e-book fomerco 2012 - por uma integração ampliada - volume 1 final

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  • Copyright 2013 by Os autores e Frum Universitrio do Mercosul FoMerco proibida a reproduo total ou parcial desta obra sem a devida citao. Reviso: Daniela Perrotta e Glauber Cardoso Carvalho Ilustrao: Estopim Comunicao e Eventos Inspirao na imagem Amrica Invertida de Torres Garca. Preparao e Diagramao: Glauber Cardoso Carvalho Esta uma obra coletiva baseada em artigos enviados pelos autores e apresentados no XIII Congresso Internacional do Frum Universitrio Mercosul FoMerco, realizado entre 21 e 23 de novembro de 2012. Os direitos e responsabilidades sobre os artigos e suas opinies so dos autores que os enviaram para publicao neste e-book.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    P853 Por uma integrao ampliada da Amrica do Sul no sculo XXI/

    [organizao de] Ingrid Sarti... [et al.] Rio de Janeiro: PerSe, 2013.

    2 v.

    ISBN 978-85-8196-419-5 (E-book - Vol 1)

    ISBN 978-85-8196-416-4 (E-book - Vol 2)

    Inclui bibliografia

    1. Integrao regional. 2. Amrica do Sul. 3. FoMerco.

    4. Desenvolvimento. 5. Poltica Externa. I. Sarti, Ingrid.

    II. Lessa, Mnica Leite. III. Perrotta, Daniela.

    IV. Carvalho, Glauber Cardoso. V. Ttulo.

    CDU 332.135

  • XIII Congresso Internacional do Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    Por uma integrao ampliada da Amrica do Sul no sculo XXI

    De 21 a 23 de novembro de 2012. Sede do Mercosul. Montevidu - Uruguai

    A Comisso Coordenadora do XIII Congresso Internacional do Frum Universitrio Mercosul - FoMerco abrange duas subcomisses plurinacionais, a de Organizao e a Cientfica, e complementada pela de Finanas.

    Comisso Coordenadora Ingrid Sarti (UFRJ) Alberto Riella (UdelaR) Beatriz Bissio (UFRJ) Emanuel Porcelli (UBA) Franklin Trein (UFRJ) Gerardo Caetano (UdelaR) Gizlene Neder (UFF) Glauber Cardoso Carvalho (UFRJ) Jos Renato Martins (Unila) Mnica Leite Lessa (UERJ) Raphael Padula (UFRJ)

    Comisso Cientfica

    Alfredo Falero (Udelar) Carlos Barba (UNAM, Mx)

    Celso Pinto de Melo (UFPE) Gabriel Misas (UNAL, Col)

    Geronimo De Sierra (UdelaR) Janina Onuki (USP)

    Jose Briceo Ruiz (Un. San Andrs, Vnz) Jos Vicente Tavares dos Santos (UFRGS)

    Len Medeiros de Menezes (UERJ) Marcos Costa Lima (UFPE)

    Mariana Vasquez (UBA) Rogrio Leito (U. Coimbra, Pt)

    Snia de Camargo (IRI-PUC) Tullo Vigevani (Unesp)

    Williams Gonalves (UERJ)

    Comisso de Finanas

    Frederico Katz (UFPE) Franklin Trein (UFRJ)

  • Frum Universitrio Mercosul FoMerco

    (Gesto 2012-2013)

    Presidente

    Ingrid Sarti (Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ)

    Vice-presidente

    Jos Briceo-Ruiz (Universidad de Los Andes, Merida, Vnz)

    Conselho Consultivo

    Membros Efetivos

    Frederico Katz (UFPE) Karina P. Mariano (Unesp)

    Maria Madalena Queiroz (PUC- Gois) Mariana Vzquez (UBA)

    Mnica Leite Lessa (UERJ)

    Suplentes

    Alejandro Casas (UdelaR) Filipe Reis Melo (UEPB) Jamile Mata Diz (UFMG)

    Liliana Bertoni (UBA) Monica Aparecida Rocha (UFT)

    Coordenadores de Grupos de Trabalho (GT)

    Karina Pasquariello Mariano (Unesp) Hugo Agudelo Murillo (UEM)

    Presidentes de Honra

    Gislio Cerqueira Filho (UFF) Susana Novick (UBA)

    Marcos Costa Lima (UFPE) Ayrton Fausto (Flacso) Tullo Vigevani (Unesp)

    Snia de Camargo (PUC-RJ) Guy de Almeida (PUC-MG)

  • Agradecimentos

    A Samuel Pinheiro Guimares, em sua constante luta em prol da integrao sul-americana, pelo

    generoso incentivo realizao do Congresso FoMerco na Sede do Mercosul.

    A Jeferson Miola, ao Chanceler Roberto Conde, ao Embaixador Ruy Pereira, pela acolhida calorosa que

    viabilizou o encontro; ao Reitor da UdelaR, Rodrigo Arocena, e a Federico Gomensoro e Gerardo

    Caetano, do CEFIR, por terem aceitado sem vacilar a parceria que levou o XIII FoMerco ao Uruguai.

    Aos novos e antigos associados uruguaios, dentre os quais o Senador Alberto Couriel, Geronimo de

    Sierra, Octvio Rodriguez, Pepe Quijano, Alberto Riella, Alejandro Casas, Alfredo Falero e Alvaro

    Padrn, pela presena, apoio e entusiasmo contagiante.

    A Luiz Dulci, pela presena sempre atuante em prol da participao social no Mercosul.

    Aos companheiros do Comit Diretivo de Clacso, pelo apoio fraterno a distncia, contribuindo com as

    atividades da Comisso Organizadora.

    A todos os participantes que se empenharam em chegar a Montevidu e tanto contribuiram para o rigor

    dos debates, em especial aos autores que enviaram seus textos permitindo a publicao deste livro.

    Sem a companhia de nossos associados da rede FoMerco, sempre bom lembrar, nada teria

    acontecido. Pela confiana, pela aposta que se renova, pela constncia frente aos desafios tericos,

    obrigada a todos. Este livro nosso.

    Agradecemos particularmente s Instituies cujo patrocnio direto viabilizou o XIII Congresso

    do FoMerco: o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, nas pessoas de Marcio

    Pochmann, Andr Calixtre e Pedro Barros; e a Fundao Banco do Brasil FBB, representada

    por Claiton Mello.

    Beatriz Bissio, pela parceria do Instituto Cultural Brasil Uruguai ICBU, Rosa Freire

    dAguiar Furtado pelo apoio constante do Centro Internacional Celso Furtado, e a Darc Costa,

    presidente da Federao de Cmaras de Comrcio e Indstria da Amrica do Sul Federasur.

    Obrigada s Universidades que contriburam para viabilizar a presena de seus pesquisadores

    em nosso XIII Congresso.

    Os Organizadores

  • Sumrio

    Prefcio | Reflexes sobre a integrao na Amrica do Sul XIII Samuel Pinheiro Guimares

    Apresentao | Desafios da integrao ampliada da Amrica do Sul XXIII Ingrid Sarti

    Volume 1

    I. Reflexos da crise mundial e desafios tericos da integrao da Amrica do Sul

    1. Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos 31 Adriana Cicar

    2. Experiencia de CAF en el apoyo al desarrollo y la integracin regional 43 Alejandro Soriano

    3. As (des) articulaes sub-nacionais e o processo de integrao regional na Amrica do Sul, a partir da experincia do Mercosul/Unasul 49 Antonio Eduardo de Oliveira

    4. Brasil como lder regional: potencial integrante en un G-5? 59 Camilo Lpez e Carlos Lujn

    5. Arquitetura financeira, integrao, cooperao: reflexes sobre os processos em curso na Amrica Latina 73

    Carlos Eduardo Carvalho

    6. La Argentina y el Mercosur en tiempos de crisis internacional: las bases regionales del modelo kirchnerista 85

    Damian Paikin

    7. Os desafios da integrao regional e a atuao da Rede Mercocidades 101 Debora Prado

    8. O sistema interamericano de direitos humanos e as relaes com os componentes do Mercosul e da Aliana do Pacfico 113

    Edson Medeiros Branco Luiz

    9. Participao mercosulina: do macro ao micro 123 Fabricio Pereira da Silva

  • 10. Consideraciones acerca del Instituto de Polticas Pblicas en Derechos Humanos del Mercosur 135

    Fernando Milano

    11. Retos y desafos para un nuevo Mercosur 143 Fernando Porta

    12. As contradies da Unasul como comunidade imaginada: Estado soberano e cidadania sul-americana 151

    Flvia Guerra Cavalcanti

    13. Partidos y poltica exterior, un anlisis comparado de Brasil y Uruguay 165 Florencia Sanz e Lorena Granja

    14. Crise, subdesenvolvimento e integrao 177 Frederico Katz

    15. A violncia na boca do povo: novas anotaes 191 Gisalio Cerqueira Filho

    16. A violncia em se ocultar a violncia 201 Gizlene Nder

    17. Integracin y cooperacin en la frontera uruguaya con Brasil 213 Gladys Isabel Clemente Batalla y Diego Hernandez

    18. A poltica externa do governo Lula para a Amrica do Sul: Unasul e Unila 225 Glauber Cardoso Carvalho e Larissa Rosevics

    19. Los municipios como actores emergentes: nuevos desafos y antiguas asimetras 241

    Gloria Mendicoa

    20. Paraguay, 22 de Junio de 2012: un golpe contra la integracin regional de Amrica del Sur 263

    Gustavo Codas

    21. Do ABC ao ABV: o eixo Argentina, Brasil e Venezuela na integrao da Amrica do Sul 269

    Israel Roberto Barnab

    22. A institucionalidade do Mercosul: anlise dos pressupostos necessrios para a consolidao do mercado comum 281

    Jamile Bergamaschine Mata Diz e Liliana Bertoni

  • 23. Normas e decises do tribunal europeu e da corte interamericana de direitos humanos: aproximaes comparativas em matria de direitos econmicos, sociais e culturais 295

    Jayme Benvenuto e Rodrigo Deodato de Souza Silva

    24. Algunas claves de la insercin internacional 313 Jos Quijano

    25. Institucionalidade e democracia no Mercosul 317 Karina Pasquariello Mariano

    26. Brasil, Argentina e a integrao com alma tico-poltica 335 Marco Aurelio Nogueira

    27. Crise sistmica, desordem mundial e financeirizao 341 Marcos Costa Lima

    28. Desafios poltica de integrao do Brasil 363 Mara Izabel Mallmann

    29. El futuro de la integracin: Mercosur y Unasur 371 Mario Burkun

    30. Dependncia e integrao na Amrica Latina 381 Nilson Arajo de Souza e Luisa Maria Nunes de Moura e Silva

    31. Comentario sobre la agenda sanitaria mundial y la salud en Venezuela 395 Oscar Feo Istriz

    32. O Mercosul Social: participao, trabalho e sade 397 Renato Martins

    33. Unasul e o Banco do Sul: infra-estrutura, desenvolvimento e os marcos jurdico- sociais 401

    Sergio Luiz Pinheiro SantAnna

    34. Municpios e sua insero internacional: algumas consideraes a partir do federalismo brasileiro 411

    Sergio Roberto Urbaneja de Brito

    35. Mercosul e os problemas da integrao regional 421 Tullo Vigevani

  • II. Desenvolvimento e geopoltica: defesa, energia e infraestrutura

    36. A Amrica do Sul: o destino do Brasil 429 Darc Costa

    37. Geopoltica y relaciones internacionales: una perspectiva sudamericana 441 Andrs Rivarola Puntigliano

    38. O passado e o futuro das relaes civis e militares no cone sul: desafios diante da busca da verdade 467

    Eduardo Heleno dos Santos

    39. El concepto de comunidad energtica regional en el Mercosur ampliado 481 Emiliano Travieso e Reto Bertoni

    40. Seguridad, defensa e integracin regional en Amrica del Sur: el desafo de la integracin en defensa y seguridad 495

    Jos Manuel Ugarte

    41. Relaciones bilaterales argentino-brasileas en el Mercosur: parceria estratgica no caminho da integrao 507

    Leonardo Granato

    42. Bilateralizacin, contexto asimtrico y condicionantes polticos: el caso del Mercosur 521

    Lorena Granja

    43. Temas de investigacin sobre seguridad y fronteras en el Cono Sur 539 Luis Tibiletti

    44. Segurana na Amrica do Sul: repensando o complexo de segurana regional a partir da faixa de fronteira brasileira 557

    Miguel Dhenin

    45. Claves para la agenda del desarrollo 567 Octvio Rodriguez

    46. Notas sobre a integrao de infraestrutura na Amrica do Sul: da IIRSA ao Cosiplan da Unasul 585

    Raphael Padula

    47. Meio ambiente, cooperao e integrao regional 597 Rodolfo Ilrio da Silva

    48. Realismo, integrao regional e a Aliana do Pacfico 611 Thomas Ferdnand Heye

  • 49. Brasil, Venezuela e a cooperao internacional para o desenvolvimento 625 Verena Hitner e Pedro Silva Barros

    50. Foro Mercosur Panel sobre integracin energtica 643 Victorio Oxilia Dvalos

    O FoMerco 645 Programa do XIII Congresso Internacional 657 Participantes do XIII Congresso Internacional 661 Autores do E-book 671

    VOLUME 2

    III. Aspectos da dinmica cultural da integrao

    Introduo 675 Mnica Leite Lessa

    51. Hay un boom de la produccin audiovisual? Una aproximacin desde la perspectiva del consumo en el Mercosur 679

    Ana Wortman

    52. Integrao atravs da formao. Estudo de caso: a revista Cadernos do Terceiro Mundo 693

    Beatriz Bissio

    53. DOCTV Ibero-Amrica: uma experincia de integrao regional por meio do audiovisual 707

    Dcia Ibiapina da Silva

    54. Caryb: Brasil, Bahia/Argentina/Uruguai 715 Eliane Garcindo de S

    55. Visibilidade miditica e o Mercado Comum do Sul 727 Maria Cristina Gobbi

    56. Memria: o projeto cultural do Brasil na Amrica Latina a partir dos anos 40 741

    Maria Margarida C. Nepomuceno

    57. Dilogos de preservacin del patrimonio cultural en Amrica Latina: el caso de Edson Motta 753

    Mara Sabina Uribarren

  • 58. Indstrias criativas: inovao para a integrao 765 Maria Susana Arrosa Soares

    59. Mobilidade Cultural para o Mercosul 779 Monique Badar

    60. Industrias creativas viables. El boom del cine nacional en Uruguay 789 Rosario Radakovich

    61. El conocimiento como bien comn: debate entre acceso abierto y propiedad 801

    Silvia Lago Martnez

    IV. A produo do conhecimento, tecnologias sociais e cooperao internacional

    Introduccin 813 Daniela Perrotta

    62. Reflexiones sobre una propuesta de postgrado interdiciplinar en la Unila. De las emergencias contemporneas sobre mbae jara 817

    Alai Diniz

    63. Notas sobre teora crtica, universidad y sujetos colectivos 825 Alejandro Casas

    64. Procesos de integracin regional en Amrica Latina y pensamiento crtico: desencuentros persistentes y una propuesta de anlisis 837

    Alfredo Falero

    65. Integracin, Democracia y Tecnologas para la Inclusin Social. Polticas Pblicas en Investigacin e Innovacin para el Desarrollo Social en Uruguay 849

    Amlcar Davyt

    66. Sistemas internacionais de regulao da ps-graduao e as possveis (in)compatibilidades quanto a equiparao transfronteiria de diplomas no Brasil 861

    Antonio Walber Matias Muniz

    67. Misso integracionista da Unila 879 Carlos Sidnei Coutinho

    68. O doutorado binacional UFRRJ e UNRC em Cincia, Tecnologia e Inovaes em Agropecuria: algumas observaes 895

    Cezar Augusto Miranda Guedes

  • 69. Integrao, democracia e tecnologias de incluso social 907 Claiton Mello

    70. Universidad y cooperacin internacional: desafos para y desde el Mercosur del siglo XXI 915

    Daniela Perrotta

    71. As possibilidades das Cincias Biolgicas na integrao 929

    Willy Beak e Elci Franco

    72. Ciencia y tecnologa para la inclusin y el desarrollo: opciones de poltica pblica para Argentina y Brasil 933

    Hernan Thomas, Lucas Becerra, Mariano Fressoli y Gabriela Bortz

    73. Nova agenda em estudos avanados: ILEA UFRGS 951 Jos Vicente Tavares dos Santos

    74. Aprendizajes colectivos de saberes para la integracin latinoamericana en el contexto de la Unila 955 Luis Eduardo Alvarado Prada

    75. Divulgao e comunicao de Cincia e Tecnologia como instrumentos para inovao social na Amrica Latina 967

    Mara Baumgarten

    76. Cooperacion internacional: la Universidad Nacional de la Plata 979 Maria Eugenia Cruset

    77. Tecnologias sociais no Brasil: anlise do Programa Um Milho de Cisternas (P1MC) 985

    Rafael Dias

    78. La Comunicacin en el Mercosur. Entre polticas nacionales y la integracin regional 995 Susana Sel

    79. Linhagens intelectuais identidade latino-americana e o nacional desenvolvimentismo 1009

    Vera Cepda

    O FoMerco 1025 Programa do XIII Congresso Internacional 1035 Participantes do XIII Congresso Internacional 1039 Autores do E-book 1049

  • Prefcio

    Reflexes sobre a integrao na Amrica do Sul

    Samuel Pinheiro Guimares

    1. O desenvolvimento econmico, poltico e social o supremo objetivo dos

    Estados e das sociedades subdesenvolvidas, perifricas, ex-coloniais.

    2. O desenvolvimento econmico deve ser entendido como a utilizao cada vez

    mais ampla e eficiente dos recursos naturais, do trabalho e do capital de uma sociedade,

    que permita alcanar nveis cada vez mais elevados de produo e de consumo e melhor

    distribuio de riqueza e renda.

    3. O desenvolvimento poltico significa a transformao de sociedades oligrquicas e

    plutocrticas, como so em geral as sociedades ex-coloniais, atravs da participao cada

    vez mais ampla, intensa e quotidiana dos cidados na elaborao de leis e normas, na

    execuo de programas de governo e na atividade poltica, em geral, em uma sociedade.

    4. Para ocorrer o desenvolvimento social necessrio que se verifique uma reduo

    firme e acelerada das disparidades de renda, de propriedade, de poder e de acesso entre a

    nfima minoria que concentra o poder econmico e poltico e controla o Estado e a

    imensa maioria da populao, em diferentes graus de excluso, na sociedade perifrica.

    5. Os esquemas de integrao entre pases perifricos, subdesenvolvidos e ex-

    coloniais devem ser instrumentos de seu desenvolvimento econmico, poltico e social.

    Se na integrao isto no ocorrer, ou se ocorrer para um e no para outros, se a

    integrao no contribuir para a realizao destes objetivos, no faz ela sentido, e se

    transforma assim em uma mera figura de retrica.

    6. A integrao entre Estados e economias na Amrica do Sul pode ser econmica,

    poltica e social.

    7. A integrao econmica pode ser comercial; de polticas econmicas; financeira;

    do mercado de trabalho; de infraestrutura; em cincia e tecnologia; e, finalmente,

    industrial/produo.

  • XIV | Samuel Pinheiro Guimares

    XIII Congresso Internacional

    8. A integrao comercial se verifica atravs da eliminao dos obstculos livre

    circulao de bens e servios, i.e. da eliminao dos obstculos tarifrios e no tarifrios

    circulao (importao e exportao de bens), enquanto pode ou no ocorrer a

    uniformizao da legislao referente a servios para permitir e facilitar o livre acesso das

    empresas fornecedoras aos mercados que se integram.

    9. H vrios esquemas de integrao comercial, mas aqui nos interessa a unio

    aduaneira, que o caso do Mercosul. Na unio aduaneira, alm da eliminao das

    barreiras ao comrcio entre os Estados membros, se estabelece e administra uma tarifa

    externa comum, o que apresenta grandes desafios, tanto maiores quanto maiores forem

    as assimetrias econmicas entre os Estados que participam da unio.

    10. A existncia da unio aduaneira faz com que os Estados membros somente

    possam negociar e celebrar, em conjunto, acordos comerciais de natureza tarifria.

    11. A integrao comercial de pases de dimenso econmica em extremo assimtrica

    beneficia os pases de maior dimenso, acentua os desequilbrios e dificulta o

    desenvolvimento econmico daqueles pases de menor dimenso.

    12. As anlises de comrcio exterior, ao comparar a situao e a evoluo de Estados

    especficos, esquece que o comrcio feito na prtica pelas empresas e que no comrcio

    internacional o papel das megaempresas multinacionais central.

    13. A integrao comercial , assim, profundamente afetada pela participao de

    megaempresas multinacionais nas economias dos pases perifricos que se integram.

    14. Essas megaempresas multinacionais organizam sua produo, seus investimentos,

    sua pesquisa tecnolgica, seu comrcio em nvel global, em nvel mundial.

    15. Desta forma, a economia, o comrcio e a integrao em regies perifricas so

    profundamente influenciados pela ao das megaempresas multinacionais em

    decorrncia de seus planos globais de ao, cujo objetivo principal no promover o

    desenvolvimento das regies perifricas, mas sim maximizar seus lucros em escala

    global.

    16. Nesta situao, de presena marcante das megaempresas multinacionais, que

    planejam seu comrcio, no h livre comrcio no sentido da economia clssica entre as

    economias perifricas que participam de um processo de integrao e, portanto, os

    benefcios esperados da integrao (devido remoo de obstculos) no se verificam

    plenamente.

  • Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XV

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    17. A uniformizao da mirade de diferentes legislaes nacionais sobre servios

    (cujo nmero, segundo a classificao das Naes Unidas, seria de cerca de 11.000) para

    privilegiar as empresas que se encontram nos Estados que se integram processo em

    extremo complexo e que pouco avanou no mbito do Mercosul. Os Estados membros

    retm sua competncia normativa para regular os diferentes servios, no estabelecem

    preferncias entre si e podem conceder tratamento especfico e distinto em relao a

    terceiros pases (e na OMC).

    18. A integrao das polticas econmicas (fiscal, financeira, de crdito,

    trabalhista, previdenciria, ambiental, cambial, monetria, etc) dos Estados que se

    integram deveria acompanhar a integrao comercial.

    19. Quando isto no ocorre, o comrcio entre os Estados membros de um esquema

    de integrao comercial profundamente afetado e distorcido pelas diferenas entre as

    legislaes econmicas que influem sobre as circunstncias de produo e de comrcio

    das empresas sediadas nos distintos Estados-parte.

    20. Todavia, as diferenas de nvel de desenvolvimento, as assimetrias de dimenso e

    a distinta evoluo histrica e social tornam extremamente difcil a uniformizao, ainda

    que gradual, das polticas econmicas dos Estados do Mercosul e ainda mais entre os

    Estados da Amrica do Sul em geral.

    21. A integrao financeira entre as economias da regio poderia avanar atravs da

    constituio gradual de um Fundo de Reservas Sul-Americano, semelhante ao arranjo de

    Chiang Mai na sia, e pelo depsito, no Banco do Sul, de parte das reservas desses

    pases que se encontram investidas em pases desenvolvidos, contribuindo para o

    crescimento e estabilidade de suas economias.

    22. A integrao financeira, do ngulo do crdito, poderia avanar atravs da

    concesso da possibilidade de acesso s instituies de crdito de qualquer Estado do

    Mercosul de parte de qualquer empresa de capital nacional dos Estados membros do

    Mercosul, satisfeitas as condies de garantia, em igualdade de condies com as

    empresas locais.

    23. A integrao do mercado de trabalho entre os Estados do Mercosul avanou

    alguns passos atravs do acordo de previdncia social e do acordo sobre residncia.

    24. O acordo sobre previdncia social permite aos trabalhadores nacionais dos

    Estados do Mercosul ter acesso aos benefcios dos sistemas previdencirios dos pases

    onde estiverem trabalhando e de acumular seu tempo de trabalho em distintos pases

    para fins de aposentadoria. O acordo sobre residncia permite aos nacionais do

  • XVI | Samuel Pinheiro Guimares

    XIII Congresso Internacional

    Mercosul adquirirem a condio de residentes permanentes atravs de procedimentos

    simples.

    25. A integrao da infraestrutura, em especial nas reas de transporte, energia e

    comunicaes, essencial para a efetiva integrao das economias dos Estados que

    participam de um esquema de integrao.

    26. Os mercados de produo, de consumo, de investimentos e de trabalho somente

    podem se integrar plenamente (e alcanar nveis mais elevados de eficincia) se os

    sistemas nacionais de transporte e energia estiverem integrados, com os de seus vizinhos.

    27. notrio o reduzido grau de integrao dessas infraestruturas em mbito

    nacional em cada Estado da Amrica do Sul assim como caracterstica da regio o

    pequeno nmero de interconexes entre os sistemas nacionais, inclusive entre os pases

    do Mercosul.

    28. Alm das questes polticas, obstculos geogrficos importantes entre os pases da

    Amrica do Sul, em especial a Cordilheira Andina e a Floresta Amaznica, a orientao

    histrica dos sistemas de transporte do interior para o litoral, a baixa densidade

    demogrfica do interior do continente e o baixo nvel de densidade industrial dessas

    regies do interior tornam mais difcil a articulao entre os sistemas nacionais de

    energia, transporte e comunicaes.

    29. Tendo em vista a assimetria de dimenses econmicas entre os pases da Amrica

    do Sul, em especial entre o Brasil e os demais pases, e as assimetrias de nvel de

    industrializao, essencial a construo da infraestrutura dos pases menores para

    fortalecer suas economias, permitir sua industrializao e sua participao mais equitativa

    no processo de integrao regional.

    30. A reduzida carga tributria em vrios desses pases e suas dificuldades de acesso

    aos mercados internacionais de capital fazem com que a contribuio do Brasil, que vem

    sendo dada inclusive atravs do BNDES e de empresas de engenharia, seja essencial para

    a construo de suas infraestruturas e a reduo de assimetrias. A ampliao do FOCEM

    , neste aspecto, medida indispensvel.

    31. A integrao na Amrica do Sul na rea de cincia e tecnologia seria de

    fundamental importncia para o desenvolvimento dos pases da regio. As economias

    sul-americanas apresentam reduzido dinamismo cientfico (medido pelo nmero de

    prmios Nobel em cincias exatas, de artigos cientficos publicados, pela posio em

    ranking internacional de seus centros de pesquisa, pelo nmero de cientistas) e

  • Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XVII

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    tecnolgico, medido pelo nmero anual de patentes solicitadas e pela exportao de

    produtos de alta tecnologia.

    32. A integrao dos programas nacionais de cincia e tecnologia permitiria reduzir os

    custos e aumentar a eficincia desses programas, cada vez mais dispendiosos em termos

    de equipamentos crescentemente complexos e de formao de pessoal cientfico, porm

    cada vez mais indispensveis ao desenvolvimento econmico. A criao de um programa

    semelhante ao Cincia sem Fronteiras no mbito do Mercosul e a construo de uma

    rede de cooperao e de apoio financeiro entre os principais institutos de pesquisa da

    regio seriam medidas de grande importncia prtica.

    33. A integrao de produo (s vezes chamada de integrao produtiva) na

    Amrica do Sul se refere muito especialmente integrao industrial, j que seria difcil

    imaginar integrao na rea da agricultura ou da minerao.

    34. H trs aspectos importantes neste tema. O primeiro se refere s assimetrias de

    poltica econmica entre os distintos Estados da regio (crdito, fiscal, etc) que

    dificultam por razes operacionais a fragmentao das estruturas produtivas industriais

    entre os diferentes Estados. O segundo aspecto a presena em todas as economias de

    regio de megaempresas multinacionais que planejam e executam suas polticas de

    produo, de investimento, de exportao/importao e de pesquisa em nvel global. O

    terceiro aspecto a expanso das empresas brasileiras nas economias dos pases

    vizinhos.

    35. As megaempresas multinacionais tm privilegiado nos ltimos anos os

    investimentos nas reas de agricultura e minerao para responder forte demanda

    chinesa e aos altos preos das matrias primas. Por outro lado, protegidas pelas normas

    da OMC, que dificultam e at impedem os Estados nacionais de disciplinar a atividade

    das megaempresas em termos de utilizao de insumos nacionais, de obrigao de

    pesquisa no territrio, de diversificao das exportaes em termos de produtos e

    destinos, tm ampla liberdade de ao na rea industrial. Tm elas privilegiado

    recentemente investimentos em servios (e. g. sade, educao) onde no acontece

    (como na indstria) a acirrada competio chinesa, com importante reflexo sobre o

    balano de pagamentos.

    36. Assim, somente a organizao dos mercados permitir a integrao industrial

    equilibrada e o prprio desenvolvimento industrial, como acontece com o comrcio de

    produtos automotivos no mbito do Mercosul o que permite a diversificao (ao invs

    da concentrao) geogrfica das unidades de produo e a expanso do comrcio

    industrial entre os pases do Mercosul. Caso no existisse este acordo, a possibilidade de

  • XVIII | Samuel Pinheiro Guimares

    XIII Congresso Internacional

    ocorrer a concentrao geogrfica da produo automobilstica em favor da economia

    maior seria muito grande.

    37. A corrente presena das empresas brasileiras nos pases da Amrica do Sul

    decorre do grau mais avanado de industrializao do Brasil e das dimenses relativas

    das empresas. A expanso das empresas brasileiras pode apresentar grave desafio

    poltico.

    38. A integrao poltica entre os pases da Amrica do Sul, e em especial do

    Mercosul, para promover o seu desenvolvimento, pode se verificar nas reas:

    parlamentar; do Executivo; legal-judiciria; de defesa; de comunicao.

    39. A integrao poltica certamente a mais complexa e difcil devido s

    assimetrias demogrficas e econmicas entre os Estados da Amrica do Sul e, as

    divergncias polticas, histricas e atuais, que os separam.

    40. Na rea parlamentar, seria necessrio atribuir competncia legislativa ao

    Parlamento do Mercosul e definir a relao de sua competncia em relao

    competncia dos Parlamentos nacionais, questo em que as assimetrias de toda ordem

    entre os Estados criam grandes dificuldades.

    41. Na rea dos Executivos, seria de grande importncia promover a articulao

    entre os distintos Ministrios setoriais nacionais para a discusso de seus programas de

    trabalho e a identificao de projetos de cooperao, o que, alis, seria fundamental nas

    questes de infraestrutura para a integrao.

    42. Na rea legal-judiciria, seria necessrio um esforo de aproximao dos

    cdigos, dificuldade que no se pode menosprezar j que os cdigos refletem a evoluo

    e as percepes de cada sociedade em termos de relaes sociais (de famlia,

    criminalidade etc) e de sistemas econmicos, (comercial, financeiro, meio-ambiente etc).

    Todavia, este esforo poltico imprescindvel para permitir inclusive o

    desenvolvimento econmico e social dos pases da regio.

    43. Na rea poltica, seria importante pensar em dois temas, quais sejam a a

    cidadania sul-americana e a articulao poltica entre os Governos.

    44. Alguns pases da Amrica do Sul j permitem a participao de estrangeiros nos

    processos eleitorais internos de seus Estados, prevendo inclusive a possibilidade de

    serem eleitos para cargos pblicos.

  • Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XIX

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    45. A possibilidade de extenso dos direitos de cidadania aos sul-americanos

    residentes em Estados da regio varia de acordo com a dimenso das comunidades de

    imigrantes, situao de refugiados e s relaes polticas entre os distintos Estados da

    regio. A extenso de cidadania poderia se realizar de forma gradual, a partir do nvel

    municipal.

    44. A articulao poltica entre os Governos depende do grau de sua identidade ideolgica e pode se referir ao campo de ao: regional e ao campo internacional 45. No campo regional, a articulao poltica entre os distintos Estados se d

    principalmente em torno da questo democrtica e de conflitos especficos, mais ou

    menos agudos, que emergem periodicamente.

    46. Tanto no Mercosul como na Unasul os Estados membros se comprometeram,

    atravs de compromissos jurdicos (declaraes, etc) a condicionar a participao de cada

    pas nesses esquemas vigncia de regimes democrticos.

    47. No caso de conflitos e divergncias entre Estados da regio, os demais Estados

    procuram levar os Estados litigantes soluo pacfica de suas controvrsias para que

    estas no venham a transcender o quadro regional e a se colocar na OEA ou nas Naes

    Unidas, onde seu exame e soluo sofreriam a influencia dos interesses de Potncias

    extrarregionais.

    48. No campo internacional, a integrao poltica se pode dar sob a forma de

    coordenao de atividades, iniciativas e posies nas negociaes em foros

    internacionais, com o objetivo geral de fazer com que nelas e neles venham a prevalecer

    normas e programas que atendam a seus interesses particulares na qualidade de pases

    subdesenvolvidos, exportadores de matrias primas, com vulnerabilidade financeira, com

    escassez de capital etc e de fortalecer sua posio e participao na governana dos

    principais organismos internacionais.

    49. Ainda no campo internacional, a coordenao entre os Estados da Amrica do Sul

    deve visar construir posies comuns sobre temas que afetam a paz, a segurana, a

    autodeterminao e a no interveno, sendo esses dois ltimos princpios essenciais

    para os Estados mais fracos militarmente e sempre violados pelos Estados mais

    poderosos.

    50. A integrao na rea de defesa deve ter seu fundamento na cooperao entre

    os Ministrios da Defesa e as Foras Armadas dos pases sul americanos, alis vinculados

    s Foras Armadas americanas desde a Segunda Guerra Mundial, em termos de

  • XX | Samuel Pinheiro Guimares

    XIII Congresso Internacional

    aquisio de material militar, de intercmbio e treinamento de oficiais, de doutrina

    estratgica e de operaes militares conjuntas.

    51. A cooperao militar na regio deu um passo de grande importncia com a

    criao do Conselho de Defesa Sul-Americano, no mbito da UNASUR.

    52. O Conselho de Defesa criou, pela primeira vez, um foro de dilogo entre as

    autoridades militares sul-americanas, sem a presena de Potncias extracontinentais.

    53. A cooperao e o dilogo permitiriam, apesar de eventuais divergncias e

    suspiccias, reduzir as tenses polticas entre certos Estados membros que podem se

    transformar em tenses militares e redundar em corridas armamentistas, que podem

    envolver toda a regio, mesmo os pases no diretamente envolvidos.

    54. As Foras Armadas sul-americanas so tradicionais importadoras de armamentos,

    em especial dos Estados Unidos, no valor de dezenas de bilhes de dlares anuais, armas

    que so frequentemente de segunda e terceira gerao. A cooperao entre as Foras

    permitir o desenvolvimento, de preferncia conjunto, da indstria de defesa na regio,

    com repercusses importantes para o desenvolvimento tecnolgico da indstria civil.

    55. A existncia de bases militares norte-americanas na Amrica do Sul e de bases

    inglesas nas Ilhas Malvinas, ocupadas ilegalmente pela Gr-Bretanha, e em outras ilhas

    no Atlntico, assim como a presena de navios de guerra e de submarinos equipados

    com armas nucleares afetam a situao estratgica de regio e a cooperao entre as

    autoridades militares da Amrica do Sul.

    56. A questo dos meios de comunicao, de sua democratizao, de sua

    diversificao, central para a poltica de promoo da integrao dos pases sul-

    americanos. A formao do imaginrio das elites dirigentes (e das elites em geral) e da

    populao sobre as perspectivas, os benefcios e os desafios da integrao regional

    essencial para o processo de tomada de decises dos Governos sobre projetos de

    integrao regional em comparao com as propostas de promover a insero, sem

    limites, no processo de globalizao, organizado e promovido pelas megaempresas

    multinacionais e pelos Estados onde tem elas as suas sedes.

    57. Uma das mais graves caractersticas da Amrica do Sul, talvez a principal, sejam as

    disparidades sociais. Sem reduzir com firmeza e vigor essas disparidades, que so

    alimentadas por mecanismos antigos e modernos de concentrao de poder econmico

    e poltico, ser impossvel, repito, impossvel, construir uma grande economia regional,

    regimes democrticos e justos, economias nacionais prsperas e dinmicas.

  • Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XXI

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    58. A integrao em nvel social pode contribuir, pela fora de experincias e pela

    cooperao tcnica e financeira dos pases mais ricos e desenvolvidos da regio a

    programas de reduo das desigualdades e vulnerabilidades sociais nos pases menores,

    para o desenvolvimento econmico, poltico e social de cada pas da regio e da regio

    como um todo.

    * * *

    59. Ao finalizar, preciso reiterar que na Amrica do Sul ocorre uma disputa poltica

    e ideolgica entre duas vises do continente e consequentes estratgias de integrao.

    60. De um lado, a tradicional estratgia norte-americana, com seu objetivo

    permanente de integrar economicamente todas as Amricas, e de incluir definitivamente

    em sua rea de influncia poltica toda a regio.

    61. Esta estratgia americana se fundamenta nos princpios do neoliberalismo que

    considera que o desenvolvimento econmico (e social) decorre do livre jogo de foras de

    mercado e que, para que tal ocorra, necessrio reduzir ao mximo a ao do Estado na

    economia atravs de polticas de abertura comercial e financeira, de desregulamentao

    da economia, de privatizao, de rgido equilbrio fiscal, de reduo da carga tributria,

    de liberdade absoluta para o capital estrangeiro, de rgido controle da inflao, princpios

    que foram sintetizados no Consenso de Washington e aplicados pelo FMI, bancos

    internacionais e Governos de grandes Potncias credoras quando da renegociao das

    dvidas externas e que so reiterados at hoje.

    62. A estratgia americana de formao de uma economia global sob sua hegemonia

    se desenvolve em nvel mundial, atravs da OMC; em nvel regional atravs de acordos,

    como foi a negociao da ALCA e o acordo com a Amrica Central, CAFTA, e em nvel

    bilateral os acordos com o pases sul-americanos, tais como o Chile, a Colmbia e o

    Peru. A Aliana do Pacfico apenas mais uma nova etapa desta estratgia, assim como a

    Trans Pacific Partnership e o anunciado acordo entre Unio Europeia e Estados Unidos, de

    dificlima concretizao, em especial devido as dificuldades na rea de agricultura e

    crise internacional. Estas iniciativas so difundidas pela mdia regional globalizada no

    Brasil e nos pases do Mercosul como oportunidades que no devemos perder para

    nos integrarmos na economia mundial em transformao.

    63. A poltica americana, executada na Amrica Latina atravs dos acordos chamados

    de livre comrcio, leva em realidade desindustrializao e desnacionalizao dos

    pases sul-americanos que os celebram, a baixas taxas de crescimento econmico,

    dependncia tecnolgica, ao desequilbrio nas contas externas e ao agravamento das

  • XXII | Samuel Pinheiro Guimares

    XIII Congresso Internacional

    disparidades sociais, situao hoje disfarada, em certos de seus aspectos, pela forte

    demanda chinesa por matrias primas.

    64. De outro lado, em contraposio no explcita estratgia americana, a estratgia

    dos pases que integram o Mercosul reconhece a necessidade de ao do Estado para

    reduzir as disparidades sociais, para promover a acelerao do desenvolvimento para

    fortalecer o capital nacional, para explorar de forma correta os recursos naturais, para

    desenvolver a indstria e gerar emprego, em um mundo em profunda crise econmica e

    transformao estrutural, com a emergncia da China.

    65. A ALBA, notvel iniciativa venezuelana, como foram o Banco do Sul e a Telesur,

    um esquema de cooperao econmica entre os pases que dela participam, sem

    maiores objetivos no campo de integrao econmica comercial. A ALBA em tudo

    compatvel com o Mercosul.

    66. Finalmente, o objetivo mais urgente e importante do processo de integrao e de

    desenvolvimento da Amrica do Sul a incorporao da Bolvia, do Equador, da Guiana

    e do Suriname ao Mercosul, de forma equilibrada e flexvel, que garanta seu

    desenvolvimento nacional.

    24 de maio de 2013

  • Apresentao

    Desafios da integrao ampliada da Amrica do Sul

    Ingrid Sarti

    trajetria recente da Amrica do Sul revela um continente que, em plena

    crise do capitalismo global, se converteu em modelo de autonomia e de

    revigoramento das instituies democrticas, do desenvolvimento

    econmico e da diminuio da pobreza. Promovida por governantes eleitos no sculo

    XXI, a estratgia poltica de uma integrao regional para alm dos circuitos

    meramente comerciais logrou construir uma indita aproximao entre os Estados e

    sociedades da regio, bem como afirmar o compromisso em prol da superao solidria

    das dificuldades inerentes ao processo da integrao. Destaque-se o desempenho da

    diplomacia na coordenao das polticas externas do continente voltadas para a insero

    autnoma da regio em um mundo ainda em busca da multipolaridade.

    As relaes de integrao poltica e econmica pautaram-se sob a gide de um

    desenvolvimento que no se mede apenas pela riqueza da economia de um pas ou de

    uma regio, mas se avalia pela extenso e pela qualidade dos direitos que proporciona a

    seus povos. Ressalte-se ainda a relevncia das polticas sociais numa nova mirada em

    prol dos avanos da educao, da cincia e da tecnologia em novas formas de produo

    do conhecimento no continente.

    Nesta ltima dcada, exceto pelo dissonante golpe ocorrido no Paraguai, em julho

    de 2012, o revigoramento das instituies democrticas trouxe estabilidade poltica

    regio mercosulina, e as clausuras democrticas contidas nos tratados regionais tem sido

    acionadas em momentos de crise institucional. Outras iniciativas foram concebidas na

    tentativa de se fortalecer a soberania dos Estados e se afastar os riscos de intervenes

    externas. s primeiras iniciativas da Aliana Bolivariana para os povos da Amrica - Alba

    e da Unio Sul Americana das Naes Unasul, somam-se as de outros organismos

    regionais, como a recm-criada Comunidade de Estados Latino-americanos e

    Caribenhos Celac, que assim ampliam os escopos do Mercosul e contribuem para

    expressivos avanos do comrcio regional, do aumento dos investimentos produtivos e

    das iniciativas de cooperao financeira gerados pela integrao.

    Se ainda no uma potncia poltica, econmica ou militar, a Amrica do Sul j se

    reconhece agora, naquilo que sempre foi: uma potncia em recursos naturais, inclusive

    em recursos hdricos, pois concentra mais de 30% da gua doce do planeta, uma regio

    Presidenta do Frum Universitrio Mercosul - FoMerco (2012/2013). Professora do programa de Ps-graduao em Economia Poltica Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

    A

  • XXIV | Ingrid Sarti

    XIII Congresso Internacional

    livre de ameaas naturais, sem choques culturais, e sem conflitos militares regionais h

    aproximadamente 100 anos. Consciente da importncia do uso adequado dos recursos

    naturais disponveis, cada vez mais so estes pensados como caminho crucial para o

    desenvolvimento estratgico da regio. A implantao da Universidade Federal da

    Integrao Latina Americana Unila, em 2010, traduz o empenho do governo brasileiro

    no s na difuso do conhecimento, mas tambm na necessidade de consolidar a

    pesquisa sobre os recursos do prprio continente e de proporcionar a formao das

    novas geraes sob valores e objetivos prprios de uma integrao regional solidria:

    [...] Ns incorporamos a solidariedade como valor a ser defendido na nossa poltica

    externa. Da mesma forma que ns buscamos a defesa da paz, defesa dos direitos

    humanos, relaes internacionais menos assimtricas, menos desequilibradas, temos

    tambm como um dos valores a solidariedade.1

    Contudo, a integrao sul-americana, tal como concebida neste milnio, ainda

    um processo em construo, e imensos desafios permanecem nesse continente marcado

    por profundas assimetrias e desigualdades sociais. Para Samuel Pinheiro Guimares, Alto

    Representante do Mercosul (2011/2012), a Amrica do Sul necessita com urgncia de um

    programa de construo:2

    Os pases da regio maiores e mais avanados, econmica e industrialmente, tero de articular programas de desenvolvimento econmico para estimular e financiar a transformao econmica dos pases menores; abrir, sem exigir reciprocidade, seus mercados e financiar a construo da infraestrutura desses pases e sua inteligao continental. Caso o desenvolvimento de cada pas da regio for deixado ao sabor da demanda do mercado internacional e dos humores das estratgias de investimento das megaempresas multinacionais, as assimetrias entre os Estados da regio, e dentro de cada Estado, se acentuaro assim como as tenses polticas e os ressentimentos, o que vir a afetar de forma grave as perspectivas de desenvolvimento do Brasil.3

    Os desafios so imensos, mas os esforos para super-los se multiplicam. Vale

    observar, porm, que as elaboraes do pensamento crtico sobre o potencial sul-

    americano, produzido dentro e fora do continente,4 com frequncia destacam

    justamente o carter inovador e inacabado dessas experincias ainda em construo, e

    distintas do projeto de integrao vigente nos modelos tradicionais adotados na Europa

    1 Garcia, Marco Aurlio. Ns estamos emergindo e vamos continuar a emergir, Entrevista. Desafios do Desenvolvimento, IPEA, janeiro-fevereiro, 5/4/2010; ver tambm Poltica externa e estratgia de desenvolvimento. Le Monde diplomatique Brasil, outubro, 2010.

    2 GUIMARES, Samuel Pinheiro. A Amrica do Sul em 2022, Carta Maior, 17/7/2010.

    3 Idem

    4 Na literatura estrangeira, ver, por exemplo, Cox, Robert (2009). Interview. by Ana Garcia, Alessandro Biazzi and Miguel Sa. May 1st, mimeo; Harvey, David (2009). Organizing for the anti-capitalist transition. (Crtica y Emancipacin. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales ao 2 n 4, Clacso, segundo semestre 2010); Santos, Boaventura de S. (2007). O Socialismo do sculo 21. Entrevista, Folha de So Paulo 7/6/2007; Wallerstein, Immanuel (2009). Mudando a geopoltica do sistema-mundo: 1945-2025. In: Sader, Dos Santos, Martins e Sotelo (org.). A Amrica Latina e os desafios da globalizao. Rio de Janeiro/So Paulo: PUC-RJ/Boitempo.

  • Apresentao | XXV

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    e, anteriormente, na prpria Amrica Latina. neste projeto em tela que se depositam

    inclusive as expectativas de uma alternativa que autorize a insero soberana da regio na

    nova ordem mundial sob a perspectiva de um processo contra-hegemnico.

    Aos problemas que ainda persistem, como a concentrao da terra e dos meios de

    comunicao e a crise de representatividade dos partidos polticos, que por vezes at

    ameaam as conquistas democrticas, somam-se novos desafios como os sinais de

    desindustrializao e reprimarizao econmica, visveis nos pases que lograram

    constituir, pela via da substituio de importaes, um parque industrial relativamente

    avanado e articulado ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico. Em razo de

    persistentes desequilbrios estruturais, persiste tambm o risco de a dinmica centro-

    periferia se reproduzir, particularmente em face da consolidao da sia como o novo

    polo dinmico da economia internacional. Em que pese a progressiva diminuio da

    pobreza, os ndices de desigualdade permanecem aviltantes e a violncia, o narcotrfico e

    o crime organizado encontram-se disseminados nos grandes centros urbanos.

    Mesmo se restritos ao mbito do Mercosul, e a despeito de uma vasta produo

    analtica, cabe observar tambm que ainda no dispomos de uma sistematizao do

    conhecimento com foco na integrao que permita o levantamento dos recursos

    naturais, industriais, cientficos e culturais de nosso continente e que propicie o

    diagnstico de gargalos existentes to necessrios para as elaboraes crtico-

    propositivas destinadas a superar os entraves existentes. A fragmentao, que se d por

    rea do conhecimento e por pases, em todos os nveis, desde a academia at os rgos

    gestores, pode inviabilizar a interlocuo que condio para a produo do

    conhecimento e para a formulao de polticas pblicas.

    Nesse contexto, a formao de redes, como o Frum Universitrio Mercosul

    FoMerco parece demonstrar que possvel refletir e propor alternativas polticas que

    visem efetivamente s mudanas profundas, como condio da integrao real de nossos

    Estados, nossos povos e culturas. O que se quer sublinhar, portanto, o imperativo de

    uma reflexo conceitual sobre a integrao na Amrica do Sul, cuja especificidade

    chave para o debate pblico.

    Foi com o objetivo de contribuir para uma anlise acurada da agenda da

    integrao e, se possvel, subsidiar uma elaborao prospectiva de alternativas e

    ajustes de polticas pblicas nacionais e regionais, que o Frum Universitrio

    Mercosul FoMerco se reuniu em Montevidu, no Edifcio Sede do Mercosul, por

    ocasio de seu XIII Congresso Internacional, em novembro de 2012. Nele foram

    apresentados os textos que compem este livro.

  • XXVI | Ingrid Sarti

    XIII Congresso Internacional

    O contexto e a agenda

    Os presentes ao XIII Congresso Internacional do FoMerco participaram de uma

    programao diversificada que abrangia os temas mais significativos da ampla agenda da

    integrao sul-americana, em atividades que se distriburam por 8 painis, 8 mesas-

    redondas e 4 simpsios. Dentre os participantes, reunimos em dois volumes os textos de

    noventa e quatro autores, cuja valiosa contribuio agradecemos profundamente

    lamentando no fazer constar, nesta apresentao, o que seria a justa meno a cada

    nome.

    Em pleno corao do Mercosul, relembrando a trajetria dos seus vinte anos

    comemorada em 2011, estvamos todos os participantes sob impacto da conjuntura

    tensionada pela suspenso do Paraguai do Mercosul, como resultado do srio revs

    imposto democracia com o golpe que deps o Presidente Lugo,5 a poucos meses da

    realizao do nosso XIII Congresso. Os conflitos institucionais entre Paraguai e

    Venezuela e as informaes sobre a gravidade da doena do Presidente Chvez

    contriburam para reduzir, em parte, o entusiasmo com que se celebrava ento o avano

    da integrao sul-americana mediante a expanso do Mercosul com a entrada da

    Venezuela no bloco. Contudo, as preocupaes com a conjuntura logo se

    transformaram em mais um componente da transversalidade temtica e disciplinar que

    atravessou todos os debates do evento.

    Nesta publicao, a primeira e mais longa parte contm reflexes sobre os

    principais desafios tericos, polticos e institucionais no contexto de uma avaliao

    aprofundada dos efeitos da crise mundial do sculo XXI na dinmica econmica,

    jurdica e financeira da integrao. Olhares diversos convergem para a importncia da

    crise sistmica mundial no redesenho da integrao, principalmente quando uma Unio

    Europeia vulnervel se enfraquece tambm como modelo de referncia histrico de

    integrao que tanto influenciou o debate acadmico internacional. Discutem-se a

    viabilidade e os obstculos na elaborao de uma arquitetura financeira regional que

    possa dar suporte estratgia de desenvolvimento e s polticas sociais em curso. A

    importncia dos direitos humanos tema tambm contemplado como um dos desafios

    tericos e poltico-institucionais que a integrao suscita.

    A segunda parte, Desenvolvimento e geopoltica, rene anlises critico-

    propositivas sobre um conjunto de temas cruciais para a agenda da integrao sul-

    americana. Em abordagens que extrapolam as fronteiras do Mercosul, o papel da defesa,

    da energia e da infraestrutura do continente so aspectos estratgicos percebidos em um

    projeto de desenvolvimento integral. A atuao dos Conselhos da Unasul, em especial o

    de Defesa e o de Infraestrutura e Planejamento, surgem em anlises que apontam a

    necessidade de dilogo e cooperao no desenho de um planejamento da segurana, da

    5 A anlise de Gustavo Codas enfatiza o golpe como um ato contra a integrao regional da Amrica do Sul.

  • Apresentao | XXVII

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    energia e de toda a rede fsica que viabiliza o encontro entre os povos da regio. Fator

    estratgico apontado o aproveitamento dos recursos naturais especialmente o amplo

    potencial e disponibilidade de recursos agrcolas e da gua. Numa Amrica do Sul

    autossuficiente em termos de alimentao e energia (petrleo e recursos hidreltricos), a

    proposta a de que efetivamente se adotem polticas pblicas regionais aptas a viabilizar

    a integrao dos recursos energticos sul-americanos, que, nas palavras de Darc Costa,

    promovam a autossuficincia e independncia em relao a este setor estratgico e de crescente carncia

    mundial, fortalecendo a posio poltica e econmica da regio no concerto das naes, gerando sinergias e

    benefcios ao desenvolvimento do subcontinente.

    No segundo volume desta publicao, os recursos estratgicos considerados so

    os recursos humanos que compem o marco artstico-cultural e moldam a produo

    cientfica e tecnolgica da regio.

    Na terceira parte, os textos contribuem para a reflexo sobre os Aspectos da

    dinmica cultural da integrao. Arte e memria so aqui dotadas de uma dinmica

    prpria quando a indstria criativa em expanso potencializa novas formas de

    comunicao, em contexto ainda dominado por tradicionais monoplios dos meios.6 Na

    avaliao de Mnica Leite Lessa, que coordenou o Simpsio sobre Cultura, a cultura

    torna-se um poderoso fator de incluso e de desenvolvimento econmico e social, de

    insero internacional, e de integrao regional no contexto das polticas pblicas

    vigentes na Amrica do Sul.

    O debate sobre as formas de produo do conhecimento e os alcances e

    obstculos no processo de criao de tecnologias sociais em sistema de cooperao

    regional so o destaque na quarta parte da publicao. Para o especialista na anlise de

    tecnologias sociais para incluso, Hernn Thomas, a escassa orientao das polticas

    pblicas para o atendimento das demandas da populao local um problema a ser

    enfrentado por toda a coletividade envolvida no processo decisrio de Cincia,

    Tecnologia e Inovao. Reeditamos aqui alguns dos artigos polmicos que provocaram o

    debate no XIII Congresso, como no poderia deixar de ocorrer em evento e publicao

    de um Frum Universitrio, como o FoMerco. O relato de Daniela Perrotta,

    coordenadora do Simpsio sobre Universidade , em si mesmo, uma valiosa

    contribuio que introduz o leitor a este captulo que encerra nossa publicao.

    29 de dezembro de 2012

    6 A dimenso comunicacional do Mercosul e o vnculo entre as polticas nacionais de comunicao e a integrao regional so abordados por Susana Sel, no captulo 4.

  • Apresentao | 29

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    I

    Reflexes da crise mundial e

    desafios tericos da integrao

    da Amrica do Sul

  • 1

    Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos

    Adriana C. Cicar1

    La esperanza es la otra alma de los desdichados () El error viene a ser para la verdad lo que el sueo para la vigilia.

    He observado que del error salimos como restaurados para volver de nuevo a la verdad (Johann W. Goethe2).

    Si hay belleza en el carcter,

    Habr armona en el hogar. Si hay armona en el hogar, Habr orden en la nacin. Si hay orden en la nacin, Habr paz en el mundo (Confucio; 551-479 a C.).

    l 26 de marzo de 1991 se firma el Tratado de Asuncin, tratado para la

    constitucin de un mercado comn entre la Repblica Argentina, la

    Repblica Federativa del Brasil, la Repblica del Paraguay y la Repblica

    Oriental del Uruguay.

    Entre sus considerandos se mencionaba: la ampliacin de las () dimensiones

    de sus mercados nacionales, a travs de la integracin, constituye condicin fundamental

    para acelerar sus procesos de desarrollo econmico con justicia social () ese objetivo

    debe ser alcanzado mediante el ms eficaz aprovechamiento de los recursos disponibles,

    la preservacin del medio ambiente, el mejoramiento de las interconexiones fsicas, la

    coordinacin de las polticas macroeconmicas y la complementacin de los diferentes

    sectores de la economa (ver: Tratado de Asuncin).

    Balance de su trayectoria

    Al cumplirse los 20 aos de constitucin del Mercosur varios analistas hicieron un

    obligado balance de la trayectoria del proceso de integracin. La mayora fiel a la

    1 Mster en Gestin Empresaria y Formacin Profesional para la Integracin Latinoamericana / Profesora de la Facultad de Ciencias Econmicas y Estadstica / UNR - Investigadora del Consejo de Investigaciones / UNR Rep. Argentina.

    2 J.W. Goethe Obras completas Tomo VII Mximas y reflexiones; 304 y 331 Ed. Aguilar Madrid, 2003.

    E

  • 32 | Adriana C. Cicar

    XIII Congresso Internacional

    tradicin de la concepcin del mismo- focalizaron la atencin en los logros comerciales,

    y en ese sentido tenemos que decir que:

    si bien ha quedado atrs el perodo de oro del Mercosur centrado en el lapso

    1991/1998, en el cual hubo mayor convergencia macroeconmica desde el punto

    de vista cambiario y el comercio intrarregional fue ms dinmico creciendo

    sostenidamente hasta alcanzar un mximo del 25% en 1998 (medido a travs de

    las exportaciones), hoy dicho indicador se encuentra estabilizado en torno al 15%

    (ver CEI; 2011);

    continuando con una lectura netamente econmica se han logrado otras

    metas, por ej. mayor equidad en lo cualitativo del comercio, al lograrse introducir

    bienes con mayor valor agregado en el mayor mercado es decir, Brasil-, objetivo

    este ya contemplado en el Programa de Integracin y Cooperacin Argentina-

    Brasil (PICAB; 1986);

    se ha consolidado un perfil exportador diferenciado: los pases de la regin

    son, principalmente, exportadores de productos bsicos hacia el resto del mundo,

    en tanto que concentran su flujo de manufacturas industriales hacia el interior del

    Mercosur;

    con el nimo de superar las llamadas asimetras estructurales, entendindose

    por tales a las dimensiones relativas de los pases territorio, poblacin, tamao de

    mercado- la dotacin relativa de factores, distribucin del ingreso y niveles de

    desarrollo, se ha creado -en analoga a los fondos estructurales de la UE- el

    FOCEM (Dec. CMC n* 18/05) Fondo para la Convergencia Estructural del

    Mercosur, que beneficia a los pases menores del Mercosur (contando a abril2011

    con 36 proyectos por un monto de U$S 1.000 millones, esencialmente destinados

    al mejoramiento de la infraestructura);

    anlogamente, por Dec. CMC n* 12/08 se aprob el Programa de Integracin

    Productiva del Mercosur (PIPM) a fin de contribuir al fortalecimiento de la

    complementariedad productiva de empresas del Mercosur, con especial nfasis en

    la integracin de las cadenas productivas de las PYMEs;

    aspectos estos que se suman a otros que hacen, tambin, a la profundizacin

    del Mercosur, a saber: formalizacin del Sistema de Pagos en Monedas Locales

    (SML; oct.2008) entre Argentina y Brasil, aprobacin del Cdigo Aduanero del

    Mercosur (Cumbre de San Juan, mediados2010).

    A lo cual, debern adicionarse otros logros que hacen al relacionamiento

    externo del Mercosur y al incremento de los flujos de comercio e inversin, como

    lo manifiesta la suscripcin de diversos acuerdos econmico-comerciales, a saber:

    - Mercosur Chile ACE n* 35;

    - Mercosur Bolivia ACE n* 36;

    - Mercosur Mxico ACE n* 54;

  • Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 33

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    - Mercosur Comunidad Andina ACE n* 59;

    - Mercosur India;

    - Mercosur Cuba ACE n* 62;

    - Mercosur Estado de Israel;

    - Mercosur SACU (Unin Aduanera de frica del Sur);

    - Mercosur Egipto (ver: Bellina Yrigoyen, J. y Frontons, G.; 2012);

    adems de otros ms recientes:

    - Complementacin y Articulacin Mercosur UNASUR DEC. n*

    24/12 (XLIII CMC Mendoza, 29/06/12) e;

    - Incorporacin de la Repblica Bolivariana de Venezuela al Mercosur

    (Mendoza, 29/06/2012).

    Bouzas (2002) ha expresado que el Mercosur ha sido en muchos aspectos- una

    experiencia de integracin regional exitosa para los estndares de los pases en desarrollo.

    Su primera contribucin fue asistir en un proceso ms amplio de

    consolidacin de un ambiente de paz y democracia en la regin (con observacin

    del Protocolo de Ushuaia sobre Compromiso Democrtico);

    La segunda contribucin fue la de profundizar el impacto de la liberalizacin

    comercial en el establecimiento de vnculos econmicos ms estrechos entre los

    pases de la regin especialmente entre la Argentina y Brasil;

    La tercera contribucin reside en que ayud a los pases miembros a adquirir

    una visibilidad y un papel internacional ms activo de los que hubieran sido

    posibles si cada uno hubiera actuado aisladamente.

    Prosiguiendo en el anlisis, se adhiere ms recientemente a la visin de Mariana

    Vzquez (2011) en cuanto al avance en la consolidacin de un nuevo paradigma de

    integracin en el Mercosur y que naciera en el 2003 con el desarrollo de un modelo de

    integracin ms inclusivo. Como hitos en este camino en construccin deben

    mencionarse:

    la creacin del Parlamento del Mercosur,

    los Fondos de Convergencia Estructural,

    la aprobacin del Plan Estratgico de Accin Social del Mercosur (con temas

    como: universalizacin de la salud pblica y la educacin; la inclusin productiva;

    garantas de acceso al trabajo decente y los derechos previsionales),

    la transformacin del Fondo Educativo del Mercosur en un fondo

    permanente, y

  • 34 | Adriana C. Cicar

    XIII Congresso Internacional

    el reconocimiento de la importancia de la integracin productiva (con nfasis

    en polticas que promuevan los encadenamientos productivos con las micro,

    pequeas y medianas empresas).

    Anlogamente, Lincoln Bizzozero (2011) nos describe un trnsito en el Mercosur

    de un regionalismo abierto propio de la 1ra. dcada y asociado a los postulados del

    Consenso de Washington- a un regionalismo continental y estratgico como nuevo eje

    impulsor del proceso. Siendo cuatro los factores que explican la reorientacin del

    Mercosur:

    la crisis regional y, en particular, de Argentina y Brasil, que lleva al replanteo

    de la situacin,

    los cambios de gobierno vinculados con la necesidad de transformaciones por

    demandas polticas y sociales,

    el impulso dado por Brasil al espacio sudamericano en la poltica regional,

    el rol que comenz a jugar Venezuela en la regin con elementos de

    cooperacin.

    La Cumbre de Presidentes de Amrica del Sur (2000), realizada en Brasilia en

    conmemoracin de los 500 aos del descubrimiento de Brasil marc como aspectos

    importantes:

    la necesaria articulacin entre la consolidacin de los procesos regionales y el

    conjunto de Amrica Latina y el Caribe, y

    la importancia de la identidad sudamericana en el cruce de procesos y espacios

    diferenciados.

    La Cumbre, reafirmando tres pilares para la seguridad y el desarrollo de la regin

    paz, democracia y profundizacin de la integracin-, se plante el inicio de un espacio

    sudamericano sui-gneris, teniendo como pilar la cooperacin regional y como objetivo:

    la construccin de la regin sudamericana, con insercin estratgica en el mundo.

    El Documento de Buenos Aires (octubre2003) manifiesta el cambio de

    orientacin del modelo de desarrollo y del regionalismo, con lineamientos tales como:

    el impulso a la participacin activa de la sociedad civil en el proceso regional,

    el trabajo como eje central de combate a la pobreza y de mejora en la sociedad

    y en la distribucin del ingreso,

    la reafirmacin del papel estratgico del Estado,

    la prioridad de la educacin para la inclusin social,

    la conviccin de que el Mercosur no es solamente un bloque comercial, sino

    tambin, un espacio catalizador de valores, tradiciones y futuro compartido.

  • Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 35

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    Tratamiento de los Derechos Humanos

    Resulta importante en esta nueva etapa del Mercosur - el tratamiento de los

    derechos humanos. Al respecto, el tema de los derechos humanos es recogido

    explcitamente en el Protocolo Constitutivo del Parlamento del Mercosur cuando entre

    sus competencias habla de elaborar y publicar peridicamente un informe sobre la

    situacin de los derechos humanos de los Estados Partes.

    En esta lnea de pensamiento, a mediados del 2006 se aprueba el Protocolo de

    Asuncin sobre Compromiso con la Promocin y Proteccin de los Derechos Humanos

    del Mercosur. El mismo se apoya en: a) la Declaracin Presidencial de Puerto Iguaz

    del 8/7/2004 en la cual los Presidentes de los Estados Partes del Mercosur destacaron la

    alta prioridad que le asignan a la proteccin, promocin y garanta de los derechos

    humanos de todas las personas que habitan el Mercosur, b) en la Dec. CMC n* 40/04

    que crea la Reunin de Altas Autoridades sobre Derechos Humanos del Mercosur, y c)

    en otros principios como los contenidos en la Declaracin y el Programa de Accin de la

    Conferencia Mundial de Derechos Humanos de 1993, en el sentido de que la

    democracia, el desarrollo y el respeto a los derechos humanos y libertades fundamentales

    son conceptos interdependientes que se refuerzan mutuamente (Cicar, A.; 2007).

    A posteriori, en la Cumbre de San Juan (mediados2010), el Consejo de Ministros

    del Mercosur aprob la creacin del Instituto de Polticas Pblicas en Derechos

    Humanos del Mercosur (IPPDH). El mismo, a funcionar fuera de Uruguay -en el

    Espacio de la Memoria ex ESMA (Argentina)- ha sido producto de un acuerdo en

    funcin de las polticas de derechos humanos que se ha venido llevando a cabo desde el

    inicio de la gestin del ex presidente N. Kirchner (aen:02.08/2010).

    Este organismo creado por diez Estados del Mercosur, entre integrantes y

    asociados- tiene como propsito articular polticas comunes en el tratamiento de temas

    vinculados a los derechos humanos. Puntualmente, buscar superar vacos legales en la

    proteccin de derechos de nios, nias y adolescentes; solucionar los delitos de trata y

    trfico de personas; garantizar la proteccin de los derechos de las personas con

    discapacidad; y, la no discriminacin de lesbianas, gays y bisexuales (ver:

    http://www.argentina.ar).

    Se ha procedido a elaborar un Plan estratgico para el perodo 2010-2012,

    contemplndose cuatro lneas de trabajo principales. Esos lineamientos incluyen: a) la

    coordinacin de las polticas pblicas en derechos humanos de los pases del bloque, b)

    la provisin de asistencia tcnica en el diseo y la implementacin de las mismas; c) la

    realizacin de trabajos de investigacin para producir informacin tcnica, y d) el

    desarrollo de actividades de capacitacin para los empleados pblicos.

    Para alcanzar su objetivo de fortalecimiento de la poltica regional de derechos

    humanos, se definieron dos ejes temticos de relevancia en la agenda ciudadana del

    bloque, a saber:

  • 36 | Adriana C. Cicar

    XIII Congresso Internacional

    a) polticas de seguridad ciudadana y control de la violencia institucional, y

    b) polticas de igualdad e inclusin social.

    En vistas a cumplir con esos dos ejes, fueron definidas cinco lneas de trabajo

    prioritarias, que establecen:

    a) la promocin de una mayor coordinacin y articulacin de polticas en

    derechos humanos,

    b) el desarrollo de la investigacin,

    c) el fortalecimiento de la institucionalidad pblica en derechos humanos,

    d) la facilitacin en las relaciones entre los Estados y sociedad civil, y

    e) el fortalecimiento de los sistemas de proteccin de derechos humanos

    nacionales y regionales.

    Si bien el IPPDH es una institucin nueva en el bloque, su creacin constituye la

    culminacin de un proceso que comenz en 1998 con la adopcin del Protocolo de

    Ushuaia sobre Compromiso Democrtico en el Mercosur (DURANT, C.; 2011).

    En este ao (2012), Amnista Internacional (AI) expres que Amrica Latina

    contina siendo incluso luego de largos aos de dictaduras- una regin azotada por las

    violaciones a los derechos humanos y destaca que la resolucin de muchos de dichos

    casos se enfrenta a la falta de independencia de la justicia y la ausencia de voluntad

    poltica. Si bien reconoce que durante el ao 2011 fueron registrados avances en cuanto

    a sucesos que mitigan la impunidad, sobre todo en lo referido a abusos cometidos

    durante antiguas dictaduras en la regin, alerta de que los mismos constituyen la

    excepcin (Infolatam; 2012).

    Relacin violencia-memoria-identidad

    Merece aqu referir el testimonio de una detenida en Argentina en el marco del

    Terrorismo de Estado: El dolor de la tortura, de la picana elctrica en los genitales, de

    los golpes tarde o temprano pasa, pero el terror como forma de tortura va por otro lado,

    porque hace que se sienta que pueden hacer lo que sea con uno. Ese mtodo del terror

    existi (): se trat de la violacin serial (sexual) (AUCA, A. y otras; 2011).

    Y pensando en la identidad, y en la importancia de la recuperacin de la identidad

    por parte de hijos de desaparecidos en poca de la dictadura militar, las Abuelas de Plaza

    de Mayo (Argentina) trabajan desde hace treinta y cinco aos restituyendo la identidad a

    los hijos de sus hijos y generando herramientas para garantizar el derecho a la identidad

    de todos los nios y nias.

    Hace muy poco -10/10/2012- las Abuelas de Plaza de Mayo anunciaron la

    restitucin de la nieta nmero 107, nacida en cautiverio en Crdoba el 11 de octubre de

    1978, hija de Mara de las Mercedes Moreno, quien permaneci como detenida-

  • Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 37

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    desaparecida, privada legtimamente de su libertad y sometida a tormentos. La misma

    estando encadenada- di a luz a una nia que le fue arrebatada y alojada en la Casa Cuna

    para su posterior adopcin. Recientemente, la Comisin Nacional por el Derecho a la

    Identidad (Conadi) facilit la inclusin de las muestras de ADN de la familia en el Banco

    Nacional de Datos Genticos (La Capital Rosario, 10/10/2012; pg. 11). Muchos de

    los nietos desaparecidos han expresado su retorno a la vida cuando lograron el

    reencuentro con su familia biolgica.

    Meta para una sociedad. La importancia de la educacin

    Para el PNUD, el desarrollo humano es concebido como un proceso mediante el

    cual se amplan las oportunidades de los individuos, las ms importantes de las cuales

    son una vida prolongada y saludable, acceso a la educacin y un nivel de vida decente;

    incluyendo otras oportunidades, la libertad poltica, la garanta de los derechos humanos

    y el respeto a s mismo (PNUD, 1990).

    Por otra parte, la observacin de diversas manifestaciones de violencia en la

    sociedad, nos lleva a plantear la importancia de la construccin de una cultura de paz.

    La primera definicin internacionalmente consensuada de cultura de paz se realiza

    en octubre de 1999; la Asamblea General de las Naciones Unidas aprueba la Declaracin

    y Programa de Accin sobre una Cultura de Paz. Se conceptualiza a sta, como un

    conjunto de valores, actitudes, tradiciones, comportamientos y estilos de vida basados

    en: 1) el respeto a la vida y el arreglo pacfico de los conflictos; 2) el respeto y la

    promocin de los derechos humanos; 3) el desarrollo sostenible y la proteccin del

    ambiente; 4) la igualdad de oportunidades de mujeres y hombres; 5) los principios de

    justicia, tolerancia, solidaridad, entre otros; y 6) la libre circulacin de informacin y

    conocimientos.

    En la Declaracin se constata, adems, que la educacin es uno de los medios

    fundamentales para edificar una cultura de paz (Christ, Alejandro).

    Y, al reconocer la importancia de la educacin para la construccin de una cultura

    de paz, nos detenemos en el documento Metas Educativas 2021 de la Organizacin de

    Estados Iberoamericanos (Mar del Plata, diciembre2010). ste, que tiene como

    propsito transformaciones positivas en la calidad y la equidad de los sistemas

    educativos de los Estados miembros de la OEI, entre sus principios ha contemplado el

    deseo de una libertad vinculada a la superacin de las desigualdades, al buen vivir, a la

    defensa de la naturaleza, al reconocimiento efectivo de los derechos de todas las

    personas y al acceso equitativo a los bienes materiales y culturales disponibles. Ello, en el

    marco de sociedades democrticas, igualitarias, abiertas, solidarias e inclusivas.

    Adherimos al mismo cuando expresa: el logro de una sociedad sostenible

    conlleva la plena universalizacin de los Derechos Humanos, siendo para ello

  • 38 | Adriana C. Cicar

    XIII Congresso Internacional

    fundamental la educacin y, particularmente, la educacin en valores (OEI Metas

    2021; pg. 111).

    En la lnea de pensamiento de valorar el rol de la educacin para la construccin

    de una sociedad ms solidaria, pacfica y democrtica, y que en consecuencia conduzca al

    cumplimiento de los DDHHs., destacamos asimismo- la labor del Sector Educativo del

    Mercosur (SEM), que a partir del trazado de Planes Estratgicos, ha contemplado

    actividades de construccin de una conciencia ciudadana y una identidad regional en

    niveles de educacin bsica y media-, atendiendo temas tambin de la observacin de los

    Derechos Humanos (ver: PERROTTA, D. y VZQUEZ, M.; 2010).

    En ese sentido, el Primer Plan Estratgico (1992-1994) contempla entre otros:

    la formacin de una conciencia ciudadana favorable al proceso de integracin,

    y

    la formacin de Recursos Humanos para contribuir al desarrollo econmico.

    En la 2da. Etapa (1996-2000), con la firma del Documento Mercosur 2000, se

    menciona:

    reafirmar de la identidad cultural,

    alcanzar la transformacin productiva con equidad,

    fortalecer la democracia en el marco de la integracin.

    En el Segundo Plan Estratgico (1998-2000) encontramos: el desarrollo de la

    identidad regional, por medio al estmulo al conocimiento mutuo y a una cultura de

    integracin.

    Del Tercer Plan Estratgico (2001-2005) destacamos:

    la educacin como espacio cultural para el fortalecimiento de una conciencia

    favorable a la integracin que valore la diversidad y la importancia de los cdigos

    culturales y lingsticos, y

    la integracin que exige educacin de calidad para todos para atender a las

    necesidades educativas de los sectores ms vulnerables, con el fin de superar las

    inequidades existentes.

    El Cuarto Plan Estratgico (2006-2010) incluye, entre sus objetivos estratgicos:

    contribuir a la integracin regional acordando y ejecutando polticas

    educativas que promuevan una ciudadana regional, una cultura de paz y el respeto

    a la democracia, a los derechos humanos y al medio ambiente, y

    promover la educacin de calidad para todos como factor de inclusin social,

    de desarrollo humano y productivo.

  • Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 39

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    Ms recientemente, ante la evidencia de un nuevo contexto internacional y

    regional y de una fuerte desigualdad en los resultados educativos, permaneciendo en

    situacin vulnerable parte de las poblaciones histricamente excluidas, se ha diseado el

    Plan del Sector Educativo del Mercosur 2011-2015, que contempla el programa

    Metas 2021: la educacin que queremos para la generacin de los Bicentenarios. El

    mismo aborda los principales desafos educativos de la regin, con el objetivo de mejorar

    la calidad y la equidad en la educacin para hacer frente a la pobreza y a la desigualdad,

    asumiendo el compromiso de invertir ms y mejor en educacin en los prximos 10

    aos.

    La visin de dicho Plan del SEM refiere a: Ser un espacio regional donde se

    brinda y garantiza una educacin con equidad y calidad, caracterizado por el

    conocimiento recproco, la interculturalidad, el respeto a la diversidad, la cooperacin

    solidaria, con valores compartidos que contribuyan al mejoramiento y democratizacin

    de los sistemas educativos de la regin y a generar condiciones favorables para la paz,

    mediante el desarrollo social, econmico y humano sustentable. Sus objetivos

    estratgicos coinciden con los enunciados en el Cuarto Plan Estratgico (2006-2010), del

    cual se desprenden objetivos especficos y acciones vinculadas.

    En suma, se destacan acciones vinculadas a la educacin en derechos humanos,

    educacin ambiental, educacin en la primera infancia, educacin en jvenes y adultos,

    educacin profesional y tecnolgica, educacin en la diversidad y educacin a distancia,

    que en el actual Plan del SEM prometen ser consolidadas.

    ***

    En el mbito de la Repblica Argentina y vinculado a la relacin violencia-

    memoria, el Ministerio de Educacin de la Nacin viene desarrollando desde el ao

    2003 una poltica educativa de memoria y el Programa Educacin y Memoria, que

    tiene como objetivo consolidar una poltica educativa que promueva la enseanza de la

    historia reciente ltima dictadura militar- mediante la elaboracin y puesta a disposicin

    de materiales y acciones de capacitacin docente a nivel nacional, con propuestas para la

    escuela primaria y secundaria. Inscribe sus acciones en el marco general de la Ley

    Nacional de Educacin N 26.206 que en su artculo 3 seala que: La educacin es

    una prioridad nacional y se constituye como poltica de Estado para construir

    una sociedad justa, reafirmar la soberana e identidad nacional, profundizar el

    ejercicio de la ciudadana democrtica, respetar los derechos humanos y

    libertades fundamentales y fortalecer el desarrollo econmico social de la

    Nacin. El propsito refiere a: generar en los/as alumnos/as reflexiones y

    sentimientos democrticos y de defensa del Estado de derecho y la plena vigencia de los

    Derechos Humanos (ver: portal.educacin.gov.ar).

  • 40 | Adriana C. Cicar

    XIII Congresso Internacional

    Reflexiones finales

    Observando la estructura institucional del Mercosur ntase como la misma se ha

    ido complejizando y enriqueciendo, evidenciando que el Mercosur ha trascendido los

    aspectos econmicos y comerciales, para abarcar reas y temticas sociales, culturales,

    educativas, jurdicas y de seguridad, entre otras.

    Tal como expresa la Cartilla del Ciudadano del Mercosur, pensamos que la

    dimensin humana est presente en la construccin del Mercosur, considerando que el

    objetivo principal del proceso de integracin es promover el desarrollo sostenido de la

    regin y garantizar mejores condiciones de vida para sus poblaciones; o, como se

    expresa en los considerandos del Tratado de Asuncin, la condicin fundamental es

    acelerar () el desarrollo con justicia social.

    En tal sentido, se adhiere a la Declaracin de Principios del Mercosur Social

    cuando expresa: Se parte de la indisociabilidad de las polticas econmicas y las polticas

    sociales, asumiendo que el crecimiento econmico no debe ser un fin en s mismo, sino

    una herramienta bsica al servicio de la igualdad de oportunidades y la justicia social,

    garantizando un desarrollo integral sustentable de distribucin equitativa (postulados

    fundamentales; pg. 5).

    Y la paz ser posible con la insistencia en la educacin. El sistema de Naciones

    Unidas ha acordado, a travs de diversos documentos y declaraciones, que una de las

    orientaciones de mayor relevancia a incluir en los contenidos curriculares es aquella que

    fomenta la formacin para la cultura de la paz y la democracia. () Una educacin para

    la paz debe esmerarse en entregar una formacin capaz de desarrollar valores, actitudes y

    habilidades socioemocionales y ticas que promuevan una convivencia social en la que

    todos participen y compartan plenamente, lo que debiera redundar en el reconocimiento

    y puesta en prctica de los derechos humanos.(); una cultura de paz pueda ser definida

    tambin como el respeto de los principios de soberana, integridad territorial e

    independencia poltica de los Estados. De este modo, no solo se enfatiza la importancia

    de una cultura de paz, sino que tambin se pronuncia una condicin necesaria para la

    misma: la democracia. Una educacin para la paz y la democracia debe reconocer y

    fomentar la igualdad de derechos y oportunidades, principalmente de las mujeres,

    quienes histricamente han sufrido exclusiones y discriminaciones; debe respetar el

    derecho a la libertad de expresin, as como satisfacer las necesidades de desarrollo y

    proteccin del medio ambiente (Ver: Naciones Unidas, 1999; y, OEI; pgs. 109/110).

    Para ello es de importancia la implementacin de pedagogas que resignifiquen al

    ser humano como unidad de mente-cuerpo y espritu, para el cumplimiento de los

    DDHHs y para el logro del desarrollo humano sustentable.

    Desde Pedagoooga 3000 desarrollada por N. Paymal- se hace una especial

    contribucin a la creacin de una cultura de paz; al respecto, nos dice:

  • Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 41

    Frum Universitrio Mercosul - FoMerco

    Educar desde la Paz es proporcionar un mbito de reconocimiento, valoracin, cooperacin y trabajo grupal desde el que puedan trascenderse viejos esquemas que han provocado en el mundo la separacin, la discriminacin, la confrontacin y la falta de tolerancia. () La bsqueda de la paz, nos permite descubrir que en la humanidad y en el Planeta todo crece y evoluciona hacia nuevos niveles de conciencia; conciencia de unidad, de universalidad, de totalidad; la bsqueda de la Paz permite darnos cuenta que la unidad es la integracin de la diversidad, y la diversidad es una gran riqueza que el amor enaltece y complementa. (ver: Educacin evolutiva / Pedagoooga 3000).

    Referencias

    AEN: - Argentina en noticias aen:02. 08/2010.

    ALADI Tratado de Asuncin ALADI/SEC/di 407 9 de abril de 1991.

    Amnista Internacional Infolatam 2012.

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    http://www.mercosur.org.uy

    http://educacionymemoria.educ.ar/secundaria/

    http://www.educacionevolutiva.org/educacion.htm

    http://www.educacionevolutiva.org/redes_pedagooogia3000.htm

    http://www.argentina.ar

  • 2 Experiencia de CAF en el apoyo al desarrollo y la integracin regional

    Alejandro Soriano

    Visin integral de desarrollo

    AF es un banco de desarrollo que brinda apoyo financiero y asesora

    tcnica a los sectores pblico y privado de sus pases accionistas, mediante

    la eficiente movilizacin de recursos desde los mercados internacionales

    hacia Amrica Latina, promoviendo el desarrollo sostenible y la integracin regional.

    La accin de CAF para el desarrollo de Amrica Latina apunta a un crecimiento

    alto, sostenido y de calidad. El logro de este objetivo requiere la preservacin de la

    estabilidad macroeconmica de los pases; la reduccin de la pobreza y una mayor

    equidad e inclusin social en un contexto de sostenibilidad ambiental. Para promover

    esta visin integral del desarrollo, la institucin aporta financiamiento y conocimiento en

    las reas de infraestructura, energa, desarrollo social, sostenibilidad ambiental, a poyo a

    los sectores productivos y financieros y fortalecimiento institucional.

    Asimismo, CAF se ha convertido en un centro de reflexin internacional,

    apoyando en el diseo e implementacin de polticas pblicas, promoviendo consensos

    Visin integral del desarrollo s