editorial e conto literário

3
EDITORA Aprenda a explorar esse novo recurso de interatividade na web Realidade Aumentada Quer conferir como funciona esta tecnologia? Siga as instruções abaixo: 1. Acesse www.revistawebdesign.com.br/realidadeaumentada 2. Direcione o ícone acima para sua webcam (aprox. 30 cm de distância) 3. Veja o demonstrativo que preparamos para você! Apoio outubro :: ano 6 :: nº 70 :: www.revistawebdesign.com.br R$ 11,90

Upload: luis-rocha

Post on 06-Mar-2016

216 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Texto do editorial da edição de outubro de 2009 e do conto literário "A vida .com ela é... ", vencedor de concurso nacional

TRANSCRIPT

Page 1: Editorial e conto literário

E D I T O R A

Aprenda a explorar esse novo recurso de interatividade na web

Realidade Aumentada

Quer conferir como funciona esta tecnologia? Siga as instruções abaixo:

1. Acesse www.revistawebdesign.com.br/realidadeaumentada

2. Direcione o ícone acima para sua webcam (aprox. 30 cm de distância)

3. Veja o demonstrativo que preparamos para você!

Apoio

outubro :: ano 6 :: nº 70 :: www.revistawebdesign.com.brR$ 11,90

Page 2: Editorial e conto literário

4 :: Webdesign

Direção Geral

Adriana Melo

Direção de Redação

Luis Rocha

Direção de Criação

Camila Oliveira

Publicidade

Luanna Chacon

Thiago Nabuco

Atendimento

Rebeca Emerick

Tecnologia

Neilton Silva

Rafael Zuma

Financeiro

Cristiane Dalmati

Eventos

Taianá Andrade

Atendimento aos assinantes

[email protected]

Redação

[email protected]

Anuncie

[email protected]

Revista Webdesign

www.revistawebdesign.com.br

Revista TIdigital

www.revistatidigital.com.br

Encontro de Design e Tecnologia Digital

www.edted.com.br

Fórum Internacional de Design e

Tecnologia Digital

www.foruminternacional.com.br

Concurso Peixe Grande

www.peixegrande.com.br

Curso Web para Designers

www.webparadesigners.com.br

Curso Design de Interfaces

www.designdeinterfaces.com.br

Produção gráfica

www.ediouro.com.br

Distribuição

www.chinaglia.com.br

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações

e opiniões contidas nos artigos assinados, bem

como pelo teor dos anúncios publicitários.

:: Não é permitida a reprodução de textos ou

imagens sem autorização da editora.

Semana de fechamento de mais uma edição da Webdesign. Toca

o celular. Penso eu, lá vem algum imprevisto de última hora! Do

outro lado da linha, é a minha grande amiga (e diretora de criação)

Camila Oliveira. O papo se inicia com algumas trocas de ideias para

acertarmos os detalhes de fechamento da revista.

A conversa se estende e confesso a ela que o tema do especial

deste mês acabou trazendo boas recordações sobre o início

do cinema 3D e os clássicos óculos ornamentados com papel

celofane vermelho e azul. Neste momento, ela me “intima” a

assistir o filme “UP - Altas Aventuras”, um dos mais recentes

projetos produzidos pela Disney/Pixar com tecnologia

tridimensional para películas cinematográficas.

Segundo ela, a mistura do moderno aparato tecnológico com uma

bela história e um roteiro bem trabalhado torna a obra numa ótima

opção de lazer, fazendo com que você participe realmente daquela

história. Para se ter uma ideia, o processo de imersão e realismo

foi tão grande que lágrimas fizeram parte das emoções vividas por

Camila durante o filme!

Depois de tamanha revelação, terminamos nossa conversa

concluindo que esse é o papel que uma tecnologia deve assumir

nos projetos, ou seja, ajudar o usuário a se sentir parte daquele

ambiente que ele deseja experimentar em determinado momento

de sua vida. Assim, esperamos que a reportagem de capa possa

ajudá-los a encontrar este diferencial na aplicação da Realidade

Aumentada em ambientes digitais.

PS: Vocês devem estar estranhando o porquê de Adriana não

nos brindar com mais um de seus interessantes depoimentos por

aqui. Diante dos novos projetos lançados pela Arteccom, como o

curso Design de Interfaces e o Workshop Magento, ela pediu para

que eu cobrisse sua ausência neste momento. No mês em que

completo quatro anos de Arteccom, agradeço a minha querida

chefinha por esta oportunidade de abrir a edição e também

fechá-la (pág.74) com a publicação de meu conto, premiado

recentemente em concurso literário.

Grande abraço e uma ótima leitura!

Luis Rocha.

Luis [email protected]

Ed

ito

rial

Tecnologia boa é aquela que mexe

com as nossas emoções

Page 3: Editorial e conto literário

74 :: Webdesign

Sou Francisco, arquiteto e sociólogo. Filho de José

com Maria. Divorciado de Teresa, pai outrora orgulhoso de

Iracema. Quarenta e sete anos de vida real. Hoje, completo

treze de experiências virtuais. Até ontem, existiam mil

motivos para celebrar esta data, mas...

Apesar de utilizar e usufruir de todos os benefícios das

novas tecnologias de comunicação, de telefones celulares

à internet, salve o e-mail, o Skype e o MSN, ainda assim

mantive a minha paixão juvenil pela escrita e leitura dos meios

impressos e dos grandes clássicos da literatura brasileira.

Para se ter uma ideia desta idolatria, vocês devem ter

percebido, logo de início, que o nome de minha filha, Iracema,

é uma singela homenagem ao belo romance homônimo de José

de Alencar (Não conhece? Uma pena, quem sabe o Wikipedia

possa iluminar seus pensamentos... Por favor, entenda-me:

quero ser breve e compartilhar de uma vez por todas esse meu

sofrimento digital!).

No exato momento que digito esse desabafo via Google

Docs, as lágrimas inundam meu teclado cada vez que releio

uma das passagens do livro, que repousa religiosamente

ao lado do meu notebook, lembrando a tragédia ocorrida

com Iracema (e que certamente poucos terão o prazer e a

paciência de descobrir nos próximos parágrafos):

“...Além, muito além daquela serra, que ainda azula

no horizonte, nasceu Iracema... a virgem dos lábios de mel,

que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais

longos que seu talhe de palmeira...

O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde

pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas...”

Parece que foi ontem que a vi entrando toda de branco

na Igreja, durante sua primeira comunhão. Ou ainda, das

travessuras com suas amigas, brincando inocentemente na

cama de seu quarto - preparado especialmente para ela,

diga-se de passagem!

Porém, o tempo (talvez, hoje, a internet seja) é senhor

da razão e Iracema cresceu rapidamente. Como sempre, fiz

o possível e o impossível para atender a mais um de seus

desejos: ser a primeira menina do colégio a ter um poderoso

computador portátil. Sabia que chegara a hora de Iracema

conhecer o mundo - do MSN, dos blogs, do Twitter, do Orkut

-, sem estar debaixo de minhas asas protetoras.

No entanto, essa caminhada virtual implicava na idolatria

de figuras midiáticas pra lá de duvidosas, como a tal da Bruna

Surfistinha, que a deixara com um ar de Capitu, clássica

personagem de um dos clássicos de Machado de Assis,

comumente reconhecida pelos seus “olhos de ressaca, como os

de uma cigana oblíqua e dissimulada”.

Nesse ínterim de mudanças em tempo real, Iracema se

apaixonou por um sujeito popular e de alcunha Evilásio69,

mancebo bom de papo eletrônico e que prometera honrá-la

virtual e presencialmente. Mas, como pressentimento de pai

“tarda, mas não falha”, uma tragédia era questão de bits e

bytes para se consumar...

Na última semana, alertado por alguns conhecidos

“pornonautas”, investigadores desse submundo virtual

masturbatório, descubro - através do senhor de todas as

buscas, Google - que meu pequeno querubim (que, segundo o

definitivo e palpável Aurélio, significa “criança muito linda”) foi

pervertido... E o pior: tudo registrado via webcam!

Agora, Iracema é mais idolatrada do que “Eu sou

Stephany (no meu Cross Fox)”, é trending topic semanal dos

tuiteiros mundiais, além - é claro - de ser a estrela preferida

e milimetricamente exibida, nos máximos pixels e posições

possíveis, pelos sites eróticos que se multiplicam como gripe

suína pela grande rede.

Afinal, onde errei? Minha dedicação para que fosse

uma boa moça foi total. Paguei balé. Curso de inglês.

Faculdade. Dei-lhe as roupas da moda... Eu até briguei

com os meus melhores amigos para não admitir que Brás

Cubas, protagonista de outro clássico de Machado de Assis,

descobrira o sentido da vida.

Porém, depois da perversão digital, virtual e interativa de

Iracema, repetirei eternamente - via Twitter - a célebre frase

“brás-cubiana”, perfeita para os 140 caracteres permitidos,

como se fosse meu mantra da eterna libertação (on-line):

"Não tive filhos, não transmiti a

nenhuma criatura o legado

da nossa miséria".

A vida .com ela é... Ou uma

tragédia à la Nelson Rodrigues

Luis Rocha é carioca, flamenguista e jornalista. Atualmente, trabalha como diretor de redação da Revista

Webdesign. Além de escrever mensalmente todas as reportagens da revista, também procura exercitar sua veia

criativa com a produção de poesias e contos no blog Meu Lírico-Eu (http://meuliricoeu.blogspot.com).

Contato: [email protected]

“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o

buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.” (Nelson Rodrigues)

Observação: este conto foi o vencedor do III Concurso Literário | Dia do Escritor - Scritta Online (http://migre.me/6Fi2).

74 :: Webdesign