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Presidente Presidente Presidente Presidente Presidente Delmar Stahnke Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente João Rosado Maldonado COMISSÃO EDITORIAL COMISSÃO EDITORIAL COMISSÃO EDITORIAL COMISSÃO EDITORIAL COMISSÃO EDITORIAL Prof. MS. Carlos Santos Gottschall Profa. Dra. Norma Centeno Rodrigues Prof. Dr. Sérgio José De Oliveira CONSELHO EDITORIAL CONSELHO EDITORIAL CONSELHO EDITORIAL CONSELHO EDITORIAL CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Adil K. Vaz (Univ Estadual de Lages) Prof. Dr. Angelo Berchieri Jr. (UNSSP- Jaboticabal) Prof. Dr. Antonio Bento Mancio (UFMG) Profa. MS. Beatriz Kosachenco (ULBRA) Prof. Dr. Carlos Tadeu Pippi Salle (UFRGS) Prof. Dr. Celso Pianta (ULBRA) Prof. Dr. David E. S. N. Barcellos (UFRGS) Prof. Dr. Fernando Bortolozzo (UFRGS) Prof. Dr. Francisco Gil Cano (Univ. Murcia/ Espanha) Prof. Dr. Franklin Riet-Correa (UFPEL) Prof. Dr. Hamilton Luiz de Souza Moraes (ULBRA e UFRGS) Prof. Dr. Jamir Luis Silva da Silva (ULBRA) Prof. Dr. Joaquim José Ceron (Univ. Murcia/Espanha) Prof. Dr. Julio Otávio Jardim Barcellos (UFRGS) Prof. Dr. Luis Cardoso Alves (ULBRA) Prof. Dr. Luiz Alberto Oliveira Ribeiro (UFRGS) Prof. Dr. Luiz César Bello Fallavena (ULBRA) Dra. Sandra Borowski (FEPAGRO) Prof. Dr. Victor Cubillo (Univ Austral do Chile) Prof. Dr. Waldyr Stumpf Junior (EMBRAPA) Reitor Reitor Reitor Reitor Reitor Ruben Eugen Becker Vice-Reitor Vice-Reitor Vice-Reitor Vice-Reitor Vice-Reitor Leandro Eugênio Becker Pró-Reitor de Administração Pró-Reitor de Administração Pró-Reitor de Administração Pró-Reitor de Administração Pró-Reitor de Administração Pedro Menegat Pró-Reitor de Graduação da Unidade Canoas Pró-Reitor de Graduação da Unidade Canoas Pró-Reitor de Graduação da Unidade Canoas Pró-Reitor de Graduação da Unidade Canoas Pró-Reitor de Graduação da Unidade Canoas Nestor Luiz João Beck Pró-Reitor de Graduação das Unidades Pró-Reitor de Graduação das Unidades Pró-Reitor de Graduação das Unidades Pró-Reitor de Graduação das Unidades Pró-Reitor de Graduação das Unidades Externas Externas Externas Externas Externas Osmar Rufatto Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Edmundo Kanan Marques Pró-Reitor de Representação Institucional Pró-Reitor de Representação Institucional Pró-Reitor de Representação Institucional Pró-Reitor de Representação Institucional Pró-Reitor de Representação Institucional Martim Carlos Warth Capelão Geral Capelão Geral Capelão Geral Capelão Geral Capelão Geral Gerhard Grasel Ouvidor Geral Ouvidor Geral Ouvidor Geral Ouvidor Geral Ouvidor Geral Eurilda Dias Roman EDITORA DA ULBRA EDITORA DA ULBRA EDITORA DA ULBRA EDITORA DA ULBRA EDITORA DA ULBRA Diretor Valter Kuchenbecker Capa Juliano Dall’Agnol Projeto Gráfico Isabel Kubaski Editoração Roseli Menzen E-mail [email protected] PROGRAD/Diretoria de Publicações Periódicas PROGRAD/Diretoria de Publicações Periódicas PROGRAD/Diretoria de Publicações Periódicas PROGRAD/Diretoria de Publicações Periódicas PROGRAD/Diretoria de Publicações Periódicas Prof. Paulo Seifert, Diretor Prof. Douglas Flor, RPMT 7384 Rua Miguel Tostes, 101 - Prédio 11, sala 127 92420-280 - Canoas/RS - Brasil E-mail: [email protected] Endereço para permuta Endereço para permuta Endereço para permuta Endereço para permuta Endereço para permuta Universidade Luterana do Brasil Biblioteca Central - Setor Aquisição Rua Miguel Tostes, 101 - Prédio 05 92420-280 - Canoas/RS, Brasil E-mail: [email protected] Solicita-se permuta. We request exchange. On demande l’échange. Wir erbitten Austausch. O conteúdo e estilo lingüístico são de responsabili- dade exclusiva dos autores. Direitos autorais reservados. Citação parcial permitida, com referência à fonte. COMUNIDADE EVANGÉLICA LUTERANA “SÃO PAULO” Veterinária em foco / Universidade Luterana do Brasil, Curso V585 de Medicina Veterinária Vol.2, n.1 (maio/out. 2004) -. -- Canoas : Ed. da ULBRA, 2003. Semestral. ISSN 1679-5237 1. Medicina veterinária I. Periódicos CDU 619 (05)

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v.2, n.1, maio/out. 2004 - Veterinária em Foco 1

Pres identePres identePres identePres identePres identeDelmar StahnkeVice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteJoão Rosado Maldonado

COMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIALProf. MS. Carlos Santos GottschallProfa. Dra. Norma Centeno RodriguesProf. Dr. Sérgio José De Oliveira

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Re i to rRe i to rRe i to rRe i to rRe i to rRuben Eugen BeckerVice-Rei torVice-Rei torVice-Rei torVice-Rei torVice-Rei torLeandro Eugênio Becker

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COMUNIDADE EVANGÉLICA LUTERANA “SÃO PAULO”

Veterinária em foco / Universidade Luterana do Brasil, CursoV585de Medicina Veterinária – Vol.2, n.1 (maio/out. 2004) -. --Canoas : Ed. da ULBRA, 2003.Semestral.

ISSN 1679-5237

1. Medicina veterinária I. Periódicos

CDU 619 (05)

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2 v.2, n.1, maio/out. 2004 - Veterinária em Foco

Revista Veterinária em Foco

ISSN 1679-5237Vol.2, n.1, maio/outubro de 2004

Editorial

5- Presença de Listeria sp. em Queijos Artesanais Tipo Colonial no Rio Grande do SulCelso Pianta; Teresa Maria López Díaz; Maria Del Camino García; Luiz Cesar Bello Fallavena;Anamaria Telles Esmeraldino

15- Caracterização dos Queijos Artesanais Produzidos em Viamão, no Estado do Rio Grande doSul, Quanto à Evolução Físico-Química e MicrobiológicaElsa Nhuch; Fernanda Fabero Guedes; Lucas Vargas; Fábio Fernandes Koch

25- Presença de Spirocerca lupi (RUDOLPHI, 1809) em Canino – Relato de CasoCláudio Chimazzo; Rosecler Pereira; Anamaria Telles Esmeraldino; Norma Centeno Rodrigues;Victor Hermes Ceresér; Maria Teresa Costa Queirolo; Luiz César Bello Fallavena

31- Observações sobre a Presença de Actinobaculum suis (Actinomyces suis) em ReprodutoresMachos, Matrizes e Leitões de uma Granja de SuínosJusandro Bortololon; Sérgio J. de Oliveira

35- Exame Bacteriológico de Secreções Vulvares em Matrizes SuínasAndré C. Schenkel; Sérgio J. de Oliveira

41- Erisipela Suína: Isolamento dos Agentes Etiológicos Presentes nas Amígdalas de Animais deAbatePaulo Ricardo Centeno Rodrigues; Sérgio J. de Oliveira; Vagner Ricardo Lunge; Marcelo Reich dosSantos

51- Diagnóstico Gestacional e Estabelecimento de Parâmetros de Idade Fetal por Ultra-sonografiaem Javalis (Sus scrofa)Luis Cardoso Alves; Mariane Feser; Márcio Aurélio da Costa; Luciano Luz

59- Avaliação do Crescimento Inicial de Ara Ararauna Criadas Manualmente com DiferentesRações ComerciaisMariangela da Costa Algayer; Elisabete Gabrielli; Rosecler Alves Pereira; Mara Beatriz de SouzaAllgayer

67- Retirada Cirúrgica de um Cisto Dentígero (odontoma) em um Equino (Equus caballus) -Relato de CasoJussara Z. Maia; Maria I. Witz; Paulo R.C. Rodrigues; Rosalina R. Gonzales

73- Manejo Reprodutivo do Puerpério na ÉguaEduardo Malschitzky; Rodrigo C. Mattos

89- Eficácia de Carrapaticidas Amidínicos para o Controle do Boophilus Microplus: Influência dopH da Calda CarrapaticidaClaudio Chiminazzo; Flávio Roberto Chaves da Silva; Victor Hermes Ceresér; Maria Teresa CostaQueirolo; Hélio Radke Bittencourt

95- Desempenho e Características de Carcaça de Novilhos Superprecoces Inteiros e CastradosSubmetidos ao ConfinamentoCarlos S. Gottschall; Franco M. Martins; Leandro R. Ries; Jorge R. Kroeff; Helena S. Silveira; JeanC.R. Soares; Marco Moraes; Ricardo P. Oaigen

Normas Editoriais

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Editorial

O desenvolvimento do agronegócio no Brasil

A atividade agropecuária no Brasil tem evoluído de maneira considerávelnos últimos anos, aumentando a produção e exportação de carne e grãos.Possuímos o maior rebanho comercial de bovinos de corte do mundo (cercade 167 milhões de bovinos) e em 2003 consolidamos a posição de maioresexportadores de carne bovina. O PIB do agronegócio brasileiro cresce acimada média nacional, superando nos últimos anos o crescimento da indústria,comércio e serviços. O agribusinness se consolida como o maior gerador desaldo positivo na balança comercial brasileira.

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento(Unctad) prevê que o Brasil será o maior país agrícola do mundo em dezanos. Pelos indicadores que o setor vem apresentando, é possível queestejamos seguindo para esse caminho. A produção nacional encerrou operíodo de 2003 com 123 milhões de toneladas de grãos (um crescimentode 27% em relação a 2001/2002), movimentando 35% do Produto InternoBruto (PIB). E para 2004, a expectativa é de 132 milhões de toneladas degrãos. Esse montante nos coloca entre os líderes mundiais na produçãode soja, milho, açúcar, café, carne bovina e de frango.

O crescimento do setor é fruto do aumento de produtividade e eficiência,conseqüência de investimentos em tecnologia e pesquisa.

O panorama geral da atividade é alentador. Permanece o desafio departiciparmos como atores neste cenário favorável, contribuindoativamente para o desenvolvimento e sucesso do País, auxiliando-o nabusca por liderança na produção de alimentos. Apesar das conquistas,ainda há muito por fazer.

Comissão Editorial

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Presença de Listeria sp. em queijosartesanais tipo Colonial no RioGrande do SulListeria in Colonial Cheese in Rio Grande do Sul, Brazil

Pianta, Celso - Médico Veterinário, Doutor, Professor do Curso deMedicina Veterinária – ULBRA, Canoas, RS.

Díaz, Teresa Maria López, Médica Veterinária, Doutora, Professorada Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Leon, Espanha.

Fernandéz, Maria Del Camino García, Médica Veterinária, Dou-tora, Professora da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade deLeon, Espanha.

Fallavena, Luiz Cesar Bello - Médico Veterinário, Doutor, Professordo Curso de Medicina Veterinária - ULBRA, Canoas, RS.

Esmeraldino, Anamaria Telles - Médica Veterinária, Doutora, Pro-fessora do Curso de Medicina Veterinária - ULBRA, Canoas, RS.

Data de recebimento: 08/08/2004

Data de aprovação: 22/09/2004

Endereço para correspondência: e-mail: [email protected]

RESUMO

São apresentados os resultados obtidos de culturas microbiológicas reali-zadas a partir de 100 amostras de queijo de fabricação artesanal tipo Co-lonial adquiridas em pontos comerciais ou diretamente de produtores si-tuados nas regiões do litoral e serra do Estado do Rio Grande do Sul. Dototal das amostras cultivadas, foi possível identificar a presença da espé-cie Listeria innocua em seis delas.

Palavras-chave: queijo colonial, L. innocua.

Veterinária em foco Canoas v. 2 n.1 maio/outubro de 2004 p.5-14

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ABSTRACT

Results of microbiologic tests of Colonial raw cow‘s milk cheese arepresented. One hundred (100) samples of this soft, manufactured, nonrippened cheese were collected from two touristic areas in Rio Grande doSul State (South Brasil). Listeria innocua was isolated from sixmanufactured cheese samples.

Key words: Colonial cheese, Listeria innocua.

INTRODUÇÃO

O Gênero Listeria é constituído por bacilos Gram-positivos curtos, psi-cotróficos, anaeróbios facultativos, não esporulados, catalase positi-vos, oxidase negativos e móveis por ação de um a cinco flagelos peri-tríquios em temperatura de 20-250C. São imóveis ou apresentam pou-ca motilidade a 370C. Produzem ácido a partir da glicose e outros açu-cares, são vermelho de metila e Voges Proskauer positivos, reagem hi-drolizando a esculina. Não produzem Indol e nem H2S (MURRAY,1995).

A identificação das espécies desse gênero é importante, pois emboratodas possam contaminar os alimentos, apenas L. monocytogenes é con-siderada de risco para a saúde pública. Além da observação da hemó-lise, o CAMP teste também pode ser utilizado para a distinção das es-pécies, uma vez que L. monocytogenes reage positivamente frente aoStaphylococcus aureus e negativamente frente ao Rhodococcus equi.Reações semelhantes podem ocorrer com L. seeligeri, no entanto a pro-dução de ácido a partir da xilose é negativa para L. monocytogenes(McLAUCHLIN, 1997).

Do ponto de vista da ecologia microbiana, uma importante característi-ca deste gênero é sua capacidade de sobreviver em temperaturas de 50Cou ainda menores (BARROW e FELTHAN, 1993). Este microrganismopode ser isolado de materiais contaminados como a água destilada oucaldo nutritivo depois de longo período de incubação (semanas ou me-ses) em temperatura de refrigeração, onde provavelmente pode multi-plicar-se (ICMSF, 1996; PAPAGEORGIOU et al., 1996).

Listeriose é uma das doenças transmitidas por alimentos que têm me-recido grande atenção no âmbito da saúde pública pela severidade elocalização das lesões e por sua natureza não entérica (ROCOURT,1997). Segundo Murray et al. (1995), a listeriose ocorre em casos es-porádicos ou em surtos epidêmicos e, nestas duas situações, os ali-

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mentos contaminados são os veículos responsáveis pela transmissãoda doença ao homem.

Diferentemente das enfermidades alimentares que cursam com sintomasgastrintestinais, a listeriose inicialmente manifesta-se por sinais semelhan-tes aos de um resfriado, como febre baixa e mal-estar, podendo progredirpara meningite, meningo-encefalite, septicemia, aborto e parto prematu-ro quando a mulher contrair a infecção no segundo ou terceiro trimestresda gestação (SILVA et al., 1997; FORSYTHE, 2002).

Após a ingestão de um alimento contaminado, o aparecimento da for-ma invasiva da infecção em algumas pessoas depende de diversos fato-res tais como a suscetibilidade individual, o pH do suco gástrico, otamanho do inóculo e a virulência da cepa ingerida. Depois de cruzara parede intestinal, a bactéria pode crescer e multiplicar-se no interiordos macrófagos do fígado e do baço, produzindo a lesão devido à pre-sença da listeriolisina, uma proteína com capacidade hemolítica quese adere aos lipídeos das membranas celulares. A imunidade contra alisteriose depende da ativação dos linfócitos T. Ainda não está total-mente esclarecido o papel da defesa imunológica celular nesta doen-ça, segundo Stelma, (1987).

O primeiro surto de listeriose humana ocorreu na Alemanha entre osanos de 1949-1957, embora foi em 1981 que foi confirmado pela pri-meira vez que a listeriose podia ser adquirida através do consumo dealimentos, graças a um surto surgido no Canadá, com 41 pacientesacometidos . Este surto teve origem na contaminação de salada derepolho, onde a possível fonte foi a fertilização com adubo orgânicocontendo fezes de ovinos suspeitos de sofrerem encefalite listérica.Outro surto foi relatado em Boston (EUA), onde foram registrados 42casos num período de 2 meses. O estudo epidemiológico concluiu queo leite foi o veículo do agente infeccioso. Em 1985, na Califórnia (EUA),um surto de listeriose com 142 casos teve o queijo tipo mexicano comoprovável fonte de contaminação. Na Suíça, um queijo macio contami-nado por L. monocytogenes foi o responsável por um surto que persis-tiu durante 4 anos com 122 casos. (ROCOURT, 1997).

O isolamento deste agente em queijos quer sejam frescos ou maturados, érelatado em diversos outros países europeus como Espanha, Dinamarca eFrança (GAYA, 1998; RYSER, 1999).

No Brasil, Listeria spp. foram encontradas em 12,7% das amostras de leitecru colhidas de uma plataforma láctea, sendo 9,5% dos isolamentos posi-tivos para L. monocytogenes. L. innocua também foi isolada em percentualidêntico, enquanto outras espécies do gênero foram isoladas em percen-tual muito menor (<1%) (MOURA 1993).

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No Estado do Paraná, Lübeck et al. (2001) relataram a presença de Liste-ria sp. em todas as cinco amostras de queijo Colonial artesanal analisadasapós 20 dias de sua fabricação.

Em um levantamento bibliográfico, compreendendo um período de 30anos, foram identificadas 228 culturas de Listeria isoladas de produtoslácteos no Brasil (HOFER, 2001). A análise de 43 cepas isoladas de queijoColonial evidenciou o isolamento de L. monocytogenes em uma amostra,L. innocua em 39 e em outras três não foi possível realizar a tipificação daespécie envolvida.

A pesquisa de L. monocytogenes realizada em 50 amostras de queijo tipoColonial artesanal comercializadas em Porto Alegre (RS), evidenciou apresença desta espécie em uma amostra que se apresentou contaminadatambém por L. innocua. Outras 16 amostras de queijo revelaram o desen-volvimento apenas de L. innocua (SCHWAB et al., 1996).

Na região noroeste do Rio Grande do Sul, Schittler (2002) relata que das75 amostras de queijo colonial analisadas, foi isolada L. innocua em umaamostra e não houve o isolamento de L. monocytogenes.

Também no RS, Jantzen et al. (2004) citaram que L. innocua foi isolada detodas as três amostras de queijos artesanais adquiridos na cidade de Pelotas.

No presente artigo são descritos além dos resultados, os métodos de isola-mento e identificação de espécies de Listeria sp. em 100 amostras de queijotipo Colonial produzidos e comercializados em duas diferentes regiões doRS.

MATERIAL E MÉTODOS

O total de 100 amostras de queijo Colonial analisadas, sendo 55 da regiãodo litoral e 45 da região da serra, foram submetidas à análise microbioló-gica para o isolamento e identificação do gênero Listeria.

As amostras de queijo trabalhadas não possuíam uniformidade dematuração, sendo alguns maturados por três dias (sem formação dacasca) enquanto outros sofreram maturação mais longa, ao redor de20 dias (formação da casca e massa apresentando menor teor de umi-dade).

No momento da colheita, as amostras foram armazenadas e identificadasem sacos plásticos e transportadas em caixas isotérmicas ao laboratóriopara a realização das análises.

Foram homogeneizados 25g de cada uma das amostras de queijo, de-

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pois de eliminar aproximadamente 2 cm da casca e/ou das superfícieslaterais, durante 2 minutos em um aparelho “Stomacher”, utilizando225 ml de Caldo de Enriquecimento para Listeria (LEB, Oxoid). Estecaldo contém ácido nalidíxico, NaCl e solução de acriflavina comoagentes seletivos. As amostras homogeneizadas foram incubadas du-rante 24h a 300C nos mesmos sacos plásticos estéreis empregados paraa homogeneização, porém foram lacrados com fita adesiva para redu-zir o oxigênio e aumentar a concentração de CO2 presente.

O enriquecimento seletivo secundário foi realizado transferindo-se 0,2ml do caldo nutritivo anterior para tubos contendo 10ml de do meioLEB adicionados com o dobro da concentração de acriflavina. A incu-bação dos caldos de enriquecimento seletivo secundário semeados foirealizada a 350C durante 24h e depois por até 7 dias em temperaturaambiente.

Após o enriquecimento seletivo secundário, os cultivos foram semeadospor esgotamento da alça de platina nos meios de PALCAM (OXOID) eAgar OXFORD (OXOID). Estes meios foram escolhidos pelo seu caráterdiferencial e a incubação ocorreu durante 48 h a temperatura de 300C e35oC para os meios de PALCAM e OXFORD, respectivamente.

De cada uma das amostras positivas, foram isoladas seis colônias commorfologia característica de Listeria spp.

Todas as cepas isoladas foram purificadas e inicialmente submetidas àsseguintes provas para a caracterização de possíveis espécies do gêneroListeria, segundo Barrow e Felthan (1993) e Oliveira (2000): Coloraçãopelo método de Gram, catalase e citocromo –oxidase.

Os bacilos curtos, Gram positivos, oxidase negativos foram inicialmenteconsiderados como listerias e foram submetidos às seguintes provas:motilidade (incubação a 250C e 370C), produção de ácido a partir daglicose, crescimento e reações no meio de SIM, hidrólise da esculina,Vermelho de Metila e Voges-Proskauer, crescimento em anaerobiose emicroaerofilia.

As cepas identificadas como Listeria spp. (bacilos curtos, catalase posi-tivos, produtores de ácido a partir da glicose, VM e VP positivos, capa-zes de hidrolizar a esculina e não produtores de H2S nem de Indol),foram submetidas às seguintes provas para classificação das espécies:b-hemólise, reação de CAMP com Staphylococcus aureus b hemolítico eRhodococcus equi e produção de ácido a partir da ramnose, xilose emanitol.

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RESULTADOS

Das 100 amostras de queijo artesanal tipo Colonial analisadas , foramisoladas colônias suspeitas de pertencer ao gênero Listeria em oito amos-tras, todas provenientes da região da serra. Das oito amostras anteriores,em seis foi confirmada a presença de Listeria spp.

De cada uma das oito amostras de queijo de onde foram isoladas colôniassuspeitas de pertencer ao gênero Listeria, foram subcultivadas seis cepas,contabilizando um total de 48 cepas examinadas.

Das 48 cepas investigadas, 36 foram classificadas como Listeria spp. e as12 restantes foram identificadas como pertencentes ao gênero Kurthia.Este microrganismo foi isolado de duas amostras de queijo onde não foidetectada a presença de Listeria spp., conforme pode ser observado naTabela 1.

Tabela 1: Resultados das provas realizadas nas 48 cepas inicialmente identificadas comopossíveis listérias isoladas de queijo Colonial e sua classificação em gênero.

Prova ou teste Listeria spp. (36) Kurthia (12)

Morfologia Bacilos Bacilos

Esporos - -

Gram + +

Catalase + +

Oxidase - -

Motilidade + +

Produção de H2S - -

Produção de Indol - -

Ácido a partir da Glicose + -

VM + -

VP + -

Hidrólise da esculina + -

Crescimento em anaerobiose ou microaerofilia + -( ) o n0 entre parêntesis indica o total de amostras classificadas

Analisando as 36 cepas inicialmente consideradas como pertencentes aogênero Listeria, é necessário destacar que não foi possível em todas deter-minar a espécie, devido aos resultados irregulares e muitas vezes não re-petidos nas provas de produção de hemolisinas no meio de ágar-sangue,produção de ácido a partir da glicose e reação no teste de CAMP realizadocom Staphylococcus aureus. Houve repetição dos resultados somente nasprovas bioquímicas realizadas que permitiram classificar a espécie Liste-ria innocua, conforme pode ser observado na tabela 2.

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Tabela 2. Resultados das provas de presumíveis listérias isoladas de queijo Colonial e quepermitiram sua classificação em espécie.

Prova Listeria innocua (n=6)

Hemólise -

CAMP -

Manitol a -

Ramnose a -

Xilose a -

Anaerobiose +

Microaerofilia +a Produção de ácido a partir deste açúcar

DISCUSSÃO

Com relação à identificação das cepas de Listeria spp., somente seis das 36puderam ser classificadas em espécie. Quatorze outras apresentaram re-ações muito próximas a L. monocytogenes, no entanto não reagiram noteste de CAMP frente ao S. aureus. Outras 12 cepas mostraram um perfilsimilar a L. ivanovii pois reagiram frente ao R. equi e evidenciaram rea-ções hemolíticas negativas ou muito fracas quando semeadas no meio deágar-sangue. Finalmente 4 cepas foram positivas na prova de acidifica-ção do manitol, o que poderia permitir a classificação nas espécies L. grayiou L. murrayi, mas não puderam ser classificadas nestas espécies poisevidenciaram hemólise, o que não ocorre nestas espécies.

No presente estudo, a classificação dos microrganismos isolados na espé-cie L. innocua coincide com os critérios empregados por Mc Lauchlin (1997)para a descrição desta espécie bacteriana.

Com relação ao isolamento de listerias apenas nas amostras de queijo daregião da serra, este fato poderia ser explicado pelas condições climáticaspredominantes nessa região, que apresenta temperatura ambiental ge-ralmente inferior àquela verificada na região do litoral gaúcho. Esta rela-ção também foi verificada por Papageorgiou et al. (1996) que observarama capacidade de crescimento e multiplicação deste agente quando inocu-lado em queijos e mantidos a baixas temperaturas.

L. innocua e L. monocytogenes foram as únicas espécies identificadas porSchwab et al. (1996) ao analisarem amostras de queijo tipo Colonial co-mercializadas em Porto Alegre, no RS, encontrando 30% de positividadepara L. innocua e 2% para L. monocytogenes.

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L. innocua foi a única espécie presente em todas as amostras de queijoColonial artesanal analisadas por Jantzen et al (2004) na cidade de Pelo-tas /RS e das 75 amostras trabalhadas por Schittler( 2002), foi obtida apresença desta espécie em apenas uma amostra.

No presente estudo a presença de Listeria spp indica que os produtostestados ou suas matérias primas não foram submetidos aos procedi-mentos higiênico-sanitários e tecnológicos adequados ou foram con-taminados após seu processamento. O isolamento deste agente emamostras de queijo tipo Colonial artesanal mantém a dúvida sobre aocorrência da contaminação tanto no leite cru como no queijo já ela-borado.

Segundo Murray et al. (1995), a presença da espécie L. innocua no queijoou em qualquer outro tipo de alimento não representa risco para a saúdepública, tendo em conta que L. monocytogenes é considerada a única es-pécie patogênica do gênero. Entretanto, a presença de L. innocua indicaevidência de contaminação microbiana .

Segundo Waldroup (1996), a presença de qualquer espécie de Listeria spp.pode ser indicadora da presença de L. monocytogenes ainda que esta nãotenha sido isolada. Isto pode ser explicado pelo fato desta espécie ser me-nos competitiva que as outras do gênero em qualquer meio de cultura eespecialmente em presença de alguns agentes seletivos como os utiliza-dos neste estudo.

CONCLUSÃO

Pela observação dos resultados de isolamentos positivos realizados emamostras de queijos produzidos e comercializados em duas regiões ge-ográficas do estado do Rio Grande do Sul, constatou-se que Listeriainnocua esteve presente nestes alimentos destinados ao consumo hu-mano.

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Caracterização dos QueijosArtesanais Produzidos em Viamão,no Estado do Rio Grande do Sul,Quanto à Evolução Físico-Químicae MicrobiológicaCharacterization of Colonial Cheese Produced in Viamão, in the Stateof Rio Grande do Sul, Physico-chemical and Microbiological Evolution

Nhuch, Elsa – Química, Professora Doutora do Curso de Química,Universidade Luterana do Brasil. Doutora em Tecnologia de Alimentos

Guedes, Fernanda Fabero – Química, Professora do Curso deQuimica, Universidade Luterana do Brasil. Mestre em MicrobiologiaAgrícola e do Ambiente

Vargas, Lucas – Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária, Bolsistade Iniciação Científica da ULBRA/RS

Koch, Fábio Fernandes – Acadêmico do Curso de Química, Bolsistade Iniciação Científica da ULBRA/RS

Data de recebimento: 16/08/2004

Data de aprovação: 01/10/2004

Endereço para correspondência: e-mail: [email protected]

RESUMO

A produção artesanal de queijos, remonta desde as épocas pioneiras, evem se perpetuando por anos, passando de geração em geração. O queijocolonial produzido na cidade de Viamão, Rio Grande do Sul, é elaboradopor produtores rurais, organizados em agroindústrias, constituindo-se emuma importante fonte alternativa de renda. Visando conhecer e melhoraras características dos queijos artesanais, analisou-se a evolução físico-química e microbiológica, durante a maturação de amostras de dois dife-

Veterinária em foco Canoas v. 2 n.1 maio/outubro de 2004 p.15-24

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rentes produtores (lote A e lote B) na safra de 2001. Durante o período dematuração (60 dias) determinou-se: umidade; extrato seco, proteína to-tal, acidez titulável, pH, cloretos e cinzas. Ambos os lotes apresentaramvalores elevados para a microflora aeróbia mesófila e psicrotrófica total(PCA). Avaliou-se também, o número de células viáveis de alguns micror-ganismos importantes ao processo de maturação dos queijos, tais como:lactococos, lactobacilos e enterococos.

Palavras-chave: Queijo, Maturação, Microbiologia.

ABSTRACT

Home-made cheese production has existed since pioneers settlement,and have been perpetuated through generations over the years. Thecolonial cheese made in the town of Viamão is manufactured by ruralproducers who are organized in agribusiness, constituting an impor-tant alternative to their income. In order to know and improve thecharacteristics of home-made cheese, the physical/chemical and mi-crobiological evolution during maturation of samples of two differentproducers (herein named as lot A and lot B) was assessed in the har-vest of the year 2001. During a 60-day maturation period the followingwere assessed: moisture, total solids, total proteins, titratable acidity,pH, chlorides and ash. Both lots showed high values of total psychotro-pic and mesophile microflora aerobia (PCA). Lactococcus, lactobaci-llus and enterococcus were also determined.

Key words: cheese, maturation, microbiology.

INTRODUÇÃO

O queijo é o produto mais comum derivado do leite, sendo um dos melho-res alimentos que o homem dispõe, não somente, por seu grande valornutritivo em função de sua composição química, alto conteúdo de gordu-ra, proteína de excelente qualidade e de outros compostos como cálcio,fosfatos, vitamina A, riboflavina, entre outros, mas também pelas suascaracterísticas organolépticas.

O Estado do Rio Grande do Sul é um grande produtor de leite, porémproduz um número muito limitado de queijos, quase todos do tipo frescoou semi-curado e com escasso controle tecnológico. A produção de queijoé um dos exemplos clássicos de conservação de alimentos. A conservaçãodos mais importantes constituintes do leite, como a gordura e as proteí-nas, na forma de queijo, explora dois princípios clássicos de conservação

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de alimentos, isto é, fermentação ácido lática e redução da atividade deágua por meio de adição de sal.

Para se produzir um queijo de qualidade, de ótimo aroma e sabor, mui-tos fatores influenciam. Origem do leite, raça do animal, tipo de pasta-gem, período de lactação, assim como, o processo de fabricação e condi-ções de maturação do queijo, tudo irá definir o resultado final. Por isso,para a caracterização e tipificação de um queijo são necessárias inúme-ras análises.

De acordo com a legislação vigente, os queijos em geral devem ser obtidosa partir do leite pasteurizado, integral ou padronizado, porém é freqüentea comercialização do produto feito com leite cru.

Segundo Bhowmik & Marth, 1990, as características como consistência,textura, aroma e sabor desenvolvidas durante a produção e maturaçãodevido a decomposição dos três componentes principais do leite, queficam retidos nos queijos (lactose, proteína e gordura), são catalisadospor enzimas derivadas de várias espécies de microrganismos original-mente presentes no leite (principalmente nos queijos fabricados comleite cru).

Embora os microrganismos sejam fundamentais para a elaboração deum produto final homogêneo e com padrão de qualidade, a flora microbi-ana característica dos diferentes queijos artesanais brasileiros, em geral,não é conhecida, com exceção de alguns queijos mineiros. Não há umametodologia que viabilize as diferenciações de autenticidade e de origenspara os queijos artesanais, que, por conseqüência, não possuem unifor-midade, e muitas vezes apresentam defeitos que poderiam ser evitados,caso houvesse um maior controle das práticas de fabricação artesanaldos mesmos, ao contrário da grande maioria dos queijos originários depaíses, onde essa tradição já está difundida, como, por exemplo, Itália,Portugal, Espanha, Argentina, nos quais os queijos artesanais, já possu-em suas normas de identidade especificadas.

Os ensaios analíticos foram realizados em amostras de queijo tipo co-lonial provenientes de dois produtores da cidade de Viamão (RS). Oobjetivo desta pesquisa é conhecer e melhorar as características dosqueijos artesanais produzidos no Rio Grande do Sul, a fim de orientaros produtores na fabricação de um queijo com características própri-as, preservando uma tradição e consolidando uma atividade que per-mitirá a melhoria econômica das famílias, além de abastecer a comu-nidade urbana com um produto de importante valor nutricional e degrande qualidade.

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MATERIAL E MÉTODOS

Processo de Fabricação

O processo de fabricação do queijo colonial não é homogêneo, e apresen-ta variação muito grande de acordo com a região.

A produção artesanal deste tipo de queijo utiliza leite integral recém orde-nhado, que a uma temperatura entre 30-32o C, se coagula com adição decoalho líquido (força: 1:1000) durante 30 a 60 minutos. A seguir, se cortaa coalhada com faca, até o tamanho de um grão de milho e coloca-se empanos dentro dos moldes, onde é submetida a uma rápida pressão com asmãos. Os queijos permanecem nos moldes por algum tempo e depois sãoretirados e transferidos para um refrigerador com temperaturas em tor-no de 7o C. O tempo de maturação é de mais ou menos quinze dias. O salé adicionado ao leite antes da coagulação.

Análises físico-químicas

Para a realização deste trabalho foram elaboradas duas partidas de quei-jos por dois produtores diferentes (lotes A e B), que vivem em regiõesdistintas no município de Viamão. Ambos produziram queijos com leitecru, e foram retiradas amostras de leite e queijo a 1, 8, 15, 29, 45 e 60 diasde maturação. Para cada um dos pontos determinou-se os valores de pH,utilizando medidor de pH (modelo Digimed DME-CF1); de umidade (FIL-IDF 4 A 1982); de cloretos ( AOAC 935.43 1990); de proteínas pelo méto-do Kjeldahl (FIL-IDF 20B); do teor de cinzas (FIL-IDF 27 1964), e da aci-dez titulável (AOAC 920.124 1990). Todas as análises foram efetuadas emduplicata.

Análises Microbiológicas

Em cada um dos pontos de amostra foram avaliados os seguintes gru-pos microbianos: evolução da flora aeróbia mesófila total avaliada comágar PCA a 30 oC durante 48 horas; evolução da flora aeróbia psicro-trófica em ágar PCA a 7 oC durante 10 dias; contagem de lactococosem ágar M17; contagem de lactobacilos em ágar Rogosa, e contagemde enterococos em meio KF. Os resultados obtidos foram expressos pelonúmero de unidades formadoras de colônia por grama do alimento(ufc/g).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme resultados apresentados na Tabela 1, o lote A apresentou umi-dade inicial de 57,67%, e após 60 dias de maturação alcançou o valor de47,09% enquanto que o lote B variou de 57,35% a 38,42%. As variaçõesnos valores de umidade encontrados nos dois lotes, refletem as diferentestecnologias utilizadas pelo produtores como: prensagem, tamanho dosgrãos, tamanho dos queijos e teor de sal.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 1, é possível verifi-car que em ambos os lotes houve um decréscimo contínuo da umidade econsequentemente um aumento do extrato seco (lote A de 42,33 % a52,91% e lote B de 42,65% a 61,58%) apesar das condições precárias dematuração utilizadas pelos produtores (geladeira comum). O extrato secoinflui nas características reológicas e regula indiretamente o curso damaturação. O conteúdo de extrato seco dos queijos varia de 25%, para osqueijos de massa fresca, até 70% para os de massa dura.

Quanto ao pH, no lote A têm-se um decréscimo significativo, seguido deuma certa recuperação a partir da quarta semana, enquanto que no loteB este decréscimo foi menos pronunciado. Ao final da maturação ambosos lotes apresentam pH entre 5,4 e 5,9, valores próximos aos encontradosem queijos de massa prensada (pH=5,5), considerado o valor crítico parao desenvolvimento microbiano e a ação das enzimas.

A evolução do pH durante a maturação é diferente para cada tipo dequeijo, e reflete as transformações que ocorreram durante o processo. Acoalhada dessorada apresenta valores de pH em torno de 5,5, aproximan-do-se a 7,0 no final da maturação, para os queijos de massa branda (Le-noir, 1963; Karahadian e Lindsay, 1987). Nos queijos de massa prensada opH permanece praticamente constante, em torno de 5,5. O pH influi nadeterminação do sabor (Adda et al., 1982), podendo aparecer saboresamargos no Cheddar se a coagulação ocorrer a pHs inferiores a 4,95 (La-wrence e Gilles, 1969; Lemieux e Simard, 1991). O pH está relacionadocom a textura que é determinada pelo grau de proteólise, a qual é maisextensa em pHs elevados (Trieu-Cuot e Gripon, 1982; Van Den Berg e Ex-terkate, 1993). Como conseqüência pequenas diferenças no pH podemcausar variações na textura e na qualidade dos mesmos.

O teor de sal variou de 1,00% – 1,17% de NaCl no lote A e de 0,79% –2,39% de NaCl no lote B, conforme Tabela 1. Essa grande diferença en-contrada entre os dois lotes deve-se ao fato de que a quantidade de saladicionada não é medida ou pesada.

A análise da proteína mostrou que os queijos dos dois lotes apresentaramum conteúdo protéico baixo, no lote A este variou de 19,06% a 23,18%, eno lote B de 15,55% a 23,61%, durante o processo de maturação. Segun-do Eck (1990), o conteúdo de proteína varia de 20 a 30 % de acordo com

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o sistema de fabricação. O baixo teor de proteína pode ser explicado pelaumidade dos queijos, que tem relação direta com aquele componente (Fei-tosa, et. al., 1985). As variações sazonais afetam direta e indiretamente aperformance de bovinos leiteiros. A influência direta das estações do anosobre a produção de leite que ocorre em virtude de fatores climáticos,afeta o teor de proteína dos queijos, e também a influência indireta rela-cionada a disponibilidade e qualidade das plantas forrageiras, ligadas afatores climáticos.

Os resultados apresentados na Tabela 1, mostram que houve variaçãoaleatória na acidez para o queijo do lote A, aumentando significativa-mente de 0,58 g a 2,18 g de ácido láctico, durante o processo de matura-ção. Enquanto que para o lote B o acréscimo foi menos pronunciado, de0,68 g a 0,96 g de ácido láctico. O aumento da acidez é conseqüência daproteólise que ocorre durante o processo de maturação. Essa variaçãoaleatória nos valores da acidez, deve-se, provavelmente, a falta de padro-nização na salga. O sal, além de conferir gosto característico ou realçar osabor, complementa a dessoragem e regula acidez do queijo, favorecendoa liberação de água livre na massa pela diferença de pressão osmótica(SPREER, 1975) e a dissolução de algumas proteínas e seus produtos, osquais são substâncias tituláveis como ácidos.

Tabela 1 – Resultados das análises físico-químicas

Amostra Umidade (%)Extrato

Seco (%)

Acidez (g de ác. Lático/ 100g amostra) pH

Proteínas Totais (%)

Cloretos ( % NaCl) Cinzas (%)

T 1 57,67 42,33 0,58 6,43 19,06 1,00 3,33T 8 55,05 44,95 0,48 5,84 20,44 1,06 3,38T 15 53,27 46,73 2,13 5,00 20,90 0,85 4,33T 29 52,01 47,99 1,73 5,18 22,10 0,86 3,31T 45 50,83 49,17 1,90 5,41 23,07 0,89 3,35T 60 47,09 52,91 2,18 5,44 23,18 1,17 3,60

T 1 57,35 42,65 0,68 5,90 15,55 0,79 2,69T 8 52,63 47,37 0,66 5,64 17,59 0,95 2,85T 15 47,26 52,74 0,61 5,89 19,30 1,06 3,17T 29 48,17 51,84 0,53 6,46 20,93 1,38 4,18T 45 40,32 59,68 1,00 6,11 20,99 1,85 3,90T 60 38,42 61,58 0,96 5,95 23,61 2,39 5,18

LOTE

ALO

TE B

* T1 =1dia de maturação; T8 = 8 dias de maturação; T15 = 15 dias de maturação; T29 = 29 dias de maturação; T45 = 45 dias de maturação e T60 = 60 dias de maturação.

A acidez titulável das amostras nem sempre seguiu as variações de pH.Concordando com os resultados de Hosken & Furtado (1983), pois du-rante a evolução da maturação substâncias tampão são liberadas, comopor exemplo, a caseína que é titulável como ácido. A separação da caseí-na do soro é um fator que favorece essa variação de pH e acidez.

A quantidade de cloreto de sódio foi significativamente superior no lote B,e consequentemente foram superiores as proporções de cinzas e extratoseco apresentadas, conforme resultados mostrados na Tabela 1.

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Conforme Figura 1 e 2 a contagem total de microrganismos para o lote Ateve um acréscimo gradativo durante o processo de maturação, enquan-to que para o lote B houve, inicialmente um decréscimo, seguido de umincremento com o decorrer da maturação. Observou-se que a flora mi-crobiana mostrou-se variável, isso deve-se ao fato de que o queijo foi pro-duzido a partir de leite cru, concordando com os resultados publicadospor Dilanjan, 1984.

Os lactococos (principais produtores de ácido láctico), se apresentamcomo grupo dominante em ambos os lotes. Os lactobacilos aumenta-ram gradativamente até o 15o dia no lote A e mantiveram-se constantesaté o final da maturação. No lote B o aumento ocorre até o 45o dia,decaindo na última semana de maturação (Fig.2 ). Resultados que vêma concordar com a bibliografia, visto que os microrganismos produto-res de ácido láctico servem para controlar os níveis de coliformes, quesão bactérias não resistentes a ácidos, bem como para realizar as trans-formações enzimáticas necessárias durante a evolução da maturação(FURTADO et al., 1980).

Lot e A

0

2

4

6

8

10

T0 T1 T8 T15 T29 T45 T60

Tempo de Mat uração

PCA 7ºC

PCA 30ºC

M17 30ºC

ROGOSA 30ºC

KF 37ºC

Figura 1 – Evolução Microbiológica do lote A

Figura 2 – Evolução microbiológica do lote B

Lot e B

0

2

4

6

8

10

T0 T1 T8 T15 T29 T45 T60

Tempo de Maturação

PCA 7ºC

PCA 30ºC

M17 30ºC

ROGOSA 30ºC

KF 37ºC

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Os enterococos se mantiveram dentro de uma faixa de 105 – 107 ufc/gpara o lote A e B (Figura 1 e 2). Os queijos de ambos lotes apresentaramelevada contagem para enterococos, e, portanto, inadequados para o con-sumo, considerando os padrões fixados pela Resolução do Ministério daSaúde RDC n0 12 de 2 de janeiro de 2001 que fixa como máximo de coli-formes de origem fecal para esse tipo de queijo, classificado como deelevada umidade, 5 x 103 ufc/g. Essa elevada contaminação deve-se, prin-cipalmente, ao fato de que ambos lotes são produzidos com leite cru, nãopasteurizado, de forma artesanal inadequada e em condições de higienenão satisfatórias. Além disso os dois lotes analisados apresentaram con-centração de sal (NaCl) abaixo de 2% (Tabela 1) o que implica dizer queestão com maior susceptibilidade à contaminação.

Atualmente se questiona se os enterococos podem ser considerados indi-cadores de contaminação fecal, pois eles formam parte da flora microbi-ana normal de queijos elaborados com leite cru, por isso a sua presençacomeçou a ser interpretada de modo diferente. Como a contaminação seproduz de forma aleatória, a concentração em que se encontram essesmicrorganismos varia muito de uns queijos para outros (HERNÁNDEZ etal., 1989). A presença de algumas espécies pode ser inclusive desejada jáque possuem determinadas caracterísitcas que permitiram sua utilizaçãocomo cultivos iniciadores. Os enterecocos têm capacidade de acidificar,de produzir compostos aromáticos, degradar proteínas e lipídios, e é esti-mulante da atividade de lactococos e leuconostoc (DEVOYOD e MULLER,1969; Devouod e DESMAZEAUD, 1970).

As contagens mais elevadas, na maioria dos grupos microbianos, ocorre-ram na primeira semana de maturação. O incremento das contagens co-incide com a diminuição do pH, em conseqüência da produção de ácidopelos microorganismos.

A contaminação do Lote A aumenta expressivamente no intervalo entre aordenha (T0) e o início da fabricação (T1), isto provavelmente deve-se àscondições sanitárias precárias do estábulo que encontrava-se próximo auma criação de suínos e aves. Além disso, a sala de preparo de queijostambém apresentava condições favoráveis ao desenvolvimento microbia-no, e deve-se considerar também a contaminação através dos utensíliosutilizados.

CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos, conclui-se que:

- Apesar das diferenças existentes no processo de fabricação desses quei-jos e nas instalações utilizadas, a composição básica resultou muito pare-cida, com exceção do conteúdo de cloreto de sódio e de acidez titulável;

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- O conhecimento da flora microbiana envolvida na maturação é essenci-al para uma uniformidade na produção dos queijos, visando garantir aoconsumidor um produto com alto padrão de qualidade;

- Culturas lácticas são de grande importância no processo de fabricaçãode queijos e fator indispensável para a obtenção de um produto de boaqualidade e padronizado;

- De acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade deProdutos Lácteos (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento)os queijos estudados classificam-se como queijos de alta umidade (varia-ção ente 46% e 56%);

- Não existe nenhuma técnica de fabricação entre os produtores resultan-do uma diversidade de composição, formato e peso dos queijos;

- A qualidade higiênico sanitária dos queijos produzidos nessa região émuito precária, constituindo um risco em potencial a saúde do consumi-dor.

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Presença de Spirocerca lupi(Rudolphi, 1809) em Canino –Relato de CasoPresence of Spirocerca lupi (Rudolphi, 1809) in a dog – case report

Chiminazzo, Claudio - Médico Veterinário, MSc, Faculdade deMedicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Pereira, Rosecler A.- Médica Veterinária, MSc., Faculdade deMedicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo UPF/RS.

Esmeraldino, Anamaria Telles - Médica Veterinária, MSc., Doutora,Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Rodrigues, Norma Centeno - Médica Veterinária, MSc., Doutora,Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA/Canoas. Centro de PesquisaVeterinária “Desidério Finamor”/FEPAGRO

Ceresér, Victor Hermes - Médico Veterinário, MSc., Faculdade deMedicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Queirolo, Maria Teresa Costa - Médica Veterinária, Esp. , Faculdadede Medicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Fallavena, Luiz César Bello - Médico Veterinário, MSc., Doutor,Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Data de recebimento: 14/07/04

Data de aprovação: 28/09/04

Endereço para correspondência: e-mail: [email protected]

RESUMO

O trabalho descreve caso de espirocercose canina diagnosticado atravésde exame post mortem no Hospital Veterinário da ULBRA – Canoas, RS. Oexame macroscópico revelou a presença de um nódulo na parede esofági-ca que, ao corte, apresentava-se cístico, contendo exemplares do parasitae ovos característicos de Spirocerca lupi .

Palavras-chave: espirocercose, nódulo esofágico, caninos.

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ABSTRACT

This work describes a case of canine spirocercosis diagnosed at post mor-tem examination at the Veterinary Hospital of Lutherana University of Brazil(ULBRA)S. Macroscopic examination revealed the presence of an oeso-phageal tumor, that appeared cystic on section and presented parasitesand eggs of Spirocerca lupi.

Key words: spirocercosis, oesophageal tumor, cinine.

INTRODUÇÃO

A espirocercose, também conhecida como verminose esofagiana, é umainfecção dos carnívoros causada pelo Spirocerca lupi (RUDOLPHI, 1809),afetando principalmente animais de países tropicais e do sul dos EUA(CARLTON, 1995). Os parasitas adultos geralmente são localizados emnódulos nas paredes do esôfago, estômago ou aorta, onde produzem cis-tos, aneurismas e granulomas, causando inflamação granulomatosa cís-tica, que se comunica com a luz do estômago através de fístula. Descar-gas de ovos embrionados passam através da fistula para a luz esofágicasaindo nas fezes do hospedeiro. Estes são consumidos pelos hospedeirosintermediários (coleópteros) os quais, por sua vez, são ingeridos por rép-teis, roedores e aves (hospedeiros paratênicos) que servem de alimentospara os carnívoros. Os cães podem se infectar ingerindo tanto os hospe-deiros intermediários como os hospedeiros paratênicos. A larva liberadano estômago penetra pela parede da mucosa gástrica e realiza uma mi-gração até a parede do esôfago. O período pré-patente é de aproximada-mente seis meses, conforme Soulsby (1982). Ainda, segundo o autor, muitoraramente o parasita pode ser encontrado livre no estômago ou em ou-tros órgãos dos cães. Os sinais clínicos mais comumente observados, des-critos por Lobetti (2000), Mazaki-Tovi (2002) e Ranen (2004) são vômito,tosse, regurgitação de alimentos, perda de peso, febre e fraqueza. Entre-tanto, um percentual expressivo de animais pode não apresentar sinto-matologia clínica (LOBETTI, 2000). O diagnóstico pode ser realizado atra-vés de exame parasitológico de fezes (Técnica de Flutuação), endoscopiae por métodos radiológicos. Em pesquisa realizada por Mazaki-Tovi (2002),de 14 cães positivos para espirocercose, 13 apresentavam granulomas eso-fagianos, sendo que apenas um exibiu osteossarcoma esofagiano. Tam-bém foi descrita a presença de aneurisma de aorta em seis (43%) dosanimais estudados. Costa(1990) realizou exames post mortem em 61 cãesde rua, na cidade de Vitória/ES, tendo verificado prevalência de 14,7%em relação à espirocercose canina. Em recente trabalho sobre a prevalên-cia de parasitas intestinais de cães em São Paulo, Oliveira-Serqueira (2002)detectou, através de exames parasitológicos de fezes, Spirocerca lupi em1,9 % das 271 amostras estudadas. No Rio Grande do Sul, Lara (1981),em trabalho realizado com 118 cães no município de Pelotas verificou,

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através de exames de necropsia, uma prevalência de 0,85% para Spiro-cerca lupi. Mattos Junior (1999) refere-se a um trabalho realizado na ci-dade de Porto Alegre/RS no ano de 1947, no qual relata que 7% de 65cães necropsiados apresentavam a doença.

RELATO DO CASO

Um canino, fêmea, SRD, de quatro anos de idade e quatro kg de peso,apresentando dificuldade de deglutição foi encaminhado ao Hospital Ve-terinário da Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA – Canoas, RSpara exame clínico e radiológico. Ao exame de RX, foi observado um cor-po estranho no esôfago, sendo então indicado procedimento cirúrgico.Durante a cirurgia (esofagotomia), na qual confirmou-se a presença decorpo estranho (osso de galinha) causando traumatismo à parede do ór-gão, o animal veio a óbito por parada cardíaca. Na necropsia, constatou-se espessamento do saco pericárdico com presença de fragmentos de os-sos no interior da cavidade pericárdica. Também foi observada a presençade um nódulo esofagiano.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A anamnese e o exame clínico realizados, com o auxílio do RX, confirma-ram a suspeita da presença de corpo estranho no esôfago, o que justifica-ria a dificuldade de deglutição apresentada pelo animal. Ao exame ne-croscópico, foi constatado um nódulo medindo aproximadamente 20 mmna porção caudal da parede esofágica que, ao corte, parecia cístico e con-tinha parasitas morfologicamente semelhantes a Spirocerca lupi (Figuras1 e 2) envoltos em secreção purulenta e comunicando-se com a luz esofá-gica através de uma fistula, sendo a localização e a lesão idênticas àsdescritas na literatura (CARLTON,1995).

Figura 1 – Nódulo esofagiano

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O exame microscópico revelou a presença de parede esofágica apresen-tando cisto de parede fibrosa, com reação inflamatória granulomatosacrônica envolvendo estruturas parasitárias e ovos compatíveis coam os deSpirocerca lupi. O granuloma esofagiano é considerado a lesão mais fre-qüente nos casos de espirocercose canina (MAZAKI-TOVI, 2002). Exem-plares dos helmintos encontrados no nódulo foram encaminhados ao La-boratório de Parasitologia do Hospital Veterinário da ULBRA para examee identificação. Os parasitas mediam aproximadamente 60-80 mm decomprimento por 1-1,2 mm de largura, à semelhança com o descrito porSoulsby (1992). Após clarificação, verificou-se a presença de ovos peque-nos, com casca espessa e embrionados, os quais foram característicos deSpirocerca lupi.

No caso ora relatado, a relação entre o nódulo parasitário e os sinaisclínicos apresentados pelo animal não é clara. Para Lobetti (2000), adificuldade de deglutição corresponde a 20% dos sinais mais comuns naespirocercose. Ainda, segundo o mesmo autor, 14% dos cães com a doen-ça são assintomáticos. Embora a espirocercose seja considerada uma dasprincipais verminoses dos cães, muitas vezes o diagnóstico da doença ocorrepor ocasião da necropsia, quando a presença de nódulos contendo os pa-rasitos é constatada (MATTOS JUNIOR, 1999). No Rio Grande do Sul,existem poucos relatos sobre casos de espirocercose canina. Na rotinados laboratórios de Patologia e de Parasitologia do Hospital Veterinário daULBRA – Canoas, o caso ora descrito foi o único encontrado desde o anode início das atividades dos mesmos (1998).

CONCLUSÃO

Com base na escassez de relatos de casos de espirocercose no Estado, as-sim como na raridade com que a doença é observada na rotina dos labo-

Figura 2 – Exemplares de Spirocerca lupi

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ratórios de Patologia e de Parasitologia de um hospital veterinário queatende número expressivo de caninos, sugere-se que essa enfermidadenão é comum no Rio Grande do Sul. A espirocercose canina pode ou nãodeterminar dificuldade de deglutição, o que não ficou claro no caso des-crito, já que o animal apresentava concomitante esofagite traumática porcorpo estranho.

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Observações sobre a Presença deActinobaculum suis (Actinomycessuis) em Reprodutores Machos,Matrizes e Leitões de uma Granjade SuínosStudies on the Occurrence of Actinobaculum suis (Actinomyces suis)in Boars, Sows and Piglets from a Pig Farm

Bortololon, Jusandro – Graduado no Curso de Medicina Veterinária,ano 2004- 1, Universidade Luterana do Brasil - ULBRA

Oliveira, Sérgio J. de – Prof. Dr., Curso de Medicina Veterinária,Universidade Luterana do Brasil – ULBRA

Data de recebimento: 20/08/04

Data de aprovação: 30/09/04

Endereço para correspondência: Rua Miguel Tostes, 101, C. Postal 124, Canoas, RS 92420-280, Laboratório de Bacteriologia e Micologia, Hospital Veterinário. E-mail: [email protected]

RESUMO

A partir da ocorrência de um caso de morte de matriz suína em umagranja no Rio Grande do Sul, revelando lesões características de cistite nanecropsia, foram realizadas colheitas de materiais para exame laborato-rial, consistindo de líquido prepucial de cachaços e de leitões na creche erecria, bem como secreções vaginais de porcas em gestação, para examelaboratorial. Foi cultivado Actinobaculum suis de cinco entre 12 cachaçosexaminados e de dois leitões na creche, entre 12 examinados, respectiva-mente com 34 dias e 45 dias de idade. Não foi isolado A. suis de “swabs”vaginais de 24 porcas examinadas. Através destes exames foi constatadoa existência de portadores em suínos machos da granja e leitões que jáestavam infectados na creche, o que não ocorreu nas porcas.

Palavras-chave: Actinobaculum suis, infecção, suínos machos e fêmeas.

Veterinária em foco Canoas v. 2 n.1 maio/outubro de 2004 p.31-34

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ABSTRACT

The occurrence of death in a sow from a pig farm in Rio Grande do Sul,Brazil, presenting lesions of cystitis at post mortem examination, conduc-ted to laboratory examination of preputial liquid of boars and male wea-ned pigs (piglets and finishing pigs) and vaginal “swabs” of gestation sows.It was isolated Actinobaculum suis from 5 among 12 boars and from 2between 12 weaned pigs, respectively 34 and 45 days old. A, suis were notisolated from 24 sows examined. It is confirmed the occurrence of malepigs as carriers of the microrganisms in that farm and the infection ofpiglets early in their lives. There was no evidence of carrier state in sows.

Key words: Actinobaculum suis, infection, male pigs, sows.

INTRODUÇÃO

Embora seja conhecido que as infecções urinárias em fêmeas suínas po-dem ter como etiologia um ou mais microorganismos, os mais frequentestêm sido E. coli e Actinobaculum suis. Este último provoca doença maisgrave, sendo específico do aparelho urinário, segundo Jones (1968), sen-do uma das principais causas de morte em suínos adultos. Cistite ocorrecom maior frequência em matrizes suínas do que em suínos machos, sen-do atribuído às diferenças anatômicas e às variações fisiológicas das fê-meas, como cio, gestação e parto.

O suíno macho é considerado portador de Actinobaculum suis no líquidoprepucial, devido às condições de anaerobiose do divertículo prepucial,visto que a bactéria é anaeróbia. Assim sendo, através da cobertura podehaver infecção nas fêmeas (JONES, 1978).

Devido à importância de infecções urinárias na suinocultura moderna,foi programado um experimento visando verificar a presença de A. suisem matrizes, cachaços e leitões, de uma granja no Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

Ocorreram algumas mortes de matrizes suínas, em uma granja no Rio Gran-de do Sul, sendo em uma delas observado lesões na bexiga característicasde cistite, com hiperemia, parede espessa e conteúdo hemorrágico com pus.Este fato motivou a realização de exames laboratoriais para verificar a pre-sença de portadores de A. suis entre cachaços e matrizes, incluindo tam-bém exames em leitões machos na creche e recria-terminação.

Foram colhidas amostras do conteúdo prepucial, através de introdução

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de “swabs” estéreis em 12 cachaços utilizados nas coberturas de porcas,assim como amostras foram colhidas de 12 leitões machos na creche e 12na recria.

Utilizando-se também “swabs” foram colhidas amostras de secreção vagi-nal de 24 porcas em gestação que apresentavam corrimentos vulvares. Aurina destas porcas foi testada por tiras reativas para uroanálise (Multis-tix – Bayer).

Tanto os materiais colhidos dos machos quanto os das fêmeas foram de-positados em tubos contendo meio líquido de BHI (Difco) e transportadosno mesmo dia, em caixa refrigerada, ao Laboratório de Bacteriologia eMicologia do Hospital Veterinário da ULBRA.

No laboratório os materiais foram inoculados em placas de agar com 5 %de sangue ovino, adicionadas de ácido nalidíxico (15 mg / L), conformeOliveira (2000). As placas inoculadas foram incubadas em jarra, em at-mosfera de anaerobiose, a 37 oC durante 4 dias.

Cultivos com suspeita de apresentarem colônias de A. suis foram analisa-dos por microscopia e realização de exames bioquímicos (OLIVEIRA etal., 1984).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o período de incubação apareceram colônias opacas, com bordosirregulares e centro elevado em cinco dos materiais obtidos de cachaços edois de leitões respectivamente com 34 e 45 dias de idade, na creche. Nãoforam isolados A. suis de materiais colhidos das porcas em gestação. Asbactérias foram confirmadas como A. suis pela coloração de Gram (bas-tonetes Gram positivos, semelhantes a Corynebacterium sp) e por provasbioquímicas, conforme Oliveira (2000).

O uso de tiras reativas em urina de porcas que estavam em gestação reve-lou positividade em duas delas, que poderiam estar desenvolvendo cistite,embora fossem assintomáticas.

O fato de ser isolado A. suis a partir do divertículo prepucial de reproduto-res suínos machos já havia sido constatado por Jones (1978), o qual iso-lou as bactérias de 78 % dos cachaços examinados na Inglaterra. No Bra-sil, Oliveira et al., (1984) relataram os primeiros isolamentos de A. suis,respectivamente de um cachaço que apresentava sinais de cistite e de su-ínos machos sadios abatidos em frigorífico, no total de 44 entre 122 exa-minados (36 %) no Rio Grande do Sul. Suínos castrados abatidos no fri-gorífico, portanto podem ser portadores das bactérias

O isolamento das bactérias a partir de “swabs” de divertículo prepucial de

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reprodutores machos indica a possibilidade de disseminação de infecçãourinária nas porcas da granja, pois eles se constituem em portadores. Poroutro lado, verificou-se através deste experimento, que leitões podem es-tar agindo como portadores de A. suis já bem cedo, com 30 a 40 dias deidade na creche. Isto também explica a condição de portadores em suínosabatidos em frigorífico, mesmo sendo castrados. Estes podem ter se infec-tado do ambiente, pois as bactérias são eliminadas no piso das baias epodem sobreviver, de acordo com Jones (1978).

A ausência de isolamentos das bactérias a partir de porcas possibilita su-gerir que estas não agem como portadoras no canal vaginal ou pelo me-nos a freqüência de ocorrência é baixa. Novos experimentos devem serconduzidos visando determinar a prevalência de manutenção de A. suisno canal vaginal de porcas sem sintomas de infecção urinária.

CONCLUSÕES

Conclui-se que Actinobaculum suis, estão presentes em suínos machos jo-vens e adultos nas condições de boa tecnologia em uma granja de suínosno Rio Grande do Sul e eventualmente podem causar infecção urinária.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à colaboração da Técnica em Laboratório JaneMendes Brasil.

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Exame Bacteriológico de SecreçõesVulvares em Matrizes SuínasBacteriological Examination of Vulval Discharges in Sows

Schenkel, André C. - Graduado do Curso de Medicina Veterinária,ano 2004 –1, Universidade Luterana do Brasil.

Oliveira, Sérgio J. de - Prof. Dr., Curso de Medicina Veterinária,Universidade Luterana do Brasil.

Data de recebimento: 20/08/04

Data de Aprovação: 30/09/04

Endereço para correspondência: Rua Miguel Tostes, 101, C. Postal 124, Canoas, RS 92420-280,e-mail [email protected]

RESUMO

Secreções vulvares, também denominadas descargas vulvares, podem terdiferentes origens, principalmente genitais e urinárias, podendo ou nãoestar associadas a falhas reprodutivas, sendo de grande importância nasuinocultura. O objetivo deste trabalho foi verificar a freqüência com queocorriam descargas vulvares em matrizes suínas de duas granjas após acobertura e após o parto e isolar e identificar os microorganismos presen-tes nestas secreções. Foram detectados 58 casos de corrimento vulvar, res-pectivamente na granja A (19 na maternidade e 21 na gestação) e granjaB (três na maternidade e 15 na gestação). Predominaram cultivos de Es-cherichia coli e Streptococcus spp.

Palavras-chave: secreções vulvares, matrizes suínas, E. coli, Streptococ-cus spp.

ABSTRACT

Vulval secretions, also named vulvar discharges, may have different ori-gins, mainly from the genital and urinary tracts. They can be or not asso-

Veterinária em foco Canoas v. 2 n.1 maio/outubro de 2004 p.35-40

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ciated with reproductive disorders, being of great interest in pig farms. Inthis article it is related the occurrence of vulval discharges in sows aftermating and after farrowing, in two herds. It was detected 58 sows presen-ting the problem, respectively in herd A (19 in lactating sows and 21 in thegestation room) and herd B (3 and 15 respectively). Escherichia coli andStreptococcus spp were the most frequent bacteria isolated.

Key words: vulval discharges, sows, E. coli, Streptococcus spp.

INTRODUÇÃO

Secreções vulvares, também denominadas descargas vulvares, podem terdiferentes origens, principalmente genitais e urinárias, podendo ou nãoestar associadas a falhas reprodutivas, sendo de grande importância nasuinocultura. Foi verificado que falhas no manejo reprodutivo, em cober-turas naturais ou através de inseminação artificial, tais como númeroexcessivo de coberturas ou inseminações por estro, segundo Silva et al.,(1997) podem causar secreções vulvares pós cobertura.

As modernas instalações de suínos criados intensivamente, permitem queas descargas vulvares sejam diagnosticadas mais precocemente. Em cria-ções extensivas a eficiência do exame da vulva é menor, pois a visualiza-ção dos animais é mais difícil, podendo haver casos em que as descargaspassem desapercebidas. A maior freqüência no diagnóstico ocorre, por-que atualmente as fêmeas são alojados em celas individuais, permitindoque os animais sejam visualizados diariamente.

Segundo Carr (1990), microorganismos oportunistas presentes no ambi-ente são freqüentemente responsáveis por casos de endometrites bacteri-anas no Reino Unido, sendo as bactérias do gênero Streptococcus, Sta-phylococcus, Pseudomonas e Coliformes os principais microrganismos en-volvidos neste tipo de afecção.

Em estudo conduzido por Wentz et al. (1986), os gêneros Streptococcus eEscherichia coli (E. coli), foram os principais microorganismos isoladosem culturas de casos de endometrites em fêmeas suínas.

Visando verificar a freqüência com que ocorriam descargas vulvares emporcas após a cobertura ou inseminação artificial e também após o par-to, bem como determinar os microorganismos presentes em casos dedescargas, durante o período de dois meses, foram desenvolvidos exa-mes bacteriológicos em matrizes suínas em duas granjas, com o apoiodo Laboratório de Bacteriologia e Micologia do Hospital Veterinário daULBRA.

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MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em duas granjas produtoras de suínos na regiãodo Alto Taquari. No período de 15 de março a 14 de maio de 2004 foramavaliadas um total de 1623 matrizes suínas, respectivamente distribuídasna granja A, com um plantel de 523 matrizes e granja B com um plantelde 1100 matrizes.

Em cada unidade as matrizes foram observadas durante o período de ummês. Estas fêmeas eram inspecionadas duas vezes ao dia, após o arraçoa-mento, para verificação da ocorrência de descargas vulvares no períodoapós a cobertura ou após o parto. Quando estas ocorriam, a coleta dematerial procedia–se imediatamente, sendo realizada por meio de um“swab” estéril introduzido na vagina que posteriormente era acondicio-nado em um tubo contendo meio líquido de BHI (Difco) e transportadorefrigerado ao Laboratório de Bacteriologia e Micologia do Hospital Vete-rinário da ULBRA.

No laboratório os “swabs” foram inoculados em meios de cultura sólidode agar com 8% de sangue ovino e agar MacConkey, uma placa paracada material os quais foram incubados em aerobiose a 37oC, de 24 a 48horas, juntamente com os respectivos caldos BHI. Passado o período deincubação as placas foram examinadas quanto a presença de bactériase leveduras, verificando-se as características das colônias, produção dehemólise em agar sangue ovino, fermentação de lactose, crescimentoem MacConkey, coloração pelo método de Gram e quando necessárioforam realizadas provas bioquímicas de catalase, oxidase, coagulase,utilização de uréia, produção de indol e liquefação de gelatina (OLIVEI-RA, 2000).

RESULTADOS

No total foram constatados 58 casos de descargas vulvares em porcas. Nagranja A ocorreram 19 casos de corrimentos vulvares na maternidade e21 na gestação, enquanto que na granja B ocorreram três casos na ma-ternidade e 15 na gestação. Portanto entre porcas avaliadas durante perí-odo de gestação (próximo à cobertura) e também no período pós-parto,verificou-se que houve maior número de casos de descargas vulvares emporcas durante a gestação.

Através da Tabela 1 observa-se que entre microorganismos cultivadosprovenientes das 58 amostras de descargas vulvares, predominaramos cultivos de Escherichia coli e Streptococcus sp alfa e beta hemolíticos.A E. coli esteve presente em 36 (62,1%) dos casos de descargas vulva-

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res, sendo que em 13 (36,1%) destes casos estas bactérias foram isola-das em cultura pura e em 23 (63,9%) destes casos em cultura mista.Os isolados de Streptococcus sp alfa e beta hemolíticos foram encon-trados em 31 (53,4%) dos casos de descargas vulvares, sendo cultiva-dos em 5 (16,1%) destes casos em culturas puras e em 26 (83,9%) doscasos em culturas mistas.

Tabela 1 – Microorganismos isolados de 58 casos de descargas vulvaresem matrizes suínas.

DISCUSSÃO

Os resultados encontrados neste trabalho são semelhantes aos relatadospor Lindemann et al. (1985), os quais examinaram 614 amostras de se-creção cervical colhidas de fêmeas suínas no período puerperal, onde houvepredomínio de isolamentos de E. coli (34,5 %).

No entanto, o presente trabalho difere do realizado por Lindemann etal. (1985), quanto ao período de coleta das secreções, pois aqui foramexaminadas as matrizes após a cobertura e também após o parto. Poroutro lado, Silva et al., (1997) examinaram também porcas com descar-gas vulvares tendo coletado 26 amostras deste tipo de secreção ondeapós cultivo em laboratório foi isolado E. coli de 80,76% dos casos eStreptococcus beta hemolítico de 26,92% dos casos. Os resultados obti-dos no presente trabalho estão em acordo com os relatados por Silva etal., (1997) quanto ao predomínio de isolamentos de E. coli e Streptococ-

MICROORGANISMOS CASOS DE DESCARGAS V ULVARES

Escherichia coli (Cultivo puro) 13E. coli + Streptococcus sp beta hemolítico 13E. coli + Staphylococcus sp 03E. coli + Streptococcus alfa hemolítico 03E. coli + Klebsiella sp 01E. coli + Actinomyces pyogenes 01E. coli + Streptococcus beta + 01E. coli + levedura 01Streptococcus sp Beta (cultivo puro) 05Streptococcus beta + Staphylococcus sp 05Streptococcus sp alfa e beta 04Streptococcus sp + Enterobacter sp 01Enterococcus fecalis (cultura pura) 02Staphylococcus sp (cultura pura) 01Klebsiella sp (cultura pura) 02Proteus sp 01Geotrichum sp 01

TOTAL 58

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cus spp de descargas vulvares de porcas, que ocorrem após a coberturaou inseminação artificial.

Segundo Carabin et al. (1994), E. coli além de constituírem-se nos princi-pais agentes etiológicos de infecções inespecíficas do trato reprodutivo desuínos são também encontrados na microbiota normal desta espécie. As-sim sendo, torna-se necessário verificar se determinados sorovares dasbactérias são mais patogênicos para desenvolverem os sinais clínicos, ouse apenas as práticas de manejo deficientes seriam suficientes para a ins-talação das bactérias no útero.

CONCLUSÕES

Na grande maioria dos casos o perfil microbiológico das amostras de des-cargas vulvares coletadas é misto. O microorganismo mais freqüentementeisolado nos casos de corrimentos vulvares pós-parto ou pós-cobertura foia Escherichia coli.

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem à colaboração da Técnica em Laboratório JaneMendes Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARABIN, H; BIGRASA-POULIN, MENARD, J; CASTILLO, J; MARTINEAU,G. P. 13 th IPVS, Bangkok, Proccedings, 1994.

CARR, J. Post-parturient Problems in Swine. The Veterinary Annual, v. 30,p. 113-125, 1990.

LINDEMANN, T.; FERNANDES, J. C. T.; WENTZ, I. et al. Arquivos da Fa-culdade de Veterinária – UFRGS, v.13, p. 95-103, 1985.

OLIVEIRA, S. J. Microbiologia Veterinária: Guia Bacteriológico Prático. 2.ed.Canoas: Editora da Ulbra, 2000.

SILVA, J.; RIZZO, V.; CARDOSO, M.; et al.. Bactérias Isoladas de SecreçõesVulvares em Suínos. In: Congresso Brasileiro de Veterinários Especialistas

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em Suínos, 8, 1997, Foz do Iguaçú. Anais. Concórdia: CNPSA – EmbrapaSuínos e Aves, 1997. p. 299-300.

WENTZ, I.; SILVEIRA, P.R.S.; PIFFER, I. A. et al. As Infecções Uterinascomo Causa de Repetição de Cobrição em Porcas. Comunicado TécnicoEmbrapa – CNPSA, Concórdia, n. 112, p. 1-3, out. 1986.

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Erisipela Suína: Isolamento dosAgentes Etiológicos Presentes nasAmígdalas de Animais de AbateSwine Erysipela: Presence of Etiologic Agents in Tonsils of Fattening Pigs

Rodrigues, Paulo Ricardo Centeno – Médico Veterinário, Professordo Curso de Medicina Veterinária da ULBRA, Doutorando, Universidadede Leon.

Oliveira, Sérgio J. de – Médico Veterinário, Dr., Professor do Cursode Medicina Veterinária da ULBRA.

Lunge, Vagner Ricardo – Professor, Dr,, Curso de Medicina Veterináriada ULBRA.

Santos, Marcelo Reich – Bolsista de Iniciação Científica, aluno doCurso de Medicina Veterinária da ULBRA.

Data de recebimento: 18/08/04

Data de aprovação: 30/09

Endereço para correspondência: [email protected]

RESUMO

O presente artigo contém uma revisão sobre a erisipela suína, incluindo aclassificação fenotípica e genotípica das espécies Erysipelothrix rhusiopathi-ae e Erysipelothrix tonsillarum, aspectos da doença em suínos, patogenici-dade e resistência a antimicrobianos, bem como resultados parciais de pes-quisa em andamento. Através desta pesquisa foram trabalhadas 600 amíg-dalas de suínos colhidas em três frigoríficos no Rio Grande do Sul, sendoisoladas 75 amostras de Erysipelothrix spp. A constatação de positividade noteste com sacarose e negatividade em teste de PCR específico para E. rhusi-opathiae, constituiu-se em evidência de que seis dos isolados sejam E. tonsi-llarum, devendo no entanto haver confirmação por sorologia.

Palavras-chave: erisipela suína, isolamentos, classificação, amígdalas,suínos de abate.

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ABSTRACT

This article consists on a revision about swine erysipelas, including phe-notypic and genotypic typing of strains of Erysipelothrix rhusiopathiae andE. tonsillarum, the disease in pigs, patogenicity and antimicrobial resis-tance. It is reported also partial results of an ongoing research. Theseresults showed 75 isolations of Erysipelothrix spp from 600 tonsils of fatte-ning pigs collected at three abattoirs in the State of Rio Grande do Sul,Brazil. Sacarose positive strains (6 samples) and the negative PCR resultfor E. rhusiopathiae is an evidence of the presence of E. tonsillarum, al-though being necessary the use of serologic tests to confirm.

Key words: swine erysipela, isolates, typing of strains, tonsils, fatte-ning pigs.

INTRODUÇÃO

A Erisipela suína foi descrita clinicamente, pela primeira vez no Brasil,por Melo & Souza (1931). No Estado do Rio Grande do Sul, Crocco (1957)descreveu a doença a partir de materiais coletados em matadouro. Nomesmo ano, também no Rio Grande do Sul, ocorreram relatos sobre oaparecimento da enfermidade em granjas de suínos (DIAS, 1957; ALBU-QUERQUE, 1957). A doença é do tipo hemorrágico, provocando lesõescutâneas, articulares, cardíacas ou septicemia em suínos.

O agente etiológico é a bactéria Erysipelothrix rhusiopathiae, a qual temsido isolada de grande número de mamíferos, aves e peixes, mas o quadroclínico mais importante ocorre em suínos. Embora não sendo patogênicopara peixes, as bactérias podem sobreviver por longo período na superfí-cie mucóide dos mesmos. Mais recentemente, através da estrutura do DNA,foi reconhecida outra espécie das bactérias, o Erysipelothrix tonsillarum(TAKAHASHI et al., 1987).

REVISÃO DE LITERATURA

Segue uma breve revisão, na tentativa de atualização sobre os principaistópicos de importância para o conhecimento das bactérias e da doençaem suínos.

Classificação sorológica

A estrutura antigênica de E. rhusiopathiae é complexa. Existem antígenos

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termolábeis, comuns à maioria das amostras da bactéria e antígenos ter-moestáveis, os quais permitem a diferenciação sorológica entre as amos-tras isoladas, sendo utilizados testes de imunodifusão dupla. Algumasamostras não apresentam antígenos termoestáveis, sendo classificadoscom a letra N. Wood & Harrington (1978) distinguiram 20 sorotipos dasbactérias. Os sorotipos 1 e 2 eram os mais freqüentemente cultivados decasos de erisipela suína.

Em pesquisa realizada no Brasil, foram classificadas sorologicamente110 amostras de E. rhusiopathiae isoladas de amígdalas de suínos e dasuperfície corporal de peixes, demonstrando a presença dos sorotipos 1,2, 3, 4, 9, 10, 11 e N (CASTRO et al., 1972). Em outra pesquisa, emnosso país, a classificação sorológica de 133 amostras das bactérias iso-ladas de amígdalas, baço e fezes de suínos, revelou a presença dos soro-tipos 1, 2, 3, 5 e 11 (BARCELLOS et al., 1984). Nesta pesquisa os autoresverificaram que os sorotipos 1, 2 e 11 ocorreram tanto em animais sadi-os quanto naqueles que apresentaram sinais clínicos e lesões de doençasepticêmica, ressaltando a importância do suíno portador na epidemio-logia da doença.

Atualmente, reconhece-se 24 sorotipos, distribuídos entre as espécies E.rhusiopathiae (compreende os sorotipos 1, 2, 4, 5, 6, 8, 9, 11, 12, 13, 15,16, 17, 18, 19, 21 e N) e E. tonsillarum (com os sorotipos 3, 7, 10, 14, 20,22 e 23). Estudos de hibridização de DNA sugerem que o gênero Erysipelo-thrix compreende quatro espécies, sendo E. rhusiopathiae, E. tonsillarum,e que E. rhusiopathiae sorovar 13 e E. rhusiopathiae sorovar 18 seriamespécies diferentes (TAKAHASHI et al., 1992).

Cultivos obtidos de amígdalas de suínos aparentemente sadios em outrospaíses tem revelado como mais frequentes os sorotipos 2, 12 e 17 de E.rhusiopathiae e 7 ou 10 de E. tonsillarum (TAKAHASHI et al., 1999). Embovinos aparentemente sadios, foi constatada a presença nas amígdalas,dos sorotipos 1, 2, 5, 9, 12, 13, 19 e 21 de E. rhusiopathiae e apenas osorotipo 3 de E. tonsillarum (HASSANEIN et al., 2001).

Infecção em suínos

A fonte de infecção mais importante é o suíno portador, o qual alojaErysipelothrix spp nas amígdalas e outros tecidos linfóides e pode elimi-nar as bactérias nas fezes, contaminando o solo, água, cama e alimen-tos. Suínos com infecção aguda eliminam o agente nas fezes, urina,saliva e secreções nasais. Roedores e aves silvestres podem ser tambémfontes de infecção (SOBESTIANSKY et al., 1999). As amígdalas são re-conhecidas como locais de preferência para isolamento das bactériasem suínos aparentemente sadios, embora os microorganismos tenhamsido também cultivados a partir de intestino, linfonodos e articulações

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de animais sem sintomas de erisipela (MURASE & EBI, 1960). A infec-ção natural pode ocorrer por ingestão de alimentos ou água contami-nados, ou através de ferimentos na pele e caracteriza-se por septicemia,lesões cutâneas e poliartrite, podendo ocorrer também endocardite. Por-cas em gestação podem abortar. As lesões cutâneas são típicas, lem-brando a forma de losango e aparecem a partir do segundo dia de infec-ção, de coloração púrpura escuro (Figura 1). Há casos de ocorrênciadestas lesões por ocasião do abate.

Recentemente no Brasil, Alberton et al., (2001) realizaram diagnósticodiferencial entre artrites infecciosas e não infecciosas em suínos no aba-tedouro e isolaram E. rhusiopathiae de 14 % dos casos de artrite infecci-osa. Segundo os autores, a observação que melhor possibilitou a dife-renciação entre os tipos de artrite foi a presença ou ausência de reativi-dade nos linfonodos regionais. Assim, nos casos de artrite infecciosanos membros posteriores os linfonodos ilíacos mediais e laterais esta-vam reativos, o mesmo ocorrendo com linfonodos axilares da primeiracostela quando a artrite ocorreu nos membros anteriores.

Perdas econômicas verificadas em Frigorífico devido a artrites, no Brasilainda não foram quantificadas. Artrites por erisipela são proliferativas enão supurativas e podem progredir no suíno vivo mesmo na ausência dasbactérias, tornando-se crônicas e determinando desenvolvimento retar-dado dos animais.

Características fenotípicas e genotípicas

O diagnóstico clínico da doença, quando não aparecem as lesões cutâne-as torna-se difícil, como relataram Copes et al., (2001) na Argentina, emcasos de infecção pelo sorotipo 10 de E. tonsillarum, pois é importante o

Figura 1. Suínos vivos com lesões cutâneas típicas de erisipela.

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diagnóstico diferencial principalmente com peste suína clássica e salmo-nelose septicêmica, sendo necessário o isolamento e classificação das bac-térias.

De acordo com Fidalgo et al., (2000) maior número de isolamentos foiobtido usando caldo BHI com 5% de soro eqüino, seguido de sub-culturaem BHI agar sangue. Nos meios foram adicionados antibióticos (canami-cina, 400 mg/L, gentamicina, 25 mg/L, vancomicina, 25 mg/L). Em cal-do observa-se turbidez a partir de 24 horas a 37oC e em agar sangue ascolônias são pequenas, incolores, alfa hemolíticas. Ao microscópio sãobastonetes Gram positivos, pequenos e finos, retos ou encurvados, poden-do ou não apresentarem-se em forma de filamentos. A caracterizaçãofenotípica revela provas negativas de catalase, oxidase, esculina, indol ereações positivas de fermentação de glicose, lactose, sacarose, maltose emanose. Produzem H2S de forma a revelar coloração escura (negra) emmeio de TSI apenas na linha de semeadura (Figura 2).

Os testes moleculares estão iniciando a contribuir para o diagnóstico deerisipela suína, visto que são recentes as pesquisas. Makino et al.(1994)desenvolveram um teste de PCR com primers específicos para detectar ogênero, sem distinção das espécies das bactérias. Após a definição dossorotipos 13 e 18 de E. rhusiopathiae como duas novas espécies(TAKAHASHI et al., 1992), Takeshi et al., (1999) aperfeiçoaram o teste dePCR, tornando-o capaz de identificar cada uma das quatro espécies, sen-do utilizado para diagnóstico diretamente em tecidos de suínos doentes.

Patogenicidade e resistência a antimicrobianos

Os fatores de virulência de E. rhusiopathiae não estão ainda esclareci-

Figura 2. Tubos de meio TSI (“Triple Sugar Iron”) inoculados com Erysipelothrix sp em 24 horasde incubação, apresentando reação positiva para produção de H2S, na linha de inoculação.

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dos. Sabe-se que as bactérias produzem hemolisina. Os resultados detestes de patogenicidade realizados por Takahashi et al., (1999) revela-ram diferenças entre amostras do sorotipo 2. É provável que amostraspatogênicas de E. rhusiopathiae nas amígdalas possam representar umafonte potencial de infecção ao suíno, enquanto amostras avirulentas,como E. tonsillarum seriam apenas residentes nas amígdalas. Foi com-provada a virulência para camundongos, de várias amostras das bacté-rias de diferentes sorotipos, isolados das amígdalas de suínos assinto-máticos (TAKAHASHI et al., 1989), sendo possível acreditar que em con-dições que propiciassem o desenvolvimento de infecção grande númerode sorotipos poderiam ser agentes etiológicos da doença. Wood et al.,(1981), através da inoculação de diferentes sorotipos de Erysipelothrixsp em camundongos e suínos, verificaram que o sorotipo 10 provocousepticemia nos animais. Em outro experimento concluiu-se que os soro-vares 10 e 23 de E. tonsillarum foram patogênicos para suínos (ENOE &NORRUNG, 1992). Na Argentina Copes et al., (2001) isolaram Erysipe-lothrix sp de dois suínos com suspeita de septicemia por erisipela, apre-sentando esplenomegalia, lesões de endocardite e exsudato não puru-lento em articulações, embora não tivessem apresentado lesões cutâne-as; três amostras foram isoladas e corresponderam ao sorotipo 10 de E.tonsillarum. O sorovar 7 de E. tonsillarum é patogênico para cães, provo-cando endocardite (SCHRAUWEN et al., 1993). Considerando-se quepoucas amostras de E. tonsillarum têm sido estudadas, tendo em vistaseu recente enquadramento como nova espécie, as observações acimademonstram a necessidade de aprofundamento maior em pesquisas so-bre a patogenicidade destas bactérias.

Testes de suscetibilidade a antimicrobianos realizados por Takahashi etal. (1989) revelaram que todos os sorotipos isolados foram suscetíveis apenicilina G, ampicilina e eritromicina. Amostras testadas por Yamamotoet al.,(2001) revelaram maior suscetibilidade a ampicilina, cloxacilina,benzil-penicilina, ceftiofur, tilosina, enrofloxacina e danofloxacina. Emcasos de erisipela septicêmica aguda foi verificada resistência a oxitetra-ciclina e dihidroestreptomicina (YAMAMOTO et al., 1999).

PESQUISA SENDO REALIZADA: RESULTADOS PARCIAIS

Como parte de projeto de Tese de Doutorado, foram trabalhadas até omomento 600 amígdalas de suínos colhidas em tres frigoríficos no RioGrande do Sul. Cada amígdala foi colhida e embalada em plástico indi-vidualmente, sendo processada no Laboratório de Bacteriologia do Hos-pital Veterinário da ULBRA, como segue: a superfície era flambada eera feito um corte com bisturi estéril, colhendo-se parte do materialpara a realização de provas moleculares (mantido congelado a –20oC)e o restante passando-se “swab” estéril para cultivo microbiológico. O“swab” era então inoculado em meio de cultura líquido de BHI em

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tubos, adicionado de soro eqüino (5%) e antibióticos (vancomicina,canamicina e gentamicina), sendo incubado a 37 oC por 48 horas emaerobiose.

Após este período inoculava-se em Agar-sangue adicionado de soroeqüino e de antibióticos, incubando-se igualmente como para os tu-bos. Colônias foram examinadas ao microscópio e através da realiza-ção de provas bioquímicas (OLIVEIRA, 2000). As amostras de Erysipe-lothrix spp isoladas foram mantidas em nitrogênio líquido para reali-zação de exames por PCR e testes sorológicos de difusão em gel, comantisoros específicos. Foram isoladas 75 amostras classificadas fenotipi-camente como Erysipelothrix spp.

Em paralelo, foi realizado o desenvolvimento de teste de PCR específico paraErysipelothrix rhusiopatiae. Seqüências nucleotídicas do gene spaA de Erysi-pelothrix rhusiopatiae foram obtidas de bancos de dados de genes e alinha-das, iniciadores (primers) foram selecionados e sintetizados, e o teste de“nested” PCR foi formatado e otimizado. A avaliação do teste de “nested”PCR foi realizada pela análise de DNA extraído de cepas de referência deErysipelothrix rhusiopatiae, Erysipelothrix tonsillarum e outras bactérias (Ar-canobacterium pyogenes, Bacillus cereus, Pseudomonas sp, Salmonella sp, Lis-teria monocytogenes, etc.), com subseqüente visualização dos produtos am-plificados após eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% e coloração comprata. O teste demonstrou especificidade para detecção de Erysipelothrixrhusiopatiae (amplificação de fragmento do tamanho esperado de 155 pa-res de bases), não detectando E. tonsillarum e bactérias de outros gêneros.

Testes de PCR foram realizados em 26 isolados e possibilitaram verificar apresença de E. rhusiopatiae em 16 destas. A análise por PCR também foirealizada diretamente de material de 6 amígdalas congeladas à –20oC etodas resultaram negativas (sendo que houve isolamento de Erysipelo-thrix a partir de duas destas amígdalas).

CONCLUSÃO

Pela revisão de literatura sobre erisipela suína, verifica-se novos conheci-mentos recentemente publicados sobre a classificação das bactérias(TAKAHASHI et al. 1992), bem como provas de diagnóstico molecularbastante específicas (TAKESHI et al. 1999). Estes acontecimentos instiga-ram à realização de pesquisa em nosso país visando a verificação da ocor-rência da espécie E. tonsillarum e rhusiopatiae em suínos, visto que até apresente data as pesquisas realizadas em suínos no Brasil (Castro et al.1972; Barcellos et al. 1984) foram publicadas antes do conhecimento re-cente da existência de outra espécie além da E. rhusiopathiae.

A ocorrência de sinais clínicos da doença nas granjas no Brasil tem di-

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minuído consideravelmente com o uso de vacina nos suínos. No entan-to, os resultados parciais da pesquisa em andamento revelam que asbactérias estão presentes em suínos sadios abatidos em frigorífico, sen-do portadores. Por outro lado, a ocorrência de artrites por erisipela,verificadas por Alberton et al. (2001) revela que a doença pode estarcausando perdas que possivelmente não são reconhecidas nas granjas,mas sim no frigorífico. Isto deve ser também motivo de pesquisa.

No presente trabalho, até o momento pode-se sugerir que há evidência daocorrência de E. tonsillarum devido principalmente a 2 resultados de aná-lise: (1) positividade na prova da sacarose em seis dos isolados de amígda-las e (2) negatividade nestas pela técnica de PCR específica para E. rhusi-opathiae. Provas sorológicas deverão ser realizadas nas próximas etapasdo estudo para confirmar estas evidências.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a colaboração da Técnica em Laboratório JaneMendes Brasil.

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Diagnóstico Gestacional eEstabelecimento de Parâmetrosde Idade Fetal por Ultra-sonografiaem Javalis (Sus scrofa)Ultrasound Diagnosis of Gestation and Definition of Fetal Age Standardsin Wild Sows (Sus scrofa)

Alves, Luis Cardoso - Professor, Dr. Faculdade de Medicina Veterináriada ULBRA.

Feser, Mariane - Médica Veterinária - CEULBRA - Campo Experimentalda ULBRA.

Teixeira, Márcio Aurélio da Costa - Professor, Dr. Faculdade deMedicina Veterinária da ULBRA.

Luz, Luciano - Aluno de graduação, Faculdade de Medicina Veterinária- ULBRA

Data de recebimento: 12/08/04

Data de aprovação: 27/09/04

Endereço para correspondência: e-mail – [email protected]

RESUMO

Foram realizados 84 exames ultra-sonográficos em 20 fêmeas javalinasde um plantel comercial. Foram observados: saco gestacional, diâmetrotorácico, comprimento cabeça-anca, diâmetro cardíaco e distância crânio-focinho de fetos. Observou-se que entre 22 a 30 dias após a data decobertura, existe um índice de erro (33,33%) nos diagnósticos incorretosde animais como não prenhes, o que passa a não ocorrer mais após os 36dias de gestação. As informações relacionadas com os parâmetros de idadegestacional foram semelhantes às encontradas em suínos.

Palavras-chave: ultra-som, gestação, javali.

Veterinária em foco Canoas v. 2 n.1 maio/outubro de 2004 p.51-58

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ABSTRACT

Ultrasound examination (84) in 20 female wild pigs were done in a co-mercial herd. There were the gestational sac, toracic and cardiac diame-ters, the lenght of fetuses and the distance from nose to the crown. Thepossibility of non-pregnant diagnosis as a wrong result does exists(33,33%) under 30 days after mating, no longer happening after 36 daysof gestation. Results were similar to those found in swines.

Key words: ultrasound, gestation, wild pigs.

INTRODUÇÃO

A criação de javalis vem crescendo em todo o Brasil nos últimos anos. Onúmero de criadores somente no Rio Grande do Sul está em torno de 150,totalizando uma população de aproximadamente 7 a 8 mil animais. Deacordo com este crescimento sentiu-se a necessidade de aprimorar o siste-ma de criação utilizando tecnologias atuais, dentre elas a ultra-sonogra-fia como um meio de diagnóstico de gestação, um método com larga uti-lização nos animais domésticos.

O diagnóstico precoce da gestação em fêmeas suínas apresenta as seguin-tes vantagens: diagnóstico precoce de falhas na concepção, possibilidadede venda de marrãs com certificado de garantia de prenhez, previsão deprodução, descoberta precoce da infertilidade do macho ou de erros demanejo da cobrição (CAVALCANTI et al., 1989), a possibilidade de encon-trar fetos mumificados, endometrites (ALMOND, 1997; MATTEUZZI etal., 1989) e em certas circunstâncias a presença de cisto folicular ovaria-no (MATTEUZZI et al., 1989).

Com este trabalho pretende-se testar a ultra-sonografia como método dediagnóstico gestacional e medir parâmetros fetais para o estabelecimentode idade gestacional em javalis, verificando se consiste em um métodoconfiável de diagnóstico gestacional em javalis, permitindo um acesso vi-sual ao feto por um método não invasivo, analisar o desenvolvimento fe-tal durante o período gestacional, estabelecer a relação entre o tempo degestação com os parâmetros fetais e detectar fêmeas vazias tendo comobase o diagnóstico precoce.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas 20 fêmeas com idade entre 1 e 3 anos, pluríparas, saudá-veis, com bom estado nutricional, identificadas com brincos numerados,correspondendo a 20% do plantel de matrizes do Campo Experimental da

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Universidade Luterana do Brasil (CEULBRA), localizado no município deMontenegro, Estado do Rio Grande do Sul.

As vinte fêmeas utilizadas foram desmamadas dia 1 de setembro de 1999e cobertas no intervalo de 3 a 15 de setembro.

Foram realizados um total de 84 exames ultra-sonográficos, divididos emseis períodos da gestação.

A avaliação ultra-sonográfica foi realizada com um aparelho da marcaTOSCHIBA, modelo SAL – 20 A, com transdutor linear 2,4 MHz.

Para o exame, as fêmeas foram colocadas em um brete em estação e sub-metidas a um cachimbo de contenção (um pequeno laço colocado emvolta do focinho, posteriormente aos caninos, sem envolver a mandíbu-la). Após a aplicação do gel condutor, o transdutor foi posicionado naparede abdominal lateral direita e a varredura realizada nas regiões hi-pogástricas, mesogástricas e epigástricas, envolvendo as regiões púbica eumbilical (JACKSON, 1986; SZENCI et al., 1992). O tempo médio gastopara cada exame ultrassonográfico foi contado a partir da contenção atéa visualização dos parâmetros avaliados.

Durante o exame foram avaliados a presença de estruturas fetais euterinas tais como: o diâmetro do saco gestacional (SG) onde foi con-siderado o maior diâmetro do conteúdo líquido uterino, no sentidoventro-dorsal; o diâmetro do feto (diâmetro torácico) medida da mai-or distância no sentido dorso-ventral nas proximidades do apêndicexifóide fetal; CRL – comprimento cabeça-anca; diâmetro do crânio(distância biparietal - BPD); diâmetro cardíaco (DC) e distância crâ-nio-focinho. Os dados obtidos foram anotados em uma ficha para pos-terior análise.

Os dados foram analisados, e separados em grupos: (a) diagnóstico posi-tivo correto, (b) diagnóstico positivo incorreto, (c) diagnóstico negativoincorreto, (d) diagnóstico negativo correto. A partir disso, a sensibilidade(a/(a+c) x 100), a especificidade (d/(b+d) x 100), valor preditivo para oteste positivo (a/(a+b) x 100) e valor preditivo para o teste negativo (d/(c+d) x 100) do teste foram avaliados. Estatística similar foi utilizada porPiffer et al.(1997).

RESULTADOS

Entre os dias 22 e 30 após a cobertura, 14 animais foram corretamentediagnosticados como prenhes, um de três animais (33,3%) foi correta-mente diagnosticado como não prenhe. Dois animais foram diagnostica-dos como não prenhes incorretamente.

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Dos 36 aos 82 dias após cobertura, em 57 exames (100%) foram correta-mente diagnosticados como prenhes, e em quatro exames um animal (100%)foi diagnosticado em todas as vezes como não prenhe corretamente.

A sensibilidade, especificidade e valores preditivos para os testes são mos-trados na Tabela 2.

Tabela 2. Diagnóstico de prenhez em javalis com trasndutor linear de 2,4MHz

Dias após a cobertura

Grupo e avaliação 22 a 30 36 a 43 51 a 57 64 a 68 70 a 82

Diagnóstico de prenhez correto (a) 14 13 17 13 14

Diagnóstico de prenhez incorreto (b) 0 0 0 0 0

Diagnóstico de não prenhe incorreto (c) 2 0 0 0 0

Diagnóstico de não prenhe correto (d) 1 1 1 1 1

Sensibilidade a/(a+c) x 100 87,5 100 100 100 100

Especificidade d/(b+d) x 100 100 100 100 100 100

Valor preditivo para o teste positivo a/(a+b) X 100 100 100 100 100 100

Valor preditivo para o teste negativo d/(c+d) X 100 33,333 100 100 100 100

Entre os 22 a 30 dias após a cobertura, foi observado o saco gestacionalcom média de 31,6 mm de diâmetro e o corpo fetal com média de 17,7mm.

Dos 36 aos 43 dias de gestação o saco gestacional apresentou média de34,3 mm; o diâmetro do feto 15,2 mm; CRL 32,7 mm, e o diâmetro dacabeça média de 12,7 mm.

Entre os 51 e 57 dias pós cobertura se observa uma média de 36,8 mmpara o saco gestacional, 25,3 mm de diâmetro fetal, 65 mm de CRL, 15,83mm de BPD e 8 mm DC.

Na faixa que corresponde aos 64 a 68 dias após a cobertura foi encontra-do o diâmetro do feto com 27,9 mm de média, o diâmetro da cabeça com19 mm, o coração com 11,8 mm, e a distância crânio-focinho com 30 mmde média.

Na última avaliação, entre os 70 e 82 dias pós cobertura foi observadouma média de 34,78 mm de diâmetro de feto, 27,85 mm de BPD, 16 mmde DC e 44,5 mm de distância crânio-focinho.

Nas duas últimas faixas, entre 64 a 68 dias foi observado movimento fetalacentuado, e na última entre 70 a 82 dias foi identificado o estômagofetal.

O tempo médio em cada exame para todos os 84 exames realizados, con-

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siderado inclusive o dispendido na contensão até a observação dos parâ-metros foi de 5 minutos.

Os valores dos parâmetros medidos e suas médias nas respectivas faixasde idade fetal são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Médias de Parâmetros observados durante o crescimento fetal

Faixas de idade gestacionalParâmetros 22 a 30 36 a 43 51 a 57 64 a 68 70 a 82

Diâmetro de saco gestacional (mm) 12-53x=31,6

22-57x=34,3

21-56x=36,8

Diâmetro do corpo fetal (mm) 12-24x=17,7

11-26x=15,2

21-28x=25,3

25-33x=27,9

25-39x=34,8

CRL Distância cabeça-anca (mm) 27-37x=32,7

65x=65

Diâmetro da cabeça (mm) 11-15x=12,7

13-15x=15,8

12-23x=19

22-33x=27,8

Diãmetro cardíaco (mm) 8x=8

10-14x=11,8

15-17x=16

Distância crânio-focinho (mm) 30x=30

43-46x=44,5

Com relação ao momento mais adequado para observação do parâmetroque permite sua utilização para o diagnóstico de gestação e estimativa daidade gestacional são apresentados na tabela 4 a frequência de ocorren-cia dos parâmetros em cada faixa de idades gestacionais.

Observa-se que o saco gestacional é visualizado entre os 22 a 30 dias degestação, em 76% das fêmeas examinadas, em 46% das fêmeas examina-das entre 36 e 43dias, e 28% na faixa dos 51 aos 57 dias. A partir dos 64dias este parâmetro não é mais observado.

O diâmetro do corpo fetal foi observado em todas as faixas estudadas,apresentando uma frequência de ocorrência de 24% na primeira faixa(22 a 30 dias), e a partir dos 36 dias apresentou uma frequencia de acor-rência superior a 85% até os 82 dias de gestação.

O comprimento cabeça anca (CRL) pode ser medido dos 36 aos 57 dias degestação apresentando uma frequencia de ocorrencia de 65% na primei-ra faixa , e 6% na faixa dos 51 a 57 dias.

O diâmetro da cabeça pode ser medido apartir dos 36 dias até os 82 diasde gestação apresentando a partir dos 64 dias frequencia de ocorrênciasuperior a 50%.

Foi possível observar e medir o diâmetro cardíaco na faixa dos 51 a 57

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dias em 11% das fêmeas examinadas, aumentou para 36% na faixa dos64 a 68 dias, e diminuiu para 14% na faixa dos 70 a 82 dias de gestação.

A distância crânio-focinho pode ser observada e medida a partir dos 64dias de gestação até os 82 dias com uma frequência de ocorrência inferiora 14%.

Tabela 4. Prevalência dos parâmetros observados dentro de cadaperíodo gestacional

Idade gestacional 22 a 30 36 a 43 51 a 57 64 a 68 70 a 82Parâmetrosde idade fetal N° de fêmeas examinadas

17 13 18 14 15

Diâmetro de saco gestacional 1376%

646%

528%

Diâmetro do corpo fetal 424%

1184%

1794%

14100%

1493%

CRL Distância cabeça-anca 865%

156%

Diâmetro da cabeça 431%

633%

750%

750%

Diãmetro cardíaco 211%

536%

214%

Distância crânio-focinho 17%

214%

DISCUSSÃO

Pode ser observado no presente estudo com javalis, que entre 22 e 30 diasa sensibilidade do teste ultrasonográfico, foi de 87,5% e a partir dos 36dias foi de 100%, o que está de acordo com o encontrado em suínos, ondeos embriões podem ser vistos a partir de 21 dias e melhor detectados após25 dias (ALMOND, 1997).

Segundo Szenci et al. (1992), podem ser examinadas aproximadamen-te 50 a 60 fêmeas por hora se estas estão em gaiolas individuais. Nopresente estudo em javalis por apresentarem um comportamento agres-sivo, o tempo médio para a contenção, diagnóstico de gestação e medi-ção dos parâmetros fetais foi de 5 minutos por animal (12 animais porhora).

A observação do estômago fetal entre os dias 70 e 82 após a cobertura,concorda com os achados de Fralnholz et al. (1989) em que descrevem oestômago aos 76 dias com um transdutor de 3,5MHz.

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CONCLUSÃO

Os resultados deste experimento permitem concluir que a ultra-so-nografia é eficiente em fêmeas javali como um meio de diagnósticoprecoce entre 22 e 30 dias de gestação, mas é mais seguro seu usoapós 36 dias.

Os parâmetros de idade gestacional apresentam uma variação de freqüên-cia de ocorrência, indicando que em alguns momentos podem ser melhorobservados.

A identificação e medição de parâmetros, nas respectivas faixas de ida-de gestacional, pode permitir uma estimativa da idade gestacional emjavalis.

O tempo de exame foi bastante superior ao observado em suínos, o quepode ser justificado pelo temperamento dos animais.

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Avaliação do Crescimento Inicialde Ara Ararauna CriadasManualmente com DiferentesRações ComerciaisEvaluation of Initial Growing Performance of Handly Breeds AraArarauna with Different Kinds of Commercial Diets

Allgayer, Mariangela da Costa – Bióloga, Med. Vet., MSc. Professorado Curso de Medicina Veterinária da ULBRA - RS. Criadouro Asas doBrasil, Novo Hamburgo RS.

Gabrielli, Elisabete – Eng. Agr., MSc. Professora do Curso de MedicinaVeterinária da ULBRA RS.

Pereira, Rosecler Alves - Med. Vet., MSc. Professora do Curso deMedicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo RS.

Allgayer, Mara Beatriz de Souza – Enf., Criadouro Asas do Brasil,Novo Hamburgo RS.

Data de recebimento: 10/08/04

Data de aprovação: 15/09/04

Endereço para correspondência: Mariangela Allgayer. Av. Miguel Tostes, 101, Prédio 25 ULBRA,Canoas RS - e-mail: [email protected]

RESUMO

A disponibilidade de rações comerciais nacionais específicas para aves sil-vestres é muito pequena, quando comparada ao consumo potencial, pois, apartir da normatização da criação e comercialização destas aves, o númerode criadores comerciais aumentou significativamente. Uma alimentaçãocorreta é de grande importância e a indústria nacional tem disponibilizadoalguns produtos destinados a suprir as necessidades nutricionais das maisvariadas espécies de aves, entretanto, muitos desses produtos ainda care-cem de informações sobre o desempenho animal proporcionado com a sua

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utilização. Neste trabalho, os filhotes de Ara ararauna foram submetidos,durante os 10 primeiros dias de vida, a três diferentes tipos de rações, sendouma nacional e duas importadas para a verificação do seu desempenho. Osresultados obtidos evidenciaram uma grande diferença no desempenho dosfilhotes, sendo que das rações utilizadas, a nacional mostrou os piores re-sultados ao final do período. Uma das razões mais comuns para o baixocrescimento de araras é o insuficiente valor nutricional do alimento e ava-liando as características nutricionais das rações utilizadas, percebe-se queo nível de Extrato Etéreo (EE) das rações importadas é superior ao da naci-onal. Este fato justifica os resultados alcançados e converge com informa-ções técnicas obtidas, que recomendam um nível de 15% a 18% de EE paraararas nos primeiros 15 dias de vida.

Palavras-chave: Ara ararauna, filhotes, crescimento inicial, ração co-mercial.

ABSTRACT

The supply of commercial diets to Brazilian wild birds is relatively smallwhen compared to the potential demand, because after the breeding andselling bill, the number of commercial breeders has risen significantly. Acorrect feeding is very important and the Brazilian industry has offeredproducts to fulfill the nutritional requirements of several species of wildbirds. Meanwhile, many of those products give not enough informationabout animal performance based on their use. In this work, Ara araraunababies macaws were submitted, during their first 10 days of life, to threedifferents kinds of food, in order to test their performance. One was pro-duced in Brazil and the other two were imported. The results pointed to abig difference between the performances, specially related to the Brazili-an food, that ranked the worst results. One of the most common reasonsto the macaw poor growing is the insufficient nutritional value of thefood and, analyzing the nutritional characteristics of the commercial di-ets, itis clear the higher level of fat in the imported food, when comparedto the national one. This fact justifies the results reached and agrees withtechnical information obtained that recommend to use levels of 15-18%of fat to the macaws in their first 15 days of life.

Key words: Ara ararauna, babies macaws, initial growing, commercialdiet.

INTRODUÇÃO

A criação manual de aves estava em prática quando Cristóvão Colombochegou no Novo Mundo, em 1492, e era também conhecida no Pacífico,

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no ano de 1519, quando Fernão Magalhães embarcou para a Espanhapara circunavegar o globo. Estas citações demonstram que a criaçãomanual não é uma descoberta da avicultura moderna, pois tem sido pra-ticada há muitos séculos. Segundo Moraton (2001), a avicultura moder-na tem meramente refinado a Arte tornando-a uma Ciência.

No Brasil, atualmente, há uma tendência ao crescimento do número decriadores capacitados a desenvolver a criação manual de filhotes de psi-tacídeos. Não obstante, um dos fatores limitantes para a adequada cria-ção manual de psitacídeos no País é a disponibilidade comercial de raçõesnacionais específicas para estas aves, sendo que, normalmente, é neces-sário importar as dietas utilizadas para os filhotes (CUBAS et al., 2003).

A indústria nacional tem disponibilizado alguns produtos destinados asuprir as necessidades nutricionais das mais variadas espécies de aves.Entretanto, muitos desses produtos, por serem novos no mercado, care-cem de informações sobre o desempenho animal proporcionado com asua utilização.

Este trabalho teve como objetivo avaliar o consumo diário de alimento e oganho de peso de filhotes de Ara ararauna durante a fase de crescimentoinicial, comparando-se três rações comerciais distintas, sendo duas im-portadas e uma de origem nacional.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os Psittaciformes estão distribuídos por toda a zona tropical, podendoatingir até regiões mais frias como a Patagônia (FORSHAW, 1978). O Bra-sil é o país que possui o maior número de representantes desta família,possuindo 70 espécies de animais (FORSHAW, 1978; SICK, 1997). Os psi-tacídeos formam uma das ordens mais características da classe, com plu-magem bastante colorida, porém sem dimorfismo sexual, de tamanhosvariáveis e inteligentes (SICK, 1997).

Os psitacídeos são bastante populares como animais de estimação e re-presentam, atualmente, uma das famílias de aves mais ameaçadas emtodo o mundo (DESENNE e STRAHL, 1994), em função do tráfico ilegal eda destruição dos habitats. Segundo Bianchi (1998), a exuberante colora-ção de sua plumagem e a fácil adaptação ao cativeiro faz com que o valorcomercial de representantes desta ordem torne-se alto, incentivando acaptura e a comercialização em todo o globo.

No Brasil, não há registros sobre a quantidade destas aves que estãodomiciliadas e acredita-se que, apesar de ser proibida a criação de ani-mais da fauna brasileira sem permissão do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), grande número de

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papagaios, periquitos, jandaias e maritacas sejam criados e mantidoscomo aves de estimação. Segundo Beissinger e Snyder (1992), entre 1988e 1992, mais de 1,8 milhões de psitacídeos entraram ilegalmente no co-mércio internacional.

Na natureza os psitacídeos têm sido encontrados consumindo uma gran-de variedade de alimentos, incluindo frutas, bagas, flores, brotos de plan-tas, legumes insetos, larvas e sementes, podendo alguns consumir par-tes de mais de 80 espécies vegetais (ULLREY et al., 1991). Segundo Car-ciofi (1996), devido à falta de conhecimento das necessidades nutricio-nais destes animais, têm-se recorrido às informações disponíveis na avi-cultura comercial para elaboração de suas dietas. No entanto, como aavicultura comercial compreende os anseriformes e os galináceos, quesão muito diferentes dos psitacídeos, esta metodologia é falha para serusada com segurança. Rupley (1999), confirma que não se conhecemas necessidades nutricionais exatas dos filhotes de psitacídeos, mas, quese têm utilizado testes de campo para determinar as dietas nas quais asaves desenvolvem-se bem, através da sua longevidade e da perpetuaçãodo sucesso reprodutivo.

Filhotes de psitacídeos podem ser criados manualmente, desde que se dis-ponibilize condições ideais, pois as instalações e a nutrição afetam pro-fundamente sua saúde. Os psitacídeos criados manualmente não têm medodo homem e são ideais como animais de estimação, pois são dóceis efreqüentemente falam antes do desmame, sendo facilmente absorvidospelo mercado legal de aves.

Atualmente, a criação manual de psitacídeos com dietas formuladascomercialmente é uma prática comum em países com avicultura orna-mental desenvolvida. Existem no comércio produtos a base de misturade grãos, adicionados de suplementos vitamínicos-minerais, que são re-comendados pelos fabricantes como dietas completas e balanceadas, masainda há certa controvérsia sobre sua eficiência, em função da diferenteseletividade das aves, que consomem determinados itens e rejeitam to-tal ou parcialmente outros (CARCIOFI, 1996). Uma alimentação corre-ta é o fator mais importante em todos os estágios fisiológicos dos psita-cídeos, com fundamental importância nas fases de crescimento e repro-dução (SAAD et al. 2002).

Segundo Cubas et al. (2003), no Brasil, as dietas balanceadas para filho-tes de psitacídeos são normalmente importadas e de difícil obtenção. Adisponibilidade de rações comerciais nacionais específicas para aves or-namentais é muito pequena quando comparada ao consumo potencial,pois a partir de 1997, com a publicação das Portarias 117 e 118 do IBA-MA, que normatizam a criação e comercialização de animais silvestres, onúmero de criadores comerciais destas espécies aumentou significativa-mente, fazendo com que, muitas vezes, sejam utilizadas rações para ani-mais domésticos, como rações para cães e para aves em postura.

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A criação manual dos filhotes tem sido parte da razão de sucesso emprojetos de conservação de algumas espécies, pois a ave criada artifici-almente pode ser reintroduzida no ambiente natural. Algumas espécies,como Nestor meridionalis na Nova Zelândia, o papagaio Amazona bar-badensis nas Ilhas Margarita, Venezuela e a arara macau Ara macao noPeru (SANZ e GRAJAL; HOLLAND e COLLEM, e BRIGHTMITH apudMORATON, 2001) foram integradas ao ambiente natural e reproduzi-ram-se com sucesso.

Parâmetros físicos e de desenvolvimento podem ser observados paradeterminar se as aves estão crescendo a uma taxa considerada razoá-vel, pois quando as aves recebem dietas balanceadas em quantidadesadequadas usam-na de forma eficiente para o ganho de peso, entre-tanto, aquelas que recebem dietas deficientes apresentam baixa taxade crescimento e, segundo Roudybush, apud Altman et al. (1997), éalta a quantidade de alimento necessária para cada unidade de ganhode peso. Rupley (1999) afirma que a avaliação do peso corporal emfilhotes pode refletir um problema bem antes que outros sinais clínicossejam evidentes.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi executado em um criadouro comercial particular,denominado Criadouro Asas do Brasil, localizado no município de NovoHamburgo, RS, onde foram avaliadas araras canindé (Ara ararauna - Psit-tacidae) quanto ao seu desempenho inicial.

Segundo o manejo adotado no criadouro, foram utilizados nove filhotesde Ara ararauna incubados artificialmente e criados manualmente desdeo primeiro dia de idade. Durante o trabalho, os filhotes foram pesados aonascer e diariamente (FIGURA 1) antes da primeira refeição matinal, ve-rificando se o inglúvio (papo) estava completamente vazio.

Foram utilizadas duas rações importadas, denominadas de A e B, e umaração nacional disponível no comércio. Estas rações eram diluídas emágua, aquecidas a 38 -42°C uniformemente em banho-maria e oferecidaaos filhotes por meio de seringas individuais (FIGURA 2).

A ração utilizada, a diluição, o consumo diário e a freqüência da alimen-tação foram registrados nas fichas individuais permitindo a avaliação dosresultados.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no presente trabalho evidenciaram uma grande di-ferença no desempenho dos filhotes de Ara ararauna, que apresentarampeso médio inicial de 20,56g (s=1,33g) e, ao final do período de 10 dias,pesavam 55,43g (s=8,52g). Das rações utilizadas, a nacional mostrou ospiores resultados ao final do período (peso médio 44,0 g) em relação àsrações importadas (59,7g e 60,5g), como pode ser verificado na Figura 3.Uma das razões mais comuns para o baixo crescimento de araras é oinsuficiente valor nutricional do alimento.

Figura 1 – Filhote de Ara ararauna sendo pesado antes da primeira alimentação.

Figura 2 – Alimentação do filhote de Ara ararauna com auxílio de seringa descartável.

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As fórmulas caseiras de alimentação para estes animais variam grande-mente quanto à sua composição nutricional e aos ingredientes utilizados.As formulações comerciais variam de 16 a 20% de proteína, 3 a 15% degordura e 2 a 10% de fibra na sua composição, portanto a escolha de qualformulação utilizar deve ser bastante criteriosa (ABRAMSON et al., 1995).

Ao avaliar as características nutricionais das rações utilizadas, percebe-seque o nível de Extrato Etéreo (EE) das rações importadas é superior (emtorno de 12% de EE) ao da nacional, que apresenta em torno de 10% de EE.Segundo Abramson et al. (1995), as araras na vida selvagem alimentam-secom dietas ricas em carboidratos e gorduras, mas com baixos teores deproteína e, o autor afirma que uma das razões mais comuns para os ani-mais perderem peso é o insuficiente valor nutricional do alimento, cominadequados níveis de nutrientes específicos, como carboidratos, gordura,etc. A falta de ganho de peso ou uma perda de peso indicam, inclusive, anecessidade de um exame físico completo e de testes diagnósticos, confor-me necessário, para determinar a etiologia do problema (RUPLEY, 1999).

O fato das rações importadas permitirem um maior peso dos filhotes aos 10dias de vida, quando comparadas à ração nacional, é justificado pela bibli-ografia e converge com informações técnicas obtidas, que recomendamum nível de 15% a 18% de EE para araras nos primeiros 15 dias de vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sucesso da criação comercial de psitacídeos está vinculado ao uso dacriação manual do filhote, pois, possibilita a produção de um maior nú-mero de filhotes por casal e a obtenção de aves dóceis e fáceis de seremadaptadas ao convívio doméstico. A criação manual de psitacídeos comdietas formuladas comercialmente é uma prática comum em países comavicultura ornamental desenvolvida e está evoluindo rapidamente no Bra-sil. A produção de rações comerciais nacionais adequadas às necessida-des nutricionais dos filhotes das diferentes espécies aviárias apresenta uma

0,0

35,0

70,0

1 3 5 7 9Dias

Peso

méd

io (g

)Ração NacionalImportada 1Importada 2

Figura 3 - Desempenho comparativo das três rações comerciais utilizadas em filhotes de Araararauna nos 10 primeiros dias de vida.

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grande possibilidade de viabilizar técnica e economicamente a criaçãomanual em ampla escala de aves ornamentais no País.

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Retirada Cirúrgica de um CistoDentígero (odontoma) em um Equino(Equus caballus) - Relato de CasoSurgical Removal of a Dentigerous Cyst (odontoma) on a Horse (Equuscaballus) - Clinical Case

Maia, Jussara Z.- Médica Veterinária - Mestre - Professora do Curso deMedicina Veterinária da Universidade Luterana do Brasil - Canoas – RS.

Witz, Maria Inês - Médica Veterinária - Mestre- Professora do Cursode Medicina Veterinária da Universidade Luterana do Brasil- CampusCanoas – RS.

Rodrigues, Paulo R. C.- Médico Veterinário - Especialista - Professordo Curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana do Brasil-Canoas – RS.

Gonzales, Rosalina R- Médica Veterinária, cirurgiã dentista, Mestre- Professora do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil- Canoas – RS.

Data de recebimento: 10/08/04

Data de aprovação: 29/09/04

Endereço para correspondência: [email protected]

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo descrever o procedimento cirúrgicopara a exérese de um odontoma temporal em um eqüino. Este paciente foiatendido no Hospital Veterinário com histórico de um ponto de drenagemna região ventral à pina esquerda. Já haviam sido realizados diferentes tra-tamentos clínicos tópicos e sistêmicos, os quais não apresentaram resulta-dos positivos. Após avaliação clínica e radiográfica o paciente foi encami-nhado ao setor cirúrgico com o diagnóstico de cisto dentígero temporal.

Palavras-chave: cisto dentígero, odontoma temporal, polidontia hete-rotópica.

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ABSTRACT

The purpose of the present study is to describe the surgical removal of adentigerous cyst from a horse. This patient came to the Veterinary Hospi-tal of Lutheran University of Brazil (ULBRA) with a history of a ventraldraining point on the left side. It had been treated previously with topicand systemic medication without positive results. The patient was sent tosurgery after clinical and radiographic examination when it was diagno-sed dentigerous cyst.

Key words: dentigerous cysts, temporal odontoma, heterotopic polydontia.

INTRODUÇÃO

A retenção de células epiteliais dentro do alvéolo dentário, associada anão erupção de um dente após a formação de sua raíz, pode resultar naformação de um cisto dentígero localizado distante dos alvéolos, sendo osítio mais comum para sua ocorrência a região temporal (KNOTTEN-BELT,1999). Embora os cistos dentígeros sejam discutidos amplamentena literatura veterinária, alguns autores descrevem como sendo entida-des encontradas perto da região temporal em eqüinos jovens (LOBPRISE& WIGGS, 1992). Para Pence & Wilewski (2002) os cistos ósseos são rarosem eqüinos, porém de maior prevalência em animais jovens ou adultosjovens do que em animais velhos.

Segundo Pence & Wilewski (2002) estas estruturas são compostas pordiferentes quantidades de tecido dentário dentro de uma estrutura císti-ca, a qual possui uma linha epitelial secretora, que produz uma secreçãomucóide e que drena através de um trato fistuloso.

Gibs (1999) afirma que as radiografias contribuem para uma localizaçãocorreta da lesão bem como para uma melhor avaliação pré-operatória dotamanho e das estruturas que envolvem a lesão. Para Knottenbelt & Pas-coe (1994) as radiografias podem evidenciar a presença de uma estruturadentária aberrante a qual pode estar firmemente articulada ao crânio ouenvolvida em uma estrutura cística e em outros casos pode aparecer con-tornada por tecido ósseo formando um aparente alvéolo.

Verstreate (1999) recomenda a remoção de odontomas cirurgicamenteatravés de excisão intra-capsular. Para Thomassian (1996) o tratamentodefinitivo está baseado na extração cirúrgica do tecido dentário com opaciente sob anestesia geral, e deve ser realizada para evitar o desenvolvi-mento de sérias infecções as quais já foram observadas em alguns casos(PENCE & WILEWSKI, 2002).

Segundo Eisenmenger & Zetner (1982) a técnica consiste na introdução

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de uma sonda na fístula, e realiza-se uma incisão ao redor do trato fistu-loso até o osso temporal. A extração das estruturas envolvidas é feita se-guida de curetagem do local seguida de sutura dos planos anatômicos. Aretirada total da bolsa cística é de extrema importância para que nãoocorram complicações pós-operatórias.

RELATO DO CASO

Um eqüino, macho, 3 anos de idade foi atendido no Hospital Veterinário daULBRA com histórico de uma fístula drenante na base da orelha esquerda(Figura 1). O diagnóstico de odontoma foi firmado através da anamnese,sinais clínicos e de raio-x da face, no qual a estrutura dentária foi visualiza-da na região temporal esquerda. Após avaliação clínica o paciente foi enca-minhado ao centro cirúrgico para a realização da remoção do odontoma.

O paciente foi mantido sob anestesia geral inalatória, em decúbito lateraldireito, para realização do procedimento cirúrgico. Efetuada a antissep-sia foi introduzido estilete no canal fistuloso até atingir o odontoma loca-lizado no osso temporal, após foi realizada incisão elíptica envolvendo oóstio do sínus, seguida de divulsão romba do trato drenante chegando atéo odontoma (Figura 2). Neste momento foi realizada a remoção dos teci-dos alterados com o auxílio de osteótomo e goiva de Stille-Luer para frag-mentos aderidos ao osso temporal (Figura 3). O fechamento da feridacirúrgica ocorreu através do uso de fio sintético inabsorvível em padrãode sutura isolado simples, no subcutâneo e na pele.

O pós-operatório constou do uso de penicilina procaína 40.000 UI/kg/SID por 7 dias e de flunexim meglumine 1,1mg/kg/SID por 5 dias. A recu-peração do paciente ocorreu sem complicações pós-cirúrgicas.

Figura 1 - Aspecto do equino apresentando secreção mucosadrenada através do trajeto fistuloso do odontoma.

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CONCLUSÃO

Os odontomas são patologias características do desenvolvimento embrio-nário e tem o aparecimento dos sinais clínicos ainda durante o crescimentodos animais. O tratamento cirúrgico com a remoçâo de toda a bolsa císticaé considerado soberano quando comparado com as terapias conservadorasque se baseiam no uso de antibióticos e antiinflamatórios ocorrendo me-lhora ou desaparecimento dos sinais clínicos durante a terapia .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GIBBS, C. Dental Imaging. In: Equine Dentistry. W. B. Saunders: London.p. 139 – 169. 1999.

Figura 3 - Aspecto do local após a remoção do odontoma.

Figura 2 - Exposição do odontoma no osso temporal.

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Manejo Reprodutivo do Puerpériona ÉguaReproductive Management of First Postpartum Cycle in the Mare

Malschitzky, Eduardo – Médico Veterinário – Mestre Veterinárias-Professor da Universidade Luterana do Brasil; Doutorando – REPROLAB–UFRGS

Mattos, Rodrigo C. – Médico Veterinário – Pós-Doutor – Professor daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Data de recebimento: 17/08/04

Data de Aprovação: 28/09/04

Endereço para correspondência: Eduardo Malschitzky. Rua Gávea, n° 539,Ipanema, Porto Alegre / RS, 91761-040 – e-mail: [email protected]

RESUMO

A égua apresenta um cio ovulatório e fértil poucos dias após o parto. Estecio, conhecido como cio do potro, inicia sete a oito dias após o parto e aovulação ocorre entre 10 e 13 dias.. A fertilidade do cio do potro é consi-derada inferior a de cios subseqüentes por vários autores. Trabalhos maisrecentes, no entanto, têm demonstrado taxas de prenhez similares entreo cio do potro e os demais ciclos. Taxas maiores de morte embrionáriatambém são relatadas em éguas cobertas no cio do potro. O objetivo destetrabalho é revisar diferentes práticas de manejo para melhorar a taxa defertilidade do cio do potro e reforçar a validade da utilização deste ciclo.

Palavras-chave: Égua, Cio do Potro, Fertilidade, Manejo Reprodutivo,Endometrite Persistente Pós-cobertura, Inseminação Artificial.

ABSTRACT

The mare shows an ovulatory, fertile estral cycle few days after parturiti-on. This cycle, known as foal heat, begins 7 to 8 days after parturition and

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ovulation takes place between days 10 and 13. The fertility rate duringthis cycle is considered inferior to those occurring in subsequent cycles.Higher embryonic death rates have been reported in mares bred duringthe foal heat. Different management techniques to improve postpartumfertility in the mare were reviewed.

Key words: Mare, Foal Heat, Fertility, Reproductive Management, Arti-ficial Insemination, Persistent Post-breeding Endometritis.

INTRODUÇÃO

A égua apresenta como particularidade a ocorrência de um cio fértil pou-cos dias após o parto. Este primeiro cio é internacionalmente conhecidocomo cio do potro e, para efeitos de literatura, é o cio que inicia até o 18o

dia após o parto.

A gestação da égua é longa, com uma duração média de 335-342 dias,com grandes variações. Portanto, para se atingir a meta de um potro porano, a égua deve conceber novamente num período de 25 a 30 dias apóso parto. Além disso, o mercado atual, especialmente no cavalo de corrida(PSC), valoriza mais potros nascidos no início da temporada reprodutivaoficial (1o de julho até 31 de dezembro, no Hemisfério Sul) - meses deinverno e início da primavera, que não correspondem à estação reprodu-tiva fisiológica da espécie eqüina.

Muita controvérsia existe quanto à fertilidade do cio do potro e mesmoquanto a validade de sua utilização em rebanhos comerciais, sendo consi-derado que a fertilidade do cio do potro é de 10 a 30 % menor do que a decios subseqüentes. Enquanto éguas com potro ao pé representam aproxi-madamente 50-55% do plantel de reprodutoras de um haras, somente3,1% das pesquisas em ginecologia eqüina são destinadas a esta catego-ria. A dificuldade para a pesquisa está basicamente relacionada à falta derebanhos comerciais disponíveis para a realização de experimentos e aoimpedimento à realização de certos procedimentos, em função da presen-ça do potro (GINTHER, 1992).

Várias técnicas de manejo e diferentes tratamentos são testados e /ouutilizados para melhorar a fertilidade do primeiro cio pós-parto e, em tra-balhos recentes, os resultados são mais favoráveis.

PUERPÉRIO

O puerpério é o período que vai desde o parto até o retorno do útero à suacapacidade de iniciar e manter uma nova gestação (GINTHER, 1992).

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Durante este período, ocorre a involução uterina e o retorno dos ováriosde uma situação de quase inatividade à ciclicidade. As alterações endócri-nas que ocorrem no final da gestação preparam o útero para as fortescontrações que provocam a expulsão do feto e auxiliam a liberação daplacenta e a involução uterina (MCKINNON et al., 1988). Com a quedados níveis de progesterona pouco antes do parto e o aumento gradativodo estrógeno nos dias seguintes ao parto, há um favorecimento da involu-ção uterina. Histologicamente, o útero está com aparência pré-gravídicaaos 14 dias pós-parto e esta regeneração é a base para que a égua sejacapaz de conceber no cio do potro (ROCHA et al., 1996).

O período entre o parto e a primeira ovulação pode também ser chamadointervalo pós-parto (GINTHER, 1992).

Involução uterina.

O aumento de estrógenos circulantes devido ao crescimento folicular quese inicia a partir do 5º dia estimula uma leucocitose e a fagocitose porneutrófilos e macrófagos na luz e nos tecidos uterinos (VANDEPLASHE etal., 1983).

Em termos gerais, o útero encontra-se completamente involuído (cornosuterinos simétricos) 23 dias (MCKINNON et al., 1988) após o parto nãocomplicado (MERKT & GÜNZEL, 1979). Ao exame ultra-sonográfico, ob-serva-se um aumento da quantidade de líquido na luz uterina entre o 2º e5º dia pós-parto, ocorrendo redução no volume e melhora na qualidadeaté o 9º dia e desaparecimento após o 15º dia. Histologicamente, o úteroapresenta aparência pré-gravídica a partir do 14º dia após o parto. A in-volução uterina é favorecida pela queda nos níveis de progesterona, queocorre antes do parto, e pelo aumento dos níveis de estrógeno, nos diasseguintes ao parto, e que leva, também, à estimulação dos mecanismosde defesa do endométrio (GINTHER, 1992).

Avaliação Clínica da Involução Uterina

Uma vez que a involução uterina incompleta é considerada como causados menores índices de fertilidade observados no cio do potro, a decisãoquanto à validade de se utilizar este cio deve ser baseada na avaliaçãoclínica individual do grau de involução. Através do exame ginecológico,busca-se parâmetros de valor prognóstico quanto à fertilidade, que facili-tem a decisão.

Palpação retal: Durante os primeiros dias após o parto, o útero apresentauma enorme redução em seu tamanho. Doze horas após, o corno gestan-te apresenta-se apenas 1½ vezes o tamanho do corno não gestante. No 7°

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dia pós-parto, o volume uterino é apenas de 2 a 3 vezes àquele do úteropré-gravídico. O diâmetro uterino foi avaliado em 152 éguas PSC, visandorelacionar esta medida com a fertilidade (MATTOS et al., 1995). Uma bai-xa relação entre a taxa de prenhez e o diâmetro uterino foi observada(p<0.07). No entanto, quando considerado o diâmetro uterino em rela-ção à idade, observou-se que éguas jovens (<10 anos), com diâmetro ute-rino superior a 90 mm apresentaram uma taxa de prenhez significativa-mente menor do que éguas da mesma faixa etária, porém com diâmetrouterino < 90mm. Esta diferença não foi observada entre éguas mais ve-lhas (> 10 anos). Um retardo na involução uterina em éguas primíparasfoi também observado por RICKETTS (1987), com um número considerá-vel destas ficando vazias ao final da temporada de monta em que pariramseu primeiro produto, apesar da pouca idade.

Ultra-sonografia: Além de complementar e facilitar o controle folicular, oexame ultra-sonográfico permite a identificação de quantidades peque-nas de fluído uterino, o que não é possível apenas por palpação retal.Através da ultra-sonografia, pode-se evidenciar um aumento da quanti-dade de fluido intra-uterino nos dois dias que sucedem ao parto, comuma redução na quantidade e melhora na qualidade (redução da viscosi-dade e da turbidez) a partir do 5º dia, havendo uma significativa diminui-ção no 7º dia. Pouco fluído é visualizado no 9º dia e nenhum líquido édetectado na luz uterina a partir do 15º dia pós- parto (MCKINNON et al.,1988; GINTHER, 1992).

A presença de fluído intra-uterino (FIU) parece influenciar negativamen-te a prenhez do cio do potro (MCKINNON et al., 1988).

Em experimento realizado com 214 éguas PSC (MALSCHITZKY et al., 2002),no entanto, não foram observadas diferenças nas taxas daquelas que apre-sentaram FIU durante o cio do potro (5° dia pós-parto até a cobertura) edas que não apresentaram FIU. Por outro lado, foi observado que uma maiorproporção de éguas que apresentou líquido durante o cio, apresentou FIUtambém após a cobertura, conforme pode-se observar na Tabela 1. Alémdisso, a presença de FIU durante o cio do potro aumenta o risco de morteembrionária. Éguas que apresentaram fluído tiveram uma taxa de morteembrionária significativamente maior (30,5%) do que éguas que não ti-nham FIU durante o cio do potro (11,1%) (MALSCHITZKY et al., 2003) .

Tabela 1: Ocorrência de FIU após a cobertura em éguas com e sem FIU duranteo cio do potro

FIU pré-cobertura Éguas FIU pós-cobertura(36-48h)

(n) n %Presença 57 20 35.1a

Ausência 73 11 15.1b

Letras diferentes (a, b) na coluna, indicam diferença significativa(p<0,01; 2= 7.06)

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A presença de líquido intra-uterino 36-48 horas após a cobertura, porsua vez, resultou em taxas de prenhez aos 12 dias significativamente me-nores do que a de éguas sem FIU neste momento, mesmo com a realiza-ção de tratamentos para a retirada do líquido.

Exame Bacteriológico: O parto é sempre um momento de contaminaçãouterina. Os principais agentes encontrados no útero durante a involuçãouterina são Escherichia coli e Streptococcus zooepidemiccus (ROCHA et al.,1996). Geralmente, a quantidade de bactérias é reduzida entre os dias 2 e9 pós-parto. A proporção de E.coli tende a ser maior no início do puerpé-rio, diminuindo gradativamente antes do cio. A quantidade de S. zooepi-demiccus em geral aumenta com o passar dos dias, atingindo o pico decrescimento por volta do 5o dia. Estas proporções são muito influenciadaspelo fechamento vulvar (PASCOE, 1993).

Amostras coletadas de 22 éguas, no dia da cobertura, resultaram em cul-turas positivas em 81% das amostras, sem haver influência negativa noresultado de prenhez aos 18 e 42 dias. Este resultado reforça a idéia deque trata-se somente de contaminação uterina, não caracterizando, ne-cessariamente, uma infecção (ROCHA et al., 1996). A rápida involuçãouterina provavelmente seja a responsável pelo não estabelecimento deuma infecção puerperal.

Exame Citológico: Durante o período pós-parto, predominam neutrófilose macrófagos em “swabs” uterinos. Foi demonstrado que a presença decélulas inflamatórias em amostras coletadas no dia da cobertura influen-cia negativamente a prenhez (taxas de prenhez aos 18 dias de 3,3% e64%, respectivamente para éguas positivas e negativas)(MATTOS et al.,1984). Na cobertura no cio do potro, no entanto, este efeito parece nãoocorrer. Em 45 éguas PSC coletadas no dia da 1a cobertura, foram obtidasamostras positivas em 52%, sem que houvesse influência sobre a taxa deprenhez (ROCHA et al., 1996) O método de coleta talvez possa influenciareste resultado. Quando o exame citológico foi realizado com amostrascoletadas por lavagem uterina de pequeno volume, o número de neutró-filos foi significativamente maior em éguas cobertas no cio do potro dasquais não se coletou embriões, porém o número de amostras foi pequenopara confirmar este achado (REILAS, 2002).

Biópsia Endometrial: Éguas que falharam em emprenhar no cio do potroapresentaram uma quantidade significativamente maior de neutrófilosno exame histopatológico do endométrio, coletado no 5o dia pós-parto,em comparação com éguas que emprenharam neste cio. Porém, o custo eo tempo necessário para a realização do exame, dificultam sua utilizaçãocomo método auxiliar para a decisão quanto à cobertura (REILAS, 2002).

Exame Bioquímico do FIU: A presença de mediadores inflamatórios (Li-sozima e Plasmina), em amostras uterinas coletadas através de lavagemcom pequeno volume, resultou em um número menor de embriões doque aquele de éguas cujas amostras não apresentavam tais enzimas. Ape-

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sar dos resultados, o pequeno número de animais utilizados impossibili-tou a conclusão quanto a validade destes indicadores como meios paraprognóstico de fertilidade do cio do potro. Porém a correlação da presen-ça das enzimas com a quantidade de neutrófilos reforça a idéia de queuma inflamação endometrial persistente seja responsável pelos baixosíndices de prenhez muitas vezes observados durante o cio do potro (REI-LAS, 2002). Mais estudos devem ser realizados para avaliar a possibilida-de do uso rotineiro destes testes no manejo reprodutivo da égua

FERTILIDADE DO CIO DO POTRO

A validade de se utilizar a cobertura no cio do potro tem gerado contro-vérsia, com vários autores tendo demonstrado uma fertilidade entre 11 e30 % menor neste cio do que em cios subseqüentes (GINTHER, 1993;MERKT & GÜNZEL, 1979). Outros autores, porém, não encontraram di-ferenças significativas nas taxas de prenhez de éguas cobertas no primei-ro e nos demais cios pós-parto (MALSCHITZKY et al., 2002; ROCHA et al.,1996). Uma maior taxa de morte embrionária nas éguas cobertas no ciodo potro, comparadas àquelas cobertas nos cios seguintes, também temsido relatada (MERKT & GÜNZEL, 1979; BELL & BRISTOLL, 1987). Asrazões para esta menor taxa de prenhez e maior incidência de morte em-brionária não estão completamente elucidadas, porém é provável que sedevam a uma involução uterina mais lenta ou menos efetiva e a umamenor eficiência dos mecanismos de defesa uterina contra a contamina-ção bacteriana (ROCHA et al., 1996). Resultados mais recentes, no en-tanto, não observam esta diferença. As divergências entre os resultadossão atribuídas a diferenças entre protocolos ou entre o manejo. A fertili-dade do cio do potro é muito influenciada pelo manejo.

Influência do manejo na fertilidade

Conformação Perineal: A importância da vulva como mecanismo de defe-sa contra infecções uterinas na égua foi ressaltada pela primeira vez porCaslick (1937), quem descreveu também os bons resultados sobre a ferti-lidade com a realização da sutura dos lábios vulvares..

A conformação perineal sofre grande influência da idade, tendo-se de-monstrado que éguas com boa conformação podem necessitar de suturaapós alguns anos e um certo número de parições (PASCOE, 1979). O au-tor demonstrou também a influência da condição corporal sobre o fecha-mento vulvar. Éguas em má condição corporal têm maior probabilidadede apresentar pneumovagina devido à redução do tecido adiposo na re-gião vulvar e na musculatura (PASCOE, 1979).

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Estudando a conformação perineal de 9020 éguas, Pascoe (1979) chegoua um índice (denominado Índice Caslick), no qual relacionou o ângulo deinclinação da vulva com o comprimento da fenda vulvar entre o nível doassoalho da pelve e a comissura dorsal da vulva. O índice permite selecio-nar éguas que devem ser submetidas à sutura dos lábios vulvares a fim demelhorar seu desempenho reprodutivo. Ficou demonstrado também o efeitoda conformação perineal sobre a taxa de prenhez, sendo que as éguasclassificadas como candidatas à vulvoplastia apresentaram um índice deprenhez significativamente menor do que aquelas que não necessitariamcirurgia, ou daquelas que já haviam sido suturadas anteriormente. Arealização da sutura dos lábios vulvares até o nível do assoalho da pelveem éguas com grande angulação e abertura vulvar eleva a taxa de pre-nhez dessas éguas a níveis semelhantes àqueles obtidos com éguas cujaconformação não requer a correção cirúrgica. A realização da sutura doslábios vulvares em até 48 horas após o parto melhorou significativamentea taxa de prenhez (66%) em éguas cobertas no cio do potro, quando com-parados os resultados aos obtidos com éguas suturadas somente após acobertura no cio do potro (34 %) (PASCOE, 1993).

Condição Corporal: A importância da condição corporal no desempe-nho reprodutivo das éguas foi consistentemente demonstrada primeira-mente por Henneke et al. (1984), que compararam a eficiência repro-dutiva de éguas mantidas em diferentes classificações de condição cor-poral. Os autores concluíram que a condição corporal, embora não in-fluencie o peso e altura do potro do nascimento aos noventa dias devida, interfere no intervalo entre o parto e a ovulação, tanto no cio dopotro como no segundo cio pós-parto. Éguas que pioram a condiçãocorporal nos últimos três meses de gestação apresentam um retardo na1ª e na 2ª ovulação pós-parto e, embora não tenha havido diferençasignificativa na taxa de prenhez do cio do potro, apresentaram menoresíndices de prenhez no 2º e 3º ciclos pós-parto. Um suprimento adequadode energia, após o parto, buscando melhorar as reservas de gordura,pode exercer uma influência positiva na eficiência reprodutiva nas éguasque parem em baixa condição corporal, porém a manutenção em mácondição resultou também numa alta taxa de mortalidade embrionáriaentre os 60 e 90 dias de prenhez. Os resultados indicam que a reserva degordura é utilizada pela égua para o início da lactação e para suprirpossíveis deficiências nos primeiros trinta dias de gestação. Éguas queparem em baixa condição corporal apresentam uma menor regularida-de dos ciclos após o parto. Essas éguas não respondem ao aumento dofotoperíodo natural e apresentam diferença entre os níveis de hormônioluteinizante (LH), com maiores níveis no segundo cio pós-parto em re-lação ao cio do potro Isto seria comparável ao que ocorre nas éguasvazias, que apresentam níveis menores de LH no início da temporada demonta (HINES et al., 1987). Estes autores concluíram que os efeitos damá condição corporal sobre a eficiência reprodutiva pode ser causadopor uma alteração da função do eixo hipotalâmico-hipofisário e seu con-trole sobre os hormônios reprodutivos.

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Fotoperíodo Artificial: Garantir que haja atividade ovariana cíclica após oparto, especialmente em éguas que parem no início da temporada oficialde nascimentos, é fundamental para a eficiência reprodutiva (GINTHER,1992).

A incidência de anestro pós-parto é influenciada pelo fotoperíodo e pelacondição corporal. Em éguas com condição corporal semelhante, o foto-período é considerado o principal responsável pela ocorrência de anestropós-parto e por irregularidades dos ciclos após o parto. A utilização de umfotoperíodo artificial (9 horas escuro) em éguas gestantes, com pariçãoprevista para os primeiros meses da temporada de monta oficial, apresen-tou resultados positivos no desempenho reprodutivo pós-parto (MALS-CHITZKY et al., 2001). Éguas submetidas a 60 dias de fotoperíodo artifici-al pré-parto não tiveram ocorrência de anestro pós-parto, enquanto éguassubmetidas a menos de 30 dias de fotoperíodo artificial apresentaram16,7% de ocorrência de anestro. O intervalo o parto-ovulação foi menor(12,3 dias) nas éguas mantidas por mais de 45 dias sob fotoperíodo artifi-cial, em comparação àquelas que permaneceram menos de 30 dias sob otratamento (17,1 dias). A utilização do fotoperíodo artificial não influen-ciou a duração da gestação, a taxa de prenhez, ou a taxa de morte embri-onária no cio do potro. Em boas condições de alimentação a utilização deum fotoperíodo artificial de 15 horas de luz / 9 horas de escuro, iniciadopelo menos 45 dias antes da data prevista para a parição, pode reduzir ointervalo parto-ovulação e evitar a ocorrência de anestro pós-parto, ga-rantindo a regularidade dos ciclos sem alterar a taxa de prenhez e semprejudicar o desenvolvimento do potro, uma vez que não altera a duraçãoda gestação. Além disso, éguas que apresentam o cio mais cedo têm umainvolução uterina mais rápida.

Detecção do cio: A detecção do cio é fundamental para a obtenção dealtos índices de fertilidade na égua. O comportamento da égua durante ocio do potro apresenta grande variabilidade. A ansiedade gerada pelo afas-tamento temporário do potro, para a prática da rufiação, faz com queboa parte das éguas não demonstre sinais externos de cio. Da mesmaforma, a dor causada pela reparação do períneo faz com que muitas éguasnão apresentem as contrações do clitóris características da égua em cio(MATTOS, 1989). Em locais aonde a rufiação é imprescindível para omanejo reprodutivo, deve-se estar atento a estas variações, permitindoum maior tempo de contato entre o macho e cada égua, alterando o localdo procedimento e se necessário, utilizando recursos como o cachimbo decontenção. A ultra-sonografia, além de permitir melhor acompanhamen-to da involução uterina, permite detectar com segurança a fase do cicloestral da égua, sem realização de rufiação (GINTHER, 1993). No entanto,em ecografias realizadas em éguas no cio do potro, comumente se obser-vam desde o início do estro, folículos de diâmetro superior a 35 mm, flu-tuação aumentada e forma ovóide, muito semelhantes a folículos pré-ovulatórios, que perduram vários dias até a ovulação, levando a cobertu-ras desnecessárias.

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MANEJOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS PARA O CIO DOPOTRO

Não utilização do cio: A não utilização do cio do potro, visando permitiruma melhor involução uterina é uma prática utilizada como rotina mmuitos haras. O retorno ao cio pode ser induzido com a utilização deprostaglandinas, aplicadas 6 a 7 dias após a 1ª ovulação pós-parto ou,caso não seja realizado o controle reprodutivo durante o cio, 20 a 22 diasapós o parto, de maneira “cega”.

No entanto, tanto em éguas que apresentaram líquido no cio do potro,como naquelas que não apresentaram líquido, não foi observada diferen-ça significativa na taxa de prenhez aos 12 dias ou aos 42 dias das éguascobertas somente no 2º cio em comparação a das éguas cobertas no ciodo potro. Este método, portanto além de não trazer vantagem real, apre-senta ainda a desvantagem de aumentar o intervalo entre o parto e acobertura em pelo menos 15 dias em relação a utilização do 1º cio, au-mentando os custos (MALSCHITZKY et al., 2002).

Retardo da 1ª ovulação pós-parto: A utilização de progestágenos, sozinhoou em combinações com estradiol, visando retardar a 1ª ovulação é umtratamento bastante conhecido, porém apresenta resultados conflitantes.Primeiramente, não foi observada diferença significativa nas taxas de pre-nhez de éguas que ovularam antes do 12º dia pós-parto em relação àque-las que ovularam após o 12º dia (ROCHA et al., 1996). Além disso, a uti-lização de progesterona demonstrou retardar a limpeza física do útero,além de inibir os efeitos positivos da estimulação estrogênica sobre o pro-cesso de limpeza uterina em éguas não lactantes (EVANS et al., 1986).Em éguas com potro ao pé, não foram observadas alterações histológicassignificativas no endométrio com a utilização de progesterona, evidenci-ando seu pouco incremento para a involução uterina. Melhores resulta-dos parecem ocorrer com a utilização de combinações com estrógeno,mas o efeito deste hormônio não foi testado isoladamente em éguas nocio do potro, tornando discutível a validade da técnica de retardar a 1ªovulação (ROCHA et al., 1996).

Melhora da involução uterina: A involução uterina incompleta é umadas causas do baixo desempenho reprodutivo no cio do potro, em rela-ção aos cios subseqüentes. A utilização cloprostenol, um análogo sinté-tico da prostaglandia e de metil-ergonovina, um agente ecbólico queproduz contrações uterinas mais potentes e mais duradouras do que aocitocina, nos primeiros 5 dias pós-parto, não melhoraram a taxa deprenhez em comparação a de éguas não tratadas (MATTOS et al., 1995).No entanto, o efeito negativo da idade sobre a fertilidade observado naséguas do grupo controle não foi observado nas éguas tratadas. Em éguasque apresentaram líquido no cio do potro, a administração de metil-ergonovina do 5º ao 10º dia pós-parto, não resultou em melhora nataxa de prenhez em relação àquela das éguas não tratadas (SCHILELA

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et al., 2001). Da mesma forma, a realização de lavagens uterinas no 2ºe 4º dias pós-parto não reduziu o grau de inflamação do endométrio,nem melhorou a taxa de prenhez, além de ser um procedimento capazprejudicar o fechamento vulvar de éguas que tenham sido suturadasimediatamente após o parto. Estes resultados permitem considerar quetratamentos para remoção do líquido intra-uterino realizado antes dacobertura não são capazes de melhorar a fertilidade do cio do potro(MCUE & HUGHES, 1990).

Prevenção da endometrite persistente pós cobertura

Durante o cio do potro, o aumento do volume uterino, seu posicionamen-to na cavidade abdominal (visceroptose), sua menor contratilidade, a pre-sença de bactérias e células inflamatórias e a presença de fluído se asse-melham muito às causas descritas para a falha dos mecanismos de defesauterina observada em éguas susceptíveis à endometrite persistente pós-cobertura (TROEDSSON, 1997). Especialmente para éguas que apresen-tam líquido na luz uterina entre o 5° dia pós-parto e a cobertura, nasquais uma maior predisposição ao acúmulo de FIU também após a cober-tura (tabela 1), o cio do potro pode ser considerado como um período desusceptibilidade, ainda que temporária, à endometrite persistente pós-co-bertura.

As recomendações de manejo para éguas susceptíveis é basicamente asseguintes:

- Redução do número de saltos/ciclo;

- Aumento dos cuidados com a higiene durante a cobertura;

- Utilização de Inseminação Artificial (IA), quando permitida;

- Realização de tratamentos pós-cobertura.

Os resultados obtidos com a utilização de algumas destas práticas eméguas cobertas no cio do potro serão discutidas a seguir.

Inseminação Artificial: Em raças nas quais está autorizada a utilizaçãoda inseminação artificial, este método pode ser utilizado para melhoraros índices de fertilidade do cio do potro. Em éguas árabe, observou-setaxas de prenhez superiores em éguas inseminadas com sêmen fresco nocio do potro (79,2%) em comparação ao resultado obtido com a montanatural (54,5%) (MATTOS et al., 1996). Além disso, demonstrou-se que,enquanto em éguas lactantes cobertas por monta natural a utilização deinfusões de plasma homólogo enriquecido com leucócitos pós-coberturamelhorou significativamente a taxa de prenhez em relação as éguas con-trole, não se observou diferença entre os dois grupos, quando da utiliza-ção da inseminação artificial (MEIRELLES, 1999).

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Embora o endométrio responda de maneira semelhante à presença doespermatozóide em ambos os métodos de cobertura (KOTILAINEN et al.,1994), a diluição do sêmen leva a uma redução da concentração bacteri-ana, reduzindo, assim, a contaminação bacteriana, melhorando a fertili-dade de éguas mais sensíveis à infecção uterina (MATTOS, 1996).

Tratamentos pós-cobertura: Após a monta natural ou a inseminação ar-tificial, os espermatozóides atingem o oviduto dentro de poucos minutos.A junção útero-tubárica é protegida por um esfíncter que previne a entra-da de fluidos colocados no útero por gravidade. O embrião somente dáentrada ao útero a partir do 5º dia após a ovulação e durante este períodoo corpo lúteo é refratário à prostaglandina liberada pelo endométrio. Es-sas características permitem a realização de tratamentos intra-uterinosdesde uma hora após a cobertura até o terceiro ou quarto dia após aovulação (ASBURY, 1987).

Ocitócitos: O uso de agentes que promovam a limpeza física 6-12 horasapós a cobertura é uma alternativa proposta para reduzir a incidência deendometrite. A administração de metil-ergonovina entre 6-12 horas apósa cobertura no cio do potro não resultou em melhora na taxa de prenhezdas éguas tratadas em relação a das éguas não tratadas. O uso de ocitóci-tos induz a liberação de PGF2a pelo endométrio. Éguas susceptíveis àendometrite apresentam deficiências nesse mecanismo (NIKOLAKOPOU-LUS et al., 2000). Uma exposição prévia do endométrio à progesteronaparece ser necessária para a secreção local de prostaglandina. É possívelque o intervalo entre o parto e a ovulação, um período em que o nível deprogesterona se mantém baixo, seja suficientemente longo para reduzir asensibilidade do útero à drogas utero-tônicas (SCHILELA et al., 2001).Associada ao maior volume e ao posicionamento do útero, esta menorsensibilidade pode ser a responsável pela eficácia reduzida da limpeza ute-rina realizada apenas com agentes injetáveis, durante o cio do potro (SCHI-LELA et al., 2001).

Lavagens Uterinas: uma série de no mínimo 3 lavagens uterinas cada,com 2l de solução de ringer com lactato, realizada 6-12 horas após a co-bertura, em éguas que apresentaram líquido durante o cio do potro, re-sultou numa taxa de prenhez aos 42 dias superior nas éguas tratadas(76,5%) em comparação a taxa observada em éguas não tratadas (49,2%)(MALSCHITZKY et al., 2002). Por outro lado, quando as lavagens foramrealizadas 36-48 horas após a cobertura, após a detecção do FIU, a taxade prenhez das éguas tratadas foi significativamente inferior àquelas daséguas que não apresentaram líquido neste momento.

Pode-se considerar, com base nestes resultados, que tratamentos quepromovam a limpeza física do útero devem ser realizados entre 6-12horas após a cobertura. Segundo Wittebrink et al. (1997), algumasbactérias possuem mecanismos que lhes permitem sobreviver à fagoci-

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tose. Estes autores realizaram estudos com Streptococcus zooepidemi-cus, o principal agente da endometritre na égua, e demonstraram queessa bactéria é capaz de formar estruturas organizadas, chamadas bi-ofilmes, utilizando como substrato, provavelmente, as secreções uteri-nas. Bactérias organizadas desta forma são mais resistentes à fagoci-tose e mesmo à ação de antibióticos e de alguns anti-sépticos. Em Strep-tococcus zooepidemiccus, foi demonstrada a presença de uma proteínade superfície, semelhante à chamada proteína-M, cuja característica éa alta variabilidade antigênica, o que dificulta a fagocitose, uma vezque requer a presença de anticorpos específicos para mediar a açãodas células fagocíticas (CAUSEY et al., 1995). A realização da lavagemuterina num curto espaço de tempo após a cobertura promoveria alimpeza da luz uterina antes que estes mecanismos pudessem atuar;portanto, antes do estabelecimento de uma infecção uterina. Trata-mentos que visem promover a limpeza física do útero devem sempreser realizados em relação à cobertura e não em relação à ovulação(TROEDSSON, 1997b).

Infusões Uterinas: A utilização de infusões intra-uterinas de antibióti-cos pós-cobertura podem ser mais eficientes em éguas susceptíveis doque quando realizadas antes da cobertura (LEBLANC et al., 1989). Tra-tamentos realizados após a cobertura têm apresentado resultados di-versos. Pascoe (1995), estudando 905 éguas, observou que a infusãode plasma homólogo associada à uma combinação de Penicilina Pro-caína e Neomicina, 12 a 36 horas após a cobertura, pode melhorarsignificativamente o índice de prenhez por ciclo de éguas com potro aopé. Este tratamento foi superior, em termos de prenhez, quando com-parado com a infusão do antibiótico somente e à não realização dequalquer tratamento. O autor concluiu que este resultado pode serdevido à adição de fatores de opsonização, que aumentariam a efici-ência da fagocitose por neutrófilos uterinos. O antibiótico infundidoeliminaria bactérias remanescentes ao processo de fagocitose e o au-mento de volume gerado pela infusão diluiria as secreções uterinascontendo toxinas.

Em éguas lactantes cobertas por monta natural a utilização de infusõesde plasma homólogo enriquecido com leucócitos pós-cobertura melhorousignificativamente a taxa de prenhez em relação as éguas controle (MEI-RELLES, 1999). Em outro experimento, no entanto, infusões de plasmahomólogo enriquecido com leucócitos embora tenha apresentado umamelhor taxa de prenhez do cio do potro, não resultaram em diferençasignificativa entre as taxas de prenhez de éguas tratadas e não tratadas,enquanto melhoraram significativamente a taxa de prenhez em éguasvazias do ano anterior (MALSCHITZKY, 1998).

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CONCLUSÃO

Em boas condições de manejo, a cobertura no cio do potro deve serestimulada, uma vez que permite um menor intervalo entre partos,além de produzir o nascimento de potros mais precocemente na tem-porada de monta, com maior valor de mercado. Técnicas como o foto-período artificial nos meses finais de gestação, o controle folicular e aavaliação do útero antes da cobertura permitem, além da redução donúmero de coberturas a que a égua é submetida, selecionar aquelasque devem ser tratadas poucas horas após a cobertura. Quando per-mitida, a inseminação artificial pode também auxiliar na melhora dafertilidade do cio do potro.

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Eficácia de CarrapaticidasAmidínicos para o Controle doBoophilus Microplus: Influência dopH da Calda CarrapaticidaAmidinics Acaricides Efficacy in Boophilus microplus Cattle TickControl: pH Influence.

Chiminazzo, Claudio – Médico Veterinário, MSc, Professor do Cursode Medicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Silva, Flávio Roberto Chaves da – Acadêmico do Curso de MedicinaVeterinária da ULBRA/Canoas.

Ceresér, Victor Hermes – Médico Veterinário, MSc., Professor doCurso de Medicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Queirolo, Maria Teresa Costa – Médica Veterinária, Esp. , Professorado Curso de Medicina Veterinária da ULBRA/Canoas.

Bittencourt, Hélio Radke - Bacharel em Estatística, MSc., Professordo Curso de Matemática da ULBRA/Canoas.

Endereço para correspondência: Av. Miguel Tostes, 101, Prédio 25, Canoas/RSCEP: 92420-280. E-mail: [email protected]

RESUMO

Um dos maiores entraves aos programas de controle do carrapato Boo-philus microplus é a baixa eficácia apresentada pelos tratamentos adota-dos. Vários fatores contribuem para esta situação, tais como problemasde manejo, sub-dose e resistência aos produtos utilizados. A presente pes-quisa buscou relacionar o grau de eficácia dos produtos carrapaticidasamidínicos (Amitraz), com o pH da calda-do-banheiro, evidenciando seresta uma importante variável a ser considerada.

Palavras-chave: Boophilus microplus, carrapaticidas, eficácia.

Veterinária em foco Canoas v. 2 n.1 maio/outubro de 2004 p.89-94

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ABSTRACT

One of the most important factors in Boophilus microplus cattle tick controlprogram is the low efficacy showed by applied treatment. Many conditionsact to bring about a result, such as how to handle the cattle, low acaricideconcentration, and resistance situations. This research examined carrefullyamidinics acaricides products efficacy with dip vat samples pH, emphasizingthis result an important variable to be considered.

Key words: Boophilus microplus, acaricides, efficacy.

INTRODUÇÃO

Desde o início do século, quando o Boophilus microplus, principal carrapatodos bovinos passou a ser encarado como um sério problema na criação degado, os carrapaticidas assumiram um papel importante no controle destaectoparasitose. Entretanto, com o passar dos anos, os carrapatos evidenci-aram uma notável capacidade de adaptação aos mesmos, dando origemaos primeiros casos de resistência frente aos produtos utilizados no seucontrole. Freqüentemente nos deparamos com situações nas quais a apli-cação dos banhos carrapaticidas não vem apresentando a eficácia deseja-da. Existem muitos fatores responsáveis por esta situação tais como: abaixa concentração de princípio na calda do banheiro, problemas de mane-jo por ocasião da aplicação dos banhos, e no caso dos produtos formamidí-nicos (Amitraz), o pH da calda carrapaticida. O objetivo do trabalho foiverificar a eficácia de caldas carrapaticidas que utilizam Amitraz, em dife-rentes propriedades no Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas para realização do trabalho amostras de teleóginas ecaldas carrapaticidas de 43 propriedades do Estado do Rio Grande do Sul.Para preservação das condições biológicas, as teleóginas foram acondici-onadas num recipiente arejado e mantidas, sob refrigeração, até o mo-mento da realização do testes. A eficácia, tanto das caldas carrapaticidasutilizadas nas propriedades, como do Amitraz, na diluição recomendadapelo fabricante, frente às teleóginas coletadas, foram avaliadas através detestes laboratoriais de Biocarrapaticidograma (DRUMOND, 1973). Paradeterminação do pH, as amostras de caldas foram homogeinizadas e en-tão realizada a aferição com auxílio de um aparelho medidor de pH. Umapossível correlação, entre os valores de pH e as eficiências das caldas tes-tadas, foi verificada e avaliada estatisticamente, por meio de gráfico dedispersão e pelo coeficiente de correlação de Sperman.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente verificou-se que em 38 (88,37%) das 43 amostras testadas, ocarrapaticida formamidínico, quando utilizado na concentração recomen-dada pelo fabricante, apresentou uma eficácia igual ou superior a 98 %de redução, considerando-se inibição de postura fértil dos ovos, e nasamostras restantes, 5 (11,63%), valores abaixo de 98% de eficácia, carac-terizando resistência ao princípio ativo utilizado. Resultados semelhantesaos encontrados no trabalho foram descritos por Oliveira (2002) numestudo, em 25 rebanhos leiteiros na região de São Carlos/SP. Para o autor,a atividade anti-ixodídica em Boophilus microplus, com teste de imersãodas fêmeas ingurgitadas, apresentou para diferentes produtos a base deformamidinas, resultados variando de 93,2 % a 98,2 %. Posteriormente,nas 38 amostras sensíveis ao princípio ativo, foram avaliadas as eficáciasdas caldas carrapaticidas utilizadas nas propriedades, em relação às amos-tras de teleóginas enviadas. Somente 10 (26,3 %) apresentaram uma efi-cácia igual ou superior a 98%, enquanto que 28 (73,7%) foram ineficazespara o controle dos carrapatos, caracterizando problemas relacionadoscom as caldas carrapaticidas. A Tabela 1 apresenta a Estatística Descriti-va para Eficiência (%) do Amitraz na calda.

Tabela 1 – Estatística Descritiva para Eficiência (%) do Amitraz na calda

Somente em 10 casos o percentual de eficiência excedeu 98%. A propor-ção de eficiência na calda, portanto, foi de 26,3%. Construindo um Inter-valo de Confiança 95% para eficiência do Amitraz na calda chegamos a12,3% a 40,3%. Ceresér et al. (2003) em seu trabalho sobre a identifica-ção de estirpes resistentes do Boophilus microplus frente aos carrapatici-das usualmente empregados no seu controle, no Estado do Rio Grande doSul, verificaram num total de 207 amostras de calda-de-banheiro, 50% deineficácia, 29% com falhas devido à baixa concentração de produto e 21%com sinais de resistência ao princípio ativo, sendo que destes 8% referen-tes ao Amitraz. Finalmente, foi verificado que, os valores de pH das caldascarrapaticidas enviadas, variaram de pH 6,79 (valor mínimo) até pH 12,83(valor máximo). A Tabela 2, apresenta a Estatística Descritiva para o pHda calda. A correlação entre os valores de pH e a eficiência da calda carra-paticida foi verificada por meio de gráfico de dispersão e do coeficiente decorrelação de Spearman. A correlação foi significativa ao nível de 1%(rho=0,493; p<0,01), indicando que, até certo ponto, quanto maior ovalor de pH, maior tende ser a eficiência do carrapaticida.

Intervalo de Confiança 95%

n Mínimo Máximo Média Desvio-padrão

LimiteInferior

LimiteSuperior

Eficiência

(%)38 0,0 100,0 62,45 37,13 50,24 74,65

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Tabela 2 – Estatística Descritiva para o pH da calda

A Tabela 3 apresenta a distribuição por faixas de pH das caldas-de-banheiro recebidas para realização do biocarrapatidograma. Uma aná-lise por faixas de pH (Figura 1) demonstrou que caldas com pH nafaixa de 11,0 até 11,9 foram as mais eficientes, com média de 94,1%de eficácia, enquanto que caldas com pH na faixa de 12,0 até 13,0,apresentaram uma eficácia média de 78,3%. Foi utilizada a prova não-paramétrica de Kruskal-Wallis para comparação da eficiência do pro-duto por faixas de pH. Os resultados foram significativos ao nível de5%, indicando que deva existir relação entre pH e a eficiência. O testefoi complementado pela prova de Mann-Whitney. Ambos os testes en-contram-se descritos em Callegari-Jacques (2004). Para Camargo(2004) existem diferentes fatores que interferem na eficácia do ba-nheiro carrapaticida, alertando para a correta utilização e manuten-ção destes banheiros, na tentativa de evitar problemas de resistênciados carrapatos aos carrapaticidas.

Tabela 3 – Faixas de pHCalda Ph Freqüência %

6.0 - 6.9 1 2,6

7.0 - 7.9 11 28,9

8.0 - 8.9 4 10,5

9.0 - 9.9 5 13,2

10.0 - 10.9 1 2,6

11.0 - 11.9 6 15,8

12.0 - 13.0 10 26,3

Total 38 100,0

Intervalo de Confiança 95%

n Mínimo Máximo Média Desvio-padrão

LimiteInferior

LimiteSuperior

pH calda 38 6,79 12,83 9,87 2,21 9,14 10,60

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CONCLUSÃO

Os resultados encontrados indicam que foram detectados problemas nacalda carrapaticida utilizada, embora o amitraz, quando utilizado na di-luição recomendada pelo fabricante, tenha se mostrado eficaz. A análisedo pH permite concluir que o amitraz tem uma boa eficácia, desde querespeitados os valores de pH na faixa de 11,0 até 11,9.

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33,3%

82,0%

94,1%

78,3%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

De 6,0 até 8,9 De 9,0 até 10,9 De 11,0 até 11,9 De 12,0 até 13,0

Efic

iênc

ia (%

)

Faixas de pH

Figura 1 – Eficiências médias por faixa de pH

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Desempenho e Características deCarcaça de Novilhos SuperprecocesInteiros e Castrados Submetidos aoConfinamentoPerformance and Dressing Percentage of Beef Cattle Bulls or Steersfinished on Feedlot

Gottschall, Carlos S. – Médico Veterinário, MSc. Professor do Cursode Medicina Veterinária da ULBRA - RS.

Martins, Franco M. - Eng. Agrícola. MSc. Professor do Curso deMedicina Veterinária e Engenharia Agrícola da ULBRA - RS.

Ries, Leandro R. – Médico Veterinário, Empresa PLANEJAR/RS.

Kroeff, Jorge R.; Silveira, Helena S.; Soares, Jean C. R.;Moraes, Marco A. Oaigen, Ricardo P. – Alunos do Curso deGraduação Med. Veterinária ULBRA/RS.

Data de recebimento: 14/07/04

Data de aprovação: 21/09

Endereço para correspondência: Carlos Gottschall. E-mail: [email protected]. Miguel Tostes, 101, Canoas, RS. CEP: 92420-280

RESUMO

O experimento teve por objetivo comparar o desempenho de bovinos decorte machos inteiros e castrados confinados. Foram utilizados 149 ani-mais, sendo 117 bois e 32 touros, com idades entre 12 e 14 meses, distri-buídos aleatoriamente em quatro mangueiras. Os animais foram confi-nados entre o período de setembro a dezembro de 2000, submetidos auma dieta composta por silagem de milho e ração concentrada calculadaconforme recomendação do NRC (1996). Os dados foram tabulados emplanilha do MSExcel e analisados pelo sistema GIVENS de análise estatís-tica. Os parâmetros avaliados foram o Peso Final (PF); Ganho Médio Diá-

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rio (GMD); Peso de Carcaça (PC) e Rendimento de Carcaça (RC). Os resul-tados obtidos tiveram como peso final 388,1kg para animais castrados e417,0kg para animais inteiros (P<0,01). O ganho médio diário foi de0,95kg/dia e 1,16 kg/dia (P<0,01) para animais castrados e inteiros, res-pectivamente. O peso de carcaça foi 202,3kg para os animais castrados e220,8kg para animais inteiros (P<0,01). O rendimento de carcaça foi de52,05% para animais castrados e 53,1% para animais inteiros (P<0,01).A partir desses resultados podemos concluir que os animais inteiros fo-ram mais pesados ao final do experimento, apresentando um GMD supe-rior (21,87%), o que associado a um maior rendimento de carcaça, resul-tou em carcaças pesando 18,5kg (9,1%) a mais no momento do abate.

Palavras-chave: novilhos inteiros, castrados, ganho médio diário, ren-dimento de carcaça.

ABSTRACT

The objective of this experiment was to compare the feedlot performanceof beef cattle bulls and steers. It was used 117 steers and 32 bulls, twelveto fourteen months old. The animals were randomly distributed into fourgroups. They were kept in feedlot between september to december of 2000,and fed with a diet composed by corn silage and grain calculated accor-ding NRC (1996). The analysis results was done in MSExcel spread sheetand the statistics analysis was done with GIVENS system, producing valu-es of initial weight (IW); final weight (FW); average daily gain (ADG);carcass weight (CW) and dressing percentage (DP). The final weight was388.1kg for steers and 417.0 kg for bulls (P<0.01). The average daily gainwas 0.95kg/day and 1.16kg/day for steers and bulls respectively. The car-cass weight of steers and bulls were 202.3kg and 220.8kg respectively(P<0.01). The dressing percentage was 52.05% and 53.10% for steersand bulls respectively. Thus it is concluded that the FW, the ADG (21.87%),and the DP of bulls were higher than steers, resulting in carcass 18.5kg(9.1%) heavier at the slaughter.

Key words: bulls, steers, average daily gain, dressing percentage.

INTRODUÇÃO

A bovinocultura de corte no Brasil e Rio Grande do Sul, historicamentecaracteriza-se por sistemas tradicionais de produção, sem a adoção denovas tecnologias, apresentando índices de baixa produtividade.

Na busca de maior eficiência e competitividade no setor, faz-se necessá-rio a revisão de alguns conceitos da atividade tradicional. Dentro deste

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contexto, uma alternativa que deve ser mais divulgada e estudada é autilização de machos inteiros para a produção de carne, devido a pratici-dade de adoção sem custo adicional.

Na rotina da pecuária de corte, a castração é uma prática utilizada parafacilitar o manejo dos animais, além de produzir carcaças de melhor qua-lidade com melhor aceitação no mercado. Os bovinos castrados produ-zem carcaças de melhor aparência e carne mais macia que os inteiros(RESTLE et al., 1996a).

A utilização de animais não-castrados para produção de carne torna-seinteressante sob todos aspectos, pois animais inteiros apresentam maiorganho de peso e eficiência alimentar, além de apresentarem carcaças commelhor conformação e maior proporção de músculo quando comparadosa animais castrados (RESTLE, 1997; GOTTSCHALL, 1999) e segundo DiMarco (1993) o abate de animais inteiros jovens (menos de 22 meses)produz uma carcaça plenamente aceitável pelo consumidor. O fato dosanimais terem de ser abatidos com 22 meses de idade parece ser umadificuldade para implantação da técnica, porém Gottschall (2001) demons-tra que através do planejamento nutricional com o uso de suplementa-ção, pastagens e confinamento é inteiramente viável a redução da idadede abate dos machos para dois anos ou menos de idade.

Além de resultar em maior desenvolvimento e produção de carne, ani-mais inteiros são mais eficientes na conversão alimentar (RESTLE et al.;1997). A testosterona promove melhor anabolismo do nitrogênio endóge-no atuando com maior eficiência na fase em que os animais têm maiorincremento de peso proporcionado pelo melhor nível de alimentação (FI-ELD, 1971; RESTLE et al., 1994a; RESTLE et al., 2000).

No entanto, em nosso meio, o principal aspecto negativo das carcaças demachos inteiros é a deficiência de gordura de cobertura, o que leva a ummaior escurecimento da parte externa dos músculos da carcaça duranteo resfriamento, prejudicando seu aspecto, e consequentemente depreciaseu valor comercial (RESTLE et al, 1994a).

O presente trabalho objetivou analisar características de carcaça e varia-ções de peso de bovinos de corte inteiros e castrados superprecoces termi-nados em regime de confinamento.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido de 15/09/00 a 28/12/00 em propriedade par-ticular localizada no município de Carazinho-RS. Foram comparados bo-vinos de corte superprecoces de raça cruzada com base Angus, sendo 32machos inteiros e 117 castrados, com objetivo de analisar o peso final,

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peso de carcaça, ganho médio diário e características de carcaça.

Os animais foram submetidos ao confinamento e alimentados com dietaa base de volumoso, silagem de milho, e por concentrado com resíduo desoja, aveia, milho em grão moído e calcário calcítico, balanceada segun-do NRC (1996). Os novilhos foram confinados com idade variando entre12 e 14 meses. Os animais eram arraçoados 2 vezes ao dia, sendo o ali-mento distribuído através de um vagão forrageiro. Os piquetes apresenta-vam suprimento contínuo de água, através de bebedouros abastecidosatravés de bóias. As vendas foram escalonadas uma vez que os animaisapresentaram diferente desenvolvimento e com isso diferente tempo depermanência em confinamento. Em média os animais ficaram confina-dos por 83,45 dias.

As pesagens foram realizadas quando da entrada e saída dos animais doconfinamento, e em intervalos de 30 dias durante o confinamento, paraum melhor controle e ajuste de alimentação calculada conforme recomen-dações do NRC (1996). No frigorífico foram fornecidos os dados de: confor-mação, acabamento, peso de carcaça, classificação final e condenas.

A análise dos dados de variação contínua foi feita pelo sistema GIVENS deanálise estatística para dados desbalanceados e modelos fixos (FRIES,1987). O delineamento experimental foi o completamente casualizado.As variáveis (peso final, ganho médio diário, rendimento de carcaça epeso de carcaça) foram submetidas a análise de variância (FRIES, 1987).O peso inicial foi utilizado no modelo matemático como covariável, sendoretirado do modelo quando não apresentou significância, como na análi-se para ganho médio diário e rendimento de carcaça.

O modelo estatístico utilizado foi o seguinte:

Yij = + Ti + Pij + eij

Yij = observação j do animal que recebeu o tratamento i;

= media geral

Ti = efeito do tratamento i

Pij = efeito do peso inicial no tratamento i referente a observação j;

eij = erro aleatório associado a cada observação

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados relativos aos parâmetros de peso final, ganho médio diário, pesode carcaça e rendimento de carcaça, de animais inteiros e castrados, res-

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pectivamente estão presentes na Tabela 1. Os efeitos da castração dosanimais influenciaram negativamente os parâmetros analisados.

Tabela 1 – Peso final, ganho médio diário, peso de carcaça e rendimentode carcaça de novilhos superprecoces inteiros e castrados.

Os animais inteiros apresentaram um ganho médio diário superior aoscastrados, respectivamente de 1,159kg/dia e 0,951kg/dia (p<0,01). Estadiferença de GMD foi de 0,208kg/dia ou seja 21,9%. Resultados seme-lhantes foram observados por ARTHAUD et al. (1977) citado por Restle etal. (2000), que abateram animais aos 15 meses de idade e encontraramum GMD de 0,960kg/dia e 0,750kg/dia, respectivamente para animaisinteiros e castrados, sendo a diferença neste caso de 0,210kg/dia ou 28%.Da mesma forma Restle & Alves Filho (1992), citados por Restle et al.(1997), verificaram na recria de bezerros da raça Charolesa um GMD de1,24kg/dia e 1,04kg/dia para animais inteiros e castrados, respectivamente,sendo a diferença de 0,200kg/dia ou 19,2%. Restle et al. (1997), em expe-rimento com bezerros Hereford confinados desde o desmame até o abateaos 14 meses obtiveram um GMD de 1,23kg/dia contra 1,090kg/dia paraanimais inteiros e castrados, respectivamente, sendo a diferença de 0,140kgou 12,8%. Restle (2000) cita um GMD de animais inteiros e castradosBraford e animais inteiros e castrados 3/4 Charolês 1/4 Nelore em confi-namento dos 8 aos 14 meses de 1,286kg/dia contra 1,025kg/dia e 1,271kg/dia contra 1,017kg/dia. Estes dados apresentados concordam com as ob-servações de Field (1971) que comparando quatorze trabalhos achou umGMD médio favorável aos animais inteiros de 0,200kg/dia (1,16kg/diacontra 0,960kg/dia) ou 17%. Restle et al. (1996b) ainda observou queanimais inteiros, em condição de pastagem, também apresentam ganhomédio diário superior em comparação com castrados (0,581kg/dia con-tra 0,539kg/dia) sendo a diferença de 0,042kg/dia ou 7,78%. Embora ostrabalhos apresentados demonstrem unanimidade em relação a superio-ridade dos animais inteiros para GMD, há uma variação na magnitude daresposta. Segundo Field (1970) uma das razões para as variações de GMDde animais inteiros e castrados nos diferentes trabalhos citados deve-se aofato dos efeitos do detrimento da castração expressarem-se mais intensa-mente em altos planos de nutrição.

A,B, Médias na mesma linha, seguidas por letras diferentes,diferem significativamente entre si pelo teste-F (P<0,01).

CASTRADOS INTEIROS

Peso final (kg) 388,06 A 417,04 B

Ganho médio diário (kg) 0,951 A 1,159 B

Peso de carcaça (kg) 202,26 A 220,79 B

Rendimento de carcaça (%) 52,05 A 53,10 B

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No presente trabalho os animais inteiros apresentaram rendimento decarcaça superior aos castrados, os resultados obtidos foram de 53,1% e52,05%, respectivamente (p<0,01) (Tabela 1). A superioridade em rela-ção ao rendimento de carcaça para animais inteiros é citada por Restle(2000) que comparando bezerros da raça Braford, inteiros e castrados,terminados em regime de confinamento dos 8 aos 14 meses de idade apre-sentaram uma diferença de 1,5 ponto percentual favorável aos inteiros(56,5% contra 55,0%), sendo a diferença de 12,3kg. Maiores rendimentosde carcaça para animais inteiros também foram obtidos por Champagneet al. (1969), citado por Restle et al. (1996b). Entretanto, Restle et al.(1994a), obteve 52,8% de rendimento de carcaça para animais inteiros e52,1% para castrados, concluindo não haver diferença significativa entreos dois tratamentos. Field (1971) que comparando treze trabalhos achouuma média de 59,7% para animais inteiros e 59,6 para animais castra-dos, concluindo que a diferença no rendimento de carcaça é pequena.

O peso final dos animais inteiros foi 29 kg superior aos animais castrados(Tabela 1). Nesta análise a covariável peso inicial foi altamente significa-tiva (p<0,01), sendo que cada kg a mais no peso inicial, representou 0,861kg a mais no peso final. Restle et al. (1994b, 1996b), obtiveram maiorpeso final para animais inteiros em relação aos castrados. No presentetrabalho os animais inteiros tiveram de permanecer no confinamento pormaior tempo médio (86,52 dias contra 81,76 dias) para atingir acaba-mento adequado (Figura 1).

200250300350400450

início 10 20 30 40 50 60 70

81.76

86.52

tem p o (d )

peso

viv

o(kg

)

in te iroscas trados

A diferença no tempo de permanência, 4,76 dias a mais para os animaisinteiros, se analisada segundo o ganho médio diário dos animais inteiros,acarretaria em 5,52kg a mais no peso final. Entretanto, a diferença depeso ganho durante todo o período foi de 29kg a favor dos inteiros (417,04kg contra 388,06 kg), resultado de maior GMD dos animais inteiros. Essadiferença a favor dos animais inteiros se torna muito interessante se pen-sarmos que a cada 13,4 animais confinados inteiros nas condições doexperimento ganha-se 388 kg, ou seja um animal castrado. A cada 100animais inteiros abatidos se estaria ganhando, em kg, o equivalente aopeso de abate de 7,5 animais castrados.

Figura 1 - Evolução gráfica do peso vivo, em kg, pelo tempo de permanência, em dias, conforme o tratamento.

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Um dos pontos mais importantes para fundamentar a utilização datecnologia é o fato de os animais inteiros não terem sofrido nenhumtipo de discriminação através do preço pago pelos frigoríficos. Junto aesses foram colhidos os dados de conformidade, acabamento, conde-nas e a classificação final das carcaças. Tanto as carcaças dos animaisinteiros quanto as dos castrados foram classificadas como de confor-mação retilínea, acabamento 3, classificação final 1 e não houveramcondenas. Restle & Vaz (1997) concluíram que animais inteiros termi-nados em confinamento, apresentam gordura de cobertura satisfató-ria. Arthaud et al. (1977), citado por Restle & Vaz (1997) relatam quequando submetidos a altos níveis nutricionais durante a terminação,não há diferença na espessura de gordura entre animais inteiros e cas-trados, abatidos aos 12, 15 e 18 meses de idade. Segundo Gottschall(2001), através da manipulação da dieta é possível conseguir acaba-mento satisfatório, como no presente experimento. Em contrapartida,comparando as características de carcaça de animais inteiros e cas-trados em condições de confinamento e em pastagem, Restle et al.(1994a) e Restle et al. (1996a) concluíram que as carcaças de animaisinteiros são deficientes em gorduras de cobertura.

CONCLUSÕES

Novilhos inteiros submetidos ao regime de confinamento apresentarampeso final e ganho médio diário superiores ao de animais castrados.

Os pesos de carcaça e o rendimento das carcaças de novilhos inteiros aba-tidos superprecocemente foram superiores aos de novilhos castrados.

Animais inteiros ou castrados não apresentaram diferenças quanto aoacabamento e conformação das carcaças.

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NORMAS EDITORIAIS

POLÍTICA E REGRAS GERAIS

A revista VETERINÁRIA EM FOCO, publicação científica da UniversidadeLuterana do Brasil (ULBRA), com periodicidade semestral, publica arti-gos científicos, revisões bibliográficas, relatos de casos e notas técnicasreferentes à área de Ciências Veterinárias, que a ela deverão ser destina-dos com exclusividade. É editada sob responsabilidade do Curso de Medi-cina Veterinária da Ulbra.

Os artigos científicos, revisões bibliográficas, relatos de casos e notas de-vem ser enviados em tres cópias redigidas em computador, em word, fon-te 12, Times New Roman, espaço duplo entre linhas, folha tamanho A4(21,0 x 30,0 cm), margem direita 2,5cm e esquerda 3cm. As páginas de-vem ser numeradas e rubricadas pelos autores. Os trabalhos devem seracompanhados de ofício assinado pelos autores.

Os artigos serão submetidos a exame por 3 pesquisadores com atividade nalinha de pesquisa do tema a ser publicado, tendo a Revista o cuidado de man-ter sob sigilo a identidade dos autores e dos consultores. Disquetes serão soli-citados após a submissão dos trabalhos e aprovação pelos consultores.

1- O artigo científico deverá conter os seguintes tópicos: Título(em português e inglês); RESUMO; Palavras-chave; ABSTRACT; Keywords; INTRODUÇÃO (com revisão da literatura); MATERIAL EMÉTODOS; RESULTADOS E DISCUSSÃO; CONCLUSÃO; AGRADE-CIMENTOS; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

2- A revisão bibliográfica deverá conter: Título (em português einglês); RESUMO; Palavras-chave; ABSTRACT; Key words;INTRODUÇÃO; DESENVOLVIMENTO; CONCLUSÃO; REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS.

3- A nota deverá conter: Título (em português e inglês); RESUMO;Palavras-chave; ABSTRACT; Key words; seguido do texto, sem sub-divisão, abrangendo introdução, metodologia, resultados, discussãoe conclusão, com REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

4- O relato de caso deverá conter: Título (em português e inglês);RESUMO; Palavras-chave; ABSTRACT; Key words; INTRODUÇÃO(com revisão de literatura); RELATO DO CASO; RESULTADOS EDISCUSSÃO; CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

Título

Deve ser claro e conciso, em caixa alta e negrito, sem ponto final, emportuguês e inglês.

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Autores

Deve constar o nome por extenso de cada autor, abaixo do título, seguidode informação sobre atividade profissional, maior titulação e lugar/anode obtenção, Instituição em que trabalha, endereço completo e E-mail.

Resumo e Abstract

O resumo deve ser suficientemente completo para fornecer um panorama ade-quado do que trata o artigo, sem, porém, ultrapassar 350 palavras. Logo após,indicar as Palavras-chave / Key words (mínimo de três) para indexação.

Citações e Referências Bibliográficas

Citações bibliográficas no texto deverão constar na INTRODUÇÃO, MA-TERIAL E MÉTODOS E DISCUSSÃO no artigo científico, conforme exem-plo: um único autor (SILVA, 1993); dois autores (SOARES & SILVA, 1994);mais de dois autores (SOARES et al., 1996). Quando são citados mais deum trabalho, separa-se por ponto e vírgula dentro do parênteses (SOA-RES, 1993; SOARES & SILVA, 1994; SILVA et al., 1998).

Referências devem ser redigidas em página separada e ordenadas alfabe-ticamente pelos sobrenomes dos autores, elaboradas conforme a ABNT(NBR-6023).

Tabelas e Figuras

As Tabelas e Figuras devem ser numeradas de forma independente, comnúmeros arábicos. As Tabelas devem ter o título acima das mesmas, escri-to em letra igual à do texto, mas em tamanho menor.

As Figuras devem ter o título abaixo das mesmas.

Tabelas e Figuras podem ser inseridas no texto.

Endereço para correspondência

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