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Fala Egbé Informativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 17 • ano VI • Novembro de 2008 Fala Egbé Trajetórias de Superação As Comunidades de Terreiros de Candom- blé obtiveram diversos avanços no processo de garantia de direitos no ano de 2008. Vale registrar que passou o tempo em que as políticas públicas voltadas para essas Comunidades se restringiam ao âmbito das ações culturais, ou melhor, aquelas entendidas pelo Estado Brasilei- ro como estritamente culturais, tais como: ações folclóricas envolvendo danças e festas, alguns atos religiosos e a produção material de objetos relaciona- dos àquelas manifestações. Ainda que o trato e as prioridades de aproximação dos poderes públicos sejam viciados por um passado, digamos assim, culturalista, conquistas já se fazem visíveis, tanto nos aspectos de políticas sociais como de políticas de apoio ao desenvolvimento sustentável. As Comunidades de Terreiros sendo consideradas nas políticas ambientais, de saúde, de seguridade social e de garantias territoriais é fato que se pode constatar em diferentes níveis das políticas nacional, estadual e municipal brasileiras. Iniciati- vas que devem ser valorizadas e elogiadas. É necessário, porém, superar as barreiras ainda existentes de acesso aos benefícios das políticas públicas. Além dos problemas com a necessidade de qualificação profissional e escolar para quem deseja preencher os formulários e ter acesso aos meios digitais de informação dos agentes públicos, está também entre as barreiras encontradas pelas Comunidades a desinformação e o pouco preparo das máquinas estatais para reconhecer que Terreiros de Candomblé são mais que centros de culto. Muitas vezes se desconhece que os Terreiros são formas de ocupação negras das cidades e, por vezes, do interior. Formas de estabelecer relações sociais, de consolidar identidades e de guarda da herança afro- brasileira, conferida pelo marco de serem Comunidades Negras Tradicionais. Isso Conquistando os espaços públicos coletivos, a exemplo da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, e da busca de implementação desta em todos os Estados da Federação. Para isso aliando-se a outras comunidades e povos tradicionais em ações comuns e em seminários que aumentem a sua visibilidade e a atenção da sociedade pelos seus direitos. Vale destacar o Seminário “Comunidades e Tradicionais como Agentes de Desenvol- vimento”, em que compromissos foram assumidos por autoridades públicas e em que se pode apresentar as reivindicações das Comunidades de Terreiros e Negras Rurais por seu direito ao desenvolvimen- to sustentável. KOINONIA encerra o ano com o sentimento de dever cumprido, por todas as vezes em que solidariamente pôde ajudar a promover ou a acompanhar essas trajetóri- as de superação. IPTU: reconhecida a Imunidade da Casa Branca pág. 3 Caso Mãe Gilda: Vitória no Supremo pág. 4 Comunidades Negras e Desenvolvimento: demandas e compromissos págs. 7 a 10 Viva Deus Bisneto pág. 14 impede que muitos diálogos se estabeleçam ou que políticas públicas não sejam encaminhadas. Erros cometidos por compreensões ainda apressadas ou inexistentes, que reduzem à dimensão religiosa todo complexo de relações que implica a formação social Terreiro de Candomblé. Superação! Essa é uma palavra a ser repetida seguidas vezes pelas Comunidades e pode-se dizer, sem medo de errar, que em 2008 a agenda foi de superação! Organizando-se em Caminhadas e Campanhas para superar a intolerância religiosa em todas as formas que ela assume como porta de entrada do preconceito. Anotamos aqui a luta na Justiça em favor do Caso Mãe Gilda – vitorioso em terceira instância, apesar da baixíssima indeniza- ção aprovada. Destacamos também a campanha feita para a superação do equívoco de cobrança de IPTU contra o imune e mais que centenário Terreiro da Casa Branca, reconhecido publicamente pela Prefeitura Municipal de Salvador. Evandro Melo - Grupo Odún Olá

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Page 1: fala Egbe 17 - koinonia.org.br Egbe 17.pdf · Informativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 17 • ano VI • Novembro de 2008 ... âmbito das ações culturais,

Fala EgbéInformativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 17 • ano VI • Novembro de 2008

Fala Egbé

Trajetórias de SuperaçãoAs Comunidades de Terreiros de Candom-blé obtiveram diversos avanços no processode garantia de direitos no ano de 2008.

Vale registrar que passou o tempo emque as políticas públicas voltadas paraessas Comunidades se restringiam aoâmbito das ações culturais, ou melhor,aquelas entendidas pelo Estado Brasilei-ro como estritamente culturais, taiscomo: ações folclóricas envolvendo dançase festas, alguns atos religiosos e aprodução material de objetos relaciona-dos àquelas manifestações.

Ainda que o trato e as prioridades deaproximação dos poderes públicos sejamviciados por um passado, digamos assim,culturalista, conquistas já se fazemvisíveis, tanto nos aspectos de políticassociais como de políticas de apoio aodesenvolvimento sustentável.

As Comunidades de Terreiros sendoconsideradas nas políticas ambientais, desaúde, de seguridade social e de garantiasterritoriais é fato que se pode constatar emdiferentes níveis das políticas nacional,estadual e municipal brasileiras. Iniciati-vas que devem ser valorizadas e elogiadas.

É necessário, porém, superar as barreirasainda existentes de acesso aos benefícios daspolíticas públicas. Além dos problemas coma necessidade de qualificação profissional eescolar para quem deseja preencher osformulários e ter acesso aos meios digitaisde informação dos agentes públicos, estátambém entre as barreiras encontradaspelas Comunidades a desinformação e opouco preparo das máquinas estatais parareconhecer que Terreiros de Candomblé sãomais que centros de culto.

Muitas vezes se desconhece que os Terreirossão formas de ocupação negras das cidadese, por vezes, do interior. Formas de

estabelecer relações sociais, de consolidaridentidades e de guarda da herança afro-brasileira, conferida pelo marco de seremComunidades Negras Tradicionais. Isso

Conquistando os espaços públicoscoletivos, a exemplo da Política Nacionalde Desenvolvimento Sustentável de Povos eComunidades Tradicionais, e da busca de

implementação desta em todos os Estadosda Federação. Para isso aliando-se aoutras comunidades e povos tradicionaisem ações comuns e em seminários queaumentem a sua visibilidade e a atençãoda sociedade pelos seus direitos. Valedestacar o Seminário “Comunidades eTradicionais como Agentes de Desenvol-vimento”, em que compromissos foramassumidos por autoridades públicas e emque se pode apresentar as reivindicaçõesdas Comunidades de Terreiros e NegrasRurais por seu direito ao desenvolvimen-to sustentável.

KOINONIA encerra o ano com osentimento de dever cumprido, por todas asvezes em que solidariamente pôde ajudar apromover ou a acompanhar essas trajetóri-as de superação.

IPTU: reconhecida aImunidade da CasaBranca

pág. 3

Caso Mãe Gilda:Vitória no Supremo

pág. 4

Comunidades Negras eDesenvolvimento:demandas ecompromissos

págs. 7 a 10

Viva Deus Bisneto

pág. 14

impede que muitos diálogos se estabeleçamou que políticas públicas não sejamencaminhadas. Erros cometidos porcompreensões ainda apressadas ouinexistentes, que reduzem à dimensãoreligiosa todo complexo de relações queimplica a formação social Terreiro deCandomblé.

Superação! Essa é uma palavra a serrepetida seguidas vezes pelas Comunidadese pode-se dizer, sem medo de errar, que em2008 a agenda foi de superação!

Organizando-se em Caminhadas eCampanhas para superar a intolerânciareligiosa em todas as formas que ela assumecomo porta de entrada do preconceito.Anotamos aqui a luta na Justiça em favordo Caso Mãe Gilda – vitorioso em terceirainstância, apesar da baixíssima indeniza-ção aprovada. Destacamos também acampanha feita para a superação doequívoco de cobrança de IPTU contra oimune e mais que centenário Terreiro daCasa Branca, reconhecido publicamentepela Prefeitura Municipal de Salvador.

Evandro Melo - Grupo Odún Olá

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Fala Egbé

Fala Egbé ..... informativo no 17 ..... novembro de 2008

2 COTIDIANO

Necessidades dos Terreiros Caminhos

Garantia de posse e propriedade de terra

Formação de associação civil Registro no CNPJ Processos de Usucapião

Reconhecimento de direitos públicos

Elaboração de laudos antropológicos Elaboração de laudos etnoecológicos Processo de imunidade de IPTU

Garantia territorial e melhoria ambiental

Elaboração de levantamentos planialtimétricos Elaboração de projetos paisagísticos

Superação do preconceito e da intolerância religiosa

Ações contra o preconceito e a intolerância religiosa Realização de reflexões e encontros de diálogos que auxiliem as ações contra o preconceito (temas)

Projetos sociais e econômicos

Trabalho voluntário Oficinas: bordado; saúde da mulher; direitos de comunidades Outras oficinas

A Rede Ecumênica daJuventude pela Promoção dosDireitos Juvenis realizará, de 5 a7 de dezembro desteano, a 2ª JornadaEcumênica da Juven-tude do Nordeste, noCentro Mariópolis, emIgarassu (PE). Aprimeira jornadaaconteceu em Salvadorem dezembro de 2007.

Par ticiparão doencontro juventudesde ig rejas e orga-nizações de perfi lecumênico.

Os temas a serem abordados sãoEcumenismo, Políticas Públicas eDireitos.

Ações do Programa

2ª Jornada da Juventude NEEntre os dias 5 e 7 de

setembro aconteceu, tambémem Recife (PE), a 2ª reunião da

Rede Ecumênicada Juventude pelaPromoção dosDireitos Juvenis –Nordeste e esta-vam presentes osjovens represen-tantes das co-munidades deCandomblé deSalvador e regiãometropol i tana ,que participaramdo planejamentoda 2ª Jornada.II Reunião da Rede de Juventude NE, 5 a 7 de setembro. Recife - PE

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Fala Egbé 3COTIDIANO

ASSOCIAÇÃOCIVILEm um período marcado pormuitas reflexões e festivida-des, a partir de 25 deagosto, poucas foram assolicitações para registros deassociações civis; porém,houve significativos resulta-dos.Os terreiros que solicitaramatendimento para primeiroregistro civil nesse períodoforam:� Terreiro Ogum de Cariri –

Kilombo (Roça da Sabina)� Ilê Axé Obá Furikan (Rio

Sena)� Ilê Axé Lofan Demim

(Arenoso)� Unzó Ngunzo Kwa

Kayango (Cajazeiras XI)� Ilê Jêje Dahomé Imburací

(Valéria)

Tiveram seus registros concluí-dos neste período as associa-ções civis dos terreiros:� Ilê Axé Obá Oyó,� Ilê Axé Onirê Ojuirê� Ilê Axé Alarabedê

PROCESSOSJURÍDICO-ADMINISTRATIVOS

IPTU: Reconhecida aimunidade ao IPTU daCasa BrancaApós forte mobilizaçãopopular, com apoio eassessoria de KOINONIA,a prefeitura de Salvadorreconheceu a imunidadetributária do Terreiro daCasa Branca. Essa vitóriasó foi alcançada com oseu apoio na campanhade cartas iniciada em 26de junho. Agora oterritório sagrado doTerreiro, que corria riscode ser leiloado, estáprotegido.Em junho, o Terreiro daCasa Branca do EngenhoVelho recebeu ummandado de arresto daPrefeitura de Salvador. Aação se referia à cobran-ça de uma dívidaexorbitante referente aoImposto TerritorialUrbano (IPTU) – impostoao qual são imunes todosos templos religiosos.Além disso, a Casa foiautuada em mais trêsprocessos por falta depagamento de impostosque chegavam a mais deR$ 800.000,00.Como as cobranças dosimpostos eram totalmen-te indevidas, KOINONIA,o Espaço Cultural VovóConceição e o GrupoHermes de Cultura ePromoção Social inicia-ram uma campanha decartas para pressionar a

terreiro da nação angolalocalizado na EstradaVelha do Aeroporto,também teve sua imunida-de tributária garantida apartir de processo adminis-trativo encaminhado peloPrograma Egbé TerritóriosNegros, de KOINONIA. Oinusitado é que a imunida-de ao IPTU já estavareconhecida há mais deum ano, ficando desconhe-cida por ter havido umaalteração do número deprocesso.Agora é a vez do Ilê AxéOló Omin que também tevea sua imunidade solicita-da. O processo estáiniciado.

prefeitura a suspender osprocessos e garantir aimunidade tributária doTerreiro.Os advogados de KOINONIAtambém entraram com umprocesso administrativo naprefeitura, pela Casa Bran-ca, para que o órgão reco-nhecesse a imunidadetributária da Casa. Osprocessos contra a CasaBranca foram suspensos nodia 20 de junho e a imuni-dade tributária foi oficializa-da em 10 de setembrodurante um semináriopromovido pela FederaçãoNacional do Culto Afro(Fenacab) e apoiado pelaSecretaria de Reparação doMunicípio.O Procurador Rafael Carreraanunciou o reconhecimentoda imunidade tributária coma assinatura do pedidoformal de desistência dosprocessos de execuçãofiscal e Sandro Correia,Secretário da Reparação,assumiu o compromisso deque autoridades realizariamuma visita à Casa Brancapara entregar o documentoque atesta a imunidadetributária do Terreiro.O Povo de Santo e aquelesque defendem a liberdadereligiosa e a garantia dedireitos estão aliviados como desfecho do caso, masesperam que haja umaretratação formal dasautoridades com o Terreiroda Casa Branca.

Mais luta e conquistaSoma-se a esse momentode conquistas mais umagrande notícia: o MansoDandalungua Cocuazenza,

O IPTU é o impostocobrado a todos aquelesque possuam um terre-no, construído ou nãoque tenha um mínimo decondições básicas, aexemplo de luz, água esaneamento básico. Oórgão responsável pelacobrança é a secretaria dafazenda do município.Portanto, todo imóveldeve pagar o IPTU,exceto os que funcionamtemplos religiosos, comopodemos perceber noartigo da ConstituiçãoFederal:

Art. 150. Sem prejuízo

de outras garantias

asseguradas ao contri-

buinte é vedado ... aos

Municípios:

VI - instituir impostos

sobre:

b) templos de qualquer

culto

RAISO prazo de entrega daRelação Anual dasInformações Sociais -RAIS, obrigatório paratodas as associaçõescivis, normalmente é de02 de janeiro a 20 defevereiro de cada ano.Mais informaçõesencontram-se no site doMinistério do Trabalho.(www.mte.gov.br).

NÃO ESQUEÇA!!

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Na semana em que serealizavam duas manifesta-ções públicas contra aintolerância religiosa - dia 19em Salvador; e no dia 21 noRio de Janeiro - a Justiçadeu ganho de causa para osherdeiros de Mãe Gilda. Ocaso, que se desenrola há 9anos com o acompanhamen-to de KOINONIA, chegou àultima instância, o SuperiorTribunal de Justiça, queconfirmou por unanimidade acondenação à igreja Univer-sal do Reino de Deus.A decisão da Quarta Turmado STJ obriga o jornalFolha Universal, que publi-cou a foto de Mãe Gilda sobmanchete ofensiva, apublicar uma retratação. Ovalor da indenização arbitra-do pela 17ª Vara Cível daBahia de R$ 1,4 milhão foireduzido para R$ 145.250,00.A saga do Abassá de Ogum,hoje comandada pelaIyalorixá Jaciara Ribeiro dosSantos, filha consangüíneade Mãe Gilda, iniciouquando esta resolveuparticipar das manifestaçõespúblicas e populares pelareivindicação doimpeachment do entãopresidente da repúblicabrasileira, Fernando Collorde Mello. A campanha ficouconhecida como o ‘ForaCollor’, na década de 1990,e contou com a participaçãoativa de milhares de cida-dãos brasileiros em todo oterritório nacional, contendodiversas expressões, dasmais variadas vertentespopulares e/ou governamen-tais, como forma de demons-trar a insatisfação com a

situação e garantir a destitui-ção do presidente. Entretan-to, foi a forma de expressãoda Mãe Gilda eleita pela Iurdpara atacar o povo doCandomblé na sua crença emanifestação prática da suareligiosidade.A revista Veja publicoumatéria em 1992 em queaparecia uma foto de MãeGilda, trajada com roupasde sacerdotisa, tendo aosseus pés uma oferendacomo forma de solicitar aosorixás que atendessem às

decisão, Mãe JaciaraSantos, filha de Mãe Gildaapenas lamenta não terpodido acompanhar pessoal-mente o julgamento. Discorda da diminuição dovalor da indenização - nãopelo que os herdeirosreceberão, mas pelo que aquantia representa para umainstituição do porte da IgrejaUniversal. Mas isso não tirao desejo de celebrar essaconquista, afirmou Jaciara,assim que soube da deci-são: “A vitória pertence a

constituindo seus advogadospara defender o caso, emclara expressão do seu desejopor reparação.É exatamente a partir destemomento, quando KOINONIAassume a defesa do Caso MãeGilda, que o tema da intole-rância religiosa passa a serdiscutido, numa mudançaperceptível no comportamentode diversos segmentos dasociedade, que se engajamnessa luta, se apropriando dotema que há muito tempoprecisava sair do anonimato.Atualmente, como forma dereconhecimento e apoio àcausa, inicialmente doMunicípio de Salvador eposteriormente, do GovernoFederal, foi instituído o 21 dejaneiro como o Dia de lutacontra a intolerância religiosa.Data em que pessoas dediferentes credos, raças,etnias, sexo celebram maisum passo a favor da dignidadehumana para compartilharcaminhos que possibilitem oenfrentamento a essa vergo-nha, que se alastra de formaampla, geral e irrestrita: aIntolerância Religiosa. Estaforma nefasta de impedir alivre expressão religiosaindividual e coletiva garantidapor lei é desrespeitada porvários setores da nossasociedade. Inclusive porinstituições religiosas que,apesar de pregarem princípiosde amor ao próximo, solidarie-dade e respeito, não estãodevidamente preparadas pararesponder a esse desafio eacabam por demonstrarpreconceitos e discriminar apartir de posturasinstitucionais, como o caso deMãe Gilda, que hoje serve deinspiração e símbolo de lutapara todos nós.

Justiça condena Igreja Universal no Caso Mãe Gilda

súplicas daquele momento.A Iurd publicou essa fotogra-fia no jornal Folha Universal,em outubro de 1999,associada a uma agressiva ecomprometedora reportagemsobre charlatanismo, sob otítulo: “Macumbeiroscharlatões lesam o bolso e avida dos clientes”. A matériaafirmava estar crescendo noPaís um “mercado deenganação”. Na reportagemdo jornal da Igreja Universal,a foto da Mãe Gilda aparececom uma tarja preta nosolhos. A publicação dessafoto marca o início de umdoloroso, porém definidorprocesso de luta por justiçada família e de todos osreligiosos do Candomblé.Hoje, muito feliz com a

A vitória pertence a todoo Povo de Santo, e atodos que lutam contraa intolerância religiosa.

Mãe Jaciara

todo o Povo de Santo, e atodos que lutam contra aintolerância religiosa”.Ainda cabe recurso noprocesso, mas a vitória égarantida e está próxima deser definitiva

A luta contra a intolerânciareligiosa: mobilização econquistas

A ação por danos morais euso indevido da imagemcontra a Iurd foi movidapela Iyá Jaciara, apoiadapelos advogados deKOINONIA, que passarama representar a família naação, por meio da assesso-ria do Programa EgbéTerritórios Negros. Ofalecimento de Mãe Gildase deu no dia seguinte emque assinou a procuração

COTIDIANO

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Fala Egbé 5

AÇÕES NO BAIXO SUL DABAHIA

O segundo semestre de 2008contou com a realização de váriasatividades de discussão ecapacitação para as comunidadesnegras rurais atendidas pelo Progra-ma Egbé Territórios Negros, deKOINONIA.

Foram eventos que reuniram re-presentantes de comunidades ne-gras rurais e remanescentes dequilombos de Jatimane, Boitaraca (NiloPeçanha); Ronco, Barroso, Machado,Abóboras, Porto do Campo, Dandarados Palmares, Maria Ribeira, Pimentei-ra, Pratigi e Lamero (Camamu); Laran-jeira (Igrapiuna) e Brejo Grande(Ituberá).

Entre as ações, merece destaque oCurso de Formação em DireitosQuilombolas e a oficina da comunida-de do Barroso, em continuidade ao pro-cesso de formação iniciado em 2007junto às comunidades atendidas peloPrograma Egbé. As ações na região dobaixo sul da Bahia compõem o Projetode ”Capacitação e apoio ao desenvol-vimento de Comunidades Negras Tra-dicionais no Brasil”, co-financiado pelaUnião Européia, Christian Aid e EED(Serviço das Igrejas Evangélicas na Ale-manha para o Desenvolvimento).Como parceiros das atividades estão oSindicato dos Trabalhadores Rurais deCamamu e do Serviço de Assessoria aOrganizações Populares Rurais (Sasop).

OFICINA NA COMUNIDADE DEBARROSO

Após percorrer 11 km de uma estra-da de barro em péssimas condições, quecorta uma área de vegetação exuberantede Mata Atlântica da região do Baixo Sulda Bahia, a equipe do Programa Egbéfoi recebida com muito entusiasmo pelacomunidade de Barroso, localizada nomunicípio de Camamu.

O motivo da visita foi mais uma ofi-

Oficinas, seminários e parcerias

cina do Projeto “Capacitação e Apoioao desenvolvimento das ComunidadesNegras tradicionais do Brasil”, realizadopelo Programa Egbé Territórios Negrosde KOINONIA.

A oficina foi aberta pelo presidenteda associação de Barroso, Antonio Cor-reia dos Santos, que afirmou que o mo-mento era de esclarecimento de dúvidas.A fala de Santos deu o tom para o en-contro que buscou informar os partici-pantes sobre os direitos das comunida-des quilombolas. Essa temática é, cadavez mais, de interesse da população daregião do Baixo Sul, já que desde 2005,diversas comunidades locais foram cer-tificadas pela Fundação CulturalPalmares como remanescente dequilombo. E a partir daí os governosmunicipais, estaduais e federal começa-ram a promover políticas públicas espe-cíficas para essas comunidades.

Na oficina estavam presentes além deBarroso, certificada em março deste ano;representantes de Pimenteira, tambémcertificada pela FCP, em abril de 2008; emoradores das comunidades Dandarados Palmares e Terra Seca.

Os cerca de 30 participantes de-bateram temas como identidade,história, acesso a políticas públicase os d ire i tos das comunidadesquilombolas. A oficina permitiuque muitas dúvidas fossemesclarecidas. Representantes do Ser-viço de Assessoria às OrganizaçõesPopulares Rurais (Sasop) e do Sin-dicato de Trabalhadores Rurais de

Camamu também contribuíram como evento.A comunidade de Barroso

Cultivar cacau, cravo, guaraná e cere-ais são as principais atividades da comu-nidade de Barroso, formada por trinta ecinco famílias. Parte da produção é ven-dida em Camamu, mas, segundo Anto-nio, o difícil acesso à comunidade preju-dica muito o escoamento da produção.

Dificuldade de acesso é um dos gran-des problemas de Barroso. A estrada queliga a comunidade à rodovia para o po-voado de Acaraí está em péssimas condi-ções. São 11 Km de estrada de barro naqual só carros com tração nas quatro ro-das conseguem passar.

Esse isolamento geográfico tambémdificulta o acesso à educação, já que a es-cola da comunidade só comporta crian-ças até a quinta série. Após esse período,elas enfrentam duas horas para chegaremà escola mais próxima. Primeiro são trans-portadas por um caminhão até a rodoviae depois por um coletivo.

A expectativa da comunidade é que aqualidade de vida melhore, já que, segun-do o presidente da associação, estão pre-vistos um projeto que levará água à co-munidade e os moradores estãoenvolvidos em ações de economia solidá-ria. Barroso também está participando deum projeto do Sasop de resgate do traba-lho com o barro da região. Homens, mu-lheres e crianças aprenderam as técnicas detrabalho com o barro e estão produzindodiversos objetos com o material.

A comunidade de Barroso voltou a produzirobjetos com o barro da região.

Oficina na comunidade de Barroso.

COTIDIANO

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CURSO DE FORMAÇÃO EMDIREITOS QUILOMBOLAS

O objetivo do curso é formar agen-tes locais capazes de repassar as informa-ções básicas sobre a definição e os direi-tos das comunidades quilombolas, bemcomo os passos iniciais para a sua identi-ficação e regularização territorial. Outroponto de pauta foi a criação de uma Se-cretaria de Quilombos no STR deCamamu, para que as comunidades daregião possam encontrar informaçõesbásicas sobre a questão quilombola.

Entre as perguntas do grupo, estavamquestões como: Porque as comunidadesquilombolas têm direitos específicos se-gundo a legislação? Quais os caminhospara garantir tais direitos? Quais políticaspúblicas existem para estas comunidades?

Oficinas e filmes marcaram os deba-tes sobre direitos quilombolas

Durante o curso um dos temas abor-dados foi Identidade, Ancestralidade e Re-sistência, através de uma oficina realiza-da por Marta Alencar (Programa deEducação e Profissionalização para aIgualdade Racial e de Gênero - Ceafro,promovido pelo Centro de Estudos AfroOrientais - CEAO da Universidade Fe-deral da Bahia), com a colaboração deEquede Sinha (Intecab) e TataKamukengue Jijo, do Terreiro São Ro-que, Salvador (BA), focando na identi-dade e intolerância religiosa. Outro tema

de destaque foi o direito à saúde e sexu-alidade, que foi tratado na Oficina deSaúde e Direitos, dirigida por EsterAlmeida, do programa Saúde e Direi-tos, de KOINONIA.

O curso contou ainda com a pre-sença de Andrezito Santos Souza, co-ordenador do Território do Baixo Sul– ligado a Agência de Assessoria eComercialização de Agricultura Fami-liar (AACAF), que colaborou na dis-cussão sobre pol í t i cas públ icas .Andrezito acompanha o processo dediscussão do Território do MDA eagora do Território da Cidadania doBaixo Sul. Presentes ainda ManuelLuis, Presidente do STR de Camamu;Ana Celsa B. Souza e Luciano Limada Paixão, representando o Sasop,além de diretor do STR de Ituberá eJosenildo Normandia, Secretário deCultura, Esporte e Lazer do municí-pio de Ituberá.

No decorrer da semana foram exibi-dos filmes que abordavam as temáticasda identidade afro-descendente equilombola, como os filmes: AtlânticoNegro, Kiriku e a Feiticeira e o vídeoVisões Quilombolas, produzido porKOINONIA.

A festa de confraternização ficou porconta do Grupo de Capoeira Cap Art,de Ituberá, levado pela Secretaria de Cul-tura do município.

Plantando sementes

Na avaliação dos organizadores doCurso de Formação em DireitosQuilombolas, os debates serviram paralevar aos quilombolas, de forma maisdetalhada, as informações que o Pro-grama Egbé já vinha apresentando noBaixo Sul desde 2007. “Os participan-tes saíram convencidos que a auto-identi-ficação quilombola precisa vir da co-munidade, pois sem o entendimentocoletivo não tem como os processosirem à frente. Serviu também para queeles se apropriassem da legislação exis-tente, que reafirma o direito das comu-nidades quilombolas e demais comuni-dades tradicionais, como Artigo 68,Decreto 4887, Convenção 169 e Polí-tica Nacional de Desenvolvimento Sus-tentável dos Povos e Comunidades Tra-dicionais”, destacou Ana Gualberto,Assessora do Programa Egbé Territóri-os Negros.

JUVENTUDE MOBILIZADA

O Grupo Obabyan, formado por jo-vens de Candomblé de Salvador, reúne-se regularmente para organizar e discutiro fortalecimento de sua rede, debatendosuas necessidades, experiências e dificul-dades. Visite o blogue do grupo no en-dereço: http://obabyan.blogspot.com

Eles já estão empenhados na organi-zação de uma caravana para garantir a pre-sença na 2ª Jornada da Juventude NE queacontecerá em Recife ainda este ano. Leiasobre a Jornada na página 2 desta edição.

DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

IV Conferência Jaime Wright, reali-zada pela Faculdade 2 de Julho entre osdias 22 e 24 de setembro, teve como temaos ‘Direitos Humanos, Democracia e De-senvolvimento’. Esta edição da conferên-cia contou com a participação do PastorDjalma Torres - Cepesc e do TataKamunkengue Eldon Lage – Terreiro SãoRoque na realização da oficina ‘DiálogoInter-religioso’ que teve grande audiên-cia e debate.

Multiplicadores e multiplicadoras do Baixo Sul.

COTIDIANO

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Fala Egbé ..... informativo no 17 ..... novembro de 2008

Fala Egbé 7

Dezesseis comunidades quilombolase negras rurais, representando as comu-nidades do Baixo Sul da Bahia, e 57Terreiros de Candomblé de Salvador,atendidos por KOINONIA, participa-ram do Seminário Comunidades Ne-gras Tradicionais como Agentes de De-senvolvimento.

O even to f o i real izado porKOINONIA no Grande Hotel da Bar-ra, em Salvador (BA), e convocado emparceria com o Instituto Nacional daTradição e Cultura Afro-Brasileira(INTECAB) e o Instituto de Gestão dasÁguas e Clima (Ingá).

Entre os dias 29 e 31 de outubro,além das comunidades presentes, esti-veram representados os seguintes ór-gãos: Ministério da Educação (Mec);Ministério do Desenvolvimento Social(MDS); Secretaria de RelaçõesInstitucionais do Governo da Bahia(Serin); Superintendência do Institutode Colonização e Reforma Agrária(Incra) da Bahia; Secretaria Municipalda Fazenda (Sefaz); Secretaria Munici-pal da Reparação (Semur); Secretariade Promoção da Igualdade (Sepromi);Coordenação de Diversidade da Secre-taria de Educação do Estado da Bahia;Superintendência Estadual de Vigilân-cia e Proteção da Saúde; Secretaria

Comunidades Negras Tradicionais comoAgentes de Desenvolvimento

Municipal de Saúde; Instituto de Ges-tão das Águas e Clima (Ingá); Secreta-ria Estadual de Cultura da Bahia - Fun-dação Pedro Calmon.

A iniciativa faz parte do Projeto deKOINONIA “Capacitação e apoio aodesenvolvimento de Comunidades Ne-gras Tradicionais no Brasil”, co-finan-ciado pela União Européia, ChristianAid e EED (Serviço das Igrejas Evan-gélicas na Alemanha para o Desenvol-vimento). O projeto, promovido desde2007, atende 15 Terreiros de Candom-blé , localizados em Salvador, e 22 co-munidades negras rurais da região doBaixo Sul da Bahia.

Um dos resultados do Semináriofoi o processo de mobilização pela cri-ação da Comissão Estadual para aSustentabilidade dos Povos e Comuni-dades Tradicionais, para a qual foramelencados uma série de princípios eações prioritárias.

Os participantes produziram umdocumento com essas propostas, queserá entregue à Secretaria de RelaçõesInstitucionais do Governo da Bahia.

Outro destaque do evento foi oconjunto de compromissos com as co-munidades assumido pelas autoridadespresentes. Publicamos a seguir os doisdocumentos.

Princípios que deveriamorientar a atuação da

COMISSÃO ESTADUALPARA O

DESENVOLVIMENTODOS POVOS E

COMUNIDADESTRADICIONAIS:

� A Comissão deve buscargarantir a participação dascomunidades nos debates,decisões e encaminhamentos;

� A Comissão deve semprezelar para que as comunidadesrecebam as informações quelhes interessam;

� A participação dos repre-sentantes das comunidadestradicionais na Comissão deveser garantida inclusive comapoio para deslocamentos,quando necessário;

� A promoção, socialização,valorização e proteção datradição oral das comunidadestradicionais e dos seus saberes;

� Dar visibilidade social àsreligiões de matriz africana emSalvador.

Este evento foi produzido com apoio da União Européia. O conteúdo do evento é da exclusiva responsabilidade de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço e não pode, em caso algum, ser tomado como expressão das posições da União Européia.

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Fala Egbé ..... informativo no 17 ..... novembro de 2008

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Propor e monitorar ações que garan-tam a consolidação, na Bahia, da Po-lítica Nacional de DesenvolvimentoSustentável para Povos e Comunida-des Tradicionais (PNPCT)

� Buscar a flexibilização do acesso aosrecursos públicos pelas comunidadesnegras tradicionais

Propor linhas políticas de referênciapara a participação das representaçõesdos povos e comunidades tradicionaisnos diversos Conselhos, Fóruns e ou-tros espaços de deliberação, tais como:

� Fórum Estadual de Educação na Bahia;� Conselhos de Saúde (estaduais, muni-

cipais, locais),� Reformulação do Plano Estadual de

Recursos Hídricos� Rede de pesquisadores do levantamen-

to das comunidades negras tradicionais� Coordenação Estadual de Juven-

tude� Outros espaços

Monitorar a criação, execução, con-tinuidade ou ampliação de programase ações do governo federal, do go-verno estadual e do município em re-lação a:

� Ações de implementação da lei 10.639/2003 nas escolas

� Formação de professores em históriae cultura africana e afro-brasileiras eem relações étnico-raciais,

� Produção de material didático especí-fico para escolas de áreas quilombolas

� Ação conjunta dos órgãos estaduaispara criação de planos de desenvolvi-mento das áreas quilombolas

� Ações e campanhas específicas, taiscomo as relacionadas à dengue e àleishmaniose (esta, no Baixo Sul)

� Ações do PAC/Funasa em relação às açõesde saneamento e abastecimento d’água,e das ações nas áreas de saúde, educaçãoe das demais secretarias de Estado

� Programa de educação para a diversi-dade para agentes comunitários de saúde

� Realização de oficinas e feiras de saú-de junto aos terreiros

� Utilização da Carta das Águas comoinstrumento para a cobrança deimplementação de políticas públicasdos recursos hídricos

� Ações de controle e fiscalizaçãoambiental

� Formação de agentes voluntários daságuas

����� Programa de Aquisição de ProdutosExtrativistas (PAE)

� Programa de Aquisição de Alimentospara distribuição na rede de assistên-cia social, no Baixo Sul da Bahia

� Demandas das comunidadesquilombolas certificadas que necessi-tam das ações do INCRA para o reco-nhecimento fundiário

� Solução da titulação de famíliasquilombolas que receberam títulos in-dividuais de propriedade antes da de-marcação do território quilombola

����� Regularização fundiária e ATER dascomunidades quilombolas (GrupoIntersetorial)

� Respostas para a situação fundiária dosimóveis dos terreiros

� Política pública que assuma a dinâmi-ca territorial como unidade de plane-jamento de governo para os 26 terri-tórios do estado da Bahia

� Capacitação de servidores municipais dasdiversas secretarias para que ajam sempromover a intolerância religiosa emsuas ações (educação para as relações ét-nico-raciais);

� Criação de condições na SEFAZ paraa isenção tributária para os terreirosde Candomblé em Salvador;

� Criação de órgãos responsáveis pelaigualdade racial e pela discussão dasquestões étnico-raciais nas esferas mu-nicipais

� Operacionalização da legislação exis-tente para a superação da intolerânciareligiosa e do racismo

� Reconhecimento dos saberes tradicio-nais das comunidades negras tradicio-nais (IPHAN- Patrimônio imaterial)

� Uso da Lei municipal que permite tra-tar como patrimônio histórico e cul-tural os terreiros de Candomblé

� Criação de uma Lei estadual de pro-teção do patrimônio imaterial e ma-terial das comunidades negrastradicio-nais da Bahia.

Divulgar para as comunidades os pro-gramas que podem ser acessados (e asformas de acesso) em relação a:

� Formação de professores� Repasse direto de recursos para escolas� merenda escolar� Editais para fomento de projetos

desenvolvidos para as comunida-des negras tradicionais (MDS eoutros)

� Formas de acesso aos fundos para pro-jetos (do MDS, das Secretarias de Es-tado e outros fundos)

� Editais ligados à área cultural

Divulgar para as comunidades relató-rios e dados sobre:

� Programas e repasses de recursos fe-derais nos municípios

� Programa de monitoramento da qua-lidade das águas

� Situação dos processos de titulação edemarcação das áreas quilombolas naBahia

� Ações legislativas que demandam obloqueio das atuais políticas de reco-nhecimento dos territóriosquilombolas

� Cartilha de orientação jurídico tribu-tária para os terreiros

� Casos denunciados de intolerância re-ligiosa e procedimentos de reparação

� Ações do PAC Quilombola� Ação do Observatório da Igualdade

Racial e da Violência contra a Mulher,que atua no Carnaval

� Conhecimento da Lei de Repartiçãode Benefícios de Conhecimentos e Prá-ticas Tradicionais

� Mecanismos de efetivação do Decre-to Lei da Política Nacional de Povos eComunidades Tradicionais, PNPCT(Decreto 6.040/2007).

Propostas de Linhas de Ação para a ComissãoEstadual para o Desenvolvimento dos Povos eComunidades Tradicionais

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Fala Egbé 9

Compromissos assumidosCoordenação de Diversidade da Secre-taria de Educação do Estado da Bahia� Executar a Lei 10.639/2003 e formar

professores para os currículos das re-lações étnico-raciais e história e cul-tura afrobrasileira, em Salvador e noBaixo Sul (BA);

� Criar condições para que as comunida-des de terreiros façam parte do FórumEstadual de Educação na Bahia;

� Levantar as demandas de educação,saúde e direito fundiário nas comuni-dades quilombolas em órgãos fede-rais, como o INCRA;

Coordenação Geral de Diversidade eInclusão, Secretaria de AlfabetizaçãoContinuada e da Diversidade do MEC� Fomentar a produção de material didáti-

co para as comunidades quilombolas;� Formar professores de acor-

do com a Lei 10.639/2003;

� Formar professores paraas classes multisseriadas;

� Informar sobre os financi-amentos para a merendaescolar, diferenciados, aosmunicípios do Baixo Sul.

Superintendência Estadualde Vigilância e Proteção daSaúde� Favorecer a participação das comuni-

dades negras tradicionais nos Conse-lhos de Saúde e nos Comitês do Esta-do, relativos a campanhas e ao SUS;

� Promover educação aberta à diversi-dade junto aos agentes da Secretariade Saúde;

� Realizar ações especiais sobre o casoda leishmaniose no Baixo Sul.

GT Saúde da População Negra, Secre-taria Municipal de Saúde - Salvador� Fomentar a valorização dos conheci-

mentos tradicionais das religiões dematriz africana;

� Dar continuidade à realização de ofici-nas e feiras de saúde junto aos terreiros;

� Ampliar a representação das religiõesde matriz africana no Conselho Mu-nicipal de Saúde.

INGÁ – Instituto de Gestão de Águase Clima� Promover a consolidação da Política

Nacional de Desenvolvimento Sustentá-vel para Povos e Comunidades Tradicio-nais (PNPCT), na Bahia;

� Dar continuidade à política de reali-zação dos Encontros das Águas;

� Respeitar a Carta das Águas, e man-ter diálogo com o Conselho pelasÁguas, instalado, oficialmente, com aparticipação dos povos e comunida-des tradicionais;

� Monitorar a qualidade das águas como compromisso: “Água para todos éágua para sempre”;

� Estimular a participação das comuni-dades negras tradicionais nareformulação do Plano Estadual deRecursos Hídricos a partir dos Co-mitês de Bacia;

� Facilitar o acesso ao decreto que re-gulamenta a fiscalização da outorgade água pelo INGÁ, também em for-mato não-digital, para as comunida-des tradicionais;

� Formar agentes voluntários daságuas entre as comunidades negrastradicionais.

Ministério do Desenvolvimento Social– MDS� Divulgar as formas de acesso aos fun-

dos conveniados entre a Petrobrás e o

Conselho Nacional de Comunidadesde Povos Tradicionais;

� Convidar as comunidades presentesneste seminário para o “1º Encontropara a sustentabilidade dos povos ecomunidades tradicionais da Bahia”,promovido com o Governo do Esta-do - BA;

� Fomentar a participação das comuni-dades negras tradicionais nas linhas doPrograma de Aquisição de ProdutosExtrativistas (PAE);

� Ampliar a participação das comuni-dades nas linhas de fomento do Pro-grama de Aquisição de Alimentos(PAA), e o PAA Leite, para distribui-ção no Baixo Sul;

� Capacitá-las para elaboração de pro-jetos para os PAAs.

� Informar qual é ofluxo de acesso da sociedadeao novo fundo provindo daapreensão de extração ilegalde madeiras;� Divulgar as avalia-ções dos resultados do pro-grama Bolsa Família aos pre-sentes neste Seminário;� Fomentar o acesso aoBenefício de Prestação Con-tinuada para as comunidades

quilombolas e comunidades de terrei-ros que tenham renda familiar de até¼ do Salário Mínimo por pessoa;

� Responder demandas de associaçõese de conselhos das comunidades tra-dicionais para participação na distri-buição de cestas básicas;

� Informar sobre os editais de projetosdo MDS aplicáveis às comunidadesnegras tradicionais;

� Estimular a participação das Ongs edas comunidades na rede de pesqui-sadores do levantamento das comu-nidades negras tradicionais;

� Possibilitar a formulação de convêniosque beneficiem produções nas comuni-dades negras tradicionais de terreiros;

Painel: Políticas de Educação e Saúde

COTIDIANO

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10 COTIDIANO

� Instar o MMA para promover meca-nismos de conhecimento da Lei deRepartição de Benefícios de Conhe-cimentos e Práticas Tradicionais;

� Enviar para KOINONIA o relatóriodos mecanismos atuais de efetivaçãodo Decreto Lei da Política Nacionalde Povos e Comunidades Tradicionais,PNDSPCT (Decreto 6.040/2007);

� Encaminhar para KOINONIA infor-mações sobre os editais, programase ações do Governo Federal que lhessão acessíveis, para divulgação entreas comunidades negras tradicionais.

INCRA – Instituto de Colonização eReforma Agrária – BACompromissos assumidos com as comu-nidades negras rurais e remanescentes dequilombos:� Receber as demandas de reconhecimen-

to fundiários das já certificadas na Bahiapela Fundação Cultural Palmares;

� Divulgar as contestações, no campolegislativo, às políticas de reconheci-mento dos territórios quilombolas;

� Debater sobre a solução da titulaçãodos territórios em que famílias já têmtítulos individuais de propriedade;

� Agendar uma visita ao Baixo Sul, ain-da no ano de 2008, para explicar oestado dos processos na região.

Secretaria de Relações Institucionaisdo Governo da Bahia� Manter a dinâmica territorial como uni-

dade de planejamento de governo paraos 26 territórios do Estado da Bahia;

� Alinhar-se às políticas públicas federaispara as comunidades e povos tradicionais;

� Assegurar ações de preservação dastradições lingüísticas dos povos e co-munidades tradicionais, com a parti-cipação de seus representantes;

� Levar as reivindicações apresentadaspelas comunidades negras tradicionaisdeste Seminário para o Comitê Exe-cutivo Estadual;

� Convidar as comunidades negras tradi-cionais deste Seminário para o “1°. En-contro para a sustentabilidade dos povose comunidades tradicionais da Bahia”;

� Divulgar o processo e os critérios deconstituição da Comissão Estadualpara a Sustentabilidade dos Povos eComunidades Tradicionais;

� Facilitar os processos de comunicaçãoda juventude de candomblé com aCoordenação Estadual de Juventude.

Secretaria Municipal da Reparação(Salvador-BA)� Promover redes com organizações da

sociedade civil, comunidades e povostradicionais que façam valer a lógicada inclusão e os direitos civis;

� Capacitar servidores municipais dasdiversas secretarias para que ajam sempromover a intolerância religiosa;

� Construir condições na SEFAZ paraisenção tributária dos terreiros de Can-domblé em Salvador;

� Divulgar a cartilha de orientação jurídi-co-tributária para os terreiros após o seulançamento dia 12 de novembro de 2008;

� Divulgar a revista oficial do planeja-mento do município, que será lançadaaos 27 de novembro de 2008.

Coordenação de Tributação da Secretariade Municipal de Fazenda – Salvador� Receber solicitações de imunidade tri-

butária dos Terreiros de Candomblécom Associação legalizada;

� Oferecer orientações técnicas sobre osprocessos de constituição de associa-ção para terreiros com vista à imuni-dade tributária.

Secretaria Estadual de Cultura daBahia - Fundação Pedro Calmon� Promover, valorizar e proteger a tra-

dição oral das comunidades negrastradicionais e os seus saberes;

� Criar mecanismos de socialização dossaberes tradicionais das comunidadestradicionais com a sociedade;

� Facilitar pelo IPHAN o reconheci-mento dos saberes das comunidadesnegras tradicionais;

� Monitorar e fazer avançar entre osgestores municipais o uso da Lei depatrimônio histórico e cultural paraos Terreiros de Candomblé;

� Discutir com os gestores municipaisa posse e o uso do Livro dos SaberesTradicionais, para registro imaterial daprodução cultural das comunidadesnegras tradicionais;

� Encaminhar junto ao Estado da Bahiaa criação de uma Lei de proteção dopatrimônio imaterial e material dascomunidades negras tradicionais daBahia;

� Encaminhar, para divulgação porKOINONIA, informações sobre oseditais ligados à Cultura.

COMUNIDADES DE CANDOMBLÉ REPRESENTADAS NO SEMINÁRIO:

Axé Abassá de Ogum, Casa Branca, Ilê Axé Anandeuyi, Ilê AxéAirá, Ilê Axé Ajagunon Elegbo, Ilê Axé Alafumbí, Ilê AxéAlarabedê, Ilê Axé Gezubum, Ilê Axé Ig Bonan, Ilê Axé Jfokan,Ilê Axé Jitolobi, Ilê Axé Kalé Bokum, Ilê Axé Obá Tony, Ilê AxéOdé Gmin, Ilê Axé Odé Tola, Ilê Axé Ofá Omin, Ilê Axé OiáOnipó Neto, Ilê Axé Ojuirê, Ilê Axé Olufan Anancidê Omim, IlêAxé Olufanjá, Ilê Axé Omin Ewá, Ilê Axé Omin Funkó, Ilê AxéOmin J’Obá, Ilê Axé Omin Landê, Ilê Axé Omin Lonan, Ilê AxéOmin Ninja, Ilê Axé Omo Ofá Loke, Ilê Axé Onicofá Bonijá, IlêAxé Oxumarê, Ilê Axé Oyá, Ilê Axé Oyá Matamba, Ilê Axé Oyó

Bomin, Ilê Axé Tunadení, Ilê Axé Vintém de Prata, Ilê Axé Yalodeidê,Ilê Axé Yiá Osshum, Kansua Monaleuci, Manso DandalunguaCocuazenza, Nzo Sasaganzuá Mono Guiamaze, Terreiro Aloiá,Terreiro Boiadeiro de Jussara, Terreiro Caboclo Catimboiá, Terreirode Oxum, Terreiro do Cobre, Terreiro Guerebetã Gume Sogboadã,Terreiro Ilê Axé Oyh, Terreiro Kawizidi Junçara, Terreiro Mokambo,Terreiro Oxossi Mutalambô, Terreiro Pena Branca, Terreiro SãoRoque, Terreiro Tumba Junçara, Terreiro Viva Deus Bisneto, TerreiroViva Deus Filho, Terreiro Vodun Zo, Unzô Bankisê, UnzoSasaganzuá Kakitembo Kiatala Mba Katuala.

Abóbora, Barro Vermelho, Sítio do Mato, Barroso, Dandara dosPalmares, Garcia, Lameiro, Pedra Rasa, Pimenteira, Porto doCampo, Pratigi, Ronco, Terra Seca (Município de Camamu);

COMUNIDADES NEGRAS RURAIS REPRESENTADAS NO SEMINÁRIO:

Laranjeiras (Município de Igrapiúna); Brejo Grande (Município deItuberá); Quitungo (Município de Maraú); Boitaraca e Jatimane(Município de Nilo Peçanha).

Representades de comunidades negras rurais doBaixo Sul

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Fala Egbé 11DESTAQUE

A partir da análise de nosso clippingde notícias sobre Candomblé e religiõesde matriz africana, selecionamos notíci-as importantes para o Povo do Santo –seja pelas agressões ainda existentes, sejapelas reações cada vez mais contunden-tes, seja pela resposta do pode públicoàs exigências impostas pelos direitos con-quistados. Excepcionalmente não publi-caremos a seção “Todo dia devia ser 21de janeiro”.

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CONQUISTAS

Em 21 de janeiro de 2008 comemo-rou-se pela primeira vez em todo País oDia nacional de Combate à IntolerânciaReligiosa. A data, escolhida em homena-gem à memória de Mãe Gilda, já era ce-lebrada no Rio de Janeiro e em Salvador.A partir da Lei nº 11.635, sancionada emdezembro de 2007 pelo presidente Lula,passou a fazer parte do calendário oficialda União.

Fontes: Jornal A Tarde em 22/02/2008; JornalCorreio da Bahia em 22/01/2008; Site AntônioCôrrea Neto on line em 21/01/2008; PortalVermelho em 22/01/2008; Gazeta on line em 20/01/2008; Agência Brasil em 17/01/2008;Agência Carta Maior em 21/01/2008; Jornal ATarde em 21/01/2008; Viva Favela em 23/01/2008; Diário de Natal em 20/01/2008; JornalBem Paraná em 21/01/2008; Itu.com em 21/01/2008; Diário de Cuiabá em 19/01/2008; Jornal OGlobo em 29/12/2007.

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Aprovada na Comissão de Constitui-ção e Justiça o Projeto de Lei 5687/05,do deputado Carlos Santana (PT-RJ),que institui o Dia Nacional daUmbanda, a ser comemorado anual-mente em 15 de novembro. Em 2008 areligião celebrou 100 anos.

Fontes: Jornal A Tarde em 22/03/2008; RádioCriciúma em 25/03/2008; Jornal Correio da Bahiaem 24/03/2008;

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Candomblé: Destaques na Imprensa em 2008A cidade de Campinas, no estado de

São Paulo, pedra ser a primeira do País ater um praça pública que homenageia asreligiões afro-brasileiras. A Praça Oxóssi,numa área de 27 mil metros quadradoslocalizada no Jardim Uruguai, região doOuro Verde, necessitava apenas da san-ção do prefeito para deixar de ser umprojeto e concretizar-se.

Fonte: site Umbanda Fest, 24/04/08

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Os terreiros de candomblé Cobre,Tanuri Junsara e Bogum receberam infocentros em junho, pelo Projeto RodaBaiana, promovido em parceria entre osterreiros, a Universidade Estadual daBahia (Uneb) e a Serpro (Serviço Fede-ral de Processamento de Dados). Cadaterreiro recebeu oito computadores. Ins-trutores darão aulas de informática aosjovens do bairro da Federação, onde es-tão localizadas as casas, em três turnos.

Fonte: Jornal A Tarde em 06/06/2008.

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Quebrando todas as barreiras dopreconceito, pela primeira vez emAlagoas uma mãe de santo assume ocargo de vereadora. A posse deMarinete Santos da Silva aconteceu em5 de junho, na Câmara Municipal daBarra de Santo Antônio. Além de re-presentar uma religião ainda discrimi-nada no País, Marinete é negra e tem65 anos de idade, o que a torna avereadora mais velha no estado.

Fonte: Alagoas em Tempo Real em 09/06/2008

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A Igreja Universal do Reino de Deusrecebeu condenação inédita por intole-rância religiosa, no Caso Mãe Gilda. OSuperior Tribunal de Justiça (STJ) con-denou a igreja a indenizar os filhos e omarido da sacerdotisa do candomblé pordanos morais, no início do mês de se-

tembro. Leia detalhes na seção “Cotidia-no”.

Fonte: Diário da Manhã em 19/09/2008

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O filho de santo Marcelo da SilvaGomes entrou com uma ação na Justiçacontra o seu vizinho, o mecânico MauroMonteiro Pinto, alegando que foi ofen-dido sua religião, o Candomblé, quandoele estava fazendo uma oferenda em Patyde Alferes, no Sul Fluminense. Segundoa sentença, o mecânico teria chamado ofilho de santo de macumbeiro e o xinga-do com palavras de baixo calão. A Justi-ça condenou o mecânico MauroMonteiro Pinto a pagar uma indeniza-ção no valor de R$ 3 mil, como conse-qüência aos danos e sofrimentos experi-mentados pelo filho de santo. A juíza queconcedeu a sentença, Katylene CollyerPires de Figueiredo, argumentou que adisseminação da intolerância religiosa emuma comunidade acarretará insegurançasocial, havendo de ser rigorosamenterechaçada.

Fontes: Portal G1 em 05/11/2008; Clica Brasíliaem 04/11/2008

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INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

No dia 22 de fevereiro, o terreiro danação angola Oyá Onipó Neto, no bair-ro do Imbuí, em Salvador, foi parcialmen-te demolido pela Superintendência deControle e Ordenamento do Uso do Solo(Sucom). Alegando que o templo encon-trava-se construído em área irregular, massem apresentar documentação necessária,os funcionários iniciaram o procedimen-to, que foi interrompido graças à rápidamobilização de membros da Casa e deentidades de combate à discriminação.Mesma mobilização que provocou oposicionamento do Ministério Público,a favor do terreiro; organizou atos pú-blicos de protesto e forçou o prefeito a

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Fala Egbé

Fala Egbé ..... informativo no 17 ..... novembro de 2008

12 DESTAQUE

desculpar-se publicamente pela ação daSucom e enviar à Câmara Municipal pe-tição para a regularização definitiva doTerreiro.Fontes: Jornal A Tarde em 22/02/2008; Portal OVermelho em 29/02/2008; Jornal Folha de SãoPaulo em 28/02/2008; Jornal A Tarde em 27/02/2008; Jornal Correio da Bahia em 27/02/2008;Jornal A Tarde em 04/03/2008; Jornal A Tarde em03/03/2008; Jornal A Tarde em 05/03/2008;Jornal A Tarde em 06/03/2008.

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Em março, uma série de reportagensdo jornal Extra denunciou que trafican-tes de diversas favelas estão proibindomanifestações de umbanda, candomblée expulsando donos de terreiros. A açãoestaria ligada ao crescimento de igrejasindependentes, cujos líderes permitemque os bandidos continuem no crime esejam considerados “convertidos por Je-sus”; desde que expulsem a “concorrên-cia” de seus territórios.

Fonte: Jornal Extra em 15/03/2008

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Quatro integrantes da igreja evangé-lica Nova Geração de Jesus Cristo forampresos, no dia 2 de maio, acusados deinvadir um centro de umbanda no Catete,zona sul do Rio de Janeiro, e quebrarcerca de 30 imagens religiosas, pratelei-ras e um ventilador. O caso foi registra-do na 9ª DP.

Segundo uma das dirigentes do Cen-tro Espírita Cruz de Oxalá, a advogadaCristina Maria Costa Moreira, 45, cercade 50 pessoas aguardavam em fila a aber-tura do atendimento ao público, às 19h,quando os agressores ofenderam os pre-sentes e forçaram a entrada na casa. Ocaso gerou revolta e mobilização das en-tidades do movimento negro, levando àcriação de uma ouvidoria estadual paracasos de intolerância religiosa.

Fontes: Jornal Folha de São Paulo, JB online, TVCanal 13, Correio do Brasil e Jornal O Globo em03/05/2008; Clica Brasília em 03/05/2008; JBonline em 06/06/2008; Jornal O Globo em 04/06/2008; RJ TV em 12/06/2008.

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*Em junho desse ano o Terreiro daCasa Branca foi ameaçado de arresto dosbens por uma multa referente ao IPTU –ao qual o templo é imune, como são to-dos os templos religiosos no País. Apósrápida e intensa mobilização, foi reconhe-cido o direito da Casa Branca – leia deta-lhes na seção “Cotidiano”.

Fontes: Jornal A Tarde em 24/07/2008

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PODER PÚBLICO

No dia 21 de maio a Comissão deDirei tos Humanos e Legis laçãoParticipativa da Câmara de Deputadosrealizou audiência questões relativas àsmatrizes religiosas no Brasil. A reuniãofaz parte do ciclo de debates propostopelo senador Paulo Paim (PT-RS), des-tinado a tratar de assuntos de interes-se da comunidade negra no país. A in-tolerância religiosa teve destaque nasdiscussões que reuniram representan-tes das religiões africanas assim comoevangélicos, representates da CNBB ede entidades do movimento negro,entre outros.

Fontes: Agência Senado em 21/05/2008; Agênciado Senado em 21/05/2008; Paraíba.com em 20/05/2008.

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A Justiça da Bahia determinou o reco-lhimento, em Salvador, de todos os exem-plares de um livro escrito pelo padre JonasAbib, fundador da comunidade católicaCanção Nova, ligada à RenovaçãoCarismática. O recolhimento foi pedidopelo Ministério Público baiano, para quemo padre cometeu crime de “prática e inci-tação de discriminação religiosa”. De acor-do com o promotor Almiro Sena, Abibfaz “afirmações inverídicas epreconceituosas à religião espírita e às re-ligiões de matriz africana”.

Fontes: Jornal Folha de São Paulo em 17/05/2008; JB Online e Portal Terra em 17/05/2008;Verbonet em 19/05/2008; Última Instância em18/05/2008.

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MOBILIZAÇÕES

Em Salvador aconteceu no dia 19 desetembro a III Caminhada pela vida e Li-berdade Religiosa, reunindo cerca de cin-co mil pessoas, a maioria adepta de religi-ões de matriz africana, denunciando aintolerância e pedindo respeito ao direitode exercer sua religião.Fonte: Site Coletivo de Entidades Negras, 21/

09/2008.

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No domingo 21 de setembro, cercade 10 mil pessoas participaram uma ca-minhada na praia de Copacabana, zonasul do Rio de Janeiro, em defesa da li-berdade religiosa. Sob chuva e sob o lema“Eu tenho fé!”, a manifestação reuniuartistas, intelectuais e representantes devárias crenças, com predomínio das reli-giões afro-brasileiras, que denunciaramo preconceito e a perseguição por partede outros grupos.

Fontes: Última Hora em 22/09/2008; TribunaNews em 22/09/2008; O Povo em 22/09/2008;

Diário da Manhã em 21/09/2008.

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Em Curitiba, Paraná, foi realizada aPrimeira Caminhada contra a Intolerân-cia Religiosa e Pela Liberdade de Culto,que iniciou na Praça Santos Andrade eterminou na Boca Maldita. A manifesta-ção celebrou também os 100 anos daUmbanda no Brasil.

Fonte: Paraná online em 28/09/2008

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O programa Egbé Territórios Negros,de KOINONIA, organizou o SeminárioComunidades Negras Tradicionais comoAgentes de Desenvolvimento, realizadonos dias 29, 30 e 31 de outubro em Sal-vador, Bahia, que pela primeira vez, re-presentantes de Terreiros e remanescen-tes de quilombos discutiram com órgãosdo poder público sobre o desenvolvimen-to que querem, praticam e esperam dosgovernos. A reportagem completa sobreo evento está nas páginas 7 a 10.

Fonte: KOINONIA

Page 13: fala Egbe 17 - koinonia.org.br Egbe 17.pdf · Informativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 17 • ano VI • Novembro de 2008 ... âmbito das ações culturais,

Fala Egbé ..... informativo no 17 ..... novembro de 2008

Fala Egbé 13

Localização dos Terreiros atendidos

RA I Centro

Ilê Erinlé Axé Odé Ifeolá

RA II ItapagipeIlê Axé Airá OmimIlê Axé Odé Lomin InfanIlê Axé Ogum Ladê Iyá OmimIlê Axé Omin LeuáIlê Iyá OsshumTerreiro de Oxum do Caminho de Areia

RA III São CaetanoIlê Axé IdanjeuêIlê Axé Obá InanIlê Axé Opó Ibu Alama

RA IV LiberdadeIlê Axé Omin AmbokeIlê Axé Ewá Omin NirêIlê Axé Iroko SunTerreiro do VodunzôTerreiro Kanzo MucamboTerreiro de Oxalá

RA V BrotasAxé Abassá de AmazeCentro do Caboclo BoiadeiroCentro do Caboclo Oxossi TalamiCentro Matamba de OnatoIlê Axé EwéIlê Axé JifulúIlê Axé JualêIlê Axé Oluwayê Dey’IIlê Axé Oyá TunjáIlê Axé Omin Afonjá RodeNzó Mdemboa - KenãIlê Axé Omin Ode AzoaniTerreiro Oxossi CaçadorTerreiro Unzó Awziidi JunçaraTuumba JunçaraTuumbalagi JunçaraUnzo Katende DandalundaRA VI BarraSem Registro no Programa

RA VII Rio VermelhoIlê Axé Aché Ibá OgumIlê Axé AlarabedêIlê Axé Iyá Nassô OkáIlê Axé Obá NirêIlê Axé Obá Tadê Patiti ObáIlê Axé Omin DeuáIlê Axé Onirê OjuirêIlê Axé Oyó Bomim

Ilê Axé Obá TonyIlê Obá do CobreIlê OxumaréIlê Axé Oyá Omin DenanTanuri JunsaraIlê Axé Centro de Angola Mensageiro da LuzTerreiro do BogumTerreiro Ogum de Cariri – Kilombo

RA VIII Pituba (Sem Registro no Programa)

RA IX Boca do RioIlê Axé Araka TogumIlê Logum Edé Alakaí KoissanTerreiro Onipó Neto

RA X ItapuãAxé Abassá de OgumAxé Tony SholayóIlê Axé Osun YinkáIlê Axé OminaderIlê Axé Yeye JimumTerreiro AloiáTerreiro Caboclo ItapuãTerreiro Oxossi MutalamôTerreiro de Oxum da Lagoa do Abaeté

Viva Deus NetoTerreiro Viva Deus BisnetoIlê Axé Ibá AqueranTerreiro Gurebetã Gome SogboadãTerreiro Monaleuci Um’Gunzo de Un’zambi

RA XI CabulaIlê Axé Opô AfonjáIlê Axé Oyá DejiIlê Axé TunadeniTerreiro Sultão das MatasUnzó Bakisê Sasaganzuá Gongara CaiangoUnzó Ngunzo Kwa KayangoViva Deus FilhoYlê Yá Yalodeidê

RA XII Tancredo NevesIlê Axé GezubumIlê Axé Jagun BominIlê Axé Lofan DemimIlê Axé Obá FangyIlê Axé Olufan Anancidê OminIlê Axé Omin AlaxéIlê Axé Omin TogunIlê Axé Oyá Omin OlorumIlê Axé Pondamim BominfáTerreiro de BoiadeiroTerreiro do Bate-FolhaTerreiro OlufonjáTerreiro São RoqueTerreiro Sete FlechasTerreiro Tumbenci

RA XIII Pau da LimaFunzó IemimIlê Omu Keta Posu BetaRA XIV CajazeirasIlê Axé Layê LuboIlê Axé Omim J´ObáIlê Axé Omin LonanIlê Axé Omin NitaIlê Axé OnijáTerreiro Junçara KondirêUnzó de KaiangoManso Dandalungua CocuazenzaManso Dandoqüenque Dunkinisaba FilhoMoitumba JunçaraÑzo Sassa Ganzuá Mono GuiamazeTerreiro Vintém de PrataIlê Axé Ogum Omimkayê

RA XV ValériaIlê Axé de OgunjáIlê Axé Omim FunkóIlê Axé Olo OminIlê Jêje Dahomé Imburací

RA XVI Subúrbios FerroviáriosOnzó de AngorôGrupo das Sacerdotisas e Sacerdotes do AxéIlê Axé Oba FurikanIlê Axé Acorô GenãIlê Axé LoyiaIlê Asé Ogum AlakaiyêIlê Axé AnandeuiyIlê Axé Flor da MirtáliaIlê Axé GitolobiIlê Axé JagunIlê Axé JfokanIlê Axé Kalé BokumIlê Axé Obá OmoIlê Axé Odé ToláIlê Axé Omi EuáIlê Axé Omin LoyáIlê Axé Unzó Mona de AmeanIlê Olorum Axé GiocanLuandan JuciaTerreiro Caboclo CatimboiáTerreiro GidenirêTerreiro MucundeuáTerreiro de NanaIlê Axé Arin MassunIlê Axé Giroqueme

RA XVII IlhasIlê Axé Airá

Região Metropolitana de SalvadorIlê Ala AxéIlê Asé Maa Asé Ni OdéIlê Axé Gum Tacum WseréIlê Axé JesideaIlê Axé Oba NãIlê Axé Ofá OminIlê Axé Omim LessyIle Axé Ondô NirêIlê Axé Opô Olú-Odé AlayedaáIlê Axé OyáIlê Axé Odé Obá LodêIlê Axé Odé G’mimIlê Axé Taoyá LoniIlê Axé Dan Seji OláIlê Axé BokumIlê Axé IgbonanSindirátukuã FilhaTerreiro Angurusena Bya NzambiTerreiro de JauáTerreiro Filhos de OgunjáTerreiro Kawizidi JunçaraTerreiro São BentoTuumbaengongonsaraUnzó Tateto LembaIlê Axé AlafumbíIlê Axé Awon Funfun

Outras CidadesCentro de Candomblé Santa Bárbara (Itabuna)Ilê Axé Ijobá Oxumarê-Yewá (Itabuna)Ilê Axé Jitolobi (Araci)Ilê Axé Kayó Alaketu (Cachoeira)Ilê Axé Obá Nijó Omim (Muritiba)Ilê Axé Obé Fará Ogum Lonan - ItabunaTerreiro Afoxé dos Orixás (Rio de Contas)Terreiro de IlhéusTerreiro Matamba Tombeçy (Ilhéus)Terreiro de Praia do Forte (Mata de São João)Terreiro de São Sebastião (São Sebastião)

Terreiros sem localização registrada no ProgramaEGBÉ

Ilê Odé Omim LoséIlê Axé Odô BiticôIlê Axé Oiá IgebeTerreiro Omim OiáUnzó Katendê Ye DandalundaUnzó Kwa MpaamzoTerreiro Oiyá DeatambaTerreiro Kongo LembaIlê Axé Iroko Sun

Mapa de Salvador

Baía

de T

odos

os

Sant

os

Orla Marít

ima de

Salvador

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Fala Egbé

Fala Egbé ..... informativo no 17 ..... novembro de 2008

14 UM TERREIRO, UMA HISTÓRIA

Um terreiro, uma históriaO Viva Deus Bisneto é o filho mais

novo da família Viva Deus. Sua históriacomeça com a iniciação da sua zeladora,Mameto de Inquice Marta do Rosário,ou simplesmente Mãe Marta, como éconhecida na comunidade.

O Terreiro está instalado na RuaNova Brasília, quadra 14, lote 160, nabase das Dunas do Abaeté. Esse localfoi escolhido porque ‘era o lugar ide-al: já era tudo formado na cidade’, rela-ta Mãe Marta.

A história

O Terreiro Viva Deus Bisneto nasceusob o nome e forma de Centro de Cabo-clo, funcionando como tal desde o ano de1988, e passando à categoria de Terreirode Candomblé quando Mãe Marta rece-beu o cargo de Mãe de Santo, em 1999.

Desde a sua feitura de santo já erasabido que a Mãe Marta receberia cargoe teria sua própria Casa.

Foi então no ano de 1999 que foidado início às atividades de iniciação dosfilhos, Ogãs e Equedes da Casa, partin-do de um primeiro ‘barco’ de onde nas-ceram quatro yaôs.

É um terreiro da nação angola e omais novo da família Viva Deus, que seoriginou na Estrada das Barreiras, sob aliderança do finado Pai Feliciano. Destenasceu o Viva Deus Filho, no bairro daEngomadeira, fundado pela MametoUjitu, Leocádia Maria dos Santos, que

deu origem ao Viva Deus Neto. Este foifundado no bairro de Canabrava por Re-gina Baltazar e é o terreiro matriz do VivaDeus Bisneto.

Atualmente funciona como Terrei-ro de Candomblé, mas continua exer-cendo as atividades de Centro de Ca-boclo, com atendimento gratuitoquinzenal ao público.

Relação com a comunidade

A Casa presta vários serviços à comu-nidade, como distribuição de cesta bási-ca, de preservativos, realização de feirasde saúde, festa das crianças. “Quando temfesta, enche! Então, é sinal de que é bemvisto... Só na festa das crianças, foramquase cem crianças dentro do Terreiro”,comenta Mãe Marta. Quanto às pessoasque não gostam, elas se mantêm respei-tosas, “pois grande parte em algum mo-mento de suas vidas vieram buscar auxí-lio aqui; por isso, respeitam nossapresença”, explica.

O Terreiro tem buscado elaborar pro-jetos de resgate da cultura afro descen-dente após a experiência com a oficinade bordado realizada em 2008, com vin-te participantes, em parceria comKOINONIA. Leia a seguir o relato deMãe Marta sobre a experiência, publica-do no FE 16:

Foi uma maravilha o curso de borda-do, gostei muito. Porque é coisa que sem-pre tive vontade de fazer, de acolher as pes-

soas, inclusive pessoas de váriasreligiões. Não esperava que fosse serdo jeito que foi, tão bom, sem ne-nhum problema. Não houve discus-são, as pessoas foram sem problemade ser no Candomblé. Recebemostambém muitas visitas, inclusive es-trangeiros, conhecemos novas pesso-as... A instrutora não podia ser umapessoa melhor, ela foi um tudo paramim, durante esse curso. Os debatesforam ótimos; o de meio ambiente foimuito bom mesmo! As alunas não per-diam aula sem motivo sério, a freqüên-

cia foi assídua. Elas gostaram muito, e que-rem continuar; alguma já começou a ga-nhar algum dinheirinho extra com o borda-do e não quer parar.Outro trabalho que vem sendo realiza-do há anos é com as crianças e jovensdo bairro: a capoeira, no centro ArteBrasil Capoeira. O responsável é o Pro-fessor Papa Capim (César), filho deMãe Marta. Em 2008, o Terreiro pro-moveu, em parceria com Koinonia ecom o Arte Brasil Capoeira, uma ofici-na de maculelê, puxada de rede, sambade roda e capoeira, envolvendo aproxi-madamente 30 crianças e adolescentes.Uma mostra desse trabalho foi apresen-tada no Seminário Comunidades Ne-gras Rurais como Agentes de Desen-volvimento, promovido por Koinoniaem outubro de 2008.Os momentos de oficinas foram tam-bém momentos de reflexão sobre di-reitos: direitos civis, culturais, religi-osos, direito à saúde, direitos dasmulheres, direito ao meio ambiente.As pessoas que freqüentaram essas ofi-cinas, debates e eventos, ao longo doano de 2008, destacam muito o cari-nho de Mãe Marta, sua forma de aco-lher a todos e de conseguir promoverunião e harmonia entre as pessoas. To-dos afirmam a importância do Terrei-ro para a comunidade.

Texto elaborado pela equipe do Programa Egbé e MãeMarta.

Mãe Marta do Rosário

Capoeira com a comunidade do Viva Deus Bisneto

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Fala Egbé 15AVALIAÇÃO E ENCAMINHAMENTOS

Almoço de Trabalho e FreternidadeDança, música e representações de di-

ferentes orixás foram exibidas pelo gru-po Odún Olá, que abriu o Almoço deTrabalho e Fraternidade de KOINONIA,no dia 23 de agosto, em Salvador. O gru-po formado por 31 jovens do bairro dePlataforma, subúrbio ferroviário, apre-

sentou o que aprendeu na oficina OdúnOlá – Vivenciando a Ancestralidade, re-alizada pelo Terreiro Kalé Bokun e pro-movida por KOINONIA.

Após a apresentação, os cerca de 150participantes da reunião que represen-tavam mais de 70 Terreiros de Candom-blé foram convidados a visitar aFeirArte, exposição dos trabalhos pro-duzidos nas demais oficinas realizadaspelos Terreiros e promovidas porKOINONIA, a partir do projeto“Capacitação e apoio ao desenvolvimen-to de Comunidades Negras Tradicionaisno Brasil”, co-financiado pela União

Européia, Christian Aid e EED (Ser-viço das Igrejas Evangélicas na Alema-nha para o Desenvolvimento). As par-ticipantes das oficinas exibiram comorgulho bolsas, camisetas e toalhas.Odete Barbosa dos Santos, do Ilê AxéObá Tony, era uma delas. Ela correu

para ser fotografada ao ladodas roupas tradicionais costu-radas na oficina de Corte eCostura do Ilê Axé Alarabedê,promovida no Espaço VovóConceição da Casa Branca, daqual foi instrutora. Odete tam-bém é multiplicadora do Pro-grama Saúde e Direitos deKOINONIA.

QUE DESENVOLVIMENTOOS TERREIROS DESEJAM?

Os Terreiros atendidos pelo Progra-ma Egbé Territórios Negros vêm discu-tindo desde o ano passado o tema de-senvolvimento. O objetivo é refletirsobre que tipo de desenvolvimento osTerreiros de Candomblé desejam e so-bre o seu papel como agentes de desen-volvimento. A partir dos debates dosTerreiros sobre esses temas foi produzi-do um texto de autoria coletiva. A re-dação final foi discutida e aprovada du-rante a reunião de agosto por gruposde trabalho.

O texto aprovado retrata as questõesligadas ao desenvolvimento sob a pers-pectiva dos temas: Água,Meio Ambiente, Justiça Am-biental e Desenvolvimento;Saúde e Desenvolvimento;Território, Livre Associação eDesenvolvimento; LiberdadeReligiosa; Memória e Sabe-res; Juventude e Desenvolvi-mento.

Esse material foi um dosinsumos para o seminário

‘ComunidadesNegras Tradicio-nais como Agen-tes de Desenvol-v i m e n t o ’ ,realizado entreos dias 29 e 31de outubro, emSalvador, reunin-do representan-tes de Terreirosde Candomblé e de comunidades ne-gras rurais da região do Baixo Sul daBahia, além de autoridades governa-mentais que trabalham com políticaspúblicas para essas populações. Leiamatéria completa sobre o seminárionas páginas 7 a 10.

MÚLTIPLAS HOMENAGENS

Durante a reunião também foi pro-movida uma cerimônia de entrega decertificados. Os professores e coorde-nadores das oficinas nos Terreiros re-ceberam certificados pelo trabalho de-senvolvido. Maria das GraçasGuimarães, Mãe Dadá, responsávelpela Associação Beneficente, Culturale Religiosa Margarida Lima Guima-rães, do Terreiro Osun Yinká, surpre-endeu a equipe de KOINONIA comuma homenagem: ela entregou à equi-pe do programa Egbé certificados queatestavam o desenvolvimento de umbom trabalho.

Apresentação de abertura do Encontro - Grupo Odun Olá

Expo-feira realizada durante o Encontro Equipe homenageada

Mãe Rosa do TerreiroOnipó Neto fez oraçãode encerramento

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16 Fala Egbé

Esta publicação foi produzida com apoio da União Européia. O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço e não pode, em caso algum, ser tomado como expressão das posições da União Européia.

APOIO

PARCERIA

Este informativo é produzido pelo Programa Egbé Territórios Negros de KOINONIA PresençaEcumênica e Serviço. Dirigido às comunidades negras urbanas de Candomblé e às redes desolidariedade civil e ecumênica.

EDITORIA: Jussara Rêgo e Rafael Soares de Oliveira

REDAÇÃO DE ATIVIDADES: Equipes do Programa Egbé TN e da Comunicação de KOINONIA

APOIO: Adriana Almeida e Mara Vanessa Dutra.

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE KOINONIA:

Rafael Soares de Oliveira

REVISÃO: Helena Costa, Manoela Vianna

e Márcia Evangelista

INFORMES

KOINONIA Presença Ecumênica e ServiçoRua Santo Amaro, 129 Glória22211-230 Rio de Janeiro RJTel (21) 3042-6445Fax (21) [email protected]

PROGRAMA EGBÉ TNTravessa d´Ajuda, nº 37. Edf.Martins Catharino, sala 1203 - Centro.CEP: 40020-030. Salvador - BahiaTel.: (71) [email protected]

PROJETO GRÁFICO: Martha Braga

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Nádia Pinho

IMPRESSÃO: Fast Design

FOTOS: Arquivo de KOINONIA

E-mail: [email protected]

ISSN: 1981-7568

Fala Egbé ..... informativo no 17 ..... novembro de 2008

Lista dos Terreiros Presentes no Encontro do dia 23 de agosto de 2008

AAxé Abassá de OgumCasa BrancaCentro do Caboclo Mina de OuroCentro Espírita Caboclo ItapoáIlê Axé Ajagonon ElegboIlê Axé Ajanon ElejigboIlê Axé AlafumbíIlê Axé AlarabedêIlê Axé AlarabidêIlê Axé AnandeuyIlê Axé Ayrá (Ilha de Mar Grande)Ilê Axé EwéIlê Axé GezubumIlê Axé IgbonanIlê Axé IgbonanIlê Axé Jagun BominIlê Axé JfokanIlê Axé JifulúIlê Axé JitolobiIlê Axé Kalé BokunIlê Axé Lofan DemimIlê Axé MaroketuIlê Axé Obá Furican Rio SenaIlê Axé Obá Oyó

(em negrito, os terreiros que compareceram pela primeira vez)

Ilê Axé Oba TonyIlê Axé OdéIlê Axé Odé G’minIlê Axé Odé TomiIlê Axé Oiá Onipo NetoIlê Axé Oju Oji OdeicanIlê Axé OjuirêIlê Axé Olufan Anancidê OminIlê Axé Omin DawassiliêIlê Axé Omin DólarIlê Axé Omin FunkóIlê Axé Omin J’ObáIlê Axé Omin LandêIlê Axé Omin NijáIlê Axé OminidéIlê Axé Onicofá BonijáIlê Axé Opo Aja OmimIlê Axé Osun YinkáIlê Axé Oxossi TalamiIlê Axé OyáIlê Axé TunadeniIlê Axé Yalode Osun KareIlê Yá YalodeidêIlê Yiá Osshum

Un i t ed Chu rch o f Canada

(UCC)

U n iã o E u r o p é i a

Manso Dandalungua CocuazenzaNzo Bakisê Sasaganzuá Gongara KaiangoNzó Sasaganzuá Mono GuiamazeNzo TumbenciOmin NitáTerreiro do Caboclo P. PrataTerreiro Caboclo CatimboiáTerreiro de YemanjáTerreiro Guizo Mutalambo JunçaraTerreiro Gurebetã Gome SogboadãTerreiro Kawizidi JunçaraTerreiro MucundeuáTerreiro Ogum do TempoTerreiro Oia MatambaTerreiro OlufanjáTerreiro Oxossi MutalambôTerreiro Pena BrancaTerreiro Quisanga no AlolyTuumba JunçaraTuumbaengongo SaraVintém de PrataViva Deus BisnetoViva Deus FilhoVodun Zo

ATENÇÃO: KOINONIA entrará de férias coletivas no dia 22 de dezembro,

retornando às atividades normais a partir do dia 26 de janeiro de 2009.