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Edição 290 Ano XXII Junho de 2013 Viçosa-MG Qualidade do leite: Mastite Gangrenosa Momento do Produtor: José Afonso Frederico Fazendas Chácara e Bela Vista Dicas do Veterinário: Clostridiose bovina Utilização de fungicida na cultura do milho p. 4 p. 3 p. 2 p. 2 A importância do pré-parto na produção da vaca de leite transferidos para o lote mater- nidade, onde tem as mesmas condições do pré-parto, po- rém com silagem de milho em substituição à cana corrigida, a fim de familiarizar o animal às dietas das vacas em lactação, que quase em sua totalida- de recebem silagem de milho como alimentação volumosa e adequar sua microbiota rumi- nal à mesma. Considerando os aspectos nutricionais, não podemos nos esquecer de que nessa fase os animais estão no fim da gesta- ção e com isso o feto ocupa um grande espaço, fazendo com que a capacidade de ingestão de matéria seca seja diminu- ída. Dessa forma, o animal reduzirá bastante o consumo, que normalmente varia entre 3,0 a 3,5% do peso corporal e nesse período cai a 1,5 a 1,7% sendo assim é necessário for- necer uma dieta mais densa tanto em proteína quanto em energia, portanto uma ótima ferramenta que auxilia no ajus- te da nutrição do seu rebanho é o monitoramento do escore de condição corporal. A reco- mendação é que no período próximo ao parto o escore es- teja em 3,5. Estudos mostram que animais com escore muito baixo ou muito alto princi- palmente, são mais propícios a distúrbios metabólicos no pós-parto levando ao agrava- mento do balanço energético negativo, criando problemas como febre do leite, hipocal- cemia, mamite, deslocamen- to de abomaso, síndrome do fígado gorduroso, acidose, problemas de casco, entre ou- tros, por apresentarem maior dificuldade de atingir o pico de ingestão de matéria seca. Por último, e não menos importante, devemos nos atentar sobre qual o ambien- te e o conforto que as insta- lações estão proporcionando aos animais. As vacas de- vem ficar em um local lim- po, sombreado, bem arejado, que tenha áreas de descanso, e que seja próximo à casa de um funcionário para facilitar a observação desses animais. Para uma vaca ou novilha amojando, um ambiente lim- po e livre de contaminações evitará problemas como re- tenção de placenta ou metri- te, por exemplo, e assim não comprometerá a saúde do animal e de suas crias. Dessa forma, vê-se que essas estratégias além de simples, são extremamente importan- tes e essenciais uma vez que podem interferir diretamente na longevidade, saúde animal e incremento de produção, sendo portanto, fatores de- terminantes para o sucesso da atividade. O pré-parto é uma das mais se não a mais importante fase da vida produtiva de uma vaca e de sua cria, por isso requer uma merecida aten- ção tanto em uma abordagem nutricional quanto relacio- nado ao conforto para que o rebanho possa imprimir seu verdadeiro potencial de produção. Há sempre uma discussão sobre qual efetiva- mente é o período correspon- dente ao pré-parto. O perío- do seco da vaca corresponde ao final da lactação até a data do parto; o pré-parto corres- ponde ao período de 21 dias antes do parto até o parto. Na Fazenda Santo André, em Teixeiras, do produtor Luciano Sampaio, a prática de divisão de lotes direcio- nados a vacas em pré-parto foi adotada com sucesso. Anteriormente, os animais apresentavam problemas no pós-parto, como retenção de placenta e partos distócicos com certa frequência. Então passou-se a dividir os lotes da seguinte forma: logo após a secagem dos animais, estas compõem o lote de vacas se- cas recebendo como volumo- so cana-de-açúcar picada no cocho, mais 2 kg do concen- trado misturado na fazenda e sal mineral conforme sua exi- gência. Aos 21 dias antes do parto, esses animais seguem para o lote do pré-parto, onde tem disponível uma pastagem de tifton, sombra de árvores, cochos com pisos ao redor ci- mentados e cobertos, cochos de água limpa, sal mineral e são alimentadas com cana- -de-açúcar corrigida e/ou si- lagem de milho mais 2kg de concentrado. Faltando 7 dias para o parto os animais são aylon Moreira Estudante de Zootecnia Conforto animal Treinamento de MDO: Curso de IA Aloma Eiterer Leão Estudante de Medicina Veterinária O uso da Inseminação Artifi- cial (IA) é uma ferramenta es- sencial para o melhoramento genético e aumento da eficiên-   e aumento da eficiên- e aumento da eficiên- cia produtiva dos rebanhos. De todas as biotécnicas existentes que são aplicadas à reprodução animal, a Medicina Veterinária (IA) é a mais antiga e também, a mais eficiente. No dia 21 de Março, três dos funcionários da Fazenda do Tur- vo, localizada em Guaraciaba, na Zona na Mata mineira, recebe- ram um treinamento sobre In- seminação Artificial, ministrado pela monitora, hoje veterinária Lidiane Finotti. O curso contou com 8 horas, distribuídas entre o módulo teó- rico e o prático. O primeiro ini- ciou-se com a apresentação dos materiais utilizados para a reali- zação da inseminação, incluindo bainhas descartáveis, palhetas, cortadores de palheta, papel toa- lha, botijão de sêmen com nitro- gênio líquido, entre outros. Nesta etapa, foi demonstrado o correto acondicionamento do sêmen, sua retirada e aplicação nos instru- mentos que serão inseridos no animal, além do correto manejo do botijão. Ainda foi explicado Inseminação Artificial as estratégias para se verificar a ocorrência do cio, enfatizando-se as principais características ma- nifestadas pelos animais. Já no módulo prático, os fun- cionários treinaram primeira- mente em peças anatômicas do aparelho reprodutivo da vaca, de forma que puderam ter o prévio contato com estruturas funda- mentais, como a cérvix. Na sequência, alguns animais foram selecionados, para que se cumprisse a última etapa do curso. Nela, individualmente, os funcionários simularam o proce- dimento completo da insemina- ção artificial, desde a contenção do animal no tronco, higieniza- ção da vulva, montagem do apli- cador com a palheta contendo o sêmen, até seu posicionamento correto no corpo do útero dos animais e deposição do sêmen. Por último, orientou-se os funcionários sobre a importân- cia do registro nos cadernos de controle zootécnico de todas as inseminações realizadas e estes demonstraram grande interesse em aprender a técnica. Através da capacitação da mão- -de-obra, espera-se eliminar um dos principais entraves à insemi- nação artificial e colaborar com o melhoramento genético do re- banho. Vale lembrar que esta ca- pacitação da mão-de-obra é um ótimo investimento.

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Edição 290 • Ano XXII • Junho de 2013 • Viçosa-MG

Qualidade do leite:Mastite Gangrenosa

Momento do Produtor: José Afonso Frederico

Fazendas Chácara e Bela Vista

Dicas do Veterinário:Clostridiose bovina

Utilização de fungicida na cultura do milho

p. 4p. 3p. 2 p. 2

A importância do pré-parto na produção da vaca de leite

transferidos para o lote mater-nidade, onde tem as mesmas condições do pré-parto, po-rém com silagem de milho em substituição à cana corrigida, a fim de familiarizar o animal às dietas das vacas em lactação, que quase em sua totalida-de recebem silagem de milho como alimentação volumosa e adequar sua microbiota rumi-nal à mesma.

Considerando os aspectos nutricionais, não podemos nos esquecer de que nessa fase os animais estão no fim da gesta-ção e com isso o feto ocupa um grande espaço, fazendo com que a capacidade de ingestão de matéria seca seja diminu-ída. Dessa forma, o animal reduzirá bastante o consumo, que normalmente varia entre 3,0 a 3,5% do peso corporal e nesse período cai a 1,5 a 1,7% sendo assim é necessário for-necer uma dieta mais densa tanto em proteína quanto em energia, portanto uma ótima ferramenta que auxilia no ajus-te da nutrição do seu rebanho é o monitoramento do escore de condição corporal. A reco-mendação é que no período próximo ao parto o escore es-teja em 3,5. Estudos mostram que animais com escore muito baixo ou muito alto princi-palmente, são mais propícios a distúrbios metabólicos no pós-parto levando ao agrava-

mento do balanço energético negativo, criando problemas como febre do leite, hipocal-cemia, mamite, deslocamen-to de abomaso, síndrome do fígado gorduroso, acidose, problemas de casco, entre ou-tros, por apresentarem maior dificuldade de atingir o pico de ingestão de matéria seca.

Por último, e não menos importante, devemos nos atentar sobre qual o ambien-te e o conforto que as insta-lações estão proporcionando aos animais. As vacas de-vem ficar em um local lim-po, sombreado, bem arejado, que tenha áreas de descanso, e que seja próximo à casa de um funcionário para facilitar a observação desses animais. Para uma vaca ou novilha amojando, um ambiente lim-po e livre de contaminações evitará problemas como re-tenção de placenta ou metri-te, por exemplo, e assim não comprometerá a saúde do animal e de suas crias.

Dessa forma, vê-se que essas estratégias além de simples, são extremamente importan-tes e essenciais uma vez que podem interferir diretamente na longevidade, saúde animal e incremento de produção, sendo portanto, fatores de-terminantes para o sucesso da atividade.

O pré-parto é uma das mais se não a mais importante fase da vida produtiva de uma vaca e de sua cria, por isso requer uma merecida aten-ção tanto em uma abordagem nutricional quanto relacio-nado ao conforto para que o rebanho possa imprimir seu verdadeiro potencial de produção. Há sempre uma discussão sobre qual efetiva-mente é o período correspon-dente ao pré-parto. O perío-do seco da vaca corresponde ao final da lactação até a data do parto; o pré-parto corres-ponde ao período de 21 dias antes do parto até o parto.

Na Fazenda Santo André, em Teixeiras, do produtor Luciano Sampaio, a prática de divisão de lotes direcio-nados a vacas em pré-parto foi adotada com sucesso. Anteriormente, os animais apresentavam problemas no pós-parto, como retenção de placenta e partos distócicos com certa frequência. Então passou-se a dividir os lotes da seguinte forma: logo após a secagem dos animais, estas compõem o lote de vacas se-cas recebendo como volumo-so cana-de-açúcar picada no cocho, mais 2 kg do concen-trado misturado na fazenda e sal mineral conforme sua exi-gência. Aos 21 dias antes do parto, esses animais seguem para o lote do pré-parto, onde tem disponível uma pastagem de tifton, sombra de árvores, cochos com pisos ao redor ci-mentados e cobertos, cochos de água limpa, sal mineral e são alimentadas com cana--de-açúcar corrigida e/ou si-lagem de milho mais 2kg de concentrado. Faltando 7 dias para o parto os animais são

Thaylon MoreiraEstudante de Zootecnia

Conforto animal

Treinamento de MDO:

Curso de IAAloma Eiterer LeãoEstudante de Medicina Veterinária

O uso da Inseminação Artifi-cial (IA) é uma ferramenta es-sencial para o  melhoramento genético  e aumento da efi ciên-  e aumento da efi ciên- e aumento da eficiên-cia produtiva dos rebanhos. De todas as biotécnicas existentes que são aplicadas à reprodução animal, a Medicina Veterinária (IA) é a mais antiga e também, a mais eficiente.

No dia 21 de Março, três dos funcionários da Fazenda do Tur-vo, localizada em Guaraciaba, na Zona na Mata mineira, recebe-ram um treinamento sobre In-seminação Artificial, ministrado pela monitora, hoje veterinária Lidiane Finotti.

O curso contou com 8 horas, distribuídas entre o módulo teó-rico e o prático. O primeiro ini-ciou-se com a apresentação dos materiais utilizados para a reali-zação da inseminação, incluindo bainhas descartáveis, palhetas, cortadores de palheta, papel toa-lha, botijão de sêmen com nitro-gênio líquido, entre outros. Nesta etapa, foi demonstrado o correto acondicionamento do sêmen, sua retirada e aplicação nos instru-mentos que serão inseridos no animal, além do correto manejo do botijão. Ainda foi explicado

Inseminação Artificial

as estratégias para se verificar a ocorrência do cio, enfatizando-se as principais características ma-nifestadas pelos animais.

Já no módulo prático, os fun-cionários treinaram primeira-mente em peças anatômicas do aparelho reprodutivo da vaca, de forma que puderam ter o prévio contato com estruturas funda-mentais, como a cérvix.

Na sequência, alguns animais foram selecionados, para que se cumprisse a última etapa do curso. Nela, individualmente, os funcionários simularam o proce-dimento completo da insemina-ção artificial, desde a contenção do animal no tronco, higieniza-ção da vulva, montagem do apli-cador com a palheta contendo o sêmen, até seu posicionamento correto no corpo do útero dos animais e deposição do sêmen.

Por último, orientou-se os funcionários sobre a importân-cia do registro nos cadernos de controle zootécnico de todas as inseminações realizadas e estes demonstraram grande interesse em aprender a técnica.

Através da capacitação da mão--de-obra, espera-se eliminar um dos principais entraves à insemi-nação artificial e colaborar com o melhoramento genético do re-banho. Vale lembrar que esta ca-pacitação da mão-de-obra é um ótimo investimento.

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PDPL-RV Programa de

Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa

PCEPL Programa de Capacitação

de Especialistas em Pecuária Leiteira

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL-RV:Adriano Provezano

Gomes

Jornalista Responsável:José Paulo Martins

(MG-02333-JP)

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenação gráfica:

João Jacob Neide de Assis

Endereço do PDPL-RV:Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]: www.pdpl.ufv.br

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Dicas do Veterinário:

Clostridiose bovina

Utilização de fungicida na cultura do milho

Chamamos de clostridiose o conjunto de doenças causadas pelas bactérias do gênero Clos-tridium. Estes microrganismos podem sobreviver por anos no ambiente, principalmente no solo e água. As clostridioses de maior importância para a bovinocultu-ra brasileira são o Botulismo e o Carbúnculo sintomático.

BotulismoO botulismo geralmente está

associado a um distúrbio ali-

Davi Ribeiro e RibeiroEstudante de Medicina Veterinária

Edgard Loureiro SilvaEstudante de Agronomia

mentar onde os animais adqui-rem o hábito de ingerir objetos estranhos que podem estar contaminados, principalmente carcaças, procurando os mi-nerais presentes nos ossos. No início o animal tem paralisia dos membros, que se espalha pelo corpo geralmente levando à morte por insuficiência car-diorespiratória.

Carbúnculo Sintomático (conhecido como Manqueira ou Mal de Ano)

O animal se contamina in-gerindo pastagens infectadas. A doença é bastante restrita a animais jovens na faixa etária

de seis meses a dois anos, com o aparecimento de gás e aspec-to espumoso (crepitantes) e inchaço nos músculos. Muitas vezes o animal é encontrado na pastagem com sangramentos na boca, nariz e inchaço seme-lhante à picada de cobra.

Tratamento preventivoVisto que os tratamentos para

as clostridioses possuem baixa eficiência o melhor controle é o preventivo:a) Vacinação: Vacinar os ani-

mais aos 4, 6 e 18 meses fazendo a partir daí um re-forço anual. Importante res-saltar ao produtor que a me-

lhor escolha é a de vacinas polivalentes, que promovem imunização a diversas espé-cies de clostridium;

b) Suplementação mineral adequada;

c) Dar um destino adequado às carcaças, se possível en-terrar profundamente ou mesmo queimar impedindo assim o contato com os ani-mais;

d) Boa estocagem de alimento, evitando o acesso de roedo-res e pássaros;

e) Boas práticas na utilização de materiais perfurocor-tantes, como agulhas, lâmi-nas de bisturis, procurando

sempre renovar estes equi-pamentos;

f) Em suspeita de clostridio-se, coletar e enviar material para análise em laboratorial para identificação do agente e da doença.

A clostridiose bovina causa grandes perdas econômicas para o rebanho brasileiro, é de difícil tratamento e poucas chances de erradicação em uma propriedade, merecendo assim considerável atenção do produtor e veterinários. A ado-ção de boas práticas sanitárias além ter baixo custo confere maior segurança ao produtor.

Área de milho após a aplicação de fungicida

Nos últimos anos, a produção da cultura do milho no Brasil apresentou aumentos expressi-vos, mas de maneira geral a pro-dutividade ainda é considerada baixa se comparada a de outros países produtores como China (5000 kg/ha), Argentina (7000 kg/ha) e Estados Unidos (9000 kg/ha). Dos diversos fatores que interferem na produtividade do milho, as doenças é um dos mais importantes.

Dentre as principais doenças da cultura do milho no Brasil, merecem destaque a cercospo-riose, a mancha branca, a fer-rugem polissora, a ferrugem comum, as helmintosporioses, os enfezamentos e as podridões de colmo. Assim como a maioria das doenças, elas atacam primei-ro as folhas baixeiras e se dire-cionam para as folhas mais altas. Como as folhas acima da espiga representam até 90% da massa das folhas, é importante obser-var o desenvolvimento das do-enças ainda nos estágios iniciais.

Tradicionalmente o manejo adotado para as doenças na cul-tura do milho se resumem a uti-lização de cultivares resistentes associados a medidas culturais. Hoje se observa grande destaque no controle de doenças através da aplicação de fungicidas. Re-sultados de pesquisa, no Brasil e no exterior, têm confirmado os efeitos positivos da aplicação de fungicidas na redução de perdas na produtividade ocasionadas pelo ataque de doenças.

É importante destacar que os incrementos de produção oriun-

dos da aplicação de fungicidas apresentam grande diferença entre os casos, não havendo um comportamento homogêneo nos resultados. Além disso, mesmo havendo uma resposta positiva em aumento de produtividade, esses podem não se traduzir em retorno econômico, depende da relação benefício/custo.

É interessante dar preferência a produtos que apresentam a mistura dos triazóis com as es-trobilurinas, pois há indícios de que os mesmos atuam em está-gios diferentes nas doenças e po-dem conferir maior resistência a tipos de stresses, como seca e nutricional, aumentando a capa-cidade fotossintética das plantas, redução da respiração foliar e maior eficiência no uso da água, conseqüentemente um aumento na produtividade.

Estima-se que a aplicação do fungicida reduza as perdas de-correntes das doenças em até 6%. Justifica-se a aplicação do mesmo em áreas onde há um maior risco de ocorrência de

doenças em elevada severidade, que são causadas pela utilização de materiais susceptíveis, plantio contínuo do milho sem rotação de culturas, plantios tardios, ele-vadas temperaturas e umidade relativa do ar alta.

Para se alcançar a máxima ação do fungicida deve-se aplicá-lo entre o pendoamento e os grãos leitosos, que é o momento em que a planta exige o máximo de sua capacidade fotossintética, ou quando verificada a ocorrência das doenças.

Um entrave para a região de Viçosa é o modo de aplicação, onde a mesma é realizada com um pulverizador de arrasto, que consegue entrar na área sem afetar a cultura quando a plan-ta está por volta da 8º folha (no máximo 1m de altura), sendo assim antecipa-se a aplicação flexibilizando o sistema. Este o caso da Fazenda Nô da Silva, em Cajuri-MG.

A Fazenda Nô da Silva, de pro-priedade do sr. Antônio Maria Silva Araújo, utiliza fungicidas

em todas as suas áreas de plan-tio, milho grão e silagem, tota-lizando aproximadamente 100 ha, alcançando uma média de 57 ton/ha de silagem e média de 9000 kg de grãos. Os gastos re-ferentes à aplicação do fungicida são inferiores a 2,5% do custo to-tal de produção do milho, o que é equivalente a 100 R$/ha.

Para se entender como os fungi-cidas atuam na produtividade da cultura do milho é necessário ter uma visão mais ampla da lavoura. A produtividade é definida pelo stand/ha, número de espigas/plantas, número de fileiras/espi-gas, número de grãos/fileira e por fim o peso dos grãos.

Calcula-se que o retorno econô-mico da aplicação de fungicidas é mais evidente em lavouras onde a produtividade esperada é no mínimo 6000 kg/ha. Onde a apli-cação do mesmo resultaria num incremento produtivo de até 6 sa-cas, 360 kg. Com o preço médio da saca a R$35,00, o produtor teria um retorno econômico de R$110,00 por hectare.

Logo, assim como na Fazen-da Nô da Silva, a condução da lavoura desde a escolha do ma-terial até a colheita, deve ser acompanhada e manejada cor-retamente, favorecendo rápidas tomadas de decisões quando ne-cessário, visando alcançar maio-res produtividades. A utilização de fungicidas é uma opção eficaz a um custo relativamente baixo que pode auxiliar o produtor a minimizar perdas e garantir a produção, seja da silagem de milho ou do milho grão, assim como relata o produtor Antônio Maria Silva Araújo “o fungicida é uma ferramenta essencial para o aumento da produtividade das lavouras”.

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Situada na zona rural do mu-nicípio de Coimbra as fazen-das Chácara e Bela Vista, de propriedade do Sr. José Afonso Frederico, demonstram o su-cesso do produtor na atividade. Envolvido com a pecuária lei-teira há muito tempo, a família do produtor exerceu um papel importante no atual sucesso de suas propriedades. Em 1997 o produtor adquiriu a Fazenda Chácara, que possui 82 hectares para a produção de leite, 65 hec-tares destinados à cafeicultura e áreas de reserva e eucalipto. Em 2006, já com a assistência do PDPL-RV/PCEPL desde 2003, o produtor comprou a proprieda-de. Bela Vista de seu pai Higino Frederico, que já produzia leite nos seus 21 hectares com matri-zes que é a base genética de mui-tos animais do atual rebanho.

Atualmente o rebanho das propriedades possui grau de sangue variando de 7/8 HZ ao holandês puro por cruza, a grande maioria de suas matrizes nasceu na propriedade, garan-tindo a procedência de um re-banho especializado na produ-ção de leite. Atualmente a média de produção está acima de 20l/vaca/dia. O rebanho de produ-

Momento do Produtor: José Afonso Frederico Fazendas Chácara e Bela Vista

Jaime Camilo FilhoEstudante de Medicina Veterinária

Marcelo Grossi MachadoEstudante de Zootecnia

ção é dividido em 64 vacas na Fazenda Chácara e 53 vacas na Bela Vista, que juntas produzem cerca de 2200 litros/dia.

As fazendas são integradas tanto em rebanho quanto em volumoso: a recria é feita exclu-sivamente na Fazenda Chácara. As bezerras permanecem na Bela Vista até o desaleitamento e depois são transferidas. Todo ano, de acordo com a neces-sidade de reposição, as vacas primíparas já em produção, são levadas para a Bela Vista. Nessa fazenda, durante o inverno, é realizado o manejo de três orde-nhas, elevando a produtividade para próximo dos 27l/vl/d. A alimentação das novilhas é ba-sicamente cana corrigida com ureia/sulfato de amônio no período seco e capim elefante na águas, os animais são suple-mentados durante todo o ano, com concentrado formulado e misturado na fazenda especifi-camente para cada fase e para o ganho de peso esperado.

Os animais em produção são condicionados no sistema de semi-confinamento durante o ano todo. As vacas são divididas em lotes que são alimentadas com silagem de milho, cana cor-rigida e capim de acordo com a produção. A dieta é equilibrada no cocho e qualquer ingestão de alimento por pastejo é des-considerada. Atualmente as propriedades possuem 8,5 hec-tares de cana de variedades me-lhoradas geneticamente, dentre

elas predominam a RB 867515 e SP 801816, 1 hectare de capi-neira e 22 hectares destinados ao plantio de milho. Além das atuais, áreas o produtor conta com o arrendamento de outros 13 hectares que são usados para o plantio de milho, atendendo as exigências para produção de silagem. Esse sistema flexível de produção, onde os insumos são ofertados de acordo com as ne-cessidades de cada categoria ou grupo de animais, levando em conta o momento da ativida-de, faz com que a atividade não seja “engessada” nos conceitos e tomada de decisões. Alguns de seus indicadores técnicos po-dem ser conferidos na tabela abaixo.

Sempre em busca de maior efi-ciência na atividade, o produtor não abre mão da produção de silagem de milho de qualidade e com baixo custo. Os dados da última safra 2012-2013 mos-tram os resultados, onde a mé-dia de produtividade foi de 60 toneladas/hectare com custo de R$ 62,00 por tonelada. Pensan-do ainda em um complemento da sua renda, José Afonso planta feijão em praticamente todas as suas áreas de plantio de milho, amortizando os gastos com ar-rendamento e aumentando seus ganhos.

Com o perfil arrojado que a cadeia produtiva do leite pre-cisa, o empresário rural José Afonso acaba de adquirir mais uma propriedade para aumen-

tar a sua produção de leite. A Fazenda Botafogo é localizada no município de Muriaé, aon-de o produtor começou a pro-dução de leite em dezembro de 2012, com animais oriundos das fazendas de Coimbra e outros comprados recentemente. A produção da nova propriedade é de cerca 800 litros/dia. As fazen-das de Coimbra serão responsá-veis pela formação do restante do plantel da Botafogo, visto que a fazenda possui um gran-de potencial para a produção de leite, principalmente devido à alta capacidade de produção de volumoso na fazenda, com praticamente 100% das áreas da fazenda são mecanizáveis. Em contrapartida, a fazenda Bota-fogo gera recursos importantes para todas as fazendas, como a produção de feno de Cynodon que é utilizado na dieta das va-cas em lactação como fibra efe-tiva.

Outros fato de grande valia em seu sistema de produção é a sucessão e apoio familiar: pri-meiramente seu irmão Nilson desempenha o papel de gerente

de uma das fazendas; seus filhos Thiago e Bruno, que são zoo-tecnista e engenheiro agrôno-mo, respectivamente, dão todo o apoio técnico que a fazenda necessita, além de serem in-, além de serem in-teressados na manutenção e crescimento da atividade. Sua esposa, Maria do Rosário, tam-bém dá todo o apoio necessário nos empreendimentos, dese-penhando papel importante na administração dos sistemas de produção.

Diante dos resultados obtidos em parceria com o PDPL-RV/PCEPL, o produtor José Afonso Frederico se mostra disposto a expandir a atividade, sujeito a novas tecnologias e inovações. Atualmente o objetivo do pro-dutor é alcançar a produção de 3500 litros/dia nas três proprie-dades, façanha que está próxima de ser alcançada. Sendo assim, produtor e PDPL-RV/PCEPL caminham juntos nos planeja-mentos e objetivos, sempre bus-cando a sustentabilidade do sis-tema, com satisfação financeira e social da atividade, sem se es-quecer do equilíbrio ambiental.

Pista de alimentação dos animais Lavoura de milho

Indicadores* 2003 2013

Produção de leite (L/dia) 1371 2200Vacas em lactação (cab.) 83 104Vacas em lactação / Total de vacas 73,1% 83%Vacas em lactação / Total do rebanho 41,6% 34%Produção / Área para pecuária (L/ha/ano) 3629 7755Produção / Mão-de-obra permanente (L/dh) 206 298

*Apenas as fazendas Chácara e Bela Vista

Vista panorâmica da propriedadeJosé Afonso Frederico

Qualidade do leite

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10 melhores análises totais de bactérias CBT do mês de junho de 2013

Ord Produtor Município UFC (mil/ml)

1 Célio de Oliveira Coelho Porto Firme 3 2 Antônio Moreira Vieira Presidente Bernardes 5 3 Cléber Luis O. Magalhães Divinésia 6 4 João Bosco Diogo Porto Firme 6 5 José Mauro do Carmo Viçosa 6 6 José Maria de Barros Presidente Bernardes 7 7 Paulo Bitarães Viçosa 7 8 Rafaela Araújo de Castro Guaraciaba 8 9 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 9 10 Cristiano José S. Lana Piranga 10

10 melhores análises do leite em CCS do mês de junho de 2013

Ord Produtor Município CCS (mil/ml)

1 Célio de Oliveira Coelho Porto Firme 61 2 Roque Maciel Piranga 117 3 Alaelson José da Silva Ubá 123 4 Agenor A. de S. Neto Teixeiras 129 5 José Maria de Barros Presidente Bernardes 159 6 Rafaela Araújo de Castro Guaraciaba 207 7 João Bosco Diogo Porto Firme 242 8 José Mauro do Carmo Viçosa 242 9 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 244 10 Paulo Bitarães Viçosa 252

Mastite GangrenosaBruno Araújo M. RibeiroEstudante de Medicina Veterinária

A mastite é um dos grandes gargalos da pecuária leiteira, motivo de redução na qualidade e quantidade de leite produzido. A doença é resultado da inflama-ção do parênquima da glândula mamária independe da causa, caracterizando-se por uma série de alterações físicas e químicas do leite bem como modificações patológicas no tecido glandular.

A mastite gangrenosa é causada, primariamente, pela Staphylococ-cus aureus e, algumas vezes, Clos-tridium perfringens e Eschericha coli. As mastites por Staphylococ-cus aureus ocupam papel de des-taque na prevalência das mastites clínicas e subclínicas, e uma ex-plicação para tal é a ineficiência dos tratamentos e persistência do microorganismo como parte da microbiota externa ao canal do teto. As evidências sugerem que, em bovinos, esta forma de mas-tite infecciosa, tem como prin-cipal fonte de infecção o quarto infectado com o microorganismo e como método de disseminação as mãos e as teteiras das ordenha-deiras mecânicas contaminadas.

Podemos observar que os quartos afetados ficam tensos, quentes, firmes, aumentados de volume e dolorosos. Há uma completa estagnação da secreção láctea e uma pequena eliminação de sangue escurecido. Os quartos não infectados ficam também en-durecidos e a secreção reduzida, efeito, provavelmente, pela difu-são de toxinas através da corrente sanguínea. Clinicamente a forma aguda da doença, causada pelo Staphylococcus aureus, ocorre após o parto e tende a produzir gangrena dos quartos afetados, na qual a pele do quarto e da teta se torna fria e azulada e acaba por se desprender do úbere.

Considerando o Clostridium perfringens como outro micror-ganismo causador da infecção, e também presente no ambiente e nas fezes de animais sadios, a instalação no úbere dos animais decorre geralmente da contami-nação do teto com sujidades do ambiente, ou deficiências de anti-

-sepsia na terapia intramamária. Logo, a prevenção e o controle da doença devem basear-se princi-palmente em métodos preventi-vos, especialmente em técnicas de melhorias da higiene e con-forto do ambiente. Além disso, as medidas tradicionais de controle são relativamente efetivas, tais como correto manejo e higiene na ordenha. Em um programa para controle da mastite bovina o principal é ter, na rotina, um bom manejo da criação e cuidados sa-nitários com bezerros, vacas em gestação, lactação e período seco, abrangendo as novilhas.

Os cuidados de higiene na orde-nha são vitais. A seguir são desta-cados os principais:

-As mãos do ordenhador devem ser lavadas e desinfetadas antes de cada ordenha.

-A prova da caneca telada deve ser feita a cada ordenha;

-“Pré - dipping”, que é a desin-fecção dos tetos antes da orde-nha, durante 30 segundos, tor-nado - se uma estratégia bastante eficiente de controle de mastite ambiental;

-As vacas afetadas devem ser se-paradas das sadias, agrupando-as de acordo com o grau de infec-ção. Deve-se ordenhar primeiro as sadias, passando para aquelas levemente afetadas e terminar com as mais problemáticas;

-Na ordenha mecânica, fazer primeiro a prova da caneca telada manualmente, e só então passar à ordenha mecânica. Manter a or-denhadeira bem regulada, limpa e desinfetada antes de cada orde-nha;

-“Pós - dipping”, que é desinfec-ção dos tetos após a ordenha;

-O trato deve ser fornecido logo após a ordenha, para que os ani-mais permaneçam em pé e possa ocorrer o fechamento do esfínc-ter do teto e evitar a entrada de microorganismos para a glândula mamária;

-Cuidados devem ser tomados quando se introduzem novas va-cas num rebanho sem mastite.

A doença retratada apresenta-se como casos raros. Caso venha a ocorrer tem de ser reforçada a ne-cessidade da imediata adoção de medidas de controle e profilaxia para microorganismos de origem ambiental.

As 10 maiores produções do mês de maio de 2013

Ord Produtor Município Produção

1 Antônio Maria Silva Araujo Cajuri 146.537,90

3 José Afonso Frederico Coimbra 58.291,00

4 Hermann Muller Visc. Rio B 53.188,00

5 Marco Túlio Kfuri Araújo Oratórios 39.876,00

6 Paulo Frederico Araponga 39.124,00

7 Joaquim Campos Júnior Dores do Turvo 37.950,00

8 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 22.884,00

9 Ozanan Moreira Ubá 22.468,00

10 Luciano Sampaio Teixeiras 21.430,00

10 Antônio Carlos Reis Piranga 15.508,00

As 10 maiores produtividades do mês de maio de 2013 Ord Produtor Município Produtividade por Produtividade por vaca em lactação vaca total 1 Antônio Maria Silva Araujo Cajuri 29,62 21,7 2 Ozanan Moreira Ubá 24,6 19,4 3 José Afonso Frederico Coimbra 21,8 17,6 4 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 19,9 15,6 5 Rogério Barbosa Teixeiras 16,5 14,5 6 Paulo Bitarães Viçosa 16,4 14,4 7 Áureo de Alcântara Ferreira Guaraciaba 17,6 14,3 8 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 17,5 13,0 9 João Bosco Diogo Porto Firme 16,7 12,6 10 Antônio Saraiva da Silva Porto Firme 18,0 12,0

Mastite Gangrenosa