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Educao Distncia Educao a a DistnciaNara Maria Pimentel

Copyright 2006. Todos os direitos reservados desta edio SECRETARIA DE EDUCAO A DISTNCIA (SEAD/UFSC). Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico, por fotocpia e outros, sem a prvia autorizao, por escrito, da autora.

P644e Pimentel, Nara Maria Educao a distncia / Nara Maria Pimentel. - Florianpolis : SEAD/UFSC, 2006. 136p. : il. Inclui bibliografia 1. Educao. 2. Educao a distncia. 3. Tecnologia educacional. 4. Professores - Formao. I. Ttulo. CDU: 37.018.43 Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

PRESIDENTE DA REPBLICA Luiz Incio Lula da Silva MINISTRO DA EDUCAO Fernando Haddad SECRETRIO DE EDUCAO A DISTNCIA Ronaldo Mota DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLTICAS EM EDUCAO A DISTNCIA DPEAD Hlio Chaves Filho SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA REITOR Lcio Jos Botelho VICE-REITOR Ariovaldo Bolzan PR-REITOR DE ENSINO DE GRADUAO Marcos Lafim DIRETORA DE EDUCAO A DISTNCIA Araci Hack Catapan CENTRO SOCIOECONMICO DIRETOR Maurcio Fernandes Pereira VICE-DIRETOR Altair Borguet DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA ADMINISTRAO CHEFE DO DEPARTAMENTO Joo Nilo Linhares COORDENADOR DE CURSO Alexandre Marino Costa COMISSO DE PLANEJAMENTO, ORGANIZAO E FUNCIONAMENTO Alexandre Marino Costa Gilberto de Oliveira Moritz Joo Nilo Linhares Luiz Salgado Klaes Marcos Baptista Lopez Dalmau Maurcio Fernandes Pereira Raimundo Nonato de Oliveira Lima FUNDAO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOCIOECONMICOS PRESIDENTE Guilherme Jlio da Silva

SECRETARIA DE EDUCAO A DISTNCIA SECRETRIO DE EDUCAO A DISTNCIA Ccero Ricardo Frana Barbosa COORDENAO FINANCEIRA Vladimir Arthur Fey COORDENAO PEDAGGICA Nara Maria Pimentel APOIO PEDAGGICO Denise Aparecida Bunn Juliete Schneider Leila Procpia do Nascimento SUPERVISO DE CURSO Flavia Maria de Oliveira DESENVOLVEDOR DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM Cludio Fernando Maciel Rodolpho Luna de Moura DESIGN GRFICO Annye Cristiny Tessaro Mariana Lorenzetti ANALISTA DE SISTEMAS DE INFORMAO Egdio Staroscky MONITORIA Dilton Ferreira Junior Fabiana Mendes DIAGRAMAO Annye Cristiny Tessaro REVISO ORTOGRFICA Vera Vasilvski CONSULTORIA GRFICA Victor Emmanuel Carlson CONTEDO Nara Maria Pimentel

SumrioUNIDADE 1 Fundamentos da Educao a DistnciaConceitos de EaD...................................................................................11 Histrico da modalidade a distncia.....................................................17 Tecnologias de Informao e Comunicao em EaD.............................30 As polticas pblicas de EaD................................................................37 Bibliografia.................................................................................................48

UNIDADE 2 Estrutura e funcionamento da EaDPlanejamento e organizao de sistemas de EaD.....................................57 Reflexes e contribuies para a implantao da modalidade em EaD.................................................................................67 Estratgias de implementao e desenvolvimento de EaD...................71 Conceito de Rede...................................................................................77 A web como ambiente de aprendizagem.....................................................82 Bibliografia.................................................................................................88

UNIDADE 3 Teoria e prtica dos Sistemas de Acompanhamento em EaDTeoria e prtica dos Sistemas de Acompanhamento em Educao a Distncia...99 Estudante, Professor, Tutor: importncia e funes.............................109 Experincias de Sistema de Acompanhamento...................................115 Bibliografia................................................................................................117

UNIDADE 4 Avaliao na modalidade a distnciaAvaliao da aprendizagem...................................................................123 Avaliao de programas a distncia.....................................................130 Bibliografia................................................................................................133

1Fundamentos da Educao Fundamentos da Educao a a Distncia Distncia

UNIDADE

Curso de Graduao em Administrao a distncia

Entender a histria como possibilidade (Freire, 1991) implica assumir o tempo e o espao com lucidez, integrar-se, inserir-se no hoje, admitindo possibilidades de limites e de transformao. (Maria Lutgarda Mata Maroto)

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Mdulo 1

Conceitos de EaD

O conceito de Educao a Distncia EaD abrange um vasto territrio de informaes: suas caractersticas tm mais a ver com circunstncias histricas, polticas e sociais do que com a prpria modalidade de ensino. Essas condies fazem com que haja um desenvolvimento vertiginoso das TICs (Tecnologias de Informao e Comunicao) mediadas com transmisses via satlite, Internet e material multimdia. Tantas variveis contriburam para diversificar tambm as definies sobre o que se entende por EaD. Selecionamos para voc alguns conceitos para compreender um pouco essa modalidade de ensino. Segundo Moran (1998), a EaD est fundamentada nas seguintes caractersticas: Educao a distncia o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual professores e estudantes esto separados espacial e/ou temporalmente. ensino-aprendizagem quando professores e estudantes no esto normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemticas, como a Internet, mas tambm podem ser utilizados o correio, o rdio, a televiso, o vdeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes. Na expresso ensino a distncia a nfase dada ao papel do professor (como algum que ensina a distncia). Preferimos a palavra educao, que mais abrangente, embora nenhuma das expresses, segundo o professor, seja perfeitamente adequada. Alm do conceito de Moran (1998), existem algumas outras definies de EaD. Segundo Moore e Kearsley (1996, p. 206), a definio mais citada de educao a distncia a criada por Desmond Keegan, em 1980:9

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O ensino a distncia o tipo de mtodo de instruo em que as condutas docentes acontecem parte das discentes, de tal maneira que a comunicao entre o professor e o estudante se possa realizar mediante textos impressos, por meios eletrnicos, mecnicos ou por outras tcnicas (apud NUNES, 1992).

Na definio de Otto Peters (1973):Educao/Ensino a distncia (Fernunterricht) um mtodo racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, atravs da aplicao da diviso do trabalho e de princpios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicao, especialmente para o propsito de reproduzir materiais tcnicos de alta qualidade, os quais tornam possvel instruir um grande nmero de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. uma forma industrializada de ensinar e aprender (apud NUNES, 1992).

Holmberg (1977), por sua vez, alega que o termo educao a distncia esconde-se sob vrias formas de estudo, nos vrios nveis que no esto sob a contnua e imediata superviso de tutores presentes com seus estudantes nas salas de leitura ou no mesmo local. A educao a distncia se beneficia do planejamento, da direo e instruo da organizao do ensino (apud NUNES, 1992). Conclui-se que seis (6) elementos so essenciais para uma definio clara de EaD (MOORE; KEARSLEY, 1996, p.206): separao entre estudante e professor; influncia de uma organizao educacional, especialmente no planejamento e na preparao dos materiais de aprendizado; uso de meios tcnicos mdia; providncias para comunicao em duas vias; possibilidade de seminrios (presenciais) ocasionais; e participao na forma mais industrial de educao.

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Mdulo 1

No ano de 1996, Moore e Kearsley reformularam sua definio, mencionando a importncia de meios de comunicao eletrnicos e a estrutura organizacional e administrativa especfica (MOORE; KEARSLEY, 1996, p.2):Educao a distncia o aprendizado planejado que normalmente ocorre em lugar diverso do professor e como conseqncia requer tcnicas especiais de planejamento de curso, tcnicas instrucionais especiais, mtodos especiais de comunicao, eletrnicos ou outros, bem como estrutura organizacional e administrativa especfica.

O conceito elaborado por Peacok (1996), porm, define-a mais simplesmente como os estudantes no necessariamente devem estar fisicamente no mesmo lugar ou participar todos ao mesmo tempo. Para Aretio (1997), a educao a distncia um sistema tecnolgico de comunicao bidirecional, que pode ser massivo e substitui a interao pessoal na sala de aula entre professor e estudante, como meio preferencial de ensino pela ao sistemtica e conjunta de diversos recursos didticos e o apoio de uma organizao e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexvel. Preti (1996) comenta tal definio, destacando os seguintes elementos: A distncia fsica professor-estudante: a presena fsica do professor ou do tutor, isto , do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar, no necessria e indispensvel para que se d a aprendizagem. Ela se d de outra maneira, virtualmente; Estudo individualizado e independente: reconhece-se a capacidade do estudante de construir seu caminho, seu conhecimento, por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator e autor de suas prticas e reflexes; Um processo de ensino-aprendizagem: a EaD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilize e incentive a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem.

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O uso de tecnologias: os recursos tcnicos de comunicao, que hoje tm alcanado um avano espetacular (correio, rdio, TV, audiocassete, hipermdia interativa, Internet), permitem romper com as barreiras das distncias, das dificuldades de acesso educao e dos problemas de aprendizagem por parte dos estudantes que estudam individualmente, mas no isolados e sozinhos. Alm disso, oferecem possibilidades de estimular e motivar o estudante, de armazenamento e divulgao de dados e de acesso s informaes mais distantes, com rapidez incrvel; A comunicao bidirecional: o estudante no mero receptor de informaes, de mensagens; apesar da distncia, busca-se estabelecer relaes dialogais, criativas, crticas e participativas. Segundo Tripathi (1997), educao a distncia uma experincia de ensino-aprendizagem planejada que usa um grande espectro de tecnologias para alcanar os estudantes a distncia, e elaborada para encorajar a interao com os estudantes e comprovar o aprendizado. Na University of Maryland System Institute for Distance Education, define-se o termo educao a distncia como uma variedade de modelos educacionais que tm em comum a separao fsica entre os professores e alguns ou todos os estudantes (TRIPATHI, 1997). Na Universidade de Idaho, a EaD definida da seguinte maneira (apud TRIPATHI, 1997):No seu nvel mais bsico, educao a distncia ocorre quando o professor e os estudantes esto separados por distncia fsica, e a tecnologia (voz, vdeo, dados e impressos), freqentemente associada com comunicao presencial, usada como elemento de ligao para suprir a distncia.

No guia Distance Education at a Glance (apud TRIPATHI, 1997), da Engineering Outrech da University of Idaho, o autor selecionou trs critrios bsicos para definir Educao a Distncia: separao entre o professor e os estudantes durante a maior parte do processo instrucional;12

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o uso de mdias instrucionais para unir professor e estudantes; e a viabilidade de comunicao em duas vias entre professor e estudantes. Landim (1997), analisando 21 definies, formuladas entre 1967 e 1994, apresenta as seguintes caractersticas comuns, com os percentuais de incidncia de cada uma:Tabela 1: Caractersticas conceituais da Educao a DistnciaIncidncia em %Separao professor-estudante Meios tcnicos Organizao (apoio-tutoria) Aprendizagem independente Comunicao bidirecional Enfoque tecnolgico Comunicao massiva Procedimentos industriais 95 80 62 62 35 38 30 15

Fonte: Landim, 1997.

Comparando os requisitos apontados por Tripathi (1997) com as quatro caractersticas com maior incidncia selecionadas por Landim (1997), pode-se construir um quadro semelhante. A legislao brasileira apresenta a definio de EaD, em seu artigo 1, contemplando os itens propostos por Landim (1997) e Tripathi (1997).Educao a Distncia uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informao, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicao (Dirio Oficial da Unio, Decreto 2.494, de 10 de fevereiro de 1998).

Analisando as diferentes definies de educao a distncia, verifica-se que cada uma corresponde a um contexto ou a uma institui13

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o. A validade de cada uma depende do resultado de seu trabalho junto aos estudantes e comunidade onde atuam (RODRIGUES, 1998).

Para saber mais http://www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm http://www.escolanet.com.br/ http://www.eps.ufsc.br/disserta98/roser/index.htm http://www.abed.org.br/antiga/htdocs/paper_visem/thelma_rosane_de_souza.htm http://www.eps.ufsc.br/disserta99/denia/cap4.htm http://www.techne.com.br/artigos/Uso_TI.pdf http://penta2.ufrgs.br/edu/videoconferencia/dulcecruz.htm

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Mdulo 1

Histrico da modalidade a distncia

Neste captulo, voc ver o quanto a histria da EaD no Brasil e no mundo interessante. Isto tudo lhe dar uma boa bagagem para fazer debates sobre o uso das tecnologias de informao e comunicao dos mtodos lgicos na sua comunidade ou instituio. Conhecendo sua histria, pode-se tambm perceber melhor a sua utilidade. Veja abaixo:No mundo atual, em que muito se fala de globalizao, no s econmica, mas tambm cultural e educacional, a educao a distncia, na sua dupla vertente tradicional e virtual, apresenta-se como o ensino do futuro e para um futuro que se perspectiva de grande investimento na educao ao longo da vida, centrado no aprendiz, e em que o docente mais um orientador de percursos de aprendizagens autogeridas por cada um dos estudantes do que um professor ex cathedra perante uma turma de estudantes que o seguem. por isto que a educao a distncia se distingue do ensino presencial: pela sua flexibilidade curricular, pela existncia de unidades creditveis quer estejam integradas num curso de graduao ou de psgraduao, quer disponibilizadas em disciplinas singulares (TAVARES, 2001).

Educao a distncia: Retrospectiva HistricaA Educao a Distncia (EaD), tambm chamada de Teleducao, em sua forma embrionria e emprica, conhecida desde o sculo XIX. Entretanto, somente nas ltimas dcadas passou a fazer parte das atenes pedaggicas. A EaD surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhes de pessoas que, por vrios motivos, no podiam freqentar um estabelecimento de ensino presencial, e evoluiu com as tecnologias disponveis em cada momento histrico, as quais influenciam o ambiente educativo e a sociedade.

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Inicialmente na Grcia, e depois em Roma, existia uma rede de comunicao que permitia o desenvolvimento significativo da correspondncia. As cartas comunicando informaes cientficas inauguraram uma nova era na arte de ensinar. Segundo Lobo Neto (1995), um primeiro marco da educao a distncia foi o anncio publicado na Gazeta de Boston, no dia 20 de maro de 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips: Toda pessoa da regio, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa vrias lies semanalmente e ser perfeitamente instruda, como as pessoas que vivem em Boston. Em 1833, um anncio publicado na Sucia j se referia ao ensino por correspondncia, e na Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetizou os princpios da taquigrafia em cartes postais que trocava com seus estudantes. No entanto, o desenvolvimento de uma ao institucionalizada de educao a distncia teve incio a partir da metade do sculo XIX. Em 1856, em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram a primeira escola por correspondncia destinada ao ensino de lnguas. Posteriormente, em 1873, em Boston, Anna Eliot Ticknor criou a Society to Encourage Study at Home. Em 1891, Thomas J. Foster, em Scarnton (Pennsylvania), iniciou o International Correspondence Institute com um curso sobre medidas de segurana no trabalho de minerao. Em 1891, a administrao da Universidade de Wisconsin aceitou a proposta de seus professores para organizar cursos por correspondncia nos servios de extenso universitria. Um ano depois, em 1892, o reitor da Universidade de Chicago, William R. Harper, que j havia experimentado a utilizao da correspondncia na formao de docentes para as escolas dominicais, criou uma Diviso de Ensino por Correspondncia no Departamento de Extenso daquela universidade. Por volta de 1895, em Oxford, Joseph W. Knipe, aps experincia bem-sucedida preparando por correspondncia duas turmas de estudantes, a primeira com seis e a segunda com trinta alunos, para o Certificated Teachers Examination, iniciou os cursos de Wolsey Hall utilizando o mesmo mtodo de ensino.16

Mdulo 1

Em 1898, em Malmoe, na Sucia, Hans Hermod, diretor de uma escola que ministrava cursos de lnguas e cursos comerciais, ofereceu o primeiro curso por correspondncia, dando incio ao famoso Instituto Hermod. No final da Primeira Guerra Mundial, surgiram novas iniciativas de ensino a distncia, em virtude de um considervel aumento da demanda social por educao, confirmando, de certo modo, as palavras de William Harper, escritas em 1886:Chegar o dia em que o volume da instruo recebida por correspondncia ser maior do que o transmitido nas aulas de nossas academias e escolas; em que o nmero dos estudantes por correspondncia ultrapassar o dos presenciais.

O aperfeioamento dos servios de correio, a agilizao dos meios de transporte e, sobretudo, o desenvolvimento tecnolgico aplicado ao campo da comunicao e da informao influram decisivamente nos destinos da educao a distncia. Em 1922, a antiga Unio Sovitica organizou um sistema de ensino por correspondncia que em dois anos passou a atender 350.000 usurios. A Frana criou em 1939 um servio de ensino por via postal para a clientela de estudantes deslocados pelo xodo. A partir da, comeou a utilizao de um novo meio de comunicao, o rdio, que penetra tambm no ensino formal. O rdio alcanou muito sucesso em experincias nacionais e internacionais, tendo sido bastante explorado na Amrica Latina nos programas de educao a distncia do Brasil, Colmbia, Mxico, Venezuela, dentre outros. Aps as dcadas de 1960 e 1970, a educao a distncia, embora mantendo os materiais escritos como base, passou a incorporar articulada e integradamente o udio e o videocassete, as transmisses de rdio e televiso, o videotexto, o computador e, mais recentemente, a tecnologia de multimeios, que combina textos, sons, imagens, assim como mecanismos de gerao de caminhos alternativos de aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e instrumentos para fixao de aprendizagem com feedback imediato (programas tutoriais informatizados) etc.17

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Atualmente, o ensino no presencial mobiliza os meios pedaggicos de quase todo o mundo, tanto em naes industrializadas quanto em pases em desenvolvimento. Novos e mais complexos cursos so desenvolvidos, tanto no mbito dos sistemas de ensino formal quanto nas reas de treinamento profissional. Podem-se ver inmeros exemplos visitando-se os sites de universidades. Seja um desafio, uma necessidade imperiosa dos tempos modernos ou uma imposio de que no se pode fugir, a educao a distncia uma das solues para os tempos atuais. As novas tecnologias de comunicao e informao, como a televiso, o vdeo, a informtica com a Internet ganhando espaos cada vez maiores , sem desprezar os meios tradicionais de correio, telefone e postos pedaggicos organizacionais, convidam, se que no exigem, a um aproveitamento amplo de suas possibilidades em benefcio da educao. De fato, em funo de fatores como o modelo de EaD seguido, os apoios polticos e sociais disponveis, as necessidades educativas da populao, o desenvolvimento das tecnologias de comunicao e informao, h grande diversidade de formas metodolgicas, estruturais e projetos de aplicao para essa modalidade de educao. A educao a distncia foi utilizada inicialmente como recurso para superao de deficincias educacionais, para a qualificao profissional e aperfeioamento ou atualizao de conhecimentos. Hoje, cada vez mais tambm usada em programas que complementam outras formas tradicionais, face a face, de interao, e vista por muitos como uma modalidade de ensino alternativo que pode complementar parte do sistema regular de ensino presencial. A Open University, por exemplo, oferece comercialmente somente cursos a distncia, sejam cursos regulares ou profissionalizantes. A Virtual University oferece cursos gratuitos. Para saber mais http://ead.faesa.br/ead.htmFonte: Artigo de Suely Trevisan Arajo e Maria Gil Lopes Maltez, extrado, na ntegra, da Revista Nexus Cincia & Tecnologia UFSC, Florianpolis, n.7, ano IV, 2002. Material cedido pela editora da UFSC.18

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A EaD no mundoAbaixo, segue um apanhado da EaD no mundo, destacando-se alguns pases que implantaram cursos na modalidade a distncia.

SuciaRegistrou sua primeira experincia em 1833, com um curso de Contabilidade.

InglaterraIniciou em 1840, e, em 1843, foi criada a Phonografic Corresponding Society. A Open University, fundada em 1962, mantm um sistema de consultoria, auxiliando outras naes a fazer uma educao a distncia de qualidade.

AlemanhaEm 1856, fundou o primeiro instituto de ensino de lnguas por correspondncia.

EUAIniciaram em 1874, com a Illinois Weeleyan University.

PaquistoEm 1974, a Universidade Aberta Allma Iqbal iniciou a formao de docentes via EaD.

Sri LankaA partir de 1980, a Universidade Aberta de Sri Lanka passou a atender setores importantes para o desenvolvimento do pas: profisses tecnolgicas e formao docente.

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TailndiaA Universidade Aberta Sukhothiai Thommathirat tem cerca de 400.000 estudantes em diferentes setores e modalidades.

IndonsiaCriada em 1984, a Universidade de Terbuka surgiu para atender a forte demanda de estudos superiores, e prev chegar a cinco milhes de estudantes.

ndiaCriada em 1985, a Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi tem objetivo de atender a demanda de ensino superior.

Austrlia um dos pases que mais investe em EaD, mas no tem nenhuma universidade especializada nesta modalidade. Nas universidades de Queensland, New England, Macquary, Murdoch e Deakin, a proporo de estudantes a distncia maior ou igual de estudantes presenciais.

MxicoPrograma Universidade Aberta, inserido na Universidade Autnoma do Mxico, em 1972.

Costa RicaUniversidade Estatal a Distncia da Costa Rica, criada em 1977.

VenezuelaUniversidade Nacional Aberta da Venezuela, criada em 1977.

ColmbiaUniversidade Estatal Aberta e a Distncia da Colmbia, criada em 1983.

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Mdulo 1

A EaD nas universidadesAs universidades europias a distncia tm incorporado em seu desenvolvimento histrico as novas tecnologias de informtica e de telecomunicao. Um exemplo disso o desenvolvimento da Universidade a Distncia de Hagen, que iniciou seu programa com material escrito em 1975. Hoje, oferece material didtico em udio e videocassetes, videotexto interativo e videoconferncias. Tendncias similares podem ser observadas nas Universidades Abertas da Inglaterra, Holanda e Espanha. Hoje mais de 80 pases, nos cinco continentes, adotam a educao a distncia em todos os nveis de ensino, em programas formais e no formais, atendendo a milhes de estudantes. A educao a distncia tem sido usada para formao e aperfeioamento de professores em servio. Os principais centros de divulgao da EaD so Frana, Espanha e Inglaterra. Procure navegar na Internet e conhecer um pouco mais essas universidades. Certamente, voc vai ampliar muito seu conceito de educao a distncia. Veja tambm como h propostas enganosas por a!

Para saber mais http://www.mec.gov.br/seed http://www.ufba.br/~pretto/pesquisas/cnpq_pq2004/politicas_publicas_tic.htm

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E no Brasil... Voc conhece a histria?No Brasil, desde a fundao do Instituto Rdio-Monitor, em 1939, e depois do Instituto Universal Brasileiro, em 1941, vrias experincias de educao a distncia foram iniciadas e levadas a termo com relativo sucesso. As experincias brasileiras, governamentais e privadas, foram muitas e representaram, nas ltimas dcadas, a mobilizao de grandes contingentes de recursos. Os resultados do passado no foram suficientes para gerar um processo de aceitao governamental e social da modalidade de educao a distncia no Brasil, porm, a realidade brasileira j mudou e nosso governo criou leis e estabeleceu normas para a modalidade de educao a distncia em nosso pas. Abaixo, destacamos vrios projetos que contriburam para a disseminao da educao a distncia.

Em 1904: escolas internacionais, que eram instituies privadas, ofereciam cursos pagos, por correspondncia; Em 1934: Edgard Roquete-Pinto instalou a Rdio-Escola Municipal no Rio. Estudantes tinham acesso prvio a folhetos e esquemas de aulas. Utilizava tambm correspondncia para contato com estudantes; Em 1939: surgiu o Instituto Universal Brasileiro, em So Paulo; Em 1941: primeira Universidade do Ar, que durou dois anos; Em 1947: Nova Universidade do Ar, patrocinada pelo SENAC, SESC e por emissoras associadas; Em 1961/65: Movimento de Educao de Base (MEB) Igreja Catlica e Governo Federal utilizavam um sistema radio-educativo: educao, conscientizao, politizao, educao sindicalista, dentre outras.

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Mdulo 1

Em 1970: Projeto Minerva convnio entre Fundao Padre Landell de Moura e Fundao Padre Anchieta para produo de textos e programas; Em 1972, o Governo Federal enviou Inglaterra um grupo de educadores, tendo frente o conselheiro Newton Sucupira: o relatrio final marcou uma posio reacionria s mudanas no sistema educacional brasileiro, colocando um grande obstculo implantao da Universidade Aberta e a Distncia no Brasil; Na dcada de 70: Fundao Roberto Marinho programa de educao supletiva a distncia, para 1 e 2 graus; Em 1992, foi criada a Universidade Aberta de Braslia (Lei 403/92), podendo atingir trs campos distintos: a) Ampliao do conhecimento cultural: organizao de cursos especficos de acesso a todos; b) Educao continuada: reciclagem profissional s diversas categorias de trabalhadores e queles que j passaram pela universidade; c) Ensino superior: englobando tanto a graduao como a ps-graduao.

A EaD nas universidades brasileirasA histria da educao brasileira mostra que at o final do sculo XX a grande maioria das Instituies de Ensino Superior no tinha envolvimento com educao a distncia. A primeira iniciativa de EaD, como vimos anteriormente, surgiu no pas em 1904, com o ensino por correspondncia: instituies privadas ofertando iniciao profissional em reas tcnicas, sem exigncia de escolarizao anterior.23

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Esse modelo consagrou-se na metade do sculo, com a criao do Instituto Monitor (1939), do Instituto Universal Brasileiro (1941) e de outras organizaes similares, responsveis pelo atendimento de mais de trs milhes de estudantes em cursos abertos de iniciao profissionalizante pela modalidade de ensino por correspondncia. Nas dcadas de 1970 e 1980, fundaes privadas e organizaes no-governamentais iniciaram a oferta de cursos supletivos a distncia, no modelo de teleducao, com aulas via satlite complementadas por kits de materiais impressos, demarcando a chegada da segunda gerao de EaD no pas. A maior parte das IES brasileiras mobiliou-se para a EaD com o uso de novas tecnologias da comunicao e da informao somente na dcada de 1990. Em 1994, teve incio a expanso da Internet no ambiente universitrio. Dois anos depois, surgiu a primeira legislao especfica para educao a distncia no ensino superior. Do ponto de vista legal, teve-se em 1996 a consolidao da ltima reforma educacional brasileira, instaurada pela Lei n 9.394/96, que oficializou na poltica nacional a era normativa da educao a distncia no pas como modalidade vlida e equivalente para todos os nveis de ensino. Pela primeira vez na histria da legislao ordinria, o tema da EaD se converteu em objeto formal, consubstanciado em quatro artigos que compem um captulo especfico: o primeiro determina a necessidade de credenciamento das instituies; o segundo define que cabe Unio a regulamentao dos requisitos para registro de diplomas; o terceiro disciplina a produo, o controle e a avaliao de programas de educao a distncia; e o quarto faz referncia a uma poltica de facilitao de condies operacionais para apoiar a sua implementao, conforme a transcrio a seguir: Artigo 80 da Lei n 9.394 Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB):O Poder Pblico incentivar o desenvolvimento e a veiculao de programas de ensino a distncia, em todos os nveis e modalidades de ensino e de educao continuada. 1 A educao a distncia, organizada com abertura e regime especiais, ser oferecida por instituies especificamente credenciadas pela Unio.

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Mdulo 1

2 A Unio regulamentar os requisitos para a realizao de exames e registro de diploma relativo a cursos de educao a distncia. 3 As normas para produo, controle e avaliao de programas de educao a distncia e a autorizao para sua implemen-tao cabero aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperao e integrao entre os diferentes sistemas. 4 A educao a distncia gozar de tratamento diferenciado, que incluir: I custos de transmisso reduzidos em canais comerciais de radiodifuso sonora e de sons e imagens; II concesso de canais com finalidades exclusivamente educativas.

A mesma Lei n 9.394 estabelecia ainda a exigncia de que, a partir de 2006, todos os professores que viessem a ser contratados para ministrar aulas no ensino fundamental e mdio deveriam estar habilitados, com o terceiro grau concludo. Essa exigncia criou um movimento em direo qualificao dos professores leigos que j estavam no exerccio da profisso, apontando para o uso da educao a distncia como ferramenta para a oferta das licenciaturas ento necessrias. O Ministrio da Educao formou, em 1997, um grupo de especialistas para criar a regulamentao do artigo 80 da LDB. Como resultado desse trabalho, surgiram os Decretos n2.494 e 2.561, em fevereiro e abril de 1998, respectivamente, e a Portaria n 301, de 7 de abril de 1998, formando o conjunto de instrumentos que indicaram os procedimentos que deveriam ser adotados pelas instituies para obter o credenciamento do MEC para a oferta de cursos de graduao a distncia. Em abril de 2001, o Conselho Nacional de Educao editou a Resoluo n 01, que disciplina a oferta dos cursos de ps-graduao a distncia no pas, fixa limites e estabelece exigncias para o reconhecimento de cursos a distncia ofertados por instituies estrangeiras. Ainda em 2001, o Ministrio da Educao publicou a Portaria n 2.253, que permite a universidades, centros universitrios, faculdades e centros tecnolgicos oferecer at 20% da carga horria de cursos j reconhecidos na modalidade a distncia.

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Para avaliar as regulamentaes do artigo 80 da Lei n 9.394 (LDB), verificar necessidades de mudana nas normatizaes e rediscutir as polticas pblicas para a rea da educao a distncia, o MEC criou em janeiro de 2002 uma Comisso Assessora para Educao Superior a Distncia, formada por especialistas em EaD, representantes de instituies pblicas e privadas e por membros do prprio ministrio. Em agosto de 2002, o grupo de trabalho decidiu pela indicao de uma nova regulamentao, na forma de um novo decreto, revogando os Decretos n 2.494 e 2.561, editados em fevereiro e abril de 1988. O relatrio da comisso destacava, ainda, entre as necessidades de mudana: reviso dos critrios e procedimentos adotados pelo MEC para autorizar e reconhecer cursos a distncia; construo de Padres Nacionais de Qualidade para EaD; eliminao da necessidade de credenciamento especfico em EaD para as instituies j autorizadas pelos sistemas a atuar no ensino presencial; integrao da EaD ao planejamento pedaggico das instituies, por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional, referenciado pelas diretrizes curriculares e pelos padres de qualidade nacionais de cursos; e comprometimento dos projetos pedaggicos com a justia social e com a heterogeneidade, em direo a um patrimnio social comum.

Algumas experincias... Pesquise sobre outras instituies. Voc ficar surpreso com o nmero de universidades pblicas e privadas que fazem EaD hoje no Brasil. Faa tambm uma pesquisa em sua instituio e divulgue-a para seus colegas no ambiente virtual.

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Mdulo 1

Vocsabia? Voc sabia?Segundo o professor Dr. Eduardo Chaves, professor titular de Filosofia da Educao da Faculdade de Educao da UNICAMP, de Campinas (SP), a primeira tecnologia que permitiu a EaD foi a escrita. A tecnologia tipogrfica, posteriormente, ampliou muito o alcance da EaD. Mais recentemente, as tecnologias de comunicao e telecomunicaes, sobretudo em sua verso digital, ampliaram ainda mais o alcance e as possibilidades de EaD. A inveno da escrita possibilitou que as pessoas escrevessem o que antes s podiam dizer, e assim permitiu o surgimento da primeira forma de EaD: o ensino por correspondncia. As epstolas do Novo Testamento (destinadas a comunidades inteiras), que possuem ntido carter didtico, so claros exemplos de EaD. Seu alcance, entretanto, foi relativamente limitado at que foram transformadas em livros. O livro era, com certeza, a tecnologia mais importante na rea de EaD antes do aparecimento das modernas tecnologias eletrnicas, especialmente as digitais. O livro (mesmo sendo manuscrito) aumentou significativamente o alcance da EaD em relao carta. Com o aparecimento da tipografia, entretanto, o livro impresso aumentou exponencialmente o alcance da EaD. Sobretudo depois do aparecimento dos sistemas postais modernos, rpidos e confiveis, o livro tornou-se o foco do ensino por correspondncia, que deixou de ser epistolar.

Para saber mais http://www.abed.org.br/ http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/estrcy1.html http://www.widesoft.com.br/corporate/educacao/

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Curso de Graduao em Administrao a distncia

Tecnologias de Informao e Comunicao em EaD

A profisso fundamental do presente e do futuro educar para saber compreender, sentir, comunicar-se e agir melhor, integrando a comunicao pessoal, a comunitria e a tecnolgica. (MORAN, 1997)

De acordo com os avanos tecnolgicos, vrias ferramentas de comunicao e gerenciamento da informao vm sendo oferecidas para os usurios das mdias em geral. A maioria dessas ferramentas pode ser disponibilizada na Internet. Em alguns sistemas hospedados na rede, encontram-se ferramentas reunidas e organizadas em um nico espao virtual, visando a oferecer ambiente interativo e adequado transmisso da informao, desenvolvimento e compartilhamento do conhecimento. No geral, esses recursos tecnolgicos so agrupados de acordo com a sua funcionalidade: comunicao e gerenciamento de informao. Na educao a distncia, as tecnologias de informao e comunicao so adotadas com o objetivo de facilitar o processo de ensino-aprendizagem e estimular a colaborao e interao entre os participantes de um curso, habilitando-os para enfrentar a concorrncia do mercado de trabalho. As ferramentas de gerenciamento no so menos importantes, sobretudo porque a participao e o progresso do estudante so informaes que precisam ser recuperadas, para que o professor possa apoiar e motivar o aprendiz durante o processo de construo e compartilhamento do conhecimento (Quadro 1). Em cursos a distncia, a interatividade e a comunicao

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Mdulo 1

Alguns ExemplosCorreio Eletrnico

Categoria

DescrioIndicado para enviar e receber arquivos anexados s mensagens, esclarecer dvidas, dar sugestes etc. Permite a comunicao de forma mais interativa e dinmica. Em cursos de EaD essa ferramenta utilizada como suporte para a realizao de reunies e discusses sobre assuntos trabalhados no curso. Este recurso tambm denominado de bate-papo. Mecanismo propcio ao desenvolvimento de debates, o frum organizado de acordo com uma estrutura de rvore em que os assuntos so dispostos hierarquicamente, mantendo a relao entre o tpico lanado, respostas e contra-respotas. Auxilia o processo de discusso por meio do direcionamento automtico das contribuies relativas a determinado assunto, previamente sugerido, para a caixa de e-mail de todos os inscritos na lista. Estudante e professores podem disponibilizar mensagens que sejam interessantes para toda a turma. Essas mensagens, geralmente, so: divulgao de links, convites para eventos, notcias rpidas etc. Tambm chamado de sala de produo, uma ferramenta que auxilia a disponibilizao dos trabalhos dos estudantes e a realizao de comentrios pelo professor e colegas da turma. uma ferramenta de gerenciamento de notas de aulas, observaes, concluso de assuntos etc. Em alguns casos, este recurso possui a opo de configurao para compartilhamento entre todos estudantes e professores, apenas professores e ainda no compartilhado. Neste ltimo tipo, apenas o autor da anotao poder visualiz-la. Tambm denominada de Dirio de Bordo.

Comunicao

Chat

Comunicao

Frum

Comunicao

Lista de Discusso

Comunicao

Mural

Comunicao

Portflio

Gerenciamento/ comunicao

Anotaes

Gerenciamento/ comunicao

FAQ

Tambm conhecida por Perguntas Freqentes, esta ferramenta auxilia o tutor professor a responder s perguntas mais freqentes. Dessa forma, h uma economia de tempo e o estudante pode, em vez de Gerenciamento/ questionar o professor, consultar a ferramenta para comunicao verificar se j no existe uma resposta para sua dvida disponibilizada no ambiente.

Quadro 1: Exemplos de ferramentas de comunicao e de informao Fonte: Adaptado de Campos e Giraffa (1999).

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Curso de Graduao em Administrao a distncia

Alguns ExemplosPerfil

Categoria

DescrioAuxilia a disponibilizao de informaes (tais como: e-mail, fotos, minicurrculo) pessoais dos estudantes e professores do curso. A ferramenta, geralmente, apresenta informaes que auxiliam o acompanhamento do estudante pelo professor, assim como o auto-acompanhamento por parte do estudante. Os relatrios gerados por esta ferramenta apresentam informaes relativas ao histrico de acesso ao ambiente de aprendizagem pelos estudantes, notas, freqncia por seo do ambiente visitada pelos estudantes, histrico dos artigos lidos e mensagens postadas para o frum e correio, participao em sesses de chat e mapas de interao entre os professores e estudantes. Esta ferramenta envolve as avaliaes que devem ser feitas pelos estudantes e os recursos online para que o professor corrija as avaliaes. Do mesmo modo, fornece informaes a respeito das notas, o registro das avaliaes que foram feitas pelos estudantes, tempo gasto para resposta etc.

Gerenciamento

Acompanhamento

Gerenciamento

Avaliao (online)

Gerenciamento/ comunicao

Quadro 1: Exemplos de ferramentas de comunicao e de informao Fonte: Adaptado de Campos e Giraffa (1999).

multidirecional so possveis devido adoo destas ferramentas, que oferecem subsdios para que os participantes dos cursos possam se comunicar. Possibilitam ainda a integrao desses recursos em um nico ambiente de aprendizagem, favorecendo a adoo e compreenso da linguagem audiovisual. Na EaD a informao pode ser, basicamente, transmitida por meio de uma conversao, utilizando-se ferramenta de comunicao sncrona e assncrona. Isso acontece, por exemplo, nas sesses de chat. Em alguns casos, acontece tambm a troca da informao de um usurio para uma ferramenta. Esta ferramenta recebe a informao, a processa e emite nova informao para o usurio. Isso acontece muito quando, em um curso a distncia, adotada alguma ferramenta de avaliao

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Mdulo 1

(online), em que a correo automtica. No Quadro 2, as ferramentas de comunicao esto organizadas de acordo com as suas relaes com os conceitos de tempo e espao.Tempo e EspaoMesmo Local

SncronoEncontros presenciais face a face

AssncronoPortflio ou sala de produo Mural Anotaes Avaliao (online) Frum Listas de discusso Correio eletrnico

Local diferente (distribuda)

Chat: salas de bate-papo, videoconferncia

Quadro 2: Tempo, espao e mecanismos comunicacionais Fonte: Adaptado de Campos e Giraffa (1999).A assincronicidade no deve ser vista somente como uma forma de interao para os participantes que no possuem um horrio em comum. Mais do que simples alternativa temporal, deve estar alicerada num projeto pedaggico, e tambm ser acompanhada e incentivada, para que a comunicao no seja intensa no incio e fraca ou inexistente no final do curso (CAMPOS; GIRAFFA, 1999, p.2).

Geralmente, as ferramentas reunidas num ambiente de aprendizagem tm como principal objetivo apoiar o desenvolvimento das atividades propostas pelo professor. importante considerar os pr-requisitos, recomendaes e problemas identificados em relao ao uso de alguns dos recursos tecnolgicos citados anteriormente. Estas informaes foram coletadas durante a realizao de dois cursos semipresenciais, em 2002 e 2003, de Engenharia de Software e, posteriormente, organizados no quadro a seguir (Quadro 3). Ressalte-se que alguns pr-requisitos, por serem necessrios para o uso de todas as ferramentas, no foram includos no quadro. So eles: o tutor e o professor devem conhecer a ferramenta; os estudantes devem ser capacitados para utilizar os recursos; e a interface da ferramenta deve ser amigvel.31

Curso de Graduao em Administrao a distncia

A seguir, apresentamos alguns requisitos pedaggicos, recomendaes e problemas identificados em relao a ferramentas de comunicao e de gerenciamento:

Ferramenta

Pr-requisitos necessrio haver uma metodologia para conduzir a atividade; As turmas devem ser pequenas no mximo 20 alunos. necessrio haver uma metodologia para conduzir a atividade; Os assuntos propostos devem ser relevantes e estimular a discusso; os debates devem ser encerrados seguindo o cronograma de atividades do curso; O nmero de participantes pode ser grande. importante que as mensagens enviadas sejam objetivas; Fluxo de envio de mensagens deve ser dinmico; necessrio haver um coordenador para conduzir um debate; Os temas sugeridos devem estimular a discusso; As turmas podem ser grandes; Os debates devem ser encerrados seguindo o cronograma de atividades do curso. importante que as mensagens enviadas sejam objetivas; As respostas devem ser dadas em um curto perodo de tempo.

RecomendaesRealizao de debates sncronos, reunies privadas, seo de tira-dvidas e confraternizao dos participantes. Realizao de debates assncronos, exposio de idias e divulgao de informaes diversas.

Problemas identificadosTempo mal administrado; Fuga do tema proposto; Metodologia inadequada.

Chat

Fuga do tema; Tema proposto inadequadamente; Baixa interao.

Frum

Realizao de debates assncronos, exposio de idias e divulgao de informaes diversas.

Fuga do tema proposto inadequadamente; Baixa interao.

Lista de Discusso

Correio Eletrnico

Indicado para a circulao de mensagens privadas, definio de cronogramas e transmisso de arquivos anexados e mensagens.

Envio de mensagens extensas; Circulao de mensagens fora do escopo do curso; Arquivos anexados contaminados com vrus.

Quadro 3: Ferramentas, pr-requisitos, recomendaes e problemas identificados Fonte: Adaptado de Campos e Giraffa (1999).

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Mdulo 1

Ferramenta

Pr-requisitosDesenvolvimento de metodologia para a organizao das perguntas e respostas; Objetividade e clareza nas respostas; Atualizao peridica das respostas.

RecomendaesDivulgao de instrues bsicas referentes utilizao das ferramentas e sobre o ambiente de aprendizagem; Esclarecimento de dvidas sobre o contedo discutido no curso. Acompanhamento do aprendizado do aluno; Realizao de avaliaes complementares.

Problemas identificadosRespostas e perguntas formuladas no so claras; Inadequao na organizao das perguntas e respostas.

FAQ

Avaliao (online)

Escolha de uma metodologia adequada para elaborao das avaliaes; Mecanismos de avaliao dos resultados devem ser satisfatrios, flexveis e obedecer a critrios semnticos. Anlise peridica dos dados.

Inexistncia de mecanismo que garanta que foi o aluno que fez a avaliao (a no ser que se utilize a videoconferncia).

Acompanhamento

Acompanhamento da participao do aluno e do tutor.

Algumas ferramentas de acompanhamento no so confiveis.

Quadro 3: Ferramentas, pr-requisitos, recomendaes e problemas identificados Fonte: Adaptado de Campos e Giraffa (1999).

Diante de todas as caractersticas citadas, pode-se notar a importncia da utilizao das ferramentas computacionais em sistemas de EaD, pois possibilitam maior interao entre os professores, os tutores e seus estudantes. Entretanto, indispensvel ter conhecimento dos pr-requisitos que esto associados a cada recurso, bem como sobre as recomendaes e os problemas relacionados ao seu uso, para se ter o melhor aproveitamento possvel das ferramentas.

Para saber mais Grupo TIC: http://beta.fae.unicamp.br/tic

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Curso de Graduao em Administrao a distncia

Escolha das tecnologias de informao e comunicaoSobre o uso das tecnologias de comunicao e informao, gostaramos de acrescentar que muito importante que a escolha desta ou daquela tecnologia se d em virtude dos objetivos pedaggicos do curso e do potencial de cada tecnologia. De acordo com nossa experincia, um mix de meios tcnicos tem demonstrado ser muito til, pois se consegue atingir todos os estudantes, no excluindo aqueles que por ventura tenham dificuldades de acesso s "novas" tecnologias de comunicao e informao. Para saber mais Produo do conhecimento em EaD: Um elo entre professor-curso-estudante. Autoras: Maria Carolina Santos de Souza Mestranda em Cincia da Informao (UFBA/ ICI) e Teresinha Fros Burhham Professora pesquisadora (UNIFACS/NUPPEAD). http://www.cinform.ufba.br/v_anais/artigos/mariacarolinasantos.html

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Mdulo 1

As polticas pblicas de EaD

O estudo das polticas pblicas uma questo contempornea, e se mostra objeto de investigao pertinente, tanto por parte dos sistemas poltico e econmico quanto dos sistemas social e educativo. Poltica pblica pode ser definida pelo produto de uma autoridade investida de poder pblico e de legitimidade governamental (MNY; THOENIG, 1989, p. 129). A poltica curricular a tomada de deciso sobre a seleo, organizao e avaliao de contedos de aprendizagem, que so a face visvel da realidade escolar, e ainda relacionada com o papel desempenhado por cada ator educativo na construo do projeto formativo do estudante (PACHECO, 2000, p.93). Virar as pginas do calendrio no significa necessariamente estar em dia com a sua poca. Esse ato mecnico de passar de uma data para outra, de trocar as semanas, substituir os meses e aumentar a contagem do tempo, ano aps ano, serve, na prtica, de metfora para o que se repete na vida de grande parte das pessoas: jogar no lixo pginas de mais ou menos um dia. A mesmice de seguir uma rotina que anestesia os sentidos, embota o pensamento e reproduz a inrcia refora o repdio a qualquer possibilidade de mudana e institui o conformismo como padro de conduta. Dessa forma, como se dar conta do correr das horas, do somatrio das dcadas, da virada dos sculos, to visvel, to escancarada na alternncia dos nmeros que se descartam das folhinhas, de sol a sol? No s o tempo que se vai. As pessoas tambm vo junto com ele... Mesmo num pas onde as desigualdades sociais e regionais so to grandes e proporcionais ao imenso espao geogrfico um territrio continental que abriga tantos lugares que mais parecem cenrios de filmes de poca , impossvel voc, educador, no fazer parte do contexto de mudanas desencadeado em escala planetria.

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Curso de Graduao em Administrao a distncia

Em sntese, afirmamos que, na verdade, nada independente da ao social e poltica, nem mesmo a possibilidade de que exista uma sociedade do conhecimento. As caractersticas das polticas pblicas ou a ausncia delas determinaro se vamos todos entrar nessa tal sociedade [...] ou se as formas que atualmente adotam a produo, distribuio e apropriao do conhecimento vo significar um enorme retrocesso para o conjunto da humanidade - o que pode at resultar em sua conseqente autodestruio. Precisamente por isso, sugerimos avanar na reflexo sobre os futuros cenrios da humanidade, tendo presente o desejo de construir (realmente) uma sociedade do conhecimento, mas reforando o fato de que a possibilidade de sua existncia est associada necessidade de articular certas constituies simblicas: idias, teorias... (BLASLAVSKY; WERTHEIN, 2004).

No que diz respeito EaD, essa necessidade evidencia um aprofundamento do debate sobre os aspectos pedaggicos, o uso das TICs e as diretrizes polticas necessrias para viabilizar a modalidade como um instrumento poderoso de democratizao do conhecimento a quem a ele no tem acesso, dentro dos padres de qualidade e exigncia acadmicas. Diversos autores se dividem entre o entusiasmo, a descrena e a resistncia em relao EaD, mas num ponto todos concordam: inegvel seu potencial para a incluso de parte considervel da populao educacional do Brasil e do mundo. Cada pas e cada instituio adota diretrizes e legislaes especficas para a utilizao da EaD. As polticas pblicas se mostram quase sempre inadequadas a essa gama de situaes que se multiplicam com a oferta de cursos pelo mundo a fora. Em geral, a nfase conferida tecnologia, numa escala maior que aquela dada aos processos educativos, apontada como a causa principal do fracasso de vrias experincias aqui no pas. Por isso, tanto na definio de estratgias tcnicas e pedaggicas quanto na produo de materiais para os cursos, de suma importncia o trabalho integrado de uma equipe multidisciplinar com psiclogos, pedagogos, produtores e comunicadores que priorize a didtica, sem nunca perder de vista as caractersticas dos estudantes. Estes dois ltimos tpicos es-

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Mdulo 1

to diretamente vinculados discusso sobre polticas pblicas. Afinal, que tipo de educao se quer desenvolver e para quem? No pas das enormes distncias e dos contrastes sociais que as tornam ainda maiores, a questo inevitvel. A composio do nosso pblico de estudantes se mostra bastante heterognea. Outro fator a ser considerado: as mudanas no sistema educacional s vo ocorrer se primeiro o professor mudar. Cursos de formao de docentes, para serem levados a cabo e a srio, precisam ter como base teorias pedaggicas centradas em princpios compatveis com o momento histrico. Currculos, programas, materiais multimdia, softwares educacionais, vdeos educativos, se forem modernos exclusivamente na aparncia, vo servir como diz o ditado apenas para enganar. O futuro est mais presente do que se imagina e influi nas formas de sentir, pensar e agir das pessoas. Cabe s universidades formar os condutores capazes de trabalhar com a tecnologia a partir de novas bases tericas, incorporando essas surpreendentes vises de mundo para atingir diretamente o sistema educacional e, a partir da, numa reao em cadeia, toda a sociedade. Polticas pblicas superficiais que do apenas um retoque mais renovado cara da educao no pas j no resolvem. De agora em diante, s uma transformao profunda pode impor a implantao de polticas educacionais coerentes com as transformaes da sociedade como um todo (PRETTO, 2005). Os novos processos de aquisio e construo do conhecimento passam necessariamente pela utilizao das TICs no processo de ensino-aprendizagem. Mas de que adianta ter as tecnologias como suporte, instrumento ou material de apoio, se o processo estiver com as bases tericas comprometidas? Castro (2000, p. 32) no v outra sada a no ser uma rpida e eficiente capacidade de adaptao das instituies, sob pena de se fossilizarem, transformando-se em material de estudo para paleontlogos:Mudanas que se produzem em escala global esto obrigando os pases a adequarem suas instituies e seus modos de funcionamento aos novos cenrios que se configuram. [...] A universidade est diante de uma encruzilhada. Ou se de-

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Curso de Graduao em Administrao a distncia

senvolve como uma instituio com valor para a sociedade, por sua tarefa de produo e reflexo acerca do conhecimento, ou se resigna a ficar como est. A ltima condio significaria morrer pouco a pouco.

A encruzilhada esconde tambm outras armadilhas. No caso de uma reflexo rasteira, fica fcil cair no canto de sereia da modernizao a qualquer preo. Uma anlise do ensino superior no pas revela a lgica de mercado que se impe EaD, encarada por muitos educadores e pesquisadores como uma das formas de consolidar a viso dos chamados empresrios da educao que vem os cursos como um negcio qualquer, os estudantes como clientes, e por a vai... Alis, muitos investimentos pblicos tm contribudo para a evoluo deste negcio, e vrias prticas de universidades pblicas e particulares tambm o reforam (PIMENTEL, 2000). A EaD pela complexidade e aspectos diferentes do ensino convencional se torna mais vulnervel a essas relaes entre Estado, sociedade e mercado: [...] Poderamos inclusive afirmar que muitas vezes a EaD integra um fast food educacional [...], numa confluncia de interesses entre grupos de empresas, governo e organismos internacionais (PIMENTEL, 2000, p.54). Trocando isso em midos: so cursos de embalagem tecnolgica sedutora e de pouqussimo contedo para consumo rpido das massas leia-se estudantes. A integrao que se espera do processo com certeza no esta. Belloni (2001) identifica a raiz do problema dentro das prprias instituies escolares nos educadores e seus mtodos , como tambm nas escolhas polticas da sociedade. Mas estabelecer aes de alcance nacional para o planejamento e a aplicao de programas de integrao das TICs, por exemplo seja na educao presencial ou a distncia , torna-se principalmente uma responsabilidade de setores do governo (MARTINEZ, 2000). O papel das instituies o de empreender a troca de experincias e fazer parcerias para superao da falta de investimentos financeiros e humanos, na luta por uma educao de qualidade em todos os nveis.

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Mdulo 1

Sobre o financiamento ponto crtico para o desenvolvimento da EaD na rede pblica , falta uma lei especfica que atenda s peculiaridades da modalidade, porque at o momento apenas o ensino presencial contemplado nesse aspecto. A descontinuidade das aes do governo outro fator a ser levado em conta. A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que disseminou a Internet de forma definitiva no pas, no conseguiu por decreto identificar e estimular a utilizao do sistema de rede na rea educacional. Dcadas atrs, um outro sistema de educao bsica, com aulas via satlite, o Projeto SACI, tambm deixou a desejar. Depois vieram a TV e Rdio Escola, o Programa Nacional de Informtica (PROINFO), Um Salto para o Futuro e o Rede Interativa Virtual de Educao (RIVED) todos, uns mais, outros menos, foram alvo de crticas do meio acadmico. Se voltarmos no tempo, verificamos que a EaD ganhou status de Secretaria em 1995. Em dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional instituiu oficialmente a modalidade a distncia entre ns. A partir da, A EaD foi cada vez mais reconhecida como capaz de cumprir metas de polticas pblicas de longo alcance. Detalhe: onde h grande disperso geogrfica dos estudantes, sua aplicao se torna ainda mais indicada. O tempo que se conta para trs, em termos de reflexo e de experincias acumuladas; o agora, que exige aes imediatas com base nos erros e acertos do passado; e o futuro, balizador de onde queremos chegar como pessoas formadoras de uma identidade prpria num contexto de globalizao, no fundo, tudo se integra nas pginas do nosso calendrio de vida. Para saber mais www.mec.gov.br/seed

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Vocsabia? Voc sabia?A modalidade de educao a distncia foi definida e contextualizada nas Leis de Diretrizes e Bases (LDB), reformuladas em 1996. A LDB expressa a poltica e o planejamento educacional do pas (NISKIER, 1997). A finalidade da LDB ajustar os princpios enunciados no texto constitucional para a sua aplicao a situaes reais educacionais tanto na formao de professores quanto no funcionamento do processo educacional do pas em todos os nveis (fundamental, bsico, mdio, superior e ps-graduao). A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, pelo Decreto n 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no D.O.U. de 11/02/98), define que a educao a distncia uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informao, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicao (MEC, 2003). Os meios de comunicao so os responsveis pela alterao do conceito de presencialidade do educador (presena fsica), assim como sua responsabilidade do ensinar. O oferecimento de cursos e disciplinas nessa modalidade depende da inteno da instituio em oferecer cursos de curta durao (extenso), de longa e mdia durao (graduao e ps-graduao) ou apenas disciplinas ou partes de disciplinas na modalidade EaD. Para cursos de extenso, uma vez que a certificao livre, no h legislao especfica. Para cursos de ps-graduao e graduao, na modalidade a distncia, a Lei n 9.394/96 (LDB), do Decreto n 2.494/98 e da Portaria MEC n 301/98 informa que tanto as instituies pblicas como privadas podem oferec-los, desde que legalmente credenciadas para o ensino superior a distncia, mediante parecer do Conselho Nacional de Educao e homologado pelo Ministro da Educao por meio de portaria publicada no Dirio Oficial. Esse credenciamento realizado in loco por uma comisso formada por especialistas da rea, a partir da anlise de documentos e infra-estrutura administrativa (instituio), curso (parte pedaggica) e instrumentos (tecnologia e material didtico).40

Mdulo 1

H uma outra possibilidade para instituies que estejam interessadas em implementar a modalidade EaD, que o oferecimento de parte da carga horria dos cursos a distncia j reconhecidos pelo MEC. A Portaria n 2.253, de 18/10/2001, autoriza as instituies do Sistema Federal de Ensino a introduzir, na organizao pedaggica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas que, em seu todo ou parte, utilizem mtodos no presenciais, sendo que a porcentagem permitida no pode exceder 20% do total da carga horria do curso em questo. Essa mesma portaria cria normas para que o processo seja gerenciado dentro da instituio e para que a Secretaria de Ensino Superior (SESU) e o MEC tenham informaes sobre a implantao dessa portaria. So elas: IES credenciadas como universidades ou centros universitrios ficam autorizadas a alterar o projeto pedaggico de cada curso superior reconhecido para oferta de disciplinas que em todo ou em parte utilizem mtodos no presenciais; os exames finais de todas disciplinas/cursos que optarem por essa modalidade devero ser presenciais; e os cursos de graduao reconhecidos podem implementar at 20% da carga total do curso na modalidade no presencial. Essa percentagem pode ser atingida mediante a implementao de disciplinas 100% na modalidade EaD ou porcentagens de algumas disciplinas. O importante no exceder a percentagem permitida, ou seja, num curso de graduao com carga horria de 3.000 horas-atividades, 600 horas-atividades podem ser trabalhadas nessa modalidade. importante salientar que essa modalidade s possvel por meio da utilizao de instrumentos que possibilitem a auto-aprendizagem, com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados e utilizados de forma integrada aos meios de comunicao (correio, telefone, fax, Internet etc.). Segundo Mason (1998), ilude-se quem acha que a mola propulsora da estratgia da modalidade de ensino a distncia so as tecnolo41

Curso de Graduao em Administrao a distncia

gias. A tecnologia, especificamente a Internet, como instrumento, oferece uma grande possibilidade de interao e de realizao de atividades, mas no deve haver uma concentrao demasiada na tecnologia em si, pois a maneira pela qual utilizada dentro do processo de ensino poder levar a resultados insatisfatrios. Por isso, faz-se necessrio rever o processo pedaggico de formao do estudante de graduao, assim como as novas formas de aprender e ensinar. A Portaria n 2.253, ao solicitar a atualizao dos projetos pedaggicos dos cursos de graduao para efetivar a implementao da modalidade EaD, tem a inteno de provocar uma reviso do processo de formao do estudante dentro desse novo contexto de tecnologia e formas de aprendizagem e ensino. Segundo Moran (1997), rever os processos pedaggicos implica reavaliar e adaptar-se aos novos e sofisticados processos de interao que as novas tecnologias da informao possibilitam, a partir da criao de ambientes de aprendizagem e comunidades virtuais, eliminando barreiras de tempo e distncia.

Vale destacar... e lembrar....As bases legais da educao a distncia no Brasil foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996), pelo Decreto n 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no D.O.U. de 11/02/98), Decreto n 2.561, de 27 de abril de 1998 (publicado no D.O.U. de 28/04/98) e pela Portaria Ministerial n 301, de 07 de abril de 1998 (publicada no D.O.U. de 09/04/98). Em 3 de abril de 2001, a Resoluo n 1, do Conselho Nacional de Educao, estabeleceu as normas para a ps-graduao lato e stricto sensu. Como o sucesso da modalidade a distncia depende de uma srie de fatores, dentre eles, a perfeita assimilao de alguns processos presenciais de ensino, oportuno conhecer o processo histrico envolvido nessa modalidade, alm de teorias sobre o processo de ensino e aprendizagem.

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Para saber mais Visite o site do MEC e conhea as Polticas Pblicas para Educao a Distncia.

Vamos conhecer a aplicao da EaD nos diferentes nveis de ensino no Brasil

Ensino fundamental, mdio e tcnico a distnciaDe acordo com o art. 2 do Decreto n 2.494/98, os cursos a distncia que conferem certificado ou diploma de concluso do ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino mdio, da educao profissional e de graduao sero oferecidos por instituies pblicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim [...]. Para oferta de cursos a distncia dirigidos educao fundamental de jovens e adultos, ao ensino mdio e educao profissional de nvel tcnico, o Decreto n 2.561/98 delegou competncia s autoridades integrantes dos sistemas de ensino de que trata o artigo 8 da LDB, para promover os atos de credenciamento de instituies localizadas no mbito de suas respectivas atribuies. Assim, as propostas de cursos nesses nveis devero ser encaminhadas ao rgo do sistema municipal ou estadual responsvel pelo credenciamento de instituies e autorizao de cursos (Conselhos Estaduais de Educao), a menos que se trate de instituio vinculada ao sistema federal de ensino, quando, ento, o credenciamento dever ser feito pelo Ministrio da Educao.

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Curso de Graduao em Administrao a distncia

Ensino superior (graduao) e educao profissional em nvel tecnolgicoNo caso da oferta de cursos de graduao e educao profissional em nvel tecnolgico, a instituio interessada deve credenciar-se junto ao Ministrio da Educao, solicitando, para isso, a autorizao de funcionamento para cada curso que pretenda oferecer. O processo ser analisado na Secretaria de Educao Superior, por uma comisso de especialistas na rea do curso em questo e por especialistas em educao a distncia. O parecer dessa comisso ser encaminhado ao Conselho Nacional de Educao. O trmite, portanto, o mesmo aplicvel aos cursos presenciais. A qualidade do projeto da instituio ser o foco principal da anlise. Para orientar a elaborao de um projeto de curso de graduao a distncia, a Secretaria de Educao a Distncia elaborou o documento Indicadores de qualidade para cursos de graduao a distncia, disponvel no site do Ministrio para consulta. As bases legais so as indicadas no primeiro pargrafo desse texto.

Ps-graduao a distnciaA possibilidade de cursos de mestrado, doutorado e especializao a distncia foi disciplinada pela Resoluo n 01, da Cmara de Ensino Superior (CES), do Conselho Nacional de Educao (CNE), em 3 de abril de 2001. O artigo 3, tendo em vista o disposto no 1 do artigo 80 da Lei n 9.394/96 estabelece que os cursos de ps-graduao stricto sensu oferecidos a distncia sero oferecidos exclusivamente por instituies credenciadas para tal fim pela Unio e obedecero s exigncias de autorizao, reconhecimento e renovao de reconhecimento estabelecidas na referida resoluo. No artigo 11, a Resoluo n 01, de 2001, tambm conforme o disposto no 1 do art. 80 da Lei n 9.394/96, de 1996, estabelece que os cursos de ps-graduao lato sensu a distncia s podero ser oferecidos por instituies credenciadas pela Unio. Os cursos de ps-graduao lato sensu oferecidos a distncia devero incluir, necessariamente, provas presenciais e defesa presencial de monografia ou trabalho de concluso de curso.44

Mdulo 1

Diplomas e certificados de cursos a distncia emitidos por instituies estrangeirasConforme o art. 6 do Decreto n 2.494/98, os diplomas e certificados de cursos a distncia emitidos por instituies estrangeiras, mesmo quando realizados em cooperao com instituies sediadas no Brasil, devero ser revalidados para gerarem os efeitos legais. A Resoluo n CES/CNE 01, de 3 de abril de 2001, relativa a cursos de ps-graduao, dispe, no artigo 4, queos diplomas de concluso de cursos de ps-graduao stricto sensu obtidos de instituies de ensino superior estrangeiras, para terem validade nacional, devem ser reconhecidos e registrados por universidades brasileiras que possuam cursos de ps-graduao reconhecidos e avaliados na mesma rea de conhecimento e em nvel equivalente ou superior ou em rea afim.

Vale ressaltar que a Resoluo n CES/CNE 02, de 3 de abril de 2001, determina no caput do artigo 1, que os cursos de ps-graduao stricto sensu oferecidos no Brasil por instituies estrangeiras, diretamente ou mediante convnio com instituies nacionais, devero imediatamente cessar o processo de admisso de novos estudantes. Estabelece, ainda, que essas instituies estrangeiras devero, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da data de homologao da resoluo, encaminhar Fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) a relao dos diplomados nesses cursos, bem como dos estudantes matriculados, com a previso do prazo de concluso. Os diplomados nos referidos cursos devero encaminhar documentao necessria para o processo de reconhecimento por intermdio da CAPES.Fonte: Disponvel em

Para saber mais http://portal.mec.gov.br/seed/ http://www.cibergeo.org/artigos/ http://www.ufba.br/~pretto/pesquisas/cnpq_pq2004/politicas_publicas_tic.htm45

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2Estrutura funcionamento Estrutura e e funcionamento da EaD da EaD53

UNIDADE

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Eu quase nada sei, mas desconfio de muita coisa. (Guimares Rosa)

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Planejamento e organizao de sistemas de EaD

O entusiasmo contagiante. O tdio tambm. (WILLIS, 1992)

Agora que voc j viu diversos conceitos sobre EaD e sua histria no Brasil e no mundo, pode pensar no planejamento. Um dos maiores perigos em qualquer atividade educacional tem duas faces: uma, a rotina sem inspirao; outra, a improvisao dispersiva e completamente desordenada. Como no correr esse risco? Planeje! EaD uma modalidade educativa que vai alm da mera difuso de informaes. Pressupe objetivos definidos, uma proposta pedaggica consistente, mecanismos de recepo e avaliao, tudo isso estruturado a partir das necessidades do educando. Construir um planejamento educacional em EaD estabelecer uma ponte entre a teoria e a prtica. Nada melhor do que fazer um diagnstico da realidade para selecionar e organizar os contedos de aprendizagem, escolher os meios e as atividades mais adequadas e definir como avaliar o ensino. importante saber pensar o planejamento e a organizao de sistemas de EaD para sua instituio. Um material valioso encontrado para ajudar a sua elaborao foi apresentado no ano de 2005, num dos eventos de repercusso na rea, que vale a pena conferir em todas suas edies: o Congresso Internacional de Educao a Distncia no Ensino Superior que aconteceu no RS. Deste congresso destacamos o processo de planejamento e organizao dos sistemas de EaD da seguinte forma:

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Articulao entre reas: comunicao e educaoPrticas educativas em EaD demandam processos comunicativos. Conhecer o poder pedaggico dos meios de comunicao necessrio para que voc, educador, seja um bom gestor na sua instituio de EaD, saiba assumir desafios e forme uma equipe que os assuma com voc.

MotivaoDesafios para a equipe que voc pode vir a gerir na implantao de EaD na sua instituio: Habilidades no uso da tecnologia multimdia. Atitude crtica perante a produo social da comunicao. Voc deve ensinar a equipe a pensar que o computador no vai salvar a educao, o que salva a forma como todas as ferramentas de comunicao sero usadas dentro do ambiente educacional e o modo como ser conduzido este aprendizado. O computador sozinho no d futuro a ningum!

Aprimoramento do processo comunicacional docentes-discentes e discentes-discentesDemocratizao de saberes. Desenvolvimento de capacidades intelectuais e afetivas. Comprometimento com os problemas sociais e polticos de toda a sociedade.

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As bases de implantao da EaDPlano de Desenvolvimento Institucional (PDI) O PDI o elemento primordial para a implantao da EaD, pois ele que define a misso, os objetivos e princpios da instituio no que se refere a suas aes de educao a distncia. Sabe a velha nova de que o projeto pedaggico no s necessrio como fundamental? A educao a distncia EDUCAO, e portanto a distncia circunstancial. Precisa de Projeto Pedaggico, com identificao das necessidades do curso, considerando os seguintes aspectos: definio dos objetivos a alcanar; seleo e organizao dos contedos; elaborao dos materiais didticos; definio do esquema operacional; sistemas de comunicao; infra-estrutura de suporte, monitoria e tutoria; organizao das condies de aprendizagem, tanto por Para saber mais parte do professor quanto do estudanhttp://www.apkomp.com.br/apresentacao te; gesto pedaggica, tecnolgica e http://www.tempodeaprender.com.br administrativa; forma de avaliao da aprendizagem. Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) mais Projeto Pedaggico (PP) Arquitetura pedaggica, topologia de suporte tecnolgico, ambiente de aprendizagem, gesto do ambiente de aprendizagem, vrias so as terminologias que existem por a, mas o importante ter um projeto pedaggico consistente: pedagogos, comunicadores, desenvolvedores, webdesigners e outros unam-se neste propsito. Todos vamos ganhar. Planejamento j! Proposta para infra-estrutura Propomos que as necessidades de infra-estrutura sejam determinadas pelos objetivos pedaggicos e que eles possam fornecer subsdios no mapeamento tecnolgico para a criao, o suporte e a gesto de um curso ou programa a distncia.

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Portanto, planejamento educacional uma atividade multidisciplinar que exige trabalho conjunto e integrado de administradores, educadores, pedagogos, consultores, socilogos, estatsticos, especialistas, e outras. A seguir, selecionamos para voc um texto que trata da Gesto de Sistemas de Educao a Distncia:

Gesto de sistemas de educao a distnciaCada vez mais torna-se evidente a importncia da gesto em programas educacionais. Quando no se d a devida ateno a este requisito, idias boas podem se perder ou resultar em programas pobres e ineficazes. No caso da educao a distncia, isso no diferente. Sistemas de EaD so complexos e exigem uma gesto eficiente para que os resultados educacionais possam ser alcanados. Uma vez definidos os objetivos educacionais, o desenho instrucional, etapas e atividades, os mecanismos de apoio aprendizagem, as tecnologias a serem utilizadas, a avaliao, os procedimentos formais acadmicos e o funcionamento do sistema como um todo, fundamental que se estabeleam as estratgias e mecanismos pelos quais se pode assegurar que esse sistema v efetivamente funcionar conforme o previsto. Eu quero apresentar aspectos relacionados gesto de sistemas de EaD, considerando a gesto como um fator-chave para assegurar a qualidade e o sucesso de programas e cursos nessa modalidade. Apresentam-se, primeiramente algumas caractersticas de sistemas de EaD, passando, em seguida, para aspectos relacionados gesto dos mesmos. Espera-se, com essa anlise, contribuir com o debate em torno da viabilidade e qualidade de sistemas de EaD, bem como oferecer alguns subsdios aos que esto envolvidos no planejamento ou implementao desta modalidade de ensino.

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Sistemas de Educao a DistnciaUm primeiro aspecto a ser colocado na discusso sobre a gesto de sistemas de EaD se refere natureza dos sistemas de EaD. Ao contrrio do que muitos pensam, trata-se de um sistema complexo, que exige da instituio que o promove no s uma infra-estrutura adequada, mas a definio e operacionalizao de todos os processos que permitem o alcance dos objetivos educacionais propostos. Os bons sistemas de EaD so compostos por uma srie de componentes que devem funcionar integrados. Trata-se da formalizao de uma estrutura operacional que envolve desde o desenvolvimento da concepo do curso, a produo dos materiais didticos ou fontes de informao e a definio do sistema de avaliao, at estabelecimentos dos mecanismos operacionais de distribuio de matrias, disponibilizao de servios de apoio aprendizagem e o estabelecimento de procedimentos acadmicos. Obviamente, dependendo da instituio, da abrangncia de sua rea de atuao, dos objetivos educacionais propostos, da natureza dos cursos oferecidos, esta estrutura pode ser mais ou menos complexa. De um modo geral, pode-se dizer que sistemas de EaD apresentam: 1. Estrutura/mecanismos de planejamento e preparao/ disponibilizao de materiais instrucionais (sejam eles escritos, audiovisuais ou online); 2. Estrutura/mecanismos para a proviso de servios de apoio aprendizagem aos cursistas (tutoria, servios de comunicao, momentos presenciais); 3. Servios de comunicao que possibilitam o acesso do cursista s informaes necessrias ao desenvolvimento de suas atividades no curso; 4. Sistemtica de avaliao definida e operacional;

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5. Estrutura fsica, tecnolgica e de pessoal compatvel com a abrangncia da atuao da instituio e o tipo de desenho instrucional dos cursos oferecidos; 6. Estrutura e mecanismos de monitoramento e avaliao do sistema. Vejamos o exemplo de sistemas de EaD nas Universidades Abertas, como as da Inglaterra e da Espanha. Estas instituies, que so na verdade universidades que funcionam a distncia, possuem toda uma estrutura que lhes garante o funcionamento sistemtico. Possuem equipes que elaboram os materiais didticos, mecanismos para que os estudantes os recebam, uma equipe de tutoria que atua no acompanhamento do trabalho dos estudantes, um sistema formalizado de avaliao, servios de comunicao, uma infra-estrutura fsica, tecnolgica e de pessoal central e tambm organizada em centros regionais, secretarias e mecanismos institucionalizados para os servios acadmicos, mecanismos de monitoramento e avaliao dos servios prestados, enfim, constituem sistemas completos. Outro exemplo de nosso prprio pas o do Proformao, um curso em nvel mdio com a habilitao no Magistrio, que oferece a formao a distncia para aproximadamente 25.000 professores, promovido, em parceria, pelo Ministrio da Educao, os estados e municpios. O Proformao no desenvolvido por uma instituio, mas sim por um conjunto de atores: uma equipe elaborou a proposta do curso e produziu os materiais, outra equipe responsvel por todo o processo de implementao, incluindo a definio da estratgia de implementao e sistema operacional, monitoramento e avaliao, e foi estabelecida uma estrutura operacional que viabiliza a consecuo do curso. Nessa estrutura, os cursistas tm o apoio dos tutores e das Agncias Formadoras (AGF). As AGF so apoiadas pelas equipes estaduais de gerenciamento e assessores tcnicos, e as equipes estaduais contam com o apoio da Coordenao Nacional.

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Formou-se, assim, um sistema ou uma rede de formao que permite que o curso se desenvolva e atinja seus objetivos educacionais. Assim como os sistemas apresentados, existem outros, como os que se organizam nas instituies chamadas duais, ou seja, universidades que oferecem cursos presenciais e tambm a distncia. De qualquer forma, os elementos apresentados devem estar formalizados.

A Gesto de Sistemas de Educao a DistnciaQuando falamos em gesto, estamos falando da maneira como se organizam e gerenciam as partes que compem um sistema, com vistas ao alcance dos objetivos propostos. Por exemplo, quando falamos em gesto escolar, estamos falando de como a escola organiza sua estrutura, sua proposta pedaggica, seus servios, seu pessoal etc., para que a aprendizagem do estudante ocorra com qualidade, de acordo com sua proposta educacional. No caso da Educao a Distncia no diferente. A gesto importantssima, uma vez que ela que garante o perfeito funcionamento do sistema e, conseqentemente, sua qualidade, eficincia e eficcia. Para fins de ilustrao, podemos separar a gesto de sistemas de EaD em dois grupos: a) gesto pedaggica e b) gesto de sistema. a) Gesto pedaggica Na gesto pedaggica, encontra-se o gerenciamento das etapas e atividades do curso, bem como do sistema de apoio aprendizagem e avaliao. preciso que as etapas e atividades estejam claramente definidas e que tudo seja planejado e coordenado de tal maneira que elas ocorram eficientemente, da maneira programada e no tempo previsto. Tambm preciso que, qualquer que seja o sistema de apoio aprendizagem do estudante previsto no sistema, este

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funcione eficientemente. Assim, se o sistema estabelece uma tutoria para o acompanhamento dos estudantes, esta deve estar claramente definida, com as funes e as atividades do tutor estabelecidas e todos os procedimentos para o exerccio desta funo formalizados. Mais do que isso, preciso estabelecer mecanismos gerenciais para o acompanhamento do trabalho dos tutores. Se o sistema es