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Educação Ambiental e Cidadania Nathieli K. Takemori Silva Sandro Menezes Silva IESDE BRASIL S/A Curitiba 2013 2.ª edição Edição revisada

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Educação Ambiental e Cidadania

Nathieli K. Takemori SilvaSandro Menezes Silva

IESDE BRASIL S/ACuritiba

2013

2.ª ediçãoEdição revisada

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© 2005 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Capa: IESDE BRASIL S/A

Imagem da capa: Shutterstock

IESDE BRASIL S/AAl. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________________T143e2. ed. Takemori, Nathieli Kiela, 1977- Educação ambiental e cidadania / Nathieli K. Takemori Silva, Sandro Menezes Silva. - 2. ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL, 2013. 172 p. : 28 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3613-4 1. Educação ambiental - Estudo e ensino. 2. Proteção ambiental - Participação do cida-dão. 3. Cidadania. 4. Professores - Formação I. Silva, Sandro Menezes, 1964-. II. Título.

13-1066. CDD: 363.7 CDU: 504 19.02.13 21.02.13 042900 ________________________________________________________________________________

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Sumário

A questão ambiental no planeta Terra .................................................................................... 7

Recursos hídricos e cidadania I ............................................................................................15Quantidade de água no planeta ................................................................................................................16Usos múltiplos da água ............................................................................................................................18As principais causas da contaminação da água .......................................................................................22A eutrofização ..........................................................................................................................................22As bacias hidrográficas ............................................................................................................................23Conclusão ................................................................................................................................................24

Recursos hídricos e cidadania II ..........................................................................................27Lei de Recursos Hídricos .........................................................................................................................27Princípio do poluidor-pagador .................................................................................................................29Tecnologias para o uso da água ...............................................................................................................30Importância da Educação Ambiental no uso dos recursos hídricos .........................................................31Conclusão.................................................................................................................................................31

Resíduos sólidos e cidadania................................................................................................35Tipos de resíduos sólidos .........................................................................................................................36Formas de disposição final dos resíduos sólidos .....................................................................................37O lixo que machuca .................................................................................................................................41

Resíduos sólidos e cidadania II ............................................................................................47A coleta seletiva .......................................................................................................................................48Reciclagem...............................................................................................................................................51Perspectivas futuras .................................................................................................................................54Conclusão.................................................................................................................................................56

O uso do solo .............................................................................................................................59Tipos de solos ..........................................................................................................................................60Os ciclos biogeoquímicos ........................................................................................................................62A degradação do solo e a qualidade de vida ............................................................................................63A conservação dos solos e a produção de alimentos ...................................................................................65O uso sustentável do solo.........................................................................................................................68

Efeito estufa....................................................................................................................................77A atmosfera ..............................................................................................................................................77Causas do efeito estufa ..................................................................................................................................79Consequências ...............................................................................................................................................82Medidas mitigadoras ................................................................................................................................83

A camada de ozônio ..................................................................................................................89Radiação solar ..........................................................................................................................................89O ozônio e sua função escudo de radiação ultravioleta ...........................................................................90

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A destruição da camada de ozônio ...........................................................................................................90A causa da destruição ...............................................................................................................................91As consequências da destruição da camada de ozônio ............................................................................92Medidas mitigadoras e Educação Ambiental ...........................................................................................94

A hipótese Gaia ....................................................................................................................97A origem da hipótese Gaia .......................................................................................................................97As evidências da hipótese ........................................................................................................................98Ações humanas e a hipótese Gaia ............................................................................................................100Perspectivas futuras .................................................................................................................................100

Matrizes energéticas .............................................................................................................103Petróleo ....................................................................................................................................................104Usinas hidrelétricas ..................................................................................................................................105Biomassa ..................................................................................................................................................106Energia solar fotovoltaica ........................................................................................................................107Energia eólica ..........................................................................................................................................108Energia nuclear ........................................................................................................................................108Uso racional das matrizes energéticas.............................................................................................................. 110Perspectivas futuras .................................................................................................................................111

Avaliação de impactos ambientais .......................................................................................117Impactos ambientais e licenciamento ambiental .....................................................................................119Características do estudo de impacto ambiental (EIA) ............................................................................121O relatório de impacto ambiental – RIMA ..............................................................................................123

A Carta da Terra ...................................................................................................................141Princípios .................................................................................................................................................142

Uma nova ética ambiental através da Ecopedagogia ...........................................................149Ecopedagogia ...........................................................................................................................................149Ecopedagogia e a sociedade ....................................................................................................................149Ecopedagogia: uma nova proposta ..........................................................................................................150Desafios para a Ecopedagogia .................................................................................................................153

Antropocentrismo e uso dos recursos naturais .....................................................................159A evolução do homem .............................................................................................................................160A mudança de pensamento ......................................................................................................................161

Referências ...........................................................................................................................165

Anotações .............................................................................................................................171

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Apresentação

D esde que o homem surgiu no planeta, utiliza recursos da natureza para suprir suas neces-sidades básicas, relacionadas principalmente à alimentação, abrigo e obtenção de energia. Certamente, vem daí essa postura consumista em relação aos recursos naturais, que durante

vários anos foram vistos como “infinitos”. O desenvolvimento social e cultural da espécie humana, até chegarmos nas características atuais, foi bastante rápido. Se a idade do planeta fosse condensada em apenas um ano, a espécie humana teria surgido aproximadamente às 23 horas e 45 minutos, do dia 31 de dezembro, ou seja, nossa existência é muita curta quando comparada a outras espécies com as quais dividimos a Terra atualmente.

O antropocentrismo coloca o homem no centro do universo, postulando que tudo o que existe foi concebido e desenvolvido para a satisfação humana. Essa ideia de que tudo nos pertence tem sido a principal justificativa para essa “dominação” dos recursos pelo homem, prática usual há muito tempo. Ainda hoje essa corrente filosófica tem forte influência nas decisões do homem em relação ao uso dos recursos naturais. Porém, várias pessoas já passaram a considerar com maior atenção o pensamento biocêntrico, valorizando a natureza pelas suas características intrínsecas e não somente pela sua utili-dade prática, partindo do pressuposto de que todas as espécies têm direito à vida, independentemente do seu grau de complexidade.

A inclusão da Educação Ambiental nos programas formais de ensino-aprendizagem é funda-mental, mas não pode ser a única iniciativa para mudar essa mentalidade. Ações diretas de mobili-zação e conscientização, além da difusão do pensamento biocêntrico, desde a educação infantil até à idade adulta, assim como a atualização de pais e professores sobre esse tema, também devem ser consideradas quando se planeja um programa de Educação Ambiental.

Este livro traz várias informações pertinentes sobre esse assunto, com a intenção de servir como um apoio para os educadores que irão atuar na área. Inicia-se o curso apresentando a postura do homem em relação à natureza desde os tempos remotos até os dias de hoje, mostrando que tais rela-ções vêm sendo cada vez mais pautadas na ideia de recursos infinitos, postura que fica mais evidente quando se explora o tema recursos hídricos. Nesse tema, são enfocadas as principais características da água, os problemas referentes ao mau uso desse patrimônio e o que está sendo feito para minimizar os impactos decorrentes da ação humana sobre esse recurso.

A questão dos resíduos sólidos, um dos maiores problemas na maioria das cidades brasileiras, é abordada neste livro de maneira a trazer informações sobre ações e posturas que os cidadãos podem ter para colaborar na minimização dos seus impactos sobre a natureza. Outro tema abordado é o solo, sua origem e principais características, a maneira como é utilizado e as implicações deste na manu-tenção da qualidade ambiental.

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Passa-se então ao tema atmosfera, enfocando o aquecimento global provocado pelo efeito estufa e a diminuição da camada de ozônio. Esses temas estão relacionados não só nas suas respectivas cau-sas, como também nas ações que devem ser tomadas para minimizar, e, quem sabe, frear os processos que ocasionam os efeitos nocivos.

O tema matrizes energéticas é apresentado a fim de mostrar as várias formas de geração de energia, com ênfase principalmente nos efeitos positivos e negativos de cada forma, enfatizando a principal fonte de energia da atualidade, o petróleo, em contraposição aos efeitos benéficos das fontes energéticas renováveis, principalmente as menos poluentes.

Também é apresentada a hipótese Gaia, que considera o planeta um superorganismo capaz de se autorregular. A hipótese é mostrada e explicada para que o leitor saiba que, apesar de amplamente conhecida, existem outras formas de pensamento em relação a essa questão, algumas inclusive con-frontantes com esta. A hipótese Gaia relaciona-se com o que se chamou de Carta da Terra, que, por sua vez, constitui o fundamento básico da Ecopedagogia, todas estas com forte influência do pensa-mento antropocêntrico, tema que encerra o conteúdo do livro.

O objetivo principal do curso é fazer com que o próprio leitor reflita e avalie sua postura como cidadão frente aos principais temas ambientais contemporâneos, para que depois atue como um edu-cador mais consciente do seu papel transformador; afinal de contas, como podemos ensinar alguma coisa na qual não acreditamos? Como ensinar crianças e adultos a serem responsáveis pelo ambiente se nós, que temos essa responsabilidade, não nos sentimos assim e não agimos assim?

Boa leitura e uma ótima autoavaliação!

Nathieli Keila Takemori Silva

Sandro Menezes Silva

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A questão ambiental no planeta Terra

Nathieli K. Takemori Silva* Sandro Menezes Silva**

O homem, desde as espécies ancestrais relacionadas, sempre dependeu de recursos naturais1 para sua sobrevivência, buscando na natureza, como todas as demais espécies animais, seus meios de alimentação, abrigo,

proteção contra o frio, entre outras necessidades básicas. Consequentemente, sempre provocou um impacto sobre a natureza e, para ilustrar esses impactos, existem vários exemplos na história dos povos antigos, os quais foram responsá-veis pela exploração excessiva de algum recurso natural, visto pela abordagem antropocentrista de questão ambiental.

Os Anasazi, que viviam no deserto do Novo México, construíram os pue-blos, edificações que abrigavam as pessoas e que chegavam a quase 1 hectare de extensão, ocupando milhares de troncos de árvores retiradas da própria região da construção. Mas não era um deserto? Existem registros de que na ocasião em que os pueblos foram construídos, eram cercados não por um deserto nu, mas por uma floresta de árvores decíduas e pinheiros.

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Um outro exemplo são os Maori, que chegaram à Nova Zelândia há quase 1 000 anos e, num período relativamente curto, foram os principais responsáveis pela extinção do moa, uma espécie de ave não voadora que chegava a atingir 3 metros de altura e pesar mais de 200 quilos. Registros arqueológicos mostram restos de verdadeiros banquetes de churrascos de moa realizados pelos Maoris. O

Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Fe-deral do Paraná (UFPR), com Mestrado em Botâ-nica pela mesma univer-s idade.

Licenciado em Ci-ências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com Mestrado e Doutora-do em Biologia Vegetal pela Universidade Esta-dual de Campinas.

1 Recursos naturais. a) De-nominação que se dá à

totalidade das riquezas mate-riais que se encontram em es-tado natural, como florestas e reservas minerais. b) São os mais variados meios de subsistência que as pessoas obtêm diretamente na nature-za. c) O patrimônio nacional nas suas várias partes, tanto os recursos não renováveis, como jazidas minerais, e os renováveis, como florestas e meios de produção. d) Fon-tes de riquezas materiais que existem em estado natural; tais como florestas, reservas minerais etc.; a exploração ilimitada dos recursos natu-rais pode levá-la à exaustão ou à extinção. e) Recursos ambientais obtidos direta-mente da natureza, podendo classificar-se em renováveis e inexauríveis ou não reno-váveis; renováveis quando, uma vez aproveitados em um determinado lugar e por um dado período, são suscetí-veis de continuar a ser apro-veitados nesse mesmo lugar, ao cabo de um período de tempo relativamente curto; exauríveis quando qualquer exploração traz consigo, ine-vitavelmente, sua irreversível diminuição.

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principal predador do moa era a águia-gigante, espécie maior do que a maior ave relacionada atualmente vivente – a águia-real ou harpia – foi extinta na mesma época, muito provavelmente porque ficou sem seu principal item alimentar com a extinção do moa.

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A economia e a Terra(BROWN, 2003)

Nos últimos séculos da civilização maia, uma nova sociedade evoluiu na Ilha de Páscoa, uma área com cerca de 166 quilômetros quadrados no Pacífico Sul, aproximadamente 3 200 quilômetros a oeste da América do Sul e 2 200 quilômetros da Ilha Pitcairn, a região habitada mais próxima. Assentada em torno de 400 d.C., essa civilização prosperou numa ilha vulcânica com solos ricos e vegetação viçosa, com árvores de 25 metros de altura e troncos de 2 metros de diâmetro. Registros arqueológicos dão conta que os ilhéus se ali-mentavam principalmente de frutos do mar, particularmente golfinhos – um mamífero que só podia ser capturado com arpões lançados de grandes canoas oceânicas, uma vez que não apareciam localmente em grande número.

A sociedade da Ilha de Páscoa prosperou durante vários séculos, atingin-do uma população estimada em 20 mil. À medida que seus números cresciam, a derrubada de árvores superava a recuperação sustentada das florestas. Final-mente, desapareceram as grandes árvores necessárias para a construção das grandes e resistentes canoas oceânicas, privando os ilhéus do acesso aos gol-finhos e reduzindo, dessa forma, o suprimento alimentar da ilha. Os registros arqueológicos mostram que, a certa altura, ossadas humanas se misturaram às ossadas dos golfinhos, sugerindo uma sociedade desesperada que recorreu ao canibalismo. Hoje, a ilha é habitada por cerca de 2 000 pessoas.

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Existem várias pesquisas e trabalhos mostrando que o impacto que a espé-cie humana provoca sobre os recursos naturais é proporcional ao seu grau de apro-priação tecnológica, e às necessidades geradas pelos padrões sociais constituídos em centenas de anos de história.

Um marco importante nessa tendência foi a Revolução Industrial, ocorrida no final do século XVIII, a partir da qual houve um grande aumento na utilização dos re-cursos. Na medida em que os núcleos populacionais adensaram-se e se concentraram nas regiões que passaram a dominar as tecnologias disponíveis, a crescente necessida-de de matéria-prima para abastecer esses núcleos em crescimento foi um importante fator de degradação ambiental. As colônias dos países europeus situadas na Ásia, África e Américas serviram em grande parte para suprir essas necessidades, assim como para firmar a supremacia daqueles que detinham a tecnologia em detrimento de outros, que ainda dependiam de recursos naturais de forma mais direta.

Esse modelo de crescimento foi chamado de modelo linear de desenvolvi-mento, do qual fazem parte o lucro imediato, o uso excessivo de matéria-prima, a produção de grande quantidade de descartes e resíduos do processo produtivo.

As principais consequências do aumento da demanda por recursos naturais, decorrente do modelo de desenvolvimento linear, são:

redução da biodiversidade;

aumento de doenças tropicais;

urbanização de cidades, principalmente na Ásia, África e América do Sul;

grande uso de recursos naturais, com consequente escassez localizada de muitos destes;

alta produção de resíduos com baixo nível de reciclagem.

Com o desenvolvimento das tecnologias, o homem também adquiriu conhe-cimentos sobre os acontecimentos naturais no planeta, podendo hoje prever mu-danças climáticas, terremotos, maremotos e outros fenômenos naturais. Foi dessa maneira, também, que se descobriu os efeitos do modelo linear de desenvolvimen-to, por exemplo, o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio.

“Esta é a nossa diferença crucial em relação aos Maoris: eles não sabiam ler e escrever. Nós sabemos, e entendemos as consequências do que se passou, e fazemos cálculos e projeções para o futuro. Nós, como espécie, não temos a desculpa da ignorância para repetir os mesmos erros.”

Fernando Fernandez

A realidade é que não estamos começando a perder a natureza agora que descobrimos o efeito estufa, já perdemos boa parte dela antes mesmo de conhecê--lo, sendo que a situação de nossos ecossistemas naturais é bastante trágica e não é mostrada de forma verdadeira por dados estatísticos. Uma coisa é certa! Crescimento populacional desenfreado e desenvolvimento econômico contínuo são situações incompatíveis com a qualidade de vida humana e a conservação da natureza. O crescimento populacional é um grande multiplicador de problemas

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ambientais, pois gera desmatamento para os vários usos do solo, aumenta a pres-são de caça, o tráfico de animais e o extrativismo, aumenta a poluição, provoca mudanças climáticas, estimula atividades ambientalmente depredatórias e gera a degradação da qualidade de vida em geral.

Pensando nisso, muitos de nós já começamos a pensar no futuro e em for-mas alternativas para diminuir os impactos que estamos causando no ambiente. As atitudes que foram tomadas até agora continuam sendo necessárias, porém são insuficientes. Ainda é preciso mais!

A conservação deve ser ensinada em todos os lugares – escola, casa, tra-balho. As pessoas aprendem quando observam outros fazendo, assim como as crianças. Reeducar uma sociedade que cresceu depredando o ambiente onde vive é uma tarefa difícil, mas não impossível. É importante lembrar que, com uma população cada vez mais numerosa, mudar o mundo sozinho fica cada vez mais difícil. Obviamente ninguém está pensando nisso, mas se cada um fizer sua parte na construção de um mundo mais justo, ficará bem mais fácil.

“Não há ato ecologicamente neutro; todos nós tornamos o mundo cada dia um pouquinho melhor ou um pouquinho pior com nossas ações.”

Fernando Fernandez

Uma nova maneira de pensar precisa ser desenvolvida. Livrar-se da ilusão de que os recursos são infinitos e de que o planeta consegue curar-se sozinho é o primeiro passo para a mudança de pensamento.

O papel da Educação Ambiental precisa ser desempenhado desde a educa-ção infantil, sendo a postura ambientalmente correta dos educadores e da própria instituição de ensino imprescindível na educação das crianças.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação coloca a Educação Ambiental como tema transversal, para que ela possa ser abordada em todas as disciplinas e não ape-nas em ciências. É importante ressaltar que Conservação da Natureza é diferente de Cuidados com a Natureza, pois nem tudo o que é feito em favor do ambiente contribui efetivamente para conservar a natureza. Um exemplo disso é promover a limpeza da sala de aula, fazendo com que os alunos ajudem a mantê-la limpa e organizada. Isso desenvolve a percepção dos bens comuns, ou seja, que cada um é responsável pelo ambiente onde vive. No entanto, a postura de não produzir resí-duos sólidos é mais efetiva na conservação da natureza. Outra percepção a ser de-senvolvida é a de que os seres vivos não devem ser conservados apenas porque eles são úteis aos seres humanos, e sim por terem direito à vida tanto quanto nós temos. As “aulas” de Educação Ambiental precisam ser claras e objetivas, com o foco na informação e no desenvolvimento crítico dos consumidores.

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“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-sentes e futuras gerações.”

Constituição Federal, artigo 225

Hoje, o que está em voga é o chamado mercado verde, no qual os con-sumidores optam por produtos que degradem menos o ambiente. Papel reci-clado, geladeiras e sprays sem CFC (clorofluorcarbono), produtos orgânicos, madeira certificada e uso de energia solar são alguns dos exemplos dessa área em plena expansão, porém ainda pouco explorada no Brasil. Encontra-se no mercado, também, tecidos produzidos a partir de PET (politereftalato de etileno) re-ciclado, plásticos biodegradáveis, tintas à base de silicatos de potássio, entre outros.

Um fato importante que marca a maneira como os governos vêm tratando o ambiente aconteceu no final do século XX, quando 179 países passaram a discutir as questões ambientais do planeta, dando origem à Agenda 21. (Ver texto complementar.)

“A Agenda 21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomen-dações sobre como as nações devem agir para alterar seu vetor de desenvol-vimento em favor de modelos sustentáveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade.”

Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva

A situação ambiental pela qual passa atualmente o planeta não tem anteceden- tes na história geológica mais recente. A degradação dos ambientes naturais, a fragmentação de habitats, a sobre-exploração de algumas espécies, a poluição e a contaminação biológica são as causas mais importantes da perda de biodiversida-de. As desigualdades sociais contribuem significativamente nesse quadro, se con-siderarmos que grande parte da diversidade biológica do planeta encontra-se nos países mais pobres. Dessa forma, é necessário primeiramente acabar com essas desigualdades, o que só será possível através de mudanças culturais, econômicas, políticas e sociais. A cultura do “ter e possuir” já levou os Estados Unidos ao topo da lista dos países que mais poluem o ambiente.

Como escreveu a jornalista Liana John (2004), o homem não precisa deixar a cidade, nem regredir para um tempo sem conforto ou tec-nologia para voltar a fazer parte da natureza. Ele precisa repensar suas ações, considerar as consequências de cada uma delas sobre o ambiente e os outros seres vivos. E usar o conhecimento em benefício do bem comum.

A preservação é dever de todos

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O que é Agenda 21(BRASIL, 2004)

A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organi-zações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas.

Contendo 40 capítulos, a Agenda 21 Global foi construída de forma consensuada, com a con-tribuição de governos e instituições da sociedade civil de 179 países, em um processo que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro, em 1992, também conhecida por Rio 92.

Além da Agenda 21, resultaram desse mesmo processo quatro outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, a Convenção sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

O programa de implementação da Agenda 21 e os compromissos para com a carta de princípios do Rio foram fortemente reafirmados durante a Cúpula de Joanesburgo, ou Rio + 10, em 2002.

A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável.A comunidade internacional concebeu e aprovou a Agenda 21 durante a Rio 92, assumindo,

assim, compromissos com a mudança da matriz de desenvolvimento no século XXI. O termo Agenda foi concebido no sentido de intenções, desígnio, desejo de mudanças para um modelo de civilização em que predominasse o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações.

Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de planejamento participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município, região, setor e planeja o futuro de forma sustentável. E esse processo deve envolver toda a sociedade na discussão dos principais problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e longo prazos. A análise do cenário atual e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser realizados dentro de uma abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, am-biental e político-institucional da localidade. Em outras palavras, o esforço de planejar o futuro, com base nos princípios da Agenda 21, gera inserção social e oportunidades para que as socieda-des e os governos possam definir prioridades nas políticas públicas.

É importante destacar que a Rio 92 foi orientada para o desenvolvimento, e que a Agenda 21 é uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável, em que, evidentemente, o meio ambiente é uma consideração de primeira ordem. O enfoque desse processo de planejamento apresentado com o nome de Agenda 21 não é restrito às questões ligadas à preservação e conservação da natureza, mas sim a uma proposta que rompe com o desenvolvimento dominante, em que predomina o eco-nômico, dando lugar à sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda social, ao enunciar a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a necessidade de que a degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente com o problema mundial da pobreza. Enfim, a Agenda 21 considera, entre outras, questões estratégicas ligadas à geração de emprego e

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renda; à diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda; às mudanças nos padrões de produção e consumo; à construção de cidades sustentáveis e à adoção de novos modelos e ins-trumentos de gestão.

Em termos das iniciativas, a Agenda 21 não deixa dúvida. Os Governos têm o compromisso e a responsabilidade de deslanchar e facilitar o processo de implementação em todas as escalas. Além dos Governos, a convocação da Agenda 21 visa mobilizar todos os segmentos da sociedade, chamando-os de “atores relevantes” e “parceiros do desenvolvimento sustentável”.

Essa concepção processual e gradativa da validação do conceito implica assumir que os prin-cípios e as premissas que devem orientar a implementação da Agenda 21 não constituem um rol completo e acabado: torná-la realidade é antes de tudo um processo social no qual todos os envol-vidos vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possível, rumo ao futuro que se deseja sustentável.

1. Forme um grupo de três pessoas e descreva o papel do homem na natureza durante a Pré-His-tória. Discorra sobre a forma como os povos primitivos tratavam o ambiente onde viviam.

2. Qual a diferença na relação homem-natureza do período pré-histórico para os dias de hoje?

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CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 6. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.

Esse livro trata de assuntos relacionados aos sistemas vivos, trazendo uma nova linguagem para a sua compreensão.

FERNANDEZ, Fernando. O Poema Imperfeito. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2004.

Esse livro é composto de crônicas sobre biologia, conservação da natureza e seus heróis. A abordagem é bem-humorada, porém comprometida com a conservação, levando o leitor a uma refle-xão profunda sobre o verdadeiro papel do homem na conservação da natureza.

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3. Por que não podemos mais agir como antigamente? Qual a diferença entre o ambiente pré- -histórico e o atual?

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Recursos hídricos e cidadania I

H á 150 anos, a possibilidade de escassez de água era algo impensável. O que não foi previsto era o aumento da população mundial, que triplicou no século XX. Mais pessoas, mais consumo. Com esse aumento, cresceu

o consumo de água pela irrigação de lavouras e também pela indústria. O resulta-do foi um aumento de seis vezes no consumo total de água.

Nosso país é privilegiado com 12% da água doce do mundo. Mesmo assim, algumas regiões, como a grande São Paulo, sofrem com a escassez desse recur-so. E não é por causa de falta de fontes, e sim por causa da poluição dos rios dos quais era captada a água para abastecer a cidade. Hoje, é preciso buscar água em fontes mais distantes. Isso também acontece no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, que depende de neve derretida vinda do distante estado do Colorado para abastecer suas cidades.

De acordo com o Banco Mundial, cerca de 80 países hoje enfrentam proble-mas de abastecimento. Os dados da ONU apontam que mais de 1 bilhão de pes-soas não têm acesso a fontes de água de qualidade. A escassez de água potável é uma das principais causas de conflitos entre países. A região de Golan, no Oriente Médio, por exemplo, possui vários aquíferos1 e está na mira de outros países que não possuem reservatórios desse recurso.

O uso inadequado também compromete a disponibilidade de água. Nos últi-mos anos, a distribuição de água no Brasil aumentou em 30%. Entretanto, dobrou a proporção da água sem tratamento. Outro fator agravante é o desperdício, que chega a 45% do total de água distribuída pelos sistemas públicos.

1Camada porosa e perme-ável de rocha ou sedimen-

to que contém grandes quan-tidades de água subterrânea e que permite fácil desloca-mento da água.

Declaração Universal dos Direitos da Água(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 22 mar. 1992)

Primeira – A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.

Segunda – A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conce-ber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.

Terceira – Os recursos naturais de transformação da água em água potá-vel são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser mani-pulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Quarta – O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preserva-

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ção da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Esse equilí-brio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Quinta – A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as ge-rações presentes e futuras.

Sexta – A água não é uma doação da natureza; ela tem um valor econô-mico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Sétima – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem enve-nenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Oitava – A utilização da água implica respeito à lei. Sua proteção cons-titui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Essa questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Nona – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Décima – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a soli-dariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Quantidade de água no planetaA água é um elemento químico simples e ao mesmo tempo essencial à vida

dos seres vivos. O corpo humano, por exemplo, é 70% composto por água, pre-cisando dela para seu funcionamento. Da mesma forma acontece com os outros seres vivos, muitos deles sendo dependentes da água durante a vida toda, por exemplo, peixes e algas, ou apenas parte dela, como os anfíbios. Sem a água, a vida na Terra, pelo menos como ela é hoje, não seria possível.

A Terra possui quase 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água. Isso sig-nifica um ecossistema cerca de 200 vezes maior que o conjunto de ecossistemas terrestres. Apesar de representar três quartos do planeta Terra, não devemos es-quecer que a maior parte da água está nos oceanos, ou seja, água salgada, e apenas 2,5% é água doce. Os rios2, lagos3 e reservatórios de onde a humanidade retira a água consumida representam uma pequena quantia, apenas 0,26% do total. O restante da água doce está na forma de geleiras.

2Camada porosa e perme-ável de rocha ou sedimen-

to que contém grandes quan-tidades de água subterrânea e que permite fácil desloca-mento da água.

3Camada porosa e perme-ável de rocha ou sedimen-

to que contém grandes quan-tidades de água subterrânea e que permite fácil desloca-mento da água.

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Se pegarmos uma garrafa com 1,5 litro de água e a dividirmos proporcio-nalmente, como a encontramos no planeta, a quantidade de água doce disponí-vel seria equivalente a uma única gota? (CAPELAS JÚNIOR, 2001, p. 28).

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Figura 1 – O ciclo da água.

O ciclo hidrológico mantém a quantidade de água acumulada na superfície e no interior do solo. Por isso, por muito tempo se pensou que a água fosse um recurso natural renovável e infinito. Porém, alterando-se o ciclo desse recurso natural, ele se torna um recurso finito.

Com cerca de 6,5 bilhões de pessoas na Terra, era de se esperar que esse recurso, embora considerado renovável, tornar-se-ia escasso. O elevado grau de consumo, o desperdício e a poluição de fontes de água colocam em risco a nossa própria existência.

A guerra milenar da água(INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL, 2005, p. 245)

No auge da idade do gelo, há 20 mil anos, caçadores e coletores de alimentos migraram para as regiões mais quentes da Terra, como a Mesopotâmia, dos rios Tigre e Eufrates, os vales dos rios Indo, na Índia, e Amarelo, na China. O controle dos rios começou há cerca de 4 000 anos, época em que as civilizações dessas

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áreas realizaram obras para conter enchentes e proporcionar irrigação e abasteci-mento humano. Dominar o uso da água dos rios fez com que algumas civilizações se utilizassem disso como forma de exercer poder sobre outros povos e regiões geográficas.

Um exemplo de conflito moderno pelo uso da água é vivenciado por is-raelenses e palestinos. Israel depende das águas subterrâneas que estão no território palestino e retira cerca de 30% da disponibilidade do aquífero, com-prometendo a capacidade de recarga desse reservatório. De um lado, Israel controla o uso do aquífero por parte dos palestinos, e do outro os palestinos reclamam a água que está em suas terras.

Usos múltiplos da águaA água que consumimos vem de rios, lagos, represas, açudes, reservas sub-

terrâneas e, algumas vezes, do mar. A água do mar precisa passar por um proces-so de dessalinização, ou seja, um processo pelo qual a água e o sal são separados e a água passa a ser potável.

A partir da captação, a água é utilizada para diversos fins. O abastecimento públi-co representa 10% do consumo, 23% é consumido na indústria e 67% na agricultura.

Abastecimento públicoUtilizamos a água em várias atividades de nosso dia a dia. Higiene pessoal,

alimentação, matar a sede, lavar roupa e lavar louça. Porém, sua distribuição está comprometida por causa do aumento da demanda, do desperdício, da poluição e da urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais4. Antes de chegar até as casas, a água passa por um processo de tratamento. Após seu uso, a água deve passar novamente por um tratamento antes de ser lançada no ambiente. Infelizmente não é bem isso que acontece em muitos lugares.Gráfico 1 – Porcentagem de água que o brasileiro usa diariamente

(PEG

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IN, 2

003,

p. 4

1-47

)Outras atividades3%Higiene pessoal(lavar roupa e escovar os dentes)12%

Tomar banho25%

Cozinhar, lavar louçae beber27%Descarga debanheiro33%

4Locais onde há descarga e concentração natural

de água doce originada de lençóis subterrâneos e de águas superficiais, que se mantêm graças à existência de um sistema especial de proteção proporcionado pela vegetação.

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Nós, como cidadãos consumidores responsáveis, podemos ajudar mudando nossos hábitos e ensinando outras pessoas a fazê- -lo também – por exemplo, diminuir o tempo de banho, fechar o chuveiro en-quanto nos ensaboamos; não desperdiçar água lavando a calçada, pode-se apenas varrer (lavar só em caso de muita necessidade, afinal de contas, não tem como manter uma calçada limpa o tempo todo mesmo); lavar o carro usando um balde com água ao invés do jato de água; fechar a torneira enquanto escovamos os den-tes; e usar descargas com caixa-tanque no vaso sanitário.

Quadro 1 – Gasto médio e possibilidades de economia em atividades diárias

Atividade Gasto médio Uso racional Economia

Escovar os dentes12 litros em 5 minutos

Fechar a torneira enquanto escova os dentes e usar água de um copo para enxaguar a boca.

350 mililitros11,65 litros

Tomar banho em chuveiro elétrico

45 litros em 15 minutos

Fechar o chuveiro enquanto se ensaboa e diminuir o tempo de banho para cinco minutos.

15 litros 30 litros

Lavar louça117 litros em 15 minutos

Limpar os restos de comida antes de lavar, encher a pia até a metade para ensaboar, manter fechada e enxaguar a louça em mais meia pia de água limpa.

20 litros 97 litros

Regar jardins e plantas

86 litros em 10 minutos

Usar regador ou esguicho tipo revólver, regar só o necessário e, de preferência, pela manhã ou à noite, quando a evaporação é menor.

50 litros 36 litros

Lavar o carro560 litros em 30 minutos

Lavar só quando necessário e trocar o esguicho por um balde.

40 litros 520 litros

Lavar a calçada279 litros em 15 minutos

Limpar com vassoura, o resultado é o mesmo.

não há consumo de água

279 litros

Obs.: como a pressão da água nos prédios é maior, o consumo em edifícios pode ser até três vezes a mais do que se gasta em uma casa. Os números acima se referem ao consumo em casa.

(RO

CH

A; D

ILL,

200

1)

IndústriaO setor industrial utiliza muita água, representando cerca de 25% do consu-

mo total do planeta. A água pode ser utilizada diretamente como matéria-prima na fabricação de bebidas, como os refrigerantes. Também serve para a transmis-são de calor, ou seja, para aquecer ou resfriar algo. Na culinária, também utiliza-mos a água como meio de transmitir calor quando utilizamos o banho-maria. Na indústria, o vapor de água é utilizado para aquecer os banhos de revestimento de peças metálicas, como a galvanoplastia. Nos alambiques, a água gelada é utilizada para condensar o destilado (por exemplo, cachaça). Na fábrica de papel, a água é utilizada para lavar a celulose5 e remover a lignina6.

5É o principal composto químico da parede celu-

lar nas plantas e em alguns protistas.

6Composto químico que constitui a parede celular

secundária de alguns tipos de células nas plantas vas-culares. Depois da celulose, a lignina é o polímero mais abundante em um vegetal. Sua presença dá maior sus-tentabilidade para a parede celular.

Como posso ajudar?

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Quadro 1 – Consumo industrial da água (dados aproximados)

Atividade Gasto médioProduto 12 litros em 5 minutos

Papel de celulose 33 a 216Cerveja 4,5 a 12Refrigerante 1,8 a 2,5Uísque (EUA) 2,6 a 76Álcool 1 000 a 12 000l/t de canaCimento Portland 0,55 a 1,9Amido de milho 13 a 18/t de milho

(SIL

VA, 2

005,

p. 2

59)

Geração de energia Após a descoberta da energia elétrica, o estilo de vida das pessoas mudou

muito. Hoje, nos centros urbanos, não se imagina uma casa sem energia elétrica, apesar de existirem muitas ainda no mundo.

São várias as formas de se conseguir a geração de energia elétrica e uma delas é através das usinas hidrelétricas, ou seja, utilizando-se a água.

Em uma usina hidrelétrica, a água contida nas barragens é direcionada para passar pelas turbinas da usina, movimentando-as e assim gerando a energia elétrica.

Apesar dos impactos ambientais causados durante a construção e operação de uma usina hidrelétrica, esta ainda é uma das formas mais limpas de se obter energia elétrica.

Turismo e lazerExistem regiões do Brasil bastante conhecidas pelos seus atrativos turís-

ticos relacionados à água. O litoral brasileiro tem pouco mais de 9 mil quilô-metros de extensão, e o turismo é um fator importante. Locais no interior do país, como a região do Pantanal, por exemplo, também são pontos turísticos. Outros exemplos são as águas termais de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. Nada melhor do que um banho de mar, cachoeira ou rio. Algumas pessoas ainda preferem praticar esportes, como iatismo, remo, rafting, mergulho, surfe, entre outros. A prática do surfe inclusive deixou de ser apenas na água salgada dos oceanos. No Brasil, muitos surfistas estão pegando as ondas da pororoca7, principalmente no rio Amazonas.

HidroviasO transporte de produtos é sempre uma questão muito importante, princi-

palmente em um país tão extenso como o Brasil. Diferentemente do transporte rodoviário, o transporte através de barcos e navios consome menos combustíveis e apresenta um custo de mão de obra mais baixo.

7O encontro das correntes contrárias junto à foz pro-

voca uma elevação súbita das águas, formando uma onda com 3 a 6 metros de altura que corre rio adentro. Essas ondas chegam a durar mais de uma hora.

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Um comboio fluvial (embarcação para transporte de carga em hidrovias) de 10 mil toneladas necessita de 12 homens em sua tripulação. Se a mesma carga fosse deslocada por transporte rodoviário, seriam necessários 278 cami-nhões e seus respectivos motoristas.

Mesmo assim, os riscos existem da mesma forma para todas as instala-ções de infraestrutura. É importante ressaltar que uma hidrovia mal planejada e mal manejada também causa impactos ambientais. As embarcações preci-sam estar em perfeito funcionamento para não poluírem a água, com algum vazamento de óleo, por exemplo.

AquiculturaAquicultura é o cultivo de espécies animais que vivem na água. Entre eles

estão os peixes, os crustáceos e os moluscos. Dessa maneira, abastece-se o mer-cado de alimentos e também o lazer, através dos pesque-pagues.

Irrigação agrícolaNo mundo todo, a irrigação é a atividade que mais consome água. Infeliz-

mente, as técnicas utilizadas no Brasil não são adequadas e acabam gerando mui-to desperdício. Apenas 40% da água é efetivamente utilizada, o restante é perdido na evaporação antes de chegar à planta ou através do uso incorreto das técnicas, ou seja, porque a irrigação não é feita em horário ou período adequado.

Abastecimento em crise nas cidades(PEGORIN, 2003, p. 46)

Bons e maus exemplos de como algumas capitais do país aproveitam a água que têm disponível.

Recife: entre as capitais nordestinas, é a que mais dispõe de água doce. Mesmo cortada várias vezes pelos rios Beberibe e Capiberibe, convive com racionamentos periódicos há cinco anos por causa de falta de captação e o desperdício. Metade da água da cidade se perde em vazamentos.

São Paulo: a poluição dos reservatórios e dos dois principais rios da cidade, Tietê e Pinheiros, provocam o caos quando as chuvas não são suficientes. Com a maior rede hidráulica do planeta (22 000km de canos), a cidade ainda desperdiça 40% de sua água.

Rio de Janeiro: tem um único grande manancial para abastecimento de água, o Rio Paraíba do Sul, que já se encontra quase esgotado e com má qualidade. Como não são feitas obras para melhorar a falta d’água, as regiões de periferia são as que mais passam por crises.

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Porto Alegre: apesar de ser chamado de rio, o Guaíba, que corta a capital gaúcha, é um lago. Antes poluído e quase sem vida, está desde 1989 passando por um programa de recuperação, que já conta com 69 estações de águas e aumentou de 5% para 27% o volume de esgotos tratados na cidade.

Fortaleza: mesmo durante o período das secas, a capital cearense não sofre problemas de abastecimento de água porque sua perda em va-zamentos, 30%, está abaixo da média nacional. Ainda assim, os ma-nanciais hoje explorados pela cidade não são suficientes.

As principais causas da contaminação8 da água

Efluentes9 domésticos – Quando damos a descarga, a água que escorre pelos ralos de nossa casa, ou seja, a água que utilizamos todos os dias, passa pelas tubulações da casa e cai na rede de esgoto, quando existe. Esse esgoto deveria passar por um tratamento, para só então a água re-tornar ao ambiente. No entanto, no Brasil, apenas 20% do esgoto é tra-tado. O restante é despejado diretamente em rios e córregos, poluindo o ambiente e contribuindo para a proliferação de doenças.

Efluentes agrícolas – As substâncias utilizadas na agricultura, como fertilizantes e defensores agrícolas, acabam contaminando rios, lagos e águas subterrâneas. Substâncias como nitrato de sódio, cálcio e potássio oriundos dos fertilizantes são altamente cancerígenos. Eles infiltram-se nos solos e através da chuva são carregados para rios, lagos e lençóis fre-áticos.

Efluentes industriais – Quando a indústria não dá uma destinação cor-reta aos seus rejeitos, acaba poluindo as águas. Entre os rejeitos indus-triais estão os metais tóxicos, plásticos e substâncias químicas poluentes diversas, como pigmentos, ácidos e detergentes.

Lixo – Se o lixo não tiver uma destinação correta, em local adequado, os poluentes gerados em sua decomposição natural afetam rios e águas subterrâneas.

A eutrofizaçãoA palavra eutrofização deriva do grego eu (que significa bom, verdadeiro) e

trophein (nutrir), ou seja, bem nutrido. Dessa maneira, o processo consiste no en-riquecimento das águas com nutrientes em um ritmo que não pode ser compensa-do pela sua eliminação definitiva através da mineralização total. Esses nutrientes podem vir de várias fontes, entre elas: esgotos domésticos, despejos industriais,

8Introdução de um agente indesejável em um meio

onde este não existia previa-mente.

9Rejeitos no estado líquido.

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drenagem urbana, escoamento agrícola e florestal, decomposição de rochas e se-dimentos, e transporte das camadas superficiais do solo (erosão).

A eutrofização aparece em vários contextos e não é exclusivamente decor-rente da ação humana, pois existem registros desse processo no desenvolvimento dos lagos pós-glaciais, através do estudo do tipo de sedimento encontrado antes de qualquer intervenção humana. Porém, com o lançamento de produtos nos rios através do esgoto, principalmente os detergentes, ricos em fosfatos, há um aumen-to na velocidade com que o processo ocorre.

Com o aumento de nutrientes, as algas proliferam atingindo quantidades extraordinárias. Com um ciclo de reprodução intenso e uma vida não muito longa, as algas mortas começam a ser decompostas. A decomposição diminui a con-centração de oxigênio nas águas profundas, podendo causar a morte de peixes e outros seres vivos.

Os efeitos da eutrofização são: prejuízos ao tratamento de águas para abas-tecimento; prejuízo ao lazer e recreação por causa de má qualidade da água; au-mento da produtividade, e, consequentemente, proliferação de algas tóxicas ou não; mortandade de peixes; a água fica indisponível para o consumo humano.

As bacias hidrográficasNo Brasil, existem cinco grandes bacias hidrográficas: Amazônica, Prata,

São Francisco, Araguaia-Tocantins e Atlântico Sul.

A Bacia Amazônica, formada pelo Rio Amazonas e seus afluentes, é consi-derada a maior bacia hidrográfica do mundo, com uma drenagem de 5,8 milhões de quilômetros quadrados. Ela abrange a Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil. Neste localiza-se nos estados do Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso. O Rio Amazonas é responsável por 20% da água doce despejada anualmente nos oceanos.

A Bacia do Prata é a segunda maior bacia da América do Sul. Os rios Para-guai, Paraná e Uruguai juntos drenam 10,5% do território brasileiro. Ela atravessa quatro países: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil, ela abrange os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A Bacia do São Francisco é a terceira maior bacia do Brasil, e a única intei-ramente brasileira. Ela ocupa 8% do território brasileiro, abrangendo as regiões Sudeste e Nordeste e um pouquinho da região Centro-Oeste.

As matas ciliaresAs matas ciliares são as florestas associadas aos cursos d’água. Mesmo estan-

do protegidas por leis federais, sua destruição é preocupante. Elas representam uma barreira física, regulando os processos de troca entre os ambientes terrestre e aquá-tico. Sua presença reduz a possibilidade de contaminação da água por sedimentos,

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resíduos de adubos, defensivos agrícolas, conduzidos pelo escoamento superficial da água no terreno. Os fatores responsáveis por sua degradação são os desmata-mentos, as grandes queimadas e a mineração. Um dos mais sérios problemas provo-cados pela destruição desse ecossistema é o aumento do escoamento superficial de resíduos para o leito dos rios, sendo que o acúmulo desse sedimento é o responsável pelo rebaixamento do nível do lençol freático, gerando enchentes e diminuindo a vida útil das barragens e hidrelétricas. Além disso, ainda favorece os problemas de erosão, perda de fertilidade do solo, deslizamento de rochas e queda de árvores.

Desse modo, as matas ciliares são consideradas de extrema importância para a manutenção das bacias hidrográficas.

A bacia hidrográfica como unidade de planejamento

As bacias hidrográficas proporcionam uma visão integrada do conjunto das condições naturais e das atividades humanas desenvolvidas. Pelo seu caráter inte-grador das dinâmicas ocorridas no ambiente da bacia hidrográfica, são excelentes áreas de estudos para o planejamento, facilitando o acompanhamento do processo de renovação ou manutenção dos recursos naturais.

Entre os princípios básicos praticados nos países que avançaram na gestão de recursos hídricos, o primeiro é o da adoção da bacia hidrográfica como unida-de de planejamento. Tendo-se os limites das bacias como o que define o perímetro da área a ser planejada, fica mais fácil fazer o confronto entre as disponibilidades e as demandas, essenciais para um determinado balanço hídrico.

Como uma mesma bacia hidrográfica localiza-se em vários estados, seu pa-pel também é o de descentralizadora das ações de gestão dos recursos hídricos, transformando o processo em um planejamento regional desenvolvido em cada ba-cia hidrográfica, com a atuação do Estado, da população e das organizações civis.

ConclusãoA água é um dos recursos naturais essenciais para a existência da vida. Sem

ela, a vida na Terra, como a conhecemos, não seria possível. No entanto, os seres humanos esquecem da importância desse recurso quando o tratam como produto descartável, usando, tornando imprestável e jogando fora. Os ecossistemas que “se virem” para filtrar e neutralizar essa poluição.

Só que os ecossistemas são responsáveis pela produção da água de boa qua-lidade para a vida em suas diferentes formas, e quando desequilibrados não con-seguem exercer sua função. Falta de cobertura vegetal, solos impermeabilizados e lixo são apenas alguns dos problemas enfrentados pelas bacias hidrográficas.

A água é um bem de uso comum. Todos podem usufruir, mas não “deveriam” poluir. Sem a informação e a conscientização, esse recurso poderá se tornar escasso em pouco tempo, aumentando os problemas ambientais, sociais e econômicos.

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Um dos passos mais importantes, na legislação referente a recursos hídri-cos, foi valorizar a bacia hidrográfica como unidade de gestão (Lei das Águas, 1997). É a ordem natural e deve orientar o planejamento econômico. Quer di-zer, o desenvolvimento precisa regular seu crescimento e discutir prioridades com base nos recursos hídricos disponíveis dentro de cada bacia hidrográfica. Não se pode tirar a água de outras bacias para atender a um crescimento não planejado, como se pretende fazer com São Paulo em relação à bacia do Rio Piracicaba. Ninguém quer condenar os paulistanos à sede, é evidente, mas é importante trabalhar com os recursos disponíveis e, se não há mais recursos, é preciso parar de crescer. (MACHADO, 2004).

Site do Projeto Brasil das Águas: <www.brasildasaguas.com.br>.

Esse é o site oficial do Projeto Brasil das Águas, desenvolvido por Gerard e Margi Moss, em parceria com pesquisadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Durante 14 meses, um avião anfíbio foi utilizado para coletar e analisar a água de todo o território brasileiro. O resultado do projeto é um “raio X” da qualidade da água doce do Brasil.

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