educaÇÃo em defesa civil e proteÇÃo comunitÁria – construindo cidades resilientes

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES DIEGO ROCHA BRAGA DE ARAÚJO RIO DE JANEIRO NOVEMBRO - 2013

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Page 1: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

DIEGO ROCHA BRAGA DE ARAÚJO

RIO DE JANEIRO NOVEMBRO - 2013

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EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

Por: DIEGO ROCHA BRAGA DE ARAÚJO Matrícula: 10212080356 Monografia apresentada à FACULDADE DE EDUCAÇÃO da UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO como requisito parcial à obtenção do GRAU DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA, na modalidade EAD.

RIO DE JANEIRO NOVEMBRO – 2013

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EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

Por: DIEGO ROCHA BRAGA DE ARAÚJO Monografia apresentada aos professores _________________ e ___________________

Sem professor orientador _________________________________

Orientador Me. Renata Aquino da Silva __________________________________

Professor Examinador

RIO DE JANEIRO NOVEMBRO - 2013

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Dedica-se a Carmen Lúcia, minha mãe, com alegria e amor; a José Luiz, meu pai, pelo apoio e incentivo; aos meus irmãos Andréa Vieira, Márcia Cristina e Sidnei Vieira; e aos meus amigos de graduação Gisele Castro, Glaucia Dias, Deise Monteiro, Luciana Aparecida, Edlaine Soledad, Viviane, Jéssica Fernandes e Diana Freire pela força e encorajamento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus pela saúde, pelas bênçãos e oportunidades. Agradeço a minha família pela colaboração, força e amor dispensados. Agradeço aos amigos que me deram palavras de ânimo e incentivo. Agradeço a todos os professores e tutores que tornaram possível esse momento de conclusão de curso. Enfim, agradeço a todos que de alguma forma me ajudaram no decorrer do curso.

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RESUMO

ROCHA, Diego. EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES. Brasil, 2013, nº 88. Monografia (Graduação em Pedagogia) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. Esta pesquisa trata das novas diretrizes propostas para a aplicação do tema transversal Educação Ambiental no âmbito dos currículos escolares, os quais podem passam a contemplar os princípios da proteção e defesa civil de forma integrada. A partir disso, esse trabalho analisa se a aplicação dos princípios de defesa e proteção civil é uma ação fundamental para a criação de uma cultura de prevenção de desastres na população brasileira, começando a partir das experiências da cidade do Rio de Janeiro. O presente estudo se baseia, principalmente, na obra de João Nilo de Abreu Lima, publicado pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, no entanto as suas bases teóricas utilizam os estudos de Philippe Perrenoud sobre Criação de Competências na Educação; de Cipriano Luckesi sobre a Filosofia da Educação; e de Antônio Castro sobre Planejamento de Defesa Civil. Há ainda as inúmeras contribuições científicas do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres – CEPED/UFSC e do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres – NEPED/UFSCar; além das diversas publicações do Ministério da Integração Nacional e da Estratégia Internacional para Redução de Desastres – EIBR, ligada a ONU. Esse trabalho discute os efeitos de uma formação escolar preventiva para atuação em situações de emergência, de forma a criar uma cidade resiliente aos desastres, que discuta as possibilidades de promoção da conscientização da população a partir de projetos interdisciplinares baseados em uma série de conteúdos teórico-práticos ligados ao campo da prevenção de desastres. Palavras-chave: Defesa Civil, Desastres e Resiliência.

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ÍNDICE DE IMAGENS

Imagens ...................................................................................................... Pág.

Figura 1 ....................................................................................................... 47

Figura 2 ....................................................................................................... 55

Figura 3 ....................................................................................................... 56

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................. p. 09

CAPÍTULO I – GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES ........................... p. 11

1.1. REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES – RRD ................................ p. 13

1.2. DEFESA CIVIL ........................................................................................ p. 24

CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PREVENÇÃO DE

DESASTRES ................................................................................................... p. 29

2.1. LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA ................................... p. 29

2.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................................................... p. 34

2.3. PROJETOS DE MUDANÇA CULTURAL ............................................. p. 38

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO SOBRE O PROJETO DEFESA

CIVIL NAS ESCOLAS ................................................................................... p. 44

3.1. PESQUISA DE CAMPO .......................................................................... p. 45

CONCLUSÃO ................................................................................................ p. 57

REFERÊNCIAS ............................................................................................. p. 60

ANEXOS ......................................................................................................... p. 64

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa visa investigar o processo de ajuste dos sistemas de ensino

municipal, principalmente o da cidade do Rio de Janeiro, no que diz respeito a mais nova

alteração que a Lei nº 12.608 de 2012 incluiu no artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional.

A Lei nº 12.608 de 2012 se refere a mais nova Política Nacional de Proteção e

Defesa Civil e dentre as novidades está o Art. 29 que foi promulgado com o seguinte texto:

Art. 29. O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, passa a vigorar acrescido do seguinte § 7º: Art.26. ................................................................................................................................................................................................................................................................... § 7º Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios.” (NR).

A partir de então os currículos do ensino fundamental e médio deverão incluir os

princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos

obrigatórios (§7º do Art. 26 da LDB/96). Sendo assim faz-se necessário a criação de

condições curriculares e educacionais para que o tema transversal Meio Ambiente seja

efetivamente aplicados em concomitância com os princípios de Proteção e Defesa Civil,

gerando os resultados esperados no curto, médio e longo prazo.

Cabe ressaltar a importância da aplicação de uma série de conteúdos teórico-

práticos, para o campo da prevenção de desastres, visto contribuírem para a formação de uma

sociedade mais consciente e responsável do seu papel na minimização dos riscos de desastres,

e mais resiliente aos efeitos desastrosos dos inúmeros eventos adversos que lhe acometem.

Por isso, o tema escolhido para essa monografia é: “Educação em Defesa Civil e

Proteção Comunitária – Construindo Cidades Resilientes”, pois com o desenvolvimento dessa

pesquisa, pretende-se verificar o embasamento por traz dessa proposta, bem como o grau de

aceitação dos alunos quanto à aplicação dos princípios da proteção e defesa civil e a educação

ambiental de forma integrada, com vias de criar, em longo prazo, uma cultura de prevenção

de desastres a partir da conscientização ambiental da população carioca, ou seja, que a

população da cidade do Rio de Janeiro que vive em situação de vulnerabilidade social ou

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residindo em áreas de risco adquira uma maior consciência acerca dos danos ambientais que

as suas atitudes podem produzir, além dos eventuais riscos a que está submetida, se tornando

apta a seguir os protocolos de evacuação propostos com via a minimizar ou evitar mais

acidentes ou até o agravamento dos ocorridos. Além disso, visa-se aferir os impactos do

treinamento escolar para a criação de uma cidade resiliente aos desastres e investigar as

ligações disciplinares entre esses conteúdos, discutindo as possibilidades de desenvolvimento

de competências específicas em defesa civil, através da conscientização e treinamento

comunitário por meio de projetos interdisciplinares, reduzindo assim os danos e prejuízos

através da utilização dos recursos existentes, de forma a efetivar uma recuperação mais rápida

e eficiente.

A escolha do tema baseia-se na atuação profissional na Subsecretaria de Defesa

Civil do Rio de Janeiro e na elaboração do Projeto Defesa Civil nas Escolas, o qual tem como

meta inserir no currículo do Sistema de Educação carioca os princípios de proteção

comunitária e atuação preventiva em situações de emergência e/ou de desastres. Por isso,

surgiu esta pesquisa com vias de responder ao seguinte problema: A integração entre o tema

transversal educação ambiental e os princípios de proteção e defesa civil é uma medida

fundamental para a criação de uma cultura de prevenção de acidentes e desastres?

Segundo estimativas da ONG Save the Children (Salvem as Crianças), durante

cada ano da próxima década mais de 350 milhões de pessoas serão afetadas pelos desastres

naturais em todo o mundo, das quais 175 milhões serão crianças. A ONG ainda afirma não ser

possível mensurar exatamente quais serão estes desastres ocasionados pelas mudanças

climáticas, no entanto é certo que os países mais pobres e os componentes mais vulneráveis

da população (crianças e idosos) serão mais fortemente afetados. (INTERNATIONAL SAVE

THE CHILDREN ALLIANCE, 2008). Por isso será cada vez mais necessário o

desenvolvimento de ações educativas e de preparação comunitária para orientar a população

socialmente vulnerável quando a necessidade de se manterem seguras nas possíveis situações

emergenciais, ocasionadas ou não por desastres naturais.

Por fim, esta pesquisa poderá servir de norte para os centros acadêmicos

desenvolverem metodologias interdisciplinares e transversais de atuação da escola no

contexto da prevenção comunitária nas diversas cidades do Brasil, ajudando a minimizar os

inúmeros danos humanos causados pelos desastres naturais e adaptando os conteúdos

escolares as diversas particularidades climáticas das regiões do país.

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CAPÍTULO I

GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES

Atualmente, nas cidades e centros urbanos há mais da metade da população

mundial, gerando com isso uma imensa concentração urbana. Nesse contexto as grandes

cidades acabam sendo motores propulsores da economia dos diversos países, por conseguinte

toda essa aglomeração acaba gerando novos riscos para a população, principalmente pelas

deficiências de infraestrutura e danos causados pelas ocupações irregulares e grande

degradação do meio ambiente. Ao cabo de termos quase um bilhão de pessoas morando em

favelas em todo mundo e consequentemente mais vulneráveis aos efeitos dos eventos

adversos que geram os desastres.

A partir disso, notam-se profundas mudanças na dinâmica ambiental do planeta,

sendo cada vez mais comum a ocorrência de eventos trágicos que acometem um sem números

de pessoas ao redor do mundo.

Tomando como base os maiores desastres dos últimos três anos, em uma breve

pesquisa na Enciclopédia livre Wikipédia, temos, como exemplo, o terremoto de escala 7,2

graus que destruiu o Haiti em janeiro de 2010, gerando um passivo de 316 mil mortes, 350

mil feridos e mais de 1,5 milhões desabrigados, sendo por isso considerado um dos piores

desastres humanitários da história, principalmente por se tratar do país mais pobre da América

e o detentor de uma população, quase toda, imersa abaixo da linha da pobreza.

Além disso, houve o Grande Terremoto do Leste do Japão no mês de março de

2011, o qual atingiu a magnitude de 8,9 MMS (escala de magnitude de momento que

substituiu a escala Richter em 1979) e gerou ondas de mais de 10 metros de altura, as quais

atingiram pelo menos 10 km de terra na costa japonesa. Dentre os prejuízos gerados estão os

mais de 13.000 mortos, 16.000 desaparecidos, 1,4 milhão sem água e 4,4 milhões sem energia

elétrica.

Em outubro de 2012 o mundo presenciou a chegada do ciclone tropical Sandy na

costa da América Central e do Norte, atingindo países como a Jamaica, Cuba, Bahamas, Haiti,

República Dominicana, Canadá, e alguns estados da costa dos Estados Unidos, entre eles,

Nova Iorque e Nova Jersey. Seus efeitos desastrosos foram inúmeros, dentre os quais, panes

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elétricas, interrupção no abastecimento de água e combustível, inundações, vendavais, além

da paralização dos meios de transporte e falhas nas redes de comunicação. O prejuízo para os

sete países foi calculado em aproximadamente US$ 446,5 bilhões.

O Brasil não ficou de fora desse ciclo de catástrofes, pois em 2011 o estado do

Rio de Janeiro presenciou um dos maiores desastres naturais já ocorridos no país. Em janeiro

a região serrana do estado foi acometida por um alto índice pluviométrico que gerou inúmeros

deslizamentos de terra e uma das maiores enchentes já vistas. A contabilização de mortos

ficou em torno de 916 pessoas, a de desaparecidos em torno de 345 pessoas, e ainda,

aproximadamente, 35.000 desalojados. Em setembro desse mesmo ano ocorreu outra grande

inundação, só que agora no estado de Santa Catarina, onde cerca de 83 cidades decretaram

situação de emergência e foram contabilizados cerca de 930 mil pessoas afetadas, dentre as

quais 6 morreram, 26 mil tiveram que deixar as suas casas, 24.124 ficaram desalojadas e

1.929 desabrigadas.

Além dos históricos desastres naturais que acometeram o Brasil, é notório que ano

após ano existam efeitos danosos pontuais ou devastadores gerados pelas secas no Nordeste,

cheias no Norte, falta de umidade no Centro-Oeste e vendavais e enchentes no Sul e Sudeste.

São inúmeros os desastres que o país está exposto, tanto de origem natural, quando

tecnológica, tendo como exemplos os granizos, ondas de calor, enchentes, enxurradas,

alagamentos, furações, estiagens, secas, quedas da umidade do ar, incêndios florestais,

doenças, fome e desnutrição, guerras, terrorismo, etc.

Segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais (CEPED UFSC, 2011) dentre os

registros de desastres naturais ocorridos no Brasil entre 1991 e 2010, cerca de 53% estão

diretamente relacionados à estiagens e à seca, e 33% a inundações graduais e bruscas. No

entanto 41% das mortes são responsáveis desastres ocasionados por movimentos de massa,

tais quais deslizamentos e desabamentos, afetando principalmente áreas urbanas.

Em Santos (2012) temos o destaque do diretor do Serviço Geológico do Brasil –

CPRM, Thales de Queiroz, o qual diz que em 2007, segundo o governo federal, cerca de 2,7

milhões de pessoas foram afetadas por desastres no Brasil, tendo um aumento considerável

em 2010, com aproximadamente 12 milhões de pessoas afetadas. O custo dispendido,

comparando os R$ 130 milhões de 2004 com os R$ 3 bilhões gastos em 2010, demonstra um

aumento astronômico com respostas aos desastres e com a reconstrução de áreas afetadas,

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deixando em segundo plano os investimentos em ações de prevenção, mitigação e preparação

comunitária.

Para Maffra e Mazzola (apud Tominaga et al., 2012) no Brasil a degradação

ambiental, a intensidade provocada pelos desastres e o aumento da vulnerabilidade da

população possuem um estreita relação. Por isso observa-se uma maior ocorrência de

desastres nos municípios localizados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,

Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Paraíba e

Ceará.

A partir desse quadro desastroso recente, nota-se uma grande mobilização dos

governantes mundiais na busca de meios de minimização dos efeitos danosos desses

desastres, como por exemplo, a criação do “Quadro de Ação de Hyogo para 2005-2015:

aumento das nações e das comunidades frente aos desastres”, logo após um grande desastre

natural que acometeu o Japão em 2004. A partir desse evento começou-se a pensar em uma

engenharia que adapte os espaços urbanos, de forma a manter uma harmonia entre o

ecossistema e as construções, diminuindo com isso a vulnerabilidade das comunidades frente

a possível ocorrência de eventos adversos.

1.1. REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES – RRD

Segundo John (2009) a RRD (Redução de Riscos de Desastres) consiste no

desenvolvimento de políticas, estratégias e práticas que visam a minimização das

vulnerabilidades e dos riscos de desastres, contando com uma ampla participação da

sociedade, trabalhando com a identificação, avaliação e redução de riscos de desastres.

O objetivo da RRD é a redução de vulnerabilidades sociais e econômicas aos

desastres, abordando assuntos referentes ao ambiente e as demais ameaças a que esta

submetido. O seu conceito se relaciona com a responsabilidade específica pelo

desenvolvimento e ao processo de assistência humanitária, busca a sua aplicação no trabalho

das organizações.

Segundo o RRD o desastre é um todo complexo de demandas coletivas, por isso é

necessário uma participação maciça de inúmeros componentes da sociedade, pois assim

poderão decidir onde focar seus esforços na garantia da resiliência da localidade afetada.

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1.1.1. Desastres

Segundo a Estratégia Internacional para a Redução de Desastres, da Organização

das Nações Unidas (EIRD, 2004, p. 13-14), desastre é definido como:

[...] uma séria interrupção no funcionamento de uma comunidade ou sociedade que ocasiona uma grande quantidade de mortes e igual perda e impactos materiais, econômicos e ambientais que excedem a capacidade de uma comunidade ou a sociedade afetada para fazer frente à situação mediante o uso de seus próprios recursos.

A UN-ISDR (2009) considera desastres como uma grave perturbação do

funcionamento de uma comunidade ou de uma sociedade envolvendo perdas humanas,

materiais, econômicas ou ambientais de grande extensão, cujos impactos excedem a

capacidade da comunidade ou da sociedade afetada de arcar com seus próprios recursos.

Já a Normativa nº 01 de 24/08/2012, em seu artigo 1º, define desastres como:

Art. 1º Para efeitos desta Instrução Normativa entende-se como: I – desastre: Resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável, causando grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou sociedade envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais, econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com o problema usando meios próprios;

Para Tobin e Montz (apud Tominaga et al., 2012) desastres naturais são definidos

quando fenômenos extremos impactam uma comunidade ou sociedade de tal maneira, que são

extrapolados a sua capacidade de convívio com o impacto, devido aos inúmeros danos e

prejuízos causados.

1.1.1.1. Classificação dos desastres

O Banco de Dados Internacional de Desastres (EM-DAT), do Centro para

Pesquisas sobre Epidemiologia de Desastres (CRED) da Organização Mundial de Saúde

(OMS/ONU) adota conceitos e classificações específicas para os desastres em âmbito

mundial, por isso a Secretaria Nacional de Defesa Civil passou a adotar estes conceitos como

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forma de alinhamento com os conceitos e critérios internacionais. (MARGARIDA et al.,

[2012?])

Essa adequação com as definições utilizadas pela ONU demonstra uma clara

evolução do país em relação as mais novas descobertas na área de Gestão de Riscos, além de

nivela-lo com os demais organismos de gestão de desastres do mundo.

Partindo da Normativa nº 01 de 24/08/2012 os desastres passam a ser

classificados por quatro critérios específicos: origem, evolução, intensidade e periodicidade.

Quanto à origem, ou causa primária do agente causador, os desastres são

classificados em:

ORIGEM

Naturais

Causados por processos ou fenômenos naturais que podem implicar em perdas humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio ambiente, à propriedade, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos. Os grupos dos desastres naturais são: Geológicos, Hidrológicos, Meteorológicos, Climatológicos e Biológicos.

Tecnológicos

Originados de condições tecnológicas ou industriais, incluindo acidentes, procedimentos perigosos, falhas na infraestrutura ou atividades humanas específicas, que podem implicar perdas humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio ambiente, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos. Grupos dos desastres tecnológicos: Desastres relacionados a substâncias radioativas, Desastres relacionados a produtos perigosos, Desastres relacionados a incêndios urbanos, Desastres relacionados a Obras Civis e Desastres relacionados a transporte de passageiros e cargas não perigosas e cargas não perigosas.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

Quanto à evolução, os desastres podem ser classificados como: súbitos ou de

evolução aguda e graduais ou de evolução crônica.

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EVOLUÇÃO

Desastres súbitos ou

de evolução aguda

Caracterizados pela veracidade com que o processo evolui e pela violência dos eventos adversos causadores dos mesmos, podendo ocorrer de forma inesperada e surpreendente ou ter características cíclicas e sazonais, sendo assim facilmente previsíveis. Ex.: deslizamentos de terra, enxurradas, os vendavais, os terremotos, as erupções vulcânicas, as chuvas de granizo, os acidentes industriais, etc. Monitoramento, preparação e tempo de resposta dos desastres: é possível prever, monitorar sua evolução e preparar-se para responder aos seus efeitos de forma planejada – pontuando as ações de acordo com a evolução do desastre.

Desastres graduais

ou de evolução

crônica

Evoluem progressivamente ao longo do tempo. No Brasil, há exemplos muito importantes deste tipo de desastres, como a estiagem e a erosão do solo. Em geral não é possível prever, monitorar sua evolução e preparar-se, pois temos o elemento surpresa: um evento inesperado que faz com que as ações sejam voltadas apenas para responder, sem tempo hábil para planejamento das ações.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

Quanto à intensidade, os desastres são definidos relativamente, visto ser

necessário levar em consideração inúmeros fatores, tais quais, as necessidades de recursos

para o restabelecimento da situação de normalidade e a disponibilidade desses recursos na

comunidade afetada e nos demais parceiros. Sendo assim, os desastres podem ser

classificados em dois níveis:

INTENSIDADE

Nível I Desastres de média intensidade.

Aqueles em que os danos e prejuízos são suportáveis e superáveis pelos governos locais e a situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complementados com

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Decretação de situação de emergência.

o aporte de recursos estaduais e federais.

Nível II

Desastres de grande intensidade.

Aqueles em que os danos e prejuízos não são suportáveis e superáveis pelos governos locais, mesmo quando bem preparados, e o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada das três esferas de atuação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC e, em alguns casos, de ajuda internacional.

Estado de Calamidade Pública.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

O Art. 9º traz um novo critério adotado pelo Sistema Nacional de Proteção e

Defesa Civil, a classificação dos desastres quanto à periodicidade, o qual se classifica em:

PERIODICIDADE

Esporádicos

Ocorrem raramente com possibilidade limitada de previsão. Ex.: desastre ambiental envolvendo derramamento de uma grande quantidade de óleo no mar.

Cíclicos ou

Sazonais

Ocorrem periodicamente e guardam relação com as estações do ano e os fenômenos associados. Ex.: incêndios florestais no centro-oeste do Brasil, estiagem no nordeste e sul e as enxurradas e deslizamentos no sul e sudeste.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

1.1.2. Danos e prejuízos

Os conceitos de danos e prejuízos são bastante similares, no entanto há uma

diferença fundamental em sua definição, pois enquanto os danos estão ligados diretamente à

intensidade das perdas humanas, materiais e/ou ambientais, o prejuízo refere-se,

principalmente, a quantificação das perdas econômicas.

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Segundo a Normativa nº 01 de 24/08/2012 Danos e Prejuízos são classificados

como:

Art. 1º Para efeitos desta Instrução Normativa entende-se como: IV – Dano: Resultado das perdas humanas, materiais ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos ecossistemas, como consequência de um desastre; V – Prejuízos: Medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial, de um determinado bem, em circunstâncias de desastres.

1.1.2.1. Classificação dos danos

Segundo o Glossário de Defesa Civil os danos causados por desastres podem ser

classificados em três categorias: humanos, materiais e ambientais.

DANOS HUMANOS

Os danos humanos são dimensionados em função do número de pessoas: desalojadas; desabrigadas; deslocadas; desaparecidas; feridas gravemente; feridas levemente; enfermas; mortas. A longo prazo também pode ser dimensionado o número de pessoas: incapacitadas temporariamente e incapacitadas definitivamente. Como uma mesma pessoa pode sofrer mais de um tipo de dano, o número total de pessoas afetadas é igual ou menor que a somação dos danos humanos.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

Pode-se ainda, em longo prazo, mensurar a quantidade de pessoas que foram

incapacitadas de forma temporária e aquelas de forma definitiva.

Considerando os danos humanos, segundo a Universidade Federal de Santa

Catarina, através do Centro Universitário de Pesquisa e Estudo sobre Desastres (2013, p.68),

conceitua-se desabrigados, desalojados e desaparecidos como:

Desabrigados: as pessoas cujas habitações foram destruídas ou danificadas por desastres, ou

estão localizadas em áreas com risco iminente de destruição, e que necessitam de abrigos

temporários para serem alojadas.

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Desalojados: são as pessoas cujas habitações foram danificadas ou destruídas, mas que não,

necessariamente, precisam de abrigos temporários. Muitas famílias buscam hospedar-se na

casa de amigos ou parentes, reduzindo a demanda por abrigos em situação de desastre.

Desaparecidos: até provar o contrário, são considerados vivos, porém podem ser

considerados desparecidos quando estão em situação de risco de morte iminente e em locais

inseguros e perigosos, demandando esforço de busca e salvamento para serem encontrados e

resgatados com o máximo de urgência.

DANOS MATERIAIS Os danos materiais são dimensionados em função do número de edificações, instalações e outros bens danificados e destruídos e do valor estimado para a reconstrução ou recuperação dos mesmos. É desejável discriminar a propriedade pública e a propriedade privada, bem como os danos que incidem sobre os menos favorecidos e sobre os de maior poder econômico e capacidade de recuperação. Devem ser discriminados e especificados os danos que incidem sobre: instalações públicas de saúde, de ensino e prestadoras de outros serviços; unidades habitacionais de população de baixa renda; obras de infraestrutura; instalações comunitárias; instalações particulares de saúde, de ensino e prestadoras de outros serviços; unidades habitacionais de classes mais favorecidas.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

DANOS AMBIENTAIS Os danos ambientais, por serem de mais difícil reversão, contribuem de forma importante para o agravamento dos desastres e são medidos quantitativamente em função do volume de recursos financeiros necessários à reabilitação do meio ambiente. Os danos ambientais são estimados em função do nível de: poluição e contaminação do ar, da água ou do solo; degradação, perda de solo agricultável por erosão ou desertificação; desmatamento, queimada e riscos de redução da biodiversidade representada pela flora e pela fauna.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

1.1.2.2. Classificação dos prejuízos

Os prejuízos podem ser classificados em prejuízos econômicos públicos e

prejuízos econômicos privados.

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PREJUÍZOS ECONÔMICOS PÚBLICOS Relacionam-se com o colapso de alguns serviços essenciais, que visam o atendimento da coletividade, como assistência médica, abastecimento de água potável, sistemas de esgoto, limpeza urbana, controle de pragas, geração e distribuição de energia elétrica, telecomunicações, transportes, distribuição de combustíveis, segurança pública e ensino. São avaliados em função da perda de atividade econômica existente ou potencial, incluindo frustração ou redução de safras, perdas de rebanhos, interrupções ou diminuição de atividades de prestação de serviço e paralisação de produção industrial.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

PREJUÍZOS ECONÔMICOS PRIVADOS Refere-se aos danos materiais e/ou ambientais relacionados aos bens, serviços ou instalações privadas e relacionam-se com a perda de atividade econômica na indústria, comércio ou agronegócio, sem afetar diretamente a coletividade.

Fonte: MARGARIDA et al., [2012?]

1.1.3. Risco de desastres

O risco de desastres descreve se um determinado evento com uma intensidade

específica, seja ele de origem natural ou humana, é mais ou menos provável e quais os danos

e prejuízos que se pode esperar.

A expressão “redução de desastres”, segundo a nova terminologia da Estratégia

Internacional para a Redução de Desastres (2009, p. 27), foca, especificamente, no conceito e

na prática de:

Reduzir o risco de desastres mediante esforços sistemáticos dirigidos a análise e a gestão dos fatores causadores dos desastres, o que inclui a redução do grau de exposição às ameaças (perigos), a diminuição da vulnerabilidade das populações e suas propriedades, uma gestão prudente dos solos e do meio ambiente e o melhoramento da preparação diante dos eventos adversos.

Para Duarte (2008, p.35) Risco de desastres é:

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21

Uma estimativa da probabilidade e magnitude de danos e prejuízos em um cenário, resultantes da interação entre uma ameaça ou evento, e as características de vulnerabilidade ou capacidade que esse cenário possui.

1.1.3.1. Conceito de risco

Para Castro (2009, p. 230) risco é definido como:

1. Medida de dano potencial ou prejuízo econômico expressa em termos de probabilidade estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das consequências previsíveis. 2. Probabilidade de ocorrência de um acidente ou evento adverso, relacionado com a intensidade dos danos ou perdas, resultantes dos mesmos. 3. Probabilidade de danos potenciais dentro de um período especificado de tempo e/ou de ciclos operacionais. 4. Fatores estabelecidos, mediante estudos sistematizados, que envolvem uma probabilidade significativa de ocorrência de um acidente ou desastre. 5. Relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinado se concretize e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor a seus efeitos.

O cálculo da probabilidade de ocorrência de um evento adverso, em um

determinado cenário vulnerável, causando danos ou prejuízos, expressa o risco.

Convencionalmente, o risco é expresso pela fórmula: Risco = Ameaça x Vulnerabilidade.

O contexto de risco traz à tona a impossibilidade de se alcançar o risco zero, mas

há uma possibilidade de se chegar a um risco aceitável. A EIRD entende risco aceitável como:

Nível de perdas que uma sociedade ou comunidade considera aceitável, dadas suas existentes condições sociais, econômicas, políticas, culturais e ambientais. Em termos de engenharia, o conceito de risco aceitável se usa também para definir medidas estruturais e não estruturais implementadas para reduzir possíveis danos até um nível em que não afete a população e propriedades, de acordo com códigos ou “práticas aceitáveis” baseadas, entre outras variáveis, em uma probabilidade conhecida sobre a ocorrência de uma determinada ameaça. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 58).

Partindo da conceituação da Estratégia Internacional para Redução de Desastres,

observa-se a necessidade de articulação entre os conhecimentos técnicos e científicos, de

forma a serem integrados ao trabalho comunitário, com objetivo de reduzir as ameaças e

consequentemente estabilizar os riscos a índices aceitáveis.

Page 22: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

22

1.1.3.2. Conceito de ameaça

No Glossário da Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIRD) a

ameaça é definida como:

[...] evento físico, potencialmente prejudicial, fenômeno e/ou atividade humana que pode causar a morte e/ou lesões, danos materiais, interrupção de atividade social e econômica ou degradação ambiental. Isso inclui condições latentes que podem levar a futuras ameaças ou perigos, as quais podem ter diferentes origens: natural (geológico, hidrometeorológico, biológico) ou antrópico (degradação ambiental e ameaças tecnológicas). As ameaças podem ser individuais, combinadas ou sequenciais em sua origem e efeitos. Cada uma delas se caracteriza por sua localização, magnitude ou intensidade, frequência e probabilidade. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 54).

Segundo o Glossário de Defesa Civil (CASTRO, 2009, p. 25) ameaça é definida

como:

1.[...]. 2. Estimativa de ocorrência e magnitude de um evento adverso, expressa em termos de probabilidade estatística de concretização do evento (ou acidente) e da provável magnitude de sua manifestação.

1.1.3.3. Conceito de vulnerabilidade

Em meio aos conceitos de Defesa Civil, compreende-se o conceito de

vulnerabilidade como:

1. Condição intrínseca ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos prováveis. (CASTRO, 2009, p. 268).

A EIRD traz uma definição mais ampla e clara acerca do conceito de

vulnerabilidade, definindo-a como as:

[...] condições determinadas por fatores ou processos físicos, sociais, econômicos e ambientais que aumentam a suscetibilidade e exposição de uma comunidade ao impacto de ameaças. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 55).

Sendo assim, entende-se que há inúmeros fatores que contribuem para a

vulnerabilidade, como por exemplo, os (UFSC, 2013):

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23

Físicos: características da edificação; suscetibilidade; evidências de movimentação; etc.

Sociais: gênero; idade; número de moradores na residência, etc.

Econômicos: renda familiar; emprego formal ou informal; acesso a benefícios federais;

etc.

Ambientais: área desmatada; água tratada; lixo; etc.

Percepção de risco: conhecimento sobre os riscos a que estão expostos; conhecer a

coordenadoria municipal de defesa civil; já enfrentou desastres; etc.

Educação: grau de escolaridade; alfabetização; etc.

Saúde: existência de doentes crônicos; acesso ao serviço de saúde; etc.

1.1.4. Resiliência

A EIRD entende resiliência como:

[...] a capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade, potencialmente exposta a ameaças, para adaptar-se, resistindo ou modificando, com o fim de alcançar ou manter um nível aceitável em seu funcionamento e estrutura. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 37).

Fruto da física, a palavra resiliência foi sendo adaptada ao contexto social,

referindo-se a habilidade de superação de situações adversas, não como uma não

vulnerabilidade às crises, mas sim uma capacidade de aprendizado e construção de

ferramentas diante as inúmeras situações a que se está exposto.

Ainda buscando na EIRD/ONU, a resiliência se determina:

[...] pelo grau em que o sistema social é capaz de organizar-se para incrementar sua capacidade de aprender com os desastres passados, a fim de proteger-se melhor no futuro e melhorar suas medidas de redução de riscos. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 37).

Page 24: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

24

1.2. DEFESA CIVIL

A palavra “defesa civil” reporta-se para ações de apoio e proteção aos

componentes civis da sociedade, ou seja, os esforços dispendidos a todos os que não são

militares e por isso não estão diretamente envolvidos na guerra. Este termo está diretamente

ligado ao conjunto de ações desenvolvidas nas fases de administração de desastres, a saber:

prevenção, mitigação, preparação, resposta e reconstrução, sempre com objetivo de evitar ou

minimizar os desastres naturais e tecnológicos.

Defesa e proteção civil não é uma ação pontual, mas sim todo um processo

sistemático e contínuo de gerenciamento de riscos e perigos, com objetivo de amenizar seus

impactos ou até evitar sua ocorrência.

Segundo o Ministério da Integração Nacional a Segunda Guerra Mundial foi o

marco de criação das ações de Defesa Civil. Logo após os ataques de 1941 e 1942, que

deixaram milhares de mortos da população civil, a Inglaterra resolveu instituir a CIVIL

DEFENSE (Defesa Civil), órgão responsável pela criação de mecanismos específicos para

minimização dos efeitos desastrosos da guerra à população em geral.

Após o afundamento dos navios Baependi, Araraquara; do Aníbal Benévolo no

litoral de Sergipe; e do vapor Itagiba torpedeado pelo submarino alemão U-507, no litoral do

estado da Bahia; o Brasil resolveu, a exemplo da Inglaterra, criar o Serviço de Defesa Passiva

Antiaérea através do Decreto-Lei nº 4.716, de 21 de setembro de 1942, obrigando o ensino da

defesa passiva em todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares. No ano

seguinte foi transformado em Serviço de Defesa Civil por meio do Decreto-Lei nº 5.861, de

30 de setembro de 1943. Após o término da Guerra em 1946 o Serviço de Defesa Civil é

desativado, sendo considerado desnecessário.

1.2.1. Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC

Em 16 dezembro de 1998 criou-se o Decreto n. 97.274 com objetivo de organizar

um Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), de forma a desenvolver uma

estrutura especializada na promoção da redução de riscos de desastres em âmbito nacional.

Page 25: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

25

Recentemente, em 2012, aprovou-se a Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012, a

qual estabelece as diretrizes para a gestão do risco e dos desastres no Brasil, definindo através

do Plano Nacional de Defesa Civil os papéis de cada componente do SINPDEC. Segundo o

Art.10 da presente lei “o SINPDEC é constituído por órgãos e entidades da administração

pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e por entidades públicas e

privadas de atuação significativa na área de proteção e de defesa civil”, onde a Secretaria

Nacional de Defesa Civil – órgão do Ministério da Integração Nacional – centraliza a sua

gestão estratégica em por todo território nacional.

Na estrutura básica de execução e gestão temos a Secretaria Nacional de Defesa

Civil do Ministério da Integração Nacional, como o órgão central responsável por toda a

coordenação do planejamento, além da articulação e execução dos programas, projetos e

ações de proteção e defesa civil. Os órgãos regionais, estaduais e municipais devem articular e

coordenar ações em seus níveis de atuação, principalmente zelando pela execução do

SINPDEC.

Os objetivos do SINPDEC segundo o Art. 4º do Decreto nº 7.257 de 04/08/2010,

são:

planejar e promover ações de prevenção de desastres naturais e tecnológicos de maior

prevalência no País;

realizar estudos, avaliar e reduzir riscos de desastres;

atuar na iminência e em circunstâncias de desastres; e

prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populações afetadas, e restabelecer os

cenários atingidos por desastres.

1.2.2. Política Nacional de Defesa Civil - PNPDEC

A Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012 serviu para atualizar o Brasil segundo os

conceitos adotados pela Estratégia Internacional para a Redução de Desastres. Por isso

inseriu-se o processo de mitigação em meio às fases de gestão de riscos de desastres

(prevenção; mitigação; preparação; resposta; e recuperação). Sendo assim entende-se que

Page 26: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

26

essas ações devem ser aplicadas nos três níveis de governabilidade (federal, estadual e

municipal).

Através dessa nova PNPDEC começa-se a pensar em uma política integrada, de

forma a estabelecer as bases para um desenvolvimento sustentável. Sendo assim, as ações de

saúde, meio ambiente, educação, ciência e tecnologia, desenvolvimento urbano, dentre outras

precisam ser pensadas de forma conjunta, pois só assim teremos um maior ordenamento nas

medidas, sem que um projeto atrapalhe o desenvolvimento de outros. (UFSC, 2013, p. 44).

1.2.2.1. Prevenção

Para Castro (2007) a prevenção de desastres são as ações que visam reduzir tanto

a ocorrência quanto a intensidade dos desastres naturais e humanos, através da identificação e

redução das ameaças e/ou vulnerabilidades, minimizando com isso os possíveis prejuízos

socioeconômicos e os danos humanos, materiais e ambientais.

As medidas estruturais são as ações que ganham mais espaço na etapa de prevenção,

pois conforme a UNISDR:

A prevenção (ou prevenção de desastres) expressa o conceito e a intenção de evitar por completo os possíveis impactos adversos (negativos) mediante diversas ações planejadas e realizadas antecipadamente. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 43).

1.2.2.2. Mitigação

Segundo a UNISDR (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 44) a “Mitigação é a

diminuição ou a limitação dos impactos adversos das ameaças e dos desastres afins”.

Nesta etapa do processo de gestão de riscos de desastres há uma perfeita ligação

com as tarefas preventivas, pois nos processos de prevenção foca-se na eliminação da

vulnerabilidade de forma a suportar a ameaça com o mínimo de danos possível, já a mitigação

atua nas etapas onde ainda existem vulnerabilidades consideráveis e consequentemente e

riscos eminentes, por isso o seu principal objetivo é a efetivação de uma completa

minimização dos desastres.

Page 27: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

27

1.2.2.3. Preparação

A preparação consiste no desenvolvimento de capacidades específicas para uma

perfeita gestão das inúmeras situações de emergência, de forma a conseguir uma harmonia

entre os processos, desde a resposta até a recuperação dos danos sofridos.

Para UNISDR a etapa Preparação consiste em todos os:

conhecimentos e capacidades desenvolvidas pelos governos, profissionais, organizações de resposta e recuperação, comunidades e pessoas para prever, responder e se recuperar de forma efetiva os impactos dos eventos ou das condições prováveis, iminentes ou atuais que se relacionam com uma ameaça. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 44)

No processo de preparação da comunidade, podem-se incluir os Planos de

Contingência; armazenamento de equipamentos e suprimentos; protocolos de comunicação de

riscos; Capacitação e treinamentos; simulações de campo, etc.

A promoção da educação com foco na capacitação e conscientização da população

é uma ação fundamental para prepará-la para suportar os desastres a que está exposta, isso se

deve, principalmente, ao fato de que em muitos casos há a necessidade de utilização de alertas

preventivos para evacuação da população em risco, sendo é preciso uma apropriação de

conhecimentos sobre as rotas de fuga, ações de emergência, e sobrevivência em situações

adversas.

1.2.2.4. Resposta

Tomando como base a UNISDR o conceito de Resposta é:

[...] a prestação de serviços de emergência e de assistência pública durante ou imediatamente após a ocorrência de um desastre, com o propósito de salvar vidas, reduzir impactos sobre a saúde, garantir a segurança pública e satisfazer necessidades básicas de subsistência da população afetada. (UNISDR apud UFSC, 2013, p. 44)

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28

Nessa fase do processo de gestão de riscos, o principal objetivo dos órgãos

especializados é o desenvolvimento de medidas no curto prazo, através da mobilização de

pessoas das áreas de risco para locais seguros; operações de resgate; trabalho em abrigos

temporários; e principalmente a administração da cadeia de suprimentos dos recursos

essenciais, tais como água e alimentos, além de roupas e artigos de cama.

1.2.2.5. Recuperação

Assim que terminam as ações de resposta as emergências, automaticamente

devem ser iniciados os processos de recuperação/ reconstrução, pautando-se em estratégias e

políticas previamente definidas. Com isso já devem ser previstas o início das etapas de

prevenção, mitigação, preparação e planejamento de protocolos específicos para futuras

respostas.

Continuando a basear-se na UNISDR, entende-se a etapa de recuperação como “o

melhoramento, se necessário, das plantas, instalações, meios de sustento e das condições de

vida das comunidades afetadas por desastres, incluindo esforços para reduzir os fatores de

risco de desastres”. (ESTRATÉGIA... apud UFSC, 2013, p. 46).

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29

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PREVENÇÃO DE

DESASTRES

O Quadro de Ação de Hyogo foi criado em 2005 por 168 estados reunidos no

Japão, com objetivo claro de construir a resiliência de nações e comunidades até o ano de

2015. As cinco prioridades de ação são igualmente importantes para os ambientes urbanos:

1º) Priorizar a redução de risco de desastres; 2º) Conhecer o risco e adotar medidas de

mitigação; 3º) Desenvolver uma maior compreensão e conscientização; 4º) Reduzir o risco; e

5º) Fortalecer a preparação em desastres para uma resposta eficaz em todos os níveis.

Com base nessas prioridades mais do que frear o crescimento desordenado e as

construções irregulares em áreas de risco, é cada vez mais urgente à promoção, em longo

prazo, de ações de conscientização e preparação comunitária, gerando uma verdadeira cultura

de prevenção de desastres na população. Para que isso seja possível, faz-se necessário uma

atuação específica a partir da educação de base, pois através dela será possível começar a

construção de um caminho de mudança de mentalidade de toda uma geração e, por

conseguinte será possível operar mudanças no mundo, pois como disse Paulo Freire: “A

Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”.

2.1. LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA

Desde 1988, a Carta Magna brasileira já prevê dispositivos específicos que tratam

da Educação brasileira. Sua importância diz respeito à plena responsabilização dos diversos

entes da federação, os quais ficam obrigados a desenvolver e aplicar a prática de ensino, além

de assumir as tarefas de manutenção e desenvolvimento do ensino em âmbito nacional.

Em 1996, a educação nacional ganha um Lei específica para atender as suas

inúmeras demandas, com isso estabelece-se diversas diretrizes e bases de forma a nortear

todas as práticas educacionais no país. Esta Lei, logo em seu artigo primeiro, defini a

educação escolar como sendo aquela desenvolvida “predominantemente, por meio do ensino,

em instituições próprias” (Art. 1, § 1º da Lei nº 9.394 de 20/12/1996). Por isso logo se

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30

entende que a LDB trata do ensino, priorizando a sua prática no âmbito das escolas em todo

país.

No ano de 2007 foi aprovado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).

Este documento tinha como objetivo principal a melhoria da Educação brasileira em todas as

etapas de ensino (da Educação Infantil ao Ensino Médio), num prazo de 15 anos.

No texto do PDE há diversas ações específicas para o alcance dos seus objetivos

de qualificação da educação, sendo assim definiu-se que a União, os Estados e os Municípios

deveriam atuar em conjunto para o alcance das suas metas, dentre as quais: o Índice de

qualidade, a Provinha Brasil, o Transporte escolar, o Gosto de ler, o Brasil alfabetizado, a Luz

para todos, o Piso do magistério, a Formação, a Educação superior, o Acesso facilitado, a

Biblioteca na escola, a Educação profissional, o Estágio, a Proinfância, as Salas

multifuncionais, o Pós-doutorado, o Censo pela Internet, a Saúde nas escolas, o Olhar Brasil,

o Mais educação, a Educação especial, o Professor-equivalente, o Guia de tecnologias, a

Coleção educadores, o Dinheiro na escola, o Concurso, a Acessibilidade, as Cidades-polo, e a

Inclusão digital.

Seguindo o modelo de visão sistêmica do Plano de Desenvolvimento da

Educação, enviou-se em 15 de novembro de 2010 um projeto de lei que criava um novo Plano

Nacional de Educação, em substituição ao desenvolvido em 2001. Neste plano há 20 metas e

estratégias específicas, inclusive para inclusão de minorias, como alunos com deficiência,

indígenas, quilombolas, estudantes do campo e alunos em regime de liberdade assistida. O

prazo proposto é de nove anos, compreendendo os anos de 2012 à 2020. Um dos maiores

ganhos desse documento é o aumento progressivo dos investimentos na educação, atingindo

7% do Produto Interno Bruto – PIB, tendo uma revisão em 2015. Segundo o Art. 5, parágrafo

II e § 4º do projeto de Lei nº 8.035-B de 2010, os investimentos utilizados podem ser de:

§ 4º [...] 50% (cinquenta por cento) dos recursos do pré-sal, incluídos os royalties, diretamente em educação para que ao final de 10 (dez) anos de vigência do PNE seja atingido o percentual de 10% (dez por cento) do Produto Interno Bruto para o investimento em educação pública.

2.1.1. Constituição Federal Brasileira

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31

Nos diversos artigo e capítulos da Constituição Federal, promulgada em 1998, há

referências à educação nacional, sendo assim definidas as competências para cada uma das

esferas do governo no processo de promoção da educação nacional.

Segundo o Artº 225 da Constituição Federal “a Educação é direito de todos e

dever do Estado e da família”, tendo um ensino baseado nos princípios da igualdade,

liberdade, pluralidade e, acima de tudo, gratuito em todos os estabelecimentos oficiais. Os

conteúdos terão uma base mínima básica, no entanto há a possibilidade de desenvolvimento

de atividades educacionais específicas, tendo como objetivo “o pleno desenvolvimento da

pessoa, bem como o seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho” (CF Artº 225).

Tratando do meio ambiente a Carta Magna em seu Art. 225 diz que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Para que o direito citado acima seja plenamente cumprido são necessárias diversas

medidas, dentre as quais pode-se destacar a descrita no inciso VI do Art. 225, que fala sobre a

promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino, bem como a conscientização

da população no que diz respeito à preservação do meio ambiente.

2.1.2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9.394/96

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é considerada a “bíblia” que

regimenta a Educação Nacional, pois trata, exaustivamente, da fundamentação de uma base

sólida para as práticas do docente e também da gestão dos estabelecimentos escolares e

governamentais.

Nos seus artigos são definidas as responsabilidades específicas de cada ente

federado, deixando no encargo do governo federal a responsabilidade do desenvolvimento de

uma base curricular nacional. Segundo o Art. 26, §1º “Os currículos a que se refere o caput

devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o

conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do

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32

Brasil.” Além desses, temos o ensino de arte e educação física, como componente curricular

obrigatório, ensino de música e o de uma língua estrangeira a partir do 6º ano de

escolarização.

Em 2012 houve uma alteração no Art. 26 da LDB, norma não regulamentada,

operado pelo Art. 29 da Lei nº 12.608. Esta alteração busca a inserção dos princípios da

proteção e defesa civil no âmbito educacional, sendo assim, os conteúdos do tema transversal

educação ambiental passam a ser ministrados em integração aos conteúdos obrigatórios.”

2.1.3. Parâmetros Curriculares Nacionais

Segundo o documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o mesmo constitui-

se como “um referencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o

País”. Suas propostas visam ser flexíveis e coerentes às particularidades de cada região onde

são promovidas práticas de educação, ensino e aprendizagem.

Levando em conta o novo contexto mundial do século XXI, com os Parâmetros

Curriculares Nacionais (1997, p. 27) pensou-se em abordagens no que diz respeito a “inserção

no mundo do trabalho e do consumo, o cuidado com o próprio corpo e com a saúde, passando

pela educação sexual, e a preservação do meio ambiente”. A escola assume o papel de

desenvolvimento da autonomia dos alunos no que diz respeito as suas relações em sociedade,

sendo assim incentiva-se cada vez mais a capacidade pesquisa e auto aprendizado.

Segundo o texto introdutório dos PCN (1997, p. 29):

“Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão situados historicamente — não são princípios atemporais. Sua validade depende de estarem em consonância com a realidade social, necessitando, portanto, de um processo periódico de avaliação e revisão, a ser coordenado pelo MEC.

Partindo desse ponto, entende-se que ao passar do tempo podem ser desenvolvidas

novas propostas temáticas e inseri-la em uma determinada rede de ensino, de forma a adaptar

os conteúdos curriculares as demandas atuais, de acordo com o contexto regional.

Os objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 47) dizem respeito

a uma série de capacidades que os alunos precisam desenvolver em seu período de

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33

escolarização, concomitante com os aprendizados teóricos específicos do currículo básico.

Estas capacidades podem estar relacionadas tanto a ordem cognitiva, física, afetiva, quanto às

de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, sempre buscando uma formação

mais ampliada.

Os conteúdos curriculares dos PCN (1997, p. 51) não são concebidos como fins a

serem alcançados, mas sim como meios que os alunos são incentivados a se apropriar para o

desenvolvimento de capacidades necessárias no processo de produção e experimentação dos

bens culturais, sociais e econômicos. Estes conteúdos são divididos em três categorias, a

saber: “conteúdos conceituais, que envolvem fatos e princípios; conteúdos procedimentais e

conteúdos atitudinais, que envolvem a abordagem de valores, normas e atitudes”.

2.1.1.1. Interdisciplinaridade e transversalidade

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais a interdisciplinaridade e transversalidade

são abordadas de forma distinta, pois enquanto o primeiro diz respeito ao questionamento

sobre a segmentação e compartimentação dos conteúdos em disciplinas, entendendo que há

inúmeras inter-relações entre os conteúdos e por isso os mesmos deveriam ser aplicados de

forma conjunta. No segundo, transversalidade, diz-se respeito à aplicação dos conteúdos

teóricos a realidade do educando, usando o conhecimento teórico adquirido em uma aplicação

efetiva nas questões da vida e da realidade em que o mesmo está inserido.

Partindo dos PCN (1997, p. 45) a transversalidade:

“pressupõe um tratamento integrado das áreas e um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os valores experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos e o contato intelectual com tais valores.”

Os conteúdos sugeridos nos PCN não se propõem a serem novas áreas de

conhecimento, mas sim a união de alguns temas transversalizados às áreas definidas. Dentre

estes temas temos os seguintes: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e

Orientação Sexual. Estes foram escolhidos baseados na sua ligação com as problemáticas

sociais que são consideradas de alcance nacional ou até mundial, no entanto a sua aplicação

precisa ser sempre contextualizada as particularidades de cada região.

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34

No documento de introdução dos PCN há a abertura da possibilidade, levando em

conta a flexibilidade do documento, de eleição e desenvolvimento de temas locais, os quais

são referências curriculares para atuação nas particularidades de cada localidade.

2.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Segundo Dib-Ferreira (2010) o agravamento da problemática socioambiental

gerou uma demanda tão grande que acabou impulsionando a educação ambiental,

principalmente devido ao modelo de crescimento econômico a qualquer custo.

A partir dos grandes desastres tecnológicos causados no Japão em 1945, com as

bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki; do efeito smog (nuvem de ar densamente

poluído) que atingiu Londres em 1952, causando a morte de cerca de 1.600 pessoas; e da

publicação histórica do livro Primavera Silenciosa, da escritora americana Rachel Carlson, em

1962. Começou-se uma pressão para a elaboração de um novo modelo de relacionamento

entre o homem e a natureza. (Dib-Ferreira apud Dias, 2004).

2.2.1. Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA

A Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 instituiu a Política Nacional de Educação

Ambiental. Logo no artigo primeiro desta legislação, a Educação Ambiental (EA) é entendida

como:

Art. 1º [...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Não só isso, mas há um entendimento comum da importância do tema educação

ambiental para o processo de formação do cidadão, por isso os seus conteúdos são

regulamentados para serem trabalhados em articulação constante com todos os níveis de

escolaridades, transpassando a aplicação de todas as disciplinas, contando com a participação

maciça dos diversos órgãos e entidades que trabalham em conjunto para o perfeito

desenvolvimento dos processos educativos na temática ambiental.

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35

Dentre estes diversos órgãos e entidades, a Política de Educação Ambiental

destaca o Poder Público na definição de políticas que se insiram na dimensão ambiental; as

instituições educativas, que integram o ensino básico as questões ambientais; os órgãos do

Sistema Nacional do Meio Ambiente, que atuam na promoção da educação ambiental e

consonância com as ações de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; os

meios de comunicação de massa que disseminam em seus programas informações e assuntos

referentes à educação ambiental; as empresas e instituições públicas e privadas que

desenvolvem programas de capacitação profissional, com objetivo de controle sobre o

ambiente de trabalho e dos possíveis danos ao meio ambiente; e por fim, a sociedade, que

desenvolve valores, atitudes e habilidades específicas referentes a preservação, identificação e

solução de problemas ambientais.

A partir dos princípios básicos da educação ambiental, observa-se que as suas

concepções, com base no enfoque da sustentabilidade, geram uma interdependência entre o

meio natural, o socioeconômico e o cultural. Fato que no cotidiano educacional se desenvolve

em uma perspectiva plural, podendo se expressar de forma inter, multi e transdisciplinar, além

da vinculação com a educação ética, questões do trabalho e de práticas sociais, em um

contexto local, regional, nacional ou até global.

Os objetivos da Política de Educação Ambiental são bem claros e explícitos,

baseando-se no desenvolvimento de uma compreensão integrada entre as suas múltiplas

relações, sejam referentes aos aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,

econômicos, científicos, culturais ou éticos. Estas relações tem o exercício da cidadania como

um valor fundamental, pois se incentiva a participação da população na preservação e

manutenção do equilíbrio do meio ambiente.

A educação ambiental não poderá ser instituída como mais uma disciplina do

currículo escolar, mas sim uma prática permanente e integrada aos conteúdos instituídos. Para

o sucesso do ensino da temática ambiental, deve ser iniciado a sua inserção nos cursos de

formação de professores independente da disciplina, os quais, segundo a política em questão,

devem ser inseridos nos currículos de curso em todos os níveis como uma formação

complementar.

2.2.2. Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA

Page 36: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

36

O Programa Nacional de Educação Ambiental possui um eixo principal pautado

na sustentabilidade ambiental, de forma a conseguir, no âmbito educacional, a integração

entre as dimensões ecológica, social, ética, cultural, econômica, espacial e política. O

ProNEA visa internalizar de forma transversal os conceitos da educação ambiental tanto nas

entidades públicas e privadas, quanto no terceiro setor e na sociedade em geral.

As diretrizes expostas no ProNEA (2005, p.34) baseiam na Transversalidade e

Interdisciplinaridade; na Descentralização Espacial e Institucional; na Sustentabilidade

Socioambiental; na Democracia e Participação Social; e no Aperfeiçoamento e

Fortalecimento dos Sistemas de Ensino, Meio Ambiente e outros que tenham interface com a

educação ambiental. Sendo assim, o mesmo “desempenha um importante papel na orientação

de agentes públicos e privados para a reflexão, a construção e implementação de políticas

públicas que possibilitem solucionar questões estruturais, almejando a sustentabilidade

socioambiental”.

Os princípios do ProNEA (2005, p. 37) são:

Concepção de ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência sistêmica

entre o meio natural e o construído, o socioeconômico e o cultural, o físico e o

espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade;

Abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais,

transfronteiriças e globais;

Respeito à liberdade e à equidade de gênero;

Reconhecimento da diversidade cultural, étnica, racial, genética, de espécies e de

ecossistemas;

Enfoque humanista, histórico, crítico, político, democrático, participativo, inclusivo,

dialógico, cooperativo e emancipatório;

Compromisso com a cidadania ambiental;

Vinculação entre as diferentes dimensões do conhecimento, entre os valores éticos e

estéticos, entre a educação, o trabalho, a cultura e as práticas sociais;

Democratização na produção e divulgação do conhecimento e fomento à interatividade

na informação;

Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas;

Garantia de continuidade e permanência do processo educativo;

Page 37: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

37

Permanente avaliação crítica e construtiva do processo educativo; e

Coerência entre o pensar, o falar, o sentir e o fazer; e Transparência.

Os objetivos do ProNEA são fundamentalmente a promoção e fomento de ações

de educação ambiental, com enfoque de participação cidadã para a construção de uma

sociedade mais sustentável, além da integração da educação ambiental aos diversos

programas de revitalização e aos voltados para redução dos riscos de desastres com potencial

de geram danos ambientais.

O seu público não é muito específico, pois se entende que toda a sociedade

necessita apreender os conceitos da educação ambiental para que seja possível a aplicação dos

mesmos em sua vida cotidiana, sendo assim o ProNEA focaliza seus esforços de

conscientização nos professores, educadores sociais, estudantes, agentes comunitários e de

saúde, pessoas em situação de vulnerabilidade social e ambiental, gestores de recursos

ambientais, comunidades indígenas, instituições religiosas, voluntários, comunidade científica

e população em geral.

O histórico de degradação ambiental e crescimento urbano desordenado no país,

sem o devido planejamento, aumentaram em muito a necessidade de uma atuação sustentável,

onde se reconheça a necessidade de uma atuação preventiva nos processos de preservação e

planejamento urbano. Após a regulamentação da Política Nacional de Educação Ambiental,

logo se constatou que o ProNEA comunga com a mesma missão de aperfeiçoamento e

fortalecimento dos sistemas de ensino, meio ambiente e outros que estejam ligados com a

educação ambiental.

2.2.3. Sistema Municipal de Educação Ambiental

A Lei nº 4.791 de 02 de abril de 2008, institui o Sistema Municipal de Educação

Ambiental no Município do Rio de Janeiro, em consonâncias com as respectivas legislações

estaduais e federais. Este sistema compreende a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a

Secretaria Municipal de Educação como componentes principais da gestão municipal para a

perfeita efetivação e cumprimento das diretrizes propostas pelo mesmo.

Page 38: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

38

O Sistema Municipal de Educação Ambiental tem como objetivo transformar a

Cidade do Rio de Janeiro em uma Cidade Sustentável, onde haja comprometimento da

população com a coleta seletiva, proteção de áreas preservadas, saneamento básico,

despoluição do ar, águas e da areia das praias e assoreamento dos rios e lagoas, por isso se

almeja a expansão dos conhecimentos pertinentes à temática ambiental para a população em

geral, pois assim será possível demonstrar o sentido de urgência dos novos desafios

ambientais, através do questionamento das atitudes da população frente às novas tecnologias,

além do conhecimento da realidade do bioma Mata Atlântica e dos diversos ecossistemas da

cidade, dentre os quais, os manguezais, as matas ciliares, as praias, os rios e lagoas, as Baías

de Guanabara e Sepetiba e a arborização urbana.

Os artigos dessa lei municipal, basicamente transcrevem o texto disposto na

Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), por isso, em meio as suas atribuições,

destaca-se a competência de inserção da dimensão ambiental de uma forma interdisciplinar

em todos os níveis de ensino, promovendo instrumentos metodológicos e pedagógicos de

forma a difundir os inúmeros conhecimentos e informações da área ambiental.

2.3. PROJETOS DE MUDANÇA CULTURAL

Segundo a UNICEF, recentemente, foi outorgado o Protocolo Nacional para a

Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Riscos de Desastres, durante a

IX Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (UFSC, 2013, p. 33). O

objetivo desse documento é orientar os agentes públicos, a sociedade civil, o setor privado e

as agências de cooperação internacional que atuam em situação de risco e desastres no

desenvolvimento de ações de preparação, prevenção, resposta e recuperação para esse grupo

etário.

Para Santos (2012, p.15) será necessária a aplicação de inúmeras providências

para a redução dos vários problemas geotécnicos no Brasil, dentre eles podemos destacar a

base legal, técnica, educacional, administrativa, política e assistencial.

Em se tratando das providências citadas acima, a educacional é uma das mais

necessárias para o alcance de resultados em longo prazo. Isso se comprova com as teorias de

Jean Piaget sobre os processos de assimilação e adaptação, pois segundo o autor o indivíduo

Page 39: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

39

mantem uma interação constante com o meio ambiente e por isso está sempre sujeito a

mudanças, as quais são denominadas adaptação, ou seja, resultado do equilíbrio gerado pelo

organismo sobre o meio e do meio sobre o organismo. Haydt (2006, p.33) esclarece os

processos adaptativos de Piaget da seguinte maneira:

O ciclo adaptativo é constituído por dois subprocessos: Assimilação e acomodação. Assimilação é a aplicação dos esquemas ou experiências anteriores do indivíduo a uma nova situação, incorporando os novos elementos aos seus esquemas anteriores. Acomodação é a reorganização e modificação dos esquemas assimilatórios anteriores do indivíduo para ajustá-los a cada nova experiência.

A educação para a promoção da prevenção de desastres busca uma adaptação dos

educandos ao seu contexto de vulnerabilidades sociais e ao constante risco de danos materiais

ou humanos gerados pelos desastres. Quanto a isso Lima (2006, p.47) diz que:

“inserir o tema transversal “Noções Gerais de Defesa Civil e Percepção de Riscos” na educação escolar implica em assumir um comportamento com a construção da cidadania voltado a mudança cultural relacionada com a participação da comunidade escolar e com a segurança global da população.”

Nesse processo é importante a aplicação de uma educação significativa que leve

em conta as particularidades de cada região, de forma a assimilar o contexto local e criar certa

acomodação da população ao próprio contexto. Pensando nisso a tendência libertadora

desenvolvida por Paulo Freire na pedagogia progressista busca questionar a realidade das

relações entre o homem e a natureza e entre os homens com os outros homens, visando

sempre uma transformação. Luckesi (2011, p.87) tratando da pedagogia de Paulo Freire

descreve o aprender como “um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação

real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa

realidade”.

Paulo Freire tratando da possibilidade da mudança trabalha a questão da

necessidade de adaptação do ser humano às inúmeras situações de risco a que se está exposto.

Ao tratar de um evento natural específico Freire (2011, p. 75) diz que:

O conhecimento sobre os terremotos desenvolveu uma engenharia que nos ajuda a sobreviver a eles. Não podemos eliminá-los, mas podemos diminuir os danos que nos causam. Constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela.

Page 40: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

40

2.3.1. Redução de Riscos de Desastres na escola

Nos últimos anos é cada vez mais comum os debates sobre o desenvolvimento de

ações para redução de riscos de desastres no âmbito escolar, fato comprovado pela ONU, que

em 2010, através da Estratégia Internacional de redução de Desastres (UNISDR), criou a

campanha “One Million Safe Schools and Hospitals Campaign”, com objetivo final de

conseguir a adesão de 1 milhão de escolas e hospitais seguros em todo mundo (UFSC, 2012,

p.3)

Em 2011 na 3º Plataforma Global ocorrida em Genebra, Suíça, tratou-se

enfaticamente sobre a participação das escolas para impulsionar o processo de difusão de

conhecimentos específicos de redução de desastres, tendo o Japão como signatária a expor as

suas exitosas experiências em ações com crianças nas escolas. A Prefeitura de Hyogo oferece

um curso chamado Meio Ambiente e Desastre, que busca trabalhar com as relações entre o

ambiente e as pessoas, partindo das experiências desastrosas ocorridas na cidade. O programa

do curso traz um enfoque específico na mitigação de desastres, partindo tanto dos aspectos

sociais, quanto dos recursos naturais (UFSC, 2012, p.3).

Partindo do atual modelo econômico, o fim dos recursos naturais será sempre

baseado na degradação ambiental, por isso nasce a urgência de se trabalhar extensivamente a

educação ambiental nas escolas e com isso abre-se um leque de assuntos de sua abrangência,

inclusive a necessidade de se construir um cultura de redução de riscos de desastres, sem que

seja necessário a experimentação constantes dos danos gerados pelos fenômenos naturais em

descontrole sobre as localidades displicentes e despreparadas.

2.3.1.1. Programa Brasil Cresce Seguro

O Programa Brasil Cresce Seguro tem uma estrutura baseada em três níveis de

atuação, onde a escola pode concentrar seus esforços (UFSC, 2012, p.5):

Nível 1 – Cultura de RRD na escola

Neste nível, tanto os conceitos como as práticas de redução de riscos de desastres

são trabalhados a partir do próprio espaço escolar, sendo assim os alunos desenvolvem um

Page 41: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

41

referencial na escola, onde se inicia o processo de conceituação de locais seguros a partir das

experiências geradas no ambiente escolar. Sendo assim, segundo o programa (Ibdem, p. 5),

podem ser trabalhadas atividades de construção de “planos de abano e organização do espaço

escolar; prevenção de pequenos acidentes; discussão de possíveis cenários intramuros e

planos de contingência; discussão da escola como ponto de abrigo em caso de desastres;

localização geográfica da escola em áreas de risco e histórico de ocorrências”.

Nível 2 – Cultura de RRD a partir da escola

No segundo nível a escola pode abrir seus horizontes e vislumbrar um trabalho a

partir do seu entorno, sendo assim os alunos começam a ser ensinados a perceber os riscos em

sua localidade e a contribuir socialmente para reduzir os possíveis riscos de desastres que se

está exposto. Partindo do programa em questão, podem-se fazer algumas perguntas para

diagnosticar os possíveis riscos, bem como a capacidade para suportar os possíveis desastres.

Dentre elas temos as seguintes: Quais os riscos? O que pode acontecer? Como pode

acontecer?

Na prática didática é possível trabalhar a partir dos conteúdos de história e

geografia, criando trabalhos de pesquisas na sua localidade com intuito de resgatar a memória

da região, além de traçar um paralelo entre os riscos de ontem e modelo de construção e

moradia atual. Há ainda a possibilidade de criar mapas de risco e relatos sobre eventos

desastrosos antigos e passados.

Nível 3 – Cultura de RRD na comunidade

No último nível do programa Brasil Cresce Seguro, a escola, juntamente com seus

componentes, passa a ser vista como um agente multiplicador das diversas ações de Redução

de Riscos de Desastres em sua região, por isso passa-se a pensa em ações específicas partindo

dos inúmeros conceitos de educação ambiental apreendidos no decorrer dos anos letivos, de

forma a desenvolver processos de conscientização sobre ações de prevenção, mitigação e

preparação para todo o público de abrangência da escola. Ao chegar neste nível, conta-se com

o apoio e ajuda de várias outras organizações sociais, tais quais, igrejas, postos de saúde,

associações de moradores, ONGs, etc.

Page 42: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

42

A perspectiva do direito de proteção à vida, previsto na Constituição Federal,

onde as crianças tem prioridade, é um ponto fundamental para justificar o envolvimento de

todos os níveis de escolaridade no desenvolvimento desses processos, inclusive os alunos

inscritos nos anos iniciais da educação básica.

2.1.1.1. Embasamento para ações de RRD em escolas

Todo o processo de implantação de ações de RRD em escolas necessita de um

claro embasamento legal para que a sua efetivação seja realizada sem maiores problemáticas,

por isso, destacam-se alguns textos legais, a saber:

o Art. 227 da CF, que diz que: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar

à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao

respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo

de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, instituído pela Lei 8.069 de 13 de

julho de 1990.

a PNPDEC, Lei 12.608, de 10 de abril de 2012, que em seu artigo 29 altera o art. 26 da

LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual passa a vigorar acrescido do

seguinte § 7º: “Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os

princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos

conteúdos obrigatórios”.

a Portaria interministerial SDH nº 1, de 11 de julho de 2012, que institui o Protocolo

Nacional para Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Riscos e

Desastres e seu Comitê Gestor Nacional.

2.1.1.2. Processo de construção de ações de RRD em escolas

Page 43: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

43

Com base na Cartilha Redução de riscos de desastres nas escolas (UFSC, 2012, p.

8) pode-se definir cinco passos principais para inserção dos conceitos de RRD na educação

escolar, a saber:

1º Passo: Montagem de um grupo de professores e definição dos níveis que serão

contemplados pelo programa, além das turmas e anos escolares.

2º Passo: Diagnóstico dos principais riscos que afetam a Escola e/ou localidade, e reflexão

sobre os temas que podem ser trabalhados durante o ano letivo. Como exemplo, temos os

planos de abandono; a adequação de prédios às normas de prevenção contra incêndio e pânico

dos corpos de bombeiros; a coleta seletiva; as simulações de evacuação para abrigos; a

implantação de uma escola como abrigo; o mapeamento das áreas de risco; o resgate histórico

e memória local; as datas comemorativas (semana do meio ambiente, dia do índio, dia da

água, dia da Terra, semana nacional de defesa civil, dia da ação humanitária, etc.); o concurso

de redação, desenho, música, vídeo, etc. sobre a temática; o desenvolvimento de maquetes

específicas; os espaços de leitura; os jogos ambientais e virtuais; a prevenção de doenças –

dengue, cólera, malária, gripe A; etc.

3º Passo: Elaboração de um calendário para cada turma. No próprio calendário serão

previstos os momentos em que as atividades de RRD serão desenvolvidas, seja semanalmente,

mensalmente, bimestralmente, etc..

4º Passo: Definição das principais atividades que combinam para cada tema e pesquisa na

Internet sobre possíveis materiais de apoio, além de utilizar a experiência.

5º Passo: Execução da agenda, fazendo avaliações de resultados periódicas e mantendo a

interação com outros professores e outras escolas para que se possa haver a troca de

experiências e compartilhamento de boas práticas.

O planejamento do programa que insere a temática Redução de Riscos de

Desastres no âmbito educacional, precisa priorizar o trabalho com projetos interativos que

incentivem a participação dos alunos e de todo o público escolar, principalmente através da

ligação entre as diversas disciplinas do currículo básico, em uma ação de busca da

interdisciplinaridade e da transversalidade dos conteúdos.

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44

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO SOBRE O PROJETO DEFESA CIVIL NAS

ESCOLAS

Segundo o documento “Rio de Janeiro em busca da resiliência frente Chuvas

Fortes: Campanha da UNISDR (Estratégia Internacional Para Redução De Desastres) em

parceria com a Secretaria Nacional De Defesa Civil”, publicado no site oficial da

Subsecretaria de Defesa Civil, a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro tem realizado diversas

ações para o perfeito cumprimento das 5 (cinco) prioridades definidas no Protocolo de

Hyogo. Dentre elas temos:

Prioridade I - Fazer da Redução de Desastres uma prioridade.

Aquisição de um novo Radar Meteorológico;

Fortalecimento da Defesa Civil e demais órgãos do Sistema;

Implantação de um Centro de Operações;

Implantação do Plano de Prevenção Contra Enchentes da Praça da Bandeira.

Prioridade II - Conhecer o Risco e tomar ações.

Mapeamento das Áreas de Risco Geológico; e

Implantação do Sistema de Alerta e Alarme Comunitário.

Prioridade III - Construir entendimento e consciência.

Formação de Núcleos Comunitários de Defesa Civil; e

Atuação nas Escolas (eventos e simulados).

Prioridade IV - Reduzir o risco.

Delimitação legal e física das áreas de risco e de preservação ambiental;

Ações contínuas de conservação e limpeza;

Reassentamento de moradores das áreas de alto risco;

Realização de reflorestamento;

Realização de obras de infraestrutura e estabilização de encostas.

Page 45: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

45

Prioridade V - Estar preparado e pronto para agir.

Definição das Atribuições e Responsabilidades (Plano de Emergência);

Comunidade, Sociedade Civil e Poder Público Mobilizados;

Simulação de Desocupação Emergencial das Comunidades.

Tomando como base a prioridade III, observa-se uma atuação específica do órgão

Defesa Civil na criação de um processo de construção da consciência ambiental com foco na

redução dos riscos de desastres. Sendo assim, a partir da educação pública municipal, criam-

se projetos voltados para a preparação e capacitação do público escolar, dando prioridade aos

alunos que residem em áreas consideradas de alto risco pela Prefeitura.

Segundo outro documento encontrado no site oficial da Subsecretaria de Defesa

Civil, Programa de Proteção Comunitária – adaptação aos riscos de desastres na cidade do Rio

de Janeiro, por meio do subprojeto Alerta nas Escolas, mais de 30.000 alunos, moradores de

áreas de risco ou próximo das mesmas, já participaram de treinamentos de evacuação em suas

escolas por agentes da Defesa Civil. Além desse projeto o presente documento descreve a

composição de outro projeto que visa, com mais efetividade, introduzir a aplicação dos

conceitos de redução de riscos de desastres no âmbito educacional de uma forma permanente

e vinculada aos órgãos que trabalham diretamente com a temática. Este novo projeto será

objeto de pesquisa no presente estudo de caso, sendo utilizado aferir a importância dos

assuntos tratados até aqui e verificar a efetividade das alterações na legislação educacional no

que tange a construção de uma cidade mais resiliente aos desastres.

3.1. PESQUISA DE CAMPO

Além da revisão bibliográfica das obras de João Nilo de Abreu Lima, publicado

pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, e dos estudos de Philippe Perrenoud sobre Criação

de Competências na Educação, este Trabalho de Conclusão de Curso baseou-se em um estudo

de caso de abordagem quantitativa e qualitativa, sobre o Projeto Defesa Civil nas Escolas da

Subsecretaria de Defesa Civil da cidade do Rio de Janeiro, com via de verificar o

embasamento por traz da proposta de desenvolvimento dos conceitos de proteção e defesa

civil na educação escolar, bem como identificar o grau de aceitação dos alunos quanto à

aplicação dos princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada.

Page 46: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

46

Por isso, surgiu esta pesquisa com os alunos que participam de um projeto piloto de

introdução da consciência ambiental com foco em prevenção de desastres para dar uma

resposta ao seguinte problema: A integração entre o tema transversal educação ambiental e os

princípios de proteção e defesa civil é uma medida fundamental para a criação de uma cultura

de prevenção de acidentes e desastres?

3.1.1. Projeto Defesa Civil nas Escolas

Esse projeto iniciou-se em março de 2013, partindo de 38 escolas municipais-

piloto espalhadas entre as 11 Coordenadorias Regionais de Educação da cidade. Segundo o

Anexo A, o Projeto Defesa Civil nas Escolas tem como objetivo a incorporação dos conceitos

de redução de risco de desastre e/ou acidentes à educação escolar, além de atender, de forma

sistemática e com metodologia, as mais novas determinações da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação acerca do currículo escolar em relação ao tema transversal meio ambiente

(parágrafo 7º, artigo 26 da Lei 9.394 de 20/12/96). O projeto foi dividido em 4 (quatro)

bimestres compreendido entre os meses de março à novembro.

3.1.2. Coleta de dados

Os dados coletados no desenvolvimento da pesquisa de campo são baseados em

um questionário chamado Pesquisa de Opinião, disposto no Anexo B, o qual foi entregue aos

alunos do 5º ano de 4 (quatro) escolas das 38 (trinta e oito) participantes do Projeto Defesa

Civil nas Escolas, num total de 10% do número de unidades com 119 respostas colhidas nos

dois últimos bimestres de atividades.

3.1.3. Análise de dados

Foi utilizado um formulário online do Google Drive para o lançamento dos dados

coletados através dos questionários, gerando automaticamente um resumo das respostas

através de gráficos de pizza e barras.

Page 47: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

47

Figura 1 - Formulário de pesquisa do Google Drive

3.1.4. Resumo das respostas

A pesquisa foi realizada em 4 (quatro) escolas, localizadas nos bairros do Estácio,

São Cristóvão, Parque Anchieta e Magalhães Bastos. No dia das atividades da Defesa Civil os

alunos foram perguntados através dos questionários se residiam em comunidades? O gráfico

abaixo representa as respostas dos mesmos:

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48

As idades dos alunos que responderam ao questionário variam de 10 à 12 anos,

podendo haver alunos com idades superiores conforme o gráfico abaixo:

Com objetivo de comprovar ou refutar as hipóteses geradas a partir do problema:

A integração entre o tema transversal educação ambiental e os princípios de proteção e defesa

civil é uma medida fundamental para a criação de uma cultura de prevenção de acidentes e

desastres? Segue abaixo as perguntas contidas no formulário pesquisa de opinião e as

respectivas respostas representadas através de gráficos:

1. Você acha que a aplicação dos princípios de proteção e defesa civil na educação escolar é

uma ação fundamental para a formação de uma sociedade mais preparada para suportar os

desastres naturais a que está submetida?

SIM 78 66% NÃO 41 34%

10 45 38% 11 61 51% 12 10 8% Outros 3 3%

SIM 114 96% NÃO 3 3% Não responderam 2 2%

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49

2. Você acha que as pessoas em sua comunidade/localidade se preocupam com a promoção de

ações de prevenção antes que os desastres naturais aconteçam?

3. Você acha que o aprendizado sobre proteção e defesa civil tem haver com o tema educação

ambiental?

Porquê?

SIM 30 25% NÃO 84 71% Não responderam 5 4%

SIM 110 92% NÃO 7 6% Não responderam 2 2%

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50

A Defesa Civil ajuda a proteger a população e a preservação do meio ambiente reduz os acidentes e/ou desastres naturais.

15 11%

A preservação do meio ambiente ajuda a proteger a cidade. 22 16% Ensinam a cuidar da natureza para não sofrer com os desastres. 15 11% Proteger-se dos desastres naturais que são provocados pela natureza. 8 6% Os desastres tem haver com a educação ambiental. 8 6% Ensinam a se prevenir contra os desastres ambientais no planeta. 8 6% A relação entre o lixo jogado no meio ambiente e os desastres recorrentes. 8 6% Não responderam. 32 23% Outros 23 17%

4. Em que tipos de emergências são possíveis aplicar os princípios de proteção e defesa civil

que você aprendeu?

Enchentes 51 24% Deslizamentos 33 16% Rachaduras nas casas 4 2% Incêndios 18 8% Alagamentos 10 5% Desabamentos 31 15% Terremotos 2 1% Não responderam 31 15% Outros 32 15%

Page 51: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

51

5. O que você pode fazer para ajudar as pessoas em situação de risco a se prevenirem?

6. O que você aprendeu com o Simulado de Evacuação na sua Escola?

Informar sobre a localização de locais seguros e Pontos de Apoio. 22 16% Informar ou acionar os órgãos de emergência. 19 14% Orientar a manter a calma, desligarem o gás e saírem de casa em situações de risco na sua comunidade/localidade.

9 6%

Orientar a não construir suas casas em áreas de risco. 8 6% Ajudar na mobilização das pessoas que estão em risco, dando sempre prioridade aos portadores de necessidades especiais.

18 13%

Ensinar sobre o que fazer em situações de risco. 11 8% Entrar em contato com seus familiares. 2 1% Não responderam 16 11% Outros 35 25%

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52

Ir para Pontos de Apoio (locais seguros) com toda a família em dias de chuva muito forte, levando os documentos e remédios necessários.

9 7%

Não deixar o gás aberto, manter a calma e acionar os órgãos de emergência quando necessário.

6 4%

Ajudar as pessoas em situação de risco e orientá-las, principalmente quando for acionado o alarme ou quando ocorrer um deslizamento, enchente

25 19%

Me prevenir de situações de risco e de acidentes graves. 9 7% Levar as pessoas em risco de deslizamentos, enchentes e terremotos da comunidade para locais seguros, dando prioridade aos portadores de necessidades especiais.

13 10%

Ajudar os idosos nos desabamentos e tirar as pessoas de dentro de casa. 2 1% O trabalho em equipe é uma ação fundamental para o sucesso de uma evacuação de emergência.

6 4%

Seguir as orientações dos agentes de Defesa Civil. 1 1% Não responderam 21 16% Outros 42 31%

3.1.5. Resultados

Segundo o Instituto Geológico (Tominaga et al., 2012) o relatório anual de

estatísticas de desastres da OFDA/CRED de 2008, coloca o Brasil em 10º lugar entre os mais

afetados pelos Desastres Naturais, com cerca de 1,8 milhões de pessoas afetadas,

principalmente, por inundações, enchentes e movimentos de massa (OFDA/CRED, 2009).

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53

Levando em conta a referência econômica (Tominaga et al., 2012) o país sobe para o 7º lugar,

com cerca de US$ 1 bilhão em prejuízos em 2008.

Dentre os principais desastres que nos colocam nas primeiras posições no ranking

de vítimas e de perdas econômicas, muitos deles são decorrentes de uma ocupação

desordenada das encostas nos grandes centros, além da falta de planejamento urbano e,

principalmente, de crescimento sustentável. Sendo assim, os desastres por escorregamento de

massa se tornam vilões dos governos municipais, pois acabam sendo motores propulsores das

perdas constantes e dos pedidos tanto de calamidade pública quanto de aporte federal para

estabelecimento da situação de normalidade. Segundo Kobiyama et al. (2006 apud apud

Tominaga et al., 2012, p. 37), evitar a ocorrência desses processos “foge da capacidade

humana. No entanto, se forem adotadas medidas preventivas adequadas, seus danos podem

ser evitados ou minimizados”.

As medidas preventivas não estruturais são instrumentos poderosos para a

efetivação e consolidação de uma Política de gestão de riscos de desastres, sendo assim, há

cada vez mais a necessidade de se estabelecer medidas de controle da ocupação do solo, mas

muito mais de uma atuação entre os órgãos de defesa civil e os promotores da educação

ambiental, treinando e conscientizado, principalmente, a população vulnerável sobre a

necessidade de se preparar para suportar os desastres iminentes.

Pensando na educação ambiental como via de preparação comunitária e

ferramenta essencial para o aumento da resiliência de uma determinada comunidade, a

presente pesquisa buscou saber se entre os alunos participantes do Projeto Defesa Civil nas

Escolas, havia o entendimento da importância de se integrar a consciência da educação

ambiental com foco em desenvolver a proteção comunitária e resiliência aos desastres por

meio de ações conjuntas entre o poder público e a comunidade. Segundo as estatísticas, cerca

de 96% dos entrevistados responderam que a aplicação dos princípios de proteção e defesa

civil na educação escolar é uma ação fundamental para a formação de uma sociedade mais

preparada para suportar os desastres naturais a que está submetida. Esses dados comprovam

que o educando compreende que suas atitudes para com o ambiente no presente podem geram

efeitos danosos ou não no futuro, por isso necessita-se ainda mais de um pensamento voltado

para a sustentabilidade, fazendo deste o principal guia das políticas públicas, presente em

qualquer das esferas de governo.

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54

Além de responderam de forma favorável a aplicação concomitante da educação

ambiental com os princípios da proteção e defesa civil, os alunos justificaram as suas

respostas dizendo que há uma estreita relação entre o lixo jogado no meio ambiente e os

desastres recorrentes, além de entender que a Defesa Civil ajuda a proteger a população e que

a preservação do meio ambiente reduz os acidentes e/ou desastres naturais.

Ainda com base na pesquisa de campo, há de se constatar que cerca de 71% dos

entrevistados acham que as pessoas em sua comunidade/localidade não se preocupam com a

promoção de ações de prevenção antes que os desastres naturais aconteçam. Essa

percentagem na pesquisa é justificada pela localização das unidades escolares, visto haver

escolas localizadas próximo de comunidades em que há áreas de alto risco geológico, segundo

um mapeamento realizado pela prefeitura, através do órgão GeoRio. Nessas localidades há

projetos específicos de preparação da comunidade para atender aos alertas sonoros em caso de

chuvas fortes na região. Sendo assim, muitos desses alunos convivem em um contexto, onde

Sirenes podem ser acionadas durante os períodos de chuvas para que as mesmas saiam de suas

casas e se dirijam para locais seguros indicados pela prefeitura, por meio da Defesa Civil

municipal, a qual cuida desde o acionamento das sirenes até a mobilização de voluntários para

acompanhar os moradores nas abrigagens temporárias, chamadas Pontos de Apoio.

Desde o mês de março os professores, na medida do possível, utilizaram um

caderno didático específico para apoio do Professor e outros mais simples para consulta dos

alunos. Nestes materiais os alunos aprenderam no primeiro bimestre sobre “Noções de Defesa

Civil e Prevenção de Acidentes domésticos”, no segundo bimestre sobre “Educação

Ambiental e Desastres naturais com foco na cidade”, no terceiro bimestre sobre “Noções de

Primeiros Socorros e Cuidados Iniciais em Situação de Urgência”, e no quarto bimestre sobre

“Chuvas e suas consequências na Cidade do Rio de Janeiro - Simulado de desocupação e

atividades lúdicas complementares”. Nos dois primeiros bimestres os professores regentes

foram responsáveis pela aplicação dos conteúdos, priorizando a sua aplicação de uma forma

interdisciplinar e transversal aos conteúdos obrigatórios. No terceiro bimestre a Cruz

Vermelha Brasileira, unidade Rio de Janeiro, se responsabilizou pela aplicação teórica e

prática aos alunos. No quarto e último bimestre foi a vez da Defesa Civil, que foi até a escola

e ministrou um palestra sobre o contexto das chuvas e desastres na cidade e realizou uma

simulação de evacuação, onde os alunos do 5º ano receberam funções e coletes específicos

para mobilizarem todos os alunos desde o 1º ano até o 4º ano.

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55

Levando em conta o contexto da cidade, cerca de 24% das respostas dos alunos

foram favoráveis a enchente como um dos desastres mais recorrente e possível de serem

aplicados os princípios de proteção e defesa civil aprendidos durante o projeto. Como as

respostas não eram únicas, 16% das respostas foram direcionadas para os deslizamentos, 15%

para os desabamentos, 8% aos incêndios e ainda 15% as outras emergências, tais quais,

tsunamis, furações ou choques elétricos.

Figura 2 - Alunos do 5º ano participando como agentes públicos de uma simulação de evacuação

Fonte: SUBDEC. Rio de Janeiro em busca da resiliência frente Chuvas Fortes: Campanha da UNISDR (Estratégia Internacional Para Redução De Desastres) em parceria com a Secretaria Nacional De Defesa Civil. Disponível em: < http://www.rio.rj.gov.br/web/defesacivil/rio-resiliente>. Acesso em: 14 nov. 2013.

Perguntados sobre o que fazer para ajudar as pessoas em situação de risco a se

prevenirem, os alunos responderam de diversas formas, por isso as respostas foram

concentradas de acordo com a similaridade e contexto e não de acordo com a transcrição

literal dos textos. Feito isso se constatou que a grande maioria das respostas estava

relacionada à possibilidade de informar sobre a localização de locais seguros e Pontos de

Apoio e na ajuda das pessoas que estão em risco, dando sempre prioridade aos portadores de

necessidades especiais quando for necessário mobilizá-los.

Page 56: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

56

Figura 3 - Alunos do 1º ao 4º ano retornando da quadra da escola após a conclusão do Simulado de Evacuação.

Fonte: SUBDEC. Rio de Janeiro em busca da resiliência frente Chuvas Fortes: Campanha da UNISDR (Estratégia Internacional Para Redução De Desastres) em parceria com a Secretaria Nacional De Defesa Civil. Disponível em: < http://www.rio.rj.gov.br/web/defesacivil/rio-resiliente>. Acesso em: 14 nov. 2013.

Depois de concluído o Simulado de Evacuação, no quarto bimestre, os alunos

foram perguntados sobre o que aprenderam com esse processo e muitas respostas estavam

ligadas a ajudar as pessoas em situação de risco, orientando-as, principalmente quando for

acionado o alarme ou quando ocorrer um deslizamento ou enchente.

Diante das estatísticas geradas pela presente pesquisa, entende-se que a aplicação

dos conceitos de educação ambiental em consonância com os princípios da proteção e defesa

civil só tem a contribuir para a formação de uma população mais consciente do seu papel de

redução dos riscos de desastres, seja evitando que os mesmos aconteçam ou trabalhando para

minimizar os seus efeitos desastrosos.

Page 57: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

57

CONCLUSÃO

A inserção da Educação Ambiental como tema transversal a ser aplicado nas

instituições de ensino trouxe muitos benefícios para o aumento da consciência ambiental na

época, algo quase nulo há alguns tempos atrás. No entanto, nos tempos atuais há uma grande

demanda pelo desenvolvimento de uma visão sustentável e, consequentemente, que

contemple a perspectiva de um crescimento planejado. Nesse contexto temos a ocorrência de

grandes desastres naturais ou não que atingem, em sua grande maioria, a população

socialmente vulnerável, gerando grandes demandas quanto ao planejamento de ações que

visem à redução dos riscos de desastres.

Trabalhar com prevenção e redução de riscos se torna necessário, pois as

mudanças ambientais produzem demandas constantes por uma população preparada para

minimizar tanto as ocorrências, quanto os efeitos danosos dos incidentes constantes. Contudo,

a aplicação dos conceitos precisa ser realizada de forma a adaptar-se ao contexto específico

dos educandos, levando em conta as vulnerabilidades sociais que se está exposto.

Paulo Freire (2011) disse que os povos sujeitos aos terremotos se adaptaram a eles

e por isso desenvolveram uma engenharia específica para, na medida do possível, sobreviver a

eles. Sendo assim, para o educador “Não podemos eliminá-los, mas podemos diminuir os

danos que nos causam”. Essa atuação demonstrar a necessidade de um aprendizado específico

para que possamos intervir na realidade ao invés de ficarmos constantemente nos adaptando

aos problemas.

As alterações que Lei nº 12.608 de 2012 realizou na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação se tornaram um marco no Brasil para as ações de proteção e defesa civil, visto

demonstrar um novo entendimento do poder público acerca da urgência de se conscientizar a

população desde a formação básica, quanto à necessidade de se trabalhar coletivamente para

reduzir os inúmeros riscos de desastres em seu contexto social, fato largamente compreendido

nos países orientais que sofrem diariamente com catástrofes e desastres naturais.

Incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma

integrada aos conteúdos obrigatórios nos currículos do ensino fundamental e médio é uma

medida interessante, no entanto há se se aferir a efetividade dessas ações no curto, médio e

Page 58: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

58

longo prazo (§7º do Art. 26 da LDB/96). Por isso o problema desenvolvido discute se a

integração entre esses temas é realmente uma medida fundamental para a criação de uma

cultura de prevenção de acidentes e desastres?

Dessa maneira, ao longo da pesquisa, buscou-se a confirmação ou não das hipóteses

que entendem que a aplicação dos princípios de proteção e defesa civil na educação escolar

em conjunto com o tema transversal educação ambiental é imprescindível para a criação de

uma sociedade resiliente aos desastres, porém não suficiente para desenvolver completamente

uma cultura de prevenção de desastres na população brasileira, visto ainda estarmos

arraigados em uma cultura de improviso e de total despreocupação com o longo prazo.

A construção do Quadro de Ação de Hyogo em 2005 foi uma medida importante,

pois definiu um prazo de 10 anos para iniciarmos um processo de construção da resiliência de

nações e comunidades, tendo cinco prioridades principais, das quais, a terceira pretende

promover a conscientização e compreensão da população acerca da redução dos riscos de

desastres de uma forma efetiva e contínua.

A pesquisa de campo baseou-se no Projeto Defesa Civil nas Escolas, iniciativa da

Subsecretaria de Defesa Civil para a perfeita adequação do sistema de ensino municipal as

mais novas demandas por uma integração entre a educação ambiental e os princípios de

proteção e defesa civil. Desde o início do ano de 2013 os professores vêm trabalhando com

um caderno didático específico, o qual fala especificamente sobre “Noções de Defesa Civil e

Prevenção de Acidentes domésticos”, “Educação Ambiental e Desastres naturais com foco na

cidade”, “Noções de Primeiros Socorros e Cuidados Iniciais em Situação de Urgência” e

“Chuvas e suas consequências na Cidade do Rio de Janeiro - Simulado de desocupação e

atividades lúdicas complementares”.

Para aferir a efetividade da mudança legislativa, bem como os resultados do

projeto, aos alunos de quatro escolas participantes do projeto forma convidados a

preencherem uma pesquisa de opinião. O resumo das respostas demonstrou que há um

entendimento dos participantes quanto à importância da aplicação dos princípios de proteção

e defesa civil na educação escolar, como uma ação fundamental para a formação de uma

sociedade mais preparada para suportar os desastres naturais a que está submetida. Cerca de

96% dos entrevistados responderam afirmativamente quando questionados sobre o novo

aprendizado e sua importância, no entanto 71% dos mesmos disseram que as pessoas em sua

Page 59: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

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comunidade não estão se preparando preventivamente para suportar os desastres a que se está

submetida. Dentre os motivos, eles justificaram dizendo que há uma estreita relação entre o

lixo jogado no meio ambiente e os desastres recorrentes, além de entender que a Defesa Civil

ajuda a proteger a população e que a preservação do meio ambiente reduz os acidentes e/ou

desastres naturais.

A cidade do Rio de Janeiro possui muitas particularidades geográficas que

acabam favorecendo a ocorrência de desastres como enchente e deslizamentos. O seu

contexto histórico e os inúmeros descasos do poder público fizeram com que a aglomeração

urbana aumentasse e consequentemente os problemas com incêndios e acidentes domésticos.

Para os alunos, cerca de 24% das respostas, a enchente é o desastres mais recorrente e

passível de serem aplicados os princípios de proteção e defesa civil aprendidos durante o

projeto. Houve também 16% para os deslizamentos, 15% para os desabamentos, 8% para os

incêndios e ainda 15% para as outras emergências, tais quais, tsunamis, furações ou choques

elétricos.

Diante das estatísticas geradas pela presente pesquisa, entende-se que a aplicação

dos conceitos de educação ambiental em consonância com os princípios da proteção e defesa

civil só tem a contribuir para a formação de uma população mais consciente do seu papel de

redução dos riscos de desastres, seja evitando que os mesmos aconteçam ou trabalhando para

minimizar os seus efeitos desastrosos.

Por fim, esta pesquisa tem potencial para se tornar a base de outras iniciativas

governamentais para a promoção da redução de riscos de desastres nas escolas, como via a

trabalhar na conscientização e preparação da população para ser mais resiliente aos desastres,

além de incentivar os centros acadêmicos a desenvolverem metodologias interdisciplinares e

transversais específicas aos diversos contextos das cidades brasileiras, trabalhando para

minimizar os prejuízos econômicos, bem como os danos humanos.

Page 60: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

60

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2013.

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64

ANEXOS

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ANEXO A

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE E DEFESA CIVIL

SUBDEC – SUBSECRETARIA DE DEFESA CIVIL

“PROJETO DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS”

CETREM - CENTRO DE TREINAMENTO PARA EMERGÊNCIAS

RIO DE JANEIRO – RJ

FEVEREIRO – 2013

Versão 2.0

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66

1 – INTRODUÇÃO

A Cidade do Rio de Janeiro, com seus mais de 6 milhões de habitantes,

possui problemas como qualquer outra grande metrópole.

Além disso, o nosso município possui características bastante peculiares.

Trata-se de uma cidade espremida entre o mar e a montanha que sofreu uma

ocupação desordenada durante décadas que ocasionou em uma alta densidade

populacional nos morros com risco geológico. Como conseguinte, as chuvas

torrenciais de verão provocam graves danos não apenas ambientais e materiais,

mas principalmente Danos Humanos, entre os quais os óbitos, causados por

Deslizamentos de Encostas.

O desastre ocorrido entre os dias 05 e 07 de abril de 2010, no qual 67

pessoas morreram, todas moradoras de comunidades carentes localizadas em

encostas, representou um marco nas ações do Sistema Municipal de Defesa Civil.

Desde então diversas ações foram fortalecidas e muitas outras foram iniciadas com

o objetivo de tornar as comunidades mais resilientes, ou seja, com maior

capacidade de adaptação para absorver os impactos de eventos adversos, bem

como possibilitar um rápido retorno a normalidade.

A Defesa Civil Municipal (Subsecretaria de Defesa Civil – SUBDEC) vem

desenvolvendo o Programa de Proteção Comunitária, que engloba os projetos:

Capacitação e Treinamento dos Moradores, Sistema de Alerta e Alarme

Comunitário e Defesa Civil nas Escolas. Além disso, promoveu o Fortalecimento

Institucional.

O Projeto Defesa Civil nas Escolas significa não apenas o aperfeiçoamento

de algumas ações em desenvolvimento, ou já desenvolvidas, pela SUBDEC e pela

SME (Simulado nas Escolas, Construindo a cidadania nas Escolas ou Palestras para

os Coordenadores Pedagógicos e alunos do Grêmio das 10 CRE’s) mas o

atendimento, de forma sistemática e com metodologia, das novas diretrizes da LDB (par. 7º, art. 26 da Lei 9.394 de 20/12/96).

Assim sendo, este documento se propõe a sugerir à Secretaria Municipal de

Educação uma metodologia para começar a abordar o tema “Proteção e Defesa

Civil” no ano de 2013.

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2 – OBJETIVO GERAL

Incorporar conceitos de Redução de Risco de Desastre e/ou Acidentes à

educação escolar.

3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Esclarecer as ameaças da cidade e suas possíveis consequências.

Conscientizar os moradores das áreas de risco sobre as ações pró ativas de

mitigação das vulnerabilidades.

Estimular a discussão sobre o tema dentro das casas, no ambiente familiar.

Prover noções básicas de Primeiros Socorros à população.

Incentivar a formação de uma Cultura de Prevenção na sociedade como um

todo.

4 – PÚBLICO ALVO

4.1 – UNIDADES ESCOLARES

Propõe que no ano de 2013 o projeto comece, de forma experimental, como

piloto, nas Escolas Públicas Municipais que possuem turno integral de ensino,

em função da carga horária mais extensiva proporcionando uma maior facilidade de

implantar o projeto. São 38 Escolas e a relação das mesmas está no anexo I

(Relação de escolas de turno integral).

Cabe ressaltar que as escolas que não estejam nesta relação, mas sejam

localizadas nas proximidades de comunidades mapeadas com imóveis em área de

alto risco geológico, serão contempladas pelo Simulado de Desocupação (como já é

feito atualmente) e por Atividades Lúdicas Complementares.

4.2 – NÍVEL DE INSTRUÇÃO DOS ALUNOS

O projeto será executado com alunos do 5º ano (antiga 4ª série), que é o

último ano do 1º segmento do Ensino Fundamental. A faixa etária regular destes

alunos é entre 10 e 11 anos, porém é comum a presença de alunos (atrasados) de

12 ou mais anos de idade.

Convém ressaltar que o Simulado de Desocupação e as Atividades Lúdicas

Complementares envolverão os alunos do 1º ao 4º ano.

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68

5 – METODOLOGIA

O conteúdo a ser desenvolvido está dividido em 4 (quatro) tópicos/assuntos,

quais sejam:

1 – Noções de Defesa Civil e Prevenção de Acidentes domésticos.

2 – Educação Ambiental e Desastres naturais com foco na cidade.

3 – Noções de Primeiros Socorros e Cuidados Iniciais em Situação de

Urgência.

4 – Chuvas e suas conseqüências na Cidade do Rio de Janeiro, Simulado de

desocupação e atividades lúdicas complementares.

Propõe-se que cada um destes assuntos seja abordado em 1 (um) bimestre,

através de pelo menos 2 (duas) horas/aulas, seja em aulas expositivas ou por meio

de projetos interdisciplinares, priorizando os conteúdos de Ciências. Os itens 1 e 2

devem seguir a ordem acima (item 1 no 1º bimestre e item 2 no 2º bimestre – os

itens 3 e 4 podem se alternar no 3º e 4º bimestres ou serem realizados em 2

bimestres e 1 mês). Convém esclarecer que no 5º ano o professor é multidisciplinar,

portanto pretende-se, ainda, que os Desastres sejam abordados como “tema

transversal”, nas demais disciplinas, juntamente com a questão do Meio Ambiente.

Com exceção da aula do tópico 3 (Noções de Primeiros Socorros e Cuidados

Iniciais em Situação de Urgência) e das aulas do tópico 4 (Chuvas e suas

conseqüências na Cidade do Rio de Janeiro, Simulado de desocupação e atividades

lúdicas complementares), que serão ministrados pela Cruz Vermelha Brasileira e

Subsecretaria de Defesa Civil, os demais assuntos serão ministrados pelos

professores regulares da turma. Todos os conteúdos propostos para os temas estão

detalhados anexo II (Plano de Curso).

Assim sendo, os professores passarão por um Plano de Nivelamento do Conhecimento em Defesa Civil e Proteção Comunitária, promovido pelos

técnicos da Defesa Civil e da Cruz Vermelha Brasileira, que será composto por: uma

capacitação de 4 (quatro) horas/aula; a disponibilização de material didático voltado

para o docente; a disponibilização de material informativo voltado para os alunos a

ser deixado na biblioteca da escola; a entrega de cartilhas tipo “passa-tempo” para

todos os alunos do 5º ano.

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69

A capacitação dos professores em 4 (quatro) horas, será realizada em

período à ser definido de pela secretaria de educação, sendo dividida da seguinte

forma:

- Apresentação do projeto

- Educação Ambiental e Desastres naturais com foco na cidade

- Noções de Defesa Civil e Prevenção de Acidentes

- Chuvas e suas conseqüências na Cidade do Rio de Janeiro

- Cuidados Iniciais em Situação de Urgência

6 – METAS DO PROJETO

a) Executar o Projeto, por um prazo de 10 (dez) meses, a contar de

01/03/2013, com previsão de reativação em 01/03/2014;

b) Treinar, por intermédio do Simulado de Desocupação nas Escolas, cerca

de xx(xxx) Alunos, divididos em 38 (trinta e oito) Escolas Municipais, até o dia 30/11/2013;

c) Formar, por intermédio do Projeto Defesa Civil nas Escolas, cerca de

1.140 (mil cento e quarenta) Alunos em Agentes Juvenis de Defesa Civil,

até o dia 30/11/2013;

d) Capacitar, cerca de 38 (trinta e oito) professores nos conteúdos de

Defesa Civil presentes no material confeccionado pelo CETREM;

e) Mobilizar a Rede de Voluntários da Defesa Civil para auxiliar nas

capacitações e atividades práticas;

f) Integrar e mobilizar os Agentes Comunitários de Saúde e Defesa Civil

das Clínicas da Família para orientar e apoiar nas ações de capacitação e

treinamento dos alunos da rede pública.

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70

7 – AVALIAÇÃO

Para fins de aferição da efetividade do projeto será realizada uma avaliação

bimestral, a qual será realizada por meio de relatórios contendo uma breve

descrição dos trabalhos pedagógicos desempenhados nesse período. O

preenchimento dos mesmos será realizado pela direção da unidade escolar em

conjunto com o(s) docente(s) regente(s) da turma(s). O modelo do relatório se

encontra no anexo III (Modelo de Relatório de Atividades).

8 – METODOLOGIA PEDAGÓGICA

Os conteúdos propostos no Plano de Curso devem ser abordados de forma

lúdico-interativa, priorizando uma relação dialógica, de forma que os alunos sintam-

se participantes do seu processo de ensino-aprendizagem. Será interessante, ainda,

a aplicação dos conteúdos propostos com foco em projetos interdisciplinares, de

forma a trabalhar os mesmos em integração com as diferentes disciplinas presentes

no currículo escolar.

Cabe informar que o cumprimento da carga horária bimestral diz respeito à

aplicação dos conteúdos de cada unidade proposta no Plano de Curso, sendo

assim, o docente pode realizá-las através de projetos interdisciplinares,

concomitante com a aplicação dos conteúdos regulares de Língua Portuguesa,

Geografia, História, Ciências, Matemática, Meio Ambiente. No anexo IV há uma

série de sugestões de atividades que o docente poderá realizar, com foco em

projetos.

9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Preparação dos Moradores das comunidades e a implantação do Sistema

de Alerta e Alarme Comunitário são medidas fundamentais na Redução dos

Desastres, em especial na minimização dos Danos Humanos.

A estas ações devem se somar outras medidas preventivas com atuações

diretas nas comunidades (Reflorestamento, Ecolimites, Obras de Infra estrutura –

entre elas obras de Contenção de Encostas, Programa Permanente de Coleta de

Lixo, entre outras ações), assim como ações envolvendo tecnologia e conhecimento

Page 71: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

71

(Mapeamento de Risco, Aparelhamento do Sistema de Previsão e Monitoramento

das Chuvas, Implantação de um Centro de Operações, etc). Mais do que isso, é

necessário um investimento, na educação de crianças, jovens e adultos, estudantes

ou não, com objetivo de produzir uma cultura de prevenção de desastres em toda

população carioca, principalmente, nas famílias que estão em áreas de maior risco

de ocorrência de desastres ou em situações de vulnerabilidade social. Isto trará

resultados não apenas a longo prazo (com futuros cidadãos esclarecidos), mas

também em curto e médio prazo (em função ao estímulo da discussão dos assuntos

no ambiente familiar).

Desta forma, e complementando com ações integradas, rápidas e eficientes

de Resposta e Reconstrução, o Município do Rio de Janeiro poderá se tornar uma

Cidade Resiliente, tanto à Chuvas Fortes, quanto aos demais desastres, e com isso

ganhar uma grande capacidade de enfrentar, se adaptar e absorver os impactos

destes tipos de ocorrências e restaurar a normalidade o mais breve possível.

Page 72: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

72

Anexo I – Relação de Escolas em Turno Integral

E/1ª CRE Designação Unidade Escolar

1 01.02.001 EM CELESTINO DA SILVA

2 01.03.502 EM CANADÁ

3 01.07.501 EM EDMUNDO BITTENCOURT

4 01.21.003 EM JÚLIA LOPES DE ALMEIDA

Santa Teresa - Morro dos Prazeres. Centro. Estácio. Santo Cristo. São Cristóvão - Tuiuti. Stª Teresa. Saúde. Bairro de Fátima. Gamboa. Benfica. Cidade Nova. Catumbi. Santa Teresa. Rio Comprido - Turano. Caju. Mangueira. Mangueira - Morro dos Telégrafos. Vasco da Gama. Praça Onze. Santa Tereza. Paquetá. São Cristóvão. Praça Mauá. Rio Comprido.

E/2ª CRE Designação Unidade Escolar

1 02.06.010 EM CAPISTRANO DE ABREU

2 02.04.502 CIEP AGOSTINHO NETO

3 02.08.502 CIEP ANTOINE M. TORRES

4 02.08.501 CIEP SAMUEL WAINER

Vidigal. Rocinha. Praia Vermelha. Copacabana - Morro dos Cabritos. Catete. Grajaú - Morro Nova Divinéia. Flamengo. Lagoa. Tijuca - Andaraí. Leblon. Usina. Tijuca - Comunidade Chacrinha. Praça da Bandeira. Jardim Botânico. Urca. Tijuca. Andaraí - Morro do Andaraí. Leme. Ipanema. Grajaú. Laranjeiras. Rio Comprido. Copacabana. Alto da Boa Vista. Vila Isabel. Glória. São Conrado. Humaitá. Maracanã. Andaraí. Botafogo. Andaraí - Jamelão. Gávea. Cosme Velho. Alto Boa Vista. Praça Da Bandeira.

E/3ª CRE Designação Unidade Escolar

1 03.12.021 EM EURICO VILLELA

2 03.12.035 EM ANTONIO PEREIRA

3 03.12.503 CIEP CORONEL SARMENTO

4 03.13.018 EM ISABEL MENDES

5 03.13.022 EM PROFESSOR AUGUSTO PAULINO FILHO

Bonsucesso. Manguinhos. Complexo do Alemão - Ramos. Higienópolis. Bonsucesso - Complexo do Alemão. Largo do Jacaré. Cachambi. Méier. Del Castilho. Abolição. Ramos. Piedade. Rocha. Jacaré. Maria Da Graça. Riachuelo. Água Santa. Inhaúma. Engenho Da Rainha. Jacarezinho. Engenho De Dentro. Tomáz Coelho. Lins de Vasconcelos. Engenho Novo. Tomás Coelho. Pilares. Sampaio. Triagem. Todos os Santos. Engenho de Dentro. Encantado.

E/4ª CRE Designação Unidade Escolar

1 04.10.502 CIEP FRANCISCO MIGNONE

2 04.11.502 CIEP BRANDÃO MONTEIRO

3 04.20.014 EM HOLANDA (*)

4 04.31.013 EM MONTESE

Page 73: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

73

Olaria. Freguesia. Manguinhos - Bonsucesso. Ramos. Portuguesa. Cocotá. Tubiacanga. Zumbi. Praça da Bandeira. Manguinhos. Penha. Guarabu. Bonsucesso. Vila Da Penha. Tauá. Ilha do Governador. Benfica. J. Carioca. Jardim América. Brás de Pina. Parada de Lucas. Itacolomi. Penha Circular. Pitangueiras. Cordovil. Penha Circular. Moneró. Galeão. J. Guanabara. ILHA DO GOVERNADOR. Praça Do Carmo/Penha. Bancários. Vila do João / Maré. C. Universitária. Vigário Geral.

E/5ª CRE Designação Unidade Escolar

1 05.14.016 EM PIRES E ALBUQUERQUE

2 05.14.501 CIEP D. OSCAR ROMERO

3 05.15.502 CIEP PROF. MANOEL MAURÍCIO DE ALBUQUERQUE

4 05.15.503 CIEP METALÚRGICO BENEDICTO CERQUEIRA

Cascadura. Marechal Hermes. Campinho. _. Vicente de Carvalho. Rocha Miranda. Bento Ribeiro. Irajá. Quintino Bocaiúva. Turiaçu. Madureira. Vista Alegre. Vila Da Penha. Cavalcante. Irajá . Osvaldo Cruz. Colégio. Vila Kosmos. Vaz Lobo. Honório Gurgel.

E/6ª CRE Designação Unidade Escolar

1 06.22.206 CIEP ANTON MAKARENKO

2 06.22.204 CIEP JOÃO DO RIO

3 06.22.203 CIEP OSWALD DE ANDRADE

4 06.22.201 CIEP POETA FERNANDO PESSOA

Coelho Neto. Acari. Costa Barros. Guadalupe. Irajá. Barros Filho. Parque Anchieta. Deodoro. Caminho do Job - Pavuna. Jardim Cristina Capri - Anchieta. Anchieta. Conj. Hab. Amarelinho - Irajá. Pavuna. Ricardo de Albuquerque.

E/7ª CRE Designação Unidade Escolar

1 07.16.503 CIEP DR. ADELINO DA PALMA CARLOS

2 07.24.014 EM PROFESSORA DIDIA MACHADO FORTES

3 07.34.502 CIEP JOÃO BATISTA DOS SANTOS

Barra da Tijuca. Anil. Tanque. Vila Valqueire. Camorim. Taquara. Rio Das Pedras. Pechincha. Freguesia. Curicica. Itanhangá. Vargem Pequena. Praça Seca. Cidade de Deus. Cidade De Deus. Vargem Grande. Recreio dos Bandeirantes. Gardênia Azul. Jacarepaguá. Jacarepaguá - Taquara. Anil -Jacarepaguá. Rio das Pedras. Rio das Pedras - Jacarepaguá. Maré - Bonsucesso. Recreio.

E/8ª CRE Designação Unidade Escolar

1 08.17.509 CIEP MAESTRINA CHIQUINHA GONZAGA

2 08.17.508 CIEP POETA CRUZ E SOUZA;

3 08.17.207 CIEP VILA KENNEDY

4 08.33.012 ESCOLA MUNICIPAL ÁLVARO ALVIM.

Senador Camará. Guadalupe. Realengo. G. Da Silveira. Magalhães Bastos. PADRE MIGUEL. Deodoro. Bangu. Jabour. Santíssimo. Sulacap.

Page 74: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

74

Padre Miguel. Vila Militar. Jardim Sulacap. Vila Kennedy.

E/9ª CRE Designação Unidade Escolar

1 09.18.086 E.M. PROF. FABIO CESAR PACÍFICO

2 09.18.088 E.M. APOLÔNIO DE CARVALHO

3 09.18.504 CIEP FRANCISCO CAVALCANTE PONTES DE MIRANDA

4 09.18.507 CIEP PROF. DARCY RIBEIRO

Nova Iguaçú. Campo Grande. Senador Augusto Vasconcelos. Santíssimo. Inhoaíba. Cosmos. COSMOS. CAMPO GRANDE. Senador Vasconcelos.

E/10ª CRE Designação Unidade Escolar

1 10.19.046 E. M. ZULMIRA TELLES DA COSTA

2 10.19.501 CIEP 1º DE MAIO

PACIÊNCIA. Barra De Guaratiba. GUARATIBA. Ilha De Guaratiba. Paciência. S. Fernando Santa Cruz. Sepetiba. Jardim dos Vieiras, Paciência. Pedra de Guaratiba. SANTA CRUZ. Santa Cruz. Guaratiba. Cosmos.

CRE’s Unidades

Escolares 1 4

2 4

3 5

4 4

5 4

6 4

7 3

8 4

9 4

10 2

Total 38

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75

Anexo II – Plano de Curso

Série: 5º Ano Período: 2013

Carga horária: 8 horas

Professore(s): Regente da Turma

Justificativa: A grande maioria dos acidentes e desastres naturais poderiam ser evitados

ou até mesmo minimizados se houvesse algum investimento em ações de Educação em

Proteção Civil. A Cidade do Rio de Janeiro, com seus mais de 6 milhões de habitantes,

possui problemas como qualquer outra grande metrópole. O município do Rio de Janeiro

possui características bastante peculiares, pois trata-se de uma cidade espremida entre o

mar e a montanha que sofreu uma ocupação desordenada durante décadas que ocasionou

em uma alta densidade populacional nos morros com risco geológico. Como conseguinte, as

chuvas torrenciais de verão provocam graves danos não apenas ambientais e materiais,

mas principalmente Danos Humanos, entre os quais os óbitos, causados por Deslizamentos

de Encostas. Sendo assim entende-se a grande maioria dos acidentes e desastres naturais

poderiam ser evitados ou até mesmo minimizados se houvesse algum investimento em

ações de Educação em Proteção Civil. O Projeto Defesa Civil nas Escolas significa o

atendimento, de forma sistemática e com metodologia, das novas diretrizes da LDB

(par. 7º, art. 26 da Lei 9.394 de 20/12/96).

Objetivos Gerais: Ao final do curso, os alunos deverão ter atingido uma formação que os

capacite com os instrumentos necessários para a incorporação dos conceitos de Redução

de Risco de Desastre e/ou Acidentes. E com isso produzir na cidade uma cultura de

prevenção de desastres e o aumento da percepção de riscos da população.

Page 76: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

76

Unidade Temática 1: Noções de Defesa Civil e Prevenção de Acidentes domésticos

1º Bimestre: mar./abr.

Disciplinas envolvidas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Meio Ambiente, Ciências

Objetivos Específicos:

Conhecer a História da Defesa Civil no Brasil e no Mundo;

Identificar a Simbologia Nacional, Estadual e Municipal da Defesa

Civil;

Prevenir acidentes domésticos.

Conteúdos de Ensino:

Unidade 1: O que é Defesa Civil?

1.1 A História do surgimento da Defesa Civil no Mundo.

1.2 A História da Defesa Civil no Brasil.

1.3 O significado dos componentes simbológicos do logo da Defesa Civil.

Unidade 2: Percepção de Risco e o quê fazer?

2.1 Quais tipos de acidentes domésticos mais comuns.

2.2 O que fazer em situações de Inundações, Raios, Ventos fortes, deslizamentos, etc.

2.3 Cuidados cotidianos com pipas, balões, gás de cozinha, produtos de limpeza, incêndios domésticos, etc.

Procedimentos Didáticos:

- Aula expositiva dialogada: a história da Defesa Civil na Segunda Guerra Mundial e seu surgimento no Brasil.

- Explicação dos componentes do logotipo da Defesa Civil, através da confecção de desenhos pelos próprios alunos.

- Assistir vídeos sobre acidentes domésticos, com balões, pipas, etc.

- Debate na turma sobre o uso de cerol, balões, objetos cortantes, manuseio de produtos inflamáveis e químicos.

- Contar histórias sobre incidentes e suas possíveis intervenções preventivas.

- Entrevista com responsáveis sobre acidentes domésticos sofridos na infância.

Recursos:

- DVD player; lousa; pincel para quadro branco; apagador; livro de

apoio docente.

Page 77: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

77

Nº/Aulas 2 aulas (*)

Avaliação

A avaliação deste módulo será diagnóstica e formativa, a partir da sondagem, observação diária e acompanhamento dos alunos nas tarefas individuais e em grupos, de maneira formal e informal, através de:

- exercícios de fixação de todo conteúdo trabalhado nesta unidade nas duas disciplinas;

- participação individual nos debates e na confecção de logotipos próprios para a Defesa Civil e outros (responsabilidade, domínio de conteúdo e capacidade de pesquisa);

- participação nas tarefas de grupo (responsabilidade, envolvimento, sociabilidade);

- a auto-avaliação também será estimulada.

Unidade Temática 2: Educação Ambiental e Desastres naturais com foco na cidade

1º Bimestre: mai./jun.

Disciplinas envolvidas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Meio Ambiente, Ciências

Objetivos Específicos:

Assimilar os conceitos de Sustentabilidade e Educação Ambiental;

Conhecer a relação entre o descarte incorreto do lixo e a ocorrência de desastres e doenças;

Reconhecer a importância da preservação ambiental.

Conteúdos de Ensino:

Unidade 1: Educação ambiental e ocorrência de Desastres

1.1 Conceitos básicos de Ecossistema, Biodiversidade, Efeito Estufa, Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável e Reciclagem.

1.2 Conceitos básicos de Desastres, Ameaças, Risco, Vulnerabilidade.

1.3 Relações entre Desperdício e Descarte incorreto do lixo com a ocorrência de desastres.

Procedimentos Didáticos:

- Aula expositiva dialogada: os conceitos básicos de Educação Ambiental e Desastres.

- Assistir vídeos sobre o tratamento do lixo e possíveis consequências

Page 78: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

78

do descarte incorreto.

- Visualizar fotos e imagens sobre descarte incorreto do lixo e suas possíveis consequências.

- Debate na turma sobre o descarte correto do lixo e uso sustentável dos recursos naturais.

- Contar história

- Dramatização em grupo após a exposição oral do professor

- Tempestade de Idéias

Recursos:

- DVD player; lousa; pincel quadro branco; apagador; livro de apoio docente.

Nº/Aulas 2 aulas (*)

Avaliação

A avaliação deste módulo será diagnóstica e formativa, a partir da sondagem, observação diária e acompanhamento dos alunos nas tarefas individuais e em grupos, de maneira formal e informal, através de:

- exercícios de fixação de todo conteúdo trabalhado nesta unidade nas duas disciplinas;

- participação individual no estudo dirigido, nos debates, nas pesquisas e nas outras responsabilidades, além do domínio de conteúdos;

- participação nas tarefas de grupo (responsabilidade, envolvimento, sociabilidade);

- a auto-avaliação também será estimulada.

Unidade Temática 3: Noções de Primeiros Socorros e Cuidados Iniciais em Situação de Urgência

1º Bimestre: jul./ago.

Disciplina envolvidas: Saúde

Objetivos Específicos:

Conhecer as diferentes situações de socorros;

Aprender a lidar em casos de ferimentos, fraturas ou lesões

ortopédicas, queimaduras, convulsões, picadas de animais

Page 79: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

79

peçonhentos, etc;

Praticar os procedimentos básicos de Primeiros Socorros.

Conteúdos de Ensino:

Unidade 1: Noções de Primeiros Socorros

1.1 O que fazer em caso de Ferimentos leves (Cortes e Escoriações);

1.2 Como lidar com situações de Fraturas / lesões ortopédicas;

1.3 Cuidados para evitar Intoxicações e Envenenamentos e o que fazer nas situações de ocorrência.

1.3 Cuidados básicos com Animais peçonhentos;

1.4 O que fazer em caso de Queimaduras;

1.5 O que fazer em caso de Alterações Psicomotoras (Convulsões, Epilepsia, Perturbação Mental, Vertigem, etc.)

1.6 RCP

Procedimentos Didáticos:

- Aula expositiva dialogada sobre as ações de Primeiros Socorros nas diversas situações domésticas.

- Explicação dos procedimentos práticos em socorros.

- Assistir vídeos sobre atuação em socorros.

- Visualizar fotos e imagens sobre ações de primeiros socorros.

- Prática em atuação nos primeiros socorros.

Recursos:

- Notebook, Projetor; lousa; pincel quadro branco; apagador; livro de

apoio docente.

Nº/Aulas 2 aulas (*)

Avaliação

A avaliação deste módulo será diagnóstica e formativa, a partir da sondagem, observação e acompanhamento dos alunos nas tarefas individuais e em grupos, de maneira formal e informal, através de:

- exercícios práticos de fixação de todo conteúdo trabalhado nesta unidade;

- participação individual nas práticas e nas discussões, bem como o domínio do conteúdo teórico - pratico;

- participação nas tarefas de grupo (responsabilidade, envolvimento,

Page 80: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

80

sociabilidade);

- a auto-avaliação também será estimulada.

Unidade Temática 4: Chuvas e suas conseqüências na Cidade do Rio de Janeiro - Simulado de desocupação e atividades lúdicas complementares

1º Bimestre: set./out./nov.

Disciplina envolvidas: Defesa Civil

Objetivos Específicos:

Conhecer o Sistema de Alerta e Alarme;

Reconhecer os efeitos desastrosos das Chuvas Fortes na Cidade;

Praticar a mobilização combinada do Sistema A2C2.

Conteúdos de Ensino:

Unidade 1: Sistema A2C2

1.1 Conceitos básicos do Sistema de Alerta e Alarme

1.2 Explicação do processo de evacuação em situações de risco de desastres

3.3 Exercício prático de evacuação através do Simulado na Escola.

Procedimentos Didáticos:

- Aula expositiva dialogada: O Sistema A2C2.

- Explicação conceito de evacuação comunitária.

- Assistir vídeos sobre outros simulados nas escolas

- Exercício prático de evacuação de toda unidade escolar.

Recursos:

- Projetor; Notebook, lousa; pincel, quadro branco; apagador; livro de

apoio docente.

Nº/Aulas 2 aulas (*)

Avaliação

A avaliação deste módulo será diagnóstica e formativa, a partir da sondagem, observação diária e acompanhamento dos alunos nas tarefas individuais e em grupos, de maneira formal e informal, através de:

- exercícios de práticos de evacuação escolar;

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81

- participação individual nas aulas expositivas;

- participação nas tarefas de grupo (responsabilidade, envolvimento, sociabilidade);

- a auto-avaliação também será estimulada.

(*) Obs.: A divisão do número de aulas propostas nos para cada disciplina poderá se alterar

em virtude da opção do professor em relação ao modo de trabalhar as diferentes áreas do

conhecimento, disciplinas ou até mesmo em relação as características da turma. Tomando

por base a importância da integração entre as áreas do conhecimento, as disciplinas

poderiam ser trabalhadas ao mesmo tempo e os objetivos alcançados juntos também.

Page 82: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

82

Anexo III – Relatório de Avaliação

Dados da Instituição Escolar

Nome da Escola: ___________________________________________________________________________________________

e-mail da Escola: ___________________________________________________________________________________________

Blog da Escola: _____________________________________________________________________________________________

Tel: ________________________________________________ Diretora: _____________________________________________

Turma do 5º ano (_________________)

Professor(a): ______________________________________________Turma: _____________ Nº de alunos: _________

Bimestre: ________ Nº de alunos: _______________

Estratégia(s) Didático-Pedagógica Utilizada(s)

Aula expositiva dialogada ( ) Debate ( ) Estudo dirigido ( ) Jogos ( ) Dramatização ( )

Tempestade de idéias ( ) Entrevista ( ) Passeio ( ) Projeto interdisciplinar ( )

Descreva a(s) estratégia(s) utilizada(s) abaixo:

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________ __________________________________

Assinatura do Diretor Assinatura do Professor Regente

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Anexo IV – Sugestão de Atividades

1. Identificando locais de risco em meu contexto social

Objetivo: Localizar e fotografar as áreas de risco do seu bairro ou comunidade.

Áreas envolvidas: Geografia, Ciências e Meio Ambiente.

Estratégia de Trabalho:

Solicitar aos alunos que façam uma pesquisa prática, identificando áreas que apresentam algum tipo de risco em seu contexto social;

Usar as imagens e fotografias para explicar as questões ambientais, descarte de correto do lixo, desastres, etc;

Montagem de um grande livro com as fotos e imagens colhidas e um mapa marcado com as áreas identificadas pelos alunos.

2. Conhecendo minha localidade

Objetivo: Buscar relatos e fotos dos moradores mais antigos sobre as mudanças ambientais ocorridas no bairro ou comunidade.

Áreas envolvidas: História, Língua Portuguesa, Geografia, Ciências e Meio Ambiente.

Estratégia de Trabalho:

Solicitar aos alunos que entrevistem seus responsáveis ou vizinhos e colham fotos antigas e atuais sobre a localidade;

Usar as fotografias para traçar um paralelo transformacional que a região sofreu; Montar um livro com as imagens e histórias da comunidade a partir dos relatos dos

moradores mais antigos; Falar sobre Meio Ambiente, incentivar o relato escrito das entrevistas, produzir a

história da comunidade em contraste com o surgimento da escola.

3. Criando minha Defesa Civil

Objetivo: Contar a história da Defesa Civil, sua estrutura e símbolos e incentivar os alunos a criarem seus próprios logos da Defesa Civil.

Áreas envolvidas: Artes, História e Defesa Civil.

Estratégia de Trabalho:

Contar a História de surgimento da Defesa Civil no Mundo e no Brasil; Explicar o significado de cada cor e símbolo do logotipo da Defesa Civil nos âmbitos

Nacional, Estadual e Municipal; Incentivar a criação de logotipos próprios a partir dos conhecimentos aprendidos;

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4. Criando meu Pluviômetro

Objetivo: Criar um pluviômetro caseiro com os alunos e trabalhar os conceitos de capacidade pluviométrica em relação a certo período de tempo.

Áreas envolvidas: Geografia, Matemática, Artes, Ciências e Meio Ambiente.

Estratégia de Trabalho:

Explicar o funcionamento dos aparelhos de medição dos índices pluviométricos; Explicar as escalas dos limites pluviométricos de cada Estágio da Cidade com base

no Sistema Alerta Rio; Ensinar Matemática, conceito de métrico, a partir da fabricação de um Pluviômetro

Caseiro; Falar sobre a Relação entre o Centro de Operações, o Sistema Alerta Rio e a Defesa

Civil.

5. Mapeamento de Risco

Objetivo: Criar mapas da localidade, pontuando as áreas de risco e possíveis locais de abrigo temporário.

Áreas envolvidas: Geografia, Artes, Ciências, Saúde e Meio Ambiente.

Estratégia de Trabalho:

Solicitar aos alunos que localizem locais de risco e possíveis pontos de abrigo na sua sobre a localidade;

Produzir um mapa do local pontuando os locais indicados de risco e seus possíveis pontos de abrigagem;

Explicar os conceitos de mapeamento de Risco da GeoRio, pontuando o crescimento desordenado, controle de natalidade, construções irregulares e descarte incorreto do lixo.

Page 85: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

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Anexo V – CRONOGRAMA DO PROJETO DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS

1º MÓDULO 2º MÓDULO 3º MÓDULO 4º MÓDULO

DEFESA CIVIL

MEIO AMBIENTE E DESASTRES

NATURAIS

PRIMEIROS SOCORROS -

CRUZ VERMELHA

CHUVAS NA CIDADE E

SIMULADO CRE Nº Nome da Escola DATA DATA DATA DATA

1

1 EM CELESTINO DA SILVA

1º B

IMES

TRE

- 01

de m

arço

à 3

0 de

abr

il - d

esen

volv

ido

pelo

s pro

fess

ores

2º B

IMES

TRE

- 01

de m

aio

à 30

de

junh

o - d

esen

volv

ido

pelo

s pro

fess

ores

01/10/13 06/08/13 2 EM CANADÁ 02/10/13 07/08/13 3 EM EDMUNDO BITTENCOURT 03/10/13 08/08/13 4 EM JÚLIA LOPES DE ALMEIDA 15/10/13 13/08/13

2

5 EM CAPISTRANO DE ABREU 16/10/13 14/08/13 6 CIEP AGOSTINHO NETO 17/10/13 15/08/13 7 CIEP ANTOINE M. TORRES 22/10/13 20/08/13 8 CIEP SAMUEL WAINER 23/10/13 21/08/13

3

9 EM EURICO VILLELA 24/10/13 22/08/13 10 EM ANTONIO PEREIRA 29/10/13 27/08/13 11 CIEP CORONEL SARMENTO 30/10/13 28/08/13 12 EM ISABEL MENDES 31/10/13 29/08/13 13 EM PROFESSOR AUGUSTO PAULINO FILHO 05/11/13 03/09/13

4

14 CIEP FRANCISCO MIGNONE 06/11/13 04/09/13 15 CIEP BRANDÃO MONTEIRO 07/11/13 05/09/13 16 EM HOLANDA 12/11/13 17/09/13 17 EM MONTESE 13/11/13 18/09/13

5

18 EM PIRES E ALBUQUERQUE 06/08/13 19/09/13 19 CIEP D. OSCAR ROMERO 07/08/13 24/09/13 20 CIEP PROF. MANOEL MAURÍCIO DE ALBUQUERQUE 08/08/13 25/09/13 21 CIEP METALÚRGICO BENEDICTO CERQUEIRA 13/08/13 26/09/13

6

22 CIEP ANTON MAKARENKO 14/08/13 01/10/13 23 CIEP JOÃO DO RIO 15/08/13 02/10/13 24 CIEP OSWALD DE ANDRADE 20/08/13 03/10/13 25 CIEP POETA FERNANDO PESSOA 21/08/13 15/10/13

7 26 CIEP DR. ADELINO DA PALMA CARLOS 22/08/13 16/10/13 27 EM PROFESSORA DIDIA MACHADO FORTES 27/08/13 17/10/13 28 CIEP JOÃO BATISTA DOS SANTOS 28/08/13 22/10/13

8

29 CIEP MAESTRINA CHIQUINHA GONZAGA 29/08/13 23/10/13 30 CIEP POETA CRUZ E SOUZA; 03/09/13 24/10/13 31 CIEP VILA KENNEDY 04/09/13 29/10/13 32 ESCOLA MUNICIPAL ÁLVARO ALVIM. 05/09/13 30/10/13

9

33 E.M. PROF. FABIO CESAR PACÍFICO 17/09/13 31/10/13 34 E.M. APOLÔNIO DE CARVALHO 18/09/13 05/11/13 35 CIEP FRANCISCO CAVALCANTE PONTES DE MIRANDA 19/09/13 06/11/13 36 CIEP PROF. DARCY RIBEIRO 24/09/13 07/11/13

10 37 E.M. ZULMIRA TELLES DA COSTA 25/09/13 12/11/13 38 CIEP 1º DE MAIO 26/09/13 13/11/13

Total de Escolas 38 Início 06/08/2013 Término 13/11/2013

DATA DE INÍCIO DATA DE TÉRMINO

Page 86: EDUCAÇÃO EM DEFESA CIVIL E PROTEÇÃO COMUNITÁRIA – CONSTRUINDO CIDADES RESILIENTES

86

ANEXO B

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos

Subsecretaria de Defesa Civil

PESQUISA DE OPINIÃO

Nome da Escola: ________________________________________________________________________________________ Série: ____________________ Idade: _________ Sexo: ( ) M ( ) F Você mora em alguma comunidade? ( ) sim ( ) não Se sim. Qual comunidade? _______________________________________________________________________________________________________________ Disciplina Transversal Defesa Civil 1. Você acha que a aplicação dos princípios de proteção e defesa civil na educação escolar é uma ação fundamental para a formação de uma sociedade mais preparada para suportar os desastres naturais a que está submetida? ( ) sim ( ) não 2. Você acha que as pessoas em sua comunidade/localidade se preocupam com a promoção de ações de prevenção antes que os desastres naturais aconteçam? ( ) sim ( ) não 3. Você acha que o aprendizado sobre proteção e defesa civil tem haver com o tema educação ambiental? ( ) sim ( ) não Se “SIM”. Por quê? ________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ 4. Em que tipos de emergências/acidentes são possíveis aplicar os princípios de proteção e defesa civil que você aprendeu? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. O que você pode fazer para ajudar as pessoas em situação de risco a se prevenirem? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. O que você aprendeu com o Simulado de Evacuação na sua Escola? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Observações: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................. p. 09

CAPÍTULO I – GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES ........................ p. 11

1.1. REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES – RRD ............................. p. 13

1.1.1. Desastres ................................................................................................ p. 14

1.1.1.1. Classificação dos desastres .................................................................. p. 14

1.1.2. Danos e prejuízos .................................................................................. p. 17

1.1.2.1. Classificação dos danos ....................................................................... p. 18

1.1.2.2. Classificação dos prejuízos ................................................................. p. 19

1.1.3. Risco de desastres ................................................................................. p. 20

1.1.3.1. Conceito de risco ................................................................................. p. 21

1.1.3.2. Conceito de ameaça ............................................................................. p. 22

1.1.3.2. Conceito de vulnerabilidade ................................................................ p. 22

1.1.3. Resiliência ............................................................................................. p. 23

1.2. DEFESA CIVIL ....................................................................................... p. 24

1.2.1. Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC ............... p. 24

1.2.1. Política Nacional de Defesa Civil - PNPDEC...................................... p. 25

1.2.2.1. Prevenção ............................................................................................ p. 26

1.2.2.2. Mitigação ............................................................................................ p. 26

1.2.2.3. Preparação ........................................................................................... p. 27

1.2.2.4. Resposta .............................................................................................. p. 27

1.2.2.5. Recuperação ........................................................................................ p. 28

CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PREVENÇÃO DE

DESASTRES ................................................................................................... p. 29

2.1. LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA ............................... p. 29

2.1.1. Constituição Federal Brasileira .......................................................... p. 30

2.1.2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9.394/96 .................... p. 31

2.1.3. Parâmetros Curriculares Nacionais ................................................... p. 32

2.1.1.1. Interdisciplinaridade e transversalidade .............................................. p. 33

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2.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................................................. p. 34

2.2.1. Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA ........................... p. 34

2.2.2. Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA ................... p. 35

2.2.3. Sistema Municipal de Educação Ambiental ...................................... p. 37

2.3. PROJETOS DE MUDANÇA CULTURAL .......................................... p. 38

2.3.1. Redução de Riscos de Desastres na escolas ........................................ p. 39

2.3.1.1. Programa Brasil Cresce Seguro ........................................................... p. 40

2.3.1.2. Embasamento para ações de RRD em escolas..................................... p. 42

2.3.1.3. Processo de construção de ações de RRD em escolas ........................ p. 42

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO SOBRE O PROJETO DEFESA

CIVIL NAS ESCOLAS .................................................................................. p. 44

3.1. PESQUISA DE CAMPO ........................................................................ p. 45

3.1.1. Projeto Defesa Civil nas Escolas ......................................................... p. 46

3.1.2. Coleta de dados ..................................................................................... p. 46

3.1.3. Análise de dados ................................................................................... p. 46

3.1.4. Resumo das respostas ........................................................................... p. 47

3.1.4. Resultados ............................................................................................. p. 52

CONCLUSÃO ................................................................................................ p. 57

REFERÊNCIAS ............................................................................................. p. 60

ANEXOS ......................................................................................................... p. 64