efeitos da cinesioterapia associada ou nÃo À acupuntura …

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PATRICIA SANTOLIA GIRON EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES SUBMETIDAS AO TRATAMENTO CIRÚRGICO DO CÂNCER DE MAMA São Paulo 2014 Tese apresentada à Disciplina de Mastologia do Departamento de Ginecologia, da Universidade Federal de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências

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Page 1: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

PATRICIA SANTOLIA GIRON

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À

ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES SUBMETIDAS

AO TRATAMENTO CIRÚRGICO DO CÂNCER DE MAMA

São Paulo

2014

Tese apresentada à Disciplina de Mastologia do

Departamento de Ginecologia, da Universidade

Federal de São Paulo, para a obtenção do título

de Mestre em Ciências

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PATRICIA SANTOLIA GIRON

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À

ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES SUBMETIDAS

AO TRATAMENTO CIRÚRGICO DO CÂNCER DE MAMA

São Paulo

2014

Tese apresentada à Disciplina de Mastologia

do Departamento de Ginecologia da Universidade

Federal de São Paulo para a obtenção do título de

Mestre em Ciências

Orientador: Prof. Dr. Gil Facina

Co-orientadores: Prof. Dr. Afonso Celso Pinto Nazário

Ft. Cinira Assad Simão

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Giron, Patricia Santolia

Efeitos da cinesioterapia associada ou não à acupuntura na

reabilitação de pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico do

câncer de mama. Patricia Santolia Giron.-- São Paulo, 2014.

xv, 60f.

Tese (Mestrado)-Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de

Medicina. Programa de Pós-Graduação em Medicina (Ginecologia).

Título em inglês: Effects of kinesiotherapy with or without acupuncture

on rehabilitation of pacients undergoing surgical treatment of breast cancer.

1. Câncer de mama. 2. Reabilitação. 3. Acupuntura. 4. Qualidade de

vida. 5. Depressão. 6. Dor.

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iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE GINECOLOGIA

Chefe do Departamento: Prof. Dr. Manoel João Batista Castello Girão

Coordenador do Curso de Pós-Graduação: Prof. Dr. Rodrigo Aquino de

Castro

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v

PATRICIA SANTOLIA GIRON

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À

ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES SUBMETIDAS

AO TRATAMENTO CIRÚRGICO DO CÂNCER DE MAMA

Presidente da banca:

Prof. Dr. Gil Facina

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Roberto Zamith

Prof. Dr. Alexandre Vicente de Andrade

Profa. Dra. Laura Ferreira de Rezende Franco

Suplente:

Prof. Dr. Marcos Desiderio Ricci

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vi

Dedicatória

Dedico essa tese aos meus pais Raffaele Santolia e Maria da Paz

de Souza pelas oportunidades.

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vii

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus

Ao meu marido, Fábio Félix Giron, por todo apoio em tempo integral.

À minha família pelo carinho de sempre.

Ao meu orientador Prof. Dr. Gil Facina e coorientadores Prof. Dr. Afonso

Celso Pinto Nazário e Cinira Assad Simão, por terem acreditado na minha

capacidade e por me guiarem com maestria por esse caminho, muito obrigada

por sua amizade, dedicação, atenção, paciência e grande contribuição com

seus conhecimentos.

Aos meus amigos que contribuíram com a realização deste trabalho: Aline

Milani, André Haddad, Gabriela Costa Pontes Luz, Juliana Bueno

Nishimura, Luciana Aparecida de Souza, Mayra Villela Santos, Pedro Rizzi

de Oliveira, Roberta Pitta Luz, Samantha Karlla Rizzi, Suellen Maurin

Feitosa e Thaís Pinheiro, por todas as horas juntos, sem vocês eu não teria

conseguido.

Às professoras de estatística da Fundação de Apoio à Universidade Federal de

São Paulo (Fap), Ângela Paes, Gianni Santos e Thaís Cocarelli.

Aos funcionários do Ambulatório da Disciplina de Mastologia do Departamento

de Ginecologia, especialmente à Josiane Barroso, Renata Pedon e Ricardo

Mariano de Oliveira.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pelo apoio financeiro.

A todos os pacientes e voluntários que foram avaliados e aceitaram participar

deste estudo. Sem eles esse trabalho não seria possível.

Page 8: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

viii

Muito obrigada a todos que direta ou indiretamente colaboraram para a

realização deste trabalho.

Page 9: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

ix

SUMÁRIO

Dedicatória ...............................................................................................vi

Agradecimentos .......................................................................................vii

Lista de Figuras .........................................................................................x

Lista de Tabelas e Quadros......................................................................xi

Lista de Gráficos ......................................................................................xii

Lista de Abreviaturas e Símbolos ...........................................................xiii

Resumo ...................................................................................................xv

1. Introdução ..................................................................................1

2. Objetivos ....................................................................................7

2.1. Geral .................................................................................7

2.2. Específicos .......................................................................7

3. Pacientes e Métodos............................................................................8

3.1. Local do estudo.................................................................8

3.2. Tipo de estudo ..................................................................8

3.3. Critérios de inclusão .........................................................8

3.4. Critérios de exclusão ........................................................8

3.5. Métodos ............................................................................8

3.5.1. Procedimentos ..................................................9

3.5.2. Avaliações .......................................................13

4. Cálculo da amostra ...........................................................................17

5. Análise estatística .............................................................................18

6. Resultados ........................................................................................19

7.1 Análise descritiva da amostra......................................................19

7. Discussão ..........................................................................................31

8. Conclusões.........................................................................................35

9. Anexos...............................................................................................36

10. Referências Bibliográficas .................................................................54

Abstract

Page 10: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização dos pontos utilizados............................................12

Figura 2. Fluxograma das pacientes no estudo.......................................13

Figura 3. Goniômetro...............................................................................14

Figura 4. Locais de aferição da perimetria...............................................15

Figura 5. Escala Visual Analógica de dor................................................15

Page 11: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

xi

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 1. Exercícios realizados pelos dois grupos.........................................10

Quadro 2. Acupontos utilizados.........................................................................11

Tabela 1. EVA, BECK, DASH............................................................................20

Tabela 2. Amplitude de Movimento...................................................................24

Page 12: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

xii

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Escala Visual Analógica de dor segundo o tempo de tratamento.....21

Gráfico 2. Questionário BECK segundo o tempo de tratamento.......................22

Gráfico 3. Questionário DASH segundo o tempo de tratamento.......................23

Gráfico 4. Flexão segundo o tempo de tratamento............................................25

Gráfico 5. Extensão segundo o tempo de tratamento.......................................26

Gráfico 6. Rotação Interna segundo o tempo de tratamento.............................27

Gráfico 7. Adução segundo o tempo de tratamento..........................................28

Gráfico 8. Abdução segundo o tempo de tratamento........................................29

Gráfico 9. Rotação Externa segundo o tempo de tratamento............................30

Page 13: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ADM- Amplitude de movimento

AL- Alongamento

B- Bexiga

BDI- Escala de Depressão de Beck

BLS- Biópsia do linfonodo sentinel

BP- Baço-Pâncreas

C- Coração

CS- Circulação-Sexo

D- Direita

DASH- Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand Questionaire

DM- Diabetes Mellitus

dp- desvio padrão

E- Esquerda

E- Estômago

EAL- Exercício ativo livre

EF- Exercício de fortalecimento

EL- Exercício livre

EPM- Escola Paulista de Medicina

EVA- Escala Visual Analógica

F- Fígado

HAS- Hipertensão Arterial Sistêmica

IASP- International Association for study of Pain

ID- Intestino Delgado

IG- Intestino Grosso

IMC- Índice de Massa Corporal

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xiv

INCA- Instituto Nacional de Câncer

LA- Linfonodectomia Axilar

MMSS- Membros superiores

MS- Membro superior

MTC- Medicina Tradicional Chinesa

N- Número

OMS- Organização Mundial de Saúde

P- Pulmão

p- Nível de significância

QV- Qualidade de vida

R- Rim

RCTA- Reporting of Controlled Trials in Acupuncture

s- Segundos

SDPM- Síndrome dolorosa pós-mastectomia

TA- Triplo Aquecedor

TCLE- termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo

VB- Vesícula Biliar

VC- Vaso Constrição

VG- Vaso Governador

Page 15: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

xv

RESUMO

Objetivos: Estudar a eficácia da cinesioterapia associada ou não à

acupuntura em pacientes submetidas à cirurgia para o tratamento do câncer de

mama nos seguintes parâmetros: dor, amplitude de movimento, função de

membro superior e sintomas depressivos. Métodos: Os critérios de inclusão

foram: Mulheres que apresentavam dor em região da cintura escapular e

membro superior após três meses da cirurgia, com idade superior a 18 anos e

nível de dor ≥ 3 na Escala Visual Analógica. As pacientes foram divididas em

dois grupos randomizados que receberam tratamento semanal durante 10

sessões. Grupo Cinesioterapia (G1): tratado com Cinesioterapia padrão pré-

definida, com duração de 30 minutos. Grupo Acupuntura + Cinesioterapia (G2):

tratado com o mesmo protocolo do grupo Cinesioterapia seguidos de mais 30

minutos de acupuntura utilizada em pontos pré-definidos. Ambos os grupos

realizaram avaliação física e responderam aos questionários de função de

membro superior e sintomas depressivos na 1ª, 5ª e 10ª sessões. Resultados:

48 pacientes completaram o tratamento, sendo 24 de cada grupo. Em relação a

dor, os dois grupos tiveram melhora estatisticamente significante com p<0,01

em todos os momentos avaliados. Na análise da depressão houve melhora

significativa apenas no G1 na comparação entre a 1ª e a 10ª sessão. A função

de membro superior teve melhora no G1 apenas na comparação entre a 1ª e a

10ª sessão, e o G2 apresentou melhora nos três momentos da avaliação. A

amplitude de movimento apresentou melhora em todos os movimentos

avaliados; nos movimentos flexão, extensão e rotação interna houve melhora

no G1 e no G2 na comparação entre a 1ª e a 5ª sessão e entre a 1ª e a 10ª

sessão. Na adução, houve melhora significativa apenas no G2 na comparação

entre a 1ª e a 10ª sessão. Já na abdução houve diferença no G1 entre a 1ª e a

10ª sessão e no G2 entre a 1ª e a 5ª sessão e entre a 1ª e a 10ª sessão. Em

relação à rotação externa houve melhora apenas no G1 entre a 1ª e a 5ª

sessão e entre a 1ª e a 10ª sessão. Conclusão: A cinesioterpia associada ou

não à acupuntura foi eficaz para a melhora da dor e função do membro

superior. Os sintomas depressivos apresentaram melhora significativa no grupo

que realizou apenas a cinesioterapia.

Page 16: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

1

Introdução

O câncer é uma doença crônica, complexa e heterogênea, com forma

de evolução lenta ou rapidamente progressiva, dependendo do tempo de

duplicação celular e de características biológicas do binômio tumor-hospedeiro

(1). As células cancerosas apresentam capacidade de invadir o tecido normal e

de se disseminar para locais distantes (2).

O câncer é um problema de saúde pública mundial e sua incidência

cresceu 20% na última década. O câncer de mama é o segundo tipo mais

frequente de câncer feminino no mundo e a primeira causa de morte por

neoplasia entre as mulheres brasileiras, principalmente na faixa etária entre 40

e 69 anos. É mais frequente nas regiões sul e sudeste, com 71 casos por 100

mil habitantes. Para o ano de 2014, o Instituto Nacional de Câncer (INCA)

estima 57.120 novos casos de câncer de mama, com incidência de 56,09

casos por 100 mil mulheres (3).

O câncer de mama pode estar relacionado a vários fatores de risco,

entre eles estão a hereditariedade, idade, afecções histopatológicas, tais como

hiperplasia atípica e neoplasia lobular in situ, nuliparidade, primeira paridade

tardia, menarca precoce, menopausa tardia, sedentarismo, ingestão alcoólica

excessiva e obesidade (4, 5).

Basicamente há duas formas de intervenção cirúrgica: a radical, onde se

retira toda a mama (mastectomia) e a conservadora, que extirpa somente a

região afetada pelo tumor (quadrantectomia). A mastectomia deve ser

geralmente indicada para os tumores maiores que 3 cm ou multicêntricos. As

modalidades de mastectomia são: mastectomia total, mastectomia radical

modificada, mastectomia radical (com retirada do(s) músculo(s) peitoral (is)

acompanhada de linfonodectomia axilar) e as mastectomias poupadoras de

pele e do complexo aréolo papilar (adenectomia ou mastectomia subcutânea).

As cirurgias conservadoras são indicadas habitualmente para tumores menores

que 3 cm de diâmetro e após essa cirurgia recomenda-se a radioterapia

complementar (2).

Independente do tipo de intervenção mamária, durante a cirurgia é

realizado procedimento para investigação do acometimento linfonodal axilar,

que pode ser a linfonodectomia axilar (LA) ou biópsia do linfonodo sentinela

Page 17: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

2

(BLS). A dissecção dos linfonodos axilares, como parte da terapia no câncer de

mama, tem valor prognóstico e terapêutico e é indicada para pacientes com

acometimento neoplásico dos linfonodos axilares. Nos casos iniciais, onde a

axila não apresenta comprometimento clínico, emprega-se pesquisa do

linfonodo sentinela, que permite a identificação e biópsia dirigida do primeiro

linfonodo que recebe a drenagem da mama (6, 7).

A LA, o estádio tumoral, a radioterapia, a idade, as complicações

cicatriciais (seroma, infecção), o edema, a infusão de quimioterapia ipsilateral e

o alto índice de massa corporal são fatores de risco para o desenvolvimento do

linfedema (8).

A prevalência do linfedema após LA varia de 10 a 30% em vários

estudos, dependendo dos critérios empregados para o diagnóstico. A

perimetria, de acordo com o método padrão-ouro de volumetria, mostrou ser

confiável e reprodutível. A perimetria ou cirtometria é um método simples,

amplamente utilizado para avaliar a presença de linfedema nos membros, que

considera como linfedema quando a diferença das medidas entre os membros

é de 2 cm em pelo menos um ponto avaliado bilateralmente (9-12).

Linfedema é uma doença crônica, progressiva, geralmente incurável,

sendo que, a do membro superior, decorre principalmente de complicações do

tratamento do câncer de mama. Pode ser definido como um acúmulo anormal

de proteínas no interstício, edema e inflamação crônica de uma extremidade. É

o resultado da sobrecarga funcional do sistema linfático, onde o volume de linfa

excede a capacidade de transporte dos capilares coletores. A permanência de

proteínas no espaço intersticial acarreta a formação de fibrose, dificultando

ainda mais a circulação linfática, contribuindo para a severidade da doença. O

volume do membro, quando não tratado, aumenta progressivamente, assim

como eleva a frequência das complicações (9, 13-15).

Apesar dos avanços nas técnicas cirúrgicas, para o tratamento do

câncer de mama, muitas mulheres apresentam dificuldades físicas e

psicológicas que podem afetar sua qualidade de vida, tais como linfedema, dor

no ombro ou na parte superior do tronco, alterações na imagem corporal,

limitação da amplitude de movimento (ADM), perda de força do MS, retração

cutânea, mudanças posturais, disfunção na articulação do ombro, diminuição

da capacidade funcional, flexibilidade e mobilidade articular, depressão, entre

Page 18: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

3

outras. Desta forma, a reabilitação dessas pacientes é de extrema importância

para a diminuição da dor, reabilitação funcional e promoção da qualidade de

vida (2, 16-22).

A dor é queixa muito comum, sendo que o pescoço é um dos pontos

mais afetados, principalmente devido à contratura muscular da região cervical e

escapular, desencadeada pelo estresse emocional associada à retração

músculo-aponeurótica dos feixes musculares envolvidos decorrentes das

cicatrizes pós-operatórias ou da fibrose pós-radioterapia. O medo de

movimentar o membro e a inatividade no pós-operatório levam ao

comprometimento gradual da força muscular e da flexibilidade, e prejuízo da

ADM, o que também predispõe ao aparecimento da dor (2, 23-25).

Outro fator que leva ao aparecimento da dor é a lesão de nervos durante

a cirurgia. Essa dor neuropática é chamada de síndrome dolorosa pós-

mastectomia (SDPM) e é definida pela International Association for Study of

Pain (IASP) como dor crônica que se inicia após a mastectomia ou a

quadrantectomia, localizada na face anterior do tórax, axila e/ou na metade

superior do braço e que persiste por período superior a três meses após a

cirurgia. A maior frequência de dor não está relacionada ao tipo de

procedimento cirúrgico da mama, mas sim à abordagem da axila onde

frequentemente há lesão do nervo intercostobraquial devido a sua topografia.

Outros nervos que podem sofrer lesões durante a cirurgia são os que se

distribuem na parede torácica, tais como o toracodorsal, o peitoral medial, o

peitoral lateral e o torácico longo (24, 26, 27).

Estudo seccional, feito com 400 mulheres no Rio de Janeiro, mostrou

queixa de dor em MS em 40% das pacientes submetidas ao tratamento do

câncer de mama (28).

A dor tem impacto negativo sobre a qualidade de vida (QV) e, segundo

Caffo et al., quase um terço das pacientes operadas por câncer de mama

sentem dores (29).

O sintoma dor merece atenção por estar diretamente relacionado ao

bem estar físico e emocional, ao desempenho e realização das atividades da

vida diária, bem como a QV (30).

Atualmente, a mensuração da QV do paciente oncológico é importante

critério para se avaliar os resultados do tratamento. A Organização Mundial da

Page 19: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

4

Saúde (OMS) define QV como “a percepção do indivíduo de sua posição na

vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em relação

aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (31, 32).

Estudo de revisão da literatura observou que a angústia psicológica em

pacientes com câncer de mama está geralmente relacionada com depressão,

ansiedade e baixa função emocional, e a maioria dos trabalhos revisados,

mostrou que a angústia psicológica contribui para a diminuição da QV,

especialmente nas funções emocional, social, saúde mental e QV global (33).

A depressão pode ser definida como transtorno afetivo de humor,

caracterizado por alteração psíquica e orgânica global, por período mínimo de

duas semanas, envolvendo episódios depressivos e pelo menos quatro dos

seguintes sintomas: queixa de tristeza, desesperança, perda de prazer

generalizada, perda de apetite, perturbações do sono, alterações psicomotoras,

diminuição de energia, sentimentos de desvalia ou culpa e pensamentos

suicidas (34).

Os sintomas depressivos causam angústia e sofrimento com prejuízos à

QV dos pacientes oncológicos, podendo se manifestar em diferentes

intensidades e severidade nas mulheres com câncer de mama durante o

tratamento e após o término do mesmo (35).

A acupuntura poderia ser alternativa para o tratamento dessas mulheres.

É considerado procedimento seguro, minimamente invasivo e bem tolerado que

pode diminuir as dificuldades físicas e psicológicas das mulheres submetidas

ao tratamento cirúrgico do câncer de mama, melhorando assim sua QV (36, 37).

Este método terapêutico é muito antigo, utilizado na China há mais de

cinco mil anos e focado no equilíbrio da energia circulante no organismo como

um todo. Trata-se de método de prevenção e tratamento de doenças, realizado

por meio de estímulos em pontos cutâneos específicos definidos como

acupontos, que são distribuídos ao longo de doze meridianos ordinários, sendo

eles: coração (C), fígado (F), baço-pâncreas (BP), pulmão (P), estômago (E),

rim (R), circulação-sexo (CS), intestino delgado (ID), vesícula biliar (VB),

intestino grosso (IG), bexiga (B) e triplo aquecedor (TA), que percorrem o corpo

no sentido vertical, formando pares simétricos nas faces dorsal e ventral da

superfície corporal. Além disso, existem oito meridianos extraordinários e uma

centena de pontos extra-meridianos (38, 39).

Page 20: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

5

Esse estímulo ocorre com o uso de agulhas ou aplicações de calor com

a moxa, que é um material feito com folha de Artemísia moída e preparado sob

a forma de bola de algodão. Esse método é denominado moxabustão.

Atualmente existem outros métodos que utilizam energias físicas como raios

infravermelhos, energia elétrica e raio laser que através do calor provocam o

mesmo efeito da moxa (38, 39).

A acupuntura faz parte de um conjunto de conhecimentos, a Medicina

Tradicional Chinesa (MTC), que inclui outras técnicas como a moxabustão,

ventosa, fitoterapia, auriculoterapia e eletroacupuntura. Apesar de tratar-se de

método seguro, alguns cuidados devem ser observados, evitando-se o

emprego desta técnica em gestantes, pessoas desnutridas, muito cansadas ou

muito ansiosas, sobre dermatites ou áreas tumorais (40).

A OMS reconhece a ação terapêutica da acupuntura em várias doenças,

como, por exemplo, enxaquecas, problemas gastrointestinais, alergias e dores

diversas. No Ocidente, a acupuntura ganhou credibilidade, principalmente por

seu efeito analgésico. Estudos têm demonstrado que a acupuntura aumenta as

taxas plasmáticas de substâncias opioides, tais como as encefalinas e

endorfinas e que a taxa de imunoglobulinas eleva a partir da primeira semana

de tratamento. Também é utilizada em condições não dolorosas, sendo capaz

de estimular a síntese de neuropeptídeos que controlam as funções do corpo

humano, que desempenham importante papel na fisiologia cardiovascular e

nas secreções hormonais. Alguns estudos mostram que o estímulo pela

acupuntura pode resultar em efeitos sistêmicos, através do aumento da

secreção de neurotransmissores e neuro-hormônios, melhorando o fluxo

sanguíneo e estimulando a função imunológica (41-42).

He et al. obtiveram resultados positivos com o uso da acupuntura nos

casos de limitação da ADM e dor durante o período pós-operatório imediato da

linfonodectomia axilar. Comparou 48 pacientes submetidos à acupuntura e 32

pacientes controle, sem acupuntura. Os resultados foram estatisticamente

significantes no quinto dia pós-operatório em relação ao ângulo máximo de

abdução de ombro, onde o grupo tratado com acupuntura conseguiu um ângulo

médio de 105,8° enquanto que o grupo controle teve uma média de 87,4°. Em

relação à dor, o grupo tratado com acupuntura apresentou 12% de pacientes

com queixa de dor no repouso, enquanto o grupo controle apresentou 50%.

Page 21: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

6

Durante a movimentação do braço, o grupo acupuntura apresentou 81,3% de

pacientes com dor e o grupo controle 100% (43).

Em outro estudo, Alem e Gurgel demonstraram que o uso da acupuntura

levou a melhora estatisticamente significante da ADM, sensação de peso e

grau de linfedema no MS homolateral, em mulheres submetidas ao tratamento

cirúrgico do câncer de mama, com valor de p≤ 0,001(44).

Considerando o aumento da incidência do câncer de mama e que o

sucesso do tratamento acarreta maior sobrevida, essas pacientes podem,

então, apresentar quadro crônico de dor na região da cintura escapular e

membro superior, incluindo as colunas torácica e cervical. E com base nesses

estudos supracitados, julgamos de extrema importância a investigação dos

benefícios da cinesioterapia e da acupuntura como forma de minimizar as

possíveis complicações que podem ocorrer nessa população de mulheres

submetidas ao tratamento cirúrgico do câncer de mama.

Page 22: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

7

2. Objetivos

2.1 Geral

Estudar a eficácia da cinesioterapia associada ou não à acupuntura na

reabilitação de pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico do câncer de

mama.

2.2 Específicos

1. Avaliar o efeito sobre a dor por meio da Escala Visual

Analógica de Dor (EVA).

2. Avaliar o efeito sobre a amplitude de movimento com

goniômetro.

3. Avaliar o efeito sobre o linfedema por meio da perimetria.

4. Avaliar o efeito sobre a função de membro superior por meio do

questionário DASH.

5. Avaliar o efeito sobre os sintomas depressivos por meio do

questionário BECK.

Page 23: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

8

3. Pacientes e Métodos

3.1 Local do estudo

Este trabalho foi realizado no Ambulatório da Disciplina de Mastologia do

Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo

(UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina (EPM). O estudo foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP, sob o número 1176/11 (Anexo 1).

As pacientes foram recrutadas, selecionadas e esclarecidas quanto aos

objetivos do estudo, sua relevância, atividades a serem desenvolvidas e

possibilidade de melhora, bem como sanar suas dúvidas e preocupações a

respeito da doença. Posteriormente as pacientes que desejaram participar do

protocolo de estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE – Anexo 2).

3.2 Tipo de estudo

Estudo prospectivo, controlado e randomizado.

3.3 Critérios de inclusão

Incluiu-se pacientes com idade superior a 18 anos submetidas ao

tratamento cirúrgico do câncer de mama, radical ou conservador, e que

apresentavam dor em região da cintura escapular e MS, incluindo-se dor em

coluna torácica ou cervical após três meses da cirurgia. O nível de dor deveria

ser ≥ 3 na Escala Visual Analógica (EVA).

3.4 Critérios de exclusão

Excluiram-se pacientes com cirurgia mamária bilateral, doença

metastática, alterações vasculares e de sensibilidade tátil, portadoras de

diabetes mellitus tipo I e II descompensadas e aquelas com nível de

escolaridade menor do que quatro anos.

3.5 Métodos

As pacientes incluídas no estudo foram divididas aleatoriamente em dois

grupos e receberam tratamento semanal durante 10 semanas.

Page 24: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

9

Grupo Cinesioterapia (G1): tratadas com Cinesioterapia padrão pré-

definida, baseada em alongamentos da musculatura cervical e cintura

escapular, exercícios para ADM e força do MS com duração de 30 minutos.

Grupo Acupuntura + Cinesioterapia (G2): tratados com o mesmo

protocolo do grupo Cinesioterapia seguidos de mais 30 minutos de acupuntura

aplicada em pontos pré-definidos.

3.5.1 Procedimentos

Os exercícios da Cinesioterapia foram realizados com a orientação e

presença da pesquisadora responsável, sendo eles: alongamentos da

musculatura do pescoço, ombros, braços e tronco; exercícios ativo-livres ou

com auxílio de um bastão para flexão, extensão, adução, abdução, rotação

externa e interna de ombro; exercícios de força muscular com o emprego de

faixas elásticas e halteres, para os movimentos supracitados adicionados ao

treino muscular de bíceps e tríceps. O modo de execução dos exercícios foi

isotônico, feitos lentamente e dentro da amplitude articular atingida pela

paciente. A resistência foi adequada de acordo com a capacidade muscular de

cada paciente e, por fim, a aplicação de exercícios de relaxamento.

Todos os exercícios foram feitos em posição ortostática, em ambos os

membros, independente do lado operado. Cada alongamento foi mantido por

30 segundos. Os exercícios ativo-livres e de força foram realizados em uma

série de 10 para cada movimento e aumentados gradativamente de modo que,

de acordo com a capacidade da paciente, não ultrapassasse o máximo de três

séries de 10 repetições para cada movimento. Para a evolução do grau de

resistência de cada exercício, a paciente deveria tê-lo realizado por duas

sessões consecutivas com a mesma resistência, sem dificuldades ou queixas

no braço. Os exercícios são detalhados e descritos no quadro 1.

Page 25: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

10

Quadro 1: Exercícios realizados pelos dois grupos

Tipo Exercício Quantidade

AL Trapézios 30 s cada lado – Uma vez

Mãos dadas, flexão de ombro com cotovelo

estendido

30 s – Três vezes

Mãos apoiadas na parede: flexão e abdução do

ombro, com cotovelos estendidos. Eleva-os até o

alongamento adquirido e necessário

30 s cada movimento – Três vezes cada

Peitorais: membro superior apoiado na parede, em

diagonal, com 135º abdução do ombro

30 s – Três vezes

EAL Mãos na nuca: adução e abdução do ombro Dez vezes cada movimento

Rotação de ombros para frente e para trás Dez vezes cada movimento

Exercícios com bastão para ombro: flexão; extensão; abdução lateral; rotação externa com bastão atrás da nuca; rotação interna com bastão atrás do corpo; remada para trás com 90º de elevação; giro na frente do corpo

Uma a três séries de 10, para cada movimento

EF Exercícios com faixas elásticas: Ombro: extensão; rotação interna; rotação externa; adução. Cotovelo: extensão de cotovelo – tríceps

Uma a três séries de 10, cada movimento. Cargas progressivas

Exercícios com haltere: Ombro: flexão e abdução. Cotovelo: flexão – bíceps

Uma a três séries de 10, cada movimento. Cargas progressivas

EL Exercícios pendulares ombro: movimentos de flexo-

extensão; lateralidade e rotação bilateral

10 vezes cada movimento.

Legenda: AL: alongamento; EAL: exercícios ativo-livres; EF: exercícios de força; EL: exercícios livres; s: segundos.

O protocolo de acupuntura e os procedimentos foram empregados de

acordo com as recomendações da Standards for Reporting of Controlled Trials

in Acupuncture (RCTA) (45) e com base na MTC. O protocolo de inserção das

agulhas foi precedido de antissepsia de todos os acupontos com álcool a 70%

e depois foram inseridas agulhas estéreis e descartáveis (0,25 mm x 30 mm),

no membro contralateral e a distância, com a ordem de puntura de cima para

baixo. A profundidade de inserção das agulhas foi determinada conforme o

local da aplicação, idade da paciente, constituição física e intensidade da

reação à agulha. As pacientes ficaram em uma posição confortável, decúbito

dorsal ou lateral por 30 minutos. Os pontos de acupuntura empregados estão

descritos no quadro 2 e ilustrados na figura 1 .

Page 26: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

11

Quadro 2. Acupontos

Ponto Localização Função terapêutica

VC3 Linha central do abdômen, cinco polegadas

abaixo do umbigo

Distúrbios ginecológicos

BP9 Depressão dorsal do côndilo interno da tíbia Edema

E36 Três polegadas abaixo da patela entre o

músculo da tíbia e o extensor longo dos dedos

Fortalece o corpo com efeitos

profiláticos e imunológicos

R7 Borda Ântero-medial do músculo sóleo, acima

do maléolo medial

Edema

F3 Entre o 1º e 2º metatarsos, atrás das

articulações metatarso-falangeanas

Distúrbios ginecológicos e

edemas

VB21 Ponto intermédio entre a apófise espinhosa de

C7 e o acrômio

Edema e alivia a dor em

ombro, MS e costas

IG15 Depressão anterior e inferior do acrômio Dor e movimento limitado da

articulação do ombro e MS

TA14 Depressão entre o acrômio e o tubérculo maior

do úmero, na borda do tendão infra-espinhal

Dor no ombro

P5 Prega cubital, na depressão radial do músculo

bíceps braquial

Dor no ombro e MS

IG4 Dorso da mão, entre o 1º e o 2º metacarpo, o

ponto mais alto em cima do músculo interósseo

Dor em ombro e MS

E38 8 polegadas abaixo do joelho, ao lado do

músculo anterior da tíbia

Dor em ombro

B60 Ponto intermediário entre a protuberância do

maléolo externo e o tendão de Aquiles

Dor

Legenda: VC3 (3º ponto do meridiano Vaso Constrição), BP9 (9º ponto do meridiano Baço-

Pâncreas), E36 (36º ponto do meridiano do Estômago), R7 (7º ponto do meridiano do Rim), F3

(3º ponto do meridiano do Fígado), VB21 (21º ponto do meridiano da Vesícula-Biliar), IG15 (15º

ponto do meridiano do Intestino Grosso), TA14 (14º ponto do meridiano do Triplo Aquecedor),

P5 (5º ponto do meridiano do Pulmão), IG4 (4º ponto do meridiano do Intestino Grosso), E38

(38º ponto do meridiano do Estômago), B60 (60º ponto do meridiano da Bexiga).

Page 27: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

12

Figura 1. Localização dos pontos utilizados

Figura modificada de Alem et al., 2008 (44).

Page 28: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

13

3.5.2 Avaliações

As pacientes foram avaliadas no início do tratamento, depois de cinco

semanas e no final da 10ª semana, conforme figura 2.

Figura 2. Fluxograma das pacientes no estudo

50 mulheres incluídas

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

1 Exclusão

Os parâmetros estudados foram:

a) Perfil clínico e sócio-demográfico: análise sobre os dados cadastrais e

sociais, como idade, profissão, escolaridade, entre outros; além da coleta de

informações do prontuário sobre o tratamento do câncer de mama, tais como o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Randomização

G1

G1G

G1

G1

G2

25 mulheres na avaliação

da 1ª sessão 25 mulheres na avaliação

da 1ª sessão

1 Exclusão 1 Exclusão

24 mulheres na avaliação

da 5ª sessão

24 mulheres na avaliação

da 5ª sessão

24 mulheres na avaliação da

10ª sessão

24 mulheres na avaliação

da10ª sessão

Page 29: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

14

tipo de cirurgia, realização de radioterapia e/ou quimioterapia, reconstrução

mamária e dados clínicos para classificação objetiva da dor (Anexo 3).

b) Amplitude de movimento de ombro: a mensuração da ADM do ombro foi

feita com o uso de goniômetro manual da marca Carci® (Figura 2), nos

seguintes movimentos: flexão, extensão, adução, abdução, rotação interna e

rotação externa. Os movimentos foram feitos de modo ativo-livre,

bilateralmente e com as pacientes na posição sentada.

Figura 3: Goniômetro

c) Perimetria: realizada avaliação da circunferência do MS em oito pontos

distintos do membro, bilateralmente e com uma fita métrica: ponto A – 21 cm

acima do olécrano; ponto B – 14 cm acima e ponto C – 7 cm acima do

olécrano. Ponto D – circunferência na altura do olécrano; ponto E – 07 cm

abaixo deste; ponto F – 14 cm abaixo e ponto G – 21 cm abaixo do olécrano.

Ponto H – é a medida da mão. Envolve toda a circunferência de dorso e palma,

na altura dos metacarpos com a base do 1º dedo (Figura 4). Para este estudo,

considerou-se a diferença de 2 cm, em pelo menos duas medidas entre os

membros, para se caracterizar como linfedema. Para a classificação final, foi

usado dados categóricos, “sim” para a presença de linfedema quando a

diferença destas duas medidas se confirmava, ou “não”, para a ausência do

linfedema, quando não havia diferença significativa entre os membros (11, 46).

Page 30: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

15

Figura 4: Locais de aferição da perimetria do membro superior:

d) Dor: avaliada pela Escala Visual Analógica de dor (EVA), para classificação

de sua intensidade. Consiste em uma linha de 10 cm, com âncoras verbais de

“sem dor” à esquerda, coincidindo com o número zero e, “dor insuportável” à

direita, sendo este o número 10 (Figura 5). Orientada no plano horizontal, onde

a paciente assinala com um traço o valor que corresponde a intensidade da dor

percebida.É considerado um instrumento unidimensional de avaliação da dor

(47).

Figura 5: Escala Visual Analógica de dor.

e) Função do membro superior: avaliada pela aplicação do questionário

DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand Questionnaire) que verifica a

capacidade funcional do MS nas enfermidades, por meio da mensuração das

habilidades para fazer certas atividades, assim como os sintomas (Anexo 4).

Esse questionário contém 30 questões autoaplicáveis e dois módulos

opcionais, sendo um para atividades esportivas e musicais e outro para

atividades de trabalho. Os itens informam sobre o grau de dificuldade no

Page 31: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

16

desempenho de atividades; a intensidade dos sintomas de dor, fraqueza,

rigidez e parestesia; o comprometimento de atividades sociais; a dificuldade

para dormir e o comprometimento psicológico, tendo como referência a

semana anterior à aplicação do instrumento. O questionário DASH foi traduzido

e adaptado culturalmente para o Brasil, por Orfale et al, em 2004 (48).

f) Depressão: avaliada pela Escala de Depressão de Beck (BDI), que é um

questionário desenvolvido para analisar a presença e a intensidade de

sintomas depressivos. Consta de 21 itens, cada um com quatro alternativas em

graus crescentes de intensidade dos sintomas de depressão (Anexo 5). Esse

instrumento avalia o estado depressivo na última semana, baseado em

questões sobre: tristeza, ideias suicidas, perda de apetite, mudança na

autoimagem e diminuição da libido, entre outras. O escore total, variável de 0 a

63, é o resultado da soma dos valores individuais dos itens. Os pontos de corte

sugeridos pelo manual da versão em português são: 0-11, depressão mínima;

12-19, depressão leve; 20-35, depressão moderada e 36-63 depressão grave.

Esta escala foi adaptada e validada para o Brasil (49-51).

Page 32: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

17

4. Cálculo da amostra

Para o cálculo do tamanho da amostra considerou-se como resposta

principal a melhora da dor, avaliada pela Escala Visual Analógica (EVA).

Segundo o estudo de Crew et al, a média da EVA é de 4,5 pontos (desvio

padrão de 2.2) em pacientes que não foram tratados com acupuntura e de 2,6

pontos em pacientes submetidos à acupuntura. Supondo que seriam

observados resultados semelhantes, com nível de significância de 0,05 e poder

do teste de 80%, estimou-se que seriam necessários no mínimo 23 pacientes

em cada grupo (total de 46 pacientes) (52).

Page 33: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

18

5. Análise Estatística

A análise estatística foi realizada no programa Statistica 12. Para a

caracterização dos grupos empregou-se a análise descritiva (médias ± desvio-

padrão). Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade das

variáveis e, depois, o teste t-Student para grupos independentes. Para a

análise das variáveis qualitativas foi usado o teste de Qui-quadrado de Pearson

e o teste Q de Cochran. Em relação às variáveis quantitativas, a ANOVA com

medidas repetidas foi utilizada e Post-hoc método de Tukey.

Page 34: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

19

6. Resultados

Das 50 pacientes que foram avaliadas, 48 completaram o tratamento,

sendo 24 do grupo Cinesioterapia (G1) e 24 do grupo Cinesioterapia +

Acupuntura (G2). As duas exclusões (uma em cada grupo) foram devido à

progressão da doença.

6.1 Análise descritiva da amostra

A amostra total foi composta por mulheres com idade média de

53,7±11,1 anos e IMC médio de 27,6±6,0 Kg/m2, sendo a maioria delas

casadas (58,3%), com ensino fundamental (47,9%), do lar/doméstica/diarista

(45,8%) e procedentes de São Paulo (39,5%). Apenas 4,1% utilizavam

medicamentos para a dor e 39,5% apresentavam HAS como comorbidade e

16,6% o DM. Embora não estatisticamente significante, o G2 tinha mais

mulheres casadas e do lar. Conforme demonstrado no anexo 6, os grupos são

homogêneos em relação a essas variáveis.

Em relação ao tratamento realizado, todas as mulheres foram

submetidas ao tratamento cirúrgico, sendo que 62,5% operaram a mama direita

(D), 37,5% a mama esquerda (E), 56,3% fizeram mastectomia e 43,7%

quadrantectomia, 52,1% LA e 47,9% BLS; e 27% fizeram reconstrução

mamária. Em relação ao tipo histológico, 79,2% dos casos era carcinoma

invasivo não especial, 10,4% carcinoma ductal in situ e 10,4% de outros tipos.

Quanto ao tratamento adjuvante, 52% fizeram radioterapia, 62,5%

quimioterapia e 52% hormonoterapia. A maioria das mulheres do G2 operou a

mama D, apesar de não haver diferença estatisticamente significante entre os

grupos (Anexo 7).

Quanto à localização da dor, os grupos se comportaram de maneira

homogênea, sendo que 66,6% apresentaram dor em MS, 43,7% em axila,

41,6% em ombro, 27% em costas e 25% em mama homolateral à cirurgia,

conforme descrito no Anexo 8.

A presença de linfedema foi constatada apenas no G1, sendo que uma

paciente apresentava no ínicio do tratamento; após a 5ª sessão outras duas

Page 35: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

20

pacientes e após a 10ª sessão quatro pacientes (Anexo 9). A presença de

linfedema no G1 não foi estatisticamente significante superior ao G2.

Em relação à dor, os dois grupos tiveram melhora estatisticamente

significante, com p<0,01 em todos os momentos avaliados, não apresentando

diferença entre os grupos (Tabela 1 e Gráfico 1).

Na análise da depressão houve melhora significativa apenas no G1, na

comparação entre a 1ª e a 10ª sessão, sem diferença estatisticamente

significante entre os grupos (Tabela 1 e Gráfico 2).

A função de MS teve melhora no G1 apenas na comparação entre a 1ª e

a 10ª sessão, e o G2 apresentou melhora nos três momentos da avaliação, não

havendo diferença entre os grupos (Tabela 1 e Gráfico 3).

Tabela 1. EVA, BECK, DASH

Momento de avaliação

Escore do teste

Grupo Início 1ª. Sessão

Após 5ª. Sessão

Após 10ª.

sessão

p-valor 1 (intra-grupo)

p-valor 2 (intra-grupo)

p-valor 3 (intra-grupo)

EVA G1 Cinesio (n=24) média (dp)

6,7±1,8 5,2±2,6 3,1±2,9 <0,01 <0,01 <0,01

G2 Cinesio+Acup (n=24) média (dp)

6,8±1,5 3,9±2,2 1,5±1,6 <0,01 <0,01 <0,01

p-valor (entre grupos)

0,99 0,24 0,16

BECK G1 Cinesio (n=24) média (dp)

18,2±11,5 15,4±11,1 13±8,1 0,14 <0,01 0,25

G2 Cinesio+Acup (n=24) média (dp)

12,2±9,5 10,8±10,1 8,7±9,7 0,93 0,06 0,42

p-valor (entre grupos)

0,28 0,62 0,69

DASH G1 Cinesio (n=24) média (dp)

38±19 31,6±19,1 27,4±17 0,06 <0,01 0,45

G2 Cinesio+Acup (n=24) média (dp)

36,1±16,7 28,1±15,7 19,4±13,5 0,02 <0,01 <0,01

p-valor (entre grupos)

>0,99 0,98 0,60

Legenda: dp: desvio-padrão, p-valor 1: 1ª versus 5ª sessão, p-valor 2: 1ª versus 10ª sessão, p-

valor 3: 5ª versus 10ª sessão, Cinesio: Cinesioterapia, Acup: Acupuntura.

Page 36: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

21

Gráfico 1. Escala Visual Analógica de dor segundo o tempo de tratamento

EVA

Cinesio

Cinesio+Acup

SESSÃO 1 SESSÃO 5 SESSÃO 10

TEMPO

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Esca

la N

um

érica

p-valor <0,01 em todos os momentos avaliados nos dois grupos

Page 37: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

22

Gráfico 2. Questionário BECK segundo o tempo de tratamento

BECK

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Esco

re

BECK

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

DV

_1

p-valor no G1= p1:0,14; p2<0,01; p3:0,25

p-valor no G2= p1:0,93; p2:0,06; p3:0,42

Page 38: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

23

Gráfico 3. Questionário DASH segundo o tempo de tratamento

DASH

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Esco

re

A ADM apresentou melhora em todos os movimentos avaliados, sem

diferença estatística entre os grupos (Tabela 2).

Nos movimentos flexão, extensão e rotação interna houve melhora no

G1 e no G2 na comparação entre a 1ª e a 5ª sessão e entre a 1ª e a 10ª

sessão (Gráficos 4, 5 e 6). Na adução, houve melhora significativa apenas no

G2 entre a 1ª e a 10ª sessão (Gráfico 7). Já na abdução houve diferença no G1

entre a 1ª e a 10ª sessão e no G2 entre a 1ª e a 5ª sessão e entre a 1ª e a 10ª

sessão (Gráfico 8). Em relação à rotação externa houve melhora apenas no G1

entre a 1ª e a 5ª sessão e entre a 1ª e a 10ª sessão (Gráfico 9).

p-valor no G1= p1:0,06; p2<0,01; p3:0,45

p-valor no G2= p1:0,02; p2<0,01; p3<0,01

Page 39: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

24

Tabela 2. Amplitude de Movimento

Momento de avaliação

Grupo Início 1ª.

Sessão

Após 5ª.

Sessão

Após 10ª.

sessão

p-valor 1

(intra-

grupo)

p-valor 2

(intra-

grupo)

p-valor 3

(intra-

grupo)

FL G1 Cinesio (n=24)

média (dp)

143±24,7 151±18,6 156±17,3 <0,01 <0,01 0,30

G2 Cinesio+ Acup

(n=24) média (dp)

136±20,4 153±13,5 158±15,5 <0,01 <0,01 0,31

p-valor (entre grupos) 0,81 >0,99 >0,99

EX G1 Cinesio (n=24)

média (dp)

53,3±12,8 60,2±7,8 63,7±7,9 <0,01 <0,01 0,44

G2 Cinesio+ Acup

(n=24) média (dp)

56,2±9,1 63,9±7,3 62,7±7,7 <0,01 <0,01 0,98

p-valor (entre grupos) 0,87 0,72 >0,99

AD G1 Cinesio (n=24)

média (dp)

30,8±8,3 32,5±7,3 32,7±6,4 0,76 0,66 >0,99

G2 Cinesio+ Acup

(n=24) média (dp)

27,6±7,4 30,8±5 31,8±6 0,12 <0,01 0,96

p-valor (entre grupos) 0,59 0,95 >0,99

AB G1 Cinesio (n=24)

média (dp)

141±34,3 150±32,8 160±25,2 0,20 <0,01 0,08

G2 Cinesio+ Acup

(n=24) média (dp)

126±34,6 147±27,3 155±23,9 <0,01 <0,01 0,36

p-valor (entre grupos) 0,51 >0,99 0,98

RI G1 Cinesio (n=24)

média (dp)

69,9±15,6 78,4±10 83,1±7,3 0,03 <0,01 0,54

G2 Cinesio+ Acup

(n=24) média (dp)

72,3±15,5 81±8,3 83,5±8,4 0,02 <0,01 0,94

p-valor (entre grupos) 0,97 0,96 >0,99

RE G1 Cinesio (n=24)

média (dp)

79±12,4 86,6±5 87,5±5,1 <0,01 <0,01 >0,99

G2 Cinesio+ Acup

(n=24) média (dp)

84,7±13,6 88,7±6,1 90,2±6,3 0,31 0,06 0,97

p-valor (entre grupos) 0,23 0,96 0,89

Legenda: dp: desvio-padrão, FL: Flexão, EX: Extensão, AD: Adução, AB: Abdução, RI: Rotação

interna, RE: Rotação externa, p-valor 1: 1ª versus 5ª sessão, p-valor 2: 1ª versus 10ª sessão, p-

valor 3: 5ª versus 10ª sessão.

Page 40: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

25

Gráfico 4. Flexão segundo o tempo de tratamento

FLEXÃO

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

120

125

130

135

140

145

150

155

160

165

170

Gra

us

p-valor no G1 (Cinesio)= p1<0,01; p2<0,01; p3:0,30

p-valor no G2 (CInesio+Acup)= p1<0,01; p2<0,01; p3:0,31

Page 41: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

26

Gráfico 5. Extensão segundo o tempo de tratamento

EXTENSÃO

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

46

48

50

52

54

56

58

60

62

64

66

68

70

Gra

us

p-valor no G1(Cinesio)=p1<0,01; p2<0,01; p3:0,44

p-valor no G2(CInesio+Acup)=p1<0,01; p2<0,01; p3:0,98

Page 42: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

27

Gráfico 6. Rotação Interna segundo o tempo de tratamento

ROTAÇÃO INTERNA

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

60

65

70

75

80

85

90

Gra

us

p-valor no G1(Cinesio)=p1:0,03; p2<0,01; p3:0,54

p-valor no G2(CInesio+Acup)=p1:0,02; p2<0,01; p3:0,94

Page 43: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

28

Gráfico 7. Adução segundo o tempo de tratamento

ADUÇÃO

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

22

24

26

28

30

32

34

36

38

Gra

us

p-valor no G1(Cinesio)=p1:0,76; p2:0,66; p3>0,99

p-valor no G2(CInesio+Acup)=p1:0,12; p2<0,01; p3:0,96

Page 44: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

29

Gráfico 8. Abdução segundo o tempo de tratamento

ABDUÇÃO

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

100

110

120

130

140

150

160

170

180

Gra

us

p-valor no G1(Cinesio)=p1:0,20; p2<0,01; p3:0,08

p-valor no G2(CInesio+Acup)=p1<0,01; p2<0,01; p3:0,36

Page 45: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

30

Gráfico 9. Rotação Externa segundo o tempo de tratamento

ROTAÇÃO EXTERNA

Cinesio

Cinesio+Acup

Sessão 1 Sessão 5 Sessão 10

TEMPO

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

Gra

us

p-valor no G1(Cinesio)=p1<0,01; p2<0,01; p3>0,99

p-valor no G2(CInesio+Acup)= p1:0,31; p2:0,06; p3:0,97

Page 46: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

31

7. Discussão

A média de idade do G1 foi de 53,7 anos e do G2 foi de 53,6 anos, o que

é compatível com a faixa etária de maior incidência do câncer de mama, que é

dos 40 aos 69 anos e aumenta de forma acelerada após os 50 anos (3).

O IMC médio do G1 foi de 26,7 Kg/m2 e do G2 foi de 28,4 Kg/m2 sendo

considerado sobrepeso; de fato, a obesidade é fator de risco para o

desenvolvimento do câncer de mama. Outro fator de risco são as doenças

associadas como a HAS e a DM, que foram encontradas em 37,5% no G1 e

41,6% no G2 e 8,3% no G1 e 25% no G2, respectivamente (5).

A dor é queixa comum das pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico

do câncer de mama e compromete negativamente o cotidiano e a QV (23, 24, 53-

57).

A mastectomia foi realizada na maioria dessas pacientes com dor, e

sabe-se que quanto maior a extensão da cirurgia associada à LA, maior a

possibilidade de complicações. Segundo a literatura, a cinesioterapia é

importante para o controle dos sintomas dolorosos após o tratamento cirúrgico

para o câncer de mama. Deve ser realizada precocemente para diminuir as

possibilidades de restrição da ADM e queixas álgicas e levar a maior

funcionalidade. A literatura também mostra que a acupuntura é eficiente no

tratamento da dor e limitação da ADM (23, 30, 43, 44, 57, 58).

Observou-se redução significativa da dor após a 5ª e após a 10ª sessão

em ambos os grupos. Duas mulheres relataram ausência de dor (EVA=0) na 5ª

sessão, uma de cada grupo, e cinco mulheres do G1 e onze no G2 relataram

ausência de dor na 10ª sessão. O EVA inicial médio de ambos os grupos foi de

6,7 o que é considerado dor moderada (entre 3 e 7) e finalizaram com EVA

médio de 2,3; considerado dor leve. Estudos corroboram esses achados, tanto

com a cinesioterapia como tratamento, quanto com a acupuntura (24, 43, 44, 59).

Os dois grupos iniciaram o tratamento com a EVA praticamente igual e o G2

terminou com valores menores, porém sem significância estatística.

Houve melhora da ADM nos movimentos de flexão, extensão e rotação

interna em ambos os grupos, nas comparações da 1ª com a 10ª sessão e da 1ª

Page 47: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

32

com a 5ª sessão. No movimento de adução só foi possível observar melhora no

G2 na comparação da 1ª sessão com a 10ª. Na abdução ambos os grupos

melhoraram, porém o G1 apenas em comparação da 1ª com a 10ª sessão e o

G2 apresentou melhora na comparação da 1ª com a 10ª sessão e da 1ª com a

5ª sessão. Em relação à rotação externa foi observado melhora apenas no G1

na comparação da 1ª com a 10ª sessão e da 1ª com a 5ª sessão. Em nenhum

movimento foi observado melhora estatisticamente significante em comparação

da 5ª com a 10ª sessão, nos levando a acreditar que a melhora expressiva se

deu nas primeiras cinco sessões.

Esses resultados são compatíveis com os encontrados na literatura,

porém com a acupuntura encontramos na literatura apenas dois trabalhos. Em

um deles, diferentemente deste estudo, usou-se pontos extras ao tratamento

inicialmente proposto de acordo com a evolução clínica das pacientes. No

entanto, o segundo estudo utilizou, assim como este, protocolo predefinido com

os pontos que foram utilizados (43, 44, 49).

Em relação ao tempo de aparecimento do linfedema, apenas uma

paciente o apresentava no início do tratamento, já na 5ª sessão duas e na 10ª

sessão quatro, todas do G1, mas sem diferença estatística, o que corrobora

com resultados encontrados na literatura. Os exercícios de cinesioterapia com

resistência muscular não aumentam o aparecimento de linfedema, pelo

contrário, podem prevenir ou melhorar os sintomas através de mecanismos

biológicos que levam ao aumento do fluxo linfático e melhora da reabsorção de

proteínas. Além disso, a drenagem venosa do membro superior que está

comprometida nas pacientes com linfedema, pode ser tratada com treino de

flexibilidade que leva à diminuição da contratura de tecidos moles, reduzindo

assim a obstrução sanguínea e linfática (60-66).

A acupuntura é segura para os casos de linfedema, sendo um bom

tratamento de acordo com alguns estudos da literatura. Neste trabalho pode-se

inferir que ela ajudou a prevenir o aparecimento do linfedema, já que não

houve nenhuma ocorrência no grupo 2 (44, 67).

Estudos demonstram que pacientes com câncer de mama são

comumente depressivos, o que afeta diretamente sua qualidade de vida. O

Page 48: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

33

resultado da aplicação do questionário Beck apontou que a maioria das

pacientes apresentou sintomas depressivos com intensidade leve. Geralmente

se observa sintomas leve a moderado, e apenas o G1 apresentou melhora

estatisticamente significante da 1ª para a 10ª sessão. Apesar de não ter sido

obtidos dados estatísticos significantes, as pacientes do G2 relataram

sensação de bem-estar e algumas inclusive insistiram em continuar o

tratamento após a 10ª sessão. Possivelmente o G2 não apresentou melhora

significante devido ao pequeno número amostral (68).

Apesar dos avanços terapêuticos e das técnicas cirúrgicas, a morbidade

do membro superior após a cirurgia de câncer de mama é comum e tem uma

implicação importante na qualidade de vida. Em relação ao questionário DASH,

as pacientes de ambos os grupos melhoraram significativamente, sendo o G1

na comparação da 1ª com a 10ª sessão e o G2, mais expressivo, em todos os

momentos da avaliação.

O linfedema, a dor, os sintomas depressivos e a restrição de função do

membro superior estão significativamente associados com baixa qualidade de

vida, e devem ser diagnosticados e tratados precocemente a fim de promover

rápida e adequada reabilitação.

Deve-se considerar que a realização da acupuntura ficou limitada pelo

fato de ter sido usada apenas no membro contralateral e à distância, um

cuidado devido à contraindicação da medicina ocidental, onde se evita perfurar

o membro superior homolateral à cirurgia para o tratamento do câncer de

mama. Não há relatos dessa contraindicação na Medicina Tradicional Chinesa,

pois tratam-se de agulhas diferenciadas, sem corte.

A associação de outros acupontos, como os auriculares, e o aumento da

frequência das sessões poderia potencializar o efeito terapêutico. O aumento

do número de pacientes tratadas em cada grupo também poderia auxiliar na

observação de pequenas diferenças terapêuticas entre os grupos.

Desta forma, esse estudo apresenta resultados extremamente positivos

em relação à cinesioterapia e a acupuntura na reabilitação das pacientes

tratadas de câncer de mama. Novos trabalhos com outros protocolos ou

Page 49: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

34

associações de técnicas, tanto da MTC como da medicina ocidental poderão

contribuir para a reabilitação destas pacientes.

Page 50: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

35

8. Conclusões

Em relação à cinesioterapia associada ou não à acupuntura na

reabilitação de pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico do câncer de

mama conclui-se:

1- A cinesioterapia associada ou não à acupuntura foram eficazes para a

melhora da dor.

2- A amplitude de movimento melhorou com a cinesioterapia associada ou

não à acupuntura, entretanto, não houve diferença entre os grupos.

3- Não houve diferença entre os grupos em relação à presença de

linfedema.

4- A função de membro superior com a cinesioterapia teve melhora apenas

na comparação da 1ª com a 10ª sessão de tratamento. A cinesioterapia

associada à acupuntura melhorou a função do membro superior nos três

momentos de avaliação (1ª, 5ª e 10ª sessões), porém sem diferença

entre os grupos.

5- Houve melhora da depressão apenas com a cinesioterapia na

comparação da 1ª com a 10ª sessão de tratamento, mas sem diferença

estatística entre os grupos.

Page 51: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

36

9. ANEXOS

Page 52: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

37

Anexo 1: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

Page 53: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

38

Page 54: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

39

Anexo 2 : Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título do projeto: Efeitos da acupuntura na reabilitação de mulheres

submetidas ao tratamento cirúrgico do câncer de mama.

Este é um estudo que será realizado nas pacientes do Ambulatório de

Oncomastologia da Disciplina de Mastologia do Departamento de Ginecologia da

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina (EPM),

que foram submetidas ao tratamento cirúrgico do câncer de mama.

Os objetivos do estudo são: verificar a eficácia do tratamento com acupuntura

em relação à melhora da dor, função motora do membro superior e qualidade de vida

em pacientes submetidas à cirurgia para o tratamento do câncer de mama.

Para tanto, a senhora será avaliada por meio de alguns procedimentos que

estão descritos abaixo de maneira mais detalhada. Os resultados verificados serão

guardados com suas devidas identificações e mantidos em confidencialidade, os quais

serão utilizados única e exclusivamente para fins científicos.

Etapa 1: Após três meses da cirurgia, as pacientes serão entrevistadas por

meio de um questionário, onde serão feitas perguntas sobre o seu nome, idade, entre

outros dados, como peso, se pratica atividade física, lesões musculoesqueléticas

prévias, telefones para contato. Neste momento, serão avaliadas quanto à amplitude

de movimento, circunferência do braço, presença de dor, teste de força muscular e

responderão a questionários para verificar a qualidade de vida, depressão e função do

braço. Além disso, receberão orientações para qualquer dúvida que tenham quanto ao

tratamento.

Etapa 2: Em seguida, segundo uma lista de randomização, as pacientes

poderão participar de dois grupos distintos para Reabilitação: Grupo Cinesioterapia,

onde elas farão exercícios de alongamentos pré-definidos e o Grupo Cinesioterapia e

Acupuntura, no qual elas farão os mesmos exercícios de Cinesioterapia mais

tratamento através de acupuntura. A frequência do tratamento será semanal para

realização dos exercícios e da acupuntura no ambulatório, totalizando 10 sessões e

serão realizadas avaliações após 5 sessões e no final das 10 semanas de tratamento.

Duração do experimento: Todo o envolvimento da paciente no estudo terá uma

duração de 10 semanas. As sessões de Cinesioterapia terão 30 minutos de duração e

as de Cinesioterapia mais Acupuntura terão a duração de 30 minutos cada, totalizando

uma hora.

Benefícios: Este estudo pode ajudar na melhora da dor, linfedema, depressão,

alteração de movimento dos braços, alterações no sono e na qualidade de vida.

Possibilitará também validar uma nova opção na reabilitação destas pacientes, que

poderá trazer menos complicações após o tratamento.

Desconforto e risco: Nenhum procedimento trará risco para a paciente. Não

afetará sua saúde física e mental.

Page 55: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

40

Após o conhecimento dos tratamentos aos quais estarei me submetendo,

concordo em participar deste projeto de pesquisa, na condição de voluntário,

permitindo a realização destes tratamentos e veiculação científica dos dados,

conforme condições acima descritas. É seu direito manter uma cópia deste

consentimento.

- Em qualquer etapa do estudo você terá acesso aos profissionais

responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. A principal

investigadora é a Dra. Patricia Santolia, que pode ser encontrada no seguinte

endereço: Rua Marselhesa, 249, Vila Clementino, São Paulo, SP, Telefone (11) 5575-

3451. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre ética da pesquisa, entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)- Rua Botucatu, 572-1o andar- cj 14,

telefone 5571-1062, Fax 5539-7162. E-mail: [email protected]

- É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e

deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu

tratamento na Instituição;

- Você tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das

pesquisas ou de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores.

- As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros pacientes,

não sendo divulgada a identificação de nenhum paciente;

- Não há despesas pessoais ou compensações financeiras relacionadas à sua

participação no estudo;

- Acredito ter sido suficientemente informada a respeito das informações que li

ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo de nome “Efeitos da acupuntura

na reabilitação de mulheres submetidas ao tratamento cirúrgico do câncer de mama”.

- Eu discuti com a Dra. Patricia Santolia sobre minha decisão em participar

nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os

procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de

confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha

participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso a tratamento

hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo,

sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido,

ou no meu atendimento neste Serviço.

Assinatura do voluntário:

___________________________________________________

Page 56: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

41

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.

Assinatura do pesquisador:

_________________________________________________

Data: ___/___/______

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42

Anexo 3 : Ficha de avaliação perfil clínico e sócio-demográfico

Page 58: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

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44

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Anexo 4: Questionário de função de membro superior (DASH)

Page 61: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

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Anexo 5: Escala de depressão de Beck

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49

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50

Page 66: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

51

Anexo 6. Características demográficas

Variáveis Cinesio

(n=24)

n(%)

Cinesio+Acup (n=24)

n(%)

p- valor

Idade (anos) – média (dp) 53,7 (11,0) 53,6 (11,6) 0,95

IMC (kg/m2) – média (dp) 26,7 (6,6) 28,4 (5,3) 0,33

Estado Civil

Casadas 11 (45,8) 17 (70,8) 0,08

Solteiras 7 (29,2) 3 (12,5)

Separadas 5 (20,8) 1 (4,2)

Viúvas 1 (4,2) 3 (12,5)

Escolaridade

Fundamental 10 (41,6) 13 (54,2) 0,21

Médio 9 (37,6) 10 (41,6)

Superior 5 (20,8) 1 (4,2)

Profissão 0,08

Do lar 1 (4,2) 10 (41,6)

Doméstica/Diarista 7 (29,1) 4 (16,6)

Aposentada 6 (25,0) 2 (8,4)

Costureira 1 (4,2) 2 (8,4)

Outros 9 (37,5) 6 (25,0)

Procedência 0,61

São Paulo 10 (41,6) 9 (37,5)

Bahia 5 (20,8) 3 (12,5)

Minas Gerais 1 (4,2) 5 (20,8)

Alagoas 3 (12,5) 1 (4,2)

Ceará 2 (8,4) 2 (8,4)

Outros 3 (12,5) 4 (16,6)

Medicamentos Utilizados

Analgésicos 1 (4,2) 0 (0) 0,31

Antiinflamatórios 0 (0) 1 (4,1) 0,31

Doenças Associadas

HAS 9 (37,5) 10 (41,6) 0,76

DM 2 (8,4) 6(25,0) 0,12

Legenda: IMC: Índice de Massa Corpórea, dp: desvio-padrão

Page 67: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

52

Anexo 7. Dados da cirurgia e tratamento adjuvante

Variáveis Cinesio

(n=24)

n(%)

Cinesio+Acup

(n=24)

n(%)

p- valor

Mama 0,07

Direita 12 (50,0) 18 (75,0)

Esquerda 12 (50,0) 6 (25,0)

Tipo de cirurgia 0,14

Mastectomia 16 (66,6) 11 (45,8)

Quadrantectomia 8 (33,4) 13 (54,2)

Abordagem axilar 0,77

Linfonodectomia

Axilar

12 (50,0) 13 (54,2)

Biopsia do linfonodo

sentinela

12 (50,0)

11 (45,8)

Reconstrução 8 (33,4) 5 (20,8) 0,32

Tipo histológico 0,63

Carcinoma ductal

invasivo

19 (79,1)

19 (79,1)

Carcinoma ductal in

situ

3 (12,5)

2 (8,4)

Outros 2 (8,4) 3 (12,5)

Radioterapia 12 (50) 13 (54,1) 0,77

Quimioterapia 16 (66,6) 14 (58,3) 0,55

Hormonoterapia 14 (58,3) 11 (45,8) 0,38

Anexo 8. Localização da dor

Variáveis Cinesio

(n=24)

n(%)

Cinesio+Acup

(n=24)

n(%)

p- valor

Membro Superior 16(66,6) 16(66,6) >0,99

Axila 10(41,6) 11(45,8) 0,77

Ombro 11(45,8) 9(37,5) 0,55

Costas 8(33,3) 5(20,8) 0,32

Mama 5(20,) 7(29,1) 0,50

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53

Anexo 9. Presença de Linfedema

p- valor (intra-grupo) 0,09 *

* O valor de p não foi calculado porque não houve diferença na incidência de linfedema no

grupo Cinesio + Acupuntura

LINFEDEMA Cinesio

(n=24)

n(%)

Cinesio+Acup

(n=24)

n(%)

p- valor (entre

grupos)

Início 1ª sessão 1 (4,1%) 0 (0%) 0,31

Após 5ª sessão 2 (8,3%) 0 (0%) 0,14

Após 10ª sessão 4 (16,6%) 0 (0%) 0,3

Page 69: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

54

Anexo 10. Poster apresentado no Congresso Internacional de San

Antonio 2013

Page 70: EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA OU NÃO À ACUPUNTURA …

55

10. Referências Bibliográficas

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ABSTRACT

Purpose: Study the efficacy of kinesiotherapy with or without acupuncture in

patients undergoing surgery for the treatment of breast cancer in the following

parameters: pain, range of motion, upper limb function and depressive

symptoms. Methods: Women who had pain in the shoulder girdle and upper

limb region after three months of surgery , aged 18 years and pain level ≥ 3 in

Visual Analog Scale were included. The patients were randomly divided into two

treatment groups received weekly for 10 weeks. Kinesiotherapy group (G1):

kinesiotherapy treated with standard pre-defined, lasting 30 minutes.

Acupuncture Group + kinesiotherapy (G2): treated with the same protocol

kinesiotherapy group followed by another 30 minutes of acupuncture used in

pre-defined points. Both groups underwent a physical examination and

completed questionnaires of upper limb function and depressive symptoms.

Results: 48 patients completed the treatment, and 24 in each group. Regarding

pain, the two groups had statistically significant improvement with p < 0,01 at all

time points assessed. In the analysis of depression improved significantly only

in G1 compared the 1st versus 10th session. The upper limb function had

improved only when comparing G1 1st versus 10th session, and G2 showed

improvement in all three evaluation times. The range of motion showed

improvement in all evaluated movements, movements flexion, extension and

internal rotation was improved in G1 and G2 in the comparison of the 1 st

session versus 5 th and 1st versus 10th session. In adduction, there was

significant improvement only in G2 compared the 1st versus 10th session.

Already abduction was no difference in G1 compared to the 1st versus 10th

session and G2 in the 1 st session versus 5 th and 1st versus 10th session.

Regarding external rotation was improved only in G1 at the 1 st session versus

5 th and 1st versus 10th session. Conclusion: The kinesiotherapy with or

without acupuncture was effective for pain relief and function of the upper limb.

Depressive symptoms showed significant improvement in the group that did

only kinesiotherapy.