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EDIÇÃO ABRIL/2016

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NESTA EDIÇÃO...

03 MATÉRIA PRINCIPAL INTERVENÇÃO ANALÍTICO COMPORTAMENTAL EM CRIANÇAS

COM DÉFICIT NO CONTROLE INIBITÓRIO

08 ENTREVISTA AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA EM CRIANÇAS AUTISTAS

11 RELATO DE PESQUISA OS EFEITOS DO GENE APOE 4 NAS HABILIDADES VISUOESPACIAIS

E SUA ASSOCIAÇÃO COM CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

DO LOBO TEMPORAL MEDIAL EM DIFERENTES ESTÁGIOS DA VIDA

15 RESUMO DE ARTIGO O CONSUMO ABUSIVO DE ÁLCOOL DURANTE A ADOLESCÊNCIA

PREJUDICA AS FUNÇÕES EXECUTIVAS?

17 POLÍTICAS PÚBLICAS TEA: CONFIGURAÇÕES ATUAIS NO CAMPO DA SAÚDE

20 NOTÍCIA RELEVANTE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA A SERVIÇO DO TRATAMENTO DO

TEA

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Intervenção Analítico

Comportamental em Crianças com

Déficit no Controle Inibitório:

Uma Interface com a Neuropsicologia

Desenvolver a habilidade de regular

pensamentos, emoções e comporta-

mentos é um processo importante

para uma melhor adaptação e interação

da criança ao ambiente em que está

inserida. Tal habilidade é denominada

controle inibitório, e juntamente com

outros processos como memória

operacional, capacidade de planeja-

mento, tomada de decisões, flexibili-

dade cognitiva, atenção seletiva e

fluência verbal integram as funções

executivas. Alguns autores referem-

se às funções executivas como um

conceito guarda-chuva que engloba

diversas funções que são essenciais

para garantir um bom desempenho

acadêmico, emocional e social(1).

Para Malloy-Diniz e cols.(2), “controle

inibitório é a capacidade de inibir

uma resposta para qual o indivíduo

apresenta uma forte tendência, mas

que não é adaptativa ou eficiente”.

Dessa forma, essa habilidade é muito

importante, pois nos ajuda a compre-

ender como as crianças aprendem a

emitir adequadamente determinado

comportamento dentre um vasto

repertório. Segundo Malloy-Diniz e

cols.(3), evidências empíricas sugerem

que o déficit no controle inibitório

esteja relacionado a lesões envolvendo

os circuitos pré-frontais orbitofrontais.

Inúmeros transtornos com início na

infância são caracterizados pelo

déficit no controle inibitório, como o

Transtorno do Déficit de Atenção com

Hiperatividade (TDAH), Transtorno

Desaf iador de Oposição (TDO),

Transtorno Explosivo Intermitente

(TEI) e Síndrome de Asperger (1).

Quando a c r i ança possui um

comprometimento das habilidades

executivas e mais especificamente

um déficit no controle inibitório, ela

apresenta di fi culdades em inibir

comportamentos imprópr ios, em

e s t a b e l e ce r n o vo s r e p e r t ó r i os

comportamentais para antecipar

consequências e menor frequência de

comportamentos pró-sociais, o que

acarreta diversos problemas à vida

diária (4).

William Gaddes (5) acreditava que a

interface entre neuropsicologia e

t e r a p i a c o mp o r t a me n t a l se r i a

especialmente útil para os distúrbios

de aprendizado da infância. Horton (5)

afirmou que uma perspectiva neuropsi-

cológica aumenta a habilidade do

terapeuta comportamental em fazer

discriminações precisas quanto à

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etiologia dos comportamentos do

paciente possibilitando um plano de

intervenção mais eficaz. A Análise do

Comportamento é uma abordagem

psicológica baseada nos pressupostos

filosóficos do Behaviorismo Radical

de B.F. Skinner. Seu objeto de estudo

é o comportamento que Skinner (6)

definiu como a interação entre o

organismo e o meio em que ele vive.

A psicoterapia analítico comporta-

mental se baseia no modelo de

causalidade, ou seja, como causa e

efeito estariam relacionados e onde e

como as causas de comportamentos

deveriam ser procuradas (7). Para

investigar essa causa e efeito, utiliza-

se um método denominado análise

funcional, que consiste em identificar

o comportamento alvo e as condições

ambientais que o mantém. A análise

funcional é considerada o caminho

mais efetivo para o planejamento da

intervenção clínica comportamental (8).

Após identificar os comportamentos

alvo e o que os mantém, o próximo

passo do psicoterapeuta comporta-

mental é determinar a intervenção

apropriada, selecionando as técnicas

mais eficazes para cada caso. Essa

seleção vai depender se o foco está

no estímulo antecedente, no próprio

comportamento ou nas suas conse-

quências (9).

As in tervenções com foco no

estímulo antecedente enfatizam o

contexto em que aquele determinado

comportamento ocorre. Nesse caso,

opta-se por técnicas como: autoconhe-

cimento, autocontrole, fading e regras.

As intervenções com foco no próprio

comportamento, que neste momento

é considerado inadequado, têm como

objetivo estabelecer e fortalecer um

melhor repertório de respostas mais

bem adaptadas àquele contexto,

assim, para isso, utiliza-se técnicas

como modelação ou role-playing. As

intervenções voltadas para as conse-

quências do comportamento devem

reduzir ou eliminar o comportamento

disfuncional e dentro dessa perspecti-

va, utiliza-se técnicas como extinção,

modelagem, punição e reforçamento

diferencial (DR) (9). Posteriormente,

cabe ao psicoterapeuta monitorar o

progresso da intervenção.

A Terapia Analítico Comportamental

Infantil (TACI) assume a Análise do

Comportamento como ciência funda-

mental para o trabalho de intervenção

na clínica infantil (10). Para Vermes (11),

os objetivos gerais da TACI são:

“identificar as principais variáveis

envolvidas nos comportamentos alvo

da criança; habilitar os pais, e, se

possível a própria criança à realizar a

análise funcional; ensinar à criança

repertór ios al ternat ivos àqueles

considerados problemáticos, e instruir

os pais a utilizarem condutas mais

saudáveis e efetivas”. A intervenção

comportamental em criança com déficit

no controle inibitório segue essas

etapas.

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Analisemos o caso de G.R.M, um

menino de 06 anos diagnosticado com

Transtorno Desafiador de Oposição

( T DO) q ue fo i e n ca mi n ha da à

psicoterapia pelo neuropediatra e pela

n e ur op s i có l og a , ap ó s t e r s i d o

submetido a avaliação com ambos os

profissionais.

Uma entrevista foi realizada com os

pais para compreender melhor os

comportamentos – queixa sobre a

criança, fazer um levantamento sobre

variáveis que podem favorecer a

ocorrência desses comportamentos

(estabelecer causa e efeito) e apre-

sentar a proposta de trabalho. Nessa

sessão, os pais descrevem que

G .R.M é agressivo (bate nas crianças

na escola), não aceita a autoridade da

professora (não faz as atividades

propostas), atrapalha os colegas

durante a aula (levanta o tempo todo,

anda pela sala e por vezes ausenta-se

da sala de aula sem autorização da

professora). Ele já foi “convidado a se

retirar” de duas escolas. Em casa, tem

acessos de raiva quando os pais

negam algum pedido dele, não aceita

regras como hora de tomar banho ou

de fazer as tarefas de casa, sempre

desafia, diz que não vai fazer e corre

pela casa gritando. Os pais relatam

que ele não tem amigos, as outras

crianças não gostam de brincar com

ele porque ele sempre bate nelas.

Após a entrevista, iniciou-se a

análise funcional dos comportamentos

descri tos pelos pais. A Tabela 1

demonstra a análise funcional de um

dos comportamentos alvo.

Estímulo Antecedente Comportamento Consequência

A professora passa uma tarefa e ele não consegue fazer.

Ele anda pela sala e rasga a tarefa na frente

da professora.

A professora o leva para a coordenação e ele se

esquiva de fazer a tarefa.

Após a Análise Funcional dos comportamentos alvo descrito acima, foi possível

identificar a relação de causalidade do comportamento. Verifica-se que G.R.M teve

dificuldades em lidar com emoções como frustração e raiva por não conseguir

fazer a tarefa. O comportamento de andar pela sala tinha a função de evitar o

estímulo aversivo (tarefa). Quando a professora chama sua atenção pedindo que

ele faça a atividade como todos os colegas, ele fica com raiva da professora que

não o ajuda e o compara com os colegas (fazendo com que ele se sinta inferioriza-

do perante toda a sala), se comportando então de forma opositora, rasgando a

tarefa. Nesse momento a professora o tira da sala e manda para a coordenação

para levar uma advertência. Nesse caso, o comportamento de não fazer a tarefa e

se opor à professora está sendo mantido por reforço negativo, a esquiva (o

estímulo aversivo “fazer tarefa” foi retirado do ambiente).

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Entendida a relação de causa e efeito do comportamento alvo, devem-se

escolher as técnicas mais eficazes. Nesse caso, a intervenção escolhida foi a

modelagem, que é uma técnica usada para ensinar um comportamento novo por

meio de reforço diferencial de aproximações sucessivas do comportamento-alvo (12). O comportamento a ser aprendido era fazer a tarefa, para isso, alguns

comportamentos já presentes no repertório de G.R.M. foram reforçados social-

mente (“parabéns”, “muito bem”, “estou orgulhosa de você”, “você conseguiu!”,

passar pela carteira e fazer um carinho) e gradativamente aumentou-se o nível

de exigência, até que G.R.M. conseguiu aprender o comportamento alvo.

Comportamentos selecionados:

Olhar para a tarefa colocada em sua frente

Pegar na folha de atividade

Pegar o lápis e encostá-lo sobre o papel

Escrever seu nome na atividade

Ficar sentado durante a explicação da professora

Fazer o primeiro exercício

Fazer a tarefa completa

Para facilitar a aquisição do comportamento alvo, o procedimento de

“Fading”ou esvanecimento foi utilizado para mudar o estímulo antecedente por

meio de alterar a atratividade dos estímulos (tarefa). Dessa forma, folhas colori-

das com letras maiores e menos exercícios foram inseridas e aos poucos, as

letras maiores, as folhas coloridas foram retiradas, tornando-as mais genéricas

(menos exercícios em uma folha branca, letras maiores em uma folha branca),

até que apenas a presença da atividade (folha branca, com letras normais) se

tornou um estímulo discriminativo para fazer a tarefa.Quando o comportamento

alvo foi inserido em seu repertório, observou-se uma diminuição na emissão de

outros comportamentos inadequados, como andar pela sala, sair da sala sem a

autorização da professora e bater nos colegas. Considera-se ainda que houve a

generalização, já que em casa os comportamentos agressivos também diminuí-

ram de frequência. Através dos dados descritos, pode-se constatar que uma

interface entre neuropsicologia e a análise do comportamento é possível, princi-

palmente porque as duas se preocupam em compreender o comportamento

humano. A neuropsicologia objetiva compreender a relação entre cérebro e

comportamento, enquanto a análise do comportamento investiga quais variáveis

estão envolvidas na ocorrência e manutenção de determinado comportamento (5).

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GRADUADA EM PSICOLOGIA PELA PUC-GO, EXTENSÃO EM NEUROPSICOLOGIA

PELA UFRJ E MESTRE EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PELA PUC-GO. ATUAL-

MENTE TRABALHA COM PSICOTERAPIA ANALÍTICO COMPORTAMENTAL E NEUROPSI-

COLOGIA E MINISTRA AULAS NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROAPRENDI-

ZAGEM PELO INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM SAÚDE E EDUCAÇÃO (IEPSE-DF).

Ms. Renata de Moura Guedes

REFERÊNCIAS

1. Uehara, E., Mata, F., Fichman, H.C., Malloy-Diniz, L.F. (2016). Funções Executivas na Infância.

In Salles, J.F., Haase, V.G., Malloy-Diniz, L.F. (Org.). Neuropsicologia do Desenvolvimento – In-

fância e Adolescência (Cap. 1, pp. 17-27). Porto Alegre: Artmed.

2. Malloy-Diniz, L.F., Nicolato, R., Moreira, L. Fuentes, D. (2012). Neuropsicologia das Funções

Executivas. In Caixeta, L. & Ferreira, S.B. (Ed.). Manual de Neuropsicologia – dos Princípios à Re-

abilitação (Cap. 11, pp. 93-98). São Paulo: Atheneu.

3. Malloy-Diniz, L.F., Paula, J.J., Loschiavo-Alvares, F.Q., Fuentes, D., Leite, W.B. (2010). Exame

das Funções Executivas. In Malloy-Diniz, L.F., Fuentes, D., Mattos, P., Abreu, N. (Org.). Avaliação

Neuropsicológica (Cap. 9, pp. 94-113). Porto Alegre: Artmed.

4. Uehara, E. The progress of brazilian neuropsychology: From research to clinical practice. De-

mentia & Neuropsychologia. v.10, n.1, São Paulo. Jan./Mar. 2016.

5. Dias, N. M., Menezes, A. & Seabra, A. G. (2010). Alterações das funções executivas em crian-

ças e adolescentes. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 1(1), 80-95.

6. Pontes, L.M.M., & Hubner, M.M.C. (2008). A reabilitação neuropsicológica sob a ótica da psico-

logia comportamental. Revista Psiquiatria Clínica, 35 (1), 6-12.

7. Skinner, B.F. (1953). Ciência e comportamento humano. 10.ed. São Paulo: Martins Fontes.

8. Sampaio, A.A.S., &Andery, M.A.P.A. (2012). Seleção por consequências como modelo de cau-

salidade e a clínica analítico-comportamental. In Borges, N.B., Cassas, F.A. (Org.). Clínica Analíti-

co Comportamental – aspectos teóricos e práticos (Cap. 7, pp. 77-86). Porto Alegre: Artmed.

9. Carr, E. G. (1994). Emerging themes in the functional analysis of problem behavior. Journal of

Applied Behavior Analysis, 27, 393-399.

10. Lopes, K.V., & Dalmaso, B. (2016). Procedimentos de intervenção em neuropsicologia basea-

dos na análise do comportamento. In Malloy-Diniz, L.F., Mattos, P., Abreu, N., Fuentes, D. (Org.).

Neuropsicologia – aplicações clínicas (Cap. 16, pp. 242-254). Porto Alegre: Artmed.

11. Xavier, R.N. (2011). Probabilidade de transição para o estudo da modelagem em dois estudos

de caso de Terapia Analítico Comportamental Infantil. Dissertação de mestrado, Universidade de

São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

12. ermes, J.S. (2012). Clínica Analítico-Comportamental Infantil: a estrutura. In Borges, N.B.,

Cassas, F.A. (Org.). Clínica Analítico Comportamental – aspectos teóricos e práticos (Cap. 24, pp.

214-222). Porto Alegre: Artmed.

13. Moreira, M.B. & Medeiros, C.A. (2007). Aprendizagem pelas consequências: o reforço. In Mo-

reira, M.B. & Medeiros, C.A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento (Cap. 3, pp. 60).

Porto Alegre: Artmed.

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SBNp entrevista:

Patrícia Martins

Avaliação da inteligência em

crianças autistas

1. Qual é a prevalência de deficiência intelectual no autismo?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma variabilidade muito

ampla de perfis fenotípicos. A tríade sintomatológica consiste em déficits na sociali-

zação, linguagem/comunicação e problemas comportamentais. Essa heterogenei-

dade está também relacionada com o perfil cognitivo. A prevalência de deficiência

intelectual é estimada em torno de 70% dos casos, entretanto o uso de testes

tradicionais pode ser um dos aspectos associados com a alta prevalência de

deficiência intelectual. Muitos instrumentos para avaliação da inteligência exigem

habilidades verbais nas suas instruções e na execução, colocando crianças com

TEA em desvantagem.

2. Quais são os testes mais frequentemente utilizados no Brasil

para avaliar inteligência em autistas?

Para avaliação da inteligência em crianças com TEA os instrumentos mais

utilizados são as Escalas Wechsler e Matrizes Progressivas Coloridas de Raven.

Esse também é um padrão dos estudos internacionais, porém é importante

ressaltar que estudos comparando resultados desses dois testes nos mesmos

indivíduos demonstram que as crianças com TEA apresentam melhor desempenho

no Raven, sendo essa diferença estatisticamente significativa. Recentemente no

Brasil tivemos o lançamento da escala SON-R 2 ½ - 7 que é um instrumento não

verbal, utilizando em sua aplicação a manipulação de figuras, mosaicos e

desenhos. A SON-R 2 ½ - 7 permite a avaliação cognitiva considerando duas

dimensões como raciocínio e execução. A escala já possui estudos no Brasil,

mostrando sua adequação para avaliação de crianças com TEA.

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3. Na prática clínica e de pesquisa, quais são as principais

limitações encontradas na avaliação dessas crianças?

A variabilidade é a principal limitação. É importante que o profissional/

pesquisador conheça a tríade sintomatológica, mas que considere o perfil compor-

tamental antes de iniciar a avaliação. Para isso algumas sessões de observação e

ensaios comportamentais são importantes para não queimar a aplicação do teste.

Algumas crianças são bastante agitadas e precisam passar por algumas sessões

para adaptação com o ambiente e avaliadores. Outras podem apresentar mais

dificuldade na comunicação, sendo importante a utilização de instrumentos que a

criança possa demonstrar suas respostas de forma mais prática.

4. Atualmente você está elaborando e validando um instrumento

de avaliação da inteligência para crianças com autismo. O teste

é baseado em qual modelo teórico da Psicologia Cognitiva?

Você poderia descrever brevemente o seu estudo e o

instrumento que está desenvolvendo? Já há resultados

preliminares disponíveis?

O estudo que estamos desenvolvendo no Núcleo de Investigações Neuropsico-

lógicas da Infância e da Adolescência (Neurônia-UFBA) em parceria com o

Laboratório de Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Autismo (LABIRINTO) -

coordenado pela Profª Milena Pondé da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública

(EBMSP) - consiste na elaboração de um instrumento de avaliação da inteligência

considerando as especificidades das crianças com TEA.

Esse projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado da

Bahia (FAPESB) e está em fase de coleta de dados. As primeiras etapas do estudo

foram seleção e análise dos itens, análise dos juízes e estudo piloto. O instrumento

possui 16 tarefas de natureza não verbal com a manipulação de figuras e objetos.

O instrumento foi baseado no modelo Cattel-Horn-Carrol (CHC) da inteligência e

os testes que compõem são para avaliar o desempenho das crianças nas seguintes

dimensões cognitivas: processamento visuoespacial, processamento auditivo,

memória de curto prazo, memória de longo prazo, rapidez de decisão, leitura e escrita,

processamento quantitativo, flexibilidade cognitiva e inteligência fluída.

Inicialmente, verifica-se que a aplicação é bem aceita pelas crianças, apesar de

ser mais lenta, exigindo pelo menos três sessões, porém espera-se que com esse

instrumento seja possível avaliar mais dimensões da inteligência, obtendo mais

informações sobre o perfil cognitivo das crianças com TEA.

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PROFESSORA ADJUNTA DA UFBA, COORDENADORA DO NUCLEO DE INVESTIGAÇÕES

NEUROPSICOLÓGICAS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (NEURÔNIA-UFBA). DOUTORA EM

CIÊNCIAS DA SAÚDE, ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE,

PELA FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG. MESTRE EM PSICOLOGIA, ÁREA DE CONCEN-

TRAÇÃO PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO, PELA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS

HUMANAS DA UFMG E GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA PELA MESMA INSTITUIÇÃO.

Patrícia Martins Freitas

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5. Qual a importância da avaliação de inteligência para a

intervenção neuropsicológica com o indivíduo autista?

A avaliação da inteligência como uma medida da capacidade de aprendizagem

contribui para o planejamento das intervenções cognitivas e o planejamento

educacional orientando melhor o currículo escolar. Por outro lado, o uso de

instrumentos que forneçam mais informações sobre componentes cognitivos

específicos como funções executivas, memória de curto prazo e longo prazo,

velocidade de processamento, contribui de forma mais efetiva, pois informa para os

profissionais e para a família quais são as maiores dificuldades da crianças e como

é possível estimular. A identificação da deficiência intelectual direciona a intervenção

para programas comportamentais para aprendizagem de comportamentos que são

necessários no dia-a-dia. Esses programas são feitos em etapas e priorizam,

inicialmente, a redução ou eliminação de comportamentos inadequados que

podem agravar as dificuldades de socialização. As demais prioridades são definidas

de acordo com a idade e perfil de cada crianças, buscando favorecer o máximo de

autonomia possível, incluindo algum tipo de comunicação.

Para as crianças sem deficiência intelectual a intervenção neuropsicológica

segue protocolos de estimulação cognitiva para ampliar a comunicação e socialização,

assim como melhor desempenho cognitivos para funções da atenção, flexibilidade

cognitiva, memória verbal.

Nos casos de TEA com ou sem deficiência intelectual a orientação dos pais

através de programas de treinamento de pais é necessária. Muitas vezes, a forma

como os pais lidam com a crianças em casa estabelece padrões de comportamento

que não favorecem o desenvolvimento cognitivo, especialmente nos casos de TEA

em que muitos pais sentem-se frustrados pela dificuldade de interagir com seus

filhos.

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Os efeitos do gene APOE 4 nas

habilidades visuoespaciais e sua

associação com características

morfológicas do lobo temporal

medial em diferentes estágios da

vida A pesquisa tem como proposta

identificar a relação entre desempenho

cognitivo e características morfológicas

do cérebro de indivíduos geneticamen-

te vulneráveis a desenvolver Doença

de Alzheimer (DA) de início tardio.

Pesquisas na área de neuroimagem

vêm se destacando devido à crescente

evidência de que o alelo ɛ4 do gene

apolipoproteína E (APOE), considerado

o maior fator de risco para a DA,

imprime diferenças estruturais e

funcionais no cérebro desde os

primeiros estágios da vida. Nesta

pesquisa, que está sendo realizada no

Centro de Neuroimagem da Universi-

dade de Birmingham (BUIC), na

Inglaterra, imagens por ressonância

magnética estrutural serão analisadas

a fim de examinar as características

estruturais do lobo temporal medial

(LTM) de crianças, jovens e idosos

portadores do alelo ɛ4 do gene APOE.

A avaliação neuropsicológica das

habilidades visuoespaciais será

conduzida e associada aos achados

de neuroimagem.

A DA é a causa mais frequente das

demências e seu quadro clínico

caracteriza-se por comprometimento

da memória recente e da orientação

espacial, progredindo com o declínio

de funções executivas, atenção e

linguagem (Caramelli & Barbosa,

2002, Storandt, 2008). A DA tem um

forte componente genético, e dentre

os muitos genes associados a ela,

o gene APOE tem sido reportado de

forma consistente na literatura (Tanzi

& Bertram, 2001). O gene tem três

alelos principais: ɛ2, ɛ 3 e ɛ4, com

frequências na população geral de

aproximadamente 8%, 78% e 14%

respectivamente (Uterman et al.,

1995). Evidências sugerem uma forte

associação entre o alelo ɛ4 e um

maior risco de desenvolver DA

(Caselli et al., 2009, Wolk & Dickson,

2010), com aumento de até oito vezes

para portadores homozigotos (ɛ4/4)

em comparação a portadores dos

genótipos ɛ2/3 ou ɛ 3/3 (Corder et al.,

1993). Estudos têm demonstrado um

efeito negativo do alelo ɛ4 na cognição

de adultos e idosos sem DA, como

déficits visuoespaciais (Borghesi,

2008), de atenção (Green et al, 2014)

e de memória operacional (Reivang et

al., 2010). O início do declínio cognitivo

pode ocorrer 20 anos antes em porta-

dores do alelo ɛ4 em comparação a

não-portadores (Caselli et al., 2009).

Por outro lado, tem-se atribuído ao

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alelo ɛ2 um papel protetor, associado

a um menor risco de declínio cognitivo

em idosos (Han & Boindi, 2008).

Estudos com crianças e jovens são

escassos, e apesar dos resultados

contraditórios na literatura, achados

têm sugerido superioridade de portado-

res do alelo ɛ4 em escalas de inteli-

gência (Yu et al., 2000), além de

melhor desempenho cognitivo em

idade escolar (Bloss et al., 2010),

maior proteção em termos de morte

perinatal (Becher, 2006) e menor

frequência de abortos espontâneos

(Zetterberg, 2002). Em contrapartida, o

alelo ɛ2 estaria associado a um pior

desempenho cognitivo em crianças,

especialmente no que se refere a

habilidades visuoespaciais, quando

comparadas a crianças portadoras dos

alelos ɛ3 ou ɛ4 da mesma idade (Bloss

et al., 2010).

Diante desses achados, o gene

APOE tem sido apontado como um

exemplo de pleiotropia antagonista,

que caracteriza a capacidade de

alguns genes manifestarem efeitos

diversos em diferentes estágios da

vida. Pesquisas na área sugerem que

o APOE 4 tem efeito benéfico nos

estágios iniciais do desenvolvimento,

porém com efeito prejudicial na sua

fase tardia (Tuminaello & Han, 2011).

Contudo, os mecanismos de associa-

ção entre DA e APOE não são total-

mente conhecidos e o debate sobre

pleiotropia antagonista do gene APOE

permanece ativo na literatura.

Estudos de neuroimagem têm

revelado diferenças estruturais e

funcionais no cérebro de portadores do

alelo ɛ 4. Os achados indicam um

impacto negativo do ɛ4 tanto na

função cerebral, como a redução do

fluxo sanguíneo no cérebro de idosos

portadores desse alelo (Filipini et al,

2011), quanto na estrutura cerebral,

como a redução do volume do hipo-

campo (Pievasni et al., 2011) e da

espessura cortical (Shaw et al., 2007).

Quantificar essas diferenças e propor

marcadores de neuroimagem mais

precisos tem-se mostrado um grande

desafio, porém um passo importante

para entender os fatores que de fato

contribuem para essa maior suscepti-

bilidade de desenvolver DA. Assim,

estudos com população de risco têm

se mostrado especialmente promisso-

res nesta direção.

O objetivo do estudo é investigar as

habilidades visuoespaciais de portado-

res do alelo ɛ4 em diferentes idades

por meio de testes de memória

operacional visuoespacial, memória

espacial e efeito binding objeto-

localização. Ressonância magnética

estrutural tambem será realizada a fim

de identificar características morfológi-

cas do LTM de portadores do alelo ɛ4

em diferentes estágios do desenvolvi-

mento.

A expectativa deste estudo é a de

que crianças e jovens portadores da

variante ɛ4 apresentem um melhor

desempenho em testes visuoespaciais

comparados a não portadores. O

contrário é esperado para idosos

portadores do ɛ4, que deverão exibir

um desempenho inferior quando

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comparados àqueles sem o alelo ɛ4.

Espera-se que os resultados desta

pesquisa possam contribuir para elu-

cidar questões controversas acerca

da hipótese da pleiotropia antagonista,

além de identificar padrões estruturais

relevantes no cérebro de portadores e

relacionar esses

achados ao desempenho cognitivo.

Em relação aos métodos, os partici-

pantes serão agrupados em duas

categorias: portadores do alelo ɛ4 (se

apresentarem pelo menos uma cópia

do gene) ou não portadores do alelo

ɛ4. A genotipagem se dará por amos-

tras de sangue ou saliva, coletadas e

analisadas na própria Universidade de

Birmingham. Dados de neuroimagem,

como por exemplo, medidas do volume

cerebral total e de regiões de interesse

(ROI) como o hipocampo e medida da

espessura do cortex entorrinal, serão

analisados por meio de ferramentas

como o FSL e o FreeSurfer. Dentre os

testes visuoepaciais selecionados, os

testes com componentes visuoespaciais

da bateria CANTAB (Cambridge

Neuropsychological Test Automated

Battery), que têm sido utilizados com

resultados consistentes em pesquisas

na área de demência, serão aplicados

em todas as faixas etárias. Outro

destaque da avaliação neuropsicológica

é o TAA (Teste de Arrumação do

Armário), que avalia memória espacial

e efeito binding objeto-localização.

Este teste, criado pelo neuropsicólogo

e pesquisador José Neander de

Abreu, vem se destacando como um

instrumento de alta validade ecológica

e com versões adaptadas para a

população infantil e adulta (Abreu et

al., 2014).

A reunião de diferentes áreas do

conhecimento utilizadas neste estudo,

como a genética, a neuropsicologia e

a neuroimagem, traz contribuições

importantes para a compreensão dos

efeitos do gene APOE na estrutura do

cérebro e na capacidade visuoespacial

em diferentes estágios da vida. Além

disso, espera-se que este estudo

tenha aplicabilidade no âmbito da

pesquisa em demência e no contexto

clínico, por meio do desenvolvimento

de novas abordagens e intervenções

mais precoces.

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Juliana Pinto Jezler

PSICÓLOGA PELA FACULDADE RUY BARBOSA, NA BAHIA. ESPECIALISTA EM

GERONTOLOGIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA). MESTRE

EM NEUROPSICOLOGIA PELA UNIVERSIDADE DE BRISTOL, INGLATERRA.

ATUALMENTE DOUTORANDA EM NEUROPSICOLOGIA PELA UNIVERSIDADE DE

BIRMINGHAM, INGLATERRA.

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REFERÊNCIAS:

1. Abreu, N., Menezes, I. G., Siquara, G., Villa, S., & Villa, R. (2014). The Wardrobe Ar-rangement Test for Children: Content Validity of a Test of Visuospatial Working Memory. Submitted.

2. Becher, J. C., Keeling, J. W., MacIntosh, N., Wyatt, B., & Bell, J. (2006). The distribution of apoliprotein E alleles in Scottish perinatal deaths. J Med Genet, 43, 414-418.

3. Bloss, C. S., Delis, D. C., Salmon, D. P., & Bondi, M. W. (2010). APOE genotype is asso-ciated with left-handedness and visuospatial skills in children. Neurobiol of Aging, 31, 787-795.

4. Borghesani, P. R., Johnson, L. C., Shelton, A. L., Peskind, E. R., Aylward, E. H., Schel-lenberg, G. D., & Cherrier, M. M. (2008). Altered medial temporal lobe responses during visuospatial encoding in healthy APOE*4 carriers. Neurobiology of Aging, 29, 981-991

5. Caramelli, P. & Barbosa, M. T. (2002). Como diagnosticar as quatro causas mais fre-quentes de demencia? Rev Bras Psiquiatr, 24 (1), 7-10.

6. Caselli, R. J., Dueck, A. C., Osborne, D., Sabbagh, M. N., Connor, D. J., Ahern, G. L., . . . (2009). Longitudinal Modeling of age-related memory decline and the APOE Ɛ4 effect. N Engl J Med, 361 (3), 255-263.

7. Corder, E. H., Saunders, A. M., Strittmatter, D. E., Schmechel, D. E., Gaskell, P. C., Small, G. W., Roses, A. D., . . . (1993). Gene dose of apoliprotein E type 4 allele and the risk of Alzheimer’s disease in late onset families. Science, 261, 921-923.

8. Filippini, N., Ebmeier, K. P., MacIntosh, B. J., Tractenberg, A. J., Frisoni, G. B., Wilcock, G. K., . . . (2011). Differential effects of the APOE genotype on brain function across the lifespan. Neuroimage, 54, 602-610.

9. Green, A. E., Gray, J. R., DeYoung, C. G., Mhyre, T. R., Padilla, R., DiBattista, A. M., & Rebeck, G. W. (2014). A combined effect of two Alzheimer’s risk genes on medial tempo-ral activity during executive attention in young adults. Neuropsychologia, 56, 1-8.

10. Han, S. D., & Bondi, M. W. (2008). Revision of the apoliprotein E compensatory mecha-nism recruitment hypothesis. Alzheimer’s & Dementia, 4, 251-254.

11. Pievani, M., Galluzzi, S., Thompson, P. M., Rasser, P. E., Bonetti, M., & Frisoni, G. B. (2011). APOE4 is associated with grater atrophy of the hippocampal formation in Alz-heimer’s disease. Neuroimage, 55, 909-919.

12. Reivang, I., Winjevoll, I. L., Rootwelt, H., & Espeseth, T. (2010). Working memory deficits in healthy APOE epsilon 4 carriers. Neuropsychologia, 48, 566-573.

13. Shaw, P., Lerch, J. P., Pruessner, J. C., Tayler, K. N., Rose, A. B., Greenstein, D., . . . (2007). Cortical morphology in children and adolescents with different apolipoprotein E gene polymorphisms: an observational study. Lancet Neurol, 6 (6), 494-500.

14. Storandt, M. (2008). Cognitive deficits in the early stages of Alzheimer’s disease. Sage, 17 (3), 198-202.

15. Tanzi, R. E., & Bertram, L. (2001). New frontiers in Alzheimer’s Disease genetics. Neu-ron, 32, 181-184.

16. Tuminello, E. R., & Han, S. D. (2011). The Apoliprotein E antagonistic pleiotropy hypothe-sis: review and recommendations. Int J of Alzheimer’s Disease, 2011, 1-12.

17. Utermann, G., Langenbeck, U., Beisiegel, U., & Weber , W. (1980). Genetics of the apol-ipoprotein E system in man. American Journal of Human Genetics, 32, 339–347.

18. Wolk, D. A., & Dickerson, B. C. (2010). Apoliprotein E (APOE) genotype has dissociable effects on memory and attentional-executive network function in Alzheimer’s disease. PNAS, 107 (22), 10256-10261 Yu, Y. W., Lin, C., Chen, S., Hong, C., & Tsai, S. (2000). Intelligence and event-related potentials for young female human volunteer apoliprotein E Ɛ4 and non- Ɛ4 carriers. Neuroscience Letters, 294, 179-181.

19. Zetterberg, H., Palmer, M., Rickslen, A., Poirieri, J., Palmqvist, L., Rymo, L.,… (2002).

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O consumo abusivo de álcool

durante a adolescência

prejudica as funções executivas?

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O artigo “Executive performance

and dysexecutive symptoms in binge

drinking adolescents” de Gil-Hernandez

e Garcia-Moreno (2016), publicado na

revista “Alcohol”, alerta para o impacto

nas funções executivas de adolescentes

que consomem álcool abusivamente.

O álcool é a droga de abuso legalizada

mais comumente consumida, sendo

importante analisar os efeitos neuro-

cognitivos do álcool em jovens, devido

à alta prevalência de abuso dessa

substância entre esta população

(European Commission, 2010). Apesar

disso, há poucas pesquisas que

abordam as possíveis consequências

de um menor de idade beber, por este

ser um hábito relacionado a um fenô-

meno transitório, comum na maioria

dos alunos do ensino médio e univer-

sitários (Bachman et al., 2002).

Gil-Hernandez e Garcia-Moreno

(2016) investigaram a associação

entre o uso abusivo de álcool e disfun-

ção executiva em adolescentes que

ingeriam álcool no padrão chamado de

“binge drinking”, definido como um

consumo que eleva a concentração de

álcool no sangue para cerca de 0,08%

ou mais, em aproximadamente duas

horas (Courtney & Polich, 2009). Parti-

ciparam 223 adolescentes (12-18 anos

de idade) que responderam um questi-

onário anônimo sobre os padrões de

seu consumo de álcool, com a amostra

dividida em três grupos: 48 que

consumiam álcool no padrão “binge

drinking”, 53 que bebiam esporadica-

mente dosagens baixas e 122 que não

bebiam. Foram aplicados Span de

Dígitos e Espacial, Sequência de

Números e Letras, Fluência Verbal

(fonológica e semântica), Trail Making

Test, Stroop Task e Five Digit Test. Os

participantes também responderam o

Frontal Systems Behaviour Scale e o

Dysexecutive Functioning Questionnaire

para avaliar a presença de disfunção

executiva em situações de vida diária.

Uma sintomatologia disexecutiva foi

mais evidente entre os grupos que

bebem em resposta aos questionários

(sintomas de desinibição, disfunção

executiva, intencionalidade, memória

executiva, afeto positivo e negativo),

mas não nos testes neuropsicológicos.

Os grupos de adolescentes que

bebem tiveram desempenho superior

em algumas tarefas neuropsicológicas

(Span Espacial, Fluência Verbal

semântica, Trail Making Test form B,

Stroop Task e Five Digits Test), com

maiores escores do grupo que bebe

no padrão “binge drinking”, em compa-

ração com o grupo que não bebe.

Essa diferença entre os grupos pode

estar relacionada a diferenças nas

características pessoais dos partici-

pantes, como apresentado no estudo

de Randall, Elsabagh, Hartley, & File

(2004), onde não bebedores e bebe-

dores esporádicos apresentam níveis

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mais elevados de ansiedade somática

e humor agressivo do que os bebe-

dores moderados (Randall, Elsabagh,

Hartley, & File, 2004). Além disso, em

termos de funcionalidade do cérebro,

o fato de adolescentes bebedores do

tipo “binge drinking” não apresenta-

rem piores resultados do que os não-

bebedores poderia ser devido a

algum tipo de mecanismo compensa-

tório na atividade cerebral. Assim,

haveria um recrutamento adicional de

recursos neurais em indivíduos

“binge drinking” para executar as

tarefas com o mesmo nível que o

grupo controle (Zöllig, Martina, &

Kliegelb, 2010).

Os autores ressaltaram que os

testes neuropsicológicos utilizados

foram construídos com propósitos

clínicos, sendo que é necessário

haver deterioração neurológica para

mostrar déficit cognitivo, enquanto os

questionários comportamentais

mostram os prejuízos na vida cotidia-

na. Portanto, neste estudo é demons-

trado que o consumo de álcool por

adolescentes afeta o funcionamento

executivo dessa população, relacio-

nada à disfunção no córtex pré-

frontal. No entanto, essa alteração

não é encontrada pelos testes

neuropsicológicos, mas sim no auto-

relato dos participantes, ressaltando

características de impulsividade e

desinibição.

CONTINUANDO...

REFERÊNCIAS:

Bachman, J. G., O’Malley, P. M., Schulenberg, J. E., Johnston, L. D., Bryant, A. L., &

Merline, A. G. (2002). The decline of substance use in young adulthood: Changes in

social activities, roles, and beliefs. Mahwah, NJ: LawrenceErlbaum Associates, Inc.

Courtney, K. E., & Polich, J. (2009). Binge drinking in young adults: Data, definitions,

and determinants. Psychological Bulletin, 135, 142-156.

European Commission. (2010). Eurobarometer. EU citizens’ attitudes towards alco-

hol. Brussels, Belgium: TNS Opinion & Social.

Gil-Hernandez, S., Garcia-Moreno, L. M. (2016). Executive performance and

dysexecutive symptoms in binge drinking adolescents. Alcohol, 51, 79-87.

Randall, D. C., Elsabagh, S. H., Hartley, D. E., & File, S. E. (2004). Does drinking

have effects on mood and cognition in male and female students? Pharmacology,

Biochemistry, and Behavior, 78, 629-638.

Zöllig, J., Martin, M., & Kliegel, M. (2010). Forming intentions successfully: Differential

compensational mechanisms of adolescents and old adults. Cortex, 46, 575-589.

Autora do resumo: Jaqueline de Carvalho Rodrigues

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O Transtorno do Espectro do Autismo

(TEA) é uma condição neurodesen-

volvimental que apresenta múltiplas

etiologias, e se caracteriza por com-

prometimentos sociocomunicativos e

pela presença de comportamentos

repetitivos e estereotipados American

Psychiatric Association [APA], 2013).

Trata-se de um transtorno de início

precoce e curso crônico e por isso,

está entre os mais graves transtornos

que afetam o desenvolvimento infantil.

Estudos epidemiológicos recentes

têm apontado um crescimento impor-

tante nas taxas estimadas de preva-

lência do transtorno em todo o mundo,

sendo que o último estudo realizado

pelo Centers for Disease Control

Prevent ion (CDC), encontrou uma

prevalência de aproximadamente 1%

(1 em cada 68 crianças) em várias

regiões dos Estados Unidos (Centers

for Disease Control and Prevention

[CDC], 2016). Portanto, as características

do transtorno e as taxas de prevalência

atuais indicam que, identificar e tratar

os sintomas o mais cedo possível é

uma questão urgente de saúde pública.

De fato, os últimos anos têm sido

marcados por conquistas relevantes

nas políticas públicas voltadas ao TEA

no Brasil. Acredita-se que do ponto de

vista histórico, um marco importante

no campo ético e legal para o avanço

de políticas públicas voltadas ao TEA,

tenha sido a “Convenção sobre os

Direitos da Pessoa com Deficiência”

realizada em 2007 em Nova Iorque. A

Convenção resultou em uma mudança

paradigmática das condutas oferecidas

à pessoa com deficiência, elegendo a

acessibilidade como ponto central na

garantia dos direitos individuais.

Como consequência, o estado

Brasileiro promulgou o decreto 6.949

em 25/08/2009 no qual assumiu

perante a comunidade internacional, o

compromisso de respeitar, obedecer

e fazer cumprir as obrigações

previstas na Convenção.

Essa mudança de paradigma teve

impacto direto na formulação de

políticas públicas que desde então,

precisavam estar comprometidas com

a ampliação do acesso da pessoa

com deficiência a programas de

habilitação e reabilitação particularmente

nas áreas da saúde, emprego, educação

e serviços sociais, de forma a garantir

a autonomia e melhorar as condições

de vida dessa população.

Especificamente no campo do TEA,

a publicação da “Política Nacional de

Proteção dos Direitos da Pessoa com

Transtorno do Espectro Autista” (Lei

12.764 de 27/12/2012) também foi um

marco histórico. A partir da instituição

da lei, pessoas com TEA passaram a

ser consideradas pessoas com

deficiência para todos os efeitos

legais. Entre as diretrizes estabelecidas

pela lei, está o acesso a ações e ser-

viços de saúde atendendo à atenção

integral às suas necessidades de

Políticas Públicas em TEA: Configurações atuais no campo da saúde

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saúde, incluindo: a) o diagnóstico

precoce, ainda que não definitivo;

b) o atendimento multiprofissional;

c) a nutrição adequada e a terapia

nutricional; d) os medicamentos;

e) informações que auxiliem no

diagnóstico e no tratamento.

Sendo assim, a partir da construção

da lei, o TEA parece ter sido oficial-

mente colocado na agenda das

políticas em saúde. Entre 2011 e

2012 foram formados grupos de

trabalho compostos por técnicos do

Ministério da Saúde, da Secretaria

Nacional de Promoção dos Direitos

das Pessoas com Deficiência, assim

como representantes de universidades

e da sociedade civil com o objetivo

de construir diretrizes de atenção

em saúde às pessoas com TEA. O

esforço desses grupos de trabalho

deu origem a dois documentos

intitulados “Diretrizes de Atenção à

Reabilitação da Pessoa com

Transtorno do Espectro do Autismo

(TEA)” (Brasil 2014) e “Linha de

cuidado para a atenção às pessoas

com transtornos do espectro do

autismo e suas famílias na Rede de

Atenção Psicossocial do Sistema

Único de Saúde” (Brasil, 2015).

Atualmente, os dois documentos tem

sido utilizados como referência para

as práticas dos serviços de saúde

pública com o objetivo de ampliar o

acesso e a qualificação da atenção

às pessoas com o Transtorno do Es-

pectro Autista (TEA) e suas famílias.

As diretrizes e ações sugeridas nes-

ses documentos têm como base os

princípios de integralidade preconi-

zados pelo Sistema Único de Saúde

(SUS), portanto, ambos os documen-

tos apontam a necessidade de que

as ações sugeridas estejam articu-

ladas em toda a rede de atenção

SUS, assim como aos serviços de

proteção social (Centros dia, CRAS,

CREAS) e à educação. Dentre as

ações sugeridas para a rede de a-

tenção SUS, encontram-se diretrizes

quanto à responsabilidade pela iden-

tificação e tratamento das pessoas

com TEA. Quanto à identificação

busca-se a qualificação das equipes

de atenção básica para o reconheci-

mento de sinais precoces do TEA,

inclusive constam nesses documen-

tos, os instrumentos de uso livre para

o rastreamento de problemas de de-

senvolvimento como o IRDI

(Indicadores clínicos de risco para o

desenvolvimento infantil) e um instru-

mento de rastreamento de sinais de

TEA, M-CHAT (Modified Checklist for

Autism in Toddlers). Apesar de

utilizar abordagens um pouco

distintas, ambos os documentos

apresentam o conceito de TEA e os

principais indicadores de risco, ou

sinais precoces do TEA, assim como

apresentam sugestão de perguntas

para realização de entrevista de

anamneses com as famílias.

CONTINUANDO...

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Quanto à habilitação/reabilitação,

ambos os documentos seguem os

princípios do SUS quanto à referência

para serviços de maior complexidade

na rede, a partir da identificação de

risco. Seguindo a determinação do

SUS, conforme a Portaria nº 336-

/2002, o CAPSI (ou outra modalida-

de de CAPS nos municípios onde

não houver CAPSI) é indicado como

serviço de referência à criança com

TEA, embora não se dirija de modo

exclusivo a essa clientela. Como

estratégia de tratamento, o Projeto

Terapêutico Singular (PTS) deve ser

desenvolvido pela equipe multipro-

fissional do CAPSI a partir da identi-

ficação das necessidades dos sujei-

tos e de suas famílias. Quanto à a-

bordagem ou método de tratamento,

os documentos não apontam uma

única diretriz, mas esclarecem que

essa escolha deve respeitar a

singularidade de cada caso e as

possibilidades do serviço.

Sendo assim, é importante destacar

que a publicação desses documentos

caracteriza-se como o primeiro passo

para a qualificação das políticas de

atenção à saúde voltadas às

pessoas com TEA. Considerando a

sutileza e a especificidade dos

comprometimentos relacionados ao

TEA, o desenvolvimento de estudos

de avaliação de resultados poderia

apontar indicadores de efetividade,

assim como identificar possíveis fra-

gilidades dessa política, subsidiando

novas ações e políticas no campo do

TEA baseadas em evidências.

CONTINUANDO...

REFERÊNCIAS:

American Psychiatric Association [APA] (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5thºed.). Arlington,

VA: American Psychiatric Publishing.

Brasil. (2014). Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Brasília:

Ministério da Saúde, 2014.

Brasil. (2015). Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na

Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde.

Centers of Disease Control and Preventions. (2016). Prevalence of autism spectrum disorder among children aged 8 years-

autism and developmental disabilities monitoring network, 11 sites, United States, 2012. Morbidity and mortality weekly

Simone Steyer Lampert

PSICÓLOGA CRP 07/12540

DOUTORA EM PSICOLOGIA

PESQUISADORA NO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM

TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO - NIEPED/UFRGS

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Com a popularização dos smart-

phones, a tecnologia vem a cada dia

mais contribuindo para as intervenções

com crianças com o Transtorno do

Espectro Autista (TEA).

Hoje, no Play Store (plataforma

disponível para downloads de aplicativos

para o sistema operacional Android)

é possível encontrar mais de 20

aplicativos, entre gratuitos e pagos,

para o trabalho com crianças com

TEA. Dentre estes, serão listados abaixo

dois recentemente desenvolvidos.

Em 2014 foi lançado o aplicativo

“ABC Autismo”, desenvolvido por

pesquisadores do Instituto Federal de

Alagoas, que tem por objetivo auxiliar

no processo de aprendizagem de

crianças com TEA por meio de

divertidas atividades. O aplicativo

apresenta 4 níveis de dificuldade,

além de 40 fases interativas e outros

recursos. Sua proposta foi baseada

na metodologia de um programa

mundialmente utilizado: Tratamento e

Educação para Autistas e Crianças

com Déficits relacionados com a

Comunicação (TEACCH) - criado em

1964 na Universidade da Carolina do

Norte (EUA) - com o propósito de

auxiliar no processo de alfabetização

de crianças com Transtornos de

Desenvolvimento.

O “ABC Autismo” já teve mais de

40.000 downloads em todo o mundo

e está disponível para três idiomas:

português, inglês e espanhol.

Mais recentemente, no dia 14 de

abril de 2016, foi lançado o aplicativo

“AUTS” (abreviação da palavra autista)

no Teatro da Universidade do Estado

da Bahia (campus Salvador), durante

o “I Seminário sobre Autismo da

UNEB”, realizado pela Liga de Saúde

e Educação da universidade.

Este aplicativo educativo gratuito

traz como conceito desenvolver as

habilidades da primeira infância

juntamente com o ponto de vista

singular do universo autista. Fazendo

uma interlocução entre cultura digital,

educação e mídias audiovisuais, o

aplicativo reúne animações e atividades

educativas para serem trabalhadas

com crianças em idade de primeira

infância, dentro e fora do espectro.

Baseado em uma série de animação

inédita, o aplicativo estimula o desen-

volvimento das habilidades sensoriais,

sociais e lúdicas das crianças. O uso

de desenhos, cores, músicas e palavras

tornam o aprendizado muito divertido.

O protagonista do aplicativo - “Auts” -

é dublado por Arthur (10 anos), filho

do desenvolvedor. Toda a sua família

também participa emprestando as

vozes aos desenhos. Os personagens

de fácil interação com as crianças

Educação e Tecnologia a

serviço do Tratamento do

Transtorno do Espectro Autista

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- Au ts , Ana, Davi e Cachorro

propõem “experiências fascinantes e

divertidas”. Auts tem forma de

quadrado, Ana de círculo, Davi de

retângulo e Cachorro de triângulo.

Segundo os desenvolvedores, os

formatos geométricos de cada perso-

nagem ajudam na comunicação com

as crianças por meio de situações

lúdicas e divertidas.

O projeto AUTS foi cuidadosamente

pensado e desenvolvido pelo artista

Renato Barreto junto com a Takapy

Digital Art e em parceria com o Instituto

Viva Infância. A proposta foi contem-

plada no edital Arte em Toda Parte

ano III, da Fundação Gregório de

Mattos, vinculada da Secretaria de

Cultura e Turismo do município de

Salvador.

CONTINUANDO...

Imagem retirada do site:

http://eusouauts.com/

Fontes:

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.dokye.abcautismo&hl=pt_BR

http://www.correio24horas.com.br/single-educacao/noticia/aplicativo-que-auxilia-criancas-com-autismo-tem-quase-40-mil-

downloads/?cHash=daf178ce17c39161a5c9cb1ff5bc4756

http://www.bahiaja.com.br/tecnologia/noticia/2016/04/11/auts-para-criancas-dentro-e-fora-do-espectro-autista,91074,0.html

http://gshow.globo.com/Rede-Bahia/Aprovado/noticia/2016/04/projeto-auts-auxilia-na-interacao-de-criancas-com-

autismo.html

http://varelanoticias.com.br/mesa-de-debate-sobre-educacao-lanca-aplicativo-para-autistas-na-uneb/Mesa de debate sobre

educação lança aplicativo para autistas na UNEB

http://eusouauts.com/

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Imagem retirada do site:

http://www.autismoalagoas.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49:abc-autismo&catid=5:noticias

Cassio Lima

MESTRANDO EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO PELO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, RESPONSÁVEL TÉCNICO E COLABORADOR DO LABORATÓRIO DE PESQUISA EM

NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA E COGNITIVA – NEUROCLIC UFBA/CNPQ E PESQUISADOR PELA FUNDAÇÃO PARA O

DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO EM SAÚDE – FIOTEC/ FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ – FIOCRUZ RIO

DE JANEIRO.

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GESTÃO 2015-2017

Presidente: Neander Abreu

Vice-presidente: Gabriel Coutinho

Conselho deliberativo

Leandro Fernandes Malloy-Diniz

Paulo Mattos

Jerusa Salles

Lucia Iracema

Conselho fiscal

Rodrigo Grassi-Oliveira

Annelise Júlio

Laiss Bertola

Secretária Executiva

Carina Chaubet D’Alcante Valim

Secretário Geral

Andressa M. Antunes

Tesouraria Executiva

Beatriz Bitttencourt

Tesouraria Geral

Deborah Azambuja

Presidente: Alina Teldeschi

Vice-presidente: Gustavo Siquara

Comissão SBNp Jovem:

Adriele Wyzykowski

Camila Bernardes

Cássio Lima

Jaqueline Rodrigues

Natália Becker

Natália Canário

Samara Reis

Thais Quaranta

Thales Coutinho

Comissão SBNp Kids:

Nayara Argollo

Editoração:

Camila Bernardes

Alina Teldeschi

ABR/16 Sociedade Brasileira de Neuropsicologia www.sbnpbrasil.com.br