e brasil pequeno

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    e-BrasilUm programa para acelerar o

    desenvolvimento socioeconômicoaproveitando a convergência digital

    Peter Titcomb KnightCiro Campos Christo Fernandes

    ORGANIZADORES

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    Copyright  © 2006 Yendis Editora Ltda.

    Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qual-quer processo, sem a autor ização escrita da Editora.

    Editor: Maxwell M. Fernandes

    Coordenação editorial: Juliana Simionato

    Assistente editorial: Wellington Santos

    Projeto gráfico e editoração eletrônica: Leonardo Seiji Miyahara

    Preparação de texto: Marilu Maranho Tasseho

    Capa: Eduardo Bertolini

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    e-Brasil : um programa para acelerar o desenvolvimento socioeconômicoaproveitando a convergência digital / Peter Titicomb Knight, Ciro CamposChristo Fernandes Fernandes, organizadores . -- São Caetanos do Sul, SP :

     Yendis Editora, 2006.

    Vários autoresBibliografiaISBN 85-98859-79-6

    1. - Brasil – Condições econômicas. 2. Desenvolvimento econômico 3.Programa e-Brasil 4. Sociedade da informação 5. Tecnologia da informaçãoI. Knight, Peter Titcomb. II Fernandes, Ciro Campos Christo.

    06-6753 CDD-303.48330981

    Índices para catálogo sistemático:1. Brasil : Inclusão digital : Tecnologia de informação e comunicação :

    Aspectos sociais 303.48330981

    Impresso no Brasil

    Printed in Brazil 

     Aviso: a editora e o autor se isentam de qualquer responsabilidade por possíveis danos ouperdas a pessoas ou bens advindos do uso desta publicação.

     Yendis Editora Ltda.Av. Guido Aliberti, 3069 – São Caetano do Sul – SPTel./Fax: (11) 4224-9400

     [email protected] www.yendis.com.br 

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    Organizadores

    Peter Titcomb KnightCiro Campos Christo Fernandes

    Autores

    e-Brasil

    Alexandre Fernandes BarbosaÁlvaro GregórioAna Maria CarneiroAndré Barbosa FilhoCarlos Alexandre Dias PerezChong Yoke SinChristine DeslogesCid TorquatoCiro Campos Christo Fernan-desClaudine Bichara OliveiraCosette CastroCristian LimaCristina Kiomi MoriDaniel AnnenbergDaniel Domeneghetti

    Eduardo Henrique Pereira deArrudaEduardo Moreira da CostaElizabeth Veloso BocchinoEthel Airton CapuanoFelipe Silveira MarquesFernando BittencourtFernando Inácio de FariaFlorencia Ferrer Franklin Dias CoelhoGiancarlo Nuti StefanutoHenrique César de Conti Jeongwon Yoon João Corte Magalhães Filho João Yutaka Kitahara Joaquim Castro de Oliveira

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     vi e-Brasil

     Jorma Routti

     José Vicente da Silva FilhoLeandro CorteLeonardo Boselli da MottaLuiz Márcio SpinozaManju HaththotuwaMárcio Ruiz SchiavoMarco Antonio Masoller Eleu-tério

    Marcos Ozório de AlmeidaMaria Alexandra CunhaMaria das Graças AlvimNagy HannaPatrícia PessiPatricio GutiérrezPaulo Alcântara Saraiva LeãoPaulo Bastos Tigre

    Peter Titcomb Knight

    Ramiro WahrhaftigRenato M. E. SabbatiniRoberto Meizi AguneRodrigo AssumpçãoRogério Santanna dos SantosSolon Lemos PintoTadao TakahashiVagner Diniz

    Vanda ScarteziniVanessa M. ZehnderVilson VedanaWagner Frederico Gomes deAraújoWilliam Tyler  Yip Kong Ban

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    Apresentação, ix 

    1. O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil, 1

    O Brasil pode e deve ser melhor, 1

    O passado inspira, mas precisamos de uma nova base

    tecnológica, visão, líderes e apoio popular, 3O que é o e-desenvolvimento? , 5

    Rumo a uma estratégia de e-desenvolvimento para o Brasil:

    o Projeto e-Brasil , 7

     Visão estratégica, diretrizes e ações: o Programa e-Brasil , 10

    e-Governo, 16

    Setores estratégicos, 23

    2. Experiências internacionais e brasileiras de e-desenvolvimentoe caminhos para o e-Brasil, 32

    Experiências internacionais, 32

    Estratégia, comunicação e liderança, 40

    Info-estrutura e inclusão digital, 44

    Cidades digitais, 50

    e-Governo, 51

    Setores estratégicos, 60

     Trabalhos desenvolvidos para o projeto e-Brasil , 65

    Sumário

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     viii e-Brasil

    3. O programa e-Brasil e as eleições: um decálogo para

    os candidatos, 67

    Sobre os autores, 72

    Referências bibliográficas, 84

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    A convergência digital – da informática, da televisão digitale das telecomunicações – vem reduzindo rapidamente os custose ampliando as possibilidades de comunicação, aprendizagem enegócios na economia global, cada vez mais baseada no conhe-cimento. Essa convergência, impulsionada pela revolução tecno-

    lógica, pode abrir as portas da sociedade da informação para to-dos os brasileiros, oferecendo uma oportunidade extraordinária,que dificilmente se repetirá, para resolver a centenária “questãosocial”: a das desigualdades socioeconômicas extremas, herdadasdo passado, e melhorar a competitividade da economia brasileira,aumentando a produtividade das pessoas e empresas e ainda re-duzindo o “custo Brasil”, que onera o comércio internacional efreia o investimento.

    Os autores deste livro acreditam que é possível realizar essesgrandes objetivos em dois mandatos presidenciais até 2014, tor-nando fácil cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milêniodas Nações Unidas, que colocará o Brasil no caminho para ser umpaís do primeiro mundo até 2022, no bicentenário da indepen-dência. A tecnologia já está disponível, já existem países que trilha-ram ou trilham esse caminho, e já temos municípios brasileiros quemostraram que isso é possível. Não faltarão para isso tampouco

    Apresentação

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     x  e-Brasil

    recursos financeiros nacionais e internacionais. Os recursos finan-

    ceiros podem ser facilmente mobilizados quando há:

    lideranças que compartilham com o povo uma visão de ondequerem ir e como chegar lá;prioridade política para tornar essa visão uma realidade;políticas públicas coadjuvantes;programas e projetos financiáveis para tornar essa visão umarealidade.

    O objetivo deste livro – o segundo numa série de três pu-blicados ou a serem publicados neste ano eleitoral de 2006 – éapresentar o Programa e-Brasil  e a resenha dos trabalhos que com-porão o terceiro livro, que será publicado em seguida. Versõespreliminares da maioria desses trabalhos são foram apresentadaspelos autores na Conferência Internacional do Projeto e-Brasil,realizada entre os dias 22 e 24 de maio de 2006 em Piraí, primeira

    cidade digital do Estado do Rio de Janeiro. O primeiro livro, jápublicado, apresentou o Projeto e-Brasil  e algumas de suas premis-sas e idéias.1

    Este livro tem três capítulos. O primeiro apresenta o Projetoe-Brasil  e o Programa e-Brasil, que inclui as idéias e propostas paraas políticas públicas que surgiram das pesquisas dos autores sobreexperiências internacionais e brasileiras, que chamamos e-desenvol-vimento, conceito explicado nesse mesmo capítulo. O segundo é

    uma resenha que antecipa o conteúdo dos trabalhos que compo-rão o livro completo, no qual os autores apresentarão em detalhesessas experiências e propostas. O terceiro capítulo é o Decálogo docandidato e-Brasil , que sintetiza o que esperamos que os candidatosdestas eleições de 2006 assumam como compromisso perante asociedade de utilização intensiva das Tecnologias da Informação eComunicação (TICs) para tornar o e-Brasil uma realidade.

    1  KNIGHT, Peter. Rumo ao e-Brasil . Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

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     xi

    Este livro é resultado do trabalho de uma equipe de 52 auto-

    res brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil e nove especia-listas de outros países.2 Esses autores têm as mais diversas afiliaçõesinstitucionais e políticas: vêm de governos, do setor privado e dosetor acadêmico. O que os une é a convicção de que com o usointensivo das TICs será possível que o Brasil vença os obstácu-los que o impedem de ser um país desenvolvido, e realizar seuenorme potencial, contribuindo para a solução dos grandes desa-fios globais: a eliminação da pobreza extrema, o desenvolvimento

    ecologicamente sustentável e a paz mundial.Este livro mostra um ponto de vista e aponta um caminhopossível. Os seus autores esperam que atraia as lideranças políticas,indispensáveis para esta tarefa.

    PETER TITCOMB KNIGHT

    Coordenador do Projeto e-Brasil

    www.e-brasil.org.br 6 de setembro de 2006

    Apresentação

    2  Agradecemos à Fundação Ford seu apoio na organização da Conferência Inter-nacional do e-Brasil, ao Hotel-Fazenda Arvoredo em Barra do Piraí – RJ que ahospedou, à Hispamar que forneceu conectividade à Internet via satélite durante suarealização, à Fundação Euclides da Cunha, da Universidade Federal Fluminense, pelagestão dos recursos financeiros do projeto, a Franklin Dias Coelho que organizou a

    conferência e a Bruno Dias Coelho que a apoiou durante dois meses.

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    O projeto e-Brasile o programa  e-Brasil1 1

    O Brasil pode e deve ser melhor 

    Atualmente, o Brasil não possui uma visão unificadora dosseus objetivos para o desenvolvimento. O Brasil padece de proble-mas sociais arraigados nas acentuadas desigualdades de distribuição

    de renda, riqueza e acesso à saúde e educação, entre muitas outras.Essas desigualdades, que exprimem a centenária “questão social”,ameaçam a coesão social, minam a segurança pública e tambémreduzem a competitividade econômica. Como um Brasil comgrandes contingentes de analfabetos funcionais vai enfrentar con-correntes como a Coréia e a China, onde se constroem sistemaseletrônicos de educação permanente para suas forças de trabalho?As profundas desigualdades sociais e econômicas do país apenas

    começam a ser tratadas e a sua resolução é crucial para realizar opotencial econômico brasileiro e assegurar a estabilidade política.

    O país está enfrentando sua pior crise política desde a redemo-cratização, na década de 1980. É grande a frustração com o crime,

    1  Os organizadores agradecem a Maria Alexandra Cunha pela ajuda na redaçãofinal deste capítulo, a Franklin Dias Coelho, Nagy Hanna e Miguel Solana pelassugestões e comentários valiosos sobre o texto que serviu de base para a primeiraparte deste capítulo, e também aos demais autores, cujos trabalhos e comentários

    contribuíram para a elaboração do Programa e-Brasil  apresentado aqui.

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    2 e-Brasil

    com a corrupção, com as instituições políticas carentes de responsi-

    vidade, com o sistema judicial lento e com a perda de oportunida-des econômicas. Entre as elites, ou mesmo na população em geral,não há consenso em relação à estratégia de desenvolvimento.

    Mas essa crise é também uma oportunidade. As eleições de2006 podem e devem ser aproveitadas para promover um debatenacional sobre como acelerar o desenvolvimento social e econô-mico, melhorar a competitividade e atrair os investimentos maci-ços, de fontes nacionais e internacionais de que o Brasil precisa.

    Nos últimos 25 anos, a média de crescimento econômico doBrasil tem sido menor que metade da taxa de 5,5% obtida no pe-ríodo 1920-1980. Também foi menor que a da Índia e da China,para mencionar dois países grandes e complexos, menor que a dos“tigres asiáticos”, menor que a do Chile e Costa Rica, na AméricaLatina, e mesmo em relação a alguns países europeus, menor quea da Finlândia e Irlanda (Tabela 1.1). É um resultado medíocre emuito aquém do potencial do país.

     Tabela 1.1. Taxas percentuais médias anuaisde crescimento do PIB, 1980-2003

    País 1980-1990 1990-2003

    China 10,3 9,6

    Índia 5,7 5,9

    Coréia 9,0 5,5

    Hong Kong, China 6,8 3,7

    Malásia 5,3 5,9

     Tailândia 7,6 3,7

    Cingapura 8,7 6,3

    Chile 4,2 5,6

    Costa Rica 3,0 4,8

    Finlândia 3,3 2,8

    Irlanda 3,2 7,7

    Brasil 2,7 2,6

    Fonte: World Bank (2005).

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    3Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    Pior, quando as taxas médias de crescimento do PIB medidas

    pela paridade do poder de compra (PPC) no período entre 1991-2003 são projetadas para o período de 2004-2015, os resultadossão dramáticos (Figura 1.1). Entre os países emergentes gigantesque não pertencem a grandes blocos comerciais – Brasil, Rússia,Índia e China (agora denominados BRIC) – o Brasil se encontraligeiramente à frente da Rússia quanto ao PIB, a Índia avança e aeconomia da China ultrapassa a dos Estados Unidos. Esse não é ocenário que a maioria dos brasileiros deseja para o Brasil.

    16

    14

    12

    10

    8

    6

    4

    2

    02003 2005 2007 2009 2011 2013 2015

    China

    Estados Unidos

    Índia

     Japão

    AlemanhaItália França   CanadáReino Unido

    México Brasil Federação Russa

    Figura 1.1. PIB real (PPC), projeções 2004-2015 (usando as taxas médias

    de crescimento de 1991-2003).Fonte: Carl Dahlman, apresentação no Banco Mundial, março de 2005, KE Fórum IV.

       T  r   i   l   h   õ  e  s   d  e   U   S   $   i  n   t  e  r  n  a  c   i  o  n  a   i  s   d  e   1   9   9   5

    O passado inspira, mas precisamos de uma nova basetecnológica, visão, líderes e apoio popular 

    O Presidente Juscelino Kubitschek conseguiu mudar o paísna década de 1950 com sua visão transformadora. Uma nova visãopara o desenvolvimento brasileiro, com um poder mobilizador

    semelhante ao do slogan de sua campanha: “50 anos em 5”, e seuPrograma de Metas, poderia desempenhar um papel importante

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    4 e-Brasil

    na aceleração do desenvolvimento socioeconômico do Brasil nes-

    te início do século XXI.Na visão de JK, o desenvolvimento da indústria automobilís-tica e da rede energética, a construção de uma rede viária nacionale a mudança da capital, do Rio de Janeiro, para uma nova cidadeno coração do país desempenharam um papel importante.

    Hoje, a base tecnoeconômica de uma nova visão desenvolvi-mentista devem ser as Tecnologias da Informação e Comunicação(TICs) e suas indústrias de telecomunicações, hardware   e software .

    Hoje, as estradas de que necessitamos são digitais – infovias que po-dem fomentar uma nova interiorização do desenvolvimento, elevan-do padrões de vida em todo o território nacional e ao mesmo tempotornando o país mais competitivo numa economia mundial cada vezmais movida pelo conhecimento. Mas as indústrias do setor de TIC ea info-estrutura são meios e não fins. Também precisamos de recursoshumanos especializados e capacitados para criar e usar as TICs, delideranças científicas, empresariais e políticas e de técnicos e trabalha-

    dores digitalmente alfabetizados. Numa perspectiva tecnológica, essainfo-estrutura já existe ou pode ser facilmente construída. Recursosfinanceiros não são um obstáculo: faltam prioridade política, organi-zação e mais recursos humanos especializados.

    A e-governança pode fazer com que o cidadão poupe tempo edinheiro, pode diminuir o custo do governo, aumentar a qualida-de dos serviços públicos, reduzir oportunidades para a corrupção,melhorar a segurança pública, contribuir para a reforma no Judi-

    ciário, melhorar a transparência do processo legislativo, responsa-bilizar os legisladores e encorajar a participação dos cidadãos. Es-tes são objetivos amplamente aceitos e almejados pelo eleitoradobrasileiro. A e-governança também pode facilitar o redesenho e asimplificação institucional, especialmente na administração públi-ca, aumentando a eficiência e facilitando a tomada de decisões ea formulação de políticas públicas. O e-comércio pode reduzir oscustos de bens e serviços comercializados no Brasil e no mercado

    externo, e o terceiro setor pode ajudar os cidadãos a exercer um

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    5Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    melhor controle social sobre todas as instâncias do Estado, melho-

    rando a qualidade da democracia brasileira.Aqui, propomos uma visão que denominamos e-Brasil  e queesperamos chegue a ser compartilhada por lideranças políticas epela sociedade e, principalmente, que conduza ao desenvolvimentoeconômico e social acelerado. Para tal, é fundamental construir umconsenso suficientemente amplo que fará dessa visão realidade.

    Podemos nos inspirar nas experiências de países como Cana-dá, Cingapura, Coréia, Finlândia e Chile. Esses países aproveitaram

    bem as TICs em suas estratégias de desenvolvimento socioeconô-mico, reconhecidamente bem-sucedidas. Sri Lanka, por exemplo,foi o primeiro país a adotar um programa nacional de e-desen-volvimento. Apresentamos aspectos dessas e de outras experiênciasinternacionais no Capítulo 2 deste livro. Com relação ao Brasil,mostramos que temos uma ampla gama de experiências já realiza-das em todos os setores econômicos, níveis de governo e regiõesgeográficas que podem ser aproveitadas para construir essa nova

    e melhor realidade. No Capítulo 2, apresentamos algumas dessasexperiências e as lições e recomendações para políticas públicasque delas possam ser extraídas.

    O que é o e-desenvolvimento?

    Denominamos o uso intensivo de TICs para acelerar o de-senvolvimento socioeconômico e melhorar a competitividade

    uma estratégia de e-desenvolvimento. Recentemente, países do sulda Ásia, liderados por Sri Lanka e Índia, começaram a desenvolverestratégias nacionais de e-desenvolvimento e a atrair financiamentospara implementá-las com empréstimos do Banco Mundial e deoutras fontes internacionais e nacionais. Uma estratégia de e-desen-volvimento extrapola o marco de referência do e-governo, mas deveincluí-lo, como propõe Nagy Hanna (HANNA, 2003). Dentre asrazões que esse autor cita para a adoção de uma estratégia mais

    ampla está a necessidade de ir além de:

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    6 e-Brasil

    componentes setoriais (superar problemas sistêmicos que afe-

    tam vários setores);“silos” ministeriais (criar marcos de referência para o e-governo,infra-estruturas comuns, bancos de dados, padrões e interope-rabilidade);tecnologias (promover um enfoque transversal e abrangente,abarcando múltiplos setores com sinergias entre políticas, infra-estrutura de informação, recursos humanos, e-governo, e-comércio,programas de inclusão digital, conteúdos e software ).

    Uma estratégia nacional de e-desenvolvimento  pode ser esta-belecida para alcançar um amplo espectro de metas, como a me-lhoria da governança, o contato com os cidadãos, a promoção dainclusão social e a redução dramática dos custos de transação emtoda a economia. Lideranças com visão, formação de consenso, po-líticas públicas e instituições têm um papel central nas estratégiasde desenvolvimento nacional (Figura 1.2). Com uma estratégia de

    e-desenvolvimento e uma liderança hábil, é possível:

    priorizar a aplicação de recursos públicos escassos;planejar e estabelecer uma seqüência de investimentos com-plementares;estabelecer parcerias entre instituições-chave para o desenvol-vimento do setor público, do setor privado, da sociedade civil,das instituições acadêmicas e de pesquisa e também na mídia;

    integrar o e-desenvolvimento com as estratégias nacionais de de-senvolvimento e competitividade;estabelecer um marco comum que possibilite a coordenaçãoda assistência técnica e financeira internacional, permitindo aexploração dos efeitos rede (network effects);estabelecer um marco para a execução de programas-piloto,iniciativas a partir da base, aprendizagem compartilhada e mas-sificação de projetos e programas de comprovado sucesso;

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    7Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    vincular o e-desenvolvimento a metas nacionais mais abrangentes

    e aos Objetivos do Milênio (ODM) das Nações Unidas2

    .

    Figura 1.2. Elementos da visão e-Brasil.

    Fonte: adaptado de Nagy Hanna, National e-development programs: the case of e-SriLanka, Apresentação, 30 de março de 2004.

    Rumo a uma estratégia de e-desenvolvimento para

    o Brasil: o Projeto e-Brasil O conhecido trabalho Sociedade da informação no Brasil: Livro

    Verde  (TAKAHASHI, 2000) foi o primeiro a mostrar o caminho.Em 2002, foi publicado um importante documento – e-Brasil, Tec-nologia da informação para o desenvolvimento – contendo propostaspara uma política nacional de tecnologia da informação e comér-cio eletrônico (CBEC-EAESP/FVG, 2002). O tema do e-governo no Brasil foi abordado de forma pioneira no livro e-gov.br – a

     próxima revolução brasileira (CHAHIN et al., 2004).3 Contribuiçõesde 44 especialistas documentam e analisam as realizações do Brasilna construção de uma sociedade da informação e na condução

    Desenvolvimentode RecursosHumanos

    Info-estrutura

    Aplicações das TICs:e-Governo, e-Comércio, e-Sociedade

    Promoção de Indústrias das TICs

     Visão, Liderança, Consenso,Políticas e Instituições

    2  Ver www.un.org/millenniumgoals/ para informação completa sobre essas metas:191 países, inclusive o Brasil, se comprometeram a alcançá-las até 2015.

    3  Para um conjunto completo de endossos de autoridades brasileiros e internacio-nais, o prefácio, introdução, índice e outras partes desse livro, assim como detalhes

    sobre os autores e colaboradores, veja http://www.tedbr.com/projetos/e-dem.br/e-dem.br.htm.

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    de uma ampla gama de atividades de e-governo na educação, saúde,

    segurança pública, justiça, eleições, legislação e inclusão digital.As principais regiões do Brasil e os governos federal, estaduais emunicipais estão representados no texto. Entre as principais men-sagens do livro, estão:

    Nas áreas em que o Brasil concedeu prioridade política e re-cursos econômicos suficientes, conseguiu chegar a ser lídermundial. Exemplos são as eleições eletrônicas, o Sistema Bra-

    sileiro de Pagamentos e a Receita Federal, com declaraçõesde renda de pessoas física e jurídica (IRPF e IRPJ, respecti-vamente) entregues pela Internet. Também conseguiu grandesavanços nas áreas de compras eletrônicas, educação a distânciae informatização do Legislativo.A reforma da gestão pública é fundamental: não adianta tornareficientes processos burocráticos anacrônicos.O calcanhar-de-aquiles da democracia no Brasil é a exclusão

    social e sua mais nova manifestação: a exclusão digital. A ex-clusão digital se aplica a cidadãos, empresas e governos. Há ini-ciativas isoladas de sucesso no seu combate, mas para realmenteavançar e queimar etapas é preciso que a inclusão digital setorne política de Estado.O governo eletrônico fortalece as instituições democráticasporque facilita o controle social do aparato do Estado peloscidadãos e pela sociedade civil organizada. (CHAHIN et al,

    2004, p. xvii).

    Logo depois foi publicado um outro livro, e-Government – OGoverno Eletrônico no Brasil   (FERRER e SANTOS, 2004) comcontribuições de 30 especialistas. Entendemos que nesse momen-to é necessário e oportuno estender a visão de e-governo apresen-tada em Chahin et al. (2004) e Ferrer e Santos (2004) para desen-volver uma estratégia de e-desenvolvimento mais abrangente para o

    Brasil, que denominamos e-Brasil , seguindo as linhas delineadas

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    9Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    acima. As TICs não são panacéias para todos os problemas do país,

    mas são ferramentas cada vez mais poderosas para alcançar metasimportantes: melhorar a governança pública, conectar os cidadãos,aumentar a inclusão social, facilitar a aprendizagem ao longo davida, melhorar a saúde e a segurança públicas, agilizar processos judiciais, criar indústrias do conhecimento competitivas e reduzirdramaticamente os custos de transação em toda a economia. Maisespecificamente, o projeto e-Brasil  busca desenvolver e iniciar aimplementação dessa nova estratégia de desenvolvimento apoiada

    nas TICs.Acreditamos que a experiência internacional também podeoferecer referências úteis ao Brasil, não somente para aplicação dasTICs, como parte importante de uma estratégia de desenvolvi-mento, mas também sobre como construir o consenso indispen-sável para a implementação de visões de e-desenvolvimento. Assim,na segunda parte deste livro apresentamos algumas experiênciasinternacionais que consideramos relevantes.

    O Projeto e-Brasil  foi lançado em outubro de 2005 para aju-dar no desenho e implementação de uma nova estratégia de de-senvolvimento apoiada nas TICs. O site  www.e-brasilproject.netcontém informações sobre o projeto e as pessoas e instituiçõesque o apóiam, em português e em inglês. Durante o ano eleitoralde 2006, a equipe do projeto vem realizando pesquisas sobre asmelhores práticas internacionais e brasileiras em e-desenvolvimento,mobilizando expertise   nacional e internacional com o apoio de

    um conselho consultivo composto de especialistas nacional e in-ternacionalmente reconhecidos. Também organiza eventos públi-cos (conferências nacionais e internacionais, seminários, palestras)e publicações.

    O Projeto e-Brasil  está implementando um portal interativona Internet (Portal e-Brasil ) no endereço www.e-brasil.org.br, noqual o projeto tem um subportal. Outros subportais incluem con-teúdos disponibilizados por várias associações profissionais e enti-

    dades de classe do setor de TIC, de tal modo que o portal propicia

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    um espaço compartilhado, em que cada um dos diversos segmen-

    tos desse setor possa abrir uma vitrine para mostrar ao Brasil e aomundo o que pode fazer para acelerar o desenvolvimento socioe-conômico e melhorar a competitividade da economia brasileira.

    O Portal e-Brasil faz parte de uma campanha de comunicaçãoestratégica que visa conscientizar não somente as lideranças polí-ticas, mas também o público em geral, por meio da mídia impressae eletrônica, sobre a grande oportunidade que o uso intensivo dasTICs oferece ao Brasil.

    Depois das eleições de outubro e durante o ano de 2007, aequipe do projeto apoiará os novos governos estaduais e fede-ral para desenvolver políticas públicas, programas e projetos paraimplementar a estratégia e-Brasil   nos níveis nacional e estadual.Seminários, conferências, publicações e eventos na mídia tambémestão sendo planejados. A equipe do projeto buscará financiamen-to de instituições internacionais e tentará atrair os investimen-tos privados que se fizerem necessários para projetos concebidos

    dentro da estratégia do e-Brasil .

    Visão estratégica, diretrizes e ações:o Programa e-Brasil 

    A seguir, apresentamos o Programa e-Brasil, que se inspira naexperiência internacional e brasileira, objeto de artigos especial-mente preparados por especialistas para esse projeto. A resenha

    desses artigos é apresentada no Capítulo 2. O programa está or-ganizado em quatro grandes temas, detalhados em 13 subtemas.Cada tema é abordado na perspectiva de uma visão estratégicado avanço futuro desejado e de propostas de diretrizes e ações aserem implementadas. No Capítulo 3, essas diretrizes e propostassão sintetizadas como um decálogo de propostas para os candida-tos das eleições de outubro de 2006.

    As propostas são ambiciosas, refletindo a perspectiva de um

    forte alinhamento da administração pública em favor da implemen-

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    11Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    tação do governo eletrônico inserido no contexto de outras polí-

    ticas e ações para a construção do e-Brasil . O horizonte temporalinicial é de um mandato em nível federal e estadual, mas podemosprojetar dois mandatos, terminando no ano 2014 e o início de umterceiro mandato subseqüente em 2015, o ano chave dos Objetivosdo Milênio das Nações Unidas. A sua implementação supõe ex-pressivo avanço nas capacidades de atuação coordenada e articuladados governos, e de construção de visões estratégicas efetivamenteinovadoras e conectadas a políticas e ações concretas. Sabemos que

    é uma suposição demasiado otimista, mas o exercício de estratégiado e-Brasil  só faz sentido se encarado dessa forma.

    Estratégia e comunicação

    O Programa e-Brasil se posiciona no marco de visões de futuroque incluem o uso intensivo das TICs no desenvolvimento socio-econômico do país até 2015 (ver Capítulo 2). O cenário desejável

    vislumbra o Brasil como um global player  capaz de utilizar a tecno-logia mais avançada para atacar com sucesso suas mazelas sociaisao mesmo tempo que se torna um participante de peso do merca-do internacional, exportando em quantidade e qualidade softwa-re , hardware  e soluções em TICs. Para mobilizar o apoio políticonecessário à consecução desse cenário otimista, é fundamental odesenvolvimento de um consenso nacional. Para tal, precisamosda mobilização dos diversos segmentos do setor TIC e também

    de um debate nacional em torno do e-desenvolvimento, mobili-zando não somente as elites e lideranças políticas como tambéma população em geral. O que é possível realizar, como fazê-lo, eo que isso vai significar para a melhoria da vida dos brasileiros esuas futuras gerações? Essas são questões que precisam ganhar vi-sibilidade pública cada vez mais ampla, num debate democrático epluralista. Também é importante formar lideranças nacionais combom conhecimento das possibilidades das TICs, da economia po-

    lítica e de modernas técnicas da administração pública.

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    Propostas

    Realizar uma campanha de comunicação de grande amplitu-de usando a mídia eletrônica e impressa e outros meios parafomentar um debate nacional e conscientizar tanto as elitesquanto a população em geral da importância estratégica doPrograma e-Brasil como um dos eixos centrais e prioritários dedesenvolvimento socioeconômico.Iniciar uma série de seminários voltados para as lideranças nacio-nais representativas, inclusive legisladores, funcionários públicos,

    empresários, sindicalistas, acadêmicos, representantes da mídia edo terceiro setor sobre grandes temas relacionados com o futurodo país com o fim de discutir as bases de um consenso nacionalsobre as grandes linhas estratégicas do desenvolvimento.Estabelecer um “Comitê do Futuro” com um grupo formadopor membros do Senado e da Câmara de Deputados, no Con-gresso Nacional, para estudar o futuro do país e propor a legislaçãonecessária para realizar o potencial do país em longo prazo.

    Estabelecer programas em nível de pós-graduação para a pre-paração de futuras e-lideranças.

    Infra-estrutura e inclusão digital

    Sem uma infra-estrutura constituída por infovias terrestres esatelitais interligadas, é impossível realizar a inclusão digital mun-dial dos brasileiros, que a seu turno é um meio fundamental para

    alcançar os outros objetivos do programa e-Brasil .

    Universalização de acesso e inclusão digital

    A universalização do acesso do cidadão à Internet e às novasferramentas de comunicação eletrônica é requisito essencial parao desenvolvimento do governo eletrônico, e-comércio e e-sociedadecom eqüidade. A inclusão digital possibilitará substancial amplia-ção do acesso à informação para o exercício dos direitos de cida-

    dania e para a educação, cultura e entretenimento. As novas tec-

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    nologias representam fator impulsionador e facilitador da redução

    da exclusão socioeconômica, por meio da inclusão digital imple-mentada na forma de soluções criativas e democráticas, inseridasem um processo mais amplo de desenvolvimento econômico emsintonia com a construção da sociedade da informação.

    Propostas

    Adotar ações compensatórias dos custos de acesso a equipa-mentos e à Internet para famílias e para micro e pequenas em-

    presas, com envolvimento da área da fazenda (arrecadação efinanças públicas), da indústria de informática e do comérciovarejista por meio de medidas voltadas para: redução de tribu-tação, promoção de vendas, mudança no regime tarifário deacesso à Internet e desenvolvimento de soluções tecnológicasde redução do preço final dos computadores pessoais (PC).Fomentar a competição entre provedores e tecnologias de bandalarga (fibra óptica, satélite, cabo coaxial, Wi-Fi, Wi-Max, PLC) e

    de hardware  e software  (inclusive software  de código aberto) parabaixar os custos de conectividade, computadores, software  e pe-riféricos, – para uso domiciliar, comercial e em telecentros.Disseminar o acesso comunitário na forma de telecentros ins-talados nos bairros admitindo múltiplos formatos e autonomiade gestão dos projetos. Permitir a utilização complementar deespaços de uso compartilhado apoiados na informatização darede de ensino e no aproveitamento da capacidade ociosa da

    infra-estrutura de rede da administração pública e do descartede equipamentos para a renovação do parque computacional.Equacionar uma forma jurídico-legal e organizacional para a uti-lização pública, eficiente e transparente dos recursos acumuladospelo Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunica-ção – Fust, sob concepção atualizada. Redesenhar esse fundo naperspectiva estratégica de uma política de comunicações compa-tível com os avanços tecnológicos e a crescente integração entre

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    as mídias. Atualizar o escopo de destinação desses recursos para

    sua utilização na construção da sociedade da informação.Estabelecer um programa nacional de cidades digitais baseadona universalização do acesso, assegurado por redes de comuni-cação digital implantadas em cada município.

    Integração de sistemas e bancos de dados

    Os sistemas informatizados relevantes para a prestação de ser-

    viços prioritários ao cidadão e para a gestão das políticas públicas,bem como os de apoio à gestão (o que inclui planejamento, orça-mento, administração financeira, serviços gerais e pessoal) devemestar alinhados a uma estratégia de integração que proporcione oprogressivo compartilhamento de dados e a interligação dos flu-xos de processos. A integração possibilita a obtenção de avançospalpáveis na prestação de serviços ao cidadão e na melhoria daqualidade do processo decisório. Além disso, impulsiona o redese-

    nho de estruturas de processos envolvendo unidades administrati-vas, órgãos e diferentes níveis de governo.

    Propostas

    Fortalecer a política e os padrões de interoperabilidade (E-Ping), em especial por meio da construção de agendas de ser-viços interoperáveis. Definir processos e áreas de integraçãocontemplando os serviços considerados de impacto crítico para

    o atendimento às necessidades dos cidadãos, da competitivida-de da economia e do desenvolvimento econômico.Aprofundar a integração entre os sistemas corporativos (siste-mas de apoio à gestão) em articulação com a construção desistemas de informação gerencial e a implantação de indicado-res e métricas de desempenho dos órgãos e/ou de projetos eatividades governamentais.

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    15Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    Infra-estrutura de comunicação eletrônica 

    A base física para o desenvolvimento do governo eletrônicorequer a implantação de infra-estrutura de rede de alto desem-penho, integrada e capilarizada por todo o território nacional,conformando um espaço de comunicação e trabalho coletivo vir-tual, com impacto sobre o desempenho das políticas públicas e daprestação de serviços à sociedade. Essa infra-estrutura poderá sermantida sob formatos que permitam a racionalização de custos

    com redução substancial de despesas de telefonia e de acesso àrede. Além disso, permite incorporar a comunicação telefônicaconvencional a um patamar tecnológico superior, oferecendoformas avançadas de comunicação multimidiática.

    Propostas

    Interligar os órgãos e entidades por uma infovia da administra-ção federal, unificando as atuais Intranets locais, proporcionan-

    do recursos avançados de comunicação (tráfego de voz, dadose imagem) e ambientes de trabalho virtuais para os servidorespúblicos, com ferramentas de trabalho coletivo e de consulta eintercâmbio intensivo de informações.Adotar formatos compartilhados para a utilização e o custeioracionalizado, envolvendo os órgãos e entidades da adminis-tração federal direta, autárquica e fundacional que sejam con-tratantes de infra-estrutura de redes (em especial, as áreas de

    fazenda, previdência social, saúde e educação) para o comparti-lhamento com vistas à conformação da infovia.Reestruturar os sistemas tecnológicos e da contratação de ser-viços de telefonia na administração federal direta, autárquicae fundacional, com vistas à assimilação de padrão tecnológicosuperior (telefonia integrada a Internet com recursos multimí-dia), racionalização de custos e coordenação entre as contrata-ções nessa área abrangendo todos os órgãos e entidades.

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    e-Governo

    O governo eletrônico, ou e-governo, é uma concepção queassimila os potenciais da TICs na transformação da administraçãopública, com substancial melhoria da sua organização, dos seusserviços e do relacionamento com a sociedade. Essa concepçãose insere numa perspectiva avançada de governança democrática,transparente e aberta à participação do cidadão.

    Estratégia, coordenação e liderança dogoverno eletrônico

    A política de governo eletrônico deve ser inserida na agendaprioritária do governo federal e dos governos estaduais e munici-pais em alinhamento com outras políticas voltadas para o avançoem direção à sociedade da informação. Deve ser orientada poruma visão estratégica e apoiada em instância de coordenação in-

    tragovernamental dotada de mandato e capacidade de ação, arti-culada com os demais níveis de governo e com a sociedade. Asempresas públicas de informática e as unidades administrativas deinformática dos órgãos e entidades também devem ser alinhadascom a política de governo eletrônico e reestruturadas para a atua-lização de suas tecnologias e forma de atuação.

    Propostas

    Promover a inserção estratégica e o fortalecimento técnico einstitucional da instância de coordenação e articulação da polí-tica de governo eletrônico.Elaborar documento de visão estratégica e política medianteampla discussão e participação.Fazer convergir visões e agendas estratégicas do governo ele-trônico e da reforma e modernização da gestão.Reestruturar as empresas públicas de informática prestadoras

    de serviços de tecnologia da informação à administração pú-

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    blica para atuação direcionada para as áreas e papéis de im-

    portância estratégica. Direcionar as empresas para a prospecçãotecnológica, a contratação e gestão de serviços terceirizados e agestão direta circunscrita aos serviços ou atividades que envol-vam segurança e sigilo de estado.Reestruturar as unidades administrativas de informática e in-formação para seu realinhamento nos órgãos e entidades da ad-ministração pública, em consonância com a política de governoeletrônico. Esse realinhamento deverá considerar a melhoria de

    capacidades e inserção estratégica para a atuação no desenhoe na implementação de projetos de governo eletrônico envol-vendo desdobramentos e interdependências com a gestão.

    Prestação de serviços de governo eletrônicoao cidadão

    O governo eletrônico possibilita a evolução para um novo

    padrão de relacionamento do cidadão com a administração pú-blica. Esse padrão tem como avanços a oferta de serviços e infor-mações na Internet, 24 horas por dia, durante os 7 dias da semana,sob múltiplas formas de acesso: computador pessoal (PC), TV Di-gital interativa, terminais públicos de acesso, terminais de bancos eempresas prestadoras de serviços, telefone, aparelhos móveis comoo telefone celular e a PDA, fax e correios. A maior parte das de-mandas por serviços e informações padronizados poderá ser aten-

    dida por meio desses novos canais viabilizados pela tecnologia dainformação. O atendimento presencial (balcão) deverá ser man-tido, porém direcionado para as demandas de alta complexidade,oferecendo personalização e maior qualidade.

    Propostas

    Consolidar um portal unificado e integrador do acesso aos ser-viços e informações do governo, sem prejuízo da existência de

    sites por órgão ou por tema, com endereços próprios.

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    Criar instâncias e mecanismos de integração, acompanhamento

    e avaliação dos serviços eletrônicos do governo, inclusive pormeio da padronização e de indicadores de desempenho.Promover a gestão integrada das informações sobre o cidadãousuário dos serviços públicos, tendo como princípio não exigirdo cidadão informação que o Estado já possua.Ampliar a oferta na Internet dos serviços públicos prestadospela União, estados e municípios, com a revisão e simplificaçãode processos, migrando-os para meios eletrônicos, oferecendo,

    em todos eles, pelo menos a obtenção de informações comple-tas e atualizadas e a requisição e/ou agendamento eletrônico.Assegurar a inclusão dos serviços relevantes à vida do cidadão,com elevada resolutividade.Integrar rotinas e procedimentos entre serviços para melhoratender às necessidades e conveniência do cidadão. Aprofundar aresolutividade, qualidade e confiabilidade dos serviços por meioda integração dos processos de trabalho, ultrapassando as frontei-

    ras formais entre os órgãos e entre níveis e esferas de governo.Interligar os serviços de centros de atendimento integrado (aexemplo do Poupatempo, em SP, SAC, na Bahia, Vapt Vupt, emGoiás, Super Fácil, no Amapá, Tudo Fácil, no Rio Grande doSul) com todos os serviços relevantes oferecidos nos níveis mu-nicipal e federal e viabilizar a sua disponibilização na Internet,por meio de acesso web.Com relação especificamente ao Executivo, atuar fortemente

    pela integração entre serviços e processos, articulando os de-mais poderes, os estados e os municípios, construindo parceriasem favor do cidadão e oferecendo apoio técnico e, eventual-mente, financeiro, quando necessário.Implantar o pagamento de qualquer tributo, taxa ou contribui-ção à administração pública por meio eletrônico seguro, utili-zando a Internet e/ou terminais públicos de acesso.Reconhecer amplamente a tramitação eletrônica de documen-

    tos, a ser implantada prioritariamente, conforme sejam aprova-

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    19Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    das as medidas legais necessárias. Orientar e incentivar os cida-

    dãos a fazerem uso dessa forma de comunicação, em especialnas suas transações com a administração pública.Disseminar amplamente recursos, tais como cartão magnéticoe endereço eletrônico na Internet, valendo-se dos correios e deórgãos operadores de serviços sociais como a Caixa EconômicaFederal e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.Desenvolver ou estender e melhorar os balcões eletrônicos deemprego nos estados, com base no modelo já existente em São

    Paulo.Unificar o mercado de trabalho, reduzindo custos de transaçãoe ampliando oportunidades de emprego para o cidadão peloestabelecimento de um portal na Internet implantado paraa interligação dos bancos de dados de todas as unidades doSistema Nacional de Emprego – SINE. Assegurar a oferta deinformações sobre oportunidades de emprego e de treinamen-to e recursos de encaminhamento de currículo e demanda de

    emprego, pelo interessado.

     Transparência, controle social e governança 

    A implementação do governo eletrônico amplia e aprofun-da as possibilidades e formatos de abertura de informações pelogoverno sobre suas decisões de política, serviços, trâmites admi-nistrativos, orçamento, execução financeira e processo decisório.

    Essa abertura deve ser compatível com a preservação da seguran-ça, da privacidade e do interesse público. Portais de transparênciana Internet e a extração de relatórios e indicadores dos sistemasinformatizados de gestão da administração pública são poderosasferramentas de promoção da transparência. Práticas de governan-ça eletrônica podem ser desenvolvidas na forma de consultas pelaInternet e divulgação contínua de informações para as comunida-des de política em cada segmento de atividade do governo.

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    Propostas

    Divulgar informações ao cidadão como prática contínua e obri-gatória de todos os órgãos da administração pública, abrangendotodas as unidades administrativas, projetos e atividades, como res-ponsabilidade direta de cada gerente. Assegurar informação cor-reta, estruturada, compreensível e permanentemente atualizada.Divulgar a informação em canal eletrônico na Internet simul-taneamente à divulgação por qualquer outro meio. Manter osnecessários cuidados e restrições de preservação da segurança,

    do sigilo e da privacidade, além de outras circunstâncias dointeresse público, sempre que pertinentes.Promover a abertura das informações dos sistemas informatiza-dos de apoio à gestão da administração pública para a divulgaçãocontínua na Internet, por meio de relatórios com informaçãoestruturada de interesse público disponíveis nos portais do go-verno. De forma específica, oferecer na Internet informaçõessobre os orçamentos, as receitas, despesas e prestações de contas.

    Disseminar a utilização de sistemas de relacionamento com ocidadão, de centros de atendimento (call centers) e de ouvido-rias, explorando a sua interligação por meio da comunicaçãoeletrônica e a utilização de múltiplas mídias, como ferramentasdo governo eletrônico para o controle social.Realizar consultas públicas pela Internet como etapa do pro-cesso decisório de políticas, sempre que houver previsível im-pacto direto sobre setores específicos da sociedade ou quando

    a complexidade e/ou relevância do objeto justificar a aberturada interlocução.Implantar o monitoramento integrado das políticas públicaspara acompanhamento de todas as ações de governo, online  epor área de atuação, a ser disponibilizado para o legislativo, tri-bunais de contas e sociedade.

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    Redesenho de processos e estruturas

    A disponibilização de uma infra-estrutura de comunicaçãointensiva abrangendo o conjunto da administração pública, repre-sentará incentivo à proliferação de arranjos organizacionais quecoordenem transversalmente os servidores e gerentes públicos esuas equipes, ultrapassando as barreiras formais entre os órgãos eentidades. Formatos organizacionais em rede poderão proliferar,gerando ganhos em agilidade e desempenho, além de impulsionar

    a redistribuição de poder nas organizações públicas, atenuando averticalização e hierarquização das estruturas tradicionais.

    Propostas

    Articular o redesenho de processos e estruturas com a integraçãode sistemas e bancos de dados e com a melhoria da prestação deserviços por meio da aplicação da tecnologia da informação.Promover o alinhamento entre ações de governo eletrônico e

    destas com as ações de modernização administrativa.Definir e implementar uma agenda de reestruturação organi-zacional em conexão com a interoperabilidade de serviços e aintegração de sistemas e bases de dados. Essa agenda conduziráa processos de mudança integrada a serem progressivamentedisseminados para outras áreas.Integrar sistemas e aplicativos de apoio à gestão nos estados (or-çamento, execução financeira, planejamento, plano plurianual,

    folha de pagamentos etc.) com redesenho e integração de pro-cessos, melhorando a qualidade e possibilitando a implantaçãode controles automáticos, mais eficazes e desburocratizados.Melhorar a prestação de serviços e a gestão dos órgãos e entidadespela reestruturação organizacional e de processos mediante aplica-ção intensiva da tecnologia da informação, aprofundando a relaçãoentre e-governo e modernização da administração pública.

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    Compras e contratações governamentais

    As compras e contratações governamentais podem ser reali-zadas com utilização intensiva de tecnologia da informação, tran-sitando na sua totalidade por sistema informatizado integrador detodas as etapas do processo, com ganhos expressivos de eficiência,desempenho e transparência. A implementação de práticas avan-çadas de fornecimento (sourcing ) tem nos sistemas informatizadosum fator crucial para sua viabilização.

    Propostas

    Implantar e aperfeiçoar os portais de compras na Internet e ossistemas informatizados de apoio à gestão das contratações elicitações, com a disseminação a todos os estados dos avanços já consolidados: pregão eletrônico, divulgação das licitações naInternet, simplificação da habilitação de fornecedores, catálogoeletrônico de materiais e serviços, registro de preços praticados

    e ampla divulgação das contratações na Internet.Em conexão com o item anterior, avançar na revisão da legis-lação e das normas para o pleno aproveitamento dos potenciaisda tecnologia da informação nas licitações.

    Legislativo

    A Internet pode emergir como um importante canal de dis-

    ponibilização de informações e de manifestação de preferências porparte dos cidadãos. Os parlamentos são instituições com o potencialde abrigar uma variedade de formas de interlocução com a socieda-de viabilizadas pelos canais de comunicação eletrônica, em especiala Internet. O desenvolvimento desses canais beneficia diretamenteas relações de accountability e de responsividade do estado perante oscidadãos. Longe de substituir os mecanismos tradicionais da demo-cracia, os e-legislativos poderão ser instrumentos importantes para a

    consolidação das instituições parlamentares no Brasil.

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    Propostas

    Adotar padrões e plataforma tecnológica compatível para pos-sibilitar a interligação entre os sistemas de informação do Con-gresso, das assembléias estaduais e câmaras municipais, estabele-cendo um fórum virtual de parlamentares e cidadãos.Oferecer e desenvolver canais de comunicação eletrônica como cidadão sob diversas formas, explorando as potencialidadesdas TICs e da Internet: contato direto com o parlamentar ecom as assessorias do Congresso, discussões, manifestação de

    preferências, fóruns, votações eletrônicas, encaminhamentode denúncias e acompanhamento do processo legislativo.Divulgar informações aos cidadãos na Internet sobre o com-portamento e preferências dos parlamentares e sobre a tramita-ção de projetos do Legislativo.

    Setores estratégicos

    Os setores estratégicos são áreas ou atividades com inúmerasespecificidades e certa autonomia na sua conformação como po-líticas públicas e ações de governo. São importantes para a imple-mentação do e-Brasil  porque se caracterizam pelo elevado potencialde geração de impactos e de sinergia com o conjunto das linhas deação do programa. Incluem a educação, saúde, segurança pública, justiça, comércio eletrônico e o fomento ao setor de TIC.

    Educação

    A aplicação da informática no cotidiano das escolas da redepública é potencializadora de transformações no ensino por meioda ampliação do acesso a informações e a formatos de comunicaçãoque proporcionam interatividade e o desenvolvimento de relaçõessociais ampliadas. Os métodos de ensino, conteúdos e até mesmo orelacionamento entre alunos e professores podem ser positivamente

    influenciados pelo dinamismo e inovação da informática.

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    Propostas

    Acelerar a informatização de todas as escolas públicas (estaduaise municipais), conectando-as à Internet de banda larga, usandotodas as alternativas disponíveis, como redes intragovernamen-tais, e ampliando o número de computadores por escola e poraluno, onde esses equipamentos já existem.Assegurar os direitos de acesso à educação pela oferta de ser-viços aos estudantes e responsáveis, em particular a matrículaonline  nas escolas da rede pública.

    Ampliar a oferta e a utilização do ensino a distância com re-visão da legislação e da normatização para a viabilização desua efetiva massificação, assegurada a qualidade. Acelerar a re-ciclagem sistemática e o treinamento de professores das redesestaduais e municipais.Criar uma agência nacional de educação a distância para agilizaro desenvolvimento acelerado dessa forma de educação, espe-cialmente na educação técnica, superior (universitária) e conti-

    nuada na formação da força de trabalho em todos os níveis.Promover o desenvolvimento de conteúdo educacional dequalidade para uso com as facilidades de computação e Internetnas escolas, integrando os recursos de TV digital (interativa) atodo o ensino público, inclusive o acesso a bibliotecas digitais.Ampliar oportunidades de formação e capacitação dos servi-dores públicos da União, Estados e Municípios, com uso in-tensivo e sistemático do ensino a distância, integrando as ações

    das escolas de governo e programas de capacitação existentes,e criando mecanismos e incentivos para a adesão dos governosem todos os níveis.Promover parcerias com o Sistema S (Senai, Senac, Sebrae etc.),universidades corporativas privadas, universidades públicas euniversidades privadas para educação permanente da força detrabalho.

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    Saúde

    A informática aplicada ao Sistema Único de Saúde (SUS)pode concorrer para um grande aumento no grau de cobertura, naqualidade da atenção à saúde e na maior igualdade de acesso da po-pulação de todos os pontos do país, principalmente, das populaçõesmais carentes e isoladas. Por exemplo, uma maior qualificação doatendimento, que se apóie no compartilhamento de informaçõesentre os profissionais de saúde através de sites na Internet, progra-

    mas de tele-saúde etc. A intensificação da comunicação entre essesprofissionais por meio das mídias eletrônicas é fator de atenuaçãode disparidades de conhecimento e de experiência, reduzindo a ne-cessidade de deslocamento do paciente para centros de referência.

    Propostas

    Desenvolver um portal de saúde com subportais para médicos,enfermeiros, dentistas, farmacêuticos e outros profissionais da

    saúde, e também para a população em geral para facilitar a edu-cação, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento.Implantar a Rede Brasil Saúde, interligando todas as unidadesde saúde estaduais e municipais com conexão em banda larga,por meio de redes públicas e satélite bidirecional, criando as-sim ambiente adequado para treinamento, capacitação, consul-tas médicas, segunda opinião médica e telemedicina, oferecer oagendamento online  de consultas médicas e a reserva online  de

    leitos nos hospitais, no âmbito do SUS.Habilitar plenamente o Cartão Único do Paciente em todas asesferas de saúde, através de sistemas informatizados de identifi-cação, lançamento de serviços etc.Apoiar o desenvolvimento de padrões de dados e informaçõespara prontuários eletrônicos, nomenclaturas e códigos de servi-ços, medicamentos, diagnósticos e tratamentos, que possam seradotados em nível nacional por todas as organizações públicas

    e privadas.

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    Desenvolver e aplicar um conjunto de normas éticas e profissio-

    nais que norteiem a qualidade e a responsabilidade profissionalde sites de saúde e medicina na web, serviços prestados a dis-tância (telemedicina, tele-educação em saúde etc.), e que sejamreconhecidos pela população.Apoiar o desenvolvimento de centros emergentes de excelênciaem tecnologias de informação e comunicação em saúde, tantono setor público e acadêmico, quanto nas empresas de pequenoe médio porte, por meio de projetos de fomento direcionados

    para esse setor na Lei de Inovação, Lei de Informática, FundosSetoriais e outros programas de financiamento governamentaispara concessão de bolsas, subsídios, contratações e desenvolvi-mentos de projetos de hardware , software  e serviços voltados parao mercado.Incentivar a formação intensiva de mão-de-obra especializadainterdisciplinar nas áreas de desenvolvimento e aplicação dasTICs em saúde no Brasil, inclusive por meio do fomento do

    intercâmbio com países mais adiantados neste setor.Lançar de um satélite digital de última geração exclusivamentededicado à saúde e educação, com tarifação altamente diferen-ciada, se possível, usando o Fust.

    Segurança pública 

    O governo eletrônico facilita a integração mais rápida da área

    de segurança pública, com efetividade imediata, num contexto decrise e urgência de resultados. A interligação de sistemas e bancosde dados e a aplicação de ferramentas de processamento geo-referenciado de informações poderão gerar impactos de elevadarepercussão.

    Propostas

    Interligar os bancos de dados da segurança pública (Polícia Fe-

    deral, Polícia Rodoviária Federal, polícias militares, polícias civis,

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    27Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    Polícia Científica, Departamentos de Trânsito – Detrans, sistema

    prisional, sistema de informações do Ministério da Justiça e pre-feituras) adotando as necessárias medidas de segurança.Integrar os centros de operações das polícias civil e militar e docorpo de bombeiros dos estados em uma única instalação na capitale nas grandes cidades do interior, com facilidades de uso e coorde-nação dos bancos de dados e dos sistemas de radiocomunicação.Desenvolver e implementar um centro unificado de inteligênciaapoiado nos sistemas de informação informatizados, nos gabine-

    tes dos secretários da segurança pública estaduais para servir maiseficientemente às necessidades de planejamento das polícias.Estabelecer ou ampliar a abrangência dos sistemas estaduais demapeamento do crime usando sistemas de geoprocessamentoreferenciado (GIS) em todo o território dos estados.Implementar sistemas de vídeo-monitoramento para o reco-nhecimento de pessoas utilizando bancos de dados sobre cri-minosos e suspeitos em áreas críticas de segurança pública e de

    placas de veículos, por meio de bancos de dados sobre veículosfurtados, roubados, ou irregulares no licenciamento e no paga-mento de tributos (IPVA).Implementar sistemas de vídeo-audiência entre fóruns crimi-nais e presídios, para audiência de presos perigosos e reduçãode custos com escoltas de policiais.Criar um sistema de informações de emergência, integrando aosmeios de comunicação de massa tradicionais os portais de gover-

    no, a telefonia móvel e, futuramente, a TV digital interativa.Ampliar as possibilidades de registro de ocorrências policiaisatravés da Internet, contemplando inclusive as de maior gravi-dade numa primeira etapa, reduzindo a subnotificação.Ampliar as possibilidades de obtenção de documentos no âmbi-to das secretarias de segurança pública, atestado de antecedentes,comprovante de ocorrências policiais ou de acidentes de trânsito,comprovante de registro de furto ou perda de documentos e

    todas as etapas possíveis de recurso de multas de trânsito.

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    Oferecer ao cidadão informações sobre a delegacia policial da

    localidade, os chefes policiais responsáveis e os telefones paracontato fora de situações de emergência.Informar o cidadão sobre os principais crimes em sua área deresidência ou trabalho, inclusive com a publicação de fotos dosprincipais criminosos.Disponibilizar os estudos existentes nas academias e centros deestudos superiores das polícias (principalmente dissertações emonografias) para incrementar estudos, debates e pesquisas so-

    bre a segurança pública.Ampliar a divulgação pela Internet das modalidades de crimesregistradas por cidade, além das atualmente disponíveis (homi-cídio, roubo de veículo, furto de veículo, roubo em geral, furtoem geral) para permitir ao cidadão acompanhar o desempenhoda polícia e tomar precauções específicas em casos de: estupro,agressões, acidentes de trânsito com vítimas, roubo em ônibus,roubo a pedestres, roubo a estabelecimentos comerciais, furto a

    residência e a estabelecimentos comerciais e furto a pedestre.Ampliar a divulgação pela Internet dos registros criminais paraos distritos policiais das capitais estaduais e das cidades commais de 200 mil habitantes.Implantar número de telefone único para emergências: polícia,bombeiros, ambulância etc.

     Justiça 

    O governo eletrônico possibilita a agilização e simplificaçãode rotinas e procedimentos por meio da automação de processose da implantação de arquivos eletrônicos em sintonia com a re-visão da legislação e das normas. O atendimento às demandas docidadão poderá melhorar substancialmente, em especial no quese refere aos prazos de tramitação de processos, com impactosrelevantes na redução de custos de transação sistêmicos e da inse-

    gurança jurídica.

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    29Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    Propostas

    Simplificar os processos judiciais apoiando-se na sua migraçãopara meios eletrônicos, com agilização de prazo e aumento datransparência.Viabilizar o processo judicial eletrônico, por meio da apro-vação da legislação em trâmite no Legislativo, permitindo oredesenho de processos e rotinas. Estabelecer um sistema decertificação digital para a supressão do uso de papel no sistema judiciário.

    Estabelecer uma arquitetura de interoperabilidade no âmbitodo Poder Judiciário para a integração entre os sistemas de in-formação de diferentes órgãos.

    Comércio eletrônico

    A expansão do comércio eletrônico gera impactos sistêmi-cos sobre a competitividade da economia, em especial por meio

    da integração dos mercados, agilização e redução de custos dastransações, ampliação do acesso a informações e desenvolvimentode novos negócios no ambiente virtual. As transações eletrônicasdeverão ser institucionalizadas com a devida sustentação jurídico-legal e confiabilidade conquistada perante o governo, segmentoempresarial e consumidor.

    Propostas

    Acelerar a inclusão digital das micro, pequenas e médias em-presas e a sua capacitação técnica e empresarial para o uso efi-ciente das tecnologias da informação nos seus negócios.Fortalecer a infra-estrutura de comunicação fora dos recintosurbanos para que o agro-negócio e a economia rural sustentadapor pequenas empresas possam usufruir os frutos da inovação.Incentivar o uso de certificados digitais no comércio e nas rela-ções com o governo, mobilizando os cartórios para que possam

    participar da emissão de tais certificados.

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    Informatizar e agilizar o registro de empresas e o cumprimento

    das obrigações fiscais, em articulação com o governo federal.Consolidar um ambiente confiável tanto para indivíduos comopara empresas nas suas práticas de comércio eletrônico, atravésda criação de serviços voltados não somente para a segurançadas operações, mas também para a conquista da confiança entreparceiros. Esses serviços, tais como câmaras de arbitragem, siste-mas para resolução de conflitos, aval e selo de qualidade outor-gados por autoridades ou entidades representativas, devem ser

    criados conforme normas adotadas internacionalmente.Promover a integração global das empresas brasileiras, por meioda adoção de normas e padrões internacionais nos seus diversosprocedimentos. São prioritárias, nesse sentido, as ações voltadaspara a facilitação dos trâmites aduaneiros e da integração dos ser-viços de pagamento online  dentro de um escopo internacional.Informatizar os trâmites de comércio internacional nos portose aeroportos dos estados, para simplificar e agilizar rotinas e

    procedimentos.

    Fomento ao setor de tecnologia da informaçãoe comunicação

    O esforço feito até o momento com a privatização de tele-comunicações garantiu a infra-estrutura necessária para o cres-cimento de software  e serviços no país. A manufatura no setor de

    TICs no Brasil passa, naturalmente, por um processo pelo qualpassaram os países desenvolvidos, de concentração da produçãoem empresas de contract manufacturing  (terceirização da produção),em geral, de âmbito internacional, garantindo logística de produ-ção mais competitiva. Para que esse processo não reduza a níveisinsignificantes a agregação de valor local, programas de incentivosà inovação são o único caminho viável. No ambiente do Brasilatual o setor de software  e serviços pode crescer de forma exube-

    rante, com algumas ações objetivas de curto e de longo prazo.

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    31Capítulo 1 O projeto e-Brasil e o programa e-Brasil

    Propostas

    Revisar a Lei da Informática para incluir as medidas de promo-ção de pesquisa e desenvolvimento das empresas.Reduzir as tarifas sobre insumos do setor de informática parareduzir o contrabando e os custos do produto final.Estabelecer uma política de compras públicas para incentivoà produção local de softwares por micros e pequenas empresaslocais.Criar uma política abrangente de formação, capacitação, reci-

    clagem de recursos humanos, com atenção aos níveis superiore de segundo grau e conteúdo programático compatível comas necessidades do setor empresarial. A necessidade urgente deformação em língua inglesa deverá ser considerada.Construir um arcabouço fiscal-tributário compatível com ascaracterísticas diferenciadas das empresas de software   e servi-ços de tecnologia da informação e da comunicação, buscandoequiparar a competitividade empresarial à dos principais com-

    petidores da indústria brasileira.Estruturar pólos de exportação de software s e serviços, com arca-bouço legal e tributário específico, para atrair investimentos degrande porte em exportação e incentivar a parceria de empresaslocais na implantação de grandes empreendimentos no setor.

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    2Experiências internacionais e

    brasileiras de e-desenvolvimento e caminhos para o e-Brasil1

    Este capítulo apresenta conteúdos dos trabalhos produzidospara o e-Brasil  na forma de uma resenha que destaca idéias e pro-postas que subsidiaram a preparação do programa exposto no Ca-pítulo 1. Embora baseado nos próprios trabalhos e em resumoselaborados por seus autores, a resenha expressa a percepção dos

    organizadores e não pretende esgotar a riqueza das formulaçõesque serão publicadas na íntegra em livro que se seguirá a esse. Ostrabalhos do e-Brasil  estão listados nas referências bibliográficas aofinal deste capítulo. As experiências internacionais em governoeletrônico são abordadas por nove especialistas em sete artigos.Os temas específicos que compõem o programa e-Brasil  são abor-dados por 52 autores em 30 artigos, agrupados em quatro blocostemáticos: estratégia, comunicação e liderança, info-estrutura e

    inclusão digital, cidades digitais, e-governo e setores estratégicos.

    Experiências internacionais

    As experiências internacionais mostram que o Brasil, com suascaracterísticas, pode se inspirar em países que fizeram uso intensivodas TICs, nas suas bem-sucedidas estratégias de desenvolvimento

    1  Os organizadores agradecem a Maria Alexandra Cunha pela ajuda na redaçãofinal.

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    33Capítulo 2 Experiências internacionais e brasileiras de e-desenvolvimento e caminhos para o e-Brasil

     – Canadá, Cingapura, Chile, Finlândia e Coréia do Sul –, ou que

    estão iniciando um esforço nesse sentido, como é o caso do SriLanka. São experiências que evidenciam a importância da constru-ção e sustentação contínua de uma visão estratégica capaz de atra-vessar os períodos de governo e apoiar a construção de um marcoinstitucional consolidado para as políticas de e-desenvolvimento. Indi-cam que a construção de instâncias e mecanismos de coordenaçãosão também cruciais para a implementação de políticas e projetostransversais. Evidentemente, essas experiências devem ser transpos-

    tas com cautela para a realidade brasileira, com a devida atenção àspeculiaridades locais e as trajetórias já percorridas.Christine Desloges e Peter Knight analisam o sucesso do Ca-

    nadá em criar e manter liderança mundial em e-governo e umas dasmais altas taxas de inclusão digital. Apresentam o programa Govern-ment online  – GOL (Governo “em linha”), dirigido por Desloges de1999 até sua conclusão, em 2006. Ao deslanchar o programa, o go-verno canadense anunciou o compromisso de ser o governo mais

    conectado com seus cidadãos. O GOL obteve avanços na ofertade serviços orientados ao cliente, com segurança e privacidade eaproximação com o cidadão, por meio da chamada e-participação.O GOL envolveu os esforços dos 34 maiores departamentos dogoverno federal canadense para projetar a entrega de serviços pormeio da Internet, propiciar o acesso direto aos serviços de e-governo e oferecer, online , os 130 serviços mais utilizados. Os resultados fo-ram impressionantes com a contínua ascensão e destaque do Cana-

    dá nos rankings internacionais de governo eletrônico.Entre as lições da experiência do GOL em seus seis anos de

    atividade, salienta-se a importância do envolvimento dos cidadãosno processo de redesenho de serviços eletrônicos, da priorizaçãodo programa pelos altos dirigentes do governo e da forte lideran-ça dos gerentes senior  da administração pública na integração dosserviços entre múltiplos departamentos. Além disso, o programarealizou continuamente a aferição de desempenho, adotando mé-

    tricas e fiscalização sobre o cumprimento de metas, além do pla-

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    nejamento estratégico periodicamente ajustado às mudanças no

    ambiente, na tecnologia e nas necessidades dos cidadãos. Tambémimportante referência para o Brasil – são ambos países de largaextensão territorial - é o esforço canadense em estender o acessoà Internet de banda larga para as regiões e comunidades remotas,inclusive de populações indígenas – as first  nations – por meio deprogramas do governo federal: desde 2003, o governo federal temassegurado o acesso por satélite com conexão em banda larga.

    A experiência notável de um pequeno e dinâmico país –

    Cingapura – é analisada por Chong Yok Sin, Yip Kong Ban eVanessa M. Zehnder. No final da década de 1970, seu governopercebeu que a ilha-nação não poderia mais se dar ao luxo decompetir com os maiores países da região nas indústrias de mão-de-obra intensiva. A única alternativa viável para Cingapura seriaascender na cadeia de valor focalizando as atividades intensivas emcapital e tecnologia. As TICs foram identificadas como tecnolo-gias-chave que ajudariam a melhorar o desempenho econômico

    do país, aumentando a produtividade da mão-de-obra, tornandoos processos de produção mais enxutos e eficientes e oferecendomelhores serviços aos clientes.

    Desde o início da década de 1980, o governo de Cingapuratem metodicamente desenhado e implementado uma sucessão deplanos nacionais e estratégias para guiar a nação em direção ao de-senvolvimento das TICs. Refletindo as mudanças tecnológicas, em-presariais e o clima social, Cingapura passou por uma seqüência de

    planos nacionais de TIC nos últimos 25 anos, incorporando desafiosde crescente complexidade e abrangência. Os resultados foram sig-nificativos: o uso intensivo das TICs transformou dramaticamente aeconomia, a sociedade e o panorama das comunicações. Os cinga-purianos abraçaram a infocomunicação para o trabalho, a aprendiza-gem e o lazer, tornando-a parte do estilo de vida da população.

    Os autores identificam seis fatores-chave que contribuírampara esse sucesso: primeiro o compromisso e o financiamento en-

    volvendo o nível mais elevado do governo. Uma forte liderança

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    nos âmbitos político e administrativo é essencial para estabelecer

    uma visão clara, traçar objetivos de longo prazo e impulsionar oplanejamento e a execução. Além disso, devem ser identificadas or-ganizações multiplicadoras no governo e na sociedade civil para aimplementação da estratégia. Segundo, destacam o fator governan-ça e marco de responsabilização, que inclui a clara identificação deobjetivos, prioridades, resultados e benefícios, com a atribuição deresponsabilidades e orçamento. Observam que um número dema-siado de prioridades dilui e confunde o controle sobre resultados e

    nível dos serviços oferecidos. Terceiro, a reengenharia de processosque deve conduzir a mudanças nas estratégias de gestão em todos osníveis: ministérios, departamentos e agências. Quarto, o escalona-mento entre as fases estratégicas, começando com objetivos peque-nos para subsequentemente subir a estágios mais complexos. Quin-to, a ampla conscientização, motivação e treinamento: as despesascom treinamento não devem ser minimizadas. Sexto, a exploraçãode parcerias entre o setor público e a área privada, introduzindo

    inovações e know-how técnico do setor privado.A Coréia do Sul já é um dos líderes mundiais nas TICs, comuma das mais avançadas info-estruturas, governo eletrônico e dis-seminação da Internet na população e nas empresas. Em 2005, ataxa de penetração da assinatura de Internet de banda larga atin-giu 24,9%, que é o índice mais elevado do mundo, conformelevantamento realizado pela OCDE (2005). Jeongwon Yoon apre-senta a trajetória da Coréia identificando fatores-chave do seu ex-

    traordinário sucesso, que incluem forte liderança governamental,um arcabouço legal bem desenvolvido, uma seqüência de planosnacionais implementados no momento adequado, investimentoagressivo e rápida disseminação no setor privado.

    Em 2005, foi iniciada uma mudança de paradigma que cons-tituirá o próximo passo na trajetória de informatização do país:estabelecer a u-Coréia, uma sociedade na qual todas as pessoaspossam usufruir livremente dos benefícios da informática a qual-

    quer hora e em qualquer lugar, com todos os objetos tornados

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    inteligentes por meio de chips eletrônicos embutidos e conectados

    entre si por redes. Como conseqüência das tecnologias de con-vergência que estão sendo desenvolvidas, a Coréia espera ver arealização da u-sociedade em futuro próximo.

     Jorma Routti analisa o processo de transformação da Finlân-dia nos últimos 40 anos, num contexto de mudanças estruturaisno desenvolvimento econômico mundial. Sua trajetória mostra oavanço orientado para a integração competitiva na economia doconhecimento: evidência nesse sentido é o desempenho do país

    classificado como dos melhores no mundo em recentes avaliaçõesde competitividade. Algumas dessas experiências podem ser com-partilhadas e servir de modelo em outros países, inclusive o Brasil.Entretanto, Routti acredita que cada país deve desenvolver suaspróprias estratégias.

    O progresso finlandês é tópico de extensos estudos em todo omundo. Organizações internacionais, como o Banco Mundial e oFórum Econômico Mundial, relacionaram esse progresso ao desem-

    penho em competitividade de regiões e países. A Finlândia conseguiuemergir de uma profunda recessão no início da década de 1990 paraa condição de país com melhor classificação nos índices de conheci-mento e competitividade nos primeiros anos do século XXI.

    Desde 1977, uma fundação criada pelo Parlamento Finlandês,o Fundo Nacional Finlandês de Pesquisa e Desenvolvimento, vemorganizando seminários sobre administração de políticas econô-micas e estratégias nacionais. Mais de 1.500 formuladores de polí-

    tica participaram desses seminários. Os participantes são membrosdo Parlamento em seu primeiro ano de mandato, tomadores dedecisões do setor público e líderes industriais, econômicos, sindi-cais e da mídia. Routti, que dirigiu os seminários durante muitosanos, pensa que eles contribuíram de maneira importante paraa economia do conhecimento, por meio da construção de umconsenso sobre as políticas internas econômicas e sociais e emáreas internacionais mais abrangentes. O interesse do Parlamento

    Finlandês nos estudos sobre o futuro e na formulação de políticas

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    também é evidenciado pelo estabelecimento de um comitê per-

    manente para a construção de visão estratégica, apropriadamentedenominado Comitê do Futuro. É iniciativa pioneira no mundo:sua tarefa é conduzir um diálogo ativo e gerador de iniciativascom o governo sobre importantes desafios futuros.

    Patrício Gutiérrez mostra como o desenvolvimento do gover-no eletrônico no Chile foi concebido como parte integral de umprocesso de reforma da administração pública e de uma visão dasociedade da informação. Gutierrez demonstra que o processo de

    incorporação das TICs ao Estado tem sido contínuo e incremental,com o reconhecimento da relevância de um Estado moderno e efi-ciente, e com uma estratégia que compartilha os objetivos políticose as reformas a serem implementadas para alcançar esses objetivos.Gutierrez conclui que os elementos que permitiram o desenvol-vimento desse processo têm relação com pelo menos dois fatores.Primeiro, a construção, desde o início, de uma visão da sociedade dainformação que é desenvolvida inicialmente no governo de Edu-

    ardo Frei e, em seguida, aprofundada com Ricardo Lagos. Segundo,a implementação de políticas por instituições públicas nas áreas deeducação digital, acesso à Internet e governo eletrônico, que seconvertem em fortes líderes em seus temas, atuando sob coorde-nação do Ministério da Economia, Fomento e Reconstrução, porintermédio da sua Subsecretaria de Economia.

    Esses fatores conformaram uma institucionalidade descentrali-zada com presença em vários setores e foco operacional na execução

    de estratégias alinhadas com uma visão que aponta para o ingressodo Chile na sociedade da informação. Com relação especificamenteao desenvolvimento do governo eletrônico, ele se caracteriza poravanços institucionais como a criação de instâncias de coordenaçãotransversal com abrangência sobre todo o setor público. Tambémteve relevante papel a constituição de um marco normativo quefortaleceu a utilização das TICs no setor público. E, por último, ageração de projetos e iniciativas transversais ou de alto impacto, ge-

    rando “efeito demonstração” para outras instituições públicas.

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    Manju Haththotuwa analisa a experiência do Sri Lanka de

    implementação de uma estratégia de e-desenvolvimento, a partirde 2002. Essa experiência é de alta relevância porque assegurouo alinhamento entre a construção de uma visão estratégica comuma estrutura organizacional adequada à sua implementação. De-nominada e-Sri Lanka, essa visão propõe o desenvolvimento ruralintegrado, acompanhado de um forte componente de tecnologiada informação. Inclui a construção de uma infra-estrutura e deserviços de governo eletrônico, o fomento a projetos de formação

    de recursos humanos, à indústria de software , à terceirização deserviços de call centers e ao desenvolvimento rural.Paralelamente ao desenvolvimento da visão, foi criada uma

    estrutura organizacional na forma de agência de tecnologia dainformação, responsável pela negociação, formulação e imple-mentação dos projetos atuando em apoio aos órgãos da adminis-tração pública e por meio de parcerias. A agência é inovadora sobmúltiplos aspectos que podem ser considerados na proposição de

    soluções para a atualização e revitalização das empresas públicasde informática no Brasil. Em primeiro lugar, adotou o formato deempresa com pessoal contratado e ampla autonomia administra-tiva e financeira, sendo responsável pela captação de recursos pormeio de financiadores locais e internacionais. Em segundo lugar,tem praticado um estilo de gestão descentralizada por projetos evoltada para resultados, apoiada em uma equipe dinâmica e mo-tivada. Terceiro, está inserida em linha direta de subordinação ao

    gabinete presidencial, o que lhe confere amplo espectro de atua-ção sobre a administração pública.

    A experiência do Sri Lanka não deixa de se defrontar comproblemas e limitações: a visão estratégica ainda não está plena-mente assimilada pela administração governamental, o que pareceevidenciar certa dificuldade de percepção do e-Sri Lanka comoum projeto de desenvolvimento integrado e não de tecnologiada informação em sentido estrito. A agência desfruta de saudável

    autonomia e flexibilidade, mas não dispõe de uma inserção formal

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    39Capítulo 2 Experiências internacionais e brasileiras de e-desenvolvimento e caminhos para o e-Brasil

    na estrutura do governo que lhe possibilite atuação mandatória

    ou abrangência sobre o conjunto da administração pública. Suasrealizações parecem em grande medida depender de ação em-preendedora e da construção de parcerias