devocional sobre oração

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2011 Por Reinaldo Bui www.todahelohim.com Devocional escrito para os projetistas da JUVEP de janeiro de 2011. Devocional: A Oração

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Vinte e dois (22) dias de reflexão sobre oração neste devocional (ou devocionário) escrito por Reinaldo Bui.

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Page 1: Devocional sobre Oração

2011

Por Reinaldo Bui

www.todahelohim.com

Devocional escrito para os projetistas da JUVEP de janeiro de 2011.

Devocional: A Oração

Page 2: Devocional sobre Oração

www.todahelohim.com Devocional: A Oração

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Sumário Introdução ................................................................................................................................................................................... 3

1. O pecado de não orar.......................................................................................................................................................... 4

2. Não sabemos orar ................................................................................................................................................................ 5

3. Deus me livre! ........................................................................................................................................................................ 6

4. Ensina-nos a orar! ................................................................................................................................................................ 7

5. Intenção... Ação! .................................................................................................................................................................... 8

6. Não como os hipócritas ..................................................................................................................................................... 9

7. Não como os gentios ........................................................................................................................................................ 10

8. Ore assim! ............................................................................................................................................................................ 11

9. Reconhecendo quem Deus é......................................................................................................................................... 12

10. Ele é Santo! ........................................................................................................................................................................ 13

11. Ansiosos pelo reino de Deus ...................................................................................................................................... 14

12. Alinhando-se à vontade de Deus .............................................................................................................................. 15

13. Submissos à vontade de Deus ................................................................................................................................... 16

14. Só para não esquecer .................................................................................................................................................... 17

15. Reconhecendo nossa dependência física ............................................................................................................. 18

16. Despertando nossa consciência de corpo ............................................................................................................ 19

17. O pão do céu ..................................................................................................................................................................... 20

18. Oportunidade de confessar nossos pecados ....................................................................................................... 21

19. Oportunidade para acertar nossas pendências ................................................................................................. 22

20. Reconhecendo nossa dependência espiritual .................................................................................................... 23

21. O Senhor é nosso libertador ...................................................................................................................................... 24

22. Para sempre! .................................................................................................................................................................... 25

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Introdução

Desde a queda e o subsequente afastamento de Deus, é inerente à alma humana o anseio por reatar os

laços com o Criador. A oração sempre foi apontada como o meio mais utilizado para se trilhar este

caminho de volta.

Oração é acima de tudo, um exercício de fé, e sem fé é impossível agradar a Deus. Devemos nos lembrar

que este mesmo Deus é também o galardoador daqueles que O buscam com fé, em oração.

A primeira menção que a Bíblia faz sobre oração está em Gênesis 4.26:

A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos;

daí se começou a invocar o Nome do Senhor.

Enos significa literalmente "mortal". Muito curioso isto: certamente Adão relatara muito

envergonhadamente sua triste história desde o Éden até aquele momento, passando pela amarga

experiência de abrigar em sua família o primeiro caso de assassinato da humanidade. Por causa da sua

desobediência, todos os seus descendentes estariam fadados a morrer! De repente Sete se deu conta

que seu filho amado já nascera com seu destino traçado e invoca o Senhor: “Perdoa-nos, Senhor! Salva-

nos! Tenha piedade de nós! Não nos abandone nem nos deixe morrer!”

Daí por diante a Bíblia nos conta a história desta humanidade caída, necessitada. Aqui nós nos

encontramos juntamente como todos os personagens que escrevem e compõe esta saga. A Bíblia é

composta por muitos testemunhos de mortais que invocaram a Deus... E Ele ouviu e atendeu seus

pedidos. Tiago cita, por exemplo, o profeta Elias: um homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos

sentimentos (mesma natureza e limitações), e orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses,

não choveu sobre a terra (Tiago 5.17-18).

Qual foi o segredo de Elias? Nenhum. Ele simplesmente orou baseado no que conhecia da Palavra de

Deus. Da mesma forma podemos lembrar de Abraão, Moisés, Davi e tantos outros mortais que andaram

com Deus e buscavam Sua face constantemente em oração.

Ainda assim, quem nos deu o maior exemplo de vida de oração foi o próprio Deus, encarnado na pessoa

de Jesus. É com Ele que mais aprendemos sobre o assunto (seja através de seus ensinamentos, ou

através de seu próprio exemplo) e é nEle que devemos nos espelhar.

Desejo crescer em oração. Desejo aprender mais sobre oração, tanto com os testemunhos destes quanto

com as palavras e exemplo de Jesus. Espero também poder despertar um profundo desejo de uma vida

de oração crescente, profunda e perseverante em cada um de nós. Que este devocionário1 seja uma

bênção para aqueles que assim também desejam.

-- Reinaldo Bui

1 Conjunto de devocionais.

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1. O pecado de não orar Baseado num livro do Dr. John R. Rice

E QUANTO A MIM, LONGE DE MIM QUE EU PEQUE CONTRA O SENHOR,

DEIXANDO DE ORAR POR VÓS... (1SAMUEL 12:23)

O nosso maior pecado é não orar. Todos os fracassos que nos sobrevêm são por não orarmos. A falta de

almas salvas no meu ministério é, principalmente, devido à ausência de oração. A escassez de alegria no meu

coração é, às vezes, o fruto de não orar. Indecisão, falta de sabedoria e de direção, são causados por não orar.

Quantas vezes tenho errado, tenho faltado com os meus deveres, e tem me faltado poder e alegria, tudo isso

por causa do pecado de não orar. Não orar é pecado, porque a Bíblia diz isso de maneira clara. Paulo estimula

os crentes de Tessalônica: Orem sem cessar! (I Ts 5.17).

Quando deixamos de orar abrimos a porta a todos os demais pecados. Vemos isto claramente nas palavras

de Jesus em Marcos 14.38:

Vigiem e orem para que não caiam em tentação.

O espírito está pronto, mas a carne é fraca.

Lembremos ainda dos pais da igreja, de como eles oravam! Os que agradaram mais a Deus foram aqueles que

oravam contínua e insistentemente, até obter a vitória. Com certeza pecamos quando não os imitamos.

Assim como a prática da oração demonstra nossa dependência de Deus, o não orar mostra a falta de gozo em

Deus, incredulidade e fraqueza de nossa parte.

Há uma tendência natural em nossa carne a não orar. Muitas vezes limitamos nossa vida de oração a poucos

segundos antes das refeições, ao despertar e ao deitar-se à noite... Isto quando lembramos! Precisamos a

todo custo vencer a tentação de permanecer nesta letargia espiritual. Dr. Rice propõe os seguintes passos:

1. Procure dedicar um pouco de tempo, ainda bem cedo, todos os dias, para orar e meditar na

Palavra de Deus. Quanto mais cedo melhor. Um bom horário pela manhã seria antes de comer.

Um grande missionário tinha o seguinte lema: Sem Bíblia, sem café da manhã.

2. Crie o hábito de orar até alcançar paz com relação ao problema ou a dificuldade que esteja

passando. Frequentemente não obtemos resposta a uma oração em um mesmo dia.

3. É preciso separar tempo para orar sobre os problemas que nos sobrevêm.

4. Deixe de formalidade e permita que a oração seja uma conversa simples com Deus. Cada crente

deveria dizer, muitas vezes por dia: "Senhor, pequei nisso... me perdoe"; ou "Senhor, me ajude a

saber o que dizer a esta pessoa!" Ou ainda: "Senhor ajuda-me na solução dessa dificuldade." Faça

da oração um detalhe importante da sua vida, junto com os demais.

5. Procure seguir os exemplos da Bíblia e seus ensinos sobre a oração. Leia, por exemplo, o salmo

55 e veja que em sua angústia Davi buscava o SENHOR: Eu, porém, clamo a Deus e o Senhor me

salvará. À tarde, pela manhã, e ao meio dia choro angustiado, e Ele ouve a minha voz. (Salmo

55.16-17)

Procuremos penetrar todas as riquezas da oração encontradas na Bíblia. Dediquemos tanto tempo à oração

como estes homens a que Deus usou. Choremos tanto como eles choraram. Persistamos tanto quanto eles

persistiram. Façamos da oração meta da nossa vida. O maior gozo. A atividade sempre inacabada. Você está

disposto, neste exato momento, a confessar a Deus o seu pecado de não orar?

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2. Não sabemos orar TAMBÉM O ESPÍRITO, SEMELHANTEMENTE, NOS ASSISTE EM NOSSA FRAQUEZA; PORQUE NÃO SABEMOS ORAR COMO

CONVÉM, MAS O MESMO ESPÍRITO INTERCEDE POR NÓS SOBREMANEIRA, COM GEMIDOS INEXPRIMÍVEIS

(ROMANOS 8.26).

Somos egoístas por natureza. Alguém discorda?

Baseado nesta premissa é natural que alguns de nossos pedidos sejam igualmente egoístas, centrados em

nós ou – quando muito, direcionados ao bem estar de nossos próximos mais queridos. É notório que a

maioria esmagadora de pedidos de oração nas igrejas são referentes à saúde. E saúde física, não espiritual

(esta está lá no finalzinho nas pesquisas). Principalmente em caso de intervenção cirúrgica – e detalhe,

quanto mais nova for a pessoa, maior mobilização há na igreja em prol da equipe médica. Em segundo lugar

vem emprego (subentende-se sustento). Não importa a classe social, Deus sempre é importunado para nos

conseguir uma vaguinha melhor, para ganhar mais e de preferência com um patrão melhor ou sem ele. Em

final de ano, os pedidos por uma vaga na faculdade aumentam substancialmente e, em grandes centros

urbanos, Deus é constantemente solicitado para fazer a segurança do nosso patrimônio e nossa escolta na

rua.

Entre as solteiras, Ele é o agente matrimonial, e entre os casados um grande ombudsman. Será que é assim

que enxergamos a Deus, uma espécie de gênio da lâmpada? É para isto que Ele serve? Para satisfazer nossas

necessidades e cuidar do nosso bem estar?

É oportuno lembrar que, inspirado pelo próprio Espírito Santo, Tiago já alertara em sua epístola (muito

antes de nós nascermos) que pedimos e não recebemos porque pedimos mal, apenas para satisfazer nossos

desejos ou esbanjarmos em nossos prazeres! (Tiago 4.1-4) Penso que ele sabia o que estava escrevendo.

Pouco antes, Tiago exortara a pedirmos por sabedoria, e pedir com fé! Isto significa que nosso pedido deve

estar centrado em Deus e não em nossas lamúrias e misérias. Fé para aceitar as coisas do alto e sabedoria

para compreendê-las.

Pedidos por crescimento na fé, saúde espiritual da igreja e conversões estão ficando cada vez mais raros.

Dificilmente você verá alguém levantar-se no momento dos pedidos de oração na igreja e pedir por

sabedoria. Ou por fé. Por acaso, você já ouviu alguma pessoa pedir que Deus aumente cada dia mais sua

capacidade de amar ao próximo (sem pensar em si mesmo)? Ou que o Senhor a faça pensar cada vez mais

nas coisas do alto e desprender-se das coisas daqui da terra? E você, já experimentou orar neste sentido?

Jesus vai um pouco mais além. Logo na primeira menção que Ele faz sobre oração no NT, Jesus simplesmente

chuta o pau da nossa barraquinha e diz:

Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem... (Mateus 5:44)

E Lucas relata em outra passagem, as palavras do nosso Senhor:

...bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam. (Lucas 6:28)

Aí você pergunta: "O quê? O Senhor não sabe que aquele infeliz é a razão de eu ter perdido o emprego e

também minha saúde? Pela ruína da minha família? O Senhor quer que eu ore por aquele miserável que quer

me prejudicar? Por aqueles que inventaram mentiras e espalham fofocas a meu respeito? Devo amá-los e

bendizê-los apesar de tudo o que fizeram comigo?"

E Deus responde: "Sim."

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3. Deus me livre!

POR CAUSA DISTO, TRÊS VEZES PEDI AO SENHOR QUE O AFASTASSE DE MIM (LEIA II CORÍNTIOS 12.7-10).

Todos nós temos necessidades e desejamos que elas sejam supridas. Algumas destas necessidades são

essenciais para a nossa vida, outras nem tanto. Muitas vezes damos mais atenção para estas e não nos

preocupamos tanto com aquelas, a menos que estejamos passando por uma profunda crise, a ponto de

não termos, sequer, o que comer. Acredito que (no momento) não é este o nosso caso. Mesmo assim,

esperamos que Deus satisfaça TODAS as nossas necessidades. Mas será que Ele realmente está

comprometido em atendê-las? TODAS? Pense um pouco.

Em Mateus 6.33 Jesus ensina que devemos buscar em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas

estas coisas vos serão acrescentadas. Note que Deus não está assinando um cheque em branco aqui. Se

analisarmos o contexto desta passagem, Jesus vem discursando sobre não ser como os gentios, cuja vida

está centrada nas inquietações cotidianas, ou seja, ganhar dinheiro para suprir suas necessidades. Ah, é

imprescindível, também, que gozemos de boa saúde para poder trabalhar e viver bem... Não se

preocupe! Deus sabe. Ou cremos que Ele é onisciente ou não.

Conforme vimos, quando alguém em nosso meio padece de alguma doença física, levantamos clamores

a todo pulmão, mas quando algum irmão passa por alguma “crise espiritual” damos pouca ou nenhuma

importância... Devemos, sim, estar muito mais atentos a estas coisas, sem nos preocupar com aquelas!

Mas o que tem acontecido em nosso meio hoje em dia, que nos leva a preocuparmos tanto com as coisas

deste mundo (entenda, as coisas que dizem respeito à nossa existência na terra)?

Em outro lugar Jesus alerta: Neste mundo passareis por aflições... Com aflições devemos subentender

doenças, acidentes, desemprego, e diversas outras situações que denominamos de “mal”. Nós, seres

humanos, gostamos de ter controle sobre todas as situações de nossa vida e acabamos “utilizando” Deus

para que, através de nossas orações, Ele possa cuidar destas aflições – que são as áreas que não temos

controle. Quando o mal subitamente acontece em nossas vidas, imediatamente começamos a

racionalizar para encontrar um culpado. Ora, quem pode ser, senão o diabo, o inimigo de nossas almas?

Então travamos uma luta em oração, uma verdadeira batalha épica espiritual, para que Deus mande as

hostes celestiais combaterem contra as malignas, e aguardamos “ansiosamente” o grande vencedor

desta guerra: se Deus, meu conforto e bem estar estarão garantidos; mas se o diabo ganhar...

Será que é assim que acontece? Parece ser este o pensamento vigente para alguns cristãos, mas não

estou bem certo que esta seja a realidade no mundo espiritual.

Primeiramente, não se trata de encontrarmos um “culpado” por tudo aquilo que acontece com a gente, e

que chamamos de mal. Há sim, fatores que fogem ao nosso controle e que podem ser usados por Deus

para o nosso aperfeiçoamento. A isto a Bíblia chama de provação. Além disso, Deus pode utilizar

circunstâncias naturais (doenças, acidentes) ou até mesmo um “mensageiro de Satanás” para provar ou

depurar a nossa fé (Tiago 1.2-4). Assim aconteceu com Jó, assim aconteceu com Paulo. Ambos passaram

por provações, oraram e Deus ouviu suas orações; mas os resultados foram bem diferentes: para Jó,

depois de ensiná-lo tudo o quanto queria, Deus restituiu-lhe em dobro os seus bens. Mas para Paulo,

após este ter insistido em oração (note que o apóstolo pediu três vezes) a resposta final foi: A minha

graça te basta!

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4. Ensina-nos a orar!

DE UMA FEITA, ESTAVA JESUS ORANDO EM CERTO LUGAR; QUANDO TERMINOU, UM DOS SEUS DISCÍPULOS LHE

PEDIU: SENHOR, ENSINA-NOS A ORAR COMO TAMBÉM JOÃO ENSINOU AOS SEUS DISCÍPULOS. (LEIA LUCAS 11.1-13)

Se pecamos por não orar, e quando oramos fazemos de forma inconveniente e com as motivações erradas,

então é bem oportuno considerar o pedido que este discípulo fez a Jesus. Na sequência, Jesus cita parte da

oração que ensinara no sermão do monte (conhecida como Pai Nosso) e depois algumas parábolas para

estimular a fé e a constância na oração.

Normalmente interpreta-se a “parábola do amigo importuno” como um estímulo para sermos insistentes

com Deus até conseguir o que queremos. Esta ideia é errada, pois se baseia numa interpretação equivocada

desta parábola. Para a compreendermos, precisamos entender a cultura vigente daquela época,

principalmente no que diz respeito à hospitalidade: era inadmissível um vizinho recusar pão, seja o motivo

que for. Além disto, o visitante era hóspede “na comunidade” e havia uma obrigação moral da comunidade

em receber bem o hóspede de qualquer família. O viajante ia embora se sentindo bem recebido pela

comunidade. Esta parábola ficou conhecida como a do 'Amigo Importuno' por causa da frase se não se

levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação. A palavra que foi (mal)

traduzida por importunação é anaideia, que significa desaforo, impudência, falta de moral. É imprescindível

entender que esta palavra não é aplicada ao pedinte, mas ao vizinho dorminhoco, caso não suprisse a

necessidade do amigo numa hora destas. Jesus não está dizendo que Deus é como este vizinho e que

devemos importuná-lo até Ele dar tudo o que quisermos. Parafraseando, Jesus expõe a seguinte situação:

Qual dentre vós que tiver um amigo que for lhe pedir pão à meia noite (para acudir um hóspede inesperado)

teria coragem de recusar? Ainda mais dando uma desculpa esfarrapada do tipo ‘meus filhos já estão

dormindo’... Vocês sabem que se não for pela amizade, fará por causa da vergonha de não cumprir com uma

obrigação social. Amigo ponta firme é aquele que não age com impudência (falta de pudor), que está sempre

pronto para acudir uma necessidade. Deus é este amigo. Mas aí você levanta a seguinte questão: por que

então nem tudo o que pedimos Ele atende? Vejo dois motivos principais.

O primeiro tem a ver com a nossa obediência, compromisso e seriedade com a Sua Palavra. Lemos em

Provérbios 28.9 que o que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável. O versículo é

bem claro. Se você não se importa em saber a vontade de Deus sobre determinado assunto e faz as coisas da

sua maneira, Ele não tem obrigação alguma de responder sua oração de socorro quando as coisas derem

errado. Se você não concorda comigo, tente fazer isso. O segundo motivo tem a ver com os propósitos de

Deus para nós. Na sequência, Jesus expõe outra situação fazendo o mesmo tipo de pergunta:

Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em

lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião?

A resposta é obvia. Note que o filho está pedindo para o pai um pão, um peixe ou um ovo, isto é, gêneros de

primeira necessidade (assim como o amigo), para saciar sua fome. Se o filho faminto pedisse uma caixa de

bombom para saciar sua fome, muito provavelmente o pai não lhe atenderia ao pedido, por mais que

insistisse, pois o pai sabe qual é a real necessidade da criança e o que é preciso para supri-la. Para um

infante, o bombom é mais gostoso que uma sopa de legumes, mas um adulto sabe que não tem os nutrientes

necessários para seu crescimento saudável. Para os imaturos, Deus pode parecer ruim não dando o que ele

tanto quer, mas quando crescemos, entendemos que o Pai tem o melhor reservado para nós, porque nos

ama. Há aquelas crianças que esperneiam até conseguir. Talvez esta seja a turminha do “eu determino”. Tudo

bem, você pode até conseguir, mas sofrerá as consequências de uma saúde deficiente mais tarde.

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5. Intenção... Ação! GUARDAI-VOS DE EXERCER A VOSSA JUSTIÇA DIANTE DOS HOMENS, COM O FIM DE SERDES VISTOS POR ELES;

DOUTRA SORTE, NÃO TEREIS GALARDÃO JUNTO DE VOSSO PAI CELESTE. (MATEUS 6.1)

Como vimos, quando agimos com imaturidade, Deus pode nos parecer ruim não dando o que tanto

queremos, mas quando crescemos, entendemos que Ele tem o melhor reservado para nós, porque nos ama. A

forma como Deus trabalha em nossa vida visa o nosso crescimento e aperfeiçoamento, por mais dura que a

experiência possa ser e ainda que entre em choque com as tradições que aprendemos. É isto que nos ensina

a Palavra.

O Sermão do monte é o primeiro grande discurso público de Jesus. Podemos dizer que ele foi um marco do

início de Seus ensinamentos. É bom ter sempre em mente que ensinar foi o principal ensejo do seu

ministério, conforme ele mesmo afirma:

Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue

também ali, pois para isso é que eu vim. (Marcos 1.38)

Uma característica notória no sermão do monte, é que Jesus quebra muitos paradigmas da velha

religiosidade, inclusive na questão da oração. Lembre-se que é neste contexto que Cristo faz menção sobre

este assunto pela primeira vez, contradizendo o velho conceito:

Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo:

amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. (Mateus 5.44)

Ao entrarmos no capítulo 6 do livro de Mateus, Jesus deixa claro uma ideia que já estava implícita em toda

sua mensagem: a falibilidade da justiça humana, suas motivações e o julgamento de Deus sobre estas coisas.

Ao vermos (humanamente falando) homens praticando boas obras, como o dar esmolas, por exemplo, (6.1-

4), não temos recursos para julgar suas reais intenções. Mas há algo que Deus vê e o homem não vê, que é o

recôndito mais escuros e profundos do coração humano. É lá que, muitas vezes escondido sobre uma casca

de bondade, ocultam-se nossas intenções mais enganosas. É disto que o profeta Jeremias se referia quando

escreveu e logo completou:

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?

Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um

segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações. (Jeremias 17.9-10)

Estou cada vez mais convencido que Deus leva muito mais em conta nossas intenções do que nossas ações.

Não podemos nos deixar enganar, nem pensar que podemos enganar a Deus. Leia o que Paulo diz:

Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o

que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito

colherá vida eterna. (Gálatas 6.7-8)

O raciocínio é bem simples: se nossas intenções ao praticarmos qualquer ato de aparente bondade ou

espiritualidade (sejam esmolas ou orações) forem outras senão o amor e temor ao Senhor, pode ter certeza:

não valeram absolutamente nada para Deus. Se desejarmos o reconhecimento dos homens, é tudo o que

obteremos. Ação é o que o mundo enxerga, intenção é o que Deus considera.

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6. Não como os hipócritas

E, QUANDO ORARDES, NÃO SEREIS COMO OS HIPÓCRITAS; PORQUE GOSTAM DE ORAR EM PÉ NAS SINAGOGAS E NOS

CANTOS DAS PRAÇAS, PARA SEREM VISTOS DOS HOMENS. EM VERDADE VOS DIGO QUE ELES JÁ RECEBERAM A

RECOMPENSA. (MATEUS 6.5-6)

Em nossas orações estão refletidas os desejos e intenções do nosso coração e Jesus bem sabia disto.

Creio que por este motivo Ele fez questão de, antes de ensinar a orar, julgou mais importante instruir

como não fazer.

Nestes dois versículos, Jesus risca uma linha distinta entre dois tipos básicos de oração. A primeira é a

“oração de vitrine” pelo qual a pessoa procura chamar a atenção para si mesmo porque quer ser

conhecida como espiritual. Isto lhe dá status. O segundo tipo é a “oração relacional”. Esta é a oração que

busca tempo com o Pai. Nós nos encontramos em algum lugar entre estes dois lados. Lembre-se: é

importante entender que ninguém pode ler a mente e intenções dos nossos corações. No entanto,

existem alguns sinais de alerta para o qual devemos prestar atenção. Não me refiro aos outros, mas a

nós mesmos, pois aqui, Jesus quer nos levar a uma avaliação pessoal, como por exemplo a impostação

da minha voz é para chamar atenção; o palavreado muito elegante é para querer impressionar? O

despejar minha agenda pessoal é para notificar os outros da minha importância? E compartilhar

pedidos de oração de terceiros, é para fofocar sobre a vida alheia? Por último, mantenho uma vida de

oração pública sem cultivar uma vida de oração privada?

Por isso, Jesus nos aconselha a entrar em nossos quartos e fechar a porta. É o oposto a de pé nas

sinagogas e nos cantos das praças. Aquela, e não esta é a verdadeira demonstração de fé!

Mas isto não significa que devemos nos tornar eremitas ou monges para cultivar uma vida de oração.

Jesus também não está proibindo a oração pública. Ele simplesmente está ensinando que há lugares e

formas de oração e que, independente da situação, elas devem ser apenas entre nós e o Pai. Com isto em

mente, independente do lugar que nos encontramos, entendemos que nossas orações são um exercício

de fé. Em Hebreus 11: 6 lemos:

De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus

creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.

Assim, independente da impostação da voz ou das palavras escolhidas para nos dirigir a Ele,

procuremos oferecer-lhe nosso melhor. Podemos expor-lhe nossa agenda diária, porque é Ele quem

pode abrir e fechar portas. Podemos compartilhar com sabedoria pedidos de terceiros, mostrando

simplesmente uma preocupação real para seu bem. Podemos estar em nossos quartos ou em público e

ainda orar a Deus em particular. Assim faz sentido o que o apóstolo Paulo escreveu em

1Tessalonicenses 5.17: Orai sem cessar.

Nossa vida privada é a medida exata de quem somos. Algumas vezes vemos bons crentes ruírem

repentinamente, porém isto apenas evidência que sua vida a portas fechadas era muito diferente da

imagem que ele tanto transmitia publicamente. Se cremos que Deus é onipresente e que recompensa

aqueles que O buscam secretamente, Ele nos visitará no mais íntimo de nossa vida. Consequentemente

declaramos: na verdade, não há “vida privada” ou segredos entre eu e Deus, e isto deve nos causar

grande temor e tremor. Lembre-se de que Jesus diz que ...teu pai, que vê em secreto, te recompensará.

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7. Não como os gentios

E, ORANDO, NÃO USEIS DE VÃS REPETIÇÕES, COMO OS GENTIOS; PORQUE PRESUMEM QUE PELO SEU MUITO FALAR

SERÃO OUVIDOS. NÃO VOS ASSEMELHEIS, POIS, A ELES; PORQUE DEUS, O VOSSO PAI, SABE O DE QUE TENDES

NECESSIDADE, ANTES QUE LHO PEÇAIS. (MATEUS 6.7-8)

Em algumas situações de nossa experiência humana podemos não entender como ou porque fazer, mas se

simplesmente soubermos como não fazer já estaria de bom tamanho! Talvez fosse esta a preocupação de

Jesus, que “conhece um pouco” da religiosidade humana. Note que ele aborda dois extremos. Primeiro, o

hipócrita, um mascarado religioso, que representa publicamente aquilo que ele não é. Em segundo, o gentio,

que não conhece a Deus e desenvolveu seu próprio sistema de rezas e mantras para alcançar seu favor. Jesus

descreve as orações dos gentios como o balbuciar insistente e repetitivo de muitas palavras. O que podemos

perceber aqui, é que este tipo de oração acontece já há milhares de anos. Conversando com uma seguidora

do hinduísmo, ela me explicou que um mantra pode ser uma palavra ou algumas frases que devem ser

repetidas constantemente para que através deste ritual você consiga “prender” os deuses com sua língua e

assim dominá-los e tê-los consigo. Em certas divisões do cristianismo, esta ideia é bem parecida: rezar é um

sacrifício que se faz, e através desta ação, movemos os santos (entidades espirituais) que intercederão por

você a um Deus impessoal, e que está muito distante de nós.

É evidente, então, que os gentios não conhecem a Deus e suas vãs repetições denotam uma falta de conteúdo

em suas orações. Além disto, estas “muitas palavras” sugerem certa sofisticação de técnicas e rituais. Uma

vez que Jesus está nos exortando a não fazer como os gentios, significa que podemos encorrer no mesmo

erro. Trazendo para mais perto de nós, o que isso pode significar, e como relacionamos isso às nossas

orações?

Primeiro, muitas vezes oramos em “nome de”, mas às vezes sem o “pleno conhecimento de” ou “estarmos de

acordo com a vontade de”. É possível sermos extremamente zelosos para com as coisas de Deus, mas com

pouco ou sem nenhum entendimento das coisas de Deus. É a isto que Paulo se referiu em Romanos 10.2, bem

como Oséias 6.6:

Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.

Isto nos leva a um segundo erro: nossas orações não passarem de repetidas petições ou recitações de belas

frases litúrgicas sem efeito. Em terceiro lugar, e creio que este é o erro mais cometido, crer que precisamos

ser insistentes para sermos ouvidos. No fundo, estamos transmitindo com isto que talvez Deus não tenha

ouvido da primeira vez... e tenho que insistir com isto para Ele me atender! Pensamos que somente através

de tanto falar é que acabaremos conquistando o favor de Deus que, caso eu não orasse, nada faria. Em

resposta a esta pergunta, Jesus diz que nosso pai sabe do que precisamos antes mesmo de pedirmos. (Vale a

pena ler 1Reis 18.17-40 e Tiago 5.17.)

Lembre-se que estamos orando para nosso pai, o que implica que temos uma relação familiar com Deus. Nós

fazemos parte de Sua vida, e Ele antecipa aquilo que nós precisamos. Devemos, portanto, chegar a Ele com

toda humildade, simplicidade e sinceridade de coração. Podemos nos achegar a Ele em momentos de alegria

ou de tristeza, de ansiedade ou de gratidão, na certeza de que Ele está nos ouvindo plenamente. Orar é um

entregar-se a Deus na confiança de que Ele agirá no Seu próprio tempo à Sua própria maneira.

Manipulação religiosa e espiritual não é necessária.

Mas se o nosso Pai sabe de nossas necessidades antes mesmo de pedirmos, por que orar? Porque nós é quem

precisamos exercitar a nossa fé e reconhecer quem Deus é, abrindo nosso coração em temor e dependência,

lançando sobre Ele todas as nossas ansiedades.

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8. Ore assim!

PORTANTO, VÓS ORAREIS ASSIM... (MATEUS 6.9A)

Se você quer aprender a orar, o último lugar que você deve olhar é para uma pessoa religiosa. Jesus

mostra nestes dois tipos (o hipócrita e o gentio), a síntese da religiosidade humana. Tais pessoas

desejam ser conhecidas por sua elevada espiritualidade e o fazem através de seus rituais bem

elaborados. Normalmente impressionam as pessoas, que dizem: "veja como ele é espiritual, como é

devotado." Também gostam de orar por longas horas, dizendo: "Deus gosta de orações assim!" Mas

Jesus diz: "Está vendo como ele faz? Então não façam. Não tentem imitá-los. Não tem valor nenhum!"

Em Mateus 18.1-4, Ele disse que devemos ser como as crianças:

Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino

dos céus? E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se

não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.

Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.

A questão era sobre quem é o cara mais espiritual que existe. Não sei se estavam se restringindo àquele

grupo ou se queriam saber “entre todos os homens.” Mas Jesus fechou o círculo e passou a lição: “Vou

falar uma coisinha aqui entre vocês...” Queridos, isto diz respeito a nós também. Creio que uma das

características que Jesus tinha em mente ao comparar-nos com uma criança, é que esta interage

completamente com o pai. Chega ao pai sem rodeios, sem hipocrisia. A criança depende totalmente de

seu pai e nele confia. Se ela precisar de algo, simplesmente pede. Não tem que ficar repetindo centenas

de vezes: “quero água, quero água, quero água, quero água, quero água, quero água, quero água...” “Tá

bom”, responde o pai, “não precisa repetir; eu compreendi desde a primeira vez que você pediu.”

Crianças tolas insistem muito, quando os pais, que já entenderam seu pedido da primeira vez, dizem

não. Crianças mimadas e controladoras conseguem que os pais façam o que elas querem, mesmo contra

a vontade deles. Não é este o caso com Deus, mas parece que o religioso não entende Deus. Não

podemos domesticar Deus em nossos rituais religiosos. Mais uma vez Jesus deixa bem claro que o nosso

Deus sabe muito bem de qualquer necessidade mesmo antes de ser pedida. Note também o que Davi

escreve sobre este maravilhoso Deus onisciente em Salmos 139.1-4:

SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras

os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos.

Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.

Não pense que precisamos informar a Deus sobre o que se passa com a gente. Às vezes ouço algumas

orações que são verdadeiros boletins informativos, como se quiséssemos colocar Deus a par da

situação. O que esperamos ouvir como resposta? Talvez algo como: “Servo bom e fiel, obrigado por me

avisar. Não estava sabendo, mas tomarei as devidas providências!”

Se partirmos desta premissa – que o Senhor sabe de antemão as coisas que acontecerão conosco,

começaremos a pensar em mudar o foco das nossas orações. Se você quer aprender a orar, olhe para

Jesus. Ouça o que Ele tem a ensinar: Portanto, vós orareis assim...

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9. Reconhecendo quem Deus é

PAI NOSSO, QUE ESTÁS NOS CÉUS. (MATEUS 6.9B)

Nossa vida deve ser uma vida de oração. Todos os crentes devem orar, e orar constantemente! Porém,

não oramos como convém. Com isto, podemos subentender que podemos falhar na quantidade, qualidade,

no foco, nas premissas, ou até mesmo numa visão equivocada de quem é Deus. Mas continuamos a orar,

alguns com maior, outros com menor intensidade. Todos nós temos a necessidade de buscar o Senhor e

motivos não nos faltam. Porém, aqueles que O buscam, devem fazê-lo com sinceridade de coração, com a

motivação correta.

Quando Jesus nos ensinou a orar ele tinha mais alguma outra intenção além do uso que comumente fazemos

da oração. Ele não estava preocupado apenas com o que sentimos. Estava preocupado com o que somos, e ao

invés de projetar nossa mentalidade antropocêntrica para nossa vida de oração, Jesus inicia com a pessoa do

Pai. Diferente de nós, Ele não estabelece limites para Deus, muito pelo contrário: Jesus ensina que Deus não é

estranho ao homem – Ele é nosso Pai. Segundo, Deus não está restrito a um grupo seletivo – Ele é Pai

daqueles que o buscam. Terceiro, Deus não está limitado a quatro paredes – Ele está nos céus! Jesus, então,

estabelece este extraordinário reconhecimento de quem Deus é. Ele foi o único a descrevê-lO como Pai,

estabelecendo assim uma diferença fundamental entre nós e as outras religiões. Nós podemos chamá-lO de

Pai (não confundir com a banalização popular de que todo mundo é filho de Deus).

Queira ou não, toda a existência humana depende da soberana misericórdia de Deus. Isto está muito acima

de uma simples experiência de paternidade humana, ainda mais que, por sermos imperfeitos (às vezes como

filhos, às vezes como pais), este relacionamento fica seriamente comprometido. Algumas pessoas não

conseguem aceitar Deus como Pai por causa do exemplo que tiveram em casa. Mas Deus não teme isto. Ele

não se deixa limitar por causa das nossas limitações. Vejo que Deus ainda utiliza desta analogia por três

motivos principais: (1) para revelar algumas de Suas características e atributos; (2) para nos ensinar o que é

ser pai; (3) e também para construir esta relação conosco, nos proporcionando experiências com Ele. Ora Ele

nos educa, ora disciplina, ora age como aquele pai que, apesar de todo seu conhecimento e experiência,

senta-se ao lado de seu pequenino filho para ouvir pacientemente ele gaguejar a leitura de suas primeiras

palavras, pega em sua mão para riscar com ele suas primeiras letras ou simplesmente ajudar a encaixar as

pecinhas de seus bloquinhos de brinquedo.

Paulo, referindo-se a este relacionamento, escreve:

Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de

escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual

clamamos: Aba,Pai ( no original, Papai). O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que

somos filhos de Deus. (Romanos 8.14-16)

Embora eu tenha sido um filho rebelde no passado, quando penso no meu pai, não posso deixar de lembrar

que apesar de tudo o que fiz na minha adolescência, ele nunca deixou de me amar, me acolher, me alimentar.

Por isso posso dizer que, se sou o que sou hoje, se estou onde estou, é porque ele não desistiu de mim.

Não sabemos orar como convém e tampouco nos comportar como convém. Mas pode ter certeza que nosso

Pai que está nos céus está sempre disposto a nos ensinar a andar. Como crianças, muitas vezes tropeçamos e

caímos. Se olharmos para o nosso pai, veremos ele ao nosso lado de mãos estendidas para nos ajudar a

levantar. Precisamos aprender a cultivar algumas características inerentes às crianças, mas que infelizmente

perdemos quando adultos, como: autenticidade, humildade, simplicidade e dependência.

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10. Ele é Santo! SANTIFICADO SEJA O TEU NOME. (MATEUS 6.9C)

Depois de estabelecer uma relação paternal com Deus, a declaração seguinte é mais do que uma simples

constatação. Ao orar santificado seja o Teu nome, estamos puxando para nós a responsabilidade de, com

as nossas vidas, demonstrar ao mundo o que já é fato. Estamos declarando que Ele é digno de toda

glória e todo louvor e que a vontade dele é soberana, mas com isto, temos a obrigação de testemunhar

esta verdade agindo de acordo com o que confessamos crer.

Este Deus a quem nos dirigimos é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. Ele

é santo, justo, amoroso, perdoador e salvador dos que arrependidos, se voltam a Ele. O ateu diz que

Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não. Pela fé, o crente sabe que

Deus existe e afirma:

... Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17.28).

Ou seja, sem Deus, nós simplesmente não somos e nem existimos. Alguém já defendeu que o “Pai nosso”

poderia ser resumido em apenas dois versículos:

Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome...

...pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!

Esta seria a estrutura básica desta oração, sendo que o miolo nos apresenta as formas de santificar, ou

declarar que o nome de Deus é Santo! Este é um atributo de Deus (Pai, Filho e Espírito) que afirma que

Ele é moralmente puro e perfeito, separado e acima do que é mau e imperfeito. Em Levíticos 11.44

lemos:

Eu sou (YHWH) o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo;

e não vos contaminareis por nenhum enxame de criaturas que se arrastam sobre a terra.

Assim como Ele é, deseja também estender esta graça aos Seus. Porém há alguma diferença entre a

santidade de Deus e a requerida a nós, que visa a separação (não contaminação) das coisas deste

mundo, pertencer somente a Deus e a ser completamente fiel a Ele.

Declarar santificado seja o teu nome e não viver uma vida santa como Ele quer de nós é uma tremenda

incoerência. Conta-se que Alexandre, o grande, após ter vencido mais uma batalha, passava por sua

tropa cumprimentando-os do grande feito, quando descobriu que um jovem havia se escondido na hora

da luta. Ao constatar que aquele jovem também se chamava Alexandre, seu semblante se fechou

advertindo duramente aquele que se acovardou: "Ou você muda de atitude ou muda de nome!"

Se somos cristãos, implica que temos um nome a zelar, e este nome não é o nosso nome. Podemos

chamar Deus de nosso Pai, não porque temos algum mérito em nós mesmos, mas porque Ele nos

adotou. Declaramos que Seu nome é Santo, apesar dos deslizes que cometemos no nosso dia a dia. Não

obstante toda nossa imperfeição, de ainda estarmos inseridos neste mundo, Ele deseja ardentemente

que tenhamos uma vida santa (separada) deste sistema que se chama "mundo". Por isso Ele mesmo diz:

...Eu, o SENHOR que vos santifico, sou santo. E Sede santos, porque eu sou santo. (Levítico 21:8; 1 Pedro

1:16)

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11. Ansiosos pelo reino de Deus

VENHA O TEU REINO... (MATEUS 6.10A)

Na cultura hebraica do AT o nome representa o caráter ou uma característica da pessoa. Quando Moisés

perguntou a Deus o seu nome, Ele prontamente respondeu: YHWH, palavra cuja pronúncia se perdeu no

tempo, mas carregada de significado:

Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel:

EU SOU me enviou a vós outros. (Êxodo 3.14)

YHWH diz exatamente quem Deus é: “O Eterno”, que existe por si mesmo, que não tem princípio nem

fim. Note: Deus não está dizendo “Eu serei o que você quiser que eu seja”, ainda que alguém pense ou

deseje isto. Não é Ele quem tem que se ajustar às nossas vontades, mas somos nós quem devemos nos

alinhar à dEle, pois qualquer coisa fora da vontade do Pai simplesmente não subsistirá! Por isso

pedimos Venha o teu reino... No reino de Deus Sua vontade é plenamente feita. Isto nos leva a uma

pergunta: conseguiremos um dia ver este reino plenamente implantado aqui na terra na condição que

nos encontramos? A resposta é não!

Diferente do governo humano que os judeus esperavam que Jesus restaurasse, o de Deus não tem nada

a ver com este atual sistema, conforme o Senhor relatou: Respondeu Jesus: O meu reino não é deste

mundo (Jo 18.36).

O reino de Deus é de paz, amor, justiça, humildade, liberdade, generosidade, onde há transparência,

tolerância com as diferenças, inconformidade com a indiferença, solidário, fraternal, autêntico,

teocêntrico, infinito, (...), ou seja: definitivamente não é deste mundo.

Então, nos vem em mente outras questões: Por que pedir “Venha o teu reino...”? Já não está na hora de

Deus fazer alguma coisa por este mundo? Vemos diariamente tanto horror e tanta barbaridade sendo

feita na face da Terra. Até quando isto acontecerá? Angustiamo-nos diante das misérias humanas.

Estas observações são válidas, mas mostram um pouco de nossa ignorância da história humana.

Acredite, o que estamos vendo agora é "café pequeno" diante do que Deus já assistiu nestes últimos

10.000 anos de história. Depois, isto não é nada perto do que ainda está por vir (e Deus o sabe)!

Aí vem a terceira bateria de dúvidas: Então para que pedir que “Venha o teu reino...”? Que Deus nos

ajude, que mude esta situação? Não é perda de tempo? Novamente a resposta é não! Num primeiro

momento, orando ao Senhor neste sentido, estamos derramando nossos corações aflitos com tamanha

iniquidade. Conforme já tratamos, não estamos informando a Ele quanta coisa ruim está acontecendo e

nem querendo dizer o que deve ser feito. Apenas demonstramos nossa “fome e sede por justiça” (não

confundir com vingança), nossa angústia e inconformidade com tudo aquilo de mal que a natureza

humana produz. Quanto a isto, Jesus diz: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque

serão fartos (Mateus 5.6).

Ademais, diante deste pedido, devemos examinar o nosso coração e nos questionar: o que tenho feito?

Tenho me conformado com os padrões deste mundo? Seguindo o seu curso? Preocupado mais com o

meu reino? O que tenho feito para diminuir a miséria e a injustiça? O que mais me preocupa? Meu

salário? Minha saúde? Meus bens? Realmente anseio que o reino de Deus venha? Sobre a minha vida?

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12. Alinhando-se à vontade de Deus

FAÇA-SE A TUA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU. (MATEUS 6.10B)

Já pensou que no princípio havia apenas uma vontade no universo? A de YHWH. Toda a criação O adorava e aclamava numa só voz: Santo, santo, santo é o Senhor. Até que Lúcifer resolveu fazer a sua própria vontade. A partir daí passaram a existir duas vontades no universo. Ora, aonde existem duas vontades, há divergência...

E quando Deus criou o homem? Ainda existiam duas vontades no universo. Até que o homem resolveu fazer a sua própria vontade. E depois disto se multiplicou! No céu, a vontade de Deus é feita, mas e aqui na terra? Hoje existem mais de seis bilhões de vontades diferentes no mundo. Mas afinal, a vontade de quem deve prevalecer?

Pedir a Deus que venha o teu reino é pedir que a vontade dEle seja feita aqui na terra como é no céu. Se isto realmente acontecesse deveria mudar tudo e todos, pois se todo relacionamento (horizontal ou vertical) andasse de acordo com a vontade do Pai, o mundo mudaria completamente! Os próprios discípulos de Jesus esperavam ardentemente que Ele implantasse o reino de Deus de maneira definitiva. Não que estivessem interessados em fazer a vontade de Deus, pois ainda brigavam entre si sobre quem era o maior. Jesus então surpreende a todos, pois a perspectiva de reino que Ele sinaliza, diz respeito à composição de uma nova comunidade de seres humanos que realmente quer (antes e acima de tudo), fazer a vontade de Deus. Esta é a vontade de Jesus para nós. Paulo captou bem esta mensagem e além de demonstrar com a sua própria vida, ele constantemente escrevia para as igrejas exortando os cristãos:

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas

transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12.1-2).

Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor (Efésios 5.17).

Mas é obvio que não dá para orar pedindo que a vontade de Deus seja feita aqui na terra se não formos os primeiros a fazê-la, certo? Senão não faz sentido orar. Como posso pedir se não estou disposto a fazer? Se não estou disposto a pagar o preço?

Faça-se a tua vontade aqui na terra como no céu não significa que a vontade do Pai será feita no mundo todo. Mas já que estamos pedindo, que tal sermos os primeiros a buscá-la e fazer? Pense da seguinte maneira: Não é para os outros, é para mim. Note o exemplo de Cristo em João 6.38: Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.

Não há duvida que uma das piores ameaças que se manifestam na vida dos crentes, é essa de um homem viver com base na sua própria vontade. Podemos ficar tão atarefados cuidando do nosso próprio reino que nos esquecemos de buscar o reino de Deus, de procurar saber e cumprir a Sua vontade. Às vezes negligenciamos de tal modo a nossa vida espiritual que descobriremos só no final, que vivemos a vida toda para nós mesmos, para satisfazer a nossa própria vontade.

Leia a Palavra com uma postura de oração e submissão. Procure aplicá-la em sua vida de forma simples, prática e direta. Observe palavras que estão no imperativo (como por exemplo, ame; perdoe; ide pelo mundo...) e entenda como sendo esta a vontade de Deus para a sua vida. Por fim, priorize o plano de Deus para Sua Igreja e alinhe os seus planos ao plano dEle.

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13. Submissos à vontade de Deus

TORNANDO A RETIRAR-SE, OROU DE NOVO, DIZENDO: MEU PAI, SE NÃO É POSSÍVEL PASSAR DE MIM ESTE CÁLICE

EM QUE EU O BEBA, FAÇA-SE A TUA VONTADE. (MATEUS 26.42)

Vamos explanar um pouco mais a ideia fazer a vontade de Deus. Nossa vida, tudo o que somos e aonde chegamos é a soma ou a medida exata de nossas decisões. Com isto, quero dizer também que diariamente e constantemente, precisamos decidir se faremos a nossa vontade ou a vontade de Deus. No caso de Jesus, não precisaríamos nem comentar, mas como cristãos, temos muito que aprender com Ele. Todos nós (sem exceção) passamos e passaremos por inúmeras dificuldades no decorrer de nossa vida. O próprio Senhor Jesus já alertara:

Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (João 16.33).

Porém, ao mesmo tempo Cristo manda que confiemos nEle e que não desanimemos diante dos tormentos. Deus, através da Sua Palavra (Romanos 5.3-5), nos exorta a sermos perseverantes nas adversidades:

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde,

porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.

O que isto tem a ver com fazer a vontade de Deus? Tudo! Primeiro porque devemos saber que a própria tribulação em nossa vida é vontade de Deus! Segundo, porque quando perseveramos na tribulação já estamos fazendo a vontade de Deus. Terceiro, porque são nestas horas de dificuldade que precisamos decidir mais do que nunca se vamos confiar em Deus ou em nossa força. Vivemos numa sociedade que não suporta ou não admite o sofrimento. Só que as adversidades são o fogo que purifica o ouro! Então temos que entender que na escola divina evitar o sofrer é parar de crescer.

As tribulações que enfrentamos podem ser de ordem natural (acidentes, doenças, perseguições, desemprego, etc.) ou sobrenatural, como as provações (quando Deus utiliza as diversas situações da nossa vida para comprovar a nossa fé) e tentações (quando o diabo procura nos desviar ou abalar a nossa fé). Veja por exemplo, o caso de Jó: Deus o provou permitindo que o Diabo o atormentasse. Foi provado e tentado em sua provação. Ou com Jesus, que foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado por Satanás. Ou ainda o caso de Paulo: Deus utilizou um mensageiro de Satanás para causar-lhe algum tipo de sofrimento. Ainda assim, Deus não permite que sejamos tentados além da nossa capacidade. Ele mesmo nos dá livramento (I Co 10.13). Portanto, (1) no caso de tentações, se caímos, ocorre porque queremos e a culpa não é de ninguém, além de nós mesmos; e (2) no caso de provações, saiba que toda esta situação está debaixo da soberania de Deus. Temos a tendência de culpar o Diabo por tudo de mal que acontece em nossa vida, mas nem sempre é culpa do maligno. Os nossos sofrimentos podem ser permitidos por Deus por vários motivos, mas principalmente para que possamos conhecer e entender a Sua vontade.

Olhe para Jesus: Ele entendia e fazia a vontade de Deus. Passar pela cruz implicaria em dor e sofrimento. Experimentar a separação de Deus era o cálice que Ele não queria provar, mas mesmo assim dele Ele o bebeu. Penso que não temos a mínima noção do que significa estar separado de Deus, por isso levamos a vida na boa. Jesus sabia o que isto significava e suou gotas de sangue por essa causa!

Pedir que seja feita a Tua vontade (na minha vida, conforme vimos) não é brincadeira! Sejamos um pouco mais específicos aqui. Ore assim: "Senhor, mexa na minha vida como lhe aprouver! Quero fazer a Tua vontade." Se sua oração for sincera, Ele vai mexer. Aguente o tranco e não se esqueça: Ele estará com você!

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14. Só para não esquecer

PORQUE QUALQUER QUE FIZER A VONTADE DE MEU PAI CELESTE, ESSE É MEU IRMÃO, IRMÃ E MÃE. (MATEUS 12.50)

De todas as petições que compõe o ‘Pai nosso’a mais importante é esta: “Senhor, faça a sua vontade

aqui na terra como é feita no céu.” Se repararmos bem, notaremos que todo conteúdo desta oração

move-se para que o nome de Deus seja santificado. Não é isso que deve acontecer?

C. S. Lewis em sua obra “O Grande Abismo” afirma o seguinte: "Há dois tipos de pessoas: as que, em

submissão e amor, dizem a Deus 'Seja feita a Tua vontade' e aquelas a quem o próprio Deus diz:

"seja feita a sua vontade.'" O primeiro tipo diz respeito àqueles que tanto desejam que o nome de

Deus seja santificado quanto se empenham em buscar a sua santificação pessoal. É uma via de mão

dupla. Além disto, este pedido também requer duas atitudes de nossa parte. Uma é ativa, outra passiva.

Na primeira, somos nós quem buscamos conhecer e nos empenhamos a fazer a vontade de Deus. Na

segunda, simplesmente aceitamos que a vontade dEle seja feita em nossas vidas. Algumas coisas que

nos acontece são boas, outras nem tanto. Quanto a isto, lemos em Romanos 8.28-29 (creio eu que, aqui,

colocado sob a perspectiva correta):

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Um grande exemplo de homem de oração que temos nas Escrituras é Neemias. Leia o livro de Neemias e

veja como este servo do Senhor constantemente buscava a Deus em oração, em toda e qualquer

situação. Neemias conhecia a vontade de Deus, confiava nEle e buscava fazer Sua vontade mesmo diante

de barreiras, insultos, desânimo, perseguição, difamação...

Quem sabe você passe por momentos difíceis e que certamente trarão alguma decepção. Saiba que

oposição é uma constante na vida daqueles que se propõe a fazer a vontade de Deus, mas se você está

agindo de acordo com o que Deus quer pode ficar tranquilo. A vontade de Deus para nossa vida não é

algo difícil, complicado ou místico. Alguns textos nos ensinam claramente a este respeito, como por

exemplo:

Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição (1 Ts 4.3).

Como Paulo estava escrevendo para a igreja, não creio que estivesse se referindo ao comércio sexual do

corpo, forma mais conhecida do pecado da prostituição, mas falando figuradamente aos cristãos como

‘infidelidade a Deus’ (conf. Jr 3.6-13; Ez 16.1-41). E em outro trecho da mesma carta, o apóstolo diz:

Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco (1 Ts 5.18).

Desafio você a procurar outros textos que falam sobre a vontade de Deus para sua vida. Mas olhando

apenas para estes dois, você tem base para acreditar que se for fiel a Deus e manter um espírito de

gratidão e reconhecimento pelo que Ele é, muita coisa mudará em sua vida. Esta era a oração de Paulo

por toda a igreja (Cl 1.9). Para finalizar (e não esquecer) lemos em Efésios 6.6:

...não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus.

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15. Reconhecendo nossa dependência física

O PÃO NOSSO DE CADA DIA DÁ-NOS HOJE. (MATEUS 6.11)

Conta-se a história de uma viúva bem pobrezinha que estava orando pelo pão diário, pois não tinha

nada para comer. Um gaiato, passando ao lado da casa daquela senhora, ouviu o seu lamento e resolveu

pregar-lhe uma peça: comprou um pão na padaria e jogou-o pela janela para ver a sua reação. Quando a

viúva abriu os olhos e viu aquele pão bem na sua frente começou a glorificar a Deus em alta voz. O

gaiato então começou a zombar da fé da velhinha, mas esta não se deixou vencer e soltou: "É... pode até

ser que você tenha jogado este pão aqui. Mas uma coisa é certa: eu pedi pão a Deus e Ele me deu!"

Ao ensinar O pão nosso de cada dia dá-nos hoje Jesus quer que aprendamos a não colocar a confiança de

nossa subsistência em nada além do Pai. Ao paramos para meditar neste pedido não podemos deixar de

pensar na contrastante realidade que vivemos hoje, comparada com a dos ouvintes originais. Vivemos

numa sociedade abastada, temos estoque de comida em nossas casas e, caso falte uma lata de leite

condensado que seja, basta nos dirigirmos ao supermercado mais próximo. Isto pode ser um perigo em

termos de senso de dependência de Deus! Hoje estamos mais para Então, direi à minha alma: tens em

depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.

Ao pedir pão, Jesus quer que aprendamos que Deus supre nossas necessidades mais básicas, mas não

tem compromisso com nossos luxos. Seu compromisso é com nosso pão! Agora pense um pouco: Ele

tem dado algo mais do que pão? No que temos usado este algo mais?

Certamente, nenhum de nós quererá ouvir a voz de Deus neste tom: Louco, esta noite te pedirão a tua

alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lucas 12.19-20). Creio, então, que nós (ricos e abastados

do século XXI), devemos olhar com mais atenção para este pedido com profunda gratidão no coração,

cientes de que este pão cotidiano é Deus quem nos dá.

É oportuno lembrar que, mesmo para a multidão que ouvia Jesus, Deus já os havia alertado sobre este

perigo. Israel já havia experimentado o cuidado de Deus neste aspecto, quando Ele milagrosamente

mandava diariamente o alimento necessário para o seu povo: o maná no deserto. Às portas de entrada

da terra prometida, Deus lhes faz uma séria advertência (Leia Deuteronômio 8.11-17):

Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas.

Atribuir a garantia do pão diário graças à segurança do nosso emprego ou da situação econômica

estável que nosso país atravessa, chama-se idolatria. Aqueles que assim o fazem entram em pânico

quando algo de errado acontece com seu ídolo ($$$). Precisamos reconhecer que se temos uma fonte

de renda que assegura nosso alimento, é porque Deus nos capacitou e proveu esta fonte; se o país

atravessa uma boa fase econômica, é porque Deus assim tem permitido. Precisamos cultivar o

pensamento daquela viúva: "Pode até ser que eu tenha um bom emprego... Mas uma coisa é certa:

Tenho pedido pão para Deus e Ele tem me suprido."

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16. Despertando nossa consciência de corpo

TODOS OS QUE CRERAM ESTAVAM JUNTOS E TINHAM TUDO EM COMUM. (LEIA ATOS 2.42-47)

Soube do caso verídico de um missionário que passou por uma igreja testemunhando as necessidades do campo que ele trabalhava, pedindo encarecidamente ajuda dos irmãos. Não obteve retorno. Mas no domingo seguinte, a mesma igreja ouvia extasiada o testemunho de um dos membros que glorificava a Deus pelo carro importado novinho que Ele havia lhe dado de presente!

Casos como estes acontecem aos montes, diariamente por aí. Alguns podem ter dificuldade para aceitar o fato de que Deus faria tamanha injustiça. Eu também. Outros podem pensar: não é o mesmo Deus! Mas creio que é. Creio que o Deus que deu recursos para o irmão que comprou um carro importado é o mesmo que levou o missionário necessitado àquela igreja. Entende a ligação?

Quero com isto chamar a atenção para o detalhe de que quando Jesus nos ensinou a pedir pelo pão diário, nos instruiu a pedir para “nós”. Isto significa que se Ele me dá a mais, é para repartir com quem não tem! O pão nosso de cada dia dá-nos hoje, diz que nós somos os responsáveis pelo suprimento do corpo de Cristo. Permitir que um semelhante morra de fome num mundo tão rico é o atestado de falência da sociedade humana; agora, permitir que um irmão passe fome no seio da igreja é não somente escrever o nosso atestado de falência, mas acima de tudo um pecado intolerável!

Podem me chamar de cético, mas penso que dificilmente Deus faça aparecer milagrosamente comida na despensa do irmão necessitado. Sei que Ele pode fazê-lo, não tenho dúvidas. Mas também não tenho dúvida alguma que Deus quer utilizar o Corpo de Cristo, que é a Sua Igreja, Seus representantes aqui na Terra para suprir as necessidades mais essenciais dos membros deste corpo, e por isso Ele deixou instruções claras na Sua Palavra, porém nem sempre acatadas.

O generoso será abençoado, porque dá do seu pão ao pobre (Provérbios 22.9) Leia o capítulo 2 da espístola de Tiago escreveu. Destaco aqui o verso 14:

Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e

qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?

Já testemunhei casos de ímpios que tem sustentado a obra missionária. Glória a Deus por isto, vergonha para nós! Novamente: a maneira que Deus quer usar para suprir sua igreja é através da própria igreja. E não só a Sua própria igreja, mas também o mundo. Pare um pouco para pensar nestes textos:

Quem se compadece do pobre ao SENHOR empresta, e este lhe paga o seu benefício. (Provérbios 19.17)

O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido. (Provérbios 21.13)

Informa-se o justo da causa dos pobres, mas o perverso de nada disso quer saber. (Provérbios 29.7) Não podemos ficar indiferentes a isto. Somos chamados para ser sal e luz, fazer diferença neste mundo em que vivemos. Só assim a vontade de Deus estará sendo feita, só assim o Seu nome será santificado. Pense no que santifica o nome de Deus: eu ter muitas bênçãos ou eu distribuir muitas bênçãos? Eu ser próspero ou eu ser uma fonte de prosperidade para outros também? Se Deus é bom porque nos abençoou, então devemos ser abençoadores também. Não com insensatez, distribuindo dinheiro para indolentes, mas como vimos acima: devemos nos informar da causa do pobre.

Para que o Nome de Deus seja santificado, façamos Sua vontade. Para que o Nome de Deus seja santificado, reconheçamos que o pão seja de cada dia; e que não seja somente meu, mas seja nosso.

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17. O pão do céu

ENTÃO, LHE DISSERAM: SENHOR, DÁ-NOS SEMPRE DESSE PÃO. DECLAROU-LHES, POIS, JESUS: EU SOU O PÃO DA

VIDA; O QUE VEM A MIM JAMAIS TERÁ FOME; E O QUE CRÊ EM MIM JAMAIS TERÁ SEDE. (LEIA JOÃO 6.28 A 58)

Para que orar se podemos nos preocupar? Quantos em algum momento de suas vidas já não pensaram assim? Se não pensaram, pelo menos assim agiram sem pensar. Quantos de nós andamos ansiosos, preocupados com o dia de amanhã? Quantos de nós, em algum momento, deixamos de nos alegrar com o que Deus já nos deu porque não temos o que Ele ainda não deu? E talvez nem dê! Conforme vimos, Deus não está comprometido com nossos luxos, mas sim com o que é essencial para viver. Quando Jesus avisou: não andeis ansiosos pela vossa vida, Ele referia-se justamente ao que haveis de comer ou beber; e também pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. E a pergunta que Ele dispara na sequência, deveria nos levar refletir um pouco neste assunto. Pare e pondere:

Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? (Mateus 6.25)

Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? (Mateus 6.27)

Só paramos de nos preocupar quando nos sentimos satisfeitos; e quando estamos satisfeitos estamos felizes. Pessoas insatisfeitas são pessoas infelizes. Pessoas infelizes nunca estão satisfeitas com o que Deus lhe dá. Então Jesus nos ensina o segredo de uma vida feliz: ...buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mateus 6.33). Deus está dizendo: cuide das minhas prioridades que eu cuido das suas necessidades, ok?

Busque algo maio nobre. Uma vez que o nosso pão cotidiano está garantido, de que sentimos falta? Note o que Jesus respondeu a Satanás durante Sua tentação no deserto em Mateus 4.4:

Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.

Jesus viveu neste mundo, mas não seguia o curso deste mundo. Ele “preocupava-se” com coisas muito mais elevadas, com o reino de Deus, em como agradar a Deus, com a vontade do Pai. O que o mantinha vivo era isto. Alimento físico é útil para um dia. No dia seguinte precisamos mais. Ele nos conserva vivos (corpo), mas não são essenciais para a alma. O que alimenta e satisfaz a nossa alma, segundo Jesus, é fazer a vontade de Deus.

Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer? Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste

em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra (João 4.32-34).

Devemos ansiar por isto! E também almejar pelo dia em que todos terão fome e sede de beber da fonte de água viva e comer do pão que vem do céu. Todos nós já o comemos, e precisamos continuar nos alimentando dele diariamente. Muitos, mas muitos mesmo, nunca provaram deste pão, nunca beberam desta fonte. Estão morrendo de sede e de fome.

Eis que vêm dias, diz o SENHOR Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR (Amós 8.11).

Habitue-se com a ideia de que o pão nosso de cada dia é muito mais do que o alimento físico para o desenvolvimento do nosso corpo. É o Pão do céu que nosso Pai nos dá. Preocupamo-nos com coisas tão superficiais e nos esquecemos do que realmente tem valor. Fale, compartilhe, reparta o pão, dê de comer e de beber a quem tem fome e sede.

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18. Oportunidade de confessar nossos pecados

E PERDOA-NOS AS NOSSAS DÍVIDAS... (MATEUS 6.12A)

Assim como “faça a tua vontade” é o ingrediente principal desta oração, “Perdoa como nós perdoamos”

é o sal que a tempera. Este verso mostra claramente o sentido que Jesus quer dar para a oração toda:

puxar para nós a responsabilidade daquilo que estamos pedindo a Deus. Aqui sentimos (ou pelo menos

deveríamos sentir) o peso da carga, daquilo que estamos pedindo. Creio que a grande maioria não sente

ou não percebe a seriedade deste pedido. Literalmente estamos pedindo que o Senhor nos perdoe na

mesma proporção que perdoamos aqueles que nos ofendem: "Me perdoe do jeito que eu perdôo." Ai!!!

Vamos considerar que quando Jesus pronunciou este ensinamento, seus ouvintes originais ainda viviam

debaixo de uma aliança condicional. Basicamente esta velha aliança era composta de ordenanças e as

bênçãos e maldiçoes que o povo colheria estavam condicionadas à sua obediência. Por isso Jesus

completa mais adiante:

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não

perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.

Note a conjunção condicionante "se." Isto significa que o perdão de Deus às dívidas e ou ofensas contra

Ele está condicionado à nossa disposição de perdoar também. Baseado neste pedido (que nós estamos

fazendo) ninguém seria perdoado. Mas vivemos debaixo de uma nova aliança, baseada na graça de Deus

por meio do perdão dos nossos pecados em Cristo. Graças a Deus por isto!

Ainda assim, precisamos analisar com muito cuidado o que este pedido tem a ver com a gente hoje.

Quando pedimos perdoa as nossas dívidas, estamos declarando que somos pecadores (convictos?) e

que precisamos do perdão de Deus. Paulo tratou disto em Romanos, quando escreveu que todos

pecaram e carecem da glória de Deus (Romanos 3.23), e não somente Paulo, mas a Bíblia toda narra a

história da queda do homem e as consequências do seu pecado. Reconheça você também a sua natureza

e confesse sinceramente o que Deus já sabe. Em I João 1.8, 9 lemos que:

Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda

injustiça.

Mil anos antes, Salomão já havia dito que o que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o

que as confessa e deixa alcançará misericórdia (Provérbios 28:13). Somos pecadores, não há como

negar. Mas temo que o conceito de pecado seja tão nebuloso para os cristãos atuais que muitos de nós

(crentes) não consigamos identificá-los em nossas próprias vidas (na vida do irmão é mais fácil, né?).

Em alguns círculos evangélicos, manter a aparência já é o bastante, portanto não fume, não beba, não

jogue e não dance e você será considerado um crente bem espiritual. Só que “aquilo que você pensa

quando ninguém está olhando” diz exatamente quem você é. Embora seu próximo não saiba (pais,

irmãos, pastores e líderes), Deus sabe. Ao ler a Palavra, aprenda com o erro dos personagens. Procure

entender através das narrativas de onde brotou a cobiça, o orgulho, a indiferença, a inveja, a amargura,

o ódio, a corrupção, a desobediência, a imoralidade, a acepção de pessoas, a hipocrisia, a falsidade, a

mentira, (...) e veja se não há no seu interior algumas destas sementes querendo germinar... ou se já não

está tomando forma de uma árvore! Mas olhe para você e não para o outro. (Mateus 7.3-5).

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19. Oportunidade para acertar nossas pendências

...ASSIM COMO NÓS TEMOS PERDOADO AOS NOSSOS DEVEDORES (MATEUS 6.12B)

Todo pecado é uma dívida. Penso ainda que a questão do acerto de contas tem sido um peso para

muitos seres humanos por toda a história. Pense em quantas vidas foram ceifadas por vingança e

quantos relacionamentos destruídos por causa de ofensas. É interessante notar que nesta oração, Jesus

mostra para nós os dois lados desta moeda: somos devedores, mas também há aqueles que nos devem.

A penúria deste litígio é tamanha que seus discípulos chegaram a interpelá-lo: Senhor, até quantas vezes

meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Ao quantificar, Pedro tenta estabelecer

uma tolerância para a paciência, mas da forma mais piedosa possível (7 vezes é perdão pra caramba!).

Para surpresa de todos, Jesus extrapola: ...até setenta vezes sete! (Mateus 18.21,22).

No AT, a ideia de perdão era algo tão elevado que só cabia a Deus. Quando o Senhor estabeleceu olho

por olho, dente por dente, Ele estava determinando que, na busca por justiça, a pessoa não poderia ir

além do dano sofrido. No NT, Jesus amplia a velha questão do acerto de contas e surpreendentemente,

estende a “possibilidade de perdoar” a todos os homens.

E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial

vos perdoe as vossas ofensas (Marcos 11.25).

Infelizmente, até hoje, muitos crentes vivem amargurados pois não sabem que há esta possibilidade!

Mais para frente, ao contar a parábola do credor incompassivo Jesus eleva o perdão ao próximo de

possibilidade para praticamente uma obrigação (leia Mateus 18.24-35). Apelando para o nosso senso de

justiça, leva-nos a meditar em nossas atitudes comparadas com a atitude mesquinha e egoísta daquele

servo que foi perdoado de uma dívida impagável, mas não teve misericórdia de um semelhante que lhe

devia uma “mixaria”. Vemos que quando retribuímos o perdão que recebemos de Deus, o Seu Nome é

santificado!

Também aprendemos com esta parábola que durante nossa vida seremos ofendidos inúmeras vezes.

Pode ser que isto aconteça por meio daqueles que mais amamos, e quando isto acontece, gera maior

decepção ainda. Porém, estejamos conscientes de que deveremos perdoar tantas vezes quanto formos

ofendidos, pois quanto àquela nossa dívida impagável, já fomos perdoados. Paulo nos revela em

Colossenses 2.14 que o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos

era prejudicial, foi totalmente cancelado quando Cristo removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz.

Ou seja, nosso débito já foi quitado na cruz . Podemos questionar: Por que alguém cancelaria a dívida de

outrem? No caso de Deus a resposta é graça e misericórdia. E o que Deus espera “em troca”? Nada além

do nosso reconhecimento e gratidão. Fomos perdoados para perdoar, e é isto que Jesus está querendo

nos ensinar. Paulo compreendeu esta lição e concluiu:

Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós (Colossenses 3.13).

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20. Reconhecendo nossa dependência espiritual

E NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO. (MATEUS 6.13A)

A oração do Pai nosso não dá espaço para o individualismo. Você notou como ela toda é feita no plural? Certamente Jesus estava querendo nos despertar para um sentimento de coletividade. O apóstolo Paulo também trata disto quando diz em Filipenses 2.4:

Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.

Precisamos nos recordar de que os ouvintes originais estavam debaixo de uma aliança condicional (andem bem que vai tudo bem), e que os benefícios colhidos pelo cumprimento desta aliança visava, sobretudo, o bem estar da nação além de servir de testemunho para todos os povos.

Contextualizando este pedido, assim como a súplica pelo pão nosso, este aqui também nos chama a atenção para a nossa responsabilidade social e cuidado do Corpo como um todo. Lembre-se que pela analogia do corpo, se um membro padece, todo o corpo sofre.

A tradução literal desta passagem seria algo como: não nos induzas à tentação. Isto pode nos dar margem a duas interpretações. A primeira é que Deus nos leva a tropeçar, como quem ocupa uma posição de tentador. Mas Tiago diz que Deus a ninguém tenta (Tiago 1.13,14), por isto esta interpretação está descartada. A segunda, é que Deus soberanamente permite a tentação como forma de provação. Isto é perfeitamente possível, pois o próprio Senhor Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. Vemos na Palavra que mesmo sendo Deus, Jesus foi tentado como homem (Hebreus 4.15) e suas orações nos mostram que Ele dependia constantemente do Pai, portanto não é difícil imaginar que Jesus orava ao Pai para que não o permitisse cair quando tentado pelo inimigo.

Em nenhum lugar a Bíblia diz que não sofreremos tentações. Paulo adverte mui sabiamente em 1Coríntios 10.12: Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Então ele completa, não sei se para o nosso consolo ou para o nosso desespero:

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a

possais suportar (1 Coríntios 10.13).

Como toda tradução também é uma interpretação, nossas Bíblias trazem: não nos deixe cair em tentação. Cair em tentação significa dizer que a proposta que está sendo apresentada é melhor do que a que Deus tem para nós. Penso o seguinte: se Deus nos provê livramento junto com as nossas tentações para que nós a suportemos, significa que quando pecamos, fazemos deliberadamente.

Sofremos e continuaremos a sofrer. Jesus sofreu muitas tentações, e não foram apenas 40 dias, como alguém pode pensar. Creio que Ele sofreu muitas tentações, a vida toda, com maior intensidade do que nós e não pecou! O que aconteceria se ele caísse? Não estaríamos aqui lendo este devocionário hoje.

Trazendo mais para perto de nós, numa aplicação mais pessoal, podemos entender duas coisas neste pedido. Primeiro é: Senhor, não permita que eu seja tentado nesta ou naquela área. Cada um sabe de suas fraquezas, e um pedido sincero pode te ajudar a tratar preventivamente com o pecado. A segunda é: Estou sendo tentado, não permita que eu caia. Peça discernimento para compreender até que ponto você está buscando algo bom e perfeitamente aceitável e a partir de que ponto passa a ser pecado. Às vezes a nossa busca por justiça pode nos levar a tentação da vingança, por exemplo. Senhor, não nos deixes cair em tentação. Nem eu e nem meu irmão.

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21. O Senhor é nosso libertador

MAS LIVRA-NOS DO MAL (MATEUS 6.13B)

O mal nem sempre se apresenta como algo terrível como o genocídio promovido por Adolf Hitler aos judeus na segunda grande guerra. Aprendi com minha mãe que o mal também pode se apresentar de forma mais branda, como quando ela ameaçava “acabar com minha raça” se eu aprontasse de novo...

Brincadeiras à parte, devemos entender e considerar o mal em todas as suas dimensões. A palavra grega que foi traduzida por mal (poneros) é usada no caso nominativo, e isto geralmente denota um título, indicando que Jesus está provavelmente se referindo a Satanás. Mas como o tinhoso é a personificação de todo o mal, não podemos nos limitar à ideia míope de que ele só nos tenta na área sexual e seus ataques não vão além de doenças, acidentes e desemprego. A própria palavra poneros traz uma gama de interpretações como fadiga, aborrecimentos, tormento, perigo, ameaças a fidelidade e fé, causa de dores e de problemas, natureza ou condição má, além dos males de origem física (doenças), e num sentido ético maldade, ruindade e iniquidade.

São três os elementos que agem conjuntamente para disseminar o mal e contaminar toda a humanidade. Estes três são conhecidos como o mundo, a carne e o diabo. Agora entenda o seguinte: nem o curso deste mundo e nem o império do diabo conseguiremos modificar. Mas a nossa carne, esta sim devemos mortificar. É isto que Deus deseja, foi para isto que Cristo morreu na cruz e é por isto que Ele enviou o Espírito Santo para habitar em nós. Devemos compreender e depender diária e continuamente do Espírito para lutar contra os impulsos da nossa carne, e novamente, não estou me referindo apenas à sexualidade humana. Em 1João 2.16 o apóstolo nos adverte que tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. Ora, aonde se escondem estas coisas senão dentro de nós mesmos? Este mal reside em nós e Satanás quer utilizar-se (e muitas vezes consegue) desta velha natureza para nos levar à rebelião. Concupiscência, cobiça e soberba: esta é a inclinação da nossa carne. Negar este mal já conta ponto para o inimigo.

Pensando assim, ore:

"Senhor, livra-me do mal de atentar para uma proposta de satisfação legítima mas que não proceda de Ti; de achar que sou melhor do que os outros; de pensar em satisfazer o meu desejo antes de atender a necessidade de um irmão; de não obedecer ou não honrar a Tua vontade; de analisar o mundo e as situações de acordo com as minhas conveniências. Livra-me do mal, Senhor, da infidelidade, do orgulho e do preconceito para com os que ainda não te conhecem; de perder tanto tempo e dinheiro com o que não tem valor; de julgar segundo as aparências; de não me importar em conhecer para entender e esclarecer. Livra-me do mal das falsas motivações; das dissimulações; do dolo e da mentira oportuna. Livra-me do mal da maledicência; da indiferença; da insatisfação com o que o Senhor me dá; da conformidade com a violência reinante; da impaciência com tudo e com todos; de minhas atitudes pedantes; da minha falta de atenção com os necessitados; de responder antes de pensar; de demonstrações iracundas; de reações coléricas. Livra-me do mal da falta de domínio próprio; de fraquejar na fé em momentos de dificuldade; de confiar mais na minha força do que na Tua Palavra; de falar o que não devo; do mal da murmuração; da procrastinação; da desistência; de me acovardar em tempos difíceis; da amargura e do rancor; do pensamento vingativo. Livra-me do mal da soberba; da presunção; da malícia; da calúnia; da inveja; da avareza; de difamar um irmão para me sentir superior; do cinismo; da impureza; das discussões; de dividir o Corpo com minhas opiniões. Livra-me do mal de achar que posso Te controlar; de não olhar para o Senhor como deveria; de pensar que sou merecedor ou que tenho algum mérito em mim mesmo. Livra-me do mal de sequer atentar para a inclinação soberba da minha carne; de não confiar em Ti; de dar preferência a ensinos e tradições humanas; de não considerar e não compreender a Tua magnitude e o Teu poder; de querer que o Senhor esteja às minhas ordens para satisfazer a minha vontade. Livra-me Senhor do mal."

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22. Para sempre!

POIS TEU É O REINO, O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE. AMÉM! (MATEUS 13.6C)

É fácil ou difícil aceitar isto? Declaramos que de Deus é o reino, o poder e a glória para sempre, mas será que realmente cremos nisto. Ah sim, existe uma diferença significativa entre crer e crer; entre simplesmente acreditar (mas não fazer diferença alguma em nossa vida) e tomar esta verdade para si a ponto de basear e entregar toda nossa vida, existência, ações e pensamentos a esta afirmação.

Não somos reis ou donos do nosso próprio nariz, como pensamos! Não devemos ambicionar poder em qualquer esfera que seja como fazemos! Longe de nós buscarmos a nossa própria glória como queremos! Vemos isto na história de Jó. O velhote, em meio a tanto sofrimento, questionava a Deus: “Sou um homem justo. Fiz o bem esperando benevolência, e é isto que eu recebo???”

No momento, todo sofrimento é doloroso, mas devemos aprender que estes são o processo que Deus utiliza para o nosso aperfeiçoamento (Hebreus 12.11). No caso de Jó, Deus ensinou: “Eu sou o Senhor. Você não! Ponha-se no seu lugar.”

Foi dura a lição, mas Jó enxergou isto. Ao findar desta série, recebi um e-mail de um grande amigo meu (Chico Motta). O que ele escrevera encaixa-se perfeitamente sobre este assunto: "Será que eu tenho coragem de me entregar nas mãos de Deus a ponto de orar pedindo que me leve para o lugar e circunstâncias que Ele quiser? E se Ele quiser que eu vá para um lugar deserto para ser tentado?"2

E logo o Espírito o impeliu para o deserto... (Marcos 1:12)

Foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. (Mateus 4:1)

Quando lemos deserto logo pensamos em um lugar extremamente quente, onde só há areia, como aqueles que aparecem em filmes de “cowboys” ou nas imagens do deserto do Saara. Mas deserto é um lugar onde não há ninguém.

Vamos imaginar uma cena: Deus me pegando (ou a você), me levando para um lugar onde não tenho contato com ninguém, mesmo que haja um monte de gente por ali, e Ele me larga lá. Ao me ver ali só e fragilizado, um demônio (não precisa ser o próprio Diabo) começa a me rodear de longe e a se aproximar lentamente, e sussurrando baixinho: “Uau, o que temos aqui!”, me olhando com péssimas intenções.

Agora pouco eu pensei: “Deus não faria isso comigo.” Você também pensou? Mas ... se Ele fez com Jó por que não faria comigo, ou com você? E o próprio Senhor Jesus experimentou isso!

Jesus foi tentado em 3 áreas. Na satisfação ilícita de suas legítimas necessidades físicas (se transformasse pedras em pães), querer que Deus esteja às suas ordens (se saltasse da parte mais alta do Templo e “determinasse” que os anjos o segurassem) e ser rei sem passar pela cruz (ter os reinos do mundo se adorasse o Diabo).

Já experimentei algumas épocas de “deserto”. Querendo ficar cômodo, querendo ser servido e querendo glória sem sacrifícios! Solidão, tristeza, frustração, tudo em um período em que a expressão popular que diz “desgraça pouca é bobagem” parece fazer sentido.

Entretanto, vire a moeda e veja o outro lado: foram épocas de muito crescimento espiritual, de aprofundamento da comunhão com Deus e de aumento de sabedoria. Sou extremamente grato por cada um desses períodos.

Última coisa: você crê que o Espírito Santo, que nos ama de verdade, nos levaria a um “lugar” que não fosse o melhor para nós?

2 http://xykomotta.blogspot.com.br/p/comentario-devocional-do-evangelho-de.html