronárias que ocorreram em oito animais (40%) foram mais frequentes em dentes caninos. Na espécie estudada os dentes caninos são mais largos, robustos e maiores em machos e por isso, sujeito a maiores forças de tração (ORLOSKY, 1973). Maus tratos, mordedura de jaulas, acidentes durante a contenção e o “corte” criminoso dos dentes caninos são frequentes no histórico de animais em cativeiro justificando a incidência de fratura coronária em dentes caninos (CURTIS et al., 1986).

ROBINSON (1979) chamou a atenção para o fato de que as doenças da cavidade oral em animais selvagens não eram bem compreendidas e documentadas por profissionais que trabalhavam com tais espécies. Esse relato refere-se aos anos 70 do século passado e o panorama atual não é muito diferente. Mesmo na clínica de pequenos animais onde mais de 70% dos pacientes apresentam doenças periodontais (GIOSO, 2001) é significativo o número de consultas em que não se realiza o exame da cavidade oral (DUBOC, 2008). O atendimento odontológico a essas espécies em geral consiste em limpeza dental e cirurgia oral, geralmente extrações (EURIDES et al., 1996). Conclui-se que os macacos-pregos (Cebus apella) nas condições desse estudo não apresentam a saúde oral adequada de modo que possa colaborar para um perfeito estado de saúde local e sistêmica.

Referências Bibliográficas

AMAND, W.B.; TINKELMAN, C.L. Oral disease in captive wild animals. In: Harvey, C.E. Veterinary Dentistry, Ed. Mosby, Year Book, St. Louis. p.289-308. 1985.

BRASIL. Lei 9605 de 08 de Maio de 1998 - Lei de Crimes Ambientais. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/L9605

DUBOC, M.V. Percepção de proprietários de cães e gatos sobre a higiene oral de seu animal. Dissertação (Medicina Veterinária, Ciências Clínicas). UFRRJ, 61p. 2008.

EURIDES, D.; GONÇALVES, G.F.; MAZZANTI, A.; BUSO, A.M. Placa bacteriana dentária em cães. Ciência Rural. v.26, n.3, p.419-422. Brasil. 1996.

FECCHIO, R.S. Prevalência de lesões orais em macacos-prego (Cebus apella) mantidos em cativeiro no estado de São Paulo. Monografia (graduação em Medicina

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Veterinária) Faculdade Metodista de São Paulo. 56p. São Paulo. 2005.

GIOSO, M.A. Odontologia Veterinária: para o clínico de pequenos animais. 1ª ed. Ed. Manole. 145p. 2001.

HENNET, P.R.; HARVEY, C.E. Natural development of periodontal disease in dog: a review clinical, anatomical and histological features. Journal of Veterinary Dentistry v.9. n.3, p.13-19. USA. 1992.

ORLOSKY, F.J. Comparative dental morphology of the extant and extint cebidae. University of Washington. Journal of Human Evolution, v.4, n.2, Washington DC.1973.

ROBINSON, P.T. A literature review of dental pathology and aging by dental means in non domestic animals. Journal of Zoo Animal Medicine. n.10, p.57-65, 1979.

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INTOXICAÇÃO POR FLUNIXINA MEGLUMINA EM EQUINO: RELATO DE CASO

¹CAMARINHA, Diogo Cruz; ²RAIMUNDO, Juliana Macedo; ³GUIMARÃES, Andresa; ¹ANTUNES, Vinicius;

1MELLO, Serafim Costa,

4BOTTEON, Paulo de Tarso Landgraf.

1Discente de graduação em Medicina Veterinária ²Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ;

3 Bolsista de Iniciação

Científica PROIC/CNPq 4Professor Adjunto dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Medicina Veterinária.

Palavras chave: Banamine®, antiinflamatório não esteroidal, cavalo

Introdução

As principais enfermidades que acometem os equinos são as desordens musculoesqueléticas e cólicas, cujo tratamento baseia-se basicamente no uso de antiinflamatórios não esteroidais (AINES) e terapia de suporte. Na clínica de equinos, a Flunixina Meglumina

(Banamine®) é empregada com maior

freqüência em síndrome de cólica, e adicionalmente seu uso tem sido relatado em afecções musculoesqueléticas e em casos de endotoxemia em pôneis e cavalos (SPINOSA et al., 2006).É um ácido aminonicotínico com potencial analgésico e antiinflamatório, cujo mecanismo de ação consiste na inibição da síntese de prostaglandina via inibição da cicloxigenase da cascata inflamatória (ADAMS, 1992). O uso prolongado ou em doses excessivas acarretam em efeitos tóxicos como ulceração do trato gastrintestinal, diarréia, insuficiência renal aguda, ataxia e incoordenação (CARRICK et al., 1989). Este trabalho teve por objetivo relatar um caso de intoxicação por Flunixina Meglumina em equino atendido no Hospital Veterinário de Grandes Animais (HVGA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Material e Métodos

Em Novembro de 2011, um equino macho inteiro, sem raça definida e com dez anos de idade foi atendido no Hospital Veterinário de Grandes Animais com queixa de sialorréia intensa e distúrbio renal. Segundo o proprietário atual, o animal apresentava sinais de cólica, como decúbito, apatia e anorexia e então foi administrado Banamine® (30mL por 15 dias) e Agrovet plus® durante 3 dias. Com o agravamento do quadro, um veterinário em consulta domiciliar suspeitou de falência renal, encaminhando o animal ao HVGA/UFRRJ. Nesta condição, foi feita abordagem clínica adequada, estabelecimento de tratamento de suporte, avaliação hematológica e bioquímica e exames complementares de imagem.

Resultados e discussão

Ao exame clínico constatou-se escore corporal baixo, úlceras na língua e lábios, movimentos intestinais aumentados e diarréia, alterações estas comumente observadas em intoxicação por flunixina meglumina (MacALLISTER et al., 1993). Além disso, evidenciaram-se turgor cutâneo diminuído, tempo de preenchimento capilar aumentado (4 segundos) e sialorréia intensa, manifestações estas conseqüentes ao processo primário. A patogenia da ulceração oral está relacionada à degradação da uréia em amônia por urease bacteriana. A amônia exerce efeito cáustico sobre a mucosa da cavidade oral resultando em lesões ulcerativas, conforme relatado por Dantas & Kommers (1997). Foram observadas escaras nos membros anteriores e posteriores, devido ao decúbito prolongado, linfonodos submandibulares infartados e edema em região caudal ao ramo esquerdo da mandíbula na inserção cabeça-pescoço. Temperatura retal, frequências cardíaca e respiratória apresentavam-se normais. Foi estabelecido tratamento de suporte direcionado aos sinais clínicos manifestados, constituído por fluidoterapia, trissulfin (25mL), pentabiótico (2 frascos), omeprazol (30cc), Hidróxido de alumínio (5cc), Hidróxido de magnésio (5cc), suplemento mineral e vitamínico. A fluidoterapia foi instituída visando repor a volemia mediante a desidratação constatada. A antibioticoterapia objetivou a prevenção de infecções bacterianas secundárias e os protetores gástricos foram administrados com intuito de favorecer a cicatrização das úlceras e proteger a mucosa gástrica. Após o 6º dia de tratamento, exames complementares foram realizados. Na ultrassonografia constatou-se espessamento da parede do esôfago; na endoscopia, presença de úlceras disseminadas ao longo do trato gastrintestinal e divertículo em região esofágica cervical. A administração crônica de AINES causa efeitos colaterais no trato gastrintestinal como ulceração gastroduodenal e colite dorsal direita. Estas complicações estão diretamente associadas à redução na

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produção local de prostaglandinas via inibição das cicloxigenases, consequentemente há redução na produção de muco citoprotetor de íons bicarbonato, expondo a mucosa ao efeito deletério do ácido clorídrico (MELO et al., 2007). Na avaliação hematológica, observou-se leucocitose neutrofílica, linfopenia, monocitose e eosinopenia, estes achados estão associados ao estresse sistêmico (MELO et al., 2009) e ao processo inflamatório decorrente das úlceras disseminadas ao longo do trato gastrintestinal (LEES et al., 1983). Na bioquímica sérica observou-se aumento da atividade de Aspartato aminotransferase (401 U/L), bilirrubina total (2,5 mg/dL) e direta elevadas (0, 5 mg/dL), concentração de uréia elevada (77 mg/dL), Creatina cinase elevada (241 U/L) fosfatase alcalina, creatinina e proteína total normais. A elevação da concentração sérica de uréia reflete a disfunção renal aguda (BUENO DE CAMARGO et al., 2006), associada, provavelmente, à necrose da crista medular renal, complicação esta relatada nos casos de intoxicação por antiinflamatórios não esteroidais (GUNSON & SOMA, 1983). A elevação da atividade sérica de AST, bilirrubina total e direta refletem alteração hepática. O aumento observado de AST é de ocorrência comum em animais tratados por longos períodos com antiinflamatório não esteroidal (TRAVERSA et al., 2003), podendo indicar necrose centrolobular do hepatócito (FIORUCCI et al., 1992). A administração empírica de AINES por pessoas pouco esclarecidas tornou-se uma prática comum nos centros de criação (MELO et al., 2009), o que eleva os riscos de toxidez. No presente relato de caso, foi administrada a dose diária de 30mL por um período de 15 dias, sabendo que a dose correta é de 1,1mg/Kg/dia por, no máximo, 5 dias e que o peso vivo do equino era aproximadamente 350 Kg, pode-se inferir que houve intoxicação por superdosagem do fármaco, ocasionando falência renal aguda iatrogênica e úlceras gastrintestinais. O animal ainda encontra-se em tratamento e monitoramento clínico em HVGA/UFRRJ.

Conclusões

Faz-se necessária a conscientização pública a respeito da importância de um acompanhamento clínico prévio por um médico veterinário para a determinação de protocolos terapêuticos, visto que, a ocorrência de intoxicação por uso indevido de fármacos tem se elevado expressivamente.

Referências Bibliográficas

ADAMS HR. Prostaglandinas. In: BOOTH NH, Mc DONALD LE. Farmacologia e terapêutica veterinária. 6 ed. Rio de Janeiro, Guanabara & Koogan,, p. 363-369, 1992.

BUENO DE CAMARGO MH, MORAES JRE, CARVALHO MB, FERRARO GC, PALMEIRA BORGES V. Alterações morfológicas e funcionais dos rins de cães com insuficiência renal crônica. Arq.Bras. Med. Vet. Zootec. V.58, p.781-787, 2006.

CARRICK JB, PAPICH MG, MIDDLETON DM, et al. Clinical and pathological effects of flunixin meglumine administration to neonatal foals. Can. J. Vet. Res. v. 53, p.195-201,1989.

DANTAS AFM, KOMMERS GD. Lesões extra-renais de uremia em 72 cães. Cienc. Rural v.27, p.301-306, 1997.

FIORUCCI S, ANTONELL, E,MENCARELLI A. A no-releasing derivative of acetaminophen spares the liver by acting at several checkpoints in the Fas pathway. British Journal Pharmacology v.135, n.3, p.589-599, 2002.

GUNSON DE, SOMA LR. Renal papillary necrosis in horses after phenylbutazone and water deprivation. Vet. Pathol. v.20, p.603-610, 1983.

LEES P, CREED RFS, GERRING EEL, GOULD PW, HUMPHREYS DJ, MAITHO TE, MICHELL AR, TAYLOR JB. Biochemical and haematological effects of phenylbutazone in horses. Equine Veterinary Journal v.15, p.158-167, 1983.

MaCALLISTER CG, MORGAN SJ, BORNE AT, POLLET RA. Comparison of adverse effects of phenylbutazone, flunixin meglumine, and ketoprofen in horses. . J. Am. Vet. Med. Assoc. v.202, p.71-77, 1993.

MELO UP, FERREIRA C, PALHARES MS. Motilidade gastrointestinal equina: fisiologia, mecanismos de disfunção e efeito da administração de diferentes drogas. Rev. CFMV v.41, p.41-56. 2007.

MELO UP, FIÓRIO RC, ARAÚJO TBS, FERREIRA C, SANTOS PM. Intoxicação por Fenilbutazona em eqüino: Relato de caso. Acta Veterinaria Brasilica, v.3, n.2, p.111-116, 2009.

SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 4.ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2006. 897p.

TRAVERSA G, BIANCHI C, DA CAS R. Cohot study of hepatotoxicity associated with nimesulide and other non-steroidal anti- inflammatory drugs. British Medical Journal v.327, p.18-22, 2003.

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COMÉRCIO DE PEIXE FRESCO EM ESTABELECIMENTOS VAREJISTAS NO MUNICÍPIO DE NITERÓI: ASPECTOS HIGIÊNICO-SANITÁRIOS.

1MACHADO, Nathalia de Souza;

1CID, Gabriela de Carvalho;

2JACINTHO, Guilherme Henrique;

3OLIVEIRA, Valéria Moura de

1 - Discentes do curso de medicina veterinária e bolsistas do Grupo PET – Medicina Veterinária (MEC/SESu) –

UFRRJ; 2 – Discente do curso de Medicina Veterinária UFRRJ; 3 - Professora Doutora do curso de Medicina

Veterinária DESP/UFRRJ

Palavras chave: pescado, qualidade

Introdução

A qualidade do pescado na cadeia de produção, distribuição e comercialização está vinculada à manutenção do seu frescor. Entende-se por peixe fresco o produto obtido de espécimes saudáveis e de qualidade adequada para o consumo humano, convenientemente lavado e que seja conservado somente pelo resfriamento a uma temperatura próxima a do ponto de fusão do gelo (BRASIL, 1997). O uso adequado do frio e sua correta manipulação irão determinar a excelência com a qual o pescado será consumido. É imprescindível conservar o pescado a baixas temperaturas, reduzindo a proliferação de microrganismos e preservando suas características sensoriais e nutricionais (MACHADO et al, 2010). As práticas da passagem do peixe fresco por intermediários até o consumidor final contribuem de forma decisiva para a sua deterioração e perda de seus atributos (AVDALOV, 2009). As boas práticas de manipulação dos alimentos são procedimentos que devem ser adotados a fim de garantir a qualidade higiênico-sanitária e a conformidade destes com a legislação sanitária, o que inclui a higienização das instalações, equipamentos e utensílios, o manejo de resíduos, a saúde dos manipuladores, o controle integrado de pragas, entre outros (BARROSO e WIEFELS, 2010). A ausência de tais cuidados aumenta a possibilidade de contaminação do pescado por microrganismos, sendo um risco para a saúde do consumidor e acelerando o processo de deterioração. Este estudo teve como intenção avaliar as condições de comercialização de peixe fresco em estabelecimentos varejistas, tais como: feiras livres, peixarias, mercados e supermercados, em regiões distintas do Município de Niterói.

Materiais e Métodos

Para o diagnóstico da situação e

captação de dados foram realizadas visitas em

vinte estabelecimentos, no mês de Julho de 2011. As espécies avaliadas foram anchova, corvina, dourado, pescadinha, pescada, sardinha e xerelete, com tamanhos variando de 20 a 50 cm. Sendo mensurada a temperatura ambiental e interna dos peixes com auxilio de termômetro de inserção, introduzido na musculatura dorsal destes e, para a avaliação das condições higiênico-sanitárias do local e do manipulador e características sensoriais do peixe fresco, utilizou-se um formulário baseado em legislações vigentes.

Resultados e Discussões

A temperatura ambiente durante o

período da coleta de dados variou de 17,2oC a

28,9oC, esta mais elevada detectada em uma

peixaria no bairro do Centro. Separando por regiões visitadas a temperatura interna variou de 2,4

oC a 15,6

oC nos estabelecimentos no

bairro do Centro, a máxima mensurada em um Box de um mercado tradicional de venda de peixe; de 2,7

oC a 11,6

oC nos bairros do

Fonseca e Barreto, a máxima detectada em uma “barraca de rua”; de 2,5ºC a 17,4

oC nos

bairros do Ingá e Icaraí, a máxima detectada em uma feira livre; e de 3,2

oC a 14,2

oC nos

bairros do Largo da Batalha e Itaipu, sendo a máxima também detectada em uma feira livre. As médias das temperaturas por tipo de estabelecimento foram de 15,2

oC nas feiras

livres; 5,7oC nas peixarias; no mercado como

houve uma variação no tamanho das amostras foi mensurada a média para peixes de 40 a 50 cm e peixes de 25 a 30 cm, sendo respectivamente 12,2

oC e 5,7

oC e nos

supermercados a média foi 4,8oC. Com

relação ao aspecto sensorial foram percebidas características da perda de frescor como olhos hemorrágicos e fundos, flacidez da musculatura, pele com limo superficial e ventre rompido em um dos supermercados avaliados, apesar de serem os estabelecimentos nos quais se obteve a menor média de temperatura de exposição. Porém, é sabido

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que os peixes permanecem estocados por um período maior nestes locais. Atualmente algumas redes de supermercados estão investindo em melhorias no setor de pescado, alguns possuindo registro como Entreposto de pescado, com um bom planejamento e mão de obra treinada. Em nenhuma das visitas foram encontradas condições de comercialização ideais, sendo verificada a presença de gelo em 50% dos estabelecimentos visitados, foi observado que nas feiras livres os peixes eram expostos à venda sem gelo, fato que pode ter colaborado com a média de temperatura mais alta detectada. O mais frequente de se observar nesta modalidade de venda é a falta de instalações e equipamentos adequados, falta de água potável e ausência de gelo (AVDALOV, 2009). A disponibilidade de gelo é imprescindível para se prolongar à vida útil dos peixes, soma-se a isso o fato de que as espécies deste estudo são formadoras de histamina, quando mal conservadas, colocando em riscos a saúde dos consumidores. Com relação aos manipuladores foi percebida a inadequação da vestimenta, como falta de avental, touca, botas, luvas e a manipulação de dinheiro. O manipulador é um dos principais veículos de contaminação por ausência de capacitação para trabalhar com alimentos. A não utilização de gelo e a falta de uniforme adequado pelos manipuladores também foi observado por Machado et al (2010) em pesquisa feita no litoral de São Paulo. A situação higiênico-sanitária do pescado comercializado internamente na América Latina e Caribe é deficiente, com frequência se observa falta de frescor, gelo e higienização (AVDALOV, 2009). A qualidade do peixe fresco está correlacionada com o tempo e a temperatura de manutenção desde sua obtenção na natureza até seu consumo final.

Conclusão

Com base nos dados obtidos foram

observadas falhas em relação às práticas higiênico-sanitárias que podem comprometer a qualidade do peixe comercializado, indicando a necessidade de uma fiscalização mais regular nos locais de venda.

Referências Bibliográficas

AVDALOV, N. Mirando hacia adentro - La situación higiénico-sanitaria del pescado en los mercados internos de la región. Infopesca Internacional, n. 39, p. 15-19, 2009.

BARROSO, R.M., WIEFELS, A.C. O mercado de pescado da região metropolitana do Rio de Janeiro – Proyecto Mejoramiento del Acceso a los Mercados de Productos Pesqueros y Acuícolas de la Amazônia CFC/FAO/INFOPESCA CFC/FSCFT/28, ISSN: 1688-7085, 2010. p.104. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Portaria nº 185, de 13 de maio de 1997, que aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Peixe Fresco (Inteiro e Eviscerado). Brasília: MAPA, 1997. MACHADO, T.M, FURLAN, E.F, NEIVA, C.R.P, et al. Prácticas higiénico-sanitarias en la pesca artesanal Litoral sur de São Paulo, Brasil. Infopesca Internacional, n. 42. p.33 – 36, 2010.

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AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE OVOS DE Trichuris vulpis EM DIFERENTES TEMPERATURAS

1SAAVEDRA, Andrea Franco;

1FIGUEIREDO, Karina Godet;

2VIEIRA, Vivian Suane de Freitas;

³RODRIGUES, Maria de Lurdes Azevedo

1Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq/UFRRJ, Discente do Curso de Medicina Veterinária; 2Mestranda do Curso de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da UFRRJ; ³Professor Associado II CPGPV-

DPA-IV-UFRRJ

Palavras-chave: cães, zoonose, refrigeração e congelação

Introdução

O número de cães como animais de companhia vem crescendo a cada ano nas residências do Brasil e do mundo. Esses animais podem servir de reservatórios para helmintos gastrintestinais que podem causar infecções em humanos (MANDARINO-PEREIRA et al, 2010). Trichuris vulpis é um nematoide cosmopolita que se localiza no ceco e outras porções do intestino de cães na fase adulta, e de acordo com relatos na literatura tem apresentado aumento de sua frequência em diferentes regiões do mundo, no entanto existem poucos relatos sobre sua biologia. Seu estudo é de grande importância para determinar a viabilidade dos ovos e a fase infectante, devido ao risco de potencial zoonótico, principalmente para crianças, que poderão contrair a Síndrome Larva Migrans Visceral (TAKASHI SAKANO et al, 1980). A contaminação ambiental por fezes eliminadas pelos animais vem sendo investigada intensamente nos últimos anos, devido às zoonoses que podem ser transmitidas por certos parasitas. A transmissão pode ocorrer diretamente, através de contato com animais infectados e também indiretamente, através da ingestão de água e alimentos contaminados (SILVA et al, 2007). Ovos de Trichuris vulpis têm sido encontrado em amostras de terra de parques e em fezes de cães em outros ambientes públicos (DUNN et al, 2002).

Material e Métodos

Foi realizada coleta de fezes de cão da raça Beagle, naturalmente infectado, pertencentes ao laboratório de Quimioterapia Experimental em Parasitologia Veterinária, DPA/UFRRJ. No laboratório de Helmintologia da Estação Experimental para Pesquisas Parasitológicas W. O. Neitz da UFRRJ as fezes foram processadas através da técnica de McMaster (GORDON & WHITLOCK, 1939), técnica mais utilizada para demonstrar a presença de ovos

de helmintos em fezes, para a avaliação da carga parasitária a partir do O.P.G. (ovos por grama de fezes). Os ovos de T. vulpis foram recuperados através da técnica de Rodrigues e Honner et al. (1985), e o desenvolvimento dos ovos à temperatura ambiente e sob refrigeração foi avaliado a cada mês. Em estudo para avaliação da influência de baixas temperaturas, por diferentes períodos, no desenvolvimento de ovos de T. Vulpis,foram coletadas fezes por uma semana e armazenadas sob refrigeração(±10 ºC). Quando se atingiu a quantidade aproximada de um quilograma, as fezes foram homogeneizadas com auxílio de espátula e processadas através da técnica de McMaster (GORDON & WHITLOCK, 1939) para a avaliação da carga parasitária a partir do O.P.G., separadas em amostras de 10 gramas cada e armazenadas sob refrigeração (±10° C) e congelação (- 4° C). As fezes submetidas à baixas temperaturas foram processadas através da técnica de Rodrigues e Honner et al. (1983), os ovos recuperados foram transferidos para placas de Petri e mantidos em diferentes temperaturas (em ambiente e em câmara do tipo BOD à 30º C) e foi realizada avaliação microscópica de 100 ovos em cada amostra, para avaliação da viabilidade e da fase de desenvolvimento dos ovos. O experimento foi iniciado em abril de 2011 (outono), semanalmente algumas amostras de fezes foram retiradas para processamento, ao longo da estação em questão (dias 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49, 56, 64 após o início da estação).

Resultados e Discussão

No estudo da avaliação dos ovos de T. vulpis recuperados a partir de fezes frescas o valor do O.P.G. ariou de 1300 a 9150, sendo a média de 3486. Em todos os valores de O.P.G. observou-se que os ovos de T. vulpis

obteve maior percentual que os de Ancylostoma sp. Segundo VASCONCELLOS et al, Ancylostoma caninum é o parasita de

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maior prevalência em cães. Os ovos foram expostos à temperatura ambiente entre os meses de setembro de 2010 a julho de 2011, a temperatura nesse período variou de 23,2 ºC a 30,8 ºC, com média de 26,7 ºC. A média de tempo de desenvolvimento durante o período foi de 25 dias, com variação de 10 dias, em fevereiro (30,8 ºC), à 56 dias, em maio (25,5 ºC). O desenvolvimento de ovos de T. vulpis em 10 dias neste estudo está de acordo com o encontrado por RUBIN (1953),que nas mesmas condições de temperatura larvaram em 9 dias. Os ovos mantidos sob refrigeração não apresentaram desenvolvimento. Como resultados do estudo de ovos recuperados de fezes refrigeradas e congeladas, não obteve-se variação significante no valor do O.P.G. das fezes submetidas à baixas temperaturas por diferentes períodos. A variação do tempo de permanência em geladeira e congelador, não interferiu no tempo desenvolvimento dos ovos à temperatura ambiente e em B.O.D. No outono, o desenvolvimento dos ovos submetidos à refrigeração e estimulados à temperatura ambiente variou de 30 a 60 dias, com média de 49 dias; e os congelados de 45 a 55 dias, com média de 51 dias. Em B.O.D., os ovos refrigerados apresentaram desenvolvimento de 15 a 50 dias, com média de 35 dias; e os congelados de 20 a 55 dias, com média de 39 dias.

Conclusão

A partir dos resultados, pode-se concluir que a temperatura influencia no desenvolvimento dos ovos de T. vulpis, pois à temperatura de 30º C (B.O.D.) os ovos se desenvolvem mais rapidamente do que à temperatura ambiente, e à temperatura de 10 ºC os ovos não desenvolvem Os ovos de T. vulpis permanecem viáveis quando submetidos a baixas temperaturas por diferentes períodos (7 a 63 dias).

Referências Bibliográficas

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CRIAÇÃO DA LIGA DE ANIMAIS SILVESTRES – LIAS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM SEU PRIMEIRO SEMESTRE

¹ ALBUQUERQUE, Ivaí Gomes de Lima Cesar de; ² MAKITA, Mário Tatsuo; ³ ALONSO, Luciano da Silva

¹ Membro do grupo PET Medicina Veterinária. Discente do curso de Medicina Veterinária da UFRRJ; ² Monitor da disciplina de Microbiologia Geral. Discente do curso Medicina Veterinária; ³ Doutor em Anatomia dos Animais

Domésticos e Silvestres. Professor Adjunto do Departamento de Biologia Animal da UFRRJ. Tutor do grupo PET de Medicina Veterinária UFRRJ – SESu/MEC

Introdução

O médico veterinário tem papéis que vão muito além da clínica de pequenos ou grandes animais. Há também áreas de pesquisa, saúde pública e de clínica de animais silvestres, tendo papel fundamental não apenas na conservação em zoológicos, mas ações em vida livre como captura, sedação, coleta de materiais para exames diagnósticos de doenças, planejamento dos procedimentos, estratégias e epidemiologia (ANDRIOLO, 2006).

Levando em conta esse fator, percebe-se uma ineficácia na transmissão de conhecimento referente a área por parte das Universidades no Rio de Janeiro. De modo geral, poucas Universidades brasileira apresentam algum tipo de programa de formação na área, havendo pouca profundidade na abordagem das questões ambientais tanto por parte dos discentes como docentes, mostrando ainda que há um tratamento reducionista das questões ambientais (ROCHA E SILVA e NOVICKI, 2005).

O objetivo do grupo é reunir os alunos interessados na área, de forma a incentivar o estudo e a divulgação do conhecimento científico e popular sobre o tema.

Material e Métodos

O grupo organizado LIAS – Liga de Animais Silvestres é uma iniciativa de graduandos de medicina veterinária em parceria com o grupo PET Medicina Veterinária, oficializado através da Pró-reitoria de Extensão (Pro-Ext).O grupo teve sua primeira reunião no dia 01 de setembro de 2011.

Fundamentalmente, o grupo realiza reuniões semanais com duração de até 2 horas onde em cada uma delas é apresentado um seminário elaborado pelos próprios alunos sobre um tema de livre escolha, previamente acordado, que tenha relação com a área, seja clínica, criação, produção, manejo, comportamento ou biologia.

Por ser uma área que requer grande prática e conhecimento não só da medicina veterinária, mas

também de zootecnia e biologia, o grupo busca ser dinâmico e realizar outras atividades além das reuniões, como atividades práticas e palestras de biólogos, veterinários, criadores e zootecnistas especializados na área.

Resultados

Através do trabalho em conjunto dos integrantes do grupo, já foram realizadas as seguintes atividades:

Demonstração prática de contenção de ratitas

Com auxílio de pessoal capacitado, foi demonstrado ao grupo, técnicas de contenção de ratitas de forma prática, sendo precedida de um esclarecimento teórico da técnica e elaboração de um plano de ação. Durante o procedimento ocorria constante comunicação dos dois envolvidos na contenção, evitando assim acidentes e demonstrando de forma didática a técnica o antes, durante e depois da contenção de um animal silvestre.

Ofidismo e técnicas de captura e contenção de serpentes

Palestra ministrada pelo Biólogo e mestrando do Laboratório de Herpetologia do Instituto de Biologia Animal, Edicarlos Pralon Silva, sobre as diferentes espécies de serpentes encontradas em território brasileiro. O discurso deu enfoque nos 4 gêneros de maior importância para saúde pública (Crotalus spp, Micrurus spp, Bothrops spp, Lachesis spp), mecanismo de ação da peçonha, tratamento e ocorrência e estatística dos acidentes, explanação sobre as técnicas de contenção e instrumentos utilizados.

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

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Com o apoio do grupo Pet Medicina Veterinária, a Liga de Animais Silvestres fez uma pequena mostra de animais peçonhentos e falou à comunidade sobre a prevenção de acidentes ofídicos e como proceder em casos de envenenamento. Foi informado como distinguir os diferentes gêneros de serpentes que comumente causam acidentes (já que o tratamento é diferente dependendo do gênero da serpente), como proceder em caso de acidentes, como evitar o encontro com animais peçonhentos, onde encontrar o soro antiofídico e a desmistificação de uma série de verdades e boatos.

Técnicas e melhoramentos na ranicultura

Aproveitando o tema “Herpetologia”, o criador Walter Correia Amorim foi chamado para discursar sobre as vantagens e desvantagens na criação de rã, instalações, biologia e técnicas para melhoramento do manejo e produção.

Conclusão

O estudo dos animais silvestres e do meio ambiente em si, proporciona um amplo meio de estudos e que precisa ser melhor explorado. O grupo LIAS começou com 14 alunos participantes e agora conta com a presença freqüente de 21 participantes, dentre eles 18 do curso de Medicina Veterinária e 3 alunos do curso de Zootecnia, promovendo também uma integração entre os cursos. Posteriormente, a Liga de Animais Silvestres visa o renovamento do convênio entre o CETAS/RJ (Centro de Triagem de Animais Silvestres/Rio de Janeiro) e a UFRRJ, podendo restabelecer a ligação legal entre as instituições e facilitar o acesso dos alunos.

Referências Bibliográficas

Andriolo, A. Desafios para a Conservação da Fauna, In: Cubas, Zalmir Silvino. tratado de Animais Selvagens – medicina veterinária. São Paulo, 2006, p. 19 – 25.

Rocha e Silva, R.; Novicki, V. Tratamento da Temática Ambiental em Cursos de Medicina Veterinária no Estado do Rio de Janeiro,16/06/2005. Dissertação de Mestrado – Universidade Estácio de Sá, Estácio de Sá, UNESA, Rio de Janeiro, Brasil. 2005.

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SENSIBILIDADE IN VITRO DE AGENTES AMBIENTAIS ISOLADOS DO LEITE DE CONJUNTO EM UNIDADES DE PRODUÇÃO DE LEITE C NO SUL DO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO

1BARROS, Janne Paula Neres de;

2LOPES, Luana Vilela;

1SANTOS, Renata Lanna dos;

2PEREIRA,

Ingrig Estevam; 3OLIVEIRA, Ângela;

4BOTTEON, Rita de Cassia Campbell Machado

1

Mestrado PPGMV, UFRRJ; 2

Graduação Medicina Veterinária UFRRJ; 3

Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária, UFRRJ;

4Departamento de Medicina e Cirurugia Veterinária, UFRRJ

Introdução

Os microrganismos envolvidos na gênese das infecções mamárias bovinas são classificados convencionalmente de acordo com as características do agente envolvido como contagiosos e ambientais.

Enterobactérias são os agentes mais frequentes na etiologia das mastites de origem ambiental (HOGAN et al., 1989; RIBEIRO et al., 2008) que é transmitida principalmente no intervalo entre ordenhas, em ambientes com excesso de matéria orgânica, dejetos e umidade (RIBEIRO et al., 2006). Klebsiella pneumoniae foi relacionada como importante causa de mastite clínica, no norte dos Estados Unidos (MUNOZ et al., 2006; PAULIN-CURLEE et al., 2007). Em casos de mastite clínica resultante da infecção por K. pneumoniae a terapia antimicrobiana tem efeitos limitados com perdas (HOGAN, SMITH, 2003). Prevenção de infecções através da redução da exposição de vacas ao agente tem sido o ponto principal dos programas de controle de mastite por agentes ambientais. O conteúdo fecal contribui para a presença de uma grande variedade de agentes isolados em rebanhos leiteiros (MUNOZ; ZADOKS, 2007; PAULIN-CURLEE et al., 2007). Apesar da crescente prevalência e incidência de infecções por agentes ambientais e do impacto das infecções sobre a saúde da vaca e produtividade, informações sobre a epidemiologia da mastite por Klebsiella spp. e outros agentes ambientais é limitada no Brasil.

Considerando a relevância desses agentes desenvolveu-se o presente estudo em que se buscou o isolamento de agentes ambientais em amostras de leite de conjunto de propriedades, a avaliação da sensibilidade in vitro das amostras isoladas.

Material e Métodos Foram analisadas amostras de leite de conjunto de 19 propriedades nos Municípios de Resende, Quatis e Porto Real, na região Sul Fluminense. Amostras de leite foram

obtidas em maio de 2011, diretamente da parte superior e central do tanque de expansão, após homogeneização com espátula de aço inox, acondicionadas em frascos esterilizados com tampa de rosca, mantidas sob refrigeração e encaminhadas para cultura, isolamento e identificação (KONEMAN et al., 2008). Testes de difusão em Ágar foram efetuados para as amostras identificadas segundo metodologia recomendada pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards (2000). Foram testados 42 princípios ativos de uso em medicina humana e em veterinária.

Resultados e Discussão Foram isolados principalmente E. coli (10/19 – 52,6%) e Klebisiela pneumoniae (5/19 – 26,3%), além de Staphylococus epidermidis (2/19 – 10,5%) e Staphylococus pseudointermedius (2/19 – 10,5%), e não foram isolados agentes contagiosos como S. Aureus, S. intermedius e S. Agalactiae relacionados como importantes agentes de mastite nos rebanhos mundiais (SANTOS & FONSECA, 2007). Os testes de sensibilidade evidenciaram microrganismos resistentes a uma ampla gama de antimicrobianos. Amostras de E. coli e Klebisiella pneumoniae foram resistentes a 15 e 13 antimicrobianos respectivamente. Ambos os agentes apresentaram todas as amostras resistentes a Claritromicina, Doxiciclina, Dicloxacilina e Eritromicina e mais de 50% das amostras foram resistentes aos antimicrobianos: Sulfametoxazol + Trimetoprim (80), Cefaclor (60), Cefadroxil (60), Cefalexina (60), Cefalotina (60), Cefapirina (60), Cefaridine (60), Amoxicilina + Ácido Clavulânico (60), Norfloxacina (50). Todas as amostras de K. pneumoniae (5/5) e 70% (7/10) de E. coli foram também resistentes à Azitromicina. S. pseudointermedius e S. epidermidis isolados no leite de quatro propriedades apresentaram perfis de sensibilidade divergentes, sendo o S. Pseudointermedius com resistência ao maior número de antimicrobianos e S. Epidermidis

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sensível a maioria dos princípios ativos testados. Destaca-se como relevância o fato de que muitos dos antimicrobianos aos quais as amostras foram resistentes incluem princípios ativos que não estão presentes em formulações antimastíticas, e tampouco são utilizadas em medicina veterinária, porém são comumente utilizados em medicina humana para tratamento de diversas enfermidades.

Conclusão

Caso os agentes isolados estejam envolvidos na etiologia da mastite nestas propriedades o tratamento será pouco efetivo pela variedade de resistência identificada.

Referências Bibliográficas HOGAN, J., SMITH, K. L. Coliform mastitis. Veterinary Research, v.34, p.507–519. 2003.

HOGAN, J.S., SMITH, K.L., HOBLET, K.H., TODHUNTER, D.A., HUESTON, W.D., PRITCHARD, D.E. Bacterial counts in bedding materials used on nine commercial dairies. Journal of Dairy Science, v.72, p.250–258, 1989.

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RIBEIRO, M.G.; COSTA, E.O.; LEITE, D.S. Fatores de virulência em linhagens de Escherichia coli isoladas de mastite bovina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, p.724-731, 2006.

RIBEIRO, M.G.; MOTTA, R.G.; PAES, A.C. Peracute bovine mastitis caused by Klebsiella pneumoniae. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, p.485-488, 2008.

ROBERSON, J.R., WARNICK, L.D., MOORE, G. Mild to moderate clinical mastitis: efficacy of intramammary amoxicillin, frequent milk-out, a combined intramammary amoxicillin, and frequent milk-out treatment versus no treatment. Journal of Dairy Science, v.87, p.583–592, 2004.

SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Eds). Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.

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OSTEOPATIA METAFISÁRIA DE COLO FEMORAL EM UM FELINO – RELATO DE CASO

1ANDERY, Priscilla Barbosa;

2VIVAS, Diego Gonzalez;

1SOUZA, Carla Caroline Franzini;

1MOURA,

Ana Paula dos Reis; 3BOTELHO, Rosana Pinheiro

1. Graduando em Medicina Veterinária da UFRRJ. 2. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) da UFRRJ, 3.Prof. Associado do Departamento de Medicina e Cirurgia

Veterinária da UFRRJ

Palavras-chaves: Gatos, fêmur, doença articular

Introdução

A osteopatia metafisária em colo femoral é uma doença articular rara em gatos, que acomete mais gatos machos, castrados, com menos de dois anos de idade, e geralmente são bilaterais

(QUEEN et al., 1998;

McNICOLAS et al, 2002). Os sintomas iniciais são as claudicações progressivas severas, podendo apresentar fratura de colo femoral. A radiografia caracteriza-se pela radioluscência e perda de definição óssea da metáfise proximal do fêmur à fratura de colo femoral

(QUEEN et al., 1998; VOSS et al., 2009). Histologicamente ocorre necrose óssea, congestão avascular e presença de fibrose tecidual (VOSS et al., 2009). Esta doença se assemelha a Legg- Calvé- Perthes nos cães, mas nos gatos há relatos de suprimento sanguíneo para as epífises através do ligamento redondo, impedindo assim essa artropatia degenerativa (HARESEN, 2004). O tratamento compreende a excisão artroplástica da cabeça e colo femoral ou na implantação de próteses coxofemorais, a fim de aliviar a dor, eliminar a claudicação presente e impedir uma doença articular degenerativa (DENNY e BUTTERWORTH, 2006). O prognóstico é bom se a resolução cirúrgica for rápida facilitando assim sua recuperação clínica (FISHER et al. 2004). O presente estudo tem como objetivo relatar um caso raro de osteopatia metafiseal bilateral de colo femoral em um gato, no qual a resolução cirúrgica consistiu na colocefalectomia bilateral com recuperação em um curto período retornando a sua função normal.

Relato de Caso

Um felino macho, da raça pêlo curto brasileiro (PCB), castrado, com um ano e meio de idade foi atendido com sintomatologia dolorosa nos membros pélvicos, relutância acentuada em andar e sem histórico de trauma. O proprietário medicava o animal por contra própria com cetoprofeno gotas, sem alteração no quadro de dor. No exame físico observou-

se dor intensa à palpação e manipulação das articulações coxofemorais, principalmente no lado esquerdo. Foi solicitada radiografia das referidas articulações, que evidenciou áreas de radioluscência com perda de definição óssea junto a metáfises/colos femorais bilateralmente, sendo mais acentuadas no membro esquerdo (figura 1). Foi diagnosticada necrose de colo femoral idiopática e optou-se pela cirurgia de colocefelectomia bilateral

Figura 1- Radiografia das articulações coxofemorais de felino portador de osteopatia metafisária de colo femoral. Observar a perda óssea dos colos femorais, mais acentuada na articulação esquerda.

A anestesia consistiu em acepromazina 0,05mg.Kg

-1IM e 3,0mg.Kg

-1IM de meperidina,

indução foi realizada com propofol (6,0mg.Kg-

1) e manutenção com isoflurano em circuito

aberto. Com o animal em decúbito lateral esquerdo foi executada tricotomia ampla dos membros pélvicos e quadril e assepsia com iodopovidona a 10% e álcool iodado. Foi realizada uma incisão cutânea craniolateral centralizada sobre uma das articulações coxofemorais; após retração e incisão da musculatura visualizou-se a capsula articular que foi incisada, e o ligamento da cabeça do fêmur seccionado com tesoura curva. O membro foi então girado no sentido externo para realização da colocefalectomia com uso de osteótomo e martelo. Após a excisão do colo e cabeça femoral utilizou-se cureta para retirada de bordas irregulares. Os músculos foram suturados com fio de poliglactina 2-0 e a pele com fio de nylon 2-0 no padrão

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descontínuo simples. O mesmo procedimento foi realizado no membro contralateral. O pós-operatório constou de amoxicilina com clavulanato de potássio (22mg.Kg

-1/PO/BID/14

dias), meloxican (0,1mg.Kg-1

/PO/SID/5 dias) e cloridrato de tramadol (2,0 mg.Kg

-1/PO/TID/7

dias). A primeira revisão clínico-cirúrgico realizou-se 14 dias após a cirurgia, quando retirou-se os pontos cutâneos; o animal andava normalmente mas observou-se atrofia muscular principalmente do membro posterior esquerdo. Foi prescrita fisioterapia com flexão passiva dos membros posteriores em sessões de 15 minutos quatro vezes ao dia por 7 dias e manteve-se o repouso. No segundo retorno clínico, aos 21 dias, o animal não apresentava atrofia muscular e já andava normalmente.

Resultados e Discussão

O quadro de dor intensa em ambos os membros pélvicos e as alterações radiográficas apresentadas pelo animal, além da faixa etária

(QUENN et al, 1998; MC

NICOLAS et al, 2002; VOSS et al, 2009) caracterizaram adequadamente a afecção no caso apresentado. Devido à doença ocorrer raramente em gatos, inicialmente notou-se a semelhança do quadro com a doença de Legg-Calvé-Perthes nos cães, observando-se, entretanto, a ausência de necrose da cabeça femoral na radiografia do paciente, o que efetivamente diferencia as duas afecções

(HARASEN, 2004; DENNY e BUTTERWORTH, 2006). Apesar de muitos cirurgiões ortopédicos veterinários indicarem preferencialmente a colocefalectomia unilateral, com um segundo tempo cirúrgico para o outro lado quando necessário, optou-se pela execução da técnica bilateralmente no mesmo tempo cirúrgico devido à gravidade do quadro de dor, irresponsivo à administração de medicamento. Considerou-se o resultado satisfatório, tanto devido à precocidade do tratamento (QUEEN et al 1998, FISHER et al, 2004; VOSS et al 2009), quanto à idade do paciente, com retorno da deambulação normal e abolição dos sinais de dor em curto espaço de tempo.

Conclusão

A identificação e diagnóstico precoces da osteopatia metafisária em colo femoral de felinos é fundamental para a aplicação do tratamento cirúrgico o mais rapidamente possível, com controle da dor, ótima recuperação e retorno da função dos membros pélvicos.

Referências Bibliográficas

DENNY HR, BUTTERWORTH SJ. Quadril. In: Cirurgia Ortopédica em Cães e Gatos. Ed. Roca, 4 ed, p. 352-382. 2006.

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