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EFEITO DA TALIDOMIDA E DA PENTOXIFILINA NA PRODUÇÃO DE MEDIADORES INFLAMATÓRIOS E NA PATOGÊNESE DA ENCEFALOMIELITE AUTOIMUNE EXPERIMENTAL (EAE) JOSÉ OTÁVIO DO AMARAL CORRÊA Niterói 2008

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EFEITO DA TALIDOMIDA E DA PENTOXIFILINA NA PRODUÇÃO DE MEDIADORES

INFLAMATÓRIOS E NA PATOGÊNESE DA ENCEFALOMIELITE AUTOIMUNE EXPERIMENTAL

(EAE)

JOSÉ OTÁVIO DO AMARAL CORRÊA

Niterói 2008

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Dissertação / tese apresentado ao

curso de Pós-graduação em Patologia

da Universidade Federal Fluminense

JOSÉ OTÁVIO DO AMARAL CORRÊA

EFEITO DA TALIDOMIDA E DA PENTOXIFILINA NA

PRODUÇÃO DE MEDIADORES INFLAMATÓRIOS E NA PATOGÊNESE DA ENCEFALOMIELITE AUTOIMUNE

EXPERIMENTAL (EAE)

Orientador: Dr. Fernando Monteiro Aarestrup

Niterói 2008

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Pentoxifilina 4. Talidomida. I. Universidade Federal Fluminense. II. Efeito

da talidomida e da pentoxifilina na produção de mediadores inflamatórios e na

patogênese da Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE).

3. 1. ENCEFALOMIELITE AUTOIMUNE EXPERIMENTAL 2. TNF-

95 f

Tese de Doutorado (Patologia Investigativa – Programa de Pós-Graduação

em Patologia) – Universidade Federal Fluminense

Orientador: Fernando Monteiro Aarestrup

Bibliografia: f. 78 – 91

Corrêa, José Otávio do Amaral

Efeito da talidomida e da pentoxifilina na produção de mediadores

inflamatórios e na patogênese da Encefalomielite Autoimune Experimental

(EAE). / José Otávio do Amaral Corrêa. – Niterói 2008.

CDD

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Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Patologia como requisito para obtenção do Grau de Doutor. Área de concentração:

Patologia Investigativa.

JOSÉ OTÁVIO DO AMARAL CORRÊA

EFEITO DA TALIDOMIDA E DA PENTOXIFILINA NA PRODUÇÃO DE

MEDIADORES INFLAMATÓRIOS E NA PATOGÊNESE DA ENCEFALOMIELITE

AUTOIMUNE EXPERIMENTAL (EAE).

Aprovado em 30 de abril de 2008

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dr(a). Beatriz Julião Vieira Universidade Federal de Juiz de Fora

Profª. Dr(a). Eliane Pedra Dias Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Rodrigo de Oliveira Moreira Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro / Instituto

Estadual de Diabetes e Endocrinologia

Prof. Dr(A). Rosângela Maria de Castro Cunha Universidade Federal de Juiz de Fora

Profª. Dr(a). Thereza Fonseca Quírico dos Santos Universidade Federal Fluminense

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Aos meus pais, irmã e sobrinha,

Pelo incentivo e apoio incondicional em todos os caminhos desta jornada.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria, inicialmente, de agradecer a Capes pelo suporte e apoio

financeiro a este trabalho.

Agradecer a meu orientador Dr. Fernando Monteiro Aarestrup que

esteve presente em todos os momentos, mostrando ser muito mais do que

orientador. Foi o verdadeiro professor e foi amigo.

Agradeço a todos os Professores do Departamento de Patologia da UFF

e aos que ministraram as disciplinas do Programa. Sua presteza e dedicação

foram cruciais.

Aos meus familiares, em especial meu Pai e amigo, minha Mãe (e que

mãe!), minha irmã, que sempre me apoiaram nessa luta.

A Aline Guidine pela paciência, companheirismo e dedicação a mim

conferidos, mesmo nos momentos em que eu estava mais ausente.

A meus amigos, Helvécio, e Luciana que juntos trabalhamos no CBR-

UFJF e várias vezes dividimos nossas dúvidas e “desesperos” de uma tese.

A meu amigo Ivo Malta pela ajuda incansável na realização deste

trabalho.

A Dra. Thereza Quírico pela excelente orientação, e imprescindível

apoio, sem os quais este trabalho não seria possível .

A Dra. Beatriz Julião que sempre esteve presente e contribuiu de forma

primordial e decisiva para a realização este trabalho. Meu eterno

agradecimento.

A Dr(a) Priscila Faria pelo apoio na realização da técnica de ELISA.

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Aos meus amigos da UNIPAC e da UFJF, que foram os melhores

incentivadores por todo o tempo.

E por último e mais importante, a Deus por ter me dado força e saúde

para suportar as pressões dos momentos mais difíceis desta jornada.

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RESUMO

A Encefalomielite autoimune (EAE) em ratos Lewis é um modelo experimental de doença desmielinizante e inflamatória do sistema nervoso central (SNC) humano. EAE é amplamente aceita como estudo de mecanismos imuno- inflamatórios no SNC relacionados com a esclerose múltipla (EM) devido a

alterações clínicas similares. O Fator necrose tumoral alfa (TNF-) tem sido implicado como um mediador chave na fisiopatologia e no processo inflamatório do CNS. No presente estudo duas drogas (talidomida e pantoxifilina) foram utilizados durante o desenvolvimento da EAE por serem

conhecidas como inibidoras de TNF- em ratos Lewis. A EAE foi induzida com inoculação de homogeneizado medular de cobaia em adjuvante completo de Freunds no coxim plantar no dia 0 e ratos tratados durante 15 dias, com talidomida injectada por via subcutânea ou pentoxifilina injetada intraperitonial. Avaliação clínica foi realizada diariamente e a análise histológica (colorações de Hematoxilina e Eosina e Weigert Pal Russel) do tecido cerebral e da medula espinhal realizada no final do experimento. O método de Griess foi escolhido para a determinação do NO e ensaio imunoenzimático (ELISA) utilizado para

medir os níveis das citocinas e interferon gama (IFN- e TNF- plasmáticos. A Talidomida causou uma redução significativa na neuroinflamação e da

desmielinização no SNC. Níveis plasmáticos de NO, IFN- e TNF- também apresentaram acentuada redução. Esses achados foram correlacionados com a melhoria dos sintomas clínicos. Em 90% dos ratos tratados com a talidomida não desenvolveram EAE. Nossos experimentos mostraram que a pentoxifilina não foi efetiva na modulação da EAE. O resultado ainda sugere que a talidomida interfere fortemente com a patogenia EAE e nos mecanismos de desenvolvimento e produção de mediadores inflamatórios. Tal droga pode também ser considerado um importante instrumento para a utilização em esquemas terapêuticos de doenças inflamatórias desmielinizantes do SNC como a esclerose múltipla.

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ABSTRACT

Autoimmune encephalomyelitis (EAE) in Lewis rats is an experimental model of demyelinating inflammatory disease of the human central nervous system (CNS). EAE is widely accepted for study immune-inflammatory mechanisms in the CNS related to multiple sclerosis (MS) due to similar clinic. Tumor necrosis

factor alpha (TNF-) has been reported as a key mediator implicated in the physiopathology of CNS inflammatory process. In the present study two drugs

(Thalidomide and pantoxifylline) known as TNF- inhibitors were used during EAE development in Lewis rats. EAE was induced with inoculation of guinea pig spinal cord homogenate in complete Freunds adjuvante in the footpad on day 0 and rats treaties during 15 days with Thalidomide injected subcutaneous or pentoxifylline injected intraperitoneally. Clinical evaluation was carried out daily and histological analysis (staining with hematoxylin and eosin and Weigert Pal Russel) of brain tissue and spinal cord performed at the end of experiment. Griess method was chosen for determination of NO and enzyme immunoassay

(ELISA) for TNF- and interferon gamma (IFN-) cytokine plasma levels. Thalidomide caused a significant reduction in neuroinflammation and

demyelination within the CNS. Plasma levels of NO, IFN- and TNF- also showed marked reduction. Such findings were correlated with improvement of clinical symptoms. 90% of rats treated with thalidomide did not develop EAE. Our experiments showed that pentoxifylline was not effective in the modulation of EAE. The results until suggest that thalidomide interfere strongly with pathogenetic mechanisms of EAE development and production of inflammatory mediators. Such drug may also be considered an important tool for use in the therapeutic schemes of inflammatory demyelinating diseases of the CNS Such as multiple sclerosis.

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LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS

FIGURA 1 Preparo da emulsão ................................................................... 40

FIGURA 2 Inoculação e marcação auricular ............................................... 40

FIGURA 3 Coxim plantar de rato Lewis inoculado com GPSC-CFA ........... 41

FIGURA 4 Esquema Elisa direto para pesquisa de antígenos (TNF- e

IFN-) .........................................................................................

47

FIGURA 5 A Corte histológico de medula espinhal do grupo controle ........... 62

FIGURA 5 B Corte histológico de medula espinhal do grupo EAE.................. 62

FIGURA 5 C

FIGURA 5 D

FIGURA 6 A

FIGURA 6 B

FIGURA 6 C

FIGURA 6 D

FIGURA 7 A

FIGURA 7 B

FIGURA 7 C

FIGURA 7 D

FIGURA 8 A

FIGURA 8 B

FIGURA 8 C

FIGURA 8 D

Corte histológico de medula espinhal do grupo EAE + Pentoxifilina ................................................................. Corte histológico de medula espinhal do grupo EAE + Talidomida ................................................................................. Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo controle....................................................................................... Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo EAE ............................................................................................ Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo EAE + pentoxifilina ..................................................................... Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo EAE + talidomida ....................................................................... Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo controle....................................................................................... Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo EAE ........................................................................................... Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo EAE + pentoxifilina .................................................................... Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo EAE + talidomida ....................................................................... Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo controle ............................................................................ Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo EAE.................................................................................. Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo EAE + Pentoxifilina .......................................................... Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo EAE + Talidomida ............................................................

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LISTA DE GRÁFICOS, TABELAS E QUADROS

QUADRO 1 Escore clínico dos ratos Lewis com EAE ..................................... 42

TABELA 1 Efeito da pentoxifilina e da talidomida no escore clínico por

animal (n=10)................................................................................ 51 GRÁFICO 1 Cinética da avaliação do efeito da pentoxifilina e da talidomida

no escore clínico da EAE.............................................................. 50 GRÁFICO 2 Efeito da pentoxifilina e da talidomida sobre o escore clínico da

EAE no 15°dia pós-indução.......................................................... 52 GRÁFICO 3 Efeito do tratamento com pentoxifilina e talidomida na produção

de NO. .......................................................................................... 55 GRÁFICO 4 Efeito do tratamento com pentoxifilina e talidomida na produção

de IFN-. ....................................................................................... 56 GRÁFICO 5 Efeito do tratamento com pentoxifilina ou talidomida na

produção de TNF- ............................................................. 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS - Síndrome da imunodeficiência adquirida

AMPc - Adenosina monofosfato cíclica

CFA - Adjuvante Completo de Freund

d.p.i. - Dias pós-inoculação

EAE - Encefalomielite autoimune experimental

ELISA - Enzima imunoensaio

GPSC - Homogeneizado de medula de cobaio

HE - Hematoxilina e eosina

IFA - Adjuvante Incompleto de Freund

i.p. - Intraperitoneal

IFN- - Interferon beta

IFN- - Interferon gama

IL - Interleucina

Il-r - Interleucina recombinante

KO - nocaute

LT - Linfócito T

MAG - glicoproteína associada à mielina

MHC - Complexo principal de histocompatibilidade

MOG - Glicoproteína associada ao oligodendrócito

NO - Óxido Nítrico

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PBM - proteína básica de mielina

PETOX - pentoxifilina

PLP - proteolipideo da mielina

PBS - Salina tamponada com fosfato

s.c - Sub-cutâna

TAL - talidomida

TNF- - Fator de Necrose Tumoral alfa

UNIPAC - Universidade presidente Antônio Carlos

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 16

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 21

2.1- Possibilidades terapêuticas na Esclerose Multipla .......................... 21

2.2- Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE) como

modelo experimental da Esclerose Múltipla ................................... 25

2.3- Drogas inibidoras de TNF- 32

3 OBJETIVOS........................................................................................... 36

3.1- OBJETIVO GERAL ......................................................................... 36

3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................... 36

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 37

4.1- ANIMAIS DE EXPERIMENTAÇÃO ................................................. 37

4.2- CONDIÇÕES DE CRIAÇÃO E MANEJO DOS ANIMAIS ................ 37

4.3- GRUPOS EXPERIMENTAIS ........................................................... 38

4.4- INDUÇÃO DA EAE .................................................................... 39

4.5- TRATAMENTO APÓS A INDUÇÃO DE EAE .................................. 41

4.6- AVALIAÇÃO DOS SINAIS CLÍNICOS ............................................. 42

4.7 -OBTENÇÃO DE PLASMA E DE TECIDO NERVOSO ................ 42

4.8- COLORAÇÕES HISTOLÓGICAS ................................................... 43

4.8.1- Hematoxilina e Eosina ........................................................... 44

4.8.2- Hematoxilina Férrica de Weigert – Pal – Russel ................... 44

4.9- PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO (NO) ......................................... 45

4.10- DOSAGEM DE IFN- e TNF- POR ELISA ................................. 46

4.11- ANALISE ESTATÍSTICA ............................................................... 47

5 RESULTADOS ..................................................................................... 48

5.1- CURSO CLÍNICO DA EAE ....................................................... 48

5.2- EFEITO DA PENTOXIFILINA E DA TALIDOMIDA NOS

NÍVEIS PLAMATICOS DE NO, TNF- e IFN- ...................................53

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5.3- ANÁLISE HISTOPATOLÓGICAS DO SNC DE RATOS COM

EAE TRATADOS COM PENTOXIFILINA OU TALIDOMIDA......... 58

6 DISCUSSÃO ........................................................................................ 66

7 CONCLUSÕES ........................................................................................... 80

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 82

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1- INTRODUÇÃO:

Entre as doenças cujas causas ainda não foram identificadas, a

Esclerose Múltipla (EM) é das mais insidiosas pelos obstáculos que opõe ao

diagnóstico, dada à variedade e indefinição de seus sintomas, e a

impossibilidade de prever seu curso (MOREIRA, 2000; PUGLIATI, 2006). A EM

é uma doença autoimune de etiologia desconhecida que afeta o cérebro e a

medula espinhal causando a lesões na bainha de mielina, provocando a

interrupção temporária ou a transmissão desordenada desses impulsos. As

manifestações clínicas mais freqüentes são entorpecimento, falta de

coordenação, perda de equilíbrio, fraqueza muscular, paralisia, distúrbios

visuais e do tato. Nos casos mais graves, pode levar à paralisia permanente e

morte (TILBERY, 2005). As primeiras manifestações da doença costumam

ocorrer no início da vida adulta, com picos de incidência ao redor dos trinta

anos. No início, ela pode não ser alarmante com leve formigamento e

entorpecimento nas pernas e discreta incordenação de movimentos. Nos casos

mais sérios, o distúrbio se anuncia com fortes sinais de disfunção medular

aguda, inclusive paralisia das pernas e incontinência urinária. Os sintomas

tendem a desaparecer temporariamente (remissão) em questão de dias ou

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semanas, podendo voltar (surto) a intervalos de meses ou anos, com

intensidade gradualmente maior (MOREIRA, 2000).

Repetições de surtos são características marcantes desta doença. O

termo esclerose múltipla é decorrente das múltiplas áreas de cicatrização

(esclerose) que representam muitos focos de desmielinização no sistema

nervoso. Os sinais e sintomas neurológicos da EM são tão diversos que o

médico pode não diagnosticá-la quando os primeiros sintomas ocorrem.

Como a doença freqüentemente piora lentamente com o decorrer do tempo,

os indivíduos afetados apresentam períodos de saúde relativamente boa

(remissões) alternados com períodos de fraqueza (exacerbações)

(CATELAN, 2004).

MOREIRA et al (2000), estudos epidemiológicos mostram que a EM é a

enfermidade neurológica crônica mais freqüente em adultos jovens. Na Europa

e América do Norte acredita-se que a existência de um fator ambiental seria

imprescindível para o aparecimento da doença, provavelmente na forma de

uma infecção inaparente ou de caráter banal ou associado à existência de um

fator genético de susceptibilidade para a doença. A EM afeta mais mulheres

que homens. Estima-se que no mundo, são dois milhões de pessoas afetadas.

No Brasil estima-se que afete de 25 mil a 30 mil pessoas Porém o último

trabalho significativo, realizado em 1997, mostra que a prevalência da doença

no estado de São Paulo era de 15 casos por 100 mil habitantes, contra 4,3

casos por 100 mil habitantes registrados em 1992 (CALLEGARO, 2001).

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As respostas imunológicas na EM estão baseadas nos estudos de

subpopulações dos linfócitos denominadas de Th1 e Th2. A ativação resposta

imune ocorre devido à ativação das interleucinas pró-inflamatórias (TNF-alfa,

IFN-gama, IL-12 e IL-18) e mediadoras (IL-4, 5, 10 e TGF-beta),

respectivamente (TYLBERY, 2005; YANYING, et al., 2007).

Na EM foi observado que as lesões produzidas na bainha de mielina são

mediadas principalmente por uma resposta imune específica do tipo (Th1),

onde macrófagos ativados por linfócitos T específicos contra proteínas e

lipídeos da bainha de mielina modulam uma potente resposta imunológica com

grande produção de TNF- IFN- ( YANYING, et al., 2007).

Os tratamentos atuais procuram diminuir a morbidade dando uma melhor

qualidade de vida ao paciente, já que não existe cura. Os primeiros tratamentos

tinham como base o uso de corticosteroídes, com intuito de promover redução

da resposta autoimune através de estimular uma potente atividade

antiinflamatória. Os corticosteroídes, porém, apresentam uma série de efeitos

adversos como edema, hipertensão arterial sistêmica, fraqueza muscular,

proteólise, maior risco de diabetes por ser antagonista da insulina e maior

predisposição dos pacientes a infecções oportunistas em decorrência da queda

imunitária. Em virtude destes efeitos adversos graves, as buscas por novas

alternativas terapêuticas mais seguras prosseguiram e em meados da década

de 90 estudos com imunomoduladores tornaram-se promissores (TYLBERY,

2005).

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Atualmente, os imunomoduladores se tornaram parte do arsenal

terapêutico no tratamento de pacientes com EM, oferecendo real possibilidade

de modificação do curso e da progressão da doença. Os primeiros resultados

publicados com o uso do interferon beta 1-a em mais de 350 pacientes,

demonstraram redução no número e gravidade dos surtos, prolongando o

tempo de remissão entre eles e reduzindo o número e volume de lesões na

ressonância magnética nuclear, e retardando a progressão da doença. Nos

últimos anos outros imunomoduladores têm sido empregados no tratamento da

EM. Os imunomoduladores mais empregados são: o interferon beta 1-a

(REBIF® e AVONEX®), o interferon beta 1-b (BETAFERON®), e o acetato de

glatiramer (COPAXONE®) (BAYAS & GOLD, 2003; BRUNO, 2006). Entretanto,

há pacientes onde os imunomoduladores não surtem efeito, e o tratamento

com interferon apresenta uma série de efeitos adversos, além do alto custo do

tratamento. O tratamento da EM é por tempo indeterminado, mas o paciente

tem o direito de interrompê-lo depois de alguns anos sem crises. Há

medicamentos que têm um custo mensal altíssimo (R$ 2.400,00 a R$ 5.600,00)

Em Minas Gerais a Secretaria de Saúde gastou no ano de 2001 R$

4.683.780,00 em medicamentos imunomoduladores para EM (8,54% do

orçamento para compra dos 38 itens de Medicamentos Excepcionais - Portaria

SAS/MS No 341 de 22/08/2001) (PEIXOTO, 2002).

Em decorrência dos fortes efeitos adversos dos corticosteroídes e do

alto custo dos tratamentos com os imunomoduladores estudos têm sido

feitos no sentido de se encontrar uma terapêutica eficaz e ao mesmo tempo

segura e de baixo custo.

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Encefalomielite autoimune experimental (EAE) tem sido comumente

usada como um modelo para estudos da EM e possíveis terapias para a

mesma, devido à semelhança clínica e de aspectos imunológicos

correlacionados (ALVORD, 1979; LEADBETTER, 1998). Neste modelo,

animais como ratos Lewis, Dark Aboud, camundongos SJL, Balb/C e C57BL6

são freqüentemente utilizados para induzir a EAE.

Nosso trabalho se propôs a testar o efeito das drogas Talidomida e a

Pentoxifilina na produção de mediadores inflamatórios e na patogênese da

EAE. Pentoxifilina e a talidomida têm sido utilizadas em estudos experimentais

como eficientes inibidores da produção de TNF- em resposta a

lipopolissacarideos (NOEL et al., 1998). A pentoxifilina é um medicamento

usado no tratamento de doenças veno oclusivas e possui ótima tolerabilidade

(RIENECK 1993). Já a talidomida embora apresente efeito teratogênicos têm

sido utilizadas em várias condições inflamatórias tais como Lupus Eritematoso

Sistêmico, artrite reumatoíde e vários tumores (TEO et al., 2004).

Por serem drogas de ação sobre o TNF- e não causarem os efeitos

adversos em demasia como os corticosteroídes e nem apresentarem os custos

elevados do interferon beta, acetato de glatiramer e o novo tratamento com

Natalizumab acreditamos que Talidomida e/ou a Pentoxifilina podem ser uma

nova alternativa terapêutica para inibição da neuroinflamação.

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2- REVISÃO DE LITERATURA

2.1- Possibilidades terapêuticas na Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune órgão específico do

SNC, caracterizada um processo seletivo de inflamação local com

desmielinização envolvendo mecanismos celulares e humoral. Esta

enfermidade acomete principalmente adultos jovens com idade entre 20 e 40

anos, sendo uma das doenças neurológicas de maior incapacitação física do

adulto jovem (PUGLIATI et al., 2006). A maioria dos pacientes (85%) inicia seu

quadro clínico com a forma surto-remissão, e em cerca de 10 anos, evoluem

para a forma clínica crônica progressiva secundária. Os sintomas da esclerose

múltipla são; incontinência urinária, sensação de paralisia e perda de

sensibilidade no braço ou na perna; perda do equilíbrio; perda parcial da visão

depois recuperada; incoordenação motora. O paciente pode ainda sentir

cansaço, alterações do humor, depressão e alterações da libido e na fase mais

avançada, a EM pode ocasionar lapsos curtos de memória (REIBER, 1998).

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22

A EM acomete mais as mulheres (PAPENFUSS et al., 2004) - a

proporção é de três mulheres para dois homens com a doença podendo chegar

até a proporção de 10 mulheres para um homem (PAPAIS-ALVARENGA,

1997; PUGLIATI et al., 2006). A etiologia ainda é desconhecida, afetando

principalmente caucasianos. Vários fatores podem estar relacionados com a

sua causa como, fatores ambientais, genéticos, infecções virais associados a

Herpes vírus, vírus da caxumba, sarampo, HERV-W (nova família de retrovirus

humano) e até mesmo fatores climáticos (KIM & CROW, 1999; LASSMANN et

al., 2005, FROHMAN et al., 2006). Sabe-se que países frios apresentam

incidência maior da doença em alguns países da Europa a proporção é de cem

doentes para 100 mil habitantes (PUGLIATI et al., 2006). No Brasil, a

proporção é de 15 a 20 doentes para 100 mil habitantes (PAPAIS-

ALVARENGA, 1997, LASSMANN et al., 2005).

Os estudos nas áreas de imunologia e patologia sustentam a hipótese

de um evento central orquestrado por linfócitos T CD4+ auto-reativos no início

das lesões da EM. A presença desses linfócitos no parênquima cerebral após

atravessarem a barreira hematoencefálica em contato com os antígenos,

desencadeia uma cascata de eventos que culminará com a formação de placas

desmielinizantes agudas (FROHMAN et al., 2006).

Nesta doença autoimune do SNC células T apresentam severa

reatividade contra proteínas da bainha de mielina, incluindo a proteína básica

de mielina (MBP), proteína proteolipídica (PLP) e glicoproteína oligodendrócito

da mielina (MOG), esta última implicada na manutenção do processo

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(LEADBETTER et al., 1998). A EM apresenta lesões desmielinizantes

principalmente provocadas por linfócitos Th1, com altos níveis de IFN- e

potente ativação de macrófagos (YANYING, et al., 2007).

O tratamento para EM consistia inicialmente na aplicação de

corticosteroídes como predinisona em doses crescentes de acordo com a

intensidade e freqüência das remissões. O uso de corticosteroídes por

períodos prolongados pode causar uma série de prejuízos a outras funções do

organismo como, edema, hipertensão arterial, fraqueza muscular e até

diabetes (TILBERY, 2005). Devido ao efeito adverso dos corticosteroídes

interferon beta 1a e 1b e acetato de glatiramer vêm sendo utilizado no

tratamento da EM embora o mecanismo preciso e ação clínica ainda não esteja

totalmente claro (SCHMIDT et al., 2001; BRUNO, 2006).

O interferon beta e acetato de glatiramer são esquemas terapêuticos

aprovados pelo FDA nos Estados Unidos, estes medicamentos são

administrados de forma contínua (GOODIN et al., 2002), mas que não têm

conseguido inibir completamente a progressão da doença, embora diminuam a

ocorrência das lesões e os surtos da doença (De JAGER & HAFFLER, 2007).

Durante o tratamento podem aparecer reações inflamatórias no local das

injeções e aumento das enzimas hepáticas. Estas tendem a normalizar em

poucos meses, mas em alguns pacientes podem complicar (RIZVI & AGIUS,

2004). Entre os desconfortos clínicos são relatados, náuseas, vômitos e perda

de peso e, alguns pacientes podem produzir anticorpos que neutralizam o

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interferon, com significante redução na eficácia terapêutica. Anticorpos são

produzidos mais frequentemente contra interferon beta 1b do que contra

interferon beta 1a (ROSSMAN, 2007). Outro fator limitante destas drogas é seu

elevado custo, levando algumas vezes à falhas no tratamento que deve ser

interrompido (APRIL et al., 2007).

Outra droga promissora é o Natalizumab, um anticorpo monoclonal

contra -4-integrina que bloqueia a migração de linfócitos para o parênquima

cerebral. Entretanto, efeitos adversos como, fadiga, reações alérgicas,

ansiedade e edema periférico foram observados quando associado com

interferon beta, além de infecções freqüentes, reações de hipersensibilidade e

colelitíases, quando a droga é utilizado isoladamente. Além disso, o custo

elevado limita o uso deste tratamento (GIOVANNONI et al., 2007, HORGA &

HORGA, 2007).

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2.2- Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE) como

modelo experimental da Esclerose Múltipla.

Encefalomielite autoimune experimental (EAE) tem sido comumente

usada como um modelo para estudos de estratégias terapêuticas inovadoras

na EM devido à semelhança clínica e de aspectos imunológicos

correlacionados entre elas (LEADBETTER et al., 1998). Neste modelo animais

como ratos Lewis, Dark Aboud, camundongos SJL, Balb/C e C57 são

freqüentemente utilizados para induzir a EAE.

A EAE é uma doença autoimune do SNC, que serve como modelo de

estudo para doenças desmielinizantes dos humanos como a EM (RAINE, 1976,

YANYING et al., 2007). O curso clínico da EAE é caracterizada por ataxia,

progressiva e ascendente paralisia com recidivas espontâneas podendo levar à

morte. Isto coincide com uma resposta inflamatória do SNC que é

caracterizada por infiltração de células T e macrófagos e ativação da micróglia

e astrócitos (OHMORI, 1992; SHIN, 1995). O óxido nítrico proveniente de

macrófagos parece ter um papel central na EAE (SEUNGJOON et al., 2000).

Óxido nítrico (NO) é um gás apolar sintetizado a partir do metabolismo

da L-arginina pela via da óxido nítrico sintase (NOS) (XIE & NATHAN, 1994).

Existem duas isoformas da enzima: (1) A via da NOS dependente e constitutiva

de cálcio e (2) a NOS induzida independente de cálcio. A constitutiva forma de

NOS inclui a NOS neuronal (nNOS) e a NOS endotelial (eNOS) as quais são

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rapidamente ativadas por agonistas que elevam o cálcio intracelular. A forma

induzida da NOS é elevada horas após um estímulo imunológico (MONCADA

et al., 1991; XIE et al., 1992; ANNIE-JEYACHRISTY et al, 2008). No SNC a

forma constitutiva de NOS sintetiza NO, o qual tem um papel importante na

sinalização intracelular, neurotransmissão e vaso regulação (BREDT et al.,

1992; MURPHY et al., 1993). Entretanto, a eNos não é expressa por células

cerebrais pouco ativadas (MURPHY et al., 1993; LEE et al., 1993; SUN et al.,

1998). No SNC a geração local de NO por nNOS e/ou iNOS tem sido implicada

em injúrias tóxicas incluindo injúria neuronal citotóxica (nNOS) (DAWSON et

al., 1991; DAWSON et al., 1993), dano cerebral hipo-isquêmico (nNOS, iNOS)

(BUISSON et al., 1992; HUANG et al., 1994; IADECOLA et al., 1995), injuria

cerebral traumática (nNOS) (SHARMA et al., 1996), e desordens autoimunes

(iNOS) (LIN et al., 1993; MCCARTNEY-FRANCIS et al., 1993; HOOPE et al.,

1995; SHIN et al., 1998; SEUNGJOON et al., 2000, ANNIE-JEYACHRISTY et

al, 2008).

O papel do NO em doenças auto-imunes parece bastante controverso,

apresentando efeitos reguladores e ao mesmo tempo efetores. Vários estudos

têm mostrado que a iNOS é uma importante mediadora de inflamações no SNC

por geração de NO no curso da EAE (MACMICKING et al., 1992; ZHAO et al.,

1996; BRENNER et al., 1997; CROSS et al., 1997; OKUDA et al., 1997; TRAN

et al., 1997; SEUNGJOON et al., 2000; PONOMAREV, et al., 2007) e lesões na

EM (De GROOT et al., 1997; PONOMAREV, et al., 2007). Ao contrário destes

achados, alguns pesquisadores mostraram que NO e suas enzimas incluindo

iNOS parecem exercer um papel benéfico no curso da EAE porque iNOS

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consegue inibir o agravamento da inflamação (RUULS et al., 1996; GOLD et

al., 1997; OKUDA et al., 1998; COWDEN et al., 1998; PONOMAREV, et al.,

2007) e porque EAE foi exacerbada em camundongos nocautes do gene

NOS2. Animais com EAE produzindo altos níveis de NO e iNOS recuperam da

paralisia (OKUDA et al., 1997), sugerindo que iNOS tem a capacidade de inibir

atividade das células inflamatórias no SNC na EAE. Gonzalez-Hernandez &

Rustioni (1999), reportaram que 3 isoformas de NOS, incluindo nNOS, eNOS e

iNOS exercem um efeito benéfico na regeneração de nervos periféricos.

Entretanto, nos estudos de SEUNGJOON et al. (2000) foi demonstrado que NO

produzido por ambas as vias constitutivas nNOS e eNOS (mas não de iNOS)

no cérebro, tem um papel benéfico na remoção de células inflamatórias através

do bloqueio da proliferação de células T e eventualmente por indução da

apoptose de células inflamatórias na EAE. Nos estudos de O’BRIEN et al.

(1999) ratos Lewis apresentaram remissão clínica da EAE quando tratados

com acetato de N-metil-L-arginina um inibidor de NOS.

Citocinas tem um papel importante na diferenciação das células T e

direcionarmento de precursores de células T (Th0) para linhagens Th1, Th2 e

Th3. A IL-4 direciona células T para linhagens Th2, enquanto IL-12 direciona

Th0 a secretar IFN- por células Th1 (LE GROS et al., 1990; HSIEH et al.,

1992; FARIA & WEINER, 2006). Macrófagos ativados por linfócitos T CD4

apresentam alta produção de IFN- produzem H2O2, NO e TNF- em resposta

a esta ativação (CARLIN et al., 1989; FARIA & WEINER, 2006). Na EAE a

inflamação é mediada por células Th1 (LASSMANN & WISNIEWSKI, 1979;

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PONOMAREV, et al., 2007) ativadas por IL-12 (LEONARD et al., 1996)

produzem, IL-2, IFN- e TNF- (FALCONE & BLOOM, 1997).

A IL-12 é uma citocina também produzida por células apresentadoras de

antígenos (APC). É um heterodímero de subunidades p35 e p40, que induz

produção de IFN- por células T e NK . IL-12 está envolvida na indução da fase

aguda da EAE. Foi demonstrado por CRIS et al. (1998) que a administração de

anti-IL-12 previne ativamente a EAE induzida e a EAE transferida por células

imunes.

Em ambas EM e EAE ocorre auto-reatividade de células T direcionadas

neuroantígenos como a PBM. As células T envolvidas são do tipo Th1, mas a

citocina TNF- é um dos principais mediadores da EAE (LAFAILLE et al.,

1997).

O TNF- é uma citocina pleiotrópica, produzida em grande escala por

monócitos e macrófagos, sendo considerado um mediador primário da resposta

inflamatória e comumente associado a uma ampla variedade de condições

patológicas (OLD, 1985). Segundo FURLAN et al. (2004) a IL-12r induz

produção de IFN-, óxido nítrico e TNF- exacerbando a EAE. Sendo claro o

envolvimento de TNF- e IFN- em inflamações desmielinizantes como a EAE.

RNA mensageiro para TNF- e IFN- tem sido identificado no SNC na fase

aguda da EAE (ISSAZADEH et al., 1995). TNF- é produzido em grande

quantidade por astrócitos de ratos Lewis susceptíveis a EAE, mas não em ratos

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Brown-Norway resistentes à mesma (CHUNG et al., 1991). Injeções de TNF-

prolongam a EAE ou induzem recorrência em camundongos susceptíveis SJL

que pareciam ter se recuperado parcial ou completamente da fase aguda da

EAE (KURODA et al., 1991; CRISI et al., 1995). Entretanto, FREI et al. (2001)

relata que camundongos C57BL/6 e SJL knockout para TNF- e linfotoxinas

desenvolveram EAE indicando que estas citocinas não são essenciais para a

indução da EAE. Mas, a importância, da resposta Th1 fica demonstrada

quando na tentativa de tratar pacientes de EM com IFN- mostrou-se não só

ineficaz, mas também levou a piora clínica drástica dos pacientes. Isto deve-se

ao fato de o IFN- aumentar a expressão de moléculas de complexo de

histocompatibilidade principal de classe ll e, portanto, aumenta a apresentação

de antígenos. Além disso, induz a diferenciação de Th0 a células tipo Th1, as

quais estão envolvidas na patogênese e manutenção da desmielinização tanto

da EM quando da EAE (SHEVACH, 2000).

No entanto, tem sido mostrado que administração oral e via mucosa de

auto-antígenos e de IL-10 suprime resposta Th1 na EAE com menor produção

de IFN, TNF- e aumento na produção de TGF- e IL-10. Camundongos SJL

após administração por via nasal com PBM e IL-10 reduziram resposta

proliferativa de linfócitos e produção de IFN-. Foi observado em adição

aumento da produção de IL-10 e TGF-, conferindo proteção contra a EAE

(SLAVIN et al., 2001; FARIA & WEINER, 2006). O tratamento com IL-10 leva a

mudança de isotipos de IgG2a para IgG1 que marcam a mudança de resposta

Th1 para Th2 e proteção contra a EAE. O mecanismo no qual a IL-10 reduz a

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indução de IFN-, TNF- e a EAE talvez esteja baseado no fato de esta

citocina diminuir a expressão de receptores de TNF- ..(WEINER, 1997).

Entretanto, tentativas terapêuticas utilizando PBM via oral em alguns pacientes

com EM não tiveram sucesso. Isso sugere que intervenções terapêuticas que

induzem tolerância oral podem não ser efetivas em todos os pacientes com

EM.

Como salientado anteriormente IL-10 aumenta a produção de TGF-

(SLAVIN et al., 2001; FARIA & WEINER, 2006) de fato, muitas células,

incluindo as células T produzem TGF- na forma latente. Estudos de imuno –

histoquímica mostram dados pouco conclusivos sobre o papel do TGF-

produzidos por infiltrados de EAE, porque a diferenciação entre forma ativa e

latente de TGF- não foi feita nestes estudos. Portanto, não está claro o papel

do TGF- endógeno na proteção de doenças autoimunes. Mas, tratamento com

TGF- ativo tem mostrado ser efetivo contra doenças autoimunes locais e

sistêmicas. O grande problema é que tratamento sistêmico com TGF- induz

fibrose no fígado e glomeruloesclerose além de ser teratogênico em

camundongos. Outro caminho possível é o uso de TGF- de forma latente e

localizada ao local do infiltrado inflamatório, suprimindo assim este processo

(CHEN et al., 1998).

O tratamento tanto da EAE quanto da EM é bastante eficaz quando

usado corticosteroídes e ciclofosfamida que inibem a proliferação de células T,

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interferindo, assim, na secreção de citocinas que conduzem à inflamação e

posterior ativação de células T (DAYNES et al., 1990).

Costicosterona mostrou-se efetivo na redução de resposta Th1 murina,

mas não de Th2, isto tanto in vitro quanto in vivo (DAYNES & ARANEO, 1988;

DAYNES et al., 1990). Usando células T CD4+ de ratos foi demonstrado que

dexametasona sintética favoreceu o desenvolvimento de células Th2

(RAMIREZ et al., 1996). Foi demonstrado em culturas de células de sangue

periférico que IL-12 (p40) e TNF- são de 10 a 100 vezes mais sensíveis ao

efeito da dexametasona que IL-10. Estes achados suportam que drogas que

atuam modulando o balanço Th1 X Th2 ou que possam inibir respostas por

estas citocinas podem favorecer a recuperação de doenças como a EAE e

talvez a EM (SHEVAC, 2000).

Embora o uso de corticosteróide e imunossupressores leve à melhora do

quadro clínico, os efeitos adversos destas classes de medicamentos, por

vezes, tornam-se tão deletérios quanto os da própria EM. Efeitos estes que

incluem, além da depressão da imunidade do paciente, risco de diabetes,

edema, hipertensão arterial, fraqueza muscular, dificuldade de cicatrização,

hipoproteinemia entre outros (SCHMIDT et al., 2001; TILBERY, 2005; DAVEY

& BUCHBINDER, 2008).

Como já foi mencionado o uso de IFN- tem proporcionado também

melhora terapêutica nos pacientes com EM, porém, estes medicamentos

apresentam como problema o elevado custo do tratamento e vários efeitos

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adversos que por vezes leva a dificuldade na terapêutica do paciente (APRIL et

al., 2007).

Como a cura ainda não foi possível, torna-se, portanto, importante as

pesquisas que busquem alternativas terapêuticas eficazes tanto clinicamente

como economicamente e que forneçam além de efeitos farmacológicos

esperados menores efeitos adversos, características que devem nortear

sempre que possível uma terapêutica ideal.

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2.3- Drogas inibidoras de TNF-

TNF- é um mediador crucial envolvido na comunicação entre

imunidade e SNC em condições fisiológicas e sua importância é ampliada

durante doenças inflamatórias. Foi demonstrado que, IL-12r induz produção de

IFN-, óxido nítrico e TNF- exacerbando a EAE (FURLAN et al., 2004).

Camundongos tratados com PBM via oral antes da imunização ficaram

protegidos e apresentaram menor nível de TNF-, mostrando mais uma vez a

importância desta citocina na patogênese da EAE.

A pentoxifilina é uma metilxantina inibidora de fosfodiesterases usada no

tratamento de doenças venosas oclusivas que aumenta a perfusão em tecidos

pouco vascularizados (STREITER, 1988, RIENECK 1993). Alguns autores

relatam o efeito anti-tumoral da pentoxifilina (TEICHER et al., 1991; RIENECK

1993). Quando a pentoxifilina é administrada com 4 -ácido acético 5,6-

dimetilxantenona aumentou o efeito anti-tumoral desta droga suprimindo a

produção de TNF-˜. (CHING et al., 1998).

Pentoxifilina também apresenta propriedades antiinflamatórias

exercendo efeitos inibitórios sobre interleucina-1 (IL-1b), IL-6, IL-8 (NEUNER,

et al., 1994), IFN- e IL-2 (RIENECK, 1993), e um forte efeito inibidor na

produção de NO em camundongos (VADIEI et al., 1996). Pentoxifilina aumenta

os níveis intracelulares de AMPc em macrófagos um efeito inibidor na produção

de TNF- por estas células (SZTRYMF et al., 2004). Segundo BESSLER et al,

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(1986) a pentoxifilina inibe não só a capacidade fagocítica de monócitos e

também, a produção de superóxido.

Além de aumentar AMPc intracelular a pentoxifilina também diminui os

níveis de RNAm para a produção de TNF- afetando a transcrição para a sua

síntese (HEN-I, et al., 2004). Contudo, a administração de pentoxifilina não

apresentou melhora dos sintomas da EAE, mas quando tratada com IL-1r e

pentoxifilina o camundongo Dark About houve melhora clínica (POLAK, 2003).

Assim como a Pentoxifilina, a Talidomida, um derivado racêmico do

ácido glutâmico, tem sido utilizada em vários modelos experimentais como

inibidora da produção de TNF- em resposta a lipopolissacarídeos (NOEL et

al., 1998). Esta droga foi sintetizada e designada para pesquisas em 1953 por

pesquisadores da Química Grunenthal no oeste da Alemanha. Na época, este

novo agente falhou no controle de crises epiléticas, entretanto, apresentou

potente efeito hipnótico e sedativo. Porém, entre 1961 e 1962 foi retirada do

mercado devido à severa teratogenicidade (MELLIN & KATZENSTEIN, 1962;

HASHIMOTO, 2002).

Vários anos depois a talidomida atraiu o interesse dos pesquisadores

devido ao potencial para o tratamento de várias doenças, incluindo hanseníase,

AIDS, mieloma múltiplo e vários tipos de cânceres e outras desordens

dependentes de angiogênesis (HASHIMOTO, 2002).

Em julho de 1998 foi aprovada nos Estados Unidos pela FDA (Food and

Drug Administration) para emprego terapêutico em pacientes com eritema

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nodoso leproso e complicações da hanseníase (Collin et al., 2001). Também

tem sido utilizada em várias condições inflamatórias tais como Lupus

eritematoso sistêmico, artrite reumatoíde e vários tumores (TEO et al., 2004).

SAMPAIO et al. (1991), demonstraram que talidomida inibe

seletivamente síntese de TNF- em sangue periférico humano estimulado por

micobactérias em cultura. Esta ação parece ser mediada por aumento na

degradação de RNAm resultando em uma redução do mesmo (MOREIRA et

al., 1993). Devido a este efeito sobre o TNF- a talidomida é usada em muitas

doenças inflamatórias nos qual esta citocina exerce um papel central na

patogênese (GUTIERREZ-RODRIGUES et al., 1989; GRAU, 1991; SARNO et

al., 1991; VOGELSANG et al., 1992).

A EAE é uma doença inflamatória desmielinizante do SNC mediada por

linfócitos T CD4+ onde os episódios da doença se correlacionam com

infiltração de leucócitos ativados no SNC e iniciação de funções efetoras por

uma rede de citocinas liberadas, o que resulta em lesões histológicas na

mielina levando a deficiência neurológica (ALVORD et al., 1979; YANYING et

al., 2007). As células T específicas que migram para o SNC na EM e na EAE

apresentam um padrão Th1 de resposta levando a elevados níveis de IFN-

(MUSTAF et al., 1991) e TNF- YANYING et al., 2007)

Diante do exposto é relevante estudar-se o possível efeito

antiinflamatório da pentoxifilina e da talidomida para modular a resposta

inflamatória e o curso clínico da EAE induzida em ratos Lewis.

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3- OBJETIVOS:

3.1- OBJETIVO GERAL:

Avaliar os efeitos da pentoxifilina e da talidomida sobre a evolução

clínica e alguns mediadores inflamatórios no modelo da EAE em ratos Lewis.

3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

A) Verificar os efeitos da pentoxifilina e da talidomida sobre o curso clínico

da EAE induzidas nos ratos Lewis.

B) Avaliar também os efeitos da pentoxifilina e da talidomida sobre os

níveis séricos dos mediadores IFN-, TNF- e NO;

C) Investigar os efeitos dos inibidores de TNF- sobre as alterações

histológicas no SNC.

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4- MATERIAL E MÉTODOS:

Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação

Animal do Centro de Biologia da Reprodução – Universidade Federal de Juiz

de Fora.

4.1- ANIMAIS DE EXPERIMENTAÇÃO

Ratos Lewis isogênicos, fêmeas com idade variando de 6 a 8 semanas,

pesando 120 –150g foram obtidos do CEMIB – UNICAMP – SP - Brasil.

4.2- CONDIÇÕES DE CRIAÇÃO E MANEJO DOS ANIMAIS

O alojamento dos ratos, no Biotério do Centro de Biologia da

Reprodução – UFJF é provido de amplos basculantes telados e de dois

exaustores, além de aquecedores de meio ambiente. A temperatura é mantida

ao redor de 22 ºC, pela ventilação natural no verão e, no inverno, com ajuda de

aquecedores. A iluminação é mista – luz natural e lâmpadas fluorescentes –

sendo as últimas controladas automaticamente para acenderem às 6h e

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apagarem às 18h. Os animais foram mantidos em gaiolas de polipropileno,

providas de camas de maravalha selecionada, mas não esterilizada,

mamadeira para água e cocho para ração do tipo peletizada (PETERS &

GUERRA, 1996).

Os animais foram alimentados com ração e água ad libitum.

4.3- GRUPOS EXPERIMENTAIS

Ao todo foram utilizados 40 animais, destes 10 foram utilizados como

controle negativo e não receberam qualquer tipo de tratamento e foram

sacrificados para análises padrão de clínica, histologia e análises sorológicas

normais. Os demais foram, divididos em três grupos como mostrado abaixo e

sacrificados no 15°dia pós-indução da EAE:

a) Grupo controle negativo – 10 animais

b) Grupo EAE (animais injetados com Macerado de cobaia e Adjuvante

completo de Freund + 4 mg de Mycobacterium tuberculosis) – 10 animais

c) Grupo EAE e Tratados via intra-peritoneal com 100 mg/Kg de

pentoxifilina ininterruptamente durante 15 dias – 10 animais

d) Grupo EAE e Tratados via subcutânea com 30 mg/Kg de talidomida

ininterruptamente durante 15 dias – 10 animais

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4.4- INDUÇÃO DA EAE (adaptado de COLIGAN et al., 1996;

CARVALHO, 1999)

As medulas espinhais de cobaia (GPSC) e a cepa de Mycobacterium

tuberculosis (ATCC H37 RA, Difco, Detroit, Ml) utilizadas para indução da EAE

foram gentilmente cedidas pela Dra. Thereza Fonseca Quírico do Santos da

UFF.

Para preparar a emulsão antigênica completa (GPSC-CFA) foram feitas

homogeneizações de uma parte de macerado de GPSC em duas partes de

Adjuvante Incompleto de Freund (IFA) acrescido de 4 mg de Mycobacterium

tuberculosis (MBT H37 RA, Difco, Detroit, Ml) por mililitro de adjuvante,

formando assim o Adjuvante Completo de Freund (CFA).

Inoculo completo – GPSC-CFA

GPSC

+

IFA

+

MTB H37 RA

750l 1500L 6 mg

A emulsão foi preparada (Fig. 1) à temperatura ambiente, através da

aspiração e ejeção continuada dos componentes por aproximadamente 20

minutos. Foram utilizados frascos e seringas plásticas estéreis e agulhas 25 x

12 mm. A emulsão foi considerada pronta quando ao se pingar uma gota sobre

a água esta se mantinha íntegra. A emulsão foi preparada imediatamente antes

do uso (Carvalho, 1999).

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Os animais foram inoculados 100 L de emulsão antigênica, sendo

injetadas no coxim plantar da pata traseira e feita à marcação auricular dos

grupos (Fig. 2). Os animais foram observados diariamente quanto ao

aparecimento dos sinais clínicos (Quadro I) sendo sacrificados 15 dias após a

inoculação.

FIGURA 1. Carvalho, 1999. (A) Aspiração e ejeção dos componentes da emulsão em frasco e seringa estéril durante cerca de 15 minutos. A emulsão vai tornando-se grossa e homogênea. (B) Para verificar se a emulsão está pronta, pinga-se uma gota em frasco com água gelada, devendo a gota permanecer íntegra.

FIGURA 2. Adaptada de Carvalho, 1999. (A) Inoculação de 100 L no coxim plantar da pata traseira do rato Lewis. (B) Código de marcação auricular utilizado que permite marcar até 100 animais.

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41

Figura 3: Coxim plantar de rato Lewis inoculado com GPSC-CFA

4.5- TRATAMENTO APÓS A INDUÇÃO DE EAE

Após a indução da EAE os animais foram tratados durante 15 dias

ininterruptos com pentoxifilina ou com talidomida sobre condições assépticas.

Os ratos receberam injeções subcutâneas com 30 mg/Kg de talidomida

(Grunenthal GMBH, Stolberg, Alemanha). A talidomida foi dissolvida em dimetil

sulfoxido (DMSO) (Sigma Chemical Co., St Louis, MO) e salina estéril e a

concentração final de DMSO foi de 2% (AARESTRUP et al., 1995) e a

concentração final de talidomida ficou em 90 mg/mL.

A pentoxifilina (Sigma Chemical Co., St Louis, MO) foi dissolvida em

salina estéril para uma concentração de 150mg/mL. Cada rato recebeu a dose

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42

de 100 mg/Kg (CHING et al., 1998) intraperitoneal de forma ininterrupta durante

os 15 dias da EAE.

4.6- AVALIAÇÃO DOS SINAIS CLÍNICOS

Depois da inoculação os animais foram observados diariamente por

duas horas por um período de 15 dias ininterruptos e os sinais clínicos foram

registrados de acordo com LEADBETTER (1998) e MOHAMED et al (2004).

(Quadro 1)

ESCORE

SINAIS CLÍNICOS

0 SADIO

1 PERDA DE TÔNUS DA CAUDA

2 PARALISIA PARCIAL MEMBROS POSTERIORES

3 PARALISIA SEVERA MEMBROS POSTERIORES

4 TETRAPLEGIA

5 MORTE

Quadro I: Escore clínico dos ratos Lewis com EAE.

4.7 - OBTENÇÃO DE PLASMA E DE TECIDO NERVOSO

Após anestesia com xilasina (20mg/Kg) e quetamina (50 mg/kg)

(TERUYA et al., 2008) os animais foram sangrados pelo plexo oftálmico com

auxílio de pipeta Pasteur heparinizada o plasma isolado foi aliquotado em

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microtubos tipo “eppendorf” e imediatamente armazenados em “freezer” a –

70ºC para posterior análise das moléculas imunomoduladoras.

Os animais foram então sacrificados com KCl (MORESCHI JUNIOR et

al., 1999) para retirada do encéfalo e da medula por dissecção e os materiais

do SNC foram mantidos imersos em soluções fixadoras de formol tamponado a

10% (4g de fosfato de sódio monobásico, 6,5 g de fosfato de sódio dibásico,

100mL de formol P.A e 900 mL de água destilada).

Após dissecção os fragmentos foram desidratados em concentrações

crescentes de etanol (70%, 90% e 100%) em banhos de 1 hora cada, sendo

feitos 3 banhos em álcool absoluto. Posteriormente, foram clarificados em 3

banhos em xilol de 1 hora cada e finalmente feita à impregnação em parafina

em estufa a 58°C e a inclusão na parafina a temperatura ambiente. Os blocos

foram então cortados em micrótono modelo ”820” Spencer com espessura de 6

m para colorações de hematoxilina – eosina e Hematoxilina Férrica de

Weigert – Pal – Russel.

4.8- COLORAÇÕES HISTOLÓGICAS

Os cortes foram desparafinados em três trocas de xilol (dois minutos

cada) e hidratados em soluções de etanol com concentrações decrescentes

com duas trocas a 100%, uma a 90% e uma a 70% (dois minutos em cada

troca) e lavados em água destilada.

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4.8.1- Hematoxilina e Eosina (Luna, 1968; Carvalho, 1999)

Coloração de rotina tanto para tecidos normais quando para tecidos

patológicos. Os núcleos coram-se em azul escuro (basofílicos) e o citoplasma

em róseo (eosinofílicos).

Após a hidratação dos tecidos, estes foram corados durante 15 minutos

pela Hematoxilina de Harris: 5 g de hematoxilina dissolvidos em 50 mL de

álcool absoluto e 100 g de alúmen de amônio ou potássio em 1000 mL de água

destilada aquecida misturaram-se as duas soluções, deixou ferver, em seguida

foi adicionado 2,5 g de óxido de mercúrio, reaquecido até tornar-se púrpuro

escuro; foi retirada do aquecimento e esfriada rapidamente. Foram adicionados

2 a 4 mL de ácido acético glacial por 100 mL de solução, filtrado antes do uso e

o material foi lavados e azulados em água corrente por 5 minutos e água

amoniacal (200mL de água destilada com 3 gotas de hidróxido de amônio),

corados pela solução de eosina aquosa 1% durante 2 minutos e diferenciados

em etanol a 70%.

4.8.2- Hematoxilina Férrica de Weigert – Pal – Russel (Behmer,

2003)

Técnica utilizada para visualização geral do tecido nervoso e

principalmente da bainha de mielina. Nesta coloração a bainha é corada em

azul-negro, as células nervosas em variações de amarelo-palha a cinzento, os

nucléolos e os eritrócitos em negro e o fundo incolor.

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Após desparafinar as lâminas, estas foram lavadas em água corrente

por 3 minutos e tratadas em solução aquosa de sulfato férrico amoniacal a 4%

por 3 minutos. Após isto foram lavadas rapidamente em água corrente. Em

seguida, foi corada pela hematoxilina férrica de Weigert – Pal – Russel

(Hematoxilina a 10% em álcool absoluto 20 mL, carbonato de lítio 1g em 80 mL

de água corrente) por 15 minutos e lavada por várias passagens em água

corrente, secada e montada.

4.9- PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO (Ding et al, 1988)

100 L de plasma de cada animal foi colocado nos poços de

microplacas de ELISA com fundo chato tipo Corning. O plasma foi incubado por

5 minutos à temperatura ambiente com 100l do Reativo de Griess (Ding et al,

1988). Este reativo foi obtido misturando-se a solução A (50ml de sulfanilamida

1%) com a solução B (50ml de 0,1% dihidro-cloreto de naftiletilenodiamina

diluído em 2,5% de H3PO4- Sigma Co., St. Louis), volume a volume. A

absorbância foi medida, utilizando-se um filtro de 540 nm em um leitor

automático de ELISA (SPECTRAMAX 250, Molecular Devices) e a produção de

NO foi quantificada através de comparação com uma curva padrão de Nitrito

em concentrações variando de 3,12 a 100M, sendo os resultados expressos

em moles/mL.

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4.10- DOSAGEM DE IFN- E TNF- POR ELISA

Placas de ELISA foram sensibilizadas com um primeiro anticorpo (2

g/ml de anticorpo anti-TNF- Rat 900-K73 e 1 g/ml de anticorpo anti-IFN-

Rat 900-K109) (PeProtech Inc, New Jersey), diluídos em PBS, incubadas

durante 16 horas a 4ºC e bloqueadas com PBS- Tween 20 (PBST) + 10% SFB,

por 2 horas. Após este período, as placas foram lavadas quatro vezes em PBS-

T e, em seguida, adicionados o padrões de TNF- e IFN- recombinante de

rato (PeProtech Inc, New Jersey) e as amostras dos animais utilizados no

modelo experimental. As placas foram então incubadas por mais 2 horas à

temperatura ambiente. Terminada a incubação as placas foram lavadas quatro

vezes em PBS-T e o segundo anticorpo biotinilados (anti-TNF- 1 g/mL e anti-

IFN- 0,5 g/mL PeProtech Inc, New Jersey) foram adicionados e incubados

por mais 1 hora à temperatura ambiente. A seguir mais quatro lavagens com

PBS-T foram feitas e adicionado o conjugado enzimático constituído do

complexo streptoavidina-peroxidase, na diluição de 1/400 (SIGMA - Co, St.

Louis), seguido de incubação por mais 1 hora. Após este período, a reação foi

revelada pela adição do substrato contendo Tampão Citrato (pH 5,5),

cromógeno OPD (1mg/mL) e água oxigenada 30% (1g/mL). A reação foi

bloqueada com ácido sulfúrico 4N e a leitura feita em leitor de ELISA

(SPECTRAMAX 250, Molecular Devices) a 440 nm. As amostras foram

quantificadas por comparação com as curvas padrões de TNF- e IFN

recombinantes (1 pg - 10 ng). (Fig. 4)

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Figura 4 – Esquema Elisa direto para pesquisa de antígenos (TNF- e IFN-).

4.13- ANÁLISE ESTATÍSTICA

Dados são expressos em média e + desvio padrão e analise estatística

realizada pelo programa Graphpad Instat e o teste de Dunn’s com Kruskal –

Wallis utilizado, sendo considerado P<0,05 para indicar uma estatística

significantemente diferente.

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5.0- RESULTADOS

5.1- Curso clínico da EAE

Os 40 ratos utilizados foram acompanhados clinicamente durante todo o

experimento. Os grupos se comportaram de maneira diferente durante a

realização do experimento. Para o grupo controle foram utilizados dez ratos e

em nenhum momento foi observado qualquer sinal clínico neurológico da EAE,

tais como perda do tônus da calda (escore 1), paralisia parcial dos membros

posteriores (escore 2), paralisia severa dos membros posteriores (escore 3),

tetraplegia e animais moribundos (escore 4) ou morte dos animais (escore 5).

Os ratos Lewis inoculados com GPSC – CFA começaram a apresentar

os sintomas da EAE em torno do sexto dia após a inoculação. Neste estágio

dois animais apresentavam flacidez e atonia caudal (escore 1). No oitavo dia

após a indução todos os animais já apresentavam queda da cauda (escore 1),

porém a maioria dos animais ainda apresentavam os movimentos dos

membros anteriores e posteriores preservados exceto um animal com paralisia

parcial dos membros posteriores (escore 2). Em torno do 10° dia pós

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inoculação os animais apresentavam-se agitados e com certa dificuldade de

movimentar-se. Neste dia sete animais apresentavam paralisia parcial de

membros posteriores (escore 2) e dois animais já apresentavam paralisia

severa de membros posteriores (escore 3). Do 13° ao 14° dia de experimento

os animais continuavam todos com sintomas da EAE, sendo que, sete animais

apresentavam paralisia severa dos membros posteriores (escore 3), dois

animais apresentavam tetraplegia e estado moribundo (escore 4) e um animal

paralisia parcial dos membros posteriores (escore 2). (gráfico 1). A tabela 1

representa o escore clínico da EAE dia no sacrifício dos animais, ou seja, no

15°dia pós-indução da EAE.

Resultado diferente foi observado nos ratos Lewis inoculados com

GPSC – CFA e tratados durante os 15 dias intraperitonealmente com 100

mg/Kg de pentoxifilina. Nestes animais somente um animal apresentou perda

de tônus da calda (escore 1) no 6° dia e seis animais no 8° dia. No 10° dia pós-

inoculação oito animais apresentavam os sintomas da EAE, estando bastante

agitados na gaiola. Desses oito animais (seis) apresentavam paralisia parcial

de membros posteriores (escore 2) e dois ainda apresentavam perda de tônus

da calda (escore 1). No 14° dia pós-inoculação somente seis animais

apresentaram os sintomas neurológicos da EAE. Sendo que três animais

evoluíram para paralisia severa dos membros posteriores (escore 3), um

apresentava tetraplegia e estado moribundo, um apresentava paralisia parcial

dos membros posteriores e um apenas queda de tônus da cauda (escore 1),

dois animais que apresentavam sintomas da EAE no 10° dia não os

apresentavam no 14°/15°dia (tabela 1 e gráfico 1).

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Os animais inoculados com GPSC – CFA e tratados durante os 15 dias

por via subcutânea com 30 mg/Kg de talidomida apresentaram resultado

completamente diferente dos demais grupos. Apenas um animal (A)

apresentou sintomas neurológicos da EAE. Sintoma este que se iniciou em

torno do 7° dia com perda de tônus da cauda (escore 1), passou a apresentar

paralisia parcial dos membros posteriores (escore 2) no 10° dia pós-inoculação

e finalmente paralisia severa dos membros posteriores no dia do sacrifício (15°

dia pós-inoculação) (tabela 1).

Os gráfico 1 mostra a evolução do escore clínico dos animais com EAE

e dos animais com EAE e tratados com pentoxifilina ou com Talidomida

durante os 15 dias de evolução da fase aguda doença.

Gráfico 1: Cinética da avaliação do efeito da pentoxifilina e da talidomida no escore clínico da EAE. Os resultados estão expressos em média e desvio padrão por grupo. . ***p<0,001 entre grupo EAE e grupo EAE + talidomida.

***

***

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51

A tabela 1 mostra o escore clínico apresentado pelos dez animais de

Cada grupo no dia do sacrifício (15° dia pós-inoculação) e a média do escore

apresentada pelos animais dos grupos EAE, sem e com tratamento. O gráfico 2

mostra o escore clínico médio apresentado na tabela 1 e através dele podemos

avaliar que o grupo doente (EAE) apresentou no 15° dia um escore clínico

significantemente maior do que o grupo tratado com talidomida (p<0,001). Não

foi observada nenhuma diferença estatisticamente significante entre os animais

doentes (EAE) e os animais doentes e tratados intraperitonealmente com a

pentoxifilina. Podemos observar também que entre os grupos tratados com

pentoxifilina e tratados com talidomida o escore clínico não foram significantes

quando comparados entre si (p<0,01).

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

MÉDIA

15°dia

I 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

II 3 3 3 3 4 3 4 3 3 2 3,1

III 3 3 3 4 2 1 0 0 0 0 1,4

IV 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,3

Tabela 1: Efeito da pentoxifilina e da talidomida no escore clínico por animal (n=10). I = Controle; II = EAE; III = EAE + pentoxifilina e IV = EAE + talidomida, Letras = animais e números na tabela = escore clínico.

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4

3,5

3

2,5

2

1,5

1

0,5

0

Controle

EAE

Animais

EAE + Pentoxifilina EAE + Talidomida

Gráfico 2: Efeito da pentoxifilina e da talidomida no escore clínico da EAE no 15° dia

pós-indução. ***p<0,0001 entre o Grupo EAE e o Grupo Controle e **p<0,001 entre

grupo EAE e grupo EAE + talidomida.

*** **

**

***

E s

c o

r e

c lí

n ic

o

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5.2- Efeito da pentoxifilina e da talidomida nos níveis plasmáticos de

NO, TNF- e IFN- no 15°dia pós-indução.

No 15° dia do experimento, após a indução da EAE com macerado de

medula espinhal de cobaias (GPSC-CFA) como descrito em material e

métodos, os animais foram sacrificados e a amostra do plasma de cada animal

foi obtida nos 4 grupos (controle, EAE, EAE + pentoxifilina e EAE + talidomida)

para a quantificação da produção de NO, IFN-. e TNF-.

A produção do NO (gráfico 3) mostra que os animais controle

praticamente não apresentaram níveis detectáveis de NO, mantendo um valor

basal muito baixo (< 2 Mol/mL) quando comparado aos animais com EAE (±

33 Mol/mL) (p<0,0001).

Os animais com EAE apresentaram uma produção significativamente

maior de NO que o grupo tratado com talidomida (p<0,05). Vale ressaltar, que

não houve diferença significativa entre o grupo EAE e o grupo que recebeu

tratamento com a pentoxifilina.

Analisando os resultados referentes à produção de IFN-, (Gráfico 4),

observamos que os animais doentes apresentavam uma alta produção de IFN-

, sendo significativamente maior que os valores encontrados no grupo controle

(p<0,0001). Nos animais doentes, a produção de IFN- manteve o mesmo perfil

daquela observada para NO. Ratos doentes e tratados com a talidomida a

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produção foi menor (p < 0,05) quando comparada ao grupo de animais apenas

com EAE, novamente não sendo observado nenhum efeito estatisticamente

significante no grupo tratado com a pentoxifilina frente ao grupo EAE.

Observando finalmente os resultados referentes à produção de TNF-,

(gráfico 5), verifica-se que os animais com EAE apresentaram uma alta

produção de TNF-, em relação ao grupo controle (p<0,0001). Nos animais

doentes a produção de TNF- manteve o mesmo perfil daquela observada para

NO e o IFN-. Nos ratos doentes e tratados com a pentoxifilina embora tenham

apresentado redução nos níveis desta citocina esta não foram estatisticamente

significantes (p>0,05) frente ao grupo EAE. O grupo tratado com a talidomida, a

produção foi significantemente menor (p<0,01) que no grupo com EAE.

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Gráfico 3: Efeito do tratamento com pentoxifilina e talidomida na produção de NO. Grupo controle (n=10); grupo EAE (n=10); grupo EAE + pentoxifilina (n=10) e grupo EAE + talidomida (n=10). Os dados estão apresentados em media +\- SD. ***P<0,0001 Grupo EAE comparado ao grupo controle, ** P < 0,05 Grupo EAE comparado ao grupo EAE + Talidomida.

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Gráfico 4: Efeito do tratamento com pentoxifilina e talidomida na produção de IFN-

. Grupo controle (n=10); grupo EAE (n=10); grupo EAE + pentoxifilina (n=10) e grupo EAE + talidomida (n=10). A produção foi medida com filtro de 440nm através do método de ELISA. Os dados estão apresentados em media +\- SD. ***P<0,0001 Grupo EAE comparado ao grupo controle, ** P < 0,05 Grupo EAE comparado ao grupo EAE + Talidomida.

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Gráfico 5: Efeito do tratamento com pentoxifilina ou talidomida na produção

de TNF-. Grupo controle (n=10); grupo EAE (n=10); grupo EAE + pentoxifilina (n=10) e grupo EAE + talidomida (n=10). A produção foi medida com filtro de 440nm através do método de ELISA. Os dados estão apresentados em media +\- SD. ***P<0,001 Grupo EAE comparado ao grupo controle, **p<0,01 comparando grupo EAE ao grupo EAE + Talidomida.

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5.3- Análise histopatológicas do SNC de ratos com EAE tratados com

pentoxifilina ou talidomida.

Foram analisadas amostras de tecido de medula espinhal, cérebro e

cerebelo, de todos os animais do experimento, observando-se as

características corticais particulares de cada órgão, bem como as

características da substância branca. Morfologia neuronal, presença e estrutura

de fibras, celularidade do neurópilo, bem como intensidade, localização e

composição de infiltrados inflamatórios foram os aspectos observados na

avaliação. A análise histológica das amostras da substância branca de todos os

órgãos do grupo controle, coradas por hematoxilina e eosina (HE) revelou

características compatíveis com as descritas na literatura (CARVALHO, 1999;

FABIS, et al., 2007).

A avaliação da substância branca da medula espinhal do grupo controle,

coradas por HE revelou neurópilo típico, com grande emaranhado de

prolongamentos celulares gliais e provenientes de corpos de neurônios das

áreas corticais. Em meio ao neurópilo, núcleos das células da neuroglia, com

morfologia sugestiva de astrócitos, oligodendrócitos, intensamente basofílico e

com halo perinuclear resultante de vacuolização citoplasmática típica do

processamento histológico, conferindo a estas células aparência semelhante a

“ovo frito”. Não foram constantemente identificadas na extensão dos cortes

células com morfologia sugestiva de micróglia, normalmente menos numerosas

no parênquima cerebral normal no animal controle (Figura 5. A).

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As amostras do grupo EAE, coradas por HE, apresentaram em diversas

áreas corticais e da substância branca, intenso infiltrado inflamatório

perivascular, composto predominantemente por células mononucleares, com

núcleos redondos intensamente basofílicos e citoplasma escasso. Associadas

ao infiltrado, acúmulos de células com núcleo achatado fusiforme bem corado,

associado à microgliose (setas). O neurópilo, especialmente na substância

branca medular, apresentou esparsamento entre os prolongamentos e maior

celularidade glial quando comparado ao grupo controle (Figura 5. B).

No grupo EAE tratado com pentoxifilina, foram observados numerosos

capilares circundados por infiltrado inflamatório mononuclear, em menor

intensidade em relação ao grupo EAE, bem como neurópilo com esparsamento

entre os prolongamentos e discreta celularidade glial associadas às células

com morfologia sugestiva de micróglia e astrócitos. (Figura 5. C).

Em ambos os grupos – EAE e EAE e pentoxifilina, as características

histológicas referentes à reação inflamatória observadas no cérebro e no

cerebelo foram correlatas com os achados medulares, sendo que em todas as

áreas o infiltrado focal se localizava perivascular e mais intenso na substância

branca.

A avaliação das amostras provenientes do grupo tratado com a

talidomida apresentou ora áreas de reação inflamatória focal escassa, com

discreto infiltrado tecidual composto por células mononucleares, ora ausência

de reação inflamatória. Em diversas áreas foram observadas fibras mielínicas

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pouco numerosas, porém bem estruturadas, envolvidas por neurópilo

eosinofílico. (Figura 5. D).

A avaliação da substância branca do cérebro e cerebelo do grupo

controle, coradas por HE revelou muitas fibras mielínicas, bem organizadas,

em orientações transversal e longitudinal, em toda a extensão das amostras.

Nos cortes transversais observa-se mais facilmente axônio central envolvido

por estrutura mielinizada delicada discretamente corada pela eosina. (Figura 6

A e 7. A).

A observação das amostras da substância branca do cérebro, do

cerebelo do grupo EAE e do grupo EAE + pentoxifilina, coradas por HE,

apresentou (Figuras 6 B, C e 7 B, C) em comparação com o grupo controle,

menor quantidade de fibras mielinizadas no estroma. De modo interessante,

observamos que nas regiões menos vascularizadas, principalmente em cérebro

e cerebelo, que não se encontravam adjacentes ao infiltrado inflamatório, o

neurópilo se apresentou mais denso e mais celular, com núcleos sugestivos de

micróglias, astrócitos e oligodendrócitos.

Para avaliação da bainha de mielina a coloração de hematoxilina férrica

Weigert – Pal - Russell mostrou, nas amostras do grupo controle, muitos

envoltórios em cor azul-negro bem estruturados, por toda a extensão dos

cortes nas áreas de substância branca. Tais estruturas se tornaram facilmente

visíveis devido ao contraste com o neurópilo, incolor, ao fundo (Figura 8. A). No

grupo EAE, as bainhas mielínicas se apresentaram delicadas e irregulares, e,

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em diversas regiões nos campos focalizados, ausentes (Figura 8B). De

maneira distinta, as amostras do grupo EAE + pentoxifilina apresentaram

coloração azul-negra um pouco mais intensa em conseqüência da quantidade

discretamente maior de estruturas mielínicas, porém as mesmas se mostraram

desorganizadas e irregulares (Figura 8C). No grupo talidomida foram

observadas grande densidade de bainhas de mielina em orientação longitudinal

e transversal, fortemente coradas em azul (Figura 8D).

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Figura 5: A: Corte histológico de medula espinhal do grupo controle. Vaso sanguíneo em corte longitudinal, sustentado por neurópilo típico, células gliais com morfologia sugestiva de astrócitos (seta) e de oligodendrócitos. Coloração HE. Aumento original 400X. Em detalhe: a: célula com morfologia sugestiva de oligodendrócito; b: fibra mielínica em corte transversal.Coloração HE. Aumento original 1000X. B: Corte histológico de medula espinhal do grupo EAE. Vaso sanguíneo em corte transversal (asterisco azul), intenso infiltrado inflamatório perivascular composto predominantemente por células mononucleares, microgliose (setas) e celularidade glial. Coloração HE. Aumento original 400X.C: Corte histológico de medula espinhal do grupo pentox\EAE. Diversos capilares sanguíneos (asteriscos azuis) circundados por infiltrado inflamatório mononuclear. Discreta celularidade glial associada a células com morfologia sugestiva de micróglia (setas).Coloração HE. Aumento original 400X. D: Corte histológico de medula espinhal do grupo talidomida. Trajeto vascular parcial (asteriscos azuis) com escassas células mononucleares em rolamento através do endotélio vascular (seta azul) e fibras mielínicas em orientação transversal (cabeças de setas). O espaço perivascular observado provavelmente se associa á contração do tecido com expansão dos pés vasculares dos astrócitos durante o processamento – ambos artefatos comuns nas preparações de rotina. Coloração HE. Aumento original 400X.

A B

C D

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Figura 6: A: Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo controle. Inúmeras fibras mielínicas em corte transversal (setas envolvidas por estroma típico. Coloração HE. Aumento original 400X. B: Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo EAE. Fibras mielínicas em orientação transversal (seta) e longitudinal, celularidade glial e neurópilo. Coloração HE. Aumento original 400X. C: Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo pentox\EAE. Escassez de estruturas mielinizadas. Fibra irregular em corte longitudinal ao centro do campo e fibra mielínica em corte transversal (seta). Coloração HE. Aumento original 400X. D: Corte histológico da substância branca do cérebro do grupo talidomida. Fibras mielínicas em corte transversal (setas), celularidade glial com morfologia sugestiva de astrócitos (setas azuis). Coloração HE. Aumento original 400X.

A B

C D

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Figura 7: A: Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo controle. Oligodendróglia disposta tipicamente entre fascículos de axônios mielinizados (setas). Coloração HE. Aumento original 400X. B: Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo EAE. Escassas fibras mielínicas em orientação transversal e longitudinal que se confundem com os prolongamentos celulares delicados do neurópilo. Intensa celularidade glial. Coloração HE. Aumento original 400X. C: Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo pentox\EAE. Ausência de estruturas mielinizadas típicas e numerosas células com morfologia sugestiva de astrócitos (setas) e oligodendrócitos (cabeças de seta). Coloração HE. Aumento original 400X. D: Corte histológico da substância branca do cerebelo do grupo talidomida. Fibras mielínicas bem definidas morfologicamente em corte longitudinal e oligodendróglia associada (setas), celularidade glial com morfologia sugestiva de micróglia (setas azuis). Coloração HE. Aumento original 400X.

A B

C D

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Figura 8: Marcação histoquímica para bainha de mielina. A: Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo controle apresentando bainhas de mielina dispostas na orientação longitudinal em sua maioria em cor azul-negro contrastando com o neurópilo incolor ao fundo. Em detalhe: nódulos de Ranvier (setas azuis). Aumento 1000X. Coloração Hematoxilina férrica - Weigert. Aumento original 400X. B: Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo EAE apresentando bainhas mielínicas delicadas e irregulares evidenciadas pela coloração azul-negra. Coloração Hematoxilina férrica - Weigert. Aumento original 400X. C: Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo pentox\EAE apresentando coloração azul pouco intensa em conseqüência da escassez de estruturas mielínicas. Coloração Hematoxilina férrica - Weigert. Aumento original 400X. D: Corte histológico da substância branca da medula espinhal do grupo talidomida apresentando numerosas bainhas de mielina em orientação longitudinal coradas em azul-negro. Coloração Hematoxilina férrica - Weigert. Aumento original 400X.

A B

C D

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6.0- DISCUSSÃO

A EAE representa um modelo clínico experimental para a esclerose

múltipla, doença desmielinizante e crônica do SNC dos homens, esta afeta

principalmente adultos jovens do sexo feminino, caracterizando-se por

períodos de recaída e remissão clínica que provocam incapacitações

temporárias ou mesmo permanentes (PANITCH, 1996; MOREIRA, et al.,

2000; CATELAN, 2004; PUGLIATI et al., 2006). Repetições dos surtos são

características marcantes desta doença. O termo esclerose múltipla é

decorrente das múltiplas áreas de cicatrização (esclerose) que representam

muitos focos de desmielinização no sistema nervoso central. Como a

doença, freqüentemente, piora lentamente no decorrer do tempo, os

indivíduos afetados apresentam períodos de saúde relativamente normal

(remissões) alternados com períodos de exacerbações (CATELAN, 2004).

Estudos de ressonância magnética nuclear mostraram que áreas novas e

recorrentes de inflamações e desmielinizações continuam a ocorrer mesmo

durante os períodos de remissões clínicas, indicando uma atividade contínua

da doença (PANITCH, 1996). Os estudos nas áreas de imunologia e

patologia de pacientes com EM, sustentam a hipótese de que um evento

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central no início das lesões da EM trata-se de um processo orquestrado por

linfócitos T CD4+ auto-reativos. Uma vez que estes penetram no parênquima

cerebral atravessando a barreira hematoencefálica e após o contato com os

antígenos, desencadeiam uma cascata de eventos que culminará com a

formação de placas desmielinizantes agudas (FROHMAN et al., 2006).

A EAE nos ratos Lewis, apesar de apresentar poucas

desmielinizações e ser uma doença monofásica aguda, é um importante

modelo da EM (OWENS & SRIRAM, 1995). Nesta doença autoimune do

sistema nervoso central células T apresentam severa reatividade contra

proteínas da bainha de mielina, incluindo a proteína básica de mielina (MBP),

proteína proteolipídica (PLP) e glicoproteína oligodendrócito da mielina

(MOG) (LEADBETTER et al., 1998). A EM apresenta lesões

desmielinizantes principalmente provocadas por linfócitos Th1, com altos

níveis de IFN- e potente ativação de macrófagos (YANYING, et al., 2007).

Em nosso experimento a EAE foi induzida em ratos Lewis e separados em

tratamentos com pentoxifilina ou talidomida.

Os sinais clínicos desenvolvidos pelos animais com EAE durante os

experimentos mostraram um curso semelhante ao descrito na literatura:

perda de tonicidade da cauda, paralisia da cauda, perda de movimentos

parciais de membros posteriores, paralisia total dos membros posteriores e

até tetraplegia e estado moribundo (MOHAMED et al., 2004). Os animais não

apresentaram, pelo menos até o 15° dia, nenhum óbito, como é descrito por

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alguns autores na indução da EAE (LEADBETTER, 1998). Em nosso

trabalho, os animais do grupo EAE iniciaram os sintomas em torno do sexto

e sétimos dias, semelhante ao mostrado na literatura (YANYING, 2007).

Apresentando queda de tônus da cauda e uma evolução progressiva dos

sintomas evoluindo na sua maioria para paralisia severa dos movimentos dos

membros posteriores (sete animais) a até tetraplegia e estado moribundo

(dois animais) em torno do 15° dia. Salientando ainda que todos os animais

(n=10) apresentaram sintomas da EAE. Na fase final do curso clínico (15°

dia) os animais apresentaram um escore clínico médio (3,1) compatível com

paralisia severa dos membros posteriores.

Devido a EM ainda não apresentar possibilidade de cura, vários

trabalhos vêm tentando novas alternativas terapêuticas para a EM usando a

EAE como modelo. Estudos com sinonemina, um alcalóide com efeito anti-

reumático, foi testado em ratos Lewis tratados com 200 mg/Kg via i.p.

durante cinco dias, este adiou o início dos sintomas que surgiram mais

tardiamente (próximo ao 9° dia) e apresentando ainda sintomas menos

intensos que o grupo controle doente (YANYING, 2007).

Em nosso trabalho também testamos o feito da pentoxifilina e da

talidomida no curso clínico da EAE. Animais que sofreram a indução da EAE

e foram tratados ininterruptamente com pentoxifilina (100 mg/Kg i.p) não

tiveram uma redução significativa dos sintomas quando comparados aos

animais com EAE (p>0,05) no 15° dia. Nesta fase, onde os sintomas são

mais intensos, mesmo quatro animais não apresentando sequer os sintomas

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clínicos da EAE e o escore clínico médio do grupo ficando em 1,6 esta

diferença não foi estatisticamente significante ao grupo doente (escore médio

3,1). Nossos dados corroboram com os estudos de POLLAK e colaboradores

(2003), estes observaram que tratamento de camundongos SJL com 100

mg/Kg de pentoxifilina também não levou a redução dos sintomas clínicos da

EAE. Quando o tratamento foi realizado com 30 mg/Kg de talidomida

ininterruptamente via s.c. o resultado mostrou-se muito interessante, neste

grupo tivemos apenas um animal apresentou sintomas neurológicos da EAE,

mostrando uma forte ação desta droga na prevenção dos sintomas

desenvolvidos no curso clínico da EAE.

Na EAE é sabido que durante o curso da doença, os animais

apresentam uma forte resposta específica Th1 contra componentes da

bainha de mielina (LASSMANN & WISNIEWSKI, 1979; LAFAILLE et al.,

1997; YANYING, 2007). Os animais doentes apresentam níveis elevados de

IFN- em

valores elevados promove a ativação dos macrófagos no SNC que quando

ativados passam a produzir grandes quantidades de NO (MACMICKING et

al., 1992; ZHAO et al., 1996; BRENNER et al., 1997; CROSS et al., 1997;

OKUDA et al., 1997; TRAN et al., 1997; SEUNGJOON et al., 2000) e de

TNF- (ISSAZADEH et al., 1995; FURLAN, et al., 2004; YANYING, 2007).

Segundo FURLAN et al. (2004) ratos Lewis tratados com IL-12 recombinante

produziram níveis elevados de IFN-, óxido nítrico e TNF- exacerbando a

EAE, mostrando que estes fatores exercem um papel central na patogênese

da doença.

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A importância, da resposta Th1 fica demonstrada quando a tentativa

de tratar pacientes de EM com IFN- mostrou-se não só ineficaz, mas

também levou à piora drástica dos pacientes, pois, o IFN- a

expressão de moléculas de MHC de classe ll e, portanto, aumenta a

apresentação de antígenos. Além disso, conduz a diferenciação do tipo Th1,

perfil celular envolvido na patogênese tanto da EM quanto da EAE

(SHEVACH, 2000). Como foi relatado anteriormente, esta claro o papel dos

mediadores IFN-, óxido nítrico e TNF-. na evolução tanto da EM quanto na

EAE. Nosso trabalho avaliou, não só como estavam estes medidores em

ratos Lewis com a EAE, mas também o efeito da pentoxifilina e da talidomida

sobre a produção destes mediadores.

Nossos dados corroboram com os achados citados acima no que se

refere aos animais com a EAE. Nos experimentos realizados os ratos Lewis

apresentaram níveis significantemente elevados de IFN-, óxido nítrico e

TNF- quando comparados aos animais do grupo controle. Estes achados

foram encontrados no 15° dia após a indução, quando de acordo com o

discutido acima, os animais apresentaram os sintomas clínicos da doença

em sua fase mais grave.

Segundo FURLAN e colaboradores, (2004), produção elevada de IFN-

, óxido nítrico e TNF- estão relacionados com a exacerbação do quadro

clínico na EAE. Nossos experimentos procuraram também avaliar os efeitos

da pentoxifilina e da talidomida sobre produção de IFN-, NO e TNF-. Isto

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devido ao fato de que, estes fatores, quando elevados relacionam-se com

agravamento da doença. Utilizamos estas drogas porque vários trabalhos

demonstram que pentoxifilina (CHING et al., 1998; RIENECK, 1993; VADIEI

et al., 1996) e a talidomida (SAMPAIO, et al., 1991; HASHIMOTO, 2002)

exercem efeito sobre estes mediadores levando a uma menor produção

destes.

Ao analisarmos o gráfico 3 observamos que os animais doentes

apresentaram elevados níveis de NO quando comparados ao grupo controle.

Analisando agora os animais doentes e tratados com a pentoxifilina ou com

a talidomida observamos que os grupos tiveram uma redução na produção

de NO. Porém esta redução foi somente significativa (p<0,05) quando

comparamos o grupo tratado com a talidomida e o grupo controle positivo

(EAE). Como relatado, mesmo o grupo tratado tendo com pentoxifilina tendo

uma redução nos níveis de NO frente aos animais EAE esta não foi

significante (p>0,05).

Quando observamos o resultado do IFN- mostrado no gráfico 4

vemos um perfil muito semelhante ao mostrado com o óxido nítrico, ou seja,

redução significante desta citocina no grupo tratado com a talidomida

(p<0,01) e novamente nenhum efeito significante da pentoxifilina sobre esta

citocina quando comparado ao grupo EAE. Como observado o grupo EAE

apresentou elevados níveis (p<0,001) de IFN- comparado ao grupo

controle.

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Ao chegarmos ao resultado da produção de TNF- vimos novamente

que o grupo EAE apresentou elevados níveis desta citocina no 15° dia pós

indução. Foi observado novamente que os animais tratados com a talidomida

tiveram valores significantemente menores de TNF- do que o grupo com a

EAE. Os animais tratados com a pentoxifilina não apresentaram redução

significativa de TNF- em relação aos animais doentes (P.0,05). Estes

achados, vão de encontro aos escores clínicos apresentados pelos ratos,

onde, os animais doentes e tratados com pentoxifilina não tiverem uma

redução dos sintomas da EAE e menor produção de IFN-, óxido nítrico e

TNF- embora, esta não tenha sido esta não tenha sido estatisticamente

significativa. No grupo tratado com talidomida isto fica evidente, pois, os

animais praticamente não apresentaram sintomas neurológicos da EAE e foi

o grupo com menores produções de IFN-, óxido nítrico e TNF-˜.

Os resultados de nossos experimentos corroboram com vários

trabalhos que usaram sinonemina (YANYING, 2007), estatinas (WEBER, et

al., 2006) e copolimero (ILLES, et al., 2005). Nestes trabalhos foi

demonstrando que a redução.na produção de IFN-, levou a uma menor

expressão de moléculas de classe II do MHC e proliferação de linfócitos T,

conseqüente menor ativação de macrófagos e produção de NO e TNF-

melhorando o curso clínico da EAE. O trabalho de YANYING e

colaboradores (2007) realizaram o tratamento de ratos Lewis fêmeas com

sinonemina, como citado acima, em seus experimentos os sinais clínicos

neurológicos da EAE apareceram mais tardiamente e em menor intensidade,

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embora ainda estivessem presentes em todos os animais. Foi observado

também no mesmo experimento que a sinonemina reduziu os níveis de TNF-

em 33,1% e o IFN- em 58,3%, mostrando novamente que a redução

destas citocinas leva a uma melhora do quadro clínico. Associado aos

elevados níveis de TNF- e IFN- foi observado por HE que nos animais

doentes apresentaram ruptura da integridade da barreira hematoencefálica e

infiltração de grande quantidade de células mononucleares para a medula

espinhal. Quando os animais foram tratados com a sinonemina o infiltrado

inflamatório foi menor. Nosso resultado foi comparativamente mais

expressivo do que o apresentado com a sinonemina. Pois, a pentoxifilina

reduziu os níveis de TNF- em 38% e o IFN- estatisticamente

significante) já a talidomida TNF- em 62% e o IFN- em 43%

(estatisticamente significante), mostrando novamente forte efeito inibitório da

talidomida sobre o TNF- e menor ativação dos macrófagos.

As pesquisas de FABIS e colaboradores (2007), também corroboram

com nossos dados. Em seus experimentos eles utilizaram camundongos

B6.129 com deleção de genes para TNF- (n=82) e em comparação com

animais controles (n=195) a EAE (induzida com a MOG) foram menos severa

nos animais KO. Pois, estes animais apresentaram redução dos sinais

clínicos, e menores infiltrados inflamatórios mononucleares tanto no cérebro

quanto na medula. A despeito destes infiltrados inflamatórios eles realizaram

RT PCR e de acordo com os marcadores presentes (CD4 e CD11b)

concluíram que as células predominantes neste infiltrado eram

respectivamente linfócitos T CD4 e macrófagos em grande quantidade nos

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animais controle. Outro achado interessante destes pesquisadores foi que

nos animais KO para TNF- as áreas de desmielinização presentes foram

significantemente menores que os animais controle e o infiltrado inflamatório

próximo a estas áreas desmielinizadas eram também formados por linfócitos

T CD4 e macrófagos.

Existe uma relação estreita entre severidade da doença e ruptura de

integridade da barreira hematoencefálica levando a um aumento do infiltrado

mononuclear no SNC e edema associado (YANYING, et al., 2007, FABIS, et

al., 2007). Com a finalidade de investigar o desenvolvimento da reação

inflamatória e o processo de desmielinização do SNC foram feitas colorações

histológicas com HE e hematoxilina férrica de Weigert – Pal – Russell em

amostra de cérebro e medula espinhal.

Observando lâminas preparadas pela coloração com HE, foi

constatado que os animais doentes apresentavam grande infiltrado

inflamatório mononucleares no cérebro e principalmente na medula espinhal.

Estes dados corroboram com achados da literatura citados anteriormente

que apresentam um grande infiltrado inflamatório mononuclear (CARVALHO,

1999) nos ratos Lewis com EAE, infiltrado estes formado principalmente por

macrófagos e linfócitos T CD4 (KANEKO, et al., 2006; YANYING, et al.,

2007, FABIS, et al., 2007). Pudemos observar também na coloração com HE

a menor presença de infiltrado inflamatório nos animais controle negativo. O

fato que nos chamou bastante atenção é que nos animais tratados com

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talidomida a presença do infiltrado inflamatório mononuclear na medula foi

muito menos intensa. No grupo tratado com pentoxifilina esta redução não foi

tão drástica, mais ainda sim esteve presente. Fica evidente então que o

tratamento com pentoxifilina e principalmente com a talidomida reduz o

infiltrado inflamatório mononuclear no cérebro e na medula de ratos Lewis

com EAE, lembrando que achados semelhantes foram observados no estudo

com sinonemina (YANYING, et al., 2007) e nos animais KO para TNF-

(FABIS, et al., 2007). Inclusive sendo observado que nos animais KO para

TNF- as áreas de desmielinizações próximas aos infiltrados foram

significantemente menores que nos animais controle que apresentavam

muitas áreas desmielinizadas, principalmente na medula espinhal (FABIS, et

al., 2007).

Desmielinizações estão presentes tanto no cérebro quanto na medula

espinhal de ratos Lewis com EAE (CARVALHO, et al., 1999), e estas áreas

desmielinizadas estão normalmente próximas à presença de infiltrados

inflamatórios (CARVALHO, 1999; KANEKO, et al., 2006; YANYING, et al.,

2007). Estas áreas de desmielinizações estão presentes não somente em

ratos Lewis (CARVALHO, 1999; YANYING, et al., 2007) como também em

outros animais como camundongos C57Bl/6 e SJL (KANEKO, et al., 2006).

Em nosso trabalho utilizamos coloração de hematoxilina férrica de

Weigert – Pal – Russell para analisar a integridade das fibras mielinicas.

Sendo evidenciada a presença de áreas de desmielinizações na substância

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branca da medula espinhal dos animais com a EAE no 15º dia da doença.

Contrastando com a integridade das bainhas de mielina na medula espinhal

dos animais controle negativo. Também foi mostrada uma integridade

ligeiramente maior da bainha de mielina nos animais tratados com

pentoxifilina e integridade maior ainda nos animais tratados com a

talidomida. Isto mostra, um provável efeito protetor destas drogas,

principalmente, da talidomida influenciando os mecanismos de

desmielinizações. Um estudo realizado recentemente por KANEKO e

colaboradores (2006), camundongos C56Bl/6 tratados com nicotinamida

apresentaram também grande preservação da bainha de mielina. Neste

experimento, os animais tratados apresentaram também menor intensidade

nos sinais clínicos neurológicos da EAE.

Importância de resposta Th1, infiltrado inflamatório e desmielinizações

também foram evidenciados nos estudos de STUVE e colaboradores (2006).

Foram observados camundongos SJL/J com EAE induzida por MBP

apresentavam elevados níveis de IFN-, TNF-, grande infiltrado inflamatório

(HE) e áreas de desmielinização (Luxol faz blue) no cérebro e medula

espinhal. Quando realizaram tratamentos destes animais com acetato de

glatiramer (COPOLÍMERO) associado à atorvastatina reduziu os níveis de

IFN-, TNF- elevados níveis de IL-4 e IL-10 (resposta Th2), redução do

infiltrado inflamatório mononuclear e poucas áreas de desmielinizações na

medula espinhal.

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Altas doses IFN- .e TNF- exercem um efeito deletério direto sobre os

oligodendrócitos de camundongos dificultando amplamente a remielinização

dos neurônios afetados na EAE (BALAVANOV, et al., 2006). Para confirmar

este efeito prejudicial sobre oligodendrócitos foram utilizados camundongos

C57BL/6 com EAE que após receberem IFN- apresentavam altos níveis de

TNF- e não apresentavam remielinização. Foi demonstrado também que

oligodendrócitos desses camundongos sofria apoptose quando estimulados

com IFN- in vitro. Entretanto, quando utilizaram camundongos PLP/SOCS1

transgênicos, resistentes a ação do IFN-., a remielinização esteve presente

após a fase aguda da EAE. Os trabalhos anteriores corroboram com nossos

achados, mostrando que inibindo a resposta Th1 os animais preservam mais

áreas mielinizadas.

Portanto, revendo nossos estudos, quando analisamos o perfil dos

mediadores inflamatórios (NO, IFN- e TNF-) constatamos que os animais

tratados com a talidomida apresentaram níveis menos elevados destes

mediadores quando comparados ao grupo doente (EAE). Ressaltamos que

os animais tratados com a pentoxifilina não apresentaram níveis

significantemente menores do NO, IFN- e TNF- no soro quando

comparados aos animais tratados com pentoxifilina. Portanto, os resultados

do presente experimento sugerem que a inibição do NO, IFN- e TNF- pela

talidomida pode explicar as diferenças entre o escore clínico, intensidade do

infiltrado inflamatório e incidência de desmielinização quando comparamos

os animais tratados com a talidomida frente ao grupo EAE.

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Com relação à inibição do processo inflamatório o tratamento com a

talidomida apresentou um resultado extremamente significante comparado

ao grupo controle positivo para o desenvolvimento da EAE. Embora no grupo

tratado com a pentoxifilina também tenha ocorrido uma diminuição do

desenvolvimento do processo inflamatório, quando comparamos com o

grupo controle positivo EAE este achado não foi tão expressivo quanto ao

observado no grupo tratado com a talidomida. Adicionalmente, quando

analisamos a intensidade de desmielinização avaliada durante o estudo

histopatológico de rotina, como lâminas coradas pela HE ou pela coloração

histoquímica de Weigert – Pal – Russell, também foi observado que a

talidomida inibiu significativamente a desmielinização quando comparados

com o grupo EAE e também com o grupo tratado com a pentoxifilina.

Os dados do estudo histopatológico demonstram uma correlação

entre a intensidade de desenvolvimento do processo inflamatório e presença

de áreas de desmielinização. Os resultados de nosso estudo demonstram

que a pentoxifilina foi capaz de diminuir levemente a intensidade de infiltrado

inflamatório e também a presença de áreas de desmielinização. Entretanto,

ressaltamos que a talidomida foi significativamente mais eficaz que a

pentoxifilina quando analisamos capacidade de inibir processo inflamatório e

processo de desmielinização.

Analisados em conjunto os achados histopatológicos com o escore

clínico também trazem conclusões relevantes. Visto que, ocorreu uma

correlação entre escore clínico elevado, infiltrado inflamatório bem

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desenvolvido no SNC e áreas de desmielinização. Em nosso experimento, o

fato de apenas um animal tratado com talidomida ter desenvolvido EAE

certamente está associado à capacidade da talidomida de inibir o infiltrado

inflamatório e a desmielinização.

Portanto, os resultados do presente experimento sugerem forte

evidência de efeito terapêutico da talidomida sobre a evolução clínica da

EAE. A correlação entre níveis menores de NO, IFN-, TNF-, poucas áreas

de infiltrado inflamatório mononuclear, processo de desmielinização menos

intensos e evolução clínica pouco expressiva da EAE nos animais tratados

suportam esta hipótese. Neste modelo observamos pentoxifilina na dose de

100 mg/Kg dia não foi estatisticamente eficaz na redução dos sintomas

clínicos neurológicos e nem na produção dos mediadores inflamatórios no

plasma dos ratos Lewis com a EAE.

Entretanto a talidomida mostrou-se uma droga promissora como

possível estratégia terapêutica nas doenças inflamatórias desmielinizantes

do SNC como a esclerose múltipla.

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7- CONCLUSÕES

O presente estudo permitiu chegar a considerações sobre um efeito

modulador da pentoxifilina e da talidomida sobre o curso clínico da

Encefalomielite Autoimune Experimental.

7.1- Ratos Lewis com EAE apresentaram no 15° dia após a indução da

doença severos sintomas clínicos associados a elevados níveis séricos de NO,

IFN- e TNF-, vários focos de infiltrado inflamatório mononuclear no cérebro e

na medula espinhal e presença de áreas de desmielinização

7.2- Ratos Lewis tratados com pentoxifilina 100mg/Kg apresentaram

sintomas clínicos da EAE menores do que os animais doentes no 15° dia após

a indução, porém estes não foram estatisticamente significantes. Nestes

animais foram observados menores níveis dos mediadores NO, IFN-, TNF-

menor presença de infiltrado inflamatório no cérebro, cerebelo e na medula

espinhal e maior preservação das fibras mielínicas. Porém, esta redução não

foi estatisticamente significante.

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7.3- Animais tratados com a talidomida praticamente não apresentaram

sintoma clínicos neurológicos da EAE, ficando restrito a apenas um animal.

Estes tiveram os menores níveis de NO, IFN-, TNF- praticamente não

apresentaram infiltrados mononucleares no SNC e tinham apenas escassas

áreas de desmielinizações em cérebro, cerebelo e medula espinhal.

7.4- Os dados deste estudo sugerem que a talidomida atua sobre o

mecanismo de desenvolvimento da EAE inibindo uma resposta imunológica do

tipo Th1.

7.5- A utilização desta droga (talidomida) pode ser uma importante

estratégia a ser empregada no esquema terapêutico utilizado no tratamento de

pacientes com Esclerose Múltipla e outras doenças que tenham

neuroinflamação presente.

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