e-book fomerco 2012 - por uma integração ampliada - volume 1 final
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Copyright 2013 by Os autores e Frum Universitrio do Mercosul FoMerco proibida a reproduo total ou parcial desta obra sem a devida citao. Reviso: Daniela Perrotta e Glauber Cardoso Carvalho Ilustrao: Estopim Comunicao e Eventos Inspirao na imagem Amrica Invertida de Torres Garca. Preparao e Diagramao: Glauber Cardoso Carvalho Esta uma obra coletiva baseada em artigos enviados pelos autores e apresentados no XIII Congresso Internacional do Frum Universitrio Mercosul FoMerco, realizado entre 21 e 23 de novembro de 2012. Os direitos e responsabilidades sobre os artigos e suas opinies so dos autores que os enviaram para publicao neste e-book.
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
P853 Por uma integrao ampliada da Amrica do Sul no sculo XXI/
[organizao de] Ingrid Sarti... [et al.] Rio de Janeiro: PerSe, 2013.
2 v.
ISBN 978-85-8196-419-5 (E-book - Vol 1)
ISBN 978-85-8196-416-4 (E-book - Vol 2)
Inclui bibliografia
1. Integrao regional. 2. Amrica do Sul. 3. FoMerco.
4. Desenvolvimento. 5. Poltica Externa. I. Sarti, Ingrid.
II. Lessa, Mnica Leite. III. Perrotta, Daniela.
IV. Carvalho, Glauber Cardoso. V. Ttulo.
CDU 332.135
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XIII Congresso Internacional do Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
Por uma integrao ampliada da Amrica do Sul no sculo XXI
De 21 a 23 de novembro de 2012. Sede do Mercosul. Montevidu - Uruguai
A Comisso Coordenadora do XIII Congresso Internacional do Frum Universitrio Mercosul - FoMerco abrange duas subcomisses plurinacionais, a de Organizao e a Cientfica, e complementada pela de Finanas.
Comisso Coordenadora Ingrid Sarti (UFRJ) Alberto Riella (UdelaR) Beatriz Bissio (UFRJ) Emanuel Porcelli (UBA) Franklin Trein (UFRJ) Gerardo Caetano (UdelaR) Gizlene Neder (UFF) Glauber Cardoso Carvalho (UFRJ) Jos Renato Martins (Unila) Mnica Leite Lessa (UERJ) Raphael Padula (UFRJ)
Comisso Cientfica
Alfredo Falero (Udelar) Carlos Barba (UNAM, Mx)
Celso Pinto de Melo (UFPE) Gabriel Misas (UNAL, Col)
Geronimo De Sierra (UdelaR) Janina Onuki (USP)
Jose Briceo Ruiz (Un. San Andrs, Vnz) Jos Vicente Tavares dos Santos (UFRGS)
Len Medeiros de Menezes (UERJ) Marcos Costa Lima (UFPE)
Mariana Vasquez (UBA) Rogrio Leito (U. Coimbra, Pt)
Snia de Camargo (IRI-PUC) Tullo Vigevani (Unesp)
Williams Gonalves (UERJ)
Comisso de Finanas
Frederico Katz (UFPE) Franklin Trein (UFRJ)
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Frum Universitrio Mercosul FoMerco
(Gesto 2012-2013)
Presidente
Ingrid Sarti (Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ)
Vice-presidente
Jos Briceo-Ruiz (Universidad de Los Andes, Merida, Vnz)
Conselho Consultivo
Membros Efetivos
Frederico Katz (UFPE) Karina P. Mariano (Unesp)
Maria Madalena Queiroz (PUC- Gois) Mariana Vzquez (UBA)
Mnica Leite Lessa (UERJ)
Suplentes
Alejandro Casas (UdelaR) Filipe Reis Melo (UEPB) Jamile Mata Diz (UFMG)
Liliana Bertoni (UBA) Monica Aparecida Rocha (UFT)
Coordenadores de Grupos de Trabalho (GT)
Karina Pasquariello Mariano (Unesp) Hugo Agudelo Murillo (UEM)
Presidentes de Honra
Gislio Cerqueira Filho (UFF) Susana Novick (UBA)
Marcos Costa Lima (UFPE) Ayrton Fausto (Flacso) Tullo Vigevani (Unesp)
Snia de Camargo (PUC-RJ) Guy de Almeida (PUC-MG)
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Agradecimentos
A Samuel Pinheiro Guimares, em sua constante luta em prol da integrao sul-americana, pelo
generoso incentivo realizao do Congresso FoMerco na Sede do Mercosul.
A Jeferson Miola, ao Chanceler Roberto Conde, ao Embaixador Ruy Pereira, pela acolhida calorosa que
viabilizou o encontro; ao Reitor da UdelaR, Rodrigo Arocena, e a Federico Gomensoro e Gerardo
Caetano, do CEFIR, por terem aceitado sem vacilar a parceria que levou o XIII FoMerco ao Uruguai.
Aos novos e antigos associados uruguaios, dentre os quais o Senador Alberto Couriel, Geronimo de
Sierra, Octvio Rodriguez, Pepe Quijano, Alberto Riella, Alejandro Casas, Alfredo Falero e Alvaro
Padrn, pela presena, apoio e entusiasmo contagiante.
A Luiz Dulci, pela presena sempre atuante em prol da participao social no Mercosul.
Aos companheiros do Comit Diretivo de Clacso, pelo apoio fraterno a distncia, contribuindo com as
atividades da Comisso Organizadora.
A todos os participantes que se empenharam em chegar a Montevidu e tanto contribuiram para o rigor
dos debates, em especial aos autores que enviaram seus textos permitindo a publicao deste livro.
Sem a companhia de nossos associados da rede FoMerco, sempre bom lembrar, nada teria
acontecido. Pela confiana, pela aposta que se renova, pela constncia frente aos desafios tericos,
obrigada a todos. Este livro nosso.
Agradecemos particularmente s Instituies cujo patrocnio direto viabilizou o XIII Congresso
do FoMerco: o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, nas pessoas de Marcio
Pochmann, Andr Calixtre e Pedro Barros; e a Fundao Banco do Brasil FBB, representada
por Claiton Mello.
Beatriz Bissio, pela parceria do Instituto Cultural Brasil Uruguai ICBU, Rosa Freire
dAguiar Furtado pelo apoio constante do Centro Internacional Celso Furtado, e a Darc Costa,
presidente da Federao de Cmaras de Comrcio e Indstria da Amrica do Sul Federasur.
Obrigada s Universidades que contriburam para viabilizar a presena de seus pesquisadores
em nosso XIII Congresso.
Os Organizadores
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Sumrio
Prefcio | Reflexes sobre a integrao na Amrica do Sul XIII Samuel Pinheiro Guimares
Apresentao | Desafios da integrao ampliada da Amrica do Sul XXIII Ingrid Sarti
Volume 1
I. Reflexos da crise mundial e desafios tericos da integrao da Amrica do Sul
1. Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos 31 Adriana Cicar
2. Experiencia de CAF en el apoyo al desarrollo y la integracin regional 43 Alejandro Soriano
3. As (des) articulaes sub-nacionais e o processo de integrao regional na Amrica do Sul, a partir da experincia do Mercosul/Unasul 49 Antonio Eduardo de Oliveira
4. Brasil como lder regional: potencial integrante en un G-5? 59 Camilo Lpez e Carlos Lujn
5. Arquitetura financeira, integrao, cooperao: reflexes sobre os processos em curso na Amrica Latina 73
Carlos Eduardo Carvalho
6. La Argentina y el Mercosur en tiempos de crisis internacional: las bases regionales del modelo kirchnerista 85
Damian Paikin
7. Os desafios da integrao regional e a atuao da Rede Mercocidades 101 Debora Prado
8. O sistema interamericano de direitos humanos e as relaes com os componentes do Mercosul e da Aliana do Pacfico 113
Edson Medeiros Branco Luiz
9. Participao mercosulina: do macro ao micro 123 Fabricio Pereira da Silva
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10. Consideraciones acerca del Instituto de Polticas Pblicas en Derechos Humanos del Mercosur 135
Fernando Milano
11. Retos y desafos para un nuevo Mercosur 143 Fernando Porta
12. As contradies da Unasul como comunidade imaginada: Estado soberano e cidadania sul-americana 151
Flvia Guerra Cavalcanti
13. Partidos y poltica exterior, un anlisis comparado de Brasil y Uruguay 165 Florencia Sanz e Lorena Granja
14. Crise, subdesenvolvimento e integrao 177 Frederico Katz
15. A violncia na boca do povo: novas anotaes 191 Gisalio Cerqueira Filho
16. A violncia em se ocultar a violncia 201 Gizlene Nder
17. Integracin y cooperacin en la frontera uruguaya con Brasil 213 Gladys Isabel Clemente Batalla y Diego Hernandez
18. A poltica externa do governo Lula para a Amrica do Sul: Unasul e Unila 225 Glauber Cardoso Carvalho e Larissa Rosevics
19. Los municipios como actores emergentes: nuevos desafos y antiguas asimetras 241
Gloria Mendicoa
20. Paraguay, 22 de Junio de 2012: un golpe contra la integracin regional de Amrica del Sur 263
Gustavo Codas
21. Do ABC ao ABV: o eixo Argentina, Brasil e Venezuela na integrao da Amrica do Sul 269
Israel Roberto Barnab
22. A institucionalidade do Mercosul: anlise dos pressupostos necessrios para a consolidao do mercado comum 281
Jamile Bergamaschine Mata Diz e Liliana Bertoni
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23. Normas e decises do tribunal europeu e da corte interamericana de direitos humanos: aproximaes comparativas em matria de direitos econmicos, sociais e culturais 295
Jayme Benvenuto e Rodrigo Deodato de Souza Silva
24. Algunas claves de la insercin internacional 313 Jos Quijano
25. Institucionalidade e democracia no Mercosul 317 Karina Pasquariello Mariano
26. Brasil, Argentina e a integrao com alma tico-poltica 335 Marco Aurelio Nogueira
27. Crise sistmica, desordem mundial e financeirizao 341 Marcos Costa Lima
28. Desafios poltica de integrao do Brasil 363 Mara Izabel Mallmann
29. El futuro de la integracin: Mercosur y Unasur 371 Mario Burkun
30. Dependncia e integrao na Amrica Latina 381 Nilson Arajo de Souza e Luisa Maria Nunes de Moura e Silva
31. Comentario sobre la agenda sanitaria mundial y la salud en Venezuela 395 Oscar Feo Istriz
32. O Mercosul Social: participao, trabalho e sade 397 Renato Martins
33. Unasul e o Banco do Sul: infra-estrutura, desenvolvimento e os marcos jurdico- sociais 401
Sergio Luiz Pinheiro SantAnna
34. Municpios e sua insero internacional: algumas consideraes a partir do federalismo brasileiro 411
Sergio Roberto Urbaneja de Brito
35. Mercosul e os problemas da integrao regional 421 Tullo Vigevani
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II. Desenvolvimento e geopoltica: defesa, energia e infraestrutura
36. A Amrica do Sul: o destino do Brasil 429 Darc Costa
37. Geopoltica y relaciones internacionales: una perspectiva sudamericana 441 Andrs Rivarola Puntigliano
38. O passado e o futuro das relaes civis e militares no cone sul: desafios diante da busca da verdade 467
Eduardo Heleno dos Santos
39. El concepto de comunidad energtica regional en el Mercosur ampliado 481 Emiliano Travieso e Reto Bertoni
40. Seguridad, defensa e integracin regional en Amrica del Sur: el desafo de la integracin en defensa y seguridad 495
Jos Manuel Ugarte
41. Relaciones bilaterales argentino-brasileas en el Mercosur: parceria estratgica no caminho da integrao 507
Leonardo Granato
42. Bilateralizacin, contexto asimtrico y condicionantes polticos: el caso del Mercosur 521
Lorena Granja
43. Temas de investigacin sobre seguridad y fronteras en el Cono Sur 539 Luis Tibiletti
44. Segurana na Amrica do Sul: repensando o complexo de segurana regional a partir da faixa de fronteira brasileira 557
Miguel Dhenin
45. Claves para la agenda del desarrollo 567 Octvio Rodriguez
46. Notas sobre a integrao de infraestrutura na Amrica do Sul: da IIRSA ao Cosiplan da Unasul 585
Raphael Padula
47. Meio ambiente, cooperao e integrao regional 597 Rodolfo Ilrio da Silva
48. Realismo, integrao regional e a Aliana do Pacfico 611 Thomas Ferdnand Heye
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49. Brasil, Venezuela e a cooperao internacional para o desenvolvimento 625 Verena Hitner e Pedro Silva Barros
50. Foro Mercosur Panel sobre integracin energtica 643 Victorio Oxilia Dvalos
O FoMerco 645 Programa do XIII Congresso Internacional 657 Participantes do XIII Congresso Internacional 661 Autores do E-book 671
VOLUME 2
III. Aspectos da dinmica cultural da integrao
Introduo 675 Mnica Leite Lessa
51. Hay un boom de la produccin audiovisual? Una aproximacin desde la perspectiva del consumo en el Mercosur 679
Ana Wortman
52. Integrao atravs da formao. Estudo de caso: a revista Cadernos do Terceiro Mundo 693
Beatriz Bissio
53. DOCTV Ibero-Amrica: uma experincia de integrao regional por meio do audiovisual 707
Dcia Ibiapina da Silva
54. Caryb: Brasil, Bahia/Argentina/Uruguai 715 Eliane Garcindo de S
55. Visibilidade miditica e o Mercado Comum do Sul 727 Maria Cristina Gobbi
56. Memria: o projeto cultural do Brasil na Amrica Latina a partir dos anos 40 741
Maria Margarida C. Nepomuceno
57. Dilogos de preservacin del patrimonio cultural en Amrica Latina: el caso de Edson Motta 753
Mara Sabina Uribarren
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58. Indstrias criativas: inovao para a integrao 765 Maria Susana Arrosa Soares
59. Mobilidade Cultural para o Mercosul 779 Monique Badar
60. Industrias creativas viables. El boom del cine nacional en Uruguay 789 Rosario Radakovich
61. El conocimiento como bien comn: debate entre acceso abierto y propiedad 801
Silvia Lago Martnez
IV. A produo do conhecimento, tecnologias sociais e cooperao internacional
Introduccin 813 Daniela Perrotta
62. Reflexiones sobre una propuesta de postgrado interdiciplinar en la Unila. De las emergencias contemporneas sobre mbae jara 817
Alai Diniz
63. Notas sobre teora crtica, universidad y sujetos colectivos 825 Alejandro Casas
64. Procesos de integracin regional en Amrica Latina y pensamiento crtico: desencuentros persistentes y una propuesta de anlisis 837
Alfredo Falero
65. Integracin, Democracia y Tecnologas para la Inclusin Social. Polticas Pblicas en Investigacin e Innovacin para el Desarrollo Social en Uruguay 849
Amlcar Davyt
66. Sistemas internacionais de regulao da ps-graduao e as possveis (in)compatibilidades quanto a equiparao transfronteiria de diplomas no Brasil 861
Antonio Walber Matias Muniz
67. Misso integracionista da Unila 879 Carlos Sidnei Coutinho
68. O doutorado binacional UFRRJ e UNRC em Cincia, Tecnologia e Inovaes em Agropecuria: algumas observaes 895
Cezar Augusto Miranda Guedes
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69. Integrao, democracia e tecnologias de incluso social 907 Claiton Mello
70. Universidad y cooperacin internacional: desafos para y desde el Mercosur del siglo XXI 915
Daniela Perrotta
71. As possibilidades das Cincias Biolgicas na integrao 929
Willy Beak e Elci Franco
72. Ciencia y tecnologa para la inclusin y el desarrollo: opciones de poltica pblica para Argentina y Brasil 933
Hernan Thomas, Lucas Becerra, Mariano Fressoli y Gabriela Bortz
73. Nova agenda em estudos avanados: ILEA UFRGS 951 Jos Vicente Tavares dos Santos
74. Aprendizajes colectivos de saberes para la integracin latinoamericana en el contexto de la Unila 955 Luis Eduardo Alvarado Prada
75. Divulgao e comunicao de Cincia e Tecnologia como instrumentos para inovao social na Amrica Latina 967
Mara Baumgarten
76. Cooperacion internacional: la Universidad Nacional de la Plata 979 Maria Eugenia Cruset
77. Tecnologias sociais no Brasil: anlise do Programa Um Milho de Cisternas (P1MC) 985
Rafael Dias
78. La Comunicacin en el Mercosur. Entre polticas nacionales y la integracin regional 995 Susana Sel
79. Linhagens intelectuais identidade latino-americana e o nacional desenvolvimentismo 1009
Vera Cepda
O FoMerco 1025 Programa do XIII Congresso Internacional 1035 Participantes do XIII Congresso Internacional 1039 Autores do E-book 1049
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Prefcio
Reflexes sobre a integrao na Amrica do Sul
Samuel Pinheiro Guimares
1. O desenvolvimento econmico, poltico e social o supremo objetivo dos
Estados e das sociedades subdesenvolvidas, perifricas, ex-coloniais.
2. O desenvolvimento econmico deve ser entendido como a utilizao cada vez
mais ampla e eficiente dos recursos naturais, do trabalho e do capital de uma sociedade,
que permita alcanar nveis cada vez mais elevados de produo e de consumo e melhor
distribuio de riqueza e renda.
3. O desenvolvimento poltico significa a transformao de sociedades oligrquicas e
plutocrticas, como so em geral as sociedades ex-coloniais, atravs da participao cada
vez mais ampla, intensa e quotidiana dos cidados na elaborao de leis e normas, na
execuo de programas de governo e na atividade poltica, em geral, em uma sociedade.
4. Para ocorrer o desenvolvimento social necessrio que se verifique uma reduo
firme e acelerada das disparidades de renda, de propriedade, de poder e de acesso entre a
nfima minoria que concentra o poder econmico e poltico e controla o Estado e a
imensa maioria da populao, em diferentes graus de excluso, na sociedade perifrica.
5. Os esquemas de integrao entre pases perifricos, subdesenvolvidos e ex-
coloniais devem ser instrumentos de seu desenvolvimento econmico, poltico e social.
Se na integrao isto no ocorrer, ou se ocorrer para um e no para outros, se a
integrao no contribuir para a realizao destes objetivos, no faz ela sentido, e se
transforma assim em uma mera figura de retrica.
6. A integrao entre Estados e economias na Amrica do Sul pode ser econmica,
poltica e social.
7. A integrao econmica pode ser comercial; de polticas econmicas; financeira;
do mercado de trabalho; de infraestrutura; em cincia e tecnologia; e, finalmente,
industrial/produo.
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XIV | Samuel Pinheiro Guimares
XIII Congresso Internacional
8. A integrao comercial se verifica atravs da eliminao dos obstculos livre
circulao de bens e servios, i.e. da eliminao dos obstculos tarifrios e no tarifrios
circulao (importao e exportao de bens), enquanto pode ou no ocorrer a
uniformizao da legislao referente a servios para permitir e facilitar o livre acesso das
empresas fornecedoras aos mercados que se integram.
9. H vrios esquemas de integrao comercial, mas aqui nos interessa a unio
aduaneira, que o caso do Mercosul. Na unio aduaneira, alm da eliminao das
barreiras ao comrcio entre os Estados membros, se estabelece e administra uma tarifa
externa comum, o que apresenta grandes desafios, tanto maiores quanto maiores forem
as assimetrias econmicas entre os Estados que participam da unio.
10. A existncia da unio aduaneira faz com que os Estados membros somente
possam negociar e celebrar, em conjunto, acordos comerciais de natureza tarifria.
11. A integrao comercial de pases de dimenso econmica em extremo assimtrica
beneficia os pases de maior dimenso, acentua os desequilbrios e dificulta o
desenvolvimento econmico daqueles pases de menor dimenso.
12. As anlises de comrcio exterior, ao comparar a situao e a evoluo de Estados
especficos, esquece que o comrcio feito na prtica pelas empresas e que no comrcio
internacional o papel das megaempresas multinacionais central.
13. A integrao comercial , assim, profundamente afetada pela participao de
megaempresas multinacionais nas economias dos pases perifricos que se integram.
14. Essas megaempresas multinacionais organizam sua produo, seus investimentos,
sua pesquisa tecnolgica, seu comrcio em nvel global, em nvel mundial.
15. Desta forma, a economia, o comrcio e a integrao em regies perifricas so
profundamente influenciados pela ao das megaempresas multinacionais em
decorrncia de seus planos globais de ao, cujo objetivo principal no promover o
desenvolvimento das regies perifricas, mas sim maximizar seus lucros em escala
global.
16. Nesta situao, de presena marcante das megaempresas multinacionais, que
planejam seu comrcio, no h livre comrcio no sentido da economia clssica entre as
economias perifricas que participam de um processo de integrao e, portanto, os
benefcios esperados da integrao (devido remoo de obstculos) no se verificam
plenamente.
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Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XV
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
17. A uniformizao da mirade de diferentes legislaes nacionais sobre servios
(cujo nmero, segundo a classificao das Naes Unidas, seria de cerca de 11.000) para
privilegiar as empresas que se encontram nos Estados que se integram processo em
extremo complexo e que pouco avanou no mbito do Mercosul. Os Estados membros
retm sua competncia normativa para regular os diferentes servios, no estabelecem
preferncias entre si e podem conceder tratamento especfico e distinto em relao a
terceiros pases (e na OMC).
18. A integrao das polticas econmicas (fiscal, financeira, de crdito,
trabalhista, previdenciria, ambiental, cambial, monetria, etc) dos Estados que se
integram deveria acompanhar a integrao comercial.
19. Quando isto no ocorre, o comrcio entre os Estados membros de um esquema
de integrao comercial profundamente afetado e distorcido pelas diferenas entre as
legislaes econmicas que influem sobre as circunstncias de produo e de comrcio
das empresas sediadas nos distintos Estados-parte.
20. Todavia, as diferenas de nvel de desenvolvimento, as assimetrias de dimenso e
a distinta evoluo histrica e social tornam extremamente difcil a uniformizao, ainda
que gradual, das polticas econmicas dos Estados do Mercosul e ainda mais entre os
Estados da Amrica do Sul em geral.
21. A integrao financeira entre as economias da regio poderia avanar atravs da
constituio gradual de um Fundo de Reservas Sul-Americano, semelhante ao arranjo de
Chiang Mai na sia, e pelo depsito, no Banco do Sul, de parte das reservas desses
pases que se encontram investidas em pases desenvolvidos, contribuindo para o
crescimento e estabilidade de suas economias.
22. A integrao financeira, do ngulo do crdito, poderia avanar atravs da
concesso da possibilidade de acesso s instituies de crdito de qualquer Estado do
Mercosul de parte de qualquer empresa de capital nacional dos Estados membros do
Mercosul, satisfeitas as condies de garantia, em igualdade de condies com as
empresas locais.
23. A integrao do mercado de trabalho entre os Estados do Mercosul avanou
alguns passos atravs do acordo de previdncia social e do acordo sobre residncia.
24. O acordo sobre previdncia social permite aos trabalhadores nacionais dos
Estados do Mercosul ter acesso aos benefcios dos sistemas previdencirios dos pases
onde estiverem trabalhando e de acumular seu tempo de trabalho em distintos pases
para fins de aposentadoria. O acordo sobre residncia permite aos nacionais do
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XVI | Samuel Pinheiro Guimares
XIII Congresso Internacional
Mercosul adquirirem a condio de residentes permanentes atravs de procedimentos
simples.
25. A integrao da infraestrutura, em especial nas reas de transporte, energia e
comunicaes, essencial para a efetiva integrao das economias dos Estados que
participam de um esquema de integrao.
26. Os mercados de produo, de consumo, de investimentos e de trabalho somente
podem se integrar plenamente (e alcanar nveis mais elevados de eficincia) se os
sistemas nacionais de transporte e energia estiverem integrados, com os de seus vizinhos.
27. notrio o reduzido grau de integrao dessas infraestruturas em mbito
nacional em cada Estado da Amrica do Sul assim como caracterstica da regio o
pequeno nmero de interconexes entre os sistemas nacionais, inclusive entre os pases
do Mercosul.
28. Alm das questes polticas, obstculos geogrficos importantes entre os pases da
Amrica do Sul, em especial a Cordilheira Andina e a Floresta Amaznica, a orientao
histrica dos sistemas de transporte do interior para o litoral, a baixa densidade
demogrfica do interior do continente e o baixo nvel de densidade industrial dessas
regies do interior tornam mais difcil a articulao entre os sistemas nacionais de
energia, transporte e comunicaes.
29. Tendo em vista a assimetria de dimenses econmicas entre os pases da Amrica
do Sul, em especial entre o Brasil e os demais pases, e as assimetrias de nvel de
industrializao, essencial a construo da infraestrutura dos pases menores para
fortalecer suas economias, permitir sua industrializao e sua participao mais equitativa
no processo de integrao regional.
30. A reduzida carga tributria em vrios desses pases e suas dificuldades de acesso
aos mercados internacionais de capital fazem com que a contribuio do Brasil, que vem
sendo dada inclusive atravs do BNDES e de empresas de engenharia, seja essencial para
a construo de suas infraestruturas e a reduo de assimetrias. A ampliao do FOCEM
, neste aspecto, medida indispensvel.
31. A integrao na Amrica do Sul na rea de cincia e tecnologia seria de
fundamental importncia para o desenvolvimento dos pases da regio. As economias
sul-americanas apresentam reduzido dinamismo cientfico (medido pelo nmero de
prmios Nobel em cincias exatas, de artigos cientficos publicados, pela posio em
ranking internacional de seus centros de pesquisa, pelo nmero de cientistas) e
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Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XVII
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
tecnolgico, medido pelo nmero anual de patentes solicitadas e pela exportao de
produtos de alta tecnologia.
32. A integrao dos programas nacionais de cincia e tecnologia permitiria reduzir os
custos e aumentar a eficincia desses programas, cada vez mais dispendiosos em termos
de equipamentos crescentemente complexos e de formao de pessoal cientfico, porm
cada vez mais indispensveis ao desenvolvimento econmico. A criao de um programa
semelhante ao Cincia sem Fronteiras no mbito do Mercosul e a construo de uma
rede de cooperao e de apoio financeiro entre os principais institutos de pesquisa da
regio seriam medidas de grande importncia prtica.
33. A integrao de produo (s vezes chamada de integrao produtiva) na
Amrica do Sul se refere muito especialmente integrao industrial, j que seria difcil
imaginar integrao na rea da agricultura ou da minerao.
34. H trs aspectos importantes neste tema. O primeiro se refere s assimetrias de
poltica econmica entre os distintos Estados da regio (crdito, fiscal, etc) que
dificultam por razes operacionais a fragmentao das estruturas produtivas industriais
entre os diferentes Estados. O segundo aspecto a presena em todas as economias de
regio de megaempresas multinacionais que planejam e executam suas polticas de
produo, de investimento, de exportao/importao e de pesquisa em nvel global. O
terceiro aspecto a expanso das empresas brasileiras nas economias dos pases
vizinhos.
35. As megaempresas multinacionais tm privilegiado nos ltimos anos os
investimentos nas reas de agricultura e minerao para responder forte demanda
chinesa e aos altos preos das matrias primas. Por outro lado, protegidas pelas normas
da OMC, que dificultam e at impedem os Estados nacionais de disciplinar a atividade
das megaempresas em termos de utilizao de insumos nacionais, de obrigao de
pesquisa no territrio, de diversificao das exportaes em termos de produtos e
destinos, tm ampla liberdade de ao na rea industrial. Tm elas privilegiado
recentemente investimentos em servios (e. g. sade, educao) onde no acontece
(como na indstria) a acirrada competio chinesa, com importante reflexo sobre o
balano de pagamentos.
36. Assim, somente a organizao dos mercados permitir a integrao industrial
equilibrada e o prprio desenvolvimento industrial, como acontece com o comrcio de
produtos automotivos no mbito do Mercosul o que permite a diversificao (ao invs
da concentrao) geogrfica das unidades de produo e a expanso do comrcio
industrial entre os pases do Mercosul. Caso no existisse este acordo, a possibilidade de
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XVIII | Samuel Pinheiro Guimares
XIII Congresso Internacional
ocorrer a concentrao geogrfica da produo automobilstica em favor da economia
maior seria muito grande.
37. A corrente presena das empresas brasileiras nos pases da Amrica do Sul
decorre do grau mais avanado de industrializao do Brasil e das dimenses relativas
das empresas. A expanso das empresas brasileiras pode apresentar grave desafio
poltico.
38. A integrao poltica entre os pases da Amrica do Sul, e em especial do
Mercosul, para promover o seu desenvolvimento, pode se verificar nas reas:
parlamentar; do Executivo; legal-judiciria; de defesa; de comunicao.
39. A integrao poltica certamente a mais complexa e difcil devido s
assimetrias demogrficas e econmicas entre os Estados da Amrica do Sul e, as
divergncias polticas, histricas e atuais, que os separam.
40. Na rea parlamentar, seria necessrio atribuir competncia legislativa ao
Parlamento do Mercosul e definir a relao de sua competncia em relao
competncia dos Parlamentos nacionais, questo em que as assimetrias de toda ordem
entre os Estados criam grandes dificuldades.
41. Na rea dos Executivos, seria de grande importncia promover a articulao
entre os distintos Ministrios setoriais nacionais para a discusso de seus programas de
trabalho e a identificao de projetos de cooperao, o que, alis, seria fundamental nas
questes de infraestrutura para a integrao.
42. Na rea legal-judiciria, seria necessrio um esforo de aproximao dos
cdigos, dificuldade que no se pode menosprezar j que os cdigos refletem a evoluo
e as percepes de cada sociedade em termos de relaes sociais (de famlia,
criminalidade etc) e de sistemas econmicos, (comercial, financeiro, meio-ambiente etc).
Todavia, este esforo poltico imprescindvel para permitir inclusive o
desenvolvimento econmico e social dos pases da regio.
43. Na rea poltica, seria importante pensar em dois temas, quais sejam a a
cidadania sul-americana e a articulao poltica entre os Governos.
44. Alguns pases da Amrica do Sul j permitem a participao de estrangeiros nos
processos eleitorais internos de seus Estados, prevendo inclusive a possibilidade de
serem eleitos para cargos pblicos.
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Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XIX
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
45. A possibilidade de extenso dos direitos de cidadania aos sul-americanos
residentes em Estados da regio varia de acordo com a dimenso das comunidades de
imigrantes, situao de refugiados e s relaes polticas entre os distintos Estados da
regio. A extenso de cidadania poderia se realizar de forma gradual, a partir do nvel
municipal.
44. A articulao poltica entre os Governos depende do grau de sua identidade ideolgica e pode se referir ao campo de ao: regional e ao campo internacional 45. No campo regional, a articulao poltica entre os distintos Estados se d
principalmente em torno da questo democrtica e de conflitos especficos, mais ou
menos agudos, que emergem periodicamente.
46. Tanto no Mercosul como na Unasul os Estados membros se comprometeram,
atravs de compromissos jurdicos (declaraes, etc) a condicionar a participao de cada
pas nesses esquemas vigncia de regimes democrticos.
47. No caso de conflitos e divergncias entre Estados da regio, os demais Estados
procuram levar os Estados litigantes soluo pacfica de suas controvrsias para que
estas no venham a transcender o quadro regional e a se colocar na OEA ou nas Naes
Unidas, onde seu exame e soluo sofreriam a influencia dos interesses de Potncias
extrarregionais.
48. No campo internacional, a integrao poltica se pode dar sob a forma de
coordenao de atividades, iniciativas e posies nas negociaes em foros
internacionais, com o objetivo geral de fazer com que nelas e neles venham a prevalecer
normas e programas que atendam a seus interesses particulares na qualidade de pases
subdesenvolvidos, exportadores de matrias primas, com vulnerabilidade financeira, com
escassez de capital etc e de fortalecer sua posio e participao na governana dos
principais organismos internacionais.
49. Ainda no campo internacional, a coordenao entre os Estados da Amrica do Sul
deve visar construir posies comuns sobre temas que afetam a paz, a segurana, a
autodeterminao e a no interveno, sendo esses dois ltimos princpios essenciais
para os Estados mais fracos militarmente e sempre violados pelos Estados mais
poderosos.
50. A integrao na rea de defesa deve ter seu fundamento na cooperao entre
os Ministrios da Defesa e as Foras Armadas dos pases sul americanos, alis vinculados
s Foras Armadas americanas desde a Segunda Guerra Mundial, em termos de
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XX | Samuel Pinheiro Guimares
XIII Congresso Internacional
aquisio de material militar, de intercmbio e treinamento de oficiais, de doutrina
estratgica e de operaes militares conjuntas.
51. A cooperao militar na regio deu um passo de grande importncia com a
criao do Conselho de Defesa Sul-Americano, no mbito da UNASUR.
52. O Conselho de Defesa criou, pela primeira vez, um foro de dilogo entre as
autoridades militares sul-americanas, sem a presena de Potncias extracontinentais.
53. A cooperao e o dilogo permitiriam, apesar de eventuais divergncias e
suspiccias, reduzir as tenses polticas entre certos Estados membros que podem se
transformar em tenses militares e redundar em corridas armamentistas, que podem
envolver toda a regio, mesmo os pases no diretamente envolvidos.
54. As Foras Armadas sul-americanas so tradicionais importadoras de armamentos,
em especial dos Estados Unidos, no valor de dezenas de bilhes de dlares anuais, armas
que so frequentemente de segunda e terceira gerao. A cooperao entre as Foras
permitir o desenvolvimento, de preferncia conjunto, da indstria de defesa na regio,
com repercusses importantes para o desenvolvimento tecnolgico da indstria civil.
55. A existncia de bases militares norte-americanas na Amrica do Sul e de bases
inglesas nas Ilhas Malvinas, ocupadas ilegalmente pela Gr-Bretanha, e em outras ilhas
no Atlntico, assim como a presena de navios de guerra e de submarinos equipados
com armas nucleares afetam a situao estratgica de regio e a cooperao entre as
autoridades militares da Amrica do Sul.
56. A questo dos meios de comunicao, de sua democratizao, de sua
diversificao, central para a poltica de promoo da integrao dos pases sul-
americanos. A formao do imaginrio das elites dirigentes (e das elites em geral) e da
populao sobre as perspectivas, os benefcios e os desafios da integrao regional
essencial para o processo de tomada de decises dos Governos sobre projetos de
integrao regional em comparao com as propostas de promover a insero, sem
limites, no processo de globalizao, organizado e promovido pelas megaempresas
multinacionais e pelos Estados onde tem elas as suas sedes.
57. Uma das mais graves caractersticas da Amrica do Sul, talvez a principal, sejam as
disparidades sociais. Sem reduzir com firmeza e vigor essas disparidades, que so
alimentadas por mecanismos antigos e modernos de concentrao de poder econmico
e poltico, ser impossvel, repito, impossvel, construir uma grande economia regional,
regimes democrticos e justos, economias nacionais prsperas e dinmicas.
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Reflexes sobre a Integrao na Amrica do Sul | XXI
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
58. A integrao em nvel social pode contribuir, pela fora de experincias e pela
cooperao tcnica e financeira dos pases mais ricos e desenvolvidos da regio a
programas de reduo das desigualdades e vulnerabilidades sociais nos pases menores,
para o desenvolvimento econmico, poltico e social de cada pas da regio e da regio
como um todo.
* * *
59. Ao finalizar, preciso reiterar que na Amrica do Sul ocorre uma disputa poltica
e ideolgica entre duas vises do continente e consequentes estratgias de integrao.
60. De um lado, a tradicional estratgia norte-americana, com seu objetivo
permanente de integrar economicamente todas as Amricas, e de incluir definitivamente
em sua rea de influncia poltica toda a regio.
61. Esta estratgia americana se fundamenta nos princpios do neoliberalismo que
considera que o desenvolvimento econmico (e social) decorre do livre jogo de foras de
mercado e que, para que tal ocorra, necessrio reduzir ao mximo a ao do Estado na
economia atravs de polticas de abertura comercial e financeira, de desregulamentao
da economia, de privatizao, de rgido equilbrio fiscal, de reduo da carga tributria,
de liberdade absoluta para o capital estrangeiro, de rgido controle da inflao, princpios
que foram sintetizados no Consenso de Washington e aplicados pelo FMI, bancos
internacionais e Governos de grandes Potncias credoras quando da renegociao das
dvidas externas e que so reiterados at hoje.
62. A estratgia americana de formao de uma economia global sob sua hegemonia
se desenvolve em nvel mundial, atravs da OMC; em nvel regional atravs de acordos,
como foi a negociao da ALCA e o acordo com a Amrica Central, CAFTA, e em nvel
bilateral os acordos com o pases sul-americanos, tais como o Chile, a Colmbia e o
Peru. A Aliana do Pacfico apenas mais uma nova etapa desta estratgia, assim como a
Trans Pacific Partnership e o anunciado acordo entre Unio Europeia e Estados Unidos, de
dificlima concretizao, em especial devido as dificuldades na rea de agricultura e
crise internacional. Estas iniciativas so difundidas pela mdia regional globalizada no
Brasil e nos pases do Mercosul como oportunidades que no devemos perder para
nos integrarmos na economia mundial em transformao.
63. A poltica americana, executada na Amrica Latina atravs dos acordos chamados
de livre comrcio, leva em realidade desindustrializao e desnacionalizao dos
pases sul-americanos que os celebram, a baixas taxas de crescimento econmico,
dependncia tecnolgica, ao desequilbrio nas contas externas e ao agravamento das
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XXII | Samuel Pinheiro Guimares
XIII Congresso Internacional
disparidades sociais, situao hoje disfarada, em certos de seus aspectos, pela forte
demanda chinesa por matrias primas.
64. De outro lado, em contraposio no explcita estratgia americana, a estratgia
dos pases que integram o Mercosul reconhece a necessidade de ao do Estado para
reduzir as disparidades sociais, para promover a acelerao do desenvolvimento para
fortalecer o capital nacional, para explorar de forma correta os recursos naturais, para
desenvolver a indstria e gerar emprego, em um mundo em profunda crise econmica e
transformao estrutural, com a emergncia da China.
65. A ALBA, notvel iniciativa venezuelana, como foram o Banco do Sul e a Telesur,
um esquema de cooperao econmica entre os pases que dela participam, sem
maiores objetivos no campo de integrao econmica comercial. A ALBA em tudo
compatvel com o Mercosul.
66. Finalmente, o objetivo mais urgente e importante do processo de integrao e de
desenvolvimento da Amrica do Sul a incorporao da Bolvia, do Equador, da Guiana
e do Suriname ao Mercosul, de forma equilibrada e flexvel, que garanta seu
desenvolvimento nacional.
24 de maio de 2013
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Apresentao
Desafios da integrao ampliada da Amrica do Sul
Ingrid Sarti
trajetria recente da Amrica do Sul revela um continente que, em plena
crise do capitalismo global, se converteu em modelo de autonomia e de
revigoramento das instituies democrticas, do desenvolvimento
econmico e da diminuio da pobreza. Promovida por governantes eleitos no sculo
XXI, a estratgia poltica de uma integrao regional para alm dos circuitos
meramente comerciais logrou construir uma indita aproximao entre os Estados e
sociedades da regio, bem como afirmar o compromisso em prol da superao solidria
das dificuldades inerentes ao processo da integrao. Destaque-se o desempenho da
diplomacia na coordenao das polticas externas do continente voltadas para a insero
autnoma da regio em um mundo ainda em busca da multipolaridade.
As relaes de integrao poltica e econmica pautaram-se sob a gide de um
desenvolvimento que no se mede apenas pela riqueza da economia de um pas ou de
uma regio, mas se avalia pela extenso e pela qualidade dos direitos que proporciona a
seus povos. Ressalte-se ainda a relevncia das polticas sociais numa nova mirada em
prol dos avanos da educao, da cincia e da tecnologia em novas formas de produo
do conhecimento no continente.
Nesta ltima dcada, exceto pelo dissonante golpe ocorrido no Paraguai, em julho
de 2012, o revigoramento das instituies democrticas trouxe estabilidade poltica
regio mercosulina, e as clausuras democrticas contidas nos tratados regionais tem sido
acionadas em momentos de crise institucional. Outras iniciativas foram concebidas na
tentativa de se fortalecer a soberania dos Estados e se afastar os riscos de intervenes
externas. s primeiras iniciativas da Aliana Bolivariana para os povos da Amrica - Alba
e da Unio Sul Americana das Naes Unasul, somam-se as de outros organismos
regionais, como a recm-criada Comunidade de Estados Latino-americanos e
Caribenhos Celac, que assim ampliam os escopos do Mercosul e contribuem para
expressivos avanos do comrcio regional, do aumento dos investimentos produtivos e
das iniciativas de cooperao financeira gerados pela integrao.
Se ainda no uma potncia poltica, econmica ou militar, a Amrica do Sul j se
reconhece agora, naquilo que sempre foi: uma potncia em recursos naturais, inclusive
em recursos hdricos, pois concentra mais de 30% da gua doce do planeta, uma regio
Presidenta do Frum Universitrio Mercosul - FoMerco (2012/2013). Professora do programa de Ps-graduao em Economia Poltica Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
A
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XXIV | Ingrid Sarti
XIII Congresso Internacional
livre de ameaas naturais, sem choques culturais, e sem conflitos militares regionais h
aproximadamente 100 anos. Consciente da importncia do uso adequado dos recursos
naturais disponveis, cada vez mais so estes pensados como caminho crucial para o
desenvolvimento estratgico da regio. A implantao da Universidade Federal da
Integrao Latina Americana Unila, em 2010, traduz o empenho do governo brasileiro
no s na difuso do conhecimento, mas tambm na necessidade de consolidar a
pesquisa sobre os recursos do prprio continente e de proporcionar a formao das
novas geraes sob valores e objetivos prprios de uma integrao regional solidria:
[...] Ns incorporamos a solidariedade como valor a ser defendido na nossa poltica
externa. Da mesma forma que ns buscamos a defesa da paz, defesa dos direitos
humanos, relaes internacionais menos assimtricas, menos desequilibradas, temos
tambm como um dos valores a solidariedade.1
Contudo, a integrao sul-americana, tal como concebida neste milnio, ainda
um processo em construo, e imensos desafios permanecem nesse continente marcado
por profundas assimetrias e desigualdades sociais. Para Samuel Pinheiro Guimares, Alto
Representante do Mercosul (2011/2012), a Amrica do Sul necessita com urgncia de um
programa de construo:2
Os pases da regio maiores e mais avanados, econmica e industrialmente, tero de articular programas de desenvolvimento econmico para estimular e financiar a transformao econmica dos pases menores; abrir, sem exigir reciprocidade, seus mercados e financiar a construo da infraestrutura desses pases e sua inteligao continental. Caso o desenvolvimento de cada pas da regio for deixado ao sabor da demanda do mercado internacional e dos humores das estratgias de investimento das megaempresas multinacionais, as assimetrias entre os Estados da regio, e dentro de cada Estado, se acentuaro assim como as tenses polticas e os ressentimentos, o que vir a afetar de forma grave as perspectivas de desenvolvimento do Brasil.3
Os desafios so imensos, mas os esforos para super-los se multiplicam. Vale
observar, porm, que as elaboraes do pensamento crtico sobre o potencial sul-
americano, produzido dentro e fora do continente,4 com frequncia destacam
justamente o carter inovador e inacabado dessas experincias ainda em construo, e
distintas do projeto de integrao vigente nos modelos tradicionais adotados na Europa
1 Garcia, Marco Aurlio. Ns estamos emergindo e vamos continuar a emergir, Entrevista. Desafios do Desenvolvimento, IPEA, janeiro-fevereiro, 5/4/2010; ver tambm Poltica externa e estratgia de desenvolvimento. Le Monde diplomatique Brasil, outubro, 2010.
2 GUIMARES, Samuel Pinheiro. A Amrica do Sul em 2022, Carta Maior, 17/7/2010.
3 Idem
4 Na literatura estrangeira, ver, por exemplo, Cox, Robert (2009). Interview. by Ana Garcia, Alessandro Biazzi and Miguel Sa. May 1st, mimeo; Harvey, David (2009). Organizing for the anti-capitalist transition. (Crtica y Emancipacin. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales ao 2 n 4, Clacso, segundo semestre 2010); Santos, Boaventura de S. (2007). O Socialismo do sculo 21. Entrevista, Folha de So Paulo 7/6/2007; Wallerstein, Immanuel (2009). Mudando a geopoltica do sistema-mundo: 1945-2025. In: Sader, Dos Santos, Martins e Sotelo (org.). A Amrica Latina e os desafios da globalizao. Rio de Janeiro/So Paulo: PUC-RJ/Boitempo.
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Apresentao | XXV
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
e, anteriormente, na prpria Amrica Latina. neste projeto em tela que se depositam
inclusive as expectativas de uma alternativa que autorize a insero soberana da regio na
nova ordem mundial sob a perspectiva de um processo contra-hegemnico.
Aos problemas que ainda persistem, como a concentrao da terra e dos meios de
comunicao e a crise de representatividade dos partidos polticos, que por vezes at
ameaam as conquistas democrticas, somam-se novos desafios como os sinais de
desindustrializao e reprimarizao econmica, visveis nos pases que lograram
constituir, pela via da substituio de importaes, um parque industrial relativamente
avanado e articulado ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico. Em razo de
persistentes desequilbrios estruturais, persiste tambm o risco de a dinmica centro-
periferia se reproduzir, particularmente em face da consolidao da sia como o novo
polo dinmico da economia internacional. Em que pese a progressiva diminuio da
pobreza, os ndices de desigualdade permanecem aviltantes e a violncia, o narcotrfico e
o crime organizado encontram-se disseminados nos grandes centros urbanos.
Mesmo se restritos ao mbito do Mercosul, e a despeito de uma vasta produo
analtica, cabe observar tambm que ainda no dispomos de uma sistematizao do
conhecimento com foco na integrao que permita o levantamento dos recursos
naturais, industriais, cientficos e culturais de nosso continente e que propicie o
diagnstico de gargalos existentes to necessrios para as elaboraes crtico-
propositivas destinadas a superar os entraves existentes. A fragmentao, que se d por
rea do conhecimento e por pases, em todos os nveis, desde a academia at os rgos
gestores, pode inviabilizar a interlocuo que condio para a produo do
conhecimento e para a formulao de polticas pblicas.
Nesse contexto, a formao de redes, como o Frum Universitrio Mercosul
FoMerco parece demonstrar que possvel refletir e propor alternativas polticas que
visem efetivamente s mudanas profundas, como condio da integrao real de nossos
Estados, nossos povos e culturas. O que se quer sublinhar, portanto, o imperativo de
uma reflexo conceitual sobre a integrao na Amrica do Sul, cuja especificidade
chave para o debate pblico.
Foi com o objetivo de contribuir para uma anlise acurada da agenda da
integrao e, se possvel, subsidiar uma elaborao prospectiva de alternativas e
ajustes de polticas pblicas nacionais e regionais, que o Frum Universitrio
Mercosul FoMerco se reuniu em Montevidu, no Edifcio Sede do Mercosul, por
ocasio de seu XIII Congresso Internacional, em novembro de 2012. Nele foram
apresentados os textos que compem este livro.
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XXVI | Ingrid Sarti
XIII Congresso Internacional
O contexto e a agenda
Os presentes ao XIII Congresso Internacional do FoMerco participaram de uma
programao diversificada que abrangia os temas mais significativos da ampla agenda da
integrao sul-americana, em atividades que se distriburam por 8 painis, 8 mesas-
redondas e 4 simpsios. Dentre os participantes, reunimos em dois volumes os textos de
noventa e quatro autores, cuja valiosa contribuio agradecemos profundamente
lamentando no fazer constar, nesta apresentao, o que seria a justa meno a cada
nome.
Em pleno corao do Mercosul, relembrando a trajetria dos seus vinte anos
comemorada em 2011, estvamos todos os participantes sob impacto da conjuntura
tensionada pela suspenso do Paraguai do Mercosul, como resultado do srio revs
imposto democracia com o golpe que deps o Presidente Lugo,5 a poucos meses da
realizao do nosso XIII Congresso. Os conflitos institucionais entre Paraguai e
Venezuela e as informaes sobre a gravidade da doena do Presidente Chvez
contriburam para reduzir, em parte, o entusiasmo com que se celebrava ento o avano
da integrao sul-americana mediante a expanso do Mercosul com a entrada da
Venezuela no bloco. Contudo, as preocupaes com a conjuntura logo se
transformaram em mais um componente da transversalidade temtica e disciplinar que
atravessou todos os debates do evento.
Nesta publicao, a primeira e mais longa parte contm reflexes sobre os
principais desafios tericos, polticos e institucionais no contexto de uma avaliao
aprofundada dos efeitos da crise mundial do sculo XXI na dinmica econmica,
jurdica e financeira da integrao. Olhares diversos convergem para a importncia da
crise sistmica mundial no redesenho da integrao, principalmente quando uma Unio
Europeia vulnervel se enfraquece tambm como modelo de referncia histrico de
integrao que tanto influenciou o debate acadmico internacional. Discutem-se a
viabilidade e os obstculos na elaborao de uma arquitetura financeira regional que
possa dar suporte estratgia de desenvolvimento e s polticas sociais em curso. A
importncia dos direitos humanos tema tambm contemplado como um dos desafios
tericos e poltico-institucionais que a integrao suscita.
A segunda parte, Desenvolvimento e geopoltica, rene anlises critico-
propositivas sobre um conjunto de temas cruciais para a agenda da integrao sul-
americana. Em abordagens que extrapolam as fronteiras do Mercosul, o papel da defesa,
da energia e da infraestrutura do continente so aspectos estratgicos percebidos em um
projeto de desenvolvimento integral. A atuao dos Conselhos da Unasul, em especial o
de Defesa e o de Infraestrutura e Planejamento, surgem em anlises que apontam a
necessidade de dilogo e cooperao no desenho de um planejamento da segurana, da
5 A anlise de Gustavo Codas enfatiza o golpe como um ato contra a integrao regional da Amrica do Sul.
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Apresentao | XXVII
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
energia e de toda a rede fsica que viabiliza o encontro entre os povos da regio. Fator
estratgico apontado o aproveitamento dos recursos naturais especialmente o amplo
potencial e disponibilidade de recursos agrcolas e da gua. Numa Amrica do Sul
autossuficiente em termos de alimentao e energia (petrleo e recursos hidreltricos), a
proposta a de que efetivamente se adotem polticas pblicas regionais aptas a viabilizar
a integrao dos recursos energticos sul-americanos, que, nas palavras de Darc Costa,
promovam a autossuficincia e independncia em relao a este setor estratgico e de crescente carncia
mundial, fortalecendo a posio poltica e econmica da regio no concerto das naes, gerando sinergias e
benefcios ao desenvolvimento do subcontinente.
No segundo volume desta publicao, os recursos estratgicos considerados so
os recursos humanos que compem o marco artstico-cultural e moldam a produo
cientfica e tecnolgica da regio.
Na terceira parte, os textos contribuem para a reflexo sobre os Aspectos da
dinmica cultural da integrao. Arte e memria so aqui dotadas de uma dinmica
prpria quando a indstria criativa em expanso potencializa novas formas de
comunicao, em contexto ainda dominado por tradicionais monoplios dos meios.6 Na
avaliao de Mnica Leite Lessa, que coordenou o Simpsio sobre Cultura, a cultura
torna-se um poderoso fator de incluso e de desenvolvimento econmico e social, de
insero internacional, e de integrao regional no contexto das polticas pblicas
vigentes na Amrica do Sul.
O debate sobre as formas de produo do conhecimento e os alcances e
obstculos no processo de criao de tecnologias sociais em sistema de cooperao
regional so o destaque na quarta parte da publicao. Para o especialista na anlise de
tecnologias sociais para incluso, Hernn Thomas, a escassa orientao das polticas
pblicas para o atendimento das demandas da populao local um problema a ser
enfrentado por toda a coletividade envolvida no processo decisrio de Cincia,
Tecnologia e Inovao. Reeditamos aqui alguns dos artigos polmicos que provocaram o
debate no XIII Congresso, como no poderia deixar de ocorrer em evento e publicao
de um Frum Universitrio, como o FoMerco. O relato de Daniela Perrotta,
coordenadora do Simpsio sobre Universidade , em si mesmo, uma valiosa
contribuio que introduz o leitor a este captulo que encerra nossa publicao.
29 de dezembro de 2012
6 A dimenso comunicacional do Mercosul e o vnculo entre as polticas nacionais de comunicao e a integrao regional so abordados por Susana Sel, no captulo 4.
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Apresentao | 29
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
I
Reflexes da crise mundial e
desafios tericos da integrao
da Amrica do Sul
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1
Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos
Adriana C. Cicar1
La esperanza es la otra alma de los desdichados () El error viene a ser para la verdad lo que el sueo para la vigilia.
He observado que del error salimos como restaurados para volver de nuevo a la verdad (Johann W. Goethe2).
Si hay belleza en el carcter,
Habr armona en el hogar. Si hay armona en el hogar, Habr orden en la nacin. Si hay orden en la nacin, Habr paz en el mundo (Confucio; 551-479 a C.).
l 26 de marzo de 1991 se firma el Tratado de Asuncin, tratado para la
constitucin de un mercado comn entre la Repblica Argentina, la
Repblica Federativa del Brasil, la Repblica del Paraguay y la Repblica
Oriental del Uruguay.
Entre sus considerandos se mencionaba: la ampliacin de las () dimensiones
de sus mercados nacionales, a travs de la integracin, constituye condicin fundamental
para acelerar sus procesos de desarrollo econmico con justicia social () ese objetivo
debe ser alcanzado mediante el ms eficaz aprovechamiento de los recursos disponibles,
la preservacin del medio ambiente, el mejoramiento de las interconexiones fsicas, la
coordinacin de las polticas macroeconmicas y la complementacin de los diferentes
sectores de la economa (ver: Tratado de Asuncin).
Balance de su trayectoria
Al cumplirse los 20 aos de constitucin del Mercosur varios analistas hicieron un
obligado balance de la trayectoria del proceso de integracin. La mayora fiel a la
1 Mster en Gestin Empresaria y Formacin Profesional para la Integracin Latinoamericana / Profesora de la Facultad de Ciencias Econmicas y Estadstica / UNR - Investigadora del Consejo de Investigaciones / UNR Rep. Argentina.
2 J.W. Goethe Obras completas Tomo VII Mximas y reflexiones; 304 y 331 Ed. Aguilar Madrid, 2003.
E
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32 | Adriana C. Cicar
XIII Congresso Internacional
tradicin de la concepcin del mismo- focalizaron la atencin en los logros comerciales,
y en ese sentido tenemos que decir que:
si bien ha quedado atrs el perodo de oro del Mercosur centrado en el lapso
1991/1998, en el cual hubo mayor convergencia macroeconmica desde el punto
de vista cambiario y el comercio intrarregional fue ms dinmico creciendo
sostenidamente hasta alcanzar un mximo del 25% en 1998 (medido a travs de
las exportaciones), hoy dicho indicador se encuentra estabilizado en torno al 15%
(ver CEI; 2011);
continuando con una lectura netamente econmica se han logrado otras
metas, por ej. mayor equidad en lo cualitativo del comercio, al lograrse introducir
bienes con mayor valor agregado en el mayor mercado es decir, Brasil-, objetivo
este ya contemplado en el Programa de Integracin y Cooperacin Argentina-
Brasil (PICAB; 1986);
se ha consolidado un perfil exportador diferenciado: los pases de la regin
son, principalmente, exportadores de productos bsicos hacia el resto del mundo,
en tanto que concentran su flujo de manufacturas industriales hacia el interior del
Mercosur;
con el nimo de superar las llamadas asimetras estructurales, entendindose
por tales a las dimensiones relativas de los pases territorio, poblacin, tamao de
mercado- la dotacin relativa de factores, distribucin del ingreso y niveles de
desarrollo, se ha creado -en analoga a los fondos estructurales de la UE- el
FOCEM (Dec. CMC n* 18/05) Fondo para la Convergencia Estructural del
Mercosur, que beneficia a los pases menores del Mercosur (contando a abril2011
con 36 proyectos por un monto de U$S 1.000 millones, esencialmente destinados
al mejoramiento de la infraestructura);
anlogamente, por Dec. CMC n* 12/08 se aprob el Programa de Integracin
Productiva del Mercosur (PIPM) a fin de contribuir al fortalecimiento de la
complementariedad productiva de empresas del Mercosur, con especial nfasis en
la integracin de las cadenas productivas de las PYMEs;
aspectos estos que se suman a otros que hacen, tambin, a la profundizacin
del Mercosur, a saber: formalizacin del Sistema de Pagos en Monedas Locales
(SML; oct.2008) entre Argentina y Brasil, aprobacin del Cdigo Aduanero del
Mercosur (Cumbre de San Juan, mediados2010).
A lo cual, debern adicionarse otros logros que hacen al relacionamiento
externo del Mercosur y al incremento de los flujos de comercio e inversin, como
lo manifiesta la suscripcin de diversos acuerdos econmico-comerciales, a saber:
- Mercosur Chile ACE n* 35;
- Mercosur Bolivia ACE n* 36;
- Mercosur Mxico ACE n* 54;
-
Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 33
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
- Mercosur Comunidad Andina ACE n* 59;
- Mercosur India;
- Mercosur Cuba ACE n* 62;
- Mercosur Estado de Israel;
- Mercosur SACU (Unin Aduanera de frica del Sur);
- Mercosur Egipto (ver: Bellina Yrigoyen, J. y Frontons, G.; 2012);
adems de otros ms recientes:
- Complementacin y Articulacin Mercosur UNASUR DEC. n*
24/12 (XLIII CMC Mendoza, 29/06/12) e;
- Incorporacin de la Repblica Bolivariana de Venezuela al Mercosur
(Mendoza, 29/06/2012).
Bouzas (2002) ha expresado que el Mercosur ha sido en muchos aspectos- una
experiencia de integracin regional exitosa para los estndares de los pases en desarrollo.
Su primera contribucin fue asistir en un proceso ms amplio de
consolidacin de un ambiente de paz y democracia en la regin (con observacin
del Protocolo de Ushuaia sobre Compromiso Democrtico);
La segunda contribucin fue la de profundizar el impacto de la liberalizacin
comercial en el establecimiento de vnculos econmicos ms estrechos entre los
pases de la regin especialmente entre la Argentina y Brasil;
La tercera contribucin reside en que ayud a los pases miembros a adquirir
una visibilidad y un papel internacional ms activo de los que hubieran sido
posibles si cada uno hubiera actuado aisladamente.
Prosiguiendo en el anlisis, se adhiere ms recientemente a la visin de Mariana
Vzquez (2011) en cuanto al avance en la consolidacin de un nuevo paradigma de
integracin en el Mercosur y que naciera en el 2003 con el desarrollo de un modelo de
integracin ms inclusivo. Como hitos en este camino en construccin deben
mencionarse:
la creacin del Parlamento del Mercosur,
los Fondos de Convergencia Estructural,
la aprobacin del Plan Estratgico de Accin Social del Mercosur (con temas
como: universalizacin de la salud pblica y la educacin; la inclusin productiva;
garantas de acceso al trabajo decente y los derechos previsionales),
la transformacin del Fondo Educativo del Mercosur en un fondo
permanente, y
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34 | Adriana C. Cicar
XIII Congresso Internacional
el reconocimiento de la importancia de la integracin productiva (con nfasis
en polticas que promuevan los encadenamientos productivos con las micro,
pequeas y medianas empresas).
Anlogamente, Lincoln Bizzozero (2011) nos describe un trnsito en el Mercosur
de un regionalismo abierto propio de la 1ra. dcada y asociado a los postulados del
Consenso de Washington- a un regionalismo continental y estratgico como nuevo eje
impulsor del proceso. Siendo cuatro los factores que explican la reorientacin del
Mercosur:
la crisis regional y, en particular, de Argentina y Brasil, que lleva al replanteo
de la situacin,
los cambios de gobierno vinculados con la necesidad de transformaciones por
demandas polticas y sociales,
el impulso dado por Brasil al espacio sudamericano en la poltica regional,
el rol que comenz a jugar Venezuela en la regin con elementos de
cooperacin.
La Cumbre de Presidentes de Amrica del Sur (2000), realizada en Brasilia en
conmemoracin de los 500 aos del descubrimiento de Brasil marc como aspectos
importantes:
la necesaria articulacin entre la consolidacin de los procesos regionales y el
conjunto de Amrica Latina y el Caribe, y
la importancia de la identidad sudamericana en el cruce de procesos y espacios
diferenciados.
La Cumbre, reafirmando tres pilares para la seguridad y el desarrollo de la regin
paz, democracia y profundizacin de la integracin-, se plante el inicio de un espacio
sudamericano sui-gneris, teniendo como pilar la cooperacin regional y como objetivo:
la construccin de la regin sudamericana, con insercin estratgica en el mundo.
El Documento de Buenos Aires (octubre2003) manifiesta el cambio de
orientacin del modelo de desarrollo y del regionalismo, con lineamientos tales como:
el impulso a la participacin activa de la sociedad civil en el proceso regional,
el trabajo como eje central de combate a la pobreza y de mejora en la sociedad
y en la distribucin del ingreso,
la reafirmacin del papel estratgico del Estado,
la prioridad de la educacin para la inclusin social,
la conviccin de que el Mercosur no es solamente un bloque comercial, sino
tambin, un espacio catalizador de valores, tradiciones y futuro compartido.
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Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 35
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Tratamiento de los Derechos Humanos
Resulta importante en esta nueva etapa del Mercosur - el tratamiento de los
derechos humanos. Al respecto, el tema de los derechos humanos es recogido
explcitamente en el Protocolo Constitutivo del Parlamento del Mercosur cuando entre
sus competencias habla de elaborar y publicar peridicamente un informe sobre la
situacin de los derechos humanos de los Estados Partes.
En esta lnea de pensamiento, a mediados del 2006 se aprueba el Protocolo de
Asuncin sobre Compromiso con la Promocin y Proteccin de los Derechos Humanos
del Mercosur. El mismo se apoya en: a) la Declaracin Presidencial de Puerto Iguaz
del 8/7/2004 en la cual los Presidentes de los Estados Partes del Mercosur destacaron la
alta prioridad que le asignan a la proteccin, promocin y garanta de los derechos
humanos de todas las personas que habitan el Mercosur, b) en la Dec. CMC n* 40/04
que crea la Reunin de Altas Autoridades sobre Derechos Humanos del Mercosur, y c)
en otros principios como los contenidos en la Declaracin y el Programa de Accin de la
Conferencia Mundial de Derechos Humanos de 1993, en el sentido de que la
democracia, el desarrollo y el respeto a los derechos humanos y libertades fundamentales
son conceptos interdependientes que se refuerzan mutuamente (Cicar, A.; 2007).
A posteriori, en la Cumbre de San Juan (mediados2010), el Consejo de Ministros
del Mercosur aprob la creacin del Instituto de Polticas Pblicas en Derechos
Humanos del Mercosur (IPPDH). El mismo, a funcionar fuera de Uruguay -en el
Espacio de la Memoria ex ESMA (Argentina)- ha sido producto de un acuerdo en
funcin de las polticas de derechos humanos que se ha venido llevando a cabo desde el
inicio de la gestin del ex presidente N. Kirchner (aen:02.08/2010).
Este organismo creado por diez Estados del Mercosur, entre integrantes y
asociados- tiene como propsito articular polticas comunes en el tratamiento de temas
vinculados a los derechos humanos. Puntualmente, buscar superar vacos legales en la
proteccin de derechos de nios, nias y adolescentes; solucionar los delitos de trata y
trfico de personas; garantizar la proteccin de los derechos de las personas con
discapacidad; y, la no discriminacin de lesbianas, gays y bisexuales (ver:
http://www.argentina.ar).
Se ha procedido a elaborar un Plan estratgico para el perodo 2010-2012,
contemplndose cuatro lneas de trabajo principales. Esos lineamientos incluyen: a) la
coordinacin de las polticas pblicas en derechos humanos de los pases del bloque, b)
la provisin de asistencia tcnica en el diseo y la implementacin de las mismas; c) la
realizacin de trabajos de investigacin para producir informacin tcnica, y d) el
desarrollo de actividades de capacitacin para los empleados pblicos.
Para alcanzar su objetivo de fortalecimiento de la poltica regional de derechos
humanos, se definieron dos ejes temticos de relevancia en la agenda ciudadana del
bloque, a saber:
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36 | Adriana C. Cicar
XIII Congresso Internacional
a) polticas de seguridad ciudadana y control de la violencia institucional, y
b) polticas de igualdad e inclusin social.
En vistas a cumplir con esos dos ejes, fueron definidas cinco lneas de trabajo
prioritarias, que establecen:
a) la promocin de una mayor coordinacin y articulacin de polticas en
derechos humanos,
b) el desarrollo de la investigacin,
c) el fortalecimiento de la institucionalidad pblica en derechos humanos,
d) la facilitacin en las relaciones entre los Estados y sociedad civil, y
e) el fortalecimiento de los sistemas de proteccin de derechos humanos
nacionales y regionales.
Si bien el IPPDH es una institucin nueva en el bloque, su creacin constituye la
culminacin de un proceso que comenz en 1998 con la adopcin del Protocolo de
Ushuaia sobre Compromiso Democrtico en el Mercosur (DURANT, C.; 2011).
En este ao (2012), Amnista Internacional (AI) expres que Amrica Latina
contina siendo incluso luego de largos aos de dictaduras- una regin azotada por las
violaciones a los derechos humanos y destaca que la resolucin de muchos de dichos
casos se enfrenta a la falta de independencia de la justicia y la ausencia de voluntad
poltica. Si bien reconoce que durante el ao 2011 fueron registrados avances en cuanto
a sucesos que mitigan la impunidad, sobre todo en lo referido a abusos cometidos
durante antiguas dictaduras en la regin, alerta de que los mismos constituyen la
excepcin (Infolatam; 2012).
Relacin violencia-memoria-identidad
Merece aqu referir el testimonio de una detenida en Argentina en el marco del
Terrorismo de Estado: El dolor de la tortura, de la picana elctrica en los genitales, de
los golpes tarde o temprano pasa, pero el terror como forma de tortura va por otro lado,
porque hace que se sienta que pueden hacer lo que sea con uno. Ese mtodo del terror
existi (): se trat de la violacin serial (sexual) (AUCA, A. y otras; 2011).
Y pensando en la identidad, y en la importancia de la recuperacin de la identidad
por parte de hijos de desaparecidos en poca de la dictadura militar, las Abuelas de Plaza
de Mayo (Argentina) trabajan desde hace treinta y cinco aos restituyendo la identidad a
los hijos de sus hijos y generando herramientas para garantizar el derecho a la identidad
de todos los nios y nias.
Hace muy poco -10/10/2012- las Abuelas de Plaza de Mayo anunciaron la
restitucin de la nieta nmero 107, nacida en cautiverio en Crdoba el 11 de octubre de
1978, hija de Mara de las Mercedes Moreno, quien permaneci como detenida-
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Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 37
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desaparecida, privada legtimamente de su libertad y sometida a tormentos. La misma
estando encadenada- di a luz a una nia que le fue arrebatada y alojada en la Casa Cuna
para su posterior adopcin. Recientemente, la Comisin Nacional por el Derecho a la
Identidad (Conadi) facilit la inclusin de las muestras de ADN de la familia en el Banco
Nacional de Datos Genticos (La Capital Rosario, 10/10/2012; pg. 11). Muchos de
los nietos desaparecidos han expresado su retorno a la vida cuando lograron el
reencuentro con su familia biolgica.
Meta para una sociedad. La importancia de la educacin
Para el PNUD, el desarrollo humano es concebido como un proceso mediante el
cual se amplan las oportunidades de los individuos, las ms importantes de las cuales
son una vida prolongada y saludable, acceso a la educacin y un nivel de vida decente;
incluyendo otras oportunidades, la libertad poltica, la garanta de los derechos humanos
y el respeto a s mismo (PNUD, 1990).
Por otra parte, la observacin de diversas manifestaciones de violencia en la
sociedad, nos lleva a plantear la importancia de la construccin de una cultura de paz.
La primera definicin internacionalmente consensuada de cultura de paz se realiza
en octubre de 1999; la Asamblea General de las Naciones Unidas aprueba la Declaracin
y Programa de Accin sobre una Cultura de Paz. Se conceptualiza a sta, como un
conjunto de valores, actitudes, tradiciones, comportamientos y estilos de vida basados
en: 1) el respeto a la vida y el arreglo pacfico de los conflictos; 2) el respeto y la
promocin de los derechos humanos; 3) el desarrollo sostenible y la proteccin del
ambiente; 4) la igualdad de oportunidades de mujeres y hombres; 5) los principios de
justicia, tolerancia, solidaridad, entre otros; y 6) la libre circulacin de informacin y
conocimientos.
En la Declaracin se constata, adems, que la educacin es uno de los medios
fundamentales para edificar una cultura de paz (Christ, Alejandro).
Y, al reconocer la importancia de la educacin para la construccin de una cultura
de paz, nos detenemos en el documento Metas Educativas 2021 de la Organizacin de
Estados Iberoamericanos (Mar del Plata, diciembre2010). ste, que tiene como
propsito transformaciones positivas en la calidad y la equidad de los sistemas
educativos de los Estados miembros de la OEI, entre sus principios ha contemplado el
deseo de una libertad vinculada a la superacin de las desigualdades, al buen vivir, a la
defensa de la naturaleza, al reconocimiento efectivo de los derechos de todas las
personas y al acceso equitativo a los bienes materiales y culturales disponibles. Ello, en el
marco de sociedades democrticas, igualitarias, abiertas, solidarias e inclusivas.
Adherimos al mismo cuando expresa: el logro de una sociedad sostenible
conlleva la plena universalizacin de los Derechos Humanos, siendo para ello
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38 | Adriana C. Cicar
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fundamental la educacin y, particularmente, la educacin en valores (OEI Metas
2021; pg. 111).
En la lnea de pensamiento de valorar el rol de la educacin para la construccin
de una sociedad ms solidaria, pacfica y democrtica, y que en consecuencia conduzca al
cumplimiento de los DDHHs., destacamos asimismo- la labor del Sector Educativo del
Mercosur (SEM), que a partir del trazado de Planes Estratgicos, ha contemplado
actividades de construccin de una conciencia ciudadana y una identidad regional en
niveles de educacin bsica y media-, atendiendo temas tambin de la observacin de los
Derechos Humanos (ver: PERROTTA, D. y VZQUEZ, M.; 2010).
En ese sentido, el Primer Plan Estratgico (1992-1994) contempla entre otros:
la formacin de una conciencia ciudadana favorable al proceso de integracin,
y
la formacin de Recursos Humanos para contribuir al desarrollo econmico.
En la 2da. Etapa (1996-2000), con la firma del Documento Mercosur 2000, se
menciona:
reafirmar de la identidad cultural,
alcanzar la transformacin productiva con equidad,
fortalecer la democracia en el marco de la integracin.
En el Segundo Plan Estratgico (1998-2000) encontramos: el desarrollo de la
identidad regional, por medio al estmulo al conocimiento mutuo y a una cultura de
integracin.
Del Tercer Plan Estratgico (2001-2005) destacamos:
la educacin como espacio cultural para el fortalecimiento de una conciencia
favorable a la integracin que valore la diversidad y la importancia de los cdigos
culturales y lingsticos, y
la integracin que exige educacin de calidad para todos para atender a las
necesidades educativas de los sectores ms vulnerables, con el fin de superar las
inequidades existentes.
El Cuarto Plan Estratgico (2006-2010) incluye, entre sus objetivos estratgicos:
contribuir a la integracin regional acordando y ejecutando polticas
educativas que promuevan una ciudadana regional, una cultura de paz y el respeto
a la democracia, a los derechos humanos y al medio ambiente, y
promover la educacin de calidad para todos como factor de inclusin social,
de desarrollo humano y productivo.
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Reflexiones sobre la integracin regional y los derechos humanos| 39
Frum Universitrio Mercosul - FoMerco
Ms recientemente, ante la evidencia de un nuevo contexto internacional y
regional y de una fuerte desigualdad en los resultados educativos, permaneciendo en
situacin vulnerable parte de las poblaciones histricamente excluidas, se ha diseado el
Plan del Sector Educativo del Mercosur 2011-2015, que contempla el programa
Metas 2021: la educacin que queremos para la generacin de los Bicentenarios. El
mismo aborda los principales desafos educativos de la regin, con el objetivo de mejorar
la calidad y la equidad en la educacin para hacer frente a la pobreza y a la desigualdad,
asumiendo el compromiso de invertir ms y mejor en educacin en los prximos 10
aos.
La visin de dicho Plan del SEM refiere a: Ser un espacio regional donde se
brinda y garantiza una educacin con equidad y calidad, caracterizado por el
conocimiento recproco, la interculturalidad, el respeto a la diversidad, la cooperacin
solidaria, con valores compartidos que contribuyan al mejoramiento y democratizacin
de los sistemas educativos de la regin y a generar condiciones favorables para la paz,
mediante el desarrollo social, econmico y humano sustentable. Sus objetivos
estratgicos coinciden con los enunciados en el Cuarto Plan Estratgico (2006-2010), del
cual se desprenden objetivos especficos y acciones vinculadas.
En suma, se destacan acciones vinculadas a la educacin en derechos humanos,
educacin ambiental, educacin en la primera infancia, educacin en jvenes y adultos,
educacin profesional y tecnolgica, educacin en la diversidad y educacin a distancia,
que en el actual Plan del SEM prometen ser consolidadas.
***
En el mbito de la Repblica Argentina y vinculado a la relacin violencia-
memoria, el Ministerio de Educacin de la Nacin viene desarrollando desde el ao
2003 una poltica educativa de memoria y el Programa Educacin y Memoria, que
tiene como objetivo consolidar una poltica educativa que promueva la enseanza de la
historia reciente ltima dictadura militar- mediante la elaboracin y puesta a disposicin
de materiales y acciones de capacitacin docente a nivel nacional, con propuestas para la
escuela primaria y secundaria. Inscribe sus acciones en el marco general de la Ley
Nacional de Educacin N 26.206 que en su artculo 3 seala que: La educacin es
una prioridad nacional y se constituye como poltica de Estado para construir
una sociedad justa, reafirmar la soberana e identidad nacional, profundizar el
ejercicio de la ciudadana democrtica, respetar los derechos humanos y
libertades fundamentales y fortalecer el desarrollo econmico social de la
Nacin. El propsito refiere a: generar en los/as alumnos/as reflexiones y
sentimientos democrticos y de defensa del Estado de derecho y la plena vigencia de los
Derechos Humanos (ver: portal.educacin.gov.ar).
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Reflexiones finales
Observando la estructura institucional del Mercosur ntase como la misma se ha
ido complejizando y enriqueciendo, evidenciando que el Mercosur ha trascendido los
aspectos econmicos y comerciales, para abarcar reas y temticas sociales, culturales,
educativas, jurdicas y de seguridad, entre otras.
Tal como expresa la Cartilla del Ciudadano del Mercosur, pensamos que la
dimensin humana est presente en la construccin del Mercosur, considerando que el
objetivo principal del proceso de integracin es promover el desarrollo sostenido de la
regin y garantizar mejores condiciones de vida para sus poblaciones; o, como se
expresa en los considerandos del Tratado de Asuncin, la condicin fundamental es
acelerar () el desarrollo con justicia social.
En tal sentido, se adhiere a la Declaracin de Principios del Mercosur Social
cuando expresa: Se parte de la indisociabilidad de las polticas econmicas y las polticas
sociales, asumiendo que el crecimiento econmico no debe ser un fin en s mismo, sino
una herramienta bsica al servicio de la igualdad de oportunidades y la justicia social,
garantizando un desarrollo integral sustentable de distribucin equitativa (postulados
fundamentales; pg. 5).
Y la paz ser posible con la insistencia en la educacin. El sistema de Naciones
Unidas ha acordado, a travs de diversos documentos y declaraciones, que una de las
orientaciones de mayor relevancia a incluir en los contenidos curriculares es aquella que
fomenta la formacin para la cultura de la paz y la democracia. () Una educacin para
la paz debe esmerarse en entregar una formacin capaz de desarrollar valores, actitudes y
habilidades socioemocionales y ticas que promuevan una convivencia social en la que
todos participen y compartan plenamente, lo que debiera redundar en el reconocimiento
y puesta en prctica de los derechos humanos.(); una cultura de paz pueda ser definida
tambin como el respeto de los principios de soberana, integridad territorial e
independencia poltica de los Estados. De este modo, no solo se enfatiza la importancia
de una cultura de paz, sino que tambin se pronuncia una condicin necesaria para la
misma: la democracia. Una educacin para la paz y la democracia debe reconocer y
fomentar la igualdad de derechos y oportunidades, principalmente de las mujeres,
quienes histricamente han sufrido exclusiones y discriminaciones; debe respetar el
derecho a la libertad de expresin, as como satisfacer las necesidades de desarrollo y
proteccin del medio ambiente (Ver: Naciones Unidas, 1999; y, OEI; pgs. 109/110).
Para ello es de importancia la implementacin de pedagogas que resignifiquen al
ser humano como unidad de mente-cuerpo y espritu, para el cumplimiento de los
DDHHs y para el logro del desarrollo humano sustentable.
Desde Pedagoooga 3000 desarrollada por N. Paymal- se hace una especial
contribucin a la creacin de una cultura de paz; al respecto, nos dice:
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Educar desde la Paz es proporcionar un mbito de reconocimiento, valoracin, cooperacin y trabajo grupal desde el que puedan trascenderse viejos esquemas que han provocado en el mundo la separacin, la discriminacin, la confrontacin y la falta de tolerancia. () La bsqueda de la paz, nos permite descubrir que en la humanidad y en el Planeta todo crece y evoluciona hacia nuevos niveles de conciencia; conciencia de unidad, de universalidad, de totalidad; la bsqueda de la Paz permite darnos cuenta que la unidad es la integracin de la diversidad, y la diversidad es una gran riqueza que el amor enaltece y complementa. (ver: Educacin evolutiva / Pedagoooga 3000).
Referencias
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ALADI Tratado de Asuncin ALADI/SEC/di 407 9 de abril de 1991.
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AUCA, Anala BARRERA, Florencia BERTERAME, Celina CHIAROTTI, Susana PAOLINI, Alejandra ZURUTUZA, Cristina VASSALLO, Marta - Grietas en el Silencio. Una investigacin sobre la violencia sexual en el marco del terrorismo de Estado CLADEM / INSGENAR Rosario (Argentina), junio 2011.
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CICAR, Adriana C. Derechos Humanos y Desarrollo Humano Sustentable en el Mercosur. Cohesin Econmica y Social? I Congreso Argentino-
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Links:
http://www.mercosur.org.uy
http://educacionymemoria.educ.ar/secundaria/
http://www.educacionevolutiva.org/educacion.htm
http://www.educacionevolutiva.org/redes_pedagooogia3000.htm
http://www.argentina.ar
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2 Experiencia de CAF en el apoyo al desarrollo y la integracin regional
Alejandro Soriano
Visin integral de desarrollo
AF es un banco de desarrollo que brinda apoyo financiero y asesora
tcnica a los sectores pblico y privado de sus pases accionistas, mediante
la eficiente movilizacin de recursos desde los mercados internacionales
hacia Amrica Latina, promoviendo el desarrollo sostenible y la integracin regional.
La accin de CAF para el desarrollo de Amrica Latina apunta a un crecimiento
alto, sostenido y de calidad. El logro de este objetivo requiere la preservacin de la
estabilidad macroeconmica de los pases; la reduccin de la pobreza y una mayor
equidad e inclusin social en un contexto de sostenibilidad ambiental. Para promover
esta visin integral del desarrollo, la institucin aporta financiamiento y conocimiento en
las reas de infraestructura, energa, desarrollo social, sostenibilidad ambiental, a poyo a
los sectores productivos y financieros y fortalecimiento institucional.
Asimismo, CAF se ha convertido en un centro de reflexin internacional,
apoyando en el diseo e implementacin de polticas pblicas, promoviendo consensos
Visin integral del desarrollo s