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EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS REGINA MARIA RODRIGUES ROSILENE APARECIDA PALMA LIMA A CRIANÇA, O BRINCAR E A ESCOLA NA SOCIEDADE MODERNA: UMA RELAÇÃO CONTURBADA NA EDUCAÇÃO INFANTIL LONDRINA 2012

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EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS

REGINA MARIA RODRIGUES

ROSILENE APARECIDA PALMA LIMA

A CRIANÇA, O BRINCAR E A ESCOLA NA SOCIEDADE

MODERNA: UMA RELAÇÃO CONTURBADA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

LONDRINA

2012

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REGINA MARIA RODRIGUES

ROSILENE APARECIDA PALMA LIMA

A CRIANÇA, O BRINCAR E A ESCOLA NA SOCIEDADE

MODERNA: UMA RELAÇÃO CONTURBADA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Monografia apresentada ao curso de Especialização em educação infantil e anos iniciais – perspectivas contemporâneas do Centro Universitário Filadélfia – Unifil.

Orientadora: Profª Doutora Anilde Tombolato

Tavares da Silva

LONDRINA

2012

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REGINA MARIA RODRIGUES

ROSILENE APARECIDA PALMA LIMA

A CRIANÇA, O BRINCAR E A ESCOLA NA SOCIEDADE

MODERNA: UMA RELAÇÃO CONTURBADA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Filadélfia – Unifil para obtenção do Título de Especialização em Educação Infantil e Anos Iniciais – perspectivas contemporâneas.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________ Centro Universitário Filadélfia – Unifil

______________________________________ Centro Universitário Filadélfia – Unifil

______________________________________ Centro Universitário Filadélfia – Unifil

Londrina, _____ de __________ de 2012.

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A Deus, pela oportunidade da vida e do aprendizado. Aos meus pais e a todos os meus queridos... Companheiros de todas as horas...

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por nos dar a vida, saúde, inteligência, disposição, vontade

de aprender e melhorar, sempre;

Aos nossos familiares pelo apoio, confiança e motivação;

Ao Reitor Eleazar Ferreira, à todos os professores, orientadores, e

funcionários desta Instituição, que sempre deram o melhor de si;

À nossa orientadora Anilde Tombolato Tavares da Silva, pelas

valiosas sugestões e pelo apoio que nos proporcionou durante a condução deste

trabalho.

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"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."

(Carlos Drummond de Andrade)

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RODRIGUES, Regina Maria. LIMA, Rosilene Aparecida Palma. A criança, o brincar e a escola na sociedade moderna: uma relação conturbada na educação. 2012. 37 p. Monografia. (Especialização Educação Infantil e Anos Iniciais – perspectivas contemporâneas) - Centro Universitário Filadélfia de Londrina – UNIFIL. Londrina – PR.

RESUMO

O presente artigo apresenta reflexões de como se manifesta o brincar e a infância na contemporaneidade e analisa o modo como este se manifesta no espaço educacional. Busca também conhecer qual a dimensão dada ao brincar na ação pedagógica, ouvindo o que dizem as crianças sobre o brincar na educação infantil. Procura também compreender quais formas de brincar vêem sendo instituídas na educação infantil e suas contribuições na constituição da criança na contemporaneidade. Trata-se de um estudo importante para compreender a amplitude do tema, como ele foi se desenvolvendo e suas conseqüências. Para isso foram utilizadas obras de livros que abordam o assunto, onde destacamos a evolução do brincar até os dias de hoje. Também realizamos uma discussão bibliográfica a fim de discutir a questão tendo como referência o contexto histórico. Também foi feito o relato e a experiência de uma professora da instituição infantil sobre um projeto para analisarmos o seu trabalho e mudanças dos espaços do brincar na sociedade atual. Com base nesse percurso percebemos que há um grande interesse por parte da escola na discussão sobre o assunto. Entre os aspectos destacados nesse estudo que se pode dar relevância temos a entrada dos brinquedos eletrônicos para a criança. Palavras-chave: brincar, infância contemporânea, educação infantil.

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RODRIGUES, Regina Maria. LIMA, Rosilene Aparecida Palma. A criança, o brincar e

a escola na sociedade moderna: uma relação conturbada na educação. 2012. 37

p. Monografia. (Especialização em Séries Iniciais e Educação Infantil) – Centro

Universitário Filadélfia de Londrina – UNIFIL. Londrina – PR.

ABSTRACT

This paper presents some insights on how contemporary playtime emerges in childhood and analyses how it can be promoted in educational settings. Moreover, this paper seeks to understand the extent of playtime during pedagogical activities by listening to what children have to say about their playtime in school. It becomes thus relevant to understand which forms of playtime are being used in contemporary educational institutions, as well as their contributions to children's education. To this end, a literature review helped explain the evolution of playtime over the years. A discussion about state-of-art books addressed the subject from a historical standpoint. In addition, empirical experiences from an infant teacher were gathered to analyze her work and the spaces available for playtime in contemporary society. Based on the interview, it was noted that the school has a great interest in discussing the subject. An interesting finding of this paper is the entrance of electronic toys in the child's context. Keywords: playtime, contemporary infancy, infant education.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 09 2. A HISTÓRIA DO BRINQUEDO ............................................................................ 12

2.1 Aspecto Histórico ................................................................................................ 12

3. O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ...................................... 15

4. O BRINCAR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: o desafio dos brinquedos industrializados ....................................................................................... 19

4.1 Infância Contemporânea ..................................................................................... 19

4.2 Relato de observação.......................................................................................... 21

5. A ESCOLA E O BRINCAR: A experiência do CEI Santo Antonio ....................... 25

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 28 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29

ANEXOS ................................................................................................................... 31

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1. INTRODUÇÃO

Vivemos numa sociedade em constante transformação e com um intenso

avanço das tecnologias no nosso cotidiano. As tecnologias de informação e

comunicação (TICs) mudam numa velocidade maior do que podemos absorver. Aliado

a este processo, nos deparamos com a mulher cada vez mais presente no mercado de

trabalho, onde seu tempo passa a ser mais curto para desenvolver seu papel de mãe

e dar a devida atenção que seu filho necessita. As transformações que a sociedade foi

sofrendo historicamente, inevitavelmente interferem na constituição das novas formas

de se pensar a família, a mulher e a criança no mundo moderno. A família, a criança, o

aluno e a escola mudaram juntamente com as inovações tecnológicas que

transformam a forma de brincar na sociedade contemporânea. Quase não se vê

crianças brincarem na rua, jogando bola ou pulando amarelinha. A criança de hoje

está relacionada aos jogos industrializados, interativos e tecnológicos, como os

videogames e jogos de computador. Jogos em que a única companhia da criança é a

própria máquina. Não há mais necessidade de ter um ―coleguinha‖ pra brincar. A

interação vai se fazendo através de uma máquina e a criança moderna vai se tornando

cada vez mais solitária.

Quando nos referimos ao brincar, tendemos a levar nosso pensamento para a

infância onde viajamos em lembranças no tempo, e ao brincar internalizamos os

conhecimentos da cultura e desenvolvemos o relacionamento social. Nosso parâmetro

sempre é nossa experiência, nossa história, nossa vivência. É este processo que nos

faz pensar na relação entre infância e o brincar nos tempos atuais. Tantas mudanças

nos fazem pensar num estudo sobre o tema proposto. O papel do educador infantil é o

de tomar consciência da importância da criança participar de diferentes atividades,

levando-a a um saber construído pela cultura. O brincar ocupando um lugar

privilegiado na educação infantil, contribui no processo de socialização e ajuda a

criança no processo de aprendizagem.

Oliveira citado por Paschoal e Machado (2002) ressalta que:

É importante que tenhamos claro que quanto mais a criança brinca, mais é levada a organizar os seus processos de pensamento, ao mesmo tempo em que conquista as mudanças qualitativas mais significativas em sua personalidade. Assim, é importante buscar condições para garantir que o brincar ocupe espaço privilegiado em nossa atividade docente na escola da infância. (p.1)

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Diante da constatação de que o brincar livre e tradicional está se distanciando

da população infantil, e que, as crianças estão desde cedo com uma sobrecarga de

atividades, tais como: aula de inglês, futebol, natação, ballet e outros, as famílias estão

cada vez mais deixando o brincar e por sua vez as escolas estão se preocupando

mais com as crianças.

As brincadeiras livres, embora pareçam simples, são fontes de estímulo ao

desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança e é onde ela tem oportunidades

de se expressar. Poucos adultos sabem da importância do brincar, considerando

apenas um simples passatempo.

Para Teles (1997) o brincar se coloca ―num patamar importantíssimo para a

felicidade e a realização da criança, no presente e no futuro.‖ E continua ao afirmar

que ao brincar, a criança

(...) explora o mundo, constrói o seu saber, aprende a respeitar o outro. Desenvolve o sentimento de grupo, atua na imaginação e se auto- realiza, coloca ainda, um olhar muito interessante sobre a brincadeira, ao afirmar que ―assim como o trabalho, a profissão é indispensável para o adulto, também as brincadeiras o são para as crianças‖. (TELLES, 1997, p.13-14)

Por isso, se faz importante o estudo sobre o tema brincar. E neste sentido,

nosso objetivo é compreender e analisar a relação entre a criança e o brincar na

sociedade contemporânea e o papel da escola neste processo. Se considerarmos que

o brincar é um dos processos mais importantes no desenvolvimento saudável da

criança, não podemos desconsiderar o papel da escola neste processo, pois cada vez

mais é notória a participação da escola na vida da criança, já que ela está

freqüentando este espaço cada vez mais cedo. É preciso refletir qual a participação da

escola no brincar, pois é importante lembrar que as crianças estão ficando na escola

uma média de 6 horas por dia e o tempo de brincar livremente fica condicionado ao

ritmo da rotina estabelecido pela escola.

Muitas vezes, as crianças ficam confinadas na sala de aula utilizando papel e

lápis para fazerem suas atividades, considerando isso um caminho para sua

aprendizagem. Precisamos superar essa idéia e construir um pensamento de que as

crianças estão aprendendo todo o tempo, principalmente brincando, e não forçando

ela a aprender. Primeiramente a criança precisa sentir prazer em fazer, as crianças ao

brincar demonstram um prazer. O que parece é que os adultos querem acelerar o

conhecimento das crianças para se desenvolver rapidamente e infelizmente não

percebe que ao brincar o seu desenvolvimento é mais saudável.

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Para o desenvolvimento deste trabalho, nos propomos fazer um percurso pela

história do brinquedo, através dos escritos de Walter Benjamin e outros autores que

contribuíram para esta temática. Seguiremos nosso percurso pela compreensão do

brincar no desenvolvimento infantil para chegarmos ao ponto que mais nos interessa

que é a incursão pelo mundo contemporâneo dos brinquedos, analisando a influência

dos brinquedos tecnológicos no encurtamento do espaço e das relações entre as

crianças do mundo moderno. Além disso, finalizamos com uma análise sobre o papel

da escola neste processo.

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2. A HISTÓRIA DO BRINQUEDO

2.1 Aspectos Históricos

Muito se tem buscado sobre o brinquedo e o ato de brincar através dos

tempos em objetos, fotografias e pinturas. Segundo Cristina Von (2001), esta é tão

antiga quanto a história do homem.

Segundo a autora, em alguns museus existem exemplares de brinquedos

encontrados em escavações de diversas partes do mundo, oriundos de épocas

bastante remotas. Isso nos leva a pensar sobre o quanto o brinquedo e o ato de

brincar tem sido importante no contexto histórico dos diversos grupos sociais. O fato

de encontrar bolas, bonecas, chocalhos, piões e peça de jogos desde as mais remotas

idades, demonstram que muitas brincadeiras infantis mantêm-se durante o passar dos

tempos.

Ao falar da história dos brinquedos, podemos citar Walter Benjamin (2002) em

―Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação‖, que nos relata como os

brinquedos antigos tornaram-se significativos em muitos aspectos e nos conta a

importância da exposição de brinquedos no Märkische Museum em Berlim, em 1928,

em que Benjamin faz uma análise da exposição e das relações de adultos e crianças

com os velhos brinquedos e diz que o brinquedo quebrado, rasgado, estragado não se

encontra na exposição. Mas devemos ter em mente que:

(...) jamais são os adultos que executam a correção mais eficaz dos brinquedos - sejam eles pedagogos, fabricantes ou literatos - mas as crianças mesmas, durante as brincadeiras. Uma vez perdida, quebrada e reparada mesmo uma boneca principesca transforma-se numa eficiente camarada proletária na comuna lúdica das crianças. (p. 87)

Segundo Benjamin, citado por Meira (2003, p. 79), não podemos deixar nos

museus brinquedos tão importantes como bonecas de porcelana, soldadinhos de

chumbo, marionetes e outros.

Segundo ATZINGEN (2001), a história dos brinquedos, vem desde os tempos

antigos e tiveram importante papel na vida da criança. Foram os mais variados tipos,

as bolinhas de gude, por exemplo, foram usadas por crianças no continente africano,

há milhares de anos. Já na Grécia Antiga e no Império Romano, eram comuns

brinquedos como barquinhos e espadas de madeira entre os meninos, e bonecas

entre as meninas. Na Idade Média, eram usados fantoches. No Brasil, os brinquedos

chegaram pela família lusitana Rebelo.

A história nos conta, segundo a autora, que, até o final do século XIX, a

maioria dos brinquedos eram fabricados artesanalmente em casa. Hoje, são

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industrializados, produzidos em massa, sinalizando uma idéia de homogeneização do

brincar. Todas as crianças acabam por ter os mesmos brinquedos e criando as

mesmas brincadeiras.

Para percorrer um pouco mais a história, de acordo com Benjamin (2002),

pode-se observar que no final do século XVIII e XIX, a Alemanha era o centro

geográfico no terreno dos brinquedos. Segundo o autor, foi no contexto alemão que

ocorreu uma ruptura com o modelo de fazer e ver os brinquedos. Antes do século XIX,

sua produção não era função de uma única indústria, e sim das oficinas

manufatureiras, estas só podiam produzir aquilo que competia ao seu ramo específico

de material, no qual era especialista.

Segundo o autor, os brinquedos não ficavam em lojas especializadas, e sim,

dividiam estantes com outros produtos do mesmo material. Temos como exemplo: o

soldadinho de chumbo, fabricado no sul da Alemanha e comercializado em lojas de

ferragens em Berlim, em confeitarias estavam bonecas e corações de açúcar que

guardavam provérbios e poesias.

Ao surgir o comércio intermediário, surgiram também os exportadores de

brinquedos, que tinham acesso a manufaturas de diferentes cidades e as pequenas

indústrias domésticas começaram a distribuir os brinquedos em pequenos comércios.

Tudo isso nos leva a industrialização dos brinquedos e quanto mais avança, mais o

brinquedo se subtrai ao controle da família. Estes adquirem novos tamanhos,

materiais, cores e formas.

Demorou muito tempo até que os adultos se dessem conta que as crianças

não são homens e mulheres em dimensões reduzidas. Benjamin (2002) quer nos

lembrar que, mais que o conteúdo imaginário que está no brinquedo, está que a

criança cria seu brinquedo a partir de seu próprio imaginário na hora de brincar, ou

seja, no ato de brincar os objetos podem ganhar dimensões e formas variadas, não

determinadas por seus fabricantes: ―A criança quer puxar alguma coisa e torna-se

cavalo, quer brincar com areia e torna-se padeiro, quer esconder-se e torna-se

bandido ou guarda‖ (p. 76-77), a busca de uma especialização do brinquedo leva para

uma relação pré-estabelecida antes mesmo de a brincadeira começar, ―quanto mais

atraentes, no sentido corrente, são os brinquedos, mais se distanciam dos

instrumentos de brincar; quanto mais ilimitadamente a imitação se manifesta neles,

tanto mais se desviam da brincadeira viva‖ (p. 93). Podemos concluir que, pensar o

lúdico dos brinquedos como algo acabado, sem perspectivas de criatividade, é tirar o

sentido do brincar.

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Segundo Atzingen (2001), somente a partir da segunda metade do século XX,

que começa a preocupação com a segurança física da criança e para esta proteção

criaram-se leis para regulamentar os brinquedos considerados perigosos à saúde da

criança, tendo que ser avisados por conterem materiais tóxicos ou partes que se

soltam facilmente, sendo avisados na embalagem quando não recomendado a

determinada faixa etária.

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3. O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

É importante se ter em mente que o brincar na Educação Infantil não pode ser

considerado apenas um passatempo. Segundo Moyles (2002), é brincando que as

crianças aprendem, pois é por meio da brincadeira espontânea que elas criam,

interagem, imitam, jogam, experimentam. Portanto, o brincar deve estar presente na

Educação Infantil. O papel do professor também é de fundamental importância nesse

processo, pois é através dele que o espaço da sala de aula vai ser organizado, além

de propor atividades lúdicas de acordo com os interesses e expectativas da turma.

Sabe-se que ser pai ou ser mãe não é uma tarefa fácil. Vê-se a preocupação

destes em relação ao tempo que seus filhos gastam em frente a televisão ou ao

videogame, o problema é que não sabem o que fazer. Muitas vezes, sem ter tempo

para ficar em casa e acompanhar seus filhos, estes acabam por fazer o que está mais

acessível. Muitos pais conscientes de seus deveres arrumam tempo para brincar com

seus filhos. As autoras Tuttle e Paquette (1993) nos auxiliam sobre a importância dos

pais passarem mais tempo com seus filhos de maneira criativa. As autoras citadas

acima relatam a importância da presença dos pais na vida de seus filhos, pois, além

de desenvolver o pensamento criativo, eleva a auto-estima e este se sente mais

integrado à família.

Goulart (2006, p.52) ressalta que a escola deve ser um lugar de brincar,

correr, pular onde a criança possa alegrar se está triste, desenhar, aprender a interagir

e a usar os instrumentos culturais básicos de nossa sociedade e, acima de tudo, que

possibilite às crianças o conhecimento de si próprio e do mundo que as cerca, pois é

―[...] nessa comunidade educativa que terão chances de ampliar a sua visão de mundo

para além das fronteiras do cotidiano da família, do seu bairro e de sua comunidade‖.

O brincar é considerado como fonte inspiradora para o desenvolvimento e o

aprendizado um fator fundamental para a criatividade, crítica, prazer, conhecimento,

alegria, autoconfiança, identidade. A criança ao brincar se desenvolve com mais

tranqüilidade.

Com tantas mudanças no meio social e tantas novidades o brincar está sendo

deixado de lado, principalmente as brincadeiras de rua, no quintal, nas praças por

causa do perigo e da violência, ocupando as crianças com videogames, computador,

televisão e até mesmo aulas aleatórias e seu olhar está sendo mais voltado para

preparar as crianças para competir no mercado de trabalho.

Kishimoto (2005) considera que se tem que ter como ponto de partida o

lúdico, tais como: brincadeiras cantadas, de roda, cabana, casinha do faz de conta,

com espelhos, com brinquedos que provocam prazer e alegria, e assim têm maior

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liberdade para expressar seus sentimentos, movimentando-se como quiserem,

desenvolvendo a sociabilidade com outras crianças, e no brincar encontrarão

momentos para construir conhecimentos, identidade e culturas.

Pode-se perceber que na casinha do faz de conta, a imitação está sempre

presente, é o que diz a autora citada acima: ―No brincar, o envolvimento é intenso, a

criança não se distrai, despende energia, um clima propício para aprendizagem.‖

(Kishimoto, 2005).

Para Kishimoto (2006, p.21), jogo, brinquedo, brincadeira têm suas

especificidades. No ―(...) jogo, por exemplo, segundo a autora, este assume a imagem,

o sentido que cada sociedade lhe atribui‖, por isso, dependendo do lugar e da época,

os jogos assumem significações distintas. Um arco e flecha para uma sociedade pode

representar um brinquedo, enquanto para outra, instrumento para a arte de caça e da

pesca. Já o brinquedo, segundo a mesma autora, ―(...) o brinquedo contém sempre

uma referência ao tempo de infância do adulto com representações veiculadas pela

memória e imaginação. (...). é o estimulante material para fazer fluir o imaginário

infantil‖. A brincadeira seria a ação desempenhada.

Segundo Salgado (2011), através do brincar a criança pode desenvolver sua

coordenação motora, suas habilidades visuais e auditivas, seu raciocínio criativo e

inteligência. Está comprovado que a criança não tem grandes oportunidades de

brincar e as crianças com quem os pais raramente brincam, sofrem bloqueios e

rupturas em seus processos mentais. Conta-se que Einstein, até os três anos de

idade, não conseguia falar e usava blocos de construção e quebra-cabeças para

comunicar-se. Brincando, ela começa a entender como as coisas funcionam, o que

pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que devem ser respeitadas.

A autora e educadora Adriana Friedmann (2004), autora dos livros A Arte de

Brincar e Desenvolvimento da Criança através do Brincar, nos alerta sobre a

importância do "brincar" na vida da criança, e acrescenta que: "Brincar é fundamental

na infância por ser uma das linguagens expressivas do ser humano. Proporciona a

comunicação, a descoberta do mundo, a socialização e o desenvolvimento integral",

afirma.

Para a autora (2004), o homem sempre brincou nas ruas, praças, feiras e

outros. Com o passar do tempo, as formas, os espaços, os tempos e os objetos de

brincar e os brinquedos foram se modificando.

Segundo ainda a autora (2004), o brincar sempre foi importante para o ser

humano, mas isto vem se perdendo ao longo do tempo por vários fatores, tais como: o

crescimento das cidades, a falta de locais públicos voltados para o lazer, a falta de

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tempo por conseqüência de atividades extracurriculares, a falta de segurança e a

inserção da mulher no mercado de trabalho, diminuindo o tempo das crianças perto da

família. Tudo isso faz com que a criança tenha menos tempo e condições para brincar.

Para que isso não se perca é necessário que aja um agente que traga as brincadeiras

para ele, tais como esconde-esconde, amarelinha e outras. É necessário que este seja

incentivado a brincar, de forma saudável e adequado para cada faixa etária, pois cada

idade exige um tipo diferente de brincadeira, por isso tem-se que estar atenta a ele.

Em nosso país, por várias razões, desde os tempos mais remotos, o trabalho

foi valorizado em detrimento do ócio e brincar foi, e ainda é considerado por alguns

grupos como pura ―perda de tempo‖. Essa postura causa inúmeros prejuízos ao

desenvolvimento de crianças e jovens, sendo inclusive um dos motivos que tornam

difícil a erradicação do trabalho infantil, pois ainda existem pessoas que compartilham

do paradigma de que é melhor trabalhar do que ficar ―sem fazer nada‖.

Quando falamos em uso do tempo, fica claro que não podemos dispor do

tempo de ninguém, pois ele está intrinsecamente relacionado à vida de cada um e ao

sentido que se dá a ela. Se considerarmos que o brincar é a maneira pela qual as

crianças estruturam o seu tempo, ou seja, suas vidas precisaram reconhecer que

falamos de direitos humanos e brincar é, antes de tudo, um direito da criança.

A Declaração dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, foi adotada

pela Assembléia da ONU, em 20 de novembro de 1959, tendo em consideração a

necessidade de proporcionar à criança uma proteção especial, sendo o direito de

brincar explicitado no Artigo 31, cujo texto diz:

1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao

divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre

participação na vida cultural e artística.

2. Os Estados Partes respeitarão e promoverão o direito da criança de participar

plenamente da vida cultural e artística e encorajarão a criação de

oportunidades adequadas, em condições de igualdade, para que participem da

vida cultural, artística, recreativa e de lazer.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) preconiza no seu artigo 4º: ―É

dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público

assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária.‖

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E, no Artigo 16, parágrafo IV: ―O direito à liberdade compreende os seguintes

aspectos: brincar, praticar esportes e divertir-se.‖

É neste contexto que a organização assume um papel de grande importância

no Brasil, enquanto defende o acesso à cultura e ao brincar, como um direito não só

da criança como de toda a família.

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4. O BRINCAR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: o desafio dos

brinquedos industrializados

4.1 Infância Contemporânea

Segundo Meira A. M. (2003) trabalhando sobre o eixo de contribuições de

Walter Benjamin sobre os brinquedos, criança e educação estão ligados. A

singularidade, a ―plastificação‖ dos brinquedos cerca a era social que Benjamin aponta

como próprio do capitalismo que avança revelando seus contornos inclusive no campo

da infância.

Segundo ainda o autor, (2003, p.75) ―a infância contemporânea apresenta

traços que nos remetem a pensar acerca do que se encontra apagado no brincar,

hoje‖. As bonecas de porcelana foram trocadas pelas Barbies ocorrendo na

contemporaneidade com a globalização, hoje ocorre também o consumo de

brinquedos em séries. Isso tudo vem acontecendo com a mudança, devido a tanta

influência da mídia e até mesmo nos programas dirigidos à criança, onde em seguida

encontramos no comércio já todo pronto e muito chamativo pelas crianças sempre

com novidades.

A criança ao brincar entra num mundo de sonhos, segundo Freud, citado por

Meira (2003) e acrescenta ainda que, este sonho encontra-se movido pelas imagens e

palavras que conformam sua vida na promessa da felicidade em um biscoito, uma

boneca Barbie, sapato da Carla Perez, para os meninos Bem 10 em camisetas,

sandálias, toalhas, mochilas e outros.

Na infância contemporânea o brincar vem se modificando com a presença de

brinquedos industrializados e com isso a criança vem se afastando cada vez mais das

brincadeiras e jogos tradicionais.

Müller (2007) citado por Meira diz que as transformações na sociedade

alteraram também o modo de viver e compreender a infância. No século XX, segundo

Stinberg e Kinchehoe (2001) citado pela autora, a criança se torna público alvo da

indústria cultural, a qual passa a veicular sua ideologia e mercadorias visando formar o

futuro consumidor e o sujeito adaptado à ordem alheia e a estrutura social.

Os brinquedos, os jogos, as concepções, os valores e o conceito

modificaram. Para Volpato (2002), citado por Meira, na Idade Média a maioria deles

eram compartilhados por adultos e crianças em diferentes situações do cotidiano.

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Conforme Machado (2007) citado pela mesma autora, os brinquedos

tradicionais como a pipa, bola, pião, entre outros, possuem caráter de interagir com as

crianças, desenvolvendo experiências para a construção da identidade infantil,

estimulando a criatividade, imaginação e fantasia e assim para Benjamin (2002) citado

por Meira: ―Não há dúvida que brincar significa sempre libertação, as crianças quando

brincam encontram-se e criam seu próprio mundo.

Wartofsky (1999, p. 123), nos diz que:

(...) os seres humanos, no decurso de sua evolução cultural, criam-se e modificam-se a si mesmo por meio das mudanças que introduzem nas modalidades de sua atividade prática e de sua auto compreensão. Isto significa que a suposta ―natureza humana‖ é em si mesma um artefato que ela é historicamente construída, isto significa que ela não é uma essência invariável, mas sim que muda ou desenvolve-se com mudanças nas modalidades de práticas cognitivas tais como produção social, língua e formas de interação social tais como família, economia, estado, educação e outros.

A infância atualmente tem que ter muito cuidado, pois é um período na vida

que a atenção deve ser direcionada pelo adulto, conforme os fatores sócio-econômico,

a liberdade de poder ir à escola sozinha, de brincar nas praças, as relações homem-

homem, homem-mundo vão se modificando a cada dia. Para Kohan:

(...) a partir de um longo período, e, de um modo definitivo, a partir do século XVII, se produz uma mudança considerável; começa a se desenvolver um sentimento novo com relação à ―infância‖. A criança para a ser o centro das atenções dentro da instituição familiar. A família gradualmente vai organizando-se em torno das crianças, dando-lhes uma importância desconhecida até então: já não se pode perdê-la ou substituí-las sem grande dor, já não se pode tê-las em seguidas, precisa-se limitar o seu número para poder atendê-las melhor. (Kohan, 2005, p.66)

Vivemos em uma época em que as crianças não têm mais a liberdade de

brincar como antigamente, nas ruas, nas praças, seja por segurança ou por falta de

espaço. Desta forma as crianças de hoje passam a brincar menos gastando assim boa

parte do seu tempo na escola, no computador, em vídeo games, em aulas aleatórias.

Hoje, os brinquedos industrializados, os jogos eletrônicos e a televisão passam a ter

uma atenção e uma disputa pelas crianças.

Segundo Marcelino (1990, p. 55):

Na nossa sociedade e particularmente nas grandes cidades, ainda que por razões bem diferentes, as crianças não tenham tempo e espaço para a vivência da infância. Caracterizada pela brincadeira, a infância nas cidades grandes já sofreu e continua sofrendo modificações. Devido a fatores como desenvolvimento urbano e violência, as ruas que já foram verdadeiros palcos para as brincadeiras acontecerem, já não cumprem mais esse papel. Sair de casa? Só acompanhado por adulto.

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4.2 Relato de observação

As praças já fizeram mais sentido na vida das pessoas do que fazem hoje,

onde existiam opções de lazer para a população, eram sempre cheias, principalmente

no final do dia e finais de semana, eram visitadas por pessoas das mais diversas

localidades, com os mais diferentes objetivos. Sendo locais de encontros, namoros,

convívio dos mais velhos, lazer das crianças, protestos, manifestações, local também

para passear com o cachorro, andar de skate, de bicicleta, de brincar com seus filhos,

buscando distração e liberdade fora de casa, principalmente de quem mora em

apartamento, onde o espaço é impossível.

Hoje, as praças são usadas como academia, pela preocupação com a saúde,

por causa dos excessos causados no dia a dia pelo trabalho. E a noite, nem sempre é

conveniente ficar nelas, pois, normalmente passa a ser um espaço perigoso, muitas

vezes mal iluminado, onde dá acesso a pessoas marginalizadas entregues aos vícios

e ao ócio de ver a vida passar. É pertinente lembrar que faltam locais de lazer e

diversão para crianças, principalmente com segurança.

Campos e Souza (2003, p.12) alerta a maneira pela qual ―a

contemporaneidade tem-se caracterizado pelas relações de produção e de consumo

permeando as interações sociais‖. Pode-se perceber que a relação adulto/criança se

modificou e a mídia vem transformando nossa sociedade numa sociedade de

consumo, alterando assim, suas relações a partir das influências que esta e a cultura

do consumo exercem sobre nós. A preocupação está em o que esta sociedade de

consumo está fazendo com as crianças e o que isto pode afetar nelas.

As autoras Campos e Souza (2003) citam Postman (1999) e alerta que na

sociedade americana o que diferencia infância e adulto está se modificando e

acrescenta ainda que na cultura ocidental contemporânea o mesmo vem acontecendo,

como exemplo a autora cita que as:

(...) crianças se vestem cada vez mais como adultos; as brincadeiras se modificam (especificamente as brincadeiras de rua nos grandes centros urbanos); há um aumento da incidência de crimes envolvendo menores; meninas de 12, 13 anos fazem sucesso na carreira de modelo etc. (13)

Pode-se acrescentar ainda que a preocupação hoje esteja baseada na

inserção da criança no mercado de trabalho e com isso a preocupação dos pais está

mais em colocá-lo em cursos onde este mais tarde pode ter uma carreira mais

promissora, tais como: inglês, informática, esporte e outros, ocupando-os assim, para

justificar sua falta. Para isso estes trabalham cada vez mais, pois a mulher também

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entrou para a divisão desse orçamento tão alto e para poder arcar com todas estas

despesas. Isso tem feito com que os pais fiquem mais tempo longe dos filhos,

consequentemente tendo menos diálogo. Percebe-se que o adulto, a criança e a

constituição das famílias também vêm se modificando.

As autoras citam Postman (1999) e nos alertam que:

(...) não só a idéia de infância está em declínio. Paralelamente a esse processo, há também o adulto infantilizado que se alimenta de junkfood, que tem dificuldade em assumir sua prole e familiares idosos, apresentando pouco compromisso com a educação dos filhos. Os limites que separam crianças e adultos estão desaparecendo, pois as diferenças entre essas duas categorias não são enfatizadas. (13)

As autoras citam ainda que para Sarlo (1997, p.14) a infância ―praticamente

desapareceu, pois se encontra espremida por uma adolescência bastante precoce e

uma juventude que se prolonga até os 30 anos‖.

Para alguns autores, a mudança está no desenvolvimento da tecnologia,

dando cada vez mais facilidade ao acesso a informações.

No entendimento de Campos e Souza (2003) ao citar Postman (1999) nos diz

que:

O telégrafo foi o precursor das mudanças que o seguiram: prensa rotativa, fotografia, telefone, cinema, rádio, TV (e, mais recentemente, a Internet), tornando impossível o controle da informação, modificado em sua forma, havendo hoje uma preponderância de imagens (14).

Tudo isso, trouxe conseqüências para a infância, dando facilidade ao acesso

a qualquer imagem e informação a um público de todas as idades.

A criança e o adolescente de hoje nasceram imersas no mundo com telefone, fax, computadores, televisão, etc. TVs ligadas a maior parte do tempo, assistidas por qualquer faixa etária, acabam por assumir um papel significativo na construção de valores culturais. A cultura do consumo molda o campo social, construindo, desde muito cedo, a experiência da criança e do adolescente que vai se consolidando em atitudes centradas no consumo. (Campos e Souza, 2003, p.14)

As autoras nos advertem que a Tv primeiramente ―não requer treinamento

para apreender sua forma; segundo porque não faz exigências complexas nem à

mente nem ao comportamento, e terceiro porque não segrega seu público‖(14). É

como se todos independentes da idade estivessem preparados para ver, interpretar e

ouvir qualquer coisa em sua frente, dando acesso a tudo, como se tudo fosse possível

ser contado, desde que a criança nasce, mesmo que estas estejam sozinhas, pois os

pais estão fora, para prover seus gastos.

É necessário que se reveja o papel da mídia, na construção da identidade

tanto para crianças, quanto para jovens e também para os adultos a partir de uma

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cultura de consumo, pois esta se utiliza de todos os artifícios para atrair o público o

qual ela quer atrair para atingir seus objetivos. Segundo as autoras: ―o valor das

mercadorias e dos objetos substitui o valor do homem, ele próprio transformado em

mercadoria, definindo uma nova ética no campo das relações sociais‖. (15)

Para Baudrillard (1995) citado pelas autoras (Campos e Souza, 2003, p.15),

―o que prepondera é a ilusão de que podemos realizar escolhas autênticas, pois de

fato, todas as escolhas já estão previstas pelo sistema‖. O problema está que, a

construção da identidade da cultura de consumo está sendo utilizada de maneira

errônea, pois vemos objetos e mercadorias sendo usados para ―demarcar as relações

sociais e determinam estilos de vida, posição social, além da maneira das pessoas

interagirem socialmente‖.

As autoras citam Canclini (1997) e nos alerta sobre um descontentamento

próprio do mundo globalizado que torna tudo obsoleto a todo instante, nas palavras da

autora, que:

(...) supõe uma interação funcional de atividades econômicas e culturais dispersas, bens e serviços gerados por um sistema com muitos centros, no qual é mais importante a velocidade com que se percorre o mundo do que as posições geográficas a partir das quais se está agindo (p. 17).

Segundo Campos e Souza (2003), o mercado escolhe quem fará parte do

grupo que pode consumir, gerando assim, exclusão e nos passam a idéia de que

somos todos iguais. O problema é que as mercadorias estão sempre mudando e logo

surge outro e aquele já comprado, se torna obsoleto. Isso leva todos a querer

consumir a todo instante, independente de faixa etária, pois o mercado trabalha em

todas elas.

A infância na cultura do consumo, assim como adolescentes e adultos, a

tornam insatisfeitas, passando seu lugar social para o de consumidor, fazendo disto

uma forma de inserir-se no mundo.

Os valores que a família e a escola tentam passar, não coincidem com os que

são passados pela mídia. Tem-se que admitir a forte influência que a TV exerce na

vida de todos para o bem e para o mal. Por isso a importância da presença dos pais

acompanhando seus filhos no que assistem ou jogam e isso nem sempre está sendo

suficiente, fazendo com que a criança escolha seus programas e jogos e formando

seus próprios valores.

Meira (2003, p.76) nos alerta para o que vem passando na televisão e sua

influência na vida da criança: ―(...) a publicidade desfila suas cenas nos intervalos

apresentando uma série interminável de brinquedos e objetos de consumo ―a serem

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desejados pela criança‖, prometendo-lhes o acesso a um gozo sem fim‖. E acrescenta

ainda que, este excesso de estímulos fragiliza o próprio brincar, exigindo sempre

novidade em função do consumo.

A autora acrescenta ainda sobre os games e jogos virtuais, que não precisam

da presença do outro e nem da materialidade do brinquedo e sim de uma máquina

com a qual a criança está sempre em contato e o social fica sem ter a devida

importância.

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5. A ESCOLA E O BRINCAR: Experiência do CEI

A cada dia são mais recorrentes os estudos que apontam a importância dos

primeiros anos de vida para o desenvolvimento da criança. É na primeira infância que

se dá o desenvolvimento biológico.

As crianças passam a ter seu cotidiano regulado numa instituição educativa,

sendo então, um lugar de socialização, de convivência, de trocas, de interações, de

afetos, de ampliação e inserção sociocultural, onde se dá a constituição da identidade

e subjetividade. Um lugar onde são partilhadas situações, experiências, culturas,

rotinas, cerimônias institucionais, regras de convivência, sujeitos a tempos e espaços

coletivos, bem como a graus diferentes de restrições e controles dos adultos.

Entrevista com a professora do Projeto Brincar, desenvolvido no CEI Santo

Antônio:

1. Qual seu nome?

Aline Guilhen da Silva

2. Qual sua profissão?

Professora

3. Sempre trabalhou como educadora?

Sim

4. Há quantos anos trabalha nessa instituição?

Há 4 anos, porém procurando sempre melhorar o meu conhecimento e

inovando cada dia mais minha forma de agir e de pensar.

5. Qual sua formação?

Sou formada no curso de Pedagogia e também sou pós graduada.

6. Nessa instituição sempre foi implantado o Projeto Brincar?

Como já relatei, atuo nesta instituição há 4 anos e tenho conhecimento que

esta instituição desenvolve o Projeto Brincar desde que esta deixou de ser

orfanato, mais ou menos 18 anos. No período que estive aqui tenho dado

primordial atenção ao Projeto.

7. Como ele é desenvolvido?

O Projeto Brincar se desenvolve em todos os eixos, sendo adaptado nas

diversas áreas e é dada uma especial atenção a faixa etária da criança.

8. Qual a sua visão do Projeto Brincar?

Minha visão vai muito além, pois vivenciando o Projeto Brincar, tenho a plena

convicção de que o Brincar é importante na vida da criança. Desta forma, os

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planejamentos que desenvolvo são baseados no dia-a-dia dando prioridade ao

Brincar.

9. O que você percebe quando as crianças brincam livremente e com

brinquedos?

Percebo não somente com a faixa etária da criança que trabalho, como

também com as outras crianças a que tenho acesso, pois é através do brincar

livremente que a criança elabora brincadeiras para solucionar problemas de

angústia, elaboração de pensamentos, socialização e brincadeiras até mesmo

sem o objeto brinquedo, elaborando brincadeiras criativas, porém quando a

criança utiliza o objeto brinquedo, percebo que consegue também trabalhar sua

angústia, pensamento, raciocínio e até mesmo a sua vivência do lar.

10. Você vem acompanhando esse Projeto e qual a visão dos pais das

crianças?

A instituição procura fazer reuniões administrativas e pedagógicas com os pais

para que eles possam ter mais conhecimento sobre o nosso propósito, porém

existe ainda algumas resistências de alguns pais não dando importância no

Brincar, porém, esses pais vivenciando o crescimento de seus filhos, começam

a se interessar e também percebem mudança e o crescimento que seus filhos

demonstram.

11. Os objetivos são alcançados na sua visão? Como?

São. Pois tenho internalizado que o Projeto Brincar se vê em uma criança até

mesmo brincando com uma formiguinha no chão. Consigo diferenciar o

crescimento da criança em cada detalhe das brincadeiras, ainda acredito que

ainda pode se ter uma visão mais ampla do que tenho. É importante que a

pessoa que avalia o Projeto Brincar, vivencie esse projeto, internalizando e

procurando cada vez mais buscar detalhes de crescimento da criança nas

brincadeiras.

12. Você trabalha o resgate das brincadeiras tradicionais, as crianças

demonstram dificuldades?

Sim. Tento trazer para dentro do meu planejamento algumas brincadeiras que

pude vivenciar em minha infância e hoje com o meu conhecimento e vivência,

resgato e dou importância a essas brincadeiras. Existe por exemplo, algumas

brincadeiras que irei citar de extrema importância eobjetivos, tais como: alerta,

balança caixão, bola atrás, cabra cega, coelhinho sai da toca, duro ou mole,

lenço atrás, m~es da rua, cavalinho de pau, corrida com bastão, com jornal,

com obstáculos, peteca, jogos de agilidade tais como bolinha de gude, e

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saquinho de areia e outros. Desta forma, quando se aplica estas atividades

acima citadas, as crianças demonstram desconhecimento, até serem

introduzidas no espaço pedagógico. A partir do conhecimento a criança

internaliza e pede para brincar mais.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao entender a Educação Infantil e o Centro de Educação Infantil como um

espaço de importância para o desenvolvimento integral da criança que ali convive e

socializa seus fazeres e saberes; acredita-se que este trabalho deva ser realizado

tendo como foco principal a cultura infantil, o brincar, a diversidade, o lúdico e o direito

de ser criança com toda sua plenitude.

Muitas escolas começam a acordar para esta importância do brincar, mas vê-

se a dificuldade que têm de fazer entrar o brincar no dia a dia. O mais importante é a

consciência que os educadores precisam ter para criar oportunidades e

espaços/tempos para este brincar em todas as idades.

Não é raro encontrar pais que desvalorizam a pré-escola, dizendo que a

criança vai lá somente para brincar, que gasta muito material e que não aprende nada.

Na realidade, as brincadeiras das crianças deveriam ser consideradas suas atividades

mais sérias. Ao querermos entender nossas crianças, precisamos entender suas

brincadeiras. Ao observar uma criança brincando, podemos compreender como ela vê

e constrói o mundo, como ela gostaria que fosse e entender que, brincar é importante

porque quando brinca, a criança nutre a sua vida interior, descobre sua vocação e

busca um sentido para a vida.

O brincar e sua criatividade para a criança é altamente gratificante, pois esta

as realiza, desenvolvendo também, sua fala e desempenho.

É no brincar que a criança fantasia a realidade em que vive, para isso, precisa

de um objeto seja ele brinquedo, sucata, outros, para representar o seu conhecimento,

seus sentimentos e suas atitudes.

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14UTC fevereiro 14UTC 2010 — Grupo Papeando. Psicologia Ciência e

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MEIRA, Ana Marta. Benjamin, os Brinquedos e a infância contemporânea.

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SALGADO, Elizabeth. A importância do brincar. Acesso em: 09-09-11.

Disponível em:

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ANEXOS

Entrevista e relato da professora:

1. Qual seu nome?

2. Qual sua profissão?

3. Sempre trabalhou como educadora?

4. Há quantos anos trabalha nessa instituição?

5. Qual sua formação?

6. Nessa instituição sempre foi implantado o Projeto Brincar?

7. Como ele é desenvolvido?

8. Qual a sua visão do Projeto Brincar?

9. O que você percebe quando as crianças brincam livremente e com

brinquedos?

10. Você vem acompanhando esse Projeto e qual a visão dos pais das

crianças?

11. Os objetivos são alcançados na sua visão? Como?

12. Você trabalha o resgate das brincadeiras tradicionais, as crianças

demonstram dificuldades?

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Fotos das brincadeiras elaboradas pelas professoras do Projeto Brincar:

Figura 1 - Crianças brincando com reciclável

Figura 2 - Criança brincando com o jogo da memória

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Figura 3 - Criança brincando com quebra cabeça

Figura 4 - Criança brincando com dobradura

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Figura 5 - Crianças desenhando em grupo

Figura 6 - Boneca feita de materiais recicláveis

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Figura 7 - Crianças brincando com blocos de madeira

Figura 8 - Crianças brincando com jogos de raciocínio

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Figura 9 - Crianças em contato com a natureza