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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PÚBLICA EM JOÃO PESSOA - PB: o contexto deste ensino a nível fundamental e médio Resumo O presente trabalho teve como o principal objetivo analisar como vem sendo trabalhada a educação ambiental no contexto escolar do ensino fundamental e médio em João Pessoa/PB. Foram selecionadas 2 escolas públicas, uma de nível fundamental (4ª série) e outra de nível médio (2º ano). Sobre o ensino fundamental, buscamos comprovar a hipótese de que as deficiências da educação ambiental existem desde esta fase, já os dados do ensino médio são para estimar o nível de aprendizagem dos alunos com relação à educação ambiental, se ela assume um caráter multidisciplinar e se os alunos estão por dentro dos assuntos pertinentes do atual cenário político socioambiental brasileiro. Os professores do 2º ano do ensino médio, também foram interrogados a fim de analisar o comprometimento multidisciplinar da educação ambiental e também se eles vêem com otimismo esta modalidade de ensino. Os dados foram obtidos através de questionários estruturados com perguntas abertas e fechadas, dirigidos a 20 alunos da 4ª série do ensino fundamental, e 38 alunos e 6 professores do 2º ano do ensino médio. Como principais resultados, comprovamos que as deficiências deste ensino existem desde o nível fundamental; no nível médio não é diferente, pois apenas 13,1% dos estudantes entrevistados conseguiram responder de forma completa e satisfatória o que é educação ambiental e onde ela pode atuar; 60,5% não opinaram ou não sabiam sobre nenhuma das discussões políticas socioambientais da atualidade brasileira; 66,7% dos professores disseram que o Estado não contribui efetivamente para o ensino da educação ambiental. As causas possíveis são desde a falta de capacitação dos professores a falta de incentivo por parte dos órgãos públicos competentes. Palavras-chave: educação ambiental; escola pública; ensino.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PÚBLICA EM JOÃO PESSOA - PB:

o contexto deste ensino a nível fundamental e médio

Resumo

O presente trabalho teve como o principal objetivo analisar como vem sendo

trabalhada a educação ambiental no contexto escolar do ensino fundamental e médio em João

Pessoa/PB. Foram selecionadas 2 escolas públicas, uma de nível fundamental (4ª série) e

outra de nível médio (2º ano). Sobre o ensino fundamental, buscamos comprovar a hipótese

de que as deficiências da educação ambiental existem desde esta fase, já os dados do ensino

médio são para estimar o nível de aprendizagem dos alunos com relação à educação

ambiental, se ela assume um caráter multidisciplinar e se os alunos estão por dentro dos

assuntos pertinentes do atual cenário político socioambiental brasileiro. Os professores do 2º

ano do ensino médio, também foram interrogados a fim de analisar o comprometimento

multidisciplinar da educação ambiental e também se eles vêem com otimismo esta

modalidade de ensino. Os dados foram obtidos através de questionários estruturados com

perguntas abertas e fechadas, dirigidos a 20 alunos da 4ª série do ensino fundamental, e 38

alunos e 6 professores do 2º ano do ensino médio. Como principais resultados, comprovamos

que as deficiências deste ensino existem desde o nível fundamental; no nível médio não é

diferente, pois apenas 13,1% dos estudantes entrevistados conseguiram responder de forma

completa e satisfatória o que é educação ambiental e onde ela pode atuar; 60,5% não

opinaram ou não sabiam sobre nenhuma das discussões políticas socioambientais da

atualidade brasileira; 66,7% dos professores disseram que o Estado não contribui

efetivamente para o ensino da educação ambiental. As causas possíveis são desde a falta de

capacitação dos professores a falta de incentivo por parte dos órgãos públicos competentes.

Palavras-chave: educação ambiental; escola pública; ensino.

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Abstract

The present work had as main objective analyze how the enviromental education is

being worked in the school context ofprimary and secondary schools in João Pessoa /

PB. Wereselected two public schools, a elementary school (4th grade) and a high school (2nd

year). About the elementary school, we sought toprove the hypothesis that there

are deficiencies in environmental education since this phase, since the data from high

school is to estimate the level of student learning in relation to environmental education, if

it assumes a multidisciplinary character and students are within the relevant issues of the

current social and environmentalpolitical scenario in Brazil. The teachers in the 2nd year of

high school were also interviewed to examine the involvement of a

multidisciplinary environmental education and also if they see with optimism this type of

education. The data was obtained throughstructured questionnaires with subjctive and

objective questions,directed to 20 students in the 4th grade, and 38 students and 6teachers

from the 2nd year of high school. The main results provedthat a failure in this

education exists since the primary level; high school is no different, as only 13.1% of the

students interviewedwere able to answer fully and satisfactorily what is environmental

education and where it can act, 60.5% did not know or did not opineon any of

the discussions about today's social and environmentalpolicies in Brazil, 66.7% of teachers

said that the State does not contribute effectively to the teaching of environmental

education.Possible causes are lack of training provided to teachers and lack of incentive by

the public agencies.

Key-words: Environmental ducation, Public schools, Teaching

Introdução

A questão da educação ambiental em nossas escolas ainda é um assunto muito

delicado e com várias dificuldades em sua aplicação. É uma temática que não é empregada

apenas no contexto escolar, mas de forma geral em nossa sociedade. A todo momento somos

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bombardeados por questões pertinentes a questão ambiental, como: crescimento sustentável,

reciclagem do “lixo”, poluição, desmatamento, desertificação de áreas da caatinga,

aquecimento global, novo código florestal brasileiro, Rio + 20, entre outros. Diante de tantas

informações, um cidadão, sem instrução adequada, fica incapaz de debater ou até mesmo

entender assuntos importantes sobre a preservação, manutenção e/ou a destruição

indiscriminada da biodiversidade brasileira. A raiz deste problema, sem dúvidas, está na

educação. São poucas instituições de ensino, na educação básica, que fazem o uso da

educação ambiental de forma efetiva, isto em âmbito nacional, mesmo com a indicação de

obrigatoriedade deste ensino nos PCNs e nas Orientações Curriculares do Ensino Médio.

Saindo do nível nacional para o nível local, em João Pessoa – PB, a problemática aumenta

consideravelmente. Nossas escolas não dispõem de estruturas complementares para esta

prática, os professores não possuem qualificação, não existe o interesse efetivo tanto do

Estado quanto da capital em desenvolver o ensino da educação ambiental.

Em outras literaturas, podemos observar a fragilidade da educação ambiental no

Brasil. Em uma escola no Rio de Janeiro, por exemplo, pode-se observar que 87% dos

professores e 61% dos alunos, do 1º ano do ensino médio, relataram nunca terem participado

de qualquer projeto ambiental, por falta de oportunidade (FONSECA, 2005); um estudo

diagnóstico, na cidade de Piracicaba/SP, fez um levantamento dos professores, do ensino

fundamental, que trabalham com a educação ambiental nas escolas, levando em conta as

principais atividades desenvolvidas, as experiências vivenciadas, os materiais utilizados, as

metodologias empregadas, os projetos desenvolvidos e parceiros nessas atividades, as

principais carências e dificuldades na realização das atividades, bem como as concepções de

Educação Ambiental dos professores. Como resultado, observou-se que a educação

Ambiental vem sendo incorporada pelas escolas de maneira fragmentada, superficial, isolada

e descontínua, portanto, contribuindo pouco para uma educação escolar que almeje ser crítica,

transformadora e emancipatória (MACHADO, 2008); outra pesquisa no Rio de janeiro

trabalhou com conteúdos da educação ambiental em projetos pedagógicos desenvolvidos para

tomar como prática curricular, em duas escolas da cidade. Mas seus projetos acabam

generalizando a proposta da educação ambiental, desta forma, eles não conseguem especificar

a metodologia desejada (COSTA, 2008); em um município do estado do Paraná, foi realizado

um trabalho para avaliar as concepções e práticas pedagógicas dos professores de ciências, no

que se refere à educação ambiental no ensino fundamental, constatando a utilização de

conceitos ou informações comumente desvinculadas de uma proposta de trabalho para a

formação de cidadãos críticos (OLIVEIRA, 2007). Como observado, a educação ambiental,

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tanto a nível fundamental quanto ao médio, não vem sendo empregada de forma satisfatória

em muitas localidades. Com isso, queremos constatar que em João Pessoa, o problema não é

diferente das demais, havendo a necessidade de promover trabalhos pedagógicos que visem

amenizar ou, até mesmo, sanar as deficiências do ensino da educação ambiental.

Nossa pesquisa concentra-se no como vem sendo trabalhada a educação ambiental no

ensino fundamental e médio de duas escolas de João Pessoa - PB, sendo uma municipal de

ensino fundamental e a outra estadual e de ensino médio. Optamos por esse tema, pela sua

importância no atual cenário brasileiro e mundial, com o objetivo de investigar e analisar

como vêm sendo desenvolvidos os conteúdos da educação ambiental no ensino de nível

fundamental e médio, a fim de verificar como está sendo sua aplicação nas escolas da rede

públicas em João Pessoa.

Referencial Teórico

De acordo com a lei Nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Está presente no capítulo I (da

educação ambiental) o artigo 2º, que diz: “a educação ambiental é um componente essencial e

permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os

níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.” (BRASIL,

1999).

No Estado da Paraíba, também é expresso em lei à obrigatoriedade da educação

ambiental em todos os níveis de ensino, lei 6.757, de julho de 1999, capítulo II do artigo 2º,

parágrafo X, que diz: “educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação

da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente”

(PARAÍBA, 2000). Para reforçar a temática educação ambiental em João Pessoa, está

expresso no código municipal de meio ambiente a “promoção da educação ambiental de

maneira multidisciplinar e interdisciplinar nos níveis de ensino oferecido pelo município, bem

como a valorização da cidadania e da participação comunitária, nas dimensões formal e não

formal.” (JOÃO PESSOA, 2002). Não só o Estado como também o município de João

Pessoa, expressa em leis a preocupação com o ensino da educação ambiental desde o início da

formação do aluno. Mais dados revelam que essas leis não vêm sendo cumpridas e a educação

ambiental não esta sendo prestada de forma eficiente em muitas escolas da capital paraibana.

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A capital paraibana é considerada a cidade mais verde do Brasil. Mas em contra

partida, segundo uma notícia veiculada no site do DIARIO DE PERNAMBUCO:

O desmatamento desenfreado tem deixado a Paraíba numa situação

desconfortável quando se fala em preservação ambiental. O estado tem hoje, de

acordo com o mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apenas 657 mil

hectares do bioma, o que corresponde a 6.578 quilômetros quadrados ou 11,66% de

toda a cobertura nativa. [...] Dados da rede SOS Mata Atlântica apontam para uma

situação ainda preocupante: restariam, na Paraíba, somente 0, 004% de cobertura

(MEIRELES, 2010).

Estes dados apontam uma despreocupação tanto do governo como também uma

provável despreocupação da própria população com a preservação do resquício de Mata

Atlântica em João Pessoa. A necessidade da preservação do meio ambiente deve ser discutida

no contexto da educação ambiental, mas os dados do desmatamento na Paraíba são recentes e

não apresentam avanços nesta área, mas regressos.

De acordo com o Coordenador do CGEAM (Coordenação Geral de Educação

Ambiental) do IBAMA:

A constituição brasileira ao consagrar o meio ambiente ecologicamente

equilibrado como o direito de todos, bem de uso comum essencial a sadia qualidade

de vida, atribuiu a responsabilidade de sua preservação e defesa não apenas ao Poder

Público, mas também a coletividade. (QUINTAS, 2000, p.8).

A coletividade da população é uma forma importantíssima para a contribuição e

preservação da fauna e flora brasileira. Assunto permanentemente presente na educação

ambiental. Não devemos esperar apenas o poder publico agir, devemos também tomar a

iniciativa para de fato apresentar mudanças significativas. Nesse sentido, a educação

ambiental deve buscar, “permanentemente, integrar a educação formal e não-formal, visando

ações participativas e estabelecendo novas relações entre a natureza e o homem” (FONSECA,

2005, p.146).

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Metodologia

Para nosso estudo, realizamos uma pesquisa descritiva com o enfoque qualitativo,

sobre a qualidade ou existência da educação ambiental na escola pública em João Pessoa/PB.

Utilizamos da pesquisa bibliográfica, para levantamentos sobre a exigência e o ensino da

educação ambiental no contexto escolar, tanto no âmbito nacional quanto regional. Coletamos

dados de escolas públicas subsidiada com os recursos municipal e estadual, mas sem a

pretensão de confrontá-los. Sendo uma escola municipal, de onde serão coletados os dados do

nível fundamental; e uma estadual, para os dados do nível médio, ambas localizadas em

importantes bairros da cidade. Os dados do nível fundamental são apenas para comprovar a

hipótese de que as deficiências da educação ambiental existem desde esta fase. Já os coletados

no ensino médio, serão os utilizados como problemática do nosso trabalho. O público alvo são

os alunos do 2° ano do ensino médio de uma escola estadual em João Pessoa.

Inicialmente, como pré-teste piloto (realizado em 2010), foi dirigido um questionário

estruturado, com perguntas abertas, a 20 estudantes da quarta série (de uma escola municipal),

com a média aproximada de dez anos de idade. As perguntas foram voltadas para o que é

meio ambiente e o que os familiares, dos participantes, faziam ou podiam fazer para

contribuir com a preservação do meio. Os vinte alunos foram escolhidos aleatoriamente, não

foi levado em consideração o sexo. Tanto a direção da escola, professora responsável e alunos

participantes, permitiram a aplicação dos questionários. Fizemos esta pesquisa inicial, para

constatar a fragilidade do ensino da educação ambiental nas escolas de João Pessoa. Com o

objetivo de identificar a problemática existente desde o nível fundamental até o médio, na

educação básica.

Um segundo questionário estruturado (realizado em maio de 2012) com perguntas

abertas, foi dirigido a 38 estudantes, do 2º ano do ensino médio. Os dados foram coletados a

partir de uma escola estadual, em João Pessoa, com a permissão da secretaria, professores e

alunos. Foi levando em consideração o que os alunos entendiam sobre educação ambiental e

onde ela deve atuar; quais as disciplinas que mais contribuíram para esse ensino; o que eles

entendiam sobre as discussões do código florestal brasileiro, sobre os possíveis impactos

ambientais a partir da construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte e a Conferência das

Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Buscamos, por meio do

questionário, estimar o nível de aprendizagem dos alunos com relação à educação ambiental,

se ela assume um caráter multidisciplinar, ou não, nesta escola e se os alunos estão por dentro

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dos assuntos pertinentes do atual cenário político socioambiental brasileiro. O questionário foi

elaborado a partir de perguntas básicas e de fácil compreensão para estudantes que tem em

seu calendário escolar assuntos voltados a esta prática.

Com os professores, desta mesma escola, que atuam no 2º ano do ensino médio, foi

realizado um questionário estruturado com perguntas fechadas, no mesmo período de

aplicação do questionário aos alunos. Foram perguntadas quais as disciplinas que mais

contribuíam para a educação ambiental na escola; a educação ambiental no Estado de Paraíba

progrediu ou regrediu nos últimos anos; se o Estado contribui positivamente para uma

educação ambiental de qualidade; e se a educação ambiental deveria torna-se uma disciplina e

ter caráter obrigatório a nível nacional. Seis professores, que atuam no 2º ano do ensino

médio, participaram da pesquisa (um de língua portuguesa, um de geografia, um de história,

um de matemática, um de física um de química), a professora de biologia preferiu não

participar desta pesquisa. Buscamos obter respostas sobre o comprometimento

multidisciplinar da educação ambiental, a nível médio, nesta escola e, se os professores vêem

com otimismo esta modalidade de ensino.

Resultados

Com relação ao ensino da educação ambiental no ensino fundamental:

Para a turma da 4ª série do ensino fundamental, foi observado que apenas 10% das

crianças responderam de forma satisfatória o que é meio ambiente e apenas 20% respondeu de

forma positiva a segunda questão, sobre o que os familiares deles podiam ou já faziam para

preservar o meio ambiente. Podem-se observar as dificuldades das crianças em lidar com essa

temática, demonstrando a fragilidade deste ensino na escola municipal.

Um fato interessante é que 20% destas crianças apresentaram um importante avanço,

elas inseriram o homem no meio ambiente. Um passo fundamental para haver a

conscientização, pois somos pertencentes ao meio ambiente e preservá-lo é se preservar. 35%

dos alunos apresentaram preocupação com os animais e as plantas, um número um pouco

inferior do esperado. Apenas 10% dos alunos entrevistados apresentaram preocupação com o

desperdício de água, tornando um dado alarmante. A água não é um recurso renovável e seu

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uso incorreto pode gerar problemas agravantes e irreparáveis a população. Segundo uma

notícia veiculada no site PARAÍBA, “a população das cidades pólos, como Campina

Grande e João Pessoa, mas principalmente do interior do Estado, sofre com problemas

de falta d’água. Contudo, estudos revelam que há um desperdício de água de cerca de

40%.” (PEREIRA, 2010). O desperdício de água é um dos principais males, mas como o

vimos ele tem aumentado bastante. Como apenas 10% das crianças se preocuparam, mostra a

deficiência da escola, comunidades próximas e do próprio governo, em elaborar estratégias

para informar sobre os perigos do consumo exagerado e indiscriminado da água.

Um dado importantíssimo foi constatado, 80% das crianças entrevistadas

apresentaram alguma preocupação com o lixo. Todos os dezesseis alunos, que compõem estes

80%, tem a preocupação da poluição que é causada pelo lixo nas vias públicas, em reservas

florestais e nos rios que cortam nossa cidade.

Este primeiro questionário deixou clara a fragilidade do ensino da educação

ambiental a nível fundamental, com relação à escola participante da pesquisa. Pois existe

pouca ênfase na preservação da nossa fauna e flora e no desperdício da água, componentes

mais comuns quando falamos sobre a preservação do meio ambiente. Em contra partida, a

preocupação com o lixo atingiu a grande maioria dos entrevistados, tornando assim o dado

mais positivo desta pesquisa.

Com relação ao ensino da educação ambiental no ensino médio:

Dos 38 alunos entrevistados, a maioria (60,5%) era composta por meninas. Quando

perguntados sobre o que era educação ambiental, 76,3% não conseguiram definir ou

responderam de forma mediana; apenas 13,1% responderam de forma ponderável e 10,6%

não opinaram. Enquanto as áreas de atuação da educação ambiental, 42,1% dos entrevistados,

apresentaram confusão ou não responderam a nível esperado; 13,1% responderam de forma

bastante satisfatória, mostrando uma sensibilidade maior da importância deste tema para a

sociedade; 45% não responderam ou não compreenderam o que foi perguntado. Os resultados

são muito aquém do ideal, uma pequena minoria pertencentes aos 13,1% que se saíram

melhor, apenas cinco alunos, foram acima da média apresentada. Deixando clara a deficiência

do ensino da educação ambiental nessa escola.

Com relação a questões polêmicas do atual cenário político nacional, como as

discussões sobre o Novo Código Florestal Brasileiro, a construção da Usina Hidroelétrica de

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Belo Monte e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a

Rio+20, tivemos os seguintes resultados: 15,8% ouviram falar sobre as discussões do código

florestal; 23,7% apresentaram uma visão crítica sobre a importância econômica, discutindo

sobre os impactos ambientais e sociais, com uma atenção maior a comunidade indígena da

região, que possivelmente a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte poderá causar;

13,1%, os que se saíram melhor, responderam de forma simplificada e abaixo do resultado

esperado, sobre o que seria a Rio + 20; 60,5% não opinaram sobre nenhuma das discussões

políticas socioambientais acima. De acordo com as respostas ao questionário, é notável o

desconhecimento de minúcias desses assuntos. Mesmo com essa limitação, alguns conseguem

se sobressair e apresentar uma visão crítica e bastante interessante sobre cada questionamento

acima.

O terceiro questionamento, no que diz respeito às disciplinas que mais contribuem

para o ensino da educação ambiental na escola, foi dirigido aos alunos e professores da escola

estadual participante. O resultado mostrou que 81,6% dos alunos vêem a biologia como a

disciplina que mais contribui para esse tipo de ensino e 10,5% apontaram a geografia como

sendo a segunda disciplina que mais contribui. Na visão dos professores interrogados, a

biologia segue na dianteira com um voto a mais em relação à segunda disciplina, a geografia,

que obteve 4 votos, cada professor podia escolher mais de uma disciplina e levamos em

consideração as mais votadas. O resultado tratou-se de uma situação normal e já esperada,

pois a biologia, no contexto da educação ambiental, é a principal disciplina que deve ou

deveria tratar deste tema, mas sem excluir as outras, como: a geografia, química, física,

história, matemática, etc. Os resultados obtidos mostraram que 100% dos professores

concordaram que a educação ambiental progrediu em relação às décadas passadas; 66,7%

disseram que o Estado não contribui efetivamente para o ensino da educação ambiental e que

ela não deve se tornar uma disciplina e ter caráter obrigatório a nível nacional. Diante do

resultado, pressupõe-se a falta de capacitação e incentivo a classe docente com relação à

educação ambiental. Talvez a falta desta preocupação, por parte da maioria dos professores

entrevistados, seja o agente causador do baixo rendimento dos alunos no questionário. De

acordo com as resposta, podemos concluir que o Estado também não contribui de forma

eficiente com esse ensino.

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Considerações Finais

Foi observado que existem problemas com relação ao ensino da educação ambiental,

componente importantíssimo para a formação do cidadão. Esses problemas, encontrados em

nossa pesquisa, não são restritos ao ensino médio, mas também está presente no ensino

fundamental. Tanto a escola pública subsidiada com recursos do município quanto do Estado,

deixam claros os problemas existentes no ensino da educação ambiental. Suas causas podem

ser: a falta de capacitação ou até mesmo descomprometimento do professor, pois 66,7% dos

pesquisados disseram que a educação ambiental não deve se tornar uma disciplina e ter

caráter obrigatório a nível nacional, a falta de investimento público para tornar este ensino

mais atrativo e eficiente, tanto a nível escolar quanto a comunidade próxima a escola

praticante, ou até mesmo o problema pode ser gerado por uma má administração da escola.

Portanto, podem existir várias razões para esse problema, causadas por um componente

especifico ou por todo o conjunto deles. Podendo ser A estrutural educacional do estado e/ou

do municipio, a escola, os professores e alunos. Estes problemas podem ser contornados pelos

órgãos públicos competentes, bastando investimentos na capacitação do professor e dos

funcionários que regem a escola. Investir na formação de professores e na conscientizarão dos

alunos pode ser o melhor caminho para tornar o ensino da educação ambiental presente, mais

eficiente e com maior abrangência dentro e fora do ambiente escolar.

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