educaÇÃo À distÂncia (ead): uma estratÉgia de … ii coninter/artigos/688.pdf · ser a ead,...
TRANSCRIPT
II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades
Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EAD): UMA ESTRATÉGIA DE OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS COM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFISSIONAIS DO RAMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL
RODRIGUES, DANIELE FERNANDES. (1); SOUZA, CARLOS HENRIQUE MEDEIROS DE. (2)
1. Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF
E-mail: [email protected]
2. Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF E-mail: [email protected]
RESUMO
As novas tecnologias difundiram-se pelo globo numa velocidade vertiginosa em diversos segmentos da sociedade. No ambiente corporativo não foi diferente, as metodologias de formação continuada tem utilizado cada vez mais as novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC´s). Desta forma, o objetivo deste artigo foi analisar as vantagens econômicas da adoção da modalidade de Educação à Distância (EaD) nos programas de formação continuada de uma grande empresa do setor energético. Foi analisado um dos cursos que a Eletrobrás oferece aos seus empregados: o Curso Higiene e Segurança no Trabalho, que é um curso obrigatório para o pessoal operativo de manutenção. Até o primeiro semestre de 2007 o curso era oferecido apenas no sistema presencial, passando a partir do segundo semestre de 2007 a ser oferecido na modalidade à distância, o que nos levou a comparar os custos envolvidos na modalidade presencial com a modalidade à distância ( EaD). O referencial teórico se fundamentou em um estudo de caso que permitiu comprovar que há uma efetiva redução nos custos com capacitação profissional quando a modalidade adotada passa a ser a EaD, devido a economia de escala. A comparação entre as duas modalidades ainda possibilitou a constatação de que muitas empresas passam a atender um número bem maior de empregados, proporcionando agilidade nos treinamentos, flexibilidade ao treinando que gerencia a sua disponibilidade, mantendo-se assim conectado com as novas tendências de mercado.
Palavras-chave: Educação à distância. Formação continuada. Gerenciamento de custos.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As tendências às mudanças nos cenários político, econômico e social têm se manifestado
cada vez com mais intensidade e numa velocidade vertiginosa. Novas formas de interação
com o ambiente, novas tecnologias, novos arranjos organizacionais caracterizam um
cenário extremamente volátil. Tudo isso envolve mudança de padrões culturais, redefinindo
relações de poder, fazendo com que o processo de transformação se torne complexo e
aponte múltiplas direções.
As revoluções de maior impacto para a humanidade acontecem, num primeiro momento,
sem que as pessoas se dêem conta de sua profundidade. Está sendo assim, novamente,
com o que vários estudiosos denominam de “revolução da informação”, um termo que
abrange o uso de computadores, a globalização, a desregulamentação e, mesmo, uma
esperada segunda fase revolucionária, a era da biotecnologia.
Em tempos de grandes mudanças, a falta de sincronia produz dramático desencontro entre
milhares de pessoas procurando empregos melhores e várias empresas com vagas que não
conseguem preencher. Não há solução mágica para esse problema: só uma mudança de
mentalidade, tanto das pessoas, como das empresas, pode atenuá-lo. Acredita-se que a
chave é a educação continuada, que exige, da parte das pessoas, desprendimento,
humildade e disposição, e da parte das empresas, uma nova percepção do que é
investimento.
É notório que o processo atual de transformação tecnológica expande-se exponencialmente
em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos, mediante
uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada,
processada e transmitida. Vivemos em um mundo que se tornou digital.
A constatação de que as novas tecnologias tomaram conta da educação, leva-nos a
questionar uma efetiva vantagem econômica da Educação a Distância, em comparação com
o sistema de ensino presencial, quando o assunto é educação continuada em uma grande
empresa, levantando alguns fatores que possibilitem visualizar os prós e os contras deste
novo sistema de ensino, que vem crescendo a cada dia.
Adotar o ensino a distância no lugar do tradicional ensino presencial, devido a uma
considerável redução nos custos (desde que atendidas determinadas premissas, como:
abrangência e outras que serão identificadas ao longo deste artigo) é fator citado por
diversos autores conceituados na área e que fazem parte do levantamento bibliográfico
deste artigo.
O problema central da investigação foi fixado a partir das observações e leituras prévias
sobre o tema: Quais as vantagens econômicas da opção pela Educação a distância (EaD)
na formação continuada de profissionais do ramo de energia elétrica de uma grande
empresa do Brasil?
Como primeira hipótese considera-se que há uma efetiva otimização dos custos com
capacitação profissional quando o sistema adotado pela empresa é a modalidade à
distância. A segunda hipótese é que há uma maior funcionalidade nos processos de
qualificação visto ser a tecnologia nesses tempos contemporâneos, uma ferramenta usual
em todos os setores das grandes empresas.
O objetivo geral deste estudo é apontar com base em dados reais, as vantagens
econômicas da adoção do sistema EaD nos programas de formação continuada de uma
grande empresa do setor energético no Brasil.
Ensino Presencial X Ensino à distância: aspectos conceituais
É incontestável que todos os segmentos econômicos foram atingidos pelo fenômeno da
globalização e revolucionados pelo avanço tecnológico da informática. Há uma
transformação na gestão corporativa que ao ser informatizada, tem buscado na educação
apoio para uma reengenharia. A educação precisa ser promovida através de novos
instrumentos onde o computador passa a ocupar postos de trabalho tradicionais.
A necessidade de uma compreensão maior das formas de educação utilizadas no Brasil
levou o Ministério da Educação (MEC) a classificar o ensino em três modalidades distintas,
tendo por base suas características. Essas modalidades de ensino são: presencial,
semipresencial e não-presencial ou à distância.
A educação presencial, segundo Aretio (1994), dá-se face-a-face, utilizando-se de
comunicação direta entre professor - aluno, em local definido (sala de aula, oficinas e
laboratórios). É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula
e outra parte à distância, através de tecnologias. Já a educação à distância, pode ter ou não
momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos
separados fisicamente no espaço e/ou no tempo, mas podendo estar juntos através de
tecnologias de comunicação. (MORAN, 2002)
Como uma modalidade de ensino não-tradicional, a EaD surgiu com a sociedade industrial e
suas tecnologias, abrangendo diferentes formas de aprendizagem que lançam mão de
metodologias, recursos e técnicas próprios dos tempos informacionais.
Segundo visão de Eick (1997) a EaD teve uma primeira consolidação no início do século
XX, e posteriormente, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, na segunda
metade do mesmo século, houve condições para a ampliação dos projetos existentes e para
o surgimento de novos projetos. Atualmente, com a utilização de satélites e da Internet, as
barreiras geográficas não são mais impedimentos para a educação.
De acordo com a posição de GIDDENS (1997):
As mudanças sociais ocorrem em ritmo acelerado, sendo especialmente visíveis no espantoso avanço das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e provocando mudanças profundas, desequilíbrios estruturais do campo da educação. A intensificação do processo de globalização gera mudanças em todos os níveis e esferas da sociedade e não apenas nos mercados, gerando novos estilos de vida, de consumo e novas formas de ver o mundo e aprender.
A segunda metade do século XX foi marcada por um significativo aumento das novas
tecnologias, sobretudo nas duas últimas décadas, momento em que a cibernética dá um
salto de qualidade estimulada pelo mercado da informática. É nesse contexto que a
Educação a distância, nova modalidade de ensino, lança mão dos meios eletrônicos, da era
da informação tecnológica, como o computador, a TV, os vídeos, ganhando expansão
(NISKIER, 2001).
Para Aretio (1995), a distinção fundamental da modalidade de ensino presencial para a
modalidade à distância é a substituição da interação pessoal na sala de aula entre
professores e alunos pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos.
Dentre os elementos que constituem o processo de Educação a Distância, Aretio (1995)
destaca alguns:
Tabela 1. Elementos que constituem a Educação a Distância
ELEMENTOS COMO ACONTECE?
Distância física Professor X aluno Contato acontece virtualmente
Estudo individualizado e independente Construção do conhecimento
Processo Ensino-aprendizagem mediatizado Meios diferenciados de suporte e estrutura
Uso de tecnologias Novas tecnologias + recursos de comunicação
Comunicação bidirecional Interação critica e participativa
Fonte: RODRIGUES, Daniele Fernandes. Análise Comparativa dos custos de treinamento nos ambientes presencial e à distância: um estudo de caso na Eletrobras. Dissertação de Mestrado. UCAM-RJ, 2008.
Conforme comenta Preti (2000), a maioria dos alunos da Educação a Distância apresenta
características particulares, tais como: são adultos inseridos no mercado de trabalho,
residem em locais distantes dos núcleos de ensino, não conseguiram aprovação em cursos
regulares, são bastante heterogêneos e com pouco tempo para estudar no ensino
presencial.
No Brasil, a Educação a Distância (EaD), utilizando a tecnologia da informação, passa a ser
implementada com apoio governamental, sendo regulada pela Lei nº 9394, de 10 de
dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996).
Diversas são as denominações que encontramos relacionadas com essa modalidade. Fala-
se, freqüentemente, em Ensino a Distância e Educação a Distância como se fossem
sinônimos, expressando um processo de ensino-aprendizagem. Ensino representa
instrução, socialização de informação, aprendizagem, etc, enquanto Educação1 é “estratégia
básica de formação humana, aprender a aprender, saber pensar, criar, inovar, construir
conhecimento, participar, etc.” (MAROTO, 1995).
O presente artigo faz opção pela Educação a distância por entender ser este o conceito que
abrange as relações de aprendizagem de professores, tutores e alunos pelo sistema de
troca de informações.
Educação Corporativa, Formação continuada e EaD: o surgimento do e-
learning
Historicamente as empresas do mundo capitalista pouco se preocuparam com a formação
continuada de seus empregados, visto que os modelos produtivos adotados não exigiam
que as corporações investissem na capacidade de pessoal e mesmo no aprimoramento
individual e coletivo de seus empregados. As mudanças acontecidas no mundo do trabalho
e o aumento da competitividade fizeram nascer a educação corporativa, atualmente um
campo que vem crescendo cada vez mais nas grandes empresas, impulsionado pelas novas
tecnologias.
Para Meister (1999), os programas tradicionais de formação continuada já não atendem às
necessidades de capacitação e atualização exigidas pela dinâmica do mercado. Em
conseqüência a tudo isso, as organizações apostam no processo de aprendizagem contínua
como uma forma de construir inteligência corporativa competitiva, respondendo assim às
exigências do mundo globalizado. Nesse contexto de necessidade, a EaD torna-se um
recurso de formação e aperfeiçoamento das pessoas no ambiente empresarial.
1 Derivado do latim – educatio, do verbo educare (instruir, fazer crescer, criar), próximo de educëre (conduzir,
levar até determinado fim) – a palavra educação sempre teu seu significado associado à ação de conduzir a finalidades socialmente prefiguradas, o que pressupõe a existência e a partilha de projetos coletivos (Machado, 2000)
Este novo ambiente de aprendizagem adotado não apenas nas escolas e lares, mas
principalmente pelas empresas, traz novos desafios, conforme afirma Guizzo (2002):
(...) na educação corporativa, a Internet traz um potencial inovador ímpar,
pois permite superar as paredes da sala de aula, com a troca de idéias com
cidades e países, intercâmbio entre profissionais, nacional e
internacionalmente, pesquisa on line em bancos de dados, assinaturas de
revistas eletrônicas e o compartilhamento de experiências em comum.
As vantagens com a utilização da Web são inúmeras, porém destaca-se na opinião de Litwin
(2001): facilidade de uso, eliminação de barreiras geográficas, interação treinando-instrutor
e treinando-treinando, possibilidade ilimitada de busca, atualização de informações,
moderno instrumento de motivação para aprendizado.
Valendo-se dessas vantagens, muitas empresas descobriram nessa tecnologia uma forma
rápida e eficaz de potencializar o aperfeiçoamento dos funcionários a fim de obter vantagem
competitiva no mercado, valorizar a própria cultura, o capital intelectual e a redução de
custos.
Na atualidade as Universidades Corporativas criadas pelas empresas não dispõem
necessariamente de um espaço físico, até porque muitos dos recursos pedagógicos
utilizados são as mídias de educação à distância o que fez com que se familiarizasse o
termo e-learning, que vem a ser a própria educação a distância através de meios
eletrônicos.
Dessa forma, Wilson (1997) explica que: “o e-learning viabiliza a educação à distância
através de um eficiente sistema de gerenciamento, que detém conteúdos desenvolvidos
com embasamento pedagógico e teoria específica”.
A partir dos estudos de Rosenberg (2002) também destacam-se as seguintes vantagens do
e-learning: custo individual e global de programas de treinamento; padronização no ensino;
maior intercâmbio de conhecimento; quebra das barreiras geográficas e Gestão e medição
sistematizada de programas de treinamento.
Conforme destaca Levy (2003), o mercado e-learning cresce no Brasil 50% ao ano, segundo
dados do site E-Learning Brasil. As 47 organizações que participaram do prêmio E-learning
Brasil obtiveram mais de R$ 180 milhões de retorno com R$ 84 milhões de investimento nos
últimos cinco anos. O retorno dos investimentos vem acontecendo na média em prazos
inferiores a 12 meses.
Segundo Ramal (2003), os negócios nessa área no Brasil, em 2003 movimentaram mais de
80 milhões, com crescimento de 60% em relação a 2002. No mercado mundial as cifras são
ainda mais expressivas, saindo de 6 bilhões em 2003 para 23 bilhões em 2006.
A pergunta a se fazer é porque o e-learning cresce tanto? Apesar da sua implementação ser
cara, a médio e longo prazo o e-learning ajuda a reduzir custos com formação de pessoal.
Além disso, ajuda a criar uma cultura de rede nas organizações que o utilizam, permitindo o
compartilhamento de informações e a produção coletiva de conhecimento.
Anninger2 (2001) em seu artigo “Capacitação on-line: principais estratégias para o sucesso”
destaca como principais vantagens para os organizações passarem a adotar a capacitação
on-line: a redução de tempo investido nos treinamentos e uma considerável redução nos
custos.
Rosenberg (2002), também aponta os benefícios na utilização do e-learning para as
organizações: uma considerável redução nos custos, além de aproveitar o investimento
corporativo na Web; o conteúdo apresentado na hora certa e da forma mais confiável;
aprendizado ocorre 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que conseqüentemente permite
com que um número muito maior de funcionários sejam treinados.
A escolha da utilização do sistema e_learning pelas organizações deve-se a vários fatores,
mas principalmente a três motivos fundamentais: primeiramente ao fato de possibilitar a
empresa capacitar um número bem maior de funcionários se comparado ao sistema
presencial. Deve-se também a uma considerável redução de custos devido à economia de
escala e por último, ao não comprometimento do fator qualidade. O foco da qualidade não
será objeto de estudo deste artigo, porém o fator custos e agilidade de treinamento serão
comprovados através de um estudo de caso de um curso oferecido pelo sistema Eletrobrás.
Custos no sistema presencial e a distância
Confirmando o que vem sendo dito até agora, a Unesco (1998), ao traçar um comparativo
econômico entre a educação presencial e a distância, ressalta que devido a EaD não
necessitar de grandes investimentos em prédios, o seu custo ao longo do tempo torna-se
menor que na educação presencial que além de necessitar de imobilizados3, também possui
consideráveis gastos com manutenção das instalações físicas e folha de pagamento, já que
esta requer mais mão-de-obra que a EaD.
Pagano (2002), também entende que no momento da implantação os custos de cursos on-
line são maiores, já que necessita de um lastro tecnológico para atuar. Porém com o passar
do tempo, constata-se que os custos são mais elevados na Instituição Presencial, que
necessita de diversos funcionários para sua administração e atendimento ao aluno que está
diariamente presente, o que provoca efeito cascata nos demais departamentos.
Para as organizações as vantagens são enormes, pois estão conseguindo economizar cerca
de 50% do tempo investido em treinamento e cortando de um terço a 50% dos custos.
2 Laila Aninger é pedagoga Empresarial e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Pós-graduada em
Metodologia do Ensino Superior e Planejamento e Gestão. Consultora e Diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento e do site www.vaganaescola.com.br. 3 Considera-se imobilizados todos os bens fixos da empresa que não tem intenção de revenda e que no Balanço
Patrimonial ficam no Ativo Permanente.
Porém é necessário compreender os segredos estratégicos para uma investida bem
sucedida e analisar os erros mais freqüentes (LITWIN, 2001).
Em concordância com outros autores da área, Souza (2000) salienta que o primeiro passo
para a decisão da utilização do e-learning deve ser a análise dos componentes dos custos,
conforme tabela 2:
Tabela 2. COMPONENTES DE CUSTO
COMPONENTES COMPOSIÇÃO
DOCENTES Pagamento de professores ou instrutores externos; Salários e encargos de funcionários da empresa.
MATERIAL DIDÁTICO Aquisição de livros, apostilas e outros materiais instrucionais.
CONSUMO Material de apoio administrativo.
DIÁRIAS Gastos com alimentação, hospedagem e ajuda de custo aos participantes.
TRANSPORTE Passagens aéreas, ônibus, táxi e reembolso de quilometragens.
SERVIÇOS DE TERCEIRO Prestação de serviços ligados a atividades de formação profissional.
OUTRAS DESPESAS Locação de dependências, aluguel de equipamentos, aquisição de outros materiais de consumo.
Fonte: RODRIGUES, Daniele Fernandes. Análise Comparativa dos custos de treinamento nos ambientes
presencial e à distância: um estudo de caso na Eletrobras. Dissertação de Mestrado. UCAM-RJ, 2008.
Rumble (1988) ao escrever sobre sua experiência na definição dos custos em cursos de
EaD deixa claro que em qualquer projeto ou atividade, eles podem e devem ser orçados,
explicitando que a dificuldade em obter esse tipo de informação (referente a custos) deve-se
a vários fatores: medo de cortes no orçamento, medo de expor suas dificuldades e até
mesmo pela falta de controle.
Para Lacerda e Abbad (2000) os programas de formação continuada nas empresas devem
ser interpretados levando-se em conta a existência de quatro possíveis cenários distintos: o
oferecimento do curso presencial nas próprias dependências das empresas, a opção das
empresas enviarem os profissionais para realizar o curso em outra localidade, as empresas
comprarem os cursos a distância de instituições de ensino e a empresa montar a sua
própria estrutura e oferecer seus cursos a distância.
Tal a importância da decisão sobre o cenário em que a empresa irá oferecer seus cursos
que diversos autores têm estudado sobre o assunto. Dalmau, Valente e Lobo (2001) fazem
um estudo comparativo entre os meios (presencial e a distância) e os diversos custos que
precisam ser analisados para a melhor escolha. A tabela abaixo permite visualizar este
comparativo:
Tabela 3. Modelo de Dalmau, Valente e Lobo
Fonte: RODRIGUES, Daniele Fernandes. Análise Comparativa dos custos de treinamento nos ambientes
presencial e à distância: um estudo de caso na Eletrobras. Dissertação de Mestrado. UCAM-RJ, 2008.
O modelo de Dalmau, Valente e Lobo (2001) foi utilizado no Estudo de Caso explicitado
neste artigo, para demonstrar a comparabilidade e situações de contorno de adequação do
uso do sistema de ensino Presencial e EaD (e-learning) na Eletrobrás.
Estudo de Caso: comparativo de custos de cursos de formação continuada
para profissionais da Eletrobrás, nas modalidades presencial e a distância.
A ideia de criar uma proposta que auxilie na tomada de decisão por parte das empresas
sobre o “como” trabalhar com a educação a distância, surgiu da necessidade percebida em
visita ao Departamento de Recursos Humanos (DRH) de uma empresa do setor energético,
devido a uma lacuna existente quanto a metodologias para análise econômica de seus
projetos de EaD.
Vários fatores foram citados pelo responsável da Divisão de Treinamento, como
preponderantes para implantação dos cursos e treinamentos no sistema EaD, dentre eles:
Abrangência – devido à necessidade da empresa de atender a um número cada vez
maior de empregados;
Flexibilização / Otimização do tempo – o empregado administrando melhor o seu
tempo para poder cumprir com as suas funções primárias, não deixando de fazer parte do
programa de educação continuada da empresa;
Tecnologia de ponta – a empresa tem como prioridade investimentos em tecnologia
de ponta.
Porém a existência de lacunas quanto uma análise econômica mais detalhada de cursos
oferecidos através da modalidade EaD, desencadeou uma busca de informações em uma
empresa que fornecesse dados para uma posterior análise. Esta informação foi obtida na
Eletrobrás, empresa que será o eixo central deste estudo de caso, tanto por ser a maior
empresa do setor energético, como por já ter implantado a metodologia de EaD.
METODOLOGIA
Adotou-se a pesquisa de campo onde os dados foram solicitados junto à Eletrobrás através
de contato pessoal e de entrevistas semi-estruturadas (roteiro e livre), com a analista de
treinamento Antônia Ribeiro, responsável pelos programas pesquisados.
Quanto à forma de abordagem do problema esta pesquisa apresenta-se como qualitativa,
tendo em vista que não houve tratamento estatístico de dados.
Conforme Gil (1991) do ponto de vista dos objetivos esta pesquisa classifica-se como
exploratória, pois visa proporcionar uma maior familiaridade com o problema com vistas a
torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas
com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de
exemplos que estimulem a compreensão.
Com relação aos procedimentos técnicos, a pesquisa é: bibliográfica, documental, utiliza a
técnica de levantamento de dados e o estudo de caso.
Caracterização da Empresa
A empresa escolhida é a maior Companhia do setor de energia elétrica da América Latina
Criada em 11 de junho de 1962, no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, com a presença
do presidente João Goulart. A Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.), sociedade de
economia mista, holding estatal, lidera um sistema composto por seis empresas subsidiárias
(Eletronorte, Eletrosul, Eletronuclear, Furnas, Chesf e CGTEE - Companhia Geração
Térmica de Energia Elétrica), conforme figura 1. A empresa possui ainda metade do capital
da Itaipu Binacional e também controla o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (CEPEL),
o maior de seu gênero no Hemisfério Sul.
Figura 1 – Empresas do Sistema Eletrobras - Fonte: site www.eletrobras.gov.br
O Sistema Eletrobrás é responsável por cerca de 57 mil km de linhas de transmissão,
representando mais de 65% do total nacional. Está presente em todo o Brasil possuindo 29
usinas hidrelétricas, 15 termelétricas e duas termonucleares.
O sistema congrega cerca de 15000 empregados, sendo que 1/3 exercem funções
operativas de manutenção das redes de energia e são obrigados a fazer anualmente o
curso Higiene e Segurança do Trabalho, com carga horária de 30h, que aborda os seguintes
temas: controle das condições ambientais do trabalho, plano de segurança do trabalho,
fiscalização da segurança do trabalho, técnicas de segurança e implementação de novas
tecnologias. A realização do curso diminui a níveis baixíssimos as taxas de acidentes no
trabalho.
Inicialmente, o curso era fornecido através do sistema presencial e isso causava transtorno,
pois as estações de produção de energia operavam com um número inferior de
profissionais, tendo em vista o deslocamento para a sede da empresa, no Rio de Janeiro,
dos empregados que iriam fazer o treinamento.
A tabela 4 apresenta dados do curso oferecido no sistema presencial, o que possibilitará
uma análise comparativa de seus custos com o sistema EaD.
Análise dos dados na Modalidade Presencial
O curso de “Higiene e Segurança do Trabalho” realizado no primeiro semestre pelo método
presencial teve duração de 30 horas, ou seja, o curso aconteceu no período de três dias,
atendendo 160 empregados no mês de janeiro de 2007. Nessa modalidade, foi necessário
dividi-los em pelo menos 8 turmas com 20 participantes.
Tabela 4. Planilha de custos na modalidade presencial
Fonte: desenvolvido a partir
de dados fornecidos pela
Eletrobrás em janeiro/2008
(*) Instrutores da Consultoria de treinamento da Faculdade de Engenharia de Mauá
Conforme demonstra a tabela 4, durante o estudo foram identificados os custos relativos ao
treinamento presencial que envolveu o deslocamento de colaboradores para Rio de Janeiro,
envolvendo: hospedagens em hotéis, diárias de alimentação, horas de aula do instrutor,
lanches durante a realização do treinamento, custos de aluguéis de salas, impressão de
apostilas e aluguel de equipamentos de apresentação audiovisual.
O custo total envolvido no treinamento presencial foi de R$ 141.120,00 (Cento e quarenta e
um mil e cento e vinte reais) a cada edição (mensal).
Ainda durante o 1º Semestre de 2007, o curso presencial de “Higiene e Segurança do
Trabalho” foi realizado em mais cinco edições, num modelo similar ao que ocorreu em
janeiro, proporcionando treinamento a 960 empregados, o que fez com que os custos do
semestre totalizassem R$ 847.200,00 (Oitocentos e quarenta e sete mil e duzentos reais).
O número de empregados operativos responsáveis pela manutenção das linhas de
transmissão são cerca de 5.000 e através do sistema presencial, foram treinados somente
19,2 % do total, restando ainda 4040 empregados com necessidade de treinamento. Isso
evidencia a teoria de Meister (1999) que defende que os programas tradicionais de
treinamento já não atendem às necessidades de atualização exigidas pela nova dinâmica do
mercado atual.
Devido a esse novo cenário, as organizações dependem de um processo de aprendizagem
contínua como forma de manter e construir uma inteligência corporativa, respondendo assim
as exigências do mundo globalizado em constante mutação e evolução de sua base de
conhecimentos. É nesse contexto que a EaD torna-se um recurso imprescindível de
formação e aperfeiçoamento das pessoas no ambiente empresarial.
Na visão de Souza (2003), o uso da educação a distancia nos programas de educação
continuada é um “caminho sem volta”, pois as empresas já estão adotando esta modalidade
na formação de seus profissionais. O trabalhador está sendo preparado para interagir com
os diversos ambientes de forma autônoma, onde através de manuais técnicos, vídeo e
teleconferência, vem respondendo de maneira positiva essas propostas.
Análise dos dados na Modalidade à distância
Tendo em vista, a quantidade de empregados com necessidade de treinamento e o
crescente aumento de custos, a empresa optou por oferecer no 2º semestre de 2007, o
treinamento no sistema à distância, substituindo assim o sistema presencial, já que uma das
principais vantagens dos treinamentos a distância é a possibilidade de se oferecer cursos a
alunos geograficamente dispersos.
Ribeiro ainda esclarece que por ser uma área vital para todas as empresas do sistema,
buscou-se através do e-learning, fazer esse treinamento no próprio local de trabalho,
reduzindo durante um mês, a carga horária de trabalho, para que o empregado fizesse o
treinamento através da internet.
No sistema de EaD, a Eletrobrás optou por contratar uma empresa para elaborar todo
treinamento, já que tratava-se de um curso permanente e obrigatório que,
conseqüentemente, poderia ser montado e realizado para os todos os empregados pelo
próprio sistema da empresa, representando um único custo de elaboração. Dessa forma,
fica claro que não foi levado em consideração para o cálculo dos custos totais, os custos de
transmissão da internet, tendo em vista o curso utilizar-se do próprio provedor da empresa.
A implantação da plataforma de e-learning no Sistema Eletrobrás, foi direcionada para o
número de 4.040 empregados em seis meses, tendo em vista não haver necessidade de
deslocamento e hospedagem, pois o mesmo foi feito através da internet. O tempo mínimo
foi de um mês, sendo uma hora diária de acesso a web sem interrupção das atividades
laborais.
A empresa contratada desenvolveu uma plataforma de educação a distância que permite
acesso simultâneo através de computadores convencionais. Os professores e alunos têm
acesso a uma agenda compartilhada com planos de aulas, apostilas, freqüência dos alunos
e ainda, acessam um sistema de reserva e alocação de recursos para suas aulas.
Os custos do treinamento a distância são determinados pelos valores pagos: a empresa de
treinamento (sistema e_learning) no valor de R$15.000,00 (a cada 160 empregados) e os
custos de conexão no valor de R$ 7.300,00 (já disponíveis para outras atividades na
empresa), ou seja, já constituem um custo fixo dentro do Sistema Eletrobrás.
Sendo assim o custo total do treinamento a distância foi de R$ 22.300,00 para cada grupo
de 160 empregados, conforme evidencia a tabela 6:
Tabela 6. CUSTO DO CURSO ATRAVÉS DO SISTEMA E_LEARNING
Treinados/mês Custo Empresa
E_learning
Conexão Banda larga Custo Total
Até 160 R$ 15.000,00 R$ 7.300 R$ 22.300,00
De 161 a 320 R$ 30.000,00 R$ 7.300 R$ 37.300,00
De 321 a 480 R$ 45.000,00 R$ 7.300 R$ 52.300,00
De 481 a 640 R$ 60.000,00 R$ 7.300 R$ 67.300,00
De 641 a 800 R$ 75.000,00 R$ 7.300 R$ 82.300,00
De 801 a 960 R$ 90.000,00 R$ 7.300 R$ 97.300,00
... ... ... ...
Fonte: desenvolvido a partir de dados fornecidos pela Eletrobrás em janeiro/2008
Para o grupo de 160 empregados analisados no sistema presencial, a economia obtida com
a opção de oferecer o treinamento de “Higiene e Segurança do Trabalho” no sistema a
distância foi de R$118.820,00 (Cento e dezoito mil, oitocentos e vinte reais) já que no
sistema à distância o valor total seria R$ 22.300,00 enquanto no sistema presencial foi de
R$ 141.120,00, conforme tabela abaixo:
Tabela 7. Economia obtida com cursos pelo sistema EaD até 160 empregados
REDUÇÃO DE CUSTOS (VALORES MONETÁRIOS) – (Treinados por mês: 160 empregados)
Custo Presencial Custo E_learning Economia
R$ 141.120,00 R$ 22.300,00 R$ 118.820,00
Fonte: desenvolvido a partir de dados fornecidos pela Eletrobrás em janeiro/2008
Tendo em vista que a conexão faz parte dos custos fixos da organização, pode-se dizer que
a economia com o curso foi ainda maior, R$ 126.120,00 (Cento e vinte e seis mil, cento e
vinte reais) proveniente da diferença entre o custo total do curso presencial na 1ª edição (R$
141.120,00) e o valor pago a empresa que introduziu o e-learning no 2º semestre,
desconsiderando o valor de R$ 7.300,00 da conexão de banda larga.
Para o grupo de 960 empregados, quantidade máxima que participou do curso de formação
continuada no semestre pelo sistema presencial, a economia obtida foi ainda maior, pois no
sistema presencial o custo total foi de R$ 846.720,00 enquanto no sistema à distância o
custo foi de R$ 97.300,00 o que representa uma economia de R$ 749.420,00 conforme é
possível visualizar na tabela 6.
Na modalidade EaD podemos constatar que a capacidade de atender às grandes demandas
que necessitam de formação continuada é significativamente maior que na modalidade
presencial, o que hoje é uma necessidade cada vez mais forte nas empresas. Através dessa
sustentação vários autores conceituados comprovam suas teses, como Peters que afirma
que Educação à Distância é um método racional de transmitir conhecimentos, competência
e atitudes, sempre com o objetivo de reproduzir material de ensino de alta qualidade, o que
torna possível instruir um maior número de estudantes, onde quer que eles vivam.
Segundo a própria analista de treinamento da Eletrobras, a modalidade EaD permite um
controle melhor do desempenho do empregado do que a modalidade presencial, já que
todas as ações dos empregados ficam registrados no sistema.
A própria UNESCO (1998) ao definir a EaD deixa claro que a abertura de acesso à
educação e ao provimento de treinamento, liberta os aprendizandos das delimitações do
tempo e espaço, oferecendo oportunidades flexíveis de aprendizagem individual ou em
grupo.
Comparação dos custos no Ambiente Presencial e a Distância
Consubstanciado nos dados fornecidos na tabela 6, foi possível evidenciar a vantagem
econômica dos cursos do sistema EaD.
Na visão de inúmeros autores, diversas são as vantagens que levam as empresas a
apostarem no e-learning. Rosenberg (2001) afirma que as vantagens só têm aumentado, e
através dos dados deste estudo de caso podemos comprovar as afirmações do próprio
Rosenberg que elenca dentre as vantagens mais evidentes: a economia de recursos antes
alocados para estrutura física; redução de gastos com deslocamento de pessoal; a quebra
de barreira geográfica; a própria melhoria da assimilação de informação devido a
interatividade.
Com base nos dados da tabela 4, calculou-se o custo por aluno no curso presencial (R$
882,00) considerando a lotação de 20 alunos por turma conforme referenciado neste estudo
de caso. A tabela 8, logo a seguir, evidencia como foram feitos os cálculos:
Tabela 8. Planilha custo por aluno na modalidade presencial
TOTAL DE DIAS
PREÇO DIÁRIA
PREÇO TURMA
SUB-TOTAL CUSTO POR TREINANDO
HOSPEDAGEM 3 R$ 90,00 R$ 5.400,00 R$ 43.200,00 R$ 270,00
ALIMENTAÇÃO 3 R$ 60,00 R$ 3.600,00 R$ 28.800,00 R$ 180,00
INSTRUTOR (*) R$ 70,00 R$ 4.200,00 R$ 33.600,00 R$ 210,00
SALAS DE AULA 3 R$ 350,00 R$ 1.050,00 R$ 8.400,00 R$ 52,50
PROJETOR 3 R$ 130,00 R$ 390,00 R$ 3.120,00 R$ 19,50
APOSTILAS R$ 30,00 R$ 600,00 R$ 4.800,00 R$ 30,00
TRANSPORTE R$ 120,00 R$ 2.400,00 R$ 19.200,00 R$ 120,00
TOTAIS 17.640,00 141.120,00 R$ 882,00
Fonte: desenvolvido a partir de dados fornecidos pela Eletrobrás em janeiro/2008
Com a finalidade de levantamento de dados para elaboração do gráfico, projetou-se os
custos totais do treinamento presencial e do treinamento no sistema de EaD considerando-
se uma demanda de até 160 alunos, conforme tabela 9.
Tabela 9. Custo de treinamento de empregados em ambas modalidades
CUSTO POR EMPREGADO CUSTO POR 160 EMPREGADOS
R$ 882,00 R$ 22.300,00Treinamento Presencial Treinamento EAD
1 R$ 882,00 R$ 22.300,00
2 R$ 1.764,00 R$ 22.300,00
3 R$ 2.646,00 R$ 22.300,00
4 R$ 3.528,00 R$ 22.300,00
5 R$ 4.410,00 R$ 22.300,00
n ... ...
21 R$ 18.522,00 R$ 22.300,00
22 R$ 19.404,00 R$ 22.300,00
23 R$ 20.286,00 R$ 22.300,00
24 R$ 21.168,00 R$ 22.300,00
25 R$ 22.050,00 R$ 22.300,00
26 R$ 22.932,00 R$ 22.300,00
27 R$ 23.814,00 R$ 22.300,00
n ... ...
156 R$ 137.592,00 R$ 22.300,00
157 R$ 138.474,00 R$ 22.300,00
158 R$ 139.356,00 R$ 22.300,00
159 R$ 140.238,00 R$ 22.300,00
160 R$ 141.120,00 R$ 22.300,00
Nº Treinandos
Fonte: desenvolvido a partir de dados fornecidos pela Eletrobrás em janeiro/2008
Para tanto, a fim de ter uma visão mais clara desta comparação (Presencial X EaD)
elaborou-se um gráfico que fundamentou-se nos custos unitários ($/treinando), que pode ser
visualizado no gráfico 1.
Gráfico1. Comparativo dos Custos de Treinamento (Presencial e EaD) X Treinandos
Fonte: desenvolvido a partir dos dados fornecidos pela Eletrobrás.
Em uma primeira visualização do gráfico 1 constata-se, de forma evidente, que o curso no
sistema EaD apresenta grande vantagem econômica quando voltado a treinamentos de
grande escala (grande número de participantes).
O portal e-learning Brasil divulga informações que demonstram que o número de
organizações que passaram a adotar o e-learning nos últimos 8 anos é surpreendente, com
comprovações de que os benefícios tem superado os investimentos. E que a escolha do
sistema e-learning deve-se a vários fatores, mas principalmente ao fato de haver uma
considerável redução nos custos devido à economia de escala e a possibilidade de
capacitar um número bem maior de funcionários se comparados ao sistema presencial.
Os dois fatores citados acima no portal e-learning Brasil como impulsionadores para que as
organizações adotem a modalidade EaD em seus treinamentos são evidenciados neste
estudo de caso do Sistema Eletrobrás.
No caso específico do Curso de Higiene e Segurança do Trabalho da Eletrobrás verifica-se
que até o contingente de 25 participantes é mais viável a estruturação do curso pelo sistema
presencial, porém acima deste número de alunos (25) torna-se mais vantajoso o sistema
EaD, sendo essa vantagem incrementada de forma aritmética ao incremento do número de
alunos, conforme demonstrado na gráfico 1.
Rumble (1999) demonstra que a economia de escala acontece quando o custo unitário de
produção não é incrementado em proporção direta ao aumento desta produção, ou seja, à
medida que mais um aluno ingressa no treinamento, os custos adicionados são os poucos
custos variáveis envolvidos (material didático oferecido ao aluno, por exemplo) ao passo que
todos os demais gastos se mantêm inalterados, o que vem de encontro às conclusões deste
estudo de caso.
No caso Eletrobras, para o 2º semestre, quando seria necessário esgotar a demanda anual
de 4040 (já que no primeiro semestre apenas 960 fizeram o curso e a necessidade real era
de 5000 funcionários) não resta a menor dúvida quanto a adequabilidade econômica do
sistema EaD.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sob a forma de conclusão fica constatado que existe no mercado uma escassez de
metodologia capaz de auxiliar a empresa, no momento de escolha da melhor opção para os
cursos oferecidos aos seus empregados, por isso buscou-se suprimir a lacuna existente
levantando-se qual sistema de ensino é mais interessante para a empresa adotar em seus
processos de formação continuada: presencial ou a distância, quando o foco for análise
econômica.
Realizou-se o estudo particular de um curso obrigatório do sistema Eletrobrás, oferecido a
todos os funcionários da parte operacional. Curso este, que se desenvolveu até meados do
ano de 2007 apenas pelo sistema presencial, o que trazia alguns transtornos para a
empresa, como: deslocamento de grandes equipes de trabalho para outros locais,
comprometimento da atividade operacional da empresa, não atendimento à demanda
necessária e custos em escala crescente. Com a implantação da modalidade EaD, a
empresa consegue atender toda a demanda de funcionários com um custo
significativamente menor.
Através do estudo de caso do Sistema Eletrobrás foi possível comprovar os ganhos reais
que essa migração (modalidade presencial para modalidade EaD) proporcionou em termos
de redução de custo para a empresa, demonstrando como o sistema de EaD proporciona
ganhos em escala, ou seja, a sua viabilidade torna-se cada vez mais evidente quanto maior
for o número de alunos, evidenciando que o curso presencial só se viabiliza quando a
demanda é bastante restrita.
O problema central, a análise comparativa sob o enfoque econômico dos cursos na
modalidade EaD versus modalidade presencial, pode ser evidenciado através deste estudo
de caso, onde se comprovou que o uso da modalidade EaD proporcionou:
Considerável redução de custos, devido à economia de escala;
Condições de atender a um número cada vez maior de empregados;
Flexibilidade de tempo – o treinando pode conciliar com sua disponibilidade;
Agilidade na implementação do treinamento, o que torna-se imprescindível,
tendo em vista o curso ser obrigatório;
Maior controle do desempenho do empregado;
Criação de uma cultura de rede, o que permite compartilhamento de
informações e produção coletiva de conhecimento;
Conexão com as novas tendências de mercado, onde as grandes empresas
não podem estar fora das tecnologias de ponta.
O fortalecimento da educação corporativa e dos processos de formação continuada
utilizando o método e-learning, faz com que novas empresas busquem cada vez mais esta
metodologia. No entanto, o argumento mais sensível, para utilização do sistema e-learning
nos cursos de formação continuada no ambiente corporativo é a redução de custos, aliada à
eficácia de ter um número cada vez maior de funcionários treinados, com diminuição do
ônus financeiro do treinamento presencial.
Ficou evidenciado através deste estudo que como estratégia de gestão, a adoção pela
metodologia a distância, no caso da Eletrobrás, permitiram a holding atender a si, as suas
subsidiárias, como também fornecer para outras empresas do grupo, possibilitando o
treinamento de outros profissionais, como também recuperar o investimento feito no curso
de “Higiene e Segurança do Trabalho”.
Sendo assim, os custos reduzem-se cada vez mais, pois todo segmento de energia elétrica
passa a se beneficiar dos investimentos feitos, utilizando toda infra-estrutura em tecnologia
da informação, garantindo a outros profissionais conhecimentos técnicos adequados ao
desempenho de suas funções.
Por fim, entende-se que toda e qualquer intervenção intelectual que pretenda desenvolver
facilidades metodológicas que facilitem o entendimento da dinâmica patrimonial no contexto
empresarial, bem como, que permita a identificação da contribuição de cada uma das partes
na consecução e manutenção deste patrimônio de forma a “amenizar” a complexidade na
gestão de negócios são ações desafiadoras e necessárias, sendo pertinente e relevante
área de pesquisa.
REFERÊNCIAS
ANNINGER, Laila. Capacitação on line: principais estratégias para o sucesso. 2001.
Disponível em www.vaganaescola.com.br. [Acesso em 3 de dezembro de 2012]
ARETIO, L. G. Fundamento y componentes de la educación a distancia. In: Educación a
distancia hoy. Madrid: Universidad de Educación a Distância, 1994, p. 28-39. Disponível em:
<http://www.utpl.edu.ec/ried/images/pdfs/vol-2- fundamento_componentes.pdf>. [Acesso
em: 12 abr. 2012]
ARETIO, Garcia Lorenzo. Educación a distancia hoy Madrid: UNED. 1995.
BRASIL. Constituição Federal Congresso Nacional. Brasília, 1988.
BRASIL, Lei nº 9394, de 10 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Poder Executivo, DF, 20 dez, 1996.
DALMAU, Marcos BL. VALENTE, Amir M. LOBO, Eduardo. Educação a Distância ou Meio
Presencial: Qual o meio mais indicado para que as empresas de grande porte possam
oferecer seus Programas de Capacitação Profissional? Laboratório de Ensino a Distância da
Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.
EICK, Augusto. A Utilização de agentes para ensino à distância na internet Comissão de
Pós-Graduação em Ciências da Computação. Trabalho Individual I Informática/UFRGS -
Janeiro de 1997.
ELETROBRAS. Centrais Elétricas Brasileiras. Disponível em <www.eletrobras.gov.br>
GIDDENS, A. Modernidade e Identidade Pessoal. Oeiras: Celta, 1997.
GUIZZO, E. Intranet: o que é, o que oferece, como conectar-se? São Paulo: Atlas, 2002.
LACERDA, ERM; ABBAD, G. Impacto do Treinamento no Trabalho: investimentos
em variáveis motivacionais e organizacionais Revista de Administração
Contemporânea, 7(4) 77-96, 2000.
LEVY, Jonatahan D. Medindo e maximizando resultados através do e-learning. In E-
Learning Brasil News.2003. Disponível em www.e-learningbrasil.com.br. [Acesso em 11 de
dezembro de 2013].
LITWIN, E (org). EAD: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre:
Editora Artmed, 2001.
MAROTO, Maria Lutgarda Mata. Educação a Distância: aspectos conceituais. CEAD SENAI-
DR/Rio de Janeiro, ano 2, nº 08 - jul/set 1995.
MEC. Referências da qualidade para educação à distância. Brasília, 2007.
MEISTER, J C. Educação Corporativa. São Paulo: Makron Books, 1999.
MEISTER, J. Educação Corporativa: a gestão do capital intelectual através das
universidades corporativas. São Paulo: Makron Books, 1999.
MORAN, J. M. Novos caminhos do ensino à distância. In: Informe CEAD – Centro de
Educação à Distância. SENAI, Rio de Janeiro, ano 1, n.5, out/dez, 2002, p. 1-3. Disponível
em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. [Acesso em 07 set. 2012]
NISKIER, Arnaldo. A educação na virada do século. RJ: Expressão e Cultura, 2001.
NISKIER, Arnaldo. Educação a distância – A tecnologia da esperança. São Paulo: Edições
Loyola, 2001.
PAGANO, Luiz Antonio N. A importância do ensino a distância-EAD, como ferramenta para
educação continuada. Um estudo de caso para a escola técnica Tredakah em Dias D’Ávila,
Bahia. Dissertação de Mestrado em Engenharia da Produção, UFSC, 2002.
PRETI, Oreste. Educação à distância: uma prática educativa mediadora e mediatizada.
M.G., UFMT/NEAD, 2000. Disponível em:
http://www.nead.ufmt.br/documentos/EDUCACAO2doc.
RAMOS, Araceli S. Las funciones docentes del profesor de la UNED: programación y
evaluación Madrid: ICE/UNED, 1990.
REIS, A M V. Ensino a Distância: megatendência atual. São Paulo: Editora Imobiliária, 1996.
RODRIGUES, Rosangela Schwarz. Modelo de Avaliação para cursos no Ensino a Distância:
estrutura, aplicação e avaliação. Dissertação de Mestrado em Engenharia da Produção,
UFSC, Florianópolis, 1998.
ROSENBERG, Marc J. E-Learning: estratégias para transmissão de conhecimento na era
digital. São Paulo: Pearson Education, 2002.
ROSENBERG, Marc J. E-learning: strategies for delivering Knowledge in the digital
age.EUA: McGrow-Hill, 2001.
RUMBLE, Greville .The Costs of Networked Learning: what have we learnt? In: Flexible
Learning on the Information Superhighway Conference (FLISH 99), 1999 Sheffield Anais
eletrônicos Sheffield: Sheffield Hallam University, 1999. Conferência Disponível em:
<http://wwwshuacuk/flish/rumblephtm> [Acesso em: 07 outubro de 2012].
SILVA JUNIOR, José Barbosa. Custos: ferramentas de gestão. São Paulo: Atlas, 2000.
SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de. Comunicação, educação e novas tecnologias.
Campos dos Goytacazes, RJ: Editora FAFIC, 2003.
SOUZA, Renato Rocha .Aprendizagem Colaborativa em Comunidades Virtuais. Dissertação
Mestrado em Engenharia de Produção, UFSC, 2000.