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4 Enquanto convalescia de suas feridas no hospital de Tréport, teve o seu primeiro encontro com a obra de G.K. Chesterton, o primeiro “míssil” cristão que recebeu o seu inflamado ateísmo. “Nunca tinha ouvido falar dele nem sabia o que pretendia. Tampouco posso entender muito bem por que me conquistou tão imediatamente. Poder-se-ia esperar que meu pessimismo, meu ateísmo e a minha aversão para o sentimentalismo teriam feito dele o autor com o que menos combinasse (...). Ao ler a Chesterton, como ao ler a MacDonald, não sabia onde eu estava me colocando”. A leitura das obras de George McDonald, por outro lado, abriu-lhe a fronteira para um novo mundo, um mundo de beatitude onde Deus estava mais perto da realidade do que nunca antes tinha vivido. Ler a Chesterton e a McDonald não era o mais recomendável para alguém que dizia ser ateu. Continua na próxima edição. Avisos e Notícias Batismos: foram batizados pelos pais no dia 22 de dezembro: Renata F. Batista, Fernanda Galvão e Alison Friedrich Junior. Graças a Deus pelo privilégio que os pais tem de encaminhar seus filhos para Cristo Jesus. Que eles continuem a crescer agora na fé, que vem de Cristo Jesus. Portugal: a família Meneses (José, Ana, Pedro e Joana), chegou de mudança no dia 30 de dezembro, provenientes da Ilha Terceira (Açores). Sejam bem vindos entre nós. Que o Senhor possa completar a obra que iniciou em suas vidas! Leituras Diárias 2013: já está disponível o nosso material devocional para o ano de 2013. Pode ser adquirido na Sede ou pelos telefones 3023- 8053/9152-5201 com Dora Waldow. Novo site: em fevereiro, o site fratrum contendo as gravações e estudos da congregação, ganhará uma nova configuração. As atualizações a partir de então, serão semanais. Agenda: 06, 13, 20 e 27 de janeiro – Assembléia dos irmãos na Sede – 10h00. 14, 21 e 28 de janeiro - Reunião de oração dos homens na Sede – 20h30. Responsável: irmão Márcio Guilherme. Aniversários em janeiro: 13/01: Edson & Vanilda – 8824-1327 14/01: Devanir Reolon – 9940-9877 15/01: Humberto F. Nunes – [email protected] 16/01: Marcelo S. Cabral – 3378-9757/9249-5031 17/01: Dinamene de O. Nogueira Otani – 9619-1616 18/01: Edson Thibes – 3059-2141/8881-6942 19/01: Alexandre Leone Pereira Dias – 9933-0809 20/01: Eloíza Ap. Silveira – 3092-8400/8885-1395 20/01: Laércio & Elisangela – 3042-5506 21/01: Luiz Carlos Dal’Sant – 3379-1806/8891-8660 21/01: Karyna Tierschnabel – 3276-3729 21/01: Alison Friedrich – 3408-8598/8834-8598 23/01: Valdair & Andrea – 3268-5930 24/01: Fábio & Patrícia – 42 9935-4866 25/01: Amanda Bonet de Oliveira – 9642-0171 26/01: Carlos Eduardo F. Reis – 9931-3059 26/01: Fábio Kosloski Junior – 3289-7272 29/01: Rebecca Angelotti Alves – 3669-4383 30/01: Valdenir & Zulméia – 3669-9646 30/01: Raquel Carvalho de Azevedo – 3042-5506 30/01: Catarina Bragança Xavier – 3362-2921 31/01: Ivonete Tierschnabel – 3376-0812 31/01: Renata F. Batista – 3349-6541 31/01: Mariele P. Amenábar – 3027-3693 “As pessoas sempre estão prontas a serem organizadas, porque é tão mais fácil fazer coisas quando nos ordenam o que fazer e explicam como faze-lo, do que estarmos realmente sozinhos com Deus, só Deus e nós enfrentando a questão – enfrentando- a continuamente”. D. Martyn Lloyd-Jones EM FAMÍLIA é o informativo mensal dos Irmãos. Responsável: Claudimir Morais – [email protected] Site contendo estudos bíblicos e gravações: www.fratrum.com.br Assembléias: Domingos – 10h00 (partir do pão) Sede: Rua Acre, 441 – Água Verde – Curitiba – PR Cep 80620-040 1 E E m m f f a a m m í í l l i i a a INFORMATIVO MENSAL DOS IRMÃOS ANO XVI Nº 180 – JANEIRO 2013 u não ouço falar muito sobre o perigo do “desvio” hoje em dia. Parece que isso é algo com que meus amigos e eu nos preocupávamos 20 anos atrás. Nós falávamos sobre isso, orávamos contra isso, e procurávamos manter Jesus sempre diante de nós como nossa grande esperança e satisfação A preocupação não era com cair totalmente fora do mapa espiritual, negando Jesus e mergulhando em pecados escandalosos, mas nós sabíamos que de fato temos corações que são, como o hino diz, “inclinados a se desviar”. E eu não sou melhor hoje do que era naquele tempo. “Se há uma consideração particularmente humilhante para um crente com uma mente espiritual, é que, depois de tudo o que Deus fez por ele – depois de todas as ricas demonstrações de sua graça, a paciência e ternura de suas instruções, a repetida disciplina de sua aliança, os emblemas de amor recebidos, e as lições da experiência aprendidas –, ainda existe no coração um princípio, uma tendência para um secreto, perpétuo e alarmante afastamento de Deus.” – Octavius Winslow, Personal Declension. No seu livro “Revival” (Avivamento), Richard Owen Roberts apresenta 25 evidências de uma condição desviada. Ele elabora cada uma delas, mas eu vou apenas dar-lhe os pontos aqui. Considere-os seriamente: 1. Quando a oração deixa de ser parte vital de uma vida cristã professa, o desvio está presente. 2. Quando a busca pela verdade bíblica cessa e a pessoa se torna contente com o conhecimento de coisas eternas já adquirido, não pode haver dúvida quanto à presença do desvio. 4. Quando pensamentos ardentes sobre as coisas eternas deixam de ser regulares e consumidores, isso deveria ser como um sinal de alerta para o desviado. 5. Quando os cultos da igreja perdem seu deleite, uma condição de desvio provavelmente existe. 6. Quando discussões espirituais profundas são um constrangimento, há certamente uma evidência de desvio. 7. Quando os esportes, a recreação e o entretenimento são uma parte grande e necessária de seu estilo de vida, você pode concluir que está ocorrendo um desvio. 8. Quando os pecados do corpo e da mente podem ser praticados sem uma revolta na sua consciência, a sua condição de desviado é certa. 9. Quando as aspirações por uma santidade semelhante à de Cristo param de dominar sua vida e seu pensamento, o desvio está ali. 10. Quando a aquisição de dinheiro e bens materiais se torna uma parte dominante de seu pensamento, você tem uma clara confirmação de desvio. E

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Enquanto convalescia de suas feridas no hospital de Tréport, teve o seu primeiro encontro com a obra de G.K. Chesterton, o primeiro “míssil” cristão que recebeu o seu inflamado ateísmo. “Nunca tinha ouvido falar dele nem sabia o que pretendia. Tampouco posso entender muito bem por que me conquistou tão imediatamente. Poder-se-ia esperar que meu pessimismo, meu ateísmo e a minha aversão para o sentimentalismo teriam feito dele o autor com o que menos combinasse (...). Ao ler a

Chesterton, como ao ler a MacDonald, não sabia onde eu estava me colocando”. A leitura das obras de George McDonald, por outro lado, abriu-lhe a fronteira para um novo mundo, um mundo de beatitude onde Deus estava mais perto da realidade do que nunca antes tinha vivido. Ler a Chesterton e a McDonald não era o mais recomendável para alguém que dizia ser ateu.

Continua na próxima edição.

Avisos e Notícias Batismos: foram batizados pelos pais no dia 22 de dezembro: Renata F. Batista, Fernanda Galvão e Alison Friedrich Junior. Graças a Deus pelo privilégio que os pais tem de encaminhar seus filhos para Cristo Jesus. Que eles continuem a crescer agora na fé, que vem de Cristo Jesus.

Portugal: a família Meneses (José, Ana, Pedro e Joana), chegou de mudança no dia 30 de dezembro, provenientes da Ilha Terceira (Açores). Sejam bem vindos entre nós. Que o Senhor possa completar a obra que iniciou em suas vidas! Leituras Diárias 2013: já está disponível o nosso material devocional para o ano de 2013. Pode ser adquirido na Sede ou pelos telefones 3023-8053/9152-5201 com Dora Waldow.

Novo site: em fevereiro, o site fratrum contendo as gravações e estudos da congregação, ganhará uma

nova configuração. As atualizações a partir de então, serão semanais.

����Agenda: 06, 13, 20 e 27 de janeiro – Assembléia dos irmãos na Sede – 10h00. 14, 21 e 28 de janeiro - Reunião de oração dos homens na Sede – 20h30. Responsável: irmão Márcio Guilherme.

����Aniversários em janeiro: 13/01: Edson & Vanilda – 8824-1327 14/01: Devanir Reolon – 9940-9877 15/01: Humberto F. Nunes – [email protected]

16/01: Marcelo S. Cabral – 3378-9757/9249-5031 17/01: Dinamene de O. Nogueira Otani – 9619-1616 18/01: Edson Thibes – 3059-2141/8881-6942 19/01: Alexandre Leone Pereira Dias – 9933-0809 20/01: Eloíza Ap. Silveira – 3092-8400/8885-1395 20/01: Laércio & Elisangela – 3042-5506 21/01: Luiz Carlos Dal’Sant – 3379-1806/8891-8660 21/01: Karyna Tierschnabel – 3276-3729 21/01: Alison Friedrich – 3408-8598/8834-8598 23/01: Valdair & Andrea – 3268-5930 24/01: Fábio & Patrícia – 42 9935-4866 25/01: Amanda Bonet de Oliveira – 9642-0171 26/01: Carlos Eduardo F. Reis – 9931-3059 26/01: Fábio Kosloski Junior – 3289-7272 29/01: Rebecca Angelotti Alves – 3669-4383 30/01: Valdenir & Zulméia – 3669-9646 30/01: Raquel Carvalho de Azevedo – 3042-5506 30/01: Catarina Bragança Xavier – 3362-2921 31/01: Ivonete Tierschnabel – 3376-0812 31/01: Renata F. Batista – 3349-6541 31/01: Mariele P. Amenábar – 3027-3693 “As pessoas sempre estão prontas a serem organizadas, porque é tão mais fácil fazer coisas quando nos ordenam o que fazer e explicam como faze-lo, do que estarmos realmente sozinhos com Deus, só Deus e nós enfrentando a questão – enfrentando-a continuamente”.

D. Martyn Lloyd-Jones EM FAMÍLIA é o informativo mensal dos Irmãos. Responsável: Claudimir Morais – [email protected] Site contendo estudos bíblicos e gravações: www.fratrum.com.br Assembléias: Domingos – 10h00 (partir do pão) Sede: Rua Acre, 441 – Água Verde – Curitiba – PR Cep 80620-040

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INFORMATIVO MENSAL DOS IRMÃOS ANO XVI Nº 180 – JANEIRO 2013

u não ouço falar muito sobre o perigo do “desvio” hoje em dia. Parece que isso é algo com que meus amigos e eu nos preocupávamos

20 anos atrás. Nós falávamos sobre isso, orávamos contra isso, e procurávamos manter Jesus sempre diante de nós como nossa grande esperança e satisfação

A preocupação não era com cair totalmente fora do mapa espiritual, negando Jesus e mergulhando em pecados escandalosos, mas nós sabíamos que de fato temos corações que são, como o hino diz, “inclinados a se desviar”. E eu não sou melhor hoje do que era naquele tempo.

“Se há uma consideração particularmente humilhante para um crente com uma mente espiritual, é que, depois de tudo o que Deus fez por ele – depois de todas as ricas demonstrações de sua graça, a paciência e ternura de suas instruções, a repetida disciplina de sua aliança, os emblemas de amor recebidos, e as lições da experiência aprendidas –, ainda existe no coração um princípio, uma tendência para um secreto, perpétuo e alarmante afastamento de Deus.” – Octavius Winslow, Personal Declension.

No seu livro “Revival” (Avivamento), Richard Owen Roberts apresenta 25 evidências de uma condição desviada. Ele elabora cada uma delas, mas eu vou apenas dar-lhe os pontos aqui. Considere-os seriamente:

1. Quando a oração deixa de ser parte vital de uma vida cristã professa, o desvio está presente.

2. Quando a busca pela verdade bíblica cessa e a pessoa se torna contente com o conhecimento de coisas eternas já adquirido, não pode haver dúvida quanto à presença do desvio.

4. Quando pensamentos ardentes sobre as coisas eternas deixam de ser regulares e consumidores, isso deveria ser como um sinal de alerta para o desviado.

5. Quando os cultos da igreja perdem seu deleite, uma condição de desvio provavelmente existe.

6. Quando discussões espirituais profundas são um constrangimento, há certamente uma evidência de desvio.

7. Quando os esportes, a recreação e o entretenimento são uma parte grande e necessária de seu estilo de vida, você pode concluir que está ocorrendo um desvio.

8. Quando os pecados do corpo e da mente podem ser praticados sem uma revolta na sua consciência, a sua condição de desviado é certa.

9. Quando as aspirações por uma santidade semelhante à de Cristo param de dominar sua vida e seu pensamento, o desvio está ali.

10. Quando a aquisição de dinheiro e bens materiais se torna uma parte dominante de seu pensamento, você tem uma clara confirmação de desvio.

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11. Quando você pode pronunciar canções e palavras religiosas sem o coração, tenha certeza de que o desvio está presente.

12. Quando você pode ouvir o nome do Senhor ser tomado em vão, questões espirituais ridicularizadas e questões eternas tratadas de forma frívola, sem ser levado à indignação e ação, você está desviado.

13. Quando você pode assistir a filmes e programações de televisão degradantes e ler literaturas moralmente debilitantes, você pode estar seguro de seu desvio.

14. Quando quebras de paz na irmandade não são motivo de preocupação para você, isso é uma prova de desvio.

15. Quando a menor desculpa parece suficiente para afastar você do dever e da oportunidade espiritual, você está desviado.

16. Quando você fica satisfeito com sua falta de poder espiritual e não mais busca repetidos revestimentos de poder do alto, você está desviado.

17. Quando você desculpa seu próprio pecado e preguiça dizendo que o Senhor entende e lembra que somos pó, você revela sua condição de desviado.

18. Quando não há mais música em sua alma e em seu coração, o silêncio testifica de seu desvio.

19. Quando você se ajusta alegremente ao estilo de vida do mundo, seu próprio espelho vai lhe dizer a verdade sobre seu desvio.

20. Quando a injustiça e a miséria humana existem ao seu redor e você não faz nada para aliviar o sofrimento, fique certo de seu desvio.

21. Quando a sua igreja caiu em declínio espiritual e a Palavra de Deus não é mais pregada ali com poder e você permanece satisfeito, você está em uma condição de desviado.

22. Quando a condição espiritual do mundo declina ao seu redor e você não consegue percebê-lo, isso é testemunho da sua situação de desvio.

23. Quando você está disposto a enganar seu empregador, o desvio é patente.

24. Quando você se acha rico em graça e misericórdia e se maravilha com sua própria piedade, então você caiu profundamente em desvio.

25. Quando suas lágrimas estão secas e a realidade espiritual dura e fria de sua existência não é suficiente para fazê-las rolar, veja isso como um terrível testemunho da dureza de seu coração e da profundidade de seu desvio.

Fonte: Voltemos ao Evangelho

De Ateu a Apologista Cristão C. S. Lewis, mais conhecido como o autor das “Crônicas de Nárnia”, foi um dos autores cristãos mais influentes do século XX. Ele tornou os mistérios da fé compreensíveis a crianças e intelectuais.

.S. Lewis é uma figura única e atípica no cenário cristão do século XX. Ateu mais da metade de sua vida (durante a sua juventude

se sentiu fortemente atraído pelo ocultismo, embora nunca chegasse a praticá-lo), se tornou não apenas cristão, mas um apologista, conferencista radical e um professante cristão em um ambiente – acadêmico – onde sê-lo era impopular e onde tinha mais valor calar qualquer fé que se tivesse. Nem católico nem evangélico propriamente dito, no entanto, hoje é valorizado e lido por ambos os setores, os quais fazem força por fazer dele parte sua, e até lhe canonizar. Não sendo um teólogo, e mais até, sendo criticado em vários pontos pelos mais ortodoxos, difundiu a fé cristã mais do que ninguém, e o seu tributo alcançou tal valia que apenas o seu nome inspira respeito e dá o ar da sua graça a quem o cita.

Mas, C.S. Lewis é um personagem digno de integrar a galeria dos cristãos proeminentes no último período da história da igreja? Um cristão que viveu a vida cristã tão solitária, e peculiarmente? Clive Staples Lewis foi batizado em 29 de Junho de 1899 na igreja de São Marcos Dundela de Belfast, Irlanda. Seu pai, Albert, era cartorário e provinha de uma família de granjeiros de Gales que tinham imigrado para a Irlanda. Tinha começado como operário e terminou como sócio de uma importante empresa de engenharia e armadores de navios. De aspecto sentimental, era apaixonado e melodramático; tanto tenro como cheio de ira, muito

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ao contrário de sua mãe, Florence Augusta Hamilton que demonstrava uma mente crítica e irônica. Ela provinha de uma família de clérigos e advogados e era a filha de um pastor protestante. Esta diferença tão notável de caracteres nas famílias tornou-se parte do temperamento e caráter de C. S. Lewis. Desde sua mais tenra infância esteve rodeado de livros de todos os tipos. Longe de ser criado em um puritanismo estrito, Lewis foi ensinado na rotina de ir à igreja e de orar ao seu devido tempo, coisa que ele aceitou sem maior interesse. Em 1908, com apenas 9 anos de idade, a sua mãe adoeceu de câncer e morreu. Esta morte marcou a sua vida. Antes que terminasse o mês de setembro desse mesmo ano, o seu pai tomou a decisão de enviar a ele e a seu irmão mais velho Warren, a um estrito internato inglês. Primeiras aprendizagens Como estudante secundário, no Cherbourg School, em Malvern, Lewis foi um avantajado leitor dos poemas homéricos em seu idioma original, um péssimo estudante de matemática e um admirador das obras de arte. Dominava também o francês, o alemão, o italiano. Admirava a mitologia nórdica, e ouvia com fascinação a música de Richard Wagner. Diziam-lhe «Jack», depois de lhe haver dito “Jacksie” durante muito tempo, e em seu foro íntimo estava completamente seguro de que Deus não existia. Seu ateísmo se mostra bem cedo com grande dureza: “Não acredito em nenhuma religião”, diz. “Não há absolutamente nenhuma prova para nenhuma delas, e do ponto de vista filosófico, o cristianismo não é nem sequer a melhor. Todas as religiões, ou seja, todas as mitologias, para lhe dar seu nome correto, são simplesmente um invento do homem”. Lewis sentia o mundo como um espaço terrivelmente frio e vazio, onde a história humana era em grande parte uma seqüência de crimes, guerras, enfermidades e dor. “Se me pedirem que creia que tudo isto é obra de um espírito onipotente e misericordioso – dizia, me verei obrigado a responder que todos os testemunhos apontam na direção contrária”, acrescentaria depois, com a perspectiva dos anos, “a solidez e facilidade dos meus argumentos expunham um problema: Como é possível que um universo tão mal tenha sido atribuído constantemente pelos seres humanos à atividade de um sábio e poderoso criador? Talvez os homens sejam néscios, mas é difícil que sua estupidez chegue até ao extremo de inferir diretamente o branco do negro”. Embora as palavras do cristianismo, no que seus pais protestantes o educaram, tinham-lhe sido úteis nas piores noites de dor infantil; embora a leitura da Bíblia o tivesse salvo da dor penetrante que tinha sentido na solidão do internato; agora, em 1914, no tempo que abandonava o colégio para ser instruído por um tutor chamado William Kirkpatrick, estava convencido de que a religião era “algo sem sentido no que a humanidade vive perdida”. O senhor Kirkpatrick era, sem dúvida, o ateu que ele necessitava nesses momentos para reforçar as suas convicções. Ele corrigiu os seus primeiros poemas; ensinou-lhe a chegar às suas próprias conclusões; a debater ferozmente e logicamente; e o animou a ser cínico diante de uma natureza que podia nos deixar órfãos de um dia para o outro. Permitiu-lhe dizer que

a unica coisa que nunca perderíamos –a unica coisa que valia a pena crer- era a imaginação. Com Kirkpatrick, Lewis desenvolveu a arte de argumentar, que lhe seria útil depois para batalhar a favor de Deus. Com Smiugy, outro querido professor anterior, tinha aprendido com prazer as chaves da gramática e a retórica nos textos clássicos; com Kirkpatrick, ao contrário, aprendeu dialética. Uma dialética irônica e sutil: “Se alguma vez existiu um homem que fora quase um ente puramente lógico, esse homem foi Kirk (...). Assombrava-lhe que houvesse quem não desejasse que lhe esclarecessem algo ou lhe corrigissem (...). No final, a menos que me superestime, converti-me em um ‘sparring’ nada desprezível. Foi alguém grande aquele dia em que o homem que durante tanto tempo tinha lutado para demonstrar a minha imprecisão, acabou-me advertindo dos perigos de ter uma sutileza excessiva”. Pouco a pouco, Lewis foi se sentindo cômodo e confirmado em seu ateísmo: “Para um covarde como eu, o universo do materialista tinha o enorme atrativo de que te oferecia uma responsabilidade limitada. Nenhum desastre estritamente infinito podia te apanhar, pois a morte terminava com tudo (...). O horror do universo cristão era que não tinha uma porta com o pôster de ‘Saída’”. Gostava de citar a Lucrecio, como quem tinha o argumento mais forte a favor de sua postura:

Nequaquam nobis divinitus esse paratam Naturam rerum; tanta stat praedita culpa. (Se Deus tivesse desenhado o mundo, não seria um mundo tão frágil e defeituoso como o vemos).

No entanto, como não há ateu em estado puro, Lewis depois diria em sua autobiografia “(por esse tempo) eu vivia, como tantos ateus ou antiteístas, em um redemoinho de contradições. Afirmava que Deus não existia. Frequentemente ficava furioso com Deus por não existir. E estava igualmente zangado com Ele por ter criado um mundo”. Seu caráter reconcentrado e sério lhe afastava do contato com as pessoas – de fato, teve muito poucos amigos – e mais do que procurar distrações em suas horas quietas, não gostava de ser interrompido. Assíduo leitor teve sempre a disposição em casa de uma nutrida biblioteca de seu pai, e depois, enquanto estudava fora dela, inscrevia-se nas melhores livrarias para receber livros recém publicados. Na Inglaterra existiam muitas publicações de baixo custo que um estudante abastado como ele podia comprar. Seu itinerário intelectual e ideológico está marcado, pois, por inumeráveis leituras. Tão avantajado se tornou nisso que nem ele mesmo estava consciente de suas vantagens comparada com outros jovens até quando se apresentou na universidade. Foi admitido imediatamente, e sua carreira como estudante e depois como professor chegou a ser brilhante. No final de 1916 se apresentou em Oxford para o exame de uma bolsa de estudo. Entrou na Residência no trimestre do verão de 1917. Eram os tempos da primeira guerra mundial e teve que alistar-se no exército. Foi ferido na batalha de Arras, na segunda-feira 15 de abril de 1918, depois de sobreviver a uma série de explosões no monte Berenchon. Em combate perdeu o seu grande amigo Paddy Moore, quando o armistício já começava a aparecer: teve que enterrá-lo em um campo reformado no sul de Peronne.