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RETIRANTES, de Candido Portinari, 1944.
O Quadro RETIRANTES, de Candido Portinari, mostra a necessidade que o povo brasileiro tem de
abandonar sua terra em busca de uma vida melhor em outra parte do país. Isso é e uma metáfora de
nossa história: nós somos um povo errante, faminto por uma vida decente, por emprego e renda e,
também, por justiça social e respeito. Nosso povo ainda caminha pela vida sem obter o que tanto
procura e, acima de tudo, merece: uma existência digna!
A obra tem influências do pintor cubista Picasso e mostra a miséria que atingia e ainda atinge o
nosso país. Portinari retrata, com talento ímpar, o sofrimento real e, ainda hoje, presente de norte a sul
do Brasil. Economia e Direito devem caminhar juntas para promover uma sociedade democrática e
uma justiça social efetiva. Só assim a pintura de Portinari será apenas uma lembrança de um
passado distante.
Que Deus ilumine nosso caminho!
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Recado ao aluno(a)Recado ao aluno(a)Recado ao aluno(a)Recado ao aluno(a)
O objetivo deste trabalho é apenas substituir a rotina de “ditar a
matéria” em sala de aula. Além de cansativo, perdemos muito tempo com todo o
trabalho de ditar, copiar e ditar de novo...
Também não queria deixar os alunos sem um material de fácil acesso
e conteúdo mais simples e sintético. Assim, aproveitei que alguns alunos digitavam
a matéria de sala e, com algumas correções e acrescentando alguns detalhes, estas
notas de aula nasceram. Agradeço muito a todos aqueles que me forneceram suas
“anotações digitais” para compor este trabalho.
Veja: Veja: Veja: Veja: não se trata de uma apostila, livro texto ou coisa do gêneronão se trata de uma apostila, livro texto ou coisa do gêneronão se trata de uma apostila, livro texto ou coisa do gêneronão se trata de uma apostila, livro texto ou coisa do gênero. O que
você tem em mãos é apenas um conjunto de anotações, por isso “notas de aulanotas de aulanotas de aulanotas de aula”. Não
substitui a leitura da bibliografia indicada na última página. Apenas economiza
trabalho manual e nos poupa tempo!
Assim, leve sempre estas notas para a aula. Você poderá acompanhar
melhor o curso e, se quiser, fazer mais anotações e complementar o seu material de
estudo.
Boa sorte e bom semestre!
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Sumário
1) A Ciência Econômica..............................................................................4
1.1) Definição de Economia. ..................................................................................................................4
1.2) O Objeto da Ciência Econômica e os Fenômenos Econômicos. ....................................................5
1.3) A Relação entre Economia e as demais Ciências Sociais. ..............................................................6
2) Evolução do Pensamento Econômico..................................................10
2.1) Mercantilistas .................................................................................................................................10
2.2) Fisiocratas ......................................................................................................................................11
2.3) Escola Clássica ...............................................................................................................................12
2.4) Crítica ao liberalismo .....................................................................................................................13
2.5) Crítica Marxista..............................................................................................................................14
2.6) Crítica Keynesiana .........................................................................................................................17
2.7) Neoliberalismo................................................................................................................................19
3) Divisão didática entre Macro e Microeconomia ................................22
4) Introdução à Microeconomia..............................................................22
4.1) Alguns Aspectos do comportamento do consumidor.....................................................................22
Transição demográfica e o consumidor..............................................................................................24
4.2) Análise da Empresa........................................................................................................................26
4.3) Empresa, Estabelecimento e Empresário. .....................................................................................27
4.4) Solvência e liquidez ........................................................................................................................28
4.5) Teoria da Concorrência. ................................................................................................................30
Lei da oferta e da procura...................................................................................................................35
5) Introdução à Macroeconomia e Estudos dos Agregados
Macroeconômicos ......................................................................................36
5.1) Noções de Contabilidade Nacional;..............................................................................................36
Balanço de Pagamentos ......................................................................................................................36
Produto Interno Bruto (PIB)...............................................................................................................37
Riqueza, Renda e distribuição. ...........................................................................................................39
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).......................................................................................47
Índice de Progresso Social (IPS). .......................................................................................................48
5.2) Taxa de Câmbio..............................................................................................................................49
5.3) Taxa de Câmbio e Balança Comercial ..........................................................................................51
5.4) O Investimento e a Taxa de Juros. ...............................................................................................53
Expectativas e incertezas ....................................................................................................................55
Regime de Metas para Inflação ............................................................Erro! Indicador não definido.
5.5) Inflação...........................................................................................................................................56
Moeda.................................................................................................................................................56
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Inflação e índice de Inflação...............................................................................................................59
Tipos de inflação. ...............................................................................................................................59
Efeitos da inflação sobre a economia. ................................................................................................60
Conflito redistributivo ........................................................................................................................61
5.6) O Nível de Emprego. ......................................................................................................................64
6) O Setor Público e o Comércio Internacional.....................................67
6.1) O papel do Estado nas Economias Capitalistas. ...........................................................................67
6.2) Receita e Despesas Públicas e o Déficit Público; .........................................................................72
Receita Pública ...................................................................................................................................72
Despesa Pública..................................................................................................................................74
Déficit Público....................................................................................................................................77
6.3) O Comércio Internacional e a Globalização da Produção; ..........................................................78
Comércio Internacional ......................................................................................................................78
Barreiras à entrada..............................................................................................................................80
Globalização.......................................................................................................................................81
6.4) Mundialização do Capital Financeiro;..........................................................................................83
6.5) Blocos econômicos. ........................................................................................................................84
Fases da formação de Blocos Econômicos .........................................................................................88
6.6) A Tecnologia e a Educação como variáveis sistêmicas de competitividade. ................................88
Bibliografia Básica: ...................................................................................92
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1) A Ciência Econômica
1.1) Definição de Economia.
Economia é ciência que estuda a alocação dos recursos escassos em face
dos desejos ilimitados da humanidade. Assim, vamos nos ater à produção, circulação e
distribuição da riqueza socialmente construída.
A palavra "economia" pode ser traçada de volta à palavra grega
οικονοµία, "aquele que administra um lar", derivada de οικος, "casa", e νέµω, "distribuir
(especialmente administrar)". De οικονόµος derivou-se οικονοµία, que tinha não apenas
o sentido de "administração de um lar ou família", mas também de "frugalidade",
"direção", "administração", "acordo", e "renda pública de um Estado".
O primeiro registro do significado da palavra "economia", encontrado em
um trabalho possivelmente composto em 1440, é "a gestão de assuntos econômicos",
nesse caso, de um mosteiro. 'Economia' é também registrada com outras acepções
compartilhadas com οικονοµία em grego, inclusive "frugalidade" e "administração". O
uso atual mais frequente, "o sistema econômico de um país ou área", não parece ter se
desenvolvido até o séc. XIX ou XX.
Uma definição que captura muito da ciência econômica moderna é a de
Lionel Robbins em um ensaio de 1932: "a ciência que estuda as formas de
comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades
a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos."
Escassez1 significa que os recursos disponíveis são insuficientes para
satisfazer todas as necessidades e desejos. Estando ausentes a escassez dos recursos e a
possibilidade de fazer usos alternativos desses recursos, não haverá problema
econômico. A disciplina assim definida envolve, portanto o estudo das escolhas uma
vez que são afetadas por incentivos e recursos.
A economia enquanto uma disciplina contemporânea se fia em estilos
rigorosos de argumentação. Os objetivos incluem a formulação de teorias que sejam
mais simples, mais frutíferas e mais confiáveis do que outras teorias ou nenhuma teoria.
A análise pode começar com um simples modelo que propõe uma hipótese de uma
variável a ser explicada por outra variável. Com frequência uma hipótese em economia
1 Obs.: Em uma sociedade perfeita, próspera, meritocrática e justa, na qual as pessoas têm pleno acesso à educação, a saúde, habitação, justiça, alimentação etc, poderemos falar em existência de escassez? Sim. Sempre haverá escassez de alguma forma, porque, por exemplo, mesmo que todo mundo que deseja e mereça se gradue em medicina, poucos vão poder ser chefes de hospital, pois há um para cada unidade. Há também escassez de tempo, espaço etc.
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é somente qualitativa, não quantitativa. Isto é, a hipótese implica a direção de uma
mudança em uma variável, não o tamanho da mudança, para certa mudança de outra
variável.
As roupas que vestimos, a escola que frequentamos, o salário que
recebemos, os problemas do desemprego e da inflação, todos esses elementos e muitos
outros estão relacionados com as condições econômicas em nosso país. O estudo da
Economia permite, dessa maneira, uma melhor compreensão dos problemas
socioeconômicos que afetam a nossa sociedade.
1.2) O Objeto da Ciência Econômica e os Fenômenos Econômicos.
Não há verdadeiramente fenômenos exclusivamente econômicos, sociais
ou políticos, pois os fenômenos são sociais. À economia interessam todos os
fenômenos, estudando-os de forma específica e utilizando um método próprio.
Assim, os fenômenos econômicos (ou estudados pela economia) são os
decorrentes da atividade econômica, ou seja, os decorrentes da produção de bens
escassos para satisfazer as necessidades ilimitadas do homem. Porém, a atividade
econômica não é mais do que uma parte da vida em sociedade, não é mais do que um
domínio da realidade social: o agricultor que lavra a terra e semeia as batatas é o mesmo
que vende as mercadorias no mercado abastecedor, batiza o seu filho na igreja
paroquial, pode ser eleito pelo partido X para a Câmara Municipal e que é torcedor de
um clube de futebol.
Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos;
contudo as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a
sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da
atividade produtiva aos vários grupos da sociedade.
Deste dilema originam-se os problemas econômicos fundamentais:
a. O quê e quanto produzir? Dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá
de escolher, quais produtos serão produzidos e em que quantidades.
b. Como produzir? A sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção
serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico
existente, a preocupação com o meio ambiente, as leis trabalhistas etc.
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c. Para quem produzir? A sociedade terá também que decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção (demanda, oferta,
determinação de salários, das rendas das terras, dos juros etc).
d. Depois da produção, quem fica com o que (como a renda se distribui)?
e. Como reaplicar os recursos para manter a reprodução social e garantir uma
sociedade mais justa?
Em economias de mercado, esses problemas são resolvidos pelos
mecanismos de preços atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias nas
quais há intervenção do Estado, essas questões podem ser decididas por um órgão de
planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das
necessidades do país, e não, necessariamente, pela oferta e demanda no mercado.
1.3) A Relação entre Economia e as demais Ciências Sociais.
Na Economia, ao contrário de outras ciências, não se estudam fenômenos
externos a sociedade, como o nitrato de sódio, uma equação diferencial, a física
quântica ou o ornitorrinco, mas sim o ser humano e a sociedade. O fato de o objeto da
ciência econômica ser o próprio ser humano traz à Economia algumas características
especiais, que ela partilha com as outras ciências humanas (a psicologia, a sociologia, a
antropologia, direito etc.).
Em primeiro lugar, é de notar que esse fato torna a ciência social muito
mais difícil. É como jogar xadrez com peças que nunca estão paradas. O ser humano
muda, é complexo e imprevisível. Se os resultados da análise da química, física,
matemática se podem considerar (quase) imutáveis e obtidos de uma vez para sempre,
nas ciências humanas a única garantia é que a certeza de hoje será contestada na nova
realidade de amanhã.
Por outro lado, uma enorme quantidade de problemas científicos nasce
do fato de o analista e o objeto de análise serem da mesma natureza. Os resultados da
análise tocam pessoalmente o analista, pelo que é difícil separar o resultado científico da
opinião pessoal.
Cada ciência social vai estudar a sociedade sob um determinado ponto de
vista, todavia sabemos que esta divisão é meramente didática e que o fenômeno social é,
por natureza, complexo e interdisciplinar. Simplificando, a sociedade é uma só e o que
acontece é uma divisão entre as formas de estudá-la (diferentes ciências humanas e
sociais) para tentar compreender mais facilmente e profundamente cada área.
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Mas é importante compreendermos que um simples ato gera reflexos em
diversas áreas da ciência, assim como influencia várias áreas da sociedade. Por
exemplo, a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Isso gerou reflexos
sociológicos, mudando toda a forma de inserção da mulher na sociedade e, por que não
dizer, da relação entre homens e mulheres.
Pode-se falar que isso reflete também na economia, pois aumenta a renda
familiar, mudam os gastos. Vê-se uma alteração até mesmo na legislação, seja ela
trabalhista, com a introdução da licença maternidade, ou na penal, dando maior proteção
à mulher, como a tipificação do assedio sexual2.
Assim, podemos dizer que a economia está profundamente ligada as
outras ciências humanas e sociais, e que mudanças econômicas acabam por gerar
reflexos em outras áreas da vida em sociedade e vice-versa.
A economia não é uma ciência exata, apesar de apresentar em seu
conteúdo alguma matemática. Pode-se dizer que é uma ciência social aplicada (que
interfere ativamente na vida cotidiana. Assim como o Direito, por exemplo).
Mudanças que ocorrem fora do campo da economia vão, obviamente,
gerar reflexos no funcionamento da mesma. Há, portanto, um mecanismo de
retroalimentação. Isto também é válido para os avanços científicos que surgem nas
ciências exatas e biomédicas. Assim, mesmo quando a mudança está ocorrendo em
áreas das chamadas ciências exatas e biomédicas, a economia acaba por ser
transformada. Basta olharmos as novas tecnologias e os reflexos destas na economia das
pessoas e das sociedades.
Todas as ações no mundo da economia acabam por necessitar de
regulamentação legal. Toda economia opera segundo um conjunto de regras e
regulamentos. Por exemplo: leis trabalhistas, lei de locação, legislação de direito
empresarial, legislação de direito econômico etc.
2 Assédio sexual é um tipo de coerção de caráter sexual praticada geralmente por uma pessoa em posição hierárquica superior em relação a um subordinado (numa relação de trabalho, por exemplo). O assédio sexual caracteriza-se por alguma ameaça, insinuação de ameaça ou hostilidade contra o subordinado. Não é a mera cantada ou um convite para sair, mas sim a coação para que alguém ceda aos “caprichos” de outro. Exemplos clássicos são as condições impostas para uma promoção que envolvam favores sexuais, ou a ameaça de demissão caso o(a) empregado(a) recuse o flerte do superior. Geralmente a vítima do assédio sexual é a mulher, embora nada garanta que ele também não possa ser praticado contra homens. Do mesmo modo o agressor pode ser homem (mais comum) ou mulher. No Brasil o assédio está assim definido no Código Penal (artigo 216-A): "Constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função."
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Essas são apenas algumas das regras existentes em nossa economia. Um
“Sistema Econômico” é a forma como a sociedade está organizada para desenvolver as
atividades econômicas de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e
serviços.
Necessitamos de regras claras e do Poder Judiciário (que se manifesta
quando há – em tese – uma ruptura dos acordos ou atos contrários à legislação) para que
seja possível obtermos uma maior confiabilidade nas relações. Sem confiança e
estabilidade não é possível tomarmos decisões de médio ou longo prazo, inviabilizando
negócios, investimentos e, por fim, toda a economia.
Um exemplo interessante da relação Economia-Direito é o Truste. A
palavra “trust3” designava no Reino Unido (nos séculos XVII e XVIII) um tipo contrato
de custódia e administração de bens, interesses ou valores de terceiros. Trata-se de um
tipo de negócio jurídico que consista na entrega de um bem ou um valor a uma pessoa
para que seja administrado em favor do depositante ou de outra pessoa por ele indicada.
O trust tem sua origem no direito comum da Inglaterra, que permitia ao
instituidor de um fundo ou benefício transferir bens para outra pessoa a fim de ser
administrado para o benefício de terceiros. Isso era especialmente relevante quando um
Inglês necessitava viajar (no século XVIII) para poder comandar negócios espalhados
em diversas partes do globo. Ele poderia deixar alguém tomando conta da fortuna (na
Inglaterra) para prover a família com o que esta necessitasse. Era um instrumento
jurídico.
Com o passar do tempo Empresas começaram a fazer este tipo de
administração de bens. Não demorou muito e algumas empresas começaram a comprar
e administrar diversas empresas. Eles devem ter pensado: Se somos capazes de
administrar diversos negócios de outras pessoas, porque não seriamos com os nossos
próprios empreendimentos?
Isso começa a diminuir a concorrência no seio da economia. A reação é o
surgimento de uma legislação anti-truste:
� Sherman Act, Lei Sherman Antitruste, de junho 1890: Primeira lei federal norte-
americana que impede a formação de trustes e pune a existência deles. O objetivo é a
criação de iguais oportunidades econômicas para todos os empreendimentos.
� Clayton Antitrust Act, Lei Clayton, de 1914: Complementa a Lei Sherman,
detalhando as praticas e os contratos considerados ilegais. Mais tarde ela também vai ser 3 To trust = confiar
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aperfeiçoada pela Lei Celler-Kefauver (Celler-Kefauver Act), de 1950, que trata da
lisura da concorrência.
Fica claro, que neste nosso, exemplo, que um instrumento jurídico teve
influência na economia, que influenciou a legislação e trouxe novas consequências para
a economia.
Todas as ações no mundo da economia acabam por necessitar de
regulamentação legal. As leis criadas com o objetivo de criar normas no mundo dos
negócios e/ou das finanças públicas acabam também por influenciar o desenrolar da
economia. Este mecanismo acaba por unir a Economia e o Direito eternamente. Um
influencia o outro, que influencia o outro... Em um processo sem fim!
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2) Evolução do Pensamento Econômico
A Economia enquanto ciência moderna tem como marco o ano de 1776, com o
lançamento do livro “A RIQUEZA DAS NAÇÕES”, de Adam Smith4. Este autor tinha
em Locke um importante referencial teórico e isto o fazia valorizar a importância do
mercado.
2.1) Mercantilistas
O Mercantilismo é entendido como um conjunto de práticas, adotadas
pelo Estado Absolutista5 na época moderna, com o objetivo de obter e preservar
riqueza. A concepção predominante parte da premissa de que “a riqueza da nação é
determinada pela quantidade de ouro e prata que ela pode acumular”. Isso valia também
para a riqueza individual.
Como o próprio nome diz, o comércio como o principal ponto gerador de
riqueza. Vemos um conceito de riqueza finita e que é concebido tendo como base o
mundo concreto. Ao mesmo tempo, os governantes consideravam que a riqueza que
existia no mundo era fixa, não poderia ser aumentada, portanto, para um país enriquecer
outro deveria empobrecer. Essa concepção foi responsável pelo acirramento das
disputas entre as nações.
As nações europeias adotaram uma política intervencionista, ou seja, as
regras da economia eram ditadas pelo Estado, fato aparentemente lógico na época, pois
o Estado era absolutista e, portanto exercia forte controle sobre a economia. O Estado
passou adotar medidas para diminuir a saída de ouro e prata, como forma de manter a
riqueza no país. Para ampliar esse acúmulo de metais preciosos, várias medidas eram
tomadas, tais como o incentivo a exportação, a restrição da importação, o pacto
colonial, a pirataria e o corso, etc.
4 Escocês de nascimento e professor de Ética da Universidade de Glasgow, Smith, particularmente preocupado com a moral social, publicou em 1776 um livro, que pretendia usar como manual nas suas aulas, mas que se tornou rapidamente um sucesso de vendas. O Ensaio sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações demonstrava, com múltiplos exemplos, como, naturalmente as relações econômicas se ordenavam de forma espontânea, formando um sistema harmônico. O interesse por esta visão foi grande, não só nos salões elegantes mas também nas universidades e meios políticos, nascendo uma ciência para estudar esse sistema e fazendo de Smith o Pai da jovem Economia. Já professor e filósofo de renome, com obras em outros ramos do saber, a sua fama como economista levou-o a nomeação, dois anos depois da publicação do Ensaio, como comissário das Fronteiras da Escócia, onde passou os seus últimos anos. 5 O Absolutismo, ou antigo regime, é uma teoria política que defende que uma pessoa (em geral, o monarca) deve deter um poder absoluto, isto é, independente de outro órgão, seja ele judicial, legislativo, religioso ou eleitoral. Os Estados Absolutistas existiram na Europa, entre os séculos XV e XIX.
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2.2) Fisiocratas
Quando os fisiocratas6 iniciaram a sua atividade teórica, a economia
política ainda não estava separada da política econômica – era ainda, e apenas, um
capítulo da arte do governo. A sua noção de ordem natural significava simplesmente
que eles consideravam que as sociedades humanas eram regidas por leis naturais como
as que governam o mundo físico e a vida de qualquer organismo.
Cada indivíduo saberá, natural e livremente, encontrar o caminho que lhe
é mais vantajoso. É desnecessária qualquer coação social. O homem não deve intervir
nesta ordem natural. Sem a sua intervenção, o mundo marcha por si mesmo. É a
doutrina do laisser faire7, que não significava, todavia, que um governo nada tivesse a
fazer: cabia-lhe suprimir os entraves criados à ordem natural, assegurar a propriedade e
a liberdade, descobrir as leis naturais e ensiná-las.
Para os fisiocratas, só a agricultura é produtiva, dado que só a agricultura
tem a possibilidade de produzir uma quantidade de riqueza superior à que consome.
Consideravam estéreis tanto a indústria como o comércio, contrariando assim, o
pensamento mercantilista da acumulação de metais.
Para eles, a maior importância da economia está na terra, sendo o
agricultor o maior gerador de riqueza. Só a agricultura cria realmente riqueza, porque
nela ao trabalho produtivo se junta à fecundidade da terra. De onde não existia nada
surge o novo!
Os industriais e os comerciantes eram chamados de classes estéreis, pois
não acrescentavam nada de novo à economia, apenas transformavam o que já existia. Os
nobres eram conhecidos como classe parasitária, pois alugavam a terra e obtinham
renda sem trabalhar. Verdadeiramente, só a agricultura produz e nem mesmo a própria
exploração mineira oferece um produto líquido semelhante ao da agricultura. Os nobres
eram conhecidos como classe parasitária, pois alugavam a terra e obtinham renda sem
trabalhar.
6 O termo fisiocrata (fis - natureza; cratos = poder), de origem grega, significa "poder da natureza”. 7 Laissez-faire é parte da expressão em língua francesa "laissez faire, laissez aller, laissez passer", que significa literalmente [o governo não deve fazer nada, deve apenas] "deixai fazer, deixai ir, deixar passar". Esta frase é atribuída ao comerciante Legendre, que a teria pronunciado numa reunião com Colbert, no final do século XVII (Que faut-il faire pour vous aider? perguntou Colbert. Nous laisser faire, teria respondido Legendre). Mas não resta dúvida que o primeiro autor a usar a expressão laissez-faire, numa associação clara com a doutrina liberal, foi o Marquês de Argenson por volta de 1751. A expressão refere-se a uma filosofia econômica que surgiu no século XVIII, que defendia a existência de mercado livre. O laissez faire tornou-se o um dos pontos centrais do liberalismo, que defende que o mercado deve funcionar livremente, sem interferências do Estado.
Notas de aula - Ecopol
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Os agricultores produziam a riqueza social e “a terra era o pai e a mãe de
todas as riquezas”8. Assim, a riqueza é vista como algo físico, concreto e sua expansão
tem um limite (riqueza finita).
2.3) Escola Clássica
O liberalismo surge com a crise do Antigo Regime e o questionamento
dos poderes absolutos do Estado. A intervenção sistemática do governo na economia e a
dificuldade de ação política levam a burguesia a uma série de movimentos para a
tomada do poder.
Isto pode ser visto nos ideais da revolução francesa, ou seja, liberdade e
igualdade. Não deve haver privilégio e é a competência demonstrada no mercado que
dirá quem deve e quem não deve permanecer. Além disso, todos devem ter o direito de
votar e serem votados e novamente a competição irá privilegiar os melhores.
O liberalismo clássico é uma ideologia ou corrente do pensamento
político que defende a maximização da liberdade individual mediante o exercício dos
direitos e da lei. O liberalismo defende uma sociedade caracterizada pela livre iniciativa
integrada num contexto definido. Tal contexto geralmente inclui um sistema de governo
democrático, o primado da lei, a liberdade de expressão e a livre concorrência
econômica.
As teses do liberalismo econômico foram criadas no século XVIII com
clara intenção de combater o mercantilismo, cujas práticas já não atendiam às novas
necessidades do capitalismo. O pressuposto básico da teoria liberal é a emancipação da
economia de qualquer dogma externo a ela mesma.
O criador da teoria mais aceita na economia moderna, nesse sentido, foi
sem dúvida Adam Smith, economista Escocês, que desenvolveu a teoria do liberalismo,
apontando como as nações iriam prosperar. Nela ele confrontou as ideias de Quesnay e
Gournay, afirmando que a desejada prosperidade econômica e a acumulação de riquezas
não são concebidas pela atividade rural e nem comercial. Para Smith o elemento de
geração de riqueza está no potencial de trabalho, trabalho livre sem ter, logicamente, o
estado como regulador e interventor.
O mercado regularia tudo através da “Mão Invisível”. Esse foi o termo
introduzido por Adam Smith em "A Riqueza das nações" para descrever como numa
economia de capitalista livre, (inexistência de uma entidade coordenadora, ou seja, um
8 Marquês de Mirabeau.
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estado que intervenha na economia), a interação dos indivíduos parece resultar numa
ordem, que maximiza a riqueza individual e social. Aqueles que são mais competentes
são premiados e os aqueles que não conseguem se adaptar as exigências (preço,
qualidade etc) são retirados do mercado.
Além disso, como o mercado tende a ampliar sempre a competição, a
sociedade estará sempre avançando, progredindo para um estágio melhor. Tudo isso
ocorre como se houvesse uma "mão invisível" que nos orientasse, não havendo
necessidade de intervenção do Estado.
Outro ponto fundamental é o fato de que todos os agentes econômicos
são movidos por um impulso de crescimento e desenvolvimento econômico, que
poderia ser entendido como uma ambição ou ganância individual. No cômpito geral,
isso traria benefícios para toda a sociedade, uma vez que a soma desses interesses
particulares promoveria a evolução generalizada, um equilíbrio perfeito.
São princípios do liberalismo:
a) Propriedade privada;
b) Livre iniciativa;
c) Livre concorrência;
d) O Estado não deve interferir na economia, pois esta deve ser deixada para a
regulação de mercado;
e) Cabe ao Estado a manutenção dos contratos dentro do princípio do Pacta sunt
servanda9.
2.4) Crítica ao liberalismo
Durante o séc. XIX, e principalmente nas últimas décadas deste, o
liberalismo passou a ser questionado. A sociedade se encontrava dividida em dois
grupos: uma enorme massa de pessoas pobres e, de outro lado, um pequeno grupo de
ricos.
As expressões liberdade e igualdade foram usadas em muitos discursos,
mas nunca se materializaram no mundo real, pois a exploração do mais fraco
ultrapassou os limites do aceitável.
9 PACTA SUNT SERVANDA é o Princípio segundo o qual o contrato obriga as partes nos limites da lei. É uma regra que versa sobre a vinculação das partes ao contrato, como se norma legal fosse, tangenciando a imutabilidade. A expressão significa, em tradução livre, “os pactos devem ser cumpridos”.
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A criação de classes sociais tão diferentes obrigava os mais pobres a todo
tipo de sofrimento e humilhação. Ao negar a uma gigantesca massa de pessoas um
mínimo de dignidade, a igualdade é ferida de morte.
Sem o mínimo existencial o ser humano passa a ser tratado como uma
coisa. A liberdade também fenece diante da fome e da miséria. . E é isso que a pobreza
extrema faz: retira do homem sua condição de ser humano, denegrindo-o da forma mais
vil e cruel.
O pior de tudo: o individuo violentado em seus direitos fundamentais não
tem a quem recorrer, pois o Estado apenas se guia pelo ideal do "laissez faire - laissez
passer", sem intervir...
Veremos dois tipos diferentes de questionamentos com relação ao
liberalismo. A primeira crítica é a MARXISTA. Nela busca-se a derrocada do
capitalismo e a construção de um novo sistema (Revolução). A segunda crítica é a
KEYNESIANA, que visa mudar o capitalismo para que este continue existindo
(Reforma). Isso ocorrerá através de uma intervenção do Estado, corrigindo as possíveis
falhas do mercado.
2.5) Crítica Marxista
Inicialmente, vamos abordar a evolução do conceito de socialismo de
Utópico para Científico. O pensamento socialista foi primeiramente formulado por
Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc e Robert Owen. O socialismo defendido por
estes autores foi, mais tarde, denominado de socialismo utópico pelos autores
marxistas, e vem do fato de seus teóricos exporem os princípios de uma sociedade ideal
sem indicar os meios para alcançá-la.
Saint-Simon defendeu que a nova sociedade deveria ser planejada para
atender o bem-estar dos pobres. Todos estes autores, entretanto, propunham a mudança
social através da criação de comunidades rurais auto-suficientes por voluntários. Estes
autores não consideraram que a sociedade estaria dividida em classes sociais com
interesses antagônicos. Acreditavam que livremente as pessoas iriam combater as
diferenças sociais e a miséria com atos de generosidade. Literalmente, os ricos abririam
mão da riqueza em prol de uma sociedade mais justa.
Em síntese, o "socialismo utópico" pode ser definido como um conjunto
de ideias que se caracterizaram pela crítica ao capitalismo, muitas vezes ingênua e
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inconsistente, buscando, ao mesmo tempo, a igualdade entre os indivíduos, sem antes
devidamente avaliar as condições mais enraizadas que constituíam o capitalismo.
Pode-se dizer que esses autores estavam realmente preocupados com os
problemas de justiça social e igualdade, mas deixavam-se levar por sonhos e
acreditavam que a natureza boa e caridosa do ser humano iria resolver todos os
problemas sociais. Não foi por acaso que ganharam a denominação de socialistas
utópicos ou "românticos".
No chamado socialismo científico, Karl Marx foi o responsável pela
análise econômica e histórica mais detalhada da evolução das relações econômicas entre
as classes sociais. Marx procurou demonstrar a dinâmica econômica que levou a
sociedade, partindo do comunismo primitivo, até a concentração cada vez mais
acentuada do capital e o aparecimento da classe proletária.
Marx se diferenciou dos seus precursores por explicar a evolução da
sociedade em termos puramente econômicos, e se referir à acumulação do capital. Não
só criticava as mazelas da sociedade capitalista, mas ofereceu um modelo alternativo
baseado na igualdade como também analisou os mecanismos de funcionamento do
capitalismo. A mudança do sistema não poderia advir da caridade, mas sim da
consciência e organização da classe explorada, que lutaria (literalmente) por uma
mudança social capaz de acabar com a exploração do homem pelo homem.
Para Marx, a História da sociedade é a História da luta de classes. Isto
ocorre sempre dentro de um “modo de produção”. Este é a forma de organização
socioeconômica característica de uma determinada etapa de desenvolvimento das forças
produtivas e das relações de produção. O modo de produção é a maneira pela qual a
sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. Será formado por
suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.
Sempre há uma classe que produz a riqueza social, mas não se apropria
da totalidade da mesma (classe dominada). Por outro lado há uma classe social que,
apesar de não produzir a riqueza fica com uma parcela significativa desta. Tudo aquilo
que excede a apropriação da classe dominada, vai para a classe dominante.
Assim o modo de produção é um complexo de relações sociais que visa a
manutenção da exploração da classe dominada pela classe dominante. Esta exploração
se materializa pela produção e apropriação do excedente.
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O modo de produção pode ser subdividido em duas partes. A primeira é
a chamada infra-estrutura, ou seja, a economia (apropriação do excedente). É a base do
modo de produção.
Como a organização social é complexa, o sistema precisa criar
mecanismos para a sua perpetuação. Isso acaba determinando as relações sociais, as
ideologias, as estruturas políticas, o direito, etc. A isto Marx chamou de super-estrutura
(instituições não-econômicas).
Assim, a infra-estrutura, é a base econômica da sociedade. Esta
determina a superestrutura que é dividida em ideológica (ideias políticas, morais,
filosóficas) e política (Estado, polícia, exército, leis, tribunais). Portanto a visão que
temos do mundo e as nossas instituições sociais são reflexo da base econômica de nossa
sociedade.
No capitalismo, os trabalhadores assalariados são, fundamentalmente, os
responsáveis pela produção. Recebem pagamento pelo seu trabalho: o salário.
Aparentemente realizam uma troca, visto que, ao contrário dos escravos ou dos servos,
não trabalham de graça para seus patrões. Mas se isso fosse verdade, não haveria como
explicar como vivem os que não produzem.
Assim, na sociedade capitalista, a dominação aparece mascarada.
Inicialmente, temos a falsa sensação de que somos livres para trabalharmos onde
quisermos e também acreditamos erradamente que as pessoas recebem um salário
proporcional ao trabalho executado (qualificação e responsabilidade). Além disso,
devemos supor que as pessoas são racionais e as trocas são sempre feitas pelo seu
equivalente. Assim, o salário recebido no mercado é o valor correto pela oferta de mão
de obra.
Todavia, a mercadoria força de trabalho é especial. Ela é a única que não
é trocada pelo seu equivalente. A remuneração do trabalhador não é o valor da força de
trabalho e sim aquilo que é socialmente aceito para a reprodução da força de trabalho. A
diferença entre o valor da força de trabalho e o que o trabalhador recebe para a
reprodução da força de trabalho é chamado de mais-valia.
Podemos dizer que o trabalhador gera um valor que retorna para ele e
gera também um valor a mais que é apropriado pelo dono dos meios de produção. Este
valor ganhou o nome de mais-valia10.
10 Aqui, apenas para simplificar, não estamos levando em conta custos de produção e tributos. Se incluirmos estes custos o raciocínio acaba sendo o mesmo.
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Podemos concluir que Marx chamou de mais-valia a diferença entre o
valor adicionado pelos trabalhadores (incorporado às mercadorias produzidas) e o
salário que recebem. A mais-valia definida desta maneira é em tudo semelhante ao
trabalho gratuito que escravos ou servos entregavam aos senhores. É uma forma
disfarçada de transferência de um excedente para a classe dominante.
Mais-valia não é lucro (bruto, liquido, real etc). Mais-valia é extraída
no processo produtivo e o lucro é obtido em outra esfera: o mercado.
Imagine um trabalhador que produz 500 pães. De salário ele recebe 200
pães. A mais-valia seria de 300 pães, certo? Se o dono da padaria resolver fazer uma
fogueira com os 300 pães excedentes não sobrará nada para ele vender. Neste caso
haverá mais-valia, mas não teremos nenhum lucro.
Se imaginarmos que mais-valia e lucro são iguais vamos afirmar que
toda atividade econômica numa sociedade de mercado gera lucro, pois sempre a mais-
valia está presente. Várias empresas convivem com prejuízo e algumas vêm até mesmo
a falir. Isso se deve a má administração ou problemas diversos de mercado. Contudo se
há produção teremos extração de mais-valia sempre.
2.6) Crítica Keynesiana
a) Contexto histórico: Crise de 1929.
No início do século XX, os Estados Unidos viviam um período de
prosperidade e de pleno desenvolvimento, até que a partir de 1925, apesar de toda a
euforia, a economia norte-americana começou a passa por sérias dificuldades. Os
valores das ações estavam em níveis elevadíssimos, fora da realidade.
Em 24 de outubro, 70 milhões de títulos foram jogados no mercado -
mas não encontraram quem os comprasse. Sem demanda pelos papéis, os preços das
ações e dos títulos despencaram, gerando uma onda de desconfiança irracional. O dia
passou à história como "Quinta-Feira Negra".
Mas se engana que acredita que a crise de 29 nasceu do mercado de
ações. Este foi apenas o estopim da crise. Podemos identificar dois motivos que
acarretaram a crise:
O aumento da produção não acompanhou o aumento dos salários. Além de a
mecanização ter gerado muito desemprego. A crise de 1929 foi, portanto, uma crise
de superprodução que com grande intensidade se alastrou por toda a economia
norte-americana com reflexos em todo o mundo ocidental capitalista.
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A recuperação dos países europeus, logo após a 1ª Guerra Mundial. Esses eram
potenciais compradores dos Estados Unidos, porém reduziram isso drasticamente
devido à recuperação de suas econômicas.
Diante da contínua produção, gerada pela euforia norte-americana, e a
falta de consumidores, houve uma crise de superprodução. Os agricultores, para
armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As
indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando
mais ainda a crise.
A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis
na Bolsa de Nova York, o maior dos centros capitalistas da época, despencaram,
ocasionando a quebra da bolsa. A partir daí a crise virou uma bola de neve: milhares de
bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-
americanos perderam o emprego em questão de meses.
b) Intervenção do Estado
Com esta forte crise, a política liberal que era a tônica da ação do
governo passou a ser questionada. A ideia de que o Estado não deve interferir foi
colocada em xeque. Para solucionar a crise, o eleito presidente Franklin Roosevelt,
propôs mudar a política de intervenção americana. Surge, em 1932, o New Deal (novo
acordo)11, que foi implementado a partir de 1933.
O antigo acordo era o liberalismo, porém com o novo acordo o Estado
passa a intervir na economia principalmente, no caso Norte Americano, através de obras
públicas. O objetivo era gerar empregos e ativar a economia.
Oferecendo uma saída para a crise vivenciada, John Maynard Keynes
postulou uma teoria que rompia totalmente com a idéia liberalista do “deixai fazer”,
afirmando que o Estado deveria sim, interferir na sociedade, na economia e em quais
áreas achasse necessário. Essa foi a base do New Deal.
Desta forma, se antes, o Estado não interferia na economia, deixando
tudo agir conforme o mercado, agora passaria a intervir fortemente. O resultado disso
foi a criação de grandes obras de infra-estrutura, salário-desemprego e assistência aos
trabalhadores, concessão de empréstimos, etc. Com isso, os Estados Unidos
11 Cerca de 3 anos mais tarde, em 1936, essas políticas econômicas foram teorizadas e racionalizadas por Keynes em sua obra clássica Teoria geral do emprego, do juro e da moeda.
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conseguiram retomar seu crescimento econômico, de forma gradual, tentando esquecer
a crise que abalou o mundo.
As obras públicas tinham como objetivo a geração de emprego. A ação
do Estado deveria ser orientada para fortalecer a economia e ampliar o seu
desenvolvimento. Keynes disse que o principal objetivo era a busca do PLENO
EMPREGO, ou seja, os trabalhadores deveriam estar empregados.
A partir da segunda guerra mundial, o Estado passa a atuar como agente
do desenvolvimento, não apenas para gerar empregos, mas também para romper
barreiras e superar dificuldades que geravam entraves para o crescimento da economia.
Assim, durante o séc. XX vamos ver crescer a ação do Estado e sua interferência na
vida privada.
O modelo do Estado intervencionista (Welfare State) foi adotado por
muitos países, principalmente na Europa, após o fim da Segunda Guerra Mundial, já
que a interferência estatal parecia essencial para a recuperação do mundo no pós-guerra.
Além disso, vários países, incluindo o Brasil, tiveram no Estado um indutor de
crescimento econômico.
Devido a longa era de prosperidade - quase 40 anos de crescimento - que
impulsionou o mundo ocidental depois da segunda guerra, graças as diversas adoções
das políticas keynesianas e sociais-democratas, os liberais recolheram-se para a sombra.
Mas a partir da crise do petróleo de 1973, seguida pela onda inflacionaria que
surpreendeu os estados de bem-estar social, o liberalismo gradativamente voltou à cena.
Porém não era mais movimento do século XIX, era algo que queria se mostrar como
novo: o neoliberalismo.
2.7) Neoliberalismo
Neoliberalismo, em sentido amplo, é a retomada dos valores e ideais do
liberalismo político e econômico que nasceu do pensamento iluminista e dos avanços da
economia decorrentes da revolução industrial do final do século XVIII, com a
adequação necessária à realidade política, social e econômica de cada nação em que se
manifesta.
Em sentido mais estrito designa, nas democracias capitalistas no final do
século XX e início do XXI, as posições pragmáticas e ideologicamente pouco definidas
dos defensores da política do "estado mínimo". Este deve interferir o menos possível na
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liberdade individual e nas atividades econômicas da iniciativa privada e, ao mesmo
tempo, questionava o estado de bem-estar social.
O movimento se inicia a partir dos anos 6012, e principalmente no final
dos anos 70, com a crise dos países centrais, o keynesianismo também foi passou a ser
questionado, pois problemas como inflação e instabilidade econômica tornaram-se reais.
Foi assim que nasceu um novo modelo de liberalismo: o neoliberalismo13, o qual
estabelecia certo limite ao Estado e afirmava que as garantias da liberdade econômica e
política estavam ameaçadas pelo excesso de intervencionismo.
Conforme o neoliberalismo, Estado e Mercado são formas de
organizações antagônicas e irreconciliáveis. Vamos assistir no final do séc. XX uma
série de privatizações, reformas de cunho liberal da constituição, desregulamentação da
economia, etc. O pacta sunt servanda voltou ao discurso e a intervenção do Estado nos
contratos passou a ser questionada.
Assim, o Neoliberalismo é a resposta à crise do capitalismo decorrente,
segundo os neoliberais, da expansão da intervenção do Estado do mercado e na vida
privada. Outra faceta específica da política neoliberal também atinge diretamente a
relação de gastos que o Estado mantém com as necessidades essenciais da sociedade
civil.
De acordo com tal ideologia, os gastos públicos do governo neoliberal
com educação, previdência social e outras ações de cunho assistencial devem ser
reduzidas ao máximo. Caso essas demandas se ampliassem, o próprio desenvolvimento
da economia, através do mercado, proveria meios para que a sociedade civil resolvesse
tais questões.
Muitos argumentam que com a crise iniciada em 2007, nos EUA, o
neoliberalismo, novamente, vai sair de cena. A presença do Estado e a intervenção na
economia já é uma realidade. E a cada momento fica mais forte: colocado como meio
para salvaguardar os empregos e diminuir seus efeitos na sociedade ou ajudar as
12 Apesar do fato de que o grande inspirador do neoliberalismo foi Friedrich August von Hayek. No livro O Caminho da Servidão (de 1944), o autor afirma que o intervencionismo estatal leva "a civilização ao colapso". Hayek expôs os princípios básicos de sua teoria, segundo a qual o crescente controle do estado é o caminho que leva à completa perda da liberdade e a sérios problemas econômicos. 13 Entre as décadas de 1970 e 1980 observamos que os primeiros governos neoliberais ganharam espaço no cenário político internacional. Ronald Reagan, nos Estados Unidos; Margaret Thatcher, no Reino Unido; e Helmut Kohl, na Alemanha são considerados os primeiros grandes precursores desse modelo de desenvolvimento. Logo em seguida, outras nações menos desenvolvidas, como Brasil e Argentina, tomaram medidas em favor desse novo molde.
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empresas (principalmente instituições financeiras) a sobreviverem a essa violenta
turbulência.
Um dos exemplos disso foi o que aconteceu com a General Motors
(GM), um dos grandes ícones do desenvolvimento econômico norte-americano, que foi
a bancarrota. A solução para evitar um eventual "desastre" na economia interna dos
EUA foi a "estatização" pelo governo. Com a avalanche que atingiu o centro do
império, abalando os principais pilares do modelo neoliberal, o caso da GM é simbólico
e para muitos significa o fim da hegemonia do neoliberalismo.
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3) Divisão didática entre Macro e Microeconomia
Ramo da ciência econômica que estuda o comportamento e a forma pela qual as
unidades isoladas que compõem a economia -- consumidores privados, famílias, empresas
comerciais, industriais e de serviços, trabalhadores, produtores de bens ou serviços particulares
agem e reagem umas com as outras.
Surgida no final da década de 30, quando também se criou a macroeconomia,
apresenta uma visão ‘microscópica’ dos fenômenos econômicos, englobando a TEORIA DO
CONSUMIDOR (análise da intenção dos indivíduos de apropriarem determinada quantidade
de bens para satisfazer ao máximo suas necessidades), a teoria da produção ou TEORIA DA
FIRMA, do custo e do rendimento (enfoque no empresário, que procura combinar os fatores de
produção a fim de maximizar os lucros). Por fim, temos o estudo do mercado, que é o “local”
de encontro da demanda e da oferta, no qual será formado os preços (formados no mercado
pela combinação das intenções dos consumidores com as disponibilidades oferecidas pelos
empresários).
Já a macroeconomia estuda os agregados econômicos e suas relações. Assim,
não se trata do consumo individual e sim do consumo agregado, que é a soma do consumo de
vários indivíduos, por exemplo. Portanto, é a parte da ciência econômica que focaliza o
comportamento do sistema econômico como um todo.
Esta possui como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados
estatísticos: a renda nacional; o nível de emprego e dos preços; o consumo, a poupança e os
investimentos totais, ou seja, a totalização dos aspectos individuais analisados na
microeconomia.
4) Introdução à Microeconomia
4.1) Alguns Aspectos do comportamento do consumidor.
Alguns fatores vão determinar o nível de consumo e o que é consumido.
Assim, alguns aspectos podem ser destacados para compreendermos melhor o
comportamento do consumidor, dentre eles:
a) Preço: Quando maior o preço, menor será a quantidade demanda, e vice-versa. Ao
encarar diversos produtos e seus diversos preços, o consumidor pondera utilidade X
preço para fazer sua escolha. Mas, de modo geral, quando o preço de um produto
diminui, o seu consumo aumenta.
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b) Preferências do consumidor (“qualidade” percebida pelo consumidor).
c) Renda (do consumidor): Inicialmente, somos levados a pensar que quanto maior a
renda, maior será o consumo. De modo geral, isso até é verdade, porém algumas
observações precisam ser feitas.
Para os bens normais, quanto maior a renda maior o consumo. Ex:
roupas, viagens. Por outro lado, os bens inferiores são aqueles que, quanto maior a
renda, menor será o consumo. Ex: passagens de ônibus. Finalmente, existem os
chamados bens indiferentes, ou seja, aqueles que quando a renda aumenta ou diminui
(dentro de limites razoáveis), o consumo praticamente não se altera. Ex: sal, remédio,
papel higiênico.
OBS: A partir de um determinado nível de renda, o aumento dos rendimentos gera um
acréscimo de consumo numa proporção menor.
d) Preço dos bens relacionados: Chamamos de bens substitutos aqueles que, quando o
preço de um aumenta, o consumo do outro aumenta. Ex: margarina e manteiga.
Se Y e Z são bens complementares, uma diminuição no preço de Y aumenta o consumo
de Z. Ex: picanha e carvão.
Suponha que o preço do iogurte congelado caia. A lei da demanda diz
que você provavelmente comprará menos sorvete. Uma vez que o sorvete e o iogurte
congelado são, ambos sobremesas frias, cremosas, elas satisfazem desejos semelhantes
e por isso recebe o nome de BEM SUBSTITUTO. Outros pares de bens substitutos são, por
exemplo, cachorros-quentes e hambúrgueres, suéteres de lã e casacos de moletom,
ingressos para o cinema e locação de fitas de vídeo.
Suponha agora que o preço da cobertura de chocolate quente caia. De
acordo com a lei da demanda, você comprará mais sorvete, porque em geral a cobertura
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e o sorvete são usados em conjunto. Quando a quedo no preço de um bem aumenta a
demanda por outro bem, os bens são chamados de BENS COMPLEMENTARES. Outros
pares de bens complementares são gasolina e automóveis, computadores e software,
patins e ingressos para a pista de patinação.
e) Expectativa sobre a oferta: Suas expectativas em relação ao futuro podem afetar
hoje a sua demanda por um bem ou serviço. Por exemplo, se você espera um aumento
em sua renda a partir do próximo mês, você pode estar disposto a gastar parte de sua
poupança na compra de um produto qualquer. Outro exemplo, se você espera uma
queda no preço do bem para amanhã, você pode estar menos disposto a comprar hoje
uma unidade deste produto.
OBS: A demanda de mercado é o somatório de todas as demandas individuais por um
dado bem ou serviço. Assim, a quantidade demandada pelo mercado não depende
apenas do preço do bem, mas também da renda, gostos e expectativas dos
consumidores, bem como dos preços de bens relacionados. Trabalharemos, em geral,
com a curva de demanda de mercado. Ela nos mostra como a quantidade total
demandada de um bem varia quando o preço do bem varia.
Transição demográfica e o consumidor
Durante o séc. XX, a população brasileira vai passar por uma grande
transformação. No início do século, a população era majoritariamente rural, todavia,
com o correr do tempo, as pessoas foram morar nos centros urbanos. No final do
século, mais de 80% dos brasileiros viviam nas cidades. A cidade é o local do consumo,
nela nós dependemos do mercado.
Pois bem, diante da constatação de que todos são consumidores em
potencial e, mais do que isso, estão ética e sociologicamente integrados no cenário
econômico da sociedade de consumo, pode-se calcular a importância do estudo e da
regulamentação desse agente econômico - o consumidor -, bem como das relações e
fenômenos a ele relacionados.
Praticamente todos os setores da vida atual são, direta ou indiretamente,
sustentados por relações de consumo de bens ou de serviços: o lazer, o estudo, a saúde,
a moradia, que engloba a locação de imóveis e a construção civil, a alimentação, etc. Os
interesses do consumidor deixaram de ter apenas conotação individual e passaram a
representar interesse público.
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A qualidade e a segurança dos produtos e serviços colocados no
mercado de massa, a garantia de adequação dos mesmos, a idoneidade do fornecedor, a
confiabilidade da propaganda são questões que interessam não apenas ao individuo que
adquire este ou aquele bem, mas a toda a coletividade, que deseja reduzir os riscos
inerentes às relações de consumo.
Formamos, hoje, uma sociedade de consumo de massa (e, também, de
contratos feitos de forma massificada). Assim, o consumidor foi sendo colocado numa
situação de cada vez mais fragilidade. Passou a ser necessária a intervenção do Estado
para que os grandes grupos econômicos não se aproveitassem dessa situação.
A prestação de serviços tornou-se impessoal e informatizada. O
consumidor não mais contrata determinada pessoa para o serviço, como ocorria antes.
Os serviços são em parte realizados pelo próprio consumidor, em sistemas self service,
muitas vezes por métodos mecânicos ou eletrônicos. Quando o serviço envolve
terceiros, o consumidor não conhece nem tem como escolher as pessoas que a empresa
contratada enviará para realizar o serviço.
Diante disso, tornou-se imprescindível a existência de normas destinadas
a organizar esse complexo processo econômico, que começa no extrator da matéria-
prima, passa pelos produtores primários e secundários e atravessa a rede
mercantil/financeira/publicitária, até chegar ao consumidor final. A organização desse
processo, com a definição das responsabilidades atribuíveis a cada participante, é
necessária, não só para a proteção dos consumidores, mas para a própria viabilidade e
sobrevivência do sistema.
Na relação de consumo, sobretudo no consumo em larga escala, o
consumidor tende a ser a parte mais vulnerável — o que não significa ser ele
economicamente mais fraco, ou hipossuficiente. O consumidor pode até ser mais rico
do que o fornecedor, porém, ao participar de uma relação de consumo, ele está em
situação de desvantagem. Pela própria natureza dessa relação, o fornecedor ocupa nela
posição estrategicamente dominante.
Ainda que o consumidor seja economicamente mais forte (o que, diga-se
de passagem, não é comum), e conheça os direitos a ele inerentes (o que também não é
a regra) praticamente nada poderá fazer no sentido fazer valer o seu direito.
Ao se defrontar com episódios dessa ordem, pouco poderá o consumidor
fazer para obrigar o fornecedor a solucionar o problema se não existir uma legislação
rigorosa e eficaz a ampará-lo.
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Surge, então, a necessidade de o Estado intervir na relação de consumo
para, quando necessário, restabelecer o equilíbrio e evitar abusos. O consumidor precisa
ser assistido em suas necessidades, uma vez que é a parte hipossuficiente.
4.2) Análise da Empresa.
O que determina a quantidade que você está disposto a produzir e
colocar à venda? Vejamos alguns fatores que determinam a oferta:
a) Preço: Quanto maior o preço, maior será o indicativo de lucro e maior será o
estímulo para aumentar a oferta. A lei de oferta diz: “Quando o preço sobe, há uma
tendência de aumento da produção e vice-versa”. Além disso, com o preço mais
elevado alguns produtores que estavam fora do mercado vão poder dele participar.
Ex: Uma camisa é vendida por R$ 10,00. A, B, C, D e E confeccionam
esta camisa. “A” tem custo de 5 reais, “B” tem custo de R$ 12,00, “C”
tem custo de R$ 7,00, “D” tem custo de R$ 16,00 e “E” tem custo de R$
13,00. Quais empresas poderão participar do mercado? A e C. Mas, se o
preço da camisa aumentar para R$ 14,00? “B” e “C” também poderão
entrar no mercado, aumentando a oferta.
b) Custos de produção: Quanto maior o custo, menor será a expectativa de lucro.
Assim, um aumento nos custos tende a retrair a oferta. Devemos lembrar que a matéria-
prima, a mão-de-obra e itens como luz, telefone e etc, são importantes componentes do
custo. Todavia, impostos, taxa de juros e taxa de câmbio também afetam os custos de
uma empresa.
c) Tecnologia: A tecnologia é um elemento importante para determinar a estrutura de
custos, pois é ela que determina as quantidades de capital e trabalho empregados. A
tecnologia também vai determinar a produtividade14 da empresa. Por fim, a tecnologia
agrega valor e qualidade, fazendo com que o produto tenha maior aceitação no
mercado. Isso aumenta a possibilidade de lucro.
d) Expectativa sobre a demanda: Se o ofertante espera que o preço do bem ou serviço
aumente no futuro, ele estocará parte do que está sendo produzido e oferecerá menos
hoje. Além disso, o empresário tem uma expectativa sobre o que o consumidor vai
querer comprar no futuro e, sendo assim, investe pesado em uma idéia que PENSA que
vai atrair o mercado. Porém nem sempre as expectativas se confirmam.
14 Produtividade é a produção dividida por um fator da produção. Ex: 100 produtos por trabalhador, 15 produtos por máquina, 20 sacas de milho por hectare, etc.
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Ex 01: Uma novela em que a protagonista seja hippie pode fazer com que o produtor
investisse em roupas de hippies. Todavia, isso pode ser um fracasso, pois a moda pode
“não pegar”.
Ex 02: Pensando que os consumidores irão querer, no futuro, algo mais prático, o
empresário investe em produtos como comida congelada ou semi-pronta.
4.3) Empresa, Estabelecimento e Empresário.
O conceito de empresa é um conceito econômico. A empresa é a
atividade economicamente organizada que reúne recursos naturais, capital e trabalho
objetivando a produção, circulação de bens ou prestação de serviços com a finalidade
de lucro.
Não é tecnicamente correto usar o termo “empresa sem fins lucrativos”.
Toda empresa existe para gerar lucro, caso contrário não seria possível investir. Por
exemplo, atualizar o equipamento de informática. Existem algumas formas de
associação nas quais o lucro deve ser todo reinvestido na pessoa jurídica, não havendo a
apropriação privada do lucro.
A empresa como atividade econômica não possui personalidade jurídica.
O empresário é o sujeito de direito, ele possui personalidade, pode ele tanto ser uma
pessoa física na condição de empresário individual quanto uma pessoa jurídica na
condição de sociedade empresária, de modo que as sociedades empresárias não são
empresas, como afirmado na linguagem corrente, mas empresários.
Assim, o empresário é aquele que exerce atividade econômica
organizada. Podemos ter o empresário individual, que é a pessoa natural. A
personalidade deste se inicia no nascimento com vida, o registro somente vai conferir
regularidade à firma individual (nunca personalidade).
O empresário coletivo é a pessoa jurídica. Neste caso, o registro dá
personalidade e regularidade (Art. 966 do CCB)15. O correto é afirmamos que o
empresário (individual ou coletivo) é sujeito de direitos e deveres.
O estabelecimento está definido no art. 1142, CCB, e é o conjunto de
bens corpóreos (computador, mesa, cadeira, prédio etc) ou não (marca, patente, ponto
etc.) utilizados pelos empresários para o exercício (funcionamento) da empresa.
15 Remissão art. 966 CCB: “Atividade economicamente organizada” ligar com seta à palavra empresa.
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4.4) Solvência e liquidez
A palavra liquidez pode possuir diversos significados, dentre eles:
Liquidez é a capacidade de um agente econômico de saldar seus compromissos na
data correta. Neste sentido, ilíquido será aquele que possui plenas condições de pagar as
dívidas, todavia, por um problema qualquer, não pode fazê-lo na data correta;
Liquidez é a capacidade que um determinado bem possui e que significa poder se
transformar rapidamente em outro. Ações possuem maior liquidez que um imóvel, por
exemplo. Em situações de crise, os agentes econômicos preferem ativos líquidos
(exemplo: dólar, ouro, ações ...).
Liquidez é uma característica que significa que um determinado valor está correto
e, sobre ele, não pairam dúvidas. Esta concepção de liquidez há de ser entendida
especificamente como a qualidade da obrigação cujo objeto independe de apuração ou
verificação, tendo valor determinado. Assim, quando, por exemplo, dizemos que a
dívida tem um valor líquido de R$1.234,56 significa que o valor está definido16.
Por outro lado, a solvência é a capacidade real do agente saldar seus
compromissos. Aquele que está insolvente perdeu a capacidade de saldá-los. Não
efetuou o pagamento ontem, não o fará hoje e nem no futuro17.
16 Normalmente escutamos e vemos a expressão “valor líquido e certo”. Com relação à liquidez já tecemos comentários. Devemos considerar a certeza como a ausência de controvérsia a respeito da origem, validade e da existência. A certeza se relaciona à questão jurídica que envolve o valor ou o título. Por fim, temos a expressão exigível. Essa é a obrigação atual, que não depende de que se realize condição ou ocorra termo. Por exemplo, uma dívida já passou a data de pagamento se torna exigível, não sendo necessário esperar mais nem um dia. 17 CDC Art. 28 - O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração."
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É importante notar que, contabilmente, ativo e passivo são sempre
iguais. Não faz sentido algum dizer que uma empresa está insolvente porque o passivo é
maior que o ativo. A situação de insolvência ocorre quando o exigível da empresa
superar o conjunto de bens e direitos que ela possui. Porém isso será visto com mais
calma em outro momento.
OBS: “Ativo” são todos os bens, direitos e valores a receber de uma
entidade. Passivo é o conjunto de compromissos de qualquer espécie ou natureza
assumido perante terceiros ou bens de terceiros que se encontrem sob a posse da
entidade.
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Todo uso (ativo) tem de ter uma fonte igual (passivo), própria ou de
terceiros, o ativo será sempre igual ao passivo, em qualquer hipótese, embora a empresa
possa está quebrada, numa situação de inadimplência na qual a empresa devedora, a
qual não consegue solver suas dívidas. Mas, nominalmente, o ativo será sempre igual ao
passivo pelo que foi dito e em face deste princípio básico: não há débito sem crédito e
vice-versa. Capital fica no passivo como fonte e obrigação da empresa para com seu (s)
dono (s). É o "passivo não exigível", opondo-se ao passivo real (exigível).
O conjunto ativo/passivo é o patrimônio. Essa noção pode ser aplicada
também a qualquer entidade e até a pessoas físicas, razão por que cada um pode, nesse
sentido, dar um balanço em sua vida e saber como andam seu ativo e passivo e como
vai sua saúde financeira.
Situação Líquida Negativa - A situação líquida negativa ou deficitária,
também denominada passivo a descoberto ou situação de insolvência, ocorre quando o
passivo exigível18 é superior ao ativo. Nesse caso, se a sociedade for liquidada,
considerando apenas os recursos do ativo, não será possível o pagamento de todas as
dívidas. Em média, as empresas que vão à falência19 apresentam endividamento elevado
em relação ao patrimônio Líquido20.
4.5) Teoria da Concorrência.
Quanto maior a concorrência, maior será a busca pela eficiência na
economia. De forma geral, todos saem ganhando com a maior disputa de mercado, uma
vez que passa a existir uma preocupação constante com a melhoria das condições de
produção.
Para o consumidor, o aumento na concorrência significa uma diminuição
nos preços, um aumento da qualidade e na variedade. Para a economia como um todo,
temos a melhora da tecnologia, da distribuição/logística e da qualidade, além da maior
competitividade do produto nacional no mercado externo.
18 PASSIVO EXIGÍVEL: São as obrigações financeiras para com terceiros. Contas do passivo exigível têm saldos credores. 19 Falência é, pois, a condição daquele que, havendo recebido uma prestação a crédito, não tenha à disposição, para execução da contraprestação, um valor suficiente, realizável no momento da contraprestação. A falência é por isso um estado de desequilíbrio entre os valores realizáveis e as prestações exigidas. Sampaio Lacerda, em seu Manual de
direito falimentar, afirma ser a falência "a condição daquele que, havendo recebido uma prestação a crédito, não tenha à disposição, para a execução da contraprestação, um valor suficiente, realizável no momento da contraprestação". 20 PATRIMÔNIO LÍQUIDO: Valor que os proprietários têm aplicado. Contas do patrimônio líquido têm saldos credores, divide-se em: Capital social; Reservas de capital; Reservas de reavaliação, Reservas de lucros; e Lucros/Prejuízos acumulados.
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Este assunto é de grande relevância aos interesses dos consumidores e do
país. Tanto é que o caput do Art. 4°, VI do CDC, prevê a Política Nacional de Relações
de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores,
devendo haver a coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no
mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal.
Podemos destacar as seguintes configurações de mercado:
a) Concorrência perfeita: situação na qual nenhuma empresa ou consumidor tem
condições de manipular o mercado. Esta é a situação na qual a concorrência é máxima e
os inúmeros participantes de um mercado21 e não podem manipulá-lo. São
características do mercado competitivo: o grande número de compradores e vendedores,
que não tem podem individualmente sobre a formação de preços, atuando como
tomadores de preço; a livre entrada e saída de empresas no mercado; os bens vendidos
são os mesmos (produtos homogêneos).
b) Monopólio: Situação de mercado onde um único ofertante controla a produção de um
determinado bem ou serviço. Neste caso, teremos preços altos, menor qualidade e
variedade. Nos chamados monopólios naturais, a presença do Estado precisa ser ainda
mais firme, principalmente quando se tratar de serviços essenciais.
Determinados mercados como água, energia elétrica, telefonia, etc., há
uma tendência natural de ocorrerem monopólios. Nestes casos, a concorrência é
dificultada, pois a empresa que já está no mercado está numa grande vantagem.
Imagine que uma nova empresa vai atuar no setor elétrico. Qual será o
custo de fornecer energia ao primeiro cliente? Gigantesco, pois deverá fazer vultuosos
investimentos (geração, distribuição etc) para atender este primeiro consumidor. Os
economistas dizem que o custo é tão alto que tende ao infinito. Enquanto isso, a
empresa que já opera neste mercado, quando se depara com um novo cliente, possui um
custo muito pequeno para liga-lo a rede. Este custo, que tende a zero (alguns metros de
fio não são um custo relevante para uma empresa como a AMPLA ou a LIGHT) coloca
a empresa em situação favorável e impossibilita a entrada de novas firmas. Por isso, é
necessária uma forte regulação estatal para evitar abusos em serviços considerados
essenciais.
21 A súmula n° 646 do STF trata de uma situação peculiar, que tanto ocorre nas grandes quanto nas pequenas cidades, que diz: “Ofende o princípio [constitucional] da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área”.
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É importante notar que o monopólio em si não é crime. Todavia, o abuso
da posição dominante, com o objetivo de ganhos extorsivos, constituem prática
condenável pela legislação pátria22.
c) Oligopólio: É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno
número de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um
mercado em que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística,
ou então onde há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado,
como a indústria de bebidas.
O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível
encontrar inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de
papel, indústria farmacêutica etc. Podemos caracterizar também tanto oligopólios com
produtos diferenciados (como a indústria automobilística) como oligopólios com
produtos homogêneos (alumínio).
d) Monopsônio: Situação de mercado na qual um único demandante controla
determinado mercado de bem ou serviço. Se existe apenas um único comprador, ele
acaba pagando um preço abaixo do de mercado. Ex: produtores de carvão numa área
remota do país que se veem obrigados a vender ao um único atravessador.
e) Oligopsônio: Poucos compradores dominam o mercado. Exemplo: indústria de
laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do
leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria automobilística, além de
oligopolista no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de
autopeças.
f) Cartel: Acordo entre empresas, sem perda de autonomia interna, visando dominar o
mercado. Este acordo de cavalheiros vai versar sobre o preço e outras condições de
oferta (ex: horário de funcionamento). É uma prática que pode configurar crime23.
g) Truste: O truste ocorre quando uma empresa passa a controlar a outra, obviamente,
com perda de autonomia interna da controlada. O objetivo é dominar o mercado, elevar
o preço etc. Geralmente são empresas de mesma atividade.
Assim, o Truste é organização econômico-financeira formada por
empresas obedientes a um centro decisório, com o fim básico de interferir no mercado e
22 Ver lei 8884/94, Artigo 20 § 2º c/c o inciso IV do mesmo artigo. 23 O cartel é crime contra a ordem econômica, conforme previsão do art. 4º da Lei nº 8.137/90 e artigo 20 da lei 8.884/94.
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exercer o controle sobre o mesmo. O abuso do poder econômico também pode
configurar crime24.
h) Holding: Inicialmente, designava o processo de aquisição de uma empresa por outra
através do mercado acionário. Isso ocorria para tentar driblar a legislação antitruste.
Hoje, a expressão é utilizada para designar uma sociedade gestora de
participações sociais. Esta empresa que tem como principal objetivo e atividade
controlar e administrar um grupo de empresas.
A Lei nº 6.404/197625, art. 2º, § 3º, prevê a existência das sociedades
holding estabelecendo que a companhia poderá possuir por objeto participar de outras
sociedades, e acrescenta: ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada
como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.
Assim, Holdings podem ser Puras quando são criadas com o fim especial
de participar como quotista ou acionista de outras empresas, não explorando qualquer
outra atividade. As Mistas são aquelas que apesar de participarem e controlarem outras
empresas do grupo, ainda exploram um ou mais ramos de atividade (Indústria,
Comércio ou Serviços).
OBS 01 - DUMPING: Prática abusiva26 de mercado que significa vender os produtos
com o preço muito baixo, até mesmo com o prejuízo. O objetivo é acabar com a
concorrência e dominar o mercado.
O dumping pode apresentar novas formas, como, por exemplo, o
dumping ecológico, que significa produzir destruindo o meio ambiente para obter um
preço mais barato, prejudicando a concorrência. Pune as empresas ecologicamente
corretas.
Podemos citar também o dumping social, que é a exploração abusiva da
mão-de-obra para se produzir com menores custos. Assim, o preço final será menor e o
dumping estará caracterizado.
24 Ver Lei 8.884/94, artigos 20 e 21. 25 Legalmente uma empresa para ser considerada como Holding não basta constar no contrato social, que ela pode participar como quotista ou acionista de outras empresas. Isso possibilita apenas a participação no quadro societário das demais empresas. O que caracteriza a Holding são as suas atividades e não as declarações em seu instrumento constitutivo. Poderá ser considerada como Holding somente aquela que realmente participa e controla um grupo de empresas, se utilizando de sua estrutura econômico-financeiro para tal. 26 Ver Lei 8.884/94, artigo 21, XVIII.
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O dumping social é contrário às determinações e tratados da OMC.
Porém o Brasil nunca formalizou (assinou) o tratado que visa proteger a o mercado
desta prática. De certo modo, porque aqui também ocorrem práticas abusivas.
OBS 02 – LOBBY: É o chamado grupo de pressão. Nele um seguimento da sociedade
se organiza e procura pressionar o Estado para ter suas demandas atendidas. Em tese, o
lobby não carrega nenhuma ilegalidade. É comum e normal que pessoas com interesses
parecidos se organizem para pressionar o poder público. Por exemplo: estudantes que
desejam a manutenção do “passe livre” no transporte, uma associação de moradores que
quer ver uma rua asfaltada.
O problema é que no Brasil esta prática acaba trilhando caminhos
tortuosamente desonestos, por falta de regulamentação e por uma nefasta tradição de
falta de conduta ética de alguns27 integrantes da máquina pública.
A tradição é Europeia, com exemplo clássico a Suécia. Toda uma
estrutura, voltada para os sindicatos e para as federações, disputa por seus interesses e
pressiona o Estado para atingi-los. Nos EUA, a tradição é diferente. Os sindicatos, ou
unions possuem importância, mas a primazia da organização social está nos grupos de
pressão. Existem, por exemplo, os Diretórios de Estudantes, Associação Cristã de
Moços28, Associação de Moradores etc.
No Brasil a estrutura europeia perde força a partir de meados do século
XX. Começa a crescer a organização em grupos, conforme a tradição norte-americana.
O problema é que não há lei para regulamentar e delimitar o alcance da profissão do
lobista no brasil, que, misturado à falta de ética e respeito à lei que contamina pontos do
aparato público (como pode ser visto nos últimos escândalos) criam um campo fértil
para a pratica da corrupção, da prevaricação, do abuso do poder econômico e do tráfico
de influência.
A importância crescente do lobby no solo pátrio passou a ser chamado de
“americanização perversa do Brasil”29.
27 Nunca devemos generalizar. Mesmo que exista uma onda de escândalos, a maioria dos agentes públicos (mesmo alguns políticos) é formada por pessoas de bem, que trabalham muito pelo bem da população. Lembre-se: culpar um inocente e muito pior que absolver um culpado! 28 Young Men's Christian Associationou YMCA, famosa pela música do Village People. 29 Nome dado pela Professora Maria Lúcia Werneck.
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Lei da oferta e da procura
É uma tendência que ocorre naturalmente, sem que haja necessidade de
intervenção do Estado. Consiste em elevar/diminuir o valor de um em função das
quantidades ofertadas ou demandadas.
Dada a livre interação do mercado de produtores e consumidores, haverá
uma tendência de manutenção do preço de mercado. Sempre que uma empresa produzir
mais do que o mercado tem a capacidade de absorver, ela terá que reduzir os preços
para atrair os consumidores. Assim, a abundância faz com que algo se desvalorize.
Por outro lado, a escassez tende a valorizar o bem. Assim, uma produção
que não atende completamente o mercado, vai gerar aumento de preços. E, num
segundo momento, os altos preços atrairão novos produtores que ampliarão a oferta e o
preço se encaminhará para o valor de mercado.
Assim, há uma tendência ao equilíbrio, num mercado que tende a estar
sempre mudando e desfazendo/perturbando esse mesmo equilíbrio. São as forças do
mercado atuando a todo o momento, cada uma possuindo uma direção diferente, mas
sempre interligadas.
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5) Introdução à Macroeconomia e Estudos dos Agregados Macroeconômicos
5.1) Noções de Contabilidade Nacional;
A Contabilidade Nacional é um instrumento estatístico, mas de natureza
contábil, que procura fornecer uma representação sintética da realidade econômica de
um país, o que se torna indispensável a todos os responsáveis das decisões econômicas,
tanto os poderes políticos como as empresas.
Hoje, praticamente, não existe nenhum país que não tenha a sua
Contabilidade Social, através da qual se pode ter uma visão relativamente exata do
estado econômico do país e do seu ritmo de crescimento.
Os objetivos da contabilidade nacional são:
Medir a atividade econômica - normalmente durante um ano e em cada país, e pode
fornecer valores para calcular indicadores como consumo, produção, rendimento,
investimento, etc.
Fazer previsões de caráter econômico - todos os governos, em tomada de decisões
para evitar ou minimizar crises econômicas.
Tomar decisões econômicas mais fundamentadas - tem a haver com as medidas de
recursos implementadas pelo Estado para suprir eventuais causas (ex. aumento dos
impostos, diretos ou indiretos).
Efetuar comparações no tempo e no espaço - permite analisar os diferentes agentes
macroeconômicos: produto, rendimento e despesa. A análise destes faz-se entre
países a nível mundial ao longo dos anos.
Controlar os fluxos financeiros – evitando assim, a lavagem de dinheiro e a evasão
de divisas;
Conhecer melhor o desempenho da economia nacional.
Balanço de Pagamentos
É a demonstração contábil das relações econômicas e financeiras em
residentes e não residentes de um país. Podemos subdividir o balanço de pagamento
sem duas partes. A primeira chama-se transações correntes ou conta-corrente e a
segunda, conta de capital.
1) transações correntes ou conta-corrente (a+b+c):
a) Balança comercial: é o saldo da exportação de bens e da importação. Se a
exportação é maior do que a importação, o saldo líquido será positivo (favorável) e
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há superávit. Se importarmos mais que exportamos, o saldo líquido será negativo
(desfavorável). Logo, haverá déficit.
b) Balança de serviços: na balança de serviços, será registrado o pagamento e o
recebimento por serviços prestados. São exemplos de itens desta balança:
b.1) Serviços não- fator (fretes, seguros, turismo etc.) b.2) Serviços de capital (recebimento de juros30, remessas de lucros) b.3) Serviços de mão-de-obra (remessa de trabalhadores do exterior)
c) Transferências unilaterais: são doações, envio de dinheiro por parentes, etc.
O saldo da conta-corrente será a+b+c
2) Conta de capital: na conta de capital serão registrados os seguintes itens:
� Empréstimos;
� Investimentos de curto, médio e longo prazo31;
� Amortização de dívida32;
Resultado do BALANÇO DE PAGAMENTOS (BP = 1 + 2) = alterações nas
reservas internacionais líquidas.
Produto Interno Bruto (PIB)
O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários)
de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam
países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc).
30 Por causa deste item juros, a balança de serviços do Brasil possui forte tendência de ser sempre deficitária. 31 Correspondem a investimentos que o Brasil recebe ou que as em empresas brasileiras fazem em outros países. 32 É quando pagamos dívida em si, o corpo da dívida, e não mais apenas os juros, que correspondem aos serviços da dívida.
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O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de
mensurar a atividade econômica de uma região. No Brasil, a responsabilidade pelo
cálculo já esteve a cargo da Faculdade Getúlio Vargas até 1990. Em seguida, o IBGE
passou a fazer a medição.
Desta forma, o PIB é um índice para saber como vai a atividade
econômica de uma determinada região, medindo a produção econômica e o nível de
geração de riqueza de determinado local. Quanto maior a produção, maiores o consumo,
o investimento e a venda, logo, maior será o PIB.
Para o cálculo do PIB, são considerados o que as empresas dos setores
primário (agropecuária e extrativismo vegetal), secundário (indústrias, construção civil
e extrativismo mineral) e terciário (comércio e serviços) estão produzindo e gerando em
termos de riqueza; e o que as famílias, as instituições e o governo estão consumindo. O
dado também analisa os investimentos realizados em determinados setores e os
resultados das importações e exportações de mercadorias.
Mas observe que na contagem do PIB, considera-se apenas bens e
serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário. Isso é
feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na
cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.
A duplicidade dos pagamentos pode ocorrer, por exemplo, quando é
produzido o vidro de um carro e o computo na conta final, assim como também lanço o
valor total do carro que foi revendido para um terceiro. Sendo assim, para evitar a
duplicidade do pagamento, computo apenas o carro que foi entregue a um consumidor
final. Se a empresa que produz o vidro vende diretamente para o consumidor final
(imagine que o vidro do carro quebrou), neste caso haverá a contabilidade deste item no
PIB.
A diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) e o Produto Interno
Líquido (PIL) traduz-se no valor das depreciações33. Ao contrário do PIB, o PIL tem em
conta o valor da depreciação do capital. PIL = PIB - depreciações
O PIB difere do PRODUTO NACIONAL BRUTO (PNB) basicamente
pela renda líquida enviada/recebida do exterior. O PNB é gerado a partir da soma do
33 Depreciação significa "desgaste” (e consequente desvalorização) de um bem intrisecamente relacionado com as atividades da entidade, de modo que tal desgaste, conforme diz o próprio nome, é proveniente de transcorrer de sua vida útil pois longo do tempo, com a obsolescência natural ou desgaste com uso na produção, os ativos vão perdendo valor, essa perda de valor é apropriada pela contabilidade periodicamente até que esse ativo tenha valor reduzido a zero.
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PIB mais entradas e saídas de capital. Esta renda representa a diferença entre recursos
enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais alocados no
país) e os recursos recebidos do exterior.
A renda per capita ou rendimento per capita é um indicador que ajuda
a saber o grau de desenvolvimento de um país ou região e consiste na divisão da renda
nacional (produto nacional bruto ou, algumas vezes, o produto interno bruto é usado), se
a distribuição fosse igualitária, se todos tivessem acesso a partes iguais do todo.
Embora seja um índice muito útil, por se tratar de uma média esconde
várias disparidades na distribuição de renda. Por exemplo, um país pode ter uma boa
renda per capita, mas um alto índice de concentração de renda e grande desigualdade
social (como o caso do Brasil).
Assim, como fica a questão: PIB e renda per capita versus qualidade de
vida?
Riqueza, Renda e distribuição.
A desigualdade social, de forma genérica, refere-se a processos
relacionais na sociedade que têm o efeito de limitar ou prejudicar o status de um
determinado grupo, classe ou círculo social.
As áreas de desigualdade social incluem, além das questões econômicas,
o acesso aos direitos de voto, a liberdade de expressão e de reunião, de acesso à
educação, saúde, habitação de qualidade, lazer, ter transporte, férias e outros bens e
serviços sociais.
Além de que também pode ser pensada a igualdade/desigualdade quando
olhamos para a qualidade da vida familiar e local, possibilidade de ter uma ocupação,
satisfação no trabalho, acesso ao crédito etc. Se estas divisões econômicas endurecem,
elas podem levar a desigualdade social. Logo, muitas das vezes que falamos em
desigualdade social estamos pensando em renda e riqueza.
É importante diferenciarmos a renda da riqueza. Renda é a remuneração
que o proprietário do fator de produção recebe pela sua utilização no processo
produtivo. O conceito de distribuição de renda faz referência à forma como a receita
obtida por um país ou região é distribuída entre sua população local.
Assim, o empresário recebe renda em forma de lucro, devido ao
investimento do capital necessário á produção. O trabalhador recebe salário, que é a
renda auferida pelo trabalho que realizou. Desta forma, renda é fluxo. Algo que
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recebemos (por mês, por semana etc.) para fazer frente as nossas despesas e, quem sabe,
para pouparmos um pouco para o futuro.
Por outro lado, riqueza é o valor total dos bens que constituem o
patrimônio. Ou seja, riqueza é estoque. A palavra riqueza é muitas vezes confundida
com renda. Estes dois termos descrevem elementos diferentes, porém relacionados.
Riqueza consiste nos itens de valor econômico que um indivíduo possui (patrimônio),
enquanto a renda é um fluxo de entrada periódica de itens de valor econômico (salário,
por exemplo).
Um país pode ser “muito rico” e seus habitantes muito pobres. Ou pode
não ser tão rico e seus habitantes desfrutarem de um padrão de vida superior ao de um
país que tenha uma renda per capita maior. O que determina essa diferença é o perfil da
distribuição de renda, ou seja, como o PIB que é produzido no país se distribui entre os
habitantes. Assim, o grande problema é que a renda per capta é uma média e, devido à
concentração de renda, não reflete a realidade da maioria da população, pois uma média
pode conter distorções.
Da mesma forma, um aumento do PIB34, dada a concentração de renda,
não significa que a população em geral melhorou a qualidade de vida. Desta forma, PIB
e Renda per capta, sozinhos não podem dizer com segurança o que aconteceu com a
qualidade de vida.
Distribuição da Renda
No Brasil a concentração de renda é um dos mais graves problemas
sociais. Vivemos num país de contrastes absurdos. Nossa História ajudou a construir
este abismo entre ricos e pobres. Quais seriam os principais fatores que levaram o Brasil
a ser um dos campeões mundiais da desigualdade?
Em largas pinceladas podemos afirmar que:
• A escravidão35 que durou séculos concentrou toda a renda na mão de poucos,
alijando uma massa gigantes pessoas de qualquer riqueza material;
34 Importante salientar que o crescimento econômico é requisito básico para a melhora da distribuição funcional da renda a favor dos trabalhadores. 35 No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. No Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888. Se a lei deu a liberdade jurídica aos escravos, a realidade foi cruel com muitos deles. Sem moradia, condições econômicas e assistência do Estado, muitos negros passaram por dificuldades após a liberdade. Muitos não conseguiam empregos e sofriam preconceito e discriminação racial. A grande maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos informais e temporários.
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• O modelo econômico baseado no latifúndio agro-exportador não privilegiava a
formação de um mercado interno. Este modelo favorecia o surgimento de uma
agricultura marginal de subsidência que corroborava com uma crescente concentração
de renda;
• Durante o século XX tivemos dois grandes períodos de ditaduras (Ditadura Vargas36
e a Ditadura Militar37). Historicamente regimes ditatoriais concentram a renda de forma
brutal e não foi diferente no Brasil;
• Ocorreu um processo inflacionário que durou mais de três décadas (entre o final dos
anos 50 e meados dos anos 90 do século XX)38.
Para analisar estas questões de distribuição de renda na economia foram
criados diversos índices estatísticos. Dentre os mais conhecidos encontra-se o P90/P10
(10% mais ricos a 10% mais pobres), que mede quanto o grupo formado pelos 10%
mais ricos da população recebe em comparação ao grupo dos 10% mais pobres.
Outro índice muito conhecido é o Coeficiente de Gini39. Quanto menor o
Gini (mais próximo de zero), menos desigual está o país, ou seja, menor a diferença de
renda dos indivíduos mais ricos e mais pobres do ponto de vista das remunerações que
recebem.
O coeficiente de Gini do Brasil em 2001 era de 0,5946, melhor apenas
que a Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana,
Lesoto e Namíbia (hoje somos o décimo sexto pior). A concentração de renda
permaneceu praticamente inalterada durante as últimas quatro décadas do século XX,
com seus índices oscilando dentre as 10 últimas posições do mundo, dando os primeiros
sinais reais de melhora somente a partir de 2003. Nos últimos anos, o país tem
conseguido aliar o crescimento econômico com a redução da desigualdade. 36 Estado Novo é o nome do regime político brasileiro fundado por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, após ter dado um golpe que rompeu a ordem democrática e instaurou um regime de exceção que durou até 29 de outubro de 1945. A ditadura Vargas foi marcada pela centralização do poder, nacionalismo e por seu autoritarismo. Foi imposta a Constituição de 1937, inspirada no fascismo italiano, a "polaca", foi elaborada para ser uma Carta "livre das peias da democracia liberal" nas palavras do responsável por sua elaboração, o Ministro da Justiça Francisco Campos. 37 O Regime ditatorial civil/militar foi o período da política brasileira em que presidentes militares conduziram o país. Essa época ficou marcada na história do Brasil através da prática de vários Atos Institucionais que colocavam em prática a censura, a perseguição política, a supressão de direitos civis mais básicos, a falta total de democracia, a centralização de poder e a repressão brutal àqueles que eram contrários ao regime ditatorial. A Ditadura civil militar no Brasil teve seu início com o golpe militar de 31 de março de 1964, resultando no afastamento do Presidente da República, João Goulart, e tomando o poder o Marechal Castelo Branco. Este golpe de estado instituiu um regime de exceção que durou até 15 de janeiro de 1985. 38 Os efeitos da inflação serão estudados no item 5.5. 39 Desenvolvido pelo matemático italiano CORRADO GINI, o Coeficiente de GINI é um parâmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuição de renda entre os países.
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Como se vê no gráfico (índice de Gini no Brasil), em 1960 a posição do
Brasil no índice era de 0,5367. Durante a ditadura militar a desigualdade foi
aumentando e mesmo após a redemocratização o país continuou promovendo
concentração de renda chegando ao ponto máximo em 1990, cinco anos após o fim
daquela ditadura.
A partir de 1990, a desigualdade começou a cair, ainda que de forma
suave. A partir de 2003, começou a cair em ritmo três vezes maior do que foi visto nos
anos 90 do século XX, chegando, em 2013, a 0,519 – inferior ao que vigia em 1960.
Segundo comunicado do IPEA intitulado "A Década Inclusiva" a renda
do trabalho foi essencial para a forte - e inédita - redução de desigualdade no Brasil nos
últimos dez anos, responsável por cerca de dois terços da queda de pouco mais de 10%
do coeficiente de Gini no período.
Ao mesmo tempo, ressalta o instituto, sem as políticas de redistribuição
de renda patrocinadas pelo Estado brasileiro desde o início dos anos 2000, a
desigualdade teria caído 36% a menos na década passada. A Previdência Social também
é responsável por quase 20% do resultado da melhora da distribuição de renda do Brasil
neste período.
De forma resumida, a chamada “década da inclusão” ocorreu,
principalmente devido há alguns fatores. Destes destacamos:
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• A redemocratização em 1985 abriu as portas para que as pessoas pudessem
reivindicar os mais básicos direitos, inclusive uma melhora nas condições de trabalho e
incrementos na renda;
• A queda da inflação pós Plano Real40 (1994).
• Elevação dos níveis salariais,
• Geração de emprego;
• Elevação da formalização do emprego;
• Ocorreu um aumento dos chamados gastos sociais do Governo;
• Tais fatores conjugados com um crescimento da economia nacional fizeram com
que o Brasil se tornasse menos desigual.
40 Plano Real foi um programa brasileiro de controle da inflação adotado no Governo do Presidente Itamar Franco e que teve como princípios as ideias dos economistas da PUC-Rio André Lara Resende e Pérsio Arida. Tinha como objetivo a estabilização monetária. Em 27 de fevereiro de 1994 foi instituído a Unidade Real de Valor (URV), estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia, e determinou o lançamento de uma nova moeda, o Real.
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Todavia, ainda estamos numa situação muito ruim e aquém das nossas
reais possibilidades. Como já foi dito, nossa história carrega a marca triste de séculos de
escravidão, ditaduras e inflação crônica entre os anos 60 e 90 do século passado. Entre
outros fatores, isso fez com que a concentração de renda na nossa sociedade beire o
absurdo para um país tão rico.
Apesar dos avanços da última década, hoje somos o décimo sexto pior do
mundo e apenas em 2010 conseguimos voltar ao patamar de 1960 (desfazendo o estrago
provocado nas décadas de 60, 70 e 80 do século passado). Mas mesmo com as melhoras
recentes, não se iludam, pois muito ainda deve ser feito para construirmos um país
minimamente justo para todos os brasileiros.
Apenas como exemplo, uma das facetas da realidade que deve ser
mudada é o modelo de tributação no Brasil que é altamente concentrador de renda. Isso
porque o Estado cobra impostos de todos, inclusive - e principalmente - dos muito
pobres ("tributação indireta regressiva", que incide sobre os bens de consumo popular e
da classe média, que são fortemente tributados).
O décimo mais pobre sofre uma carga total equivalente a 32,8% da sua
renda, enquanto o décimo mais rico, apenas 22,7%. Isso provoca a perpetuação do
efeito 'concentrador de renda', inaceitável num país com acentuada desigualdade de
renda como o Brasil.
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Índice de Gini no Mundo (dados da CIA World Factbook)
Distribuição da Riqueza
Com relação à distribuição da riqueza, o quadro é radical e
assustadoramente pior. Se você soubesse que apenas 0,7% da população mundial
controlam 41% da riqueza do mundo, acharia um absurdo? Pois, essas informações são
verdadeiras e foram reveladas em uma nova pesquisa realizada pela Oxfam
Internacional.
Os 50% mais pobres da população respondem por apenas 1% da riqueza
do planeta, aponta a ONU. Quase 90% da riqueza do mundo estão sob o controle de
moradores da América do Norte, Europa e dos países de renda elevada na região Ásia-
Pacífico, como o Japão e a Austrália.
A riqueza pessoal está distribuída de maneira tão desigual no mundo que
os 2% mais ricos da população adulta detêm mais de 50% dos ativos mundiais,
enquanto os 50% de pessoas mais pobres detêm apenas 1% da riqueza do planeta. Tal
quadro leva a uma realidade trágica, ou seja, há uma massa gigantesca de pobres e
miseráveis no mundo, em contraste com uma parcela pequena de pessoas muito, muito
ricas.
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Segundo os dados do Credit Suisse 2013 Wealth Report, para uma
população de 07 bilhões de pessoas no mundo, observe como a situação atual é tão
absurda, que poderia ser considerada surreal:
1. Qualquer pessoa que possua bens em valor total superior a dez mil dólares (um
carro usado) possui mais riqueza do que 04 bilhões e 809 milhões de pessoas no mundo
inteiro (68,7% da população mundial). Está, portanto, na metade superior da posse de
riquezas;
2. Quem possui bens em valor superior a 100 mil dólares (uma casa simples em
Petrópolis/RJ ou um carro de luxo) possui mais riqueza do que 06 bilhões e 412 milhões
de pessoas. Pertence aos 8,4% mais ricos do mundo;
3. Quem tem bens que na sua totalidade iguala ou supera o valor de um milhão de
dólares (por exemplo: uma ótima casa em Petrópolis e dois bons automóveis, mais uma
boa casa alugada e uma casa de praia), possui mais riqueza do que 06 bilhões e 951
milhões de pessoas. Faz parte da fatia correspondente a 0,7% da população mundial (49
milhões de pessoas), mais rica do que os 99,3% restantes.
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Se você está fazendo um curso superior, possui uma casa em
Petrópolis/RJ, um carro e está lendo estas notas de aula, a estatística diz que, muito
provavelmente, você está entre os 02% ou 04% mais ricos do mundo.
Assustador como está concentrada a riqueza no mundo, não acha?
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Alguns índices têm sua origem na sociologia e ajudam a compreender
como os habitantes de um país se beneficiam (ou não) com a riqueza ali produzida. O
principal deles é o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que será visto no neste
item.
Para afirmar que a qualidade de vida aumenta, deve-se observar o acesso
à educação, à saúde, ao saneamento básico etc. É possível estudar a evolução da
qualidade de vida ao examinar algumas outras variáveis, como, por exemplo, ocorre
com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU ou o Índice de Progresso
Social (IPS).
Desenvolvido pelo economista paquistanês Mahbud Ul Ha q,41 o Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) é utilizado pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento desde o ano de 1993; este índice utiliza certos critérios de
avaliação (renda, longevidade e educação) para medir o desenvolvimento humano em
177 países, podendo ser utilizado também, observando-se as modificações para adequá-
lo a núcleos sociais menores.
O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1
(desenvolvimento humano total), sendo os países classificados deste modo:
Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo.
Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado médio.
Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto.
No critério educação, considera-se a taxa de alfabetização e a taxa de
matrícula; no critério longevidade considera-se a expectativa de vida ao nascer; e no
critério renda considera-se o PIB per capita (PIB total dividido pelo número de
habitantes do país) medido em dólares.
41 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi desenvolvido pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq em 1990, com a colaboração do economista indiano Amartya Sen (ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1988).
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Mapa indicando o Índice de Desenvolvimento Humano de 2011
Índice de Progresso Social (IPS).
O Índice de Progresso Social (IPS) combina uma série de indicadores
sociais e ambientais, provenientes de bases de dados internacionais, além de pesquisas
de percepção, com objetivo de identificar o cenário, os desafios e as oportunidades de
progresso social dos países.
Desenvolvido pelo especialista mundial em competitividade Michael
Porter e por economistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o índice é
respaldado por empresas privadas e instituições sem fins lucrativos, como Deloitte,
Skoll Foundation, Fundación Avina, Cisco e Banco Compartanos.
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O Índice, construído pela instituição global sem fins lucrativos Social
Progress Imperative42, revela uma série de tendências, confirmando que crescimento
econômico nem sempre resulta em progresso social. O Índice foi, criado por uma equipe
comandada pelo professor Michael Porter, da Harvard Business School, é considerado
complementar ao PIB (Produto Interno Bruto) e a outros indicadores econômicos no
estabelecimento de uma compreensão mais holística do desempenho geral dos países.
Nas palavras de, Michael E. Porter:
Até hoje, sempre se supôs que há uma relação direta entre crescimento econômico e bem-estar. No entanto, o Índice de Progresso Social mostra que nem todo crescimento econômico é igual. Embora um alto PIB per capita seja relacionado a progresso social, essa conexão está longe de ser automática. Com níveis similares de PIB, vemos que alguns países alcançam níveis de progresso social muito mais elevados que outros. (PORTER, 1989, p. 43 - grifo nosso).
Edição 2014 do Índice de Progresso Social
5.2) Taxa de Câmbio
A taxa de câmbio nominal é a proporção em que se troca duas moedas
diferentes, por exemplo, o dólar e o real. Quando a taxa de câmbio sobe, a moeda
nacional está se desvalorizando ou se depreciando. Obviamente, neste caso, a moeda 42 www.socialprogressimperative.org, (sítio de internet em inglês).
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estrangeira se valorizou. Por outro lado, quando a taxa de câmbio cai, vamos dizer que a
moeda nacional está valorizada (apreciada) e a moeda estrangeira se desvalorizou.
A taxa de câmbio é um dos preços mais importantes de uma economia,
pois intermedeia as relações comerciais e financeiras de um país com o resto do mundo.
Para os exportadores interessa uma taxa de câmbio o mais alta possível, pois assim
aumentam as receitas em reais das exportações em dólares. Para os importadores, por
outro lado, é interessante que o preço do dólar seja o menor possível, pois assim suas
despesas ficam menores.
A escolha de uma determinada política cambial é de extrema
importância. A taxa de câmbio é essencial para dar proteção contra produtos importados
e também permitir que o consumidor tenha poder de compra.
O sistema de câmbio fixo apresenta uma relação constante entre a troca
de duas moedas. É estabelecido através de uma decisão governamental e a manutenção
da taxa de câmbio é responsabilidade da autoridade monetária. Esta passa a atuar
sempre que o mercado pressiona o mercado de câmbio. O governo deve atuar
comprando ou vendendo moeda estrangeira para manter a taxa de câmbio fixa.
Já o regime de flutuação cambial (ou câmbio perfeitamente flexível)
apresenta uma relação livremente determinada pelo confronto entre oferta e demanda de
divisas no mercado cambial. Na prática, significaria uma ausência de política cambial,
onde a própria movimentação de capitais vai determinar a taxa de câmbio. Assim, por
exemplo, se muitos dólares entram no Brasil a tendência da taxa de câmbio é cair.
Também é possível o regime de bandas cambiais. Nele a taxa de
câmbio pode variar dentro de um limite pré-estabelecido pela autoridade monetária. É
determinado uma taxa de câmbio que determina o ponto médio ou central da banda e
uma amplitude, que é a variação acima ou abaixo do ponto central pela qual o Banco
Central43 (Bacen) não irá intervir no mercado.
Assim, por exemplo: O Bacen determina que a taxa média será de R$
1,95/Dólar e que a variação pode ser de R$ 0,05 para mais ou para menos. Quando a
taxa de câmbio se aproximar de R$ 1,90/Dólar o Bacen vai comprar dólares e aumentar
43 Banco Central do Brasil - BACEN - é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, criada para ser o agente da sociedadae brasileira na promoção da estabilidade do poder de compra da moeda brasileira. Objetivos: zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais do País em nível adequado; estimular a formação de poupança em níveis adequados; zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional.
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a taxa de câmbio. Por outro lado, se a taxa subir para próximo de R$ 2,00, o Bacen vai
ter que vender dólares para pressionar o câmbio para baixo.
5.3) Taxa de Câmbio e Balança Comercial
A mudança na taxa de câmbio pode baratear um produto importado ou
tornar o produto nacional mais competitivo. Para entendermos esta relação vamos
estudar dois exemplos. Inicialmente, vamos ver como a variação da taxa de câmbio
influencia a exportação. Imaginemos um produtor nacional que exporta um produto
qualquer. Ele produz mil unidades de um produto que é vendido no exterior por dez
dólares.
Primeiro exemplo: EXPORTADOR
1º MOMENTO - R$2,00 � US$1,00
Quantidade (Q) =1000 produtos
Preço no mercado externo (Pext)= US$ 10,00
Receita em dólares (RUS$)= US$ 10.000,00
Receita em reais (RR$)= R$ 20.000,00
Custo Total de Produção (CT)= R$ 15.000,00
Sendo assim, o lucro do exportador será correspondente à receita em reais subtraída do
valor do custo (RR$ – CT). Logo, tendo a receita R$ 20.000,00 e o custo R$ 15.000,00, o
lucro será de R$ 5.000,00.
Veremos agora duas possíveis variações:
2º MOMENTO - R$ 1,00 � US$ 1,00:
Q=1000 produtos
Pext= US$ 10,00
RUS$= US$ 10.000,00
RR$= R$ 10.000,00
CT= R$ 15.000,00
LUCRO (prejuízo): RR$ – CT = - 5.000,00
Conclui-se ainda que, tendo uma queda na taxa de câmbio e por tanto a valorização da
moeda nacional ocorreu um prejuízo para o exportador. Assim, com a taxa de câmbio
mais baixa fica mais difícil a exportação. Isso impacta negativamente a Balança
Comercial.
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------xxxxxx------
3º MOMENTO - R$ 3,00 � US$ 1,00
Q= 1000 produtos
Pext= US$ 10,00
RUS$= US$ 10.000,00
RR$= R$ 30.000,00
CT= R$ 15.000,00
LUCRO: RR$ – CT = 15.000,00
Sendo assim, aumentando a taxa de câmbio, o lucro do exportador aumentará. Isso
criará um incentivo à exportação que vai elevar os resultados da Balança Comercial do
Brasil. Podemos concluir que, quando há uma alta na taxa de câmbio, há também um
incentivo às exportações e vice-versa. Vejamos agora o que acontece com o
importador, dadas as mesmas taxa de câmbio.
------xxxxxx------
Segundo exemplo: IMPORTADOR
Agora, vamos verificar o que acontece com um importador no caso de
uma variação cambial. Supomos que um vendedor brasileiro importa laptops para
vender no Brasil. Cada um deles custa (preço + imposto + frete), US$ 500,00 (Peua). O
preço de venda no Brasil é de R$ 1.600,00 (PBR).
1º MOMENTO - R$2,00 � US$1,00
Peua= US$ 500,00
Custo em Reais (CR$)= R$1.000,00
PBR=R$ 1.400,00
LUCRO: R$ 400,00 (por unidade vendida)
Veremos agora duas possíveis variações:
2º MOMENTO - R$ 1,00 � US$ 1,00:
Peua = US$ 500,00
CR$ = R$ 500,00
PBR = R$1.400,00
LUCRO: R$ 900,00 (por unidade vendida)
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Neste caso, com a queda da taxa de câmbio o vendedor de produtos
importados teve um aumento no lucro. Isso pode provocar um crescimento da
importação e pressionar negativamente a Balança Comercial.
3º MOMENTO - R$ 1,00 � US$ 3,00:
Peua = US$ 500,00
CR$ = R$ 1.500,00
PBR = R$ 1.400,00
LUCRO (prejuízo): - R$100,00 (por unidade vendida)
Sendo assim, tendo a alta na taxa de câmbio e a conseqüente valorização
do dólar e a desvalorização do real, verifica-se que não há lucro e a tendência é que se
tenha prejuízo. Para o importador, um aumento de câmbio é muito ruim. Assim, a
desvalorização do real tende a diminuir a importação. Isso pode ter um resultado
benéfico para a Balança Comercial.
OBS 01: Quanto mais desvalorizada a moeda nacional (taxa de câmbio alta), maior será
a tendência de superávit. O contrário também se verifica.
OBS 02: Sempre que houver uma rápida alta na taxa de câmbio, haverá uma tendência
de inflação, independente do fato do produto ser totalmente nacional ou não.
OBS 03: Quando a taxa de câmbio cai e as importações aumentam, a indústria nacional
se vê prejudicada e há uma tendência de aumentar o desemprego. Por isso dizemos que
“quando a importação aumenta, estamos exportando os empregos”. Se eu compro os
produtos, obviamente, eu não produzo no Brasil, não necessitando mão-de-obra. Sendo
assim, estimulo a geração de empregos no exterior.
5.4) O Investimento e a Taxa de Juros.
O termo investimento refere-se ao uso de recursos para ampliar a produção,
modernizá-la, ou buscar melhorias e eficiência na atividade econômica. Investir é
comprar máquinas ou equipamentos, contratar mão-de-obra, ampliar a planta
construída, seja com um galpão novo, ampliando o prédio etc.
Erroneamente as aplicações financeiras são chamadas de investimento, quando
na verdade são formas de poupança. Não é tecnicamente correto usar a expressão:
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investir em poupança. São conceitos divergentes, poupar é guardar dinheiro, sob
qualquer forma.
O aumento do investimento agregado vai gerar uma série de efeitos, dentre
eles:
a) aumento do PIB e da renda per capita;
b) geração de empregos, excetuando os casos de investimento em tecnologia poupadora
de mão-de-obra;
c) melhora das expectativas sobre a economia;
d) aumento das oportunidades para os jovens que ingressam no mercado de trabalho;
e) modernização e recuperação do capital depreciado Ex: pintura das paredes.
f) no que diz respeito a investimento público, um aumento pode gerar melhoria nos
serviços e na infra-estrutura.
O investimento depende sempre da expectativa de lucro que o
empresário possui. A expectativa é tão importante porque o investimento é feito no
presente e o empresário precisa acredita que o lucro virá no futuro. É o retorno, ou a
possibilidade de lucro, que vai mover o empresário a investir.
Alguns itens podem favorecer o aumento do investimento
agregado. Eles vão atuar criando expectativas favoráveis à condução dos negócios e à
obtenção dos lucros.
Estabilidade política e institucional, ou seja, manutenção da democracia, das
instituições. Se isso não ocorrer, o Estado passa insegurança à sociedade e está
perde o horizonte de planejamento.
Estabilidade no ordenamento jurídico, com claros marcos regulatórios. Não é
recomendado mudar constantemente as leis, alterando as regras do jogo, sem aviso
ou necessidade. O empresário tem um gasto enorme de tempo e de dinheiro para
tentar acompanhar todas as mudanças. Isso ocorre principalmente com relação às
leis trabalhistas, tributárias, de direito econômico, etc;
Política monetária (taxa de juro e nível de oferta de crédito) e Política Fiscal
(tributos) que desonere o empresário e incentive o investimento, a geração de
emprego e de renda. Quanto maior a taxa de juros e os tributos, menor será o nível
de investimento levado a cabo pelos empresários. Além disso, os consumidores vão
evitar os financiamento nas compras a crédito, como veículos, por exemplo.
Melhorias na educação;
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Melhoria na infra-estrutura de transportes, distribuição de energia elétrica,
telecomunicações, etc. Se não tiver água, conexão na internet contínua, luz sem
quedas e etc. para que uma empresa possa funcionar sem problemas, a região não
vai atrair investimentos.
É necessário que haja um clima de otimismo e que reflita a possibilidade de
crescimento econômico (estamos abertos para negócios)44;
Credibilidade internacional e política de apoio e incentivo a exportação;
Fortalecimento do mercado interno com bons níveis de emprego e renda. Criação de
mercado interno através da geração de emprego. Empregos geram renda, assim
como renda gera consumo. O empresário precisa vender, logo, precisa de um forte
mercado interno.
Baixa inflação;
Expectativas e incertezas
Na nossa vida ninguém tem antevisão perfeita do futuro45. Isso pode ser
visto quando no primeiro dia de aula você se depara com um professor que explica,
aparentemente, bem a matéria (que parece ser interessante) e é simpático com os alunos.
Isso vai gerar uma expectativa de que o curso será bom e que o semestre será agradável
e proveitoso. Porém isso é só uma expectativa, pois o futuro é sempre incerto.
Em economia o mesmo pode ocorrer. Um determinado ambiente
econômico pode se mostrar mais favorável e gerar expectativas de que a economia vai
crescer e que os negócios serão lucrativos. Neste caso temos expectativas positivas
sobre o futuro.
Uma outra situação pode gerar um quadro de insegurança com aumento
das incertezas sobre o futuro, dificultando o planejamento ou apontando um futuro
difícil devido a problemas que são esperados graças as nossas expectativas.
Num quadro de boas expectativas o empresário vai investir para tentar
aproveitar o bom momento que (supostamente) ira ocorrer. Isso vai gerar empregos,
aumentar a produção etc. Também o consumidor vai gastar mais e a economia vai
crescer.
44 Ex: 11 de setembro de 2001. Os investidores poderiam ficar com medo de que seus investimentos fossem destruídos por ataques terroristas. O prefeito de NY Rudolph Juliani, foi ao famoso e tradicional programa Saturday Night Live e após as homenagens e discursos emocionados, fez questão de dizer a frase “We are open to business”. A intenção era evitar um clima de pessimismo e mostrar que a economia girava normalmente sua engrenagem. 45 Mesmo que alguns charlatões tentem vender previsões para aquelas pessoas menos informadas.
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Porém num quadro de expectativas negativas os agentes econômicos vão
tomar uma posição conservadora e não arriscar investir/gastar, pois não há grandes
possibilidades de retorno. É o que chamamos de preferência pela liquidez, pois as
pessoas e empresas vão optar por ativos líquidos e fugir de opções que demorem em dar
retorno e que apresentem dificuldade de resgate. É melhor esperar a crise passar e o
futuro ficar previsível e apresentar melhores perspectivas.
Podemos resumir os fatores que elevam o nível de incerteza, gerando
expectativas negativas:
Alteração sistemática das leis que atuam diretamente sobre a economia (Leis
Trabalhista, tributárias etc. );
Elevada inflação;
Deterioração das contas públicas;
Condições adversas das contas nacionais;
Insegurança no mercado internacional;
São conseqüências:
Diminuição do investimento;
Aumento do desemprego;
Recessão;
Preferência por ativos líquidos, normalmente encontrados no mercado financeiro.
5.5) Inflação
Moeda
A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa
evolução. No início não havia moeda, praticava-se o escambo, ou seja, simples troca de
mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor. Assim, quem pescasse mais
peixe do que o necessário para si e seu grupo trocava este excesso com o de outra
pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido mais milho do que fosse precisar.
Esta elementar forma de comércio foi dominante no início da civilização, podendo ser
encontrada, ainda hoje, entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil
acesso, há escassez de meio circulante, e até em situações especiais, em que as pessoas
envolvidas permutam objetos sem a preocupação de sua equivalência de valor.
As primeiras moedas foram mercadorias e deveriam ser suficientemente
raras, para que tivessem valor, e, como já foi dito, ter aceitação comum e geral. Elas
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tinham, então, valor de uso; e como esse valor de uso era comum e geral elas tinham,
consequentemente, valor de troca. O abandono da exigência do valor de uso dos bens,
em detrimento do valor de troca, foi gradativo.
Entre os bens usados como moeda mercadoria46 estão o gado, que tinha a
vantagem, de multiplicar-se entre uma troca e outra; o sal na Roma Antiga; o dinheiro
de bambu na China; o dinheiro em fios na Arábia.
As moedas-mercadorias variaram amplamente de comunidade para
comunidade e de época para época, sob marcante influência dos usos e costumes dos
grupos sociais em que circulavam. Assim, por exemplo, na Babilônia e Assíria antigas
utilizava-se o cobre, a prata e a cevada como moedas; na Alemanha medieval,
utilizavam-se gado, cereais e moedas cunhadas de ouro e prata; na Austrália moderna
fizeram a vez de moeda o rum, o trigo e até a carne.
Com o tempo, as moedas-mercadorias foram sendo descartadas. As
principais razões para isso foram:
1. Elas não cumpriam satisfatoriamente a característica de aceitação geral exigida nos
instrumentos monetários. Além disso, perdia-se a confiança em mercadorias não
homogêneas, sujeitas à ação do tempo, de difícil transporte, divisão ou manuseio. Além
disso, algumas destas moedas-mercadorias podiam estragar com o tempo;
2. A característica valor de uso e valor de troca tornava o novo sistema muito
semelhante ao escambo e suas limitações intrínsecas.
Os metais preciosos passaram a ser usados por terem uma aceitação mais
geral e uma oferta mais limitada, o que lhes garantia um preço estável e alto. Além
disso, não se desgastavam, eram facilmente reconhecidos, divisíveis/maleáveis e de
fácil transporte.
Na Idade Média, surgiu o costume de se guardar os valores com um
ourives (antigos bancos), pessoa que negociava objetos de ouro e prata. Este, como
garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados
para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel.
46 O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse risco de doenças e de morte. O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos. O Sal e a carne deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados.
Notas de aula - Ecopol
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A moeda-papel veio para contornar os inconvenientes da moeda metálica
(peso, risco de roubo), embora valessem com lastro nela. Assim surgem os certificados
de depósito, emitidos por casas de custódia em troca do metal precioso nela depositado.
Por ser lastreada, essa moeda representativa poderia ser convertida em metal precioso a
qualquer momento, e sem aviso prévio, nas casas de custódia.
Com o passar do tempo e o aumento de emissões além do estoque de
ouro passamos a ter a chamada moeda fiduciária, ou seja, sem lastro. O lastro metálico
integral mostrou-se desnecessário quando foi constatado que a reconversão da moeda-
papel em metais preciosos não era solicitada por todos os seus detentores ao mesmo
tempo. É claro que isso gerou um grande problema, pois num momento de crise as
pessoas correram para os “bancos” para trocar seus papeis por ouro, mas e não havia
ouro para todos.
Com isso surge o padrão-ouro e a emissão de moeda de papel foi
estatizada, dando lugar ao papel moeda emitido pelo Estado. Os governos emitiam
moeda na medida em que guardavam mais ouro. Isso, em tese, garantia o valor da
moeda, que estava atrelada ao ouro. A passagem da moeda-papel para o papel-moeda é
tida como uma das mais importantes e revolucionárias etapas da evolução histórica da
moeda.
Porém o padrão-ouro não durou para sempre. No dia 15 agosto de 1971,
diante das pressões protecionistas por parte do Congresso norte-americano, do declínio
relativo da sua competitividade e sem conseguir alcançar qualquer acordo com os países
aliados, Nixon optou pela ruptura unilateral da conversibilidade em ouro do dólar.
Assim, a moeda passou a não ter mais nenhum lastro físico. Daí vem a
pergunta: por que R$ 1,00 vale R$ 1,00? A resposta é: porque nós acreditamos nisso.
Logo a confiança na economia de um país é a pedra de toque de todo o sistema
financeiro.
Funções da Moeda
Habitualmente distinguem-se as três funções desempenhadas pela moeda
numa economia. São elas:
Meio de pagamento ou instrumento de troca: Serve nos atos de compra e venda
funcionando como meio intermediário das trocas, desde que a quantidade de moeda
permita alcançar qualquer bem ou serviço, bem como liquidar qualquer divida.
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Unidade de conta ou medida de valor: O Real é a unidade de medida que permitia
estabelecer o valor dos bens em relação aos outros. Sabendo o preço de um bem,
fazendo as contas sabe-se o valor total dos bens adquiridos. Exemplo: Um caderno custa
R$ 1,50, logo três cadernos custam R$ 4,50.
Instrumento de reserva de valor: É possível guardar moeda, ou seja, poupar, para
adquirir bens ou serviços no futuro, podendo assim ser utilizada em qualquer momento.
Inflação e índice de Inflação
Inflação é a alta generalizada dos preços, com perda de poder de compra
da moeda. Isso é diferente do índice de inflação, que é a tentativa de medir a alta dos
preços que aconteceu no mundo real. Este índice é composto por uma cesta de bens que
nasce de uma pesquisa dos hábitos de consumo da população. Busca-se saber o que, em
média, as pessoas consomem e em que lugar. Montada essa cesta de bens e serviços,
passamos a acompanhar a evolução dos preços.
No Brasil há três índices de inflação mais usados: o IPC (medido pela
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo, a Fipe), o
INPC (do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE) e o IGP (Índice Geral de
Preços, calculado pela Fundação Getúlio Vargas).
Desta forma, o impacto da variação dos preços é sentido de forma
diferente por cada indivíduo. Dependendo do consumo, algumas variações podem ser
sentidas com mais ou menos força.
Tipos de inflação.
Inflação de demanda: A inflação de demanda é acarretada basicamente por uma
defasagem entre a quantidade ofertada e a quantidade demandada, sendo esta última
bem maior do que a primeira, causando dessa forma uma pressão nos preços em função
de certo patamar de demanda reprimida.
Quando o governo apresenta um déficit orçamentário, uma das formas de
tentar resolver o problema é através da emissão de papel moeda. Um aumento da
expansão monetária sem consequente aumento de produção poderá implicar em uma
demanda maior que a oferta, provocando a expansão dos preços.
Dentro deste contexto a inflação da moeda estreitamente relacionada
com a inflação de demanda, pois quando o governo pratica a emissão de moeda
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(aumentando a base monetária) cria na população, a curto prazo, a idéia do aumento do
poder aquisitivo.
Inflação de custos: Associado a um aumento nos custos, tais como matéria prima,
salários, impostos, combustível etc. Quando um sindicato negocia com o empresário um
aumento de salários, ele repassa esse aumento de salário para os produtos. Os aumentos
dos preços de produtos implicarão em novas exigências de aumento de salários.
Inflação estrutural: A inflação estrutural está estreitamente relacionada com a
ineficiência de serviços fornecidos pela infraestrutura de uma determinada economia.
Essa ineficiência, obviamente eleva desnecessariamente os custos dos serviços
prestados pelo governo, acarretando dessa maneira uma majoração dos custos de
produção e em seguida o aumento dos preços das mercadorias no mercado.
Fica claro perceber que se as estradas de um determinado país estão em
péssimo estado de conservação, consequentemente os custos de transporte e distribuição
ficarão mais elevados. Se os portos são ineficientes, as exportações acabarão ficando
mais caras e o produto ficará pouco competitivo no mercado internacional.
Inflação inercial: A inflação corrente é resultado da inflação passada, ou seja há uma
realimentação da inflação através de mecanismos de indexação47 – atrelam os preços do
presente à inflação passada. Estes podem ser:
a. Formais - regras específicas e legais de aumento, por exemplo de alugueis, energia
elétrica, telefonia etc.;
b. Informais - quando os agentes aumentam os preços porque os outros também o
fizeram.
Efeitos da inflação sobre a economia.
A inflação provoca perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com
que o dinheiro valha cada vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior
dele para adquirir os mesmos produtos.
O processo inflacionário, quando instalado, é de difícil controle.
Funciona como um círculo vicioso, obrigando a realização de reajustes periódicos de
preços e salários, com o seu consequente agravamento. E quem mais sofre com tudo
isso é a camada mais pobre da população, que não tem como se proteger. 47 Vincular um aumento a outro. Ex: O pai indexou a mesada do filho: Pra cada meio ponto (0,5) que o CR crescer, aumentará sua mesada em 5%. Caso ocorra uma queda de meio ponto, haverá redução do mesmo percentual.
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Em épocas de inflação galopante, tivemos no Brasil contas bancárias
com reajustes diários como forma de repor o poder de compra que o dinheiro perdia de
um dia para o outro. Mas as pessoas mais pobres não tinham (e ainda não têm) acesso a
contas bancárias, não podendo se utilizar desse benefício.
Podemos resumir as consequências assim:
A crescente incerteza pode desestimular o investimento e a poupança.
Redistribuição: Haverá redistribuição da renda, que se transfere progressivamente
daqueles com rendas mais baixa para os de renda mais alta e acesso ao sistema
financeiro, assim como os empresários; A renda também tende a ir para o Estado que
indexa seus tributos (isso será visto um pouco mais a frente).
Aumento dos custos relativos à maior velocidade de circulação do dinheiro (o
exemplo simples é das pessoas que precisarão ir mais ao banco). Também devem ser
considerados os custos, para empresas, da mudança continuada de preços (por exemplo,
restaurantes que precisam constantemente refazer seus cardápios).
Descontrole dos preços relativos e absolutos revelando uma total desorganização das
estruturas mais básicas da economia;
Conflito redistributivo
No ambiente no qual a inflação é alta e se mantém assim por muito
tempo, passa a ocorrer uma redistribuição de renda entre as camadas sociais. Os mais
ricos, ou seja, aqueles que têm acesso ao sistema financeiro e também os empresários,
conseguem se defender da inflação.
Os mais pobres não são capazes disso e veem sua renda ser corroída dia
após dia. O que acontece é um processo de migração da renda, que sai dos mais pobres
e vai para os mais ricos, concentrando a riqueza do país.
Para se defender da inflação, o governo também indexou48 a sua receita.
Foram criados os índices de referência, que subiam todo dia. O contribuinte, por
exemplo, ao pegar o carnê do IPTU, se espantava, pois o imposto devido era de 300
UFIR’s.
A UFIR (Unidade Fiscal de Referência) era reajustada diariamente,
fazendo com que o governo defendesse o próprio poder de conquistar uma parcela da
riqueza social. O governo aumentava o preço como os empresários, para manter a sua
48 Sempre que a inflação subia o valor da UFIR (Unidade Fiscal de Referência) subia junto. Em alguns momentos isso acontecia diariamente e o valor do tributo aumentava todo dia.
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renda real inalterada ou ainda mesmo aumentá-la. O objetivo era se defender da
inflação.
Desta forma, parte da riqueza também é perdida pelos mais pobres e
apropriada pelo governo. Novamente, os mais pobres são os mais prejudicados. A esta
transferência de renda para o governo demos o nome de “imposto inflacionário”49.
Assim, são os mais pobres que sofrem mais com a inflação e o conflito redistributivo.
Regime de Metas para Inflação
O Banco Central do Brasil é uma autarquia responsável diretamente pelas
políticas monetárias do país, é a principal autoridade monetária e o guardião do valor da
moeda. Antes de sua criação, em 31 de dezembro de 1964, os órgãos responsáveis pelas
políticas monetárias do Brasil eram a Superintendência da Moeda e do Crédito
(SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional, atuando no controle monetário, na
função de banco do governo e na emissão de papel-moeda, respectivamente.
Basicamente, as funções do Banco Central do Brasil se concentram na
supervisão da política monetária e cambial do país e na fiscalização do sistema
financeiro nacional. De forma específica, as principais funções do BACEN são: 49 “Imposto inflacionário” é apenas um apelido. Não se trata de um imposto tecnicamente falando. O que ocorrer é que há uma quantidade de dinheiro que sai do bolso da população mais carente e vai para os cofres públicos. Como isso é muito parecido com um imposto, acabou ganhando o apelido. É muito comum, também, chamar o “imposto inflacionário de pior de todos impostos”. Isso se deve ao fato de que ele atinge principalmente os mais pobres (quanto mais pobre mais o cidadão sofre com a inflação) numa completa inversão do principio de que tem mais deve pagar mais imposto (princípio da capacidade contributiva) e, além disso, nós “pagamos” um pouco todo dia, toda hora... sem saber ou sentir diretamente.
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1. Emissão de papel moeda (operacionalizada pela Casa da Moeda);
2. Banco dos Bancos - Realização de operações de redesconto e empréstimos de
assistência à liquidez às instituições financeiras;
3. Banco dos Bancos - Recebimento dos depósitos compulsórios dos bancos
comerciais;
4. Formulação, execução e acompanhamento da política cambial e de relações
financeiras com o exterior;
5. Organização, disciplinamento e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional, do
Sistema de Pagamento Brasileiro e do Sistema Nacional de Habitação e ordenamento do
mercado financeiro.
6. Guardião da moeda, ou seja, implementa medidas para o controle da inflação,
conforme veremos a seguir.
O Banco Central se compromete a atuar de forma a garantir que a taxa de
inflação esteja em linha com uma meta pré-estabelecida anunciada publicamente. Para
isso ele utiliza a taxa de juros.
Objetivo da política monetária é trazer a inflação para dentro das metas
estabelecidas, minimizando as mudanças súbitas de preço, com aumentos excessivos
que podem prejudicar a economia.
Assim, sempre que a inflação se acelera há um aumento na taxa básica de
juros , ou seja, aquela que é paga pelo governo para pegar empréstimos. Destarte, esta é
a taxa mínima cobrada na economia. O aumento da taxa de juros básica provoca um
efeito que eleva todas as outras taxas de juros na economia.
Isso desestimula o consumo, pois as parcelas da compra a prazo ficam
mais caras. Também desincentiva o investimento devido ao encarecimento do crédito
para o empresário. Isso sinaliza lucros menores! Assim, a economia desaquece e o
aumento de preços é desestimulado.
Devemos observar que no Brasil a diferença entra a taxa mínima e a
cobrada ao consumidor (nós, por exemplo) é gritante. Isso ocorre porque os bancos
cobram uma diferença exorbitante entre o que eles pagam de rendimento as aplicações
financeiras e o que eles cobram que vai tomar um empréstimo.
Esta diferença, chamada de spread bancário, pode ser facilmente notada
quando comparamos o que o correntista recebe num fundo de investimento (algo
próximo de 1,0 %) e o que é cobrado no cheque especial (uma taxa média de juros de,
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aproximadamente, 8,0%).
5.6) O Nível de Emprego.
O nível de emprego ou desemprego vai depender de como vamos definir
o que é estar empregado. Os institutos de pesquisa utilizam diferentes metodologias
para avaliar o desemprego.
Cabe ressaltar que o desemprego voluntário não entra nas estatísticas,
pois não representa, a priori, um problema. Desta forma, todos os índices procuram
captar quantas pessoas querem trabalhar e não conseguem achar uma oportunidade.
Assim, o desemprego involuntário é o real problema e é ele que aparece nos índices dos
institutos de pesquisa.
Desta forma, existem dois tipos de desemprego: o voluntário (em que a
pessoa não quer trabalhar, seja lá por qual motivo) e o involuntário (o que não trabalha,
mas está procurando emprego).
Como já dissemos, os índices de desemprego dos diferentes institutos
apresentam resultados distintos porque utilizam metodologias diferentes. Por exemplo,
como vamos classificar a pessoa que vende doce no sinal? Estaria ele empregado ou
não?
OBS: Não podemos confundir a definição de emprego e desemprego utilizada pelos
institutos de pesquisa com a definição do Direito Trabalhista do vínculo empregatício.
O objetivo dos institutos de pesquisa é fazer uma análise econômico-social. Enquanto o
direito trabalhista busca identificar o vínculo para estabelecer os direitos e as
obrigações para ambas as partes da relação trabalhista. Para verificarmos se há vínculo
trabalhista, devemos examinar três pontos (CLT, artigo 3º):
Existe subordinação? O trabalhador faz parte de uma engrenagem produtiva, com
cadeia de comando, chefes e subordinados ou algo semelhante?
Existe habitualidade (um horário a ser cumprido)?
Existe pagamento regular de salário?
Podemos classificar o desemprego involuntário de diversas maneiras.
Para o nosso curso, acredito que devemos usar a forma mais usual e mais aceita. Logo,
teremos:
a) Desemprego sazonal: ocorre devido a variações nas estações do ano e em outras
mudanças naturais, por exemplo, o trabalhador rural.
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b) Desemprego cíclico: ocorre porque a economia entrou em um ciclo de
desaquecimento gerado pela sua própria dinâmica. É diferente do primeiro tendo em
vista que não depende da estação, independe do tempo e do clima, pois se deve a uma
queda (crise), gerando uma desaceleração. Como isso é temporário, com o tempo a
economia pode voltar a uma situação de maior aquecimento, num ciclo sem fim.
OBS.: Para tentar combater os efeitos da sazonalidade e dos ciclos de desaceleração da
economia o governo, normalmente, lança mão de investimento e políticas econômico-
sociais chamadas de instrumentos anticíclicos. O objetivo é sustentar o emprego e/ou a
renda para que os trabalhadores afetados tenham a manutenção da dignidade até um
momento de melhora da atividade econômica.
Podemos citar como exemplo a execução de uma obra pública, como a
construção de uma barragem num determinado local que na época da entressafra
apresenta elevado nível de desemprego.
Outra possibilidade são os programas como o PAC e agora o PAC 2, que
mantém o nível de investimento na economia, sem deixar que esta fique completamente
estagnada. Não podemos deixar de citar o próprio seguro desemprego50, um exemplo
clássico de tentativa de manutenção da renda, enquanto o trabalhador procura um novo
emprego.
c) Desemprego conjuntural: Ocorre quando há um desajuste momentâneo entre oferta
e procura de emprego. O que ocorre é uma fricção devido ao fato de que existe o
emprego e existe o desempregado, ainda eles não se encontraram.
Uma forma de resolver este problema é criar um local onde quem
precisa de emprego e que oferece emprego se encontrem. Assim nasceram os centros de
integração empresa escola (CIEE) e o Sistema Nacional de Emprego (SINE51). Nestes
trabalhadores e empresários se cadastram e o encontro é feito52, diminuindo o tempo de
espera.
50 Não há confusão entre estes programas e aqueles que procuram garantir uma renda mínima ao trabalhador, como o bolsa família. Neste caso estamos falando de distribuição de rendae garantia de mínimo existencial. 51 Em Petrópolis temos uma unidade do SINE na Rua General Ozório, nº 12 – Centro (espero que ninguém precise!). 52 É quase a mesma lógica de uma agência de namoro/casamento?
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d) Desemprego estrutural: É aquele que ocorre quando o posto de trabalho desaparece.
Isto acontece quando temos mudança na tecnologia53 ou alterações nos hábitos de
consumo54.
Neste caso a solução é o (re)treinamento55 do trabalhador, para que ele
possa assumir um outro posto de trabalho. Assim, deve ser ensinado um novo ofício
que encontre oferta de trabalho no mercado. Uma opção é o Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) que possui como principais ações dois programas: o Programa do
Seguro-Desemprego (com as ações de pagamento do benefício do seguro-desemprego,
de qualificação e requalificação profissional) e os Programas de Geração de Emprego
e Renda56.
53 Ex¹: pessoas que realizam trabalhos repetitivos e perigosos são substituídas por robôs. Aquela “vaga” empregatícia deixa de existir, o trabalhador não tem como se empregar mais naquela função, tendo que, provavelmente, aprender uma outra profissão. 54 Ex²: As pessoas que produziam chapéus, no século XIX e início do XX, tiveram de mudar os produtos do empreendimento, pois os hábitos de consumo mudaram e dificilmente usa-se chapéu. 55 Quando se trata de uma empresa inteira chamamos de reconversão. 56 Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), o Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT - é um fundo especial, de natureza contábil-financeira, destinado ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico. A principal fonte de recursos do FAT é composta pelas contribuições para o Programa de Integração Social - PIS, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP.
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6) O Setor Público e o Comércio Internacional
6.1) O papel do Estado nas Economias Capitalistas.
O Estado moderno, regido pelas regras do Direito e atuante na Economia
Nacional, caracteriza-se pela sua complexidade, bem como por sua intervenção, em
diferentes graus, nas atividades da sociedade. Para cumprir o seu objetivo primordial – o
bem comum – o Estado desenvolve um sem número de atividades que podem ser
divididas, didaticamente, em dois grandes grupos: ATIVIDADES-FIM (educação,
saúde, segurança, etc.) e ATIVIDADES-MEIO (tributação, atividades financeiras,
etc.).
Para que o Estado cumpra com a sua finalidade, deve ser possuidor de
meios financeiros que o possibilitem de realizar as suas atividades, para isso o Estado
exerce a sua atividade financeira. Podemos assim conceituar atividade financeira do
Estado como o conjunto de atos que visam à obtenção de recursos para propiciar a
realização das atividades essenciais do Estado, bem como a gestão, controle e dispêndio
de tais recursos.
O Governo intervém de várias formas no mercado. Por intermédio da
política fiscal e da política monetária, por exemplo, é possível controlar preços, salários,
inflação, impor choques na oferta ou restringir a demanda.
O Estado57 pode intervir diretamente na economia conforme a previsão
legal do art. 173, CRFB. Além disso, o Estado pode repassar para a iniciativa privada a
gestão e a execução de determinadas atividades em que ele é o titular, como por
exemplo:
A) Permissão58: É o ato administrativo (simples ato unilateral de outorga, com caráter
negocial) precário através do qual o Poder Público transfere a execução de serviços
públicos a particulares. Quando excepcionalmente confere-se prazo certo às permissões
são denominadas pela doutrina de permissões qualificadas (aquelas que trazem
cláusulas limitadores da discricionariedade). O Poder Público poderá desfazer a
57 Qualquer ação pública executada pelo Estado brasileiro deve ter como base os princípios previstos no art. 37 da CRFB e demais princípios norteadores da atividade pública. 58 A permissão, pelo seu caráter precário, seria utilizada, normalmente, quando o permissionário não necessitasse alocar grandes capitais para o desempenho do serviço ou quando os riscos da precariedade a serem assumidos pelo permissionário fossem compensáveis seja pela rentabilidade do serviço, seja pelo curto prazo em que se realizaria a satisfação econômica.
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permissão sem o pagamento de uma indenização, pois não há um prazo certo e
determinado. Assim a permissão é precária (pode ser desfeita a qualquer momento).
B) Concessão: instrumento contratual através da qual transfere-se a execução de
serviço público para particulares, por prazo certo e determinado. Os prazos das
concessões são maiores que os dos contratos administrativos em geral. O Poder Público
não poderá desfazer a concessão sem o pagamento de uma indenização, pois há um
prazo certo e determinado. Assim, a concessão não é precária (não pode ser desfeita a
qualquer momento).
A lei 11.079/04 instituiu as normas gerais para licitação e contratação de
parcerias público-privadas (PPP). Estas parcerias ocorrem em virtude da ausência de
recursos públicos para a execução de obras de infraestrutura. Busca-se assegurar a
prestação de serviços públicos de melhor qualidade, a um menor custo e contando com
a agilidade da iniciativa privada. O particular deverá custear a execução da obra, mas o
poder público prestará a garantia.
Os principais instrumentos e recursos utilizados pelo Governo para
intervir na Economia, podem ser resumidos nos itens que seguem:
A) Política Fiscal - envolve a administração e a geração de receitas, além do
cumprimento de metas e objetivos governamentais no orçamento, utilizado para a
alocação, distribuição de recursos e estabilização da economia. É possível, com a
política fiscal, aumentar a renda e o PIB e aquecer a economia, com uma melhor
distribuição de renda.
Uma questão central sobre o sistema fiscal é saber se ele encorajaria ou
não o crescimento econômico. Neste sentido, as opções de reforma tributária que
aumentariam a atividade econômica seriam aquelas que diminuiriam relativamente as
alíquotas dos impostos indiretos e as que incentivariam os produtos básicos. Isto
apontaria, no caso de um deslocamento da tributação da renda para o consumo, para a
necessidade de definir alíquotas de forma seletiva, onerando menos os produtos de
consumo popular.
Uma política de redução da carga tributária seria interessante em termos
de crescimento econômico. Mas, esta questão estaria amarrada ao financiamento dos
gastos públicos porque se, por decorrência de uma redução da carga tributária, houvesse
um desequilíbrio nas finanças públicas, isto poderia neutralizar o crescimento por causa
do aumento da necessidade de financiamento do setor público.
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B) Política Regulatória - envolve o uso de medidas legais como decretos, leis,
portarias, etc., expedidos como alternativa para se alocar, distribuir os recursos e
estabilizar a economia. Com o uso das normas, diversas condutas podem ser banidas,
como a criação de monopólios, cartéis, práticas abusivas, poluição, etc.
C) Política Monetária – envolve o controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do
crédito em geral, para efeito de estabilização da economia e influência na decisão de
produtores e consumidores. Com a política monetária, pode-se controlar a inflação,
preços, restringir a demanda, etc.
O Estado precisa, como qualquer um de nós, de uma previsão de gastos e
receitas para poder planejar uma ação concreta no âmbito econômico, social, criação de
infraestrutura etc. Assim, o ORÇAMENTO PÚBLICO é fundamental para a
organização das finanças do Estado, garantido previsibilidade, transparência, controle
externo, fiscalização etc. O orçamento tem duração de um ano, de 01 de Janeiro até 31
de dezembro (um ano, período de um exercício fiscal)
O Orçamento Público funciona como um balizador na Economia. Se
temos elevados investimentos governamentais no Orçamento, provavelmente o número
de empregos aumentará, assim como a renda agregada melhorará. Em compensação, um
orçamento restrito em investimentos, provocará desemprego, desaceleração da
economia, e decréscimo no produto interno bruto.
Dentre as funções consubstanciadas no Orçamento Público, destacamos:
Função alocativa - Oferecer bens e serviços (públicos puros) que não seriam
oferecidos pelo mercado ou seriam em condições ineficientes (meritórios ou
semipúblicos) e. criar condições para que bens privados sejam oferecidos no mercado
(devido ao alto risco, custo, etc) pelos produtores, por investimentos ou intervenções,
corrigir imperfeições no sistema de mercado (oligopólios, monopólios, etc) e corrigir os
efeitos negativos de externalidades.
Função distributiva – Tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e
riqueza, através da tributação e transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais,
alocação de recursos em camadas mais pobres da população, etc.
Função estabilizadora – ajustar o nível geral de preços, nível de emprego,
estabilizar a moeda, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou
outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limites).
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O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal
(aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem
realizadas por um Governo em um determinado exercício (geralmente um ano).
O orçamento público no Brasil após anos 60 é chamado de Orçamento-
Programa, pois este é um plano de trabalho expresso por um conjunto de ações a
realizar e pela identificação dos recursos necessários à sua execução.
Esse tipo de orçamento caracteriza-se pelo fato da elaboração
orçamentária ser feita em função daquilo que se pretende realizar no futuro, ou seja,
permite identificar os programas de trabalho do governo, seus projetos e atividades e
ainda estabelece os objetivos, as metas, os custos, e os resultados alcançados.
A característica marcante do orçamento-programa É a de está
intimamente ligado ao sistema de planejamento e aos objetivos que o Governo pretende
alcançar, durante um período determinado de tempo. O documento contém a estimativa
de arrecadação das receitas federais para o ano seguinte e a autorização para a
realização de despesas do Governo. Porém, está atrelado a um forte sistema de
planejamento público das ações a realizar no exercício.
Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e
controle dos Orçamentos Públicos, que estão definidos no caso brasileiro na
Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias
e na recente Lei de Responsabilidade Fiscal.
A Constituição Federal de 1988 atribui ao Poder Executivo a
responsabilidade pelo sistema de Planejamento e Orçamento, e a iniciativa dos
seguintes projetos de lei:
Plano Plurianual (PPA)
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
Lei de Orçamento Anual (LOA)
O PPA é a lei que define as prioridades do Governo pelo período de 4
(quatro) anos. O projeto de lei do PPA deve ser enviado pelo Presidente da República
ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto do primeiro ano de seu mandato (4 meses
antes do encerramento da sessão legislativa).
De acordo com a Constituição Federal, o PPA deve conter “as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”.
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A LDO é a lei anterior à lei orçamentária, que define as metas e
prioridades em termos de programas a executar pelo Governo. O projeto de lei da LDO
deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de
cada ano (8 meses e meio antes do encerramento da sessão legislativa).
De acordo com a Constituição Federal, a LDO estabelece as metas e
prioridades para o exercício financeiro subseqüente, orienta a elaboração do Orçamento
(Lei Orçamentária Anual), dispõe sobre alterações na legislação tributária e estabele a
política de aplicação das agências financeiras de fomento.
Com base na LDO aprovada a cada ano pelo Poder Legislativo, a
Secretaria de Orçamento Federal, órgão do Poder Executivo, consolida a proposta
orçamentária de todos os órgãos dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) para
o ano seguinte no Projeto de Lei encaminhado para discussão e votação no Congresso
Nacional.
Por determinação constitucional, o Governo é obrigado a encaminhar o
Projeto de Lei Orçamentária Anual ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de
cada ano (4 meses antes do encerramento da sessão legislativa). Acompanha o projeto
uma Mensagem do Presidente da República, na qual é feito um diagnóstico sobre a
situação econômica do país e suas perspectivas.
A Lei Orçamentária Anual disciplina todos os programas e ações do
governo federal no exercício. Nenhuma despesa pública pode ser executada sem estar
consignada no Orçamento. No Congresso, deputados e senadores discutem na Comissão
Mista de Orçamentos e Planos a proposta orçamentária (projeto de lei) enviada pelo
Poder Executivo, fazendo modificações que julgar necessárias, por meio de emendas,
votando ao final o projeto.
A Constituição determina que o Orçamento deva ser votado e aprovado
até o final de cada Legislatura (15.12 de cada ano). Depois de aprovado, o projeto é
sancionado e publicado pelo Presidente da República, transformando-se na Lei
Orçamentária Anual.
A Lei Orçamentária Anual (LOA) estima as receitas e autoriza as
despesas do Governo de acordo com a previsão de arrecadação. Se durante o exercício
financeiro houver necessidade de realização de despesas acima do limite que está
previsto na Lei, o Poder Executivo submete ao Congresso Nacional um novo projeto de
lei para alterar o orçamento (que é uno) solicitando crédito adicional.
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O acompanhamento da execução do Orçamento brasileiro tem sido
facilitado a partir da implantação do Sistema Integrado de Administração Financeira
(SIAFI) do governo federal, que permite a unificação das contas públicas e o
acompanhamento em tempo quase real da destinação das verbas orçamentárias.
Em outras palavras, é um Sistema informatizado que processa e controla
as execuções orçamentária, financeira, patrimonial e contábil da União, através de
terminais instalados em todo o território nacional. Tem como premissa básica a
contabilização de todos os atos e fatos praticados pelos Gestores públicos.
No Sistema SIAFI não se realiza a elaboração do orçamento. Essa
elaboração é executada em outro sistema, o Sistema Integrado de Dados Orçamentários
– SIDOR. No SIAFI executa-se o orçamento e emite relatórios de gestão. A finalidade
do SIDOR é estruturar, organizar e elaborara a proposta orçamentária via “on-line”,
pelas unidades orçamentárias do Governo Federal.
6.2) Receita e Despesas Públicas e o Déficit Público;
Receita Pública
Receita é a soma de dinheiro que o Estado recebe para fazer face à
realização dos gastos públicos. Não podemos confundir receito com patrimônio ou
direitos da Fazenda.
As receitas podem ser:
Ordinárias: são aquelas que são periódicas e compõem permanentemente o
Orçamento do Estado;
Extraordinárias: são aquelas que se produzem excepcionalmente (doações ou
tributos não extraordinários).
Os tributos formam a maior parte da receita da União, Estados e
Municípios e abrangem impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. O
Imposto de Renda é um tributo, assim como a taxa do lixo cobrada por uma prefeitura e
a IPVA.
Eles podem ser diretos ou indiretos. No primeiro caso, são os
contribuintes que devem arcar com a contribuição, como ocorre no Imposto de Renda.
Já os indiretos incidem sobre o preço das mercadorias e serviços.
São espécies de tributo:
A. Imposto - Não há uma destinação específica para os recursos obtidos por meio do
recolhimento dos impostos. Em geral, é utilizado para o financiamento de serviços
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universais, como educação e segurança. Eles podem incidir sobre o patrimônio (como o
IPTU e o IPVA), renda (Imposto de Renda) e consumo, como o IPI que é cobrado dos
produtores e o ICMS que é pago pelo consumidor.
B. Taxa - esse tributo está vinculado (contraprestação) a um serviço público específico
prestado ao contribuinte e prestado pelo poder público, como a taxa de lixo urbano ou a
taxa para a confecção do passaporte.
C. Contribuições - elas são divididas em dois grupos: de melhoria ou especiais. No
primeiro caso estão as contribuições cobradas em uma situação que representa um
benefício ao contribuinte, como uma obra pública que valorizou seu imóvel. Já as
contribuições especiais são cobradas quando há uma destinação específica para um
determinado grupo, como o PIS (Programa de Integração Social) e Pasep (Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público), que são direcionados a um fundo dos
trabalhadores do setor privado e público.
D. Empréstimo Compulsório. Somente à União, nos casos excepcionais definidos em
lei complementar, poderá instituir empréstimo compulsório ao qual se aplicarão as
disposições constitucionais relativas aos tributos e às normas gerais de Direito
Tributário. No empréstimo forçado, não há acordo de vontades, nem contrato de
qualquer natureza. Unilateralmente, o Estado compele alguém, sob sua jurisdição, a
entregar-lhe dinheiro, prometendo o reembolso sob certas condições ou dentro de certo
prazo.
E. Contribuição especial – (artigo 149 e 195 da CR e artigo 217 do CTN) também
chamada de contribuição social, surgiu para permitir ao Estado prestar serviços de
alguns setores específicos que são indispensáveis. São as entidades sociais (seguridade)
e as entidades profissionais. Ou seja, é uma hipótese legal decorrente de intervenção no
domínio econômico, prestação de serviço social e organização e funcionamento de
órgãos sindicais e profissionais. Estas contribuições são pagas antecipadamente para
que o contribuinte usufrua futuramente. Segundo o STF, possui quatro modalidades,
que são:
contribuição social geral
contribuição de intervenção no domínio econômico
contribuição profissional
contribuição securitária (diferente de previdenciária)
F. Contribuição de iluminação pública – (artigo 149-A da CR) de acordo com o
informativo 540, foi incluída pelo STF como nova espécie de tributo. A iluminação
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pública consiste num serviço público uti universi, isto é, de caráter geral e indivisível,
prestado a todos os cidadãos, indistintamente, não sendo possível, sob o aspecto
material, incluir todos os seus beneficiários no pólo passivo da obrigação tributária.
Assim, atendidos os demais princípios tributários e os critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, não é inconstitucional identificar o sujeito passivo da obrigação em
função de seu consumo de energia elétrica, tendo sido, inclusive, essa a intenção do
constituinte derivado ao criar o novo tributo, conforme relatório da PEC 559/2002.
Despesa Pública
Despesa é a soma dos gastos realizados pelo Estado para a realização de
suas obras e prestações de serviço. A realização da despesa passa por três fases (Lei
4.320/64): o empenho, a liquidação e o pagamento. Porém se estamos falando de obras,
serviços ou compras devemos ter uma fase inicial que é a licitação.
A licitação é uma regra imposta ao poder público. A licitação não passa
de um procedimento administração vinculado, previsto em lei, através do qual a
administração pública ou as pessoas elencadas em lei vão selecionar a melhor proposta
dentre as apresentadas por vários interessados para a celebração do futuro contrato.
A administração pública, para celebrar contratos, tem que, previamente,
em regra, fazer um procedimento licitatório. E aí o procedimento licitatório visa garantir
a igualdade, a impessoalidade de tratamento, a moralidade.
Quer dizer, a licitação é uma regra moralmente e constitucionalmente
exigível, que a administração pública tem que se submeter, em regra, para fazer
contratos. O administrador público gere coisa pública e para gastar esse dinheiro, ele
tem que fazer valer a impessoalidade, tem que dar igualdade e oportunidade para
aqueles particulares que querem contratar com o poder público.
A Licitação se divide em três tipos:
Menor Preço: critério de seleção em que a proposta mais vantajosa para a
Administração é a de menor preço. É utilizado para compras e serviços de modo geral e
para contratação e bens e serviços de informática, nos casos indicados em decreto do
Poder Executivo.
Melhor Técnica: critério de seleção em que a proposta mais vantajosa para a
Administração é escolhida com base em fatores de ordem técnica. É usado
exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial
na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de
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engenharia consultiva em geral, e em particular, para elaboração de estudos técnicos
preliminares e projetos básicos e executivos.
Técnica e Preço: critério de seleção em que a proposta mais vantajosa para a
Administração é escolhida com base na maior média ponderada, considerando-se as
notas obtidas nas propostas de preço e de técnica. É obrigatório na contratação de bens e
serviços de informática, nas modalidades tomada de preços e concorrência.
Além disso, a licitação pode se apresentar em cinco diferentes
modalidades:
Concorrência – O Estado publica o interesse de realizar ou comprar algo e
“convida” os agentes privados a participarem, dentro das condições previstas no edital,
da licitação. Como se percebe a concorrência é para contratos de alto vulto, por isso
mesmo de maior risco para a administração pública trazendo um procedimento com
maiores formalidades como forma de prevenção contra possíveis prejuízos;
Tomada de preços – Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas
para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação;
Convite – convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente
ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa;
Concurso – É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, com instituição de prêmio ou remuneração aos
vencedores;
Leilão – É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para venda de
bens móveis inservíveis da Administração, de produtos legalmente apreendidos/
penhorados ou para a alienação de bens imóveis adquiridos em procedimentos judiciais
ou de doação, a quem oferecer maior lance.
Pregão – Pregão59 é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços
comuns em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de
propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor
preço.
A licitação não ocorrerá quando estiver presente a inexigibilidade, ou
seja, a competição é impossível, não existe nem a possibilidade de competição. Ou 59 Pregão instituído pela Lei nº 10.520/02 e as demais modalidades pela Lei 8666/93.
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porque só existe um fornecedor do bem/serviço ou porque as características do
contratado são características que não admitem, em princípio, uma competição.
Além disso, existe a dispensa de licitação. Em tese, trata-se de situação
na qual a licitação seria exigível, porque haveria possibilidade de competição, em tese
haveria mais de um interessado em prestar aquele serviço ou fornecer aquele bem. Mas
o legislador vai estabelecer situações excepcionais em que o interesse social, o interesse
público, poderá pedir a ausência de licitação.
Terminada a fase licitatória, a despesa vai se concretizar passando pelos
seguintes estágios:
1) EMPENHO DA DESPESA é ato pelo qual se reserva, no orçamento, a quantia
necessária para o pagamento de uma despesa específica;
2) LIQUIDAÇÃO – a autoridade pública verifica se há o empenho e se o bem foi
entregue ou o serviço prestado. Calcula-se o a importância exata a pagar e emiti-se a
ORDEM DE PAGAMENTO, pelo ordenador da despesa.
3) PAGAMENTO – as tesourarias ou estabelecimentos bancários autorizados pagam a
despesa.
As despesas empenhadas, mas não pagas no exercício fiscal atual (até 31
de dezembro), se transformam em restos de despesas e devem ser pagas no exercício
seguinte. A inscrição de valores em restos a pagar terá validade até 31 de dezembro do
ano subseqüente. Findo este prazo, os saldos remanescentes serão automaticamente
CANCELADOS, podendo o credor, no prazo de 5 anos do dia da inscrição de buscar
judicialmente.
Isso não se confunde com os precatórios60 que nascem da inclusão, no
orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus
débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado. Os pagamentos far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios.
Assim, podemos dizer que não havia previsão inicial de que aquele gasto
seria feito, ele nasceu de uma sentença judicial e, a partir da condenação, foi instituída a
necessidade de pagamento. Imagine que um carro oficial, por falta de manutenção,
perde o controle e invade a calçada, vindo a ferir uma pessoa de forma grave. Seria um
absurdo achar que isso estava previsto no orçamento! Não cabe falar em resto de
despesa. Após um processo judicial surgirá a obrigação do Estado indenizar a vítima
60 Conforme determinam o art. 100 da Constituição Federal e o art. 67 da Lei nº 4.320.
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(em 100 salários mínimos, por exemplo). É daí que surge a despesa que origina o
precatório.
Déficit Público
Devemos lembrar que se o Governo, em qualquer nível, mostra que não
tem condições honrar seus compromissos isso vai gerar expectativas negativas no
mercado interno e externo. Isso pode ser péssimo para a economia, com calotes aos
agentes privados, com a perda de divisas, corte de financiamentos, entre outros
problemas.
Conseqüências gerais do descontrole das políticas públicas: criação de
expectativas negativas, possibilidade de calote do Estado, inflação (se houver emissão
de moeda), fuga de capitais internacionais, descontrole das varáveis macroeconômicas
(juros, câmbio etc).
Basicamente o financiamento do déficit público pode ocorrer de três
formas. A primeira seria a emissão de papel moeda (o governo faz dinheiro e paga as
próprias contas). Isso seria ruim, pois poderia aumentar a inflação e, também, abalaria a
confiança na seriedade do Estado.
Uma outra forma seria obter junto ao mercado financeiro empréstimos
para tentar saldar os compromissos. Teremos o problema do aumento da dívida pública.
Além disso, como há menos dinheiro para a iniciativa privada pegar emprestado, a taxa
de juros vai aumentar. Isso vai encarecer o investimento e as compras a prazo,
desacelerando a economia.
Por fim, teríamos a possibilidade de aumentarmos os tributos – elevando
a arrecadação e saldando o déficit. Contudo, elevar a carga tributária vai encarecer os
bens e serviços, gerando diminuição da atividade produtiva61. A medida é impopular e
gera expectativas negativas, pois a sociedade vai perceber que o governo repassará para
ela o custo de uma gestão ruim62.
OBS.: Sempre que se fala em déficit público, temos a sugestão de corte dos gastos
públicos. Essa medida é válida para evitar que a dívida aumente ou que num futuro
(mesmo que breve) ela possa ser paga. Todavia, as três medidas que vimos
anteriormente visam à solução de um problema que não pode esperar para ser resolvido. 61 Podendo até anular o aumento da receita 62 Além disso, aumentar tributos demanda mudanças nas leis e, por vezes, longos caminhos dentro do Poder Legislativo. Isso sem falar no principio da anualidade e da noventena. Assim, é uma medida impopular e que pode demorar a surtir efeito.
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Assim, o corte de gastos63 pode até ser uma solução, mas não elimina a necessidade de
financiamento do déficit público.
6.3) O Comércio Internacional e a Globalização da Produção;
Comércio Internacional
Como os países não conseguem produzir todos os produtos de que
necessitam, especializam-se nas atividades produtivas para os quais se encontram mais
aptos, comercializando os produtos entre si. Este comércio internacional ou comércio
exterior submete os produtores internos a um maior grau de concorrência, reduzindo seu
poder de mercado.
Consequentemente, os consumidores internos compram produtos mais
baratos, tanto dos produtores externos quanto dos produtores nacionais que devem
manter seus preços em níveis competitivos. A política de comércio exterior de um país
deve estar vinculada à sua política interna, no plano econômico, social e legal.
O avanço industrial, dos transportes, o surgimento das corporações
multinacionais, a globalização tiveram grande impacto nas últimas décadas no
incremento deste comércio. O aumento do comércio internacional pode ser relacionado
com o fenômeno da globalização.
Pós-segunda grande guerra o mundo estrutura um conjunto de
organismos multilaterais para poder garantir a cooperação internacional e instituir
mecanismos de controle de atividades ligadas a diversos setores, como, por exemplo, o
sistema financeiro internacional.
Organismos como o FMI e o Banco Mundial são exemplos disso. O FMI
têm vários como objetivos, como financiar problemas emergenciais nos países
membros. Nesta mesma época foi formada a ITO (International Trade Organization64),
porém esta não teve vida longa, pois os EUA não queriam uma regulamentação/controle
das relações comerciais devido ao fato de que isso poderia ir contra a posição
hegemônica obtida no imediato pós-guerra. Assim, o Congresso dos EUA não aceitou o
tratado que instituía a ITO.
Um "órgão" da ITO sobreviveu: O GATT (General Agreement of Trade
and Tax65) e passou a regular as transações de comércio internacional através de
63 O corte nos gastos públicos deve ser feito, preferencialmente, nos gastos com custeio da máquina pública e não deve atingir os investimentos necessários ao desenvolvimento econômico e social. 64 Organização Internacional de Comércio 65 Acordo Geral de Tarifas e Comércio
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tratados do qual é Brasil é signatário. Nos anos 90 foi criada a OMC66 (Organização
Mundial do Comércio) que englobou GATT e, hoje, é o Órgão Multilateral que trata da
questão do comércio internacional.
Os objetivos da OMC são:
Ampliar o comércio livre;
Diminuir as barreiras tarifárias e as não-tarifárias.
Gerenciar os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio;
Servir de fórum para comércio internacional (firmar acordos internacionais);
Supervisionar a adoção dos acordos e implementação destes acordos pelos membros
da organização (verificar as políticas comerciais nacionais);
Gerir o Sistema de resolução de Controvérsias67.
São princípios da OMC:
Princípio da Não-Discriminação: este princípio envolve duas considerações. O Art. I
do GATT 1994, na parte referente a bens, estabelece o princípio da nação mais
favorecida68. Isto significa que se um país conceder a outro país um benefício terá
obrigatoriamente que estender aos demais membros da OMC a mesma vantagem ou
privilégio. O Art. III do GATT 1994, na parte referente a bens, estabelece o princípio do
tratamento nacional. Este impede o tratamento diferenciado aos produtos internacionais
para evitar desfavorecê-los na competição com os produtos nacionais.
Princípio da Previsibilidade: os operadores do comércio exterior precisam de
previsibilidade de normas e do acesso aos mercados tanto na exportação quanto na
importação para poderem desenvolver suas atividades. Para garantir essa
previsibilidade, o pilar básico é a consolidação dos compromissos tarifários bens e
serviços.
Princípio da Concorrência Leal: este princípio visa garantir um comércio
internacional justo, sem práticas desleais, como os subsídios (alguns Estados dão
dinheiro aos agricultores de seus países, permitindo a produção de itens mais baratos e
mais competitivos perante os itens/produtos dos outros países). Previsto nos Arts. VI e
XVI. No entanto, só foram efetivados após os Acordos Antidumping e de Subsídios que
66 A OMC foi criada em 1995. 67 As disputas surgem quando um país adota uma medida de política comercial ou faz algo que um ou mais membros da OMC considerem que viole os acordos da própria organização. Somente estão aptos a participar do sistema de disputas os países membros da OMC. 68 Exceções: Ajuda humanitária e criação de zonas de livre comércio.
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além de regularem estas práticas, também previram medidas para combater os danos
delas provenientes.
Princípio da Proibição de Restrições Quantitativas: estabelecido no Art. XI do
GATT 1994 impede que os países façam restrições quantitativas, ou seja, imponham
quotas ou proibições a certos produtos internacionais como forma de proteger a
produção nacional. A OMC aceita apenas o uso das tarifas como forma de proteção,
desde que a lista de compromissos dos países preveja o uso de quotas tarifárias.
Princípio do Tratamento Especial e Diferenciado para Países em Desenvolvimento:
estabelecido no Art. XXVIII e na Parte IV do GATT 1994. Por este princípio os países
em desenvolvimento terão vantagens tarifárias, além de medidas mais favoráveis que
deverão ser realizadas pelos países desenvolvidos.
Barreiras à entrada
Para dificultar o acesso de produtores estrangeiros ao mercado interno e
proteger o produtor nacional recorrentemente são adoradas barreiras que têm por
objetivo limitar o comércio internacional daquele país. Estas barreiras podem se
subdividir em:
a) Barreiras tarifárias: são tributos cobrados, normalmente ad valorem, visando o
encarecimento do produto que vem de outro país69.
b) Barreiras não-tarifárias: Para fugir dos acordos internacionais que limitam as
barreiras tarifárias os países lançam mão de barreiras que não se traduzem em tributos e
podem assumir as seguintes configurações:
b.1) Barreiras fitossanitárias: São aquelas adotadas por motivo de saúde pública e
para evitar a proliferação de doenças. Ex: Nos casos da febre aftosa, doença da vaca
louca, gripe aviária, etc., OS PRODUTOS NÃO PODEM ENTRAR.
b.2) Barreiras de caráter ecológico: É a proibição da entrada de produtos , que, no
país de origem, para serem feitos, degradam o meio ambiente. Ex: papel. Tendo em
vista que para clarear o papel o Brasil usa o Cloro, e o cloro é um material altamente
poluente, a Alemanha não importa o papel brasileiro para desestimular a produção do
mesmo. (No fundo, tenta-se proteger o produtor nacional, tendo em vista que a
69 Os tributos ad valorem são cobrados da seguinte forma: Se for importar o produto X, o imposto será de Y% do valor do produto. Entretanto, pode existir o tributo puro e simples, que se refere a uma taxa fixa cobrada sobre uma unidade do produto. Ex: a cada litro de etanol, cobra-se a taxa de U$ 0,40 sobre cada litro.
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técnica usada pelos alemães faz com que o produto final fique bem mais caro que o
produto brasileiro).
b.3) Barreiras de caráter humanitário: Evitam a importação de produtos que para
serem produzidos foi utilizada mão-de-obra superexplorada (escravidão, semi-
escravidão, etc.).
b.4) Barreiras técnicas: São condições técnicas para importar determinado produto.
Ex: Determinar que a tomada tenha que ser de dois “pinos”, pois o padrão nosso é
esse e, às vezes, de muitos outros países não é o habitual.
c) Cotas de importação: A cota é um limite na quantidade que o país pode importar de
um determinado produto.
d) Subsídio: De forma geral é um tipo de apoio monetário, concedida por uma
entidade (instituição ou pessoa) a outra entidade individual ou coletiva, no sentido de
fomentar o desenvolvimento de uma determinada atividade desta ou o desenvolvimento
da própria. Subsídios70 governamentais fornecidos a empresas (comércio e indústrias)
possuem o intuito de reduzir o preço final dos produtos vendidos por tais, para que estes
produtos possam competir com os produzidos por outros países. Os subsídios
governamentais às empresas e a agricultura são comuns em países desenvolvidos, cujos
produtos são sensivelmente mais caros do que similares fabricados em países em
desenvolvimento.
6.4) Globalização
Globalização é um conjunto de
transformações na ordem política e econômica
mundial visíveis desde o final do século XX.
Trata-se de um fenômeno que criou pontos em
comum na vertente econômica, social, cultural e
política, e que consequentemente tornou o mundo
interligado, uma Aldeia Global.
O processo de globalização é a forma como os mercados de diferentes
países interagem e aproximam pessoas e mercadorias. A quebra de fronteiras gerou uma
70 Subsídios também podem ser dados com outros objetivos. Por exemplo, subsídios governamentais podem ser dados às pessoas de baixa renda para o auxílio à aquisição de uma casa própria.
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expansão capitalista onde foi possível realizar transações financeiras e expandir os
negócios - até então restritos ao mercado interno - para mercados distantes e
emergentes.
As inovações nas áreas das Telecomunicações e da Informática
(especialmente com a Internet) foram determinantes para a construção de um mundo
globalizado.
O surgimento dos blocos econômicos - países que se juntam para
fomentar relações comerciais, por exemplo, Mercosul ou União Europeia - foi resultado
desse processo econômico.
O impacto exercido pela globalização no mercado de trabalho, no
comércio internacional, na liberdade de movimentação e na qualidade de vida da
população varia a intensidade de acordo com o nível de desenvolvimento das nações.
Todas estas mudanças diversas (inovações, destruições, criações,
aculturações...) provocadas por essas trocas generalizadas, atualmente facilitadas,
provoca uma transformação na realidade social associada a uma alteração ao nível das
formas e estrutura dos relacionamentos econômicos e sociais. Assim, mudam as práticas
comerciais, a legislação, a cultura etc. Tudo com forte feito nos comportamentos nas
atitudes e valores das pessoas, empresas e estados.
A globalização também traduz a estratégia destinada a uniformizar os
aspectos da atividade econômica em escala mundial, conduzindo a integração
econômica e tecnológica dos países. Um exemplo é o surgimento dos “produtos
globais”. Estes são produzidos cada componente num cano do globo e vendidos por
todo o mundo. Fica claro que o processo de produção passa a ser pensado levando em
conta não apenas um país ou região, mas sim o mundo todo!
O capitalismo tinge uma escala propriamente global. Além das suas expressões nacionais, bem como dos sistemas e blocos articulando regiões e nações países dominantes e dependentes, começa a ganhar perfil mais nítido o caráter global do capitalismo. Declinam os estados-nações, tanto os dependentes como os dominantes. As próprias metrópoles declinam, em benefício de centros decisórios dispersos em empresas e conglomerados. (Otávio Ianni, A sociedade global, p. 39).
A globalização não é um acontecimento recente. Poderíamos até dizer
que ocorreu um “processo de globalização” nos séculos XV e XVI, com a expansão
marítimo-comercial europeia, consequentemente a do próprio capitalismo e continuou
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nos séculos seguintes. O que diferencia aquela globalização atual é a velocidade e
abrangência de seu processo, muito maior e mais rápido na atualidade.
Como muitos outros fenômenos de elevada complexidade, a globalização
apresenta pontos positivos e negativos. A globalização foi importante no combate à
inflação e ajudou a economia ao facilitar a entrada de produtos importados. O
consumidor teve acesso a produtos importados de melhor qualidade e mais baratos,
assim como produtos nacionais mais acessíveis e de melhor qualidade. Outra vantagem
é que a globalização atrai investimentos de outros países, traz desenvolvimento
tecnológico, melhora o relacionamento com outros países, potencia as trocas comerciais
internacionais, e abre as portas para diferentes culturas.
Por outro lado, uma das maiores desvantagens da globalização é a
concentração da riqueza. A maior parte do dinheiro fica nos países mais desenvolvidos e
apenas 25% dos investimentos internacionais vão para as nações em desenvolvimento, o
que faz disparar número de pessoas que vivem em extrema pobreza, ou seja, com menos
de 1 dólar por dia.
A globalização também pode desvalorizar a cultura nacional/local de um
determinado país. Isso pode ocorrer devido a massificação de produtos culturais feito
pela indústria do entretenimento.
Todavia, a globalização gerou um aumento do intercâmbio cultural entre
pessoas de diversos países do mundo. Impulsionado pela Internet, este intercâmbio é
importante para ampliar a visão de mundo das pessoas, que passam a conhecer e
respeitar mais outras realidades culturais e sociais.
Além disso, a globalização aumentou o interesse pela cultura, economia
e política de outros países. Além de se sentirem integrantes de um país, muitas pessoas
sentem que são cidadãos do mundo, desenvolvendo um grande interesse pelos diversos
aspectos da vida de outras nações. Com os sistemas de informações atuais,
principalmente Internet, este aspecto ganhou um grande avanço nos últimos anos.
Mundialização do Capital Financeiro;
Outra novidade foi a “mundialização do capital71”. A criação de um
sistema financeiro ligado on line, 24 horas por dia, faz com que ocorra uma grande
71 Termo cunhado por François Chesnais, professor da Universidade de Paris XIII no livro homônomo de
1996.
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movimentação de capitais ao redor do globo, buscando contínua valorização. Este
capital virtual ultrapassa hoje a casa dos U$15 trilhões.
Esta grande circulação de capital fez com que ocorresse um processo de
desregulamentação da circulação de capital. Além disso, as crises financeiras se
tornaram mais fortes e se espalham pelo mundo com uma velocidade maior.
A instabilidade decorrente da volatilidade do fluxo de capitais atinge
tanto os países centrais quanto os periféricos, sendo maior seu impacto sobre estes
últimos, devido à situação de precariedade em que se encontra a maior parte dos seus
habitantes.
Neste contexto, a principal contradição que precisa ser encarada é a que
se dá entre a crescente acumulação de riquezas e o empobrecimento cada vez maior de
grande parte da população mundial. A contradição entre progresso e deterioração, entre
inserção e exclusão, está cada vez mais presente nos dias atuais, colocando na ordem do
dia a velha/nova polêmica sobre acumulação e concentração da riqueza.
Outro grave problema é que as crises sistêmicas vão se tornando cada
vez mais sérias a partir da década de noventa. Os países de economia mais frágeis vão
ficar muito mais vulneráveis aos fortes movimentos do capital financeiro global e não
parece haver sinal de mudanças nesta tendência.
6.5) Blocos econômicos.
Com o fenômeno da globalização o mercado internacional se tornou
bastante competitivo, diante disso, somente os mais fortes prevalecem. O que acontece é
uma interrupta disputa por mercados em âmbito global.
Com o intuito de fortalecer economicamente, muitos países se unem para
alcançar mercados e verticalizar a sua participação e influência comercial no mundo. A
criação de blocos econômicos estreitou as relações econômicas, financeiras e comerciais
entre os países que compõe um determinado bloco econômico. Atualmente existem
muitos blocos econômicos, a formação dos mesmos acontece há décadas.
Os principais blocos econômicos do mundo são: União Européia (UE),
MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do
Pacifico) e o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio).
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UNIÃO EUROPÉIA
A União Européia ( UE ) foi oficializada no ano de 1992, através do Tratado de
Maastricht. Este bloco é formado pelos seguintes países: Alemanha, França, Reino Unido,
Irlanda, Holanda (Países Baixos), Bélgica, Dinamarca, Itália, Espanha, Portugal, Luxemburgo,
Grécia, Áustria, Finlândia e Suécia. Este bloco possui uma moeda única que é o EURO, um
sistema financeiro e bancário comum. Os cidadãos dos países membros são também cidadãos da
União Europeia e, portanto, podem circular e estabelecer residência livremente pelos países da
União Europeia.
A União Europeia também possui políticas trabalhistas, de defesa, de combate
ao crime e de imigração em comum. A UE possui os seguintes órgãos : Comissão Europeia,
Parlamento Europeu e Conselho de Ministros.
NAFTA
Fazem parte do NAFTA ( Tratado Norte-Americano de Livre Comércio ) os
seguintes países : Estados Unidos, México e Canadá. Começou a funcionar no início de 1994 e
oferece aos países membros vantagens no acesso aos mercados dos países. Estabeleceu o fim
das barreiras alfandegárias, regras comerciais em comum, proteção comercial e padrões e leis
financeiras. Não é uma zona livre de comércio, porém reduziu tarifas de aproximadamente 20
mil produtos.
MERCOSUL
O Mercosul ( Mercado Comum do Sul ) foi oficialmente estabelecido em março
de 1991. É formado pelos seguintes países da América do Sul : Brasil, Paraguai, Uruguai e
Argentina. Futuramente, estuda-se a entrada de novos membros, como o Chile e a Bolívia. O
objetivo principal do Mercosul é eliminar as barreiras comerciais entre os países, aumentando o
comércio entre eles.
PACTO ANDINO
Outro bloco econômico da América do Sul é formado por: Bolívia, Colômbia,
Equador, Peru e Venezuela. Foi criado no ano de 1969 para integrar economicamente os países
membros. As relações comerciais entre os países membros chegam a valores importantes,
embora os Estados Unidos sejam o principal parceiro econômico do bloco.
APEC
A APEC, Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, foi criada no ano de
1989 na Austrália, como um fórum de conversação entre os países membros da ASEAN
(Associação das Nações do Sudeste Asiático) e seis parceiros econômicos da região do Pacífico,
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como EUA e Japão. Porém, apenas no ano de 1994 adquiriu características de um bloco
econômico na Conferência de Seattle, quando os membros se comprometeram a transformar o
Pacífico em uma área de livre comércio.
Um aspecto estratégico da aliança, é aproximar a economia norte-americana dos
países do Pacífico, a para contrabalançar com as economias do Japão e de Hong Kong.
Entre os aspectos positivos da criação da APEC estão o desenvolvimento das
economias dos países membros que expandiram seus mercados, sendo que hoje em dia, além de
produzirem sua mercadoria, correspondem a 46% das exportações mundiais, além da
aproximação entre a economia norte americana e os países do Pacífico e o crescimento da
Austrália como exportadora de matérias primas para outros países membros do bloco.
Como aspectos negativos, pode-se salientar que um dos maiores problemas da
APEC, senão o maior é a grande dificuldade em coincidir os diferentes interesses dos países
membros e daqueles que estão ligados ao bloco.
Países Membros são: Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia,
Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, Estados Unidos, China, Hong
Kong, Taiwan, México, Papua, Nova Guiné, Peru e Chile.
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Todos esses blocos econômicos expressam uma nova e mais profunda
integração das estruturas capitalistas, que tende a abolir fronteiras econômicas e
comerciais. No interior desses blocos, onde é livre a circulação do capital, ficam
facilitados os movimentos e fusão de empresas, originando poderosas multinacionais.
Há, não obstante, barreiras contras os países que não pertencem a tais blocos.
Assim, percebe-se na atual conjuntura econômica mundial dois processos
inversos. Uma, de globalização dos mercados, estimulando o fluxo planetário de
mercadorias e investimentos e eliminando os entraves ao livre comércio em todo o
mundo. A outra é a regionalização, que atua no sentido de erguer barreiras
protecionistas entre os blocos econômicos. Nesse caso, segundo muitos analistas,
vislumbra-se no horizonte verdadeiras guerras comerciais e financeiras entre os blocos.
E para evitar isso que se busca fortalecer a OMC (Organização Mundial do Comércio),
entidade internacional a qual visa estimular o livre comércio internacional e neutralizar
as ameaças de confrontos comerciais.
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Fases da formação de Blocos Econômicos
I) Zona de Livre Comércio
Os países membros podem comercializar entre si sem a restrição de barreiras
alfandegárias
II) União Aduaneira
Os países membros unificam suas tarifas e outras barreiras com relação aos países
NÃO-MEMBROS.
III) Mercado Comum
Há livre circulação de capital e trabalho dentro do bloco formado pelos países membros.
Para isso devemos ter um grande “ajuste” das variáveis econômicas
IV)União Monetária
É adotada uma moeda comum, aceita em todos os países membros do bloco. Para isso
devemos ter um “ajuste” ainda maior destas variáveis
V) União Política
Cria-se uma Constituição comum, um parlamento comum, um sistema administrativo e
um sistema judiciário comum etc.
6.6) A Tecnologia e a Educação como variáveis sistêmicas de competitividade.
Primeira Revolução Industrial
É um marco entre o fim do feudalismo e início do capitalismo. Funciona
como um divisor de águas da humanidade. Surge na Inglaterra, aproximadamente nos
I) Zona de livre
comércio
II) União aduaneira
III) Mercado comum
IV) União monetária
Características
V) União política
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anos 1750, com a revolução principalmente na indústria têxtil e da parte ferroviária.
Como fonte de energia tem-se o carvão mineral e as quedas d’água.
Segunda Revolução Industrial:
Ocorre na Europa e nos EUA, com muita força, em meados do fim do
século XIX, início do século XX. O fordismo é o principal responsável pela sua
geração, revolucionando o setor metal-mecânico (automóveis), produzindo uma
sociedade de consumo em massa tendo em vista que a produção passa a ser feita em
larga escala. Pode-se falar ainda no surgimento da química pesada, ou seja, aquela
ligada ao petróleo, onde este e seus derivados (gasolina, plástico, etc) influenciaram na
possibilidade de criação de diversos produtos.
Terceira Revolução Industrial
No final do séc. XX e início do séc. XXI, vários fenômenos foram
agrupados sob o nome de globalização. Assim, o termo globalização perdeu uma maior
precisão técnica, uma vez que, acaba designando uma série de coisas diferentes.
Alguns destes fenômenos não eram necessariamente novos. Eles já
existiam, contudo sofreram um processo de intensificação. O comércio internacional,
por exemplo, não era nenhuma novidade, porém ampliou bastante nas últimas três
décadas.
A revolução industrial talvez tenha sido a face mais visível das
mudanças. Esta “terceira revolução” alterou profundamente a forma como as empresas
produziam. Também modificou uma série de aspectos da vida cotidiana, mudando
hábitos e criando novas possibilidades. Para a economia e para o direito, a terceira
revolução industrial representa um grande desafio, dada às mudanças que se
processaram no seio da sociedade. Os principais pontos da terceira revolução industrial
são:
Informática
Telecomunicações
Eletrônica e microeletrônica
Química fina – ciência dos materiais novos, ex: supercondutores, chips de silício,
fibras óticas, etc.
Biotecnologia.
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Nos anos 80 e 90 do século XX, ocorre um processo que se chama
destruição-criadora, ou seja, elimina um modelo de produção, de tecnologia e (por que
não dizer) de vida, destrói o que foi construindo transformando tudo. Surge algo novo:
passamos a produzir, consumir, trabalhar e viver de outra forma. Paralelo a destruição
de uma era é criada uma nova etapa da vida em sociedade.
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais, em todos os níveis
hierárquicos de uma empresa, o trabalhador passou a operar máquinas cada vez mais
complexas. Com isso, surge a necessidade de funcionários cada vez mais bem
formados, com habilidades mais elaboradas e mais anos de estudo.
A economia de uma cidade ou de um país para ser competitiva necessita
que as pessoas possuam uma boa formação, permanecendo o maior tempo possível na
escola onde devem ter acesso à educação de qualidade.
Outro ponto importante é que, diferente do Fordismo, atualmente o
trabalhador não pode mais ser um especialista que sabe executar apenas uma tarefa.
Como as linhas de montagem foram flexibilizadas, mesmo o mais simples funcionário
acaba tendo que desempenhar diversas funções diferentes. Algumas consequências a
este fato são:
- O trabalhador necessita compreender o processo produtivo, assim ele precisa ter
um raciocínio lógico mais apurado;
- A formação do trabalhador passou a ser multidisciplinar, uma vez que os avanços
em um ramo da ciência acabam por repercutir em vários aspectos da vida moderna;
Como a produção é flexível, o trabalhador necessita ser capaz de se adaptar as
mudanças na linha de montagem e executar diferentes tarefas com a mesma qualidade e
competência.
- Também é importante que as pessoas possuam a capacidade de estar sempre
aprendendo através de um constante esforço de estudo. As mudanças a nossa volta são
tão grandes e constantes que só através de um processo contínuo de educação podemos
acompanhá-las.
A educação deixou de ser apenas um direito fundamental consagrado na
CRFB de 88 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a que todo ser humano
pode aspirar, legitimamente, para a sua realização pessoal. Ela passou a ser precondição
essencial para qualquer tipo de desenvolvimento, para a redução da taxa de desemprego
e da pobreza, para o progresso social e cultural, para a promoção de valores
democráticos e para o estabelecimento de uma paz duradoura.
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O nosso país, por exemplo, vive uma encruzilhada, temos de um lado
uma massa de excluídos que necessita de um emprego para tentar construir uma vida
minimamente decente e do outro lado um mercado cada vez mais competitivo e
exigente. Ora, se nada for feito aumentaremos o fosso que separa as classes sociais,
com todas as consequências nefastas daí advindas.
Todavia, acima de uma maior capacidade de atrair investimentos e de
um avanço da tecnologia, a educação é a que pode mudar nossa realidade e gerar o
verdadeiro desenvolvimento social. Porém a mudança só surgiria pela cultura, pela
educação e pelo efeito multiplicador dos meios de comunicação social.
A educação deve ser um processo para instituir uma mentalidade de
respeito ao próximo, a sociedade e a natureza. Devemos ter o desejo constante de
melhorar como cidadãos e como seres humanos a cada dia e encontrar uma utilidade
maior em cada pequeno gesto. Sem individualismo e lutando por uma sociedade justa,
digna e democrática.
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Seja um ser humano melhor: trate bem os animais!
O sofrimento deles é um crime no Direito dos
homens e uma grave ofensa aos olhos de Deus!
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Bibliografia Básica:
CHESNAIS, François. A Mundialização do Capital. São Paulo: Xama, 1996.
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2006.
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Saraiva, 2012.
GARCIA, Manuel E; VASCONCELLOS, Marco Antônio S. Fundamentos de
Economia. São Paulo: Saraiva, 2013.
GASTALDI, J. Petrelli. Elementos de Economia Política. São Paulo: Saraiva, 2006.
IANNI, Otávio. A Sociedade Global. Civilização Brasileira: São Paulo, 1992.
KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Campus,
2012.
MANKIW, Gregory. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Campus, 2009.
MCCORMICK, B.J. Introdução à Economia. São Paulo: Zahar, 2008.
MOCHON, Francisco; TROSTER, Roberto Luis. Introdução à Economia. São Paulo:
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MÜLLER, Antônio. Manual de Economia. Petrópolis: Vozes, 2008.
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ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2008.
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VIANNA, Maria Lucia Teixeira Werneck. A americanização (perversa) da
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WONNACOTT, Paul; WONNACOTT, Ronald. Economia. São Paulo: Mc. Graw Hill
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