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Os escolhidos

Raquel é uma moça de vinte e três anos, cristã, e que tem a sua vida organizada e feliz. Cristiano tem vinte e cinco anos e trabalha em um grande empreendimento turístico com seu pai, membro da Igreja dos Escolhidos, uma seita satânica. Determinado a destruir Raquel, seu pai e sua comunidade cristã, Cristiano se vê em apuros quando, à primeira vista, apaixona-se por aquela a quem deveria aniquilar. Ela, em contrapartida, está com noivado marcado, mas também se apaixona loucamente por Cristiano. E agora? Como resolver esse dilema? Como Raquel poderá escolher entre seu amor e seu dever? E Cristiano? Deixará de cumprir o que prometeu aos demônios por amor a ela?

Mundos opostos, vidas opostas e um mesmo desejo: como amar sob essas circunstâncias? Cristãos x satanistas, orações x sacrifícios humanos, culpa x desejo — um embate assustador e sombrio, mas também envolvente e apaixonante.

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Os escolhidos

e o

Renata Martins é natural de Juazeiro do Norte, no Ceará, mas vive há muito tempo em João Pessoa, capital da Paraíba. É casada e mãe de dois filhos. Um de seus maiores desejos era cursar Arqueologia (sempre foi apaixonada pela antiguidade). Porém, optou por abrir mão desse sonho. Nesse período, após oito anos de convertida, juntamente com seu esposo, recebeu a missão de iniciar uma igreja em um dos bairros mais violentos de João Pessoa: Mandacaru. Desse modo, nasceu a paixão por pregar o Evangelho e hoje eles já coordenam três igrejas na capital paraibana. Renata é estudante de Inglês e de Teologia. Também possui o curso de capelania internacional, e é conselheira cristã, trabalhando com a restauração de famílias.

A batalha espiritual está presente no mundo o tempo todo, mas nem todas as pessoas têm consciência disso. Para alcançar seus objetivos maléficos e destruidores, os demônios procuram brechas entre os homens, oportunidades que lhes permitam atacar as forças do bem. Destruindo-as, acreditam que poderão vencer Deus, dominar o mundo e instaurar o mal sobre a terra. Assim é a guerra travada no mundo espiritual.

No cenário desta história, a igreja do pastor Carlos está conseguindo resultados muito positivos junto à população da cidade. Muitas pessoas estão voltando a atenção para Deus e para os valores cristãos. Porém, o sucesso da igreja é justamente o que desperta a fúria dos demônios que, por causa da barreira criada pelas orações do Povo de Deus, não mais têm livre acesso para causar malefícios às pessoas. Por causa disso, os demônios decidem usar os satanistas, seus adeptos, elaborando um plano traiçoeiro e diabólico para destruir a igreja, retomando de volta o terreno perdido.

Em meio a esse conflito, Raquel e Cristiano se conhecem. Ela, filha do pastor Carlos; ele, filho de um rico e influente político da cidade, que está iniciando um grande empreendimento imobiliário. Porém, o que Cristiano não sabe é que seu pai também é um satanista influente, que o levará a ingressar na Igreja dos Escolhidos. Para ser aceito, é obrigado a fazer um pacto com um poderoso demônio, que exige que ele destrua Raquel, seu pai e a congregação inteira, retomando assim a liberdade para atuar livremente.

“Eu estava paralisado, começando a sentir muita dor. Não entendi o que Coulobre estava fazendo comigo, mas a dor pelo corpo

e o sufocamento em minha garganta eram imensos. Eu não conseguia me mover, muito menos respirar. Foram dois minutos eternos de tortura física e psicológica.

— Você tem até amanhã, às vinte horas, para me trazer a criança eessa moça. Quero o sacrifício das duas juntas. Amanhã, na hora marcada, virei para buscá-las. Faça o que for preciso, até matar alguma testemunha, se for necessário. Não importam os meios... Ou elas estarão aqui amanhã,

ou seu pai morrerá, depois sua mãe. E logo após, você...”

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C MY K

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Renata Martins

A OVELHA E O DRAGÃO

OS ESCOLHIDOS

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PRÓLOGO

A O N

Nem nos meus mais criativos sonhos ou pesadelos imaginaria algo assim... Nenhuma mente humana e inocente — em sã consciência, claro — pre-meditaria uma situação dessas para si, nem para os outros. Fazer isso seria no mínimo maldade. E má é uma coisa que eu não sou. Mas o fato é que, boa ou má, permiti que essas coisas acontecessem. Simplesmente per-miti. Como é que eu fui chegar a um ponto desses? É verdade: lutei contra, tentei ser forte, bloquear a minha vontade, mas não consegui! Deixei que acontecesse. Quer dizer, deixamos. Escolhemos. Sofremos. E, o pior: depois de tudo isso, ainda não é o fim. É só o começo...

O D C

Nunca ouvi dizer que dragões existissem e muito menos que contassem histórias. Mas, é verdade. Existem sim e contam as tais histórias. Por isso, estou aqui! Aliás, quero esclarecer algo: sempre detestei contos (não importa o gênero). Mas tenho de admitir: este, bem que vale a pena contar. É, no mínimo, fantasioso e ridículo. Tem opostos demais para o meu gosto, mas é a minha história. E, não sei como, permiti que acontecesse. Simplesmente permiti. Quer dizer, permitimos. E, o pior: eu nem lutei contra. A princípio, achei que era loucura, mas escolhi ir adiante. Escolhemos. E quer saber? Se tiver de sofrer por isso, sofro. Agora, vem a melhor parte: dessa história, isso é só o começo...

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CAPÍTULO 1

O COMEÇO

C O

O MEU COMEÇO

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos...

João 10:27,28

Escolhas... O início de qualquer coisa na vida vem atrelado às escolhas a serem feitas. É fato! Uma vez, ouvi uma frase que retratava muito bem isso. Dizia assim: “Existem duas coisas na vida que jamais deixaremos de fazer: uma é pagar impostos; a outra é fazer escolhas!”

Engraçado? Pode até ser, mas é a pura verdade! E eu começo a ver que ela é bem coerente com a nossa realidade.

A vida, por exemplo, já começa com uma escolha bem dif ícil... Uma grande decisão a ser tomada, a primeira sobre a nossa existência. Decisão essa que não compete a nós, tampouco nos é permitido dar opinião sobre ela... Escolher um nome, o meu nome, o que ajudará a definir quem sou.

Nomes, na sua maioria, são proféticos e todo o cuidado é pouco sobre essa escolha. Mas é aí, por causa dessa decisão sobre o meu nome, que literalmente se inicia a minha história...

Meus pais, Carlos e Débora Oliveira, são pastores evangélicos. Morando em João Ppessoa, na Paraíba — lugar no Brasil onde o sol nasce primeiro, de gente hospitaleira e que possui praias de natureza arreba-tadora —, cidade com um alto índice de igrejas protestantes, isso não era

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muito dif ícil de acontecer... Conheceram-se em um culto para jovens e apaixonaram-se verdadeiramente à primeira vista. Ou, ao primeiro ver-sículo, pode-se assim dizer!

Papai sempre foi o melhor partido da igreja: professor da escola bíblica, instrumentista do louvor. Era o braço direito do pastor Nildo (na época, o pastor da congregação). Se alguma coisa na igreja dava errado ou faltava, lá estava o “Carlos” para resolver! Ah, o meu pai! Engraçado imaginá-lo sendo disputado pelas irmãzinhas... E ela, a mamãe? A mais bonita, edu-cada e esforçada moça da congregação (ele assim sempre contava). Os irmãos também faziam fila! Mamãe não media esforços para evangelizar, ajudar na parte social da igreja, entre outras tantas atividades... Daí, com uma dupla dessas, só podia dar nisto mesmo: a união dos sonhos que qualquer pai e mãe poderiam desejar.

Alguns meses após o casamento, para surpresa de todos, o pastor Nildo foi convidado a assumir uma igreja em outro estado, que passava por pro-blemas, e o meu pai ocupou, com muito mérito, o lugar dele.

Por meio da graça de Deus e do trabalho dos meus pais, a igreja cresceu muito. Cresceu tanto que se tornou uma das maiores do estado, virando referência como “igreja modelo” da cidade. Dessa maneira, dava-se início a nossa história de vida como família.

O casamento dos sonhos começou a enfrentar dificuldades quando meus pais decidiram que aquele era um excelente momento para mamãe engravidar. Gerar filhos, a realização do complemento familiar. Dois anos após a união, esse sim era o momento certo para tudo acontecer. Assim eles planejavam... Entretanto, após um ano de tentativas constantes, nada acontecia! Apenas alarmes falsos sustentavam a esperança da minha mãe de que ela poderia ter um bebê. Após muita insistência dos amigos, eles decidiram procurar um especialista; e imensa foi a decepção dos dois quando ouviram do médico que ela jamais poderia ser mãe por causa de um problema uterino.

A partir desse momento, iniciou-se uma jornada de orações, jejuns e até de campanhas entre os irmãos; tudo isso com o intuito de que o mila-

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gre da concepção finalmente acontecesse na vida deles. Ter um filho era, sem dúvida, naquele momento, o maior desejo de seus corações.

Após três anos de clamores incessantes, uma nova esperança começou a surgir durante um dos cultos de oração...

Uma irmã, dona Mercês, tomada pelo poder do Espírito Santo, foi usada pelo próprio Deus, naquela reunião, para trazer revelações a res-peito de uma nova promessa para os meus pais. Mamãe foi orientada por essa irmã a abrir a Bíblia, no livro de Gênesis, no capítulo 29, versículo 9.

A irmã pediu que ela lesse o texto em voz alta.— “... estando ele ainda falando com eles, veio Raquel com as ovelhas

de seu pai; porque ela era pastora”... — Mamãe leu, a princípio meio incré-dula, e logo as dúvidas inundaram o seu coração. — O que exatamente isso quer dizer, irmã? Eu conheço bem a história de Raquel e Jacó. Esse versículo para mim não é novidade, e não consigo ver ligação dele com a minha situação! A senhora poderia, por favor, me explicar que promessa de Deus é essa que eu não consigo enxergar?

E lá se foi a paciente irmã Mercês tentar explicar o que Deus havia revelado à ela e que estava confundindo totalmente a incrédula da mamãe.

— Minha amada... Você ainda não entendeu que o Senhor quer te abençoar com uma filha? O Senhor hoje começa a cumprir o desejo do coração de vocês! Ele vai te dar uma única filha, a quem você dará o nome de Raquel. E desde o seu ventre ela deverá ser totalmente consagrada ao Senhor em todas as áreas da vida dela. A sua filha vai nascer com um cha-mado para pastorear vidas!

E foi assim que tudo aconteceu. Nove meses após o ocorrido, no dia 7 de março, tive o prazer de vir ao mundo. Foi assim que nasci, e, dessa maneira, o meu nome foi escolhido: Raquel Oliveira Braga, essa sou eu!

Se pararmos para analisar bem, meu nome define exatamente quem eu sou. Raquel é um nome de origem hebraica e significa: calma como uma ovelha.

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Na realidade, tudo a meu respeito (ou quase tudo), meu tempera-mento, o meu modo de agir com as pessoas, a minha maneira de reagir praticamente tudo tem a ver com o meu nome. Eu sou muito calma mesmo! É o meu jeito fleumático de ser. E, devido a essas características tão marcantes, os outros passaram a me rotular como “a mansidão em pessoa”, a “doçura em forma de gente”, a “perfeitinha filha do pastor”... É isso o que sempre escuto por todos os lados.

Ugh! Ovelha, mansa e ainda por cima filha do pastor... É muita coinci-dência bíblica pro meu gosto! São rótulos demais para uma única pessoa.

Isso até que, às vezes, me incomoda um pouco: tão rotulada e sempre na mira dos comentários dos irmãos. Entretanto, antes que o real aborre-cimento chegue até mim, lembro-me de que Deus é autor e mentor de todas as minhas características; inclusive a mansidão. E, com certeza, Ele sabe o que faz; mesmo porque, com um chamado desses para pastorear vidas, mansidão eu preciso ter de sobra!

Quando criança, fui criada com toda a dedicação e regalia que os meus pais podiam me proporcionar. Pastoreando uma das maiores igre-jas da cidade, graças a Deus, ele tinha um bom salário e podia dar-se ao luxo de viver exclusivamente para a obra do Senhor. Assim, sempre tive-mos uma vida tranquila e confortável. Minha rotina sempre incluiu casa, escola e igreja. Os amigos e as diversões que me atraíam estavam abso-lutamente dentro desse círculo: acampamento nas férias, retiros no período carnavalesco. Tudo estava sempre pautado dentro dos padrões cristãos em que vivíamos. Aprendi, desde cedo, a amar a Deus, a honrar os meus pais, e aproveitava a vida da maneira mais saudável que alguém possa imaginar.

Sempre procurei desenvolver bem os talentos que Deus havia me dado e os aplicava onde eu pudesse servi-Lo. Esforçava-me, ao máximo, para compensar a boa vida que tinha. Era a melhor aluna da turma de escola bíblica (durante todos os anos), cantora do coral da igreja, ajudante do ministério infantil. Ah, também era uma excelente aluna no colégio secu-lar! Meus pais nunca, ou quase nunca, precisavam se preocupar comigo.

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As coisas só se complicavam para o meu lado quando uma pequena por-ção sanguínea em meu temperamento resolvia aparecer: o meu grande defeito, e que, às vezes, me causava problemas, era falar demais!

Comecei a perceber que, com absoluta certeza, essa era a minha pior característica. Falar sem pensar, não por maldade, mas de forma inconse-quente. E falar o que não devo, numa hora totalmente inapropriada... Já fiz isso demais! Coitado do meu pai! Só faltava enfartar com os meus comen-tários desvairados... Revelar, sem querer, um segredinho de algum irmão que eu ouvia lá em casa... Isso já me custou muita disciplina! Mas, afinal de contas, algum defeito eu tinha de ter.

E foi então que, diante de muito amor, cuidado e alguns deslizes orató-rios, passei a tomar meu curso natural na vida.

Fiz faculdade de Comunicação (é claro!), entrei no seminário e hoje estou aqui: aos vinte e três anos, trabalhando como repórter no maior jornal da cidade e aguardando o momento apropriado para cumprir a minha missão, o chamado de Deus para mim: o de pastorear vidas!

Essa missão, a minha missão, só dependeria de um novo passo que eu estava prestes a tomar. Não poderia assumir uma igreja e suas vidas sem antes tomar esse outro passo crucial na vida. Um passo que, graças a Deus, poderia escolher... O passo da aliança!

C D

O TAL COMEÇO

... E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele...

Apocalipse 12:9

Nunca tive a chance de fazer uma escolha... Quer dizer, mentira, tive sim! Na realidade, não tive a oportunidade de fazer uma escolha decente até o momento. Durante toda a vida, as minhas opções já surgiam meio defini-

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das pelas circunstâncias. As minhas escolhas apenas terminavam por se encaixar no rumo que a vida já havia tomado.

Nasci com o destino aparentemente traçado. Diria até que determi-nado. Uma coisa meio sinistra! Aliás, tudo em mim sempre foi muito pesado, macabro, um negócio bem diabólico mesmo. E eu nunca recla-mei; sempre convivi com tudo isso. Realmente, sempre achei esse nosso estilo de vida o máximo; só oferecia vantagens... Mas, diante desse nosso estilo macabro de viver, apenas uma coisa não se encaixava nesse contexto todo. Havia algo em mim que era totalmente fora da minha rea-lidade. Algo que eu não pude escolher, nem mudar. Se pudesse, caso tives-sem me dado a chance, com certeza eu teria feito diferente...

Meu nome. Qualquer coisa em mim podia me definir: minhas roupas, o lugar onde morava, meu comportamento. Mas o meu nome... Não sei de onde o tiraram! Um nome nada a ver comigo. Maldita a hora dessa esco-lha. Definitivamente, isso só podia ser coisa da minha mãe! Vê se tem cabimento: Cristiano! Ah, não notou nada de anormal, não? Nome até bonito, alguns dizem... Mas o significado é o pior. É para rir de tão contra-ditório, ridículo mesmo: seguidor de Cristo! É exatamente isso o que sig-nifica. E eu poderia ser tudo, qualquer coisa, menos isso! Mas não tem jeito; só contando a história toda, tudo desde o início, para poder entender o nível dessa contradição.

Meus pais, Alberto Cavalcanti e Vânia Mello, são de famílias muito tradicionais aqui em João Pessoa. Ele, de uma família de políticos; ela, de conhecidos advogados. Juntos, fizeram, na época, a grande união da sociedade pessoense.

A família da minha mãe sempre teve posses. Advogados famosos, eram os mais requisitados da cidade. Mas a família do meu pai, os Cavalcanti, nem sempre esteve por cima. Vovô Ronaldo, pai do meu pai, constantemente procurou fazer carreira na política, mas após alguns anos tentando carreira, não havia conseguido se eleger nem para vereador. Somente após conhecer uma mãe de santo famosa do candomblé, mãe Regina, é que as coisas começaram a melhorar.

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Os trabalhos feitos por mãe Regina eram muito poderosos, e diante do desejo de ascensão política do vovô, ela consagrou a vida dele a um orixá: Xangô. Os filhos de Xangô possuem muita influência política, têm um dom de convencimento muito grande, e era disso que o vovô precisava. Após a consagração realizada, as coisas começaram a se encaixar... Primeiro, foi a eleição para vereador, que finalmente deu certo. Depois, prefeito; e daí então, só sucesso! O lado financeiro deslanchou, e assim começou a trajetória bem-sucedida da família Cavalcanti na política.

Contudo, essa história do meu avô com mãe Regina era bem camu-flada. Ninguém sabia de pacto algum entre eles devido à sociedade daquela época ainda ser muito conservadora com esse lado espiritual da coisa. Para todos os efeitos, ele era um católico bem devoto, de ir à missa no domingo e tudo mais! Mãe Regina, só às sextas-feiras, lá no terreiro dela.

Já estando muito bem financeiramente e sendo um político bastante reconhecido, foi fácil para seu Ronaldo e toda a família começarem a ser bem aceitos pela sociedade paraibana. Papai passou a ser “o partido” da cidade e a viver no meio dos poderosos locais. Filho de político, um rapaz bonito... Desse jeito, não foi dif ícil encontrar Vânia Mello e com ela for-mar um belo par. Mamãe era uma das moças mais bonitas e requintadas da cidade e, desse modo, a união estava concretizada! Se houve amor entre os dois, eu não sei. Mas que havia vantagens para ambos os lados, isso havia.

Algum tempo depois, vovô sentiu necessidade de fazer um sucessor político e, como os outros filhos viviam apenas de farra e diversão, meu pai foi o eleito para, juntamente com ele, dar sequência à carreira polí-tica da família. Papai logo foi encaminhado pelo vovô até mãe Regina, e assim como havia sido feito com ele, meu pai também foi consagrado a um orixá. Seu “guia” passou a ser Ogum. Os filhos desse orixá cons-troem coisas sólidas, que perduram, e ele tinha exatamente essas carac-terísticas. Ele era um homem forte, que corria atrás do que queria, sem depender de ninguém. Às vezes, não esperava nem pela palavra de seu Ronaldo.

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Quando meu avô foi eleito deputado estadual e começou a apoiar papai para vereador, foi firmada de vez uma das maiores dobradinhas locais. As futuras eleições já pareciam garantidas e sempre giravam em torno dos dois: Ronaldo para federal, Alberto para estadual... Era sempre assim: eles levavam todas!

No entanto, a história imbatível da “dupla dinâmica” começou a mudar quando meu pai decidiu andar com as próprias pernas, espiritualmente falando.

Papai, eleito deputado estadual (e o vovô para federal, claro!), começou a se incomodar com a interferência de mãe Regina. Até então, ela não se envolvia muito nos negócios e geralmente ficava apenas nos bastidores. O problema é que mãe Regina começou a querer aparecer com mais frequ-ência na vida dos Cavalcanti. Dizia que eles deviam tudo à ajuda dela. Começou a exigir estar sempre presente às cerimônias de posse, às sole-nidades, às festas... E o pior é que as pessoas já estavam comentando, e isso não era nada bom para eles. Pegava muito mal andar com uma mãe de santo para todos os lados!

O ponto culminante para o rompimento dessa relação se deu diante de uma negativa do papai em receber mãe Regina durante uma festa na casa que ele ocupava com mamãe. A coisa desandou de vez! Ela ameaçou con-tar da ligação deles para os jornais, ele a ameaçou de morte, e o relaciona-mento foi totalmente desfeito.

Coincidência ou não, vovô morreu dois meses depois, com um der-rame cerebral. Já mãe Regina apareceu logo depois, morta dentro de um carro, com um tiro no coração. Até hoje as pessoas falam que foi durante um assalto malsucedido...

Entretanto, isso tudo são histórias que me contaram. Na realidade, até que se chegasse a esses acontecimentos, eu não havia nem nascido! Eu só começo a fazer parte desse enredo um pouquinho mais para a frente.

Após as mortes de vovô e de mãe Regina, papai ficou “descoberto” espiritualmente. O doutor Alberto Cavalcanti não podia se arriscar a ficar muito tempo naquela situação, mas também não queria voltar para

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o candomblé; depois do problema com mãe Regina, ele ficou malvisto diante deles. Papai estava à procura de algo mais discreto, elitizado; um lugar onde se sentisse acolhido e seguro. Foi quando um amigo advo-gado, muito próximo a ele, contou que estava participando de um grupo de “controle da mente”, misturado com uns trabalhos “para ficar com o corpo fechado”. Era uma mistura de magia, mesa branca... Meu pai não entendeu direito, mas achou tudo muito interessante e aceitou o con-vite. Chegando lá, para sua surpresa, encontrou várias pessoas conheci-das. Só gente da alta! A nata da sociedade pessoense estava no local, e papai também se encaixou direitinho. Mamãe não sabia absolutamente nada sobre esse assunto.

O “seu Alberto” começou a participar do tal grupo e foi se adaptando bem àquele pessoal. O mestre orientador de lá era um sujeito que havia morado durante muito tempo nos Estados Unidos e gostou do meu pai logo de cara! Esse mestre começou a separar o pessoal do grupo, de acordo com alguns níveis:

• O nível de iniciados era para os principiantes. Aquele pessoal curioso que estava chegando, conhecendo as atividades naquele momento.

• O nível intermediário era para aqueles que participavam do grupo há, no mínimo, dois anos e que já demonstravam certo nível de confiança e de conhecimento acerca das práticas do grupo.

• O nível avançado era para aqueles que desejavam tornar-se mestres/magos dentro desse grupo. Era um nível altamente sigiloso e elitista, do ponto de vista sobrenatural do negócio.

Esse mestre, de nome Waldeck, passou a desenvolver um forte relacio-namento com meu pai. Observou que ele já possuía experiência na área espiritual e, apenas um mês após sua frequência no lugar, colocou-o no nível intermediário. O amigo do papai, aquele que o levou para conhecer o lugar, continuou no nível de iniciado, apesar de frequentar há seis meses aquele “ambiente”. Deve ter ficado chateado...

Entretanto, o que vale a pena contar era qual interesse esse grupo tinha e o que eles ofereciam aos membros. O “ensino de controle da mente” na

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realidade era só uma camuflagem para o que eles realmente ensinavam. Esse grupo se denominava, para os mais íntimos, A Igreja dos Escolhidos. Eles não tinham templo, nem placa. Os encontros aconteciam na resi-dência do próprio Waldeck, em um escritório imenso e bem isolado do restante da casa, assim me contou meu pai. Esse Waldeck era diretor de uma multinacional e viera abrir uma filial na cidade de João Pessoa. Foi dessa maneira que ele se instalou e trouxe essa “igreja” junto.

Quando começou a fazer parte do grupo intermediário, papai passou a conhecer melhor o nível do assunto. Muito sutilmente, Waldeck — que as pessoas chamavam de mestre, mas na realidade era mago — foi indu-zindo o grupo intermediário em um estudo sobre Anton LaVey e seus ensinamentos. LaVey foi o criador da Igreja de Satã, iniciada nos Estados Unidos.1 Como Waldeck já haviam orado em São Francisco, na Califórnia, frequentou o lugar e aprendeu com os próprios discípulos de LaVey toda a filosofia de vida deles. E a filosofia era exatamente essa: aproveitar ao máximo a vida e o prazer pessoal, na totalidade. Nada dessa conversa de renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz ou oferecer a outra face. Isso era conversa de cristão idiota!

Para os membros dessa seita satanista, o Diabo era muito bom para os seus filhos. Ele, sim, importava-se com seus seguidores a ponto de realizar qualquer um dos seus desejos; e tudo o que ele exigia em troca era apenas “a alma” dos seus seguidores... Contudo, o que realmente importava para aquele pessoal eram as vantagens daquele estilo de vida e, sobre isso, Waldeck sabia muito:

— As nossas exigências naturais não devem ser reprimidas — dizia ele. — A nossa satisfação pessoal é meta para o nosso pai Satã e vocês vão

1 Anton Szandor LaVey nasceu em Chicago, em 11 de abril de 1930. Esta é uma das poucas infor-mações coerentes sobre a sua vida e há um grande confl ito em sua biografi a. LaVey teria recebido ensinamentos ocultistas de sua avó cigana. Ainda teria viajado para a Alemanha ao lado de um tio e trabalhado em circos, cabarés e até mesmo na polícia de São Francisco. LaVey também teria, su-postamente, vivido romances com as atrizes Marilyn Monroe e Jayne Mansfi eld. Em 30 de abril de 1966 fundou a Igreja de Satã (Church of Satan). Faleceu em outubro de 1997 devido a um edema pulmonar. Atualmente, a igreja ainda existe e é presidida por Peter Gilmore.

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descobrir que ele tem prazer em satisfazer cada uma das suas vontades... — falava sempre o “mestre” Waldeck.

Maravilha! Satisfação pessoal, sucesso e proteção dos demônios bonzinhos era tudo de que papai precisava naquele momento conturbado! E aliado a um pessoal tão bacana e influente daqueles... Ele estava na “igreja” certa!

A reunião semanal tinha a ver com o crescimento pessoal junto às entidades demoníacas — para alcançar os seus desejos; ter um guia de proteção espiritual —, e também tinha a ver com a implantação da Igreja dos Escolhidos aqui no Brasil, em João Pessoa, mais especificamente. Os membros poderiam — dependendo do grau de fidelidade e do tamanho do pacto — ter o que quisessem e da maneira que desejassem; só precisa-vam ser fiéis ao chamado do líder. Só um alienado, e com tendências à autocomiseração, perderia uma oportunidade dessas. Acho que é por isso que a maioria dos cristãos é pobre e sofre tanto... Burrice faz parte da genética desse povo!

E já deu pra perceber que burro papai não era! Tornou-se discípulo pessoal de Waldeck e uma das bases para a implantação da Igreja dos Escolhidos aqui na cidade.

Após seis meses frequentando as reuniões uma vez por semana, meu pai, o deputado estadual Alberto Cavalcanti, fez o seu primeiro pacto de sangue. Esse pacto tinha como propósito obter a cobertura dos demônios sobre a vida dele. Doenças, acidentes, problemas financeiros — nada aconteceria ao meu pai, devido à proteção do seu guia. A entidade escolhida para acompanhar sua vida foi Agatodemon — um demônio poderosís-simo, que acompanha a pessoa durante toda a sua vida, trazendo direcio-namento e proteção. Ele nunca comentou a respeito de como o pacto foi feito, mas isso é apenas um pequeno detalhe. Para ter proteção nesse meio político, vale qualquer negócio!

Oito meses após o primeiro pacto, houve eleição para deputado federal e papai foi eleito com a maior votação do estado. Na época, aos trinta e qua-tro anos de idade, foi um fenômeno nas urnas. Por causa do mandato, ele

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e mamãe tiveram de se mudar para Brasília, a fim de que ele assumisse a cadeira de deputado federal. Devido à distância, o doutor Alberto Cavalcanti não podia mais aparecer nas reuniões da igreja, mas não se afastou de Waldeck e da turma dele. Constantemente, entravam em con-tato um com o outro por telefone. Waldeck ficou sendo uma espécie de guru à distância, ajudando papai a tomar decisões importantes. Enquanto isso, meu pai ajudava a igreja paraibana com recursos financeiros. Durante esses acontecimentos, dona Vânia, minha mãe, achava que papai ia a uma igreja normal. Às vezes, até pedia para acompanhá-lo — coisa que ele nunca permitia, lógico!

Assim, a aliança deles continuou. Papai estava mais do que satisfeito com a sua vida pública e espiritual. Apenas uma coisa faltava para comple-tar a totalidade da sua alma: eu mesmo! É, um filho.

Apesar de tanto sucesso na carreira, ele ainda não havia conseguido gerar um herdeiro. Minha mãe nunca havia pensado em engravidar devido à falta de tempo de meu pai. Mas, com a ida deles para Brasília, afastan-do-se da família, ela começou a sentir-se muito só e pensou melhor no assunto. Decidiu que era a hora de tentar... E foi então que, seis meses após a mudança, dona Vânia engravidou e cá estou eu.

Cristiano Mello Cavalcanti, natural de Brasília, nascido em 9 de maio. Minha história só começa agora... Ah! E o nome, como eu falei no início, foi coisa da minha mãe mesmo! Falou que tinha sonhado com ele, que era bonito e era proibido a papai opinar. E agora, eu que o aguente! Acho que foi apenas uma fatalidade do destino.

Quando criança, conta mamãe, eu era uma criança impossível de se lidar: o demônio em forma de gente. Eu adorava quando ela me chamava assim! Deixava um rastro de destruição por onde passava. Cheguei a colocar uma ninhada de cachorrinhos no vaso do banheiro (não queira saber o resultado...), gato no freezer e por aí vai... Machucava-me quase que diariamente. Não conto quantas vezes fraturei perna, braço e outras partes do corpo. Eu realmente possuía um tipo de “espírito destruidor” comigo.

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Entretanto, apesar de ser bem encapetado, o curioso é que também conseguia ser uma criança extremamente cativante. Convencia fácil minha mãe, professoras e sempre me safava das coisas erradas que apron-tava! Não sei o que acontecia, mas desde cedo tive a impressão de que eu tinha um orientador, alguém que me direcionava a fazer as coisas de modo que eu não seria pego. Sempre ouvia uma voz me ensinando, passo a passo, como elaborar minhas peraltices, tudo direitinho... Não falei que era sinistro? Eu nunca entendi direito que sensação e que voz eram essas...

Ainda durante a minha infância, papai foi eleito senador, mas aos pou-cos foi cansando da vida pública e começou a investir em algumas empre-sas. Como já possuía muito prestígio e bens acumulados, sentiu necessi-dade de mudar o rumo da sua vida. Afinal, eram mais de vinte anos dedi-cados à política.

Durante dezesseis anos vivemos em Brasília, mas a mudança de rumo para a área empresarial despertou no meu pai o desejo de retornar à Paraíba. Possuidor de tantos bens e prestígio, fomos recebidos com festa no retorno a João Pessoa.

E assim fui crescendo... Filho único de ex-senador (mamãe ficou traumatizada com meu comportamento e nunca mais desejou outro filho), estudando nas melhores escolas, frequentando os ambientes mais seletos (e ainda aprontando muito), passei a ser bem assediado pela sociedade local. Entretanto, mesmo diante de todo o entrosamento, nunca tive amigos verdadeiros. Companheiros? Poucos, para os momen-tos de farra. Era um “dragão solitário”. Na realidade, o trato com pessoas me cansava... Adorava conviver comigo e com o meu “eu” — se é que me entendem!

No campo profissional, optei por cursar Administração e passei a assessorar meu pai nas empresas dele. Mas nunca deixei de seguir a orien-tação daquela voz interior que me perseguia desde a infância. Sentia seu

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direcionamento em tudo que fazia. O que eu não sabia é que essa voz ainda me acompanharia durante muito tempo.

A respeito da minha vida amorosa, sabe como é... Nunca me liguei de modo sério a ninguém. Se uma mulher bonita chamava minha atenção, eu ficava... Simples assim! Mulher para mim sempre foi um bicho muito complicado e grudento. Não tinha muita paciência. Meus namoros dura-vam no máximo um mês e no mínimo uma noite... Isso que é simplici-dade!

Hoje, aos vinte e cinco anos, e controlando mais o temperamento, fui convidado por papai para assumir um empreendimento turístico que estava sendo negociado. O doutor Alberto Cavalcanti pretendia assumir o término da construção de um resort de padrão internacional, com inves-timento de milhões de reais. Isso tudo em terras paraibanas. Algumas outras empresas já estavam interessadas no investimento, mas saímos na frente, em termos de prioridade para a negociação. Para fecharmos o con-trato, precisaríamos investir todo o nosso capital para adquirir a sua concessão e, consequentemente, o término da obra. Um investimento altamente arriscado, mas que, se bem-sucedido, seria a nossa galinha dos ovos de ouro... Não poderíamos vacilar a respeito desse empreendimento. Se demorássemos a decidir, outro grupo compraria. Se investíssemos e o retorno não fosse o esperado, estaríamos arruinados financeiramente. Qualquer deslize administrativo nosso, e todo o negócio seria perdido!

Sem muito tempo para decidir, e totalmente na dúvida a respeito do que fazer, papai lembrou-se de alguém que poderia nos ajudar muito nessa situação: seu velho amigo e conselheiro Waldeck, o qual seria a peça-chave desse negócio. Uma aliança com mestre Waldeck teria de ser feita para que o sucesso do resort estivesse garantido.

Uma aliança que determinaria nosso futuro financeiro. Uma aliança que precisaria ser firmada entre nós, sendo totalmente decisiva para nos-sas vidas. E eu estava totalmente disposto a fazer parte dela!