efeito do sorgo sobre o desempenho zootÉcnico ... · para conseguir um rápido desenvolvimento...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL EFEITO DO SORGO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O DESENVOLVIMENTO DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS Daniel Mendes Borges Campos Zootecnista JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

EFEITO DO SORGO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O DESENVOLVIMENTO

DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS

Daniel Mendes Borges Campos

Zootecnista

JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL

2006

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

EFEITO DO SORGO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O DESENVOLVIMENTO

DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS

Daniel Mendes Borges Campos

Orientador: Prof. Dr. Marcos Macari

Co-orientador: Renato Luis Furlan

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia (Produção Animal).

Maio de 2006

Jaboticabal – SP

ii

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

DANIEL MENDES BORGES CAMPOS – nascido em Jaboticabal – SP, no dia 10

de julho de 1979. Em março de 1998 ingressou no curso de Zootecnia da Faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (FCAV–

UNESP), concluindo em novembro de 2002. No período de 20 janeiro de 2003 até 21 de

janeiro de 2004, trabalhou como “Trainee” de produção na empresa Agroceres Nutrição

Animal, no município de Patos de Minas – MG. Em março de 2004 iniciou o curso de

Mestrado em Zootecnia, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (FCAV–UNESP).

iii

Aos meus queridos Pais,

Ivomar Borges Campos e Sandra Maria Mendes Borges Campos

Aos meus irmãos,

Eduardo Mendes Borges Campos e Emiliano Mendes Borges Campos

A minha babá,

Vera Lúcia Rodrigues da Silva,

A minha noiva,

Thaisa Cristina Devós Ganga

Obrigado pelo apoio, incentivo, amor e exemplo de vida

Dedico

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida e seus encantos.

Aos Professores Marcos Macari e Renato Luis Furlan pela orientação e exemplo

como profissionais.

Aos amigos da Graduação e Pós-Graduação, em especial, Aiani Maria Vaz,

Bruno Serpa Vieira, Carla Heloisa Faria Domingues, Daniel Emygdio Faria Filho, Karoll

Alfonso Torres, Paulo Sergio Rosa, Tiago Urbano pela colaboração na condução das

etapas de campo e discussão do presente trabalho. Um conselho “MENOS CHARLA

MAS TRABAJO” (Comandante Alfonso).

Aos funcionários Clara, Damaris, Euclides, Shirley e em especial o Sr. Orandi

(Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal), Robson, Isildo, Sr. João, e Vicente

(Setor de Avicultura), Sandra e Oswaldo (Fábrica de Ração) e a Tânia (Departamento

de Tecnologia) pelo auxílio e amizade.

Aos professores Isabel Boleli e Vera Maria Barbosa de Moraes (Exame Geral de

Qualificação) pelas preciosas contribuições desta dissertação.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, pela

concessão de bolsa e estudo durante 2004 e 2005 (Processo 04/05058-8).

Aos meus amigos e colegas que não estão citados neste texto, mas contribuíram

de alguma forma para eu chegasse a este momento.

v

SUMÁRIO

Página

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................................... 1 CAPÍTULO 2 - EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DE MILHO POR SORGO SOBRE O DESEMPENHO, AS CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O CUSTO DE ARRAÇOAMENTO EM FRANGOS DE CORTE...................................................................... 6

Resumo.................................................................................................................. 6

Introdução.............................................................................................................. 7 Material e Métodos................................................................................................ 8 Resultados............................................................................................................. 11 Discussão.............................................................................................................. 13 Conclusão.............................................................................................................. 15

CAPÍTULO 3 - CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM SORGO BAIXO TANINO............................... 16

Resumo.................................................................................................................. 16 Introdução.............................................................................................................. 17 Material e Métodos................................................................................................ 18 Resultados............................................................................................................. 22 Discussão.............................................................................................................. 32 Conclusão.............................................................................................................. 35

CAPÍTULO 4 - USO DA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA E MODELOS MATEMÁTICOS PARA PREDIZER O DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM DIETAS À BASE DE MILHO E SORGO.............................................. 36

Resumo.................................................................................................................. 36 Introdução.............................................................................................................. 37 Material e Métodos................................................................................................ 38 Resultados e Discussão........................................................................................ 40 Conclusão.............................................................................................................. 43

REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 43

vi

EFEITO DO SORGO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, CARACTERÍSTICAS

DA CARCAÇA E O DESENVOLVIMENTO DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS

RESUMO - A variação nos preços dos principais ingredientes da alimentação

avícola (milho e soja), fazem da utilização de ingredientes alternativos a resposta viável

para a obtenção de resultados econômicos satisfatórios. O sorgo (Sorghum bicolor (L.)

Moench) é tido como uns dos principais ingredientes energéticos substitutos ao milho,

todavia, existe certa resistência na utilização de sorgo em rações pré-iniciais devido à

possibilidade deste cereal afetar o desempenho dos pintainhos. Neste sentido, foram

realizadas três pesquisas para analisar o desempenho, as características da carcaça e o

desenvolvimento da mucosa intestinal de frangos alimentados com sorgo baixo tanino

em substituição ao milho. Concluiu-se que: (1) o sorgo baixo teor em tanino pode

substituir completamente o milho em dietas para frangos de corte a partir do primeiro dia

de idade sem comprometimento do desempenho e o rendimento de carcaça e cortes

comerciais; (2) A altura dos vilos e o número de células caliciformes do intestino não são

afetados pelos níveis de substituição de milho por sorgo baixo tanino, no entanto, a

profundidade de cripta do duodeno aumenta com a inclusão de sorgo nas rações; (3) a

idade apresenta efeito significativo sobre o número de células caliciformes onde ocorre

aumento na quantidade de células produtoras de mucina no período de 1 a 21 dias de

idade. A altura dos vilos no duodeno atinge seu desenvolvimento máximo aos 21 dias de

idade.

Palavras-chave: altura de vilo, células caliciformes, dieta pré-inicial, modelos

matemáticos, profundidade de cripta

vii

SORGHUM EFFECT ON PERFORMANCE, CARCASS CHARACTERISTICS AND

MUCOSAL DEVELOPMENT OF BROILERS

SUMMARY – Prices variation of main grains of poultry production (corn and soybean),

make the utilizations of alternative feeds an important way to obtain good economics

results. Sorghum (Sorghum bicolor (L.) Moench) is the most common alternative for

corn, therefore, there is a resistance to use sorghum in pre-starter diets due the

possibility of this cereal affects the chicks performance. In these sense, three studies,

were carried out to assess the performance, carcass characteristics and mucosal

development in broilers fed with sorghum in place of corn. In conclusion: (1) sorghum

with low tannin content can substitute completely corn in broilers diets since the first day

of life without impair performance and carcass yield; (2) villus height and goblet cells

numbers of small gut are not affected by levels of substitutions of corn by sorghum with

low tannin content, however, crypt depth of duodenum increases with sorghum inclusion;

(3) goblet cells are significative affected by age, with a the higher amount of these cells

from 1 to 21 days of age. Villus heights on duodenum reach the maximum development

at 21 days of age.

Keywords: crypt depth, goblet cells, mathematical models, villus height, pre-starter diet

1

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

As grandes oscilações de preços dos ingredientes das rações conduzem a

avicultura de corte à busca por substitutos dos tradicionais ingredientes utilizados para o

arraçoamento, buscando assim minimizar custos de produção. No entanto, esta

substituição pode ser limitada pela qualidade de determinados ingredientes alternativos,

devido à presença de fatores antinutricionais ou a sua composição bromatológica.

A nutrição da primeira semana de vida do pintainho de corte tem sido o foco de

diversas pesquisas, pois representa cerca de 17% do período de vida da ave, além de

ocorrer a maior taxa de crescimento do trato gastrintestinal (TGI) (GÔNZALEZ &

SALDANHA, 2001; UNI & FERKET, 2004).

Os períodos pré e pós-eclosão são críticos para o desenvolvimento e

sobrevivência de frangos de corte. Durante esse período, os pintainhos sofrem uma

transição metabólica e fisiológica em função da troca da alimentação dos nutrientes do

saco vitelínico para um alimento exógeno, uma fonte de nutrientes baseada

principalmente em lipídeos para uma dieta sólida, baseada em carboidratos e proteínas.

Imediatamente após a eclosão, os pintainhos utilizam suas limitadas reservas corporais

para conseguir um rápido desenvolvimento físico e funcional do trato gastrintestinal, a

fim de desenvolver a capacidade de digerir alimentos e assimilar nutrientes (UNI &

FERKET, 2004). Esta imaturidade do TGI na fase pré-inicial reduz a capacidade de

utilização dos nutrientes, o que parece acarretar decréscimo dos valores de energia

metabolizável (EM) do alimento (LONGO et al., 2005). O intestino delgado é o principal

órgão responsável pela digestão e absorção de nutrientes, assim quanto antes os

pintainhos alcançarem sua capacidade funcional, mais cedo poderão utilizar os

nutrientes da dieta,, crescer eficientemente e demonstrar seu potencial genético, resistir

a infecções e a doenças metabólicas (UNI & FERKET, 2004).

O peso do intestino em comparação com o peso do embrião aumenta de 1% do

décimo sétimo dia de incubação para 3,5% no dia da eclosão. Logo após a eclosão, o

proventrículo, moela e intestino delgado crescem mais rapidamente do que outros

2

órgãos e tecidos. Nos pintainhos, maior tamanho relativo destes órgãos digestivos

ocorre entre 3 e 7 dias de idade (UNI & FERKET, 2004).

Na eclosão o TGI dos pintainhos está anatomicamente completo. No entanto, a

superfície de absorção e taxa de proliferação dos enterócitos aumenta após a eclosão,

sendo esse rápido desenvolvimento diferente ao longo do intestino delgado. No

duodeno, o crescimento dos vilos está praticamente completo aos 7 dias de vida,

enquanto que no jejuno e íleo o desenvolvimento continua além do 14° dia de vida (UNI,

1999).

O desenvolvimento da mucosa intestinal envolve o aumento da altura e

quantidade dos vilos, o que corresponde a um aumento em número de suas células

epiteliais, enterócitos, células caliciformes e enteroendócrinas. Esse processo decorre

primariamente de dois eventos citológicos associados: renovação e extrusão celular. A

renovação consiste na proliferação e diferenciação resultante das divisões mitóticas

sofridas por células totepotentes (“stem cells”) localizadas na cripta e ao longo dos vilos,

e a extrusão é a perda de células, que ocorre normalmente no ápice dos vilos. O

equilíbrio entre esses dois processos determina o “turnover” (síntese-migração-extrusão)

constante na mucosa, o qual garante a manutenção do tamanho dos vilos e, portanto, a

manutenção da capacidade digestiva e de absorção intestinal. Quando a mucosa

intestinal responde a algum agente com um desequilíbrio no “turnover” a favor de um

desses processos, ocorre modificação na altura dos vilos. A manutenção da mucosa

intestinal, em condições fisiológicas normais, tem custo energético elevado para o

frango, segundo MCBRIDE & KELLY (1990) a manutenção do epitélio intestinal e

estruturas de suporte anexas corresponde a cerca de 20% da energia bruta consumida

pelo animal, além da redução da quantidade de substrato digerido e absorvido, há ainda

o custo da restauração do epitélio. A energia conservada pelo reduzido “turnover” de

células no epitélio intestinal poderá ser utilizada para o desenvolvimento de massa

muscular. Assim, o rendimento econômico do lote será seriamente comprometido

quando o “turnover” intestinal for alterado (MAIORKA et al., 2002).

As aves neste período pré-inicial possuem limitações na atividade enzimática e

digestiva. Aparentemente são necessários três a quatro dias entre o nascimento e a

3

capacidade máxima enzimática para a digestão de carboidratos. A amilase pancreática,

maltase e sacarase atingem a atividade específica máxima dentro deste período

(MARCHAIN & KULKA, 1997). NOY & SKLAN (1995) trabalhando com pintainhos de

corte com quatro dias de idade, demonstraram que a digestão do amido aumentou

pouco do 4° para o 21° dia de vida das aves, passando de 82 para 89%,

respectivamente. NITSAN et al. (1991) observaram que o valor máximo de amilase no

pâncreas ocorre no 8° dia de vida, e no intestino delgado o valor máximo foi encontrado

no 17°dia. A digestão de gordura também melhora com o aumento da idade,

(SAKOMURA et al. 2004) concluíram que a digestibilidade da gordura aumentou com a

idade e que tal variação foi associada com a atividade enzimática da lipase. NITSAN et

al. (1991) encontraram valores máximos de lipase no pâncreas no 8° dia e no intestino

delgado no 4° dia de vida das aves. Em peruzinhos a digestibilidade de sebo bovino e

uma mistura de óleos vegetais passou de 66,4 e 83,7% na 2ª semana de vida para 90,8

e 96,5% na 8ª semana (SELL et al., 1986). NITSAN et al. (1991) confirmaram a

presença de quimiotripsina e de tripsina no pâncreas de pintainhos na eclosão, contudo,

a atuação de ambas as enzimas foram baixas até o 5° ou 6° dia de idade quando

tiveram um aumento significativo, sendo o ápice da quimiotripsina no 10° dia de vida. No

geral, a digestão protéica passa de 78 para 90% do 4° para o 21° dia de vida (NOY &

SKLAN, 1995).

Assim sendo, devido a características anatômicas e fisiológicas do TGI pertinente

a esta primeira semana de vida, tais como: as necessidades nutricionais existentes e

suas limitações em digerir e absorver determinados nutrientes, o rápido crescimento do

animal, sua dificuldade de sobrevivência em ambientes frios e a alta correlação entre o

peso vivo aos sete dias de vida com o peso de abate, fazem com que os ingredientes

utilizados para a formulação de sua dieta sejam diferenciados.

O valor nutricional dos alimentos depende basicamente de seu conteúdo em

nutrientes, e da sua disponibilidade biológica. Depende ainda, da presença e dos níveis

de substâncias tóxicas e/ou antinutricionais, as quais podem alterar essa composição ou

tornar indisponíveis esses nutrientes (PEZZATO, 1995). O sorgo (Sorghum bicolor (L.)

Moench) tem sido avaliado como substituto do milho nas rações para aves e suínos,

4

principalmente nas regiões semi-áridas e tropicais, onde sua cultura apresenta melhor

rendimento por unidade de área (ROSTAGNO et al., 2000). No entanto, de acordo com

a classificação apresentada por FARIA FILHO et al. (2005), que estudaram o perfil dos

aminoácidos dos alimentos utilizados na avicultura em relação ao padrão de

aminoácidos da proteína ideal, concluíram que a proteína do sorgo apresenta o pior

perfil de aminoácidos dos cereais utilizados na avicultura. Segundo esta classificação, o

sorgo só apresenta um perfil melhor de aminoácido que o glúten de milho. As

simulações de rações elaboradas com a respectiva classificação criada pelos autores,

demonstraram que a substituição do milho por sorgo baixo tanino afetou o balanço de

aminoácidos da ração. Dispõe ainda, de nível muito baixo de pigmentos e nível inferior

de extrato etéreo (SCHEUERMANN, 2003).

O sorgo contém vários compostos fenólicos que podem afetar a cor, a aparência

e qualidade nutricional. Esses compostos podem ser classificados em três grupos

básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos. Os ácidos fenólicos são encontrados

em todos os tipos de sorgo enquanto os flavonóides não o são. O fenol, conhecido como

tanino, encontra-se concentrado na testa da semente, que é um tecido altamente

pigmentado localizado logo abaixo do pericarpo. Os taninos são classificados em

hidrolisáveis e condensados. Os taninos condensados ou proantocianidinas são

polímeros de flavonóides, cujos monômeros (flavan-3-ol) são unidos carbono-carbono.

Os taninos hidrolisáveis são ésteres de ácido gálico e de ácido hexahidroxidifênico e

glicose, além de outros polióis (AGOSTNI-COSTA, 2003). O grau de toxidade do tanino

depende do seu tipo, se hidrolisável ou condensado, das suas proporções na dieta, dos

produtos finais da hidrólise no intestino e da espécie animal (QUINTERO PINTO, 2000).

As proantocianidinas estão ligadas à coagulação e precipitação de enzimas e alguns

minerais, formação de complexos com os carboidratos da dieta, inibição da atividade de

algumas enzimas digestivas, como a tripsina e α-amilase. Quando ingeridos em certas

quantidades, reduzem a taxa de crescimento, uma vez que diminui o aproveitamento

energético e protéico da dieta levando a maior excreção de nitrogênio nas fezes como

resultado da interação tanino-proteínas, formadas por múltiplas pontes de hidrogênio.

Os taninos condensados também causam necroses e distorções nos vilos da mucosa

5

intestinal e aumento no número de células caliciformes (MITJAVILA et al., 1977;

TREVINO, 1992; CHANG et al., 1994; ORTIZ et al., 1994; OLIVEIRA, 1998). Os ácidos

fenólicos não têm efeito adverso na qualidade nutricional, porém podem causar cor

indesejável aos alimentos, quando processados sob condições alcalinas. Os

flavonóides, a exemplo dos ácidos fenólicos, também não causam problemas na

digestibilidade e palatabilidade do sorgo. Constituem um amplo grupo de compostos

fenólicos encontrados nas plantas, sendo que alguns deles estão entre os principais

pigmentos presentes em vegetais (BUTULO, 2003).

Alguns trabalhos relataram os efeitos negativos nas dietas que contêm níveis

elevados de tanino sobre o ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar

dos frangos de corte (CHANG & FULLER, 1964; ROSTAGNO et al., 1973; DOUGLAS &

SULLIVAN, 1991; ORTIZ et al., 1994;). No entanto, em trabalhos no quais foram

utilizados sorgo com baixo teor em tanino, não foram observados efeitos negativos nos

índices de desempenho. Os autores SILVA (2003) e GARCIA et al. (2005) trabalhando

com níveis de 0, 25, 50, 75 100% de substituição de milho por sorgo baixo teor em

tanino, verificaram que os frangos apresentaram médias similares para consumo de

ração, ganho de peso e conversão alimentar nas fases inicial e crescimento. DOUGLAS

& SULLIVAN (1991) ao substituírem milho por sorgo baixo teor em tanino na fase inicial

de frangos de corte não observaram efeito significativo para ganho de peso e conversão

alimentar. Contudo, mesmo quando o sorgo possui níveis baixos de tanino existe uma

resistência de se utilizar este cereal em dietas na fase pré-inicial de frangos de corte,

devido à possibilidade de afetar o desenvolvimento da mucosa intestinal e a atividade

enzimática do animal e assim afetar o desempenho zootécnico na primeira semana de

vida.

Assim, o objetivo do trabalho foi estudar o efeito da substituição do milho por

sorgo baixo tanino sobre o desempenho, as características da carcaça, o

desenvolvimento da mucosa intestinal e elaborar modelos de superfície de resposta

para a predição do desempenho de frangos de corte alimentados com sorgo e/ou milho

como ingredientes energéticos em rações de frangos de corte.

6

CAPÍTULO 2 – EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DE MILHO POR SORGO SOBRE O

DESEMPENHO, AS CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O CUSTO DE

ARRAÇOAMENTO EM FRANGOS DE CORTE.

RESUMO – O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência do sorgo

baixo teor em tanino sobre o desempenho e o rendimento de carcaça e cortes

comerciais nos frangos de corte de 1 – 42 dias de idade. Foram utilizados 750

pintainhos de um 1 dia de idade Cobb-500®, em um delineamento inteiramente

casualizado. A dieta controle foi à base de milho e farelo de soja e outras quatro dietas

com substituições de 25, 50, 75 e 100% do milho por sorgo baixo teor em tanino, com 6

repetições por tratamento totalizando 30 unidades experimentais. As rações

experimentais foram isonutrientes dentro de cada fase de criação: inicial (1-21 dias de

idade) e crescimento (22-42 dias de vida). O consumo de ração, o ganho de peso e a

conversão alimentar não foram afetados (p>0,05) pelos níveis de inclusão de sorgo nos

períodos 1 a 7, 1 a 14, 1 a 21 e 1 a 42 dias de vida das aves. A viabilidade criatória, o

índice de eficiência produtiva e o rendimento de carcaça e cortes comerciais aos 42 dias

de idade também não foram influenciados (p>0,05) pelos níveis crescentes de sorgo.

Assim, o sorgo baixo teor em tanino pode substituir completamente o milho em dietas

para frangos de corte a partir do primeiro dia de idade sem comprometimento do

desempenho e o rendimento de carcaça e cortes comerciais.

Palavras-Chave: sorgo, frangos de corte, desempenho, características de carcaça.

7

Introdução

A nutrição do pintainho de corte em sua primeira semana de vida tem sido o foco

de diversas pesquisas, devido a forte correlação entre o peso dos animais no sétimo dia

de vida com o peso de abate. Esta fase representa cerca de 17% do período de vida da

ave, além de ocorrer a maior taxa de crescimento relativo do trato gastrintestinal (UNI &

FERKET, 2004; GONZÁLEZ & SALDANHA, 2001). Esse período é considerado uma

transição entre a vida embrionária (dependente dos nutrientes do saco vitelínico) para a

vida adulta, baseada em uma dieta sólida constituída basicamente por proteínas e

carboidratos. Imediatamente após a eclosão, os pintainhos utilizam suas limitadas

reservas corporais para conseguir um rápido desenvolvimento físico e funcional do trato

gastrintestinal (TGI), a fim de desenvolver a capacidade de digerir alimentos e assimilar

nutrientes (UNI & FERKET, 2004). As aves neste período possuem limitações na

atividade enzimática e digestiva. Diversos autores demonstraram melhora significativa

na digestibilidade de carboidratos, gorduras e proteínas com o aumento da idade (SELL

et al., 1986; NITSAN et al., 1991; NOY & SKLAN, 1995; MARCHAIN & KULKA, 1997).

A necessidade de minimizar custos de alimentação das aves mesmo que

pequena resulta em grande impacto na avicultura devido ao seu volume de produção,

por isso, o sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) tem sido avaliado como possível

substituto do milho nas rações para aves e suínos para tal objetivo. De acordo com

DOWLING et al. (2002) o sorgo se torna viável economicamente quando seu preço

equivale a 95% do preço do milho. O sorgo contém vários compostos fenólicos que

podem afetar a cor, a aparência e qualidade nutricional da dieta. Esses compostos

podem ser classificados em três grupos básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos.

No entanto, somente os taninos podem afetar a qualidade nutricional da dieta. Os

taninos estão ligados à coagulação e precipitação de enzimas e alguns minerais. Eles

podem formar complexos com os carboidratos da dieta e inibir a atividade de algumas

enzimas digestivas, como a tripsina e α-amilase. Quando ingeridos em certas

quantidades, causam redução no ganho de peso e uma pior conversão alimentar de

8

frangos de corte, uma vez que diminui o aproveitamento energético e protéico da dieta

levando a maior excreção nitrogênio nas fezes como resultado da interação tanino-

proteínas, formada por múltiplas pontes de hidrogênio (CHANG & FULLER, 1964;

ROSTAGNO et al., 1973; DOUGLAS & SULLIVAN, 1991; TREVINO, 1992; CHANG et

al., 1994; ORTIZ et al., 1994; OLIVEIRA, 1998).

No entanto em trabalhos nos quais foram utilizados sorgos com baixos teores em

tanino, não foram observados efeitos negativos nos índices de desempenho (DOUGLAS

& SULLIVAN, 1991; POUR-REZA & EDRISS, 1997; DINIZ et al., 2002; SILVA, 2003 e

GARCIA et al., 2005). Contudo, mesmo quando o sorgo possui níveis baixos de tanino,

existe resistência de se utilizar este cereal em dietas na fase pré-inicial devido à

possibilidade de afetar a digestibilidade dos nutrientes através das interações do tanino

com a ração ou com as limitadas enzimas digestivas, além de atuar como possível fator

de perturbação da mucosa intestinal principalmente na fase pré-inicial ou acarretar lotes

não homogêneos.

Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o custo do arraçoamento

de dietas com sorgo baixo teor em tanino, o desempenho zootécnico e o rendimento de

carcaça e cortes comerciais de frangos de corte alimentados com sorgo baixo teor em

tanino em substituição ao milho.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no setor de Avicultura do Departamento de

Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal-SP.

Foram utilizadas duas câmaras climáticas com 16 unidades experimentais de 2,5 x

1,6m.

Foram utilizados 750 frangos machos Cobb-500®, distribuídos em um

delineamento com blocos casualizados. O objetivo dos blocos foi controlar diferenças de

temperatura, umidade e gases nas diferentes câmaras. Na chegada dos pintainhos foi

9

realizada pesagem de uma amostra do lote para a determinação do peso médio e foram

montadas unidades experimentais com animais pesando em média 42,48 ± 0,56g. Os

tratamentos consistiram na administração ad-libitum de uma dieta controle a base de

milho e farelo de soja e outras quatro dietas com substituições de 25, 50, 75 e 100% do

milho por sorgo baixo teor em tanino, com 6 repetições por tratamento totalizando 30

unidades experimentais. As rações experimentais foram isonutrientes dentro de cada

fase de criação: inicial (1-21 dias de idade) e crescimento (22-42 dias de vida). Foram

formuladas seguindo a composição nutricional dos ingredientes e os níveis nutricionais

proposto por ROSTAGNO et al. (2000) (Tabela1).

O sorgo utilizado no presente experimento teve 4,52 mg de catequina por grama

de amostra. O conteúdo total de tanino foi analisado pelo método da Vanilina – HCl, este

método baseia-se na reação da leucoantocianidina (catequina) e proantocianidina

(tanino condensado) com vanilina na presença de HCl, é um método específico para a

determinação de tanino condensado e alguns flavonóides.

Os animais foram vacinados contra doença de Marek e Bouba Aviária no

incubatório. No 8° dia de idade as aves foram vacinadas (via ocular) contra as doenças

de Newcastle e Gumboro e no 14° dia contra a doença de Gumboro na água de bebida.

10

Tabela 1 – Composição centesimal das rações experimentais do período inicial (1 - 21 dias de idade) e crescimento (22 - 42 dias de idade).

* Suplementadas a fim de alcançar os níveis nutricionais de ROSTAGNO et al. (2000). 1 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio 1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 340g; iodo 260mg; coccidiostático 25000mg; antioxidante 100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196mg; zinco 18250mg. 2 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio 1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 270g; iodo 260mg; coccidiostático 22000mg; antioxidante 100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196,5mg; zinco 18250mg.

As aves e as sobras de ração nos comedouros foram pesadas, permitindo

determinar o consumo de ração (CR), o ganho de peso (GP) e a conversão alimentar

(CA) no 7°, 14°, 21° e 42° dia de vida das aves.

A viabilidade criatória (VC) foi calculada pela seguinte formula: VC = 100 – {(NAM

/ NAI) x 100} onde, NAM é o número de aves mortas por unidade experimental e NAI é o

número de aves inicial por unidade experimental ao final de 42 dias de vida.

O índice de eficiência produtiva (IEP) foi calculado pela seguinte formula: IEP =

(GMD x VC) / (CA x10) onde, GMD é o ganho médio diário (g).

INICIAL CRESCIMENTO Ingredientes % 0% 25% 50% 75% 100% 0% 25% 50% 75% 100%

Milho 54,89 41,17 27,45 13,72 - 60,33 45,25 30,17 15,08 - Sorgo baixo tanino - 13,72 27,45 41,17 54,89 - 15,08 30,17 45,25 60,33 Farelo de Soja, 45 36,31 36,22 36,12 36,03 35,94 30,61 30,51 30,40 30,30 30,20 Óleo de soja 3,72 4,02 4,32 4,63 4,93 4,24 4,57 4,90 5,24 5,57 Fosfato bicálcico 1,82 1,82 1,81 1,80 1,80 1,62 1,61 1,61 1,60 1,59 Calcário Calcítico 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,94 0,94 0,94 0,94 0,94 Sal Comum 0,46 0,46 0,46 0,46 0,47 0,39 0,39 0,39 0,40 0,40 DL-metionina* 0,06 0,07 0,08 0,08 0,09 0,08 0,09 0,09 0,10 0,11 L-lisina* 0,15 0,16 0,17 0,17 0,18 0,20 0,21 0,22 0,23 0,24 Suplemento mineral e vitamínico 0,501 0,50 0,50 0,50 0,50 0,502 0,50 0,50 0,50 0,50

Caulim 1,10 0,88 0,65 0,43 0,21 1,10 0,85 0,60 0,36 0,12 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Energia e Nutrientes Composição Calculada Energia Metabolizável(Kcal) 3000 3000 3000 3000 3000 3100 3100 3100 3100 3100 Proteína bruta (%) 21,40 21,40 21,40 21,40 21,40 19,31 19,31 19,31 19,31 19,31 Cálcio (%) 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,87 0,87 0,87 0,87 0,87 Fósforo Disponível (%) 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 Sódio (%) 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 Lisina (%) 1,26 1,26 1,26 1,26 1,26 1,16 1,16 1,16 1,16 1,16 Metionina (%) 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,51 0,51 0,51 0,51 0,51 Aminoácidos sulfurados (%) 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,82 0,82 0,82 0,82 0,82

11

Aos 42 dias foram sacrificadas duas aves por unidade experimental para

avaliação do rendimento de carcaça inteira, peito, coxa+sobrecoxa, pés, asas, dorso,

cabeça mais pescoço e gordura abdominal, todos os valores percentuais foram

expressos em relação ao peso vivo.

O modelo matemático utilizado para VC, IEP, RC e cortes comercias foi: yij = µ + ti

+ bj + eij. Onde yij = é o valor observado na parcela que recebeu tratamento i no bloco j, µ

é o efeito da média, ti é o efeito do tratamento i, bj é o efeito do bloco j e eij é o erro

experimental na parcela que recebeu o tratamento i no bloco j.

Os dados foram verificados quanto à presença de “outliers” e testou-se as

pressuposições de normalidade dos erros studentizados e de homogeneidade das

variâncias. Após constada a não violação dessas pressuposições, os dados foram

submetidos à análise de variância através do procedimento GLM do programa SAS®

(SAS Institute, 2002) e em caso de diferença significativa (5%) as médias foram

comparadas pelo teste de Tukey (5%).

Resultados

Os valores médios obtidos para o consumo de ração, o ganho de peso e a

conversão alimentar nos períodos de 1 a 7, 1 a 14, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade

encontram-se na Tabela 2.

Os níveis de inclusão de sorgo baixo teor em tanino não afetaram de maneira

significativa os valores médios para consumo de ração, ganho de peso e conversão

alimentar nos períodos de 1 a 7, 1 a 14, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade.

12

Tabela – 2. Médias e resultados da análise de variância para consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) das aves nos períodos de 1 – 7, 1 – 14, 1 – 21 e 1 a 42 dias de idade.

Sorgo% Probabilidades Período (dias) Variáveis

0 25 50 75 100 Sorgo % Bloco CV(%)

CR (g) 151,39 148,76 149,06 152,30 148,75 0,7580 0,1775 3,67 GP (g) 125,08 122,27 123,46 125,52 123,35 0,6813 0,7778 3,35 1 a 7 CA 1,21 1,19 1,21 1,20 1,20 0,9119 0,1649 3,40 CR (g) 546,19 537,89 562,30 531,25 540,84 0,8435 0,4002 8,45 GP (g) 406,67 409,23 407,01 403,02 399,78 0,7556 0,0378 3,25 1 a 14 CA 1,34 1,32 1,38 1,32 1,36 0,8695 0,0885 10,09 CR (g) 1191,96 1174,69 1208,21 1177,09 1176,04 0,8103 0,5742 4,20 GP (g) 853,75 863,74 865,87 877,53 855,03 0,5116 0,0005 2,79 1 a 21 CA 1,40 1,36 1,39 1,31 1,38 0,4271 0,0651 6,05 CR (g) 4326,08 4303,12 4379,21 4380,33 4242,11 0,1825 0,6372 2,45 GP (g) 2601,24 2614,70 2667,74 2684,73 2630,35 0,2790 0,0177 2,77 1 a 42 CA 1,66 1,65 1,64 1,63 1,61 0,3162 0,0221 2,39

Os valores encontrados para viabilidade criatória (VC), índice de eficiência

produtiva (IEP), rendimento de carcaça e cortes comerciais não foram afetados de

maneira significativa pelas dietas experimentais, os resultados estão nas Tabelas 3 e 4.

Tabela 3 – Médias e resultados da análise de variância para a Viabilidade Criatória (VC) e Índice de Eficiência Produtiva (IEP) do lote experimental.

Sorgo % VC% IEP

0 99 370

25 98 370

50 95 363

75 95 373

100 98 381

Probabilidade

Sorgo % 0,0802 0,5012

Bloco 0,1758 0,1062

CV(%) 3,24 4,68

13

Tabela 4 – Médias e resultados da análise de variância para rendimento de carcaça (RC), coxa mais sobre-coxa (Coxa+Sob %), peito, asa, dorso, pés, gordura abdominal (Go Ab %) e cabeça mais pescoço (Cab + Pés %) das aves no período experimental (1 – 42 dias de idade). Todos os valores percentuais foram expressos em relação ao peso vivo da ave no abate.

Sorgo% RC % Coxa+Sob % Peito % Asa % Dorso % Pés % Go Ab % Cab+Pés % 0 80,92 22,82 26,30 7,92 11,87 3,79 1,49 8,21

25 81,63 22,91 27,47 8,13 11,22 3,82 1,31 8,08 50 79,18 21,88 25,69 7,87 11,44 3,94 1,49 8,36 75 80,77 22,18 26,43 7,75 11,37 3,64 1,43 8,02 100 80,08 22,96 26,25 7,96 11,38 3,94 1,32 8,50

Probabilidades Sorgo% 0,2797 0,1676 0,2750 0,2666 0,6075 0,2212 0,7211 0,1522 Bloco 0,0362 0,2130 0,6926 0,3453 0,5042 0,6507 0,8616 0,3430 CV(%) 2,43 3,90 5,14 3,71 6,34 6,27 20,85 4,38

Discussão

O sorgo é um cereal de grande importância, se encontra em quinto lugar no

“ranking” de produção mundial, está atrás somente do trigo, do milho, do arroz e da

cevada. O Brasil é atualmente o oitavo país na produção e consumo mundial de sorgo,

com uma produção que passou de 781.400 toneladas na safra 1999/2000 para

2.014.100 toneladas na safra 2003/2004, sendo o Centro Oeste a principal região de

produção com 1.255.500 toneladas (AGRIANUAL, 2004).

Segundo DOWLING et al. (2002) a proteína proveniente dos cereais em rações

de aves contribui com mais de 1/3 da proteína da dieta. FARIA FILHO et al. (2005)

classificaram os alimentos comumente utilizados na avicultura em relação ao perfil de

aminoácidos tomando como referência o perfil de aminoácidos da proteína ideal. O

sorgo baixo teor em tanino apresentou o pior perfil de aminoácidos dentre os cereais

estudados (milho, trigo, linhaça, cevada, aveia, triticale e arroz) e simulações realizadas

pelos autores demonstraram uma melhora no perfil de aminoácidos das dietas quando

utilizados ingredientes melhores classificados com relação ao balanço de aminoácidos.

Apesar do sorgo baixo teor em tanino afetar o perfil de aminoácidos da dieta,

nossos resultados mostraram que a completa substituição de milho por sorgo baixo teor

em tanino manteve os mesmos parâmetros consumo de ração, ganho de peso,

14

conversão alimentar, rendimento de carcaça e cortes comerciais dentro dos valores

apresentados por aves alimentadas com ração à base de milho e soja.

Estes achados positivos corroboram com outros autores que não observaram

diferença significativa no desempenho de aves alimentadas com sorgo baixo teor em

tanino. DOUGLAS & SULLIVAN (1991), ao substituírem milho por sorgo baixo teor em

tanino na fase inicial (1-21 dias) não observaram diferença estatística para ganho de

peso e conversão alimentar. POUR-REZA & EDRISS (1997) relataram que a

substituição de milho por sorgo baixo teor em tanino não afetou o desempenho das

aves, contudo o autor trabalhou a partir do 7° até o 49° dia de vida, não fornecendo

sorgo na primeira semana. DINIZ et al. (2002) trabalharam com a fase pré-inicial (tempo

que a parcela experimental levou para consumir 300 g/ave) até os 49 dias de idade, com

uma substituição de 50 e 100% do milho por sorgo baixo teor em tanino observaram que

os níveis de inclusão não afetaram a conversão alimentar aos 49 dias de idade. SILVA

(2003) não verificou diferença significativa no consumo de ração e conversão alimentar

aos 21 e 42 dias de idade quando o milho foi substituído por 25, 50, 75 e 100% de sorgo

baixo teor em tanino, resultados semelhantes foram encontrados por GARCIA et al.

(2005) que não encontraram diferença significativa ao trabalhar com sorgo baixo teor em

tanino nos níveis 0, 25, 50, 75 e 100% em substituição ao milho para as variáveis

consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar aos 21, 35 e 42 dias de idade.

Com relação ao rendimento de carcaça e cortes comerciais resultados

semelhantes foram encontrados por GARCIA et al. (2005) que não encontraram

diferença estatística para os valores de carcaça inteira, perna, asas, peito e dorso.

DINIZ et al. (2002) trabalharam com lote misto. Os machos não foram afetados pela

substituição do milho por sorgo para as porcentagens de peito, asa e dorso. No entanto,

os rendimentos de carcaça inteira e coxa + sobre-coxa foram maiores para os

tratamentos contendo 50 e 100% de sorgo baixo tanino em substituição ao milho. Nas

fêmeas as médias observadas não diferiram para carcaça inteira, peito e dorso, porém a

porcentagem de asa apresentou uma média superior para a dieta à base de sorgo e

soja.

15

Estes resultados de desempenho e características de carcaça se devem

provavelmente à suplementação de aminoácidos sintéticos 100% digestíveis como a

DL-metionina e L-lisina. No presente estudo, as diferenças na suplementação destes

aminoácidos chegaram a 50% para DL-metionina e 20% de L-lisina para a fase inicial e

37,5% de DL-metionina e 20% de L-lisina para a fase de crescimento entre as dietas 0 e

100% de sorgo baixo teor em tanino. A dieta 100% de sorgo forneceu as seguintes

quantidades de aminoácidos digestíveis 1,06% de lisina, 0,51% de metionina e 0,75%

de metionina+cistina, e a dieta controle forneceu 1,05% de lisina, 0,49% de metionina e

0,82% de metionina+cistina.

A viabilidade criatória, índice que avalia o número de aves alojadas e o número

de aves retiradas para o abate, esta relacionada à genética da ave, ao manejo utilizado,

às condições sanitárias e ambientais e também as condições nutricionais fornecidas ao

lote. No presente experimento a viabilidade criatória não sofreu efeito significativo para

os níveis de inclusão de sorgo baixo teor em tanino, indicando que este cereal não

afetou o desenvolvimento das aves nas condições em que foram criadas. GARCIA et al.

(2005) não observaram diferença significativa para mortalidade quando trabalhou com

sorgo baixo teor em tanino.

O índice de eficiência produtiva, variável que pondera o ganho de peso diário,

conversão alimentar e a viabilidade criatória também não apresentou diferença

significativa, indicando os bons resultados de desempenho encontrados nos tratamentos

experimentais.

Conclusão

O sorgo baixo teor em tanino pode substituir completamente o milho em dietas

para frangos de corte a partir do primeiro dia de idade sem comprometimento do

desempenho e o rendimento de carcaça e cortes comerciais.

16

CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA MUCOSA INTESTINAL

DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM SORGO BAIXO TANINO.

RESUMO – O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência do

sorgo baixo teor em tanino sobre a altura dos vilos, profundidade das criptas e número

de células caliciformes no epitélio intestinal de frangos de corte de 1 – 42 dias de idade.

Foram utilizados 750 pintainhos de um dia de idade Cobb-500®, em um delineamento

em blocos casualizados. A dieta controle foi a base de milho e farelo de soja e outras

quatro dietas com substituições de 25, 50, 75 e 100% do milho por sorgo baixo teor em

tanino, com 6 repetições por tratamento totalizando 30 unidades experimentais. As

rações experimentais foram isonutrientes dentro de cada fase de criação: inicial (1-21

dias de idade) e crescimento (22-42 dias de vida). Ajustou-se o modelo de superfície de

resposta para as variáveis analisadas, considerando os efeitos lineares e quadráticos da

porcentagem do sorgo e idade bem como a interação entre eles. Os parâmetros foram

estimados pelo método dos quadrados mínimos. A altura dos vilos nos diferentes

segmentos intestinais não foi afetada pelos níveis crescentes de sorgo. A altura dos

vilos no duodeno apresentou um crescimento contínuo durante a fase de inicial de

criação. A profundidade das criptas do duodeno foram maiores para os tratamentos com

maiores níveis de sorgo na fase final de criação. O número de células caliciformes não

foi influenciado pelas dietas experimentais. O fator idade apresentou efeito significativo

sobre o número de células caliciformes onde ocorreu aumento na quantidade de células

produtoras de mucina no período de 1 a 21 dias de idade.

Palavras-Chave: sorgo, frangos de corte, células caliciformes, vilos e criptas intestinais.

17

Introdução

Oscilações nos preços dos alimentos comumente utilizados nas rações de

animais de produção levam os nutricionistas a utilizarem ingredientes alternativos para

que possam alcançar resultados de desempenho e econômicos satisfatórios, contudo

existem limitações que vão desde fatores antinutricionais à composição nutricional do

alimento.

O estudo do desenvolvimento da mucosa intestinal de frangos de corte tem sido o

foco de diversas pesquisas devido a sua crucial importância no processo de digestão e

absorção dos alimentos. Após o nascimento, os pintainhos dependentes dos nutrientes

do saco vitelínico passam a utilizar os nutrientes provenientes da ração, passando de

uma fonte de nutrientes baseada em gorduras para uma fonte baseada principalmente

em carboidratos e proteínas. Assim, os pintainhos utilizam suas limitadas reservas

corporais (saco vitelínico) para conseguir um rápido desenvolvimento físico e funcional

do trato gastrintestinal, a fim de desenvolver a capacidade de digerir alimentos e

assimilar nutrientes (UNI & FERKET, 2004). De acordo com MAIORKA et al. (2002) o

desenvolvimento da mucosa intestinal envolve o crescimento dos vilos, o que

corresponde a um aumento em número de células epiteliais (enterócitos, células

caliciformes e enteroendócrinas).

As células caliciformes, responsáveis pela produção de uma camada de muco

composta principalmente por glicoproteínas que são conhecidas como mucinas, que

contêm uma longa porção polissacarídica tornando-as hidrofílicas e viscosas, as

funções das mucinas são: de proteger a membrana em escova contra agressões

químicas e efeitos abrasivos da digesta, atuar como barreira contra microrganismos,

pois integrada ao muco encontra-se a flora intestinal natural e imunoglobulinas e

influenciar o transporte entre o conteúdo luminal e a membrana em escova (BOLELI, et

al., 2002; UNI et al., 2003). A hiperplasia e/ou hipertrofia das células caliciformes no

intestino delgado é visto como resposta a algum tipo de agressão visando manter a

integridade da mucosa. Diversos trabalhos (MITJAVILA et al., 1977; ORTIZ et al., 1994;

18

OLIVEIRA et al., 2000 e UNI et al., 2003) relataram este efeito por diferentes razões, tais

como os fatores antinutricionais dos alimentos ou o atraso no fornecimento de alimento

após eclosão.

O sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) é tido como um dos principais substitutos

ao milho em rações de aves e suínos. Este cereal contém vários compostos fenólicos

que podem afetar a cor, a aparência e qualidade nutricional. Esses compostos podem

ser classificados em três grupos básicos: ácidos fenólicos e flavonóides (inócuos aos

animais) e o composto fenólico antinutricional conhecido como tanino. As

proantocianidinas ou tanino estão ligados à coagulação e precipitação de enzimas e

alguns minerais, formação de complexos com os carboidratos da dieta, inibição da

atividade de algumas enzimas digestivas, como a tripsina e α-amilase. Quando

ingeridos em certas quantidades, reduzem a taxa de crescimento do animal, uma vez

que diminui o aproveitamento energético e protéico da dieta levando a maior excreção

de nitrogênio nas fezes como resultado da interação tanino-proteínas, formadas por

múltiplas pontes de hidrogênio. Os taninos condensados também causam necroses e

distorções nos vilos da mucosa intestinal e aumento no número de células caliciformes

(MITJAVILA et al., 1977; TREVINO, 1992; CHANG et al., 1994; ORTIZ et al., 1994;

OLIVEIRA, 1998). De acordo com JIMENEZ et al. (1994), os taninos condensados não

são absorvidos pela mucosa intestinal de frangos, mas os demais compostos fenólicos

são absorvidos e distribuídos em vários tecidos do organismo.

Os cultivares de sorgo que são vendidos atualmente no Brasil possuem pequena

quantidade de tanino condensado nos grãos. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar

o desenvolvimento da mucosa intestinal de frangos de corte alimentados com níveis

crescentes de sorgo baixo teor em tanino em substituição ao milho.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no setor de Avicultura do Departamento de

Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal-SP.

19

Foram utilizadas duas câmaras climáticas com 16 unidades experimentais com 2,5 x

1,6m.

Foram utilizados 750 frangos machos Cobb-500®, distribuídos em um

delineamento com blocos casualizados. O objetivo dos blocos foi controlar diferenças de

temperatura, umidade e gases nas diferentes câmaras. Na chegada dos pintainhos foi

realizada uma pesagem de uma amostra do lote para a determinação do peso médio e

foram montadas unidades experimentais com animais pesando em média 42,48 ± 0,56g.

Os tratamentos consistiram na administração ad-libitum de uma dieta controle a base de

milho e farelo de soja e outras quatro dietas com substituições de 25, 50, 75 e 100% do

milho por sorgo baixo teor em tanino, com 6 repetições por tratamento totalizando 30

unidades experimentais. As rações experimentais foram isonutrientes dentro de cada

fase de criação: inicial (1-21 dias de idade) e crescimento (22-42 dias de vida). Foram

formuladas seguindo a composição nutricional dos ingredientes e os níveis nutricionais

de acordo com ROSTAGNO et al. (2000) (Tabela1).

O sorgo utilizado no presente experimento teve 4,52 mg de catequina por grama

de amostra. O conteúdo total de tanino foi analisado pelo método da Vanilina – HCl, este

método baseia-se na reação da leucoantocianidina (catequina) e proantocianidina

(tanino condensado) com vanilina na presença de HCl, é um método específico para a

determinação de tanino condensado e alguns flavonóides.

Os animais foram vacinados contra doença de Marek e Bouba Aviária no

incubatório. No 8° dia de idade as aves foram vacinadas (via ocular) contra as doenças

de Newcastle e Gumboro e no 14° dia contra a doença de Gumboro na água de bebida.

20

Tabela 1 – Composição centesimal das rações experimentais do período inicial (1 - 21 dias de idade) e crescimento (22 - 42 dias de idade).

* Suplementadas a fim de alcançar os níveis nutricionais de ROSTAGNO et al. (2000). 1 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio 1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 340g; iodo 260mg; coccidiostático 25000mg; antioxidante 100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196mg; zinco 18250mg. 2 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio

1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 270g; iodo 260mg; coccidiostático 22000mg; antioxidante 100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196,5mg; zinco 18250mg.

No 2°, 8°, 14°, 21° e 41° dia de vida, uma ave por repetição foi sacrificada por

deslocamento cervical e coletadas duas partes de cada região do intestino delgado

(duodeno: a partir do piloro até a porção distal da alça duodenal; jejuno: a partir da

porção distal da alça duodenal até o divertículo de Meckel e íleo: entre o divertículo de

Meckel e a abertura dos cecos). Após a coleta, um dos segmentos foi fixado em Bouin

por 24 horas para a determinação de mucina neutra, e o outro em Paraformaldeído por

48 horas para a determinação de mucina ácida, altura de vilo e profundidade de cripta.

Após a fixação ambos os segmentos foram desidratados, em uma série de

concentração crescente de etanol (50, 60, 70, 80, 90 e 100%), diafanizados (xilol I e xilol

II), infiltrados e incluídos em parafina e finalmente cortados.

INICIAL CRESCIMENTO Ingredientes % 0% 25% 50% 75% 100% 0% 25% 50% 75% 100%

Milho 54,89 41,17 27,45 13,72 - 60,33 45,25 30,17 15,08 - Sorgo baixo tanino - 13,72 27,45 41,17 54,89 - 15,08 30,17 45,25 60,33 Farelo de Soja, 45 36,31 36,22 36,12 36,03 35,94 30,61 30,51 30,40 30,30 30,20 Óleo de soja 3,72 4,02 4,32 4,63 4,93 4,24 4,57 4,90 5,24 5,57 Fosfato bicálcico 1,82 1,82 1,81 1,80 1,80 1,62 1,61 1,61 1,60 1,59 Calcário Calcítico 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,94 0,94 0,94 0,94 0,94 Sal Comum 0,46 0,46 0,46 0,46 0,47 0,39 0,39 0,39 0,40 0,40 DL-metionina* 0,06 0,07 0,08 0,08 0,09 0,08 0,09 0,09 0,10 0,11 L-lisina* 0,15 0,16 0,17 0,17 0,18 0,20 0,21 0,22 0,23 0,24 Suplemento mineral e vitamínico 0,50

1 0,50 0,50 0,50 0,50 0,502 0,50 0,50 0,50 0,50

Caulim 1,10 0,88 0,65 0,43 0,21 1,10 0,85 0,60 0,36 0,12 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Energia e Nutrientes Composição Calculada Energia Metabolizável(Kcal) 3000 3000 3000 3000 3000 3100 3100 3100 3100 3100 Proteína bruta (%) 21,40 21,40 21,40 21,40 21,40 19,31 19,31 19,31 19,31 19,31 Cálcio (%) 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,87 0,87 0,87 0,87 0,87 Fósforo Disponível (%) 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 Sódio (%) 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 Lisina (%) 1,26 1,26 1,26 1,26 1,26 1,16 1,16 1,16 1,16 1,16 Metionina (%) 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,51 0,51 0,51 0,51 0,51 Aminoácidos sulfurados (%) 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,82 0,82 0,82 0,82 0,82

21

Para a determinação das mucinas neutras (PAS+), cortes semi-seriados com 6

µm de espessura, em um total de cinco cortes por ave, foram desparafinizadas (Xilol I e

II), hidratadas (álcool absoluto I e II), coradas com ácido periódico 5% (cinco minutos),

um rápido banho de água destilada, seguido de um banho de água destilada à 50ºC,

incubação com reativo de Schiff por quinze minutos (acompanhando a coloração do

tecido), um banho de água sulfurosa (10mL de metabissulfito de sódio, mais 10 mL

ácido clorídrico 1N com 200 mL de água destilada), um banho com água corrente

seguido de um banho de água destilada. Após esta bateria de coloração as lâminas

foram desidratadas, diafanizadas e finalmente montadas.

Para determinação de mucinas ácidas (AB+), altura de vilo e profundidade de

cripta, cortes semi-seriados com 5 µm de espessura, em um total de cinco cortes por

ave, foram desparafinizadas, re-hidratadas e incubadas em uma solução de 3% ácido

acético por três minutos, seguidas de uma incubação de dez minutos em uma solução

de Alcian Blue (AB 1% em 3% de ácido acético com pH 2,5). Sendo lavadas com água

destilada e um rápido banho de eosina. Após sofrerem novo banho com água destilada,

as lâminas foram desidratadas, diafanizadas e montadas.

O número de células caliciformes foi contado ao longo de um segmento de

epitélio do vilo equivalente a 200 µm, em um total de oito vilos por ave (nº células

caliciformes / 200 µm de epitélio do vilo), através de microscopia de luz.

As imagens das lâminas AB+ foram digitalizadas e mensuradas a altura dos vilos

(µm) e a profundidade das criptas (µm) para cada segmento do intestino delgado

através do programa Image J®, onde cada repetição teve um mínimo de 30 medidas de

altura de vilo e profundidade de cripta.

Ajustou-se o modelo de superfície de resposta para as variáveis analisadas,

considerando os efeitos lineares e quadráticos de porcentagem de substituição de milho

por sorgo baixo tanino (sorgo%) e idade bem como a interação entre eles. Os

parâmetros foram estimados pelo método dos quadrados mínimos. Os dados foram

verificados quanto à presença de “outliers” e testou-se as pressuposições de

normalidade dos erros studentizados e de homogeneidade de variância. As análises

foram realizadas pelo general linear models do programa Statistica® 6.0.

22

Resultados

As estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de resposta para altura

do vilo e profundidade da cripta do duodeno encontram-se na Tabela 2.

Tabela -2. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para altura de vilo e profundidade de cripta do duodeno de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Altura de Vilo Profundidade de Cripta Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P Intercepto 41,34365 9,902924 0,000055 14,42098 2,122309 0,000000 Sorgo% (S) 0,86555 0,482311 0,075137 -0,20278 0,103365 0,052013 (S)2* -0,00951 0,007750 0,222194 0,00222 0,001661 0,184100 Idade (ID) 8,71014 0,835892 0,000000 0,86328 0,179141 0,000004 (ID)2* -0,11095 0,016943 0,000000 -0,01035 0,003631 0,005116 (S) X (ID) -0,01036 0,008794 0,240855 0,00847 0,001885 0,000016 r2** 0,75 0,72 N*** 131 131 * efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações.

Os termos lineares e quadráticos do polinômio para o fator idade foram

significativos para a altura de vilo. Os vilos apresentaram um crescimento contínuo

durante toda fase inicial de criação (1 a 21 dias de idade). Após este período, os vilos

pouco cresceram e se estabilizaram por volta de 200µm de altura.

Para profundidade de cripta o polinômio apresentou os termos lineares,

quadráticos para idade significativos e também apresentou a interação significativa entre

sorgo% e idade. As criptas foram mais profundas para os tratamentos que receberam

níveis mais elevados de sorgo baixo tanino na fase final de criação, chegando a

apresentar quase duas vezes a profundidade de cripta apresentada pelas aves

alimentadas somente com milho e soja (55µm contra 30µm, respectivamente). O

desdobramento desta interação e os demais resultados estão ilustrados na Figura 1.

23

ALTURA VILO - DUODENO

PROFUNDIDE CRIPTA - DUODENO

Figura – 1. Resultados da superfície de resposta ilustrando a altura de vilo e profundidade de cripta duodenal de frangos de corte, alimentados com níveis crescentes de sorgo.

As estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de resposta para altura

de vilo e profundidade de cripta do jejuno encontram-se na Tabela 3.

24

Tabela -3. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para altura de vilo e profundidade de cripta do jejuno de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Altura de Vilo Profundidade de Cripta Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P Intercepto 35,36205 6,952254 0,000001 5,620623 1,743696 0,001619 Sorgo% (S) -0,18261 0,362608 0,615426 -0044692 0,090946 0,624002 (S)2* 0,00517 0,006428 0,422967 0,001440 0,001612 0,373584 Idade (ID) 7,91334 0,634315 0,000000 1,729393 0,159093 0,000000 (ID)2* -0,12117 0,013466 0,000000 -0,022561 0,003377 0,000000 (S) X (ID) -0,00924 0,008220 0,263063 -0,001450 0,002062 0,483170 r2** 0,70 0,73 N*** 130 130 * efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações.

Os termos lineares e quadráticos do fator idade foram significativos para altura de

vilo e profundidade de cripta no jejuno. Os vilos do jejuno apresentaram um crescimento

contínuo durante a fase inicial de criação (1 a 21 dias de idade), após este período a

altura dos vilos pouco variou, se estabilizando por volta de 140µm. As profundidades

das criptas do jejuno alcançaram um platô (35µm) por volta do 30º dia de vida das aves.

A Figura 2 demonstra o comportamento da mucosa do jejuno das aves experimentais.

A Tabela 4 apresenta as estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de

resposta para altura de vilo e profundidade de cripta do íleo.

Tabela -4. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para altura de vilo e profundidade de cripta do íleo de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Altura de Vilo Profundidade de Cripta Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P Intercepto 17,15969 5,860988 0,003973 6,303544 1,520553 0,000058 Sorgo% (S) 0,39373 0,286597 0,171652 0,025320 0,074361 0,733989 (S)2* -0,00448 0,004612 0,333138 -0,000563 0,001199 0,639120 Idade (ID) 5,81098 0,487012 0,000000 1,059977 0,126698 0,000000 (ID)2* -0,07887 0,009776 0,000000 -0,015962 0,002547 0,000000 (S) X (ID) -0,00571 0,005318 0,284646 0,001176 0,001386 0,397793 r2** 0,73 0,58 N*** 149 147 * efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações.

A altura de vilo e a profundidade de cripta do íleo apresentaram os termos

lineares e quadráticos da idade significativos. O período de crescimento dos vilos do íleo

apresentou um comportamento semelhante aos demais segmentos intestinais, onde

durante a fase inicial de criação (1 a 21 dias de idade) apresentou um crescimento

25

contínuo, após este período o crescimento pouco variou e se estabilizou por volta de

120µm. As profundidades das criptas do íleo apresentaram um crescimento contínuo

durante a fase inicial de criação, após o 21º dia de vida a profundidade pouco variou

estabilizando-se por volta de 25µm. O comportamento da mucosa do íleo das aves

alimentadas com níveis crescentes de sorgo encontra-se na Figura 3.

ALTURA VILO - JEJUNO

PROFUNDIDADE CRIPTA - JEJUNO

Figura – 2. Resultados da Superfície de resposta ilustrando o a altura dos vilos e a profundidade de criptas da mucosa do jejuno de frangos de corte, alimentados com níveis crescentes de sorgo.

26

ALTURA VILO - ÍLEO

PROFUNDIDADE CRIPTA - ÍLEO

Figura – 3. Resultados da superfície de resposta ilustrando a altura dos vilos e a profundidade das criptas da mucosa do íleo de frangos de corte, alimentados com níveis crescentes de sorgo.

A Tabela 5 apresenta as estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de

resposta para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e

mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio duodenal.

Os termos lineares e quadráticos do fator idade apresentaram efeito significativo

para o número de células que produzem mucina neutra e ácida. Houve um aumento no

número de ambas as células durante a fase inicial de criação, seguido de um

27

decréscimo no número de células depois deste período. Estes resultados estão

ilustrados na Figura 4.

Tabela -5. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio duodenal de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Células PAS+ Células AB+ Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P

Intercepto 11,47492 0,722849 0,000000 7,176561 0,487889 0,000000 Sorgo% (S) 0,01393 0,033175 0,675304 -0,002573 0,026122 0,921695 (S)2* -0,00006 0,000537 0,911209 0,000116 0,000437 0,791825 Idade (ID) 0,31977 0,058861 0,000000 0,489407 0,043771 0,000000 (ID)2* -0,00701 0,001162 0,000000 -0,010046 0,000915 0,000000 (S) X (ID) 0,00019 0,000644 0,771982 -0,000245 0,000522 0,639748 r2** 0,25 0,53 N*** 122 109 * efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações.

As estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de resposta para o

número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida

(AB+) por 200 µm de epitélio de jejuno encontram-se na Tabela 6.

Tabela - 6. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio de jejuno de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Células PAS+ Células AB+ Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P Intercepto 12,63138 0,682035 0,000000 7,733326 0,465564 0,000000 Sorgo% (S) 0,04697 0,033679 0,165674 -0,022422 0,026189 0,393881 (S)2* -0,00123 0,000552 0,027201 0,000468 0,000449 0,300314 Idade (ID) 0,33428 0,059070 0,000000 0,556361 0,043988 0,000000 (ID)2* -0,00793 0,001194 0,000000 -0,011684 0,000930 0,000000 (S) X (ID) 0,00070 0,000676 0,304764 0,000124 0,000526 0,814125 r2** 0,31 0,64 N*** 127 109 * efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações.

Os termos quadráticos para o fator sorgo% e idade e o termo linear do fator idade

apresentaram efeitos significativos para o número de células caliciformes produtoras de

mucina neutra (PAS+). Para o número de células produtoras de mucina ácida (AB+)

somente o fator idade apresentou os termos do polinômio linear e quadrático

significativo.

28

Os números de células caliciformes que produzem mucina neutra e ácida

aumentaram durante os primeiros 21 dias de vida, após este período, o número de

células diminui acentuadamente.

As médias de células produtoras de mucina neutra (PAS+) no jejuno foram

maiores para os tratamentos que apresentaram quantidades similares de sorgo e milho,

para as dietas contento somente milho soja ou sorgo soja as médias foram menores. As

ilustrações destes resultados estão na Figura 5.

Número de Células PAS+ DUODENO

Número de Células AB+ DUODENO

Figura – 4. Gráfico de superfície de resposta ilustrando o número de células caliciformes produtoras de mucina por 200µm de epitélio duodenal das aves alimentadas com níveis crescentes de sorgo.

29

Na Tabela 7 encontram-se as estimativas dos parâmetros do modelo de superfície

de resposta para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+)

e mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio de íleo.

Tabela -7. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida (AB+) por 200µm de epitélio de íleo de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Células PAS+ Células AB+ Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P Intercepto 11,71879 0,738472 0,000000 7,575651 0,524105 0,000000 Sorgo% (S) -0,00397 0,038797 0,918587 0,017454 0,027177 0,521955 (S)2* 0,00037 0,000643 0,565068 0,000115 0,000472 0,807726 Idade (ID) 0,52183 0,061442 0,000000 0,583985 0,046061 0,000000 (ID)2* -0,01038 0,001248 0,000000 -0,011568 0,000963 0,000000 (S) X (ID) -0,00089 0,000764 0,247061 -0,000747 0,000553 0,178845 r2** 0,38 0,59 N*** 133 124 * efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações.

Os termos lineares e quadráticos do polinômio foram significativos para fator

idade para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra e ácida. A

quantidade de células caliciformes do íleo apresentou um comportamento semelhante

ao número de células do duodeno, onde as médias aumentaram nos primeiros 21 dias

de idade e sofreram uma queda após este período. O número de células caliciformes

durante o período experimental no íleo está ilustrado na Figura 6.

30

Número de Células PAS+ JEJUNO

Número de Células AB+ JEJUNO

Figura – 5. Gráfico de superfície de resposta ilustrando o número de células caliciformes produtoras de mucina por 200µm de epitélio de jejuno das aves alimentadas com níveis crescentes de sorgo.

31

Número de Células PAS+ ÍLEO

Número de Células AB+ ÍLEO

Figura – 6. Gráfico de superfície de resposta ilustrando o número de células caliciformes produtoras de mucina por 200µm de epitélio de íleo das aves alimentadas com níveis crescentes de sorgo.

32

Discussão

Após o nascimento, as aves passam por uma abrupta mudança na fonte de

suprimentos, os nutrientes do saco vitelínico são substituídos por nutrientes de uma

dieta exógena rica em carboidratos e proteínas. A ingestão desta nova fonte é seguida

por um rápido crescimento do trato gastrintestinal e órgãos anexos para assimilar o

alimento que está sendo ingerido (UNI et al., 1998). A massa intestinal aumenta mais

rápido do que os demais órgãos da ave, alcançando um pico por volta do sexto dia de

vida (UNI et al., 1999). A interação entre o crescimento intestinal, funções digestivas e a

dieta são críticas durante este período. Diversas pesquisas sobre nutrição durante a

primeira semana tem sido intensificadas e difundidas devido à alta correlação entre o

peso dos pintainhos no sétimo dia de vida e seu respectivo peso ao abate (ROCHA et

al., 2003). O sorgo atualmente comercializado em território nacional não possui altas

concentrações do composto fenólico antinutricional conhecido como tanino, apesar

desta evidência existe uma resistência de se utilizar este cereal em altas concentrações

em dietas pré-iniciais. A manutenção da mucosa intestinal, em condições fisiológicas

normais, tem custo energético elevado para o frango. Quando ocorrem lesões, além da

redução da quantidade de substrato digerido e absorvido, há ainda o custo da

restauração desse epitélio. A energia conservada pelo reduzido “turnover” de células no

epitélio intestinal poderá ser utilizada para o desenvolvimento da massa muscular

(MAIORKA et al., 2002).

No presente estudo os níveis crescentes de sorgo baixo tanino não afetou a

altura dos vilos do duodeno, jejuno e íleo em nenhuma idade avaliada. No entanto, a

profundidade de cripta do duodeno foi afetada significativamente pela interação entre os

níveis de inclusão de sorgo e a idade, onde as criptas foram mais profundas nos

tratamentos com os maiores níveis de inclusão de sorgo na fase final de criação.

Devemos ressaltar que a cripta é responsável por 55% da capacidade de proliferação

celular do intestino (BOLELI et al., 2002) e uma cripta maior nos indica um maior

potencial de proliferação celular. COOK & BIRD (1973) avaliando parâmetros

morfométricos e a taxa de migração das células de criptas de aves “germ-free” e aves

33

criadas em um ambiente convencional, encontraram que as aves convencionais

apresentaram criptas 54% maiores e maiores taxas de migração celular, e que o

aumento na taxa de extrusão de algum modo é um estímulo à capacidade de

proliferação e crescimento das criptas destas aves. Portanto, no duodeno onde

encontramos criptas com tamanhos diferentes e vilos com alturas semelhantes inferimos

que ocorreu uma maior proliferação e extrusão nos tratamentos com maiores criptas, ou

seja, ocorreu um maior “turnover” e um maior gasto energético para manutenção deste

epitélio.

O duodeno e o jejuno são as porções do intestino delgado que apresentam

maiores taxas de proliferação e migração celular, maiores vilos e criptas e respondem a

agressões e a estímulos da mucosa de maneira mais acentuada (UNI et al., 1998;

OLIVEIRA et al., 2000; GEYRA et al., 2001). Dessa forma, qualquer tipo de perturbação

no intestino delgado leva a alterações morfológicas nestas duas regiões, assim a

alteração das criptas do duodeno na fase final de criação não é um resultado ilógico.

Porém, alguns autores relatam a capacidade de adaptação de aves mais velhas a

fatores estressantes como lectinas e tanino (D’MELLO &THOMAS, 1978; CHUBB, 1982;

OLIVEIRA et al., 2000). Portanto, a alteração morfométrica das criptas do duodeno na

fase final de criação pode ser uma resposta adaptativa da mucosa intestinal a um efeito

acumulativo da presença de proantocianidinas do sorgo.

A altura dos vilos e a profundidade das criptas aumentaram conforme a idade. No

entanto, o crescimento dos vilos no duodeno teve um comportamento diferente do

encontrado na literatura. De acordo com UNI (1999), o crescimentos dos vilos do

duodeno está praticamente completo aos sete dias de vida. Neste experimento, a altura

dos vilos para todos os tratamentos apresentou um crescimento contínuo durante toda

fase inicial (de 1 até 21 dias de idade) das aves.

A camada de mucina no intestino delgado possui uma importante função

protetora para as células da mucosa e de transporte entre o lúmen e a membrana em

escova, tendo extensivas implicações nas funções intestinais. A relevância das distintas

mucinas produzidas ainda não é bem entendida, no entanto, tem sido sugerido que a

mucina ácida funciona como uma barreira bacteriana dificultando a locomoção e a

34

mucina neutra parece ser menos degradável pelas glicosidades bacterianas e proteases

endógenas. O alimento fornecido, a taxa de migração das células da mucosa intestinal e

a população microbiana podem afetar o tipo de mucina e a quantidade produzida (UNI et

al., 2003).

As análises em superfície de resposta dos diferentes segmentos intestinais

durante o período experimental, mostraram que os números de células caliciformes que

produzem mucina neutra e ácida não foram afetados pelos níveis crescentes de sorgo

baixo tanino. Estes resultados evidenciaram que os maiores níveis de inclusão de sorgo

não fornece quantidade suficiente de tanino condensado para aumentar o número de

células caliciformes, mesmo na fase pré-inicial onde o animal se encontra em processo

de maturação do trato gastrintestinal. Diversos autores trabalhando com alimentos que

possuem concentrações elevadas de fatores antinutricionais, tais como: lectinas e tanino

e diferentes modelos biológicos (ratos e frangos), apresentaram um aumento no número

de células caliciformes no epitélio do trato gastrintestinal como resposta às agressões

causadas por tais substâncias (OLIVEIRA et al., 2000; ORTIZ et al., 1994; MITJAVILA et

al., 1977).

O fator idade demonstrou ter grande importância no número de células

caliciformes que produzem mucina neutra e ácida. Durante o período de maior

crescimento do intestino delgado (as primeiras três semanas) as aves apresentaram um

número crescente de células caliciformes. Quando a velocidade de crescimento do

epitélio diminuiu, o número de células caliciformes também decresceu. UNI et al. (2003)

demonstraram que após a eclosão até o 8° dia a proporção de células caliciformes

aumentou com a idade, porém em uma constante proporção aos enterócitos. No

presente trabalho, dentro de um mesmo tamanho de epitélio intestinal (200µm) o

número de células caliciformes variou com a idade. Talvez a necessidade da produção

de mucina não seja a mesma com o avançar da idade devido a mudanças na taxa de

proliferação celular, capacidade digestiva, mudança na flora intestinal ou a adaptação à

dieta utilizada.

35

Conclusão

A altura dos vilos e o número de células caliciformes do intestino não são

afetados pelos níveis de substituição de milho por sorgo baixo tanino, no entanto, a

profundidade de cripta do duodeno aumenta com a inclusão de sorgo nas rações.

A idade apresenta efeito significativo sobre o número de células caliciformes onde

ocorre aumento na quantidade de células produtoras de mucina no período de 1 a 21

dias de idade. A altura dos vilos no duodeno atinge seu desenvolvimento máximo aos 21

dias de idade.

36

CAPÍTULO 4 – USO DA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA E MODELOS

MATEMÁTICOS PARA PREDIZER O DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE

ALIMENTADOS COM DIETAS À BASE DE MILHO E SORGO.

RESUMO – Objetivo desta pesquisa foi criar modelos de superfície de resposta, com

base nos dados selecionados pela revisão sistemática da literatura, para as variáveis

independentes, níveis de substituição do milho por sorgo e idade, para predição do

desempenho zootécnico. Localizaram-se nove trabalhos através do método de revisão

sistemática da literatura, no período de 1995 a janeiro de 2006. Três trabalhos da

literatura mais um trabalho não publicado do nosso grupo de pesquisa se adequaram

aos critérios de inclusão estabelecidos: 1) efeito da substituição do milho por sorgo

baixo teor em tanino; 2) envolveram frangos de corte de linhagem comercial; 3)

apresentaram número de repetições, número de aves por repetição, níveis nutricionais

empregados (proteína bruta e energia metabolizável) e apresentaram resultados de

desempenho em tabela; 4) experimentos em baterias não foram aceitos; 5) utilizaram

somente milho, soja e sorgo como ingredientes e as dietas com sorgo foram fornecidas

já na primeira semana de vida. O banco de dados para consumo de ração e ganho de

peso foi composto por um total de 10900 aves. Ajustou-se um modelo de superfície de

resposta com duas variáveis independentes (sorgo% e idade). Os parâmetros foram

estimados pelo método dos quadrados mínimos. Somente o termo quadrático da idade

apresentou efeito significativo para consumo de ração (r2 = 0,98) e ganho de peso (r2 =

0,97). Os demais termos do polinômio não apresentaram efeito significativo. Estes

resultados demonstram que o nível de substituição de milho por sorgo não prejudica o

consumo de ração e o ganho de peso nas fases pré-inicial, inicial, crescimento ou

terminação.

Palavras-chave: análise de regressão, idade, sorgo baixo tanino, revisão sistemática da

literatura, superfície de resposta.

37

Introdução

A grande flutuação no cambio dos principais ingredientes (milho e soja) da

alimentação avícola, fazem da utilização de ingredientes alternativos a resposta viável

para a obtenção de resultados econômicos satisfatórios. O sorgo (Sorghum bicolor (L.)

Moench) é tido como uns dos principais ingredientes energéticos substitutos ao milho,

todavia, existe certa resistência na utilização de sorgo em rações pré-iniciais devido à

possibilidade deste cereal afetar o desempenho dos pintainhos neste período.

A determinação precisa da relação benefício/custo na criação de frangos de corte

está na dependência do desenvolvimento de modelos matemáticos capazes de predizer

o crescimento e o consumo de ração dos frangos em função dos fatores que influenciam

essas variáveis (OVIEDO-RONDÓN & WALDROUP, 2002). Os modelos matemáticos

são ferramentas que fornecem subsídios para tomadas de decisões que envolvem

diversas variáveis, mostrando qual caminho seguir para obtenção do melhor retorno

econômico da atividade desenvolvida. Dentre os possíveis modelos, os de superfície de

resposta são de grande aplicabilidade prática, pois permitem modelar mais de um fator

simultaneamente através de polinômios de primeira, segunda ou mais ordens, além de

testarem a interação entre os fatores envolvidos na pesquisa (FREUND & LITTELL,

2000). EITS et al. (2005) ressaltaram que os modelos devem ser práticos (incluir

variáveis conhecidas pelo nutricionista), flexíveis (envolver variáveis como sexo, níveis

nutricionais, ingredientes, etc.) e precisos (derivados de vários conjuntos de dados).

Neste contexto, a utilização de modelos que demonstrem a variação do

desempenho das aves quando são submetidas às dietas compostas por ingredientes

alternativos é de grande valia para embasar os nutricionistas em suas decisões.

Para obtenção de dados consistentes, utilizou-se uma revisão sistemática da

literatura (WANG & BUSHMAN, 1999), uma técnica simples capaz de identificar,

selecionar e avaliar as pesquisas a serem utilizadas na elaboração do banco de dados a

ser analisado. Portanto deve-se definir previamente a estratégia de busca, as bases de

dados utilizadas na pesquisa, período da revisão e os critérios de seleção de estudos. A

38

revisão deve mostrar os trabalhos selecionados e também os trabalhos excluídos e a

razão para tal procedimento. O objetivo de se realizar uma revisão sistemática da

literatura é propiciar uma revisão reprodutível e não viesada (pois critérios de inclusão

devem ser explícitos e coerentes impossibilitando uma seleção tendenciosa dos dados).

Assim, o objetivo desta pesquisa foi criar modelos de superfície de resposta, com

base nos dados selecionados pela revisão sistemática da literatura, para as variáveis

independentes, níveis de substituição do milho por sorgo e idade, para predição do

desempenho zootécnico.

Material e métodos

Localização dos estudos

A revisão sistemática da literatura foi realizada por buscas eletrônicas com as

palavras chaves sorgo e frangos de corte nas bases de dados “Biological Abstracts”,

“Cab Abstracs”, “Medline”, “Scielo” e “Athena” no período de 1995 a janeiro de 2006.

Foram inseridos dados de trabalhos não publicados de nosso grupo de pesquisa

(Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal).

Critérios de inclusão

Os trabalhos selecionados apresentaram: 1) efeito da substituição do milho por

sorgo baixo teor em tanino; 2) envolveram frangos de corte de linhagem comercial; 3)

apresentaram número de repetições, número de aves por repetição, níveis nutricionais

empregados (proteína bruta e energia metabolizável) e apresentaram resultados de

desempenho em tabela; 4) os dados de aves criadas em baterias não foram aceitos; 5)

utilizou-se somente milho, soja e sorgo como ingredientes e as dietas com sorgo foram

fornecidas já na primeira semana de vida.

39

Coleta de dados

Nos trabalhos inclusos foram coletadas as médias para consumo de ração e

ganho de peso. Esses dados foram armazenados no Microsoft Excel® com os

respectivos valores de substituição de milho por sorgo e idade (dias) e número de

repetições e de aves por repetição.

Análise estatística

Os modelos de superfície resposta (FREUND & LITTELL, 2000) utilizados foram:

Yi = �0 (Xi0) + �1 (Xi1) + �2 (Xi2) + �3 (Xi3) + �4 (Xi4) + �5 (Xi1 Xi3) + �i

Yi = ganho de peso (g) ou consumo de ração (g);

Xi0 = 1 (intercepto);

Xi1 = idade média (dias);

Xi2 = Xi12;

Xi3 = inclusão de sorgo (%);

Xi4 = Xi32;

�0, �1, �2, �3, �4 e �5, = parâmetros que foram estimados pelo método dos

quadrados mínimos ponderados, considerando como fator de ponderação o número

total de aves com que cada média foi obtida (número de repetições*número de aves por

repetição) expresso como porcentagem do total de aves do conjunto de dados. Assim,

as médias obtidas com o maior número de aves tiveram maior peso na estimativa dos

parâmetros.

�i =

erro aleatório associado a observação i.

40

Resultados e Discussão

Revisão sistemática da literatura

A revisão sistemática da literatura localizou nove trabalhos, sendo que seis não

se enquadraram dentro dos critérios de inclusão: - utilizaram cultivares de sorgo com

altos teores em tanino (JACOB et al., 1996 a; NYACHOTI et al., 1996; NYACHOTI et al.,

1998); utilizaram outros cereais e/ou leguminosas além do sorgo, soja e milho (JACOB

et al., 1996 b; LÓPEZ et al., 2001 a); as aves foram criadas em baterias (CUEVAS et al.,

2002).

Os trabalhos que se enquadram nos critérios de seleção foram: LÓPEZ et al.

(2001 b), SILVA (2003), GARCIA et al. (2005) e um trabalho de nossa equipe

(CAMPOS, dados não publicados). Esses trabalhos foram realizados com frangos

sexados (machos e/ou fêmea), com as linhagens comerciais Arbor Acres, Coob e Ross,

com os níveis de proteína bruta variando de 19 a 23% e os níveis de energia

metabolizável variando de 2900 a 3200 Kcal. O banco de dados formado com os

trabalhos selecionados para as variáveis, consumo de ração e ganho de peso,

apresentaram o total 10900 aves.

Superfície de resposta

As estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de resposta para

consumo de ração e conversão alimentar estão na Tabela 1.

41

Tabela – 1. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para consumo de ração e ganho de peso de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Consumo de Ração Ganho de Peso Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P Intercepto -850,816 2293,210 0,712584 -439,979 1627,260 0,788258

Sorgo% (S) 96,271 68,711 0,168894 45,950 48,757 0,351631 (S)2* -0,1809 0,1022 0,084211 -0,0799 0,0725 0,276973

Idade (ID) 117,945 174,123 0,502074 138,970 123,557 0,267405 (ID)2* 20,796 0,3122 0,000000 10,747 0,2215 0,000019

(S) X (ID) -0,0174 0,1371 0,899751 -0,0434 0,0973 0,658088 r2** 0,98 0,97

N*** 46 46 * efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações.

Os termos lineares para sorgo% e idade e o termo quadrático para sorgo% do

polinômio não foram significativos para o consumo de ração e ganho de peso. Somente

o termo quadrático da idade foi significativo para as variáveis estudadas no modelo. O

efeito quadrático da idade está representado na Figura 1.

Os modelos de superfície de resposta apresentaram coeficientes de

determinação elevados (r2 = 0,98) para consumo de ração e (r2 = 0,97) para ganho de

peso, demonstrando que o modelo explicou de maneira satisfatória a variação dos

dados. A não significância dos termos lineares e quadráticos da variável sorgo% nos

modelos de superfície de resposta evidenciou que apesar da pequena quantidade de

tanino do sorgo, sua proteína apresentar o pior perfil de aminoácidos dos cereais

utilizados na alimentação avícola quando comparado ao perfil da proteína ideal (FARIA

FILHO et al., 2005), um nível muito baixo de pigmentos e nível inferior de extrato etéreo

e energia metabolizável (ROSTAGNO et al., 2000; SCHEUERMANN, 2003), quando as

dietas são corrigidas através da suplementação de aminoácidos sintéticos e óleos, os

níveis de substituição de milho por sorgo não atrapalham o consumo de ração e ganho

de peso de frangos de corte em nenhum período de criação (pré-inicial, inicial,

crescimento ou terminação). Não há evidencias para qualquer tipo de receio na

utilização de sorgo no quesito desempenho. No entanto, devemos ressaltar que devido

à pequena quantidade de substâncias pigmentantes (carotenóides), as aves

alimentadas com altos níveis de concentração de sorgo apresentam bicos, cristas, pele

e pés esbranquiçados, fato que dependendo do mercado consumidor é uma qualidade

42

apreciada ou um problema de aceitação. Entretanto este problema de pigmentação

pode ser solucionado através da suplementação de ingredientes pigmentantes nas

dietas das aves.

Consumo de Ração

Ganho de Peso

Figura – 1. Superfície de resposta ilustrando o efeito quadrático da idade sobre o consumo de ração e ganho de peso de aves alimentadas com níveis crescentes de sorgo baixo tanino.

43

Conclusão

Conclui-se que os níveis de substituição de milho por sorgo não prejudica o

consumo de ração e o ganho de peso nas fases pré-inicial, inicial, crescimento ou

terminação.

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