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Crise na saúde Saúde suplementar Médicos querem zerar as perdas acumuladas Pág. 7 É tempo de valorizar o trabalho médico ANO XXIV • Nº 180 • JANEIRO/2010 Problemas na assistência preocupam o país Pág. 6 Encontro das entidades médicas será em julho Pág. 10 Enem 2010 Enquete do Senado confirma: brasileiro diz sim ao Ato Médico A criação da carreira de Estado para a medicina e a implementação de um PCCV para os profissionais da área mobilizam lideranças das ANB, Fenam e CFM. Editorial e pág.3 Pág. 4 Foto André François/AMB

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Crise na saúde Saúde suplementar

Médicos querem zerar as perdas acumuladas

Pág. 7

É tempo de valorizar o trabalho médico

ANO XXIV • Nº 180 • JANEIRO/2010

Problemas na assistência preocupam o país

Pág. 6

Encontro das entidades médicas será em julho

Pág. 10

Enem 2010

Enquete do Senado confirma:brasileiro diz sim ao Ato Médico

A criação da carreira de Estado para a medicina e a implementação de um PCCV para os profissionais da área mobilizam lideranças das ANB, Fenam e CFM. Editorial e pág.3

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009

EDITORIAL

MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009

O valor do profissional

Crise na saúde Saúde suplementar

Médicos querem zerar as perdas acumuladas

Pág. 7

É tempo de valorizar o trabalho médico

ANO XXIV • Nº 180 • JANEIRO/2010

Problemas na assistência preocupam o país

Pág. 6

Encontro das entidades médicas será em julho

Pág. 10

Enem 2010

Enquete do Senado confi rma:brasileiro diz sim ao Ato Médico

A criação da carreira de Estado para a medicina e a implementação de um PCCV para os profi ssionais da área mobilizam lideranças das ANB, Fenam e CFM. Editorial e pág.3

Pág. 4

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Conselheiros titulares

Abdon José Murad Neto (Maranhão), Aloísio Tibiriçá Miranda (Rio de Janeiro), Antônio Gonçalves Pinheiro (Pará), Cacilda Pedrosa de Oliveira (Goiás), Carlos Vital Tavares Corrêa Lima (Pernambuco), Celso Murad (Espírito Santo), Cláudio Balduíno Souto Franzen (Rio Grande do Sul), Dalvélio de Paiva Madruga (Paraíba), Desiré Carlos Callegari (São Paulo), Edevard José de Araújo (AMB), Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (Alagoas), Frederico Henrique de Melo (Tocantins), Gerson Zafalon Martins (Paraná), Henrique Batista e Silva (Sergipe), Hermann Alexandre Vivacqua Von Tiesenhausen (Minas Gerais), Jecé Freitas Brandão (Bahia), José Albertino Souza (Ceará), José Antonio Ribeiro Filho (Distrito Federal), José Fernando Maia Vinagre (Mato Grosso), José Hiran da Silva Gallo (Rondônia), Júlio Rufino Torres (Amazonas), Luiz Nódgi Nogueira Filho (Piauí), Maria das Graças Creão Salgado (Amapá), Mauro Luiz de Britto Ribeiro (Mato Grosso do Sul), Paulo Ernesto Coelho de Oliveira (Roraima), Renato Moreira Fonseca (Acre), Roberto Luiz d’ Avila (Santa Catarina), Rubens dos Santos Silva (Rio Grande do Norte)

Ademar Carlos Augusto (Amazonas), Aldemir Humberto Soares (AMB), Alberto Carvalho de Almeida (Mato Grosso), Alceu José Peixoto Pimentel (Alagoas), Aldair Novato Silva (Goiás), Alexandre de Menezes Rodrigues (Minas Gerais), Ana Maria Vieira Rizzo (Mato Grosso do Sul), André Longo Araújo de Melo (Pernambuco), Antônio Celso Koehler Ayub (Rio Grande do Sul), Antônio de Pádua Silva Sousa (Maranhão), Ceuci de Lima Xavier Nunes (Bahia), Dílson Ferreira da Silva (Amapá), Elias Fernando Miziara (Distrito Federal), Glória Tereza Lima Barreto Lopes (Sergipe), Jailson Luiz Tótola (Espírito Santo), Jeancarlo Fernandes Cavalcante (Rio Grande do Norte), Lisete Rosa e Silva Benzoni (Paraná), Lúcio Flávio Gonzaga Silva (Ceará), Luiz Carlos Beyruth Borges (Acre), Makhoul Moussallem (Rio de Janeiro), Manuel Lopes Lamego (Rondônia), Marta Rinaldi Muller (Santa Catarina), Mauro Shosuka Asato (Roraima), Norberto José da Silva Neto (Paraíba), Pedro Eduardo Nader Ferreira (Tocantins), Renato Françoso Filho (São Paulo), Waldir Araújo Cardoso (Pará), Wilton Mendes da Silva (Piauí)

Conselheiros suplentes

Mudanças de en de re ço de vem ser co mu ni­cadas di re ta men te ao CFM

Os ar ti gos as si na dos são de in tei ra res pon­sa bi li da de dos au to res, não re pre sen tan do,

ne ces sa ria men te, a opi nião do CFM

Os artigos enviados ao conselhoeditorial para avaliação devem ter,

em média, 4.100 caracteres

DIRETORIA

Presidente:1º vice-presidente:2º vice-presidente:3º vice-presidente:

Secretário-geral:1º secretário:2º secretário:

Tesoureiro:2º tesoureiro:

Corregedor:Vice-corregedor:

Roberto Luiz d’ AvilaCarlos Vital Tavares Corrêa LimaAloísio Tibiriçá MirandaEmmanuel Fortes Silveira CavalcantiHenrique Batista e SilvaDesiré Carlos CallegariGerson Zafalon Martins José Hiran da Silva GalloFrederico Henrique de MeloJosé Fernando Maia VinagreJosé Albertino Souza

Diretor-executivo:Editor:

Editora-adjunta:Redação:

Copidesque e revisor:Secretária:

Apoio:Fotos:

Impressão:

Projeto gráficoe diagramação:

Tiragem desta edição:Jornalista responsável:

Desiré Carlos CallegariPaulo Henrique de Souza Vevila Junqueira da SilvaAna Isabel de Aquino Corrêa,Nathália Siqueira (colaboradora)Napoleão Marcos de AquinoRônia Rodrigues FernandesAmilton ItacarambyMárcio Arruda - MTb 530/04/58/DFGráfica e Editora Posigraf S.A.

Grupo 108 de ComunicaçãoRegina Pessoa

335.000 exemplaresPaulo Henrique de SouzaRP GO-0008609

Publicação oficial doConselho Federal de Medicina

SGAS 915, Lote 72, Brasília­DF, CEP 70 390­150Telefone: (61) 3445 5900 • Fax: (61) 3346 0231

http://www.portalmedico.org.br • e- mail: jor [email protected]

Desiré Carlos CallegariDiretor executivo do jornal Medicina

Cartas

Comentários, sugestões,críticas e dúvidas

podem ser enviadas parao jornal Medicina

pelo e-mail

[email protected]ão deixe de participar

e dar sua opinião.Contamos com você!

A valorização do tra-balho médico ocupa o topo das prioridades da atual gestão do Conse-lho Federal de Medicina (CFM). Contudo, tal preocupação não encer-ra aspectos corporativis-tas, frise-se a priori. Pelo contrário, o reconhe-cimento da importân-cia dos profissionais na oferta da assistência à população, especialmen-te no setor público, tem impacto direto na qua-lidade do atendimento. Ou seja, ao valorizar o profissional, de diferen-tes maneiras, estamos interferindo de forma positiva nas questões de saúde pública.

O raciocínio é sim-ples: qualquer profissio-nal, de qualquer cate-goria, com condições de trabalho dignas, com-petências estabelecidas e honorários adequados se reconhece como in-divíduo valorizado. A absorção desse reconhe-cimento retorna para a sociedade em forma de maior comprometimento e empenho no exercício de suas funções. Hoje, somos todos peças de uma grande engrenagem social onde a produtivi-dade também depende de um contexto favorá-

vel. Com o médico não seria diferente.

As iniciativas rela-cionadas à melhoria das condições do trabalho médico ocupam o cerne desta edição do jornal Medicina. O tema apa-rece nas reportagens que abordam as propostas do Plano de Cargos, Car-reiras e Vencimentos, a tramitação do projeto de lei da regulamentação da medicina e a criação de uma carreira de Es-tado para o médico. São iniciativas que afetam, sobretudo, o trabalho no Sistema Único de Saú-de, modelo de referência internacional, mas que ainda carece de uma política eficaz no campo dos recursos humanos.

No tocante à saúde suplementar, podemos acompanhar a retomada da mobilização da cate-goria por um tratamento adequado pelas opera-doras e planos de saúde. Além de assegurar uma ação mais proativa por parte da Agência Nacio-nal de Saúde Suplemen-tar na intermediação entre os empresários e os prestadores de serviço (como insistem em nos chamar), esperamos re-duzir substancialmente as perdas salariais acu-

muladas ao longo dos últimos 10 anos.

Por meio do Medici-na, queremos colaborar para a criação do fer-mento que leva às trans-formações. Deixar os médicos alertas acerca dessas propostas é nosso objetivo como estraté-gia na qual cada leitor é aliado importante e fun-damental. Não queremos apenas dar a notícia (in-formar). Buscamos o en-gajamento de todos neste esforço que atinge mais de 340 mil médicos no país. A meta é formar a massa crítica que, coesa, é capaz de mobilizar, ar-ticular e criar uma nova realidade.

Afinal, a experiência nos mostra que as con-quistas são alcançadas a partir do empenho daqueles que serão dire-tamente atingidos pelas mudanças pretendidas. Assim, os médicos são ora convidados a prestar sua parcela de contribui-ção para que isso aconte-ça. Com a atenta leitura do Medicina, o primeiro passo será dado.

Endossamos o colega Jorge Ro-berto Sydow (Seção Cartas; edi-ção 179). O paciente dos planos de saúde deveria arcar com o prejuízo da consulta a qual faltou. As empresas deveriam cobrar do faltoso e remunerar o profissional.

Renilton Barbosa Leão (Rio de Janeiro/RJ)

[email protected]

Apelo aos laboratórios brasileiros que entrem em contato com as equipes médicas do Haiti ou com a Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo pelo e-mail [email protected]. Há necessidade de doação desses materiais.

Rodrigo Tavares Corrêa Soc. de Anestesiologia de SP

[email protected]

Parabenizo o CFM pelo empenho em melhorar a remuneração dos médicos. A valorização do médico só acontecerá com o resgate de valores indispensáveis e pouco lembrados: ética, humanização e humildade. 

Silvia R. Corsetti Santos (Santa Rosa/RS)

[email protected]

“Ao valorizar o profissional, de diferentes maneirasestamos interferindo de forma positiva nas questões de saúde pública

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Jan./2010

ÉTICA MÉDICA

JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

3POLÍTICA E SAÚDE

JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Proposta será tema de fórum Para o CFM, a medida ajudará a resolver o problema assistencial em áreas distantes e representará a valorização dos profissionais

Carreira de Estado

Respeito: o trabalho médico depende de apoio e infraestrutura para obter bons resultados

O Conselho Federal de Medicina (CFM)

organizará ainda este ano um fórum específi-co para discutir aspectos relacionados à criação de carreira de Estado para o profissional médico. A estratégia faz parte da atenção prioritária dada ao tema. Juntos, repre-sentantes do CFM, As-sociação Médica Brasi-leira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam), além de espe-cialistas de outras áreas e convidados, buscarão tra-çar as características do perfil dessa carreira.

Segundo o presidente do CFM, Luiz Rober-to d’Avila, o profissional médico deve ser tratado como os promotores e os juízes – que efetivamente

têm um plano de carreira. “Esses profissionais circu-lam no interior e retornam às capitais com chances de atingir altos cargos de co-mando e responsabilidade. Queremos uma carreira semelhante, com salários equivalentes e a certeza de acesso aos cursos de educação médica conti-nuada e uma aposentado-ria digna”, defende.

A questão é urgente para a categoria e para a assistência oferecida pela rede pública em todo o país. Atualmente, segun-do dados do Ministério da Saúde, 455 municípios brasileiros não dispõem de profissional médico. O levantamento realiza-do mostra uma situação de penúria em todas as re-giões, mas o destaque

fica com o Norte, onde quase metade dos muni-cípios não tem um único médico.

Equipes completas – Roberto d’Avila ressal-ta que mesmo a solução proposta depende de ou-tras medidas do gover-no e que levar o médico para trabalhar em áreas distantes também implica alocar equipes completas, que tornarão o trabalho multiprofissional possível,

trazendo efetivos ganhos à assistência oferecida.

A criação da carreira de Estado para os médicos é antiga luta do CFM. Du-rante a III Conferência de Ética Médica, por exem-plo, realizada em março de 2008, o ex-ministro do Tri-bunal Superior Eleitoral, José Augusto Delgado, já defendia a ideia: “O Esta-do respeita o profissional de Direito porque precisa dele em sua estrutura. O

médico, contudo, tornou-se um problema para a so-ciedade”.

Para o 1º vice-presi-dente do CFM, Carlos Vital Lima, o projeto não é imbuído de ambição, “mas de dignidade para atendermos aos nossos semelhantes. Os recursos humanos médicos não po-dem estar em situação de precarização. Eles devem inserir-se em uma carreira de Estado”, declarou.

Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos

Entidades apresentarão PCCV aos gestores públicos

As entidades médicas nacionais – Conselho Fe-deral de Medicina (CFM), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e Asso-ciação Médica Brasileira (AMB) – estão prontas para apresentar aos gestores pú-blicos sua proposta de Plano de Cargos, Carreiras e Ven-cimentos (PCCV).

O ministro José Go-mes Temporão, gover-nadores de estados e secretários estaduais e municipais de Saúde serão contatados para conhecer o teor do documento. O

roadshow deve, ainda, in-cluir uma passagem pelo Palácio do Planalto.

“O Plano é um instru-mento não só para os mé-dicos, mas também para a gestão”, aponta Waldir Cardoso, conselheiro do CFM. O documento, ela-borado com o apoio da Fundação Getulio Vargas (FGV), elenca as diretri-zes fundamentais do sis-tema de carreira concebi-do para os profissionais da área médica.

A proposta servirá de referência para os muni-

cípios. Para o secretário de Saúde Suplementar da Fenam, Márcio Bi-chara, a possibilidade de aplicação customizada do PCCV em função de realidades locais reforça a importância do esfor-ço de sensibilização dos gestores das três esferas às quais o Sistema Úni-co de Saúde (SUS) está vinculado.

Para conhecer a ínte-gra do PCCV, acesse o site do Conselho Federal de Medicina (www.cfm.org.br).

PEC chega ao Congresso Em dezembro, os de-

putados Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Eleuses Paiva (DEM-SP) apresentaram proposta de emenda à Cons-tituição (PEC 454/09) para estabelecer diretrizes para a organização da carreira de médico de Estado.

A proposta prevê a equiparação dos salários dos médicos aos subsí-dios de juízes e promo-tores e determina que a medicina seja exercida por ocupantes de cargos efetivos, cujo ingresso na carreira ocorra mediante concurso público de pro-vas e títulos, no serviço público federal, estadual e municipal.

A emenda estipula a as-censão funcional do médico de Estado, de acordo com critérios de merecimento e an-tiguidade, com remuneração inicial de R$ 15.187 e reajus-tes anuais. Como justificativa, os parlamentares dizem que a emenda busca valorizar o mé-dico, inserindo-o na categoria de carreira de Estado. “O fortalecimento dos profis-sionais que atuam nas áreas exclusivas de Estado é requi-sito para garantir a qualidade e continuidade da prestação de serviços e o alcance do interesse público com a des-centralização da prestação de atividades de Estado”, apon-ta Ronaldo Caiado, líder do DEM na Câmara.

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Jan./2010 JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

4 POLÍTICA E SAÚDE

JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

62% da população apoiam Ato Médico

Enquete no Senado

Jornal Medicina – Na últi-ma reunião da Confemel, o senhor apontou uma or-questração para fragilizar a profissão médica. O que está ocorrendo?

Emmanuel Fortes – As organizações Mundial e Pan-Americana da Saúde têm norteado suas ações mediante ingerências su-pranacionais na área da saúde, o que leva à vulne-rabilização do ato médico. Isso ocorre pelas autoriza-ções para que outras pro-fissões pratiquem o ato pri-

vativo do médico e pela di-visão da medicina em duas áreas: a primeira, seria a medicina intervencionis-ta, que exige habilidades específicas; a segunda, a medicina clínica, que envolve o diagnóstico da enfermidade a partir da relação médico-paciente. E é exatamente esse últi-mo tipo de medicina que a OMS e a Opas têm ata-cado. Com essa atitude, assistimos à invasão do ato privativo do médico. Por essa razão, recomen-damos na Confemel que

seus países componentes rompam com todos os postulados desses dois or-ganismos. JM – Como a vulnerabili-zação da profissão reper-cute na relação médico-paciente?

EF – Essa invasão causa insegurança assistencial aos pacientes ao permitir que outros profissionais possam realizar diag-nósticos ou prescrever tratamentos, atos priva-tivos dos médicos. Esses profissionais não foram habilitados e nem autori-zados, na forma da lei, a tomar essas decisões. Isso vulnerabiliza a assistên-cia e expõe a população a graves riscos. Só o médico tem a competência para executar um prognóstico dentro do raciocínio diag-nóstico, de modo a prote-ger e assegurar a saúde ou a reabilitação da pessoa.

JM – É possível resistir à interferência dos orga-nismos internacionais?

EF – Numa frase: rom-pendo com essas ações intervencionistas. Tem que haver resistência, pois o diálogo já foi tentado. No entanto, continuam a ser descri-tas regras que ofendem a competência do mé-dico em sua capacida-de de definir as ações e se compartilham com outras profissões ativi-dades exclusivamente médicas. Não há mais o que conversar. JM – Como a Confemel re-cebeu essa argumentação?

EF – Todos passaram a pensar e a refletir dessa forma. Por exemplo, Espa-nha e Portugal enfrentam, agora, o risco de ver ou-tros profissionais de saúde autorizados a praticar os

“Essa invasão causa insegurança assistencial”Para o psiquiatra Emmanuel Fortes, 3º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, o compartilhamento do diagnóstico e da prescrição com outras categorias profissionais traz problemas para a assistência, especialmente para o paciente. A conclusão foi apresentada durante encontro da Confederação Médica Latino-Americana e do Caribe (Confemel), realizado em novembro, na Guatemala. A tese foi acolhida pelos representantes dos 17 países-membros da entidade.

“Esses 62% dos votos ex-pressam a exata dimensão do projeto: não só médicos, mas a sociedade apoia o projeto”.

Alceu Pimentel Coord. Com. Acomp. Parlarmentar

“Este resultado confirma o apoio ao texto que refle-te a defesa do que é priva-tivo do médico e resguar-da o que é de competência de outras categorias”.

Waldir Cardoso Secr. de Comunicação da Fenam

“Todas as vezes em que a classe se uniu e tentou re-solver seus problemas, as respostas foram positivas”.

Roberto Gurgel Dir. de Defesa Profissional da AMB

“O resultado da enque-te mostra que a popula-ção entende a necessi-dade de se definir essa regulamentação”.

Sen. Augusto Botelho (PT-RR)

Com. de Assuntos Sociais

Repercussão

Opinião pública: a resposta das ruas deu respaldo ao avanço do projeto no Senado

Entrevista Emmanuel Fortes

A proposta que regula-menta o exercício da

medicina foi objeto de en-quete da Agência Senado, em dezembro. O resulta-do deu vitória aos defen-sores da proposta: 62% de um total de 545.625 inter-nautas se manifestaram a favor do projeto de lei que trata do assunto.

A pesquisa foi a que

mais recebeu votos dos internautas desde maio de 2009, quando esse tipo de consulta começou a ser fei-to pela Agência Senado e pela Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública (Sepop).

“O levantamento é uma forma de oferecer um subsídio extra aos par-lamentares sobre como a opinião pública percebe

o assunto”, explicou An-tonio Caraballo, diretor-adjunto do Sepop.

Tramitação – O pro-jeto que regulamenta o exercício da medicina tra-mita há sete anos no Con-gresso Nacional, tendo sido aprovado em 2006 no Senado e em outubro de 2009 na Câmara dos Deputados – momentos históricos de mobilização da classe. Agora, nova-mente precisa da con-cordância dos senadores, pois sofreu modificações por parte dos deputados.

  De acordo com seu relator, o senador An-tonio Carlos Valadares (PSB-SE), em fevereiro o parecer pode estar con-cluído na Comissão de

Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Segun-do ele, faz-se necessário estudar as alterações fei-tas pela Câmara dos De-putados e buscar o con-senso entre as categorias.

O Brasil tem 14 pro-fissões reconhecidamen-te vinculadas ao campo da saúde. Com exceção da medicina, todas as demais possuem leis que regulamentam os seus exercícios, estabelecendo competências e respon-sabilidades. O texto que aguarda votação define, de forma clara e objeti-va, os atos privativos dos 344.034 médicos brasilei-ros e aqueles que podem ser compartilhados com as outras 13 categorias.

atos privativos dos mé-dicos. Em consequência, foram à reunião da Con-femel para solicitar ajuda. E o encontro aprovou uma moção que reforça que a prescrição e o diagnóstico são exclusivos dos médicos. Avalio todo esse processo sob um contexto histórico. Nos chamados países ricos, o trabalho pesado sempre ficou a cargo das classes menos privilegiadas. Para-lelamente, todo o trabalho requintado cabia à elite. A clínica médica é um es-forço braçal. Então, em alguns países, onde não há resistência a essa interven-ção, abdica-se do trabalho braçal, não pela com-preensão de que se deve compartilhar, mas porque é considerado como de me-nos relevância.

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Jan./2010

ÉTICA MÉDICA

JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

5POLÍTICA E SAÚDE

JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

São 10 as prioridades para 2010 Agenda parlamentar

Para garantir o avanço das propostas, temas serão acompanhados de perto pela Comissão de Assuntos Políticos

Orçamento do SUS

Verbas são aprovadasO orçamento para o

custeio e o investimen-to em ações e serviços públicos de saúde será de R$ 61,7 milhões em 2010. A proposta ori-ginal do governo era de 57,8 bilhões, mas, com a pressão política das entidades médicas e da Frente Parlamentar da Saúde, o valor re-cebeu acréscimo de R$ 3,9 bilhões. Os dados foram apontados pelo presidente da Frente

Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Pe-rondi (PMDB-RS), que considerou o valor insu-ficiente.

Para o Conselho Federal de Medicina (CFM) e as outras en-tidades médicas, a so-lução do problema está na regulamentação da Emenda Constitucional 29. A proposta tramita no Congresso e seria a solução para garantir o financiamento do SUS.

Senado atende médicos em projetos sobre cooperativas

Os projetos de lei que tratam da regula-

mentação da medicina, da carreira de Estado para os médicos e do piso salarial da categoria estão entre as 10 prioridades de acom-panhamento para 2010 (ver quadro ao lado).

Essa definição foi dada pela Comissão de Assuntos Políticos (CAP), que con-ta com representantes do Conselho Federal de Me-dicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam).

A CAP tem intensa atuação no Congresso Nacional. Ela tria os no-vos projetos de lei da área da saúde que tramitam na Câmara e no Senado, emite pareceres e atua junto aos parlamentares na tentativa de sensibili-zá-los e esclarecê-los.

Para Alceu Pimentel, coordenador do grupo, a CAP faz a ponte entre a

categoria e os parlamenta-res: “No passado, não tí-nhamos acompanhamento dos projetos de saúde no Legislativo. Mas sabemos que as entidades podem contribuir com os textos dos projetos de lei, para que venham a atender de forma adequada a sociedade, o SUS e os médicos”.

Inicialmente, o grupo era formado apenas pe-los conselheiros Alceu Pimentel e Pedro Pablo Chacel, com o apoio do assessor parlamentar Na-poleão Salles. Em 2004, passou a se chamar Co-missão de Agenda Parla-mentar e recebeu novos integrantes.

Todo o trabalho da CAP é divulgado por meio da Agenda Parla-mentar da Saúde Respon-sável, que lista projetos de interesse da medicina e dos pacientes, com os respectivos pareceres das entidades médicas.

para o reconhecimento de títulos de Me-dicina expedidos por Cuba.

6. Piso salarial mínimo

O PL 3.734/08, de autoria do deputado Ribamar Alves (PSB-MA), altera a Lei 3.999, de 15 de dezembro de 1961, que modifica o salário-mínimo dos médicos e cirurgiões-dentistas.

7. Ortotanásia

Em dezembro, o CFM comemorou a aprovação, pela Comissão de Constitui- ção e Justiça do Senado, do PLS 116/00, que legaliza a ortotanásia. O projeto segue para a Câmara.

8. Cuidados paliativos

O PL 6.544/09 dispõe sobre os cuidados paliativos a pacientes em fase terminal de enfermidade. Em dezembro, a Câmara promoveu audiência pública sobre o tema.

9. Carreira de Estado

Os deputados Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Eleuses Paiva (DEM-SP) apre-sentaram o projeto de emenda consti-tucional (PEC 454/09) que visa esta-belecer diretrizes para a organização da carreira de médico de Estado.

10. Conselhos de classe

O PL 3.097/08 obriga os conselhos pro-fissionais a disponibilizarem uma lista de membros sob os quais pesam sindicâncias, inquéritos ou processos na Justiça em decor-rência de suas atividades profissionais.

1. Regulamentação da medicina

Após sete anos de tramitação no Con-gresso Nacional, o projeto de lei que re-gulamenta a profissão médica deve ser votado novamente pelos senadores.

2. Cooperativismo médico

Recentemente, o Senado Federal aprovou o projeto de lei complementar (PLC 131/08) que dispõe sobre o funcionamento e or-ganização das cooperativas de trabalho e excluiu as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento. A Câmara dos Deputados também possui projeto de lei semelhante (PL 3.711/08), do deputado Rafael Guerra (PSDB-MG).

3. CBHPM

Atualmente, tramita na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Fe-deral como PLC 39/07. Desde 2007 o projeto aguarda o relatório do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), mas já foi aprovado na Câmara.

4. Escolas médicas

De autoria do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o PL 65/03 proíbe nos próximos 10 anos a criação de novos cursos médicos e a ampliação de vagas nos cursos existen-tes. Pronto para votação em plenário.

5. Acordo Brasil-Cuba

Em setembro de 2007, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados apresentou o projeto de decreto legislativo 346/07,

A Comissão de As-suntos Sociais (CAS) do Senado Federal acatou o pedido das entidades mé-dicas para que a categoria ficasse fora do Projeto de Lei 131/08 – que dispõe sobre a organização e o funcionamento das coo-perativas de trabalho.

A Comissão de Coo-perativismo Médico, for-mada por membros das

três entidades nacionais (CFM, AMB e Fenam), concluiu, após análise, não ser favorável ao pro-jeto por entender que a proposição é contrária aos interesses dos médicos.

O tesoureiro do CFM, José Hiran Gallo, coordenador da Comis-são de Cooperativismo Médico, salientou que se pretende estudar uma

proposta de lei para for-tificar as cooperativas médicas de especialida-des. Gallo informa que a Comissão de Coope-rativismo Médico traba-lhará na elaboração da proposta de lei durante o primeiro semestre deste ano. Em junho, pretende apresentá-la no Fórum Nacional de Cooperati-vas Médicas.

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Jan. /2010

EM DIA

MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009 JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Repercussão

Crise na saúde

Para um terço dos brasileiros, saúde é o pior problema

A pesquisa do Data-folha foi divulgada em 21 de dezembro. Pelo levan-tamento, realizado entre 14 e 18 daquele mês, 27% dos entrevistados elege-ram a saúde como o prin-cipal problema do país. Os moradores do Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os que mais percebem o tema como questão na-cional (respectivamente, 33%, 31% e 30%). (ver gráfico acima).

Os estados de Per-nambuco (29%) e Rio de Janeiro (28%) também fi-caram acima da média na-cional. Outras pesquisas semelhantes, realizadas pelo mesmo instituto em

anos anteriores, trazem o mesmo resultado. A saú-de também foi apontada como pior problema pelos entrevistados do Data-folha em março de 2009 (29%) e novembro de 2008 (25%).

No levantamento, os entrevistados também ci-

Especialistas apontam soluções A garantia de mais recursos para o setor e a implantação de uma política que valorize o profissional podem ser respostas para os problemas da Saúde

Entidades médicas, es-pecialistas e políticos

concordam com o resul-tado de recente pesquisa do Datafolha segundo a qual a saúde está no topo das preocupações diárias do brasileiro. O levanta-mento indica ainda que, na opinião dos entrevista-dos, o tema é o principal desafio para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A percepção dos en-trevistados confirma as dificuldades cotidiana-mente enfrentadas pelos cidadãos. A demora na confirmação de consultas, exames e tratamentos na rede pública, as filas nos prontos-socorros e a fal-ta de médicos em áreas urbanas tornam o acesso

à assistência em saúde um sonho quase impossí-vel, sobretudo nas regiões mais pobres e distantes.

Para o presidente do Conselho Federal de Me-dicina (CFM), Roberto Luiz d’Avila, a superação da crise instalada depende de medidas urgentes. En-tre elas, defende a valori-zação do trabalho médico, motivo pelo qual elegeu a luta pela carreira de Esta-do para esses profissionais como prioridade da agenda do CFM em 2010.

A profissão médica se encontra desvalorizada, com baixos salários e con-dições inadequadas para seu exercício. As contrata-ções ocorrem a título pre-cário. Para resolver esses e outros problemas, propo-

mos a criação de uma car-reira de Estado dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), similar à do Judiciá-rio”, explicou d’Avila.

Financiamento – Outra dificuldade à oferta de serviços com qualidade suficiente para mudar a visão dos brasileiros está no campo do financia-mento. O coordenador da Comissão Nacional Pró-SUS, Aloísio Tibiri-

çá, defende a garantia de uma fonte estável e cres-cente de financiamento. E calcula que seriam ne-cessários R$ 15 bilhões a mais por ano para suprir as necessidades mínimas da população por meio do sistema público.

Tibiriçá salienta que o CFM tem cumprido à ris-ca seu papel de fiscalizar e apontar soluções para os problemas estruturais

da saúde pública, mas não recebe a devida atenção. “Nossa cobrança é para que o discurso se afine com a realidade. Para a população brasileira, a saúde é a principal fonte de preocupação, como demonstram as pesquisas de opinião. Mudar esse quadro exige a constru-ção de melhorias concre-tas, exige ação efetiva do governo”, finaliza.

taram outros óbices que deixam a população pre-ocupada. Após saúde, em ordem decrescente apare-cem: violência, segurança e polícia (16%), desem-prego (14%), corrupção (9%), educação (8%), fome e miséria (6%), e ha-bitação (2%).

Quadro crítico: as filas e a demora no atendimento são dificuldades enfrentadas pela população

“Estamos vendo a restrição, a diminuição dos recursos destinados à saúde e sua repercussão imediata. É claro que a população percebe e sente a dificuldade cada vez maior. O governo não investe na expectativa de que esse estrangulamento obrigue a privatização”.

Paulo Argollo, Pres. da Fed. Nac. dos Médicos (Fenam)

“O aumento da expectativa de vida do brasileiro, da pre-valência das doenças crônicas, exige investimentos na área de insumos. Outro problema é a dificuldade de implantar um sistema descentralizado de referência e contra-referên-cia, ágil, competente”.

David Uip, Infectologista e dir. do Hosp. Emílio Ribas (SP)

“Nosso sistema de saúde não garante que as pessoas sejam atendidas em suas necessidades. Há ainda a questão da qualidade dos profissionais de saúde, fato que gera insegurança e desconfiança dos usuários. Isso exige uma adequada organização do sistema, com incre-mento e melhor gestão dos recursos”.

Paulo Antonio Carvalho Fortes, Prof. da Fac. de Saúde Pública da USP

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Jan /2010

EM DIA

MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009 JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Rol de procedimentos da ANS

Para conselheiro, o aumento foi tímido

Saúde suplementar

Médicos se mobilizam por direitosLideranças de todo o país definiram estratégias para obter melhores salários e mudanças nos planos de saúde

Lutar pela valorização do trabalho médico

e pela melhoria da pres-tação dos serviços ofere-cidos pelas operadoras e planos de saúde aos seus clientes. Esses foram os principais temas tratados em reunião realizada em Brasília, em 22 de janei-ro, com a participação de mais de 70 representantes de conselhos de medicina, sindicatos médicos e asso-ciações de especialidades.

O grupo, convocado pela recém-criada Comis-são de Saúde Suplementar do Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Comissão de Defesa e Consolidação da CBHPM, abraçou também o desafio de pressionar a Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS) a assumir a integralidade de seu papel de reguladora do setor.

Os participantes do encontro, que aconteceu na sede do CFM, deci-diram reativar as comis-sões estaduais de defesa da Classificação Brasi-leira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM).

Também foram apre-sentadas outras propos-tas, que serão sistema-tizadas e encaminhadas na próxima reunião da comissão, prevista para 10 de fevereiro. Uma im-portante posição adotada é a de manifestação con-junta da categoria, por meio de suas entidades de representação nacionais, junto ao governo federal com respeito à sucessão na Presidência da Agên-cia Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A preocupação é evitar a in-dicação de diretores com

conflitos de interesse em relação à área a ser regu-lamentada e fiscalizada.

Indiferença – Para o representante da Federa-ção Nacional dos Médicos (Fenam), Márcio Bichara, a indiferença com que a ANS trata os médicos chegou a um ponto crítico. Segun-do ele, com sua postura, a Agência tem se mostrado incapaz de formular e regu-lar as atividades da área de saúde suplementar em rela-ção aos prestadores. Para os participantes, a Agência defende apenas os interes-ses dos empresários da saú-

de e trata com indiferença os pleitos dos médicos.

De acordo com dados da Associação Médica Brasileira (AMB), nos úl-timos 10 anos o índice de reajustes acumulados nas mensalidades dos planos chegou a 131,19%, en-quanto a inflação no perí-odo ficou em 89,18%. No entanto, no caso dos mé-dicos, o repasse médio si-tuou-se em torno de 60%.

No encontro, os parti-cipantes ajudaram a traçar um diagnóstico nacional do problema ao apresen-tar dados regionais. As

informações serão úteis na definição de estratégias coordenadas pelas entida-des médicas nacionais – CFM, AMB e Fenam. O objetivo maior é a união de forças. O representan-te da AMB, Florisvaldo Meinão, lembrou, inclusi-ve, que as operadoras têm interesse em resolver as questões de forma pon-tual, regional, pois sabem que esse tipo de ação desarticula o movimento médico. A articulação das forças seria o caminho para enfrentar o lobby dos empresários.

O Conselho Fede-ral de Medicina (CFM) cobra mais firmeza da Agência Nacional de Saú-de Suplementar (ANS) no que se refere à proteção do sigilo dos pacientes.

Para o 2º vice-presi-dente do CFM, Aloísio Tibiriçá Miranda, tem ocorrido ausência de ação do órgão regulador com respeito ao tema, por omissões em situa-ções conflituosas.

Para Tibiriçá, a ANS insiste em induzir – por intermédio das guias de atendimento da Troca de Informações em Saúde

Suplementar (Tiss) – o médico a quebrar o sigilo com relação às informa-ções prestadas pelos pa-cientes.

Em seu entender, isso fere o direito à in-timidade e à vida pri-vada, bem como a ga-rantia do sigilo médico. “Isso é ilegal. É muito grave existir esse tipo de comportamento num órgão governamental”.

O assunto está na pauta de prioridades da recém-criada Comissão de Saúde Suplementar do CFM, que tem Tibi-riçá como coordenador.

Sigilo profissional

Comissão sai em defesa de pacientes Para o 2º vice-presi-

dente do Conselho Fede-ral de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá Miranda, foi tímido o avanço obtido com a decisão da Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS) de ampliar o rol de procedimentos dos planos e seguradoras. E estima que os 57 proce-dimentos incluídos na lista em janeiro representam apenas 10% dos serviços e procedimentos que pode-riam ser incorporados. A partir de agora, o rol das operadoras contempla no-vos exames laboratoriais e intervenções cirúrgicas, além do direito a núme-ro maior de consultas em algumas especialidades,

antes acessíveis apenas a participantes de convê-nios mais caros.

O cálculo teve por base a diferença entre o total de procedimentos reconhecidos pela Classi-ficação Brasileira Hierar-quizada de Procedimen-tos Médicos (CBHPM) e o número de itens in-clusos no rol das opera-doras de planos de saúde. A primeira possui 4.150 procedimentos, enquanto a segunda, 3.650 – já con-tando com os 57 anuncia-dos em janeiro.

O aumento do rol das operadoras implica em um processo de negociação que envolve diretamen-te as entidades médicas.

Dessa vez, elas propuse-ram a inclusão de 300 pro-cedimentos, mas só rece-beram sinal verde para 57, além de outros 13 odon-tológicos. O coordenador da Comissão de Imple-mentação da CBHPM, Amilcar Martins Giron, aponta que vários pro-cedimentos importantes foram excluídos, como o exame de pesquisa de ví-rus causador da dengue, por exemplo. Cerca de 25% dos brasileiros estão cobertos por algum tipo de plano de saúde. Em grandes regiões metro-politanas, como o Rio de Janeiro e São Paulo, esse índice se aproxima dos 50%.

Responsabilidade: o CFM quer diretoria isenta na ANS e atenção ao pleito dos médicos

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8 PLENÁRIO E COMISSÕES

MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009 JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Parto normal

CFM organiza pesquisaMais de 15 mil médicos serão abordados para esclarecerem sua visão acerca das cesarianas

O que pensam os mé-dicos acerca do par-

to cirúrgico e o seu papel na incidência de cesáreas na saúde suplementar? Responder a questão é o objetivo de pesquisa a ser realizada pelo Con-selho Federal de Medi-cina (CFM) ainda neste ano, em parceria com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS) – na qual deverão ser colhidas as opiniões de aproximada-mente 15 mil profissionais de todo o país.

Com o estudo, o CFM – por intermédio de sua Comissão de Parto Nor-mal – quer avançar no diagnóstico das causas dos altos índices de ce-sarianas, especialmente nas unidades privadas de atendimento. Espera-se que a pesquisa seja con-cluída até o início do se-gundo semestre.

O desenvolvimento do estudo será coordenado pelo Centro de Pesquisas do Conselho Federal de Medicina (Cepdoc). Seus resultados integrarão um documento a ser encami-nhado aos gestores públi-cos e entidades profissio-nais, como subsídio para aprofundar os debates sobre o tema.

Visitas – Outra es-tratégia em andamento é a verificação in loco da estrutura da rede hospi-talar privada, onde ocor-re a maior parte dos par-tos cirúrgicos. Em 2009, algumas maternidades consideradas de referên-cia em atenção obstétri-ca receberam as equipes da Comissão de Parto Normal, que procura-ram conhecer a fundo as condições de trabalho impostas aos profissio-nais. A maratona incluiu passagens por centros de saúde de Brasília (2), São Paulo (2), Porto Alegre

(2), Belo Horizonte (2) e Rio de Janeiro (1).

“Precisamos avançar com a bandeira de de-fesa do parto normal. A pesquisa e as visitas são apenas parte do esforço. Os gestores devem co-laborar com campanhas de esclarecimento sobre o assunto”, acrescenta o conselheiro José Fernan-do Maia Vinagre, coor-denador da Comissão de Parto Normal.

O número de partos cirúrgicos realizados na rede de hospitais priva-dos brasileiros atinge ín-dices superiores a 80%. No Sistema Único de Saúde (SUS), o percen-tual é ainda alto, mas cai para 31%.

A média nacional é de 43% de cesarianas do total de procedimentos realizados, mas a Orga-nização Mundial da Saú-de (OMS) recomenda que esse índice fique em 15%.

Câmara prepara protocolo para atendimento inicial de vítimas

Queimaduras Transplantes

Fórum discutirá a doação de órgãos

O Conselho Federal de Medicina (CFM) pre-vê, nos próximos meses, lançar um protocolo com vistas à melhoria da assis-tência às vítimas de quei-maduras. O documento, que visa uniformizar os primeiros passos no so-corro aos pacientes, será elaborado em parceria com as sociedades brasi-leiras de Cirurgia Plástica e de Queimaduras.

Entre os pontos a serem abordados desta-cam-se os cuidados per-tinentes à limpeza dos ferimentos, as formas de aliviar a dor e os melho-res tratamentos. Em 21

de janeiro, o grupo res-ponsável por essa tarefa se reuniu em Brasília, para finalizar o cronogra-ma de trabalho.

“Nossa preocupação é fornecer instrumentos para os médicos que atuam em áreas distantes, fora dos grandes centros”, explicou o conselheiro Antônio Gon-çalves Pinheiro, coordena-dor da Câmara Técnica de Queimaduras. Com o pro-tocolo proposto e aprovado pelo CFM espera-se que os resultados apareçam nos indicadores de mortalidade e morbidade.

Com melhor acolhi-mento, a partir da padro-

nização da assistência, será possível reduzir as sequelas e até mesmo evitar óbitos de pacientes.

Dados da Agência Na-cional de Vigilância em Saúde (Anvisa) indicam que em 2008 foram gas-tos R$ 39 milhões com o atendimento de pacientes vítimas de queimaduras. Em média, esse tipo de agravo atinge cerca de 150 mil pessoas/ano, das quais 30% são crianças. Os moradores de regiões carentes, onde há uso de combustível líquido sem controle, representam ou-tro específico grupo que sofre com o problema.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saú-de promoverão em 25 de março, em Brasília/DF, o I Fórum sobre os Aspectos Éticos e Legais da Doação de Órgãos.

O encontro visa sensibilizar a sociedade para a importância do ato da doação, funda-mental para garantir a vida e o bem-estar de milhares de pacientes. A decisão de criar o fó-

rum ocorreu na reunião conjunta das câmaras técnicas de Morte En-cefálica e de Transplan-tes, realizada em 20 de janeiro, na sede do CFM.

O Brasil possui um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo.

Apesar disso no en-tanto, 59.944 pacientes estão na fila de espera por uma cirurgia, sendo que 31.270 aguardam por um rim e 22.727, por córneas.

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9PLENÁRIO E COMISSÕES

MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009 JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Novas regras da prática ortomolecular O CFM definiu os procedimentos para evitar riscos do uso inadequado de produtos terapêuticos

Novas normas técni-cas para a regula-

mentação do diagnóstico e procedimentos tera-pêuticos da prática orto-molecular e biomolecular foram estabelecidas pelo Conselho Federal de Me-dicina (CFM). Aprovada em 14 de janeiro, a Reso-lução 1.938/10 revisa a Resolução 1.500/98 e de-fine os limites de emprego, indicações e critérios cien-tíficos para a aplicação de alguns procedimentos.

De acordo com o co-ordenador dos trabalhos,

Henrique Batista e Silva, essa revisão foi motiva-da pelos riscos potenciais de doses inadequadas de produtos terapêuticos, tais como vitaminas e sais mi-nerais. “Buscamos atender a demanda da sociedade por uma boa prática orto-molecular, embasada em trabalhos científicos atuais, após revisar a literatura pertinente”, explica.

Entre outros itens, a norma define os tipos de tratamento propostos pela prática ortomolecular, como correção nutricional

A participação de médicos na divulgação de cupons e cartões de desconto para compra de remédios foi proibida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Por meio da Reso-lução 1.939/10, apro-vada em 14 de janeiro, a entidade estabeleceu que essa prática gera questões relacionadas ao conflito de interesse e à proteção do sigilo do paciente.

A decisão do CFM teve por base, princi-palmente, o argumen-to comercial, ou seja, a oferta desses cupons ou descontos pode vir a interferir no processo de escolha dos medicamen-tos prescritos.

Adicionalmente, a adesão de profissionais às regras desse tipo de

promoções torna o sigilo do paciente vulnerável, pois o envio de dados pode revelar a represen-tantes da indústria far-macêutica o diagnóstico da doença, por inferência a partir da prescrição.

Segundo a reso-lução, o médico, ao aceitar participar do processo de promoção de vendas da indústria farmacêutica, exerce a medicina como comér-cio, atuando em intera-ção com os laboratórios farmacêuticos.

Na interpretação do autor da proposta, Hen-rique Batista e Silva, se-cretário-geral do CFM, essas práticas ferem as prescrições do Código de Ética Médica.

A íntegra da resolu-ção está disponível no en-dereço (www.cfm.org.br)

Regulamentação

Hábitos de vida: a população idosa está entre as que mais usam técnicas ortomoleculares

Ética médica

e de hábitos de vida. São também mencionados os procedimentos envolvendo a reposição medicamen-tosa das deficiências de nutrientes e a remoção de minerais, quando em ex-cesso, ou minerais tóxicos, agrotóxicos, pesticidas ou aditivos alimentares, bem

como os princípios que orientam a remoção.

A resolução aponta os métodos destituídos de comprovação científica suficiente – vedados, por-tanto. Entre eles, a pres-crição de megadoses de vitaminas, proteínas, sais minerais e lipídios para a

prevenção primária e se-cundária, e o uso de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) para a remoção de metais tóxicos, fora do contexto das intoxicações agudas e crônicas.

Veda também o uso de EDTA e procaína como terapia antienve-lhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose e para o tratamento de doenças crônicas degenerativas. E proíbe a análise do tecido capilar fora do contexto do diagnóstico de conta-minação ou intoxicação por metais tóxicos.

Aos interessados, a íntegra do documento está disponível no site do CFM (www.cfm.org.br).

Definidas as orientações para o trabalho dos profissionais

O Conselho Fede-ral de Medicina (CFM) aprovou em janeiro dois pareceres-consulta di-retamente relacionados à atuação dos médicos peritos. Os documentos trazem a visão do CFM sobre as dúvidas quanto ao tempo médio de uma consulta desses profissio-nais, bem como o acesso de não médicos aos dados de prontuários ou dossiês de atendimento.

Sobre o acesso às in-formações, o CFM afir-ma que o manuseio, im-pressão ou consulta do prontuário médico de se-gurado por servidores não médicos de instituições públicas ou privadas, sem que tais atos atendam aos requisitos legais, consti-tuem infração ao Código de Ética Médica (CEM).

De acordo com o Pa-recer-consulta 5/10, essas

informações, contidas nos prontuários eletrônicos do sistema informatizado do INSS – denominado Sis-tema de Administração de Benefícios por Incapa-cidade (Sabi) – , são sigi-losas. Paralelamente, os relatores esclarecem que o documento “Conclu-são médico-pericial” pode ser impresso por qualquer servidor da Previdência, pois não expõe dados si-gilosos do segurado, tra-ta-se apenas de resposta administrativa, confec-cionada pela instituição e destinada ao segurado.

Limitador – Já no Parecer-consulta 1/10, o CFM reitera que nenhum órgão ou instituição tem competência para deter-minar o período de avalia-ção médica ou estabelecer o número de atendimentos para qualquer carga horá-ria ou atividade médica.

De acordo com a Asso-ciação Nacional dos Médi-cos Peritos da Previdência Social (ANMP), tem sido imposto aos peritos médi-cos previdenciários o limite de 20 minutos para a rea-lização das avaliações em segurados do INSS, além da recomendação de um número mínimo de 24 pe-rícias diárias.

A respeito, o parecer esclarece que o Código de Ética Médica prevê que “o médico não pode, em nenhuma circunstân-cia ou sob nenhum pre-texto, renunciar  à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho”.

A íntegra dos pare-ceres está disponível no site CFM (www.cfm.org.br).

Proibida a divulgação de cartões de descontos

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009

INTEGRAÇÃO

MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009 JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Mobilização será em julho Encontro Nacional de Entidades Médicas

Juntos, representantes do CFM, AMB, e Fenam buscarão subsídios para a tomada de decisões importantes

O Encontro Nacional de Entidades Mé-

dicas (Enem) já tem data marcada. Em reunião da Comissão Nacional Pró-SUS, Remuneração e Mercado de Trabalho do Médico, deliberou-se que a mobilização acontecerá em Brasília, no período de 28 a 30 de julho. A decisão foi tomada após manifesta-ções favoráveis das direto-rias da Associação Médica Brasileira (AMB), Federa-ção Nacional dos Médicos (Fenam) e Conselho Fede-ral de Medicina (CFM).

A pauta do Enem ainda está em processo de elaboração, mas deve contemplar as principais

preocupações que afe-tam o cotidiano dos pro-fissionais no país, como a definição das atividades restritas aos médicos (o projeto do Ato Médico), a atualização dos valores pa-gos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o seu finan-ciamento e gestão, as re-gras de funcionamento dos planos de saúde, a criação de um Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) e o estabeleci-mento de uma carreira de Estado para a categoria.

Trata-se de importante momento para os médi-cos, que, por intermédio de suas entidades, têm amadurecido o entendi-

mento a respeito de todos esses temas, bem como a necessidade de mobili-zação. O debate no en-contro previsto para julho acrescentará ainda mais subsídios para a defini-ção de uma agenda que orientará os trabalhos do CFM, Fenam e AMB e balizará a tomada de de-cisões”, afirmou Aloísio Tibiriçá, coordenador da Comissão Pró-SUS e 2º vice-presidente do CFM.

Nas próximas semanas deverão ser definidos os aspectos relacionados ao formato dos debates, os nomes dos convidados e a própria logística do Enem. A Comissão Pró-SUS es-tima que de 1º de maio a 15 de junho ocorrerão três grandes encontros regio-nais, nos quais serão es-colhidos os delegados.

Em fevereiro, será a vez de AC, RO e SP

As visitas aos conse-lhos regionais (CRMs) e as reuniões com seus respectivos presidentes a cada dois meses são objeto de destaque no calendário de atividades do Conselho Federal de Medicina (CFM) para 2010. De acordo com o 1º vice-presidente, Car-los Vital, nessas oca-siões intenta-se “obter maior integração e, ao mesmo tempo, desen-volver ações que ve-nham ao encontro dos interesses globais”.

Para fevereiro, estão programadas visitas aos conselhos regionais do Acre (dia 10), Rondônia (dia 11) e São Paulo (dia 24). Até setembro, esses encontros serão men-sais, sempre com pauta

previamente definida por consenso. “Queremos que os problemas locais e as propostas em nível fe-deral sejam discutidos em conjunto”, ressalta Vital.

Outra importante atividade prevista para este ano é a realização do Fórum Nordeste das Entidades Médicas, em 5 de fevereiro, em São Luís/MA – onde será debatida a melhoria dos valores pagos aos médi-cos. Temas como o Pla-no de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), a compatibilização da CBHPM com a tabela praticada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a definição de um salá-rio-mínimo profissional devem ser abordados pe-los participantes.

Diretoria do CFM inicianova etapa de encontros

Visita aos CRMs

A política de integra-ção entre o Conselho Fe-deral de Medicina (CFM) e os conselhos regionais contabiliza duas novas vi-tórias neste início de ano. Em janeiro, os CRMs de Pernambuco e do Rio de Janeiro receberam a visita dos diretores da entidade nacional, que tiveram a oportunidade de apresentar suas propostas de trabalho e ouvir as reivindicações dos representantes dos mé-dicos de cada estado.

O intercâmbio – uma

das prioridades defini-das no planejamento es-tratégico realizado pelo CFM – estimula a troca de experiências e unifica os discursos. Como apon-tado por todos os partici-pantes, esse alinhamento trará maior capacidade de articulação dos conselhos para enfrentar problemas que afetam os profissio-nais e a saúde pública.

O presidente do Con-selho Regional de Per-nambuco (Cremepe), André Longo, destacou o

esforço do CFM em pro-mover uma saúde melhor para todos. “Já sentimos uma renovação nesses 100 primeiros dias da nova gestão e percebemos que os conselhos regionais es-tão participando mais das instâncias de decisão no nível federal”.

Luís Fernando Soa-res Moraes, presidente do Conselho Regional do Rio de Janeiro (Cremerj), elogiou a maratona em-preendida pela diretoria do CFM.

Para ele, as visitas tra-zem elementos importan-tes para a formulação de propostas a respeito de te-mas de interesse comum, como a regulamentação do ato médico, a valida-ção dos diplomas estran-geiros e a qualificação do ensino.

Entre os dias 3 e 5 de março, acontece em Flo-rianópolis/SC, o I Encon-tro Nacional dos Conse-lhos de Medicina de 2010. Para essa edição, foram elaboradas algumas inova-ções com o objetivo de es-timular o debate em torno de temas que constam da agenda das entidades e pro-fissionais médicos. Entre as mudanças, está a participa-ção de conferencistas con-vidados que introduziram novas perspectivas para a

reflexão dos conselheiros. O público estimado é de 400 pessoas.

No encontro estão previstas palestras do mé-dico e escritor Moacyr Scliar, do filósofo Rubem Alves e de Carlos Ayres Brito, ministro do Su-premo Tribunal Federal (STF). Também foram organizadas mesas redon-das sobre vários questões. A programação está dis-ponível no site do Con-selho Federal de Medicina.

Conselhos se reúnem em SC

Intercâmbio: em cada visita, a diretoria do CFM recebe colaborações

Florianópolis: a cidade receberá cerca de 400 conselheiros em março

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009

INTEGRAÇÃOINTEGRAÇÃO

MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Dez./2009 JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Solidariedade

Giro médico Novas delegacias – O Conselho Regional de Medi-cina do Rio Grande do Sul (Cremers) criou a Delegacia Seccional de Bento Gonçalves e inaugurou a sede da De-legacia de São Borja, unidades que funcionam como pon-to de referência para os médicos do interior e dão suporte às atividades éticas e administrativas. Com isso, os mé-dicos não mais precisarão se deslocar até Porto Alegre em busca da solução de seus problemas. A Delegacia de Bento Gonçalves, a 28ª do estado, abarca 26 municípios e 460 médicos. A Delegacia de São Borja, por sua vez, também atenderá aos profissionais das cidades de Itaqui, Itacurubi, Maçambará e Garruchos, que perfazem um total de 97 médicos.

Optometristas – O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) e outras entidades médicas locais ingressaram no Ministério Público do estado com uma ação civil pública para impedir o exercício ilegal da medi-cina pelos optometristas na região. O requerimento plei-teia tutela antecipada para que o Executivo seja liminar-mente obrigado a fiscalizar as atividades de optometria, inclusive com o uso do poder de Polícia. De acordo com o MP, “não há qualquer atuação direta do Poder Público para combater a atuação indevida dos optometristas”.

Fiscalização – Em 2009, o Conselho Regional de Me-dicina da Paraíba (CRM-PB) fiscalizou 139 hospitais e unidades da Saúde da Família. De acordo com seu pre-sidente, Eurípedes Mendonça, entre os principais proble-mas encontrados destacam-se a falta de equipamentos em laboratórios, a má separação entre o lixo hospitalar e o lixo doméstico e a falta de esterilização de equipamen-tos. Como resultado, por se tratar de casos extremos em problemas de funcionamento, foram interditados um hos-pital em Cachoeira dos Índios e duas unidades de Saúde da Família – uma em Jacaraú e outra em Lagoa de Dentro.

Cremepe organiza ajuda ao Haiti

Mais de 253 tonela-das de alimentos fo-

ram recolhidos em 14 dias como resultado da cam-panha “Ajude o Haiti”, organizada pelo Conse-lho Regional de Medicina de Pernambuco (Creme-pe) em parceria com 25 entidades, instituições, organizações e empresas do estado, das quais se destacam a Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco (OAB-PE), o Sindicato dos Médicos de Pernam-buco (Simepe), a Prefei-tura de Recife, o governo local e a Globo Nordeste. Conselhos regionais de outros estados – como os do Rio de Janeiro e do Distrito Federal – tam-bém fizeram ações do mesmo tipo.

O CRM de Pernambuco liderou o trabalho de dezenas de entidades e empresas que saíram em socorro das vítimas do terremoto

Fiscalização em Sergipe

Denunciado caos em hospitalO Conselho Regional

de Medicina (Cremese), o Sindicato dos Médicos e a Sociedade Médica de Ser-gipe denunciaram em 18 de janeiro sérios problemas no funcionamento do Hospital de Urgências João Alves, em Aracaju, o principal do estado. A manifestação aconteceu após acusação junto à Polícia feita contra nove médicos da unidade por suposta falta ao plantão.

Após averiguação, nada foi comprovado. O próprio governador Marcelo Deda

reconheceu que houve ex-cessos contra os médicos, cometidos pela adminis-tração da unidade. Para o presidente do Cremese e secretário-geral do Con-selho Federal de Medicina (CFM), Henrique Batista, a tentativa de responsa-bilizar os médicos pelos problemas encontrados no local “é completamente in-fundada, pois os profissio-nais, apesar da dedicação, têm sido sacrificados com a sobrecarga de trabalho”.

De acordo com as enti-

dades médicas, o clima de desorganização que atinge o hospital coincide com o processo de implantação, em Sergipe, de fundação pública de direito privado para gerenciar a rede de saúde. Na coletiva, as en-tidades também apontaram outras dificuldades no SUS local, como a rede pública de saúde no estado. Entre elas, a desorganização do acolhimento dos pacientes e a construção de unidades de atendimento sem plane-jamento prévio. 

Uma equipe do Conselho Regional do Rio Grande do Norte (Cremern) flagrou um falso médico atuando numa unidade de saúde do município de Parazinho, a 116 quilômetros de Natal. Ao perceber a ação,

Cremern flagra falso médico em ação

Criado em 14 de janei-ro, o comitê de solidarie-dade objetivou arrecadar alimentos não perecí-veis e água mineral para as vítimas do desastre. O esforço ganhou a ade-são de seis grandes su-

permercados, que se tor-naram pontos de coleta de mantimentos e outras doações. “A campanha tem se revelado um suces-so. Estamos muito felizes com a demonstração de solidariedade do povo per-

nambucano”, comemorou André Longo, presidente do Cremepe.

As doações ficaram armazenadas no 7º De-pósito de Suprimento do Exército. Em 29 de janei-ro, 34 toneladas de donati-vos foram repassadas para o Rio de Janeiro, de onde serão enviadas em avião da Força Aérea Brasileira para o Haiti. Roupas serão enviadas posteriormente, por não representarem prioridade no momento. A mobilização, com tér-mino da primeira etapa em janeiro, é exemplo da ade-são brasileira às vítimas do terremoto.

o homem – supostamente um estudante de Medicina – fugiu em disparada. Tudo foi re-gistrado em fotos pelo motorista do CRM, Francisco de Assis Barbosa.

O Cremern solicitará ao Ministério Pú-blico que investigue o caso. Os responsá-veis pelos cursos de Medicina do estado se-rão chamados para ajudar na identificação do suspeito. Se realmente for um estudan-te, poderá até ser expulso do curso, bem como condenado por exercício ilegal da Medicina e por falsidade ideológica – para tais infrações as penas variam de seis meses a cinco anos de prisão).

Coração brasileiro: a população respondeu amplamente ao apelo das entidades

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MEDICINA CONSELHO FEDERAL - Jan./2010

ÉTICA MÉDICA

JORNAL MEDICINA - JAN. /2010

Informação e ciência

Alerta do CFM

Os riscos dos prêmiosO Conselho Fe-

deral de Medicina alerta os médicos e a sociedade sobre as implicações éticas re-lacionadas ao recebi-mento de prêmios de medicina. Médicos bra-sileiros têm sido abor-dados por “comitês gestores” desse tipo de iniciativa, solicitando que confirmem seus no-mes em lista de home-nageados.

Além de violar pre-ceitos éticos de medici-na, esses médicos são submetidos a condi-ções para a concessão do prêmio, especifica-mente pagamentos e

compra de ingressos e mesas para cerimônias de premiação.

A Resolução CFM 1.701/03 trata dos cri-térios norteadores da propaganda em medi-cina, conceituando os anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo, a auto-promoção e proibições re-lacionadas.

Seu artigo 12, por exemplo, estabelece, que o médico não deve permitir que seu nome seja incluído em concursos ou similares, cuja finalidade seja escolher o ‘médico do ano’, ‘destaque’ ou ‘melhor médico”.     

Revista Bioética tem novidadesCom aumento na tiragem e mudanças no Conselho Editorial, a publicação entra em nova fase

A Revista Bioética, pu-blicação científica

do Conselho Federal de Medicina (CFM), terá um aumento de 20% em sua tiragem a partir de 2010. O total de exemplares por edição passará de 10 mil para 12 mil. Além desse in-cremento, a Revista con-ta com novidades em seu Conselho Editorial: outros 13 expoentes da bioéti-ca no Brasil e no cenário internacional passaram a integrar a equipe.

O grupo tem a respon-sabilidade de selecionar os artigos, bem como redigir e captar textos – nas áreas da Saúde, Direito, Filo-sofia e Ciências Sociais – que possam ser publi-cados. A Revista Bioéti-ca, com média de 12 arti-gos por edição, tem amplo

reconhecimento científico, sendo indexada pela Lite-ratura Latino-Americana e do Caribe de Informa-ções em Saúde (Lilacs).

Com a integração de novos membros, a expec-tativa do novo editor, o 2º secretário do CFM, Ger-son Zafalon Martins, é de que a publicação consoli-de sua periodicidade qua-drimestral, alcançada em 2009. Outra meta é tra-duzir seus textos em lín-gua estrangeira e indexá-la em outras bases de dados: “O Conselho Editorial e o CFM envidarão todos os esforços para tornar a Revista cada vez mais re-ferência nacional e mun-dial na área de bioética”, anuncia o editor.

Bioeticistas – Passa-ram a compor o Conse-

lho Editorial as seguintes personalidades: Armando Martinho Bardou Raggio (consultor do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde), Diaulas Costa Ribeiro (promotor de Justiça do Ministério Público), Dir-ceu Bartolomeu Greco (professor-titular do De-partamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais), José Eduardo de Siqueira (professor associado da Universidade Estadual de Londrina), Marlene Braz

A última edição da Re-vista Bioética foi lan-çada em dezembro de 2009. Traz artigos sobre ética médica, códigos de ética médica e bioética; ética, bioética e deonto-logia; o uso problemáti-co do conceito ‘vida’ em bioética e suas interfaces com a práxis biopolíti-ca; considerações éticas sobre aborto e doação de órgãos de fetos anen-céfalos, entre outros te-mas. Para receber um exemplar, escreva para [email protected]. O conteúdo também é dis-ponibilizado no endere-ço http//revistabioetica.cfm.org.br).

A nova diretoria da Sociedade de Aneste-siologia do Estado de São Paulo para o biênio 2010-2011 conta com a presidência do 1º secre-tário do Conselho Fede-ral de Medicina (CFM), Desiré Carlos Callega-ri – empossado durante cerimônia realizada no Auditório Nobre da As-sociação Paulista de Me-dicina, em 29 de janeiro.

Novos presiden-tes – A segunda direto-ria da gestão 2009-2013 do Conselho Regional de

Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) tem na presidência o neuro-logista Luiz Alberto Ba-cheschi, empossado du-rante cerimônia realizada no dia 15 de janeiro, em São Paulo.

Em Florianópolis, o novo presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Ca-tarina (Cremesc), José Francisco Bernardes, to-mou posse no dia 1º de fevereiro, na Federação das Indústrias do Estado (Fiesc).

Conselheiro assume Sociedade de Anestesiologia

(presidente da Socieda-de de Bioética do Estado do Rio de Janeiro), Nedy Maria Branco Cerqueira Neves (1ª secretária do Cremeb) e Paulo Antonio de Carvalho Fortes (pre-sidente da Sociedade Bra-sileira de Bioética e mem-bro do Conselho Diretor da Rede Latino-America-na e do Caribe de Bioética da Unesco – Redbioética.

Como autoridades in-ternacionais de bioética, contamos, a partir de ago-ra, com o argentino Juan Carlos Tealdi (presidente da Associação de Bioéti-

ca e Direitos Humanos e coordenador do Conse-lho Nacional de Ética e Direitos Humanos para Pesquisa Biomédica da Argentina), o mexicano León Olivé (membro da Comissão de Ética na Pesquisa em Saúde, do Instituto Mexicano de Se-guro Social), a espanhola Maria Casado (diretora do Centro de Pesquisa Observatório de Bioética e Direito da Universidade de Barcelona), o chileno Miguel Kottow (membro do Conselho Diretor da Redbioética e da diretoria da seção latino-americana da Sociedade Internacio-nal de Bioética), o por-tuguês Rui Nunes (pro-fessor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto) e o americano William Breitbart (chefe do Serviço de Psiquiatria e Atendimento Psiquiá-trico do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova Iorque).

Zafalon: publicação terá versão em inglês