edição 642

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edição n.º 642 ANO XXV Janeiro|2011 esta revista é parte integrante do jornal nordeste e não pode ser vendida separadamente Vinhos de excelência internacionalizam região Rotas & Destinos: Os encantos de Bolonha Economia: Negócios que nascem da crise

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A voz do Nordeste

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Page 1: Edição 642

edição n.º 642 • ANO XXV • Janeiro|2011esta revista é parte integrante do jornal nordeste e não pode ser vendida separadamente

V i n h o s d e

e x c e l ê n c i a

in te rnac iona l i zam reg ião

Rotas & Des t inos :

Os en can t o s de Bo l o nha

Economia :

Negóc i o s que

na s cem da c r i s e

Page 2: Edição 642

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• edição n.º 642 • ano XXV • janeiro|2011 •

Directora - Teresa Batista | Redacção - Francisco Pinto, João Campos e Teresa Batista | Publicidade e Marketing - Bruno Lopes | Colaboram nesta edição - António Verdelho, Elisa Santos e José Mário Leite | Propriedade/Editor - Pressnordeste, Lda. | Registo ERC n.º 111077 | Fotografia - Rui Ferreira | Concepção Gráfica - Vasco Lopes | Impressão - Diário do Minho | Tiragem - 5.000 exemplares | Periodicidade: Mensal | Redacção e Administração - Rua Alexandre Herculano, nº 178, 1º andar – Apartado 215, 5300-075 Bragança | Telefone: 273329600 | Fax: 273329601 | e-mail: [email protected] | Depósito Legal n.º 30.609/89.

e l i s a

s a n t o sNoção de Mais-Valia. Quando falamos de mais-valias referi-mo-nos aos ganhos obtidos com a venda de qualquer bem, seja ele uma casa, um terreno ou mesmo um automóvel. Todavia, não nos encontramos obrigados a declarar à Administração Fis-cal todas as vendas que vamos realizando ao longo das nossas vidas. Mas para o cidadão co-mum as obrigações fiscais mais relevantes prendem-se com a venda de apartamentos, casas e terrenos que têm ser declara-das no modelo de IRS do ano da alienação, devendo ser de-claradas mesmo que não tenha havido um ganho efectivo.

Obrigação de declarar. Pode acontecer termos adquirido por um preço e termos vendido por um preço inferior. Tal não nos permite presumir que, por não ter ocorrido um ganho efectivo, nos encontramos dispensados de o declarar junto com os res-tantes rendimentos que obtive-mos durante aquele ano. Temos sempre que incluir tal venda na nossa declaração de rendimen-tos.

Situações não tributadas. No caso de ter vendido um aparta-mento (e desde que se tratasse da residência própria perma-

“COM TODO O DIREITO”

As Mais-valiasVendeu o apartamento onde residia e de seguida comprou outra casa, tam-bém para habitar. Saiba se vai ter de pagar imposto.

nente) poderá haver exclusão da tributação se a totalidade do valor pelo qual foi vendi-do for reinvestido, sempre no prazo de 36 meses, na compra de outro imóvel, de um terreno para construção ou então na construção, ampliação ou me-lhoramento de um imóvel com o mesmo destino (habitação pró-pria e permanente), desde que se situe em território nacional.

Comprar nova casa antes de vender a antiga. O reinvesti-mento também pode ter sido feito nos 24 meses anteriores à venda. Isto é importante no caso em que o cidadão compra primeiro a nova casa e vende a velha depois; só que neste caso a diferença temporal não pode ser superior a 24 meses. Tam-bém aqui não pagará imposto.

Vendas de imóveis adquiridos antes de 1989. Óptimas notí-cias para todos aqueles que vendem um imóvel adquirido antes de 1989, já que se uma determinada pessoa vendeu, por exemplo, um terreno agrí-cola ou uma casa que comprou ou herdou antes de 1989, não pagará qualquer imposto so-bre a transacção, por mais alta que seja a mais-valia gerada. Já quanto aos terrenos para

construção, só os adquiridos an-tes de 9 de Junho de 1965 es-tão isentos de mais-valia.

Casos sempre sujeitos a tri-butação. Mas atenção, muitas pessoas estão convencidas que reinvestindo o valor da venda ficarão sempre isentas de mais-valias. Infelizmente não é as-sim. Se venderem uma segun-da habitação (casa de férias, por exemplo) haverá sempre que pagar imposto no caso de ter havido um ganho efectivo. A lei fiscal só isenta a mais-valia da habitação própria e per-manente, da chamada casa de família.

Nota importante: Sempre que adquirimos um imóvel para ha-bitação própria e permanente, devemos imediatamente alterar a nossa residência nos serviços de finanças competente, indican-do essa nova morada (domicílio fiscal), porque só assim a Admi-nistração Fiscal entende que se trata de habitação própria e per-manente.

Legislação: artigo 10.º do Códi-go de IRS.

”(...) Quando

falamos de mais-

valias referimo-nos

aos ganhos obtidos

com a venda de

qualquer bem, seja

ele uma casa, um

terreno ou mesmo

um automóvel.

Todavia, não

nos encontramos

obrigados a declarar

à Administração

Fiscal todas as

vendas que vamos

realizando ao longo

das nossas vidas.

(...)”

advogada e do-cente no I.P.B.

Para perguntas e sugestões:[email protected]

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• edição n.º 642 • ano XXV • janeiro|2011 •

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t e r e s a

b a t i s t a

d i r e c t o r a

EDITORIAL

entrevista06| Negócio do Vinho só é rentável para quem produz, transforma e comercializa

Numa região que é mui-tas vezes notícia pelo fraco desenvolvimen-

to económico, encontramos os melhores vinhos do mundo, re-conhecidos com medalhas in-ternacionais, que os colocam num patamar elevado de qua-lidade. Produzidos em grandes quintas ou em adegas coopera-tivas que apostam na diferen-ciação dos seus néctares para valorizarem o trabalho dos agricultores, estes rótulos levam o nome da região além fron-teiras, dando um forte contri-buto para a divulgação turís-tica deste recanto de Portugal. Numa perspectiva económi-ca, estas estruturas produtivas criam postos de trabalho e ge-

Entre os melhores do mundoram riqueza numa região que necessita de grandes projectos para se projectar no panorama económico nacional.O sucesso das marcas da re-gião não significa que o mer-cado dos vinhos é um “mar de rosas”. Pelo contrário, os consu-midores desta bebida são cada vez mais exigentes e a concor-rência mundial eleva cada vez mais a fasquia da qualidade e só os melhores conseguem vingar ao serem eleitos pelos apreciadores de vinho.O negócio do vinho é comple-xo e exige uma modernização constante dos produtores, que têm que acompanhar as ten-dências do mercado e estudar as melhores técnicas de ges-

tão para conseguirem produ-zir néctares com uma qualida-de de excelência com custos de produção que lhe permitam ser competitivos.Para rentabilizar este sector, os agricultores têm que apostar em explorações com uma di-mensão considerável, que lhes permitam produzir, transformar, engarrafar e comercializar o produto, somando as mais-va-lias conseguidas em cada um dos processos. A isto é preciso associar castas certificadas, re-novando as vinhas tradicionais, à sabedoria dos enólogos, que, actualmente, é imprescindível para produzir vinhos com qua-lidade acima da média.

“Com todo o direito”02| As Mais-valias

made in trás-os-montes18-19| Clínica Brigantina aposta em

equipamentos de diagnóstico

economia & lazer23| Comércio de Bragança em Festa!

rotas & destinos14-15| Bolonha, cidade galeria

opinião04| Dez tostões de palavras: publicidade da publicidade05| Crise: Ameaça ou Oportunidade?

ensino & investigação21| Tecnologia inovadora transforma resíduos em biomassa

economia08-09| Vinhos de excelência produzidos na região

10-11| Néctares com prémios nacionais e internacionais12| A desculpa da Crise

13| Gastronomia movimenta negócios em Miranda17| Obra Social Padre Miguel

emprega 90 pessoas

e ainda:

nesta edição:nesta edição:

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• edição n.º 642 • ano XXV • janeiro|2011 • OPINIÃO

Há anos um amigo con-fessava-me a irracio-nalidade dos megane-

gócios da internet. Como é que empresas que aparecem na in-ternet a oferecer serviços gra-tuitos (Google, Yahoo, Face-book) sobem disparadas nas bolsas onde estão cotadas? A Exame informática acaba de revelar que o Twitter já vale quatro mil milhões de dólares. Esse valor advêm-lhe, obvia-mente, da mais valia publici-tária que têm. Mas não basta estar na internet para adqui-rir, automaticamente essa po-tencialidade. Porque se há páginas Web visitadas por mi-lhões de internautas há igual-mente milhões de páginas sem qualquer visita. E a simples vi-sita não é tudo: a visita certa é o mais importante. Por isso é que a publicidade que é capaz de atingir os seus objectivos é tão valiosa. E é por isso que os próprios meios de publicidade gastam, eles próprios, muito di-nheiro a publicitarem-se.

Uma pessoa, que muito esti-mo e considero, estranhava há dias numa viagem pelas Bei-

ras, a fraca publicidade que a Serra da Estrela, principal (úni-co?) destino turístico português de Inverno tem, por estas ban-das. A léguas de distância da promoção do algarvio destino estival.O Expresso de 4 de Dezem-bro informa que a maioria dos jovens ingleses e alemães que passam férias no Algarve pro-curam maioritariamente álcool, drogas e sexo.Quero crer que os responsáveis algarvios pretendem modificar o perfil dos turistas. Imagino contudo que os milhões gastos em publicidade sejam, mesmo assim, insuficientes para atingir o alvo.

Não duvido que os dirigentes nordestinos querem, promover o turismo num universo diferen-te dos inconscientes e aventurei-ros jovens nórdicos que pululam na noite algarvia. Mas como atingir, interessar e divulgar as potencialidades do nosso reino maravilhoso junto de milhares de cidadãos estrangeiros que apreciam a boa cama, a boa mesa, o bom ambiente e a tra-dicional cordialidade e hospi-

talidade transmontanas? Onde arranjar dinheiro para lhes fa-zer chegar essa mensagem, tão específica e dirigida? Com os meios tradicionais teria um cus-to incomportável.

Mas… recentemente foi aber-ta uma porta que permite que toda a região transmontana possa ser mostrada, valoriza-da e promovida junto de mi-lhares de directores de ciência europeus e de dezenas de mi-lhar de responsáveis universitá-rios americanos que, garanti-damente têm outros objectivos bem diferentes dos adolescen-tes que visitam o Algarve pelo Verão. Falo da oportunidade que a reunião anual da EARMA em Bragança, em 2011 abre não só de per si mas igualmen-te pela revista de acolhimento e da página de internet que a este propósito serão lançadas e cuja publicidade tem custos me-ramente simbólicos. Desapro-veitar esta oportunidade seria um erro que nenhum transmon-tano iria entender e/ou perdo-ar a quem se atrevesse come-tê-lo.

Dez tostões de palavrasPublicidade da Publicidade

j o s é m á r i o

l e i t ed i r e c t o r- a d j u n t o d a F u n d a ç ã o G u l b e n k i a n

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OPINIÃO

A crise económica é hoje uma realidade incon-tornável. É assim em

Portugal, mas também noutros países do mundo. A Irlanda, que até há bem pouco tempo era apontada como um caso de sucesso, acabou de pedir o apoio da UE-FMI. Em Portugal, a “crise” é objecto de discussões infindáveis, não há canal de te-levisão que não apresente de-bates em série onde um conjun-to de personalidades parecem “ganhar a vida” tecendo co-mentários às suas causas e efei-tos. Temas como Divida Pública, Mercados Financeiros, Défices, parecem ser dominados (como se isso fosse possível) sem qual-quer problema. Embora alguns diagnósticos pareçam tecnica-mente acertados, o que abun-da são soluções ideologica-mente adulteradas em favor de interesses variados, terminando as contendas sem ninguém se entender, numa manifesta des-qualificação da política e dos que dela se ocupam.Quem consegue assistir, fica confuso e amedrontado com o que vê e ouve, e não entende como é possível para o mes-mo assunto serem defendidas determinadas posições e o seu contrário. O povo está farto de discussões inúteis sobre te-mas marginais em que se es-quece o essencial, e exige que, por uma vez que seja, a clas-se política coloque o interesse

Crise:Ameaça ou Oportunidade ?

nacional acima das querelas partidárias, para que não seja desperdiçada aquela que po-derá ser a oportunidade der-radeira. Perante a grave situa-ção das Finanças Públicas, fruto dum modelo económico esgo-tado a que todos os governos se acomodaram, é urgente ar-repiar caminho pondo tudo em causa para começar de novo. Impõe-se a tomada de medi-das que efectivamente tenham impacto na consolidação orça-mental, repartindo a austeri-dade por todos, para que não seja, como é costume o cida-dão contribuinte, o único a pa-gar por uma crise para a qual nada contribui. De resto, parece haver um claro beneficio do infractor – recor-de-se que foi o sector financei-ro o detonador da crise, que os Estados (Portugal e Irlanda) fo-ram à pressa salvar instituições financeiras e com isso aumen-taram o défice, colocando-se a jeito para que os mesmos mer-cados financeiros agora lhes estejam a dar o troco.É preciso que haja transparên-cia, e se fale verdade, hoje, mais do que nunca, é preciso falar verdade e explicar as me-didas, racionalmente, para que os portugueses percebam para que são os sacrifícios e acredi-tem que o que está a ser feito é mesmo o que deve ser feito. A credibilidade de quem go-verna e de quem faz oposição

a n t ó n i o

verdelhodocente do IPB

é fundamental para mobilizar esforços e vontades e imple-mentar as reformas estruturais que permitam colocar o país na rota certa, enquanto ainda existe alguma margem de ma-nobra para actuar, quando já se vislumbra uma intervenção externa, situação para a qual parece estarmos a ser atraídos pela “lei da gravidade”. Portugal encontra-se num mo-mento importante da sua his-tória e numa coisa o Ministro das Finanças tem razão, o Or-çamento de Estado de 2011 é, provavelmente, o mais impor-tante dos últimos 25 anos. Foi difícil de elaborar, difícil de aprovar e vai ser ainda mui-to, mas mesmo muito, difícil de executar. E se a execução cor-rer mal, todos sabemos o que vai acontecer. Vamos rezar para que a “Lei de Murphy” não se cumpra, ou então ainda nos vamos “ver gregos”. Mas descansem os portugueses, que nem tudo vai ser mau no pró-ximo ano, a aprendizagem da matemática vai melhorar imen-so, dada a quantidade de con-tas que todos vamos ter de fa-zer, a começar no Ministro das Finanças. A redução do défice, depende da conjugação de dois facto-res a Receita e a Despesa Pú-blicas. Neste aspecto, deve ser questionada a opção que levou à desmultiplicação do Estado em serviços e fundos autóno-

mos a que se assistiu nas últi-mas décadas e a quem estão consignadas importantes áre-as de actuação como a Saú-de, a Administração do Territó-rio, o Emprego e a Segurança Social, etc., o que fez com que cada vez mais a Despesa Públi-ca seja operacionalizada atra-vés de “transferências” e menos através de “despesa directa”, numa lógica de delegação, em vez dum Estado de cara única. Temos de ter consciência da nossa situação, e ver nesta cri-se uma janela de oportunidade para tomar decisões importan-tes e inverter a tendência ac-tual, antes que a “Esperança” que é a última a morrer se fine de vez. Mas cuidado, é preciso respeito pela dignidade huma-na e pelos valores da justiça so-cial e da solidariedade.

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• edição n.º 642 • ano XXV • janeiro|2011 • ENTREVISTA

Voz do Nordeste (VN) - Como é que caracteriza o negócio dos vinhos na região?João Verdial (JV) - No Nordes-te Transmontano, o vinho não será tanto um negócio, mas mais uma questão cultural. As pesso-as produzem vinho para auto-consumo e vendem, apenas, os excedentes. Isto verifica-se mais nos concelhos de Bragança, Vi-nhais e Vimioso. Noutras zonas transmontanas podemos falar já de uma viti-vinicultura como uma activida-de agrícola que tem constitu-ído uma importante fonte de rendimento para os agriculto-

res, como é o caso de Valpaços, do Planalto Mirandês, Chaves e depois as zonas que já estão inseridas na Denominação Con-trolada Douro.Se descermos ao Douro a cul-tura da vinha é praticamen-te uma monocultura, ou seja as pessoas aí vivem da vinha e do vinho. VN - O sector do vinho está em crise?JV- A crise no sector do vinho é complicada, porque muitos produtores não são capazes de valorizar o seu produto e ven-dem as uvas a preços baixos. Para conseguir valorizar o vi-

nho é preciso seguir a fileira do início ao fim, ou seja produzir as uvas, fazer o vinho, engar-rafá-lo e vendê-lo. Caso con-trário, as mais-valias vão para quem vende o vinho e não para quem o produz. É por isso que no nosso País as-sistimos ao aparecimento de muitos produtores-engarrafa-dores.Agora aqueles indivíduos que vendem as uvas e pensam que com esse dinheiro vão pagar os custos da cultura, muitas vezes não conseguem fazer face às despesas e esses sim estão em crise, porque as uvas não são

valorizadas. O vinho também é vendido a preços baixos, à excepção daqueles vinhos que têm mais fama no mercado.VN - Só seguindo a fileira da produção, transformação e comercialização é possível ti-rar rendimento do sector do vinho?JV- Só assim é possível retirar as mais-valias do produto. Na vinha temos que produzir boas uvas, na adega temos que sa-ber aproveitá-las para fazer bom vinho e depois há que sa-ber vender o vinho. Não basta ter um bom produto, é preciso procurar os mercados e ven-

6Esta é a época em que o vinho produzido na região de Trás-os-Montes e Alto Douro estagia nas tradicionais pipas de carvalho

francês para depois ser engarrafado e comercializado no mercado nacional

e internacional. O negócio do vinho é cada vez mais competitivo e exige uma

adaptação constante dos empresários às tendências de mercado. Para explicar as

mudanças ao nível dos mercados e as potencialidades da região no que toca

à produção de néctares de qualidade, a Voz do Nordeste entrevistou o enólogo

João Luís Verdial, que tem desenvolvido vários trabalhos no sector vitivinícola na região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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ENTREVISTA

der directamente, ou en-tão, no caso de pequenos

produtores, têm que se as-sociar. É preciso pensar numa nova dinâmica. A região em que nos encontramos pode ser boa para a produção de determinados ti-pos de vinhos, no-meadamente vi-nhos brancos e produção de vi-nhos base para fazer vinhos es-pumantes. Noutras regiões micro cli-ma há boas condições para produzir vinhos tintos. Agora é preciso explorar as condições existentes, inovar e, sobretu-do, valorizar o produto.VN- No caso do Douro já deu estes passos ao nível da comercialização…JV- O Douro, o Dão, os Vi-nhos Verdes e, principal-mente, o Alentejo levam uma grande distância, têm um nível organiza-cional mais elevado, a estrutura fundiá-ria é diferente e a dimensão dos viti-vinicultores, quer na área eco-nómica, quer em termos de abertura de espírito e co-n h e c i m e n -tos faz com o

que o seu vinho se tenha afir-mado no País. No entanto, o Douro é uma re-gião vitivinícola muito antiga que tem herdado o bom e o mau. Aqui encontramos o melhor que há no País e no mundo, mas também vamos encontrar muita

gente que neste momento está com grandes problemas econó-micos, porque as suas uvas são compradas a preços muito bai-xos, porque não têm capacida-de para as transformar. VN - O que é que falta neste sector no Nordeste Transmon-tano?JV- No Nordeste Transmontanos temos boas condições para fa-zer bons vinhos, mas na maioria dos casos são estragados, por um lado porque não sabemos trabalhar as vinhas, mas princi-palmente porque na adega os produtores são demasiado con-servadores, não estão recepti-vos à inovação e agarram-se ao conhecimento ancestral e o resultado disso é boas massas vínicas que acabam por dar bons vinagres. Nesta área há muito a fazer, tanto na melho-ria das condições dos lagares,

correcções na vindima ou tra-tamento de vinhos. Se produ-zirmos as castas certas, com as práticas correctas e na adega tivermos um conjunto de práti-cas enológicas adequadas so-mos capazes de fazer aqui bons vinhos nas zonas com con-

dições para fazer bons vinhos.VN- Quais são as zonas que reú-nem as condições necessárias para produzir bons vi-nhos?JV- À medida que

aumenta a altitude deixa de haver condições para o culti-vo da vinha, até porque o cli-ma é um factor limitador, como geadas tardias e um período favorável para o cultivo da vi-nha reduzido. Por isso, vamos encontrar micro-climas que são mais adequados para determi-nados tipos de vinho. Mas no conjunto a região transmonta-na é boa para a produção de vinhos.VN- É preciso apostar na mo-dernização do sector e em re-cursos humanos qualificados na área vitivinícola?JV- Os produtores que apostam na melhoria das suas condições de produção vêem esse esfor-ço recompensado, produzindo melhores vinhos a preços mais competitivos, numa área onde a concorrência é muito gran-de.

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Vinhos de excelência produzidos na região

O vinho com a marca “Valle de Passos”, produzido em Rio

Torto (Valpaços), foi lançado no mercado em 2009 e a sua qualidade foi reconhecida com uma medalha de prata inter-nacional logo no primeiro ano de comercialização. O vinho

no Concurso Nacional de Vi-nhos Engarrafados.As marcas “Valle de Passos”, “Valle da Vide” e “Cotovia” estão no mercado e o objectivo da SART é começar a exportar os vinhos de qualidade produ-zidos nas castas cultivadas na zona de Valpaços. O objecti-vo da empresa é direccionar os vinhos para diferentes tipos de público. No plano da exportação, esta sociedade agrícola tem vindo a desenvolver contactos para que o mercado exterior seja o principal consumidor destes vi-nhos.Mas este projecto agrícola não se resume à produção de vi-nho. A SART está a desenvol-ver um projecto que combina a construção de uma adega com uma unidade de enoturis-

mo, com a assinatura de Souto Moura. Trata-se de uma estru-tura ambiciosa, que tem como objectivo, por um lado, dimi-nuir os custos de produção com a instalação de uma unidade de transformação e engarra-famento e, por outro lado, di-namizar aquela zona com um leque diversificado de activi-dades oferecidas a quem gos-ta de associar o descanso à di-nâmica do campo.Com a construção desta nova unidade, a SART pretende au-mentar a produção, que, em 2009, rondou os 25 mil litros de vinho, distribuído pelas três marcas de branco. Tendo em conta a dimensão das vinhas, a empresa estima uma produção média anual na ordem das 58 mil garrafas de branco e 290 mil garrafas de tinto.

Produção de vinho aliada ao EnoturismoProjecto de transformação de uvas e de turismo com a assinatura de Souto Moura

Reforçar a produção de vinhos de qualidade na Região Demarcada do

Douro é a aposta feita pelo proprietário da Quinta dos Holminhos, situada no concelho de Vila Flor, onde foram inves-tidos 450 mil euros no sector vi-tivinícola.Vítor Moraes, detentor da mar-ca “Holminhos”, avança que o primeiro passo dado na sua exploração passou pela recon-versão das vinhas, seguindo-se a criação de uma adega com a mais moderna tecnologia, para conseguir um produto de quali-dade superior.Após uma década de trabalho,

aquela estrutura vinícola tem uma capacidade de produção que ronda as 25 mil garrafas, entre vinhos brancos, tintos e ro-ses. Porém, nos próximos quatro anos, o patamar de crescimento deverá rondar as 60 mil unida-des em 11 hectares de vinha. A preocupação do empresário passa por conquistar o merca-do internacional de vinhos, re-forçando a imagem de marca do produto.Com alguns prémios em cer-tames internacionais, os vinhos “Holminhos” já são vendidos na Alemanha, Italiano e Espanha, embora ainda em pequena es-cala.

ECONOMIA

8 branco da colheita de 2008 alcançou um lugar do pódio no Salão Internacional do Vinho e da sua Cultura, em Trabanca (Espanha).Já no ano passado, o vinho produzido pela Sociedade Agrícola do Rio Torto (SART) recebeu uma menção honrosa

“Holminhos” reforça exportaçãoEmpresário de Vila Flor investe 450 mil euros no sector

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Os mais prestigiados concursos mundiais comprovam a qua-

lidade de excelência dos vi-nhos “Quinta de Vila Maior” e “Casa da Palmeira”, produ-zidos na zona demarcada do Douro junto à Foz do Sabor, no concelho de Torre de Mon-corvo. Desde 2008, que estes néctares coleccionam quatro medalhas de ouro e seis meda-lhas de prata além fronteiras, que colocam estes vinhos entre os melhores do mundo. Os primeiros prémios começa-ram a surgir no Wine Masters Challenge 2008, que foi o pri-meiro ano que estes vinhos se submeteram à prova e foram distinguidos com uma meda-lha de ouro e duas de prata.

No ano seguinte, no Concur-so Mundial de Bruxelas, en-tre 5 500 concorrentes, estes néctares receberam mais uma medalha de ouro e outra de prata. No ano passado, os re-conhecimentos internacionais continuaram, com uma meda-lha de ouro para o tinto “Casa da Palmeira” de 2007 e uma distinção de prata para o vi-nho “Quinta de Vila Maior” de 2007, no Concurso Mundial de Bruxelas. Já no Concurso Mun-dial Vinalies, o “Quinta de Vila Maior” recebeu a prata, mas não se ficou por aqui, conquis-tando o ouro no Wine Inter-national Challenge 2010. No mesmo concurso, o “Casa da Palmeira” 2007 Reserva foi distinguido com uma medalha

de prata.O segredo do sucesso deste vi-nho é, segundo o proprietário da Quinta de Vila Maior, Ma-nuel J. Pinto, a aposta na qua-lidade. Esta Quinta de Vila Maior alia a tradição à modernidade tec-nológica. Aqui podemos encon-trar os lagares de granito de onde o mosto é encaminhado para as modernas cubas de fermentação em inox. Uma parte do lote é, ainda, sub-metida a um estágio de cerca de 12 meses em pi-pas de carvalho, que dá origem a um vinho fruta-do, elegante e de forte complexidade de aro-mas.

Vinhos de excelência produzidos na regiãoOuro distingue tintos

ECONOMIA

“Quinta de Vila Maior” e “Casa da Palmeira”

Vinhos dão cartas nos mercados mais conceituados“Holminhos” reforça exportaçãoEmpresário de Vila Flor investe 450 mil euros no sector

No mercado nacional é possível encontrar estas marcas em lo-

jas como o El Corte Inglês ou nas garrafeiras internacionais, mas também pode ser adqui-rido através de venda directa ao distribuidor das marcas. Lá fora, os vinhos “Quinta de Vila Maior” e “Casa da Palmeira” chegam ao Luxemburgo, Bélgi-ca, Áustria e China e vão en-trar, brevemente, no mercado

brasileiro e inglês.Dado que o mercado é cada vez mais exigente e a concor-rência mundial é feroz, Manuel Pinto salienta que é importan-te aproveitar a sabedoria dos enólogos para produzir vinhos que se diferenciam pela quali-dade de excelência. “Só fica-rão no mercado as organiza-ções com uma certa dimensão”, acrescenta o empresário.Nos cerca de 43 hectares de

vinha de Manuel Pinto são pro-duzidos entre 200 a 250 mil litros de vinho por ano, dado

que as castas de Vinho do Por-to são vendidas aos grandes exportadores.

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ECONOMIA

As diferentes marcas de néctares de excelência lançadas pela Ade-

ga Cooperativa de Ribadouro, em Sendim, apresentam-se em diversos formatos, de forma a chegarem a um maior número de consumidores, incluindo os apreciadores mais exigentes. A marca “Ribeira do Corso”, introduzida no mercado em 2006, é aquela que coleccio-na um maior número de me-dalhas de ouro e prata, tendo

conquistado o prémio de maior relevo para a Cooperativa, que, no ano passado, viu o seu néctar distinguido entre os 711 concorrentes de todas as regi-ões do País, no concurso orga-nizado na Feira de Agricultura de Santarém. Para homenagear a cultura da terra, a Ribadouro lançou tam-bém o “Lhéngua Mirandesa”, uma marca de 2002, que re-cebeu uma medalha de prata em 2008, com uma colheita de

O “Encostas do Tro-gão” Reserva é a mais recente apos-

ta da Adega Cooperativa do Rabaçal (ACR) para conquistar o mercado dos vinhos de exce-lência. Esta estrutura, instalada em Rebordelo, recebe uvas dos concelhos de Vinhais, Mirande-la, Valpaços e Macedo de Ca-

valeiros e tem desenvolvido um trabalho notável para conse-guir produzir néctares que se distinguem pela qualidade.“Hoje em dia, se o vinho não se tiver qualidade é difícil co-locá-lo no mercado”, sublinha o Técnico Oficial de Contas da ACR, Alcides Santos.Nesta linha, esta estrutura co-operativa tem vindo a investir na modernização do equipa-mento, para alcançar resulta-dos excepcionais no lançamen-to de novos vinhos. Prova disso, é a qualidade dos vinhos bran-cos, reconhecida em concursos nacionais, que resulta da com-binação de uma vinificação

Adega Cooperativa do Rabaçal afirma-se no mercado com a comercialização de vinho em garrafa

“Encostas do Trogão” com selo de qualidade

Néctares com prémios nacionais e internacionais

Ouro e prata valorizam “Ribeira do Corso”1 0

Adega Cooperativa de Ribadouro comercializa quatro marcas de vinho que já conquistaram o mercado

2003. No ano passado, esta marca sofreu uma evolução, tendo sido lançados os vinhos rosé e branco, este distinguido com prata no Concurso de Vi-nhos de Trás-os-Montes.A Cooperativa comercializa, ainda, as marcas “Pauliteiros”, que foi a primeira lançada no mercado e que se assumiu como a marca de referência da Ri-badouro, e a “MiranduM”, que surgiu em 1992, começou a ser vendida em garrafão, mas a

qualidade reconhecida levou ao seu aparecimento em gar-rafas.A Ribadouro tem uma produ-ção média anual de 3 milhões de litros de vinho das quatro marcas, repartidas por tinto, branco e rosé. 78% dos néc-tares são comercializados no mercado nacional, 20% dos vi-nhos é exportada para países da União Europeia e, apenas, 2% é consumido fora da União Europeia.

com sabedoria com um siste-ma de refrigeração que per-mite a fermentação dos mostos a frio. O resultado não pode-ria ter sido mais satisfatório e foi comprovado com a meda-lha de prata conquistada no Concurso de Vinhos de Trás-os-Montes e com a menção honro-sa conseguida em Santarém.Fundada em 1979, a ACR co-meçou a vender cerca de 95% da sua produção a granel e, apenas, 5% em garrafão, com a marca “Muradal”. A evolução dos mercados, obrigou esta es-trutura a evoluir para o “bag in box” com o rótulo “Poulinho” e, em 2006, surge o primeiro

vinho engarrafado “En-costas do Trogão”.A cooperativa está a sensibilizar os seus as-sociados para apos-tarem na reconver-são das vinhas para castas certificadas, como a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Ro-riz e Trincadeira, que bem traba-lhadas dão ori-gem a vinhos com qualida-de excepcio-nal.

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Espumantede “ouro”em Macedo

Distinguido com meda-lha de ouro logo no primeiro ano de pro-

dução, o espumante bruto “Quinta do Lombo”, produzido pela Santa Casa da Misericór-dia de Macedo de Cavaleiros (SCMC), representa uma expe-riência inovadora e de sucesso na região transmontana.O Espumante Bruto 2004 “Quinta do Lombo” recebeu o ouro no concurso internacional Wine Master Challenge 2006, um prémio que reconheceu a qualidade do néctar gaseifi-cado extraído das castas do Lombo.O ouro incentivou a produção de espumante por terras ma-cedenses e, em 2008, o Espu-mante Reserva Bruto 2005 re-cebeu uma recomendação no

Mi s e r i c ó r d i a p r odu zo ún i c o e spuman t e d ar e g i ã o , d i s t i n gu i d o em c oncu r s o i n t e r n a c i o n a l

mesmo concurso internacional.Desde então o espumante “Quinta do Lombo” tem con-quistado o mercado e a pro-dução de cerca de 3 mil gar-rafas por ano não chega para as encomendas. “Neste mo-mento, o stock de espumante está no mínimo, o que significa que vamos ter um período de carência, visto que só no próxi-mo Natal é que o Bruto ‘Quinta

6 medalhas internacionais e 3 prémios nacionais

do Lombo’ está no ponto para ser comercializado”, afirma o enólogo da SCMC, Fernando Guerra.A par do Espumante Bruto e do Reserva Bruto, a Misericór-dia fez, recentemente, uma ex-periência ao produzir espu-mante rosé, um produto novo, que ainda não foi colocado no mercado.

Por detrás da história de Ro-meu e Julieta encontramos um néctar que marca a diferença. A par da produção de vinho do Porto, a Quinta do Romeu também engarrafa néctares com marca própria, que têm vindo a ocupar um lugar de destaque no mercado nacional e internacional.“60 por cento das castas é touriga nacional, que comple-tamos com outras que também lhe dão complexidade, como a touriga branca, sousão, barro-ca e Roriz”, acrescenta o pro-prietário da Quinta do Romeu, João Meneres.O empresário realça que os rótulos Romeu (tinto) e Julieta (branco) estão a ter sucesso no nosso País, mas também no es-trangeiro. A aposta na expor-tação depende, agora, do au-mento da produção.Nesta Quinta centenária tam-bém é produzido vinho do Por-to biológico, com certificação para a Europa e Estados Uni-dos.A Quinta do Romeu produz cerca de 60 mil litros de vinho, que descansam em pipos de madeira de carvalho francês durante dois anos. Segue-se o engarrafamento para o néctar atingir o auge no espaço de cinco anos.

Romeu e JulietaQuinta do Romeu produz 60 mil litros de vinho DOC Douro

ECONOMIA

Néctares com prémios nacionais e internacionais

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Adega Cooperativa de Ribadouro comercializa quatro marcas de vinho que já conquistaram o mercado

O enólogo explica que a vi-nificação de um espumante é igual à de um vinho, só numa segunda fase é que o processo muda completamente. “É fei-ta uma segunda fermentação em garrafa, que é responsável pelo gás do espumante, que é natural. Depois fica em estágio entre 12 a 14 meses”, acres-centa Fernando Guerra.

A par do espumante, a SCMMC também colecciona várias me-dalhas com os vinhos tintos que tem posto no mercado. A procura dos vinhos “Quin-ta do Lombo” tem vindo a au-mentar, o que leva a instituição a querer aumentar a produ-ção. “Começámos com pouco mais de 1 hectare, actualmen-te temos 5 hectares e podere-

mos aumentar até aos 10 hec-tares., concluiu o provedor da SCMMC, Castanheira Pinto.

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Empresas lutam por segurança financeira

Empresários devem encarar os desafios lançados pelos mercados

como oportunidades de negócio

A crise económica é o rosto de uma profunda mudança nos merca-

dos, que lançam novos desafios aos empresários. O alerta foi deixado pelo director do Gru-po Regional do Norte da Asso-ciação Portuguesa de Gestores e Técnicos de Recursos Huma-nos (APG), João Pedro Tavares, durante o I seminário “Formar e Comunicar para Evoluir”, or-ganizado pela Soluções Nor-deste, em Bragança.Na óptica do responsável,

aquilo a que estamos a assis-tir “tem muito pouco de crise”, visto que uma crise implica uma retoma e esta nova realidade já se prolonga há alguns anos e as previsões apontam para que continue nos próximos tem-pos.“Estamos perante um novo pa-radigma, para o qual temos que encontrar soluções, porque como esta realidade vai sobre-viver ao longo dos próximos anos se não encontrarmos so-luções vamos ser engolidos por

ela”, sustenta João Tavares.A mudança nas exigências dos mercados não deve, contudo, assustar os empresários, que têm que encontrar novas opor-tunidades de negócio. “ Portu-gal tem grandes competências, conhecimento, bons produtos, o que nos falta é desenvolver a parte comercial. Esta nova re-alidade também nos traz pe-quenos nichos, de gente muito poderosa do ponto de vista fi-nanceiro e que procura produ-tos como nós temos. Agora te-

A desculpada crise

mos é que lhos fazer chegar”, reforça o director do Norte da APG.Em Trás-os-Montes, João Tava-res enumera alguns produtos de excelência, como é o caso do vinho, do azeite ou do ar-tesanato. Agora resta aos em-presários estudar o merca-do e conseguirem valorizá-los, apostando em nichos específi-cos que estão dispostos a pa-gar para obterem produtos com qualidade garantida.

humildade quando fazemos a nossa gestão diária”, defende o empresário.A saúde financei-ra das empresas é, actualmente, o principal desafio lançado aos em-presários, que têm que adap-tar a sua oferta às necessidades do mercado e, ao mesmo tem-po, tornarem-se competitivos num mundo dos ne-gócios cada vez mais exigente. “50% do nosso valor de fac-

turação é ao Estado, que não paga a tempo e hora. Esta situ-

ação acaba por condicionar o flu-xo financeiro das PME”, sustenta João Preto.A redução de custos é uma das p reocupações das empresas Multinordeste e Soluçõesnordes-te para ultra-passarem a cri-se. “Estamos a implementar um

processo de controlo de custos. Vamos investir 2500 euros em

dois dias de formação, para os nossos colaboradores utili-zarem os sistemas de controlo, mas estimamos alcançar cerca de 30 mil euros de resultados ao nível da redução de custos”, explica o empresário.Recorde-se que a Multinordes-te foi criada em Janeiro de 2009 e trabalha na área da construção. Em Junho do mes-mo ano surgiu a Soluçõesnor-deste, ligada ao sector da for-mação. Entretanto, João Preto afirma que está a ser pensada a criação de uma nova empre-sa. “Temos a preocupação de criar postos de trabalho”, con-cluiu o empresário.

Estar à altura do merca-do e manter a solidez financeira são os prin-

cipais desafios de um empre-sário. Quem o diz é João Pre-to, administrador da empresa Multinordeste e gerente da So-luçõesnordeste, que defende que o velho ditado popular “A candeia que vai à frente ilumi-na duas vezes” encaixa perfei-tamente no actual mundo dos negócios.“Temos que ser muito criativos, ter cuidado com os gastos e ser muito ponderados nas nos-sas análises. Não nos podemos dar ao luxo de extravagâncias e é necessário ter uma certa

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Empresas lutam por segurança financeira

Vitela, Porco e cordeiro com qualidade de excelência

servidos no Planalto

Ga s t r onomia mov imen tanegócios em Miranda

De 18 a 20 de Feverei-ro, Miranda do Douro acolhe mais uma edi-

ção dos Sabores Mirandeses. A vitela, o cordeiro e o porco são os produtos de excelência que vão estar na base da con-fecção de pratos típicos da re-

gião, como é o caso da afama-da posta à mirandesa.O festival tem início no dia 18, que é dedicado ao porco e seus derivados, com destaque para o tradicional fumeiro da região, que é muito procurado por pessoas oriundas de diver-

sos pontos do País e da vizinha Espanha. A par da gastronomia confec-cionada à base de carne de porco e fumeiro, quem pas-sar neste dia por Miranda do Douro pode, ainda, conhecer a cultura tradicional desta ter-ra, que tem apostado na pre-servação das suas raízes e dos seus saberes ancestrais que fo-ram passando de geração em geração. A música tradicio-nal vai estar em destaque no festival, com a animação pro-porcionada pelos Andacami-no, Pauliteiros de Constantim e banda rural Pica Tumilho. Nes-te dia também se vão debater questões cruciais sobre a ges-tão do sector da caça, num fó-rum que vai contar com espe-cialistas nesta área.No dia seguinte, o cordeiro é o produto que vai ser servido nos restaurantes presentes no Fes-

tival. Aliada à gastronomia, a cultura mirandesa é enaltecida com um fórum dedicado à gai-ta-de-foles, organizado pelos Galandum Galundaina, e pela animação proporcionada pe-los Pauliteiros de Malhadas e de Palaçoulo. O Festival de Sabores encer-ra no dia 20, com a vitela a cativar aqueles que não dis-pensam a tradicional posta à mirandesa. Associado a esta raça autóctone está um semi-nário de apicultura, organiza-do pela Associação de Apicul-tores do Parque Natural Douro Internacional.Destaque ainda para as dan-ças dos paus e para as acti-vidades rurais, nomeadamente a realização de uma montaria em Cicouro, um passeio BTT e um passeio pedestre por terras de Miranda..

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• edição n.º 642 • ano XXV • janeiro|2011 • ROTAS & DESTINOS

Emilia-Romagna podia ser o nome de uma “bella dona” italiana, mas é

muito mais do que isso. É ter-ra da Ferrari, da Ducatti ou da Segafredo e onde milhares de estudantes procuram a mais antiga Universidade da Euro-pa, em Bolonha.O difícil é conseguir ver tudo em cinco dias. Nós tentámos e o resultado é uma enorme von-tade de regressar aos acolhe-dores restaurantes do centro histórico bolonhês, ao teatro

da Ópera e ao frenético cen-tro comercial ao ar livre, que mete inveja a qualquer shop-ping de quatro paredes.Aliás, a capital de Emilia-Ro-magna é daquelas cidades es-peciais em tudo. Desde logo pelos seus 40 quilómetros de galerias cobertas, onde pode-mos passear em qualquer al-tura do ano, sem precisar de guarda chuva. Depois são as lojas de rua, um verdadeiro paraíso gourmet recheado de queijos, charcutaria, vinhos ou

Capital da região de Emilia-Romagna acolhe a mais antiga Universidade da Europa

Bolonha, cidade galeria

azeite. E se Bolonha já é uma ver-dadeira pérola, o que fazer quando sabemos que temos a fábrica da Ferrari ou da Du-cati a dois passos? Se a capi-tal da província gira à volta da Universidade, Maranello é uma verdadeira cidade Ferra-ri. A marca está presente em quase tudo o que é comér-cio, seja uma pequena oficina ou um restaurante. Obrigató-ria é a visita ao Museu Gale-ria, onde nem sequer falta um guia em português para con-tar a história destes míticos quatro rodas, modelo a mode-lo, incluindo Fórmula 1. À en-

trada, há propostas para dar passeios de 10 minutos ao vo-lante de um Ferrari, pela “mó-dica” quantia de 50,00 euros. No museu da Ducati, a escas-sos quilómetros do centro de Bolonha, vive-se intensamente o mundo das duas rodas, com a “agravante” de podermos visitar a unidade fabril, coisa que não é possível na Ferrari. Impossível é também escrever a História de Itália sem falar na Ducati e das transforma-ções que sofreu no decurso da II Guerra Mundial, daí que as visitas de escolas à galeria e à fábrica sejam uma constan-te.

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balsâmico, um produto de excepção, que no super-mercado pode atingir os 123 euros, numa simples garrafa de 100ml! Isto se for produzido no método tradicional, num processo trabalhoso e moroso, tal como sucede na Acetaia Rossi Barattini, uma quin-ta familiar situada em Modena.Mas Bolonha também é cultura, numa visita demo-rada ao Museu da Músi-ca, num espectáculo no singular Teatro Comunale, palco de variadas ópe-ras, e numa conversa in-formal com Bruno Stefa-nini, um mestre na arte de construir e reparar vio-linos. Bolonha é, sem dú-vida, música para os nos-sos ouvidos... em todos os sentidos.

Capital da região de Emilia-Romagna acolhe a mais antiga Universidade da Europa

Bolonha, cidade galeriaNuma cidade de gran-des tradições académi-cas, há restaurantes que se assemelham a universi-dades gastronómicas, ca-sos do “Ristorante da Ce-sari”, “Biagi” ou “Cantina Bentivoglio”, todos eles no centro histórico. Curio-samente, em nenhum de-les encontrámos o célebre “esparguete à Bolonhe-sa”, prato que não exis-te em qualquer parte da região. No entanto, a car-ne “bolonhesa” faz parte do cardápio e recomen-da-se, só que em vez de acompanhar com espar-guete, vai à mesa com ta-gliatelle, uma típica mas-sa italiana.Alguns dos pratos mais re-presentativos da culinária de Emilia Romagna são temperados com vinagre

“Esparguete à Bolonhesa” não faz parte do cardápio

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A par do apoio social que presta a um gran-de número de uten-

tes, a Obra Social Padre Mi-guel (OSPM), em Bragança, é uma instituição com um impacto económico significativo na ca-pital de distrito. Os números que fazem parte da contabi-lidade desta Instituição Parti-cular de Solidariedade Social (IPSS) dão conta de rendimen-tos mensais na ordem dos 150 mil euros, um valor suficiente para cobrir as despesas cor-rentes que a OSPM tem que suportar todos os meses.“Entre 25 a 30 mil euros por mês são para pagar aos nos-

Obra Padre Miguelemprega90 pessoas900 mil euros do orçamento anual são para pagar vencimentos

sos fornecedores, que também são de cá. Isto tem que ter re-flexo na nossa cidade, por-que há um ano atrás este mo-vimento não existia”, constata o tesoureiro da instituição, José Carmo.Além disso, a OSPM conta, ac-tualmente, com 90 colabora-dores. Para assegurar os sa-lários a todos os funcionários, a instituição canaliza 900 mil euros do seu orçamento anual para pagar os vencimentos.Estes números demonstram a grandiosidade desta institui-ção no panorama sócio-eco-nómico. A construção do novo edifício, que alia o apoio so-

A horta é um complemento para diminuir as despesas da instituição no que toca à com-pra de produtos hortícolas. A OSPM tem uma empresa de in-serção, que permitiu contratar pessoas para trabalharem na parte agrícola, rentabilizando a terra que pertence à IPSS.Este projecto vai ganhar uma

nova dimensão, dado que a instituição ampliou os hectares de terreno para cultivo. “ Há uma série de amigos da Obra que têm terrenos circundan-tes e que nos vão ceder essas terras para podermos cultivar produtos agrícolas”, salienta o vogal da direcção da OSPM, Manuel Chumbo.

Para desenvolver este projec-to, a instituição pretende fir-mar um protocolo com o Insti-tuto Politécnico de Bragança (IPB), para beneficiar de cola-boração técnica através da Es-cola Superior Agrária.José Carmo admite que a pro-dução agrícola permite pou-par algum dinheiro, mas lem-

cial aos serviços privados, re-presentou um investimento na ordem dos 5, 5 milhões de eu-ros, que obrigou a OSPM a re-correr à banca. Os encargos relacionados com este emprés-timo também têm que ser su-portados pela instituição, que prefere realçar a sua missão social, mas reconhece o seu peso económico na cidade. “Está a ser levado a cabo um trabalho de mestrado sobre a Obra, para demonstrar cien-tificamente qual o seu impac-to sócio-económico na cidade”, realça o tesoureiro.José Carmo salienta, ainda, que a par do grande investi-

bra que a OSPM serve cerca de 400 refeições por dia. “É uma ajuda, mas temos sempre que recorrer aos nos-sos fornecedores”, conclui o tesou-reiro.

mento de milhões de euros, a instituição não pára no tempo e tem continuado a investir em prol da melho-ria dos serviços prestados aos utentes e na adequa-ção do espaço às neces-sidades laborais dos co-laboradores. “Temos uma gestão cuidada, para que não se esbanje sem se al-cançarem resultados prá-ticos e se reflicta de for-ma positiva na melhoria de condições para os nossos utentes e para os nossos colaboradores”, acrescenta José Carmo.

Horta para reduzir custos

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A Clínica Brigantina tem vindo a reforçar os equipamentos de

diagnósticos para oferecer aos utentes um tratamento comple-to, que combina consultas mé-dicas de várias especialida-des, exames de diagnóstico e serviços de enfermagem.A directora técnica da Clíni-ca, Sandra Mela, enaltece que esta unidade de Saúde, sedia-da em Bragança, disponibiliza, actualmente, um vasto leque de especialidades médicas, sendo a gastroenterologia a mais recente aposta da clínica, para dar resposta às solicita-ções das pessoas da região. A consulta tem associado um con-junto de exames de diagnósti-co, como a endoscopia ou a co-lonoscopia, que são realizados durante a consulta e avaliados na hora pelo especialista.Na óptica da responsável, é a qualidade dos serviços pres-tados aos utentes que marca a diferença. “Todos os resul-tados dos exames são imedia-tamente vistos pelo médico e não têm que estar à espera da marcação de uma nova consul-ta. Poupa-se na deslocação, no tempo e conseguimos dar um apoio mais directo aos nossos utentes”, acrescenta a directo-

ra técnica.Sandra Mela revela que a Clí-nica Brigantina tem investido muito em equipamento, mas garante que se justifica plena-mente para dar apoio às es-pecialidades.A par da gastroenterologia, assegurada pelo especialis-ta Hermano Santos (ver colu-na), a cardiologia e a cirur-gia em regime de ambulatório são, igualmente, especialida-des médicas que se destacam, numa região onde as listas de espera no serviço de saúde público levam as pessoas a re-correr ao privado.“Todas as intervenções com anestesia local são feitas na Clínica. Os outros casos são encaminhados pelo médico”, acrescenta a responsável.Sandra Mela afirma que a Clí-nica Brigantina só não dispõe de Neurologia e Psiquiatria, que são duas áreas em que há carência de médicos na região e a procura existente não jus-tifica a deslocação de um es-pecialista do Porto, Coimbra ou Lisboa.“É muito difícil recrutar espe-cialistas na região. A maior parte dos nossos médicos só justificam a deslocação de um grande centro para Bragança

Clínica Brigantina aposta em equipamentos de diagnósticoUnidade de Saúde oferece um vasto leque de especialidades médicas e serviços de enfermagem

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Clínica Brigantina aposta em equipamentos de diagnósticoUnidade de Saúde oferece um vasto leque de especialidades médicas e serviços de enfermagem

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quando o número de consultas é significativo”, constata San-dra Mela.O vasto leque de oferta faz da Clínica Briganti-na um espaço reconheci-do na área da Saúde. “É uma clínica médica regis-tada na Entidade Regu-ladora da Saúde. Muitas vezes as pessoas não têm ideia que têm aqui uma clínica com praticamente todas as especialidades”, realça a directora técnica.A Clínica Brigantina também se diferencia nos serviços de en-

fermagem que abrangem todo o distrito, com atendimento 24 horas ao domicílio. “Temos

sempre alguém de serviço e também há a possibilidade de deslocar um médico em caso

de emergência”, acrescenta a responsável.A Medicina no Trabalho com-

pleta o leque de acção desta unidade de saúde, que está já desenvolve este serviço para

as empresas nacionais respon-sáveis pelas grandes obras que estão a decorrer na região.

A qualidade dos servi-ços prestados pela Clínica Brigantina é assegurada por uma equipa compos-ta por oito enfermeiros e mais de 30 médios espe-cialistas, aos quais se jun-tam os técnicos.A Clínica Brigantina tam-bém tem vindo a alargar os acordos com as segura-

doras, para que os seus servi-ços possam chegar a um maior número de pessoas.

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• edição n.º 642 • ano XXV • janeiro|2011 • EMPREENDEDORISMO

A diminuição dos apoios para a criação de no-vas empresas pode

comprometer a missão da in-cubadora criada pelo Instituto Politécnico de Bragança (IPB), para concretizar as ideias de negócios dos estudantes da instituição.Em cerca de dois anos de fun-cionamento, o gabinete de Em-preendedorismo do IPB ajudou

Dez empresas do distri-to de Bragança foram distinguidas com o es-

tatuto “PME Excelência 2010”, um galardão atribuído pelo IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, que conta com a parceria do Turismo de Portu-gal e dos principais bancos a operar no mercado. O objec-tivo desta distinção é enaltecer o mérito de Pequenas e Mé-dias Empresas com perfis de desempenho superiores nas di-ferentes áreas do negócio.O IAPMEI distinguiu empresas nos vários sectores de activida-de, que se evidenciaram pela qualidade dos seus resultados e elevados padrões competiti-

Gab i n e t e d e Emp r e endedo r i smo d o IPB j á a j udou a c r i a r s e i s emp r e s a s em do i s a n o s d e f unc i onamen t o

vos, com rácios de solidez finan-ceira e de rendibilidade acima da média nacional. Além disso, também contribuem para as dinâmicas de desenvolvimen-to e de emprego das regiões onde estão fixadas.No distrito de Bragança, rece-beram o galardão “PME Ex-celência 2010” seis empresas do sector do comércio, nome-adamente a Santosjóias – ou-rivesaria e óptica, Protecção 24H- sistemas se segurança, Trovidoce-produtos de confei-taria, Farmácia Bem Saúde, Melo- materiais de construção e Antero M. Santos & Jacob. Na área da construção, foi dis-tinguida a empresa Antero Al-ves de Paiva – Sociedade de

Construções, na indústria des-tacou-se a Cooperativa Agro-Pecuária Mirandesa e, no sec-tor dos transportes, a distinção foi para a empresa António Augusto Santos, em Freixo de Espada à Cinta, e para os Transportes Alfandeguenses, em Alfândega da Fé.A nível nacional, foram distin-guidas 1100 Pequenas e Mé-dias Empresas, que apresenta-

ram os melhores desempenhos económico-financeiros e de gestão do ano. Em conjunto, as PME Excelência geram mais de 37 mil postos de trabalho directos e foram responsáveis por um volume de negócios su-perior a 4,5 mil milhões de eu-ros no último ano, a que cor-respondeu uma taxa média de crescimento de 11%..

BragançaEmpresas de excelência

Criação de empresas com menos apoios

a criar seis empresas. Os in-centivos para o surgimento de novos negócios eram alician-tes para os jovens, que pro-curavam contrariar a falta de oferta do mercado de traba-lho com a criação do seu pró-prio emprego.O coordenador do gabinete de Empreeendedorismo, José Adriano, mostra-se preocupa-do com o fim das ILE (Iniciati-

vas Locais de Emprego), geri-do pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), uma medida importante para lançar novos empresários. “Este indicador de seis em-presas, mais uma que está em fase de criação, em dois anos, é excelente, mas tenho receio que haja um retrocesso devi-do à crise e devido à questão dos apoios, porque vamos ter,

apenas, linhas de crédito boni-ficado, que não são tão vanta-josas para quem está a inves-tir”, realçou o coordenador do gabinete de Empreendedoris-mo, José Adriano.Recorde-se que já saíram três empresas da incubadora do IPB para o mercado, mas a ins-tituição garante que continua-rá a dar apoio aos ex-alunos empreendedores.

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Tecnologia inovadora transforma resíduos em biomassa

Transformar os resídu-os que resultam do pro-cesso de transformação

da azeitona em biomassa é a grande inovação desenvolvida pela Universidade de Trás-os-Montes a Alto Douro (UTAD), através de um projecto pionei-ro que está a ser desenvolvido em parceria com a Coopera-tiva Agrícola dos Olivicultores de Murça (CAOM).O projecto de investigação Bio-Combus deverá ser testado já na próxima campanha da Co-operativa e promete introdu-zir mudanças ao nível do fun-cionamento daquela estrutura

industrial e, ao mesmo tempo, introduzir uma nova área de negócio que se vem juntar à co-mercialização de azeite.Na óptica de Eduardo Borges, gestor e responsável pelo de-partamento de Marketing da CAOM, a comercialização da biomassa produzida através do aproveitamento dos resídu-os e efluentes que resultam da transformação da azeitona po-derá implicar, a médio prazo, a criação de novos postos de trabalho.Actualmente, as denominadas “águas russas”, são incorpora-das no bagaço da azeitona,

que é vendido para produção de óleo de bagaço, que tem como principal destino o mer-cado espanhol. Já o caroço é comercializado para aqueci-mento, tendo em conta o seu poder calorífico, enquanto as folhas que resultam da limpeza da azeitona são levadas pe-los associados da Cooperativa para a fertilização dos solos.Com a implementação do con-junto de soluções inovadoras desenvolvidas pela UTAD, este processo vai ser completamente alterado, dado que os resíduos vão ser valorizados na sua to-talidade para a produção de

biomassa. “É um produto com valor de mercado acrescido, dado o seu elevado poder calorífico comparado com as biomassas existentes no mer-cado”, acrescenta Eduardo Borges.Na CAOM vão ser instalados todos os equipamentos neces-sários à realização dos testes para verificar se este projec-to tem viabilidade à escala industrial. Posteriormente, as técnicas e tecnologias inova-doras desenvolvidas vão ser utilizadas para a produção de biomassa com fins comer-ciais.

Para desenvolver este projec-to, a primeira patente regista-da pelo Gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade In-dustrial da UTAD, foram neces-sários dois anos e meio de tra-balho em laboratório, para, de seguida, se passar à construção do protótipo e implementação do projecto no terreno, prevista para a próxima campanha.O autor deste projecto é João

Claro, que se propõe resolver os problemas ambientais as-sociados aos sectores oleícola e da cortiça, que serão com-binados e transformados em biomassa, que poderá ser uti-lizada como combustível sólido para caldeiras domésticas.Para desenvolver este projecto foi efectuada uma candidatura a fundos comunitários no valor de 1,2 milhões de euros, caben-

do à CAOM a comparticipação financeira de, apenas, 3 % do investimento global.O BioCombus tem a duração prevista de 3 anos para a re-alização dos testes à escala in-dustrial. No entanto, Eduardo Borges afirma que a CAOM beneficiará de condições par-ticulares para continuar a utili-zar a estrutura instalada, atra-vés de acordos já firmados com

a UTAD.O objectivo é que o projecto venha ser aplicado em toda a região transmon-tana e, até, em paí-ses estrangeiros com tradição na produ-ção de azeite, como é o caso de Espa-nha, Itália ou Gré-cia.

1,2 milhões para valorizar resíduos

Projecto desenvolvido pela UTAD vai ser testado na Cooperativa dos Olivicultores de Murça já na próxima campanha

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ENSINO & INVESTIGAÇÃO

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O Dia do Comerciante 2011 foi assinalado com um jantar-conví-

vio e uma homenagem às em-presas que aderiram à Asso-ciação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB) há 10 e 25 anos.Dona Erago Confecções, Lda. – Armazéns Dona Erago, João Carlos Nogueiro de Oliveira e Irmãos Geadas – Empreendi-

mentos Hoteleiros, Lda. – Res-taurante Geadas foram as três empresas que completaram duas décadas e meia de liga-ção à ACISB. De igual modo, foram oito as firmas distingui-das pelos seus 10 anos de as-sociativismo. É o caso de João Afonso, Sociedade Unipesso-al, Lda. – Casa Maliz, Helena da Conceição Teixeira Fernan-des Afonso – Café Parisiano, M.

Ferreira & Filhas, Lda. – Panifi-cadora Flor da Vida – O Bom Pão de Gimonde, Vitória Pub, Lda., Bazar da Casa – Mate-riais e Utilidades para Casa, Lda., Novavet – Produtos Agro-Pecuários, Lda., Ourivesaria Águia d’Ouro, Lda. e Maria Madalena Martins Pires – Ca-beleireira Lena.A noite culminou com um Baile de Gala e Bolo de Aniversário,

em que os presentes brindaram à saúde do Comércio Tradicio-nal.No discurso de circunstância, o presidente da ACISB, António José Carvalho, apelou ao em-penho e à capacidade de re-sistência dos comerciantes para vencerem os momentos difíceis que atravessa a economia na-cional.”.

Comércio de Bragança

em Festa

• edição n.º 642 • ano XXV • janeiro|2011 • ECONOMIA & LAZER

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