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Deyse Morgana das Neves Correia Luciélio Marinho da Costa Maria do Socorro Xavier Batista (Organizadores) Anais III Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba II Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de Pedagogia - Educação do Campo Editora da UFPB João Pessoa 2016

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  • Deyse Morgana das Neves Correia

    Luciélio Marinho da Costa

    Maria do Socorro Xavier Batista

    (Organizadores)

    Anais III Encontro de Pesquisas e Práticas em

    Educação do Campo da Paraíba

    II Seminário de Pesquisas e Práticas do

    Curso de Pedagogia - Educação do

    Campo

    Editora da UFPB

    João Pessoa

    2016

  • Reitora

    Vice-

    Reitor

    UNIVERSIDADE

    FEDERAL DA PARAÍBA

    MARGARETH DE FÁTIMA FORMIGA MELO DINIZ

    EDUARDO RAMALHO RABENHORST

    Diretora

    Supervisão de Editoração

    Supervisão de Produção

    EDITORA DA UFPB

    IZABEL FRANÇA DE LIMA

    ALMIR CORREIA DE VASCONCELLOS JÚNIOR

    JOSÉ AUGUSTO DOS SANTOS FILHO

    COMISSÃO CIENTÍFICA

    Adriana Valeria Santos Diniz – UFPB; Alexandre Eduardo de Araújo – UFPB; Ana Cláudia da Silva Rodrigues – UFPB;

    Ana Paula Romão de Souza Ferreira – UFPB; Antônio Alberto Pereira – UFPB; Breno Henrique de Sousa – UFPB;

    Deyse Morgana das Neves Correia – IFPB; Edineide Jezine – UFPB; Eduardo Jorge Lopes da Silva – UFPB; Ivanalda

    Dantas Nóbrega Di Lorenzo – UFCG; José Jonas Duarte Costa – UFPB; Kelli Faustino do Nascimento – UEPB;

    Linconly Jesus Alencar Pereira – UFERSA; Luana Patrícia Costa Silva – UFPB; Luciano Batista Souza – FTL; Lucicléa

    Teixeira Lins – UFPB; Luciélio Marinho da Costa – UFPB; Lucinete Gadelha da Costa – UEA; Maika Bueque Zampier

    – UFPB; Marcos Barros de Medeiros – UFPB; Maria da Conceição Miranda Campêlo – UFCG; Maria Deborah Cabral

    de Sousa – UFPB; Maria do Socorro Xavier Batista – UFPB; Mariano Castro Neto – UFPB; Nelsânia Batista da Silva –

    UEPB; Nilvania dos Santos Silva – UFPB; Paulo Roberto Palhano Silva – UFPB; Raimundo Sidnei dos Santos Campos

    – UEA; Rosa Maria de Jesus Brito – UFPI; Rosalinda Falcão Soares - SEC/SAPÉ; Severina Andrea Dantas de Farias –

    UFPB; Verônica Pessoa da Silva – UEPB; Wiama de Jesus Freitas Lopes – UFCG

    E56 Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba (3: 2015: João

    Pessoa-PB).

    Anais do III Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba; II

    Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de Pedagogia - Educação do Campo, de

    02 a 04 de dezembro de 2015/ Organizadores: Deyse Morgana das Neves Correia,

    Luciélio Marinho da Costa, Maria do Socorro Xavier Batista. - João Pessoa: Editora

    da UFPB, 2016.

    788p.

    ISBN: 978-85-237-1169-6

    1. Educação. 2. Educação do campo - pesquisas e práticas. 3. Pedagogia -

    pesquisas e práticas - educação do campo. I. Correia, Deyse Morgana das Neves. II.

    Costa, Luciélio Marinho da. III. Batista, Maria do Socorro Xavier.

    CDU: 37

    Os artigos e suas revisões são de responsabilidade dos autores.

    EDITORA DA UFPB

    Cidade Universitária, Campus I - s/n João Pessoa - PB

    CEP 58.051-970

    editora.ufpb.br [email protected]

    Fone: (83) 3216.7147

  • 3

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

    CENTRO DE EDUCAÇÃO

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

    III Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba

    II Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de Pedagogia - Educação do Campo

    COORDENAÇÃO GERAL

    Prof.ª Dr.ª Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB

    Prof. Me. Luciélio Marinho da Costa - CE/UFPB

    Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Xavier Batista - CE/UFPB

    APRESENTAÇÃO

    A Educação do Campo se origina das experiências dos povos do campo ao longo do

    processo de lutas em resposta às desigualdades educacionais e da ausência de escolas de

    qualidade que garantissem o direito desses povos à educação de qualidade e que contemplasse

    suas culturas e modos de vida. Nos anos 1990, os diferentes movimentos sociais do campo e

    aliados se articularam formando o Movimento por uma Educação do Campo que se configurou

    enquanto projeto político e pedagógico de educação. Desde então, o movimento tem logrado

    conquistas de políticas e de programas de Educação do Campo que vem sendo desenvolvidos,

    envolvendo movimentos sociais e instituições como universidades, Instituto Nacional de

    Colonização e Reforma Agrária - INCRA e Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

    Diversidade e Inclusão - SECADI.

    Com a conquista de programas como o Programa Nacional de Educação na Reforma

    Agrária - PRONERA e o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação

    do Campo - PROCAMPO, várias experiências de educação vêm ocorrendo em diferentes espaços

    e por diferentes grupos, seja de movimentos sociais, organizações de camponeses, de estudantes

    e de professores, possibilitando a realização de cursos voltados para os sujeitos do campo, a

    efetivação de ações de extensão e de pesquisa em parcerias com os movimentos e organizações

    do campo.

    Essas ações têm motivado uma ampla produção acadêmica e a realização de eventos

    acadêmicos e políticos que possibilitem a divulgação, a troca de experiências e o debate teórico e

  • 4

    político, fazendo avançar as reflexões sobre as experiências, as conquistas e os desafios a

    enfrentar para fazer prosseguir as conquistas, efetivar e melhorar a Educação do Campo.

    Na Universidade Federal da Paraíba - UFPB, as ações de Educação do Campo ocorrem

    desde 1999, quando foi efetivado, pelo Centro de Educação, o primeiro projeto de Alfabetização

    do PRONERA em parceria com o INCRA e os movimentos sociais. Desde então, vários projetos,

    envolvendo alfabetização de jovens e adultos, Ensino Médio, Superior e pós-graduação, vêm

    sendo efetivados, gerando um acúmulo de reflexões que nos motivaram a realizar, no período de

    01 a 03 de junho de 2011, o I Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da

    Paraíba - I EPPEC, promovido pelo Observatório da Educação do Campo, pelo Centro de

    Educação, pelo Curso de Pedagogia com área de aprofundamento em Educação do Campo e pelo

    Programa de Pós-Graduação em Educação, o qual contou com o apoio da Coordenação de

    Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e de instituições e movimentos que se

    dedicam ao trabalho com a Educação do Campo na Paraíba, com o objetivo de reunir

    pesquisadores, estudantes, militantes e educadores que desenvolvem suas atividades junto aos

    sujeitos do campo num momento privilegiado para o intercâmbio, a socialização e a discussão

    das experiências de pesquisas e práticas em Educação do Campo.

    O evento reuniu cerca de 460 participantes de todo o Brasil e publicizou mais de 180

    artigos e resumos que apresentaram e discutiram resultados de pesquisas e práticas realizadas

    junto aos sujeitos do campo no país e especialmente na Paraíba, contribuindo assim para a

    socialização da produção de conhecimentos a cerca da educação e do desenvolvimento do

    campo.

    Em 2012, realizamos na UFPB o I Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de

    Pedagogia - Educação do Campo, promovido pela UFPB, Centro de Educação, Curso de

    Pedagogia - Educação do Campo e Observatório da Educação do Campo, organizado por

    professores e estudantes do referido Curso, tendo como objetivos: promover o debate em torno de

    experiências de pesquisas e práticas em Educação do Campo; fortalecer a luta dos movimentos

    sociais pelo direito dos povos do campo a uma educação de qualidade, que valorize suas culturas

    e modos de vida, e; contribuir para o avanço das reflexões coletivas sobre a Educação do Campo

    e seus desdobramentos nos mais variados âmbitos educacionais, desde a Educação Básica e a

  • 5

    Educação de Jovens e Adultos, passando pelo Ensino Superior e indo até a discussão sobre as

    políticas públicas e a formação dos professores.

    No ano seguinte, realizamos a segunda edição do Encontro de Pesquisas e Práticas em

    Educação do Campo da Paraíba, no período de 5 a 7 de junho de 2013, em João Pessoa, na

    Universidade Federal da Paraíba, do qual participaram centenas de pesquisadores, estudantes e

    militantes, reiterando mais um momento de debates e troca de saberes e experiências no âmbito

    dos processos formais, informais e não formais de Educação do Campo. Com o intuito de

    divulgar e aproximar as entidades e os sujeitos dessas experiências de pesquisas e práticas no país

    e especialmente na Paraíba, o II EPPEC-PB se propôs a contribuir no avanço reflexivo da

    Educação do Campo e de suas práticas, bem como a gerar subsídios para a elaboração, o

    acompanhamento e a avaliação de políticas públicas.

    Em 2015, chegamos ao III Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da

    Paraíba realizado concomitante com o II Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de

    Pedagogia – Educação do Campo, tendo como temática “Movimentos sociais e Educação do

    Campo: avanços, enfrentamentos e perspectivas”. No período de 2 a 4 de dezembro de 2015, o III

    EPPEC contou com mais de 300 participantes entre professores, estudantes e militantes de

    movimentos sociais. As produções apresentadas na ocasião deste evento encontram-se publicadas

    neste livro.

  • 6

    PROMOÇÃO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

    CENTRO DE EDUCAÇÃO

    CURSO DE PEDAGOGIA - EDUCAÇÃO DO CAMPO

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

    LINHA DE PESQUISA EDUCAÇÃO POPULAR

    GRUPO DE PESQUISA EDUCAÇÃO POPULAR E MOVIMENTOS SOCIAIS DO

    CAMPO

    OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

    PROGRAMAÇÃO

    02 DE DEZEMBRO DE 2015 - QUARTA-FEIRA

    Manhã 09:00 às 12:00 - Credenciamento

    Tarde 14:00 às 18:00 - Credenciamento

    14:00 às 18:00 - Oficinas e Minicursos

    17:00 às 18:00 - Mística

    Noite 18:00 às 19:00 - Mesa de abertura

    19:00 às 22:00 - Conferência de abertura

    Tema: Movimentos Sociais e Educação do Campo: avanços, enfrentamentos e perspectivas

    Conferencista: Profa. Dra. Sônia Meire Santos Azevedo de Jesus (UFS)

    Coordenadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Xavier Batista (UFPB)

    03 DE DEZEMBRO DE 2015 - QUINTA-FEIRA

    Manhã 09:00 às 12:00 - Grupos de trabalho

    Tarde

    14:00 às 17:00 - Mesa redonda

    Tema: Educação do Campo, Políticas, Práticas e os Desafios da Formação de Educadores

    Palestrantes: Prof. Dr. Salomão Antonio Mufarrej Hage (UFPA), Profa. Dra. Maria do Socorro

    Silva (UFCG)

    Coordenadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Xavier Batista (UFPB)

    Noite

    19:00 às 21:00 - Oficinas e Minicursos

  • 7

    19:00 às 22:00 - Mesa redonda

    Tema: Os Movimentos Sociais: avanços, enfrentamentos e perspectivas para a reforma agrária e

    para a Educação do Campo

    Palestrantes: Gilmar Vicente Felipe (MST), Sanderline Ribeiro dos Santos (movimento indígena)

    Coordenadora: Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia (IFPB)

    04 DE DEZEMBRO DE 2015 - SEXTA-FEIRA

    Manhã 07:00 às 09:00 - Visita à feira agroecológica da UFPB

    09:00 às 12:00 - Grupos de Trabalho

    Tarde 14:00 às 17:00 - Mesa redonda

    Tema: Educação do Campo, Diversidades e Convivência com o Semiárido

    Palestrantes: Profa. Dra. Ana Paula Romão de Souza Ferreira (UFPB), Profa. Dra. Fernanda de

    Lourdes Almeida Leal (UFCG), Me. Adelaide Pereira da Silva (RESAB)

    Coordenadora: Profa. Dra. Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo (UFCG)

    Noite 18:00 às 20:00 - Colóquio de Pesquisadores em Educação do Campo das universidades da

    Paraíba

    GRUPOS DE TRABALHO

    GT 01 - Movimentos Sociais, Estado e Políticas Públicas de Educação do Campo

    Ementa: protagonismo dos movimentos sociais nas experiências de Educação do Campo;

    reflexões sobre as políticas públicas para o desenvolvimento do campo; políticas públicas de

    Educação do Campo e sua contribuição para o debate no Estado e nos Movimentos Sociais;

    relação entre Estado e Movimentos Sociais no fomento das políticas públicas de Educação do

    Campo.

    Pareceristas:

    Prof. Me. Raimundo Sidnei dos Santos Campos - UEA

    Profa. Me. Maika Bueque Zampier - UFPB

    GT 02 - Educação Escolar do Campo

    Ementa: aspectos sociopolíticos que influenciam a educação escolar do campo; políticas públicas

    para as escolas do campo em todas as suas modalidades e níveis; currículo escolar no campo; os

    sujeitos do campo e a organização do trabalho pedagógico nas escolas; condições de trabalho nas

    escolas do campo; condições socioeconômicas dos estudantes das escolas do campo; participação

    direta dos sujeitos do campo na organização do trabalho pedagógico nas escolas; os problemas

    estruturais da educação escolar no campo; classes multisseriadas no campo; financiamento das

    escolas do campo; a educação infantil e creches no campo; uso de tecnologias educacionais nas

    escolas do campo; relações entre escola e secretarias municipais e estaduais; institucionalização

    das escolas do campo.

  • 8

    Pareceristas:

    Prof. Dr. Antônio Alberto Pereira - UFPB

    Profa. Dra. Ana Cláudia da Silva Rodrigues - UFPB

    GT 03 - Educação do Campo no Ensino Superior

    Ementa: políticas de acesso à educação superior para sujeitos do campo; fatores que interferem,

    contribuem ou impedem a permanência dos estudantes nos contextos de formação; modalidades,

    necessidades e dificuldades de financiamento; matrizes organizadoras das concepções de

    currículo; processos inovadores de avaliação. Princípios orientadores da formação e práticas

    docentes; consequências paradigmáticas na produção de conhecimento científico a partir do

    diálogo com o campo e seus saberes; Ensino Superior e suas repercussões o desenvolvimento do

    campo.

    Pareceristas:

    Profa. Dra. Ivanalda Dantas Nóbrega de Lorenzo - UFCG

    Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB

    GT 04 - Educação do Campo, Desenvolvimento Sustentável, Agroecologia e Soberania

    Alimentar

    Ementa: interdependência entre os conceitos de Desenvolvimento Sustentável, Agroecologia,

    Soberania Alimentar e Educação do Campo; formação e produção de conhecimento em

    Agroecologia e Soberania Alimentar no âmbito da Educação do Campo técnico-profissional;

    impactos causados pela “modernização da agricultura” e formas alternativas de (re)existência e

    (re)produção camponesa; diálogo de saberes entre populações do campo e academia na produção

    e desenvolvimento do conhecimento agroecológico visando a sustentabilidade; transformações

    técnicas, ecológicas, econômicas, produtivas e socioculturais articuladas ao desenvolvimento

    sustentável e educação do campo numa perspectiva camponesa.

    Pareceristas:

    Prof. Me. Breno Henrique de Sousa – UFPB

    Prof. Dr. Marcos Barros de Medeiros - UFPB

    Profa. Me. Luana Patrícia Costa Silva - UFPB

    GT 05 - Memória, História e Pedagogia do Movimento Camponês

    Ementa: papel dos movimentos sociais nos processos educativos da Educação do Campo em

    espaços escolares e não escolares; protagonismo dos movimentos sociais para a construção da

    Educação do Campo; trajetória do Movimento Por uma Educação do Campo.

    Parecerista:

    Profa. Dra. Lucicléa Teixeira Lins - UFPB

    GT 06 - Educação do Campo e Formação de Professores

    Ementa: processos formativos de educadores nos diferentes níveis e modalidades; formação,

    saberes e trabalho docente na perspectiva da Educação do Campo; articulação teoria e prática na

    formação docente; tempos e espaços de formação; formação para a educação não-escolar;

    inserção sócio profissional do egresso; demandas de formação; impactos dos processos

    formativos no âmbito do estudante, da família, da escola e da comunidade.

    Pareceristas:

  • 9

    Prof. Dr. Wiama de Jesus Freitas Lopes - UFCG

    Profa. Dra. Maria da Conceição Miranda Campêlo - UFCG

    GT 07 - Cultura, Diversidade, Identidade e Território da Educação do Campo

    Ementa: o modo de vida no campo e a formação dos territórios como espaços indenitários, de

    luta e de resistência; a Educação do Campo e suas articulações com práticas culturais, identidades

    e territorialidades; as questões de orientação sexual, étnicas e raciais nos processos de Educação

    do Campo; diversidade étnica, de gênero e cultura nos processos formativos; políticas públicas de

    Educação do Campo e diversidade.

    Pareceristas:

    Prof. Dr. Paulo Roberto Palhano Silva - UFPB

    Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB

    GT 08 - Educação do Campo e Educação Contextualizada

    Ementa: contextualização e práticas educativas nas escolas do campo; educação contextualizada

    no semiárido; processos pedagógicos, metodológicos, os conteúdos e a produção de materiais

    didáticos na educação contextualizada; educação para a convivência com o semiárido.

    Pareceristas:

    Profa. Dra. Lucinete Gadelha da Costa - UEA

    Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB

    GT 09 - Educação do Campo e Educação de Jovens e Adultos

    Ementa: educação de jovens e adultos do campo; os movimentos sociais e a educação de jovens e

    adultos para os sujeitos do campo; a educação de jovens e adultos em acampamentos e

    assentamentos de reforma agrária; processos e metodologias para a educação de jovens e adultos

    do/no campo; políticas de educação de jovens e adultos na Educação do Campo.

    Paraceristas:

    Profa. Dra. Verônica Pessoa da Silva - UEPB

    Profa. Me. Rosalinda Falcão Soares - SEC/SAPÉ

    GT 10 - Círculo de Cultura: experiências em Educação do Campo

    Relatos de experiências e práticas em Educação do Campo.

    Paracerista:

    Profa. Dra. Kelli Faustino do Nascimento - UEPB

    Profa. Me. Maria Deborah Cabral de Sousa - UFPB

    Profa. Dra. Nelsânia Batista da Silva - UEPB

    OFICINAS

    1 - Contos, cantos e encantos: o ensino de etnociência através das mitologias dos Orixás

    Prof. Me. Linconly Jesus Alencar Pereira - UFERSA

    2 - Metodologia participativa no Ensino de História

    Profa. Kamila Karine Wanderley - NEDET

  • 10

    3 - A Literatura de Cordel como instrumento educativo no contexto da Educação do Campo

    Profa. Me. Arilene Maria de Oliveira Chaves - SEC/JOÃO PESSOA

    4- Educação Quilombola e territorialidades

    Prof. Me. Linconly Jesus Alencar Pereira - UFERSA

    5 - Capoeira Angola: na luta da libertação

    Prof. André Sarmento

    6 - Bem estar à flor da pele

    Profa. Esp. Maria Veralúcia Dorico Melo - UFPB

    MINICURSOS

    1 - Olhar, ouvir e tocar o mundo: criatividade e aprendizagem na Educação Infantil no contexto

    da Educação do Campo

    Profa. Me. Fernanda Cabral Coelho - UFPB

    Profa. Dra. Norma Maria de Lima - UFPB

    2 - Gestão em Educação do Campo

    Profa. Dra. Francisca Alexandre de Lima - UFPB

    3 - Aproximações entre Educação do Campo e Educação Indígena: perspectivas de campo de

    pesquisa

    Profa. Me. Rosemary Marinho da Silva - UFPB

  • 11

    SUMÁRIO

    MOVIMENTOS QUE EDUCAM: DA EDUCAÇÃO DO CAMPO AO CAMPO DOS

    MOVIMENTOS SOCIAIS

    Francisco Antônio de Sousa, Lazaro Dornelles Ferreira de Medeiros, Luiz Gomes Da

    Silva Filho

    19

    FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: A EXPERIÊNCIA COM

    O PROGRAMA ESCOLA DA TERRA EM MINAS GERAIS

    Érica Fernanda Justino, Maria Isabel Antunes-Rocha

    34

    OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO E A LUTA PELA TERRA NO BRASIL

    Maria do Socorro Soares Bezerra, Orlandil de Lima Moreira

    48

    OS SEM TERRINHA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM

    TERRA (MST-PB): ENCONTROS E PRÁTICAS

    Gabriel Taciano de Oliveira

    63

    IDENTIDADE DA TERRA, EDUCAÇÃO PARA LUTA: UM OLHAR A PARTIR DO

    GURUGI- PB

    Jadiele Cristina Berto da Silva, Maria de Fátima Ferreira Rodrigues

    78

    A PRÁTICA EDUCATIVA POPULAR NA EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO:

    DIÁLOGOS COM PAULO FREIRE

    Conceição Cristina Pereira dos Santos, Maria do Socorro Xavier Batista

    93

    EDUCAÇÃO DO CAMPO NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: O LUGAR

    DOS SUJEITOS “OUTROS”

    Margareth Marly da Silva, Marciano Antônio da Silva, Jaqueline Barbosa da Silva

    103

    ESCOLAS DE ASSENTAMENTOS RURAIS E O MOMENTO ATUAL DA

    EDUCAÇÃO DO CAMPO

    Kamila Karine dos Santos Wanderley, Maria do Socorro Xavier Batista

    112

    OS DESAFIOS DA PERMANÊNCIA DOS ALUNOS NAS ESCOLAS DO CAMPO

    Luma Silva Matos, Dyane Brito Reis

    124

    OS (IN) VISIVEIS DA TRANSAMAZÔNICA

    Denise Targino da Silva

    133

    EDUCAÇÃO DO CAMPO E MOVIMENTOS SOCIAIS: POR UMA PROPOSTA

    PEDAGÓGICA PARA A ESCOLA DO CAMPO

    Ricardo Rodrigues Nascimento, Gisânia Carla de Lima

    143

  • 12

    UMA PROPOSTA CIENTÍFICA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA -

    SEXUALIDADE

    Ticiane da Rosa Osório, Eril Medeiros da Fonseca, Crisna Daniela Krause Bierhalz

    153

    O ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONSIDERANDO AS

    MÚLTIPLAS TESSITURAS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NAS

    ESCOLAS DO CAMPO

    Loossllen Queerolayn Goulart dos Santos, Ticiane da Rosa Osório, Crisna Daniela Krause

    Bierhalz

    161

    O PAPEL DA GESTÃO NA ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DE UMA UNIDADE

    MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO EM SUMÉ-PB

    Ana Cláudia Galdino Leite

    173

    A IMPORTÂNCIA DA COLEÇÃO GIRASSOL: SABERES E FAZERES DO CAMPO

    NO ENSINO E APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO CAMPO

    Daiane de França Feitosa, José Marciano Monteiro, Tercio Ramon Almeida Silva

    188

    DIREITO A EDUCAÇÃO DO CAMPO: UM OLHAR PARA OS TRABALHOS DA

    ANPED E PARA O PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE

    PERNAMBUCO (LEI Nº 15.533)

    Julianne Luiza da Silva, Gleyssa Nayana Soares da Silva

    196

    DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO DO CAMPO EM SALAS

    MULTISSERIADAS NO MUNICÍPIO DE ASSU/RN

    Adriana Fernandes de Medeiros Costa, Sueli Nonato de Medeiros, Kize Arachelli de Lira

    Silva

    213

    LITERATURA EM CENA: OS JOGOS TEATRAIS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

    DO PIBID DIVERSIDADE

    Patrícia de Farias Sousa, Anderson Batista de Sousa, José Jonnat Barboza Guimarães

    228

    HORTA ESCOLAR: UMA ALTERNATIVA DE SUSTENTABILIDADE

    ECONÔMICA PARA A COMUNIDADE DE UMARI, MUNICÍPIO DE SERRA DE

    SÃO BENTO/RN

    Maria Edvânia Ferreira, Kize Arachelli de Lira Silva

    237

    MOVIMENTO SINDICAL, TRABALHO E AUTONOMIA: PROTAGONISMO

    FEMININO NO SINDICATO DA PESCA DE UPANEMA - RN

    Luiz Gomes da Silva Filho, Maria Jucineide Rocha, Ranielly Letícia da Silva

    251

  • 13

    MEMÓRIA, TRAJETÓRIA E FORMAÇÃO DOCENTE NA TRAMA DA

    EDUCAÇÃO DO CAMPO

    Adriana Fernandes de Medeiros Costa, Kize Arachelli de Lira Silva

    261

    MEMORIAL: UMA TRAJETÓRIA MARCADA POR LUTAS E CONQUISTAS

    Maria Edvânia Ferreira

    275

    SABERES DOCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

    Kize Arachelli de Lira Silva, Karina de Oliveira Lima, Elaíne Cristina dos Santos

    284

    RELATO DE EXPERIÊNCIA DA RELAÇÃO ENTRE QUEM ENSINA E QUEM

    APRENDE FILOSOFIA NA ESCOLA DO CAMPO: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE O

    TEMPO-AULA E O LIVRO DIDÁTICO NA FORMAÇÃO DOCENTE

    Ismael de Lima Oliveira, Sônia Maria Lira Ferreira

    298

    CONSTRUÇÃO DE COMPOSTEIRA COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O

    ENSINO DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E REAPROVEITAMENTO DE

    RESÍDUOS

    Charlene Sousa Silva, Isaias Pereira de Araújo, Fabiana Alves Siqueira

    308

    ATIVIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DESENVOLVIDAS ATRAVÉS DO

    PIBID DIVERSIDADE NA ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ/PB NO

    SUBPROJETO - CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA

    Talita Bezerra de Farias, Maria Tatiane Silva Bezerra, Débora Lafaerte Simões de Araújo

    312

    A IMPORTÂNCIA DAS EXCURSÕES COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA -

    UMA EXPERIÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

    Maria Janoelma França Gomes, Fábio Martinho da Silva, Nahum Isaque dos S.

    Cavalcante

    316

    A IMPORTÂNCIA DO SUBPROJETO - CIÊNCIAS DA NATUREZA E

    MATEMÁTICA DO PIBID DIVERSIDADE/UFCG PARA A FORMAÇÃO

    DOCENTE E PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: O CASO DA ESCOLA DO CAMPO

    DO DISTRITO DO PIO X NO MUNICÍPIO DE SUMÉ - PB

    Isaias Pereira de Araújo, Charlene Sousa Silva, Nahum Isaque dos S. Cavalcante

    320

    EDUCAÇÃO AMBIENTAL E REUTILIZAÇÃO DE GARRAFAS PET

    Joaquim José da Silva Gouveia, Valter Clemente de Sousa, Nalba Lúcia Gomes da Silva

    325

    COMUNIDADES QUILOMBOLAS BRASILEIRAS: REGULARIZAÇÃO

    FUNDIÁRIA E POLÍTICAS PÚBLICAS

    Heloísa Marinho, Rita de Cássia Cavalcante Porto

    329

    SISTEMA DE OPRESSÃO KYRIARCAL E A VIVÊNCIA GRUPAL NAS AULAS DE

    FILOSOFIA EM SANTA RITA/PB

    345

  • 14

    Rosemary Marinho da Silva

    COMPREENDENDO A EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE EM ESCOLAS DO

    CAMPO

    Gabriel Taciano de Oliveira

    359

    EDUCAÇÃO DO CAMPO E HETEROGENEIDADE: VISÕES E REFLEXÕES DO

    COTIDIANO NA AMAZÔNIA

    Débora Mate Mendes, Marlo dos Reis, Francisco Malheiros

    372

    CONTANDO UMA HISTÓRIA REAL DA AGRICULTURA FAMILIAR

    Adriana Fernandes de Medeiros Costa, Sueli Nonato de Medeiros, Kize Arachelli de Lira

    Silva

    380

    O CURRÍCULO CONTEXTUALIZADO NA EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO:

    ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO MUNICÍPIO DE

    UAUÁ-BA

    Ana Célia Silva Menezes

    386

    EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO CAMPO: UM PENSAR EM

    CONSTRUÇÃO

    Cristina Suedy dos Santos Sousa

    400

    PONTA DO MEL: SABORES E DISSABORES DE UM SER-TÃO-MAR

    Francisca Paula Victor Fernandes, Luiz Gomes da Silva Filho, Maria Auxiliadora

    Rodrigues Câmara, Raimunda Janaina do Nascimento

    416

    PRÁTICAS EM AVICULTURA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA AO

    APRENDIZADO E DE INSERÇÃO PRODUTIVA E SOCIAL PARA OS ALUNOS DA

    EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

    Raimunda Vanusa Carvalho Silva, Francisco das Chagas Silva, Kize Arachelli de Lira

    Silva

    426

    NO CAMPO TAMBÉM SE APRENDE A LER E A ESCREVER: UM DIÁLOGO COM

    AS PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO COM AS CRIANÇAS DO CAMPO

    Lucielton Tavares de Almeida

    439

    A ESCOLA DO RIACHO: RELATOS DE UMA VIVÊNCIA NO ENSINO

    FUNDAMENTAL I DO CAMPO

    Lucielton Tavares de Almeida

    449

    A OLERICULTURA COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROGRAMA

    PROJOVEM CAMPO SABERES DA TERRA EM CERRO CORÁ/RN

    Eunice Maria dos Santos, Kize Arachelli de Lira Silva

    462

    A EFICIÊNCIA DA TÉCNICA TEATRAL NO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO

    MÉDIO NA ESCOLA DO CAMPO JORNALISTA JOSÉ LEAL RAMOS: UMA

  • 15

    EXPERIÊNCIA DO PIBID DIVERSIDADE

    Marília de Oliveira Araujo, Sônia Maria Lira Ferreira

    477

    APRECIAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA DAS LINGUAGENS

    ARTÍSTICAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

    Larícia Pinheiro Silva Ramos, Rafael Barros de Sousa

    489

    MOVIMENTOS SOCIAIS, POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E

    CURRÍCULO

    Sílvia Karla Batista de Macena Martins dos Santos, Maria do Socorro Xavier Batista

    495

    A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO AMAZONAS NA PERSPECTIVA DAS

    ORGANIZAÇÕES SINDICAIS DE TRABALHADORES E TRABALHADORAS

    RURAIS

    Raimundo Sidnei dos Santos Campos

    510

    O ENSINO PRIMÁRIO PARAIBANO NO CAMPO E NA CIDADE (1951 a 1958)

    Thais Gomes de Vasconcelos, Joice Lima Branco da Silva, Antônio Carlos Ferreira

    Pinheiro

    527

    ENSAIO DE PRÁTICA DE PESQUISA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: UM OLHAR

    SOBRE A ESCOLA QUE TEMOS E A QUE QUEREMOS

    Adriana de Oliveira Monteiro, Lêda Maria Silva de Souza Neta, Sylvia Maione Santos de

    Souza, Maria Deborah Cabral de Sousa

    540

    AS CIÊNCIAS NATURAIS E O ENSINO DA SUSTENTABILIDADE

    Antônia Marinho dos Santos; Maria Francineide Henrique de Jesus; Maria Rosineide

    Gomes, Daniela Faria Florêncio

    549

    O CAMPO DO LAZER NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

    Adriano Garcia dos Santos; Luciélio Marinho da Costa

    559

    TURMA MULTISSERIADA NA ESCOLA DO CAMPO: ESPAÇO PROPÍCIO PARA

    O ENSINO APRENDIZAGEM RECORRENDO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

    Francisco de Assis Marinho Morais, Linconly Jesus Alencar Pereira, Simone Cabral

    Marinho dos Santos, Maria Alcinete Gomes de Menezes

    570

    CAMINHOS DO SEMI-ÁRIDO: DESAFIOS PARA LECIONAR EM TURMAS

    MULTISSERIADAS

    Ana Claudia de Andrade Costa, Inácia Maria Cardoso Sobrinha, Luiz Gomes da Silva

    Filho

    587

    DESAFIOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NA PESQUISA SOBRE A INFÂNCIA

    CAMPONESA

    Ana Clara da Silva Nascimento; Maria Marta Elias Teixeira; Maria do Socorro Xavier

    596

  • 16

    Batista

    FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES REPERCURTINDO NAS

    PRÁTICAS EDUCATIVAS DE ESCOLAS DO CAMPO EM ALHANDRA

    Ana Clara da Silva Nascimento, Luciélio Marinho da Costa, Maria do Socorro Xavier

    Batista; Maria Marta Elias Teixeira

    605

    PRÁTICAS EDUCACIONAIS DO CAMPO: O CASO DA ESCOLA ARNALDO

    BONIFÁCIO, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE ODILÂNDIA EM SANTA

    RITA/PB

    Andrea Costa Campelo, Antônio Serafim da Silva Filho, Maria Marta Elias Teixeira,

    Maria Deborah Cabral de Sousa

    620

    EDUCAÇÃO DO CAMPO E OS DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA CLASSES

    MULTISSERIADAS: AS CONDIÇOES DO TRABALHO DOCENTE

    Ana Claudia Pereira da Silva, Maycom Douglas F. Nascimento, Tiago Teixeira da Silva

    631

    PESQUISA NACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO NA REFORMA AGRÁRIA: AÇÕES

    NO ENSINO SUPERIOR NA PARAÍBA

    Deyse Morgana das Neves Correia

    647

    A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA NO CURSO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DO

    PRONERA

    Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo

    657

    AGROECOLOGIA, COMERCIALIZAÇÃO NO ASSENTAMENTO NOVA

    VIVÊNCIA SAPÉ-PB

    Cosmo Galdino dos Santos, Dieneide de Lima Silva

    676

    EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO: ASPECTOS HISTÓRICOS CONSTRUTIVOS

    Ivanilson Batista da Silva, Maria da Luz dos Santos Lima

    690

    O PROCESSO DE LUTA EXPRESSO NAS PRODUÇÕES DO CONHECIMENTO

    DOS QUILOMBOLAS EGRESSOS DO PRIMEIRO CURSO DE PEDAGOGIA DO

    CAMPO/PRONERA/UFPB

    Thatyanne Krause Lima Brito dos Santos

    704

    FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES DO CAMPO EM ENSINO DE

    GEOGRAFIA NO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRAS-PB: EXPERIÊNCIA DO

    PROBEX/CFP/UFCG

    Micaela da Silva Targino, Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo

    718

    A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO PRÁTICA DE PESQUISA NA

    FORMAÇÃO DOCENTE

    Elieide Lima, Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo, Klynsmann Morais

    727

  • 17

    A CULTURA POPULAR NORDESTINA NA CONTEMPORANEIDADE:

    IDENTIDADE E DIVERSIDADE

    Ana Claudia de Andrade Costa, Gerciane Maria da Costa Oliveira

    734

    AS MULHERES ARTESÃS DO AGRESTE PERNAMBUCANO: OS SABERES

    VISIBILIZADOS NA ARTE FIGURATIVA DO ALTO DO MOURA - CARUARU/PE

    Gleyssa Nayana Soares da Silva, Julianne Luiza da Silva, Jaqueline Barbosa da Silva

    742

    EDUCAÇÃO DO CAMPO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS REALIZADAS NO

    PROGRAMA PROJOVEM CAMPO SABERES DA TERRA

    Priscila Kaline Lima do Nascimento Costa

    752

    A EDUCAÇÃO DO CAMPO, NOSSO FAZER MAIOR, DES (A) FIA A NOSSA

    PRÁTICA DOCENTE

    Ivanise Simplicio de Melo, Edineide Jezine Mesquita

    754

    A DESMISTIFICAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO CONHECIMENTO A

    PARTIR DA VIVÊNCIA NO CAMPO

    Daniele do Nascimento Leandro

    773

    DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CAMPO-ALGUMAS REFLEXÕES A

    PARTIR DO AGRESTE PERNAMBUCANO

    Gina Caécia da Silva

    775

    A INSERÇÃO DOS JOGOS EDUCATIVOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

    E LETRAMENTO EM UMA ESCOLA DO CAMPO

    Jefferson Fagner de Moura, Maria Clara Gonçalves Maciel, Maria Joselma do

    Nascimento Franco

    777

    RELATO DE EXPERIÊNCIAS: VIVÊNCIAS EM UMA ESCOLA DO CAMPO NO

    BREJO PARAIBANO

    Gabryelle Rahyara Miranda Castro da Cunha, Edja Suênia Targino da Costa

    779

    RELATO DE EXPERIÊNCIA DE DOCÊNCIA EM SALA MULTISSERIADA NA

    ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL MARINO ELEOTERIO DO

    NASCIMENTO

    Juliana Ferreira da Silva, Arilene Maria de Oliveira Chaves

    781

    O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SALAS MULTISSERIADAS NA EDUCAÇÃO DO

    CAMPO

    Daniela Sayuri Chiku, Ana Paula P. de Brito, Jaqueline Higino

    783

  • 18

    A EDUCAÇÃO DO CAMPO DISCUTINDO O CONTROLE DA AGRICULTURA E

    DA PRODUÇÃO DE ENERGIA: LIMITES DO PNPB NA PARAÍBA

    Thiago Leite Brandão de Queiroz

    785

    PRÁTICAS DOCENTES NO PIBID - PEDAGOGIA NA ESCOLA DO CAMPO:

    COMPARTILHANDO SABERES

    Kelly Limeira da Silva, Cristiane Tôrres de Araújo, Maria Joselma do Nascimento Franco

    789

  • 19

    MOVIMENTOS QUE EDUCAM: DA EDUCAÇÃO DO CAMPO AO CAMPO DOS

    MOVIMENTOS SOCIAIS

    Francisco Antonio de Sousa - UFERSA

    Lazaro Dornelles Ferreira de Medeiros - UFERSA

    Luiz Gomes da Silva Filho - UFERSA

    Introdução

    O presente artigo surgiu como uma atividade para ser desenvolvida no Tempo

    Comunidade. No qual, o mesmo será um componente de finalização do semestre. Tendo como

    disciplinas orientadoras Educação de Jovens e Adultos e Sociologia Rural, ambas do Curso de

    Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo da Universidade Federal Rural do

    Semiárido - UFERSA.

    Com este estudo podemos entender a estreita relação entre movimentos sociais e educação

    do campo. Abordando que educação do campo se evidencia como uma proposta educacional

    voltada para a necessidade da construção de uma consciência crítico-coletiva do indivíduo, e que

    juntamente com os movimentos o sujeito tornar-se ativo na construção e transformação desta

    realidade.

    Assim o artigo que trata da temática “Movimentos que Educam: da educação do campo ao

    campo dos movimentos sociais” tem como objetivo geral ressaltar aproximações entre educação

    do campo, movimentos sociais e sindicalismo rural. E como objetivos específicos abordar a

    educação do campo como um caminho cercado de lutas e conquistas, evidenciar os movimentos

    sociais e educação do campo como caminhos que se cruzam e identificar o sindicalismo rural

    como um aliado forte dos interesses dos povos do campo.

    O mesmo está dividido nas seguintes partes: primeiro abordar um breve histórico da

    educação do campo a seguir trata da estreita relação entre movimentos sociais e educação do

    campo para depois expor sobre a importância que o sindicalismo rural tem para os povos do

    campo.

    A justificativa parte do pressuposto que a educação do campo, juntamente com os

    movimentos sociais são fundamentais para que os sujeitos tomem consciência dos processos de

  • 20

    transformação que sua realidade enseja. Além disto, este estudo busca contribuir com a luta

    histórica dos povos do campo, fortalecendo a contra hegemonia tão necessária na atualidade.

    Educação do Campo: um caminho cercado de lutas e conquistas

    Percebemos que durante décadas a educação básica destinada às classes populares do

    campo, sempre esteve vinculada a um modelo “importado” da educação urbana. Sendo que esse

    tratamento teve um fundo de descaso e subordinação dos valores presentes no meio rural e

    marcava uma inferioridade quando comparado ao espaço urbano. Dessa forma o campo

    encontrava-se estigmatizado na sociedade brasileira e os preconceitos, estereótipos e outras

    conotações multiplicavam-se cotidianamente (LEITE, 1999).

    Por outro lado, os movimentos sociais defendem uma nova visão para o campo, não sendo

    mais apenas uma concentração espacial geográfica. Mais sendo o mesmo um cenário de lutas e

    embates políticos. E tendo a sua valorização como o ponto de partida para uma série de reflexões

    sociais. Nesse contexto, o homem e a mulher do campo, são entendidos como sujeitos

    historicamente construídos a partir de determinadas sínteses sociais específicas e com dimensões

    diferenciadas em relação aos grandes centros urbanos. Assumir essa premissa pressupõe

    colaborar com a afirmação da inadequação e insuficiência da extensão da escola urbana para o

    campo (MARTINS, 2009).

    Arroyo & Fernandes (1999) na Articulação Nacional Por Uma Educação Básica do

    Campo, enfatizaram que o termo “campo” é resultado de uma nomenclatura proclamada pelos

    movimentos sociais e deve ser adotada pelas instâncias governamentais e suas políticas públicas

    educacionais, mesmo quando ainda relutantemente pronunciada em alguns universos acadêmicos

    de estudos rurais.

    Historicamente percebemos que a criação do conceito de educação escolar no meio rural

    esteve vinculada à educação “no” campo, descontextualizada, elitista e oferecida para uma

    minoria da população brasileira. Porém, na atual conjuntura, a educação “do” campo, estreita

    laços com inúmeros projetos democráticos que contribuem para o fortalecimento da Educação

    Popular (ARROYO, FERNANDES; 1999; MOLINA, 2006).

  • 21

    Mesmo com a aprovação da Constituição de 1988 e do processo de redemocratização do

    país, um grande debate é feito em torno dos direitos sociais da população campesina, ao mesmo

    passo em que se consegue aprovar políticas de direitos educacionais bastante significativas,

    consolidando o compromisso do Estado e da sociedade brasileira em promover a educação para

    todos, respeitando suas singularidades culturais e regionais. Em sintonia com essas concepções

    foram elaboradas e implementadas reformas educacionais que desencadearam alguns documentos

    fundamentais, dentre eles: a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –LDBEN nº.

    9394/96.

    A partir da concepção de uma educação para todos e a implementação da nova LBDEN,

    conquista-se o reconhecimento da diversidade e singularidade do campo, uma vez que vários

    instrumentos legais estabelecem orientações para atender esta realidade de modo a “adequar” as

    suas especificidades, como exemplificam os artigos 23, 26 e 28, que tratam tanto das questões de

    organização escolar como de questões pedagógicas. A LDBEN nº. 9394/96 em seu artigo 28

    estabelece as seguintes normas para a educação no meio rural.

    Na oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino proverão as

    adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida rural e de cada região,

    especialmente:

    Conteúdos curriculares e metodologia apropriada às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;

    Organização escolar própria, incluindo a adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

    Adequação à natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996).

    No artigo, podemos observar alguns avanços políticos, educacionais e culturais referentes

    à educação no meio rural, com ênfase na necessidade do Estado em cumprir com alguns deveres,

    dentre eles: educação básica para toda população; conteúdos curriculares e metodologias

    integradas aos interesses e necessidades dos educandos, assim como, a autonomia dos espaços

    educativos, que poderão organizar seu calendário de acordo com as atividades e trabalhos

    desenvolvidos na comunidade (BRASIL, 1996).

    Apesar desses avanços discutidos até aqui, um fato nos intriga: a referência que o artigo

    28 da LDBEN 9394/96 faz a “adaptação” do sistema de ensino para a população rural. Com este

    direcionamento podemos supor que a concepção predominante gira em torno de um modelo

  • 22

    escolar urbano. Por outro lado, fazendo uma autocrítica, em alguns espaços coletivos, ainda

    sentimos falta da conscientização e participação da comunidade no âmbito escolar. Sendo assim,

    é possível perceber que os currículos das escolas urbanas ainda servem de base e orientação para

    adaptações dos conteúdos nas escolas no meio rural (SOUZA, REIS, 2009; BRASIL, 1996).

    No final dos anos 90, presencia-se a criação de diversos espaços públicos de debate sobre

    a educação do campo, como por exemplo: o I Encontro de Educadores e Educadoras da Reforma

    Agrária - I ENERA, em 1997, organizado pelo MST e com o apoio da Universidade de Brasília –

    UnB, entre outras entidades. Neste evento foi lançado um desafio: pensar a educação pública para

    os povos do campo, levando em consideração o seu contexto em termos políticos, econômicos,

    sociais e culturais. Sua maneira de conceber o tempo, o espaço, o meio ambiente e sua produção,

    além da organização coletiva, as questões familiares, o trabalho, entre outros aspectos

    (CALDART, 2002; MOLINA, 2006).

    Segundo Caldart (2002) durante o I ENERA foram colocadas em pauta às reflexões e

    práticas pedagógicas possíveis para o meio rural. Utilizava-se uma nova perspectiva de pensar a

    Educação do Campo, descentralizando as discussões nos estados e municípios. Nesse encontro

    surge a ideia de uma Conferência Nacional Por Uma Educação Básica do Campo.

    Segundo a autora esse foi um grande avanço, pois, permitiu a participação popular na

    construção de ideias e discussões que influenciariam as políticas públicas do país, Caldart (2002)

    afirma que:

    Toda vez que houve alguma sinalização de política educacional ou de projeto

    pedagógico específico, isto foi feito para o meio rural e muito poucas vezes com os

    sujeitos do campo. Além, de não reconhecer o povo do campo como sujeito da política e

    da pedagogia, sucessivos governos tentaram sujeitá-lo a um tipo de educação

    domesticadora e atrelada a modelos econômicos perversos (p.28).

    Percebe-se outro avanço após I ENERA, em 1998, foi criada a Articulação Nacional Por

    Uma Educação do Campo, sendo a mesma uma entidade que passou a promover e gerir as ações

    conjuntas pela escolarização dos povos do campo em nível nacional. Dentre as conquistas

    alcançadas por essa Articulação estão: a realização de duas Conferências Nacionais Por Uma

    Educação Básica do Campo - em 1998 e 2004; a instituição pelo Conselho Nacional de Educação

    - CNE; as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, em 2002 e a

  • 23

    instituição do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo (GPT), em 2003.

    (CALDART, 2002)

    Ainda, em 1998 foi realizada a I Conferência Nacional Por Uma Educação Básica do

    Campo, uma parceria entre o MST, UnB, Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF,

    Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura - UNESCO e Conferência

    Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. Esta Conferência é considerada um marco para o

    reconhecimento do campo enquanto espaço de vida e de sujeitos que reivindicam sua autonomia

    e emancipação. Nela foram debatidas as condições de escolarização face aos problemas de

    acesso, manutenção e promoção dos alunos; a qualidade do ensino; as condições de trabalho e a

    formação do corpo docente, além dos modelos pedagógicos de resistência que se destacam

    enquanto experiências inovadoras no meio rural. A socialização desses modelos sinalizava a

    construção de uma proposta de educação do campo e não mais educação rural ou educação para o

    meio rural (CALDART, 2002; MOLINA, 2006).

    Outro aspecto relevante se dá em 16 de abril de 1998, por meio da Portaria nº. 10/98. Foi

    criado o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA, vinculado ao

    gabinete do Ministério Extraordinário da Política Fundiária. Em 2001, o Programa passa a fazer

    parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA , no Ministério do

    Desenvolvimento Agrário - MDA. Considerando a diversidade de atores sociais envolvidos no

    processo de luta pela terra no país, o PRONERA é uma expressão do compromisso firmado entre

    o Governo Federal, as instituições de ensino, os movimentos sociais, os sindicatos de

    trabalhadores e trabalhadoras rurais, governos estaduais e municipais (BRASIL, 2004).

    O PRONERA surgiu a partir de um debate coletivo efetuado no I ENERA. Esse debate

    contou com a parceria do grupo de trabalho de apoio a Reforma Agrária da Universidade de

    Brasília, o MST e organizações nacionais e internacionais, tais como: CNBB, UNESCO E

    UNICEF. Após um período de reuniões e discussões sobre a temática em pauta no ENERA e, em

    função de um alto índice de analfabetismo e baixos níveis de escolarização entre os beneficiários

    do Programa de Reforma Agrária, decidiu-se dar prioridade à questão da alfabetização de jovens

    e adultos, sem deixar de contemplar as demais alternativas para a educação do campo (BRASIL,

    2004).

  • 24

    Segundo Silva (2010), o PRONERA é fruto da incansável luta dos movimentos sociais do

    campo que desponta no país com a missão de ampliar os níveis de escolarização formal dos

    trabalhadores rurais assentados; fortalecer o mundo rural como território da vida coletiva e suas

    dimensões econômicas, sociais, ambientais, culturais e éticas, além de executar políticas de

    educação em todos os níveis da Reforma Agrária.

    Já em 2002 foi aprovada a Resolução CNE/CEB nº. 01 de 03 de abril que instituiu as

    Diretrizes Operacionais da Educação do Campo, consolidando um importante marco para a

    história da educação brasileira e, em especial, para a educação do campo. Todavia, a lentidão fez

    com que as políticas de direito não alcançassem proporções significativas e se efetivassem

    concretamente nas escolas do campo de toda a sociedade brasileira (CALDART, 2002).

    Em 2004 foi criada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade -

    SECAD no âmbito do Ministério da Educação (Hoje Secretaria de Educação Continuada,

    Alfabetização, Diversidade e Inclusão Social - SECADI.) Nessa secretaria foi criada a

    Coordenação Geral da Educação do Campo. Este fato significou a inclusão na estrutura federal de

    uma instância responsável, especificamente, pelo atendimento das demandas do campo, a partir

    do reconhecimento de suas necessidades e singularidades. Sendo assim, podemos sinalizar com

    algumas iniciativas no âmbito do governo federal quanto à representação das identidades da

    escola do campo. Essa representatividade se dá através de programas, projetos e ações de

    atendimento escolar idealizado pela SECADI.

    Diante dos avanços históricos da educação do campo, Caldart (2004) chama a atenção

    para os desafios que perpassam as políticas de financiamento, a formação de educadores e a

    produção de materiais didáticos. Essas questões são extremamente necessárias no processo de

    construção da educação do campo. Nesse sentido, a autora salienta que:

    Não se trata de “inventar” um ideário para a Educação do Campo; isso não repercutiria

    na realidade concreta. O grande desafio é abstrair das experiências e dos debates, um

    conjunto de ideias que possam orientar o pensar sobre a prática de educação da classe

    trabalhadora do campo; e, sobretudo, que possam orientar e projetar outras práticas e

    políticas de educação (2004, p. 16).

    Dessa forma, o Ministério da Educação - MEC propôs a construção de uma política

    nacional de educação do campo, a partir do diálogo com as demais esferas da gestão do Estado e

    com os movimentos e organizações sociais do campo brasileiro. Os eixos orientadores dessa

  • 25

    política em construção seriam: a diversidade étnico-cultural como valor; o reconhecimento do

    direito à diferença e a promoção da cidadania (BRASIL, 2004), merecendo destaque: A

    construção de uma base epistemológica que busque a superação da dicotomia campo-cidade.

    Essas ações implicariam no fortalecimento e apoio à pesquisa de base que tenham como temática

    as questões que envolvem o campo, como por exemplo: educação, segurança alimentar,

    desenvolvimento sustentável, agroecologia, entre outros.

    Portanto, a luta por uma educação do campo deve ir além do que prescreve a Constituição

    de 1988, a LDBEN nº. 9394/96 e as diretrizes operacionais, devendo se constituir

    fundamentalmente pelos atores que nela estão envolvidos através de suas práticas educativas

    cotidianas, suas experiências e reais necessidades. Faz-se necessário materializar políticas e ações

    para a educação do campo que sejam realmente concretizadas nas inúmeras localidades desse

    território nacional. Esse debate deve combater com urgência o individualismo, o voluntarismo e

    as atitudes que geram apenas um amontoado de palavras “boas e bonitas” ou mesmo discursos e

    oratórias distantes das diversas realidades campesinas desse nosso Brasil (SOUZA, REIS, 2009;

    BRASIL, 1996; MOLINA 2006).

    Movimentos sociais e Educação do Campo: caminhos que se cruzam

    Segundo Gohn (2001), ao falarmos sobre movimentos sociais do campo estamos nos

    referindo especificamente aos movimentos de trabalhadores e trabalhadoras rurais, ou seja, de

    pequenos agricultores, de sem terras, de atingidos por barragens, de mulheres camponesas,

    indígenas, quilombolas, etc. Também consideramos que estes movimentos só podem ser

    compreendidos, ainda que se leve em conta suas particularidades, no âmbito da luta de classes na

    sociedade (LEHER, 2007).

    A educação é vista nesses movimentos como necessária para produzir e socializar ideias

    que orientem e possibilitem a ação política para promover a ruptura com a ordem social

    dominante, ou ainda, como ferramenta necessária para a construção do contra hegemonia.

    Todavia, adverte Leher (2007, p. 20), “sua força ou fraqueza tem relação direta com a

    correlação de forças e com o estado de auto-organização das forças populares”.

  • 26

    É a partir dessas considerações iniciais que podemos entender a estreita relação entre

    movimentos sociais e educação do campo.

    A educação do campo nasce ligada aos movimentos sociais e, poder-se-ia dizer, que vai se

    constituindo como uma reivindicação no próprio processo educativo vivido por seus sujeitos. Ou

    seja, a experiência nos movimentos sociais leva seus sujeitos a entenderem a necessidade de que

    a luta para permanecer na terra, pela reforma agrária, por um outro projeto de desenvolvimento

    do campo, exige também a necessidade de luta especialmente pela educação escolar. Esta é

    entendida como um direito que tem sido negado, historicamente, aos sujeitos do campo e como

    espaço fundamental para ir construindo uma nova hegemonia que se contraponha aos interesses

    das classes dominantes (CALDART, 2005).

    Uma conquista do conjunto das organizações do campo, no âmbito das políticas públicas,

    foi a aprovação das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo

    (Parecer nº. 36/2001 e Resolução nº. 1/2002 do Conselho Nacional de Educação). As diretrizes

    definem a identidade da escola do campo

    (...) pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na

    temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza

    futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos

    sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à

    qualidade social da vida coletiva no País (BRASIL, 2002, p. 37).

    Dessa forma, percebe-se que a partir dessa conquista a educação do campo ganha um

    novo sentido, principalmente quando a mesma está associada aos movimentos sociais, no qual

    defende essa educação que articula a criação de condições materiais para a vida no campo. Além

    disso, os movimentos sociais, especialmente o Movimento dos Trabalhadores e trabalhadoras

    Rurais Sem-Terra, têm um projeto educacional que está associado a um projeto político de

    transformação social (MÉSZÁROS, 2005).

    Diante dessas conquistas educação do campo evidencia-se como uma proposta

    educacional voltada para a necessidade de construção de uma consciência crítica do indivíduo em

    relação à realidade em que está envolvido no sentido de torná-lo um sujeito ativo na construção e

    transformação desta realidade e na intenção, não de inseri-lo no mundo, uma vez que dele nunca

    deixou de fazer parte, mas, de fazer-se reconhecer a ele mesmo, aos outros e ao mundo enquanto

  • 27

    homem e enquanto cidadão, como parte integrante deste, e indispensável na dinâmica das

    relações sócio, político-culturais existentes nele (FREIRE, 1979).

    Assim a Educação do Campo, diferente do modelo neoliberal de educação, contribui com

    a construção de uma memória coletiva, do resgate da identidade do homem do campo por meio

    da educação junto aos movimentos sociais e com a participação das crianças, jovens, adultos,

    idosos e mulheres, criando o sentimento de pertença ao grupo social ao qual a educação do/no

    campo está inserida, seja nas escolas dos assentamentos, acampamentos ou nas escolas em

    distritos ou comunidades quilombolas.

    A educadora Comilo (2008) traz uma contribuição interessante sobre o resgate da

    memória coletiva e o resgate da cultura camponesa, no sentido de entendermos as dificuldades na

    construção da identidade do homem do campo. Afirma que,

    [...] Muitas vezes o camponês recusa-se a assumir sua identidade, pois, ao longo de sua

    história, foi considerado como “rude” e inferior. O próprio campo é visto como um

    espaço inferior à cidade. A consciência de classe passa pela consciência de identidade,

    que, no caso aqui discutido, é a da cultura camponesa [...] (p. 21).

    O educando oriundo do campo quando vem para o meio urbano se depara com a outra

    tradição “bancária”, sendo o mesmo uma espécie de arquivador de informações. Dessa forma, o

    mesmo vai arquivar informações que não vão valorizar suas tradições e conhecimentos já

    adquiridos. Percebe-se que essa realidade é diferente nas escolas do campo, principalmente

    àquelas vinculadas ao MST, que adotam a Pedagogia do Movimento como referência à superação

    da prática pedagógica verticalizada, negadora da prática educativa dialógica: “Educa-se para

    arquivar o que se deposita” (FREIRE, 1979); “arquivados, porque, fora da busca, fora da práxis,

    os homens não podem ser” (Idem, 1987). Neste sentido, a proximidade com as questões de

    natureza teórico-prática presentes na ação pedagógica vem se tornando uma possibilidade de

    compreensão de um espaço de “recriação” e “reelaboração” como prática, a partir da totalidade

    educativa.

    Compreendemos enfim que para resgatar e construir a identidade do homem e da mulher

    do campo é necessário que haja mudanças culturais e comportamentais. A educação do/no campo

    e os movimentos sociais se cruzam enquanto fundamentos históricos para recriar reelaborar o

  • 28

    conceito de camponês, utilizando o “campo” como símbolo significativo, referindo-se assim, ao

    conjunto de trabalhadores que habita no campo (FERREIRA; BRANDÃO, 2011).

    Sindicalismo rural: um aliado forte dos interesses dos povos do campo

    É importante trazermos a título de conhecimento o conceito de sindicato. Segundo Gomes

    (1998):

    Sindicato é o agrupamento estável de várias pessoas de uma profissão, que

    convencionam colocar, por meio de uma organização interna, suas atividades e parte de

    seus recursos em comum, para assegurar a defesa e a representação da respectiva

    profissão, com vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho (p. 547).

    As primeiras formas de organização de trabalhadores e trabalhadoras rurais no Brasil,

    segundo Antunes (1980, p. 48) surgiram em 1858, no qual os mesmos se uniram para auxiliar

    outros que estavam passando por dificuldades. Sendo chamados de sociedades de socorro. Foram

    dessas associações que surgiram as uniões operárias.

    Com a chegada da indústria, esses movimentos cresceram e se tornaram insuficientes para

    atender a demanda dos operários. Devido à necessidade de atender melhor o trabalhador foi

    preciso organizar por ramo de atividade, assim facilitaria as ações desses movimentos

    (ANTUNES, 1980).

    Em 1955, a União dos Trabalhadores e Trabalhadoras Agrícolas no Brasil - ULTAB, e as

    ligas camponesas participavam dos movimentos sociais em defesa dos trabalhadores e

    trabalhadoras. Foi nesse período que surgiram as primeiras ligas camponesas no engenho da

    Galileia, no nordeste brasileiro (MOREIRA, 2011).

    [...] Ali se multiplicaram as ligas camponesas de Francisco Julião, com sede pública;

    primeiro para impor aos senhores de terra condições explícitas e menos espoliativas nos

    contratos anuais de arrendamento; depois, para pleitear a própria posse da terra, através

    de uma reforma agrária (MOREIRA, 2011, p. 362).

    Esses movimentos lutavam em defesa dos pequenos agricultores e também lutavam por

    preços mais em conta no arrendamento. Aos poucos as ligas camponesas se formavam em outros

    locais do Brasil, multiplicando-se em todo país (MOREIRA, 2011. p. 362).

  • 29

    Como podem observar às ligas camponesas foram às primeiras formas de organização dos

    trabalhadores e trabalhadoras rurais. A partir da organização por categoria, o homem do campo

    percebe que é preciso lutar para conquistar seus direitos. Pouco a pouco foram surgindo

    organizações trabalhistas sindicais, o campesinato entrava de forma decisiva na busca por uma

    melhor estrutura para o meio rural (COLETTI, 1998).

    O objetivo dos sindicatos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais era conquista pelo

    direito do trabalho, mas buscava também, o acesso à terra (COLETTI, 1998).

    As Ligas Camponesas e os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais - STR fundaram em 1963

    a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, sendo elaborado

    também o Estatuto do Trabalhador Rural. O objetivo da CONTAG era a união das lutas entre

    trabalhadores do campo e da cidade (COLETTI, 1998; CONTAG, 1994).

    Em síntese, a CONTAG procurou manter sua hegemonia na direção das ações que se

    travavam no campo, na condição de exercitar sua função de representação da categoria através da

    luta por direitos já existentes (principalmente os trabalhistas) e, sobretudo, mediante a bandeira

    da reforma agrária, mas norteando-se em fortalecer o sindicalismo rural brasileiro (COLETTI,

    1998; CONTAG, 1994).

    Diante desse contexto histórico, é importante ressaltar que os sindicatos voltados aos

    trabalhadores e trabalhadoras rurais (pequenos produtores, rendeiros, parceiros, meeiros e

    trabalhadores assalariados), somente iniciam um trabalho de base, na defesa dos trabalhadores do

    campo, a partir de 1978, devido a uma quebra de paradigma da igreja católica, que de certa forma

    começou a instruiu os produtores rurais (COLETTI, 1998).

    Dessa forma, percebe-se que a presença dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras

    Rurais (STR) passou a ser uma realidade cada vez mais visível nas pequenas cidades do interior

    do Brasil. Tendo com o surgimento dessas entidades e com a intensificação dos movimentos

    sociais, lutas para obter melhores condições de vida dos trabalhadores brasileiros (ANTUNES,

    1991).

    A sindicalização rural revela-se hoje em dia como um dos principais meios de realização

    efetiva da reforma agrária. Ela possibilita aos camponeses à auto-organização, para poderem

    instituir em seu próprio favor uma representação efetiva dos seus direitos, uma defesa legítima

    dos seus interesses, uma promoção eficaz das suas reinvindicações, além de ajudá-los a si e à

  • 30

    própria nação na realização da reforma agrária, pela pressão eventual que venham a exercer sobre

    o poder político (ABRAMOVAY, 1981).

    É, portanto, importante, considerar o sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais

    como lócus de aglutinação dos agricultores familiares e trabalhadores rurais, aparecendo como

    espaço de organização e canal de veiculação dos (novos) interesses sindicais e políticos dos

    agricultores familiares. O sindicato tem organizado ações políticas eficazes, tanto no âmbito de

    políticas agrícolas, como de políticas públicas de cunho mais geral (educação e saúde). O STR

    tem atuado também como um interlocutor dos agricultores familiares, e se mostrado capaz de

    pressionar vários órgãos públicos para que esses executem políticas que venham a beneficiar os

    agricultores de um modo geral. O sindicato aparece também como canal de reivindicações junto

    às agências bancárias para que estas liberem créditos entravados burocraticamente pelas

    instituições financeiras. Enfim, apesar dos avanços em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras

    rurais em vários aspectos, a exemplo de leis, organizações e lutas dos movimentos, ainda há

    muito que se construir para que se tenha uma valorização dos cidadãos que vivem no campo

    (DUQUE, 2002; MEDEIROS, 1989).

    Considerações finais

    Após concluir a pesquisa sobre a temática “Movimentos que Educam: da educação do

    campo ao campo dos movimentos sociais”, pode-se afirmar que a educação do campo se

    evidencia como uma proposta educacional voltada para a necessidade da construção de uma

    consciência crítico-coletiva do indivíduo, e que juntamente com os movimentos sociais o sujeito

    tornar-se ativo na construção e transformação desta realidade.

    Sendo importante, considerar que o sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais é

    um aliado forte nessa construção e transformação, pois, o mesmo é o lócus de aglutinação dos

    trabalhadores e trabalhadoras rurais, o espaço de organização e o canal de veiculação dos

    interesses sindicais e políticos dos mesmos. Sendo o real espaço para que ocorra transformação

    da realidade dos povos que habitam no campo.

    Compreendemos enfim que para resgatar e construir a identidade do homem e da mulher

    do campo é necessário que os mesmos possam estar presentes nesses espaços, reivindicando a

  • 31

    garantia de seus direitos e a sua valorização enquanto ser social. Portanto, a educação do campo e

    os movimentos sociais juntamente com o sindicato rural, lutam para que haja a valorização do ser

    camponês e tendo o próprio campo como símbolo significativo dessa efetivação.

    Referências

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    Dissertação (Mestrado em Economia) - Universidade de São Paulo - São Paulo: FFLCH - USP,

    1981.

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    (DF): MEC/SECAD/Grupo de Trabalho de Educação do Campo, 2004.

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  • 33

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  • 34

    FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: A EXPERIÊNCIA COM O

    PROGRAMA ESCOLA DA TERRA EM MINAS GERAIS

    Érica Fernanda Justino - UFMG

    Maria Isabel Antunes-Rocha - UFMG

    Introdução

    Este trabalho visa contribuir com reflexões no que tange à Formação Continuada de

    Professores dos anos iniciais do ensino fundamental que atuam nas Escolas do Campo,

    compreendendo o campo como território de tensões emanadas pelas desigualdades de classes.

    As escolas do campo atendem em sua maioria alunos dos anos iniciais do ensino

    fundamental, grande parte dessas escolas é mantida pelos municípios, tal expressividade na

    modalidade de ensino justifica a relevância da formação destinada aos professores que exercem a

    docência nessas escolas. Na história dos processos de formação continuada no Brasil muitas

    metodologias foram organizadas levando em consideração o momento histórico. Na década de

    1980 a formação tradicional foi muito marcante, utilizava-se o termo “reciclagem”,

    compreendendo o processo de formação como “[...] processos de modificação de objetos e

    matérias [...], ou até mesmo o lixo que seja processado para ter nova função com adubo”

    (MARIN, 1995, p. 14). Outro termo forte utilizado era a palavra treinamento, para a mesma

    autora o termo ainda “[...] é inadequado à natureza humana, uma vez que educar não significa

    mudar comportamentos e, sim, a construção de conhecimentos” (1995, p. 15).

    Aos professores das escolas do campo cabe a formação partindo de uma intencionalidade,

    relacionada não somente à remuneração e certificação, mas, sobretudo, como reconhecimento e

    iniciativa própria de inserção e compreensão do mundo.

    Nas palavras de Nóvoa (apud CANDAU, 1996, p.147) "A formação continuada deve

    alicerçar-se numa 'reflexão na prática e sobre a prática', através de dinâmicas de investigação-

    ação e de investigação-formação [...]".

    No Brasil há cerca de 50 mil escolas multisseriadas em áreas rurais e quilombolas, o

    estado de Minas Gerais conta com uma demanda de sete mil professores atuando nessas

    condições em centenas de escolas espalhadas gerais adentro.

  • 35

    No atendimento a esses professores, o Ministério da Educação lançou em 2011 o

    Programa Escola da Terra que oferece Formação para Professores dos Anos Iniciais do Ensino

    Fundamental, que atuam em classes multisseriadas em escolas do campo e comunidades

    quilombolas. O Programa surge em contraposição ao Programa Escola Ativa, criado na Colômbia

    em 1975, época em que a ditadura reinava na América Latina, baseada na filosofia da

    aprendizagem ativa e individualizada, em 1997 o Brasil adota pelo Ministério da Educação

    (MEC) a proposta, numa tentativa de solucionar problemas eminentes da organização das classes

    multisseriadas. O programa tem suas atividades encerradas em 2007.

    O Programa de Formação de Professores Escola Ativa, não obteve os resultados

    almejados em detrimento especialmente da metodologia adotada. A professora Celi Taffarel em

    entrevista afirma: “A constatação é que a preparação dos formadores está sendo proposta somente

    do ponto de vista técnico-pedagógico, faltando à dimensão científica consistente e a dimensão

    política” (TAFFAREL, 2015).

    E acrescenta que mesmo após reformulações o Programa não agregou a discussão

    necessária com os professores do campo de maneira a contribuir para a assunção dessa

    identidade, na concepção da educação do campo enquanto educação emancipatória.

    A nova versão do programa, com reformulações elaboradas em 2008 rebaixa novamente a

    teoria e incorpora de maneira aligeirada noções da educação do campo. (...) que tem sua

    identidade relacionadas às lutas sociais pela reforma agrária e por outro modelo de

    desenvolvimento econômico no campo (TAFFAREL, 2015). O Programa Escola da Terra surge

    então, como alternativa de reconstrução da estrutura da proposta de educação continuada,

    podendo configurar uma experiência significativa na formação continuada de educadores do

    campo, atravessada pelas discussões concernentes à educação do campo balizadas pela

    problemática local.

    O Programa Escola da Terra: política para formação continuada de educadores do campo

    e a formação de professores em minas gerais no contexto da educação do campo

    O Programa Escola da Terra se insere numa perspectiva de política pública constituindo

    uma ação do eixo de formação de professores do Programa Nacional de Educação do Campo,

  • 36

    PRONACAMPO, configurando um componente instrumental de observações e análises partindo

    da prática da formação.

    Ainda em fase de experimentação o estudo do Programa contribui para comprovação no

    plano da experiência prática como se dá a sistematização dos conceitos.

    A valorização desse tipo de pesquisa é pela "possibilidade que oferece de maior

    concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a base fatual. O significado

    dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas estes dados agregam impacto

    pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática" (DEMO, 1994, p.

    37).

    O Projeto iniciou suas atividades em 2014 e se projeta com estimativa de crescimento no

    país conforme exposto nos gráficos:

    A formação continuada dos professores que participam do Programa Escola da Terra

    caracteriza-se pela oferta de curso de aperfeiçoamento de 180 (cento e oitenta horas) utilizando a

    pedagogia da alternância, alternando, os espaços de formação denominados Tempo-Universidade

    e Tempo-Comunidade.

    A gestão, o controle e a mobilização social se caracterizam pela constituição de um

    arranjo institucional, articulando a Comissão Nacional de Educação do Campo e a Coordenação

    Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, com as instâncias colegiadas dos

    estados, do Distrito Federal e dos municípios.

    A qualificação dos docentes é de responsabilidade das instituições públicas de ensino

    superior que aderiram ao programa. Cada curso é organizado município a município, respeitando

    as peculiaridades da cultura local.

  • 37

    O monitoramento e a avaliação se caracterizam por visitas de acompanhamento

    pedagógico às escolas pelo menos uma vez ao mês pelos tutores responsáveis pela assessoria

    pedagógica acompanhando o desenvolvimento do trabalho dos professores junto às turmas, a

    evolução da aprendizagem dos estudantes, o uso dos materiais, bem como contribuindo com o

    aperfeiçoamento das estratégias de ensino com base nos conhecimentos adquiridos.

    No que diz respeito ao estado de Minas Gerais a demanda de cursistas é de

    aproximadamente sete mil professores atuando em classes multisseriadas conforme dados do

    censo escolar de 2014.

    A formação acontece em parceria da Secretaria de Estado de Educação, Secretarias

    Municipais e Universidade Federal de Minas gerais. Nessa versão inicial o estado atende

    dezessete municípios localizados nos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce, (Almenara,

    Aricanduva, Porteirinha, Rio Pardo de Minas, Francisco Sá, São Francisco, Minas Novas,

    Turmalina, Itamarandiba, Itinga, Jaboticatubas, Miradouro, Januária, Governador Valadares,

    Teófilo Otoni, São João da Ponte e Catuji).

    Inicialmente o Ministério da Educação disponibilizou para o estado a oferta de 1.000 (mil)

    vagas para formação de professores como cursistas. O estado extrapolou a oferta inicial e

  • 38

    capacita atualmente 1.180 (mil cento e oitenta) professores/cursistas dos anos iniciais do ensino

    fundamental das escolas do campo no estado.

    A estrutura da organização da equipe configura-se em elos, onde todos são

    imprescindíveis para que o processo se desenvolva e a aprendizagem/conscientização possa ser

    construída. O que pode ser representado pela mandala abaixo.

    A sistematização dos conteúdos privilegia a organização por áreas do conhecimento, nas

    quais o educador divulga e produz conhecimentos pelo registro e sistematização partindo da

    experiência/saberes dos sujeitos.

    A formação continuada deve estar articulada com o desempenho profissional dos

    professores, tomando as escolas como lugares de referência. Trata-se de um objetivo que

    só adquire credibilidade se os programas de formação se estruturar em torno de

    problemas e de projetos de ação e não em torno de conteúdos acadêmicos.

    (NÓVOA, 1991, p. 30).

    O Programa de Formação Escola da Terra tem sua proposta metodológica em

    conformidade com o que Tardif diz que “é impossível compreender a natureza do saber dos

    professores sem se colocar em íntima relação com o que o professores, nos espaços de trabalho

    cotidiano, são, fazem pensam e dizem” (2002, p.15).

  • 39

    Socializando e produzindo conhecimento como prática social, partindo das

    experiências/saberes dos sujeitos mediados pelas ações/ práticas o Programa exerce não só sua

    função elementar de formação como cumpre sua função social.

    Educação do Campo: referência teórica e política para a formação continuada

    Por muitos anos a educação rural no Brasil, foi negligenciada em detrimento de

    pensamentos estigmatizados e intencionalmente traçados, inferiorizando e relegando a exclusão

    as populações do campo, vistas como povo de atraso que quando tinham acesso à escolarização

    era em uma escola também vista como atrasada.

    Exercer a docência nas escolas rurais foi durante muito tempo, uma atitude de punição

    político partidária, uma vez, que nenhum professor elegia essas escolas como predileção de

    atuação, o que reduzia o número de professores aptos a lecionar, nesse interim professores mal

    formados formavam mal os estudantes, alimentando o ciclo que caracterizava a subalternização a

    que as populações rurais eram assujeitadas.

    Os tímidos programas que ocorreram no Brasil para a educação rural foram pensados e

    elaborados sem seus sujeitos, sem sua participação, mas prontos para eles. (...). A

    educação rural projeta um território alienado porque propõe para os grupos sociais que

    vivem do trabalho da terra, um modelo de desenvolvimento que os expropria

    (MOLINA; FERNANDES, 2004, p. 61-62).

    Nesse movimento de tensão, acontece em Brasília no ano de 1997 o I ENERA, Encontro

    Nacional de Educadores da Reforma Agrária que estabeleceu a necessidade urgente de ruptura

    com o modelo vigente de educação rural, propondo então, um novo olhar acerca da educação

    oferecida aos povos do campo. Durante o encontro vários questionamentos foram propostos o

    que desencadeou a elaboração do Manifesto dos Educadores e Educadoras da Reforma Agrária

    do povo brasileiro.

    Nessa ocasião as Educadoras e Educadores da Reforma Agrária, declaram:

    No Brasil, chegamos a uma encruzilhada histórica. De um lado está o projeto neoliberal,

    que destrói a nação e aumenta a exclusão social. De outro lado, há a possibilidade de

    uma rebeldia organizada e da construção de um novo projeto. Como parte da classe

    trabalhadora de nosso país, precisamos tomar uma posição. Por essa razão, nos

    manifestamos (MST, 1997, s/p).

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    Além do MST, participaram do encontro a Universidade de Brasília (UnB), o Fundo das

    Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Organização das Nações Unidas para Educação,

    Ciência e Cultura (UNESCO) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). De acordo

    com Kolling, Nery e Molina (1999), neste evento surgiu o desafio de se criar um espaço de

    reflexão mais amplo, para discussão das temáticas relativas ao campo enquanto espaço de cultura,

    relações e modo diferenciado de produção e reprodução da vida.

    De tal encontro nasce o movimento “Por uma Educação do Campo” que culminou com a I

    Conferência Nacional “Por uma educação básica do campo” estabelecendo dentre outras

    demandas um redimensionamento da educação destinada aos campesinos, “recolocar o rural e a

    educação que a ele se vincula na agenda política do país (...) vinculada às estratégias de

    desenvolvimento para os camponeses de todos os setores culturais” (KOLLING, NERY;

    MOLINA, 1999, p.3).

    Podemos elencar esse momento como marco primogênito o qual abriu os caminhos para

    que a da educação do campo conquistasse espaço nas esferas de políticas públicas e diálogos com

    a sociedade civil organizada.

    (...) o propósito é conceber uma educação básica do campo, voltada aos interesses e ao

    desenvolvimento sociocultural e econômico dos povos que habitam e trabalham no

    campo, atendendo às suas diferenças históricas e culturais para que vivam com

    dignidade e para que, organizados, resistam contra a exclusão (KOLLING; NERY;

    MOLINA, 1999, p. 28-29).

    Uma conquista importante se dá em 16 de abril de 1998, por meio da Portaria nº. 10/98

    que criou Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA, vinculado ao

    gabinete do Ministério Extraordinário da Política Fundiária.

    Em 2001, o Conselho Nacional de Educação aprovou as Diretrizes Operacionais para a

    Educação Básica das Escolas do Campo, seguida em 2002 com aprovação da Resolução

    CNE/CEB nº. 01 de 03 de abril que instituiu as Diretrizes Operacionais da Educação do Campo

    que traça os rumos da educação do campo no país.

    Em 2004, aconteceu a II Conferência Nacional por uma Educação do Campo, com foco

    na temática “Por uma Política Pública de Educação do Campo”. A Resolução nº. 2, de 28 de abril

    de 2008, estabeleceu as diretrizes complementares da Educação do Campo. Ainda em 2010 o

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    decreto 7352 que dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de

    Educação na Reforma Agrária - PRONERA.

    Em março de 2012 o governo federal lança o Programa Nacional de Educação do Campo

    - PRONACAMPO, que oferece apoio técnico e financeiro para implementação da política de

    Educação do Campo. Em 2014, a presidenta Dilma Rousseff publica a lei nº. 12.960 que proíbe o

    fechamento de escolas no campo sem o assentimento prévio da comunidade local.

    Formação continuada na Educação do Campo: o que dizem as legislações e a prática

    É importante ressaltar que o processo histórico da Política de Formação de Professores no

    Brasil é atravessado por projeto histórico-social e projeto neoliberal. As políticas educativas

    neoliberais têm tido a finalidade de atender às exigências para o trabalho docente, ajustando-se à

    formação/qualificação de um trabalhador adequado ao modelo de reestruturação do capital.

    Substituindo o espaço outrora ocupado pelas políticas assentes em preocupações sociais, tais

    políticas têm se voltado a uma formação docente pautada no discurso de competência, conceito

    muito utilizado na contemporaneidade e que busca atender aos princípios da flexibilidade,

    autonomia e criatividade.

    Esse arcabouço teórico justifica, no contexto neoliberal, a implementação de legislações e

    o desenvolvimento de programas que se pautam na ideia da universalização da educação, o que

    pode levar à redução das desigualdades sociais, mas é inegável que sua meta primordial é a

    qualificação da mão de obra. (SEVERINO, 2007). O que é reforçado p