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EDUCAÇÃO ESPECIAL E SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA E POLÍTICA: UMA ABORDAGEM CRÍTICA ATRAVÉS DE GRUPOS DE DISCUSSÃO

Autor Marli Aparecida Casprov Corcini Escola de atuação Escola São José Educação Infantil

Ensino Fundamental na Modalidade Educação Especial - APAE

Município da escola São José da Boa Vista - Paraná Núcleo Regional de Educação Núcleo Regional de Educação de

Wenceslau Braz- Pr. Orientadora Ms. Rosana de Castro Casagrande Instituição de Ensino Superior UEPG Disciplina\Área Educação Especial Público Alvo Professores, Equipe pedagógica,

Comunidade Escolar Localização Colégio Estadual Maria Isabel

Guimarães – Ensino Fundamental e Médio – Rua Leopoldo José Barbosa, 200 – São José da Boa Vista - PR

Apresentação Justificativa: O referido tema, torna-se relevante, considerando-se que nas escolas regulares, muitos são os alunos especiais, que nelas se encontram, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Se observarmos atentamente, muitos são os alunos que estão nas escolas com laudos diagnósticos como alunos com Necessidades Educacionais Especiais, porém, é sabido que nem todos têm seus direitos de acesso e permanência nas escolas respeitados, com atendimento especializado, e principalmente com uma Equipe Pedagógica preparada e conhecedora dos documentos norteadores que apóiam os alunos especiais dentro das escolas regulares (BRASIL, 2001). 2.0 OBJETIVOS: Analisar e promover aspectos legais e históricos da Educação Especial mediante grupos de estudos. 2.1 - OBJETIVOS ESPECIFICOS: Sobre a Educação Especial e seus

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aspectos legais e históricos; Estimular a reflexão crítica dos

professores e pedagogos acerca dos fundamentos legais e políticos na educação especial Mobilizar a reflexão crítica da prática docente dos professores e pedagogos que atuam na educação especial e no ensino regular 3.0 METODOLOGIA Este trabalho será dividido em três etapas descritas a seguir: Primeira Etapa: Apresentação do projeto aos pedagogos e professores. Dinâmica de sensibilização, onde todos serão convidados a vivenciarem uma situação de dificuldade simulada, a fim de compreenderem as limitações e possibilidades do aluno com necessidades educacionais especiais. Segunda Etapa: Será aplicado um formulário com perguntas abertas e fechadas, a fim de caracterizar o conhecimento prévio dos professores em relação às leis e ao histórico da educação especial e também conhecer a percepção dos mesmos em relação aluno com necessidades educacionais especiais. Terceira Etapa: Terão início os encontros dos grupos de discussão, onde serão realizadas dinâmicas apoiadas em referências de autores sobre política e história da educação especial.

Palavras- chave: Inclusão. Grupos de discussão. Leis. Política

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1 INTRODUÇÃO A partir da implementação da políticas Públicas para a Inclusão

Educacional de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais,

principalmente no Brasil, muitas discussões surgiram e muitos

questionamentos têm sido colocados por profissionais da educação e por

profissionais das áreas afins sobre esse tema tão polêmico.

Percebe-se nas escolas que as dificuldades que ocorrem em torno da

efetivação da inclusão escolar dos alunos com necessidades educacionais

especiais são evidentes.

A inclusão educacional, não deve e não pode ser restrita a simples

matrícula do aluno na escola regular. Incluir é mais do que isso. Porém muitos

professores que atuam na rede regular de ensino não têm esse conhecimento.

Não sabem que existem leis que amparam alunos com necessidades

educacionais especiais, dentro e fora da escola e que esses alunos tem seus

direitos assegurados desde a Constituição Federal de 1988.

Antes de tudo, a Inclusão deve ser vista com seu significado mais

amplo, pois, significa considerar as diferenças individuais, a diversidade e suas

implicações pedagógicas. Significa respeitar e principalmente valorizar a

diversidade como elemento natural nesse processo inclusivo.

E para que esse novo processo se inicie se torna fundamental

preparar a comunidade escolar em especial pedagogos e professores, pois são

estes profissionais que atuam diretamente com o aluno especial dentro do

âmbito escolar. Espera-se assim, transformar a inclusão em uma situação

natural e como parte do processo educacional. Para que esse aspecto ganhe

maior relevância se faz necessário que os professores e pedagogos conheçam

amplamente sobre as leis que dão suporte e amparam os alunos com

Necessidades Educacionais Especiais dentro das escolas regulares.

O tema inclusão se torna bastante discutido e ainda apresenta

algumas controvérsias entre os envolvidos dentro das escolas. Porém observa-

se que o tema já está presente no meio social e educacional, onde professores

de diversas áreas têm demonstrado interesse em formas para a melhoria da

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qualidade de vida de pessoas excluídas, mas no entanto a falta de informação

pode impedir a inclusão legal de tais indivíduos, excluindo-as ainda mais, pois,

estes, mesmo com suas diferenças, encontram-se inseridos em algum grupo

que as aceita ou não.

Sassaki (1997), afirma que:

A idéia de inclusão surgiu para derrubar a prática da exclusão social a que foram expostas as pessoas com deficiência por vários séculos. A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as pessoas com deficiência eram excluídas da sociedade para qualquer atividade porque eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes de trabalhar, características essas atribuídas indistintamente à todos os portadores ou que tiveram alguma deficiência (SASSAKI, 1997, p. 30-31).

Diante a realidade educacional vivida hoje no Brasil e seus problemas,

se faz pertinente discutir com professores, em reuniões, em cursos de

formação docente, ou mesmo de formação continuada questões como: a) o

que é a inclusão? b) Como ela se efetiva? c) Quem são os beneficiados de tal

ação, e de que forma?

Assim essa Unidade Didática busca esclarecer algumas dúvidas sobre

quem é o aluno com Necessidades Educacionais Especiais, quem são os

professores que atendem esses alunos na rede regular de ensino, e propõe por

meio de grupos de estudos analisar aspectos legais e históricos da Educação

Especial mediante grupos de estudos, com a finalidade de mobilizar a reflexão

crítica dos professores e pedagogos sobre sua prática docente.

Assim, o objetivo dessa Unidade Didática é propiciar informações e

conhecimentos básicos sobre o tema, levantando alguns questionamentos e

levando a reflexão sobre o assunto.

3 UM BREVE PANORAMA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNDO

Muito das práticas discriminatórias relacionadas ao aluno com

Necessidades Educacionais Especiais - NEEs, são evidenciadas na história em

diferentes épocas. Partimos do princípio de que quando os professores do

Ensino Regular conhecem essa história, passam a contextualizar,

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problematizar, discutir e desenvolver melhor sua atuação docente com os

alunos com necessidades educacionais especiais.

Conforme Correia (1997), a história da educação especial remonta a

idade antiga onde era comum as políticas de exclusão das crianças que

nasciam com alguma deficiência. Por exemplo, em Esparta, antiga Grécia,

algumas crianças deficientes eram abandonadas em montanhas bem altas e

desertas, a própria sorte, e geralmente morriam de fome ou eram devorados

por animais.

Na Roma antiga, as crianças consideradas com algum defeito, eram

atiradas nos rios mais fundos, ou de penhascos bem altos. Os egípcios

matavam seus deficientes com marretadas na cabeça e os enterravam em

urnas nos sarcófagos, acreditando que assim, a alma se purificaria e voltaria

perfeita em beleza e inteligência. (CORREIA, 1997)

Registros comprovam a resistência a aceitação social das pessoas

deficientes. Muitas crianças morreram por consequência do preconceito e

inaceitação. Misés (1977, p. 14) faz um relato sobre o modo como tratavam as

pessoas deficientes na Roma antiga:

Nós matamos os cães danados e touros ferozes, degolamos ovelhas, asfixiamos recém nascidos mal constituídos; mesmo as crianças se forem débeis, ou anormais, nós as afogamos, não se rata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las.

Nos países europeus, na Idade Média, os deficientes eram associados

aos demônios e aos atos de feitiçaria. Por esse motivo eram perseguidos e

mortos. Faziam parte da categoria dos excluídos, devendo ser afastados do

convívio social ou ser sacrificado. Haviam posições ambíguas: “Uma seria a

marca da punição divina, a expiação dos pecados; outra dizia respeito a

expressão do poder sobrenatural, ou seja o acesso as verdades inatingíveis

para a maioria”. (FERREIRA, 1994, p. 67).

Segundo Ferreira (1994), a história do atendimento a pessoa com

Necessidades Educacionais Especiais, no mundo ocidental, começa em

meados do século XVI quando a questão da diferença ou a fuga ao padrão

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considerado normal vai passar da órbita de influência da igreja para se tornar

objeto da medicina.

No século XVII e meados do século XIX, inicia-se a chamada fase de

institucionalização, onde as pessoas deficientes eram segregados e protegidos

em instituições residenciais. Logo no início do século XX, surgem as escolas e

as classes especiais dentro das escolas públicas, visando oferecer ao

deficiente uma educação diferenciada.

Jean Marc Itard, (1774-1838) no início do século XIX, passa a ser

considerado o pai da educação especial, após desenvolver tentativas de

educar um menino de 12 anos chamado Vitor, o menino lobo (menino

considerado com deficiência mental profunda, criado por lobos na floresta).

Esse caso ficou conhecido como o caso do Selvagem de Aveyron. Itard foi

reconhecido como o primeiro estudioso a usar um método sistematizado para

ensinar deficientes. Ele acreditava que a inteligência de seu aluno “retardado”

era educável. Até os dias atuais ele é referencia para os estudiosos.

(JANNUZZI, 1992).

De acordo com Casagrande (2011) apud Mendes (2006), pode-se

destacar que, em meados do século XVI, a iniciativa de alguns profissionais

(médicos e pedagogos) preocupados com o descaso em relação à atenção às

pessoas deficientes era assistencial, sendo atendidas em asilos e manicômios.

3.1 A Educação Especial No Brasil – Um Breve Panorama

A Educação é referida na Constituição Federal, como “direito de todos e

dever do Estado” (BRASIL, 1988), devendo nesse contexto ser valorizado o

direito à Educação Especial. O artigo 205, enfatiza que:

A Educação, direito de todos e dever do Estado e colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p.89).

Jannuzzi (2006) retrata o modo como a educação do deficiente se

constituiu no Brasil, destacando a participação da sociedade civil e o

estabelecimento inicial da política inclusiva. Na época do Brasil Colônia, os

deficientes não tinham nenhum tipo de atenção do poder público, viviam à

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margem da sociedade que somente poucos foi direcionando a atenção para a

situação de total desprezo na qual essas pessoas viviam. A filantropia foi

instituída antes que houvesse uma manifestação do poder público da época,

vindo a acontecer no final do século XIX com a criação das primeiras

instituições governamentais para a educação de pessoas surdas e cegas.

Entende-se como marco histórico da educação especial no Brasil o

período final do século XIX, com a criação do Instituto dos Meninos Cegos, em

1854, sob a direção de Benjamin Constant, e o Instituto dos Surdos-Mudos, em

1857, (JANNUZZI, 1985, 2004; MAZZOTTA, 2005). Em 1874 é criado na Bahia

o Hospital Juliano Moreira, dando início a assistência médica aos indivíduos

com deficiência intelectual, e em 1887, é criada no Rio de Janeiro a “Escola

México” para o atendimento de pessoas com deficiências físicas e intelectuais

(JANNUZZI, 1992; MAZZOTTA, 2005).

Jannuzzi (1992), explica que no Brasil duas vertentes foram

predominantes para que a educação especial se efetivasse, sendo elas:

Vertente médico-pedagógica: mais subordinada ao médico, não só na determinação do diagnóstico, mas também no âmbito das práticas escolares […]. Vertente psicopedagógica: que não independe do médico, mas enfatiza os princípios psicológicos […] (JANNUZZI, 1992, p. 59).

Alguns médicos foram os primeiros a estudar os casos de crianças com

prejuízos mais graves e criaram instituições para crianças junto a sanatórios

psiquiátricos. Locais onde as crianças recebiam tratamentos específicos,

porém ainda institucionalizados.

A autora e pesquisadora Helena Antipoff (1892-1974), que estudou

psicologia na França, na Universidade de Sorbonne, ao chegar ao Brasil criou

o Laboratório de Psicologia Aplicada na Escola de Aperfeiçoamento de

Professores, em Minas Gerais, em 1929. Iniciou uma proposta de organização

da educação primária na rede comum de ensino baseado na composição de

classes homogêneas. Classes essas que a autora acreditava ser possível

colocar crianças com alguma deficiência junto às crianças normais. Helena

Antipoff em 1932 criou a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais, que mais tarde

a partir de 1945, iria se expandir no país. A primeira escola com o nome

“Pestalozzi” foi criada em Canoas, Rio Grande do Sul, em 1927. A autora e

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pesquisadora participou de muitas outras iniciativas entre elas implantação da

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, em 1954.

A igualdade de oportunidades passou a significar a obrigatoriedade e

gratuidade do ensino, ao mesmo tempo em que a segregação daqueles que

não atendiam as exigências escolares, passou a ser justificada pela adequação

da educação que lhes seria oferecida.

Jannuzzi (1992; 2004, p. 67) ao estudar a educação de pessoas com

deficiência intelectual no Brasil, até por volta de 1935 concluiu que neste

período:

1. Não houve solução escolar para elas. 2. As conceituações sobre deficiência eram contraditórias e imprecisas, e incorporavam as expectativas sociais do momento histórico em curso. 3. A concepção de deficiência intelectual englobou diversas e variadas crianças, com comportamentos divergentes das normas sociais estabelecidas pela sociedade e então veiculadas nos padrões escolares. 4. A classificação ficou mais ao nível do discurso, e foi aplicada muito pouco em função da desescolarização geral predominante. 5. A escassa educação das pessoas com deficiência intelectual neste período representava a síntese dos enfoques e procedimentos primeiramente franceses e posteriormente europeus e norte-americanos.

No período de 1961, a história da educação especial, passou por um

período de ampliação das instituições especializadas. Estas instituições

surgiram, portanto, em resposta ao silêncio do poder público e ao descaso

social com as pessoas consideradas explica Romero (2006, p. 21) que:

[...] as iniciativas privadas configuraram-se nesse período como a própria expressão do atendimento implantado. Embora o modelo institucionalizado possa ser considerado segregacionista, pois mantinha as pessoas com deficiências distantes dos espaços regulares de ensino, é preciso levar em conta que esse modelo, em certa medida, propunha-se a responder às necessidades educacionais específicas dos diferentes tipos de deficiência. Por outro lado, cumpre considerar também que a existência dessas instituições contribuiu em grande medida para que o poder público tenha se isentado desse compromisso no sentido de inviabilizar ou até mesmo dificultar o ingresso e a permanência das pessoas com deficiências na escola regular.

Em 1964, instala-se a primeira unidade assistencial da APAE, o Centro

Ocupacional Helena Antipoff, tendo como objetivo oferecer habilitação

profissional a adolescentes deficientes mentais do sexo feminino. A primeira

unidade multidisciplinar integrada para prestação de assistência a deficientes

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mentais e formação de pessoal técnico especializado foi o Centro de

Habilitação de Excepcionais inaugurado no dia 22 de Maio de 1971 na APAE

de São Paulo (MAZZOTTA, 1996).

Na década de 1950, contava-se em torno de 190 Estabelecimentos de

Ensino Especial, sendo sua grande maioria públicos e em escolas. (JANNUZZI,

1992). Em 1954, é criada a primeira escola especial da Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais - APAE, no Rio de Janeiro, sob influência do casal de

norte-americanos Beatrice Bemis e George Bemis, membros da National

Assossition for Children e a atual National association for Retardede Citizens-

NARCH.

Mazzota (1980), explica que a década de 1980 ficou marcada pelo início

da superação da visão assistencialista e das perspectivas de benevolência,

através de ações que comemoraram em 1981, o Ano Internacional das

Pessoas com Deficiência, apoiado pela Organização das Nações Unidas -

ONU, onde defendeu os desdobramentos que culminaram na elaboração de

dois planos: Plano de Ação da Comissão Internacional de Pessoas Deficientes

(1981) e Plano Nacional da Ação Conjunta para a Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência (1985).

No final da década de setenta, são implantados os primeiros cursos de

formação de professores na área de educação especial ao nível do terceiro

grau e os primeiros programas de pós-graduação a se dedicarem à área de

educação especial (NUNES, et al, 1999; BUENO, 2002).

Na atualidade, em relação a formação de docentes, no contexto da

educação inclusiva, surgiu a necessidade de complementação nos currículos

dos cursos de Formação de Docentes e de outros cursos de profissionais e

disciplinas que interajam com os alunos com necessidades educacionais

especiais.

4. SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA – CONCEPÇÕES E ASPECTOS

LEGAIS

Sabe-se que para algumas culturas antigas era normal se eliminar

pessoas com deficiência, para outras, praticas de internato em instituições de

caridade, junto com doentes e idosos era a melhor solução. Segundo Sassaki,

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(1997) essas instituições eram grandes e serviam apenas para dar abrigo e

alimentação aos deficientes, bem como medicamentos e raramente, algumas

atividades para ocupar o tempo ocioso, uma forma de garantir a permanência

do mesmo na instituição (SASSAKI, 1997).

Com o tempo o olhar para o deficiente foi melhorando e novas ações

foram surgindo em seu benefício, passando por mudanças significativas de

cunho médico e mais tarde, com enfoque pedagógico (SASSAKI, 1997).

Foi somente a partir de meados de 1990 que a questão da inclusão de

pessoas com deficiência teve um impulso e assim, algumas organizações pelo

mundo todo assumiram um compromisso em defesa da luta para garantir a

efetivação da inclusão.

Tal iniciativa ganhou força a partir da Conferencia Mundial de Educação

pra todos em 1990, na Tailândia, e da Declaração de Salamanca, em 1994, na

Espanha. Esses movimentos consolidaram certamente, os movimentos em

defesa da inclusão a partir de novas discussões sobre a democratização do

acesso à educação.

A partir desses documentos norteadores, surge, a Resolução CNE\CP nº

1\2002, como um instrumento legal que estabelece as Diretrizes Nacionais

para a formação de Professores da Educação Básica, a determinação legal de

que seja prevista nos currículos dos cursos ofertados pelas instituições de

ensino superior a formação docente que atenda à diversidade, abordando

conhecimentos referentes às diferentes especificidades dos alunos com

alguma Necessidade educacional Especial.

Percebe-se que houve incremento de disciplinas nos currículos de

faculdades e Universidades, em especial de Pedagogia, como LIBRAS;

Fundamentos da Educação Especial Inclusiva, onde são abordados temas

históricos e contextos dos mais variados, entre eles, tipos de deficiências, Leis

e direitos que permeiam o aluno especial, mas é necessário rever as cargas

horárias que por vezes são insuficientes para dar conta dos assuntos tratados,

impossibilitando melhor aprofundamento teórico.

No dia 9 de janeiro de 2001 foi instituída a Lei nº 10.172, que trata da

Educação Especial no Plano Nacional de Educação. Esse documento

estabeleceu como meta principal:

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[...] a formação de recursos humanos com capacidade de oferecer o atendimento aos educandos especiais nas creches, pré-escolas, centros de educação infantil, escolas regulares de ensino fundamental, médio e superior, bem como instituições específicas e outras. Instituições específicas (BRASIL, 2001, p. 80)

Em relação ao local onde o atendimento dos alunos com necessidades

educacionais especiais deveria ser realizado é especificado no Artigo 5º que:

[...] prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais, da própria escola ou em outra escola de ensino regular de turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou Municípios (BRASIL, 2009, p.1).

Segundo a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

da Organização das Nações Unidas (ONU/2006), ratificada no Brasil com

status de emenda constitucional e promulgada por meio do Decreto nº

6.949/2009, de 25 de agosto de 2009, "pessoas com deficiência são aquelas

que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual

ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir

sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com

as demais pessoas".

O Atendimento Educacional Especializado (AEE), definido pelo Decreto

nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, é gratuito aos estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação, e deve ser oferecido de forma transversal a todos os

níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino. De

acordo com o decreto, o Atendimento Educacional Especializado compreende

um conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos,

organizados institucional e continuamente, prestados de forma complementar à

formação de estudantes com deficiência e transtornos globais do

desenvolvimento; e suplementar à formação de estudantes com altas

habilidades/superdotação.

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4 .1 Serviços de Apoio Especializados no Paraná

Muitos dos serviços de apoios pedagógicos especializados acontecem

dentro do próprio ambiente de escolarização, ou em contraturno, quando assim

se fizer necessário. O mesmo se dá por meio de recursos humanos,

tecnológicos, físico e materiais, tendo como seu objetivo principal, possibilitar o

acesso e a permanência do aluno especial dentro do ensino regular. Isso se

dará através de uma complementação curricular para que o aluno atinja seus

objetivos educacionais.

Os referidos serviços poderão ser oferecidos em Salas de recursos

Especializadas tipo 1 e tipo 2, em contra turno, dentro da própria sala quando

for o caso de aluno Surdo, também em sala com o professor de apoio para

aquele aluno que necessite de apoio especializado individual, devido a fatores

físicos e neurológicos. Estes são alguns serviços especializados ofertados

dentro da escola de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de

Educação e Conselho Estadual de Educação ( BRASIL, 2003, p. 67) .

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Especial

(BRASIL, 2003)

O princípio de sustentação da rede de apoio é que os diferentes segmentos funcionem em rede, numa teia, em que cada elemento seja interdependente do outro, se influenciando mutuamente. Tal rede de apoio e de sustentação a educação especial, pauta-se em serviços, estruturas, entidades e instituições que possam oferecer apoio especializado, adaptações curriculares necessárias, equipe técnico pedagógica especializada, oferta de apoio em contra turno, profissional intérprete LIBRAS\Língua Portuguesa para surdos, quando se fizer necessário, Professores de apoio permanente, para alunos com graves comprometimentos na comunicação, Salas de Recursos, para alunos com Deficiência Intelectual, distúrbios de aprendizagem, altas Habilidades que estejam inseridos no ensino regular. Além de Centros como Centro Atendimento Especializado da Surdez - CAES, CEDV- Centro Especializado para o Deficiente Visual – CEDV. (PARANÁ, 2006, p. 87)

O Estado do Paraná em sua Política Educacional, ainda mantém as

Classes Especiais nos Municípios, porém sem intenção da abertura de novas

salas, bem como mantem as Instituições especializadas como a Associação de

Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE em pleno funcionamento. Constando

as mesmas como redes de apoio, entendendo que, crianças, jovens e adultos

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com comprometimentos excessivamente graves, não apresentam as mesmas

condições de aprendizagem dos demais alunos, necessitando de propostas

curriculares alternativas em natureza e finalidade àquelas desenvolvidas pelas

escolas regulares.

Por esse motivo a Secretaria Estadual de Educação – SEED, entende

como necessária a formação continuada dos profissionais da escola especial e

do ensino regular com vistas ao enfrentamento ao desafio da Educação

Inclusiva, com um novo olhar sobre o atendimento Educacional Especializado –

AEE.

São considerados Apoios Pedagógicos Especializados:

Professor de Educação Especial, devendo o mesmo ser habilitado em Educação Especial em nível médio; Professor Intérpretes; Profissional bilíngüe, Com uso corrente de LIBRAS; Professor itinerante; Salas de Recursos; Centros de Atendimento Especializados no atendimento específico das dificuldades dos alunos como CAES e CAEDV. (BRASIL, 2004) Temos ainda alguns serviços especializados que se caracterizam através da Políticas Públicas existentes ou com diferentes parcerias entre algumas áreas da educação, saúde e assistência social, tais como: Classes Especiais dentro de Escolas Regulares; Escolas Especiais; Classes Hospitalares. É o chamado atendimento SAHRE (Brasil, 2004, p. 98)

Classes Especiais, dentro da escola regular, Escolas especiais e

Classes Hospitalares são os principais atendimentos especializados que temos

no Paraná que fazem parte das questões do desenvolvimento acadêmico do

aluno especial dentro e fora da escola.

Pode-se perceber que a educação especial vem conquistando espaço

por meio do aumento das pesquisas na área e também pela ampliação de leis

específicas, mas sabemos que essas ações, embora sejam importantes, não

são suficientes para transformar a realidade e minimizar a exclusão das

pessoas com necessidades especiais.

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Consistirá de 2 atividades.

Atividade 1

Primeira etapa a ser desenvolvida nessa Unidade Didática: duração de 4

horas.

Apresentação do projeto aos pedagogos e professores da

Escola.

Atividade 2

Desenvolver as atividades com dinâmicas de sensibilização, com

duração de 4 horas.

Dinâmicas de Sensibilização.

Todos serão convidados à vivenciarem uma situação de dificuldade

simulada, a fim de compreenderem as limitações e possibilidades do aluno com

necessidades educacionais especiais.

Como segunda atividade com o grupo de professores, pedagogos e

comunidade escolar, será realizada uma dinâmica em grupo, onde cada

participante poderá vivenciar o que sente um deficiente e principalmente como

eles vivem. Assim inicia-se a etapa de conscientização e sensibilização acerca

do aluno especial, e como ele se apresenta na sociedade.

PRIMEIRA ETAPA

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Assim cada participante das atividades desse primeiro dia de, poderá

sentir claramente o que sente a pessoa especial dentro de um contexto

educacional e social.

Observe-se abaixo a primeira atividade que será desenvolvida pelos

professores, pedagogos, e comunidade escolar presente nessa primeira

apresentação.

Objetivo : Proporcionar uma discussão em Grupo, sobre como as Pessoas com Deficiência vivem. Introdução : Muitas deficiências não são tão visíveis como aquelas de pessoas que estão na cadeira de roda ou são cegos. Há deficiência, por exemplo, por causa da idade, como é o caso de muitos dos nossos avós. Eu fico triste em saber que, só no Brasil, existem cerca de 27 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Muitos não nasceram assim, mas ficaram nessa situação por causa de acidentes ou doenças. Algumas perguntas: • Quem tem amigos com deficiência? • Alguém sabe como eles vivem na família, na escola e na Igreja? TAREFA: Realizar uma pesquisa por meio de entrevista, internet etc., sobre como as Pessoas com Deficiência vivenciam o cotidiano (preconceito, dificuldades de ir à escola, andar de ônibus, acessibilidade a lugares públicos: ir a bancos, festas, restaurante, lanchonete, cinema, ir à casa de um amigo este assunto). Trazer por escrito no próximo encontro. (www.sodinamicas.com.br, acesso em 23\10\2016. Fechamento : Deverá ser aberto espaço para apresentação da pesquisa por meio da participação e discussão, com o intuito de uma reflexão conjunta sobre as dificuldades que a Pessoa com Deficiência vivencia no cotidiano (preconceito), dificuldades de ir à escola, andar de ônibus, acessibilidade a lugares públicos: ir a bancos, festas, restaurante, lanchonete, cinema, ir à casa de um amigo, etc.

Na segunda dinâmica teremos uma atividade em grupo, onde todos

terão a oportunidade de entender melhor quem é o aluno especial, como ele

expressa seus sentimentos diante da vida, da escola, dos amigos.

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Após essas reflexões finais o professor PDE poderá apresentar seu

Projeto de Implementação Pedagógica, explicando quais serão os

procedimentos, quem serão os envolvidos, qual a duração do projeto, e os

objetivos que pretende alcançar com o mesmo.

Observação: essas atividades terão seu desfecho durante o encontroe

os envolvidos terão que apresentar o que aprenderam as dinâmicas, quais

foram os sentimentos despertados em cada um e principalmente, como

entender a criança com Necessidades Educacionais Especiais, e qual sua

percepção de mundo, de vida e de aprendizagem, dentro do ensino regular.

Após o professor PDE fará sua apresentação geral da proposta de

implementação na escola.

CANECA NO VASO Objetivo : Sensibilizar o grupo para o convívio com Pessoa com Deficiência. Material : • Barbante; • Caneca com asa; • Vaso ou recipiente que caiba a caneca; • Vendas para olhos (metade do Nº de participantes). Procedimento : • Todos os integrantes em circulo de pé recebem um barbante, o qual uma ponta deverá ser presa na cintura do participante e a outra ponta presa a uma tesoura que se encontra no centro do círculo. • A tesoura presa no centro do círculo deverá estar com a ponta voltada para baixo. O grupo deverá tentar colocar a tesoura no vaso que se encontra no chão debaixo da tesoura. • No circulo, de forma intercalada, ficará um sem a visão (com vendas) e a outra sem a fala, novamente outra pessoa sem a venda e depois outra pessoa sem a fala e assim sucessivamente. • A missão do grupo é inserir a tesoura presa no centro do círculo no vaso. • Após o cumprimento da missão, fazer uma reflexão com o grupo, sobre as principais

dificuldades apresentadas durante a vivência, e como nos comportamos ao conviver

no cotidiano com Pessoas com Deficiência. Fonte: Disponível em:www.sodinamicas.com.br,

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Consistirá de três atividades:

Atividade 1

Será aplicado um formulário com perguntas abertas e fechadas, a fim de

caracterizar o conhecimento prévio dos professores em relação às leis e ao

histórico da educação especial e também conhecer a percepção dos mesmos

em relação ao seu aluno com necessidades educacionais especiais. Anterior a

esse, realizar a leitura de conhecimento sobre um pouco mais da educação

especial.

Inclusão Consciente:

Inclusão é algo que está além da inserção ou integração, fazendo com

que o indivíduo seja compreendido, independente de suas diferenças. Almeida

e Coffani, (2010) explicam a fase da pré-história onde a sobrevivência

dependia do corpo e seu movimento, consequentemente excluindo pessoas

com deficiência, idosas e doentes que eram dependentes, sendo muitas vezes

abandonados por suas tribos, tendo como fim a morte. Mas no decorrer dos

anos a sociedade muda e suas concepções também, e filosofias como surgidas

na Dinamarca que focavam a integração, objetivando proporcionar uma vida

“normal” e integração no ensino regular a educandos com deficiência, ajudam

na formação de novos conceitos e a sua aceitação.

Segundo Chicon (2008), os fatos históricos ocorridos a partir das últimas

décadas do século XVIII e durante o século XIX, foram importantes para

Educação Física, sendo impulsionada como forma de educação no mundo

Ocidental, tendo como centro a Europa, desenvolvendo o sistema ginástico

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alemão, sueco e francês, espelhando por todo o mundo, mas ainda não

sistematizada no âmbito escolar.

De acordo com Leonardo, (2008) apesar da efetivação da Educação

Inclusiva, há muitos questionamentos a serem realizados, como a qualificação

de professores para receber educandos com deficiência, infraestrutura da

escola, que necessita de adaptações e a preparação de profissionais para lidar

com as diferenças.

A Declaração Salamanca, (1994) enfatiza o recrutamento e treinamento

de educadores e a importância quanto à preparação apropriada de todos os

educadores como fator chave para a efetivação da educação inclusivas. Além

disso, a importância do recrutamento de professores que possam servir como

modelo para crianças portadoras de deficiências torna-se cada vez mais

reconhecida.

Lacerda, (2006), expõe a necessidade de conhecimento e informação do

professor sobre as deficiências de seus alunos, proporcionando a eles um

atendimento inclusivo, e uma aprendizagem efetiva, desempenhando ações de

forma responsável para uma inclusão e não somente a integração do aluno.

Após a leitura do texto será realizado a aplicação de um questionário de

sondagem de conhecimento para os professores que participarem dos

encontros.

QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM JUNTO AOS PROFESSORES DE

EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA

Prezados professores, o presente questionário faz parte do trabalho de

implementação do Projeto PDE, no ano de 2016. O mesmo tem como objetivo

analisar a qualificação e preparação dos professores do ensino regular, para

trabalhar com alunos com Necessidade Educacionais Especiais, bem como as

leis que os amparam. O presente formulário tem também, como objetivo

verificar como os professores lidam com os processos de inclusão de seus

alunos no contexto escolar.

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1ª ETAPA DO QUESTIONÁRIO

I. DADOS SÓCIOPEDAGÓGICOS

Disciplina do

professor:__________________________________________________

Faixa etária: ( ) entre 20 e 25 anos;

( ) entre 25 e 30 anos;

( ) entre 30 e 35 anos;

( ) entre 35 e 40 anos;

( ) entre 40 e 45 anos;

( ) acima de 45 anos.

Tempo de trabalho no magistério: ________________________

II. QUESTÕES REFERENTES ÀS CONCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃ O AOS

PROFESSORES

1) Você gosta ou gostaria de trabalhar com alunos com NEE incluídos em

classes comuns?

( ) Sim ( ) Não

Justifique:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

2) Você acredita que a atenção extra, requerida pelos estudantes deficientes

pode prejudicar a fluidez de suas aulas, assim como o desenvolvimento dos

demais alunos?

( ) Sim ( ) Não

Justifique:

_______________________________________________________________

______________________________________________________________

3) Em sua opinião as NEE dos estudantes com deficiências, em suas aulas,

podem ser melhor atendidas em turmas específicas, que trabalhem apenas

com a Educação Especial Adaptada?

( ) Sim ( ) Não

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4) Você acredita que o aluno deficiente, incluído no ensino regular, que não

participa das aulas de Educação Física seja prejudicado em seu

desenvolvimento motor, social, cognitivo e emocional?

( ) Sim ( ) Não

III. QUESTÕES REFERENTES ÀS ATITUDES DOS PROFESSORES

5) Você considera as atividades que aplica, nas suas aulas no ensino regular,

apropriadas para os estudantes com deficiência?

( ) Sim ( ) Não

Justifique:_______________________________________________________

______________________________________________________________

6) Você já buscou recursos próprios para sua atuação no processo de inclusão

escolar de alunos com deficiência (curso de extensão, pós-graduação, livros,

revistas, acesso pela internet, orientação com colegas...)?

( ) Sim

Quais?__________________________________________________________

_______________________________________________________________

( )Não

IV. QUESTÕES REFERENTES À CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

7) Você considera que os professores do ensino regular, têm capacitação para

dar aulas para crianças com deficiência em turmas inclusivas?

( ) Sim ( ) Não

8) Em algum momento foi oferecido a você curso de capacitação para o

atendimento de alunos com NEE, em turmas inclusivas?

( ) Sim

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Quais?

_______________________________________________________________

______________________________________________________________

( )Não

8) Você conhece as disposições da Resolução 2/2001 do Conselho Nacional

de Educação/Câmara de Educação Básica, que institui as Diretrizes Nacionais

para a Educação Especial na Educação Básica e que normatiza o processo de

inclusão educacional no Brasil?

( ) Sim ( ) Não

9) Você se considera capacitado para atender alunos com deficiência em

turmas inclusivas?

( ) Sim

Como?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

( ) Não

2ª ETAPA DO QUESTIONÁRIO

1) O que você conhece sobre as leis de apoio e amparo ao aluno deficiente no

Brasil?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

2) Você conhece ou já ouviu falar sobre a Declaração dos Direitos do Homem?

( ) Sim ( Não)

3) O que você sabe sobre a Declaração de Salamanca de 1994, em Jointiem?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

3) Como professora do ensino regular, já se perguntou porque alunos especiais

frequentam o ensino regular junto aos demais alunos?

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( ) sim ( ) Não

Justifique________________________________________________________

_______________________________________________________________

4) Como você definiria um aluno com Necessidades Educacionais Especiais?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

5) Gostaria de ter um melhor conhecimento acerca de quem é o aluno especial

e das leis que dão suporte para que ele frequente o ensino regular?

( ) sim

( ) Não

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Atividade 2

Nessa atividade será proposto aos professores que leiam o texto

abaixo e que em seguida, assistam a um documentário do youtube no

endereço> https://www.youtube.com/watch?v=T5E_8ct-JEA, sobre a educação

inclusiva e a história da Educação Especial.

O aluno que apresenta necessidades educacionais especiais, tem à

terminologia referente aos alunos que apresentam necessidades educacionais

especiais Velanga e Silveira, (2013), chamam a atenção quanto à falta de

conhecimento de grande parte da sociedade, ao se referir a pessoas que têm

deficiência, como “portadoras de deficiência”, lembram que o termo “portador”

refere-se à pessoa que carrega ou conduz alguma coisa, podendo concluir que

pode ser deixado de lado quando quiser, não se aplicando, então, a

terminologia a alunos com comprometimentos de aprendizagem.

A nomenclatura aceita, refere-se a pessoas que têm algum tipo de

deficiência - “Pessoa com deficiência”, que sofre perdas ou reduções de suas

estruturas, função anatômica, fisiológica, psicológica ou mental de caráter, na

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maioria das vezes, permanente. Destacam o cuidado que se deve ter com as

terminologias para que se exerça a inclusão, visto que a discriminação pode

começar pela linguagem, que é a marca de uma sociedade, podendo ser

discriminatória.

Devido ao progresso na forma de tratamento das pessoas com

deficiência, o seu acompanhamento deixou de ser apenas uma referência,

sendo considerada pelos direitos humanos e objetivando garantir o cuidado e o

respeito à deficiência, no contexto educacional e na sociedade, por meio de

atitudes e processos de inclusão e normas de acessibilidade, buscando

recursos a serem utilizados para promover ajuda e assistência, desviando os

obstáculos à inclusão, facilitando o sucesso do processo ensino-aprendizagem

de alunos que apresentam comprometimentos.

Conforme Correia (1997), a história da educação especial remonta a

idade antiga onde era comum as políticas de exclusão das crianças que

nasciam com alguma deficiência. Por exemplo, em Esparta, antiga Grécia,

algumas crianças deficientes eram abandonadas em montanhas bem altas e

desertas, a própria sorte, e geralmente morriam de fome ou eram devorados

por animais.

Na Roma antiga, as crianças consideradas com algum defeito, eram

atiradas nos rios mais fundos, ou de penhascos bem altos. Os egípcios

matavam seus deficientes com marretadas na cabeça e os enterravam em

urnas nos sarcófagos, acreditando que assim, a alma se purificaria e voltaria

perfeita em beleza e inteligência.

Registros comprovam que vem de longo tempo a resistência a aceitação

social das pessoas deficientes, e que suas vidas sempre foram ameaçadas.

Misés (1977, p.14) afirma sobre aqueles tempos o seguinte:

Nós matamos os cães danados e touros ferozes, degolamos ovelhas, asfixiamos recém nascidos mal constituídos; mesmo as crianças se forem débeis, ou anormais, nós as afogamos, não se rata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las.

Já nos países europeus, na Idade Média, os deficientes eram

associados aos demônios e aos atos de feitiçaria. Por esse motivo eram

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perseguidos e mortos. Faziam parte da categoria dos excluídos, devendo ser

afastados do convívio social ou ser sacrificado. Haviam posições ambíguas:

“Uma seria a marca da punição divina, a expiação dos pecados; outra dizia

respeito a expressão do poder sobrenatural, ou seja o acesso as verdades

inatingíveis para a maioria”. (FERREIRA, 1994, p. 67).

Segundo Ferreira (1994), a história do atendimento a pessoa com

Necessidades Educacionais Especiais, no mundo ocidental, começa em

meados do século XVI quando a questão da diferença ou a fuga ao padrão

considerado normal vai passar da órbita de influência da igreja para se tornar

objeto da medicina.

No século XVII e meados do século XIX, inicia-se a chamada fase de

institucionalização, onde as pessoas deficientes eram segregados e protegidos

em instituições residenciais. Logo no início do século XX, surgem as escolas e

as classes especiais dentro das escolas públicas, visando oferecer ao

deficiente uma educação diferenciada.

Jean Marc Itard, (1774-1838) no início do século XIX, passa a ser

considerado o pai da educação especial, após desenvolver tentativas de

educar um menino de 12 anos chamado Vitor, o menino lobo (menino

considerado com deficiência mental profunda, criado por lobos na floresta).

Esse caso ficou conhecido como o caso do Selvagem de Aveyron. Itard foi

reconhecido como o primeiro estudioso a usar um método sistematizado para

ensinar deficientes. Ele acreditava que a inteligência de seu aluno “retardado”

era educável. Até os dias atuais ele é referencia para os estudiosos. (JANUZZI,

1992).

De acordo com Mendes (2006) apud Casagrande (2011), pode-se

destacar que, em meados do século XVI, a iniciativa de alguns profissionais

(médicos e pedagogos) preocupados com o descaso em relação às atenção às

pessoas deficientes era assistencial, sendo atendidas em asilos e manicômios.

A Educação Especial no Brasil

A Educação é referida na Constituição Federal (1988), como “direito de

todos e dever do Estado” (p. 56), devendo nesse contexto ser valorizado o

direito à Educação Especial. Vejamos o artigo 205:

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Art. 205. A Educação, direito de todos e dever do Estado e colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 89).

Jannuzzi (2006) retrata o modo como a educação do deficiente se

constituiu no Brasil, destacando a participação da sociedade civil e o

estabelecimento inicial da política inclusiva. Na época do Brasil Colônia, os

deficientes não tinham nenhum tipo de atenção do poder público, viviam à

margem da sociedade que somente poucos foi direcionando a atenção para

situação de total desprezo na qual essas pessoas viviam. A filantropia foi

instituída antes que houvesse uma manifestação do poder público da época,

vindo a acontecer no final do século XIX com a criação das primeiras

instituições governamentais para a educação de pessoas surdas e cegas.

Entende-se como marco histórico da educação especial no Brasil o

período final do século XIX, com a criação do Instituto dos Meninos Cegos, em

1854, sob a direção de Benjamin Constant, e o Instituto dos Surdos-Mudos, em

1857, (JANNUZZI, 1985, 2004; MAZZOTTA, 2005). Em 1874 é criado na Bahia

o Hospital Juliano Moreira, dando início a assistência médica aos indivíduos

com deficiência intelectual, e em 1887, é criada no Rio de Janeiro a “Escola

México” para o atendimento de pessoas com deficiências físicas e intelectuais

(JANNUZZI, 1992; MAZZOTTA, 2005).

Jannuzzi (1992), explica que no início da história da educação especial

do Brasil duas vertentes foram predominantes para que a educação especial se

efetivasse, sendo elas:

Vertente médico-pedagógica: mais subordinada ao médico, não só na determinação do diagnóstico, mas também no âmbito das práticas escolares […]. Vertente psicopedagógica: que não independe do médico, mas enfatiza os princípios psicológicos […] (JANNUZZI, 1992, p. 59).

Alguns médicos foram os primeiros a estudar os casos de crianças com

prejuízos mais graves e criaram instituições para crianças junto a sanatórios

psiquiátricos. Locais onde as crianças recebiam tratamentos específicos,

porém ainda institucionalizados.

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A autora e pesquisadora Helena Antipoff (1892-1974), estudou

psicologia na França, na Universidade de Sorbonne, chegando ao Brasil criou o

Laboratório de Psicologia Aplicada na Escola de Aperfeiçoamento de

Professores, em Minas Gerais, em 1929. Iniciou uma proposta de organização

da educação primária na rede comum de ensino baseado na composição de

classes homogêneas. Classes essas que a autora acreditava ser possível

colocar crianças com alguma deficiência junto as crianças normais. Helena

Antipoff em 1932 criou a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais, que mais tarde

a partir de 1945, iria se expandir no país. A primeira escola com o nome

“Pestalozzi” foi criada em Canoas, Rio Grande do Sul, em 1927. A autora e

pesquisadora participou de muitas outras iniciativas entre elas implantação da

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, em 1954.

A igualdade de oportunidades passou a significar a obrigatoriedade e

gratuidade do ensino, ao mesmo tempo em que a segregação daqueles que

não atendiam as exigências escolares, passou a ser justificada pela adequação

da educação que lhes seria oferecida.

Jannuzzi (1992; 2004, p. 67) ao estudar a educação de pessoas com

deficiência intelectual no Brasil, até por volta de 1935 concluiu que neste

período:

1. Não houve solução escolar para elas. 2. As conceituações sobre deficiência eram contraditórias e imprecisas, e incorporavam as expectativas sociais do momento histórico em curso. 3. A concepção de deficiência intelectual englobou diversas e variadas crianças, com comportamentos divergentes das normas sociais estabelecidas pela sociedade e então veiculadas nos padrões escolares. 4. A classificação ficou mais ao nível do discurso, e foi aplicada muito pouco em função da desescolarização geral predominante. 5. A escassa educação dos pessoas com deficiência intelectual neste período representava a síntese dos enfoques e procedimentos primeiramente franceses e posteriormente europeus e norte-americanos.

No período de 1961, a história da educação especial, passou por um

período de ampliação das instituições especializadas. Estas instituições

surgiram, portanto, em resposta ao silêncio do poder público e ao descaso

social com as pessoas consideradas explica Romero (2006, p. 21) que:

[...] as iniciativas privadas configuraram-se nesse período como a própria expressão do atendimento implantado. Embora o modelo institucionalizado possa ser considerado segregacionista, pois

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mantinha as pessoas com deficiências distantes dos espaços regulares de ensino, é preciso levar em conta que esse modelo, em certa medida, propunha-se a responder às necessidades educacionais específicas dos diferentes tipos de deficiência. Por outro lado, cumpre considerar também que a existência dessas instituições contribuiu em grande medida para que o poder público tenha se isentado desse compromisso no sentido de inviabilizar ou até mesmo dificultar o ingresso e a permanência das pessoas com deficiências na escola regular.

Em 1964, instala-se a primeira unidade assistencial da APAE, o Centro

Ocupacional Helena Antipoff, tendo como objetivo oferecer habilitação

profissional a adolescentes deficientes mentais do sexo feminino. A primeira

unidade multidisciplinar integrada para prestação de assistência a deficientes

mentais e formação de pessoal técnico especializado foi o Centro de

Habilitação de Excepcionais inaugurado no dia 22 de Maio de 1971 na APAE

de São Paulo (MAZZOTTA, 1996).

Na década de 1950, contava-se em torno de 190 estabelecimentos de

ensino especial, sendo sua grande maioria públicos e em escolas. (JANUZZI,

1992). Em 1954, é criada a primeira escola especial da Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais - APAE, no Rio de Janeiro, sob influência do casal de

norte-americanos Beatrice Bemis e George Bemis, membros da National

Assossition for Children e a atual National association for Retardede Citizens-

NARCH.

Segundo Mazzota (1980), autor explica que a década de 1980 ficou

marcada pelo início da superação da visão assistencialista e das perspectivas

de benevolência, através de ações que comemoraram em 1981, o Ano

Internacional das Pessoas com Deficiência, apoiado pela Organização das

Nações Unidas - ONU, onde defendeu o desdobramentos que culminaram na

elaboração de dois planos: Plano de Ação da Comissão Internacional de

Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da Ação Conjunta para a

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (1985).

No final da década de setenta, são implantados os primeiros cursos de

formação de professores na área de educação especial ao nível do terceiro

grau e os primeiros programas de pós-graduação a se dedicarem à área de

educação especial (NUNES et al, 1999; BUENO, 2002).

Na atualidade, em relação a formação de docentes, no contexto da

educação inclusiva, surgiu a necessidade de complementação nos currículos

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dos cursos de Formação de Docentes e de outros cursos de profissionais e

disciplinas que interajam com os alunos com necessidades educacionais

especiais.

Atividade 3

A partir desses conhecimentos, vamos assistir documentários que

abordam o tema inclusão em nossa atualidade:

Este documentário foi produzido para o Ministério da Educação e Cultura

- MEC, em 2009, para mostrar a inclusão de alunos com necessidades

especiais nas Escolas Regulares da Rede Pública, do Ensino Fundamental a

qualquer que seja a Universidade escolhida pelo aluno com NEE. Roteiro e

Direção: Deborah Andrade. 2009. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=T5E_8ct-JEA

Neste segundo documentário iremos conhecer um pouco mais sobre a

história da educação especial: Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=wNW19fSHq_o

No documentário abaixo, iremos conhecer a breve trajetória histórica da

Educação Especial no mundo e no Brasil.

Vídeo produzido para a disciplina de Educação Especial do curso de

Pedagogia do Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú. Agosto de

2013. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=mpoE9pCGOR4

Por Dentro da Escola - Educação Especial Inclusão: A professora

Angelina Carmela Matiskei, chefe do Departamento de Educação Especial e

Inclusão – DEEIN- explica como vem sendo tratada a Política Estadual da

Educação Especial na Perspectiva da Inclusão dentro das escolas públicas do

Paraná. O programa mostra a importância da desmistificação da comunidade

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escolar com relação à educação inclusiva e à constante capacitação dos

profissionais da educação. TV Paulo Freire, 2009. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=w8EDNWyJKg0

Após assistirem aos vídeos os participantes do encontro poderão montar

uma mesa redonda onde irão discutir sobre o que aprenderam com os

documentários assistidos, nesse momento se fará necessária a intervenção da

professora PDE para orientações e esclarecimentos sobre o tema inclusão.

Como fechamento os participantes podem anotar suas conclusões para

posterior fechamento.

Atividade 1

Conhecendo alguns documentos norteadores sobre a educação especial

e sua trajetória no mundo.

1 Relatório Warnock Report

Relatório Warnock

Em 1978 o Relatório Warnock propõe que se substitua o paradigma médico

pelo educativo, de forma a garantir sucesso e plena integração em escolas

regulares, sendo objetivo da educação apoiar todas as crianças a superar as

suas dificuldades. Em 1994 a Declaração de Salamanca «incita todos os

governos a conceder a maior prioridade, através das medidas de política e

orçamentais, ao desenvolvimento dos seus sistemas educativos, de modo a

que possam incluir todas as crianças, independentemente das diferenças ou

dificuldades individuais». Aborda-se o desenvolvimento do sistema educativo

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português à luz destes documentos. Atas do IX Congresso da SPCE

Educação para o sucesso: políticas e atores. (Porto): SPCE. 179 Relatório

Warnock Em 1977 o documento da Unesco Table ronde international sur le

thème: ‘Images du handicapé proposées au grand public’ (Unesco, 1977)

descrevia a evolução da humanidade de acordo com a forma como o

deficiente fora tratado e considerado. Um primeiro estádio filantrópico

caracteriza-se pelo conceito dominante de doença, enfermidade e

incapacidade constante, característica do sujeito «anormal», que pode ser

objeto de compaixão por parte da comunidade ou dela ser segregado. Num

segundo estádio de assistência pública institucionaliza-se a ajuda aos

inválidos necessitados e pode proceder-se ao seu internamento como medida

de higiene social. O terceiro estádio dos direitos fundamentais é a época da

noção de direitos universais, estando entre eles o direito à educação, mas que

podia ter exceções sobretudo nos casos de QI muito baixos.

O quarto estádio da igualdade de oportunidade põe em questão a noção de

norma e normalidade, privilegia as relações entre o indivíduo e o seu meio e

considera o estatuto socioeconómico e sociocultural das famílias como

determinante do sucesso escolar e social. O quinto estádio do direito à

integração é apontado como atual, mas não é caracterizado. Em 1978 o

Relatório Warnock / Warnock Report ― elaborado pelo Comité de

Investigação, presidido por Helen Mary Warnock, que estudou, de setembro

de 1974 a março de 1978, o processo educativo das crianças e jovens com

deficiência física e mental em Inglaterra, Escócia e País de Gales ― propõe

que se abandone o paradigma médico (classificação pela «deficiência») e se

adopte o paradigma educativo (identificação, descrição e avaliação das

necessidades educativas especiais), de forma a garantir sucesso e uma plena

integração em escolas regulares, sendo o objetivo da educação apoiar todas

as crianças a superar as suas dificuldades, sejam de caráter temporário ou

permanente, através de múltiplos meios ou técnicas especiais, métodos de

ensino especializado para que o aluno possa aceder ao currículo normal,

modificação do currículo e adaptação às suas necessidades, apoio educativo

e materiais específicos face à problemática apresentada, modificações

arquitetônicas, redução do número de alunos por turma, possibilidade do aluno

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frequentar a tempo parcial uma instituição de ensino especial, o que exige

uma mudança e flexibilidade das escolas regulares e da formação dos

professores. O Relatório Warnock introduz pela primeira vez ―o conceito de

Necessidades Educativas Especiais, englobando não só alunos com Meireles-

Coelho, Carlos; Izquierdo, Teresa; Santos, Camila (2007) Educação para

todos e sucesso de cada um: do Relatório Warnock à Declaração de

Salamanca 180 deficiências, mas todos aqueles que, ao longo do seu

percurso escolar possam apresentar dificuldades específicas de

aprendizagemǁ (Warnock, 1978: 36). O Relatório chama a atenção para as

crianças em idade pré-escolar com menos de três anos de idade que nascem

com deficiência ou a desenvolvem após o nascimento, a chamada intervenção

precoce, principalmente para as crianças com problemas graves, que

precisam de ajuda em determinadas funções bem como os seus pais, ajuda

de que as outras crianças não precisam. O Relatório chama igualmente a

atenção para os jovens com Necessidades Educativas Especiais que

terminam a escolaridade obrigatória sem terem desenvolvido as competências

necessárias à sua autonomia e plena integração social, para que possam

continuar no meio escolar e assim consolidem aprendizagens e desenvolvam

outras, ao mesmo tempo que frequentam/desenvolvem atividades fora da

escola, na chamada ―transição para a vida ativa/adultaǁ. O Relatório refere a

importância da implementação de um serviço de orientação e apoio à

educação especial, em cada comunidade educativa, constituído por docentes

de educação especial especializados, com a finalidade de ajudar as escolas,

os docentes, os pais e até intervir com os próprios alunos com NEE. A função

destes serviços seria de avaliar as necessidades dos alunos com NEE,

registar os alunos com NEE de forma a garantir a melhor intervenção possível,

aprovar os formulários dos alunos (dossier individual), acompanhar o processo

educativo dos alunos de forma a garantir a máxima eficácia. O Relatório

recomenda cinco níveis de avaliação:

1) A avaliação contínua da responsabilidade do docente do ensino regular

deve avaliar as áreas onde o aluno consegue ter sucesso e as áreas nas quais

o aluno tem dificuldade, começa a ter insucesso, fica aquém dos conteúdos

programáticos propostos, mostra inícios de necessidades educativas

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especiais; neste caso, o docente comunica as dificuldades detectadas à

gestão pedagógica da escola a qual deve recolher toda a informação que

exista (médica, social, ou outra), solicitar a ajuda dos pais e decidir sobre as

estratégias de intervenção mais adequadas para com o aluno dentro da

escola.

2) Caso as medidas implementadas não surtam efeito, é pedida a intervenção

do docente especializado em educação especial, a quem compete decidir se o

aluno deve ou não ter algumas medidas do programa especial e ter o

acompanhamento do docente de educação especial.

3) Se as dificuldades do aluno se agravarem ou houver necessidade da

observação/avaliação por outros técnicos exteriores à escola (médicos,

psicólogos, terapeutas, técnicos de serviço social e Atas do IX Congresso da

SPCE Educação para o sucesso: políticas e atores. (Porto): SPCE. 181

outros), sempre na presença do docente de educação especial, são duas as

opções: ou o aluno passa a usufruir de medidas especiais dentro da escola ou

o aluno é encaminhado para uma avaliação multiprofissional.

4) A avaliação multiprofissional do aluno e de todas as medidas

implementadas na escola de forma a garantir a integração é feita por técnicos

da comunidade educativa (recursos locais). 5) A avaliação multiprofissional é

feita por técnicos externos com a presença dos docentes e técnicos

intervenientes no caso. O Relatório considera ainda a importância do processo

individual do aluno o qual deve conter todos os registos importantes da sua

vida escolar e estar à disposição, com caráter confidencial, de todos os

intervenientes do processo educativo do aluno (pais, docentes, tutores,

outros); considera igualmente importante a participação dos pais em todos os

momentos da avaliação e nas tomadas de decisões em relação aos seus

educandos e de lhes ser facilitada toda a documentação e informação. O ano

de 1981 foi designado pela ONU o ―Ano Internacional das Pessoas

Portadoras de Deficiênciaǁ. 1983/1992 foi declarada a ―A Década das

Pessoas com Deficiênciaǁ. A Resolução 37/52 de 3 de dezembro de 1982 da

Assembleia-geral das Nações Unidas adotou o ―Programa Mundial de Ação

Relativo às Pessoas Deficientesǁ e a Rehabilitation International adoptou a

―Carta para os anos 80ǁ. A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos

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da Criança em 1989 estipula que ―todos os direitos devem ser aplicados a

todas as crianças sem discriminaçãoǁ (art. 2º) e reconhece ―à criança mental

e fisicamente deficiente o direito a uma vida plena e decente em condições

que garantam a sua dignidade, favoreçam a sua autonomia e facilitem a sua

participação ativa na vidaǁ (art. 23º).

Disponível em: www.diaadiaeducação.pr.gov.br.ed.esp\\1999

2 Declaração de Salamanca

A Declaração de Salamanca

Em 1994, no seguimento da Conferência de Jomtien, a ―Declaração de

Salamanca (Unesco, 1994) preconiza que «• cada criança tem características,

interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são

próprias, • os sistemas de educação devem ser planeados e os programas

educativos devem ser implementados tendo em vista a vasta diversidade

destas características e necessidades, • as crianças e jovens com

necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares

que a elas se devem adequar, através duma pedagogia centrada na criança,

capaz de ir ao encontro destas necessidades, • as escolas regulares, seguindo

esta orientação inclusiva, constituem os meios mais capazes para combater as

atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias,

construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos …»

(Unesco, 1994, n.º 2) e incita todos os governos

a: «• conceder a maior prioridade, através das medidas de política e através

das medidas orçamentais, ao desenvolvimento dos respectivos sistemas

educativos, de modo a que possam incluir todas as crianças,

independentemente das diferenças ou dificuldades individuais,

• adotar como matéria de lei ou como política o princípio da educação

inclusiva, admitindo todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que

haja razões que obriguem a proceder de outro modo, • desenvolver projetos

demonstrativos e encorajar o intercâmbio com países que têm experiência de

escolas inclusivas,

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• estabelecer mecanismos de planeamento, supervisão e avaliação

educacional para crianças e adultos com necessidades educativas especiais,

de modo descentralizado e participativo,

• encorajar e facilitar a participação dos pais, comunidades e organizações de

pessoas com deficiência no planeamento e na tomada de decisões sobre os

serviços destinados às pessoas com necessidades educativas especiais,

• investir um maior esforço na identificação e nas estratégias de intervenção

precoce, assim como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva,

• garantir que, no contexto dum intercâmbio sistemático, os programas de

formação de professores, tanto a nível inicial como em-serviço, incluam as

respostas às necessidades educativas especiais nas escolas inclusivas.»

(Unesco, 1994, n.º 3). Atas do IX Congresso da SPCE Educação para o

sucesso: políticas e atores. (Porto): SPCE. 183

A Declaração de Salamanca:

1) consagra a mudança do paradigma médico (classificação pela

«deficiência») para o paradigma educativo (identificação, descrição e

avaliação das «necessidades educativas especiais»), preconizada pelo

Relatório Warnock (1978);

2) aponta como garantia do sucesso para todos que o caminho é a plena

integração em escolas regulares, como preconizada pelo Relatório Warnock

(1978);

3) introduz uma nova alteração de paradigma com a noção de inclusão, uma

nova atitude filosófica, científica, política, social e económica, que quer dizer

que já não é o aluno que deve adaptar-se à escola, mas é a escola que deve

adaptar-se a cada aluno na especificidade das diferenças de cada um — a

escola não pode ser mais um local de elite, rejeitando os que não se

enquadram dentro dos parâmetros pré-estabelecidos de normalidadeǁ, mas

deverá ser aberta a todos os alunos, onde cada criança, qualquer que seja o

seu problema, encontrará resposta na escola («a aprendizagem deve ser

adaptada às necessidades da criança, em vez de ser a criança a ter de se

adaptar a concepções predeterminadas». – Unesco, 1994: 18). «Quando as

crianças têm necessidades especiais é à escola que compete fornecer ajuda e

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orientação especializada de modo que possam desenvolver os seus talentos,

apesar das dificuldades de aprendizagem e das deficiências físicas.» (Delors,

1996: 111).

Disponível em: www.diaadiaeducação.pr.gov.br.ed.esp\\1999

Após a leitura desses dois documentos será proposto aos participantes

do encontro uma discussão sobre os textos lidos e solicitado para que se

organizem em duplas e produzam alguns cartazes com suas considerações

sobre os dois textos.

Cada dupla deverá esclarecer suas considerações para o restante do

grupo.

Atividade 2

Agora vamos conhecer um pouco sobre as leis que amparam os alunos

especiais dentro do ensino regular, essas leis existem, mas muitas vezes não

são cumpridas como deveriam ser. Vejamos:

Principais dispositivos, por ordem cronológica:

1988 – Constituição da República Federativa do Bras il

Estabelece “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV).

Define, ainda, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo

o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação

para o trabalho. No artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições

de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e

garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional

especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

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1989 – Lei nº 7.853/89

Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração

social. Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a

matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou

nível de ensino, seja ele público ou privado. A pena para o infrator pode variar

de um a quatro anos de prisão, mais multa.

1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacion al – Lei nº 9.394/96

No artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos

alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às

suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não

atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental em virtude de

suas deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão

do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da

educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante

verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “(…) oportunidades

educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus

interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art.

37). Em seu trecho mais controverso (art. 58 e seguintes), diz que “o

atendimento educacional especializado será feito em classes, escolas ou

serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos

alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino

regular”.

1999 – Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7. 853/89

Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a

todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar

da educação especial ao ensino regular.

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2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especia l na Educação Básica

(Resolução CNE/CEB nº 2/2001)

Determina que os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos,

cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com

necessidades educacionais especiais (art. 2º), o que contempla, portanto, o

atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à

escolarização. Porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular,

acaba por não potencializar a educação inclusiva prevista no seu artigo 2º.

2001 – Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10. 172/2001

Destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir

seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à

diversidade humana”.

2002 – Resolução CNE/CP nº1/2002

Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de

Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior

devem prever em sua organização curricular formação docente voltada para a

atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as

especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais.

2002 – Lei nº 10.436/02

Reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e

expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de

apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como

parte integrante do currículo nos cursos de formação de professores e de

fonoaudiologia.

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2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE

Traz como eixos a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, a

implantação de salas de recursos multifuncionais e a formação docente para o

atendimento educacional especializado.

2008 – Política Nacional de Educação Especial na Pe rspectiva da

Educação Inclusiva

Traz as diretrizes que fundamentam uma política pública voltada à inclusão

escolar, consolidando o movimento histórico brasileiro.

2009 – Resolução No. 4 CNE/CEB

Institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado na

Educação Básica, que deve ser oferecido no turno inverso da escolarização,

prioritariamente nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em

outra escola de ensino regular. O AEE pode ser realizado também em centros

de atendimento educacional especializado públicos e em instituições de caráter

comunitário, confessional ou filantrópico sem fins lucrativos conveniados com a

Secretaria de Educação (art.5º).

2011 – Plano Nacional de Educação (PNE)

Projeto de lei ainda em tramitação. A Meta 4 pretende “Universalizar, para a

população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação na rede regular de ensino.”. Dentre as estratégias, está garantir

repasses duplos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) a

estudantes incluídos; implantar mais salas de recursos multifuncionais;

fomentar a formação de professores de AEE; ampliar a oferta do AEE; manter

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e aprofundar o programa nacional de acessibilidade nas escolas públicas;

promover a articulação entre o ensino regular e o AEE; acompanhar e

monitorar o acesso à escola de quem recebe o benefício de prestação

continuada.

2012 – Lei nº 12.764

Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno

do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de

dezembro de 1990. Disponível em: https://inclusaoja.com.br/legislacao

Após a leitura e o entendimento dessas leis, os participantes do encontro

irão discutir em pequenos grupos sobre essas leis e o que desconheciam das

mesmas. Ao final das discussões elaborar uma síntese geral do grupo todo

para elencar os novos conhecimentos. Esse conhecimento poderá

eventualmente ser transformado em um mural na sala dos professores para

que outros tomem conhecimento dessas leis que amparam o aluno especial.

Atividade 3

Nessa atividade os participantes irão assistir a alguns recortes de filmes

sobre educação especial.

Filmes Especiais Marcas do Destino (1985) – O filme é baseado na história real de Roy L. “Rocky” Dennis, um menino que sofria de displasia craniodiafisária, uma doença óssea extremamente rara que causa deformação facial e a redução da expectativa de vida. Com a ajuda do amor descompromissado e a inabalável determinação de sua mãe, Rocky enfrenta a dor, a solidão e os preconceitos para emergir como um extraordinário jovem que se torna uma inspiração para seus colegas e professores.

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Colegas (2012) – Stallone, Aninha e Márcio eram grandes amigos e viviam juntos em um instituto para pessoas com síndrome de Down. Certo dia, surge a ideia de realizar o sonho individual de cada um, e para isso, fogem com o carro do jardineiro. A imprensa começa a cobrir o caso e a polícia sai à procura dos fujões, delegando para o trabalho, dois policiais trapalhões. Os jovens, que só querem realizar seus sonhos, estão dispostos a viver uma grande aventura, que vai ser revelar repleta de momentos inesquecíveis.

Vermelho Como o Céu (2006) – O filme se passa na década de 1970. Mirco é um menino que vive na Toscana e tem 10 anos, ele é apaixonado por cinema. Entretanto, após um acidente perde a visão. Rejeitado pela escola pública, que não o considera uma criança normal, é enviado para um instituto que atende deficientes visuais. Lá descobre um velho gravador, com o qual passa a criar histórias sonoras.

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O Homem Elefante (1980) – A história real de John Merrick, cidadão da Inglaterra nos idos de 1870, portador do caso mais grave de neurofibromatose múltipla já registrado, tendo 90% do seu corpo deformado. Esta situação fez com que passasse toda a sua vida sendo exibindo em circos de variedades como um monstro. Inicialmente acreditava-se que tinha deficiência intelectual pela sua dificuldade de falar, até que um médico, Frederick Treves, o descobriu e o levou para um hospital. Lá Merrick se liberou emocionalmente e intelectualmente, além de se mostrar uma pessoa sensível e agradável. Porém, membros da sociedade londrina iam visitá-lo só por curiosidade e não faziam questão nenhuma de trata-lo com dignidade. O médico sensibilizou a coroa britânica, que pediu que Merrick fosse amparado para o resto da vida.

Como as estrelas no céu, cada criança é especial (2007) – O filme é indiano e com longa duração. Conta a história emocionante de Ishaan Awathi, um menino de 9 anos que sofre com dislexia e já repetiu uma vez por não conseguir ler e escrever. Ele não consegue acompanhar as aulas e nem focar sua atenção. Por conta da dislexia, Ishaan sofre na escola e em casa, pois para o pai o problema de Ishaan é falta de disciplina. Matriculado num orfanato, o menino perde totalmente o interesse pelas pessoas e pela arte (ele adora desenhar).

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Tudo começa a mudar quando um professor substituto de artes (que também é dislexo) percebe que o comportamento de Ishaan não é normal. Não demorou para que o diagnóstico de dislexia ficasse claro pra ele, o que o leva a colocar em prática um plano de resgatar o menino.

Como as Estrelas no Céu, Cada Criança é Especial

Disponível em: https://educacaoespecialinclusiva.files.wordpress.com/2011/06/nada-q-eu-

ouc3a7a1.jpg

Após assistirem aos recortes dos filmes, levar os participantes para o

laboratório de informática e permitir que pesquisem sobre as deficiências

percebidas nos recortes dos filmes apresentados pelo professor PDE. A seguir,

elaborar um painel com as considerações da pesquisa e com alguns

comentários sobre os filmes, o mesmo poderá ser colocado no pátio da escola

na intenção de despertar o interesse dos colegas professor e dos alunos

também.

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Atividade 4

Para finalizar as atividades propostas no Projeto de Implementação PDE

2016, em forma de Unidade Didática, será organizado um seminário entre os

participantes dos encontros onde os mesmos deverão apresentar suas

pesquisas e suas considerações finais sobre o contexto estudado.

Será importante que cada dupla ou trio apresente também o que os

encontros trouxeram de conhecimento, aprendizado e conscientização sobre a

proposta da educação inclusiva, sobre quem é o aluno especial e também

sobre quais são as leis e os decretos que amparam esse aluno.

Espera-se que ao final das apresentações, os professores participantes

demonstrem ter adquirido o conhecimento básico necessário para conviver,

trabalhar, reconhecer, e principalmente conhecer leis que são de direito desses

alunos.

A partir de suas pesquisas os participantes podem dar outras sugestões

de documentos para estudos, de documentários, de filmes entre outras

atividades interessantes.

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