efeitos do exercÍcio fÍsico sobre o sistema imune

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• ARTIGOS ORIGINAIS PERFIL DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM ÀS VÉSPERAS DA FORMATURA E EXPECTATIVAS SOBRE O MERCADO DE TRABALHO E A PÓS-GRADUAÇÃO IMEDIATA SPROFILE OF NURSING STUDENTS JUST BEFORE GRADUATION AND THEIR EXPECTATIONS ABOUT THE MARKET AND ABOUT NURSING POST-GRADUATION Flávia Lilalva de Holanda e Allison Scholler de Castro Villas Boas CAPOEIRA: CONFIGURAÇÕES E DINÂMICAS CONTEMPORÂNEAS CAPOEIRA: CONTEMPORARY DYNAMICS AND FORMS Ana Rosa Jaqueira NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE ADOLESCENTES DURANTE O ENSINO MÉDIO TEENAGERS’ PHYSICAL ACTIVITY LEVEL DURING HIGH SCHOOL Fábio Luis Ceschini e Aylton Figueira Júnior ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS LESÕES EM BAILARINAS CLÁSSICAS EPIDEMIOLOGIC ASPECTS OF INJURIES ON CLASSIC BALLET DANCERS Juliana Andrade Vilas Bôas e Flávia Maria Serra Ghirotto • ARTIGOS DE REVISÃO COMPARAÇÃO ENTRE O TRATAMENTO NO SOLO E NA HIDROTERAPIA PARA PACIENTES COM OSTEOPOROSE: REVISÃO DA LITERATURA COMPARISON BETWEEN HYDROTHERAPY AND GROUND TREATMENT FOR OSTEOPOROSIS PATIENTS: A LITERATURE REVIEW Michelle Cristina de Souza Molina Gomes e Rosamaria Rodrigues Garcia EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE O SISTEMA IMUNE PHYSICAL EXERCISES EFFECT ON THE IMMUNE SYSTEM Jonato Prestes, Denis Foschini e Felipe Fedrizzi Donatto EFEITO DE UM DENTIFRÍCIO FITOTERÁPICO NA REDUÇÃO DE PLACA BACTERIANA E GENGIVITE – REVISÃO DE LITERATURA EFFECT OF A PHYTOTHERAPIC DENTIFRICE ON GINGIVITIS AND DENTAL PLAQUE REDUCTION - A LITERATURE REVIEW Wellington Pessotti, Cláudio Mendes Pannuti e Ricardo Raitz EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE HOTELARIA EM SAÚDE EVOLUTION OF HOTEL SERVICES’ CONCEPT IN HEALTH INSTITUTIONS Ângela Maria de Carvalho e Silva Rossini • PONTO DE VISTA QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MUNDIAL: PERSPECTIVAS PARA A SOBREVIVÊNCIA LIFE QUALITY AND WORLD SUSTAINABLE DEVELOPMENT: PERSPECTIVES TO SURVIVAL Aylton Figueira Júnior e Maria Beatriz Rocha Ferreira • NOTÍCIAS DO CENTRO DE SAÚDE • EVENTOS CIENTÍFICOS • NORMAS DE PUBLICAÇÃO DA REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Ano III - n o 7 - janeiro/março 2006 - ISSN 1678-054X Revista Brasileira de Ciências da Saúde

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• ARTIGOS ORIGINAIS

PERFIL DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM ÀS VÉSPERAS DA FORMATURA E EXPECTATIVAS SOBRE O MERCADO DE TRABALHO E A PÓS-GRADUAÇÃO IMEDIATASPROFILE OF NURSING STUDENTS JUST BEFORE GRADUATION AND THEIR EXPECTATIONS ABOUT THE MARKET AND ABOUT NURSING POST-GRADUATION Flávia Lilalva de Holanda e Allison Scholler de Castro Villas Boas

CAPOEIRA: CONFIGURAÇÕES E DINÂMICAS CONTEMPORÂNEASCAPOEIRA: CONTEMPORARY DYNAMICS AND FORMSAna Rosa Jaqueira

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE ADOLESCENTES DURANTE O ENSINO MÉDIOTEENAGERS’ PHYSICAL ACTIVITY LEVEL DURING HIGH SCHOOLFábio Luis Ceschini e Aylton Figueira Júnior

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS LESÕES EM BAILARINAS CLÁSSICASEPIDEMIOLOGIC ASPECTS OF INJURIES ON CLASSIC BALLET DANCERSJuliana Andrade Vilas Bôas e Flávia Maria Serra Ghirotto

• ARTIGOS DE REVISÃO

COMPARAÇÃO ENTRE O TRATAMENTO NO SOLO E NA HIDROTERAPIA PARA PACIENTES COM OSTEOPOROSE: REVISÃO DA LITERATURA COMPARISON BETWEEN HYDROTHERAPY AND GROUND TREATMENT FOR OSTEOPOROSIS PATIENTS:A LITERATURE REVIEWMichelle Cristina de Souza Molina Gomes e Rosamaria Rodrigues Garcia

EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE O SISTEMA IMUNEPHYSICAL EXERCISES EFFECT ON THE IMMUNE SYSTEMJonato Prestes, Denis Foschini e Felipe Fedrizzi Donatto

EFEITO DE UM DENTIFRÍCIO FITOTERÁPICO NA REDUÇÃO DE PLACA BACTERIANA E GENGIVITE – REVISÃO DE LITERATURAEFFECT OF A PHYTOTHERAPIC DENTIFRICE ON GINGIVITIS AND DENTAL PLAQUE REDUCTION - A LITERATURE REVIEWWellington Pessotti, Cláudio Mendes Pannuti e Ricardo Raitz

EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE HOTELARIA EM SAÚDEEVOLUTION OF HOTEL SERVICES’ CONCEPT IN HEALTH INSTITUTIONS

Ângela Maria de Carvalho e Silva Rossini

• PONTO DE VISTA QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MUNDIAL: PERSPECTIVAS PARA A SOBREVIVÊNCIA

LIFE QUALITY AND WORLD SUSTAINABLE DEVELOPMENT: PERSPECTIVES TO SURVIVALAylton Figueira Júnior e Maria Beatriz Rocha Ferreira

• NOTÍCIAS DO CENTRO DE SAÚDE

• EVENTOS CIENTÍFICOS

• NORMAS DE PUBLICAÇÃO DAREVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Ano III - no 7 - janeiro/março 2006 - ISSN 1678-054X

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EDITORIAL

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

O NUTRICIONISTA: A EVOLUÇÃO DE UMA PROFISSÃO

Há cerca de 60 anos emergia no Brasil a profi ssão de nutricionista. Àquela época, frente à tortuosa tarefa de construção da nacionalidade brasileira e de implantação das bases para a consolidação de uma sociedade capitalista urbano-industrial, o principal desafi o que se colocava a este profi ssional era a su-peração do perfi l epidemiológico nutricional daquele contexto, caracterizado, sobretudo, pelas doenças carenciais, particularmente, a desnutrição energético-protéica, a hipovitaminose A, a pelagra e a anemia ferropriva, associadas às condições de “subdesenvolvimento”, de pobreza, de fome, de desigualdades re-gionais e sociais. Nos dias atuais, àquele perfi l epidemiológico sobrepuseram-se as doenças nutricionais degenerativas, evidenciando-se a obesidade, o diabetes melito e as dislipidemias, consideradas como agravos do “desenvolvimento” e da “modernidade” existentes no país.

O desenvolvimento da ciência da Nutrição trouxe novas expectativas de mercado para o nutricio-nista, ampliando e diversifi cando sua atividade profi ssional e evidenciando para a sociedade a importân-cia desta ciência e de seu tradutor: o nutricionista.

Os avanços quantitativos e qualitativos conquistados pela categoria ao longo destas seis primeiras décadas de mobilização, de organização e de luta em busca de legitimidade, autonomia e identidade profi ssional são evidentes e, ao que tudo indica, irreversíveis. Dentre estas conquistas, pode-se desta-car a sensível ampliação dos campos de atuação profi ssional, fato gerador de um crescente processo de especialização e divisão do objeto de trabalho e estudo do nutricionista e, conseqüentemente, de uma melhor qualifi cação das suas habilidades e competências técnico-científi cas. Apesar da tendência à unifi cação ou uniformização dos hábitos e padrões alimentares que o processo de globalização eco-nômica parece desencadear, também se observa uma crescente preocupação e conscientização com o resgate e a preservação da “cultura alimentar” nacional, exercidos com o controle de qualidade e com a segurança alimentar. Ou seja, a incorporação de novos valores e princípios oriundos de outros cam-pos disciplinares, sem dúvida, propiciará a síntese de uma nova nutrição no século XXI, o que poderá contribuir para a superação do paradoxo nutricional brasileiro: desnutrição versus obesidade.

O aprimoramento constante e a extensão do conhecimento devem ser prioritários na carreira do nutricionista, assim como a elaboração de currículos de graduação e pós-graduação voltados para esta nova dimensão de conhecimento e atuação do profi ssional, já que o aprofundamento do saber em ciên-cias da saúde, do comportamento e do alimento dará a amplitude de atuação que o nutricionista tem o direito e o dever de realizar.

O curso de nutrição da Universidade Municipal de São Caetano do Sul compromete-se com este novo desafi o: o de formar nutricionistas comprometidos com a saúde da população, com amplo conhe-cimento nas ciências da nutrição, dos alimentos e do comportamento, de forma a contemplar o seu papel de profi ssional de saúde, sem perder de vista o ser humano, com sua cultura e história.

Profa. Ms. Celeste Elvira ViggianoCoordenadora do curso de graduação em Nutrição

da Universidade Municipal de São Caetano do Sul

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SAÚDE

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SUMÁRIO

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

PERFIL DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM ÀS VÉSPERAS DA FORMATURA E EXPECTATIVAS SOBRE O MERCADO DE TRABALHO E A PÓS-GRADUAÇÃO IMEDIATAPROFILE OF NURSING STUDENTS JUST BEFORE GRADUATION AND THEIR EXPECTATIONS ABOUT THE MARKET AND ABOUT NURSING POST-GRADUATION Flávia Lilalva de Holanda e Allison Scholler de Castro Villas Boas

CAPOEIRA: CONFIGURAÇÕES E DINÂMICAS CONTEMPORÂNEASCAPOEIRA: CONTEMPORARY DYNAMICS AND FORMSAna Rosa Jaqueira

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE ADOLESCENTES DURANTE O ENSINO MÉDIO TEENAGERS’ PHYSICAL ACTIVITY LEVEL DURING HIGH SCHOOLFábio Luis Ceschini e Aylton Figueira Júnior

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS LESÕES EM BAILARINAS CLÁSSICASEPIDEMIOLOGIC ASPECTS OF INJURIES ON CLASSIC BALLET DANCERSJuliana Andrade Vilas Bôas e Flávia Maria Serra Ghirotto

ARTIGOS ORIGINAIS

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COMPARAÇÃO ENTRE O TRATAMENTO NO SOLO E NA HIDROTERAPIA PARA PACIENTES COM OSTEOPOROSE: REVISÃO DA LITERATURA COMPARISON BETWEEN HYDROTHERAPY AND GROUND TREATMENT FOR OSTEOPOROSIS PATIENTS:A LITERATURE REVIEWMichelle Cristina de Souza Molina Gomes e Rosamaria Rodrigues Garcia

EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE O SISTEMA IMUNEPHYSICAL EXERCISES EFFECT ON THE IMMUNE SYSTEMJonato Prestes, Denis Foschini e Felipe Fedrizzi Donatto

ARTIGOS DE REVISÃO

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SUMÁRIO

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

EFEITO DE UM DENTIFRÍCIO FITOTERÁPICO NA REDUÇÃO DE PLACA BACTERIANA E GENGIVITE – REVISÃO DE LITERATURAEFFECT OF A PHYTOTHERAPIC DENTIFRICE ON GINGIVITIS AND DENTAL PLAQUE REDUCTION - A LITERATURE REVIEWWellington Pessotti, Cláudio Mendes Pannuti e Ricardo Raitz

EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE HOTELARIA EM SAÚDEEVOLUTION OF HOTEL SERVICES’ CONCEPT IN HEALTH INSTITUTIONSÂngela Maria de Carvalho e Silva Rossini

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PONTO DE VISTA

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EVENTOS CIENTÍFICOS

NORMAS DE PUBLICAÇÃO DAREVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

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QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MUNDIAL: PERSPECTIVAS PARA A SOBREVIVÊNCIA LIFE QUALITY AND WORLD SUSTAINABLE DEVELOPMENT: PERSPECTIVES TO SURVIVALAylton Figueira Júnior e Maria Beatriz Rocha Ferreira

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Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

PERFIL DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM ÀS VÉSPERAS DA FORMATURA E EXPECTATIVAS SOBRE O MERCADO DE TRABALHO E A PÓS-GRADUAÇÃO IMEDIATAPROFILE OF NURSING STUDENTS JUST BEFORE GRADUATION AND THEIR EXPECTATIONS ABOUT THE MARKET AND ABOUT NURSING POST-GRADUATION

ABSTRACT

This descriptive study intended to understand the profi le of students from the fi rst graduated class of Nursing at IMES just before graduation, their expectation about workplaces and their immediate improvement. This is a descriptive and transversal study, classifi ed according to its delineation as a survey and based on the quantitative statistics method. The data collection was made through a questionnaire, a report of complementary activities and an educational handbook of each student. Fifteen interviewees of the 18 registered students had been enclosed in the study. All of them were female. Most part was single, young and had no children. They were from the same location where the University is and had some knowledge about computer science and a foreign language. The scientifi c event was the extracurricular activity carried with more constancy during the graduation. The biggest expectation about their insertion in the market was regarding hospitals and 80% of the students intend to take nursing post-graduation programs on the fi rst year after graduation.

Keywords: nursing, college education, nursing students, students.

RESUMO

Este estudo descritivo teve como objetivo conhecer o perfi l do graduando da primeira turma do curso de Enfermagem do IMES às vésperas da formatura, sua expectativa de atuação e de atualiza-ção imediata. O presente estudo foi de natureza descritiva e transversal; classifi cado, segundo seu delineamento, como um levantamento e baseado no método estatístico quantitativo. O levantamen-to dos dados foi obtido mediante questionário aplicado aos alunos, relatório de atividades comple-mentares e o prontuário educacional de cada discente. Foram incluídas no estudo 15 respondentes de 18 alunas matriculadas. Todas eram do sexo feminino; a maioria era solteira, jovem e não possuía fi lhos. A maior parte era procedente de municípios adjacentes à Universidade e detentora de algum conhecimento em informática e língua estrangeira. O evento científi co foi a atividade extracurri-cular realizada de maneira mais constante durante toda formação. A maior expectativa de inserção no mercado de trabalho foi na área hospitalar e 80% pretendem fazer pós-graduação no primeiro ano depois de formadas.

Palavras-chave: enfermagem, educação superior, estudantes de enfermagem, perfil de alunos.

Flávia Lilalva de HolandaEnfermeira, mestre em Ciências Nefrológicas e docente auxiliar da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – IMES na unidade de Estágio Curricular Supervisionado Hospitalar

Allison Scholler de Castro Villas BoasEnfermeira mestre em Enfermagem Pediátrica; docente e coordenadora do curso de Enfermagem da Universidade Municipal de São Caetano do Sul e docente do Centro Universitário Nove de Julho

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Motivação do estudoAtravés do desenvolvimento de atividade como

docente da primeira turma de graduandos em en-fermagem, com o término do curso no final de 2005, houve a preocupação em fazer um evento que abordasse o tema mercado de trabalho e pós-graduação para o graduando que brevemente será um enfermeiro.

No planejamento desta atividade estabeleceu-se o propósito de ajudar as alunas a refletirem sobre a transição discente-profissional e a conhecerem a necessidade do mercado de trabalho para o enfer-meiro recém-formado. Para tanto, seria necessário conhecer o nosso aluno. Assim, surgiu a idéia em fazer um levantamento sobre o perfil, as expecta-tivas de atuação e de atualização do discente de enfermagem às vésperas de sua formatura.

1.2. A Graduação em enfermagem

O ensino em Enfermagem no Brasil, sob a res-ponsabilidade de enfermeiros surge no início da década de 1920, com a Escola Anna Néri, escola pa-drão à qual as demais deveriam ser equiparadas, se atendessem às exigências do Ministério da Educação e Saúde. A Escola, que completou, em fevereiro de 2003, 80 anos de existência, é uma instituição de vanguarda, segundo os princípios Nightingale. (1)

A profissão de nível universitário foi estabele-cida em 1962, pelo Conselho Federal de Educação (CFE), através de um Parecer, que determinou um currículo mínimo com duração de três anos e in-troduziu especializações em um quarto ano opta-tivo. (2)

As Leis e as exigências mudaram ao longo de toda a história do ensino de Enfermagem no Brasil. Para Souza (2000), “a mudança curricular é um dos caminhos para serem solucionados os problemas da formação e do exercício profissional na área de saúde”. (3)

A elaboração dos currículos para o ensino su-perior em Enfermagem deve seguir o princípio das novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos

cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição, homologadas em 3/10/2001 e manifesta-das pela Comissão de Especialistas da Saúde, sob o parecer de número CNE/CES 1.133/2001, que buscam “assegurar a flexibilidade, a diversidade e a qualidade de formação oferecida aos estudantes”. (4,5,6) Neste sentido, propõem o abandono das concepções rígidas das grades curriculares, para garantir uma sólida formação básica que prepare o futuro enfermeiro para enfrentar os desafios das rápidas transformações da sociedade, do mercado e também das condições de exercício profissional.

Estas diretrizes curriculares serviram de refe-rência na organização dos programas de formação deste discente e na construção do currículo do Curso de Enfermagem da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – IMES, o qual foi autoriza-do a funcionar pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) e Conselho Universitário (CONSUN), sob o parecer no 007, de 23 de outu-bro de 2001, e reconhecido em 19 de outubro de 2005.

Para sua primeira turma, foram abertas 60 vagas no exame vestibular. Inscreveram-se 71 candidatos e, em fevereiro de 2002, iniciou-se a primeira tur-ma, com 36 graduandos, finalizando em dezembro de 2005, com 18 discentes. O curso é ministrado no período vespertino e noturno, com duração de quatro anos e carga horária de 4.384 horas. (7)

A construção do curso foi direcionada na con-cepção do “cuidar”, uma ação inerente a todo ser humano, mas que ao ser exercido pela pessoa que detém o título de enfermeiro adquire caracterís-ticas especiais, pois o enfermeiro é a pessoa que possui conhecimento, alternância de ritmos, hones-tidade, coragem, esperança, humildade, paciência, características propostas por Mayeroff, 1971, que devam ocorrer de forma articulada e com uma re-troalimentação. (7)

Para que todas estas características ocorram de forma articulada e com retroalimentação, o proces-so de ensino-aprendizagem, desenvolvido no curso de graduação em Enfermagem do IMES, é estimula-dor da construção de conhecimentos oferecendo

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SAÚDE

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ARTIGOS ORIGINAIS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

competência e habilidade para o(a) enfermeiro(a) graduado(a) conseguir interação com o contexto e estabelecer diagnósticos onde haja autonomia para a sua atuação. Para tanto, o curso de enfermagem do IMES possui em seu currículo, atividades chama-das extracurriculares, complementares, optativas ou voluntárias e que devem ser procuradas por ini-ciativa do discente e que devem totalizar 40 horas no mínimo por ano. A conseqüência desta formação será um profissional com perfil de auto-educar-se, já que durante todo o processo de formação ele foi conduzido e estimulado a isto. (7)

1.3. O enfermeiro recém-formadoA profissão é regulamentada pela Lei 7498 de

25, junho de 1986 e Decreto Lei 94406 de 8 julho de 1987. É enfermeiro o titular do diploma de en-fermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei. O exercício da Enfermagem em todo território nacional é livre, entretanto só pode ser exercido por pessoas legalmente habilitadas e ins-critas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício. (8)

O perfil do egresso do curso de Enfermagem da Universidade Municipal de São Caetano do Sul deve contemplar a formação do enfermeiro gene-ralista detentor de capacidade crítico-reflexiva no exercício da enfermagem com rigor científico, inte-lectual, ético e valorizador do ser humano em seus processos vivenciais, bem como a busca constante do aperfeiçoamento de suas habilidades e na aqui-sição de novos conhecimentos. (7)

O enfermeiro recém-formado possui um amplo mercado de trabalho que oferece oportunidades de atuação em hospitais, empresas, creches, esco-las dentre outros, entretanto o mercado é melhor para aquele enfermeiro que é especialista. Para ser um especialista é necessário realizar um curso de pós-graduação, cujas modalidades existentes são: lato sensu e stricto sensu.

Segundo o Ministério da Educação e Cultura, o MEC, os cursos de pós-graduação lato sensu são voltados para o nível de especialização, mais dire-cionados às expectativas de aprimoramento aca-dêmico, profissional, de mercado, e com caráter de educação continuada. Têm carga horária mínima de 360 horas e duração máxima de dois anos não

computando o tempo de estudo individual ou em grupo sem assistência docente e àquele destinado à elaboração de monografia ou trabalho de conclu-são de curso. (9,10,11)

Os cursos de stricto sensu são direcionados para a continuidade da formação científica e aca-dêmica, como mestrado e doutorado, de alunos com nível superior. O curso de mestrado tem a duração de dois anos, no qual o aluno desenvol-ve a dissertação e cursa as disciplinas coerentes a sua pesquisa. Os quatro anos de doutorado são referentes ao cumprimento das disciplinas e a elaboração da tese junto à orientação. (9,10,11)

1.4. As autoras e a pesquisaÉ relevante conhecer o perfil de um discente

de hoje e um futuro profissional de amanhã, para que a escola e os docentes não só atendam a Lei de Diretrizes e Bases do Ministério da Educação e Cultura, mas também a necessidade do discen-te e a do mercado de trabalho. A partir destas observações, pergunta-se:

• Qual é o perfil do discente de enferma-gem do IMES às vésperas da formatura?

• Qual é a expectativa de inserção no mer-cado de trabalho após a formatura deste discen-te do quarto ano de graduação?

• Qual é a pretensão de realização de uma pós-graduação imediatamente após a formatu-ra?

Com o intuito de obter respostas aos ques-tionamentos feitos, o presente estudo teve o propósito de conhecer o perfil do graduando de enfermagem às vésperas da formatura, sua ex-pectativa de atuação e de atualização imediata.

2. OBJETIVOS

2.1. Verificar características demográficas, socio-

econômicas e educacionais dos discentes de en-

fermagem do quarto ano de graduação.

2.2. Identificar a expectativa de inserção do alu-

no no mercado de trabalho.

2.3. Averiguar o desejo de realização de curso de

pós-graduação imediatamente após a formatura.

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RBCS ARTIGOS ORIGINAIS

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3. METODOLOGIA

3.1. Tipo de estudoO estudo foi de natureza descritiva e transver-

sal, classificado segundo seu delineamento como um levantamento e baseado no método estatístico quantitativo. A pesquisa descritiva tem como obje-tivo primordial a descrição das características de determinada população e o levantamento caracte-riza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. (9)

3.2. Local de pesquisaA pesquisa foi desenvolvida na Universidade

Municipal de São Caetano do Sul, também conheci-da como IMES, localizada na cidade de São Caetano do Sul, no Estado de São Paulo.

3.3. PopulaçãoA população do estudo foi constituída de

15 (83,3%) discentes do curso de graduação em Enfermagem, entre os 18 que cursaram todo o quarto ano em 2005. Compareceram ao campus da universidade na data proposta para coleta dos dados 16, entretanto uma aluna foi excluída, por não ter obtido aprovação no curso.

3.4. Definições de termosPara melhor compreensão deste trabalho, houve

a necessidade de definirmos os seguintes termos:Formação educacional relacionada à atividade

curricular: corresponde ao trabalho de conclusão de curso.

Formação educacional relacionada às atividades extracurriculares: corresponde às atividades volun-tárias e/ou optativas desenvolvidas na graduação, consideradas complementares e previstas no cur-rículo pleno.

3.5. Instrumento de coleta dos dadosOs instrumentos usados para coleta dos da-

dos foram: a) um relatório de atividades comple-mentares, enviado pela coordenação do curso de graduação em enfermagem, contendo formação educacional relacionada às atividades curriculares e extracurriculares realizadas durante o curso, b)

prontuário educacional de cada discente e c) um questionário composto de cinco partes distintas:

Parte I: destinou-se a estabelecer o perfil do discente quanto ao sexo, idade, estado conjugal, municípios de residência e de trabalho, jornada de trabalho, tempo de serviço, número de vínculos de trabalho, modalidade de contrato do emprego, participação na economia familiar, custeio da men-salidade, obtenção de bolsa de estudo e tipo de transporte usado para chegar à universidade.

Parte II: destinou-se a averiguar a formação educacional acadêmica relacionada às atividades extracurriculares e curriculares, realizadas durante a graduação em Enfermagem.

Parte III: destinou-se a identificar o conhecimen-to em formação não-acadêmica em áreas como lín-gua estrangeira e informática.

Parte IV: destinou-se a verificar a expectativa de exercício profissional do discente imediatamente após a formatura com relação ao local de traba-lho.

Parte V: destinou-se a averiguar o desejo de re-alização de pós-graduação do discente no primeiro ano após a sua formatura.

3.6. Teste do instrumentoFoi realizado um pré-teste do questionário, com

seis discentes do 3o ano de graduação em enfer-magem para verificação da sua clareza, de tal forma que seu preenchimento fosse adequado. Não hou-ve a necessidade de reformulações significativas.

3.7. Coleta de dadosA coleta de dados foi realizada na primeira quin-

zena de dezembro de 2005, pelas próprias pesqui-sadoras, após aprovação do projeto de pesquisa pela Comissão de Ética e Pesquisa (CEP) do IMES. Apresentou-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos sujeitos da pesquisa, que concor-daram em participar do estudo. Em seguida, foi en-tregue o questionário para preenchimento e devo-lução imediata.

3.8. Tratamento dos dadosOs resultados obtidos foram apresentados de

forma descritiva e foi feita análise estatística apro-priada a cada caso.

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SAÚDE

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ARTIGOS ORIGINAIS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

A - Condições demográficas e socioeconô-micas do acadêmico de enfermagem

Todos os discentes eram do sexo feminino, com idade média de 23,3 anos (desvio padrão igual a 3,3 anos), mediana 22,3 anos (variação de 21,3 a 33,1 anos). Das graduandas, 12 (80%) eram solteiras, 14 (93,3%) não possuíam filhos e apenas 1 (6,66%) vi-via em situação de união consensual e possuía dois filhos adolescentes. A maioria das discentes recém-formadas era jovem; considerando que o seu cur-so teve duração de quatro anos, inferiu-se que a maioria das enfermeiras às vésperas da formatura ingressaram na Universidade com idade próxima a 20 anos.

Tabela 1 - Características das discentes do quarto ano de graduação em enfermagem do IMES, segundo estado civil e número de filhos. São Caetano do Sul, 2005.

Legenda:N = número% = porcentagem

Com relação à procedência das alunas (Tabela 2), 12 (80%) eram de municípios localizados pró-ximos à universidade, 4 (26,66%) de Santo André e 4 (26,66%) São Bernardo do Campo, 3 (20%) São Paulo e 1 (6,66%) Mauá. A mesma tabela de-monstra que 6 (40%) não trabalham e destas 2 (13,33%) moram nos municípios de Santo André, 2 (13,33%) em São Bernardo do Campo, 1 (6,66) em São Paulo e 1 (6,66%) em São Caetano do Sul. Das 9(60%) graduandas que trabalham, um ter-

ço mora e trabalha na mesma cidade, entretanto estuda em outra. É importante salientar que 4 (26,66%) discentes durante o seu dia percorrem três municípios para conseguir integrar moradia, ensino e trabalho, e apenas 2 (13,33%) realizam as três atividades na mesma cidade. Embora a maioria more nos municípios adjacentes à uni-versidade, um grande número 10 (66%) não dis-põem de carro para uso próprio e 9 (60%) usam transporte coletivo.

Quanto à participação da discente na vida eco-nômica da sua família, 6 (40%) não trabalham, ten-do seus gastos financiados pela família; 5 (33,33%) trabalham, mas recebem ajuda financeira de ou-tras pessoas. Nove (60%) alunas trabalham e 5 (33,33%) realizam atividades intra-hospitalares na própria enfermagem; 3 (33,33%) são estagi-árias de enfermagem e 2 (22,22%) auxiliares de enfermagem (Tabela 3). A jornada de trabalho semanal média (de todas as alunas que trabalham) foi de 25,9 horas (desvio padrão igual 8,8 horas); mediana 20 horas (variação de 15 a 40 horas).

Buscou-se também conhecer quem custeia a mensalidade desta discente: 10 (66,66%) são os familiares de primeiro grau, 1 (6,66%) a própria aluna e 4 (26,66%) possuem bolsa de estudo. Destas, 3 (20%) são bolsas totais e 1 (6,66%) é bolsa parcial. Estas bolsas de estudos estão vincu-ladas a projetos existentes na Universidade (mo-nitoria) e a projetos da Prefeitura de São Caetano do Sul. Houve ainda uma discente que ganhou a isenção de duas mensalidades pela realização de um projeto social.

A oferta de bolsa é um ganho tanto para o aluno, quanto para a instituição, pois permite que este aluno participe com mais interesse das ati-vidades acadêmicas, favorecendo maior produti-vidade, integração discente-cliente, discente-dis-cente e discente-docente assistencial. Além de proporcionar um alívio nos custos mensais da família.

Estado conjugal N %Solteiro 12 80,00Casado 02 13,33União consensual 01 6,66TOTAL 15 100,00Número de fi lhos N %Nenhum 14 93,332 fi lhos 1 6,66TOTAL 15 100,00

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RBCS ARTIGOS ORIGINAIS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 200611

Legenda:N = número% = porcentagem

Variável Município de trabalhoNão trabalha

Trabalha em Santo André

Trabalha em São Bernardo do Campo

Trabalha em São Caetano do Sul

Trabalha em São Paulo

Trabalha em Mauá Total

Procedência N % N % N % N % N % N % N %Santo André 2 13,3 2 13,3 0 0 0 0 0 0 0 0 4 26,6São Bernardo do Campo 2 13,3 1 6,6 0 0 0 0 1 6,6 0 0 4 26,6

São Caetano do Sul 1 6,6 0 0 0 0 2 13,3 0 0 0 0 3 20,0São Paulo 1 6,6 1 6,6 0 0 0 0 1 6,6 0 0 3 20,0Mauá 1 6,6 0 0 0 0 0 0 0 0 1 6,6

Total 6 40,0 5 33,3 0 0 2 13,3 2 13,3 0 0 15 100,0

Variáveis N %Participação na vida econômica da sua famíliaTrabalha, é o responsável pelo seu próprio sustento e não recebe ajuda fi nanceira. 1 6,66Trabalha, mas recebe ajuda fi nanceira de outras pessoas. 5 33,33Trabalha, é responsável pelo seu próprio sustento e contribui parcialmente para o sustento da família ou de outras pessoas. 3 20,00Não trabalha e seus gastos são fi nanciados pela família ou por outras pessoas. 6 40,00Total 15 100,00CargoEstagiária de enfermagem 3 33,33Auxiliar de enfermagem 2 22,22Recepcionista 3 33,33Gerente comercial 1 11,11Total 9 100,00BolsaZero 10 66,66Cinqüenta por cento 1 6,66Cem por cento 3 20,00Duas mensalidades 1 6,66Total 15 100,00

Legenda:N = número% = porcentagem

Tabela 2 - Distribuição das discentes do quarto ano de graduação em enfermagem do IMES, segundo local de residência e trabalho. São Caetano do Sul, 2005.

Tabela 3 - Distribuição das discentes do quarto ano de graduação em enfermagem do IMES, segundo suas características econômicas e laborais. São Caetano do Sul, 2005.

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SAÚDE

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ARTIGOS ORIGINAIS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

B - Formação educacional do acadêmico de enfermagem

Dentre as atividades extracurriculares desenvolvidas pelas alunas de graduação em enfermagem durante sua formação, podemos observar na Figura 1 que houve gran-de participação em atividades acadêmicas voluntárias e/ou optativas durante o curso de enfermagem.

A participação em eventos científi cos foi a atividade re-alizada de maneira mais constante pelas discentes durante os quatro anos de graduação (fi gura 1). Dos 52 eventos científi cos freqüentados pelas discentes de enfermagem, 32 (61,53%) foram realizados no IMES. Houve uma dedi-cação em média de 41,7 horas-ano por aluno nos eventos proporcionados pelo IMES. Em contrapartida, em eventos realizados em outras instituições, houve uma dedicação média de 15,5 horas-ano por aluno.

Quanto às 12 monitorias realizadas, participaram da atividade 8 (53,33%) discentes. Cinco discentes (33,3%)

realizaram uma monitoria e 3 (20%) discentes realizaram mais que uma monitoria. Destas, 2 (13,33%) alunas fi zeram monitoria de semiologia-semiotécnica durante o terceiro ano de graduação e elaboração do projeto de implantação da clínica de feridas no quarto ano; e 1 (6,66%) além das duas monitorias citadas, também participou no segundo ano de graduação da monitoria de ensino e pesquisa.

Conforme a Figura 1, os estágios extracurriculares foram divididos em dois grupos: o remunerado e não-re-munerado. Participaram do estágio não-remunerado, em unidade hospitalar, 3 (20%) discentes, sendo que este tipo de atividade teve início no segundo ano de graduação. Uma aluna iniciou o estágio não-remunerado no segundo ano de graduação e a mesma deu continuidade nos anos seguintes; portanto esta discente realizou três estágios, totalizando 470 horas de atividade. As outras 2 (13,33%) realizaram esta atividade no fi m da formação acadêmica. Realizaram o estágio extracurricular remunerado 3

0

5

10

15

20

25

30

Espec

ializa

ção

Residên

cia

Não Fa

modalidade de pós-graduação

porc

enta

gem

Não Fará

Saúde pública

Obstetrícia

Geriatria

Oncologia

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Eventos(horas-anos

por aluno)

Organizaçãode

evento(n° alunos)

Estágiorem

unerado(n° alunos)

Estágionão

remunerado

(n° alunos)

Iniciaçãocientífica

(n° alunos)

Atividadevoluntária

(n° alunos)

Monitoria

(n° alunos)

Visitatécnica

(n° alunos)

Participaçãoem

banca(n° alunos)

Autorizaçãopara

publicação(n° alunos)

1º ano

2º ano

3º ano

4° ano

Figura 1 - Gráfi co demonstrativo da distribuição do grupo, segundo formação profi ssional (atividade extra-curricular e curricular) desenvolvida durante a graduação. São Caetano do Sul, 2005.

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RBCS ARTIGOS ORIGINAIS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 200613

(20%) discentes do quarto ano de graduação, após seleção em um hospital particular, localizado no município de Santo André, durante dez meses, de segunda a sexta-feira, com uma carga horária indi-vidual de 880 horas.

Ainda na Figura 1, observa-se que houve uma maior participação em atividades extracurriculares no último ano de graduação. Entre estas atividades, três grandes eventos contaram com uma média de participação de 11 (73,3%) alunas na organização dos mesmos. É importante destacar que dois destes eventos, a “Semana de Enfermagem” e o “Mercado de Trabalho e Educação Continuada para o enfer-meiro recém-formado” tiveram a participação de todas as alunas na comissão de organização. Todas as 15 (100%) discentes realizaram visitas técnicas a dois hospitais: um de ensino e porte especial e outro de especialidade infantil. Ainda com relação às atividades optativas, houve a participação de 5 (33,33%) discentes como ouvintes em defesa de tese de doutorado e 2 (13,33%) alunas encaminha-ram um artigo. Este foi aceito em 2006 para ser publicado em uma revista indexada na área.

Percebemos que a participação em atividade de iniciação científica voluntária teve início no terceiro ano de graduação e foi realizado apenas por 1 (6,66%) aluna, conforme ilustrado Figura 1. Este contato inicial com a pesquisa, enriqueceu a formação da discente e alicerçou a continuida-de do estudo no quarto ano com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e o encaminhamento para publicação em periódico da área. Para Fava de Moraes, “todos os estudantes que fizeram inicia-ção científica têm melhor desempenho nas sele-ções para a pós-graduação, terminam mais rápido a titulação, possuem um treinamento mais coletivo e com espírito de equipe, detêm maior facilidade de falar em público e de se adaptar às atividades didáticas futuras”. (13)

Dentre as atividades curriculares realizadas du-rante a vida acadêmica, todas as participantes rea-lizaram pesquisa durante o período de graduação, que correspondeu ao Trabalho de Conclusão de Curso.

Diferentemente da iniciação científica voluntá-ria, o TCC ou monografia é uma exigência estabe-lecida pelas Diretrizes Curriculares para a área de

enfermagem no Brasil. Segundo Saupe (2004), so-mente cursos com visão prospectiva implantaram essa modalidade de estudo (14). Essa atividade não representa somente um exercício acadêmico, mas também é um indicador de qualidade da instituição de ensino e possivelmente contribui para a solução de problemas sociais. Uma grande vantagem da ini-ciação científica é a de permitir que a Instituição, por este programa, favoreça uma maior exposição dos melhores talentos dentre seus alunos. Além disso, é um erro admitir que a iniciação científica existe exclusivamente para formar cientista. Se o estudante de iniciação científica fizer carreira nes-sa área, tanto melhor, mas se optar pelo exercício profissional também usufruirá de melhor capaci-dade de análise crítica, de maturidade intelectu-al e, seguramente, de um maior discernimento para enfrentar as suas dificuldades e necessidades. (13,14,15)

Percebemos pela Figura 1 que houve dois ex-tremos durante a vida acadêmica do discente. No primeiro ano praticamente não houve participação em atividades complementares, que pode estar as-sociado ao período de adaptação ao ensino supe-rior, diferentemente do ocorrido no quarto ano, onde houve participação de forma mais freqüente às atividades extracurriculares voluntárias ou op-tativas.

Entendemos que a participação em atividades extracurriculares teve um papel importante na formação das discentes do IMES; pois, como re-comendado na Lei de Diretrizes e Bases - Lei no

9394/96, as mesmas transformaram suas realida-des participando na organização do seu plano de estudo e procurando oportunidades de aperfeiço-amento por iniciativa própria. (16)

C - Aquisição de conhecimento em outras áreas

Foi constatada pelas respostas analisadas, que a maioria das alunas (60%) possuem algum co-nhecimento em outra língua, além da nativa. A lín-gua estrangeira que as alunas referiram conhecer foi o inglês, sendo 5 (33,33%) com nível básico e 2 (13,33%) com nível avançado; e o espanhol, 4 (26,66%) com nível básico, 1 (6,6%) nível interme-diário e 1 (6,6%) nível avançado.

Pode-se afirmar que os conhecimentos de in-formática estão presentes em 14 (93%) das res-

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postas. Apenas 1 (6,66%) assinalou não possuí-lo. Na Figura 3 podemos verificar em que nível o aluno se classificou de acordo com o programa. A distribuição dos níveis básico, intermediário e avançado foi homogênea no programa Word. O nível básico predominou nos programas como o Excell 8 (53,33%), PowerPoint e internet 6 (40%). Em contrapartida nos programas Photoshop, Corel Draw, Web Design e Outlook, a minoria possui al-gum nível de conhecimento.

Embora estes dados sejam positivos, nos sur-preendeu a resposta de uma participante por não possuir conhecimento em programas de informá-tica e apenas a minoria possuir conhecimento no Outlook, uma vez que a instituição-campo de estu-do tem implementado uma política de investimen-to na formação, capacitação e assessoria técnica especializada ao discente, para atuarem no con-texto tecnológico e informatizado do mundo da saúde.

Segundo Ribeiro 2004, atualmente com o ad-vento da internet, mais e mais profissionais de saúde têm utilizado os computadores no ambiente de trabalho, fazendo com que as equipes de en-fermagem e médicas tivessem que se adaptar ao contexto. Ainda, segundo este autor, o computa-dor é mais uma ferramenta de trabalho, que reduz o tempo despendido para o registro e contribui para que o profissional disponha de mais tempo para assistência. (17)

D - Expectativas de inserção no mercado de trabalho

Dentre as expectativas de inserção no merca-do de trabalho imediatamente após a formatura, o ambiente hospitalar foi mencionado de manei-ra preponderante sobre os demais totalizando 12 (80 %) respostas. No ambiente extra-hospitalar, 1 (6,6%) aluna respondeu que pretende atuar na área de saúde pública (unidade básica de saúde e pro-grama de saúde da família) e outra na área domici-liária (assistência e internação). Apenas 1 (6,66%) não definiu sua expectativa de atuação profissio-nal. Cabe destacar que das 12 (80%) alunas, cuja resposta dada foi o ambiente hospitalar, 3 (25%) assinalaram concomitantemente outra alternativa como 1 (6,66%) saúde pública, 1 (6,66%) saúde pú-blica e creche e 1 (6,66%) ambulatório.

Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores, que avaliaram a inserção do en-fermeiro no mercado de trabalho com predomi-nância na área hospitalar. Esta predominância na área hospitalar começou na década de 1930 com a prática de enfermagem voltada para esta, contudo atualmente constata-se que um grande número de enfermeiros tem conquistado espaço em outras áreas como: programas de saúde da família, ambu-latórios e internação domiciliar. (3)

É importante ressaltar que a instituição-campo de estudo possui uma preocupação muito gran-de em formar um enfermeiro generalista. A prova disto é que o Estágio Curricular Supervisionado realizado durante todo o quarto ano, possui uma carga horária total de 720 horas, divididas em 360 horas intra-hospitalar e 360 horas extra-hospita-lar, de tal forma que possibilita ao aluno conhecer, escolher e participar de outras áreas de atuação

0% 20% 40% 60% 80% 100%

word

Excell

Power pointer

Photoshop

coreldraw

Internet

Outlook

web design

não respondeu não conhece respondeu apenas sim básico intermediário avançado

Figura 2 - Gráfico demonstrativo da distribuição do grupo, segundo o conhecimento em infor-mática. São Caetano do Sul, 2005.

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profissional mais próxima do seu perfil.Figura 3 - Gráfico demonstrativo da distri-buição do grupo, segundo expectativas de inserção no mercado de trabalho imedia-tamente após a formatura. São Caetano do Sul, 2005.

E - Intencionalidade de realização imediata de pós-graduação

Verifi ca-se que, das 15 discentes que participaram do estudo, 12 (80%) pretendem fazer um curso de pós-graduação lato sensu no primeiro ano após a for-matura. As demais pretendem apenas trabalhar para adquirir experiência profi ssional. Os cursos pretendi-dos, especifi cados na Figura 4, referem-se à especiali-zação (83,33%) e residência de enfermagem (13,33%). Dentre as respostas, a área de saúde pública e obste-trícia foram citadas nas duas modalidades.

Figura 4 - Gráfi co demonstrativo da distribui-ção do grupo, segundo intencionalidade de re-alização imediata de pós-graduação lato sensu no primeiro ano após a formatura. São Caetano do Sul, 2005.

Quanto ao tipo de instituição que este discente preten-de fazer seu aperfeiçoamento profi ssional, a escola privada

foi o mais citado. O município mais citado onde elas pre-tendem realizar o aperfeiçoamento foi cidade de São Paulo, embora a maioria das discentes seja residente do grande ABC. Isto pode estar associado à maior oferta de cursos na cidade de São Paulo.

5. CONCLUSÕES

Diante dos objetivos propostos para este estudo, os resultados permitem chegar às seguintes conclusões:

• Todas as 15 discentes que constituíram a popu-lação eram do sexo feminino;

• A maioria das discentes, às vésperas da forma-tura, era jovem (idade média de 23,3 anos), solteiras e sem fi lhos, procedentes de municípios adjacentes à Universidade e a maioria usava transporte coletivo;

• Da população estudada, 40% não trabalhavam e seus gastos eram fi nanciados pela família. Do total de alunas, 26,66% possuíam bolsa de estudo;

• Dentre a formação educacional não-curricular, a participação em eventos científi cos foi a atividade mais constante durante sua graduação e a Universidade foi o principal local de participação. A monitoria também teve um importante papel ao longo da formação acadêmica. Entretanto apenas 1 (6,6%) aluna realizou iniciação cien-tífi ca voluntária;

• Das 15 discentes, 9 (60%) alunas possuem co-nhecimento na língua inglesa ou espanhola. A grande maioria possui algum conhecimento na área de informá-tica.

• Há maior expectativa de atuação profi ssional das discentes, às vésperas da formatura, no ambiente hospitalar. Doze alunas (80%) pretendem fazer um curso de pós-graduação lato sensu no primeiro ano após a for-matura e o curso de especialização em obstetrícia foi o mais citado.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa procurou conhecer o perfi l do aluno que estamos formando. Para a instituição é impor-tante ter estas informações, pois servirá de base para es-tudos posteriores, visando à verifi cação de manutenção ou mudança nas características do discente.

Além de avaliar o perfi l dos discentes, outros estudos devem ser feitos com o objetivo de relacionar fatores causais dos seguintes achados: atividades extracurricula-res concentradas no último ano de graduação, iniciação científi ca voluntária e produção científi ca pequenas.

60.02%

6.66%

6.66%

6.66%

6.66%

6.66%6.66%

hospital

hospital e saúde pública

hospital, saúde pública e creche

saúde pública e domiciliária

0

5

10

15

20

25

30

Espec

ializa

ção

Residên

cia

Não Fa

modalidade de pós-graduação

porc

enta

gem

Não Fará

Saúde pública

Obstetrícia

Geriatria

Oncologia

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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14. Saupe, Rosita; Wendhausen, Águeda Lenita Pereira; Machado, Heloisa Beatriz. Model for introducing or revi-talizing the fi nal monograph. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [online]. Jan./Feb. 2004, V. 12, n.1 [cited 1o March 2006], p. 109 - 114. Available from World Wide Web: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692004000100015&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0104-1169.

15. Pereira, Ligia de Oliveira; Inocenti, Adriana; Silva, Graciette Borges da. Scientifi c initiation in the nur-sing undergraduate programme of the University of São Paulo (1993-1996): critical analysis. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [online]. July 1999, V.7, n. 3 [cited 28 February 2006], p.77-86. Available from World Wide Web: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691999000300011&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0104-1169. 16. Lei de Diretrizes Bases do Ministério da Educação e Cultura. http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=view&id=427&Itemid=296. Acesso em: 3/2/2005.

17. Ribeiro M.A.S; Lopes M.H.B.M. Mensuração de atitu-des de enfermeiros e médicos sobre o uso de computa-dores na era da Internet. Ver Latino-am Enfermagem 2004 março-abril; 12(2):228-34.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Lopes G.T. et al. Perfi l do egresso da faculdade de Enfermagem da UERJ - estudo preliminar. Rev. Enferm. UERJ. Rio de Janeiro, edição extra, p. 38-50,1996.

Nakamae D.D. Caracterização socioeconômica e educa-cional do estudante de enfermagem na escolas de Minas Gerais. Rev Esc Enf USP. V. 31, n.I, p. 109-18, abr.1997

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9. http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=view&id=427&Itemid=296.

10.http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/resolu-cao12001.pdf.

11. http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=view&id=598.

12. Gil A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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RBCS ARTIGOS ORIGINAIS

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CAPOEIRA: CONFIGURAÇÕES E DINÂMICAS CONTEMPORÂNEASCAPOEIRA: CONTEMPORARY DYNAMICS AND FORMS

RESUMO

Este ensaio enquadra-se numa idéia maior de discussão de Temas Atuais sobre a Capoeira, a qual encontra sua pertinência frente ao panorama atual de evolução geográfi ca1 e de dinâmica cultural pelas quais passa o patrimônio cultural brasileiro denominado por capoeira. Cumpre salientar que do prisma da Educação Humana pelo qual nos norteamos – a Educação Física e o Desporto em todo os seus hibridismos científi cos, temos no objeto capoeira um meio e um fi m em si mesmo, respectivamente, o que nos permite enquadrá-lo conforme a especifi cidade de cada disciplina, mas nunca dissociá-lo de sua originalidade cultural. Sendo assim, e partindo do pressuposto de nossa experiência na praxis da capoeira ao longo de anos e, contemporaneamente, enquanto docente as-sistente desta cadeira de Estudos Práticos na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, bem como através de nossos estudos académicos os quais tiveram e tem por objeto esta manifestação brasileira, concluímos ter por signifi cantes a exploração desse mundo ímpar suas nacionalidade e singularidade cultural, que entretanto, quando tratado da óptica antropológica do homo sportivus2, personagem histórico o qual imprime no mundo em que vive as marcas da dinâmica sociocultural a qual é afecto, deixa transparecer através desse formato as maiores similitudes e as menores diferenças que confl uíram e que confl uem para o surgimento, de-senvolvimento e dinâmica dos jogos e dos desportos na sua própria ação. Objetivamos então trazer ao lume e em generalidade o estado da arte capoeira3 em sua terra natal e pelas bandas da Europa, ambientes os quais pudemos observar diretamente, salientando como tópicos norteadores para as nossas inferências a sua conformação social intra e intergrupos nos brasis, bem como em determina-das partes do Velho Mundo, assim como aspectos técnicos da expressão em causa. Convém advertir que nossa aventura considera o objeto capoeira nas vertentes expressas por seus protagonistas – os capoeiristas, nos formatos diversos de jogo, luta, desporto e espetáculo, contrapondo discursos e posturas implícitos e manifestos em suas vãs tentativas de vocalizar pressuposta unicidade de índole para a sua prática.

Ana Rosa JaqueiraProfessora assistente da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra([email protected])

1. Em perspectivas macro (nacionalidade) e micro (regionalidade), Araújo e Jaqueira em A luta da capoeira: refl exões acerca da sua origem (2004), inferem ser de nacionalidade brasileira a expressão em causa, e em perspectiva micro, concluem serem ainda insufi cientes os documentos fatuais e orais acerca desta temática, bem como são incipientes, superfi ciais e tendenciosos os estudos que buscar determinar uma regionalidade original da capoeira.2. Conceito que, segundo Tubino em O que é esporte, surgiu no fi nal do século XX e engloba aquelas pessoas que de alguma forma incorporaram a atividade física ao seu cotidiano, independentemente de sua idade, sexo, condição social e em qualquer das dimensões do desporto apontadas pelo autor em questão: es-porte-educação, esporte-participação e esporte-performance.3. Em suas existências Capoeira Angola, Capoeira Regional e subpráticas.

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ABSTRACT

This essay is part of a more extensive idea about discussions on Current Topics regarding “Capoeira”, being pertinent due to the current panorama on the geographical evolution and to the cultural dynamics from which it is included the Brazilian cultural patrimony, called Capoeira. It is important to point out that from the point of view of Human Education from which we are guided – Physical Education and Sports in all its scientific hybridism, we have on “capoeira” the middle and the end by itself, allowing us to enclose it according to the specification of each sub-ject, but never dissociating it from its cultural originality. Thus, and starting from assumptions on our experience on the habit of practicing “capoeira” through these years, and currently, as Assistant Instructors of this chair of Practical Studies on Physical Education and Sports Science at the Coimbra University, as well as through our academic studies which aimed and still aims at this Brazilian manifest, we concluded that our object is the exploration of the uniqueness of this world, its nationalities and cultural singularity, that however, when looked from the an-thropological point of view of the homo sportivus (historical character who prints marks of the sociocultural dynamics he was affectionate with on the world he is living) is clear through this format the greatest similarities and the smallest differences that contributed and still con-tributes to the creation, development and dynamics of games and sports in its own action. We aimed at showing, generally, the condition of the “capoeira” art in its native land and throughout Europe – places we could directly observe, emphasizing as leading topics our interferences on social adaptation inside and among groups in Brazil, as well as in some parts of the Old World – as well as technical aspects of the expression of it. It is worth warning that our adventure con-siders “capoeira” an object of its slopes expressed by its performers – called “capoeiristas”, on the different forms of game, fight, sport and show, opposing implicit speeches and attitudes, and manifests on vain attempts of vocalizing the existence of some single behavior for its practice.

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1. Panorama geral da capoeira hodierna4 A observação do quadro confi guracional da capoeira

coeva, tendo por delimitação temporal as últimas décadas do século XX e espacial, o Brasil e alguns países nos quais ela é desenvolvida, apresenta-nos uma situação fenomenal de progressão em número de praticantes e de distribuição desses em seu país original, bem como no resto do mundo, caracterizando uma rede espontânea a priori, e consequen-temente desorganizada ou pouco articulada, a posteriori.

Todavia, o que se observa desse universo em expansão no tocante aos seus avanços territoriais é uma forte or-ganização extra-ofi cial que paralela e indiferentemente ao centro do poder instituído para tal, se consolida indelevel-mente sob a bandeira da expansão da cultura brasileira, que em discurso mais reducionista e politicamente correto, se proclama uma expressão afro-brasileira. Considerando que a discussão acerca dessa criação dos então neobrasileiros5

não cabe neste mero ensaio, partimos por dissecar esse pol-vo em seus tentáculos, ou por segmentar as malhas da rede confi guracional6 da capoeira mundial, sui generis em toda a sua especifi cidade e travestida de espontaneidade.

Contudo, cingidos ao tema específi co que nos impeliu a aventurarmo-nos neste ensaio, apontamos o cerne de nos-sa proposta:

• Quais estrutura e dinâmica permitem à capoeira es-tabelecer-se de forma avassaladora no Brasil e transpor-se para o mundo?

• Tais estrutura e dinâmica permanecem adequadas ao seu modelo original, aquando de sua sobrevivência em paí-ses estrangeiros?

Para respondermos a tais questões, iniciaremos por ten-tar apresentar, a partir da nossa óptica, a confi guração da capoeira de nossos dias.

O jogo/luta da capoeira é uma expressão dinamizada conforme as interferências psicológicas e sociais ocorridas em seu seio, onde destacamos as expressões de jogo, de

arte-marcial, de defesa-pessoal, de desporto e da arte do espetáculo, as quais, muitas vezes representam a luta codifi -cada em uma linguagem pertinente à necessidade simbólica do momento. Assim sendo, e de acordo com a observação dessa pesquisadora no ambiente da capoeira e pela con-substanciação que a literatura afi m possibilita, buscaremos delinear o perfi l da capoeira coeva7 e dos seus praticantes.

1.1. Em seus aspectos técnicosRetomando o discurso acerca dos estilos da capoei-

ra, e partindo do pressuposto teórico das suas múltiplas transformações8 como produto da dinâmica cultural do jogo/luta, deparamo-nos com o quadro atual de uma ex-pressão paradoxalmente dicotomizada em estilos, iden-tifi cados como capoeira Angola e capoeira Regional, que nos contextos que lhes são próprios se apresentam fac-cionadas signifi cativamente.9 Tais estilos, por sua vez são faccionados também em manifestações outras que ainda não foram avaliadas rigorosamente quanto aos seus as-pectos diferenciadores e referentes às técnicas de ensino ou de expressividade, mas apresentando-se impregnadas de ideologias, sectarismo e ânsia pelo poder por parte dos mentores de tais facções ou grupos.

Dos estilos Angola e Regional de capoeira e, conse-quentemente, das facções ou grupos que se evidenciam nos seus contextos, constatamos que os aspectos ba-lizadores ou diferenciadores destes grupos nunca são referentes à movimentação rítmica da capoeira ou às suas componentes de natureza cinética, como era de se supor, mas derivam tão somente das mentalidades de seu idealizadores que concorrem para alimentar as suas posições radicais e muitas vezes alienantes em relação ao conhecimento que julgam ter acerca do objeto em questão.

Em relação ao aspecto técnico difundido pelos ca-poeiristas de nosso tempo, devemos também abordar o fato da existência de certos preciosismos técnicos de expressão corporal (gesto e movimento), os quais aten-tam contra a individualidade10 biológica e capacidade

4. Atenta-se aqui para o fato de os capoeiristas segmentarem a expressão em causa em estilos e por entenderem que as dinâmicas sofridas pelo estilo denominado Capoeira Regional merecerem nomes específi cos, apesar de serem incapazes de diferenciá-los em questões técnicas, por exemplo. Assim sendo, uma dessas formas dinamizadas da capoeira recebeu o título de Capoeira Contemporânea, entendimento o qual guarda sentido diferenciado de nossa proposta do retratar o universo capoeirístico contemporâneo aos nossos dias como um todo, e não como um estilo.5. Darcy Ribeiro em O povo brasileiro, denomina por neobrasileiro o gentílico nascido em solo brasileiro, composto em seus primeiros núcleos por brasilíndios e afro-brasileiros.6. Norbert Elias em Introdução à Sociologia conceitua como confi guração as relações entre indivíduos em uma associação qualquer que obedece a um padrão da mutabilidade, ou seja, a interdependência entre tais indivíduos é que determina o formato mutável da confi guração a qual eles estruturam.7. Jaqueira, em Análise do comportamento agressivo na capoeira, sob a concepção dos mestres, capítulo I.8. Araújo, em Abordagens sócio-antropológicas da luta/jogo da capoeira.9. O sentido aqui aplicado ao termo facção refere-se às tentativas de subdivisões dos grupos de capoeira, que apesar de se propalarem praticantes de um dos dois estilos da luta brasileira, divulgam-se como tendo diferentes formas de expressividade, procurando apresentar-se como uma nova via de expressão da capoeira e distintas nos mais variados aspectos daquela que é a matriz que as originou, apoiados em preciosismos, tais como uma forma de gingar altamente padronizada entre os componentes de um determinado grupo, e de maneira a levar à identifi cação da pertença deles por outro capoeirista observador.

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expressiva de cada um, por impor certo gestual e rígida padronização de movimentos aos elementos de um grupo de capoeira, de forma a apresentarem-se como autênticos autómatos e inidentifi cáveis no todo, enquanto pessoas,11 automação esta injustifi cada biomecanicamente, logo, sím-bolo evocativo ou alegoria de algum ideário individual, origi-nalmente atribuídos ao seu líder. Assim sendo, ultrapassa-se o panorama da expressão da cultura física para a expressão da cultura corporal e de regimentos internos subliminares,12 de forma que muitos elementos dos grupos de capoeira buscam apresentar-se fi sicamente análogos ao seu mestre, em penteados, tatuagens e pelo uso de outros adornos cor-porais.

Ainda no tocante à expressão física da capoeira ou aos seus aspectos técnicos, podemos dizer que a metamorfose se realiza a todo tempo, quer pela inclusão de novos mo-vimentos e golpes apropriados de outras expressões ou mesmo desenvolvidas criativamente em seu âmago, seja pela exclusão de outros golpes e movimentos, a partir de argumentos falaciosos vinculando-os à efi ciência e à estética, ou mesmo pela falta delas, conforme a avaliação subjetiva de seus utilizadores, mais especifi camente a do seu líder – o mestre.

Apesar de alguns folcloristas13 nacionais apresentarem em suas obras a descrição dos elementos que compunham o arcabouço dos movimentos e dos golpes da expressão em causa, não é possível precisar o seu quantitativo na ca-poeira de hoje nem tampouco de outrora, visto inexistirem estudos que retratem a evolução e a dinâmica dos mesmos na sociedade brasileira, que levem em consideração a sua variabilidade gestual e nominal inter estilos, e igualmente, a criatividade dos indivíduos anteriormente referidos, de for-ma consciente e algumas vezes irracional, somente funda-mentada na necessidade de afi rmação de pessoas e grupos com objetivos de evidenciar certa superioridade técnica sobre outras facções.

Para exemplifi car o anteriormente aludido, e tomando por referência a classifi cação do estilo de capoeira denomi-nado Regional, no qual os golpes e movimentos foram es-truturados como básicos, traumatizantes e desequilibrantes, referimos Almeida14 (1994), o qual apontava para o descarte

de certos golpes, os quais, por um lado não são mais ensi-nados pelos mestres de capoeira, e por outro criticava, a inclusão de golpes e fi losofi as de outros lutas na capoeira, as chamadas (pelo autor) lutas alienígenas.

Evidentemente, é possível encontrarmos analogias nos dias de hoje àqueles objetivos pugnados pelo Mestre Bimba, o criador do estilo Regional acima referenciado, que na busca pela efi ciência e efi cácia nos confrontos concorre para a criação de novos modelos e pela incorporação de novos movimentos de outras tantas lutas hoje conhecidas. Entretanto, há que se diferenciar a expressão do mestre re-ferido, cujo aspecto agonístico fora criado para permitir-se usá-lo no combate lícito entre opostos, das atuais manobras ilícitas e demonstrativas de má intenção utilizadas no ato do jogo/luta da atualidade e de alguns grupos ditos inovadores.

Conforme o tratamento dado ao assunto até o pre-sente momento, podemos inferir que o quadro atual da capoeira é envolto pela capacidade criadora e nem sem-pre fatual daqueles que registraram a sua história. A citação apresentada anteriormente demonstra mais uma vez um discurso de um mestre de capoeira e autor voltado para o seu tempo individual, e alheio às novas confi gurações que o tempo coletivo proporciona, sejam elas boas ou más, não nos cabendo este juízo de valor.

Inquestionavelmente, o arcabouço de movimentos e golpes da capoeira se tem enriquecido ao longo dos tem-pos, quer pela observação e adoção por parte dos capo-eiristas do que é útil e efi caz a outras modalidades de luta enquanto consumação de seu objetivo quer pela criação de novas expressões e movimentos de luta e da dança, como também, se empobrecendo pela exclusão de outros, isto por razões diversas, mas nunca consistentemente funda-mentadas. Este processo de ganhos ou perdas decorre de episódios da própria dinâmica cultural a que o jogo/luta está sujeito, ressaltando porém, que o acréscimo considerável de golpes e de movimentos hoje observados não só decorre dos fenómenos anteriormente referidos, mas muitas vezes revela-se através da aglutinação de dois ou mais movimen-tos e/ou golpes em um, recebendo posteriormente, uma nova denominação que nos conduz à idéia de que se trata de algo novo.

10. Vide estandardização intergrupo, a qual deverá ser idêntica entre matriz e fi liais, bem como nos aulões de capoeira, quando todos os presentes executam movimentos por imitação, numa paródia a eventos de áreas organizadas para certo fi m, e que, incoerentemente, são criticadas pelos capoeiristas por atentar contra a criatividade e liberdade de cada um.11. O que contraria a posição de Sousa em A passagem de “indivíduo” à “pessoa” no universo da capoeira, o qual conclui que tal dá-se em função dos con-hecimentos técnicos adquiridos, dos rituais tais como o batizado, e de situações específi cas que identifi cam a marca pessoal de cada um, ou seja, o respeito à individualidade, insinuando que antes de ser capoeirista o indivíduo dissolvia-se como sendo somente mais um na multidão.12. Os quais referenciados pelo mesmo autor da nota anterior (no 11), referentes à pertença ao grupo que o cerimonial de batizado confere ao capoeirista, o qual daí por diante assumirá uma obrigação especial sendo a principal delas ser um guerreiro com a função de carregar e defender o grupo.13. Cascudo (1954), Carneiro (1977).14. Mestre Itapoan, ex-aluno e biógrafo do criador do estilo Regional de capoeira.

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Para ilustrar tal fato, podemos citar uma ação de defesa denominada esquiva, classe de movimento onde o próprio nome traz a sua função, que segundo a óptica dos capoeiris-tas e sem consideração à perspectiva mecânica dos planos e eixos anatómicos em que se executa, atribuir-se um nome distinto para um mesmo movimento realizado ora no eixo sagital, ora no eixo frontal, e ainda, conforme o plano do movimento. Surgem assim em progressão geométrica uma infi nidade de movimentos e de golpes, que variam quanto à sua utilização ou não, de grupo para grupo e/ou de estilo para estilo.

Quanto às questões técnicas da capoeira, ainda nos pa-rece relevante citar que outros golpes e movimentos são abolidos de sua prática em decorrência de um julgamento estético dos mentores do grupo, que muitas vezes não leva em conta a própria efi ciência do movimento, por mais sim-ples que este pareça, enquadrando-se na perspectiva dos modismos muito comuns em grande parte desses agrupa-mentos de capoeira da contemporaneidade, que mais de-veriam apresentá-los e ensiná-los como forma de permitir a escolha racional dos golpes e movimentos por eleição individual. Para exemplifi car o exposto, muitos dos grupos excluíram de seu rol de movimentos a cocorinha, uma for-ma de esquiva, somente por entendê-la ultrapassada para a modernidade e anti-estética, além de considerá-la em um âmbito menos relevante para o contexto de uma luta - a moda.

Quiçá uma avaliação mais detida dos golpes e movi-mentos da capoeira da contemporaneidade classifi casse e caracterizasse o rico repertório de ações e reações espeta-culares, estética e complexamente trabalhadas, mas que, por certo, muitas destas formas de expressividades corporais não se apresentariam efetivamente como elementos ade-quados para a capoeira enquanto prática de luta.

1.2. – Em sua confi guração grupalEntendemos por grupo de capoeira a associação de

pessoas com o intuito de aprendizagem, de desenvolvi-mento e de treinamento da modalidade em questão, ob-servando-se contudo, neste contexto, características além técnica, uma pretensa veia fi losófi ca para a expressão e para o seu grupo, sendo esta muito variável entre estes últimos, e entre os distintos estilos considerados neste ensaio. A padronização destes conjuntos de pessoas, estandardizados em grupo inicial ou primeiro, denominado de grupo matriz e seus subgrupos, que levam também o nome da matriz e são denominados por grupos fi liais, denuncia a confi guração

económica e jurídica falseada da capoeira atual, em contra-posição a um discurso corrente de manutenção da tradição histórica da luta brasileira.

Em algum momento de toda esta confl uência de idéias podemos observar que no tocante à expressão corpórea da capoeira, tais facções adornam os seus estilos de ex-pressão física com mímicas e gestos, os quais entendemos por preciosismos gestuais que funcionam como uma senha entre seus pares, uma linguagem corporal específi ca padro-nizada intra e inter grupos, contrariando assim, o discurso manifesto da parte dos capoeiristas quanto aos princípios da inclusão social, da tolerância às diferenças, da liberdade e criatividade tão difundidas pelas facções que ensinam a capoeira, fomentando desta maneira, o sentimento de per-tença e de submissão ao grupo, desenvolvidos sobre uma falsa idéia de superioridade técnica.

Outro aspecto que nos chama a atenção no contexto da transmissão dos fundamentos da capoeira, é o do processo ensino-aprendizagem-treinamento desta expressão corpo-ral de luta, que em face dos elementos constantes da biblio-grafi a sobre esta temática, nos leva a crer que tal processo desenvolve-se de maneira geral intuitivamente por parte de seus transmissores, não se confi gurando a presença de qualquer método específi co quer para o ensino de crianças, jovens ou adultos, e para qualquer das suas vertentes, no âmbito educativo ou no treinamento da capoeira enquanto prática corporal de luta. Posição contrária por nós apresen-tada nas linhas anteriores, é defendida por Almeida (1994), que considera existirem mestres comprometidos com a essência do esporte-luta e que, desenvolveram trabalhos sérios pautados em metodologias específi cas e coerentes com os fundamentos15 da capoeira, fato este, que rearfi -mamos não se comprovar através da literatura consultada inerente à esta luta brasileira, nem através da observação direta dos vários grupos de capoeira, em quaisquer dos es-tilos conhecidos.

Salientamos que contemporaneamente, a modalida-de capoeira é utilizada como um meio para o atingir dos objetivos particulares dos seus mentores mais destacados socialmente, que por muitas vezes por falta de escrúpulos, consumidos na fogueira das vaidades, fazem coincidir no mesmo plano idéias da transformação do arcabouço técni-co da capoeira sobre argumentações de cunho meramente estético, voltados a modismos, e principalmente, baseados e si próprios enquanto indivíduos ou em função de auto-con-ceitos, de interesses pessoais e de motivações individuais, o que interfere signifi cativamente na consolidação da luta

15. Aceti (2005), afi rma que quando questionados os mestres de capoeira acerca do conceito dos fundamentos dela, vê delineado um caleidoscópio de entendi-mentos diversos, dos quais podemos citar como exemplos os apontados por Sousa (1998): o estar por dentro do universo da capoeira, conhecer a biografi a do mestre do grupo e saber respeitá-lo, saber a função dos instrumentos e tocá-los, conhecer as músicas e saber improvisar corridos e chulas.

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brasileira, distorcendo deste modo o natural cotidiano his-tórico da capoeira e dos seus praticantes, e que no contex-to atual dessa expressão se apresenta para os capoeiristas como um aspecto positivo de modernidade.

2. O indivíduo capoeirista e sua crença na capoei-ra

A conformação grupal da capoeira hodierna e o papel de primazia efetivado por seu líder, notoriamente difundido como peça-chave do rol de uma tal tradição da capoeira não encontra outra justifi cativa para sua existência que não a já argumentada anteriormente, ou seja, é fundada no indivíduo (o capoeirista) e na rede de interdependên-cia que do universo da capoeira emana, na capacidade de liderança do representante do poder grupal e, na tradição da capoeira, como em todas as manifestações de cultura existentes, de se dinamizar através dos tempos ou de se extinguir.

Lembramos que em sua dinamização para o meio urba-no ainda no século XIX, confi rmada documentalmente na cidade do Rio de Janeiro, os ajuntamentos de indivíduos que manifestavam alguma movimentação física belicosa eram denominadas de bandos, grupos, magotes ou ajuntamentos e fi nalmente maltas de capoeiras, praticantes de capoei-ragem,16 refl etindo a partir desta argumentação, o ideário contemporâneo acerca da tradição grupal da capoeira, deli-mitado pela caracterização do indivíduo capoeirista de hoje e do indivíduo capoeira de outrora.

Conforme fora anteriormente aventado, os documen-tos que registram a existência da capoeira no Rio de Janeiro do século XIX são autos de prisão e notas de jornais, os quais abordam o tema conforme o entendimento de épo-ca. Inclusos nesses grupos de pessoas as quais promoviam entre outras ações na cidade, tais como roubos, assuadas e outras formas de perturbação da paz estavam gentes de toda a sorte e cores17 e nem todos eles se utilizavam de movimentos e golpes de luta para atacar ou se defender, pelo menos que fossem de uma luta de formatação qual-quer diferentemente de briga de rua, como também essa famigerada luta corporal não era o seu objeto primeiro de existência.

Interessa destacar o fator de confl uência das pessoas que formavam o grupamento denominado malta de capo-eiras ou de indivíduos colocados à margem socialmente, ini-cialmente assistemático e composto por ajuntamentos de negros, mesmo que proibidos, os quais foram associados,

conforme os estudos de Araújo (1997), a fatores religiosos, de infortúnio, de ascensão social, de consolidação territo-rial, voltados quase sempre para a defesa dos interesses, da segurança e integridade física dos seus membros. Contudo e de forma muito relevante, ressalta ainda o autor anterior-mente referenciado, que dos documentos compulsados em função da pesquisa por ele empreendida, não se poder ex-trair sequer a idéia do uso de técnicas corporais inerentes à capoeira no decorrer dos confrontos grupais citadinos efetivados pelas maltas de capoeiras.

Oportunamente, devemos ainda apresentar a caracte-rização das referidas maltas enquanto regimento interno de indivíduos, sendo que para tanto tal organização adotava certa confi guração hierárquica e funções defi nidas a cada grau dessa pirâmide, confi guração esta que denotava rigidez e se pautava em alguns princípios comunitários ou valores sociais, tais como: solidariedade, lealdade, prudência, bravura, valentia, coragem, respeito às normas e aos níveis hierár-quicos.

Nos permitindo um pequeno salto cronológico, avista-mos já o século seguinte em suas primeiras décadas, aquan-do da dicotomia da capoeira em estilos Angola e Regional, momento em que esta confi guração grupal se apresentava distinta das conformações historicamente aludidas e tam-bém das estruturações hodiernas dos grupos de capoeira, bem como de outras dinamizações empreendidas através desta expressão, esboçar-se nesta concatenação de eventos um novo indivíduo praticante desta expressão, diferenciado então do capoeira ou capoeiro adepto da capoeiragem, sen-do este o capoeirista, contemporaneamente enquadrado às condições social, política e cultural da nova realidade que apresenta o nosso objeto de discussão, cooptado enquan-to exercício de defesa-pessoal, ou expressão de carácter lúdico, ou desportivo, o que contribui sobremaneira para a difusão e aceitação social dessa prática como elemento do arcabouço cultural brasileiro.

Até o fi m da primeira metade do século XX é possível constatar através da literatura sobre a capoeira e nas as-sociações que tiveram como liderança o Mestre Bimba e Mestre Pastinha,18 os motivos que decorreram para as suas constituições se apresentarem idênticos, primeiramente, aos fatores religiosos, de infortúnio, de integridade física dos seus membros, lúdicas, e por fi m comerciais, não sendo este último, o fator principal.

Contrariamente, os grupos que se foram constituindo após a difusão destes estilos em todo o território brasi-

16. A ação isolada de indivíduos, ou de grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fi ns maléfi cos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado. (Araújo, 1997).17. Bretas (1991).18. Representante mor do estilo de capoeira denominado Angola.

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leiro por ex-integrantes dos grupos dos mestres Bimba e Pastinha, se constituíram a partir do ideário dos indivíduos considerados os líderes destes agrupamentos em edição atualizada, evidenciando-se em primeiro plano os motivos de cariz comercial, independentemente da presença dos motivos relacionados à difusão cultural e da expressividade lúdica da capoeira, e em nada se aproximando das caracte-rísticas constitutivas dos grupos referenciados para o século XIX e para a primeira metade do século XX.

Atualmente, nestas tais representações de brasilidade dos capoeiristas em seus grupos, independente dos seus estilos, vê-se introduzindo um sentido quase obrigatório e ainda um tanto velado, uma certa carga de espiritualidade entre seus adeptos, que ronda os arranjos de verdadeiras seitas ou confrarias, em sentido doutrinário. Desprende-se também desse arroubo em direção às mentes mais proséli-tas a argumentação da existência de uma tal fi losofi a da ca-poeira – luta de resistência - de forma a validá-la socialmen-te perante outras expressões de luta, independentemente do reconhecimento de seus valores enquanto expressão de cultura e não enquanto grupo de pessoas, que buscam inconscientemente na confi guração anacrónica das maltas, uma justifi cativa para sua fi ctícia vertente fi losófi ca, quiçá em arremedo à outras manifestações agonísticas que re-servam códigos de conduta basilares ainda voltados à sua função original, difundidas mundialmente e constituídas de elementos fi losófi cos consistentes.

Para além dos aspectos os quais consubstanciam o en-tendimento da existência de uma comunidade que expressa física e culturalmente uma das emanações mais represen-tativas de brasilidade no mundo, cogitamos sobre a atual deturpação do que seriam meras opções de crenças indivi-duais de ícones desta expressão em outros tempos, para o que transformou-se falaciosamente em argumentação para a vinculação do misticismo à esta prática de expressão cor-pórea e ainda adolescente em busca de sua pedra fi losofal, visionada pelos ícones contemporâneos aos nossos dias.

Estes indivíduos assumem certo status e pertinência para a expressão capoeira que vão além de seus propósitos sociais, culturais e educacionais, os quais por si já atribuem à mesma grande relevo expressivo e função social, sendo esse novo cariz o móvel da pandemia de uma original expressão de luta19 que avança por corações e mentes num formato doutrinal, fazendo-se latente nas expressões corporais e verbais e no modus faciendi de indivíduos dos sexos mas-culino e feminino, nos diversos ciclos da vida, na excelên-cia de suas possibilidades físicas e cognitivas, no Brasil e em

Portugal, dentre outros países, e em suas especifi cidades sócio-culturais.

No específi co do indivíduo comum praticante da capo-eira, além da prestação de reverência que deve a seu mes-tre, fá-lo também em relação à própria modalidade sobre a qual impõem-se hodiernamente uma áurea surrealística que além de relegar a planos secundários a prática do exer-cício físico em si, insinua um poder curativo para o espírito e certo ar de mistério advindo da modalidade em questão. Como exemplo disso perpetua-se a dicotomia entre os es-tilos de capoeira Angola e Regional, aos quais na falta de explicação lógica e coerente para supostas dessemelhanças entre ambas, de forma a distinguí-las e separá-las lhes são emprestadas referências de cunho esotérico. Neste con-texto místico encontramos sujeitos de graduação inferior e mesmo graduados mestres, mas que no entanto não se sentem capoeiras, por ser este um estado superior, bem como encontramos outros capoeiristas que atribuem à sua prática cotidiana uma emanação superior e divina que lhes permite o poder de cura, de viajar no tempo, de vibração, de arrepios, uma maneira de se ver o mundo, axé, magia da roda, uma oposição entre Angola e Regional, pois que na primeira se joga com mais fé.

Acerca das sensações e estados de espírito retro des-critas, ora referidas ao indivíduo ora ao ambiente/grupo/es-tilo, podemos ainda inferir que, subliminarmente justifi cadas enquanto etéreas e misteriosas por seus protagonistas, do panorama da Psicologia, justifi cam-se conforme o entendi-mento de fl uidez, de fl uência ou ainda o estado de fl uxo os quais referem-se às experiências ótimas de um indivíduo, as quais geralmente envolvem um fi no equilíbrio entre a sua capacidade de agir e as oportunidades disponíveis para a ação,20 que nas atividades físicas e desportivas executadas com motivação, prazer e conhecimento técnico, conduzem o praticante a um estado de envolvimento e absorção total denominado em Psicologia do Desporto por fl ow felling21 correlacionado ao nível de ativação para a realização da tarefa, em panorama multidimensional o qual inclui, dentre outros, a concentação, por exemplo.

Tal entendimento acerca da sensação de fl ow pertinen-te à atividades físicas em geral e não só específi ca para a capoeira coeva, a qual se faz acompanhada de música, vemos confi rmadas nossas inferências acerca do estado psicológi-co o qual toca os capoeiristas em sua ação e sobre o qual os mesmos aduzem diagnósticos embasados em senso co-mum e certa dose de fanatismo.

Ainda sobre o elemento rítmico da expressão capoeira,

19. Araújo, 1997.20. Csikszentmihalyi, 1999.21. Samulski, 1995.

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faz-se oportuna uma adenda, a qual refere de sua introdu-ção também cronologicamente contemporânea, a partir do registro da incorporação do berimbau no âmago deste jogo/luta pelos idos da década de quarenta do século XX22, fato este que também corrobora a necessidade de desmis-tifi cação de certos mistérios e mitos que se avolumam e se perpetuam sobre a capoeira, produtos do imaginário de alguns e da pouca competência de outros em interpretar a oralidade captada entre os mestres de capoeira, efetivada pela inexistência do confrontamento de tais discursos a do-cumentos de várias qualidades existentes, ora por respeito à fala desta enciclopédia viva – o mestre da velha guarda, ora por pura comodidade.

Aliado ao componente musical da capoeira, o qual faz com que o indivíduo praticante sinta-se intrinsecamente motivado, auto-consciente, alegre, envolvido, absorto, con-centrado, animado, mais saudável, com sensações de can-saço diminuídas,23 dentre a muitas outras manifestações de fl ow, sensações as quais o capoeirista quer ver sempre reproduzidas, tornando-se então, adepto desta prática por muito tempo, há também a componente social de impor-tantíssima relevância individual e de caracterização essencial para a capoeira, a qual decorre da formação de seus grupos e que propicia também ao indivíduo capoeirista uma sensa-ção de fusão com a atividade e com o ambiente – no caso, o seu grupo de capoeira.

A confi guração grupal da capoeira e a música ambien-te proporcionam, além das vantagens já apresentadas, uma certa facilitação na execução dos movimentos em função da sensação de fusão do capoeirista com a sua modalidade, como já fora mencionado, fazendo aumentar os afetos posi-tivos, e consequentemente, infl uenciando o comportamen-to dos praticantes conforme os ritmos entoados, mais len-tos ou rápidos e os seus sentidos implícitos24 de meditação, de demonstração de destreza, entre outros. A estimulação ambiental provocada pela utilização da música propicia ao capoeirista o atingir de um nível de ativação ótimo para esta modalidade, confl uindo para boa qualidade de resultados técnicos e afetivos, o que alimenta a coesão grupal.

A avaliação subjetiva que os capoeiristas fazem das sen-sações que a prática da capoeira lhes proporciona, além da concepção psicológica do estado de fl uxo então abordadas, podem também ser enquadradas conforme a categorização

de Roger Caillois25 no que este autor refere como Ilinix, que sumariamente poderá ser entendido pela perturbação provocada pela vertigem, sensação esta de transe e de des-prendimento da realidade provocada por certos jogos e procurada por seus praticantes pelo próprio estado de êx-tase prazenteiro que deles emanam, citando como exemplo as acrobacias, movimentos repetitivos ritmados pelo toque de um tambor, os giros, dentre outros, e muito signifi cativa-mente refere-se este autor também às lutas como poten-ciais ilinix em função da busca desse distúrbio específi co da vertigem.

Sendo assim, indagamos sobre esse cariz doutrinário que ora impregna o meio da capoeira, o qual não estabelece limiar entre o etéreo e o ritualístico, e nem explica um e outro convenientemente, fazendo por permanecer a crença nas relações de causa e efeito, em superstição, e numa reverência ao mestre, supostamente o obse-quiador de toda a vertigem que a capoeira proporcio-na a seus adeptos, a qual é por eles entendida como algo de sobrenatural. Questionamos a função dessa nova doutrina e os seus efeitos no universo dos capo-eiristas no Brasil e fora dele, acreditando ser no míni-mo intrigante a força de emissão de tentáculos desse polvo brasileiro, suposto que venha encaixar-se aqui a constituição doutrinária dos grupos de capoeira, a qual faz permanecer a mente do indivíduo mesmo dis-tante do centro de poder, o mestre dono do grupo, envolvida e drasticamente comprometida com aquele mundo singular.

3. O Brasil e o mundoDo voo alçado até então via asas desse ensaio, e

a sua pretensão de enquadramento da capoeira con-temporânea aos dias atuais, o que sumariamente po-deremos reunir nos tópicos referentes à concepção da nova técnica desta luta e sua permissiva fl exibili-dade, a qual interfere sobremaneira no processo de consolidação da mesma e na conformação grupal do seu modelo matriz-fi lial, a qual fomenta uma inter-dependência que extrapola a questão técnica ou do conhecimento, e do seu carácter místico que assola cegamente aos capoeiristas de nossos dias, carácter este, emanado do conjunto de idéias propaladas pelo

22. Araújo, 1997.23. Miranda; Godeli, 2002.24. As questões dos ritmos musicais na capoeira ainda não foram discutidos com a devida relevância e rigor, por isso nos abstemos de citar os nomes para os toques de berimbau, os quais são utilizados pelos capoeiristas por não terem sido ainda estabelecidos os padrões rítmicos de cada um, ou ter sido averiguada qualquer dessemelhança entre os mesmos, as quais os diferenciariam signifi cativamente. No tocante aos seus sentidos implícitos, os capoeiristas possuem có-digos simbólicos de comportamento perante as letras cantadas na roda de capoeira, que além dos exemplifi cados neste texto, podem outros também assumirem conotação negativa de incitação à violência, conforme tratei em meu estudo de mestrado, do ano de 1999.25. Os jogos e os homens – a máscara e a vertigem, 1990.

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mestre, concorrem substancialmente para a confi gu-ração da capoeira no Brasil, e que neste mesmo for-mato é exportada para o mundo.

Consideramos terem e serem os tópicos ante-riormente referidos, o fi o condutor e mantenedor da infl uência e propagação da força controladora do mestre por toda a sua rede de fi liais dentro e fora do Brasil, estimulada principalmente pelo carisma e capacidade de liderança de um, por mais grotesca e autoritária que esta possa parecer, e pela incapacidade crítica de outros em se deixarem cooptar enquanto meros discípulos sem personalidade, envolvidos atual-mente pela fi cção da mística da capoeira, a qual deixa desprender de sua fundamentação, uma causalidade quase que supersticiosa ou da crença na causa e efeito, como por exemplo, na argumentação relativa ao res-peito ao mestre, mesmo que esta relação obedeça somente uma via: de baixo para cima.

Os vínculos afetivo, comunitário e místico que movem os capoeiristas em grupos é bastante faci-litador da circulação livre de questionamentos do seu líder principal, por territórios das relações so-ciais afi ns e outros impróprios ao desenvolvimento do ensino-aprendizagem-treinamento da capoeira, de maneira que possibilita também, o signifi cativo ampliar de seu património de fi liais pelo Brasil e além-mar, pois que o mesmo conta com imediatos fi éis e competentes na sua missão de divulgar a ca-poeira e a cultura brasileira pelo mundo e por fi m os ideários dos donos dos grupos – os mestres.

Entretanto, a notória preferência dos capoeiristas em fi xarem-se na Europa, contraditoriamente à falta de interesse por África e países em desenvolvimen-to, sendo o território africano, segundo o discurso de alguns estudiosos e mestres, o berço da capoei-ra, sugere-nos outra compreensão para a extensão desse cordão umbilical místico em seu mais recente objetivo de divulgação da cultura brasileira.

As questões de preferência geográfi ca, vão além, obviamente, das discussões ideologizadas que os próprios capoeiristas alimentam, na ânsia de manter aspectos valorativos de si próprios e da capoeira, de ordens racial e histórica, que aos mais desavisados, ainda poderá causar certo vacilo frente aos seus discursos impregnados, e que os europeus denomi-nam por ânsia de extravasamento em decorrência da subjugação imposta aquando da colonização do

Brasil, quando tratam de aspectos tais como a vio-lência na capoeira, de forma a legitimar o discurso desse sentimento incessante do oprimido.

Tal justifi cação, tanto para o discurso dos capo-eiristas quanto para o entendimento que alguns eu-ropeus (e muitos brasileiros) têm para o posiciona-mento da vítima social, torna-se inconsistente atra-vés da constatação do grande número de grupos de capoeira e de elementos capoeiristas que circulam pelo Velho Continente, impulsionados por motivos que não sobrevivem a tanta paixão histórica, pois que os próprios pouco ou nada sabem de sua rea-lidade, tais como, e principalmente, a componente económica que esta nova situação implica; a eleva-ção do status quo perante seu grupo de represen-tação e perante a sociedade em geral, lembrando que a capoeira é mola propulsora e muitas vezes única para a progressão social de muitos indivídu-os; e fi nalmente, a possibilidade de ser discípulo, ou seja, de ser quase o mestre, quase o outro,26 de ser o mais verídico representante do dono do grupo franquiado em terras estrangeiras.

Ainda no tocante à situação espacial da capo-eira hodierna, devemos considerar que os Estados Unidos da América, um dos primeiros países estran-geiros a receber praticantes dessa expressão com intuitos de permanência hoje decreta seriíssimas restrições à sua imigração. No tocante à África, a suposta mãe da capoeira, aspectos tais como a guerra em nada favorecem a permanência de capo-eiristas naquele solo, além do que, não seria viável, nem sequer interessante do ponto de vista econó-mico este processo migratório que na atualidade apresenta condições menos satisfatórias do que as encontradas no Brasil.

Quanto aos países denominados por nações em desenvolvimento, percebemos certo desinteresse dos propaladores desse quase movimento capoei-ra para todos, em virtude quiçá da contrariedade de possibilidades as quais apontamos em relação à Europa. Porém e em função de alguns poucos, a necessidade de demarcação territorial faz com que mestres de grupos com signifi cativo contingente de praticantes, enviem representantes seus para re-giões menos expressivas no contexto económico mundial, mas que lhe garantam a doma de mais um feudo.

26. No sentido de deixar-se de ser a si próprio para assumir a personalidade (e o poder) de outrem.

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3.1. Do Brasil para o mundo: confi guração e dinâmica

Ao abordamos a confi guração contemporânea dos grupos de capoeira e de identifi cá-los sob a óptica económica que regulamenta tal conformação, enten-demos por bem caracterizar tais relações como as do modelo das franquias, símbolo mor do capitalismo que sistematiza as relações económicas de grande parte do mundo e que pode ser entendido como:

O sistema pelo qual o franqueador cede ao fran-queado o direito de uso da marca ou patente, as-sociado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços. Eventualmente, o franqueador também cede ao franqueado o di-reito de uso de tecnologia de implantação e admi-nistração de negócio ou sistemas desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem fi car caracterizado vínculo empregatício.27 É este o sistema relacional económico adotado

por muitos grupos de capoeira quer no Brasil quer no exterior, quando as suas fi liais pagam às matrizes uma prestação fi nanceira acordada no espaço de tem-po que lhes convier (bimestral, semestral, anual e ou-tros) e tendo como referência de cálculo o número de alunos por grupo afi liado. Outros aspectos sobres-saem desta confi guração económica, destacando-se a distribuição pelo grupo matriz de produtos diversos, quando se evidenciam roupas, calçados, instrumentos musicais, material literário, discos compactos de mú-sicas, dvd´s, dentre outras coisas, para serem comer-cializados pelos responsáveis diretos e alunos dessas fi liais, obviamente com um quinhão reservado não ao grupo original, mas para o dono da matriz.

Entretanto, apesar de explícita essa forma de ne-gociação e de motivação para as relações entre os indivíduos capoeiristas, a banalização deste modelo relacional é facilmente assimilada entre eles pelo po-der carismático e autoritário dos líderes em questão. Amparados por dolosas fi losofi as da capoeira e do grupo, e pelo iminente cariz de doutrina entre eles, o mestre líder e mentor do grupo impinge o não ques-tionamento às suas atitudes, através de falácias que traduzem uma imagem de um ser realmente divinal

e impoluto. Nos dias de hoje, a capoeira assume as-sustadoramente um caráter doutrinário e comercial, completamente estranho ao seu cunho agonístico corporal e ao seu cariz cultural, que são relevados a planos secundários.

Outrossim e como já fora de passagem referen-ciado neste ensaio, o avanço ultramarino dos capoei-ristas em uma órbita colonizadora mesmo que apoia-da em discursos manifestos acerca da divulgação da cultura brasileira e da capoeira pelo mundo, implica intrinsecamente num sistema bastante organizado de interdependências claras, contudo ainda inexpugná-veis para a parcela inferior dessa pirâmide hierárquica rígida e de conformação rudimentarmente patriarcal. Ou seja, observa-se que o fenómeno de expansão da capoeira tanto a nível nacional quanto a nível interna-cional é bastante claro para os donos dos grupos, que entendem tal confi guração como um grande negócio fi nanceiro e por uma incessante luta com vistas à pro-jeção pessoal não só em seu pequeno universo, mas também nos âmbitos para os quais não manifestam competência, tais como o acadêmico e o da saúde,28 por exemplo, dentre outros.

A confi guração dessa rede de relações priorita-riamente cultural dá-se de forma inequívoca, aguda-mente estratifi cada e apoiada em dois pontos chaves para a sua existência, permanência e progressão, cor-relacionados e consequentes um ao outro: o sistema económico de organização da rede e a consequente falácia de uma tal fi losofi a da capoeira, a qual como éter embevece o raciocínio dos adeptos dessa prática hodiernamente tão mistifi cada, ritualista e rica em es-petaculosidade, e a cada dia que passa, menos expres-siva corporalmente conforme a sua essência de luta, aspectos os quais cremos permitirem a sua sobrevi-vência nos tempos de hoje.

Economicamente traçada a carta de objetivos dos capoeiristas colocados no ápice da pirâmide hierár-quica dessa prática corporal, e conforme a propalada tradição da capoeira que os mesmos reinventam pau-latina e constantemente, entendemos ser necessária uma melhor clarifi cação dessa forma organizacional. Neste caso recorremos ao modelo matriz-fi lial já apresentado neste texto, ambas possibilitando dois ní-

27. SEBRAE, disponível em www.sebrae.com.br, acesso em 30/5/2005. No Brasil, as franquias encontram respaldo legal na Lei 8.955, de 14/2/94.28. Os capoeiristas vangloriam-se por promoverem melhorias na qualidade de vida de indivíduos portadores de defi ciências físicas e mentais, sem contudo demonstrarem experimentalmente em qual grau e sob qual método de intervenção promoveram tais alterações psicofi siológicas nesses indivíduos especiais, os quais além de exigirem uma abordagem também especial e em conformidade às suas necessidades, simplesmente por saírem de um estado de sedentarismo e por passarem a conviver mais socialmente podem manifestar algum ganho em algum âmbito dos aqui referenciados, sem contudo dever-se tal avanço exclusiva-mente à prática da capoeira, mas o que ocorreria também em relação à prática de qualquer outra modalidade física e/ou desportiva, conforme a abordagem aqui já registrada de Tubino (1993).

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veis de inter-relação entre si: da matriz em toda a sua extensão de fi liais e em observância aos regimentos tácitos estabelecidos entre ambas, e as relações entre todas fi liais em direção à matriz cunhadas pelo mesmo regimento retro referido.

Obviamente que as fi liais são essenciais ao desen-volvimento da matriz, mais especifi camente, do reitor da matriz e de alguns de seus relacionamentos pesso-ais mais imediatos, desenvolvimento este que dar-se-á a qualquer preço e sob qualquer argumento fi losófi co, cultural, tradicional ou mesmo místico que o valha e que norteie o objetivo principal do desenvolvimento em panoramas nacional e internacional.

Neste movimento expansionista observam-se ou-tras formas de incremento para o auto-desenvolvi-mento dos grupos de capoeira, em sua confi guração matriz-fi lial, sendo estes emanados dos aspectos téc-nicos29 aqui já referenciados, como também da produ-ção de bens de consumo relativos à esta manifestação e a sua consequente comercialização, dentre outros, sendo a modalidade de marketing mais expressiva no momento a organização de eventos lúdico/despor-tivos e arremedos de encontros técnico-científi cos sobre capoeira, os quais, quando abordam em seus programas aspectos de relevância para uma discussão de temas atuais e/ou históricos, apenas limitam-se à exposição de visões de mundo e relatos de experi-ência de seus convidados a palestrar, exaustivamente repetidos neste tipo de evento, não trazendo nada de novo para os aspectos referidos, e igualmente, inviabi-lizando debates comprometidos com a compreensão, difusão e desenvolvimento desta prática social, quer no Brasil quer no exterior.

E em relação às reuniões organizados pelos capo-eiristas, as quais norteiam-se por objetivos vários, tais como os de transmissão de elementos ritualísticos próprios da iniciação da pessoa no mundo da capoeira e dos processos de graduação, os mesmos reúnem-se também conforme já fora assinalado, para realizar competições desportivas, encontros e festivais, os quais, apesar de sugerirem alguma vertente de conhe-cimento teórico, refl etem sempre o caráter técnico e utilitário de tais reuniões, no sentido do fortalecimen-to de laços comunitários e de homenagens aos nomes mais sonantes da modalidade no momento, os quais, só por sua presença e pelo cumprimento de condi-ções para estarem nos referidos eventos, quando não

palestram não tem outra função sequer de simples-mente estarem e serem vistos pelos participantes de tais encontros. Cabe também esclarecer que apesar do cunho desportivo desenvolvido nos mesmos, mui-tos deles decorrem à revelia da intervenção do poder instituído e institucionalizado para a modalidade, sen-do contraditoriamente negado pelos próprios capo-eiristas, conforme a conveniência da ocasião, o cariz desportivo dessa expressão, em visão minimalista da cultura e da sociedade, como se o desporto também não fosse manifestação e fenómeno cultural.

Entendemos que esta condição grupal de matriz e fi lial e o contexto fi losófi co e místico que contempora-neamente movimentam a capoeira também além-mar, são elementos peremptórios para o entendimento das questões por nós sugeridas no início deste ensaio, ou seja, são pré-requisitos para o estabelecimento de feudos internos no Brasil e para uma colonização de exportação com vistas ao mercado externo, admiran-do-nos o mecanismo adotado pelos donos dos grupos de capoeira, ao utilizarem-se do modelo das franquias do sistema capitalista, o qual tem suas raízes no co-lonialismo, e este por sua vez, no escravismo, negan-do tal condição em seus discursos ideologizados, por somente lhes interessar a massifi cação das idéias e a incapacitação crítica por parte de seus seguidores, de forma a facilitar a implantação e o desenvolvimento de engrenagens anacronicamente feudais e escravistas em seu meio, usadas em nome de uma tal tradição da capoeira, a qual sugere a manutenção do vínculo mestre/discípulo, como uma relação hierárquica que sempre existira no âmago desta expressão.

Estas inferências partem dos pressupostos aqui já abordados tais como a fl exibilização permissiva das técnicas da capoeira, a sua conformação grupal e o seu it místico, tão providencial em tempos como os de hoje e para pessoas carentes de tudo. Especial e gra-vemente, podemos ainda referenciar que carregar e defender o grupo signifi ca na maioria das vezes traba-lhar compulsoriamente para o seu dono como forma de estreitamento de laços, de demonstração de me-recimento por uma nova graduação, pela aproximação afetiva que se estabelece quando o mestre do gru-po torna-se o melhor amigo, o pai, o companheiro, o guru, dentre outros tipos de relação que daí poderão emanar, e que, considerando-se a avassaladora maio-ria dos mestres de capoeira pertencentes ao género

29. Entenda-se por aspectos técnicos todos os referentes à própria técnica em si, bem como as metodologias de ensino-aprendizagem-treinamento, de avaliação para a progressão hierárquica, e também a extensão vertical da pirâmide gradual do grupo em específi co, o que varia substancialmente entre eles.

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masculino, tais relações poderão decorrer tanto entre homens quanto entre homens e mulheres.30

As justifi cações que fortalecem os laços relacionais no contexto da capoeira, além das já trazidas ao lume, perpassam também pela necessidade do crescimento do grupo, em número de adeptos, o que lhe confere notoriedade e presunção de qualidade técnica. Para os sujeitos pertencentes a tais grupos, o status do mesmo passa a ser o seu próprio status, fazendo então que eles sintam-se importantes nesse âmbito de sua vida, que em muitos casos se torna o único. Sendo as-sim, o recrutamento dos guerreiros que irão contribuir pessoalmente para a disseminação do nome de certo grupo pelo mundo, dá-se pela avaliação subjetiva de seu mestre, pautado em valores os quais são representa-tivos para si de fi delidade e obediência plenas para o cumprimento da primeira fase dessa feudalização, de forma a preservar a posse de territórios contra outros exploradores. São estes servos que irão para outras re-giões do Brasil e do mundo defender o seu grupo, não nos sendo possível precisar sob qual apoio do dono do grupo matriz, mas tendo conhecimento que a passagem do líder máximo, sistematicamente pela fi lial é líquida e certa, e que para isso, o responsável pela última deve-rá responder fi nanceiramente por todos os custos que demandarem tais deslocamentos, e consequentemente, os serviços prestados por tão honrosa personalidade.

Essas posturas adotadas entre os capoeiristas no movimento intrínseco e extrínseco de demarcação espacial, impõem nova órbita aos aspectos abordados neste ensaio, nos tópicos dos aspectos técnicos e da conformação grupal, sendo que, em relação à expor-tação da capoeira, apresentarem-se ricos detalhes. Entretanto, podemos inferir que no primeiro momento em que os capoeiristas tinham por objetivo somente demarcar espaços nacionais, seu objetivo era o da pos-se e do poder que adviria destes protótipos feudais, uti-lizando-nos então, do entendimento de que poderemos focar a expansão da capoeira pelo mundo em pontos bastantes próximos a de uma colonização, sem contu-do e necessariamente preservar uma lógica pura.

Numa outra categoria de formação de colónias,

quiçá o segundo momento, aquando dos voos interna-cionais, a questão passou a ser enriquecida por com-ponentes de exploração, talvez estimuladas pelo pra-zer da conquista e do visionamento da lucratividade iminente exalada do mercado externo. Assim sendo, podemos arriscar a dizer que no momento, a capoeira mundial está em sua segunda fase, após a ocupação e saciedade da demanda interna brasileira. Contudo, o processo não é tão linear quanto o parece, e surpre-sas culturais aguardam nossos bandeirantes, fora do Brasil. Barreiras de controle da imigração aprimoram-se a cada dia, e o capoeirista brasileiro na maioria das vezes, fugitivo da situação económica de seu país e crente de visualizar o éden e de apresentar individual-mente atrativos culturais congênitos sufi cientes para a sua sobrevivência, parte para a Europa, onde pode encontrar realmente o sucesso, mas onde também en-contrará difi culdades impensadas.

As soluções para tal quadro são as mais elementa-res, tais como nos informa Aceti,31 sendo que, uma das primeiras intempéries relativas à categoria da explo-ração, será a da sobrevivência em terras estrangeiras, o que na maioria das vezes ocorre na clandestinidade, sustentada pela féria produzida em apresentações de rua, concomitantemente à abertura de uma academia de capoeira, para o que em alguns casos lhe será atri-buído o visto de trabalho endossado por Instituições Culturais afi ns, ou de outra maneira, casando-se, e rumando para o que denomina essa autora suíça de demarcação de seu território, ou fase da ocupação, seguida a posteriori pela emancipação do grupo ou aca-demia de capoeira, crescendo em número de frequen-tadores e quiçá, fazendo brotar outras fi liais, o que nos permite tais comparações ao formato coloniza-dor desta expansão, e que ainda guarda a semelhança de favorecer somente o centro explorador.

É esta capoeira, assim conformada entre os gru-pos brasileiros, a qual é exportada para o mundo, e é neste panorama internacional que se observa mais detalhado o modelo colonizador adotado pelos men-tores dos grupos de capoeira autoconceituados por grandes grupos, isto em decorrência do signifi cativo

30. Além da exploração do trabalho, como já fora aventada, deve-se ressaltar que também a componente psicológica das relações entre os capoeiristas poderão concorrer para outros tipos de exploração, de cunho afetivo ou sexual, tal como refere Brackenridge (2000), acerca de comportamentos abusivos por parte dos líderes ou treinadores no desporto em geral, quando refere que os mesmos adquirem a confi ança do (a) atleta não só por oferecerem prémios tangíveis tais como progressão hierárquica, honras etc., mas também por serem eles quem educa e protege o (a) atleta em um relacionamento parecido com o dos pais, possibilitando uma mistura de disciplina e afeição sobre a qual o (a) atleta gradualmente se torna confi ante.31. II Congreso Internacional de luchas e juegos tradicionales, 2005.

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número de adeptos que apresentam, e mais contem-poraneamente, autodenominados de formadores de opinião.

Seria pois, de se considerar a franquia como mero e aceitável modelo económico de relação entre os capoeiristas mundo a fora, não fosse implícito o seu carácter feudal, o controle psicológico das mentes dos capoeiristas em função da manutenção do poder dos mestres de capoeira, os quais atualmente assumem sua porção mística, que além da função abordada nes-te ensaio, faz ainda ser preservado o seu status quo,32 até quando sua expressividade corporal já não disser tanto acerca de seu dom carismático.

Paradoxalmente a esta parafernália de contradi-ções e tradições a capoeira carimbou seu passaporte e anda por terras estrangeiras representada pelos fi lhos da pátria mãe gentil, os quais atribuem a si e a mais ninguém o direito e a prerrogativa de serem mestres ou graduados do alto da pirâmide hierárquica da ca-poeira, caso algum estrangeiro33 acaricie tal ilusão.

Contudo, outras crises se avizinham mesmo a ní-vel internacional, ora por iniciativa dos adeptos dessa prática cultural brasileira, ora por iniciativa da tenta-tiva do poder central da capoeira em forma de fede-ração internacional. A mentalidade e a forma de ver o mundo do estrangeiro é obviamente diferente da do brasileiro, e os capoeiristas mais uma vez devem adaptar-se a este contexto para a sua sobrevivência, e adaptar a capoeira a este novo público-alvo, quando mesmo aspectos de foro técnico são questionados e transmudados pelos capoeiristas estrangeiros, fazen-do dessa prática de luta alienígena para eles algo mais palatável e justifi cável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estado da arte objeto deste ensaio foi aqui re-tratado com referências aos seus estilos – Angola e Regional, e subestilos decorrentes das ditas facções, tratando-se também do aspecto formativo dos tais grupos e suas tendências fi losófi cas, ópio para a confi -guração económica e sectária da expressão em causa, do processo de transmissão do conhecimento via en-sino-aprendizagem-treinamento, e das questões técni-cas não discutidas pela literatura consultada e pautada

na prática de forma empírica pelos capoeiristas con-temporâneos.

Em relação às estrutura e dinâmica que permitem à capoeira estabelecer-se de forma avassaladora no Brasil e fora dele, poderíamos prontamente respon-der que suas características ritmo-melódicas e sua be-leza plástica falam por si, o que não seria de se enganar. Contudo, aprendidos tais segredos da capoeira, arguí-mos sobre o que ainda permite manterem-se os laços individuais presos ao grupais ou comunitários tanto a nível nacional quanto internacional.

Buscamos então desmistifi car o fi o condutor e mantenedor das relações intra e inter grupos de ca-poeira os quais estão sediados no Brasil e que tam-bém apresentam suas fi liais nele e pelo mundo a fora, fi o este revestido de certo cariz doutrinário o qual transgride as funções e objetivos da expressão em causa, mas que servem aos objetivos das mentalidades situados no ápice da pirâmide hierárquica dos grupos de capoeira - os seus mestres.

Esta conclusão estrutura-se sobre o conceito da rede confi guracional de Elias (1970) e as relações de interdependência que nela se estabelecem, o que na capoeira ainda é percebido somente por um lado desta relação, o lado mais frágil a princípio, interde-pendência esta, que determina a capacidade de mu-tabilidade deste grupamento de pessoas, pois que as relações estão centradas no indivíduo, na pessoa e não na coisa ou objeto de especulação – a capoeira, apesar de os discursos manifestos induzirem os pensamentos a esta formalidade técnica.

No tocante aos aspectos técnicos da capoeira, en-quanto estrutura desta expressão, entendemos que a variada fl exibilização do rol de movimentos e golpes da capoeira sob a argumentação de uma melhor técni-ca ou efi ciência, nos dias de hoje serve para a dissimu-lação de tendências meramente estéticas ou plásticas de uma capoeira espetáculo e de grupos de espetá-culo, que disputam entre si através de performances ginásticas e acrobáticas, que em nada se vão efetivar enquanto expressão de combate, e funcionando tam-bém como demarcador simbólico do indivíduo que passa a fazer parte de um grupo, e a ser confundido como mais um repetidor de uma mensagem corporal e verbal de uma entidade e não de sua própria pessoa,

32. Como por exemplo, na citação de Sousa (1998), a qual traduz que o mestre é uma fi gura que impõe muito respeito pela sua bagagem, é um dicionário vivo, que viveu num tempo difícil... o mestre está cansado, está velho, ele vem mais é pela sua presença.33. Poderíamos estabelecer certa correlação de idéias neste sentido economicista de organização da capoeira com o que Novais (1975) classifi cou por exclusivo comercial: o qual, em modelo de colonização de exploração reserva exclusividade comercial, sendo que no caso da capoeira o exclusivo comercial remete-se à difusão da capoeira no exterior do Brasil somente permitida aos brasileiros.

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o que traduz certo quê padronizador nessa nova di-nâmica, onde o próprio indivíduo é a propaganda do grupo matriz.

Relativamente à sua estrutura grupal, concluímos que o modelo capitalista adotado pelos capoeiristas contemporâneos para administrarem suas matriz e fi lial, tem trazido certa aceleração à dinâmica prolífe-ra da capoeira, no Brasil e no mundo a fora, contudo, deve-se ressaltar a constante inquietação que o dis-curso manifesto pelos capoeiristas, os quais pregam a liberdade dentre outros valores nobres, cria perante o implícito e contraditório modus faciendi dos mes-mos, acelerando também o descrédito em suas pala-vras e vivência por parte dos que vêem os grupos de capoeira de seu exterior, fazendo crescer e se apro-fundar o discurso pautado por um senso comum que impera na capoeira.

Inferimos que a inexistência de uma abordagem lícita acerca de uma possível adoção de fi losofi a para a capoeira, é deturpada pela ignorância dos valores subjacentes a tão relevante questão, e que, sumaria-mente é tratada no ambiente capoeirístico como meio de controle social a nível das mentalidades e de subalternidade, permeado por autoritarismo e pouco ou quase nada imbuído de uma educação do indivíduo capoeirista.

Observamos no decorrer do texto que situações de estandardização dos capoeiristas em sua movi-mentação relativa a esta prática, quer como compo-nentes de um qualquer grupo, quer como pessoas, tornou-se prática corrente neste meio permeado

por discursos denominados por fi losofi as e que su-bliminarmente buscam vigiar os comportamentos de seus seguidores. A capoeira contemporânea aos nos-sos dias é, portanto, sobrecarregada de mecanismos de controle da pessoa, concorrendo para tal efeito crescentes e assustadores artifícios em forma de ideologias, doutrinas, dogmas e mística.

Em especial e voltados ao nosso prisma de Educação Humana através da educação do movi-mento e pelo movimento, cumpre ressaltar que a capoeira enquanto meio para o cumprimento de nossos programas escolares ou académicos, deve ser destituída de toda essa parafernália fi losofal, dos comportamentos grupais específi cos à expressão em causa, bem como de sua hierarquia e da concepção dos estilos e dos modismos relativos aos seus movi-mentos e golpes. Entendemos este riquíssimo objeto como um elemento a mais para a Educação Física, e que seus atributos falam por si enquanto movimento corporal, expressão cultural, luta e desporto.

Quanto ao seu movimento de ida em relação ao mundo que se vê do Brasil, acreditamos que a consolidação dos anseios de divulgação da cultura brasileira por parte dos capoeristas dá-se em fran-co sucesso, contudo e obviamente permeado pelas exigências de adaptação que esse mundo novo faz, tanto a nível social quanto cultural, o que faz perma-necer na capoeira a sua indestrutível capacidade de adaptação e de dinamização, independentemente da mesma capacidade esperada dos seus difusores: os capoeiristas.

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NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE ADOLESCENTES DURANTE O ENSINO MÉDIOTEENAGERS’ PHYSICAL ACTIVITY LEVEL DURING HIGH SCHOOL

ABSTRACT

This study aims to compare the physical activity level of teenagers among the 1st to 3rd year from high school. The sample was composed of 152 students from public high schools in the North region of São Paulo City, where they started their 1st year on high school in 2003. This study had focused on evaluating students’ physical activity level during a period of 12 months, between 2003 and 2005. It was considered the same students. To establish the physical activity level, IPAQ short version VIII was used. Qui-Square test was applied to compare the proportion with signifi cance level p<0,05. Results showed a reduction of 59. 8% on the physical activity level between 1st and 3rd grades. Among female students, the reduction was 67.7%, while among the male ones it was 50%. Conclusion: the highest the academic level, the bigger is the reduction of physical activity proportions on teenagers classifi ed as suffi ciently active.

Keywords: physical activity, teenagers, sedentariness.

RESUMOO objetivo deste estudo foi comparar a prática de atividade física de adolescentes entre a 1a e 3a séries do ensino médio da rede estadual de ensino. A amostra foi composta por 152 estudantes do ensino médio de uma escola estadual da Zona Norte da cidade de São Paulo, avaliados quando iniciaram a 1a série (2003) e reavaliados em outras duas ocasiões (2004 e 2005), com intervalo de 12 meses entre as avaliações. Para determinar o nível de atividade física, foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão VIII curta. Foi utilizado o teste Qui-Quadrado para comparação das proporções com nível de signifi cância p<0,05. Verifi cou-se redução média de 59,8% no nível de atividade física dos adolescentes entre a 1a e 3a séries. Para as meninas, essa redução foi de 67,7% e de 50,0% para os meninos. Conclui-se que, conforme aumenta a série no ensino médio, há redução na proporção de adolescentes classifi cados como sufi cientemente ativos.

Palavras-chave: atividade física, adolescência, sedentarismo.

Fábio Luis Ceschini Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSPUSP

Aylton Figueira JúniorDocente do curso de Educação Física da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – IMES

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INTRODUÇÃO

Os achados científi cos das últimas décadas têm demonstrado de forma bastante convincente a rela-ção entre a prática regular de atividade física e seus benefícios para a saúde de pessoas em diferentes idades, etnias e classes sociais.

Porém, nos últimos anos, o sedentarismo tem ga-nhado espaço na literatura mundial como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento e aumento da prevalência de diversas doenças crô-nicas degenerativas, o que é considerado um dos maiores problemas de saúde pública.

Estudos têm demonstrado um estilo de vida se-dentário, que associado a outros fatores de risco, como o consumo de tabaco, dieta inadequada, níveis elevados de colesterol, hipertensão, sobrepeso ou obesidade, pode provocar risco para a saúde.

Mesmo diante das evidências científi cas em rela-ção aos benefícios da prática regular de atividade fí-sica para a saúde, diversos estudos nacionais e inter-nacionais têm demonstrado que o sedentarismo ou o reduzido gasto calórico em atividades físicas é um comportamento preocupante, pois está presente na vida cotidiana de adultos e adolescentes. Uma das hipóteses é que a infl uencia complexa da vida urbana e globalizada, associada às facilidades tecnológicas, confi guração do tempo livre não ativo pelas ofertas de programas de lazer, e em especial, pela mudança na demanda e percepção do trabalho, em especial pela crescente industrialização promoveu mudanças comportamentais individuais e coletivas nos diver-sos âmbitos da sociedade.

Considerando especifi camente o nível de ativi-dade física na adolescência, tem sido apresentado que nesta fase da vida, o comportamento adotado sobre a prática de atividade física poderia predizer o nível de atividade física na vida adulta. Estudos que acompanharam a prática regular de atividade física durante a fase da adolescência são de fundamental importância, pois permitem visualizar a força dos fa-tores determinantes de um estilo de vida sedentário na adultez jovem e permitindo melhorar o entendi-mento das alterações no nível de atividade física ao longo da vida.

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi compa-rar o nível de atividade física de adolescentes entre

a 1a e a 3a série acadêmica do ensino médio da rede estadual de ensino.

MÉTODOS

A amostra foi composta por 152 estudantes do ensino médio de uma escola estadual da Zona Norte da cidade de São Paulo que iniciaram a 1a série aca-dêmica do ensino médio no ano de 2003. No entan-to, ao longo de três anos de acompanhamento longi-tudinal dos mesmos adolescentes, houve uma perda amostral de 26 alunos (17,1%), todos por motivos de transferência para outras escolas. Sendo assim, a amostra fi nal para este estudo foi composta por 126 estudantes, com idade inicial de 15 anos em 2003 e fi nal de 18 anos em 2005, sendo 60 (47,6%) do gêne-ro feminino e 66 (52,4%) do gênero masculino.

O processo de determinação do nível de ativida-de física ocorreu da seguinte forma: foram realizadas três avaliações nos mesmos alunos, sendo a cada 12 meses durante os anos de 2003, 2004 e 2005, sem-pre durante o mês de outubro. A primeira avaliação foi realizada no mês de outubro de 2003, quando os alunos estavam cursando a 1a série acadêmica do en-sino médio, a segunda, em outubro de 2004, com os mesmos alunos na 2a série e, a terceira, em outubro de 2005, na 3a série.

O nível de atividade física foi avaliado por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão VIII curta, validado para a popula-ção brasileira acima de 12 anos. Para adolescentes paulistanos, o único estudo que teve como objetivo verifi car a reprodutibilidade do IPAQ em adolescen-tes os autores encontraram valores altos de repro-dutibilidade (rho=0,73) em adolescentes de escolas estaduais.

O questionário é composto de questões refe-rentes à freqüência semanal e duração diária para a prática de caminhada como atividade física, a in-tensidade (moderada e vigorosa), tendo como refe-rência à última semana. A participação nas aulas de Educação Física foi incluída entre as perguntas.

Para classifi car o nível de atividade física foi uti-lizado o consenso entre o CELAFISCS e o Center for Disease Control and Prevention (CDC), consi-derando os critérios de freqüência e duração em quatro categorias.

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SAÚDE

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ARTIGOS ORIGINAIS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

1. Muito ativo: aquele que cumpre a recomen-dação:

a) Vigorosa: ≥ cinco dias na semana e ≥ 30 minutos por sessão e/ou;

b) Vigorosa: ≥ três dias na semana e ≥ 20 mi-nutos por sessão + Moderada e/ou Caminhada ≥ cinco dias na semana e ≥ 30 minutos por sessão.

2. Ativo: aquele que cumpre a recomendação:a) Vigorosa: ≥ três dias na semana e ≥ 20 mi-

nutos por sessão e/ou;b) Moderada ou Caminhada: ≥ cinco dias na

semana e ≥ 30 minutos por sessão e/ou;c) A soma de qualquer atividade: ≥ cinco dias

na semana e ≥ 150 minutos por semana (vigorosa+moderada+caminhada).

3. Irregularmente ativo: aquele que pratica ati-vidade física, mas insuficiente para ser classificado como ativo por não cumprir as recomendações quanto à freqüência e duração.

4. Sedentário: aquele que não referiu praticar ne-nhuma atividade física por pelo menos dez minu-tos contínuos durante a semana.

Porém, para efeitos estatísticos, utilizou-se ape-nas duas categorias sendo que foram agrupadas da seguinte forma: (insuficientemente ativo: seden-tário + irregularmente ativo) e (suficientemente ativo: muito ativo + ativo). Portanto a categoria de insuficientemente ativo representa aqueles adoles-centes que não cumpriram a recomendação míni-ma da atividade física para a promoção da saúde que seria praticar atividade física moderada pelo menos cinco dias na semana, por 30 minutos diá-rios. Na categoria de suficientemente ativo estão os adolescentes que cumpriram a recomendação mínima da prática de atividade física para obter benefícios para a saúde (>cinco dias/semana e > 30 minutos/dia).

Foi realizada a avaliação do nível socioeconô-mico através do questionário de classificação so-cioeconômica da ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), que utiliza o critério de

classificação econômica do Brasil. O questionário contém uma questão referente à escolaridade do chefe da família e uma questão referente aos bens de consumo como a quantidade de aparelhos de televisão, rádios, banheiro, automóvel, empregada mensalista, aspirador de pó, maquina de lavar, DVD, geladeira e freezer. A partir da quantidade de itens relatados pelos indivíduos, determina-se a soma-tória de pontos gerando a classificação socioeco-nômica.

Cada adolescente foi devidamente informado sobre os objetivos do estudo e preencheram um termo de consentimento livre e esclarecido, garan-tindo o anonimato e autorizando a utilização dos resultados para fins exclusivamente científicos.

O banco de dados foi elaborado mediante o programa Epi Data com dupla-digitação para de-tectar possíveis erros de digitação. Os resultados foram descritos nas respectivas Tabelas (I, II, III, IV) através dos valores de freqüência (n) e porcen-tagem (%) do padrão de atividade física de acor-do com cada série acadêmica do ensino médio. As proporções foram comparadas mediante o Teste Qui-Quadrado (X2corrigido) adotando nível de significância p<0,05. O delta percentual (∆%) foi utilizado para quantificar as diferenças entre as proporções. O programa Statistics Package Social Science (SPSS) versão 10.0 foi utilizado para os respectivos cálculos estatísticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A analise da proporção segundo a distribui-ção amostral quanto ao gênero, participação nas aulas de Educação Física, nível socioeconômico e nível de atividade física é apresentada na Tabela I. Os resultados no início do estudo (outubro de 2003) em relação ao gênero e nível de atividade física foram similares, sendo que a maioria dos adolescentes relatou participar regularmente das aulas de Educação Física. Quanto ao nível socio-econômico, a grande maioria dos adolescentes se concentrou entre os níveis C e D. Não foram encontrados adolescentes classificados no nível socioeconômico A.

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Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 200635

Os resultados evidenciaram similaridade na dis-tribuição amostral entre gêneros e nível de ati-vidade física. Interessante que, para esse grupo, a participação nas aulas de Educação Física chegou a 71,4%. Segundo SALLIS e OWEN, fatores intra-pessoais, sociais e ambientais, podem influenciar o nível de participação nas aulas de Educação Física, tendendo a reduzir na adolescência. Interessante apresentar que, na combinação dos fatores que en-volvem adolescentes, uma das hipóteses mais dis-cutidas atualmente que poderia contribuir para a mudança comportamental é a proximidade com a vida adulta, novos desafios pessoais e profissionais e, portanto presença de outras percepções e res-ponsabilidades. Por outro lado, a Educação Física escolar ocupa uma parcela importante na compo-sição do nível total de atividade física dos jovens por esta ser uma possibilidade a mais de promover a prática de atividades moderadas e minimizar o sedentarismo.

A Tabela II apresenta o nível de atividade físi-

ca de adolescentes, de acordo com as respectivas séries acadêmicas. Na 1a série do ensino médio em 2003, 49,2% dos adolescentes foram classificados como suficientemente ativo, ou seja, cumpriam a recomendação da atividade física para a promo-ção da saúde. Porém, a partir da 2a série, em 2004, notou-se redução nos valores de proporção para 36,5% e uma redução mais acentuada ainda para 19,8% na 3a série, respectivamente. Essa redução do nível de atividade física ao longo das séries acadêmicas do ensino médio foi estatisticamente significativa (X2=22,653 p<0,000), ou seja, confor-me os adolescentes avançaram nas séries acadêmi-cas, houve reduções na prática de atividade física e, por conseqüência, aumento na proporção de adolescentes classificados como insuficientemente ativos que não cumprem a recomendação mínima para prática de atividade física para a promoção da saúde.

Características da Amostra 1a avaliação (2003) Gênero n %Masculino 66 52,4Feminino 60 47,6Participação nas aulas de Educação FísicaParticipa 90 71,4Não participa 29 23,0Dispensa médica 07 5,6

Nível SocioeconômicoA - -B 11 8,7C 35 27,8D 55 43,7E 25 19,8

Nível de Atividade FísicaSufi cientemente ativo 62 49,2Insufi cientemente ativo 64 50,8

Tabela I – Características de escolares, segundo a distribuição amostral, quanto ao gênero, parti-cipação nas aulas de Educação Física, nível socioeconômico e nível de atividade física no início de estudo, em 2003.

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Tabela II – Nível de atividade física de escola-res, de acordo com a série acadêmica segun-do a amostra total.

As diferenças encontradas entre as proporções de adolescentes classifi cados como sufi cientemente ativos entre a 1a e 3a série acadêmica representa uma diminuição de 59,8% no nível de atividade física.

Uma redução similar no nível de atividade física também foi observada no estudo de Bray e Born (2004), onde analisaram o nível de atividade física durante a fase de transição entre o último ano do ensino médio e o início do ensino superior em 145 jovens, de 18 e 19 anos. Os autores observaram que entre o último ano do ensino médio e o primei-ro ano do ensino superior houve redução de 66,2% para 44,1% (∆%=33,4%) no nível de atividade físi-ca vigorosa. Essa diminuição fez com que houves-se incremento de 33,8% para 55,9% (∆%=65,4%) na proporção de jovens classifi cados como insufi cien-temente ativos.

Tabela III – Nível de atividade física de escola-res, de acordo com a série acadêmica, segun-do o gênero masculino.

Esta redução no nível de atividade física na adolescência também tem sido observada em diversos outros trabalhos, fato esse preocupan-te, pois esta fase da vida seria um período fun-damental para incrementar os níveis de ativida-de física com o objetivo de maximizar o nível de atividade física na idade adulta.

A rápida e crescente migração da população das zonas rurais para os grandes centros urba-nos fez com que ocorresse um crescimento de

Classifi cação AF 1a série - 2003 2a série - 2004 3a série - 2005

n % n % n %

Sufi cientemente ativo 62 49,2 46 36,5 25 *19,8

Insufi cientemente ativo 64 50,8 80 63,5 101 80,2

TOTAL 126 100,0 126 100,0 126 100,0*p<0,05

Classifi cação AF 1a série - 2003 2a série - 2004 3a série - 2005

n % n % n %

Sufi cientemente ativo 28 42,4 24 36,4 14 *21,2

Insufi cientemente ativo 38 57,6 42 63,6 52 78,8

TOTAL 66 100,0 66 100,0 66 100,0*p<0,05

forma rápida e desordenada das cidades. Diante desse crescimento urbano, os espaços livres destinados ao lazer e a prática de atividades físicas diminuíram signifi cantemente, principal-mente nas grandes cidades, o que pode estar limitando o espaço à prática de atividade física dos adolescentes.

Na Tabela IV seguem os resultados do nível de atividade física do grupo feminino. Interessante mencionar que o mesmo fenômeno foi observa-do quando os dados foram analisados de acordo com o gênero masculino.

Tabela IV – Padrão de atividade física de escolares, de acordo com a série acadêmi-ca, segundo o gênero feminino.

Encontramos que a diminuição no nível de ativi-dade física foi mais evidente do ponto de vista esta-tístico, nas meninas (p<0,0005), sendo que da 1a para a 3a série acadêmica houve redução de aproximada de três vezes nas proporções de adolescentes classi-fi cados como sufi cientemente ativo (meninas: 56,3% vs 18,3% ∆%=67,7%) e (meninos: 42,4% vs 21,2% ∆%=50,0%) respectivamente (Tabela III e IV).

Os achados deste estudo parecem contribuir para uma nova análise em relação à prática de ati-vidade física em adolescentes, uma vez que o perí-odo do ensino médio se inicia a transição entre a adolescência e a adultez jovem, o que coincide com maiores índices de sedentarismo, podendo explicar a diminuição do nível de atividade física. Interessante mencionar que neste período da vida se inicia o de-clínio da prática de atividade física vigorosa e mo-derada, devido ao incremento das responsabilidades diárias, fundamentada na necessidade de ingresso no mercado de trabalho e na continuidade da escolari-dade.

Um dos fatores que poderiam estar associados à diminuição da atividade física no ensino médio é a re-dução da quantidade de alunos que participavam das aulas de Educação Física. Em 2003 (1a série), 71,4%

Classifi cação AF 1a série - 2003 2a série - 2004 3a série - 2005n % n % n %

Sufi cientemente ativo 34 56,7 22 36,7 11 *18,3

Insufi cientemente ativo 26 43,3 38 63,3 49 81,7

TOTAL 60 100,0 60 100,0 60 100,0*p<0,05

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dos adolescentes relataram que participavam regular-mente das aulas e em 2005 (3a série) essa proporção foi reduzida para 42,1%, sendo essa diferença signifi ca-tiva (p<0,002). A participação nas aulas de Educação Física tem diminuído em diferentes países do mundo. As hipóteses são várias, mas muitas vezes as aulas de Educação Física têm criado ações de exclusão na sua aderência pela visão de esportividade que apresenta. Na maioria das vezes as aulas são pedagogicamente fundamentas no jogo, com caráter competitivo, o que não promove necessariamente aumento na aderên-cia. Por outro lado, pequena parcela do programa das aulas baseia-se na relação da Educação para a Saúde, buscando fortalecer conceitos de atitudes saudáveis. Todos esses mecanismos estão com maior ou me-nor intensidade, relacionados ao papel do professor, a intensidades das atividades realizadas nas aulas e a percepção da importância de ser ativo. Como esses processos são construídos ao longo da vida, a família tem importante na formação de conceitos.

Outro importante fator observado no presente estudo foi uma maior redução nos níveis de atividade física nas meninas do que nos meninos. Esses resulta-dos corroboram com estudos apresentados em ou-

tros estudos, mostrando maior nível de sedentarismo das meninas que dos rapazes. A atitude sedentária precoce poderia ser explicada pela percepção ante-rior das mudanças corporais das meninas, que nos rapazes é fortemente associado ao processo de ma-turação biológica. Interessante mencionar que esse fenômeno é observado em todo o mundo, sugerindo que se trata de um fenômeno fortemente associado às mudanças bioantropológicas anterior nas mulheres que nos homens.

CONCLUSÃO

Considerando as limitações metodológicas do es-tudo, como tamanho da amostra; utilização do IPAQ que poderia superestimar as reduções nos níveis de atividade física, por avaliar a atividade física como um todo; ser mais indicado para trabalhos com popula-ções maiores. Os achados deste estudo nos permitem concluir que a atividade física praticada e participação nas aulas de Educação Física durante o ensino médio sofre decréscimo, à medida em que aumenta a série acadêmica, com diminuição maior entre as meninas.

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ARTIGOS ORIGINAIS

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ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS LESÕES EM BAILARINAS CLÁSSICASEPIDEMIOLOGIC ASPECTS OF INJURIES ON CLASSIC BALLET DANCERS

ABSTRACT

Among different arts, Classic Ballet is the newest one. High performance level is wished, pretty close to the athletes’ one. Thus, several training hours are necessary in order to be a classic ballet dancer, who leads with a high physical demand. On the other hand, little information related to its injuries is found. This paper intended to show the prevalence of classic ballerinas’ injuries. 47 between 15 and 25-years-old female dancers who lived in São Paulo State were evaluated. A valid questionnaire (GHIROTTO, 1992) with 16 questions related to Ballet practice and its related injuries was applied.

RESUMOEntre as artes, o Ballet Clássico é a mais nova. Havendo uma exigência de performance quase que semelhante a de um atleta. Para tanto, é necessária uma grande dedicação da bailarina em suas horas de ensaios, ocorrendo assim, um grande desgaste físico. Nesse sentido, dentre outros aspectos, é surpreendente a baixa quantidade de informações disponíveis acerca da freqüência das lesões e de outros efeitos adversos entre bailarinas. Objetivo: verifi car a prevalência de lesões musculoesquelé-ticas em bailarinas clássicas. Metodologia: foram avaliadas 47 bailarinas com idade entre 15 e 25 anos, residentes no Estado de São Paulo, tendo no mínimo cinco anos de prática do Ballet Clássico, onde foi elaborado e validado um questionário de inquérito de morbidade referida (GHIROTTO, 1992), contendo 16 questões relacionadas à prática do Ballet e suas respectivas lesões. Resultados: dentre as bailarinas, 67,1% sofreram alguma lesão durante a prática do Ballet, totalizando 80 lesões, onde as mais freqüentes foram: distensão na virilha e coxa (18,7% e 15%, respectivamente) e entorse de tor-nozelo (13,7%). As estruturas anatômicas mais lesionadas foram o tornozelo (22,5%), virilha e a coxa, cada uma com 18,7%. Os passos do Ballet Clássico que obtiveram o maior índice de lesões foram o “grand pas de cheval” (17,5%), “grand jeté in tournant” (16,2%) e “cabriole” (12,5%), totalizando 65% das lesões encontradas. Cabe reportar, que a má execução do passo (40%), a queda (25%) e o escorregão (25%) foram alguns fatores determinantes para a ocorrência das lesões, acontecendo na parte principal da aula (61,1%). Conclusão: de acordo com os dados, pode-se notar que, das 47 baila-rinas que sofreram as 80 lesões, a mais freqüente é a distensão de virilha (35%), que por observação assistemática, pode-se considerar que a falta de aquecimento adequado ou excesso de ensaio foram os fatores consideráveis para a determinante destas lesões.

Palavras-chave: bailarinas clássicas; lesões.

Juliana Andrade Vilas Bôas Aluna de iniciação científi ca do Centro Universitário UniFMU

Flávia Maria Serra Ghirotto Professora doutora do Centro Universitário UniFMU

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INTRODUÇÃO

O Ballet é o desenvolvimento e transformação de uma dança primitiva, pois se trata de uma dança formada por passos diferentes, de ligações, gestos e figuras previamente elaboradas. É uma forma de expressão plástica e cinética, desenvolvida através do corpo e para determinado número de pessoas, necessitando uma técnica de movimentos espe-cíficos. Sua linguagem é rígida por determinadas formas e sua estrutura fundamenta-se na Teoria da Poética, de Aristóteles (na estrutura do drama).

Existe a exigência de uma performance perfeita para que a bailarina seja considerada perfeita, ou quase, já que chegar à perfeição dentro do Ballet é humanamente impossível. Para que possa chegar o mais perto possível desta perfeição existe uma dedicação da bailarina, fazendo com que ela ul-trapasse, muitas vezes, o seu limite, acarretando lesões, causadas, algumas vezes, por quedas, erros de execução devido ao treinamento intenso, au-mento da adrenalina na hora de uma apresentação, dentre outros fatores.

Considera-se surpreendente a baixa quantidade de informações disponíveis acerca da freqüência

das lesões e de outros efeitos adversos da ativi-dade física, entre a população em geral e, menos ainda, entre bailarinas.

De acordo com GUIMARÃES E SIMAS (2001), o Ballet Clássico é caracterizado pela busca con-stante de padrões estéticos de movimentos, ou seja, movimentos de grande amplitude articular que, vão além dos limites anatômicos. Na dança, a maioria das lesões deve-se a erros de técnicas e de treinamento, sendo que o erro mais freqüente é o giro forçado.

Nos últimos anos, o número de praticantes de atividade física cresceu vertiginosamente, mas não apenas a promoção da saúde foi enfocada, e sim, a questão estética da procura por um corpo bonito. Para alcançarem seus ideais, muitos indivíduos sac-rificam-se com dietas radicais e exercícios extenu-antes, principalmente os de sobrecarga progres-siva, não respeitando seus limites, ou seja, sexo, condição física, entre outros (CLEBIS e NATLI, 2001).

Existem, porém, profissionais conscientes dos malefícios do “overuse” que, de acordo com MAT-SUDO (1990) citado por CLEBIS e NATLI (2001)

ABSTRACT

We found out that 67.1% of them had some injury during ballet practice, up to 80 injuries, with higher frequency to abductor leg muscle and thigh (18.7% and 15% respectively) and ankle (13.7%). The movements that presented higher injuries were: “grand pas de cheval” (17.5%), “grand jete in tournant” (16.2%) and “cabriole” (12.5%), adding up to 65% of total injuries found. It was possible to conclude that lower limbs were the region with higher injuries, suggesting that lack of warm up and the class length and training volume can contribute to injury prevalence.

Keywords: classic ballet dancers; injuries.

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é o resultado de forças repetitivas sobre uma es-trutura, além da habilidade da mesma absorver tais forças. Devido ao modismo implantado, o impor-tante é ter um corpo definido, pois os exercícios físicos passaram a ser altamente utilizados com o objetivo de conquistar o aumento de massa mus-cular. Nota-se que esses exercícios são efetuados, geralmente, com grande intensidade, duração e freqüência que poderão provocar lesões muscula-res, por excesso de atividade.

Embora exista grande apelo para realização de atividade física visando a promoção da saúde, a população que faz ou pratica algum tipo de exer-cício físico, seja no sentido competitivo ou recre-ativo, fica exposta aos acidentes desta prática. O desenvolvimento de estratégias para prevenção das lesões desportivas deve requerer, sobretudo, a quantificação sistemática de diagnósticos espe-cíficos das lesões, bem como investigação de po-tenciais fatores de risco, tais como características pessoais, equipamentos e modelos de treinamento. (CONTE et al., 2002).

MOREIRA et al. (2002) em seu estudo com jogadores de basquete reporta que o maior índice de lesões traumáticas são as musculares, doenças sistêmicas e lesões tendinosas (66/102 queixas), ou seja, 64,7% do total. Dentre as lesões traumáti-cas, as mais freqüentes foram as entorses de tor-nozelo (13/102 lesões), com 12,8%, seguidas dos traumas diretos (contusões) na região das mãos (9/102 lesões), resultando 8,8%. Em relação ao lo-cal de acometimento, as maiores queixas foram nos membros inferiores (49/102), com 48% e membros superiores (14/102), com 13,7%. Quanto à gravi-dade, lesões leves representaram 57,8 %, seguidas das moderadas e graves, com 32,4% e 9,8%, res-pectivamente.

PICON et al. (2002) citando CAILLET (1989) WERNER e BAYLEY (1991) relatam que existe um índice alarmante de lesões típicas, decorrentes do treinamento do Ballet, utilizando sapatilhas de ponta, pois já se encontra bem documentado em literatura médica: pés, tornozelos, joelhos e coluna vertebral são alvos constantes de males crônicos e agudos.

A enorme falta de registros de lesões no es-porte, na área de saúde pública, dificulta a realiza-ção de novas pesquisas, por isso é comum utilizar-se de recursos epidemiológicos para coletas, tais como os inquéritos de morbidade referida (PAS-TRE et al., 2004).

GANTRUS e ASSUMPÇÃO (2002) relatam que a necessidade de vitórias e super-resultados nos esportes de alta competitividade e as conseqüên-cias do excesso de treinamentos e competições, condições indispensáveis para se atingir o ápice es-portivo, refletem em numero crescente de lesões do aparelho locomotor nos atletas de alto nível, cujas causas supostamente podem ser atribuídas à ausência de medidas preventivas, exaustão com-petitivas, volúpia atlética e psicossomatismos.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliadas 47 bailarinas com idade entre 15 e 25 anos, residentes no Estado de São Paulo, onde praticavam no mínimo três horas semanais, tendo no mínimo cinco anos de prática do Ballet Clássico;

Para tanto, foi adaptado um questionário de in-quérito de morbidade referida, a partir de GHI-ROTTO et al., 1994, contendo 16 questões rela-cionadas à prática do Ballet e suas respectivas lesões. As investigadas preencheram um termo de consentimento, o qual explicava o objetivo da pesquisa, forma da coleta de dados e ainda que os dados reportados seriam de uso exclusivo e confidencial desta pesquisa. O questionário foi aplicado pela própria pesquisadora, para cada uma das bailarinas, em suas respectivas academias. Os referidos instrumentos eram entregues logo após a aula de Ballet Clássico e recolhidos após seu preenchimento.

Ao término da coleta, os dados e as informa-ções foram tabulados de acordo com a distri-buição das perguntas do questionário e colocados para analise de média, freqüência e porcentagem. A apresentação das informações obtidas está em forma de gráficos, para melhor visualização e en-tendimento dos resultados encontrados.

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RESULTADOS

Lesões mais incidentes

19%

15%

14%7%5%

5%

5%

4%

4%

4%

4%

4%2% 2% 1% 1% 1% 1% 1% 1%

Distensão na virilha Distensão na coxa Entorse de tornozeloLuxacão de joelho Luxação no pé Tendinite no péContratura na panturrilha Condromalacia patelar Ruptura do ligamento do péFratura de tornozelo Luxação de tornozelo Contratura na coxaRuptura de ligamento no joelho Luxação no cóccix Distensão no péRuptura de tensão no tornozelo Fratura no pé Luxação no braçoEntorse de joelho Fratura no braço

Estruturas anatômicas mais lesionadas

18%

19%

22%

14%

16%

5%3% 3%

Virilha Coxa Tornozelo Pé Joelho Panturrilha Cóccix Braço

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Fatores determinantes para a ocorrência das lesões

40%

25%

25%

10%

Má execução Queda Escorregão Outros

Passos onde ocorreram as lesões

11%

13%

15%

17%

9%

3%

5%

5%

8%

4%1% 1% 3% 1% 1% 3%

Gran jeté Cabiole Grande jeté in tournant Grande pas de chevalArabesque Jeté fermé Sissone PirouettePas de chat Saut de basque Changement BattementBrisé Échappé Rond de jambe Outros

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados, pode-se notar que, das 47 bailarinas que sofreram as 80 lesões, as mais freqüentes concentraram-se em distensão de virilha e coxa com 18,7% e 15%, respectivamente, seguidas pelo entorse de tornozelo, 13,7%, o que nos permi-tiu por observação assistemática considerar que a falta de aquecimento adequado ou excesso de ensaio foram fatores consideráveis para a determinante des-tas lesões.

Já os passos do Ballet Clássico que obtiveram o maior índice de lesões foram o “grand pas de cheval” (17,5%), “grand jeté in tournant” (16,2%) e “cabriole” (12,5%), totalizando 65% das lesões encontradas, o que demonstra que a especifi cidade da modalidade acar-

reta problemas de lesões quando de sua execução. Cabe reportar ainda, que a má execução do passo

(40%), a queda (25%) e o escorregão (25%) foram alguns fatores determinantes para a ocorrência das lesões, acontecendo na parte principal da aula (61,1%) onde poderíamos considerar que as condições indi-viduais de prática (performance e estresse), os equi-pamentos e conservação dos mesmos (pisos e barras de apoio) e até mesmo a atenção dos gestos motores interferem na geração das lesões que poderiam ser prevenidas a partir destas constatações.

Por fi m, vale apontar a necessidade de estudos que venham confi rmar e evidenciar que as lesões podem e devem ser evitadas a partir de modelos de prevenção e conhecimento das realidades de práticas das mo-dalidades.

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COMPARAÇÃO ENTRE O TRATAMENTO NO SOLO E NA HIDROTERAPIA PARA PACIENTES COM OSTEOPOROSE: REVISÃO DA LITERATURACOMPARISON BETWEEN HYDROTHERAPY AND GROUND TREATMENT FOR OSTEOPOROSIS PATIENTS: A LITERATURE REVIEW

ABSTRACT

The present study is a literature review to verify the benefi ts obtained through exercises token on the ground and hydrotherapy exercises for patients with osteoporosis. Osteoporosis has cur-rently become the biggest problem of public health. Therefore, the development of programs for its treatment and prevention turns essential. In this point, the role of the physical activity has caused more and more interest as a way of maintenance and improvement of the life quality of patients with osteoporosis. Most of the analyzed studies agree about what the physical activity obtains in increasing the bone mineral density of the patients or to little diminishing the losses. It must be considered that some types of activities promote greater increment of the bone mass in relation to other types of activities. Keywords: osteoporosis, physical activity, exercises, hydrotherapy, physical therapy.

RESUMOO presente estudo realizou uma revisão de literatura para verifi car os benefícios obtidos por meio dos exercícios realizados no solo e os resultados obtidos com os exercícios na hidroterapia para pacientes osteoporóticos. A osteoporose se tornou um problema de saúde pública atualmente, por isso torna-se imprescindível o desenvolvimento de programas de tratamento e de prevenção dessa doença. Nesse ponto, o papel da atividade física tem provocado cada vez mais interesse como um meio de manutenção e de melhoria da qualidade de vida de pacientes osteoporóticos. A maior par-te dos estudos analisados concorda que a atividade física consegue aumentar a densidade mineral óssea dos pacientes ou, ao menos, diminuir as perdas. Deve ser considerado que alguns tipos de atividade, promovem maior incremento da massa óssea em relação a outros tipos de atividade.

Palavras-chave: osteoporose, atividade física, exercícios, hidroterapia, fi sioterapia.

Michelle Cristina de Souza Molina GomesDiscente do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – IMES

Rosamaria Rodrigues GarciaMestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; professora e supervisora de estágio de Fisioterapia em Saúde Coletiva do curso de Fisioterapia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – IMES

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INTRODUÇÃO

OsteoporoseCom o avanço da tecnologia e o desenvolvi-

mento socioeconômico e cultural, houve um au-mento da expectativa de vida da população mun-dial e, conseqüentemente, um aumento no número de idosos. Como a terceira idade é uma das faixas mais susceptíveis às doenças, é possível observar um aumento na incidência de certas doenças, tais como a osteoporose, que se tornou um dos maio-res problemas de saúde pública atualmente, tor-nando imprescindível o desenvolvimento de pro-gramas de prevenção e tratamento dessa doença.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a osteoporose é definida como uma síndrome ca-racterizada pela redução da densidade mineral ós-sea (DMO) e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, levando à fragilidade óssea e conse-qüente aumento do risco de fraturas.

De acordo com Sartori, citado por Rennó (2001), as fraturas representam a mais importante conseqüência da osteoporose e, também o princi-pal fator determinante do custo socioeconômico da doença.

A osteoporose não traz apenas conseqüências físicas e funcionais, mas também seqüelas sociais. Os pacientes acabam adotando um estilo de vida sedentário e mais isolado socialmente, devido ao medo gerado pela possibilidade das fraturas e de-formidades físicas. Esse medo, associado à defor-midade progressiva, dor, inatividade e alteração do equilíbrio contribui para a instalação de depressão e progressivo declínio da função.

Epidemiologia da OsteoporoseA prevalência da osteoporose e a incidência de

fraturas variam de acordo com o sexo e a raça. A osteoporose é uma das doenças mais comuns em mulheres após a menopausa, sendo que mulheres brancas e em período pós-menopausa apresentam maior incidência de fratura.

Nos Estados Unidos, a cada ano são diagnosti-cadas 1,5 milhão de fraturas osteoporóticas, inclu-indo 300 mil fraturas de quadril, que levam ao óbi-to cerca de 20% das pacientes no primeiro ano.

No Brasil, dados de 1994 apontam para uma população de 2,5 milhões de pacientes osteo-poróticos, sendo diagnosticadas 105 mil fraturas

de quadril por ano, com custos de 630 milhões de reais anuais. As projeções brasileiras para esse milênio incluem 4,3 milhões de casos de osteopo-rose, com 215 mil fraturas de colo de fêmur por ano.

Fatores de RiscoDiversos fatores são considerados de risco

para o desenvolvimento da osteoporose, sendo os principais: sexo; idade; pico de massa óssea; men-arca tardia e menopausa precoce; constituição corpórea pequena; raça; hereditariedade; doenças associadas; alguns medicamentos específicos; al-coolismo; tabagismo; sedentarismo; imobilização prolongada e dieta pobre em cálcio.

Fisioterapia na OsteoporoseA fisioterapia pode contribuir na prevenção e

no tratamento da osteoporose de duas manei-ras. A primeira é atuando diretamente sobre a massa óssea, por meio dos exercícios com carga. A segunda é na prevenção das quedas, que é re-alizada por meio do treinamento proprioceptivo, melhorando o padrão da marcha, o equilíbrio e os reflexos e orientando os pacientes quanto aos cuidados e adaptações que devem ser realizadas no domicílio. A manutenção do trofismo e das rea-ções de defesa ajuda bastante em casos de quedas, amortecendo o choque contra o chão, diminuindo o risco de fraturas.

A atividade física desempenha um papel funda-mental no tratamento da osteoporose, trazendo benefícios para os sistemas respiratório, cardíaco, muscular e ósseo.

Os mecanismos pelos quais o esqueleto re-sponde à atividade física ainda não estão total-mente elucidados, porém, existem evidências que demonstram o aumento da resistência óssea em resposta à aplicação de cargas mecânicas e em contrapartida à diminuição da DMO na ausência da mesma.

Na mulher menopausada, os exercícios dimin-uem a remodelação óssea provocada pelo hipoes-trogenismo. No indivíduo muito idoso, as vantagens do exercício visam não somente suas ações sobre o esqueleto, mas também sobre a musculatura que atua sobre a estabilidade.

Os exercícios aeróbios de baixo impacto, como caminhadas, estimulam a formação osteoblástica e previnem a reabsorção; já os exercícios com pe-

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sos leves aumentam a massa muscular e a força dos músculos esqueléticos; a natação pode ser uti-lizada para o relaxamento global e manutenção da amplitude de movimento.

Além da prática de exercícios e da modificação do comportamento geral, as medidas físicas tam-bém podem ser adotadas para diminuir a dose ne-cessária do medicamento contra a dor. As alterna-tivas para essa diminuição podem incluir a terapia com calor e frio, estimulação elétrica transcutânea nervosa (TENS) e órteses.

A hidroterapia é um dos recursos mais antigos da fisioterapia, sendo definida como o uso externo da água com propósitos terapêuticos.

Como na osteoporose a capacidade do sistema esquelético de suportar as solicitações mecânicas normais está comprometida, o exercício na água é um meio seguro e efetivo de fortalecimento geral. As forças de compressão reduzidas, o apoio ofer-ecido pelo efeito de flutuar, o meio ambiente com gravidade eliminada e a propriedade de resistência da água tornam a piscina um excelente recurso para obter o aumento de força e estabilização do tronco de forma segura.

Para cada fase da osteoporose temos um pro-grama hidroterápico indicado, porém, o programa básico visa a diminuição do risco de fraturas, redução da perda óssea, alívio da dor (caso ela exista), melhora da movimentação e posterior in-tegração à atividade física orientada.

O programa deve ser individualizado e realiza-do pelo profissional de fisioterapia, que dará devi-da atenção e orientações, como: não faltar às ses-sões de hidroterapia, evitar exercícios que levem à flexão, rotação ou extensão contra a gravidade, e evitar fatores de risco para quedas, como sapatos de saltos altos, pisos escorregadios, entre outros.

OBJETIVO

Realizar uma revisão de literatura sobre o trata-mento fisioterapêutico no solo e na hidroterapia em pacientes acometidos pela osteoporose.

DISCUSSÃO

A influência da atividade física na dinâmica do esqueleto e na prevenção e no tratamento da osteoporose tem provocado cada vez mais inte-resse.

Guyton (2002) relata que a deposição do osso é regulada pela quantidade de força que está sendo aplicada. Isto é, quanto maior for a carga mecânica a que estão submetidos os ossos, tanto mais se ati-vam os osteoblastos, estimulando o crescimento ósseo.

De acordo com Boot e Gould, citados por Ouriques e Fernandes (1997), o exercício físico aumenta a atividade dos osteoblastos e incremen-ta a incorporação de cálcio no osso.

Devemos salientar que o exercício isolada-mente não previne a perda óssea que ocorre após a menopausa, de maneira que deveria ser usado apenas como tratamento coadjuvante para a os-teoporose neste grupo etário.

A prática regular de exercícios é importante para a saúde em geral e deve ser encorajada no paciente com osteoporose, porém atualmente, tem-se questionado: qual dentre tantos exercícios físicos é o mais eficiente para a prevenção e o pos-sível tratamento da osteoporose?

Há evidências sobre os benefícios da atividade física regular na prevenção e tratamento da osteo-porose, assim como na diminuição dos riscos e na incidência de quedas na população de idosos. Os dados derivados da maioria dos estudos transver-sais sugerem significativa correlação entre a DMO e a taxa de atividade física.

Bass e colaboradores (1998) mencionam, por exemplo, estudos que identificaram correlações positivas entre massa óssea e massa muscular, bem como entre a inatividade física (imobilização) e a diminuição da DMO.

Para Nordström e colaboradores (1995), existe uma forte associação entre massa óssea e força dos músculos adjacentes. Assim, o incremento da massa muscular reflete-se em aumento da massa óssea, ou seja, os músculos, uma vez estimulados, irão desencadear aumento osteoblástico, na região óssea próxima do local onde se inserem. Esse fato tem sido observado quando tenistas profis-sionais demonstram aumento marcante na espes-sura óssea, de aproximadamente 6 a 9% no local de inserção dos músculos e tendões no rádio, em conseqüência do incremento da musculatura do antebraço e braço dominantes, que desferem os golpes.

Cohn e colaboradores (1997), examinaram o esqueleto ósseo e a massa muscular de mulheres negras normais e verificaram que sua massa ós-

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sea de corpo inteiro era 16,7% maior do que a de mulheres brancas da mesma idade. Mais da metade dessa diferença (9,7%) foi atribuída à maior mas-sa muscular apresentada pelas mulheres da raça negra.

De acordo com Nieman (1999), músculos fortes provocam mudanças positivas no esqueleto, enquanto que, em músculos fracos, ocorre o con-trário. Portanto, sendo o tecido ósseo dinâmico e alinhado à musculatura, é evidente que o esqueleto exiba mudanças similares àquelas observadas nos músculos submetidos ao exercício físico.

Estudos comparando atletas com indivíduos que realizam exercícios regularmente e com seden-tários observaram massa óssea significativamente maior nos dois primeiros grupos. No entanto, cabe ressaltar que o excesso de treinamento físico em mulheres jovens pode atrasar a menarca e/ou cau-sar amenorréia, acentuando a reabsorção óssea.

Em 1983, o Melpomene Institute for Women´s Health Research (EUA) deu inicio a um estudo longitudinal sobre os efeitos do estilo de vida so-bre a osteoporose, com a finalidade de determi-nar se certos tipos de exercícios (sustentação de peso, aeróbicos, regulares e específicos) provocam qualquer efeito sobre o desenvolvimento da os-teoporose. Assim, 111 mulheres participaram da pesquisa (57 fisicamente ativas e 54 fisicamente inativas). Após sete anos, as mulheres foram reav-aliadas e divididas em dois grupos (52 com DMO normal e 19 com DMO baixa). O grupo de mul-heres com DMO normal havia praticado nos últi-mos sete anos, pelo menos, três das quatro séries de exercícios (sustentação de peso, aeróbico e regular), e dessas 52 mulheres apenas sete haviam tido fraturas, ou seja, 13,46%. As mulheres do gru-po de DMO baixa haviam levado uma vida seden-tária, houve 11 fraturas entre as 19 mulheres, ou seja, 57,9%. Concluiu-se que o exercício com sus-tentação de peso, aeróbico e regular pode afetar o desenvolvimento da osteoporose.

Hall citado por Toigo e colaboradores (s.d), re-alizaram a medida da densidade mineral óssea do fêmur de 64 atletas americanos internacionalmente reconhecidos e que representavam diferentes des-portos. Os fêmures que exibiam a maior densidade eram, respectivamente, os dos levantadores de peso, seguidos por arremessadores, jogadores de futebol americano e, por último, nadadores. Essa pesquisa preconizou que é a magnitude da sobre-

carga esquelética, e não a freqüência das cargas que está relacionada com a massa óssea.

Menkes e colaboradores, citados por Rennó (2001) comprovaram o efeito de um treinamento de resistência sobre a massa óssea em pacientes idosas. Foi observado um ganho de massa óssea de 1% no colo de fêmur e na coluna lombar, enquanto o grupo controle apresentou perda de 2,5%. Além disso, notou-se melhora na força muscular e equilí-brio. Os estudos comprovaram uma diminuição no risco de quedas.

Nunes e Fernandes (1997) estudaram um grande grupo de mulheres de 35 a 45 anos que praticaram ginástica localizada, onde encontraram que a prática regular de exercícios localizados para membros inferiores e região glútea aumenta significativamente a densidade óssea do colo do fêmur e triângulo de Ward.

Brewer e colaboradores (1983), compararam a condição do esqueleto de dois grupos de mu-lheres de meia idade na pré-menopausa (30-49 anos), sendo 42 corredoras de maratona e 38 se-dentárias; verificou-se que as corredoras mantêm sua massa óssea por um tempo maior no rádio distal, que é um local de freqüentes fraturas nas mulheres após a meia idade.

Nunes e colaboradores (2001) verificaram a relação entre densidade mineral óssea (DMO) e força muscular em mulheres e também compara-ram a força muscular de mulheres normais e osteo-poróticas. A amostra foi composta por 51 mulhe-res (50 a 65 anos), com índice de massa corporal entre 20 e 28 kg/m2, não praticantes de programa de exercícios com peso, não atletas, sem irregu-laridade menstrual ou doença que interferisse na condição muscular e óssea. A DMO da coluna lom-bar e a do colo femoral foram medidas através de densitometria de dupla emissão com fontes de Raios X. Os resultados obtidos mostraram que as mulheres com DMO lombar normal apresen-taram força significativamente maior nos flexores de joelho do que as com osteoporose. O mesmo aconteceu com as mulheres sem osteoporose no colo do fêmur para a extensão do joelho. Assim, foi possível concluir que a força da musculatura fle-xora do joelho parece ser importante para maio-res valores de DMO do colo femoral e lombar e que a força dos músculos extensores do joelho e do quadril também parece contribuir para maior DMO do colo femoral.

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Vilariño e colaboradores (1998) escolheram 60 mulheres entre 113 e dividiram-nas em dois gru-pos: osteoporóticas e não-osteoporóticas (nor-mais); o diagnóstico foi feito por meio de densito-metria óssea. Foram incluídas no estudo somente as pacientes de tipo físico normal. A atividade física foi estimada utilizando-se um questionário que descrevia a rotina de vida diária e separava as pacientes em dois grupos: ativas ou sedentárias. Os esportes foram classificados em grupos: tro-tar, bicicleta, caminhar ativamente, tênis, ginástica aeróbica, natação etc. Observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre mulheres de vida ativa e sedentária, em relação a pacientes com e sem osteoporose. Os resultados mostraram que a relação atividade física e densidade mineral óssea é afetada positivamente pelo exercício.

Smith e colaboradores, citados por Matsudo e Matsudo (1991), estudaram 80 mulheres por quatro anos, treinando-as 45 minutos por sessão, três vezes por semana, e constataram que a taxa de perda óssea no grupo treinado foi significativa-mente menor do que no grupo controle. Os mes-mos autores compararam indivíduos que partici-pavam de um programa de baixa intensidade (30 minutos, três vezes por semana) e encontraram, em três anos, incremento no conteúdo mineral do rádio de 2,3% no grupo treinado e diminuição de 3,3% no grupo controle.

Fehling e colaboradores (1995) compararam a DMO de atletas universitárias que competiam em esportes de impacto (voleibol e ginástica) com a de atletas que participavam de esportes competi-tivos de resistência (nadadores) e também com controles não-atléticos. O grupo de impacto tinha DMO significativamente maior na coluna lombar, no colo femoral, no triângulo de Ward e em todo o corpo quando comparados com os nadadores e com o grupo controle.

Embora a natação seja considerada uma ativi-dade que não envolve o levantamento de pesos, ela pode contribuir para a densidade óssea mineral, pois o aumento muscular acrescenta uma carga sobre os ossos.

A natação tem sido prescrita mais no sentido de manter a amplitude articular do que propriamente para estimular a produção óssea. Os estudos a este respeito são bastante controversos, com al-guns trabalhos mostrando a eficácia da natação na prevenção e tratamento da osteoporose, enquan-

to outros mostram apenas vantagens relacionadas com a manutenção da movimentação articular.

Kemmler e colaboradores (2003), realizaram um estudo com o objetivo de verificar os efeitos de dois anos de um programa de treinamento físi-co, combinando exercícios de alto impacto, força e endurance sobre a densidade mineral óssea, em mulheres osteopênicas e com menopausa precoce. Participaram do estudo 137 mulheres, com diag-nóstico densitométrico de osteopenia na coluna lombar ou fêmur, sendo que 86 faziam parte do grupo de exercícios e 51 faziam parte do grupo controle e os dois grupos receberam complemento com vitamina D e cálcio. O programa de exercícios era composto por duas sessões semanais de treino em grupo, por 60-70 minutos e duas sessões sema-nais de treino adicional em casa, por 25 minutos. As sessões eram divididas em quatro seqüências: endurance, saltitar, treino de força e alongamento. Após 14 meses de treinamento, a DMO aumen-tou significativamente na coluna lombar do grupo de exercícios (1,3%) e diminui no grupo controle (1,2%). As diferenças na DMO do fêmur não foram significativas em ambos os grupos. Mudanças na força muscular foram significativas para diversos grupos musculares no grupo de exercício, com-parando com mudanças não relevantes no grupo controle. Os autores concluíram que os exercí-cios de alta intensidade podem causar influencia positiva sobre a DMO da mulher osteopênica com menopausa precoce.

Hatori e colaboradores, citados por Hertel e Trahiotis (2001), realizaram um estudo com 33 mulheres na pós-menopausa que executavam caminhadas ativas (acima do limiar anaeróbico), durante 30 minutos, três vezes por semana. A densidade mineral óssea desse grupo aumentou em 1,1%, enquanto nos grupos controles, o que caminhava abaixo do limiar anaeróbico e o que não caminhava, a DMO diminui em 1,0% e 1,7%, respectivamente, em um período de sete meses.

Rikli e McManis (1989) estudaram 31 mulheres na pós-menopausa e as dividiram em três grupos: um fazia um programa geral de exercícios aeróbi-cos, outro um programa de treinamento de exer-cícios aeróbicos enfatizando o corpo superior e um grupo que não fazia nenhuma atividade. Os programas duraram dez meses e a DMO foi men-surada no rádio do membro não dominante. Os resultados mostraram um incremento de 1,18%

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na DMO nos grupos de exercício e diminuição de 2,5% na DMO do grupo controle.

Morris e colaboradores (1997), após um perío-do de intervenção de dez meses de duração, re-alizado com 71 meninas pré-adolescentes com idades variando ente 9 e 10 anos, incluindo exer-cícios de alto impacto e treinamento com pesos, obteve ganhos significativos de força muscular e DMO.

Slemenda e colaboradores (1991) identificaram, em um grupo de 118 crianças com idades vari-ando entre 5 e 14 anos, uma correlação significa-tiva entre o número de horas diárias despendidas na prática de atividades físicas, envolvendo o su-porte do peso corporal, e o aumento da DMO. Os autores citam ainda que, na infância, aumentos moderados no tempo gasto com atividades físicas estão associados com também moderados, mas importantes, aumentos na DMO de regiões corpo-rais diversas – com isso, crianças ativas poderiam chegar à adolescência com DMO 5% a 10% maior.

Esta constatação reveste-se de importância, quando Bass e colaboradores, citados por Ger-aldes (21) (2003), observam que os incrementos na DMO obtidos através da prática de exercícios vigorosos em pré-púberes são muito expressivos, podendo reduzir entre duas e quatro vezes os ris-cos de fratura durante o envelhecimento.

Moser e colaboradores (2004), realizaram um estudo com o objetivo de verificar a influência da atividade física praticada na infância, na adolescên-cia e na idade adulta, sobre a densidade óssea. Participaram do estudo 200 mulheres voluntárias que responderam a um formulário padronizado referente à atividade física realizada em todas as fases da vida e que também realizaram densito-metria óssea. Foi possível perceber que a maioria das mulheres praticava algum tipo de atividade física no passado, e da mesma forma atualmente (166). A perda óssea entre as mulheres que prati-caram atividade física na infância e na adolescên-cia foi menor (p<0,03) em relação às que não praticaram; entre as praticantes e não praticantes atuais não houve diferença significativa (p<0,73). Foi possível concluir através deste estudo que a prática de atividade física no passado exerceu mais influência sobre a densidade óssea das mul-heres do que a prática atual, o que não invalida os benefícios desta última.

HIDROTERAPIA

Os exercícios terapêuticos na água (hidrotera-pia) parecem ser os ideais para prevenir, manter, retardar, melhorar ou tratar as disfunções físicas características do envelhecimento.

Paulo (1994), afirma que o meio líquido, devido às suas propriedades físicas e sobrecarga natural, proporciona ao indivíduo que se exercita uma sen-sação de diminuição do peso corpóreo, livramento das articulações, bom funcionamento do sistema termorregulador, melhor irrigação ativando veias, artérias e vasos capilares e ainda, envolvimento da maioria dos grupos musculares. Além de tonifi-car os músculos através da resistência da água em múltiplas direções, na hidroterapia é possível au-mentar a intensidade do trabalho e proporcionar um maior consumo de energia, fazendo com que a massa gorda seja gradativamente substituída por massa magra.

Para Forwood e Larsen (2000), os indivíduos acometidos por uma osteoporose severa, com de-formidades avançadas, que apresentem dor intensa ou déficit de equilíbrio e coordenação, podem ser beneficiados pela hidroterapia e por atividades de baixa intensidade, sendo que os exercícios devem ser selecionados devido à fragilidade do esqueleto, para evitar eventos adversos. Lembrando que na hidroterapia diferentes objetos podem ser utiliza-dos para alterar a quantidade de resistência de cada exercício.

Sanders citado por Moreira (2004), verificou o aumento da força abdominal de praticantes de hidroterapia sem que os mesmos tivessem feito exercícios específicos para a musculatura do abdô-men, ou seja, ainda que não se trabalhe especifica-mente esse grupo muscular durante a hidroterapia, essa musculatura é fortalecida pelo fato de que na água o equilíbrio é afetado a todo momento pelo próprio movimento da água, o que obriga o indi-viduo, mesmo que inconscientemente, a manter a musculatura abdominal contraída, visando manter o equilíbrio do seu corpo neste meio.

Moreira (s/d) lembra ainda que na água a re-sistência é proporcional ao quadrado da velocid-ade, assim sendo, quanto mais rapidamente for ex-ecutado o exercício, maior será a força exigida dos grupos musculares atuantes e também, que sendo a água 770 vezes mais densa do que o ar, não há

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dúvidas de que esse é um meio propício para o trabalho de força de resistência muscular, além de proporcionar um gasto calórico muito maior àqueles que se exercitam com intensidade, do que se comparado ao mesmo exercício fora da água.

Kravitz e Mayo (1997) relataram que a maioria das pesquisas com DWR (corrida em piscina pro-funda, do inglês Deep Water Running) demonstra a capacidade da hidroterapia em aumentar o con-dicionamento aeróbio de seus praticantes, com a vantagem de não sobrecarregar o sistema articu-lar.

O estudo acima citado é de grande importân-cia para os indivíduos com osteoporose, porque apesar de não tratar diretamente do aumento da densidade mineral óssea, reporta grande melhora da capacidade cardiopulmonar do indivíduo.

Melton e colaboradores (2004), realizaram um estudo com a finalidade de examinar os efeitos dos exercícios aquáticos sobre a densidade óssea do fêmur de ratos fêmeas que sofreram retirada do ovário direito somente e de ratos que sofre-ram a retirada total dos ovários. Os ratos foram divididos em grupo controle e grupo de exercí-cios. O grupo de exercícios realizou natação com duração aumentada progressivamente de cinco a 75 minutos, cinco vezes por semana, durante seis semanas. Ao fim do estudo, a DMO dos ratos que se exercitaram era maior do que a dos ratos sed-entários, porém mais baixa nos ratos que haviam passado pela retirada total dos ovários do que nos que haviam retirado somente o ovário direito. Os resultados indicaram que os exercícios dinâmicos na água impedem a diminuição da DMO de fêmur associada à retirada dos ovários em ratos. Con-cluiu-se que um protocolo de exercícios na água poderia ser benéfico para manter a DMO de mul-heres na pós-menopausa e com deficiência hor-monal, e especialmente para pessoas idosas que não possam realizar atividades de sustentação de peso.

Hoshi e colaboradores (1998), realizaram um estudo para investigar os efeitos da natação sobre a densidade óssea de ratos machos e fêmeas ido-sos. Foram usados dois grupos de ratos machos e dois grupos de ratos fêmeas, constituídos de sete ratos cada um. Um grupo de fêmeas e um grupo de machos realizaram um programa de natação de 40 minutos por dia, cinco vezes por semana, durante seis semanas consecutivas. Os grupos restantes

foram utilizados como grupo controle. Todos os ratos foram alimentados com a dieta habitual de água e alimento. Os resultados mostraram que o peso corporal era significativamente (P < 0,05) mais baixo nos grupos da natação do que nos gru-pos controle em ambos os sexos. A DMO era significativamente mais elevada (P < 0,05) nos grupos da natação do que nos grupos controle em ambos os sexos. A elasticidade do osso dos ratos fêmeas no grupo da natação era significativamente mais elevada (P < 0,05) do que aquela do grupo controle. Os resultados sugerem que um pro-grama de natação para ratos envelhecidos pode suprimir a perda óssea associada à idade.

Swissa-Sivan e colaboradores (1992), investiga-ram os efeitos da natação sobre a DMO de ratos idosos com osteoporose induzida pelo tratamento com predinisona. Participaram do estudo 48 ratos fêmeas que foram divididas em quatro grupos dis-tintos: 1 - grupo controle; 2 - grupo de natação; 3 - grupo tratado com predinisona e 4 - grupo tratado com predinisona e que realizava natação. Os grupos 1 e 2 recebiam injeções de placebo e os grupos 3 e 4 recebiam injeções de predini-sona (80 mg/kg), três vezes por semana, durante dez semanas. Os grupos 2 (natação) e 4 (natação + predinisona) nadavam uma hora por dia, cinco vezes por semana, durante dez semanas. Ao final do período de natação a DMO era mensurada nas vértebras L4 e L5 com os ratos vivos. Mais tarde, o úmero e o fêmur dos ratos foi removido para que a DMO fosse avaliada. A DMO encontrada nos ratos que nadavam foi 14% mais elevada do que no grupo controle e 3% maior no grupo tratado com predinisona e que também nadava, do que no grupo tratado exclusivamente com a predinisona (P< 0,05). O conteúdo mineral ósseo vertebral foi 15% maior no grupo de natação do que no grupo controle e 11% maior no grupo tratado com pre-dinisona e que nadava do que no grupo tratado somente com a predinisona. O cálcio femoral tam-bém foi mais elevado no grupo de natação do que no grupo controle (5%) e mais elevado também no grupo que nadava e recebia a predinisona do que no grupo de predinisona somente (8%). Através destes resultados foi possível concluir que a na-tação pode ser benéfica para elevar a DMO de ratos tratados ou não com predinisona e também prevenir a perda óssea associada à idade.

Routi e colaboradores, citados por Caromano e

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Candeloro (2001), estudaram o efeito de um pro-grama de exercícios na água sobre a resistência muscular, a composição corporal e a capacidade de trabalho aeróbico em 12 homens e mulheres ido-sos (idade média de 66 anos). A captação máxima de oxigênio durante a caminhada na esteira au-mentou em 15%, a porcentagem de gordura corpo-ral não alterou de forma significativa, a freqüência cardíaca em repouso diminuiu em 7%, a freqüência cardíaca durante caminhada na água, em velocid-ade padrão, diminuiu em 20% e a resistência dos músculos dos braços e ombros aumentou em 11% e 35% respectivamente. Os autores demonstraram que exercícios calistênicos constituem um meio eficaz para melhorar a função cardiorespiratória e a capacidade de trabalho físico do idoso.

Moreira (s/d) realizou um estudo no qual 25 mulheres com idades entre 18 e 39 anos foram submetidas a um treinamento de hidroginástica intervalada, três vezes por semana, durante 12 se-manas. Tal estudo teve como objetivo investigar se um programa intervalado de alta intensidade em hidroginástica é efetivo para reduzir o percen-tual de gordura corporal em mulheres e qual a sua influência sobre a força muscular e capacidade de expansão do tórax. As mulheres se exercita-ram em uma piscina coberta, com profundidade de 1,20 m a 1,30 m e temperatura constante de 29º a 30°C. Inicialmente foi feito um trabalho pre-paratório de quatro semanas para adaptação ao meio líquido, e nas oito semanas subseqüentes foi realizado o treinamento intervalado propriamente dito. Os resultados obtidos ao final do estudo mostraram diminuição do percentual de gordura corporal e aumento de 61% na expansibilidade torácica. A força muscular abdominal que foi men-surada através do número de flexões de tronco executadas por minuto, antes acusava uma média de 23,5 repetições (± 8,2) e após o treinamento foi para uma média de 28,8 repetições (± 9,3), ha-vendo então, um aumento de 22,5% após o trein-amento. A força muscular do braço, aferida através do número de flexões de cotovelo executadas em um minuto, antes apresentava uma média de 18,8 (±7,3) repetições por minuto e depois passou para 24.1 (±7.2) repetições, com um aumento de 28,1% no número de flexões de braço após o período de treinamento.

Baseando-se em estudos similares, podemos supor que tal aumento da força muscular possa

desencadear aumento na DMO das áreas estimula-das, sendo então benéfico também para pacientes com osteoporose.

Um estudo feito por Bálsamo (2002), comparou a DMO de 63 mulheres pós-menopausa, pratican-tes de musculação, de hidroterapia e sedentárias (grupo controle). As mulheres que se exercitavam, já o faziam por no mínimo um ano, e todas (in-clusive as sedentárias) faziam terapia de reposição hormonal. Foi obtida a DMO de coluna lombar, fêmur e antebraço. Nas praticantes de muscula-ção em relação às sedentárias os valores da DMO de coluna lombar, colo do fêmur e rádio foram significativamente mais elevados. Nas praticantes de hidroterapia comparadas com as sedentárias, a DMO foi mais elevada (p< 0,05) na coluna lom-bar e colo do fêmur, enquanto nos outros sítios analisados não houve diferença significativa. Não houve diferença significativa entre as participantes da musculação e praticantes da hidroterapia em nenhum dos sítios avaliados. Assim, esses resul-tados sugerem que tanto a musculação, como já havia sido preconizado por vários estudos, quanto a hidroterapia, mostraram ser positivas para uma maior DMO em relação à população sedentária.

Segundo Wysong (2003) os exercícios aquáticos melhoram o equilíbrio em mulheres no período de pós-menopausa e podem indiretamente ajudar a impedir quedas, de acordo com um estudo apre-sentado no II Encontro Anual da Sociedade Ameri-cana para a pesquisa do osso e seus minerais. Nesse trabalho, 73 mulheres foram divididas em três grupos: praticantes de hidroterapia, pratican-tes de ginástica localizada e grupo controle. Ao fim do estudo, ambos os participantes que realizaram atividades físicas obtiveram ganhos de força, cor-reção da postura, melhora do equilíbrio, da marcha e da execução das atividades de vida diária. Con-tudo, as mulheres treinadas na água, apresentaram maiores níveis de equilíbrio lateral, o que pode ajudar muito na prevenção de quedas.

De acordo com Clark (2003), em um recente estudo conduzido por um conjunto de pesquisa-dores em Israel, um grupo de mulheres no período pós-menopausa se exercitou tanto na água quanto fora dela. O impacto vertical dos exercícios aquáti-cos mostrou ser bastante significativo no aumento da DMO mensurada nos pré e pós-testes. Além do mais, o grupo de mulheres que se exercitou na água apresentou um aumento relevante da DMO (1%)

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quando comparado ao grupo exercitado fora da água (0,17%).

Clark (2003), relatou os resultados de um estu-do feito no Japão, envolvendo 35 mulheres na fase pós-menopausa, que participaram de um programa de hidroginástica. Elas se exercitaram apenas uma vez por semana, por 45 minutos. Dentro de um ano, esse programa de exercícios não somente paralisou a perda de massa óssea, como também aumentou discretamente a densidade mineral óssea da coluna das participantes.

Silva e López (2002) realizaram um estudo com dez mulheres que apresentavam osteopenia ou os-teoporose, com o objetivo de verifi car a efi cácia do programa de hidroterapia para pacientes portadoras de osteopenia/osteoporose. Todas as participantes tinham entre 66 e 70 anos de idade, raça branca e re-alizavam tratamento de reposição hormonal e suple-mentação de cálcio. O programa de exercícios aquáti-cos foi realizado ao ar livre, ou seja, com presença de sol, durante 12 meses, três vezes por semana com duração de 50 minutos cada sessão, sendo a tem-peratura da água de 29°C. Todas as participantes re-alizaram o mesmo programa de exercícios, com água na altura do apêndice xifóide. A DMO foi avaliada através de densitometria óssea pré e pós programa de exercícios aquáticos. Foi constatado através da análise geral dos resultados que 70% das alunas que apresentavam uma DMO reduzida na coluna lom-bar no início do programa obtiveram uma melhora e dessa mesma amostra, em relação ao fêmur, 60% delas aumentaram a DMO. Assim foi possível notar que o programa de hidroterapia aplicado foi benéfi co no tratamento de pacientes com osteopenia/osteo-porose. Porém os autores recomendam aumentar o número da amostra nos próximos estudos e reali-zar um programa por um maior período de tempo e aumentar as cargas utilizadas para que haja uma resposta mais acentuada da DMO.

CONCLUSÃO

Até o presente momento, foi possível verificar que os exercícios desempenham papel benéfico tanto na prevenção, quanto no tratamento da os-teoporose, fazendo com que a DMO aumente ou pelo menos diminuindo a sua perda.

De acordo com a maior parte dos estudos anal-isados nesta pesquisa, os exercícios no solo e com a utilização de cargas são os mais indicados para os pacientes com osteoporose, pois promovem um maior incremento da DMO.

Com relação à hidroterapia e à prática de es-portes aquáticos, os estudos ainda são contro-versos, pois alguns encontraram aumentos signifi-cativos da DMO em pacientes tratados somente na piscina, enquanto outros não diferenciaram à prática destes exercícios com os grupos controle.

Sugere-se que mais estudos sejam realizados a fim de obter um consenso em relação ao trata-mento do paciente com osteoporose na hidrotera-pia, haja vista que para diversos casos, este seria o tratamento mais indicado, como em estágios avan-çados da osteoporose ou em indivíduos que apre-sentem patologias associadas, como, por exemplo, a osteoartrose, casos esses nos quais a prática de exercícios no solo ficaria um pouco restrita.

Um fato de suma importância é que os exer-cícios devem ser prescritos desde a infância, pois quanto mais cedo for iniciada a prática desses, maior será o pico de massa óssea alcançado, di-minuindo assim as chances do desenvolvimento da osteoporose ou pelo menos retardando o seu aparecimento. Além do que a prática de atividades físicas gera na maioria dos casos, uma melhora da qualidade de vida dos indivíduos, não só devido a todos os benefícios fisiológicos, mas também aos benefícios psicológicos que esse tipo de atividade gera.

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EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE O SISTEMA IMUNE PHYSICAL EXERCISES EFFECT ON THE IMMUNE SYSTEM

ABSTRACT

Physical exercise has acute and chronic infl uences on immune system. In resting state, the immune system of athletes and non-athletes show similar patterns. Most immunological components show negative changes when exhaustive exercises and/or when exercises performed for a long period of time are performed. Total leukocytes and its subpopulations present different responses, depending on type, length and intensity of exercises. The infections risk increase in situations where immune system is debilitated. With regard to this information, the present research had the objective to make a review about the effects of physical exercise on immune system.

Keywords: exercise, immune system, leukocytes.

RESUMOO exercício físico pode promover modifi cações agudas e crônicas sobre o sistema imune. No estado de repouso, o sistema imune de atletas e não atletas são similares. Muitos componentes imunológicos exibem alterações adversas frente ao exercício extenuante e/ou de longa duração. Os leucócitos totais e suas subpopulações podem exibir diferentes respostas, dependendo do tipo, duração e intensidade do exercício. O risco de infecções pode aumentar em situações nas quais o sistema imune está debilitado. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão sobre os efeitos do exercício sobre o sistema imunológico.

Palavras-chave: exercício, sistema imune, leucócitos.

Jonato PrestesMestre em Performance Humana do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Denis FoschiniMestre em Performance Humana e docente do Curso de Graduação em Educação Física da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

Felipe Fedrizzi DonattoMestrando em Educação Física no Núcleo de Performance Humana da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP)

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INTRODUÇÃO

A intensidade, duração e a freqüência do exercício exercem papel-chave na determinação das respostas imunológicas, podendo aumentar ou reduzir tal fun-ção (MATTHEWS et al., 2002; MEYER et al., 2001; NIEMAN, 1994b). A prática de atividade física regu-lar realizada em intensidade moderada pode levar à redução na ocorrência de infecções, especialmente do trato respiratório superior (ITRSs) (MATTHEWS et al., 2002).

Por outro lado, treinamentos de alto volume e intensidade realizados por atletas têm sido relacio-nados com aumentos da susceptibilidade a ITRSs (NIEMAN e PEDERSEN, 1999; NIEMAN, 1998). O período de “janela aberta,” no qual atletas estão mais susceptíveis a infecções, ocorre depois de sessões exaustivas de exercício, podendo estar elevado du-rante a primeira ou segunda semana após eventos como maratona e após 1-9h de exercícios de endur-ance (PEDERSEN e ULLUM, 1994). Nessas situações, os mecanismos de defesa contra agentes invasores estão reduzidos (NIEMAN et al., 1990). Treinamentos intensos podem ainda, reduzir a função de linfócitos ou acelerar o processo de apoptose nestas células (PHANEUF e LEEUWENBURGH, 2001). Contudo, o exercício pode, paradoxalmente, tanto promover melhora como debilitar a resposta imune; sendo esta dependente do tipo de exercício e do nível de ap-tidão física de cada indivíduo (McCARTHY e DALE, 1988; MINETTO et al., 2005).

Considerando as alterações imunes apresentadas, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre o efeito do exercício físico sobre o sistema imune.

RELAÇÕES ENTRE EXERCÍCIO, SISTEMA ENDÓCRINO E SISTEMA IMUNE

Estudos realizados in vivo demonstram que a res-posta imunitária é totalmente autônoma. Porém, ex-iste uma nítida interação funcional deste sistema com o sistema neuroendócrino, que modula a resposta imunitária frente ao estresse fi siológico, psicológico ou patológico (FLESHNER, 2000; JONSDOTTIR, 2000). Foi verifi cado que a prática regular de exer-cício físico está associada à redução de alguns tipos de câncer, principalmente o de cólon e o de mama (DE CARO et al., 2006; GALVÃO e NEWTON, 2005; HAYDON et al., 2006). Um dos possíveis mecanismos

para esta relação é o fato de que, o exercício físico altera a concentração e a sensibilidade de alguns hor-mônios, como por exemplo: a insulina e o estradiol (YU et al., 2002). Outro possível mecanismo seria a modulação na funcionalidade do sistema imunitário. HOFFMAN-GOETZ (1999) observou que o estradi-ol induziu a diminuição da proliferação de linfócitos T e B em camundongos fêmeas, sendo que este efeito foi mascarado quando os animais foram submetidos também ao exercício físico. No entanto, HAYES et al. (2003) indicaram que, apesar das pesquisas demon-strarem que um programa adequado de exercícios pode induzir efeitos imunomodulatórios positivos em indivíduos saudáveis, até o momento, não está totalmente esclarecido o papel do exercício na re-cuperação da resposta imune, depois de tratamento quimioterápico contra o câncer.

O exercício físico é caracterizado pelo nosso or-ganismo como estímulo estressante, produzindo uma descarga simpática e de corticosteróides por meio do eixo hipotálamo-hipófi se-adrenal. Os estímulos estressantes atuam por intermédio de neurônios aferentes ou diretamente sobre o hipotálamo, pro-movendo a secreção do Fator de Liberação de Cor-ticotropina (CRF) e conseqüentemente a liberação de corticotropina (ACTH) pela hipófi se.

CATECOLAMINAS

A liberação de catecolaminas predomina, princi-palmente nos primeiros minutos de exercício, con-seqüentemente, contribuindo para a elevação dos linfócitos circulantes (ARLT e HEWISON, 2004). As concentrações plasmáticas de adrenalina e noradre-nalina aumentam, quase que linearmente, com a dura-ção do exercício dinâmico e, exponencialmente, com a intensidade (SUGIURA et al., 2002). A expressão de receptores beta adrenérgicos (β-adrenérgicos) nas células T, B, NK, macrófagos e neutrófi los fornecem base molecular para que estas sejam células-alvo para sinalização das catecolaminas (NAGAO et al., 2000). Existe uma relação entre número de recep-tores adrenérgicos nas subpopulações de linfócitos e sua resposta ao exercício (WEISE et al., 2004). Os receptores β-adrenérgicos presentes nos linfócitos estão ligados intracelularmente ao sistema adelina-to ciclase, para geração de adenosina monofosfato cíclico (AMPc), como segundo mensageiro, atuando no processo de ativação e diferenciação desta célula imune (WIGAL et al., 2003).

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O número de receptores β-adrenérgicos nas células NK aumenta durante o exercício, sendo que, quando administrado β-bloqueadores ad-renérgicos, este efeito é inibido (PEDERSEN e TOFT, 2000). A adrenalina também contribui para o recrutamento de células NK, a partir das pare-des endoteliais para a circulação geral, linfonodos, baço e intestino (PE-DERSEN e STEENSBERG, 2002). Dentre os subtipos de linfócitos, as células NK possuem o maior número de receptores β-ad-renérgicos, os linfócitos B e citotóxicos número intermediário e os linfócitos T auxiliares, o menor número. (PEDERSEN e STEENSBERG, 2002).

CORTICOSTERÓIDES

Os corticosteróides podem suprimir várias reações inflamatórias e imunitárias. Em camun-dongos, ratos e coelhos, os glicocorticóides pro-vocam extensa destruição linfóide. Por outro lado, os linfócitos de cobaias, macacos e seres humanos mostram-se altamente resistentes a lise induzida por esteróides (JONSDOTTIR, 2000). Os efeitos antiinflamatórios e imunossupressores dos corti-costeróides podem ser decorrentes de suas ações sobre o trânsito celular e funcionalidade dos leucócitos (STITES et al., 2000). De fato, a infusão de corticosteróides intravenosa em humanos, causa redução no número de linfócitos, monóci-tos e aumento no número de neutrófilos que al-cançam seus valores máximos quatro horas após a administração (PEDERSEN e HOFFMAN-GOETZ, 2000). Em doses suprafisiológicas, os corticoste-róides induzem a morte celular de linfócitos T e B imaturos (SAPOLSKY et al., 2000).

A incubação de timócitos e esplenócitos com corticosteróides, na presença de concentrações próximas aquelas observadas em exercícios máxi-mos, induz a apoptose destas células (HOFFMAN-GOETZ e ZAJCHOWSKI, 1999). A concentração de cortisol aumenta em resposta ao exercício intenso e principalmente no de longa duração (BUTCHER et al., 2005; DAVIS et al., 2000; WEISE et al., 2004). Esta elevação pode promover a en-trada de neutrófilos provenientes da medula ós-sea para a circulação, enquanto inibe a entrada

de linfócitos, facilitando seu regresso para outros tecidos periféricos (BUTCHER et al., 2005). Desta forma, o cortisol que poderá permanecer elevado até 1h30 após os exercícios de endurance, pro-move redução no número de linfócitos circulantes (KANALEY et al., 2001).

Adicionalmente, o cortisol reduz os recep-tores de IL-1 e IL-2 nas células T. A conseqüência imediata destas ações é a redução da atividade e capacidade proliferativa das células NK e B (RON-SEN et al., 2001; 2004). A longo prazo, elevações crônicas de cortisol podem aumentar a razão catabólica, modificando as reservas de aminoáci-dos disponíveis para o crescimento e proliferação de linfócitos (ARLT e HEWISON, 2004).

EFEITOS DO EXERCÍCIO SOBRE O SISTE-MA IMUNE

Estudos observaram que, exercícios físicos in-tensos e de curta duração elevaram o número total de leucócitos no sangue numa relação dire-tamente proporcional à intensidade do exercício, sendo que, este aumento ocorre principalmente na série granulocítica e em especial nos poliformonu-cleares (BENONI et al., 1995; HOST et al., 1995). O número de monócitos e de linfócitos também aumenta, mas em menor escala (HOST et al., 1995; MOOREN et al., 2004). Dentre a subpopulação de linfócitos, as células “Destruidoras Naturais” (NK) são as que mais aumentam (TIMMONS et al., 2006). Um dos mecanismos propostos para explicar esta linfocitose passa-geira, pode ser em decorrência dos efeitos da adrenalina induzida pelo exercício (ORTEGA et al., 2003). O número de linfócitos começa a diminuir cinco minutos após o término do exercício, provavelmente devido ao efeito per-sistente do cortisol liberado durante o mesmo, diferentemente da adrenalina que decresce logo após o fim do exercício físico (HOST et al., 1995). Em geral, quatro a seis horas depois de encerrado o exercício físico e, com certeza após 24 horas de repouso, o número de linfócitos circulantes retorna aos valores basais (MEYER et al., 2004). Com relação à função dos demais linfócitos, foi observado também que o cortisol pode reduzir a

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capacidade mitogênica, nas primeiras horas após o término do exercício físico (HOST et al., 1995; MALM, 2004).

Foi verificado um aumento médio de 3.5 vezes no número de monócitos CD14+ CD16+, mesmo num curtíssimo período de exercício (1 minuto). Em condições de repouso, a maioria (>75%) dos monócitos CD14+ CD16+ ficam aderidos à parede endotelial dos vasos sangüíneos, e não no sangue periférico. A rápida mobilização destas células a partir das paredes endoteliais, em condições de estresse, deve servir para fornecer uma grande população ativa de células para defesa em locais de lesão e infecção (STEPPICH et al., 2000).

Em outro estudo, com maior volume de exercí-cio, dez homens fisicamente ativos de idade entre 18-25 anos realizaram duas sessões de endurance de 20 minutos cada (cinco min a 50% do VO2max e 15 min a 70% VO2max) no mesmo dia, separadas por quatro horas de descanso, observou-se au-mento no número total de leucócitos circulantes, neutrófilos e contagem de linfócitos, com pouco efeito sobre a atividade da célula NK. As alter-ações no sistema imune frente a duas sessões de endurance foram mais pronunciadas, quando com-paradas a uma única sessão (MACFARLIN et al., 2003).

Recentemente, NIEMAN et al. (2005) anal-isaram o efeito da caminhada de 30 minutos sobre a resposta imune. Esta atividade é executada em grande escala pela população, com objetivos de melhorar a aptidão física e saúde. Neste estudo, foram avaliadas 17 mulheres com idades entre 25 e 55 anos, saudáveis que realizavam caminhadas a pelo menos três meses anteriores ao experimen-to, com uma freqüência de 2-7 dias por semana. Verificou-se que esta atividade realizada na inten-sidade de 60%-65% do VO2max foi associada com modestas e temporárias alterações na contagem de leucócitos (especialmente neutrófilos e células NK), proliferação de linfócitos induzida pela fito-emaglutinina (PHA), e concentração plasmática de Interleucina-6 (IL-6).

Os efeitos citados acima contrastam com a maioria das alterações registradas após exercício

intenso e prolongado, como uma maratona (NIE-MAN et al., 2001). Estes dados foram observados em praticantes regulares de exercício físico, sendo assim, devemos ter cautela ao extrapolar estes efeitos e aplicá-los a indivíduos sedentários.

Em animais experimentais, DAVIS et al. (2004) verificaram que uma hora de exercício moderado, durante seis dias, melhorou a competência da re-sposta de macrófagos ao vírus da herpes tipo 1. Adicionalmente, observaram redução na suscepti-bilidade à ITRSs. No entanto, mais estudos devem ser realizados para estabelecer uma relação entre mudanças imunes agudas e melhora da resistência imunológica.

Vários mecanismos foram propostos na ten-tativa de explicar a suscetibilidade de atletas de endurance a infecções respiratórias (NIEMAN, 1994b). Foi observada uma relação direta entre o aumento da concentração plasmática de IL-6, exercícios extenuantes e aumento de sepsis e in-fecções respiratórias (TOTH et al., 2006; YENDE et al., 2006).

Usualmente, sessões de treinamento e com-petição no ciclismo de rua demoram várias horas. Está bem estabelecido que o exercício prolongado pode induzir imunossupressão temporária chama-da de “janela aberta” (NIEMAN, 1999; PEDERSEN e ULLUM, 1994). NIEMAN (1994a) propôs a cur-va em “J”, que descreve a relação entre intensi-dade do exer-cício e possibilidade de infecção. De acordo com esta hipótese, o exercício modera-do protegerá o indivíduo de infecções, enquanto que, o exercício intenso aumentará o número de episódios infecciosos num determinado período (Figura 1).

Porém, nos atletas avaliados para formulação des-ta curva em “J”, não foi distinguido a diferença entre carga “alta” e de “elite” para o exercício. Sendo que, quando atletas de elite são inclusos no modelo, a relação entre carga de exercício e ris-co de infecções su-gerida deveria ter a forma de “S”, onde as intensidades consideradas de “elite”, teriam menor possibilidade de induzir a infecções em relação as intensidades “altas” (Figura 2), (MALM, 2006).

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Figura I. Modelo da curva em “J” da relação entre carga de exercício e surgimento de in-fecções (NIEMAN, 1994a).

Figura II. Proposta da curva em “S” que apre-senta a relação entre carga de exercício e sur-gimento de infecções (MALM, 2006).

Recentemente, SCHARHAG et al. (2005) exami-naram as respostas imunológicas depois do exercício prolongado, em ciclistas bem treinados, numa intensi-dade de 70% do limiar de lactato. Foi observada leu-cocitose típica (aumento em duas vezes o número de leucócitos circulantes), principalmente nos neutrófi los (três vezes em relação aos valores basais), apesar dos linfócitos não terem sido elevados ao fi nal do exer-cício, foi notado observado aumento signifi cativo nas células NK.

Foi sugerido que indivíduos com alta aptidão cardior-respiratória tem respostas imunes atenuadas frente ao exercício agudo (HONG et al., 2005). Um papel prote-

tor do exercício contra a imunossupressão induzida pelo estresse foi encontrada em estudos com animais (HONG et al., 2004; MORASKA e FLESHNER, 2001). O exercício regular inibiu as reduções no número de células T CD4+ normalmente observadas depois de exercício exaustivo em ratos (FU et al., 2003).

EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA SOBRE O SISTEMA IMUNE

Mudanças na contagem total de leucócitos tem sido exaustivamente estudadas em exercícios aeró-bios e de longa duração, como: a maratona, o ciclismo e a corrida (GRABRIEL et al., 1991; NIEMAN et al., 1995; SHINKAI et al., 1996; STEENSBERG et al., 2001). No entanto, estas alterações foram menos estudadas em exercícios de força. Tipicamente, frente a uma ses-são aguda de treinamento de força, pode-se observar uma signifi cativa leucocitose (aumento no número de leucócitos circulantes), juntamente com linfoci-tose (aumento no número de linfócitos circulantes), monocitose (aumento no número de monócitos cir-culantes) e neutrofi lia (aumento no número de neu-trófi los circulantes) (DOHI et al., 2001; FLYNN et al., 1999; MILES et al., 1998; NIEMAN et al., 1995).

Mayhew et al., (2005), analisaram nove estudantes universitários, treinados em força que realizaram uma sessão de treinamento de força com dez séries de dez repetições com 65% de 1RM no exercício leg press, utilizando um intervalo de recuperação de um minu-to. Sete dias depois os mesmos universitários foram submetidos ao mesmo protocolo de exercício, porém utilizando três minutos de intervalo de recuperação. Sumariamente, estes pesquisadores observaram que intervalos de recuperação mais curtos (um minuto) promoveram uma leucocitose mais pronunciada e maiores elevações nos linfócitos, monócitos e neutró-fi los circulantes, quando comparado com intervalos mais prolongados (três minutos).

Esta leucocitose foi observada também num pro-tocolo de força realizado no exercício leg press, com oito séries de 10RMs a 70-90% de 1RM, sendo utiliza-dos intervalos um minuto ou três minutos, os sujei-tos também eram treinados em força. Porém, foram observados menores aumentos nas subpopulações leucocitárias (KRAEMER et al., 1996). Nesta mesma linha, Malm et al., (1999), também demonstraram leucócitos, monocitose, linfocitose e neutrofi lia segui-do de exercício excêntrico de alta intensidade em 12 sujeitos treinados do sexo masculino, com idade mé-

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dia de 26 anos. O exercício de força de fl exão do cotovelo realizado até a exaustão, totalizando 25 repetições provocou neutrofi lia signifi cativa em ho-mens destreinados (PIZZA et al., 2001).

Em outro estudo, foi investigado as respostas imunológicas frente ao exercício de força em mu-lheres universitárias, sendo nove destreinadas e seis treinadas, a intensidade utilizado foi eqüivalente a 10 RMs e três séries foram realizadas em sete exer-cícios diferentes: leg press, supino, extensão do jo-elho, puxador costas, panturrilha sentada, fl exão do joelho e fl exão do cotovelo. Os resultados indica-ram para aumento na contagem total de leucócitos, que foi similar, tanto para os treinados como para os destreinados (POTTEIGER et al., 2001).

A adrenalina e noradrenalina, que são relaciona-das positivamente com a intensidade do exercício (NIEMAN et al., 1994a), podem agir em maior ex-tensão sobre os linfócitos e monócitos do que em outras subpopulações leucocitárias, devido à rela-tiva maior concentração de receptores β-adrenér-gicos de membrana (LANDMANN, 1992). Maior secreção de catecolaminas pode ocorrer em ses-sões de treinamento de força que utilizam meno-res intervalos de recuperação (<1 minuto) quando comparado a protocolos que utilizam períodos de recuperação maiores (> 2 minutos) (KRAEMER et al., 1993; KRAEMER et al., 1987).

CONCLUSÕES

A imunologia do exercício necessita prontamente de futuras investigações devido à redução funcional de células imunes, que podem ocorrer em indivíduos sedentários que se submetem a sessões agudas de exercício, em alguns momentos, sem orientação pro-fi ssional e/ou com treinamentos inadequados, com relação à intensidade e duração que podem extrapo-lar suas limitações físicas. Finalmente os efeitos posi-tivos e negativos, crônicos e agudos do exercício, em diferentes intensidades sobre o sistema imune pre-cisam ser melhor elucidados. Proporcionar a prática de treinamento físico com benefícios e promoção da saúde, tanto em atletas como em indivíduos seden-tários, é de primordial importância para os profi ssio-nais da área da fi siologia do exercício.

Para as profi ssões da área da saúde, fi ca a mensa-gem de que, as alterações provocadas por qualquer tipo de exercício físico, não são apenas estéticas ou musculares. Estas modifi cações induzidas no orga-nismo devem ser visualizadas de acordo com todo sistema biológico que compõem o ser humano. Desta maneira, a compreensão das respostas imunológicas resultantes de uma única sessão de exercício ou do treinamento físico realizado em longo prazo, pode auxiliar na ampliação do conhecimento científi co e na adequação da prescrição individualizada do esforço.

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EFEITO DE UM DENTIFRÍCIO FITOTERÁPICO NA REDUÇÃO DE PLACA BACTERIANA E GENGIVITE – REVISÃO DE LITERATURAEFFECT OF A PHYTOTHERAPIC DENTIFRICE ON GINGIVITIS AND DENTAL PLAQUE REDUCTION - A LITERATURE REVIEW

ABSTRACT

The authors conducted a review about the effect of the phytotherapic dentifrice Parodontax® on dental plaque and gingivitis. Only randomized clinical trials conducted in human beings were considered. Eight articles were revised. From these, only one study showed that the phytotherapic dentifrice had produced signifi cant reduction of plaque and gingivitis. Another one showed that the adjunctive use of this dentifrice had resulted in signifi cant plaque reduction, but there was no effect on gingivitis. Signifi cant reduction of gingivitis was observed in a different study, but the authors did not evaluate plaque levels. Five studies failed to demonstrate an additional effect of the dentifrice on plaque and gingivitis reduction. According to the majority of the papers included in this review, the dentifrice Parodontax® does not promote additional benefi ts on dental plaque and gingivitis reduction.

Keywords: gingivitis, toothpaste, phytotherapy, plant exctracts.

RESUMOOs autores realizaram uma revisão de literatura sobre o efeito de um dentifrício contendo fi toterápicos (Parodontax®) sobre placa bacteriana e gengivite. Apenas ensaios clínicos aleatórios conduzidos em humanos foram considerados na busca. Dos oito artigos científi cos revisados, apenas um demonstrou que o dentifrício fi toterápico promove benefícios adicionais na redução de placa e gengivite. Um dos estudos mostrou que o uso adjunto deste dentifrício resultou em redução signifi cativa de placa, mas não de gengivite. Redução signifi cativa de gengivite foi observada em outro estudo, porém os autores não avaliaram os níveis de placa bacteriana. Cinco estudos não demonstraram efeito adicional do dentifrício na redução de placa e gengivite. De acordo com a maior parte dos artigos desta revisão, o dentifrício Parodontax® não promove benefícios adicionais na redução de placa e gengivite.

Palavras-chave: gengivite, creme dental, fi toterapia, extratos vegetais.

Wellington PessottiAluno de graduação em Odontologia na Universidade Ibirapuera

Cláudio Mendes PannutiMestre e doutor em Periodontia pela FOUSP, coordenador do Programa de Mestrado em Bioodontologia da Universidade Ibirapuera

Ricardo RaitzMestre em Patologia Bucal e doutor em Diagnóstico Bucal pela FOUSP; professor titular do Programa de Mestrado em Bioodontologia da Universidade Ibirapuera; professor de Patologia da Universidade IMES

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INTRODUÇÃO

Recentemente, tem sido observado um cresci-mento do mercado mundial de fi toterápicos, pro-vocado por um aumento no interesse dos con-sumidores por produtos naturais. Fitoterápicos são defi nidos como medicamentos obtidos por proces-sos tecnologicamente adequados, empregando-se ex-clusivamente matéria-prima vegetal como princípio ativo, apresentando fi nalidades profi láticas, curativas ou paliativas (Ministério da Saúde, RDC no 17, 2000). Embora esses produtos sejam usados pela população no mundo todo, a maior parte das plantas medicinais é usada sem nenhuma evidência cientifi ca de efi ciên-cia (Akerele, 2000).

Na Odontologia, o interesse por produtos nat-urais também tem aumentado. Uma grande variedade de fi toterápicos têm sido comercializada na forma de colutórios e dentifrícios. Dentre estes produtos, destaca-se o produto Parodontax® (GlaxoSmith-Kline, Middlesex, United Kingdom), comercializado na Europa há muitos anos. Este é composto por uma combinação de sais minerais e ervas medicinais. Os componentes básicos são: bicarbonato de sódio, camomila, equinácea, sálvia, mirra, ratânia do Pará e óleo de hortelã pimenta; sendo que cada um deles tem reputação de possuir uma variedade de proprie-dades medicinais (Yankell & Emling, 1988). Dentre os componentes, destacamos as principais característi-cas de cada um:

A camomila é uma planta comum na Europa, sen-do facilmente encontrada nos campos, terrenos bal-dios e campos cultivados. O chá de camomila é feito a partir de suas fl ores, apresentando efeito eupépti-co, anti-espasmódico, anti-infl amatório e anti-séptico. A camomila possui vários princípios ativos e óleos essenciais, entre eles: procamazuleno, camazuleno, bisabolol, fl avonóides, (apigenina, camarina, rutina), esteroides, ácido graxos e vitaminas do complexo B e C, entre outros (Lorenzi & Matos, 2002).

A equinácea também é uma planta medicinal muito utilizada. A parte da planta mais utilizada me-dicinalmente é a da raiz. Entre as substâncias ativas, podemos destacar polissacarídeos, fl avonóides, óleos essenciais e alquilamidas. Apresenta propriedades imunoestimulante e antiinfl amatória, além de fa-vorecer a regeneração do tecido conjuntivo (Lorenzi & Matos, 2002).

A sálvia, nativa da Itália, França e Suíça apresenta como princípio ativo um óleo volátil que é extraído

da raiz e das sementes. Tem ação antiespasmódica, antiinfl amatória e, na odontologia, tem sido indica-da para diminuir o sangramento gengival. A mirra é nativa do nordeste da África. Acredita-se que ela apresente propriedades estimulantes, anti-sépticas e antiinfl amatórias. A ratânia do Pará tem como princípio ativo básico um tipo de ácido tênico (ácido rateniatênico), que tem sido indicado para diarréia, gengivite, herpes e estomatites aftosas. Por fi m, as propriedades do óleo de hortelã pimenta são: anal-gésica, anti-séptica, antiinfl amatória, antimicrobiana e antivirótica, entre outras (Lorenzi & Matos, 2002).

Embora estudos em animais e in vitro possam mostrar ação antimicrobiana de várias dessas subs-tâncias, não há como conhecer o verdadeiro efeito clínico do produto sem a condução de um ensaio clínico aleatório. Diversos agentes na fórmula de dentifrícios (umectantes, detergentes, corantes, en-tre outros) podem alterar a substantividade ou ativi-dade antimicrobiana do princípio ativo. Os principais ingredientes do Parodontax® (camomila, equinácea, sálvia, ratânia, mirra e óleo de hortelã) têm diver-sas propriedades medicinais. No entanto, a literatura não apresenta dados sobre a substantividade destes componentes. É importante que pesquisas clínicas comprovem a efi ciência de qualquer produto novo, ao invés de assumir que este seja efi ciente com base em estudos laboratoriais apenas. O ensaio clínico aleatório é o tipo de estudo que apresenta o maior grau de evidência científi ca para verifi car a efi ciência e a segurança de um produto (Altman et al., 2001). Assim, o objetivo deste trabalho é revisar a litera-tura sobre a efi ciência do dentifrício Parodontax® na redução de placa e gengivite.

REVISÃO DE LITERATURA

1 – MétodoFoi realizada uma busca da literatura científi ca

sobre o uso de Parodontax® no controle de placa bacteriana e gengivite. As bases de dados utilizadas foram o MedLine e o Lilacs.

Como estratégia de busca foram utilizadas as seguintes palavras-chave: “gengivitis and herbal”, “gen-givitis and Parodontax®”, “periodont* and herbal”, “periodont* and Parodontax®”, “dental and herbal” e “dental and Parodontax®”.

Apenas estudos conduzidos em humanos foram utilizados. Estudos in vitro ou conduzidos em animais foram excluídos. Dos estudos em humanos recuper-

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ados na busca, apenas estudos primários que consis-tissem em ensaios clínicos aleatórios foram incluídos. Relatos de casos, protocolos de uso e artigos de re-visão não foram considerados.

Dos artigos recuperados na busca, foram selecio-nados inicialmente 11 trabalhos. Após uma leitura crítica destes estudos, oito artigos científi cos foram selecionados. Três trabalhos foram descartados por não serem ensaios clínicos aleatórios.

2. Ensaios clínicos revisadosMoran et al. (1991) realizaram um estudo de de-

lineamento cruzado duplo-cego no qual compararam o dentifrício Parodontax® com dentifrício conven-cional com fl úor (controle negativo) e com bochecho de clorexidina (controle positivo). Para tanto, os dois dentifrícios foram diluídos (3g / 10 ml de água). Os 15 participantes (sete homens e oito mulheres, com idade entre 20 e 28 anos) suspenderam as medidas de higiene bucal por três períodos de 19 dias, sendo que em cada período usaram um dos três produ-tos. Houve redução de placa e gengivite no grupo clorexidina, mas não houve nos outros dois grupos. Foi encontrada diferença signifi cativa entre o grupo clorexidina e os dois outros grupos. Não houve dife-rença entre os grupos Parodontax® e dentifrício convencional. Os autores concluíram que o dentifrí-cio Parodontax® não promoveu melhora adicional nos níveis de placa e gengivite, quando comparado com o dentifrício convencional.

Yankell et al. (1993) avaliaram a efi ciência do den-tifrício Parodontax®, comparando-o com dentifrício placebo contendo carbonato de cálcio. Os autores dividiram aleatoriamente 128 voluntários em dois grupos: Parodontax® e placebo. Os parâmetros avaliados foram: quantidade de placa, gengivite, san-gramento à sondagem e manchamento dentário, que foram aferidos no início do experimento, aos três e seis meses do estudo. Os resultados mostraram que no início do experimento não houve diferença entre os grupos para qualquer parâmetro. Houve redução na quantidade de placa nos dois grupos, sendo que essa redução foi signifi cativamente maior no grupo Parodontax®. A redução de gengivite e sangramento à sondagem também foi maior no grupo Parodon-tax®. Não houve diferença com relação ao mancha-mento dentário. Os autores concluíram que o den-tifrício Parodontax® promoveu melhora signifi cativa nos parâmetros avaliados.

Saxer & Menghini (1995) compararam o dentifrí-

cio Parodontax® com um novo dentifrício herbal não comercializado. Sessenta voluntários participaram de um estudo duplo-cego. Os participantes foram divi-didos aleatoriamente em dois grupos experimentais: teste (novo dentifrício fi toterápico) e controle (den-tifrício Parodontax®), e foram instruídos a usar o respectivo dentifrício por oito semanas. Não houve redução signifi cativa de placa em nenhum dos gru-pos. Houve redução signifi cativa em gengivite e san-gramento gengival nos dois grupos, mas não houve diferença entre os grupos.

Mullally et al. (1995) realizaram um ensaio clinico aleatório duplo – cego com objetivo de verifi car a efi ciência do dentifrício Parodontax® na redução de placa, gengivite, sangramento gengival e fl uído gen-gival. Setenta indivíduos foram aleatoriamente alo-cados aos grupos teste (dentifrício Parodontax®) e controle (dentifrício convencional com fl úor). Após seis semanas, houve redução signifi cativa em todos os parâmetros estudados nos dois grupos, porém sem diferença entre os mesmos. Os autores concluíram que o dentifrício fi toterápico foi tão efi ciente quanto o dentifrício convencional.

Estafan et al. (1998) pesquisaram o efeito do den-tifrício Parodontax® na redução de placa e gengivite. Os autores conduziram um ensaio clinico aleatório, duplo – cego, paralelo com duração de três meses. Quarenta voluntários foram divididos aleatoriamente em dois grupos: Parodontax® ou Colgate Total® (dentifrício com triclosan). Todos os participantes apresentavam gengivite e sangramento gengival an-tes do estudo. Após três meses, os dois dentifrícios produziram redução signifi cativa em gengivite, placa, sangramento gengival e manchamento dentário. Não houve diferença signifi cativa entre os dois grupos com relação à gengivite e sangramento gengival. No entanto, o dentifrício Parodontax® promoveu maior diminuição nos níveis de placa e manchamento den-tário do que o Colgate Total®.

Pannuti et al. (2003) conduziram um ensaio clínico aleatório duplo-cego com Parodontax® para deter-minar sua efi cácia na redução de placa e gengivite quando comparados a um dentifrício convencional. Os critérios de inclusão foram idade entre 18 e 35 anos e a presença de pelo menos 20 dentes na cavidade bucal. Os critérios de exclusão foram a presença de doença periodontal e o uso de aparelho ortodôntico fi xo. Os participantes da pesquisa (n=31), estudantes de odontologia, foram divididos aleatoriamente em grupo teste (n=16, Parodontax®) e controle (n=15,

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dentifrício convencional com fl úor). A quantidade de placa bacteriana supragengival foi avaliada pelo ín-dice de placa de Quigley & Hein (IP) modifi cado por Turesky e a gengivite foi aferida pelo índice gengival de Löe & Silness (IG). O experimento teve duração de 21 dias, no qual os participantes foram orientados a escovar os dentes três vezes ao dia. Transcorrido este período o IP e IG foram aferidos novamente e os autores concluíram que não houve redução signif-icativa nos índices entre os grupos. Foram relatadas reações adversas aos produtos usados em ambos os grupos. Os autores concluíram que os dois produtos promoveram redução nos níveis de placa e gengivite, porém tais resultados não foram estatisticamente signifi cativos. Não foi observada diferença entre os grupos em nenhum momento do estudo quanto aos valores de IP e IG.

Gusmão et al. (2004) conduziram um ensaio clínico aleatório com 45 indivíduos em idade entre 15 e 40 anos, com quadro clínico de gengivite mar-ginal crônica. A condição gengival foi aferida por um único examinador, utilizando o índice gengival de Löe & Silness no início do estudo e após 30 dias do experimento. Os voluntários foram divididos em três grupos de 15 de acordo com o tipo de denti-frício utilizado: grupo 1= Parodontax®, grupo 2 = Colgate Herbal® e grupo 3= dentifrício convencio-nal (controle). Todos foram orientados a escovar os dentes duas vezes ao dia com a técnica habitual. O dentifrício Parodontax® foi o que promoveu a maior redução (62,3%), seguido pelo Colgate Herbal® (56,5%) e pelo dentifrício convencional (37%). Com-parando-se os índices médios de redução entre os dentifrícios, comprovou-se que houve diferença sig-nifi cativa entre o dentifrício Parodontax® e o den-tifrício convencional. Não foi encontrada diferença entre Parodontax® e Colgate Herbal® e entre Col-gate Herbal® e dentifrício convencional. Mediante os resultados obtidos dessa pesquisa, concluiu-se que independente dos dentifrícios utilizados para o trata-mento da gengivite marginal crônica, houve redução signifi cativa do índice gengival.

Pannuti et al. (2005) conduziram um estudo com objetivo de verifi car a efi ciência do dentifrício Par-odontax® na redução de placa e gengivite. Foram selecionados 48 voluntários portadores de gengivite estabelecida, sendo aleatoriamente alocados aos grupos teste (Parodontax®) ou controle (dentifrício convencional). O sigilo da alocação foi controlado pela farmácia independente “Fórmula e Ação”. Os

níveis de placa foram avaliados pelo Índice de Placa (IP) de Quigley & Hein (Quigley & Hein, 1962) modi-fi cado por Turesky (Turesky et al., 1970) e a gengivite foi aferida pelo índice de placa de Löe & Silness (IG) (Löe & Silness, 1963). Os sujeitos da pesquisa foram orientados a escovar os dentes com o dentifrício de seu grupo, três vezes ao dia. Após 28 dias examina-dores calibrados constataram uma redução média de 18% no IP do grupo teste e 14% no grupo controle. Em relação ao IG, os participantes do grupo teste mostraram redução média de 23% e no grupo con-trole houve uma redução média de 33%. Não houve em nenhum momento diferença signifi cativa entre os grupos com relação ao IG ou IP. Os autores con-cluíram que os dois dentifrícios foram efi cientes na redução de placa e gengivite, mas o dentifrício Par-odontax® não promoveu benefi cio clinico adicional quando comparado com o dentifrício convencional.

DISCUSSÃO

Nesta revisão da literatura, foram recuperados oito trabalhos conduzidos em humanos que aval-iaram o efeito adicional do dentifrício Parodontax® na redução de placa e gengivite, quando comparado a dentifrícios convencionais (Tabela 1).

A Tabela 1 mostra que dos oito artigos, apenas um (Yankell et al., 1993) demonstrou que o denti-frício Parodontax® promove benefícios adicionais ao dentifrício convencional na redução de placa e gengivite. O estudo conduzido por Estafan et al. (1998) mostrou que o uso adjunto de Parodontax® resultou em redução signifi cativa de placa, mas não de gengivite. Por sua vez, o estudo de Gusmão et al. (2004) demonstrou redução signifi cativa de gengi-vite, mas os autores não avaliaram os níveis de placa bacteriana. Cinco estudos (Moran et al., 1991; Saxer & Menghini, 1995; Mullaly et al., 1995; Pannuti et al., 2003; Pannuti et al., 2005) não demonstraram efeito superior do dentifrício Parodontax® sobre o denti-frício convencional na redução de placa e gengivite (ver Tabela 1).

O aparente confl ito dos resultados encontrados nos diferentes estudos deve-se a diversos fatores, entre eles: variações no delineamento das pesqui-sas, diferentes tamanhos de amostra e diferenças nas populações estudadas.

O tamanho de amostra dos estudos revisados variou desde 15 até 128 indivíduos (ver Tabela 1). Apenas o estudo de Pannuti et al. (2005) relatou ter

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realizado um cálculo de tamanho de amostra. Ensaios clínicos devem apresentar um tamanho amostral su-fi cientemente grande para poder detectar uma dife-rença clínica como estatisticamente signifi cativa (Alt-man et al., 2001). Estudos com amostras pequenas freqüentemente concluem que não houve diferença entre as intervenções, embora o número de partici-pantes seja muito pequeno para que tal afi rmação possa ser feita (Altman & Bland, 1995). Assim, é pos-sível que alguns estudos desta revisão pudessem en-contrar diferença signifi cativa entre as intervenções se apresentassem um tamanho de amostra adequado.

O estudo de Moran et al. (1991) utilizou delinea-mento cruzado, enquanto os demais usaram delinea-mento paralelo. Embora todos tenham sido descritos como ensaios clínicos aleatórios, apenas o estudo de Pannuti et al. (2005) relatou o método de geração da seqüência aleatória e sigilo da alocação. Para um ensaio clínico aleatório, é primordial que o método de geração da seqüência seja descrito, pois garante que a alocação tenha sido realmente aleatória (Alt-man et al., 2001). Ausência de aleatorização resulta em superestimação do efeito do tratamento (Schulz et al., 1995).

Os estudos também variaram de acordo com a duração do período experimental. A American Dental Association (Council on Dental Therapeutics, 1986) recomenda que novos produtos para higiene bucal sejam avaliados por ensaios clínicos com duração de pelo menos seis meses. O único estudo que teve du-ração de seis meses foi o de Yankell et al. (1993). Os demais tiveram duração entre 21 dias (Pannuti et al., 2003) e três meses (Estafan et al., 1998).

Outra possível razão para os resultados confl i-tantes entre as pesquisas é a população de estudo.

No estudo conduzido por Pannuti et al. (2003) a amostra consistiu de alunos de Odontologia que apresentavam baixos escores iniciais de placa e gengivite. Na maioria dos outros estudos, todos os voluntários eram pacientes de ambulatório e iniciaram o experimento com grande quantidade de placa e gengivite estabelecida. Evidentemente o impacto de um dentifrício fitoterápico em grupos com baixos níveis de placa será bastante diferente daquele em grupos com altos escores iniciais.

A adição de agentes químicos em dentifrícios é um método consagrado para complementar a re-moção mecânica de placa (Addy et al., 1994). Estu-dos com substâncias como clorexidina, fluoreto e triclosan têm mostrado benefícios clínicos adicio-nais sobre a higiene mecânica apenas (Brecx et al., 1990; Kornmann, 1986; Owens et al., 1997; Moran et al., 2001). Embora exista um interesse crescente por produtos com fitoterápicos na Odontologia, mais estudos devem ser conduzidos para provar sua eficiência e segurança. Nesta revisão, o denti-frício Parodontax® apresentou efeito semelhante ao de um dentifrício convencional. Embora este produto possa ser indicado para consumidores interessados em produtos naturais, deve ser lem-brado que o custo deste dentifrício é muito mais elevado do que o de dentifrícios convencionais.

CONCLUSÃO

A maior parte dos estudos mostrou que o Par-odontax® não apresentou benefícios adicionais na redução de placa e gengivite quando comparado com um dentifrício convencional.

Autores N Delineamento Duração CegamentoRedução adicional (placa)

Redução adicional

(gengivite)Moran et al. (1991) 15 Ensaio clínico

aleatório cruzado3 períodos de 19 dias Cego NÃO NÃO

Yankell et al. (1993) 28 Ensaio clínico

aleatório paralelo 6 meses Duplo - Cego SIM SIM

Saxer & Menghini

(1995)60 Ensaio clínico

aleatório paralelo 8 semanas Duplo - Cego NÃO NÃO

Mullally et al. (1995) 70 Ensaio clínico

aleatório paralelo 6 semanas Duplo - Cego NÃO NÃO

Estafan et al. (1998) 40 Ensaio clínico

aleatório paralelo 3 meses Duplo - Cego SIM NÃO

Pannuti et al. (2003) 31 Ensaio clínico

aleatório paralelo 21 dias Duplo - Cego NÃO NÃO

Gusmão et al. (2004) 45 Ensaio clínico

aleatório paralelo 30 dias Duplo - Cego x SIM

Pannuti et al. (2005) 48 Ensaio clínico

aleatório paralelo 28 dias Duplo - Cego NÃO NÃO

Tabela 1 – Ensaios clínicos aleatórios que utilizaram o dentifrício Parodontax®.

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EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE HOTELARIA EM SAÚDEEVOLUTION OF HOTEL SERVICES’ CONCEPT IN HEALTH INSTITUTIONS

ABSTRACT

This study aimed to describe how the hotel services concept is being applied in clinics, hospitals, and health organizations. Methodology: This is an exploratory approach research including a bibliographic review. The essay was developed based on materials previously elaborated, including books and scientifi c articles. Results: clinics and hospitals have been concerned about service assessment, parking, welfare lodging to the patient and to his accompanier, pleasant environment, diets to offer and high quality support services. Conclusion: hotel services are actually being applied in hospital institutions, in an adapted way.

Keywords: hospital hotel services, health organizations, market logy

RESUMOEste estudo teve como objetivo: descrever como o conceito de hotelaria está sendo aplicado em clí-nicas, hospitais e organizações de saúde. Método: trata-se de uma pesquisa de abordagem exploratória com revisão bibliográfi ca. O trabalho foi desenvolvido apoiado em material já elaborado, constituído de livros e artigos científi cos. Resultados: hospitais e clínicas têm se preocupado com as seguintes questões: acesso ao serviço, estacionamento, hospedagem com conforto para o paciente e acompanhante, deco-ração com harmonia de cores, apresentação das dietas e serviços de apoio de qualidade. Conclusão: os conceitos de hotelaria estão sendo realmente aplicados, de forma adaptada, nos hospitais e clínicas.

Palavras-chave: hotelaria hospitalar, organização de saúde, mercadologia.

Ângela Maria de Carvalho e Silva RossiniMédica oftalmologista no Instituto da Visão, da UNIFESP

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INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, os proprietários de hospitais e clínicas preocupavam-se em tratar as doenças. No entanto, estiveram desatentos em relação a outras necessidades que seus clientes buscavam ao escolher os serviços da área. A maioria dos hospitais e clínicas não desenvolveu uma visão ampliada de seu negócio, simplesmente, posicionou-se como empresa de ser-viços de saúde que cuida de doentes e cura doenças. Este é um objetivo básico de qualquer serviço de saúde. Hoje, os clientes buscam muito mais do que satisfazer suas necessidades básicas, procuram a mel-horia de suas condições de saúde, aliada a um ambi-ente acolhedor, confortável e sereno. Surgiu, então, a necessidade de melhoria do acolhimento do paci-ente e acompanhante; isto acontece com aplicação dos conceitos de hotelaria ao atendimento hospi-talar que, cada vez mais, vem ganhando a atenção dos serviços de saúde. Os hospitais começam a perceber que sua estrutura física pode ser um diferencial com-petitivo importante na busca pela inovação. Agora não querem mais parecer hospital, e sim, um local onde as pessoas se hospedam em busca de melhoria de suas condições de saúde. A dor e o sofrimento originados pela doença não podem ser eliminados, mas podem ser minimizados, se fi zer uso da criativi-dade para conquistar a clientela, fundamentando-se nos critérios éticos e científi cos.

Hotelaria é a arte de oferecer serviços repletos de presteza, alegria, dedicação e respeito, fatores que geram a satisfação do cliente e, sobretudo, a hu-manização do atendimento e do ambiente hospitalar. Dentro do hospital, é uma proposta que busca um novo perfi l profi ssional de saúde, cujos serviços pre-cisam ser identifi cados, para que tenham uma identi-dade própria e possam ser preenchidos pelo cliente.

RESUMO HISTÓRICO

Hotéis e hospitais originam-se do mesmo tipo de empreendimento: albergues abrigavam viajantes e peregrinos que viajavam de povoado a povoado e recebiam, também, pessoas doentes, como se veri-fi ca até hoje em organizações, como os sanatórios e hospitais antigos com estruturas físicas semelhantes aos hotéis. Acompanhando o desenvolvimento da medicina, com o passar do tempo houveram muitas modifi cações no papel social do hospital, cujo termo origina-se do latim “hospitale” e signifi ca o estabele-

cimento onde se internam e tratam os doentes e pode ser equiparado a nosocômio, do grego, que também quer dizer hospital; o verbete noso (do grego ‘nosos’) signifi ca doença ou moléstia.

É difícil identifi car com exatidão em que época deu-se a origem do hospital como instituição. Na Idade Média, antes do século XVIII, o hospital era, essencialmente, uma instituição de assistência aos pobres. O personagem ideal do hospital, até o sé-culo XVIII, não é o doente que é preciso curar, mas, o pobre que está morrendo. É alguém que deve ser assistido material e espiritualmente, a quem se deve oferecer os últimos cuidados e o último sacramento. Esta é a função essencial do hospital. Na época, diz-ia-se que o hospital era um morredouro, um lugar onde morrer, e o pessoal hospitalar não era desti-nado a realizar a cura do doente, mas, a conseguir sua própria salvação. Era um pessoal caritativo – re-ligioso ou leigo – que estava ali para realizar uma obra de caridade, que lhe assegurasse como frutos a salvação da alma.

Os adensamentos urbanos e o intenso movimen-to portuário, em decorrência do comércio de trocas entre a Europa e os demais continentes, aproxima-ram os povos e as doenças, obrigando a adoção de medidas sanitárias. Assim, foram criados os hospitais e estabelecidas as leis de caráter coletivo para deter as doenças endêmicas. Estas instituições passam a ser fi nanciadas por negociantes e mercadores.

O elemento arquitetônico básico desses edifícios era a nave de igreja cristã, articulada em “layout” de formato quadrado, bastante infl uenciados pelos claus-tros. Esses hospitais eram bastante precários, com excesso de doentes, péssimas condições higiênicas, com grandes riscos de morte, o pessoal que atuava pouco qualifi cado e em pequena quantidade. Assim, houve a introdução de medicamentos que contro-lavam a dor, amenizando o sofrimento e, como con-seqüência, postergando a morte.

No século XVIII, o hospital passa a ter outras fun-ções, tornando-se um espaço para tratar e recuperar o paciente. Na época, a cirurgia e a clínica encontra-ram-se dando origem à instituição hospitalar; a ela, foram acrescentados o ensino e a pesquisa médica. A partir daí, o hospital, além de ter como uma de suas missões o cuidar, passa a ser campo de estágio, despontando aqui o avanço da tecnologia. O hospital contemporâneo é descrito como “além de ser um aparelho formador, lida com limiares tão críticos, como a morte e a vida, suscita expectativas desco-

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médico. A partir destas informações, foram elabora-das estratégias de longo prazo visando a construção de uma nova unidade hospitalar na região.

Percebe-se que o marketing tem como propósito atender e satisfazer as carências e desejos de seus clientes, e estudar os desejos, percepções, prefe-rências e os comportamentos na hora da compra. Defi nir qual é o público-alvo é o grande desafi o dos gestores do marketing de serviços.

A hotelaria hospitalar é um tema bastante envol-vente, visto que abrange diversos serviços que en-cantam e seduzem o cliente, seja ele de um hotel tradicional ou de um hospital. É claro que uma hote-laria hospitalar difere um pouco da tradicional, mas algo elas têm em comum, são voltadas para atender ao cliente da melhor maneira possível, visando à sa-tisfação do indivíduo. O fornecimento dos produtos de um serviço de atenção à saúde em um ambiente personalizado e aconchegante é um dos caminhos certos para a conquista do cliente. Um ambiente sereno, contemplativo e educativo demonstra o cui-dado do profi ssional de saúde com a valorização do tempo livre do usuário, contribuindo para a satisfa-ção do cliente.

Os tempos mudaram, o paciente passou a ser vis-to como cliente, com direitos a serem respeitados, e o hospital agora não quer mais parecer hospital e, sim, um local onde as pessoas se hospedam, pelo fato da hotelaria ser considerada um conceito novo em processo de consolidação de objetivo, formato e abrangência. Hotelaria já é um diferencial do atendi-mento hospitalar e que cada vez está sendo mais apli-cado, é uma conseqüência da decisão estratégica de atender com qualidade. É um diferencial para ganhar novos clientes, como também mantê-los. Apoiadas nesses princípios, as instituições de atenção à saúde podem criar ambientes que atendam às necessidades físico-emocionais dos clientes, de suas famílias e seus colaboradores.

Esta pesquisa em relação aos fi ns, apresentou uma abordagem exploratória, isto signifi ca que seu plane-jamento foi bastante fl exível, de modo a possibilitar a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato que é estudado. Em relação aos meios uti-lizados para o levantamento dos dados, adotou-se uma revisão bibliográfi ca. A pesquisa bibliográfi ca foi desenvolvida apoiada em material já elaborado, constituído de livros, artigos científi cos e internet. As fontes bibliográfi cas servem de apoio para a cons-trução da realidade presente nos resultados dos

nhecidas, ademais, a medicina adquiriu uma efi cácia inimaginável”.

Empenhado em fazer viver os ameaçados pela morte, o hospital contemporâneo tem outras missões, entre elas, a de adiá-la, torná-la indolor e ocultá-la. Não se tratava apenas de recuperar o doente, mas interditar a morte, adiá-la, medicalizando-a, o que era uma cerimônia, tornou-se um processo tecnológico com a intervenção médica.

Ao lado de recuperar a força do trabalho e de-volvê-la ao mercado, o hospital contemporâneo, tam-bém, é uma empresa realizando atividade econômica, em que o capital se multiplica direta e indiretamente. Hoje, os hospitais são considerados pela Organiza-ção Mundial de Saúde (OMS), como parte de uma organização médica e social, cuja missão é propor-cionar às populações uma assistência médico-sani-tária completa (curativa e preventiva), cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar. Devem ser também um centro de formação pessoal médico-sanitário e de investigação biossocial.

No ramo da saúde, a fi gura administrativa é muito nova e importante. Antigamente os próprios médicos administravam seus hospitais sem, muitas vezes, te-rem experiência, apenas se utilizavam da boa vontade para vencer os obstáculos e revolucionar, o que se entendia por atendimento na saúde. A gestão de uma clínica é bastante complexa, o que pode ser compro-vado pela multiplicidade de serviços. A quantidade de profi ssionais de nível superior que se relaciona nessa estrutura é grande, e o nível de exigência dos pacien-tes vem crescendo a cada dia. Assim, o gestor precisa aplicar de forma efetiva em seu dia-a-dia os conceitos básicos de administração (planejamento, organização, controle e direção) e todas estas questões implicam a existência e a atuação de um profi ssional qualifi -cado e especializado.

No segmento hospitalar, os conceitos de mar-keting não eram muito aceitos, mas, hoje está claro que são importantes ferramentas dentro dos limites éticos da atividade. As organizações de saúde cada dia mais estão utilizando as ferramentas de marke-ting para gestão operacional de seu negócio. Um re-nomado hospital da cidade de São Paulo encomen-dou uma pesquisa de mercado antes de decidir sobre o bairro onde seria instalada uma nova unidade. A pesquisa realizada, em 1998, mostrou que o bairro em estudo possuía mais de 50% da população per-tencente às classes A e B, com uma média salarial de R$ 3.400,00 e que mais de 80% possuíam convênio

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estudos, por constituírem o conjunto das múltiplas relações, envolvendo a temática dos conceitos de hotelaria aplicado no segmento saúde. Este estudo tem como objetivo: descrever como o conceito de hotelaria está sendo aplicado em clínicas, hospitais e organizações de saúde.

HOSPEDAGEM

AcessoFoi verifi cado que hoje os hospitais e clínicas se

preocupam não só com o paciente dentro do ser-viço, a atenção começa com a maneira de fazer o cliente ter facilidade para sua chegada a unidade. Os hospitais e clínicas têm se preocupado em trabalhar o sistema de comunicação externa visando assim dar condições para um cliente, que não conhece a localização da unidade, ter fácil acesso. Este procedi-mento requer um investimento em placas de comu-nicação externa que podem ser contratadas junto ao órgão de transito local.

EstacionamentoOutro grande problema avaliado, pelos clientes,

é a disponibilidade e a facilidade para estacionar seu automóvel. Se o hospital não se preocupar com este detalhe poderá ter uma perda constante de clien-tes devido a isto. Os hospitais têm resolvido este problema através da contratação de empresas es-pecializadas; muitos hospitais tem terceirizado esta atividade. O serviço de valetes implantado com pro-fi ssionais treinados em dar as boas vindas ao cliente quando de sua chegada na unidade é um fator de diferenciação deste serviço. Este pequeno procedi-mento pode ser a determinante para a percepção da qualidade do serviço da unidade, pelo cliente. O atendimento começa neste primeiro contato do cli-ente com o profi ssional do estacionamento. Apesar do manobrista não ser um profi ssional da saúde, sua conduta quando do recebimento do veiculo contri-bui para percepção, do cliente, em relação a quali-dade do serviço daquela unidade.

AcomodaçãoÉ interessante criar ambientes relaxantes aos fa-

miliares e visitantes, um local para descansarem ou conversarem sem a presença do paciente. Geral-mente, o que ocorre nos hospitais por falta desse es-paço reservado à família ou visitante é que nos mo-mentos em que eles não podem fi car no apartamento

do familiar ou amigo convalescente, acabam fi cando na recepção, muitas vezes, presenciando a chegada de outros pacientes, de famílias que perderam seus entes; e isto acaba causando certo desconforto e maior preocupação com o paciente a que estão acompanhando. O que também pode acontecer é a necessidade do médico conversar com a família longe do paciente. Se o hospital possuir este espaço, tais situações poderão ser evitadas e os visitantes e familiares terão um pouco mais de conforto durante o período da internação.

É preciso observar que alguns hospitais não pos-suem banheiros adaptados na edifi cação e, às vezes, aquele que tem dimensões diferentes que podem ser adaptadas para uso de pacientes com alguma defi -ciência motora, localiza-se em outro andar

O uso das cores no processo de recuperação da saúde é fundamentado nos estímulos a centros sen-soriais cerebrais, pois cada cor com sua freqüência e vibração própria tem efeitos diversos, agindo em funções e órgãos diferentes. A música tem sido usada para acalmar, suavizar, animar ou revigorar, pois ouvir música tem muitas aplicações terapêuticas. A aroma-tização evoca a memória olfativa que pode ter efeito estimulante, relaxante, sedativo, antidepressivo, me-ditativo e refrescante.

Muitos hospitais ainda têm uma referência visual poluída, com a presença de muitas cores, resultando em um padrão indiferenciado e confuso, trazendo maior insegurança aos clientes que deambulam, mas, que se encontram visualmente debilitados.

Arquitetura A arquitetura exerce um importante papel na

hotelaria hospitalar, no que se refere ao conforto oferecido ao cliente e melhorias aos profi ssionais da saúde. Pode tornar o ambiente mais agradável, me-nos agressivo, mudando um pouco aquela “cara de hospital”.

Humanizar o ambiente e torná-lo mais acolhedor, constitui-se em uma das metas da arquitetura hospi-talar. Assim, esta meta inicia-se logo na concepção do projeto, na escolha do local do terreno, considerando os acessos, as massas edifi cadas da vizinhança, a movi-mentação, insolação, ruídos e poluição.

Há necessidade de humanização na arquitetura, pois hospitais já são vistos como locais de doen-ça e não de saúde e este fator poderá agravar as condições físicas e psicossomáticas do paciente. Daí, a importância de um projeto humanizado que possa

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aliviar a angústia do doente. O objetivo da arquite-tura hospitalar é proporcionar a sensação de bem-estar, ou seja, a boa interação entre o ser humano e o meio. Para que estas metas sejam atingidas, a arquitetura pode usar ainda os projetos paisagísti-cos ou a psicodinâmica das cores utilizadas nas ins-tituições hospitalares, além de outras possibilidades disponíveis aos arquitetos para tornar o ambiente hospitalar mais agradável e humanizado.

No que se refere às instalações, foi observado que o projeto e a construção das instituições de atenção à saúde podem transformar de uma instalação assus-tadora a um ambiente estimulante. Estrutura bonita e moderna é um grande diferencial, porém, a quali-dade do atendimento e do acolhimento são vanta-gens competitivas que precisam ser trabalhadas. Não adianta ter uma excelente aparência e internamente manter práticas inadequadas.

O projeto focado no cliente deve promover a maximização da capacidade funcional, prover espa-ços adequados para futuras tecnologias, preocupar-se com as barreiras arquitetônicas e espaços desti-nados ao atendimento dos clientes, que têm impacto não só no bem-estar deles e de seus familiares, como também no prestador de serviços, interferindo na qualidade do atendimento. O ambiente de cuidados com a saúde deve se preocupar em: ser convidativo para com a família e amigos dos pacientes; valorizar os seres humanos acima da tecnologia, garantir aces-so aos portadores de defi ciência ou com mobilidade reduzida, capacitar os pacientes para que participem como parceiros em seus próprios cuidados, permitir fl exibilizar para personalizar os cuidados para cada paciente, entre outros.

Existem hospitais que apresentam uma barreira arquitetônica: uma rampa com inclinação antes da porta de entrada principal, o que muitas vezes, difi -culta o acesso do paciente e escadas construídas com espelhos vazados, com menos de 10 cm ou com piso saliente em relação ao espelho. Nem sempre o cliente interno da unidade de saúde tem seu ambien-te de trabalho adequado, pois a vivência da atividade hospitalar é dinâmica e os profi ssionais devem traba-lhar em conjunto para melhor viabilizar o projeto. A iluminação também é um item a que vem sendo con-ferida importância nesses modernos ambientes hos-pitalares. Anteriormente, os hospitais apresentavam uma defi ciência de iluminação no quarto do paciente e nos corredores. Hoje, eles são bem iluminados e as cores das lâmpadas são escolhidas, levando em con-

sideração o conforto do paciente e a necessidade de o médico visualizar a cor real para verifi car qualquer alteração importante durante sua visita diária. Os hospitais estão optando por reformular sua ilumi-nação geral, utilizando os mais modernos recursos disponibilizados pela indústria do ramo.

O gestor da clínica ao optar por um projeto ar-quitetônico da sala de espera deve se preocupar com o efeito da luz solar sobre a saúde da mente humana, por isso a iluminação natural e presença do elemen-to água são aconselháveis.

A responsabilidade do arquiteto é considerar as áreas de maior crescimento e deixá-las preparadas para isso, enquanto os serviços de baixa fl exibilidade, como as salas de raios-X devem ser implantadas em um local defi nitivo. É necessário que todo o conjunto seja de fácil adaptação, pois se no futuro houver ne-cessidade de expansão, ou seja, acesso fácil à abertu-ra de novos pontos de água, esgoto, ar-condicionado, luz e fl uidos mecânicos.

Um projeto ambientalmente correto deve con-siderar as necessidades globais dos usuários para usufruir os diversos ambientes do hospital, no que se refere às atividades de estar, lazer, repouso, traba-lho, alimentação, medicação e atendimento efi ciente. A arquitetura não fi cará restrita a um determinado setor, mas atenderá com harmonia e equilíbrio com projetos que valorizem a luz natural para economia de energia elétrica, com mobiliários e equipamentos limpos e funcionais, com o uso correto de materiais de revestimentos como: pisos, parede e forros 23. Tudo dentro das normas, incluindo aquelas relativas aos defi cientes físicos, visuais e auditivos, aos conva-lescentes, às crianças e idosos.

A arquitetura hospitalar tem preocupações que são peculiares às instituições hospitalares, detalhes como a largura das portas dos apartamentos e ân-gulos para entrada e saída de cadeiras de rodas e macas, a vista que os clientes terão das janelas dos apartamentos, pois, difi cilmente, este cliente sairá do apartamento; a escolha das cores e materiais utiliza-dos nos tetos (paciente permanece a maior parte do tempo deitado, olhando para cima) dos corredores e apartamentos, assim como o “design” arredondado das maçanetas (como itens de segurança ao paci-ente), pias, mesas, em caso do paciente precisar se apoiar. Além desses detalhes, o mobiliário deve dar a impressão ao cliente que ele está em um hotel e não em um hospital, particularidades como estas podem ser decisivas para o sucesso ou não da obra.

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Decoração e Ambiente InternoA entrada do prédio deve ser convidativa e prote-

ger os usuários das intempéries; e a música deve ser ouvida nas áreas de recepção, criando um ambiente aconchegante. Quanto ao mobiliário da recepção, uma escrivaninha simples para o recepcionista esta-belece um ambiente mais convidativo. O ambiente de trabalho deve estabelecer uma correlação bastante alta entre a satisfação do paciente com a do colabo-rador do serviço de atenção à saúde.

Os ambientes internos atuais promovem “a sín-drome do edifício doente” e expõem os trabalha-dores a: qualidade de ar ruim, defi ciência de ilumi-nação natural, materiais sintéticos, irradiações de equipamentos e agentes de limpeza e desinfecção. O projeto arquitetônico ideal deveria ser chamado “hospital verde”, planejado para fazer o melhor uso possível da energia solar, do vento e outras formas renováveis, minimizando o desperdício de recursos, usando materiais reutilizáveis em vez de descartáveis, ou empregar para material descartável a opção me-nos poluente.

Por tudo isso, as clínicas procuram oferecer es-tas mudanças de comportamento no sentido de dis-ponibilizar aos consumidores tudo aquilo que eles esperam encontrar nas instituições de saúde e mu-dar a imagem de que uma organização de saúde é um lugar triste e desconfortável, com pessoas sem refi namento para atender e tratar, enfi m, um local onde as pessoas só vão para diminuir suas dores e sofrer. Além do paisagismo, a música suave e re-laxante no estacionamento e na entrada provoca a percepção de um diferencial importantíssimo; e as indicações para chegar às instalações da unidade de atendimento médico devem ser claras e fáceis de ser entendidas. No projeto, o planejamento dos espaços das unidades de internação aos demais departamen-tos deve ser bem avaliado, por exemplo, a distância entre o posto de enfermagem, a copa ou a rouparia em relação aos apartamentos, para não ocasionar demora no atendimento ao cliente.

O projeto arquitetônico de uma empresa de prestação de serviço na área da saúde para alcançar o sucesso desejado deve considerar as necessidades dos profi ssionais que ali trabalham. Na planta hospi-talar, o trabalho dos funcionários deve ser agilizado; e eliminar todas as possibilidades de contágio, sobre-tudo pelo contato entre materiais infectantes, como roupas, lixo e materiais de uso médico. Quando ocorre algum erro no projeto arquitetônico, o preço

é alto na operacionalização hospitalar. Para que isso seja evitado, é interessante que profi ssionais da equi-pe operacional do hospital participem das reuniões da obra, como eles serão seus usuários e respon-sáveis pelo atendimento aos pacientes, saberão me-lhor sobre suas necessidades.

Arquitetos e decoradores especializados em tor-nar o ambiente hospitalar mais agradável possível, tirando dos quartos, dos corredores e das salas, em geral, aquele aspecto de tristeza e frieza, normal-mente, encontrado nos hospitais ganham ao invés disso cores, harmonia na decoração, adaptando de modo moderno e prático sua edifi cação para facilitar o acesso ao cliente.

ServiçosAs instituições de saúde investiram na moderniza-

ção, na pesquisa científi ca e na diversifi cação de pro-cessos de trabalho e principalmente na qualidade dos serviços, tornando-se hospitais de Primeiro Mundo quanto aos aspectos tecnológicos e científi cos: ins-talações e equipamentos avançados, procedimentos clínicos e cirúrgicos revolucionários e médicos bril-hantes de reconhecimento internacional. No entan-to, esqueceram-se do cliente de saúde (pessoas en-fermas, familiares, acompanhantes e visitantes), como um ser fragilizado, constituído de sentimentos e emoções, de perspectivas confusas e que precisa de respeito, carinho e atenção. Cada vez mais, o cliente de saúde está ciente de que a tecnologia e o conhe-cimento técnico e científi co estão praticamente ao alcance de todos, em todos os hospitais particulares e até em alguns públicos.

Mas, esse cliente não mais procura só pelos bene-fícios de saúde; ele busca as vantagens que lhe são oferecidas, que são caracterizadas pelo respeito e solidariedade a seu estado físico e emocional, além de um bom atendimento. Finalmente, precisamos ter consciência de que o cliente de saúde é o bem mais valioso das instituições hospitalares. Alguns gestores preocupados com o estado físico e emocional do cliente de saúde e, sobretudo, com as internações prolongadas e as horas gastas por familiares e amigos em recintos que parecem mais com muros de lamen-tações do que salas de espera estão tentando deixar para trás a imagem clássica de hospital, levando para suas instituições mudanças e serviços que minimizam o impacto desses momentos difíceis, transformando a estada no ambiente hospitalar mais agradável, afi nal, as pessoas nunca terão prazer de estar no hospital,

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mas, o desconforto pode ser minimizado. Trata-se de um modelo que varia em razão do

produto, sendo importante fi xar que o processo veri-fi ca-se em um espaço bastante curto, assim, as etapas que de forma consciente ou inconsciente, acabam ocorrendo, desde o momento que um produto ou serviço desperta o interesse do consumidor por ser importante ou necessário, até que a compra propria-mente se efetive.

As exigências dos pacientes são cada vez maio-res e, conseqüentemente, as inovações nos serviços hospitalares não param de aparecer para satisfazer as necessidades de seus clientes. Alguns serviços ex-ternos são trazidos para dentro do hospital como manicure, pedicure, cabeleireiro, barbeiro e etc. Tudo para preencher as necessidades do paciente e de seu acompanhante. Existem hospitais classe A que dis-ponibilizam para seus clientes manobristas à porta, “lobby” de hotel cinco estrelas, cardápio assinado por um “chef de cuisine”, concertos para pacientes, telemarketing para pesquisa de satisfação quanto ao atendimento após alta hospitalar, camareiros e mensageiros. Esses detalhes de atendimento fazem a diferença. O atendimento ao cliente deve ser bom e de qualidade e apoiado em algumas habilidades, e o atendente não é apenas a pessoa responsável pelo atendimento, para recepcionar os clientes e receber o documento de cada um; mas precisa perceber que seu trabalho é bastante importante dentro da insti-tuição.

ALIMENTOS E BEBIDAS

Os serviços de hotelaria no ambiente hospitalar precisam ser adaptados e implantados, para que se-jam distintos de outros serviços. Para isso, a depar-tamentalização é usada, tornando-os mais visíveis, agrupando-os em unidades organizacionais. Assim, a departamentalização será por serviços, cujas vanta-gens são: conhecimento específi co, facilidade na co-ordenação dos resultados por unidade de serviço.

Conforme a necessidade de cada departamento, permite maior fl exibilidade para intervenções nos departamento sem interferir na estrutura hospitalar, tornam as condições favoráveis para inovação e cri-atividade, já que a hotelaria tem como princípio a integração, a cooperação e a comunicação entre os departamentos afi ns ou não.

O Departamento de Alimentos e Bebidas (A&B) ou Nutrição e Dietética (SND): é um setor de apoio

para os serviços médico-hospitalares, visando ao bem-estar dos pacientes, acompanhantes, familiares, visitantes e médicos. Dá suporte ao setor de even-tos, cuja estrutura operacional necessita de serviços de alimentos e bebidas, responde pela alimentação dos funcionários no refeitório ou em áreas fecha-das como centro cirúrgico e obstétrico ou conforto médico. O lactário também está alojado nesse setor. Este departamento tem potencial para encantar os clientes e deve estar sempre em sintonia com a Hotelaria hospitalar. Embora este setor, como assis-tencial, focasse apenas a recuperação dos pacientes oferecendo na percepção do cliente comida sem tempero e cor. Mas, nos hospitais, existem pacientes em dieta geral, isto é, sem qualquer cuidado do pon-to de vista médico. Assim, a gastronomia hospitalar surge com o objetivo de adequar a dieta do paciente ao prazer da alimentação, usando todos os recursos disponíveis, considerando as aversões alimentares do paciente com ingredientes e técnicas dietéticas sem causar prejuízo nutricional.

Para que todos esses serviços possam ser realiza-dos, o SND ou A&B conta com os setores:

• Cozinha: nesse setor, são preparadas e ela-boradas as refeições que serão servidas aos clientes, colaboradores, médicos e pacientes; as instalações devem ser adequadas, assim como os equipamentos, móveis e profi ssionais: chefe de cozinha, entremetier, saucier, garde-manger, rotisseur e pâtisseur.

• Copa: deverá ser instalada em um local es-tratégico, serve de apoio ao A&B, encontra-se nos andares; responde pelos pedidos de lanches rápidos e bebidas, também, pelos pedidos de café da manhã nas unidades de internação ou em outros lugares que poderão ser servidos como restaurante ou salão de chá.

• Coffe-shop: geralmente, conta com um es-paço simples, onde é servido café, água, refrigeran-tes, sucos, salgados, sanduíches, refeições leves etc.; destina-se aos médicos, familiares, visitantes, público interno e externo.

• Room-service: serve aos familiares e visitan-tes pratos diversos, lanches rápidos e café da manhã nos apartamentos; este serviço dispõe de garçons, maêtre ou chefe de fi la.

• Restaurante: neste ambiente, são servidos pratos diversos ao público externo, acompanhantes, familiares, médios e visitantes; a categoria do restau-rante dependerá da classifi cação do hospital, como o tipo de cozinha ou o serviço proposto (à la carte,

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à francesa, self-service etc.); este setor precisa de maêtre, chefe de fi la, garçom, commis.

QUALIDADE DO ATENDIMENTO

O conceito de atendimento ao consumidor é re-cente no mundo e no Brasil, até dez anos atrás não se pensava o consumidor como cliente. O consumidor é a peça-chave do mercado e é também o elemento orientador do que é preciso produzir, limitando-se o produtor a seguir seus desejos e necessidades. O consumidor é o utilizador de um produto ou ser-viço, pessoa ou organização que adquire e recebe um produto ou serviço para uso próprio. Quando um consumidor compra um produto ou serviço com o valor que procurava, nasce a satisfação que “é o es-tado do cliente resultante o julgamento de compara-ção de desempenho de um produto no nível de suas expectativas, sendo função de uma diferença.”

É necessário que essa satisfação se transforme em uma relação de afetividade que vai além da preferên-cia, fazendo com que a empresa conheça os recursos usados na escolha e aceitação por parte do cliente.

Estes recursos são vistos como:• Aspectos econômicos (disponibilidade fi nan-

ceira pelo serviço hospitalar ou seguro-saúde),• Aspectos temporais (disponibilidade de tem-

po ou tempo despendido para ser atendido em um serviço hospitalar),

• Aspectos sensoriais (percepção do produto ou serviço por meio dos sentidos da visão, olfato, audição, paladar e tato, como a higiene e limpeza do local, a apresentação dos colaboradores atenden-tes, as cores do ambiente hospitalar e as refeições oferecidas),

• Aspectos emocionais (baseiam-se nas habi-lidades intrapessoais e interpessoais e envolvem os sentimentos e as relações próprias e com terceiros, como a forma e a linguagem usada pelo atendente na recepção de um pronto-socorro ou clínica de espe-cialidade dentro da organização hospitalar),

• Aspectos espaciais (capacidade de armazenar produtos tangíveis no pequeno espaço urbano, como a visão que o cliente tem da capacidade tecnológica da clínica mesmo sendo de pequeno porte).

Para adquirir a qualidade desejada, as empresas devem observar que as ações de qualidade devem se encontrar com as de marketing e de recursos hu-manos, pois devem buscar reforço e sinergia com os compostos de marketing e com as ações da área de

recursos humanos. Além disso, o grande problema está na efetividade das ações propostas pela adminis-tração. Neste momento, deve-se procurar quebrar as barreiras do impessoal, treinando o cliente interno da organização para ver no cliente externo sua razão para estar ali executando tal atividade; não só nas pá-ginas do manual de boas práticas para com o cliente, mas, para atingir a qualidade total no departamento. As organizações de saúde também estão mudando os seus conceitos no que se refere a atender o pa-ciente que as procura. Antigamente, os médicos res-ponsáveis por essas clínicas e hospitais só se preo-cupavam em dar assistência às enfermidades que acometiam as pessoas.

Mas ao perceberem que o paciente mudou seu comportamento, os gestores estão buscando ofe-recer serviços de hotelaria, com plantas espalhadas pelas áreas sociais, jogos, aulas de dança, fi lmes, peças de teatro para seus clientes, familiares e amigos. Pes-soas de todas as classes sociais dividem espaços de televisão, leitura e brinquedos, coral próprio com a participação de funcionários, médicos e voluntários e outras atividades de cunho humano e motivacional.

Essas mudanças não estão acontecendo por acaso, pois está em curso um novo perfi l de clien-tes que as exigem. Segundo alguns gestores, psicólo-gos e médicos este novo cenário pode parecer para muita gente luxo desnecessário e esforço inútil, mas a receptividade dos clientes de saúde ao tratamento e a satisfação observada facilitam muito o serviço médico e diminuíram, consideravelmente, os quadros depressivos.

Com base nesse conhecimento, podemos criar ambientes que atendam as necessidades físicas e emocionais dos pacientes, de suas famílias e dos co-laboradores das empresas de atenção à saúde.

Quando a estratégia principal é atender bem, a organização está tomando antecipadamente diversas decisões importantes, das quais é destacada a neces-sidade de ter um ambiente acolhedor, uma planta físi-ca bem elaborada, serviços agregados visando a dar mais conforto ao paciente e aos acompanhantes e um atendimento de excelência pelos colaboradores e médicos.

Os requisitos para um atendimento efi caz são: cortesia, discrição, rapidez, entusiasmo, controle emotivo, paciência, bom senso, fl exibilidade, conheci-mento e apresentação pessoal.

Para compor esse ambiente de atenção e saúde, cinco sentidos são evocados: olhar a natureza acalma,

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reduz o estresse e promove a saúde; variedade de forma e brilho das cores dos objetos mostrados ao paciente; jardins e fl ores, fi guras com expressão facial emocionalmente positiva, relacionamento amistoso, generoso ou educado entre as pessoas. Os consumi-dores dos serviços de saúde mostram rejeições à arte abstrata, expressam preferência pela natureza realista ou representações dela, por promover a sen-sação de relaxamento e felicidade.

CONCLUSÃO

Embora a hotelaria seja um conceito antigo no mundo, a especialização em hotelaria hospitalar ain-da é recente nos hospitais brasileiros, porém mui-tos hospitais vêm se esforçando para implantá-la em suas estruturas, visando trazer um diferencial a mais para suas dependências.

Foi identifi cado que os hospitais e clínicas se pre-ocupam não só com o tratamento do doente e da doença, questões como acesso a unidade de saúde, estacionamento e conforto das acomodações têm sido prioridade visando a qualifi cação do serviço.

Arquitetos e decoradores especializados têm se dedicado em tornar o ambiente hospitalar o mais agradável possível, retirando dos quartos, dos cor-redores e das salas, em geral, o aspecto de tristeza e frieza, ganhando cores e harmonia na decoração; serviços externos para preencher as necessidades do paciente e de seu acompanhante.

Assim, os serviços de hotelaria hospitalar estão cada vez mais diversifi cados para satisfazerem seus clientes, em conseqüência disso, trazem novidades como chefs de cuisine dentro do serviço de Nu-trição e Dietética para dar mais requinte e sabor às refeições.

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QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MUNDIAL: PERSPECTIVAS PARA A SOBREVIVÊNCIALIFE QUALITY AND WORLD SUSTAINABLE DEVELOPMENT: PERSPECTIVES TO SURVIVAL

RESUMOO presente estudo estabeleceu a relação entre os indicadores de qualidade de vida e as características relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Nas últimas décadas, organizações governamentais e não governamentais têm buscado implementar mecanismos que positivamente auxiliem na promoção da qualidade de vida populacional. Estratégias e campanhas educacionais; melhoria das condições e estilo de vida individual e coletivo; recuperação e/ou crescimento econômico da micro e/ou macroeconomia; reorganização da estrutura física das cidades; modifi cação dos conceitos relacionados às conscientiza-ção ecológica e do meio ambiente são fatores mais freqüentemente observados. A associação desses fatores pode, a longo e médio prazos, implementar a qualidade de vida dos indivíduos. Segundo, ARGYLE (1996), qualidade de vida está relacionada à percepção das condições individuais de saúde e de outros fatores da vida pessoal. Em 2000, MINAYO e cols. identifi caram a qualidade de vida com o bem-estar pessoal, posse de bens materiais e participação em decisões coletivas. Por outro lado, para NAHAS (2004), qualidade de vida poderia ser conceituada como a condição humana representada pelos aspec-tos individuais, socioculturais e ambientais que caracterizam as condições em que o indivíduo vive. Mais recentemente, GONÇALVES e VILLARTA (2004) apresentaram que qualidade de vida signifi ca como as pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo a saúde, educação, transporte, mora-dia e trabalho. Embora diferentes estudos tenham apontado que a qualidade de vida seja representada pela interação dos aspectos físicos, psicológicos, sociais, ambientais, religiosidade e independência, tendo importante associação com o estilo de vida e nível de saúde individual e coletivo, poucas informações relacionadas ao índice de sustentabilidade ambiental e desenvolvimento sustentável estão disponíveis. Desenvolvimento sustentável pode ser defi nido como a capacidade de atender às necessidades cole-tivas atuais, sem comprometimento das gerações futuras, considerando os pressupostos econômicos e ecológicos (ONU – Comission on Sustainable Development – Information for decision-making and Earthwatch. IN: Report of the General Comission on Sustainable Development, April, 1995). Diferentes iniciativas foram implementadas para promover mecanismos para o desenvolvimento sustentável, des-tacando um sistema político que assegure e estimule a sustentabilidade econômica e comercial entre países; implementar um sistema de produção que garanta a preservação ecológica do desenvolvimento; observação do crescimento populacional; garantir a alimentação a longo prazo; preservação da biodi-versidade e dos ecossistemas; diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que admitem uso de fontes renováveis; aumento da produção industrial de países em desenvolvimento à base de tecnologias ecologicamente adaptadas; controle da urbanização. ALBAGLI (2005) apresenta que o rápido crescimento econômico globalizado e a ação sobre os recursos naturais não renováveis, geraram nova mentalidade geo-ecológica-econômica, buscando estimular ações governamentais de paí-ses em desenvolvimento para a sustentabilidade, pois poderia gerar o desenvolvimento de know-how que

Aylton Figueira JúniorDocente do curso de Educação Física da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – IMES

Maria Beatriz Rocha FerreiraFaculdade de Educação Física – Laboratório de Antropologia Bio-Cultural – Universidade Estadual de Campinas

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ABSTRACT

This paper established the relationship between life quality issues and sustainable development factors. The lasts decades are known by governmental and non governmental initiatives on increasing/promoting life quality throughout different countries. This considers strategies as educational campaigns, public and individual health condition, economic growth for macro and micro economy, re-organization of cities’ structural facilities, and changes on ecological concepts, among others. The association of these aspects may contribute in short or long term to the implementation of life quality. According to ARGYLE (1996), life quality is related to health questions and welfare perception. In 2000, MINAYO and cols presented that life quality is related to the capacity of personal decision as well as to personal belongings. On the other hand, NAHAS (2004) suggest that life quality should be considered as human being conditions, represented by personal, socio-cultural and environmental aspects where people live. Recently, GONÇALVES and VILARTA (2004) have presented that life quality means the way people live, feel and understand their daily routine, related to health, education, transportation, housing and work. However, different studies had presented that life quality is represented by physical, psychological, social, environmental, religious, and autonomy interaction, what establishes an important relationship to lifestyle and individual and population health level. Little information related to sustainable index development and environment is available. Thus sustainable development may be defi ned as the capacity of supplying today’s people needs without damaging future generations’ needs, considering economic and ecological concepts (UN- Commission on Sustainable Development - Information for decision-making and Earth watch. IN: Report of the General Commission on Sustainable Development, April, 1995). Different initiatives have been implemented to promote mechanisms for sustainable development. The emphasis is on political systems that ensures the stimulation to the economic and commercial sustainability among countries, the improvement of a production system which promotes ecological preservation, the focus on population growth, the guarantee of food availability in the long term, the preservation of biodiversity of all ecological systems, the decrease of energy consumption and technological development with renewed sources, the increase of industrial production in developing countries. All of that based on adapted ecological technology and urbanization control. ALBAGLI (2005) has presented that the fast global economy growth and the actions upon natural non renewed resources had created other concepts on geo-political-economic, contributing to governmental actions towards sustainable development. These actions could create a know-how development, what will promote better sustainable development. It

RESUMOpromovesse o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, analisando a complexidade das temáticas e a forte associação entre a qualidade de vida e desenvolvimento sustentável, poderia formular a hipótese de que ações mundiais seriam necessárias para atender às necessidades imediatas e futuras das socieda-des. Interessante mencionar que a qualidade de vida, é conceitualmente dependente das características do desenvolvimento sustentável, mas pode ser modifi cada com maior velocidade que o complexo geo-político-econômico associado ao desenvolvimento internacional sustentável. Por outro lado, não acre-dito que haja pior qualidade de vida futura, pois historicamente, o padrão de desenvolvimento sempre foi proporcional ao padrão de qualidade e estilo de vida populacional.

Palavras-chave: qualidade de vida, desenvolvimento sustentável, fatores ambientais.

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RESUMOmeans that the thematic complexity analysis between life quality and sustainable development could be considered as the most interesting topic that the world needs to provide for future sustainability. It is interesting to mention that life quality depends on sustainable development characteristics, but it should be modifi ed with higher velocity on geo-political-economic complex. On the other hand, I believe that life quality for future generations will be almost the same from the one we live now.

Keywords: life quality, sustainable development, environmental factors.

INTRODUÇÃO

Novos paradigmas econômicos, políticos, sociais e ecológico-ambientais, foram observados após a última II Guerra Mundial, especialmente pela necessidade de reconstrução internacional. De modo geral, as guerras promoveram alterações na condição de sobrevivên-cia humana e na qualidade de vida dos indivíduos em função do forte impacto degenerativo ambiental. Se-gundo KHORDAGUI (2005), os principais impactos para a sobrevivência humana durante e no período pós-guerra foram: o risco eminente da proliferação de doenças como a desnutrição materna e fetal, redução da taxa de natalidade, alteração dos núcleos familiares. Ainda ressaltamos o grave comprometimento das ca-racterísticas físicas do solo, água dos rios e dos recur-sos naturais, promovido pela contaminação de diver-sas origens. Nesse sentido, o aumento da toxidade de humanos, animais e plantas foram potencializados pela destruição das instalações de saneamento básico e es-goto, destruição do ambiente marinho, dentre outros fatores, que levaram a nova perspectiva ecológica.

A busca da recuperação do desenvolvimento in-ternacional e reestruturação geo-econômica-política, foram pontos primordiais para a organização regional e global na direção do desenvolvimento sustentável dos países. Países ou região de um país com baixo grau de desenvolvimento foram priorizados, em especial na transferência tecnológica e de informações, fazendo com que as diferenças econômicas e políticas entre povos fossem reduzidas, embora nas ultimas décadas esse fenômeno não tenha ocorrido como esperado.

Segundo BUARQUE (1999), desenvolvimento sus-tentável é um processo abrangente de expansão do

exercício do direito de escolhas individuais nas áreas econômicas, política, social e cultural. Por outro lado, FRANCO (2000), apresenta que o desenvolvimento sustentável ocorrerá quando houver a implementação das condições de vida, do saneamento básico, da dis-ponibilidade de emprego, da estrutura dos serviços de saúde, da oferta de meios que promovam a educação e o lazer, o que está relacionado com a qualidade de vida de uma população. Nesse sentido, o desenvolvi-mento sustentável está diretamente associado ao de-senvolvimento humano.

O desenvolvimento sustentável está fundamentado em cinco dimensões de ordem: A) econômica, B) social, C) cultural, D) espacial e E) ecológico: A) os aspectos econômicos devem ser considerados na possibilidade de alocação e gestão efi ciente de recursos fi nanceiros, permitindo um fl uxo de investimento em políticas públicas de educação, saneamento, emprego, moradia e empregabilidade; B) na perspectiva social, é funda-mental observar e adaptar as experiências que apre-sentaram sucesso em diferentes regiões, fazendo com que possa haver transferência de conhe-cimento en-tre grupos populacionais, possibilitando uma igualdade entre os grupos; C) na dimensão espacial, estimula-se uma confi guração equilibrada entre as áreas rural e ur-bana, melhor distribuição territorial de assentamentos humanos e atividade econômica que atenda as neces-sidades regionais e nacional. Interessante mencionar que há a necessidade buscar um desenvolvimento equilibrado pela implantação de políticas publicas econômicas e sociais para a permanência da população em sua região de origem; D) a quarta dimensão está relacionada aos aspectos culturais, que fundamenta-se na manutenção e no respeito das tradições culturais de cada região e ecossistema; E) a quinta-feira dimen-são considera os aspectos ecológicos no processo de

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desenvolvimento sustentável (SACKS, 1996).

A necessidade mundial do desenvolvimento sus-tentável é intensifi car o uso dos recursos naturais, di-minuindo o dano sobre o meio ambiente; fazer com que o uso dos recursos tenha propósito social na me-lhoria da qualidade de vida de populações; redução do uso de combustíveis fósseis ou esgotáveis, estimulando formas alternativas e que produzam efeito menos de-generativo sobre o ambiente; implementar a recicla-gem de materiais, com menor impacto na poluição e produção de resíduos; incrementar o investimento em pesquisas que garantam o desenvolvimento de tecno-logias limpas com criação de regras para a proteção ambiental.

O sucesso no desenvolvimento da sustentabilidade de uma região ou entre regiões de um mesmo ou dife-rentes países, tem forte dependência da velocidade que a informação é conduzida.

Nesse sentido, ALBAGALI (2005) cita que dois são os princípios na promoção do desenvolvimento sus-tentável e pela informação. O primeiro é o princípio da efi cácia e o segundo é o princípio da descentraliza-ção. O princípio da efi cácia está relacionado ao uso da informação como recurso para o progresso da produção com menos matérias-primas e energia. O uso da informação relacionada aos aspectos geográfi -cos, econômicos e ambientais poderá ser útil para o desenvolvimento sustentável regional e mundial, por permitir a integração das informações dessas áreas por diferentes grupos, em função do estimulo que

o desenvolvimento de novas tecnologias trará para a documentação e gerenciamento de dados e infor-mações; pela possibilidade de avaliar cientifi camente as informações, gerando análise para a decisão e por desenvolver novas redes eletrônicas de comunica-ção e transferência de informação. Por outro lado o princípio da descentralização visa assegurar a orien-tação de pessoas que atuam em equipes de trabalho, para que o desenvolvimento de conceitos ecológicos ocorra na perspectiva da responsabilidade individual e coletiva promovendo um impacto reduzido sobre o meio ambiente.

Historicamente, os recursos ambientais foram uti-lizados como recurso econômico, promovendo forte degradação ecológica (CAMARGO, 2004). Assim, passa a ser importante considerar que o desenvolvi-mento sustentável de uma região é dependente dos recursos ecológicos, mas a possibilidade de recuperar e/ou preservar o sistema ecológico poderá ser funda-mental para a qualidade de vida e sobrevivência de ge-rações futuras. Portanto, o desafi o atual para o desen-volvimento sustentável é entender a relação entre os aspectos econômico, ecológico, ambiental e cultural e sua aplicação com a melhor condição de vida de uma população.

Para GOLDIM (2001), a mudança recente do para-digma ecológico é fruto de diferentes encontros e re-uniões internacionais, na perspectiva da redução do impacto ambiental (Tabela I).

Pós-Guerra ContemporâneoDomínio da natureza Harmonia com a natureza

Ambiente natural com recursos para os seres humanos Toda a natureza tem valor intrínseco Seres humanos superiores aos demais seres Igualdade entre as diferentes espécies

Crescimento econômico e material como base para o desenvolvimento humano

Objetivos materiais a serviço de objetivos maiores de auto-realização

Amplas reservas de recursos naturais Consciência de recursos naturais limitadosProgresso e solução baseado na tecnologia Tecnologia adequada e ciência não-dominante

Consumismo Racionalidade, necessário e reciclagemComunidade nacional centralizada Biorregiões e reconhecimento de tradições das minorias

Tabela I – Diferença entre paradigmas ecológicos do pós-guerra e contemporâneo.

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Considerando que o desenvolvimento sustentável é um processo contínuo, com forte relação com a condição de vida de populações, o objetivo do presen-te ensaio é estabelecer a relação entre os indicadores de qualidade de vida e as características econômicas, ecológicas, traçando uma refl exão ao desenvolvimen-to sustentável regional.

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E EVOLUÇÃO

A possibilidade de escolha é um dos fatores bási-cos desejáveis para a vida humana, considerando que as opções desejáveis devem ser favoráveis para pro-mover uma vida longa e saudável. Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável poderia ser conceituado como um processo abrangente, de expansão do exer-cício do direito de escolhas individuais, garantindo que as pessoas adquiram conhecimento ou um pa-drão mínimo aceitável de sobrevivência (BUARQUE, 1999).

Recentemente, CAMARGO (2004), apresentou que o desenvolvimento sustentável é um conjunto de fatores inter-relacionados ao processo de produção globalizada de bens e serviços fundamentados no desenvolvimento emergente da sociedade, principal-mente pelo avanço científi co e tecnológico.

Historicamente o desenvolvimento sustentável teve seus primeiros passos na década de 60, em função da larga degradação ambiental associada à necessidade de retomada do desenvolvimento econômico e indus-trial no período pós-guerra. A mudança de paradig-ma produtivo, passando de processos de manufatura manual para o mecanizado, conhecido por Fordismo, apresentava a produção em escala, com trabalho em linhas de produção. A evolução do Fordismo para o Toyotismo ocorreu pela necessidade de reconstrução japonesa no pós-guerra, que sugeria a produção em escala, com grupos de trabalhadores especializados e com o conceito “just in time”, que eliminava a neces-sidade de estoque de matéria prima. As propostas do Toyotismo são a base da produção da indústria mo-derna, muito difundido no mundo na década de 60. Na década de 80 isso ocorreu no Brasil, promovendo o início da escalada do desemprego (CAMARGO, 2004).

Interessante mencionar que os primeiros passos do desenvolvimento sustentável estão ligados aos no-vos paradigmas da produção, mostrando forte rela-ção entre aspectos econômicos e o desenvolvimento

mundial, ao mesmo tempo em que promove grande impacto ambiental. A produção de resíduos industriais, o escoamento da produção, a necessidade de matérias primas, a reorganização da estrutura urbana em fun-ção de parques industriais, êxodo rural relacionado a mudança na capacidade de abastecimento e aumento de combustíveis fósseis, como algumas mudanças ob-servadas na degradação ambiental.

Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável pas-sa por uma ação multisetorial, associado à políticas públicas nacionais e internacionais que podem reduzir o risco para o meio ambiente. Diferentes iniciativas foram implementadas para promover mecanismos para o desenvolvimento sustentável, destacando um sistema político que assegure a sustentabilidade econômica, comercial e política entre os países; imple-mentação de um sistema de produção que garanta a preservação ecológica do desenvolvimento; observa-ção para o crescimento populacional; garantir a ali-mentação em longo prazo, preservação da biodiversi-dade e dos ecossistemas; diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que admita o uso de fontes renováveis; aumento da produção industrial de países em desenvolvimento à base de tecnologias ecologicamente adaptadas; controle da urbanização.

Segundo o Report of Economics and Social Affairs (ONU, 2004), é necessário construir um pensamento globalizado, não somente para a transferência de bens e conhecimento, mas para a preservação ecológica. As políticas governamentais para o desenvolvimento sustentável se estendem por 157 áreas, passando pela necessidade de reforma agrária, desenvolvimento agrário, abastecimento da produção, transporte aéreo, marítimo e terrestre e seus impactos ambientais, mini-mização do setor econômico informal, políticas de urbanização, mudanças geográfi cas por efeito de construção, impacto da navegação marítima, uso de re-cursos energéticos não renováveis, impacto ambiental pela exploração de minério, em especial o carvão para a fabricação do aço industrial, abastecimento de água, pesca econômica, dentre outros fatores.

O mecanismo adotado para o processo do desen-volvimento sustentável baseia-se na perspectiva de preservação ambiental, apresentando-se que o “de-senvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades mundiais atuais, sem compro-meter a capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades” (Report of Economics and Social Affairs da ONU, 2004).

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Embora o crescimento sustentável venha a ser dis-cutido há quase meio século, somente em 1972 é que as reuniões promovidas por organismos internacionais tiveram repercussão e sustentabilidade internacional. Ressalto que a 1ª Conferência do Meio Ambiente em Estocolmo (1972), concluiu que o desenvolvimento sustentável internacional passará obrigatoriamente pela escassez de alimentos no mundo e para minimi-zar o impacto positivo sobre a sobrevivência humana é necessário: reduzir a taxa da natalidade, reduzir a poluição industrial, automotiva e doméstica, fruto da produção, escoamento e consumo, além de estimular a preservação dos recursos ambientais, seja em áreas urbana ou rural. No ano seguinte (1973), surge o con-ceito de eco-desenvolvimento, que prevê seis pontos para a contenção das desigualdades entre países, re-fl etindo diretamente na condição de vida de grupos menos favorecidos sendo: 1) satisfazer as necessidades básicas dos indivíduos; 2) criar o espírito de solidarie-dade entre as gerações; 3) envolver a população nas discussões associadas ao ambiente e sua importância; 4) buscar a preservação ambiental e dos recursos naturais em todos os seus aspectos; 5) organização do sistema econômico-produtivo que garanta o em-prego e a segurança social; 6) respeito as diferentes culturas.

Segundo o Relatório de Dag-Hammarskjöd em 1975, um dos passos fundamentais para o desen-volvimento sustentável é promover a distribuição de terras não produtivas para grupos que podem criar na agricultura um meio de sobrevivência sustentável, promover o desenvolvimento regional e econômico. Entretanto, há uma tendência mundial de uma grande quantidade de terras estarem na posse de um número pequeno de pessoas, resultando na ampliação das dife-renças.

Como o desenvolvimento sustentável é um pro-cesso contínuo, com participação multisetorial gover-namental e não-governamental, chegou-se a conclusão na 2a Conferência Mundial do Meio Ambiente no Rio de Janeiro que a humanidade necessita defi nir qual o caminho a ser seguido nos próximos anos, ou seja: “manter o modelo político e econômico atual fará com que as diferenças entre os países aumente pro-movendo o incremento das desigualdades sociais e econômicas. Portanto, para melhorar a qualidade de vida dos pobres e promover a proteção ambiental, é necessário que políticas que transcendam as fron-teiras locais e nacionais sejam implementadas para a promoção de igualdade (FRANCO,2000). Surgem

quatro pontos importantes sendo: Declaração do Rio de Janeiro para o Meio Ambiente e Desenvolvimento; Convenção das mudanças climáticas (que será base para a criação do Protocolo de Kioto em 1997); De-claração dos princípios sobre as fl orestas e Agenda 21. Todos esses protocolos e declarações estão vincula-dos à necessidade de um desenvolvimento igualitário entre os povos, apresentando um plano de ação para uma economia e condição social mais permissiva para o acesso às necessidades básicas e manutenção da natureza, economia e comunidade. Atenção especial às pessoas e comunidade que tenham indicadores de saúde e qualidade de vida como a taxa de natalidade, sobrevivência infantil, expectativa de vida, educação e igualdade de oportunidades abaixo das possibilidades da dignidade para a sobrevivência.

Portanto, a adoção de um estilo de vida saudável pode estar relacionado a melhoria na qualidade de vida de uma população, embora fatores ambientais, culturais, econômicos possam interferir no grau de satisfação com a vida, em especial se as necessidades biológicas, aspectos de segurança, aspectos sociais, aspectos psicológicos foram minimamente atingidos (DICKMAN,1994).

QUALIDADE DE VIDA E CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL

Como o crescimento sustentável está ligado aos fatores bio-econômicos-regionais, ressalto que pelas sociedades humanas serem amplamente diferentes entre si em termos culturais, qualidade e condições de vida, aspectos ambientais e as percepções das entre as sociedades (GROSS,2003). Por outro lado, a qualidade de vida é uma busca crescente em vários países do mundo, em especial na melhoria da condição de vida de populações. Considerando que a qualidade de vida tem forte relação com o desenvolvimento sustentável, vale ressaltar que indicadores de desenvolvimento como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) leva em consideração a expectativa de vida ao nascer; alfabe-tização de adultos; esperando pelo menos 15 anos de escolaridade; matrícula nos três níveis de ensino e PIB per capta. Atualmente o Brasil ocupa a 69 posição nos critérios do IDH – ONU. Embora a realidade nacional seja promissora, atualmente outros países da América Latina (Argentina, Colômbia e Venezuela) se encon-tram em uma posição melhor que o Brasil para o IDH. Por outro lado, dados recentes mostram que no Bra-sil há uma urbanização mais acelerada que os outros

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países da América Latina com 81,7% da população vi-vendo em áreas urbanas, enquanto que a média para a região é de 76,5%. Interessante mencionar a variação do PIB do México em 2002 era de 0,7% e a projeção para 2005 é de 3,8% No mesmo período a Argentina saiu de – 10,6% para 6,6 %(2005). A projeção do Brasil para 2005 é de 4,0%, sendo que em 2004 foi de 5,2%, 2003 (0,6% ) e 2002 (1,5%). Esses dados apontam para mudanças político-econômicas, em especial na capa-cidade de recuperação apresentada pela Argentina e México. Nessa direção o México foi um dos países que mais evoluiu na região, com PIB US$ 626 bilhões, enquanto que o Brasil fi cou em 2005 na faixa de US$ 492 bilhões. Por outro lado à desigualdade no Brasil é considerada uma das maiores do mundo, fi cando atrás de Honduras, Guatemala e Nicarágua.

Em 2000, MINAYO et alli, identifi cam a qualidade de vida com o bem-estar pessoal, posse de bens materi-ais e participação em decisões coletivas. Mais recente-mente, qualidade de vida foi defi nida como o grau de satisfação e realização alcançado por um indivíduo em seu processo de vida (GROSS, 2004). No mesmo ano, NAHAS (2004) apresentou que a qualidade de vida refl ete um conjunto de aspectos individuais, sócio-cul-turais e ambientais que explicam as condições que o indivíduo vive. ARGYLE (1986) apresenta que quali-dade de vida é a percepção individual das condições de saúde e outros fatores da vida pessoal. Em estudo recente, GONÇALVES e VILARTA (2004) apresentam que a qualidade de vida está relacionada à forma que as pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidi-ano, envolvendo a saúde, educação, transporte, mora-dia e trabalho.

Dados recentes apontam que a qualidade de vida, por ser um conceito complexo e multidimensional, tem em sua interação, fatores da ordem pessoal em es-pecial as relacionadas ao trabalho, família, lazer, amigos, nível de saúde física e mental, moradia, suas condições de sobrevivência material e estrutural, e os fatores de ordem coletiva (ambiental) como as condições dos serviços de saúde, educação, transporte coletivo ou vias de acesso, saneamento básico, disponibilidade de empregos, dentre outros. A associação dos aspectos individuais e coletivos caracteriza o estilo de vida do indivíduo ou de uma população, refl etindo em maior ou menor grau de saúde e qualidade de vida. Como o estilo de vida pode sofrer interferências diversas, seja pela decisão dos indivíduos frente às demandas cotidi-anas, observa-se aumento da prevalência de casos re-lacionados às doenças crônico degenerativas em espe-

cial o diabetes, a hipertensão e câncer. Dados recentes apontam que 30% dos brasileiros são acometidos por alguma doença crônica degenerativa (BUSS, 2000). In-teressante mencionar que as mulheres são acometidas em 33,9% dos casos e os homens com 25,7% e que 77,6% dos casos a prevalência ocorre na faixa etária de 65 anos ou mais. Pensando na qualidade de vida dessa população, no atendimento dos serviços de saúde e na diminuição média de renda nessa faixa etária, em função da idade para a aposentadoria, poderíamos hipotetisar uma maior difi culdade na manutenção da qualidade de vida ao longo da vida. Seria interessante mencionar que a renda média do brasileiro em 2004 (IBGE,2003) é de dois salários mínimos e portanto, a combinação dos fatores pessoais e ambientais poderia implicar na redução da qualidade de vida populacional. Outro indicador alarmante relacionado a desigual-dade é que 23,8% dos brasileiros sentiram necessi-dade de buscarem atendimento no serviço de saúde, mas não fi zeram em função da falta de dinheiro para locomoção; 12,7% não forma pelo serviço ser demo-rado e portanto tratamento paralelos forma adotados. Por outro lado, 24,6% da população brasileira pagam plano de saúde privado, citando em 85,8% dos casos, que acham os serviços públicos de saúde ruins e com baixa qualifi cação, demora no atendimento e descaso com a pessoa.

Fazendo uma associação dos indicadores de saúde, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável no Brasil, encontramos aspectos paradoxais, em função da necessidade de crescimento econômico não pro-mover a melhoria desejada pela população dos ser-viços públicos, na condição de saneamento básico e oferta de trabalho (Tabela 2).

Tabela 2 - Modelo de desenvolvimento susten-tável e qualidade de vida em países em desen-volvimento.

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Em estudo recente o IBGE (2002), encontrou na cidade de São Paulo indicadores de qualidade de vida da população, evidenciando que dentre as variáveis apresentadas a necessidade de trabalho com 25%, moradia (18%), segurança (17%), saúde (16,5%), di-nheiro (9,5%), estudo (7,5%), qualidade do ar (3,5%), lazer (1,5%) e trânsitos (1,5%) foram os mais citados. Interessante mencionar que embora haja um senso comum das questões relacionadas ao problema com o trânsito, as variáveis mais signifi cativas encontradas foram a necessidade de trabalho e moradia. Por outro lado, a importância do lazer foi citada por 1,5% dos entrevistados, demonstrando que a disponibilidade dos equipamentos e tempo de lazer não é prioridade para essa população.

QUALIDADE DE VIDA E ATIVIDADE FÍSICA

Nas últimas duas décadas, a qualidade de vida

tem sido associada a diferentes variáveis da vida co-tidiana, sendo que a prática regular de atividade física parece ser um importante fator para a manutenção, recuperação e melhoria do nível de saúde (MATSU-DO,2005). Embora essa relação seja bastante ampla, (MATSUDO,2005; MONTEIRO,2003) tem mostrado a importância da atividade física como mecanismo modulador no cotidiano.

A atividade física pode ser conceituada como qualquer movimento corporal que resulte no au-mento do gasto calórico muscular em relação ao re-pouso, realizado em intensidade moderada, por pelo menos 30 minutos, em uma única sessão ou em três sessões de dez minutos (10x3=30) e/ou duas sessões de 15 minutos (2x15=30), na maioria dos dias da se-mana (MATSUDO,2005 et alli). Por outro lado, Rocha Ferreira (XXXX) apresenta que atividade física é um fenômeno complexo dependente de fatores culturais, educacionais, ambientais e biológicos, sendo que o resultado dessa interação pode ser favorável para o envolvimento em atividades físicas.

A busca da associação entre a qualidade de vida e saúde denota do século XVIII (BUSS,2000), com estudos observacionais que mostraram a baixa ex-pectativa de vida em função de enfermidades em populações. Após a segunda guerra mundial, novas perspectivas relacionadas a prevenção passaram a ser implementados em diferentes países, em especial pelo aumento das doenças contagiosas e epidemias. Mais recentemente, observa-se um declínio na prevalência

das doenças contagiosas e aumento na prevalência de doenças crônico-degenerativas como diabetes, obe-sidade, hipercolesterolemia, hipertensão, dentre ou-tras. (BANCO MUNDIAL, 2005). Esse fenômeno tem sido relacionado com as novas dinâmicas populacio-nais, como efeito da globalização e aquisição de novos hábitos em diferentes populações em todo o mundo.

Alguns estudos demonstram que indivíduos fi sicamente ativos apresentem uma série de bene-fícios fi siológicos e psicológicos comparados com indivíduos irregularmente ativos. Os benefícios fi siológicos são o controle do peso corporal, au-mento da forca e manutenção da massa muscular, resultando em menor probabilidade de quedas, mais equilíbrio, além de controle da pressão arterial, hi-percolesterolemia dentre outros. Por outro lado, os benefícios psicológicos mais citados são o aumento da auto-estima, auto-imagem, auto-conceito, auto-efi cácia, redução dos níveis de estresse, socialização e bem estar. Estudos demonstram que a percepção de mudança do estado psicológico é um dos prin-cipais fatores que contribuem para a aderência em atividades físicas (MONTEIRO et alli, 2003).Como efeito a médio e longo prazos, encontra-se menor prevalência de obesidade, diabetes, osteoporose comparando indivíduos regularmente ativos com pessoas com baixo nível de atividade física. Ainda encontramos que o nível de atividade está asso-ciado a diferentes fatores como local de residência, nível de escolaridade, nível sócio-economico, aspec-tos da estrutura familiar e suporte social, dentre outros (NAHAS,2004).

Como o nível de atividade física de uma popu-lação sobre infl uencia de fatores ambientais e pes-soais, esforços são observados do poder público e de setores da iniciativa privada na promoção da qua-lidade de vida e saúde através do aumento da práti-ca regular de atividade física (WICKRAMA,2006). Nesse sentido, a promoção de um estilo de vida saudável através de um cotidiano fi sicamente ativo, deve considerar as atividades laborais e no local de trabalho, tarefas da vida diária, a caminhada como forma de deslocamento ou no tempo livre, bem como a prática regular de exercícios. Os indicado-res de duração, freqüência e intensidade das ativi-dades, devem ser considerados (Tabela 3), sendo que a associação desses indicadores deve resultar em um acúmulo de 1200 Kcal em atividades físicas por semana, promovendo autonomia e manutenção do nível de saúde.

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Tabela 3 - Classifi cação do nível de atividade física.

Muito ativo: aquele que cumpre a recomendação:a) Vigorosa: = 5 dias na semana e = 30 minutos por sessão e/oub) Vigorosa: = 3 dias na semana e = 20 minutos por sessão + Moderada e/ou Caminhada = 5 dias na semana e = 30 minutos por sessão.

Ativo: aquele que cumpre a recomendação:a) Vigorosa: 3 dias na semana e 20 minutos por sessão e/oub) Moderada ou Caminhada: 5 dias na semana e 30 minutos por sessão e/ouA soma de qualquer atividade: = 5 dias na semana e = 150 minutos por semana (vigorosa + moderada + caminhada).

≥ ≥

≥≥

Irregularmente ativo: aquele que pratica atividade física, mas insuficiente para ser classificado como ativo por não cumprir as recomendações quanto à freqüência e duração.

Sedentário: aquele que não referiu praticar nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana.

Portanto, a prática regular em atividades físicas tem sido considerada um importante aspecto que deve ser incorporado a outros hábitos saudáveis durante toda a vida. Relevante ressaltar que os hábitos estabeleci-dos na infância são mantidos durante a vida, mesmo que em determinado momento tenham sido reduzi-dos. Porem, aumentar o nível de atividade física não é uma tarefa fácil, embora resultados signifi cativos sejam apresentados na literatura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos fatores históricos para o desenvolvi-mento sustentável no permite concluir a necessidade de implementar políticas econômicas e ecológicas na preservação ambiental. Os resultados apontam para uma maior velocidade de degradação ambiental que recuperação e/ou preservação do meio ambiente, apontando para modifi cações geo-econômicas como as causas principais. Os resultados desse estudo su-gerem a necessidade de aplicação das leis proteção ambiental, na perspectiva da manutenção das caracte-rísticas ecológicas, estímulo para o desenvolvimento da qualidade de vida sustentável, criação de mecanismos educacionais para a conscientização ecológica, não so-mente de população, mas também de empresários e políticos. Assim poderíamos concluir que poderá ha-ver a manutenção e/ou melhoria da qualidade de vida atual, pois em todas as épocas a qualidade de vida ten-deu a ter uma relação com as condições ambientais. Entretanto, a presença tecnológica passou a ser um fa-tor concorrente no estilo de vida, trazendo alteração momentânea no estilo de vida dos indivíduos.

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NOTÍCIAS

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Participantes: cerca de 250 pessoas, entre docentes, coordenadores, estudantes (inclusive Executiva Nacional dos Estudantes de Fisioterapia – ENEFI), representantes de 11 dos 12 CREFITOS (ausência: CREFITO 3 – São Paulo), representante do COFFITO e repre-sentante da Comissão de Avaliação em Fisioterapia do INEP (Profa. Maria das Graças, da Universidade Federal de Pernambuco).

MUDANÇA DO ESTATUTO DA ABENFISIO

Assuntos:

1. Mudança do estatuto da Associação Nacional de Ensino em Fisioterapia (ABENFISIO), com per-missão para associação de acadêmicos;

2. Apoio ou recusa contra o projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados sobre obriga-toriedade do exame de sufi ciência do egresso em Fisioterapia visando à obtenção do registro profi s-sional: Assembléia geral votou contra o exame. Caso aprovado pelo Congresso, ABENFISIO, COFFITO e quase todos os CREFITOS entrarão com ação civil de inconstitucionalidade no Ministério Público Federal;

3. Estágio em Fisioterapia: Assembléia Geral apro-vou obrigatoriedade de ser conduzido por docen-te regularmente contratado pela IES, sendo 100% presencial e com o mínimo de 20% da carga horá-ria geral do curso, conforme rege DCN/Fisio;

4. Projeto pedagógico dos cursos de fi sioterapia: devem consolidar as DCN/Fisio em todos os seus itens, ou seja: a) Aluno como centro do processo; b) Professor como facilitador do processo; c) Formar profi ssionais para o serviço público de saúde e não para o serviço complementar etc.);

5. Extensão e pesquisa universitária: Assembléia decidiu encaminhar recomendação ao grupo de avaliadores de Fisioterapia do INEP/MEC para que sejam mais rigorosos com as instituições de ensino superior que estão fazendo só ensino e deixando de lado a extensão e a pesquisa;

6. Carga horária mínima da fi sioterapia: 4.500 h/a, conforme padrão mínimo de qualidade estabeleci-do pela CEEFisio.

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EVENTOS

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EVENTOS

Educação Física

Data: 06 a 09 de setembro de 2006Evento: XI Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua PortuguesaLocal: EEFE/USP - São Paulo - SPRealização: Universidade de São Paulo - Serviço Social do ComércioEnvio de trabalhos até: 24 de fevereiro de 2006Site: http://www.usp.br/eef/xipalops - Tel: (11) 3501-8018E-mail: [email protected] - Fax: (11) 3812-4141

Data: 9 a 12 de Agosto de 2006Evento: 2o Congresso Internacional de Educação Física da FIEP/PBTema: Educação Física é SaúdeLocal: Espaço Cultural José Lins do RegoContato: Prof. Alex Barreto e Prof. Josemar Guedes Endereço: Rua Abdias Gomes de Almeida, 800. TambauzinhoCEP: 58042-100 João Pessoa - ParaíbaTel.: 83 9989-4392 / 8809-3508E-mail: fi [email protected] / congresso@fi eppb.orgSite: www.fi eppb.org

Data: 24 a 26 de Agosto de 2006Evento: VI Seminário Nacional de Políticas em Esporte e Lazer.Tema: Instrumentos de controle social e políticas públi-cas de esporte e lazerLocal: Universidade Estadual de Montes ClarosContato: Prof: Elisângela ChavesEndereço: Av Ruy Braga s/nCEP: 39401-089 Montes Claros - MGTel.: 38 3229-3126Fax: 38 3221-9210Email: [email protected]

Data: 6 a 9 de Setembro de 2006Evento: XI Congresso de Ciências do Desporto e E.F. dos Países de Língua PortuguesaTema: Renovação e Consolidação Realização: USP - SESCContato: Escola de Educação Física e Esporte – USPEndereço: Av. Prof. Mello de Moraes, 65 – Cidade Uni-versitáriaCEP: 05508-900 São Paulo - São PauloTel.: (11) 3091-3077Fax: (11) 3812-4141Email: [email protected]

Site: www.usp.br/eef/xipalops/

Data: 22 a 29 de Setembro de 2006Evento: XII Simpósio Multidisciplinar da USJT:Criatividade e Tecnologia - 100 anos do vôo do 14 BisLocal: Universidade São Judas TadeuContato: Vivian GuerriniEndereço: Rua Taquari, 546CEP: 03166-000 São Paulo - SPEmail: [email protected]

Data: 12 a 14 de Outubro de 2006Evento: II Seminário de Estudos Olímpicos.Tema: Educação Olímpica e Responsabilidade SocialEscola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo.Endereço: Av. Mello Moraes, 65 - Cidade Universitária CEP: 05508-900 São Paulo - SP Tel. 3091-3248Fax: 3815-3342Email: [email protected]: http://geocities.yahoo.com.br/cescusp

Data: 17 a 22 de Outubro de 2006Evento: II Conief - Congresso Internacional de Ed. Física.Tema: Empreendedorismo & MarketingLocal: PUC/RS Porto AlegreContato: Adriano Endereço: AV. Ipiranga, 6681, 6o andar CEP: 90619-900 PORTO ALEGRE - RSTel.: 51-9116-2893Email: [email protected]: sulfi tness.com

Data: 1 a 4 de Novembro de 2006Evento: XVIII Encontro Nacional de Recreação e LazerTema: LAZER E URBANIZAÇÃOLocal: PUC CuritibaContato: João Eloir CarvalhoEmail: [email protected]: www.pucpr.br/enarel

Data: 7 a 9 de Dezembro de 2006Evento: Simpósio Nordestino de Atividade Física & SaúdeTema: Promoção da Atividade Física e Saúde: desafi os e perspectivasLocal: UFPB / João Pessoa - PBContato: José Cazuza de Farias Júnior e Aexandre Sér-gio SilEndereço: Cidade Universitária, campus I - Departa-mento de EsportesCEP: 58059-900 João Pessoa - PB

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EVENTOS

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Telefone: 3216-7695Fax: 3216-7235Email: [email protected]: www.ccs.ufpb.br/simposione/

Data: 31 de octubre - 3 de noviembre de 2006Evento: 11o Congreso Mundial de Deporte para TodosTema: Actividad Física: Benefi cios y DesafíosLocal: La Habana - CubaRealização: Comité Olimpico CubanoTel: (537) 832-8441Fax: (537) 832-8350Site: http://www.sportforallcuba2006.com E-mail: [email protected]

Enfermagem

Data: Agosto de 2006Evento: 28o Congresso Internacional de Saúde Ocupa-cional ICOHLocal: Milan - ItáliaTema: Renewing a Century of Commitment to Safety and Health at WorkInformações: www.icoh2006.it

Data: 11 a 15 de setembro de 2006 Evento: VI Congresso Panamericano e X Congresso Brasileiro de Infecções e Epidemiologia Hospitalar Tema: Prevenir Infecções Preservando o Ambiente Local: Centro de Eventos da FIERGS - Porto Alegre-RS.Informações: (51) 3061-2957 / Email: [email protected]: www.abih.org.br

Data: 22 a 25 de outubro de 2006Evento: ISQua - The International Society for Quality in Health Care - 23rd International ConferenceLocal: QEII Centre - Westminster - London, U.K. Informações: www.isqua.org // +61 3 9417 6851

Data: 7 a 11 de outubro de 2006Evento: XIII Congresso Brasileiro de Enfermagem em NefrologiaInformações: http://www.soben.com.br/form_congbras.php

Data: 30 de novembro a 03 de dezembro de 2006Evento: II Conferência Internacional Sobre Humanização do Parto e NascimentoRiocentro - Rio de Janeiro Informações: (021) 2266-9150 [email protected]

Farmácia

Data: 25 - 31 de agosto de 2006Evento: Congresso Mundial de Farmácia e Ciências FarmacêuticasInformações: fi [email protected]: (61) 2106-6541

Fisioterapia

Ofi cina Regional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Fisioterapia - Região: São Paulo, Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Litoral PaulistaTema Central: Inserção da Fisioterapia nas necessidades de saúde da população através do SUSLocal: Universidade Metodista de São PauloPeríodo: 25 e 26 de agosto de 2006

VII curso de ventilação mecânica do INCOR, dias 5 e 6 de agosto de 2006. Informações tel. 3069-5319, das 8 às 16h CONEAS - Congresso Nacional dos Estudantes da Área de Saúde. De 12 a 15 de outubro de 2006, em Guarapari, ES. Informações: www.coneas.com.br Evento - XIV Fórum Nacional de Docentes de Fisioterapia e VIII Encontro Nacional de Coordenadores de Fisioterapia.Local - Auditório do Hotel Caiçara, Tambaú, João Pessoa, PB.Período - de 31 de maio a 3 de junho.

Nutrição

IV Semana Acadêmica de Nutrição “Enfrentando Desafi os”: dias 31 de agosto, 1o e 2 de setembro de 2006 no anfi teatro do Campus IIInformações: 4239-3200 ramal 3400 e 4321 de 2a feira a sábado.Aberto a profi ssionais e acadêmicos de todas as áreas

I Simpósio IMES de Nutrição: conferências, cursos (APPCC,Contagem de Carboidratos, Montagem e Administração de Consultórios, Alimentos Funcionais) palestras, mesas-redondas com temas de todas as áreas de Nutrição e Alimentação. Dias 6 e 7 de outubro de 2006, no anfi teatro do Campus II, Informações: 4239-3200 ramal 3400 e 3421 de 2a feira a sábadoAberto a profi ssionais e acadêmicos de todas as áreas

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NORMAS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

A Revista Brasileira de Ciências da Saúde (RBCS), é uma publicação com periodicidade semestral do Centro das Ciências da Saúde da Universidade Mu-nicipal de Ensino Superior – IMES, que está aberta para a publicação e divulgação de artigos científi cos das áreas relacionadas às Ciências da Saúde.

A Revista Brasileira de Ciências da Saúde (RBCS) assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N. Engl. J. Med. 1997; 336(4): 309-315), preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especifi cações que serão detalhadas a seguir.

Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da RBCS poderão enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para o editor-chefe da RBCS, sendo que a aceitação para publicação ocor-rerá após a posição do corpo editorial da RBCS, que será encaminhada ao autor.

O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir tro-cas ou retorno, de acordo com a circunstância ou realizar modifi cações nos textos recebidos; neste úl-timo caso não se alterará o conteúdo científi co, limi-tando-se unicamente ao estilo literário.

PREPARAÇÃO DO ORIGINAL

1. Normas gerais

1.1. Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect etc.), em página de formato A4, formatado da seguinte ma-neira: fonte Times New Roman, corpo 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, so-brescrito etc.

1.2. Numere as tabelas em romano, com as legen-das para cada tabela junto à mesma.

1.3. As seções dos artigos originais são estas: re-sumo, introdução, material e métodos, resultados, dis-cussão, conclusão e bibliografi a. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês (abstract) e também das palavras-chave (keywords). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos envia-

NORMAS DA REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

dos pelo correio em mídia magnética (disquetes etc.) anexar uma cópia impressa e identifi car com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas.

Os artigos encaminhados à RBCS deverão res-peitar a conceituação e formatação da seguinte for-ma:

1- ARTIGOS ORIGINAIS: textos contendo resulta-dos inéditos e consolidados de pesquisa experimental ou teórica, não publicados em periódicos nacionais ou estrangeiros, apresentados de maneira abrangente e discutidos nas suas implicações. Os originais de-vem ter até 20 laudas, incluindo-se nesse total o es-paço ocupado por resumos, fi guras, tabelas, notas e referências bibliográfi cas. O autor dividirá o texto de acordo com os usos do domínio de pesquisa em que se situa o artigo, para a defi nição dos materiais e métodos utilizados. Os subtítulos Introdução, Me-todologia, Resultados e Discussão e Conclusões são obrigatórios.

2- ARTIGOS DE REVISÃO: textos sobre assuntos abrangentes e de interesse específi co da área ou grupos de áreas. O texto deverá reunir os principais fatos e idéias de um determinado domínio de pes-quisa, estabelecendo relações entre eles e eviden-ciando a estrutura conceitual própria do domínio. Recomenda-se que os originais tenham no máximo 20 laudas, incluindo-se nesse total todas as fi guras, ta-belas, notas, referências bibliográfi cas e resumos. Os artigos de revisão deverão apresentar título, autores e afi liações, resumo, palavras-chave e abstract e key-words, introdução, revisão de literatura (a defi nição dos tópicos e subtópicos fi ca a critério dos autores), discussão, conclusão e referências bibliográfi cas.

3- PONTO DE VISTA: considerações importantes sobre os aspectos das ciências da Saúde. O texto de-verá ser breve, contendo a expressão de opiniões so-bre o assunto de indiscutível pertinência às fi nalidades

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NORMAS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

das ciências da Saúde e aos objetivos da RBCS. Deve limitar-se ao estritamente necessário à exposição das opiniões e fundamentos que as suportam. Os artigos de Ponto de Vista deverão apresentar título, autores e afi liações, breve introdução, apresentando a relevân-cia para a área de estudo, seguida de tópicos e sub tópicos defi nido pelos autores; considerações fi nais e referências bibliográfi cas, se houver.

4- SEÇÃO ESPECIAL: preparada por profi ssionais convidados pelos editores de área para discorrerem sobre temas de grande relevância na área. O tex-to deverá conter resultados novos de pesquisa ex-perimental ou teórica e centrados na apresentação e discussão de experimentos, observações, cálculos e resultados. Deverá conter, na parte inicial, uma introdução, situando a contribuição contida na co-municação em contexto mais amplo, inteligível para não-especialistas e apresentar, ao fi nal, as conclusões. Os originais terão no máximo 15 laudas, incluindo-se nesse total o espaço para resumos, fi guras, notas e referências, seguindo a ordenação apresentada para artigos originais. Notas e referências devem limitar-se às necessárias para a correta informação do leitor.

5- SEÇÃO DE RESUMOS: preparada pelos editores da RBCS e colaboradores, com a posição de apre-sentar resumos publicados em periódicos nacionais e internacionais de reconhecido valor científi co para a área das ciências da saúde.

NORMAS DE PUBLICAÇÃO

Página de Identifi caçãoNesta página devem constar:1. Título do artigo, que deve ser conciso, porém

informativo; Requisitos uniformes para manuscritos (International Committee of Medical Journal Edi-tors);

2. Nome e endereço do autor responsável, para correspondência relativa ao manuscrito;

3. Nome e endereço do autor a quem devem ser dirigidos pedidos de separatas ou outras informações disponíveis;

4. Fontes de auxílio, na forma de bolsas, equipa-mentos e outros;

5. Título abreviado do trabalho, com não mais de

40 caracteres (contando letras e espaços) no rodapé da página de identifi cação.

AutoriaTodas as pessoas designadas como autores devem

estar qualifi cadas para tal. Cada autor deve ter participado sufi cientemente

do trabalho para ter responsabilidade pública pelo seu conteúdo. O reconhecimento da autoria deve es-tar baseado em contribuição substancial relacionada aos seguintes aspectos:

1. Concepção e projeto ou análise e interpretação dos dados;

2. Redação do artigo ou revisão crítica relevante do conteúdo intelectual;

3. Aprovação fi nal da versão a ser publicada. Estas condições devem ser integralmente consi-

deradas. Apenas participação na aquisição de fundos, coleta de dados ou supervisão geral do grupo de pes-quisa não são sufi cientes para justifi car a autoria.

Qualquer parte do artigo que seja essencial para as conclusões fundamentais do mesmo deve ser de responsabilidade de, pelo menos, um autor. Os edi-tores podem solicitar aos autores para descreverem qual foi a contribuição de cada um, principalmente em trabalhos multicêntricos que são atribuídos a um au-tor coletivo. Todos os membros da equipe identifi ca-dos como autores, seja na posição de autor indicado abaixo do título do trabalho ou em nota de rodapé, devem obedecer inteiramente aos critérios acima in-dicados, para serem identifi cados como autores. Os membros da equipe que não se encaixarem nestes critérios podem fi gurar, com sua permissão, na seção de agradecimentos ou em um anexo (Consultar a seção Agradecimentos).

A ordem em que aparecem os autores deve ser resultante de uma decisão conjunta com os co-au-tores. Como a ordem é determinada em diferentes formas, seu signifi cado não pode ser inferido com exa-tidão, a menos que seja estabe-lecida pelos autores, que também podem explicá-la em nota de rodapé. Decidida a ordem, os autores devem estar cientes de que muitas revistas limitam o número de autores listados no índice e que na National Library of Medi-cine, dos Estados Unidos, só ingressam no MEDLINE os primeiros 24 autores.

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NORMAS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

Resumo e descritoresA segunda página do manuscrito deverá conter

um resumo (de não mais que 150 palavras, se não for estruturado, ou 250 palavras, se for estruturado).

O resumo deverá conter os objetivos do estudo ou pesquisa, procedimentos básicos (seleção dos in-divíduos do estudo ou animais de laboratório, méto-dos de observação e analíticos, principais resultados apresentando dados específi cos e seu signifi cado es-tatístico, se possível) e as conclusões principais. De-verão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo.

Abaixo do resumo, os autores devem especifi car e identifi car como tal, de três a dez descritores ou frases curtas, que auxiliarão a indexação dos artigos nas bases de dados.

Estes descritores poderão ser publicados com o resumo, podendo ser utilizados descritores do Medi-cal Subject Headings (MESH), do Index Medicus. Se não existirem descritores apropriados disponíveis no MESH para os termos recentemente introduzidos, poderão ser utilizados termos ou expressões de uso conhecido.

IntroduçãoDeve conter o objetivo do artigo e resumir os

fundamentos lógicos para a realização do mesmo.Apresentar somente as referências estritamente

pertinentes e não incluir dados ou conclusões do tra-balho que está sendo relatado.

MétodosDescreve claramente a seleção dos indivíduos

que intervieram na pesquisa (pacientes ou animais de laboratório, incluindo os controles). Identifi ca a idade, sexo e outras características relevantes dos indivíduos. A defi nição e relevância da raça ou etnia são ambíguas; os autores devem ser especialmente cuidadosos quando usarem estas categorias.

1. Os métodos, os equipamentos (apresentar o nome e endereço do fabricante entre parênteses) e os procedimentos utilizados devem ser identifi cados com detalhes sufi cientes para permitir a replicação da pesquisa por outros profi ssionais.

2. Nome pelo qual o autor é conhecido, com seu maior grau acadêmico e afi liação institucional;

3. Nome do departamento e instituição aos quais

o trabalho deve ser atribuído;4. Requisitos uniformes para manuscritos – In-

ternational Committee of Medical Journal Editors – referências sobre os métodos, inclusive de métodos estatísticos (veja mais adiante); oferecer referências e breve descrição para os métodos já publicados, mas não muito conhecidos; descrever os métodos novos ou substancialmente modifi cados, dando as razões para utilizá-los, avaliando suas limitações. Identifi car com precisão todos os fármacos e produtos quími-cos usados, incluindo nome genérico, dosagem e vias de administração. Informações sobre ensaios clínicos realizados de forma aleatória devem apresentar infor-mação referente aos principais elementos do estudo, incluindo o protocolo (população do estudo, inter-venções ou exposições, resultados e os fundamen-tos lógicos para a realização da análise estatística, se houver) e designação das intervenções (métodos de estudos randômicos, indicação dos grupos de inter-venção e controle) e métodos duplamente cegos.

Os autores que apresentam revisões devem inclu-ir uma seção que descreva os métodos empregados para localizar, selecionar, obter e sintetizar as infor-mações.

Estes métodos também devem ser apresentados sucintamente no resumo.

ÉticaQuando se trata de experimentos com seres

humanos, deve ser esclarecido se os procedimen-tos empregados respeitaram os critérios éticos da comissão sobre experimentação humana (institucio-nal ou regional) e a Declaração de Helsinki de l975, com emenda de l983. Não usar os nomes dos paci-entes, suas iniciais, número que lhes foi conferido no hospital, especialmente no material ilustrativo.

Quando se trata de experimentação com animais, indicar se foram seguidas as recomendações, sobre o cuidado e utilização dos animais de laboratório de alguma instituição.

EstatísticaDescrever os métodos estatísticos com detalhe

sufi ciente para permitir aos leitores, conhecedores do assunto e com acesso aos dados originais, veri-fi car os resultados alcançados. Sempre que for pos-sível, quantifi car e apresentar os resultados com in-

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dicadores apropriados de margem de erros ou de confi abilidades (como por exemplo os intervalos de confi ança). Evitar apoiar-se unicamente nas hipóteses estatísticas, tais como o uso de valores P, uma vez que omite informação quantitativa importante.

Justifi car a escolha dos indivíduos objeto da pes-quisa, detalhar o método aleatório, informar sobre as possíveis complicações relacionadas ao tratamento, apresentar o número de observações e perda de indivíduos participantes (tais como desistências em um ensaio clínico). Sempre que for possível, as refer-ências sobre o planejamento do estudo e métodos estatísticos deverão em lugar de trabalhos vigentes dos originais onde foram descritos pela primeira vez. Indicar também se foram utilizados programas de computador e quais.

Incluir na seção Métodos uma descrição geral dos métodos empregados. Quando os dados forem re-sumidos na seção Resultados, especifi car o método estatístico usado para analisá-los. Restringir tabelas e fi guras a apenas aquelas necessárias para esclarecer o argumento do traba-lho e sustentá-lo. Usar gráfi cos como alternativa a tabelas com muitas entradas e não duplicar dados em gráfi cos e tabelas. Evitar o uso de termos não técnicos em estatística, como “aleatório” (que implicaria em uma seleção ao azar), “normal”, “signifi cativo”, “correlação” e “amostra”, se não for em sentido estritamente técnico. Defi nir os termos estatísticos, abreviaturas e símbolos.

ResultadosApresentar os resultados em uma seqüência lógi-

ca no texto, tabelas e fi guras. Não repetir no texto todos os dados das tabelas ou ilustrações; enfatizar ou resumir somente as observações relevantes.

DiscussãoDestacar os aspectos novos e importantes do es-

tudo, assim como as conclusões dele derivadas. Evi-tar repetir de forma detalhada informações ou outro material apresentados na Introdução ou Resultados. Incluir na seção Discussão as implicações dos acha-dos e suas limitações, mencionando envolvimento com futura pesquisa. Relacionar as observações com outros estudos relevantes. Vincular as conclusões aos objetivos do estudo evitando-se fazer afi rmações não qualifi cadas e conclusões que não forem plenamente

respaldadas pelos dados. Os autores devem evitar, em particular, fazer declarações sobre os benefícios econômicos e gastos, a menos que seu manuscrito inclua informações e análises econômicas.

Evitar menção a qualquer trabalho que ainda não esteja concluído. Estabelecer novas hipóteses apenas quando estiverem claramente justifi cadas. Quando for conveniente, incluir recomendações.(Requisitos as uniformes para manuscritos – International Com-mittee of Medical Journal Editors).

AgradecimentosEm um lugar apropriado do artigo (em nota de

rodapé na página de idenfi cação ou em um apêndice; consultar as normas de cada revista) poderão ser incluídas uma ou várias declarações especifi cando: a) colaborações de pessoas que merecem reconhe-cimento, mas que não justifi cam sua inclusão como autor, como por exemplo o apoio de um chefe de departamento; b) agradecimentos por auxílio técnico; c) agradecimentos por apoio econômico e material, especifi cando a natureza do apoio; d) relações que podem estabelecer confl ito de interesses.

Mencionar pessoas que prestaram ajuda intelectu-al ao trabalho, mas cuja contribuição não justifi ca par-ticipar da autoria, descrevendo a contribuição como “assessoria científi ca”, “revisão crítica do projeto de pesquisa”, “coleta de dados” ou “participação no en-saio clínico”. Estas pessoas devem expressar seu con-sentimento para serem mencionadas. Os autores são responsáveis pela obtenção de permissão, por escrito, das pessoas cujo nome constam dos agradecimentos, uma vez que os leitores podem inferir que endossam as informações e conclusões do trabalho.

Agradecer o apoio técnico em parágrafo sepa-rado daqueles destinados aos agradecimentos por outro tipo de contribuição.

ReferênciasNumerar as referências de forma consecutiva de

acordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto. Identifi car as referências no texto, tabelas e legendas por números arábicos, entre parênteses. As referências, citadas somente em tabelas ou em legendas de fi guras, devem ser numeradas de acordo com a seqüência estabelecida pela primeira identifi cação no texto de cada tabela

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Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

ou fi gura.Os exemplos seguintes estão baseados no formato

usado pela National Library of Medicine, dos Estados Unidos, no Index Medicus. Os títulos de periódicos devem ser abreviados da forma como são apresen-tados no Index Medicus e podem ser consultados na “List of Journals Indexed”, publicada anualmente com o número correspondente ao mês de janeiro do “Index Medicus”. Esta lista também pode ser obtida através da Internet: http://www.nlm.nih.gov. Evitar o uso de resumos como referências. Citações de tra-balhos aprovados para publicação, mas ainda não pu-blicados, deverão aparecer como “No prelo” ou “A ser publicado”; os autores deverão obter permissão, por escrito, para citar estes trabalhos, assim como certifi car-se de que foram aceitos para publicação. In-formações sobre trabalhos submetidos, mas não acei-tos, devem ser citados no texto como “observações não publicadas”, sempre com o consentimento, por escrito, dos responsáveis pela informação.

Evitar a citação de “comunicação pessoal” a me-nos que seja informação essencial e que não possa ser obtida em fontes impressas; em tal caso, o nome da pessoa e a data em que se deu a comunicação deverão constar entre parênteses no texto. Para ar-tigos científi cos, os autores devem obter permissão e confi rmação, por escrito, sobre a exatidão da fonte. Os autores devem confrontar as referências com os documentos originais. Os “Requisitos uniformes” (estilo Vancouver) baseiam-se em grande parte nas normas de estilo da American National Standards Institute (ANSI), adaptado pela NLM.

Artigos de periódicos

1 - Artigo padrãoIncluir os seis primeiros autores seguidos de et al.

(Nota: A NLM inclui no máximo 25 autores; se exis-tirem mais de 25 autores, listar os 24 primeiros e em seguida et al.).

Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary disease. Ann Intern Med 1996 Jun 1; 124(11): 980-3.

Como opção, se a revista usa paginação contínua ao longo do volume (como faz a maioria das revistas) o mês e o número podem ser omitidos. (Nota: por

uma questão de consistência, esta opção é utilizada nos exemplos dos “Requisitos uniformes”. A NLM não utiliza esta opção).

Vega KJ, Pina I, Krevsky, B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary disease. Ann Intern Med 1996; 124: 980-3.

Mais de seis autores:Parkin DM, Clayton D, Black RJ, Masuyer E, Friedl

HP, Ivanov E, et al. Childhood leukemia in Europe after Cher-nobyl: 5 years follow-up. Br J Cancer l996; 73: 1006-12.2 - Instituição como autor

The Cardiac Society of Australia and New Zea-land. Clinical exercise stress testing. Safety and perfor-mance guidelines. Med J Aust 1996; 116: 41-2.3 - Sem indicação de autoria

Cancer in South Africa /Editorial/. S Afr Med J 1994; 84: 15.4 - Artigo em outro idioma

(Nota: A NLM traduz o título para o inglês, coloca-o entre colchetes e adiciona uma indicação abreviada do idioma original).

Ryder TE, Haukeland EA, Solhaug JH. Bilateral infrapatellar seneruptur hos tidligere frisk kvinne. Tidsskr Nor Laegeforen l996; 116: 41-2.5 - Volume com suplemento

Shen HM, Zhang QF. Risk assessment of nickel carcinogenicity and occupational lung cancer. Environ Health Perspect 1994; 102 Suppl 1: 275-82.6 - Fascículo com suplemento

Payne DK, Sullivan MD, Massie MJ. Women‘s psy-chological reactions to breast cancer. Semin Oncol 1996; 23(1 Suppl 2): 89-97.7 - Parte de um volume

Ozben T, Nacitarhan S, Tuncer N. Plasma and urine sialic acid in non-insulin dependent diabetes mellitus. Ann Clin Biochem 1995; 32(Pt 3): 303-6.8 - Parte de um fascículo

Poole GH, Mills SM. One hundred consecutive cases of fl ap lacerations of the leg in aging patients. N Z Med J 1994; 107(986 Pt 1): 377-8.9 - Fascículo sem volume

Turan I, Wredmark T, Fellander-Tsai L. Arthrosco-pic ankle arthrodesis in rheumatoid arthritis. Clin Or-thop 1995; (320): 110-4.10 - Sem fascículo e sem volume

Browell DA, Lennard TW. Immunologic status of

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Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

the cancer patient and the effects of blood transfu-sion on antitumor responses. Curr Opin Gen Surg 1993; 325-33.11 - Paginação em números romanos

Fisher GA, Sikic BL. Drug resistance in clinical on-cology and hematology. Introduction. Hematol Oncol Clin North Am 1995 Apr; 9(2): xi-xii.12 - Indicação do tipo de artigo se necessário

Enzensberger W, Fisher PA. Metronome in Parkin-son’s disease [letter]. Lancet 1996; 347: 1337.

Clement J, De Bock R. Hematological complica-tions of antavirus nephropathy (HVN) [abstract]. Kid-ney Int 1992; 42: 1285.13 - Artigo contendo retratação

Garey CE, Schwarzman AL, Rise ML, Seyfried TN. Ceruloplasmin gene defect associated with epilepsy in the mice. [retractation of Garey CE, Schawarztman AL, Rise ML, Seyfried TN. In: Nat Genet 1994; 6: 426-31]. Nat Genet 1995; 11: 104.14 - Artigo retratado

Liou GI, Wang M, Matragoon S. Precocious IRBP gene expression during mouse development [retra-cted in Invest Ophthalmol Vis Sci 1994; 35: 3127]. In-vest Ophthalmol Vis Sci 1994; 35: 1083-8.15 - Artigo com erratas publicadas

Hamlin JA, Kahn AM. Herniography in simptomatic patients following inguinal hernia repair [published er-ratum appears in West J Med 1995; 62: 278]. West J Med 1995; 162-28-31.16 - Indivíduo como autor

Ringsven MK, Bond D. Gerontology and leader-ship skills for nurses. 2 nd ed. Albany (NY): Delmar Publishers; 1996.17 - Editor, compilador como autor

Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderley people. New York: Churchill Living-stone; 1996.18 - Instituição como autor e publicador

Institute of Medicine (US). Looking at the future of the Medicaid programme. Washington (DC): The Institute; 1992.19 - Capítulo de livro

Phillips SJ, Whiosnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis, and management. 2 nd ed. New York: Raven Press; 1995. p.465-78.20 - Eventos (anais de conferências)

Kimura J; Shibasaki H., editors. Recent advances in clinical neurophysiology. Proceedings of the 10 th International Congress of EMG and Clinical Neuro-physiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto; Japan. Amster-dam: Elsevier; 1996.21 - Trabalho apresentado em evento

Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of data pro-tection, privacy and security in medical informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92. Proceedings of the 7 th World Coan-gress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Ge-neva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p.1561-5.22 - Relatório científi co ou técnico

Publicado pela agência patrocinadora: Smith P, Golladay K. Payment for durable medical

equipment billed during skilled nursing facillity stays. Final report. Dallas (TX): Dept. of Health and Human Services (US), Offi ce of Evaluation and Inspections; 1994 Oct. Report No: HHSIGOEI 69200860.

Publicado pela agência responsável por seu desen-volvimento: Field MJ, Tranquada RE, Feaslley JC, edi-tors. Health services research: work force and edu-cational issues. Washington: National Academy Press; 1995. Contract No: AHCPR282942008. Sponsored by the Agency for Health Care Policy and Research.23 - Dissertação e tese

Kaplan SJ. Post-hospital home health care: the el-derley’s access and utilization [dissertation]. St. Louis (MO): Wahington Univ.; 1995.24 - Patente

Larsen CE, Trip R, Johnson CR, inventors; Novoste Corporation, assignee. Methods for procedures re-lated to the electrophysiology of the heart. US patent 5,529,067. 1995 Jun 25.25 - Artigo de jornal

Lee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions annually. The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A: 3 (col. 5).26 - Material audiovisual

HIV+/AIDS: the facts and the future [videocas-sete]. St. Louis (MO): Mosby-Year Book; 1995.27 - Documentos legais

Leis aprovadas:Preventive Health Ammendments of 1993, Pub. L.

Nº. 103-183, 107 Stat. 2226 (Dec. 14, 1993).Projetos de lei:

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Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

Medical Records Confi dentiality Act of 1995, S.1360, 104 th Cong., 1 st Sess. (1995).

Código de regulamentações federais: Informed consent. 42 C.F.R. Sect. 441.257 (1995).Audiência:Increased Drug Abuse: the Impact on the Nation’s

Emergency Rooms: Hearings Before the Subcomm. On Human Resources and Intergo-vernmental Rela-tions of the House Comm. On Government Opera-tions, 103 rd Congr., 1 st Sess. (May 26, 1993).28 - Mapa

North Carolina. Tuberculosis rates per 10,000 population, 1990 [demographic map]. Raleigh: North Carolina Dept. of Environment, Health, and Natural Resouces, Div. of Epidemiology; 1991.29 - Texto da Bíblia

The Holy Bible. King James version. Grand Rapids (MI): Zondervan Publishing House; 1995. Ruth 3: 1-18.30 - Dicionários e obras de referência simi-lares

Steadman’s medical dictionary. 26 th ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1995. Apraxia; p.119-20.31- Obras clássicas

The Winter’s Tale: act 5, scene 1. Lines 13-16. The complete works of Williams Shakespeare. London: Rex; 1973.32- No prelo

(Nota: A NLM prefere “forthcomming” uma vez que nem todos os tópicos serão impressos). Lesh-ner AI. Molecular mechanisms of cacaine addiction. N Engl J Med. In press 1996.33 - Artigo de revista em formato eletrônico

Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 51(1):[24 screens]. Available from: URL:http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm34 - Monografi a em formato eletrônico

CDI, clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multi-media Group, producers. 2 nd ed. Version 2.0. San Di-ego: CMEA; 1995.35 - Programa de computador

Hemodynamics III: the ups and downs of hemody-namics [computer program]. Version 2.2. Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993.

TabelasApós digitação, imprimir cada tabela em espaço

duplo e em folhas separadas. Numerá-las consecu-tivamente segundo a ordem em que aparecem pela primeira vez no texto, atribuindo a cada uma um tí-tulo breve. Dar a cada coluna um cabeçalho curto.

Colocar as notas explicativas no rodapé da tabela e não no cabeçalho ou título, esclarecendo todas as abreviaturas não convencionais usadas. Para estas no-tas usar os seguintes símbolos, na seguinte ordem: *, +, §, **, ++, §§, etc. e assim sucessivamente. Identifi car as medidas estatísticas de dispersão, tais como desvio-padrão e média-padrão de erro. Não traçar linhas in-ternas horizontais ou verticais nas tabelas. Mencionar cada tabela no texto. Se usar informações de outra fonte, publicada ou não, é preciso obter permissão e agradecê-las. Se houver muitas tabelas, poderão surgir problemas em sua distribuição nas páginas em relação à extensão do texto.

Devem ser estudados alguns exemplares da revista a qual está sendo enviado o trabalho, com o objetivo de calcular quantas tabelas podem ser incluídas por cada mil palavras do texto.

O editor da revista, ao aceitar o trabalho, pode recomendar que as tabelas adicionais, com informa-ções de apoio relevante, mas demasiado amplas para publicação, sejam colocadas à disposição pelos au-tores. Neste caso, uma informação apropriada deve ser adicionada ao texto. De toda forma, estas tabelas deverão ser submetidas e avaliadas juntamente com o trabalho.Ilustrações (fi guras)

Apresentar o número necessário de conjuntos completos de fi guras. Estas deverão estar desenha-das e fotografadas por profi ssionais; não se admitindo o desenho à mão livre ou legenda datilografada. No lugar de desenhos originais, fi lmes de raios X e out-ros tipos de materiais, é necessário enviar fotogra-fi as nítidas, em branco e preto e reveladas em papel acetinado, normalmente em 127 x 178 mm (5 x 7 polegadas), mas nunca maiores que 203 x 254 mm (8 x 10 polegadas).

As letras, números e símbolos devem ser claros e uniformes ao longo de todo o trabalho e em taman-ho adequado para que sejam legíveis quando redu-zidos para publicação. Incluir os títulos e explicações detalhadas nas legendas das fi guras e não nas próprias

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SAÚDE

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NORMAS

Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, no 7, jan/mar 2006

fi guras. Cada fi gura deverá ter uma etiqueta colada no

verso indicando o número da mesma no texto, o número do autor e qual é a sua parte superior. Não escrever diretamente no verso da fi gura, nem utilizar clips que possam danifi cá-las ou rasgá-las.

Tampouco as dobre ou as monte sobre cartolina. As fotografi as feitas através de microscópio devem conter indicadores internos de escala. Os símbolos, fl echas ou letras usados em fotomicrografi as devem contrastar claramente com o fundo. Se forem usadas fotografi as de pacientes, estes não podem ser identi-fi cados ou então suas fotos devem vir acompanhadas de permissão, por escrito, para serem divulgadas (veja Proteção aos Direitos e Privacidade dos Pacientes). As fi guras devem ser numeradas consecutivamente de acordo com a ordem em que foram citadas pela primeira vez no texto. Se uma fi gura já foi publicada, mencionar a fonte original e enviar permissão por escrito do detentor dos direitos autorais para a sua reprodução.

Exceção é feita para documentos de domínio pú-blico. Para as fi guras em cores, certifi car-se se a re-vista pede negativos em cores, diapositivos ou cópias em papel.

Poderá ser útil ao editor receber desenhos suple-mentares indicando a área a ser reproduzida. Algumas revistas só publicam fi guras em cores se o autor arcar com o custo extra que elas exigem.

Legendas para ilustraçõesDatilografar ou imprimir as legendas para ilus-

trações usando espaço duplo, em páginas separadas, com números arábicos correspondentes à fi gura. Quando os símbolos, fl echas, números ou letras são usados para identifi car uma ou várias partes das fi gu-ras, identifi car e esclarecer o signifi cado de cada uma com clareza na legenda. Explicar a escala interna e identifi car o método de corantes usado nas fotomi-crografi as.

Unidades de medidasMedidas de comprimento, altura, peso e volume

devem ser expressas em unidades métricas (metros, quilogramas ou litros, ou seus múltiplos decimais). As temperaturas devem ser dadas em graus Celsius. A pressão sangüínea em milíme-tros de mercúrio. To-

dos os valores hematológicos ou bioquímicos devem ser apresentados em unidades do sistema métrico decimal, de acordo com o Sistema Internacional de Medidas (SI). Os editores podem pedir aos autores que sejam adicionadas unidades alternativas ou não pertencentes ao SI antes da publicação.

Abreviaturas e símbolosUtilizar só abreviaturas padrão, evitando incluí-las

no título e no resumo. O termo completo deve pre-ceder a abreviatura quando ela for empregada pela primeira vez, salvo se forem unidades comuns de me-dida. Remessa do Manuscrito para a Revista

Enviar o número necessário de cópias do manus-crito em envelope resistente, protegendo as fotogra-fi as e fi guras com uma cartolina, para evitar que se dobrem.

Os manuscritos devem ser acompanhados de uma carta de apresentação assinada pelos autores, que deve incluir:

1. Informação sobre qualquer publicação prévia ou duplicada, ou submissão de qualquer parte do traba-lho a outra revista ou meio de difusão, como defi nido anteriormente neste documento.

2. Uma declaração sobre aspectos fi nanceiros ou de qualquer outro tipo que possa levar a um confl ito de interesses.

3. Uma declaração de que o manuscrito foi lido e aprovado por todos os autores, que os requisitos para autoria, como estabelecido anteriormente este documento, foram cumpridos; e que os autores acre-ditam que o manuscrito representa um trabalho ho-nesto.

4. Nome, endereço e número de telefone do au-tor que se responsabiliza pela comunicação aos de-mais sobre a revisão e aprovação fi nal das provas de impressão. Esta carta deve fornecer todas as infor-mações adicionais que podem auxiliar o editor, tal como o tipo de artigo que o manuscrito representa para a revista em particular e se os autores estariam dispostos a custear a reprodução das fi guras colori-das. O manuscrito deve ser acompanhado por cópias com permissões obti-das para reproduzir material já publicado, para usar ilustrações ou informações so-bre pessoas identifi cáveis, ou para mencionar pessoas por suas contribuições.