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  • Adsoro de compostos fenlicos sobrecarvo ativado

    Eduardo Luiz Schneider

    Toledo - PR2008

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANCECE Centro de Engenharias e Cincias ExatasPrograma de PsGraduao em Engenharia Qumica

  • Eduardo Luiz Schneider

    Adsoro de compostos fenlicos sobrecarvo ativado

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica emcumprimento parcial aos requisitos paraobteno do ttulo de Mestre em EngenhariaQumica, rea de concentrao emDesenvolvimento de Processos.

    Orientador: Prof. Dr. Joo Batista Oliveira dos Santos

    Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Pal

    Toledo - PR2008

  • II - Dedicatria

    Dedicatria

    Primeiramente minha famlia. Aos meus pais: Donato e Geni Schneider, por

    tudo que fizeram por mim, pela educao e pelos princpios que me passaram.

    Em segundo, a minha namorada: Ftima Paula Oeschler, pelos momentos ao

    meu lado, sempre me incentivando e me ajudando a alcanar meus objetivos.

    E por ltimo, todos meus amigos, que de um modo ou outro, me

    incentivaram realizao deste estudo.

  • III - Agradecimentos

    Agradecimentos

    Natureza pela sua criao.

    Aos meus pais, minha namorada e amigos pelo apoio e incentivo.

    Ao Montanhismo, muito mais do que esporte, uma filosofia de vida.

    Ao professor Joo Batista Oliveira dos Santos, pela oportunidade de trabalhar

    ao seu lado, no qual obtive muitos conhecimentos, tantos cientficos assim como

    morais.

    Ao professor Fernando Pal pela Co-Orientao.

    Aos colegas de mestrado.

    Aos funcionrios do prdio de Engenharia Qumica, principalmente aos

    Tcnicos Juliana e Paulo, pela pacincia e ajuda.

    A todo o Departamento de Engenharia Qumica, professores e funcionrios.

    E a todos que de uma forma ou outra, contriburam para minha formao.

  • IV - Epgrafe

    Epgrafe

    Quanta gente que passa o tempo sem perceberque a vida to bonita de se viver

    Quanta gente que deixa seus sonhos para trsse escondendo e pensando em coisas que no voltam mais.

    CHIMARRUTS O MORRO

  • V Sumrio

    Sumrio

    Lista de Tabelas.................................................................................................. VIILista de Figuras................................................................................................... VIIINomenclatura...................................................................................................... IXResumo............................................................................................................... XAbstract................................................................................................................ XII1. Introduo........................................................................................................ 012. Objetivos..........................................................................................................

    2.1. Objetivos Gerais.........................................................................................2.2. Objetivos Especficos.................................................................................

    030303

    3. Reviso da Literatura....................................................................................... 043.1. Adsoro..................................................................................................... 04

    3.1.1. Natureza da adsoro........................................................................... 043.1.1.1. Adsoro fsica................................................................................. 053.1.1.2. Adsoro qumica............................................................................. 05

    3.1.2. O processo de adsoro........................................................................ 063.1.2.1 Influncia da natureza do adsorvente................................................ 063.1.2.2. Influncia da natureza do adsorbato................................................ 063.1.2.3. Influncia das condies operacionais e dos parmetros da

    soluo................................................................................................................ 073.1.3. Cintica de Adsoro............................................................................. 07

    3.1.3.1. Modelos cinticos............................................................................. 083.1.3.1.1. Modelo de pseudoprimeira ordem............................................. 083.1.3.1.2. Modelo de pseudosegunda ordem............................................ 123.1.3.1.3. Modelo de difuso intrapartcula.................................................. 133.1.3.1.4 Equao de Bangham.................................................................. 13

    3.1.4. Isotermas de Adsoro.......................................................................... 153.1.4.1. Isoterma de Langmuir....................................................................... 153.1.4.2. Isoterma de Freundlich..................................................................... 163.1.4.3. Isoterma de Temkin.......................................................................... 163.1.4.4. Isoterma de Toth............................................................................... 183.1.4.5. Isoterma de Redlich Peterson....................................................... 19

    3.1.5. Termodinmica de Adsoro................................................................. 203.1.5.1. Determinao das grandezas termodinmicas................................ 213.1.5.2. Heterogeneidade da superfcie do adsorvente................................. 22

    3.1.6. Funo objetivo utilizada....................................................................... 233.2. Adsorventes................................................................................................ 23

    3.2.1. Carvo ativado....................................................................................... 233.2.1.1. Produo de carvo ativado............................................................. 243.2.1.2. Qumica Superficial........................................................................... 26

    3.3. Adsoro de fenis em soluo aquosa sobre carvo ativado.................. 273.3.1. Legislao ambiental............................................................................. 31

    4. Parte experimental........................................................................................... 324.1. Materiais utilizados..................................................................................... 32

    4.1.1. Adsorvente............................................................................................. 324.1.2. Adsorbatos............................................................................................. 32

    4.2. Mtodos...................................................................................................... 334.2.1. Preparao e ativao do adsorvente................................................... 33

    4.2.1.1. Preparao da matria prima........................................................... 33

  • VI Sumrio

    4.2.1.2. Processo de impregnao................................................................ 334.2.1.3. Processo de carbonizao............................................................... 334.2.1.4. Caracterizao do carvo ativado.................................................... 34

    4.2.2. Experimentos de adsoro de cada fenol.............................................. 354.2.2.1. Testes cinticos................................................................................. 354.2.2.2. Influncia da concentrao inicial da soluo................................... 354.2.2.3. Influncia do pH inicial da soluo.................................................... 364.2.2.4. Influncia da massa inicial de carvo................................................ 364.2.2.5. Estudo do equilbrio........................................................................... 374.2.2.6. Testes termodinmicos...................................................................... 374.2.2.7. Anlise............................................................................................... 38

    5. Resultado e Discusso.................................................................................... 395.1. Caracterizao do carvo ativado.............................................................. 39

    5.1.1. Caracterizao fsica............................................................................. 395.1.2. Caracterizao qumica......................................................................... 39

    5.2. Adsoro de fenis..................................................................................... 435.2.1. Cintica de adsoro............................................................................. 445.2.2. Concentrao inicial das solues........................................................ 485.2.3. pH inicial das solues.......................................................................... 495.2.4. Influncia da massa de carvo.............................................................. 515.2.5. Equilbrio de adsoro........................................................................... 535.2.6. Efeito da temperatura da soluo.......................................................... 58

    5.2.6.1. Ajuste dos dados de equilbrio.......................................................... 605.2.6.2. Clculo das grandezas termodinmicas........................................... 685.2.6.3. Determinao da heterogeneidade da superfcie do carvo

    ativado................................................................................................................. 695.3. Comparao entre carves ativados-influncia da massa de

    carvo..................................................................................................................73

    6. Concluses...................................................................................................... 747. Sugestes para trabalhos futuros.................................................................... 758. Referncias Bibliogrficas............................................................................... 76

  • VII Lista de Tabelas

    Lista de Tabelas

    Tabela 1 Valores dos parmetros dos modelos de pseudo primeira esegunda ordem no trabalho de Dursun e Kalayci [2]......................... 13

    Tabela 2 Valores dos parmetros dos modelos cinticos no trabalho deSrivastava et.al [4]............................................................................. 14

    Tabela 3 Valores dos parmetros das isotermas de adsoro no trabalho deSrivastava et.al [4]............................................................................. 19

    Tabela 4 Valores de ?NG em diferentes temperaturas obtidas por Dursun eKalayci [2].......................................................................................... 21

    Tabela 5 Materiais precursores de carvo ativado........................................... 23Tabela 6 Propriedades fsicas e qumicas de alguns fenis............................. 26Tabela 7 Valores para as isotermas de Langmuir e Freundlich por Tancredi

    et. al. [35]........................................................................................... 27Tabela 8 Parmetros do modelo cintico de primeira ordem [42].................... 28Tabela 9 Parmetros de equilbrio obtidos por Srivastava et.al. [4]................. 29Tabela 10 Valores dos parmetros dos modelos cinticos no trabalho de

    Srivastava et.al [4]............................................................................. 29Tabela 11 Parmetros de equilbrio obtidos por zkaya [3]............................... 30Tabela 12 Valores dos parmetros da caracterizao fsica do carvo ativado. 37Tabela 13 Propriedades fsicas de alguns carves ativados.............................. 37Tabela 14 Valores de pHi e pHf, [H+]i e [H+]f [H+]i - [H+]f................................... 40Tabela 15 Valores do comprimento de onda para os compostos fenlicos....... 41Tabela 16 Constantes dos modelos cinticos e os valores estatsticos............. 44Tabela 17 Parmetros das isotermas e valores estatsticos.............................. 53Tabela 18 Parmetros das isotermas e valores estatsticos na temperatura de

    10C................................................................................................... 58Tabela 19 Parmetros das isotermas e valores estatsticos na temperatura de

    20C................................................................................................... 59Tabela 20 Parmetros das isotermas e valores estatsticos na temperatura de

    30C................................................................................................... 60Tabela 21 Parmetros das isotermas e valores estatsticos na temperatura de

    40C................................................................................................... 62Tabela 22 Parmetros das isotermas e valores estatsticos na temperatura de

    50C................................................................................................... 63Tabela 23 Grandezas termodinmicas da adsoro de cada um dos

    compostos fenlicos.......................................................................... 64Tabela 24 Valores utilizados na construo da Figura 15.................................. 66Tabela 25 Equaes das retas obtidas na Figura 16......................................... 68Tabela 26 Valores de aadsH ,D para cada qe........................................................ 69

  • VIII Lista de Figuras

    Lista de Figuras

    Figura 1 Figura 1. Grupos funcionais encontrados na superfcie doscarves...................................................................................... 27

    Figura 2 Porcentagem removida de hipoclorito de sdio sobre carvoativado de endocarpo de coco................................................... 40

    Figura 3 Valores do pH inicial e final da soluo em diferentesconcentraes de NaNO3.......................................................... 41

    Figura 4 Curvas de calibrao para compostos fenlicos....................... 43Figura 5 Efeito do tempo de contato na adsoro dos fenis.................. 44Figura 6 Ilustrao do processo de adsoro em relao ao tempo....... 45Figura 7 Ilustrao da adsoro dos fenis............................................. 46Figura 8 Comparao dos dados experimentais com o modelo de

    Bangham................................................................................... 48Figura 9 Efeito da concentrao inicial das solues.............................. 49Figura 10 Efeito da influncia do pH inicial da soluo............................. 50Figura 11 Efeito da massa de carvo........................................................ 52Figura 12 Dados de equilbrio.................................................................... 53Figura 13 Dados de equilbrio em funo de mol...................................... 54Figura 14 Comparao dos dados experimentais com a isoterma de

    Redlich Peterson.................................................................... 58Figura 15 Efeito da temperatura da soluo no processo de adsoro.... 59Figura 16 Retas de ln Ce em funo de 1/T para obteno de

    astH ,D .................71

    Figura 17 Variao de aadsH ,D com a quantidade adsorvida (qe)............... 72Figura 18 Comparao da quantidade adsorvida de fenol entre os

    carves ativados........................................................................73

  • IX Nomenclatura

    Nomenclatura

    qe Quantidade adsorvida no equilbrio mg g-1q Quantidade adsorvida no instante t mg g-1Kf Constante da velocidade de adsoro da equao de

    pseudo 1 ordemL min-1

    t tempo minKS Constante da velocidade de adsoro da equao de

    pseudo 2 ordemg mg-1min-1

    a Constante da equao de Bangham Adimensionalko Constante da equao de Bangham mg L-1m Massa de carvo gV Volume da soluo Lkid Constante de difuso intrapartcula mg g-1 min-1/2C Constante de espessura da camada limite mg g-1kL Constante da equao de Langmuir L mg-1Qo Constante da equao de Langmuir mg g-1Ce Concentrao do adsorbato no equilbrio mg L-1kf Constante da equao de Freundlich (mgg-1).(L

    mg-1)1/nn Constante da equao de Freundlich AdimensionalB1 Constante da equao de Tempkin AdimensionalkL0 Constante da equao de Tempkin L mg-1A Constante da equao de Toth mg g-1B Constante da equao de Toth (mg L-1)DD Constante da equao de Toth Adimensionalre Constante da equao de Redlich - Peterson L g-1pe Constante da equao de Redlich - Peterson (L mg-1)gg Constante da equao de Redlich - Peterson Adimensional?}Gads Energia livre de Gibbs kJ kg-1?Sads Entropia kJ kg-1 K-1?Hads,0 Entalpia de adsoro no inicio kJ kg-1T Temperatura KR Constante universal dos gases kJ mol-1 K-1PM Peso molecular g mol-1?Hads,a Entalpia de adsoro durante a adsoro kJ kg-1pHpcz pH de carga zero da superfcie do carvo Adimensional

  • X Resumo

    Resumo

    Neste estudo foi avaliada a capacidade de adsoro de fenis sobre carvo

    ativado. O carvo utilizado neste trabalho foi preparado quimicamente a partir do

    endocarpo de coco e apresentou rea superficial de 1181 m2g-1. Foram realizados

    testes cinticos, de equilbrio e termodinmicos, alm de testes para verificar a

    influncia de parmetros fsicos e qumicos no processo de adsoro, utilizando os

    seguintes compostos fenlicos: pcresol, mcresol, fenol e hidroquinona. Os dados

    obtidos nos testes de equilbrio, temperatura de 28C e pH natural (pH do composto

    em soluo aquosa) de cada composto, foram utilizados para o estudo de isotermas

    de adsoro. Os modelos utilizados foram Freundlich, Langmuir, Redlich Peterson,

    Toth e Tempkin, sendo o modelo que apresentou os melhores resultados, a isoterma

    de Redlich Peterson. A quantidade adsorvida mxima de cada composto seguiu a

    seguinte ordem: pcresol (Qmx 47 mg g-1) > mcresol (Qmx 45 mg g-1) > fenol

    (Qmx 38 mg g-1) > hidroquinona (Qmx 37 mg g-1). Os testes cinticos foram

    realizados para determinao do tempo de equilbrio e verificao do

    comportamento cintico da adsoro de cada composto. A ordem de velocidade de

    adsoro, ou seja, o tempo para cada composto atingir o equilbrio foi a seguinte:

    fenol (teq 110 min) > p cresol (teq 270 min) > m cresol (teq 500 min) >

    hidroquinona (teq 1000 min). Alm disso os dados cinticos foram ajustados a

    quatro modelos cinticos, sendo eles: pseudo primeira ordem, pseudo segunda

    ordem, intraparticula e Bangham. Para o fenol o modelo que apresentou os

    melhores resultados foi a equao de pseudo segunda ordem, para os cresis foi

    o modelo de Bangham e para a hidroquinona o modelo de pseudo segunda ordem

    e intraparticula. Os testes termodinmicos foram realizados nas temperaturas de 10,

    20, 30, 40 e 50C e foi verificado que o processo de adsoro exotrmico e

    espontneo. Com os dados termodinmicos obtidos, foi possvel determinar as

    grandezas termodinmicas ?Hads, ?Sads e ?Gads e tambm realizar um estudo da

    heterogeneidade da superfcie do carvo ativado. Alm disso, foram realizados

    testes para avaliar a influncia do pH, da massa de carvo e da concentrao inicial

    do adsorbato no processo de adsoro. Foi verificado que, aumentando o pH a

    adsoro prejudicada devido dissociao dos compostos. Aumentando a massa

    de carvo aumenta a quantidade de adsorbato adsorvida devido ao aumento de

    stios disponveis para a adsoro. E aumentando a concentrao inicial do

  • XI Resumo

    adsorbato a adsoro tambm favorecida pois aumenta a diferena de

    concentrao do adsorbato no seio do fluido e na superfcie do carvo, alm de

    haver mais molculas para serem adsorvidas.

    De um modo geral, foi estudado e avaliado a capacidade de adsoro de

    fenis em soluo aquosa sobre carvo ativado preparado a partir do endocarpo de

    coco, justificado pela recente preocupao da sociedade com o meio ambiente,

    onde o tratamento de efluentes industriais que contenham compostos nocivos ao

    ambiente, como os fenis, tem se tornado alvo de grande preocupao, e portanto, o

    estudo de mtodos mais eficientes e com melhor relao custo/beneficio para a

    remoo dos mesmos so de extrema importncia.

  • XII Abstract

    Abstract

    In this study was evaluated the adsorption capacity of phenolics compounds

    on activated carbon. The carbon used in this work was chemically prepared from

    coconut shell and presented a surface area of 1181 m2 g-1. Weve done kinetics tests,

    equilibrium and thermodynamics tests, and also tests to verify the influence of

    physics and chemicals parameters on adsorption process, using the following

    phenolics compounds: p cresol, m cresol, phenol and hydroquinone. The data

    obtained in the equilibrium tests, ambient temperature (27C) and natural pH (liquid

    solution pH) of each compound, was used to adjust the adsorption isotherms. The

    models used were Freundlich, Langmuir, Redlich Peterson, Toth and Tempkin,

    being the best model that described the data, in the most of times, Redlich

    Peterson. The maximum quantity adsorbed of each compound followed the order: p

    cresol (Qmx 47 mg g-1) > m cresol (Qmx 45 mg g-1) > phenol (Qmx 38 mg g-

    1) > hydroquinone (Qmx 37 mg g-1). The kinetics tests were conducted in order to

    determinate the equilibrium time and verification of adsorption kinetics behavior of

    each compound. The equilibrium time for all compounds was 12 hours, but some of

    them reached the equilibrium before that time. The order of adsorption speed was:

    phenol (teq = 110 min) > p cresol (teq = 270 min) > m cresol (teq = 500 min) >

    hydroquinone (teq = 1000 min). Moreover, the kinetics data were adjusted to four

    models, being them: pseudo first order, pseudo - second order, intraparticle and

    Bangham. To phenol, the model that showed the best results was the pseudo model

    second order equation, to the cresols was the Banghams model and to the

    hydroquinone the pseudo second order and intraparticle. The thermodynamics

    tests were conducted in the following temperatures: 10, 20, 30, 40 and 50C and it

    were verified that adsorption process was exothermic and spontaneous. With

    thermodynamics data obtained, was possible determinate ?Hads, ?Sads e ?Gadsand to realize the heterogeneity study of activated carbon surface area. Moreover,

    we did tests to evaluate the pH, carbon mass and initial compound concentration

    influence on adsorption process. We verified that increasing the pH, the adsorption

    suffers prejudiced due to compounds dissociation. Increasing the carbon mass, the

    compound adsorbed quantity increases too, because there are more available sites

    to the adsorption. And increasing the initial compound concentration, the adsorption

  • XIII Abstract

    is favored because it increases the concentration difference of compound in the fluid

    and the carbon surface area, besides having more molecules to be adsorbed.

    In a general view, it was evaluated the capacity of phenol absorption in liquid

    solution on activated carbon, prepared from coconut shell, justified by the recent

    society preoccupation about the environment, were the industrial water waste which

    may contain harmful compounds to it, like phenol. So the studies of more efficient

    and better relation cost/benefit methods, to the removal of phenol are extremely

    important.

  • 1 Introduo

    1. Introduo

    Nos ltimos anos, tem aumentado bastante a preocupao da sociedade na

    conservao do meio ambiente. Antigamente, as empresas tratavam seus efluentes

    somente visando atender a legislao, e hoje j se tem uma viso de economia

    evitando desperdcios e assegurando uma boa imagem da empresa perante os

    consumidores.

    As indstrias so responsveis por milhes de toneladas de rejeitos slidos,

    lquidos e gasosos que sobram em seus processos produtivos, sendo a grande

    maioria nociva ao meio ambiente. Dentre esses compostos nocivos, os principais

    so os de origem qumica, como os fenis.

    Componentes fenlicos so contaminantes comuns nos seguintes efluentes

    industriais: petroqumicas, refinarias de leo, farmacuticas, pesticidas e

    metalrgicas [1]. Alm destas industrias, fenis so geralmente utilizados para a

    produo comercial de uma variedade de resinas, estas que so usadas na indstria

    automobilstica, na indstria de resinas epxi e adesivos, dentre outras vrias

    aplicaes [1].

    Efluentes que contm estes tipos de compostos apresentam srios problemas

    ambientais devido alta toxicidade e a possvel acumulao no ambiente [2]. Em

    contato com a gua, os componentes fenlicos causam textura e odor

    caractersticos mesmo em baixas concentraes. De acordo com o Instituto

    Ambiental do Paran (IAP), a concentrao mxima de fenol em efluentes industriais

    deve ser na ordem de 1 mg L-1 , enquanto que, a concentrao mxima de fenol em

    guas potveis no deve exceder 0,001 mg L-1. Muitos destes componentes so

    reconhecidos como toxinas cancergenas [3]. Efeitos txicos crnicos afetam os

    humanos, como vmito, dificuldade de respirar, anorexia, dores de cabea, dentre

    outros distrbios fsicos e mentais [4].

    O tratamento de efluentes contendo compostos fenlicos pode ser realizado

    atravs de diversos mtodos, tais como degradao microbiana, adsoro, oxidao

    qumica, dentre outros [2]. A adsoro de fenis por carvo ativo o mtodo mais

    utilizado, pois apresentam uma habilidade perfeita para adsorver componentes

    orgnicos de baixo peso molecular, como os fenis. Alm disso, o carvo possui

    uma alta heterogeneidade superficial e porosidade [5]. A porosidade do carvo

  • 2 Introduo

    resultado dos diferentes tamanhos e formas dos poros, assim como a profundidade

    dos mesmos. A heterogeneidade qumica esta associada a diferentes grupos

    funcionais na superfcie do carvo [6]. Haghseresht et al. [7] constatou que a

    capacidade de adsoro de compostos aromticos em carvo ativo depende de

    vrios fatores, como a natureza fsica do adsorvente e sua estrutura dos poros, a

    natureza do adsorbato, peso molecular, tamanho e condio da soluo (pH, foras

    inicas), dentre outros fatores.

    Entretanto, um dos maiores empecilhos no uso do carvo ativado o seu

    preo comercial (aproximadamente R$ 50,00 o kg). Existem atualmente muitos

    estudos que visam substituintes para o carvo ativado comercial, que objetivam

    tambm um fim para muitos materiais precursores [4].

    Com a finalidade de obter um novo precursor para o carvo ativado, eficiente

    na remoo de fenis, foi proposto o estudo da remoo deste compostos atravs

    de adsoro sobre carvo ativado de endocarpo de coco, pois um resduo comum

    nas praias brasileiras e apresenta baixssimo custo.

  • 3 Objetivos

    2. Objetivos

    2.1. Objetivo Geral

    Estudar a capacidade de adsoro de fenis em soluo aquosa sobre carvo

    ativado preparado a partir do endocarpo de coco, para a utilizao deste como novo

    material precursor.

    2.2. Objetivos Especficos

    1. Avaliar a influncia de parmetros fsicos e qumicos no processo de

    adsoro dos fenis em soluo aquosa;

    2. Obteno experimental da cintica de remoo dos compostos fenlicos e

    modelagem cintica;

    3. Obteno dos dados de equilbrio, ajuste das isotermas e determinao

    dos parmetros de cada modelo;

    4. Determinao das grandezas termodinmicas e estudo da heterogeneidade

    da superfcie do carvo ativado.

  • 4 Reviso da Literatura

    3. Reviso de Literatura

    3.1. Adsoro

    A adsoro uma operao de transferncia de massa do tipo slido fluido

    na qual se explora a habilidade de certos slidos em concentrar na sua superfcie

    determinadas substncias existentes em solues lquidas ou gasosas, o que

    permite separ las dos demais componentes dessas solues. A quantidade total

    adsorvida normalmente varia entre 5 e 30% do peso do slido adsorvente, podendo

    chegar em certos casos at 50%. Uma vez que os componentes se encontram

    adsorvidos na superfcie do slido, quanto maior for esta superfcie por unidade de

    peso, mais favorvel ser a adsoro [8].

    A adsoro utilizada industrialmente devido ao elevado grau de remoo de

    certos componentes. A seguir so apresentados alguns exemplos de adsoro em

    aplicaes industriais [8]:

    a. desumidificao de gases;

    b. recuperao de vapores de solventes valiosos;

    c. branqueamento das solues de acar, leos vegetais e minerais;

    d. recuperao de vitaminas e de outros produtos contidos em mostos de

    fermentao;

    e. separao de gases raros;

    f. desodorizao de esgotos, cozinhas e sanitrios;

    g. secagem de gases;

    h. remoo de contaminantes em efluentes industriais;

    i. dentre muitas outras aplicaes.

    3.1.1. Natureza da adsoro

    Quando as molculas de um fluido (adsorbato) entram em contato com um

    slido (adsorvente), uma fora de atrao entre o slido e as molculas do fluido

    podem provocar sua fixao na superfcie do slido. A intensidade das foras de

    atrao depende da natureza do slido e do tipo das molculas adsorvidas, alm de

  • 5 Reviso da Literatura

    variar com alguns outros fatores como temperatura, presso e o processo

    empregado na preparao do adsorvente. A atrao do slido por certos tipos de

    molculas to intensa que praticamente todas as molculas incidentes ficam

    retidas at saturar os stios ativos ou at que as condies da superfcie (pH, foras

    inicas) sejam alteradas de modo a reduzir as foras de atrao [8].

    A unio entre o slido e o adsorbato pode ser to forte que a adsoro

    apresenta as caractersticas de uma reao qumica, sendo este tipo de processo

    denominado quimissoro. Em outras situaes a unio do adsorbato com o

    adsorvente fraca e o processo chamado de fisissoro ou adsoro fsica. Neste

    tipo de adsoro, o processo pode ser invertido com facilidade, de modo a liberar a

    substncia adsorvida.

    Apenas a adsoro fsica, interessa as operaes unitrias (colunas de

    adsoro) porque pode ser desfeita na maioria das vezes. Em contraposio, s a

    quimissoro apresenta interesse na catlise heterognea, entretanto, mesmo

    nestes casos a adsoro fsica til, sendo empregada para determinar as

    propriedades dos catalisadores (volume, tamanho, distribuio dos poros e rea

    superfcial) [8].

    3.1.1.1. Adsoro fsica

    A adsoro fsica ocorre quando foras intermoleculares de atrao das

    molculas na fase fluida e da superfcie slida so maiores que as foras atrativas

    entre as molculas do prprio fluido [9]. Este tipo de adsoro, tambm chamada de

    Van der Walls, um processo rpido e reversvel decorrente da ao de foras de

    atrao intermoleculares fracas entre o adsorvente e as molculas adsorvidas [10].

    Alm disso, como no h formao ou quebra de ligaes, a natureza qumica do

    adsorbato no alterada. Outro fato caracterstico deste tipo de adsoro a

    possibilidade de haver vrias camadas de molculas adsorvidas [8].

    3.1.1.2. Adsoro qumica

    Neste tipo de adsoro ocorre ligaes qumicas entre o adsorbato e o

    adsorvente, envolvendo o rearranjo dos eltrons do fluido que interage com o slido.

    O adsorbato sofre uma mudana qumica e geralmente dissociado em fragmentos

  • 6 Reviso da Literatura

    independentes, formando radicais e tomos ligados ao adsorvente [11,12]. Em

    muitos casos a adsoro irreversvel e difcil separar o adsorbato do adsorvente

    [10]. Ao contrrio da adsoro fsica, um processo instantneo, ocorre mesmo em

    altas temperaturas e h formao de apenas uma camada.

    3.1.2. O processo de adsoro

    Segundo Haghseresht et al. [7], a capacidade de adsoro de um lquido

    sobre um slido depende de trs fatores principais; 1) da natureza do adsorvente e

    seu modo de ativao; 2) da natureza do adsorbato e 3) das condies do

    processo (temperatura, pH, agitao, relao adsorbato/adsorvente).

    3.1.2.1. Influncia da natureza do adsorvente

    A adsoro de um adsorbato sobre um adsorvente pode ser afetado pelo tipo

    de adsorvente, pelo seu modo de preparao e ativao (qumica ou fsica), que

    condiciona os tipos de grupos funcionais presentes em sua superfcie [6].

    Lillo Rdenas et.al. [13] estudaram a adsoro de benzeno e tolueno sobre

    carvo ativado, o qual foi preparado a partir de diferentes materiais precursores e

    diferentes modos de ativao. Os estudos verificaram uma variao na adsoro

    dos compostos sobre os diferentes carves ativados, e que os adsorventes ativados

    quimicamente eram mais eficientes na adsoro de benzeno e tolueno, pois, de

    acordo com os autores, estes carves ativados quimicamente possuem um volume

    maior de microporos.

    Roostaei e Tezel [14] estudaram a adsoro de fenol em diferentes

    adsorventes, sendo eles: carvo ativado, Hisiv 1000 (zelita) e F 400 (carvo

    ativado), e observaram que a quantidade adsorvida de fenol varia de um adsorvente

    para outro, sendo o carvo ativado o slido com mais adsoro, pois a quantidade

    adsorvida depende da natureza do slido [7].

    3.1.2.2. Influncia da natureza do adsorbato

    O tamanho e o peso da molcula, polaridade e hidrofobicidade, solubilidade

    do adsorbato no solvente utilizado, alm da acidez ou basicidade, que

  • 7 Reviso da Literatura

    determinado pelo grupo funcional da molcula [6], podem afetar a capacidade de

    adsoro de um adsorbato sobre um adsorvente.

    Nuray Yiuldiuz et. al. [15] estudaram a adsoro de hidroquinona e cido

    benzico sobre bentonita e verificaram que o cido benzico mais adsorvido que a

    hidroquinona. Os autores atriburam este fato menor solubilidade do cido

    benzico em gua. Alm disso, a hidroquinona se oxida para 1,4 benzoquinona, e

    esse fato pode diminuir ou mascarar sua adsoro [16].

    3.1.2.3. Influncia das condies operacionais e dos parmetros da soluo

    Os principais fatores que podem influenciar na adsoro so: a temperatura,

    polaridade do solvente, velocidade da agitao, relao slido lquido, tamanho

    das partculas do slido, concentrao inicial do adsorbato, pH da soluo, outras

    espcies competitivas e impurezas na superfcie do adsorvente [7].

    Dursun e Kalayci [2] estudaram o efeito do pH da soluo na adsoro de

    fenol sobre onto chin e, observaram que a adsoro favorecida em pHs menores

    (pH < 7), pois a superfcie deste adsorvente bsica, e em altos valores de pHs

    ocorre a dissociao do fenol (pH < 8), logo a adsoro prejudicada.

    Roostaei e Tezel [14] estudaram a adsoro de fenol em diferentes tamanhos

    de partculas de adsorvente (Hisiv 1000) e em diferentes temperaturas da soluo

    (25, 40 e 55C), verificando que diminuindo o tamanho das partculas a adsoro

    favorecida, devido a facilitao difuso das molculas de fenol e o aumento da

    rea de contato. Em relao as diferentes temperaturas da soluo, os autores

    observaram que aumentando a temperatura, a quantidade de fenol adsorvido

    diminui , o que indica que a adsoro de fenol sobre HiSiv 1000 um processo

    exotrmico.

    3.1.3. Cintica de Adsoro

    A cintica de adsoro descreve a velocidade com a qual as molculas do

    adsorbato so adsorvidas pelo adsorvente. Esta velocidade depende das

    caractersticas fsicoqumicas do adsorbato (natureza do adsorbato, peso

    molecular, solubilidade, etc), do adsorvente (natureza, estrutura de poros) e da

    soluo (pH, temperatura, concentrao) [9].

  • 8 Reviso da Literatura

    O mecanismo de adsoro de um adsorbato em slidos porosos pode ser

    descrito como:

    1. Contato entre as molculas do adsorbato e a superfcie externa do

    adsorvente;

    2. Adsoro nos stios da superfcie externa;

    3. Difuso das molculas do adsorbato nos poros;

    4. Adsoro das molculas do adsorbato nos stios disponveis na superfcie

    interna.

    A etapa que frequentemente a determinante a etapa 3, principalmente em

    adsorventes microporosos, como por exemplo, os carves ativados [17]. Entretanto,

    segundo Srivastava et.al. [4], em adsorbatos de grande massa molecular e/ou com

    grupos funcionais com alta carga, a etapa controladora pode ser tambm a difuso

    das molculas da superfcie externa at os poros, devido a dificuldade de mobilidade

    de tais molculas.

    3.1.3.1. Modelos cinticos

    Diversos modelos cinticos podem ser utilizados para descrever a adsoro

    de um adsorbato sobre um adsorvente. A seguir, os modelos de pseudo-primeira

    ordem, pseudo-segunda ordem, Bangham e difuso intraparticula so descritos.

    Estes modelos foram escolhidos por apresentarem bons resultados na cintica de

    adsoro sobre carvo ativado [4]. Detalhes desses modelos podem ser

    encontrados em Srivastava et.al. [4].

    3.1.3.1.1. Modelo de pseudoprimeira ordem

    A adsoro de um adsorbato na fase lquida sobre um adsorvente pode ser

    considerada como um processo reversvel com o equilbrio estabelecido entre a

    soluo e a fase slida [11]. Deste modo [18]:

    ASSA ASS kk + / (01)

  • 9 Reviso da Literatura

    onde A o adsorbato, S o stio ativo do adsorvente, e AS o adsorbato adsorvido. kse kAS so as constantes de adsoro e dessoro, respectivamente. Considerando a

    reao de primeira ordem para cada componente, a lei de velocidade para cada

    sentido pode ser escrita da seguinte maneira:

    SASS CCkr ..-= (02a)

    ASASAS Ckr .= (02b)

    Sendo CA a concentrao do adsorbato, CS a concentrao de stios ativos e

    CAS a concentrao de A adsorvido no stio. Logo, a lei de velocidade geral ser:

    ASASSASgeral CkCCkr ... +-= (03a)

    Arranjando a equao (03a):

    --= AS

    S

    ASSASgeral Ck

    kCCkr . (03b)

    sendo Ke a constante de equilbrio de adsoro definido porAS

    Se k

    kK = , a

    equao (03b) pode ser escrita como:

    +-= AS

    e

    SSASgeral CK

    kCCkr . (03c)

    Realizando um balano molar para o adsorbato adsorvido (AS):

    geralAS r

    dtdC

    = (04)

    Substituindo a equao (03c) na equao (04):

  • 10 Reviso da Literatura

    +-= AS

    e

    SSAS

    AS CKk

    CCkdt

    dC. (05)

    Os dados estequiomtricos fornecem:

    ASS CCTotaisStios

    +=

    (06)

    ASS

    AS

    CCCX+

    = (07)

    sendo X a frao do adsorbato adsorvido.

    )( ASSAS CCXC += (07a)

    Nos instantes iniciais da adsoro, pode se considerar que a concentrao

    de stios muito maior do que a concentrao de adsorbato adsorvido (CS >> CAS ):

    SASS CCC + (08a)

    Logo, a equao (07) fica:

    XCC SAS .= (08b)

    A concentrao de adsorbato pode ser escrita como:

    ASAoA CCC -= (09a)

    Substituindo (08b) em (09a):

    -= X

    CC

    CCS

    AoSA (09b)

  • 11 Reviso da Literatura

    Considerando a concentrao de stios livres muito maior do que a

    concentrao inicial do adsorbato (CS >> CA), a equao (09b) fica:

    XCC SA .-= (09c)

    SoS CC (10)

    Substituindo as equaes (08a), (09a), (09b) e (10) na equao (05):

    XCKkCXCk

    dtdXC S

    e

    SSSSS .... +--= (11a)

    +=

    e

    SSS K

    kCkXdtdX .. (11b)

    +=

    t

    e

    SSS

    X

    X

    dtKkCk

    XdXAe

    A 0

    . (11c)

    sendo XAe a frao de adsorbato adsorvida no adsorvente na condio de

    equilbrio.

    ( )0.lnln -

    +=- t

    Kk

    CkXXe

    SSSAAe (11d)

    ( )0.ln -

    += t

    Kk

    CkXX

    e

    SSS

    A

    Ae (11e)

    )0(.ln tKkCk

    XX

    e

    SSS

    Ae

    A -

    += (11f)

    Deste modo, obtm se:

  • 12 Reviso da Literatura

    teXX

    S

    ASA K

    kCk

    Ae

    A

    +

    -=1 (12)

    A equao (12) pode ser transformada em:

    tk

    qqq f

    e

    te

    303,2log

    -=

    - (13)

    Sendo:

    +=

    S

    ASAf K

    kCkk , At Xq = e Aee Xq = (14)

    A equao (13) chamada de equao de Lagergren [19], sendo kf a

    constante da velocidade de adsoro pseudo 1 ordem (L min-1), t o tempo de

    adsoro (min), qe e qt so as quantidades de adsorbato adsorvidas no equilbrio e

    no tempo t (mg.g-1), e 2,303 um nmero da equao (L-1). Este modelo apresenta

    bons resultados apenas nos instantes iniciais, devido s restries feitas para a

    obteno do modelo.

    3.1.3.1.2. Modelo de pseudo segunda ordem

    As consideraes iniciais feitas para este modelo so as mesmas feitas para

    o modelo de pseudo primeira ordem, entretanto, no so feitas restries na

    obteno do modelo. Portanto, o modelo de pseudo segunda ordem pode ser

    representado pela equao [20]:

    eS

    eSt qtK

    qtKq

    +=

    1

    2

    (15)

  • 13 Reviso da Literatura

    sendo Ks a constante da velocidade de adsoro de pseudo 2 ordem (g mg-1min-

    1); qe a quantidade de adsorbato adsorvida no equilbrio (mg g-1); qt a quantidade

    adsorvida no instante t.

    3.1.3.1.3. Modelo de difuso intrapartcula

    O processo de adsoro do adsorbato em soluo at o interior do

    adsorvente, em geral, ocorre atravs das seguintes etapas: difuso externa, difuso

    na superfcie e difuso nos poros. Deste modo, o processo pode ser descrito atravs

    do modelo de difuso intrapartcula [21,22,23,24]. A equao (16) descreve a

    quantidade do adsorbato adsorvido na superfcie do adsorvente em funo do tempo

    de contato.

    Ctkq idt +=2/1 (16)

    sendo kid a constante de difuso intrapartcula (mg g-1 min-1/2) e C (mg g-1) a

    constante de espessura da camada limite [24]. A dependncia matemtica obtida

    considerando um processo de difuso em geometria cilndrica ou esfrica, e difuso

    convectiva na soluo do adsorbato. assumido que a resistncia transferncia

    de massa externa significante apenas no incio do processo.

    3.1.3.1.4. Equao de Bangham

    Pela equao de Bangham os dados cinticos podem ser utilizados para

    avaliar se a difuso atravs dos poros a etapa que controla o processo. Esta

    equao expressa por:

    )log(.303,2

    logloglog tV

    mkmqC

    C otAo

    Ao?+

    =

    -

    (17)

    sendo CAo a concentrao inicial de adsorbato, a(adimensional) e ko (mg L-1) as

    constantes da equao, m a massa de adsorvente (g) e V o volume de soluo (L).

    Se a equao (17) apresentar correlao maior que 0,9 (R2), representa que a

  • 14 Reviso da Literatura

    adsoro controlada pelo processo de difuso nos poros, ao passo que, no

    apresentando uma correlao acima deste valor, a adsoro no controlada por

    este processo [25].

    Dursun e Kalayci [2] utilizaram os modelos de pseudo primeira e segunda

    ordem para descrever os dados cinticos da adsoro de fenol sobre quitina. Os

    valores das constantes obtidos neste trabalho so mostradas na Tabela 1.

    Tabela 1. Valores dos parmetros dos modelos de pseudo primeira e segundaordem no trabalho de Dursun e Kalayci [2].

    Modelo Valores dos parmetros e R2

    pseudo primeira ordem kf = 0,055 min-1; qe = 4,78 mg g-1; R2 = 0,473

    pseudo segunda ordem KS = 0,0071 g mg-1 min-1; qe = 13,39 mg g-1; R2 = 0,914

    Segundo os resultados obtidos por Dursun e Kalayci, o modelo que

    apresentou o melhor resultado foi o modelo de pseudo segunda ordem, visto que a

    quantidade adsorvida do adsorbato no varia linearmente.

    Srivastava et.al [4] utilizaram os modelos de pseudosegunda ordem,

    intrapartcula e Bangham para descrever os dados cinticos da adsoro de fenol

    sobre fuligem de chamin. Os dados obtidos no trabalho por esses autores so

    mostrados na Tabela 2.

    Tabela 2. Valores dos parmetros dos modelos cinticos no trabalho de Srivastavaet.al [4].

    Modelo Valores dos parmetros e R2

    pseudo segunda ordem KS = 0,0370 g mg-1 min-1; qe = 9,4989 mg g-1; R2 = 0,9999

    Intrapartcula kid = 0,45137 mg g-1 min-1/2; R2 = 0,9902

    Bangham ko = 4,8033 L (g L-1)-1; a= 0,3468; R2 = 0,9305

    Estes autores verificaram que o modelo que melhor descreveu os dados

    cinticos foi o modelo de pseudo segunda ordem, e concluram que a adsoro

    limitada pela difuso nos poros.

  • 15 Reviso da Literatura

    3.1.4. Isotermas de Adsoro

    Para o desenvolvimento de um sistema de adsoro, para a remoo de um

    determinado adsorbato, importante descrever os dados de equilbrio atravs de um

    modelo matemtico. Os dados de equilbrio so, em geral, apresentados na forma

    de isotermas de adsoro, ou seja, informaes da quantidade do adsorbato

    adsorvido no equilbrio em funo da concentrao do adsorbato no equilbrio. A

    forma das isotermas tambm a primeira ferramenta experimental para conhecer o

    tipo de interao entre o adsorbato e o adsorvente. Os estudos de adsoro em

    condies estticas se complementam com estudos de cintica de adsoro para

    determinar a resistncia transferncia de massa e o coeficiente efetivo da difuso,

    assim como estudos de adsoro em coluna [26, 14].

    H na literatura diversos modelos que descrevem os dados experimentais das

    isotermas de adsoro. Neste trabalho sero utilizadas as equaes de Langmuir,

    Freundlich, RedlichPeterson, Toth e Tempkim, e cada modelo descrito a seguir.

    Os modelos de Langmuir e Freundlich so os modelos mais frequentemente

    empregados.

    3.1.4.1. Isoterma de Langmuir

    O modelo de Langmuir foi proposto por Langmuir [27] em 1918 e foi a

    primeira isoterma a assumir que ocorre a formao de uma monocamada sobre o

    adsorvente. As principais hipteses deste modelo so:

    1. Todas as molculas adsorvem sobre stios definidos do adsorvente;

    2. Cada stio pode ser ocupado por apenas uma molcula;

    3. A energia de adsoro de cada stio igual;

    4. Quando molculas ocupam stios vizinhos outras molculas adsorvidas,

    no h interaes entre as molculas adsorvidas.

    Este modelo assume que a superfcie do adsorvente completamente

    homognea, e apresenta bons resultados na adsoro sobre macrfitas, por

    exemplo [3]. Esta isoterma assume que um nmero limitado de stios do adsorvente

    so ocupados pelo soluto [28]. A equao (18) represente o modelo de Langmuir:

  • 16 Reviso da Literatura

    eL

    eoLe Ck

    CQkq+

    =1

    (18)

    onde Qo representa a adsoro mxima (mg g-1), qe a quantidade adsorvida no

    equilbrio (mg g-1), Ce a concentrao do adsorbato no equilbrio (mg L-1) e kL

    constante do modelo (L mg-1) equivalente constante de equilbrio qumico em

    reaes.

    3.1.4.2. Isoterma de Freundlich

    A equao de Freundlich [29] foi obtida empiricamente e tem a forma geral da

    equao (19), apresentando bons resultados em superfcies heterogneas como os

    carves ativados [3].

    nefe Ckq

    /1= (19)

    sendo qe a quantidade do adsorbato adsorvida no equilbrio (mg g-1), Ce a

    concentrao do adsorbato no equilbrio (mg L-1) e kf [(mg g-1) (L mg-1)1/n] e n as

    constantes de Freundlich. kf representa a capacidade de adsoro ao passo que n

    representa a intensidade do processo de adsoro.

    3.1.4.3. Isoterma de Temkin

    O modelo de Temkin considera os efeitos das interaes indiretas adsorbato

    adsorbato no processo de adsoro. Temkim observou experimentalmente que os

    calores de adsoro geralmente diminuem com o aumento da adsoro sobre a

    superfcie do slido. Deste modo, Temkin derivou um modelo assumindo que o calor

    de adsoro de todas as molculas na camada diminui linearmente com a cobertura

    da superfcie do adsorvente [29]. Assim sendo:

    )1(0t

    eTadad S

    qHH ?-D=D (20)

  • 17 Reviso da Literatura

    onde adHD corresponde ao calor de adsoro,iadHD ao calor de adsoro no incio

    do processo, St nmero total de stios (mg g-1) e aJT um parmetro de linearizao.

    Temkin assumiu tambm que a isoterma de Langmuir ainda pode ser aplicada para

    descrever os dados sobre a camada adsorvida, entretanto, a constante kL que no

    modelo de Langmuir no sofre variaes, varia com a cobertura da superfcie pelo

    adsorbato, portanto:

    D-

    = kTH

    LL

    ad

    ekk 0 (21)

    Substituindo a equao (20) na equao (21), obtm se:

    D-

    =kT

    SqH

    LL

    t

    eTad

    ekk

    ?0

    0 (22)

    onde kL0 a constante de equilbrio no inicio do processo.

    Rearranjando a equao (18) de Langmuir:

    eo

    eeL qQ

    qCk-

    = (23)

    Substituindo a equao (22) na equao (23), obtm se:

    eo

    ee

    kTSqH

    L qQq

    Cek

    t

    eTad

    -=

    D-

    a0

    0 (24)

    Rearranjando a equao (24):

  • 18 Reviso da Literatura

    ( )

    -

    +D

    =eo

    et

    eTad

    eL qQq

    kTSqH

    Ck lnln

    0

    0

    ?~

    (25)

    Temkin desprezou em seu trabalho o segundo termo da equao (25), pois qe Qo. Portanto, desprezando o segundo termo:

    ( )kT

    QqH

    Ck oe

    Tad

    eL

    ?0

    0lnD

    = (26)

    ( )o

    eTadeL Q

    qHCkkT ?00ln D= ? ( ) eTad

    eLo qH

    CkkTQ=

    D a00ln

    Chamando:Tad

    o

    HkTQB

    ?01 D=

    ( ) eeL qCkB =01 ln ? [ ] eL qCekB =+ lnln 01

    CeBkBq Le lnln 10

    1 += (27)

    A equao (27) conhecida como isoterma de Temkin, onde B1

    (adimensional) e 0Lk (L.mg-1) so suas constantes.

    3.1.4.4. Isoterma de Toth

    A isoterma de Langmuir, equao (18), pode ser rearranjada da seguinte

    maneira [29]:

    eL

    e

    o

    e

    Ck

    CQq

    +=

    1(28)

  • 19 Reviso da Literatura

    Toth modificou a equao (28) adicionando dois parmetros extras, aTo e D,

    para melhor ajuste dos dados de adsoro sobre superfcies heterogneas, como

    mostra a equao a seguir [29]:

    De

    L

    DeTo

    D

    o

    e

    Ck

    CQq

    +=

    1? (29)

    Rearranjando a equao (26):

    ( )D

    De

    L

    DDeTo

    o

    e

    Ck

    CQq

    /1

    /1

    1

    +

    =

    a ?( )

    DDe

    L

    eD

    Tooe

    Ck

    CQq /1/1

    1

    +

    =a (30)

    Chamando ( ) DTooQ /1? = A eLk

    1 = B, obtm se:

    ( ) DDee

    eCB

    ACq /1+

    = (31)

    A isoterma de Toth definida pela equao (34) e A (mg g-1), B [(mg L-1)D] e D

    (adimensional) so seus parmetros.

    3.1.4.5. Isoterma de Redlich Peterson

    Segundo Gasola [30], esta isoterma foi proposta para obterse um melhor

    ajuste do que aquele que seria obtido com as isotermas de Freundlich e Langmuir.

    Este modelo foi obtido empiricamente apresentando bons resultados em adsoro

    sobre superfcies heterogneas, e dado pela equao:

    gee

    eee Cp

    Crq+

    =1

    (32)

  • 20 Reviso da Literatura

    sendo que re (L g-1), pe (L mg-1)g e g (adimensional) so os parmetros da

    isoterma de Redlich Peterson.

    O parmetro g apresenta valores entre 0 e 1. Para g = 1 a equao se reduz

    forma da isoterma de Langmuir [30].

    Srivastava et.al [4] utilizaram os modelos de Freundlich, Langmuir, Redlich

    Peterson, Temkin e Toth para descrever os dados de equilbrio da adsoro de fenol

    sobre fuligem de chamin. Os valores obtidos no trabalho destes autores so

    mostrados na Tabela 3.

    Tabela 3. Valores dos parmetros das isotermas de adsoro no trabalho deSrivastava et.al [4].

    Modelo Valores dos parmetros e R2

    Freundlich KF = 4,5782 [(mg g-1) (mg L-1)-1/n]; 1/n = 0,3678; R2 = 0,9945

    Langmuir Qo = 23,832 mg g-1; KL = 0,0884 (L mg-1); R2 = 0,9897

    Tempkin KT = 5,0303 (L mg-1); B1 = 0,9317; R2 = 0,9965

    Toth A = 53,0560 mg g-1; B = 1,6612 (mg L-1)D; D = 0,3501; R2 =

    0,9971

    Redlich - Peterson re = 4,4167 L g-1; pe = 0,5233 L mg-1; g = 0,7643; R2 = 0,9976

    Pelos valores obtidos por Srivastava et.al. [4], o modelo que melhor descreve

    os dados experimentais de equilbrio a isoterma de Redlich Peterson, pois

    segundo o autor, este modelo apropriado para a adsoro sobre carvo ativado

    altamente heterogneo. O modelo de Toth tambm descreve bem os dados, visto

    que este modelo considera uma adsoro heterognea.

    3.1.5. Termodinmica de Adsoro

    O estudo da termodinmica de adsoro consiste na determinao das

    grandezas ?Hads, ?Sads e ?Gads. Essas grandezas indicam se o processo

    espontneo, exotrmico ou endotrmico. Alm disso, a anlise dos valores obtidos

    dessas grandezas em funo da cobertura do adsorbato sobre o adsorvente pode

    dar informaes sobre a heterogeneidade do adsorvente.

  • 21 Reviso da Literatura

    3.1.5.1. Determinao das grandezas termodinmicas

    Geralmente, a entropia e a energia livre de Gibbs so considerados para a

    determinao da espontaneidade do processo, sendo que, altos valores negativos

    de Gibbs, ?*Gads, indicam uma adsoro favorvel e altamente energtica. A energia

    livre de Gibbs pode ser determinada pela seguinte equao [2]:

    adsadsads STHG D-D=D 0, (33)

    Entretanto, necessrio primeiro determinar a entropia e o calor de adsoro

    quando a quantidade adsorvida na superfcie zero (qe = 0), ?Hads,0. Estes valores

    podem ser obtidos pela seguinte equao:

    20,ln

    RTH

    dTrd adse D= (34)

    Integrando a expresso (34), obtm - se a equao de Vant Hoff:

    PMRS

    PMRTH

    r adsadse //ln 0,

    D+

    D-= (35)

    sendo R a constante universal dos gases, PM o peso molecular do adsorbato, T a

    temperatura absoluta, 0,adsHD o calor de adsoro no incio do processo, ?Sads a

    entropia e re a constante de equilbrio de adsoro, determinada na equao de

    Redlich - Peterson. Os valores de 0,adsHD e ?Sads podem ser determinados pela

    linearizao da equao (35), plotando-se ln re versus a temperatura.

    A partir dos valores obtidos de 0,adsHD , pode ser determinado se o processo

    exotrmico ou endotrmico e com os valores de ?Sads se h uma maior afinidade

    entre o sistema slido lquido. Obtidas estas grandezas, ?3G pode ser determinado

    pela equao (33) e se o processo espontneo.

    Dursun e Kalayci [2] e Srivastava et.al [4] estudaram o efeito da temperatura

    da soluo na adsoro de fenol sobre quitina e fuligem de chamin

    respectivamente, verificando que a adsoro favorecida em temperaturas maiores,

  • 22 Reviso da Literatura

    o que indica ser um processo endotrmico. Alm disso, determinaram os valores de

    0,adsHD de 113,22 e 503,88 kJ kg-1 e ?Sads de 1,0322 e 1798,14 kJ kg-1K-1

    respectivamente para a quitina e fuligem de chamin. Alm disso, Dursun e Kalayci

    obtiveram ?Gads para as temperaturas de 10C, 25C e 40C, como pode ser visto

    na Tabela 4.

    Tabela 4. Valores de ?G em diferentes temperaturas obtidas por Dursun e Kalayci

    [2].T (C) ?qG (kJ mol-1)

    10 -16,51

    25 -17,49

    40 -19,36

    3.1.5.2. Heterogeneidade da superfcie do adsorvente

    Segundo a equao de Clausius Clapeyron:

    2,ln

    RTH

    dTCed aadsD= (36)

    Rearranjando a equao (36) obtm-se:

    qeaads Td

    CedRH)/1(

    ln, =D (37)

    Deste modo, aadsH ,D pode ser obtido como o coeficiente angular da reta de ln

    Ce em funo de 1/T com qe constante. A concentrao de equilbrio (Ce), obtida a

    partir das isotermas de adsoro, com um valor de qe fixado, para cada temperatura,

    sendo que, se aadsH ,D variar em funo de qe, isto indicar que a superfcie do

    adsorvente heterognea [4].

    Srivastava et.al [4] estudou a variao de aadsH ,D com a quantidade adsorvida,

    verificando que a superfcie do adsorvente de fuligem de chamin heterognea.

  • 23 Reviso da Literatura

    3.1.6. Funo objetivo utilizada

    Os parmetros de todos os modelos (cinticos e isotermas) foram

    determinados pelo mtodo dos mnimos quadrados [31].

    22 ]odeterminadvalorcalculadovalor[ -=s (38)

    Esta equao ser chamada durante o trabalho como a funo objetiva (F.O.)

    (adimensional).

    Os valores desta equao foram calculados pelo somatrio das diferenas de

    cada ponto. Ou seja, para cada parmetro estudado, o valor obtido pela equao foi

    comparado com o valor experimental correspondente.

    3.2. Adsorventes

    Para ser utilizado comercialmente, um adsorvente deve reunir uma srie de

    caractersticas favorveis de eficincia, seletividade, resistncia mecnica, custo,

    dentre outros, porm a propriedade mais importante a rea superficial [9].

    3.2.1. Carvo Ativado

    Carves ativados so uns dos adsorventes mais antigos usados na indstria.

    Eles so largamente usados nos tratamentos de gua residencial e de efluentes

    industriais, alm de servirem como catalisadores e suporte de catalisadores [32,33].

    Industrialmente, possuem um significante interesse e so aplicados em diversos

    casos, como no tratamento de poluentes atmosfricos e adsoro de compostos

    orgnicos. Alm disso, podem ser utilizados na remoo de pesticidas e compostos

    orgnicos dissolvidos, e metais pesados [34].

    O carvo um material com uma elevada rea superfcial e alta porosidade

    [35]. As propriedades dos carves so, essencialmente, atribudas sua rea

    superficial, a um bom desenvolvimento da estrutura dos poros, assim como o

    tamanho dos mesmos [34]. A distribuio dos tamanhos dos poros depende do tipo

    do material e da maneira de ativao do carvo [34]. A ativao de um carvo

  • 24 Reviso da Literatura

    envolve tratamento trmico, com a presena de agentes qumicos, cido sulfrico

    por exemplo ou pela gasificao controlada, vapor de gua (Mtodo fsico) [9]. A

    preparao do carvo ativado pelo mtodo fsico ou qumico um ponto

    industrialmente muito importante.

    De uma maneira geral, quase todos os compostos com alto teor de carbono

    podem ser transformados em carvo ativados. So exemplos: ossos de animais,

    serragem, algas, turfa, casca de coco, casca de babau, diversas madeiras, caroo

    de frutas, carves minerais, resduos de petrleo, dentre outros materiais

    carbonceos. A escolha do material a ser ativado depende da sua pureza, preo, e

    potencial de ativao [36]. A Tabela a seguir mostra o material precursor de alguns

    carves ativados em diversos trabalhos.

    Tabela 5. Materiais precursores de carvo ativado.Autor Material Precursor

    Khezami et.al [37] Componentes diversos da madeira

    Srinivasakannan e Bakar [38] Seringueira

    Rozada et.al [39] Lama de esgoto e pneus descartados

    Grses et.al. [36] Semente de Rosa Canina sp.

    A maior parte dos materiais carbonceos possui um certo grau de porosidade

    natural, com rea superficial variando entre 10 e 15 m2 g-1. No decorrer da ativao

    a rea superficial aumenta com a oxidao dos tomos de carbono. Aps a ativao,

    o carvo pode apresentar rea superficial acima de 800 m2 g-1 [9].

    Carves ativados so classificados em trs tipos: granular, fibroso e p, de

    acordo com o tamanho e a forma dos poros e cada tipo tm uma aplicao

    especfica [38]. Os carves ativados podem conter micro (dimetro menor que 20o

    A ), meso (dimetro entre 20 e 500o

    A ) e macroporos (dimetro maior que 500o

    A )

    em sua estrutura, mas a proporo relativa varia consideravelmente de acordo com

    o precursor e processo de fabricao utilizado [9].

    3.2.1.1. Produo de Carvo Ativado

    Carves ativados so obtidos atravs de duas etapas bsicas: a carbonizao

    pela pirlise da matria precursora e a ativao propriamente dita.

  • 25 Reviso da Literatura

    A carbonizao consiste no tratamento trmico (pirlise) do precursor em

    atmosfera inerte a temperatura superior a 473K. uma etapa de preparao do

    material, onde se removem componentes volteis e gases leves (CO, H2, CO2 e

    CH4), produzindo uma massa de carbono fixo e uma estrutura porosa primria que

    favorece a ativao posterior. Os parmetros importantes que determinam a

    qualidade e o rendimento do produto carbonizado so a taxa de aquecimento, a

    temperatura final, o fluxo de gs de arraste e a natureza da matria [9].

    A ativao, processo subseqente a pirlise, consiste em submeter o material

    carbonizado a reaes secundrias, visando o aumento da rea superficial. a

    etapa fundamental na qual promovido o aumento da porosidade do carvo.

    Deseja-se no processo de ativao o controle das caractersticas bsicas do

    material (distribuio de poros, rea superficial especfica, atividade qumica da

    superfcie, resistncia mecnica, etc.) de acordo com a configurao requerida para

    uma dada aplicao. H dois tipos de processo de ativao utilizados: ativao

    qumica ou fsica [9].

    Na ativao fsica o carvo ativado mediante gasificao parcial por CO2e/ou vapor de H2O [40]. Devido ao menor tamanho das molculas de gua em

    relao a das de gs carbnico, ocorre um acesso mais fcil aos microporos e uma

    taxa de reao maior, o que faz com que a ativao fsica por vapor seja a preferida

    neste caso [40]. Com a penetrao das molculas de vapor no interior dos

    microporos o volume dos mesmos aumenta, aumentando deste modo a rea

    superficial do carvo.

    Em relao ativao qumica, o material a ser ativado impregnado com

    substncias qumicas antes da pirlise, como o cido fosfrico, hidrxido de

    potssio, cloreto de zinco, dentre outros [36]. A ativao qumica pode alterar

    significativamente as caractersticas do carvo produzido. Este processo resulta em

    uma mudana na formao dos meso poros e macro poros, sendo este tipo de

    ativao muito usada para a produo de carves usados no tratamento de guas

    [36]. Neste sentido, a ativao com cloreto de zinco a que se tem mostrado mais

    eficaz, sendo a substncia mais usada industrialmente [36]. A partir da impregnao

    do carvo, cada agente proporciona um determinado efeito na superfcie do material

    durante a etapa de pirlise. O cloreto de zinco favorece o craqueamento na fase

    lquida, trabalhando como um agente desidratador que conduz uma maior

  • 26 Reviso da Literatura

    aromatizao do material durante a pirlise. O cido fosfrico afeta a decomposio

    pela pirlise desidratando o material e favorecendo a hidrlise cida [39].

    Lillo Rdenas et.al. [13] mostraram que um carvo ativado fisicamente com

    vapor adsorve 12g de benzeno em 100 g de carvo ativado e 19 g de tolueno em

    100 g de carvo ativado, ao passo que, o mesmo carvo ativado quimicamente com

    cido sulfrico adsorve 34 g de benzeno em 100 g de carvo ativado e 56 de tolueno

    em 100 g de carvo ativado, sendo a concentrao de cada composto orgnico de

    200 ppm.

    De um modo geral, a ativao fsica produz uma estrutura de poro tipo fenda

    bastante fina, tornando os carves assim obtidos apropriados para o uso em

    processo de adsoro de gases; enquanto a ativao qumica gera carves com

    poros grandes, sendo mais apropriados a aplicaes de adsoro em fase lquida

    [18].

    3.2.1.2. Qumica Superficial

    Alm da superfcie fsica de um carvo ativado, outro fator muito importante

    a qumica da superfcie de um carvo. Em sua estrutura esto quimicamente ligados

    uma quantidade aprecivel de heterotomos, como oxignio e hidrognio alm de

    componentes inorgnicos. Na base da estrutura se encontram os tomos de

    carbonos insaturados com altas concentraes de pares de eltrons que exercem

    forte papel na quimissoro dos tomos de oxignio, estes que representam forte

    influncia na superfcie qumica do carvo, sendo adsorvidos fisicamente ou

    quimicamente [41].

  • 27 Reviso da Literatura

    Figura 1. Grupos funcionais encontrados na superfcie dos carves.

    Segundo Fernandes [41], na superfcie do carvo existem radicais cidos e

    bsicos. Os cidos esto associados superfcies com grandes quantidades de

    oxignio e possuem a propriedade de troca de nions, ao passo que, superfcies

    com baixas quantidades de oxignio so responsveis por caractersticas bsicas e

    efetuam trocas de ctions.

    Roostaei e Tezel [14] estudaram a adsoro de fenol sobre adsorventes com

    diferentes caractersticas superficiais, cidas e bsicas, e observaram que os

    adsorventes com caractersticas bsicas adsorvem melhor o adsorbato, no caso, o

    fenol.

    3.3. Adsoro de fenis em soluo aquosa sobre carvo ativado

    Efluentes que contm estes tipos de compostos apresentam srios problemas

    ambientais devido a alta toxicidade e a possvel acumulao no ambiente [4]. O IAP

    (Instituto Ambiental do Paran) determina que a concentrao mxima de fenol em

    efluentes industriais deve ser na ordem de 1 mg L-1 , enquanto que, a concentrao

    mxima de fenol em gua potvel no deve exceder 0,001 mg L-1. Muitos destes

    componentes so reconhecidos como toxinas cancergenas [1] e efeitos txicos

  • 28 Reviso da Literatura

    crnicos podem afetar os humanos, como vmito, dificuldade de respirar, anorexia,

    dores de cabea, dentre outros distrbios fsicos e mentais [2].

    Em relao remoo de componentes fenlicos, diversos mtodos so

    conhecidos. Degradao microbiana, adsoro, oxidao qumica, extrao, osmose

    reversa, dentre outros [4]. A adsoro de fenis por carvo ativado o mtodo mais

    utilizado, pois apresenta uma habilidade perfeita para adsorver componentes

    orgnicos de baixo peso molecular, como os fenis. Alm disso, o carvo ativado

    possui uma alta heterogeneidade superficial e porosidade [6]. Haghseresht et al. [7]

    constataram que a capacidade de adsoro de compostos aromticos em carvo

    ativado depende de vrios fatores, como a natureza fsica do adsorvente, estrutura

    dos poros e tamanho das partculas, a natureza do adsorbato, peso molecular,

    tamanho e condio da soluo (pH, foras inicas e etc.).

    Lszl, Podkscielny e Dabrowski [6] estudaram a adsoro de fenol sobre

    carves ativados de diferentes caractersticas superficiais, cidas e bsicas,

    ativados fisicamente. Os autores verificaram que, os carves com caractersticas

    bsicas adsorvem mais as molculas de fenol.

    Tancredi et. al. [35] avaliaram a adsoro de fenol sobre carvo ativado em

    p e granular, sendo o carvo ativado fisicamente, e compararam com o carvo

    ativado comercial, verificando que a adsoro favorecida em carvo ativado em p

    para ambos os carves, pois o contato entre fluido e o adsorvente favorecido. Os

    autores realizaram testes de equilbrio, utilizando os modelos de Langmuir e

    Freundlich, conforme mostra a Tabela 6.

    Tabela 6. Valores para as isotermas de Langmuir e Freundlich por Tancredi et. al.[35].

    Carvo ativado Langmuir Freundlich

    Carvo em p de

    madeira de eucalpto

    Qo = 64 mg g-1; kL = 0,0037 mg L-1;

    R2 = 0,988

    kF = 0,60 L mg-1; 1/n = 0,43; R2 =

    0,966

    Carvo em p

    comercial

    Qo = 89 mg g-1; kL = 0,0026 mg L-1;

    R2 = 0,958

    kF = 0,50 L mg-1; 1/n = 0,53; R2 =

    0,924

    Carvo granular de

    madeira de eucalipto

    Qo = 46 mg g-1; kL = 0,001 mg L-1; R2

    = 0,988

    kF = 0,60 L mg-1; 1/n = 0,37; R2 =

    0,936

    Carvo granular

    comercial

    Qo = 68 mg g-1; kL = 0,001 mg L-1; R2

    = 0,988

    kF = 0,060 L mg-1; 1/n = 0,76; R2 =

    0,994

  • 29 Reviso da Literatura

    Segundo os autores, quanto maior o valor de QO (constante do modelo de

    Langmuir), maior a adsoro mxima. Assim sendo, os carves ativados em p

    apresentaram maior eficincia em relao ao mesmo carvo s que granular.

    Ayranci e Duman [42] realizou o estudo de adsoro de diferentes compostos

    fenlicos, p cresol, m cresol, hidroquinona, fenol e p nitrofenol, sobre carvo

    ativado. Foram feitos testes cinticos em solventes cidos e bsicos, como mostra a

    Tabela 7. Os autores verificaram a seguinte ordem para a maior velocidade dos

    compostos: pnitrofenol > mcresol > pcresol > hidroquinona 9fenol.

    Tabela 7. Parmetros do modelo cintico de primeira ordem [42].Composto fenlico Solvente k (min-1) R2

    H2O 0,0204 0,9978

    1M H2SO4 0,0177 0,9960

    Fenol

    0,1M NaOH 0,0044 0,9938

    H2O 0,0219 0,9957Hidroquinona

    1M H2SO4 0,0167 0,9910

    H2O 0,0319 0,9936

    1M H2SO4 0,0253 0,9983

    m cresol

    0,1M NaOH 0,0096 0,9996

    H2O 0,0259 0,9966

    1M H2SO4 0,0236 0,9999

    p cresol

    0,1M NaOH 0,0085 0,9966

    H2O 0,0323 0,9885

    1M H2SO4 0,0265 0,9959

    p - nitrofenol

    0,1M NaOH 0,0099 0,9849

    Obs.: modelo de primeira ordem: tkCC

    t

    o .ln =

    . Adsoro realizada at os 90 minutos.

    Srivastava et.al. [4] compararam o efeito de parmetros fsicos e qumicos na

    adsoro de fenol sobre dois diferentes adsorventes. Os autores verificaram o efeito

    do pH, da massa de carvo e da concentrao inicial de adsorbato. Em pHs

    maiores a adsoro prejudicada e aumentado a massa de carvo e/ou a de

    concentrao de adsorbato mais molculas so adsorvidas. Alm disso, realizou um

  • 30 Reviso da Literatura

    estudo do equilbrio e cintico, e os valores obtidos so mostrados nas Tabelas 8 e

    9.

    Tabela 8. Parmetros de equilbrio por Srivastava et.al. [4].Modelo Valores dos parmetros e R2

    Carvo ativado comercial

    Freundlich kF = 2,4143 [(mg g-1) (mg L-1)-1/n]; 1/n = 0,5031; R2 = 0,9774

    Langmuir Qo = 30,2187 mg g-1; KL = 0,0291 (L mg-1); R2 = 0,9916

    Tempkin KT = 0,3023 (L mg-1); B1 = 6,5015; R2 = 0,9864

    Toth A = 47,7308 mg g-1; B = 7,9121 (mg L-1)D; D = 0,5878; R2 = 0,9971

    Redlich - Peterson re = 7,3820 l g-1; pe = 2,5652 L mg-1; g = 0,4384; R2 = 0,9994

    Carvo ativado preparado

    Freundlich kF = 7,3771 [(mg g-1) (mg L-1)-1/n]; 1/n = 0,3146; R2 = 0,9945

    Langmuir Qo = 24,6458 mg g-1; KL = 0,2391 (L mg-1); R2 = 0,9543

    Tempkin KT = 3,4117 (L mg-1); B1 = 4,6443; R2 = 0,9844

    Toth A = 80,6903 mg g-1; B = 0,7791 (mg L-1)D; D = 0,2309; R2 = 0,9971

    Redlich - Peterson re = 57,3165 L g-1; pe = 7,1016 L mg-1; g = 0,7078; R2 = 0,9945

    De acordo com os valores obtidos, os autores verificaram que o modelo que

    melhor descreveu os dados experimentais, para ambos os carves, foi o modelo de

    Redlich Peterson. Os autores concluram que este modelo descreve bens os

    dados por considerar a adsoro em superfcies heterogneas.

    Tabela 9. Valores dos parmetros dos modelos cinticos no trabalho de Srivastava

    et.al [4].Modelo Valores dos parmetros e R2

    Carvo ativado comercial

    pseudo segunda ordem KS = 0,0292 g mg-1 min-1; qe = 7,0689 mg g-1; R2 = 0,9998

    Intrapartcula kid = 0,3278 mg g-1 min-1/2; R2 = 0,9820

    Bangham ko = 3,6370 L (g L-1)-1; a= 0,3091; R2 = 0,9515

    Carvo ativado preparado

    pseudo segunda ordem KS = 0,0396 g mg-1 min-1; qe = 9,6436 mg g-1; R2 = 0,9999

    Intrapartcula kid = 0,48742 mg g-1 min-1/2; R2 = 0,9527

    Bangham ko = 5,0262 L (g L-1)-1; au= 0,3566; R2 = 0,9326

    De acordo com os dados obtidos pelos autores, o modelo que melhor

    descreve os dados cinticos o modelo de pseudo segunda ordem que considera

    a etapa limitante da adsoro a difuso.

  • 31 Reviso da Literatura

    zkaya [3] comparou os dados obtidos experimentalmente da adsoro de

    fenol sobre carvo ativado a algumas isotermas de adsoro. Os parmetros obtidos

    de cada modelo utilizado podem ser visto na Tabela 10.

    Tabela 10. Parmetros de equilbrio obtidos por zkaya [3].Modelo Valores dos parmetros e R2

    Freundlich kF = 6,193 [(mg g-1)(mg L-1)-1/n]; 1/n = 1,6233; R2 = 0,9839

    Langmuir Qo = 49,72 mg g-1; KL = 0,1099 (L mg-1); R2 = 0,9947

    Toth A = 60,05 mg g-1; B = 6,817 (mg L-1)D; D = 0,8314; R2 = 0,9947

    Redlich - Peterson re = 6,70 L g-1; pe = 0,2445 L mg-1; g = 0,8138; R2 = 0,8323

    De acordo com zkaya, o modelo que melhor descreve os dados o modelo

    de Toth, que considera a adsoro altamente heterognea, como o caso do carvo

    ativado.

    3.3.1. Legislao Ambiental

    Nas guas naturais, os padres para os compostos fenlicos so bastante

    restritivos, tanto na Legislao Federal quanto na legislao do Estado do Paran. O

    problema mais grave do fenol o apresentado na utilizao das guas

    contaminadas para fins potveis. A presena de quantidades mnimas de fenol, ao

    combinar-se com o cloro utilizado para desinfeco, capaz de transmitir a gua um

    sabor desagradvel. guas com concentrao de 0,008 mg L-1 de fenol, em

    combinao com o cloro, ficam com um sabor reconhecidamente desagradvel de

    clorofenol. Provocam cheiro e sabor desagradveis na gua potvel em

    concentraes mnimas de 50-100 ppb [41]

    Por este motivo, os fenis constituem-se em padro de potabilidade, sendo

    imposto o limite mximo restritivo de 0,001 mg L-1 pela Portaria 518/2004 do

    Ministrio da Sade. J a Resoluo 020/86 do CONAMA [43], que classifica os

    corpos de gua, determina que para as classes de rio 1 e 2, o limite mximo de

    concentrao de fenis, tambm de 0,001mg L-1. Os efluentes de qualquer fonte

    poluidora somente podero ser lanados, direta ou indiretamente, nos corpos de

    gua desde que obedeam as condies de 0,5mg L-1 de fenol [41].

  • 32 Parte Experimental

    4. Parte Experimental

    4.1. Materiais Utilizados

    4.1.1. Adsorvente

    O adsorvente utilizado em todos os experimentos foi o carvo ativado, o qual

    foi preparado a partir do endocarpo de coco da baa, cedido pela Indstria de

    Sorvetes Buon Gelatto, situada na cidade de Joo Pessoa - PB.

    4.1.2. Adsorbatos

    Nos experimentos foram utilizadas as solues sintticas de fenol (E.Merck),

    p-cresol, m-cresol e hidroquinona (Vetec). A Tabela 11 mostra o peso molecular, o

    pKa, e a solubilidade de cada composto.

    Tabela 11. Propriedades fsicas e qumicas de alguns fenis [16].Fenol p-cresol m-cresol hidroquinona

    Massa molecular 94,11 109,11 109,11 111,11

    pKa 9,89 10,37 10,02 9,59

    Solubilidade (g/100 ml

    H2O)9,3 2,3 2,6 8

    Ponto de fuso (C) 41 35 11 173

    Ponto de ebulio (C) 182 202 201 286

    Inicialmente foram preparadas solues padres de fenol, mcresol e p

    cresol de 1000 mg L-1 e depois diludas nas concentraes de 100 mg L-1 e 200 mg

    L-1, conforme o experimento. Em relao hidroquinona, as solues foram

    preparadas instantes antes do experimento, devido ao fato deste composto se oxidar

    rapidamente 1,4 benzoquinona.

  • 33 Parte Experimental

    4.2. Mtodos

    4.2.1. Preparao e ativao do adsorvente

    O carvo ativado foi preparado no Laboratrio de Carvo Ativado da

    Universidade Federal da Paraba, Centro de Tecnologia, campus I, e cedido pelo

    professor Emerson Jaguaribe. Detalhes da preparao deste carvo podem ser

    obtidos em Jaguaribe et. al. [43]. A seguir ser realizada uma breve descrio da

    preparao do carvo ativado.

    4.2.1.1. Preparao da matria prima

    Inicialmente o endocarpo de coco foi exposto ao sol para perda de umidade e

    no propagao de fungos. Em seguida, as fibras secas da camada mais externa da

    casca foram retirados atravs de um esmeril e quebrados com o auxilio de um

    martelo, para adequao do tamanho das partculas entrada do alimentador do

    moinho de martelos. Aps serem modas, as partculas foram peneiradas e

    separadas com tamanho variando entre 1,00 e 2,36 mm.

    4.2.1.2. Processo de impregnao

    A massa de endocarpo foi impregnada com cido fosfrico (H3PO4) na

    concentrao de 120% em relao massa de carvo, e aquecida a 80C durante

    30 minutos, e em seguida desidratada a 110C, at a completa evaporao da

    massa lquida. Neste processo ocorrem as reaes entre a matria prima e o agente

    ativante modificando a estrutura do material.

    4.2.1.3. Processo de carbonizao

    O material impregnado foi colocado em um forno rotativo eltrico, marca

    CHINO, e a temperatura elevada at 450C, numa taxa de aquecimento de 10C

    min-1, com tempo de residncia de 40 minutos. Um fluxo de nitrognio gasoso de 80

    cm3 min-1 foi enviado ao reator durante todo o processo de carbonizao.

  • 34 Parte Experimental

    Aps o processo de carbonizao, a massa de carvo foi lavada com gua

    destilada a 100C para retirar o excesso de reagente. Essa massa de carvo foi

    lavada at o pH da gua de lavagem ficar igual ao pH inicial da gua

    (aproximadamente neutro). Em seguida a massa foi secada em estufa a 110C.

    4.2.1.4. Caracterizao do carvo ativado

    A rea superficial, volume e rea de microporos foram determinados em um

    porosmetro da MICROMERITICS, modelo ASAP 2010, empregando-se a tcnica de

    adsoro de nitrognio a 77 K (referncia). A porcentagem de cinzas foi determinada

    pelo mtodo gravimtrico [43].

    A caracterizao da superfcie qumica do carvo foi feita atravs da

    verificao da adsoro de hipoclorito de sdio. Uma soluo de 8 litros com 10%

    em volume de hipoclorito foi preparada e adicionada a 5 g de carvo. Esta mistura

    foi agitada at homogeneizao (aproximadamente 10 minutos) e uma alquota de

    500 mL foi retirada a cada 5 minutos durante 1 hora. Cada amostra de 500 mL foi

    inicialmente filtrada e em seguida titulada com 0,001 mol L-1 de tiosulfato de sdio e

    determinada a quantidade de cloro residual na soluo.

    O pHpcz do carvo foi determinado pelo mtodo de equilbrio batelada, no

    laboratrio de Controle de Poluio da Universidade Estadual do Oeste do Paran

    (UNIOESTE) [42]. Amostras de carvo de 100 mg foram adicionadas a 40 mL de

    uma soluo de NaNO3 de molaridade 0,1 M; 0,05 M e 0,01 M, com diferentes pHs

    iniciais, em frascos erlenmeyers e agitados em shaker durante 24h. Ao final do

    tempo de contato, as amostras foram filtradas e realizada a leitura de pH de cada

    frasco.

    A umidade do carvo foi determinada atravs da secagem de uma amostra de

    carvo na temperatura de 110C. Esta amostra foi inicialmente pesada, e em

    seguida levada estufa por um perodo de dois dias. Aps este perodo, a amostra

    foi novamente pesada e pela diferena da massa da amostra de carvo antes e

    depois de ser levada mufla, a umidade pode ser determinada.

  • 35 Parte Experimental

    4.2.2. Experimentos de adsoro de cada fenol

    Os experimentos foram conduzidos em testes bateladas atravs da adio de

    50 ml de soluo do compostos fenlico a ser estudado, em uma massa conhecida

    de carvo ativado, que foram previamente adicionados em frascos erlenmeyer de

    125 ml. Em seguida os frascos foram vedados com parafilme, fixados em um shaker

    e agitados na rotao de 250 rpm. Aps um determinado perodo (ver seo a

    seguir), cada frasco foi retirado do shaker e o seu contedo filtrado sem vcuo e o

    composto fenlico residual analisado por um espectrofotmetro UV/VIS, UV 169

    PC da marca SHIMADZU.

    4.2.2.1. Testes cinticos

    O tempo de contato para que seja alcanado o equilbrio foi determinado

    atravs de experimentos de adsoro de cada composto em funo do tempo de

    contato.

    Estes testes foram feitos pela adio de 50 mL do composto fenlico na

    concentrao de 200 mg L-1 em 0,1 g de carvo ativado nos frascos erlenmeyers de

    125 mL. Em seguida os frascos foram agitados em 250 rpm e retirados em intervalos

    aleatrios de tempo, sendo o contedo de cada frasco filtrado e feito a leitura em um

    espectrofotmetro UV/VIS, at que fosse atingido o equilbrio.

    A temperatura do teste era ambiente (Ta = 28C) e os pHs de cada composto

    (pH natural): 6,6 fenol; 6,78 hidroquinona, 7,36 p-cresol e 7,5 m-cresol (pH natural).

    Os testes foram realizados em triplicata.

    Com os dados cinticos obtidos, estes foram utilizados na comparao aos

    modelos cinticos vistos.

    4.2.2.2. Influncia da concentrao inicial da soluo

    Testes cinticos foram realizados com duas concentraes diferentes de cada

    composto para avaliar a influncia da concentrao inicial da soluo sobre a

    cintica de adsoro.

    Estes testes foram feitos pela adio de 50 mL do composto fenlico em duas

    diferentes concentraes: 200 e 100 mg L-1 em 0,1 g de carvo ativado nos frascos

  • 36 Parte Experimental

    erlenmeyers de 125 mL. Em seguida os frascos foram agitados em 250 rpm e

    retirados em intervalos aleatrios de tempo, sendo o contedo de cada frasco

    filtrado e feito a leitura em um espectrofotmetro UV/VIS, at que fosse atingido o

    equilbrio.

    A temperatura do teste era ambiente (Ta = 28C) e os pHs de cada composto:

    6,6 fenol; 6,78 hidroquinona, 7,36 p-cresol e 7,5 m-cresol. Os testes foram

    realizados em triplicata.

    4.2.2.3. Influncia do pH inicial da soluo

    Foram realizados testes variando o pH inicial das solues para se verificar o

    efeito deste parmetro na adsoro de cada composto. A modificao destes pHs

    foi feito pela adio de pequenas quantidades nas solues a serem estudadas de

    uma soluo 0,1M de NaOH (bsico) ou HNO3 (cidos).

    Estes testes foram feitos pela adio de 50 mL do composto fenlico em

    diferentes pHs, de 3 a 12, na concentrao de 200 mg L-1 em 0,1 g de carvo

    ativado nos frascos erlenmeyers de 125 mL. Em seguida os frascos foram agitados

    em 250 rpm e retirados aps 12 horas (tempo de equilbrio obtido nos testes

    anteriores), sendo o contedo de cada frasco filtrado e feito a leitura em um

    espectrofotmetro UV/VIS.

    A temperatura do teste era ambiente (Ta = 28C) e os testes foram realizados

    em triplicata.

    4.2.2.4. Influncia da massa inicial de carvo

    Foram realizados testes variando a massa inicial de carvo com o intuito de

    avaliar a influncia da massa de carvo no processo de adsoro.

    Estes testes foram feitos pela adio de 50 mL do composto fenlico na

    concentrao de 200 mg L-1 em frascos frascos erlenmeyers de 125 mL com

    diferentes quantidade de carvo, de 0,15 a 0,65g. Em seguida os frascos foram

    agitados em 250 rpm e retirados aps 12 horas de contato, sendo o contedo de

    cada frasco filtrado e feito a leitura em um espectrofotmetro UV/VIS. A temperatura

    do teste era ambiente (Ta = 28C) e os pHs de cada composto: 6,6 fenol; 6,78

    hidroquinona, 7,36 p-cresol e 7,5 m-cresol. Os testes foram realizados em triplicata.

  • 37 Parte Experimental

    A porcentagem do composto removido foi calculada pela seguinte equao:

    o

    eo

    CCCremovido )(100% -= (39)

    sendo Co a concentrao inicial do composto (mg L1) e Ce a concentrao no

    equilbrio do composto (mg L1).

    4.2.2.5. Estudo do equilbrio

    A quantidade do composto fenlico adsorvida por massa de carvo no

    equilbrio foi calculada utilizando a seguinte equao:

    mVCCq eoe

    )( -= (mg de adsorvato/ g de adsorvente) (39)

    sendo Co a concentrao inicial de fenol (mg L-1), Ce a concentrao do

    composto fenlico no equilbrio (mg L-1), V o volume da soluo (L) e m a massa de

    carvo (g).

    Os dados Co e V so fixos, mas Ce obtido a partir dos testes da massa inicial

    de carvo, e a partir destes valores, calculado qe em cada Ce e m utilizando a

    equao (39)

    Obtidas as curvas de equilbrio para cada composto fenlico, os dados foram

    utilizados para o ajuste das isotermas de adsoro vistas na seo 3.1.4..

    4.2.2.6. Testes termodinmicos

    Estes testes foram feitos pela adio de 50 mL do composto fenlico na

    concentrao de 200 mg L-1 em frascos frascos erlenmeyers de 125 mL com

    diferentes quantidade de carvo, de 0,15 a 0,65g. Em seguida os frascos foram

    agitados em 250 rpm e retirados aps 12 horas de contato, sendo o contedo de

    cada frasco filtrado e feito a leitura em um espectrofotmetro UV/VIS.

    Estes experimentos foram realizados em cinco temperaturas diferentes, 10,

    20, 30, 40 e 50C (boa faixa de temperatura),e os pHs de cada composto: 6,6 fenol;

  • 38 Parte Experimental

    6,78 hidroquinona, 7,36 p-cresol e 7,5 m-cresol. Os testes foram realizados em

    triplicata.

    A partir dos dados termodinmicos obtidos, foram construdas as curvas de

    equilbrio (do mesmo modo feito no estudo do equilbrio) para cada composto em

    cada uma das temperaturas estudadas. Em seguida, os valores experimentais foram

    utilizados para a construo das isotermas de adsoro.

    4.2.2.7. Anlise

    A concentrao residual de cada composto na soluo aps o processo de

    adsoro foi determinada por espectrofotometria utilizando um espectrofotmetro

    UV/VIS, UV 169 PC da marca SHIMADZU. Inicialmente foram determinados os

    comprimentos de ondas de cada composto, pela varredura da absorbncia nos

    comprimentos de 200 a 300 nm, sendo o comprimento de onda determinado pelo

    pico nesta varredura. Em seguida, foram construdas as curvas de calibrao para

    cada composto, atravs da leitura da absorbncia em diferentes concentraes (25,

    50, 75, 100, 125, 150, 175, 200 mg L-1). Estes valores de concentraes foram

    escolhidos para a construo de uma boa curva de calibrao.

  • 39 Resultado e Discusso

    5. Resultado e Discusso

    5.1. Caracterizao do carvo ativado

    5.1.1. Caracterizao fsica

    Os valores obtidos para a rea superficial, volume e rea de microporos,

    tamanho mdio dos poros e a porcentagem de cinzas no carvo so mostrados na

    Tabela 12.

    Tabela 12. Valores dos parmetros da caracterizao fsica do carvo ativado.

    Parmetro Valor obtido

    rea superficial BET 1181 m2 g-1

    Volume de microporos 0,46 cm3 g-1

    rea de microporos 880 m2 g-1

    Tamanho mdio do poro 2,5 nm

    % de cinzas 5,65 %

    Umidade 30%

    Khezami et.al [37] estudou a caracterizao e produo de carvo ativado a

    partir de alguns componentes, sendo eles: madeira, celulose, lignina e xilanda. As

    caractersticas fsicas destes materiais pode ser visto na Tabela 13.

    Tabela 13. Propriedades fsicas de alguns carves.

    Parmetro Madeira Celulose Lignin Xylan

    rea superficial BET

    (m2 g-1)

    733 678 514 926

    Volume de microporos

    (m2 g-1)

    0,143 0,284 0,214 0,395

    5.1.2. Caracterizao Qumica

    A determinao da caracterstica bsica ou cida foi determinada pela

    adsoro de hipoclorito de sdio. A Figura 2 mostra a curva cintica de hipoclorito de

    sdio residual.

  • 40 Resultado e Discusso

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    0 10 20 30 40 50 60 70 80

    tempo (min)

    %de

    hipo

    clor

    itode

    sdi

    oad

    sorv

    ido

    Figura 2. Porcentagem removida de hipoclorito de sdio sobre carvo ativado de

    endocarpo de coco.

    Esta figura foi retirada de Jaguaribe et.al. [43] e mostra que o carvo adsorve

    hipoclorito na faixa de 30%, o que atribui uma caracterstica bsica ao carvo, pois

    no adsorve bem um composto bsico. A porcentagem residual de hipoclorito na

    soluo, foi determinada pela titulao com tiosulfato de sodo.

    O pHpcz foi determinado pelo mtodo de equilbrio batelada, conforme

    mencionado no item 4.2.1.4. A Figura 3 mostra a variao do pH final (pHf) com o pH

    inicial (pHi).

  • 41 Resultado e Discusso

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 2 4 6 8 10 12

    pHi

    pHf

    0,1 M NaNO3

    0,05 M NaNO3

    0,01 M NaNO3Figura 3. Valores do pH inicial e final da soluo de hipoclorito de sdio em

    diferentes concentraes de NaNO3.

    A Figura 3 mostra o mesmo comportamento para as trs concentraes de

    NaNO3, o que indica que o pH no afetado pelas foras inicas. O pHpcz obtido

    pela menor diferena entre as concentraes de [H+] inicial e final. A Tabela 14

    mostra os valores de pHi e pHf, [H+] inicial e final e a diferena entre eles. Alm

    disso, possvel verificar que o pHf da soluo sempre aumenta, indicando que h

    roub