análise literária: som e fúria (maria luiza alves)

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UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRÓ-REITORIA GRADUAÇÃO CURSO DE LETRAS Maria Luiza Alves ANALISE LITERARIA: SOM E FÚRIA SOROCABA∕SP 2012

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Este trabalho tem por finalidade a análise Literária do livro “Som e Fúria” do autor Willian Faulkner com o foco na escrava Dilsey. “Tomei como base inicial o livro “Guia Pratico de Analise Literária” de Moisés Massaude, e utilizando a ajuda complementaria dos livros “Linguagem e Literatura” Nely Novaes, Etnias da América” de Thomas Sowell, “Questões de Teoria Literária” de Alfredo Coelho de Carvalho, “A vida intima das palavras” de Deonísio da Silva, “Dicionário da Língua Portuguesa” de Antônio Houaiss, “Baktrim, Dialogismo e construção do sentido”, “Help” fascículo Técnicas de Redação do jornal O Estado de São Paulo “Som e Fúria” de William Faulkner, Domício Proença Filho “Estilos de Época na Literatura” e com diversos acervos na internet assim pudemos realizar a análise.Com o conhecimento da história da escravidão, e como foi parar nos Estados Unidos do Norte, e fazendo um paralelo da escravidão contemporânea sobre o tráfego dos bolivianos para o Brasil. Conhecendo o contexto da obra consegui entender e dar ênfase na escrava Dilsey mostrando os reflexos da escravidão causados na vida dela.Faulkner usa o fluxo de consciência para narrar às duas primeiras partes do livro é uma leitura difícil por ser fragmentada, mas é característica do Modernismo.Palavras-chave: Literatura. Escravidão. Intertextualidade. Polifonia. Fluxo de Consciência. Análise Literária. Autor. Obras.

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Page 1: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRÓ-REITORIA GRADUAÇÃO

CURSO DE LETRAS

Maria Luiza Alves

ANALISE LITERARIA: SOM E FÚRIA

SOROCABA∕SP

2012

Page 2: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

2

MARIA LUIZA ALVES

ANALISE LITERARIA: SOM E FÚRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

exigência parcial para obtenção do Diploma de

Graduação em licenciatura em Letras- Português

∕Inglês e suas respectivas literaturas, da Universidade

de Sorocaba.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes

Sorocaba ∕SP

2012

Page 3: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

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MARIA LUIZA ALVES

ANALISE LITERARIA: SOM E FÚRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

exigência parcial para obtenção do Diploma de

Graduação em Licenciatura em Letras – Português ∕

Inglês e suas respectivas literaturas, da Universidade

de Sorocaba.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA:

Ass.: ____________________________

Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes

Ass.:_____________________________

Prof. Ms. Roberto Samuel Sanches

Ass.:__________________________________

Profa. Ms. Daniela Aparecida Vendramini Zanella

Page 4: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

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Dedico este trabalho para Maria Luiza pela ajuda pela compreensão

e confiança e sempre dizendo para não desistir, pois quem ganha o

premio e quem não desiste.

Page 5: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço minha família, João Baptista Alves (in memoriam), minha mãe Cesariana Augusto

Alves meu irmão Antônio Carlos Alves e minha prima Maria Bernadete (in memoriam)

minha amiga.

Agradeço a todas as minhas amigas que fazem parte da minha vida.

Agradeço a Fernanda pelas conversas que tínhamos.

Agradeço a Janaina, um dia ela me emprestou um livro chamado “Quem Mexeu no meu

queijo”, quando terminei de ler descobri que minha vida mudaria para melhor e mudou

mesmo.

Agradeço ao Beto pela consideração e proporcionou-me um curso, onde conheci a professora

Josefina que disse coisas sobre mim que nem eu mesma sabia.

Agradeço a todos os professores da Uniso com quem tive o prazer de estudar eles não sabem

mas são anjos disfarçados de professores .

Agradeço a Deus que permitiu eu terminar esse caminho.

Page 6: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

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Jeová é meu Pastor nada me faltará

Ele me faz deitar em pastagens relvosas;

Conduz-me junto a lugares de descanso bem regados.

Refrigera minha alma.

Guia-me nos trilhos da justiça por causa do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra tenebrosa,

Não temerei mal nenhum,

Porque tu está comigo;

Tua vara e teu bastão são as coisas que me consolam.

Aprontas diante de mim uma mesa perante que me são

hostis.

Untaste-me a cabeça com óleo;

Meu corpo está bem cheio.

Decerto, a própria bondade e benevolência estarão no meu

encalço todos os dias da minha vida.

E eu vou morar na casa de Jeová pela longura dos dias.

Page 7: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

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RESUMO

Este trabalho tem por finalidade a análise Literária do livro “Som e Fúria” do autor Willian

Faulkner com o foco na escrava Dilsey. “Tomei como base inicial o livro “Guia Pratico de

Analise Literária” de Moisés Massaude, e utilizando a ajuda complementaria dos livros

“Linguagem e Literatura” Nely Novaes, Etnias da América” de Thomas Sowell, “Questões de

Teoria Literária” de Alfredo Coelho de Carvalho, “A vida intima das palavras” de Deonísio

da Silva, “Dicionário da Língua Portuguesa” de Antônio Houaiss, “Baktrim, Dialogismo e

construção do sentido”, “Help” fascículo Técnicas de Redação do jornal O Estado de São

Paulo “Som e Fúria” de William Faulkner, Domício Proença Filho “Estilos de Época na

Literatura” e com diversos acervos na internet assim pudemos realizar a análise.

Com o conhecimento da história da escravidão, e como foi parar nos Estados Unidos do

Norte, e fazendo um paralelo da escravidão contemporânea sobre o tráfego dos bolivianos

para o Brasil. Conhecendo o contexto da obra consegui entender e dar ênfase na escrava

Dilsey mostrando os reflexos da escravidão causados na vida dela.

Faulkner usa o fluxo de consciência para narrar às duas primeiras partes do livro é uma leitura

difícil por ser fragmentada, mas é característica do Modernismo.

Palavras-chave: Literatura. Escravidão. Intertextualidade. Polifonia. Fluxo de Consciência.

Análise Literária. Autor. Obras.

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ABSTRACT

This study aims to analyze literary book "Sound and Fury" author William Faulkner with the

focus on slave Dilsey. "I took as an initial basis the book" Practical Guide to Literary Analysis

"Moses Massaude, and using the help complement the books" Language and Literature "Nelly

Novaes, Ethnic America" by Thomas Sowell, "Issues in Literary Theory" Alfredo Coelho de

Carvalho, "the intimate life of words" of Deonisio da Silva, "Dictionary of the English

Language" by Antonio Houaiss, "Baktrim, Dialogism and construction of meaning", "Help"

Technical Writing issue of the newspaper O Estado de São Paulo "sound and Fury "by

William Faulkner and several collections on the internet so we could perform the analysis.

With knowledge of the history of slavery, and how he ended up in North America, and

paralleling of contemporary slavery on the traffic of Bolivians to Brazil. Knowing the context

of the work could understand and emphasize the slave Dilsey showing the consequences of

slavery caused in her life.

Faulkner uses stream of consciousness to narrate the first two parts of the book is a difficult

read because it is fragmented, but is characteristic of Modernism.

Key words: Literature. Slavery. Intersexuality. Polyphony. Stream of Consciousness. Literary

Analysis. Author. Works.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 11

JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 11

OBJETIVO................................................................................................................................. 11

CAPITULO 1 ............................................................................................................................. 12

REVISÃO TEÓRICA ................................................................................................................ 12

1.1 O QUE É LITERATURA ........................................................................................... 12

1.2 DEFINIÇÃO DE LITERATURA SEGUNDO O DICIONÁRIO .................................. 12

1.2 ESCRAVIDÃO ........................................................................................................... 12

ESCRAVIDÃO NOS ESTADOS UNIDOS ............................................................................. 13

A ESCRAVIDÃO COMTEMPORANEA ................................................................................ 14

1.6 POLIFONIA .................................................................................................................... 15

1.7 FLUXO DE CONSCIÊNCIA .......................................................................................... 15

1.8 ANÁLISE LITERÁRIA .................................................................................................. 16

1.9 AUTOR ............................................................................................................................ 19

1.10 OBRAS .......................................................................................................................... 20

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................. 21

ANÁLISE LITERÁRIA ............................................................................................................ 21

INTRODUÇÃO Á ANÁLISE LITERÁRIA............................................................................. 21

2.2 AÇÃO .............................................................................................................................. 22

2.3 TEMPO ............................................................................................................................ 22

2.4 ESPAÇO .......................................................................................................................... 22

2.5 PERSONAGENS ............................................................................................................. 22

2.6 PONTO DE VISTA ......................................................................................................... 24

2.7 RECURSOS NARRATIVOS .......................................................................................... 24

CAPITULO 3 ............................................................................................................................. 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 25

Page 10: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

10

REFERENCIAS ......................................................................................................................... 26

Page 11: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

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INTRODUÇÃO

Este trabalho insere-se na área de literatura Norte Americana, tendo como tema Análise

Literária do livro Som e Fúria. William Faulkner criou um Condado chamado

yorknapatawpha, a cidade de Jeferson, no Mississippi, nesta cidade vive a Família Compson,

decadente em todos os sentidos, moral social, financeiro e religioso. Ele usa uma técnica

literária que mostra a fluidez do tempo e da Memória, usado por Marcel Proust, James Joyce.

O livro é dividido em quatro partes, as três primeiras partes são narradas pelos irmãos

Compson e a ultima pela criada Dilsey. Sendo a primeira parte é Benjamin um autista

dependente, sua irmã Caddy a Dilsey e seus familiares ajudam a cuidar dele, é o filho mais

velho. A segunda parte é Quentin, muito inteligente, foi estudar em Harvard graças o terreno

vendido do irmão Benjamin para pagar seus estudos na Universidade, atormentado com o

amor que sentia pela irmã e acabou se suicidando. A terceira parte é Jason filho mais novo um

rapaz frio, cruel, e calculista tomava conta da sobrinha Quentin roubava o dinheiro dela que

sua mãe mandava para sustenta-la. A quarta parte é a escrava Dilsey com a ajuda da sua

família trabalham na casa dos Compson.

JUSTIFICATIVA

A escolha dessa obra é pela sua complexidade e conhecer este universo tão bem trabalhado

nas estruturas formais criados por Faulkner, e também colaborar com mais um trabalho dos

muitos existentes.

OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é analisar o livro para entender melhor aquilo que aprendi durante o

curso na habilidade literatura.

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CAPITULO 1

REVISÃO TEÓRICA

1.1 O QUE É LITERATURA

Literatura é termo erudito. Corresponde em latim a litteratura, por sua vez calcado no

grego grammatiké: gramma em grego tem como correspondente latino o termo littera, e

ambos significam “letra”. Na língua latina, “literatura” queria dizer instrução, saber relativo á

arte de escrever e ler, ou ainda, gramatica, alfabeto, erudição.

“A literatura obedece a leis inflexíveis: a da herança a do meio a do momento”.

(Hippolyte Taine, pensador determinista, da metade do século XIX).

A literatura nasceu junto com Homo sapiens, devido á necessidade que o ser humano

tem de conservar sua história( gerando assim as epopeias e as lendas) e de controlar a

natureza(criando os mitos e as lendas).Todas as culturas primitivas de que se tem noticia

desconheciam a escrita, e mesmo assim possuíam um rico acervo de lendas e canções era feita

de forma oral. Com o surgimento da escrita, a literatura se transformou e se tornou mais

estável. Surge também a figura do autor, que na literatura oral era anônimo.

1.2 DEFINIÇÃO DE LITERATURA SEGUNDO O DICIONÁRIO

Literatura S.f. 1 Arte da utilização estética da linguagem, esp. a escrita. 2 Conjunto

de obras literárias pertencentes a um pais, épocas etc. 3 Biografia sobre determinado

assunto. 4 Disciplina escolar constituída de estudos de obras literárias . 5 Pej. serie

de palavras vazias, de caráter artificial ou superficial. L. de cordel loc.subst. 1

literatura popular (esp. Novelas e poesias), de impressão barata, exposta a venda em

cordéis. 2 P.ext. pequeno livro contendo esse material. Também se diz apenas cordel

(HOUAISS, 2009, p. 446).

1.2 ESCRAVIDÃO

O termo “escravidão” surgiu no século XI ele é formado pela raiz escrav- mais o

sufixo – idão, com a subtração Da ultima vogal da palavra “ escravo”. O sentido do termo é:

norma consentida que impõe ao homem trabalhar sem qualquer direito, muitas vezes sofrem

agressões físicas. A palavra escravo veio do médio grego sklábos, eslavo passando pelo latim

medieval sclavu. Tornou-se o termo escravo após Carlos Magno forçou os povos eslavos

trabalhassem sem direito algum. As palavras latinas famulus servus e mancipium eram usadas

para o termo escravo.

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ESCRAVIDÃO NOS ESTADOS UNIDOS

A escravidão era praticada entre as tribos africanas ao longo dos séculos, entre os

europeus vindos dos antigos tempos da Grécia e de Roma. No século VIII os árabes

conquistaram o norte da África, dai começou o comercio de escravos, os comerciantes árabes

entravam no centro da África e desceram pela costa leste até Moçambique, com ajuda dos

próprios negros esses comerciantes capturam ou compraram escravos, e foram levados de

volta através do deserto do Saara. O povo árabe foram os mais cruéis senhores de escravos.

Os árabes aboliram a escravidão depois da metade do século XX.

A escravidão na Europa desapareceu com o passar dos séculos, nos quais os africanos

eram levados á Espanha pelos comerciantes árabes de escravos. Os Portugueses e espanhóis

trouxeram muitos escravos quando colonizaram o Hemisfério Ocidental, ingleses, franceses e

portugueses compraram também os negros para serem levados para o Novo Mundo.

Os africanos vieram de todas as partes da África, a tribo Ashanti negociou muitos

outros africanos para serem escravos. Dos dez milhões de africanos desembarcados no

Hemisfério Ocidental aproximadamente 400.000 foram levados para colônias americanas. Os

Estados Unidos tinham em 1825mais de um terço de todos os escravos do hemisfério. O

Brasil importou seis vezes mais do que os Estados Unidos. Essa diferença era acentuada

devido à população escrava se reproduzia e crescia naturalmente. A crueldade em outros

países era pior, a alta taxa de mortalidade e a baixa de natalidade eram obrigados a fazer a

troca por outros escravos africanos. Mas a severidade de alguns proprietários americanos de

escravo era notória, pois usavam o chicoteamento, separavam as crianças dos seus pais, os

maridos de suas mulheres. Eles mantinham os escravos ignorantes dependentes e com medo.

Os escravos eram divididos em regiões entre norte e sul porque o clima e solo que

fazia esta diferença. No Norte o clima não era apropriado para fazendas agrícolas, e partes do

Sul, Piedmonte ou pé do monte, região que se estende através do oeste da Virginia, oeste da

Carolina do Norte, leste de Kentucky e leste do Tennessee. O número de escravos era

reduzido nestas regiões devido à pobreza do solo para as plantations. Mas como no delta do

Mississippi onde as terras são férteis, que se se estende ao longo do Alabama, Louisiana,

Mississippi Geórgia. Nestas regiões a escravidão foi aplicada com toda sua crueldade, porque

as forças dos escravos eram mais exigidas nas plantations.

A Guerra Civil aconteceu em, 1861 a 1865 na verdade era a guerra da separação entre

Norte e Sul. O Norte uma região desenvolvida, enquanto o Sul era uma região latifundiária,

escravista e dependente do Norte, os nortistas insatisfeitos com a politica dos sulistas

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resolveram romper suas relações. Os negros participaram ativamente na guerra, mais de

150.00 negros lutaram o Norte arrasou economicamente, moralmente e politicamente o Sul.

Muitos negros aproveitaram fugir durante a guerra, outros permaneceram leais aos seus

proprietários. Com a desmoralização do Sul ódio dos brancos contra os negros aumentou ao

ponto de se vingarem das mulheres e nos filhos dos fugitivos.

Em, 22 de setembro de 1862 o Presidente Abraham Lincoln, assinou a Emancipation

Proclamation libertando quatro milhões de escravos do Sul, somente em 1865 pela 13ª

Emenda Constitucional a escravidão dos Estados Unidos foi proibida oficialmente. Mas falta

de conhecimento fez com que muitos brancos continuassem a escravizar os negros

escondendo a Emancipation Proclamation deles. A pobreza existente entre os negros

libertados era o analfabetismo e falta de habilidades para cuidarem das suas próprias vidas,

foram séculos de decadência e sofrimento até os negros compreenderem o impacto negativo

da ignorância imposta na vida deles.

A ESCRAVIDÃO COMTEMPORANEA

A escravidão moderna tem características parecidas com a dos negros africanos, usam

a ignorância o medo para manter as pessoas na servidão. Os bolivianos que vem ao Brasil

trazido por traficantes de pessoas eles são s analfabetas ou com baixa escolaridade, alguns de

etnia indígena fugindo da pobreza. Com a promessa de uma vida prospera um bom salario,

direitos previdenciários e moradia digna. Acabam desembarcando em São Paulo, Acabam

trabalhando em confecções, em longos turnos recebendo baixos salários e os proprietários

descontam o dinheiro das passagens sobrando pouco dinheiro, alguns confiscam os

documentos, quanto à moradia são lugares apertados cheios de maquinas e tecidos instalações

elétricas inadequadas colocando suas vidas em perigo. Eles convivem com o medo das

autoridades, pois geralmente são ilegais apesar de ter um acordo bilateral entre os dois países

para os bolivianos trabalharem no Brasil.

Tudo isso deixa claro com a abolição da escravatura foi decretada somente no papel

porque a escravidão ainda permanece muito forte nos dias atuais.

1.5 - Intertextualidade

Na intertextualidade o prefixo inter, é de origem latina, se refere à noção de relação

entre um é outro texto, imagens, mas às vezes ela não e compreensível é necessita de um

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conhecimento mais detalhado. Saber o contexto da obra para poder reconhecer a semelhança

existente, no texto analisado.

Canção do exilio

Mario Quintana

Canção do exilio facilitada

José Paulo Paes

Minha terra não tem palmeira... Lá?

Em vez de um mero sabiá, Ah!

Cantam aves invisíveis Sabiá...

Mas palmeira que não há. Papá...

Minha terra tem refúgios, Maná...

Cada qual com sua hora Sofá...

Nos mais diversos instantes... Cá?

Mas onde o instante de agora? Bah!

Mas a palavra onde?

Terra ingrata, ingrato filho,

Sob os céus de minha Terra

Eu canto a Canção do Exilio.

Fonte: autora

1.6 POLIFONIA

A palavra vem do grego e significa varias vozes. Também usada para caracterizar

certo tipo de texto, aquele em oposição os textos monofônico que escondem os diálogos que

constituem.

1.7 FLUXO DE CONSCIÊNCIA

Criado pelo psicólogo William James, em 1830 o termo fluxo de consciência “stream

of consciousness” para exprimir a continuidade dos processos mentais. James criou esse

termo para mostrar que a consciência não é fragmentada em pedaços sucessivos, não há

junturas, mas sim um fluxo contínuo.

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“O primeiro e mais importante fato concreto que cada um afirmará pertencer a sua

experiência interior é o fato de que a consciência, de algum modo, flui. “Estados

mentais” sucedem-se uns aos outros nela. Se pudéssemos dizer “pensa-se”, do

mesmo modo que “chove” ou “venta”, estaríamos afirmando o fato da maneira mais

simples e com o mínimo de presunção. Como não podemos, devemos simplesmente

dizer que o pensamento flui” (JAMES, 1892).

Os artistas pegaram essa técnica empresta para utilizar na construção das suas obras.

Os escritores: James Joyce, Virginia Woof utilizaram muito bem esta técnica narrativa, onde

os pensamentos dos personagens eram expostos, sem filtro disciplinador da logica

convencional. com o puritanismo tradicional. Dessa eufórica era do Jazz, surgiram grades

escritores e grandes obras como: John dos Passos (Three Soldier 1921, Manhattan Transfer-

1925). E.E. Cummings (The Enormous Room- 1922). Ernest Hemingway (In Our Time-1924,

The Sun Rise – 1926, Mem Without Women – 1927, A Farewell to Arms – 1929) William

Faulkner (The Sound and Fury, 1929).

“entre realidade monstruosa, cruel e suja, da guerra e a pureza abstrata dos

princípios que ouviram invocar e a cujo chamamento haviam ocorrido. E foi

precisamente a sua própria ânsia desmedida de absoluto que a fez repudiar, não a

realidade que conta dizia esse absoluto, mas sim valores abstratos com que se

pretendia justificar essa realidade.” (J. Palha E Carmo)

1.8 ANÁLISE LITERÁRIA

A análise literária para fazer a terei que saber que o texto tem grande importância para

desmembramento da obra para chegar a entendimento dela. O texto é o ponto de partida e o

ponto de chegada da análise literária. Com o conhecimento desse fato e a leitura já feita da

obra cabe aprender como analisa-la.

Para analisar o texto há a necessidade de ir para dois níveis:

1 – A análise microscopia ou microanálise, que é a análise das microestruturas.

2 – A analise macroscópica

Na microanálise tem por objetivo sondar o texto palavra a palavra, expressão a

expressão, minucia a minúcia e faz-se em dois planos primeiro: em que a analise se contenta

com o pormenor segundo: a análise vai para a particularização dos ingredientes da prosa, as

personagens, o tempo, o lugar, a ação, o ponto de vista narrativo, os expedientes de linguagem

(o dialogo, a descrição a narração e a dissertação).

A microanálise identifica-se por sua verticalidade par investigar a esfera dos conceitos,

sentimentos e emoções que abaixa ao plano da microestrutura.

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A ação é a soma de gestos e atos que compõem o enredo, o entrecho ou a historia. A

ação pode ser interna ou externa: uma viagem, o deslocamento de uma sala para outra, o

apanhar de um objeto para defesa contra um agressor essa e a externa. A ação interna passa-se

na consciência o na subconsciência da personagem, como na ficção introspetiva de um Proust

de um Machado de Assis. A ação assina-la a intensidade e a densidade, à intensidade é os

ingredientes que compõem a ação a densidade e a lentidão, a densidade faz presente na prosa

introspectiva.

O tempo compõe um dos aspectos mais importantes da prosa ficção porque toda massa

ficcional desde enredo até a linguagem o narrador cria o tempo e o tempo pode ser

cronológico como psicológico ou metafisico. No cronológico o relógio que conta, pois marca

as horas minutos segundos. O tempo psicológico funciona dento da personagem ele flui em

desordem. Já o tempo histórico é linear transcorre numa ordem horizontal, e se junta com os

demais ingredientes em presença como o cenário enredo personagens.

O Espaço também é importante notar para saber se a narrativa está acontecendo na

cidade ou no campo, a importância do lugar depende da forma literária e a tendência estética

também.

As Personagens podem ser classificadas em planas e redondas. As personagens planas

são altas e largas não há profundidade nelas um só defeito ou uma só qualidade e geram os

tipos e caricaturas. Quanto às redondas, ostentariam a dimensão inexistente nas outras e por

isso tinham uma serie complexa de qualidades ou defeitos e elas envolvem caracteres.

O Ponto de vista, ou foco narrativo vai mostrar qual a pessoa verbal que narra é a

primeira ou a terceira pessoa. Na primeira pessoa a personagem conta a sua historia ou uma

personagem secundaria comenta o fato do protagonista. O caso da terceira pessoa o escritor é

onisciente conhecedor da historia ou ele é apenas um observador, comunicando o que estiver

no seu alcance.

Os Recursos Narrativos estão presentes na análise total de uma obra de ficção por

meios dos quais exprimem os aspectos anteriormente referidos. Desse modo teríamos: dialogo

descrição, narração e dissertação.

Dialogo mostra as fala dos personagens pode ser direto, que é mostrado para o leitor por meio

de travessão, aspas ou sem tais expedientes. No dialogo indireto é mencionado pelo,

utilizando a expressão-chave “ele disse que...” e sucedâneos. Ainda pertencem á esfera do

dialogo o monologo interior direto, em que a fala mental do personagem semelha diretamente

ao leitor, e o monologo interior indireto, que se transmite com a participação do escritor,

soliloquio é a conversa de alguém consigo mesmo. A descrição corresponde á enumeração

Page 18: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

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dos componentes e por menores de objeto inerente. A narração implica acontecimento, ação e

movimento. A dissertação diz respeito á explanação de ideias ou conceito.

Page 19: Análise Literária: Som e Fúria (Maria Luiza Alves)

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1.9 AUTOR

William Cutnberth Faulkner nasceu em Abany, no Mississippi, em 25 de setembro de

1897. É o mais velho de quatro irmãos, filhos de Murry e Maud Butler, ambos desentendem

de famílias ricas, limitados financeiramente pela Guerra Civil, seu pai era um comerciante. O

avô paterno de William foi morto por disputa politica. Com isso a família mudou-se para

Oxford, Mississippi. Faulkner muito jovem mostrava sinas do seu talento leu Ulisses de

James Joyce foi sua grande inspiração para sua carreira de escritor, pintou parede. Ele tinha

pouco interesse pela escola a ponto de não terminar o ensino Médio, pois seu intuito era ser

escritor como o bisavô. William escreveu artigos e poemas para a revista chamada Double

Dealer como jornalista.

Em 1918, foi rejeitado do Exercito dos Estados Unidos pela sua baixa estatura e baixo

peso, resolveu então alistar-se na Força Aérea Canadense, mas lesionou a perna em um

acidente de avião. Sem condições de continuar, retornou para casa em Oxford. O novo

trabalho de secretario na Universidade do Mississippi do seu pai deu a oportunidade de

estudar nela, estudou francês, espanhol e inglês, mas permaneceu na Universidade apenas dois

anos insatisfeito com o ensino. Viajou varias vezes para Memphis, trabalhou de carpinteiro,

pintor de parede e balconista.

Com a ajuda de um amigo Faulkner foi para Nova York seguir sua carreira literária, trabalhou

numa livraria da futura mulher de Sherwood Anderson. Também não deu certo viver em Nova

York, novamente retornou para Oxford. Foi trabalhar na Universidade como carteiro, ao invés

de trabalhar lia muito, deixava de exercer sua função no trabalho e bebia só lhe restou pedir

demissão da Universidade.

Mudou-se para Nova Orleans, e conheceu através de uma antiga professora sua amiga

Sherwood Anderson que o convenceu de escrever prosa ao invés de poesia, ele aceitou e

escreveu o primeiro romance “Soldiers’ Pay”.

Viajou para Europa conheceu escritores, da Vanguarda viveu a boemia parisiense e encontrou

seu estilo. Escreveu “Santoris”, mas foi um fracasso de vendas, ele decidiu que escrever

aquilo que ele queria. O próximo livro deve boa aceitação de critica, mas a vendagem foi

insignificante. Casou com a jovem Estela Oldham em1929, continuou trabalhando e

escrevendo agora para ganhar dinheiro e reconhecimento, Em 1931 o sucesso e o dinheiro

vem, com o dinheiro comprou uma casa velha e a restaurou. Já sem dinheiro, com prestigio

Hollywood convida para fazer a adaptação cinematográfica da obra “Santuario” a partir daí

quanto estava precisando de dinheiro ele podia contar com Hollywood. Compra uma fazenda

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para sua liberdade financeira, mas gostava mesmo era de pescar, caçar com os camponeses.

Ouvir as lendas locais das pessoas humildes do seu país, essas lendas eram fontes

permanentes para sua imaginação. Cria um condado igual á região onde vive chamado

Yorknapatwpha tem uma área de 3.862 km2, com uma população d e 15.611 habitantes. Lá se

encontra a região fértil do Delta, ótima para caçadas; lá estão o matagal e a região arenosa; lá

está Jeferson, com sua cadeia, sua praça publica e suas velhas casas e emanar um bafio de

ruina; lá estão às estradas empoeiradas, os pântanos, os cemitérios, as estradas de ferro e,

finalmente, lá está o grande rio, ás vezes calmo e profundo e, em tempo de inundação,

tumultuoso, turbulento, as tardes abafadas de julho a farmácia domingo á tarde, os odores

rançosos de uma cabana de negros, o trotear de um cavalo na praça publica essas cenas e

muitas outras fazem parte do poder descritivo de William Faulkner. Yorknapatwpha é o

condado usado em varias obras do autor.

Em 1950 trabalhando na sua fazendo recebeu a noticia que havia ganhado o premio Nobel,

em 1955 ganhou o premio Pulitzer, com “A fabula”

No dia seis de julho morre William Faulkner, no hospital Byhalia, Mississippi de complicação

cardíaca.

1.10 OBRAS

Publicação em Nova York Ano Publicação no Brasil

The Marble Faun 1924 O Fauno de Mármore

Soldiers’ Pay 1926 Praga de Soldado

The Sound and Fury 1929 Som e Fúria

As I Lay Dying 1930 Enquanto Agonizo

Sanctuary 1931 Santuário

Light in August 1933 Luz em Agosto

Absalom,Absalom! 1936 Absalom! Absalom!

The Unvaquished 1938 Os Invencidos

The Hamlet 1940 A Aldeia

Go Down Moses and Others Stories 1942 Desça Moises e outras

estórias

Inturder in the Dust 1948 O Mundo não Perdoa

Requen For a Nun 1951 Requem por uma Freira

The Fable 1954 Uma Fabula

The Town 1957 A Cidade

The Maisions 1959 A Mansão

Obs: The Hamet e The River estão na Slopes Trilogy

publicado em Nova York

Fonte: autor

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CAPÍTULO 2

ANÁLISE LITERÁRIA

INTRODUÇÃO Á ANÁLISE LITERÁRIA

Em resumo a análise Literária seria um desmembramento do texto estudado.

Roteiro Disciplinar Para Análise:

1 – A Ação – a soma dos gestos e atos que compõem o enredo da historia.

2 –O Tempo – análise de índices de tempo que o enredo apresenta ele pode ser:

Cronológico – á marcação das horas, minutos e segundos, de acordo com o tempo físico ou

natural disposto em dias, semanas meses, anos, estações, ciclos lunares etc.

Psicológico – desobedece ao relógio e flui dentro das personagens, sem começo , nem meio

nem fim.

Histórico – é linear, horizontal, do um “antes” e um “depois”.

3 – O Espaço – lugar onde se passa as ações das personagens.

4 – Personagens – ser que vive a ação, responsável pelos acontecimentos da historia.

Caracterizam em:

Planas – não evoluem por dentro, mas se repetem.

Redondas - dinâmica e altera seu comportamento no longo da narrativa.

5 – O Ponto de Vista ou Foco Narrativo – qual a pessoa verbal que narra a primeira ou a

terceira pessoa.

6- Recursos Narrativos são:

Dialogo – entende-se a fala dos personagens e pode ramificar-se em: diálogo direto,

que é mostrado ao leitor por meio de travessão, aspas ou mesmo sem tais expedientes;

dialogo indireto, que é mencionado ao leitor, utilizando a expressão- chave “ele disse

que”... sucedâneos. Ainda no dialogo o:

1 – Monologo interior direto em que a fala mental da personagem semelha dirige-se

diretamente.

2 – Monologo interior indireto – que se transmite com o a participação do escritor.

8 – A Descrição corresponde á enumeração dos componentes e por menores dos objetos

inertes.

9 – Narração – implica acontecimentos, ação, e movimento

10 – Dissertação diz respeito á explanação de ideias ou conceitos.

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2.2 AÇÃO

Som e Fúria é terceiro livro publicado por William Faulkner, o enredo é sobre a vida da

Família Compson que vive na cidade de Jeferson no Mississipi, Sul dos Estados Unidos, onde

o pai é um alcoólatra e acaba morrendo por isso Caroline a mãe uma mulher rígida

preocupada com a opinião alheia, têm quatro filhos Benjamin o mais velho, autista não

consegue falar, grita muito tem uma dor muito profunda pela falta de amor que sente dos seus

pais e dos seus irmãos apenas sua irmã Caddy que o ama. Canddy é a única filha mulher

muito amorosa, mas não conseguiu criar sua filha pela falta de estrutura para enfrentar uma

sociedade rancorosa. Quentim um rapaz inteligente, mas preconceituoso se tortura pelo fato

de desejar sua irmã levando ao suicídio. O Jason o mesmo nome do pai ladrão, preconceituoso

e arrogante, por fim a Dilsey uma empregada determinada amorosa submissa resistente,

poderosa.

Sendo assim o autor mostra a falência dessa família guilda pelo ódio pelo preconceito.

2.3 TEMPO

Começa em 7 de Abril de 1928, volta para 2 de Julho de 1910, retorna em 6 de Abril de

1928 e passa para 8 de Abril de 1928. O tempo é psicológico ocorre dento das

personagens.

2.4 ESPAÇO

No Condado de Yorknapatwph, cidade de Jeferson, no Mississipi.

2.5 PERSONAGENS

Com 33 anos autista Benjamin não consegue se comunicar, chora, grita tentando tirar a

dor que sente da vida. Personagem plana por ser um deficiente não consegue fluir e

sempre igual.

[...] Um homem grande que parecia ser formado por alguma substancia cujas

partículas não queriam ou não se podiam aglutinar entre si ou com o esqueleto que a

suportava. A sua pele era sem pelos e a parecia de um morto; hidrópico também

movia-se com o andar balanceado de um urso treinado. O se cabelo era claro e fino.

Tinha sido levemente escovado na frente como nas crianças em daguerreótipos. O s

olhos eram claros, com aquela cor azul clarinha e doce das centáureas, e da sua boca

aberta e de lábios espessos escorria baba (FAULKNER, 1956, p. 237).

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Quentim inteligente tanto que vai estudar em Harvard, é preconceituoso, se tortura

pelo amor que sente pela irmã Candy, acaba se suicidando. Personagem Plana sabia da

fascinação existente entre ele e a irmã.

[...] Se ao menos houvesse um inferno atos disso: a chama limpa nós dois mais que

mortos. Então você teria apenas a mim então nos dois em meio à reprovação e ao

horror atrás da chama limpa. (FAULKNER, 1956, p. 101)

Jason o filho que ficou com responsabilidade de cuidar da família depois que o pai

morreu. Cruel, preconceituoso, ladrão manipulador. Personagem Redonda, pois ele

consegue se transformar na medida em que os fatos ocorrem.

(...) - Claro – digo eu -, é justamente no que estou pensando: carne. E um pouco de

sangue também, se eu fizer do meu modo. Quando uma pessoa age como um negro,

não importando quem ela é, a única coisa a fazer é trata-la como negra.

FAULKNER, 1956)

Dilsey

Mulher negra que viveu sua vida para servir a Família Compson com lealdade e amor

que tinha pelos membros desta. A escravidão ali reina por muitos anos tanto dos negros

como dos brancos. A Dilsey não se deu conta ainda das marcas deixada pela restrição de

liberdade causando a falta de cuidado com seu corpo, sua higiene pessoal, permitindo que

seus familiares continuem com a sua devoção à escravidão imposta por homens livres de

séculos passados que resolveram vender e comprar pessoas que cuja cor era negra,

capturados do seu habitat natural e transportados como animal até o Novo Mundo para se

transformarem em seres para trabalhar, servir nada mais. Com essa herança

acompanhando Dilsey até 1929, mesmo abolição da escravidão decretada por Abraham

Lincoln não conseguiu liberta-la dessa servidão. Mas ela tinha uma força muito grande

igual ao amor que tinha pela família Compson porque acreditava estar certa que tinha que

servir isto era sua vida não poderia fazer outra coisa somente seguir seu destino. Pois

quando ela morresse iria para o reino de Deus, então esse sofrimento era valido porque lá

ela será livre. Dilsey é uma personagem redonda tem certeza que faz o melhor para todos

consegue manter-se integra com sua fé no amor mesmo sabendo que o ódio é a alma da

família a quem ela será sempre servil.

(...) O vestido caia desde os seus ombros magros, por cima dos peitos caídos, depois

se apertava na barriga e caia novamente, como um balão, por cima das roupas de

baixo que ela iria retirando uma a uma. Ela já tinha sido uma mulher corpulenta,

mas agora mais parecia um esqueleto enrolado numa pele enrugada que apertava de

novo sobre uma barriga quase hidrópica, como se os músculos e tecidos tivessem

tido coragem ou energia que os dias dos anos tinham consumido até que apenas o

esqueleto indomável sobrara erguido como uma ruina, e sobre tudo isso um rosto

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acabado que dava a impressão de que os próprios ossos estavam de fora da carne,

numa expressão fatalista e de desapontamento infantil. (p. 229-230).

Fica claro a polifonia na obra porque as vozes do passado estão presente na vida de todos

que vivem na cidade de Jeferson principalmente na Família Compson que seus

moradores branco odeiam ainda os negros por não poderem domina-los totalmente e os

negros quando escravos eram dependentes dos brancos sem autoridade para cuidarem de

si mesmo. Assim Dilsey vem carregando essas vozes que não conseguem calar.

2.6 PONTO DE VISTA

Na primeira parte, na segunda e na terceira são narradas na primeira pessoa, pelos irmãos

Benjamin, Quentim Jason. Nessas narrativas as personagens quem conta suas histórias.

(...) Através da cerca, entre os espaços das flores eu podia vê-los batendo. (p. 5).

Na quarta parte a narrativa é na terceira pessoa o autor é onisciente conhece bem a

personagem, no caso a Dilsey.

(...) Dilsey respondeu e parou de fazer barulho com o forno, mas antes que pudesse

atravessar a cozinha Mrs. Compson a chamou novamente, e antes que tivesse atravessado

a sala de jantar e colocado à cabeça em relevo contra a mancha acinzentada da janela e

chamou outra vez ainda (p. 231).

2.7 RECURSOS NARRATIVOS

Faulkner utiliza o fluxo de consciência, levado para o texto de ficção sem qualquer

obediência à normalidade gramatical, à lógica e mesmo à coerência. É a mente da

personagem revelada por ela própria, sem nenhum tipo de barreira racional. Na obra o

autor escreve em negrito sem pontuação para mostrando uma caraterística do

Modernismo.

(...) Pai disse que um cavalheiro era conhecido pelos seus livros; hoje em dia é

conhecido pelos que não devolveu (p. 71)

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CAPITULO 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ler este livro foi e continua sendo uma leitura desafiadora, pois não tem começo meio

e fim, fragmentada uma leitura não foi o suficiente para entendê-la, depois de três leituras o

entendimento apareceu. O autor soube explorar bem técnicas ousadas como fluxo de

consciência, com a liberdade de romper com o passado e entrou na era do Modernismo, uma

obra sobre a vida de pessoas aprisionadas pelo fantasma do passado distante, mas tão presente

na vida de todos. A cor, a liberdade, escravidão, amor, ódio, guerra e paz são ingrediente

incorporado, na narração Som e Fúria.

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REFERENCIAS

BAKHTIN,M. M. Dialogismo e construção do sentido. Campinas, SP: Unicamp, 1997.

CARVALHO, Alfredo do Leme Coelho de, Foco Narrativo e fluxo de consciência. São

Paulo: Pioneira,1981.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura e linguagem. Rio de Janeiro: Olímpio 1994.

ESCRAVIDÃO. Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br/>. Acesso em: 16 jun. 2012

FAULKNER, William, Som e fúria. São Paulo: Bisordi, 1956.

ESTADÃO. HELP - Sistema de consulta interativa literatura. São Paulo: Klick, 1995.

HOUAISS, Antônio. Minidicionário da língua portuguesa. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Moderna,

2009.

MASSAUDE, Moisés. Guia Pratico de analise literária. São Paulo: Cultrix, 1969.

O'CONNOR, William Van. William Faulkner. São Paulo: Martins, 1963. (Escritores

norte-americanos. v. 4)

PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de épocas na literatura. 13ª. ed.. São Paulo: Ática,

1997.