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Educação Contemporâneae a Lei 10.639/2003

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Educação Contemporâneae a Lei 10.639/2003

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Título |Editor |

Projeto Gráfico |Diagramação |

Capa |Revisão ortográfica |

Conselho Editorial |

Educação Contemporânea e a Lei 10.639/2003Brenda Lins Bianca Vatiele RibeiroEdileno Santana Capistrano FilhoRafael BacellarThaís AlvarengaCaio Vinicius Menezes NunesPaulo Costa Lima

Editora 2B Ltda.R. Dr. José Peroba, 275 - Stiep, Cond. Metropolis Empresarial, Salas 109 e 110, CEP: 41770-235, Salvador-BA.Telefone: (71) [email protected]

© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora 2B Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Educação Contemporânea e a Lei 10.639/2003 / Alexandre Lima Santana ... [et al.], autores ;

Edileide Maria Antonino da Silva, coordenação. – 3. ed. – Salvador : 2B, 2019.

232 p. : il. ; 17x24 cm. – (Coleção Manuais de Pedagogia ; v. 3).

ISBN 978-85-54815-59-2

1. Brasil. [Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003]. 2. Ensino - Legislação - Brasil. 3. Programas

de ação afirmativa na educação. 4. Cultura afro-brasileira - Estudo e ensino (Ensino

fundamental). 5. Discriminação na educação. 6. Brasil - Relações raciais. I. Santana,

Alexandre Lima, aut. II. Silva, Edileide Maria Antonino da, coord.

Elaboração: Fábio Andrade Gomes - CRB-5/1513

E24

CDD: 379.26

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Licenciada em História pela UNICESUMAR, Graduada em Secretariado Executivo pela UCSal,

Especialista em Gestão Pública pela UNESI, desenvolvendo atividades há mais de 20 anos na

Fundação Cidade Mãe na Gerencia de Programas e Projetos Especiais, no momento dedican-

do estudo a lei 10639/2003.

Doutora e Mestra em Educação e Contemporaneidade (UNEB – Universidade do Estado

da Bahia). Especialista em Educação Especial, Psicopedagogia e Educação em Ambientes

Hospitalares. Pedagoga (UFBA – Universidade Federal da Bahia). Professora da Universidade

Católica do Salvador (UCSal) e da SMED, na Fundação Cidade Mãe. Membro do Grupo de

Pesquisa e Estudos em Psicanálise e Educação e Representação Social – GEPPE-rs (UNEB),

líder do Grupo de Pesquisa Ensinar, Aprender e Avaliar: processos de Ensino e Avaliação na

Educação Básica (UCSAL). Estuda o impacto e aplicação da Lei 10.639/2003 na escola básica.

Coordenadora

Graduando em Matemática pela Universidade Católica do Salvador – UCSal e Técnico em

contabilidade, com formação em Treinamento de líderes.

Mestra em Língua e Cultura pela UFBA e licenciada em Letras Vernáculas com Inglês pela

mesma universidade. Como bolsista de pós-graduação no mestrado, em 2015, analisou o

tema de dissertação A Realização do Sujeito Pronominal no português popular de Salvador.

Tem experiência na área de Linguística, com ênfase na Teoria Sociolinguística Variacionista.

ALEXANDRE LIMA SANTANA

ELAINE CARVALHO

ANA ARIEL PEREIRA NOVAIS

EDILEIDE MARIA ANTONINO DA SILVA

AUTORES

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Doutora em Educação e Contemporaneidade (UNEB – Universidade do Estado da Bahia).

Mestra em Educação (UFBA - Universidade Federal da Bahia). Especialista em Metodologia

do Ensino Superior (UNEB – Universidade do Estado da Bahia). Professora de História (ISBA

- Instituto Social da Bahia). Membro do Grupo Gestor do FBEI - Fórum Baiano de Educação

Infantil. Estuda História, Educação, Memória, Museu, Metodologia de Ensino de História, Di-

dática do Ensino de História e a Lei 10.639/2003.

Advogada (Universidade Católica do Salvador – UCSal) Pós-graduanda em Gestão de Confli-

tos e Mediação Familiar e Graduanda em Pedagogia pela Universidade Católica do Salvador.

Pedagoga e escritora, tem experiência na Educação Infantil, Educação de Jovens e adultos

(EJA) e em coordenação pedagógica. Técnica e formadora de professores pra a implantação

da Lei 10.639/2003.

Especialista em Psicologia Social e Psicóloga.Tem atuação dedicada à promoção e defesa

dos direitos humanos, principamnente de crianças e adolescentes.

Mestre em Preservação do Patrimônio pelo Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional

(IPHAN). Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Católica do Salvador (UCSal).

Professor de História do SESI, Colégio São e Anchieta.

HELOISA HELENA TOURINHO MONTEIRO

LARISSA MASCARENHAS DE OLIVEIRA

MARIA LUISA PASSOS DOS SANTOS

LUANA PEIXOTO

IRAN SOUZA DA CONCEIÇÃO

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Mestre em Educação e Contemporaneidade (Universidade do Estado da Bahia_ UNEB).

Especialista em Alfabetização e letramento. Pedagoga (Universidade do estado da Bahia_

UNEB). Professora da Rede Municipal de Salvador (SMED) e da Pós- Graduação em Educação

da Universidade Salvador (Unifacs). Estuda temas relacionados à leitura, Literatura, formação

de leitores, formação docente na Educação básica e a lei 10639/2003.

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Sudoeste da

Bahia – PPGED\UESB; mestre pelo Programa Multidisciplinar em Estudos Étnicos e Africa-

nos do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia – CEAO\UFBA;

membro do grupo de Estudos e Pesquisas sobre a antiguidade clássica e suas conexões afro-

-asiáticas da Universidade Federal de São Paulo; graduado em História pela Universidade

Católica do Salvador - UCSAL; possui experiência na área de história; história da África; evo-

lução humana no continente africano; descolonizações; cinema africano; atua como educa-

dor em cursos de formação de Educação para as Relações Étnico Raciais, história da África e

da cultura afro-brasileira; membro do quadro de professores da especialização em história

social da parceria entre a Faculdade Visconde Caíru e a Associação Classista dos professores

do estado; atuou como professor no curso de formação de professores (150hrs) das redes

estadual e municipal de educação – promovidos pelo Instituto Anísio Teixeira – IAT - para

implementação das leis 10.639\03 e 11.645\08 ministrando diversas oficinas temáticas.

SARA MENEZES REIS DE AZEVEDO

MÁRCIO LUIS DA SILVA PAIM

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A coleção Manuais de Pedagogia é o melhor e mais completo conjunto de obras

voltado para a capacitação e aprovação de Pedagogos em concursos públicos no Brasil.

Elaborada a partir de uma metodologia que julgamos ser a mais apropriada ao estudo

direcionado para as provas em Pedagogia, contemplamos todos os volumes da coleção

com os seguintes recursos:

✓ Teoria esquematizada de todos os assuntos;

✓ Questões comentadas alternativa por alternativa (incluindo as incorretas);

✓ Quadros, tabelas e esquemas didáticos;

✓ Destaque em negrito e sublinhado para as palavras-chave;

✓ Questões categorizadas por grau de dificuldade, de acordo com o modelo a seguir:

FÁCIL

INTERMEDIÁRIO

DIFÍCIL

Elaborada por professores com sólida formação e conhecimento no assunto, a presen-

te obra é composta por um conjunto de elementos didáticos que, em nossa avaliação, oti-

mizam os estudos, contribuindo assim para a obtenção de altas performances em provas

e concursos em Pedagogia.

Bons estudos!

BRENDA LINSEditora

VOLUME 3 - EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E A LEI 10.639/2003

APRESENTAÇÃO

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CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 3

A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/031: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

POLÍTICAS AFIRMATIVAS: REFLEXÕES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

EFETIVAR A 10.639/03 É MUITO MAIS QUE CUMPRIR A LEI

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................

O CONTEXTO DA APROVAÇÃO DA LEI 10.639/2003 E DOCUMENTOS

PRECURSORES.....................................................................................................

A LEI 10639/033 NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO: AVANÇOS, ENTRAVES E

DESAFIOS.............................................................................................................

CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS........................................................................

QUADRO RESUMO................................................................................................

QUADRO ESQUEMÁTICO.....................................................................................

QUESTÕES COMENTADAS...................................................................................

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INTRODUÇÃO............................................................................................................

HISTORIOGRAFIA......................................................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................

QUADRO RESUMO....................................................................................................

QUADRO ESQUEMÁTICO.........................................................................................

QUESTÕES COMENTADAS.......................................................................................

REFERÊNCIAS............................................................................................................

A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NO MATERIAL DIDÁTICO E SEU IMPACTO NO

DESENVOLVIMENTO DOS EDUCANDOS................................................................

EFETIVANDO A 10.639, UMA IDEIA PARA PRÁTICA..............................................

CONTO.......................................................................................................................

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTO.........................................................................

QUADRO RESUMO....................................................................................................

QUADRO ESQUEMÁTICO..........................................................................................

QUESTÕES COMENTADAS.......................................................................................

REFERÊNCIAS............................................................................................................

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CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 5

O OLHAR HISTORIOGRÁFICO SOBRE A LEI 10.639

O CONTEXTO INTERNACIONAL E O PROGRAMA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS NO BRASIL: AVANÇOS E DESAFIOS DA LEI 10.639\03

INTRODUÇÃO: A PROPOSTA A SER DISCUTIDA....................................................

O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO ENSINO E APRENDIZAGEM EM HISTÓRIA.....

A PAUTA DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL...................................................................

UM OLHAR SOBRE A LEI 10.639.............................................................................

QUADRO RESUMO...................................................................................................

QUADRO ESQUEMÁTICO.........................................................................................

QUESTÕES COMENTADAS.......................................................................................

REFERÊNCIAS...........................................................................................................

INTRODUÇÃO: ANTECEDENTES.............................................................................

AS CRISES DA ÁSIA, A RÚSSIA, E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA ECONOMIA

BRASILEIRA..............................................................................................................

A ECONOMIA BRASILEIRA E OS DESDOBRAMENTOS DAS CRISES ASIÁTICAS

E RUSSA EM FINS DOS ANOS 1990........................................................................

A CRISE RUSSA E A ECONOMIA BRASILEIRA.........................................................

OS IMPACTOS DAS CRISES ASIÁTICAS E RUSSA NA ECONOMIA BRASILEIRA

NA DÉCADA DE 2000: O PROGRAMA NACIONAL DE AÇÕES AFIRMATIVAS......

A CONFERÊNCIA DE DURBAN E O CONTEXTO ECONÔMICO DO BRASIL EM

2001: O PROGRAMA NACIONAL DE AÇÕES AFIRMATIVAS..................................

OS DESDOBRAMENTOS DO PROGRAMA NACIONAL DE AÇÕES

AFIRMATIVAS: LEI 10.639, OBSTÁCULOS E DESAFIOS.........................................

LEI 10.639\03............................................................................................................

AVANÇOS, OBSTÁCULOS E DESAFIOS...................................................................

CONCLUSÃO.............................................................................................................

QUADRO RESUMO...................................................................................................

QUADRO ESQUEMÁTICO.........................................................................................

QUESTÕES COMENTADAS......................................................................................

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CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 6

MATEMÁTICA

PORTUGUÊS

QUESTÕES COMENTADAS ......................................................................................

QUESTÕES COMENTADAS ......................................................................................

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CAPÍTULO

O que você irá ver nesse capítulo:

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A implementação da lei 10.639/03: Desafi os e possibilidades na

educação básica 1

IntroduçãoImplementação da Lei 10.639O contexto da aprovação da lei 10639/03 e documentos precursoresA lei 10639/033 nas instituições de ensino: avanços, entraves e desafi osQuadro resumoQuadro esquemáticoQuestões comentadasReferências

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INTRODUÇÃO

No Brasil, no ano de 2003, acontecia a aprovação da Lei 10.639 que tornou obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio das redes de ensino público e particular. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Bra-sileira deveriam perpassar por todo o currículo escolar, sendo enfatizados nas áreas de Educação Artística, Literatura e História Brasileira.

A aprovação da lei, por si só, não garantiu a promulgação de práticas pedagógicas refl exivas, transdisciplinares, inclusivas e menos racistas. Po-rém, reconhecemos a relevância desse documento, em caráter nacional e internacional, constituindo-se como um marco legal e histórico no com-bate efetivo ao racismo sistemático e institucionalizado tão presente ain-da em nossa cultura.

Essa lei (10639/03) é fruto de lutas históricas de diversas frentes nacio-nais e internacionais, como o Movimento Negro (no Brasil) e a Organiza-ção das Nações Unidas (ONU). Destaca-se a iniciativa da ONU em promo-

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CAPÍTULO 1

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ver um relevante diálogo sobre a temática na Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Conectas de Intole-rância (realizada na África do Sul, de 31/08 a 07/09/2001). Traremos mais reflexões em torno desse contexto adiante.

O fato é que, sobre os temas relacionados à África, estudava-se algo es-tereotipado e com muitas limitações de verdades, pois o que se dizia nas salas de aula é que se tratava de um continente de misérias, sofrimento, pobreza extrema, sem contexto político e social e, menos ainda, cultural. Apenas o lugar de onde vinham os homens que na história do Brasil fo-ram chamados de escravos, trazidos à força para trabalhar na mão de obra desse país, cujo povo que aqui chegara não se dispunha aos trabalhos subalternos.

Compreendemos a necessidade premente daquele momento de se discutir outro modelo de ensino para a História e, quem sabe, para todo o contexto escolar. Até então, e por muito tempo, o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana teve o caráter da discussão sobre a es-cravidão. Limitava-se ao histórico da chegada dos navios negreiros, dos homens negros que de lá desembarcavam na condição de escravizados e à história da miscigenação que deu origem ao povo brasileiro.

Hoje, no entanto, sabe-se que já existem mudanças significativas, pois discutir estes temas em sala de aula com tantas limitações de conheci-mento, sem aprofundar na verdade da África, já não produz efeitos posi-tivos nos alunos, já não cabe no contexto escolar da contemporaneidade, momento histórico no qual se vive. E não é opção do professor discutir isso ou aquilo com os alunos, pois a História Afro-brasileira faz parte do currículo como tema transversal, ou seja, por ser uma questão curricular tem caráter obrigatório, deve ser abordado em sala e debatido nos diver-sos componentes curriculares dos cursos; na BNCC – Base Nacional Co-mum Curricular – consta que

[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e inte-gradora.

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A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03 : DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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No caso, dentre outras temáticas, refere-se à educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e in-dígena (Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP nº 1/200422), mas o documento apresenta o tema in-serido em habilidades a serem construídas nos componentes curriculares de acordo com as demandas de cada contexto.

Frente a assunto tão relevante e que trata da origem do povo brasileiro, acreditamos que este deve ser de maior alcance, ultrapassando a escola e sendo ponto de discussão social no Brasil. Pensando dessa forma, foi possível constatar que são muitos os eventos organizados para discutir a história do negro, da resistência negra, do racismo e de religiões de matriz africana e esta é uma forma de manter a história viva e buscar equidade entre as etnias que compõem o povo brasileiro.

O CONTEXTO DA APROVAÇÃO DA LEI 10639/03 E DOCUMENTOS PRECURSORES

É necessário demarcar algumas situações, documentos e movimentos

históricos que foram precursores da aprovação da lei 10639/03, para com-preender a sua relevância e urgência no Brasil.

No contexto internacional, destacamos as iniciativas das Organizações das Nações Unidas (ONU) em promover seminários e debates sobre as temáticas do racismo e intolerância, a partir dos anos 1980, e lutas dos Movimentos Negros norte-americanos dos anos 1960/1970 pelos direitos civis, além das guerras de libertação e independência dos países africanos colonizados.

No contexto nacional, desde os anos 1970, a atuação e amplitude do Movimento Negro foi maior percebida. Já havia registros do referido Mo-vimento sobre a necessidade de (re)pensar a questão do negro nos livros didáticos, especialmente sobre os estereótipos em torno da escravidão e referência à África apenas como um continente “explorado e sofrido”.

Essas primeiras iniciativas foram impulsionadas pela constatação de que os PCN´s abordaram muito genericamente a temática racial/étnica na “pluralidade cultural”, sem maiores aprofundamentos ou tendo como consequências a produção de políticas educacionais.

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CAPÍTULO 1

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Com o fechamento político imposto no período da ditadura militar, a partir do golpe de 1964, a militância negra organizada foi espalhada e “ca-muflada” pelos movimentos sociais de resistência e luta contra a ditadura. Nas poucas brechas políticas que surgiam, foram formadas organizações culturais como: Sinba (Sociedade de Intercâmbio Brasil-África), e no Rio de Janeiro, o Movimento Negro Unificado (MNU) que se consolidou como entidade negra nacional.

Ao ser implementada em 2003, a Lei 10.639 se constituiu como uma significativa alteração e ampliação da/na LDB – Lei de Diretrizes e Bases Nacionais da Educação (lei 9394/96). A Lei 9394/96, também conhecida como Lei Darcy Ribeiro (homenagem ao educador e político brasileiro, um dos principais formuladores desta lei), foi sancionada em 1996 e trata-se da lei orgânica e geral que regimenta educação brasileira; esta, no entan-to, não foi a primeira lei de diretrizes e bases da educação brasileira; outras duas já haviam sido implementadas e pensadas por longo tempo.

A primeira LDB tramitou por treze anos até ser aprovada em sua versão final, em 20 de novembro de 1961, pelo então presidente João Goulart. Dez anos depois, durante o regime militar, com o número de Lei 4.024, instituiu-se a segunda versão da lei de diretrizes para a educação. No en-tanto, foi com a atual, aprovada em dezembro de 1996, que se possibilitou ampliação de temas relevantes para a educação no Brasil. Um desses te-mas foi tratado com maior respeito a partir de 2003, com a alteração pela lei 10.639/2003, que trata do ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas da educação básica em caráter de obrigatoriedade.

O documento supracitado define que todas as escolas de Ensino Fun-damental e também de Ensino Médio, sejam de rede particular ou da rede pública, “ficam obrigados a ministrar o ensino sobre História e Cultura Afro--Brasileira”, ou seja, “o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da socie-dade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil” (art. 26, §1º).

Isso deve ser possibilitado com a inserção dos assuntos de forma trans-versalizada em todo o currículo, definindo-se, assim, que “os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”.

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A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03 : DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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É relevante lembrar também que a elaboração e aprovação de Diretri-zes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira (no ano de 2004, por parte do pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), se inseriu no processo de institucionalização e efetivação da Lei nº 10.639/03. Tais Diretrizes apresentaram um conjunto de determinações e orientações voltadas à implementação dessa lei.

Compreende-se que é preciso que se possibilite por meio das Artes e da Literatura que a História do Brasil, e inclusive de momentos pré-Brasil, seja revelada e debatida em sua integralidade no nível da Educação Bási-ca. Desde o início da escolarização, faz-se necessário que os educandos conheçam sua história real em todas as suas riquezas.

A proposta maior é que, por meio da lei 10.639, se eduque os sujeitos para a compreensão da pluralidade étnico-racial, possibilitando a constru-ção de uma identidade cultural brasileira e africana. Não tem sido tarefa simples desconstruir e reconstruir uma história contada de forma envie-sada, e também não é simples dado o despreparo dos educadores sobre a temática.

Ainda é necessário estar próximo e subsidiar, como foi feito pelos movi-mentos negros logo após a implementação da lei, a incorporação de ativi-dades que contemplem a diversidade étnico-racial nas escolas, pois o que se vê são trabalhos pontuais e superficiais, geralmente alguns eventos ra-sos em maio e em novembro que, no fim, não provocam o pensamento reflexivo do aluno.

É insuficiente um trabalho marginalizado, sem aprofundamento e sig-nificado real para a comunidade escolar. Nessa direção, destacamos que é preciso (re)pensar a formação docente, preparando-se também os gesto-res escolares. Tal formação deve contemplar a

[...] compreensão da dinâmica sociocultural da socieda-de brasileira, visando à construção de representações sociais positivas que encarem as diferentes origens cul-turais de nossa população como um valor e, ao mesmo tempo, a criação de um ambiente escolar que permita que nossa diversidade se manifeste de forma criativa e transformadora1.

1SITE: Formação em Direitos Humanos. http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/?p=1644

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CAPÍTULO 1

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Professores e gestores são peças fundamentais para a promoção desta transformação. Assim, trazendo essa discussão de forma interdisciplinar e transversalizada, não estaremos apenas trazendo um novo assunto para a pauta, e sim possibilitando reflexões dos alunos sobre a própria história sobre a democracia racial e a formação da sociedade brasileira.

O debate sobre a temática proposta na Lei 10.639 apresenta-se como um elemento fundante para o fortalecimento de identidades étnicas. Por meio das discussões sobre a real história do povo africano e brasileiro, pre-tende-se que os sujeitos se identifiquem historicamente e se percebam construtores dessa história. Em sala de aula, levantar tais debates visam também dirimir (pre)conceitos raciais discriminatórios que poluem tanto a escola como a sociedade em geral.

No art. 53, a lei trata da obrigatoriedade de criação e organização nos currículos dos cursos e programas de educação de componentes que se debrucem sobre a história afro-brasileira. Desde a implementação da Lei, as universidades têm ofertado mais disciplinas que tratam da questão, es-pecialmente nas licenciaturas, mas ainda assim a transformação é lenta. Muitas vezes, as ementas não atendem à necessidade e é necessário de ampliar cada vez mais o debate.

Nas instituições e Ensino Superior, os estudos poderão ser desenvol-vidos em componentes curriculares e atividades complementares na ini-ciação científica e na extensão (cursos e serviços) e em atividades extra-curriculares. Nos cursos de licenciatura (formação de professores para a educação básica), é bom que fique claro que a História e Cultura Afro-Bra-sileira deve ser disciplina obrigatória, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.

Já é possível se constatar uma preocupação com o tema nos cursos de pós-graduação, o que denota o desejo dos professores de aprofun-damento. Identificamos, no mercado educacional, grande número de especializações em História da África e mais diretamente sobre a Lei 10639. Nos cursos de pós-graduação strictu sensu também são diversos os trabalhos sobre o tema.

A LEI 10639/033 NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO: AVANÇOS, ENTRAVES E DESAFIOS

Com a implementação da lei foi instituído o dia Nacional da Consciên-cia Negra (20 de novembro) em homenagem ao dia da morte do líder qui-

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A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03 : DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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lombola negro Zumbi dos Palmares. Essa data é marcada pela luta contra o preconceito racial no Brasil, é dia de grandes manifestações e eventos para debate sobre o tema. Em algumas cidades do Brasil tornou-se feriado.

A implementação da lei nas escolas exigiu a formação dos professo-res sobre esse assunto, mas nem todos tiveram oportunidade para tal e a questão permaneceu: como trabalhar a história da África em sala de aula? Os livros didáticos já foram reformulados para contemplar a lei, mas ainda é grande a carência de conhecimento por parte dos professores.

Em muitas redes de ensino foram ofertadas aos professores possibi-lidades de participar de eventos e estudos e de fato, naqueles primeiros anos, viu-se investimentos pessoais e institucionais, sempre com a pro-posta de melhor trabalhar com o objeto da Lei 10.639. Emergiram e fervi-lharam discussões sobre a História da África e do nosso povo. Aos poucos, no entanto, tais demandas foram diminuindo ao longo da década.

Quinze anos depois é possível perceber nas escolas uma maior efeti-vação do trabalho com a História Afro-Brasileira. Atende-se ao disposto na lei, mas ainda são muitos os professores que permanecem sem saber como trazer a discussão efetivamente para dentro do planejamento di-ário/semanal, pois são escassas as referências históricas, haja vista que, para muitos, erroneamente, inicia-se no Brasil, com a escravidão, a his-tória do negro.

Corroboramos com Guedes, Nunes e Andrade (2013) ao afirmar que apesar de muitos materiais didáticos sobre o assunto terem sido reade-quados e/ou produzidos, além das revisões nos conteúdos serem realiza-das (a fim de desenvolver a prática pedagógica sem as deturpações que fizeram parte do estudo da África nas escolas durante anos), ainda não há uma coerência entre a teoria e a prática no que diz respeito a essa lei.

As questões relativas à aplicabilidade da lei já foram e ainda são discutidas em diversos eventos científicos envolvendo vários especialistas, resultando em pro-postas, posicionamentos, materiais de apoio aos pro-fessores e outras propostas. Entretanto, infelizmente, ainda encontramos profissionais da educação sem o preparo necessário para trabalhar as questões relativas à História e cultura afro-brasileira e africana (AGUIAR; AGUIAR, 2010, p.94)

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CAPÍTULO 1

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O que temos observado, muitas vezes, são esforços isolados de alguns professores incluírem nas atividades pedagógicas assuntos que valorizem o conhecimento de História da África junto aos alunos e a escola. Algumas instituições ainda estão pouco engajadas para promover o ensino volta-do para a diminuição das desigualdades étnico-raciais, numa perspecti-va para além da promoção de ações nas semanas/datas comemorativas, como o dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. In-felizmente, este é, muitas vezes, um momento único para discussão de assunto tão relevante.

Se hoje é componente curricular integrante na formação de professo-res, entende-se que aqueles formados há mais tempo estão na desvan-tagem de não terem cabedal necessário para entrarem no diálogo atu-al. Reconhecemos que, mesmo após tantos anos da promulgação da lei, ainda existe uma grande carência de conhecimentos, por parte de alguns professores, para que possam embasar as discussões pertinentes sobre a história afro-brasileira.

Percebe-se, porém, aumento da preocupação nessa direção por parte do professor com a cultura e história africanas, tendo em vista a procura e a oferta nos cursos de pós-graduação sobre estes estudos, já que a lei não disciplina com relação aos cursos para formação ou aperfeiçoamento de professores neste campo.

CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

Esse debate suscita a reflexão sobre o que está sendo feito na escola com as culturas que deram forma à cultura brasileira. Os estudos afro-bra-sileiros é parte elementar de nossa história, com sequelas (infelizmente) socioeconômicas altamente discriminatórias e excludentes.

Apesar das dificuldades e possíveis desvios na sua implementação, sem sombra de dúvida, a Lei é uma conquista e não há como negar sua importância para as lutas do movimento negro brasileiro. O diálogo aqui construído tenciona cooperar com a construção de novos debates e no-vas relações sociais, porque cremos que a promulgação de uma lei, por si só, não irá mudar a realidade do país, mas o silêncio que reinou durante décadas dentro da escola sobre a questão do negro, também não resultou em mudanças. Romper silêncios, apontar caminhos e possibilidades são situações urgentes.

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A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03 : DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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É nessa direção que inserimos nossa discussão, com a pretensão de que esta possa cooperar e ampliar os debates de formação docente, es-pecialmente quando diz respeito ao conhecimento e aplicação prática da lei 10.639/03 no bojo das ações educativas e escolares. Refletir sobre este tema é pensar efetivamente em caminhos possíveis para a plenitude da ci-dadania, discussão contemporânea e fundamental para nossa sociedade.

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QUADRO RESUMO

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Palavras-chave Descrição

CURRÍCULO

Currículo significa percurso de vida. Nesse texto, abordamos currículo de outro ponto de vista, aquele proveniente da escola. Nesse sentido, currículo é a interação planejada dos alunos com o conteúdo instrucional, materiais, recursos e processos para avaliar a consecução dos objetivos educacionais. É tudo que implica e inter-fere no processo de educação de um sujeito, sendo bem mais que o desenho curricular de um componente.

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS REFLEXIVAS

Prática pedagógica reflexiva é aquela que não se atém apenas ao momento da prática educacional na sala de aula, mas a que considera um antes e um depois, o momento de planejamento e de avaliação, envolvendo nisso uma revisada sobre todo o processo. Nessa prática, considera-se um momento de reflexão sobre as intenções e sobre os resultados.

RACISMO

Trata-se de uma doutrina ou sistema político fundado sobre o direi-to de uma raça, que se considera pura e superior, de dominar outras que considere inferiores.É uma forma de discriminação social baseada no conceito de que existem diferentes raças humanas e que uma é superior às outras conforme características físicas.Trata-se de uma atitude depreciativa e discriminatória em relação a algum grupo social ou étnico. No Brasil, o racismo é crime inafiançá-vel previsto na Lei nº 7.716/1989.

MOVIMENTO NEGRO

Esta é a denominação atribuída ao conjunto dos diversos movimen-tos sociais afro-brasileiros, e mais particularmente aqueles surgidos a partir da redemocratização pós-Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro e São Paulo.

ESCRAVOS E ESCRAVIZADOS

Escravo é aquele que nasce privado de liberdade, em estado de servidão. Escravidão é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro a quem designa como escravo.Escravizado é alguém que sofreu escravização, ou seja, foi forçado a viver em situação de servidão e imposto a privação de sua liberdade.

NAVIO NEGREIROAté o Sec. XIX também era conhecido como navio tumbeiro. Tra-tava-se de embarcação, geralmente navio de carga, utilizada para transportar homens capturados na África para serem escravizados.

MISCIGENAÇÃOÉ o processo gerado a partir da mistura entre diferentes etnias humanas.

TEMAS TRANSVERSAIS

Os temas transversais, constituídos pelo MEC, referem-se a questões importantes presentes na vida cotidiana e que precisam ser discu-tidas na escola. O MEC definiu alguns temas referentes à cidadania: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Trabalho e Consu-mo e Pluralidade Cultural.

RESISTÊNCIA NEGRAPara os Movimentos Negros, são todos os movimentos e processos de lutas e desobediência civil, impetrados pelos negros, em todas as épocas da História do Brasil.

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QUADRO RESUMO

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Palavras-chave Descrição

BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que regulamenta quais são as aprendizagens essenciais a serem traba-lhadas nas escolas brasileiras públicas e particulares de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio para garantir o direito à aprendizagem e o desenvolvimento pleno de todos os estudantes.

EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-

RACIAIS

É um processo educacional que impõe aprendizagens entre brancos e negros e trocas de conhecimentos, num projeto conjunto para a construção de uma sociedade justa, igual, equânime.

HABILIDADESÉ a capacidade que um sujeito adquire para desempenhar deter-minado papel ou função; as habilidades permitem a formação de competências.

COMPONENTES CURRICULARES

Trata-se das matérias acadêmicas que compõem os currículos edu-cacionais de escolas ou outros níveis de ensino.

EQUIDADEDiscutir equidade em educação é referir-se à qualidade desta, analisando se atende a todo o público a qual se destina. Se o ensino é proposto, por igual, a todos os sujeitos.

ETNIAS

O conceito etnia deriva do grego ethnos, cujo significado é povo. A etnia representa a consciência de um grupo de pessoas que se dife-rencia dos outros. Essa diferenciação ocorre em função de aspectos culturais, históricos, linguísticos, raciais, artísticos e religiosos.

ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)

A Organização das Nações Unidas, também conhecida pela sigla ONU, é uma organização internacional formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvi-mento mundiais.

INTOLERÂNCIAIntolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habili-dade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões.

LIVROS DIDÁTICOS São livros de caráter pedagógico, utilizados na escola.

EDUCAÇÃO BÁSICA

O conceito de educação básica foi ampliado a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), pois a lei anterior es-tabelecia como básico o ensino chamado de primeiro grau. Assim, trata-se do nível da educação escolar brasileira que compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.

PLURALIDADE ÉTNICO-RACIAL BRASILEIRA

Diversidade de culturas e etnias que compõem a sociedade brasi-leira.

PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU

Pós-graduações stricto sensu compreendem programas de mestra-do e doutorado. Lato sensu são os cursos de especializações.

PRECONCEITO RACIALPreconceito racial é toda e qualquer forma de expressão que discri-mina uma etnia ou cultura por considerá-la inferior ou menos capaz.

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QUADRO ESQUEMÁTICO

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LDB 9394/96

LEI 10.639/2003 ENSINO DE HISTÓRIA

E CULTURA AFRO BRASILEIRA

ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO

BRASILEIRA E INDÍGENALEI 11.645/2008

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QUESTÕES COMENTADAS

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1. (PREFEITURA DE VALENÇA/ RJ – FUNCAB - 2012) A Lei n° 10.639, de 09/01/2003, assume importância educacional no de-senvolvimento do currículo escolar porque:

Ⓐ valoriza certos aspectos da formação colonial brasileira, enaltecendo contribuições dos colonizadores.Ⓑ destaca temáticas para o conteúdo programático das disciplinas de Ge-ografia Geral, História Geral e Literatura Brasileira.Ⓒ contribui para que o educando do ensino fundamental e médio valori-ze o papel significativo do povo negro na formação da sociedade nacional.Ⓓ aborda a necessidade de se estudar com mais detalhes os feitos heroi-cos de líderes da história brasileira.Ⓔ enaltece a contribuição da etnia negra, em detrimento dos indígenas e do branco colonizador que também estiveram presentes na história brasileira.

Alternativa A: INCORRETA. A lei apenas valoriza certos aspectos da formação colonial brasileira e enaltece o colonizador; essa situação, sabe-mos, não está contemplada no referido documento.Alternativa B: INCORRETA. A lei destaca temáticas que devem ser tra-balhadas apenas nas disciplinas de Geografia, História e Literatura, quan-do verificamos que a proposta do documento oficial é um trabalho peda-gógico significativo e que englobe todas as áreas do conhecimento.Alternativa C: CORRETA. A importância da lei 10.639/03 contribui para que os educandos dos níveis fundamental e médio valorizem o papel sig-nificativo do povo negro na formação da sociedade nacional. Essa é uma das maiores e mais significativas contribuições que a lei 10639/03 trouxe para a educação básica brasileira.Alternativa D: INCORRETA. A lei apenas contribui no sentido de abordar os detalhes dos feitos heroicos de líderes da história afro-brasileira, quando sabemos que a contribuição da lei é muito mais ampla e impactante.Alternativa E: INCORRETA. A importância da lei apenas enaltece as con-tribuições da etnia negra em detrimento das demais, fato que, sabemos, não está contemplado no documento.

GRAU DE DIFICULDADE

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QUESTÕES COMENTADAS

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2. (SECULT/PA – UNAMA - 2007) Sobre a Lei 10.639/2003, de 9 de janeiro de 2003, podemos afirmar:

1. Torna obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio da rede oficial e particular. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasilei-ra serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em espe-cial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.

2. Altera parte da Lei de n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que es-tabelece as diretrizes e bases da educação nacional. As alterações se fizeram no artigo 1º, essas passaram a vigorar com a inclusão dos art. 26-A que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Bra-sileira, e 79-B que inclui no calendário escolar o dia 20 de novembro, como "Dia Nacional da Consciência Negra".

3. A lei encaminha a consideração de que as representações sociais são, por natureza, excludentes e, portanto, não podem compor o conte-údo didático, senão como objeto a ser debatido, para que crianças e adolescentes percebam as representações como manifestações dos conflitos sociais e não como conteúdos que devem ser apreendidos e reproduzidos.

O correto está em:

Ⓐ 3, somente.Ⓑ 1 e 2, somente.Ⓒ 2 e 3, somente.Ⓓ 1, 2 e 3.

Assertiva I: CORRETA. A mesma afirma que a lei 10639/03 tornou obri-gatório o ensino sobre a História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio (tanto da rede oficial quanto da rede par-ticular). Também está determinado na lei que os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, especialmente nas áreas de Educação Artística e de Lite-ratura e História Brasileira.

GRAU DE DIFICULDADE

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QUESTÕES COMENTADAS

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Assertiva II: CORRETA. Assegura que a lei 10639/03 altera parte da LDB (9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), asse-gurando no calendário escolar o dia 20/11 como dia da Consciência Negra. Assertiva III: CORRETA. A lei 10639/03 considera que as representações sociais são excludentes e, portanto, não podem simplesmente compor o conteúdo didático sem reflexões prévias em torno da temática, para que crianças e adolescentes percebam as representações como manifestações dos conflitos sociais e não como conteúdos que devem ser “apreendidos e reproduzidos”. Portanto, resta-nos afirmar que as três proposições são verdadeiras e que não há outra alternativa que contemple essa conclusão, senão a letra D.

Resposta: Ⓓ

3. (PREFEITURA DE SALVADOR/BA – CESGRANRIO – 2010) As Leis nos 10.639/03 e 11.645/98 tornam obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. A professora Maria Lúcia, diretora de uma escola, quer mobilizar formas de inserção dessas temáticas no currí-culo desenvolvido em sua escola a fim de que sejam significativas para os alunos. Considerando as Leis mencionadas, analise os procedimentos que seriam coerentes com a visão da professora.

I. Promover atividades de valorização do negro e do índio em ocasiões especiais do ano, principalmente na Semana da Consciência Negra e no Dia do Índio.

II. Trazer membros das comunidades afrodescendentes e indígenas para a escola em datas significativas para essas comunidades.

III. Promover atividades que articulem os conteúdos à valorização do ne-gro e do índio e ao desafio a preconceitos nas diversas áreas curricula-res, desenvolvendo um trabalho interdisciplinar.

IV. Incentivar o contato da comunidade escolar com produções culturais e com membros das comunidades afro-brasileiras e indígenas no de-correr do ano letivo.

São coerentes APENAS os procedimentos:

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QUESTÕES COMENTADAS

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Ⓐ I e II. Ⓑ I e IV. Ⓒ II e III. Ⓓ II e IV. Ⓔ III e IV.

Assertiva I: INCORRETA. Uma vez que a professora intenta mobilizar formas de inserção dessas temáticas de forma significativa, verificamos que a proposição I é incorreta, pois afirma que as atividades de valoriza-ção dos povos afrodescendentes e indígenas devem acontecem somente em ocasiões especiais do ano (fato que, sabemos, está incorreto, pois a lei 10639/03 propõe uma abordagem interdisciplinar e atemporal, cujas discussões devem ser contempladas o ano inteiro). Assertiva II: INCORRETA. Afirma que apenas em datas significativas para as comunidades os membros das comunidades afrodescendentes e indígenas devem ser trazidos/convidados para a escola, quando, na ver-dade, esse intercâmbio precisa perpassar todo o ano letivo, assim como as discussões suscitadas em torno da temática. Assertiva III: CORRETA. Na condição de educadores e gestores escola-res, promover atividades significativas que articulem os conteúdos à valo-rização do negro e do índio e ao desafio a preconceitos nas diversas áreas curriculares, de forma interdisciplinar. Assertiva IV: CORRETA. A lei 10639/03 incentiva o contato da comuni-dade escolar com produções culturais e com membros das comunidades afro-brasileiras e indígenas no decorrer de todo ano letivo, não apenas em datas específicas.

Resposta: Ⓔ

4. (PROFESSOR – SEAP/DF – IBFC - 2013) Consta no site *www.estadao.com.br’ de 17.11.13: “Mesmo com a imple-mentação de conteúdos sobre história e cultura da África, prevista na Lei 10.639/2003, ainda não ser realidade na maioria das escolas brasileiras, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) trouxe 6 das 90 questões de

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