É obrigatória a presença do advogado no inquérito policial a partir da lei 13.245/16

8/19/2019 É Obrigatória a Presença Do Advogado No Inquérito Policial a partir da lei 13.245/16

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É obrigatória a presença do Advogado no inquérito policial? – Por Elias Guilherme Trevisol

Por Elias Guilherme Trevisol – !"!"#$

A atuaç%o do Advogado no inquérito policial sempre &oi restrita' havendo avanços'

todavia' após a promulgaç%o da (onstituiç%o de #)**' onde o direito ao

contraditório e + ampla de&esa' em processos ,udiciais e administrativos' &oi

admitido em nosso ordenamento ,ur-dico' até ent%o' ditatorial.

Em que pese a /ei 0aior acima citada ter entrado em vigor' até ho,e vivemos num

pa-s onde o inquérito policial é visto como uma 1&ase inquistorial2 pelos Tribunais

de 3ustiça p4trios' n%o sendo' portanto' obrigatória o acompanhamento de um

Advogado para que de&enda tecnicamente o acusado.

Pois bem' nos 5ltimos anos houveram severos avanços em nosso ordenamento

,ur-dico' principalmente' modi&icaç6es no rito do inquérito policial.

7s dois mais importantes direitos inseridos recentemente na pr4tica dos Advogados &oram as 85mulas vinculantes n9 #: e n9 ##' do 8upremo Tribunal

;ederal <8T;=' as quais' respectivamente' positivam> 1É direito do de&ensor' no

interesse do representado' ter acesso amplo aos elementos de prova que' ,4

documentados em procedimento investigatório realiado por órg%o com

compet@ncia de pol-cia ,udici4ria' digam respeito ao eerc-cio do direito de de&esa2

e 18ó é l-cito o uso de algemas em casos de resist@ncia e de &undado receio de

&uga ou de perigo + integridade &-sica própria ou alheia' por parte do preso ou de

terceiros' ,usti&icada a ecepcionalidade por escrito' sob pena de responsabilidade

disciplinar' civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da pris%o ou do

ato processual a que se re&ere' sem pre,u-o da responsabilidade civil do Estado2.

A 85mula vinculante n9 ##' do 8T;' previu que a utiliaç%o das algemas no

acusado só ser4 permitida em casos ecepcionais <resist@ncia' &undado receio de

&uga ou perigo + integridade &-sica própria ou alheia=' protegendo assim' o Princ-pio

da Bnoc@ncia e da Cignidade da Pessoa Dumana do preso.



admitindo a nulidade absoluta em caso de negativa de assist@ncia do Advogado ao

seu cliente durante as investigaç6es <penais' c-veis ou administrativas=' resultando

em nulidade de todas as provas e atos subsequentes' especialmente' pela

aplicaç%o da teoria da 1arvore envenenada2 <theory of poisonous tree=' onde todos

os &rutos derivados da nulidade' ser%o considerados inv4lidos' &orte no artigo F9'/HB' da (onstituiç%o ;ederal de #)**.

(omo o e&etivo direito ao contraditório no inquérito policial ainda n%o &oi admitido

por nossos legisladores' a novel legislaç%o em comento delimitou o acesso do

Advogado ao elemento de prova re&erente a dilig@ncias em andamento e ainda n%o

documentadas nos autos' quando houver risco + e&ici@ncia' e&ic4cia ou &inalidade

das dilig@ncias <inclus%o do M ##9' do artigo I9' da /ei n9 *.)"$!):=.

8eguindo o entendimento do par4gra&o acima comentado' o Advogado possui

direito de acesso a todas as provas contidas no inquérito policial' sendo vedado

acesso' no entanto' a provas re&erentes + dilig@ncias que n%o &oram conclu-das e

portanto' n%o insertas no procedimento policial' quando houver risco <no entender

da autoridade policial=' de e&ici@ncia' e&ic4cia ou &inalidade das re&eridas

dilig@ncias.

Por &im' outro grande avanço legislativo ocorrido com o vigor da /ei n9 #.:F!#$' é

o M #9' aliado ao direito dos advogados em ter consigo amplo acesso aos autosque envolvam investigaç6es de seus clientes' positivando a responsabiliaç%o do

agente p5blico por crime de abuso de autoridade' além de possibilidade de demais

sanç6es de naturea c-vel e administrativa em decorr@ncia de impedir total ou

parcialmente o acesso do de&ensor aos autos do procedimento investigatório.

Kesta 5ltima modi&icaç%o do procedimento investigatório' a qual con&ere ao

Advogado o direito de de&esa de seu cliente' pensamos v4lida a re&le%o que em

casos pr4ticos' o de&ensor <Advogado= poder4 dar vo de pris%o ao agente p5blico

em decorr@ncia do crime de abuso de autoridade' n%o somente pelo M #9' inseridopela nova /ei supra citada' mas também pela /ei n9 :.*)*!$F <art. 9' al-nea ,='

Trata do (rime de Abuso de Autoridade por in&raç%o a direito e garantia de legal

assegurado ao eerc-cio pro&issional= e artigo "#' do (ódigo de Processo Penal'

o qual adu> 1Nualquer do povo poder4 e as autoridades policiais e seus agentes

dever%o prender quem quer que se,a encontrado em &lagrante delito2' n%o o

&aendo' poder4 o Advogado' mover Aç%es cab-veis a aplicaç%o do direito

epresso' tanto em seu Estatuto pro&issional' como no (ódigo Processual Penal.



(onclu-mos' portanto' que a nova /ei aqui comentada troue avanços importantes

e relevantes ao direito processual penal' especialmente' no intuito de dei4Llo mais

democr4tico e assim' alinhar o re&erido processo + (arta Pol-tica de #)**.

Troue também evidentes primados ao direito + ampla de&esa do acusado'mormente' pela vital relevOncia de uma de&esa técnica na &ase investigativa' que

embora' n%o se,a obrigatória <ainda=' agora se v@ protegida' tendo como escudo' a

nulidade absoluta do procedimento em caso de impedimento de assist@ncia aos

clientes e por derradeiro' a criminaliaç%o do impedimento do acesso total ou

parcial do procedimeto investigativo' salvo' por óbvio' provas re&erentes +

dilig@ncias n%o &inaliadas e n%o documentadas' que imponham risco + e&ic4cia'

e&ici@ncia ou a &inalidade da própria dilig@ncia.

7 direito do Advogado de acesso aos procedimentos investigatórios' policiais ou

n%o' assim como as demais prerrogativas pro&issionais' n%o s%o vantagens

indevidas ou il-citas' n%o s%o privilégios' s%o' por outro lado' e&etivo respeito +

administraç%o da 3ustiça' do direito de de&esa e do contraditório de todo cidad%o'

de todas as pessoas. As prerrogativas pro&issionais dos Advogados s%o direitos

sagrados e consagrados em /ei ;ederal e visam dar &erramentas indispens4veis

ao de&ensor para o eerc-cio da de&esa de seu patrocinado' e nestes pontos' a /ei

n9 #.:F!#$ est4 de parabéns

Elias Guilherme Trevisol é Doutorando em Direito e Ciências Sociais pela

Universidade de Córdoba, Arentina! Advoado Criminalista!

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