edvanilson luiz de oliveira nascimento

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL - DCFL Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento Caracterização de sistema agroflorestal em uma propriedade rural no Assentamento Chico Mendes III Recife -PE 2017

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Page 1: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL - DCFL

Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Caracterização de sistema agroflorestal em uma propriedade rural no

Assentamento Chico Mendes III

Recife -PE

2017

Page 2: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL - DCFL

Caracterização de sistema agroflorestal em uma propriedade rural no

Assentamento Chico Mendes III

Monografia apresentada ao Departamento

de Ciência Florestal da UFRPE, como

parte das exigências para obtenção do

Título de Engenharia Florestal.

Orientador: Prof. Dr. Tadeu Jankovski

Recife - PE

2017

Page 3: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL - DCFL

Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Caracterização de sistema agroflorestal em uma propriedade rural no

Assentamento Chico Mendes III

Monografia submetida ao Departamento de Ciência Florestal da Universidade Federal

Rural de Pernambuco, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de

Engenharia Florestal.

Data de Aprovação: ________ de ______________________ de 2017.

____________________________________________

Orientador

Prof° Tadeu Jankovski

UFRPE/DCFL

___________________________________________

Membro da Banca Examinadora

Prof° Jorge Luiz Schirmer De Mattos

UFRPE/DED

___________________________________________

Membro da Banca Examinadora

Prof° Rafael Leite Braz

UFRPE/DCFL

Page 4: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Dedico este trabalho a todas as pessoas que contribuíram para que pudesse chegar

ao final de mais uma jornada, em especial minha família e amigos que me apoiaram e

sempre me deram força para nunca desistir.

“Seu trabalho vai preencher boa parte da sua vida e a

única maneira de ser verdadeiramente satisfeito é fazer o

que acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de

fazer um ótimo trabalho é amar o que você faz. ”

Steve Jobs.

Page 5: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Agradecimentos

Primeiramente, a Deus que sempre me abençoou, ajudando-me a passar pelas

dificuldades e dando-me sabedoria necessária para concluir esta etapa da minha vida.

À minha namorada Alexandra, que me guiou para vida acadêmica, pensando no

melhor para mim.

À minha mãe Maria José e meu pai Antônio Soares, e ao meu grande Avô José

Damião “ Sr. Bilá” que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram em meus estudos.

Agradeço aos demais familiares e amigos por terem me motivado nesse longo

caminho.

Aos “Xepeiros” (residentes casa 02), minha segunda família pelo apoio,

brincadeiras, lições... Enfim, todos os momentos de fraternidade dentro da casa n°2.

“Uma vez Xepeiro, sempre Xepeiro!”.

Ao Professor Tadeu Jankoviski pela orientação, paciência, apoio e confiança.

Ao professor Jorge Mattos por me permitir e ajudar a realizar a minha pesquisa no

assentamento Chico Mendes III.

À dona Leni e sr. Daniel por me receberem em seu lar e com toda paciência, simpatia,

alegria, de braços abertos e plena contribuição ao meu trabalho.

A todos os professores que contribuíram com a minha formação nesses anos de

jornada e me proporcionaram um ótimo aprendizado, tanto profissional quanto para a vida.

Por que melhor é sabedoria do que as riquezas de mais subido

valor; e tudo quanto é apetecível com ela se não pode comparar.

Provérbios 8, 11

Page 6: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Resumo

O desenvolvimento rural sustentável deve ser preocupação de toda a sociedade tendo em

vista o explicito cenário desgastante que os sistemas modernos de produção disseminam,

deixando vestígios de sua insustentabilidade por uma agricultura enraizada e difundida

de forma unilateral privilegiando o agronegócio. Em consequência disso, a agricultura

camponesa passa por um processo de empobrecimento sistemático, com diminuição de

propriedades rurais, aumento de degradação do ambiente e com a produção de alimentos

estagnada. Na busca por abordar a importância de sistemas agroflorestais, o presente

trabalho procura indagar sobre as potencialidades dessa prática que tem como sustentação

os princípios agroecológicos, capaz de promover o desenvolvimento agrícola e diminuir

o êxodo rural ao mesmo tempo que contribui para conservação e preservação ambiental.

O trabalho foi desenvolvido na propriedade de Dona Leni da Silva e Sr. Daniel Pedro no

Assentamento Chico Mendes III, sendo realizadas visitas de campo com caminhadas

transversais para coleta de dados, assim como entrevistas semiestruturadas, anotações e

registros geográficos e fotográficos. Os resultados obtidos apontaram que os sistemas

agroflorestais são ecológica e economicamente viáveis, desde de que a implantação seja

pensada de acordo com as necessidades de quem o deseja, respeitando as limitações da

área e que este o maneje corretamente.

Palavras-chave: Sistema Agroflorestal; Quintal Agroflorestal; Desenvolvimento

Sustentável.

Page 7: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Abstract

The Sustainable rural development must be a concern for the whole of society in

view of the explicit depleting scenario that modern production systems disseminate,

leaving traces of its unsustainability for a rooted and unilaterally spread agriculture

privileging agribusiness. As a result, peasant agriculture is undergoing a process of

systematic impoverishment, with diminishing rural properties, increasing environmental

degradation and stagnant food production. In the search to address the importance of

agroforestry systems, the present work seeks to investigate the potential of this practice

based on agroecological principles, capable of promoting agricultural development and

reducing rural exodus while contributing to conservation and environmental preservation.

The work was carried out on the property of Dona Leni da Silva and Mr. Daniel Pedro in

the Chico Mendes III settlement. Field visits were carried out with transversal walks for

data collection, as well as semi-structured interviews, annotations and geographical and

photographic records. The results showed that agroforestry systems are ecologically and

economically feasible, since the implantation is thought according to the needs of those

who want it, respecting the limitations of the area and that it handles it correctly.

Keywords: Agroforestry System; Agroforestry Backyard; Sustainable Development.

Page 8: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Lista de figuras

Figura 1: Mapa de localização do Assentamento Chico Mendes III. ............................ 35

Figura 2: Delineamento da área do Lote 14 (quintal agroflorestal). ............................. 35

Figura 3: Delineamento da área do Lote 24 (Sistema agroflorestal) próximo ao afluente

do Rio Tapacurá.............................................................................................................. 36

Figura 4: Criação de animais para complementação da renda no lote 14: Aprisco com

cabra e bodes.. ................................................................................................................ 42

Figura 5: Composição do quintal agroflorestal de acordo com o grupo de espécies em

(%).. ...................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Figura 6: Mudas de banana (Musa sp.) prontas para plantio, produzidas no quintal

agroflorestal.. .................................................................................................................. 49

Figura 7: Dona Leni com Jerimum (Curcubita sp.) de 36kg obtido em seu quintal

agroflorestal.. .................................................................................................................. 50

Figura 8: Percentual de espécies de acordo com a finalidade no quintal agroflorestal.. 51

Figura 9: Percentual dos diferentes tipos de estratos em 2010 (A), ano de implantação;

e 2017 (B), ano de levantamento.. .................................................................................. 56

Figura 10: (A) Percentual de frutíferas em 7 anos. (B) Número de espécies no SAF em

2010 e 2017, de acordo com a funcionalidade. (C) e (D) Percentual de espécies no SAF

em 2010 e 2017 respectivamente, de acordo com a funcionalidade. ............................. 56

Figura 11: Corredor feito com sombreiro (Clitoria fairchildiana Howard), inicialmente

utilizado para adubação verde, mas que fugiu ao controle de crescimento, necessitando

de poda de rebaixamento para reduzir o sombreamento às culturas. ............................. 57

Figura 12: Prática de cobertura morta no solo em plantio de batata-doce (Ipomea

batatas L). ....................................................................................................................... 59

Figura 13: Pés de macaxeira e milho em declive em terra nua com solo compactado,

com presença de cajueiro (no meio) e bananeiras (ao fundo). ....................................... 59

Figura 14: Colheita de limão taiti no Sistema Agroflorestal. ........................................ 60

Figura 15: “Covas” para plantação de macaxeira em terreno íngreme juntamente com

leirões de hortaliças em consórcio com bananas.. .......................................................... 61

Figura 16: Espécies frutíferas (caju, banana, laranja, manga), medicinais (babosa, canto

direito) e ornamentais (pião-roxo, lado esquerdo) compondo o Quintal Agroflorestal.. 62

Page 9: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Lista de Quadros

Quadro 1- Espécies levantadas no quintal agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro

de Souza (Lote 14) no Assentamento Chico Mendes III.de Souza (Lote 14)....................44

Quadro 2-Espécies constantes do projeto e implantação do sistema agroflorestal de Leni

da Silva e Daniel Pedro de Souza, lote 24 do Assentamento Chico Mendes III, em 2010

........................................................................................................................................ 52

Quadro 3- Espécies levantadas no sistema agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro

de Souza (Lote 24) do Assentamento Chico Mendes III, em 2017, sete anos após

implantação. .................................................................................................................... 53

Page 10: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 13

2.1. Desenvolvimento Agrícola Brasileiro: início da agricultura convencional .......... 13

2.2. Problemas sociais da agricultura convencional ...................................................... 15

2.3. Desenvolvimento Rural Sustentável ........................................................................ 17

2.4. Sistemas Agroflorestais (SAFs) ................................................................................ 21

2.5. Vantagens e Limitações dos SAFs ............................................................................ 23

2.6. Classificação dos sistemas agroflorestais ................................................................ 25

2.7. Sistemas agroflorestais em regiões tropicais úmidas ............................................. 28

3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 34

3.1. Área de estudo ........................................................................................................... 34

3.2. Levantamento de dados ............................................................................................ 36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 39

4.1. Caracterização histórica da propriedade ................................................................ 39

4.2. Caracterização econômica dos agricultores ............................................................ 41

4.3. Caracterização produtiva da propriedade .............................................................. 42

4.3.1. Produção no Quintal Agroflorestal. ................................................................... 42

4.3.2. Produção no Sistema Agroflorestal ..................................................................... 51

4.3.3. Tratos culturais: Quintal Agroflorestal e Sistema Agroflorestal ......................... 58

4.4. Limitações dos agricultores e da propriedade ........................................................ 61

4.5. Perspectivas futuras .................................................................................................. 63

4.6. Recomendações quanto ao manejo .......................................................................... 63

4.6.1. Manejo de solo .................................................................................................... 64

4.6.2. Manejo da agrofloresta ........................................................................................ 64

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 67

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 69

7. ANEXO .............................................................................................................................. 77

Page 11: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

11

1. INTRODUÇÃO

Com o advento de novas tecnologias para o cultivo no campo afim de favorecer o

desenvolvimento rural que adotou como base produtiva a monocultura, sendo esta vista

como principal fonte de alimento e lucro, acabou se destacando o agronegócio e a

exportação. Nessa perspectiva, o modelo convencional de produção do campo não

considerou as questões ambientais, consumando a degradação dos recursos naturais por

meio do desmatamento desenfreado para abertura de áreas de produção em grande escala.

Frente a esses problemas de insustentabilidade, deve-se pensar em alternativas eficientes

na geração de alimentos de qualidade, e que ao mesmo tempo, favoreçam a segurança

alimentar, o que beneficia tanto à sociedade quanto o ambiente.

Associado aos conhecimentos tradicionais passados por gerações e

conhecimentos técnicos repassados por profissionais da área, bebendo da fonte da

agroecologia e pondo em prática em suas propriedades sob uma ótica sustentável, os

agricultores podem ter autossuficiência econômica e alimentar na própria unidade

familiar.

Para Gaboardi Junior (2013), a agricultura familiar tem papel importante como

fonte principal de abastecimento do mercado interno. Cerca de 70% dos alimentos na

mesa dos brasileiros. A agricultura familiar se destaca pela sua variedade e qualidade,

tendo grande importância para a soberania alimentar do país e do mundo.

É interessante o uso de tecnologias de baixo custo, principalmente para pequenos

agricultores, havendo a participação ativa desses atores levando em consideração seu

conhecimento tradicional associado ao conhecimento técnico que viabilizem a

recuperação e manutenção de suas áreas, consequência da má utilização do solo e demais

recursos, ao mesmo tempo o agricultor terá retorno na forma de produtos exploráveis e

serviços.

Dessa forma, destacam-se os sistemas agroflorestais que permitem a flexibilidade

de aproveitamento das áreas rurais, sendo compostos por espécies arbóreas e/ou

arbustivas com espécies agrícolas e/ou animais, de forma sequencial ou simultaneamente.

Esse sistema adota uma nova concepção de produção de alimentos, impulsionando

a conservação ou recuperação da natureza, pois abandona a ideia de remoção da

vegetação nativa para plantio em larga escala, buscando a sustentabilidade e levando em

consideração as relações ecológicas dos seres vivos criando um sistema biodinâmico.

Page 12: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

12

Como qualquer sistema produtivo, existem desvantagens, a exemplo, o difícil

manejo devido a conhecimento limitado destas técnicas pelos agricultores. Contudo,

estudos apontam que são notáveis às vantagens desse sistema, mostrando que seus

benefícios superam suas desvantagens (NARDELE & CONDE, s.d.).

Na agrossilvicultura são bastante funcionais os quintais agroflorestais, terrenos

vizinhos às residências, cultivados pela família compostos por uma diversidade de

espécies, principalmente frutíferas consorciadas com agrícolas, para suprir as diversas

necessidades da família, oferecendo múltiplos produtos e serviços, o que contribui para

diminuição dos gastos da família. Nestes casos é explícita a eficiência do uso da terra por

meio dos quintais, os quais incorporam uma diversificação de espécies, que em alguns

casos, se assemelham ao processo de sucessão (GAZEL FILHO, 2008; PEREIRA &

FIGUEIREDO NETO, 2015; PEREIRA et al., 2010).

É importante observar que para melhor aproveitamento e rápido retorno de

produtos, o agroecossitema deve ser planejado de forma que no seu primeiro ano de

implantação já promova colheita, e que isso se mantenha ao longo do tempo em diferentes

épocas. De acordo com Almeida et al. (2006) para implantação de um sistema

agroflorestal viável, deve-se levar em consideração aspectos naturais e sociais da área,

ou seja, realizar um diagnóstico detalhado caracterizando o agricultor e sua parcela, afim

de auxiliar no planejamento do sistema.

Santos e Paiva (2002) ao citarem Almeida et al. (1995) e Santos (2000) afirmaram

que sistemas agroflorestais são vistos como forma promissora quanto a escassez de

alimento, degradação ambiental e baixa produtividade para propriedades rurais de países

em desenvolvimento. Resumidamente, o sistema agroflorestal tem grande potencial de

promover o desenvolvimento agrícola para a produção e geração de renda, sendo capaz

de manter o homem no campo e, ao mesmo tempo, contribuir para conservação e

preservação ambiental, além de poder ser alternativa de restauração de ambientes

antropizados.

Dessa forma, o presente trabalho objetiva, por meio de um estudo de caso, avaliar

um agroecossistema composto por quintal e sistemas agroflorestal de agricultores

familiares no Assentamento Chico Mendes III, mais especificamente, apresentar uma

unidade familiar, de modo a observar os resultados obtidos desde a implantação do

agroecossitema até o presente momento, procurando diagnosticar seu desenvolvimento e

dificuldades encontradas ao longo do tempo, a fim de contribuir com a otimização do

trabalho.

Page 13: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

13

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Desenvolvimento Agrícola Brasileiro: início da agricultura convencional

Inicialmente, no Brasil já existia agricultura, a qual era exercida pelos índios para

sua alimentação. Ou seja, bem antes da chegada dos colonizadores europeus no século

XVI, os quais iniciaram o processo de exploração do pau-brasil, degradação ambiental

nas zonas litorâneas, implantação de monoculturas, principalmente cana-de-açúcar, e a

pecuária extensiva (VASCONCELOS, 2007 apud STEUER, 2014).

Um novo modelo de agricultura veio a se desenvolver a partir da primeira

revolução agrícola, a qual aconteceu entre os séculos XVIII e XIX, na Europa. Este

modelo se utilizava da rotação de culturas e da utilização do esterco animal como

fertilizante, aproximando a agricultura e a pecuária (ROCHA, 2006).

Conhecido como Norfolk, esse sistema usava as leis da natureza para superar as

limitações inerentes à atividade agrícola, que por meio da interação da produção vegetal

e animal, favoreceu o aumento do número de animais, solos mais férteis e o aumento da

diversidade de culturas. Esse modelo, entretanto, não conseguiu acompanhar o

crescimento populacional e começou a apresentar limitações (OLIVEIRA, 2010;

AQUINO & ASSIS, 2006). Ehlers (1996) apud Rocha (2006) aponta três fatores

principais que acarretaram seu fracasso:

“[...] a) a diminuição do pousio das rotações e o aumento da produção exigiam

mais fertilização dos solos; b) a mão-de-obra e o tempo gastos com a

fertilização orgânica eram excessivamente grandes; c) a manutenção de terras

com plantas forrageiras restringia a expansão do cultivo de grãos, que eram

produtos mais rentáveis e com uma maior demanda de mercado. ” (Ehlers,

1996 apud Rocha, 2006, p.21)

O discurso de que o aumento da produção de alimentos seria a solução para o

problema da fome no mundo, e que até hoje vem sendo aceito; foi a razão principal para

que houvesse a implantação do novo padrão agrário, adotando-se o modelo tecnológico

e difusionista, promovendo a ideia de “modernização agrícola”.

Surge então a segunda revolução agrícola que ocorreu partir do conhecimento da

química agrícola no século XIX, a chamada Revolução Verde. Justus von Liebig (1803-

Page 14: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

14

1873), químico alemão foi o precursor, juntamente com o agrônomo francês Jean-

Baptiste Boussingault (1802-1887) (OLIVEIRA, 2010).

Por meio de seus estudos, Liebig defendeu que para o aumento do incremento

produtivo, a planta dependeria de certa quantidade de substâncias químicas no solo. Para

que a planta desse reposta de crescimento, teria que haver uma quantidade mínima

disponível de cada elemento químico, em contrapartida, na ausência ou quantidades

inferiores as necessitadas pela planta, afetaria seu crescimento. Esta teoria desprezava a

importância da matéria orgânica, ficando conhecida como Lei do Mínimo. Liebig

descreveu a formulação do NPK, dando início a era dos fertilizantes sintéticos,

agrotóxicos, drogas veterinárias e maquinário pesado na agricultura, impulsionando a

agroindústria. Houve então a separação da produção agrícola e animal e a substituição do

antigo sistema rotacional (EHLERS, 1996 apud ROCHA, 2006).

O melhoramento genético também foi explorado no período da Revolução Verde,

a partir dos estudos do monge austríaco Johann Gregor Mendel (1822-1884), com a

seleção e produção de sementes melhoradas, as sementes híbridas.

A partir daí, iniciada na década de 1960 e que se intensificou em 1970, o processo

de desmatamento e agressões à natureza no Brasil pelo processo de modernização

agrícola, denominada agricultura convencional, principal responsável por vários

problemas ecológicos (AQUINO & ASSIS, 2006).

Atrelado ao capitalismo, este modelo agrícola era voltado para o aumento de

produtividade a curto prazo, diminuindo os riscos e criando, artificialmente, condições

naturais necessárias ao bom desenvolvimento das culturas para a maximização da

produção. Além disso, a modernização favoreceu, de forma unilateral, o grande

latifúndio, detentores de grande capital e capazes de comprar equipamentos e insumos

agroindustriais, os quais, eram encontrados com facilidade devido às indústrias já

instaladas no país. Dessa forma, esse processo gerou um desenvolvimento agrícola

heterogêneo e excludente (AGRA & SANTOS, 2017).

Para Bonilla (1992), a agricultura dita “moderna” se baseou na intensa

mecanização reduzindo ao mínimo a mão-de-obra; uso intensivo de insumos sintéticos

para desenvolvimento das culturas (fertilizantes químicos) e sua proteção (herbicidas,

fungicidas etc.) e concentração de capital e recursos físicos com adesão do regime de

monoculturas.

Aquino e Assis (2006) afirmam que o processo de modernização agrícola deixou

de fora o agricultor e o ambiente, partes principais do processo, consequentemente, o

Page 15: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

15

surgimento de problemas sociais e ambientais. A partir desse processo gerou-se a

dualidade de produção, a convencional, excludente e parcial; e a tradicional, discriminada

sendo dita de baixa produção e sofrendo marginalização. A incorporação dos pacotes

tecnológicos na agricultura ocorreu universalmente e a maximização da produção em

pouco tempo era o principal objetivo.

Pensar na questão da fome mundial era apenas um falso discurso para camuflar os

reais propósitos, como alega Bonilla (1992) ao expor dados do IBGE relacionados a

quantidade produtiva de diversas culturas no país nos anos de 1936-1980. Constatando,

já naquela época que o feijão, principal fonte de proteína do consumidor popular, caiu

300 Kg/ha (800 para 500 Kg/ha); enquanto que a cana-de açúcar subiu de 35 para 54

toneladas, o que comprova o fato que o próprio autor denota, se tratar de uma

maximização de lucro e produção com fins econômicos, pautados numa visão capitalista.

Existia a prioridade em desenvolver culturas de exportação como cana-de-açúcar,

café e cacau por exemplo, do que culturas alimentares como mandioca, feijão, arroz etc.

que não tiveram crescimento, aliás, declinaram ou estagnaram a produção na época.

Não se pode negar o fato do espetacular aumento produtivo com esse novo modelo

no país, que, segundo Aquino e Assis (2006), de 1950 a 1984 dobrou e a disponibilidade

alimentar chegou a 40% por habitante. Porém, não foi suficiente para perdurar por muito

tempo, o qual veio declinando desde 1985, devido aos impactos ambientais e viabilidade

energética.

O discurso de que o alto índice populacional acarretaria a fome diverge com o

Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen que afirma, que o que configura a ocorrência

da fome não diz respeito a baixa produção de alimentos ou a escassez do mesmo, mas

sim, a má distribuição de renda (OLIVEIRA, 2010).

2.2.Problemas sociais da agricultura convencional

Durante a expansão da agricultura moderna, o Norte e Nordeste do país, regiões

com predominância de policultura e com relevante quantidade de agricultores familiares,

foram esquecidas por se tratarem de “regiões mais pobres”, enquanto que o Sul, Sudeste

e Centro-Oeste foram as regiões mais favorecidas nesse processo de produção

monocultural. Ao tratar da questão da desigualdade agrícola brasileira, o próprio Estado

foi agente principal para desenvolvê-la, concedendo benefícios a quem possuía mais terra,

Page 16: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

16

ou seja, quanto mais terra se possuía, maior facilidade de crédito e maiores ganhos

especulativos ao mesmo tempo que se aumentava a concentração e a centralização de

capitais no campo.

O Estado disponibilizou por meio do Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR,

muitos subsídios e propiciou “políticas de maxidesvalorização cambial”, que é uma

máxima desestimulação de importações e maior estímulo de exportações, tendo em vista

beneficiar multinacionais e grandes proprietários. O latifúndio incorporou as terras de

agricultores familiares, estes por sua vez, foram obrigados a abandonar suas terras com

suas famílias, que nesse período teve um número alarmante de 30 milhões de agricultores

(AGRA & SANTOS, 2017).

As pequenas propriedades eram engolidas pelos latifúndios, fazendo com que o

camponês migrasse para áreas com menor produtividade (áreas marginais),

consequentemente, essa população se via obrigada a aumentar suas terras para poder

sobreviver derrubando matas nativas. Ou seja, além de afetar diretamente as famílias

rurais, afetavam indiretamente a redução do ambiente. O processo de expulsão dos

trabalhadores rurais foi mundial e por causa desse processo de expulsão em massa,

eclodia daí o êxodo rural, o qual os agricultores tiveram que migrar para áreas urbanas,

contribuindo para sua superpopulação, vendendo sua força de trabalho, impulsionando o

surgimento dos centros periféricos, e os que os que ainda insistiam em ficar no campo, se

submetiam as relações de trabalho determinadas pelo sistema estabelecido, com salários

precários, havendo o aumento da sazonalidade de trabalho. A população do meio rural

declinou de 1950 até 1996, tendo uma redução na participação da população nacional de

41% devido ao êxodo rural reduzindo as taxas de crescimento demográfico no campo

(ROCHA, 2006; TEIXEIRA & LAGES, 1996 apud ROCHA, 2006).

Essa nova agricultura com adesão de tecnologias de alto custo instituiu uma

marginalização social dos agricultores que, economicamente, não tinham viabilidade para

apropriar-se dela, assim como acesso a informação e assistência técnica adequada para

sua produção.

Mariani e Henkes (2015) defendem que com a nova agricultura oriunda da

Revolução Verde, houve apenas o beneficiamento industrial e de grandes produtores para

a produção de commodities:

[...] como consequência dos resultados da Revolução Verde, obteve-se

um aumento significativo da produção agrícola e pecuária nacional, com uma

Page 17: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

17

série de políticas e ações prioritariamente direcionadas aos estabelecimentos

rurais patronais. Ou seja, o modelo de agricultura praticado no período era

direcionado aos grandes produtores e contribuiu tanto para o aumento da

produção no meio rural como para a liberação de mão de obra e o crescimento

das indústrias. (MATIANI & HENKES, 2015, p. 319).

Essa transformação no cenário rural contrastou uma diminuição na importância

da propriedade rural sobre os alimentos básicos sendo substituídos pelos industrializados,

deixando de lado a relação do homem do campo com a natureza e a segurança alimentar.

Em suma, o processo de modernização agrícola impactou negativamente as

condições empregatícias, de renda e vida do camponês.

2.3.Desenvolvimento Rural Sustentável

A atividade agrícola constitui-se da simplificação da natureza, havendo distúrbio

nos processos ecológicos do ambiente antropizado, existindo a necessidade permanente

de intervenção humana.

O processo de antropização foi intenso na adequação à agricultura convencional,

sendo realizados desmatamentos em diversas áreas, levando a diminuição da diversidade

biológica; em casos extremos, a extinção de algumas espécies animais e vegetais; perda

de material genético do ambiente pela devastação de florestas e campos nativos

quebrando o equilíbrio dos ecossistemas para a criação de novas áreas de produção em

larga escala. Nas áreas de clima temperado, com o uso dos pacotes tecnológicos houve

erosão, salinização e diminuição de produtividade dos solos do país (PALUDO &

COSTABEBER, 2012).

Nos agroecossitemas “modernos”, as intervenções exigem cada vez mais o uso de

insumos químicos seletivos, que ao longo do tempo se tornam mais ineficientes, levando

ao aumento de suas dosagens ou a substituição por outros mais eficazes decorrentes da

sua alta concentração química, ao mesmo tempo em que se obtém sucesso momentâneo,

tem-se como saldo negativo os custos humanos e ambientais irreparáveis. Hoje, por

exemplo, a poluição hídrica por agrotóxico ou fertilizante é a segunda maior causa de

contaminação da água no Brasil. Segundo IBGE o Brasil ganhou a posição de maior

consumidor mundial de agrotóxicos nos últimos três anos (AGRA & SANTOS, 2017;

ALTIERI, 2012; PALUDO & COSTABEBER, 2012).

Page 18: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

18

Segundo Rosset et al. (2014); Rocha (2006); Chappell e Lavalle (2011, apud

Rosset et al., 2014), os fertilizantes têm eficiência somente de 40 a 50% do nitrogênio

aplicado em lavouras tropicais de regiões secas, vindo a cair ainda mais em efeito de alta

precipitação, extensos períodos de seca, solos erodidos (que tem uma média de 16 a 40%

de degradação de área terrestre) e com baixo conteúdo de matéria orgânica. O sistema

convencional agrícola, além de provocar contaminação dos solos e água (salinidade e

contaminação por nitrato como principais indicadores de poluição), também provocam a

emissão de gases de efeito estufa, responsável por 30 a 35% da emissão desses gases.

Diversos estudos elaborados por profissionais da saúde detectaram a presença de

fertilizantes em amostras de sangue e leite materno no ser humano, e em resíduos

presentes em alimentos consumidos pela população, existindo a possibilidade de

ocorrência de anomalias congênitas, câncer, doenças mentais e disfunções na

reprodutividade humana.

Devido aos padrões da civilização mundial pós II Guerra Mundial bastante

impactantes sobre homem e o ambiente, surgiu a necessidade de se pensar a

sustentabilidade.

Para Xavier e Dolores (2001) e Almeida (2015), refletir sobre modelos de

desenvolvimento rural que sejam sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente

aceitáveis, é a chave para o sucesso de uma agricultura menos agressiva ao ambiente

como o modelo vigente. Uma agricultura é dita sustentável quando tem equilíbrio

ecológico, viável economicamente e socialmente justa. Nesse contexto, o

desenvolvimento sustentável atende as necessidades e aspirações presentes sem o

comprometimento das gerações futuras. Sendo assim, o desenvolvimento sustentável tem

o dever de contribuir com a redução da fome, miséria e autorregular seus recursos.

Segundo FAO (2012) e Xavier e Dolores (2001), a sustentabilidade deve ser

observada em dois níveis, local e global. Em nível local, se relaciona com o a capacidade

de aumento ou degradação dos recursos naturais locais, sendo positiva quando se

aproveita a produtividade dos recursos naturais renováveis, e se torna negativo quando as

práticas produtivas mantêm a produtividade por meio da importação e exportação de

insumo e produtos. Em nível global, a sustentabilidade se relaciona com os efeitos,

positivos ou negativos, sobre a biosfera, ou seja, efeitos que certo agroecossistema tem

sobre as condições de sobrevivência de outro agroecossistema, ao longo do tempo.

Caporal, 2007 apud Fontes, 2012, afirma que a sustentabilidade também envolve

a dimensão política, que deve ser integrada aos vários setores sociais, garantindo seus

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19

direitos, promovendo a cidadania. A participação das pessoas na gestão das políticas

públicas é imprescindível para garantir que atendam, realmente, os interesses locais sem

prejudicar sua continuidade. Socialmente, a sustentabilidade só tem sucesso quando se

entende a importância de cada membro da comunidade, assim como o papel que cada um

exerce a partir de uma relação de vivência, troca de experiências. Essa pluralidade

enriquece e alimenta as relações e a criatividade do coletivo. Na perspectiva de mudança

dos moldes convencionais para um modelo de agricultura mais sustentável, se resgata,

reinventa e/ou se potencializa o conhecimento agroecológico, tomando como exemplo as

experiências exitosas, para que os sujeitos sociais se emancipem, possam ter condições

adequadas para se fazer o verdadeiro desenvolvimento rural e ajudar no fortalecimento

da agricultura familiar.

Abdo, Valei e Martins (2008) abordam a agricultura familiar como uma

agricultura que, mesmo com área de exploração reduzida, é capaz de obter o máximo

rendimento econômico por área. Mas claro, isso vai depender da conscientização do

agricultor ao escolher o melhor modelo exploratório para garantir sua produtividade a

longo prazo, como também pensar na reposição dos nutrientes, implantação e práticas de

manejo do solo e diversificação das espécies constituintes do seu sistema.

Segundo Perske (2004), culturas anuais são vulneráveis à estiagem, isso causa

frustação no agricultor quando ele perde seu investimento. Por essa razão, o mesmo autor

opta pela diversificação da propriedade e uso do solo de acordo com sua aptidão e

capacidade, utilizando mão-de-obra familiar. Desta forma, se diminuem os problemas

direcionados ao ambiente natural, além de oferecer um menor risco econômico ao

agricultor, uma vez que os problemas de estiagem ou preço de mercado podem ser

contornados pela produção de outras culturas na propriedade, sendo outras alternativas

de renda.

A agricultura familiar que segue a premissa agroecológica de produção garante

uma produção viável em pequenas propriedades, seguindo uma linha mais sustentável

que lhe garante diversos benefícios. Ou seja, a agroecologia é a base desse novo

paradigma de desenvolvimento rural.

Para Assis (2006) a Agroecologia não dá ênfase apenas nos parâmetros

agronômicos e ecológicos, mas também nas questões socioeconômicas. O autor define

agroecologia como:

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20

[...] é uma ciência surgida na década de 1970, como forma de

estabelecer uma base teórica para esses diferentes movimentos de agricultura

não convencional. É uma ciência que busca o entendimento do funcionamento

de agroecossistemas complexos, bem como das diferentes interações presentes

nestes, tendo como princípio a conservação e a ampliação da biodiversidade

dos sistemas agrícolas como base para produzir autorregulação e,

consequentemente, sustentabilidade (ASSIS, 2006, p. 77).

Altieri (1993) apud Guivant (1997) fala que a Agroecologia apresenta uma

abrangência em alguns aspectos que devem ser levados em consideração:

Com uma proposta que abrange aspectos teóricos, metodológicos e

empíricos, a agroecologia tenta aproximar a perspectiva antropológica da

pesquisa agronômica, procurando formular o novo paradigma científico que

focalize a agricultura de uma forma integral, enfatizando as interações entre o

biológico, o técnico, o cultural e o socioeconômico, e sendo particularmente

sensível às complexidades das agriculturas locais (ALTIERI, 1993 apud

GUIVANT, 1997, p. 287).

Nesse aspecto, Rocha (2006) reforça que o saber agroecológico é mais complexo

que se imagina, não se prendendo ao convencional meio de observação para ter validação:

É importante destacar que a agroecologia não pode ser validada apenas

conforme as regras da produção científica convencionais, mas, sim, através da

experiência dos saberes práticos. Apesar de pesquisas cientificamente

convencionais estarem sendo feitas com relação aos sistemas agroecológicos e

demonstrarem dados concretos sobre as vantagens desses sistemas. O que

realmente tem validado as práticas agrícolas não são os resultados obtidos em

laboratórios ou estações experimentais, mas, sim, as práticas de sucesso

aplicadas por populações tradicionais (indígenas e camponesas) (ROCHA,

2006, p. 46).

Neste sentido, os saberes agroecológicos envolvem o sujeito do conhecimento,

pessoas de saberes tradicionais, em que a vida cotidiana e produtiva não está enraizada

em práticas guiadas por regras, mas pela criatividade individual.

Page 21: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

21

Assim, seguindo o conceito de desenvolvimento sustentável, é necessário visar à

harmonia e à racionalidade, não somente entre o homem e a natureza, mas também entre

os seres humanos. As pessoas devem ser o sujeito no processo, respeitando-se as

características étnico-culturais, melhoria de qualidade de vida para as distintas

populações, especialmente os menos favorecidos.

2.4. Sistemas Agroflorestais (SAFs)

Sendo um sistema vivo, o SAF é extremamente complexo, no qual existe uma

grande interação entre seus elementos, configurando redes de fluxo de matéria e energia,

a qual a diversidade propicia o aumento do funcionamento, ao mesmo tempo que conduz

a um estado estável, no qual o ecossistema é mantido ou, até mesmo, melhorado.

O sistema agroflorestal é uma alternativa que visa minimizar os danos causados

ao ambiente pela agricultura convencional por meio do aproveitamento dos benefícios

gerados pela integração de seus componentes arbóreos, animais e agrícolas.

Compete o uso integrado da terra, particularmente adequado às áreas marginais e

a sistemas de baixo uso de insumos. (FARRELL & ALTIERI, 2012; STEENBOCK &

VEZZANI, 2013).

Nardele e Conde (s.d.), Abdo, Valei e Martins (2008) e Miccolis et al. (2016)

ainda reforçam que o SAF é uma forma de produzir conservando ou recuperando a

natureza. Isso, graças a observação do funcionamento da natureza e tentativa de imitá-la,

ao invés de seguir por padrões convencionais de produção, onde há a retirada da

vegetação nativa para colocar em seu lugar culturas de interesse em larga escala. De forma

conceitual, sistema agroflorestal é uma forma de manejo da terra buscando alcançar uma

maior produtividade a partir da combinação de culturas agrícolas, arbóreas e/ou animais

simultaneamente ou não em uma mesma propriedade, interagindo ecologicamente,

levando em consideração o arranjo espaço-temporal.

Os SAFs apresentam uma alta densidade e uma grande variedade de espécies,

multiestratificada, imitando a dinâmica da sucessão ecológica em regeneração natural,

mas sua composição e manejo girando em torno da segurança alimentar e aumento da

renda familiar. Objetiva-se à otimização do uso da área ajustando a produção florestal

com a alimentícia, usando técnicas conservacionistas, principalmente para o solo que

sofre pressão pelo uso agrícola (ENGEL, 1999; STEENBOCK et al., 2013).

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22

Segundo Farrell e Altieri (2012), existem quatro características que integram os

sistemas agroflorestais:

Estrutura, referente a combinação de árvores, espécies anuais e animais. O que

não se remete mais a visão dos agrônomos que pouco consideravam a importância das

árvores no imóvel rural ou a de engenheiros florestais, se referindo apenas ao crescimento

arbóreo. Secularmente, agricultores por meio da utilização desses três componentes, não

veem sua importância isoladamente, mas em conjunto, vem suprindo suas necessidades

em suas propriedades.

Sustentabilidade, o qual se segue o modelo de ecossistemas naturais esperando-

se, a longo prazo, obter uma produtividade sem causar danos ao solo. Isso pelo fato dos

sistemas agroflorestais otimizarem as interações dos componentes (arbóreo, agrícola e

animal) que o compõem, sendo muito interessante em áreas marginais.

Aumento de produtividade, à medida que há o estímulo da interação das partes

integrantes do sistema, ocasionando um melhor aproveitamento de seus recursos,

consequentemente, levando à melhores condições de crescimento, se prevê uma

produtividade maior em SAFs se comparado à sistemas convencionais.

Adaptabilidade socioeconômico/cultural, é sabido do sucesso dos SAFs em

propriedades de diversos tamanhos e condições socioeconômicas, porém tem sua maior

eficiência em se tratando de pequenas propriedades rurais de áreas marginais pobres dos

trópicos e subtrópicos. Os agricultores existentes nessas áreas não têm o poder econômico

suficiente para adoção da agricultura moderna e suas técnicas, estando na parte periférica

dos estudos agrícolas e sem poder político e social estabelecido, os sistemas agroflorestais

lhes é bastante adequado.

Almeida (2015) aponta que não se deve pensar a implantação de agroecossitemas

de uma forma generalizada, como uma única receita pronta para todos os públicos, pois

cada agricultor tem sua peculiaridade. Pensar na implantação de um SAF consiste levar

em consideração os seguintes aspectos:

[...] as necessidades, a estrutura social, as crenças e os costumes dos

agricultores, além da disponibilidade da mão-de-obra do mercado,

infraestrutura e mercado, aceitabilidade dos insumos, a existência de

informações sobre o manejo do sistema e a compreensão de seus impactos e

benefícios (REBUÁ, 2012 apud ALMEIDA, 2015, p. 12).

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Esta autora ainda menciona que para seu sucesso, sistemas agroflorestais devem

ser planejados de forma a garantir retorno desde seu primeiro ano de implantação com

espécies de ciclo curto até o aparecimento de produtos das culturas de ciclo longo. Dessa

forma, a lucratividade do agricultor é recorrente durante todo o ano incrementando a

renda familiar.

2.5. Vantagens e Limitações dos SAFs

Com uso dos SAFs diminui-se ou até extingue-se o uso de insumos externos,

principalmente produtos químicos agrícolas, deixando de ocorrer a contaminação do solo,

da água (superficial e subterrânea) e de fragmentos florestais próximos; contribuem para

controle da erosão em áreas susceptíveis; promovem a ciclagem de nutrientes; melhoria

da qualidade alimentar das populações rurais e consumidores, além de facilitarem o

trabalho do agricultor e, após seu estabelecimento, reduzem as exigências quanto a mão-

de-obra garantindo produção e gerando renda (ARMANDO et al, 2002; MANJABOSCO,

2013; NARDELE & CONDE, s.d.).

Manjabosco (2013) afirma que por apresentar padrões ecológicos similares ao

natural, os sistemas agroflorestais possuem aspectos peculiares como a recirculação de

nutrientes, diminui os efeitos do vento e maior eficiência na adubação, ou seja, os insumos

são melhor aproveitados. Não o bastante, usando espécies leguminosas, pode haver a

fixação e incorporação de nitrogênio ao ecossistema, produzindo maior biomassa.

Por ser implantado levando em consideração o saber prévio do agricultor com

relação as suas culturas de produção, os SAFs não causam uma mudança brusca no

sistema tradicional e contribui com um menor custo, por não exigir alto controle

fitossanitário. Por outro lado, o SAF por se apresentar geralmente muito diversificado,

seu manejo se torna mais difícil para o agricultor familiar, o qual deve ter algum

conhecimento e técnica sobre sistemas agroflorestais. Por isso para implantação de um

SAF deve-se ter um bom planejamento, pois o conhecimento sobre SAFs entre

agricultores, técnicos e pesquisadores ainda é limitado, além da falta de tradição dos

agricultores que dificulta a extensão e implantação desse sistema (PERSKE, 2004).

Com o aumento da diversidade vegetacional, aumenta-se também a diversidade

microbiológica do solo. Munidos de uma importância singular, mas que não se sobrepõem

uns aos outros, os animais que compõe a microfauna e a fauna edáfica dos SAFs mantêm

em equilíbrio à fertilidade do solo. As minhocas, por exemplo, atuam na aceleração da

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aeração do solo, solubilização de nutrientes e incorporação de matéria orgânica,

consequentemente, aumentam a capacidade de retenção de água pelo solo, demonstrando

dessa forma, sua importância no processo de transformação física e química do solo em

área que necessitam recuperação. Esses pequenos animais são capazes de aumentar os

níveis de nutrientes assimiláveis pelas plantas por meio do seu trato digestivo, havendo a

possibilidade de se estender a todos os macro e micronutrientes, como exemplo, o

aumento do teor de nitrato em 5 vezes, cálcio 2 vezes, magnésio 2 1/5 vezes, fósforo em 7

vezes e o de potássio em 11 vezes (FRANÇA & MOREIRA, 1998).

Nos SAFs os componentes arbóreos são os mais importantes, pois as árvores têm

papel importante no sistema de produção rural influenciando nos diversos componentes

biológicos, trazendo diversos benefícios e melhorando a produtividade do

agroecossistema. Elas afetam diretamente o teor de nutrientes presentes no solo, de forma

que são capazes de explorar minerais de rochas matrizes e, pela deposição da serapilheira,

além de retornarem os nutrientes lixiviados. Além do mais, suas raízes associam-se às

bactérias mizorrízicas fixadoras de nitrogênio, propiciando ainda mais esse aumento de

nutrientes no solo para os vegetais. Esse sucesso se dá pelas altas temperaturas e umidades

do solo, criando condições favoráveis para o aumento de produção de matéria orgânica

sob as árvores pela deposição de restos vegetais e animais. As árvores provocam

sombreamento favorável às espécies agrícolas e animais. Também como bomba de

sucção para outras espécies vegetais, pois a árvore disponibiliza nutrientes do solo das

camadas mais profundas puxando-os para as camadas mais superficiais. Os componentes

arbóreos também implicam na redução de espécies competidoras servem de matéria-

prima para produtos medicinais, são eficientes em regeneração natural de áreas

degradadas e matas nativas, e em adensamento de espécies de interesse socioeconômico.

No entanto, no processo de exploração das árvores mais velhas dentro deste sistema,

ocorre danos a outros componentes, além de acidentes. A presença deste componente

numa agrofloresta diminui a incidência dos raios solares sob o dossel, diminuindo

significativamente a perda de água por evaporação, consequentemente, mantendo o solo

úmido. Concomitante a isso, em agroecossistemas com essa estrutura, ocorre a

competição por luz, nutrientes e água no sistema, além do risco de interferências

alelopáticas entre os componentes, que podem gerar enfermidades ou surgimento de

pragas, prejudicando a qualidade dos ramos e frutos, mas esses problemas podem ser

minimizados pela escolha de espécies apropriadas (ALTIERI, 2012; FRANÇA &

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25

MOREIRA, 1998; MANJABOSCO, 2013; NARDELE & CONDE, s.d.; PERSKE, 2004;

REBUÁ, 2012).

Segundo Manjabosco (2013) e Rebuá (2012), um sistema agroflorestal transpõe

as questões ambientais. Do ponto de vista socioeconômico, existe a capacidade de

produtos e serviços disponibilizados para o homem por meio do sistema agroflorestal.

O SAF caracteriza-se como um sistema capaz de proporcionar a segurança

alimentar, devido a sua diversidade de produção contribuindo para uma melhor saúde,

tanto do agricultor quanto do consumidor. É capaz de gerar emprego, por exigir maior

mão-de-obra para seu manejo em todas seus componentes (animal, agrícola e florestal),

favorecendo a fixação do homem no campo. Atrelado a isso, o sistema agroflorestal induz

à sustentabilidade econômica de tal forma que o homem do campo pode ser capaz de

produzir mercadologicamente, acumular riquezas e dessa forma, não necessitar adentrar

em novas áreas nativas ao mesmo tempo que evita o êxodo rural. Além do mais, propicia

a interação das comunidades adjacentes na busca por soluções para a utilização consciente

dos recursos a fim de assegurar, permanentemente, o acesso a estes pelas famílias

residentes.

Porém, todas essas vantagens estão atreladas aos problemas de que a implantação

do SAF venha a ter retorno do capital mais lento. Além do que, se manejado

incorretamente, acarreta a diminuição da produtividade ao invés de aumentá-la. E não

menos importante, é o fato de que os produtos de propriedades rurais que trabalham com

agrofloresta encontram limitações de mercado (NARDELE & CONDE, s.d.).

2.6. Classificação dos sistemas agroflorestais

SAFs são classificados de acordo com os diversos níveis, como a estrutura

espacial, desenho no tempo, importância relativa e a função dos diferentes componentes,

objetivos da produção e características socioeconômicas predominantes, porém o mais

utilizado é o critério estrutural, remetendo-se à composição (ALMEIDA, 2015).

Segundo Farrell e Altieri (2012) e Rebuá (2012), para classificação dos SAFs, os

critérios geralmente utilizados são a estrutura, função, escala socioeconômica, nível de

manejo e distribuição ecológica. Quanto a sua composição, se classificam em:

Agrossilvipastoril: combinação de cultivos agrícolas, pastagens e (ou) animais e árvores.

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Silviagrícolas: uso da área rural de forma sequencial ou concomitante por espécies

agrícolas anuais ou perenes e espécies florestais.

Silvipastoris: uso da terra por espécies arbóreas para obtenção de madeira, alimento e

forragem, consorciado com espécies animais domesticados.

Segundo Veiga et al. (2000), sistemas silvipastoris (SSP) subdividem-se, quanto

à duração da integração dos componentes na área, em:

Temporários, quando a associação de seus componentes (árvore, pastagem e

animal) ocorre por um breve período, com os animais se alimentando do sub-bosque (toda

vegetação espontânea rasteira) promovendo a limpeza e reduzindo custos.

Isso ocorre até o momento que haja competição por luz imposta pelas árvores, que

são o principal interesse na área. Permanentes, quando os três componentes são

planejados para coexistirem e serem explorados permanentemente. São feitos arranjos de

espaçamento ou densidade para que não haja competição entre os componentes

existentes. Permite que no início de sua implantação, as áreas de pastagem possam ser

usadas para cultivos temporários até o momento que as árvores desenvolvam altura

suficiente para a introdução dos animais, passando a ser um sistema agrossilvipastoril.

Levando em conta a origem dos componentes arbóreos do sistema, o SSP pode

ser com componente arbóreo não-plantado (elemento arbóreo já fazia parte ou houve

regeneração natural) e componente arbóreo plantado (plantado pelo agricultor).

Sistemas de produção florestal de uso múltiplo: sistema voltado não apenas para a

obtenção de produtos madeireiros, por meio da regeneração e manejo das árvores,

aproveitando todas as partes da árvore (folhas e frutos), adequadas a forragem e

alimentação.

Altieri (2012) menciona que um sistema é comercial, intermediário ou de

subsistência, observando-se a escala de produção socioeconômica e seu nível de manejo

para poder defini-la. Orientar-se por esses critérios ajudam na hora de sua aplicação,

verificando seus pontos fortes e fracos para implantação de um sistema agroflorestal, suas

fragilidades e potencialidades, pois dependerá do objetivo pretendido.

Também existe a classificação dos sistemas agroflorestais por meio da disposição

das espécies ao longo do tempo, ou seja, os SAFs concomitantes ou simultâneo e SAFs

sequenciais. No simultâneo, os componentes são associados ao mesmo tempo. Quando

duas culturas têm mesma época de plantio e colheita, são ditos SAFs coincidentes, já

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27

quando tem épocas iguais de semeadura e diferentes épocas de colheita, são ditos SAFs

concomitantes. No sequencial, existe uma cronologia, um intervalo de tempo entre a

colheita da primeira cultura e a semeadura da segunda. E ainda existem os SAFs

complementares, classificação usada pelo Centro Mundial Agroflorestal - ICRAF e Rede

Brasileira Agroflorestal - REBRAF, que fazem uso de cercas vivas e cortinas de quebra-

vento como forma de proteção a outros ecossistemas (ALMEIDA, 2015; ENGEL, 1999;

MAY et al., 2008; OLIVEIRA, 2011).

Segundo Rebuá (2012) e May et al. (2008), um SAF também pode ser

diferenciado de acordo com a adoção de manejo pelo agricultor, o qual implica em seu

desenho e composição. Quando as intervenções não modificam a composição e a estrutura

do SAF, este é dito estático. Em contrapartida, quando esta combinação estrutural é

modificada, este é considerado dinâmico, ou também conhecido como sucessional, que

tem em vista a segurança alimentar e aumento de renda da família.

Quanto ao arranjo espacial das espécies que compõem um agroecossitema, May

et al. (2008) classificam da seguinte forma:

Distribuição espacial irregular: as espécies são arranjadas mais ou menos ao acaso ou

adaptadas a variações ecológicas, tais como condições físicas e orgânicas do solo,

sombreamento, etc. Isso ocorre porque existem diferenças entre espécies, onde algumas

são mais exigentes que outras. Espécies que necessitam de mais matéria orgânica e outras

menos, como também, determinadas plantas se desenvolvem mais em solos profundos e

com boa drenagem natural, enquanto outras se desenvolvem bem mesmo em solos de

pouca profundidade.

Distribuição espacial uniforme: neste caso, existe uma distribuição espacial das espécies

em um padrão pré-determinado, onde os espaçamentos para cada espécie já são pré-

estabelecidos, ficando de fora deste arranjo a cobertura viva espontânea ou introduzida.

Distribuição espacial mista: é a combinação da distribuição uniforme e a irregular.

Utilizado em SAF de café, com a destruição uniforme dos cafeeiros e a irregular das

espécies florestais nativas de regeneração natural ou plantadas.

Distribuição espacial em faixas: na área do SAF a composição é feita pelo cultivo em

faixas com espécies de ciclo curto ou cultivos de baixo porte separadas das faixas das

espécies de porte mais alto.

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Distribuição espacial em “mosaico”: a área do SAF fica subdividida em “unidades”,

estas por sua vez, possuem forma e extensão variáveis. Levando em consideração o grau

de luminosidade, em unidades levemente sombreadas, ou seja, com maior incidência de

luz solar, são plantadas culturas comerciais de ciclo curto. Enquanto que em unidades de

menor luminosidade, obviamente, mais sombreadas, são utilizadas espécies perenes de

ciclo mais longo. Objetiva-se nesta distribuição espacial a formação de agroflorestas

biodiversificadas, gerando uma grande variedade de produtos comerciais e maior

segurança econômica para o agricultor.

2.7. Sistemas agroflorestais em regiões tropicais úmidas

Sistema Taungya

Originado na Birmânia, esse termo significa “cultivo de encostas” e é o mais

antigo sistema agrossilvicultural. Esse sistema foi desenvolvido pelo botânico alemão

Dietrich Brandis em 1856. Nele se faz o consórcio de culturas agrícolas de ciclo curto

com espécie florestal por determinado tempo (2 a 4 anos), objetivando-se ao final, a

produção de madeira, ou seja, o intuito é formar uma floresta de rendimento.

Os produtos agrícolas vendidos colaboram para minimizar os custos do plantio

florestal. É ideal para pequenos agricultores que tem área disponível, mas que necessitam

reduzir custos de implantação e manutenção. Além do mais, o sistema taungya concede

maior disponibilidade de nitrogênio quando consorciado as árvores com espécies

leguminosas (ENGEL, 1999; MAY et al, 2008; SANTOS, 2000).

Segundo Engel (1999), nesse sistema existem problemas entre os componentes,

como competição e alelopatia, dependendo da escolha das espécies, densidade e manejo;

além do sombreamento causado pelas árvores sobre as culturas agrícolas. Este fator

determina o término do sistema e início do plantio florestal puro.

O mesmo autor salienta que se o intuito da cultura for a colheita das raízes, então

estas devem ser plantadas a mais de um metro de distância das árvores na implantação e

mais de dois metros nos anos subsequentes. Além disto, deve ser feito o manejo das

árvores para favorecer o desenvolvimento da cultura, e deve-se evitar o uso da mesma

cultura dois anos consecutivos.

May et al (2008) informa que esse sistema também é usado em restauração de

APPs (quando fora da Mata Ciliar) e RLs. É também muito praticado por indústrias de

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papel e celulose em contrato com pequenos e médios produtores para a produção de

eucaliptos ou pinheiros exóticos.

Sistema de aleias ou faixas (Alley cropping)

Consiste do cultivo de faixas de espécies arbustiva e/ou arbóreas intercaladas com

faixas mais longas de cultivo agrícola. Esse sistema constitui-se de práticas muito

potenciais para todas as regiões tropicais, especialmente em áreas com problemas de

fertilidade ou terrenos declivosos. Os componentes arbóreos e/ou arbustivos devem ser

podados constantemente a fim de impedir sombreamento as demais culturas anuais, e os

resíduos devem ser utilizados como adubo verde.

Nesse sistema, as espécies arbóreas contribuem para o enriquecimento do solo,

diminuição da vegetação competidora nas faixas de plantio agrícola, reduzem a

susceptibilidade à erosão, melhoram as propriedades físicas do solo, aumentam a

biodiversidade e pode-se usar o material lenhoso. De forma negativa, esse sistema

demanda mais trabalho do produtor, maior dificuldade de mecanização, serve de

esconderijo para formigas e predadores e esse sistema não é indicado para áreas de déficit

hídrico (ENGEL, 1999; SANTOS, 2000).

Sistema de pousio melhorado

Originário da agricultura nômade ou itinerante, tendo como objetivo principal

recuperar a produtividade do solo pela regeneração natural da floresta, onde as árvores

fazem o papel de reciclagem. Geralmente, esse sistema é usado para recuperação de áreas

degradadas por meio do poder de resiliência do solo (ALMEIDA et al., 2012).

Segundo Steuer (2014), a efetividade desse sistema ocorre tanto pela indução da

regeneração natural quanto por plantio e semeadura de plantas anuais melhoradores do

solo. Este favorecimento deve ser acentuado no último ano de cultivo.

Caso não seja feito o enriquecimento, a regeneração natural vai depender da

propagação de arvores vizinhas. Quanto mais pobre o solo, o ciclo de rotação deve ser

mais longo, porem vai depender da área disponível (áreas grandes).

Em terrenos de maior fertilidade a rotação poderá ser mais curta, necessitando de

áreas menores. Além do papel de recuperação do solo, a área em repouso pode fornecer

outros produtos como: frutíferas, lenha, vara para tutores, apicultura e caça controlada.

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Sistema de capoeira enriquecida

É o enriquecimento da capoeira através da indução ou plantio de espécies

alimentares (principalmente frutíferas). Este plantio ocorre principalmente nas clareiras

ou dispostas em linhas buscando pouca intervenção na regeneração natural.

À medida que o sistema vai se desenvolvendo, pratica-se o manejo conjunto de

produtos alimentares e madeira sem descobrir o solo (ALVES, 2009).

Para Engel (1999) melhorar e transformar a capoeira em agroflorestas mais

produtivas diminui a necessidade do agricultor em expandir sua área agrícola, fixando o

homem no campo e dando-lhe uma melhor qualidade de vida.

Em resposta ao uso desse sistema, é possível antecipar e recompor o potencial

produtivo do ecossistema, além de melhorar as características químicas, físicas e

biologias do solo (Silva, 2008 apud Steuer, 2014).

Quebra-ventos

Quebra-ventos são fileiras de árvores plantadas com objetivo de reduzir a

velocidade dos ventos dominantes. Também são usados com o intuito de proteger

culturas, animais, casas, instalações etc. além desse sistema provocar o sombreamento

parcial das culturas e disponibilizar um microclima favorável (ALVES, 2009; ENGEL,

1999; REBUÁ, 2012).

Segundo Primavesi (1992) apud Rebuá (2012) e Alves (2009), os quebra-ventos

também disponibilizam abrigo e fonte de alimento para animais, inclusive, aves

responsáveis por controle biológico de pragas. Fornece flores para apicultura, diminui o

ressecamento do solo, controla a erosão e conserva o lençol freático.

Engel (1999) ressalta que, no planejamento na implementação do quebra-vento,

se deve levar em consideração a escolha de espécies é também muito importante, em

função da resistência da copa e sistema radicular, altura, porosidade e densidade de sua

parte aérea, e capacidade de fornecer outros produtos.

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Cercas vivas

Segundo Rebuá (2012) e May et al. (2008), cercas vivas consistem de plantios de

árvores em linha, dentro ou na borda do sistema, com intuito de separar ou delimitar a

área de cultivo. Quando densas, propiciam a diminuição da velocidade dos ventos e

passagem de animais e pessoas.

A partir desse sistema é possível obter vários produtos como lenha, mourões, etc.

além de durarem mais, dependendo da espécie, que as cercas tradicionais. Assim como

os quebra-ventos, as cercas vivas são usadas como abrigo para aves que exercem controle

biológico (DUBOIS, 2008 apud STEUER, 2014; REBUÁ, 2012).

De acordo com Engel (1999), no Brasil é mais comumente utilizada para esse fim

a espécie sabiá ou sansão-do-campo (Mimosa caesalpinaefolia) devido sua densa

ramificação e presença de espinhos, além de ser fixadora de nitrogênio, ter potencial

melífero e boa madeira para lenha. Com relação a escolha de espécies para facilitar o

manejo das cercas vivas, usar espécies lenhosas, cactáceas, bromeliáceas, ou qualquer

espécie que se adapte ao local se torna interessante. Preferencialmente, usa-se espécies

de crescimento rápido e boa capacidade de rebrota, com múltiplos usos e que se tenha um

bom conhecimento silvicultural para que seja possível a elaboração de um plano de

manejo pelo produtor em função de seus objetivos pretendidos. Para que a cerca viva não

fuja ao controle de crescimento deve-se usar podas constantes.

Quintais Agroflorestais:

Também conhecidos como hortos caseiros ou pomares caseiros, os quintais

agroflorestais são áreas ao entorno da residência na propriedade rural onde existe um

diversificado cultivo de espécies e criação de animais para complementação alimentar, e

que também entregam vários outros produtos e serviços (fibras, lenha, matéria prima para

artesanato etc.), sendo estes quintais manejados pela própria família (ALMEIDA, 2015;

FLORENTINO et. al. 2006; GAZEL FILHO, 2008; LOURENÇO et. al., 2009; LUNZ,

2007; PEREIRA et. al. 2010). Estão presentes nesse sistema o cultivo de espécies

frutíferas, medicinais, ornamentais, alimentícias, condimentares e hortaliças, usados para

autoconsumo da família como também os produtos excedentes podem ser vendidos,

complementando a renda familiar. Na região amazônica, as frutíferas têm grande

importância para os produtores, por ser opção para segurança alimentar da comunidade

Page 32: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

32

e retorno econômico via comercialização pelo agricultor (LOURENÇO et. al. 2009;

NAIR, 1990 apud STEUER, 2014).

Para Gomes (2010), os quintais de agricultores na Amazônia têm potencial para

serem usados como bancos de material genético, conservando espécies de interesse para

uso próprio ou agroindústrias. No entanto, mesmo com esse potencial, os quintais são

pouco explorados pela comunidade cientifica.

Dubois et. al. (1996) apud Steuer (2014) comenta que existem diversos tipos de

quintais agroflorestais, com diferenças estruturais, onde uns podem ser bem delimitados,

organizados e outros não, alguns de subsistência, onde a produção é usada apenas na

alimentação familiar e manejada pela mesma, outros com fins de comercialização, que

serve tanto para o autoconsumo como para venda. Como consequência do desmatamento

da Mata Atlântica a prática de quintais se tornou escassa ou até ausente nas propriedades

rurais, sendo substituídos por hortas com enriquecimento de algumas frutíferas, e os

quintais que ainda existem, estão em áreas cada vez menores com pouca diversificação.

Como forma de incentivo à utilização de quintais agroflorestais pelos produtores é

interessante que exista a troca de conhecimentos a partir do intercâmbio entre agricultores

familiares de uma mesma região, assim como também parceria com os serviços de

extensão rural. Deve-se pensar na criação de quintais nas escolas rurais para melhoria da

merenda escolar e a transmissão dos saberes para as crianças que terão a oportunidade de

aprender como produzir mudas de espécies preferidas e introduzi-las nos quintais

agroflorestais, favorecendo a melhoria da alimentação e da saúde nas zonas rurais; e,

como forma de melhor aproveitamento das espécies alimentícias produzidas nos

quintais, a capacitação das mulheres do meio rural para beneficiamento e novas receitas

para que se possa ter mais opções de produtos comercializáveis.

De acordo com Almeida (2015); Florentino et. al. (2006) e Rosa et. al. (2007), a

tradição do uso dos quintais agroflorestais fornece conhecimentos empíricos difundidos

de geração em geração pelos agricultores, ou seja, a prática dos quintais é bastante antiga,

sendo encontrada em todas as regiões tropicais do mundo.

Segundo Almeida (2015); Chagas (2012) e Méndez (2000) apud Gazel Filho

(2008), as principais vantagens apontadas pelo uso dos quintais agroflorestais são: i)

Ofertam uma diversidade de produtos e benefícios ao longo do ano todo; ii) Alta

diversidade de plantas, principalmente para uso humano, com arranjo similar às florestas

naturais; iii) Eficiência na ciclagem de nutrientes; iv) Redução do uso de insumos

externos sintéticos; v) Manejo baseado no conhecimento ecológico desenvolvido

Page 33: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

33

localmente, e vi) Reduzido impacto no meio ambiente. Os quintais podem proporcionar

à família 32% de proteínas, 44% de calorias, além de compor de 20 a 30% da renda anual.

Gliessman (2001a) apud Gazel Filho (2008), relata que as árvores nos quintais

agroflorestais são responsáveis por impedir a lixiviação de nutrientes por meio de suas

raízes, enquanto que os detritos de suas folhas reciclam esses mesmos nutrientes para o

sistema. Além do mais, os quintais podem servir de fonte de alimento e abrigo aos

animais, este autor exemplifica mostrando que em Karnataka (Índia), 93% dos

agricultores dividem os quintais em parcelas para guardar animais.

Para manejo dos quintais, ocorre a divisão do trabalho familiar, a mulher tem um

papel importante na implantação e desenvolvimento desses SAF’s, pois diversos estudos,

apontam a mulher como responsável por implementar e manejar o quintal agroflorestal.

No que diz respeito à composição dos quintais, as mulheres são as maiores

responsáveis por diversificá-los. As mulheres produzem com o intuito de consumo,

enquanto que os homens visam a comercialização. Elas diversificam os quintais

agroflorestais não só para uso da dieta alimentar, mas também usam espécies ornamentais

e fitoterápicas para confecção de remédios caseiros, a partir de conhecimento empírico

ou repassado para cura ou prevenção de alguma enfermidade, tanto física quanto

espiritual, chamados de “farmácias caseiras” ou “laboratório de experiências”

(ALMEIDA, 2015; GAZEL FILHO, 2008; ROSA et. al. 2007).

. Os SAFs são considerados por alguns como uma forma atrasada de produção,

mas confere-se que ao longo do tempo vem sofrendo adaptações, tanto de plantas

cultivadas quanto de técnicas de cultivo, que favorecem a harmonia com o ambiente

natural. Sendo assim, tanto os quintais quanto outros sistemas são uma boa sugestão de

produção para o agricultor que contribui à ideia de conservação ao mesmo tempo em que

se torna um viés para o diálogo entre o saber cientifico e o popular (DUQUE-BRASIL et

al., 2007 e MICHON, 1983 apud GOMES, 2010).

Page 34: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

34

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de estudo

O trabalho foi realizado em uma das duas Agrovilas do Assentamento Chico

Mendes III, localizada às margens da BR-408 no município de São Lourenço da Mata,

estando o assentamento a 7 km do centro da cidade.

A parcela escolhida para pesquisa e levantamento de dados foi a do casal de

agricultores familiares Sr. Daniel Pedro e Dona Leni. A parcela do casal, agora

denominada “Sítio Sonho Meu Mattos”, apresenta duas áreas produtivas, uma próxima à

residência (quintal agroflorestal) e outra nas imediações do Rio Tapacurá (SAF). A área

produtiva no entorno da residência corresponde ao tamanho total de 1 ha (50m x 200m).

A área próxima ao afluente do Rio Tapacurá, na qual se implantou a agrofloresta,

corresponde a uma área total de 2 ha, mas que apresenta apenas 4.500 m2 (50m x 90m)

de área utilizada.

O assentamento ainda está em processo de julgamento, mas é mantido por liminar

judicial sendo composto por 55 famílias, das quais 33 estão na área correspondente a São

Lourenço da Mata e 22 na área de Guadalajara, distrito pertencente a Paudalho. Em 2004

o Movimento dos Sem Terra (MST) ocupou as terras pertencentes ao Engenho São João.

Passados 4 anos, em 2008 os assentados se estabeleceram tomando posse da área,

coordenados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

O Assentamento possui uma área total de 413,33 ha, compondo-se de

aproximadamente 313,33 ha de área cultivável e mais 100 ha de reserva legal e Área de

Preservação Permanente (APP). Destaca-se pela presença de dois rios, Tapacurá e Goitá

e de várias nascentes e açudes (Oliveira, 2010) (Figura 1), (Figura 2) e (Figura 3).

Page 35: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

35

Figura 1: Mapa de localização do Assentamento Chico Mendes III. Fonte: Almeida, 2015.

Figura 2: Delineamento da área do Lote 14 (quintal agroflorestal). Fonte: Google Earth, 2017.

Page 36: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

36

Figura 3: Delineamento da área do Lote 24 (Sistema agroflorestal) próximo ao afluente do Rio

Tapacurá. Fonte: Google Earth, 2017.

O município de São Lourenço da Mata, criado em 1884, está localizado na

mesorregião da Zona da Mata pernambucana, pertencendo à Região Metropolitana do

Recife (RMR), inserido nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe e possui

área correspondente à 262,106 km2, segundo o IBGE (2005). A economia gira,

basicamente, em torno da agroindústria, gerando 567 empregos, embora outros setores

também geram uma grande quantidade de empregos diretos no município. Os setores de

Agropecuária, caça e pesca e Extrativismo Vegetal geram 407 empregos. Está inserida no

bioma de Mata Atlântica, predominando a Floresta Subperenifólia, com partes de Floresta

Hipoxerófila e com solos representados pelos Latossolos (CPRM, 2005).

3.2. Levantamento de dados

Para subsidiar a elaboração do presente trabalho, durante os meses de maio e junho

de 2017, foram feitas pesquisas bibliográficas documentais de periódicos científicos,

livros, teses e dissertações, anais e meio eletrônicos, como forma de levantar informações

sobre o assunto, as quais são imprescindíveis para a formulação do mesmo, pois a revisão

da literatura é uma parte vital do processo de investigação.

Page 37: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

37

Considerada como o primeiro passo de uma pesquisa, o levantamento

bibliográfico auxilia o pesquisador na análise ou manipulação de suas informações, a

partir do contato direto do material já produzido, lhe dando propriedade suficiente para

poder discorrer sobre o que se propõe estudar (PERSKE, 2004).

Na escolha da parcela a ser estudado utilizou-se como critério a diversidade de

espécies cultivadas, e que o morador apresentasse certo grau de conhecimento sobre SAF

a ponto de ser um bom informante, mais além, um sistema agrossilvicultural que

apresentasse carência de tratos culturais (PEREIRA &FIGUEIREDO NETO, 2015).

Com base nessas informações, foi selecionada a parcela de Dona Leni da Silva e

Sr. Daniel Pedro Souza, a qual é uma Unidade de Referência Agroflorestal (URA). As

URAS foram introduzidas nos lotes de sete assentados de Chico Mendes III em 2010 via

projeto do Prof. Jorge Luiz Schirmer de Mattos (UFRPE) sendo implantadas e orientadas

pela equipe técnica da UFRPE.

Periodicamente foram realizadas visitas de campo à propriedade rural com

acompanhamento dos agricultores residentes para informar sobre o sistema produtivo e a

dinâmica organizativa da família. Fez-se registro de informações no quintal agroflorestal

e na agrofloresta elencando as espécies, também registros fotográficos.

Para obtenção do quantitativo das espécies vegetais e animais, realizou-se um censo

dos indivíduos presentes na parcela. Para as espécies animais (criação) houve apenas a

contagem dos indivíduos de cada espécies e obtenção de informações sobre a finalidade

de criação no sistema. Para as espécies vegetais, foi realizado o registro dos nomes vulgar

e cientifico; família; hábito de crescimento; tipo de planta dentro do sistema; número de

indivíduos e a finalidade.

Ressalva-se que foram incluídas no senso apenas as espécies florestais nativas e/ou

exóticas plantadas pelos agricultores por terem alguma finalidade à sua parcela.

As demais espécies já existentes na área não foram registradas por fazerem parte

da fitossociologia do assentamento (a qual necessita de estudos), pois este apresenta áreas

de mata nativa e capoeira em avançado estágio de regeneração dentro e próximas as várias

parcelas dos assentados.

Com o intuito de obter informações de contexto sócio histórico, econômico e

ambiental da unidade familiar e do Assentamento Chico Mendes III, foi elaborado um

questionário semiestruturado e realizada entrevista com os proprietários (ANEXO I).

Page 38: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

38

A entrevista foi dividida em blocos procurando conhecer o contexto histórico do

Assentamento e da propriedade, como também das características econômicas e de

produção na parcela da família.

Com o questionário semiestruturado permite uma flexibilização na entrevista,

permitindo uma maior obtenção de informações, pois as respostas são mais livres e não

seguem uma padronização. Isso possibilita que as perguntas propostas no questionário

sejam complementadas por questões inerentes às circunstâncias à entrevista, além de

possibilitar respostas mais abrangentes e aprofundadas, dando maior informações ao que

se pesquisa (Manzini, 2004). Para finalizar a coleta de dados, foi realizado a medição das

áreas correspondentes ao quintal agroflorestal (lote 14) e SAF (lote 24) por meio do

equipamento GPS Garmin eTrex 30. Os dados foram processados nos softwares

TrackMaker v.13.9 e Google Maps para obtenção de imagens georreferenciadas das áreas

dos agricultores.

Após todos esses procedimentos, realizou-se a análise dos dados da parcela,

verificando-se o que era produzido desde a implantação do agroecossitema no

Assentamento Chico Mendes III até o presente momento, identificando as

potencialidade(s) e dificuldade(s) na condução e manutenção do sistema, quais espécies

que o compõe e a que se destinam.

Page 39: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

39

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização histórica da propriedade

Formada por 19 municípios, a Zona da Mata Norte é uma região explorada há

séculos, predominantemente, pela cultura canavieira. No entanto, devido a problemas

enfrentados no setor sucroalcooleiro ao longo do tempo muitos engenhos foram a

falência, como foi o caso do antigo Engenho São João, distrito de Tiúma, em São

Lourenço da Mata, refletindo em problemas sociais aos trabalhadores rurais, como o

desemprego, e aos recursos naturais com a degradação do solo e rios. Desde 28 de março

de 2004 o Movimento de Trabalhadores Sem Terra ocupou as terras do Engenho São João

localizado no distrito de Tiúma, São Lourenço da Mata - PE. Após 4 anos, com vários

conflitos, despejos e novas ocupações, os trabalhadores sem-terra tomaram posse da área

pelo INCRA em 14 de outubro de 2008.

Obtida a emissão de posse, os agricultores passaram por dificuldades devido à

seca que assolava a região no mesmo ano e por não terem auxílio para começarem a

produzir. Por esse motivo o Coordenador do MST, Jaime Amorim, foi ao assentamento

com o intuito de organizar e planejar o sorteio de áreas próximas ao afluente do Rio

Tapacurá que corta a área do assentamento para que se facilitasse a produção, próximo

ao curso d’agua, o que diminui a carência por irrigação. Dessa forma, ficou acordado que

no verão os agricultores poderiam cultivar na área próxima ao rio, enquanto que no

inverno, os mesmos passariam a trabalhar nas encostas dos morros.

As residências dos assentados foram construídas na área perto do rio, pois como

a facilidade de trabalho era maior, resolveram se estabelecer neste local. No entanto, com

o problema de locomoção para as feiras, enchentes, adoecimento do Sr. Daniel e a

necessidade de energia elétrica, o casal resolveu se mudar para a parcela original que

tinha melhor acessibilidade. A presidente do assentamento solicitou energia eletrica junto

a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) via programa “LUZ PARA TODOS”

do Governo Federal.

As áreas sorteadas, posteriormente, foram utilizadas por alguns para formação de

sistemas agroflorestais através de projeto da UFRPE. No sorteio realizado em novembro

de 2008, Dona Leni (64 anos) e Sr. Daniel (59 anos) adquiriam, a princípio, o lote 24

referente a parcela 24, mas como já havia uma família estabelecida nessa parcela, Dona

Leni e seu esposo resolveram trocar a parcela 24 pela parcela de número 14, porém

Page 40: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

40

mantendo número do lote 24 próxima ao rio, formando o SAF que está sendo avaliado.

O casal de agricultores vem trabalhando bem na área, no entanto, desde 2012 Dona

Leni cuida do sítio sozinha devido a problemas de saúde de seu esposo. Ambos sempre

trabalharam na agricultura, mas também já exerceram atividades não relacionadas a ela.

Leni exerceu atividade de técnica de enfermagem por 12 anos e seu esposo Daniel exerceu

a atividade de pedreiro por 25 anos, abandonando a profissão e passando a ser

agricultores. Como agricultora, Dona Leni participou do curso “camponês a camponês”

em 2012 promovido pelo Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA entre outros e

diversos intercâmbios visitando outras propriedades nas cidades de Pombos, Gloria do

Goitá, João Pessoa –PB e Abreu e Lima no sitio do conhecido Sr. Jones Pereira.

Em relação à auxílios do Governo Federal, o INCRA, principal órgão responsável

pelo Chico Mendes III, subsidiou aos agricultores o valor de R$ 3.200,00 a fundo perdido

via projeto, inicialmente ao se estabelecer o assentamento. Logo após, forneceu outro

projeto para as mulheres, subsidiando R$ 3.000,00, mas com retorno de R$ 603,00 (valor

pago por Dona Leni e Sr. Daniel). Este último foi melhor elaborado, fornecendo não

apenas auxílio financeiro, como também assistência técnica pela DELTA, empresa

selecionada pelo INCRA via chamada de ATER, porém por um breve período,

permanecendo no assentamento fornecendo atividades de assistência técnica e extensão

rural por apenas 6 meses.

O professor Jorge Mattos, por meio do Núcleo de Agroecologia e Campesinato-

NAC da UFRPE foi o responsável por trazer assistência técnica de forma contínua através

de projetos de extensão para o assentamento Chico Mendes III, entre eles, o projeto

“Camponês a camponês: uma metodologia para a transição agroecológica no

assentamento Chico Mendes III”, que se tornou muito importante para que se pudesse

trazer recursos aos agricultores, tanto por este quanto por outros projetos derivados deste,

pois ainda não houve a divisão dos lotes nem acesso de apoio financeiro aos assentados.

Apesar de ser bem aceito pelos assentados, infelizmente, somente uma pequena parte dos

agricultores ainda trabalham na linha do projeto de Transição agroecológica.

Como se cultivou cana-de-açúcar por longos anos, o solo se tornou improdutivo,

por isso à necessidade de recompor suas qualidades estruturais. Para recuperar as

propriedades do solo, os projetos trazidos pela UFRPE visavam sempre trabalhar com

cobertura morta do solo, compostagem, produzir de forma orgânica, sem uso de

agrotóxicos.

Page 41: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

41

Para Dona Leni, a produção mais rentável, financeiramente, foi a de hortaliças

orgânicas, a qual foi introduzida aos assentados por mais um projeto do NAC/UFRPE

encabeçado pelo professor Jorge, “Transição agroecológica: produção, comercialização

e integração com a comunidade local”, ainda em época de saúde de seu marido.

Seu trabalho foi tão árduo que em 2010 o casal foi o primeiro a inaugurar a 1°

feira agroecológica em São Lourenço e também participou da feira agroecológica no

bairro de Dois Irmãos criada em 2012.

Os agricultores têm dois filhos, ambos não moram no assentamento, o que

dificulta a condução do sitio por Dona Leni. No entanto, mesmo com o problema de saúde

de seu esposo e lidando sozinha no cultivo e manutenção da sua parcela, a proprietária

ainda vem exercendo, com louvor, as premissas agroecológicas do projeto em sua parcela.

4.2. Caracterização econômica dos agricultores

Das informações obtidas em entrevista, observou-se que a fonte de renda da

família vem do salário benefício do Sr. Daniel Pedro, que é a principal fonte de renda da

família, juntamente com os ganhos da venda da produção obtida no quintal agroflorestal

e SAF. As vendas são tanto de produtos arbóreos madeireiros quanto não madeireiros, e

também provenientes da produção agrícola e ervas medicinais, além de animais. Grande

parte destes produtos são repassados às feiras, mas também conseguem vender em sua

própria residência. Com o lucro das vendas e salário de seu esposo, a renda gira em torno

de R$ 1.237,00, R$ 937,00 + R$ 300,00 de produtos do SAF (em média, na época de

safra), sendo uma renda mensal variável, pois depende de cada safra obtida ao longo do

ano.

Dessa quantia, uma parte é gasta em remédios para Sr. Daniel e locomoção para

consulta médica, o restante é usado nas despesas do lar. Referente a essas despesas, os

gastos com alimentação são bastante onerosos, mesmo com o consumo próprio advindo

da produção agrossilvicultural diversificada. A produção não é contínua e muitas das

espécies encontradas ainda não produzem por estarem fora da época ou foram a pouco

tempo plantadas. Das que já estão fornecendo produtos, algumas não fazem parte da dieta

do proprietário que é diabético, implicando numa despesa de R$ 700,00, em média, de

alimentação para Sr. Daniel de Souza e sua esposa. Desta forma, recomenda-se planejar

um calendário de produção.

Page 42: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

42

4.3. Caracterização produtiva da propriedade

4.3.1. Produção no Quintal Agroflorestal.

O sistema produtivo é composto tanto por plantas quanto por animais. No quintal

agroflorestal são encontradas aves, caprinos e roedores que são utilizados como fonte de

alimentação e também como renda extra.

A criação de aves e caprinos iniciou-se em 2013, mais uma vez via projeto da

UFRPE junto ao Prof.° Dr. Jorge Mattos denominado “Integração da produção animal e

vegetal no processo de transição agroecológica no assentamento Chico Mendes III-Pe”.

Por meio de sorteio, a parcela de Dona Leni foi contemplada com a construção de

um aprisco e de um bode reprodutor, como também um galinheiro para recebimento dos

pintos. Os caprinos foram distribuídos para 8 famílias, sendo que uma recebeu 2 cabras

que seriam levadas ao aprisco na residência de Dona Leni em época de cio para

reprodução e posterior redistribuição aos demais assentados que não obtiveram esses

animais via sorteio (Figura 4).

Figura 4: Criação de animais para complementação da renda no lote 14: Aprisco com cabra e

bodes. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Page 43: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

43

No caso das aves, os assentados receberam 3 remessas de 750 pintos, das quais

2 já foram levadas ao Chico Mendes III. Na primeira, os 750 indivíduos foram levados

ao galinheiro na residência de Leni e Daniel, criados por 20 dias e distribuídos aos demais.

No entanto, na segunda remessa esses animais foram entregues diretamente a cada

um dos assentados e o mesmo ocorrerá com a chegada da terceira.

Os roedores (porquinho-da-índia) são de fonte externa apresentando 7 indivíduos,

até a data da pesquisa, e os demais animais (cães e gatos) existentes no local são

domésticos.

Com relação a produção vegetal, encontra-se no terreno do casal de agricultores

uma variedade de plantas, indo de espécies ornamentais à frutíferas, que se apresenta mais

diversificada do que o SAF (Quadro 1).

As famílias que tem maior representatividade de espécies no quintal são

Anacardiaceae (5), Asparagaceae (5), Poaceae (5) e Lamiaceae (4).

Quanto a heterogeneidade de espécies (Figura 5), verificou-se a predominância

das frutíferas (26 espécies), seguida pelas ornamentais (15 espécies), medicinais (13

espécies), raízes e grãos (6 espécies), olerícolas (5 espécies) e adubadoras (3 espécies) ,

totalizando 38 famílias.

Figura 5: Composição do quintal agroflorestal de acordo com o grupo de espécies em (%). Fonte:

Edvanilson Luiz, 2017.

Frutíferas 38%

Adubadoras5%

Medicinal19%

Ornamental22%

Olarícolas7% Raízes e

grãos 9%

Page 44: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

44

Quadro 1-Espécies identificadas no quintal agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro de Souza (Lote 14) no Assentamento Chico Mendes III.

Fonte: Edvanilson Luiz (2017).

Família

Nome comum Nome científico Estrato

Tipos de

plantas

Nº de plantas Finalidade

Anacardiaceae

Cajá Spondia lútea Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda

Manga Mangifera indica Arbóreo Frutífera 15 (4 var.) Consumo e venda

Caju Anacardium

occidentale

Arbóreo Frutífera 15 Venda

Siriguela Spondias purpurea L. Arbustivo Frutífera 06 Consumo

Aroeira Schinus

terebinthifolius

Raddii

Arbustivo Medicinal 02 Consumo

Annonaceae

Graviola Anona muricata Arbustivo Frutífera 05 Consumo

Pinha Annona squamosa Arbustivo

Frutífera 01 Venda

Apiaceae

Coentro Coriandrum sativum Herbáceo Olerícola 300* Consumo e Venda

Cenoura Daucus carota Herbáceo Raízes e grãos 150* Venda

Apocynaceae

Buquê-de-noiva Plumeria pudica Arbustivo Ornamental 02 Venda

Araceae Comigo-ninguém-

pode

Dieffenbachia sp. Herbáceo Ornamental 02 Venda

Arecaceae Coco Cocos nucifera Arbóreo Frutífera 08 (2 var.) Consumo e venda

Palmeira-areca Dypsis lutescens Arbustivo Ornamental 03 Venda

Asparagaceae

Aspargo-alfinete Asparagus

densiflorus Sprengeri

Herbáceo Ornamental 02 Venda

Espada-de-são

Jorge

Sansevieria

trifasciata

Herbáceo Ornamental 01 Venda

Dracena Dracaena fragrans Herbáceo Ornamental 01 Venda

Aspargo-pendente Asparagus

densiflorus

Sprengeri.

Herbáceo Ornamental 01 Venda

Lança-de-são Jorge Sansevieria Herbáceo Ornamental 01 Venda

Page 45: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

45

cylindrica

Asteraceae

Alcachofra Cynara scolimus Herbáceo Medicinal 03 Venda

Sempre-viva Xerochrysum

bracteatum

Herbáceo Ornamental 05 Venda

Bignoniaceae

Coité Crescentia cujete Arbóreo Ornamental 01 Venda

Bixaceae

Açafrão Bixa orellana L. Arbóreo Frutífera 03 Consumo

Brassicaceae

Rabanete Raphanus sativus Herbáceo Raízes e grãos 60* Venda

Nabo Brassica rapa Herbáceo Raízes e grãos 70* Venda

Rúcula Eruca sativa Herbáceo Olerícola 120* Venda

Bromeliaceae

Abacaxi Ananas comosus Herbáceo Frutífera 70 Consumo e venda

Cactaceae Palma Opuntia ficus-indica Arbustivo Ornamental 18 Consumo

Caricaceae

Mamão Carica papaya Arbóreo Frutífera 09 (3 var.) Venda

Chenopodiaceae Mastruz Chenopodium

ambrosioides L.

Herbáceo Medicinal 05 Venda

Chrysobalanaceae

Oiti Licania tomentosa Arbóreo Frutífera 01 Venda

Combretaceae

Castanhola Terminalia catappa Arbóreo Frutífera 01 Consumo

Convulvulaceae Batata-doce Ipomea batatas L. Herbáceo Raízes e grãos 142 Consumo e venda

Cucurbitaceae

Jerimum Curcubita sp

Herbáceo Olerícola 06 Consumo e venda

Davalliaceae

Samambaia Davalia fejeensis Herbáceo Ornamental 02 Venda

Euphorbiaceae

Macaxeira Manihot esculenta

Herbáceo Raízes e grãos 1000* Consumo e venda

Aveloz Euphorbia tirucalli

L.

Arbustivo Ornamental 02 Venda

Fabaceae Feijão-de-porco Cajanus cajan Herbáceo Adubadora 15 Consumo

Feijão-verde Vigna unguiculata Herbáceo Olerícola 1000* Consumo e venda

Lamiaceae Vega-morta Mentha aquatica L. Herbáceo Medicinal 03 Venda

Page 46: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

46

Manjericão Ocimum minimum L Herbáceo Medicinal 10 Venda

Hortelã-graúda Plectranthus

amboinicus L

Herbáceo Medicinal 05 Venda

Erva-cidreira Melissa officinalis L. Herbáceo Medicinal 03 Venda

Lauraceae

Abacate Persea gratissima Arbóreo Frutífera 03 Consumo e venda

Liliaceae Babosa Aloe vera L Burm. f Herbáceo Medicinal 12 Venda

Malpighiaceae Acerola Malpighia

emarginata

Arbustivo

Frutífera 10 Consumo e venda

Malvaceae Quiabo Abelmoschus

esculentus (L.)

Moench.

Herbáceo Olerícola 50* Consumo e venda

Mimosaceae Ingá Inga sp Arbóreo Frutífera 01 Consumo e venda

Myrtaceae

Azeitona-do-

nordeste

Syzygium cumini Arbóreo Frutífera 08 Venda

Jabuticaba Plinia cauliflora Arbóreo Frutífera 01 Venda

Pitanga Eugenia uniflora Arbustivo

Frutífera 08 Venda

Monimiaceae

Boldo –do-chile Peumus boldus M. Herbáceo Medicinal 05 Venda

Moraceae Jaca Artocarpus sp Arbóreo Frutífera 12 Consumo e venda

Fruta-pão Artocarpus altilis Arbóreo Frutífera 02 Venda

Musaceae

Banana Musa sp. Arbóreo Frutífera 430* (7 var.) Consumo e venda

Passifloraceae

Maracujá Passiflora edulis Herbáceo Frutífera 05 Consumo e venda

Poaceae

Milho Zea mays Herbáceo Raízes e grãos 100* Consumo e venda

Capim santo Cymbopogon citratus Herbáceo Medicinal 05 Venda

Citronela Cymbopogon citratus Herbáceo Medicinal 01 Venda

Cana-de-açúcar Saccharum

officinarum L.

Herbáceo Ornamental 18 (2 var.) Venda

Sorgo Sorghum vulgare Herbáceo Adubadora 1000* Consumo

Portulacaceae Onze horas Portulaca

grandiflora

Herbáceo Ornamental 03 Venda

Page 47: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

47

Rutaceae

Limão Citrus aurantifolia Arbóreo Frutífera 11 (2 var.) Consumo e venda

Laranja Citrus aurantium Arbóreo Frutífera 24 (8 var.) Consumo e venda

Noni Morinda citrifolia L. Arbustivo

Frutífera 03 Venda

Sapindaceae

Pitomba Talisia esculenta Arbóreo Frutífera 02 Consumo

Solanaceae Erva-moura Solanum nigrum Herbáceo Medicinal 01 Venda

Pimenta Capsicum spp. Herbáceo Medicinal 11 (2 var.) Venda

- Croti - Arbustivo Adubadora 1000* Consumo

Total de famílias

Total de espécies

Total de plantas

38

68

5797

*- Número aproximado de plantas

Var – variedades

Obs.: O croti quando dito para “consumo”, implica-se ao sinônimo de “uso”. Neste sentido, sua utilização como cerca-viva ou adubadora.

Page 48: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

48

A maior abundância de espécies frutíferas se dá devido a maior importância

econômica e alimentar, sendo muito pouco o uso de espécies lenhosas. É conhecido

também que pessoas de baixo poder aquisitivo tem a tendência a cultivarem mais espécies

produtoras de fibras, verduras e frutíferas nos quintais, enquanto que as com maior poder

aquisitivo optam pelas espécies de valor ornamental e comercial.

Ao levar em consideração as espécies medicinais que também são ocorrentes no

sistema compondo o jardim no entorno da residência para o seu embelezamento, ou seja,

com características de ornamentais, o percentual em número de espécies ultrapassa o de

frutíferas (41%), porém, o número de plantas desta categoria é muito menor do que as

que produzem frutos.

Nota-se que com exceção da palma (Opuntia ficus-indica) que é utilizada como

alimento para os caprinos, todas as espécies ornamentais são vendidas,

independentemente da quantidade de indivíduos presentes. Isso ocorre porque a

agricultora responsável, quando dispõe de tempo, faz propagação vegetativa (semente ou

estaquia) das espécies para revender.

O custo de produção na propriedade é mínimo e recai sobre a obtenção de mudas,

sementes e insumos. Inicialmente pelo projeto “Transição Agroecológica no

assentamento Chico Mendes III: educação ambiental e revegetação das margens dos Rios

Goitá Tapacurá” em 2010, no qual os agricultores participantes recebiam sementes e

adubo orgânico. Em alguns casos, recebem informalmente mudas de espécies frutíferas,

mas geralmente fazem propagação vegetativa, renovando a produção por meio das

sementes ou mudas de espécimes já estabelecidos na área (Figura 6).

Page 49: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

49

Figura 6: Mudas de banana (Musa sp.) prontas para plantio, produzidas no quintal agroflorestal.

Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Segundo Dona Leni, maior parte do que é produzido em sua parcela é para

autoconsumo e obviamente, o excedente é vendido. A lucratividade no 1° semestre de

2017 foi muito alta, segundo a agricultora, principalmente com a venda de produtos como

milho (aproximadamente 40 mãos-1 mão de milho = 50 espigas), feijão (20kg), banana

(mais de 200kg), mamão (100kg), acerola (30kg), limão (50kg), cana (mais de 300kg),

jaca (400kg), caju (150kg), melancia (20kg), jerimum (70kg) e manga (mais de 1000kg).

A produção de manga foi muito grande, havendo um alto percentual de perda.

A proprietária ainda permanece muito otimista em relação à safra deste 2°

semestres que ainda está rendendo muitos produtos para comercializar (Figura 7).

Page 50: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

50

Figura 7: Dona Leni com Jerimum (Curcubita sp.) de 36kg obtido em seu quintal agroflorestal.

Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Observou-se que a escolha de espécies alimentares anuais e perenes,

predominantemente, frutíferas na área de estudo estão de acordo com a preferência dos

agricultores e com a demanda do mercado local. Apesar disto, não se faz o beneficiamento

dos frutos, o que é um ponto negativo, pois o produto beneficiado tem maior valor

comercial que in natura, favorecendo maior potencial produtivo na parcela.

Atualmente, mais da metade das espécies presentes nos arredores da casa têm a

finalidade exclusiva de venda (57%) e para uso exclusivo dos agricultores (alimentar,

medicinal, ornamental etc.) são 15%. Dos 28% restantes, as espécies se destinam tanto a

venda quanto ao próprio consumo (Figura 8).

Page 51: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

51

Figura 8: Percentual de espécies de acordo com a finalidade no quintal agroflorestal. Fonte:

Edvanilson Luiz, 2017.

De acordo com o que foi colhido em depoimento, os agricultores alegam que a

propriedade vem aumentando sua produtividade ao longo do tempo, por seguirem

algumas das orientações da equipe técnica da UFRPE. Isso contribui positivamente para

alavancar a economia da unidade familiar possui uma agrofloresta bem desenvolvida.

4.3.2. Produção no Sistema Agroflorestal

Ao tratar da situação da produção do lote 24 (área de implementação da URA em

2010), foram encontradas as espécies mostradas no (Quadro 2) comparando-as com as da

(Quadro 3).

No lote 24, local em que foi instalado o sistema agroflorestal em 2010, foram

levantadas as seguintes espécies, conforme mostra o quadro 2.

Venda57%Consumo

15%

Consumo e venda28%

Page 52: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

52

Quadro 2-Espécies constantes do projeto e implantação do sistema agroflorestal de Leni

da Silva e Daniel Pedro de Souza, lote 24 do Assentamento Chico Mendes III, em 2010.

Fonte: Oliveira (2010).

Nome

comum

Família

Estrato

Função no

sistema

Nº de

plantas

Espécies de Ciclo Curto

Batata doce Convulvulaceae herbáceo alimentar 20

Macaxeira Euphorbiaceae herbáceo alimentar e tutora 144

Milho Poaceae herbáceo alimentar 28

Inhame Dioscoreaceae herbáceo alimentar 10

Pinhão-roxo Euphorbiaceae herbáceo tóxico 01

Feijão

de porco

Fabaceae herbáceo adubadora

167

Espécies de Ciclo Médio

Abacaxi Bromeliaceae herbáceo tutora e alimentar 470

Mamão Caricaceae arbustivo alimentar 03

Espécies de Ciclo Longo

Romã Lythraceae arbustivo alimentar 02

Acerola Malphighiaceae arbustivo alimentar 02

Carambola Oxalidaceae arbustivo alimentar 01

Banana Musaceae arbóreo alimentar 16

Coco Arecaceae arbóreo alimentar 03

Goiaba Myrtaceae arbóreo alimentar 04

Citrus Rutaceae arbóreo alimentar 04

Jabuticaba Myrtaceae arbóreo alimentar 01

Jambo Myrtaceae arbóreo alimentar 01

Croti - arbustivo cerca viva e

adubadora

80

Fruta-pão Moraceae arbóreo alimentar 01

Manga Anacardiaceae arbóreo alimentar 02

Abacate Lauraceae arbóreo alimentar 02

Nim Meliaceae arbóreo adubadora 01

Total de famílias 19

Total de espécies 22

Total de plantas 963

Page 53: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

53

Quadro 3-Espécies levantadas no sistema agroflorestal de Leni da Silva e Daniel Pedro de Souza (Lote 24) do Assentamento Chico

Mendes III, em 2017, sete anos após implantação.

Fonte: Edvanilson Luiz (2017).

Família

Nome comum Nome científico Estrato

Tipos de

plantas

Nº de

plantas

Finalidade

Acanthaceae

Chambá Justicia pectoralis Herbáceo Medicinal 30* Venda

Amaranthaceae Terramicina Alternanthera

dentata

Herbáceo Medicinal 50 Venda

Anacardiaceae

Cajá Spondia lútea Arbóreo Frutífera 01 Consumo e venda

Manga Mangifera indica Arbóreo Frutífera 25 (5 var.) Consumo e venda

Caju Anacardium

occidentale

Arbóreo Frutífera 15 Venda

Siriguela Spondias

purpurea L.

Arbustivo Frutífera 05 Consumo e venda

Annonaceae

Graviola Anona muricata Arbustivo Frutífera 03 Consumo e venda

Araticum Annona

crassiflora

Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda

Arecaceae Coco Cocos nucifera Arbóreo Frutífera 14 Consumo

Dendê Elaeis guineensis Arbóreo Frutífera 01 Venda

Asparagaceae Espada-de-são

Jorge

Sansevieria

trifasciata

Herbáceo Ornamental 30 Venda

Bignoniaceae

Coité Crescentia cujete Arbóreo Ornamental 05 Venda

Bixaceae

Açafrão Bixa orellana L. Arbóreo Frutífera 08 Consumo

Bromeliaceae

Açaí Euterpe oleraceae Arbóreo Frutífera 03 Consumo

Caesalpiniaceae Pau-brasil Caesalpinia Arbóreo Ornamental 02 Venda

Page 54: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

54

echinata Lam

Combretaceae

Castanhola Terminalia

catappa

Arbóreo Frutífera 02 Consumo

Fabaceae

Pata-de-vaca Bauhinia forficata Arbóreo Medicinal 02 Venda

Lauraceae Abacate Persea gratissima Arbóreo Frutífera 02 Venda

Canela Cinnamomum sp. Arbóreo Medicinal 01 Venda

Leguminosa-

papilionoideae

Sombreiro Clitoria

fairchildiana

Howard

Arbóreo Adubadora 30 Consumo

Malpighiaceae Acerola Malpighia

emarginata

Arbustivo

Frutífera 11 Venda

Malvaceae

Xixá-branco Sterculia striata Arbóreo Ornamental 08 Venda

Meliaceae

Nim Azadirachta

indica A. Juss

Arbóreo Adubadora 05 Venda

Cajarana Cabralea

canjerana

Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda

Mimosaceae

Ingá Inga sp Arbóreo Frutífera 02 Consumo e venda

Leucena Leucaena

leococephala

Arbóreo Adubadora 04 Consumo

Moraceae

Jaca Artocarpus sp Arbóreo Frutífera 06 Consumo e venda

Musaceae

Banana Musa sp. Arbóreo Frutífera 62* (3 var.) Venda

Myrtaceae

Azeitona-do-

nordeste

Syzygium cumini Arbóreo Frutífera 06 Venda

Pitanga Eugenia uniflora Arbustivo

Frutífera 08 Venda

Jambo-vermelho Syzygium

malaccense

Arbóreo Frutífera 02 Venda

Passifloraceae Maracujá Passiflora edulis Herbáceo Frutífera 05 Venda

Page 55: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

55

Rhamnaceae

Juá Ziziphus joazeiro Arbóreo Frutífera 01 Venda

Rutaceae

Limão Citrus

aurantifolia

Arbóreo Frutífera 12 (2 var.) Consumo e venda

Laranja Citrus aurantium Arbóreo Frutífera 14 (5 var.) Consumo e venda

Sapotaceae

Abiu Pouteria caimito Arbóreo Frutífera 02 Consumo

Zingiberaceae

Colônia Alpinia zerumbet Herbáceo Medicinal 03 Venda

Cana-de-macaco Costus

spicatus

Herbáceo Medicinal 03 Venda

- Croti - Arbustivo Adubadora 50* Consumo

Total de famílias

Total de espécies

Total de plantas

26

39

437

*- Número aproximado de plantas

Var – variedades

Obs.: O croti e leucena quando ditas para “consumo”, implica-se ao sinônimo de “uso”. Neste sentido, sua utilização como cerca-viva e

adubação.

Page 56: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

56

Analisando-se o desenvolvimento do sistema pode-se perceber que desde sua

implantação até o presente momento, houve um aumento na introdução de espécies de

estrato arbóreo em 27% e diminuição de espécies de estrato arbustivo e herbáceo (Figura

9).

Figura 9: Percentual dos diferentes tipos de estratos em 2010 (A), ano de implantação; e 2017

(B), ano de levantamento. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

As famílias com maior representatividade encontradas no SAF são das famílias

Anacardiaceae (4), Myrtaceae (3) e Zingiberaceae (3).

As espécies que produzem frutos, ou seja, maior interesse econômico,

aumentaram cerca de 64% (25) comparado a 2010 (36%) (14), ou seja, quase que dobrou,

mas quando levando em consideração todos os tipos de plantas ocorrentes de acordo com

os diferentes estratos que compõem o sistema, o percentual de frutíferas é menor que do

ano de criação do SAF (Figura 10).

Figura 10: (A) Percentual de frutíferas em 7 anos. (B) Número de espécies no SAF em 2010 e

2017, de acordo com a funcionalidade. (C) e (D) Percentual de espécies no SAF em 2010 e 2017

respectivamente, de acordo com a funcionalidade. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

arbóreo45%

herbácio32%

arbustivo23%

SAF-2010

arbóreo72%

herbácio15%

arbustivo13%

SAF-2017A B

Page 57: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

57

Atualmente não se produz mais espécies anuais tolerantes ao sombreamento como

macaxeira, milho, feijão-verde e etc. no lote 24, devido a estratificação arbórea da área

que produz sombreamento, as quais se tornaram inviáveis economicamente, três anos

após implantação; no entanto, continuam sendo plantadas no quintal agroflorestal, com

exceção do inhame (Dioscorea cayenensis), cujo preço das sementes é caro e como a

renda da família é direcionada aos gastos domiciliares, inviabiliza a continuidade de seu

cultivo.

Deve-se salientar também que o coco (Cocos nucifera), segundo os proprietários

teve sua produção reduzida, inicialmente existiam 70 coqueiros introduzidos, mas devido

à seca, 56 destes morreram sobrando apenas 14.

O sombreiro (Clitoria fairchildiana Howard), utilizado para fornecer sombra a

outras espécies e biomassa como técnica de cobertura morta, teve um acréscimo muito

elevado, necessitando urgentemente de manejo para controlar sua multiplicação.

Segundo Meirelles e Souza (2015), espécies leguminosas como o sombreiro são

fixadoras de N2, plantas de rápido crescimento eficientes em aumentar o N do solo.

Frequentemente usadas no sistema de cultivo em aleias, cujo material é colocado nas

entrelinhas como adubo verde. Contudo, sem o manejo periódico, fato que já acontece

a algum tempo, incluindo podas e controle de indivíduos, a proliferação dessa espécie

traz riscos por ser de rápida germinação e fácil dispersão gerando competitividade e

inibindo o desenvolvimento de outras espécies de interesse (Figura 11).

Figura 11: Corredor feito com sombreiro (Clitoria fairchildiana Howard), inicialmente utilizado

para adubação verde, mas que fugiu ao controle de crescimento, necessitando de poda de

rebaixamento para reduzir o sombreamento às culturas. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Page 58: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

58

4.3.3. Tratos culturais: Quintal Agroflorestal e Sistema Agroflorestal

As decisões de manejo das áreas são discutidas entre o casal de agricultores, mas

as atividades muitas vezes não são dirigidas por eles, uma vez que a saúde de Sr. Daniel

está fragilizada e Dona Leni não consegue realizar algumas tarefas. Na área da residência,

a agricultora não sente muita dificuldade na realização das atividades producentes, pois

quando tem tempo disponível e as condições climáticas são favoráveis, ela mesma as faz,

para alguns trabalhos específicos, como abertura de covas para plantio de batata,

macaxeira; construção de leirões para hortaliças etc. A Dona Leni conta com um

companheiro chamado “Carreiro” para auxiliá-la. Na área do SAF não ocorre esse tipo

de cuidado, as atividades são realizadas por um companheiro ou pessoa de fora do

assentamento que é pago para realizar os tratos culturais mais básicos, como roçada e

algumas podas.

Gomes (2010) afirma que a idade avançada ou doenças diminuem a resistência do

agricultor na realização de determinadas atividades reduzindo a eficácia na realização de

determinados trabalhos, como também existe uma perda de força de trabalho dessas

atividades com a morte de um dos componentes familiares. Geralmente, sempre coube ao

homem as atividades que envolvem maior força bruta, como o preparo do terreno para o

plantio, seja revirando o solo ou cavando covas. Em situações de falta de força de

trabalho, a opção é a contratação de trabalhadores externos (diaristas) para o trabalho

mais pesado.

A regra geral para o manejo ou manutenção de uma agrofloresta é seguir os traços

da natureza, que demonstram como criar mais variedade e produzir melhor aquilo que

necessitamos. As principais atividades de manejo de uma agrofloresta são a capina

seletiva, as podas das árvores, a cobertura do solo com matéria orgânica, o replantio,

roçagem, desbaste ou raleio e, claro, a colheita (ROCHA, 2014; MICCOLIS et al., 2016).

As atividades realizadas na propriedade são poda, roçagem e capina; e para

proteção do solo na área do quintal agroflorestal, faz-se uso da técnica de cobertura morta,

atividade que impede a exposição do solo contribuindo para sua conservação (Figura 12).

Page 59: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

59

Figura 12: Prática de cobertura morta no solo em plantio de batata-doce (Ipomea batatas L).

Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Entretanto esta técnica só é utilizada em algumas áreas devido a escassez de mão-

de-obra e, em muitas áreas, principalmente as mais declivosas, vem ocorrendo o processo

da erosão. Por isto recomenda-se que a cobertura morta seja usada em todo o quintal

(Figura 13).

Figura 13: Pés de macaxeira e milho em declive em terra nua com solo compactado, com presença

de cajueiro (no meio) e bananeiras (ao fundo). Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Page 60: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

60

Segundo Wadt et al. (2003), é preciso ficar atento a degradação biológica onde há

uma intensa diminuição da capacidade de produção de biomassa vegetal causada,

primeiramente, pela degradação dos solos, a partir da perda de nutrientes e matéria

orgânica, aumentando a acidez ou a compactação. Descobertos, os solos sofrem ação

direta das partículas de água das chuvas que desagregam partículas sendo mais

vulneráveis ao arraste mecânico causado pelo escoamento superficial (erosão laminar), e

quanto maior a declividade do terreno e extensão da encosta, maior serão os danos

causados pela erosão, provocando sulcos ou até mesmo voçorocas e neste caso, se torna

mais difícil a restauração.

Como forma de evitar algumas pragas, como cochonilhas em citrus por exemplo,

o casal usa alguns biofertilizantes bem eficazes. A mistura de sabão, leite, cinzas e açúcar;

também fumo embebido em água ou ureia, mas de forma alguma usam agroquímicos em

sua produção, tão pouco fazem uso de fogo em qualquer uma de suas áreas produtivas.

De qualquer forma a situação não é tão alarmante, pois existe um certo cuidado mais

intrínseco às plantações próximas a residência. Mudanças habituais do preparo do solo

podem contribuir para a reversão dos distúrbios mencionados. Todavia, deve-se dar mais

importância ao estado em que se apresenta o Sistema Agroflorestal, o qual com sete

anos, ainda apresenta uma produtividade relativamente baixa. Mesmo assim, algumas

espécies dominantes alcançam colheitas significativas (Figura 14).

Figura 14: Colheita de limão taiti no Sistema Agroflorestal. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Page 61: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

61

Embora tenha aumentado o número de espécies, principalmente frutíferas, não

houve avanço na produção de frutos para comercialização. Houve o declínio na

produtividade de algumas espécies por falta de cuidados, outras ainda não atingiram idade

de frutificação. Comparada ao quintal, o SAF apresenta produtividade menor,

possivelmente pela falta de mão-de-obra e manejo.

4.4. Limitações dos agricultores e da propriedade

Apensar de apresentar uma alta diversidade botânica, existem alguns fatores que

limitam maior rentabilidade dentro da propriedade dos agricultores. Esses fatores afetam

diretamente o desenvolvimento dos agroecossitemas (quintal agroflorestal e SAF) que

poderiam prover mais produtos e serviços para aumentar o atendimento às necessidades

do casal. O principal agravante neste caso, é que Dona Leni é a única força de mão-de-

obra familiar, e a contratação de diaristas tem um preço muito elevado, considerando a

renda da família.

Corroborando com o problema anterior, a propriedade (lote 14) mesmo tendo

solos férteis, exibe um relevo muito acidentado para realização das atividades. A área dos

fundos da residência que serve para expansão das plantações é bastante declivosa, tendo

na parte abaixa o poço que abastece a casa, além de algumas plantações em seu entorno,

sendo acessadas apenas por uma escadaria improvisada (Figura 15).

Figura 15: “Covas” para plantação de macaxeira em terreno íngreme juntamente com leirões de

hortaliças em consórcio com bananas. Fonte: Edvanilson Luiz, 2017.

Page 62: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

62

Na implantação do SAF em 2010, houve a questão da organização em relação ao

espaçamento das espécies dentro do sistema e o cuidado com o manejo de forma a facilitar

o trabalho e desenvolvimento das espécies. Esse espaçamento, principalmente para as

árvores que tem predominância no local, é variável e sua distribuição dependeu da

arquitetura das espécies, fertilidade do solo, entre outros fatores.

A observância do espaçamento é muito importante para evitar e comprometer seu

crescimento, também facilita a manutenção da área, e contribui para que a planta cresça

sadia e a colheita seja menos exaustiva. Percebe-se que atualmente a área do quintal

agroflorestal está sendo bem conduzida, apesar de algumas controvérsias, como capina

não seletiva deixado solo descoberto devido ao aculturamento da agricultura

convencional (Figura 16). Porém, isso não ocorre no SAF, que apresenta necessidades de

tratos culturais urgentes.

Figura 16: Espécies frutíferas (caju, banana, laranja, manga), medicinais (babosa, canto direito) e

ornamentais (pião-roxo, lado esquerdo) compondo o Quintal Agroflorestal. Fonte: Edvanilson

Luiz, 2017.

Dona Leni é a principal responsável pelo trabalho doméstico e atividades de

manejo, beneficiamento e comercialização dentro da propriedade. Contudo, a falta de

maquinário e equipamento específico para processamento das frutas (fabricação de doces,

polpas, licores etc.), por falta de incentivo dos órgãos responsáveis (INCRA/EMATER),

Page 63: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

63

limita a obtenção de uma variedade maior de produtos a serem consumidos e

comercializados, pois o beneficiamento agrega diversidade, durabilidade e valor aos

produtos.

Também existe o problema da comercialização, que mesmo acontecendo, é bem

limitada devido à falta de transporte aos assentados. Poderia ser mais rentável se a

produção tivesse alcance constante nas feiras agroecológicas e outros pontos na cidade,

mas como o custo de transporte é alto, se torna economicamente inviável, dessa forma o

casal prefere utilizar o carro do filho e levar suas mercadorias aos pontos de venda.

4.5. Perspectivas futuras

Para o casal de agricultores, em especial Dona Leni, mesmo satisfeitos com seu

imóvel e a produtividade que este vem promovendo, ainda sim almejam elevar a produção

de frutíferas, especialmente limão, laranja e coco. Estes produtos têm maior

comercialização e não requerem muito esforço com relação aos cuidados.

Aspira-se também a criação de mais animais como bovinos, pois apesar do

tamanho da propriedade ser suficiente para produção vegetal, para criação de animais de

grande porte é insuficiente, contando também com o relevo inconveniente na área o que

dificulta ainda mais, segundo eles. Não só tamanho da propriedade que inviabiliza essa

atividade, como também o custeio, uma vez que todo o capital é convertido para o gasto

domiciliar. Espera-se que com o aumento da produtividade proveniente das melhorias na

área possa-se adquirir um veículo que possibilite a transporte dos produtos do

assentamento até os pontos de comércio.

4.6. Recomendações quanto ao manejo

Após estabelecido o agroecossitema, é preciso realizar algumas práticas de

manejo para permitir o bom desenvolvimento e produção das plantas no sistema. Quando

se pensa no manejo, objetiva-se também a redução de perdas e a racionalização da

colheita e comercialização. Seguir algumas recomendações podem ajudar na evolução

dos sistemas, otimiza a realização dos trabalhos futuros e auxilia na obtenção de maior

produtividade.

Page 64: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

64

4.6.1. Manejo de solo

Incialmente, manejar o solo é a prioridade num sistema agroflorestal, pois é ele o

principalmente responsável por prover os componentes necessários ao desenvolvimento

da planta (nutrientes, sustentação etc.). Quando buscamos realizar as práticas de manejo,

estamos “produzindo solo”, melhorando suas qualidades físicas e químicas para sustentar

as várias espécies que utilizamos.

Segundo May et al (2008), deve-se evitar grande espaçamento inicial entre as

espécies perenes, pois assim evita-se o risco de invasão por gramíneas e outras plantas

herbáceas de difícil manejo ou de onerosa eliminação. É imprescindível adensar o sistema

com espécies subordinadas ou de permanência temporária para formar uma cobertura

viva do solo. A cobertura do solo entre os espaços das plantas perenes principais podem

ser ocupados com adubação verde ou cobertura morta oriundas da limpeza da área, e/ou

pela biomassa fornecida pelas podas periódicas.

Como maneira mais simples de cobrir o solo, a cobertura morta é recomendada,

sendo incrementada e mantida pela prática de podas, principalmente das espécies perenes

que precisam de rebaixamento periódico, espécies que são utilizadas para efeito de

sombreamento. Mas também pode haver a incorporação de material vegetal a partir de

outras práticas como roçagem e capina da vegetação competidora. Uma boa cobertura

morta reduz a evapotranspiração e favorece a infiltração da água das chuvas.

4.6.2. Manejo da agrofloresta

Para culturas anuais, nos primeiros anos, como milho, feijão, mandioca etc., os

tratos culturais consistem na adubação orgânica e capinas. Após a colheita, os restos

vegetais devem permanecer no local.

O intuito é que o solo se mantenha coberto com a biomassa produzida proveniente

da produção, para protegê-lo da insolação e manter a umidade junto às raízes superficiais.

É ideal que haja a rotação de culturas para contribuir com a diminuição da

incidência de pragas e doenças. Hortaliças rústicas e a melancia devem ser semeadas nas

covas de plantio de espécies florestais e de frutíferas, aproveitando a adubação já feita

para as árvores.

Espécies ornamentais podem ser incluídas no sistema para aproveitar o espaço

semi-sombreado entre as frutíferas e florestais, já que no 3º ano não há mais luz suficiente

Page 65: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

65

para as anuais. Bem interessante são a helicônia e alpínia que crescem bem no sistema

devido seu ciclo curto, sendo opções interessantes de espécies para melhorar a renda do

agricultor familiar, com boa aceitação no mercado das flores de corte (ARMANDO,

2002).

A realização de capinas radicais, aquelas em que o solo fica descoberto, feitas com

enxada não são remendadas em hipótese alguma, pois afetam de forma negativa a

produtividade, facilitam a queima da matéria orgânica acumulada no solo e aceleram o

processo de erosão. Em caso de necessidade de capinas não seletivas, o ideal é o agricultor

realizá-la na forma de coroamento. A capina seletiva é uma atividade de limpeza pela

prática do arranquio ou corte de plantas herbáceas competidoras, deixando as plantas que

permanecerão na área. Pode ser feita arrancando as plantas com as mãos ou cortando

com facão ou tesoura de poda. Arrancar ou cortar as plantas herbáceas envelhecidas

acelera a sucessão e favorece o desenvolvimento das árvores.

Os plantios ou da regeneração natural jovem devem ser marcadas com estacas

para que não sejam pisoteadas. Em locais em que o capim é dominante, suas touceiras

devem ser arrancadas, sacudidas e viradas para cima, essas plantas devem ser colocadas

sobre galhos ou folhas podadas de outras espécies, para evitar novo enraizamento e

retorno do capim no local plantado.

Com o objetivo de formar uma boa estrutura de copa, a poda de formação é

indicada, pois deixa a copa simétrica e arejada e facilita os tratos culturais, além de

garantir uma maior resistência a tombamentos e quebras de galhos. É feita em plantas

geralmente jovens e garante fustes de boa qualidade se o objetivo também for a venda de

madeira. Tendo-se por objetivo a eliminação dos galhos velhos ou secos; ou excesso de

ramos que estejam mal posicionados, fracos ou contaminados, indica-se a poda de

limpeza.

Mas se o interesse for facilitar a produção de flores e frutos, executa-se a poda de

frutificação. Esta poda é feita periodicamente em espécies perenes com o propósito de

aumentar a produtividade da cultura. A prática da poda pode ser feita com serrote de poda,

ou ainda com uso de tesoura de poda, não se recomenda o uso do facão. Todo material

podado deve ser picado ou triturado e lançado ao solo, permitindo um melhor

aproveitamento dos nutrientes e da umidade da matéria orgânica a partir da sua

decomposição. Para acelerar o processo, uma dica é colocar o material lenhoso em contato

com o solo, dispondo as folhas e galhos finos por cima.

Page 66: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

66

Não se recomenda que a poda seja realizada em época de lua crescente ou cheia,

pois a lua exerce influência sobre as plantas e a seiva está presente em maior quantidade

na parte aérea (caule, ramos e folhas). Podar neste momento podem enfraquecer a planta.

Tão pouco em época de frutificação e floração, com exceção da manga, o biriba e

o cajá, que podem ser podadas também após a frutificação uma vez que entrarão em

dormência e rebrotarão no início das próximas chuvas. O ideal é que podas sejam feitas

em lua minguante e no final da estiagem ou início das chuvas, pelo fato das plantas

estarem com sua seiva menos ativa e sendo mais tolerantes à poda nesta época do ano

(MICCOLIS et al., 2016).

Sobre a questão de plantas daninhas, Pitelli (1987), diz que ao trabalhar novas

áreas dentro da prioridade para aumento de produção deve sempre haver uma certa

cautela. Uma cultura, ao ser implantada em determinado agroecossistema, encontra, no

solo, uma certa quantidade de propágulos que vão emergir espontaneamente durante o

ciclo de vida da planta cultivada. Logo, aplicar medidas protetivas contra a emergência e

entrada de ervas daninhas no agroecossitema devem ser pensadas.

Algumas ações simples podem ajudar a conter a infestação dessas plantas como a

limpeza dos implementos agrícolas utilizados em determinada área para não ser

transferidos os propágulos a outros locais.

Reparar também os fertilizantes orgânicos, pois estes quando parcialmente

humificados, são importantes meios de disseminação de plantas daninhas.

Para baratear esse processo, a técnica de solarização se torna viável.

Page 67: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

67

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou perceber que os

agroecossitemas abordados (quintal e SAF) contribuem para a autossuficiência,

quando bem manejados, e sustentabilidade do sitio e que devem ser mais usados visto

que suas vantagens superaram as desvantagens.

A condição de acesso aos alimentos para segurança alimentar mantendo sua

qualidade e valor nutricional é, relativamente, favorável. A quantidade dos alimentos

ali produzidos é suficiente para o autoconsumo, mas ressalva-se o fato de Sr. Daniel

ter que seguir uma dieta especifica e isso implica na maior utilização de alimentos

específicos.

Deve-se observar a importante atuação da agricultora Leni, que de forma

persistente, cuida dos sistemas com envolvente compromisso, não só para com sua

propriedade, mas também com o “Projeto Transição Agroecológica” mantendo suas

atividades produtivas no lugar de seu esposo simultaneamente com as funções

familiares.

De modo geral, o quintal agroflorestal se apresenta mais sortido do que o SAF,

tanto em número de espécies quanto em números de indivíduos presentes, do que o

Sistema Agroflorestal, que é plausível pelo fato da produção manutenção se

concentrar mais na área anexa à residência.

A preferência dos agricultores é pelo plantio de espécies frutíferas visando o

mercado e a ergonomia de trabalho. Mesmo assim, nota-se que a evolução do sistema

em relação a estas espécies e as demais, não foi considerável ao que deveria ter sido

desde sua implantação.

Os cursos, intercâmbios e acompanhamento técnicos são fundamentais para a

experiência com estes sistemas e alavancar a economia das unidades familiares,

principalmente, as que aderiram ao projeto de transição agroecológica, mas ainda

existe uma certa resistência em seguir algumas práticas ecológicas pelo aculturamento

da produção agrícola convencional

É preciso tomar cuidado com as práticas de manejo, pois essas medidas tomadas

afetam diretamente para o aumento ou diminuição da produção e afetam a

sustentabilidade da área, e em especial, voltar atenção a melhoria do lote 24 que se

encontra desassistido.

Page 68: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

68

Não existem ações de desenvolvimento para o Assentamento por parte das

instituições responsáveis com relação ao beneficiamento dos produtos. Isso impede

que alguns agricultores, especialmente os agricultores familiares abordados neste

trabalho, possam ter um aproveitamento maior do que é gerado em suas propriedades,

impedindo uma maior lucratividade. A implantação de maquinário e equipamentos

específicos ajudaria a diminuir o prejuízo causado pelas perdas de mercadorias

colhidos em demasia.

Com base na análise e observação dos fatores socioeconômicos e ambientais, o

manejo da propriedade por meio dos quintais e sistemas agroflorestais é uma

alternativa que pode aumentar a produtividade, bem como melhorar as condições de

vida das famílias rurais pertencentes ao Assentamento Chico Mendes III.

Eficientemente, as metodologias participativas propiciaram informações

concretas permitindo a atuação efetiva dos participantes no processo, valorizando

seus conhecimentos e experiências para conhecer sua realidade, discutindo,

identificando e buscando soluções para problemas.

Como recomendação a futuros trabalhos, necessita-se estudos mais aprofundados

e práticas com relação a vegetação existente em especial, na APP; as implicações

legais; e paramentos econômicos. Isso contribuiria para o desenvolvimento do

Assentamento Chico Mendes III.

Page 69: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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PEREZ-CASSARINO, J.; FONINI, R. Agrofloresta, ecologia e sociedade. Curitiba:

Kairós, 2013a. p. 39 – 60.

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STEUER, I. R. W. Sistemas Agroflorestais: alternativa de desenvolvimento sustentável. In:

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STEUER, I. R. W. Aspectos sociais, culturais, econômicos e ecológicos dos Sistemas

Agroflorestais. In: ______. Caracterização de um sistema Agroflorestal em uma

pequena propriedade na Região Metropolitana do Recife. Recife: UFRPE, 2014. p.

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STEUER, I. R. W. Principais Sistemas Agroflorestais. In: ______. Caracterização de um

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VEIGA, J.B. et al. Os sistemas silvipastoris (SSP). In: Sistemas Silvipastoris na

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XAVIER, Simón Fernández; DOLORES, Dominguez Garcia. Desenvolvimento rural

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Sustentável. Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun. 2001. Disponível em:

<http://taquari.emater.tche.br/docs/agroeco/revista/ano2_n2/revista_agroecologia_ano2

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em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/498802/1/doc90.pdf>.

Acesso em: 23 jul. 2017.

Page 77: Edvanilson Luiz de Oliveira Nascimento

77

7. ANEXO

Roteiro de entrevista semiestruturada realizada com os agricultores do

Assentamento Chico Mendes III.

Bloco 1. Identificação

Nome:

Idade:

Escolaridade:

Bloco 2. Dados da Unidade Familiar

Qual o nome da propriedade?

Qual o tamanho da propriedade?

Qual o tamanho da área cultivada?

Quantos trabalham na propriedade?

Quanto tempo trabalha com agricultura?

Exerceu ou exerce outra atividade?

Estrutura familiar:

NOME PARENTESCO IDADE ESCOLARIDADE

OBS.:

Bloco 3. Histórico e caracterização da propriedade

Qual o uso da terra antes e depois dos sistemas agroflorestais?

Como e quando começaram a experiência com Sistema Agroflorestal-SAFs?

Quais as principais mudanças na propriedade?

Participou ou participa de cursos, mutirões, intercâmbios?

Recebe/recebeu assistência ou assessoria técnica?

Participa de alguma organização e/ou entidade?

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Bloco 4. Dados econômicos

Qual a renda da família?

Qual a principal fonte de renda?

Quanto se gasta do orçamento familiar mensal na compra de alimentos?

Bloco 5. Dados da produção

O que se produz ?

Qual o custo da produção?

Qual a origem das mudas e/ou sementes?

Usa que recursos (insumos) na propriedade? Quais? Origem?

Existe algum alimento comprado que poderia ser produzido na propriedade? Qual

a dificuldade?

Quais dos alimentos produzidos contribuem para alimentação da família?

O que é comercializado do que é produzido? Onde?

A produção tem aumentado ou diminuído ao longo dos anos?

Qual(is) a(s) dificuldade(s) de produzir?

Existem algum produto que precisa ser beneficiado?

Existem outras atividades produtivas?

Bloco 6. Recursos naturais e técnicas produtivas

Faz algum trato cultural? Quem faz?

Quais tratos culturais são realizados?

Qual(is) trato(s) cultural(is) tem maior dificuldade?

Protege o solo contra a erosão? Como?

Como faz para manter e aumentar a fertilidade do solo?

Como combate as doenças das culturas?

Quais vantagens se observa pelo uso dos sistemas agroflorestais?

De onde vem a água de sua propriedade?

Bloco 7. Perspectivas dos agricultores

Está satisfeito com as atividades desenvolvidas em sua propriedade?

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O tamanho da propriedade é suficiente para sua produção?

Quais atividades gostaria de desenvolver? Por qual(is) motivo(s) ainda não

desenvolveu?

O que se espera do futuro?