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Prazo para Declarar Imposto de Renda vai até 31 de Maio pág. 3 Destaque: Os Terreiros e a Cidade de Salvador pág. 8 e 9 Um Terreiro, uma História: Ilê Axé Taoyá Loni pág. 10 Editorial: E a luta continua... Até quando? Informativo nº 06 ano III abril de 2005 *Publicação de KOINONIA Chegou 2005! Mais um ano que se renova, e com ele as esperanças de um mundo mais justo, solidário e sem tan- tas desigualdades sociais. Mas, a rea- lidade é que os problemas continuam. Continuamos lutando, em Salva- dor, através das ações do Programa Egbé – Terri- tórios Ne- gros, pelo re- conhecimen- to dos direi- tos das co- munidades do culto afro- brasileiro, que sofrem as pressões de um municí- pio mar-cado pela escassez de mora- dia de seus habi-tantes que, em sua maioria, vivem em condições insalu- bres. Continuamos tentando fazer o público não vinculado ao candomblé reconhecer que lidamos com o pú- blico de uma religião, que tem sua li- berdade de culto respaldada pela Constituição Federal. Continuamos tentando esclarecer, principalmente aos grupos evangéli- cos neo-pentecostais, que é crime desrespeitar o povo de candomblé pela sua religião. Continuamos ainda tentando en- contrar meios de convencer as au- toridades do poder executivo quan- to a necessidade do reconhecimen- to da existência dos cerca de 2500 terreiros de candomblé que estima- se existir na Grande Salvador - não esque- cendo que, pela própria natureza e filosofia da religião, a ten- dência deste número é crescer a cada dia. E vale lembrar aqui, que os mapea-mentos da cidade absur- damente registram apenas 13 deles (só os atendidos por KOINONIA somam-se em mais de 100, ver págs 6 e 7). E ainda, continuamos buscan- do caminhos para, a partir deste reconhecimento, estabelecer um diálogo para chegarmos, de fato, à garantia dos direitos que tais co- munidades têm, como é o caso da imunidade a impostos, como o IPTU. Pois a rubrica para a co- brança a “templos de culto” con- tinua existindo no orçamento do município e continua sendo efetivada, ainda que inconstitu- cionalmente. Até quando teremos que continuar nessa luta que tem bases em atitudes fundamental- mente precon- ceituosas e ra- cistas? Esperamos que agora, com novos governos municipais se instalando, os benefícios para a cidade atin- jam também as comunidades de candomblé que, afi- nal de contas, fazem parte da histó- ria da fundação, do desenvolvimen- to e da cultura de conglomerados ur- banos como a Cidade do Salvador. Para isso, nós de KOINONIA, continuaremos lutando e em 2005 buscaremos ampliar os contatos com redes e instituições que apóiem essa mesma causa!

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Prazo para Declarar Impostode Renda vai até 31 de Maio

pág. 3

Destaque: Os Terreiros e aCidade de Salvador

pág. 8 e 9

Um Terreiro, uma História:Ilê Axé Taoyá Loni

pág. 10

Editorial: E a luta continua... Até quando?

Informativo nº 06 ano III abril de 2005 *Publicação de KOINONIA

Chegou 2005! Mais um ano que serenova, e com ele as esperanças de ummundo mais justo, solidário e sem tan-tas desigualdades sociais. Mas, a rea-lidade é que os problemas continuam.

Continuamos lutando, em Salva-dor, através das ações do ProgramaEgbé – Terri-tórios Ne-gros, pelo re-conhecimen-to dos direi-tos das co-munidadesdo culto afro-b r a s i l e i r o,que sofrem aspressões deum municí-pio mar-cado pela escassez de mora-dia de seus habi-tantes que, em suamaioria, vivem em condições insalu-bres.

Continuamos tentando fazer opúblico não vinculado ao candombléreconhecer que lidamos com o pú-blico de uma religião, que tem sua li-berdade de culto respaldada pelaConstituição Federal.

Continuamos tentando esclarecer,principalmente aos grupos evangéli-cos neo-pentecostais, que é crimedesrespeitar o povo de candomblépela sua religião.

Continuamos ainda tentando en-contrar meios de convencer as au-toridades do poder executivo quan-to a necessidade do reconhecimen-to da existência dos cerca de 2500terreiros de candomblé que estima-se existir na Grande Salvador - não

esque-c e n d oq u e ,p e l apróprianatureza e filosofia da religião, a ten-dência deste número é crescer acada dia. E vale lembrar aqui, queos mapea-mentos da cidade absur-damente registram apenas 13 deles(só os atendidos por KOINONIAsomam-se em mais de 100, ver págs6 e 7).

E ainda, continuamos buscan-do caminhos para, a partir destereconhecimento, estabelecer um

diálogo para chegarmos, de fato,à garantia dos direitos que tais co-munidades têm, como é o caso daimunidade a impostos, como oIPTU. Pois a rubrica para a co-brança a “templos de culto” con-tinua existindo no orçamento domunic íp io e cont inua sendoefetivada, ainda que inconstitu-cionalmente.

Até quando teremos que continuarnessa luta que tem bases em atitudes

fundamental-mente precon-ceituosas e ra-cistas?

Esperamosque agora, comnovos governosmunicipais seinstalando, osbenefícios paraa cidade atin-jam também as

comunidades de candomblé que, afi-nal de contas, fazem parte da histó-ria da fundação, do desenvolvimen-to e da cultura de conglomerados ur-banos como a Cidade do Salvador.

Para isso, nós de KOINONIA,continuaremos lutando e em 2005buscaremos ampliar os contatos comredes e instituições que apóiem essamesma causa!

2 Cotidiano

Para sua melhor compreensão das atividades desenvolvidas pelo Programa Egbé – Territórios Negros, confira abaixo o quadro com as principais necessidades identificadas nas comunidades de candomblé em Salvador e os caminhos percorridos na tentativa de apoio à superação:

Necessidades dos Terreiros Caminhos

Formação de sociedade civil Garantia de posse e

propriedade de terra Registro no CNPJ

Elaboração de laudos antropológicos

Elaboração de laudos etnoecológicos Reconhecimento de direitos públicos

Processos de imunidade de IPTU

Elaboração de levantamentos planialtimétricos

Elaboração de projetos paisagísticos Garantia Territorial e

melhoria ambiental Processos de Usucapião

Ações contra o preconceito e a intolerância religiosa Superação do preconceito

e da intolerância religiosa Realização de reflexões e encontros de diálogos que auxiliem as ações contra o preconceito (temas)

Trabalho voluntário

Projetos sociais e econômicos Oficinas: reciclagem de papel; bordado; saúde da mulher; direitos de comunidades.

Ações do ProgramaAções do Programa

A Década paraSuperação da Violência(2001-2010) e a inclusãodos DHESCA (DireitoHumanos, Econômicos,Sociais, Culturais eAmbientais), nas ações domovimento ecumênico nosúltimos anos, alimentou otema do sonho ecumênicopara a 3ª JornadaEcumênica: solidariedade, justiça epaz.

Se o símbolo da última JornadaEcumênica foram os laços, o da sãoas redes que se vêm estabelecendoentre os jornadeiros/as, igrejas,organizações e instituições

ecumênicas, com os seguimentosorganizados da sociedade civil nosúltimos anos.

Essas redes têm possibilitado umprocesso de criação, ampliação efortalecimento do movimentoecumênico no Brasil e AméricaLatina.

A 3ª Jornada acontecerá de12 a 15 de outubro de 2005,na Fazenda São José dasPaineiras, em Mendes, Rio deJaneiro, Brasil.

Participantes: Pessoas egrupos, leigos/as e clérigos/as, interessados em debater deforma criativa, as maneiras dese ampliar e fortalecer as redes

estabelecidas pelo movimentoecumênico no Brasil e AméricaLatina.

Participe você também.

Inscrições e informações:(21)2224-6713

[email protected]

3Cotidiano

Direitos... e deveres

A procura dos representantes dosterreiros de candomblé solicitandoapoio ao Programa Egbé para aformação das Associações Civis desuas Casas vem crescendo dia apósdia. Isso mostra que cresce tambéma consciência quanto aos diretos quetêm tais comunidades. Além disso,muitas oportunidades de apoiofinanceiro a projetos que as Casasdesenvolvem, normalmente, só têmliberação quando existe a figura dapessoa jurídica – Associação Civil -,instituída e regularizada, o queaumenta ainda mais a procura.

É importante lembrar, no entanto,que não basta o primeiro registro eeventuais , atualizações - como foi ocaso do ajuste estatutário adequadoao Novo Código Civil. É precisoatentar também para a realização daseleições de sucessão de mandato dadiretoria, inscrição no CNPJ,declaração de Imposto de Renda,RAIS e CGA (para os que já têmregistro). Relembre nos boxesalgumas informações importantessobre tais obrigações.

Confira a seguir a situação dosterreiros que solicitaram apoio nesseperíodo:

Para formação de AssociaçãoCivil: Terreiro Matamba TombeçyNeto, Ñzo Sasaganzuá MonoGuiamaze, Ilê Axé Ouminader, IlêAxé Yeyejimun e Ilê Axé AracáTogun.

Encontram-se em andamento osprocessos das Casas: Ilê Axé OminNijá, Ilê Axé Oba Tony, Ilê Axé ObaNirê e o Unzó Bakise Sasa GanzoaGongara Caiongo.

O Ilê Axé Obá Nijó Ominencontra-se em fase final de alteraçãoestatutária.

ASSOCIAÇÃO CIVIL CADASTRO NACIONAL DE PESSOASJURÍDICAS – CNPJ

CADASTRO GERAL DEATIVIDADES - CGA

Esse cadastro é obrigatório paraconcessão de alvará de funciona-mento expedido pela Prefeitura(não confundir com a licença daFederação dos Cultos-Afro).

1º Passo:

Tirar o Termo de Viabilidadede Localização - TVL na Superin-tendência de Controle eOrdenamento do Uso do Solo doMunicípio – SUCOM. Será neces-sário: requerimento fornecido pelaSUCOM; comprovante de paga-mento da taxa (R$31,60) atravésdo recolhimento do Documentode Arrecadação Municipal -DAM; mapa de localização forne-cido pela SUCOM e croqui feitoà mão, com referência para loca-lização do imóvel. Após concedi-do o alvará pela prefeitura, surgea obrigação da Taxa de Licença eLocalização – TLL. No entanto,os templos de culto têm direito àisenção desta taxa, concedida ape-nas, após a devida solicitação jun-to ao órgão.

2º Passo:

Ir ao Serviço de Atendimentoao Cidadão - SAC ou Secretariada Fazenda do Município -SEFAZ, fazer o pedido de ins-crição, apresentando: formuláriopadrão; Ata e Estatuto Socialregistrados; CNPJ; TVL e com-provante de endereço. Após a ins-crição definitiva é concedido oalvará de funcionamento.

Sobre a Taxa de Fiscalizaçãoe Funcionamento (TFF), a leimunicipal considera isentos ostemplos de culto.

Após a emissão do CNPJ surge aobrigação de declarar todo anoinformações para apuração deImposto de Renda. Mas lembre-se:os terreiros são imunes a esseimposto. A declaração é, geralmente,realizada no prazo que vai de marçoa maio e quem não declarar estarásujeito ao pagamento de multa,atualmente, no valor de R$500,00.

RELAÇÃO ANUALDE INFORMAÇÕES

SOCIAIS – RAIS

A RAIS tem por objetivo ocontrole da atividade trabalhistano País, e ainda, o provimento dedados para a elaboração deestatísticas do trabalho e tornardisponíveis para as entidadesgovernamentais as informaçõesdo mercado de trabalho.

São obrigados a declarar: osinscritos no CNPJ; todos osempregadores; todas as pessoasjurídicas de direito privado; etc.

Para os que não têmempregados, deverá ser feita aRAIS NEGATIVA através daInternet ou por formulário. Oprazo de entrega é de 02 de janeiroa 20 de fevereiro de cada ano.

O prazo para fazera declaração de

imune do Impostode Renda será

encerrado no dia31 maio de 2005.

Não perca este prazo!

4 Cotidiano

PROCESSOS JURIDICO - ADMINISTRATIVOS

Infelizmente, quando falamos emprocessos, sejam administrativos ou jurídicos,automaticamente pensamos em lentidão.Para os administrativos, que, no nosso caso,estão relacionados ao reconhecimento daimunidade dos terreiros de candomblé aoIPTU, a demora é menor, porém o processoainda é muito burocrático. Por conta disso,quase não há novidade no andamento dosprocessos que já iniciados. Estamosaguardando o pronunciamento dasautoridades (seja para solicitar novadocumentação, seja para dar o parecer finalsobre a questão) para os Terreiros Ilê AxéJualê e Manso Dandalungua Cocuazenza,ambos em Salvador, que tiveram seusprocessos administrativos parareconhecimento da imunidade ao IPTUabertos no ano passado.

Já o Ilê Axé Oba Nã solicitou apoio aoPrograma Egbé-TN para essa mesma ação,porém ainda estamos na fase de organizaçãoda documentação necessária.Um novoprocesso foi aberto para o Sindirá TukuãFilha, localizado em Lauro de Freitas.Atualmente, estamos estudando apossibilidade de um processo coletivo queabarque todos os terreiros, pois o interesseé coletivo e o direito também.

Os processos judiciais, apesar dosesforços, encontram-se igualmente semmudanças. O processo de usucapião do IlêOxumaré, terreiro instalado na área da Av.Vasco da Gama, em Salvador, há quaseum século e ainda sem a propriedadereconhecida, está no mesmo estágio desde14 de abril de 2004: aguardando ojulgamento final.

O processo indenizatório em favor doIlê Axé Abassá de Ogum, contra a IgrejaUniversal do Reino de Deus – IURD, poragressão à então Iyalorixá, hoje falecida,Mãe Gilda, está em fase de recurso. Nesteprocesso, após a sentença favorável aoAbassá de Ogum, a IURD apelou para asegunda instância - o Tribunal de Justiça.Em uma tentativa de acelerar o julgamentodo processo indenizatório, por suaimportância política e seu valor simbólico,foi marcada uma audiência com oDesembargador-relator nomeado — oDesembargador Juarez Alves de Santana,em 16 de março deste ano. Apesar deconfirmar a presença antecipadamente, oDesembargador não compareceu.Continuamos aguardando o julgamento daCâmara Cível.

RECONHECIMENTO DEIMUNIDADE TRIBUTÁRIA AOSTERREIROS DE CANDOMBLÉ

É a Constituição Federal de 1988,inaugurando um novo paradigma desociedade, desta vez valorizando o plurale o diverso, que assegura a imunidadetributária dos templos de qualquer culto,incluídos aí os terreiros de candomblé.A imunidade tributária do ImpostoPredial Territorial e Urbano - IPTU égarantida aos templos religiosos, pelaConstituição Federal (art. 150, VI, b).

Esse assunto poderia não mais sermotivo de discussão entre os adeptos,simpatizantes e representantes dosterreiros de candomblé da Bahia, se nãohouvesse tanta morosidade para agarantia desse direito por parte dasPrefeituras Municipais no estado. Apesarda previsão legal, foi, e ainda é, práticacostumeira das prefeituras municipais acobrança indevida do IPTU aos locaisde culto do povo-de-santo.

Essa é mais uma das evidências dediscriminação da religião de matrizafricana no estado da Bahia; afinal, paraque seja garantido esse direito à qualquertemplo, basta que o mesmo seja

devidamente registrado perante o PoderPublico. Porém muitos terreiros ainda têmdificuldades para efetivação do registro,uma vez que a exigência de diversosdocumentos – muitos deles desnecessários– torna o processo lento e excessivamenteburocrático. Podemos traduzir estaburocracia como discriminação ao culto eaos templos da religião de matriz africanapor parte das prefeituras municipais, quenão adotam o mesmo procedimento paratemplos religiosos de origens européias.

A situação não é mais simples para osterreiros que consigam efetivar o devidoregistro junto aos órgãos competentes: aindaassim eles continuam recebendo boletos decobrança do IPTU, o que contraria asmedidas de isenção estabelecidas egarantidas pela Constituição Federal de 1988.

Essa realidade começa a mudar com oreconhecimento paulatino da imunidade doIPTU aos terreiros de candomblé, emSalvador e região metropolitana. Terreiroscomo o Ilê Axé Oxumaré e o Ilê Axé TaoyáLoni, em decisões individualizadas, játiveram a imunidade tributária reconhecidapelas Secretarias Municipais da Fazendade Salvador e de Camaçari, respectiva-mente. Mas não tem sido fácil encarar a

tradicional prática de negação de direitosdas comunidades negras.

É importante destacar que essa não éuma luta direcionada só à efetivação dodireito a não pagar impostos (muitolegítima!), mas, antes de mais nada, pelavalorização da cultura negra ereconhecimento de sua identidade cultural.É hora de exigir uma postura maispropositiva por parte do Estado no sentidode adotar políticas públicas de afirmaçãoda identidade negra através de, porexemplo, iniciativas políticas que facilitemo reconhecimento coletivo da imunidadetributária aos terreiros de candomblé.

Faz-se necessário que o Estado adotemecanismos simplificados e uniformespara o reconhecimento da imunidadetributária dos terreiros de candomblé,independentemente da iniciativa de cadatemplo. Espera-se que, com os novosgovernos municipais, tais medidas sejamadotadas como forma de reconhecimentoda importância do papel histórico-político-cultural desempenhado pelosterreiros para o povo negro.

Equipe da Associação de Advogados de

Trabalhadores Rurais no estado da Bahia - AATR-BA.

5

Oficinas, Seminários e Parcerias

Cotidiano

Alegria, descontração, curiosida-de e novidade foram ingredientes pre-sentes no encontro entremultiplicadoras de Salvador e da re-gião do Submédio São Francisco.Em dezembro último elas estiveramreunidas e tudo parecia novidade:conviver com mulheres de regiõesdiferentes, compartilhar experiênci-as, conhecer lugares que até entãodesconhecidos.

O propósito do encontro foi tra-balhar questões referentes aos direi-tos sexuais e reprodutivos, HIV/AIDS e relações de gênero, temasdifíceis que exigem uma preparaçãoespecial. Decidiu-se por destacar otema da Humanização, dada a impor-tância da valorização domultiplicador, que às vezes já atuana área da saúde.

Humanização é o processo detransformação da cultura institucionalque reconhece e valoriza os aspectossubjetivos, históricos e socioculturais,promovendo o indivíduo enquantoser social, com identidade, buscandoa compreensão dos problemas e ela-

boração de ações que promovam boascondições de trabalho e qualidade noatendimento.

A possibilidade de promover aten-dimentos verdadeiramentehumanizados requer, necessariamen-te, a formação e educação permanen-te dentro dos princípios dahumanização. Contribui para issotambém o desenvolvimento de açõesvisando o cuidado e a atenção às si-tuações de sofrimento e estresse de-correntes do próprio trabalho e am-biente em que se dão as práticas desaúde.

Pensar ah u m a n i z a ç ã ocomo ação políti-ca significa menoso que fazer e mais ocomo fazer. Embo-ra importantes,não são necessari-amente as açõesditas huma-nizadoras que de-terminam umcaráter humani-

Encontro de Capacitação

No segundo se-mestre de 2004 reali-zou-se em Salvadorum Encontro deCapacitação organiza-do pelo Programa Saú-de e Direitos deKoinonia. O eventodeu continuidade aotrabalho iniciado me-ses antes, emPetrolândia, num en-contro de sensibili-zação. Cerca de dezmulheres da região do Sub-Médio SãoFrancisco - SMSF, estiveram presen-

tes e foi possível explorar ao máximoo conhecimento adquirido, além de

renovar as informaçõessobre saúde. O interessee a vontade das partici-pantes de aprimorar seusconhecimentos possibili-tou a realização deatividades em grupo, es-tudos de casos e reflexõessobre a situação da Aidsno Brasil e aspectos detransmissão e prevenção.O grupo produziu, ao fi-nal do encontro, umplanejamento de ativi-

dades que deverão ser implantadas em5 municípios da região do SMSF.

zado ao serviço, mas a consideraçãoaos princípios conceituais que defi-nem a humanização como a base paratoda e qualquer atividade.

As participantes do encontro dis-cutiram, refletiram, buscarammetodologias que subsidiassem asinquietações do grupo. Concluíramque esse é o grande desafio: criar umanova cultura de funcionamentoinstitucional e de relacionamentosentre as pessoas envolvidas na pro-dução da saúde que tenha como ho-rizonte não apenas a cura ou o alívioda dor, mas o olhar que revela da vidaa sua beleza humana.

Encontro Inter-Regional Sub-Médio Sâo Francisco e Salvador

Foto: Arquivo de KOINONIA

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6

Localização dos Terreiros Atendidos pelo Programa EGBÉ / Territórios NegrosRA I CentroIlê Erinlé Axé Odé Ifeolá

RA II ItapagipeIlê Axé Airá OmimIlê Axé Ogum Ladê Iyá OmimTerreiro de Oxum do Caminho de Areia

RA III São CaetanoIlê Axé Obá Inan

RA IV LiberdadeTerreiro do VodunzôTerreiro Kanzo MucamboTerreiro de Oxalá

RA V BrotasACBANTU-Unzo Katende DandalundaAxé Abassá de AmazeCentro Matamba de OnatoIlê Axé EwéIlê Axé JualêIlê Axé Oluwayê Dey’IIlê Axé Omin LonanIlê Axé Oyá TunjáNzó Mdemboa - KenãTerreiro do BogumTerreiro Oxossi CaçadorTerreiro Unzó Awziidi JunçaraTuumba JunçaraTuumbalagi Junçara

RA VI BarraSem registro de terreiros atendidos pelo Programa EGBÉ

RA VII Rio VermelhoIlê Axé Aché Ibá OgumIlê Axé Iyá Nassô OkáIlê Axé Obá NirêIlê Axé Obá Tadê Patiti ObáIlê Axé Omin DeuáIlê Axé Oyó BomimIlê Obá do CobreIlê OxumaréObá TonyTanuri Junsara

RA VIIIPitubaSem registro de terreiros atendidos pelo Programa EGBÉ

RA IX Boca do RioIlê Axé Araka Togum

RA X ItapuãAxé Abassá de OgumAxé Tony SholayóIlê Axé Osun InkáIlê Axé Ominader

RA IV

RA VIII

RA IX

RA XI

RA XVI

RA XV

RA III

RA XII

RA II

RA VI

RA I

RA V

RA VII

Ilê Axé Yeye JimumTerreiro Caboclo ItapuãTerreiro de Oxum da Lagoa do Abaeté

RA XI CabulaIlê Axé Opô AfonjáIlê Axé Oyá DejiTerreiro Sultão das MatasViva Deus Filho

RA XII Tancredo NevesIlê Axé Jagun BominIlê Axé Obá FangyIlê Axé Omin AlaxéIlê Axé Omin TogunIlê Axé Pondamim BominfáTerreiro de BoiadeiroTerreiro do Bate-FolhaTerreiro OlufonjáTerreiro São RoqueTerreiro Sete FlechasTerreiro Tumbenci

Baía

de To

dos o

s Sant

os

Cotidiano

RA - Região Administrativa

7

Localização dos Terreiros Atendidos pelo Programa EGBÉ / Territórios Negros Ilâ Axé LoyiaIlê Asé Ogum AlakaiyêIlê Axé AnandeuiyIlê Axé Flor da MirtáliaIlê Axé JagunIlê Axé JfokanIlê Axé JitolúIlê Axé Kalé BokumIlê Axé Obá OmoIlê Axé Omi EuáIlê Axé Omin LoyáIlê Olorum Axé GiocanLuandan JuciaTerreiro Mucundeuá

RA XVII IlhasSem registro de terreiros atendidos pelo Programa EGBÉ

Região Metropolitana de SalvadorIlê Asé Maa Asé Ni OdéIlê Axé Gum Tacum WseréIlê Axé JesideaIlê Axé Oba NãIlê Axé Omim LessyIle Axé Ondô NirêIlê Axé Opô Olú-Odé AlayedaáIlê Axé OyáIlê Axé Odé Obá LodêIlê Axé Taoyá LoniTerreiro Angurusena Bya NzambiTerreiro de JauáTerreiro Filhos de OgunjáTerreiro São BentoTuumbaengongonsaraSindirátukuã Filha

Outras CidadesCentro de Candomblé Santa Bárbara ItabunaIlê Axé Kayó Alaketu CachoeiraIlê Axé Obá Nijó Omim MuritibaTerreiro Afoxé dos Orixás Rio de ContasTerreiro de Ilhéus IlhéusTerreiro Matamba Tombeçy IlhéusTerreiro de Praia do Forte Mata de São JoãoTerreiro de São Sebastião São Sebastião

Terreiros sem localização registrada no ProgramaEGBÉCentro do Caboclo Oxossi TalamiIlê Odé Omim LoséIlê Axé Odé ToláIlê Axé Odô BiticôIlê Axé Oiá IgebeTerreiro Omim OiáTerreiro Oxossi MutalamôUnzó Katendê Ye DandalundaUnzó Kwa Mpaamzo

RA XIV

RA X

RA XIII Pau da LimaFunzó IemimIlê Omu Keta Posu Beta

RA XIV CajazeirasIlê Axé AiráIlê Axé Omim J´ObáIlê Axé Omin NitaIlê Axé OnijáManso Dandoqüenque Dunkinisaba FilhoÑzo Sassa Ganzuá Mono GuiamazeTerreiro Manso Dandalungua CocoazenzaTerreiro Vintém de PrataIlê Axé Ogum Omimkayê

RA XV ValériaIlê Axé Omim FunkóIlê Axé Olo Omin

RA XVI Subúrbios FerroviáriosAxé Onzó de AngorôGidenirêGrupo das Sacerdotisas e Sacerdotes do Axé

Orla Marít

ima de S

alvador

Mapa de Salvador

N

Cotidiano

8 Destaque

OS TERREIROS E A CIDADE DE SALVADOR

A UNIDADE NADIVERSIDADE

Os terreiros de candomblé, tam-bém conhecidos como ‘Ilê’, ‘Casa’,‘Axé’ ou ‘Manso’ são ambientes de vidacomunitária do culto afro-brasileiro degrande expressão em toda RegiãoMetropolitana de Salvador – Bahia.

Grande também é a variação detamanho em que eles se apresentam,bem como as condições de auto-sus-tentação. Existem terreiros que po-demos considerar grandes, como oManso Dandalungua Cocoazenza(Estrada Velha do Aeroporto), o Ter-reiro de Jauá (Camaçari) ou o Terrei-ro do Bate-Folha (Mata Escura) queainda têm o privilégio de abrigar atéuma mancha de mata preservada emsuas dependências. Ao mesmo tem-po, casas de dimensões reduzidas -como o Terreiro do Cobre (Eng. Ve-lho da Federação), que teve sua árearitual reduzida a 5% da área original,com o adensamento da cidade-; oTerreiro Muncundeuá - que já che-gou a funcionar em uma humilde

Jussara Cristina Rêgo*

forma bastante diversificada dentro deuma cidade caracterizada pormarcantes processos de segregação:de um lado temos uma orla oceânicabanhada por luxuosos prédios e ou-tras construções bem vistosas; de ou-tro, uma orla histórica, ponto de for-mação da cidade, que, não fosse abeleza natural que carrega, talvez fosseesquecida pelos seus não-moradores.Já a região central da cidade, que agre-ga todos os bairros compreendidosentre a BR 324 e a Avenida Paralela,apelidada pela própria prefeitura como“miolo”, representa hoje a área maisdensamente habitada da cidade e, so-mado à região que compreende a orlanão oceânica, apresenta regiões quepodemos chamar de periferia.

A periferia caracteriza-se por apre-sentar os menores índices dehabitabilidade. Sua população é tipi-camente constituída de moradoressem condição de vida digna, e as re-sidências são diferenciadas das de-mais pelas pequenas dimensões esuperlotação. É, portanto, detentoradas maiores taxas de adensamentopopulacional da cidade.

Dentro desta Salvador desigualtambém estão distribuídos (não uni-formemente) esses milhares de terrei-

construção de apenas um vão no bair-ro de Plataforma- subsistem às pres-sões de uma cidade injusta, onde opoder, a renda e a condição digna devida são privilégios de poucos.

Poucos também são os terreiros quese fazem presentes na consciência dacoletividade, mesmo de Salvador,como o Terreiro do Gantóis tão canta-do e encantado por Dorival Caymmi;ou o Terreiro da Casa Branca, o pri-

meiro a ser reconhecidonacional e internacional-mente como PatrimônioHistórico Cultural.

Entretanto, são esti-mados em milhares os ter-reiros de candomblé, que,independente de um mai-or conhecimento público,dimensões ou status dosseus freqüentadores, pos-suem uma forma de orga-nização religiosa, socio-política e cultural carac-terística de um grupo quetem identidade própria ese reproduz socialmente.

Esses milhares de ter-reiros possuem domíniosterritoriais demarcados,porém, apresentam-se de

Manso Dandalungua Cocuazenza,com 38.481.40m2 incluindo mata enascente, na Estrada Velha do Aeroporto

Área Atual do Terreiro de Cobre (mais escura), dentroda área original.

Levantamento feito por Jussara Rego, 2003

9Destaque

ros, também desiguais em forma, ta-manho e condição de sobrevivência.Porém, iguais na concepção,cosmologia e objetivos, e, de uma for-ma aproximada, na localização. Mo-vidos por razões historicamenteexplicadas como, perseguição e repres-são policial, busca de ambientes na-turais para desenvolvimento do cul-to, além do baixo poder aquisitivo paracompra de terrenos nos grandes cen-tros urbanos, os terreiros de candom-blé se apresentam em maior númeronas áreas periféricas da cidade.

Essas áreas, apresentam seatualmente, em sua quase totalida-de, habitadas por população de bai-xa renda, submetida a um processode exclusão dos direitos à cidadania,como a falta de saneamento básico,atendimento público médico-hospi-talar. É assinalada pela alta incidên-cia de desemprego e baixo acesso àeducação formal (ver boxe)

Mas, “o que têm os terreiros comisso tudo?”, poderia perguntar o lei-tor. Já irei explicar.

Que eles, os terreiros, desempe-nham atividades caracteristicamentereligiosas, possuem um território sim-bólico atribuído aos Orixás, Inquises,Voduns e Caboclos, já não deve, ouao menos não deveria ser novidadepara aqueles que se interessam pelotema. O que às vezes não é do co-nhecimento da comunidade em ge-ral é que essas casas desempenhamdiversas atividades de cunho sócio-econômico e cultural de grande va-lor, nas comunidades em que se en-contram. Constituem-se como verda-deiros pólos de prestação de servi-ços à circunvizinhança, tornando-sereferências locais.

Dentro dessas comunidades os gru-pos de culto e as associações civis (ins-tituições juridicamente constituídas)que os representam desempenham im-portante papel. Buscam a melhoria daqualidade de vida a partir da oferta deassistência social, atividades culturais

e defesa dos direitoscomunitários. Esses sãoobjetivos constantes damaioria dos seus esta-tutos.

Nesse sentido,vários terreiros podemser destacados, dentrodas mais diversasformas de prestação deserviços comunitários.Podemos citar:

• O Ilê Obá do Cobre, de pequenasdimensões (cerca de 400m2),localizado no Engenho Velho daFederação (ver citação acima),que desenvolve atividadesvoltadas à educação formal einformal, como a alfabetização deadultos e crianças e oficinasrecreativas. Tais oficinas buscam,prioritariamente, ofereceratividades aos jovens e criançascomo alternativa à vida nas ruas,que os levaria, conseqüentemente,à marginalização.

• O Ilê Axé Omin Funkó,possuindo uma área aproximadade 1500m2 no SubúrbioFerroviário, numa região deextrema precariedade dascondições sanitárias. Desempenhaatividades similares às já citadas,dando atenção especial à saúdecomunitária, com participaçãoefetiva no tratamento deepidemias. Busca apoio junto aosórgãos do governo estadual emunicipal, bem como deinstituições particulares, e estásempre oferecendo o confortopossível aos necessitados.

• O Terreiro do Vodunzô, que possuiuma área de aproximadamente2500m2, no bairro do Curuzu-Liberdade, uma das mais adensadasregiões da cidade. Preocupa-seprioritariamente com as crianças,oferecendo-lhes oficinas decapoeira e promovendo encontrospara estimular a participação e oenvolvimento.

Instalação Antiga do Terreiro Mucundeuá.

Alguns dados sobre a RegiãoMetropolitana de Salvador:

População: 2,79 milhões81,1% negros e negro-mestiços - Nasperiferias este percentual aproxima-se de100%.Desemprego: 1,4 milhão economicamenteativos30% de desempregados - Entre estes, 40%são negro e negro-mestiços).(Fonte: DIEESE/SEADE/SETRAS/UFBA; 1998).

Muitos outros, além desse tipo depromoção, buscam angariaralimentos para fornecer cestas básicasàs famílias menos favorecidas.

O envolvimento dos líderes deterreiros de candomblé com a comu-nidade onde se encontra é expressi-vo na cidade do Salvador, no que dizrespeito à prestação de serviços naárea sócio-cultural. Lembremos queas referidas casas, geralmente, loca-lizam-se em regiões de baixa renda,onde a comunidade não tem fácilacesso à educação formal, atividadesculturais, assistência médico-odontológica, e nem mesmo a umaalimentação básica digna.

Dessa forma, as práticas desen-volvidas pelos terreiros de candom-blé constituem-se em importantesinstrumentos promotores de educa-ção, inserção no mercado de traba-lho e, ainda que de forma tímida, pre-venção e atenuação de doenças, bemcomo de luta para a superação dabaixa auto-estima de uma populaçãocolocada à margem da sociedade.

* Jussara Rêgo é mestra em geografia e prestaserviço voluntário ao Programa EGBÉ

10 Um Terreiro,uma História

Em 15 de abril de 1945 Mocinha de Oyá, primeira filha desanto do Sr. Claudionor da Rocha Pita (Nonô) foi iniciada noIlê de Ogum Orlandina Reis, no Alto do Saldanha - Brotas,contando com a participação do Sr. Eduardo Ijexá.

Mocinha assumiu o cargo após a morte do seu pai de santo,mas sua atividade foi impossibilitada: o Sr. Deraldo, filho carnaldo Sr. Nonô, resolveu fechar o terreiro já que a roça estava napropriedade da família. Essa atitude causou um grandesofrimento para Mocinha, tendo até prejuízos para sua saúde.No entanto, ela continuou sua jornada e em 10 de maio de1970 levou santo para Rua Ferreira Santos, 164, Federação, emcasa arrendada, onde passou a ser cultuado.

Porém em 26/08/1989 viera a falecer e quem sucedeu foisua filha carnal Maria Célia Reis - Mãe Branca -, filha de Omolú,iniciada pela Ialorixá Olga Ferreira (do orixá Oyá), no pontoda Mangueira, Vasco da Gama. Em 08 de maio de 1991 a iaôLeda de Oyá colocou seu primeiro barco, marcando o inícioda sua direção da casa.

Em 26/03/1999 foi comprado um terreno no loteamentoMalícia em Vilas de Abrantes, distrito de Camaçari, para serconstruído o novo terreiro. O espaço territorial da Casa emSalvador já estava inviável; além disso, era também casa demoradia de família, e não um local exclusivo para culto aosnossos orixás.

Da data da compra até o término da obra foram muitas asdificuldades internas e externas. Uma das principais foi a faltade recursos financeiros; passamos por momentos de muitoaperto e se não fosse a fé inabalável teríamos desistido nomeio do caminho. Outra dificuldade foi a transferência dessesorixás para longe da residência oficial da Iyá, que resistiu muitono início, mas finalmente concordou.

Tivemos que vencer cada barreira que nos impediade caminhar para um local mais adequado, onde nossosorixás estariam mais à vontade e que era a principal razãode tudo isso.

A Associação foi fundada em 27 de abril de 2000 comoSociedade Beneficente, Cultural e Religiosa Ilê Axé Oyá GbaléL’oni, tendo como cargo privilegiado a Suprema Dirigente napessoa da Ialorixá Maria Célia (Mãe Branca), e como presidente aEbomi Leda. Finalmente a festa de inauguração em Vilas deAbrantes foi 17/07/2004 com a louvação para o orixá Oyá, queé a dona do terreiro. Em seguida, no dia 1º de agosto de 2004 osatabaques saudaram o orixá Omolú, que é o orixá da atual Ialorixá.

Em 18/10/2004 conquistamos o reconhecimento daImunidade Tributária do IPTU, que foi fruto de muito trabalhoe perseverança em parceria com Koinonia, fato de muitoorgulho para nós já que fica sacramentado o nosso direitoenquanto religião civilmente organizada. A partir daícontinuamos trilhando nosso caminho com a permissão dosnossos orixás, ciente que a luta continua e que cada dia é umavitória, sem esquecer que a humildade, dignidade e fé estãoacima de tudo!

O nosso conselho para os terreiros que ainda não seorganizaram:

“Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabefaz a hora não espera acontecer!”

Nosso especial agradecimento aos amigos Neide, Auxiliadora,Osmar e Abierge, como também a todo grupo de Koinonia,pois se não fosse sua orientação, carinho e ajuda não teríamosnos organizado como pessoa jurídica civilmente reconhecida.

“Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”

Ilê Axé Taoyá Loni

O Ilê Axé Taoyá Loni é um exemplo de Terreiro de Candomblé que sofreu com problemasfundiários, chegando até a ter suas atividades paralisadas. Entretanto, a persistência dos

integrantes e a força dos Orixás mudaram o rumo de sua história.

Leda Maria Anjos Souza*

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* Leda Souza é Ebomi do Terreiro e presidente da Associação Beneficente,Cultural e Religiosa Ilê Axé Oyá Gbalé L’oni.

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11Avaliação eEncaminhamentos

RELATÓRIO DA REUNIÃO DODIA 27 DE NOVEMBRODE 2004

O Almoço de Trabalho eFraternidade realizado no dia 27 denovembro de 2004 contou com apresença de 70 pessoas,representando 35 terreiros. Oencontro foi iniciado com umabela homenagem feita pelaCasa Branca pela passagem dosdez anos de Koinonia: forammuitas orações, cânticos epalavras de carinho que nosrederam muitas emoções. Ficaaqui o nosso muito obrigado atodos!

Mais uma vez teve destaquea discussão em torno daimunidade dos terreiros aoImposto Predial e TerritorialUrbano – IPTU. Com uma novavitória – o reconhecimento daimunidade ao IPTU do Ilê AxéTaoyá Loni - mais uma frenteé aberta. Estamos nosfortalecendo nesta causa evoltamos a lembrar que oreconhecimento da imunidade aosTerreiros de Candomblé não é umfavor das prefeituras!

Voltamos a lembrar que estánas ruas o abaixo-assinado emprol da ação do Axé Abassá deOgum, contra a Igreja Universaldo Reino de Deus/IURD. Essaação é movida contra a IURD, poragressões prat icadas contra aentão Iya lor ixá da Casa , MãeGi lda , que fa leceu, v í t ima dapiora de saúde provocada pelasagressões, conforme relatam seusfamiliares. E mais, recolhemos asassinaturas dos presentes nesteencontro para garant i r maiorrepresentatividade dos terreiros econseguir fazer um volume maiorde ass inaturas , e ass imsolicitarmos o adiantamento dojulgamento da 2ª Instância.

A discussão temática foi iniciadacom o esclarecimento para os novos:normalmente conversamos sobrealguns temas polêmicos que possamcontribuir com a quebra dos

preconceitos e afirmar positivamenteposições do candomblé.

O tema em discussão atualmenteé “Oferenda ou Sacrifício?”, iniciadono encontro anterior. As afirmaçõesfeitas pelos presentes naquelareunião foram organizadas sob aforma de texto. Este foi submetidoaos presentes para críticas, correçõese acréscimos, para que assim, asidéias de suas Casas estejam bemrepresentadas.

Lembramos que o primeiroposic ionamento do ProgramaEgbé – Territórios Negros é adefesa do direito. Não só do direitodo ponto de vista jurídico, legal,mas o direito mais simples de todapessoa humana - o dire i to àliberdade de culto.

As reflexões aqui realizadas sãofundamentais, pois a discussãosobre a intolerância e diálogo entre

“O primeiro posicionamentodo Programa... é a defesa dodireito. Não só do direito doponto de vista jurídico, legal,mas o direito mais simples detoda pessoa humana - o direito

à liberdade de culto.Por isso, dois são os adjetivos

das reflexões nessas reuniões: aafirmação dos direitos e a

construção da paz.”

Data: 27 de novembro de 2004

Local: Grande Hotel da Barra

Oração Inicial: Mãe Nitinha

Homenagem feita pela CasaBranca aos 10 anos deKOINONIA

Apresentações

Relato de Atividades

Discussão Temática

Tribuna Livre

Oração Final: Táta Antônio Sérgiodo Tanuri Junçara

PRÓXIMA REUNIÃO:

16/04/2005

as religiões tem que ocorrer narealidade concreta onde os conflitosacontecem; nas situações da cidadeonde estão os terreiros decandomblé, onde estão as religiões

afro-brasileiras em confronto,infel izmente, comfundamental istas dasrel igiões cristãs. Sãonecessários testemunhos deconsensos na comunidadedos irmãos de candomblésobre alguns temas, quedivulgados ajudam àconstrução da paz.

Por isso, dois são osadjetivos das reflexões nessasreuniões: a afirmação dosdireitos e a construção da paz.

Lembramos que o textopermanecerá arquivado atéque seja autorizada a suapublicação pelo público que

participou de sua construção - osparticipantes de nossos encontros.

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KOINONIAPresença Ecumênica e ServiçoRua Santo Amaro, 129 Glória22211-230 Rio de Janeiro RJTelefone (21) 2224-6713Fax (21) [email protected]

PROGRAMA EGBÉ - TNLadeira dos Barris, 145 Barris40070-050 Salvador BATel.: (71)[email protected]

Este informativo é produzido pelo ProgramaEGBÉ - Territórios Negros de KOINONIAPresença Ecumênica e Serviço. Dirigido àscomunidades negras urbanas de candomblé e a redesde solidariedade civil e ecumênica

Editoria: Jussara Rêgo e Rafael Soares de OliveiraSecretário Executivo de Koinonia: Rafael Soaresde OliveiraRedação de Atividades: Lucimar Novaes, Elga Lessae Jussara RêgoRedação de Oficinas, Seminários e Parcerias: EsterAlmeidaRevisão: Helena Costa e Manuela ViannaEditoração Eletrônica e Impressão: Fast Design

Agenda/Informes

Instituição parceira ematividades neste período:

Lista dos terreiros presentes no último encontro

= Como foi comunicado no encontro passado, publicamos abaixo a lista dos candidatos a vereador que defendiaminteresses do povo do Candomblé em suas plataformas. Acreditem: nenhum deles foi eleito!

Informes

= A Secretaria Estadual de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais – SECOMP tem uma linha definanciamento de projetos destinada a atender exclusivamente famílias que vivem na Bahia em estado de pobreza,indigência e desigualdade social. Os projetos, juntamente com a documentação exigida, deverão ser entregues noSetor de Protocolo da SECOMP, situada na 3ª Avenida, Plataforma IV, nº 390, Centro Administrativo da Bahia,CEP 41.745-016 - Salvador/BA.

Para os interessados, o manual está disponível no escritório do Programa Egbé.

CANDIDATOS VOTOS PARTIDO Raimundo Bujão 1.295 PT Ailton Ferreira 1.250 PDT Nandinho do Congo 298 PRP Mãe Obá 255 PP Estelita D’Oyá 197 PP Mãe Valdeci 166 PRONA Mozart 156 PTC

Centro Caboclo Oxossi TalamiIlê Axé Araká TogunIlê Axé AyráIlê Axé EwéIlê Axé Ibá OgumIlê Axé Jagun BominIlê Axé JfokanIlê Axé Jualê OumiladêIlê Axé Kayó AlaketuIlê Axé Obá Ninjó OminIlê Axé Obá NirêIlê Axé Obá Tony

Ilê Axé Omim J’ObáIlê Axé Omin LônanIlê Axé Oyá TunjáIlê Axe Oyó BominIlê Omo Keta Posu BetaIlê Axé Pondamin BominfáTerreiro Caboclo ItapoãTerreiro da Casa BrancaTerreiro de OxaláTerreiro de Oxossi MutalambôTerreiro de Oxum (Caminho de Areia)Terreiro do Caboclo Catimborá

Terreiro Ilê Axé JitoluTerreiro IlÊ Axé OninjáTerreiro Manso DandalunguaTerreiro MucundeuáTerreiro Onzó de AngorôTerreiro São RoqueTerreiro Tanuri JunsaraTerreiro Tuumba JunçaraTerreiro TuumbaengongosaraTerrerio Vodun ZooUnzó Tateto Lembá