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EDERSON RODINEI DANTAS RODRIGUES GEOQUIMICA DE METAIS PESADOS EM LAGOS DO BAIXO MADEIRA Monografia apresentada ao Departamento do Curso de Geografia da Universidade Federal de Rondônia como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharelado em Geografia. Porto Velho – RO 2003

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EDERSON RODINEI DANTAS RODRIGUES

GEOQUIMICA DE METAIS PESADOS EM LAGOS DO BAIXO MADEIRA

Monografia apresentada ao Departamento do

Curso de Geografia da Universidade Federal

de Rondônia como parte dos requisitos para

obtenção do grau de Bacharelado em

Geografia.

Porto Velho – RO

2003

EDERSON RODINEI DANTAS RODRIGUES

GEOQUIMICA DE METAIS PESADOS EM LAGOS DO BAIXO MADEIRA

Monografia apresentada ao Departamento do

Curso de Geografia da Universidade Federal de

Rondônia como parte dos requisitos para obtenção

do grau de Bacharelado em Geografia

Área de concentração: Biogeoquímica Ambiental.

Orientador: Dr. Ene Glória da Silveira

Co-orientador: Msc.Wanderley Rodrigues Bastos

Porto Velho – RO

2003

FICHA CATALOGRÁFICA

Rodrigues, E, R, D.

GEOQUIMICA DE METAIS PESADOS EM LAGOS DO BAIXO

MADEIRA

Porto Velho: s.n.,2003.

62p.

Orientador: Dr. Ene Glória da Silveira

Co-orientador: Msc. Wanderley Rodrigues Bastos

Monografia – Departamento de Geografia da Universidade

Federal de Rondônia.

1. Lagos; 2. Metais Pesados; 3. Amazônia; 4. Rio Madeira

GEOQUIMICA DE METAIS PESADOS EM LAGOS DO BAIXO MADEIRA

BANCA EXAMINADORA (Nome e assinatura)

(Nome e assinatura)

(Nome e assinatura)

(Nome e assinatura)

Monografia defendida e aprovada em _____/______/______.

“Somente as grandes almas podem e sabem amar” Goethe, poeta de Mantua século XVIII.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por estar comigo mesmo que às vezes eu o esqueça.

A minha família principalmente meu pai Sidney e mãe Delta, meu irmão Herton e

cunhada Cristiane pelo apoio que tem me dado.

A minha amada Edileide por estar presente apoiar-me em vários momentos de minha

vida principalmente os mais difíceis.

Aos meus colegas do Laboratório de Biogeoquímica: Sérgio, Daniela Sá, Ailton

Rodrigues, Ândrio dos Santos, Daniele Brasil, Grazyelle Sebrenski, Ronaldo

Cavalcante, Davi Fontes, Ronaldo Almeida, Yane, João Paulo Gomes, Elisabete

Nascimento e Débora Linhares.

Em especial a Ailton e Ândrio por terem mostrado espírito de equipe e amizade não

retendo para si os dados obtidos.

A Osmar pelo auxilio dado ao laboratório de Biogeoquímica na informática.

A equipe do LABORGEOH e o auxilio dado pelo colega Cleiton na confecção do mapa.

A equipe da SEDAM do Núcleo de Sensoriamento Remoto e Climatologia pelo

aprendizado no estágio realizado.

A professora Kátia Eliza Zuffo por ter inicialmente acreditado em mim como aluno

PIBIC/CNPq.

Ao meu orientador Dr. Ene Glória da Silveira, por ter me aceito como seu orientando.

Ao Dr. Vanderlei Maniesi pelo incentivo dado e pela sua transparência como pessoa.

Ao professor Dorisvalder Nunes pelo incentivo que sempre deu para mim de forma

espontânea e amiga.

Agradeço de forma especial ao responsável direto por esta pesquisa, meu também

orientador e amigo professor Wanderley Rodrigues Bastos que acreditou em mim como

pesquisador e pessoa. E na hora que mais precisei abriu as portas do Laboratório de

Biogeoquímica para que pudesse aprender os conhecimentos de pesquisa científica

mostrando-se íntegro e honesto, não só para mim, mas para toda a equipe do Laboratório

de Biogeoquímica.

Ao BASA, Fundação RIOMAR e ao CNPq pelo apoio financeiro.

LISTA DE ABREVIATURAS

CONAMA-Conselho Nacional do Meio Ambiente

CETESB-Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

DNPM- Departamento Nacional de Produção Mineral-

USPHS – Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos

EPA – Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos

OMS – Organização Mundial de Saúde

FAO- Organização de Agricultura e Alimento das Nações Unidas

ETP – Evapotranspiração Potencial

ZCIT- Zona de Convergência Intertropical

Lis – Linhas de Instabilidade

EAA – Espectrofotômetro de Absorção de Chama

HF – Ácido Fluorídrico

HCl – Ácido Clorídrico

HNO3 – Ácido Nítrico

CAL – Calibração

TDS – Total de sólidos dissolvidos

Condut – Condutividade

ppb- Partes por bilhão

ppm – Partes por milhão

LISTA DE FIGURAS Figura n. Páginas

01-Mapa da área de estudo A Apêndice

02-Mapa da área de estudo B Apêndice

03-Localidade de Humaitá 14

04-Barco da 1º expedição dirigindo-se para a localidade de Itacoã. 14

05-Entrada do Igarapé Cuniã 15

06-Lago Cuniã 15

07-Lago Puruzinho 16

08-Vegetação as margens do Rio Madeira 23

09-Formação de chuva no Rio Madeira 25

10-Coleta de perfil vertical de solo 30

11- Organograma da Metodologia de Sedimento 31

12- Coleta de sedimento de fundo utilizando “ Draga de Ekman” 33

13- Saída da equipe para coleta de água no rio Madeira 35

14-Coleta de perfil, água total e particulado em suspensão dos lagos 35

15- Organograma da Metodologia de Água 36

16- Calibração do aparelho de medição dos parâmetros físico-químicos 38

17- Medição “in loco” dos parâmetros físico-químicos 39

18- Teores de Ferro nos Lagos em Água Total e Dissolvida 40

19- Teores de Ferro em Água Total nas cidades ribeirinhas ao Rio Madeira. 41

20- Cromo e Cobre em Água Total dos Lagos Araçá, Nazaré e Puruzinho 42

21- Ferro em Água Total entre o Lago Nazaré com o Rio Madeira (Humaitá) 43

22-Manganês, Chumbo e Zinco em Água Total no curso do Rio Madeira 44

23- Manganês, Chumbo e Zinco em Água Total dos Lagos 45

24- Metais Pesados em Sólidos em Suspensão no Rio Madeira 46

25- Metais Pesados em Sólidos em Suspensão nos Lagos 47

26- Metais em Sedimento dos Lagos Araçá, Nazaré e Puruzinho 48

27- Metais em Sedimento dos Lagos Araçá, Nazaré e Puruzinho 49

28- Temperatura da Água e pH dos Lagos Cuniã e Paraíso com o Lago Cujubim 50

29- Coeficiente de Partição do material particulado em suspensão em Água Total

nos Lagos Araçá, Demarcação, Puruzinho e o ponto situado no Rio Madeira em

Porto Velho e Humaitá.

51

30- Cobre e Ferro em sólidos em suspensão e sedimento dos Lagos Araçá e

Puruzinho.

55

31- Cobre e Cromo em sólidos em suspensão e sedimento dos Lagos Araçá e

Puruzinho

56

32- Cobre, Manganês, Ferro e Chumbo no Sedimento Disponível 57

LISTA DE TABELAS

Tabela n. Páginas

01-Pontos de Coleta.............................................................................................. 13

02-Material de Coleta........................................................................................... 34

03-Parâmetros físico-químicos............................................................................. 53

RODRIGUES, E, R, D.Geoquímica de Metais Pesados em Lagos do Baixo Madeira.

RESUMO

O objetivo deste trabalho reafirma a importância de levantar os teores de metais pesados

nos compartimentos ambientais do curso principal do Rio Madeira e de alguns dos seus

lagos no Baixo Madeira. A área de estudo compreende o trecho entre Porto Velho-RO a

Puruzinho-AM em que foram selecionados pontos na calha principal do Rio Madeira no

curso médio. Foram determinados as concentrações dos metais pesados (Cd, Cu, Cr, Fe,

Mn, Pb e Zn) em água, partículas em suspensão e sedimento de fundo sendo

caracterizado os parâmetros físico-químicos na água. Nas coletas de amostras de água

foram utilizados garrafões de polietileno previamente descontaminados. Foram coletadas

amostras de água utilizando as técnicas de: água total, particulado em suspensão e água

dissolvida. Também coletou-se amostras de sedimento de fundo utilizando-se de “draga

de Ekman” (busca fundo). Todas as análises foram realizadas pela técnica de

espectrofotometria de absorção atômica de chama. Os resultados encontrados no Rio

Madeira e nos Lagos revelam os altos teores do elemento Ferro em água, que apesar de

estarem acima dos níveis permissíveis pelo CONAMA, não evidenciam a sua

contaminação, pois as altas concentrações do Ferro devem-se a fatores naturais. O

Coeficiente de Partição, sedimento/água, demonstra que nos Lagos o elemento Ferro e o

Manganês esta absorvido com maior intensidade na partícula em suspensão que

disponível na água em comparação às localidades analisadas na calha do Rio. Os

elementos Manganês, Chumbo, Zinco, Cobre e Cromo em Água Total encontram-se

abaixo dos níveis permissíveis pelo CONAMA. Na localidade de Itacoã o Chumbo

aproxima-se do limite permissível. Nos sólidos em suspensão tanto a localidade próxima

ao Rio Madeira em Porto Velho com valor elevado de Cromo e Cobre como em

Humaitá com o elemento Chumbo, podem estar sofrendo contribuições por rejeitos

industriais. Os resultados obtidos neste trabalho reafirmam a importância do

biomonitoramento da Região do Baixo Madeira tanto no curso principal do Rio Madeira

como dos seus lagos.

RODRIGUES, E, R, D. Geochemistry of Heavy Metals in Lakes of the Madeira

Lower.

ABSTRACT

The objective of this work reaffirms the importance of getting up the metals proportions

weighed in the main course environmental compartments of Rio Madeira and of some of

your lakes in the Lower Madeira river. The study area comprehends the route between

Porto Velho at Puruzinho-AM where were going selected points in the main of Madeira

river in the average course. They were going determined the heavy metals (Cd, Cu, Cr,

Fe, Mn, Pb and Zn) in water, particles in suspension and bottom sediment being

characterized the parameters physicist- chemists in water. In water samples collections

were going used vessels of polyethylene previously decontaminated. They were going

collected water samples using the techniques of: total water, solids in suspension and

dissolved water. It also collected bottom sediment samples using of “dredge of Ekman”.

All the analyses were going accomplished by atomic absorption spectrophotometer of

the flame technique. The results met in Madeira river and in the Lakes reveal the

element Iron high proportions in water, that although they are above of the permissible

levels by CONAMA, they don't evidence your contamination, because the Iron high

concentrations they owe the natural factors. The Partition Coefficient, sediment/water,

demonstrates that in the Lakes the element Iron and the Manganese this absorbed with

larger intensity in the particle in how available suspension in water in comparison to the

places analyzed in main course of river. The elements Manganese, Lead, Zinc, Copper

and Chromium in Total Water they find below the permissible levels by the CONAMA.

In the place of Itacoã the Lead approaches of the permissible limit. In the solid in

suspension so much the place next to Madeira river in Porto Velho with value elevated

of Chromium and Copper as in Humaitá with the element Lead, they can be suffering

contributions by rejects industrial. The obtained results in this work reaffirm

biomonitoring importance of the Lower Madeira river Region so much in the main

course of Madeira river as of his lakes.

1

1. INTRODUÇÃO

O surgimento de lagos tem sido objeto de estudo de vários ramos da

ciência, especialmente a Liminologia, Geologia e a Geografia. O seu desaparecimento

esta ligado a vários fenômenos de curta durabilidade na escala geológica, portanto

surgem e desaparecem no decorrer do tempo. Outro fenômeno está no acumulo de

matéria orgânica no sedimento e deposição de sólidos em suspensão transportados por

afluentes, provenientes de fenômenos naturais e atividades Antrópicas.

No Brasil a maioria dos lagos recebe efluentes, que podem transportar

para o seu interior grande quantidade de matéria orgânica de diferentes origens. A maior

parte deles sofre uma grande variação de nível d’água. Nestes lagos, durante o período

de cheias, as suas águas invadem as florestas ribeirinhas de onde recebem grande aporte

de matéria orgânica (ESTEVES, 1998).

A fração formada pela água intersticial (água do sedimento) é de

fundamental importância para a produtividade do ecossistema aquático, isto porque a

coluna d’água sofre um processo constante de enriquecimento de nutrientes, que se

difundem a partir da água intersticial, onde se encontram em concentrações elevadas.

Várias pesquisas têm mostrado que a água intersticial apresenta concentrações de

nutrientes muitas vezes superiores àquela apresentada pela coluna d’água (ESTEVES,

op.cit. 1998).

A presença dos elementos químicos em água é decorrente de duas

fontes, naturais e antropogênicas (ESTEVES, op.cit.). São as partículas em suspensão o

principal veículo de transporte dos metais pesados, que no período de cheia as águas,

como ocorre no rio Madeira, enriquecidas dessas partículas, transbordam penetrando nos

seus igarapés e lagos, onde se sedimentam, podendo modificar o gradiente aumentando

o leito dos lagos (MALM, 1986).

Os fatores antropogênicos também surgem com o desmatamento da

floresta equatorial perenifólia e subperenifólia nas margens do Rio Madeira, tendo o

material as suas margens possivelmente lixiviado para o rio o que pode alterar a vertente

e aumentar os teores das partículas em suspensão.

2

Atualmente, o estado de Rondônia ainda não contém indústrias de

grande porte, que possam trazer contribuições drásticas ao meio ambiente com despejos

de rejeitos metálicos, destaca-se as fontes naturais, no que diz respeito a presença de

elementos químicos.

A constituição dos solos da região tem um caráter heterogêneo, onde

se destacam o latossolo amarelo, latossolo vermelho-amarelo, gleissolos, solos aluviais

e solos lateríticos concrecionários desenvolvidos principalmente a partir de rochas do

Pré-Cambriano e sedimentos do terciário (RADAMBRASIL, 1978).

Essa constituição do solo tem grande importância, pois as águas dos

rios e lagos cortam essas rochas pré-cambrianas e sedimentos cenozóicos, recebendo

significativa contribuição dos minerais constituintes destes sistemas, além de uma

possível representação no particulado em suspensão, através dos assoreamentos, que é

um fenômeno natural. As condições físico-químicas do meio hídrico, como pH,

condutividade, temperatura da água e do ambiente, são parâmetros de importância na

disponibilização desses elementos químicos, sejam eles de origem natural ou antrópica.

A avaliação da calha principal do Rio Madeira e dos lagos do Baixo

Madeira é importante para se estabelecer a Geoquímica de metais pesados nos

compartimentos abióticos, sendo de suma importância no levantamento prévio, servindo

como parâmetro para prospecções futuras.

Projetos como a chegada do gás natural proveniente de Urucu-AM,

através de gasoduto, e estudos para construção de 2 barramentos com eclusas em

Cachoeiras Santo Antônio e Jirau no leito do rio Madeira, são 2 empreendimentos que

aumentarão significativamente o potencial energético da região. Esses empreendimentos

possibilitarão a instalação e a fixação de novas indústrias.

Além disso, esses sistemas hídricos são de fundamental importância

para o abastecimento das comunidades ribeirinhas, como um ambiente que lhes

propiciam pescados, principal fonte protéica dos ribeirinhos e, água para ingestão.

É importante considerarmos o estudo dos metais pesados nos

ambientes aquáticos, como lagos do Rio Madeira, pois dependendo dos teores, da

biodisponibilidade e da toxicidade desses metais podem atingir a população humana

(ribeirinha). Podemos citar alguns metais em suas concentrações elevadas como: o cobre

3

(Cu) que pode causar vômitos e estragos ao fígado, ou o ferro (Fe) que é um elemento

típico da região do Baixo Madeira, devido à constituição geológica regional, que

apresenta horizontes lateritizados e solos argilosos em suas águas, podendo permitir o

desenvolvimento das chamadas ferro-bactérias, que embora seja um elemento essencial

em doses excessivas pode causar danos à saúde. O chumbo (Pb) que em sua toxidez

aguda caracteriza-se por queimaduras na boca, sede intensa, inflamação gastrointestinal

e em casos extremos anemia e convulsões (CETESB, 1993).

Os lagos de forma geral caracterizam-se por serem ambientes lênticos

de fundamental importância para uma grande deposição destas partículas provenientes

dos cursos hídricos alimentadores, como no rio Madeira. Os lagos do Baixo Madeira são

importantes para a população ribeirinha, pois suas águas são utilizadas para ingestão e

uso doméstico, retirando-se também sua principal fonte protéica que é o pescado.

Os compartimentos ambientais e os elementos químicos propostos para

esse estudo fornecerão os teores de metais pesados nos lagos em comparação com

pontos amostrais da calha do Rio Madeira, revelando qual a possível contribuição de

material carreado aos lagos do Baixo Madeira, sendo determinado também se os teores

desses elementos estão dentro dos níveis permissíveis pela Legislação vigente.

Essa quantificação nos fornecerá uma assinatura geoquímica que

demonstrará os teores de metais pesados encontrados, dissolvidos na água ou em sólidos

em suspensão revelando onde estão suas maiores proporções.

4

2.Conceitos básicos

2.1.Conceito geral de água

Óxido dihidrogenado, de fórmula molecular HB2 B0; o líquido água

consiste de moléculas associadas, (HB2 B)n, devido à ligação hidrogênio entre moléculas. A

água pura é um liquido transparente, inodoro e sem sabor, com o ponto de ebulição a

100º C, ponto de congelamento a 0ºC (em condições normais) e máxima densidade a

3,98º C essencial para à vida. A água distingue-se de outras substancias por existir em 3

fases: líquido, sólido e vapor. As mudanças de fase, com a subseqüente mudança de

calor latente, são de grande significado em muitos processos geofísicos.

O termo água é usado ambiguamente tanto para o composto químico

(substância água ) como para a sua fase líquida (MAGLIOCCA, 1987).

A água é um composto formado basicamente por moléculas

covalentes, nas quais um átomo de oxigênio reparte um par de elétrons com dois átomos

de hidrogênio. Como toda a molécula covalente, a água também forma ângulos

definidos entre os átomos de forma covalente dois átomos de hidrogênio com um ângulo

HOH de ligação de 105 ºC (ESTEVES, op.cit.).

2.3-Erosão fluvial: Trabalho da água corrente, auxiliado pelo material arrastado,

aprofundando (erosão em profundidade) ou alargando o leito do rio, canal etc (erosão

lateral), tendendo a dar ao rio o chamado perfil de equilíbrio. A erosão fluvial depende

do volume, da velocidade da água, da resistência da rocha etc.. (MAGLIOCCA, op.cit.).

2.4-Igapó: Trecho de floresta invadido por enchente; mata cercada de água; pântano

dentro da mata (MAGLIOCCA, op.cit.).

2.5-Igarapé: Esteiro ou canal estreito que só dá passagem a canoas ou barcos pequenos,

entre ilhas ou entre uma ilha e a terra firme (MAGLIOCCA, op.cit.).

5

2.6-Lama: Material detrítico pelágico ou terrígeno, constituído de partículas de silte e

argila, às vezes com areia e/ou matéria orgânica. Termo geral aplicado aos sedimentos

de grãos finos (MAGLIOCCA, op.cit.).

2.7-Sedimento: Material originado da destruição de qualquer tipo de rocha, transportado

e depositado em um dos muitos ambientes da superfície terrestre, ou material de origem

biológica. Caracteriza-se, em geral, pela presença de estratificação (LEINZ &

LEONARDOS, 1977).

2.7.1-Sedimentação: Deposição de material sob forma sólida em condições físico-

químicas normais da superfície terrestre. O material pode ser de origem inorgânica, por

via de processos biológicos, pode realizar-se em meio aéreo ou aquoso. Inicia-se quando

a força transportadora é sobrepujada pela da gravidade (sedimentos clásticos) ou quando

a água se torna supersaturada de um dos solutos (sedimentos químicos) ou por atividade

ou morte de organismos (sedimentos orgânicos) (LEINZ & LEONARDOS, op.cit.).

2.7.2-Sapropel: Sedimento depositado em lago, estuário, ou mar, consistindo

principalmente em restos orgânicos derivados de plantas ou animais aquáticos. Forma-se

pela ausência de decomposição intensa e por destilação a seco de matéria graxosa, sob

pressão e temperatura elevadas (MAGLIOCCA, op.cit.).

2.7.3-Sedimento prodeltáico: Denominação empregada para as argilas, siltes e areias

muito finas, da fácies frontal do delta de uma rio. . (MAGLIOCCA, op.cit.)

2.8-Argila: Material sedimentário de grãos muito finos. Pode-se formar “in situ”, como

produto de alteração de rochas. Emprega-se também essa designação para indicar a

fração granulométrica de um sedimento inferior a 0,002 ou 0,005 mm. É ainda usada

para designar rocha ou solo constituído essencialmente de hidrossilicatos de alumínio,

como caulim, e outros minerais de argila (MAGLIOCCA, op.cit.).

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2.9-Silte: Grãos que entram na formação de um solo ou de uma rocha sedimentar cujos

diâmetros variam entre 0,05 a 0,005 mm (LEINZ & LEONARDOS, op.cit.).

2.10-pH: Número de gramas de íons de hidrogênio por litro de solução. É expresso em

termos de pH = log10 1/ {H+}, onde {H+} vem a ser a concentração de íons de

hidrogênio. Como a água pura se dissocia em íons de hidrogênio e de hidroxila HB2 BO ↔

H+ +OH-}, a concentração de cada tipo de íon sendo de 10 P

–7Pmoles por litro, o pH da

água pura será log 10 1/10 P

–7P=7, que representa a neutralidade na escala de pH, a solução

ácida tem pH< 7 e a alcalina pH>7 (MAGLIOCCA, op.cit.).

O pH, em abastecimento de água, é um parâmetro importante, porque

afeta o processo de tratamento de água e pode contribuir para a corrosão das estruturas

das instalações hidráulicas e do sistema de distribuição. A corrosão pode adicionar

constituintes para a água, tais como: ferro, cobre, chumbo, zinco e cádmio. As águas

naturais têm valores de pH variando de 5 a 9, sendo o ajustamento do pH, dentro desta

faixa, relativamente simples.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) através de padrões

internacionais de 1971, recomenda teores máximos desejável e permissível para

consumo humano respectivamente de 7,0 a 8,5 e de 6,5 a 9,5 (CETESB, op.cit.).

2.11-Condutividade Elétrica da água: É a medida da facilidade de uma água conduzir

a corrente elétrica, estando diretamente ligada com o teor de sais dissolvidos sob a forma

de íons. Os valores são referidos ao milionésimo do Mho/cm a uma temperatura de 25ºC

(CETESB, op.cit.).

2.12-Sólidos totais da água: Os sólidos presentes na água podem ser classificados em:

2.12.1- Sólidos dissolvidos são capazes de atravessar papel de fibras de vidro, em

cadinho de Gooch (CETESB, op.cit.).

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2.12.2- Sólidos em suspensão, que são retirados pelo papel de fibras de vidro. Os

sólidos dissolvidos em suspensão, por outro lado, diferenciam-se em fixos, que são as

substâncias inorgânicas e em voláteis, que compreendem a matéria orgânica e os

compostos transformáveis em vapor aquecidos a 600ºC.

Pode-se também determinar os sólidos dissolvidos totais pelo efeito

dos íons na condutividade da solução. Os padrões de água para consumo humano da

OMS (Organização Mundial de Saúde) através de padrões internacionais de 1971, fixam

como teor máximo desejável de sólidos totais 500 mg.LP

-1P e o teor máximo permissível

1500 mg.LP

-1P (CETESB, op.cit.).

2.12.3-Sólidos totais dissolvidos na água: Nas águas naturais, os sólidos dissolvidos

estão constituídos principalmente por carbonatos, bicarbonatos, cloretos, sulfatos,

fosfatos e possivelmente nitratos de cálcio, magnésio, potássio, pequenas quantidades de

ferro, magnésio e outras substancias. Os minerais contidos nas águas naturais podem

diminuir por diluição (águas e chuva) ou aumentar pela adição de despejos industriais.

Águas com concentrações maiores do que 4000 mg.LP

-1P de sais totais

são consideradas geralmente impróprias para consumo humano.

A medida da condutividade específica proporciona uma indicação

segura da quantidade de sólidos totais dissolvidos presentes na água. Os padrões de

consumo humano segundo a USPHS – Serviço de Saúde Publica dos Estados Unidos,

1962; fixam em 500 mg.LP

-1P os limites recomendados para sólidos totais dissolvidos

(CETESB, op.cit.).

2.13-Turbidez: A turbidez da água é atribuída principalmente às partículas sólidas em

suspensão, que diminuem a claridade e reduzem a transmissão da luz no meio. Pode ser

provocada por plâncton, algas, detritos orgânicos, e outras substancias como: zinco,

ferro, composto de manganês e areia, resultantes do processo natural de erosão ou adição

de despejos domésticos ou industriais.

As partículas de turbidez transportam matéria orgânica absorvida que

podem provocar sabor e odor.

8

Os padrões internacionais de água de consumo humano da OMS

(Organização Mundial de Saúde) 1971 recomendam teores máximos desejáveis e

permitidos de respectivamente 5 unidades de turbidez (CETESB, op.cit.).

2.14-Cor da água: A cor da água pode ser de origem mineral ou vegetal, causada por

substancias metálicas como o ferro ou manganês, matérias húmicas, taninos, algas,

plantas aquáticas e protozoários, ou por resíduos orgânicos ou inorgânicos de industrias,

tais como: mineração, refinarias, explosivos, polpa e papel, químicas e outras. Os

padrões internacionais da OMS (Organização Mundial de Saúde) 1971; estabelecem

teores máximos desejável de 5 e permissível de 50 unidades de cor (CETESB, op.cit.).

2.15-Odor e sabor da água: O odor e sabor da água são meios primários pelos quais se

determina o uso ou a aceitabilidade da água. Não pode ser diretamente correlacionados

com a segurança da água a cor e o sabor. As fontes naturais de odor e sabor podem ser

classificadas em duas categorias (CETESB, op.cit.).

Naturais: São todas aquelas substancias produtoras de odor e sabor que se produzem

ou chegam à água por causas naturais, tais como algas, vegetação em decomposição,

bactérias, fungos e compostos inorgânicos (gás sulfidrico, sulfatos e cloretos) (CETESB,

op.cit.).

Artificiais: São aquelas provenientes de águas residuárias domésticas ou industriais,

produtos da atividade do homem. A USPHS (Serviço de Saúde Pública do Estados

Unidos da América – 1962) recomenda ausência de odor na água para consumo humano

tratada e um número limiar de odor não superior a 3 (CETESB, op.cit.).

2.16-Mananciais: São nascentes e fontes locais onde há concentração natural de água

doce originada de lençóis subterrâneos e também de fontes superficiais (PINTO, 1976).

Também podem serem chamados de nascente de água, olho d´água, fonte, fonte perene

e abundante d´água (GARCEZ & ALVARES, 1988).

9

2.17-Aluviões: Depósito de cascalho, areia e argila que as enxurradas formam junto às

margens ou à foz dos rios ( CAPUTO, 1996).

2.18-Cangas: Crostas lateríticas, conhecidas como canga, são de extensa distribuição no

país (PETRI & FÚLFARO, 1983).

2.19-Bacia Hidrográfica: Conjunto de áreas com declividade no sentido de determinada

seção transversal de um curso de água, medidas as áreas em projeção horizontal.

Também pode ser considerada como sendo uma área definida e fechada

topograficamente num ponto do curso d´água, de forma que toda a vazão afluente possa

ser medida ou descarregada através desse ponto.

A Bacia Hidrográfica também pode ser chamada de: bacia de captação,

bacia imbrífera, bacia coletora, bacia de drenagem superficial, bacia hidrológica e bacia

de contribuição (GARCEZ & ALVARES, op.cit.).

2.20-Classificação dos cursos d´água.

O estudo das Bacias Hidrográficas trata-se do conhecimento do

sistema de drenagem, ou seja, qual o tipo de curso d´água está drenando a região

(VILLELA & MATOS, 1975). Existem três tipos de cursos d´água com base em sua

constância do escoamento:

Perenes: Estes cursos d´água contém água durante todo o tempo, o lençol subterrâneo

mantém uma alimentação contínua e não desce nunca abaixo do leito do curso d´água,

mesmo durante as secas mais severas (VILLELA & MATOS, op.cit.).

Intermitentes: Estes cursos d´água , em geral, escoam durante as estações de chuvas

e secam nas de estiagem. Durante as estações de chuva, transportam todos os tipos de

deflúvio, pois o lençol d´água subterrâneo conserva-se acima do leito fluvial e

alimentando o curso d´água, o que não ocorre na época de estiagem, quando o lençol

freático se encontra em um nível inferior ao do leito (VILLELA & MATOS, op.cit.975).

10

Efêmeros: Estes cursos d´água existem apenas durante ou imediatamente após os

períodos de precipitação e só transportam escoamento superficial. A superfície freática

encontra-se sempre a um nível inferior ao do leito fluvial não havendo portanto a

possibilidade de escoamento de deflúvio subterrâneo (VILLELA & MATOS, op.cit.).

3-Lagos: Chamam-se lagos as massas de água que se encontram nas depressões do solo,

sem ligação com o oceano (MAGLIOCCA, op.cit.).

3.1-Tipos de Lagos:

3.2- Lagos de Barragem: São formados quando o rio principal transporta grande

quantidade de sedimento que é depositado ao longo do seu leito. Esta deposição provoca

uma elevação do nível de seu leito, causando o represamento de seus afluentes, então

transformados em lagos. Estes afluentes são normalmente pobres em aluviões, o que faz

com que não acompanhem a elevação do leito do rio principal (ESTEVES, op.cit.).

3.3- Lagos de Terra Firme: Os lagos de terra firme da Amazônia são alongados e

muitos dentríticos. Foram formados principalmente a partir dos rios de “água branca”,

capazes de transportar grande quantidade de aluviões (ESTEVES, op.cit.).

3.4- Lagos de Ferradura ou de Meandros: Os rios maduros (senis) que percorrem

planícies e que já atingiram o seu nível de base (ponto limite abaixo do qual a erosão das

águas correntes não pode trabalhar, por vezes o próprio nível do mar), apresentam um

curso sinuoso. As sinuosidades apresentadas por estes rios são chamadas de meandros.

Em geral encontramos um grande número de lagos ao longo de rios meandricos. Estes

lagos são formados através do isolamento de meandros por processos de erosão e

sedimentação das margens. Os lagos assim formados são ditos lagos de ferradura,

crescente ou de meandro. Na região amazônica estes lagos são conhecidos como

“sacados” (ESTEVES, op.cit.).

11

3.5- Lagos de Inundação: São encontradas no Pantanal de Mato Grosso e na planície

amazônica, onde recebem o nome de “baias” e “lagos de várzeas” respectivamente. Uma

das características principais deste tipo de lagos é a grande variação no nível das águas

em função da precipitação (ESTEVES, op.cit.).

3.6- Lagos de Várzeas: Ocorrem nas depressões da planície Amazônica, em locais

ainda não totalmente colmatados pelo material transportado pelo rio, no processo normal

de formação de várzea (ESTEVES, op.cit.).

3.7- Polimíticos: São lagos normalmente rasos e com grande extensão, em que

ocorrem circulações freqüentes, via de regra, diárias. Isto se deve ao resfriamento da

camada superficial da coluna d’água durante a noite e à pouca profundidade, que facilita

a sua homotermia; por exemplo: a maioria dos lagos amazônicos (especialmente no

período de nível baixo) (MAGLIOCCA, op.cit.).

3.8-Lagos em Regiões Tropicais: Em lagos de regiões tropicais, os fenômenos de

estratificação da massa d’água ocorrem de maneira diferenciada daqueles de regiões

temperadas. Nestes lagos, o mais comum é a ocorrência de estratificação e

desestratificação diária.

A grande maioria dos lagos de regiões tropicais, devido aos processos

geológicos que os originam apresentam profundidades reduzidas. Alem disso, nestas

regiões a variação sazonal da temperatura é pouco acentuada em relação à variação

diária de temperatura da atmosfera é maior do que a amplitude sazonal. Em lagos

tropicais o processo de desestratificação diária, nestes lagos, é facilitado pela pequena

diferença de temperatura entre o epilímnio e o hipolímnio.

O período de verão, em regiões tropicais, coincide, na maioria dos

casos, com a maior pluviosidade e, portanto, com nível d’água mais elevado desses

ambientes. Neste período observa-se freqüentemente estratificações duradouras, que em

muitos casos abrangem toda a estação de verão. Este fenômeno é resultante da pequena

variação diária de temperatura do ar, que para o ecossistema aquático implica em

12

reduzidas perdas de calor para atmosfera, mesmo no período da madrugada. Outro fator

que facilita a estratificação diária neste período é a maior profundidade da coluna d’água

(ESTEVES, op.cit.).

5- OBJETIVOS

5.1 – Geral

• Levantar teores de metais pesados em compartimentos ambientais

em alguns lagos do Baixo Madeira.

5.2- Específicos

• Determinar as concentrações de metais pesados (Cd, Cu, Cr, Fe,

Mn, Pb e Zn) em água, partículas em suspensão e sedimento de fundo;

• Comparar dados obtidos dos elementos químicos (Cd, Cu, Cr, Fe,

Mn, Pb e Zn) com os padrões permissíveis dentro da literatura existente;

• Caracterizar os parâmetros físico-químicos da água nos lagos

Baixo Madeira (Cujubim, Araçá, Nazaré, Demarcação, e Puruzinho), e na calha

principal do Rio Madeira (Porto Velho e Humaitá) e no curso médio (Itacoã e

Paraíso);

• Georeferenciar os pontos das amostras através das coordenadas

geográficas fazendo uso de GPS (Global Position System);

• Subsidiar dados ao órgão de meio ambiente da Região.

13

6-Localização da Área de Estudo

A área de estudo compreende o trecho entre Porto Velho-RO a

Puruzinho-AM como consta a figura A e B em Anexo, em que foram selecionados

pontos na calha principal do Rio Madeira (Porto Velho e Humaitá) no curso médio

(Itacoã e Paraíso) e adentrando, fora do curso principal, nos seguintes lagos do Baixo

Madeira Cujubim, Araçá, Nazaré, Demarcação e Puruzinho.

Todos os pontos de coleta foram georeferenciados utilizando GPS

(Global Positions System ) (tabela 1).

Tabela 1. Locais de coleta com as respectivas coordenadas geográficas.

Ponto de Coleta Latitude Longitude Rio Madeira Porto Velho 08º 45’ 46” S 63º 54’ 14” W Rio Madeira Itacoã 08º 33’ 46” S 63º 33’ 20” W Lago Araçá 08º 25’ 37” S 63º 29’ 50” W Lago Cujubim 08º 35’ 02” S 63º 42’ 05” W Lago Nazaré 08º 09’ 48” S 63º 19’ 16” W Lago Demarcação 08º 09’ 36” S 62º 46’ 46” W Rio Madeira Paraíso 07º 33’ 10” S 62º 53’ 30” W Rio Madeira Humaitá 07º 31’ 10” S 63º 02’ 15” W Lago Puruzinho 07º 21’ 45” S 63º 06’ 08” W

14

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 3. Localidade de Humaitá

F o t o : L a b o r a t ó r i o d e B i o g e o q u í m i c a A m b i e n t a l / U N I R -M ai o 2 0 0 1

Figura 4. Barco da 1º expedição dirigindo-se para a localidade de Itacoã.

15

Figura 5. Entrada do Igarapé Cuniâ

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 6. Lago Cuniã.

16

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 7. Lago Puruzinho.

4-CARACTERÍSTICAS DOS METAIS PESADOS

4.1 – CÁDMIO:

O cádmio (Cd) é obtido da refinação de complexos de zinco e outros

metais, pois não existe nenhum mineral específico de cádmio explorável

economicamente. Talvez devido à sua instabilidade nos compostos orgânicos, somente é

encontrado na natureza na sua forma inorgânica. Industrialmente, é utilizado em

pinturas, galvanoplastia, baterias alcalinas, plásticos, cerâmicas, fotografia, reatores

nucleares e nos fertilizantes.

O cádmio apresenta alto potencial tóxico e nenhuma qualidade

conhecida que o torne benéfico ou essencial aos processos vitais da natureza. Exerce

efeito cumulativo e é tóxico à concentração relativamente baixa para numerosas espécies

de vida e talvez para todas. Todavia, sua toxidez pode ser inibida pela presença de outros

elementos, tais como ferro, cálcio, zinco e selênio.

17

Na água: nas águas naturais o cádmio é encontrado principalmente nos

sedimentos de fundo e nas partículas em suspensão. Nas águas não poluídas, é

usualmente menor do que 1,0 mg.LP

-1 P.

A Agência de Proteção do Meio Ambiente do Estados Unidos (EPA –

1972) recomenda que sua concentração nos mananciais não deve ultrapassar a 10,0

mg.LP

-1P.

Os padrões de qualidade da água para o consumo humano, do Serviço

de Saúde Pública dos Estados Unidos (1962), os internacionais da OMS (1971), da EPA

(1975), também recomendam o limite de 10,0 mg.LP

-1 Pde cádmio. A OMS sugeriu que a

concentração do cádmio na água deve ser de 5,0 mg.LP

-1 P, dada a dificuldade da sua

redução nos alimentos (CETESB, op.cit.).

4.2 – CHUMBO

A presença do chumbo no corpo humano pode ser prejudicial para a

saúde, ou mesmo letal, mesmo quando as exposições são breves. Nos países

tecnologicamente mais desenvolvidos, o amplo uso de chumbo multiplica os riscos a que

está submetida a população.

A toxidez aguda do chumbo é caracterizada por queimaduras na boca,

sede intensa, inflamação do trato gastrointestinal ocasionando diarréias e vômitos. A

toxidez crônica produz anorexia (inapetência), náusea, vômitos, dores abdominais

diversas, paralisia, confusão mental, distúrbios visuais, anemia e convulsões (CETESB,

op.cit. 1993).

O chumbo na água de consumo humano deve estar limitado à baixas

concentrações. Admitindo um consumo diário de 2 litros de água e se esta contiver 0,05

mg.LP

-1 Pde chumbo, teríamos um consumo adicional de 0,10 mg.LP

-1 P, aproximadamente

25% do consumo total diário

A EPA (1993), recomenda que devido à toxidez do chumbo para o

homem e devido à pouca informação disponível sobre a sua remoção nos processo

convencionais de tratamento de água, este não deve exceder a 0,05 mg.LP

-1 Pnos

mananciais públicos de abastecimento de água. Contudo, os padrões internacionais da

18

OMS (1971), aumentaram o nível permitido de chumbo de 0,05 mg.LP

-1 Ppara 0,10 mg.LP

-1

P(CETESB, op.cit.).

4.3 – CROMO

O cromo é raramente encontrado nas águas naturais, contundo, pode

ocorrer como contaminante das águas sujeitas a poluição de despejos de curtumes, de

indústrias de cromatos e de circulação de águas de refrigeração, onde é usado para o

controle da corrosão.

A Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos (EPA,

1972), considera que, devido aos seus efeitos fisiológicos adversos e poucas informações

sobre a sua remoção nos processos convencionais de tratamento, o teor de cromo total

não deve ultrapassar a 0,05 mg.LP

-1 Pno manancial (CETESB, op.cit.).

4.4 – COBRE

O cobre está geralmente presente em pequenas quantidades nas águas

superficiais e subterrâneas (variando até 1,0 mg.LP

-1 P). Na forma de cloreto, sulfato e

nitrato são muitos solúveis na água, não acontecendo o mesmo quando se apresenta

como carbonato, hidróxido, óxido e sulfeto. Os íons de cobre, que se encontram a um pH

igual ou maior do que 7 nas águas naturais, precipitam o carbonato e hidróxido e são

assim removíveis por adsorção ou sedimentação.

O cobre não é considerado um tóxico de efeito cumulativo como o

chumbo ou mercúrio. Não obstante, elevadas concentrações de cobre pode ocasionar

estragos ao fígado. Em quantidades excessivas é tóxico a uma ampla variedade de

espécies aquáticas, desde bactérias a peixes.

Na água sua concentração varia de 1,0 a 5,0 mg.LP

-1 Ppodendo ocasionar

sabores desagradáveis. Em sistemas públicos de abastecimento, o cobre acentua a

corrosão do alumínio em particular e a do zinco em menor grau.

Os padrões de qualidade de água para consumo humano da OMS

(1971) recomendam como teores máximo desejável e permissíveis, respectivamente,

0,05 mg.LP

-1 Pe 1,50 mg.LP

-1 P(CETESB, op.cit.).

19

4.5 – FERRO

O ferro é objetável nos sistemas públicos de abastecimento de água,

devido aos sabor que provoca e a sua propriedade em sujar os acessórios das

canalizações, provocar manchas na roupa lavada e acumular depósitos no sistema de

distribuição.

A presença de oxigênio nas águas superficiais resulta na sua oxidação

para óxido de ferro hidratado, que é muito menos solúvel.

O ferro modifica notavelmente o sabor das bebidas. Entretanto, a sua

percepção varia de indivíduo para indivíduo, o que dificulta o estabelecimento de um

nível no qual não seria detectado.

Cumpre salientar que as águas ferruginosas permitem o

desenvolvimento das chamadas ferro-bactérias. Elas se encontram principalmente na

rede de distribuição, nos reservatórios de distribuição, e em algumas ocasiões, nos

filtros ou poços profundos. Na rede de distribuição, são freqüentemente encontradas nas

zonas de pequena circulação de água.

As ferro-bactérias, desde o início do seu desenvolvimento até a morte,

transmitem à água odores fétidos e cores avermelhadas, verde escura ou negra. Além

dessas circunstâncias que, muitas vezes, tornam a água imprópria ao consumo, as ferro-

bactérias obstruem as canalizações .

A EPA (1972), apoiando-se no fato da preferência do uso e devido aos

processo convencionais de tratamento serem capazes de remover ferro oxidado, mas não

ferro solúvel (Fe P

++P) recomenda que este não exceda de 0,30 mg.LP

-1 P(como ferro solúvel)

nos mananciais públicos de abastecimento de água.

Nos padrões de água para consumo humano do Serviço de Saúde

Pública dos Estados Unido (USPHS, 1962), o limite recomendado para o teor de ferro é

de 0,30 mg.LP

-1P. A Organização Mundial de Saúde, nos seus padrões de 1971, recomenda

como teores máximo, desejável e permissível, respectivamente, 0,10 e 1,00 mg.LP

-1 Pcomo

ferro total. (CETESB, op.cit.).

20

4.6 – MANGANÊS

A ocorrência de manganês no estado reduzido (Mn P

++P) é mais

freqüente nas águas subterrâneas do que nas águas superficiais.

Existem duas razões para limitar a concentração do manganês nas

águas de consumo humano:

prevenir os prejuízos de ordem estética e econômica;

evitar efeitos fisiológicos adversos devido ao seu consumo

excessivo.

O consumo diário de manganês, numa dieta normal, tem sido estimado

em 10 mg.LP

-1P. Sabe-se que, pelo menos nos animais, o manganês é um nutriente

essencial. Isto se considerar que uma dieta deficiente de manganês interfere com o

crescimento e a formação dos ossos e sangue.

A concentração de manganês menor do que 0,05 mg.LP

-1 Pé geralmente

aceitável em mananciais, devido ao fato de não manifestar nesta faixa manchas negras

ou depósitos de óxido de manganês hidratado, nos sistemas de abastecimento de água.

Esta é a principal razão para limitar a concentração de manganês, reduzindo, desta

maneira, os problemas estéticos e econômicos.

A OMS, através dos seus padrões internacionais para a água de

consumo humano (1971), recomenda, para o manganês, teores máximos desejável e

permissível respectivamente de 0,05 mg.LP

-1 P(CETESB, op.cit.).

4.7 – ZINCO

A presença de zinco é comum nas águas naturais. O zinco é

empregado em materiais galvanizados, fios elétricos, pigmentos para pinturas,

cosmético, produtos farmacêuticos, inseticidas, podendo encontrar-se em muitos

resíduos industriais.

Alguns destes sais (cloreto de zinco, sulfato de zinco) são muito

solúveis na água. Outros (carbonato de zinco, óxido de zinco, sulfeto de zinco) são

insolúveis na água e por isto, algumas quantidades de zinco podem ser removida por

decantação no processo de tratamento de água. Salienta-se que a solubilidade do zinco é

variável, dependendo do pH e da alcalinidade.

21

O zinco é um elemento essencial e benéfico para o metabolismo

humano, sendo que a atividade da insulina e diversos compostos enzimáticos dependem

da sua presença.

A Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos (EPA,

1972), recomenda que nos mananciais de abastecimento de água a concentração de zinco

não exceda a 5,00 mg.LP

-1 P.

Os padrões de qualidade de água para o consumo humano do Serviço de Saúde Pública

dos Estados Unidos e os padrões provisórios da EPA (1975), adotam, como limite

recomendado, o valor de 5,00 mg.LP

-1P. Os padrões internacionais para água de consumo

humano da OMS adotam como teores máximo desejável e permissível, respectivamente,

5,00 mg.LP

-1 P e 15,00 mg.LP

-1 P(CETESB, op.cit.).

7- Características Gerais da Área de Estudo

A bacia sedimentar do Amazonas abrange uma faixa de

aproximadamente 200 Km de largura, de ambos os lados do rio Amazonas, em seu curso

médio alargando-se para as cabeceiras e distribuindo-se do Acre ao Pará. Compreende

quatro partes, ou sub-bacias, separadas por altos do embasamento. São elas: Acre, Alto

Amazonas, Médio Amazonas e Baixo Amazonas.

Os afloramentos de rochas paleozóicas estão distribuídos em estreita

faixa, a partir das bordas norte e sul das sub-bacias do médio e baixo Amazonas. Da

borda para o centro da baixa afloram sedimentos silurianos, devonianos e carboníferos.

Na maior parte das sub-bacias, em sua parte central, afloram depósitos

terciários e quaternários que recobrem sedimentos silurianos, devonianos, carboníferos,

permianos e cretáceos.

A hidrografia da Amazônia destacam-se inúmeros rios e lagos que

apresentam seus cursos sensivelmente retilíneos e paralelos. A Bacia do Amazonas tem

suas origens no Pré-Cambriano (PETRI & FÚLFARO, op.cit.).

22

A área de estudo apresenta uma Formação e Cobertura Cenozóica,

Clima tropical chuvoso segundo Koppen, a precipitação média anual é de 2100 a 2200

mm e 2200 a 2300mm , a temperatura máxima é 30ºC e 34ºC, e mínima 17ºC a 23ºC,

planícies aluviais e depressões, terraços fluviais, planícies inundáveis e vales. Pertence a

Bacia do Rio Madeira e a sub-bacia do Baixo Madeira (GAMA, Marcelo José, 2001)

O Rio Madeira é o principal afluente do rio Amazonas, tanto em vazão

líquida como em carga de sedimentos. Apresenta um traçado retilíneo face ao controle

estrutural N-S e NE-SW até próximo a Porto Velho, com planícies aluviais assimétricas

e variáveis em extensão; em seguida, assume um caráter meandrante com planícies

aluviais amplas e repletas de feições associadas, como canais abandonados, lagos, áreas

alagadiças diques marginais, barras e outras feições, com aluviões espessos (ADAMY,

Amílcar, 2001).

7.2-Vegetação do Baixo Madeira

A vegetação do Baixo Madeira caracteriza-se em: Floresta ombrófila

densa aluvial, contato savana e floresta ombrófila, Formação Pioneira sob influência

fluvial arbórea, Formação Pioneira sob influência fluvial herbácea, Floresta Ombrófila

Aberta de Terras Baixas.

Floresta Ombrófila Aberta: É o tipo de floresta dominante no Estado

de Rondônia, abrangendo cerca de 55% da área total da vegetação. Esta tipo de

vegetação caracteriza-se pela descontinuidade do dossel, permitindo que a luz solar

alcance o sub-bosque, favorecendo a sua regeneração. Os troncos apresentam-se mais

espaçados nos estratos mais altos, que atinge cerca de 30 metros de altura.

São comuns palmeiras, cipós e paxiubas, assim como espécies como

seringueira, jacareúba, tachi, breu e tauari.

Florestas Ombrófilas Abertas Aluvial: Ocupam grandes planícies,

sofrendo inundações na época das chuvas, que vão dos meses de novembro a março. São

também chamadas de matas de igapó.

Florestas Ombrófilas Abertas de Terras Baixas: Ocorrem em relevo

plano e suavemente ondulado, não ultrapassando 100 metros de altitude.

23

Floresta Ombrófila Densa: Caracteriza-se pela maior densidade do

estrato superior e menor presença de sub-bosque, que é limpo e de fácil

encaminhamento. Nesse tipo de floresta existem árvores de grande porte, podendo

atingir até 45 metros de altura.

Caracterizam-se com a vegetação de Maçaranduba, Angelim,

castanheira, ipê, copaíba e ucurúba

Floresta Ombrófila Densa Aluvial: Ocorre próxima e também sofre

inundações.

Formação Pioneira: Ocorrem em terrenos sujeitos a inundações,

apresentando diversas fisionomias. Podem apresentar ou não vegetação florestal. O

tamanho das árvores é determinado pelo grau de inundação.

Floresta Ombrófila Aberta: São comuns palmeiras, cipós e paxiubas,

assim como espécies como seringueira, jacareúba, tachi, breu e tauari (SILVA, Renato

Berwanger & VINHA, Eloisio, 2001)

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 9. Vegetação as margens do Rio Madeira

24

7.3 - CLIMA

O clima predominante da área de estudo é tropical, úmido e quente,

durante todo o ano, com insignificante amplitude térmica anual e notável amplitude

térmica diurna, especialmente no inverno. Segundo a classificação de Koppen, o Estado

de Rondônia possui um clima do tipo Aw – Clima Tropical Chuvoso, com média

climatológica da temperatura do ar, durante o mês mais frio, superior a 18° C

(megatérmico), e um período seco bem definido durante a estação de inverno, quando

ocorre na região um moderado déficit hídrico com índices pluviométricos inferiores a

50mm/mês. A média climatológica da precipitação pluvial para os meses de junho, julho

e agosto é inferior a 20mm/mês.

Estando sob a influência do clima Aw, a média anual da precipitação

pluvial varia entre 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual de temperatura do ar entre 24

e 26°C. Em alguns dias dos meses de junho, julho e agosto, o estado de Rondônia

encontra-se sob a influência de anticiclones que se formam nas altas latitudes e

atravessam a Cordilheira dos Andes em direção ao sul do Chile. Alguns destes

anticiclones são excepcionalmente intensos, condicionando a formação de aglomerados

convectivos que intensificam a formação de sistemas frontais na região sul do país. Estes

se deslocam em direção à região amazônica, causando o fenômeno denominado de

“friagem”.

Durante estes meses as temperaturas mínimas do ar podem atingir

valores inferiores a 10°C. Devido á curta duração do fenômeno, este não influência,

significativamente, as médias climatológicas da temperatura mínima do ar.

A média anual da temperatura do ar gira em torno de 24°C e 26°C,

com temperatura máxima entre 30°C e 34°C, e mínima entre 17°C e 23°C. As

temperaturas médias do mês mais frio e mais quente aumentam do sudeste em direção

ao extremo norte em torno de 2 a 1°C, respectivamente.

A média anual da umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão,

e en torno de 75% no outono – inverno. A evapotranspiração potencial (ETP) é alta

durante todo o ano, apresentando valores superiores a 100 mm/mês. O total anual da

ETP só atinge valores superiores aos da precipitação mensal nos meses de maio, junho,

julho e agosto.

25

A precipitação média anual é em torno de 1.400 a 2.500mm e mais de

90% desta ocorre na estação chuvosa. De acordo com o mapa de isoietas verifica-se que

a precipitação média anual aumenta do sudeste em direção ao extremo norte, com

valores inferiores a 1.400 mm e superiores a 2.500mm, respectivamente.

Os principais fenômenos atmosféricos que atuam no regime pluvial do

Estado são: as Altas Convecções diurnas, associadas aos seguintes fenômenos

atmosféricos de larga escala, a alta da Bolívia (AB) Anticiclone que se forma nos altos

níveis da atmosfera (200 hPa) durante os meses de verão e situa-se sobre o altiplano

boliviano; a zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e as Linhas de Instabilidade

(Lis) conglomerados de nuvens cumulonimbus que se forma na costa norte nordeste do

Oceano Atlântico.

O período chuvoso ocorre entre os meses de outubro a abril, e o

período mais seco em junho, julho e agosto. Maio e setembro são meses de transição

(GAMA, Marcelo José, 2001)

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 10. Formação de chuva no Rio Madeira

26

8-Geologia

Embasamento da Plataforma Sul-Americana é constituído de rochas de

idade pré-siluriana, em sua maior parte integrando extensos complexos metamórficos e

eruptivos, que ocupam cerca de 3,8 milhões de quilômetros quadrados, isto é,

aproximadamente 44% do território nacional. Espalham-se áreas menores de coberturas

de plataforma, sendo as mais antigas ora conhecidas, datadas do inicio do Proterozóico

Médio (ALMEIDA & HASSUI, 1984).

A província estrutural do Brasil ao Sul da Bacia Amazônica teve sua

evolução orogênica, terminada em território nacional antes do Proterozóico Médio,

desde quando passaram a atuar como áreas plataformais constituindo as províncias do

Rio Branco a norte e do Tapajós a sul da Bacia Amazônica, que juntas constituem o

denominado Cráton ou Plataforma Amazônica (ALMEIDA, HASSUI, NEVES &

FUCK, 1977).

8.1-Cráton ou Plataforma Amazônica: O termo Cráton Amazônico tem sido usado

como sinônimo. Abrange parte dos estados do Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, os territórios de Roraima e Ampá, a Guiana Francesa,

Suriname, Guiana, sul da Venezuela, centro-leste da Colômbia, leste da Bolívia e

nordeste do Paraguai ( AMARAL, 1974).

Na maior parte do Siluriano o Crato sul-americano encontrava-se

emerso e sujeito a erosão.

Expansões marginais da faixa geossinclinal andina formando bacias

marginais desta idade, ocorreram no Paraguai Oriental e Amazonas. É somente no

Eocarbonífero que se tornaram bem definidas três grandes bacias intracratônicas de

sedimentação Amazonas, Parnaíba (ou Maranhão) e Paraná.

Espessuras de sedimentos da ordem de 4.000 a 5.000 metros

preservaram-se nestas bacias.

Na Bacia Amazônica a comunicação ocorria a oeste, com o

Geossinclínio Andino, e a leste, através da região da foz do Amazonas, com a Bacia do

Parnaíba.

27

A Bacia do Amazonas parece não ter relação direta com os

dobramentos brasilianos, embora suas origens possam também ser remontadas ao Pré-

cambriano (PETRI & FÚLFARO, op.cit.).

Segundo (Amaral op.cit.) a Bacia do Amazonas seria o resultado de

um processo de ativação reflexa, relacionada à evolução do Geossinclínio Andino.

Os depósitos mais antigos nessas três Bacias, são Silurianos na Bacia

do Amazonas e Devonianos nas outras Bacias.

No Carbonífero, depósitos marinhos ainda predominavam no

Amazonas e Parnaíba, como também na Bacia do Paraná, até o Permiano tendo após

esse período o mar retirando-se em definitivo .

No Devoniano caracterizou-se, na América do Sul e no Brasil, pelos

mares transgredindo os limites das Bacias, passando a depositar sedimentos sobre as

áreas menos positivas que se intercalam as bacias.

A Plataforma Amazônica é constituída de um embasamento de rochas

magmáticas e metamórficas e de uma cobertura sedimentar-magmáticas formada em

diferentes etapas da evolução.

A Plataforma Amazônica pode ser subdividida em três províncias:

oriental, central e ocidental, cada uma delas com características litológicas, estruturais e

geocronológicas próprias.

As províncias estruturais que compõem a região Amazônica podem

serem subdivididas em três subprovíncias: as subprovíncias oriental, central e ocidental

da Província Tapajós serão denominadas, respectivamente, Carajás, Xingu e Madeira.

Para a Província Rio Branco, as denominações serão, respectivamente: Amapá, Roraima

e Rio Negro (AMARAL, op.cit.).

8.2-A Subprovíncia Madeira: Abrange a totalidade de Rondônia, o sul do Estado do

Amazonas, o norte de Mato Grosso e o oeste do Mato Grosso do Sul, no território

brasileiro. Seu limite oriental situa-se a falha que limita o sudoeste as coberturas

sedimentares e vulcânicas da região da Serra do Cachimbo.

28

Seus limites norte e oeste são as bacias do alto Amazonas e Acre. Seu

limite sul é mascarado pelas coberturas fanerozóicas dos altos cursos dos rios das bacias

do Madeira, Tapajós e Paraguai (ALMEIDA & HASSUI, op.cit.).

8.3-Quaternário:

Na Amazônia localizam-se as mais importantes áreas de sedimentos

quaternários, acumulando-se nas várzeas, por ocasião das cheias, grande massa de

sedimentos.

Na Amazônia a mata sujeita a inundação dá-se o nome de igapó

depositando detritos também nestas regiões. Na planície de inundação da Amazônia,

inúmeros lagos, sede atual de sedimentação intensiva. As áreas normalmente a salvo das

enchentes são os tesos e as terras firmes. Os tesos são áreas que se elevam de 6 a 15

metros acima do nível médio das águas; representam terraços mais antigos que os níveis

das várzeas e dos igapós. Os tesos são constituídos por argilas e arenitos.

As terras firmes estão cerca de 20 a 30 metros acima do nível do mar,

apresentando-se bem drenadas, correspondendo à parte mais ampla do relevo da planície

do Amazonas. Os depósitos quaternários da Bacia do Amazonas ampliam-se no Baixo

Madeira.

Os sedimentos mais antigos da região do Médio Amazonas consiste de

aluviões com cascalhos e depósitos causados por movimentos de massa que cobrem

nível de erosão talhado no substrato da Formação Pebas (ou Alter Chão).

Uma unidade mais jovem, extensamente distribuída, consiste de

material argiloso, caulínico, mais ou menos arenoso manchado e não estratificado. Situa-

se, discordantemente, sobre a Formação Pebas. Esta unidade situa-se entre 2 e 10 metros

acima das águas das enchentes do Amazonas e do Madeira, correspondendo, portanto ao

tesos(unidade B ).

Muitos dos perfis do solo desenvolvidos nesta unidade exibem

concentrações ferruginosas, a profundidades de 0,5 e 2 metros, mas que podem expor à

superfície. Os óxidos de ferro às vezes se concentram formando canga a nível dos rios

ou abaixo.

29

Os caracteres de texturas e estruturas da Unidade B sugerem, segundo

Méis, águas calmas e ambiente lacustrino.

O processo de laterização ocorreu antes da dissecação da unidade, pois

os fragmentos de canga são retrabalhados, formando linhas de pedra na superfície de

degradação.

As argilas da unidade B, em alguns lugares situam-se sob depósitos de

colúvio que geralmente são mais arenoso. Fragmentos angulosos de canga com

granulação de areia grossa a grânulo, distribuem-se ao acaso, no colúvio.

Partes das planícies de inundação do Amazonas e do Madeira não são

atingidas pelas enchentes normais mas só nas excepcionais.

São ocupadas por áreas sílticas aluvionais que são, portanto, mais

antigas que os depósitos que atualmente estão se formando nas planícies normalmente

inundáveis, os quais são constituídos de areias finas, siltes e argilas.

Depósitos aluvionais acompanham os rios principais da região e

depósitos coluvionais são bem desenvolvidos no sopé das serras (PETRI & FÚLFARO,

op.cit.).

30

11– PEDOLOGIA

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 12. Coleta de perfil vertical de solo .

11.1– Considerações Gerais sobre a Formação dos Solos

A área estudada tem o Rio Madeira como coletor principal das águas e

responsável pelo atual modelamento superficial da região, possuindo uma orientação

geral definida de sul para norte.

A constituição dos solos da região tem um caráter heterogêneo, onde

se destacam o latossolo amarelo, latossolo vermelho-amarelo, gleissolos, solos aluviais e

solos lateríticos concrecionários, desenvolvidos principalmente a partir de rochas do Pré-

cambriano e sedimentos do terciário (RADAMBRASIL, op.cit.).

Os solos variam conforme as condições ambientais , porque são

formados a partir da rocha matriz, que, através da ação dos elementos do clima (chuva,

temperatura, vento ), com efeito do tempo e ajuda dos seres vivos (fungos, líquens,

insetos, entre outros), vai sendo desfeita, dimuindo de tamanho ate transforma-se em

grânulos pequenos, soltos e macios. Esse processo é chamado de intemperismo. Portanto

o solo é o resultado do intemperismo da rocha (MENDES, 1996).

31

12- MATERIAL E MÉTODOS

Fonte: MALM, 1986 adptado por BASTOS, W.R, 1997. Figura.14. ORGANOGRAMA DA METODOLOGIA DE SEDIMENTO

Coleta de amostra

Sedimento de fundo

AcondicionamentoSacos Plásticos

Peneiramento200 Mesh

Secagem 50P

0Pc

Macera-se

ArmazenagemMetais Disponíveis Pesa-se 4g

16 horas com HCL 0,1N

Metais TotalPesa-se 0,2g

6 HF + 5 HNOB3 Forno de Microondas

Filtra-se em Papel de Celulose

Evaporação na Placa Quente

Espectrofotometria deAbsorção Atômica

GBC Avanta

32

12.3-Técnica de Fração Disponível para sedimento

A primeira técnica a ser utilizada é a "Disponível”, onde pesa-se mais

ou menos 4g de sedimento de uma amostra em um becker de 80mL, adiciona-se 15mL

de HCL à 0,1N (8,3mL de HCL /1000mL de água ultra-pura - MILLI-Q). Homogeneíza

a amostra e deixa-se em repouso por 16 horas, filtrando-se por gravidade em papel de

celulose de filtração rápida, apenas para reter as partículas, aferi-se o volume final a

15mL e determinam-se os metais pesados no espectrofotômetro de absorção atômica de

chama (GBC Avanta 3000) (MALM, 1986).

12.4-Técnica de Fração Total para sedimento

Pesa-se mais ou menos 200mg de sedimento no suporte de plástico e

logo após colocar no copo de teflon, adiciona-se 6mL de HF concentrado e mais 5mL de

HNOB3 B concentrado, em seguida coloca-se no forno de microondas e, logo após,

transferindo-os para outros copos de teflon e colocando-os no banho de areia. Após

solubilização completa do material ressuspende-se com HCL 0,1N aferindo-se ao

volume final à 15mL, sendo então determinado os teores de metais no espectrofotômetro

de absorção atômica de chama (GBC Avanta 3000) (MALM,op.cit.)

Técnica de Conservação das Amostras Coletadas: Para conservar a amostragem

utilizada em água total (água + partícula) é necessário reagente químico (HNOB3 B)

especificado na fórmula abaixo:

Cálculo para saber quantos mL colocar na amostra coletada:

U5% x 1000mLU = mL

HNOB3 B 65%

12.1-Amostragem

Nas coletas de amostras de água foram utilizados garrafões de

polietileno previamente descontaminados com HNOB3 B a 5%, e enxaguado com água

deionizada. Foram coletadas duas amostras de cada localidade, para se realizarem as

seguintes técnicas: água total: coletando-se 10L de água, e ainda no local, acidifica-se

com 50mL de HNO B3 B, com finalidade de preservação da amostra; particulado em

33

suspensão e água dissolvida, coleta-se 10L, não sofrendo nenhum adicionamento de

reagentes, para uma posterior filtração no laboratório em filtro de celuloses de 0,45 μm

de porosidade.

Foram coletadas amostras de sedimento de fundo dos lagos (Cujubim,

Araçá, Nazaré, Demarcação e Puruzinho), e na calha principal do Rio Madeira no curso

médio (Itacoã e Paraíso); utilizando-se para as coletas a “draga de Ekman” (busca fundo)

para o sedimento de fundo (AGUDO, 1987). Que posteriormente foram acondicionadas

em sacos plásticos e transportadas em caixas de isopor, em uma temperatura

aproximadamente 4°C, visando a redução das atividades metabólicas no sedimento, para

o laboratório de Biogeoquímica Ambiental-UNIR onde foram trabalhadas (GUERRA &

CUNHA, op.cit.).

O material coletado foi mantido sob resfriamento em geladeira. No

procedimento seguinte ocorreu o peneiramento a úmido (fração < 0,075mm) e secado

em estufa (50°C por cerca de 48 hs), maceradas e acondicionadas em frascos de vidro.

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 13. Coleta de sedimento de fundo utilizando draga de “Ekman”.

34

12.2-Análise Laboratorial

Os reagentes – ácido nítrico (HNOB3 B), ácido fluorídrico (HF) e ácido

clorídrico (HCl) – foram utilizados na preparação das amostras, todas P.A. (para

análise), ou seja com elevado grau de pureza. Os padrões de calibração dos metais Cd,

Cu, Cr, Fe, Mn, Pb e Zn são específicos para EAA (Espectrofotometria de Absorção

Atômica) e adquiridos do fabricante MERCK. O equipamento e as soluções tampões

utilizadas para as determinações dos parâmetros físico-químicos da CORNING.

Tabela 2- Material de coleta

Garrafas de poletileno de 10 L Proveta de 50 ml Ácido nítrico, HNOB3.B

Água Milli-Q Equipamento de CORNIG (pH, Oxigênio Dissolvido e Temperatura) levando seus padrões prontos. Sacos plásticos de todos os tamanhos Fita Crepe Adesivo para a identificação Caneta de retro projetor Estilete Perfurador Tubos de PVC e de acrílico Embulos Cordas Borracha para acoplar o perfurador Régua Espátula de plástico Busca Fundo

35

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 14. Saída da equipe para coleta de água no rio Madeira.

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 15. Coleta de perfil, água total e particulado em suspensão dos lagos

36

Fonte: MALM, 1986 adptado por BASTOS, W.R, 1997.

Figura. 25 -ORGANOGRAMA DA METODOLOGIA DE ÁGUA

Particulado em suspensão Água total Medição dos

parâmetros físico-quimicos

Filtra-se 2 L

Acidifica-se 10 L com 50 mL

de HNOB3

CondutividadepH, etemperatura da água

COLETA

Copos de teflonacidificando HNOB3

e HF leva-se forno microondas

Evaporação de água no becker

1000 ou 3000 mL

Banho de areia

Aparelho espectrofotometria

de absorção atômica

Acidificando com HNOB3B e HF leva-se

forno de microondas

Banho de areia

Água dissolvida

Filtra-se 2 L

Copos de teflon Acidificando HCL Ressuspendendo

com 0,1N de HCL

Evaporação de água no becker

1000 ou 3000 mL

37

13-Técnica Analítica para HB2 BO

13.1 - Água total – evapora-se um volume de aproximadamente 5000 mL (VI) em

chapa quente, em becker de 2000 mL até volume de 3,0 mL, transferi-se para copos de

teflon, adicionando-se 5,0 mL de HNO B3 B e 4,0 mL de HF, e leva-se ao forno de

microondas para aceleração do processo de solubilização. Após a digestão transferi-se

para outros tubos de teflon e leva-se ao banho aquecido de areia para evaporação dos

ácidos, ressuspendendo-os em seguida com HCl 0,1N e aferindo-se o volume final (VF)

a 10,0 mL (MALM,op.cit.) .

13.2 -Água dissolvida – utilizando-se um sistema de filtragem com filtro 0,45 μm,

47mm de diâmetro, filtra-se mais ou menos 2000mL de água, o filtrado será chamado de

água dissolvida, coloca-se em um becker e adiciona-se 3,0 mL de HNO B3 B evaporando em

chapa quente até volume de 3,0 mL, ressuspendendo-os com HCl 0,1N e aferindo-se o

volume final (VF) a 10,0 mL (MALM,op.cit .) .

13.3 - Técnica Analítica para Sólidos em Suspensão – Pesa-se o filtro de celulose de

0,45μm previamente seco e, através do sistema de filtragem as partículas em suspensão

ficaram retidas no filtro, coloca-se o filtro na estufa e pesa-se novamente para se obter a

massa final. Coloca-se o filtro em copos de teflon, adicionando 5,0 mL de HNOB3 B e 4,0

mL de HF, leva-se ao forno de microondas. Após a digestão transferi-se para tubos de

teflon em banho de areia para evaporação dos ácidos, ressuspendendo em seguida com

HCl 0,1N e aferindo-se o volume final (VF) a 10,0 mL.

Depois da solubilização as amostras serão destinadas ao

espectrofotômetro de absorção atômica de chama para determinação dos metais,

controlado por um software específico do fabricante (GBC-AVANTA, Modelo-3000)

(MALM, op.cit .) .

38

13.4 - Parâmetros físico-químicos

Inicialmente realizou-se a calibração do aparelho de sistema

modular M-90 da CORNING, que mede os parâmetros relacionados à água

condutividade, pH, oxigênio dissolvido e temperatura.

Adaptando-se o sensor ao módulo de medição de pH ligando a

primeira calibragem (CAL 1), é realizada com a solução de amostra padrão de pH 7

sendo posteriormente a segunda calibração obtida pela amostra pH 4. Na

condutividade adapta-se o sensor ao módulo de medição de condutividade ligando o

aparelho a referência do primeiro valor de calibração (CAL 1) obtem-se segurando o

aparelho e posicionando o sensor no ar que indica a condutividade zero, na segunda

calibração utiliza-se a solução de 1288μS como padrão.

Para a medição e calibração do sensor de oxigênio dissolvido

adapta-se o sensor do módulo de medição de Oxigênio Dissolvido, para a primeira

calibração utiliza-se a solução de oxigênio dissolvido zero, a segunda calibração é

realizada no ar, sendo o valor de calibração de 100%. Entre uma solução e outra de

calibração lava-se a sonda com água deionizada.

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 16. Calibração do aparelho de medição dos parâmetros físico-químicos.

39

Foto: Laboratório de Biogeoquimica Ambiental / UNIR-Maio 2001

Figura 17. Medição “in loco” do parâmetros físico-químicos.

40

14-Resultados

0 200 400 600 800 1000 1200

Concentrações ppb (μg.L-1)

CONAMA

L.Araçá

L.Demarcação

L.Puruzinho

Loca

lizaç

ão

Total Dissolvida

Figura 18. Teores de Ferro nos Lagos em Água Total e Dissolvida.

O elemento Ferro em água total ou seja (água + partícula) no Lago

Araçá situado no Baixo Madeira como consta a figura A em Anexo, apresentou as

maiores concentrações de Ferro ficando três vezes acima da água dissolvida (água

filtrada), do mesmo lago. E acima dos limites permissíveis para consumo humano

determinados pelo CONAMA, tanto em água total como em água dissolvida.

A contribuição dos sedimentos do Rio Madeira através do seu sistema

fluvial invadindo os lagos as suas margens na época das chuvas e a formação de cangas

em alguns lagos, bem como a formação do solo que é do tipo Latossolo rico em teores

de sesquióxidos de Ferro e de solos Lateríticos Concrecionários podem ser fatores

41

determinantes para o valor elevado de Ferro encontrado na água como, principalmente

sua associação com as partículas.

O Lago Demarcação localizado no Baixo Madeira (figura A em

Anexo), o elemento Ferro em água total obteve elevado valor estando acima dos limites

de consumo humano permissíveis e, dentro dos limites de consumo humano em água

dissolvida.

O Lago Puruzinho no Baixo Madeira (figura B em Anexo), situa-se as

menores concentrações de Ferro em água dissolvida em comparação com o Lago Araçá

e Demarcação estando dentro dos limites permissíveis para consumo humano e acima

dos limites permissíveis em água total.

As concentrações do elemento Ferro da localidade de Puruzinho estão

abaixo dos outros lagos justificando-se pela menor atuação do Rio Madeira em

deposição de sedimentos, estando mais protegido do curso de suas águas em um

ambiente sedimentar com perda de carga.

0

100020003000

4000500060007000

Con

cent

raçõ

es e

m p

pb (

÷g.

L-1)

CONAMA Itacoã Humaitá

Localização

Figura 19. Teores de Ferro em Água Total nas cidades ribeirinhas ao Rio Madeira.

42

As altas concentrações do elemento Ferro em água total nas margens

do Rio Madeira nas cidades de: Porto Velho, Itacoã, Paraíso e Humaitá como consta a

figura A e B em Anexo, demonstram a dinâmica elevada do Rio Madeira em transportar

o material sedimentar e sua capacidade de turbidez elevada evidenciada pela cor de suas

águas barrentas, ricas em matéria orgânica. O fluxo de vazão elevado e as águas das

chuvas são os fatores principais para os sólidos em suspensão em suas águas.

O solo Latossolo vermelho-amarelo rico em material argiloso

juntamente com o solo Lateritico Concrecionário com alto teor de Ferro são

características da área de estudo o que colabora com o alto teor de Ferro encontrado no

Rio Madeira.

No decorrer de quase todo o seu curso o Rio Madeira às suas margens

formam-se aluviões. As maiores concentrações de Ferro em água total no Rio Madeira

as suas margens foram obtidas na cidade de Humaitá e Itacoã e as menores em Paraíso e

Porto Velho estando todas as localidades acima dos níveis permissíveis em água total

pelo CONAMA para consumo humano. Em comparação com Humaitá onde obteve-se a

maior concentração de Ferro em água total estando quase cinco vezes acima que a

menor concentração obtida em Porto Velho nas margens do Rio Madeira.

0,1

1

10

100

L.A L.C L.N L.D L.P CONAMA

Localização

Con

cent

raçõ

es p

pb ( ÷

g.L-1

) Cr

Cu

43

Figura 20. Cromo e Cobre em Água Total dos Lagos Araçá (LA), Cujubim (LC), Nazaré (LN),

Demarcação (LD) e Puruzinho (LP).

O elemento Cromo e Cobre não são característicos da região em sua

geologia estando disponíveis em pequenas quantidades no ambiente aquático. O baixo

índice encontrado revela que nos lagos em água total mesmo em ambiente lêntico

caracteriza-se pela vazão reduzida da influência do Rio Madeira. Estes elementos não

são cumulativos nas águas naturais dos Lagos encontram-se em proporções baixas.

As concentrações de Cromo e Cobre em todos os Lagos estão abaixo

dos níveis permissíveis de água para consumo humano CONAMA.

O maior valor de Cromo em água total encontra-se no Lago Puruzinho

(figura B em Anexo) e o valor de menor índice no Lago Araçá (figura A em Anexo). O

elemento Cobre obteve as menores concentrações no Lago Cujubim (figura A em

Anexo) e a maior no Lago Demarcação (figura A em Anexo).

01000200030004000500060007000

Con

cent

raçõ

es p

pb (÷

g.L-1

)

L.Nazaré Humaitá CONAMA

Localização

L.NazaréHumaitáCONAMA

Figura 21. Ferro em Água Total entre o Lago Nazaré com o Rio Madeira (Humaitá).

44

A comparação do elemento Ferro em água total do Rio Madeira em

Humaitá entre o Lago Nazaré onde obteve-se os menores índices, com um ambiente

dinâmico e elevado tanto em vazão como em material sedimentar faz-se necessário para

demonstrar que as maiores concentrações obtidas do elemento Ferro decorrem a partir e

no curso do Rio Madeira e suas águas as margens da localidade de Humaitá.

A diferença do elemento Ferro em água total entre Humaitá é maior

aproximadamente vinte oito vezes acima da concentração obtida no Lago Nazaré e

,conseqüentemente para consumo humano. O Lago Nazaré o elemento Ferro encontra-se

próximo do limite de aceitabilidade dos parâmetros permissíveis CONAMA.

1

10

100

1000

Con

cent

raçõ

es p

pb ( μ

g.L-1

)

Porto Velho Itacoã Paraíso Humaitá CONAMA

Localização

Mn Pb Zn

Figura 22. Manganês, Chumbo e Zinco em Água Total no curso do Rio Madeira.

45

Os elementos manganês, chumbo e zinco em água total nas localidades

as margens do Rio Madeira: Porto Velho, Itacoã, Paraíso e Humaitá apresentam-se

dentro dos níveis permissíveis pelo CONAMA. O manganês obteve seu menor valor nas

margens do Rio Madeira em Porto Velho, tendo o seu maior valor em Humaitá.

O Chumbo foi encontrado com o valor mais elevado em Itacoã, e o

menor valor em Porto Velho.

Os níveis de zinco mais elevados foram encontrados em Itacoã e os

menores em Porto Velho. O que ficou evidenciado é que nos três elementos: manganês,

chumbo e zinco a localidade de Porto Velho obteve os menores índices e que em Itacoã

o chumbo aproximou-se do limite máximo permissível de água para consumo humano,

podendo serem originados estes índices elevados por rejeitos no Rio Madeira, pois o

elemento chumbo não é comum em águas superficiais.

0,01

0,1

1

10

100

1000

LA LC LN LD LP CM

Localização

Con

cent

raçõ

es p

pb ( μ

g.L-1

)

MnPbZn

Figura 23. Manganês, Chumbo e Zinco em Água Total dos Lagos Araçá (LA), Cujubim (LC), Nazaré

(LN), Demarcação (LD), Puruzinho (LP) e o índice do CONAMA (CM).

46

Os elementos manganês, chumbo e zinco em água total nos Lagos,

encontram-se todos abaixo dos níveis permissíveis para consumo humano CONAMA. O

elemento chumbo em Lagos foi o que obteve os menores valores próximos ao limite de

detecção da técnica utilizada. O manganês no Lago Demarcação foi o que obteve o

menor valor, sendo o maior verificado no Lago Araçá, pode-se justificar este valor

elevado de manganês por fatores naturais na biota aquática, por deposição de sedimentos

ou por formação geológica, pois não se trata de um ambiente que sofre ação antrópica

constante.

O zinco teve seu maior valor verificado no Lago Cujubim, este Lago

também não sofre ação antrópica que justifique o zinco elevado, mas o zinco é um

elemento comum de se encontrar em águas superficiais, principalmente como em Lagos

devido a fatores naturais das suas águas, e por deposição de sedimentos provenientes das

águas do Rio Madeira.

O menor valor de zinco foi encontrado no Lago Puruzinho

possivelmente justificável pelo ambiente que encontra-se mais afastado de curso

principal do Rio Madeira e sua capacidade de deposição sedimentar.

1

10

100

1000

10000

100000

Con

cent

raçõ

es p

pm ( μ

g.L-1

)

Porto Velho Humaitá

Localização

ZnCrCuMnPbFe

47

Figura 24. Metais Pesados em Sólidos em Suspensão no Rio Madeira.

Os sólidos em suspensão na água do Rio Madeira apresentam uma

característica natural elevada por ser um rio rico em sedimentos em alguns elementos,

principalmente o Ferro e o Manganês nas duas localidades de Porto Velho e Humaitá,

obteve-se valores elevados, tendo Porto Velho o elemento ferro apresentado em sólidos

em suspensão mais de treze vezes menor que a quantidade de Ferro em sólidos em

suspensão encontrados na água da localidade de Humaitá.

A quantidade de Ferro encontrada em Humaitá deve-se a fatores de

deposição e vazão do Rio Madeira carreando material sedimentar intensificado pela

formação geológica de Lateritita da região, e por fatores como o material argiloso rico

em Ferro encontrado.

Os elementos que obtiveram um valor maior na localidade de Porto

Velho foram o: zinco, cromo e cobre o que pode ser originado principalmente, o cromo e

o cobre, do rejeito de fábricas jogado no Rio Madeira e se absorvendo a partícula em

suspensão na água. O elemento cromo em Porto Velho verificou-se o dobro de

concentração obtida em Humaitá , acontecendo o inverso com o elemento chumbo que

em Humaitá obteve-se a sua concentração dobrada em relação a concentração

encontrada em Porto Velho.

1

10

100

1.000

10.000

100.000

1.000.000

L.Araçá L.Demarcação L.Puruzinho

Localização

Con

cent

raçõ

es p

pm ( μ

g.L-1

)

ZnCrCuMnFe

48

Figura 25. Metais Pesados em Sólidos em Suspensão nos Lagos.

Os sólidos em suspensão nos Lagos Araçá, Demarcação e Puruzinho,

apresentaram valores elevados do elemento Ferro sendo quase o dobro do valor

encontrado de Ferro em sólidos em suspensão do Lago Araçá em relação ao Lago

Demarcação e Puruzinho.

O Lago Araçá também obteve um valor elevado de Cobre, Zinco e

Manganês. O Zinco e o Manganês no Lago Araçá obtiveram resultados dez vezes maior

que os resultados em sólidos em suspensão encontrados no Lago Puruzinho. O Lago

Araçá possivelmente sofre influência de sapropel.

Figura 26. Metais em Sedimento dos Lagos Araçá (LA), Nazaré (LN) e Puruzinho (LP).

O ferro foi o elemento que alcançou os maiores índices em sedimento

em Fração Total dos Lagos Araçá, Nazaré e Puruzinho. Os valores elevados do elemento

Ferro no sedimento demonstram que este sedimento se compõe no material sedimentar

originados pela característica geológica da área de estudo.

O cobre no Lago Araçá verificou-se o valor mais elevado em relação

aos Lagos Nazaré e Puruzinho. O manganês no Lago Nazaré foi o local aonde obteve-se

o maior valor podendo este ficar ligado mais ao material de constituição argiloso do que

-50000

500010000150002000025000300003500040000

Cu Mn Fe PbElementos Químicos

Con

cent

raçõ

es e

m ( μ

g.g-1

)

LALNLP

49

ao material arenoso do Lago Nazaré, sua composição orgânica do Lago disponibiliza-se

para o sedimento, aumentando naturalmente o valor do manganês.

O chumbo no Lago Puruzinho apresenta-se com um valor acima mais

de cinco vezes em relação ao local de valor mais baixo em relação a este elemento no

Lago Araçá. O valor elevado do Chumbo no Lago Puruzinho levanta uma possível

influência antrópica na região por rejeitos jogados no Rio Madeira e que chega neste

Lago associando-se ao sedimento depositado no Lago.

Figura 270. Metais em Sedimento dos Lagos Araçá (LA), Nazaré(LN) e Puruzinho (LP).

O elemento zinco em Fração Total no sedimento nos Lagos Araçá,

Nazaré e Puruzinho apresenta-se elevado com variações pequenas em relação aos

resultados de um Lago para outro, apesar do elevado índice não podemos afirmar que

este Lagos estão contaminados, pois o Zinco é um elemento bastante encontrado em

ambientes lênticos como nos Lagos, podendo ser uma característica desta região.

O cromo no Lago Nazaré verifica-se as maiores concentrações em

relação ao Lago Araçá e Puruzinho.

0102030405060708090

LA LN LP

Localização

Con

cent

raçõ

es e

m p

pm ( μ

g.g-1

)

ZnCr

50

2829303132333435

LC LPA LCN CO

Localidades

pH

0

2

4

6

8

10Te

mp/

água

em

ºC

Temp ÁguapH

Figura 28. Temperatura da Água e pH dos Lagos Cuniã (LC), Paraíso (LCN) com o Lago Cujubim (LCN)

O pH nos Lagos Cujubim, Paraíso e Cuniã observou-se que os maiores

valores obtidos foram encontrados em Cujubim com um pH alcalino acima da

neutralidade da escala de pH. Nos Lagos Paraíso e Cuniã o pH esta fora da neutralidade

na escala, sua concentração é ácida. Os Lagos Cujubim, Paraíso e Cuniã verificou-se

que apesar de estar fora da neutralidade da escala estão dentro dos níveis permissíveis

para consumo humano.

Verifica-se que a temperatura da água tem influência direta no valor do

pH que aumenta com a temperatura da água.

51

Figura 29. Coeficiente de Partição do material particulado em suspensão em Água Total nos

Lagos Araçá (LA), Demarcação (LD), Puruzinho (LP) e o ponto situado no Rio Madeira em

Porto Velho (RMV) e Humaitá (RMH).

Nos Lagos Araçá, Demarcação e Puruzinho o coeficiente de partição

(sólidos em suspensão / água dissolvida) dos elementos ferro e manganês encontram-se

com pequenas variações, os valores encontrados nestes Lagos são maiores que os

valores encontrados no Rio Madeira Porto Velho e Humaitá, demonstrando com isto que

nos Lagos a partícula em suspensão absorveu com maior intensidade os elementos Ferro

e manganês.

A disponibilidade da localidade do Rio Madeira Porto Velho dos

elementos ferro e manganês demonstram uma variação elevada de concentração retida

na partícula do elemento manganês, que obteve um índice maior em relação ao elemento

Ferro que encontra-se mais disponível na água que na partícula.

Na localidade de Humaitá os elementos ferro e manganês verifica-se

que a relação partícula em suspensão e água mantém um equilíbrio na sua

disponibilidade.

Coeficiente de Partição MPS/H2O

10000

100000

1000000

10000000

LA LD LP RMV RM H

Localização

Kd Fe

Mn

52

Tabela 3. Parâmetros físico-químicos.

Códigos Localidades pH Temp Água

Temp Amb

TDS Condut

RMI Rio Madeira Itacoã 6,39 27,6 ºC 27,2 ºC 489 mg.L P

-1P 9,91mS

LC Lago Cujubim 7,89 34,ºC - - - LPA Lago Paraiso 6,22 31,ºC 27,1ºC 249 mg.L P

-1P 5,19 mS

LCN Lago Cuniã 6,13 30,ºC 29,ºC 327 mg.L P

-1P 7,62 mS

RMPG Rio Madeira Papagaio 6,6 27,5 ºC 27 ºC - - RMPI Rio Madeira Primor 6,82 27,9ºC 27,6ºC 460 mg.L P

-1P 9,28 mS

CM CONAMA 5 < 9

Os resultados constatados a partir de duas localidades: o Lago Cujubim

e o Rio Madeira Itacoã demonstram como comparação com outros pontos de analise,

características importantes dos Lagos e do Rio Madeira.

O pH do Lago Cujubim em comparação com os Lagos Paraíso e Cuniã

encontram-se alcalino, e intrinsicamente ligado a temperatura da água. O ambiente

sapropel é um fator que verifica-se a diferença no total de sólidos dissolvidos na água

dos Lagos Paraíso e Cuniã.

O pH do Rio Madeira Itacoã, Papagaio e Primor esta abaixo da

neutralidade da escala de pH. O total de sólidos dissolvidos na água como a

condutividade do Rio Madeira Itacoã apresenta valores maiores que as outras

localidades analisadas.

Constatou-se que os maiores valores tanto em total de sólidos

dissolvidos na água como em condutividade foram encontrados no curso do Rio Madeira

Itacoã e Primor em comparação com os Lagos Paraíso e Cuniã.

53

Figura 30. Cobre e Ferro em sólidos em suspensão e sedimento dos Lagos Araçá (LA) e Puruzinho

(LP).

No Lago Araçá foram obtidos as maiores concentrações dos elementos

cobre e ferro tanto em sólidos em suspensão como em sedimento na Fração Total.

O elemento ferro é que alcançou as maiores diferenças entre o Lago Araçá e

Puruzinho.

O resultado do material sólido em suspensão em cobre e ferro em

ambos os Lagos determina que a quantidade do elemento encontra-se aderido mais

aos sólidos em sus pensão que no sedimento, as altas concentrações de Ferro

demonstram que o fator geológico influencia nos altos teores encontrados na partícula

em suspensão quanto no sedimento.

1

10

100

1000

10000

100000

1000000

LA LP

Elementos Quimicos

Con

cent

raço

es p

pm (

g.g-1

)

Cu So Cu Se Fe So Fe Se

54

Figura 31. Cobre e Cromo em sólidos em suspensão e sedimento dos Lagos Araçá (LA) e Puruzinho

(LP).

O elemento Cobre na Fração Total do sedimento nos Lagos Araçá e

Puruzinho obtiveram um resultado abaixo dos sólidos em suspensão em ambos os

Lagos. No elemento Cromo aconteceu o contrario, os resultados obtidos em

sedimento foram maiores que os sólidos em suspensão nos dois Lagos analisados.

A condição de disponibilidade de ambos os elementos pode estar

intrinsecamente ligada a composição orgânica de absorção da partícula em

suspensão e do sedimento em compactar o metal.

1

10

100

LA LPElementos Quimicos

Con

cent

raço

es e

m p

pm (

g.g-1

)

Cu So Cu Se Cr So Cr Se

55

Figura 32. Cobre, Manganês, Ferro e Chumbo no Sedimento Disponível nos Lagos Araçá (LA), Nazaré (LN) e

Puruzinho (LP).

O sedimento em na Fração Disponível nos elementos ferro e chumbo

dos Lagos Araçá, Nazaré e Puruzinho constatou-se que todos os seus valores

encontrados estão bem abaixo dos elementos cobre e manganês.

Esta diferença mostra que os elementos ferro e chumbo estão menos

disponíveis no granulo do sedimento.

Os resultados com maior valor foram encontrados em cobre e

manganês no Lago Puruzinho que encontra-se fora do curso principal do Rio Madeira

em um ambiente de deposição.

0,1

1

10

100

LA LN LP

Localização

Con

cent

raçõ

es p

pm ( μ

g.g-1

)

Cu Mn Fe Pb

56

15-CONCLUSÕES

O elemento ferro em relação aos outros elementos analisados obteve as

maiores concentrações tanto em água total (água + partícula) como em água dissolvida

(água filtrada), particulado em suspensão e Fração Total no sedimento.

Os altos teores encontrados do Ferro em água apesar de estarem acima

dos níveis permissíveis pelo CONAMA, não evidenciam a sua contaminação, pois as

altas concentrações do Ferro devem-se a fatores naturais principalmente no que se refere

a sua geologia Lateritica e os altos teores em argila formando um ambiente de deposição

sedimentar, principalmente nos Lagos devido ao seu ambiente lêntico e nas localidades

próximas as margens do Rio Madeira onde foram encontrados os maiores valores deste

elemento.

A vazão, turbidez e pluviosidade tem grande influência no material

sedimentar transportado do Rio Madeira para os Lagos encontrados na partícula em

suspensão quanto no sedimento. A disponibilidade do elemento Ferro apenas não foi

elevada na Fração Disponível no sedimento em Lagos e no Rio Madeira demonstrando

que grande parte do material que é transportado no Rio Madeira encontra-se mais na

água que na partícula.

Este fato fica evidenciado no Coeficiente de Partição que demonstra

que nos Lagos o elemento ferro e o manganês esta aderido com maior intensidade na

partícula em suspensão que na água em comparação com as localidades analisadas do

Rio Madeira Porto Velho e Humaitá.

Os elementos manganês, chumbo, zinco, cobre e cromo em Água Total

encontram-se bem abaixo dos níveis permissíveis pelo CONAMA nos Lagos e nas

localidades próximas ao Rio Madeira. A localidade de Itacoã apresenta um índice um

pouco mais elevado de chumbo aproximando-se do limite permissível. O chumbo não é

um elemento natural de ambientes aquáticos o que pode ser originado as concentrações

encontradas por rejeitos jogados no Rio Madeira.

57

O elemento zinco no Lago Cujubim e manganês no Lago Araçá

também sofrem uma considerável variação o que torna-se evidente em ambos os Lagos é

que nestes elementos as concentrações são fatores originados de forma natural pois estes

Lagos não sofrem influência antrópica.

O cromo e o cobre em sólidos em suspensão no Rio Madeira próximo

a localidade de Porto Velho constatou-se um valor elevado em comparação com a

localidade de Humaitá que tem como valor de maior intensidade o chumbo, nestes dois

elementos chegamos a mesma conclusão, que tanto a localidade próxima ao Rio Madeira

Porto Velho como em Humaitá podem estar sofrendo contribuições por rejeitos

industriais.

Na comparação dos parâmetros físico-químicos do Lago Cujubim

contatou-se que nos Lagos o pH aumenta com a temperatura da água. Nas localidades no

curso do Rio Madeira em Itacoã como nas outras localidades analisadas foram

encontrados os maiores valores tanto em total de sólidos dissolvidos como em

condutividade.

58

16-CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos neste trabalho reafirmam a importância do

biomonitoramento da Região do Baixo Madeira tanto no Curso principal do Rio Madeira

como dos seus lagos que tem fundamental importância não só para a população

ribeirinha que utiliza suas águas para ingestão e uso doméstico, retirando-se também sua

principal fonte protéica que é o pescado, como também para áreas mais desenvolvidas

próximas as margens do Rio Madeira.

A verificação continua dos compartimentos ambientais e dos

elementos químicos fornecerão os teores de metais pesados dos lagos e da calha

principal do Rio Madeira comparando os resultados obtidos e revelando qual a

contribuição dos elementos que estão sendo levados aos lagos e o Curso principal do

Baixo Madeira, comparando assim os teores desses elementos com os níveis

permissíveis pela Legislação vigente.

A continuidade deste trabalho faz-se necessária pois existe uma

perspectiva futura de um possível aumento de industrias com a implantação do gás

Urucu, podendo ocasionar um surto industrial na região.

O biomonitoramento continuo determinaria e quantificaria os teores de

metais pesados no decorrer do tempo constatando se existe um aumento ou não de seus

níveis.

59

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62

Apêndice