análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · análise dos efeitos da...

13
Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça do rádio proximal no idoso: Um estudo de caso Daniella Souza SANTOS Acadêmica do curso de Fisioterapia Centro Universitário de Caratinga - UNEC [email protected] Patricia Brandão AMORIM Graduada em Fisioterapia Mestre em meio Ambiente e Sustentabilidade Doutora em Saúde Pública Coordenadora do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Caratinga Campus UNEC de Nanuque [email protected] Catiane de Morais DIAS Acadêmica do curso de Fisioterapia Centro Universitário de Caratinga - UNEC [email protected] Pedro Afonso Rocha RIBEIRO Acadêmico do curso de Fisioterapia Centro Universitário de Caratinga - UNEC [email protected] Rodrigo Antônio Montezano Valintin LACERDA 5 Mestre em neurociências UniversidadeEstadual Norte Fluminence - UENF [email protected] Resumo: INTRODUÇÃO: A articulação do cotovelo é considerada uma das principais e mais estáveis articulações do corpo, tornando atividades simples e complexas realizáveis. É também constituída por três ossos, úmero, rádio e ulna. Especificamente o rádio, osso lateral, é o mais curto dos ossos do antebraço, as fraturas em sua cabeça são classificadas como uma das mais numerosas lesões traumáticas do cotovelo, não tanto pela frequência que ocorrem, mas, por interferir na funcionalidade do membro acometido, dificultando seu tratamento, pelas complicações como, dor, diminuição da mobilidade articular, instabilidade, fraqueza muscular, compensações, acarretando sequelas irreverssíveis (URQUIZA et al, 2012). OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar os efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-fratura da cabeça do rádio proximal (FRP). PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Trata-se de um estudo de caso de uma paciente com 75 anos de idade, atendida no Centro de Assistência à Saúde Unec (CASU), com diagnóstico clínico de fratura da cabeça do rádio proximal, resultando na perda dos movimentos cinético-funcionais de flexão/extensão, pronação/supinação da articulação do cotovelo, sendo submetida a 09 sessões de fisioterapia, 03 vezes por semana, por meio de cinesioterapia como forma de reabilitação, laserterapia para acelerar a cicatrização, reparo tecidual, diminuição de edema e da eletroterapia para analgesia local. PRINCIPAIS RESULTADOS: Observou-se benefícios na recuperação da paciente, como melhora na amplitude de movimento (ADM) e força muscular, eliminação da dor, consolidação da fratura óssea e recuperação da funcionalidade do membro afetado, bem como o retorno gradual às atividades básicas e instrumentais da vida diária. Palavras chave: fratura da cabeça do rádio, fisioterapia, cinesioterapia, eletroterapia, laserterapia.

Upload: others

Post on 16-Jan-2020

21 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia

no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça do rádio

proximal no idoso: Um estudo de caso

Daniella Souza SANTOS – Acadêmica do curso de Fisioterapia – Centro Universitário de

Caratinga - UNEC – [email protected]

Patricia Brandão AMORIM – Graduada em Fisioterapia – Mestre em meio Ambiente e

Sustentabilidade – Doutora em Saúde Pública – Coordenadora do Curso de Fisioterapia do

Centro Universitário de Caratinga – Campus UNEC de Nanuque –

[email protected]

Catiane de Morais DIAS – Acadêmica do curso de Fisioterapia – Centro Universitário de

Caratinga - UNEC – [email protected]

Pedro Afonso Rocha RIBEIRO – Acadêmico do curso de Fisioterapia – Centro Universitário

de Caratinga - UNEC – [email protected]

Rodrigo Antônio Montezano Valintin LACERDA 5 – Mestre em neurociências –

UniversidadeEstadual Norte Fluminence - UENF – [email protected]

Resumo:

INTRODUÇÃO: A articulação do cotovelo é considerada uma das principais e mais estáveis

articulações do corpo, tornando atividades simples e complexas realizáveis. É também

constituída por três ossos, úmero, rádio e ulna. Especificamente o rádio, osso lateral, é o mais

curto dos ossos do antebraço, as fraturas em sua cabeça são classificadas como uma das mais

numerosas lesões traumáticas do cotovelo, não tanto pela frequência que ocorrem, mas, por

interferir na funcionalidade do membro acometido, dificultando seu tratamento, pelas

complicações como, dor, diminuição da mobilidade articular, instabilidade, fraqueza muscular,

compensações, acarretando sequelas irreverssíveis (URQUIZA et al, 2012). OBJETIVO: O

objetivo deste estudo é analisar os efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no

tratamento pós-fratura da cabeça do rádio proximal (FRP). PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS: Trata-se de um estudo de caso de uma paciente com 75 anos de idade,

atendida no Centro de Assistência à Saúde Unec (CASU), com diagnóstico clínico de fratura

da cabeça do rádio proximal, resultando na perda dos movimentos cinético-funcionais de

flexão/extensão, pronação/supinação da articulação do cotovelo, sendo submetida a 09 sessões

de fisioterapia, 03 vezes por semana, por meio de cinesioterapia como forma de reabilitação,

laserterapia para acelerar a cicatrização, reparo tecidual, diminuição de edema e da eletroterapia

para analgesia local. PRINCIPAIS RESULTADOS: Observou-se benefícios na recuperação

da paciente, como melhora na amplitude de movimento (ADM) e força muscular, eliminação

da dor, consolidação da fratura óssea e recuperação da funcionalidade do membro afetado, bem

como o retorno gradual às atividades básicas e instrumentais da vida diária.

Palavras chave: fratura da cabeça do rádio, fisioterapia, cinesioterapia, eletroterapia,

laserterapia.

Page 2: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

2

1. Introdução

O cotovelo é uma articulação intermediária do membro superior que parece uma simples

dobradiça, mas quando se compreende a complexidade dos movimentos e da interação do

cotovelo com o antebraço e punho, fica fácil entender como as alterações estruturais do cotovelo

podem trazer grande desconforto ao paciente.

Articulação do cotovelo é composta pelos ossos: úmero, rádio e ulna, apresentando três

articulações: úmero-ulnar, úmero-radial, rádio-ulnar proximal. Para utilizar-se a mão no dia a

dia, depende-se de um ombro e cotovelo estáveis, móveis e principalmente sem dor.

No decorrer da vida, qualquer indivíduo está sujeito a inúmeras situações que poderão

resultar em perda da autonomia e da independência, e uma dessas situações é a fratura. Fraturas

são lesões que causam rupturas parciais ou totais da continuidade dos ossos, podendo ser

simples (fechada) ou exposta (aberta). Na fratura simples não há o rompimento da pele sobre a

lesão e nas expostas sim, na qual, o osso fraturado fica exposto ao meio ambiente, possibilitando

recidivas, sangramentos e um aumento do risco de infecção.

As fraturas costumam acorrer após queda sobre o cotovelo e punho, principalmente em

pessoas da terceira idade, sendo caracterizadas pela perda da continuidade óssea, partindo desde

a desorganização de seu tecido até a ruptura de um segmento ósseo com total deslocamento,

causando dor e consequentemente perda da função.

Em idosos a queda pode ser provocada por fatores extrínsecos relacionados ao ambiente

que está inserido e dos desafios enfrentados nas atividades de vida diária (AVD’s) para se

locomover como, escadas sem corrimão, pisos escorregadios, locais e objetos de difícil acesso

e a fatores intrínsecos decorrentes de alterações biológicas, como perda de acuidade auditiva e

visual, reações adversas ao uso de medicação, depressão, alterações hormonais e diminuição do

metabolismo (TAVARES ALVES et al, 2017).

Sabe-se que as fraturas em idosos são mais difíceis de cicatrizar, porque, há uma menor

deposição de cálcio nos ossos, sarcopenia (diminuição de massa muscular) que contribui para

menor densidade óssea, deixando-os mais frágeis e quebradiços. Qualquer queda

aparentemente simples pode causar uma fratura óssea importante e trazer consigo inúmeras

complicações.

Nesta faixa etária há uma maior dificuldade na regeneração óssea, o que significa que a

fratura demora muito mais tempo para ser curada nos idosos do que em adultos e crianças

saudáveis.

Page 3: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

3

Portanto, após fratura é necessário fazer imobilização para manter as partes quebradas no

alinhamento natural e consequentemente para a formação do calo ósseo, porém os efeitos

deletérios da imobilização desencadeiam perda mineral do osso e diminuição da função do

membro imobilizado.

A prevenção de tais complicações deve ser o principio básico de qualquer plano de

tratamento, que para bons resultados, deve ser iniciado precocemente. O tratamento

fisioterapêutico após o processo cirúrgico, tem um papel de grande importância para os

pacientes fraturados, visando a mobilização precoce e outras técnicas de tratamento para

restaurar possíveis disfunções.

O principal intuito da fisioterapia na abordagem pós-operatória em pacientes com fratura, é

controlar a inflamação, acelerar a cicatrização, diminuir edema e dor, aumentar a força

muscular e amplitude de movimento. As várias formas de tratamento com diferentes técnicas e

recursos cinesioterapêuticos têm sido utilizadas, visando restaurar a função, proporcionando o

retorno da paciente às suas AVD’s e profissionais o quanto antes.

O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos da intervenção fisioterapêutica na evolução

funcional da paciente idosa após fratura da cabeça do rádio proximal, através da utilização da

cinesioterapia, laserterapia e da eletroterapia no tratamento da disfunção.

2. Referencial

2.1 Complexo do Cotovelo e Imobilização

A articulação do cotovelo é composta por três ossos: úmero, rádio e ulna. Juntos eles

determinam os movimentos de flexão, extensão, pronação e supinação do cotovelo. As

extremidades das superfícies articulares, as cápsulas, os ligamentos e os músculos promovem a

estabilidade articular, que ajudam admitir a grande amplitude de movimento (TORTORA,

2012).

Segundo Urquiza et al, (2012), o cotovelo é uma das articulações mais importantes do corpo

humano, funcionando como dobradiça. Sua livre movimentação previne alterações na

funcionalidade do membro superior, sabendo que este é indispensável para movimento das

mãos nas AVD’s. A fratura da cabeça do rádio por traumatismo é uma das lesões que podem

ocorrer no complexo do cotovelo, prevalecente em indivíduos entre 20 e 60 anos de idade.

Page 4: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

4

O cotovelo é uma articulação estável, graças aos complexos ligamentares e uma cápsula

articular espessas que possui. A ulna e o úmero são ossos responsáveis por estabilizarem a

rotação no plano ântero-posterior e no sentido valgo e varo, resistindo em 55%. 30% da

resistência ao stress em valgo, corresponde a cabeça do rádio, além de transmitir força para o

úmero durante a pronação. Os traumas não são incomuns e em alguns casos pode ou não ser de

fácil solução. O processo coronóide opõe o desvio posterior dos ossos do antebraço e serve de

inserção para o ligamento colateral medial, um dos principais responsáveis pela estabilização

do cotovelo (ZEMIANI et al, 2015).

As fraturas de cotovelo que não promovem o deslocamento de parte óssea, são imobilizados

por aproximadamente seis semanas, na postura de 90º. Os exercícios começam em dois ou três

dias, pronação e supinação, e duas semanas após podem ser realizadas flexão e extensão em

ADM reduzidas, flexão total apenas depois de dois meses e exercícios resistidos em até três

meses após a consolidação. As fraturas que promovem rompimento ou trincamento ósseo

requerem cirurgia para recuperação, nesses casos o tratamento depende do tipo de procedimento

cirúrgico e do tempo de imobilização do membro adequado os exercícios de reabilitação de

acordo com o estado e com as condições de cada indivíduo (NASCIMENTO et al, 2010).

A imobilização é o procedimento de maior comprometimento do sitema osteomioarticular,

podendo ocorrer hipotrofia/atrofia muscular, contraturas, osteroporose/esteopenia, danificação

articular; ossificação heterotópica, osteomielite e deformidades (SILVA et al, 2008).

2.2 Envelhicimento do Tecido Ósseo

Conforme Fechine e Trompieri (2015), aproximadamente a partir dos 30 anos de idade, a

densidade dos ossos começa a diminuir em homens e mulheres. Nas mulheres a perda de

densidade óssea acelera depois da menopausa, pois caem os níveis de estrógeno, ocasionando

um déficit na absorção de cálcio no trato intestinal e aumento da perda de cálcio na urina, além

da perda da função, como resultado, os ossos tornam-se mais frágeis e propensos a fraturas

especialmente na velhice.

2.3 Laserterapia

Relatos clínicos indicam que a terapia com laser de baixa intensidade (LTBI) tem sido

utilizada como forma de tratamento alternativo e não invasivo em diversas condições

Page 5: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

5

patológicas, obtendo êxito nos efeitos, incluindo a cicatrização de tecidos moles e duros

(NASCIMENTO et al, 2010).

Estudos comprovam que o laser não atua no organismo de forma isolada, e sim uma ação

conjunta de seus efeitos analgésico, antiedematoso, bioestimulador, anti-inflamatório,

objetivando acelerar a cicatrização, diminuir a inflamação, promover a regeneração tecidual,

aliviar a dor e otimizar o processo de reparo do tecido osséo (SILVA et al, 2013).

2.4 Eletroterapia - Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS)

Florentino et al, (2012) afirmam que o termo TENS advindo das iniciais do termo em inglês

“Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation”, que é definida como Estimulação Elétrica

Nervosa Transcutânea. Consistindo na aplicação de eletrodos sobre a pele intacta com o

objetivo de estimular as fibras nervosas grossas A-alfa mielinizadas de condução rápida. Esta

ativação desencadeia a nível central, os sistemas analgésicos descendentes de caráter inibitório

sobre a transmissão nociceptiva conduzida pelas fibras não mielinizadas de pequeno calibre,

gerando desta forma a redução da dor.

2.5 Cinesioterapia

Segundo a unidade de reabilitação/014/2016 a cinesioterapia é um protocolo de tratamento

que melhora a aptidão global geral, onde a mobilização articular é benéfica, pois resulta em

aumento da amplitude de movimento, diminuição da dor, atenuação da formação de contraturas,

favorecimento da produção do líquido sinovial, responsável por lubrificar a articulação,

facilitando a regeneração tissular (HC-UFTM, 2016).

3. Procedimentos Metodológicos

Trata-se de um estudo de caso clínico realizado no Centro de Assintência à Saúde Unec

(CASU) do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), em Nanuque – MG, três vezes por

semana durante as aulas práticas de fisioterapia Traumato-ortopédica, realizada através da

comparação das fichas de evolução de atendimento fisioterapêutico realizado em paciente do

sexo feminino, com diagnóstico clínico de fratura da cabeça do rádio proximal.

Page 6: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

6

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram inseridos ordenadamente em uma

ficha avaliativa de fisioterapia ortopédica, contendo dados pessoais da paciente, anamnese,

exame físico, inspeção (paciente deve ser examinado de frente, de costas e de ambos os lados),

palpação, (localizar o sintoma doloroso, pontos de edema, temperatura da pele, flexibilidade e

densidade do tecido mole), goniometria (técnica de avaliação muito utilizada com objetivo de

mensurar as amplitudes de movimento articular), escala visual analógica de dor (EVA), que é

normalmente categorizada como “sem dor” (0) “dor leve” (1 a 3), “dor moderada” (4 a 7) e

“dor intensa” (8 a 10).

O teste de força muscular classificado de 0 a 5 graus: 0 se não houver uma contração visível

e/ ou palpável, 1 se houver um pequena contração porém não é capaz de produzir movimento,

2 se completar toda a amplitude articular, 3 contra-resistência leve, 4 contra-resistência

moderado, 5 contra-resistência máximo (VASCONCELOS e TOMÉ-PEREIRA 2005).

Teste de sensibilidades superficial ( térmica, dolorosa e tátil ) e profunda ( propriocepção

consciente e sensibilidade vibratória ou palestésica ). Os materiais utilizados durante as sessões

foram: Aparelho de Laser e TENS, theraband e halter. A intervenção fisioterapêutica foi

realizada no primeiro dia da consulta e a paciente foi reavaliada no útimo dia do tratamento.

4. Resultados e discussões

A paciente H.G.M, de 75 anos, aposentada, residente em Nanuque – MG, foi atendida na

Clínica da UNEC no dia 03/04/2018. Em seu diagnóstico clínico de fratura da cabeça do rádio

proximal.

Em sua consulta fisioterápica na anamnese a queixa principal (QP) da paciente era intensas

dores na região do cotovelo e do punho. Na história da moléstia atual (HMP), a paciente relatou

que passou por um desconforto súbito em sua própria casa ocasioando uma queda sobre o braço

direito, sendo assim encaminhada para o hospital, onde após o atendimento emergencial foi

diagnosticada com FRP.

Uma semana depois do atendimento, a paciente passou por um procedimento cirúrgico.

Após o período de imobilização a paciente relatou que estava sentindo fortes dores, mesmo

fazendo administração de anti-inflamatórios, além da disfunção articular, sendo, por este

motivo encaminhada para a fisioterapia.

No exame físico a paciente apresentou pressão arterial (PA): 120x80 mmHg, frequência

cardíaca (FC): 91 bpm (batimentos cardíacos por minuto) e frequência respiratória (FR): 17

Page 7: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

7

ipm (incursões por minuto), considerados parâmetros normais, perdurando durante todo

tratamento.

Na inspeção observou-se edema na região póstero-lateral do cotovelo e no punho direito.

Durante a palpação, na vista lateral o cotovelo estava fletivo, sensibilidade superficial e

profunda estavam preservadas de acordo com o teste realizado.

Durante a avaliação da dor a paciente relatou quadro álgico na região lateral do cotovelo,

classificando a dor em grau 9, “dor intensa”, irradiada para o punho. Com o processar do

tratamento o quadro álgico da paciente foi estabilizando, apartir da 6ª sessão a paciente estava

com 0 dor, perdurando até o final do tratamento (Gráfico 1).

Gráfico 1: Representação da Intensidade da dor (EVA) da 1ª a 9ª sessão de Fisioterapia

Fonte: Dados da pesquisa do próprio autor (2018)

Utilizou-se ainda a goniometria para verificar a ADM, foi utilizado um goniômetro de

plástico. De acordo Marques, Amélia Pasqual (2003) a angulação normal do cotovelo em

flexão/extensão é de 145º e pronação/supinação 90º.

Na paciente foram obtidos os seguintes dados angulares nos movimentos: flexão: 100º,

extensão: 35º, pronação: 30º, supinação: 25º. Demonstrando déficit cinético-funcional, com

encurtamento dos músculos bíceps braquial, braquirradial, tríceps braquial, pronador redondo,

pronador quadrado e supinador.

A paciente foi submetida a mensuração goniométrica do membro afetado após a nove

sessões de tratamento o ganho na ADM, teve bons resultados, mesmo a paciente tendo passado

9

6

4

2

1

0 0 0 0

-4

-2

0

2

4

6

8

10

1ª sessão 2ª sessão 3ª sessão 4ª sessão 5ª sessão 6ª sessão 7ª sessão 8ª sessão 9ª sessão

Quadro Álgico da Paciente Linear (Quadro Álgico da Paciente)

Page 8: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

8

por poucas sessões, conforme os resultados flexão: 130º, extensão: 80º, pronação: 74º,

supinação: 90º (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Média de Amplitude articular da paciente inicial e final

Fonte: Dados da pesquisa do próprio autor (2018)

Outro item de grande importância é a força muscular. Para se realizar o teste muscular,

utiliza-se um método onde é avaliado a capacidade de ativação dos músculos e a sua força.

A paciente ao chegar na clínica relatou muita dor, em consequência disto sua musculatura

apresentou limitação para a realização dos movimentos do complexo do cotovelo, causada por

hipotrofia muscular após imobilização (Tabela1).

Tabela 1: Resultados da força Muscular – Avaliação Fisioterapêutica

Músculo Grau Indicador

Bíceps braquial 3 Contra-resistência leve

Tríceps braquial 3 Contra-resistência leve

Pronador redondo e quadrado 3 Contra-resistência leve

Supinador 3 Contra-resistência leve

Fonte: Dados da pesquisa do próprio autor, 2018.

A força muscular é de grande importância para a vida do paciente, por uma boa condição

física muscular permite maior capacidade para realizar as atividades diárias com mais eficiência

e menos fadiga. Também permite realizar atividades esportivas com melhor desempenho e

menor risco de lesões, além de ajudar a manter uma boa postura.

Flexão Extensão Pronação Supinação

Inicial 100 35 30 25

Final 130 80 74 90

100

3530

25

130

8074

90

0

20

40

60

80

100

120

140

Inicial Final

Page 9: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

9

No entanto, no decorrer das sessões o ganho de força muscular da paciente foi bastante

significativo pelo processo de intervenção fisioterápica que devolveu trofismo muscular

(Gráfico 3).

Gráfico 3 – Teste e força muscular incial e final

Fonte: Dados da pesquisa do próprio autor (2018)

O protocolo de tratamento fisioterapêutico foi baseado em curto, médio e longo prazo. No

tratamento da paciente em curto prazo foram: Promover regeneração tecidual e remodelação

óssea, abolir ou diminuir o quadro álgico. Em médio prazo: Ganho de ADM. Longo prazo:

Consolidou-se no fortalecimento da articulação do cotovelo e retorno das AVD’s. Condutas de

tratamento realizadas:

1ª sessão 04/04/2018: TENS burst 250x50 Hz 30 minutos, Laser 5 J/cm² em varredura.

2ª sessão 09/04/2018: Mobilização passiva, TENS 175x50 Hz 30 minutos, Laser 5

J/cm² em varredura, exercícios ativos de flexão/extensão, pronação/supinação 03 séries

de 10.

3ª sessão 10/04/2018: Mobilização passiva, alongamento muscular passivo 03 séries de

20 segundos de flexores, extensores de cotovelo, exercícios ativos de flexão/extensão,

pronação/supinação 03 séries de 12, Laser 5 J/cm² em varredura.

4ª sessão 11/04/2018: Mobilização passiva, alongamento muscular passivo 03 séries de

20 segundos de flexores e extensores de cotovelo, exercícios ativos de flexão/extensão,

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

FORÇA INICIAL FORÇA FINAL

Força inicial Força final

Contra resistência leve 3

Contra resitência Máxima 5

Contra resistência leve Contra resitência Máxima

Page 10: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

10

20 segundos de flexores e extensores de cotovelo, exercícios ativos de flexão/extensão,

pronação/supinação 03 séries de 15, Laser 5 J/cm² em varredura.

5ª sessão 16/04/2018: Mobilização passiva, alongamento muscular passivo passivo 03

séries de 20 segundos, exercícios ativos de flexão/extensão, pronação/supinação 03

séries de 20.

6ª sessão 18/04/2018: Alongamento muscular passivo 03 séries de 20 segundos,

mobilização passiva, fortalecimento muscular com halter e theraband 03 séries de 15.

7ª sessão: 23/04/2018: Alongamento muscular passivo 03 séries de 20 segundos,

mobilização passiva, fortalecimento muscular com halter e theraband 03 séries de 15.

8ª sessão 24/04/2018: Alongamento muscular passivo 03 séries de 20 segundos,

mobilização passiva, fortalecimento muscular com halter e theraband 03 séries de 15.

9ª sessão: 25/04/2018: Alongamento muscular passivo 03 séries de 20 segundos,

mobilização passiva, fortalecimento muscular com halter e theraband 03 séries de 15.

Os dados coletados durante todo o processar do tratamento demonstraram os benefícios

dos recursos fisioterapêuticos, sendo utilizada neste estudo, a laserterapia, eletroterapia e os

exercícios cinesioterapêuticos, cocomitantemente relatados pela própria paciente.

A TENS em pacientes com FRP tem como objetivo terapêutico provocar a diminuição da

dor e, assim, melhorar a atividade funcional, sendo uma coadjuvante, proporcionando redução

da ingestão de medicamentos quando for indicada e diminuição de custos com a medicação

com a devida orientação. Entre vários procedimentos não farmacológicos existentes menos

agressivos e a TENS tem se destacado como um excelente recurso terapêutico; amplamente

utilizado pelos profissionais da saúde, para o tratamento sintomático da dor (SLUKA et al,

2003).

Sabe-se que a TENS não vai curar a dor da paciente, ela auxiliará no alívio, sendo que tais

informações foram reafirmadas pela própria paciente que sentiu alívio imediato logo na

primeira sessão de atendimento. Portanto, é importante agregar um tratamento multidisciplinar

de reabilitação.

A TENS promove analgesia, porque suprime a dor enganando o sistema nervoso central e o

centro da dor no cérebro, fazendo com que ele libere substâncias responsáveis pela redução do

quadro álgico. A dor faz com que a musculatura se contraia, por isso é necessário o uso da

TENS na primeira fase de reabilitação que irá promover o relaxamento da musculatura, para

que a reabilitação progrida para fase de cinesioterapia, restaurando os movimentos e recrutando

a musculatura afetada.

Page 11: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

11

Para Morgan e Santos (2017), a dor é inibida pela via aplicação de estimulação em fibras

aferentes grossas, que inibem as respostas nociceptivas no corno posterior da medula espinhal

via inibição segmentar – Teoria das Comportas.

Quanto a aplicação em várias condições patológicas que causam dor, pesquisas têm

encontrado efeitos analgésicos da irradiação à Laser em diferentes tipos de dor crônica, como

também em síndromes de dor neuropática e neurogênica. Esse feito analgésico do Laser é

comprovado por ter característica anti-inflamatória, estimula à liberação de opióides

endógenos, por evitar que haja a redução do limiar de excitabilidade dos nociceptores;

eliminação de algumas substâncias e pela manutenção do equilíbrio energético local

(MARZULLO et al, 2006).

A consolidação do osso ocorre pela capacidade regenerativa do tecido ósseo, podendo ser

bem sucedido pela reparação ou remodelação através da atividade osteoblástica, acelerando a

síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea (SANTOS et al, 2008).

De acordo com De Souza (s/d) a adesão do laser de baixa intensidade com ação com outros

recursos fisioterapêuticos é uma das principais vantagens, pois melhora a resistência do tecido

ósseo durante o processo de cicatrização. Tais como o alongamento, responsável por aumentar

a flexibilidade muscular, proporcionado maior mobilidade e elasticidade, recuperando e

prevenindo novas lesões.

Sabe-se que no pós-operatório, a musculatura também passa por um processo de atrofia

significativa devido à própria cirurgia. Nessas situaçãoes fisioterapia entrou com

um trabalho de fortalecimento por meio da cinesioterapia, em que há a aplicação de várias

técnicas específicas para ganhar força muscular, diminuir rigidiz, além de aumentar a ADM.

Outro recurso utilizado para o tratamento foi a junção de cinesioterapia com alongamentos

e laser, onde verificou-se grande melhora de ADM e força muscular, apartir da quinta sessão.

Ao final das nove sessões do tratamento, observou-se uma evolução na funcionalidade da

articulação do cotovelo.

5. Considerações finais

Com base nas análises realizadas antes, durante e após as nove sessões de Fisioterapia,

conclui-se que o laser, TENS, associados à cinesioterapia, propiciou resultados relevantes de

tratamento da fratura da cabeça do rádio proximal, resultando em uma melhora significativa da

paciente, que pode retornar as suas atividades laborais.

Page 12: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

12

Apesar do relevante ganho da amplitude nos movimentos de pronação, supinação, flexão e

extensão no estudo foram obtidos resultados que mostram a eficiência do tratamento proposto,

quando comparamos os dados iniciais e finais nos ganhos das amplitudes de movimento do

cotovelo, redução total do quadro álgico e aumento da força muscular e funcionalidade do

membro.

Acredita-se que, considerando a escassez de estudos na literatura sobre o tema deste estudo

e o pequeno número de sessões torna-se necessário o desenvolvimento outras pesquisas para

validar a eficiência da fisioterapaia na reabilitação de fratura da cabeça do rádio proximal no

idoso.

6. Referências

DA SILVA, Rafael Medeiros; DE ANDRADE, Palloma Rodrigues. A LASERTERAPIA NA

OSTEOGÊNESE: UMA REVISÃO DE LITERATURA. Revista de Atenção à Saúde (antiga

Rev. Bras. Ciên. Saúde), v. 10, n. 34, 2013.

DE SOUZA, Daniel Tadeu Carvalho; NETO, Luis Ferreira Monteiro. Laserterapia no reparo

ósseo. Disponível em: http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/34/247_-

_Laserterapia_no_reparo_Ysseo.pdf Acesso em: 09/08/2018

FECHINE, Basílio Rommel Almeida; TROMPIERI, Nicolino. O processo de envelhecimento:

as principais alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos. InterSciencePlace,

v. 1, n. 20, 2015.

FRANTZ, Ana Cristine et al. Efeito do tratamento fisioterapêutico em paciente com suspeita

de síndrome do impacto do ombro: estudo de caso. Revista Caderno Pedagógico, v. 9, n. 2,

2012.

FLORENTINO, Danielle de M. et al. A fisioterapia no alívio da dor: uma visão reabilitadora

em cuidados paliativos. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, v. 11, n. 2, p. 50-57,

2012.

HC-UFTM, administrado pela Ebserh - Ministério da Educação POP: Fisioterapia

Ambulatorial na Reabilitação de lesões dos membros superiores –Unidade de Reabilitação

do HC-UFTM – Uberaba:, 2016. 36p. Disponível em: http://studylibpt.com/doc/939378/pop-

unidade-de-reabilitação-014-2016-fisioterapia Acesso em: 09/08/2018.

MARQUES, A. Ângulos articulares dos membros inferiores. Manual de Goniometria. 2003.

MARZULLO¹, Carla F. et al. Atualidades do Efeito Analgésico após Aplicação do Laser de

Baixa Potência. 2006.

MORGAN, Charles Ricardo; SANTOS, Franklin Santana. Estudo da estimulação elétrica

nervosa transcutânea (TENS) nível sensório para efeito de analgesia em pacientes com

osteoartrose de joelho. Fisioterapia em Movimento, v. 24, n. 4, 2017.

SANTOS, Késia Sousa. PRINCÍPIOS DA CICATRIZAÇÃO ÓSSEA.

Page 13: Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e ... · Análise dos efeitos da cinesioterapia, laserterapia e eletroterapia no tratamento pós-cirúrgico de fratura da cabeça

13

SILVA MR, ANZOLIN RM, CLARO TC, MEDEIROS, TC. Efeitos deletérios: ausência da

cinesioterapia na mobilidade articular em politraumatizado. Fisioter. Mov, 21(2): 39-45, 2008.

10. ZILLMER VD. Luxação

TAVARES ALVES, Raquel Letícia et al. Avaliação dos fatores de risco que contribuem para

queda em idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 20, n. 1, 2017.

TORTORA, G. J. (2012). Corpo Humano – Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição.

Artmed.

URQUIZA, Patrícia Karla; DE SANTANA, Emanuelle Malzac Freire; DE

ALENCAR,Jerônimo Farias. Tratamento Cinesioterapêutico nas Sequelas de Fraturas de

Cabeça de Rádio. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 16, n. 3, p. 333-336, 2012.9.

HAYDAR, M. G. L.; BORGES, L. L.;

VASCONCELOS, Wínea Leila Ribeiro; TOMÉ-PEREIRA, A. P. Proposta de ficha de

avaliação goniométrica e de teste de força muscular para a clínica escola de fisioterapia, Centro

de Ciências da Saúde/Departamento de Fisioterapia/MONITORIA, 2005.

ZEMIANI, Lana Paula; FLORIANI, Pamela Regina e PEREIRA JÚNIOR, Altair Argentino.

Fraturas do cotovelo: revisão da literatura. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires,

Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015.