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Editora Penalux Guaratinguetá, 2014

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Editora PenaluxGuaratinguetá, 2014

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EDITORA PENALUX

K. S. A. S. – MEI Rua Marechal Floriano, 39 – CentroGuaratinguetá, SP | CEP: 12500-260

[email protected]

EDIÇÃO França & Gorj

REVISÃO Michele Pupo

ARTE CAPAGustavo Free

DIAGRAMAÇÃORicardo A. O. Paixão

Ficha para Catalogação

ALBUQUERQUE, IANDÊ 1991-AMORES CRUZADOS / IANDÊ ALBUQUERQUE. - GUARATINGUETÁ, SP: PENALUX, 2014. 126 P. : 21 CM.

ISBN 978-85-8406-025-2

1. CRÔNICAS. I. TÍTULO.

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura Brasileira

Todos os direitos reservados.A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida

mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux.

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Me liga1

Me liga e diz que todo esse tempo que passou sem mim, não te serviu de nada. Só te fez andar em círculos, só te levou pra tomar um pouco de tempo e te trouxe até aqui, mais uma vez limpando os pés em meu tapete e me pedindo calor. Me liga pra dizer que encontrou a razão de ter me conhecido em pleno dia de domingo, em ple-na tarde sem graça, dentro de um mundo com centenas de outros corações dispostos a encontrar outros amores e outros amantes no ponto de serem provados. Me liga pra contar uma história qualquer, pra dizer que na bagunça da tua vida, em meio a um escorregão e outro, cê encontrou detalhes de um passado que um dia fez algum sentido pra nós. Me liga pra falar sobre o CD que te dei, me diz que ainda não arranhou e que ainda toca como antes. Que o cartão que te entreguei, não rasgou e você ainda lê de vez em quando, meio que sem querer. Me liga pra dizer que a tinta do que tentamos colorir juntos, ainda escorre em teu

1. Neste e nos demais textos, a revisora respeitou as características linguísticas e o estilo do autor. Por este motivo, foi mantida a linguagem informal e as sentenças longas, com poucos parágrafos.

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corpo e que a marca do que deixei, ainda está lá, mesmo que por trás de outros fatos, mesmo que por trás de outras pinturas.

Me liga pra contar até que ponto conseguimos chegar. Em qual curva derrapamos. Em qual sinal avan-çamos. Me liga pra contar em qual ponto precisávamos chegar para que as cortinas não se fechassem. Se é que precisávamos. Estivemos em pontos diferentes e não posso ser culpado por isso. Não te culpo. Cheguei à conclusão de que embora partilhemos alguns momentos juntos nessa caminhada, a dura realidade é que não a estamos fazen-do de mãos dadas. E em algum ponto, soltamos nossas mãos. Me liga pra dizer que em outros, poderemos voltar a tocar nossos dedos, mesmo que naqueles instantes raros em que te digo algo e você mentalmente, pensa: Era pra

ser assim. - Mas não foi. Um dia, não importa mais se está fazendo a cama sozinha, em silêncio.

Me liga pra conversar um pouco sem nó e sem dó de como a gente destruía o nosso mundo e achava que ele é que estava destruindo a gente. Me liga e me faz rir das coisas mordazes que te disse, querendo te magoar. E de como você reagia a tudo isso: fazendo cara feia, reclaman-do, e no fundo, adorando fazer parte dessa novela mexica-na, cheia de drama que só inventamos pra poder curar um pouquinho do nosso tédio. Só nos sobrava, ainda, tentar causar algum caos por cima de tantos outros, fazendo uso

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dos nossos relacionamentos que passaram igual correnteza e que a gente deixou o nosso barquinho de papel afun-dar ainda no raso. Sem paciência. Bem antes que a parte mais funda estivesse mais perto. Era medo da tempestade que poderia vir, era medo de não conseguir voltar. De fato meu bem, quem vai não volta. Se em algum momento tentamos voltar é porque não sentimos seguros, mesmo que estivéssemos um ao lado do outro. Tá aí, nunca conse-guimos continuar. Nunca estivemos no mesmo lado. Afo-gávamo-nos ainda na areia. Jogamos tudo pra fora antes que a maré aumentasse pelo medo de perder tudo. Esque-cemos muita coisa. Esquecemo-nos. Não continuamos, não pela falta do que remar. Não pela falta de um motivo para continuar. Foi pelo medo de parecer ter demais, não tendo. Por fim, não chegamos a ter um ao outro de verda-de. Barquinho furado não vai tão longe. Naquele tempo, achávamos que era amor. Meu Deus, a gente achava que aquilo era amor. O cenário que construímos não era tão verdadeiro. Me liga, conta mais sobre aquela velha sensa-ção de como era imaginar alguém por aí, mesmo que por aqui. Querendo ter, mesmo sabendo que nunca teria de verdade.

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