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1 E-BOOK INSTRUMENTO DE APOIO AO ESTUDO DO TEMA III DA UNIDADE CURRICULAR DE ECONOMIA, ECONOMIA SOCIAL E COOPERATIVISMO

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Page 1: E BOOK Cooperativismo

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E-BOOK

INSTRUMENTO DE APOIO AO ESTUDO DO TEMA III DA

UNIDADE CURRICULAR DE ECONOMIA, ECONOMIA SOCIAL

E COOPERATIVISMO

Page 2: E BOOK Cooperativismo

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TEMA 1

COOPERATIVISMO

RAÍZ DOS PRINCÍPIOS COOPERATIVOS

A) Período Pré-Rochedale

- Remonta ao séc. XVIII, no Reino Unido;

- Tempo de Grande Precaridade;

- Múltiplas Tentativas Falhadas;

- Enorme Mortalidade Cooperativa.

As Cooperativas Caracterizavam-se por:

- Serem Cooperativas Fechadas;

- Terem um Número Limitado de Membros;

- Terem Exigentes Condições de Acesso;

- Os Fundos não Terem Retorno, na Tentativa de serem Comunidades

Autónomas;

- Não Praticavam a Venda a Pronto Pagamento.

Page 3: E BOOK Cooperativismo

3

B) Pioneiros de Rochdale (1844)

- Grupo de 28 Tecelões da Região de Manchester, Funda uma

Cooperativa de Consumo, com Ambições Polivalentes, Quando do

Recurso à Greve para Reivindicação de Melhores Condições;

- Publicam um Programa de Intenções, que Pretendem Concretizar

para Eles e Futuros Sócios;

- Elaboram os Estatutos da Nova Organização, Constituídos por 34

Artigos, que Revelam uma Minuciosa Atenção quanto:

1- Ao Seu Funcionamento;

2- À Articulação dos Seus Órgãos;

3- À Democraticidade Interna:

4- À Proeminência da Assembleia Geral.

- Diversidade de Objectivos, que se Propõe Atingir e que Não se

Limitavam à Cooperação de Consumo;

- Criam um Conjunto de Regras que Têm como Base os Problemas

Práticos do Dia- a- Dia, Mas com um Olhar Ambicioso e Sonhador

Apontado ao Futuro.

NOTA: Estas Regras Vão Contribuir Para o Desenvolvimento do

Fenómeno Cooperativo

Page 4: E BOOK Cooperativismo

4

Esta Experiência Teve Sucesso Devido:

(10 anos após era Constituída por 900 Sócios)

- À União e Coerência entre os Seus Membros,

- À Fé que Depositavam no Projecto;

- Aos Pontos de Honra que os Seus Fundadores Propuseram, como

Princípios de Funcionamento.

PRINCÍPIOS DE ROCHDALE

1 – ADESÃO LIVRE;

2 – CONTROLE DEMOCRÁTICO;

3-DISTRIBUIÇÃO PELOS ASSOCIADOS DO EXCEDENTE,

PROPORCIONALMENTE ÀS SUAS OPERAÇÕES COM A SOCIEDADE;

4 – LUCRO CIRCUNSCRITO AO CAPITAL;

5 – NEUTRALIDADE POLÍTICA E RELIGIOSA;

6 – VENDAS A PRONTO;

7– DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, ALIMENTADO POR

UMA PEQUENA DEDUÇÃO SOBRE OS LUCROS.

NOTA:

NA BASE DO COOPERATIVISMO ESTÁ A LIBERDADE E A DIGNIDADE

HUMANA, QUE SE EXPRESSA NO ESFORÇO PESSOAL E NA

SOLIDARIEDADE DO GRUPO.

Page 5: E BOOK Cooperativismo

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TEMA 2

CONTEXTOS DE DESENVOLVIMENTO DA COOPERAÇÃO

i) SITUAÇÕES DE CRISE

ii) CONDIÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

iii) CAPITALISMO

iv) IMPERATIVOS ECONÓMICOS

v) CONCORRÊNCIA DESMEDIDA

vi) DESEMPREGO

vii) BENEFÍCIOS A QUALQUER PREÇO

viii) DETERIORAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIDA

ix) MUDANÇAS POLÍTICAS

x) DESUMANIZAÇÃO

Page 6: E BOOK Cooperativismo

6

SISTEMA CAPITALISTA VERSUS COOPERATIVO

SISTEMA CAPITALISTA

SISTEMA COOPERATIVO

PREPONDERÂNCIA DO CAPITAL

O CAPITAL É UM INSTRUMENTO

ABERTURA DOS MERCADOS E CRIAÇÃO

DAS NECESSIDADES

PRODUZIR RIQUEZA, DESIGUALMENTE

REPARTIDA

ENTRAR EM COMPETIÇÃO

AUTORIDADE DO PODER ECONÓMICO

INFORMAÇÃO PROTEGIDA

SUBORDINAÇÃO AO CAPITAL

INSTRUMENTO DE DENOMINAÇÃO

DESVALORIZAÇÃO DOS PRODUTOS

ESTATUTOS E CLASSES SOCIAIS

ANTAGONISTAS

PREPONDERÂNCIA DO HOMEM

O CAPITAL É FIM

SATISFAZER AS NECESSIDADES DO HOMEM

PRODUZIR RIQUEZA, EQUITATIVAMENTE

REPARTIDA

COOPERAR

DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

INFORMAÇÃO PARTILHADA

SENTIMENTO DE DIGNIDADE HUMANA

INSTRUMENTO DE REALIZAÇÃO DE SI

MESMO

VALORIZAÇÃO DA PESSOA: AUTO-ESTIMA

SENTIMENTO DE SER ACTOR

Page 7: E BOOK Cooperativismo

7

TEMA 3

FINALIDADES E AMBIÇÕES DO COOPERATIVISMO

i) SUBSTITUIR O ISOLAMENTO INDIVIDUAL

ii) AGRUPAMENTO

iii) SOLIDARIEDADE

iv) GARANTIAS COMUNITÁRIAS

v) VALORIZAR O PAPEL DO HOMEM

vi) ATENUAR EFEITOS NEGATIVOS DA ECONOMIA

vii) REAFIRMAR A CAPACIDADE PESSOAL

viii) ENFRENTAR A MISÉRIA

ix) RECUPERAR A ESPERANÇA

Page 8: E BOOK Cooperativismo

8

FUNÇÕES DA COOPERAÇÃO

1) FUNÇÃO INTERNA: RELATIVA À PRÓPRIA ORGANIZAÇÃO E SEUS

MEMBROS

2) FUNÇÃO EXTERNA: RELATIVA ÀS RELAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO

COM O EXTERIOR

A) INSTRUMENTAL OU OBJECTIVA

REFERE-SE AO OBJECTIVO DECLARADO: DESENVOLVIMENTO DE UM

DETERMINADO PROJECTO DE INTERESSE COMUM, E QUE PERMITE UMA

CERTA VISIBILIDADE SOCIAL

APRESENTA-SE COMO DIMENSÃO:

a) ECONÓMICA – SATISFAÇÃO DE NECESSIDADES

b) PEDAGÓGICA – AQUISIÇÃO DE NOVAS COMPETÊNCIAS

B) PSICOSSOCIAL

REFERE-SE ÀS RELAÇÕES ENTRE OS MEMBROS: RESTABELECENDO OU

REFORÇANDO LAÇOS ENTRE PARCEIROS, CRIANDO UMA IDENTIDADE

COLECTIVA, FAVORECENDO A AFIRMAÇÃO E O RECONHECIMENTO

SOCIAL

Page 9: E BOOK Cooperativismo

9

C) PSICOAFECTIVA

REPORTA-SE ÀS RELAÇÕES QUE O SUJEITO ESTABELECE ENTRE SI

MESMO E A COOPERAÇAO, PERMITINDO A VALORIZAÇÃO DE SI NO

CONTEXTO NO QUAL SE INSERE, FACE AO PRESTÍGIO SOCIAL DA

ORGANIZAÇÃO, CUJA INTERACÇÃO PERMITE A COESÃO DO GRUPO

D) IDEOLÓGICA

APRESENTA-SE COMO SENDO AS CONVICÇÕES POLÍTICAS, ECONÓMICAS,

RELIGIOSAS, CIENTÍFICAS, SOCIAIS, CULTURAIS E PEDAGÓGICAS,

ENCORAJANDO O ENCONTRO E A CRIAÇÃO DAS COOPERATIVAS,

PERMITINDO UMA DETERMINADA CONCEPÇÃO DO HOMEM E DA

SOCIEDADE COM BASE EM VALORES E NA PARTICIPAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO DE PROJECTOS.

Page 10: E BOOK Cooperativismo

10

E) ECOLÓGICA

AFIGURA-SE COMO SENDO REVELADORA DAS PREOCUPAÇÕES FACE AOS

DESIQUILÍBRIOS ALTAMENTE PREOCUPANTES DO MEIO AMBIENTE E A

NECESSIDADE DE UM DESENVOLVIMENTO DURÁVEL, MUITO MAIS

HUMANIZADOR E COOPERANTE. PERMITINDO UMA MAIOR

PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE E UMA MELHOR UTILIZAÇÃO DOS

RECURSOS NATURAIS.

PERSPECTIVA O RESPEITO PELO MEIO AMBIENTE, E A SATISFAÇÃO DAS

NECESSIDADES DO HOMEM, EM HARMONIA COM O SEU BEM-ESTAR

SOCIAL NUM AMBIENTE NATURAL.

Bibliografia

COUVANEIRO, Conceição. (2004). Práticas Cooperativas – Personalização e Socialização.

Lisboa: Instituto Piaget.

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TEMA 4

EVOLUÇÃO DOS PRINCÍPIOS COOPERATIVOS

CRIAÇÃO DA ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL (1895)

(ACI)

- Vai Ocupar-se dos Princípios Cooperativos:

1 – Para Decidir Quem Podia Ser Admitido como Membro;

2 – Posteriormente Com Outras Ambições: Fixar Um Conjunto de

Princípios com Validade Universal a partir das Regras de

Rochdale.

NESTE PERCURSO É DE CONSIDERAR SETE ETAPAS

(Segundo Henri Desroche)

1ª - 1844 – Como Ponto de Partida ( Rochdale)

2ª - 1892 – Para Assinalar o Processo que Levaria à ACI

3ª - 1930/34 – Como Referência do Grande Debate Inconclusivo dos

Congressos desses Anos

4ª - 1937 – Para Salientar o Congresso da Primeira Formulação Elaborada

pela ACI

5ª - 1966 – Realçar os Princípios Cooperativos, tal como Hoje Existem

6ª - 1980 – Para Destacar o Congresso em Moscovo em torno do relatório

LAIDLAW: Reflexão no âmbito das Cooperativas para o Ano 2000.

7ª - 1984 – Reflexão do relatório DANEAU, no Sentido de Reavaliar os

Fins das Cooperativas e a Adequação a esses Fins dos Meios de que

Dispõe.

Page 12: E BOOK Cooperativismo

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ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL (ACI)

Considerações:

i) Foi Fundada em 1895;

ii) Sede na Suíça;

iii) É uma Associação Não Governamental e Independente;

iv) É a Maior Organização Representativa do Cooperativismo à

Escala Mundial.

Tem Como Objectivos:

i) Reunir, Representar e Apoiar as Cooperativas;

ii) Objectivar a Integração, Autonomia e Desenvolvimento do

Cooperativismo nas Diversas Sociedades;

iii) Actualizar as Normas dos “Pioneiros de Rochdale”, adaptando-

as às Novas Realidades Económicas, Políticas e Sociais.

Page 13: E BOOK Cooperativismo

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ACI ESTABELECE NO SEU CONGRESSO EM 1986 OS

SEGUINTES PRINCÍPIOS COOPERATIVOS:

1 – ADESÃO LIVRE

A Adesão deve Ser Voluntária e Aberta a Todas as Pessoas que Possam

utilizar os Seus Serviços e Aceitarem as Responsabilidades Inerentes.

Não Deve Haver Restrições Artificiais nem Discriminações Sociais,

Políticas ou Religiosas.

2 – GESTÂO DEMOCRÁTICA

As Cooperativas são Organizações Democráticas. As Actividades devem

ser dirigidas por Pessoas Eleitas ou Designadas através de um

Procedimento Acordado pelos Sócios.

Os Sócios em 1º grau devem ter os mesmos Direitos de Voto e de

Participação nas Decisões que Afectam as Organizações.

3 – JURO LIMITADO AO CAPITAL

Sendo o Associado Detentor de Capital, e no caso de receber Juros, este

deve ser Remunerado através de uma Taxa Limitada.

Page 14: E BOOK Cooperativismo

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4 – DISTRIBUIÇÃO EQUITATIVA DOS EXCEDENTES

Os Excedentes Produzidos, caso existam, Pertencem as Sócios e devem ser

Distribuídos Igualitariamente. Os Sócios podem Destinar os Excedentes:

1- À Expansão das Operações Cooperativas;

2- A Serviços Comuns;

3- Aos Sócios na Proporção das Operações Realizadas com a

Cooperativa.

5 – EDUCAÇÃO

A Função Educativa da Cooperativa deverá abranger Não Só os Seus

Membros, mas também o Meio Social em que está Inserida.

A Educação deve ter como Objectivo Principal a Divulgação da Técnicas

Económicas e Democráticas da Cooperação.

6 – INTERCOOPERAÇÃO

As Cooperativas, para melhor Servirem os Interesses dos seus Membros e

Comunidades, devem Estabelecer Colaboração com Outras Cooperativas.

A Intercooperação deve ser Local, mas também Nacional e Internacional.

7 – INTERESSE PELA COMUNIDADE

A reformulação de 1995 incluiu o princípio INTERESSE PELA

COMUNIDADE. Neste contexto as cooperativas trabalham para o

desenvolvimento sustentável das suas Comunidades através de políticas

aprovadas pelos seus membros.

Page 15: E BOOK Cooperativismo

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TEMA 5

REFLEXÃO SOBRE A IDENTIDADE COOPERATIVA NO

MUNDO EM MUDANÇA

(ACI – Congresso de Manchester em Setembro de 1995)

- Necessidade de incluir Conceito de Cooperativa e Valores chave do

Movimento. Reanálise dos Princípios, no sentido de Guiar e Orientar

as Organizações Cooperativas no início do séc.XXI;

- As Revisões Periódicas de Princípios (1937; 1966 e reformulação em

1995) são fonte de Vigor do Movimento Cooperativo.

Nota: A reformulação de 1995 inclui um 7º princípio:

INTERESSE PELA COMUNIDADE – As cooperativas

trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas

Comunidades através de políticas aprovadas pelos seus

membros.

Estas Revisões demonstram como o pensamento Cooperativo pode

ser aplicado num mundo em mudança: Sugerem Novas Estratégias

de Organização para enfrentar os Novos Desafios e Envolvência dos

Cooperadores no reexame dos Objectivos;

- Ao longo da História e da Evolução o Mov. Coop. Tem sofrido

constantes alterações e continuará a acontecer no futuro. Deve

sobressair um respeito fundamental por todos os Seres Humanos, o

Acreditar na sua Capacidade de em Conjunto Melhorarem

Económica e Socialmente, e o Acreditar que os Procedimentos

Democráticos são Possíveis, Desejáveis e Eficientes;

Page 16: E BOOK Cooperativismo

16

- As Cooperativas nasceram como Organizações distintas, legais e

cresceram dentro de cinco Tradições Distintas:

. Cooperativas de Consumo (Inglaterra)

. Cooperativas de Trabalho Associado (França)

. Cooperativas de Crédito (Alemanha)

. Cooperativas Agrícolas (Dinamarca e Alemanha)

. Cooperativas de Serviços: Habitação e Saúde (vários países)

Existem Diferentes espécies de Cooperativas e estão implantadas por

todo o Mundo, sob diversas formas, servindo diferentes actividades e

crescendo no seio de diversa Sociedades.

Importante Reflectir esta Variedade e Articular/Adaptar as

normas que devem Permanecer em Todas as Cooperativas

Independentemente do que Prosseguem e de Onde Existem;

- Importante Servir Igualmente as Cooperativas em Todas as

Conjunturas Económicas, Sociais e Políticas. Implantação das

Organizações à medida das suas Necessidades, Experiências e

Culturas Próprias. Aceitação da Diversidade;

- Apresentação de um Quadro Global, no qual Todos os Tipos de

Cooperativas poderão Funcionar. Ou seja os Princípios Gerais

podem ser Aplicados às Realidades e Necessidades através dos

Princípios Operativos;

- O Movimento Internacional deverá apoiar a Harmonização de

Interesses entre os diferentes grupos, Fornecendo um

Enquadramento Comum que deverá Promover a Cooperação, as

Actividades Conjuntas e Expandir Horizontes para Todos os

Tipos de Esforços Cooperativos.

Page 17: E BOOK Cooperativismo

17

VALORES DO COOPERATIVISMO

Os membros da ACI e investigadores independentes, entre 1990 e

1992, empenharam-se e desenvolveram grandes discussões sobre a

natureza dos Valores Cooperativos, e consideraram como sendo os

seguintes:

Auto-Ajuda; Auto-Responsabilidade; Igualdade; Equidade e

Solidariedade.

A) Auto-Ajuda

i) Baseia-se na Convicção de que todas as pessoas podem e

devem lutar por Controlar o Seu Próprio Destino

ii) Os Cooperadores acreditam que o Desenvolvimento

Individual Total só pode acontecer em Associação Mútua:

Como Indivíduos Isolados estamos limitados ao que

podemos tentar e mesmo conseguir (exp: influência

colectiva face aos governos e mercado de trabalho)

iii) Os Indivíduos também se Desenvolvem pela Acção

Cooperativa:

- Ao aprenderem Competências que permitem o crescimento

das suas Cooperativas;

- Pela Compreensão que adquirem dos seus iguais;

- Pelos Conhecimentos que adquirem da sociedade mais

ampla de que fazem parte.

Page 18: E BOOK Cooperativismo

18

B) Auto-Responsabilidade

i) Os Membros assumem a responsabilidade pela sua

Cooperativa: pela sua criação e pela sua continuada

vitalidade.

ii) Os Membros têm a responsabilidade de promover a sua

Cooperativa entre as famílias, amigos e conhecidos.

iii) Os Membros são responsáveis por assegurar que a sua

Cooperativa continue independente de outras organizações

públicas ou privadas.

C) Igualdade

i) A Unidade Básica da Cooperativa é o seu Membro ou

Membros: um ser humano ou um agrupamento de seres

humanos.

ii) Esta Focalização na Personalidade Humana é um dos

principais aspectos que distingue a cooperativa das

empresas controladas pelo capital.

iii) Os Membros têm direito de participação, de serem

informados, de serem ouvidos e de serem envolvidos na

tomada de decisões.

Page 19: E BOOK Cooperativismo

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iv) Os Membros devem ser tratados o mais igual possível, o

que é muitas vezes tarefa difícil nas grandes Cooperativas.

v) A Preocupação por conseguir e manter a Igualdade é um

desafio contínuo para todas as Cooperativas.

D) Equidade

i) A Equidade diz respeito ao modo como os Membros são

tratados na Cooperativa, do ponto de vista Económico.

ii) Os Membros devem ser tratados Equitativamente no modo

como são recompensados pela sua Participação na

Cooperativa (remunerações, distribuição de capital, redução

dos encargos).

E) Solidariedade

i) Nas Cooperativas, este valor assegura que a acção

cooperativa não seja apenas uma forma disfarçada de

interesse pessoal limitado.

ii) Os Membros têm a responsabilidade:

- De assegurar que todos eles sejam tão justamente

tratados quanto possível;

Page 20: E BOOK Cooperativismo

20

- Que o interesse geral esteja sempre presente;

- Que haja um esforço de Lidar com Justiça com os

trabalhadores (sejam ou não membros), bem como com os

não membros ligados à Cooperativa.

iii) Solidariedade significa também que a Cooperativa tem a

responsabilidade do interesse colectivo dos seus membros.

iv) Representa os Activos Financeiros e Sociais pertencentes

ao grupo, activos estes que são Resultado de Energias e

Participação Comuns.

v) O valor da solidariedade evidencia que as Cooperativas são

mais do que meras associações de indivíduos, são

afirmações de força colectiva e responsabilidade mútua.

Bibliografia

BOOK, Sven (1993): Valores Cooperativos num Mundo em Mudança. Lisboa: Instituto

António Sérgio.

Page 21: E BOOK Cooperativismo

21

TEMA 6

CONTEXTO PORTUGUÊS

- A importância e o reflexo dos princípios cooperativos na vida das

cooperativas de cada país depende em grande medida, da forma

como eles s repercutem na ordem jurídica.

Podem existir três possibilidades:

a) O legislador inspira-se no conteúdo dos princípios

sem os mencionar.

b) Coloca como imperativo de os respeitar, condição

para reconhecimento legal da cooperativa.

c) Define os princípios cooperativos na própria lei.

PERCURSO em PORTUGAL

- A Lei de 2 de Julho de 1867 é o ponto de partida: Período de muitas

dificuldades no desenvolvimento do cooperativismo;

- Durante a República: Maior interesse na fomentação do movimento,

e chega-se a publicar modelos de estatutos para cooperativas

agrícolas;

- Após o 28 de Maio de 1926: O Estado Novo vem trazer dificuldades

à implantação do movimento;

Page 22: E BOOK Cooperativismo

22

- Após a 2ª Guerra Mundial: António Sérgio um processo de

informação e divulgação do cooperativismo, e em 1951 edita o

“Boletim Cooperativista”;

- Depois do 25 de Abril de 1974: Notável desenvolvimento do sector

cooperativo, que é consagrado na Constituição. Multiplicidade de

cooperativas. É criado em 1977 o Instituto António Sérgio do Sector

Cooperativo – INSCOOP – com o objectivo de apoiar o movimento

cooperativo.

Competências do INSCOOP

- Efectuar, promover ou apoiar estudos de temas;

- Divulgar investigações realizadas a nível nacional ou internacional;

- Formar cooperadores através de cursos e elaboração de textos;

- Coordenar acções em campos diversos, desde o legislativo e o fiscal

até ao do financiamento, do crédito e da formação técnica

Reflexo na LEGISLAÇÃO

- Em Portugal os princípios cooperativos estão consagrados na própria

CRP, sendo imperativo a sua observância. O artº 61 refere o direito à

livre constituição de cooperativas. O artigo 82 afirma que ao sector

cooperativo e social, pertencem os meios de produção possuídos e

Page 23: E BOOK Cooperativismo

23

geridos por cooperativas, desde que obedeçam aos princípios

cooperativos;

- O Código Cooperativo consagra expressamente os princípios. O artº

3º refere o essencial do conteúdo dos princípios da ACI, por

intermédio de uma textualização própria,

Page 24: E BOOK Cooperativismo

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TEMA 7

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

ABORDAGEM À CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

PORTUGUESA

ARTIGO 16º

ÂMBITO E SENTIDO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

1. Os Direitos fundamentais consagrados na Constituição não

excluem quaisquer outros constantes das leis e das regras

aplicáveis de direito internacional.

2. Os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos

fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia

com Declaração Universal dos Direitos do Homem.

ARTIGO 61º

INICIATIVA PRIVADA, COOPERATIVA E AUTOGESTIONÁRIA

1. A iniciativa económica privada exerce-se livremente nos

quadros definidos pela Constituição e pele lei e tendo em conta o

interesse geral.

2. A todos é reconhecido o direito à livre constituição de

cooperativas, desde que observados os princípios cooperativos.

Page 25: E BOOK Cooperativismo

25

3. As cooperativas desenvolvem livremente as suas actividades e

podem agrupar-se em uniões, federações e confederações.

4. É reconhecido o direito de autogestão, nos termos da lei.

ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA

ARTIGO 80º

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

A Organização Económico-Social assenta nos seguintes princípios:

a) Subordinação do poder económico ao poder político

democrático;

b) Coexistência do sector público, do sector privado e do sector

cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;

c) Apropriação colectiva de meios de produção e solos, de acordo

com o interesse público, bem como dos recursos naturais;

d) Planificação democrática da economia;

e) Protecção do sector cooperativo e social de propriedade dos

meios de produção;

f) Intervenção democrática dos trabalhadores.

Page 26: E BOOK Cooperativismo

26

ARTIGO 82º

Sectores de propriedade dos meios de produção

1. É garantida a coexistência de três sectores de propriedade dos

meios de produção.

2. O sector público………..;

3. O sector privado………….;

4. O sector cooperativo e social compreende especificamente:

a) Os meios de produção possuídos e geridos por cooperativas,

em obediência aos princípios cooperativos;

b) Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por

comunidades locais;

c) Os meios de produção objecto de exploração colectiva por

trabalhadores.

ARTIGO 86º

Cooperativas e experiências de autogestão

Page 27: E BOOK Cooperativismo

27

1. O Estado estimula e apoia a criação e a actividade de

cooperativas.

2. A lei definirá os benefícios fiscais e financeiros das

cooperativas, bem como condições mais favoráveis à obtenção

de crédito e auxílio técnico.

3. São apoiadas pelo Estado as experiências viáveis de autogestão.

ABORDAGEM AO CÓDIGO COOPERATIVO

Aprovado pela Lei nº 51/96, de 7 de Setembro

Artigo 2º

Noção

1 - As cooperativas são pessoas colectivas autónomas, de livre

constituição, de capital e composição variáveis, que, através da

cooperação e entreajuda dos seus membros, com obediência aos

princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação

das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais

daqueles.

2 - As cooperativas, na prossecução dos seus objectivos, podem

realizar operações com terceiros, sem prejuízo de eventuais

limites fixados pelas leis próprias de cada ramo.

Page 28: E BOOK Cooperativismo

28

Artigo 3º

Princípios cooperativos

As cooperativas, na sua constituição e funcionamento, obedecem

aos seguintes princípios cooperativos, que integram a declaração

sobre a identidade cooperativa adoptada pela Aliança Cooperativa

Internacional:

1º Princípio - Adesão voluntária e livre. - As cooperativas são

organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus

serviços e dispostas a assumir as responsabilidades de membro, sem

discriminações de sexo, sociais, políticas raciais ou religiosas;

2º Princípio - Gestão democrática pelos membros. - As

cooperativas são organizações democráticas geridas pelos seus membros,

os quais participam activamente na formulação das suas políticas e na

tomada de decisões. Os homens e as mulheres que exerçam funções como

representantes eleitos são responsáveis perante o conjunto dos membros

que os elegeram. Nas cooperativas do primeiro grau, os membros têm

iguais direitos de voto (um membro, um voto), estando as cooperativas de

outros graus organizadas também de uma forma democrática;

3º Princípio - Participação económica dos membros. - Os

membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e

controlam-no democraticamente. Pelo menos parte desse capital é,

normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os cooperadores,

habitualmente, recebem, se for caso disso, uma remuneração limitada pelo

capital subscrito como condição para serem membros. Os cooperadores

Page 29: E BOOK Cooperativismo

29

destinam os excedentes a um ou mais dos objectivos seguintes:

desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação

de reservas, parte das quais, pelo menos, será indivisível; benefício dos

membros na proporção das suas transacções com a cooperativa, apoio a

outras actividades aprovadas pelos membros;

4º Princípio - Autonomia e independência. - As cooperativas são

organizações autónomas de entreajuda, controladas pelos seus membros.

No caso de entrarem em acordos com outras organizações, incluindo os

governos, ou de recorrerem a capitais externos, devem fazê-lo de modo que

fique assegurado o controlo democrático pelos seus membros e se

mantenha a sua autonomia como cooperativas;

5º Princípio - Educação, formação e informação. - As

cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos

representantes eleitos, dos dirigentes e dos trabalhadores, de modo que

possam contribuir eficazmente para o desenvolvimento das suas

cooperativas. Elas devem informar o grande público particularmente, os

jovens e os líderes de opinião sobre a natureza e as vantagens da

cooperação;

6º Princípio - Intercooperação. - As cooperativas servem os seus

membros mais eficazmente e dão mais força ao movimento cooperativo,

trabalhando em conjunto, através de estruturas locais, regionais, nacionais e

internacionais;

7º Princípio - Interesse pela comunidade. - As cooperativas

trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades,

através de políticas aprovadas pelos membros.

Page 30: E BOOK Cooperativismo

30

Artigo 4º

Ramos do sector cooperativo

1 - Sem prejuízo de outros que venham a ser legalmente

consagrados, o sector cooperativo compreende os seguintes

ramos:

a) Consumo;

b) Comercialização;

c) Agrícola;

d) Crédito;

e) Habitação e construção;

f) Produção operária;

g) Artesanato;

h) Pescas;

i) Cultura;

j) Serviços;

l) Ensino;

m) Solidariedade social

2 - É admitida a constituição de cooperativas multissectoriais, que se

caracterizam por poderem desenvolver actividades próprias de diversos

ramos do sector cooperativo, tendo cada uma delas de indicar no acto de

constituição por qual dos ramos opta como elemento de referência, com

vista à sua integração em cooperativas de grau superior.

Page 31: E BOOK Cooperativismo

31

TEMA 8

TIPOLOGIA DAS COOPERATIVAS

Artigo 5º

Espécies de cooperativas

1 - As cooperativas podem ser do primeiro grau ou de grau superior.

2 - São cooperativas do primeiro grau, aquelas cujos membros sejam

pessoas singulares ou colectivas.

3 - São cooperativas de grau superior as uniões, federações e confederações

de cooperativas.

Artigo 6º

Régies cooperativas

1 - É permitida a constituição, nos termos da respectiva legislação especial,

de régies cooperativas, ou cooperativas de interesse público, caracterizadas

pela participação do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito

público, bem como, conjunta ou separadamente, de cooperativas e de

utentes dos bens e serviços produzidos.

Artigo 81º

Uniões, federações e confederações de cooperativas

1 - As uniões, federações e confederações de cooperativas adquirem

personalidade jurídica com o registo da sua constituição, sem prejuízo da

manutenção da personalidade jurídica de cada uma das estruturas que as

integram, aplicando-se-lhe, em tudo o que não estiver especificamente

Page 32: E BOOK Cooperativismo

32

regulado neste capítulo, as disposições aplicáveis às cooperativas do

primeiro grau.

2 - As uniões, federações e confederações só podem ser constituídas

através de escritura pública.

3 - Sem prejuízo de as federações e confederações terem de preencher os

requisitos necessários para serem reconhecidas como representantes da

parte do sector cooperativo que a cada uma corresponda, todas as estruturas

cooperativas de grau superior representam legitimamente as entidades que

as integram.

Artigo 82º

Uniões de cooperativas

1 - As uniões de cooperativas resultam do agrupamento de, pelo menos,

duas cooperativas do primeiro grau.

2 - As uniões de cooperativas podem agrupar-se entre si e com

cooperativas do primeiro grau sob a forma de uniões.

3 - As uniões têm finalidades de natureza económica, social, cultural e de

assistência técnica.

Artigo 85º

Federações de cooperativas

1 - As federações resultam do agrupamento de cooperativas, ou

simultaneamente de cooperativas e de uniões, que pertençam ao mesmo

ramo do sector cooperativo.

Page 33: E BOOK Cooperativismo

33

2 - A legislação complementar poderá prever a constituição de federações

dentro do mesmo ramo do sector cooperativo, nos termos do número

anterior, que resultem do agrupamento de membros caracterizados por

desenvolver a mesma actividade económica.

3 - As federações de cooperativas só poderão representar o respectivo ramo

do sector cooperativo quando fizerem prova de que possuem como

membros mais de 50% das cooperativas de primeiro grau definitivamente

registadas do ramo correspondente ao objecto social da federação.

6 - As federações têm finalidades de representação, de coordenação e de

prestação de serviços, podendo exercer qualquer actividade permitida por

lei e consentânea com os princípios cooperativos.

Artigo 86º

Confederações de cooperativas

1 - As confederações de cooperativas resultam do agrupamento, a nível

nacional, de cooperativas de grau superior, podendo, a título excepcional,

agrupar cooperativas do primeiro grau, considerando-se representativas do

sector cooperativo as que fizerem prova de que integram, pelo menos, 50%

das federações definitivamente registadas do ramo ou ramos

correspondentes ao objecto social da confederação.

3 - As confederações têm funções de representação, de coordenação e de

prestação de serviços, podendo exercer qualquer actividade permitida por

lei e compatível com os princípios cooperativos.

4 - Os órgãos das confederações são os previstos para as cooperativas do

primeiro grau, sendo a mesa da Assembleia Geral, a direcção e o conselho

Page 34: E BOOK Cooperativismo

34

fiscal compostos por pessoas singulares membros das estruturas

cooperativas que integram a confederação.

COMPOSIÇÂO E COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS DAS

COOPERATIVAS

ASSEMBLEIA GERAL

Artigo 44º

Definição, composição e deliberações da Assembleia Geral

1 - A Assembleia Geral é o órgão supremo da cooperativa, sendo as suas

deliberações, tomadas nos termos legais e estatutários, obrigatórias para os

restantes órgãos da cooperativa e para todos os seus membros.

2 - Participam na Assembleia Geral, todos os cooperadores no pleno gozo

dos seus direitos.

3 - Os estatutos da cooperativa podem prever Assembleias Gerais de

delegados, os quais são eleitos nos termos do artigo 54º do presente

Código.

Artigo 46º

Mesa da Assembleia Geral

1 - A mesa da Assembleia Geral é constituída por um presidente e por um

vice-presidente, quando os estatutos não estipularem um número superior

de elementos.

Page 35: E BOOK Cooperativismo

35

2 - Ao presidente incumbe:

a) Convocar a Assembleia Geral;

b) Presidir à Assembleia Geral e dirigir os trabalhos;

c) Verificar as condições de elegibilidade dos candidatos aos órgãos da

cooperativa;

d) Conferir posse aos cooperadores eleitos para os órgãos da cooperativa.

3 - Nas suas faltas e impedimentos, o presidente é substituído pelo vice-

presidente.

4 - Na falta de qualquer dos membros da mesa da Assembleia Geral,

competirá a esta eleger os respectivos substitutos, de entre os cooperadores

presentes, os quais cessarão as suas funções no termo da reunião.

5 - É causa de destituição do presidente da mesa da Assembleia Geral a não

convocação desta nos casos em que a isso esteja obrigado.

6 - É causa de destituição de qualquer dos membros da mesa

Artigo 49º

Competência da Assembleia Geral

1- É da competência exclusiva da Assembleia Geral:

a) Eleger e destituir os membros dos órgãos da cooperativa;

b) Apreciar e votar anualmente o relatório de gestão e as contas do

exercício, bem como o parecer do conselho fiscal;

c) Apreciar a certificação legal de contas, quando a houver;

Page 36: E BOOK Cooperativismo

36

d) Apreciar e votar o orçamento e o plano de actividades para o exercício

seguinte;

e) Fixar as taxas dos juros a pagar aos membros da cooperativa;

f) Aprovar a forma de distribuição dos excedentes;

g) Alterar os estatutos, bem como aprovar e alterar os regulamentos

internos;

h) Aprovar a fusão e a cisão da cooperativa;

i) Aprovar a dissolução voluntária da cooperativa;

j) Aprovar a filiação da cooperativa em uniões, federações e confederações;

l) Deliberar sobre a exclusão de cooperadores e sobre a perda de mandato

dos órgãos sociais e ainda funcionar como instância de recurso, quer

quanto à admissão ou recusa de novos membros quer em relação às sanções

aplicadas pela direcção;

m) Fixar a remuneração dos membros dos órgãos sociais da cooperativa,

quando os estatutos o não impedirem;

n) Decidir do exercício do direito da acção civil ou penal, nos termos do

artigo 68º;

o) Apreciar e votar as matérias especialmente previstas neste Código, na

legislação complementar aplicável ao respectivo ramo do sector

cooperativo ou nos estatutos.

Page 37: E BOOK Cooperativismo

37

DIRECÇÂO

Artigo 55º

Composição da direcção

1 - A direcção é composta:

a) Nas cooperativas com mais de 20 membros, por um presidente e dois

vogais, um dos quais substituirá o presidente nos seus impedimentos e

faltas, quando não houver vice-presidente;

b) Nas cooperativas que tenham até 20 membros, por um presidente, que

designará quem o substitui nas suas faltas e impedimentos.

2 - Os estatutos podem alargar a composição da direcção, assegurando que

o número dos seus membros seja sempre ímpar.

Artigo 56º

Competência da direcção

A direcção é o órgão de administração e representação da cooperativa,

incumbindo-lhe, designadamente:

a) Elaborar anualmente e submeter ao parecer do conselho fiscal e à

apreciação e aprovação da Assembleia Geral o relatório de gestão e as

contas do exercício, bem como o plano de actividades e o orçamento para o

ano seguinte;

Page 38: E BOOK Cooperativismo

38

b) Executar o plano de actividades anual;

c) Atender as solicitações do conselho fiscal e do revisor oficial de contas

ou da sociedade de revisores oficiais de contas nas matérias da competência

destes;

d) Deliberar sobre a admissão de novos membros e sobre a aplicação de

sanções previstas neste Código, na legislação complementar aplicável aos

diversos ramos do sector cooperativo e nos estatutos, dentro dos limites da

sua competência;

e) Velar pelo respeito da lei, dos estatutos, dos regulamentos internos e das

deliberações dos órgãos da cooperativa;

f) Contratar e gerir o pessoal necessário às actividades da cooperativa;

g) Representar a cooperativa em juízo e fora dele;

h) Escriturar os livros, nos termos da lei;

i) Praticar os actos necessários à defesa dos interesses da cooperativa e dos

cooperadores, bem como à salvaguarda dos princípios cooperativos, em

tudo o que se não insira na competência de outros órgãos.

Artigo 59º

Poderes de representação e gestão

A direcção pode delegar poderes de representação e administração para a

prática de certos actos ou de certas categorias de actos em qualquer dos

seus membros, em gerentes ou noutros mandatários.

Page 39: E BOOK Cooperativismo

39

CONSELHO FISCAL

Artigo 60º

Composição

1 - O conselho fiscal é constituído:

a) Nas cooperativas com mais de 20 cooperadores, por um presidente e

dois vogais;

b) Nas cooperativas que tenham até 20 cooperadores, por um único titular.

2 - Os estatutos podem alargar a composição do conselho fiscal,

assegurando sempre que o número dos seus membros seja ímpar e podendo

também prever a existência de membros suplentes.

3 - O conselho fiscal pode ser assessorado por um revisor oficial de contas

ou por uma sociedade de revisores oficiais de contas.

Artigo 61º

Competência

O conselho fiscal é o órgão de controlo e fiscalização da cooperativa,

incumbindo-lhe, designadamente:

a) Examinar, sempre que o julgue conveniente, a escrita e toda a

documentação da cooperativa;

Page 40: E BOOK Cooperativismo

40

b) Verificar, quando o entenda como necessário, o saldo de caixa e a

existência de títulos e valores de qualquer espécie, o que fará constar das

respectivas actas;

c) Elaborar relatório sobre a acção fiscalizadora exercida durante o ano e

emitir parecer sobre o relatório de gestão e as contas do exercício, o plano

de actividades e o orçamento para o ano seguinte, em face do parecer do

revisor oficial de contas, nos casos do nº 3 do artigo anterior;

d) Requerer a convocação extraordinária da Assembleia Geral, nos termos

do nº 3 do artigo 45º;

e) Verificar o cumprimento dos estatutos e da lei.

Page 41: E BOOK Cooperativismo

41

TEMA 9

DESAFIOS PARA O SÉC.XXI

A) Dificuldades a Enfrentar

- As empresas Capitalistas Movimentam-se pelo Mundo, procurando

as Melhores Oportunidades Financeiras e ditando virtualmente os

termos pelos quais concordam cooperar;

- As Mudanças na Comunicação e na Teoria da Gestão alteraram as

áreas industrializadas e o funcionamento do local de trabalho. A

mudança económica gerou uma convicção de que o futuro pertence

apenas à economia capitalista;

B) Desafios

- Recriar a Experiência Cooperativa nos países da Europa Central e

do Leste, Fazendo-o com a compreensão clara do porquê das

cooperativas serem importantes e de como são distintas;

- Nos países do Sul: África e América do Sul verifica-se uma redução

do papel dos governos nas economias nacionais. Necessidade é a de

construir Cooperativas Emergentes sobre uma visão Clara da

Identidade Cooperativa e dos Objectivos Fundamentais do Mov.

Cooperativo;

Page 42: E BOOK Cooperativismo

42

- Os governos cada vez são menos capazes e estão dispostos a

influenciar os quadros económico, social e legal e não se

disponibilizam para apoiar externamente as cooperativas.

Necessidade de Maior Independência do que até aqui

- Criar uma Nova Unidade, com Determinação e Empenhamento

Renovado;

- Antecipar as Oportunidades quer para as Cooperativas existentes,

quer para aquelas que se possam formar. Entender a Importância de

como as Pessoas se podem Juntar para se Ajudarem a Si Próprias;

- O papel das Cooperativas na Reestruturação da economia global

pode ser Peremptório e Confiante: podem Servir bem os seus

membros e Fornecer Modelos Eficientes e Éticos. Podem ajudar a

demonstrar o preço elevado da economia global, mostrando a

possibilidade de encontrar uma melhor maneira de encarar o futuro;

- Projectar uma Imagem clara de Diferença: Demonstrar Capacidades

para Mobilizar Pessoas e Comunidades, e Provar as suas

Capacidades de Fornecedor Eficiente de Bons Serviços.

O Futuro será definido pela forme como os Cooperadores

Compreenderem a sua Missão e de como as Cooperativas

Concretizem as suas Oportunidades;

- Aumentar a Eficácia Cooperativa: Cuidada Aplicação dos Valores

e Princípios que tornam as Cooperativas Únicas;

Page 43: E BOOK Cooperativismo

43

- Acentuar a Vantagem da Filiação: Aprofundamento do seu

Relacionamento com os Seus Membros;

- Proclamar a Diferença Cooperativa: Demonstrar

Consistentemente o Acreditar nas Estruturas e Valores Cooperativos;

- Mais Poder e Responsabilidade às Pessoas: Informar Correcta e

Honestamente e utilizar mais as competências dos seus Membros;

- Rentabilizar/Combinar Prudentemente os Recursos: Trabalho

Conjugado, Actividades Desenvolvidas em Comum;

- Criar Força Financeira: A Responsabilidade é Garantir a

Capacidade de Continuar a Servir os Membros quanto à saúde

Financeira;

- Elaborar/Pensar Estratégicamente: Trabalho de Colaboração

eficaz, utilizando a vantagem da Filiação, a Diferença Cooperativa, o

Poder dado às Populações, a Combinação de Recursos e os Fundos

de Capital Acumulado;

- Enfrentar o Futuro: Aumento da População, Concentração do

poder Económico, aumento da Pobreza e a Justiça Social;

- Pessoas a Trabalhar em Conjunto: Expansão dos Esforços que já

Desenvolvem Bem

Page 44: E BOOK Cooperativismo

44

Síntese: Promessa de um Movimento em Construção

É um Movimento do Devir, não do Passado; Imperfeito e por isso nunca

fica satisfeito com o que Realiza. Movimenta-se entre o que sugere a

Filosofia e o que requer o Mundo Contemporâneo. O seu Sucesso terá de

Contemplar as decisões Coerentes, Flexíveis, Eficientes, Equilibradas e

Inacabadas dos Cooperadores Empenhados e Pragmáticos

Page 45: E BOOK Cooperativismo

45

TEMA 10

AS PRÁTICAS COOPERATIVAS NA CONSTRUÇÃO DO

SER HUMANO

1- PERSPECTIVA PESSOAL: PERSONALIZAÇÃO

i) Construção enquanto Pessoas

ii) Actores Sociais

iii) Concepção e Conhecimento de Si Mesmo

iv) Relação com os Outros

v) Construção de Autonomia

vi) Capacidade de Responsabilização

vii) Reconhecimento do Seu próprio Valor e dos Outros

viii) Capacidade de Agir com Determinação

ix) Valores Pessoais

x) Confiança e o Acreditar em Si Mesmo

Page 46: E BOOK Cooperativismo

46

xi) Desenvolvimento da Internalidade e da Auto-Estima. 2- PERSPECTIVA COLECTIVA: SOCIALIZAÇÃO

i) Aquisição de Conhecimentos necessários à Sociedade

ii) Representações Sociais

iii) Sentimento de Pertença a uma Comunidade

iv) Escolha dos Valores e dos Modelos

v) Interacções Sociais

vi) Reforço dos Laços de Solidariedade

vii) O Sujeito como Actor Social

viii) Construção e Consolidação da Identidade

ix) Reforço da Auto-Estima

x) Mobilização dos Recursos Internos e Externos

xi) Eficácia Social

Page 47: E BOOK Cooperativismo

47

PERSONALIZAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO: A

INTERESTRUTURAÇÃO

a) Favorecimento do Processo de Interestruturação no

Interior do Sujeito, entre Sujeitos e entre Sujeitos e

Instituições

b) Sujeito Actor Social e Construtor do Devir: A

Afirmação e o Reconhecimento do Eu, Necessita do

Outro, como Referência e no Atribuir Sentido

EU PESSOA → PARA O EU OUTRO → NÓS

c) A Dinâmica da Cooperação realiza-se através da

Personalização e da Socialização

Page 48: E BOOK Cooperativismo

48

DINÂMICA DA COOPERAÇÃO

CONSCIÊNCIA DA SUA IDENTIDADE PESSOAL

CONFIRMA-SE NO GRUPO E COM O GRUPO

CONSCIÊNCIA DA SUA IDENTIDADE

COLECTIVA

Permite a Tomada de

Consciência SOCIAL

Permite a Tomada de

Consciência do EU S

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Page 49: E BOOK Cooperativismo

49

Sintetizando:

“As práticas cooperativas, o movimento associativo e os

modelos escolares cooperativos contribuem para uma

tomada de consciência do eu que se constrói ao longo de

toda a vida, na relação com os outros, tendo como

referência a sociedade onde se inserem, e contribuem

igualmente para elaborar um modelo social no qual as

representações e o sentimento de pertença são regulados

pelos valores e pelos princípios da cooperação, à

semelhança da solidariedade e da recusa da competição. O

único valor é o ser que se encontre em cada um.”

Couvaneiro (2004: 178)

E ainda

“ (…) as práticas cooperativas podem promover uma

identidade mais autónoma, através dos processos de

personalização-socialização. (…) o movimento

cooperativo, enquanto movimento solidário, permite uma

abertura social intensa e diversificada (…) com os

diferentes graus de participação e de responsabilidade,

(…)” Couvaneiro (2004: 183)

Bibliografia

Page 50: E BOOK Cooperativismo

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COUVANEIRO, Conceição. (2004). Práticas Cooperativas – Personalização e

Socialização. Lisboa: Instituto Piaget.

COOPERATIVA – CONCEITO

A COOPERATIVA – É uma associação de pessoas que voluntariamente

se agrupam para atingir um fim comum, pela constituição de uma parte

equitativa do capital necessário e aceitando uma justa participação nos

riscos e benefícios dessa empresa na qual os sócios devem participar

activamente.

É uma associação autónoma de pessoas, que se unem para satisfazer

necessidades e aspirações económicas, sociais e culturais comuns, através

de uma empresa de propriedade conjunta e democraticamente controlada

VALORES – As cooperativas baseiam-se nos valores da auto-ajuda, auto-

responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Os

membros cooperativos acreditam nos valores éticos da honestidade,

transparência, responsabilidade social e preocupação pelos outros.

ORGÃOS SOCIAIS

Page 51: E BOOK Cooperativismo

51

ASSEMBLEIA GERAL – É o orgão mais importante da cooperativa pois

é formada por todos os cooperadores no pleno uso dos seus direitos.

Todas as suas resoluções, tomadas nos termos legais e estatutários, são de

carácter obrigatório para os outros orgãos sociais e para todos os

cooperadores.

DIRECÇÃO – É o orgão social ao qual compete a administração e

representação da cooperativa.

A administração é entendida como a gestão social que se destina a realizar

os objectivos da cooperativa e por representação entende-se o agir em

nome da cooperativa em juízo e fora dele.

CONSELHO FISCAL – É o orgão de controle e fiscalização da

cooperativa, tem por principais funções verificar o cumprimento, por parte

da Direcção, das resoluções tomadas em Assembleia Geral e emitir parecer

sobre o balanço, relatório, contas de exercícios, orçamento e plano de

actividades para o ano seguinte.