educação matemática crítica e a proposta de atividades de leitura

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  • 8/17/2019 Educação Matemática Crítica e a Proposta de Atividades de Leitura

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    EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA E A PROPOSTA DEATIVIDADES DE LEITURA: uma abordagem interdisciplinar entre

    língua portuguesa e matemática na sala de aula.

    Renata Marques de Otero¹, Arthur de Araújo Filgueiras1.  [email protected]

    Resumo

    O desenvolvimento de atividades interdisciplinares no eixo língua portuguesa e matemática,com foco na atividade de leitura, é uma rica oportunidade de proporcionar aos estudantes ocontato com duas disciplinas, numa abordagem simultânea e envolvendo temas socialmenterelevantes, sob uma abordagem crítica. Nessas condições, o presente artigo tem por objetivorefletir sobre a possibilidade e a necessidade de propostas de atividades interdisciplinares quecontemplem a leitura em contextos significativos e em conexão com uma matemática que sesitua para além dos componentes curriculares. Para tanto, serão apresentadas a abordagem doensino da matemática sob a perspectiva da educação crítica e outra sobre o ensino de leituranuma visão sociointeracionista, a partir de uma revisão bibliográfica. Com essafundamentação teórica, é proposta uma atividade de leitura como modelo a ser desenvolvidoem encontros de formação de professores.

    Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Matemática Crítica. Leitura sociointeracionista.

    Abstract

    The development of interdisciplinary activities in the Portuguese language and mathematicsaxis focusing on the reading activity is a rich opportunity to give students contact with twosubjects in a simultaneous approach and involving socially relevant themes in a critical

    approach. Under these conditions, the present article aims to reflect on the possibility and theneed for proposals for interdisciplinary activities that include reading activity in meaningfulcontexts and in connection with a mathematics that lies beyond the curriculum components.To do so, It will be presented the math teaching approach from the perspective of criticaleducation and another about teaching reading in a sociointeractionist vision from a literaturereview. With this theoretical basis, it is proposed a reading activity as a model to bedeveloped in teachers training meetings.

    Keywords: Interdisciplinary. Critical Mathematics. Sociointeractionist reading.

    Introdução

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    O trabalho de atividades de leitura em concomitância com conteúdos matemáticos é

     propiciado através de uma proposta interdisciplinar. Observa-se que, na atual conjuntura do

    ensino, muito se discute a respeito de novas possibilidades de se construir a aprendizagem, de

    levar o aluno a compreender determinados conteúdos de forma crítica, sistematizada e de

    modo a reconhecê-los em seu cotidiano.

    Tal perspectiva encontra entraves não somente na fragmentação dos conteúdos, como também

    na dissociação entres os diversos campos de conhecimento, como língua portuguesa e

    matemática. Observa-se, no entanto, quão prejudicial é o estudo fragmentado das disciplinas,

    levando à desvinculação dos conteúdos curriculares do cotidiano dos alunos e,

    consequentemente, dificultando o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula.

    A abordagem de atividades de leitura em sala de aula é uma rica oportunidade de promover a

    interdisciplinaridade entre língua portuguesa e matemática e possibilitar aos estudantes sua

    vivência em contextos significativos de aprendizagem. É a oportunidade do professor de

    língua portuguesa avaliar em seus alunos habilidades outras que apenas o uso corrente de

    regras gramaticais, como também ao professor de matemática de favorecer o espírito crítico e

    argumentativo de seus alunos no trato com temas recorrentes nas esferas econômicas,

     políticas e sociais, e sua contextualização com os conteúdos matemáticos no momento de sua

    abordagem, como propõe a Educação Matemática Crítica.

    Aliando a concepção de leitura na proposta sociointeracionista à abordagem da matemática

    sob a visão da educação crítica, professores de ambas as disciplinas podem propor / elaborar

    atividades de leitura em conjunto, visando tanto a objetivos linguísticos, como aconhecimentos matemáticos. Esse tipo de atividade faz-se fundamental, por promover o

    exercício da cidadania e da criticidade, através da inclusão dos estudantes em discussões

    acerca de temas atualmente recorrentes na sociedade. Além disso, no próprio cotidiano, eles

     precisam lidar com problemas apresentados nos mais variados contextos em que aparecem

    dados matemáticos em meio a textos argumentativos, sendo-lhe necessário mobilizar

    conhecimentos linguísticos e matemáticos simultaneamente.

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    A Educação Matemática Crítica, como sua própria nomenclatura sugere, é voltada para a

    criticidade e para o exercício da produção de questionamentos em torno da matemática, a fim

    de que seu ensino, como afirma Skovsmose (2001 / 2007), venha exercer uma função

    significativa dentro dos contextos sociais e contribua para o fortalecimento da democracia.

    O trabalho com a Educação Matemática Crítica tem como um dos seus fundamentos o uso do

    diálogo durante a realização das atividades. É o momento em que a sala de aula torna-se um

    espaço de discussão e de questionamentos envolvendo a vivência e a cultura social.

    Consequentemente, tem-se o estabelecimento da democracia e um ensino rico, interessante e

    valorativo da matemática (MIRANDA et al, 2012).

    Em contraste com esse ensino valorativo, tem-se uma abordagem tradicional da matemática

    em sala de aula, voltada para um trabalho mecanicista de resolução de exercícios, desprovido

    de qualquer questionamento para sua resolução. Conforme Skovsmose (2014, p.17), nesse

    tipo de abordagem tradicional:

    Toda informação contida no enunciado deve ser recebida como algofechado, exato e suficiente. Ou, mais especificamente, as informações doexercício são compreendidas como necessárias e suficientes para resolvê-lo.Dada essa informação, é possível (e legítimo em aulas de matemática)calcular a solução correta. Os alunos não precisam buscar mais informações.[...] Um exercício define um micromundo em que todas as medidas sãoexatas, e os dados fornecidos são necessários e suficientes para a obtençãoda única e absoluta resposta certa.

     No contexto apresentado por esse autor, as atividades já vêm prontas e acabadas, não havendo

    espaço para questionar os dados apresentados nos enunciados, tomados como verdades

    definitivas –  preços de objetos numa loja, relações entre o custo de produção de mercadorias e

    o seu valor final de venda, dentre outros.

    Divergindo da abordagem tradicional anteriormente descrita, e na tentativa de trabalhar a

    criticidade na vivência de atividades matemáticas, propõem-se tais atividades em conexão

    com as de leitura sob a visão sociointeracionista que, por sua vez, perfaz-se numa ótima

    oportunidade para o trabalho da matemática sob a perspectiva da Educação Crítica. 

    Uma concepção crítica da matemática é apresentada com base na ideia de

    matemática em ação e nas consequências do emprego da matemática na

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    sociedade moderna, seja nas questões econômicas, administrativas, seja natecnologia e todos os tipos de atividades humanas. A matemática em açãocontribui significativamente para conformar nosso mundo-vida(SKOVSMOSE, 2014, p,12).

    Ainda segundo esse autor, trata-se de uma visão de educação matemática indefinida, uma vez

    que não é voltada para metodologias e conteúdos programáticos específicos e considera ainda

    suas múltiplas possibilidades de ocorrência e de atendimento a propósitos nos campos social,

     político e econômico (Op.cit., p.12). Consequentemente, o fenômeno educacional é tomado

    como um processo aberto, não finalizado e voltado a práticas sociais significativas. Os

     professores, por sua vez, terão a oportunidade de explorar sua criatividade, ao propor suas

     próprias aulas, em detrimento ao uso daquelas prontas com base quase que exclusiva nos

    livros didáticos.

    Como se pode perceber, essa abordagem da Matemática Crítica vem ao encontro da

    concepção sociointeracionista da língua, que, aplicada às aulas de leitura, proporciona uma

    aprendizagem contextualizada e interativa, conforme explica Koch (1995, p. 9):

    A [...] concepção sociointeracionista [...] é aquela que encara a linguagemcomo atividade, como forma de ação, ação interindividual finalisticamenteorientada, como lugar de interação que possibilita aos membros de umasociedade a prática dos mais diversos tipos de atos.

    Esta concepção é a então adotada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e enfatiza

    que o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa devem fundamentar-se em propostas

    interativas de língua/linguagem, destacando a natureza social e interativa da linguagem, em

    que o ensino de língua não seja deslocado do uso social desta, considerando:

    a) o aluno como produtor de textos, refletindo assim a sua história social ecultural; (...) c) a nomenclatura gramatical e a história da literaturadirecionadas para um segundo plano e a análise linguística trabalhada emfunção da leitura e da produção de textos (BRASIL, 2000 apud SILVA,2014, p.6).

    Percebe-se, também, a preocupação em contextualizar as atividades com a língua, a partir de

    usos reais dos usuários, pois cada aluno é protagonista de seus atos de fala e de escrita, é

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    consciente de seu papel e seus objetivos. Ele é sujeito de uma sociedade globalizada em que

    há novas formas de interagir, dinâmicas e complexas. Leva-se ainda em consideração, o

    leitor-aluno e os conhecimentos que este traz consigo a partir das suas experiências de vida.

    Entretanto, a partir do momento em que o professor passa a levar em consideração os

    conhecimentos dos seus alunos, enquanto leitores, ele deverá abandonar a ideia de que apenas

    existe um sentido para um texto e entender que os conhecimentos podem ser –  e normalmente

    são –  diferentes de um leitor para outro, o que “implica aceitar uma pluralidade de leituras e

    de sentidos em relação a um mesmo texto.” (KOCH; ELIAS, 2012, p.21).

    Assim, na concepção socionteracionista da língua, a leitura passa a ser uma atividade de (co)

     produção de sentidos, que começa no acesso, pelo leitor, ao seu conhecimento prévio ou ao

    seu repertório sociocultural, a fim de compreender o que está sendo lido, e continua com o

     preenchimento de lacunas a partir do confronto com o próprio texto, com o professor e/ou

    com os seus colegas de sala.

    Em função desse processo, é importante que uma aula de leitura esteja organizada em três

    fases: a pré-leitura, ou preparação para a leitura; a leitura propriamente dita; e a pós-leitura, ou

    avaliação da leitura.

    Leffa (1996, p.36) apud Hila (2009, p.23) diz que a fase da pré-leitura “consiste em uma série

    de atividades incentivadas e acionadas, no intuito de acionar os esquemas mentais que a

    criança tem sobre o que será lido”. Solé (1998) recomenda algumas estratégias a serem

    aplicadas nessa fase, como o estabelecimento de previsões sobre o texto, com base em

    algumas pistas, como o título e as imagens, e transformando a leitura em algo deles. A autora

     propõe ainda promover as perguntas dos alunos sobre o texto, pois “alguém que assume aresponsabilidade em seu processo de aprendizagem é alguém que não se limita a responder às

     perguntas feitas, mas que também pode interrogar e se autointerrogar.” (SOLÉ, 1998, p.110).

    A partir das perguntas, o professor pode inferir qual é a situação dos alunos perante o texto e

    fazer ajustes na maneira como irá intervir na aula.

    Se a compreensão de um texto começa antes mesmo de sua leitura, é durante a leitura em si

    que se dá a maior parte da atividade compreensiva. Solé (1998) apresenta estratégias que

     podem ser utilizadas na escola, nas tarefas de leitura compartilhada e na leitura individual,

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    com vistas a formar um leitor cada vez mais autônomo e consciente do seu processo de

    compreensão.

    A leitura compartilhada consiste na alternância da responsabilidade, entre professor e alunos,

    de organizar a leitura e envolver os demais nesse processo, em torno de quatro “estratégias

    fundamentais para uma leitura eficaz” (Op. Cit., p. 118): ler, resumir, solicitar

    esclarecimentos e prever. Outro tipo de leitura é a independente, em que “o próprio leitor

    impõe seu ritmo e ‘trata’ o texto para seus fins”. (Op. Cit., p.121). 

     Na fase de pós-leitura, essa autora destaca algumas estratégias que podem ser aplicadas para

    que a compreensão continue acontecendo. São elas: identificação da ideia principal,

    elaboração de resumo e formulação e resposta de perguntas.

     No caso da formulação de perguntas e as respostas, Solé (1998) defende que se deve ensinar

    os alunos a elaborarem perguntas e a respondê-las, como parte de uma processo ativo de

    leitura.

    Esse processo ativo de leitura pode ser enriquecido com a simultânea abordagem de uma

    matemática crítica, contextual, significativa e que oportuniza o contato dos estudantes com

    experiências da realidade. Tal abordagem precisa ser resgatada em sala de aula, visto sua ação

    de potencializar “o estudo das demais disciplinas” (MIRANDA et al, 2012, p.13) e permitir

    que os estudantes “tenham uma visão ampliada da contribuição da matemática na vida”

    (op.cit., p.13).

    É importante que a elaboração de atividades, nesse contexto crítico, prime pela escolha de

    exemplos significativos aos alunos. A esse respeito Skovsmose (2014, p.60), faz algumas

    ressalvas sobre esse processo de escolha:

    [...] vale a pena frisar que o que os alunos consideram como significativo éfruto de como eles relacionam as coisas. [...] A experiência da significaçãodepende de os alunos trazerem suas intencionalidades para as atividades deaprendizagem. Investigar e explorar são atos  conscientes, eles nãoacontecem como atividades forçadas. Eles não se realizam enquanto osalunos efetivamente não  fizerem as investigações e as explorações e, paraisso, pressupõe-se que a intencionalidade dos alunos faça parte do processoinvestigativo.

     Na tentativa de os alunos trazerem suas intencionalidades às atividades, sugerimos o trabalho

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    com jornais a partir da escolha de notícias sobre situações da vida real. O que constitui, como

    afirma Skovsmose (2014, p.56), um meio de aprendizagem que exige do professor a obtenção

    de informações acerca de tais situações para a formulação dos exercícios. Trazemos, assim, a

     partir da seleção de uma notícia (Figura 01) veiculada no jornal Folha de Pernambuco, no

    caderno “Brasil”, de 14 de junho de 2015 (reproduzida –  em recorte  –  a seguir), um modelo

    de atividade de leitura que pode ser utilizado tanto nas aulas como em avaliações dentro uma

     proposta interdisciplinar língua portuguesa e matemática. A sugestão é que a atividade de

    leitura seja aplicada a uma turma do 7º ano do ensino fundamental, abordando o gênero

    textual “notícia” em língua portuguesa e o conteúdo Regra de Três Simples em matemática.

    Figura 01: Notícia intitulada “População brasileira despeja esgoto de forma irregular”, usada na p roposta de

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    atividade.Fonte: http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaodigital/arq/2015/06/0014.html

    Para a fase de preparação de leitura, propõe-se uma atividade de sondagem sobre o tema da

    aula, composta da seguinte sequência: a) Perguntar aos (às) alunos(as) se eles(as) conhecem o

    gênero “notícia”. b) Independente da resposta positiva ou negativa à pergunta 1, pedir que

    eles(as) tentem explicar do que se trata e anotar no quadro as respostas dadas, sem emitir

    opinião. c) Informar que eles(as) terão acesso a um exemplo real desse gênero e que, ao final

    da aula, serão retomadas as respostas anotadas no quadro. d) Distribuir o texto. e) Pedir que

    eles façam previsões sobre o conteúdo do texto, com base nas imagens e títulos.

    Para a fase de leitura em si: a) Pedir que os(as) alunos(as) leiam o texto individual e

    silenciosamente, a fim de se apropriarem com mais atenção do conteúdo apresentado. b)

    Dividir a turma em pequenos grupos e solicitar que debatam e respondam às seguintes

    questões propostas:

    1)  Após a leitura da notícia, qual o assunto principal tratado? Que parte(s) do texto lhe

     permitiu(ram) chegar a essa conclusão?

    2)  Que dados secundários são fornecidos pelo texto? Onde é possível encontrá-los?

    3)  A notícia apresenta algumas razões que levam as pessoas a não fazerem a

    regularização do seu esgoto doméstico. Para o caso de apenas uma pessoa vir a fazer

    essa regularização, o que isso representaria em termos de redução de impactos

    ambientais quanto à quantidade, em litros, de esgoto despejado irregularmente num

     período de seis meses?

    4) 

    Com base nos dados apresentados na notícia, qual seria, em litros, o volume de uma piscina olímpica? Em quanto tempo uma pessoa conseguiria despejar seu esgoto com

    o volume equivalente à capacidade dessa piscina? Com base nesses resultados, que

    reflexões podemos fazer acerca de nosso papel enquanto cidadãos em prol da

     preservação do meio ambiente? 

    5)  Leia os trechos a seguir, extraídos da notícia: “As pessoas pagam por um celular

    caro, mas não querem pagar para que seu esgoto seja coletado e tratado.” / “No

    caso da cidade de São Paulo, por exemplo, um imóvel que não paga pelo esgoto

    veria sua conta dobrar caso decidisse se regularizar.” Que semelhanças e

    http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaodigital/arq/2015/06/0014.htmlhttp://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaodigital/arq/2015/06/0014.html

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    diferenças podem ser encontradas entre os dois trechos, em termos de forma,

    conteúdo, escolha lexical e posicionamento adotado pelo autor?6)  Com base no texto lido e nas respostas às questões anteriores, como você

    caracterizaria uma notícia?

    Para a fase de pós-leitura, sugere-se: 1) proceder à correção das respostas

    coletivamente, solicitando a participação dos(as) estudantes. 2) Retomar as anotações feitas

    no quadro, confrontando o que eles(as) sabiam intuitivamente com aquilo que ficou

    apreendido após terem trabalhado formalmente o gênero notícia em sala de aula. 3) solicitar

    que eles elaborem um resumo da notícia e formulem perguntas a serem aplicadas a outros

    grupos, a respeito do conteúdo tratado na notícia.

    Metodologia

    A construção do artigo teve por base uma pesquisa bibliográfica, buscando trazer uma

    reflexão teórica sobre as noções de interdisciplinaridade, educação matemática crítica e aabordagem de atividades de leitura sob o foco sociointeracionista. A partir da reflexão teórica,

     primou-se pela proposta de uma atividade de leitura a fim de exemplificar o objetivo proposto

    na presente pesquisa. Para a elaboração da atividade, foi ainda utilizada uma notícia publicada

    em um jornal de grande circulação no estado de Pernambuco em sua edição digital,

    disponibilizada na internet.

    Considerações Finais

    Contribuir para a formação cidadã dos estudantes é deveras um desafio instigador e que

    encontra na abordagem crítica da Educação Matemática, em consonância com aulas de leitura

    na perspectiva sociointeracionista, um ambiente extremamente favorável às vivências reais,

    críticas e reflexivas. Nessas condições, e tendo em vista a proposta apresentada, espera-se que

    o presente trabalho norteie atividades de formação de professores de matemática e de língua

     portuguesa, visando a uma aplicação efetiva dessa temática em sala de aula na educação

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     básica, trazendo, como consequência, benefícios aos atores envolvidos  –   docentes e

    estudantes –  e à escola brasileira, de modo geral.

    Referências

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    KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3.ed. São Paulo:Contexto, 2012.

    MIRANDA, C.T. et al. Educação Matemática Crítica:  Propostas de atividades deacadêmicos de licenciatura em matemática. Educere - Revista de Educação, Umuarama, v.12,n.1, p.7-36, jan./jun. 2012.

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    SKOVSMOSE, O. Educação matemática crítica:  a questão da democracia. Campinas:

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