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EDUCAÇÃO INTEGRAL: UM CAMINHO PARA A QUALIDADE E A EQUIDADE NA EDUCAÇÃO PÚBLICA Março de 2015

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EDUCAO INTEGRAL:UM CAMINHO PARA A QUALIDADE E A EQUIDADE NA EDUCAO PBLICAMaro de 20152Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaConvite ao dilogoEssedocumentofazpartedeumasriedetextosgeradosapartirdeencontrosorganizadospelo movimento Todos Pela Educao (TPE) por meio dos chamados grupos de assessoramento (GAs). Os GAstmcomointuitoformularpropostasdepolticaspblicasemEducaocomfoconamelhoriada qualidade do ensino pblico brasileiro.Cada GA conta com a coordenao do TPE e de uma organizao parceira, de acordo com o tema, nesse caso a Fundao Ita Social. O grupo composto por especialistas de diversos institutos, fundaes e da academia, alm de representantes do governo. O GA que formulou o presente documento se reuniu ao longo de 2014.Todos Pela EducaoFundao Ita SocialMovimento da sociedade brasileira, fundado em 2006, que tem como misso contribuir para que at 2022, ano do bicentenrio da Independncia do Brasil, o Pas assegure a todas as crianas e jovens Educao Bsicadequalidade.OTPEacreditaque,peladimensododesafoedadesigualdadehistricada Educao no Brasil, apenas a ao dos governos no sufciente. A participao dos diversos segmentos da sociedade, reunidos em torno de metas comuns e alinhadas com as diretrizes das polticas pblicas educacionais, fundamental para promover o salto de qualidade de que a educao brasileira necessita.www.todospelaeducacao.org.br Comamissodedesenvolver,disseminareimplementartecnologiassociaisparaamelhoriada educao pblica brasileira, a Fundao Ita Social atua em todo o territrio brasileiro, em parceria com astrsesferasdegoverno,comosetorprivadoecomorganizaesdasociedadecivil.Aspropostas desenvolvidaseapoiadastmcomofocoaeducaointegraleagestoeducacional.Paraalcanar resultados transformadores, a Fundao Ita Social valoriza e investe na mobilizao social e na avaliao de projetos sociais e polticas pblicas.www.fundacaoitausocial.org.br3Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaEducao Integral:Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaOsresultadosdasavaliaesdesistemaeosindicadoresdefuxoeducacionalmostramqueasesco-las pblicas brasileiras, apesar da evoluo das ltimas dcadas, ainda esto distantes da qualidade de Educaoaquetodasascrianasejovenstmdireito.certoqueinmerasexperinciasexitosasse espalham pelo pas. Contudo, trata-se de casos isolados, dentro de uma escola ou em redes pblicas es-pecfcas. Os dados tambm mostram disparidades educacionais que no ocorrem apenas entre regies do Brasil, mas dentro de uma mesma rede de ensino ou at mesmo de uma unidade escolar. Desigual-dadesdegnero,raciais,sociais,econmicas,assimcomoaquelasimpostaspelafaltadeopespara as pessoas com defcincia, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotao restringem as oportunidades, privando os indivduos de escolhas autnomas e do desenvolvimento pleno do potencial de cada um.Com cerca de 50 milhes de estudantes, 2 milhes de professores e 200 mil escolas, o sistema educacio-nal do Brasil um dos mais complexos do mundo. As mudanas, portanto, no se fazem da noite para o dia mas so necessrias e urgentes. Uma das mais signifcativas estratgias nesse sentido a adoo da Educao Integral como princpio norteador de todo o planejamento de uma rede, considerando as diferentes etapas educacionais, desde a Educao Infantil at o Ensino Mdio.Introduo A qualidade da Educao e o desafo da equidadeSobre qualidade e equidade, importa trazer refexes de estudiosos1 feitas com base em da-dos de nvel socioeconmico e resultados do ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb),consideradohojeumdosmaissignifcativosindicadoresdequalidadedaEducao, composto pela relao entre o desempenho dos estudantes e o fuxo escolar.Os resultados mostramqueasescolasqueatendemaestudantesdemenornvelsocioeconmico,como esperado, tm piores resultados, mesmo com o controle de outras caractersticas. Para essas escolas, muito mais difcil elevar o valor do indicador. Alm disso, as condies de infraes-truturaedecomplexidadedainstituiotambmguardamrelaocomoIdeb.Porfm,os resultados indicam que so necessrias polticas de superao dessas limitaes e que tais condies no podem ser ignoradas na anlise do Ideb (ALVES e SOARES, 2013/1).1ALVES, Maria Teresa Gonzaga e SOARES, Jos Francisco, em Contexto escolar e indicadores educa-cionais: condies desiguais para a efetivao de uma poltica de avaliao educacional, publicado em Educao e Pesquisa, So Paulo, v. 39, n. 1, pp. 177-194, jan./mar. 2013 (http://goo.gl/ZbEFw3) 4Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaO conceito de Educao Integral vem ganhando cada vez mais espao no debate pblico sobre propos-tas educacionais para o pas. A expectativa em torno de bons resultados proporcionados pela Educao Integral reforada por pesquisas2 que evidenciam um papel estratgico na promoo da qualidade com equidadeemdiferentessistemaseducacionaisdomundo.Masessapromessasseconcretizarseo poder pblico e a sociedade civil somarem esforos e dialogarem sobre o tema e sobre os processos de instituio das polticas pblicas.Um primeiro passo a dar nesse sentido compreender que a Educao Integral no pode ser assumida apenas como oferta de maior tempo de permanncia na escola. A ampliao do tempo e o aumento do nmero de horas das disciplinas formais, por si s, no caracterizam o conceito de Educao Integral re-ferido neste documento. Educao Integral uma concepo que considera a multidimensionalidade do ser de forma integrada. Reconhece que o desenvolvimento pleno de indivduos s possvel quando se observam diferentes dimenses: fsica, afetiva, cognitiva, socioemocional e tica. Assim, os conhecimen-tos e experincias proporcionados pela escola, embora constituam grande parte do patrimnio cultural necessrio, no esgotam o conjunto de saberes necessrios para uma participao atuante na sociedade contempornea.O desenvolvimento pleno que se espera da Educao Integral s ser efetivo se a proposta pedaggica for composta por diferentes linguagens, numa perspectiva integrada, visando o aprofundamento de saberes e o aprimoramento de habilidades e competncias. Para isso, imprescindvel promover a reconstruo do Projeto Poltico Pedaggico (PPP), de forma coletiva e compartilhada, potencializando os conhecimen-tos e saberes que os estudantes, as famlias e a comunidade trazem para a escola. Nesse dilogo entre os diferentes saberes, deixam-se claras as intencionalidades e expectativas de aprendizagem, acolhendo os interesses dos estudantes e da comunidade e ampliando os repertrios.Assim, a Educao Integral implica o aproveitamento planejado da variedade de oportunidades de apren-dizagem, da diversidade dos espaos e da ampliao de tempos, em estreita articulao com o territrio, a comunidade, a famlia e as novas tecnologias. E assume a importncia dos conhecimentos proporcio-nados por essa articulao, integrando-os aos saberes sistematizados nos ditos contedos escolares. O resultado desse arranjo capaz de responder no s aos padres de qualidade desejados para a Educa-o pblica, mas tambm s exigncias de uma formao voltada para o mundo contemporneo, cada vez mais complexo e dinmico. 2 Equity and Quality in Education (http://goo.gl/nmnF2f) e Education Policy Outlook Making Reforms Happen (http://goo.gl/hAkrqw).Maria do Pilar LacerdaFundao SMNo estamos falando em aumentar o tempo para tirar crianas da rua, para, com isso, evitar queseenvolvamcomdrogas.Estamosdizendoquenecessrioumprojetodiferentede escola, que articule melhor o tempo, o espao e o contedo. Isso precisa estar defnido com clareza no projeto pedaggico da escola. 5Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaImportantes marcos legais colaboraram para o avano da Educao Integral nos ltimos anos, a comear pelaConstituiode1988,quecolocouaEducaocomoumdireitoodireitoaprendizagem.Dois anos depois, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) regulamentou uma ampla rede de proteo s crianas e adolescentes. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB) sedimentou o direito aprendizagem ao indicar a ampliao da jornada escolar, ao prever escolas de tempo integral no Ensino Fundamental e ao destacar a importncia da articulao da escola com a famlia e a comunidade. Comoreforodessaagenda,oPlanoNacionaldeEducao(PNE),sancionadoemjunhode2014, apresentadiretrizesobjetivasparamelhoraraqualidadedaEducaoesuperarasdesigualdades educacionais.Assim,algumasmetassedestacamporserelacionarcomaEducaoIntegral.Dessas, destacamos a Meta 6,que determina a oferta da Educao em tempo integral em no mnimo 50% das escolaspblicas,deformaaatenderpelomenos25%dosestudantesdaEducaoBsicaat2024.A Meta6incluiestratgiasquetratamdadiversidadelocaledaarticulaonoterritrio.Porsuavez,a Meta 7, que trata do aprendizado adequado na idade correta, possibilita, por meio da estratgia 7.293,a articulao da Educao Integral com a qualidade na Educao. Combasenumacoordenaofederativa,consequentemente,impem-seaosPlanosEstaduaise Municipais de Educao instrumentos de planejamento e gesto das polticas educacionais dos estados e municpios brasileiros o desafo de colocar em prtica a poltica de Educao Integral, considerando realidades, contextos, desafos e potencialidades locais.Respaldadasnesseconjuntodeleis,vmsendodesenvolvidaspolticasdeEducaoIntegralnastrs esferas de governo. A mais abrangente e infuente delas tem sido o Programa Mais Educao, lanado em 2007 pelo Governo Federal. Conforme texto publicado no site do Ministrio da Educao (MEC), trata-sedaestratgiaindutoraparaseconstituirajornadaescolarcomaduraoigualousuperiorasete horas dirias, durante todo o perodo letivo, compreendendo o tempo total que um mesmo estudante da Educao Bsica permanece na escola ou em atividades escolares. Ele operacionalizado por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e atende, prioritariamente, escolas com percentual igual ousuperiora50%deestudantesparticipantesdoProgramaBolsaFamlia,conformeaesdeacesso aos servios pblicos do Programa Brasil sem Misria. No incio, o programa atendia apenas as escolas urbanas,edesde2012passouaatendertambmasescolaspblicasdocampoquecompreendem unidadesruraisedepovosdaforesta,ribeirinhos,quilombolas,pescadoreseassentadosdareforma agrria.A implementao de polticas de Educao Integral no uma tarefa simples. Implica mudanas estruturais e de gesto que vo desde a infraestrutura necessria para a realizao das atividades at a defnio de propostaspedaggicasquetragamcontribuiesefetivasparaodesenvolvimentoplenodecrianase jovens, passando pela to necessria formao dos diversos profssionais envolvidos. Para alcanar um patamar de desenvolvimento de todas as potencialidades dos estudantes, preciso repensar o modelo e a oferta de contedos da escola atual, de forma a proporcionar aprendizagens relevantes, que dialoguem com as competncias e habilidades indispensveis para a participao cidad. Dada essa complexidade, a participao de organizaes da sociedade civil e as articulaes intersetoriais se tornam condicionantes. Legislao3 Promover a articulao dos programas da rea da Educao, de mbito local e nacional, com os de outras reas como sade, trabalho e emprego, assistncia social, esporte e cultura, possibilitando a criao de uma rede de apoio integral s famlias, como condio para a melhora da qualidade educacional.6Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaEstedocumentotemporobjetivocontribuirparaodebateeosesforosdegestorespblicosna estruturaodaspolticasdeEducaoIntegral.Elefoiproduzidoemconjuntoporumgrupode representantes4deorganizaessociais,fundaes,institutos,rgosgovernamentaiseacademia.Ao refetir sobre os desafos e os possveis caminhos, com base em pesquisas e em experincias concretas, esse colegiado pretende colaborar para que a Educao Integral se torne uma realidade para crianas e jovens em todo o territrio brasileiro. 4 Adriana Sperandio (Secretaria Municipal de Educao Vitria); Ana Moser (Instituto Esporte e Edu-cao); Andr Sobrinho e Mirela Carvalho Pereira Silva (Instituto Unibanco); Anna Penido (Instituto Inspirare), Claudia Frazo (representou o Instituto Inspirare); Antonio Ibaez Ruiz (Conselho Nacional de Educao CNE); Beatriz Goulart (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Bianca Miguel (Instituto Natura); Daniel Ximenes (Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome MDS); Daniela Cas-tro (Atletas pelo Brasil); Dorinha Seabra Rezende (Cmara dos Deputados e Comisso Especial PNE); Eduardo Deschamps (Secretaria de Estado da Educao de Santa Catarina); Eliana Almeida e Marcelo Mazzoli (Fundo das Naes Unidas para a Infncia Unicef); Flvia Roberta Costa, I Paulo Ribeiro e Lucy Franco (Servio Social do Comrcio Sesc); Helosa Mesquita (representou a Secretaria Municipal de Educao do Rio de Janeiro e atualmente representa o Instituto Inspirare); Joo Roberto Costa de Souza (Secretaria Municipal de Educao de Jacare); Leandro da Costa Fialho, MEC/SEB/Coordenao de Educao Integral); Maria de Salete Almeida Silva (consultora educacional); Manuelina Martins da Silva Arantes Cabral (Secretaria Municipal de Educao de Costa Rica/MS, Undime Regio Centro-Oeste e Undime/MS); Maria Amabile Mansutti (Centro de Estudos e Pesquisas em Educao, Cultura e Ao Comunitria Cenpec); Maria do Pilar Lacerda e Mariana Franco (Fundao SM); Maria Helena Sanches de Toledo, Renata Rossi Fiorim Siqueira e Valria Souza (Secretaria da Educao do Estado de So Paulo); Maria Rebeca Gomes (Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura Unesco); Mnica Melo (Secretaria Municipal de Educao do Rio de Janeiro); Natacha Costa (Cidade Escola Aprendiz); Raquel Teixeira (atual secretria de Educao do estado de Gois e representou o Instituto Jaime Cmara); Rita Coelho (MEC/SEB/Coordenao Geral de Educao Infantil); Suzana Lima dos Santos (Secretaria Municipal de Educao de Porto Alegre); Tereza Perez (Comunidade Educativa Cedac); Valdiosmar Vieira (representou o Congemas at a segunda reunio); Vandr Brilhante (Cieds); Viviane Pereira da Silva Melo (Secretaria de Estado da Educao de Gois); Camila Feldberg M. Pinto, Tatiana Bello Djrdjrjan, Isabel Santana, Patrcia Mota Guedes (Fundao Ita Social); Alejandra Meraz Velasco, Andrea Bergamaschi, Camilla Salmazi, Carolina Fernandes, Maria Lucia Meirelles Reis, Priscila Cruz, Ricardo Falzetta e Vanessa Souto (Todos Pela Educao) 7Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicadifcil,paranodizerimpossvel,chegaraumindicadorquereveleasituaoprecisadaadooda Educao Integral no pas em seu conceito mais amplo. Os dados disponveis permitem olhar apenas para o nmero de matrculas registradas em jornada diria de 7 horas ou mais e analis-lo perante o nmero dematrculasnosdiferentescursosoferecidoscomoatividadescomplementaresaoperodoregular deescolarizao.Taisinformaesnopermitemdetectarseosprojetospedaggicosdasinstituies que ofertam jornadas estendidas e atividades complementares esto, de fato, alinhados com o conceito deEducaoIntegraldefendidonestedocumento.Porisso,aindaqueosdadosdisponveisindiquem tendncias, a sua interpretao deve ser feita sempre com ressalvas. O pas precisa de mais indicadores, estudos e pesquisas que nos auxiliem a monitorar a adoo das polticas de Educao Integral e a avaliar os resultados. No quadro a seguir, apresentado no Observatrio do PNE (www.opne.org.br), possvel acompanhar a situao atual dos indicadores de Educao em tempo integral e (em vermelho) o desafo colocado para que a meta do plano seja atingida. A oferta de Educao em tempo integral, como mostram os nmeros, j realidade em parte da rede pblica. Os dados indicam que 34,4% das escolas de Educao Bsica oferecem Educao em tempo integral. Entretanto, o percentual de estudantes matriculados em tempo integral de apenas 12% do total geral de matrculas.Nos grfcos abaixo, possvel observar a evoluo desses percentuais entre 2011 e 2013.1. DiagnsticoFonte: MEC/Inep/DEED/Censo EscolarElaborao: Todos Pela Educao8Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaOdetalhamentodessesnmerosevidenciadiferenasnacoberturanasdiferentesetapasdeensino. Enquanto o percentual de estudantes da Educao Infantil matriculados em tempo integral na rede pblica de 27,6% e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de 14,2%, no Ensino Mdio o ndice cai para 4,7%. Tambmhdiferenasquandoconsideramosseparadamenteaszonasruraleurbana.Emnmeros absolutos, existem mais escolas e alunos matriculados em Educao Integral em reas urbanas do que na zona rural. No entanto, quando comparamos as porcentagens, dados mais recentes (2013) mostram que no Ensino Fundamental e no Ensino Mdio h proporcionalmente mais matrculas em escolas da zona rural com Educao em tempo integral do que em estabelecimentos da rea urbana (13,2% na rea rural e 10,5% na rea urbana, no Ensino Fundamental, e 10,4% e 4,3%, respectivamente, no Ensino Mdio). O cenrio o oposto entre as escolas da Educao Infantil: a porcentagem de matrculas em tempo integral em escolas da rea urbana maior do que em estabelecimentos localizados em reas rurais.Alm de monitorar a evoluo das estatsticas, preciso verifcar a forma como o atendimento na Educao Integral ocorre nas redes de ensino. Considerando que, na maioria das escolas, a Educao Integral no oferecida a todos os alunos, imprescindvel que as atividades realizadas estejam alinhadas com o PPP da escola e no sejam vistas como um projeto paralelo e isolado na unidade escolar. Os gestores escolares precisamseenvolveremtodasasetapasdoplanejamentodasatividades,responsabilizando-sepelos resultados e pela qualidade da oferta.Fonte: MEC/Inep/DEED/Censo EscolarElaborao: Todos Pela EducaoFonte: MEC/Inep/DEED/Censo EscolarElaborao: Todos Pela Educao9Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaParapromoverodesenvolvimentointegraldecrianas,adolescentesejovens,fundamentalquese amplieotempodeexposioasituaesdeensino.Noentanto,hdiversasopiniesemrelaos estratgias para efetivar essa ampliao, seja na utilizao de espaos, seja na composio de arranjos institucionais ou na formulao da proposta pedaggica, sem perder de vista a faixa etria e as atividades a ela destinadas. medida que a oferta de Educao Integral se amplia, as experincias em curso no pas mostram que no h um modelo nico de implementao. Acadmicos, especialistas, educadores e representantes do poder pblico tm proposto e desenvolvido diferentes arranjos para a estruturao dessa poltica. necessrio, no entanto, que as particularidades e potencialidades de cada local sejam levadas em considerao ao sepensaremdesenhosdepolticasviveisequesesustentem.Porisso,possvelemuitasvezes indicado que uma mesma rede pblica tenha diferentes tipos de oferta de Educao Integral, desde que alinhadas a diretrizes e expectativas comuns a todos, defnidas por um Plano de Educao Integral. Maria Amabile MansuttiCentrodeEstudosePesquisasemEducao,CulturaeAoComunitria CenpecTemosquerespondermelhorsnecessidadesdosjovens.EsseumdesafodoEnsino MdioqueconsequentementetambmtemimpactonaEducaoIntegral.Cabesredes pblicas fazer um reconhecimento de diversos percursos formativos dentro e fora da escola, assim como orientar os jovens sobre essas possibilidades, para as quais precisam ter alguma autonomia.Trata-sedepercursosnorteadosporideiascomoampliaodecapitalcultural, empreendedorismo e iniciao cientfca. Manaus (AM)Em 2002, a Secretaria Estadual de Educao do Amazonas implantou, em Manaus, dois pro-jetos-piloto de escolas de tempo integral nas escolas Marcantonio Villaa e Petrnio Portela, comeando pelo Ensino Mdio. Os desafos encontrados no foram poucos, pois, cientes das particularidades dessa etapa de ensino (altos ndices de abandono escolar e assuntos relacio-nados ao mercado de trabalho, entre outras questes da adolescncia), era necessrio moti-var os jovens a seguir com a trajetria de estudos. A sada encontrada pela Escola Marcoan-tonio Villaa foi readequar a matriz curricular e envolver ativamente os jovens em projetos de iniciao cientfca. Para tanto, investiu-se na reestruturao de locais dentro da escola, como bibliotecas, laboratrios de fsica, qumica, matemtica, artes e informtica, que comearam a fazer parte da dinmica de sala de aula e do universo dos estudantes. Todas as semanas os jovens passaram a se agrupar, conforme os interesses, em projetos de iniciao cientfca que seriam desenvolvidos ao longo do ano com o apoio de um professor.Para saber mais PercursosdaEducaoIntegral:embuscadaqualidadeedaequidade www.educacaoeparticipacao.org.brhttp://goo.gl/bFX6HVAlmdisso,nosepodeignoraranecessidadedemaispropostasdeEducaoIntegralatraentes, relevantes e convergentes com os interesses e necessidades dos jovens do Ensino Mdio. Tais iniciativas precisam considerar a essncia e as caractersticas da juventude, de modo a promover o acesso cidade, a circulao no territrio e a autonomia na construo de percursos formativos reconhecidos pelas escolas.10Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaMauricio ErnicaA escola, apesar de ocupar um lugar central, no sufciente para ensinar tudo o que uma pessoa precisa aprender. No h nessa afrmao uma crtica escola, tampouco a desvalori-zao do que ela faz. Ao contrrio, a partir dessas ideias pode-se pensar a escola em relao estreitacomomundodaculturaecomasociedadevistademodoabrangente.Soessas relaesquepodemestabelecerdemodofrutferoosdilogoseasparceriasqueaescola poderealizarcomoutrasinstnciasqueensinam,apontandoparaaEducaoIntegraldas pessoas. (Seminrio Nacional Tecendo Redes para Educao Integral , p. 15)Novo Hamburgo (RS)O projeto de Educao Integral de Novo Hamburgo (RS) iniciou-se em 2009, por meio de uma pesquisa socioantropolgica cujo objetivo era aproximar a escola das famlias e diagnosticar a condio de cada estudante do ponto de vista social e pedaggico para promover a apren-dizagemeodesenvolvimentoadequadosrealidadedacomunidadeescolar.Oprojeto centrado nas escolas, que tm total autonomia para convidar a participao da comunidade. Cabe s escolas fazer a prospeco dos espaos possveis e criar as parcerias. O horrio das aulas dos estudantes das 7h35 s 17h05, e nem sempre eles esto efetivamente na escola, porquepodemestarcirculandopelobairro.Quandohmaioresdistnciasapercorrer,a parceria j prev o transporte, uma vez que a Secretaria de Educao no pode disponibilizar conduo.Para saber maishttp://goo.gl/bFX6HVUm pouco de percepo da sociedade: limitaes e potencial Pesquisa realizada em 2013 pelo Datafolha apontou que 63% da populao brasileira j tinha ouvido falar de Educao Integral. Mas, para 40% dessas pessoas, Educao Integral signifca apenas aumento da carga horria na escola, enquanto somente 22% a associam a atividades extracurriculares. Por outro lado, quando apresentados ao conceito mais amplo de Educao Integral,aaprovaomacia:9entrecada10brasileirosaconsideramnecessriaparao futuro das novas geraes. A melhora do nvel de Educao, a ocupao de tempo com ativi-dades qualifcadas, a reduo da criminalidade e a preparao para o mercado de trabalho so apontadas pela maioria dos entrevistados como vantagens da Educao Integral.Quando questionados sobre diferentes modelos de oferta da Educao Integral, os respon-dentes atriburam grande importncia tanto s atividades realizadas apenas na escola quanto a parcerias estabelecidas com ONGs, parques, igrejas e outros espaos da comunidade.Para saber maishttp://goo.gl/7corGD11Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaPesquisa Educao Integral/Educao integrada e(m) tempo integral: concepes e prticas na Educao brasileira A pesquisa foi desenvolvida entre 2008 e 2009 por um grupo de universidades pblicas fe-derais,porsolicitaodaSecretariadeEducaoContinuada,AlfabetizaoeDiversidade, do Ministrio da Educao Secad/MEC, por meio da Diretoria de Educao Integral, Direitos Humanos e Cidadania Deidhuc, cujos objetivos eram mapear experincias de ampliao da jornada no Ensino Fundamental, em curso no Brasil; analisar essas experincias mapeadas, combasenaconstruodecritriosqueevidenciassemconcepeseprticas;esubsidiar a proposio de polticas pblicas voltadas para a implementao de Educao Integral, em nvel nacional.OlevantamentoapontaaspectosimportantesaconsiderarquandosetratadeEducao Integral,taiscomo:organizaodotempo;organizaotemporaldasatividades;espao; sujeitos que trabalham nas experincias; gesto; fator humano e compromisso assumido com as propostas; parcerias; acompanhamento e avaliao das experincias; concepes sobre a ampliao da jornada escolar; e cansao dos estudantes. A pesquisa conclui que o nmero de experincias em jornada escolar ampliada atualmente em curso no Brasil e o alcance dessas experincias em termos de nmero de alunos atendidos ainda so restritos. Por outro lado, osvaloresdosdiversosdadoslevantados(municpioscomexperinciasdejornadaescolar ampliadaqueresponderamaoquestionriodapesquisa;experinciasdejornadaescolar ampliada;matrculasnosmunicpioscomexperincias;alunoscomjornadaampliadanos municpioscomexperincias;alunosdoensinofundamentalatendidospelaexperinciade jornada escolar ampliada, por ano de escolaridade; tempo em meses das experincias; carga horriadiriadasescolasemqueasexperinciassodesenvolvidas;nmerodediasda semana em que as experincias so realizadas; relao da carga horria diria das escolas e o nmero de dias da semana em que as experincias so realizadas; atividades desenvolvidas nas experincias; locais dentro e fora da escola em que so realizadas as experincias; formas como as experincias so realizadas; relao das experincias com o Projeto Poltico Pedaggico dasescolas;responsveispelaexecuodasatividadesdejornadaescolarampliadajunto aos alunos; responsveis pela coordenao geral e especfca das experincias; parceiros das experincias de educao em jornada ampliada; formas de fnanciamento das experincias) so signifcativos e sinalizam a importncia dessa questo no cenrio educacional brasileiro, indicando, inclusive, uma tendncia de expanso.Para saber mais http://goo.gl/2CnMJZ12Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaSe, por um lado, as polticas de Educao Integral se apresentam como estratgia para alcanar os patamares desejados de aprendizagem e desenvolvimento no pas, por outro, a adoo dessas po-lticas implica enfrentar desafos histricos da gesto educacional. reas como fnanciamento, infra-estrutura,gestodeparcerias,intersetorialidade,propostacurricular,contrataoeformaodos profssionais impactam a escala e a qualidade da oferta. Nesse sentido, a elaborao de um Plano de Educao Integral um primeiro passo para os gestores, pois permite uma anlise preliminar dessas diferentes questes no contexto local do municpio ou do estado. OPlanodeEducaoIntegraldefneasdiretrizesdapolticaproposta,partedeumdiagnsticoda rede e da proposta pedaggica, determinando objetivos, aes e estratgias para alcanar os resul-tados pretendidos e estabelecendo formas e indicadores de monitoramento e avaliao. O processo deplanejamentoedeinstituiodapolticadevepreverocontnuoprocessodemonitoramentoe avaliao,imprescindvelparapermitircorreesderumoeasistematizaodosavanos.Outro tema importante a tratar a cobertura das aes e a forma como a rede vai promover a ampliao gradativa da Educao Integral. Refetir sobre isso e defnir os possveis critrios como nvel de vul-nerabilidade social e/ou desempenho escolar algo imprescindvel para o planejamento e a con-cepo da poltica.Avaliao e monitoramentoEncontra-secertonveldeconsensonoBrasilsobreaimportnciademonitorareavaliar polticas e programas educacionais, mas h muito debate sobre como faz-lo. Alm disso, h necessidade de mais esforos no desenvolvimento de indicadores e instrumentos que deem conta da complexidade da Educao Integral. Ainda assim, j existem caminhos possveis e al-gumas experincias de redes nesse campo, como as de Santos, So Bernardo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Para saber maisGuia de Polticas de Educao Integralhttp://goo.gl/quQygmJoo Roberto Costa de Souza Secretaria Municipal de Educao de JacareQuandocomeamososprogramasdeEducaoIntegralnacidade,noprimeiromomento achamosqueocritriodeviasersomenteavulnerabilidadesocial.Fomosparaasregies demaiorvulnerabilidadeparafazeraoferta.Hojejnopriorizamosapenasocritrioso-cioeconmico.Passamosapriorizartambmosestudantesqueestoabaixodamdiade aprendizado em cada escola. 2. Polticas de Educao Integral: entraves e propostas13Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaA proposta pedaggica da Educao Integral tem de superar a ideia de fragmentao dos conhecimentos e contemplar estratgias que consigam abarcar de maneira articulada todas as dimenses da Educao Integral: fsica, afetiva, cognitiva, socioemocional e tica. Para isso, preciso rever tempos, espaos e intervenes pedaggicas, de modo a considerar e integrar os saberes das famlias, da comunidade e da cidade, sempre levando em conta a potencializao dessa integrao por meio das tecnologias da informao e da comunicao.O aumento puro e simples da carga horria das disciplinas j ofertadas no garante o desenvolvimento integraldosestudantes.Deigualmodo,nobastaofertaratividadesextrasdesarticuladas.Paraque asaesdeEducaoIntegralsejamefetivas,necessrioprimeirodefnirdemandaseobjetivosde aprendizagemquesearticulemcomaquelesestabelecidosnocurrculoescolar.5Cadanovaatividade candidataafazerpartedaampliaodajornadamereceseralvodeumasabatina:Quecompetncias podemserdesenvolvidascomessetrabalho?Comoaatividadepropostapotencializaatividadese aprendizagens de outras reas? Como se articula com a proposta curricular da rede? sempreproveitosolembrarqueasdiretrizescurricularesdaSecretariadaEducaodevemser defnidas com base nas diretrizes curriculares nacionais, podendo tomar como referncia os parmetros curriculares nacionais. As matrizes curriculares da Educao Integral precisam ser desenhadas e adotadas em consonncia com essas diretrizes.Alm disso, importante prever a participao da famlia e dos estudantes na construo da proposta pedaggica,deformaqueelasejaresultantedeumprojetocoletivodeintencionalidadeepropsito educativo. Nesse sentido, o processo de formulao do Projeto Poltico Pedaggico constitui uma grande oportunidade para a participao desses atores. Proposta pedaggica5 O debate sobre a necessidade de uma Base Nacional Comum que defna o que todos os alunos devem saber ao fnal de cada ano escolar vem ganhando espao. Nesse processo de debate deve-se incluir a defnio do currculo para a Educao Integral, evitando assim que a lgica da separao do perodo escolar e o contraturno prevalea.Por mais que os Planos Municipal e Estadual de Educao possam sinalizar a poltica ou os programas de Educao Integral existentes ou previstos nas redes educacionais, no Plano de Educao Integral que a operacionalizao das aes ganha maior detalhamento.noprocessodeformulaodoplanoqueapolticadeEducaoIntegraltomaforma,estabelece pressupostos,princpioseprioridadesedefneasprincipaisaes.Quantomaisessaconstruofor coletiva e, portanto, compartilhada com a rede, com os estudantes, famlias e a comunidade, maior a chance de a poltica formulada ter aderncia e, de fato, se tornar realidade. Alm disso, a prpria sustentabilidade da poltica de Educao Integral se fortalece quando o desenho e a implementao so feitos por meio de amplo esforo de mobilizao e controle social. A seguir so apresentadas as reas que representam os principais desafos para os gestores pblicos no estabelecimentodaspolticasdeEducaoIntegral,assimcomoalgumaspropostasparaenfrent-los. Todas elas precisam ser contempladas na formulao do Plano de Educao Integral.14Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaSe houver clareza de onde se quer chegar, de que aprendizagens e desenvolvimento se espera que os estudantes conquistem, consegue-se imprimir s atividades uma intencionalidade pedaggica, facilitando a avaliao dos resultados e fazendo com que elas sejam encaradas como atividades educativas tanto por parte dos professores quanto pelos estudantes, as famlias e a comunidade, fortalecendo a valorizao e o envolvimento nas aes. A adoo de polticas educacionais passa necessariamente por boas estratgias de mobilizao. Muitas experinciasapontamparaofatodequeseaspropostasparaaEducaoIntegralnoforembem compartilhadas e discutidas entre profssionais da rede, estudantes, familiares e parceiros envolvidos , a equipe do rgo central enfrentar problemas para efetiv-las com a qualidade desejada.Mobilizao So Paulo SPH um dito segundo o qual para educar uma criana preciso uma aldeia inteira. Para cin-coescolasdeSoPaulo,aexpressosetornourealidade.Notrabalhocomestudantesde diferentes faixas etrias e localizadas na regio metropolitana de So Paulo (SP), as institui-es EMEI Chcara Sonho Azul, Emef Campos Salles, Projeto ncora, EMEF Desembargador Amorim Lima e Centro Integrado de Educao de Jovens e Adultos (Cieja) Campo Limpo der-rubaram muros e passaram a procurar oportunidades educativas no territrio em que esto localizadas. Na prtica, isso signifca aproximar-se da comunidade e permitir a interao de seus diversos atores no processo de ensino e aprendizagem.Paraqueissofossepossvel,todasasinstituiespassaramporumareformadeseuPPP. E,demaneirageral,prevaleceuumagestomaisdemocrtica,quepermiteaatuaono apenas do corpo docente no conselho escolar, mas tambm dos familiares dos estudantes. Tambmforammodifcadososprocessoseducativos,quepassaramaserpautadosnavi-vnciaprticadosobjetosdeestudo,incentivandoaautonomiadosestudantesperanteo conhecimento.Para saber mais Centro de Referncias em Educao Integral http://goo.gl/6EMFPjMarcelo Mazzoli Fundo das Naes Unidas para a Infncia UNICEFTemos experincias de ampla participao no projeto poltico-pedaggico ao longo da nossa histria.Jnoinciodosanos1960,MariaAliceMacelaniarticulouumadasprimeirasex-perinciasdeEducao IntegralnopaspormeiodaEscola Vocacionalqueorganizava a participao de crianas e jovens no projeto pedaggico. O PPP passa a ser um veculo, uma ferramenta de Educao para que se descubram vocaes, e a escola passa a ser um espao real, no s de aprendizagem, mas tambm de desenvolvimento da capacidade cidad dos meninos e meninas. 15Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaPara isso, em um primeiro momento, importante que as redes assumam aes de mobilizao em torno do tema da Educao Integral, para que a comunidade e os possveis parceiros possam compreender os aspectos envolvidos e assim participar da construo da proposta de forma colaborativa e crtica.Quando as diretrizes e aes so pensadas pelas equipes das Secretarias de Educao sem o envolvimento daredeechegamsescolassemumprocessoestruturadoeclarodemobilizaoecomunicaode objetivos, as decises se enfraquecem e se descaracterizam. A Secretaria de Educao, ao manter um dilogo contnuo, garante a ateno da comunidade escolar e dos seus parceiros, colhe subsdios para o aprimoramento da poltica e comunica com transparncia os encaminhamentos das questes colocadas. Diversas estratgias podem ser consideradas, como a elaborao e a divulgao de informativos peridicos, consultas online feitas rede sobre documentos, realizao de reunies, grupos de trabalho/discusso e eventos, fruns comunitrios, utilizao de meios de comunicao jornais, rdios, redes sociais, etc. Comopanodefundo,asecretariaprecisaidentifcarevalorizaraslideranaseosespaoslocaisde discusso,acolhendoasdivergnciasebuscandoreasdeconsensoemtornodasquaisapolticade Educao Integral possa ser construda. Apucarana, PRUmdosprimeirospassosnarealizaodoprojetofoisensibilizaraequipequefaziaparte da gesto do municpio, mostrando que a Educao deveria ser a prioridade do planejamen-to dos recursos aplicados. Aps essa conscientizao, a prefeitura frmou um pacto com as principais lideranas locais, organizando as aes do poder pblico e de parceiros das comu-nidadesemtornodequatrograndestemas:Educao;responsabilidadesocial(queexigiu, por meio de lei, que todas as empresas que participavam de licitaes da prefeitura tivessem projetos sociais e ambientais); vida (aes de combate e preveno violncia e aos vcios); e cidade saudvel (aes voltadas renda das pessoas simples, aliadas preveno em ques-tes de sade e do meio ambiente). O campo da Educao funcionou como guarda-chuva das atividades, j que todos os que subscreveram o pacto enxergavam na Educao o caminho para desenvolver as demais polticas sociais.Para saber mais Centro de Referncias em Educao Integral http://goo.gl/1A9kyy16Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaO cenrio atual promissor. A Meta 20 do Plano Nacional de Educao prev a ampliao do investimento pblico em Educao que em 2011 foi de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para no mnimo 7% do PIB at o 5 ano de vigncia (2019) do Plano, e no mnimo 10% do PIB ao fnal do decnio (2024). Mas evidente que o cumprimento do PNE e dessa meta, condio para as demais no se dar de maneira imediata, e exige monitoramento e controle social. A experincia de PalmasA rede municipal de Palmas, no processo de ampliao da oferta de Educao Integral, tra-balhou com a perspectiva de no s aumentar os investimentos na Educao, mas tambm na descentralizao de recursos. As escolas passaram a ter mais autonomia para gerenciar gastos bsicos, sempre com acompanhamento da equipe central. Em 2010, o depoimento do ento secretrio Danilo de Melo Souza j ressaltava que cerca de 90% dos diretores tinham um desempenho muito bom na gesto de recursos, melhor do que se os recursos fossem geridos de maneira centralizada aqui na Semec. A merenda escolar um exemplo disso [...] quando voc descentraliza esse tipo de gasto nas escolas, todos os aougues perto da escola, por exemplo, que estiverem em plenas condies sanitrias de fornecer produtos vo querer vend-los, e o preo tende a baixar signifcativamente. Temos percebido isso com relao a vrios tipos de produtos e servios. Para saber mais Tendncias para Educao Integral http://www.educacaoeparticipacao.org.brhttp://goo.gl/dctvSTO aumento e a melhor gesto dos recursos destinados Educao so desafos estruturantes da poltica educacional.Estudosmostramque,apesardeoBrasilteraumentadooinvestimentoemEducao pblicanosltimosanos,ovaloraportadoanualmenteporestudanteaindamuitoinferioraoda mdia praticada entre os pases da Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico (OCDE). Segundo o relatrio Education at a Glance, de 2013, da OCDE, de 2005 a 2010, o investimento por estudante/ano subiu 86%6 no Brasil, enquanto nos pases da OCDE, a elevao foi de 17%.6 Porm, quandosetratadevalores,oBrasilinvestiuUS$2.6537porestudante/anoem2010,enquanto,na mdia, os pases da OCDE aplicaram US$ 8.550.7AspolticasdeEducaoIntegralpedemmaiorinvestimentoderecursos(comoapontaumadas estratgiasdaMeta6doPNE),poisexigemquearedepromovamudanasenvolvendorecursos fsicos e humanos. preciso melhorar a infraestrutura das escolas e adquirir equipamentos, ampliar a alimentao escolar, comprar material pedaggico, contratar profssionais e/ou ampliar a carga horria das equipes atuais e investir na formao continuada.Financiamento 6 Table T_B1.5a: Primary, secondary and post-secondary non-tertiary education Change in expendi-ture per student (2005 = 100) Brazil = 186 | OECD = 117.7 Table B1.2: Annual expenditure per student by educational institutions for core services, ancillary ser-vices and R&D (2010) Primary, secondary and post-secondary non-tertiary education.17Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaTais preocupaes valem tanto para os espaos internos quanto para as atividades realizadas em outros equipamentospblicose/ouemespaosdeorganizaessociaisparceiras.precisogarantirqueas crianas circulem sempre de forma segura e que todo o trabalho seja coordenado com os gestores desses espaos, como se mostrar de forma mais aprofundada no tpico seguinte.Diante desse cenrio, fundamental considerar a infraestrutura e os espaos num primeiro diagnstico da rede. A efetivao de uma poltica de Educao Integral pode ser iniciada sem as condies ideais em toda a rede, mas em mdio prazo essencial garanti-las. Maria de Salete Almeida Silvaex-ofcial de Educao do Unicef, consultora educacionalQuem pensa o projeto de escola hoje precisa entender a concepo de Educao Integral. O que no signifca, como se falou neste debate, que a escola tem que ter dana, capoeira, vlei e fauta, por exemplo, e uma sala para cada uma dessas atividades. No isso. Precisamos ter espaos onde as atividades vo acontecer, mas que possam ser compartilhados. No se pode pensar no projeto arquitetnico e na infraestrutura da escola dissociados da concepo de Educao Integral. 8 Elaborada por pesquisadores da UNB e UFCS (http://goo.gl/DQTHGJ).Espaos e infraestrutura Outro eixo estruturante das polticas de Educao Integral o que trata da adequao dos espaos de aprendizagem e da infraestrutura das escolas.Hoje,ainfraestruturaescolarestmuitoaqumdodesejado.ConformedadosdoObservatriodo Plano Nacional de Educao, apenas3,01% das escolas da Educao Bsica da rede pblica contam comtodosositensdeinfraestruturacitadosnaestratgia6.3doPNE,ouseja,auditrio,biblioteca ousaladeleitura,cozinha,laboratriodecincias,laboratriodeinformtica,quadra,refeitrioe sanitrios. O estudo Uma escala para medir a infraestrutura8 tambm traz uma anlise sobre o tema.Masaampliaodotempodepermannciadascrianasemambientesdeaprendizagemexige melhores condies para que se possam oferecer atividades com qualidade. Todo o espao escolar temdeseconfgurarcomoespaodepertencimento,noqualestudanteseprofessoressesintam confortveis para permanecer por mais tempo.Almdisso,inmerasquestescomooaumentodonmeroderefeiesdirias,ahigienedos alunos e o trnsito seguro dos estudantes, entre outras impactam a organizao do cotidiano e o desenvolvimento das atividades pedaggicas. 18Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaO desenho de polticas considerando o arranjo institucional entre diferentes secretarias de governo no usual na gesto pblica. Mas a complexidade do mundo atual no permite que uma poltica educacional, por si s, d conta de formar cidados plenamente desenvolvidos. Quando articulada com outras polticas, ela ganha efetividade e potencializa os ganhos de aprendizagem e desenvolvimento para os estudantes.Na poltica de Educao Integral, importante considerar cada item necessrio para a efetivao e identi-fcar nas diferentes secretarias quem contribuir para a sustentao das aes. A segurana pblica, por exemplo, fundamental para a circulao no territrio. A utilizao de espaos e programas culturais e esportivos, integrada proposta pedaggica, vai alm de aes pontuais e exige a coordenao com as respectivas secretarias.Nesse sentido, algumas experincias de polticas que conseguiram avanar na intersetorialidade ousaram promover espaos formalizados de discusso e construo conjunta. O envolvimento do prefeito ou do governador, nesses casos, contribui muito para a convocao e o comprometimento de todas as secreta-rias envolvidas. Alguns municpios tm estabelecido fruns intersetoriais para reunir as diferentes secre-tarias, colocando crianas e adolescentes no centro das discusses e articulando aes que garantam a Educao Integral. Intersetorialidade Betim (MG)No ano de 2009, a prefeitura de Betim (MG) instituiu o Frum Intersetorial, composto por re-presentantes das doze secretarias envolvidas, defnindo os papis de cada uma e alinhando os objetivos e prioridades do municpio. O frum gere o Programa de Educao Integral Esco-la da Gente, com recursos advindos dos governos federal e municipal. Isso signifca planejar, executareavaliarasaesdoprogramapartilhandodeciseseaes,eadministrandoo oramento. Para conseguir bons resultados, preciso integrar os servios, espaos e funcio-nrios existentes, conciliar as atividades desenvolvidas nas secretarias com as atividades do Mesquita (RJ)OmunicpiodeMesquita(RJ)deuinciopropostadeEducaoIntegralem2009,coma adesode11escolasaoprogramaMaisEducao.Atualmente,20escolasdeEnsinoFun-damental participam da iniciativa. Como o municpio ainda no tem uma poltica prpria de Educao Integral, o Mais Educao a via propulsora de discusses sobre o tema. As escolas participantes enfrentam o desafo de lidar com dois pblicos em horrios distintos: estudan-tes em perodo integral e outros que frequentam apenas o ensino regular. Cada escola bus-cou uma maneira de lidar com isso: houve negociao de espaos, reorganizao de horrios, adequao de salas, ocupao de espaos ociosos, modifcaes na infraestrutura, parcerias com espaos na comunidade, entre outras iniciativas. Aos estudantes que participam do pro-gramasooferecidasatividadesnocontraturno;dessamaneiracria-seapossibilidadede que participem de atividades de artes, cultura, esportes e acompanhamento pedaggico. As escolas tm autonomia para escolher as atividades ligadas s necessidades dos estudantes e ao projeto poltico pedaggico da unidade escolar. Para saber maishttp://goo.gl/bFX6HV19Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaPara a efetivao da Educao Integral, o estabelecimento de parcerias se apresenta como premissa. A realizao de atividades que considerem a diversifcao de espaos, contedos e atores e a ampliao de tempo exige reconhecer a especifcidade e os limites de cada instituio, bem como a ideia de que pormeiodasomadeesforosqueseatingiroosobjetivos.Acondioparaqueambientesexternos comunidade escolar faam parte de um projeto de Educao Integral que seja possvel compartilhar com os gestores desses espaos o projeto e as intenes pedaggicas defnidos pela escola, para que se trabalhenamesmadireo,respeitandoascompetnciasespecfcasdecadaorganizao,demodoa oferecer aos estudantes maiores e mais qualifcadas oportunidades de aprendizagem e de ampliao de repertrio.Estabelecer parcerias uma estratgia to importante quanto desafadora. O processo passa por alguns caminhos, desde a convocao para o trabalho conjunto e o alinhamento de objetivos e expectativas at a defnio clara de papis e responsabilidades, assim como de reas para a formao continuada dos profssionais envolvidos. Em todas as situaes, a equipe gestora da escola ou do rgo central tem papel fundamental. Entre as aes diagnsticas do plano de Educao Integral, importante mapear as possibilidadesepotencialidadesdomunicpioemrelaoaoquepodeseroferecidoscrianas,aos adolescentes e aos jovens.Por mais adversas que possam ser as condies de cada municpio, muito provvel que a cidade conte com agentes pessoas, empresas, organizaes da sociedade civil, igrejas que possam contribuir com a ampliao da oferta e a melhora da qualidade educacional. Para isso, preciso que a gesto pblica invis-ta no mapeamento desses atores e na articulao para delinear pontos de convergncia e contrapartidas da parceria, e desenhe processos institucionais para a construo, formalizao e acompanhamento das aes desenvolvidas em conjunto.CartografaA cartografa um processo de investigao que parte das foras encontradas no territrio, considerando as relaes entre as pessoas e instituies e os espaos. Pode ser utilizada para:investigar como se do as relaes entre instituies e pessoas no territrio;dar visibilidade s potencialidades locais e no somente s fragilidades das comunida-des;destacar os pontos de preservao e difuso da memria e da histria local;identifcar os movimentos sociais e as pessoas da comunidade potencialmente capazes de produzir, criar e intervir na realidade.Para saber mais Guia de polticas de Educao Integral http://goo.gl/quQygmParcerias com a comunidade e organizaes da sociedade civil programa e, sobretudo, conquistar a adeso dos servidores, garantindo que todos se envol-vam no trabalho.Para saber maishttp://goo.gl/bFX6HV20Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaA parceria da escola com a comunidade e com outras instituies pode se traduzir na cesso de espaos, recursos ou servios. As ONGs, por exemplo, podem contribuir com as atividades realizadas em espao externo escola que tenham foco no desenvolvimento de competncias e habilidades estabelecidas na propostacurriculardaSecretariadeEducao.Asuniversidadeslocais,porsuavez,podemcontribuir para a formao de educadores e com a oferta de estgios para estudantes que, alm de proporcionar experinciasnaponta,podemorganizarofcinaspedaggicasnasescolasouemONGsparceirasdo municpio ou do estado. Alm disso, podem se tornar grandes aliadas ao incluir a concepo de Educao Integral nos currculos da formao inicial de professores.As Secretarias de Educao tambm podem propor eventos para reunir os parceiros e realizar a troca deexperincias,garantindooalinhamentoeomonitoramentodasaes,almdeproporestratgias formativas com os parceiros que contribuem com a execuo das atividades para qualifcar o trabalho e garantir saltos de qualidade.A aproximao entre escola e famlia um desafo, no apenas no Brasil. Uma pesquisa da OCDE9 aponta que diversos pases vm trabalhando para estimular o envolvimento dos pais na vida escolar dos flhos, sobretudo com famlias e comunidades de menor escolaridade e maior vulnerabilidade socioeconmica. Issoporqueaarticulaodeestratgiasdeaproximaoentrefamliaeescolacomoutraspolticas educacionaistemcontribudoparamelhorarodesempenhoereduziraschancesdeabsentesmoe evaso.Para alm da to necessria valorizao, da participao e do acompanhamento das atividades oferecidas aosestudantes,naofertadaEducaoIntegraloenvolvimentodosfamiliaresnodiaadiaescolartem ainda outro papel de extrema importncia: o de trazer para a escola os saberes da comunidade.EssessaberesprecisamserconsideradosquandosetratadodesenvolvimentoplenoqueaEducao Integral prope. As histrias e situaes de aprendizagem vividas pelos estudantes, quando incorporadas propostapedaggicadasescolas,possibilitamconexesentreossaberesformaiseaexperincia Participao das famlias 9 Equity and Quality in Education Supporting Disadvantaged Students and Schools, 2012 (http://goo.gl/dGOjDI).As redes municipais de Porto Alegre (RS) e So Bernardo (SP) so exemplos de redes que in-vestiram nas parcerias com organizaes sociais para oferta de Educao Integral. O processo incluiuomapeamentodasdiferentesorganizaessociaisatuantes,assimcomoochama-mento pblico no Dirio Ofcial do municpio, convocando as organizaes sociais a participar do processo de seleo. As entidades selecionadas colaboram diretamente com as escolas, oferecendoofcinasemdiversoscampostemticoseparticipandodoprojetopedaggico. Visitas tcnicas e a formao conti nuada dos profssionais parceiros tambm fazem parte do desenho dessas polticas. Para saber mais So Bernardo, programa Tempo de Escola http://goo.gl/1rV7Yl Porto Alegre, programa Cidade Escola http://goo.gl/M6wi4k21Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaA escola promove a participao das famlias quando:reconhece as famlias como parte constituinte da comunidade escolar e como principais parceiras da escola no desenvolvimento integral dos estudantes;conhece as famlias dos estudantes, compreende as suas caractersticas e a sua realidade, dialogando inclusive com os novos arranjos familiares;ajuda as famlias a entender e contribuir de forma mais qualifcada para assegurar uma Educao de qualidade para as crianas e os jovens;cria canais de escuta para ouvir as famlias sobre o que elas esperam da escola e como podem agregar ideias e conhecimentos ao processo de Educao Integral;comunica-se regularmente e de forma efetiva com as famlias, utilizando uma linguagem amigvel que faa com que os familiares se sintam aptos e legitimados a contribuir com a gesto e as prticas pedaggicas da escola;oferece diferentes oportunidades de participao para que cada famlia encontre meios viveis de contribuir, mesmo que a distncia ou de forma pontual;garante a participao das famlias no planejamento pedaggico da escola, inclusive por meio de comisses mistas que envolvam representantes de toda a comunidade escolar;criae/oufortaleceinstnciasdeparticipaoqueenvolvemasfamlias,comocomits dearticulaoentreescolaecomunidade,conselhosescolares,associaesdepaise mestres, comisses de trabalho, etc.;elaboraumcurrculoqueprevaparticipaodefamiliarescomomediadoresde atividades educativas, sempre em apoio aos professores;constrimecanismosparaqueasfamliaspossamacompanharaevoluodo desenvolvimento integral das crianas e dos jovens;articula-secomasorganizaeslocaiscapazesdecontribuircomamobilizaoeo engajamento das famlias;promoveespaoseaesquefavorecemasocializaoentrefamiliares,educadores, estudantes e a populao local, inclusive abrindo a escola para atividades da comunidade;ofereceoportunidadesformativastambmparaosfamiliares,comocursos profssionalizantes e de idiomas, com vistas a fortalecer o engajamento com a escola.Para saber mais Centro de Referncias em Educao Integralhttp://goo.gl/ZzRaFIcotidiana, facilitando a compreenso de contedos. A articulao com as famlias pode se dar por meio da realizao de encontros e atividades que proponham aapresentaoeadiscussodeobjetivos,metasedesafosparaaexecuodapolticadeEducao Integral, sempre abrindo espao para que se posicionem e apresentem demandas, dvidas e propostas.22Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaPerfs, contratao e formao de profssionaisUm grande desafo para organizar a proposta de Educao Integral de uma rede o planejamento dos diferentestiposdeperfleacontrataoeformaodosprofssionaisnecessriosparaasatividades planejadas.Nessesentido,assoluesencontradassodiversaseprecisamserconsideradasno desenho da poltica, vinculando-se estritamente proposta pedaggica e aos objetivos e expectativas de desenvolvimento e aprendizagem que se espera.Assim, ao considerar uma poltica de Educao Integral, refetir e defnir o perfl dos profssionais adquire importncia estratgica, pois novas prticas que atendam s especifcidades da proposta sero exigidas. Paraqueasatividadessejamconduzidasporprofessores,aredeprecisaavaliaranecessidadeda contratao gradativa de professores de 40 horas, e/ou da seleo de professores para reas especifcas da proposta curricular ampliada. No caso de atividades a seremdesenvolvidas por organizaes sociais e outras entidades parceiras, a rede precisa pactuar o perfl e as competncias esperadas dos diferentes educadores envolvidos, assim como defnir as expectativas para a formao continuada e o planejamento conjunto com equipes escolares.A formao continuada de educadores, coordenadores pedaggicos e gestores de escolas um aspecto reconhecido como de importante impacto na qualidade da Educao de crianas, adolescentes e jovens brasileiros.Aformaoinicialecontinuadainsufcienteparaaprticaemsaladeaulaeparaagesto escolar um dos problemas apontados pelas pesquisas.10 Alm disso, muitas redes no contam com a fgura do coordenador pedaggico nas escolas, e mesmo dentre as que o possuem, poucas o utilizam no papel de formador da equipe docente.11 Assim,naEducaoIntegralaformaocontinuadadegestores,educadoreseequipestcnicasdas secretarias indispensvel para que os objetivos da poltica sejam partilhados e trabalhados por todos os envolvidos, inclusive por aqueles que atuam fora do ambiente escolar. Considerando a posio estratgica da gesto escolar e o modo como ela pode impactar a proposta de Educao Integral dentro da escola, preciso pensar em processos formativos que auxiliem os gestores naimplementaodaEducaoIntegral,deformaapotencializaraspossibilidadesreaisdemudanas que as aes podem provocar.Vandr Brilhante CIEDS - Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento SustentvelPropomos um desafo enorme ao gestor da escola ao esperar que ele implemente a Educa-o Integral na ponta. Mas os casos de sucesso que conhecemos e so discutidos em semin-rios tratam de pessoas que so mais empreendedoras e articuladoras. A rede precisa pensar em como promover a seleo e a formao de gestores nesse tipo de competncia. 10 Dentre elas, destacamos a pesquisa Formao continuada de professores: uma anlise das modali-dades e das prticas em estados e municpios brasileiro, feita pela Fundao Carlos Chagas, a pedido da Fundao Vitor Civita(http://goo.gl/IMt9HW), e o estudo Great teachers How to Raise Student Learning in Latin America and the Caribbean, realizado pelo Banco Mundial (http://goo.gl/hwgLI7).11 O coordenador pedaggico e a formao de professores: intenes, tenses e contradies, da Fundao Carlos Chagas, a pedido da Fundao Vitor Civita http://goo.gl/lOHkTT.23Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaOutraimportanteprovidnciaatomarconsistenapreparaodosprofssionaisresponsveispelo acompanhamento das escolas sejam do rgo central ou de rgos intermedirios. Esses profssionais tmumpapelestratgiconaaproximaodaequipecentraldasecretariacomasescolas.no acompanhamento in loco que se d a formao em servio, lado a lado com os profssionais envolvidos. A defnio de instrumentais para registros e apontamentos das visitas realizadas contribui para que os responsveis pela poltica entendam como ela se desenrola na ponta e que mensagens e apoios precisam ser reforados.Almdisso,seapropostadeEducaoIntegralcontarcomaparceriadeONGs,importantequea formao dos educadores sociais seja organizada e realizada em parceria com a Secretaria de Educao, com vistas a construir uma proposta articulada e de qualidade. Para isso, preciso investir em momentos coletivos e peridicos de formao dos diferentes profssionais responsveispelapropostadeEducaoIntegral,oquepermitetantoumalinhamentodeconceitos quanto uma troca salutar de prticas, estratgias e metodologias. A equipe tcnica da secretaria precisa assumir a liderana, seja com os prprios profssionais ou por meio da participao da universidade, de ONGs ou de centros de formao afnados com a poltica de Educao Integral. Essa ao exige planejamento e articulao da equipe tcnica da secretaria com os diferentes profssionais e instituies parceiros, alm do monitoramento das aes planejadas, para que se possam perceber os desafos do percurso e se proponham novas rotas.Belo Horizonte (MG)O Programa Escola Integrada, desenvolvido em Belo Horizonte desde 2007, oferece um con-juntodeatividadesvoltadasparaaformao cultural,artsticaesocial,envolvendocampos como a literatura, a informtica, o esporte, o artesanato, a dana, a msica e o teatro. Essas atividades so realizadas no contraturno escolar, com a durao de cerca de uma hora e meia e a presena de no mximo 25 estudantes por turma, mesclando crianas de um mesmo ciclo de escolaridade. A utilizao de espaos pblicos diversos como parques, quadras e museus easparceriascomdiversasONGssofundamentaisemarcamoprograma.Umadessas parcerias reuniu a Fundao Ita Social e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educao, Cul-tura e Ao Comunitria (Cenpec) para desenvolver um programa de formao conjunta para os profssionais que atuam nas ONGs e escolas do Programa Escola Integrada. A opo pela formao conjunta desses atores foi tomada pela secretaria visando diminuir a fragmentao entre as atividades desenvolvidas para as mesmas crianas e jovens nas escolas e nas ONGs. Para saber maisPercursos da Educao Integral: Em busca da qualidade e da equidade www.educacaoeparticipacao.org.brhttp://goo.gl/bFX6HV24Educao Integral - Um caminho para a qualidade e a equidade na Educao pblicaOspontosabordadosnestedocumentosocontribuiesparaarefexonacionalsobreaspolticas de Educao Integral e pretendem colaborar com a construo de conhecimento sobre o tema, traan-doumbrevepanorama,apontandoosprincipaisdesafoserelacionandopossibilidadescombaseem aprendizados j adquiridos pelas inmeras redes que vm se empenhando em desenhar e pr em prti-ca tais polticas.Muitas so as possibilidades para a ampliao da oferta de Educao Integral. O Plano Nacional de Edu-cao aponta algumas estratgias nessa direo. Seja qual for o desenho adotado com maior ou menor tempo, dentro ou fora do espao escolar , a qualidade do que oferecido determinante para que se obtenham resultados de transformao do cenrio educacional. A garantia dessa qualidade passa pelo enfrentamentodosdesafosaquidescritos,comdebatepblicoepropostasprticasquearticuleme potencializem as diversas iniciativas do poder pblico e da sociedade civil em todo o pas. Mediante um esforo conjunto, a Educao Integral avanar na agenda pblica nacional, para transformar a vida de cada vez mais crianas e jovens brasileiros.3. Concluso