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1 Jornal da Defensoria Pública da União de Categoria Especial - Abril-2012 Ano II - Nº 05 EDITORIAL EXPEDIENTE Defensor Público-Chefe: Dr. Gustavo Zortéa da Silva Defensor Público-Chefe Substituto: Dr. Eduardo Flores Vieira Diretor-Geral: Ismar Lobo Comunicação Social Supervisão: Dr. Gustavo Zortéa da Silva Drª. Vânia Márcia Damasceno Nogueira Responsáveis: Donata Sá Rebello Leandro Vieira Ribeiro Victor Antônio F. S. de Abreu Colaboração: Rosane Alves de Almeida Atayde Fernanda Hottum Ricardo Ambrozio Defensoria Pública da União de Categoria Especial SBS-Setor Bancário Sul, Quadra 02, Lote 13, Brasília/DF - CEP: 70070-120 Contato Telefone: +55 61 3214-1623 [email protected] Escrever um editorial é um processo curioso. Chega-me o Especiarias em mãos, pronto, com a primeira folha em branco, encarando-me, desafiadora. Fico desnorteado com a provocação da primeira folha que, mesmo sem olhos, fita-me impassível. Nesse transe, pareço ouvir um recitar de “Procura da Poesia”, do Drummond. Ouço o próprio, provocando-me: “Trouxeste a chave?” Não, não trouxe. Inspiração zero. Vagueio meu pensar, à procura de ideias. Recordo-me dos primeiros tempos de Defensoria Pública da União em Rondônia. Comovo-me ao lembrar as dificuldades e desafios enfrentados. Mais ou menos como o Dr. Fabiano, nobre Corregedor, refere em sua entrevista, recordando os primeiros tempos no Rio Grande do Sul: uma mesa, um computador, uma cadeira, uma impressora (jato de tinta), internet (3G), um Defensor e muita esperança. Nem diante de meus olhos mareados pelas recordações, a primeira folha sensibiliza-se. Permanece impassível. Estática, como, digamos, folha. Resolvo enfrentá-la. Determinado, caneta em riste, ponho-me a escrever. Assoma-me a angústia. Falta pouco espaço. O que dizer para nossos gabaritados leitores? A folha dá de ombros. No ocaso do texto, vem-me a ideia: “Aproveitem a quinta edição do Especiarias”. Dr. Gustavo Zortéa da Silva

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Jornal da Defensoria Pública da União de Categoria Especial - Abril-2012

Ano II - Nº 05

EDITORIAL

EXPEDIENTE

Defensor Público-Chefe: Dr. Gustavo Zortéa da Silva

Defensor Público-Chefe Substituto: Dr. Eduardo Flores Vieira

Diretor-Geral: Ismar Lobo

Comunicação Social

Supervisão: Dr. Gustavo Zortéa da Silva

Drª. Vânia Márcia Damasceno Nogueira

Responsáveis: Donata Sá Rebello

Leandro Vieira Ribeiro

Victor Antônio F. S. de Abreu

Colaboração: Rosane Alves de Almeida Atayde

Fernanda Hottum Ricardo Ambrozio

Defensoria Pública da União de Categoria Especial

SBS-Setor Bancário Sul, Quadra 02, Lote 13,

Brasília/DF - CEP: 70070-120

Contato

Telefone: +55 61 3214-1623

[email protected]

Escrever um editorial é um processo

curioso.

Chega-me o Especiarias em mãos, pronto, com a primeira folha em branco, encarando-me,

desafiadora.

Fico desnorteado com a provocação da primeira folha que, mesmo sem olhos, fita-me

impassível.

Nesse transe, pareço ouvir um recitar de “Procura da Poesia”, do Drummond. Ouço o

próprio, provocando-me: “Trouxeste a chave?”

Não, não trouxe. Inspiração zero.

Vagueio meu pensar, à procura de ideias.

Recordo-me dos primeiros tempos de Defensoria Pública da União em Rondônia. Comovo-me ao lembrar as dificuldades e desafios enfrentados. Mais ou menos como o Dr. Fabiano, nobre Corregedor, refere em sua entrevista, recordando os primeiros tempos no Rio Grande do

Sul: uma mesa, um computador, uma cadeira, uma impressora (jato de tinta), internet (3G), um

Defensor e muita esperança.

Nem diante de meus olhos mareados pelas recordações, a primeira folha sensibiliza-se. Permanece impassível. Estática, como, digamos,

folha.

Resolvo enfrentá-la. Determinado, caneta

em riste, ponho-me a escrever.

Assoma-me a angústia. Falta pouco espaço. O que dizer para nossos gabaritados leitores? A

folha dá de ombros.

No ocaso do texto, vem-me a ideia:

“Aproveitem a quinta edição do

Especiarias”.

Dr. Gustavo Zortéa da Silva

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Notícias

Mutirão avalia 86 vítimas de escalpelamento

no Amapá

Brasília, 2.3.2012 - O I Mutirão de Avaliação

de Cirurgias Reparadoras em Vítimas de

Escalpelamento atendeu 86 pessoas no último

fim de semana, em Macapá. A iniciativa é

resultado de parceria da Defensoria Pública da

União, Governo do Amapá e Sociedade

Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP),

buscando reparar danos provocados pelo

acidente e restituindo a autoestima dos

acidentados.

De acordo com a Defensora Pública Federal,

Luciene Strada, coordenadora do Projeto de

Erradicação do Escalpelamento da DPU, os

desdobramentos positivos do trabalho iniciado

pela instituição - que inclui ainda suporte

jurídico para as vítimas receberem o

pagamento do seguro Depen e projeto na

estrutura dos barcos para impedir os acidentes

- demonstram que as ações estão tendo

continuidade.

“Não adiantaria fazermos parte do trabalho e

esquecermos as vítimas. O projeto foi pensado

para ações reparadoras, preventivas e de

reintegração das acidentadas”, afirmou a

dirigente. Luciene Strada lembrou que as

atribuições da DPU vão além do campo

judicial. “A missão da Defensoria Pública da

União é atuar, de forma ampla, para o resgate

de direitos da população de baixa renda”,

afirmou.

Em todo o Amapá, a unidade da DPU no

estado já identificou 95 vítimas de acidentes de

escalpelamento. Luciene Strada explicou que

as vítimas que não foram atendidas nesse

mutirão serão avaliadas pelo diretor da SBCP

no estado.

A SBCP enviou ao Amapá 14 cirurgiões

plásticos e um anestesiologista, entre eles o

vice-presidente, Luciano Chaves, e o diretor de

Ação Social da entidade, Pedro Martins. O

grupo avaliou os acidentados para um mutirão

de cirurgias que deve ocorrer ainda este

semestre. Também foi realizado o Ciclo de

Palestras da Sociedade Brasileira de Cirurgia

Plástica, com audiência média de,

aproximadamente, 150 pessoas.

A maior parte das vítimas de escalpelamento é

de mulheres. Acidentada quando tinha nove

anos, Ruth Cléa Barros do Nascimento foi uma

das atendidas pela equipe de cirurgiões. Hoje

com 41 anos, ela mora em Santana, município

do Amapá, e ainda sente as sequelas do

acidente. “Meus problemas são até menores

que a de meninas que têm o rosto deformado e

não podem levar uma vida normal”, afirmou.

Outra mulher atendida, Elzeni Silva Nunes,

acidentada aos 8 anos de idade e hoje com 48

anos, também espera uma avaliação positiva

dos médicos para que seja submetida a uma

cirurgia. Ela aprovou a metodologia da SBCP.

“Fui muito bem atendida, recebi todas as

informações sobre a cirurgia e o tempo de

recuperação; agora aguardo com esperanças

ser convocada”, afirmou.

Comunicação Social DPGU

Ações em favor de vítimas de

escalpelamento são tema de reunião

Brasília, 8.3.2012 - A integração entre órgãos

públicos para a assistência a vítimas de

escalpelamento foi tema de reunião realizada

nessa quarta-feira (7) no Ministério do

Desenvolvimento Social (MDS). O debate

envolveu assuntos como centralização de

dados, procedimentos para que as vítimas

recebam benefícios assistenciais e

previdenciários, reinserção no mercado de

trabalho, atendimento médico e prevenção.

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A Defensoria Pública da União (DPU) foi

representada no encontro pela Defensora

Pública Federal de Categoria Especial, Luciene

Strada, coordenadora do Projeto de

Erradicação do Escalpelamento; os Defensores

Hélio Cabral, que atua no Amapá e Liana

Lidiane Pacheco Dani, atuante em Brasília;

além das assistentes Sociais Helena Costa, da

unidade no Pará, e Patrícia de Campos

Nazaré, da DPU no Amapá. Pelo Ministério do

Desenvolvimento Social, estavam presentes a

Secretária Nacional de Assistência Social

Adjunta, Valéria Maria de Massarani Gonelli, e

uma equipe de servidoras. Também

participaram da reunião representantes dos

governos do Pará e Amapá.

Luciene Strada falou sobre o projeto e as

possibilidades de atuação conjunta. Ela

explicou que em geral o acidente ocorre com

mulheres que vivem nas regiões ribeirinhas,

nas quais o acesso a essas vítimas não é

muito fácil. Para isso, a Defensora propôs o

apoio dos profissionais de serviço social dos

governos federal e estadual. “A integração na

coleta de dados vai ajudar muito”, disse

Luciene Strada.

O Projeto de Erradicaçãio do Escalpelamento

inclui a busca pelos direitos das pessoas que

se acidentam, mas também outras medidas.

“Trabalhamos na inclusão dessas pessoas no

mercado de trabalho e na qualificação

profissional, já que elas muitas vezes tem

dificuldade para conseguir emprego”, informou

a coordenadora.

Valéria Gonelli, do MDS, disse que é possível a

colaboração. “Por meio do Sistema Único de

Assistência Social é possível identificar a

situação de cada vítima”, explicou. Ela

ressaltou ainda que ações coordenadas entre

vários órgãos otimizam o atendimento às

vítimas de escalpelamento, que precisam de

apoio multidisciplinar.

“Estamos trabalhando em várias frentes. Na

Defensoria, uma das iniciativas é entrar na

Justiça para que as acidentadas possam

receber benefícios previdenciários, caso

tenham o direito”, disse a Defensora Liana

Lidiane Pacheco. Em alguns casos, o acidente

não impede a inserção no mercado de

trabalho, mas em outros “é importante

reconhecer que a pessoa fica impossibilitada

para a vida laboral”, observou o Defensor Hélio

Cabral.

A colaboração entre as instituições é

igualmente importante nos trabalhos de

prevenção. “Uma boa campanha de

conscientização pode impedir que os acidentes

aconteçam, evitando transtornos”, destacou

Valéria Gonelli.

Comunicação Social DPGU

Alteração do Regimento Interno do STJ é

discutida em reunião

Brasília, 26.3.2012 - Em encontro ocorrido na

última semana no Superior Tribunal de Justiça

(STJ), em Brasília, representantes da

Defensoria Pública da União (DPU)

apresentaram ao ministro Ari Pargendler,

presidente da corte, propostas de alteração do

Regimento Interno do STJ.

O Subdefensor Público-Geral Federal Afonso

Carlos Roberto do Prado, o Defensor Público-

Chefe da Categoria Especial, Gustavo Zortéa

da Silva, e o presidente da Associação

Nacional dos Defensores Públicos Federais

(Anadef), Gabriel Faria Oliveira, encaminharam

sugestões que visam a incluir título relativo à

Defensoria Pública no regimento, tal qual existe

para tratar do Ministério Público, mencionar a

figura do defensor público e suas prerrogativas,

assim como atualizar esse documento para

garantir que as nomeações realizadas pelo STJ

não mais recaiam sobre defensores dativos.

De acordo com Gustavo Zortéa, há outras

reuniões marcadas com diversos ministros.

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“Temos a intenção de conversar com vários

deles, a fim de facilitar a aprovação das

propostas, por ocasião da votação das

alterações do Regimento Interno, que ainda

não tem data definida para a conclusão”,

informou.

Os defensores Gustavo Zortéa e Gabriel

Oliveira haviam se reunido anteriormente com

a ministra Nancy Andrighi, que preside a

Comissão de Regimento Interno do STJ. Na

oportunidade, entregaram as mesmas

propostas encaminhadas ao ministro Ari

Pargendler para serem submetidas à votação.

Reforma

Segundo notícia publicada no site do STJ, a

proposta de reforma do Regimento Interno

começou a ser analisada pelo plenário da casa

em sessão ocorrida no dia 29 de fevereiro

deste ano, na qual foram votados 64 artigos, de

um total de 343.

O novo texto deve trazer modificações para

simplificar o julgamento de processos pelo

tribunal e torná-lo mais moderno e adequado

às mudanças da legislação do país. A versão

atual do regimento do STJ, datada de 1989,

recebeu 14 emendas nas últimas duas

décadas.

Comunicação Social DPGU

Até que a lei seja alterada, apenas

bafômetro e exame de sangue podem

comprovar embriaguez de motorista

Brasília, 28.3.2012 - Em julgamento apertado,

desempatado pelo voto de minerva da ministra

Maria Thereza de Assis Moura, presidenta da

Terceira Seção, o Superior Tribunal de Justiça

(STJ) definiu que apenas o teste do bafômetro

ou o exame de sangue podem atestar o grau

de embriaguez do motorista para desencadear

uma ação penal. A tese serve como orientação

para as demais instâncias do Judiciário, em

que processos que tratam do mesmo tema

estavam suspensos desde novembro de 2010.

De acordo com a maioria dos ministros, a Lei

Seca trouxe critério objetivo para a

caracterização do crime de embriaguez,

tipificado pelo artigo 306 do Código de Trânsito

Brasileiro (CTB). É necessária a comprovação

de que o motorista esteja dirigindo sob

influência de pelo menos seis decigramas de

álcool por litro de sangue. Esse valor pode ser

atestado somente pelo exame de sangue ou

pelo teste do bafômetro, segundo definição do

Decreto 6.488/08, que disciplinou a margem de

tolerância de álcool no sangue e a equivalência

entre os dois testes.

“Se o tipo penal é fechado e exige determinada

quantidade de álcool no sangue, a menos que

mude a lei, o juiz não pode firmar sua

convicção infringindo o que diz a lei”, afirmou a

ministra Maria Thereza ao definir a tese.

O julgamento teve início em 8 de fevereiro e foi

interrompido por três pedidos de vista. Dos

nove integrantes da Terceira Seção, cinco

ministros votaram seguindo o ponto de vista

divergente (contrário ao do relator) e vencedor.

O desembargador convocado Adilson Macabu

foi o primeiro a se manifestar nesse sentido e,

por isso, lavrará o acórdão. Também

acompanharam o entendimento, além da

presidenta da Seção, os ministros Laurita Vaz,

Og Fernandes e Sebastião Reis Júnior.

Caso concreto

No recurso interposto no STJ, o Ministério

Público do Distrito Federal (MPDF) se opôs a

uma decisão do Tribunal de Justiça local

(TJDF), que acabou beneficiando um motorista

que não se submeteu ao teste do bafômetro,

porque à época o exame não foi oferecido por

policiais. O motorista se envolveu em acidente

de trânsito em março de 2008, quando a Lei

Seca ainda não estava em vigor, e, à época, foi

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encaminhado ao Instituto Médico Legal, onde

um teste clínico atestou o estado de

embriaguez.

Denunciado pelo MP com base no artigo 306

do CTB, o motorista conseguiu o trancamento

da ação penal, por meio de habeas corpus, sob

a laegação de que não ficou comprovada a

concentração de álcool exigida pela nova

redação da norma trazida pela Lei Seca. O

tribunal local entendeu que a lei nova seria

mais benéfica para o réu, por impor critério

mais rígido para a verificação da embriaguez,

devendo por isso ser aplicada a fatos

anteriores a sua vigência.

A decisão da Terceira Seção negou provimento

ao recurso do MPDF.

Atuação da DPU

A Defensoria Pública da União de Categoria

Especial requereu o ingresso ao feito como

amicus curiae e o STJ deferiu o pedido.

O Defensor Público Federal de Categoria

Especial Rômulo Coelho da Silva se

manifestou pelo não conhecimento do recurso

especial interposto pelo Ministério Público do

Distrito Federal e Territórios e, se conhecido,

pelo não provimento do recurso.

Rômulo Coelho argumentou que a alteração do

art. 306 do Código de Trânsito passou a exigir,

apenas, a constatação da concentração de

álcool por litro de sangue igual ou superior a 6

decigramas. “Assim, resta evidente que para

provar a embriaguez, objetivemente delimitada

pelo art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro,

é indispensável a prova técnica

consubstanciada no teste do etilômetro ou no

exame de sangue.” Afirmou.

Aduziu: “vale lembrar, ainda, que a nova

redação do art. 306 é mais benéfica que a

redação anterior, em relação ao réu que

responde criminalmente pela conduta em

discussão, pois cria obstáculo à configuração

do ilícito, estabelecendo elementar antes não

prevista.” Concluiu: “Assim, somente estará

autorizada a persecução penal caso seja

constatado o percentual mínimo disposto na

lei.”

Os argumentos do Defensor Público Federal

foram acolhidos pelo STJ conforme o resultado

do julgamento.

Comunicação Social da DPU- Categoria Especial

Decisão do STJ muda entendimento sobre

honorário sucumbencial

Brasília, 30.3.2012 - O Superior Tribunal de

Justiça (STJ) entendeu em uma decisão

recente que a Defensoria Pública pode receber

honorário sucumbencial quando exerce a

função de curadoria especial. Esse honorário é

determinado judicialmente e deve ser pago

pela parte vencida no processo para a

representação jurídica da parte vencedora. No

caso da Defensoria Pública da União, o

dinheiro é destinado ao investimento em

melhoria de infraestrutura de atendimento e à

capacitação institucional.

“A decisão pode mudar entendimento que os

tribunais estavam tendo até então”, relatou o

Defensor Público Federal de Categoria

Especial Leonardo Lorea Mattar, que atuou no

caso. Ele vê a decisão como algo positivo, pois

o honorário sucumbencial em caso de

curadoria especial não era pago às

Defensorias públicas.

A curadoria especial é exercida quando a parte

no processo não responde pelos próprios atos

(menor, mentalmente incapaz) ou quando ela

não é encontrada, depois de ser notificada por

edital. “É comum nos ofícios cíveis da DPU, em

casos de execução fiscal, que a pessoa

notificada não seja encontrada, nos levando a

exercer a curadoria especial”, disse Leonardo

Lorea Mattar.

O caso chegou ao STJ a partir de Recurso

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Especial da Defensoria Pública Estadual do Rio

Grande do Sul. O recurso foi negado, em

decisão monocrática, quanto ao pagamento

dos honorários sucumbenciais. O 5º Ofício

Cível da DPU de Categoria Especial, de

responsabilidade de Leonardo Mattar, entrou

no processo por meio de agravo regimental em

favor do pagamento, obtendo êxito.

O STJ teve como base para sua decisão a Lei

Complementar 80/94, que organiza a

Defensoria Pública da União, do Distrito

Federal e dos Territórios e prescreve normas

gerais para sua organização nos Estados.

Segundo o tribunal, a lei nega o direito a

honorários sucumbenciais para a pessoa do

defensor, mas a verba pode ir para fundo

gerido pela instituição.

O recebimento de honorários por parte da DPU

está previsto no artigo 4º, inciso XXI, da Lei

Complementar 80/94. Segundo o texto legal, é

função da instituição “executar e receber as

verbas sucumbenciais decorrentes de sua

atuação, inclusive quando devidas por

quaisquer entes públicos, destinando-as a

fundos geridos pela Defensoria Pública e

destinados, exclusivamente, ao aparelhamento

da Defensoria Pública e à capacitação

profissional de seus membros e servidores”.

Segundo voto do relator do processo no STJ,

ministro Paulo de Tarso Sanseverino,

“aplica-se, por analogia, a disciplina dos

honorários devidos aos peritos, sendo que, em

caso de eventual procedência da demanda,

poderá o autor cobrar os valores do

sucumbente”.

Comunicação Social DPGU

Comunicação irregular impede reintegração

de posse

Brasília, 30.3.2012 - Após agravo regimental

interposto pela Defensoria Pública da União de

Categoria Especial, o Superior Tribunal de

Justiça (STJ) decidiu que o aviso de rescisão

contratual é meio legítimo de substituição da

notificação extrajudicial. A decisão se refere a

caso que envolve reintegração de posse no

programa de arrendamento residencial da

Caixa Econômica Federal (CEF).

O pedido de reintegração foi ajuizado pela

instituição financeira em virtude de

inadimplemento de contrato de fundo de

arrendamento residencial firmado entre a CEF

e um grupo de assistidos.

Os arrendatários entraram na justiça,

contestando a forma de notificação, mas

perderam a causa na primeira instância, no

Tribunal Regional Federal da 1ª Região, e a

primeira decisão do STJ foi desfavorável. Após

agravo regimental, a relatora do processo,

ministra Nancy Andrighi, reconsiderou o

entendimento anterior.

O Defensor Público Federal de Categoria

Especial Leonardo Lorea Mattar atuou em

nome do grupo e alegou que a notificação por

meio de aviso de rescisão viola o artigo 9º da

Lei 10.188/2001, que regulamenta o programa

de arrendamento residencial da CEF. Essa lei

caracteriza o esbulho possessório em caso de

inadimplemento. Nesse caso, os arrendatários

devem ser avisados por meio de notificação

extrajudicial, e não por meio de aviso de

rescisão contratual.

Outra irregularidade foi o fato de o aviso não

ter sido enviado a todas as pessoas

envolvidas. Segundo Leonardo Lorea,

“o procedimento deve ser seguido, para que a

reintegração seja válida. Afinal, trata-se de

pessoas que podem perder suas moradias”.

Em sua decisão, o STJ ressaltou que

“o tribunal de origem, ao decidir pela

possibilidade de substituição da notificação

extrajudicial pelo „aviso de rescisão‟, contrariou

o entendimento desta Corte”.

Comunicação Social DPGU

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ENTREVISTA:

Memória Institucional

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Dr. Fabiano Caetano Prestes, Defensor

Público Federal de Categoria Especial, foi o

quinto Defensor Público-Chefe de Categoria

Especial. Ingressou na Defensoria Pública

da União ao ser aprovado no primeiro

concurso da carreira de Defensor Público

Federal, realizado em 2001. A posse deu-se

com a nomeação ao cargo de Defensor

Público da União de 2ª Categoria em

5.12.2001. Em 2003, foi promovido, por

antiguidade, da 2ª Categoria à 1ª Categoria.

Atuou como Defensor Público-Chefe

Regional da 5ª Região, no período de

26.5.2004 a 16.5.2005. Posteriormente, foi

designado Defensor Público-Chefe da

Defensoria Pública no Estado do Rio

Grande do Sul, no período de 29.11.2005 a

9.7.2007. Em 24.7.2008, foi promovido, por

antiguidade, da 1ª Categoria para a

Categoria Especial. Exerceu a função de

Defensor Público-Chefe da Defensoria

Pública da União de Categoria Especial no

período de 8.7.2009 a 8.2.2011. Atualmente,

desenvolve as atividades de Corregedor-

Geral Federal da Defensoria Pública da

União, desde 9.8.2011, com mandato de

dois anos.

Conte-nos sobre seu ingresso na Defensoria Pública da União, 2ª Categoria, 1ª Categoria e na Categoria Especial. Fale das suas experiências como Chefe Regional da 5ª Região e Chefe da DPU-Rio Grande do Sul.

Sou oriundo do 1º Concurso da DPU, em

2001. Minha primeira lotação foi Porto

Alegre, de onde saí com a promoção para a

Primeira Categoria em 2004. Na Primeira

Categoria, inicialmente atuei em Recife,

onde fui Chefe Regional. Competia ao

Chefe Regional atestar alguns documentos

de outras unidades, como o formulário de

indenização por uso de transporte próprio,

além de exercer a chefia da própria unidade.

Em 2005, fui removido para a Unidade de

Porto Alegre e, assim como em Recife, era

o único Defensor a atuar perante o Tribunal

Regional Federal local. Fui nomeado

Defensor Público-Chefe substituto na minha

chegada. Com a promoção do Dr. Leonardo

Mattar para a Categoria Especial, assumi a

Chefia titular. Era um tempo bastante

diferente de hoje. O número de defensores

era menor, nossa força de trabalho era

exclusivamente exercida por estagiários e

terceirizados. Utilizávamos muitas vezes o

próprio carro para audiência e pegar

processos. O exercício da Chefia era

relativamente mais fácil, pois não havia

muito o que chefiar.

Dr. Fabiano Caetano Prestes

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em comento é daqueles que autorizam a superação do entendimento firmado na Súmula nº 691

do STF, concedo a ordem, de ofício, com base no caput do a. 192 do RISTF [Regimento Interno

do Quais eram as condições da Categoria Especial, em termos de estrutura e organização, ao tempo de sua Chefia?

Na minha chegada em Brasília, percebi que

a Categoria Especial possuía condição

diferenciada em relação às outras unidades

em que atuei. O quadro de servidores era

extenso, capitaneados pelo Dr. Afonso,

atual Subdefensor-Geral, que através de

muito trabalho conseguiu formar uma

excelente estrutura. A Categoria Especial

funcionava praticamente sozinha, cabendo

ao chefe apenas as decisões e pequenos

ajustes.

Como o senhor avalia os progressos da Defensoria Pública da União e da Categoria Especial ao longo de sua carreira de Defensor Público Federal até os dias de hoje?

Apesar de haver muito para evoluir, a DPU

é outra, se comparada àquela que conheci

na época de minha posse. Em Porto Alegre,

tínhamos dois computadores, duas salas e

duas estagiárias. Isso para oito defensores.

A distribuição dos processos era manual e

feita por nós mesmos. Éramos cerca de cem

defensores em todo o País. No mandato do

Dr. Eduardo Flores, ex-Defensor Público-

Geral, houve um salto de qualidade, na

estrutura física das unidades, no quadro de

apoio e no número de defensores, o que

vem sendo reforçado pelas administrações

posteriores. A evolução é lenta e gradual,

mas está acontecendo.

Fale sobre a Corregedoria-Geral da De-fensoria Pública da União. Como é ser o primeiro Corregedor-Geral Federal em exercício?

Como é de conhecimento notório, a

Corregedoria-Geral, apesar de prevista na

LC 80/94, jamais havia sido efetivada, por

ausência de nomeação pela Presidência da

República. Apenas em agosto de 2011, com

minha nomeação, é que passamos a contar

com Corregedoria na Instituição. O início de

minha atuação como Corregedor me remete

ao início da carreira. Não havia sala,

computador, impressora, quadro de apoio.

Com a ajuda do então Defensor-Geral em

exercício, Dr. Afonso, bem como da chefia

da Especial, exercida pelo Dr. Gustavo

Zortéa, é que a Corregedoria deu seus

primeiros passos. A dificuldade de ser o

primeiro é que tudo é novo, e nada tem seu

procedimento fixado. Venho aos poucos

criando estes procedimentos, seja para as

correições, para análise dos relatórios de

estágio probatório ou das representações

contra colegas e servidores. A estrutura da

Corregedoria tem muito que evoluir, mas

venho contando com a imprescindível

colaboração de meu assessor, Dr. Wladimir

Coelho, liberado de suas atribuições da

Categoria Especial, bem como do

Alexandre, servidor que me assessorava na

atividade-fim e que veio comigo para a

Corregedoria.

Conte-nos o que espera do futuro da De-fensoria.

Espero que a Defensoria atinja o lugar de

destaque que merece. Que seja reconheci-

da pelo Estado de forma efetiva, e não ape-

nas em discursos políticos. Que possamos

efetivamente abarcar todas as nossas atri-

buições em todos os rincões. Que o Defen-

sor seja reconhecido pelo importante traba-

lho que realiza. Que este trabalho seja

equânime entre os Defensores de todas as

unidades e categorias. Espero participar

desta caminhada, contribuindo com meu es-

forço e esperança de um futuro melhor para

a Defensoria e nossos assistidos.

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Eventos:

Eventos:

N o dia 13 de abril, a DPU de Categoria

Especial homenageou os aniversariantes dos

meses de janeiro, fevereiro, março e abril. A

Coordenação de Gestão de Pessoas organizou

festa com bolo, salgados e doces que contou

com a presença de servidores, defensores e

estagiários.

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Aniversariantes Abril:

01. Luiz Carlos - Estagiário

01. Danillo - Estagiário

02. Vera Lúcia - Servidora

02. Samara - Servidora

03. Camila Ayres - Colaboradora

03. Jacqueline - Estagiária

04. Marcos Vinícius - Servidor

06. Fernanda Lopes - Colaboradora

06. Silveira - Vigilante

07. Dr. Gustavo Zortéa - Defensor

08. Lucimara Vieira - Estagiária

08. Raimundo Nonato Silva - Servidor

08. Janaina Pereira - Colaboradora

10. Mª das Dores Silva - Serviços Gerais

11. Adalberto - Servidor

14. Dr. Holden - Defensor

14. Dr. Paulo Henriques - Defensor

14. Sandra Mara - Servidora

16. Aline Queiroz - Estagiária

19. Elenice - Servidora

19. Damião - Vigilante

20. Mayara Santana - Estagiária

20. Juliete - Estagiária

21. Anamélia - Servidora

21. Guilherme Gomes - Estagiário

21. Rita Varela - Servidora

23. Kathryn - Estagiária

24. Samuel - Servidor

27. Geciara - Estagiária

28. Tânia - Servidora

28. Vinícius César - Estagiário

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Qual a forma correta?

Inúmeras expressões e palavras nos deixam dúvidas no momento de empregá-las corretamente. Por vezes, não sabemos ao certo a diferença entre elas e quando devemos

utilizá-las. A seguir, veremos algumas destas expressões.

A princípio/ Em princípio

A princípio - à primeira vista, primeiramente, logo a princípio, inicialmente e no começo.

A princípio, eu não sabia de nada.

A princípio, tudo eram trevas.

Em princípio - em teoria, em tese, teoricamente e de modo geral .

Em princípio, todo homem é igual perante a lei.

O contrato deverá, em princípio, ser renovado no ano que vem.

Ao invés de/ Em vez de

Ao invés de - é utilizada para indicar oposição a algo ou alguma coisa e, portanto, significa “ao

contrário de‟‟.

Ao invés de economizar, Lúcia gastou todo o dinheiro.

Ao invés de sair ele entrou.

Em vez de - esta expressão é mais empregada com o significado de “em lugar de”, porém, pode significar “ao invés de”, “ao contrário”, por isso, em caso de dúvidas opte por „‟em vez de‟‟ que

estará correto!

Em vez de comprar frutas, comprou legumes.

Anexo(s)/ Anexa(s)

O termo anexo é um adjetivo, portanto varia de acordo com o gênero e o número conforme o substantivo a que se refere. Muitos gramáticos aceitam a forma „‟em anexo‟‟, que, por ser uma

locução adverbial, é invariável.

A certidão está anexa.

Os documentos seguem anexos

Fernanda Hottum

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S

UR

TO

S

LI

TE

RI

OS

Gustavo Zortéa da Silva

19º Of. Sup. Criminal

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A SEMENTE, PÁSCOA E RESSUREIÇÃO

O que seria da muda, se antes por uma mão, a semente não tivera sido plantada?

De que valeria a semente cultivada se não com afeto pelo solo distribuída?

Não existiria vida, se não imbuída de paz, com justiça, por amor, pelo Criador semeada.

Como seria o mundo, se não houvesse quem trabalhasse com doação?

De que valeria o trabalho de uma nação, se não for a renda distribuída com justiça e equidade?

Não existirá justiça sem paz, nem paz sem liberdade, se não for também com humildade em verdadeira

comunhão.

De que valeria o comungar, se não for praticado como ato de fé no banquete da dor?

De que valeria a fé ao Senhor, se não for acompanhada pela partilha de obras desprendidas?

Pois a Cruz não seria erguida, sem a certeza da maldade vencida pelo sangue e pelo Amor.

De que valeria a igreja, se não for suas bases calçadas nos ideais da fé e caridade?

De que valeriam a fé e a caridade, se não tiver por objetivo o bem comum edificar?

Não conseguirá a igreja se unificar, se a homem não deixar o Paráclito plantar a unidade.

Mas nada disso teria sentido, nem mesmo o poema inspirado

Sem o exemplo do crucificado, que negou sua condição Divina e disse sim.

Não haveria enfim, qualquer obra arquitetada sob o pálio do Divino Autor,

Senão pelo Amor, da Semente Ressuscitada chamada JESUS Nosso Senhor!

João Pedreira

25º Of. Sup. Criminal

A.: Dânita A. M

25º Of. Sup. Criminal