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DATA : / / 2016 PROFESSOR (A): SILVANA LISTA DE EXERCICIO PARA RECUPERAÇÃO DE LITERATURA SÉRIE: 8º ANO ALUNO (A):Nº: TURMA: NOTA: 2º BIMESTRE TEXTO I - OUSADIA Fernando Sabino 1ª parte A moça ia no ônibus muito contente desta vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou: - A sua passagem já está paga, disse o motorista. - Paga por quem? - Esse cavalheiro aí: E apontou um mulato bem vestido que acabara de deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso junto à calçada. - É algum engano, não conheço esse homem. Faça o favor de receber. - Mas já está paga... Faça o favor de receber! – insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem alto para que o homem ouvisse: - Já disse que não conheço! Sujeito atrevido, ainda fica ali me esperando, o senhor não está vendo? Por favor, faço questão que o senhor receba minha passagem. O motorista ergueu os ombros e acabou recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes. A moça saltou do ônibus e passou fuzilada de indignação pelo homem. Foi seguindo pela rua sem olhar para ele. Se olhasse, veria que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns passos. 2ª parte Somente quando dobrou à direita para entrar no edifício onde morava, arriscou uma espiada: lá vinha ele! Correu para o apartamento, que era no térreo, pôs-se a bater aflita: - Abre! Abre aí! A empregada veio abrir e ela irrompeu pela sala, contando aos pais atônitos, em termos confusos, a sua aventura.

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Page 1:  · Web viewE uma vez apareceu um velhinho pedindo: — Me retrata. — Sim senhor. Que tipo de moldura o senhor quer? O freguês pode escolher vários tipos de moldura para a sua

DATA : / / 2016

PROFESSOR (A): SILVANA

LISTA DE EXERCICIO PARA RECUPERAÇÃO DE LITERATURA

SÉRIE: 8º ANO

ALUNO (A):Nº:

TURMA: NOTA:2º BIMESTRE

TEXTO I - OUSADIAFernando Sabino

1ª parte

A moça ia no ônibus muito contente desta vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou:- A sua passagem já está paga, disse o motorista.- Paga por quem?- Esse cavalheiro aí:E apontou um mulato bem vestido que acabara de deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso junto à calçada.- É algum engano, não conheço esse homem. Faça o favor de receber. - Mas já está paga... Faça o favor de receber! – insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem alto para que o homem ouvisse: - Já disse que não conheço! Sujeito atrevido, ainda fica ali me esperando, o senhor não está vendo? Por favor, faço questão que o senhor receba minha passagem.O motorista ergueu os ombros e acabou recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes.A moça saltou do ônibus e passou fuzilada de indignação pelo homem.Foi seguindo pela rua sem olhar para ele.Se olhasse, veria que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns passos.

2ª parte

Somente quando dobrou à direita para entrar no edifício onde morava, arriscou uma espiada: lá vinha ele! Correu para o apartamento, que era no térreo, pôs-se a bater aflita:- Abre! Abre aí!A empregada veio abrir e ela irrompeu pela sala, contando aos pais atônitos, em termos confusos, a sua aventura.- Descarado, como é que tem coragem? Me seguiu até aqui!De súbito, ao voltar-se, viu pela porta aberta que o homem ainda estava lá fora, no saguão. Protegida pela presença dos pais, ousou enfrentá-lo- Olha ele ali! É ele, venha ver! Ainda está ali, o sem-vergonha. Mas que ousadia!

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Todos se precipitaram para a porta. A empregada levou as mãos à cabeça.- Mas a senhora, como é que pode! É o Marcelo.- Marcelo? Que Marcelo? – a moça se voltou surpreendida.- Marcelo, o meu noivo. A senhora conhece ele, foi quem pintou o apartamento.A moça só faltou morrer de vergonha:- É mesmo, é o Marcelo! Como é que não reconheci! Você me desculpe, Marcelo, por favor.No saguão, Marcelo torcia as mãos encabulado:- A senhora é que me desculpe, foi muita ousadia.

1.Qual é o tema desta crônica? 

2. Quem são as personagens principais da crônica?

3. O  foco narrativo é: (  ) 1ª pessoa ( também é personagem) (  ) 3ª pessoa (observador – conta apenas o observa) (  ) 3ª pessoa onisciente (sabe também o que as personagens pensam)

Justifique a sua resposta com um trecho da crônica.

4.A linguagem empregada no texto é:(   )   formal                   (   )  informal

5) Transcreva um trecho do texto que justifique sua resposta.

6.Identifique no enredo da crônica a sequência dos fatos e enumere-os: 

(1) Situação inicial(2) Complicação ou conflito(3) Clímax (4) Desfecho ( ) Ao subir para seu apartamento, a moça percebe que o homem que a estava seguindo está no saguão do prédio.(  )Surpreende-se ao saber que a passagem já foi paga por um rapaz que a espera.(  ) Uma moça, no ônibus, vai pagar a passagem.( ) A  moça só faltou morrer de vergonha  porque descobre que o homem não era suspeito e sim o noivo de sua empregada, ela não o havia reconhecido.

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7.A descrição física do moço é importante para a construção do mal-entendido na história? Por quê?

8.As personagens transitam por vários lugares ao longo da história. Quais?

   9)Que tipo de discurso predominou na crônica?

10) Que efeito esse recurso provoca no leitor? 

11)Justifique o título da crônica:

12)Em sua opinião, a crônica “Ousadia” faz alguma crítica a algum comportamento humano muito presente em nossa sociedade? 

13. De que recursos se serviu o autor para criar o humor presente na crônica?  

TEXTO II - UM RETRATO DA PRAÇA TEM A SUA GRAÇA

O freguês escolhe a pose. Sozinho ou acompanhado. De pé ou sentado. Se quiser sorrir,

sorri. Se não quiser, fica sério. E se precisar de um acessório, o seu Honorino dá um jeito.

— Quer tirar de gravata?

— Acho melhor. É para dar pra noiva.

— Toma lá.

Seu Honorino tem uma gravata pronta para estas ocasiões. Ajuda o freguês a fazer o laço. O

freguês quer se pentear? Seu Honorino empresta o pente e segura o espelho. Depois diz para

o freguês não mexer e vai para trás da sua máquina. O freguês fica duro.

Sempre tem uma criança que pára de boca aberta para ver seu Honorino trabalhando. Ele

prepara a chapa, insere a chapa na sua armação de madeira, destapa a lente, tapa outra vez,

diz  “Pronto” para o freguês, depois desaparece dentro do pano preto atrás da máquina.

Visto de uma certa distância, seu Honorino com a cabeça enfiada na máquina sobre o seu

tripé parece um monstro de cinco patas. Um estranho centauro de praça, metade homem,

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metade câmera fotográfica. As crianças se perguntam o que ele faz dentro do pano preto. Boa

coisa não pode ser, para fazer escondido.

— Ele está lambendo.

— Lambendo?

— É. É tudo feito com “guspe”. E ele aproveita para comer escondido ali dentro. E come feio.

Mas seu Honorino, quando reaparece, não tem cara de quem andou fazendo coisa feia. A foto

está pronta. Digna de um noivo. De gravata.

Tem vezes em que, depois de um batizado, o pessoal sai da igreja direto para a praça e posa

para o seu Honorino. A madrinha segurando a fera, o padrinho do lado e o resto da família se

espremendo para caber na chapa. Alguém grita: “Olha o passarinho!” e o seu Honorino

sempre faz a mesma coisa: olha para o céu e finge que está procurando.

— Onde? Onde?

Quando a pose é de casamento, seu Honorino manda apertar de um lado, apertar do outro, e

depois diz:

— Vamos, gente, que o noivo está com pressa.

E todos dão risada, e a noiva tapa a boca para rir também.

Seu Honorino ainda não fotografou nenhum rei, mas capitão, soldado e ladrão, já. Preto,

branco, japonês, baixo, alto, gordo, magro e manicure. Anos gêmeos, mulher com o cachorro

no colo, uma feia que quando viu a foto quis bater no seu Honorino, namorados, famílias,

solitários, certa vez até um macaco de chapéu.

E uma vez apareceu um velhinho pedindo:

— Me retrata.

— Sim senhor. Que tipo de moldura o senhor quer?

O freguês pode escolher vários tipos de moldura para a sua foto. Simples, com rendado,

redonda… O velhinho escolheu uma moldura em forma de coração.

Quando seu Honorino destapou a lente, o velhinho sorriu. E na hora de entregar a foto pronta,

seu Honorino brincou:

— É para uma namorada?

— Não, é para minha mãe…

Outra vez apareceu um homem carrancudo e perguntou se podia ser com moldura preta.

Podia. Seu Honorino pediu para o homem não se mexer, foi para trás da sua máquina,

preparou a chapa, e só quando ia destapar a lente viu que o homem estava botando a língua.

Saiu a foto com moldura preta do homem botando a língua para Deus sabe que desafeto,

porque seu Honorino não teve coragem de perguntar.

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Seu Honorino lambe-lambe vai retratando todo mundo.

— Quer tirar de gravata?

— Não precisa. É para mim mesmo e eu já me conheço…

(Estórias do povo brasileiro – Autor anônimo)

14- “Ajuda o freguês a fazer o laço”.  Esta atitude de seu Honorino mostra que:

(    ) o cliente geralmente fica nervoso;

(    ) o freguês quase sempre é de baixo nível sócio-econômico;

(    ) ele pretende melhorar a qualidade da fotografia;

(    ) o fotógrafo é uma pessoa gentil;

(    ) o ambiente da praça não permite que o próprio freguês se arrume;

15-  Que opção abaixo justifica a comparação de seu Honorino com um centauro?

(    ) “a cabeça enfiada na máquina”;

(    ) “parece um monstro de cinco patas”;

(    ) “metade homem, metade câmera fotográfica”;

(    ) “desaparece dentro do pano preto atrás da máquina”;

(    ) “boa coisa não pode ser, para fazer escondido”;

16- Que elemento não pode ser considerado um acessório de um fotógrafo?

(    ) chapa fotográfica e tripé;

(    ) pente;

(    ) cadeira;

(    ) espelho;

(    ) gravata;

17- O emprego da palavra “guspe” objetiva:

(    ) mostrar o pouco grau de estudo do fotógrafo;

(    ) denunciar o pouco grau de estudo de quem adora tirar fotos em praças;

(    ) registrar a pronúncia natural das crianças;

(    ) tornar ainda mais nojenta a palavra;

(    ) denunciar um erro super comum na hora de se digitar;

18- Numere convenientemente, conforme a situação no texto:

(1) noivo                                   (    ) elegância

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(2) batizado                              (    ) amor filial

(3) casamento                          (    ) orgulho, vaidade

(4) homem carrancudo             (    ) alegria

(5) velhinho                               (    ) desprezo

A numeração correta é:

(    )  1, 2, 3, 4, 5;

(    )  1, 5, 2, 3, 4;

(    )  5, 4, 3, 2, 1;

(    )  1, 3, 5, 4, 2;

(    )  3, 1, 4, 2, 5;

19- O autor destaca na vida do fotógrafo muitos tipos estranhos em sua profissão. Entre

“anões gêmeos, mulher com cachorro no colo e macaco de chapéu”, inclui-se o “velhinho”.

Que há de estranho neste episódio?

20- Aponte a característica que não corresponde ao texto lido:

(     ) A história não se acha localizada em nenhuma época determinada;

(     ) O autor não determina o local preciso onde se desenrolam os fatos narrados;

(     ) O texto tem como uma de suas finalidades a diversão do leitor;

(    ) A história narrada é de tipo popular, o que se pode ver pelas situações e personagens do

texto;

(     ) Por ser uma história inventada pelo autor, os fatos narrados são totalmente ilógicos;

21-  O texto pode ser definido como:

(     )  crônica de costumes;

(     )  narrativa folclórica;

(     )  estória popular;

(     )  conto sentimental;

(     )  episódio lendário;

22-  Que outro título você daria ao texto?  Por quê?

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23- Quais as várias utilidades da fotografia que você conhece?  Pode uma fotografia ser

considerada obra de arte? Comente:

TEXTO III - ENTREVISTA

Aos 51 anos o médico paulista Geraldo Medeiros é um dos endocrinologistas brasileiros de

maior e mais duradouro sucesso. Numa especialidade em que o prestígio dos profissionais 

oscila conforme a moda, há três décadas ele mantém sua fama em ascendência. Em seu

consultório de 242 metros quadrados, na elegante região dos Jardins, uma das mais

exclusivas de São Paulo, Medeiros guarda as fichas de 32.600 clientes que já atendeu. Mais

da metade o procurou para fazer regime de emagrecimento. Sua sala de espera está

permanentemente lotada e à vezes é necessário marcar uma consulta com semanas de

antecedência. Como professor de Clínica Médica e Endocrinologia da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo, Medeiros já atendeu outros milhares de pacientes. A maioria,

porém, foi parar em suas mãos em razão de outra especialidade da qual é mestre: as

doenças da tireoide. (Revista Veja nº 567)

24) Quais as informações fundamentais para o texto presentes em seu primeiro período?

a) aos 51 anos – Geraldo Medeiros – endocrinologista

b) Geraldo Medeiros – endocrinologista – de sucesso

c) médico paulista – Geraldo Medeiros – endocrinologista

d) aos 51 anos – médico – endocrinologista

e) médico – Geraldo Medeiros – sucesso

25) Qual a utilidade de ser dada a idade do médico entrevistado logo ao início do texto?

a) Indicar sua experiência e capacidade.

b) Mostrar sua vitalidade e competência.

c) Demonstrar sua capacidade e perspicácia.

d) Provar seu conhecimento e juventude.

e) Aludir à sua juventude e vitalidade.

26) O segundo período do texto é construído como explicitação de um dos termos do primeiro

período. Qual?

a) médico paulista

b) endocrinologista brasileiro

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c) maior sucesso

d) mais duradouro sucesso

e) aos 51 anos

27) Muitos elementos do segundo período repetem elementos do primeiro. Indique a

correspondência equivocada entre elementos dos dois períodos.

a) especialidade – endocrinologista

b) prestígio – sucesso

c) profissionais – médico

d) fama – sucesso

e) décadas – 51 anos

28) Que elemento do primeiro período é explicitado no terceiro período?

a) aos 51 anos

b) médico paulista

c) endocrinologistas brasileiros

d) maior sucesso

e) mais duradouro sucesso

29) Entre as duas atividades do médico há uma série de elementos que se opõem. Indique a

oposição equivocada.

a) endocrinologista – professor

b) clientes – pacientes

c) emagrecimento – doenças da tireoide

d) marcar uma consulta – parar em suas mãos

e) 32.600 – milhares

TEXTO IV - DESPERDÍCIO BRASIL

Sempre que se reúnem para lamuriar, os empresários falam no Custo Brasil, no preço que

pagam para fazer negócios num  país com regras obsoletas e vícios incrustados. O atraso

brasileiro é quase sempre atribuído a alguma forma de corporativismo anacrônico ou privilégio

renitente que quase sempre têm a ver com o trabalho superprotegido, com leis sociais

ultrapassadas e com outras bondades inócuas, coisas do populismo irresponsável, que nos

impedem de ser modernos e competitivos.

Raramente falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.

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O escândalo causado pela revelação do que os grandes bancos deixam de pagar em

impostos não devia ser tão grande, é só uma amostra da subtributação, pela fraude ou pelo

favor, que há anos sustenta o nosso empresariado chorão, e não apenas na área financeira.

A construção simultânea da oitava economia e de uma das sociedades mais miseráveis do

mundo foi feita assim, não apenas pela sonegação privada e a exploração de brechas

técnicas no sistema tributário – que, afinal, é lamentável, mas mostra engenhosidade e

iniciativa empresarial – mas pelo favor público, pela auto-sonegação patrocinada por um

Estado vassalo do dinheiro, cúmplice histórico da pilhagem do Brasil pela sua própria elite.

O Custo Brasil dos lamentos empresariais existe, como existem empresários responsáveis

que pelo menos reconhecem  a pilhagem, mas muito mais lamentável e atrasado é o

Desperdício Brasil, o progresso e o produto de uma minoria que nunca são distribuídos,  que

não chegam à maioria de forma alguma, que não afetam a miséria à sua volta por nenhum

canal, muito menos pela via óbvia da tributação. Dizem que com o que não é pago de imposto

justo no Brasil daria para construir outro Brasil. Não é verdade. Daria para construir dois

outros Brasis. E ainda sobrava um pouco para ajudar a Argentina, coitada. (Luís Fernando

Veríssimo)

30) Para entender bem um texto, é indispensável que compreendamos perfeitamente as

palavras que nele constam. O item  em que o vocábulo destacado apresenta um sinônimo

imperfeito é:

a) “Sempre que se reúnem para LAMURIAR,…” – lamentar-se

b) “…um país com regras OBSOLETAS…” – antiquadas

c) “…e vícios INCRUSTADOS.” – arraigados

d) “…alguma forma de corporativismo ANACRÔNICO…” – doentio

e) “…ou privilégio RENITENTE…” – persistente

31) “Sempre que se reúnem para lamuriar, os empresários falam no Custo Brasil, no preço

que pagam para fazer negócios num  país com regras obsoletas e vícios incrustados.”; o

comentário INCORRETO feito sobre os conectores desse segmento do texto é:

a) A expressão sempre que tem valor de tempo.

b) O conectivo para tem ideia de finalidade.

c) A preposição em no termo no Custo Brasil tem valor de assunto.

d) A preposição em no termo num país tem valor de lugar.

e) A preposição com tem valor de companhia.

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32) O segmento do texto que NÃO apresenta uma crítica explícita ou implícita às elites

dominantes brasileiras é:

a) “Sempre que se reúnem para lamuriar, os empresários falam no Custo Brasil…”

b) “Raramente (os empresários) falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.”

c) “O escândalo causado pela revelação do que os grandes bancos deixam de pagar em

impostos não devia ser tão grande,…”

d) “…pela fraude ou pelo favor, que há anos sustenta o nosso empresariado chorão,…”

e) “O Custo Brasil dos lamentos empresariais existe,…”

33) “…no preço que pagam para fazer negócios num país com regras obsoletas e vícios

incrustados.”; na situação textual em que está, o segmento país com regras obsoletas e vícios

incrustados representa:

a) uma opinião do empresariado

b) o ponto de vista do autor do texto

c) uma consideração geral que se tem sobre o país

d) o parecer do capitalismo internacional

e) a visão dos leitores sobre o país em que vivem

34) O principal prejuízo trazido pelo Custo Brasil, segundo o primeiro parágrafo do texto, que

retrata a opinião do empresariado, é:

a) o corporativismo anacrônico

b) o privilégio renitente

c) trabalho superprotegido

d) populismo irresponsável

e) falta de modernidade e competitividade

35) O corporativismo anacrônico, o privilégio renitente, o trabalho superprotegido e outros

elementos citados no primeiro parágrafo do texto indicam, em sua totalidade:

a) deficiências em nosso sistema socioeconômico

b) a consciência dos reais problemas do país por parte dos empresários

c) o atraso mental dos políticos nacionais

d) a carência de líderes políticos modernos e atuantes

e) a posição ultrapassada do governo

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36 “Raramente falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.”; os empresários

brasileiros raramente falam neste tema porque:

a) são mal preparados e desconhecem o assunto.

b) se trata de um assunto que não lhes diz respeito.

c) se refere a algo com que lucram.

d) não querem interferir com problemas políticos.

e) não possuem qualquer consciência social.

37) “…coisas do populismo irresponsável,…” corresponde a:

a) uma retificação do que antes vem expresso

b) uma ironia sobre o que é dito anteriormente

c) uma explicação dos termos anteriores

d) mais um elemento negativo do país

e) uma crítica sobre a política do país

38) O fato de os bancos deixarem de pagar impostos;

a) faz com que o Brasil se torne a oitava economia do mundo.

b) é prova de nossa modernidade.

c) é comprovação de que estamos seguindo os moldes econômicos internacionais.

d) é mais uma prova de injustiça social.

e) garante investimentos em áreas mais carentes.

39) Subtributação só pode significar:

a) sonegação de impostos

b) ausência de fiscalização no pagamento dos impostos

c) taxação injusta, por exagerada

d) impostos reduzidos

e) dispensa de pagamento de impostos

40) “…pela fraude ou pelo favor…”; os responsáveis, respectivamente, pela fraude e pelo

favor são:

a) o empresariado e o poder político

b) o Congresso e o Governo

c) os sonegadores e o empresariado

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d) os banqueiros e o Congresso

e) as leis e o capitalismo internacional.

41) Ao dizer que nosso empresariado é chorão, o autor repete uma ideia já expressa

anteriormente era:

a) bondades inócuas

b) lamuriar

c) populismo irresponsável

d) atraso

e) trabalho superprotegido

42) Segundo o texto, o Governo brasileiro:

a) prejudica o desenvolvimento da economia.

b) colabora com a elite no roubo do país.

c) não tem consciência dos males que produz.

d) explora as brechas técnicas do sistema tributário.

e) demonstra engenhosidade e iniciativa empresarial.

43) As “brechas técnicas do sistema tributário” permitem:

a) pagamento de menos impostos

b) sonegação fiscal

c) fraude e favor

d) maior justiça social

e) o aparecimento de queixas do empresariado

44) O “Desperdício Brasil” se refere à:

a) ausência de distribuição social das riquezas

b) subtributação patrocinada pelo Estado

c) perda de dinheiro pela diminuição da produção

d) queda de arrecadação por causa do Custo Brasil

e) redução do desenvolvimento na área financeira

45)”…o progresso e o produto de uma minoria que nunca são distribuídos, que não chegam à

maioria de forma alguma,…”; representam, respectivamente, a minoria e a maioria:

a) banqueiros / empresariado

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b) elite econômica / trabalhadores em geral

c) economistas / povo

d) classes populares / classes abastadas

e) desempregados / industriais

46) “…que não afetam a miséria à sua volta por nenhum canal, muito menos pela via óbvia da

tributação”; nesse segmento, o autor do texto diz que os impostos:

a) deveriam ser cobrados de forma mais eficiente.

b) impõem a miséria a todas as classes.

c) causam pobreza nas elites e nas classes populares.

d) não retornam à população de forma socialmente justa.

e) são o caminho mais rápido para o progresso.

TEXTO V - MEU IDEAL SERIA ESCREVER... – Rubem Braga

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a contasse para a  cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa (que não sai de casa), enlutada (profundamente triste), doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”

Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada como o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má-vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário ((autoridade policial) do distrito (divisão territorial em que se exerce autoridade administrativa, judicial, fiscal ou policial), depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de

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prender ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.

E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a umpersa (habitante da antiga Pérsia, atual Irã), na Nigéria (país da África), a um australiano, em Dublin (capital da Irlanda), a um japonês, em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou (introduziu-se lentamente em) por acaso até nosso conhecimento; é divina.”

E quando todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”

E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.

47) Por que o autor deseja escrever uma história engraçada?

48) Por que ele diz que a moça tem uma casa cinzenta, e não verde, azul ou amarela?

49) Ao descrever um raio de sol, o autor lhe atribui características que, de certa forma, se opõem às da moça. Cite algumas dessas características opostas.

50) Como você interpretaria a oração “que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria”?