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B. Indústr. anim., Nova Odessa, SP, 41 (Único):111·119, 1984 EFEITO DA FREOÜENCIA E ALTURA DE CORTE NA PRODUÇAO DE KAZUNGULA E GALAXIA (1) (The effect of frequency and cutting height in Setaria anceps Stapf. ex Massey cv. Kazungu/a and Galactia striata (Jacq.) Urb. on the production) GILBERTO BUFARAH (2), HERBERT BARBOSA DE MATTOS (3) e ALENCAR MENDONÇA (4) RESUMO: O experimento foi realizado na Estação Experimental Central do Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa (SP), em condições de campo, visando ao efeito da freqüência e altura do corte na produção de matéria seca e proteína bruta em quilograma/hectare de Se- taria anceps Stapf. ex . Massey cv. Kazungula, Galactia striata (Jacq.} Urb. e na consociação dessas duas espécies. Foram estudadas duas alturas de corte (7,5 e 15,Ocm) e três freqüências de corte (6,9 e 12 semanas). A análise estatística revelou que as maiores produções de maté- ria seca foram obtidas de cortes feitos na altura de 7,5cm e na freqüência de 12 semanas. Houve efeito significativo da freqüência de corte para a consociação e para a gram ínea exclu- siva. O teor de proteína bruta decresceu com a diminuição da freqüência de corte, e a pro- dução de proteína bruta não apresentou diferença estatística significativa. INTRODUçAo Tanto no Brasil como no mundo inteiro, a de- manda de produtos de origem animal cresce gradu- almente com o aumento e com o enriquecimento das populações. A carne bovina é, sem dúvida, a principal' fonte de proteína animal, visto a prefe- rência generalizada pelo produto. Para sua produ- ção, a fonte mais barata de alimentos ainda são as pastagens. Estas obedecem a uma curva de produ- ção estacional, onde ocorrem um período de escas- sez e um período de abundância segundo a época do ano. A introdução e cultivo de espécies fórrageiras mais produtivas é de grande interesse, mas a aplica- ção de um manejo mais adequado muitas vezes po- de levar a um melhor aproveitamento das pasta- gens, mesmo com forrageiras consideradas de pro- dução inferior tanto qualitativa como quantitativa- mente. A maneira pela qual a forragem é colhida e utilizada é um ponto importante para a produtivi- dade animal. Assim sendo, é de grande interesse o estudo de técnicas de manejo que proporcionem um aproveitamento mais adequado das produções das pastagens, pois pode levar a um incremento na carga animal e ganho por área. GROF et alii 2 estudaram o efeito da freqüên- cia de corte (6, 12 e 18 semanas) em três ecótipos de Sty/osanthes guyanensis, na produção de maté- ria seca, nitrogênio e folhas residuais (folhas que permanecem após o corte), obtendo diferenças sig- nificativas entre as variedade e as freqüências de corte. A variedade de crescimento prostrada mos- trou maior tolerância a freqüentes e intensivos des- folhamentos do que as formas eretas. Em rendi- mentos acumulados de matéria seca, uma diferença significativa ocorreu na freqüência de corte a cada 6 semanas: a variedade prostrada superou ambas as formas eretas. A diferença entre os intervalos de corte a cada 12 e 18 semanas não atingiu médias significativas. Em experimento de vasos, os mes- mos autores, estudando o efeito da altu ra e fre- qüência de corte em duas variedades de estilosan- tes, notaram que a forma prostrada mostrou ter 2,5 vezes mais folhas residuais do que a ereta. Essa di- ferença varietal foi acrescida com o aumento da al- tu ra de corte. KEMp 6 , trabalhando em um experimento de crescimento de três forrageiras tropicais nas costas médio-norte de New Sou th Wales, discutiu o pro- blema das baixas produções conseguidas dessas três forrageiras, em comparação a outros experimentos que as usaram, legando esse baixo rendimento ao manejo de cortes empregado. KEYA 7 em experimento com Setaria anceps cv. Nandi, solteira e consorciada com duas legumi- nosas ou em nível de 500kg/N /hecta re , sob regime de pastejo ou cortes mecânicos, demonstrou que são bastante promissoras as cornbinaçóes de setá- rias com legum inosas, principalmente se o manejo for sob pastejo. A produção de todos os tratamen- tos mostrou um pequeno decl ínio a parti r do se- (1) Projeto IZ-0190. Recebido para publicação a 13 de janeiro de 1983. (2) Da Seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq. (3) Da Seção de Nutrição de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq. (4) Da Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária. 111

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B. Indústr. anim., Nova Odessa, SP, 41 (Único):111·119, 1984

EFEITO DA FREOÜENCIA E ALTURA DE CORTE NA PRODUÇAODE KAZUNGULA E GALAXIA (1)

(The effect of frequency and cutting height in Setaria anceps Stapf. ex Massey cv. Kazungu/a andGalactia striata (Jacq.) Urb. on the production)

GILBERTO BUFARAH (2), HERBERT BARBOSA DE MATTOS (3) e ALENCAR MENDONÇA (4)

RESUMO: O experimento foi realizado na Estação Experimental Central do Instituto deZootecnia, em Nova Odessa (SP), em condições de campo, visando ao efeito da freqüência ealtura do corte na produção de matéria seca e proteína bruta em quilograma/hectare de Se-taria anceps Stapf. ex . Massey cv. Kazungula, Galactia striata (Jacq.} Urb. e na consociaçãodessas duas espécies. Foram estudadas duas alturas de corte (7,5 e 15,Ocm) e três freqüênciasde corte (6,9 e 12 semanas). A análise estatística revelou que as maiores produções de maté-ria seca foram obtidas de cortes feitos na altura de 7,5cm e na freqüência de 12 semanas.Houve efeito significativo da freqüência de corte para a consociação e para a gram ínea exclu-siva. O teor de proteína bruta decresceu com a diminuição da freqüência de corte, e a pro-dução de proteína bruta não apresentou diferença estatística significativa.

INTRODUçAo

Tanto no Brasil como no mundo inteiro, a de-manda de produtos de origem animal cresce gradu-almente com o aumento e com o enriquecimentodas populações. A carne bovina é, sem dúvida, aprincipal' fonte de proteína animal, visto a prefe-rência generalizada pelo produto. Para sua produ-ção, a fonte mais barata de alimentos ainda são aspastagens. Estas obedecem a uma curva de produ-ção estacional, onde ocorrem um período de escas-sez e um período de abundância segundo a épocado ano.

A introdução e cultivo de espécies fórrageirasmais produtivas é de grande interesse, mas a aplica-ção de um manejo mais adequado muitas vezes po-de levar a um melhor aproveitamento das pasta-gens, mesmo com forrageiras consideradas de pro-dução inferior tanto qualitativa como quantitativa-mente. A maneira pela qual a forragem é colhida eutilizada é um ponto importante para a produtivi-dade animal. Assim sendo, é de grande interesse oestudo de técnicas de manejo que proporcionemum aproveitamento mais adequado das produçõesdas pastagens, pois pode levar a um incremento nacarga animal e ganho por área.

GROF et alii2 estudaram o efeito da freqüên-cia de corte (6, 12 e 18 semanas) em três ecótiposde Sty/osanthes guyanensis, na produção de maté-ria seca, nitrogênio e folhas residuais (folhas quepermanecem após o corte), obtendo diferenças sig-nificativas entre as variedade e as freqüências de

corte. A variedade de crescimento prostrada mos-trou maior tolerância a freqüentes e intensivos des-folhamentos do que as formas eretas. Em rendi-mentos acumulados de matéria seca, uma diferençasignificativa ocorreu na freqüência de corte a cada6 semanas: a variedade prostrada superou ambas asformas eretas. A diferença entre os intervalos decorte a cada 12 e 18 semanas não atingiu médiassignificativas. Em experimento de vasos, os mes-mos autores, estudando o efeito da altu ra e fre-qüência de corte em duas variedades de estilosan-tes, notaram que a forma prostrada mostrou ter 2,5vezes mais folhas residuais do que a ereta. Essa di-ferença varietal foi acrescida com o aumento da al-tu ra de corte.

KEMp6, trabalhando em um experimento decrescimento de três forrageiras tropicais nas costasmédio-norte de New Sou th Wales, discutiu o pro-blema das baixas produções conseguidas dessas trêsforrageiras, em comparação a outros experimentosque as usaram, legando esse baixo rendimento aomanejo de cortes empregado.

KEYA 7• em experimento com Setaria ancepscv. Nandi, solteira e consorciada com duas legumi-nosas ou em nível de 500kg/N /hecta re , sob regimede pastejo ou cortes mecânicos, demonstrou quesão bastante promissoras as cornbinaçóes de setá-rias com legum inosas, principalmente se o manejofor sob pastejo. A produção de todos os tratamen-tos mostrou um pequeno decl ínio a parti r do se-

(1) Projeto IZ-0190. Recebido para publicação a 13 de janeiro de 1983.

(2) Da Seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq.(3) Da Seção de Nutrição de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq.

(4) Da Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária.

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g.mdo ano, sendo que as maiores produções foramobtidas com manejo de pastejo ao invés de manejode corte.

JONES4, estudando o efeito de intervalos decorte (4 a 8 semanas). e alturas dos cortes (3,8 e7,5cm!, em uma associação de Trífolium semipilo-sum com Paspalum dilata tum , du rante quatro anos,relata: "A produção total de matéria seca foi 16%maior nos cortes a cada 8 semanas, mas não houveefeito dos intervalos de cortes na produção de tre-vos. O corte mais baixo aumentou 27% a produçãototal e 87% a produção do trevo. O trevo contri-buiu com 36% da produção total no corte maisbaixo e 24% no corte a 7,5cm de altu ra.

RIVEROS & WILSONll pesquisaram o efeitode intervalos de cortes (3 e 5 semanas) e alturasdos cortes (7,5 e 15,Ocm) em uma associação deSetária sphacelata e Desmodium intortum, comotambém em "stands" puros dessas forrageiras; rela-taram que em "stands" pu ros a produção de gramí-nea foi mais afetada pel a altu ra do corte do quepela freqüência. A altura do corte afetou principal-mente a permanência de folhas, que não permane-ceram no corte a 7 ,5cm, havendo, porém, conside-rável permanência no corte a 16cm. Cortes maisbaixos estimularam mais o desenvolvimento deperfilhos, os quais geralmente são fracos e morrema seguir. A produção da leguminosa nos "stands"pu ros foi pouco afetada tanto pel a altu ra do cortequanto pela freqüência. Nos "stands" das misturas,a gram rnea levou vantagem na competição com alegum inosa qu anto à severidade dos cortes.

JONESs, estudando o efeito da freqüência eseveridade do corte na produção e persistência deDesmodium intortum cv . Green leaf, relata: "Osefeitos de três intervalos de corte (4, 8 e 12 sema-nas) e três alturas de cortes (3,8; 7,5 e 15,Ocm)du rante três anos, na produção da legum inosa fo-ram significativos". A produção de matéria seca/hectare/ano aumentou à medida que aumentou ointervalo de corte. Para a leguminosa a interaçãointervalo x altura de corte foi sgnificativa (P <0,01). A persistência da leguminosa foi boa em to-dos os tratamentos, mas o número de plantas au-mentou linearmente (P < 0,01) com o aumento daaltu ra do corte de 7,2 a 9,5 plantas por metro qua-drado.

JONES3, em um estudo de três anos sobre osefeitos do intervalo e altu ra do corte na produçãoe composição botânica de pastagens consorciadase pu ras de Setaria sphacelata cv. Nandi e Macrop-tilium etropurpureum , observou que a produçãomédia anual de siratro foi 4,04 e 2,86t/ha nas cul-turas pura e consorciada, respectivamente, e que,para alturas de cortes a 7,5 e 15,Ocm, as produçõesdas parcelas consorciadas foram 9,88 e 7,44t/ha,respectivamente. Observou também que a densida-

de de S. sphacelata aumentou Iinearmente para ointervalo de corte de 12 semanas, mas decresceuseveramente com um intervalo de 16 semanas.

O LSEN 10, estudando os efeitos de cortes emuma mistura de Setaria sphacelata e Desmodiumintortum, mostrou que, num período de 54 sema-nas, fazendo os cortes a Bem de altura, as freqüên-cias de corte a cada 3, 6 e 9 semanas renderam, res-pectivamente, 5,7, 13,2 e 15,Ot/ha. Comparativa-mente, quando a altura do corte foi aumentada pa-ra 20cm, houve aumento de produção na freqüên-cia de 3 semanas, e diminuição nas freqüências de6 a 9 semanas.

MIDDLETON9, estudando os efeitos das ta-xas de germ inação das gram meas e legum inosas noestabelecimento e produção de espécies tropicais,obtiveram, no primeiro corte pura produção dematéria seca e nitrogênio, melhores resultados paraas densidades de semeação alta de setária (6,6 kg/ha)e média de siratro (9,9kg/ha).

WEDIN et aliil3 relatam que, fazendo um ma-nejo adequado, aumenta-se a lotação/hectare. De-vido a um manejo inadequado, pode-se obter so-mente 22% do potencial de produção de qualquerárea. Além do manejo, o potencial de produçãopor área poderia ser aumentado, se se melhorasse ovalor nutritivo das pastagens através da introduçãode legum inosas forragei ras, a conservação do solo eo potencial genético de produção dos animais.

GRIPpl, pesquisando a leguminosa Galactia

striata em três alturas de corte (5, 10 e l ôcrnl, emtrês freqüências de corte (45,60 e 75 dias), obteveproduções de matéri a seca que oscilaram de 3.194,94a 4.949,7kg por hectare; a maior produção foi ob-tida quando a altu ra do corte foi 15cm e a fre-qüência, 75 dias. O maior teor de proteína bruta(22,63%) foi encontrado na freqüência de corte de45 dias, e a 5cm de altura. A freqüência de corteinfluenciou o coeficiente de digestibilidade "in vi-tro " da matéria seca, mas a altura não influenciou,sendo que o máximo teor foi verificado na freqüên-cia de 75 dias. Ocorreu aumento na digestibilidadein vivo da matéria seca, com o aumento do interva-lo de corte, verificando-se que os últimos cortes decada freqüência apresentaram melhor digestibilida-de que os anteriores.

MATTOS & WERNER8 citam a Galactiastria-ta, entre outras cinco, como a leguminosa queapresentou a melhor distribuição anual de produ-ção em cinco cortes a uma altura de 5cm do solo, etambém como a maior produção: 6.552kg de ma-téria seca por hectare por ano.

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WERNER et alii14, estudando a Galactiastria-ta a uma altura de mais ou menos 5 a Sem de altu-ra, por quatro vezes durante a estação de cresci-mento, obtiveram 11.930kg por hectare de matériaseca para a legum inosa.

PIMENTEL et alii12, estudando o Panicummaximum Jacq. cv. Gatton panic em duas alturasde corte (10 e 20cm), três freqüências de corte(estádios de crescimento: vegetativo, pré-floresci-mento e florescimento), e doses de nitrogênio (O,

100 e 200kg/ha), obtiveram produções de 4.946a 10.146kg de matéria seca por hectare, de 790 a988kg de proteína bruta por hectare e de 9,0 a15,7% de proteína bruta, quando relacionaramestádios de crescimento e altura do corte. Quandose analisaram doses de nitrogênio e estádio decrescimento, a produção de matéria seca varioude 4.423 a 11.047kg por hectare, a produção deproteína bruta foi 643 a 1.323kg por hectare, e aporcentagem de proteína bruta, 8,2 a 16,2.

MATERIAL E ME:TODO

o presente experimento foi realizado no Insti-tuto de Zootecnia, em Nova Odessa (SPl, em soloclassificado como Podzólico Vermelho-Amarelovariação Laras, situado em meia encosta de declivi-dade suave e uniforme. Foi retirada uma amostracomposta e enviada ao Instituto Agronômico,Campinas, para análise do solo, cujo resultado sesegue.

pH M.O.%

A13+ Ca2+ + Mg2+ K P

e.mg/l00ml T.F.S.A. i-1g/mlT.F.5.A.

5,2 2,7 0,4 821,0 2

onde:M.O. = matéria orgânica = 1,72x C;

J,lg/mlde K = 400 x e.mg/l00mlJ,lg/mlde P = 100 x e.mg/l00ml.

o preparo do solo foi feito através de uma ara-ção e duas gradeações.

Com a final idade de neutral izar o alum rnio(AI3+) Iivre e aumentar o teor de Ca2+ (cálcio) eMg2+ (maqnésiol, foi distribuído a lanço, no dia09-08-76, calcário dolorn rtico à razão de l,5t porhectare, em incorporação com enxada rotativa.

A área de cada parcela, de 18m2, foi divididaem duas subparcelas (3 x 3), representada cadauma pela altura de corte de 7,5 e 15cm. Após a de-marcação das parcelas, foram abertos vinte sulcosespaçados de 30cm, onde foram colocadas as se-mentes e adubos.

Õ plantio das forrageiras estudadas foi efetua-do a 30-10-76, numa profundidade de 2-3cm. Assementes de Setária anceps Stapf. ex. Massey cv.Kazungula e Galactia striata (Jacq.] Urb. apresen-taram 40% de germinação. A quantidade de semen-tes util izada foi 7,Okg por hectare do capim e dalegum inosa.

A adubação aplicada em sulcos foi 500kg desuperfosfato simples, 50kg de cloreto de potássio e250g, por hectare, de molibdato de sódio.

Efetuou-se o replantio em algumas parcelas dalegum inosa para que todas as parcelas tivessemaproximadamente o mesmo número de plantas. A18-11-1977, executou-se o corte de igualação, umavez que as parcelas estavam formadas. A partir des-te corte, seguiu-se o esquema programado dos cor-tes de avaliação das parcel as experimentais, que fo-ram dados nas três freqüências de corte utilizadasno ensaio: 6, 9 e 12 semanas, respeitando-se as al-turas de corte. Para a freqüência de corte de 6 se-manas, foram dados 15 cortes de avaliação nos

, di as: 29-12-77; 09-02-78; 23-03-78; 04-05-78; 15-06-78; 27-07-78; 06-09-78; 19-10-78; 30-11-78;11-01-79; 22-02-79; 05-04-79; 17-05-79; 28-06-79e 09-08-79.

Foram dados dez cortes na freqüência de 9 se-manas: 09-01-78; 23-03-78; 24-05-78; 2HJ7-78;28-09-78; 30-11-78; 01-02-79; 05-04-79; 07-06-79e 09-08-79, e sete na de 12 semanas: 09-02-78; 04-05-78; 27-07-78; 19-10-78; 22-02-78; 17-05-79 e09-08-79. .

o corte de avaliação foi feito com auxílio demotossegadeira acoplada de uma barra segadeira de0,75m de largura, constando de uma área útil decada subparcela de l,125m2. Após o corte, efe-tuou-se a amostragem da vegetação de cada subpar-cela para secagem a 650C e determinações de pro-terna e fibra bruta. Determinou-se também a com-posição botânica da subparcela, através da separa-ção da f,orrageira e plantas invasoras para obter opeso individual.

o delineamento utilizado foi de parcelas sub-divididas com quatro repetições, onde as parcelasem cada bloco constituem um fatorial 3 x 3 entreperíodos e forrageiras e as subparcelas a altura decorte, conforme o quadro 1.

A análise de variância encontra-se no qua-dro 2.

Os dados de temperatura média anual e deprecipitação anu ai, ocorridos du rante a conduçãodo experimento, encontram-se no quadro 3.

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QUADRO 1. Disposição das parcelas no campo

BLOCO IV A B B B A A B B BB A A A B B A A A

FIP3 F3P2 FIPI FIP2 F2P3 F3Pl F2P2 F2PI F3P3

BLOCO 111 B A A B B B A B BA B B A A A B A A

F3P3 FI P2 F2P3 f2P2 F3P2 F3PI FIP3 FIPI F2P2

BLOCO 11 B B A A A A A A AA A B B 8 B B B B

F3PI F2P2 F1PI F3P3 F1P2 F3P2 FI P3 F2Pl F2P3

BLOCO I B A A B A A 8 A AA B B A 8 8 A B B

F1P2 F2Pl F1Pl F~P3 F2P2 F3P3 F1P3 F3Pl F3P2

A = altura de corte a 7 ,5cm; B = altura de corte a 15,Ocm; FI = freq üência de corte a cada 6 semanas;F2 = freqüência de corte a cada 9 semanas; F3 = freqüência de corte a cada 12 semanas; P1 = parcela degaláxia; P2 = parcela consorciada de galáxia; P3 = parcela de setária.

QUADRO 2. Análise de variância

CAUSAS DE VARIAÇÃO GRAUS DE LIBERDADE

BLOCOS 3FREQUENCIA, (F) 2CULTIVO (P) 2PXF 4RES(DUO (a) 24

PARCELAS 35

ALTURA (A) 1P X A 2FXA 2PXAXF 4RES(DUO Ib) 27

TOTAL 71

114

r" ~,

QUAD RO 3. Variáveis meteorológicas obtidas na Estação Experimental Central de Nova Odessa durante o período de condução do experimento- latitude: 210 18'S; longitude 470 18'W. e altitude: 528 metros

1. Temperatura média anual (oC)

Jan. Fev. Mço Abril Maio Jun. Jul, Ag. Set. Out. Nov. Dez. TOTAL

1976 23,3 23,61977 24,6 26,3 25,5 21,7 19,0 19,0 19,4 20,7 21,9 24,1, 24,3 23,11978 25,6 25,6 24,7 21,4 18,4 17,2 81,4 18,0 20,7 23,4 23,0 23,6~

U1 1979 23,0 25,0 23,4 20,8 19,5 16,8 16,5 20,31? decanato

2. Precipitação mensal (rnrn) e total parcial e anual1976 226,2 232,8 495,01977 297,6 48,~ 132,6 182,2 5,5 41,4 3,0 27,6 106,0 49,4 178,5 225,4 1297,51978 64,9 127,7 82,6 9,8 69,8 62,1 82,4 0,0 60,2 131,0 228,5 245,8 1164,81979 77,9 118,8 106,7 73,2 134,9 0,0 31,4 0,0 542,9

1? decanato

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os quadro 4, 5 e 6 apresentam, respectiva-mente, as produções de matéria seca e de proteínabruta, em quilograma, e os teores de proteína bru-ta, em relação à altura e freqüência do corte.

Os resu Itados do quadro 4 mostram que a pro-dução de matéria seca da galáxia foi influenciadapela freqüência de corte, aumentando à medidaque diminuia a freqüência, quando se utilizou umaaltura do corte mais drástica (7,5cm), dados essesconcordantes com os dados obtidos por JONESs

com green leaf. Para GRIPP!, entretanto, com ga-láxia e altura de corte mais elevada (l êcml. a pro-dução aumentou até afreqüência de 9 semanas, di-minuindo em 12 semanas. Quando a galáxia foiconsorciada com a Kazungula, a tendência de au-mento de produção com dim inuição da freqüênciafoi a mesma, independente da altura do corte. Se-melhantes resultados obtiveram JONES4 (trevo),JONES3 (siratrol. OLSEN!O (green le af) e RIVE-ROS & WILSON!! (green leat). O mesmo ocorreucom a Kazungula quando plantada isoladamente.

Com relação à altura de corte, na galáxia ex-clusiva com 6 a 9 semanas de freqüência, houveum acréscimo de produção quando se mudou de7,5 para 15cm, concordando com dados de RIVE-ROS & WILSON!! (green leaf),JONES4 (trevo) eGRIPP! (galáxia); entretanto, para freqüência de12 semanas, ocorreu o inverso. Para as parcelasconsorciadas, à medida que se aumentou a alturado corte, diminuiu a produção, independente dafreqüência de corte. O mesmo ocorreu com a gra-m ínea nas parcelas em que foram aval iadas exclusi-vamente, com exceção da galáxia.

Com a elevação da altu ra do corte, houve que-da na produção de matéria seca nas freqüências decorte de 6, 9 e 12 semanas, com exceção da galáxiacom 6 e 9 semanas. A produção da consociação foimaior que a das forrageiras exclusivas independen-temente da altura do corte.

Para a mistura de Kazungula e galáxia, houveefeito significativo do componente Iinear a 1% deprobabilidade, demonstrando que a produção dematéria seca desta consociação pode ser definidapor uma equação do primeiro grau dada por:Y = 3.183,32 + 466,72X,ondeY = produçãoesti-mada de matéria seca em kg/ha e X = freqüênciade cortes em semanas dentro dos limites estudados.

O capim Kazungula solteiro foi influenciadopelo componente quadrático ao nrvel de 5%, po-dendo-se representá-Io pela seguinte regressão Iine-ar nos parâmetros:

Y = 6.473,83 - 406,463X + 49,559X2 ,ondeY e X já foram definidos acima. Esta -curva passapor um ponto de mínimo quando X = 4,10 sema-nas.

Pelo quadro 5, não houve significância para osparâmetros estudados: cultivos, altura e freqüênciado corte, quando se avaliou a produção de proteí-na bruta em quilograma por hectare, através daaplicação do teste de Tukey (5%). Altas diferençasobservadas entre as médias de proteína bruta porquilograma/hectare de cada um dos efeitos estuda-dos não alcançaram significância devido à grandevariação apresentada pela análise de variância paraesta característica.

Os resu Itados do qu ad ro 6 mostram que osteores de proteína foram afetados pela freqüênciade corte, diminuindo à medida que se reduziu amesma tanto para as forrageiras exclusivas comopara a consociação.

Com relação à altura do corte, observa-se quepara galáxia isolada e para a consociação, quandose elevou a altu ra do corte, h ouve um a dim inu içãonos teores de proteína, exceto para a galáxia com6 semanas que se comportou como a setária exclu-siva; o mesmo não ocorreu com a setária plantadasolteira, que mostrou acréscimo nos teores.

Na consociação considerada separadamente,verifica-se que, enquanto a gram ínea apresentouum decréscimo no teor com a elevação da alturado corte, a galáxia não mostrou resposta a esse fa-tor.

Ou adro 4 Produção de matéria seca a 650C, emfunção da altura e freqüência do corte. Médias de

quatro repetições

Freqüência do corteEspécies Altura (semanas)

6 9 12

cm kg/ha

7,5 1.524 1.992 3.017Galáxia

15,0 1.763 2.466 1.609

Kazungula--Galáxia

7,5 6.436 9.1087.331

15,0 5.778 ô.942 8.707

7,5 6.479 9.518

7.948

6.623Kazungula

15,0 5.159 5.253

Cultivo *". Blocos N.S. Freqüência **. Altura cõrte :Freqüência x cultivo * Freqüência x cultivo (galáxia)

- N.S. Freqüência x cultivo (galáxia e kazunqula) . **Freqüência x cultivo (kazunqula) ** Altura x cultivoN.S. Altura x freqüência N.S. C.V.: 24,70%.

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QUADRO 5. Produção de proteína bruta em função da altura do corte(em) e freqüência do corte (semanas). Média de quatro repetições

Freqüência de corte (semanas)

Espécies Altura

6 9 12

cm kg/ha

7,5 285,64 357,27 474,52

'" 1. Galáxia15,0 325,72 450,02 258,99

7,5 414,63 385,01 330,96

2. Kazungula--Galáxia 15,0 359,79 347,76 343,13

7,5 343,65 259,11 300,27

3. Kazungula15,0 283,32 276,96 280,96

Cultivos N.S.; Blocos N.S.; Freqüência N.S.; Altura corte N.S.; Freqüência x cu lti-vo N.S.; Altura x cultivo N.S.; Altura x freqüência N.S. e C.V. = 34,55%.

QUADRO 6. Teores de proteína bruta em relação à altura do corte e freqüênciado corte. Média de quatro repetições

Freqüência de corte (semanas)Espécies Altura

6 9 12

%em-.7,5 18,82 18,29 17,05

Galáxia15,0 19,69 17,18 16,52

c

7,5 18,14 17,26 16,056,53 4,94 4.46

Kazungula -- Galáxia 15,0 16,16 14.45 15,84

6,36 5,27 4,53

7,5 5,80 4,81 3,98Kazungula

15,0 6,13 5,75 5,22

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CONCLUSÕES

1. Numa altu ra de 7 ,5cm, a dim inuição da fre-qüência de corte provocou um aumento na produ-ção de matéria seca. O mesmo não ocorreu quandose elevou para 15cm a altura de corte.

2. A produção de matéria seca da consociaçãoe da kazungula aumentou com a diminuição da fre-qüência, independente da altu ra do corte.

3. A elevação do corte provocou queda naprodução de matéria seca, com exceção da galáxiana freqüência de até 6 a 9 semanas.

4. Houve efeito significativo do componentelinear para produção de matéria seca da mistura edo capim-kazungula.

5. A produção de matéria seca na gram (neasolteira e consociada diminuiu à medida que au-mentou a altura de corte, independente da fre-qüência de corte.

6. Não houve diferença m rrurna significativapara espécies, altu ra e freqüência de corte, quandose analisou a produção de proteína bruta em quilo-grama por hectare.

7. Os teores de proteína bruta diminuíram àmedida que diminuiu a freqüência de corte, inde-pendente da altu ra de corte.

SUMMARY: The trial was carried out at Estação Experimental Central, in Nova Odessa,Sta-te of São Paulo, Brazil. in an area where the Setaria anceps Stapf. ex. MasseyCv. Kazun-gula and Galactia striata (Jacq.) Urb. were grown. The experiment design was a splrt plotone, with four repl ications. The effect of two height (7.5 and 15.0cm) and th ree frequency(6,9 and 12 weeks) were studied on yield. The results were: the best dry matter productionwas obtained by Kazungula, in the frequency (12 weeks) and height (7.5cm) and by mixtureKazungula-Galactia in the frequency (12 weeks) and height (15.0cm). There wasn't signifi-cant effect crude production, and the crude porcentage decreased when the frequency de-creasedtoo.

AGRADECIMENTOS

Ao Auxiliar de Engenheiro-Agrr5nomo, José Carlos Vichesi,pela ajuda na condução do experimen-to. Aos auxiliares de campo da Seção de Agronomia de Plantas Forrageiras. Aos técnicos da Seção deEstatfstica e Técnica Experimental, Benedicto do Espfrità Santo Campas e Álvaro Duerte, pela parteestat !stica.

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