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THE DAY AFTER E D I T O R I A L Já se passaram alguns dias do término do XVII CONGRESSO LATINO AMERICANO DE QUIMICA TEXTIL, realizado sob a responsabilidade da ABQCT, na cidade de São Paulo, portanto, com muita isenção, pois o calor dos acontecimentos já se dissipou, podemos afirmar que foi um grande sucesso. Analisada a repercussão, seja de onde for, não há dúvidas de que foi um sucesso TOTAL. Sucesso este que podemos creditar à nossa Associação, pois se creditássemos a alguém ou a um grupo específico cometeríamos injustiças seguramente, porque, de fato, foi o resultado do trabalho de muitos, de todos aqueles que têm simpatia pela Química Têxtil e, principalmen- te, entenderam a sua importância no contexto econômico e social de nosso País. A ABQCT, neste contexto, representa a todos que direta ou indiretamente contribuíram para esse estrondoso sucesso, mas como sempre ressaltei, antes e durante o evento, destaco a participação incondicional dos patrocinadores. Sem eles a realização desse grandioso evento seria impossível. Não devemos esquecer também da disposição sempre presente dos representantes da FLAQT, que não pouparam esforços para facilitar tudo que era possível. Em meados de 2001, quando começamos a ensaiar os primeiros passos na estruturação de um grande time, que fosse capaz de levar a bom termo o desafio que nos cabia num momento tão difícil de nossa economia, tínhamos em mente algumas metas bem definidas do que queríamos para esse evento, que eram: - foco específico na Química Têxtil; - alto teor científico; - atender às necessidades de atualização técnica; - reforçar a imagem do Brasil; - fornecer qualidade de informação a baixo custo; - muita organização e muito profissionalismo. Hoje, com base nas repercussões nacional e internacional e na pesquisa de satisfação, é possível concluir que felizmente atingimos todos os objetivos com a performance sonhada, deixando no ar a sensação agradável de "quero mais". A mensagem que fica é de que devemos aproveitar a sinergia criada em tono desse evento para nos motivar a organizar outros com a mesma qualidade. Muito obrigado a todos vocês que acreditaram que seria possível e se juntaram à nossa querida ABQCT. Antonio Ajudarte Lopes FilhO Presidente da ABQCT

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THE DAY AFTER

ED

IT

OR

IA

L

Já se passaram alguns dias do término do XVII CONGRESSO LATINO AMERICANO DE

QUIMICA TEXTIL, realizado sob a responsabilidade da ABQCT, na cidade de São Paulo,

portanto, com muita isenção, pois o calor dos acontecimentos já se dissipou, podemos afirmar

que foi um grande sucesso. Analisada a repercussão, seja de onde for, não há dúvidas de que

foi um sucesso TOTAL.

Sucesso este que podemos creditar à nossa Associação, pois se creditássemos a alguém

ou a um grupo específico cometeríamos injustiças seguramente, porque, de fato, foi o resultado

do trabalho de muitos, de todos aqueles que têm simpatia pela Química Têxtil e, principalmen-

te, entenderam a sua importância no contexto econômico e social de nosso País.

A ABQCT, neste contexto, representa a todos que direta ou indiretamente contribuíram para

esse estrondoso sucesso, mas como sempre ressaltei, antes e durante o evento, destaco a

participação incondicional dos patrocinadores. Sem eles a realização desse grandioso evento

seria impossível. Não devemos esquecer também da disposição sempre presente dos

representantes da FLAQT, que não pouparam esforços para facilitar tudo que era possível.

Em meados de 2001, quando começamos a ensaiar os primeiros passos na estruturação

de um grande time, que fosse capaz de levar a bom termo o desafio que nos cabia num

momento tão difícil de nossa economia, tínhamos em mente algumas metas bem definidas do

que queríamos para esse evento, que eram:

- foco específico na Química Têxtil;

- alto teor científico;

- atender às necessidades de atualização técnica;

- reforçar a imagem do Brasil;

- fornecer qualidade de informação a baixo custo;

- muita organização e muito profissionalismo.

Hoje, com base nas repercussões nacional e internacional e na pesquisa de satisfação, é

possível concluir que felizmente atingimos todos os objetivos com a performance sonhada,

deixando no ar a sensação agradável de "quero mais".

A mensagem que fica é de que devemos aproveitar a sinergia criada em tono desse evento

para nos motivar a organizar outros com a mesma qualidade.

Muito obrigado a todos vocês que acreditaram que seria possível e se juntaram à nossa

querida ABQCT.

Antonio Ajudarte Lopes FilhOPresidente da ABQCT

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOSE COLORISTAS TÊXTEIS

Membro titular FLAQT

AATCC Corporate Member

site: www.abqct.com.br

DIRETORIA NACIONAL

Presidente : Antônio Ajudarte Lopes FilhoVice-Presidente : José Clarindo de Macedo1º Secretário : Calil Hafez Neto2º Secretário : Haroldo Castanho Pedro1º Tesoureiro : Agostinho de Souza Pacheco2º Tesoureiro : Tiago J. FonsecaDiretor Técnico : Frits V. Herbold

Núcleo Santa Catarina

Coordenador Geral : Carlos Eduardo E. Ferreira AmaralVice-Coordenador : Clovis RiffelSecretário: Wilson França de Oliveira FilhoTesoureiro : Gilmar Jadir BressaniniSuplente : Lourival Schütz Junior

Núcleo Rio de Janeiro

Coordenador Geral : Francisco José FontesVice-Coordenador : Francisco Romano PereiraSecretário : Ricardo Gomes FernandesTesoureiro : Emanuel de Andrade SantanaSuplente : Antonio Wilson Coelho

Núcleo Rio Grande do Sul

Coordenador Geral : Clóvis Franco EliVice-Coordenador : Eugênio José WitriwSecretária : Maria Julieta E. BiermannTesoureiro : José Ariberto JaegerSuplente : João Alfredo Bloedow

CORPO REVISOR

A revista Química Têxtil conta com uma equipe técnicapara revisar os artigos que são publicados. Os autoresdevem enviar seus artigos para publicação com pelomenos 3 meses de antecedência. A equipe é formadapelos seguintes profissionais:

Abrão Jorge Abrahão IPT Antônio Ajudarte Lopes Filho Rosset Ivonete Oliveira Barcellos FURB Luiz Cláudio R. de Almeida SENAI/CETIQT Úrsula Axt Martinelli FURB Vidal Salem VS Consultoria

EXPEDIENTE

Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasilei-ra de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aquipublicados são de inteira responsabilidade dos autores.Periodicidade : Trimestral (mar./ jun./ set./ dez.)

e-mail: [email protected]

ISSN 0102-8235

Distribuição : mala-direta: associados da ABQCT, indústri-as têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC.

Circulação : São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro,Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná.

Jornalista Responsável :Solange Menezes (MTb 14.382)e-mail: [email protected]/telefax 3735.3727

Produção Editorial : Evolução ComunicaçõesImpressão : Ipsis Gráfica

Administração e Depto. Comercial: ABQCTC.G.C. 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est. isentoPraça Flor de Linho, 44 - Alphaville06453-000 Barueri SP - Tel. (11) 4195.4931Fax (11)4191.9774 - e-mail: [email protected]

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CORRESPONDÊNCIA

At. Dr. LUÍS GALAGGIAv. dos Anjos Têxteis, nº 86. Paraíso - Céu.Meu caro amigo, Dr. Luís Galaggi.Escrevo-te porque sinto muita falta de você, da solicitude com a qual me recebia,da atenção com a qual me ouvia, da presteza com a qual recebia as amostrasdos produtos novos e dos catálogos que te trazia, das tuas avaliações sempresérias, profundas e incontestáveis.Sinto falta das visitas que te fazia à 6:30hs da manhã e do café que tomávamosjuntos e apressadamente porque você tinha sempre muito o que fazer. Sinto faltadas discussões técnicas que tratávamos sobre máquinas, processos, produtos ecorantes. Sinto falta do teu sorriso maroto e do brilho dos teus olhos azuis quandovislumbravas uma solução técnica insólita que não queria me revelar.Que péssimo jogador de pocker você teria sido!!!Mas você decidiu ir embora, freqüentar outro mundo e deixar este mundo têxtilbrasileiro mais pobre.Que pena para todos nós que aqui ficamos!!!Entretanto, para quem te conheceu pessoalmente ou por ouvir falar (e forammuitos) você deixou uma filosofia de vida profissional e pessoal que serácopiada e seguida. Pode ter certeza!Onde você estiver, receba um grande abraço de teu amigo.

Luciano Migliaccio.

SUMÁRIOEditorial .............................................................................................. 3

Mais de 600 congressistas participaram do XVII Congresso LatinoAmericano de Química Têxtil ................................................................... 5

Panorama atual dos efeitos antimicrobianos na indústria têxtil(Comissão de Auxiliares Têxteis do CIT - INTI) ............................................... 24

Biodegradação de efluente têxtil e nove corantes técnicos utilizan-do fungos basidiomicetos(Luciana Antonelli Rosolen, Regina T. R. Monteiro, Priscila M. Dellamatrice,Hélio M. Kamida) ........................................................................................... 44

Elaboração de receitas de tingimento visando uma melhor quali-dade do artigo e economia de processo(Vitor Alexandre dos Santos) ......................................................... 54

Degradação de soluções aquosas de corantes reativos utilizando-seprocesso de co-precipitação seguido de fotocatálise heterogênea(Kely V. Souza, Elaine L. Tiburtius, Fernando Wypych, Sandra G. Moraes,Francisco A. Camargo, Nelson Durán e Patrício P.Zamora) ........................... 58

Microemulsão: A nova tecnologia na remoção da cor de efluentes(Leocádia T.C. Beltrame, Tereza N.C. Dantas, Afonso A. Dantas Neto, José H.Nascimento.) ............................................................................................ 64

Produtos & Serviços ...................................................................... 76

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Depois de dois anos de preparativos, os organizadores

do XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil

puderam respirar aliviados, pois os resultados supera-

ram suas expectativas. O evento, que aconteceu de 4 a

7 de agosto em São Paulo SP, contou com mais de 600

congressistas de vários países da América Latina e Eu-

ropa, que disputaram as poltronas dos auditórios nas 39

conferências e três painéis apresentados.

As palestras migraram de temas atualmente aplica-

dos nas indústrias, como estamparia e tingimento, para

objeto de estudos acadêmicos, como a nanotecnologia.

"Essas novas tecnologias são coisas que as pessoas ain-

da não acreditam mas que vão chegar, sem dúvida", prevê

Vidal Salem, consultor têxtil. "É um tema que ainda está

na linha de pesquisa, mas com certeza vai chegar muito

rápido à nossa realidade".

A nanotecnologia tem por objetivo adicionar funcio-

nalidade à superfície das fibras. Essa técnica é particu-

larmente atraente pela espessura, homogeneidade e se-

qüência de camadas que podem ser precisamente con-

troladas pela arquitetura molecular, estrutura e interações

eletrostáticas. Ela oferece a possibilidade de criar na

construção de fibras ou acabamentos um fenômeno ca-

paz de armazenar energia e informações, detectar os

problemas e corrigi-los através da tecnologia

nanomolecular.

“Gostei muito dos seminários, mas alguns temas es-

tão muito distantes da realidade do Perú. Minha área de

interesse é o meio ambiente, pois o problema de conta-

minação no meu país é muito

grande”, disse o peruano

Eduardo Guerreiro, especialis-

ta em Índigo da Cia. Nuevo

Mundo S.A. Ele não estava

sozinho com sua preocupação,

pois as conferências que abor-

daram temas relacionados a ra-

cionalização e reaproveita-

mento de recursos naturais fo-

ram bastante concorridas.

Uma opção apresentada

para a preservação do meio

ambiente foi o Color Fast

Finish, na conferência de

Markus Ringelsbacher, do De-

partamento de Química Têxtil

Mais de 600 congressistas participaram do

XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil

Painel de Nanotecnologia

Enrique Meltzer, SecretárioExecutivo da FLAQT

Antonio Ajudarte,Presidente da ABQCT

Solange Menezes

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da BASF - Alemanha. Nesse processo, a coloração e o

acabamento são feitos de uma só vez, economizando

água, produtos químicos, energia e tempo, uma vez que

não requer tratamento posterior.

Outra apresentação que teve como tema a preser-

vação dos recursos naturais foi a de Manoel

Zauberman, da Inpal S/A Indústrias Químicas, que

falou sobre Engomagem, Preparação e Meio Ambi-

ente. Segundo ele, por estar integrada na linha com-

pleta de produção, sua empresa pode trazer à indús-

tria, produtos e processos que permitem uma

engomagem com melhores eficiências na tecelagem,

facilmente removíveis, permitindo uma preparação

econômica, sem agredir as fibras, além de ser com-

patíveis aos tratamentos de efluentes.

"Eu vivo em Portugal e tenho conhecimento da reali-

dade européia e americana, mas com a globalização es-

sas tecnologias são adequadas a qualquer país, embora

uns sejam mais competitivos que outros", ressalta o pro-

fessor Mahomed Ussman, da Universidade da Beira In-

terior, Covilhã - Por-

tugal. Segundo ele,

essas inovações são

aplicadas ao mercado

a medida que são so-

licitadas, o que torna

o processo lento, pois as indústrias e o mercado nem

sempre estão preparados para receber novas tecnologias.

“Muitas novidades apresentadas ao mercado pelas em-

presas já eram conhecidas dos pesquisadores há muito

tempo, mas estavam aguardando o momento certo de

serem absorvidas pelo mercado. Mas é certo que quem

chega com o produto primeiro no mercado estará sem-

pre na frente”, diz Mahomed.

Odair Bathke, coordenador comercial da Albrecht

Equipamentos Industriais Ltda., concorda com as co-

locações do professor Mahomed quando diz o Con-

gresso facilitou o contato com os clientes. “Estamos

vendo as necessidades, as dificuldades que eles têm, e

isso norteia os fabricantes para saber qual rumo to-

mar”, informa. Durante o evento, ele percebeu que

existe uma necessidade muito grande de trocar infor-

mações entre os congressistas latino americanos, prin-

cipalmente sobre processos, novos tecidos - como

elastano - e tecidos especiais. “Existe uma ansiedade

de saber como o outro está fazendo”.

Os auditórios lotaram em todas as palestras. As questões levantadas pelo público mostram o grau de interesse pelos temas apresentados

Paulo Skaf, Presidente daABIT, durante cerimônia

de abertura

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A expressiva participação de acadêmicos brasileiros

e de outros países no Congresso mostrou que o merca-

do está receptivo a novas tecnologias e as universida-

des estão ativas no desenvol-

vimento delas. “É uma sur-

presa muito boa ver a parti-

cipação de tantos profissio-

nais de outros países e tenho

certeza de que eles estão se

beneficiando com essas in-

formações”, diz Kelson dos

Santos Araújo, consultor in-

dependente em Ciências das

Cores e Colorimetria. “Te-

nho certeza que os técnicos,

industriais e os profissionais

aqui presentes estão muito

satisfeitos com o nível das

conferências”.

O professor José

Valldeperas Morell, do Ins-

tituto de Pesquisa Têxtil da

Universidade de Tarraça -

Espanha, também ficou mui-

to satisfeito com o resultado

do Congresso, não só pela

grande participação de pro-

fissionais e acadêmicos de

vários países latino-america-

nos, mas também pela

pertinência dos temas abor-

dados. "A recuperação da

indústria têxtil fez com que

passasse o desânimo e o

Congresso coincidiu com

esse momento", observa.

"Estão abordando temas de

grande interesse por sua no-

vidade, como estamparia di-

gital, nanotecnologia e teci-

dos inteligentes, mas

também tem o aperfeiço-

amento da tecnologia

tradicional, acompa-

nhando o momento de

transição da indústria".

Segundo ele, a mai-

or parte das palestras ti-

veram origem nas uni-

versidades porque, infe-

lizmente, os grandes

centros de pesquisa das

grandes multinacionais

já não estão tão atuan-

tes como há 20 anos,

mas por outro lado há

uma integração maior

entre empresas e univer-

sidades. “Acho que as

universidades estão aqui

para mostrar novos co-

nhecimentos que vão

dar frutos daqui a qua-

tro ou cinco anos; mas também podemos ver técnicas

desenvolvidas há quatro ou cinco anos que estão dan-

do frutos agora”, diz ele, acrescentando que o equilí-

brio do Congresso está na apresentação desses dois

pólos. “Tem temas de grande interesse por sua novi-

dade, como estamparia digital, nanotecnologias e teci-

dos inteligentes - que são ponta de lança - mas tam-

bém tem a tecnologia tradicional. Nem tudo é mal na

tecnologia já conhecida e nem tudo é para amanhã nas

novas tecnologias. Tudo tem sua importância, porque

as indústrias precisam preparar sua infra-estrutura para

essas novas tecnologias e esse período de transição

tem que se balancear em todos os aspectos”.

Com o final do evento, o Brasil passa para a Argen-

tina a responsabilidade de preparar a próxima edição do

Congresso Latino Americano de Química Têxtil. Desde

já estamos torcendo pelo sucesso do evento.

Markus Ringelsbacher,da BASF - Alemanha

Jürgen Andreaus,da FURB - Brasil

Mahomed Ussman,da UBI - Portugal

Kelson dos Santos Araújo,Consultor independente - BR

Presença feminina no Congresso:no alto, Julie Clemmons, da

Novozymes - EUA.Acima, Leocádia Beltrame,

da UFRN - Brasil

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MISSÃO CUMPRIDA. POR ORA!!!

Gastão Leonidas de CamargoPresidente da FLAQT

A FLAQT, a ABQCT e a Comissão Organizadora,

no sábado, dia 08, concluíram com um jantar festivo o

XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil.

É uma etapa, não o término de um trabalho.

Foram quase 3 anos de muita atividade, preocupa-

ções, dúvidas, sacrifícios pessoais, esquemas frustrados,

porém, sem nunca perdemos a fé, a coragem e a força

de luta pelo objetivo maior, que era o nosso Congresso.

Nos últimos meses, somando-se a tudo isso, peque-

nas vitórias e acertos iam dando forma a um horizonte

mais promissor, antevendo uma realização vencedora.

Estamos convencidos que o foi.

Conferencistas e congressistas, falando e escutando,

ensinando e aprendendo, trocando informações, comen-

tando resultados obtidos, formaram uma irmandade tão

coesa que, em muitos casos, o tempo para conferências

x debates tornou-se pequeno demais, exigindo continui-

dade nos corredores.

Números:

Números significativos não podem deixar de ser men-

cionados:

- Conferências: ......................................................... 39- Painéis: .................................................................. 03- Congressistas: ........................................................656

Brasileiros:........................................................... 478Visitantes:............................................................ 178Acompanhantes:.................................................... 32

- Crachás: ..................................................................829

Fatos:

Num evento como o nosso Congresso, certos fatos

ficam marcantes para cada um. Para mim, não posso

deixar de mencionar:

- A vinda de colegas da América Central e da América

do Norte, que muito nos prestigiaram.

- O número recorde de participantes em um Congresso

de Química Têxtil da América Latina.

- O interesse na participação técnica, por parte dos Con-

gressistas.

- O brilhante trabalho do Frits Herbold, viajando e

contactando conferencistas em diferentes países e lide-

rando um Comitê Técnico incansável e de alto nível,

que permitiu a excelência dos resultados.

- O trabalho e o apoio incondicional de toda a Diretoria

da ABQCT, do Vice-Presidente da FLAQT, da Comis-

são Organizadora e de toda a Equipe de Apoio.

- A reeleição de membros da Diretoria Executiva da

FLAQT que tão bem trabalhou para a realização do

Congresso.

Gastão Leônidas de Camargo, presidente da FLAQT,durante abertura do Congresso

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- O entusiasmo e a alegria contagiante no congraçamen-

to e atividades sociais.

- A beleza da solenidade de abertura e do jantar de en-

cerramento.

- Destaque para a visita que uma delegação equatoriana,

com nosso acompanhamento, fez à empresa

STENVILLE TEXTIL, em Jundiaí, SP.

O Sr. George Tomic, com uma solicitude marcante, nos

atendeu sem segredos, comprovando que, nos dias atuais,

apenas ver as instalações e processos de uma empresa não

é o bastante. Importante é tomar decisões certas.

A carta de agradecimento que fiz a ele e abaixo trans-

crevemos fala por si:

Prezado Senhor Tomic,

Em nome da FLAQT, da ABQCT e da Comissão

Organizadora do XVII Congresso Latino Americano de

Química Têxtil, quero agradecer a excelente visita que

realizamos na sua empresa.

A liberdade dada aos visitantes, as informações pre-

cisas e valiosas, além de objetivas e claras, foram mui-

to apreciadas e mostram grandeza empresarial. Mais

do que andar livremente pelas instalações de sua em-

presa, valeu o tempo que o senhor, fugindo de seus afa-

zeres, dispensou ao grupo equatoriano dos senhores

Ricardo Flor Gordon, Hugo Paredes, Richard Flor,

Marco Gordillo e a mim mesmo, relatando suas expe-

riências, informações estatísticas e mais que tudo seu

axioma que considero muito verdadeiro para o suces-

so de um empreendimento.

Seriam quatro situações, no nosso mundo altamen-

te informatizado:

1. Informação certa + raciocínio errado – insucesso

2. Informação errada + raciocínio certo – insucesso

3. Informação errada + raciocínio errado – insucesso

total

4. Informação certa + raciocínio certo – sucesso

Por raciocínio entende-se o conjunto de conheci-

mentos adquiridos, inteligência emocional, poder

decisório e ação.

Agarrar os 25% representados pela quarta premis-

sa é o segredo de um empreendimento vitorioso. Isto é

o que ocorreu nos 10 anos de crescimento da Stenville.

Partindo de uma produção de 20 toneladas mensais,

em janeiro de 1992, chega ao início de 2003 com 200

toneladas mensais.

Devemos considerar que isso ocorreu numa época de

crise no mercado têxtil quando muitas empresas diminuí-

ram a produção ou chegaram a cerrar suas portas.

Por tudo o que nos foi proporcionado, peço aceitar

os nossos agradecimentos e, mais do que isso, os votos

sinceros que a trajetória vitoriosa de sua empresa con-

tinue como foi até agora.

Atenciosamente,

Gastão Leonidas de CamargoPresidente da FLAQT

Registro também, com sinceros agradecimentos,

as firmas:

§ Doehler S.A. - Joenville - Santa Catarina

§ Karsten S.A. - Blumenau - Santa Catarina

§ Cia. Hering - Blumenau - Santa Catarina

§ Kyly Malhas - Pomerode - Santa Catarina

§ Malwee Malhas Ltda. - Jaraguá do Sul - Santa Catarina

§ Siderquímica S.A. - São José dos Pinhais - Paraná

§ Quimisa - Brusque - Santa Catarina

Que, atendendo a nossa solicitação, abriram suas por-

tas para visitas de congressistas do exterior. São empre-

sas líderes em diferentes setores, que têm orgulho em

mostrar o que fazem e um exemplo a ser seguido.

- Uma de nossas colaboradoras, a Madleine Ferraz, teve

a gentileza de mandar, logo após o término do Congres-

so, para os componentes das Diretorias, uma mensa-

gem relatando um fato que, inclusive, já figurou num

filme. É a história do menino que, por qualquer circuns-

tância, de repente está num palco, dedilhando um tema

simples no piano onde, em seguida, se apresentará um

famoso pianista. O pano se abre e o veterano pianista

não interrompe o menino mas, ao contrário, insiste para

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que prossiga e então, a quatro mãos, a melodia vai cres-

cendo até um final arrebatador para a platéia.

A idéia que nos veio dessa linda imagem é que, leva-

da ao nosso trabalho, seria: o estudante ou já o jovem

profissional, ousando em conduzir ou realizar um traba-

lho, novo ou difícil para ele, recebe do pianista vetera-

no, (nesse caso, os conferencistas, a ABQCT, a FLAQT

ou todos eles em conjunto, de braços abertos), o apoio,

o acompanhamento, e principalmente o incentivo para

grandes futuras realizações na profissão que escolheu.

Obrigado, Madi!

Passamos agora o bastão para os colegas argentinos,

que realizarão, temos certeza que com muito brilho, o XVIII

Congresso, em Buenos Aires. Esperamos que, na data que

decidirem, já possamos estar contando com a filiação de

Cuba e ainda do México, Honduras e Guatemala, que nos

honraram com sua participação em São Paulo.

Da minha parte, deixando a presidência da FLAQT ofi-

cialmente, ao término deste ano, desde já estou me colo-

cando à disposição da FLAQT e da ABQCT para, que

sempre que solicitado, contribuir no que puder ser útil.

Uma coisa que me entusiasma é ajudar a dar corpo a

uma idéia que temos desenvolvido em conjunto com o Pre-

sidente da ABQCT, qual seja a da formação de um BAN-

CO DE DADOS técnicos e de “chão de fábrica”, além de

informações sobre serviços e utilidades disponíveis no

mercado, para que, em conjunto com Universidades, Es-

colas Técnicas e empresas, possamos facilitar a vida do

técnico e do empresário têxtil, encurtando caminhos na

solução de problemas ou na elaboração de projetos novos.

Coisas boas estão para vir brevemente. Principalmen-

te, as “becas” para estudo na Universidade de Catalunha,

o intercâmbio de idéias para aperfeiçoamento do ensino

especializado na Química Têxtil, a Adesão ao Pacto Mun-

dial organizado pela ONU, que nos abrirá muitas portas.

É só esperar!

ABTT PRESTA HOMENAGEM À ABQCT E FLAQT

Acima, JoãoLuiz Pereira,

secretário daABTT, entre-

ga troféu aAjudarte,

presidenteda ABQCT.

Ao lado,Gastão,

presidenteda FLAQT, e

Ajudarte comos troféus.

No ano em que se celebra os 40 anos de existência daFLAQT - Federação Latino Americana de Químicos Têx-teis e os 30 anos de atividades da ABQCT - AssociaçãoBrasileira de Químicos e Coloristas Têxteis, a ABTT -Associação Brasileira de Técnicos Têxteis resolveu pres-tar uma homenagem às entidades e ofereceu um troféucomemorativo a cada uma delas.

A FLAQT foi fundada em 12 de novembro de 1964,com o objetivo de estreitar os laços entre as entidadesassociadas. É uma associação sem fins lucrativos, inte-grada por associações de oito países da América Latina.

A ABQCT foi fundada em 11 de dezembro de 1974,com o objetivo de congregar os técnicos da área químicatêxtil e aprimorar seus conhecimentos, e é membro daFLAQT desde 30 de outubro de 1985.

A ABTT foi fundada em 2 de novembro de 1962, e temcomo objetivo promover o intercâmbio de idéias e experi-ências entre os profissionais têxteis do Brasil.

Este ano, a ABTT e a ABQCT firmaram uma parceriaque oferece os mesmos descontos nos eventos promovi-dos pelas duas entidades a todos os associados de ambas.Isso já aconteceu no XVII Congresso Latino Americanode Química Têxtil e será praticado também no XXI Con-gresso Nacional dos Técnicos Têxteis, promovido pelaABTT, de 7 a 11 de setembro de 2004, em Natal RN, enos demais eventos da ABTT e da ABQCT.

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“A ABTT - Associação Brasileira de Técnicos Têx-

teis , gostaria de felicitar a FLAQT - Federação Latino

Americana de Química Têxtil e a ABQCT - Associação

Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis pela reali-

zação do XVII Congresso Latino Americano de Quími-

ca Têxtil, em São Paulo.

Foi para nós motivo de súbta honra termos participa-

do, juntamente com vários companheiros da ABTT, dos

principais momentos do evento, destacando aos senho-

res nossa satisfação com a parceria entre nossas entida-

des, que propiciou ter sido este o primeiro aconteci-

mento no qual sócios de ambas entidades tiveram con-

dições privilegiadas.

Esta parceria, temos absoluta certeza, possibilitará

a presença de um número cada vez maior de participan-

tes em eventos de nossas entidades, contribuindo para

estreitar ainda mais nossos laços de amizade e nortear a

defesa de interesses comuns.

Recebam nossos sinceros cumprimentos pela impe-

cável organização e riqueza dos temas apresentados.”

ABTT - Associação Brasileira de Técnicos TêxteisReinaldo Aparecido Rozzatti - Vice-PresidenteJoão Luiz Martins Pereira - Secretário Geral

www.abtt.org.br - [email protected]

"Como patrocinador e participante deste Congresso,

quero expressar meus cumprimentos pela excelente qua-

lidade das palestras ministradas e pela organização da

mesmo. A direção da ABQCT sempre poderá contar

com o nosso apoio para eventos desta natureza.”Calquim

Calil Hafez [email protected]

“A Clariant sentiu-se muito honrada em ser um dos

patrocinadores da FLAQT/Brasil 2004. A organização

do evento foi muito elogiada por nossos colaboradores

latino-americanos, assim como por nossos clientes par-

ticipantes. Os temas selecionados para as apresentações

tiveram a abragência ideal para a realidade atual do seg-

mento têxtil. A programação das atividades também

esteve bem coordenada, atendendo ao interesse de to-

dos os participantes.

A solenidade de abertura teve participantes ilustres

do segmento textil, apresentando uma visão clara do

nosso desafio futuro na região para consolidação do

segmento têxtil latino-americano no mercado interna-

cional. A solenidade de encerramento foi muito sim-

pática, revelando-se como uma oportunidade rara de

congraçamento entre todos os afiliados, num ambiente

fino e muito agradável.

Agradecemos à ABQCT pela oportunidade propor-

cionada à Clariant de expor seu know-how, num ambi-

ente tão favorável.”Clariant

Orlando [email protected]

“De novo recebam os nossos parabéns pela boa or-

ganização do Congresso da FLAQT recente, e espera-

mos podermos nos ver antes do próximo Congresso em

Buenos Aires.”Premier Trading Co. LLC - USA

Michael J. [email protected]

www.PremierTradingLLC.com

Congressistas, conferencistas, delegações estrangeiras epatrocinadores cumprimentam a ABQCT pelo sucesso do

XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil

16

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“... Gostaria de parabenizá-los pelo sucesso do evento.

Não é só opinião minha, mas de todos os participantes

com os quais tive contato, o evento superou em muito

as nossas espectativas, foi muito enriquecedor profissi-

onalmente. Quiséramos houvesse um evento desses por

ano e nossa indústria daria um salto em termos de qua-

lidade de seus profissionais. Muitos falavam inclusive

do orgulho que estavam sentindo em participar do setor

têxtil. Voltei cheio de idéias e novos conhecimentos

adquiridos nas palestras de colorimetria e outras que

pude ter o privilégio de participar ativamente, fazendo

perguntas e obtendo respostas exclarecedoras. ‘Fantás-

tico’ é o que digo quando alguém que não foi me per-

gunta a respeito.”

CibaCarlos Alberto Pereira

[email protected]

“El presente es con el fín de felicitarlo, igual que

a la Comisión Organizadora por el magno Evento

con motivo del XVII Congreso Latinoamericano de

Química Textil celebrado en días pasados en São

Paulo-Brasil.

La Celebración estuvo muy disciplinada, elegante, y

de gran altura en todos los aspectos. Los Conferencis-

tas y participantes muy destacados en el rol que les

correspondió actuar. Me gustó muchísimo la ceremonia

de apertura, y algo fuera de serie fue la actuación de la

Orquesta y Coral Marinelli

Gracias por la atención tan amable de todos Ustedes

a quienes saludo.”

Rosabel de CastilloCaracas-Venezuela

[email protected]

“A Sintequimica patrocinou dois pacotes - o C e o D

- e teve um retorno excelente, apesar de algumas falhas

devido à distribuição tardia dos cartazes de divulgação

do Congresso.

Foi muito bom termos colocado uma recepcionista

uniformizada com o tecido estampado em Inkjet e o logo

de nossa empresa no Hall onde aconteciam os "coffee

breaks", distribuindo nossos folders, catálogos e litera-

turas, enquanto nosso pessoal técnico-comercial aten-

dia os congressistas durante os intervalos das palestras.

Nosso objetivo era divulgar mais e melhor a

Sintequímica, tanto para nossos patrícios, como para

os visitantes internacionais, incentivando com isso

nossas exportações. Não deu outra - após o término

do Congresso, obtivemos um número expressivo de

contatos para novos negócios em diversos países, den-

tre eles USA, Venezuela, Colômbia, Perú, Chile, Ar-

gentina e Equador. As nossas certificações ISO9001/

2000 e ISO14001 surtiram um efeito extremamente

positivo sobre esses novos e futuros clientes. O in-

vestimento foi plenamente justificado e tivemos um

grande retorno.

Participamos também do painel de InkJet Printing,

tendo como moderador nosso diretor José Clarindo de

Macedo, fato que muito nos envaideceu: lá estava a

Sintequímica, presente entre tantos participantes de

peso, cujos conhecimentos técnicos da nova tecnologia

eram extremamente relevantes. Isso nos encheu de or-

gulho e incentivo para continuarmos trabalhando e pa-

trocinando eventos como este, tão importantes e es-

senciais para nosso setor.

Com relação ao nível técnico, a organização e a par-

te social, creio que foi o melhor Congresso já apresen-

tado em nosso país, desde o Hino Nacional da abertura,

até o jantar de encerramento. Tivemos que dividir nos-

sos profissionais nas palestras simultâneas para poder-

mos aprender tudo o que era oferecido. Até hoje ainda

realizamos reuniões para discutirmos as tecnologias e

as inovações apresentadas.

Finalizando, a Sintequímica ficou satisfeita e orgu-

lhosa por ter participado como patrocinadora. Contem

conosco para outros eventos deste nível!!!Sintequímica do Brasil Ltda.

José Clarindo de Macedowww.sintequimica.com.br

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“Por medio de esta comunicación quiero expresarle aos

organizadores de este congreso mis más sinceras felicitaciones por la

organización y realización de este magno evento.

El lugar elegido para su realización, la información sobre la agenda,

la logística de los hoteles, el recibimiento de las delegaciones, el acto

inaugural, el temario, el nivel científico de algunas de las conferencias,

la calidad de las exposiciones, la puntualidad en los distintos actos, la

clausura y en general todas las actividades desarrolladas dentro del

marco del XVII Congreso Latino

Americano de Química Textil realiza-

do por la ABQCT y convocado por la

FLAQT me merecieron el calificativo

de “EXCELENTE”.

Enka de Colombia S.A.Humberto Restrepo S.

Servicio Técnico en Procesos [email protected]

"Estive no Congresso, gostei muito

das palestras."

Kelly C. RibeiroEstudante UNICAMP

"Vocês conseguiram realizar um exce-

lente trabalho com alto profissionalismo.

Mais uma vez, parabéns"

Cesar V. Pinho, Ciba

"Não teve um participante sequer

que não teceu inúmeros elogios a res-

peito de toda a organização do con-

gresso, desde as dependências, a parte

sócio-cultural, organização, pontuali-

dade e mais importante o nível técni-

co apresentado que é toda a essência

desse tipo de evento.

Abraços extensivos a todos do co-

mitê e tomo a liberdade em resumir

em uma mensagem final: "Sucesso e

superação da missão cumprida."

Luiz Wagner de Paula, Ciba

"Primeiro agradecemos a possibilida-

de que nos foi estendida por intermédio

da nossa representada Kuesters em par-

ticipar deste evento. De nossa parte, pos-

so falar que este foi muito bem organiza-

do, com palestras de alto nível e sem

dúvida trouxe ao nosso mercado têxtil

mais um padrão de como deve ser feito

um evento deste porte, com seriedade,

responsabilidade e respeito a todos os en-

volvidos. Parabéns!"

Maurício Vaz, PML

"Parabéns por este evento memorável."

Raimar FreitagSecretário geral da Oeko-Tex - Suiça

"... Gostaria de cumprimentá-los pela

excelente performance conseguida."

Norberto CaneladaTexpal - Brasil

“Thanks a lot for your kindness and

for allowing me to participate as a

speaker at FLAQT. I was humbled by the

amount of people attending my talk and

the amount of questions and further

contacts I received afterwards. Best

regards and thanks again for allowing me

to experience the wonders of Brazil."

Juan Hinestroza

Conferencista - NCSU - EUA

"Por parte da Eloquímica e Quimisa,

gostaria de agradecer e parabenizá-los

pelo evento. Acompanhamos o seu tra-

balho e podemos ter uma idéia da quan-

tidade de esforço envolvida para obten-

ção deste resultado tão satisfatório."

Maria Cristina Santos Cunha Lima

Eloquímica Grupo Quimisa - BrasilKarl-Hans Blank, DyStar Alemanha

Pascal Renger, Ciba Suíça

Joni Dutra Neves, Texima Brasil

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"...Chegamos ao fim da maratona que foi a realiza-

ção desse congresso. Tenho a certeza absoluta de que

atingimos a todos os nossos objetivos, graças ao traba-

lho e colaboração de muitos".

Antonio Ajudarte, presidente da ABQCT

"Nossa responsabilidade foi grande, porém, com um

final gratificante devido ao sucesso alcançado. Todos os

convidados internacionais, bem como o sr. Connelly, pre-

sidente da AATCC, que quer futuramente mais sinergia

com nossa ABQCT, pois sua impressão foi muito positi-

va quanto a organizãção, nível técnico e social. Ele disse

isso antes da apresentação de sua palestra, onde o Laér-

cio era o coodernador. O professor Mr. Peter Hauser, da

NCSU, também elogiou muito e, neste caso, ele veio com

a esposa e teve passei-

os realizados nos city

tours por nós organiza-

dos com tradução em

inglês, o que muito a

impressionou. Querem

voltar e tenho certeza

que poderemos contar

com a NCSU."

José Macedo, vice-presidente da ABQCT

"I want to thank the

FLAQT committee for

the invitation to speak

at the congress. The

technical program was

first-rate and I gained

valuable information

from the presentations. The social program was also very

nice. My wife enjoyed the cultural tour she attended and

we both enjoyed the closing banquet. In summary, my

congratulations to the FLAQT committee for providing

an excellent technical conference with an interesting so-

cial program."

Peter Hauser, conferencista, NCSU - EUA

“ ...Independente de qualquer avaliação formal, as ma-

nifestações vindas dos congressistas foram sempre ex-

tremamente positivas, expressando muita satisfação. O

encerramento no Clube Monte Libano foi o coroamento

desse sucesso.

Parabéns a todos os colegas e obrigado pela oportu-

nidade de fazer parte desse capítulo, que marcará para

sempre os Congressos da FLAQT."

José Roberto Genari, "mestre-sala" e congressista

"Foi realmente um evento muito especial, tanto em

termos profissionais como pessoais. A assistência à

minha palestra no sábado foi muito boa e bastante

participativa. Passados alguns dias, ainda estou "di-

gerindo" todas as informações e contatos novos obti-

dos estando, assim, muito satisfeito por ter participa-

do desse evento tão importante da área têxtil. Mais

uma vez meu agradecimento extensivo a toda Direto-

ria da ABQCT."

Kelson dos Santos Araújo, conferencista

Consultoria em Cores - Brasil

"Aos amigos que tanto se empenharam na organiza-

ção do Congresso da FLAQT, desejo manifestar e com-

partilhar com vocês a minha alegria pelo sucesso do

evento. Abraços para todos."

Vidal Salem, "mestre-sala" e congressista

"Fiquei muito feliz em poder participar e cooperar

com o excelente andamento do Congresso. Continuo a

disposição para todo e qualquer evento da ABQCT."

Laércio Ferragina, "mestre-sala" e congressista

No alto, o conferencistaMarkus Ringelsbacher -

Basf Alemanha.No centro, WolfgangSchrott, da DyStar

Alemanha.Ao lado, Oscar Haffar, doGrupo Intex - Venezuela.

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"Estou muito feliz e agradecido por ter sido convida-

do para dar minha pequena contribuição para esse gran-

dioso congresso.Parabenizo a todos que participaram

para que esse evento se realizasse do modo que foi, pelo

grande sucesso do congresso. Parabéns!!! Estou orgu-

lhoso também da boa impressão que nossos países vizi-

nhos levaram."

Haroldo Castanho Pedro, "mestre-sala"e congressista

“Só uma palavrinha de parabéns pela organização

da sua conferência e de agradecimento pelo atendimen-

to de que fui objeto, nomeadamente pelo alojamento no

hotel Meliá de que gostei muito.”

Jaime I. Naylor da Rocha GomesUniversidade do Minho - Portugal

[email protected]

“A GII é uma organização de especialidades quími-

cas, representantes de fornecedores globais para as áreas

têxteis, couros, pigmentos (tintas e plásticos), papel e re-

vestimentos em madeira, que promove a integração total

dos recursos. Por isso, foi criado sobre três pilares: ima-

ginação e integração ilimitadas. A GIII representa, no

Brasil, a M. Dohmen / LG Alemanha - Coréia, em

corantes; a Wonderful / Jiansu Taifeng - China, o maior

produtor mundial de índigo; a Chromatech de Leeds -

Inglaterra, em auxiliares têxteis e a SunChemical - Perfor-

mance Pigments, para tintas, plásticos e especialidades.

Pela primeira vez a GIII participa do XVII Congres-

so Latino Americano de Química Têxtil e da FEBRATEX

Feira Brasileira para Indústria Têxtil.

O congresso em geral foi bom com palestras muito in-

teressantes e outras nem tanto. As acadêmicas foram as

melhores e a dos fornecedores, algumas boas, mas em ge-

ral não trouxeram grandes novidades para os técnicos bra-

sileiros. A possibilidade de troca de experiências e net-

working foi muito aproveitada por todos. A organização, o

marketing e a presença da maioria das empresas da cadeia

têxtil, apoiando o congresso, foram pontos de destaque".

GIII - Grupo de Imaginação e Integração Ilimitadas

Eduardo Guimarães - presidente da GIII

“En nombre de la delegación del Ecuador al XVII

Congreso Latinoamericano de Química Textil, agradezco

por las atenciones brindadas en el seno de este evento y

hacemos votos por el exito futuro y la unidad de la ABQCT

y FLAQT. Además, un especial agradecimiento por la

invitación hecha para conocer la empresa textil Stenville.”

Asoción Ecuatoriana de Quimicos y Tecnicos TextilesRicardo Flor G.

[email protected]

"Achei que o congresso foi muito bem organizado, com

estrutura de primeira qualidade. Os programas foram

cumpridos e as infor-

mações vieram de en-

contro às necessida-

des que estão surgin-

do no mercado têxtil."

BASF S.A.Marcelo Paciello da

SilveiraCoordenador de Vendas

- São Paulo

“Para a Texsilon,

não houve surpresas

quanto à realização do

17º Congresso da

FLAQT, orquestrado

pelas mãos competen-

tes da equipe

organizadora do even-

to, a Diretoria da

ABQCT. Temos parti-

cipado de outros con-

gressos da FLAQT e

No alto, o conferencistaOlli Lemola, da Stork -

Países Baixos.No centro, Freddy

Rewald, FEI - Brasil.Ao lado, Manoel

Zauberman,da Inpal - Brasil

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podemos afiançar com segurança que o nível técnico

dos trabalhos apresentados, assim como a organização

total do evento, foi perfeita em todos os detalhes, desde a

abertura até o encerramento na festa de confraternização.

Parabéns a toda equipe organizadora, vocês realizaram

uma obra maravilhosa e que nos enche de orgulho.”

Texsilon

Luiz Scalon

“A Golden Química do Brasil Ltda. vem, através de

seus funcionários e diretoria, parabenizar a presidência,

diretoria e membros da comissão organizadora da

ABQCT e FLAQT pelo extraodinário Congresso reali-

zado. O profissionalismo, competência e bom gosto que

pautaram tanto os eventos técnicos como os sociais fo-

ram motivos de orgulho para toda a comunidade têxtil

brasileira.

Os congressistas da Golden Quimica tiveram a opor-

tunidade de assistir cerca de 90% das palestras e, em-

bora muito alertado pela equipe diretiva da FLAQT, parte

dessas palestras tiveram cunho estritamente comercial,

o que lamentamos profundamente, embora esse fato não

diminua o brilho do evento. As empresas devem estar

mais conscientizadas de que o público num congresso

dessa magnitude, vai em busca de novos conhecimen-

tos técnicos.

Sentimos na obrigação de mencionar esse fato, mas

estamos à disposição para colaborar em eventos com o

padrão do que foi executado.Golden Química do Brasil Ltda.

Diretoria

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Os agentes antimicrobianos têm um papel importan-

te no controle dos microorganismos perigosos, mas o

desenho, a aplicação e o mecanismo de ação de tais

agentes não estão isentos de problemas. O objetivo fi-

nal não é a erradicação das bactérias e fungos, mas o

controle de suas populações.

Este trabalho apresenta um panorama e a situação

atual dos produtos e a forma de atuar dos agentes

antimicrobianos. Industrialmente, os agentes

antibacterianos ou antifúngicos são aplicados durante

o processo de acabamento ou são incluídos na própria

estrutura da fibra.

São descritos antecedentes históricos, as definições

dos termos em microbiologia, os mecanismos de repro-

dução e controle dos microorganismos, as composições

químicas dos agentes utilizados, a forma de aplicação

nos têxteis, o mecanismo de ação e sua durabilidade

durante o uso normal da prenda.

1. Antecedentes históricos e sua relação biocida

Como referência, talvez uma das mais antigas, mui-

to importante e relacionada com este tema, podemos citar

o ritual bíblico da vaca queimada. A gordura quente fun-

dida, ao escorrer e entrar em contato com as cinzas, for-

mava por saponificação uma mistura alcalina de sabão

em pó. Essas cinzas saponificadas eram diluídas em re-

cipientes, formando assim uma lixívia aquosa que era

utilizada para borrifar tudo o que estivera em contato

com cadáveres. Dessa maneira, temos uma explicação

do uso do sabão para se obter um efeito desinfetante em

razão de sua propriedade de limpeza.

Os agentes tensoativos descobertos no século XX,

utilizados para todos os processos têxteis úmidos e em

especial para a lavagem dos materiais (fibras, tecidos e

prendas), contribuem para diminuir as possibilidades de

formações microbianas e fungos ao eliminar as sujeiras

e em especial os contaminantes orgânicos, principalmen-

te óleos e gorduras. Podemos dizer que o sabão e os

tensoativos têm "por si só" uma ação letal sobre muitas

formas de microorganismos.

O descobrimento do poder biocida dos tensoativos

quaternários de amônio, que data do ano 1935, condu-

ziu a sua posterior aplicação no campo têxtil. Podemos

citar o fenol, halógenos (cloro, bromo, iodo) e sais me-

tálicos, como os primeiros biocidas industriais utiliza-

dos no começo do século XX. A indústria têxtil, no sé-

culo XX não utilizou processos de aplicação de biocidas,

salvo em casos muito destacados, como por exemplo, a

lavagem comercial de fraldas. Cabe destacar, que na Ar-

gentina existiram sérios problemas de toxicidade em

pessoas por utilizarem derivados de mercúrio que mais

tarde foram proibidos.

Na fabricação de lonas, especialmente de uso na intem-

périe (toldos, caminhões etc.), foi necessária a aplicação

de acabamentos especiais para evitar a formação de fun-

gos. Nesse caso, foram utilizados sais de cobre e outros

Tecnologia Biotecnologia Química Têxtiln° 76/set.04

Panorama atual dos efeitos antimicrobianosna indústria têxtil

Comissão de Auxiliares Têxteis do Centro de Investigação e Desenvolvimento Têxtil (CIT) do INTIArtigo publicado na Revista Galaxia nº 167 - Argentina

Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT

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produtos. Os ensaios consistem em deixar um pedaço da

lona durante um certo tempo enterrado no solo e avaliar

em seguida a perda de resistência e a descoloração.

Quanto a fibra de lã, sendo seu principal problema a

destruição pela traça, tornou-se necessário um tratamento

com produtos especiais, de formulação muito similar a

dos corantes de alta afinidade. A lã mal lavada ou con-

taminada com restos de ensimagem conduz a rápidas

formações de fungos da família aspergillus niger, que

terminam infectando todos os lugares em contato com a

mesma. Isso torna necessária a descontaminação de pi-

sos, paredes, caminhões onde se transporta a lã etc.

Quanto a utilização nos processos, podemos citar

vários casos indiretos. A aplicação das engomagens de

fios, por ser originalmente feita com amidos, fécula,

caseína ou misturas, e na atualidade com produtos sin-

téticos (álcool polivinílico, acrilatos etc.), torna neces-

sário o uso de conservantes para evitar a putrefação e

formação de fungos.

O uso de ensimagens nos processos de fiação, elabo-

rados com óleos naturais, ácidos graxos ou óleos sinté-

ticos, e que são utilizados em emulsão ou soluções

coloidais, requer a utilização de conservantes para evi-

tar a decomposição, tanto no processo como sobre as

fibras. Sobre isso podemos dizer que os óleos minerais

contêm geralmente altas concentrações de pseudomonas,

as quais trabalhando em conjunto com leveduras e

enzimas (sulfatasas) levam a decomposição dos sulfa-

tos da água, que se reduzem formando ácido sulfídrico

altamente tóxico para o ser humano, além de deteriora-

rem e colorirem a lã.

A utilização de água contaminada nos processos

úmidos, geralmente proveniente de poços pouco pro-

fundos, pode levar a contaminações com fungos, que

mancham os materiais durante seu armazenamento e

modificam a tonalidade dos corantes. Isso deve ser so-

lucionado mediante o uso de biocidas especialmente

selecionados. Dado o potencial de periculosidade que

implica a inclusão de um agente bactericida em um pro-

duto têxtil, se optou por utilizar aqueles que estão inclu-

ídos desde longo tempo na relação de produtos que não

causam problema quando em contato íntimo com a pele

(como cosméticos). Esses produtos são utilizados há

mais de vinte anos, período durante o qual foram avali-

ados em cada caso quanto a sua toxicidade, sem que se

tenha reportado casos de efeitos nocivos.

2. Biocidas (bactérias e fungos)

Há muitas décadas são utilizados agentes antimicro-

bianos para controlar a proliferação de bactérias e fun-

gos. Os agentes antimicrobianos têm um papel impor-

tante no controle da população de microorganismos pe-

rigosos, mas a aplicação e o mecanismo de ação de tais

agentes não estão isentos de problemas. Em primeiro

lugar, o mais habitual é usar um projeto simples para

controlar o amplo espectro de organismos chamados

micróbios, seja do tipo bacteriano ou fúngico. De uma

forma geral, quanto mais ampla é a atividade do agente,

mais tóxica é a substância química para as outras espé-

cies de ordem superior, incluindo o homem. Em segun-

do lugar, o objetivo final do efeito antimicrobiano não é

a erradicação completa de todas as bactérias e fungos

mas sim o controle de sua população.

Existem micróbios em quase todos os ambientes,

desde as calotas polares até os desertos mais áridos.

Alguns micróbios são capazes de resistir temperaturas

muito extremas, desde 100ºC até -180ºC. Os órgãos in-

ternos e o sangue costumam estar livres de micróbios e

a elevada acidez do estômago costuma ser uma boa bar-

reira para as bactérias que desejem entrar no organismo

humano. Na pele limpa sempre existem níveis básicos

de bactérias e fungos, com uma população típica de 100-

1000 micróbios por centímetro quadrado. Nesses níveis,

os micróbios não produzem nenhum problema de saúde

e nem de mau cheiro.

As bactérias e fungos vivem bem em condições quen-

tes e úmidas. Como se multiplicam por divisão em duas,

o crescimento da população segue uma simples progres-

são geométrica de 1, 2, 4, 8, 16, 32.... Em condições

ideais, esse processo pode ter lugar a cada vinte minu-

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Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04

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tos, o que significa que em um período de 8 horas, uma

simples bactéria pode gerar 1,6 milhões descendentes.

Quando as bactérias ou fungos alcançam níveis excessi-

vos aparecem os problemas de odor, descoloração e pos-

sível infeção. Muitos dos odores característicos associa-

dos com a boca, axilas e pés são devidos a grandes popu-

lações que proliferam em condições quentes e úmidas.

O mau cheiro resulta da digestão de nutrientes trans-

pirados por parte dos microorganismos e a conseguinte

liberação de produtos secundários pestilentos. Mesmo

que as bactérias sejam muito prolíficas, costumam ser

eliminadas através de uma simples lavagem. Os níveis

excessivos de fungos são os responsáveis por infeções

tipo "pé de atleta" em locais de chuveiros coletivos e

por contaminação de colchões e roupa de cama. Os fun-

gos demoram mais tempo para se estabelecerem do que

as bactérias mas são mais difíceis de serem eliminados

e podem resistir bem aos ciclos de lavagens. É evidente

que os problemas associados com bactérias e fungos são

diferentes e, portanto, devem ser diferentes os métodos

utilizados para controla-los. Por exemplo, o controle de

ácaros em roupa de cama e colchões.

Os ácaros pertencem à família dos aracnídeos, me-

dem entre 0,1 e 0,5 mm, isto é, são invisíveis a olho nú.

Vivem entre as fibras têxteis e não dependem de ne-

nhum substrato em especial. Preferem as mesmas con-

dições climáticas dos fungos e bactérias, ou seja, umi-

dade e temperaturas cálidas.

A quantidade de células que se desprendem diaria-

mente do corpo humano, suor, gordura e pele tem um

peso aproximado de 1,5 gramas, o que é suficiente para

nutrir mais de um milhão de ácaros. Mas, normalmente

essas células são demasiadamente secas e com um con-

teúdo de óleo demasiadamente alto para servir de ali-

mento direto aos ácaros. Os fungos contribuem para

decompor a capa oleosa dessas partículas, tornando-as

mais digestíveis para a alimentação dos ácaros. Com as

condições de umidade e temperatura adequadas, o am-

biente fica favorável para a multiplicação dos ácaros.

Em uma geração de 3 a 4 meses, uma colônia original

de 1000 indivíduos pode se converter em uma de mais

de 40000. As fezes dos ácaros secam e se dividem em

partículas de tamanho microscópico que podem ser ex-

pulsas da cama pelo movimento e pela carga estática.

Esses dejetos contêm os agentes alérgicos que provo-

cam as reações alérgicas. A presença de um tratamento

antimicrobiano pode deter o crescimento dos fungos

responsáveis pela degradação das células epiteliais e

assim cortar o ciclo de reprodução dos ácaros.

3. Produtos têxteis e seus usos

No campo têxtil os tratamentos antimicrobianos se

dirigem aos seguintes usos finais:

- uso desportivo;

- camisas e jaquetas;

- entretelas;

- meias e roupa interior.

Na área industrial, são solicitados para:

- roupas de trabalho e tecidos para a indústria farmacêu-

tica e alimentícia;

- filtros para acondicionadores de ar, filtros em geral e

aspiradores de pó.

Para a higiene hospitalar são usados em:

- roupas para cirurgia, laboratórios, odontologia e etc.;

- roupa de cama, forro de colchões;

- proteção bucal;

- gases, bandagens e fitas adesivas.

4. Definições

A microbiologia é uma ciência que, em uma das suas

ramificações, estuda o efeito degradante dos microor-

ganismos sobre os alimentos, cosméticos, produtos far-

macêuticos etc. A conservação química foi introduzida

ao redor de 1880, com o uso do ácido salicílico, ácido

bórico e sal (cloreto de sódio).

Essa é a classificação dos microorganismos:

- Bactérias (Gram+ e Gram-): são organismos

unicelulares que têm um único cromossoma e não pos-

suem envoltura nuclear. São os menores microorga-

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Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04

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nismos, com um diâmetro médio de 1 mícron. Muitas

espécies são patogênicas e outras intervêm em ciclos da

natureza. Segundo sua forma aproximada são divididos

principalmente em:

. Cocos (esferas)

. Bacilos (bastões)

. Espiroquetas (espirais)

. Actinomicetas (forma indeterminada)

- Fungos (leveduras e mofos): são organismos com um

núcleo organizado e paredes celulares rígidas, carecem

de clorofila. Diferentemente das bactérias, são constitu-

ídos de múltiplas células.

- Vírus: é constituído por material genético (ADN ou

ARN) e uma cobertura protéica; só se reproduzem em

um organismo vivo e devem ser parasitas de uma célula

hospedeira.

- Esporos: célula que se separa do organismo mãe e

que, em condições favoráveis, desenvolve um novo or-

ganismo adulto. Também são definidas como bactérias

encapsuladas.

- Algas: organismos vegetais pluricelulares que vivem

em ambientes úmidos ou líquidos. Possuem capacidade

de fotossíntese, captam a luz e a convertem em energia.

Podem ser macro ou microscópicas.

medicamentos. São substâncias naturais ou sintéticas que

destroem ou inibem a proliferação de microorganismos.

Antibióticos: são os produtos antimicrobianos de ori-

gem natural.

"Cidas" : é o sufixo que indica substâncias que matam

organismos do tipo indicado no prefixo; podem ou não

matar outro tipo de microorganismo.

Bactericida: é um produto que mata bactérias, mas não

necessariamente seus esporos, que é o estado no qual

permanecem os microorganismos quando as condições

lhes são adversas.

Germicida: é um agente "cida" de amplo espectro.

Fungicida: é o agente que mata os fungos.

Esporicida: agente que destroi os esporos microbianos.

"Státicos" : se faz acompanhar de um prefixo que in-

dica sobre qual tipo de microorganismo exerce a ação.

Esses produtos provocam a interrupção do crescimen-

to dos microorganismos mas não sua morte, como fa-

zem os "cidas".

Bacteriostático: é o agente que previne o crescimento

das bactérias mas que não necessariamente as mata.

Nem a elas e nem os seus esporos.

Fungistático: é o agente que inibe o crescimento dos

fungos mas nem sempre os mata.

Desinfetante: é um agente que mata ou reduz, sobre

objetos inanimados, a população de microorganismos a

níveis que normalmente são inócuos para a saúde, mas

não aos seus esporos.

Antisséptico: é um agente germicida suficientemente ino-

fensivo para ser aplicado sobre a pele ou mucosas, mes-

mo não sendo sempre seguro para a aplicação interna.

Esterilização: destruição ou ausência de microorga-

nismos.

Infeção: os microorganismos penetram no hospedeiro.

Contágio: os microorganismos passam de um hospe-

deiro a outro.

5. Atividade antimicrobiana - Métodos AATCC

Existe uma série de ensaios para quantificar a eficá-

cia do efeito antimicrobiano. O teste AATCC 147 é, em

4.1. Definições de palavras conexas

Agentes antimicrobianos: são todas as preparações

para prevenir, destruir ou abrandar qualquer bactéria,

fungo ou virus em qualquer âmbito exceto em huma-

nos, plantas e animais ou em alimentos, bebidas ou

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geral, o mais usado, mas em alguns casos específicos

são adotados sistemas de ensaio diferentes, como o

AATCC 100 ou os testes suíços SNV-195, 920 e 921.

5.1. Método AATCC 147

Esse método é um procedimento qualitativo, cujo ob-

jetivo é demonstrar se o agente bactericida com o qual

estamos tratando o material têxtil oferece atividade

antibacteriana. As amostras do material a ser testado, in-

cluindo amostras de controle feitas do mesmo material

sem tratar, são colocadas em íntimo contato com um gel

nutritivo, o qual tenha sido previamente inoculado com

os microorganismos. É usada uma família bacteriana pa-

drão, em geral se pode usar Staphylococcus Aureus como

representativa dos organismos Gram positivos.

O resultado é determinado observando a zona de ini-

bição que se produz sobre o gel ao redor da amostra que

está sendo testada; essa zona é uma área bem determi-

nada na qual não existe crescimento de microorganismos

e que ocorre como resultado da difusão do agente

antibacteriano proveniente do material têxtil.

Meio de Cultivo: em geral se usa um gel ajustado a um

pH de 7,0 com hidróxido de sódio.

Amostras: podem ser circulares ou retangulares de

25x50 mm.

Procedimento: coloca-se o gel nutritivo em placas de

Petri. A seguir borrifa-se o gel com a solução de

inoculação bacteriana (semeadura) em locais determi-

nados, em formas de estrias, e coloca-se a amostra a ser

testada. A prova é incubada durante 18 a 24 horas.

Avaliação dos resultados: as placas de Petri são exami-

nadas verificando-se tanto a interrupção do crescimento

bacteriano nas estrias quanto a zona de inibição ao redor

da amostra. Para avaliar a atividade antibacteriana, os ma-

teriais tratados devem ser comparados com o material de

controle (sem tratar) e com um material que já possua

atividade antibacteriana estabelecida. Para que o agente

antibacteriano seja reconhecido como tendo uma aceitá-

vel atividade bactericida, não deve haver colônias bacte-

rianas em baixo da amostra, na área de contato com o gel.

5.2. Método AATCC 100

Diferentemente do Teste 147, esse método oferece um

procedimento para avaliar o grau de atividade antibac-

teriana. Se o que se pretende verificar é a presença ou não

de atividade antibacteriana, um procedimento qualitativo

como o Teste 147 é perfeitamente aceitável. Porém, se

pretendemos efetuar uma avaliação quantitativa da ativi-

dade antibacteriana, necessitamos efetuar o Teste 100.

Praticamente o que se faz é o seguinte: os materiais

tratados são testados primeiro usando o método 147;

aqueles que apresentam atividade antibacteriana são a

seguir avaliados quantitativamente pelo método 100.

6. Material têxtil antimicrobiano

Para conferir a um material têxtil propriedades antimi-

crobianas existem dois caminhos: incorporar o agente

antimicrobiano à fibra ou aplica-lo

depois, como um acabamento. O pri-

meiro caso somente é viável com as

fibras sintéticas que descreveremos

com o título de fibras antimicrobi-

anas, o segundo caso corresponde a

aplicação de produtos antimicro-

bianos sobre fibras (praticamente

qualquer tipo), fios, tecidos ou pren-

das confeccionadas (ver cap. 6.2 -Pro-

dutos de acabamento antimicrobiano)

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6.1. Fibras antimicrobianas

a) R.STAT - A empresa R.STAT, de origem francesa,

produz uma fibra de poliamida 6.6 para ser usada em

princípio como fibra antiestática, mas que também pos-

sui propriedades antibacteriana e cujos direitos foram

comprados da Rhone-Poulenc para sua fabricação. É

uma fibra de poliamida 6.6 com uma capa de 0.2 microns

de espessura de sulfureto de cobre. Essa capa é fundida

no processo de fabricação na face externa da fibra e está

intimamente integrada dentro do polímero, asseguran-

do uma resistência permanente às condições normais de

uso e a diversos tratamentos químicos.

A propriedade antibacteriana da fibra é gerada pelos

íons de cobre. Esses íons escapam gradualmente da fi-

bra e se fixam nos grupos tiol (SH) que se encontram

nas enzimas da membrana das bactérias. Dessa maneira

afeta seu metabolismo, inibindo sua capacidade respi-

ratória e prevenindo sua multiplicação. Ao inibir sua

multiplicação e não elimina-las, impede que todas as

bactérias morram e dessa maneira protege as bactérias

que atuam como barreira de proteção das infeções.

A fibra tem ação somente antibacteriana, não tem

ação antifúngica. Lamentavelmente, essa fibra é de cor

castanho avermelhado, a qual limita seu uso que pode-

ria ser para meias, roupa interior, máscaras, luvas etc..

O sulfureto de cobre é tóxico mas em dosagens mui-

to altas, a dosagem letal é superior a 1000 mg/kg.

b) Amicor - a empresa Fibras Acordis produz, com o

processo da Courtelle, duas variedades de fibras acrílicas,

fabricadas pelo método de tiocianato de fiação em úmi-

do: Amicor AB com ação antibacteriana e Amicor AF

com ação antifúngica. Na Amicor AB é incorporado o

produto Triclosan no processo de fabricação, sob a for-

ma de partículas sólidas e não de dispersão molecular, o

que lhe confere solidez aos diversos tratamentos úmi-

dos; a maior parte do aditivo se agrega a matriz da fibra

e uma pequena proporção aparece na superfície da mes-

ma ou próximo a ela.

Esse revestimento superficial é o responsável pela ati-

vidade inicial; durante os ciclos de lavagem e desgaste,

esse revestimento inicial migra para as fibras e/ou

substratos vizinhos, oferecendo uma zona de proteção;

por conseguinte, permanece continuamente em migração

pela ação das lavagens e do uso. Quando o aditivo é eli-

minado da superfície por migração se estabelece um gra-

diente de concentração entre as partículas ricas em aditivo

situadas no interior da fibra e as da superfície das mes-

mas com pouco aditivo. Como resultado, o aditivo se di-

funde do interior para a superfície e a natureza muito po-

rosa desse tipo de fibra ajuda a difusão. Esse mecanismo

pode ser interpretado como um processo de difusão lenta

que se ativa ao lavar ou usar a fibra.

Para a Amicor AF com ação antifúngica o fabricante

não declara que princípio ativo utiliza. Qualquer uma

das duas fibras, sozinha ou em conjunto, podem ser

misturadas com outras fibras, em porcentagens não

menores do que 30% para que tenham o efeito deseja-

do. Podem ser misturadas com qualquer fibra e aceitam

todos os processos de tingimento, mas quando mistura-

das com algodão, devem ser alvejadas somente com água

oxigenada pois os alvejamentos a base de perclorato

diminuem sua atividade antimicrobianas; resiste muito

bem as lavagens até 74ºC.

c) Permafresh - é uma fibra de polipropileno desenvol-

vida pela Plasticisers Fibres, radicada no Reino Unido,

cujo agente antimicrobiano é o Ultrafresh DN 50, pro-

duzido pela empresa canadense Ultrafresh. Esse produ-

to tem sido utilizado por mais de 15 anos em outras fi-

nalidades diferentes, mas lamentavelmente essas duas

firmas não declaram qual é o princípio ativo do mesmo.

Desenvolveram dois tipos de fibras: "Permafresh" e "

Permafresh Plus", sendo que este último possui um ren-

dimento mais elevado. Ambos podem ser misturados

com outras fibras dando ao tecido final propriedades

antimicrobianas.

d) Existe uma fibra desenvolvida recentemente pela

DuPont que contém o agente antibacteriano "Allerban",

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do qual não conhecemos a composição química. Essa

fibra é formada por uma combinação de poliéster

"Dacron" com uma seção circular de 4 canais e 75 mm

de longitude e uma fibra acrílica que contém o agente

antimicrobiano; ambas fibras são misturadas antes de

serem cortadas. A DuPont aconselha seu uso para al-

mofadas, colchas e edredons e alega que resiste a lava-

gens até 60ºC.

e) MicroSafe - essa fibra de acetato de celulose é fabricada

pela firma italiana Celanese, a qual incorpora durante a

fiação um composto de fenoxi halogenado como agente

antimicrobiano. Esse aditivo não é solúvel em água e se

encontra uniformemente distribuído em toda a fibra. Du-

rante o uso, o aditivo que se encontra na superfície da

fibra migra para as fibras vizinhas dando proteção a todo

o material; então o aditivo do interior da fibra vai mi-

grando para a superfície e restabelece o equilíbrio. O com-

posto fenoxi halogenado ataca a membrana citoplasmática

das bactérias e dessa forma interfere em suas funções

metabólicas evitando sua proliferação; é inócuo para os

seres humanos e animais por ser incapaz de romper a gros-

sa membrana das células do sangue e da pele.

Segundo o fabricante, essa fibra pode ser misturada

com qualquer outro tipo de fibra, tanto as naturais como

as sintéticas; na mistura deve estar presente um mínimo

de 15% desse material. Foi comprovado com os ensaios

correspondentes que nessas condições resiste até 200

lavagens a 70ºC.

6.2. Produtos de acabamento antimicrobiano

Os produtos antimicrobianos para uso têxtil devem

cumprir as seguintes condições:

- cobrir um espectro microbiano relevante;

- ser de uso seguro para o fabricante e para o consumi-

dor têxtil, com boa tolerância da pele;

- fácil de aplicar;

- resistente a numerosas lavagens;

- não apresentar efeitos adversos sobre o têxtil após sua

aplicação.

Por isso, classificaremos os produtos antimicrobianos

em produtos comerciais e em desenvolvimento, fruto

da investigação de Institutos ou Universidades e que

poderiam ser utilizados na indústria.

6.2.1. Produtos comerciais

a) Reputex 20 (PHMB)

Poly(hexamethylene biguanide hydrochloride) ou

cloridrato de polihexametilen biguanida é um composto

químico fabricado pela empresa Avecia (ex. Zeneca), que

tem sido usado por muitos anos em uma grande varieda-

de de aplicações antimicrobianas, em piscinas ou em pro-

dutos de uso pessoal. O PHMB é uma molécula relativa-

mente segura e tem muito baixa toxicidade nos mamífe-

ros. Por ser um polímero com uma grande quantidade de

grupos catiônicos, possui muitos enlaces com a celulose,

dai provém sua excelente solidez as lavagens repetidas.

O PHMB é muito solúvel em água e facilmente apli-

cável sobre algodão, fibra sobre a qual tem muito bom

esgotamento. Sobre fibras sintéticas não tem bom esgo-

tamento, por isso, para que esse produto tenha

efetividade o algodão deve estar presente em 30% da

mistura pelo menos. Como tem boa estabilidade térmi-

ca (215ºC) pode ser usado nas fibras sintéticas, sendo

incorporado ao polímero quando as mesmas são

fabricadas. O PHMB pode ser aplicado por esgotamen-

to, foulard ou spray, este último é recomendado para

casos especiais como "tecido nãotecido".

Por esgotamento se aplica em uma faixa de 0,25 a

2% durante 30 minutos a 40ºC com pH 7/8; nessas con-

dições seu esgotamento é quase completo. Por ser

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catiônico não pode ser aplicado junto com alvejantes

óticos, além disso o tecido deve estar livre de restos de

cloro ou água oxigenada proveniente do alvejamento.

Por foulardagem pode ser aplicado em presença de

amaciantes não-iônicos e catiônicos, não necessita

termofixação e também é compatível com a maioria das

resinas tradicionais. Caso se queira que ele funcione tam-

bém como fungicida, deve ser utilizado em concentra-

ções superiores a 2%. Os materiais têxteis tratados com

PHMB não sofrem modificações em suas propriedades,

não afeta sua resistência mecânica, absorção de água,

não modifica o toque e tem boa solidez a lavagem, re-

sistindo pelo menos a 50 lavagens.

Como o PHMB tem bom esgotamento, o banho resi-

dual pode ser despejado sem problemas porque com a

alta diluição que se produz com os demais efluentes da

tinturaria é quase imperceptível no conjunto. No caso

de restos de banhos de foulard, devem ser diluídos an-

tes de serem eliminados como efluente.

b) Sanitized e Actigard

Estas marcas de produtos comercializados pela

Clariant englobam vários compostos com princípios ati-

vos diferentes, os quais passamos a descrever a seguir e

que têm as seguintes características gerais:

- Atuam sobre os microorganismos, atacando a parede

celular dos mesmos e afetando dessa maneira seu pro-

cesso metabólico, por isso interrompe o mecanismo de

crescimento e reprodução dos mesmos.

- Tem ação bacteriostática sobre a maioria das bactérias

Gram positivas e Gram negativas e em alguns casos que se-

rão mencionados em particular, sobre leveduras e fungos.

- Em geral são aplicados sobre todos os tipos de fibras;

sobre poliéster puro ambos os produtos necessitam ensai-

os prévios para que se consigam os melhores resultados.

- São aplicados em concentrações variando entre 0,7 a

1,0% por esgotamento e/ou foulardagem, sempre com o

banho a pH 4,5/5. Por esgotamento é aplicado durante

15 a 20 minutos a 60ºC, sendo possível a aplicação em

menor temperatura, mas nesses casos deve ser aumen-

tado o tempo de processo. No caso de foulardagem, é

aplicado geralmente a 40ºC e logo a seguir fixado a 140/

160ºC. Os dados sobre a aplicação desses preparados

são gerais e podem variar um pouco de um para outro.

- A biodegradabilidade desses produtos está entre os

50 e 100%.

A seguir descreveremos o uso e alguns detalhes dos

mesmos:

- Sanitized T90-04: composto fenoxihalogenado, com

um derivado da isotiazolinona. É recomendado para o

uso de têxteis que estão em contato com a pele; tem

ação biostática sobre bactérias, fungos e leveduras; tem

caráter aniônico; pode ser aplicado por esgotamento ou

foulardagem; possui muito boas solidezes a lavagem e

limpeza a seco e sua biodegradabilidade é de 70 a 100%.

- Sanitized T96-20: composto fenoxihalogenado. É re-

comendado para a proteção higiênica de têxteis que fi-

cam em contato com a pele. Tem somente ação bacte-

riostática, tem caráter aniônico, pode ser aplicado por

esgotamento ou foulardagem, possui muito boas soli-

dezes a lavagem e limpeza a seco e sua biodegra-

dabilidade é maior do que 95%.

- Sanitized F83-12: composto de amônio quaternário

com um derivado da isotiazolinona. É recomendado para

a aplicação sobre plumas e material de enchimento de

almofadas, mantas, sacos de dormir etc. Tem ação

biostática sobre bactérias, fungos e leveduras; tem cará-

ter catiônico; é aplicado por esgotamento e no último

banho dado que não possui solidez a lavagem; sua

biodegradabilidade é de 50 a 100%.

- Sanitized TB83-35: preparado com derivados da

isotiazolinona, tem sua aplicação aconselhada para ta-

petes, tapeçaria do lar e automotora, malas, valises,

filtros etc. Como não tem solidez a lavagem, se reco-

menda usar com compostos fluorcarbonados ou

ligantes, a solidez é dada pelo sistema ligante utiliza-

do, tem ação biostática sobre bactérias fungos e leve-

duras, tem caráter aniônico; é aplicado por foular-

dagem, por espátula ou sistema de espuma, sua

biodegradabilidade é de 50 a 100%.

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Além desses produtos, existem outras combinações

com os mesmos princípios ativos e em alguns casos com

um composto orgânico de zinco para cobrir um amplo

espectro do mercado têxtil, e como exemplo temos:

- Actigard: é um preparado químico a base de isotiazolina

e um derivado de permetrina, cuja função principal é eli-

minar os ácaros dos têxteis. Esse produto evita a prolife-

ração de mofo e dessa forma ataca a cadeia de alimenta-

ção dos ácaros, além de também atuar sobre o organismo

dos mesmos. É recomendado para ser utilizado sobre

qualquer fibra têxtil, exceto polipropileno. Por não pos-

suir solidez a lavagem, deve ser usado sobre materiais

têxteis que não sejam submetidos a lavagens com fre-

qüência, tais como almofadas, tecidos para mobiliário,

cobertura de colchões, materiais de enchimento de todos

os tipos de fibras etc. É um produto aniônico e pode ser

aplicado por esgotamento, foulard ou spray em concen-

tração ao redor de 1% sobre o peso do material e pode ser

combinado com receitas usuais de acabamentos têxteis.

Admite várias limpezas a seco, resiste os raios UV. Sua

biodegradabilidade é de 70 a 100% e os dejetos de mate-

riais tratados não causam danos ao meio ambiente.

c) Tinosan AM 100

e assim tem muita afinidade sobre as fibras sintéticas

(poliéster, poliamida) nas quais se difunde para o inte-

rior das mesmas durante sua aplicação e daí provém

sua altíssima solidez a lavagem. Pode se dizer que tem

um efeito antimicrobiano permanente. Como não pos-

sui afinidade sobre o algodão, não pode ser aplicado

sobre mercadorias de algodão puro, mas sim em suas

misturas com fibras sintéticas. É aplicado por esgota-

mento sobre fibras sintéticas e suas misturas com al-

godão no banho de tingimento, a 5% sobre o peso do

material e não necessita de nenhum tratamento térmi-

co e nem outro processo especial.

O Tinosan AM 100 atua sobre as bactérias reagindo

com a membrana celular das mesmas e desta maneira

interfere em seu metabolismo, de tal forma que estas

não podem se multiplicar, por isso é um agente

bacteriostático que não tem impacto negativo na flora

normal da pele. Em concentrações elevadas apresenta

ação bactericida.

Existem ensaios positivos de aplicação por

foulardagem em presença de fluorcabonados para

vestimentas de cirurgia, de tecido nãotecido de poliés-

ter/polpa de madeira, e outro de polipropileno por pro-

cesso simples de foulardagem, secagem e fixação (ref.:

Textile Chemist and Colorist - Vol 31 nº3 - Março 1999).

Como o Tinosan AM 100 tem muito bom esgotamento,

o banho residual pode ser despejado sem problemas

porque, com a alta diluição que se produz com os de-

mais efluentes não se pode detecta-lo.

6.3. Produtos em desenvolvimento

a) HidantoínaO 2,4,4’-Tricloro-2’-hidroxidifenil éter (Triclosan),

fabricado pela empresa CIBA Especialidades Quími-

cas, é um composto químico utilizado desde muitas

décadas em sabões, loções, desodorantes, produtos

bucais, dermatológicos e produtos para o lar. O

Triclosan é insolúvel em água, por isso pode ser incor-

porado as fibras têxteis em sua fabricação. Para o uso

em acabamento, pode ser aplicado em forma de

emulsão (nessa forma é denominado Tinosan AM 100)

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Esse trabalho, desenvolvido pela Universidade da

Califórnia, utiliza como agente funcional a hidantoína, de-

rivada da monometilol-5,5-dimetilhidentoína (MDMH),

que é um composto bifuncional que possui um grupo reativo

com a celulose e outro ativo ao cloro para formar uma união

do tipo halamina. A função antimicrobiana durável e

regenerável dos têxteis tratados deve ser atribuída às pro-

priedades de oxidação reversíveis da estrutura da halamina,

neste caso do anel de hidantoína. Os derivados halogenados

da hidantoína são compostos amplamente utilizados nas

piscinas como desinfetantes.

O têxtil tratado é ativado em sua ação bactericida por

um processo comum de lavagem com cloro, por conse-

guinte, o têxtil tem poder bactericida que se regenera cada

vez em que se lava o produto em presença de cloro. O

MDMH é aplicado por foulardagem em banho ácido e

seco logo a seguir. A quantidade de produto que se com-

bina com a celulose pode variar regulando-se a concen-

tração de uso de acordo com a atividade biocida deseja-

da, a concentração usual é de aproximadamente 2%. Foi

comprovado que esse tratamento resiste a mais de 50 la-

vagens e pode se regenerar mais de 11 vezes em banhos

de alvejamento diluídos; também foi observado que o

efeito biocida é mais durável em tecidos de poliéster/al-

godão do que em algodão 100% e o tratamento demons-

tra uma grande eficiência contra um amplo espectro de

bactérias Gram positivas e Gram negativas (ref.: Textile

Chemist and Colorist - Vol. 30 nº6 - Janeiro 1999).

b) Cobre com resina

Essa proposta foi desenvolvida pelo Centro Nacio-

nal de Investigação do Cairo, Egito, e aproveita as pro-

priedades bactericidas do cobre, propriedades estas que

também possuem outros metais. Para tornar esse trata-

mento resistente às lavagens a aplicação é feita junto

com uma resina. Foram testadas as resinas

carboximetilamido (CMS) e trimetilol melamina (TMM)

em presença de Cu2+. O processo de aplicação usado foi

por foulardagem em dois passos, primeiro se prepara

uma solução com CMS e TMM a ph 5,5/5,8 com ácido

fosfórico, foularda-se e seca. A seguir, foularda-se em

um segundo banho com sulfato de cobre, secagem e fi-

xação. Esse tratamento resiste pelo menos 4 lavagens e

pode ser utilizado em têxteis usados em cirurgia, para

filtros de ar e esterilização e desinfeção de água prove-

niente de rios. Não tem ação fungicida. (American

Dyestuff Reporter, Março 1998).

c) Compostos de zircônio

No Centro de Investigações de New Orleans,

Louisiana, EUA, estão investigando o uso de certos

metais com propriedade de formar complexos, como por

exemplo o zinco, alumínio, titânio e zircônio. Com o

zircônio foram obtidos os melhores resultados, para isso

foi utilizado o acetato de zircônio que tem a proprieda-

de de formar uniões com outros compostos (piritiona,

tetraciclina, oxitetraciclina) e com a celulose; desta ma-

neira forma complexos zircônio/celulose por um lado e

pelo outro com o componente a unir. O complexo de

zircônio dissolvido em solução aquosa se deposita so-

bre o têxtil. Estes são polímeros de grande peso

molecular nos quais os átomos de zircônio estão unidos

através de pontes hidroxi ou oxi.

Em tais estruturas o zircônio está unido a outros gru-

pos ligantes (L) até completar seu número de coordena-

ção que é 8. A forte retenção do zircônio pela celulose

foi atribuída a formação de quelatos.

Estrutura típica de compostos de zirconio em soluções aquosas

L = ligante

O método que dá melhor resultado é o de foulardagem

em duas etapas; primeiro se foularda com acetato de

zircônio, secagem e fixação a 140ºC. A seguir, aplica-

se uma segunda foulardagem com sal de Pyritiona, seca-

se a 100ºC e se lava durante alguns minutos com água

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limpa e morna. As quantidades usadas são de 4,5% de

acetato de zircônio e de 1,5% de Pyritiona, ambos cal-

culados sobre o peso do material. Ese processo afeta

muito ligeiramente o tecido branco.

Se em lugar de Pyritiona for usado Tetraciclina, o

têxtil altera sua nuance original para uma mais acasta-

nhada e com as lavagens pode ficar mais acastanhada

ainda. O tratamento mais recomendável seria acetato de

zircônio com Pyritiona que resiste mais de 50 lavagens

como antibacteriano e mais de 20 lavagens como

fungicida. (Textile Research Journal, Fevereiro 1981).

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Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04

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Este trabalho teve por objetivo verificar a degrada-

ção dos corantes têxteis dos grupos reativos e dispersos

Amarelo Palanil 3G, Amarelo Drimaren CL-R, Amare-

lo Indanthren 5GF, Vermelho Drimaren CL-5B, Verme-

lho Indanthren FBB, Vermelho Dispersol C-4G, Azul

Dispersol C-2R, Azul Drimaren CL-R e Azul Indanthren

RCL. Foi realizada a incubação dos fungos, Pleurotus

ostreatus e Pleurotus sajor caju, produtores de enzimas

lacases e peroxidases em abundância, em meio sólido

contendo os corantes. O efluente de uma indústria têx-

til que utiliza esses corantes em seu processo de pro-

dução e coloração de tecidos foi incubado com adição

de palhada de trigo moída e os mesmos fungos. A ava-

liação da degradação foi por observação visual, por

espectrofotometria e por toxicidade.

Dos nove corantes em estudo, oito descoloriram, com

a exceção do corante Vermelho Indanthren FBB, o fun-

go. P. sajor caju mostrou descolorir mais rápido e com-

pletamente a maior parte dos corantes quando compa-

rado ao fungo P. ostreatus. O efluente tratado com am-

bos os fungos apresentou uma menor toxicidade do que

o não tratado para semente de alface e alga Selenastrum

capricornutun. As Hydras mostraram alta sensibilidade

tanto para o efluente tratado como para o não tratado.

1. Introdução

Os reagentes utilizados nos processos têxteis apre-

sentam uma composição química muito variada, inclu-

indo compostos orgânicos e inorgânicos (Brás et al.,

2002). Os corantes são substâncias intensamente em-

pregadas para a coloração de vários substratos, tais

como: alimentos, plásticos, materiais têxteis etc. São

retidos por adsorção física, formação de soluções, sais

ou complexos com metais, retenção mecânica ou por

constituição de pontes químicas covalentes (Contato,

1995). Dentre os resíduos industriais, os corantes pro-

venientes das indústrias têxteis são os mais difíceis de

serem tratados (Yuzhu et al., 2001). Isto ocorre por-

que os corantes possuem origem sintética e estrutura

aromática complexa o que faz dos mesmos produtos

estáveis e de difícil biodegradação (Fewson, 1998;

Seshadri et al., 1994).

Há estruturas muito variadas como ácidos, básicos,

dispersos, azo, diazos, entre outros. Os corantes sintéti-

cos são extensivamente empregados na indústria têxtil,

onde estima-se que 10 a 15% são perdidos no efluente

após o processo de coloração (Cegarra, 2000, Balan,

2002). A grande diversidade e complexidade desses

efluentes, aliados a imposições de legislação que exi-

gem tratamentos eficientes, vêm estimulando o desen-

volvimento de novas técnicas que buscam o melhor e o

mais adequado tratamento.

Recentemente, muitos estudos estão se voltando para

o uso de microrganismos capazes de degradar corantes

em resíduos industriais. Entre os microrganismos impli-

cados com a descoloração de corantes têxteis estão as

bactérias, fungos, algas e mais recentemente os consór-

cios de culturas de bactérias (Banat et al., 1996).

Tecnologia Biotecnologia Química Têxtiln° 76/set.04

Biodegradação de efluente têxtil e nove corantes técnicosutilizando fungos basidiomicetos

Luciana Antonelli Rosolen, Regina T. R. Monteiro, Priscila M. Dellamatrice, Hélio M. Kamida*Centro de Energia Nuclear na Agricultura - Piracicaba - SP - e-mail: [email protected]

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A capacidade dos fungos da decomposição branca,

incluindo o gênero Pleurotus, sugere que esses organis-

mos possam ser utilizados no tratamento dos resíduos

das indústrias relacionadas a corantes (Balan &

Monteiro, 2001). Na literatura, encontramos relatos de

degradação de corantes utilizando enzimas do sistema

ligninolítico, como a lignina peroxidase (LiP), manganês

peroxidase (MnP), lacase e a fenoloxidase. (Archibald

& Roy, 1992; Thurston, 1994; Schliephake & Lonergan,

1996; Kirby, 1999). As principais enzimas produzidas

pelos microrganismos ligninolíticos e envolvidas no pro-

cesso de degradação podem ser produzidas concomitan-

temente ou não (Scrinivasan et al., 1995). Lignina

peroxidase (LiP), manganês peroxidase (MnP) e lacase

têm sido também utilizadas em descoloração de diver-

sos corantes sintéticos (Ollikka et al., 1993; Chivucula

& Renganathan, 1995; Heinfling et al., 1998).

O gênero Pleurotus é amplamente difundido na na-

tureza e bem adaptado ao clima tropical e subtropical,

com maior capacidade ligninolítica que outros cogume-

los comestíveis cultivados (Rajarathnam et al., 1992;

Buswell et al.,1996). O cogumelo P. ostreatus tem sido

demonstrado ser um grande produtor de xilanase,

carboximetil celulase (CMCase) e lacase (Sannia et al.,

1989; Elisashvili et al., 1992; Palmieri et al., 1993) como

também de aril álcool oxidase (Sannia et al., 1991;

Garzillo et al., 1992) e de manganês peroxidase (Becker

& Sinistyn, 1993).

2. Procedimentos experimentais

2.1 Corantes

Foram avaliados nove corantes técnicos: Amarelo

Palanil 3G, Amarelo Drimaren CL-R, Amarelo

Indanthren 5GF, Vermelho Drimaren CL-5B, Vermelho

Indanthren FBB, Vermelho Dispersol C-4G, Azul

Dispersol C-2R, Azul Drimaren CL-R e Azul Indanthren

RCL cedidos por uma indústria têxtil na forma em que

esta os adquire. O efluente da mesma indústria, recém

amostrado, tratado apenas com acerto do pH e da tem-

peratura, pronto para ser descartado no rio, também foi

avaliado. Foi utilizado 0,2 g ou 0,4 g de corante dissol-

vido em 10 ml de água destilada, conforme a intensida-

de da cor. Em câmara de fluxo laminar a solução de

cada corante a ser testado foi esterilizada por filtração

em unidades filtrantes com membrana durapore, de 25

mm de diâmetro e 25 µm de poro. Para cada teste foi

utilizada a concentração de 0,08 mg/ml de corante em

cada frasco, quando foram necessárias concentrações

de 2% e 0,16 mg/ml de corante em cada frasco quando

eram necessárias concentrações de 4%.

2.2 Espécies de fungos

Foram empregados os fungos basidiomicetos P.

ostreatus e P. sajor caju, ambas espécies capazes de

produzir grande quantidade de enzimas ligninolíticas e

pertencentes à coleção de culturas do Laboratório de

Ecotoxicologia do CENA/USP.

2.3 Meios de culturas

Foram utilizados para cultivar os fungos os meios de

Malte (MEA- Merk), de Batata (BDA- Diagnolab) e Meio

Mínimo (Pontecorvo et al., 1953). Todos os meios de cul-

tura foram empregados após a esterilização em autoclave

por 20 minutos a 121ºC e a 1 atm. Para estoque das cul-

turas foram utilizados grãos de trigo, cozidos e esteriliza-

dos (Bononi et al., 1995). Foram acrescentados aos mei-

os de 15 a 20 g de palhada de trigo para os ensaios de

degradação, quando necessário, como fonte de lignina.

2.4 Procedimentos

Inicialmente foram realizados procedimentos para

avaliar a capacidade de degradação dos corantes pelos

fungos selecionados e posteriormente foram determina-

das as atividades das prováveis enzimas atuando na de-

gradação e a toxicidade do efluente.

2.4.1 Descoloração em meio de cultura sólido

Foi preparado um litro de meio mínimo com 2% de

ágar e 1,5% de palhada de trigo. Esse meio foi separa-

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do em seis frascos Erlenmeyer de 250 ml e levados à

autoclave para esterilização por 20 minutos a 121ºC.

Posteriormente, foi adicionado em cada frasco, 1

ml de cada solução corante a 2% ou 0,4%, no meio

morno (45°C). O meio colorido foi vertido em placas

de Petri. Foram preparadas placas em triplicata para

cada espécie testada. As placas foram inoculadas, no

centro, com discos de 1 cm de diâmetro, retiradas das

bordas das culturas crescidas em meio MEA, por oito

dias. As placas foram incubadas a 28 ± 2ºC, sob con-

dições de escuro, por um período de 21 dias. Placas

não inoculadas serviram de controle.

2.5 Degradação do efluente acrescido de ágar

Em frasco Erlenmeyer de 500 ml foram colocados

250 ml do efluente, 5 g de ágar e 3,75 g de palhada de

trigo e foram autoclavados por 20 minutos a 121°C. Em

seguida, esse meio foi vertido em placas de Petri, sendo

quatro placas inoculadas com discos de 1 cm de diâme-

tro retirado das bordas das placas das culturas de P.

ostreatus e P. sajor caju, previamente crescidos em meio

BDA por 8 dias. Placas não inoculadas serviram de con-

trole. Todos os tratamentos foram incubados à tempera-

tura de 28 ± 2ºC durante 15 dias.

2.5.1 Degradação do efluente

Foram preparados sete frascos Erlenmeyer de 125 ml,

contendo em cada 5 g de palhada de trigo previamente

moída e 30 ml do efluente. Foram autoclavados a 121°C

por 20 minutos. Posteriormente, os frascos foram inocu-

lados com discos, de 1 cm de diâmetro, contendo micélio

das culturas a serem testadas, previamente crescidas em

BDA por 8 dias. Foram feitas triplicatas para cada cultu-

ra e para o controle. Os frascos inoculados e o controle

foram incubados à temperatura de 28 ± 2ºC por 15 dias.

2.5.2 Extração do efluente para análise de atividade

enzimática e toxicidade

O efluente foi então extraído com 30 ml de água

destilada, adicionada em cada frasco. Com auxílio de

uma espátula, foi homogeneizado e colocado em agi-

tador por 15 minutos. Em seguida, apertando a palhada

com uma espátula, o líquido dos frascos foi vertido

para frasco Erlenmeyer, combinando o extrato das três

réplicas de cada tratamento. O extrato foi centrifugado

por 10 minutos a 1.000 g, logo após foi filtrado a vá-

cuo em papel de filtro comum e, então, em filtro de

0,45 µm, sendo em seguida filtrado a 0,22 µm, ficando

pronto para ser utilizado nas determinações.

2.5.3 Testes de toxicidade

Bioensaios com sementes de alface (Lactuca sativa)

foram realizados segundo metodologia sugerida por

Dutka (1989), em que se avalia a inibição da germina-

ção e alongamento da raiz após um período de exposi-

ção de 48 horas.

Bioensaios com alga Selenastrum capricornutum fo-

ram realizados segundo metodologia descrita por Blaise

et al. (2000). Esse teste é recomendado para medir

fitotoxicidade em águas e efluentes.

Bioensaios com Hydra attenuata foram realizados

de acordo com os procedimentos padronizados pelo

Centre Saint-Laurent (Blaise & Kusui, 1997), o qual

permite verificar a letalidade (estágio tulipa e desinte-

gração dos organismos) e mudanças morfológicas para

sub-letalidade (estágio bulbo e short) após 24, 48, 72 e

96 horas de exposição.

2.5.4 Determinação da atividade ligninolítica:

Lacase, Peroxidase e Manganês Peroxidase

A quantificação das enzimas ligninolíticas presentes

nos extratos dos substratos foram realizadas como des-

crito abaixo. Os mesmos extratos fervidos por 10 minu-

tos foram empregados como controle.

Na quantificação das atividades enzimáticas foi em-

pregada a equação (1).

(1)

onde: A = absorbância

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E = coeficiente de absorção molar

R = quantidade de solução enzimática

t = tempo da reação em minutos

UI.l -1 (unidade internacional litro-1, onde in-

ternacional significa µmol min-1)

2.5.4.1 Manganês Peroxidase (Kuwara et al.,1984 )

A atividade dessa enzima foi determinada avaliando-

se a oxidação do vermelho de fenol (E610

= 4460 mol/cm)

na presença de manganês e peróxido de hidrogênio H2O

2.

A reação obtida mediante a mistura de 0,5 ml de so-

bre-nadante, 0,1 ml de lactato de sódio 0,25 M, 0,05 ml

de MnSO4, 0,2 ml de albumina bovina 0,5%, 0,1 ml de

vermelho de fenol 0,1%, 0,05 ml de H2O

2 em tampão

succinato de sódio 0,2 M (pH = 4,5). A reação foi inter-

rompida pela adição de 0,04 ml de NaOH 2,0 N. A

absorbância lida a 610 nm e a atividade expressa em UI/l-

1. As leituras foram feitas no tempo zero e após 10 minu-

tos.

2.5.4.2 Lacase (Szklarz et al., 1989 modificado)

Na determinação da atividade da enzima lacase foi

empregada a siringaldazina, como substrato enzimático.

A mistura da reação foi composta de 0,6 ml de

sobrenadante (obtido através da centrifugação do filtra-

do - 3.000 g por 10 min); 0,2 ml de tampão citrato fosfato

0,05 M (pH 5,0), 0,1 ml de siringaldazina (0,1% em

etanol) e 0,1 ml de água destilada. A oxidação da

siringaldazina (E525 = 65000 mol. cm-1) até quinona foi

acompanhada no tempo zero e após 10 minutos a 525

nm, sendo a atividade expressa em UI.l-1.

2.5.4.3 Peroxidase (Szklarz et al., 1989 modificado)

Na determinação da atividade da enzima peroxidase

foi empregada a siringaldazina, como substrato

enzimático. A mistura da reação foi composta de 0,6 ml

de sobrenadante, 0,2 ml de tampão citrato fosfato 0,05

M (pH 5,0), 0,1 ml de siringaldazina (0,1% em etanol),

0,1 ml de água oxigenada 2,0 mM. A oxidação da

siringaldazina foi acompanhada no tempo zero e após

10 minutos a 460 nm. O cálculo da atividade enzimática

seguiu a equação (2):

(2)

onde:

∆∆∆∆∆ Abs = Absorbância final - Absorbância inicial

εεεεε = coeficiente de extinção da enzima, dependente do

comprimento de onda em que é lida (460 nm = 29400

L.M.cm -1, 525 nm = 65000 L.M.cm-1, 610 nm = 4460

L.M.cm-1)

R = volume, em ml, do sobrenadante utilizado na reação

T = tempo de reação

3. Resultados e discussão

3.1 Meio Mínimo acrescido dos corantes

O Meio Mínimo acrescido dos corantes aqui estudados

mostrou ser adequado para o crescimento das espécies de

P. sajor caju e P. ostreatus, não ocorrendo inibição de cres-

cimento na presença dos corantes. Dois dos nove corantes

foram degradados mais rapidamente por ambos os fungos

(Tabela 1). As placas com o corante Azul Drimaren CL-R,

inoculadas, apresentaram o início da degradação no quarto

dia de incubação. Aos sete dias de incubação as placas

inoculadas com P. sajor caju estavam totalmente descolo-

ridas, já a completa descoloração ocorreu somente aos doze

dias de incubação. A medida que os fungos cresciam foi

possível observar o halo de descoloração.

Para que fosse notada a degradação do corante

Vermelho Drimaren CL-5B foi necessário que am-

bos os fungos tomassem todo o diâmetro da placa,

isso ocorreu aos 16 dias de incubação e aos 21 esta-

vam totalmente descoloridas.

Ambas as espécies apresentaram boa capacidade de

degradação dos corantes, sendo que na maioria dos ca-

sos, a degradação acompanhou a taxa de crescimento dos

fungos. Por outro lado, alguns dos corantes testados apre-

sentaram degradação somente após o micélio crescer por

toda superfície do meio. Verificou-se também que a de-

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gradação nas placas com P. sajor caju foi mais rápida e

completa que com P. ostreatus.A partir do nono dia, os

corantes Vermelho Indanthren FBB, Amarelo Drimaren

CL-2R e Azul Indanthren RCL não apresentavam sinais

de degradação comparados aos demais corantes.

Através das análises visuais de degradação da cor

foi observado que os corantes azuis são facilmente

degradáveis pelos fungos, os corantes vermelhos ou são

pouco ou não degradam, como é o caso do corante Ver-

melho Indanthren FBB. Assim pode-se concluir que essa

denominação Indanthren envolve uma estrutura que não

é degradável quando está presente o grupo cromóforo

responsável pela cor vermelha. Os corantes Azul

Indanthren RCL, Amarelo Palanil 3G, Amarelo

indanthren 5GF Azul Dispersol C-2R e Vermelho

Dispersol C-4G foram degradados por P. ostreatus e P.

sajor caju. O corante Amarelo Drimaren CL-2R foi de-

gradado apenas por P. sajor caju.

O efluente acrescido de ágar em placas de Petri apre-

sentou uma coloração marrom escura após a autoclavagem.

Até o sexto dia de incubação com os fungos não foram

observados sinais de descoloração, sendo que P. sajor caju

morreu após esse período. O desenvolvimento do fungo P.

ostreatus foi aparentemente normal, entretanto, não ocor-

reu descoloração no período de 15 dias de incubação.

3.2 Atividade enzimática

Os fungos P. ostreatus e P. sajor caju incubados por

15 dias a 28º C em palhada de trigo contendo o efluente

têxtil, mostrou atividade de lacase, manganês peroxidase

e peroxidases. P. ostreatus produziu as três enzimas em

maior quantidade do que o fungo P. sajor caju (Tabela

3) e dentre as três enzimas produzidas, a MnP, foi a que

houve maior produção. P. sajor caju apresentou expres-

siva atividade apenas de MnP, pequena de peroxidase e

não produziu lacase. Ambos os fungos apresentaram

MnP em maior quantidade, mostrando ser

essa enzima relacionada ao processo de de-

gradação do efluente.

3.3. Toxicidade do efluente

O efluente controle e o inoculado com as

duas espécies de Pleurotus mostrou efeito tó-

xico para germinação das sementes de alface,

nas concentrações de 100 e 50%, como mos-

tra a Tabela 4. A inibição de crescimento das

raízes das sementes germinadas foi maior no

controle comparado aos tratamentos inocula-

dos, sendo o valor de IC50

(Concentração de

Inibição de 50% do crescimento) para o con-

trole de 21,37%, para P. ostreatus 75,28% e

P. sajor caju 48,91%. Portanto, o crescimen-

to das raízes foi beneficiado com o tratamen-

to do efluente com P. ostreatus.

A exposição das algas ao tratamento con-

trole (sem inóculo) causou inibição de 100%

do crescimento dos organismos. O tratamen-

to do efluente com os fungos mostrou sinais

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de que não foi tóxico para os organismos, inibindo o cres-

cimento somente na concentração 100% (Tabela 5). Pode-

se concluir que para a alga, os tratamentos realizados com

os fungos não afetaram o metabolismo de crescimento e

de desenvolvimento, sendo tóxico para os organismos,

apenas o tratamento controle.

Exposição das Hydras, por 24 h, ao efluente trata-

do com ambos os fungos foi drástico, causando a mor-

te de todos os indivíduos, incluindo os organismos no

branco. No efluente não inoculado, só permaneceram

vivos os organismos presentes no branco (meio hidra).

Sendo a hidra um organismo muito sensível, foi con-

cluído, após três repetições do experimento, que hou-

ve a produção de compostos voláteis devido à degra-

dação do efluente pelos fungos, ocasionando a morte

dos organismos e que o próprio efluente, sem trata-

mento, é tóxico para as hidras.

Conclui-se que o efluente é tóxico para vários orga-

nismos, entretanto, pode ser destoxificado através da

degradação pelos fungos ligninolíticos.

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Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04

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5. AgradecimentosAgradecemos à Toyobo do Brasil Industria Têxtil Ltda, SPe ao CNPq pelas bolsas de estudo e pesquisas concedidas.

Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04

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A Poliamida

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma

metodologia de pesquisa em laboratório, para a aplica-

ção prática em tinturaria, em desenvolvimentos de recei-

tas de cor. A proposta visa a obtenção de melhoria da

qualidade final de solidez em artigos tintos com a avalia-

ção dos pontos de saturação dos corantes nas fibras de

poliamida, ou seja, a determinação das quantidades má-

ximas a se utilizar de cada corante, caracterizando um

alto índice de solidez a úmido.

A poliamida é uma fibra sintética artificial, produzida

pela primeira vez como poliamida 6.6, em 1935, nos Esta-

dos Unidos, pela Du Pont, inicialmente utilizada na fabri-

cação de escovas. Em 1937, na Alemanha foi desenvolvi-

da a poliamida 6, a partir daí foram desenvolvidos outros

tipos dessa fibra, como por exemplo poliamida 4, 8, 11 etc.

A fibra de poliamida é quimicamente constituída pe-

las cadeias a seguir:

Poliamida 6.6: HOOC - (CH2)

4 - CO - HN - (CH

2)

6 - NH

2 + H

20

Poliamida 6: (- NH - (CH2)

5 - CO -)

n

Os grupos amínicos destacados nas estruturas acima

são essenciais para a absorção de corantes aniônicos,

dos quais faz parte a família dos corantes ácidos e

metalizados.

Os métodos de tintura de poliamida dependem da

solidez em úmido exigida, do tipo de poliamida, e da

necessidade da compensação das diferenças de afinida-

des entre os filamentos, o chamado barramento. De uma

forma geral, os corantes ácidos possuem em sua estru-

tura molecular grupos sulfônicos de caráter aniônico.

Exemplos de corantes ácidos:

Tecnologia Tingimento Química Têxtiln° 76/set.04

Elaboração de receitas de tingimento visando umamelhor qualidade do artigo e economia de processo

Vitor Alexandre dos Santos - Depto Técnico da Golden Química

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A reação do corante ácido com os grupos amínicos con-

siste na formação de um sal entre a união do corante e

grupo aniônico da fibra (fig. 1.4):

mento com fixador para cores mais intensas.

As fibras poliamídicas caracterizam-se por se torna-

rem fortemente catiônicas a pHs inferiores a 6,5 e ab-

sorverem o ânion do corante com muito maior rapidez.

Com essas condições, os sítios ativos (nessa etapa ain-

da vazios) são mais facilmente acessíveis. Entretanto,

uma grande questão que nos deparamos diariamente é

responder a seguinte questão: “Qual a quantidade de

sítios ativos para aquele determinado fio, em outras pa-

lavras, qual é o grau de saturação da fibra?”

Atualmente existem diversos fabricantes de corantes,

e cada um elabora seu catálogo, sendo muito provável

que a fibra utilizada na confecção de cada um seja dife-

rente da fibra que será utilizada dentro de diversas tin-

turarias, existindo ainda muitas vezes a necessidade de

se utilizar artigos de microfibras; essas particularidades

irão produzir diferentes efeitos de solidez em relação

aos catálogos, devido aos diferentes graus de saturação

de cada fibra. Portanto, a sugestão do presente trabalho

é de que cada tinturaria monte seu próprio banco de

dados, com os seus próprios artigos e corantes; após a

bateria de testes realizados, possamos conhecer qual é

a concentração máxima que permitirá índices de soli-

dez satisfatórios para a determinada aplicação.

Com a realização deste trabalho, esperamos propor-

cionar economia de corantes, um menor risco no pro-

cesso de tingimento devido à ausência de corante não

ligado à fibra que ainda circularia no banho e melhores

índices de solidez; resumidamente racionalizaremos o

uso dos corantes ácidos.

A análise do tingimento na poliamida (corante ácido)

será feita através do estudo das solidezes para diferentes

concentrações até que se encontre o grau de saturação para

determinada fibra. Nos tingimentos ácidos visa-se obter

receitas com altos índices de solidez e esgotamento.

Procedimento experimental

Inicialmente devem-se selecionar os diversos corantes

e artigos que serão utilizados para se obter o grau de

saturação.

Podem-se variar as classificações de corantes áci-

dos, quanto à igualização, migração, entre outros. Aqui

iremos nos limitar a divisão em corantes do tipo A, que

compreendem os corantes de boa igualização, boa afi-

nidade em meio levemente ácido (pH 4,0 - 5,5). Esses

corantes apresentam boas propriedades de migração e

igualização. Entretanto, devido à baixa solidez à úmi-

do, são adequados quando se trata de tons claros.

Um segundo grupo são os corantes do grupo B, de

boa afinidade em meio neutro (6,0 - 7,0); sua velocida-

de de tintura é maior que do grupo A e sua capacidade

de migração é mais baixa. Sem dúvida, as tinturas resul-

tantes são mais sólidas à úmido, comparadas ao do gru-

po A, mas talvez seja necessária a aplicação de trata-

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O ponto de partida inicial para a concentração de corante

pode ser o valor apresentado pelo fabricante no catálogo.

Para economizar tempo, podem-se inicialmente ser execu-

tadas mais duas provas além desta, uma 15% acima do

valor e o outra 15% inferior ao valor de catálogo. Pipetar a

quantidade de corante referente às concentrações estipula-

das e realizar o tingimento, nas mesmas condições do pro-

cesso industrial. Se no processo industrial for aplicado o

fixador, deverá ser executado cada tingimento, metade com

e metade sem fixador, daí avaliar-se-á também a caracte-

rística de solidez de cada corante ao se aplicar o fixador.

Deverão ser avaliados os testes de solidez de cada

tingimento. Nesse momento, avaliamos somente em teste

de solidez à água forte, sendo que isso deverá variar de

acordo com a finalidade de cada artigo.

Apresentamos abaixo alguns exemplos de corantes

testados neste trabalho, lembrando que aqui foi utiliza-

da uma fibra composta de 92% de poliamida fio 160/

136 e 8% de elastano 40 denier (fig. 1.5).

Avalia-se em cada corante em que ponto, ou seja,

em que quantidade de uso este não apresenta problemas

de solidez. Isso é determinado variando-se as quantida-

des empregadas no tingimento até que se determine esse

número exato. Daí origina-se a criação de um banco de

dados, tabelando-se as quantidades máximas de uso de-

terminadas de cada corante em cada fibra utilizada na

tinturaria, o que deverá ser utilizado como orientação

logo na elaboração de cores em laboratório, sendo algo

mais seguro, no que diz respeito ao resultado final de

solidez dos tingimentos em escala de produção; algo

que mesmo demandando certo tempo e trabalho inicial-

mente em laboratório, mas que certamente implicará em

reduções de tempo e custo na tinturaria quando ainda

mais se falando em índices de reprocesso.

ANUNCIE NA REVISTA QUÍMICA TÊXTILTEL. (11) 4195.4931 - E-MAIL: [email protected]

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Introdução

A estreita relação existente entre o fenômeno de

poluição ambiental e a exacerbação da atividade in-

dustrial é um fato bastante documentado. Dentro do

contexto da indústria têxtil, os principais problemas

de impacto ambiental estão representados pelo ele-

vado consumo de água (aproximadamente 50 L por

Kg de tecido beneficiado) e pelo baixo aproveitamento

dos insumos. Em geral, estima-se que aproximada-

mente 90% das espécies químicas utilizadas no pro-

cesso têxtil (agentes engomantes, detergentes,

corantes etc.) são removidas após cumprir seu pa-

pel. Obviamente, esses dois fatores levam à geração

de grandes volumes de resíduos, contendo elevada

carga orgânica e forte coloração[1-3].

Nos últimos anos, a presença de corantes reativos

nos resíduos tem sido tratada com bastante preocupa-

ção. Embora a legislação seja relativamente omissa em

relação a esse parâmetro, a emissão de corantes do tipo

azo tem sido muito discutida, principalmente em função

do caráter carcinogênico e mutagênico de algumas es-

pécies que derivam da degradação natural desse tipo de

compostos (ex. aminas aromáticas e benzidinas)[4-8]. Em

função dessa realidade, muitas alternativas tem sido pro-

postas com o objetivo de remediar resíduos líquidos

oriundos do processo têxtil[9-10].

Processos biológicos, principalmente sistemas de la-

goas aeróbias e lodos ativados, são preferencialmente

utilizados. Esses processos permitem o tratamento de

grandes volumes de efluente, com uma eficiência relati-

vamente alta na remoção de DBO (Demanda Bioquími-

ca de Oxigênio). No entanto, os corantes reativos cos-

tumam ser resistentes a esse tipo de tratamento, mesmo

após tempos de retenção bastante prolongados.

Processos físico-químicos fundamentados em pre-

cipitação e floculação são largamente utilizados, com

eficiência relativamente alta. Infelizmente, por se tra-

tar de um processo não destrutivo, a disposição final

dos lodos continua sendo um problema crítico. Consi-

derando-se que grande parte da carga orgânica, inclu-

indo os corantes, encontra-se apenas adsorvida no lodo,

faz com que a disposição final deva de ser tratada com

bastante atenção.

Neste trabalho está se propondo um processo de de-

gradação de corantes reativos, combinando-se uma eta-

pa preliminar de precipitação química de óxido férrico

hidratado (Fe2O

3.nH

2O) seguida de fotocatálise hetero-

gênea, na presença do precipitado.

Poucos estudos envolvendo o processo de fotocatálise

heterogênea na presença de óxido férrico têm sido re-

portados na literatura[11-14]. Em geral, admite-se uma baixa

atividade fotocatalítica do óxido férrico[11, 12]. No entan-

to, estima-se que espécies dissolvidas, do tipo Fe(OH)2+

e Fe(OH)24+, apresentam elevada capacidade para for-

mar radical hidroxila[14] e, conseqüentemente, para de-

gradar substratos orgânicos.

Tecnologia Ecologia Química Têxtiln° 76/set.04

Degradação de soluções aquosas de corantes reativosutilizando-se processo de co-precipitação

seguido de fotocatálise heterogênea

Kely Viviane de Souza1, Elaine Lopes Tiburtius1, Fernando Wypych1, Sandra Gomes de Moraes1,Francisco A. de Camargo2, Nelson Durán2 e Patrício Peralta-Zamora1

1. Laboratório de Química Ambiental e de Materiais, Departamento de Química, Universidade Federal do Paraná[email protected] 2. Laboratório de Química Biológica, Instituto de Química, UNICAMP. [email protected]

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Parte experimental

Reagentes

Os corantes azul reativo 19, laranja reativo 16, preto

reativo 5 e amarelo reativo (Sigma) foram utilizados sem

nenhum processo de purificação prévio (ver estrutura

na figura 1). Esses corantes foram utilizados em solu-

ção aquosa, em concentração de 100 mg L-1.

Outros reagentes foram de grau analítico P. A.

Processo de precipitação

Inicialmente, o processo de precipitação de óxidos

hidratados foi conduzido na presença de Zn2+ e Fe3+, uti-

lizando-se azul reativo 19 como corante modelo. Amos-

tras aquosas de 50 mL do corante foram adicionadas de

volumes variáveis de Zn(NO3)2 ou Fe(NO

3)3 (3 a 20 mL,

10 g L-1). Solução aquosa de NaOH (0,1 molL-1) foi adi-

cionada sob agitação constante, até precipitação dos res-

pectivos óxidos hidratados. O precipitado foi separado

por filtração e o sobrebadante reservado para análise.

Processo fotoquímico

No ensaios de degradação fotoquímica utilizou-se um

reator convencional de 150 mL de capacidade, equipado

com refrigeração por água, agitação magnética e sistema

de oxigenação. A radiação ultravioleta foi fornecida por

uma lâmpada a vapor de mercúrio de 125 W (Philips),

sem o bulbo protetor de vidro, localizada a uma distância

de 10 cm da superfície da solução. Oxigênio comercial

foi borbulhado durante todo o processo com uma vazão

de 100 mL min-1. Nesse reator, amostras de 100 mL de

solução de corante foram adicionadas de volumes

otimizados de solução aquosa de Fe3+ (10 gL-1) e quanti-

dade suficiente de base (hidróxido de sódio) para provo-

car a precipitação. Posteriormente, o processo fotoquímico

foi aplicado na presença do precipitado.

Controle analítico

A descoloração das amostras foi determinada

espectrofotometricamente nos comprimentos de onda de

máxima absorção de cada corante, utilizando-se um

espectrofotômetro HP 8452 A.

Determinações de Carbono Orgânico Total foram re-

alizadas em um TOC-Analyzer Shimadzu TOC-5000.

Análises por difratometria de raios-X foram realiza-

das em um aparelho Rigaku, utilizando-se silício como

padrão interno. Condições instrumentais: modo refle-

xão, 40 κV, 20 mA, CoKα=1,7902.

Resultadose discussão

De todos os pro-

cessos disponíveis

para o tratamento de

resíduos industriais lí-

quidos, o sistema de

precipitação química

seguido de floculação

parece corresponder a

um dos mais extensi-

vamente utilizados,

principalmente em

função da sua simpli-

cidade operacional,

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Tecnologia EcologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04

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baixo custo e elevada eficiência. No entanto, o caráter

não-destrutivo desse tipo de processos faz com que séri-

as restrições possam ser apontadas, principalmente em

relação à disposição final dos lodos. Em geral, esses ma-

teriais sólidos são estocados na própria indústria, o que

demanda grandes áreas de depósito e implica um acúmulo

de passivos, ou são dispostos em aterros sanitários priva-

dos, o que implica significativos gastos adicionais. Ou-

tras alternativas estão sendo intensamente estudadas no

momento, grande parte das quais envolve a utilização dos

lodos como aditivo na fabricação de materiais de cons-

trução. Infelizmente, a elevada concentração de poluentes

adsorvidos no lodo faz com que aplicações desse tipo

devam ser criteriosamente estudadas.

Em função de toda a problemática que gira em torno

do lodo resultante do processo de precipitação-

floculação, o estudo de alternativas que facilitem a sua

disposição final ou permitam seu reaproveitamento são

absolutamente essenciais.

De acordo com antecedentes da literatura, a adsorção

dos substratos na superfície do fotocatalisador

corresponde a uma das principais etapas preliminares do

processo de degradação fotoquímica[15], uma vez que a

elevada reatividade do radical hidroxila e o conseqüente

baixo tempo de meia vida, impediria reações no bulk da

solução. Desta forma, a aplicação de radiação adequada

(tipicamente ultravioleta) em um sistema que contém os

substratos de interesse previamente adsorvidos em um

material com propriedades semicondutoras (ex. Fe2O

3 e

ZnO), representa uma excelente condição para a sua de-

gradação por processos fotocatalíticos heterogêneos.

Recentemente, um eficiente processo de degradação

de substratos de relevância ambiental, utilizando

fotocatálise heterogênea na presença de óxidos de ferro

(III) e zinco (II) resultantes de um procedimento de

precipitação prévia, foi registrado junto ao INPI[16].

Em uma primeira análise, é relativamente natural pen-

sar que a alcalinização de uma solução aquosa conten-

do Fe3+ ou Zn2+ deva levar à formação dos respectivos

hidróxidos, espécies que não apresentam as proprieda-

des que caracterizam um fotocatalisador. No entanto,

estudos preliminares mostraram que grande parte da

matéria orgânica adsorvida na superfície do precipita-

do, assim como a fração que remanesce em solução após

precipitação, pode ser degradada por aplicação de radi-

ação ultravioleta. Para explicar esse fato surgem três

alternativas:

i. Os substratos adsorvidos são fotosensíveis ao ponto

de serem eficientemente degradados apenas pela radia-

ção proporcionada.

ii. Os hidróxidos precipitados, de alguma forma,

catalisam a degradação fotoquímica dos substratos.

iii. A radiação ultravioleta proporcionada leva à forma-

ção dos respectivos óxidos (Fe2O

3 e ZnO),

semicondutores de elevada atividade fotoquímica que

propiciam a degradação dos substratos.

Uma vez que esse tipo de processo é observado até

com resíduos sabidamente resistentes à radiação

ultravioleta (efluentes papeleiros), a primeira alternati-

va pode ser imediatamente descartada. Para verificar a

veracidade das duas alternativas restantes, os precipita-

dos foram analisados por difratometria de raio-x, antes

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e depois de submetidos a irradiação ultravioleta. Utili-

zando-se as cartas do JCPDF (Joint Commitee on

Powder Diffraction Standard) como referência, é possí-

vel concluir que o processo de precipitação envolvendo

Zn2+ leva a formação de óxido de zinco (ZnO) de eleva-

da cristalinidade (figura 2, reflexões 1, 2 e 3), enquanto

que a reação envolvendo Fe3+ leva a formação de goethita

(FeO(OH), PDF:29-713) de baixa cristalinidade (figura

2, reflexões 4, 5 e 6).

Com essas evidências, a degradação fotoassistida dos

substratos adsorvidos, ou remanescentes em solução

após precipitação, pode ser explicada em termos de

mecanismos característicos da fotocatálise heterogênea.

Dentro desse contexto, eficiente degradação de

substratos de relevância ambiental tem sido reportada

utilizando-se processos fotoquímicos heterogêneos, con-

duzidos na presença de óxido de zinco[17] e (hidro) óxi-

dos de Ferro (III)[18].

Esclarecido o fenômeno responsável pelo processo

proposto, deu-se início ao estudo de otimização do pro-

cesso preliminar de precipitação, principalmente em re-

lação ao efeito da quantidade e natureza

do agente precipitante. Os resultados (fi-

gura 3) indicam que a precipitação do

óxido de zinco não promove uma signi-

ficativa descoloração do corante mode-

lo, nem mesmo quando utilizado em ele-

vadas concentrações. A baixa capacida-

de de adsorção apresentada pelo preci-

pitado, conseqüência da sua baixa área

superficial, leva a descolorações máxi-

mas inferiores a 20%. O (hidro) óxido

férrico, que precipita na forma de um

coloide de elevada área superficial, pro-

voca uma remoção de cor superior a 50%,

quando utilizado em concentrações aci-

ma de 1,4 g L-1 (volume superior a 7 mL).

Em função desses resultados, estudos

posteriores de degradação fotoquímica

foram conduzidos apenas na presença do

precipitado férrico, o qual foi produzido a partir de 10

mL de Fe(NO3)

3 (10 g L-1).

Aplicando-se o processo de precipitação nas condi-

ções otimizadas, verificou-se uma remoção relativamente

baixa dos corantes reativos da família azo (Figura 4).

No entanto, o processo fotoquímico subseqüente per-

mitiu, com exceção do corante amarelo, uma descolora-

ção superior a 80% em tempos de reação da ordem de

80 min. Em idênticas condições, o processo de fotólise

(ausência de fotocatalisador) provoca reduções de cor

inferiores a 5%, fato que demonstra novamente a parti-

cipação de processos fotocatalíticos heterogêneos. É

pertinente salientar que descolorações dessa magnitu-

de, mesmo trabalhando-se nas piores condições possí-

veis de irradiação (irradiação superficial), representam

um sólido argumento a favor do processo proposto.

A baixa eficiência de descoloração observada nos es-

tudos envolvendo o corante amarelo é devida a séria in-

terferência espectral provocada pela presença de Fe (III)

e não a uma limitação particular do processo proposto.

Finalmente, determinações de carbono orgânico to-

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tal de sólidos demonstraram que grande parte da maté-

ria orgânica, inicialmente removida por adsorção na su-

perfície do precipitado, é mineralizada nos tempos pra-

ticados. Em geral, mineralizações da ordem de 70% fo-

ram observadas em todos os casos.

Conclusões

Nas condições experimentais utilizadas, a precipita-

ção de FeO(OH) (goethita) permite a remoção dos

corantes em estudo com índices entre 5 e 50%. A apli-

cação de radiação ultravioleta, na presença do precipi-

tado, faz com que a descoloração atinja, em media, ín-

dices superiores a 80%. Embora a ocorrência de rea-

ções do tipo foto-Fenton não possam ser descartadas,

antecedentes da literatura sugerem que o processo de

degradação deve corresponder, principalmente, a

fotocatálise heterogênea. A degradação dos substratos

não adsorvidos, assim como a depuração do precipita-

do, representam uma excelente contribuição para o pro-

cesso de precipitação convencional.

Bibliografia

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63

Tecnologia EcologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04

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A cor do efluente resultante dos processos de

tingimento tem sido um dos principais problemas

ambientais enfrentados pela indústria têxtil. Os trata-

mentos biológicos convencionais são ineficientes na re-

moção da cor, o que levou ao desenvolvimento de tra-

tamentos terciários voltados para esse fim. Muitos des-

ses tratamentos possuem um alto custo de operação e

manutenção, tornando-os inviáveis economicamente.

A utilização de microemulsões surge como um podero-

so e inovador tratamento para remoção da cor.

Este trabalho apresenta a utilização de microe-

mulsão como agente na remoção da cor através dos

processos de extração e adsorção. O efluente utilizado

foi um banho de exaustão de corantes reativos (efluente

real) contendo os corantes Procion Amarelo H-E4R (CI

Reactive Yellow 84), Procion Azul H-ERD (CI Reactive

Blue 160) e Procion Vermelho H-E3B (CI Reactive Red

120). O sistema de colorimetria utilizado foi o CIE

L*a*b* (CIELAB) espaço de cor e (∆E*ab

) diferença

de cor. A remoção da cor alcançou índices superiores

a 98%, mesmo utilizando-se o banho de exaustão (que

é o efluente mais concentrado em corantes). Juntamente

com a cor, os metais pesados presentes nesse efluente

são removidos com índices superiores a 98%. Para

determinar a capacidade de carga da microemulsão,

repetiu-se o process, utilizando a mesma fase de

microemulsão, por até 15 vezes obtendo-se ainda óti-

mos resultados.

Introdução

As indústrias têxteis possuem uma das mais altas car-

gas poluidoras em seu efluente. As variações em seus

processamentos e produtos utilizados tornam o efluente

complexo, dificultando o tratamento (Moran et al.,

1997), (Talarposhti et al., 2001).

Entre os diferentes produtos utilizados na indústria

estão os corantes. De acordo com Abraham (1993), (in

Talarposhti et al., 2001), 700.000 toneladas de corantes

têxteis são produzidas anualmente, dos quais, 50% são

compostos azo (-N=N-) que, devido a seu comporta-

mento ambiental ser ainda desconhecido, são conside-

rados especialmente perigosos (Bustard et al, 1998). De

acordo com Laing (1991), 2 a 10% dos corantes aplica-

dos em processos de tingimento são descarregados no

efluente, dependendo da tonalidade e do corante utili-

zado (in Rozzi et al, 1998). Estudos mais recentes indi-

cam que aproximadamente 12% de corantes sintéticos

são perdidos anualmente durante a fabricação e em pro-

cessos de tingimento, sendo que nesse caso, 20% da

cor resultante é deixada no ambiente através de plantas

de tratamento de efluentes (Arslan et al., 2000).

Efluentes coloridos são esteticamente desagradáveis,

impedem a penetração da luz, prejudicam a qualidade

dos corpos de água e podem ser tóxicos aos processos

de tratamento, aos organismos de cadeia alimentícia e

para vida aquática (Talarposhti et al., 2001).

Os corantes, de modo geral, devem apresentar boas

Tecnologia Tingimento Química Têxtiln° 76/set.04

Microemulsão:A nova tecnologia na remoção da cor de efluentes

Leocádia Terezinha Cordeiro Beltrame1, Tereza Neuma de Castro Dantas2,Afonso Avelino Dantas Neto1, José Heriberto do Nascimento3.

1Departmento de Engenharia Química, 2Departmento de Química, 3Departamento de Engenharia Têxtil.Universidade Federal do Rio Grande do Norte. e-mail: [email protected]

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solidezes à luz, lavagem e suor e, portanto, apresentam

alto grau de estabilidade química e fotolítica a fim de

manter sua estrutura e cor. Devido à complexa estrutura

química, são resistentes à degradação, dificultando o

tratamento de efluentes (Talarposhti et al., 2001),

(Swamy e Ramsay, 1999).

A degradação das moléculas de corantes por microrga-

nismos aeróbios é provavelmente muito lenta, o que justi-

fica a alta percentagem de corantes resistirem ao tratamen-

to e potencialmente se acumular e, além disso, qualquer

degradação que porventura ocorra pode produzir molécu-

las menores e mais tóxicas ao ambiente como as aminas

(Talarposhti et al., 2001), (Swamy e Ramsay, 1999).

A remoção da cor de efluentes têxteis tem sido maté-

ria de considerável interesse nas duas últimas décadas,

não apenas pela potencial toxicidade de certos corantes,

mas principalmente pela fácil detecção nas águas

receptoras (Arslan et al., 2000). A coloração nas águas

receptoras tem motivado a consciência pública com rela-

ção às questões ambientais, coincidindo com níveis as-

cendentes de descargas coloridas (Willmott et al., 1998).

A cor em efluentes têxteis tem sido freqüentemente

associada a tingimentos com corantes reativos, onde até

50% dos corantes podem ser perdidos no efluente

(Arslan et al., 2000). Esses corantes não fixados e com

cores brilhantes são altamente solúveis em água e não

se adsorvem na biomassa (Rozzi et al., 1998), (Rettmer

et al., 2000) (Willmott et al., 1998), (Arslan et al., 2000)

(Nigan et al., 1996).

Embora recalcitrantes a tratamentos biológicos con-

vencionais, os corantes não apresentam ação inibidora

ao processo (Hobs, 1989), contudo, a presença de metais

pesados, além do efeito inibidor, possui também efeito

tóxico a esses tratamentos. Metais pesados como: cobre,

zinco, níquel, chumbo, cádmio e cromo podem reagir com

enzimas microbianas para retardar ou completamente ini-

bir seu metabolismo(Tchobanoglous e Burton, 1991).

Além disso, cobre, chumbo e zinco estão na lista de

poluentes prioritários da "US Environmental Protection

Agency" (Gupta e Torres, 1998). Em quantidades crôni-

cas, o cobre pode causar hemocromatose, cádmio afeta

enzimas importantes e pode causar danos aos rins en-

quanto que o chumbo possui vários efeitos tóxicos, inclu-

indo danos ao sistema nervoso central e periférico (Gupta

e Torres, 1998). Em quantidades menores, inferiores a 1

mg/L, o cobre, por exemplo, é tóxico para plantas aquáti-

cas e aos peixes (Tchobanoglous e Burton, 1991). De

acordo com Moran et al.(1997), cobre e zinco estão nor-

malmente presentes em corantes e auxiliares.

Dessa forma, há a necessidade de tratamentos efica-

zes, anteriores ao tratamento biológico - largamente utili-

zado para remoção de cor e metais. Muitos métodos já

existem: alguns em escala laboratorial são ainda inviáveis

economicamente em larga escala; outros, com alto custo

de implantação e de manutenção. Assim a utilização de

microemulsões no tratamento de efluentes têxteis surge

como uma nova e eficiente tecnologia aplicada à remo-

ção da cor e de metais pesados presentes no efluente.

Microemulsões são dispersões líquido-líquido, forma-

das por líquidos de diferentes polaridades (normalmente

água e um componente orgânico) e uma mistura de agen-

tes tensoativos e/ou cotensoativos. Macroscopicamente,

aparentam ser líquidos monofásicos (homogêneos) de

aparência translúcida e isotrópica. Em proporções co-

nhecidas de seus constituintes, são capazes de se equili-

brar com outras fases aquosas ou orgânicas.

No caso de extração em meio aquoso, uma microe-

mulsão água em óleo (a/o) coexiste com uma fase aquo-

sa, o que é denominado Winsor II (WII) (Giasson et al.,

1998 e Ariel et al., 1999). Devido ao tamanho nanomé-

trico das gotículas de água dispersas no meio orgânico,

há uma maior área na interface, facilitando a transferên-

cia de massa em processos de extração.

A reatividade das microemulsões com metais tem

facilitado os vários métodos de extração e de adsorção

na remoção de metais pesados (Watarai, 1997). Castro

Dantas et al., 2003 utilizou microemulsões na remoção

de metais pesados como cromo, cobre, níquel, manganês,

ferro e chumbo; Castro Dantas et al., 2002, utilizou

microemulsão na extração de gálio a partir do licor de

Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 76/set.04

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Bayer; Castro Dantas et al., 2001-a e 2001-b utilizou

microemulsão como agente modificador de superfície dos

adsorventes diatomita e quitosana, respectivamente, para

remover cromo de soluções sintéticas de efluente de

curtume. Tendo em vista a eficiência das microemulsões

na remoção de metais, procurou-se investigar seu com-

portamento na remoção de cor de efluentes têxteis (Cas-

tro Dantas, et al., in press). O presente trabalho utiliza

microemulsão na remoção simultânea da cor e de metais

pesados eventualmente presentes no efluente têxtil.

Materiais e métodos

Composição do efluente

O efluente utilizado neste estudo é um efluente real

obtido de uma tinturaria de Natal, RN, proveniente da

primeira descarga após tingimento com corantes

reativos (corantes já hidrolisados). O banho continha

os corantes apresentados na tabela 1 com as respecti-

vas concentrações iniciais e 1,3 g/L de auxiliares de

tingimento, 15 g/L de carbonato de sódio (álcali) e 45

g/L de cloreto de sódio (sal).

Sistema de microemulsão

O sistema é formado por um tensoativo catiônico de

cadeia longa, álcool isoamílico como cotensoativo, que-

rosene como fase orgânica e o efluente como fase aquo-

sa. Para facilitar a representação de uma microemulsão

composta por quatro constituintes num diagrama

ternário, adota-se uma razão constante de cotensoativo/

tensoativo (C/T) como um pseudoconstituinte, que pode

ser plotado em um dos vértices do triângulo.

Diagrama de fases pseudo-ternário

As regiões do diagrama de fases foram determinadas

de acordo com a classificação de Winsor (Friberg e

Bothorel, 1988), que estabelece 4 tipos de regiões: W I,

quando a fase de microemulsão está em equilíbrio com

uma fase orgânica em excesso; W II, quando a fase de

microemulsão está em equilíbrio com uma fase aquosa em

excesso; W III, quando a fase de microemulsão está em

equilíbrio com a fase aquosa e orgânica, e W IV, quando

macroscopicamente existe uma única fase - microemulsão.

Para se determinar as regiões de Winsor em um dia-

grama pseudoternário, a fase orgânica é misturada com

o pseudoconstituinte (C/T) e a mistura é titulada com a

fase aquosa observando-se as variações possíveis, que

formarão as regiões de Winsor. O diagrama de fases

pseudoternário é então construído plotando-se as quan-

tidades das fases usadas no experimento.

Processo de extração

O processo de extração ocorre espontaneamente

quando os componentes são misturados. Neste estudo,

a razão C/T foi mantida igual a 2 e o pH do efluente foi

ajustado para 9. Os experimentos ocorreram à tempera-

tura ambiente (26 ºC).

Processo de adsorção

Na adsorção, utilizou-se diatomita como adsorvente.

Uma microemulsão formada pelo tensoativo catiônico

de cadeia longa, álcool isoamílico, querosene e água,

na região de W IV, foi utilizada para impregnar a

diatomita. Após impregnação, o adsorvente foi seco em

estufa a 65ºC por 48 h. O adsorvente seco foi misturado

ao efluente

com diferen-

tes concen-

trações por

um período

de 1 hora em

banho finito.

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Determinação da cor

Para determinação da cor utilizou-se o sistema

CIELAB, através do espaço de cor (L* a* b* ) e dife-

rença de cor (∆Ε*ab

) (Berns, 2000, Gonnet, 1998 e Yeh

e Thomas, 1995). Para a leitura das amostras, utilizou-

se um tintômetro Lovibond PFX-950, com intervalos de

comprimento de onda de 420 a 710 nm. Iluminante C e

observador padrão de 2º.

Determinação da concentração de corantes

A concentração de corantes no efluente é desconhe-

cida porque, durante o processo de tingimento, os

corantes se fixam nas fibras de diferentes formas que

dependem do tempo de contato, salinidade, temperatu-

ra e da isoterma de adsorção característica de cada

corante. Assim, para determinar a concentração de

corantes removidos durante a extra-

ção, preparou-se uma solução sin-

tética contendo os mesmos corantes

do efluente e mediu-se a

absorbância. A figura 1 apresenta as

curvas obtidas a diferentes compri-

mentos de onda para a solução sin-

tética e para o efluente.

Comparando as duas curvas,

pode-se observar que praticamente

se sobrepõem, com uma pequena va-

riação entre 580 nm e 640 nm. Essa

variação pode ser devida a erros

experimentais, bem como às diferentes condições

usadas na indústria. A solução sintética foi prepara-

da com 40,13 ppm de Azul Procion H-ERD, 35,05

ppm de Vermelho Procion H-E3B e 177,06 ppm de

Amarelo Procion H-E4R, formando um total de

252,24 ppm de corantes.

A solução sintética foi diluída a diferentes con-

centrações para as quais ∆Ε*ab foi medido em rela-

ção ao efluente. A figura 2 apresenta os resultados

obtidos e a curva de calibração.

Determinação de metais

O teor de metais foi determinado por espectrofotômetro

de absorção atômica de chama. O equipamento utiliza-

do foi o espectrofotômetro VARIAN SpectrAA-Plus.

Rede de Scheffé

A rede de Scheffé é uma metodologia aplicada a mis-

turas a três constituintes, em que uma série de proprie-

dades varia de acordo com a concentração relativa de

cada ponto de um triângulo equilátero. O modelo deter-

mina uma série de parâmetros de acordo com o grau

polinomial que melhor se ajusta à resposta, que pode

ser a diferença entre o valor calculado pelo modelo e o

valor real. A primeira etapa consiste em definir a região

de interesse com os pontos que compõem a rede, me-

dindo as respostas a cada ponto. Após obter o modelo,

Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 76/set.04

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o comportamento das respostas é testado para se en-

contrar a melhor representação. Finalmente plotam-se

as curvas de isorespostas, que representam o comporta-

mento da propriedade avaliada (Ramos et al, 1997).

Resultados e discussões

Na primeira etapa, construiu-se o diagrama

pseudoternário com o tensoativo catiônico de cadeia

longa, álcool isoamílico, querosene e efluente. O dia-

grama obtido está representado na figura 3.

Neste diagrama, duas regiões foram observadas: uma

pequena região de W IV + S (constituída da fase de

microemulsão com um excesso de tensoativo) e uma

larga região de W II, onde ocorre a fase de microemulsão

e fase aquosa simultaneamente, propícia à extração (Ariel

et al, 1999 e Giason et al, 1998).

A rede de Scheffé está baseada nas variações das

propriedades de uma mistura de três constituintes como

função da concentração de seus constituintes e o trata-

mento estatístico das respostas demonstra o comporta-

mento dessa mistura no domínio estudado. No sistema

estudado, o efluente teve seu pH corrigido para 9 (o pH

normal é 10,44) porque a extração é melhorada ao

acidificar o efluente (Castro Dantas et al, in press) e a

razão utilizada para a mistura C/T foi 2 (duas partes de

cotensoativo para 1 parte de tensoativo).

Os pontos listados na tabela 2 foram preparados e a

remoção da cor foi medida. Os valores dos componen-

tes da cor (L*, a*, b*) das amostras e do efluente foram

determinados assim como a diferença de cor (∆Ε*ab)

entre o efluente inicial a as fases aquosas obtidas após a

extração. Os resultados estão apresentados na tabela 3.

A ampla região de W II encontrada é devida à alta

salinidade do efluente (45.000 ppm). Como a fase aquosa

deve estar em maior proporção por ser mais abundante

e sem custo adicional, escolheu-se a região próxima ao

vértice da fase aquosa (efluente) para estudo, a fim de

verificar seu comportamento na extração. Nessa região

construiu-se um triângulo eqüilátero com 10 pontos no

seu interior (figura 4), que representam 10 composições

diferentes de microemulsão. As frações mássicas des-

ses pontos encontram-se na tabela 2.

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∆Ε*ab representa a diferença de cor tridimensional total

e pode ser obtido pela equação 1:

(1)

Onde: ∆L* = variação da luminância entre o efluente e a

fase aquosa obtida após a extração;

∆α* = variação das coordenadas de cor verde-verme-

lho entre o efluente e as amostras;

∆b* = variação das coordenadas de cor amarelo-azul

entre o efluente e as amostras.

Os 10 pontos analisados foram usados para determi-

nar o modelo estatístico. Através do programa Statistica

6.0, as matrizes dos modelos formadas pela combina-

ção da composição de cada ponto e os resultados obti-

dos na remoção da cor (∆Ε*ab) foram analisadas e o

modelo cúbico foi escolhido por apresentar o menor erro:

∆E*ab

= 68,04 XA + 948,152 X

O + 44,836 X

C/T –

1528,36 XA

XO + 139,787 X

A X

C/T – 5214,954 X

O X

C/T

+ 9168,79 XA

XO

XC/T

(2)

O erro admitido para validar o modelo foi 5% (Equa-

ção 3), onde ∆Ε*abEXP

corresponde aos resultados expe-

rimentais e ∆Ε*abCALC

os resultados obtidos através do

modelo:

(3)

Aplicando o modelo obtido (Equação 2), obtém-se

um erro de 2,19%, o que valida o modelo.

Para obter o comportamento da remoção da cor den-

tro do domínio estudado no diagrama

pseudoternário, utilizou-se o programa

Statistica 6.0. A Figura 5 apresenta as

superfícies de isoresposta obtidas:

Através da Figura 5, pode-se obser-

var a influência do componente C/T: a

remoção da cor é otimizada (região mais

escura) a medida que o valor C/T au-

menta (vértice superior do triângulo).

Isso é devido a alta reatividade do

tensoativo com os corantes reativos.

Pelo estudo das superfícies de isorespostas pode-

se observar que os pontos 1, 2, 3, 4 e 8 apresentaram os

melhores resultados de remoção de cor. Aplicando es-

tes resultados na curva de calibração (figura 2), obtém-

se para o ponto 1 o residual de apenas 4,49 ppm de

corante na fase aquosa, significando que mais de 98,22%

dos corantes foram removidos; para o ponto 2, o residu-

al na fase aquosa é de 7,35 ppm, com 97,09% dos

corantes removidos; no ponto 3, o residual é de 9,3 ppm,

sendo 96,31% dos corantes removidos; no ponto 4 o

residual é de 8,6 ppm, com 96,59% dos corantes remo-

vidos e finalmente no ponto 8, o residual de corantes foi

de 6,84 ppm com remoção de 97,29% dos corantes.

Considerando eficiência e teor de matéria ativa usa-

da, o ponto 4 poderia ser escolhido. Nesse ponto, a com-

posição é de 7% de tensoativo, 14% de cotensoativo

(álcool isoamílico), 10% de fase orgânica (querosene) e

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69% de fase aquosa (efluente). A figura 6 apresenta a

foto do efluente inicial e após o processo de extração

em que se observa a fase de microemulsão (colorida) e

a fase aquosa (incolor).

A capacidade de carga da microemulsão foi testada

e, para isso, a fase de microemulsão obtida no ponto 4

após a extração (já colorida) foi misturada com uma nova

amostra do efluente em pH 9, ocorrendo nova extração.

O processo foi repetido por 14 vezes e com bons resul-

tados (tabela 4).

De acordo com a tabela 4, observa-se pouca varia-

ção de resultados para as 15 extrações. Após a 15ª ex-

tração observou-se uma alta viscosidade na fase de

microemulsão devido a alta

concentração de corantes,

dificultando a continuidade

do processo.

Na amostra de efluente foi

verificada também a presen-

ça dos metais: cádmio, cobre,

cromo e ferro. Os teores de

cádmio, cromo e ferro foram

inferiores ao limite de

detecção do aparelho, porém

o cobre foi detectado. Após o

processo de extração, a fase

aquosa foi analisada nova-

mente para verificar se o processo foi eficiente na remoção

do metal. Os resultados estão expressos na tabela 5.

De acordo com os resultados obtidos, a extração de

cobre foi de 98,51%. Esses resultados demonstram a

eficiência do processo de extração por microemulsão

tanto na remoção da cor como de metais.

Verificou-se ainda a capacidade de remoção de cor

da microemulsão por adsorção utilizando-se diatomita

como adsorvente (granulometria -14 +20 - mesh). A

diatomita foi utilizada "in natura" e impregnada por uma

microemulsão (1 parte de diatomita para 2 partes de

microemulsão) composta pelo mesmo tensoativo

catiônico de cadeia longa (17,08%), álcool isoamílico

(34,17%), querosene (30,63%) e água (18,12%).

Após impregnar, a diatomita foi seca em estufa a 65º

por 48 h. O pH do efluente foi ajustado para 5 e mistu-

rado à diatomita "in natura" e diatomita impregnada em

diferentes proporções por 1 hora em banho finito. Os

resultados estão apresentados na figura 7. Neste caso,

∆Ε*ab

foi medido em relação à água destilada e

deionizada e, portanto, quanto menor o valor, mais pró-

ximo da coloração da água.

Como pode ser observada na figura 7, a eficiência

do tratamento por microemulsão é evidente. Para 15%

de adsorvente, a diferença de cor (∆Ε*ab) obtida entre

a fase aquosa e a água destilada e deionizada usada

como referência, foi de 8,05 para a diatomita impreg-

nada com microemulsão e 30,95 para a diatomita "in

natura". Os ensaios de adsorção estão ainda em fase

inicial, mas como pode ser observada, a eficiência da

microemulsão é inquestionável.

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Conclusão

A utilização de microemulsões na remoção da cor de

efluentes é uma técnica inovativa e ainda sem referênci-

as anteriores. O sistema utilizou um banho de exaustão

real, com corantes reativos e hidrolisados por ser mais

concentrado em corantes e considerado de difícil trata-

mento. Devido à alta afinidade da microemulsão com

esses corantes, obtiveram-se índices de remoção da cor

superiores a 98%.

A presença de metais pesados no efluente, conside-

rada problemática pelos tratamentos biológicos conven-

cionais, pode ser removida por microemulsão com índi-

ces superiores a 98%.

A fase de microemulsão obtida no processo de ex-

tração pode ser reciclada até 14 vezes, ainda com bons

resultados.

Em processos de adsorção, a microemulsão foi utili-

zada como modificador de superfície. A diferença de

cor (∆Ε*ab) obtida utilizando-se adsorvente tratado por

microemulsão em relação à água foi de 8,05, enquanto

que o mesmo adsorvente "in natura" apresentou 30,95.

Uma das principais vantagens da utilização de

microemulsão na remoção da cor está no fato de poder

ser utilizada imediatamente após o processo de

tingimento e com tempo mínimo, já que o processo de

extração ocorre imediatamente ao se misturar os

componetes da microemulsão.

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surfactant adsorption at fluid-fluid interfaces:

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Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 76/set.04

74

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adsorbents. Journal of Chemical Technology and

Biotechnology, 63:55-59 (1995).

A ABQCT DÁ AS BOAS VINDAS

AOS NOVOS SÓCIOS

Alexander de Oliveira Lobo Blumenau SC Fábio Modesto Scagliusi Caieiras SP Gustavo William dos Santos S. João da Boa Vista SP Issao Yumito Duque de Caxias RJ Luciana Roberta Dias B. Alves Americana SP

Estamos orgulhosos de tê-los conosco, pois o apoio e a participação dos associados são de sumaimportância para o fortalecimento da Associação e para o aprimoramento técnico do setor têxtilbrasileiro.Nós da ABQCT procuramos sempre fornecer informações atualizadas através da revista QuímicaTêxtil e abrir canais de comunicação entre os profissionais através de cursos, palestras e outroseventos de integração.

Tecnologia TingimentoQuímica Têxtil - n° 76/set.04

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1. OBJETIVO

Este procedimento prescreve o método paraa determinação da solidez da cor de todos ostipos de tecidos e de fios submetidos à lavagema seco, e tão somente a ela, não envolvendo todoo processo de uma lavagem a seco comercial.

A lavagem a seco comercial normalmente en-volve outras operações, como a determinaçãoda solidez da cor aos manchamentos com águae com solvente, passagem a ferro com vapor etc,que são objeto de outros procedimentos.

A solidez à lavagem a seco, como indicadoneste procedimento, só significa o processo delavagem com percloroetileno, também designa-do tetracloroetileno (Cl4C2). Porém, se o Clienteassim o desejar, o procedimento pode ser reali-zado com outros solventes.

2. CAMPO DE APLICAÇÃO

Verificou-se que a presença de água absorvi-da na amostra e/ou no solvente, ou a presençade detergente e água na solução de lavagem aseco, não é um fator crítico na avaliação da soli-dez da cor. Este ensaio fornece resultados comuma correlação satisfatória com aqueles obtidosna lavagem a seco comercial.

Este procedimento não é adequado para aavaliação da durabilidade de acabamentos têx-teis, nem se destina à avaliação da solidez dacor a manchamentos e processos de remoção

IPTCONTROLE DE QUALIDADE TÊXTILProcedimento de Ensaio IPT DQ-LPTex-PE 19.0.10

Laboratório de produtos têxteisSolidez da cor de têxteis sob a ação da lavagem a seco

Par

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Quí

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a T

êxtil

76/s

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004

de manchas com os solventes da lavagem aseco.

3. REFERÊNCIA

ISO 105-D01 - 1993 TêxteisEnsaios para a solidez da cor - Solidez dacor à lavagem a seco.

4. NORMAS COMPLEMENTARES

4.1. DQ-LPTex-PE 10.0.15 - 2002Escala cinza para a avaliação da alteraçãoda cor nos ensaios de solidez da cor detêxteis.

4.2. DQ-LPTex-PE 10.0.16 - 2002Escala cinza para a avaliação da transfe-rência da cor nos ensaios de solidez da corde têxteis.

4.3. DQ-LPTex-PE 19.0.00 - 2002Princípios gerais dos ensaios de solidez dacor de têxteis.

5. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

5.1. Aparelho para ensaios de solidez da cor soba ação da lavagem de têxteis, Polymat, Ahiba,código AHB-01, com controle de temperatura ecom regulagem da velocidade angular em (40 ±2) rpm, e copos de aço inoxidável de 500 mLcom tampas herméticas, banho de aquecimentocom polietilenoglicol;

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5.2. Discos de aço inoxidável, com dimensõesde (30 ± 2) mm de diâmetro e (3,0 ± 0,5) mm deespessura, lisos e sem bordas rugosas, commassa de (20 ± 2) g.

5.3. Capela, código CAP-01, para a evaporaçãodo percloroetileno;

5.4. Estufa com circulação forçada de ar, marcaFabbe, código EST-01, ou estufa marcaCarbolite, código INC-01;

5.5. Tecido de algodão cru, padronagem tipo sar-ja, gramatura de (270 ± 70) g/m², livre deengomagem ou qualquer outro tipo de acaba-mento, cortado em retângulos de (240 x 120) mm,para a confecção de pequenos sacos com di-mensões internas de (100 x 100) mm, fechadospor costura em dois de seus lados;

5.6. Tecido-testemunha multifibras ou, tecidos-testemunha constituídos de uma só fibra, comas características e forma de utilização indicadasno Procedimento de Ensaio DQ-LPTex-PE19.0.00 - 2002 - Princípios gerais dos ensaiosde solides da cor de têxteis;

5.7. Linha de costura crua ou alvejada, usada naconfecção dos sacos e seu fechamento para oensaio;

5.8. Proveta graduada, com capacidade mínimade 200 mL;

5.9. Percloroetileno, P.A. Esse produto, tambémdenominado tetracloroetileno (Cl

4C2), é toxico àinalação, ao contato com a pele e à ingestão. Opercloroetileno deve ser armazenado em um re-cipiente contendo, no fundo, carbonato de sódioanidro, para neutralizar qualquer ácido clorídri-co que venha a se formar;

5.10.Tubos de ensaio de 25 mm de diâmetropara a avaliação da transferência da cor daamostra para o solvente;

5.11. Papel ou tecido absorvente, para eliminaro excesso do solvente antes da secagem doscorpos-de-prova;

5.12. Material para a filtração do solvente após oensaio, para a avaliação da transferência da cor:

5.12.1. Suporte universal;

5.12.2. Anel de ferro de 7 cm de diâmetro parasuporte do funil;

5.12.3. Funil de vidro com 10 cm de diâmetro,haste curta;

5.12.4. Papel de filtro comum;

5.12.5. Copo béquer com 200 mL de capacidade.

6. ATMOSFERA PADRÃO DE ENSAIO

Este ensaio não requer atmosfera padrão decondicionamento e ensaio, para os corpos-de-prova, após sua secagem, para as avaliaçõesde alteração e transferência da cor.

7. PREPARAÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA

7.1. Para ensaios que utilizam o solvente paraavaliação da transferência da cor:

7.1.1. Se a amostra recebida for tecido ounãotecido, cortar um corpo-de-prova nas dimen-sões de (100 x 40) mm;

7.1.2. Se a amostra recebida for um fio, produzirum tecido de malhas e proceder conforme 7.1.1ou fazer uma pequena meada de fios paralelos,com 100 mm de comprimento, e com a mesmafazer um pavio com cerca de 5 mm de diâmetro,amarrando suas extremidades;

7.1.3. Se a amostra recebida é constituída defibras soltas, pentear e comprimir suficientematerial para formar uma manta nas dimen-sões de (100 x 40).

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7.2. Para ensaios que utilizam tecidos-testemu-nha para avaliação da transferência da cor:

7.2.1. Se a amostra recebida for tecido ounãotecido, cortar um corpo-de-prova nas dimen-sões de (100 x 40) mm; costurá-lo com tecido(s)-testemunha, também com dimensões de (100 x40) mm, selecionados de acordo com o item 5.6.deste procedimento, e uni-los por costura emuma das arestas menores.

7.2.2. Se a amostra recebida for um fio, produzirum tecido de malhas e proceder conforme 7.2.1ou separar uma massa igual à metade das mas-sas combinadas de dois tecidos-testemunha de(100 x 40) mm cada, selecionados de acordo como item 5.6. deste procedimento, colocá-la unifor-memente espalhada entre eles e uni-los por cos-tura nas quatro arestas. Se utilizar o tecido-tes-temunha multifibras, usar como segundo tecido-testemunha o tecido de polipropileno não tingível;

7.2.3. Se a amostra recebida é constituída defibras soltas, separar uma massa igual a meta-de das massas combinadas de dois tecidos-tes-temunha de (100 x 40) mm cada, selecionadosde acordo com o item 5.6. deste procedimento,colocá-la uniformemente espalhada entre eles euni-los por costura nas quatro arestas. Se utili-zar o tecido-testemunha multifibras, usar comosegundo tecido-testemunha o tecido depolipropileno não tingível.

8. PROCEDIMENTO E APRESENTAÇÃO DOSRESULTADOS

8.1. Introduzir em um saco de tecido de algodãocru (item 5.5.) um corpo-de-prova e doze discosde aço (item 5.2.) para cada um dos ensaios.Fechar o saco por costura;

8.2. Adicionar ao recipiente cilíndrico de aço inóxde 500 mL de capacidade (item 5.1.), 200 mL de

percloroetileno utilizando a proveta graduada,tampá-lo hermeticamente e montá-lo no apare-lho Polymat, com o polietilenoglicol aquecido a(30 ± 2)°C e deixá-lo no aparelho em movimentopor 5 min. Após esse pré-aquecimento, colocarcada saco de tecido com seu conteúdo em umdos recipientes contendo percloroetileno pré-aquecido e iniciar o ensaio, deixando o aparelhogirar em 40 rpm, durante 30 min, na mesma tem-peratura de (30 ± 2)°C;

8.3. Remover cada saco de algodão do seu reci-piente de aço, abrir o saco, retirar o corpo-de-prova, espremê-lo suavemente e colocá-lo en-tre folhas de papel ou tecido absorvente pararemover o excesso de solvente;

8.4. Antes da secagem separa-se os corpos-de-prova preparados conforme 7.2 dos tecidos-tes-temunha para que sequem em separado. Secartodos os corpos-de-prova (itens 7.1 e 7.2), inici-almente ao ar por 3 h, na capela código CAP-01,e depois na estufa a (60 ± 5)°C por 1h; duranteesta operação, é conveniente deixar a porta daestufa entreaberta para não se formar uma mis-tura explosiva em seu interior, com vapores dopercloroetileno;

8.5. Avaliar a alteração da cor dos corpos-de-prova após condicioná-los ao ar por cerca de 1h, de acordo com o Procedimento de Ensaio DQ-LPTex-PE 10.0.15 - 2002 Escala cinza para aavaliação da alteração da cor nos ensaios desolidez da cor de têxteis;

8.6. Avaliar a transferência da cor dos corpos-de-prova preparados conforme 7.1 para osolvente usado no ensaio. Esse solvente é filtra-do em papel filtro comum, introduzido num tubode ensaio (item 5.9.) para ser comparado comoutro tudo de ensaio contendo o solvente puro.Os dois tubos de ensaio são colocados diantede uma cartolina branca posicionada no suporte

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Eraldo Maluf - Laboratório de Produtos Têxteis - IPTtel. (11) 3767.4664 / e-mail: [email protected] - www.ipt.br

de corpos-de-prova e utilizando luz do dia da ca-bine código CAC-01, e são avaliados com o au-xílio da escala cinza de transferência da cor deacordo com o Procedimento de Ensaio DQ-LPTex-PE 10.0.16 - 2002 Escala cinza para aavaliação da transferência da cor nos ensaiosde solidez da cor de têxteis

8.7. Avaliar a transferência da cor dos corpos-de-prova preparados conforme 7.2 para o(s)tecido(s)-testemunha, de acordo com o Procedi-mento de Ensaio DQ-LPTex-PE 10.0.16 - 2002Escala cinza para a avaliação da transferênciada cor nos ensaios de solidez da cor de têxteis.Se utilizados tecidos-testemunha de única fibra,os dois tecidos devem ser avaliados; se for usa-do tecido-testemunha muti-fibras, a faixa da fi-bra que mais se tingir deve ser avaliada.

8.8. Apresentar no Relatório de Ensaio:

· O solvente utilizado, quando este for diferentedo percloroetileno;

· As avaliações numéricas de alteração da cor noscorpos-de-prova e da transferência da cor aosolvente utilizado e ao(s) tecido(s)-testemunha;

· Qualquer desvio deste procedimento, quandoocorrer.

9. NORMAS TECNICAMENTE EQUIVALENTES

AATCC 132 - 1998Colorfastness to drycleaning.

ABNT NBR 9 398 - 1986Materiais Têxteis - Determinação da soli-dez da cor a limpeza à seco.

BS EN ISO 105-D01 - 1995Textiles. Tests for colour fastness. Colourfastness to dry cleaning

NF EN ISO 105-D01 - 1995Textiles. Essais de solidité des teintures.Partie D01: solidité des teintures aunettoyage a sec.

DIN EN ISO 105-D01 - 1995Textilien - Farbechtheitsprüfungen - TeilD01: Bestimmung der Trockenreini-gungsechtheit (ISO 105-D01:1993);Deutsche Fassung EN ISO 105-D01:1995.

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Clariant na 17ª São Paulo Fashion Week

A Clariant entrou definitivamente para o calendário

da moda brasileira, através do São Paulo Fashion Week.

Pela segunda vez consecutiva, a empresa apoiou o des-

file do estilista Caio Gobbi, desta vez lançando o inova-

dor acabamento Dryclean.

Ideal para ser utilizado em roupas esportivas, o

Dryclean mantém o corpo seco já que absorve rapida-

mente o suor, transportando-o para a superfície do teci-

do, acelerando a evaporação e mantendo a pele mais

seca durante e após o exercício.

O conceito Dryclean inclui um acabamento Sanitized®

que age como um desodorante integrado, proporcionan-

do uma sensação de conforto e frescor por mais tempo.

Além disso, os tecidos com o acabamento Dryclean são

macios e gelados - sensação perceptível ao toque.

Rhodia utiliza realidade virtualno projeto de expansão de fenol

A Rhodia inaugurou em junho a expansão de capaci-

dade de produção de fenol e acetona e está produzindo

agora 165 mil toneladas/ano de fenol e 101 mil tonela-

das de acetona, atendendo ao mercado brasileiro. Para

tornar viável tecnicamente a implantação desse projeto

na sua unidade de Paulínia (SP), a companhia utilizou

várias ferramentas tecnológicas, com destaque para a

chamada “realidade virtual”. Graças à avançada tecno-

logia do Walkinside, os usuários podem acompanhar os

projetos através da visão de um ser humano virtual e

verificar desobstruções (clash-detection), alcançar vál-

vulas e detectar designs de fábricas superlotadas, ao

contrário de outros aplicativos de visualização que per-

mitem ao usuário apenas sobrevoar o modelo.

Sintequímica obtém certificação ISO 14001

A unidade de Olinda-PE Matriz obteve a certificação

de seu sistema ambiental segundo a norma ISO 14001,

através de auditoria da DQS em julho de 2004. É com

satisfação que a empresa confirma seu compromisso

ambiental, podendo afirmar que seus produtos são ade-

quados ambientalmente e que seus processos produzem

o menor impacto possível sobre a natureza. Anexando a

certificação ISO 14001 à já existente ISO 9001:2000, a

Sintequímica está pronta para atender às normas

ambientais e à qualidade necessárias.

Eastman venderá parte do segmento Caspi

A Apollo Management, L.P., uma empresa de inves-

timento privado, e a Eastman Chemical Company anun-

ciaram a assinatura de um acordo para a aquisição, por

parte da Apollo, de alguns negócios e linhas de produ-

tos da Eastman, mais especificamente o segmento de

tintas, adesivos, polímeros especiais e tintas gráficas

(CASPI). Esta aquisição, negociada por US$ 215 mi-

lhões, está sujeita à aprovação do regulatório e a outras

condições ordinárias a fechamentos como este.

Com sede em Kingsport, Tennessee, E.U.A., a

Eastman fabrica e comercializa produtos químicos, fi-

bras e plásticos em todo o mundo. A companhia empre-

ga aproximadamente 15.000 pessoas em mais de 30 pa-

íses e teve, em 2003, vendas no valor de US$5.8 bi-

lhões. www.eastman.com.br.

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Cartela de cores de fios e tecidos

A Game Textile é uma conceituada empresa que for-

nece insumos e acessórios para teste de controle de qua-

lidade para a indústria têxtil, química, couro, calçados,

borracha e automotiva. A empresa está também

direcionando seu trabalho para a prestação de serviços às

áreas de vendas, marketing e desenvolvimento de produ-

tos para as indústrias têxteis, revendedores de fios e teci-

dos. Nossos serviços consistem em desenvolvimento, cri-

ação, enrolamento e montagem de cartelas de cores, des-

de a sua idéia inicial na criação de layout até a montagem

final de seu produto. [email protected]

Curso de Combustão Industrial

Tem como objetivo transferir a técnicos do setor

industrial conceitos fundamentais em combustão,

gaseificação e formação de poluentes, bem como par-

te da experiência adquirida pelos pesquisadores do

Agrupamento de Engenharia Térmica do IPT na reso-

lução de problemas reais. Destina-se a profissionais

de formação superior que estejam envolvidos em ati-

vidades de projeto, desenvolvimento, operação,

gerenciamento ou análise de equipamentos de combus-

tão e gaseificação.

Programa do curso

· Estequiometria das reações de combustão

· Expansão de jatos e combustão de gases

· Combustão de líquidos

· Combustão de sólidos

· Formação de poluentes em processos industriais de

combustão

· Medição de variáveis de interesse em combustão in-

dustrial

· Trocas de calor entre chamas e superfícies

· Modelagem numérica aplicada à combustão

· Visita ao Laboratório de Combustão Industrial do IPT

Data e horário: 06 a 10/12 de 2004 das 8h30 às 18h00

Local: IPT - Cidade Universitária - São Paulo

Carga horária: 40 horas

Inscrição: a taxa de inscrição é de R$ 1.500,00, incluin-

do material didático, almoço no restaurante do IPT, ser-

viço de coffee-break, transporte em ônibus especial en-

tre o IPT e os principais hotéis de SP e churrasco de

confraternização.

Vagas: 45 vagas

Informações: Andréa (11)[email protected]

Gases especiais da White Martinsconquista ISO 9001/2000

A área de Gases Especiais da White Martins alcan-

ça a certificação a ISO 9001/2000, um dos certificados

de qualidade mais reconhecidos internacionalmente, por

seu laboratório móvel de análise de gases, o White Lab.

Criado em setembro de 2001 e fruto da experiência de

30 anos da empresa nesse segmento, o White Lab aten-

de hoje mais de 50 clientes como a Embrapa, Aterro

Sanitário Bandeirantes da Prefeitura de São Paulo, Petro-

bras, Aventis Pharma, Bayer, Boheringer etc.

Com uma equipe técnica altamente equipada e

qualificada, o White Lab realiza, entre outros, análises

cromatográficas em correntes gasosas (gás natural, deri-

vados de petróleo e efluentes industriais), análises de com-

postos orgânicos em amostras ambientais (como

BTEX e NO), monitoramento de efluentes gasosos em

chaminés (CO2 e hidrocarbonetos, por exemplo),

amostragem e análise de agentes químicos gasosos na área

de segurança do trabalho e calibração de equipamentos

de medição e ensaio (como monitores de O2 e de gás com-

bustível, equipamentos com princípio de operação por

condutividade térmica e ionização de chama).

Brasil exportamais de US$ 1,6 bilhão em têxteis

De acordo com pesquisa realizada para a Exponor

Brasil, depois da construção civil, o setor têxtil é o que

mais emprega no país. Trinta mil empresas do setor

são responsáveis por 1,5 milhão de empregos diretos.

Atualmente, a industria têxtil brasileira se apóia na ex-

78

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Em novembro acontece o segundo SeminárioTechtextil South América em São Paulo

A terceira Techtextil South América, em novembro

de 2003, confirmou o crescente significado desta feira

para os fabricantes e usuários de tecidos técnicos e não-

tecidos no Brasil, em particular, e na América do Sul

em geral. Baseado no conceito mundial da Techtextil e

os efeitos sinergéticos resultantes, a terceira edição da

feira distinguiu-se por meio de significativos índices de

crescimento em ambos os lados, tanto do expositor como

dos visitantes. Para os expositores, porém, este aspecto

puramente qualitativo foi menos importante que o au-

mento na qualidade e internacionalidade dos visitantes,

em outras palavras, de seus (potenciais) clientes.

Com o intuito de proporcionar a todas as empresas

e profissionais interessados a oportunidade de se co-

municarem e descobrirem os mais recentes desenvol-

vimentos no ano em que a Techtextil South America

acontece, a Messe Frankfurt Feiras organizará o se-

gundo Seminário Techtextil South América, no ITM

Expo Feiras e Convenções, em São Paulo, no dia 29

novembro de 2004.

"Por meio da organização deste seminário, estamos

satisfazendo os desejos de muitos participantes de um

evento pequeno sob a égide da Techtextil South

America nos anos em que nenhuma feira vai aconte-

cer. Embora esperamos que o evento deste ano tam-

bém seja visitado por centenas de visitantes, a ênfase

para nós não está tanto no número de participantes,

mas sim, na qualidade destes. Ao mesmo tempo, este é

o evento de abertura da quarta Techtextil South America

que acontecerá em São Paulo no ano que vem, entre

22 e 24 de novembro de 2005", explica Michael

Jänecke, gerente internacional da marca Techtextil,

Messe Frankfurt GmbH.

A participação neste seminário é gratuita e as inscrições

já podem ser feitas: tel: (11) 4688-6000 c/Ana Maria

Prado; e-mail: [email protected].

O programa completo também pode ser obtido através

dos sites: www.techtextil.com; www.techtextil.com.br.

portação e na tecnologia para seguir em frente. No ano

passado, o Brasil obteve um faturamento recorde de

U$ 23 bilhões, com exportações acima de US$ 1,6 bi-

lhão, e um superávit comercial de US$ 595 milhões, o

maior nos últimos 11 anos. Isso representa um aumen-

to de 40% nas vendas externas do setor, em compara-

ção a 2002.

Os produtos líderes de exportação são os artigos

para o lar, como toalhas, roupões, lençóis e tecidos

para decoração. O Brasil é um grande produtor des-

ses artigos (802.638 milhões de peças em 2003) e

os confecciona com qualidade e sofisticação de for-

ma bastante competitiva, enviando produtos para os

Estados Unidos, Argentina e Comunidade Européia,

com objetivo de buscar novos mercados como

Rússia, África e Oriente Médio. Em 2002, já soma-

vam 2.700 empresas que exportavam para 149 paí-

ses e até junho de 2003, foram contabilizados 440

novos exportadores brasileiros que ingressaram no

mercado mundial.

Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil

(Abit) demonstram que o setor de cama, mesa e banho

faturou no ano passado US$ 1,93 bilhão, o que represen-

ta cerca de 8,5% do total da receita da indústria têxtil.

Para 2004, segundo o Instituto de Estudos e Marketing

Industrial (IEMI), o setor está prevendo um crescimento

na ordem de 3 a 4%, incluindo exportações.

Além do mercado externo, os principais consumi-

dores desse segmento são o pequeno varejo tradicio-

nal, as grandes lojas de departamento, hiper/supermer-

cados, lojas especializadas, shopping centers, hotéis,

hospitais e restaurantes.

De olho na crescente evolução do setor de cama, mesa

e banho, a Exponor Brasil realizou de 18 a 21 de agosto

a Textilhome 2004 – 6° Salão Internacional de Cama,

Mesa, Banho e Têxteis para o Lar. A feira reuniu, em

uma área de 4,5 mil metros quadrados, cerca de 60 fa-

bricantes nacionais e internacionais do setor, que apre-

sentaram as novas tendências em homewear, para cerca

de 3.000 visitantes.

80

Page 57: EDIT ORIAL - abqct.com.br · interesse é o meio ambiente, pois o problema de conta-minação no meu país é muito grande”, disse o peruano Eduardo Guerreiro, especialis-ta em

Anvisa publicou regras para utilização do

percloroetileno, produto utilizado como agente de lim-

peza em lavanderias, com o objetivo de proteger o meio

ambiente e a saúde da população e dos trabalhadores.

De acordo com o International Agency for Research on

Cancer (IARC), órgão com sede na Europa e reconheci-

do pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o pro-

duto provavelmente pode causar câncer.

A contaminação pode ocorrer quando a pessoa respira

ou ingere água ou alimento atingido pela substância que

escapa das máquinas de lavagem de roupa a seco na forma

de gás. Os sintomas são enjôos, fadiga, dores de cabeça e

até mesmo a perda da consciência. O percloroetileno tam-

bém é utilizado em tinturarias, indústrias têxteis, fabrican-

tes de CFC (clorofluorcarbono), de limpeza, desengraxantes

de metais e fábricas de borracha laminadas.

De acordo com a Resolução - RDC nº 161, de 23 de

junho de 2004, a partir de dezembro desse ano fica proi-

bida a instalação de novas máquinas que não tenham sis-

tema de absorção de gases capaz de esgotar o resíduo de

percloroetileno do tambor de lavagem. As máquinas an-

tigas de lavagem a seco deverão ser adaptadas, acrescen-

tando bandeja de recolhimento do produto, capaz de co-

letar todo o volume de solvente armazenado nos tanques.

Além disso, todas as máquinas deverão ser hermetica-

mente fechadas durante a operação, evitando a passagem

do vapor. Todos os produtos utilizados em lavanderias

devem ser registrados ou notificados junto a Anvisa.

As lavanderias instaladas em ambientes públicos que

utilizam ar condicionado, como shoppings centers e su-

permercados, devem possuir instalações com filtros de

carvão ativo até 1º de junho de 2005. O filtro objetiva

garantir que as concentrações de percloroetileno tenham

valores internos próximos dos externos. Esses locais

deverão ser avaliados a cada três meses a partir de me-

dições efetuadas por laboratório credenciado pela Anvisa

ou pelo Instituto de Metrologia, Normalização e Quali-

dade Industrial (Inmetro). Para as lavanderias localiza-

das em vias públicas, a medição do nível de exposição

se dará a cada seis meses, obedecendo aos limites esta-

belecidos na Portaria MTb nº 3.214/78.

Os resultados deverão ser apresentados aos trabalha-

dores, que também deverão ser treinados sobre os ris-

cos ambientais e ocupacionais do percloroetileno a par-

tir de 1º de dezembro de 2004. O rótulo do produto deve

conter a advertência: “O produto apresenta evidências

de carcinogênese em animais” no painel principal, com

pelo menos 3 mm de altura, além da recomendação do

uso de equipamentos de proteção individual e coletivo

(EPIs e EPCs).

Os materiais utilizados que tiverem resíduos de

percloroetileno devem ser identificados e descartados

como “perigosos”. As lavanderias deverão ter registros

semestrais de compra, consumo e do descarte do produ-

to, com quantitativo e destino dos mesmos, devendo per-

manecer disponíveis para fiscalização por um período de

20 anos. A Ficha de Informação de Segurança de Produ-

tos Químicos referente aos itens de manutenção e limpe-

za das máquinas deverá estar em local de fácil acesso.

Nos Estados Unidos, França e Itália, foi possível re-

duzir em até 70% o uso do percloroetileno nas máqui-

nas de lavagem a seco, com a troca por equipamentos

mais modernos e o uso de outros solventes similares,

como o wetcleaning.

As empresas que não obedecerem às novas regras

poderão ser autuadas pelas vigilâncias sanitárias esta-

duais e municipais com a Lei nº 6.437/77, que prevê

desde notificação até multas que podem variar de acor-

do do tamanho do estabelecimento e da gravidade da

infração. Mais informações: [email protected].

Máquinas de lavanderia serão adaptadaspara diminuir exposição ao percloroetileno

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