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SUPLEMENTO DO AÇORIANO ORIENTAL OUTUBRO DE 2011 n 01 COORDENAÇÃO: GRAÇA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE Para ser homem não basta nascer, é necessário tam- bém aprender - afirma Fernando Savater em O Valor de Educar. É, portanto, necessário fazer com que a hu- manidade, traço com que nascemos, disponha de con- dições para se desenvolver. Nascemos para ser ho- mens: sê-lo-emos na justa medida em que nos abrir- mos a essa possibilidade. Ser humano implica, pois, uma aprendizagem. Esta re- quer, contudo, condições para se efetivar. Obriga, lem- bra-nos Savater, a desenvolver relações com os outros, pois conhecer é dominar o significado que os outros atribuem às coisas. Aprender pressupõe, então, sair- mos de nós próprios. A escola é, consequentemente, o lugar onde as rela- ções entre sujeitos acontecem. As viagens proporcio- nadas pela escola no mundo do outro, os laços que criam e consolidam, não fazem dos alunos seres este- reotipados. Pelo contrário, é função da escola, en- quanto instituição educativa, desfazer os nós que im- pedem o desabrochar do eu singular, irrepetível, que em nós existe. Este é, sem dúvida, o objetivo que a Escola Secundária das Laranjeiras se propôs atingir já lá vão anos. No caminho seguido, também foi aprendendo a Ser. O cu- nho que lhe foram imprimindo todos quantos por ela passaram é certamente reconhecido. VitaL, cujo primeiro número hoje se publica, fará eco do seu pulsar, pois, como o sugere o título deste suple- mento, será o porta-voz da vida (vita) da Escola Secun- dária das Laranjeiras (L), daquilo que, alimentando-a, lhe é vital. Editorial «VITAL»: A vida que é vida ESLaranjeiras: anos ao serviço da inovação na educAÇÃO No dia 4 de Outubro p.p., a Comissão Organizadora das Comemorações dos 25Anos da Escola Secundária das La- ranjeiras apresentou, em Conferência de Imprensa, o programa comemorati- vo daquela efeméride, cujo lema é Des- fazer nós, criar laços, realçando os prin- cipais desideratos da escola nos últimos 25 anos: estabelecer vínculos significa- tivos com a sociedade açoriana; encarar holisticamente a educação. A Comissão Organizadora acolheu múltiplas propostas de atividades a desenvolver nos domínios da Cultura, da Educação, do Desporto e da Saúde, ao longo do ano letivo, pelos vários De- partamentos Curriculares. Considerando que a ESLaranjeiras ce- lebra o seu 25.º aniversário no próximo dia 17 de dezembro, referiremos, ape- nas, as iniciativas que ocorrerão duran- te o 1.º Período. Assim, destacamos as edições comemo- rativas dos 25 Anos, que incluem a apre- sentação da Medalha, a publicação do li- vro Sem memória não há futuro e do su- plemento do Açoriano Oriental, «VitaL». Relevamos, ainda, dois concursos: um de fotografia e outro de escrita criativa. A se- mana de 12 a 18 de dezembro p.f. será o ponto alto das comemorações. Teremos a apresentação de diversas atividades (con- cursos, exposições, jogos, aulas abertas e conferências), a promover por cada De- partamento Curricular. Realizar-se-á, a 16 de dezembro, o jantar comemorativo dos 25 anos, iniciativa a cargo dos alu- nos dos cursos de PROFIJ. A 17 de de- zembro, no Teatro Micaelense, terá lugar o espetáculo - Versões do Mundo e de Mim -, que envolverá alunos de todos os anos de escolaridade, e, no dia 18, assis- tiremos ao filme Agir, realizado no âmbi- to do Projeto Equal. Por último, realçamos o Clube Gavel, o Ciclo de Cinema Reflexão para a Edu- cAÇÃO, iniciativa que tem como par- ceiros o Instituto Cultural de Ponta Del- gada e o 9500 Cine Clube, e a conferên- cia Difícil é Educá-los, a proferir pelo Doutor David Justino. Criando laços e desfazendo nós Destaque Sexta-feira H.O.T. Rúben Correia: uma revelação página Destaque Projeto GAVEl: inovar para progredir página Destaque Diana Teixeira: «Prémio Frias Martins» página

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OUTUBRO DE 2011

n 01

COORDENAÇÃO: GRAÇA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE

Para ser homem não basta nascer, é necessário tam-bém aprender - afirma Fernando Savater em O Valor de Educar. É, portanto, necessário fazer com que a hu-manidade, traço com que nascemos, disponha de con-dições para se desenvolver. Nascemos para ser ho-mens: sê-lo-emos na justa medida em que nos abrir-mos a essa possibilidade. Ser humano implica, pois, uma aprendizagem. Esta re-quer, contudo, condições para se efetivar. Obriga, lem-bra-nos Savater, a desenvolver relações com os outros, pois conhecer é dominar o significado que os outros atribuem às coisas. Aprender pressupõe, então, sair-mos de nós próprios. A escola é, consequentemente, o lugar onde as rela-ções entre sujeitos acontecem. As viagens proporcio-nadas pela escola no mundo do outro, os laços que criam e consolidam, não fazem dos alunos seres este-reotipados. Pelo contrário, é função da escola, en-quanto instituição educativa, desfazer os nós que im-pedem o desabrochar do eu singular, irrepetível, que em nós existe. Este é, sem dúvida, o objetivo que a Escola Secundária das Laranjeiras se propôs atingir já lá vão anos. No caminho seguido, também foi aprendendo a Ser. O cu-nho que lhe foram imprimindo todos quantos por ela passaram é certamente reconhecido. VitaL, cujo primeiro número hoje se publica, fará eco do seu pulsar, pois, como o sugere o título deste suple-mento, será o porta-voz da vida (vita) da Escola Secun-dária das Laranjeiras (L), daquilo que, alimentando-a, lhe é vital.

Editorial «VITAL»: A vida que é vida

ESLaranjeiras: anos ao serviço da inovação na educAÇÃO No dia 4 de Outubro p.p., a Comissão Organizadora das Comemorações dos 25Anos da Escola Secundária das La-ranjeiras apresentou, em Conferência de Imprensa, o programa comemorati-vo daquela efeméride, cujo lema é Des-fazer nós, criar laços, realçando os prin-cipais desideratos da escola nos últimos 25 anos: estabelecer vínculos significa-tivos com a sociedade açoriana; encarar holisticamente a educação. A Comissão Organizadora acolheu múltiplas propostas de atividades a desenvolver nos domínios da Cultura, da Educação, do Desporto e da Saúde, ao longo do ano letivo, pelos vários De-partamentos Curriculares.

Considerando que a ESLaranjeiras ce-lebra o seu 25.º aniversário no próximo dia 17 de dezembro, referiremos, ape-nas, as iniciativas que ocorrerão duran-te o 1.º Período. Assim, destacamos as edições comemo-rativas dos 25 Anos, que incluem a apre-sentação da Medalha, a publicação do li-vro Sem memória não há futuro e do su-plemento do Açoriano Oriental, «VitaL». Relevamos, ainda, dois concursos: um de fotografia e outro de escrita criativa. A se-mana de 12 a 18 de dezembro p.f. será o ponto alto das comemorações. Teremos a apresentação de diversas atividades (con-cursos, exposições, jogos, aulas abertas e conferências), a promover por cada De-

partamento Curricular. Realizar-se-á, a 16 de dezembro, o jantar comemorativo dos 25 anos, iniciativa a cargo dos alu-nos dos cursos de PROFIJ. A 17 de de-zembro, no Teatro Micaelense, terá lugar o espetáculo - Versões do Mundo e de Mim -, que envolverá alunos de todos os anos de escolaridade, e, no dia 18, assis-tiremos ao filme Agir, realizado no âmbi-to do Projeto Equal. Por último, realçamos o Clube Gavel, o Ciclo de Cinema Reflexão para a Edu-cAÇÃO, iniciativa que tem como par-ceiros o Instituto Cultural de Ponta Del-gada e o 9500 Cine Clube, e a conferên-cia Difícil é Educá-los, a proferir pelo Doutor David Justino.

Criando laços e desfazendo nós

Destaque Sexta-feira H.O.T. Rúben Correia: uma revelação

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Destaque Projeto GAVEl: inovar para progredir

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Destaque Diana Teixeira: «Prémio Frias Martins»

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02 OUTUBRO DE 2011

Foi precisamente há vinte anos que ini-ciei o meu percurso académico na Escola Secundária das Laranjeiras, no ano letivo de 1991/1992. Acabava de aterrar num mundo completamente desconhecido e gi-gantesco para quem tinha passado oito anos no Colégio de São Francisco Xavier. Apesar das dificuldades iniciais de adapta-ção, hoje, posso dizer, que foram seis anos enriquecedores para o meu crescimento como aluno, adolescente e cidadão. Um tempo significativo da minha vida em que

fiz muitas amizades, perdurando, algu-mas, até à atualidade. Foi na Escola Secundária das Laranjeiras que despertei para o «bichinho» do des-porto, nomeadamente o voleibol, ao qual estive ligado durante mais de quinze anos, e onde conheci o amor da minha vida, a mãe dos meus lindos filhos. Tive o orgu-lho de representar, em várias ocasiões, a se-leção da Escola nos Jogos Desportivos Es-colares, levando a nossa equipa a gloriosas vitórias. Todavia, a minha passagem pela Escola Secundária das Laranjeiras também foi marcada pela participação em inúmeras atividades culturais que me permitiram conhecer notáveis personalidades. Re-

cordo, com saudade, a visita do escritor José Cardoso Pires, a conferência profe-rida por Maria Odette Santos Ferreira, farmacêutica e investigadora na área da SIDA; a interessante conversa que Daniel Sampaio manteve connosco sobre a ado-lescência; a dramatização do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, entre muitas outras iniciativas que nos mostra-ram o mundo, quando o mundo ainda não cabia no Google. Muitos parabéns pelas Bodas de Prata! Que a Escola Secundária das Laranjei-ras continue a cumprir a missão de pro-porcionar aos alunos todas as condições necessárias para alcançarem um futuro brilhante.

... E o mundo não cabia no GoogleTestemunho

Clube GAVEL Quando comunicar é liderarNo dia 12 de outubro p.p., rea-lizou-se, na Biblioteca da ESLa-ranjeiras, a reunião zero do Ga-vel Club das Laranjeiras (GCL), dirigida pelo seu Counsellor, Dr. Igor Furnas, membro efetivo dos Toastmasters Internatio-nal. Serviu, essencialmente, para demonstrar, com a precio-sa colaboração de vários alunos, como o GCL poderá ajudar os seus membros a serem melho-res comunicadores e líderes num ambiente positivo de cons-tante entreajuda e de aprendi-zagem pela prática, no meio dos seus pares. Ao longo de 1h15m, oito alunos apresentaram e avaliaram dis-cursos, geriram a sessão, de-sempenhando algumas das fun-ções definidas nos manuais Toastmasters, organizados de forma a proporcionar aos mem-bros do GCL uma gradual apro-priação das regras do Clube. Esta é uma iniciativa inovadora, adesenvolver pelos alunos da ESLaranjeiras. Com ela, criou-se um «laboratório» onde, atra-vés do trabalho em equipa, os membros do clube melhorarão as suas competências de comu-nicação e de liderança.

Atividades

A sala do Instituto Cultural de Ponta Delgada foi pequena para acolher quantos se predispuse-ram a participar no debate Edu-cAÇÃO, suscitado pelo visiona-mento do filme Mr. Holland's Opus, de S. Hereck. A fita convidou-nos a seguir o percurso de um «professor», o músico Gleen Holland, marcado por diversos reveses. A sua re-presentação da docência - part

time que lhe permitisse ter tem-po para produzir uma grande obra musical (Opus) - é o leitmo-tif a partir do qual se vai cons-truindo a matriz da condição do-cente. Ser professor é, então, dar aten-ção à singularidade do outro, valorizar a sua «enciclopédia», fazer concessões enquanto ex-pedientes ao serviço de aprendi-zagens significativas. Ou seja, a

docência é sinónimo de autorre-flexão, de sonhos pessoais adia-dos, de reconhecimento que tei-ma em tardar. É-o afinal de de-ceções erigidas em vitórias, porque a extraordinária obra de um professor é um nada que é tudo. Estas foram as chaves de leitura do filme, deixadas por Carla Mo-rais e Sandra Costa, do Departa-mento de Línguas Românicas.

Refletir a EducAÇÃO A grandeza dos pequenos gestos

Ciclo de Cinema: O Professor

NOME: Luís Filipe Carvalho IDADE: ANOS PROFISSÃO: Farmacêutico

Termino, com orgulho, o secundário em Portugal!

A ESLaranjeiras é um espa-ço que conheço e onde sou conhecida. Nem sempre foi assim… Comecei a frequentar a esco-la portuguesa com 11 anos. Como não falava português, passei literalmente as pri-meiras semanas a "olhar para as paredes". Mas, com a ajuda dos meus colegas, fui "apanhando a língua". Os professores, pacientes e sim-páticos, também me ajuda-ram. No meu país, os alunos não interagiam com os professo-

res espontaneamente. Estra-nhei, mas passei a gostar. Também não estava habitua-da a passar tantas horas na escola. Valorizo as alternativas que os professores usam para transmitir os conhecimen-tos: filmes, debates… Frequento o 12.º ano e sinto-me grata pelas experiências que a escola me proporcio-nou. Não sei se me sinto mais ucraniana ou portuguesa… Sinto-me bem e isto é o que importa.

Nesta escola cabe o mundo

NOME: Oksana Zagoruy IDADE: 1 ANOS PAÍS: Ucrânia SEXO: Feminino

«O melhor cami nho para aprendermos a falar em público!»

NOME: Sara Melo TURMA: 1.º F

«Quero saber realizar um discurso fluente, objetivo e apelativo»

NOME: João Rui Miguel TURMA: 1.º F

«É pedagogicamente enriquecedor»

NOME: Henrique Fonseca TURMA: 1.º A

Sessão após sessão, tomamos consciência dos nossos principais erros de dicção, de colocação de voz, aprendemos a usar os gestos e a evitar «bordões linguísticos», ganhamos auto-confiança e senti-mo-nos capazes de falar, de forma fluente e eficaz.

É um projeto que desenvolverá as minhas capacidades nos domínios da liderança e da comunicação. Na primeira sessão, desempenhei o papel de avaliador. Senti que realizar um discurso breve e obje-tivo não é tarefa fácil. Temos de evoluir.

Pode ajudar qualquer aluno a me-lhorar a sua confiança e, conse-quentemente, o seu desempenho em apresentações orais. É um pro-jeto interessante, porque progre-dimos com as avaliações feitas pe-los nossos pares.

03OUTUBRO DE 2011

Leitor do mês

William Golding: As Distopias do Mundo ContemporâneoAs distopias do mundo contem-porâneo na obra O Deus das Moscas, de William Golding, fo-ram evidenciadas pela doutora Maria Leonor Sampaio da Silva, docente do Departamento de Línguas e Literaturas Modernas, da Universidade dos Açores, numa palestra que decorreu no dia 3 de outubro, pelas 10 horas e 30 minutos, na Biblioteca da Escola Secundária das Laranjei-ras, no âmbito do Programa Co-memorativo dos 25 Anos desta unidade orgânica. Ao longo da obra, a visão da in-fância e da primeira juventude como um tempo de inocência e de bondade é completamente destruída, sendo salientadas a precariedade da ordem e da uni-dade pessoal e social. Daí o título da palestra «William Golding e as distopias do mundo contemporâ-neo», entendendo-se por «dis-topia» a antítese do conceito de utopia ou a promoção da vivência de uma utopia negativa. De facto, como referiu a doutora Maria Leonor Sampaio da Silva, a vio-lência, a barbárie e o narcisimo exacerbado são algumas das te-máticas que surgem nesta obra à medida que um grupo de rapazes, que chega a uma ilha deserta no pacífico, luta pelo poder, forman-do-se dois grupos: o da sobrevi-vência do mais forte, represen-tado por Jack, e o do reino da lei, representado por Ralph. Guer-ra, medo e vitimação de inocentes

levam a um estado de selvajaria, ao colapso da sociedade infanto-juvenil. Três possíveis abordagens de lei-tura foram apresentadas: a filo-sófico-religiosa (assente na opo-

sição entre pecado e castigo, bem e mal, e razão e instinto), a psi-canalítica (baseada no confron-to entre id, ego e superego) e a po-lítico-sociológica (fundada na oposição entre autoridade e liber-dade). Sintetizando, a nossa palestrante referiu três mensagens que se po-dem extrair desta obra, na qual «o Outro é um figurante sem im-portância» e o tema da violência impera: o fim da visão da infância e da primeira juventude como

um tempo de inocência e bonda-de, a precariedade da ordem e da unidade pessoais e sociais e a des-construção do Modelo Utópico. O Deus das Moscas (1954), um "romance distópico" pelo seu pessimismo, é a mais emblemá-tica obra de William Golding, es-critor inglês nascido a 19 de se-tembro de 1911, distinguido com o prémio Nobel da Litera-tura, em 1983, comemorando-se este ano o centenário do seu nas-cimento.

Conferência

No dia 14 de outubro, a biblioteca da ESLaranjeiras encheu-se de alunos do 3º Ciclo, que deram as boas-vindas a um jovem e talen-toso escritor: Rúben Correia que, com apenas 14 anos, já realizou um dos sonhos da sua vida: pu-blicar um livro. Frequentando o 9ºAno na Escola Básica e Integrada de Rabo de Peixe, Rúben Correia apresen-tou-nos o seu primeiro livro - Ka-mel e a lâmpada árabe - inspira-do numa viagem que realizou com os pais à Tunísia. O livro relata a história de Ka-mel, um menino aventureiro, que viaja por algumas ilhas dos Açores, chega às Canárias e até faz comércio na Índia. Todavia, avisa o autor: «Esta é uma obra de ficção em que introduzi al-guns factos da História de Por-tugal. Quero, acima de tudo que, ao lerem as aventuras do Kamel, fiquem tão entusiasma-

dos como eu fiquei ao escrevê-las.» Mas a primeira sessão da «Sexta-Feira H.O.T.» deste ano letivo foi também uma oportunidade para conhecermos melhor o Rúben que, amavelmente, respondeu às nossas perguntas. Nasceu no dia 1 de março, per-tence ao signo Peixes e, ao contrá-rio do que poderíamos pensar, não quer fazer da escrita a sua vida, pois será sempre um hobby, tal como a música. A sua verdadeira vocação, confes-sou ele, é ser Primeiro-Ministro de Portugal e, para tal, deseja fre-quentar o curso de Ciências Polí-ticas e Relações Internacionais. Aliás, já começou a contatar com as mais altas individualidades do país, pois enviou ao Primeiro-Mi-nistro e ao Presidente da Repú-blica este seu livro e já recebeu palavras de agradecimento e de incentivo. (Ver caixa)

Rúben Correia A escrita como hobby Por Daniela, Renata, Rafaela, Simone e Soraia (.ºD)

Sexta-feira H.O.T.

NOME: Daniela Canha IDADE: 1 anos PROFISSÃO: Estudante TURMA: 1.º B

Lendo, aprendo a perspetivar a realidade

A Daniela considera-se uma pessoa muito racional e per-sistente, pois, mesmo que fa-lhe, ela não desiste quando acredita que consegue fazer aquilo a que se propôs. Afirma ter plena consciência da sua pessoa, inclusiva-mente dos seus defeitos, aceitando bem todas as críti-cas construtivas. Confessa que, quando era criança, não demonstrava grande gosto pela leitura, mas que aos onze anos, por influência de uma professo-ra de português, a qual guar-da na sua memória, leu o seu primeiro livro, e, desde en-tão, ler, para ela, tornou-se num verdadeiro vício. Prefere ler dramas e roman-ces policiais, mas só se sensi-

biliza com temas reais, uma vez que se considera extre-mamente realista, sentindo-se cativada pelos temas mais chocantes que a realidade apresenta. Todavia, possui uma imaginação sempre desperta. A sua escritora preferida é Jodi Picoult, recomendando o seu livro O Pacto a qual-quer pessoa. Para a Daniela, a autora con-segue, com extrema sensibi-lidade, envolver-nos na his-tória, fazendo-nos sentir parte integrante da mesma e dando-nos a impressão de que conhecemos as persona-gens melhor do que elas pró-prias. Presentemente, está a ler o romance póstumo de Eça de Queirós, A Tragédia da Rua das Flores. Após conhecer o mundo da literatura, a Daniela sente que os livros serão uma ativi-dade de lazer que lhe pro-porcionará companhia e momentos de qualidade, permitindo-lhe deambular pelo mundo da imaginação e adquirir uma perspetiva di-ferente da realidade.

Para além disso, ficamos a saber que se considera simpático, mas um pouco teimoso. Aprecia o apoio incondicional que os pais lhe dão e a sincerida-de dos seus verdadeiros amigos. Gostava de ter conhecido José Saramago e ainda espera poder conversar com Nicolau Breyner. Citando Álvaro de Campos, reve-la o seu lema de vida: «... tenho em mim todos os sonhos do mundo».

COMPANHIA DOS LIVROS

O Deus das Moscas, um “romance distópico” pelo seu pessimismo, é a obra mais emblemática de William Golding

04 OUTUBRO DE 2011

A Ciência é uma incubadora de incerte-zas e de controvérsias. Há que associar a Biologia à Bioética. Deve a moral ser expulsa da experimentação, ou deverá fazer parte da mesma? Há limites para fazer Ciência? Neste acalorado debate, surgem procedimentos revolucionários e perturbadores, como a clonagem e a manipulação genética. OGM é um organismo cujo material ge-nético foi modificado (manipulado); transgénico é um organismo que possui no seu material genético um ou mais ge-nes de outro organismo. Na manipula-ção genética, há vantagens e há temíveis desvantagens. Num prato da balança, temos aumento da produtividade; redu-ção de químicos no combate a pragas; melhoria da qualidade nutricional do alimento; combate à subnutrição; pro-dução de medicamentos. No outro pra-to da balança, há resistência aos antibió-ticos; redução da biodiversidade; au-mento de alergias; dispersão do pólen

transgénico; poluição genética e am-biental. Não devemos subestimar os perigos da manipulação genética. A informação dis-ponível é escassa. O debate deverá apro-fundar o assunto e exigem-se estudos científicos credíveis. Os cidadãos não po-dem ser as cobaias das lucrativas mul-tinacionais dos transgénicos.

Manipulação Genética: Evolução ou Calamidade?

Foi enorme a satisfação que senti quando me foi comunicado que havia ganho o pré-mio «Professor Frias Martins», que consis-tia em acompanhar uma comunidade científica numa expedição à ilha de Santa Maria. Foram três dias repletos de conhecimen-to e de emoção. Uma experiência única! Participei com muito entusiasmo em todas as atividades que realizámos naqueles dias, desde a visita e exploração das jazidas fossilíferas, ao estudo das espécies mari-nhas vivas. Apreciei conviver com todos

aqueles cientistas que nos acompanharam e nos transmitiram inúmeros conheci-mentos. Foi também muito importante a professora que me acompanhou, pelo apoio que me prestou e pelas dúvidas que me esclareceu. Não posso também esque-cer os laços de amizade que construí du-rante aqueles dias inesquecíveis. Foi, sem dúvida, uma experiência sem pa-ralelo, pois foi enriquecedora, tanto para a minha vida pessoal como para a minha vida académica. Senti-me privilegiada por visitar todos aqueles lugares, como, por exemplo, a «Pedra-que-Pica», uma plata-forma de sedimentos marinhos fossilíferos Plistocénicos, que está à mercê das intem-péries e das alterações climáticas e que, ano após ano, se degrada… Daqui a alguns

anos, deixará de estar como eu a conheci. Oxalá estivesse! Também tive a oportunidade de conhecer outros vestígios fossilizados em Santa Ma-ria, os quais nos mostram, de uma forma tão subtil e maravilhosa, a importância do passado para a Ciência do presente, bastando saber interpretá-los com muita sensibilidade e paciência, como o fizeram sabiamente todos os biólogos, geólogos e paleontólogos que participaram naquela expedição. Foi, certamente, uma viagem que mudou a minha maneira de ver a Ciência e um gran-de incentivo a fazer cada vez melhor o nos-so «trabalho», que é estudar. Fico muito grata pela oportunidade que me foi dada!

Prémio «Professor Frias Martins»: uma experiência sem paralelo

Os currículos nacional e regional recomendam que se criem am-bientes de aprendizagem diversi-ficados e significativos, numa perspetiva de ensino e de apren-dizagem, de modo a dotar os alu-nos das competências cognitivas, sociais e psicomotoras necessá-

rias ao exercício cabal de uma ci-dadania responsável. Os docentes do departamento de Ciências Naturais sempre prima-ram pela realização de atividades extracurriculares que, paralela-mente às atividades de sala de aula, concorressem para a varia-

bilidade pedagógica e metodo-lógica. Assim, têm sido assinaladas datas como o "Dia Mundial da Alimen-tação", com a recolha de alimen-tos para famílias carenciadas e a sensibilização para uma alimen-tação equilibrada; o "Dia Mun-dial da Floresta" foi comemorado através de concursos que subli-nharam a importância da preser-vação do património florístico dos Açores. Salientamos a "Semana das Ciências", que incluiu diver-sas atividades, como a "Feira de Minerais", exposições e aulas abertas à comunidade escolar. Realizaram-se sessões de sensibi-lização destinadas aos discentes, alertando-os para os malefícios do tabaco e para uma correta ges-tão dos resíduos produzidos no espaço doméstico. Foram também realizadas visitas de estudo que visaram, essencial-mente, proporcionar aos alunos o conhecimento direto da realida-

de açoriana e a respetiva relação com as aprendizagens curricula-res. Assim, os alunos ficaram na posse de mais e melhores ferra-mentas para resolverem as situa-ções com que são confrontados. Neste contexto, ocorreram deslo-cações à EXPOLAB, ao OVGA, ao Hospital, à Associação Agríco-

la, a explorações pecuárias, à gru-ta do Carvão, à ETAR e à UAC. O departamento continua envol-vido no projeto "Água fonte de vida", financiado pela SRCTE, cujo objetivo central é o estudo da biodiversidade dos charcos e a sua relação com as condições abióticas envolventes.

Aulas de Ciências Naturais fora de portasDepartamento de Ciências Naturais

Com o objetivo de estimular a imagina-ção e a criatividade dos alunos, de sen-sibilizar a comunidade escolar para a ne-cessidade de separar os resíduos reutili-záveis e para as vantagens da reciclagem em termos de poupança dos recursos na-turais do nosso planeta, funciona a ofici-na «Reutilizar com Arte», com a par-ticipação assídua de alunos e professores do conselho eco-escola. Neste espaço, os intervenientes trocam ideias com vista a conceber projetos de transforma-ção/reutilização de resíduos, selecionam e armazenam os resíduos a transformar (rolhas de cortiça, CD's, disquetes, papel e cartão, garrafas de plástico) e cons-troem produtos esteticamente agradá-veis e de utilização prática. Paralelamente, realizam-se ações tenden-tes a sensibilizar os alunos para a necessi-dade de reduzir a produção de resíduos e para as vantagens da separação, reuti-lização e reciclagem. Como estratégia de abordagem ao tema, é apresentado o lixo

reciclável recolhido durante uma semana, para que os alunos tenham noção da quantidade produzida. Posteriormente, através do diálogo, vão-se explorando ideias e estratégias para reduzir a acumu-lação de resíduos no aterro sanitário e para evitar o esgotamento dos recursos naturais.

Reutilizar com Arte: Uma oficina de ecologia

Testemunho

NOME: Diana Teixeira IDADE: 1 ANOS PROFISSÃO: Estudante TURMA: .º D

Equipa Editorial: Bruno Almeida Duarte; Graça Meneses; João Pedro Vaz de Medeiros; Margarida Freire de Andrade e Margarida Viveiros Colaboraram neste número: Igor Furnas e professores do Departamento de Ciências Naturais, coordenados por Helena Carreiro.